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TJPE não cumpre a própria resolução que estabelece critérios para promoções por merecimento e remoções A Associação dos Magistrados do Estado de Pernambuco (AMEPE) reclamou ao CNJ da falta de critérios objetivos e de fundamentação clara nas decisões de acesso dos magistrados por merecimento ao Tribunal de Justiça. No Procedimento de Controle Administrativo, a AMEPE solicita que o TJPE adote concretamente critérios objetivos na aferição de merecimento dos magistrados, com motivação e fundamentação claras na aplicação desses critérios para a formação das listas tríplices e na eleição para fins de acesso ao 2º grau. Além do PCA, a entidade de classe encaminhou ao CNJ Pedido de Providência (PP) requerendo, inclusive em sede de liminar, a determinação ao TJPE para que forneça à AMEPE os mapas onde constem os dados de produtividade, presteza e freqüência em cursos de aperfeiçoamento dos candidatos que concorreram às promoções por merecimento e remoções, nas sessões realizadas no corrente ano. O objetivo é verificar se a decisão do Tribunal se encontra fundamentada explicitamente em critérios objetivos. Pág. 10 Das mais de 50 reclamações contra o TJPE no CNJ, apenas 12 são da AMEPE Sob a imputação de desres- peito à ordem jurídica cons- titucional e administrativa, o Tribunal de Justiça de Pernam- buco já foi acionado no Conse- lho Nacional de Justiça mais de 50 vezes. Ao contrário do que tem sido afirmado constante- mente pela mesa diretora do TJPE, a Associação dos Magis- trados do Estado de Pernam- buco não é o seu algoz, uma vez que do volumoso número de procedimentos administra- tivos apenas 12 são de autoria da Associação. Pág. 7 Procurador-Geral da República pede a extinção da ADI do voto secreto O procurador-geral da Re- pública opinou pela extin- ção da Ação Direta de In- constitucionalidade (ADI) proposta pelo Governo do Estado contra a resolução do CNJ que trata das pro- moções por merecimento e remoções de magistra- dos e determina que sejam elas realizadas em sessões públicas, com votação no- minal e fundamentada. O advogado-geral da União opinou no mesmo sentido. Pág. 17 Contagem regressiva para o III Congresso dos Magistrados de Pernambuco O III Congresso Estadual dos Magistrados de Per- nambuco se aproxima para levar a debate três temas importantes para a magis- tratura e para a sociedade: Planejamento, Orçamento e Transparência do Poder Judiciário. Nesta edição do JUDICATURA, vamos falar como a uma boa definição do orçamento pode contri- buir para tornar mais céle- re e de melhor qualidade a prestação jurisdicional. Págs. 12 a 15

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TJPE não cumpre a própria resolução que estabelece critérios para promoções por

merecimento e remoçõesA Associação dos Magistrados do Estado de Pernambuco (AMEPE) reclamou ao CNJ da falta

de critérios objetivos e de fundamentação clara nas decisões de acesso dos magistrados por merecimento ao Tribunal de Justiça. No Procedimento de Controle Administrativo, a AMEPE solicita que o TJPE adote concretamente critérios objetivos na aferição de merecimento dos magistrados, com motivação e fundamentação claras na aplicação desses critérios para a formação das listas tríplices e na eleição para fins de acesso ao 2º grau. Além do PCA, a entidade de classe encaminhou ao CNJ Pedido de Providência (PP) requerendo, inclusive em sede de liminar, a determinação ao TJPE para que forneça à AMEPE os mapas onde constem os dados de produtividade, presteza e freqüência em cursos de aperfeiçoamento dos candidatos que concorreram às promoções por merecimento e remoções, nas sessões realizadas no corrente ano. O objetivo é verificar se a decisão do Tribunal se encontra fundamentada explicitamente em critérios objetivos. Pág. 10

Das mais de 50 reclamações contra o TJPE no CNJ, apenas

12 são da AMEPE

Sob a imputação de desres-peito à ordem jurídica cons-titucional e administrativa, o Tribunal de Justiça de Pernam-buco já foi acionado no Conse-lho Nacional de Justiça mais de 50 vezes. Ao contrário do que tem sido afirmado constante-mente pela mesa diretora do TJPE, a Associação dos Magis-trados do Estado de Pernam-buco não é o seu algoz, uma vez que do volumoso número de procedimentos administra-tivos apenas 12 são de autoria da Associação. Pág. 7

Procurador-Geral da República pede a extinção da ADI do

voto secreto

O procurador-geral da Re-pública opinou pela extin-ção da Ação Direta de In-constitucionalidade (ADI) proposta pelo Governo do Estado contra a resolução do CNJ que trata das pro-moções por merecimento e remoções de magistra-dos e determina que sejam elas realizadas em sessões públicas, com votação no-minal e fundamentada. O advogado-geral da União opinou no mesmo sentido. Pág. 17

Contagem regressiva para o III Congresso dos Magistrados de

Pernambuco

O III Congresso Estadual dos Magistrados de Per-nambuco se aproxima para levar a debate três temas importantes para a magis-tratura e para a sociedade: Planejamento, Orçamento e Transparência do Poder Judiciário. Nesta edição do JUDICATURA, vamos falar como a uma boa definição do orçamento pode contri-buir para tornar mais céle-re e de melhor qualidade a prestação jurisdicional. Págs. 12 a 15

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Presidente:Dr. Airton Mozart Valadares Vieira Pires

1º Vice-Presidente:Dr. Laiete Jatobá Neto2º Vice-Presidente

Dr. Emanuel Bonfim Carneiro Amaral FilhoSecretária Geral

Dra. Maria das Graças Serafim CostaSecretário Geral-Adjunto

Dr. Andréa Epaminondas Tenório de BritoDiretor de Finanças e Patrimônio

Dr. Edvaldo José PalmeiraDiretor de Finanças e Patrimônio-Adjunto

Dr. Fernando Menezes Silva

CONSELHO FISCALDr. Antônio Medeiros de Souza

Dr. Cícero Bittencourt de MagalhãesDr. Inês Maria de Albuquerque Alves

Dr. Fernanda Moura de CarvalhoDr. João Alberto Magalhães de Siqueira

Diretoria Cultural:Dr. Carlos Magno Cysneiros Sampaio – Diretor

Juíza Cristina Reina Montenegro de Albuquerque – Diretora-Adjunta

Diretoria de Esportes:Dr. Arnóbio Amorim Araújo Júnior – Diretor

Dr. José Valdmir de Oliveira Chaves – Diretor-AdjuntoDiretoria Jurídica:

Dr. Eudes dos Prazeres França – DiretorDr. José Marcelon Luiz e Silva – Diretor-Adjunto

Diretoria de Informática:Dr. Rafael José de Menezes

Diretoria Social:Dr. Clicério Bezerra e Silva – Diretor

Dra. Andréa Duarte Gomes – Diretora-AdjuntaDiretoria CAMPE:

Dr. Danilo Galvão Martiniano LinsDr. Luiz Gustavo Mendonça Araújo

Dr. Paulo Henrique Martins Machado

Judicatura é uma publicação da Associação dos Magistrados de Pernambuco - AMEPE

Rua do Imperador D. Pedro II, 207 - Santo AntônioE-mail: [email protected] - Fone: (81) 3224-3251

Produção:G&M ComunicaçãoJornalistas Responsáveis:Giovana Mesquita DRT/PE – 2138 / Guida Vanderlei DRT/PE – 2914 / Mariana Dantas DRT/PE - 3614

Projeto Gráfico e Diagramação: Sebastião CorrêaImpressão: CCS Gráfica - Tiragem: 1000 exemplares

Os artigos assinados refletem, exclusivamente, a opinião dos seus autores.

Mozart Valadares Pires* No artigo O Judiciário se Renova foram

enumeradas algumas conquistas em favor do Judiciário brasileiro, decorrentes do mo-vimento associativo das entidades de classe dos juízes, sob o comando da Associação dos Magistrados Brasileiros – AMB. Entretanto, precisamos avançar ainda mais, pois questões fundamentais para a magistratura não foram ultrapassadas, apesar de todo o esforço da AMB e de suas associações filiadas, a seguir relacionadas: A implantação de um processo de democracia interna no Judiciário com a participação dos juízes do 1º grau na escolha dos presidentes e vice-presidentes dos Tribu-nais é de suma importância, na medida em que todos os magis-trados passariam a ser co-responsáveis na definição das prioridades de cada gestão.

No Ministério Público estadual o promotor de justiça participa do pro-cesso de escolha do chefe da Instituição, ou seja, do Procura-dor Geral de Justiça do Estado, assim como da composição do Conselho Superior daquele Órgão, cujas atribuições são de extre-ma importância para a carreira de seus mem-bros. É o Conselho Superior quem promove e remove os promotores de justiça, prepara e realiza os concursos da instituição, instaura e julga, em processos administrativos, as denún-cias contra seus membros, etc.

O quinto constitucional, mecanismo que permite o acesso aos tribunais de advogados e membros do Ministério Público, precisa ur-gentemente ser extinto, por diversas razões, dentre as quais relaciono duas, que conside-ro como principais: a criação do Conselho Nacional de Justiça – CNJ, com jurisdição em todo o País, que tem como uma das suas inúmeras atribuições o controle de todos os atos administrativos do Poder Judiciário, cuja composição contempla dois lugares para ad-vogados, dois representantes do Ministério Público e dois juristas, um escolhido pela Câmara dos Deputados, e outro pelo Senado Federal, tornando, assim, desnecessária a ma-nutenção desse instituto no colegiado dos tri-bunais brasileiros. Vale ressaltar, ainda, que no

Avançar é precisoCNJ se verifica efetivamente a oxigenação e a democratização na sua composição, em razão de fixação de mandatos para seus membros. A segunda razão que me parece convincente é a de que o concurso público ainda é a forma mais transparente e democrática para ingresso na magistratura, cuja carreira é protegida pe-las garantias constitucionais da vitaliciedade e inamovibilidade.

O sistema remuneratório da magistratura precisa ser revisto, em razão da parcela única (subsídio) gerar graves distorções, na propor-ção em que um magistrado com 40 anos de serviços prestados ao Poder Judiciário ganha

igualmente a um jovem juiz recém-ingresso na carreira. A restauração do adicional por tempo de serviço visa à va-lorização da carrei-ra, pois a aquisição do benefício é pro-porcional ao tempo de serviço prestado pelo magistrado ao Estado. O referido adicional é concedi-do a todos, indistin-tamente, não haven-

do a possibilidade de tal concessão beneficiar um em detrimento de outro, tendo como único critério o tempo de serviço prestado.

O acesso aos Tribunais Superiores é outro ponto que merece uma discussão mais apro-fundada, notadamente em relação ao Supremo Tribunal Federal, em virtude do caráter políti-co-partidário que predomina no atual sistema de recrutamento. Não raras vezes os ministros da Suprema Corte do País são escolhidos den-tre os auxiliares mais próximos do chefe do Executivo, o que pode arranhar o conceito da Corte e a imparcialidade do magistrado, pois um significativo número de ações em tramita-ção perante aquela Corte recai sobre a legali-dade dos atos emanados do Poder Executivo.

Essas e outras questões precisam ser en-frentadas por todos os magistrados que têm compromisso com o fortalecimento do Po-der Judiciário, pois são fundamentais para o aperfeiçoamento do Estado Democrático de Direito.

*O juiz Mozart Valadares Pires é presidente da AMEPE

“O concurso público ainda é a forma mais transparente e democrática para ingresso

na magistratura, cuja carreira é protegida pelas garantias constitucionais

da vitaliciedade e inamovibilidade”

� - Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVIII - Agosto/Setembro - 2007

Artigo

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A Associação dos Magistrados do Estado de Pernambuco (AMEPE) firmou mais um convênio com o objetivo de trazer vantagens e benefícios para o seu associado. A partir de agora, os magistrados associados à AMEPE terão direito a desconto de até 35% sobre a tarifa de balcão. O convênio foi assinado no último dia 17 de julho pelo presidente da AMEPE, juiz Mozart Valadares Pires, e pela gerente Comercial do Hotel, Rebeca de Souza. Para ter acesso ao desconto, o magistrado deverá se identificar no Hotel fornecendo cédula de identidade funcional ou carteira de associado AMEPE. As diárias, válidas até 27 de dezembro de 2007, são as seguintes:

Apartamento: SGL – R$ 170,00 – para o associado AMEPE = R$ 106,00 DBL – R$ 188,00 – para o associado AMEPE = R$ 117,00 TPL – R$ 235,00 – para o associado AMEPE = R$ 146,00 QDL – R$ 294,00 – para o associado AMEPE = R$ 182,00 Suíte: SGL – R$ 213,00 – para o associado AMEPE = R$ 133,00 DBL – R$ 235,00 – para o associado AMEPE = R$ 146,00

As diárias incluem café da manhã das 6h às 10h no Res-taurante Malagueta.

Recife Praia Hotel – Localizado na avenida Boa Viagem, n° 09, Pina (zona Sul do Recife), o Recife Praia Hotel tem 17 andares, 210 apartamentos, piscina, restaurante, dois bares e sauna. Além disso, o Hotel também disponibiliza para os seus clientes internet sem fio (cortesia), room service 24h, lavande-ria, estacionamento (cortesia), business center e cofres. O es-tabelecimento também está localizado numa área privilegiada da capital pernambucana, com mais de 20 restaurantes e bares no raio de 1 km, de frente para o mar, próximo ao Centro de Convenções, da parte histórica do Recife e dos pólos medico, tecnológico, financeiro e empresarial.

Informações: Recife Praia Hotel - (81) 2122.1100.

AMEPE e Recife Praia Hotelfirmam convênio

Maurício de Nassau oferece descontospara associados AMEPE

A partir de agora, os associados da AMEPE e seus dependentes diretos te-rão descontos na Faculdade Maurício de Nassau. O convênio que possibilita essa vantagem aos magistrados foi as-sinado, no final do último mês de ju-lho, pelo presidente da AMEPE, juiz Mozart Valadares, e pelo presidente da Faculdade, professor Jânio Janguiê Be-zerra Diniz. Os interessados em fazer graduação, pós-graduação ou utilizar os serviços do BJ Colégio e Curso te-rão o desconto de 20%. O percentual incide sobre o preço da mensalidade e será conferido para quem realizar o pagamento até o dia 5 de cada mês. Os

funcionários da AMEPE também fo-ram beneficiados pela parceria.

Os cursos oferecidos, em todos os turnos, são os seguintes: Arquitetura e Urbanismo, Direito, Biomedicina, Fi-sioterapia, Enfermagem, Educação Fí-sica, Engenharia Ambiental, Engenha-ria de Telecomunicações, Farmácia, Moda e Estilo, Nutrição, Gastronomia e Radiologia. No turno da noite, são oferecidos os cursos de Comunicação Social (Habilitação em Jornalismo, Rá-dio e TV), Publicidade e Cinema Di-gital, Administração de Empresas (Ha-bilitação em Empreendedorismo, Ges-tão Hospitalar, Marketing, Comércio Exterior e Sistemas de Informações), Ciências Contábeis, Gestão Financeira, Gestão da Qualidade, Gestão de Negó-cios no Varejo, Hotelaria, Segurança no Trabalho, Redes de Computadores, Sistemas de Banco de Dados, Web De-sign e Psicologia.

Para utilizar o desconto, o magistra-do precisa apresentar à Faculdade cópia da identidade funcional e declaração da AMEPE. Para os dependentes dos asso-ciados AMEPE, os documentos são os seguintes: a documentação do magistra-do já citada; se cônjuge, juntar certidão de casamento; se filho, juntar a certidão de nascimento (o filho deve ter, no má-ximo, 24 anos de idade). O benefício terá a sua vigência no mês seguinte ao requerido (desde que protocolado até o dia 20 do mês anterior). Os interessados poderão se matricular em quantos cur-sos desejarem. O convênio vai vigorar até o dia 21 de dezembro de 2008, po-dendo ser prorrogado.

A Faculdade Maurício de Nassau fica localizada na rua Guilherme Pin-to, n.º 114, bairro das Graças, Recife. Informações pelo site www.mauricio-nassau.com.br ou pelo telefone 81. 3413-4611.

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVIII - Agosto/Setembro - 2007 - �

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Atendendo solicitação da Associação dos Magistrados do Estado de Pernambuco (AMEPE), deputados membros da Comis-são de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa do Estado promoveram, no últi-mo dia 7 de agosto, audiência pública para discutir o projeto de lei que cria o novo Código de Organização Judiciária de Per-nambuco (COJ). A audiência contou com a presença do vice-presidente e do diretor de Finanças e Patrimônio da AMEPE, juízes Laiete Jatobá e Edvaldo Palmeira, respecti-vamente, que representaram a Associação.

“Não há dúvida de que o projeto re-presenta um avanço para o Judiciário, até porque a legislação atual tem 37 anos de existência. Porém, isso não quer dizer que o projeto de lei proposto não precise ser aperfeiçoado. Nenhum integrante da Diretoria da AMEPE foi chamado para integrar a comissão do Tribunal de Justiça que elaborou o projeto do COJ, restando à Associação propor emendas diretamente a esta Casa Legislativa, o que foi feito com a elaboração de 43 propostas de emendas, to-das encaminhadas aos senhores”, explicou Laiete Jatobá para os deputados.

Ele também fez questão de ressaltar, dentre as 43 propostas de emendas apre-sentadas pela Associação, algumas consi-deradas de extrema importância, como, por exemplo, a emenda n.º 25, que estabelece a

Audiência pública discute novo Código de Organização Judiciária

criação de critérios objetivos para a movi-mentação de juízes na carreira; as emendas de n.º 13 e de n.º 15, que visam democrati-zar a feitura do orçamento do Poder, com a participação também dos magistrados de 1º grau; e a emenda n.º 39, relacionada com a extinção de cargos comissionados de Agen-te de Segurança e Transporte e de Conci-liador, Secretário e de Secretário-Adjunto, esses três últimos lotados nos juizados es-peciais, que seriam transformados em car-gos efetivos providos por concurso.

A propósito dos cargos comissionados tratados na emenda nº 39, o Conselho Na-cional de Justiça decidiu no PCA n.º 579, proposto pela AMEPE, que os referidos cargos deveriam ser providos por concur-so público, pois não têm natureza jurídica de cargo comissionado, como estabelece a Constituição Federal, no seu artigo 37, in-ciso V, determinando remessa dos autos à Procuradoria Geral da República para que

examine a possibilidade da propositura de Ação Direita de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal contra as leis do estado de Pernambuco que tratam esses cargos como comissionados. O proje-to também é um evidente desestimulo aos funcionários de carreira.

O deputado Pedro Eurico, que presi-diu a audiência, afirmou que as propostas de emendas elaboradas pela AMEPE serão estudadas pela Comissão de Constitui-ção e Justiça da Assembléia. “Agradeço a presença da Associação dos Magis-trados do Estado, que apresentou infor-mações de extrema importância. Além de debater com o Tribunal, vamos ouvir o parecer do relator do projeto antes de apresentar qualquer decisão”, afirmou Pedro Eurico. O relator do projeto de lei do novo COJ é o deputado José Queiroz. Projeto de lei n.º 199 – Outro projeto de lei de autoria do TJPE, o de n.º 199, tam-bém foi discutido na audiência. De acordo com o projeto, o Tribunal pretende, ao in-vés de extinguir, transformar os cargos co-missionados dos juizados especiais para os gabinetes dos desembargadores. Além de aumentar o quadro de comissionados nos gabinetes, se aprovado, o projeto reduzirá o quadro de pessoal dos juizados e, ainda, irá de encontro ao que foi decidido pelo Con-selho Nacional de Justiça no PCA n.º 579.

Clemilson Campos/Alepe

Magistrados e deputados estaduais reunidos no plenarinho da Alepe durante discussão do COJ

“Não há dúvida de que o projeto representa um

avanço para o Judiciário, até porque a legislação atual

tem 37 anos de existência”

� - Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVIII - Agosto/Setembro - 2007

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Coordenadoria do Sertão do Pajeú realiza encontro regional

A Coordenadoria Regional do Sertão do Pajeú promoveu, no último dia 15 de agos-to, encontro com magistrados da região. O evento aconteceu no auditório da Pousada Brotes, no município de Afogados da Inga-zeira, e contou com a presença do presiden-te da AMEPE, juiz Mozart Valadares, e do vice-presidente da entidade, juiz Laiete Jato-

bá Neto. “Sucessão do cônjuge no novo Có-digo Civil” foi o tema debatido no encontro, que teve como palestrante o desembargador Leopoldo de Arruda Raposo.

“O sentimento comum é que o encon-tro foi muito proveitoso”, afirma a coorde-nadora da AMEPE para a região, juíza Ana

Marques. Segundo ela, dez dos 11 juízes da região participaram do evento, que foi en-cerrado com um jantar de confraternização. Ainda de acordo com a magistrada, ficou marcado para outubro um novo encontro da Coordenadoria, quando deve ser discutida a Lei Maria da Penha. A Coordenadoria do Pa-jeú abrange 15 comarcas de Pernambuco.

AMEPE reforma sedes de lazerA Associação dos Magistrados do Es-

tado de Pernambuco (AMEPE) concluiu, no último mês de julho, a reforma da sede social da entidade, localizada no bairro de Candeias (Jaboatão dos Guararapes). No início de agosto, foi a vez da conclusão das obras na sede náutica, em Ponta de Pedras, no município de Goiana.

Na sede de Candeias, foi realizada a manutenção em oito apartamentos, nos armários e balcões da cozinha. Além da troca de colchões, travesseiros, lençóis, fronhas, capas para colchões e para traves-seiros e instalação de novos guarda-roupas e de seis ar-condicionados para os aparta-mentos. Ao todo, foram investidos quase R$ 50 mil.

Na sede náutica, foram aproveitados os meses de julho e agosto para recupe-ração das garagens, do muro lateral da sede, além de limpeza das caixas d’água e conserto de vazamentos. Também foi refeito o muro danificado pela força do mar, inclusive com reforço para tentar evitar novos danos que poderiam ser causados pelas marés altas do mês de agosto. Foram investidos mais de R$ 20 mil.

Depois das sedes de Candeias e de Ponta de Pedras reformadas, a AMEPE fará obras em Gravatá (Agreste do Es-tado). A pedido dos associados, os ser-viços, que seriam iniciados ainda em maio, foram transferidos para depois

do feriadão de 7 de Setembro. Para agilizar o trabalho, a AMEPE resolveu fazer a obra em etapas. A primeira eta-pa incluirá limpeza das caixas d´água, reestruturação das tubulações de água e esgoto, restauração do bar, inclusive com aplicação de cerâmica antiderra-pante, e colocação de lambris nos cha-lés dos números 7 a 12.

Na segunda etapa, serão construídos toldos em madeira para as janelas dos chalés, revisada a parte elétrica, realiza-dos serviços de manutenção na lavande-ria, além da construção de um telhado de apoio. Também serão recuperados o depó-sito e a cascata da piscina. Ao todo, serão investidos pelo menos R$ 100 mil.

A Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa do Estado pro-moveu, no dia 14 de agosto, uma nova au-diência pública para ouvir a posição dos representantes do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), da Ordem dos Advo-gados do Brasil (OAB-PE) e do Ministério Público sobre o novo Código de Organiza-ção Judiciária. A reunião foi um desdobra-mento da audiência pública realizada no dia 7 de agosto, por solicitação da AME-PE. A Associação também esteve presente no encontro do dia 14, sendo representada pelo presidente da entidade, juiz Mozart Valadares. Também participaram o asses-sor especial da presidência do TJPE, juiz Ruy Patu Júnior, o presidente da OAB-PE, Jayme Asfora, e a procuradora de Justiça de Pernambuco, Nelma Quaiotti.

Em seu discurso, Ruy Patu Júnior destacou a importância de implantar o novo COJ, já que

TJPE e OAB/PE também participam de discussão na Alepe

o atual existe há 37 anos. Ele também afirmou que a comissão instituída pelo Tribunal de Jus-tiça para elaborar o projeto de lei procurou ou-vir a opinião da sociedade, por meio da reali-zação de cinco audiências públicas. “Algumas sugestões foram acatadas pela comissão e ou-tras não, mas todas foram analisadas”, disse. O presidente da AMEPE, Mozart Valadares, con-cordou com Ruy Patu sobre a importância de implantar um novo COJ no Estado, mas frisou que a proposta apresentada pelo TJPE necessi-ta de mudanças. “A elaboração do novo COJ é um avanço significativo, mas isso não significa que não precise ser aperfeiçoado”, disse.

Valadares destacou como mudança primor-dial no projeto a inclusão de critérios objetivos para a movimentação de juízes na carreira. “Desde a aprovação da Constituição em 1988, o projeto do novo Estatuto da Magistratura não foi apreciado pelo Congresso Nacional, resul-

tando em um atraso de quase 20 anos. Não podemos esperar mais tempo. Os tribunais têm autonomia para criar os critérios e assim garantir a transparência na movimentação dos juízes”. A sugestão da AMEPE em relação à criação de critérios objetivos está presente na proposta de emenda n.º 25.

O presidente da OAB-PE, Jayme Asfora, fez questão de enfatizar o apoio da entidade à proposta da Associação. “Aprovamos a suges-tão de emenda n.º 25 elaborada pela AMEPE. Acho que a medida irá engrandecer o Tribu-nal de Justiça e torná-lo mais democrático”, disse. Ele também aproveitou a oportunidade para apresentar as três propostas de emendas elaboradas pela OAB-PE para o COJ. O depu-tado Pedro Eurico, que presidiu a audiência, afirmou que todas as propostas serão estuda-das pela Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia.

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVIII - Agosto/Setembro - 2007 - �

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Entidades protestam contra criação de novos cargos comissionados

Está em tramitação na Assembléia Legislativa do Estado o projeto de Lei Ordinária n.º 199/2007, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que transforma os cargos de conciliador, secretário de juizado e secretário adjunto de juizado em cargos de assessor técnico e chefe de gabinete, aumentando em 100% o número de cargos comissionados nos gabinetes dos membros do TJPE. Contrário a essa medida, o Fórum Brasil Democrático e Transparente, que conta com a participação de entidades ligadas às áreas de justiça e segurança pública, dentre elas a AMEPE, encaminhou, no último dia 14 de agosto, um manifesto aos de-putados estaduais Guilherme Uchôa (presidente da Alepe), José Queiroz (presidente da Comissão de Constituição e Justiça) e Silvio Costa Filho (relator do projeto) para que votem contra a medida, por entender que essa modificação trilha o caminho con-trário ao aperfeiçoamento da prestação jurisdicional no âmbito do Estado.

Segundo os integrantes do Fórum, o Projeto de Lei Ordinária desconsidera as reais condições de trabalho dos magistrados de 1º grau. “Na maioria das comarcas de Pernambuco, o quantitati-vo de funcionários do Executivo municipal colocado à disposi-ção do Poder Judiciário é superior ao quadro de funcionários efe-tivos do próprio Judiciário, o que compromete substancialmente a agilidade e a qualidade do trabalho, pois são funcionários sem a qualificação necessária ao desempenho específico dos serviços judiciais”, traz o documento. Ainda de acordo com o manifesto, os baixos salários dos serventuários da Justiça Estadual, que en-traram em greve no último mês de agosto, e a constante escassez de material de expediente nas unidades judiciárias do Estado, de-monstram como é inoportuna a tentativa de ampliação dos cargos comissionados nos gabinetes dos desembargadores. Atualmente, a lotação de comissionados nos gabinetes dos desembargadores já é maior do que a de efetivos – são 117 cargos efetivos e 147 comissionados, que aumentará para o significativo número de 341 comissionados, se o projeto de Lei 199/2007 for aprovado, quase o triplo do número de efetivos.

No manifesto, as entidades solicitam aos deputados que não aprovem o Projeto de Lei, “pois o mesmo contraria o interes-se público, ferindo os princípios administrativos que constam no artigo 37 da Constituição Federal; despreza os anseios so-ciais mais veementes da atualidade; e a necessidade urgente de transformação na Administração Pública, sobretudo no âmbito do Poder Judiciário”. Para o presidente da AMEPE, juiz Mozart Valadares Pires, o manifesto à criação dos cargos não é um sen-timento isolado da magistratura. “Esse é o sentimento de todos os segmentos jurídicos do Estado a um projeto que não vai trazer benefícios para a sociedade, nem melhorias ao serviço público, pois a máquina administrativa deve ser mais estável, o que ocor-reria com o aumento de servidores efetivos, não de comissiona-dos”, afirma.

“Entendemos ser essencial que os Tribunais, no trato da coisa pública, sejam exemplo de moralidade administrativa e impesso-alidade. Não há justificativa para a criação de cargos em comis-são, para o desempenho de funções de natureza técnica, quando é possível ocupá-los com servidores do quadro efetivo. Se existe

a real necessidade de criação de novos cargos, e acreditamos que assim o seja, que se proponha à Assembléia Legislativa a criação deles, para ocupação por meio de concurso público, forma legal, recomendável e legítima de acesso ao serviço público”, declarou Sergio Vaisman, presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 6ª Região (Amatra VI).

Assinaram o manifesto as seguintes entidades: AMEPE, OAB/PE, Amatra VI, Associação do Ministério Público de Per-nambuco (AMPPE), Associação dos Defensores Públicos de Pernambuco, Associação dos Delegados pela Cidadania, Asso-ciação dos Procuradores do Estado de Pernambuco, Associação Nacional dos Advogados da União e Associação dos Juízes para a Democracia.

Fórum também solicita votação de projetos antinepotismo

O Fórum também enviou solicitação aos deputados para que sejam colocados em discussão e apreciação todos os projetos de lei que tratam do fim do nepotismo no âmbito da Administra-ção estadual, sobretudo os projetos de lei de iniciativa do Poder Executivo e do Tribunal de Contas do Estado, encaminhados à Alepe no decorrer do último semestre. “A imediata aprovação dos projetos de lei em comento propiciaria o atendimento à ne-cessidade urgente de transformação na Administração Pública e a um dos anseios sociais mais veementes da atualidade, en-sejando plena eficácia à democracia e aos princípios basilares proclamados no artigo 37 da Lei Maior, arrefecendo a sobrevida de condutas condizentes ao nepotismo, que há muito já figuram injustificáveis e totalmente discrepantes com a atual conjuntura nacional”, diz o documento.

“A população não tolera o nepotismo. A Constituição Fede-ral defende que a administração pública seja regida pela mora-lidade e impessoalidade. É difícil cortar na própria carne, mas é preciso resgatar a credibilidade da instituição (Assembléia). O Judiciário deu o primeiro passo”, afirma Laiete Jatobá Neto, vice-presidente da AMEPE. “Não se pode estabelecer como re-gra para nomeação a amizade ou o parentesco”, atesta o presi-dente da OAB/PE, Jayme Asfora.

Fórum - O Fórum Brasil Democrático e Transparente foi criado no último dia 6 de março com o objetivo de promover o aperfeiçoamento e a transparência das instituições que com-põem o sistema de segurança e justiça no Estado. Fazem parte do Fórum a Associação dos Magistrados do Estado de Pernam-buco (AMEPE), OAB/PE, Associação dos Magistrados da Jus-tiça do Trabalho da 6ª Região, Associação dos Juízes para a De-mocracia, Associação dos Defensores Públicos de Pernambuco, Associação dos Procuradores do Estado de Pernambuco, Asso-ciação do Ministério Público de Pernambuco, Associação dos Delegados pela Cidadania, Associação Nacional dos Advogados da União, Oficina de Direito Justiça e Cidadania, Associação dos Servidores do Poder Judiciário de Pernambuco e Diretório Acadêmico Demócrito de Souza Filho – Direito UFPE.

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Resolução do TJPE que regulamenta férias dos magistrados deve ser aplicada

também aos desembargadoresCom o objetivo de evitar possíveis constrangimentos e ale-

gações de tratamento inadequado dispensados aos juízes de 1º grau, o Conselho Nacional Justiça (CNJ) resolveu atender, par-cialmente, o pedido de Procedimento de Controle Administra-tivo (PCA) n.º 582 contra o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), solicitado pelo juiz Saulo Sebastião de Oliveira Freire. A decisão do conselheiro Gelson de Azevedo foi divulgada no último dia 06 de agosto, determinando que a Resolução do TJPE nº 214/2007, referente ao gozo de férias dos magistrados, seja aplicada a todos os magistrados, sem diferenciação entre os juízes de 1º grau e os desembargadores.

O juiz Saulo Sebastião de Oliveira Freire teve seu pedido de gozo de férias negado pelo Tribunal de Justiça para o perí-odo de 24 de maio a 22 de junho de 2007. O Tribunal tomou como base a Resolução nº 214, que determina que as férias devem ser gozadas em período ininterrupto e iniciando sempre no primeiro dia útil do mês correspondente. Entretanto, a regra só era aplicada aos juízes de 1º grau, já que os desembargado-res poderiam escolher livremente seu período de férias.

A Associação dos Magistrados do Estado de Pernambuco (AMEPE) também discordou do comportamento do Tribunal e solicitou resposta da Presidência, mas não recebeu qualquer justificativa, o que foi noticiado pela Associação ao relator do referido PCA.

O TJPE, depois de reiterado o ofício pelo CNJ, repassou ao Conselho a informação de que a instituição não poderia dar o mesmo tratamento aos juízes de primeiro grau e desembar-

gadores pelo fato da movimentação ser diferente e porque os magistrados devem obedecer a uma escala, que fica prejudica-da quando as férias são fracionadas. O TJPE argumentou ainda que o deferimento de férias aos desembargadores não prejudi-ca o andamento dos trabalhos no Tribunal, esquecendo-se de que, quando se afasta de férias, o desembargador é substituído, por convocação, por um juiz da capital, o que equivale a dizer que, tanto nas férias de juiz, como nas de desembargador, os efeitos da ausência do magistrado são sentidos igualmente na 1ª instância (3ª entrância).

Além de pedir a concessão de liminar para suspender a vi-gência do artiigo 2º da Resolução nº 214, o juiz Saulo Sebastião de Oliveira solicitou, no PCA, abertura de procedimento para apurar a responsabilidade pelo tratamento diferenciado entre os magistrados. O pedido foi indeferido pelo conselheiro Gel-son de Azevedo, sob o argumento que “os motivos alegados pelo presidente do Tribunal de Justiça para fixar que as férias se iniciam sempre no primeiro dia útil do mês são plausíveis, especialmente quando se refere à necessidade de organização de escala de férias”.

O conselheiro ressaltou, no entanto, na sua decisão, que a medida deve ser aplicada a todos os magistrados, indistin-tamente, inclusive, portanto, aos desembargadores, em trata-mento isonômico. Traz o texto: “admitindo-se que realmente prevaleça a regra de início das férias sempre no dia útil do mês solicitado, não pode haver distinção entre os magistrados de primeiro e segundo grau, porque tal previsão realmente não consta da Resolução”.

TJPE no CNJSob a imputação de desrespeito

à ordem jurídica constitucional e ad-ministrativa, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) já foi acionado no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), até agosto de 2007, 55 vezes. Ao con-trário do que tem sido afirmado cons-tantemente pela mesa diretora do TJPE, a Associação dos Magistrados de Per-nambuco (AMEPE) não é o seu algoz, uma vez que dos 54 procedimentos administrativos protocolizados no CNJ contra a referida Corte desde 2005, ape-nas 12 são de autoria da Associação.

A AMEPE, enfatize-se, sempre bus-cou primeiramente no âmbito adminis-trativo a correção das irregularidades por ela identificadas, oficiando para tanto ao Tribunal de Justiça de Pernam-buco, e é a renitência deste que tem le-vado a Associação a valer-se do CNJ. Observe-se, por oportuno, que o único procedimento de autoria da AMEPE não reconhecido pelo CNJ diz respei-to à Resolução n° 202/2006 do TJPE, que trata dos critérios objetivos para promoção por merecimento e remoção, cuja aplicação, aliás, também está sen-

do contestada pela Associação, o que comprova a seriedade das ações desta entidade de classe.

A resistência do TJPE aos novos tempos, bem diferentes daqueles que reinaram durante 500 anos de história brasileira, quando o Poder Judiciário não prestava contas dos seus atos à sociedade, talvez justifique a incrível marca de reclamações contra a corte pernambucana. Confira todos os proce-dimentos contra o TJPE no site do CNJ (www.cnj.gov.br).

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A Vara é de adoção, mas o projeto criado por ela incentiva a reintegração familiar das crianças e jovens retiradas de suas famílias por diversos motivos, entre eles abandono, violência domés-tica, negligência. Inédito no Brasil, o Núcleo de Apoio à Reintegração Fa-miliar (NARF), da 2ª Vara da Infância e Juventude de Pernambuco, foi criado em 2001, idealizado pela psicóloga Te-reza Figueiredo e instalado pelo juiz Élio Braz Mendes, titular da Vara, que co-manda esse tra-balho de suces-so. Os resultados são expressivos e foram eles que levaram o NARF a conquistar o segundo lugar no Concurso Mude Um Destino, Categoria Judiciário, da As-sociação dos Magistrados Brasileiros (AMB). O projeto concorreu com 214 trabalhos inscritos.

Segundo Élio Braz, o objetivo do NARF é agilizar o retorno das crianças e jovens às famílias biológicas, seja a

Projeto de Vara de PE ganhaprêmio da AMB

Núcleo de Apoio à Reintegração Familiar (NARF), projeto da 2ª Vara da Infância e Juventude de Pernambuco, ficou em segundo lugar no Concurso Mude Um Destino, Categoria Judiciário,

promovido pela Associação dos Magistrados Brasileiros

Nuclear (pai e mãe) ou a Extensa (pa-rentes próximos). “A idéia é fortalecer o vínculo afetivo-familiar. No abrigo ela tem alimentação, cuidados médi-cos, mas não tem o principal: o amor, o carinho, a identidade. No abrigo sua história pessoal é perdida”, afirma. O magistrado diz que apesar da Vara ser de adoção, os profissionais que nela trabalham tentam sempre colocar em

prática o que de-termina o Esta-tuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8069/90, que em seu Art. 19 diz que “toda criança ou ado-lescente tem o direito a ser cria-do e educado no seio de sua famí-

lia e, excepcionalmente, em família substituta”.

Ele explica como funciona o tra-balho do NARF. “O Conselho Tutelar é a porta de entrada da criança, que a encaminha para um abrigo e inicia a tentativa de reinserção familiar – man-da psicólogos e assistentes sociais

para visitar a família e verificar se há condição de retorno da criança ao lar. O abrigo também ajuda nesse proces-so. Quando Conselho Tutelar e Abrigo não conseguem reinserir a criança no ambiente familiar, o processo chega à Vara, para que a criança seja encami-nhada para adoção. É quando entra em ação o trabalho da equipe do NARF, que faz a última tentativa de retorno ao lar dessa criança”.

Entre muitos casos que já passaram pelas mãos do juiz, ele lembra de uma história que, segundo ele, emocionou toda a equipe do NARF. “Acompanha-mos a história de um casal cuja mãe tinha um distúrbio mental e foi parar no hospício. O marido não tinha como cuidar das crianças e elas acabaram indo parar num abrigo. Mas o amor entre eles era tanto que nos comoveu. Percebemos que ela, com o apoio do marido, tinha totais condições de cui-dar das crianças. Então retiramos a mulher do hospício, colocamos a fa-mília no auxílio-moradia e, hoje, ela cuida das crianças com muita seguran-ça com o apoio dele”, lembra.

Motivação – Para a psicóloga Simone Barreto, coordenadora do NARF, a motivação pessoal para rea-lizar o trabalho está pautada na cren-ça de que os conflitos familiares têm, em sua maioria, origem nas carências sócio-economicas e afetivas e nas difi-culdades decorrentes da falta de inser-ção produtiva das famílias. Para ela, ao serem atendidas tais necessidades, é possível minimizar os conflitos e as ações delas decorrentes. “A perspecti-va de melhoria da qualidade de vida das famílias que respondem a ações de destituição ou suspensão do poder familiar, a possibilidade e o desafio de reverter situações conflitantes e a garantia dos direitos da criança e do adolescente à convivência familiar e comunitária são as razões pela qual me empenho em realizar o trabalho no NARF”, garante.

Objetivo do NARF é agilizar o retorno das crianças

e jovens às famílias biológicas, fortalecendo o

vínculo afetivo-familiar

Juiz Élio Braz (esq) recebe prêmio durante Encontro Nacional dos Juízes Estaduais (Enaje)

Divulgação/AMB

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Eliene Maria Ferreira tem 30 anos e é mãe de Eduardo Ferreira dos Santos, de 4 anos, e Paulo Gustavo Ferreira dos Santos, de 3 anos. As crianças, ao verem a mãe chegar na creche onde passam o dia, no bairro do Cajueiro (Recife/PE), abrem um lindo sorriso, que comove pelo amor que irradia em seus olhos. Mas não faz muito tempo que Eliene fi-cou afastada dos dois filhos. Eles foram mandados pelo Conselho Tutelar para a Casa de Carolina, abrigo localizado no bairro de Boa Viagem, que recebe crian-ças de 0 a 7 anos órfãs, vítimas do aban-dono e/ou maus tratos.

Eliene tem distúrbio mental e quem conta a sua história é a irmã mais velha dela, Maria Betânia Ferreira. “Eliene e Geraldo (pai das crianças) brigavam muito por causa de ciúme. Ele era mui-to ligado ao filho mais velho e sempre que eles brigavam, Geraldo saia com o menino, deixando o mais novo com a mãe. Um dia ele foi trabalhar com o fi-lho. Geraldo tomava conta de carros nas ruas e um inimigo seu o matou na fren-te da criança, com pauladas na cabeça. Ficamos sabendo da morte de Geraldo pelo Bandeira 2 (programa de rádio)”. Betânia conta que ao saber da notícia ela e Eliene, com o filho mais novo no colo, saíram em busca de Eduardo, que já ha-via sido levado pelo Conselho Tutelar.

Números mostram sucesso do NARFFrequentemente, as crianças vão pa-

rar em abrigos pela identificação de si-tuações de abandono, violência domés-tica, negligência, dependência química dos pais, além de padrões baixos de sub-sistência, entre outros motivos. A equipe do NARF faz todo um acompanhamento para verificar a possibilidade de retor-no da criança ao lar, levando também em consideração o desejo da criança, e articula várias entidades para ajudarem na reinserção da família socialmente: aciona creches, escolas, Bolsa-Escola, Bolsa-Família, Auxílio-Moradia, po-liclínicas, entre outros serviços, com o objetivo de melhorar as condições de vida da família e proporcionar o resgate à cidadania. É importante ressaltar que o trabalho não termina quando a criança volta ao convívio familiar; são realiza-das visitas periódicas de pós-reintegra-

ção para avaliar as condições de vida da criança.

Os resultados podem ser avaliados através dos números. Confira os dados de 2004 ao primeiro semestre de 2007

Dados gerais:

De 2004 a junho de 2007 – 455 crianças e jovens atendidos no NARF – 288 voltaram para o convívio familiar (63% dos casos) e 160 não puderam ser reinseridas e foram para adoção.

Por ano:

2004 – 145 crianças e jovens atendi-dos – Desses, 89 voltaram ao convívio familiar, 56 não – o que representa 61% de sucesso na reintegração;

2005 – Do total de 136 crianças/adolescentes atendidos, 86 voltaram para casa (63%) e 50 não foram rein-tegradas (37%);

2006 – Foram atendidas 108 crian-ças/adolescentes, sendo 69 (64%) reintegrados e 29 (36%) não-reinte-grados;

2007 – de janeiro a junho – De 69 crianças/adolescentes, 44 (65%) foram reintegradas e 25 (35%) não.

A equipe do NARF acredita que com suporte social e político mais efetivo e eficiente é possível reverter casos em processo de destituição do poder familiar. Prova disso é o resulta-do do trabalho de “formiguinha” reali-zado pela equipe do projeto.

Mãe beneficiada irradia alegriaElas contam que, ao

chegarem ao Conselho, os funcionários identi-ficaram que a mãe não tinha condições de ficar com os filhos. Os meni-nos foram parar na Casa de Carolina e o caso na 2ª Vara da Infância e Ju-ventude de Pernambuco. A partir daí, começou a luta de Eliene para recu-perar os dois filhos, luta que durou 9 meses e foi marcada por muito sofri-mento. “Lá na Carolina, eles não deixavam ver o Eduardo, diziam que eu tinha batido nele, por isso ele estava todo ensangüentado quando o encon-traram”, afirma Eliene.

Quando o caso chegou à Vara, en-trou em ação a equipe do NARF, que passou a acompanhar o caso. “Eles vi-nham na minha casa para saber como era nossa vida”, conta Eliene. Segundo Betânia, Eliene não bebe, não fuma, não dança, é uma mãe presente, exem-plar, que vive para os filhos. O mesmo diagnóstico foi dado pela equipe do NARF, que percebeu que Eliene não oferecia nenhum tipo de ameaça aos fi-lhos e os devolveu ao convívio da mãe.

Hoje, eles passam o dia na Creche Ca-jueiro, da Prefeitura do Recife, onde têm alimentação, fardamento, educa-ção, apoio psicológico e atendimento médico. A mãe recebe o Bolsa-Famí-lia, no valor de R$ 80, e faz faxina para complementar a renda da família e não deixar nada faltar para os filhos.

Toda a família mora na mesma rua, em Campina do Barreto, na Vila Re-denção. Irmãos e mãe de Eliene estão sempre por perto. A família se ajuda: não falta nada para as crianças e, o principal, sobra amor e atenção para os meninos.

Eliene com os filhos Eduardo e Paulo na creche onde as crianças passam o dia

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVIII - Agosto/Setembro - 2007 - �

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A Associação dos Magistrados do Estado de Pernambuco (AMEPE) encaminhou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Procedimento de Controle Administrativo contra o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), reclamando a falta de critérios objetivos e de fundamentação clara nas decisões de acesso por merecimento. A AMEPE solicita, no PCA, que o TJPE adote concretamente critérios objetivos na aferição de merecimento dos magistrados, com motivação e fundamentação claras na aplicação desses critérios para a formação das listas tríplices e na eleição para fins de acesso ao 2º grau.

No PCA, a AMEPE afirma entender “que a crônica e in-sistente recusa do TJPE em adotar critérios objetivos, claros e inequívocos, previstos nas normas constitucionais e infra-cons-titucionais, e na própria resolução que editou (n.º 202/2006), bem como a desatenção ao dever de motivar e fundamentar as suas deliberações ao aferir merecimento, inviabilizam, por completo, todas as finalidades pretendidas pela sistematização constitucional que disciplina o relevante tema (merecimento, critérios objetivos, motivação, acesso e promoção)”. A Asso-ciação identifica, no PCA, três promoções por merecimento ao 2º grau (acesso ao TJPE) e pede a anulação dessas promo-ções.

Ainda no PCA, a Associação explica que o Tribunal de Justiça de Pernambuco não comparou os critérios de produti-vidade, presteza e freqüência em cursos de aperfeiçoamento, determinados pela Constituição da República Federal, no art. 93, II, entre os eleitos e os demais 21 candidatos, especialmen-te porque havia outros candidatos com melhor desempenho do que os escolhidos. A AMEPE também decidiu que vai con-testar junto ao Conselho Nacional de Justiça todas as outras promoções por merecimento e remoções que estejam nestas circunstâncias, realizadas desde o último dia 08 de março.

Como são muitas as promoções e remoções, a Associação dos Magistrados resolveu dividir os pedidos administrativos perante o CNJ, conforme sejam as sessões e os tipos de movi-mentação na carreira (promoção ou remoção) - isto para faci-litar a tramitação dos procedimentos administrativos naquele egrégio Conselho -, na ordem cronológica, começando por isso pela sessão realizada no dia 08.03.07.

Depois de protocolado o PCA nº 2007.10.00.000932-6, que tem por objeto os editais 01, 03 e 05, de 2006, de acesso ao TJPE por merecimento, a AMEPE solicitou ao relator, conselheiro Mayran Maia Júnior, a suspensão, pelo prazo de 30 dias, daquele procedimento administrativo, especialmente para que fosse pro-videnciada a protocolização de outros procedimentos adminis-trativos assemelhados, de forma a demonstrar que a sistemática adotada atualmente pelo Tribunal é generalizada. Como o pedido de suspensão foi indeferido, por entender o relator que, tratan-do-se de matéria de ordem pública, seria incabível a suspensão, a

AMEPE peticionou ao mesmo, para dar prosseguimento regular ao feito, o que já foi atendido.

PP - No último dia 24 de setembro, a AMEPE encaminhou Pedido de Providência ao Conselho Nacional de Justiça (PP nº 2007.10.00.001354-8), requerendo, inclusive em sede de liminar, a determinação ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) para que forneça à AMEPE os mapas onde constem os dados de pro-dutividade, presteza e freqüência em cursos de aperfeiçoamento relativamente aos candidatos que concorreram às promoções por merecimento e remoções, nas sessões realizadas no corrente ano.

Com relação ao PCA nº 2007.10.00.000932-6, alguns can-didatos conseguiram as informações referentes à produtividade, presteza e freqüência em cursos de aperfeiçoamento dos candi-datos inscritos nos editais de acesso ao Tribunal, fornecendo-as, em seguida, à AMEPE, o que possibilitou a análise dos casos con-cretos.

Quanto aos outros editais de promoção por merecimento e remoção julgados neste ano de 2007, a AMEPE oficiou em 6 se-tembro ao TJPE, solicitando os dados de produtividade, presteza e freqüência em cursos de aperfeiçoamento dos candidatos inscri-tos, e que teriam servido de base para os julgamentos. O Tribunal não prestou tais informações, o que obrigou a entidade de classe a recorrer ao CNJ.

A Associação vai analisar, individualmente, caso por caso, as promoções por merecimento e as remoções ocorridas desde a sessão de 08 de março, para verificar se o candidato escolhido possuía melhor desempenho em relação aos demais e se a decisão em sentido contrário foi fundamentada explicitamente em crité-rios objetivos.

Os editais de candidato único e aqueles em que o juiz escolhido foi justamente o que tinha melhor desempenho, considerando-se os critérios objetivos estabelecidos na Constituição da Republica, não serão objeto de contestação pela AMEPE.

Site da AMEPE disponibiliza notas taquigráficas das sessões de promoção

e remoção do TJPE

A Associação dos Magistrados de Pernambuco está dispo-nibilizando em seu site (www.amepe.com.br) as notas taqui-gráficas das sessões de promoção e remoção de magistrados realizadas pela Corte do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) neste ano de 2007. Acessando o link na página princi-pal da AMEPE, é possível conferir o voto de cada desembarga-dor. O interessado também poderá fazer a consulta por sessão ou por edital.

AMEPE contesta no CNJ promoções por merecimento

10 - Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVIII - Agosto/Setembro - 2007

Promoção por merecimento:

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CNJ começa a fiscalizar uso de carros oficiais

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de-cidiu, por unanimidade, no final do último mês de julho, suspender o leilão de 20 Co-rollas e nove Astras do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJ-MT), além do pagamento do auxílio-transporte aos desembargadores daquele tribunal. Os conselheiros também decidiram fazer correição para apurar irre-gularidades na compra e utilização dos veí-culos. As propostas foram apresentadas pelo corregedor nacional de Justiça, ministro Cé-sar Asfor Rocha, que em contato telefônico com a Corregedoria do Tribunal confirmou as notícias publicadas em vários jornais para informar sobre a iminência dos veículos se-rem alienados mediante leilão e o pagamento do auxílio-transporte. Os veículos estão pa-rados na garagem do órgão desde janeiro de 2005, porque 27 desembargadores, em lugar de utilizá-los, preferiram receber o auxílio-transporte correspondente a 15% sobre seus salários, quantia que varia entre R$ 2.176,00 a R$ 3.319,69.

O ministro César Asfor justificou a sus-pensão do pregão com o argumento de que a venda dos veículos trará prejuízos ao erário, pelo risco de serem leiloados por valores bem inferiores àqueles pagos por automóveis no-vos da mesma marca e modelo. Além disso, informou que o lance mínimo estabelecido é bem inferior ao preço pago pelo Tribunal na compra dos automóveis (em janeiro de 2005, o TJ-MT comprou 30 Corollas por R$ 1,84 milhão e nove Astras por R$ 531 mil, tota-lizando um gasto de R$ 2,37 milhões. Cada Corolla, comprado a R$ 61,5 mil, teria um lance mínimo de R$ 44 mil. Os Astras foram adquiridos por R$ 59 mil cada e o valor ini-cial do leilão seria de R$ 39 mil. Com isso, o tribunal teria um prejuízo de R$ 530 mil, diferença entre o valor da compra dos veícu-los e o total que seria arrecadado no leilão). Ainda no seu voto, Asfor Rocha argumentou que o pagamento do auxílio-transporte aos magistrados é indevido porque ultrapassa o teto constitucional.

Fonte: CNJ

Manoel de Oliveira Erhardt é nomeado para o TRF

O juiz federal Manoel de Oliveira Erhar-dt, 54 anos, foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de juiz do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5). O magistrado vai ocupar a vaga deixada pelo juiz Napoleão Maia Filho, que assumiu uma vaga de ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Esta é a primeira vez em 18 anos, desde a instalação do TRF-5, em 1989, que um juiz federal pernambu-

cano de carreira é promovido pelo critério de merecimento para o TRF-5. Antes, as vagas abertas no Tribunal para preenchimento pelo critério de merecimento foram sempre ocu-padas por juízes federais de carreira oriundos de outros estados da região. Concorreram com o pernambucano à promoção os juízes federais Edílson Pereira Nobre Júnior, do Rio Grande do Norte, e Paulo Machado Cor-deiro, de Alagoas. Manoel Erhardt ocupa o cargo de juiz federal a cerca de 20 anos.

Fonte: Jornal do Commercio (Recife)

STJ aprova três novas súmulas

A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou três novas súmulas, que servirão de parâmetro para futuros julga-mentos da Corte. As súmulas n.º 340 – “A lei aplicável à concessão de pensão previdenci-ária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado” –; 341 – “A freqüência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução de pena sob re-gime fechado ou semi-aberto” –; e 342 –“No procedimento para aplicação de medida só-cio-educativa, é nula a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente” – foram relatadas pelo ministro Hamilton Carvalhido e aprovadas por unanimidade. O termo “súmula” é originário do latim sumula, que significa resumo. No Poder Judiciário, a súmula é um resumo das reiteradas decisões proferidas pelos tribunais superiores sobre uma determinada matéria. Com ela, questões que já foram exaustivamente decididas po-dem ser resolvidas de maneira mais rápida mediante a aplicação de precedentes já jul-gados.

Fonte: STJ

Tribunais começam a ter acesso on-line aos dados

da Receita

A presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Fede-ral (STF), ministra Ellen Gracie, assinou, no último dia 4 de julho, o primeiro termo de adesão ao convênio firmado entre o CNJ e a Receita Federal para permitir aos magistra-dos o acesso on-line a dados fiscais. O ter-mo de adesão foi enviado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais e depende apenas da assinatura do secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, para ser validado. O CNJ as-sinou este convênio com a Receita Federal na primeira sessão da sua nova composição, realizada no dia 26 de junho. A partir desta data, os tribunais poderão aderir aos termos do convênio. Até julho de 2007, outros seis

tribunais de Justiça já pediram ao CNJ có-pia do termo de adesão: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Sergipe e Bahia. O Tribunal de Justiça de São Paulo já utiliza o acesso online aos dados do fisco porque havia assinado convênio diretamen-te com a Receita Federal. Atualmente, para ter acesso às informações da Receita, os ju-ízes precisam enviar o pedido em papel, via correio. E a Receita responde da mesma ma-neira. Este processo demora 60 dias ou mais para ser concluído. Com o acesso on-line, os magistrados podem consultar os dados do fisco em apenas 20 segundos.

Fonte: CNJ

Estudo da AMB revela números da impunidade

no Brasil

A Associação dos Magistrados Brasilei-ros (AMB) divulgou os resultados de um es-tudo que apresenta os números da impunidade do país. O documento mostra, por exemplo, que entre os anos de 1988 e 2007 o Supremo Tribunal Federal (STF) não condenou ne-nhum agente político julgado pela prática de crimes contra a administração pública. Já no Superior Tribunal de Justiça (STJ), no mes-mo período, apenas cinco autoridades foram condenadas. O estudo apresentado pela AMB foi feito a partir de dados disponíveis nos si-tes dos dois órgãos. O objetivo do trabalho é mostrar aos magistrados e à sociedade as características e o andamento dessas ações no STF e no STJ, facilitando uma análise valorativa e crítica sobre o benefício do foro privilegiado e a capacidade estrutural das Cortes Superiores para conhecer, processar e julgar determinadas ações. Além de revelar o baixo número de condenações, a pesquisa traz ainda outro dado alarmante: a demora no julgamento das ações penais originárias no STF e no STJ. Em 19 anos, dos 130 proces-sos distribuídos no STF, apenas seis foram julgados e absolvidos, 46 deles foram reme-tidos à instância inferior, 13 prescreveram e 52 continuam tramitando na Corte. No STJ, que recebeu 483 processos de 1989 até junho de 2007, a situação não é muito diferente: há 11 absolvições, cinco condenações e 71 pres-crições. Foram remetidas à instância inferior 126 ações, e ao STF dez processos. Ainda há 81 ações em tramitação. No entanto, o estudo também revela que, a partir de 2002, houve um aumento no número de ações penais dis-tribuídas no STF e no STJ. De acordo com o estudo, este aumento pode estar relacionado com a aprovação da Lei n.º 10.628/02, que estabeleceu a competência especial por prer-rogativa de função para o julgamento dos crimes decorrentes de atos administrativos dos agentes políticos, ainda que o processo fosse iniciado após o término do exercício da função pública.

Fonte: AMB

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVIII - Agosto/Setembro - 2007 - 11

Panorama Nacional

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Administrar bem o Orçamento: um desafio para o Judiciário

Na última edição do JUDICATURA, publicamos reportagem especial falando da importância do planejamento para a garantia da qualidade da prestação

jurisdicional. Nesta edição, vamos falar como a definição do Orçamento também é de grande relevância para o trabalho do Judiciário brasileiro. Planejamento,

Orçamento e Transparência do Poder Judiciário são os três temas que estarão em todos os debates do III Congresso Estadual dos Magistrados de Pernambuco, que

acontece no período de 15 a 18 de novembro, em Muro Alto, Ipojuca

Em pesquisa realizada pela AMEPE em 2005, 75% dos magistrados pesqui-sados afirmaram nunca terem sido con-sultados pelo Tribunal de Justiça sobre as necessidades da sua unidade de tra-balho. A pesquisa também questionou os magistrados se a eleição direta para a Mesa Diretora do Tribunal ensejaria maior democratização no orçamento e 77% dos magistrados responderam afir-mativamente. Esses dados refletem um dos grandes problemas enfrentados hoje pelos juízes pernambucanos, ocasiona-do especialmente pela falta de participa-ção dos mesmos no planejamento e na elaboração da proposta orçamentária do Poder Judiciário.

Como não se discute o orçamento, muitas unidades jurisdicionais do Es-tado sofrem com deficiência de mate-rial, equipamentos e pessoal. “Existe um descolamento entre o acervo e a natureza da unidade e a alocação de pessoal e a dotação de equipamentos para cada uma das unidades. A carên-cia de serventuários de justiça tem conduzido o Judiciário a valer-se de um elevado número de servidores mu-nicipais à disposição do Poder. Fato esse que, sobretudo nas comarcas do interior, cria um inadequado vincu-lo entre o Judiciário e o Executivo local”, afirma o juiz Carlos Magno, diretor Cultural da AMEPE. Na opi-nião da Comissão Científica do III Congresso Estadual de Magistrados, formada por integrantes da Diretoria da Associação, não se pode chegar a um orçamento compatível com as necessidades do Poder, se a etapa do planejamento é suprimida. “Se o or-çamento não reflete o conjunto das

necessidades do Poder, não propiciará o adequado cumprimento da função jurisdicional”, afirma Magno.

Para o juiz Brasílio Guerra, titular na Comarca de Caruaru (Agreste do Esta-do), o que falta é racionalidade. “Não há racionalidade na distribuição de pessoal. Tanto faz não termos servidores suficien-tes para o desenvolvimento do trabalho, como termos servidores demais e outra comarca sofrer com falta de pessoal”, afirma. Segundo o magistrado, que está há nove anos como titular em Caruaru, a última vez que foi consultado sobre suas

propostas e sugestões para o Poder foi em 1998, na gestão do desembargador Etério Galvão. “Acho que não há uma interlocução, uma relação dialógica com a 1ª instância. O juiz tem que pedir, im-plorar, para conseguir melhorias para sua unidade de trabalho”, afirma, com-pletando que há seis meses a comarca de Caruaru não recebe capa de processo.

O diretor do Fórum de Petrolina (Sertão de Pernambuco), juiz Cícero Everaldo, também reclama da falta de planejamento do orçamento do Tribunal. “É inadmissível que se espere o encerra-

mento de um contrato para iniciar o pro-cesso de licitação de outro. Com isso, fi-camos prejudicados sem o recebimento de material de expediente e também sem a prestação de serviços. Há três meses, por exemplo, não recebemos grampo”, declara. De acordo com Everaldo, o TJPE não vai buscar o problema. “Nós é que temos que ‘gritar’ para conseguir alguma coisa”.

Especialista - “A má utilização do recurso público pode estar na raiz do mais notável paradoxo da realidade bra-sileira”. Essa frase foi dita pelo juiz fe-deral César Sabbag, no livro Orçamento e Desenvolvimento – Recurso público e dignidade humana: o desafio das polí-ticas desenvolvimentistas. Ela retrata a importância da boa administração do or-çamento para o desenvolvimento de um trabalho de sucesso, em todos os pode-res, inclusive no Judiciário. Para o autor, que será palestrante no III Congresso Estadual dos Magistrados de Pernam-buco, o tempo não pára e sabe cobrar a fatura dos que não planejam o futuro. “O recurso financeiro é instrumento im-

portante de concretização das políticas do Estado e de seus compromissos com a sociedade – impõe-se gastar bem e in-vestir com racionalidade, pensando no futuro”, afirma o juiz na referida obra.

O mencionado autor afirma que, aci-ma de tudo, o orçamento é instrumen-to de poder. “A essência do orçamento não é satisfazer a vontade do governante nem atender às suas ambições políticas, mas garantir que a sociedade, em última análise, decida o que fazer com o recur-so público, responsabilizando-se por ele”, afirma.

Como não se discute o orçamento, muitas

unidades jurisdicionais do Estado sofrem com a deficiência de material, equipamento e pessoal

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Especial

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Alocação de recursos:outra prioridade do orçamento

De acordo com o juiz Carlos Mag-no, não se conhece nenhum estudo do Tribunal de Justiça de Pernambuco que demonstre a organização do Poder Judi-ciário e aponte as suas reais necessidades para o efetivo cumprimento da sua mis-são, que consiste na entrega de uma pres-tação jurisdicional célere e de qualidade. “Sem esse levantamento, a definição de prioridades leva em conta exclusivamente as intenções do gestor. Ou seja, recursos públicos podem ser alocados para ativida-des menos relevantes para o desempenho de atividades públicas”, afirma.

Para o magistrado, o ideal é que o dinheiro dê para fazer tudo, mas priori-zando o que é necessário para uma me-lhor prestação jurisdicional. “É mais im-portante contratar novos servidores, ou mandar magistrados se capacitarem fora do país? É melhor comprar impressoras, ou promover festas onde a maioria dos convidados não são os magistrados?”, questiona. Os 39 carros oficiais que es-tão à disposição dos desembargadores, por exemplo, têm um custo muito alto para o Tribunal. Cada Honda Civic cus-ta, no modelo LX5M (básico), o valor de

R$ 63 mil. A compra dos 39 custou cerca de R$ 2,4 milhões aos cofres do TJPE. Fora o custo de combustível, o salário do agente de segurança e transporte (cerca de R$ 2 mil mês – 39 agentes custam ao TJPE R$ 78 mil mês) e a manutenção dos veículos.

O TJPE também enviou para a As-sembléia Legislativa do Estado o projeto de Lei 199/2007, que cria novos cargos comissionados para os gabinetes dos de-sembargadores – são 87 cargos de conci-liador, 55 de secretário de juizado e 52 de secretário adjunto de juizado – um total de R$ 766 mil/mensal a mais na folha de pagamento do Tribunal com funcionários que não são efetivos. É essa a prioridade do Poder? Criar cargos comissionados para os gabinetes dos desembargadores e desprezar a falta de pessoal para as varas e juizados especiais do Estado, refletindo na deficiência ao atendimento do cidadão?

Especialista - Para Félix Sánchez, a construção do orçamento tem que ser co-letiva. “O Estado, assim como o mercado, possui informações incompletas para a tomada de decisões. É preciso que os ato-

res sociais tragam informações para que a deliberação contemple plenamente os problemas políticos envolvidos. Tais in-formações têm que ser partilhadas e dis-cutidas, isto é, os arranjos deliberativos presumem que as informações ou solu-ções mais adequadas não são à priori de-tidas por nenhum dos atores e necessitam ser construídas coletivamente”, afirma.

Segundo César Sabbag, as receitas e despesas devem ser pormenorizadamen-te expostas nas peças orçamentárias, ao lado de classificações específicas que lhe apontem sem dúvidas a origem e o des-tino. “O Orçamento especificado reúne condições ideais para a fiscalização, além de contribuir para que as opções gover-namentais relativas aos dispêndios sejam esclarecidas perante a sociedade”.

Já Valdecir Pascoal, conselheiro do Tribunal de Contas de Pernambuco, no livro Direito Financeiro e Controle Ex-terno, afirma que o orçamento é um ins-trumento de planejamento, dinâmico, que leva em conta aspectos do passado, a realidade presente e as projeções para o futuro.

Orçamento aprovado: começa a execuçãoApós o planejamento dos recursos,

entra em cena a execução orçamen-tária. “Essa é a etapa mais importante do orçamento, porque consiste na con-cretização da idéia”, afirma o juiz Car-los Magno. Segundo ele, é nessa etapa que o gestor público tem que buscar o melhor resultado, com o menor custo. “Tirar do papel a idéia é muito difícil, principalmente com os entraves buro-cráticos que rondam o serviço público; tudo se agrava pela falta de bom plane-jamento”, diz.

Ele usa como exemplo fato recente em que o TJPE determinou o recolhi-mento de impressoras a laser da comar-ca do Recife, justificando a providência em razão do elevado custo de manuten-ção das mesmas. Estaríamos diante de um dilema custo X qualidade. Tal equa-ção deveria ter sido resolvida antes da aquisição do equipamento, uma vez que suas variáveis seriam previsíveis; reco-

lher o equipamento depois de adquirido resulta na pior escolha, com desperdício total do investimento e manutenção da necessidade que deu origem à compra.

O juiz Edvaldo Palmeira, Diretor de Finanças e Patrimônio da AMEPE, lem-bra a Lei Estadual n.º 11.404/96, onde o Poder Legislativo de Pernambuco auto-riza a TJPE a utilizar os valores arreca-dados com taxas, custas e emolumentos para despesas de capital (investimentos) ou o aprimoramento da infra-estrutu-ra do Poder (compra de equipamentos, construção de prédios para o exercício da atividade judicante, etc.). Essa fonte de investimento poderia permitir, inclu-sive, a implementação do processo di-gital. “Para não brigar pelo repasse in-tegral da verba orçamentária necessária ao exercício de suas atividades corren-tes, o Judiciário tem corriqueiramente solicitado autorização legislativa para a utilização dos recursos decorrentes

com taxas, custas e emolumentos (Lei nº 11.404/96) para custeio de despesas correntes, como pagamento de pesso-al”, afirma Palmeira.

“Ano a ano é necessário que se faça, além da nova proposta orçamentária, uma avaliação de desempenho para contabilizar a metas alcançadas e os ob-jetivos atingidos, de modo a identificar os entraves e procurar superá-los”, afir-mou o juiz Emanuel Bonfim, Vice-Pre-sidente da AMEPE.

Especialista - Para César Sabbag, o orçamento aprovado significa uma pro-gramação de trabalho para as unidades e órgãos responsáveis por sua execu-ção. De acordo com Sabbag, esta pro-gramação não pode ser algo estático, a emperrar ou dificultar eventuais mo-dificações. De outro lado, também não deve ser tratada como mera referência para os gastos.

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Especial

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Confira trechos dos relatórios de prestação de Contas de Graciliano Ramos, prefeito do município de Palmeira dos Índios (Alagoas), nos anos de 1929 e 1930. O texto trata da

importância do orçamento:

Juiz que não visita Palácio não come queijo do reinoA falta de critérios de impesso-

alidade e moralidade vem há muito tempo na administração pública. Se atualmente os juízes que desejam ser promovidos por merecimento ainda sofrem por não serem julgados com base em critérios objetivos de aferição de produtividade, presteza e freqüência em curso de aperfeiçoamento, mesmo sendo essa a decisão do Conselho Na-cional de Justiça, imaginem na época em que essa escolha era realizada se-cretamente e sem o acompanhamento das entidades de classe e dos órgãos fiscalizadores?

“Quem espera nunca alcança” era o lema às avessas dos juízes que não se rendiam ao clientelismo. Preferiam cumprir o seu papel de magistrado a perder tempo visitando gabinetes de desembargadores e pedindo favor, mesmo que pagassem um preço alto por isso. Foi o que aconteceu, por exemplo, com um juiz titular da co-marca de Salgueiro, no Sertão Central, na década de 70.

Até o fechamento do Congresso Na-cional, no dia 1º de abril de 1977, pelo

então presidente general Ernesto Geisel, os magistrados que assumiam duas ou mais comarcas recebiam dois salários. Ao saber que a comarca de Verdejante estava sem juiz titular, o juiz de Salgueiro (mu-nicípio localizado a apenas 16 km de dis-tância de Verdejante), que era o primeiro substituto legal, comunicou ao presidente do Tribunal o exercício cumulativo da-quela comarca. A expectativa de ter o seu salário dobrado deixou o juiz e sua família radiantes. Seus filhos listaram os presentes de Natal e o próprio já pensava nos quilos de queijo do reino que compraria.

Vinte e quatro horas após a comuni-cação, o magistrado recebeu expedien-te do Tribunal noticiando que o juiz da comarca de São José do Belmonte - que fica a uma distância que corresponde ao dobro da comarca de Verdejante – foi o designado para responder pela comarca de Verdejante. Meses depois, o cargo va-gou novamente, pois o juiz que tinha as-sumido Verdejante acabou sendo promo-vido para a comarca de Surubim. O ma-gistrado de Salgueiro não perdeu tempo e mandou uma segunda comunicação ao Tribunal de Justiça. Para a sua surpresa, mais uma vez o Tribunal designou outro

juiz para responder pela comarca, des-ta feita um juiz de Petrolina, município localizado a cerca de 300 km de Verde-jante. Será que o TJPE ignorava a situ-ação geográfica das comarcas?

Como o exercício cumulativo só exigia a presença do magistrado um dia por semana, o magistrado de Petro-lina passava mais tempo útil no trajeto Petrolina/Verdejante e Verdejante/Pe-trolina, do que dando expediente no Fórum de Verdejante. A designação foi tão absurda que a própria popula-ção de Verdejante procurava o juiz de Salgueiro para a solução de conflitos, imaginando que, devido a sua proxi-midade, era aquele o juiz responsável pela comarca.

Só após a abertura do Congresso Nacional (em 26 de abril de 1977), quando foi extinta a possibilidade de acúmulo de salário para os magistrados que atuavam em mais de uma comarca, é que o juiz de Salgueiro, que não tinha nenhum prestígio no Tribunal, assumiu, não apenas o exercício cumulativo da comarca de Verdejante, como também de mais três comarcas da região.

“Consegui salvar em 70 dias 9:539$447 (moeda da época). É pouco. Entretanto, fiz esforça imenso para acu-mular soma tão magra, para impedir que ela escorregasse de cá; suprimi despesas e descontentei vários amigos e compadres que me fizeram pedidos”.

“Dos funcionários que encontrei em janeiro do ano passado restam poucos. Saíram os que faziam política e os que não faziam coisa nenhuma. Os atuais não se metem onde não são necessários, cum-prem as suas obrigações e, sobretudo, não se enganam em contas...”.

“Procurei sempre os caminhos mais curtos. Nas estradas que se abriram só há curvas onde as retas foram inteiramente impossíveis... Há quem ache tudo ruim,

e ria constrangidamente, e escreva cartas anônimas, e adoeça, e se morda por não ver a infalível maroteirazinha, a abençoa-da canalhice, preciosa para quem a práti-ca, mais preciosa ainda para os que dela se servem como assunto invariável; há quem não compreenda que um ato administrati-vo seja isento de lucro pessoal”.

“No orçamento do ano passado, houve supressão de várias taxas que existiam em 1928. A receita, entretanto, calculada em 68:850$000, atingiu 96:924$985. E não empreguei rigores excessivos. Fiz apenas isto: extingui favores largamente concedi-dos a pessoas que não precisavam deles e pus termo às extorsões que afligiam os matutos de pequeno valor, ordinariamente raspados, escorchados, esbrugados pelos exatores”.

“Pensei em construir um novo cemi-tério, pois o que temos dentro em pouco será insuficiente, mas os trabalhos a que me aventurei, necessários aos vivos, não me permitiram a execução de uma obra, embora útil, prorrogável. Os mortos es-perarão mais algum tempo. São os muní-cipes que não reclamam”.

“A Prefeitura foi intrujada quando, em 1920, aqui se firmou um contrato para fornecimento de luz. Apesar de ser um negócio referente à claridade, julgo que assinaram àquilo às escuras. É um bluff. Pagamos até a luz que a lua nos dá”.

Fonte: Direito Financeiro e Controle Externo – Teoria, Jurisprudência e 370 Questões. Autor: Valdecir Pascoal.

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Causos do Judiciário

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A manutenção da aposentadoria com-pulsória aos 70 anos não é o único tema de debate no meio jurídico relacionado com a idade dos magistrados. Embora o assunto tenha sido pouco abordado na Reforma do Judiciário, a idade mínima para o ingresso na magistratura vem ga-nhando espaço nas discussões entre os especialistas do Direito.

Os que defendem o estabelecimento de idade mínima para a carreira de juiz argumentam que obter um bom resulta-do em um concurso não é suficiente para ser um magistrado. É preciso ter, não só conhecimento, mas experiência de vida para julgar questões delicadas da área do Direito. Mas será que, realmente, a ex-periência de vida só pode ser adquirida com o tempo? Será que a dedicação e o compromisso com a justiça não con-tribuem? Será que todos os juízes mais velhos têm, pelo simples fator da idade, mais capacidade para julgar do que os mais jovens?

Prova de que outros fatores influen-ciam no desempenho do magistrado é o resultado do bom trabalho realizado por jovens juízes como, por exemplo, Pierre Souto Maior Coutinho de Amorim. Hoje com 33 anos de idade, ele ingressou na magistratura aos 28 anos, mas antes atuou em outras atividades da área ju-rídica, sempre em cargos providos por concurso público.

Pierre Souto Maior iniciou a carreira jurídica no ano de 1998 para o cargo de Assessor Técnico Legislativo da Câma-ra de Vereadores de Caruaru, lotado do Departamento Jurídico daquela casa. No ano seguinte, trabalhou como Oficial da

Promotoria do Ministério Pú-blico, até 2001. Em 2002, foi Procurador Federal da 5ª Re-gião, exercendo a função até ingressar na magistratura. Ele também foi aprovado em outros concursos, mas não chegou a assumi-los, dentre eles o con-curso para Delegado de Polícia de Sergipe e o para Procurador do Estado de Alagoas.

Pierre Souto Maior iniciou a carreira de Juiz na comarca de

Tuparetama (Sertão do Pajeú). Após seis meses, foi promovido por antiguidade para 2ª Vara Criminal de Garanhuns, onde, em 2005, participou do caso co-nhecido como “Operação Suíça”, que teve como réus ex-prefeitos, contadores, advogados e servidores públicos. O juiz Pierre decretou a prisão de vários envol-vidos.

Ainda em Garanhuns, foi integrante do 4º Colégio Recursal Cível, atuando inclusive como presidente do órgão e responsável pela proposta inicial de re-gimento interno do colegiado.

Em junho de 2006, o magistrado foi removido, desta vez para assumir a 2ª Vara de Bezerros, onde trabalhou pou-co menos de um ano. Lá encontrou um acervo de 1.191 processos conclusos, tendo deixado apenas 367 processos nessa fase, sendo 15 para sentença.

O magistrado foi removido a pedi-do para a 2ª Vara Criminal de Caruaru em julho de 2007. Atualmente, além de titular daquela vara, ele participa como voluntário do grupo de seis juízes que tratam das ações penais referentes à “Operação Aveloz”, da Polícia Federal, que desmontou uma quadrilha de ho-micidas, responsável pelo assassinato de mais de 1.000 pessoas nos últimos cinco anos na região Agreste de Per-nambuco.

O que contribuiu também para sua formação como magistrado foi a carreira de professor universitário, que abraçou no ano de 2006, lecionando Direito Pro-cessual Penal no curso de graduação da Faculdade de Direito de Caruaru.

Blindagem de carros

A AMEPE firmou uma parceria com a empresa de blindagem de carros Custom Blindagens para oferecer ao associado AMEPE preços diferenciados na utilização dos serviços da empresa. São três modalidades de desconto: grupo acima de 50 veículos terá desconto de 10%; grupo acima de 100 veículos terá desconto de 15%; e grupo acima de 150 veículos terá desconto de 20%. Informações no site www.customblindagens.com.br ou pelo telefone 81. 3497.1754. A Custom Blindagens fica localizada na avenida Mascarenhas de Moraes, 4455, Imbiribeira.

Título

O juiz Ivan Alves de Barros, da Comarca de Surubim (Agreste de Pernambuco), recebeu o título de cidadão de Vertentes do Lério (ex-distrito de Surubim), concedido pela Câmara Municipal daquela cidade.

Título 2

Também foram agraciados com o titulo de cidadão, agora do município de Limoeiro (Agreste de Pernambuco), os juízes Acácio Júlio Kezen Caldeira e José Claudionor da Silva Filho. O título foi concedido pela Câmara Municipal da cidade e foi entregue no último dia 11 de agosto.

Abrame

A Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas (Abrame) promove, entre os dias 10 e 13 de outubro, o seu IV Congresso Nacional. Durante o evento, que será realizado em Salvador (BA), serão discutidos temas como A Espiritualização, o Direito e a Humanização da Justiça; Tarefa de Julgar e os Desafios do dia-a-dia; A Vida Profissional; Bioética e Direito; Humanização do Sistema Penitenciário; Aborto; e A Missão do Juiz Espírita. Os interessados em participar do encontro devem entrar em contato com a Associação por meio do telefone 61.3326.8986, ou através do e-mail [email protected]. Atualmente, a entidade conta com cerca de 650 associados de vários estados do Brasil.

Juiz Pierre Souto Maior, prova de bom desempenho na magistratura

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVIII - Agosto/Setembro - 2007 - 1�

Temas em debate

Idade mínima para o ingresso na magistratura

Social / Institucional

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O juiz Sílvio Romero Beltrão foi o grande vencedor do II Torneio de Tiro Esportivo, conquistando o 1º lugar em duas das três modalidades da competição. O magistrado levou para casa os troféus das modalidades Tiro de Defesa .40/.45 (pistola) e Tiro de Defesa – 380 (pistola). As me-dalhas de prata das duas categorias também tiveram um único destino: o juiz Virgínio Carneiro Leão. Já a terceira colocação da modalidade Tiro de Defesa .40/.45 (pistola) ficou com o magistrado João Ismael, e da categoria Tiro de Defesa – 380 (pistola), com o juiz Marcelo Russel.

A outra modalidade disputada foi Revólver – 32 e 38. O magistrado Cristiano Araújo foi o vencedor da prova. A segunda colocação ficou com o juiz Ivan Alves de Bar-ros. O II Torneio de Tiro Esportivo ocorreu no último dia 15 de setembro, no Caxangá Golf & Country Club. Pro-movido pela Associação dos Magistrados de Pernambuco (AMEPE), o evento teve a coordenação da Federação Per-nambucana de Tiro e do Caxangá Golf & Country Club.

AMEPE realiza II Torneiode Tiro Esportivo

Já estão abertas as inscrições para a III Corrida dos Ma-gistrados, promovida pela Associação dos Magistrados de Pernambuco (AMEPE), com apoio da Juriscoope. O evento acontece no próximo dia 11 de novembro, com largada às 8h30. A competição conta com cinco categorias: Masculino até 50 anos, Masculino acima de 50 anos, Feminino, Infantil e Convidados, sendo a última uma novidade desta edição. Cada magistrado poderá convidar até duas pessoas para par-ticipar da corrida.

O percurso, com ponto de partida e chegada na Ponte Buarque de Macedo, segue o trajeto da ciclofaixa do Centro da Recife, passando pela Avenida Cais do Apolo, Ponte do Limoeiro, Rua da Aurora, Ponte Princesa Isabel, Praça da República e Ponte Buarque de Macedo, num total de 3,5

Km. Os participantes homens vão percorrer um trecho de 7 km, o equivalente a duas voltas na ciclovia. Já para as mu-lheres e crianças, o trajeto terá 3,5 km (uma volta).

Os interessados em participar devem se inscrever nas se-des administrativas da AMEPE (Fórum Paula Batista, na rua do Imperador, e Fórum Joana Bezerra) ou pelos telefones 81 - 3224.3251 (falar com Patrícia Pereira) e 81 - 3412.5900 (falar com Heveline Freitas). As inscrições estão abertas até o dia 1º de novembro.

Tênis - Em outubro, de 10 a 14, a equipe pernambucana, formada pelos seis melhores atletas do Regional Norte/Nor-deste, participa do XII Campeonato Nacional de Tênis de Magistrados, a ser realizado na Costa do Sauípe, na Bahia.

Pernambucanos podem trazer a taça do XV Campeonato Nacional de Futebol Master

Campeã na categoria master (aci-ma de 38 anos), conquistando o título depois de uma extraordinária gole-ada no time da Paraíba (5x0) e o no Rio Grande do Norte (4x0), durante o Torneio de Futebol Desembargador

Ivonaldo Miranda, realizado em abril, no Recife, a equipe de magistrados per-nambucanos pode repetir a dose no XV Campeonato Nacional de Futebol Más-ter, que acontece de 3 a 7 de outubro, em Porto Alegre/RS. Os pernambucanos

apostam no talento dos juízes Evanildo Araújo e Arnóbio Araújo. O primeiro ganhou o troféu de melhor goleiro, en-quanto Arnóbio Araújo foi o artilheiro do campeonato, que serviu de seletiva para o campeonato nacional.

Abertas as inscrições para a III Corrida dos Magistrados

O torneio, promovido pela AMEPE, premiou os melhores em três categorias

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Agenda Esportiva AMEPE

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O Procurador-Geral da República emitiu parecer pelo arquivamento da Ação Direta de Inconstitucio-nalidade (ADI) nº 3.820-6, proposta pelo Governo do Estado contra a Resolução nº 6/2005, editada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A resolu-ção do CNJ trata das promoções por merecimento de magistrados, determinando que sejam elas decididas em sessões públicas, com votação nominal e funda-mentada. O Procurador-Geral da República, Antônio Fernando Barros, opinou pela extinção do processo sem resolução do mérito, por ile-gitimidade do requerente, ante a ausência de pertinência temática.

Ao requerer a ADI, o então governador do Estado José Men-donça Filho sustentou que a Re-solução nº 6/2005 do CNJ é in-constitucional, na parte em que estende ao acesso de juízes aos tribunais de segunda instância os critérios previstos no artigo 93, inciso II, da Constituição Fe-deral, os quais, no seu entender, seriam aplicáveis apenas às pro-moções de magistrados de entrância para entrância. Mendonça Filho afirma que a promoção de juízes de entrância para entrância e o acesso ao Tribunal possuem regimes jurídicos diversos, sendo, portan-to, igualmente distintos os requisitos a serem preen-chidos pelos magistrados em cada caso.

No seu requerimento, o governador ainda asse-vera que o ordenamento jurídico deve ser analisado

como um sistema, e que a escolha de magistrados para o acesso aos tribunais de justiça não deve ser feita em sessão aberta e com voto fundamentado.

Para o Procurador-Geral da República, “a au-sência de pertinência temática reside no fato de não caber ao governador disciplinar o acesso de magis-trados a tribunais de segunda instância. Assim ve-rifica-se que a norma questionada não diz respeito, diretamente, ao Poder Executivo Estadual. Em ou-

tras palavras, não há relação en-tre o conteúdo da resolução e os objetivos e funções do Governo do Estado”.

Mérito - Tratando do mérito da ADI, ressalta o chefe do Ministé-rio Público Federal que “o ‘me-recimento’ a que se refere o art. 93, inciso III, da Lei Maior, não pode ter conceito vago, cuja de-finição fique ao talante dos tribu-nais de justiça e ao subjetivismo de seus membros”, concluindo que “tal merecimento não pode

ser outro senão aquele cujos critérios para aferição vêm expressos no art. 93, inciso II, da Constituição da República”.

Quanto à alegação do governador de que a esco-lha de juízes para o acesso aos tribunais de justiça não deve ser aberta e fundamentada, a Procuradoria asseverou: “as decisões administrativas dos tribu-nais serão motivadas e em sessão pública”.

Procuradoria Geral da Pública pede a extinção da ADI proposta contra voto aberto e fundamentado nas

promoções para o TJPE

O Procurador-Geral da República, Antônio

Fernando Barros, opinou pela extinção do processo sem resolução do mérito,

por ilegitimidade do requerente, ante a ausência

de pertinência temática

O Advogado-Geral da União manifestou-se no mesmo sentido do Procurador-Geral da Repúbli-ca, afirmando que “é conclusão simples a de que a Constituição, ao mencionar, no inciso III do art 93 (relativo ao acesso dos magistrados aos tribunais de justiça de segundo grau) o merecimento, não se refe-re a elemento outro que não o merecimento previsto no inciso anterior (inciso II, c), inclusive porque tais

dispositivos foram parte do mesmo conjunto normati-vo, destinado à positivar os princípios estatutários da magistratura”.

Iniciativa – A propositura da ADI se deu depois da sessão administrativa realizada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco, que sustentou a tese ao final abraçada pelo governador de Pernambuco.

Advogado-Geral da União também critica ADI

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVIII - Agosto/Setembro - 2007 - 1�

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Campanha sobre Reforma Política abre encontro em Gravatá

O lançamento da campanha “Re-forma Política: conhecendo, você pode ser o juiz dessa questão”, da Associação dos Magistrados Brasi-leiros (AMB), marcou a abertura do encontro entre juízes da Mata Norte e da Mata Sul do Estado, realizado nos últimos dias 17 e 18 de agosto, no Hotel Casa Grande, no município de Gravatá. A abertura do evento, promo-vido pela Associação dos Magistrados do Estado de Pernambuco (AMEPE), teve como palestrante o presidente da AMB, Rodrigo Collaço, que falou sobre a importância da campanha, e como debatedor o ex-governador de Pernambuco e presidente do partido Democratas (DEM), José Mendonça Filho. Também fizeram parte da mesa o presidente da AMEPE, Mozart Vala-dares, que mediou o debate; a diretora do Fórum de Gravatá, Izilda Dornelas; e o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Celso Limongi.

“A Reforma Política é um tema de interesse nacional e que pode trazer benefícios para todo o país. É com muita satisfação que trazemos o assun-to para ser discutido entre os juízes da região, com a presença de palestrantes qualificados”, afirmou o presidente Mozart Valadares, que abriu o evento.

Para sensibilizar os participantes so-bre a importância da campanha, antes de iniciar sua palestra, o presidente da AMB, Rodrigo Collaço, fez questão de exibir um vídeo produzido pela en-tidade com depoimentos de cidadãos brasileiros sobre o tema. A maioria das pessoas entrevistadas nas ruas de várias capitais do país não soube res-ponder o que era Reforma Política.

“Esta não é uma campanha que defende a reforma A ou B, mas que pretende conscientizar o cidadão. As pessoas não sabem o que é Reforma Política. A população se diz favorável, mas não entende”, explicou Collaço. Ele também ressaltou que o desgaste da imagem do político brasileiro leva a sociedade a pensar que o sistema foi concebido para ser ruim. “Na verdade, o sistema precisa ser aperfeiçoado”. Uma das mudanças urgentes aponta-das pelo presidente da AMB está re-lacionada com o número de partidos existentes no Brasil. “O grande núme-ro de partidos dificulta a governabili-dade. Para compor uma base aliada, é preciso uma série de acordos entre os partidos, nem sempre ‘saudáveis’ para o país”, afirmou.

Segundo Collaço, outro problema

está na composição da Câmara Fede-ral. Dos 519 deputados, não chega a 20 o número de políticos que se elege-ram sem depender da votação partidá-ria. A grande maioria precisou do voto na legenda. “O eleitor também não se sente representado. Ele acaba esque-cendo em quem votou. Sou favorável ao voto na lista partidária. O cidadão não votaria mais no candidato, e sim na lista”. Para o presidente da AMB, a lista fortaleceria os partidos, que se-riam os responsáveis em escolher os candidatos para compor a relação. “O financiamento público de campanha também seria possível, porque a ver-ba seria destinada ao partido, e não ao candidato”, explicou.

Debate - O debatedor da noite, o ex-governador do Estado e presiden-te do Democratas (DEM), José Men-donça Filho, demonstrou ser favorá-vel à opinião do palestrante Rodrigo Collaço. “Sobre a Reforma Política, afirmo que o cerne da questão está no sistema de representação política. Precisamos avançar neste processo. O avanço poderia ser alcançado com a implantação do modelo sugerido por Rodrigo Collaço (lista partidária), ou com o modelo distrital pleno. Ambos dão mais proximidade entre o eleitor e os eleitos e se afastam do caminho da corrupção”, afirmou Mendonça Filho, ressaltando que toda a sua carreira política “foi construída em um único partido, coisa rara na política brasilei-ra. A lógica do mandato pertencer ao partido é absolutamente bem-vinda. A lista também facilitaria a fiscalização das contas de campanha, reduzindo a corrupção”.

Mendonça destacou ainda que se o sistema de representação política fosse modificado, o problema da tro-ca de partidos estaria praticamente resolvido porque inibiria a infidelida-de partidária. Ele também criticou o atual projeto de Fidelidade Partidária. “O projeto não pode ser este ‘faz de conta’, que permite ao candidato mu-dar de partido no período de 30 dias, antes de um ano da eleição que deseja participar. Precisamos de um projeto sério”.

Mozart Valadares abriu o encontro, que reuniu juízes das Matas Norte e Sul do Estado

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“Atuação do Judiciário na Proteção dos Direitos Humanos”. Esse foi o tema da palestra ministrada pelo presidente da Associação dos Magistrados do Rio de Janeiro (Amaerj), juiz Cláudio Dell’orto, iniciando a programação da manhã do sá-bado (18). No início de sua palestra, que teve como mediador o vice-presidente da AMEPE, juiz Laiete Jatobá Neto, Cláu-dio Dell’orto fez questão de ressaltar que, assim como foi definido corretamente pela Constituição Federal de 1988, “de-fendemos os direitos humanos quando trabalhamos em prol da dignidade da pessoa humana”, disse.

Segundo o presidente da Amaerj, não é concedendo privilégios nem tratamen-

Palestra destaca atuação do juiz em defesa dos direitos humanos

tos diferenciados que se defendem os direitos humanos. Pelo contrário, é pre-ciso garantir o cumprimento da lei. “O Judiciário deve tomar decisões com base na aplicação da norma jurídica, mas res-peitando a dignidade das pessoas, na sua integralidade. Cada cidadão possui ca-racterísticas distintas e a atuação do juiz, em todos os momentos, deve respeitar essas diferenças. A dignidade é algo que se constrói a partir da história de vida de cada pessoa e o juiz, na sua atuação, deve estar capacitado para entender as diferen-ças culturais”. Ele também afirmou que o magistrado precisa ponderar valores, usando não apenas o conhecimento técni-co-jurídico, como também o bom censo.

Cláudio Dell’orto lembrou ainda que a garantia dos direitos humanos não deve estar presente apenas na área penal, mas em todas as áreas do Direito. “A área penal é importante porque é nela que se praticam as maiores violações aos direi-tos da pessoa humana, mas se o juiz ficar restrito à questão penal, certamente esta-rá limitando o conceito de direitos huma-nos. Devemos atuar em prol de todas as pessoas que não estão recebendo se quer o previsto na Constituição Federal”. Para

o presidente da Amaerj, o juiz deve en-tender que a aplicação da lei talvez seja o maior compromisso com a dignidade da pessoa humana.

Relação Estado X Judiciário – Para Dell’orto, a Constituição Federal de 1988 trouxe uma nova concepção sobre direi-tos humanos, pois não contém apenas princípios que devem ser aplicados, mas também concede direitos subjetivos ao ci-dadão. “Houve um avanço no texto, com ênfase no direito humano. Infelizmente, o Estado ainda não conseguiu implantar as normas constitucionais e esta respon-sabilidade acabou sendo repassada para o Judiciário”, disse. Segundo o magistrado, esta nova função do Judiciário, algumas vezes, acaba desagradando o Estado. “Quando procura atender as demandas surgidas após o novo modelo constitu-cional, o Judiciário começa a cobrar do Estado a definição de políticas públicas. Se, por exemplo, a Constituição assegura o acesso gratuito e universal à saúde, é evidente que o Estado tem a obrigação de incluir na sua lei orçamentária os recur-sos suficientes para a saúde. Caso contrá-rio, o orçamento será inconstitucional”, finalizou.

“O juiz precisa indignar-se diante das injustiças”, afirma presidente do TJSP

“O juiz não pode ser um mero apli-cador da lei. Por trás dos autos, ele deve lembrar que existem bens extremamen-te relevantes para as pessoas como, por exemplo, a liberdade, a honra, a guar-da dos filhos, o patrimônio, etc. Além de vocação, o juiz precisa indignar-se diante das injustiças”, afirmou o presi-dente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), desembargador Celso Limongi, durante a palestra so-bre o “Poder Judiciário”, realizada na manhã do sábado (18). Durante sua ex-planação, Limongi falou sobre o papel da Justiça na atual sociedade brasileira, ressaltando que o magistrado precisa estar atento para não cair nas armadi-lhas de um sistema falho, que em al-guns casos atende a interesses particu-lares.

“Para falar do Poder Judiciário, precisamos discutir também os outros poderes (Executivo e Legislativo). Em relação ao legislador, muitas vezes ele atua não para resolver o problema, mas sim para dar uma satisfação à sociedade. Podemos citar como exemplo as novas leis do Direito Penal. Quando o legisla-dor eleva penas ou corta benefícios dos sentenciados, ele passa para a sociedade que está tudo resolvido, mas não resolve nada. É preciso trabalhar com as causas do crime e não com as conseqüências”, afirmou o desembargador, citando como exemplo a lei de crimes hediondos para casos de seqüestro. “Nem por isso dei-xamos de ter seqüestros no Brasil”.

Segundo Celso Limongi, além de legislar ao sabor dos acontecimentos,

sem a cientificidade que deveria ob-servar, o legislador é, em alguns casos, mais “ágil quando trabalha para seg-mentos que são próximos dele, como grupos e corporações. Ele acaba crian-do uma lei parcial. E, nesse caso, como fica a situação do juiz? Se o juiz for escravo da lei, sério seguidor da Cons-

Presidente da AMAERJ fala sobre direitos humanos

O des. Limongi destacou o papel do juiz na sociedade

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tituição, ele também não estará sendo parcial?”, questionou o presidente do TJSP aos participantes do evento. Por esses motivos, Limongi afirmou que os juízes não podem ser ingênuos e precisam enxergar, primeiramente, o que está por trás da lei e para quem ela interessa. “Temos que ler a lei nas en-trelinhas”.

Executivo – Em relação ao Poder Executivo, Celso Limongi definiu como a estrutura mais poderosa do País, que além de suas funções admi-nistrativas, também participa do pro-cesso legislativo. “O Executivo edita medidas provisórias, pode vetar leis e pressionar o Congresso a aprovar pro-jetos. Diante deste contexto, a minha

pretensão nesta palestra não é enalte-cer a figura do juiz, mas preciso mos-trar a gravidade e a responsabilidade da magistratura”, finalizou o desem-bargador. Além dele, também fizeram parte da mesa o juiz da comarca de Pesqueira, Nehemias de Moura Tenó-rio, e o vice-presidente da OAB-PE, Eduardo Pugliese.

Brasílio Guerra aborda Dano Moralnas Relações Familiares

Convidado para falar sobre “Dano Moral nas Relações Familiares”, o juiz da 1ª Vara Cível da Comarca de Caruaru, Brasílio Antônio Guerra, ressaltou que, embora não existam muitos casos rela-cionados com dano moral nas relações familiares nos tribunais brasileiros, o tema vem ganhando força no meio aca-dêmico e na magistratura. “Acho impor-tante que a AMEPE tenha concedido este espaço para debatermos o assunto”, dis-se Brasílio Guerra. A palestra, realizada na tarde do último dia 18 de agosto, foi mediada pelo magistrado da comarca de Araripina, João Ricardo da Silva.

De acordo o juiz Brasílio Guerra, o dano moral nas relações conjugais só co-meçou a ser discutido após a Constitui-ção Federal 1988. “Antes desta data, não se falava, por exemplo, em dano moral na hipótese de rompimento de noivado, mas em apenas danos materiais e até em lucros cessantes. Havia o entendimento de que a pessoa que rompeu o relacio-namento, sobretudo promovendo exces-so de constrangimento, como casos de abandono da noiva no altar, responderia somente por danos materiais”.

Ele também afirma que o juiz de hoje,

antes de proferir a decisão, deve analisar as circunstâncias do rompimento. “Em relação ao casamento, o dano moral pode ser aplicado dependendo das circunstân-cias em que ocorreu a violação dos de-veres matrimonias. Se o cônjuge atinge duramente a honra da sua companheira, a questão não seria meramente matrimo-nial. Neste caso, a ofensa à honra pode ser caracterizada como dano moral e a vítima pode ser indenizada. Outro caso aplicável seria a agressão física”, disse Guerra.

Em relação à violação da fidelidade, o titular da 1ª Vara Civel de Caruaru expli-ca que não há um consenso entre os espe-cialistas do Direito. “Alguns dizem que a violação da fidelidade atinge a honra ape-nas no aspecto psicológico do ofendido e, neste caso, não caberia indenização. O juiz deveria decretar a separação por falta de afeição”, explicou. Outro argumento utilizado para condenar o dano moral no Direito de Família é que a Justiça não pode promover discussões sobre a culpa no âmbito das relações conjugais, pois seria inconstitucional. “O juiz não pode pedir a produção de provas de infidelida-de, pois violaria o direito da intimidade das pessoas”.

Entretanto, Guerra também ressalta que alguns teóricos defendem a aplicação do dano moral dependendo da gravidade da infidelidade, sobretudo se for pública e constrangedora para uma das partes, transcendendo as relações familiares. “O debate ainda é intenso, mesmo com poucos processos no Brasil. O Superior Tribunal de Justiça nunca julgou casos relacionados com o tema. Só tenho co-nhecimento de casos julgados, em caráter excepcional, pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Eu, particularmente, pre-firo usar a ponderação e tentar resolver caso a caso. O juiz pode avaliar se o ato realmente causou dano ao outro”.

Relações entre pais e filhos – Além da questão conjugal, o palestrante abor-dou as relações entre pais e filhos. Para ele, nesse caso, o dano moral é aplicável por motivos de abandono ou carência afetiva. “Ao que me consta, quatro pro-cessos foram julgados no Brasil, sendo um levado ao STJ. É importante ressaltar que o pai que viola o dever de sustento de uma criança ou adolescente deve respon-der por dano moral. A lei não pode obri-gá-lo a amar o filho, mas pode resgatar a sua função na relação, que é de sustentar e educar”.

Juízes discutem situação das crianças nos abrigosO encontro entre juízes da Mata Nor-

te e da Mata Sul do Estado foi encerrado, na noite do sábado (18), com a divulga-ção da campanha “Mude um Destino”, promovida pela Associação dos Magis-trados Brasileiros (AMB). Na ocasião, o coordenador da campanha, juiz Francisco Oliveira, falou sobre o objetivo da inicia-tiva, alertando para a grave situação das cerca de 80 mil crianças e adolescentes que vivem em abrigos, em todo o Bra-

sil, à espera de um lar. Além de Oliveira, também foram convidados para debater o assunto o juiz da 2ª Vara da Infância e da Juventude de Pernambuco, Elio Braz Mendez, e o desembargador Luiz Carlos de Barros Figueiredo, do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco.

“O nosso objetivo é alertar a socie-dade sobre o grande número de crianças brasileiras em abrigos. Já avançamos

muito com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei do Abandono, mas sabemos que só a lei não é suficiente. As pessoas precisam ser conscientizadas”, afirmou o magistrado Francisco Oliveira. Ele também explicou que a meta não é transformar a adoção em política pública, “até porque temos que preservar o vínculo com as famílias. A adoção só deve ser incentivada quando o retorno familiar não é possível. Das

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“Mesmo sen-do de outra re-gião, fiz questão de estar presente neste encontro pela qualidade dos temas abor-dados. Tenho certeza de que as discussões foram enriquecedoras para todos os participantes”, juiz João Ricardo da Silva, da comar-ca de Araripina.

crianças abrigadas no Brasil, 87% não são órfãs e 60% recebem visitas. O que leva ao abrigamento é a falta de dinhei-ro”, explica.

O coordenador da campanha dis-se ainda que os processos de adoção no Brasil são demorados porque a procura por crianças mais jovens é alta. Cerca de 60% das pessoas que optam pela adoção desejam crianças com menos de um ano, 90% têm preferência por crianças bran-cas e 91% não aceitam adotar crianças com algum tipo de deficiência. “Nós sabemos que a maioria das crianças que estão nos abrigos não se encaixa nestas exigências”, finalizou.

Des. Luiz Carlos Figueiredo - Ao iniciar sua explanação, o desembargador Luiz Carlos Figueiredo elogiou a inicia-tiva da AMB. “Fiquei muito feliz quando soube da campanha em prol das crianças que estão nos abrigos. Me orgulho por-que a iniciativa partiu da magistratura. Atuei como juiz da Infância por 13 anos e conheço bem esta realidade. Digo e pra-tico a importância do gesto da adoção”, afirmou o desembargador, que é pai de cinco filhos, dos quais três são adotivos. Ele falou ainda do projeto de “Prevenção à Institucionalização Prolongada”, de-senvolvido pela Comissão Estadual Judi-ciária de Adoção do TJPE (CEJA).

O projeto do CEJA tem como finali-dade assegurar às crianças e adolescentes

que permanecem nos abrigos o direito constitucional da convivência familiar. Para isso, a comissão procura repassar aos juízes e promotores das comarcas do Estado informações detalhadas sobre a situação das crianças nos abrigos, pos-sibilitando que os processos sejam agili-zados. Das 303 crianças acompanhadas pelo projeto entre fevereiro de 2006 e agosto de 2007, 134 delas foram desis-titucionalizadas (73 voltaram para o con-vívio da família biológica; 11 estão com famílias substitutas; duas estão sob tute-la; dez foram adotas por brasileiros; 26 encaminhadas para adoção internacional; e dez aguardam família estrangeira para convivência).

Juiz Élio Braz Mendes – Último palestrante da noite, o juiz da 2ª Vara da Infância e da Juventude do Recife, Elio Braz Mendez, abordou o tema “Absolu-ta Prioridade de Proteção Integral Infan-to-Juvenil”. Antes de debater o assunto, o magistrado aproveitou para agradecer, em nome de toda a sua equipe, o prêmio que recebeu da AMB pelo projeto do Nú-cleo de Apoio à Reintegração Familiar (NARF). O projeto ficou em segundo lugar no Concurso Mude Um Destino, na categoria Judiciário. Sobre prioridade absoluta, o juiz Élio Braz lembrou que, por meio do artigo 227 da Constituição Federal, é concebido exclusivamente para as crianças e adolescentes, que de-vem ser tratadas de forma diferenciada dos adultos. “Além do artigo 227, tam-

bém temos o ECA e a Lei de Proteção Integral. Em suma, temos legislação ‘à vontade’, o que está faltando é o cum-primento dela. É um descaso do Estado e da sociedade”, afirmou.

O magistrado lembrou ainda que, por não terem visibilidade da mídia, as crianças de abrigos “são esquecidas”. “A visibilidade das crianças em abrigos não existe. Quem está na rua, como o me-nor infrator, por exemplo, ainda é visto porque atinge a sociedade, mas a crian-ça que está em abrigo está praticamente esquecida, aprisionada. Diferentemente do menino infrator, o menor do abrigo é inerte, destituído da sua identidade. Ele não tem atitude nem escolha. Está ali à espera de voltar para a sua casa. A criança deve ficar pouco tempo no abri-go, enquanto não volta para a família. O juiz não pode achar que o problema está resolvido quando a criança vai para o abrigo”, finalizou.

Depoimentos

“Os encontros regionais da AME-PE prestigiam os juízes distantes da capital, promo-vendo o debate de temas de grande interesse para a magistratu-ra”, juiz Fernando Menezes, da comarca de Paudalho.

“É importante promover a integração entre os juízes. Podemos discutir problemas comuns entre os magistrados do interior e, juntos, buscar soluções. Os temas escolhidos para o encontro também foram relevantes para o Judiciário”, juíza Betânia Rocha, das comarcas de Chã Grande e Vitória.

“A AMEPE ofereceu a possibilidade para que os juízes possam interagir e trocar experiências. Nossa atividade é muito individual e, por isso, acho necessário encontros como este”, juíza Maria das Graças Serafim Costa, da comarca de Aliança.

“O evento trouxe temas de in-teresse para a ma-gistratura, como a Reforma Política. Os palestrantes, todos de reno-me nacional, abrilhantaram o nosso encontro”, juíza Cristina Fernandes, do Juizado Civil de Palmares.

Juiz Francisco Oliveira falou sobre Mude um Destino

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Você sabia?1) Você sabia que todo e qualquer plano de saúde, por determinação da ANS (Agência Nacional de Saúde), deve estipular cumprimento de carências para novos associados?

2) Você sabia que uma boa dica para prevenir va-rizes, além de beber bastante água e controlar o peso, é movimentar sempre as panturrilhas (mais conhecidas como batatas da perna)? Para quem trabalha em escritórios ou lugares fechados, uma dica é realizar movimentos de “sobe e desce” com os calcanhares.

3) Você sabia que no caso de exames pré-natais, o médico deve ser notificado se o paciente já teve ou suspeitou de algum tipo de lesão her-pética? O profissional deve submeter a gestante a exames que determinem se o vírus está em atividade ou não.

Caixa de Assistência auxilia usuários que utilizam o plano fora do EstadoPara garantir a qualidade dos ser-

viços prestados pela rede credenciada, evitando transtornos ou imprevistos de última hora, a Caixa de Assistência dos Magistrados solicita a todos os seus usu-ários que entrem em contato com a Ge-rência Administrativa da CAMPE quan-

do necessitarem realizar tratamento e/ou procedimento fora do Estado. Além de orientar o associado e dar apoio técni-co, os profissionais da CAMPE acom-panham o andamento do processo de atendimento, desde a solicitação até a sua realização.

CAMPE divulga balançofinanceiro semestral

Assim como faz no fim de todos se-mestres, a Diretoria da CAMPE divulgou o balanço financeiro de receitas e despe-sas referente ao primeiro seis meses de 2007 (janeiro a julho). Comparando com os números do semestre anterior (agos-to a dezembro de 2006), a CAMPE teve

Comparativo entre os dois últimos semestres:

superávit em relação à receita, incluindo as aplicações financeiras. Em relação à receita, a CAMPE recolheu R$ 201 mil a mais no 1º semestre de 2007. E a diferen-ça nos valores dos rendimentos obtidos com as aplicações/investimentos entre os dois períodos é de R$ 161 mil reais.

Confira o balanço:

Diretoria Diretor – Juiz Danilo Galvão Martiniano LinsDiretores adjuntos – Juízes Gustavo Mendonça Araújo e Paulo Henrique Martins Machado

Rua Comendador Bento Aguiar, 250Madalena - RecifeCEP 50750-390Fone/Fax: 81 3227-7681

Equipe sempre de prontidãoGerente Administrativa – Andréa da Cunha – 9632.0477Médico auditor – Jozildo Souza – 9661.0567Diretor – Danilo Martiniano – 9977.9156

Expediente:

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Josildo Souza*

-Nunca é tarde para envelhecer?! Diria, espantado, aquele jovem do alto dos seus cinqüenta anos.

-No mínimo, quem escreve isto, ou é maluco ou não quer que eu leia o seu texto! Completaria este mesmo jovem.

Realmente, existe algo de razoável no questionamento do “jovem”, pois nos cha-ma atenção como o número de idosos no mundo e, particularmente, no Brasil vem aumentando de forma surpreendente, senão vejamos que na década de 40 a expectativa de vida média era de 43 anos e hoje em dia é de 73; além da queda drástica da taxa de fecundidade nas últimas três décadas, me-lhor dizendo, o número médio de criança que uma mulher espera ter ao final de sua vida reprodutiva, que era de 6 em 1975, caiu para 2 em 2005. Estas alterações vão, rapidamente, causar uma alteração na nossa pirâmide etária.

Vale salientar que do ponto de vista le-gal, no Brasil, idoso é aquele indivíduo com mais de 60 anos de idade, faixa etária esta que hoje seremos classificados como “país envelhecido”, o que implicará, é claro, em mudanças socioeconômicas profundas na nossa sociedade, além da necessidade de adaptação do Estado como um todo para absorver estas mudanças. Mas, voltemos ao questionamento do nosso “jovem” que não quer envelhecer, ou pelo menos envelhecer com qualidade de vida, até porque a cultura hoje em dia é de supervalorização do novo e do belo, basta dar uma olhada nas revistas e outdoors espalhados à nossa frente.

O interessante é que desde os primórdios o homem busca entender o mecanismo do envelhecimento, e, às vezes, tenta parar este processo. Existem muitas teorias para expli-car o processo de envelhecimento, porém nenhuma delas é completa o bastante para ser universalmente aceita, mesmo aquelas baseadas no determinismo genético. Vamos aqui apenas citá-las, sem entrar em maiores detalhes, para não confundir o nosso “jo-vem”, as quais seriam: Teoria dos Radicais livres, Teoria do Erro Catastrófico, Teoria da Senescência Celular, Teoria do Envelheci-mento por Mutações, Teoria do “rate living”, Teoria do Dano Oxidativo.

Mesmo sabendo da inexorabilidade da morte e da inevitabilidade da velhice o Ho-mem sempre tenta descobrir algo que pos-sa lhe garantir a eterna juventude ou a vida eterna. Nem adianta um poeta popular dizer “...o tempo não pára...” e o outro comple-tar “...e no entanto ele nunca envelhece...” a busca do elixir da juventude continua, e, esta busca remonta a idade média, através da Alquimia, ciência medieval da química e fi-losofia especulativa. Séculos atrás no extre-mo Oriente, umas das teorias, que persistiu em muitas sociedades, era a gerocomia, que consistia na crença e nas ações derivadas da crença, de que um homem, particularmente um idoso, absorveria a virtude e a juventude quando da intimidade sexual com mulheres mais jovens.

Na Grécia antiga havia a lenda de Me-déia, uma feiticeira que afirmava possuir a chave da vida eterna, através de sua poção (sangue de carneiro, pele de cobra, carne de coruja, raízes de ervas). Outro exemplo é do Papa Inocêncio, o qual solicitou que seus

médicos fizessem transfusão de sangue de um jovem para ele. Morreu quase que ime-diatamente por incompatibilidade sanguí-nea. Em 1889 surgiu a teoria da injeção de macerado de testículos, que fracassou pelas reações adversas. No século passado surgiu a teoria da ingestão de leite fermentado para combater as bactérias do intestino que cau-sariam o envelhecimento. Em 1920, Eugen Steinach, sugeriu a vasectomia para rejuve-nescer, que também não funcionou. Nos dias mais atuais, temos um sem fim de teorias (Antioxidantes,Terapia ortomolecular, Uso da Melatonina, Hormônio do crescimento, Desidroepiandrosterona-DHEA, Restrição calórica) e nenhuma consegue sua finalidade a contento, fato que torna suas aplicações injustificadas.

O que podemos finalmente concluir é que estamos ainda longe do elixir da ju-ventude, porém devemos entender que o envelhecimento não começa repentinamen-te aos 60 anos, mas consiste no acúmulo e interação de processos médicos, comporta-mentais e sociais ao longo da vida. Portanto, a clássica orientação de mudança de estilo de vida, como alimentação variada, em pe-quenas porções ao longo do dia, atividade fí-sica regular, manutenção do peso ideal, não adoção de vícios como tabagismo e ingestão de álcool, consulta médica regular, ainda é a melhor dica. Buscando com isso não só o controle das doenças, mas, principalmente, o seu bem estar físico, psíquico e social, ou seja, a melhora de sua qualidade de vida. E NUNCA É TARDE PARA COMEÇAR MEU JOVEM!

Jozildo Souza é Médico Auditor da Campe

Programa de Promoção de Saúde e Prevenção

de Doenças

A Caixa de Assistência dos Ma-gistrados está programando uma sé-rie de ações em prol da Promoção de Saúde e Prevenção de Doenças. A primeira atividade, realizada em ca-ráter piloto, foi a campanha de vaci-nação contra a gripe voltada para os funcionários da CAMPE. No total, 36 funcionários foram vacinados no último mês de junho.

As próximas ações, que também deverão contemplar os associados e dependentes da CAMPE, deverão ser executadas nos próximos meses, sem-pre com o objetivo de interferir dire-tamente na melhoria da condição de saúde das pessoas, bem como na pre-venção de doenças.

Avisos aos associados:

Extrato - Desde setembro, a CAMPE começou a enviar aos seus associados, apenas a título de informação, os extratos mensais de utilização do plano, quando o valor de tratamento e/ou procedimento ultrapassar a quantia de R$ 1 mil. Os ex-tratos são encaminhados via correios.

Auditoria - A CAMPE contratou a empresa de auditoria Canizarro Contado-res Associados S/A para realizar a análise contábil-financeira da empresa referente ao ano de 2007. A contratação de uma au-ditoria independente é uma determinação da Agência Nacional de Saúde (ANS).

Convênio - O convênio entre a CAM-PE e o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) foi renovado, garantindo que to-dos os magistrados e os seus dependentes continuem a ser atendidos pelos dentistas da Caixa de Assistência.

Nova especialista em ortodontia é contratada

No último mês de agosto, a or-todontista Fabia-na Godoy pediu afastamento da CAMPE para cur-sar doutorado na Califórnia, EUA. Mas os seus pacientes não precisam fi-car preocupados. A Caixa de Assistência aos Magistrados já contratou a profis-sional Juliana Bezerra, que trouxe na bagagem um excelente currículo. Além de ser mestre em Ortodontia pela PUC do Paraná e doutoranda em Odontope-diatria pela Faculdade de Odontologia de Pernambuco (FOP – UPE), Juliana é professora dos cursos de Especialização em Ortodontia da FOP e da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC-BA).

Nunca é tarde para envelhecer

Dra. Juliana Bezerra

Artigo