tjba - direito civil aula2

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  • 7/23/2019 TJBA - DIREITO CIVIL AULA2

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    TRIBUNAL DE JUSTIA DA BAHIADireito Civil

    Luciano Figueiredo

    1

    Direito CivilParte Especial

    Analista Judiciriorea Judiciria. Curso deReta Final TJ/BA.Elaborao: Luciano L. Figueiredo1.

    ObrigaesTema I

    1. Conceito

    Consiste em uma relao jurdica de crditotransitria entre o credor (sujeito ativo) e o

    devedor (sujeito passivo), tendo por objeto umaprestao (dar, fazer ou no fazer), devida pelosegundo ao primeiro e a qual garantida pelopatrimnio.

    2. Classificao Bsica das Obrigaes

    O objeto das obrigaes a prestao, a qualpode ser:

    a) Positivaa. Dari. Coisa Certaii. Coisa Incertab. Fazer

    b) Negativaa. No-Fazer

    2.1 Obrigao de Dar Coisa Certa

    Art. 233. A obrigao de dar coisacerta abrange os acessrios dela

    embora no mencionados, salvo se ocontrrio resultar do Ttulo ou dascircunstncias do caso.

    1 Advogado. Scio do Figueiredo & Figueiredo Advocacia e

    Consultoria. Graduado em Direito pela Universidade Salvador

    (UNIFACS). Especialista (Ps-Graduado) em Direito do Estado

    pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestre em Direito

    Privado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor

    de Direito Civil. Palestrante. Autor de Artigos Cientficos e

    Livros Jurdicos. Fan Page: Luciano Lima Figueiredo. Twitter:

    @civilfigueiredo. Instagram: @lucianolimafigueiredo.

    O que acontece se h perda da coisa naobrigao de dar coisa certa?

    - Perecimento (Perda Total) Art. 234

    Art. 234. Se, no caso do artigoantecedente, a coisa se perder, semculpa do devedor, antes da tradio,ou pendente a condio suspensiva,fica resolvida a obrigao para ambasas partes; se a perda resultar de culpado devedor, responder este peloequivalente e mais perdas e danos.

    - Deteriorao (Perda parcial) Arts. 235 e 236

    Art. 235. Deteriorada a coisa, nosendo o devedor culpado, poder ocredor resolver a obrigao, ou aceitara coisa, abatido de seu preo o valorque perdeu.

    Art. 236. Sendo culpado o devedor,poder o credor exigir o equivalente,ou aceitar a coisa no estado em quese acha, com direito a reclamar, emum ou em outro caso, indenizao dasperdas e danos.

    Vale lembrar:

    Art. 237. At a tradio pertence aodevedor a coisa, com os seusmelhoramentos e acrescidos, pelosquais poder exigir aumento no preo;se o credor no anuir, poder odevedor resolver a obrigao.Pargrafo nico. Os frutos percebidos

    so do devedor, cabendo ao credor ospendentes.

    2.2 Obrigao de Dar Coisa Incerta

    Art. 243. A coisa incerta ser indicada,ao menos, pelo gnero e pelaquantidade.

    Art. 244. Nas coisas determinadaspelo gnero e pela quantidade, aescolha pertence ao devedor, se o

    contrrio no resultar do ttulo daobrigao; mas no poder dar a coisa

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    pior, nem ser obrigado a prestar amelhor.

    Art. 245. Cientificado da escolha ocredor, vigorar o disposto na secoantecedente.

    O que acontece na hiptese de perda doobjeto?

    Art. 246. Antes da escolha, no podero devedor alegar perda oudeteriorao da coisa, ainda que porfora maior ou caso fortuito.

    2.3 Obrigao de Fazer

    - Fungvel: no personalssima, substituveis.

    Art. 249. Se o fato puder serexecutado por terceiro, ser livre aocredor mand-lo executar custa dodevedor, havendo recusa ou moradeste, sem prejuzo da indenizaocabvel.

    Pargrafo nico. Em caso de urgncia,pode o credor, independentemente deautorizao judicial, executar oumandar executar o fato, sendo depoisressarcido.

    - Infungvel: personalssima (intuito persona).Apenas pode ser adimplida pelo devedor.

    Art. 247. Incorre na obrigao deindenizar perdas e danos o devedorque recusar a prestao a ele s

    imposta, ou s por ele exeqvel.Art. 248. Se a prestao do fato tornar-se impossvel sem culpa do devedor,resolver-se- a obrigao; se por culpadele, responder por perdas e danos.

    2.4 Obrigao de No-Fazer (Negativa)

    Art. 250. Extingue-se a obrigao deno fazer, desde que, sem culpa dodevedor, se lhe torne impossvel

    abster-se do ato, que se obrigou a nopraticar.

    Art. 251. Praticado pelo devedor o ato,a cuja absteno se obrigara, o credorpode exigir dele que o desfaa, sob

    pena de se desfazer sua custa,ressarcindo o culpado perdas e danos.

    Pargrafo nico. Em caso de urgncia,poder o credor desfazer ou mandardesfazer, independentemente deautorizao judicial, sem prejuzo doressarcimento devido.

    3. Classificao Especial

    3.1 Obrigaes Divisveis e Indivisveis:

    Art. 257. Havendo mais de umdevedor ou mais de um credor emobrigao divisvel, esta presume-sedividida em tantas obrigaes, iguais edistintas, quantos os credores oudevedores.

    Art. 258. A obrigao indivisvelquando a prestao tem por objetouma coisa ou um fato no suscetveisde diviso, por sua natureza, pormotivo de ordem econmica, ou dadaa razo determinante do negciojurdico.

    Art. 259. Se, havendo dois ou maisdevedores, a prestao no fordivisvel, cada um ser obrigado peladvida toda.

    Problema: Indivisibilidade quando da existnciade mais de um credor (art. 260).

    Art. 260. Se a pluralidade for doscredores, poder cada um destesexigir a dvida inteira; mas o devedorou devedores se desobrigaro,pagando:I - a todos conjuntamente;II - a um, dando este cauo deratificao dos outros credores.

    Art. 261. Se um s dos credoresreceber a prestao por inteiro, a cada

    um dos outros assistir o direito deexigir dele em dinheiro a parte que lhecaiba no total.

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    Art. 262. Se um dos credores remitir advida, a obrigao no ficar extintapara com os outros; mas estes s a

    podero exigir, descontada a quota docredor remitente.Pargrafo nico. O mesmo critrio seobservar no caso de transao,novao, compensao ou confuso.

    E se converter em perdas e danos?

    Art. 263. Perde a qualidade deindivisvel a obrigao que se resolverem perdas e danos. 1o Se, para efeito do disposto neste

    artigo, houver culpa de todos osdevedores, respondero todos porpartes iguais. 2o Se for de um s a culpa, ficaroexonerados os outros, respondendos esse pelas perdas e danos.

    3.2 Obrigaes solidrias: (art. 264, CC)

    Art. 264. H solidariedade, quando namesma obrigao concorre mais deum credor, ou mais de um devedor,cada um com direito, ou obrigado, dvida toda.

    Art. 265. A solidariedade no sepresume; resulta da lei ou da vontadedas partes.

    Art. 267. Cada um dos credoressolidrios tem direito a exigir dodevedor o cumprimento da prestao

    por inteiro.Art. 275. O credor tem direito a exigir ereceber de um ou de alguns dosdevedores, parcial ou totalmente, advida comum; se o pagamento tiversido parcial, todos os demaisdevedores continuam obrigadossolidariamente pelo resto.Pargrafo nico. No importarrenncia da solidariedade apropositura de ao pelo credor contra

    um ou alguns dos devedores.

    Art. 276. Se um dos devedoressolidrios falecer deixando herdeiros,nenhum destes ser obrigado a pagar

    seno a quota que corresponder aoseu quinho hereditrio, salvo se aobrigao for indivisvel; mas todosreunidos sero considerados como umdevedor solidrio em relao aosdemais devedores.

    Art. 281. O devedor demandado podeopor ao credor as excees que lheforem pessoais e as comuns a todos;no lhe aproveitando as exceespessoais a outro co-devedor.

    Art. 279. Impossibilitando-se aprestao por culpa de um dosdevedores solidrios, subsiste paratodos o encargo de pagar oequivalente; mas pelas perdas edanos s responde o culpado.

    Art. 388. A remisso concedida a umdos co-devedores extingue a dvida naparte a ele correspondente; de modoque, ainda reservando o credor asolidariedade contra os outros, j lhesno pode cobrar o dbito semdeduo da parte remitida.

    Art. 271. Convertendo-se a prestaoem perdas e danos, subsiste, paratodos os efeitos, a solidariedade.

    4. Teoria Geral do Pagamento

    O que pagamento?4.1. Requisitos ou Condies DoPagamento

    a) Subjetivos:

    > Quem deve pagar?

    Art. 304. Qualquer interessado naextino da dvida pode pag-la,usando, se o credor se opuser, dos

    meios conducentes exonerao dodevedor.

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    Art. 305. O terceiro no interessado,que paga a dvida em seu prprionome, tem direito a reembolsar-se do

    que pagar; mas no se sub-roga nosdireitos do credor.

    O devedor pode se opor ao pagamento feitopelo terceiro?

    Art. 306. O pagamento feito porterceiro, com desconhecimento ouoposio do devedor, no obriga areembolsar aquele que pagou, se odevedor tinha meios para ilidir a ao.

    > A quem se deve pagar?

    Art. 308. O pagamento deve ser feitoao credor ou a quem de direito orepresente, sob pena de s valerdepois de por ele ratificado, ou tantoquanto reverter em seu proveito.

    E o credor putativo?

    Art. 309. O pagamento feito de boa-fao credor putativo vlido, aindaprovado depois que no era credor.

    b) Objetivos:

    I. Princpio da Identidade

    Art. 313. O credor no obrigado areceber prestao diversa da que lhe devida, ainda que mais valiosa.

    II. Princpio da Indivisibilidade

    Art. 314. Ainda que a obrigao tenhapor objeto prestao divisvel, nopode o credor ser obrigado a receber,nem o devedor a pagar, por partes, seassim no se ajustou.

    III. Princpio do Nominalismo

    Art. 315. As dvidas em dinheirodevero ser pagas no vencimento, emmoeda corrente e pelo valor nominal,

    salvo o disposto nos artigossubseqentes.

    IV. Princpio do Aumento Progressivo

    Art. 316. lcito convencionar o

    aumento progressivo de prestaessucessivas.

    c) Prova do pagamento:

    Art. 319. O devedor que paga temdireito a quitao regular, e pode retero pagamento, enquanto no lhe sejadada.

    Art. 320. A quitao, que semprepoder ser dada por instrumento

    particular, designar o valor e aespcie da dvida quitada, o nome dodevedor, ou quem por este pagou, otempo e o lugar do pagamento, com aassinatura do credor, ou do seurepresentante.Pargrafo nico. Ainda sem osrequisitos estabelecidos neste artigovaler a quitao, se de seus termosou das circunstncias resultar haversido paga a dvida.

    Art. 310. No vale o pagamentocientemente feito ao credor incapaz dequitar, se o devedor no provar queem benefcio dele efetivamentereverteu.

    Presunes relativas de pagamento:

    Art. 322. Quando o pagamento for emquotas peridicas, a quitao da ltimaestabelece, at prova em contrrio, a

    presuno de estarem solvidas asanteriores.

    Art. 323. Sendo a quitao do capitalsem reserva dos juros, estespresumem-se pagos.

    Art. 324. A entrega do ttulo aodevedor firma a presuno dopagamento.Pargrafo nico. Ficar sem efeito aquitao assim operada se o credor

    provar, em sessenta dias, a falta dopagamento.

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    Questes

    1. (2013 - TJ-RR/Adaptada).

    Certo ou errado?

    a) A obrigao de nus real aquela que, semperder a caracterstica de direito pessoal,tambm oponvel a terceiros, em razo deseu registro, a exemplo do contrato de locao,quando registrado em cartrio.

    b) Em regra, o pagamento feito pelo devedorde boa-f ao credor putativo vlido, salvo se,posteriormente, for provado que este no era overdadeiro credor.

    2. (2012 - TJ-PA) Quatro pessoas contraramum emprstimo de R$ 100.000,00, tendoficado estipulada, no contrato, asolidariedade entre elas quanto aopagamento do dbito. Contudo, a obrigaocontratual no foi cumprida. A respeitodessa situao, informe se certo ouerrado:

    a) Aceitando o credor o recebimento parcial dadvida, presume-se a renncia dasolidariedade, mas no do restante da dvida.

    b) Se o devedor solidrio demandado chamaros outros ao processo, na sentena dever serfixado o valor a ser pago ao credor por cadaum.

    c) A lei admite que o credor exija de um ou demais de um devedor solidrio o pagamentoparcial ou total da dvida comum.

    d) Caso um dos devedores falea, qualquerherdeiro poder ser acionado pelo credor,ficando, ento, suscetvel de responder por umquarto da dvida, nas foras da herana, aps apartilha.

    e) Aquele que solver a dvida poder cobrar R$75.000,00 de apenas um dos outros trs, se osdemais devedores forem insolventes.

    3. (2012 - TJ-RO) A mera titularidade de umimvel acarretar a assuno de obrigaesdesvinculadas de qualquer manifestao de

    vontade do dono. Nesse caso, estar-se-diante de obrigao

    a) de resultado.b) modal.c) propter rem.d) de execuo diferida.e) de garantia.

    4. (Analista Judicirio rea Judiciria TRF 4 regio).

    A respeito das Obrigaes considere:I. Nas obrigaes de dar coisa certa, osfrutos percebidos so do devedor, cabendoao credor os pendentes.II. Nas obrigaes de dar coisa incerta,antes da escolha, no poder o devedoralegar perda ou deteriorao da coisa, aindaque por fora maior ou caso fortuito.III. Nas obrigaes de fazer, se a prestaodo fato tornar-se impossvel sem culpa dodevedor, resolver-se- a obrigao.IV. Em regra, nas obrigaes de dar coisaincerta determinadas pelo gnero e pelaquantidade, a escolha pertence ao credor.De acordo com o Cdigo Civil brasileiro,est correto o que consta APENAS em

    a) I, II e III.b) I, II e IV.c) I e III.d) II, III e IV.e) III e IV.

    5. (Analista Judicirio rea Judiciria TRF 4 regio 2010) A respeito dasobrigaes de dar, considere:I. Nas obrigaes de dar coisa incerta,antes da escolha, no poder o devedoralegar perda ou deteriorao da coisa,exceto por fora maior ou caso fortuito.II. Em regra, a obrigao de dar coisacerta abrange os acessrios dela, emborano mencionados.III. Deteriorada a coisa, no sendo o

    devedor culpado, poder o credor resolver aobrigao, ou aceitar a coisa, abatido deseu preo o valor que perdeu.

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    IV. At a tradio pertence ao devedor acoisa, com os seus melhoramentos eacrescidos, pelos quais poder exigir

    aumento no preo.De acordo com o Cdigo Civil brasileiro,est correto o que consta APENAS em

    a) III e IV.b) I, II e III.c) II e III.d) II, III e IV.e) I, II e IV.

    6. (2013 - TRE-MS - Analista Judicirio -

    rea Judiciria). Mrcio celebrou contratode compra e venda no qual ficou acertada asua obrigao de entregar um cavalo,avaliado em R$ 60.000,00, a Marcelo,Augusto e Rodrigo. Augusto remiu todo odbito. Com isso, a obrigao ainda semantm em relao a Marcelo e Rodrigo,que podero exigir a entrega do cavalo, masdevero pagar a Mrcio, em dinheiro, aquota do credor remitente R$ 20.000,00.Nessa situao hipottica, tem-se umexemplo de obrigao

    a) indivisvel.b) natural.c) divisvel.d) solidria mista.e) solidria ativa.

    7. (TJ-SC - 2011 - TJ-SC - Analista Jurdico).No que tange s obrigaes solidrias, correto afirmar segundo dispe o Cdigo

    Civil:a) No se presumem, resultam apenas da lei.b) Resultam somente da vontade das partes.c) No se presumem, podem resultar davontade das partes.d) Presumem-se desde que resultem da lei.e) Presumem-se quando resultam da lei, nose presumindo quando resultam da vontadedas partes.

    8. (2012 - TJ-PI/Adaptada ) Acerca doadimplemento contratual, informe se certoou errado:

    a) lcito aos contratantes incluir, na avenasuperior a um ano, clusula de escala mvel,com o objetivo de estabelecer reviso a seraplicada por ocasio dos pagamentos.

    b) O pagamento que o devedor de boa-fefetuar ao credor putativo s ser vlido seprovado que reverteu em benefcio seu.

    c) O pagamento estipulado em cotassucessivas no se presume pela apresentao

    da quitao da ltima cota.

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    GABARITO

    1. A) ERRADOB) ERRADO

    2. A) ERRADOB) ERRADOC) CERTOD) ERRADOE) ERRADO

    3. C

    4. A

    5. D

    6. A

    7. C

    8. A) CERTOB) ERRADOC) ERRADO