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TÍTULO: REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA: A SELEÇÃO DO MELHOR EMBRIÃO TÍTULO: CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA: ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA: SUBÁREA: BIOMEDICINA SUBÁREA: INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS INSTITUIÇÃO: AUTOR(ES): INGRIDY RIVALTA DE CARVALHO, FLAVIA CAROLINA DE SOUZA CABRAL AUTOR(ES): ORIENTADOR(ES): SELMA CECÍLIA BOURROUL ORIENTADOR(ES):

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TÍTULO: REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA: A SELEÇÃO DO MELHOR EMBRIÃOTÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDOCATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDEÁREA:

SUBÁREA: BIOMEDICINASUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDASINSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): INGRIDY RIVALTA DE CARVALHO, FLAVIA CAROLINA DE SOUZA CABRALAUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): SELMA CECÍLIA BOURROULORIENTADOR(ES):

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1. RESUMO

A Reprodução Humana Assistida é cada vez mais procurada por casais com

problemas de fertilidade, idade avançada da mulher, entre outros fatores. Após a

realização dos procedimentos de alta complexidade, é realizada uma classificação

morfológica e análise do embrião desde o zigoto até o estágio de blastocisto,

indicando seu potencial de implantação e desenvolvimento. Em alguns casos, é

realizado o Diagnóstico Pré-Implantacional (PGD), que avalia todo o conteúdo

genético do embrião, desde os cromossomos até genes específicos através das

técnicas de PCR, FISH ou CGH array. Para casais com histórico de abortos de

repetição por aneuploidias, é indicado o Screening Genético Pré-implantacional, que

utiliza as técnicas de FISH ou CGH array para avaliação do perfil cromossômico.

Esse trabalho tem como objetivo, apresentar metodologias utilizadas para selecionar

o embrião mais apropriado para transferência, descrevendo suas características

morfológicas e técnicas para seleção genética relacionando-as com as taxas de

sucesso da gestação.

2. INTRODUÇÃO

Atualmente a infertilidade é um problema presente na vida de cerca de 15% a

20% dos casais em idade reprodutiva, sendo diagnosticada, de acordo com a

Organização Mundial de Saúde, pela incapacidade de concepção mesmo após um

ano de relações sexuais regulares sem a utilização de nenhum método

contraceptivo (GONÇALVES, 2005).

Além do problema da infertilidade também estar relacionado com fatores

masculinos descritos por Junior e Esteves (2012) e com a qualidade de vida, como

relata Feijó et al., (2012), com base nas afirmações de Samrsla et al., (2007), o

crescimento profissional e a forte participação da mulher no mercado de trabalho

retira o desejo da maternidade de suas prioridades, programando-o para ser

realizado após os 30 anos de idade, o que implica em menor chance de sucesso na

fertilização natural, uma vez que esse é o período em que inicia-se a queda da

fertilidade feminina, levando-a a recorrer aos métodos da Reprodução Humana

Assistida (RHA).

As técnicas de RHA são divididas em dois grupos: técnicas de baixa

complexidade, que abrangem a IIU - Inseminação Intra-uterina e IIP - Inseminação

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Intra-peritonial, e técnicas de alta complexidade, como a FIV (fertilização in vitro)

clássica e a ICSI - Injeção Intracitoplasmática de espermatozoides (DZIK et al.,

2012).

Os embriões gerados pelos métodos de FIV ou ICSI são selecionados a partir de

uma avaliação morfológica, que indica seu potencial de desenvolvimento, e

genética, com a realização de técnicas como FISH, PCR e CGH array, para a

análise cromossômica e identificação de possíveis alterações gênicas, uma vez que

esses embriões podem estar morfologicamente apropriados, porém geneticamente

comprometidos (WOLFF; MARTINHAGO; UENO, 2009; GOMES et al., 2009;

AQUINO;MARTINHAGO; MARTINHAGO, 2014).

3. OBJETIVOS

Apresentar as metodologias utilizadas pelos profissionais da área de reprodução

humana assistida para selecionar o embrião mais apropriado para transferência,

descrevendo suas características morfológicas, indicando as técnicas realizadas

para análise e seleção genética e relacionando-as com o sucesso do tratamento.

4. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste projeto foram realizadas revisões de literatura em

livros e artigos científicos que compreendem os assuntos abordados, tais como:

embriologia, medicina ginecológica e obstetrícia, biologia molecular e reprodução

humana assistida.

5. DESENVOLVIMENTO

No momento em que o espermatozóide se encontra dentro do oócito ocorre o

rompimento das membranas nucleares e descondensação cromossômica, fazendo

com que o oócito reative e complete a meiose II. Os cromossomos masculinos e

femininos são envoltos por uma nova membrana nuclear, originando então os pró-

núcleos que por sua vez migram para a posição central do oócito. Após 20 horas,

ocorre a fusão dos materiais genéticos dos pronúcleos e formação do zigoto

(CAETANO et al., 2012).

Cerca de trinta horas após a formação do zigoto, inicia-se a clivagem (divisões

mitóticas) originando dois blastômeros, que continuam a se dividir sucessivamente e

ficam cada vez menores até atingirem o estágio de mórula. A partir deste momento

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inicia-se uma compactação das células, mediada por glicoproteínas de adesão

presentes na membrana plasmática que promovem a interação celular,

caracterizando esse processo como pré-requisito para a futura formação do

embrioblasto (MOORE; PERSAUD, 2008).

A liberação de sódio proveniente da bomba de sódio e potássio presente

membrana plasmática para o meio extracelular resulta em um acúmulo de água

formando a cavidade blastocística, responsável pela separação dos blastômeros em

duas camadas: uma interna denominada embrioblasto, e uma mais externa e

delgada denominada trofoblasto, formando uma estrutura denominada blastocisto

(CAETANO et al., 2012).

A seleção do embrião é realizada através de avaliações dos pronúcleos, da taxa

de divisão dos blastômeros, da progressão até o estágio de blastocisto e análise

gênica e cromossômica. (MOTTA; ALEGRETTI; SERAFINI, 2012).

A classificação dos embriões de acordo com qualidade morfológica tem como

critério o tempo de clivagem, aspecto citoplasmático, compactação, presença de

fragmentações, simetria celular e presença de mais de um núcleo por célula.

Mediante os critérios citados, obteve-se quarto tipos de classificações: os que

possuem simetria entre os blastômeros e ausência de fragmentações são

caracterizados como embriões do tipo I; os que possuem simetria e fragmentação de

20% são caracterizados como embrião do tipo II; os embriões que são assimétricos

e possuem fragmentação de 20 % são caracterizados como tipo III; os que possuem

de 20 a 50 % de fragmentação são considerados embriões do tipo IV; e os que

possuem mais de 50% do seu volume fragmentado são caracterizados como

embriões do tipo V (DONADIO et al., 2012).

Com relação à classificação morfológica do zigoto, pode ser realizada uma

determinação precoce ainda nessa fase baseando-se nos pronúcleos e na

identificação de embriões com clivagem de 25 a 27 horas após a fertilização. Essa

classificação é realizada de acordo com a aparência do citoplasma, localização,

tamanho e quantidade dos pronúcleos, posição e número de corpúsculos

precursores de nucléolos, e a presença de um halo citoplasmático (MOTTA;

ALEGRETTI; SERAFINI, 2012).

A seleção dos melhores pré-embriões limita seu número nas transferências

diminuindo o risco de gestações múltiplas, sendo realizada de maneira não invasiva,

rápida e eficiente do zigoto até o blastocisto. Normalmente, os pré-embriões

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apresentam 4 células no segundo dia de cultivo (D2 - um dia após a fertilização) e 8

células no terceiro dia (D3 - dois dias após a fertilização). Qualquer alteração

durante a clivagem resulta em um pré-embrião com número irregular de blastômeros

aumentando o risco de aneuploidias (MIZRAHI et al., 2012).

Os pré-embriões podem ser classificados de acordo com sua simetria, que é

considerada adequada quando os blastômeros são do mesmo tamanho, se for um

pré-embrião composto por duas células; um blastômero maior e dois menores, se for

um pré-embrião composto por três células; blastômeros do mesmo tamanho, se for

um pré-embrião composto por quatro células; três blastômeros maiores e dois

menores, se for um pré-embrião composto por cinco células; dois blastômeros

maiores e quatro menores, se for um pré-embrião composto por seis células; um

blastômero maior e seis menores, se for um pré-embrião composto por sete células

e blastômeros do mesmo tamanho, se for um pré-embrião composto por oito células

(MIZRAHI et al., 2012).

A fragmentação consiste na saída de parte da membrana citoplasmática e

citoplasma para o meio extracelular, que pode estar relacionada a defeitos

intracelulares e apoptose, diminuindo o potencial de desenvolvimento dos pré-

embriões (MIZRAHI et al., 2012).

A presença de multinucleação também aumenta o risco do pré-embrião

desenvolver anomalias cromossômicas, relacionadas com a diminuição da taxa de

implantação e desenvolvimento embrionário. (MIZRAHI et al., 2012)

A zona pelúcida é uma camada composta por glicoproteínas que reveste o pré-

embrião e tem como finalidade preservar sua integridade e protegê-lo durante a

implantação. Algumas alterações nessa estrutura podem modificar o formato do pré-

embrião, interferindo no processo de compactação e blastulação pela falta de

interação entre os blastômeros (MIZRAHI et al., 2012).

A presença de vacúolos pode indicar riscos para o desenvolvimento do pré-

embrião quando estes são maiores de 25 micrômetros, assim como o citoplasma

mais granuloso (disperso, moderado ou excessivo) que indica degeneração celular e

também é considerado como indicador de inviabilidade (MIZRAHI et al., 2012).

Os pré-embriões são considerados bons quando em D2 (4 células) e em D3 (8

células) não apresentam multinucleação e alterações citoplasmáticas, possuem

20% ou menos de fragmentação; moderados, quando em D2 (2 - 6 células)

possuem multinucleação menor que 50% e 20% a 50% de fragmentação, com

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presença ou não de alteração citoplasmática, e em D3 (2 – 10 células) não há

interferência de multinucleação, presença ou ausência de alteração citoplasmática e

mesmo valor de fragmentação de D2; regulares, quando em D2 ou D3 (número

variável de células) não há interferência de multinucleação, fragmentação maior ou

igual a 50%, com presença ou ausência de alterações citoplasmáticas (MIZRAHI et

al., 2012).

A seleção no estágio de blastocisto ocorre de duas maneiras: através da

classificação morfológica descrita e através do Diagnóstico Genético Pré-

Implantacional (PGD), para casos com indicação (MIZRAHI et al., 2012).

O PGD é um procedimento que consiste na biópsia de células presentes na

formação de um embrião e analise de seu material genético por técnicas da biologia

molecular e da citogenética, com o objetivo de identificar alterações gênicas ou

cromossômicas, indicado para casais que possuem histórico de abortos

espontâneos, falhas na implantação e cariótipos alterados (LUNA, 2004).

Em 1990, pesquisadores descobriram que uma técnica da biologia molecular

denominada PCR (Reação em Cadeia de Polimerase) é capaz de analisar todo o

material genético de um indivíduo a partir de apenas uma célula. Nessa mesma

época, após pesquisas com animais, houve aplicação dessa metodologia em

humanos, que resultou na gestação e nascimento de uma criança saudável após a

sexagem do embrião, que antes possuía risco de apresentar uma doença ligada ao

sexo (WOLFF; MARTINHAGO; UENO, 2009).

Segundo Munné et al., (1994), pesquisadores iniciaram a sexagem de embriões

através de técnica citogenética denominada FISH – Hibridização in situ por sonda

fluorescente, que os permitiam verificar se o embrião possuía chances de

desenvolver alguma doença genética de origem cromossômica.

Além do PGD, há também outra técnica de avaliação do conteúdo genético dos

embriões obtidos por fertilização in vitro chamada de Screening Genético Pré-

implantacional (PGS), com o objetivo de detectar aneuploidias em embriões cujos

pais não possuem cariótipos alterados mas possuem algum outro fator passível de

indicação para esse procedimento (AQUINO; MARTINHAGO; MARTINHAGO,2013).

O PGS é indicado para casais que possuem histórico de abortos de repetição

causados por aneuploidias geralmente de gestações em que as mulheres possuem

idade avançada. É um procedimento muito eficaz para analisar o conteúdo

cromossômico dos embriões por meio da técnica FISH- hibridização in situ por

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sonda fluorescente ou CGH (Comparative Genome Hibridization) array

(MARTINHAGO et al., 2012; WOLFF; MARTINHAGO; UENO, 2009).

De acordo com as informações fornecidas por Luna (2004), as técnicas utilizadas

para a realização do diagnóstico genético pré-implantacional são muito eficazes para

a detecção de doenças genéticas tais como: Síndrome do X frágil,

Adrenoleucodistrofia, Fibrose cística, Distrofia muscular de Duchene, Anemia

Falciforme, Síndrome de Down, Hemofilias, Doença de Tay-Sachs e Síndrome de

Lesch-Nyan, além da seleção do sexo do embrião, que só é permitida em casos

onde há o risco de herdar uma doença ligada ao sexo. No entanto, Martinhago et al.,

(2012) afirmam que se a análise for realizada pela técnica de CGH array também é

possível detectar outras síndromes de microdeleção ou microduplicação como a

síndrome de DiGeorge, síndrome de Cri-du-Chat, Dandy-Wolker, Smith-Magenis,

Cat-eye e síndrome de Prader-Willi.

A avaliação genética do embrião é realizada após a biópsia de células presentes

durante seu desenvolvimento tais como o corpúsculo polar, blastômeros em estágio

de clivagem e as células do trofoblasto, que são retiradas por uma abertura da zona

pelúcida para posterior extração e avaliação de seu conteúdo genético

(MARTINHAGO et al., 2012)

A abertura da zona pelúcida pode ser realizada com a utilização de um laser, de

uma solução ácida de Tyrode ou apenas de forma mecânica, porém a primeira

técnica é mais empregada devido sua alta praticidade. Não há indícios de que a

utilização desses procedimentos interfere nas taxas de gestação (AQUINO;

MARTINHAGO; MARTINHAGO, 2013).

Após a indução da ovulação com hormônios gonadotróficos recombinantes, a

maioria dos oócitos que foram recuperados por tal estímulo encontra-se na fase de

metáfase II da meiose, caracterizada pela presença de um corpúsculo polar (CP)

diploide. Com a fertilização, o número de cromossomos desse primeiro corpúsculo

polar é reduzido pela metade, ou seja, apresenta apenas 23 cromossomos, devido à

formação do segundo corpúsculo polar (WOLFF; MARTINHAGO; UENO, 2009;

AQUINO; MARTINHAGO; MARTINHAGO, 2013).

Para a realização da biópsia de CP primeiramente é necessário realizar uma

abertura na zona pelúcida de forma mecânica, uma vez que o ácido Tyrode ou o

laser podem agredir o fuso mitótico antes da fertilização. A remoção do primeiro CP

pode ocorrer de 36 a 42 horas após a administração da gonadotrofina coriônica

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humana (hCG) e o segundo CP deve ser removido entre nove e 22 horas após a

fertilização (AQUINO;MARTINHAGO; MARTINHAGO, 2013).

Aquino, Martinhago e Martinhago (2013) citaram alguns estudos que afirmam que

tal procedimento pode prejudicar o desenvolvimento embrionário, uma vez que

aumenta as taxas de fragmentação durante sua clivagem, além de não detectar

alelos que sofreram mutações e nem anomalias de origem paterna.

A biópsia de blastômeros, geralmente realizada no terceiro dia de

desenvolvimento, consiste na remoção de um blastômero do embrião realizada por

aspiração. Trata-se de um procedimento mais eficaz, pois é capaz de detectar

doenças monogênicas, doenças ligadas ao sexo, tipagens de antígeno leucocitário

humano (HLA), translocações cromossômicas ou qualquer outra doença de origem

materna e paterna. Outra vantagem dessa técnica é que os resultados são obtidos

antes do momento da transferência embrionária, que geralmente ocorre no quinto

dia de desenvolvimento, dispensando a criopreservação desse embrião (AQUINO;

MARTINHAGO; MARTINHAGO, 2013). Entretanto, Teles (2011) refere que a

utilização desse procedimento implica em uma redução significativa na taxa de

sucesso da gestação, diminuindo gradativamente conforme a retirada de mais

blastômeros.

A biópsia de blastocisto obtém maior número de células para análise do conteúdo

genético e a extração das mesmas não oferece risco ao desenvolvimento e nem à

implantação do embrião, uma vez que são retiradas da região que dará origem a

placenta, ou seja, do trofoblasto. Essas células também são extraídas através da

abertura na zona pelúcida, porém com a utilização do laser ou por remoção

mecânica ao invés de aspiração. A desvantagem é que uma quantidade

considerável de embriões não chegam até o estágio de blastocisto e as células do

trofoblasto podem ser geneticamente diferentes da massa celular interna (AQUINO;

MATINHAGO; MARTINHAGO, 2013; WOLFF; MARTINHAGO; UENO, 2009; TELES,

2011).

Se a indicação para a realização dos testes genéticos no embrião for devido à

suspeitas de alguma doença de origem cromossômica, a técnica utilizada para

análise do material é a de FISH, que utiliza sondas específicas ao tipo de patologia

investigada para detectar aneuploidias e mosaicismos, ou CHG array, que possui

alta eficácia em análise cromossômica, pois avalia os 23 pares de cromossomos do

embrião, identifica aneuploidias e analisa inúmeras regiões do genoma humano ao

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mesmo tempo, apresentando resultados com alto padrão de resolução. Devido seu

alto potencial de avaliação, a técnica de CGH array tornou-se a mais utilizada para

análise cromossômica nos dias de hoje. Entretanto, ao tratar- se de suspeitas

relacionadas a uma doença causada por um gene específico, ou seja, monogênica,

a técnica utilizada é a de PCR, que consiste na amplificação da região gênica

desejada e posterior análise desse produto por meio de eletroforese em gel de

agarose (VASCO, 2005; TELES, 2011; MARTINHAGO et al., 2012).

6. RESULTADOS

A seleção morfológica do embrião consiste na avaliação da blastocele, da massa

celular interna, do grau de clivagem e fragmentação, da simetria dos blastômeros,

índice de multinucleação, alterações intra e extra citoplasmáticas e morfologia do

trofoblasto. O embrião selecionado para transferência é aquele que possui maior

capacidade de implantação, ou seja, que possui ausência de multinucleação,

fragmentação inferior a 20% e apresenta quatro ou cinco blastômeros simétricos em

48 horas de cultivo e sete ou mais blastômeros simétricos em 72 horas de cultivo

(MIZRAHI et al., 2012; CREPALDI; IZZO; MONTELEONE, 2012).

Com relação à seleção genética do embrião, a técnica de FISH – hibridização in

situ por sonda fluorescente ainda é bastante utilizada, porém, a técnica CGH array

tornou-se a principal a ser realizada para análise cromossômica e detecção de

doenças relacionadas, devido o seu amplo espectro de avaliação e melhor resolução

em seus resultados seja para os procedimentos de PGD ou PGS. A técnica de PCR

– Reação em cadeia de polimerase continua sendo considerada como a melhor

metodologia para análise dos genes e detecção de doenças monogênicas

investigadas pelo PGD. No entanto, a seleção genética do embrião não garante

sucesso em sua implantação ou desenvolvimento, uma vez que ele já sofre riscos

no momento em que são coletadas as células a serem analisadas (com exceção da

biópsia de blastocisto). Tal procedimento apenas diminui as chances de abortos de

repetição ou malformações e deficiências do feto que podem ser causados por

aneuploidias ou outras alterações gênicas. (MARTINHAGO et al., 2012; AQUINO;

MARTINHAGO; MARTINHAGO, 2013; WOLFF; UENO; MARTINHAGO, 2009;

GOMES et al., 2009)

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise morfológica dos embriões é fundamental para selecioná-los, pois indica

o potencial de implantação e desenvolvimento e, consequentemente, o índice de

sucesso na gestação. Já a análise genética do embrião é muito importante para

detecção de doenças cromossômicas e doenças monogênicas, diminuindo as

chances de intercorrências na gestação por esses motivos, possibilitando o

nascimento de uma criança saudável.

8. FONTES CONSULTADAS

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