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THIAGO KOEPSEL ROSA METODOLOGIA PARA UTILIZAÇÃO DA TEORIA DAS RESTRIÇÕES COM A ANÁLISE DO FLUXO DE VALOR ESTENDIDO JOINVILLE – SC 2007

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THIAGO KOEPSEL ROSA

METODOLOGIA PARA UTILIZAÇÃO DA TEORIA DAS RESTRIÇÕES

COM A ANÁLISE DO FLUXO DE VALOR ESTENDIDO

JOINVILLE – SC

2007

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS - CCT

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

THIAGO KOEPSEL ROSA

METODOLOGIA PARA UTILIZAÇÃO DA TEORIA DAS RESTRIÇÕES

COM A ANÁLISE DO FLUXO DE VALOR ESTENDIDO

Trabalho de graduação apresentado ao curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro de Produção e Sistemas. Orientador: Nilson Campos

JOINVILLE – SC

2007

THIAGO KOEPSEL ROSA

METODOLOGIA PARA UTILIZAÇÃO DA TEORIA DAS RESTRIÇÕES

COM A ANÁLISE DO FLUXO DE VALOR ESTENDIDO

Trabalho de graduação apresentado ao curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro de Produção e Sistemas.

Banca Examinadora:

Orientador: ______________________________________________ Nilson Campos Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Membros: ______________________________________________ Adalberto José Tavares Vieira Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

______________________________________________ Regis Kovacs Scalice Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Joinville (SC), 29 de junho de 2007

Dedico este trabalho à minha família, aos meus amigos, aos meus professores e a todos que participam da minha caminhada.

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida, por desfrutar deste momento e poder contar

com o apoio de pessoas especiais que estiveram comigo nesta caminhada e que, de

alguma forma, contribuíram para eu concretizar este sonho;

Aos meus pais, pelo apoio e carinho;

Aos amigos, sempre presentes na vida fora da universidade;

Ao professor Nilson Campos, meu orientador, que sempre respeitou

minhas idéias e opiniões, sem deixar de apontar os problemas e limitações na

construção dessa monografia.

Semeia um pensamento e colherás um desejo; semeia um desejo e colherás a ação e colherás um hábito; semeia o hábito e colherás o caráter. TIHAMER TOTH.

RESUMO

Atualmente as organizações buscam resultados expressivos e em curto prazo. Tendo em vista um mercado cada vez mais competitivo e reconhecendo que ser competitivo através da produtividade significa fabricar com menos recursos para ter um maior retorno sobre o capital investido, as empresas estão procurando adotar filosofias de trabalho que intensifiquem seus esforços para atividades que demonstram um maior ganho para a organização. A utilização da Teoria das Restrições como ferramenta para tomada de decisão para escolha de uma família para a análise do Fluxo de Valor Estendido visa, direcionar os esforços para as atividades críticas do processo de fabricação. Isso vem a romper paradigmas e vícios gerenciais, que vêem de encontro à metodologia aplicada, aumentando todo o ganho global. Nessa relação, a Teoria das Restrições vem a evidenciar qual das famílias de subprodutos de um produto faz parte de processo crítico (restrição) do sistema. Já a análise de Fluxo de Valor Estendido irá investigar todo o processo que envolve o subproduto, desde a sua matéria prima inicial até o cliente final (consumidor).

PALAVRAS-CHAVE: Competitivo, Ganho, Direcionar Esforços.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Família de Produtos na Perspectiva Summa............................................24

Figura 2 - Fluxo de Processos....................................................................................25

Figura 3 - Resumo das Etapas Físicas .....................................................................26

Figura 4 - Resumo do Estado Atual ..........................................................................28

Figura 5 - Operação Limitante da Capacidade Produtiva..........................................33

Figura 6 - Fluxograma de Processos ........................................................................38

Figura 7 - Fluxo de Operações..................................................................................41

Figura 8 - Aumento da Produtividade da Operação 25 .............................................42

Figura 9 - Metodologia Tambor-Pulmão-Corda.........................................................43

Figura 10 - Redução de Tempo de Processamento e Setup da Operação 25..........44

Figura 11 - Capacidade Final de Produtividade ........................................................45

LISTA DE ABREVIATURAS

TOC Teoria das Restrições

VSM Fluxo de Valor Estendido

STP Sistema Toyota de Produção

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11

1.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................11

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...............................................................................11

1.3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................12

1.4 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO .........................................................................12

1.5 METODOLOGIA..................................................................................................12

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO............................................................................13

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................14

2.1 PRODUÇÃO ENXUTA ........................................................................................14

2.1.1 Desenvolvimento Histórico ...............................................................................15

2.1.2 Eliminação de Desperdícios .............................................................................17

2.1.3 Princípios Gerais da Mentalidade Enxuta.........................................................18

2.1.3.1 Valor ..............................................................................................................19

2.1.3.2 Cadeia de Valor.............................................................................................20

2.1.3.3 Fluxo de Valor ...............................................................................................21

2.1.3.4 Produção Puxada..........................................................................................21

2.1.3.5 Busca pela Perfeição.....................................................................................22

2.2 MAPA DE FLUXO DE VALOR ESTENDIDO ......................................................23

2.2.1 Família de Produtos .........................................................................................23

2.2.2 Mapa do Estado Atual ......................................................................................25

2.2.3 Fluxo de Processos..........................................................................................25

2.2.4 Mapa de Fluxo de Valor do Estado Atual .........................................................27

2.2.5 Mapeando o Fluxo de Informação....................................................................27

2.2.6 Amplificação da Demanda................................................................................28

2.2.7 Mapa Final do Estado Atual .............................................................................28

2.3 TEORIA DAS RESTRIÇÕES (TOC) ...................................................................29

2.3.1 Histórico ...........................................................................................................29

2.3.2 Conceitos Básicos............................................................................................30

2.3.3 Os Cinco Passos..............................................................................................32

2.3.3.1 Identificar a Restrição....................................................................................32

2.3.3.2 Decidir como Explorar a Restrição ................................................................33

2.3.3.3 Subordinar as Não-Restrições ......................................................................34

2.3.3.4. Elevar a Restrição do Sistema .....................................................................34

2.3.3.5.Retornar ao Primeiro Passo ..........................................................................34

3 PROPOSTA DO MÉTODO ....................................................................................36

3.1 MODELO DE METODOLOGIA PARA APLICAÇÃO ...........................................37

4 SIMULAÇÃO DE APLICAÇÃO .............................................................................41

4.1 IDENTIFICAR A RESTRIÇÃO.............................................................................41

4.2 DECIDIR COMO EXPLORAR A RESTRIÇÃO....................................................42

4.3 SUBORDINAR AS NÃO-RESTRIÇÕES..............................................................42

4.4 ANÁLISE DE FLUXO DE VALOR ESTENDIDO .................................................43

4.5 ELEVAR A RESTRIÇÃO DO SISTEMA..............................................................44

4.6 RETORNAR AO PRIMEIRO PASSO ..................................................................44

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................46

REFERÊNCIAS.........................................................................................................47

ANEXOS ...................................................................................................................51

ANEXO A - Ícones do Mapeamento do Fluxo de Valor Estendido ......................52

ANEXO B - Mapa Ícones de Material......................................................................53

ANEXO C – Mapa Final do Estado Atual ...............................................................54

11

1 INTRODUÇÃO

A competitividade através da produtividade das organizações transnacionais

vem impulsionando uma disputa agressiva pela conquista de mercados. O principal

objetivo é o corte dos desperdícios excessivos na fabricação de um produto. O foco

de análise transcende os limites da organização, sendo obrigatório à avaliação de

todas as etapas e ações necessárias para elaboração do produto, desde a extração

da matéria-prima até a entrega do produto ao consumidor final.

1.1 OBJETIVO GERAL

Este projeto tem como objetivo apresentar uma metodologia para desenvolver

uma relação da Teoria das Restrições com a Produção Enxuta, possibilitando uma

alternativa para escolha das famílias na análise do Fluxo de Valor Estendido.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Apresentar uma descrição teórica sobre as filosofias da Teoria das

Restrições (TOC) e Produção Enxuta;

- Desenvolver uma estrutura de relacionamento entre TOC e Mapa de Fluxo

de Valor Estendido (VSM);

- Desenvolver uma metodologia para a utilização do TOC para a escolha da

família a ser analisada no VSM.

12

1.3 JUSTIFICATIVA

A escassez de recursos e tempo torna necessário maior objetividade e

eficácia na realização de atividades produtivas de um processo fabril. As

organizações necessitam produzir com custos reduzidos sem o comprometimento da

qualidade, em tempo hábil e com preço competitivo para o mercado consumidor.

Este estudo visa focar a análise de fluxo de valor nas famílias de produtos onde os

resultados apresentam-se mais significativos para organização, buscando uma

vantagem competitiva no mercado.

1.4 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO

O tema de estudo e análise desse trabalho é a utilização da Teoria das

Restrições para a escolha das famílias de produtos a serem estudados na Análise

de Fluxo de Valor Estendido, para focalizar os esforços em famílias de produtos com

maior importância no processo fabril.

1.5 METODOLOGIA

O modelo metodológico adotado compreendeu a documentação indireta.

Segundo Lakatos (1992), toda a pesquisa incorre de levantamento de dados de

diversas fontes, sendo adquiridas por quaisquer métodos ou técnicas aplicadas.

A pesquisa indireta divide-se em: Pesquisa Documental, onde os documentos

são provenientes de fontes primárias, de órgãos que realizam as observações;

Pesquisa Bibliográfica, que é a atividade de localização e consulta de diversas

fontes orientadas pelo objetivo explicito. (LAKATOS, 1992).

O desenvolvimento metodológico do conteúdo apresenta-se em três fases

distintas. A primeira fase é caracterizada pela contextualização histórica do tema

proposto. A segunda etapa é a pré-análise, que segundo Gil (2007) é onde ocorre a

13

apresentação de documentos e bibliografias com o fim de compor a fundamentação

teórica dos conceitos a serem trabalhados. A terceira fase, conforme Gil (2007)

consiste na exploração do material apresentado na pesquisa, para o

desenvolvimento da metodologia para aplicação prática da relação proposta.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho compõe-se da seguinte forma: o capítulo inicial familiariza

o tema proposto e apresenta o objetivo geral, os objetivos específicos, a justificativa,

a delimitação do tema e todos os procedimentos metodológicos aplicados.

O segundo capítulo contextualiza historicamente o planejamento e controle da

produção. Desenvolve o final da produção em manufatureira e início da produção

em massa e o sistema Toyota de produção. Nesse capítulo ocorre a fundamentação

teórica da Teoria das Restrições e do Fluxo de Valor Estendido para o

desenvolvimento desse trabalho.

O terceiro capítulo desenvolve um modelo de relacionamento entre o TOC e o

VSM, apresentando uma abordagem para aplicação prática do modelo teórico

proposto.

O quarto capítulo apresenta uma simulação de aplicação da utilização do

TOC com o VSM.

Os capítulos seguintes apresentam, em seqüência, as considerações finais,

as conclusões obtidas pelo desenvolvimento do trabalho e bibliografia utilizada para

o desenvolvimento do tema proposto.

14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 PRODUÇÃO ENXUTA

Segundo Black (1998), a última vez que ocorreu uma revolução nos sistemas

produtivos, o mundo se voltou à Detroit para ver as linhas de montagem de Henry

Ford. Contudo, Ohno (1997) percebeu que o sistema de Fordista funciona, e é

adaptado para grandes volumes da mesma peça, com pouca variabilidade. Já o

Sistema Toyota de Produção (STP) - Produção Enxuta como é conhecido no

ocidente - é direcionado para aplicação em grandes ou pequenos lotes de peças,

sendo possível obterem os mesmos benefícios na economia de volume do sistema

apresentado por Henry Ford.

A produção enxuta pode ser considerada uma das principais quebras de

barreiras na busca pela otimização dos sistemas produtivos. O desenvolvimento do

Sistema Toyota de Produção, segundo Womack e Jones (2004) é considerado um

rompimento com o modelo tradicional de gestão empresarial utilizado, chamado

“produção empurrada” adotada pelo mundo ocidental.

A manufatura enxuta foi desenvolvida no Japão pela Toyota Motor Company

na década de 60, na ânsia de combater a produção acima da demanda de mercado,

em excesso. Sua filosofia visa a fabricação somente dos componentes certos, no

lugar certo, na hora certa, conseqüentemente levando a redução dos níveis de

estoque, dos custos de produção e melhoria na qualidade do produto.

Segundo Ohno (1997) a base do sistema Toyota de Produção é a absoluta

eliminação de desperdício, sendo um sistema integrado de técnicas, ferramentas e

princípios, que levam a busca insaciável pela excelência na redução dos custos e

criação de valor para o consumidor.

O Pensamento Enxuto ou Mentalidade Enxuta, segundo Womack e Jones

(2004), é uma forma de tornar o resultado do trabalho mais satisfatório, oferecendo

15

um feedback imediato sobre os esforços para transformar os desperdícios em valor,

que só pode ser definido pelo cliente.

Para Lubben (1989), o objetivo da mentalidade enxuta é obter um processo

de manufatura que atenda seus objetivos, utilizando o mínimo de recursos.

Schonberger e Ansari (1984) apud Schappo (2006), afirmam que as idéias do

STP convergem a um sistema para produzir e entregar produtos acabados em

tempo certo conforme a necessidade dos clientes.

Para Bicheno (1991) apud Schappo (2006), a filosofia tem por objetivos

atender imediatamente às demandas, com qualidade perfeita e redução total dos

desperdícios, sendo assim, podem-se englobar várias definições sobre manufatura

enxuta, mas nenhuma abrange todas as implicações para gerir todas as operações

para esse fim. Portanto, existem algumas frases que definem a abordagem da

filosofia, tais como:

- Manufatura de fluxo contínuo;

- Manufatura de alto valor agregado;

- Guerra ao desperdício;

- Manufatura veloz;

- Manufatura de tempo de ciclo reduzido.

Bozzone (2002) apud Silva (2006) comenta que a produção enxuta está

baseada no sistema de produção puxada, no fluxo contínuo, na eliminação de

desperdícios, na qualidade na fonte e na busca por melhorias contínuas.

2.1.1 Desenvolvimento Histórico

Segundo Womack, Jones e Ross (2004), a Toyota iniciou no mercado

automobilístico somente na década de 30. Sua proposta ao mercado era de produzir

caminhões de guerra utilizados na Segunda Guerra Mundial, ainda no modo

artesanal.

De acordo com Ohno (1997), após o Japão perder a Segunda Grande Guerra

em 45, o presidente da Toyota Motor Company, Kiichiro Toyoda, chegou à

conclusão que obrigatoriamente teriam que alcançar os americanos na produção de

carros em 3 anos.

16

A origem da Produção Enxuta é encontrada nas inovações realizadas no

chão de fábrica da Toyota Motor Corporation, no Japão, nos meados dos anos 50

chamado Sistema de Produção Toyota (STP). Essas mudanças foram feitas para

tentar responder com redução de recursos, a uma intensa competição da indústria

automobilística que, representava um modelo de produção alternativo ao modelo de

produção em massa. (OHNO, 1997).

No início da década de 1950, Eiji Toyoda foi para o Complexo de Rouge, para

avaliar e estudar o sistema de produção em massa aplicado em Detroit. Retornando,

convocou o engenheiro Taiichi Ohno para aplicar algumas idéias encaminhadas ao

Japão. Defronte a crise que permanecia no país arruinado pelo pós-guerra, Ohno

notou que a aplicação do Sistema em Produção em Massa americano era

impraticável. O sistema baseia-se na diluição dos custos de produção, através da

produção em grande quantidade com baixa variação. A realidade da Toyota era

completamente oposta à realidade americana. Na verdade, a Toyota necessitava da

redução de custos e tempos e ao mesmo tempo produzir quantidades pequenas de

veículos. Dessa ideal de raciocínio, se deu origem a Produção Enxuta (WOMACK;

JONES; ROSS, 2004).

Segundo Womack, Jones e Ross (2004), as 3 etapas realizadas por Ohno no

princípio do Sistema Toyota de Produção foram:

- Primeira: Ohno distribuiu os trabalhadores em equipes de trabalho,

substituindo a função de supervisor por um líder. Com essa mudança, o

líder tinha a responsabilidade de coordenação da equipe e substituição

eventual de algum trabalhador quando necessário;

- Segunda: Ohno delegou às equipes, atividades peculiares aos seus

postos de trabalhado, como: limpeza dos postos de trabalho, pequenas

manutenções no maquinário e controle de qualidade no decorrer da linha

de produção;

- Terceira: Ohno elaborou um calendário para que as equipes se reunissem

e compartilhassem idéias para a melhoria do processo. Essa prática

periódica originou o Kaizen (melhoria contínua) ou grupos de Círculo de

Controle de Qualidade (CCQ), como foi divulgado no Ocidente.

Na Produção em Massa, apenas o gerente superior da linha, tinha a

responsabilidade em casos de extrema importância de parar a linha de montagem

para efetuar algum reparo. Ohno na sua interpretação atribuiu a cada trabalhador a

17

responsabilidade de parar a linha caso acontecesse algum problema. Com isso,

todos os trabalhadores iam até o local onde foi detectado o problema, para atuar na

resolução do mesmo, para que não voltasse a acontecer.

Ohno desenvolveu um sistema de solução de problemas para auxiliar na

detecção dos motivos do problema. Ele é identificado como a base do Sistema

Toyota de Produção, conhecido como os “cinco porquês”.

Conforme Ohno (1997, p. 131), “Repetindo-se por que cinco vezes, a

natureza do problema assim como a solução tornam-se claros. A solução ou como

fazer, é designado “como” “1H” (1C). Assim, “cinco por quês é igual a um como

fazer.”

2.1.2 Eliminação de Desperdícios

Com o objetivo de centralizar seus esforços nos clientes, as empresas

precisam agregar atividades para adicionar valor ao produto e eliminar toda forma de

desperdício.

Para Womack e Jones (2004) existem dois tipos de processos, os que

agregam valor e os que não agregam valor.

Os processos que agregam valor são aqueles que transformam e adicionam

valor aos produtos e os clientes se dispõem a pagar. Já os processos que não

agregam valor são divididos em dois tipos: os que não agregam valor, mas são

fundamentais para a fabricação de um produto e os que não agregam valor e não

são fundamentais na elaboração de um produto que precisam ser eliminados.

Segundo Murman et al. (2002) apud Machado (2006) a eliminação de

desperdícios pode ser uma importante forma de redução de tempo de ciclo, seja de

produção ou de desenvolvimento, por meio da eliminação de processos

desnecessários e que não agregam valor.

Para ele, em uma empresa enxuta, eliminar aquilo que não agrega valor é

mais importante que a realização de tarefas individuais, ou seja, processo enxuto

não é acelerar o trabalho, mas realizá-lo de forma “mais inteligente”.

18

Para Ohno (1997), a filosofia do Pensamento Enxuto visa à eliminação de

sete tipos de desperdícios: retrabalho, processamento desnecessário, estoques,

esperas, transporte, movimentos desnecessários e superprodução.

- Retrabalho: para Womack, Jones e Ross (2004), é refazer ou corrigir um

trabalho já realizado, mas que contém incorreções técnicas ou não atende

a necessidade do cliente;

- Processamento Desnecessário: para Ohno (1997) ocorre devido ao

projeto inadequado de ferramentas e produtos;

- Estoques: segundo Lean Institute Brasil (2007) são materiais presentes ao

longo da cadeia produtiva que possuem uma finalidade;

- Esperas: para Ohno (1997) ocorre quando um operador fica ocioso devido

a uma atividade anterior, quando a falta de material ou o equipamento em

que está operando necessita terminar todo o processamento para finalizar

a tarefa;

- Transporte: para Ohno (2007) se faz desnecessário quando há

deslocamento de mercadoria de um lugar para o outro que não seja o

destino;

- Movimentos Desnecessários: para Ohno (2007) são caracterizados como

todas as ações realizadas pelos operadores que não agregam valor ao

produto;

- Superprodução: para Ohno (2007) é considerada a produção superior de

itens sem uma necessidade direta.

2.1.3 Princípios Gerais da Mentalidade Enxuta

Segundo Womack e Jones (2003) enxuto é enxuto desde o momento que

proporciona uma forma de fazer cada vez mais com menos. Isto significa utilizar

menos esforço humano, menos equipamentos, tempo e espaço para realizar o

aumento do valor agregado e simultaneamente reduzir desperdícios.

Os cinco princípios gerais da Mentalidade Enxuta são: especificar de forma

precisa o valor, identificar o fluxo de valor, fazer com que o valor identificado flua,

deixando que o cliente puxe o valor e busca da perfeição.

19

2.1.3.1 Valor

Segundo Bauch (2004) apud Machado (2006), fornecer ao cliente o produto

errado, seja bem ou serviço, significa desperdício, não importando se o processo

esteja correto ou não. Para prevenir este desperdício deve se realizar uma análise

do contato com os consumidores específicos para atender suas necessidades

particulares no momento certo na quantia que estão dispostos a pagar. Uma vez as

necessidades do consumidor definidas, torna-se facilitada à definição do valor

monetário do bem ou serviço.

Para Tuckner (1999) os bens ou serviços de uma empresa que atendem às

necessidades de um comprador e este considera justo o preço pedido, pode-se dizer

que o negócio gerou valor para o comprador. Valor pode ser considerado como a

combinação de três fatores que formam a “Proposição de Valor”: qualidade, que se

refere ao modo que um produto ou serviço foi executado; serviço, que se refere ao

nível de transformação percebido pelo cliente e a quantidade de serviços que foram

adquiridos ou oferecidos juntamente com um pacote de bens ou serviços; preço, que

se refere à quantia monetária que valora o bem ou serviço obtido.

Deschamps (1997) alerta que muitas empresas consideram o valor como a

estratégia de concorrência fundamental, buscando alta qualidade com baixos custos.

No entanto, é com grande freqüência desprezada por alguns empresários por ser

considerado como inatingível.

Womack e Jones (1998) em relação à especificação de valor salientam que

as empresas que não operam seguindo os princípios da Mentalidade Enxuta

definem preços de vendas específicos baseados no que acreditam que o mercado

poderá suportar. Em seguida trabalham de trás para frente, a fim de determinar os

custos aceitáveis para garantir uma margem de lucro adequada, e devem fazê-lo a

qualquer momento, assim que iniciar o desenvolvimento de um novo produto.

Segundo Júnior e Rodrigues (1998) na Toyota foi desenvolvido um sistema de

medidas de desempenho. Esse sistema é baseado nos custos alvo e nos custos

kaizen. A lógica do custo alvo é utilizada para o lançamento de novos produtos e é a

tarefa de maior especificação do valor, segundo Womanck e Jones (2004), depois

de definido o produto. Para o custo alvo é proposto um preço alvo e um lucro alvo a

20

partir dos quais é calculado um custo alvo. Já os custos kaizen são utilizados para

elaboração de melhorias para produtos e processos já existentes (MONDEM, 1986).

2.1.3.2 Cadeia de Valor

Segundo Womack e Jones (2003) após a definição de valor, deve-se

identificar o fluxo de valor atual, como o conjunto de atividades exigidas para a

produção de um produto, independentemente se seja um bem ou serviço ou

combinação de ambos.

A Cadeia de Valor segundo Womack e Jones (2004), é o conjunto de todas as

ações específicas necessárias para levar um produto específico (seja bem ou

serviço) a passar pelas três tarefas gerenciais críticas em qualquer negócio: o

desenvolvimento do produto, que vai desde a concepção da necessidade até o

lançamento do produto; gerenciamento da informação, que vai do recebimento do

pedido do comprador até a entrega; transformação física, que vai desde a matéria-

prima ao produto acabado no cliente.

Segundo Porter (1999) a cadeia de valores de uma empresa encaixa-se em

uma corrente maior de atividades que, ele denomina sistema de valores. Os

fornecedores possuem cadeias de valores que criam e entregam os insumos

adquiridos usados na cadeia de uma empresa. Os fornecedores não somente

entregam um produto, mas também podem influenciar o desempenho de uma

empresa de várias maneiras. Os canais executam outras atividades que afetam o

comprador, bem como, influenciam as atividades da própria empresa. O produto de

uma empresa torna-se eventualmente parte da cadeia de valor de seu comprador. A

base final para a diferenciação é o papel de uma empresa e de seu produto na

cadeia de valores do comprador, que determina as necessidades destes. A

obtenção e a sustentação de uma vantagem competitiva dependem da

compreensão, não só da cadeia de valores de uma empresa, mas também do modo

como à empresa se enquadra no sistema geral de valores.

Para Slack (1998) apud Machado (2006), cadeia de valor é o conjunto de

todas as ações exigidas para conduzir um produto por meio de um gerenciamento

de tarefas de um negocio específico. Ele também distingue que fluxo de valor é

21

focado em um único ou específico produto, em oposição às perspectivas baseadas

em processos agregados.

2.1.3.3 Fluxo de Valor

Depois de especificar o valor, mapear o fluxo de valor e eliminar as atividades

que não agregam valor, a próxima etapa trata de fazer o fluxo das atividades que

agregam valor fluírem, buscando o fluxo contínuo.

Segundo Rother e Shook (2003) o fluxo de valor é toda a ação necessária

para levar um produto por todos os fluxos essenciais de cada produto: do projeto até

o lançamento e da matéria-prima até o consumidor.

Para Rother e Shook (2003) o mapeamento do fluxo de valor, é uma

ferramenta essencial que auxilia a visualizar o fluxo de material e informações em

todo o processo. Os resultados permitem identificar as fontes de desperdícios.

Womack e Jones (2004) afirmam que o objetivo do princípio do fluxo de valor,

consiste, em definir funções, departamentos e empresas, para que possam contribuir

de forma positiva para a criação de valor e alcançar as verdadeiras necessidades

essenciais de cada produto em todos os pontos do processo produtivo.

Como fases do mapeamento do fluxo de valor, Rother e Shook (2003)

estimulam o desenho do estado atual do produto, seguindo de desenho do estado

futuro e os planos de trabalho para a transformação e implantação do modelo.

2.1.3.4 Produção Puxada

A Produção Puxada ao contrário do sistema convencional de prever a

produção, tem por objetivo utilizar de maneira mais racional possível os recursos

produtivos disponíveis, de tal forma que o fluxo total seja maximizado. Este tipo de

produção prevê que cada etapa da cadeia produtiva só deve iniciar o ciclo de

produção de algum lote, apenas quando houver efetivo consumo.

22

Para Womack e Jones (2004), para que isso ocorra é essencial que o

princípio do fluxo seja realizado, que poderá reduzir notoriamente os tempos de

liberação de material no fluxo de desenvolvimento do produto, no processo de

ordens de produção e na produção física. Isto permite alta flexibilidade na produção

e permite alta flexibilidade e agilidade para projetar, programar e produzir

exatamente o que os clientes desejam e na hora que necessitam. Também permite

diminuir o tempo de resposta à demanda dos clientes, redução de estoques, melhor

retorno sobre investimento e manutenção de um nível mínimo de fluxo de valor no

ambiente produtivo.

No âmbito organizacional, Davis (2001) ressalta a importância da

sincronização e o equilíbrio da informação e o ciclo de trabalho. A pertinência entre a

demanda e a capacidade produtiva é a condição ideal para que o produto sempre

esteja disponível quando o cliente exigir.

A chave deste princípio está no rápido ressuprimento para a próxima

atividade no ciclo produtivo (WOMACK; JONES, 2003).

2.1.3.5 Busca pela Perfeição

Segundo Womack e Jones (2003), conseguir a perfeição implica a melhoria

de processos e aumentos sucessivos na eficiência. Para eles, a transparência e o

acesso irrestrito a dados são os aliados de maior relevância para se alcançar a

perfeição. Isto também, cria um ambiente onde se torna fácil a descoberta de

melhores formas de criar valor.

A busca pela perfeição pode decorrer de melhorias contínuas incrementais,

conhecidas como Kaizen ou por meio de forma radicais, conhecidas como kaikaku.

Para Imai (1986) apud Borchardt (2005), kaizen significa melhoramento. Sua

definição vai além de processos produtivos: significa melhoramento na vida pessoal,

doméstica, social e no trabalho. Para ele, quando essa terminologia é aplicada na

organização, significa melhoramentos contínuos evolvendo todos, administradores e

operários de forma igual.

Segundo Slack et al. (1996), kaikaku presume que uma mudança drástica no

modo de trabalho é o principal veículo para melhoramento. Os impactos desse

23

princípio de melhoramento são resultados repentinos e graus de mudanças

abruptos.

Para Ishikawa (1993) o melhoramento contínuo para busca da perfeição não

é importante o tamanho de cada passo que se dá, mas a probabilidade de os

melhoramentos persistirem.

2.2 MAPA DE FLUXO DE VALOR ESTENDIDO

Para Womack e Jones (2004), o Mapeamento do Fluxo de Valor Estendido é

toda ação que transforma um produto de uma matéria-prima até o produto final

entregue ao consumidor. As ações importantes a serem mapeadas provêm de dois

fluxos: pedidos fluxo acima, que parte do cliente em direção a matéria-prima;

pedidos fluxo abaixo, que parte da matéria-prima até aos braços do cliente.

O Mapeamento do Fluxo de Valor é o estudo e análise de todos os processos

e atividades dentro de uma única unidade fabril ou prestadora de serviços. O

Mapeamento do Fluxo de Valor Estendido é a extrapolação do Mapeamento de

Fluxo de Valor para toda a cadeia produtiva, desde a concepção da matéria-prima

até a entrega do produto ou serviço ao cliente final, incluindo todos os fornecedores,

transportes, clientes e fluxos de informações que aglutinam todo processo.

“O mapeamento do fluxo de valor é o simples processo de observação direta

dos fluxos de informação e de materiais conforme eles ocorrem, resumindo-se

visualmente e vislumbrando um estado futuro com um melhor desempenho”

(WOMACK; JONES, 2004).

2.2.1 Família de Produtos

Segundo Womack e Jones (2004) uma família de produtos inclui um grupo de

vários itens que percorrem as mesmas etapas no processamento, utilizando os

mesmos equipamentos. Uma mesma família de produtos pode ser fornecida para

clientes diferentes e apresentar diferenciações que apenas do ponto de vista do

24

fabricante formam claramente uma família de produtos. Como exemplo, no ramo de

ferramentas elétricas, uma família de produtos pode ser de furadeiras elétricas de

tamanho médio que utilizam à mesma carcaça e transcorrem pelo mesmo processo

de montagem, mesmo que os produtos acabados apresentem características finais

diferentes entre eles. As famílias também poderiam ser definidas pelos tipos de

motores utilizados pelas furadeiras.

A figura nº1 mostra a relação de algumas empresas com fluxos de valor

semelhante e que possuem relações complexas entre suas famílias de produtos. A

família de produtos de induzidos (Carcaças Ômega) é uma de muitas partes de

componentes de um fabricante de alternadores (Alternadores Delta), que é um

componente entre todos para montadora Summa na sua plataforma.

O mapeamento estendido simplifica essas relações concentrando-se em

apenas um fluxo, a fim de ministrar melhorias que possam ser aplicadas em todos os

fluxos.

Figura 1 – Família de Produtos na Perspectiva Summa. Fonte: Jones e Womack (2004, p. 3).

Conforme Womack e Jones (2004), após a escolha do ponto inicial de

mapeamento, o próximo passo é o mapeamento efetivo, seguindo o caminho de

25

uma única família e um único produto, para que se possam identificar desperdícios

no processo. A alternativa de mapear o fluxo de valor estendido a todos os

componentes que compõe um produto é dispendiosa, necessitando de muito tempo

e sobrecarga nos envolvidos com os dados.

2.2.2 Mapa do Estado Atual

O Mapa do Estado atual define, segundo Womack e Jones (2004), como o

fluxo de valor está caracterizado na empresa, antes de qualquer mudança.

Para exemplificar a elaboração de um Mapa de Estado Atual será utilizado

para as próximas etapas, um componente automotivo de alto volume e pouca

variabilidade, um limpador de pára-brisas, que consiste de uma lâmina segurando o

limpador e o braço que faz a ligação com o veículo.

Para Womack e Jones (2004) apenas informações diretas e úteis são

relevantes. A melhor maneira de iniciar o mapa é agrupar e resumir os dados de

cada uma das plantas e das conexões de transporte que passam o produto. O ponto

inicial é o cliente final, nesse caso é o Centro de Distribuição da Montadora Alfa, a

fabricante do veículo.

2.2.3 Fluxo de Processos

O passo seguinte segundo Womack e Jones (2004), é seguir fluxo acima,

percorrendo todas as plantas exigidas para confecção do produto. Segue-se pelas

plantas do Montadores Alfa, Limpadores Beta e da Estamparia Gama, seguindo ao

depósito de expedição dos Aços Michigan, um distribuidor de matérias-primas.

Figura 2 – Fluxo de Processos Fonte: Adaptado de Jones e Womack (2004, p.11).

26

Segundo Womack e Jones (2004), o limpador de pára-brisa apresenta-se em

duas especificações: acabamento fino (AF) e acabamento padrão (AP), em dois

tamanhos: pequeno (P) e grande (G), em dois modelos (A e B). Para esse exemplo,

os limpadores direito e esquerdo são iguais. O acabamento diferencia pelo tipo de

pintura: fosca para a especificação padrão e brilhante para o acabamento fino. Os

dois modelos diferem apenas no tamanho, possuindo o mesmo projeto de

montagem. As ações que ocorrem ao longo do fluxo seguem a mesma seqüência de

processo nas mesmas empresas e usam os mesmos equipamentos, com apenas

alguns acessórios e ferramentas diferentes, consolidando uma família de produtos.

Após a definição da família de produtos, Womack e Jones (2004) sugerem

analisar o fluxo de valor a ser mapeado, registrando as plantas visitadas, as

conexões de transporte, todas as ações efetuadas sobre o produto, todas as

atividades relacionadas ao gerenciamento da informação e o tempo necessário.

Das 73 atividades relacionadas, apenas 8 são atividades que agregam valor.

O tempo de todo processo é de 44,3 dias e somente 54,6 minutos de tempo para

agregação de valor.

Figura 3 – Resumo das Etapas Físicas. Fonte: Fonte: Jones e Womack (2004, p. 17).

27

2.2.4 Mapa de Fluxo de Valor do Estado Atual

Toda informação levantada, precisa ser refinada e simplificada para que seja

útil. Conforme Womack e Jones (2004), a melhor maneira de fazer isso é agrupar e

resumir todos os dados levantados de cada uma das plantas e conexões, pelas qual

o produto percorre. O cliente final é a Montadora Alfa, que fornece para as

concessionárias o produto final, as quais vendem para os consumidores efetivos.

Para o produto final chegar ao Centro de distribuição de Alfa, ele passa por diversas

plantas.

O passo seguinte segundo Womack e Jones (2004) é inserir mapas para as

três plantas que compõem o fluxo de valor: Estamparia Gama, Montagem da

Limpadores Beta e Montadora Alfa.

Para Womack e Jones (2004), o próximo passo é adicionar as conexões de

transporte entre as instalações e por último na parte inferior do mapa, inserir uma

linha de tempo e de etapas.

2.2.5 Mapeando o Fluxo de Informação

Segundo Womack e Jones (2004), após a conclusão do mapeamento físico

do produto, o mapeamento do fluxo de valor está na fase intermediária, visto que,

sem cliente não haverá fluxo. Portanto, deve-se iniciar a definição de fluxo dos

pedidos e informações da produção a partir do consumidor final.

Womack e Jones (2004) afirmam que o mapeamento do fluxo de informações

é a etapa mais complexa para se desenvolver. Para eles, os departamentos de

vendas, controle de produção e operações tende a comunicar-se de forma

inadequada.

28

2.2.6 Amplificação da Demanda

Segundo Womack e Jones (2004) a produção real difere da planejada devido

à retirada de produtos para corrigir peças defeituosas ao longo do processo. Com

esse fato a demanda aumenta consideravelmente ao longo do processo produtivo.

2.2.7 Mapa Final do Estado Atual

Segundo Womack e Jones (2004), mapear todas as fases do processo

fornece informações preciosas, mas a tarefa exige muito tempo e esforço, pois é

necessário examinar organizações que fazem parte do ciclo. (Ver Apêndice C)

Womack e Jones (2004) notam que 44,3 dias e 73 ações sobre o produto são

necessárias para se atingir 54,7 minutos de agregação de valor, envolvendo apenas

oito estações, significando 99,992% do tempo gasto e 89% das ações não agregam

nenhum valor para o cliente.

Com auxílio do mapa, facilita a visualização aonde os esforços devem ser

direcionados. O objetivo principal é a redução das atividades e tempos que não

Figura 4 – Resumo do Estado Atual Fonte: Adaptado Jones e Womack (2004, p. 41).

29

agregam valor nenhum ao cliente. Por isso, deve-se utilizar de todas as ferramentas

disponíveis para a eliminação dos desperdícios e focalização na agregação de valor.

Segundo Womack e Jones (2004) o Mapa de Estado Futuro são os objetivos

alcançados a partir de melhorias realizadas ao longo de todo o processo produtivo.

Para alcançar melhorias significativas, deve-se visar um fluxo contínuo dos

processos, implantação do sistema puxado, eliminando etapas que não agregam

valor e avaliar as informações. Também é importante analisar todas as conexões de

transportes e qualidade dos serviços prestados em cada etapa do processo, visto

que, qualquer problema em qualquer etapa do fluxo de processos acarretará

problemas ao longo de toda a cadeia produtiva.

2.3 TEORIA DAS RESTRIÇÕES (TOC)

2.3.1 Histórico

Segundo Noreen et al. (1996), a Teoria das Restrições (TOC) teve seu

desenvolvimento a partir da década de 70 quando o físico israelense Eliyahu

Goldratt auxiliou o gerenciamento da empresa de um amigo seu. O físico utilizando o

processo de raciocínio aplicado à física, focalizou-se no desafio de tentar melhorar o

desempenho daquela organização. Notando que a maior deficiência era a logística

da produção, desenvolveu seu próprio método de administração da produção.

Para Goldratt e Cox (1993), o motivo da existência de uma organização é sua

meta, que para uma empresa com fins lucrativos, é obter lucros, agora e no futuro.

Na década de 80, Goldratt escreveu um romance evidenciando as

dificuldades do gerenciamento da produção, onde apresentou sua teoria e seus

princípios de como desenvolver e recuperar a competitividade da empresa

(GUERREIRO, 1995).

Para Corbett Neto (1996) o principal responsável pela divulgação do TOC foi

o romance “A meta”, onde a maioria das interpretações é voltada somente para a

produção. Com essa percepção, Goldratt desenvolveu outra obra que aborda

30

problemas estratégicos para as empresas. O novo romance levou o titulo, “Mais que

sorte... um processo de raciocínio”.

Segundo Swain (1999) apud Rank (2001), a nova maneira de Goldratt

interpretar a gestão desenvolvida dentro das organizações foi responsável pelo

conflito com a contabilidade gerencial.

Para Goldratt (1992) a TOC não aceita a definição de custo fixo do produto e

nem valor agregado a produto em estoque. Para ele, o valor é agregado à empresa

e o lucro líquido somente existirá no momento da venda do produto. Portanto, nos

tempos atuais, o preço de venda é determinado pelo mercado e não através da

aplicação da margem de lucro em cima do custo do produto.

2.3.2 Conceitos Básicos

A Teoria das Restrições segundo Cox e Spencer (2002) é uma filosofia de

administração da produção desenvolvida por Eliyahu M. Goldratt com foco em três

áreas: logística, indicadores de desempenho e pensamento lógico. A logística

engloba a programação tambor-pulmão-corda, o gerenciamento de pulmões e

análise V-A-T. Os indicadores desempenham ressaltam o ganho, inventário e

despesas operacionais e as cinco etapas de focalização. Já o processo de

pensamento lógico possui ferramentas como: árvore de realidade atual, diagrama de

dispersão de nuvens e árvore de realidade futura. Seu principio fundamental é que

qualquer sistema produtivo possui pelo menos uma restrição, do contrário o lucro

sobre esse sistema seria infinito.

Para Cox e Spencer (2002) o gerenciamento das restrições é o

gerenciamento dos recursos e das organizações através dos princípios preconizados

na teoria das restrições.

Segundo Goldratt (1991), restrição pode ser definida como qualquer

fenômeno que impeça uma organização a alcançar sua meta. Para Guerreiro (1996),

a palavra chave na TOC é restrição, e é definida como o limitante para o alcance do

objetivo da empresa. Elas podem se classificar em dois modelos, as físicas e as não

físicas. As físicas são as capacidades de maquinário, mão de obra, insumos e etc.

31

Já as não físicas estão relacionadas às políticas organizacionais, demanda do

mercado e normas.

A estrutura de produto para Cox e Spencer (2002) define como a seqüência

de operações que o produto sofre durante o processo para atingir a qualidade de

produto final. A estrutura de produto evidencia a matéria-prima sendo transformada

em componentes, esses componentes formando sub-montagens e sub-montagens

sendo transformadas em produto.

Para Cox e Spencer (2002) a cadeia de produção é a união de todos os

centros de trabalho, processos, pontos de estoques, desde a matéria-prima até

produtos acabados. Representa o algoritmo que define o esquema lógico para

atingir os objetivos estratégicos organizacionais, baseando-se em seus recursos,

processos e volume de produtos.

A filosofia do tambor-pulmão-corda segundo Goldratt (1992), representa o

sincronismo entre os processos. Para ele é qualquer modo sistemático para

movimentar os materiais de forma rápida e uniformemente através dos vários

processos da empresa, de acordo com a demanda do mercado. O tambor

representa o ritmo da produção determinado pela restrição do sistema. Os pulmões

são as proteções contra as incertezas para que se possa maximizar o ganho. A

corda simboliza a comunicação entre a restrição e o controle de liberação de

material, para o sistema sustentar a restrição.

Para Goldratt (1993), ganho é a taxa que o sistema gera dinheiro através das

vendas. Já gargalo é qualquer recurso cuja capacidade limita a produção. Um

sistema sempre apresentará ao menos um gargalo, sendo sempre associado ã

restrição do modelo produtivo.

Conforme Cox e Spencer (2002) inventário é definido pelos itens comprados

que podem ser revendidos, desde matérias primas até bens acabados. O inventário

é avaliado pelo valor de compra não incluindo o valor agregado, sendo oposto a

práticas contábeis tradicionais;

32

2.3.3 Os Cinco Passos

Segundo Cox et al. (1995) o “5 passos” é um processo de aperfeiçoamento

contínuo nas organizações através da avaliação do sistema produtivo e mercadoló-

gico para determinar o modo de obter mais lucro explorando as restrições. As etapas

são: identificar a restrição, decidir como explorar a restrição, subordinar as não-

restrições, elevar a restrição do sistema e retornar ao primeiro passo.

2.3.3.1 Identificar a restrição

Para Guerreiro (1996) na primeira fase devem ser definidas todas as

restrições do sistema produtivo. Todo sistema sempre terá pelo menos uma restrição

e sua quantidade sempre será reduzida.

Para Cox et al. (1995) a primeira fase interage de forma a encontrar o fator

limitante do ganho da empresa. Para ele, qualquer sistema produtivo há alguma

restrição, se não, o sistema cresceria sem limites e a organização teria lucro

ilimitado. Caso não exista restrição física na organização, o mercado virá a atuar

como restrição no processo.

Segundo Cox et al. (1995) para identificar o fator limitante de ganho da

organização é necessário medir a capacidade de cada máquina ou centro de

trabalho para cada tipo de produto fabricado. Na figura nº6, a operação limitante do

processo é a 20. Sua capacidade produtiva é a menor de todas as operações. A

administração deve focalizar os esforços nela, visto que o desempenho total

depende do desenvolvimento dela.

33

Figura 5 – Operação limitante da capacidade produtiva. Fonte: Cox (2002, p. 71).

2.3.3.2 Decidir como Explorar a Restrição

Conforme Cox et al. (1995) a segunda fase consiste na determinação de

como explorar a restrição a fim de trazer maior ganho possível. A restrição deve ser

utilizada o tempo inteiro, aproveitando a capacidade máxima. Deve-se considerar

que cada minuto perdido numa restrição é um minuto em todo o processo, visto que

nas restrições não há folgas.

Segundo Cox et al. (1995) deve-se ter certeza que a ocupação da restrição é

com os produtos certos para que os lucros sejam maximizados. Medidas como

redução de tempo de setup, prioridade em manutenções preventivas e corretivas,

controle de qualidade antes da restrição (para não trabalhar em peças defeituosas e

desperdiçar capacidade) reduziram o tempo desperdiçado na restrição. A

focalização em produtos para vendas, analise se realmente é necessário que todos

os produtos que passam pela restrição continuem passando e a possibilidade de

terceirização e investimentos na restrição auxiliará na administração da restrição,

visando elimina-la. Se a restrição for o mercado, diminuição nos prazos,

confiabilidade e qualidade na entrega auxilia na redução dessa restrição.

34

2.3.3.3 Subordinar as Não-Restrições

Para Noreen (1996) a TOC inicia com a definição de que atividades diferentes

possuem capacidades diferentes e que flutuações estatísticas não podem ser

desconsideradas.

Segundo Cox et al. (1950) a terceira etapa consiste em subordinar todas as

atividades não restritivas à restrição. Isso significa que todos os recursos devem

trabalhar exatamente na cadência da restrição, sendo proibitivo a ausência de

material na restrição. Nessa fase, alguns dos recursos não restritivos ficarão

ociosos, pois é totalmente ineficaz trabalhar mais rápido que a restrição. Para ele

muitos gerentes desistem da implantação da filosofia nessa etapa, pois isso gera

grande quebra nos paradigmas gerenciais.

2.3.3.4. Elevar a Restrição do Sistema

Segundo Goldratt (1991) essa fase significa “levantar a restrição”. Aumentar a

capacidade da restrição é fundamental e poderá trazer a eliminação da restrição. Ela

diferencia da segunda etapa, pois no segundo passo foi aproveitada ao máximo a

capacidade da restrição e no quarto passo é elevar essa capacidade, utilizando-se

de mais turnos, mais recursos, mais maquinário, mais mão de obra, melhorias e

automatização.

2.3.3.5.Retornar ao Primeiro Passo

Segundo Rodrigues (1995) o sistema deve ser reavaliado, pois as restrições

são móveis e alteram de acordo com as modificações no ambiente. Se a restrição for

quebrada na etapa anterior deve-se voltar ao primeiro passo e recomeçar todo o

processo.

35

Para Cox et al. (1995) a quinta etapa tem a finalidade de evitar que a inércia

interrompa o processo de aprimoramento contínuo.

36

3 PROPOSTA DO MÉTODO

O mapa de fluxo de valor estendido permite uma visualização simples e direta

da cadeia de valor, demonstrando os fluxos de processo, material, informação e

transportes desde a matéria-prima até o consumidor final. Essa análise é importante

para identificação dos desperdícios e sua fontes.

Essa diagramação tem como principal objetivo auxiliar à tomadas de decisão

referente ao fluxo representado, de forma lógica e simples, com base na filosofia do

pensamento enxuto.

Assim que definido o mapa de fluxo de valor estendido atual, deve-se partir

para a projeção e idealização do estado futuro. O estado futuro compreende as

melhorias no processo que pode tornar-se realidade num espaço de tempo

adequado com a realidade organizacional, apontando os pontos aonde serão

aplicadas as melhorias, baseadas no estado atual para transformar o estado futuro

em estado atual após o período determinado.

O mapa de fluxo de valor estendido permitirá a evidência principalmente os

seguintes fatores:

- Fluxo da matéria-prima e produtos desde o primeiro fornecedor até o

cliente final;

- Quantidade e freqüência de abastecimento de em todos os pontos do

fluxo produtivo;

- Fluxo de informações e interação entre os processos responsável pela

família de produtos;

- Análise da demanda;

- Pontos de transportes e armazenagem de produtos acabados, matéria-

prima e sub-produtos.

Aplicar a metodologia de mapeamento do fluxo de valor estendido a todas as

famílias de componentes e subprodutos pertencentes a um produto é inviável. O

tempo gasto para a determinação de todas as etapas, grande quantidade de dados

e complexidade de análise, acaba-se fugindo do enfoque.

37

Uma das maiores dificuldades para a implantação dessa ferramenta é a

definição de qual família do produto deve-se iniciar o estudo. Como a análise a ser

elaborada é abrangente e detalhada, é extremamente importante que seja escolhida

a família que realmente influencia no processo de fabricação do produto.

Visando essa dificuldade, uma alternativa proposta é a utilização da Teoria

das Restrições para definição da família que trará resultados organizacionais

significativos para o processo.

Com essa opção, é possível determinar quais as famílias de produtos que

fazem parte das atividades restritivas e assim, analisar através de todo o processo

(desde a matéria prima até o consumidor final) pontos cujo tempos e custos possam

ser reduzidos para benefício da restrição e de todo sistema.

3.1 MODELO DE METODOLOGIA PARA APLICAÇÃO

Inicialmente, para delimitação das famílias a serem mapeadas, é necessário à

definição da ferramenta utilizada para escolha das famílias de produtos para a

análise do estudo. A utilização da teoria das restrições para a análise de fluxo de

valor estendido tem como uma das finalidades o ganho de tempo para a análise.

Após a definição da família de produtos a ser estudada, o passo seguinte é

descrição de todas as atividades de processos de fabricação do produto escolhido.

Com a descrição das atividades, pode-se iniciar a aplicação de 6 passos da

para aplicação da utilização da Teoria das Restrições com a Análise de Fluxo de

Valor Estendido: Identificar a Restrição, Decidir como Explorar a Restrição,

Subordinar as Não-Restrições, Análise de Fluxo de Valor Estedido, Elevar a

restrição do Sistema e Retornar ao Primeiro Passo.

38

Figura 6: Fluxograma dos Processos

Fonte: Própria

Para Identificar a Restrição do sistema produtivo é necessário o levantamento

da produtividade por período de tempo das atividades envolvidas no processo de

fabricação.

Com todos os dados levantados deve-se identificar o gargalo (restrição),

colocando essas informações em uma linha de processo e identificando qual é a

atividade com a menor capacidade produtiva.

39

Depois de definida a restrição do sistema, o passo seguinte é Decidir como

Explorar a Restrição. Essa etapa define como deve ser administrada a restrição para

se obter o maior ganho e não permitir que ela venha a tornar-se um problema.

A atividade escolhida é a que possui nenhuma folga no sistema, sendo

primordial que as atividades antecessoras não permitam a ausência de material para

a restrição. Tempo perdido nessa atividade é tempo perdido em todo o sistema, pois

a ausência de folga não permite a recuperação, assim, aproveitando a capacidade

máxima do gargalo.

As reduções dos tempos de setup são grandes preocupações nesse tipo de

atividade. Muitas vezes são tempos excessivos onde a atividade fica improdutiva. A

diminuição desse problema traz um retorno satisfatório com custos baixos.

A restrição deve trabalhar somente em produtos destinados para vendas,

qualquer outra atividade na restrição é diminuição do ganho da empresa. A restrição

também não pode perder tempo em processar produtos com defeitos provindos de

atividades anteriores. É necessária a monitoração de algum tipo de controle de

qualidade antes da atividade restritiva. Com isso o aproveitamento do processo em

prol do ganho será superior.

O passo seguinte é Subordinar as Não Restrições às restrições do sistema.

Essa etapa consiste em todas as atividades não restritivas trabalharem no mesmo

ritmo da atividade restritiva. Isso implica num fluxo continuo de fabricação. Se por

algum motivo uma não restrição diminuir temporariamente o seu ritmo, faltarão

recursos na restrição para processamento. Para evitar isso, deve ser alocados

pulmões antes da restrição, evitando impactos sobre flutuações no sistema até que a

não restrição se recupere. Caso o ritmo da atividade não restritiva acelere,

aumentará o pulmão de segurança antes da restrição, o que gera aumento de

inventário entre processos.

Com a restrição definida, deve-se utilizar a família de produtos, subprodutos

ou materiais que fazem parte do processo para a análise de fluxo de valor estendido.

Essa etapa tem por finalidade determinar melhorias ao longo de toda a cadeia

produtiva para que se possa melhorar a restrição antes que sejam necessários

investimentos para aumento de sua capacidade máxima.

Primeiramente, deve-se realizar o Mapa de Estado Atual das famílias de

produtos selecionadas. Essa atividade tem como objetivo visualizar a atual situação

das famílias de produtos desde o seu fornecedor primário até o cliente final.

40

Depois de definido o Estado Atual, o passo seguinte é a determinação do

Fluxo de Processos. Nessa etapa deve ser analisado o fluxo de valor a ser

mapeado, avaliando as plantas, conexões de transportes, ações sobre a família

selecionada e todo o gerenciamento de informações e tempos.

Com essas informações é possível a elaboração do Mapa de Fluxo de Valor

de Estado Atual. Essa representação tem como objetivo demonstrar os dados de

forma resumida e agrupados, para uma fácil leitura da demonstração representada.

Após a determinação do mapeamento físico das famílias selecionadas, deve-

se iniciar a definição do fluxo de pedidos e informações do processo produtivo desde

o pedido do cliente até a entrega. É necessário fazer uma avaliação de todo o

processo retroativamente, iniciando do consumidor final até o primeiro fornecedor.

A Amplificação da Demanda deve ser determinada para análise de flutuações

da demanda para determinação de alocação de recursos e mão de obra durante o

período analisado.

Finalmente, com todas essas informações levantadas, é possível a

construção do Mapa Final de Estado Atual.

Com a representação da estrutura de valor da família de produtos, devem-se

avaliar todas as etapas individualmente e avaliar possíveis melhorias ao longo de

todo o processo. Esse estudo deve visar economia de tempos, transportes e gastos,

para que auxilie na elevação da capacidade de ganho da restrição.

A próxima etapa é Elevar a Restrição do Sistema. Nessa etapa de estudo é

analisado a maneira como pode ser ampliada à capacidade máxima produtiva da

restrição.

Há uma infinidade de opções para que se possa obter esse resultado.

Aumentar a quantidade de turnos de operação da atividade, dependendo do caso e

da necessidade é o mais indicado. Outras duas principais opções para o aumento da

capacidade máxima são: o aumento de mão de obra e maquinário, seguidos de

automatização do processo produtivo.

O ultimo passo é Retornar ao Primeiro Passo. Se a atividade deixou de ser

considerada restritiva, precisa efetuar uma nova analise, com novas capacidades

produtivas e encontrar uma nova restrição do processo. Caso a atividade continua

restringindo o sistema, deve-se retornar os passos até a eliminação da mesma.

41

4 SIMULAÇÃO DA APLICAÇÃO DO MODELO METODOLÓGICO

A simulação será realizada na empresa fictícia XYZ que tem como produtos α,

β e Ω. Os produtos percorrem a mesma linha produtiva diferenciando no tamanho da

sua carcaça (operação 15), potência do motor (operação 25) e acionamento

automático ou manual (operação 35).

4.1 IDENTIFICAR A RESTRIÇÃO

Figura 7: Fluxo de Operações Fonte: Própria

A restrição caracteriza-se pela atividade que possui a menor produtividade

por unidade de tempo. Nesse modelo, o gargalo do sistema produtivo é a operação

25, que possui a capacidade produtiva de duas unidades por hora. O Objetivo é

elevar sua capacidade produtiva para sete unidades por hora, para que não restrinja

mais o processo.

42

4.2 DECIDIR COMO EXPLORAR A RESTRIÇÃO

Nessa etapa é necessária a avaliação de melhorias que venham a contribuir

para o melhor aproveitamento da restrição. As seguintes ações foram tomadas:

• Redução do tempo de processamento na operação 25 de 30 minutos para 20 minutos;

• Controle de Qualidade antes da restrição; • Redução do setup de duas horas para quarenta minutos; • Prioridade de transformação de produtos para vendas através de

sinalizações coloridas; • Prioridade de processamento de produtos de maior valor agregado através

de sinalizações coloridas;

Com essas medidas adotadas foi possível o aumento de produção da

restrição para três unidades por hora, conforme identificado na figura 8.

Figura 8: Aumento da produtividade da Operação 25 Fonte: Própria

4.3 SUBORDINAR AS NÃO-RESTRIÇÕES

Para o nivelamento da produção e redução de inventários, utiliza-se a

metodologia do tambor-pulmão-corda. Com isso, consegue-se ritmar a produção em

três unidades por hora, coloca-se um pulmão de nove unidades antes da restrição

43

para proteção e concilia-se o ritmo de liberação de matéria-prima ao ritmo do

gargalo. Identifica-se esse processo na figura 9.

Figura 9: Metodologia Tambor-Pulmão-Corda Fonte: Própria

4.4 ANÁLISE DE FLUXO DE VALOR ESTENDIDO

Através do estudo ao longo de toda cadeia produtiva, é possível determinar

melhorias desde a extração da matéria-prima até a entrega para o consumidor final.

(Ver exemplo anexo C).

Com essa análise conseguiu-se melhorar alguns processos durante todo

percurso, que colaboraram para a diminuição do tempo de processamento e

eliminação do setup na operação 25. As duas principais ações foram: mudança na

embalagem do motor para uma embalagem de mais rápido acesso e

desenvolvimento de um motor que elimina a variação de potências, sendo utilizado

um potenciômetro para o dimensionamento. Sendo assim, é necessário apenas um

modelo de motor para atender as três variações e não acrescentando custos de

produção. Com essa modificação a produtividade no operação 25 subiu para cinco

unidades por hora.

44

Figura 10: Redução de Tempo de Processamento e Setup da Operação 25 Fonte: Própria

4.5 ELEVAR A RESTRIÇÃO DO SISTEMA

O objetivo inicial é a elevação da capacidade produtiva da restrição para sete

unidades por hora. O alcançado até essa etapa é de cinco unidades por hora. Para a

tentativa de elevar a produtividade, a opção escolhida é acrescentar dois operários

na operação 25.

4.6 RETORNAR AO PRIMEIRO PASSO

O resultado obtido através de todos os passos desenvolvidos até essa etapa é:

45

Figura 11: Capacidade Final de Produtividade Fonte: Própria

Conforme a figura 12 nota-se que a operação 25 não é mais a restrição do

sistema. Com essa análise deve-se retornar ao primeiro passo e encontrar a nova

restrição do sistema e efetuar todas as etapas novamente.

46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na revisão bibliográfica introduziu-se os conceitos da Teoria das Restrições e

do Fluxo de Valor Estendido que estão diretamente ligadas ao desenvolvimento do

trabalho, sua aplicabilidade, passos para análise para avaliação de sistemas

produtivos.

A meta das organizações é atingir o melhor resultado através de sua atividade

desenvolvida. Conforme a Teoria das Restrições, elevando-se a capacidade de uma

restrição, diretamente irá aumentar os ganhos da empresa. Com isso, a utilização da

Análise de Fluxo de Valor Estendido nas famílias de produtos oriundos da atividade

restritiva, leva-se a atingir o melhor resultado empresarial visado em relação ao

aumento do ganho da organização.

O mundo das organizações requer a obtenção de melhores resultados com

menores investimentos. O aprimoramento da utilização da filosofia da Teoria das

Restrições com o Mapa de Fluxo de Valor Estendido visa à diminuição de

investimentos na planta fabril para a elevação do ganho global da empresa. É

possível obter melhores resultados com menor investimento, realizando a analise de

Fluxo de Valor Estendido antes da etapa de aumento da capacidade máxima

idealizada na Teoria das Restrições. Com isso os investimentos e esforços não

ficam apenas focalizados na atividade restritiva, mas em toda a cadeia produtiva da

família de produtos pertinentes à restrição.

Com essa ferramenta desenvolvida, o retorno de tempo e investimentos

disponibilizados para o desenvolvimento dessa atividade, é direcionado ao ganho

empresarial, agregando vantagem competitiva, redução e focalização de

investimentos e elevação da produtividade.

47

REFERÊNCIAS

BAUCH, C. Lean product development: making waste transparent. Cambridge:

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ANEXOS

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ANEXO A – Ícones do Mapeamento do Fluxo de Valor Estendido

ANEXO B – Mapa Ícones de Material

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ANEXO C – Mapa Final do Estado Atual