título do trabalho: a indústria aeronáutica em...

20
Relatório Projecto FEUP A indústria aeronáutica em Portugal 1/20 Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Título do trabalho: A indústria aeronáutica em Portugal Projeto FEUP 2013/14 -- Engenharia Mecânica: Equipa 1M6_04: Supervisor: Lucas Silva Monitor: Rui Barbosa Estudantes: Gabriel Pestana [email protected] Luís Filipe Catalão [email protected] João Pires [email protected] Paulo Tavares [email protected] João Osório [email protected]

Upload: votram

Post on 11-Nov-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 1/20

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Título do trabalho: A indústria aeronáutica em

Portugal

Projeto FEUP 2013/14 -- Engenharia Mecânica:

Equipa 1M6_04:

Supervisor: Lucas Silva Monitor: Rui Barbosa

Estudantes:

Gabriel Pestana [email protected] Luís Filipe Catalão [email protected]

João Pires [email protected] Paulo Tavares [email protected]

João Osório [email protected]

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 2/20

Resumo

Este relatório foi feito no âmbito da cadeira de Projeto FEUP, tendo como objetivo dar a conhecer um pouco sobre a indústria aeronáutica em Portugal, e quais são as suas perspetivas de futuro. Para a elaboração do dito trabalho, recorremos a uma variedade de métodos que nos estavam disponíveis, desde a recolha de relatórios e estudos estatísticos do sector aeronáutico à visualização de debates entre diversos especialistas nas áreas da aeronáutica, gestão e economia. Nunca esquecendo à consulta de enciclopédias e sites oficiais das principais empresas do setor em Portugal.

Conseguimos assim descobrir factos de extrema relevância sobre o setor aeronáutico no nosso país. Portugal possui hoje em dia experiência e conhecimentos que lhes dão acesso a projetos internacionais neste tipo de indústria, tendo como consequência uma enorme vantagem para a economia do país.

Palavras-Chave

Indústria – Aeronáutica – Aviões – Empresas - Projeto

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 3/20

Índice

Lista de figuras - Pg. 4 Lista de acrónimos Pg.5 1. Introdução – Pg.6 2. - Em Portugal - Pg. 7 3 - Volume de Negócio – Pg. 8 3.1 – Impacto na Economia Nacional - Pg. 9 3.2 – Empresas de (ou relacionadas com) Aeronáutica em Portugal – Pg. 12 3.2.1-OGMA-Pg.12 3.2.2 Dyn’Aero -Pg.12 3.2.3 CEIIA-Pg.12 3.2.4 FAP - Pg.13 3.2.5 TAP – Pg.13 3.2.6 Critical Software – Pg.13 3.2.7 TEKEVER – Pg.14 3.2.8 Altran Technologies SA – Pg.14 3.2.9 Embraer – Pg. 14

4 Perspectivas de Futuro – Pg. 15 4.1 Um esforço na consciencialização – Pg.15 4.2 Uso de novos materiais – Pg.16

4.3 Portugal em projectos internacionais – Pg.17 4.3.1 KC-390 – Pg.17 4.3.2 Projecto PITVANT – Pg.17 4.3.3 – Projecto Sherloc – Pg.18 4.3.4 – AR4 Light Ray - Pg.18 5 Conclusão – Pg. 19 Referências Bibliográficas – Pg.20

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 4/20

Lista de figuras

Fig.1- Os planos de Leonardo da Vinci para uma máquina voadora

Fig.2- O KC-390

Fig.3- Um dos VANT’s do projeto Pitvant

Fig.4- O AR4 Light Ray

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 5/20

Lista de acrónimos INE: Instituto Nacional de Estatística AICEP: Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal TAP: Transportes Aéreos Portugueses

EEA: Empresa de Engenharia Aeronáutica OGMA: Oficinas Gerais de Material Aeronáutico CEIIA: Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel

VANT: Veículo Aéreo Não Tripulado, também chamado de drone ou UAV (Unmanned

Aerial Vehicle), é todo o tipo de aeronave que não necessita de ser pilotada do interior por um piloto, sendo controlada à distância por dispositivos electrónicos ou computacionais.

IST: Instituto Superior Técnico ESA: European Space Agency

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 6/20

1. Introdução O ser humano sonha poder viajar pelos céus desde o início da história como a

conhecemos, sendo mitos como a história de Ícaro exemplos disto mesmo, mas não foi até 1505, com Leonardo da Vinci, que se começaram a ver aproximações mais racionais ao tópico. Da Vinci analisou pormenorizadamente a dinâmica de voo e chegou mesmo a tentar criar modelos de aeronaves (Fig.1), infelizmente sem sucesso.

Os progressos nesta área foram lentos e escassos durantes os séculos seguinds, mas a pouco e pouco a humanidade começava a compreender as dinâmicas de voo. Os irmãos Wright conseguem executar o seu primeiro voo contínuo a bordo de um aparelho com motor, em Kitty Hawk, no dia 17 de Dezembro de 1903. Este foi o primeiro voo numa aeronave pesada que permitia controlar a máquina mantendo potência suficiente para ela voar. Sucedendo este acontecimento, o crescimento da aeronáutica enquanto disciplina científica foi exponencial. Durante a guerra, a tecnologia nesta área viu em si um grande investimento para fins militares, mas após a guerra, a aposta na aeronáutica civil “explodiu”, devido à tecnologia e recursos humanos da guerra necessitarem de uso.

Esta evolução manteve-se até aos nossos dias, quando o voo já é possível para além do nosso planeta.

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 7/20

2. Em Portugal Em 1709, Bartolomeu Lourenço de Gusmão faz subir a Passarola, um aeróstato

de cujas características técnicas se tem um conhecimento escasso, de sua invenção, lançando-o do Castelo de S. Jorge. Este balão aterrou no terreiro da Casa da Índia, em Lisboa, a 9 de Agosto.

O território português presenciou eventos importantes para a história da

Aeronáutica. Em 1709, Bartolomeu Lourenço de Gusmão faz subir a Passarola, um aeróstato de cujas características técnicas se tem um conhecimento escasso, de sua invenção, lançando-o do Castelo de S. Jorge. Este balão aterrou no terreiro da Casa da Em 1922 deu-se a primeira travessia do Atlântico Sul. Iniciada em Lisboa, às 16:30h no dia 30 de Março, com Sacadura Cabral como piloto e Gago Coutinho como navegador. Este último teve um papel importante na aeronáutica pois criou um horizonte artificial adaptado a um sextante para medir a altura dos astros, revolucionando a navegação aérea na altura. Este mesmo dispositivo foi empregue na viagem de 1922. Foi necessário, para preparar esta viagem, um período de 79 dias, mas a viagem propriamente dita consumiu apenas 62 horas e 26 minutos, no qual foram percorridos 8383 km.

Na década de 1990 a 2000, Portugal estaria em vias de aderir à União Europeia. Com a intenção de alargar os conhecimentos disseminados a nível nacional, criaram-se a Licenciatura em Engenharia Aeroespacial (no Instituto Superior Técnico, Lisboa) e a Licenciatura em Engenharia Aeronáutica (Universidade da Beira Interior, Covilhã).

A partir de 2000, Portugal passa a fazer parte da European Space Agency (ESA), o que viria a contribuir decisivamente para o “nascimento” e “crescimento” de um cluster aeronáutico português. Cerca de 30 empresas foram criadas com o propósito de desenvolver tecnologias na disciplina aeroespacial (inclui voos para além da atmosfera terrestre). Portugal participa em todos os principais programas da ESA (como as Telecomunicações e Aplicações Integradas e o Galileo) e mil projetos foram levados a cabo em colaboração com universidades, num investimento global de mais de 100 milhões de euros, apenas nesta última década.

Nos últimos anos, Portugal tem conseguido envolver-se em projetos de grande calibre e importância a nível de mercado mundial, como o desenvolvimento do KC-390 (Fig.3) com a Embraer. Este projeto poderá potencialmente ter grande impacto na importância do território português no mercado aeronáutico. Mas este não é o único grande projeto que Portugal tem apresentado no mercado internacional, e é sobre mais destes projetos que iremos falar nas próximas secções.

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 8/20

3. Volume de Negócios A vertente do negócio também caminha pelos céus. Ainda que pouco

consistente em Portugal, a indústria aeronáutica visa um tratamento económico promissor e de futuro alçado. No entanto, não existem muitas grandes empresas fabricantes a nível mundial e a tecnologia utilizada nesta indústria é da mais sofisticada. A Embraer é um exemplo de uma grande empresa.

A Embraer, com cerca de 42 anos de história, é uma das maiores empresas aeroespaciais do mundo e designa, mormente, como principais funções, o processo, o desenvolvimento, a fabricação, a venda e o suporte pós-venda de aeronaves. Distribuída pelos 5 continentes, carimba a sua identidade, através de duas novas unidades industriais, em Portugal, na capital alentejana e, com uma participação gradual, regista um crescimento de 5% entre 2009 e 2010. Ainda no final desse ano, a Embraer Defesa e Segurança acumulava já uma carteira de pedidos de quase 2500 milhões de euros.

Como pequeno relacionamento e parceria nacionais com esta grande empresa, a OGMA é dedicada mais à parte componente da estrutura aeronáutica. Em 2012, esta pequena empresa registou uma eficaz taxa de exportação a rondar os 94%, posicionando-se na vanguarda da exportação nacional. Dedicada à manutenção e fabricação de componentes de aviação desde 1918, a pequena empresa de Alverca obteve um lucro de quase 11 milhões de euros nesse ano, a exceder 300 mil euros o ano anterior, que já registava um aumento nas receitas fiscais com as oficinas de manutenção, representando parte integrante das receitas globais.

Apesar de todas as perspectivas ambicionadas positivamente neste decorrer, a OGMA sofreu uma descida dos lucros em 2012 que rondava os 13%.

Tabela 1

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 9/20

3.1 Impacto na Economia Nacional A indústria aeronáutica é considerada uma indústria bastante lucrativa, tanto

para o sector aeronáutico como para o crescimento económico dos países que a desenvolvem. Assim sendo, a indústria aeronáutica é alvo de investimento por parte de várias empresas internacionais.

O sector aeronáutico com maior representatividade em termos económicos é sem dúvida os Estados Unidos da América (EUA). As empresas (EUA) lideram o mercado aeroespacial no mundo, tendo pelo menos sete grandes construtoras. Para além dos EUA, a indústria aeronáutica também está fortemente explorada na europa, nomeadamente na França, Itália e na Alemanha. Apesar de em menos dimensão, a indústria aeronáutica também está representada no Canadá, no Brasil e na Ásia.

Embora o sector aeronáutico seja uma industria em constante transformação, o seu mercado mantem-se constante. Ou seja, a indústria aeronáutica é composta por 2 mercados distintos mas que se complementam entre si, são eles: O mercado civil e o mercado militar.

A maioria das empresas portuguesas que trabalham para a Aeronáutica têm como base nuclear de trabalho indústrias de mais fácil acesso mercantil, como a automóvel ou a alimentar. Isto, juntamente com o facto de haver pouca especialização no produto propriamente dito e um foco maior no processo leva a que Portugal trate a aeronáutica mais como um mercado do que propriamente uma indústria. Isto tem nexo, visto que permite às empresas portuguesas abranger no seu desenvolvimento tecnológico uma maior quantidade de áreas de forma mais rápida e eficaz.

Mesmo as empresas especializadas em processo têm uma maior ligação com a indústria automóvel, por motivos de acesso à economia internacional, mais uma vez.

As empresas que produzem software ligadas a esta indústria estão, na sua maioria, a desenvolver projetos de foco aeroespacial para a European Space Agency. Infelizmente, o investimento do estado neste sector não é suficiente para que se consigam produzir sistemas ou componentes espaciais em território nacional.

Pela indústria aeronáutica estar relacionada com projetos de valor acrescentado,

por uma alta densidade tecnológica, encargos em atividades de investigação e desenvolvimento (I D) e por utilizar recursos humanos altamente qualificados, exige um investimento financeiro demasiado alto para a conjuntura económica que Portugal tem vivido.

Portugal atualmente está atravessar uma grande crise socioeconómica e política com consequências a nível de todo o tipo de indústrias. Esta recessão na qual Portugal se encontra tem afetado significativamente a implementação e desenvolvimento de diversos setores, onde a aeronáutica não é exceção. Por conseguinte, a indústria aeronáutica em Portugal é ainda uma indústria muito pouco desenvolvida comparativamente com alguns países da europa.

Porém, como o impacto económico gerado pelo desenvolvimento do setor é bastante promissor para a economia do país, Portugal também já deu alguns

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 10/20

passos, no sentido de fazer de implementar a indústria aeronáutica. Na realidade, como podemos observar no quadro 1, o desenvolvimento da aeronáutica em solo português é extremamente pequeno. Portugal situa-se consideravelmente abaixo da

média da União Europeia com apenas 0.04% da população envolvida diretamente no setor, cerca de um terço do valor médio. Enquanto países como o Reino Unido (com 0.27%), França (com 0.17%) e Suécia (com 0.16%) considerados como fortemente desenvolvidos no setor. (Tabela 2)

Tabela 2

Fonte: Adaptado de AECMA, Julho 2000 Tabela 3

Fonte: J. Niosi, M. Zhegu, “Aerospace clusters: local or global knowledge spillovers?”, Industry and

Innovation, 12(1), pp.5–29, 2005

Pelos números apresentados na tabela 2 e 3, podemos deduzir que os

horizontes da aeronáutica em Portugal são bastante limitados. Contudo, é de

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 11/20

referir que Portugal detém três grandes empresas: a OGMA, a TAP ME e a Embraer. Há também em ação várias PME’s.

A OGMA é uma empresa de atividade aeronáutica em Portugal que desde

1918 está instalada em Alverca (detida em 65% pela Embraer e 35% pelo estado português). A empresa dedica maioritariamente a sua atividade (cerca de 75%) à fabricação e à manutenção de aeronaves. Os restantes 25% da atividade são dedicados à fabricação de componentes. É uma empresa qualificada, tanto no mercado do avião civil como no militar. A empresa possui cerca de 1600 trabalhadores e em 2009 conseguiu lucros a rondar os 12.2 milhões de euros (mais 10.2% que no ano anterior).

A TAP Manutenção e Engenharia (TAP M&E) com cerca de 2000 trabalhadores dedica-se só e exclusivamente à manutenção de aviões militares e civis trabalhando com grandes marcas internacionais, como a Airbus. Já recebeu diversos certificados de excelência num mercado extremamente exigente e em 2010 conseguiu atingir um lucro de 89 milhões de euros.

A Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) dedica-se ao fabrico de aviões comerciais, executivos, agrícolas e militares. Está sediada na cidade no interior do estado de São Paulo Com diversas unidades no exterior do país, inclusive em Portugal. É de realçar que é a terceira maior empresa de aviões comerciais do mundo, atrás da Boeing e da Airbus. Recentemente, a empresa brasileira investiu cerca de 177 milhões de euros na construção de duas fábricas no distrito de Évora. Enquanto uma empresa investe na construção de estruturas metálicas, como por exemplo as asas dos aviões, a outra empresa, é especializada em materiais de compósitos

Apesar destas três grandes empresas serem uma grande ajuda para o desenvolvimento do setor aeronáutico em Portugal, não são no entanto, capazes de atingir um volume de negócios superior a 400 milhões de euros. Logo, os lucros são significadamente abaixo dos 1000 milhões de euros que seria esperado de uma indústria com a dimensão do nosso país.

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 12/20

3.2 Empresas de (ou relacionadas com) Aeronáutica em Portugal

3.2.1 OGMA Originalmente chamada de Oficinas Gerais de Material Aeronáutico, foi fundada

em 1918. Sediada em Alverca, a aproximadamente 15 km para Norte de Lisboa, é uma empresa dedicada à manutenção de aeronaves e motores das mesmas, assim como à produção de componentes aeronáuticas, entre outras. A OGMA é detida em 65% pela Embraer e em 35% pelo estado português.

3.2.2 Dyn’aero A Dyn’aero chegou a Portugal em Setembro de 2001, apelidade de Dyn’aero

Ibérica, associando-se primeiro à Motorávia para produzir componentes para o TopSecret Hangglider, desenvolvido pela Dyn’aero e La Mouette. Os objetivos desta companhia são a produção de componentes e a montagem inicial das aeronaves MCR01 e MCR 4S.

Localizada em Ponte de Sor, nas instalações da Motorávia, a Dyn’Aero começou as suas atividades com apoio de técnicos enviados pela Dyn’aero França, que prepararam a primeira equipa portuguesa.

3.2.3 CEIIA A CEIIA é uma entidade privada que associa as principais associações

portuguesas, universidades técnicas, centros de R&D, fornecedores e agências públicas das indústrias automóvel e aeronáutica. As atividades de engenharia na CEIIA lidam com a indústria automóvel e aeronáutica, com desenvolvimento de produto integrado para as indústrias móveis, atuando no design, estilização e prototipagem e testes funcionais. A área de mobilidade e automatização na CEIIA tem o seu objetivo principal na conceção e desenvolvimento de um conjunto integrado de projetos focados na industrialização e marketing de novos produtos e serviços.

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 13/20

3.2.4 FAP A Força Aérea Portuguesa (FAP) é parte integrante do sistema de forças

nacional e tem por missão cooperar, de forma integrada, na defesa militar da República, através da realização de operações aéreas, e na defesa aérea do espaço nacional. Compete-lhe, ainda, satisfazer missões no âmbito dos compromissos internacionais.

A FAP foi criada em 1 de julho de 1952, constituindo-se como ramo independente, em paralelo com a Marinha e Exército, integrando as aviações incorporadas naqueles ramos.

3.2.5 TAP A operar desde 1945, tem o seu Hub em Lisboa, plataforma privilegiada de

acesso na Europa, na encruzilhada com África, América do Norte e do Sul. A Rede da TAP, líder na operação entre a Europa e o Brasil, cobre 75 destinos em 34 países a nível mundial. Operando em média mais de 2.250 voos por semana, a TAP dispõe de uma moderna frota de 55 aviões de fabrico Airbus, mais 16 ao serviço da PGA, a sua companhia regional, totalizando 71 aeronaves. Prosseguindo uma orientação prioritariamente direcionada para o Cliente, a TAP investe continuamente em inovação e na utilização das Novas Tecnologias, oferecendo um produto e serviços de elevada qualidade, segurança e fiabilidade. A TAP pretende tornar-se, cada vez mais, numa companhia aérea de referência na cena internacional, aproveitando todas as oportunidades de negócio dos mercados em que compete e diferenciando-se pela sua eficiência operacional e qualidade de serviços.

3.2.6 Critical Software A Critical Software é uma companhia portuguesa privada operando em Portugal,

Estados-Unidos, Reino Unido, Brasil, Angola, Moçambique e Singapura, e trabalhando em vários mercados distintos, incluindo transporte, energia, defesa, espaço e aeronáutica.

Foi capaz de competir nos mercados mais maduro, ultrapassando barreiras de entrada e consolidando a sua presança demonstrando excelência numa aproximação que dá mais foco ao cliente no negócio. As suas localizações geográficas permitiram à Critical Software acesso a um mercado global e uma cultura multinacional que teve um papel relevante em apoiar a companhia a penetrar em mercados em todo o mundo.

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 14/20

3.2.7 TEKEVER

O grupo TEKEVER desenvolve tecnologias inovadoras para vários sectores, entre os quais o sector Aeroespacial. Tem sedes na Europa, Ásia e América (Sul e Norte), focadas na criação, desenvolvimento e distribuição de tecnologias e produtos, apoio a parceiros e serviços a clientes em todo o globo. A divisão Aeroespacial, de Defesa e Segurança contribui para a modernização e evolução destes mercados, desenvolvendo e entregando tecnologia e produtos que melhoram a qualidade de comunicação, informação e capacidade de execução dentro de uma companhia.

3.2.8 Altran Technologies, SA É uma firma global de consulta fundada em 1982 em França. A Altran opera

primariamente em tecnologia de ponta e inovação de consultadoria. Como projetos mais laterais, também trabalha em consultadoria administrativa e informativa, assim como estratégias de gestão. Em Portugal o Grupo está presente desde 1998, tendo-se consolidado a marca Altran em 2009. Há 14 anos que trabalhamos com os nossos clientes concretizando projetos e respondendo aos desafios do mercado.

3.2.9 Embraer Fundada em 1969 a empresa Embraer, que atualmente detêm cerca de 65 % do

passe da empresa portuguesa OGMA, está na terceira posição mundial do setor, concorrendo diretamente com a Airbus e com a Boeing. A Embraer está encarregue de produzir aeronaves civis, militares e executivas, assim como disponibilizar toda uma série de serviços aeronáuticos. Em Évora, nas fábricas da Embraer, iniciaram-se recentemente vários projetos de entre os quais a construção de peças para os aviões Embraer 190, Embraer 170 e Legacy 650.

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 15/20

4. Perspetivas de Futuro

4.1 Um esforço de consciencialização Especialistas na área, como Rui Marcelino, presidente da PEMAS, e José

Augusto Felício, professor universitário no Instituto Superior de Engenharia do Porto, argumentam que um dos grandes estorvos ao crescimento da indústria aeronáutica portuguesa é a falta de um investimento claro do governo português em criar um plano de desenvolvimento estruturado, interligado e organizado que leve ao aproveitamento máximo das condições geográficas e profissionais que Portugal já tem. Acreditam que se deveria fazer uma aposta nas especializações portuguesas que competem com o topo global assim como criar um cluster bem organizado de empresas aproveitando a concentração de estruturas dedicadas à indústria, incluindo as fábricas da Embraer em Évora. Portugal teria, com as apostas certas, potencial para se tornar uma das grandes potências na Europa no que toca ao comércio aeronáutico.

O objetivo é que a aposta na aeronáutica seja “uma aposta estratégica do Estado português e faça parte da chamada campanha de reindustrialização que se está a pensar neste momento em Portugal” (Jacinto Bettencourt, entrevista para o Público, 20/06/2013)

Uma oportunidade potencialmente decisiva para o crescimento de Portugal neste sector foi a parceria entre a OGMA e a Embraer, um dos gigantes globais a trabalhar em aeronáutica, para desenvolver o novo avião militar KC-390. Esta parceria levou à criação de duas fábricas da Embraer em Portugal, e este será o ponto principal de manutenção do novo avião na Europa. A oportunidade gerada por este negócio é fenomenal.

“É um programa de desenvolvimento da maior aeronave que alguma vez a Embraer desenvolveu, uma aeronave militar na qual Portugal participa em várias áreas: sistemas e software, engenharia e desenvolvimento, certificação e testes e na produção de ferramentas.” (Jacinto Bettencourt , entrevista para o Público, 20/06/2013)n

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 16/20

4.2 Uso de novos materiais A tecnologia utilizada na aeronáutica, no que toca a engenharia, caracteriza-se

por ser pormenorizada e minuciosa. Sendo que a nível comercial, a indústria envolve um grande número de pessoas, todos os dias, quer passageiros quer tripulantes, todos os aspetos de um avião têm de ser pensados ao pormenor, vistos e revistos para que não se ponham vidas em risco. Com esta pressão, a engenharia por traz da construção de uma aeronave está desenvolvida de maneira a que o veículo seja seguro, barato e eficiente. Os principais desenvolvimentos nesta vertente resumem-se portanto a redução do consumo, consequentemente a redução do impacto ambiental, o desenvolvimento de novos designs e redução dos custos operacionais.

O principal objetivo no desenvolvimento de uma aeronave está desde o início conectado com a redução do peso, pois isto faz com que os preços de produção, o consumo de combustível e o impacto ambiental reduzam. Sendo que está diretamente relacionado com o design da nave, assume-se o fator principal, estando associado a todos os desenvolvimentos referidos anteriormente.

Em termos tecnológicos, apesar da conceção de novos métodos de processamento, novos materiais e estruturas ser conservador neste sector, devido aos altos requisitos de segurança, Portugal não está desatualizado do resto do mundo, possuindo toda tecnologia associada com esta indústria.

Em termos de materiais, a estrutura de uma aeronave tradicional seria concessionada em alumínio. Contudo, hoje em dia existe uma tendência para o uso de compósitos na estrutura dos aviões comerciais, apesar de não haver total consenso em comparação com o alumínio, a nível de densidade, propriedades de fadiga e custos de produção. O Airbus A350WXB e o Boeing 787 são exemplos do uso destes novos materiais. Este é, portanto, o desenvolvimento mais significativo em termos tecnológicos, quer na indústria nacional, quer na internacional.

Para concluir, o uso destes novos matérias, apesar de estar a decorrer neste sector, mundialmente, ainda está a ser estudado, sendo que ainda hoje as propriedades dos matérias não são completamente compreendidas. Por fim, pode afirmar-se que Portugal não fica atrás de nenhum outro país no seu desenvolvimento na indústria aeronáutico, tendo como principal fator limitante o tamanho desta e da sua economia associada.

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 17/20

4.3 Portugal em projectos internacionais actuais 4.3.1 KC-390 Cerca de 4,5% da aeronave será produzida em Portugal. Visto que é a maior

aeronave produzida pela Embraer até à data, o facto de Portugal ter uma participação significativa em várias áreas do seu desenvolvimento (“sistemas e software, engenharia e desenvolvimento, certificação e testes e na produção de ferramentas” Jacinto Bettencourt) é um passo importante na afirmação de Portugal como capaz internacionalmente na produção de aeronaves. A EEA foi designada, neste projeto, como entidade gestora dos vários interesses e empresas para conseguir responder às necessidades tecnológicas do novo avião. A EEA, juntamente com a CEIIA, faz o projeto e cálculo de três elementos da máquina: o leme de profundidade, a barriga do avião e a fuselagem central. Estes três elementos são depois fabricados pela OGMA (Fig.6), que para o efeito, subcontrata outras empresas especializadas em tarefas menores como o fabrico de ferramentas.

“Na prática tudo isto se traduz em exportações de produtos de alto valor acrescentado”, afirmou Jacinto Bettencourt, considerando que é necessário “mostrar uma grande coesão da indústria, que as empresas, que não são grandes empresas, estão unidas em consórcios complementares, com uma liderança disciplinadora e vertical, da EEA e de outras empresas que sabem liderar produtos nesta área, que há apoio político e formas de financiamento criativas”. 4.3.2 Projecto Pitvant O projeto Pitvant originou como uma proposta do I&T em 2007, como exigência do Ministério de Defesa Nacional, e consiste num plano para produzir VANT’s ( fig.4) 100% portugueses. Venceu o concurso, concorrendo contra outras 14 propostas, e sendo considerado como altamente relevante, foi financiado em 2 milhões de euros distribuídos pela duração do projeto de 7 anos.

O projeto iniciou o seu desenvolvimento a 24 de Novembro de 2008, sendo levado a cabo por uma colaboração de entidades: a Academia da Força Aérea e a Universidade do Porto. Conta ainda com apoio da Universidade da Califórnia em Berkeley, da Universidade das Forças Armadas de Munique, da Agência de Defesa Sueca, da Honeywell (empresa norte-americana de aeronáutica) e da Embraer.´

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 18/20

4.3.3 Projecto Sherloc Este projeto iniciou-se em Setembro de 2012, desenvolvido pela Critical Material

S.A. (empresa líder), a CEIIA e a FAP, com a OGMA como parceiro estratégico. Consiste na pesquisa, desenvolvimento e depois teste funcional de ferramentas avançadas para diagnóstico da integridade estrutural de componentes de aeronaves de asa rotativa, em materiais compósitos.

Este projeto foi alvo de um investimento no montante rondando os 774 mil euros, com cofinanciamento de 435 mil euros pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, no âmbito do COMPETE – Programa Operacional Fatores de Competitividade.

Para poder concretizar os objetivos deste projeto, é necessário recorrer à cooperação entre as várias entidades cujas competências são complementares, desde a CEIIA e a FAP aos vários intervenientes na indústria, com papéis que visam a inspeção e manutenção (OGMA), o fornecimento de tecnologia (CMT) e o teste por utilizadores (FAP).

4.3.4 AR4 Light Ray Ao ser o primeiro UAV totalmente autónomo a ser exibido no Farnborough International Air Show, o AR4 Light Ray (Fig.4), da Tekever, atraiu a atenção de clientes, parceiros, representantes governamentais e órgãos de comunicação social ao longo de uma semana.

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 19/20

5. Conclusão Portugal sofre um pouco na área da aeronáutica, visto não ter uma grande

dimensão territorial ou populacional, mas este trabalho leva-nos a crer que poderá vir a ter especializações de destaque no futuro. É uma área jovem, com muito potencial ainda, e cheia de oportunidades. Seria importante um maior investimento português no sector, mas este investimento poderia ser altamente benéfico para todo o país. Dito isto, é improvável que algum dia sejamos um dos “gigantes” europeus, mas um grande salto seria possível.

Relatório Projecto FEUP – A indústria aeronáutica em Portugal 20/20

Referências bibliográficas http://www.iapmei.pt/resources/download/bim/diagnostico_aeronautica_doc14.pdf http://www.youtube.com/watch?v=FIPGYgcp6Yk http://www.youtube.com/watch?v=Vlsi0Vc8ipc http://www.youtube.com/watch?v=0kS4efPQMJU http://www.youtube.com/watch?v=kR4J-LRJ4Xc http://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria_aeroespacial_em_Portugal http://en.wikipedia.org/wiki/Aeronautics https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/641/1/A%20ind%C3%BAstria%20aeroes

pacial%20em%20Portugal.PDF http://www.publico.pt/economia/noticia/quase-metade-do-aviao-kc390-da-embraer-e-

produzido-em-portugal-1597863 http://economico.sapo.pt/noticias/aicep-promove-criacao-de-um-cluster-aeronautico-em-

portugal_6529.html http://umonline.uminho.pt/ModuleLeft.aspx?mdl=~/Modules/Clipping/NoticiaView.ascx&It

emID=74225&Mid=111&lang=pt-PT&pageid=1&tabid=0 http://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CC8QFjAA&

url=http%3A%2F%2Fwww.repository.utl.pt%2Fbitstream%2F10400.5%2F641%2F1%2FA%2520ind%25C3%25BAstria%2520aeroespacial%2520em%2520Portugal.PDF&ei=zTpoUuiWFYaQhQeR2YHQBQ&usg=AFQjCNHfJrvEmQ4AMwB-pNZ1ev6qoeunUg&sig2=JxfIPfLKl7_WCHeVfW58ag&bvm=bv.55123115,d.Yms