texto de apoio nº2 principais conceitos

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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE CONTABILIDADE E AUDITORIA CURSO GESTÃO ANO/SEMESTRE 2/4º DISCIPLINA CONTABILIDADE DE CUSTOS I CÓDIGO DA CCI Xxxx CARGA HORÁRIA SEMESTRAL 60 SEMANAL 3.75 ALBERTO PITORO 2PCA 1 MIGUEL JAMAL 2PCA2 MIGUEL LANGA 2PGS2/2PGS3 JORGE MONDLANE 2PCA3/2PGS1 PROFESSORES PETER WENG 2LCA1/2LCA2/2LGS1/2LGS2 COORDENADOR ALBERTO PITORO Contabilidade de Custos I Textos de Apoio nº 2 PRINCIPAIS CONCEITOS DA CONTABILIDADE DE CUSTOS Terminologias contabilísticas aplicadas na Contabilidade de Custos Gasto – sacrifício que a entidade suporta para a obtenção de um bem ou serviço, representado por entrega ou promessa de entrega de activos (normalmente dinheiro). O gasto se concretiza quando os serviços ou bens adquiridos são prestados ou passam a ser de propriedade da empresa. Exemplos: gastos com mão-de-obra (salários e encargos); gasto com aquisição de matérias-primas para a produção de produtos; gasto com sectores administrativos; gasto com aquisição de máquinas e equipamentos.Os gastos podem ser: investimentos, custos ou despesas. Investimento – gasto com bem ou serviço activado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a períodos futuros. Exemplos: aquisição de móveis e utensílios (viaturas); aquisição de imóveis (fábricas); despesas pré - operacionais; aquisição de marcas e patentes e aquisição de matéria-prima. Custo – gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços; são todos os gastos relativos à actividade de produção. Exemplos: salários do pessoal da produção; matéria-prima utilizada no processo produtivo; combustíveis e lubrificantes usados nas máquinas da fábrica; alugueres e seguros do prédio da fábrica; depreciação dos equipamentos da fábrica; gastos com manutenção das máquinas da fábrica. Atenção : A matéria-prima adquirida pela empresa/indústria enquanto não utilizada no processo produtivo, representa um investimento e estará registada numa conta do Activo Circulante (veja Plano de Contas); no momento em que é requisitada pelo sector de produção, é dada baixa na conta do Activo e ela passa a ser considerada um custo, pois será consumida para produzir outros bens ou serviços. Despesa – gasto com bens e serviços não utilizados nas actividades produtivas e consumidos com a finalidade de obtenção de receitas. Exemplos : salários e encargos sociais do pessoal de vendas e do escritório de administração; energia eléctrica consumida no escritório; gasto com combustíveis e refeições do pessoal de vendas; contas telefónicas do escritório de vendas; alugueres e seguros do edifício da administração.

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Page 1: Texto De Apoio Nº2   Principais Conceitos

UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

CONTABILIDADE E AUDITORIA CURSO

GESTÃO ANO/SEMESTRE 2/4º

DISCIPLINA CONTABILIDADE DE CUSTOS I CÓDIGO DA CCI Xxxx

CARGA HORÁRIA SEMESTRAL 60 SEMANAL 3.75

ALBERTO PITORO 2PCA 1

MIGUEL JAMAL 2PCA2

MIGUEL LANGA 2PGS2/2PGS3

JORGE MONDLANE 2PCA3/2PGS1

PROFESSORES

PETER WENG 2LCA1/2LCA2/2LGS1/2LGS2

COORDENADOR ALBERTO PITORO

Contabilidade de Custos I

Textos de Apoio nº 2

PRINCIPAIS CONCEITOS DA CONTABILIDADE DE CUSTOS

Terminologias contabilísticas aplicadas na Contabilidade de Custos Gasto – sacrifício que a entidade suporta para a obtenção de um bem ou serviço, representado por entrega ou promessa de entrega de activos (normalmente dinheiro). O gasto se concretiza quando os serviços ou bens adquiridos são prestados ou passam a ser de propriedade da empresa. Exemplos: gastos com mão-de-obra (salários e encargos); gasto com aquisição de matérias-primas para a produção de produtos; gasto com sectores administrativos; gasto com aquisição de máquinas e equipamentos.Os gastos podem ser: investimentos, custos ou despesas. Investimento – gasto com bem ou serviço activado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a períodos futuros. Exemplos: aquisição de móveis e utensílios (viaturas); aquisição de imóveis (fábricas); despesas pré - operacionais; aquisição de marcas e patentes e aquisição de matéria-prima. Custo – gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços; são todos os gastos relativos à actividade de produção. Exemplos: salários do pessoal da produção; matéria-prima utilizada no processo produtivo; combustíveis e lubrificantes usados nas máquinas da fábrica; alugueres e seguros do prédio da fábrica; depreciação dos equipamentos da fábrica; gastos com manutenção das máquinas da fábrica. Atenção: A matéria-prima adquirida pela empresa/indústria enquanto não utilizada no processo produtivo, representa um investimento e estará registada numa conta do Activo Circulante (veja Plano de Contas); no momento em que é requisitada pelo sector de produção, é dada baixa na conta do Activo e ela passa a ser considerada um custo, pois será consumida para produzir outros bens ou serviços. Despesa – gasto com bens e serviços não utilizados nas actividades produtivas e consumidos com a finalidade de obtenção de receitas. Exemplos: salários e encargos sociais do pessoal de vendas e do escritório de administração; energia eléctrica consumida no escritório; gasto com combustíveis e refeições do pessoal de vendas; contas telefónicas do escritório de vendas; alugueres e seguros do edifício da administração.

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Atenção: todos os gastos realizados com o produto até que este esteja pronto são custos; a

partir daí, são despesas. Gastos com embalagens são custos se realizados no âmbito do processo

produtivo (o produto é vendido embalado); são despesas se realizados após a produção (o produto

pode ser vendido com ou sem embalagem).

Desembolso – pagamento resultante da aquisição de um bem ou serviço. Pode ocorrer

simultaneamente com gasto (pagamento à vista) ou depois deste (pagamento a prazo).

Perda – gasto não intencional decorrente de factores externos fortuitos ou da actividade produtiva

normal da empresa.

Exemplos: perdas com incêndio, deterioração de stocks etc.

Receita – entrada de elementos para o activo sob a forma de dinheiro ou direitos a receber, correspondente normalmente à venda de bens ou serviços. As informações relativas a custos não se podem limitar a permitir a avaliações das existências e o apuramento de resultados, mas devem, também, e fundamentalmente, servir como orientação para a tomada de decisões, relativamente ao planeamento e controlo da gestão. Na realidade, quando um gestor tem de escolher entre várias alternativas, não poderá fazê-lo racionalmente se não dispuser das informações suficientes para prever as consequências económicas de cada acção, em termos de custos e proveitos. Então, o processo de obtenção dos custos não poderá deixar de estar associado a natureza das decisões a tomar, devendo a contabilidade analítica preocupar-se em fornecer precisamente aquelas informações que possam conduzir as soluções mais eficazes e rentáveis. Custo é o esforço, sacrifício ou dispêndio de energias, recursos e valores para alcançar um determinado objectivo, ou, seja, tudo o que custou um objecto ou um serviço num determinado período.

Acepções da palavra custo

Em termos económicos, dentro das diversas acepções da palavra, interessam-nos duas:

Custo tecnológico ou material – conjunto de recursos físicos consumidos ou utilizados, ou seja, o conjunto formado pelas quantidades de bens e serviços consumidos ou utilizados;

Custo monetário – valor monetário dos recursos físicos consumidos, obtido pela expressão monetária dos recursos físicos em unidades monetárias, que é o valor que resulta do somatório dos produtos das quantidades pelos respectivos preços.

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Exemplo: Custo de Produção do Produto Alfa:

Designação Quantidade (Custo Tecnológico)

Preço (MT)

Valor (MT) (Custo monetário)

Matéria A 500 Kg 100,00 50.000,00 Matéria B 200 Kg 50,00 10.000,00 Mão-de-obra 100 horas 200,00 20.000,00 Energia 50 kWh 50,00 2.500,00 82.500,00

Nota: 1 - A contabilidade de custos privilegia o apuramento do custo monetário. Sempre que falamos de custo nos referimos ao custo monetário. 2 - O custo monetário tem dois componentes: As quantidades, cuja magnitude depende da racionalidade com que se usam os recursos, e o preço, determinado pelas condições de procura e oferta de factores no mercado. Destino dos Custos Os custos têm dois destinos, nomeadamente:

♦ Destino Funcional – a que função é que o custo respeita; ♦ Destino Final – a que produto ou serviço é que o custo respeita.

Custos Funcionais

Custos de Aprovisionamento

Designa-se por custo de aprovisionamento o custo das matérias no momento da sua incorporação na produção, isto é, quando saem do respectivo armazém para entrar no processo produtivo.

Então, os custos de aprovisionamento compreendem os seguintes elementos:

1. Preço de compra facturado pelos fornecedores; 2. Despesas adicionais de compra (directas e indirectas), tais como: comissões, fretes,

seguros, direitos aduaneiros, etc. 3. Despesas de armazenagem, tais como: rendas, seguros, iluminação, despesas com o

pessoal e amortizações do armazém de matérias.

Custos de Transformação

O custo de transformação compreende:

1. A mão-de-obra directa utilizada na produção;

2. Os gastos gerais de fabrico, tais como todos os fornecimentos, seguros, força motriz, mão-de-obra indirecta, amortizações, etc., exigidos pela produção.

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Custos de Distribuição ou de Venda

Os Custos de Distribuição ou de Venda compreendem todas as despesas efectuadas com a venda e distribuição dos produtos, tais como: publicidade, ordenados, comissões, deslocações e estadias do pessoal de vendas, frete para o armazém dos clientes, seguros destes transportes, etc. Em geral, todos os negócios tem custos de distribuição ou de venda, quer se tratem de empresas de produção, quer se tratem de prestação de serviços.Todos estes elementos, directos ou indirectos, são “custos de períodos” e, portanto, não inventariáveis.

Custos Administrativos

Os Custos de Administrativos compreendem todas as despesas exigidas pela direcção da empresa, tais como: ordenados dos membros dos órgãos sociais, respectivas deslocações e estadas, despesas de representação, material de escritório, ordenados do pessoal de escritório, etc.

Custos financeiros

Os Custos Financeiros são os que representam o custo dos capitais alheios aplicados na empresa.

Custo Industrial, Custo Complexivo, e Custo Económico Técnico

Custo de Produção ou Industrial

Designa-se por Custo Industrial o custo dos produtos à saída da fábrica, isto é, no momento em que entram no armazém de produtos fabricados.

O custo industrial ou de produção integra:

• O custo da matéria directa consumida – matérias que são parte integrante do produto final e que são facilmente imputáveis aos produtos;

• Custo da Mão-de-Obra Directa (MOD) – que respeita aos custos com trabalhadores que se ocupam directamente do fabrico do produto;

• Gastos Gerais de Fabrico (GGF) – constituídos por todos os restantes custos industriais imputáveis ao produto.

A soma dos custos das matérias directas consumidas e da mão-de-obra directa designa-se Custo Primo. Por outro lado, a soma dos custos da mão-de-obra directa e dos gastos gerais de fabrico chama-se Custo de Transformação (CT).

Esquematicamente:

Matérias Directas Mão-de-obra Directa

Custo Primo ou Directo Custo de

Transformação Gastos gerais de Fabrico

Custo de Produção ou Industrial

Matérias Directas

As matérias directas são os bens que se laboram para obter o produto final, e que geralmente são incorporados no produto final (Madeira e móvel, farinha e pão, papel e livro, etc.).

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Mão-de-obra Directa

Designa-se por mão-de-obra directa o custo com o pessoal que trabalha directamente na fabricação do produto, excluindo-se os encargos com o pessoal da área industrial, que tem funções de supervisão (encarregados, chefes de secção, directores) ou de apoio (direcção fabril, planeamento e controlo de produção, etc.) que são considerados Gastos Gerais de Fabrico (GGF).

Gastos Gerais de Fabrico

Fazem parte dos gastos gerais de fabrico os restantes custos da função industrial. Entre as diversas naturezas de custos salientaremos:

• Remunerações e demais encargos com mão-de-obra directa indirecta; • Matérias indirectas; • Serviços de conservação e reparação; • Seguros dos edifícios e equipamentos; • Ferramentas e utensílios de desgaste rápido; • Amortizações dos edifícios e equipamentos.

Não existem, em princípio, dificuldades de maior no apuramento dos custos das matérias directas e da mão-de-obra directa a considerar no custo do produto. Com efeito, tratam-se de custos directos dos produtos.

Com os Gastos Gerais de Fabrico não se passa o mesmo, pois neles são fundamentalmente englobados gastos que são comuns aos diversos produtos que se fabricam.

Por esta razão, têm que ser definidos critérios de imputação (de distribuição ou de repartição) dos gastos Gerais de Fabrico verificados no período pelos produtos fabricados nesse período.

Recorre-se para o efeito às chamadas bases ou unidades de imputação.

As bases de imputação mais utilizadas são as seguintes:

• Custo da mão-de-obra directa; • Número de horas de mão-de-obra directa: • Número de unidades fabricadas; • Custos das matérias-primas transformadas; • Número de horas de trabalho das máquinas; • Número de horas de trabalho do centro ou secção; • Custo primo.

Na imputação dos GGF parte-se do princípio de que os mesmos variam proporcionalmente com a quantidade ou valor que se torna por base. Portanto não é de forma alguma indiferente, por esta razão, a base de imputação que se escolhe. Deves escolher a base de imputação que tenha uma maior correlação com os GGF.

Imputação de Base Única e de Base Múltipla

A imputação dos GGF aos produtos pode ser feita de duas maneiras:

• A totalidade dos GGF é imputada aos produtos através de uma única base de imputação (imputação de base única);

• Repartem-se previamente os GGF por grupos de custos com certas afinidades, escolhendo-se para cada agrupamento a base de imputação mais conveniente (imputação de base múltipla).

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A imputação de base única enferma de muitas limitações, pois só por mero acaso se encontrará uma relação de proporcionalidade aceitável entre todos os GGF e a base de imputação escolhida.

Com efeito, repare-se que alguns GGF variarão com a mão-de-obra directa, outros com as horas de trabalho das máquinas, etc. Por outro lado, um produto pode recorrer a uma secção em que o trabalho se encontra sensivelmente mecanizado, outro a uma secção em que o trabalho é sobretudo manual. Podem mesmo todos os produtos recorrer às mesmas secções, mas ser diferente o contributo que cada uma dá para cada produto.

Portanto, raramente se pode recorrer ao método de base única, sendo necessário agrupar previamente os GGF por grupos com certas afinidades e depois, para cada grupo de custos, escolhe-se a base mais adequada.

Custo Comercial ou Complexivo

Designa-se por Custo Comercial ou Complexivo o custo dos produtos no momento da sua venda, ou seja, a soma do custo industrial com os custos relativos às restantes funções da empresa (custos não industriais).

Note-se o custo industrial é um custo inventariável, enquanto os custos não industriais (de comercialização, administração e financiamento) são, regra geral, considerados como custos de período.

Tal significa que, para a determinação dos resultados, a empresa considera a diferença entre o preço de venda e o custo industrial dos produtos vendidos (designada por resultado bruto), deduzindo-lhe depois os restantes custos de período, para apurar o resultado líquido

Refira-se que, o cálculo analítico do custo comercial apenas interessa para a elaboração de orçamentos relativos a encomendas (em fase anterior à produção) e para a fixação dos preços de venda, trabalhando-se geralmente com valores previsionais, de acordo com as informações obtidas em anos anteriores.

Custo Económico-Técnico

O Custo económico-técnico resulta do somatório do custo comercial ou complexivo com os Gastos Figurativos. Estes gastos – respeitam a cálculos previsionais referentes a investimentos monetários que se podiam ter efectuado em Instituições de Crédito, por exemplo em depósitos a prazo, obtendo-se assim os respectivos proveitos em juros e ao terem feito os investimentos na empresa podem não obter esses proveitos ou estes serem menores que se tivessem efectuado outra aplicação monetária. Considera-se portanto que estes juros não obtidos constituem custos.

Os gastos figurativos não são contabilizados, servem apenas para calcular o custo económico-técnico e o eventual lucro que poderia surgir mesmo com a imputação destes custos.

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Esquema da Configuração de Custos

Lucro Puro

Lucro

Gastos Figurativos Bruto

Lucro

Liquido

Custos Não

Industriais

GGF MOD MP

Custo Primo

Custo Industrial

ou de Produção

Custo

ComercialOu

Complexivo

Custo Económico

Técnico

Preço

de Venda

Margens e Resultados

Para a gestão empresarial é indispensável ter conhecimento dos custos que se vão verificando e evoluindo até se atingir a situação de produto acabado, bem como o custo comercial. Após este conhecimento e havendo informação correcta dos preços de venda praticados pelas empresas concorrentes, há que determinar o preço por que se vai vender os produtos de forma a obter resultados positivos.

Com conhecimento do custo dos produtos nas suas diversas fases de fabricação, há que determinar os resultados que se vão verificando. Assim, ao subtrairmos às vendas o custo industrial dos produtos que se venderam obtém-se uma “margem bruta”.

Adicionando ao custo industrial dos produtos vendidos os custos não industriais e efectuando a subtracção ao valor das vendas, obtém a “margem líquida”.

Custos de Produtos e Custos de Períodos

Para podermos fabricar os produtos que pretendemos torna-se necessário consumir, sacrificar, bens e serviços (matérias, instalações, mão-de-obra, etc.). Desses consumos e sacrifícios nasce o produto, cujo custo unitário é necessário determinar, pois, entre outras finalidades, há que proceder à valorização dos produtos acabados que se encontram em armazém no fim de cada período.

Segundo o Princípio de Relação entre Custo e Proveitos, as despesas incorridas para gerar um benefício devem ser reconhecidas como custo no mesmo período em que o benefício é reconhecido como proveito. ⇒ Custos do Período – são custos que são relacionados com os proveitos à base temporal. São

deduzidos dos proveitos do exercício em que foram incorridos. Todos os custos não industriais (de venda, administrativos e financeiros) são custos do período.

⇒ Custos do Produto – são Os custos incorridos na compra de matérias ou na fabricação de

produtos. Contrariamente aos custos do período, os custos do produto não são necessariamente tomados em conta no cálculo dos resultados do período em que foram incorridos. Figuram na demonstração de resultados do período em que os produtos a que respeitam forem vendidos. São também conhecidos por custos inventariáveis.

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Por conseguinte, todos os custos que entram na determinação do custo industrial dos produtos são custos de produtos e não custos de períodos. Só na altura em que os produtos são vendidos é que os custos dos produtos passam a ser custos de períodos.

Em suma, os custos industriais dos produtos vendidos e os custos não industriais constituem custos de períodos.

Classificação dos Custos

1. Quanto à espécie

Custo tecnológico – quantidades de bens e serviços aplicados na produção e expressos em quantidades físicas ou trabalho (quantificação técnica de um custo);

Custo monetário – expressão monetária do custo tecnológico;

2. Quanto à base de cálculo

Custos reais ou históricos – são os custos que realmente se verificaram. São determinados com base nos valores aplicados e registados na contabilidade (a posteriori);

Custos teóricos ou básicos – são custos predeterminados, isto é, calculados a priori com base em quantidades e preços preestabelecidos; são custos teóricos, definidos “a priori” para valorização interna de matérias-primas, produtos acabados e prestação de serviços. Os custos básicos são um instrumento precioso para o controlo de gestão. Permitem a comparação do custos reais com os custos padrões, a determinação dos desvios e análise das suas causas, para a tomada de medidas correctivas.

3. Quanto ao âmbito

Custo de produtos – aqueles que se referem a um produto ou determinado grupo de produtos;

Custos operacionais – referem-se a uma operação determinada (fabricação, montagem);

Custos funcionais – relativos às funções empresariais: custos de aprovisionamento, custos de transformação, custos de distribuição e custos de administração e financiamento.

4. Quanto à conexão, forma de imputação, ou em relação aos produtos

Custos directos – são todos os que são especificamente originados por este ou aquele serviço (custos directos das funções e departamentos) ou por este ou aquele produto (custos directos dos produtos);

Custos indirectos – são todos aqueles originados não por este ou aquele serviço ou produto, mas sim por vários serviços ou produtos (gastos gerais da empresa), desconhecendo-se, no momento da sua efectivação, o seu destino funcional e/ou final.

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5. Quanto à fase de estádio de transformação ou laboração

Custo industrial ou de produção – custo dos produtos à saída da fábrica;

Custo comercial ou complexivo – custo dos produtos vendidos no momento da entrega aos clientes;

Custo económico-técnico – aquele que compreende todos os custos da empresa.

6. Quanto ao grau de ligação com a actividade

Variáveis – são os resultados da relação existente entre os custos e o nível de actividade da empresa. Estes custos dependem do nível de actividade da empresa (produção ou venda);

Fixos ou de estrutura – são os ligados à estrutura da empresa ou da secção praticamente independentes da sua actividade.

Custos Variáveis

• São custos que variam necessariamente quando o volume aumenta ou diminui; • São custos que resultam da utilização da capacidade existente;

Podem ser:

◊ Proporcionais - quando variam proporcionalmente com o volume;

◊ Progressivos - quando crescem a uma taxa maior que a taxa de crescimento do volume, e;

◊ Digressivos - quando crescem a uma taxa menor que a taxa de crescimento do volume. Para facilitar análise dos custos variáveis, geralmente se assume que eles são variáveis proporcionais. Nota: 1 - Os custos variáveis totais é que aumentam ou diminuem conforme o volume (de produção ou de venda) aumenta ou diminui, respectivamente. 2 - Os custos variáveis unitários (proporcionais) mantêm-se invariáveis mesmo que varie o volume (de produção ou de venda); Custos Semi-variáveis ou mistos Custos que tem uma parte variável e uma parte fixa. Exemplo: a remuneração mensal de um vendedor e os custos de conservação de equipamento. O comportamento dos custos semi-variáveis pode ser expresso pela equação: Y = a + bx Y - custo total misto a - Parte fixa do custo misto (intercepto vertical) b - Custos variáveis unitários X - Nível de actividade ou volume Nota: a equação da recta dos custos mistos pode ser estimada com recurso ao método dos mínimos quadrados.

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Custos Fixos São aqueles que não variam quando se altera o volume ou são pouco sensíveis à sua variação. São os que proporcionam a capacidade para produzir ou vender, razão porque também se chamam custos de capacidade. Tipos de capacidade:

• Capacidade física, que é dada pelos edifícios, equipamentos; • Capacidade organizacional, dada pelos quadros da empresa, e; • Capacidade financeira, dada pelas possibilidades financeiras da empresa.

Nota: 1 - Os custos fixos totais mantêm-se invariáveis mesmo que varie o volume (de produção ou de venda); 2 - Os Custos fixos unitários aumentam ou diminuem conforme volume (de produção ou de venda) diminui ou aumenta, respectivamente.

Custos e Proveitos, Despesas e Receitas, Pagamentos e Recebimentos

Na actividade económica, as várias relações estabelecidas entre os agentes económicos podem representar-se através de duas correntes:

• Real

• Monetária

A todo o fluxo real corresponde um fluxo monetário de sentido inverso. Estes fluxos podem ser simultanêos ou não. Haverá desfasamento quando o fluxo monetário de contrapartida se verificar num período posterior ao do fluxo real.

Assim temos;

• No momento do fluxo real há uma obrigação a cumprir, cujo valor corresponde à despesa do período;

• Quando a dívida for liquidada, ou seja, no período em que se verificar o fluxo monetário, far-se-á o pagamento.

Então, no caso de não haver sincronismo entre as duas correntes, o período em que se verificar a despesa não coincide com o momento em que se faz o pagamento.

Por outro lado, nem toda a despesa do período será, na maioria das vezes, custo desse mesmo período, como se pode comprovar nos exemplos seguintes:

• O pagamento da renda de Janeiro de 2001, feito no mês de Dezembro do ano anterior, não constitui um custo de Dezembro, visto que diz respeito ao mês seguinte;

• Todas as despesas verificadas após e durante a fabricação constituem custos do produto e não do período. Isso só acontece no período em que o produto é vendido (custos do período).

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Tudo o que foi dito anteriormente é extensivo aos fluxos reais de saída e consequentes fluxos monetários de entrada.

Resumidamente temos:

No momento do fluxo real (venda de produtos fabricados) há um direito a receber, cujo valor corresponde à receita do período.

Quando o crédito for cobrado, ou seja, no período em que se verificar o fluxo monetário, surge o recebimento.

Também aqui pode não haver sincronismo entre as duas correntes. Quanto isso acontece há a considerar momentos diferentes para a receita e para o recebimento.

Por outro lado, a receita verificada num período (mês) pode não corresponder totalmente ao proveito obtido. Nesse caso, apenas se consideram como proveitos os referentes ao exercício (mês) e só esses – princípio de especialização económica dos exercícios. Este princípio contabilístico determina que:

“No apuramento dos resultados de cada exercício devem ser considerados todos os custos e proveitos desse exercício e só esses.”

Diz-se que a contabilidade funciona em regime de competência económica, isto é, os resultados da actividade empresarial são apurados pela diferença entre os proveitos e os custos verificados durante o exercício económico.

Resultados = proveitos – custos

Por outro lado, fala-se em regime de competência financeira se os resultados são determinados pela diferença entre as receitas e as despesas de um período.

Resultados = receitas – despesas

Podemos considerar ainda o regime de competência de caixa, quanto os resultados da actividade são determinados através da diferença entre os recebimentos e os pagamentos.

Resultados = recebimentos – pagamentos

É precisamente o regime de competência económica o considerado pela contabilidade e pela Lei. A sua aplicação exige que se determinem os proveitos e custos do exercício, o que significa dizer que é necessário considerar as duas correntes para saber a sua periodicidade e se a despesa ou receita verificada é custo ou proveito do exercício em causa.

Em suma, temos:

Receita - é o direito de receber e nasce a partir do momento em que fornecemos ao exterior serviços ou bens;

Recebimento – verifica-se quando da entrada de meios monetários e vem regularizar ou não uma dívida. É sempre a importância recebida, que pode coincidir ou não com a receita (antecipada-adiantamento, simultânea, ou postecipada-venda a crédito);

Proveito – componente positiva do resultado do exercício; Despesa – constitui uma obrigação de pagar a terceiros quer um serviço prestado quer um

bem adquirido; Pagamento –É a saída de meios monetários a terceiros/credores que pode ou não coincidir

com a contracção da dívida;

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Custo – componente negativa do resultado, que representa o valor dos consumos incorporados no processo produtivo.

Custos controláveis e Custos não controláveis Nem sempre os custos de um determinado centro podem ser controlados pelo respectivo responsável. Há casos de custos que, em alguns casos são controlados por uma autoridade hierarquicamente superior. Chamam-se custos controláveis os custos de um centro de responsabilidade que podem ser controlados pelo respectivo responsável e, custos não controlados a parte dos custos do centro que só podem ser controlados por um outro centro ou por um órgão superior. Os gestores devem ser responsabilizados pelos custos controláveis. Exemplo: Num departamento fabril, o chefe do departamento fabril é responsável pelo custo das matérias-primas consumidas mas já não pode ser responsabilizado pela amortização do edifício fabril.

Custos Relevantes e custos Irrelevantes Acontece muitas vezes que a escolha de uma ou de outra alternativa não implica nenhuma alteração em certos elementos de custo. No exemplo anterior o salário do motorista poderia não ser afectado pela possibilidade de oficializar ou não a actividade. Neste caso diríamos que o salário do motorista é um custo irrelevante (Sunk Cost) para a tomada da decisão. Os custos relevantes são aqueles cujo comportamento se alterará quando uma dada decisão for tomada. Por isso são relevantes para a tomada da decisão. No exemplo anterior as amortizações da viatura, os impostos e o salário do cobrador, são custos relevantes. Custos Diferenciais As decisões são geralmente tomadas perante alternativas. Para se decidir entre as diferentes alternativas possíveis há que medir os resultados (ou cash-flows) associados a cada uma delas e compara-los. Esta comparação deve ser feita relativamente a uma das alternativas que se toma como referencia. De qualquer forma, haverá sempre duas alternativas para decidir, que consistem: (i) na alteração da situação que é objecto de análise: (ii) na manutenção da situação (que será a alternativa de referência). Custos diferenciais são a diferença de custos referentes a duas alternativas. Representam a diferença entre os custos da situação actual e os custos relativos à alternativa de alteração da situação actual. São os custos totais que resultam especialmente da decisão a tomar. Paralelamente aos custos diferenciais, temos os proveitos diferenciais, que são os proveitos totais que resultariam especialmente da decisão em análise. Representam a diferença entre os proveitos da situação actual e os proveitos relativos a alternativa de alteração da situação actual.

Resultado diferencial - é a diferença entre custos e proveitos diferenciais. Na óptica contabilística este é o indicador para avaliar as alternativas.

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Exemplo Um transportador semi-colectivo de passageiros pirata está estudando a hipótese de legalização da sua actividade. Para obter a licença teria de fazer investimentos adicionais de 25.000 contos colocando assentos e cobertura, conforme as exigências da legislação em vigor. A vida útil da viatura é estimada em 4 anos. Com a oficialização passaria a operar em rotas mais rentáveis, pelo que os proveitos passariam dos 150.000 contos para 175.000. Por outro, as despesas operacionais (impostos e salário do cobrador) aumentariam em 20.000. Problema: Oficializar ou não a actividade deste transportador? Solução 1. Proveitos diferenciais (150.000 - 175.000) 25.000 2. Custos Diferenciais Aumento dos custos diferenciais 20.000 Aumento das Amortizações (25.000/4) 6.250 26.250 3. Resultado diferencial (1-2) -1.250 A decisão de oficialização implicaria uma redução dos resultados da condição actual. Na óptica contabilística a decisão de oficialização não é vantajosa.

Custos de oportunidade

Com frequência, verifica-se que certos recursos que se encontram aplicados na empresa têm alternativas de aplicação. Esta aplicação alternativa possibilitaria proveitos que é necessário comparar com os que se estão a obter na que está a se dada ao recurso. Assim, uma forma de verificar o interesse da aplicação actual é considerar, como custo desta, na determinação da sus rendibilidade, o proveito da alternativa, que designamos por custo de oportunidade da aplicação actual.

Admitamos que a empresa dispõe de edifício que serve de armazém da actividade comercial grossista que também desenvolve. Aquele edifício pode ser facilmente arrendado a terceiros, para armazém, por 12 000 MTn por ano. Na análise daquela actividade da empresa, deverá considerar-se como seu custo de oportunidade o valor do arrendamento possível, ou seja, 12 000 MTn por ano. O conceito de custo de oportunidade permite reter que a rendibilidade dos recursos aplicados na empresa deve ser sistematicamente comparada com a de aplicações alternativas possíveis.

Custo Marginal

É o aumento de custo ocasionado pela produção de uma unidade extra de produto. Em outras palavras, indica quanto custa cada aumento unitário de produção.