tÍtulo: episÓdio depressivo maior pÓs acidente...
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Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904
TÍTULO: EPISÓDIO DEPRESSIVO MAIOR PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: UM ESTUDOPROSPECTIVOTÍTULO:
CATEGORIA: CONCLUÍDOCATEGORIA:
ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAISÁREA:
SUBÁREA: PSICOLOGIASUBÁREA:
INSTITUIÇÃO: FACULDADE ANHANGUERA DE BAURUINSTITUIÇÃO:
AUTOR(ES): FERNANDA DE ALMEIDA FLORES, ISABELA DA SILVA RIBEIROAUTOR(ES):
ORIENTADOR(ES): ANA PAULA CAMARGOORIENTADOR(ES):
EPISÓDIO DEPRESSIVO MAIOR PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFALICO: UM
ESTUDO PROSPECTIVO
RESUMO
Dentre os subtipos de acidente vascular encefálico, a hemorragia
intraparenquimatosa (HIP) configura-se sendo a de pior prognóstico, com frequentes
déficits cognitivos e emocionais associados. O presente estudo teve como objetivo
investigar transtorno depressivo maior em sujeitos pós acidente vascular encefálico
hemorrágico (AVEh) primário, de subtipo intraparenquimatoso. O objetivo secundário
consistiu em verificar as relações entre sintomatologia depressiva pós infarto
encefálico hemorrágico intraparenquimatoso, funcionalidade em atividades de vida
diárias e topografia lesional no período de 12 meses pós ictus. Para a avaliação do
episódio depressivo maior foi utilizado o Inventário de Depressão de Beck (BDI), o
qual avalia o índice de depressão e para avaliação da funcionalidade em atividade
de vida diária, o Índice de Barthel. A amostra foi composta por sujeitos recrutados do
banco de dados do Serviço de Neuropsicologia Hospitalar de um Hospital Geral, e
quando aplicados os critérios de inclusão, foi constituída de 12 participantes, dentre
os quais 8 caracterizaram-se elegíveis ao estudo. O estudo demonstrou presença de
sintomatologia depressiva 1 ano após lesão hemorrágica intraparenquimatosa em
64% da amostra, assinaladas por severidade leve e moderada. Referindo-se a
topografia da lesão, sujeitos com hemorragia em sitio profundo, apresentaram maior
vulnerabilidade a sintomatologia depressiva. O presente estudo concluiu que a
sintomatologia depressiva é frequente e associada a prejuízos em AVDs em fase
tardia de acidente encefálico hemorrágico de subtipo intraparenquimatoso.
Palavras-chave – Acidente vascular encefálico; Hemorragia intraparenquimatosa;
Transtorno depressivo maior; Topografia.
INTRODUÇÃO
Definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2006), por um sinal
clínico de rápido desenvolvimento de perturbação focal da função cerebral, de
suposta origem vascular, e com mais de 24 horas de duração, o Acidente Vascular
Encefálico (AVE), tem sido um importante problema de saúde pública, com impacto
mundial. Tal insulto neurológico caracteriza-se pela obstrução ou rompimento de
algum vaso sanguíneo no encéfalo, cuja sintomatologia será determinada pelo
subtipo de AVE, topografia e extensão da lesão vascular (FIRMINO, 2006). São
inúmeros os fatores de riscos para a patologia cerebrovascular, dentre eles
hipertensão, cardiopatias, diabetes, etilismo, drogadição, estresse e o uso de
anticoncepcionais (ROGER et al., 2012).
Didaticamente o AVE pode ser de dois subtipos: (1) isquêmico, mais
incidente, corresponde de 67 a 80% de todos os acidentes vasculares encefálicos,
ocorre quando há interrupção do fluxo sanguíneo em uma região específica do
cérebro, cuja qual pode ser causada por um coágulo ou aterosclerose. O AVE
isquêmico subdivide-se em: a) trombótico, b) embólico, e c) lacunar (O`SULLIVAN,
1993; SPENCE e BARNETT, 2013). O AVE hemorrágico (2) ocorre quando há
sangramento no encéfalo, causado pela ruptura de algum vaso sanguíneo. Este, por
sua vez, pode ser apresentado por a) hemorragias subaracnóideas (meníngea), e b)
hemorragia intraparenquimatosa (ARES, 2003).
Caracterizada pela ruptura espontânea de um vaso, com extravasamento
de sangue para o interior do cérebro, a HIP é classificada como primária, quando
resulta da ruptura de pequenos vasos cronicamente danificados pela hipertensão
arterial sistêmica (HAS) ou associada a angiopatia amilóide; e como secundária
quando relacionada a rupturas de aneurismas ou malformações arteriovenosas,
drogas antiplaquetárias, neoplasias, dentre outras. Dentre as hemorragias
decorrentes do AVE, a HIP é a que apresenta pior prognóstico, com risco de
mortalidade em aproximadamente um ano, após o ictus e também é a responsável
por 10 a 20% dos acidentes vasculares encefálicos (PONTES-NETO, 2009).
Estudos indicam que a incidência média anual pode variar entre 10 e 20
casos por 100.000 habitantes (BRODERICK, 1992; GEBEL, 2000). Em geral, devido
ao seu mau prognóstico, a mortalidade em 30 dias é significativa, o que foi
demonstrado por estudo recente, indicando 64,7% de óbitos, pós HIP (CAMARGO,
2012). E mantendo índices elevados em fase tardia, com taxas que chegam à 63,6%
de mortalidade após um ano de lesão vascular (QURESHI, 2001).
Patologias cerebrovasculares, tal qual o AVE, indicam importante
vulnerabilidade para danos neurológicos funcionais, tais como: prejuízo motor,
diminuição de força, coordenação, dor articular ou muscular, perda da memória,
problemas de comunicação, planejamento de ações, déficits atencionais, bem como
relacionados às respostas autonômicas de reflexos, e déficits sensitivos, correlatos à
prejuízos importantes em atividades de vida diária (ARANTES et al., 2007;
CAMARGO, 2012). Além destes, estudos apontam para correlações entre acidente
vascular encefálico e patologias psíquicas, tal qual a depressão, o que coopera para
ascensão de índices de morbimortalidade, pós AVE (BURVILL et al., 1995).
Neste ínterim, a depressão é a complicação psiquiátrica caracterizada
como alteração da capacidade de experimentar o prazer, podendo afetar pessoas de
todas as idades. Está classificada em três grupos: depressão leve; depressão
moderada e depressão maior, com ou sem sintomas psicóticos (CID-10, 1993). O
sujeito perde prazer pelas atividades diárias, fica anedônio, apático e ocorrem
alterações cognitivas, psicomotoras, apresentando lentidão, fadiga e sensação de
fraqueza; alterações do ciclo sono vigília, alterações do apetite, redução do interesse
sexual, retraimento social, ideação suicida e prejuízo funcional importante, com
repercussões em atividades laborativas e acadêmicas (DUARTE E REGO, 2007).
Trata-se de uma doença que precisa de tratamento (CID-10, 1993), e é
frequentemente associada à existência de doenças crônicas, pois as alterações
fisiológicas aumentam os riscos de desenvolvê-las. Além de que, doentes crônicos
podem apresentar limitações em sua vida diária o que pode aumentar a
vulnerabilidade à depressão (KATON, 2011).
Duarte e Rego (2007) afirmam que as doenças clínicas podem contribuir
para o desenvolvimento da depressão pelos efeitos manifestos na função cerebral
ou através de efeitos psicológicos ou psicossociais, do mesmo modo que a
depressão pode acelerar o desencadeamento de doenças crônicas, principalmente
em idosos. É neste contexto que estudos recentes vem apontando para correlatos
entre tal transtorno de humor e patologias cerebrovasculares, como o AVE (OHIRA
et at., 2001; OSTIR et al., 2001; CAMARGO, 2012).
Segundo Bour et al. (2011) o AVE não só resulta em deficiências físicas
consideráveis, mas frequentemente causa sequelas cognitivas e emocionais
acarretando um impacto negativo sobre a sobrevivência e reabilitação. Existe uma
complexa relação entre os sintomas de humor deprimido e disfunção cognitiva.
A depressão é frequente nos pacientes com acidente vascular encefálico.
Vários aspectos têm sido detectados como fatores de risco para a sua ocorrência
pós AVE, e está associada com aumento da mortalidade, maior prejuízo funcional
em atividades de vida diária, prejuízo cognitivo, histórico de depressão no passado,
idade, sexo, AVE prévio, fatores hormonais como alteração do eixo hipófise-
hipotálamo-adrenal (HHA), hipercortisolemia, precária rede de suporte social e
características neuroanatômicas da lesão, hospitalização mais prolongada e redução
da qualidade de vida. Quando é diagnosticada e tratada, observam-se melhora na
recuperação funcional e redução do prejuízo cognitivo (SHUBERT et al., 1992;
BURVILL et al., 1995; KIMURA et al., 2000; TERRONI et al., 2003; MELLO E
MANCINI, 2007).
A relação entre AVE e depressão é complexa e estudos epidemiológicos,
prospectivos indicam que a depressão aumenta significativamente o risco para a
ocorrência de AVE (OHIRA et at., 2001; OSTIR et al., 2001). Ramasubbu e Patten
(2003) explicam que as pessoas deprimidas cuidam menos de si mesmas,
apresentam inapetência, e na maioria das vezes optam por dietas que não são
saudáveis, não praticam atividades físicas, além de muitas delas terem vícios como
tabagismo e etilismo, o que configura-se fator de risco para o AVE. A pesquisa ainda
indica que, indivíduos depressivos também estão propensos a não administrar a
medicação conforme prescrito. Isso pode incluir medicamentos que controlam a
pressão arterial ou o colesterol, essenciais para prevenção de AVE. Assim, o
diagnóstico do transtorno psíquico pode atuar em efeito profilático para a recorrência
de AVE, e ainda pode beneficiar o prognóstico do sujeito, em condições pós lesão.
OBJETIVOS
Objetivo Geral
Investigar transtorno depressivo maior em sujeitos pós acidente vascular
encefálico hemorrágico.
Objetivos Específicos
Identificar funcionalidade em atividades de vida diária pós hemorragia
intraparenquimatosa.
Verificar as relações entre sintomatologia depressiva pós infarto
encefálico hemorrágico intraparenquimatoso, funcionalidade em atividades de vida
diárias e topografia lesional.
MÉTODO
Participantes
A amostra do estudo foi constituída a partir de busca ativa do banco de
dados de pacientes do Serviço de Neuropsicologia Hospitalar do Hospital de Base
de Bauru, que forneceu informações inerentes à: (1) caracterização do sujeito; (2)
diagnóstico da patologia de base, realizado pelos neurocirurgiões, responsáveis pelo
Serviço de Neurocirurgia da Instituição Hospitalar; bem como, (3) dados
correspondentes ao exame de neuroimagem. Deste modo, foram encontrados no
banco de dados 12 sujeitos com HIP espontânea. Ao passo em que os
agendamentos eram realizados, também aplicava-se os critérios de elegibilidade, o
qual resultou na exclusão de 4 sujeitos, 2 por AVE recidivo, e 2 por não ter sido
contactados. Contudo participaram do estudo 8 sujeitos (2 do sexo feminino e 6 do
sexo masculino), com idade média de 57,3 anos (dp= 3,4), um ano após acidente
vascular encefálico, de subtipo hemorrágico intraparenquimatoso, em regiões
lobares ou subcorticais. A média de escolaridade foi de 5,1 anos de estudo (dp= 3,0)
e dominância manual direita. A seleção dos sujeitos ocorreu mediante apresentação
de HIP focal, com ictus há 12 meses, de episódio único, em sujeitos com idade
superior a 18 anos, mediante consentimento formal de participação, equivalente ao
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para todos os voluntários desta
pesquisa foram utilizados os seguintes critérios de exclusão inicial: (1) apresentação
de grandes desordens neurológicas, tais como: síndrome de Cushing; hemorragia
subaracnóidea; doença (demência) de Binswanger; esclerose múltipla; esclerose
lateral amiotrófica; tumor cerebral; e demência; (2) antecedentes pessoais
psiquiátricos, de dependência ao álcool e ou outras substâncias neurotóxicas nos
últimos 12 meses; (3) história pregressa de AVE de qualquer subtipo; e (3)
transtornos na comunicação oral.
DESENVOLVIMENTO
Mediante busca ativa no banco de dados do Serviço de Neuropsicologia,
e contato por telefone, os sujeitos foram previamente agendados em data e horário
para serem avaliados no Ambulatório de Neuropsicologia, do Hospital de Base de
Bauru. A avaliação consistiu da aplicação três instrumentos que avaliaram transtorno
depressivo e funcionalidade em atividades de vida diária. Em um único encontro, os
sujeitos foram avaliados, inicialmente pela Entrevista Clínica Estruturada Para
Transtornos do Eixo I do DSM IV – SCID IV (FIRST et al., 1997, adaptado e validado
para o Brasil por BEN et al., 2001), instrumento que visa a elaboração de
diagnósticos psiquiátricos de acordo com a quarta edição do Manual Diagnóstico e
Estatístico dos Transtornos Mentais (APA, 1994) é utilizado para a identificação de
transtorno de humor, desordem psíquica que afeta condição clínica. Sua pontuação
é baseada nas respostas dadas pelo sujeito e pelo julgamento clínico do
entrevistador. A aplicação foi realizada por uma Neuropsicóloga do Hospital de Base
de Bauru. Posteriormente foi aplicado o Inventário de Depressão de Beck (BECK &
STEER, 1993, adaptado e validado para o Brasil por CUNHA, 2001), medida de
autoavaliação de depressão amplamente utilizada em pesquisas e práticas clínicas.
A escala é composta por 21 grupos de afirmações, incluindo sintomas e atitudes,
cada um envolvendo três frases com pontuações de 0 a 3, caracterizando uma
escala tipo likert. O escore final é obtido através da soma dos números
correspondentes aos itens selecionados pelo sujeito. Tal escore pode variar de 0 a
63, sendo que escores de 0 a 11 indicam nível mínimo de depressão, escores de 12
a 19 indicam um nível leve de depressão, escores de 20 a 35 indicam um nível
moderado, e escores de 36 a 63 indicam um nível grave de depressão. Com a
finalidade de obter um grupo de sujeitos mais homogêneo com sintomas
depressivos, o ponto de corte foi aumentado, a fim de serem reduzidos os falsos-
positivos. Deste modo, foram considerados para sintomatologia depressiva, sujeitos
que apresentassem níveis de severidade leve, moderada e grave.
Ao final da avaliação para medir o desempenho das atividades de vida
diária foi utilizado o Índice de Barthel Modificado, amplamente utilizado como medida
de evolução funcional em pacientes com AVE e, também, em outras doenças
neurológicas. É constituída por 10 itens e a pontuação máxima é 100. Quanto maior
a pontuação melhor o paciente se encontra quanto às atividades de vida diária.
Pode ser aplicada facilmente obtendo dados com o paciente e familiar. Sua
aplicação dura 5 (cinco) minutos. Possui alta confiabilidade e validade (HERNDON,
1997; MINOSSO et al., 2010). O tempo médio do encontro foi de uma hora e trinta
minutos de duração.
Procedimentos de análise de dados
Os dados da pesquisa foram organizados em gráficos descritivos. Para as
variáveis escalares, a análise foi feita por meio da observação dos valores mínimos
e máximos, e a partir da obtenção de médias e desvios padrões. Para as variáveis
categóricas, calcularam-se as frequências absolutas e porcentagens. Os resultados
dos instrumentos de funcionalidade de vida diária (Índice de Barthel) e
sintomatologia de depressão (BDI) foram analisados conforme instruções próprias
de cada um deles. Dado ao pequeno número de elementos amostrais, ao que
compete a topografia cerebral, os sítios de lesões foram categorizados em regiões
lobares e subcorticais, a partir da aquisição de imagens pela TC de Crânio, para
posteriores análises relacionadas com as variáveis.
A presente pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em
Pesquisa, sob parecer nº 218.923.
RESULTADOS
A apreciação e avaliação deste estudo correspondem a dados
preliminares.
A depressão é uma ocorrência comum após acidente vascular encefálico
e pode estar associada ao prejuízo motor, deficiência cognitiva e mortalidade.
Estudos prospectivos observacionais de depressão pós acidente vascular
encefálico, encontrou que 33% dos sobreviventes exibiram sintomatologia
depressiva em algum momento pós AVE (HACKETT et al., 2005). Dados da
literatura se mostram consistentes ao encontrado nesta pesquisa, o qual, os sujeitos
pós lesão vascular hemorrágica evidenciaram sintomatologia depressiva no período
de 1 ano pós lesão vascular encefálica, assinalando severidade depressiva leve e
moderada, em fase tardia da hemorragia intraparenquimatosa.
A análise dos dados para sintomatologia depressiva em pacientes de fase
tardia de hemorragia intraparenquimatosa indicou sintomas depressivos de
gradação leve em 50% da amostra e moderada em 14%. Os sujeitos não
considerados potencialmente deprimidos corresponderam a 36% (Figura 1).
Figura 1. Frequência de sintomas depressivos em sujeitos em fase tardia de Hemorragia Intraparenquimatosa,
avaliados pelo Inventário de Depressão de Beck.
A associação entre localização da lesão e depressão ainda não está
concisa, metanálises não estabeleceram uma relação determinante entre localidade
de lesão e depressão (SINGH et al., 1998; BHOGAL et al., 2004). Quando
relacionados, nesse estudo, topograficamente lesão e sintomas depressivos nota-se
maior incidência e severidade de sintomas em sítio subcortical, cuja amostra,
composta de 6 sujeitos, demonstrou 66% de incidência para sintomas leves de
36%
50%
14%
MÍNIMO LEVE MODERADO
Inventário de Depressão de Beck
depressão e 16% para sintomatologia moderada. Ainda correlacionando sítio de
lesão e sintomas depressivos, sujeitos com lesão lobar não apresentaram sinais de
depressão (Figura 2).
Figura 2. Frequência de sintomas depressivos estratificados por sítio de lesão hemorrágica.
Estratificando ocorrência e gravidade do sintoma depressivo por sexo
tem-se que sujeitos do sexo masculino (6) apresentaram-se mais vulneráveis à
depressão para esta amostra, constando 33% de sintomatologia leve, 17%
moderado e 50% não se configuraram positivos para sintomas depressivos. Quando
avaliados sinais de depressão na população feminina (2) teve-se 100% classificado
como sintomatologia depressiva leve.
Estudo realizado por Goodwin e Devanand, 2008, apontaram a
coexistência do AVE e depressão, associados a limitações em atividades de vida
diária, de forma que ambos cooperam com a existência um do outro, e influencia sua
recuperação. Na atividade de vida diária, aferido pelo Índice de Barthel, foi
encontrado que 50% dos sujeitos são autônomos e os demais apresentam
limitações, sendo 25% de dependência leve, 12,5% de moderada e grave (Figura 3).
Figura 3. Funcionalidade em atividades de vida diárias, classificada de acordo com índice Barthel.
CONSIDERAÇÕES
O estudo demonstrou presença de sintomatologia depressiva 1 ano após
lesão hemorrágica intraparenquimatosa em 64% da amostra, assinaladas por
severidade leve e moderada. Referindo-se a topografia da lesão, sujeitos com
hemorragia em sitio profundo, apresentaram maior vulnerabilidade a sintomatologia
depressiva. O presente estudo concluiu que a sintomatologia depressiva é frequente
16%
66%
16%
100%
MINIMO LEVE MODERADO
Sintomas depressivos e sítio de HIC
Lesão Profunda Lesão Lobar
50%
25%12,5% 12,5%
AUTÓNOMO DEPENDENTE LEVE DEPENDENTE MODERADO
DEPENDENTE GRAVE
Índice de Barthel
e associada a prejuízos em AVDs em fase tardia de acidente encefálico hemorrágico
de subtipo intraparenquimatoso e quanto maior o déficit em atividades de vida
diárias, maior a severidade da sintomatologia depressiva.
REFERÊNCIAS
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