texto 6 (opcional), 7 de março, emancipação política

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  • 8/18/2019 Texto 6 (OPCIONAL), 7 de Março, Emancipação Política

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    "t +Jnfu-uH, ,""Bne:rr IttprR ter 225 emancipação política

    secretários provinciais,comandantes dearmas, juízes de direito, juízes municipaisechefes de políciaficavam impedidos desereleitos, pelo menos por seus distritosde

    origem. Embora a reação a tais medidas tenhasido enorme - deputados contráriosafirmavamque os "tamanduás", como erâmconhecidos os chefes locais, seriam incapazesde tratar dos grandes cemâs nacionais -, oprojeto foi aprovado graçes ao prestígio domarquês do Paraná, entrando em vigorcom alei deI9 de setembro de 18 55. A, primeiraeleição posterior à nova legislação, ocorrida

    em I856, revelou mudanças: o número decoronéis da Guarda Nacional, médicos epadres eleicos cresceu muito, eo mesmotempo em que decresceu o de funcionáriospúblicos, possibilitandoque "o país real"entrasse "diretamentena Câmara", comoqueria o marquês do Paraná.Ern 187 5, mais um método foiincroduzidoparâ gerantira representação das minoriaslosistema do rcr1o, no qual os votântes escolhiamapenas 2/) da lista de eleitores da província,e os eleitores votevam ern 2/) do número dedeputados da província, ficandoo I/)restante para ser preenchido idealmente pelosvotos da oposição. O últimoesforço paragarentir a rePresentação da oposição veiocom a reforma eleitoralde I88I,queintroduziuo voto direto acoplado ao distritale ampliouas incomparibilidades, tornandoinelegíveisempresários de obras públicas evigários e bispos em suas próprias paróquias,além de esrabelecer que funcionáriospúblicos,mesmo se eleitos fora de seusdiscritos,não poderiâm exercer cergos,receber salários ou ser promovidosenquantodurassem seus mandatos. Essas medidasefecivamente significaram um aumento dapresençe das minoriase de profissionaisliberais na Assembléia:enquanto, em I85o,48% dos deputados eram funcionáriospúblicos, na última legislatura do Impérioeste número caiu para 8%. Entre I87 5 eI881,outras medidas foram tomadas, comoa introdução dotítuloeleitorale a proibição

    do recrutamento militare de movimentaçãode tropas em período de eleições.Todas essas modificações,no entanto, nãoforamsuficientes para que a influênciado

    governo sobre seus partidáriosdiminuísse.Em todas as eleições realizadas durante osegundo reinado, os presidentes de província- escolhidos diretamente pelo imperador -conseguiram eleger seus correligionáriosparaas Assembléias provinciaise nacional. (KG)

    8,, RemeterCidadania, Conciliação,Constituição, Direito

    civil,Gabinetes,Parlamentarismo, Partidos

    gs ReJerências BibliográficasBUENO,I. A. P. Direito público brasileiro e análise daConstituiçaodo Impírio.Ministérioda justiça eNegócios Interiores,l95B;CARVALHO,J. M.de. Teatro de sombras. Rio de Janeiro, IUPERJ,1988; GRAHAM,k. Clientelismo e políticano Brasildo sículo X1X.Rio de janeiro, UFRJ, t997;SOUZA,F. B. S. O sistema eleitoral noImpírio.Brasília, Senado Federal, t979.

    5lr:Emancipação políticaA transferência da Corte para o Brasil,emI8o8, provocouuma série de transformaçõesna América Portuguesae sinalizouo fimdoperíodo colonial.Deu iníciotambém aoprocesso que Maria Odilada S. Diasdenominoude "interiorizaçã.oda metrópole",ou seja, não só o estabelecimento no Rio deIaneirodas instiruições-chave daadministração doImpério,como também acriação e consolidação de interesses própriosdos súditos americanos. Valorizada peloprojeto de um impérioluso-brasileiro,proposto por Rodrigode Souza Coutinho,em 1797-98, e assimilado pela chamada"geração de I79O", essa situação se fezacompanhar de uma crescente consciência dopapel que o Brasilocupava no conjunto dosdomínioslusitanos.Portugal, por outro lado,

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    ts emancipação políüca 226 òt DrcroNÁnroooafastado do soberano, ocupado pelosfranceses, primeiro,e sob vircual tutelabritânica,em seguida, após a abertura dosportos brasileiros e os tratados com a

    Inglaterrade 18Io, viu-se reduzidoa umeposição marginal. No Brasil,a importânciaadquirida pelo Rio de Janeiro como sede damonarquia despertou âs esperenças de que seestâve fundandoum novo império,mas como passer dos anos e a manutenção dosprocedimentos tradicionais,identificadoscorn a Corte em Lisboa, o fardo sobre asprovíncias não foialiviado, estimulando

    ressentimentos. A tudo isso, a proxirnidadeda massa escrava acrescentavâ, Pare asautoridades, uma dirnensão de temorconstante, fruto do Pavor ao haitianismo quese propagara com a revolta de São Dominqosem I79I,e que produziaum certoimobilismo.Sinal dessas tensões foramos movimentosrebeldes de I 8I7, nos lados do Atlântico.

    Ern Portugal, a conspiração de Gomes Freiretinha corno objetivoafastar os ingleses docontrolemilitardo país e arrancá-lo daprostração econômica em que iazia. EnPernambuco, a insurreição resultou dainsatisfação com a inércia da Coroa no Riode Janeiro e de seus represententes naprovíncia para atender às esperançasdespertadas em I8o8. Nos doiscasos, aPeser

    da ausência de um sentimentonacional, em

    particularno Brasil,a inquietação indicava ainsatisfação reinante e a crescente penetraçãoem setores da sociedade luso-brasileira de umideário liberal.O processo de separação entreBrasil e Portugal insere-se, por conseguinte'na conjunturados movimentos de I820,que,após a tormenta napoleônica e a restauração,voltaram a questionar as práticas do AntigoRegirne,buscando garantir, por meio de umaconstituição,as liberdades e direitos doliberalismonascente.O impulsoinicialdecorreu da chegada ao Riode Janeiro, em outubro de I 82o, dasprimeiras notíciassobre a Revolução doPorto, que criaram um clima de excitação

    inédico, não só na Corte, como também naBahia, no Pará, no Maranhão, emPernambuco e eté em outros locais de menorexpressão. Nos meses seguintes, a agitação

    foiestimulada pela circulação cada vez maisintensa de jornaise de um grande número depanfletos, a princípioenviados de Lisboa,mes que logopassaram a imprimir-selocalmente, dando a impressão de quesubitamente se criara uma esfera de políticapúblicana AméricaPortuguesa. Limitados,de início,ao círculoreduzidode uma elitealfabetizada, para a qual a Maçonaria fornecia

    um novo espaço de sociabilidade,os debatesnão tardaram a estender-se, abrangendooutros âtores, como Pequenos proprietáriosrurais, artesãos, comerciantes miúdos,caixeiros, soldados, a massa de livres elibertosvivendo de expedientes nas ruas dascidades e até escravos, que viramnas lutasque se seguiram uma oportunidadede obtersua alforria.

    Diante da situaçãoinusitada, a Corte hesitou'

    Personificadas em dois ministros,o conde dePahnela e Tomás VilanovaPortugal,ela sedividiuentre os que defendiam o imediatoretorno de D. João VIa Lisboa Para conteros excessos da revolução, ainda que correndoo risco de emprestar legitimidadeaosreuoltosos, e os que preferiam suapermanência no Brasil,arriscando-se a perdero tronodos Bragança na Europa, a fimdeevitar o contágio das idéias liberais maisradicais e preservar na Américaa essência doAntigoRegime. Mas os âcontecimentos seprecipitararn. No início det8zI, o Pará e aBahia aderiram à regtne ração portuguesa e, em 26de fevereiro, lideridopelas tropas da DivisãoAuxiliadora,eclodiu no Riode Janeiro ummovimentoque exigiudo soberano ademissão de membros do governo, oimediatojuramentodas bases da futuraConstituiçãoe a adoção da Carta espanholaaté a elaboração da portuguese pelas cortes.Embora contornado o episódio,ert T demarço, o rei comunicou a decisão de partir edeterminoua eleição dos deputados

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    ) )'7 eïnanctpaçao política

    brasileiros parâ as cortes de Lisboa, conformeestabelecia a Constituiçãode Câdiz, que, Pordecreto de 2Í de abril,cambém passaria avigorar provisoriamente. Esse últimoato,

    porém, após os tumultos ocorridosdurante aassembléia reunida na Praça do Comércio,acabou anulado no dia seguinte, embarcandoD. João VIpara Portugalem 26 de abril edeixando no Brasil, como regente, o príncipeD. Pedro.Este, com habilidade, aproximou-se da facçãomais conseruadora e experiente da elitebrasileira, formada por indivíduosque, nemaioria, eram egressos da Universidade deCoimbrae haviamexercido funções naadministração, partilhandoa idéia de umimpérioluso-brasileiro- a elite coimbra.Nosegundo semestre de t8zI, porém, asnotícias das discussões na Assembléiaportuguesa tornavam cadavez mais claros osobjetivos do movimento:submeter o rei aocontrole da Assembléiae restabelecer asupremacia lusa sobre o restante do Império'Assim,entre eceitar a exigência das cortesparâ que retornasse a Portugal, conforme osdecretos de 29 de setembro, ou tentârconstruir no Brasil umâ monarquia maispróxirna de suas concepções de umabsolutismo ilustrado,D. Pedro, emconsonância com a elite coimbrã, escolheu asegunda, proclamando, no Dia doFico, 9 dejaneiro de 1822, a intenção de permanecer noBrasil.Dois dias depois, as troPasportuguesas ainda procurâram obrigá-loaembarcar para Lisboa, mâs foramcontidaspelo pouo e por soldados brasileiros. Dessemomentoem diante, a velocidadedasdecisões tomadas de um lado e de outro doAtlântico,contraposta à lentidãodas

    comunicações,só fez aprofundaro crescentemal-entendido, fruto do fato de a antigacolônia, agora metrópole interiortzada nostrópicos,não se dispor a abrir mão dosprivilégiosque adquiriraem favor das queixasda ex-metrópole quefora degradada àcondição de colônia.Ao longodo primeiro semestre de t822,

    Bas medidas das cortes promoveram a uniãodas elites brasileiras, acirraram cada vezmais o clima de animosidade contra osportugueses e acabaram Por conver[er o

    conscitucionalismo em sePeratismo. Já emI6 de janeiro, D. Pedro, ainda sem saber dadecisão de Lisboa de aboliros tribunaisestabelecidos no Brasil,organizouum novoministério,dirigidopor José Bonifácio,omais destacado elemento do gruPo coirnbrão.Um mês depois, convocou um conselho deprocuradores, com o objetivode estreitar oslaços das províncias com o Governo do Rio

    de Janeiro. Em lo de abril,denunciando aincapacidade das cortes para o diálogo,Gonçalves Ledo, líder dos brasilienses, a outrafacção das elites, leuantou em seu jornal,oRevírbero Constiturional Fluminensl,a ProPostada Independência do Brasil e, em 2J de maio,o porruguês José Clemente Pereira,presidente do Senado da Câmarar entregou âD. Pedro uma representeção solicitandoaconvocação de uma assembléia brasílica,decidida em I de junho.Até então, embora aidéia de independência já se manifestasse emalgumas obras de circunstância, nenhum dosperiódicos ou panfletos mencionou tradiçõesbrasileiras anteriores pera sustentá-la, e rarosforam os escritos que se referirama algumatentativadas cortes de restabelecer o exclusivocomtrdalcomo fatordecisivopara oseparatismo que defendiam. Na realidade, noCongresso português, o projeto sobre asrelações comerciais entre Brâsil e Portugal,amplamente discutido nas sessões entre abrile julhode Í822, procurava conciliarasatisfação dos interesses produtivos ecomerciais da antiga mecrópole coln a ex-colônia, pretendendo fazer do ReinoUnido

    urn únicomercado, fortemente ir-rtegradoe

    protegido do exterior,mas acabouabandonado, sem nunca ter sidocompletamente aprovado.Da mesma forma,os atos do prínciperegente no Rio de Janeiro, emborabuscassem afirmaruÌn centro de poder queevitasse o esfacelamento do território,ainda

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    ts emancipação política 228 AD DrcroNÁnrooonão pretendiam quebrar os laços de unrãoentre Brasil e Portugal.Em 14 de julho,forças militaresforam enviadas à Bahia, fielàs cortes de Lisboa. Por decreto de

    Iade agosto, D. Pedro declaraua inimigas

    todas es tropas portuguesas quedesembarcassem sem o seu consentimento,ainda que cuidasse de precisar que tomava aindependência no sentido exclusivodeautonomia política,sem implicarumrompimentoformal.Na mesma data, porém,o ManiJesto aos Povos do Brasil, de GonçalvesLedo, e, em 6 de agosto, o Manifestoàs NaçõesAmigas, redigidopor José Bonifácio,assumiam a separação como fato consumado.Se ambos culpavamo despotismo das cortespelo rumo dos aconrecimentos e se oprimeiroa considerava como irreversível,apelando pera os sentimentos populares paragerantira integridade territorialdo país, osegundo, porém, continuava hesitando emdescartar o projeto de um impérioluso-brasileiro.De todo modo, quando, em 7 de

    setembro, o regente proclamouocélebre

    Crito do lpiranga, a Independência já estaverealrzada, faltandoepenas oficiahzá-lacom eaclamação de D. Pedro como imperadorconstitucionaldo Brasil, oque ocorreria emÍ2 de outubro de t8zz.Momento decisivonâ construção de umanacionalidade,a Independência foianalisada pela historiografia,durantemuitas décadas, como o ponto finalde umprocesso contínuo e linear, que, desde oséculo XVIIIaté o XIX,forjaraumaconsciêncianacional. Nessa ótica, em que ascortes tinham o objetivoespecífico derecolonizar o Brasil, como restabelecimentodo exclusivocomercial,l8z2 significavaumarevolução,que rompiaos laços queprendiam a antiga colônia à monarquiaportuguesa e punha fimàs cradições

    coloniais. Em seguida, inserida a dinâmicametrópole/colônianos circuitosdaacumulação primitivado capital, aIndependência passou a constituiroresultado da crise nos finaisdo

    século XVIIIdo sistema colonialdosTempos Modernos, cujo modelo pode serbuscado na luta antiimperialistadedescolonização dos países africanos easiáticos a pertirde 1945. Nas últimasdécadas do século XX,constatadas aspermanências de longa duração da formaçãosocial brasileira, uma série de estudos, tentono Brasilcomo em Portugal,tem procuradoinseri-lana dinâmica mais profunda doAntigoRegime, destacando os fatorespolíticose culturaisque provocarâm umadisputa pela hegemonia no interiordoimpérioluso-brasileiro.(LBPN)

    $qa RemeterCortes portugueses, D. João VI,D. Pedro I, Diado Fico, Gonçalves Ledo, Império,Independência,José Bonifácio,Revolução do Porto,Transmigraçãoda Corte

    gt, Referências B ibliográficasALEXANDRE,V. Os sentidos do lmpírio:a questàonarional e a questão colonial na crise do AntigoRegime.

    Porto, Afrontamento, Í99);COSTA,E. V."Introdução ao estudo da emancipação política".In Da monarquia à república' momentos decisivos.SãoPaulo, Grijalbo,1977,pp.19-52; DIAS,M.O.da S. "Ainteriorizaçãoda metrópole (t8o8-I85I)".In:C.G. Mota (otg.). rBzz:Dimensões.São Paulo, Perspectiva, 1972, PP. t60-84;LIMA,M. de O. O movimentoda independência: tBzr-tBzz(tOzz). Belo Horizonte,Itatiaia,I989; LYRA,

    M.de L. Autopia do poderoso império:Portugale Brasil:bastidores da política, r798-rBzz. Rio de )aneiro,Sette Letras , 1994; NEVES, L.B. P. das.Corcundas, constitucionais e pís-de-chumbo, a cuhura

    políticada independência, rSzo- t8zz. Tese dedoutorado defendida na USP, São Paulo, I992;NEVES,G. P. das. "Doimpério luso-brasileiroao Império doBrasil(I789-I8zz)".Ler História.Lisboa, 27-28:75-Ío2,I995;OLIVEIRA,C. H.L. de S. A astúcia llberal

    -relações de mercado e projetos

    políticos no Rio de Janeiro (r8zo-rBz4).São Paulo,CEDAPH,I999;RODRIGUES,J' H.A independência: retoluEão e contra'revoluç,?'0,Rio deJaneiro, Francisco Alves,I975,v. l;