gameleiras, dos primórdios à emancipação

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Zaurindo Fernandes Baleeiro

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  • 1Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    1

    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    DOS PRIMRDIOS EMANCIPAODOS PRIMRDIOS EMANCIPAO

  • 3Gameleiras dos Primrdios Emancipao

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    DOS PRIMRDIOS EMANCIPAO

    ZAURINDO FERNANDES BALEEIRO

    Montes Claros2006

    DOS PRIMRDIOS EMANCIPAO

    ZAURINDO FERNANDES BALEEIRO

    Montes Claros2006

  • 4Zaurindo Fernandes Baleeiro

    4

    Zaurindo Fernandes Baleeiro

    EDITORA UNIMONTESCampus Universitrio Prof. Darcy Ribeiro s/n

    Cx. Postal: 126 Cep: 39401-089 Montes Claros (MG) e-mail: [email protected] - Fone:(038) 3229-8210

    2006Proibida a reproduo total ou parcial.

    Os infratores sero processados na forma da lei.

    REITORPaulo Csar Gonalves de Almeida

    VICE-REITORATnia Marta Maia Fialho

    DIRETOR DE DOCUMENTAOE INFORMAESGiulliano Vieira Mota

    COORDENADOR DA IMPRENSAUNIVERSITRIAHumberto Velloso Reis

    REVISOBenedito Said

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

    CONSELHO EDITORIALAdherbal Murta de AlmeidaMaria Cleonice Souto de FreitasReivaldo CanelaRosivaldo Antnio GonalvesSlvio Fernando Guimares deCarvalhoWanderlino Arruda

    CRIAO/ IMPRESSO/MONTAGEMImprensa Universitria/ Unimontes

    EDITORAO GRFICA/CAPAMaria Rodrigues Mendes

    Copyright : Universidade Estadual de Montes Claros

    Catalogao: Diviso de Biblioteca Central Professor Antnio Jorge UnimontesFicha catalogrfica: Bibliotecria Snia Marcelino CRB/6 2247

    Baleeiro, Zaurindo Fernandes.

    Gameleiras : dos primrdios emancipao / Zaurindo

    Fernandes Baleeiro. Montes Claros : Ed. Unimontes, 2006.

    111 p. : il.

    ISBN: 85-7739-016-0

    1. Gameleiras (MG) Histria. 2. Gameleiras (MG) Aspectos

    culturais. 3. Gameleiras (MG) Aspectos sociais. I. Ttulo.

    B183g

    CDD981.51

    EDITORA UNIMONTESCampus Universitrio Prof. Darcy Ribeiro s/n

    Cx. Postal: 126 Cep: 39401-089 Montes Claros (MG) e-mail: [email protected] - Fone:(038) 3229-8210

    2006Proibida a reproduo total ou parcial.

    Os infratores sero processados na forma da lei.

    REITORPaulo Csar Gonalves de Almeida

    VICE-REITORATnia Marta Maia Fialho

    DIRETOR DE DOCUMENTAOE INFORMAESGiulliano Vieira Mota

    COORDENADOR DA IMPRENSAUNIVERSITRIAHumberto Velloso Reis

    REVISOSaid/ Telma

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

    CONSELHO EDITORIALAdherbal Murta de AlmeidaMaria Cleonice Souto de FreitasReivaldo CanelaRosivaldo Antnio GonalvesSlvio Fernando Guimares deCarvalhoWanderlino Arruda

    CRIAO/ IMPRESSO/MONTAGEMImprensa Universitria/ Unimontes

    EDITORAO GRFICA/CAPAMaria Rodrigues Mendes

    Copyright : Universidade Estadual de Montes Claros

    Catalogao: Diviso de Biblioteca Central Professor Antnio Jorge UnimontesFicha catalogrfica: Bibliotecria Snia Marcelino CRB/6 2247

    Baleeiro, Zaurindo Fernandes.

    Gameleiras : dos primrdios emancipao / Zaurindo

    Fernandes Baleeiro. Montes Claros : Ed. Unimontes, 2006.

    111 p. : il.

    ISBN: 85-7739-016-0

    1. Gameleiras (MG) Histria. 2. Gameleiras (MG) Aspectos

    culturais. 3. Gameleiras (MG) Aspectos sociais. I. Ttulo.

    B183g

    CDD981.51

  • 5Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    5

    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    AGRADEO

    A Deus, pelo dom da vida. Aos professores daUNIMONTES, especialmente professora Regina CliaCaleiro, pela orientao precisa e competente, pelo es-tmulo e confiana depositados em mim.

    Aos meus familiares, pelo apoio e pela estabilidade pro-porcionada.

    Ao soldado Josdag Pedreira do Oliveira e professoraArlene Nunes Almeida, pelas observaes e sugestes.

    professora Mrcia Pereira da Silva, por uma frase queme comoveu: o importante no onde a gente chega, de onde a gente sai.

    Agradeo de corao a todos os entrevistados pela edu-cao com que me receberam e pelas informaes pres-tadas no decorrer desta pesquisa, revelando, assim, osseus conhecimentos em prol da Histria.

    Finalmente, agradeo a todas as pessoas que contribu-ram direta ou indiretamente na realizao desta pes-quisa.

    AGRADEO

    A Deus, pelo dom da vida. Aos professores daUNIMONTES, especialmente professora Regina CliaCaleiro, pela orientao precisa e competente, pelo es-tmulo e confiana depositados em mim.

    Aos meus familiares, pelo apoio e pela estabilidade pro-porcionada.

    Ao soldado Josdag Pedreira do Oliveira e professoraArlene Nunes Almeida, pelas observaes e sugestes.

    professora Mrcia Pereira da Silva, por uma frase queme comoveu: o importante no onde a gente chega, de onde a gente sai.

    Agradeo de corao a todos os entrevistados pela edu-cao com que me receberam e pelas informaes pres-tadas no decorrer desta pesquisa, revelando, assim, osseus conhecimentos em prol da Histria.

    Finalmente, agradeo a todas as pessoas que contribu-ram direta ou indiretamente na realizao desta pes-quisa.

  • 7Gameleiras dos Primrdios Emancipao

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    nico campo vlido da experincia moderna, a cidade corpo onde se inscrevem emoes e paixes, experi-ncias intransmissveis e singulares que o poeta-alegorista canta. A citao de Olgria Matos, publicadana obra Os arcanos do inteiramente ouro em 1989, fazreferncia clara aos grandes centros urbanos, locais emque a permanncia e a transformao misturam mem-ria e expectativas futuras. No entanto, para moradoresmais afastados das capitais de um dado pas, o cresci-mento urbano, mesmo tmido, tem o mesmo efeito.

    Numa primeira anlise, a histria das cidades, se consi-deradas no mesmo pas e no mesmo tempo histrico, pa-rece que se repete; do pequeno arraial, para o distrito e afundao do municpio, passando pela construo daIgreja, do cemitrio, dos primeiros bairros; normalmentedesenvolvem atividades agrrias e comrcio de pequenoporte para, enfim, desenvolverem o centro urbano e aindustrializao. Se verdade que em alguns pontos ascidades crescem de forma mais ou menos igual, tambm verdade que em outros os municpios guardam peculi-aridades inconfundveis. Nesse sentido, faz-se urgenteestudar a histria de municpios do interior do pas nacompreenso da histria urbana do Brasil.

    APRESENTAO

    nico campo vlido da experincia moderna, a cidade corpo onde se inscrevem emoes e paixes, experi-ncias intransmissveis e singulares que o poeta-alegorista canta. A citao de Olgria Matos, publicadana obra Os arcanos do inteiramente ouro em 1989, fazreferncia clara aos grandes centros urbanos, locais emque a permanncia e a transformao misturam mem-ria e expectativas futuras. No entanto, para moradoresmais afastados das capitais de um dado pas, o cresci-mento urbano, mesmo tmido, tem o mesmo efeito.

    Numa primeira anlise, a histria das cidades, se consi-deradas no mesmo pas e no mesmo tempo histrico, pa-rece que se repete; do pequeno arraial, para o distrito e afundao do municpio, passando pela construo daIgreja, do cemitrio, dos primeiros bairros; normalmentedesenvolvem atividades agrrias e comrcio de pequenoporte para, enfim, desenvolverem o centro urbano e aindustrializao. Se verdade que em alguns pontos ascidades crescem de forma mais ou menos igual, tambm verdade que em outros os municpios guardam peculi-aridades inconfundveis. Nesse sentido, faz-se urgenteestudar a histria de municpios do interior do pas nacompreenso da histria urbana do Brasil.

    APRESENTAO

  • 8Zaurindo Fernandes Baleeiro

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

    De forma geral, informaes acerca de diferentes mu-nicpios brasileiros tem sido divulgadas em dois tiposde trabalhos; aqueles produzidos no seio da academia,como maior ou menor rigor metodolgico, para conclu-so de mestrados e doutorados; e os que chegam ao p-blico como fruto da demanda da populao local emconhecer sua prpria histria.

    Zaurindo Fernandes Baleeiro, filho da regio, escreveuo texto que ora apresento por ocasio do Curso de Espe-cializao em Histria da Universidade Estadual de Mon-tes Claros UNIMONTES, com a orientao da Professo-ra Doutora Regina Clia Lima Caleiro. O produto da in-vestigao do autor o levantamento parcial da histriade Gameleiras, feito com a reunio de informaes atento espalhadas em materiais bibliogrficos vrios comdepoimentos orais. No primeiro captulo, o autor trata dafundao do stio dos Mrtires e das Piranhas, do arrai-al do Brejo dos Mrtires, do distrito de Boa Vista doTremendal e depois de Gameleiras. No segundo cap-tulo, o autor descreve as primeiras experincias do mu-nicpio de Gameleiras propriamente dito e as histriasde seus habitantes. No captulo terceiro aparecem apon-tamentos da cidade aps 1950. Merece destaque a listade expresses e ditos populares do povo de Gameleiras,de leitura interessante e curiosa

    No conjunto, o livro representa um esforo bem sucedi-do de um povo para conhecer sua prpria histria, nabusca da manuteno e valorizao da memria.

    Mrcia Pereira da SilvaDoutora em Histria pela UFMG

    Docente da UNIMONTES

    De forma geral, informaes acerca de diferentes mu-nicpios brasileiros tem sido divulgadas em dois tiposde trabalhos; aqueles produzidos no seio da academia,como maior ou menor rigor metodolgico, para conclu-so de mestrados e doutorados; e os que chegam ao p-blico como fruto da demanda da populao local emconhecer sua prpria histria.

    Zaurindo Fernandes Baleeiro, filho da regio, escreveuo texto que ora apresento por ocasio do Curso de Espe-cializao em Histria da Universidade Estadual de Mon-tes Claros UNIMONTES, com a orientao da Professo-ra Doutora Regina Clia Lima Caleiro. O produto da in-vestigao do autor o levantamento parcial da histriade Gameleiras, feito com a reunio de informaes atento espalhadas em materiais bibliogrficos vrios comdepoimentos orais. No primeiro captulo, o autor trata dafundao do stio dos Mrtires e das Piranhas, do arrai-al do Brejo dos Mrtires, do distrito de Boa Vista doTremendal e depois de Gameleiras. No segundo cap-tulo, o autor descreve as primeiras experincias do mu-nicpio de Gameleiras propriamente dito e as histriasde seus habitantes. No captulo terceiro aparecem apon-tamentos da cidade aps 1950. Merece destaque a listade expresses e ditos populares do povo de Gameleiras,de leitura interessante e curiosa

    No conjunto, o livro representa um esforo bem sucedi-do de um povo para conhecer sua prpria histria, nabusca da manuteno e valorizao da memria.

    Mrcia Pereira da SilvaDoutora em Histria pela UFMG

    Docente da UNIMONTES

  • 9Gameleiras dos Primrdios Emancipao

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    INTRODUO..................................................................CAPTULO I A origem do Stio dos Mrtires e dasPiranhas............................................................................A fundao do arraial dos Mrtires.................................A introduo da agropecuria em Gameleiras.............A origem do nome Gameleiras e de alguns povoadosda Zona Rural.................................................................A violncia no Brejo dos Mrtires.................................O distrito de Brejo dos Mrtires.......................................O bispo D. Lcio Antunes de Souza...............................CAPTULO II A fundao do povoado deGameleiras.....................................................................Os primeiros habitantes de Gameleiras........................O mercado.........................................................................A transferncia do distrito de Brejo dos Mrtires paraa povoao de Gameleiras..............................................A produo de alimentos................................................A agricultura...................................................................O cultivo do arroz e sua comercializao....................O cultivo da cana-de-acar..........................................Produo de milho.........................................................O cultivo da mamona......................................................O cultivo da mandioca....................................................A caa e a pesca..............................................................A produo dos bens de consumo.................................A fabricao do sabo.....................................................A fabricao de catres e colches.................................

    SUMRIO

    9

    212629

    29333636

    394041

    414343444646474747505050

    INTRODUO..................................................................CAPTULO I A origem do Stio dos Mrtires e dasPiranhas............................................................................A fundao do arraial dos Mrtires.................................A introduo da agropecuria em Gameleiras.............A origem do nome Gameleiras e de alguns povoadosda Zona Rural.................................................................A violncia no Brejo dos Mrtires.................................O distrito de Brejo dos Mrtires.......................................O bispo D. Lcio Antunes de Souza...............................CAPTULO II A fundao do povoado deGameleiras.....................................................................Os primeiros habitantes de Gameleiras........................O mercado.........................................................................A transferncia do distrito de Brejo dos Mrtires paraa povoao de Gameleiras..............................................A produo de alimentos................................................A agricultura...................................................................O cultivo do arroz e sua comercializao....................O cultivo da cana-de-acar..........................................Produo de milho.........................................................O cultivo da mamona......................................................O cultivo da mandioca....................................................A caa e a pesca..............................................................A produo dos bens de consumo.................................A fabricao do sabo.....................................................A fabricao de catres e colches.................................

    SUMRIO

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    212629

    29333636

    394041

    414343444646474747505050

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

    Os teares..........................................................................O isqueiro..........................................................................Os utenslios domsticos.................................................As construes...............................................................Avio X medo..................................................................Sade..............................................................................Educao.........................................................................CAPTULO III A chegada do progresso ao distri-to de Gameleira aps a dcada de 1950....................Mquina de beneficiar arroz..........................................O trator.............................................................................O transporte......................................................................O rdio..............................................................................Os benefcios de aposentadorias dos trabalhadoresrurais...............................................................................gua encanada................................................................A energia eltrica...........................................................Brincadeiras populares.................................................O telefone.......................................................................As festas e tradies culturais.......................................A Quaresma....................................................................Os evanglicos em Gameleiras....................................As novenas......................................................................As festas juninas............................................................A novena do Bom Jesus em Jacu das Piranhas e emBoqueiro do Encantado..............................................A excurso de Jacar Grande.........................................As festas de casamento..................................................As lendas........................................................................Cronologia histrica........................................................O processo de emancipao de Gameleiras.................CONSIDERAES FINAIS...........................................FONTES..........................................................................REFERNCIAS...............................................................ENTREVISTAS.............................................................ANEXOS.........................................................................

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    Os teares..........................................................................O isqueiro..........................................................................Os utenslios domsticos.................................................As construes...............................................................Avio X medo..................................................................Sade..............................................................................Educao.........................................................................CAPTULO III A chegada do progresso ao distri-to de Gameleira aps a dcada de 1950....................Mquina de beneficiar arroz..........................................O trator.............................................................................O transporte......................................................................O rdio..............................................................................Os benefcios de aposentadorias dos trabalhadoresrurais...............................................................................gua encanada................................................................A energia eltrica...........................................................Brincadeiras populares.................................................O telefone.......................................................................As festas e tradies culturais.......................................A Quaresma....................................................................Os evanglicos em Gameleiras....................................As novenas......................................................................As festas juninas............................................................A novena do Bom Jesus em Jacu das Piranhas e emBoqueiro do Encantado..............................................A excurso de Jacar Grande.........................................As festas de casamento..................................................As lendas........................................................................Cronologia histrica........................................................O processo de emancipao de Gameleiras.................CONSIDERAES FINAIS...........................................FONTES..........................................................................REFERNCIAS...............................................................ENTREVISTAS.............................................................ANEXOS.........................................................................

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    Gameleiras, municpio emancipado de MonteAzul, pela lei 12.030 de 21/12/1995, est lo-calizado na mesorregio norte de Minas Geraise na microrregio de Janaba (veja mapa no anexo n1).

    Suas coordenadas geogrficas so: Lat s 15 041 5211 2.

    Longw 43 071 2611 4 e Altitude 515 m, na sede da cida-

    de.

    O municpio possui uma rea territorial de 1.753, 80km2. A poro leste ocupada por pequenos e mdiosproprietrios rurais, a sede da cidade e a maioria dospovoados rurais. Na poro oeste, encontra-se um vaziodemogrfico, porque as terras dessa regio pertencem agrandes latifundirios que se dedicam pecuria.

    Sua topografia plana, pertence bacia hidrogrfica dorio Verde Grande.

    Os principais rios so: Gorutuba, Pacu, Verde Grande,Coronel, Jacu das Piranhas e Gameleira.

    Distncia de Monte Azul: 55 km de estrada de terra.

    Distncia de Mato Verde: 60 km de estrada de terra.

    Distncia de Montes Claros: 250 km.

    Distncia de Belo Horizonte: 700 km.

    INTRODUO

    Gameleiras, municpio emancipado de MonteAzul, pela lei 12.030 de 21/12/1995, est lo-calizado na mesorregio norte de Minas Geraise na microrregio de Janaba (veja mapa no anexo n1).

    Suas coordenadas geogrficas so: Lat s 15 041 5211 2.

    Longw 43 071 2611 4 e Altitude 515 m, na sede da cida-

    de.

    O municpio possui uma rea territorial de 1.753, 80km2. A poro leste ocupada por pequenos e mdiosproprietrios rurais, a sede da cidade e a maioria dospovoados rurais. Na poro oeste, encontra-se um vaziodemogrfico, porque as terras dessa regio pertencem agrandes latifundirios que se dedicam pecuria.

    Sua topografia plana, pertence bacia hidrogrfica dorio Verde Grande.

    Os principais rios so: Gorutuba, Pacu, Verde Grande,Coronel, Jacu das Piranhas e Gameleira.

    Distncia de Monte Azul: 55 km de estrada de terra.

    Distncia de Mato Verde: 60 km de estrada de terra.

    Distncia de Montes Claros: 250 km.

    Distncia de Belo Horizonte: 700 km.

    INTRODUO

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

    A populao foi estimada em 5.263 habitantes, no cen-so realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatstica), em 2000.

    A principal atividade econmica a agropecuria.

    A barragem sobre o rio Gameleira apresenta um volumetil de 1.750.000m3, com vazo mdia regularizadorade 100 l/s, sendo um importante recurso hdrico a seraproveitado para piscicultura, irrigao ou turismo.

    Em julho de 2003, a CODEVASF (Companhia de De-senvolvimento do Vale do So Francisco) elaborou oprojeto para instalar o sistema de irrigao nesta bar-ragem. O oramento desse empreendimento foi ava-liado em RS 927.000.20.

    A execuo desse projeto de fundamental importn-cia para a economia do municpio de Gameleiras. Por-tanto, a populao espera de seus representantes pol-ticos melhor atuao nesse sentido.

    O que se pretende com este trabalho discutir como seiniciou o processo de ocupao no territrio do atual mu-nicpio de Gameleiras, inicialmente ocupado por tribosindgenas da nao Tapuia. Posteriormente, investigaras transformaes sociais, polticas, econmicas e cul-turais ocorridas no decurso da histria do municpio.

    Para compreender a origem da povoao do arraial daGameleira, preciso analisar a origem do Brejo dos Mr-tires, do Stio dos Mrtires e do Stio das Piranhas nocontexto do bandeirismo.

    A interiorizao da colonizao brasileira atravs dosbandeirantes significativa na histria de Minas Geraise do Brasil e constitui uma mirade de temas que se ra-mificam em vrios e significativos momentos histricos,

    A populao foi estimada em 5.263 habitantes, no cen-so realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatstica), em 2000.

    A principal atividade econmica a agropecuria.

    A barragem sobre o rio Gameleira apresenta um volumetil de 1.750.000m3, com vazo mdia regularizadorade 100 l/s, sendo um importante recurso hdrico a seraproveitado para piscicultura, irrigao ou turismo.

    Em julho de 2003, a CODEVASF (Companhia de De-senvolvimento do Vale do So Francisco) elaborou oprojeto para instalar o sistema de irrigao nesta bar-ragem. O oramento desse empreendimento foi ava-liado em RS 927.000.20.

    A execuo desse projeto de fundamental importn-cia para a economia do municpio de Gameleiras. Por-tanto, a populao espera de seus representantes pol-ticos melhor atuao nesse sentido.

    O que se pretende com este trabalho discutir como seiniciou o processo de ocupao no territrio do atual mu-nicpio de Gameleiras, inicialmente ocupado por tribosindgenas da nao Tapuia. Posteriormente, investigaras transformaes sociais, polticas, econmicas e cul-turais ocorridas no decurso da histria do municpio.

    Para compreender a origem da povoao do arraial daGameleira, preciso analisar a origem do Brejo dos Mr-tires, do Stio dos Mrtires e do Stio das Piranhas nocontexto do bandeirismo.

    A interiorizao da colonizao brasileira atravs dosbandeirantes significativa na histria de Minas Geraise do Brasil e constitui uma mirade de temas que se ra-mificam em vrios e significativos momentos histricos,

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    que, notadamente, neste trabalho, onde se analisa a in-fluncia dessa interiorizao da colonizao brasileirano espao geogrfico norte-mineiro e, sobretudo, no S-tio dos Mrtires e no Stio das Piranhas.

    A primeira expedio a percorrer o serto norte-minei-ro foi a Bandeira comandada pelo castelhano Francis-co Bruzza Spinosa. Diogo de Vasconcelos afirma opioneirismo de Spinosa quando diz o seguinte:

    A expedio de Spinosa, com efeito, a primeira quepenetrou nos sertes, partiu de Porto Seguro emmaro de 1554, data esta averiguada, em vista da car-ta do padre Anchieta, dirigida em julho desse ano aoprovincial dos jesutas, dando-lhe conta do servioem que andava o padre Joo de Aspicuelta Navarro,como capelo e missionrio daquela comitiva.1

    Brasiliano Braz descreve a garra, a coragem, o herosmoe o esprito de sacrifcio desses pioneiros do bandeirismona misso de descortinar o serto e interiorizar a civili-zao.

    Esta arrancada a p, da Bandeira de Espinosa pelointerior do serto desconhecido, habitado por feras endios cruis e sanguinrios, nos comove mais peloesprito de sacrifcio verdadeiramente cristo daque-les pioneiros do bandeirismo. Ela muito se asseme-lha em grandeza quela outra peregrinao de quenos fala a Bblia Sagrada quando Moiss, obedecendoa ordem do Senhor, voltou ao Egito para arrancar docativeiro as Doze tribos de Israel e conduzi-las ter-ra prometida.2

    1 VASCONCELOS. Histria Mdia de Minas Gerais. 1974, p.14.2 BRAZ. So Francisco nos Caminhos da Histria. 1977, p. 38.

    que, notadamente, neste trabalho, onde se analisa a in-fluncia dessa interiorizao da colonizao brasileirano espao geogrfico norte-mineiro e, sobretudo, no S-tio dos Mrtires e no Stio das Piranhas.

    A primeira expedio a percorrer o serto norte-minei-ro foi a Bandeira comandada pelo castelhano Francis-co Bruzza Spinosa. Diogo de Vasconcelos afirma opioneirismo de Spinosa quando diz o seguinte:

    A expedio de Spinosa, com efeito, a primeira quepenetrou nos sertes, partiu de Porto Seguro emmaro de 1554, data esta averiguada, em vista da car-ta do padre Anchieta, dirigida em julho desse ano aoprovincial dos jesutas, dando-lhe conta do servioem que andava o padre Joo de Aspicuelta Navarro,como capelo e missionrio daquela comitiva.1

    Brasiliano Braz descreve a garra, a coragem, o herosmoe o esprito de sacrifcio desses pioneiros do bandeirismona misso de descortinar o serto e interiorizar a civili-zao.

    Esta arrancada a p, da Bandeira de Espinosa pelointerior do serto desconhecido, habitado por feras endios cruis e sanguinrios, nos comove mais peloesprito de sacrifcio verdadeiramente cristo daque-les pioneiros do bandeirismo. Ela muito se asseme-lha em grandeza quela outra peregrinao de quenos fala a Bblia Sagrada quando Moiss, obedecendoa ordem do Senhor, voltou ao Egito para arrancar docativeiro as Doze tribos de Israel e conduzi-las ter-ra prometida.2

    1 VASCONCELOS. Histria Mdia de Minas Gerais. 1974, p.14.2 BRAZ. So Francisco nos Caminhos da Histria. 1977, p. 38.

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

    A expedio Spinosa-Navarro encontrou vrios obst-culos na tentativa de desbravar o serto. Talvez, elano tenha alcanado os objetivos de imediato, mas ser-viu de suporte para conhecer o interior, conforme nosexplica Diogo de Vasconcelos: Spinosa tomou as lati-tudes, examinou os terrenos, e colheu informaes, en-controu indcios geolgicos de ouro e de outros me-tais, sobre certificados tambm mais positivos da re-gio diamantina, como de fato mais tarde se desco-briu.3

    Alm da expedio Espinosa - Navarro, outras bandei-ras foram organizadas para conquistar o serto. Eis al-guns bandeirantes mencionados por Diogo de Vascon-celos que se empenharam nessa conquista: Dom VascoRodrigues Calda, Martim de Carvalho, SebastioFernandes Tourinho, Antnio Dias Adorno, Ferno Diase Matias Cardoso de Almeida.

    Indiscutivelmente, o bandeirismo foi responsvel pelainteriorizao da colonizao brasileira e a descobertadas minas.

    A data da descoberta do ouro nas gerais nunca foi bemesclarecida. Brasiliano Braz estima que foi no Governode Artur de S e Menezes, aps julho de 1.697. Mas Afon-so d E. Taunay antecipa essa data para 1.681.

    No de fundamental importncia aprofundar a dis-cusso para esclarecer os detalhes do bandeirismo, poisos bandeirantes, fascinados por fabulosa riqueza na re-gio aurfera, no demonstraram interesse em se fixarno norte de Minas Gerais para desenvolver o povoamentodessa regio. Daniel Antunes Jnior, ilustre historia-

    3 VASCONCELOS. Histria Antiga das Minas Gerais. 1974, p. 54.

    A expedio Spinosa-Navarro encontrou vrios obst-culos na tentativa de desbravar o serto. Talvez, elano tenha alcanado os objetivos de imediato, mas ser-viu de suporte para conhecer o interior, conforme nosexplica Diogo de Vasconcelos: Spinosa tomou as lati-tudes, examinou os terrenos, e colheu informaes, en-controu indcios geolgicos de ouro e de outros me-tais, sobre certificados tambm mais positivos da re-gio diamantina, como de fato mais tarde se desco-briu.3

    Alm da expedio Espinosa - Navarro, outras bandei-ras foram organizadas para conquistar o serto. Eis al-guns bandeirantes mencionados por Diogo de Vascon-celos que se empenharam nessa conquista: Dom VascoRodrigues Calda, Martim de Carvalho, SebastioFernandes Tourinho, Antnio Dias Adorno, Ferno Diase Matias Cardoso de Almeida.

    Indiscutivelmente, o bandeirismo foi responsvel pelainteriorizao da colonizao brasileira e a descobertadas minas.

    A data da descoberta do ouro nas gerais nunca foi bemesclarecida. Brasiliano Braz estima que foi no Governode Artur de S e Menezes, aps julho de 1.697. Mas Afon-so d E. Taunay antecipa essa data para 1.681.

    No de fundamental importncia aprofundar a dis-cusso para esclarecer os detalhes do bandeirismo, poisos bandeirantes, fascinados por fabulosa riqueza na re-gio aurfera, no demonstraram interesse em se fixarno norte de Minas Gerais para desenvolver o povoamentodessa regio. Daniel Antunes Jnior, ilustre historia-

    3 VASCONCELOS. Histria Antiga das Minas Gerais. 1974, p. 54.

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    dor da cidade de Espinosa-MG, questiona a atitude dosbandeirantes que sucederam Spinosa.

    ... Apesar do caminho aberto nos fascinantes mist-rios do hinterland e das valiosas informaes daprimeira expedio comandada por Francisco BruzaSpinosa, nenhuma delas se mostrou interessada oucapaz de fixar nos sertes bravios de nossa terra.Tudo o que essas outras expedies fizeram foi a obrade vandalismo e rapinagem em meio a uma confusogeral, imposta por bandos de malfeitores em buscade fortuna fcil.4

    A colonizao do serto nortemineiro teve incio entre1.663 e 1.690, pelo Mestre-de-Campo Antnio GuedesBrito, atravs dos currais de gado do rio So Franciscoe do rio Verde, dentro dos limites do Morgado GuedesBrito, criado por seus pais Antnio de Brito Correia esua esposa D. Maria Guedes.

    O potentado Antnio Guedes de Brito foi contratado pelogovernador-geral para conquistar e pacificar o rio SoFrancisco infestado de bandidos. Diogo de Vasconce-los explica o porqu dessa escolha:

    [...] j tinha um corpo de armas em defensiva e quefacilmente podia com este marchar conquista dorio. Era tambm o homem de confiana, que podialevantar foras no serto. Contratado, pois, o servi-o, deu-lhe o Governador a patente de Mestre de -Campo, e a proviso de Regente do So Francisco,ajuntando lhe a doao de cento e sessenta lguas,que mediriam do Morro do Chapu at onde se com-pletavam, em rumo s nascenas do rio Das Velhas.5

    4 ANTUNES JNIOR. Lenis do Rio Verde: Crnica do Meu Ser-to. [19], p. 16.5 VASCONCELOS. Histria Mdia de Minas Gerais. 1974, p. 21-22.

    dor da cidade de Espinosa-MG, questiona a atitude dosbandeirantes que sucederam Spinosa.

    ... Apesar do caminho aberto nos fascinantes mist-rios do hinterland e das valiosas informaes daprimeira expedio comandada por Francisco BruzaSpinosa, nenhuma delas se mostrou interessada oucapaz de fixar nos sertes bravios de nossa terra.Tudo o que essas outras expedies fizeram foi a obrade vandalismo e rapinagem em meio a uma confusogeral, imposta por bandos de malfeitores em buscade fortuna fcil.4

    A colonizao do serto nortemineiro teve incio entre1.663 e 1.690, pelo Mestre-de-Campo Antnio GuedesBrito, atravs dos currais de gado do rio So Franciscoe do rio Verde, dentro dos limites do Morgado GuedesBrito, criado por seus pais Antnio de Brito Correia esua esposa D. Maria Guedes.

    O potentado Antnio Guedes de Brito foi contratado pelogovernador-geral para conquistar e pacificar o rio SoFrancisco infestado de bandidos. Diogo de Vasconce-los explica o porqu dessa escolha:

    [...] j tinha um corpo de armas em defensiva e quefacilmente podia com este marchar conquista dorio. Era tambm o homem de confiana, que podialevantar foras no serto. Contratado, pois, o servi-o, deu-lhe o Governador a patente de Mestre de -Campo, e a proviso de Regente do So Francisco,ajuntando lhe a doao de cento e sessenta lguas,que mediriam do Morro do Chapu at onde se com-pletavam, em rumo s nascenas do rio Das Velhas.5

    4 ANTUNES JNIOR. Lenis do Rio Verde: Crnica do Meu Ser-to. [19], p. 16.5 VASCONCELOS. Histria Mdia de Minas Gerais. 1974, p. 21-22.

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

    As Conquistas de Antnio Guedes de Brito foram anali-sadas por Simeo Ribeiro Pires da seguinte maneira:

    [...] Antnio Guedes de Brito, ao integralizar por doa-es, heranas e compras os seus dilatados domni-os, frente de sua milcia, subiu o So Franciscopercorrendo os seus afluentes, como o rio Das Ve-lhas e o rio Jequita, reprimindo as constantes de-sordens dos fascinerosos. Entretanto, logo aps rea-lizar o seu sonho de papa terras, veio a falecer.6

    Aps a morte prematura de Antnio Guedes de Brito,seu corpo de armas foi dissolvendo gradativamente, e adesordem aumentando no vasto latifndio sem dono.Mas Diogo de Vasconcelos afirma que, pouco tempodepois, a ordem foi restabelecida pelo coronel MatiasCardoso de Almeida. No levou muito tempo a chegar oMestre de Campo, Matias Cardoso de Almeida, e afundar nas margens do grande rio o arraial de seu nome,fixando ento a era definitiva da conquista.7

    O arraial fundado por Matias Cardoso foi transferido delugar, pelo coronel Janurio Cardoso devido a sua mposio geogrfica. Pois se encontrava no leito maiordo rio, sujeito a inundaes peridicas.

    Segundo Diogo de Vasconcelos, quando o coronelJanurio chegou ao arraial de Matias Cardoso identifi-cou a seguinte situao:

    Verificou em pouco tempo a m posio em que esta-va colocado abaixo das enchentes pelo que transfe-riu a sede para um stio a pouca distncia, que tam-bm reconheceu ao nvel de igual inconvenincia. Emconseqncia resolveu passar se para um local in-

    6 PIRES. Razes de Minas. 1979, p. 46.7 VASCONCELOS. Histria Mdia de Minas Gerais. 1974, p. 22.

    As Conquistas de Antnio Guedes de Brito foram anali-sadas por Simeo Ribeiro Pires da seguinte maneira:

    [...] Antnio Guedes de Brito, ao integralizar por doa-es, heranas e compras os seus dilatados domni-os, frente de sua milcia, subiu o So Franciscopercorrendo os seus afluentes, como o rio Das Ve-lhas e o rio Jequita, reprimindo as constantes de-sordens dos fascinerosos. Entretanto, logo aps rea-lizar o seu sonho de papa terras, veio a falecer.6

    Aps a morte prematura de Antnio Guedes de Brito,seu corpo de armas foi dissolvendo gradativamente, e adesordem aumentando no vasto latifndio sem dono.Mas Diogo de Vasconcelos afirma que, pouco tempodepois, a ordem foi restabelecida pelo coronel MatiasCardoso de Almeida. No levou muito tempo a chegar oMestre de Campo, Matias Cardoso de Almeida, e afundar nas margens do grande rio o arraial de seu nome,fixando ento a era definitiva da conquista.7

    O arraial fundado por Matias Cardoso foi transferido delugar, pelo coronel Janurio Cardoso devido a sua mposio geogrfica. Pois se encontrava no leito maiordo rio, sujeito a inundaes peridicas.

    Segundo Diogo de Vasconcelos, quando o coronelJanurio chegou ao arraial de Matias Cardoso identifi-cou a seguinte situao:

    Verificou em pouco tempo a m posio em que esta-va colocado abaixo das enchentes pelo que transfe-riu a sede para um stio a pouca distncia, que tam-bm reconheceu ao nvel de igual inconvenincia. Emconseqncia resolveu passar se para um local in-

    6 PIRES. Razes de Minas. 1979, p. 46.7 VASCONCELOS. Histria Mdia de Minas Gerais. 1974, p. 22.

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    teiramente livre do rio e fundou o seu novo arraial naencosta de trs colinas, o qual, embora fosse conhe-cido por muito tempo com o nome de Janurio Cardo-so, veio depois a chamar se Morrinhos, em conse-qncia de sua feio topogrfica...8

    Morrinhos foi um importante centro comercial no nortede Minas Gerais e um dos mais antigos arraiais do ter-ritrio mineiro.

    Vrios tropeiros se deslocavam de Lenis do Rio Verde(Espinosa), Tremedal (Monte Azul), Rapadura (Mato Ver-de) e do Brejo dos Mrtires para Morrinhos, levando etrazendo mercadorias.

    Antonino da Silva Neves descreve os caminhos percor-ridos por esses tropeiros.

    [...] Constam se trs caminhos pelos quais se tran-sitam os que se dirigem a Morrinhos: o do Brejo dosMrtires, que o mais central, mais curto e maisescabroso; o de Riachinho, que o mais austral, bemtransitvel e cultivado; o de Santa Rita, o maisseptentrional, largo, comprido, plano, sempremargeando o rio Verde Pequeno quase intransito naestao chuvosa, devido aos igaps.9

    Durante a realizao desta pesquisa, um dos principaisobstculos foi a carncia de fontes. No incio, depara-mos com um mau ato atribudo ao Coronel Donato Gon-alves Dias, chefe poltico da cidade de Boa Vista doTremedal, (atual, Monte Azul) em arrancar uma pginado livro de tombo com as descries do Stio dos Mrti-

    8 VASCONCELOS. Histria Mdia de Minas Gerais. 1974, p. 34.9 NEVES. Chorographia do Municpio de Boa Vista do Tremendal.1908, p. 122.

    teiramente livre do rio e fundou o seu novo arraial naencosta de trs colinas, o qual, embora fosse conhe-cido por muito tempo com o nome de Janurio Cardo-so, veio depois a chamar se Morrinhos, em conse-qncia de sua feio topogrfica...8

    Morrinhos foi um importante centro comercial no nortede Minas Gerais e um dos mais antigos arraiais do ter-ritrio mineiro.

    Vrios tropeiros se deslocavam de Lenis do Rio Verde(Espinosa), Tremedal (Monte Azul), Rapadura (Mato Ver-de) e do Brejo dos Mrtires para Morrinhos, levando etrazendo mercadorias.

    Antonino da Silva Neves descreve os caminhos percor-ridos por esses tropeiros.

    [...] Constam se trs caminhos pelos quais se tran-sitam os que se dirigem a Morrinhos: o do Brejo dosMrtires, que o mais central, mais curto e maisescabroso; o de Riachinho, que o mais austral, bemtransitvel e cultivado; o de Santa Rita, o maisseptentrional, largo, comprido, plano, sempremargeando o rio Verde Pequeno quase intransito naestao chuvosa, devido aos igaps.9

    Durante a realizao desta pesquisa, um dos principaisobstculos foi a carncia de fontes. No incio, depara-mos com um mau ato atribudo ao Coronel Donato Gon-alves Dias, chefe poltico da cidade de Boa Vista doTremedal, (atual, Monte Azul) em arrancar uma pginado livro de tombo com as descries do Stio dos Mrti-

    8 VASCONCELOS. Histria Mdia de Minas Gerais. 1974, p. 34.9 NEVES. Chorographia do Municpio de Boa Vista do Tremendal.1908, p. 122.

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

    res e das Piranhas, o que ser discutido no primeirocaptulo deste trabalho. Outro problema foi referente auma transferncia de cartrio ocorrida em 1962. O SrJoo de Oliveira Primo explicou o fato da seguinte ma-neira.

    O senhor Ildio Jos de Oliveira estava exercendo ocargo de escrivo do Cartrio de Paz Registro Civil doDistrito de Gameleira, quando o Dr Porfrio dos ReisLeal (Dr. Leal) foi eleito nas eleies de 1962, derro-tando o candidato Lamartine Sacramento, apoiadopelo Coronel Levi Sousa e Silva. Antes que o prefeitoeleito (Dr. Leal) tomasse posse, a liderana polticaque o apoiou levou a documentao do cartrio dodistrito de Gameleira para a cidade de Monte Azul,com a inteno de transferir o mesmo, a um correligi-onrio poltico. Na oportunidade, o Sr AntnioFernandes Barbosa assumiu o cargo de escrivo docartrio. Insatisfeito com a atitude da oposio pol-tica, provavelmente, o Sr Ildio no entregou toda adocumentao do cartrio ao novo escrivo.10

    No se tem uma informao precisa sobre onde esto osdocumentos. O que se tem notcia que, em 1890, Bre-jo dos Mrtires j era Distrito de Boa Vista do Tremedal(Monte Azul) e, em 1915, a sede do distrito foi transferidapara o povoado da Gameleira, e os documentos maisantigos que se encontram no cartrio so do final dadcada de 1920.

    Com base em algumas bibliografias e nas fontes orais,foi possvel realizar uma pesquisa que permite uma dis-cusso analtica das origens e das transformaes ocor-ridas na histria do municpio de Gameleiras.

    10 O depoente no aceitou gravar a entrevista citada, 2005.

    res e das Piranhas, o que ser discutido no primeirocaptulo deste trabalho. Outro problema foi referente auma transferncia de cartrio ocorrida em 1962. O SrJoo de Oliveira Primo explicou o fato da seguinte ma-neira.

    O senhor Ildio Jos de Oliveira estava exercendo ocargo de escrivo do Cartrio de Paz Registro Civil doDistrito de Gameleira, quando o Dr Porfrio dos ReisLeal (Dr. Leal) foi eleito nas eleies de 1962, derro-tando o candidato Lamartine Sacramento, apoiadopelo Coronel Levi Sousa e Silva. Antes que o prefeitoeleito (Dr. Leal) tomasse posse, a liderana polticaque o apoiou levou a documentao do cartrio dodistrito de Gameleira para a cidade de Monte Azul,com a inteno de transferir o mesmo, a um correligi-onrio poltico. Na oportunidade, o Sr AntnioFernandes Barbosa assumiu o cargo de escrivo docartrio. Insatisfeito com a atitude da oposio pol-tica, provavelmente, o Sr Ildio no entregou toda adocumentao do cartrio ao novo escrivo.10

    No se tem uma informao precisa sobre onde esto osdocumentos. O que se tem notcia que, em 1890, Bre-jo dos Mrtires j era Distrito de Boa Vista do Tremedal(Monte Azul) e, em 1915, a sede do distrito foi transferidapara o povoado da Gameleira, e os documentos maisantigos que se encontram no cartrio so do final dadcada de 1920.

    Com base em algumas bibliografias e nas fontes orais,foi possvel realizar uma pesquisa que permite uma dis-cusso analtica das origens e das transformaes ocor-ridas na histria do municpio de Gameleiras.

    10 O depoente no aceitou gravar a entrevista citada, 2005.

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    O texto foi dividido em trs captulos. No primeiro, estosendo abordados:

    z O processo de ocupao do homem branco na regioda qual, futuramente, surgiria o Stio dos Mrtires e odas Piranhas.

    z A fundao do arraial de Brejo dos Mrtires.

    z A origem do nome Gameleira e de alguns povoados daZona Rural.

    z A violncia no Brejo dos Mrtires.

    z O Distrito de Brejo dos Mrtires.

    O segundo captulo discute a fundao do povoado deGameleira, a transferncia do Distrito de Brejo dos Mr-tires para o povoado da Gameleira e as dificuldades en-frentadas pela populao da regio at a dcada de1960.

    O terceiro e ltimo captulo aborda o surgimentogradativo do progresso na regio a partir do final da d-cada de 1950, as festas culturais e o processo de eman-cipao de Gameleiras.

    O texto foi dividido em trs captulos. No primeiro, estosendo abordados:

    z O processo de ocupao do homem branco na regioda qual, futuramente, surgiria o Stio dos Mrtires e odas Piranhas.

    z A fundao do arraial de Brejo dos Mrtires.

    z A origem do nome Gameleira e de alguns povoados daZona Rural.

    z A violncia no Brejo dos Mrtires.

    z O Distrito de Brejo dos Mrtires.

    O segundo captulo discute a fundao do povoado deGameleira, a transferncia do Distrito de Brejo dos Mr-tires para o povoado da Gameleira e as dificuldades en-frentadas pela populao da regio at a dcada de1960.

    O terceiro e ltimo captulo aborda o surgimentogradativo do progresso na regio a partir do final da d-cada de 1950, as festas culturais e o processo de eman-cipao de Gameleiras.

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    Os bandeirantes foram responsveis pela conquis-ta do serto e pela descoberta das minas de ouroque ocorreu por volta de 1690. Dessa poca, ato ano de 1763, quando a sede do Governo-geral foitransferida da cidade de Salvador para o Rio de Janei-ro, o ouro era transportado das minas para a cidade deSalvador atravs da via fluvial do So Francisco.

    Segundo Diogo de Vasconcelos, as imensas riquezasque subiam e desciam pelas guas do So Franciscotransformaram as margens do grande rio em um campoagitado de anarquia, pois os bandidos uniam se aosndios e nas aldeias encontravam abrigos e pontos es-tratgicos para atacar e roubar os carregamentos deouro, colocando em risco a liberdade do comrcio. Di-ante desta situao, o Governo-geral convocou o coro-nel Janurio Cardoso de Almeida, com poderes absolu-tos de regente, para pacificar o rio, ainda que a peso dearmas.

    O coronel Janurio Cardoso, aps cumprir sua tarefa,chegou no arraial de Matias Cardoso e verificou que estese encontrava localizado abaixo das enchentes. Por essemotivo, transferiu a sede do arraial para um stio a pou-ca distncia e, posteriormente, para uma encosta de trscolinas. Durante muito tempo o arraial ficou conheci-

    CAPTULO I

    A Origem do stio dos Mrtires e das Piranhas

    Os bandeirantes foram responsveis pela conquis-ta do serto e pela descoberta das minas de ouroque ocorreu por volta de 1690. Dessa poca, ato ano de 1763, quando a sede do Governo-geral foitransferida da cidade de Salvador para o Rio de Janei-ro, o ouro era transportado das minas para a cidade deSalvador atravs da via fluvial do So Francisco.

    Segundo Diogo de Vasconcelos, as imensas riquezasque subiam e desciam pelas guas do So Franciscotransformaram as margens do grande rio em um campoagitado de anarquia, pois os bandidos uniam se aosndios e nas aldeias encontravam abrigos e pontos es-tratgicos para atacar e roubar os carregamentos deouro, colocando em risco a liberdade do comrcio. Di-ante desta situao, o Governo-geral convocou o coro-nel Janurio Cardoso de Almeida, com poderes absolu-tos de regente, para pacificar o rio, ainda que a peso dearmas.

    O coronel Janurio Cardoso, aps cumprir sua tarefa,chegou no arraial de Matias Cardoso e verificou que estese encontrava localizado abaixo das enchentes. Por essemotivo, transferiu a sede do arraial para um stio a pou-ca distncia e, posteriormente, para uma encosta de trscolinas. Durante muito tempo o arraial ficou conheci-

    CAPTULO I

    A Origem do stio dos Mrtires e das Piranhas

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

    do como Janurio Cardoso, e depois veio a chamar seMorrinhos, conforme j discutido anteriormente.

    O povoado de Morrinhos contribuiu para o homem bran-co expandir a civilizao pelo territrio norte mineiro,por ser um importante centro comercial na poca. Masa bibliografia analisada durante a pesquisa, discute oprocesso de ocupao do norte de Minas Gerais, do S-tio dos Mrtires e do Stio das Piranhas, atravs do Mor-gado Guedes de Brito. Portanto, para compreender aorigem desses dois stios preciso conhecer um poucoda histria desse Morgado, desde o seu incio at a ges-to do 6 conde da Ponte, D. Joo de Saldanha da GamaMello Torres de Guedes de Brito.

    O Morgado1 Guedes de Brito, criado por Antnio deBrito Correia e sua mulher D. Maria Guedes, foi herda-do por seu filho, Antnio Guedes de Brito, que foi con-tratado pelo governador-geral para levantar foras noserto, porque ele tinha um corpo de armas em defensi-va capaz de realizar tal misso. Mas, logo no incio desuas conquistas, veio este a falecer, e, aps a sua morteprematura, o morgado passou a pertencer D. Izabel Ma-ria Guedes de Brito, sua filha. Em 06 de setembro de1706, D.Izabel j era viva, conforme registra o livro detombo do Mosteiro de So Bento, da cidade de Salvador,analisado por Simeo Ribeiro.2

    Para administrar seus vastos domnios, D. Izabel nomeouManoel Nunes Vianna ao cargo de administrador e pro-curador-geral de seus bens. Manuel Nunes Vianna en-frentou diversas lutas com o Sr. governador e capito

    1 Morgado era vnculo dado a certos bens que deveriam ser trans-feridos ao primognito sem que este os pudesse vender.2 PIRES. Razes de Minas. 1979.

    do como Janurio Cardoso, e depois veio a chamar seMorrinhos, conforme j discutido anteriormente.

    O povoado de Morrinhos contribuiu para o homem bran-co expandir a civilizao pelo territrio norte mineiro,por ser um importante centro comercial na poca. Masa bibliografia analisada durante a pesquisa, discute oprocesso de ocupao do norte de Minas Gerais, do S-tio dos Mrtires e do Stio das Piranhas, atravs do Mor-gado Guedes de Brito. Portanto, para compreender aorigem desses dois stios preciso conhecer um poucoda histria desse Morgado, desde o seu incio at a ges-to do 6 conde da Ponte, D. Joo de Saldanha da GamaMello Torres de Guedes de Brito.

    O Morgado1 Guedes de Brito, criado por Antnio deBrito Correia e sua mulher D. Maria Guedes, foi herda-do por seu filho, Antnio Guedes de Brito, que foi con-tratado pelo governador-geral para levantar foras noserto, porque ele tinha um corpo de armas em defensi-va capaz de realizar tal misso. Mas, logo no incio desuas conquistas, veio este a falecer, e, aps a sua morteprematura, o morgado passou a pertencer D. Izabel Ma-ria Guedes de Brito, sua filha. Em 06 de setembro de1706, D.Izabel j era viva, conforme registra o livro detombo do Mosteiro de So Bento, da cidade de Salvador,analisado por Simeo Ribeiro.2

    Para administrar seus vastos domnios, D. Izabel nomeouManoel Nunes Vianna ao cargo de administrador e pro-curador-geral de seus bens. Manuel Nunes Vianna en-frentou diversas lutas com o Sr. governador e capito

    1 Morgado era vnculo dado a certos bens que deveriam ser trans-feridos ao primognito sem que este os pudesse vender.2 PIRES. Razes de Minas. 1979.

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    general das minas, o conde de Assumar, D. Pedro deAlmeida, para salvar as terras de D. Izabel no Distrito dorio das Velhas.

    No exerccio de procurador de uma donatria distante,Nunes Vianna possua tambm um interesse econmi-co prprio, conforme descreve Simeo Ribeiro Pires. Oexerccio de uma donatria distante aliava se a gran-des interesses econmicos do prprio Nunes Vianna,em comandar os currais de gado e a salga de peixes(peixe seco), que alimentavam as minas.3

    Uma das estratgias adotadas por Nunes Vianna paraderrotar o conde de Assumar, foi a proibio da engor-da de gado na regio dos currais para as minas. MasNunes Vianna, certamente, no executou tal medida,aconselhado pelo governador-geral da Bahia e vice reido Brasil, D. Sancho de Faro e Souza o conde deVimieiro.4

    Os argumentos de D. Izabel, lamentando os trabalhosde seu pai nas conquistas e descobrimentos das terrascomo pioneiro na edificao de currais de gado, as lu-tas e as estratgias de Nunes Vianna foram sufocadaspela seguinte razo: que a luta era profundamenteeconmica. Ao rei interessava o ouro. E para obtlo pre-cisava do gado.5

    Nessa luta, D. Izabel acabou perdendo as povoaes eos currais de gado no Distrito do rio das Velhas. Perdeutambm o seu procurador Manuel Nunes Vianna. D.Joana Caldeira Pimentel Guedes de Brito, filha de

    3 PIRES. Razes de Minas. 1979, p. 1014 PIRES. Razes de Minas. 1979, p. 127.5 PIRES. Razes de Minas. 1979, p. 186.

    general das minas, o conde de Assumar, D. Pedro deAlmeida, para salvar as terras de D. Izabel no Distrito dorio das Velhas.

    No exerccio de procurador de uma donatria distante,Nunes Vianna possua tambm um interesse econmi-co prprio, conforme descreve Simeo Ribeiro Pires. Oexerccio de uma donatria distante aliava se a gran-des interesses econmicos do prprio Nunes Vianna,em comandar os currais de gado e a salga de peixes(peixe seco), que alimentavam as minas.3

    Uma das estratgias adotadas por Nunes Vianna paraderrotar o conde de Assumar, foi a proibio da engor-da de gado na regio dos currais para as minas. MasNunes Vianna, certamente, no executou tal medida,aconselhado pelo governador-geral da Bahia e vice reido Brasil, D. Sancho de Faro e Souza o conde deVimieiro.4

    Os argumentos de D. Izabel, lamentando os trabalhosde seu pai nas conquistas e descobrimentos das terrascomo pioneiro na edificao de currais de gado, as lu-tas e as estratgias de Nunes Vianna foram sufocadaspela seguinte razo: que a luta era profundamenteeconmica. Ao rei interessava o ouro. E para obtlo pre-cisava do gado.5

    Nessa luta, D. Izabel acabou perdendo as povoaes eos currais de gado no Distrito do rio das Velhas. Perdeutambm o seu procurador Manuel Nunes Vianna. D.Joana Caldeira Pimentel Guedes de Brito, filha de

    3 PIRES. Razes de Minas. 1979, p. 1014 PIRES. Razes de Minas. 1979, p. 127.5 PIRES. Razes de Minas. 1979, p. 186.

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

    D.Izabel, casou se com D. Joo de Mascarenhas. DonaJoana ficou viva sem ter filhos. A viva D. Joana pediua Portugal um fidalgo para o seu novo matrimnio. D.Manuel de Saldanha da Gama foi o escolhido. Ele veio aSalvador, casou e aps ficar vivo, mudou se nova-mente para Portugal. Riqussimo, e sem filhos para con-trair novas npcias, e l passou tudo o que os Brito acu-mularam para a Casa da Ponte.6

    Aps a morte de Manuel de Saldanha da Gama, seu filhoprimognito, D. Joo de Saldanha da Gama, foi chamado sucesso da Casa da Ponte, como 6 conde e, 52 Go-vernador-Geral da Bahia (veja figura no anexo n2).

    Simeo Ribeiro diagnosticou que D. Joo de Saldanhada Gama Melo e Torres Guedes de Brito foi nomeadoGovernador e Capito-Geral da Bahia em 15 de agostode 1.805 e tomou posse neste cargo em dezembro domesmo ano.7

    Em 1806, D. Joo de Saldanha da Gama Melo e TorresGuedes de Brito ordenou que o administrador-geral dosbens da Casa da Ponte estabelecesse as normas paraarrendamentos e vendas dos stios pertencentes a estacasa (veja normas no anexo n3).

    Dentre os vrios stios pertencentes Casa da Ponte,localizados no serto do Rio Pardo, encontravam se oStio dos Mrtires e o das Piranhas.

    Certamente, o 6 conde da Ponte D. Joo de Saldanhada Gama Melo e Torres Guedes de Brito decidiu arren-dar e vender os stios pertencentes Casa da Ponte,

    6 Segundo Jos Esteves Rodrigues, Casa da Ponte era o nomeda casa de Manuel de Saldanha da Gama em Portugal.7 PIRES. Razes de Minas. 1979.

    D.Izabel, casou se com D. Joo de Mascarenhas. DonaJoana ficou viva sem ter filhos. A viva D. Joana pediua Portugal um fidalgo para o seu novo matrimnio. D.Manuel de Saldanha da Gama foi o escolhido. Ele veio aSalvador, casou e aps ficar vivo, mudou se nova-mente para Portugal. Riqussimo, e sem filhos para con-trair novas npcias, e l passou tudo o que os Brito acu-mularam para a Casa da Ponte.6

    Aps a morte de Manuel de Saldanha da Gama, seu filhoprimognito, D. Joo de Saldanha da Gama, foi chamado sucesso da Casa da Ponte, como 6 conde e, 52 Go-vernador-Geral da Bahia (veja figura no anexo n2).

    Simeo Ribeiro diagnosticou que D. Joo de Saldanhada Gama Melo e Torres Guedes de Brito foi nomeadoGovernador e Capito-Geral da Bahia em 15 de agostode 1.805 e tomou posse neste cargo em dezembro domesmo ano.7

    Em 1806, D. Joo de Saldanha da Gama Melo e TorresGuedes de Brito ordenou que o administrador-geral dosbens da Casa da Ponte estabelecesse as normas paraarrendamentos e vendas dos stios pertencentes a estacasa (veja normas no anexo n3).

    Dentre os vrios stios pertencentes Casa da Ponte,localizados no serto do Rio Pardo, encontravam se oStio dos Mrtires e o das Piranhas.

    Certamente, o 6 conde da Ponte D. Joo de Saldanhada Gama Melo e Torres Guedes de Brito decidiu arren-dar e vender os stios pertencentes Casa da Ponte,

    6 Segundo Jos Esteves Rodrigues, Casa da Ponte era o nomeda casa de Manuel de Saldanha da Gama em Portugal.7 PIRES. Razes de Minas. 1979.

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    porque o seu grande latifndio estava sendo ocupadopor fazendeiros e pequenos povoados. Esse processo deocupao poderia resultar na perda do domnio de suasterras, conforme aconteceu com D. Izabel Maria Guedesde Brito no distrito do Rio das Velhas.

    As descries dos stios situados no serto do Rio Pardoforam escritas em um cdice que foi analisado pelo Dr.Heitor Antunes de Sousa, entre os anos de 1927 e 1928,quando exercia o cargo de promotor de Justia na cida-de de Espinosa-MG, j com uma pgina arrancada ondeestavam as descries do Stio dos Mrtires, de n17, edas Piranhas, de n18. No se sabe como a pgina dolivro foi arrancada.

    Heitor Antunes de Sousa explica o fato da seguintemaneira: O padre Guilhermino Fernandes Tolentino,proco de Espinosa, emprestou o livro ao coronel DonatoGonalves Dias, prefeito da cidade de Monte Azul, queo devolveu sem uma pgina.8

    Provavelmente o coronel Donato G. Dias temia a divul-gao do stio dos Mrtires e das Piranhas, por ser umaregio muito cobiada. Era o celeiro de arroz do muni-cpio de Monte Azul, conforme descreveu o historiadorAntonino da Silva Neves em 1908. Tambm possuia mui-ta mata e solo propcio pecuria bovina por causa daabundncia da pastagem natural nas plancies do rioGorutuba e do Verde Grande.

    Quanto ao incio da ocupao do Stio dos Mrtires,Antonino da Silva Neves diz o seguinte: Data dos pri-meiros tempos da colonizao do serto do Rio Pardo.9

    8 SOUZA. Um Cdice Interessante. [s.d.]9 NEVES. Chorographia do Municpio de Boa Vista do Tremendal.1908, p. 134.

    porque o seu grande latifndio estava sendo ocupadopor fazendeiros e pequenos povoados. Esse processo deocupao poderia resultar na perda do domnio de suasterras, conforme aconteceu com D. Izabel Maria Guedesde Brito no distrito do Rio das Velhas.

    As descries dos stios situados no serto do Rio Pardoforam escritas em um cdice que foi analisado pelo Dr.Heitor Antunes de Sousa, entre os anos de 1927 e 1928,quando exercia o cargo de promotor de Justia na cida-de de Espinosa-MG, j com uma pgina arrancada ondeestavam as descries do Stio dos Mrtires, de n17, edas Piranhas, de n18. No se sabe como a pgina dolivro foi arrancada.

    Heitor Antunes de Sousa explica o fato da seguintemaneira: O padre Guilhermino Fernandes Tolentino,proco de Espinosa, emprestou o livro ao coronel DonatoGonalves Dias, prefeito da cidade de Monte Azul, queo devolveu sem uma pgina.8

    Provavelmente o coronel Donato G. Dias temia a divul-gao do stio dos Mrtires e das Piranhas, por ser umaregio muito cobiada. Era o celeiro de arroz do muni-cpio de Monte Azul, conforme descreveu o historiadorAntonino da Silva Neves em 1908. Tambm possuia mui-ta mata e solo propcio pecuria bovina por causa daabundncia da pastagem natural nas plancies do rioGorutuba e do Verde Grande.

    Quanto ao incio da ocupao do Stio dos Mrtires,Antonino da Silva Neves diz o seguinte: Data dos pri-meiros tempos da colonizao do serto do Rio Pardo.9

    8 SOUZA. Um Cdice Interessante. [s.d.]9 NEVES. Chorographia do Municpio de Boa Vista do Tremendal.1908, p. 134.

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

    A colonizao do Rio Pardo iniciou no Contexto ao ci-clo do couro, perodo que antecedeu ao ciclo do ouro,conforme descreve a Enciclopdia dos Municpios Mi-neiros.

    [...] desde que Francisco Bruza Espinosa, ainda em1553, varou os sertes do Norte e Nordeste da futuraProvncia de Minas Gerais, que toda aquela vasta re-gio passou a ser freqentada pelos chamados vaquei-ros baianos, que desde Pernambuco e Bahia tangiamseus rebanhos para as pastagens naturais que vo doSo Francisco ao Jequitinhonha. Era o ciclo do couroda colonizao das Gerais, com povoados surgindo juntos fazendas de pecuria extensiva, que, por demanda-rem pouca mo-de-obra, atraam poucos moradores etinham um crescimento particularmente lento.9

    O senhor Neves informou ainda que o Stio dos Mrti-res foi arrendado por vinte mil ris anuais a AntnioMoreira Parafita, representado por seu procurador ecunhado Amador de Arajo Moreira em 25 de outubrode 1806 e, tempos depois vendido a Jos AntnioTeixeira, por um conto de ris.10

    O senhor Joo de Oliveira Primo prestou o seguinte de-poimento sobre os Mrtires:

    [...] os caadores de ouro vinham navegando pelo rioSo Francisco. Quando chegou no encontro do rioVerde (foz) com o So Francisco, percebeu que podiaencontrar esmeraldas subindo pelo rio Verde, porqueas guas desse rio de cor verde. No encontro do rioVerde com o rio Gorutuba, ele parou, amarrou os bar-

    9 CARVALHO. Enciclopdia dos Municpios Mineiros. 1 v. , 1998.10 NEVES. Chorographia do Municpio de Boa Vista do Tremendal.1908, p. 134.

    A colonizao do Rio Pardo iniciou no Contexto ao ci-clo do couro, perodo que antecedeu ao ciclo do ouro,conforme descreve a Enciclopdia dos Municpios Mi-neiros.

    [...] desde que Francisco Bruza Espinosa, ainda em1553, varou os sertes do Norte e Nordeste da futuraProvncia de Minas Gerais, que toda aquela vasta re-gio passou a ser freqentada pelos chamados vaquei-ros baianos, que desde Pernambuco e Bahia tangiamseus rebanhos para as pastagens naturais que vo doSo Francisco ao Jequitinhonha. Era o ciclo do couroda colonizao das Gerais, com povoados surgindo juntos fazendas de pecuria extensiva, que, por demanda-rem pouca mo-de-obra, atraam poucos moradores etinham um crescimento particularmente lento.9

    O senhor Neves informou ainda que o Stio dos Mrti-res foi arrendado por vinte mil ris anuais a AntnioMoreira Parafita, representado por seu procurador ecunhado Amador de Arajo Moreira em 25 de outubrode 1806 e, tempos depois vendido a Jos AntnioTeixeira, por um conto de ris.10

    O senhor Joo de Oliveira Primo prestou o seguinte de-poimento sobre os Mrtires:

    [...] os caadores de ouro vinham navegando pelo rioSo Francisco. Quando chegou no encontro do rioVerde (foz) com o So Francisco, percebeu que podiaencontrar esmeraldas subindo pelo rio Verde, porqueas guas desse rio de cor verde. No encontro do rioVerde com o rio Gorutuba, ele parou, amarrou os bar-

    9 CARVALHO. Enciclopdia dos Municpios Mineiros. 1 v. , 1998.10 NEVES. Chorographia do Municpio de Boa Vista do Tremendal.1908, p. 134.

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    cos e acampou naquela regio. Mais na beira do rioVerde e do Gorutuba o solo no propcio ao cultivode arroz, nem de cana. Ento eles subiram para abeira da serra e fez o brejo de cana e arroz. A o lugarficou conhecido como o Brejo dos Mrtires.11

    Segundo o depoimento do senhor Joo de Oliveira Pri-mo e o que reza a tradio oral, uma observao nosparece justa:

    a ocupao no Stio dos Mrtires iniciou nas proximi-dades da foz do rio Gorutuba com o rio Verde, ondefixou se a sede do stio e a uns 30 km rumo ao lestefoi descoberto o Brejo (regio alagada e propcia aocultivo de arroz e cana-de-acar), que posteriormenteficou conhecido como o Brejo dos Mrtires.

    Provavelmente, o incio do processo de ocupao no S-tio dos Mrtires ocorreu por volta do ano 1700, pois o drHeitor Antunes de Sousa discute que em 1702, as re-gies do rio Gorutuba e do rio Verde davam passagemlivre ao transporte de viajantes e de mercadorias quedas Minas Gerais se dirigiam ou se destinavam Bahiae viceversa.12

    Diante da necessidade de expandir as reas cultivveisde cana-de-acar e arroz e regar essas plantaes, foipreciso fazer audes nos rios e abrir canais em suasmargens. Esses canais so conhecidos at os dias atu-ais como regos.

    Todos os rios que cruzam o municpio de Gameleirasno sentido leste oeste possuem vrios audes, comum rego para conduzir gua at as lavouras. Atualmen-

    11 O depoente no aceitou gravar a entrevista citada.12 SOUZA. Um Cdice Interessante. [s.d.], p. 183.

    cos e acampou naquela regio. Mais na beira do rioVerde e do Gorutuba o solo no propcio ao cultivode arroz, nem de cana. Ento eles subiram para abeira da serra e fez o brejo de cana e arroz. A o lugarficou conhecido como o Brejo dos Mrtires.11

    Segundo o depoimento do senhor Joo de Oliveira Pri-mo e o que reza a tradio oral, uma observao nosparece justa:

    a ocupao no Stio dos Mrtires iniciou nas proximi-dades da foz do rio Gorutuba com o rio Verde, ondefixou se a sede do stio e a uns 30 km rumo ao lestefoi descoberto o Brejo (regio alagada e propcia aocultivo de arroz e cana-de-acar), que posteriormenteficou conhecido como o Brejo dos Mrtires.

    Provavelmente, o incio do processo de ocupao no S-tio dos Mrtires ocorreu por volta do ano 1700, pois o drHeitor Antunes de Sousa discute que em 1702, as re-gies do rio Gorutuba e do rio Verde davam passagemlivre ao transporte de viajantes e de mercadorias quedas Minas Gerais se dirigiam ou se destinavam Bahiae viceversa.12

    Diante da necessidade de expandir as reas cultivveisde cana-de-acar e arroz e regar essas plantaes, foipreciso fazer audes nos rios e abrir canais em suasmargens. Esses canais so conhecidos at os dias atu-ais como regos.

    Todos os rios que cruzam o municpio de Gameleirasno sentido leste oeste possuem vrios audes, comum rego para conduzir gua at as lavouras. Atualmen-

    11 O depoente no aceitou gravar a entrevista citada.12 SOUZA. Um Cdice Interessante. [s.d.], p. 183.

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

    te, devido ao assoreamento dos rios e de suas nascen-tes, alguns audes esto sendo abandonados.

    Na maioria desses regos, h trechos com at trs metrosde profundidade, cavados sobre a rocha. Segundo a tra-dio oral, esse trabalho foi realizado pelos escravos.

    A fundao do arraial de Brejo dos Mrtires

    A pecuria e o cultivo da cana-de-acar, do arroz e deoutros produtos agrcolas no Brejo dos Mrtires foramprogredindo lentamente e aumentando a populao daregio. Apesar de lento, esse aumento populacional con-tribuiu para que em 1850 fosse fundado o arraial deBrejo dos Mrtires e erguida a capela de Santo Antnio,o padroeiro local. Essa afirmativa encontra suporte naspalavras do senhor Antonino da Silva Neves: No meiadodo sculo passado (1850), Antnio Dias Correia e ou-tros fundaram o arraial de Brejo dos Mrtires, edificandouma capelinha e meia dzia de casas ruraes.13

    Alm da informao do senhor Neves, o Dicionrio His-trico Geogrfico de Minas Gerais tambm permitecompreender que o arraial de Brejo dos Mrtires foi fun-dado por volta de 1850.

    GAMELEIRAS _ Distrito do municpio de Monte Azul.Embora a regio fosse povoada desde o sculo XVIII,pois data desse sculo o Stio dos Mrtires, foi s emmeados do sculo passado que Antnio Dias Correiae outros edificaram a capela de Santo Antnio e for-maram o arraial denominado Brejo dos Mrtires.14

    13 NEVES. Chorographia do Municpio de Boa Vista do Tremendal.1908, p. 134.14 BARBOSA. Dicionrio Histrico-Geogrfico de Minas Gerais. 1971.

    te, devido ao assoreamento dos rios e de suas nascen-tes, alguns audes esto sendo abandonados.

    Na maioria desses regos, h trechos com at trs metrosde profundidade, cavados sobre a rocha. Segundo a tra-dio oral, esse trabalho foi realizado pelos escravos.

    A fundao do arraial de Brejo dos Mrtires

    A pecuria e o cultivo da cana-de-acar, do arroz e deoutros produtos agrcolas no Brejo dos Mrtires foramprogredindo lentamente e aumentando a populao daregio. Apesar de lento, esse aumento populacional con-tribuiu para que em 1850 fosse fundado o arraial deBrejo dos Mrtires e erguida a capela de Santo Antnio,o padroeiro local. Essa afirmativa encontra suporte naspalavras do senhor Antonino da Silva Neves: No meiadodo sculo passado (1850), Antnio Dias Correia e ou-tros fundaram o arraial de Brejo dos Mrtires, edificandouma capelinha e meia dzia de casas ruraes.13

    Alm da informao do senhor Neves, o Dicionrio His-trico Geogrfico de Minas Gerais tambm permitecompreender que o arraial de Brejo dos Mrtires foi fun-dado por volta de 1850.

    GAMELEIRAS _ Distrito do municpio de Monte Azul.Embora a regio fosse povoada desde o sculo XVIII,pois data desse sculo o Stio dos Mrtires, foi s emmeados do sculo passado que Antnio Dias Correiae outros edificaram a capela de Santo Antnio e for-maram o arraial denominado Brejo dos Mrtires.14

    13 NEVES. Chorographia do Municpio de Boa Vista do Tremendal.1908, p. 134.14 BARBOSA. Dicionrio Histrico-Geogrfico de Minas Gerais. 1971.

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    A introduo da agropecuria em Gameleiras

    A pecuria foi introduzida nessa regio de forma exten-siva. At a dcada de 1960, o gado era criado solto, aspropriedades no eram cercadas. Cada proprietrio de-limitava os limites de seus terrenos atravs de mouro.Os vaqueiros percorriam vrios quilmetros com o obje-tivo de cuidar dos rebanhos. O sino no pescoo de al-guns animais era um instrumento importante para lo-calizar o gado com maior facilidade nas matas.

    Cada agricultor precisava cercar sua roa, para evitar queela fosse destruda pelo gado ou outros animais. Geral-mente essa cerca era uma entulhada, ou seja, era feitacom galhos de rvores, principalmente de espinhos. Tam-bm eram feitas cercas de madeira. O arame farpado sur-giu na regio de Gameleira a partir do final da dcada de1960 e, no incio, poucos conseguiam compr-lo.

    Em 1968, alguns agricultores no cercaram suas roas.Esses homens comearam a matar os animais que estra-gassem suas plantaes. Esse fato gerou vrios confron-tos entre criadores e agricultores. Portanto, a partir de1969 foi proibido criar animais soltos. Essa proibio foiresponsvel para sensibilizar e conscientizar os proprie-trios sobre a necessidade de cercar seus terrenos.

    A origem do nome Gameleira e de alguns povoados daZona Rural

    Antes de explicar a origem do nome Gameleira e de al-guns povoados, preciso apresentar algumas versessobre Mrtires, pois o arraial da Gameleira surgiu noStio dos Mrtires.

    Simeo Ribeiro Pires questiona a possibilidade de se-

    A introduo da agropecuria em Gameleiras

    A pecuria foi introduzida nessa regio de forma exten-siva. At a dcada de 1960, o gado era criado solto, aspropriedades no eram cercadas. Cada proprietrio de-limitava os limites de seus terrenos atravs de mouro.Os vaqueiros percorriam vrios quilmetros com o obje-tivo de cuidar dos rebanhos. O sino no pescoo de al-guns animais era um instrumento importante para lo-calizar o gado com maior facilidade nas matas.

    Cada agricultor precisava cercar sua roa, para evitar queela fosse destruda pelo gado ou outros animais. Geral-mente essa cerca era uma entulhada, ou seja, era feitacom galhos de rvores, principalmente de espinhos. Tam-bm eram feitas cercas de madeira. O arame farpado sur-giu na regio de Gameleira a partir do final da dcada de1960 e, no incio, poucos conseguiam compr-lo.

    Em 1968, alguns agricultores no cercaram suas roas.Esses homens comearam a matar os animais que estra-gassem suas plantaes. Esse fato gerou vrios confron-tos entre criadores e agricultores. Portanto, a partir de1969 foi proibido criar animais soltos. Essa proibio foiresponsvel para sensibilizar e conscientizar os proprie-trios sobre a necessidade de cercar seus terrenos.

    A origem do nome Gameleira e de alguns povoados daZona Rural

    Antes de explicar a origem do nome Gameleira e de al-guns povoados, preciso apresentar algumas versessobre Mrtires, pois o arraial da Gameleira surgiu noStio dos Mrtires.

    Simeo Ribeiro Pires questiona a possibilidade de se-

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

    rem de terras devolutas a rea do stio dos Mrtires, poisna Dvida Ativa de 1826, numa extensa relao de de-vedores, consta o nome de Jos Antnio Teixeira comodevedor por compras de fazendas, na quantia de1:000S000, e ainda faz uma observao referente ao S-tio. (veja relao de devedores no anexo n 4)

    O Stio dos Mrtires, j pelo seu nome, por atrasos depagamentos, pelas brigas do Cel. Donato Dias em ar-rancar folhas de livros do seu registro e descrio e,muito mais, nos nossos dias, tem sido um verdadeiromartrio, para os seus martirizados possuidores.15

    A tradio oral discute que o nome Mrtires era o so-brenome dos ocupantes do stio, que vieram de Portu-gal. Com relao a Mrtires, o senhor Izdio Rodriguesde Oliveira prestou o seguinte depoimento:

    Aqui chama Brejo dos Martes por causa dos Martes,uma famlia que veio de Portugal, em 1846. Essa his-tria era o padre Moacir que me contava. E a eles fezo Brejo e o sobrenome deles era Martes, eles acam-param l na Gorutuba, l ficou o lugar l por nomeMartes, j viu falar nos Martes? perto da cruz, en-to l era as pedinhas, chamava Pedinhas. Ento fi-cou os Martes. Mas era o sobrenome deles, enten-deu? Era o sobrenome deles. Ento saiu os filho delee o genro dele pra qui pra riba, pro Brejo, chegou aqui,mesmo ali onde era o terreno de Loriano, e a elesfizeram o Brejo, a era s aroeira, a eles fizeram oBrejo, agora ficava Brejo dos Martes, mas Martes eraeles l, era o sobrenome deles.16

    O senhor Izdio informou tambm que por volta de 1850

    15 PIRES. Razes de Minas. 1979, p. 253.16 Depoimento do Sr. Izidio Rodrigues de Oliveira, agropecuaristaaposentado em Brejo dos Mrtires dia 20/12/2002.

    rem de terras devolutas a rea do stio dos Mrtires, poisna Dvida Ativa de 1826, numa extensa relao de de-vedores, consta o nome de Jos Antnio Teixeira comodevedor por compras de fazendas, na quantia de1:000S000, e ainda faz uma observao referente ao S-tio. (veja relao de devedores no anexo n 4)

    O Stio dos Mrtires, j pelo seu nome, por atrasos depagamentos, pelas brigas do Cel. Donato Dias em ar-rancar folhas de livros do seu registro e descrio e,muito mais, nos nossos dias, tem sido um verdadeiromartrio, para os seus martirizados possuidores.15

    A tradio oral discute que o nome Mrtires era o so-brenome dos ocupantes do stio, que vieram de Portu-gal. Com relao a Mrtires, o senhor Izdio Rodriguesde Oliveira prestou o seguinte depoimento:

    Aqui chama Brejo dos Martes por causa dos Martes,uma famlia que veio de Portugal, em 1846. Essa his-tria era o padre Moacir que me contava. E a eles fezo Brejo e o sobrenome deles era Martes, eles acam-param l na Gorutuba, l ficou o lugar l por nomeMartes, j viu falar nos Martes? perto da cruz, en-to l era as pedinhas, chamava Pedinhas. Ento fi-cou os Martes. Mas era o sobrenome deles, enten-deu? Era o sobrenome deles. Ento saiu os filho delee o genro dele pra qui pra riba, pro Brejo, chegou aqui,mesmo ali onde era o terreno de Loriano, e a elesfizeram o Brejo, a era s aroeira, a eles fizeram oBrejo, agora ficava Brejo dos Martes, mas Martes eraeles l, era o sobrenome deles.16

    O senhor Izdio informou tambm que por volta de 1850

    15 PIRES. Razes de Minas. 1979, p. 253.16 Depoimento do Sr. Izidio Rodrigues de Oliveira, agropecuaristaaposentado em Brejo dos Mrtires dia 20/12/2002.

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    existia uma fbrica de tacho em Brejo dos Mrtires. Ocobre, matria-prima utilizada na fabricao deste pro-duto, era trazido da Bahia em cargueiros de burro.

    A civilizao no municpio de Gameleiras teve inciono Stio dos Mrtires e no Brejo dos Mrtires. Devido carncia dos utenslios domsticos de plstico e alum-nio, as pessoas utilizavam a madeira e a argila para fa-zer estes produtos.

    Sobre a origem dos nomes Gameleira e Boa Vista, o se-nhor Izdio Rodrigues de Oliveira informou que as pes-soas saam do Brejo dos Mrtires com destino ao rio quefuturamente viria a ser o rio Gameleira para fazerGamela. Nessa poca, Gameleira era o lugar onde faziagamela.

    Aps a fundao do arraial de Gameleira em 1910, osenhor Izdio Jos de Oliveira plantou uma rvore cha-mada gameleira. Essa planta contribuiu para fixar onome desse povoado. (veja foto no anexo n5)

    O povoado de Boa Vista chamava-se Zispera, porque aspessoas trabalhavam durante o dia fazendo gamela. Nofinal do dia, elas iam esperar veados e outros bichos nasesperas. Ento criouse o hbito de dizer, estou indopra Zispera, ao invs de dizerem estou indo para as es-peras.

    Por volta de 1970, a comunidade inconformada com onome Zispera, resolveu mudar este topnimo para BoaVista.

    O povoado de Pesqueiro recebeu este nome porque nelehavia um poo muito grande e profundo sobre o rio doEngenho, onde realizavamse grandes pescarias.

    A uma distncia de aproximadamente 10 km do povoa-

    existia uma fbrica de tacho em Brejo dos Mrtires. Ocobre, matria-prima utilizada na fabricao deste pro-duto, era trazido da Bahia em cargueiros de burro.

    A civilizao no municpio de Gameleiras teve inciono Stio dos Mrtires e no Brejo dos Mrtires. Devido carncia dos utenslios domsticos de plstico e alum-nio, as pessoas utilizavam a madeira e a argila para fa-zer estes produtos.

    Sobre a origem dos nomes Gameleira e Boa Vista, o se-nhor Izdio Rodrigues de Oliveira informou que as pes-soas saam do Brejo dos Mrtires com destino ao rio quefuturamente viria a ser o rio Gameleira para fazerGamela. Nessa poca, Gameleira era o lugar onde faziagamela.

    Aps a fundao do arraial de Gameleira em 1910, osenhor Izdio Jos de Oliveira plantou uma rvore cha-mada gameleira. Essa planta contribuiu para fixar onome desse povoado. (veja foto no anexo n5)

    O povoado de Boa Vista chamava-se Zispera, porque aspessoas trabalhavam durante o dia fazendo gamela. Nofinal do dia, elas iam esperar veados e outros bichos nasesperas. Ento criouse o hbito de dizer, estou indopra Zispera, ao invs de dizerem estou indo para as es-peras.

    Por volta de 1970, a comunidade inconformada com onome Zispera, resolveu mudar este topnimo para BoaVista.

    O povoado de Pesqueiro recebeu este nome porque nelehavia um poo muito grande e profundo sobre o rio doEngenho, onde realizavamse grandes pescarias.

    A uma distncia de aproximadamente 10 km do povoa-

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

    do de Brejo dos Mrtires, h uma comunidade por nomede Curral Velho. Este local, provavelmente, era um doscurrais de gado dos Guedes Brito.

    A regio do Jacu das Piranhas de ocupao muitoantiga. Pois o Stio das Piranhas era um dos stios doConde da Ponte. Este foi arrendado em 1806 ao senhorJoo de Figueiredo Mascarenhas por vinte mil ris anu-ais (20S000). A terra foi avaliada em oitocentos mil ris(800S000).

    O senhor Diolino Pereira Freires informou que os des-bravadores do Jacu das Piranhas foram o senhor Joode Paulo Fernandes Baleeiro e sua esposa D. Missia quevieram com seus escravos para essa regio edescortinaram aquelas paragens. Seus filhos AtanzioFernandes Baleeiro, Ricardo Fernandes Baleeiro eJosefa Fernandes Baleeiro deram continuidade ao tra-balho dos pais.17

    O senhor Amando do Prado Pinto afirmou que a Fazen-da do Tapuio, de propriedade de Valdivino do PradoRocha, possui ainda um do tronco de aroeira onde osescravos eram chicoteados.18

    Quanto ao nome Piranhas, o senhor Amando do PradoPinto informou que este oriundo de uma lagoa queexistia na propriedade do senhor Ccero Camargo de Oli-veira. Essa lagoa era conhecida como Barreiro das Pira-nhas, porque havia muitos peixes com este nome napoca das pescarias e o nome Jacu por causa da grandequantidade de aves denominadas de jacu.

    17 Depoimento do Sr. Diolino Pereira Freires, trabalhador ruralaposentado em Jacu das Piranhas dia 21/08/2003.18 Depoimento do Sr. Amando do Prado Pinto, agropecuaristaaposentado em Jacu das Piranhas dia 22/08/2003.

    do de Brejo dos Mrtires, h uma comunidade por nomede Curral Velho. Este local, provavelmente, era um doscurrais de gado dos Guedes Brito.

    A regio do Jacu das Piranhas de ocupao muitoantiga. Pois o Stio das Piranhas era um dos stios doConde da Ponte. Este foi arrendado em 1806 ao senhorJoo de Figueiredo Mascarenhas por vinte mil ris anu-ais (20S000). A terra foi avaliada em oitocentos mil ris(800S000).

    O senhor Diolino Pereira Freires informou que os des-bravadores do Jacu das Piranhas foram o senhor Joode Paulo Fernandes Baleeiro e sua esposa D. Missia quevieram com seus escravos para essa regio edescortinaram aquelas paragens. Seus filhos AtanzioFernandes Baleeiro, Ricardo Fernandes Baleeiro eJosefa Fernandes Baleeiro deram continuidade ao tra-balho dos pais.17

    O senhor Amando do Prado Pinto afirmou que a Fazen-da do Tapuio, de propriedade de Valdivino do PradoRocha, possui ainda um do tronco de aroeira onde osescravos eram chicoteados.18

    Quanto ao nome Piranhas, o senhor Amando do PradoPinto informou que este oriundo de uma lagoa queexistia na propriedade do senhor Ccero Camargo de Oli-veira. Essa lagoa era conhecida como Barreiro das Pira-nhas, porque havia muitos peixes com este nome napoca das pescarias e o nome Jacu por causa da grandequantidade de aves denominadas de jacu.

    17 Depoimento do Sr. Diolino Pereira Freires, trabalhador ruralaposentado em Jacu das Piranhas dia 21/08/2003.18 Depoimento do Sr. Amando do Prado Pinto, agropecuaristaaposentado em Jacu das Piranhas dia 22/08/2003.

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

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    Gameleiras dos Primrdios Emancipao

    A Vila da Raposa recebeu este nome por que durante aabertura da estrada que liga Gado Bravo (Matias Cardo-so) ao municpio de Espinosa, por volta 1979, pelaRuralminas, mataram-se muitas raposas.

    A vila da Raposa est localizada nas margens do rio PooTriste no extremo norte do municpio de Gameleiras. Osenhor Quirino Francisco de Carvalho explicou a ori-gem do nome deste rio da seguinte maneira:

    Diz os antigo que porque tinha um poo muito fundol no lugar onde Poo Triste hoje. Os cara roandol, a foice saiu do cabo, e caiu no poo, o cara foivirou pro outro e falou esse poo a triste! J mor-reu gente a afogado, a foice no tem jeito de panharno.19

    A violncia no Brejo dos Mrtires

    Sobre a violncia na regio dos Mrtires, Antonino daSilva Neves descreve o seguinte:

    Outrora famoso pelas grandes brigas espalhafatosase grandes assassinatos perpetrados pelos famigeradosPicuambas e Correinhas.O senhor Neves explica quePicuamba era um gorutubano, que, aos 21 anos de ida-de, dizem ter assassinado 22 pessoas, e este morreuvtima de um tiro no municpio de Gro-Mogol, entreos anos de 1885 1890.20

    O senhor Izdio Rodrigues de Oliveira informou que ha-via no povoado de Brejo dos Mrtires um tronco que ser-via de priso. Nele, a pessoa era presa pelo pescoo e

    19 Depoimento do Sr. Quirino Francisco Carvalho, trabalhadorrural aposentado em Roado Velho dia 23/09/2003.20 NEVES. Chorographia do Municpio de Boa Vista do Tremendal.1908, p. 135.

    A Vila da Raposa recebeu este nome por que durante aabertura da estrada que liga Gado Bravo (Matias Cardo-so) ao municpio de Espinosa, por volta 1979, pelaRuralminas, mataram-se muitas raposas.

    A vila da Raposa est localizada nas margens do rio PooTriste no extremo norte do municpio de Gameleiras. Osenhor Quirino Francisco de Carvalho explicou a ori-gem do nome deste rio da seguinte maneira:

    Diz os antigo que porque tinha um poo muito fundol no lugar onde Poo Triste hoje. Os cara roandol, a foice saiu do cabo, e caiu no poo, o cara foivirou pro outro e falou esse poo a triste! J mor-reu gente a afogado, a foice no tem jeito de panharno.19

    A violncia no Brejo dos Mrtires

    Sobre a violncia na regio dos Mrtires, Antonino daSilva Neves descreve o seguinte:

    Outrora famoso pelas grandes brigas espalhafatosase grandes assassinatos perpetrados pelos famigeradosPicuambas e Correinhas.O senhor Neves explica quePicuamba era um gorutubano, que, aos 21 anos de ida-de, dizem ter assassinado 22 pessoas, e este morreuvtima de um tiro no municpio de Gro-Mogol, entreos anos de 1885 1890.20

    O senhor Izdio Rodrigues de Oliveira informou que ha-via no povoado de Brejo dos Mrtires um tronco que ser-via de priso. Nele, a pessoa era presa pelo pescoo e

    19 Depoimento do Sr. Quirino Francisco Carvalho, trabalhadorrural aposentado em Roado Velho dia 23/09/2003.20 NEVES. Chorographia do Municpio de Boa Vista do Tremendal.1908, p. 135.

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

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    Zaurindo Fernandes Baleeiro

    pelos braos e ficava de um dia para o outro.

    Segundo reza a tradio oral, outro famigerado no Bre-jo dos Mrtires foi o senhor Laurncio Canavieira. Paraelucidar melhor o assunto segue o depoimento do se-nhor Aureliano Jos de Sousa:

    O Loreno era um homem maldoso, qualquer coisaele atirava num. traio, era sempre traioeiro,matava sempre traio. Gostava muito de prissiguiras mui dos vizim, podia ser sobrinha dele, eleprissiguia. Ento tinha uma sobrinha dele l, ela foibuscar gua no ri, ele tocaiou ela na estrada, pediuela, ela no deu, ele quis agridir ela, ela correu, caiu,o pote caiu, quebrou o pote, a ela foi embora pracasa, chegou l contou que tinha quebrado o pote, ao marido perguntou porque, ela contou que foi Lorenoque atacou ela na estrada, ela tropeou o pote que-brou. A ele foi contou o caso pro irmo, e procurou oirmo, o que ele podia fazer, pricisava dar um jeitonesse Loreno, que num tinha quem guentava. Queantigamente, ce sabe, se uma pessoa, se uma muidisreipeitasse o marido, costumava o marido matar eficar por isso mesmo n, tem que respeitar, a elesfalou, carregou a espingarda com bala batizada, tudoeles usava, porcaria!, e batizou o mandacaru e levoue foi exprementar a espingarda no mandacaru, levoua espingarda, a espingarda negou o tiro, pisou, tor-nou levar, tornou pisar, a num tinha mais jeito,molou uma foice bem molada, e foi, chegou l, man-dou a foice, a foice cepou a mandacaru, essa aquiserve. Eles dois saiu meio-dia, e foi chegou na casade Loreno, , Loreno tava sentado na porta. Pra ondeque vai minino? Eu vou furar um arapu meu ti. U,furar arapu cum sol quente desse, num deixa o solesfriar. No meu ti, o bicho brabo mesmo, quarquerhora ta bom pra furar. Vamo entrar, vamo tomar umcafezim. meu ti, se tiver feito ns bebe. T. A osminino entrou, ele foi l na sala. Esse povo de anti-gamente costumava as mui era difcil sair na varan-

    pelos braos e ficava de um dia para o outro.

    Segundo reza a tradio oral, outro famigerado no Bre-jo dos Mrtires foi o senhor Laurncio Canavieira. Paraelucidar melhor o assunto segue o depoimento do se-nhor Aureliano Jos de Sousa:

    O Loreno era um homem maldoso, qualquer coisaele atirava num. traio, era sempre traioeiro,matava sempre traio. Gostava muito de prissiguiras mui dos vizim, podia ser sobrinha dele, eleprissiguia. Ento tinha uma sobrinha dele l, ela foibuscar gua no ri, ele tocaiou ela na estrada, pediuela, ela no deu, ele quis agridir ela, ela correu, caiu,o pote caiu, quebrou o pote, a ela foi embora pracasa, chegou l contou que tinha quebrado o pote, ao marido perguntou porque, ela contou que foi Lorenoque atacou ela na estrada, ela tropeou o pote que-brou. A ele foi contou o caso pro irmo, e procurou oirmo, o que ele podia fazer, pricisava dar um jeitonesse Loreno, que num tinha quem guentava. Queantigamente, ce sabe, se uma pessoa, se uma muidisreipeitasse o marido, costumava o marido matar eficar por isso mesmo n, tem que respeitar, a