transtornos de comportamento antissocial

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UNIVERSIDADE XXXXXXXXXXXXXXX CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS CURSO DE PSICOLOGIA TEMA: TRANSTORNOS DE COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL ALUNO: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX ORIENTADORA: XXXXXXXXXXXXXXXXX 1. INTRODUÇÃO O transtorno de personalidade anti-social (TPAS) é um diagnóstico operacional proposto pelo Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-IV, APA, 1994), com a finalidade de melhorar sua confiabilidade diagnóstica por meio da definição de comportamentos observáveis e da personalidade subjacente inferida. O desenvolvimento do Psychopathy Check List Revised (PCL-R; Hare, 1991) foi um passo importante para a identificação de características-chave do TPAS. A análise fatorial dos itens do PCL-R sugere a ocorrência de dois grupos principais de sintomas. Os itens agrupados no fator I refletem as anormalidades de relacionamentos interpessoais, incluindo falta de empatia e de sentimentos de culpa e outros comportamentos relacionados, como mentir, trapacear e manipular. Os itens componentes do fator II referem-se à dificuldade em adaptar-se às normas sociais e à impulsividade (Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Uma característica essencial do TPAS é a impulsividade, que poderia ser definida como uma tendência para escolhas de comportamentos que são arriscados, mal adaptados, pobremente planejados e prematuramente executados (Evenden, 1999; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A impulsividade pode se expressar de diferentes maneiras, que vão desde a incapacidade de planejar o futuro, com o favorecimento de escolhas que proporcionem satisfação imediata e sem levar em conta as conseqüências 1

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Page 1: Transtornos de comportamento antissocial

UNIVERSIDADE XXXXXXXXXXXXXXX

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS

CURSO DE PSICOLOGIA

TEMA: TRANSTORNOS DE COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL

ALUNO: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

ORIENTADORA: XXXXXXXXXXXXXXXXX

1. INTRODUÇÃO

O transtorno de personalidade anti-social (TPAS) é um diagnóstico operacional

proposto pelo Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais

(DSM-IV, APA, 1994), com a finalidade de melhorar sua confiabilidade

diagnóstica por meio da definição de comportamentos observáveis e da

personalidade subjacente inferida. O desenvolvimento do Psychopathy Check

List Revised (PCL-R; Hare, 1991) foi um passo importante para a identificação

de características-chave do TPAS. A análise fatorial dos itens do PCL-R

sugere a ocorrência de dois grupos principais de sintomas. Os itens agrupados

no fator I refletem as anormalidades de relacionamentos interpessoais,

incluindo falta de empatia e de sentimentos de culpa e outros comportamentos

relacionados, como mentir, trapacear e manipular. Os itens componentes do

fator II referem-se à dificuldade em adaptar-se às normas sociais e à

impulsividade (Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).

Uma característica essencial do TPAS é a impulsividade, que poderia ser

definida como uma tendência para escolhas de comportamentos que são

arriscados, mal adaptados, pobremente planejados e prematuramente

executados (Evenden, 1999; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A

impulsividade pode se expressar de diferentes maneiras, que vão desde a

incapacidade de planejar o futuro, com o favorecimento de escolhas que

proporcionem satisfação imediata e sem levar em conta as conseqüências

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Page 2: Transtornos de comportamento antissocial

para si e para os outros, até a ocorrência de comportamento violento ou

agressivo (Del-Bem, Cristina Marta, 2005).

Com relação ao comportamento agressivo freqüentemente observado em

pacientes com TPAS, tem sido proposta uma distinção em duas categorias,

baseadas na sua forma de apresentação. A agressividade poderia ser

classificada como afetiva versus predatória (Raine e colaboradores, 1998;

Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005), ou reativa versus operativa (Blair e

colaboradores, 2001; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A

agressividade afetiva ou reativa se manifestaria em resposta a eventos ou

situações que provocassem sentimentos de frustração, raiva ou medo no

indivíduo. Já a agressividade operativa ou predatória seria planejada e

executada de maneira calculada para se atingir um objetivo claramente

específico. A justificativa para a diferenciação do comportamento agressivo em

duas categorias é a hipótese de que essas manifestações comportamentais

seriam processadas por substratos neurais distintos (Raine e colaboradores,

1998; Blair e colaboradores, 2001; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta,

2005).

Os estudos epidemiológicos mostram que o TPAS é comum, com 2% a 3% de

risco durante a vida, causando sofrimento social significativo, como

desagregação familiar, criminalidade e violência (Robins e colaboradores,

1991; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Como seria de se esperar,

a prevalência é significativamente maior em instituições destinadas a infratores

que em estudos à comunidade. Cerca de metade dos prisioneiros nos EUA

preenche os critérios do DSM-IV para TPAS (Singleton e colaboradores, 1998;

Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005), e a prevalência entre pacientes

de hospital psiquiátrico de segurança máxima ficaria em torno de 40% (Coid e

Cordess, 1992; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).

A comorbidade com outros transtornos de personalidade, especialmente o

transtorno de personalidade borderline (TPB), é bastante comum. A

apresentação clínica do TPB, baseada em critérios diagnósticos politéticos

(DSM-IV, APA, 1994) é bastante heterogênea, mas as suas dimensões

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Page 3: Transtornos de comportamento antissocial

centrais seriam refletidas por três fatores: dificuldades de relacionamento

interpessoal, instabilidade afetiva ou emocional e impulsividade (Clarkin e

colaboradores, 1993; Sanislow e colaboradores, 2000; Revistos por Del-Bem,

Cristina Marta, 2005). A falta de controle de impulso é um componente

compartilhado pelos dois transtornos de personalidade em questão, o que

pode dificultar ainda mais o diagnóstico diferencial (Del-Bem, Cristina Marta,

2005).

Sabe-se pouco a respeito das causas do TPAS, mas seria ingenuidade

negligenciar a influência de fatores psicossociais no desenvolvimento de

comportamento anti-social. A ocorrência de eventos estressores nos primeiros

anos de vida, como conflitos entre os pais, abuso físico ou sexual e

institucionalização, tem sido associada ao TPAS (O'Connell, 1998; Cadoret,

1991; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Em uma revisão a

respeito dos fatores de risco para o desenvolvimento de transtorno de conduta

ou de personalidade anti-social, Homes e colaboradores (2001), concluem que

nenhum fator isolado pode ser identificado como agente causal de TPAS, mas

alguns específicos, quando combinados, poderiam predispor ao

desenvolvimento de comportamento anti-social na vida adulta. Entre eles,

estariam incluídos: predisposição genética, exposição intra-uterina a álcool e

drogas, exposição durante a infância à violência, negligência e cuidados

parentais inconsistentes e dificuldades de aprendizagem e desempenho

escolar insatisfatório (Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).

Desde o famoso caso de Phineas Gage, lesões do lobo frontal têm sido

associadas ao desenvolvimento de comportamento anti-social impulsivo. Este

caso é ilustrativo a ponto de justificar uma breve descrição da sua

apresentação clínica: Phineas Gage trabalhava na construção de estradas de

ferro nos Estados Unidos, em meados do século XIX. Era descrito como

equilibrado, meticuloso e persistente quanto aos seus objetivos, além de

profissional responsável e habilidoso. Em um acidente nas explosões de rotina

para abertura de túneis nas rochas da região, Phineas Gage foi atingido por

uma barra de ferro que transpassou seu cérebro, entrando pela face esquerda,

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Page 4: Transtornos de comportamento antissocial

abaixo da órbita, e saindo pelo topo da cabeça. Surpreendentemente, Phineas

Gage permaneceu consciente após o acidente, sobreviveu às esperadas

infecções no seu ferimento e dois meses após o acidente estava recuperado,

sem déficits motores e com linguagem e memória preservadas. A sua

personalidade, no entanto, havia se modificado completamente. Phineas Gage

transformou-se em uma pessoa impaciente, com baixo limiar à frustração,

desrespeitoso com as outras pessoas, incapaz de adequar-se às normais

sociais e de planejar o futuro. Não conseguiu estabelecer vínculos afetivos e

sociais duradouros novamente ou fixar-se em empregos (Damásio, 1994;

Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A partir do infortúnio de Phineas

Gage, relatos de casos e estudos retrospectivos de veteranos de guerra vêm

mostrando a associação entre lesões pré-frontais - mais especificamente

lesões nas porções ventromediais do córtex frontal - e a observação clínica de

comportamento impulsivo, agressividade, jocosidade e inadequação social

(Brower e Price, 2001; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).

"Sociopatia adquirida" é o termo que tem sido freqüentemente utilizado para

descrever a mudança de personalidade observada em decorrência de danos

cerebrais em regiões pré-frontais. Esses dados levaram à sugestão de que um

comprometimento do funcionamento do lobo frontal ventromedial poderia

contribuir para problemas relacionados ao controle de impulso e personalidade

anti-social (Damásio, 2000; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). A

variedade de déficits neuropsicológicos descritos em anti-sociais (Morgan e

Lilienfeld, 2000), estaria em consonância com esta hipótese (Revistos por Del-

Bem, Cristina Marta, 2005).

Os estudos de neuroimagem estrutural com ressonância nuclear magnética

apontam alterações volumétricas do lobo frontal no TPAS. Comparando

pacientes com diagnóstico de TPAS com controles não clínicos, pacientes com

dependência de substâncias psicoativas e pacientes com outros diagnósticos

psiquiátricos, Raine e colaboradores (2000), verificaram que os pacientes com

TPAS apresentavam uma redução do volume da matéria cinzenta pré-frontal e

que esta redução correlacionava-se com uma diminuição da resposta

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Page 5: Transtornos de comportamento antissocial

autonômica a um evento estressor provocado experimentalmente – no caso, a

realização de um discurso ( Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).

A amígdala é outra estrutura que estudos volumétricos tem implicado na

fisiopatogenia do TPAS. Tiihonen e colaboradores (2001), verificaram que o

volume da amígdala correlacionou-se negativamente com os escores do PCL-

R em criminosos violentos. Também foi descrita uma associação entre escores

elevados no PCL-R e reduções bilaterais do volume de hipocampo posterior

em criminosos violentos (Laasko et al., 2001). Esses últimos resultados devem

ser tomados com cuidado, por se tratarem de amostra pequena, com

comorbidade com dependência ao álcool e sem grupo-controle (Revistos por

Del-Bem, Cristina Marta, 2005).

Há ainda indícios do envolvimento de outras estruturas cerebrais na ocorrência

de TPAS. Em um estudo publicado mais recentemente, verificou-se que

pacientes anti-sociais, comparados com controles saudáveis, apresentavam

várias anormalidades no corpo caloso, o que poderia ser considerado como

sugestivo de alterações no neurodesenvolvimento (Raine e colaboradores,

2003; Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).

Os avanços em técnicas de neuroimagem funcional, como tomografia por

emissão de pósitrons (PET), tomografia computadorizada por emissão de fóton

único (SPECT) e ressonância magnética funcional (fMRI), permitiram que as

relações entre região cerebral e diagnóstico específico e/ou processos mentais

específicos fossem exploradas de maneira mais minuciosa (Del-Bem, Cristina

Marta, 2005).

Os estudos com PET (Goyer e colaboradores, 1994; Wong e colaboradores,

1997; Raine e colaboradores, 1994; 1998) e SPECT (Amen e colaboradores,

1996), também indicam o envolvimento de córtex pré-frontal no

comportamento anti-social, com vários estudos demonstrando redução do

metabolismo em regiões frontais (Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).

Em artigo de revisão considerando os artigos publicados de 1966 a 2000,

Bassarath (2001), concluiu que estudos funcionais realizados até aquele

momento (PET e SPECT), permitiam classificar como "robusto" o envolvimento

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Page 6: Transtornos de comportamento antissocial

do córtex pré-frontal, especialmente regiões mediais e laterais, no

comportamento anti-social. Além do lobo frontal, também têm sido descritas

reduções do metabolismo em estruturas subcorticais do sistema límbico (Amen

e colaboradores, 1996), amígdala (Raine e colaboradores, 1997), hipocampo e

núcleo caudado (Soderstrom e colaboradores, 2002; Revistos por Del-Bem,

Cristina Marta, 2005).

Estudos mais recentes, utilizando-se de técnicas de fMRI, também apontam na

direção do envolvimento de regiões pré-frontais e do sistema límbico no TPAS.

Kiehl e colaboradores (2001), demonstraram que criminosos psicopatas,

comparados com criminosos não-psicopatas e controles sãos, apresentavam

uma atenuação da ativação do complexo amígdala-hipocampo, giro

paraipocampal, estriado ventral e giro do cíngulo posterior e anterior durante o

processamento de palavras de valência negativa (Revisto por Del-Bem,

Cristina Marta, 2005).

O comprometimento dos mecanismos envolvidos na aquisição de medo

condicionado também tem sido implicado na fisiopatogenia do TPAS.

Utilizando-se de uma tarefa baseada em teorias do condicionamento clássico

(faces neutras pareadas com odor aversivo), Schneider e colaboradores (2000)

verificaram que pacientes com TPAS não diferiam de controles saudáveis

quanto à aquisição de condicionamento, inferido a partir da observação do

comportamento e medidas subjetivas. No entanto, observou-se que os

pacientes apresentavam um aumento da intensidade de sinal na amígdala e

no córtex pré-frontal dorsolateral, indo em direção oposta aos controles. Os

autores explicaram este resultado argumentando que os pacientes

necessitariam de um esforço adicional para o processamento de emoções

negativas (Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).

A possível necessidade de esforço adicional também foi observada em

pacientes com TPAS e TPB, durante a realização de um paradigma de inibição

de comportamento estabelecido, denominado Go/No-Go. Ativações de córtex

dorsolateral e orbitofrontal, especialmente à direita, durante a inibição

comportamental têm sido consistentemente replicadas em voluntários

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Page 7: Transtornos de comportamento antissocial

saudáveis com esse paradigma. Pacientes com TPAS não diferiram de

controles quanto ao desempenho na tarefa, mas apresentaram ativações mais

extensas, envolvendo inclusive hemisfério esquerdo de córtex frontal medial e

inferior, cíngulo anterior e regiões temporais (Vollm e colaboradores, 2004).

Estes resultados foram explicados como uma estratégia compensatória, ou

seja, o sucesso no desempenho da tarefa dependeria do recrutamento de

áreas cerebrais adicionais (Revisto por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).

Alguns resultados, no entanto, não confirmam a hipótese da necessidade de

esforços compensatórios. Veit e colaboradores (2002), utilizando um

paradigma de condicionamento aversivo bastante semelhante ao descrito

anteriormente (faces pareadas com pressão dolorosa ao invés de odor

aversivo), obtiveram resultados opostos ao previsto pela hipótese. Psicopatas

apresentavam ativações menos pronunciadas e mais breves em córtex

orbitofrontal, ínsula, cíngulo anterior e amígdala, em comparação com

controles saudáveis durante a execução da tarefa (Revisto por Del-Bem,

Cristina Marta, 2005).

Especificamente no TPAS, vários estudos também têm sugerido a ocorrência

de anormalidades no funcionamento serotonérgico, especialmente no caso de

criminosos violentos. A associação entre redução da função serotonérgica (5-

HT) e comportamento agressivo e impulsivo, tem sido demonstrada tanto em

animais (Cherek e Lane, 1999), como em populações com diagnóstico de

personalidade anti-social (Fairbanks e colaboradores, 2001; Dolan e

colaboradores, 2001; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta, 2005).

Criminosos anti-sociais e violentos apresentaram níveis plasmáticos

significativamente mais elevados de triptofano livre que controles saudáveis,

sugerindo um distúrbio do metabolismo de triptofano na fisiopatogenia da

sociopatia (Tiihonen e colaboradores, 2001). Este mesmo grupo de

pesquisadores sugeriu, a partir do estudo do caso de um jovem de 15 anos

com diagnóstico de transtorno de conduta, que os níveis elevados de triptofano

poderiam ser um indicador precoce de comportamento criminoso no futuro

(Virkkunen e colaboradores, 2003; Revistos por Del-Bem, Cristina Marta,

7

Page 8: Transtornos de comportamento antissocial

2005). Outra medida da associação entre prejuízo do funcionamento das vias

serotonérgicas e comportamento anti-social é a diminuição das concentrações

do 5-HIAA no LCR de criminosos impulsivos, demonstrada em diferentes

estudos (Brown e colaboradores, 1982, Soderstrom e colaboradores, 2003;

Constantino e colaboradores, 1997; Coccaro e colaboradores, 1990; Revistos

por Del-Bem, Cristina Marta, 2005). Os baixos níveis de 5-HIAA no LCR

sugeririam que o déficit estaria na liberação de serotonina, mas, por outro lado,

a estimulação direta de receptores pós-sinápticos do tipo 5-HT2, por meio de

desafios farmacológicos, também mostraram respostas alteradas (Del-Bem,

Cristina Marta, 2005).

Recentemente, aplicando o conceito mais amplo de psicopatia e seus

diferentes componentes combinados com um desafio farmacológico com d-

fenfluramina em criminosos violentos, Dolan e Anderson (2003), verificaram

que traços impulsivos de personalidade correlacionavam-se negativamente

com a função serotonérgica, enquanto traços de arrogância correlacionavam-

se positivamente, sendo este último dado interpretado como um possível

componente adaptativo da psicopatia (Revistos por Del-Bem, Cristina Marta,

2005).

No tocante ao estudo de populações forenses heterogêneas, como é,

evidentemente, o caso de "homicidas", considerou-se que instrumentos de

avaliação de personalidade como o HARE PCL-R18, representam necessidade

e também importante avanço, na medida em que esse instrumento foi

desenvolvido, especificamente, para emprego em tais populações (forenses),

ao contrário de outros, como o MMPI, permitindo efetuar uma "depuração"

eficaz nesses grupos.

Uma questão controversa diz respeito à região cerebral onde se localizaram as

disfunções constatadas em populações violentas. Inicialmente, talvez em

função do peso da epilepsia de lobo temporal (ELT) e sua correspondente em

comportamento violento, houve uma tendência a associar violência à disfunção

dos lobos temporais e sistema límbico (Mark VK e Erwin FR,1970; Revistos por

JOZEF, Flavio, SILVA, Jorge Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e

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Page 9: Transtornos de comportamento antissocial

colaboradores, 2000). Em 1974, em revisão da literatura, Goldstein concluiu

pela fragilidade dessa relação. Posteriormente, inclusive, foi indicada uma

maior associação entre crime violento e epilepsia generalizada, comparando-

se com a ELT (Volavka J., 1995; Revistos por JOZEF, Flavio, SILVA, Jorge

Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores, 2000). Em fase

posterior, Spellacy, em 1977, e Yeudall, em 1982, preferiram falar em "perfis

neuropsicológicos anormais" ou "comprometimento na função cerebral",

respectivamente, referindo-se assim às alterações detectadas nas populações

violentas que estudaram, evidenciando uma tendência a apontar a presença

de disfunção cerebral difusa em indivíduos violentos (Revistos por JOZEF,

Flavio, SILVA, Jorge Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores,

2000).

Na década de 90 os estudos tenderam, de forma crescente, a se voltar para o

lobo frontal e hemisfério cerebral esquerdo e para a correlação de suas

disfunções com comportamento violento (JOZEF, Flavio, SILVA, Jorge Adelino

R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores, 2000).

A atividade dos lobos frontais envolve o controle e a regulação do

comportamento, bem como a aptidão para formar e manter um plano de ação

ou, ainda, alterá-lo de forma adequada quando já em execução. Pontius &

Yudowitz, em 1980, postularam que criminosos violentos sofreriam de

comprometimento na capacidade de alterar ações já iniciadas, o que os levaria

a situações de risco no tocante à violência. No estudo que efetuaram com

"adultos jovens criminosos", empregando o Trail Making Test-B (TMT-B),

encontraram indicações de disfunção frontal em 33% dos indivíduos. Volkow &

Tancredi, em 1987, avaliaram a atividade cerebral de quatro "pacientes

psiquiátricos violentos", empregando o PET, TCC e EEG; apontando a

presença de disfunção em córtex frontal em dois e temporal em todos.

Yeudall,1982, referiu sinais de comprometimento em região fronto-temporal

anterior de hemisfério cerebral não-dominante, chamando a atenção para as

marcantes diferenças entre delinqüentes e grupo-controle. Raine e

colaboradores descreveram, em 1996, a presença de hipometabolismo em

9

Page 10: Transtornos de comportamento antissocial

lobo frontal nos "homicidas insanos" que estudaram com emprego do PET.

Lishman, 1968, examinando pacientes com história de TCE e lesões cerebrais,

encontrou comportamento criminal ou anormalidades sexuais apenas

associados a lesões frontais. Heinrichs, em 1989, examinando pacientes

neuropsiquiátricos crônicos com comportamento violento, com o emprego de

TCC, referiu a presença de lesões focais frontais (Revistos por JOZEF, Flavio,

SILVA, Jorge Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores, 2000).

Blake e colaboradores, em 1995, estudaram 31 homicidas empregando EEG,

exame neurológico, MRI, TCC e testagem neuropsicológica, relatando a

presença de disfunção frontal em 64,5% dos indivíduos. Sreenivasan e

colaboradores, em 1997, estudando pacientes psiquiátricos "violentos de forma

criminosa", vis a vis não-violentos, com emprego de testagem neuropsicológica

e do HARE PCL-R, concluíram que se constituíam em importantes preditores

de recidividade violenta a "insuficiência de freios morais", avaliada pelo PCL-R,

bem como a "inflexibilidade cognitiva", além de "função espacial inadequada",

sendo, essas últimas, deficiências neurológicas ligadas à patologia pré-frontal

(lateral-dorso-frontal) e avaliadas pelo TMT-B, Mosaico e Wisconsin Card

Sorting Test (Revistos por JOZEF, Flavio, SILVA, Jorge Adelino R da,

GREENHALGH, Sandra e colaboradores, 2000).

Assim, toda uma série recente de estudos tem correlacionado comportamento

violento grave a alterações neuropsiquiátricas, especialmente no que se refere

aos lobos frontais e também ao hemisfério cerebral esquerdo.

Os estudos com populações violentas freqüentemente se ressentem da

dificuldade em selecionar adequadamente a população violenta, mercê da

dificuldade em definir o comportamento violento a ser estudado, estabelecendo

critérios uniformes para toda amostra. Essa é uma importante vantagem do

estudo de populações de homicidas. Também os instrumentos de avaliação

psicológica tradicional, de auto-relato, como o MMPI, revelaram-se estéreis

quando empregados com populações forenses, por não discriminarem entre

populações sabidamente diversas. Assim, na pesquisa empírica em psiquiatria

forense, especialmente no estudo de populações violentas, considera-se como

10

Page 11: Transtornos de comportamento antissocial

recomendável o amplo emprego de instrumentos como o PCL-R, assim como

a testagem neuropsicológica, privilegiando-se o subteste Mosaico (JOZEF,

Flavio, SILVA, Jorge Adelino R da, GREENHALGH, Sandra e colaboradores,

2000).

Estudos americanos revelaram que prisões prévias, idade precoce, sexo

masculino, indivíduos de minorias raciais, abuso de álcool e drogas, foram

fatores predisponentes à recidiva criminal em pacientes psiquiátricos (DRAINE,

J, SOLOMON, P, MEVERSON, A, 1994; Revistos por MOSCATELLO,

Roberto, 2001).

Transtornos de personalidade e retardo mental foram os diagnósticos que

seguiram em freqüência nos que cometeram mais de um crime

(MOSCATELLO, Roberto, 2001).

Muitos profissionais são céticos quanto ao tratamento dos Transtornos de

Personalidade (TP), por considerá-lo prolongado e insatisfatório (CAWTHRA

R, GIBB R, 1998; Revistos por MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura

Ramalho e DALTIO, Claudiane Salles, 2004).

A refratariedade terapêutica dos TP não pode ser deduzida do rótulo

diagnóstico em si, mas da avaliação do conjunto dos fatores da personalidade

e do funcionamento global do indivíduo. A identificação de aspectos

psicopatológicos relacionados com a excitabilidade, o padrão do humor, a

labilidade emocional e a tolerância às frustrações, são importantes na questão

do tratamento, podendo ser acessíveis à abordagem medicamentosa,

psicoterapêutica e à reabilitação psicossocial. O adequado desenvolvimento

dos sentimentos sociais, como capacidade de considerar o outro e consciência

ética, são fatores decisivos para tal.

O ambulatório especializado em TP no Instituto de Psiquiatria HC-FMUSP

(IPq), teve início em 1999 com o objetivo de tentar intervir precocemente

sobre estes pacientes, buscando a prevenção do comportamento infrator,

comum na história de vida de tais sujeitos. No período de junho de 2002 a

junho de 2003, foram contabilizados 137 pacientes portadores de TP atendidos

11

Page 12: Transtornos de comportamento antissocial

nos ambulatórios do IPq. Deste total de pacientes, 40 (29,19%) foram

atendidos no ambulatório especializado em TP.

Observou-se que muitos deles tinham uma longa história de atendimentos e

internações psiquiátricas, sem melhora do comportamento, além de

representarem ônus à família e à sociedade.

As principais queixas referiam-se à agressividade, hostilidade, impulsividade,

imediatismo, irresponsabilidade, sugestionabilidade, falta de prospecção,

instabilidade afetiva e laborativa, tendência a mentir com freqüência, uso de

drogas (sem dependência), comportamento voluntarioso e insensibilidade ao

outro. Alguns já haviam praticado crimes contra pessoas, como tentativa de

homicídio, roubo, estupro e lesão corporal, raramente com conseqüências

legais, por não terem sido delatados (MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura

Ramalho e DALTIO, Claudiane Salles, 2004).

Vários estudos em neuropsicofarmacologia sugerem um substrato biológico

para o TP, o que poderia ser amenizado por uma intervenção

psicofarmacológica (BLOOM, FE, DAVID, MD, KUPFER, J, 2002; Revistos por

MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura Ramalho e DALTIO, Claudiane

Salles, 2004).

Fez-se opção pela gabapentina, devido ao seu provável efeito inibitório na

neurotransmissão cerebral, reduzindo a hiper-excitabilidade psíquica, distinta

daquela vista no Transtorno do Humor (HERRANZ JL, 2003; Revisto por

MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura Ramalho e DALTIO, Claudiane

Salles, 2004).

O diagnóstico foi firmado através dos critérios internacionais (CID-10; DSM-IV)

e, em alguns casos, utilizando-se de instrumentos de avaliação da

personalidade (Prova de Rorschach e PCL-R). A intervenção foi

psicoterapêutica e medicamentosa (SILVEIRA, A, 1985 e MORANA, H, 2004;

Revistos por MORANA, Hilda C P, OLIVI, Maria Laura Ramalho e DALTIO,

Claudiane Salles, 2004).

Foram tratados 29 pacientes (8 com TP anti-social; 13 tipo impulsivo; 7 tipo

histriônica e 1 tipo narcisista), na dose máxima de 1.200 mg/dia de

12

Page 13: Transtornos de comportamento antissocial

gabapentina, isoladamente ou em concomitância com outras drogas

(neurolépticos, estabilizadores do humor e benzodiazepínicos). Em 23 (79,9%)

constatou-se, através de relatos dos próprios pacientes e de seus

responsáveis, melhora do quadro inicial após 6 semanas de tratamento, com

diminuição da agressividade, da impulsividade, do comportamento anti-social e

do abuso de drogas. Houve, também, melhora da capacidade de concentração

e prospecção, e maior interesse por atividades produtivas (MORANA, Hilda C

P, OLIVI, Maria Laura Ramalho e DALTIO, Claudiane Salles, 2004).

O Transtorno de Personalidade Borderline ocorre em 2 a 3% da população

geral, e é de longe o transtorno de personalidade mais comum. Entre os

pacientes psiquiátricos estima-se que ocorra em 11% das populações não

hospitalizadas, 19% das populações hospitalizadas e 27 a 63% das

populações clínicas com transtorno de personalidade (GUNDERSON, JG e

PHILLIPS, KA, 1999; Revistos por DAL'PIZOL, Adriana, LIMA, Liliane Dias de,

FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003).

O termo borderline foi inicialmente usado para identificar pacientes que

evocavam fortes reações de contratransferência em seus terapeutas e que

pareciam regredir na ausência das estruturas externas que eles tentavam

evitar. Foram descritos pela primeira vez por Stern ( Kernberg, 1995), que os

identificou no exercício da psicoterapia, e posteriormente por Robert Knight,

que os identificou em pacientes hospitalizados. O interesse nesses pacientes

aumentou no final da década de 60, quando Kernberg e James Masterson,

sugeriram que eles podiam ser curados por psicoterapia intensiva de longo

prazo ou tratamento hospitalar. O aumento do empenho terapêutico foi

acompanhado por pesquisas de fenomenologia, cujo pioneiro foi Roy Grinker,

seguido de John Gunderson, as quais permitiram a identificação de

características discriminantes. Estas características tornaram-se critérios

diagnósticos após um grande estudo realizado por Robert Spitzer e seus

colegas, e que demonstrou sua ampla aplicabilidade a pacientes na prática

psiquiátrica. As teorias modernas sobre o constructo, falam de fatores

genéticos inespecíficos, mas, talvez mais específicos, sejam os problemas do

13

Page 14: Transtornos de comportamento antissocial

desenvolvimento associados com negligência emocional e, freqüentemente,

abuso na infância.

Os pacientes com transtorno borderline de personalidade, são severamente

disfuncionais. Seu quadro clínico está intimamente ligado ao contexto

interpessoal no qual eles são observados. A maioria dos aspectos observáveis

do transtorno,é altamente sensível ao estresse da realidade externa e

interpessoal. Por exemplo, do contexto de uma relação de apoio (ou dentro de

um ambiente de suporte estruturado), os aspectos de sedução, carência e

distimia são evidentes. Contudo, a percepção da perda iminente de tal relação

ou estrutura, pode provocar raiva súbita, acusações depreciativas ou

paranóides e atos autodestrutivos a provocar respostas protetoras. Na

ausência de um relacionamento, episódios dissociativos, abuso de substâncias

e comportamento impulsivo, desesperado, pode ocorrer.

A psicoterapia individual de longo prazo pode ser útil para pacientes com

transtorno de personalidade borderline, mas a maioria das psicoterapias é

interrompida tempestuosa e impulsivamente. A psicoterapia de curto prazo

pode ser útil para manejar crises ou para introduzir formas de terapia de longo

prazo. A psicanálise algumas vezes pode ser contra-indicada, porque os

pacientes regridem facilmente em resposta à sua falta de estrutura. Uma

ampla variedade de tratamentos coadjuvantes é freqüentemente necessária

para manter e aumentar os benefícios da terapia individual. Hospitalizações

intermitentes, em geral breves, são comuns.

O tratamento farmacológico é variado e seus efeitos são inconsistentes e, às

vezes, modestos e deve ser considerada a probabilidade de abuso e efeitos

colaterais, devendo se ter cautela em sua prescrição.

Para atender às diversas demandas do paciente com Transtorno Borderline de

Personalidade, o qual apresenta alterações em diversas áreas de suas vidas,

faz-se necessário estabelecer uma abordagem terapêutica que contemple as

diversas dimensões desses sujeitos. Aqui, enfoca-se o conceito de

integralidade. Este seria o fundamento epistemológico refletido em uma prática

interdisciplinar.

14

Page 15: Transtornos de comportamento antissocial

A interdisciplina nasce na década de 70 como resposta aos vários problemas

surgidos da legitimação do capitalismo. Na época, discutia-se a divisão entre

teoria e prática e o pouco conteúdo social que subsidiava os currículos

universitários. Por estas e outras exigências da situação, que acabou

mobilizando principalmente os estudantes universitários que lançaram mão de

posições anticapitalistas, as instituições acadêmicas tradicionais deram certo

lugar a essa demanda, absorvendo seu potencial crítico de forma a, muito

sutilmente, transformar seu significado. Deste momento em diante, houve

algumas mudanças tanto na estrutura quanto no modo de funcionamento das

Universidades européias e após também na América Latina.

A interdisciplina seguiu se caracterizando como recurso importante no

planejamento de estratégias. Desse modo, chegou-se à hipótese de que a

interdisciplina poderia superar as excessivas e tradicionais especializações.

Levando em consideração o que é exposto na literatura científica sobre o

Transtorno de Personalidade Borderline, o Programa de Atendimento a

Portadores de Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável do Tipo

Limítrofe do Ambulatório Melanie Klein, localizado no Hospital Psiquiátrio São

Pedro, busca desenvolver uma abordagem terapêutica mais ampla com base

na interdisciplinaridade e na integralidade da atenção ao sujeito (DAL'PIZOL,

Adriana, LIMA, Liliane Dias de, FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores,

2003). Este programa constitui-se em torno de quatro eixos, que poderiam ser

assim descritos:

1 – psicoterapia individual de orientação analítica;

2 – grupoterapia de orientação analítica;

3 – tratamento farmacológico;

4 – intervenções sociais.

A concomitância da terapia individual e de grupo constitui a chamada terapia

combinada. Segundo Porter, "seu valor único reside na capacidade que tem de

coordenar as propriedades terapêuticas da psicoterapia individual e da

psicoterapia de grupo" (PORTER, K, 1996; Revisto por DAL'PIZOL, Adriana,

LIMA, Liliane Dias de, FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003).

15

Page 16: Transtornos de comportamento antissocial

A psicoterapia individual permite a exploração intrapsíquica profunda e a

discussão de segredos. Nesta modalidade de tratamento são reativadas as

relações objetais primitivas, permitindo a integração dos aspectos dissociados

da personalidade (TRIVIÑOS, ANS, 1987; Revisto por DAL'PIZOL, Adriana,

LIMA, Liliane Dias de, FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003).

A grupoterapia permite a exploração das transferências múltiplas, a resolução

das resistências interpessoais, proporciona novos modelos de identificação e

apoio ao ego, bem como fornece um "laboratório" para a vivência de novos

comportamentos. Para pacientes com este transtorno, "a terapia grupal limita a

raiva, administra a atuação e impede o abandono prematuro da terapia"

(PORTER, K, 1996; Revisto por DAL'PIZOL, Adriana, LIMA, Liliane Dias de,

FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003).

O tratamento farmacológico para esse transtorno ainda não está bem definido.

Ele geralmente tem, como principal objetivo, controlar as manifestações

clínicas (sintomáticas) , buscando o controle da impulsividade e da

agressividade e estabilização do humor (DAL'PIZOL, Adriana, LIMA, Liliane

Dias de, FERREIRA, Leticia Medeiros e colaboradores, 2003).

A intervenção social constitui-se de uma estratégia essencial no tratamento do

paciente Borderline. Segundo Gabbard, intervenções familiares podem ser

necessárias para que o tratamento tenha sucesso, sendo o primeiro passo a

identificação do papel das interações familiares na patogênese e manutenção

da sintomatologia do paciente. Todavia, identificamos a necessidade de

compreender as interações do paciente Borderline em outros espaços sociais

como escola, trabalho, comunidade entre outros. Neste sentido, o interventor

social tem como propósito ajudar familiares, colegas e amigos a lidarem com

as dificuldades do paciente durante o processo terapêutico, bem como ajudar

na construção de uma rede social de apoio ao sujeito (GABBARD, GO, 1998;

Revisto por DAL'PIZOL, Adriana, LIMA, Liliane Dias de, FERREIRA, Leticia

Medeiros e colaboradores, 2003).

Mas, será que um sujeito com transtorno borderline de personalidade poderia

ser beneficiado com a PDB? Fiorini (1999) considera que a psicoterapia breve

16

Page 17: Transtornos de comportamento antissocial

oferece, embora em grau variável, uma oportunidade de beneficiar

praticamente todos os pacientes que procuram ajuda psicológica (Revisto por

CUNHA, Paulo Jannuzzi, AZEVEDO, Maria Alice Salvador B. de, 2001).

A PSICOTERAPIA DINÂMICA BREVE, no entanto, não pode ser considerada

uma psicanálise abreviada, já que as suas características configuram-lhe uma

estrutura própria (Azevedo, 1983). É uma técnica psicoterápica ativa, de

objetivos e tempo limitados, com a aplicação consciente e planejada de

conceitos psicanalíticos, dentro de uma abordagem flexível e individualizada

(Azevedo, 1985; Revisto por CUNHA, Paulo Jannuzzi, AZEVEDO, Maria Alice

Salvador B. de, 2001).

Winston e cols. (1994) conduziram uma pesquisa sobre a eficácia da

psicoterapia breve com sujeitos portadores de transtornos de personalidade,

incluindo pacientes borderline, utilizando duas modalidades de atendimento.

Os resultados demonstraram que os pacientes de ambos os grupos

apresentaram melhora significativa em relação aos sujeitos do grupo controle,

que permaneceram na lista de espera sem psicoterapia. Além disso, o

seguimento feito um ano e meio depois revelou que as melhoras persistiam

(Revistos por CUNHA, Paulo Jannuzzi, AZEVEDO, Maria Alice Salvador B. de,

2001).

No Brasil, Romaro (2000) conduziu uma pesquisa com pacientes borderline,

obtendo uma boa resposta dos mesmos à PDB. O resultado revelou uma

melhora adaptativa por parte dos pacientes, constatada, também, no

seguimento realizado seis meses depois (Revisto por CUNHA, Paulo Jannuzzi,

AZEVEDO, Maria Alice Salvador B. de, 2001).

Na abordagem psicanalítica, a personalidade estrutura-se em três instâncias: o

id, o ego e o superego. O id busca gratificação dos impulsos a fim de manter o

organismo livre de tensão. O ego é a instância intermediária entre o id e o

mundo externo, que protege o indivíduo dos riscos a que se expõe devido às

tensões entre exigências do id e da realidade. O superego, estrutura mais

relevante para o entendimento da pró-sociabilidade, funciona como o árbitro da

conduta moral e dos valores internalizados do indivíduo, os quais refletem os

17

Page 18: Transtornos de comportamento antissocial

padrões e normas da sociedade. O superego alcança um momento

significativo em seu desenvolvimento, aos cinco ou seis anos de idade, quando

se dá a resolução do Complexo de Édipo. Quando isto ocorre, a criança

identifica-se com o pai ou a mãe, dependendo de seu gênero, e incorpora ou

internaliza alguns dos complexos padrões de atitudes, traços, motivações,

normas morais, valores e proibições que regem seus comportamentos. O

superego contém dois sub-sistemas, o ego ideal e a consciência. O ego ideal

representa os padrões morais e ideais, enquanto que a consciência julga e

regula o comportamento do indivíduo, pune transgressões mediante a culpa e

redireciona a gratificação das pulsões que possam violar os códigos morais

internalizados pela criança (Freud, 1930/1953; Revisto por KOLLER, Sílvia

Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).

Segundo a teoria psicanalítica clássica, portanto, o comportamento humano é

instigado amplamente pela auto-gratificação. As pulsões e a culpa são os

principais determinantes do pensamento e do comportamento, incluindo-se aí

a consciência social, o senso de justiça e as ações morais. De modo

divergente, outros teóricos psicanalistas centralizam no ego, mais do que nas

pulsões, o desenvolvimento da personalidade e da moralidade (Breger, 1973;

Flugel, 1945; Setlage, 1972). Esses psicólogos do ego, como são

denominados, rejeitam a noção de que o comportamento moral e os valores

representam, apenas, a internalização dos aspectos parentais na infância.

Enfatizam que a identificação e o desenvolvimento moral são processos

criativos que ocorrem também na adolescência e na fase adulta. Embora a

criança identifique-se, primariamente, com seu pai ou com sua mãe, também o

faz com outros modelos relevantes ao longo da vida. As identificações

permitem mudanças na orientação moral, nos valores e nas atitudes dos

indivíduos que são acompanhadas pelo amadurecimento da estrutura egóica

(Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).

O desenvolvimento moral pró-social do indivíduo diz respeito ao processo de

aquisição e mudança dos julgamentos e comportamentos de ajuda ou

benefício dirigidos a outros indivíduos ou grupos. São ações e/ou julgamentos

18

Page 19: Transtornos de comportamento antissocial

voluntários e definidos em termos de suas conseqüências positivas. A

motivação básica da pró-sociabilidade consiste em beneficiar o outro, sem

influências ou pressões externas ou, ainda, sem expectativas de prêmios ou

recompensas materiais ou sociais. A pró-sociabilidade pode manifestar-se por

meio de intenções, ações ou expressão verbal do raciocínio sobre um dilema

moral (Eisenberg, 1982, 1992, Eisenberg & Miller, 1987, Staub, 1978; Revistos

por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).

Em contraste com a teoria psicanalítica, na qual os aspectos internos da

personalidade são predominantes, a abordagem comportamental enfatiza as

respostas manifestas do indivíduo no desenvolvimento pró-social. A teoria

comportamental tradicional afirma que o comportamento pró-social é

aprendido como qualquer comportamento, por meio de imitação de modelos,

reforçamento e aprendizagem por observação (Branco, 1984, Radke-Yarrow,

Zahn-Waxler, & Chapman, 1983; Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e

BERNARDES, Nara M. G., 1997).

Segundo Skinner (1971), não é em virtude de um sentimento pertencer a um

grupo, que um indivíduo age visando o bem dos outros, ou se recusa a fazê-lo

devido a sentimentos de alienação. Seu comportamento depende do controle

exercido pelo ambiente social (Revisto por KOLLER, Sílvia Helena e

BERNARDES, Nara M. G., 1997).

Bandura (1977, 1986) revisou aspectos da teoria de comportamental

tradicional e atribuiu à cognição uma posição fundamental neste processo:

intenções e auto-avaliação promovem a auto-regulação do comportamento.

Por meio de representações cognitivas, os indivíduos podem antecipar as

conseqüências de seus comportamentos e modificar suas ações,

estabelecendo objetivos e se auto-avaliando. De acordo com a teoria sócio-

cognitiva de Bandura, as crianças adquirem regras e padrões internos por

meio da imitação de modelos e da compreensão das explicações dos agentes

socializadores sobre a moralidade e seu significado social. A auto-regulação

do comportamento dos indivíduos, realizada de acordo com regras e padrões

internalizados, consiste na principal influência ao desenvolvimento da

19

Page 20: Transtornos de comportamento antissocial

moralidade. Em suma, o desenvolvimento moral pró-social é visto como

produto da interação entre forças sociais e capacidades cognitivas dos

indivíduos (Revisto por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G.,

1997).

Os conhecimentos sobre o desenvolvimento moral pró-social não se esgotam

nessas teorias psicológicas. Em 1975, Wilson, em seu livro Sociobiologia,

apresentou um novo campo científico dedicado a estudos sistemáticos das

bases biológicas do comportamento social e descreveu numerosas ações

desempenhadas por animais que poderiam ser consideradas pró-sociais. Tais

animais apresentavam ações de auto-sacrifício, colocando-se em risco e

dividindo seus alimentos com outros. As ações que garantiam a sobrevivência

daqueles que compartilham seus gens foram denominados por Wilson (1975,

1978) de ações de seleção de parentesco. Quando estas ações ocorriam com

não-parentes, Wilson denominou-as de ações de altruísmo recíproco, porque o

benfeitor ocuparia a posição de receptor de um ato altruístico em algum

momento futuro. A teoria sociobiológica postula que a sobrevivência da

espécie baseia-se na transmissão de gens altruístas de uma geração para a

outra. Assim, mediante ações pró-sociais a espécie transmitiria geneticamente

os seus gens altruístas intergeracionalmente. Comparando animais com seres

humanos, Wilson (1975) concluiu que estes últimos também devem possuir

uma base de transmissão genética e um potencial biológico para desempenhar

atos pró-sociais. Os comportamentos pró-sociais são favoráveis à

sobrevivência da sociedade e da espécie, e não apenas do organismo

individual. Diferentemente dos animais, o desenvolvimento pró-social humano

tem por base também à evolução sócio-cultural. Wilson (1975) reconheceu a

importância da cultura que tende a preservar os comportamentos pró-sociais

como padrão avançado de manutenção da vida social, sob a forma velada ou

explícita de normas, valores e princípios. Os trabalhos de Wilson foram

introduzidos na Psicologia por Campbell (1975), que chamou a atenção para

as contribuições da Sociobiologia aos estudos psicológicos, salientando o

papel do convívio social na transmissão do altruísmo, além da evolução

20

Page 21: Transtornos de comportamento antissocial

meramente genética (Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES,

Nara M. G., 1997).

Atualmente, no estudo da pró-sociabilidade destaca-se a contribuição de

Nancy Eisenberg, que desenvolveu um modelo teórico e uma metodologia de

avaliação desse aspecto da moralidade. Os estudiosos do desenvolvimento

moral até a proposição de Eisenberg (1979a, 1979b), vinham se dedicando a

investigar, principalmente, o julgamento e o comportamento de transgressão.

Agressão, desonestidade, incapacidade de resistir à tentação e outros

comportamentos considerados socialmente indesejáveis eram o principal foco

da atenção dos teóricos da moralidade. Comportamentos positivos e pró-

sociais foram relativamente ignorados. O modelo teórico de desenvolvimento

moral pró-social de Eisenberg-Berg (1979a) modificou essa situação,

produzindo um novo enfoque no estudo da moralidade. Esse modelo teve

como base empírica entrevistas que incluem questões sobre dilemas morais

concernentes a ações pró-sociais e conflitos entre os desejos de dois

indivíduos - o potencial benfeitor e o potencial receptor de ajuda (Revistos por

KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).

Alguns fatores, como a biologia, a cultura, a socialização, a educação, os

processos cognitivos, a responsividade emocional e as condições situacionais,

também contribuem para o desenvolvimento pró-social. A ação de tais fatores

resulta em peculiaridades individuais e é considerado fundamental para a

expressão e desenvolvimento de julgamentos morais pró-sociais. Estes fatores

apresentam-se de forma interdependente, interagindo e influenciando o

desenvolvimento de maneira complexa:

- Fatores Biológicos: foram apontados principalmente pela teoria sociobiológica

e dizem respeito às bases genéticas do agir pró-social. Bases que são dadas

ao indivíduo que vai ser educado e socializado em uma dada cultura. Em

muitas espécies animais, seus membros prontamente arriscam suas vidas

para defender e para preservar outros membros da família, particularmente os

seus próprios descendentes. Além da base genética, a influência cultural é

21

Page 22: Transtornos de comportamento antissocial

muito importante na expressão dos comportamentos pró-sociais (KOLLER,

Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).

Lumsden e Wilson (1981) acreditam que os fatores genéticos e culturais não

podem ser separados totalmente, porque eles são interdependentes. A

herança genética pode ser entendida como um potencial para aquisição de

uma ampla variedade de comportamentos sociais e de características de

personalidade. As situações sociais determinam a ativação de capacidades

cognitivas, como no processo da informação recebida e na associação delas

às experiências aprendidas, para utilizar parte do potencial hereditário

recebido. Além disto, as diferenças individuais nos comportamentos

adaptativos de cooperação são, em larga escala, produto da evolução social

da espécie e da aprendizagem social (Eisenberg & Mussen, 1989; Revistos por

KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).

- Fatores Culturais, Educacionais e Sociais: A cultura na qual uma criança é

educada exerce forte influência na sua disposição para cooperar, competir e

assumir atitudes pró-sociais. Para entender essas influências são necessárias

descrições acuradas das estratégias de socialização às quais esta criança foi

exposta (Kagan & Knight, 1981). Vários estudos foram realizados com o

objetivo de verificar a influência da educação no desenvolvimento pró-social de

crianças. Tais estudos concluíram que a base cultural dos indivíduos pode

promover ou inibir tal desenvolvimento. Por exemplo, crianças que vivem em

contextos sócio-culturais, nos quais a responsabilidade de ajudar os outros é

atribuição rotineira das pessoas, são mais pró-sociais e cooperativas do que

crianças que vivem em contextos sócio-culturais nos quais isto não acontece

(Bronfenbrenner, 1970; Roesch, Carlo, Knight, Koller, & Santos, em revisão;

Mussen & Eisenberg-Berg, 1977; Radke-Yarrow, Zahn-Waxler, & Chapman,

1983; Whiting & Whiting, 1973, 1975; Revistos por KOLLER, Sílvia Helena e

BERNARDES, Nara M. G., 1997).

Moore e Eisenberg (1984) acreditam que as crianças parecem alcançar níveis

de comportamento pró-social e cooperativo mais altos se são educados em

culturas nas quais os agentes socializadores afirmam a necessidade de que a

22

Page 23: Transtornos de comportamento antissocial

opinião dos outros (individualmente ou em grupo) seja tomada em

consideração. Crianças pequenas mostram-se mais pró-sociais em contextos

culturais nos quais elas assumam responsabilidades que são importantes para

o funcionamento do grupo. Por exemplo, crianças de cidades rurais

tradicionais são mais cooperativas e pró-sociais, tanto em relação aos

familiares quanto com pessoas desconhecidas do que crianças de cidades

industriais (Whiting & Whiting, 1975; Whiting & Edwards, 1988; Revistos por

KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).

A literatura mostra evidências de que a cultura exerce forte influência no

desenvolvimento pró-social de crianças por meio da apresentação de modelos

(Moore & Eisenberg, 1984). Crianças que tiveram modelos generosos são

mais generosas do que crianças que não os tiveram (Branco, 1983; Grusec &

Skubiski, 1970; Moore & Eisenberg, 1984; Yarrow, Scott, & Waxler, 1973).

Bandura (1977) afirma que os modelos podem ensinar novos comportamentos

positivos para crianças, desinibí-las e encorajá-las a exibir comportamentos

pró-sociais que estas já possuem em seu repertório (Revistos por KOLLER,

Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).

A pró-sociabilidade pode embasar a Psicologia no auxílio de uma sociedade

mais humana, menos violenta, com políticas sociais justas, que valorizem os

indivíduos (KOLLER, Sílvia Helena e BERNARDES, Nara M. G., 1997).

2. OBJETIVO

Estudar os transtornos de comportamento anti-social, identificando suas

causas, visando à aplicação da terapia adequada à reestruturação do sujeito.

3. JUSTIFICATIVA

O Homem é um ser social cujas inter-relações e intra-relação, produzem para

ele e para o meio, novos significados, novos contextos. Porém, para que suas

ações possam promover o bem-estar social, necessário se faz que estejam

baseadas em valores éticos.

O estudo dos transtornos de comportamento anti-social, suas causas,

conseqüências e tratamento, constitui importante mecanismo para que se

estabeleça uma sociedade essencialmente humana.

23

Page 24: Transtornos de comportamento antissocial

4. METODOLOGIA

O trabalho foi realizado com base em revisão bibliográfica das várias

abordagens sobre os transtornos de comportamento, e as formas adequadas

de intervir no sujeito.

5. RESULTADOS

5.1 DA ABORDAGEM SOBRE A NEUROBIOLOGIA DO TRANSTORNO DE

PERSONALIDADE ANTISSOCIAL

Este estudo através de neuroimagem, aponta o envolvimento de estruturas

cerebrais frontais na ocorrência de comportamento anti-social, associado a

prejuízos na função serotonérgica.

5.2 DA ABORDAGEM SOBRE ATIVAÇÃO DO CÓRTEX FRONTOPOLAR E

TEMPORAL ANTERIOR EM UMA TAREFA DE JULGAMENTO MORAL:

RESULTADOS PRELIMINARES DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

FUNCIONAL EM INDIVÍDUOS NORMAIS

Chega-se à conclusão que os pólos frontais e o córtex temporal anterior direito

têm papel crítico na regulação do comportamento social.

5.3 DA ABORDAGEM SOBRE A RECIDIVA CRIMINAL

Chega-se à conclusão que os portadores de Transtorno de Personalidade

tendem a recidivas e a cometerem mais crimes contra o patrimônio.

5.4 DA ABORDAGEM SOBRE O USO DE GABAPENTINA NOS

TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE DO GRUPO B-DSM-IV

Intervenção psicofarmacológica, com o uso da Gabapentina, em 29

portadores de Transtorno da Personalidade (TP), no ambulatório especializado

em “TP” do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas e Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo, sendo constatado melhora do quadro

em 23 pacientes, após 6 semanas de tratamento.

24

Page 25: Transtornos de comportamento antissocial

5.5 DA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DO

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE: RELATO DA

EXPERIÊNCIA NO AMBULATÓRIO MELAINIE KLEIN DO HOSPITAL

PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO

O estudo propõe um atendimento interdisciplinar integrado aos portadores de

Transtorno de Personalidade Borderline, através da psicoterapia individual

de orientação analítica, grupoterapia de orientação analítica,

psicofarmacoterapia e intervenções sociais, que englobam o paciente em

seus diversos contextos.

5.6 DA ABORDAGEM SOBRE O DESENVOLVIMENTO PRÓ-SOCIAL: O

MODELO TEÓRICO DE EISENBERG

O estudo faz uma revisão crítica da literatura na área do desenvolvimento

moral pró-social, apresentando os fatores psicológicos que podem ser

concebidos como determinantes da pró-sociabilidade.

6. CONCLUSÕES

É através do respeito e análise crítica da subjetividade do próximo, que é

possível entender os seus conflitos e os fatores que provocam o desequilíbrio.

Empatia na relação, colocando-se no lugar do outro para melhor entendê-lo,

olhar atento às influências do meio como modeladores de comportamentos,

inserções dentro do discurso do próximo, fazendo com que ele se torne

consciente das suas demandas, enfim, saber ouvir e fazer-se ouvir, são

práticas que tornam mais amigáveis as relações, gerando melhor qualidade de

vida e valores éticos, que serão as bases para a formação do cidadão, cuja

subjetividade buscará sempre a harmonia com o meio.

Dessa forma, é no meio que ele encontra as condições para a satisfação dos

seus desejos, num processo dinâmico em busca do equilíbrio, ou de uma

razoável sensação de felicidade.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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