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THAIS HELENA OTTO DA SILVA MIELOMA MÚLTIPLO: SOBREVIDA EM PACIENTES ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO POLYDORO ERNANI DE SÃO THIAGO UFSC, 1981-2010 Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Medicina. Florianópolis Universidade Federal de Santa Catarina 2010

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Page 1: THAIS HELENA OTTO DA SILVA MIELOMA MÚLTIPLO: … · linhagem mielóide dará origem às séries megacariocítica, monocítica, eritrocítica e granulocítica, a qual terá como uma

THAIS HELENA OTTO DA SILVA

MIELOMA MÚLTIPLO: SOBREVIDA EM PACIENTES

ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO POLYDORO

ERNANI DE SÃO THIAGO – UFSC, 1981-2010

Trabalho apresentado à Universidade Federal

de Santa Catarina, como requisito para a

conclusão do Curso de Graduação em

Medicina.

Florianópolis

Universidade Federal de Santa Catarina

2010

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THAIS HELENA OTTO DA SILVA

MIELOMA MÚLTIPLO: SOBREVIDA EM PACIENTES

ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO POLYDORO

ERNANI DE SÃO THIAGO – UFSC, 1981-2010

Trabalho apresentado à Universidade Federal

de Santa Catarina, como requisito para a

conclusão do Curso de Graduação em

Medicina.

Presidente do Colegiado: Prof. Dr. Carlos Eduardo Pinheiro

Professor Orientador: Profª. Msª. Joanita Angela Gonzaga Del Moral

Professor Coorientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Estima Marasciulo

Florianópolis

Universidade Federal de Santa Catarina

2010

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que me proporcionou a vida, me deu sabedoria e me dá forças para levantar

todos os dias e lutar em todos os momentos, e a Nossa Senhora das Graças, minha mãe

protetora, que sempre atende aos meus inúmeros pedidos e me guia pelo bom caminho.

Aos meus pais, Solange e Rui, pelos muitos sacrifícios feitos em prol das minhas

realizações, pelo incentivo diário e pelo enorme carinho que manifestam por mim todos os

dias. E por serem as pessoas que são – Indescritíveis.

Ao meu esposo José, que tanta paciência demonstrou durante a realização desse

trabalho, levando a casa nas costas e fazendo minhas comidas prediletas mesmo quando eu

estava extremamente nervosa e achando que não ia dar conta de terminar.

À minha orientadora, a querida professora Joanita. Muito mais que minha professora,

se tornou uma grande amiga, me aconselhando, me ouvindo e que sempre fez de tudo para me

ajudar nos momentos de dificuldade. Uma pessoa com quem faço questão de compartilhar

minhas alegrias. E que sempre será minha mestra, um grande exemplo de profissional, em

quem me espelharei na minha futura vida de médica.

Ao Dr. Antonio Carlos, meu coorientador, que sempre se mostrou muito disponível

para me ajudar e tentar me ensinar um pouco de estatística.

Ao pessoal do RHC, que em meio a intermináveis prontuários nasceu uma grande

amizade. Agradeço a todos pelo empenho, disponibilidade, incentivo e pelas divertidas tardes

de trabalho.

Ao Celso, fundamental para a realização desse trabalho, buscando todos os prontuários

da pesquisa no enorme arquivo do SAME.

Aos grandes amigos, Carlos e Luiza, que mesmo tumultuados com seus trabalhos,

souberam dividir a orientadora, o espaço, e deram dicas preciosas para a execução do

trabalho.

À Ingrid, aquela que me ouve, me aconselha, me encoraja, e que está me ensinando a

ser uma pessoa melhor.

A todos vocês, muito obrigada!

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RESUMO

Introdução: O Mieloma Múltiplo (MM) é uma proliferação monoclonal anormal de

plasmócitos, que cursa com destruição esquelética e que pode acarretar insuficiência renal e

anemia grave.

Objetivos: Descrever as características sócio-demográficas, clínicas e laboratoriais dos

pacientes com diagnóstico de MM atendidos no Hospital Universitário da Universidade

Federal de Santa Catarina, verificar e comparar a sobrevida global destes pacientes em relação

aos níveis de hemoglobina, creatinina sérica, número de lesões osteolíticas e estadiamento

cínico ao diagnóstico.

Métodos: Estudo prospectivo em 85 pacientes com diagnóstico de MM, entre janeiro de 1981

e julho de 2010, que receberam algum tratamento no HU-UFSC. Verificaram-se as

características sócio-demográficas, clínicas e laboratoriais destes pacientes. Realizaram-se

análises de sobrevida global através do método de Kaplan-Meier e multivariada para controle

de fatores associados à mortalidade pelo método de riscos proporcionais de Cox.

Resultados: A média de idade foi 63,83 anos. O estágio III do ISS (International Staging

System) foi o mais frequente e 67% dos pacientes apresentaram anemia severa ao diagnóstico.

Mais da metade dos pacientes apresentou o idiotipo IgG. A sobrevida global mediana foi de

33,08 meses. A análise univariada (Kaplan-Meier) apontou anemia severa, creatinina sérica

superior a 2 mg/dl e ISS III como as principais variáveis com impacto sobre a sobrevida

global. Ao incluir essas variáveis no modelo de Cox, apenas o ISS III convergiu com

significância estatística.

Conclusão: No presente estudo os pacientes com mieloma múltiplo tiveram sobrevida

mediana de 33,08 meses e o estágio III do ISS determinou pior prognóstico.

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ABSTRACT

Introduction: The Myeloma Multiple (MM) is an abnormal monoclonal plasmocyte

proliferation, running through skeletal destruction, bringing kidney insufficiency and serious

anemia.

Objectives: Describe the clinical, laboratorial and socio-demographic characteristics of

patients with MM diagnosis assisted at University Hospital of Santa Catarina Federal

University (HU-UFSC); verify and compare the survival of those patients according to

hemoglobin levels, serum creatinine, osteolitic lesions quantity and clinical staging at

diagnosis.

Method: Prospective study with 85 MM diagnostic patients, from January 1981 to July 2010,

who had some treatment in HU-UFSC. The clinical, laboratorial and socio-demographic

patients characteristics were verified. Overall survival analyses were made through Kaplan-

Meier method and multivariate analysis to the control of the factors associated to mortality

through Cox Proportional Risks method.

Results: The mean age was 63.83 years. The stage III of ISS (International Staging System)

clinical was most frequent and 67% of patients presented severe anemia at diagnosis. More

than a half of patients showed the IgG idiotype. The median overall survival was 33.08

months. The univariated analysis (Kaplan-Meier) pointed severe anemia, serum creatinine

above 2mg/dL and ISS III as the main variables with impact on overall survival. As including

these variables at Cox model, only the ISS III converged with statistic significance.

Conclusion: At presented study, the Myeloma Multiple patients had median overall survival

of 33.08 months and the ISS III determined worse prognosis.

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LISTA DE QUADROS, TABELAS E FIGURAS

Quadro 1 Critérios diagnósticos - MGUS, mieloma assintomático e mieloma sintomático ... 3

Quadro 2 International Staging System para Mieloma Múltiplo ............................................. 5

Quadro 3 Estadiamento segundo critérios de Durie & Salmon ............................................. 10

Quadro 4 Esquemas quimioterápicos usados no tratamento do Mieloma Múltiplo............... 11

Tabela 1 Características clínicas dos pacientes com MM- Revisão da Literatura.................... 6

Tabela 2 Distribuição dos pacientes de acordo com a mesorregião catarinense de

procedência.............................................................................................................................. 13

Tabela 3 Distribuição dos pacientes conforme nível de hemoglobina ao diagnóstico........... 14

Tabela 4 Distribuição dos pacientes conforme idiotipo......................................................... 14

Tabela 5 Distribuição dos pacientes conforme número de lesões steolíticas..........................15

Tabela 6 Distribuição dos pacientes conforme estadiamento clínico pelo sistema de Durie &

Salmon..................................................................................................................................... 16

Tabela 7 Distribuição dos pacientes conforme esquema terapêutico recebido como primeira

escolha de tratamento................................................................................................................16

Tabela 8 Tempo de sobrevida global...................................................................................... 17

Tabela 9 Análise univariada.................................................................................................... 19

Tabela 10 Análise multivariada.............................................................................................. 19

Figura 1 Distribuição por sexo dos pacientes atendidos no Hospital Universitário com

Mieloma Múltiplo no período de janeiro de 1981 a julho de 2010.......................................... 12

Figura 2 Distribuição por faixa etária dos pacientes atendidos no Hospital Universitário com

Mieloma Múltiplo no período de janeiro de 1981 a julho de 2010.......................................... 12

Figura 3 Mesorregiões de Santa Catarina............................................................................... 13

Figura 4 Curva de sobrevida global........................................................................................ 17

Figura 5 Sobrevida em meses de acordo com os níveis de Creatinina (1), Hemoglobina (2) e

ISS (3)...................................................................................................................................... 18

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

2M Beta 2 microglobulina

COL Colaboradores

CREAT Creatinina

D&S Durie & Salmon

DP Desvio-Padrão

HB Hemoglobina

HR Hazard Ratio

HU Hospital Universitário

IgA Imunoglobulina A

IgD Imunoglobulina D

IgE Imunoglobulina E

IgG Imunoglobulina G

IgM Imunoglobulina M

IL Interleucina

IR Insuficiência renal

ISS International Staging System

M2 Melfalan e Prednisona

M2 modificado Melfalan, Prednisona, Ciclofosfamida e Vincristina

MGUS Gamopatia Monoclonal de Significado Indeterminado

MM Mieloma Múltiplo

NK Natural killer

NS Não secretor

SAME Serviço de Arquivos Médicos e Estatística

TAP Talidomida, Melfalan e Prednisona

TD Talidomida e Dexametasona

TNF Fator de ecrose tumoral

TP Talidomida e Prednisona

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

VAD Vincristina, Adriamicina e Dexametasona

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SUMÁRIO

FALSA FOLHA DE ROSTO.................................................................................................. i

FOLHA DE ROSTO............................................................................................................... ii

AGRADECIMENTOS.......................................................................................................... iii

RESUMO................................................................................................................................ iv

ABSTRACT...............................................................................................................................v

LISTA DE QUADROS,TABELAS E FIGURAS.................................................................vi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...........................................................................vii

SUMÁRIO.............................................................................................................................viii

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1

2. OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 8

2.1. Objetivos Específicos ....................................................................................................... 8

3. MÉTODOS........................................................................................................................... 9

4. RESULTADOS................................................................................................................... 12

4.1. Características Sócio-Demográficas.............................................................................. 12

4.2. Características clínicas................................................................................................... 14

4.3. Sobrevida Global............................................................................................................. 17

4.4. Análise Univariada.......................................................................................................... 18

4.5. Análise Multivariada...................................................................................................... 19

5. DISCUSSÃO....................................................................................................................... 20

6. CONCLUSÃO.................................................................................................................... 22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 23

NORMAS ADOTADAS........................................................................................................ 25

ANEXOS................................................................................................................................. 26

FICHA DE AVALIAÇÃO .................................................................................................... 30

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1. INTRODUÇÃO

O sistema imunológico humano é uma formação complexa, composto de vários tipos

de células, dentre as quais, células responsáveis pela fagocitose e outras responsáveis pela

produção de anticorpos (imunoglobulinas). Essas células são os leucócitos, que são

produzidos na medula óssea a partir de uma célula indiferenciada, a célula-tronco

hematopoiética. Desta, serão originadas duas linhagens celulares, a mielóide e a linfóide. A

linhagem mielóide dará origem às séries megacariocítica, monocítica, eritrocítica e

granulocítica, a qual terá como uma das células efetoras os neutrófilos, que fazem a defesa do

organismo através da fagocitose. A linhagem linfóide dará origem às células natural killer

(NK) e aos linfócitos T e B, que produzem a chamada imunidade humoral do organismo,

através da produção de anticorpos1.

Os linfócitos são produzidos na medula óssea presente nos ossos trabeculares (esterno,

crista ilíaca, coluna vertebral, entre outros) e enviados a órgãos linfóides, os linfonodos, onde

são apresentados aos antígenos, e assim maturados. Após este processo, os linfócitos B

retornam à medula óssea diferenciados em plasmócitos, a etapa final da maturação do

linfócito B, e onde se concentram na proporção máxima de 1% da celularidade medular1.

Os distúrbios de plasmócitos representam um grupo heterogêneo de doenças que tem

em comum uma proliferação clonal anormal de células plasmocitárias. Estes distúrbios são

conhecidos por gamopatias monoclonais, também chamadas paraproteinemias,

disproteinemias ou imunoglobulinopatias2. Eles caracterizam-se por produzirem e secretarem

uma proteína monoclonal (imunoglobulina) ou um fragmento de imunoglobulina (proteína

M). As mais conhecidas são o Mieloma Múltiplo, a Macroglobulinemia de Waldenström, a

Leucemia de células plasmáticas e as Gamopatias Monoclonais de Significado Indeterminado

(MGUS)3.

A imunoglobulina é composta por duas cadeias polipeptídicas pesadas da mesma

classe e subclasse (IgG, IgM, IgA, IgD e IgE) e duas cadeias polipeptídicas leves do mesmo

tipo (kappa ou lambda). A diferenciação das gamopatias monoclonais é feita através da

confirmação da presença da proteína monoclonal.

As gamopatias policlonais em geral representam processos inflamatórios ou

infecciosos, enquanto a presença de proteína monoclonal quase sempre indica condição

neoplásica2.

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As gamopatias monoclonais podem causar danos orgânicos importantes, tais como

anemia, insuficiência renal e destruição óssea. As gamopatias de maior destaque na população

são a MGUS e o mieloma múltiplo.

O Grupo de Trabalho Internacional sobre Mieloma estabeleceu em 2003, um consenso

com o intuito de caracterizar e diferenciar os vários tipos de gamopatia monoclonal. Para

estabelecerem-se os critérios, são levados em conta a proteína M, a infiltração de plasmócitos

na medula óssea, níveis de hemoglobina, cálcio sérico e creatinina sérica.

1.1 Gamopatia Monoclonal De Significado Indeterminado

É a gamopatia monoclonal mais comum, presente em cerca de 3% da população maior

de 50 anos, e a prevalência aumenta com a idade (1,7% em 50-70 anos e acima de 5% a partir

dos 70 anos)4. Estudos têm mostrado que a MGUS pode ser precursora de outras doenças

linfoproliferativas, entre elas o Mieloma Múltiplo. Os critérios diagnósticos para MGUS são:

Necessários três:

- Proteína monoclonal sérica e/ou urinária de baixa concentração: IgG sérica < 3 g/dl;

IgA sérica < 2 g/dL κ ou λ urinária < 1g/24h.

- plasmócitos na medula óssea < 10%

- Cálcio, hemoglobina e creatinina sérica normais; ausência de lesões ósseas ao RX

simples ou outros métodos; ausência clínica e laboratorial de amiloidose, doença de depósito

de cadeia leve ou outras desordens linfoproliferativas5, 6

.

1.2 Mieloma Múltiplo

O Mieloma Múltiplo (MM) é uma neoplasia onde há proliferação descontrolada de

plasmócitos na medula óssea, a partir de um único clone. Representa 1% de todas as

neoplasias malignas e cerca de 10% de todas as neoplasias hematológicas, sendo a segunda

doença oncohematológica mais frequente2,4

.

Acredita-se que este distúrbio de linfócitos B pode estar relacionado ao envolvimento

com benzeno, inseticidas, herbicidas e irradiação3. É uma doença que atinge tipicamente

idosos, com apenas 2% dos pacientes com menos de 40 anos7, 8

.

É uma doença ainda incurável, e todos os esforços se concentram em prolongar e

melhorar a sobrevida dos pacientes, que hoje é em média 2 (dois) a 5 (cinco) anos, variando

de acordo com o estádio clínico ao diagnóstico9. Segundo consenso do Colégio Brasileiro de

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Hematologia definido em Reunião Internacional sobre Mieloma em conjunto com a

International Myeloma Fundation e da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia

em 2006, o Mieloma Múltiplo pode ser dividido em sintomático e assintomático, conforme

critérios descritos no Quadro 110, 11

.

Quadro 1: Critérios diagnósticos para MGUS, Mieloma assintomático e Mieloma

sintomático

MGUS Mieloma

assintomático

Mieloma Sintomático

Proteína M sérica < 30 g/ L

Proteína M sérica >

30g/L e/ou

Proteína M em soro e/ou

urina

Plasmócitos clonais na medula

óssea < 10% e baixo nível de

infiltração em biópsia.

Plasmócitos clonais na

medula óssea > 10%

Plasmócitos clonais na

medula óssea ou biópsia de

plasmocitoma

Sem lesões em órgão ou tecido

(incluindo lesões ósseas) ou

sintomas.

Sem lesões em órgãos-

alvo ou sintomas.

Alguma lesão em órgão- alvo

(lesões ósseas, anemia,

insuficiência renal,

hipercalcemia)

Sem evidências de outras doenças

proliferativas de células B.

Fonte: The International Myeloma Working Group, 2003.

A destruição óssea é a principal manifestação clínica do Mieloma Múltiplo, e em geral

o motivo pelo qual o paciente procura atendimento médico12

. Cerca de 80% apresentam

lesões líticas à radiografia do esqueleto, outros 5% apresentam osteopenia evidenciada pela

densitometria óssea. A dor óssea acomete mais de 2/3 dos pacientes. A destruição pode variar

de osteopenia, até osteoporose, lesão lítica isolada ou até destruição completa da arquitetura

óssea e/ou fratura patológica. Tais fraturas são complicações que comprometem

significativamente a qualidade de vida, com dores crônicas e muitas vezes com incapacitação

motora. Conseqüente ao aumento da reabsorção óssea, 25% dos pacientes com Mieloma

Múltiplo podem apresentar hipercalcemia9,10

.

O mecanismo de destruição óssea vem sendo elucidado recentemente. As células do

mieloma produzem proteínas que interagem com os fatores de transcrição, inibindo a

diferenciação dos osteoblastos, fazendo com que a formação óssea fique diminuída ou até

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ausente. Da mesma forma, a grande produção de citocinas (IL-6, IL-11, IL-1, TNF, entre

outras) proporciona uma estimulação dos osteoclastos. Dessa forma, ocorre uma intensa

reabsorção óssea que não é acompanhada pelo processo de formação óssea, levando a graves

lesões osteolíticas13

.

Os plasmócitos aberrantes são na sua maioria produtores de imunoglobulina sem

função biológica. A produção desta imunoglobulina abundante acaba por suprimir a produção

das imunoglobulinas normais, podendo levar o paciente a uma imunossupressão severa.

Infecção é considerada uma causa importante de morbidade e a principal causa de mortalidade

em pacientes com Mieloma Múltiplo14

. A susceptibilidade aumentada a infecções é atribuída

principalmente à imunodeficiência caracterizada por uma diminuição na produção de

imunoglobulinas normais. Além disso, há uma imunossupressão cumulativa devido aos

diversos tratamentos quimioterápicos recebidos ao longo do curso da doença15-17

.

A insuficiência renal (IR) está presente em 20% a 35% dos pacientes com Mieloma

Múltiplo ao diagnóstico, e esse número pode subir para até 50% considerando toda a evolução

da doença. A insuficiência renal pode ser causada por depósitos de cadeias leves, que causa

danos nos túbulos e na membrana basal glomerular, bem como por depósitos de

imunoglobulinas, ou ainda ser precipitada por hipercalcemia16

.

O aumento da incidência do MM nos últimos anos relaciona-se ao maior

conhecimento da história natural da doença e sua patogênese, à melhora dos recursos

laboratoriais para diagnóstico, ao aumento da expectativa de vida mundial e à exposição

crônica a agentes poluentes18

. Após a confirmação do diagnóstico de MM, o paciente deve ser

avaliado quanto ao prognóstico. O sistema de estadiamento

o clínico proposto por Durie & Salmon (1975), anteriormente utilizado, baseia-se na

combinação de fatores (hemoglobina, cálcio sérico, componente monoclonal, acometimento

ósseo e creatinina sérica) que se correlacionam à massa tumoral19

. Porém, recentes avanços

na biologia e tratamento da doença mostram que esse sistema não é capaz de relacionar

adequadamente a sobrevida global ao tempo livre de doença. Portanto, novos parâmetros têm

sido desenvolvidos para uma melhor correlação clínica e estratificação de subgrupos com

diferentes evoluções. A combinação de ß2microglobulina e albumina sérica resultou em um

sistema de estadiamento simples e confiável, possibilitando uma divisão em três estádios

clínicos, denominado Sistema Internacional de Estadiamento (ISS)9, 20-22

.

O ISS consiste de três estágios clínicos, determinados de acordo com os níveis de

albumina sérica e dosagem de 2-microglobulina sérica, e que representam um referencial de

sobrevida mediana, conforme mostra o Quadro 29:

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Quadro 2: International Staging System para Mieloma Múltiplo.

Estágio 2-microglobulina

(mg/L)

Albumina

(g/dL) Sobrevida mediana

(meses)

I < 3,5 E 3,5 62

II 3,5 e < 5,5 e/ou < 3,5 44

III ≥ 5,5 29

Fonte: Greipp PR. e col.(9)

A albumina é a proteína mais abundante no plasma e tem importantes funções

biológicas. Pacientes com câncer apresentam hipoalbuminemia por um efeito inibitório da

síntese hepática de albumina mediada por citocinas (fator de necrose tumoral- (TNF- e

Interleucina-6 (IL-6)). A IL-6 é secretada pelas células estromais da medula óssea em resposta

à adesão das células do mieloma e tem importantes efeitos na sua proliferação. Em pacientes

com MM há níveis elevados de IL-6, que se relacionam com estágios avançados da doença,

com resposta ao tratamento e com a sobrevida. Assim, a hipoalbuminemia pode ser um

marcador biológico da atividade desta citocina, explicando seu valor prognóstico22-24

.

A beta-2 microglobulina (2M) é um polipeptídio de baixo peso molecular sintetizado

por todas as células nucleadas do organismo e faz parte do sistema de reconhecimento celular

(HLA). O aumento dos níveis plasmáticos ocorre em doenças que comprometem o sistema

imune, entre elas o MM, por aumento da síntese. Este aumento também pode ser decorrente

da diminuição da filtração glomerular. No caso dos pacientes com MM, os níveis de 2M

estão relacionados com a massa tumoral e com a função renal. Assim, também considerado

um valor prognóstico para a doença22, 24

.

O mieloma múltiplo é uma doença que vem sendo amplamente estudada, com muitos

pesquisadores e instituições dedicados à pesquisa clínica e laboratorial, a fim de aprimorar

técnicas de diagnóstico, já que se faz necessária a diferenciação entre as gamopatias

monoclonais, bem como os tratamentos, para promover melhores índices de sobrevida.

Pesquisas voltadas aos fatores prognósticos da doença são primordiais, para que se promova

uma melhor qualidade de vida ao paciente portador desta malignidade, até o momento

incurável. A Tabela 1 apresenta uma síntese dos estudos atuais a respeito das características

clínicas, sócio-demográficas e de índices de sobrevida de pacientes portadores de Mieloma

Múltiplo.

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- 6 -

Tabela 1 - Características clínicas dos pacientes com Mieloma Múltiplo – revisão da

literatura

Autores

Ano de

publica

ção

N Local do

estudo

Idade

mediana

(anos)

Anemia*

(Hb<10)

Sobrevida

(meses)

Sakae TM. e col. 25

2010 46 SC/Brasil 68,3 95,7 37,53

Kim SJ. e col.26

2009 3209 Coréia do

Sul 64 54,8

50,13

Hungria V. e col.21

2008 1112 Brasil 60,5 58 57,7

Conté G. e col.22

2008 81 Chile 65 53,1 32

Ludwig H e col.27

2008 10549

EUA,

Canadá,

Europa e

Japão

60

81,2

66,52

Tao ZF. e col.28

2007 206 China NI†

38,5 62,4‡ e

44,4§

Conté G. e col.29

2007 245 Chile 66 59,2 33

Choi JH e col.30

2007 85 Coréia do

Sul 63 50,9

33

Silva ROP. e col.31

2006 101 MG/Brasil 63 55,3 25,4

Greipp PR. e col.9 2005 10750

EUA, Ásia

e Europa 60 40 44

Chombart B. e col.32

2005 148 França 72 39,2 34

Anagnostpoulos A.

e col.33

2005 1162 Grécia 65 22 37,5

Kyle RA. e col.34

2003 1027 EUA 66 73 33

* Porcentagem de pacientes com nível de hemoglobina inferior a 10 g/dl. † NI= não informado, foram divididos os pacientes entre maior ou menor que 60 anos.

‡ Sobrevida em pacientes com idade inferior a 50 anos

§ Sobrevida em pacientes com idade superior ou igual a 50 anos.

O Mieloma Múltiplo é uma doença incurável até o presente momento. Por isso, as

terapias propostas têm por objetivo aumentar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida dos

pacientes. Tais tratamentos consistem em poliquimioterapia, com diversos esquemas

possíveis, uso de drogas novas, como o Bortezomibe e o transplante autólogo de medula

óssea, já que a idade dos pacientes geralmente contra-indica o transplante alogênico. Para

melhorar a qualidade de vida do paciente, estão sendo amplamente utilizados atualmente os

bifosfonados, a fim de diminuir a progressão da destruição esquelética que ocorre nestes

pacientes. A radioterapia pode ser utilizada como adjuvante para a dor óssea, principal queixa

dos portadores do Mieloma Múltiplo.

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- 7 -

O presente trabalho tem a intenção de demonstrar as características clínicas e

sobrevida global dos pacientes com Mieloma Múltiplo atendidos pelo serviço de Hematologia

do Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, servindo como base para

continuidade de avaliação e pesquisas futuras.

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- 8 -

2. OBJETIVO GERAL

Verificar a sobrevida dos pacientes portadores de Mieloma Múltiplo atendidos

no serviço de Hematologia do Hospital Universitário Prof. Dr. Polydoro Ernani de São

Thiago – UFSC no período de janeiro de 1981 a julho de 2010.

2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Descrição das características demográficas

2. Descrição das características clínicas dos pacientes

3. Calcular a sobrevida global do mieloma múltiplo

4. Comparar a sobrevida global dos pacientes em função de níveis de hemoglobina, níveis de

creatinina sérica, número de lesões ósseas e estadiamento cínico ao diagnóstico.

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- 9 -

3. MÉTODOS

O presente trabalho foi um estudo prospectivo com base em 138 prontuários médicos

do Serviço de Arquivos Médicos (SAME) do Hospital Universitário Prof. Dr. Polydoro

Ernani de São Thiago (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), de pacientes

que receberam diagnóstico de Mieloma Múltiplo e foram tratados neste serviço no período

compreendido entre janeiro de 1981 e julho de 2010. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de

Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina, sob

certificado número 913 de 30 de agosto de 2010.

Foram excluídos do estudo 53 pacientes, dentre os quais, um por apresentar

diagnóstico firmado em necropsia, 12 por não apresentarem critérios para o diagnóstico de

Mieloma Múltiplo, 25 que tinham dados insuficientes para o estudo, cinco cujos prontuários

foram extraviados, e 10 que receberam diagnóstico e tratamento em outras instituições.

Permaneceram no estudo 85 pacientes.

Os dados foram coletados através de um protocolo pré-estabelecido, denominado ficha

de coleta de dados. Na ficha constava a avaliação sócio-demográfica do paciente, datas da

primeira consulta, do óbito e/ou da última consulta, características clínicas, dados

laboratoriais e tratamento recebido.

Na análise sócio-demográfica foram coletados dados referentes à idade do paciente ao

diagnóstico, raça, sexo, procedência, grau de instrução e profissão. A procedência dos

pacientes foi distribuída nas mesorregiões de Santa Catarina determinadas pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A partir das características cínicas, categorizou-se o nível de hemoglobina dos

pacientes do estudo. Atribuiu-se valor “0” para níveis de hemoglobina normal de acordo com

o sexo (Masculino: 13 a 18 g/dl e feminino: 12 a 16 g/dl), “1” para valores abaixo do valor de

referência até 10 g/dl e “2” para valores inferiores a 10 g/dl. Os valores de creatinina também

foram categorizados. Creatinina sérica entre 0,8 e 1,3 mg/dl para homens e entre 0,6 e 1,0

mg/dl em mulheres foram considerados normais e categorizados em “0”. Entre o valor de

referência e 2 mg/dl foram categorizados em “1” e valores superiores a 2 mg/dl, “2”. Foram

também quantificados os níveis de cálcio sérico, desidrogenase lática (LDH) e proteína C

reativa.

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- 10 -

A partir dos valores de β2-microglobulina e de albumina sérica realizamos o

estadiamento ISS9. Os pacientes foram também estadiados pelo sistema Durie & Salmon

19,

conforme o Quadro 3:

Quadro 3: Estadiamento segundo critérios de Durie & Salmon

Estadiamento Durie & Salmon Critérios

Estágio I - Pequena massa tumoral

(todos os itens presentes)

- Hb > 10,5 g/dl ou Ht > 32%

- Cálcio sérico normal ou < 12 mg/dl

- Baixos níveis de proteínas monoclonais:

IgG <5/ IgA<3g/dl/

Proteinúria Bence Jones < 4 g/24 hs

- Ausência de lise óssea ou apenas plasmocitoma solitário.

Estágio III - Grande massa tumoral

(Pelo menos 1 item presente)

- Hb < 8,5g/dL ou Ht < 25%

- Cálcio sérico > 12 mg/dL

- Altos níveis de proteína monoclonal:

IgG> 7/ IgA>5 g/dL

Proteinúria de Bence Jones > 12g/24hs

- Mais de 3 lesões líticas em RX dos ossos

Estágio II (Massa tumoral intermediária) Não se enquadra em I ou III

A: Se creatinina sérica ≤ 2,0 mg/dl

B: Se creatinina sérica > 2,0 mg/dl

Exames que comprovavam o diagnóstico de Mieloma Múltiplo também foram

considerados, analisando-se as porcentagens de plasmócitos e plasmablastos na medula óssea.

A observação da dosagem das imunoglobulinas séricas IgA, IgD, IgM, IgE e IgG

permitiu uma classificação dos pacientes conforme o tipo de proteína monoclonal secretada

pelo tumor.

Os tratamentos quimioterápicos recebidos foram distribuídos nos seguintes esquemas,

representados no Quadro 4:

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Quadro 4: Esquemas quimioterápicos usados no tratamento do mieloma múltiplo

ESQUEMA QUIMIOTERÁPICOS

M2 Melfalan + Prednisona

M2 modificado Melfalan + Prednisona + Ciclofosfamida + Vincristina

TD Talidomida + Dexametasona

TP Talidomida + Prednisona

TAP Talidomida + Melfalan + Prednisona

VAD Vincristina + Adriamicina + Dexametasona

Verificou-se se houve realização de radioterapia, uso de Bortezomibe e

encaminhamento ao transplante de medula óssea. A resposta ao tratamento recebido também

foi considerada.

As curvas de sobrevida foram traçadas utilizando-se os métodos de Kaplan-Meier, e

aplicação do teste de logrank para comparação de sobrevida entre diferentes níveis de

hemoglobina, estadiamento, níveis de creatinina e de lesões líticas. A análise multivariada

para controle de fatores associados à mortalidade foi realizada utilizando-se o método de

riscos proporcionais de Cox com inferência através de máxima verossimilhança e utilização

da técnica computacional Stepwise Backward. As variáveis incluídas no modelo saturado

foram: nível de hemoglobina, creatinina, número de lesões líticas e estadiamentos ISS e Durie

& Salmon. O intervalo de confiança para os estimadores foi previamente estipulado em 95%.

A análise dos dados foi realizada utilizando-se o programa estatístico SPSS versão 10.0.

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4. RESULTADOS

4.1 Características Sócio-Demográficas

A amostra foi composta por 85 pacientes, dentre os quais 43 (50,6%) eram mulheres e

42 (49,4%) eram do sexo masculino (Figura 1).

Fonte: Prontuários do SAME – HU – UFSC

Figura 1- Distribuição por sexo dos pacientes atendidos no HU com MM no período de

janeiro de 1981 a julho de 2010 (N=85)

A média de idade foi de 63,83 anos (Desvio Padrão-DP= 13,48), variando entre 35 e

87 anos. Neste estudo 81,18% dos pacientes encontravam-se na faixa etária superior aos 50

anos. (Figura 2)

Figura 2- Distribuição por faixa etária dos pacientes com MM atendidos no

Hospital Universitário no período de janeiro de 1981 a julho de 2010.

IDADE_CR

85,080,0

75,070,0

65,060,0

55,050,0

45,040,0

35,0

IDADE_CR

Fre

qu

en

cy

10

8

6

4

2

0

Std. Dev = 13,48

Mean = 63,8

N = 85,00

Idade

Fre

qu

ênci

a

Desvio-padrão= 13,48

Média= 63,8

N=85

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A amostra foi composta de pacientes procedentes de todas as mesorregiões do estado

de Santa Catarina, conforme divisão do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),

com um predomínio de pacientes vindos da mesorregião da Grande Florianópolis (55

pacientes – 64,70%). A distribuição de acordo com a procedência é apresentada na Tabela 4.

Fonte: www.websantacatarina.com.br

Figura 3- Mesorregiões de Santa Catarina

Tabela 2 – Distribuição dos pacientes de acordo com a mesorregião catarinense de

procedência (N= 85)

MESORREGIÃO N

1 – Oeste 5

2 – Norte 3

3 – Grande Florianópolis 56

4 – Serrana 3

5 – Sul 10

6 – Vale do Itajaí 7

7 – Sem informação 1

Fonte: Prontuários do SAME- HU UFSC

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4.2 Características Clínicas

No que se refere às características clinicas, 67,1% (57) dos pacientes apresentavam

anemia moderada a severa, ou menor que 10 g/dl, enquanto apenas 11 (12,9%) pacientes

tinham níveis de hemoglobina dentro da faixa da normalidade (Tabela 3).

Tabela 3- Distribuição dos pacientes conforme níveis de hemoglobina ao diagnóstico

(N=85)

Níveis de Hemoglobina N %

Hemoglobina normal

Anemia leve (Hb ≥ 10 g/dl)

11

17

12,9

20

Anemia Moderada a severa (Hb < 10 g/dl) 57 67,1

Total 85 100

Fonte: Prontuários do SAME- HU UFSC

O idiotipo IgG foi o mais prevalente, e atingiu 44 (51,76%) pacientes. 12 (14,12%)

pacientes apresentavam mieloma não secretor, seguido dos tipos IgA (9,41%) e de cadeia leve

(8,24%), somando 15 pacientes.

Tabela 4 – Distribuição dos pacientes conforme idiotipo (N=85)

Fonte: Prontuários do SAME- HU UFSC

Lesões osteolíticas foram achados comuns neste estudo, acometendo 61 (71,76%)

pacientes, dos quais 11 (12,94%) apresentavam lesão única. Trinta e três (38,82%) pacientes

tinham duas ou mais lesões, ou apresentavam osteoporose. Uma ou mais fraturas patológicas

IDIOTIPO N %

IgG 44 51,76

Não secretor 12 14,12

IgA 8 9,41

Cadeia leve 7 8,24

IgE 1 1,18

IgM 1 1,18

Biclonal 1 1,18

Sem informação 11 12,93

Total 85 100

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foram diagnosticadas em 17 (20%) pacientes do estudo. Um quinto dos pacientes apresentava

hipercalcemia (Cálcio sérico > 10,6 mg/dL).

Tabela 5 – Distribuição dos pacientes conforme número de lesões osteolíticas (N=85)

Número de lesões N %

Nenhuma lesão

Lesão única

2 ou mais lesões ou osteoporose

Fratura patológica

Sem informação

8

9,4

11 12,9

33

38,8

17

20,0

16

18,8

Total 85 100

Fonte: Prontuários do SAME- HU UFSC

O estadiamento pelo International Staging System foi realizado em 66 pacientes, dos

quais 15 (22,72%) apresentavam estágio I no momento do diagnóstico, 23 (34,84%) estavam

no estágio II e 28 (42,42%) encontravam-se no estágio mais avançado da doença. Segundo o

sistema de Durie & Salmon, o estágio clinico mais freqüente foi o III, com 57 pacientes (67,1

%), seguido do estágio II e do estágio I, que incluíam 20 (23,5%) e 8 (9,4%) pacientes,

respectivamente. No que se refere às categorias A e B de Durie & Salmon, relacionadas aos

níveis de creatinina, percebe-se que 24 (28,24%) pacientes receberam a categoria B, por

apresentarem creatinina sérica superior a 2 g/dL. Por sua vez, 34 (40%) pacientes não tiveram

alteração na função renal, apresentando creatinina nos níveis da normalidade. (Tabela 6)

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Tabela 6 – Distribuição dos pacientes conforme estadiamento clínico pelo sistema de

Durie & Salmon. (N=85)

Estágio Clínico N %

I A 8 9,41

I B 18 21,18

II A 35 41,18

II B 0 0

III A 2 2,35

III B 22 25,88

Total 85 100

Fonte: Prontuários do SAME- HU UFSC

Como primeira escolha para o tratamento do mieloma múltiplo, o esquema

quimioterápico mais utilizado foi o M2, seguido do VAD e do M2 modificado. Quatro

(4,70%) pacientes não receberam apenas terapia de suporte ou recusaram o tratamento. Cinco

(5,88%) pacientes foram encaminhados para realização de transplante de medula óssea e o

mesmo número (5,88%) de pacientes recebeu radioterapia como tratamento adjuvante.

Tabela 7 – Distribuição dos pacientes conforme esquema terapêutico recebido como

primeira escolha de tratamento (N=85)

Esquema terapêutico n %

M2 27 31,76

VAD 20 23,52

M2 modificado 15 17,65

TD 3 3,53

TP 1 1,18

TAP 1 1,18

Outros* 11 12,94

Nenhum 4 4,70

Sem informação 3 3,53

Total 85 100

*Monoterapia. Não completou nenhum dos esquemas propostos.

Fonte: Prontuários do SAME- HU UFSC

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Durante o período do estudo, 41 (48,23%) pacientes foram a óbito em decorrência do

Mieloma Múltiplo, durante internação no Hospital Universitário, e a principal causa imediata

encontrada nos atestados de óbito foi septicemia. Dos pacientes que foram a óbito, 4 (9,76%)

estavam no estágio I, 13 (31,70%) no estágio II e 15 (36,59%) no estágio III do ISS.

4.3 Sobrevida Global

A sobrevida global mediana dos pacientes do presente estudo foi de 33,08 meses,

conforme apresentado na Figura 4. Survival Function

tempo de sobrevida em meses

3002001000-100

Cum

Sur

viva

l

1,2

1,0

,8

,6

,4

,2

0,0

Survival Function

Censored

Fonte: Prontuários do SAME- HU UFSC

Tabela 8- Tempo de sobrevida global

Tempo de

Sobrevida

Desvio

Padrão

Intervalo de

Confiança (95%)

Média 66,07 12,15 42,25 a 89,88

Mediana 33,08 7,77 17,85 a 48,31

Fonte: Prontuários do SAME- HU UFSC

Tempo de sobrevida em meses

Figura 4 – Curva de sobrevida global, onde os censurados referem-se aos óbitos.

So

bre

vid

a ac

um

ula

da

sobrevida

censurado

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Survival Function for patterns 1 - 3

tempo de sobrevida em meses

2001000-100

Cu

m S

urv

iva

l

1,2

1,0

,8

,6

,4

,2

0,0

-,2

CREAT

2,00

1,00

,00

4.4 Análise Univariada

A análise univariada mostrou significância estatística (p< 0,05) nas seguintes

variáveis: níveis de hemoglobina, de creatinina e o ISS. As variáveis número de lesões líticas

e estadiamento Durie & Salmon não obtiveram significância estatística. Os dados referentes

às análises pelo método de riscos proporcionais de Cox são apresentados na Tabela 9 e

Figura 5.

Survival Function for patterns 1 - 3

tempo de sobrevida em meses

2001000-100

Cu

m S

urv

iva

l1,2

1,0

,8

,6

,4

,2

0,0

-,2

HB

2,00

1,00

,00

Survival Function for patterns 1 - 3

tempo de sobrevida em meses

2001000-100

Cu

m S

urv

iva

l

1,2

1,0

,8

,6

,4

,2

0,0

ISS

3,00

2,00

1,00

Figura 5 – Sobrevida em meses de acordo com os níveis de creatinina(1), hemoglobina(2)

e ISS(3) ao diagnóstico

1 2

3

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Tabela 9 - Análise univariada

Variável Significância

Estatística

HR* Intervalo de confiança

(95%)

Creatinina normal 0,030 1,00

Creatinina superior a 2 mg/dl 0,010 2,90 1,29 a 6,49

Hemoglobina normal 0,011 1,00

Hemoglobina inferior a 10 g/dl 0,013 4,06 1,34 a 12,33

ISS I 0,041 1,00

ISS II 0,015 4,80 1,351 a 17,03

ISS III 0,016 4,62 1,33 a 16,05

Fonte: Prontuários do SAME- HU UFSC

* HR=Hazard Ratio

4.5 Análise Multivariada

Na análise multivariada, utilizando-se o método dos riscos proporcionais de Cox e a

técnica computacional “Stepwise Backward”, o modelo convergiu favoravelmente apenas

com a variável ISS. As outras variáveis, níveis de hemoglobina e de creatinina, perderam a

significância estatística. A Tabela 10 apresenta os resultados.

Tabela 10- Análise Multivariada

Variável Significância estatística RR Intervalo de confiança (95%)

ISS I 0,087 1,00

ISS II 0,059 4,352 0,95 a 19,99

ISS III 0,049 2,613 1,01 a 6,79

Fonte: Prontuários do SAME- HU UFSC

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5. DISCUSSÃO

O Mieloma Múltiplo é uma doença essencialmente de idosos. Pacientes com menos de

40 anos somam apenas 2%7

da população com esse diagnóstico. Nosso estudo encontrou uma

prevalência de 5,88% desta população. A média de idade foi de 63 anos (DP= 13,48),

semelhante à encontrada por Silva e col31

e Choi e col. 30

Outros autores encontraram

medianas de idade variando entre 60 e 71 anos 9, 21, 22, 25-29, 32-34

.

A proporção entre os sexos foi de 1:1, dado que coincide com a literatura, exceto no

estudo de Tao et al 28

, que contou com 138 homens e 68 mulheres (2:1) e em Greipp et al,9

onde 57% da população estudada era do sexo feminino.

O idiotipo predominante foi o IgG, com 51,76% de todos os casos diagnosticados no

HU-UFSC, o que também ocorre em proporções semelhantes em outras populações. 9, 21, 22, 26-

31, 33, 34. Já o idiotipo IgD foi descoberto em 1,7% e 3%, respectivamente, nos estudos de Kim

e Ludwig et al.26, 27

, porém não foi visualizado nenhum caso em nossa amostra.

A anemia é um sintoma muito freqüente no Mieloma Múltiplo. Mais de 65% dos

pacientes apresentaram níveis de hemoglobina inferiores a 10 g/dl. Diversos autores com

estudos semelhantes apresentaram características idênticas. 9, 21, 22, 25-32, 34, 35

. Pacientes com

hemoglobina menor que 10 g/dl apresentam risco de morrer quatro vezes maior, quando

comparados com pacientes que não apresentam essa condição, segundo nossa análise

univariada (p=0,013). Já na análise multivariada, a anemia severa perdeu a significância

estatística, o que não ocorreu na pesquisa de Silva et al.31

, onde a hemoglobina menor que 10

g/dL permaneceu como um fator prognóstico, pois reduziu em cerca de 24 meses a sobrevida

mediana (p=0,0014).

A insuficiência renal também foi uma característica de alta prevalência, de maneira

semelhante ao que descreve Tao e Conté e col.28, 29

. Pacientes que apresentaram creatinina

sérica maior que 2 g/dl tiveram o dobro de risco de morte, e esse valor foi estatisticamente

significante quando analisado isoladamente (p=0,010). Sakae et al25

estabeleceu a

insuficiência renal como fator prognóstico, pois esta variável foi estatisticamente significante

também na análise multivariada, o que não ocorreu em nosso estudo.

A hipercalcemia foi uma característica presente em 20% dos pacientes atendidos no

HU-UFSC, padrão semelhante ao apresentado na literatura sul-americana: na população

chilena22

e no estudo multicênctrico brasileiro21

a hipercalcemia foi evidenciada em 23% dos

pacientes. Esses índices se assemelham ao estudo de Sakae et al25

, realizado no sul de Santa

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Catarina. Importante ressaltar que na população sul coreana26, 30

o cálcio aparece aumentado

em apenas 10% dos portadores de mieloma, e na chinesa28

atinge mais de 60% da amostra.

Em nenhum dos estudos o cálcio sérico foi levantado como fator prognóstico.

A queixa mais freqüente entre os portadores de mieloma mútiplo é a dor óssea25

. Isso

se deve à alta prevalência de lesões osteolíticas, muitas vezes primeira manifestação da

doença. Mais da metade dos nossos pacientes apresentavam tais lesões, índice que corrobora a

literatura internacional.9, 21, 22, 25-32, 34, 35

. Num estudo catarinense recente25

, 50% dos pacientes

apresentavam fratura patológica, valor muito superior ao encontrado em nossa pesquisa nessa

categoria (20%).

Evidenciamos que 42,42% dos pacientes, que procuraram atendimento no HU-UFSC

nos últimos trinta anos, foram diagnosticados no estágio mais avançado, conforme o ISS. Esse

fato é muito relevante, pois este estágio apresentou impacto sobre a sobrevida em nossa

amostra, tanto na análise univariada quanto no método de regressão de Cox. Greipp, em seu

trabalho de divulgação do sistema ISS mostrou sobrevidas de 62, 44 e 29 meses para os

estágios I, II e III, respectivamente. Tais dados são concordantes com a literatura21, 26, 31

.

Nosso estudo apresentou valores discordantes de tais medianas e isto se deva provavelmente

às especificidades de nossa amostra. Os pacientes em estágio I atingiram 165 meses de

sobrevida, enquanto os estágios II e III apresentaram sobrevida estatisticamente equivalente

de 21 meses. Conté et al.22

mostrou que pacientes com estágios II e III apresentam maior

incidência de anemia, insuficiência renal, e as outras complicações associadas ao mieloma.

Não foi possível observar relação entre o estadiamento de Durie e Salmon e sobrevida.

A sobrevida global mediana observada neste trabalho foi de 33 meses. Outros

trabalhos apresentaram sobrevida global superior a 50 meses21, 26, 31

. Ludwig et al, dividiu sua

amostra conforme faixa etária, entre maiores e menores de 50 anos. Para a população mais

jovem, a sobrevida encontrada foi de 62,4 meses, enquanto a população com mais de 50 anos

teve a sobrevida reduzida para 44,4 meses.27

Nossos valores de sobrevida sofreram influência

de fatores como os níveis de hemoglobina, níveis de creatinina e estadiamento clínico

conforme ISS.

O presente trabalho apresenta limitações, tais como o tamanho da amostra e o tempo

em que os dados foram coletados, gerando dificuldade na coleta das informações. Nossa ficha

de coleta de dados apresenta variáveis que serão estudadas em trabalhos subseqüentes.

Novas pesquisas se fazem necessárias sobre o tema em nosso meio, principalmente

relacionadas à incidência brasileira do Mieloma Múltiplo e a utilidade da citogenética para

evidenciar novos fatores prognósticos.

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6. CONCLUSÃO

1.Os pacientes com MM atendidos no HU-UFSC tinham em média 63,83 anos ao

diagnóstico, sem predominância entre os sexos.

2.O idiotipo predominante foi o IgG, anemia foi encontrada em 87,1% dos casos, 60%

apresentaram alteração no nível de creatinina 91% tinham lesão osteolítica ao diagnóstico e o

estágio clínico pelo ISS predominante foi o grau três.

3. A sobrevida global encontrada foi de 33,08 meses.

4. Hemoglobina inferior a 10 g/dl, creatinina superior a 2 mg/dl e estágio III do ISS

tiveram impacto na sobrevida isoladamente, porém quando realizado análise multivariada,

apenas o estágio III do ISS permaneceu estatísticamente significativa (ISS III – p=0,049).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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NORMAS ADOTADAS

Este trabalho foi realizado seguindo a normatização para trabalhos de conclusão do

Curso de Graduação em Medicina, resolução aprovada em reunião do Colegiado do Curso de

Graduação em Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina, em 27 de novembro de

2005 .

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ANEXO I - CERTIFICADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA EM SERES HUMANOS

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ANEXO II – FICHA DE COLETA DE DADOS

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FICHA DE AVALIAÇÃO

A avaliação dos trabalhos de conclusão do Curso de Graduação em Medicina

obedecerá os seguintes critérios:

1º. Análise quanto à forma (O TCC deve ser elaborado pela Resolução /2003 do

Colegiado do Curso de Graduação em Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina);

2º. Quanto ao conteúdo;

3º. Apresentação oral;

4º. Material didático utilizado na apresentação;

5º. Tempo de apresentação:

- 15 minutos para o aluno;

- 05 minutos para cada membro da Banca;

- 05 minutos para réplica

DEPARTAMENTO DE: ____________________________________________

ALUNO: ________________________________________________________

PROFESSOR: ____________________________________________________

NOTA

1. FORMA ........................................................................................................

2. CONTEÚDO ................................................................................................

3. APRESENTAÇÃO ORAL ...........................................................................

4. MATERIAL DIDÁTICO UTILIZADO ........................................................

MÉDIA: _______________(____________________________________)

Assinatura: ________________________________________