tÍtulo: a tendÊncia antissocial na perspectiva...
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TÍTULO: A TENDÊNCIA ANTISSOCIAL NA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA WINNICOTIANATÍTULO:
CATEGORIA: EM ANDAMENTOCATEGORIA:
ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAISÁREA:
SUBÁREA: PSICOLOGIASUBÁREA:
INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIAINSTITUIÇÃO:
AUTOR(ES): LARISSA OSETE SOUZAAUTOR(ES):
ORIENTADOR(ES): SILVIA DO CARMO PATTARELLIORIENTADOR(ES):
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A TENDÊNCIA ANTISSOCIAL NA PERSPECTIVA PSICANÁLITICA
WINNICOTIANA
1.RESUMO
O ato infracional pode ser compreendido a partir dos estudos de Winnicott sobre
uma nova perspectiva. Essa conduta vincula-se ao conceito de tendência
antissocial, em que ocorre uma falha significativa no ambiente, levando o indivíduo a
exigir do meio a provisão necessária para dar continuidade ao seu desenvolvimento.
Sendo assim, torna-se necessário um tratamento diferenciado, no qual o manejo do
setting pressupõe a importância do cuidado e da estabilidade. Desse modo, o
presente estudo aborda a Tendência Antissocial na visão Winnicotiana e a partir
disso será proposto uma possibilidade de intervenção junto aos adolescentes que
cumprem medida socioeducativa na casa de semiliberdade de Londrina-PR
PALAVRAS-CHAVE: tendência antissocial, adolescência, desenvolvimento.
2. INTRODUÇÃO
Cotidianamente observamos na mídia notícias sobre infrações
cometidas por adolescentes, a discussão quanto à repercussão social destes atos
adentra os mais diversos contextos e, assim, fomentam o debate acadêmico sobre o
tema. D.W. Winnicott contribuiu para a compreensão desta temática, em seu
trabalho como Pediatra e Psicanalista associou a origem da Tendência Antissocial
as falhas ocorridas durante o processo de desenvolvimento emocional, na qual
ocorre a perda de uma experiência que havia sido positiva na vida da criança
(WINNICOTT, 1999). Dessa forma, busca-se analisar sobre a perspectiva
psicanalítica Winnicotiana o comportamento antissocial e uma possibilidade de
intervenção junto aos adolescentes que se encontram em conflito com a lei.
3. OBJETIVOS
O presente trabalho busca analisar a subjetividade do adolescente
em conflito com a lei, elucidando as possíveis falhas que ocorreram durante o
processo de desenvolvimento e culminaram para a tendência antissocial. Tendo
como base a teoria de Winnicott (1999), será proposto uma possibilidade de
intervenção junto aos adolescentes que cumprem medida socioeducativa na casa de
semiliberdade de Londrina-PR.
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4. METODOLOGIA
O estudo realizado tem como suporte metodológico a pesquisa
social e bibliográfica. Fachin (2005) explica que a pesquisa social se detém ao
contexto onde é detectado um fato social, para assim propor explicações, utilizando
métodos e técnicas específicas. No projeto de pesquisa “A subjetividade do
adolescente contemporâneo em conflito com a lei: A clínica psicanalítica
diferenciada” realizado na casa de semiliberdade de Londrina, os encontros
acontecem semanalmente, os estagiários de Psicologia vão até a casa de
semiliberdade e realizam atividades com duração de 1h30min, são oferecidas
oficinas de culinária, artesanato, confecção de pipa, atividades esportivas, rodas de
conversa e filme para aproximadamente 18 adolescentes do sexo masculino entre
13 anos incompletos e 18 anos completos.
5. DESENVOLVIMENTO
A origem da Tendência Antissocial e da delinquência para Winnicott
(1999) estava na deprivação, isto é, na perda de algo que havia sido positivo na
experiência da criança e por algum motivo lhe foi retirado. Essa perda ocorre em
uma fase específica do desenvolvimento, denominada dependência relativa, nesse
período, a criança consegue ter uma percepção da mãe, uma noção de estar sendo
cuidada, pode discriminar entre o eu e não-eu, contudo, essa retirada é uma falha
que se estende por um período maior do que aquele que a criança pode manter viva
a recordação da experiência boa.
Diante disso, Winnicott (1999) explica que se busca por meio do
comportamento antissocial receber novamente os cuidados iniciais. Vale ressaltar
que a tendência antissocial difere da delinquência, a primeira é concebida como um
sinal de esperança, nesta fase, cabe ao ambiente suportar os ataques agressivos e
possibilitar a reparação do mesmo, deste modo, ocorre o contato com o trauma
inicial e é possível uma ressignificação da experiência de deprivação, caso, o
ambiente não atenda esse pedido poderá ocorrer a delinquência, neste ponto, as
defesas já estão estabelecidas, tornando difícil o contato com o trauma inicial.
Partindo da hipótese, que na Tendência Antissocial há uma tentativa
de reaver o cuidado perdido, o ambiente, como sugere Winnicott (1999) passa a
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ocupar o aspecto central do tratamento, pois, o paciente em um ato de esperança,
convoca alguém a encarregar-se de seus cuidados. O trabalho, neste sentido, visa
administrar, tolerar e compreender. Sendo assim, o tratamento da tendência
antissocial não é a Psicanálise, mas o suporte de um ambiente que favoreça a
expressão dos impulsos e possa ser testado e sobreviver.
O terapeuta, ao conter os impulsos do paciente, manter a
regularidade e estabilidade do ambiente, exerce o holding, função inicialmente
realizada pela mãe. Portanto, nessa perspectiva, o setting, é uma metáfora dos
cuidados maternos. O projeto de pesquisa “A subjetividade do adolescente
contemporâneo em conflito com a lei: a clínica psicanalítica diferenciada” busca
oferecer aos adolescentes que cumprem medida socioeducativa na casa de
semiliberdade de Londrina, um ambiente facilitador, no qual suas experiências
possam ser valorizadas e ouvidas. A estabilidade do setting é mantida na
regularidade dos encontros.
6. RESULTADOS PRELIMINARES
Como aponta Fachin (2006) a ciência moderna, especialmente, a
ciência social é um processo inacabado, em constante evolução, portanto, os
resultados apresentados não buscam restringir o assunto, mas propor um diálogo
possível. Sendo assim, por meio do estudo realizado e da experiência com os
adolescentes que cumprem medida socioeducativa, observa-se a importância de um
ambiente que favoreça o desenvolvimento, atendendo as necessidades físicas e
psíquicas do sujeito em crescimento. No caso dos adolescentes que cumprem
medida socioeducativa, a formação de vínculo é dificultada pelas constantes
evasões, contudo, quando ocorre a formação de vínculo com a equipe passam a
compartilhar suas vivências, assim, torna-se possível a construção de um ambiente
facilitador, que possa ser testado e explorado.
7. FONTES CONSULTADAS
FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. São Paulo: Saraiva, 2006. 209 p.
WINNICOTT, D. W. Privação e delinquência. São Paulo: Martins Fonte. 1999.
322p.