teste 10º crónica

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Teste de Português – 10º Ano “MUNIQUE” “Munique” foi desta vez o filme escolhido por mim para ocupar a sexta-feira à noite. O nome “Spielberg” aliado à relativa actualidade do assunto do filme, parte integrante do conflito israelo-árabe, sempre a evoluir, mas no fundo, sempre em status-quo, sem solução possível devido aos radicalismos e profundas desconfianças e divergências existentes. “Munique” existiu. Foi verdade. Assim como o seguimento da história, subterrânea, escura, apagada, mas persistente e eficaz. Eliminar vingativamente, um a um, os responsáveis pelos atentados ocorridos durante os Jogos Olímpicos de Munique, com o objectivo final de avisar sem ser por palavras vãs de que “quem mata, morre”. Podia e devia ser um bom filme . Não foi por múltiplas razões, todas relacionadas com o simples facto de que nos Estados Unidos não se produzem filmes para contar os factos reais, mas sim para “vender”. Não é a proclamada sétima arte, mas sim uma produção contínua de imagens próprias para entreter e impressionar o vulgar labrego comedor de pipocas, de cuja massa e números sem fim se extorquem os cobres necessários para enriquecer a indústria. No final, esses saem alegres e contentes, pois viram as habituais cenas de sangue a espirrar como de torneiras abertas ao limite, de buracos de balas em corpos humanos, sempre em localizações inventivas, as mais que comuns cenas de sexo, as mais que estudadas e gastas personalidades-tipo que os actores principais encarnam. No filme, o comando enviado pelos israelitas era composto por “amadores”, que falhavam de vez em quando o fabrico de bombas, que agiam sempre de forma mais que suspeita, que fugiam a correr das cenas de crime, muitas vezes no meio de chuva cerradíssima de balas de metralhadoras, sem que nenhuma os tocasse por milagre. Quando eles próprios disparavam uma rajada, os inimigos 1

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Teste de Português – 10º Ano

“MUNIQUE” “Munique” foi desta vez o filme escolhido por mim para ocupar a sexta-feira à noite. O nome “Spielberg” aliado à relativa actualidade do assunto do filme, parte integrante do conflito israelo-árabe, sempre a evoluir, mas no fundo, sempre em status-quo, sem solução possível devido aos radicalismos e profundas desconfianças e divergências existentes. “Munique” existiu. Foi verdade. Assim como o seguimento da história, subterrânea, escura, apagada, mas persistente e eficaz. Eliminar vingativamente, um a um, os responsáveis pelos atentados ocorridos durante os Jogos Olímpicos de Munique, com o objectivo final de avisar sem ser por palavras vãs de que “quem mata, morre”. Podia e devia ser um bom filme.

Não foi por múltiplas razões, todas relacionadas com o simples facto de que nos Estados Unidos não se produzem filmes para contar os factos reais, mas sim para “vender”. Não é a proclamada sétima arte, mas sim uma produção contínua de imagens próprias para entreter e impressionar o vulgar labrego comedor de pipocas, de cuja massa e números sem fim se extorquem os cobres necessários para enriquecer a indústria. No final, esses saem alegres e contentes, pois viram as habituais cenas de sangue a espirrar como de torneiras abertas ao limite, de buracos de balas em corpos humanos, sempre em localizações inventivas, as mais que comuns cenas de sexo, as mais que estudadas e gastas personalidades-tipo que os actores principais encarnam. No filme, o comando enviado pelos israelitas era composto por “amadores”, que falhavam de vez em quando o fabrico de bombas, que agiam sempre de forma mais que suspeita, que fugiam a correr das cenas de crime, muitas vezes no meio de chuva cerradíssima de balas de metralhadoras, sem que nenhuma os tocasse por milagre. Quando eles próprios disparavam uma rajada, os inimigos tombavam como peças de dominós ou como os múltiplos painéis de publicidade nas estradas em dias de sudoeste mais forte. Tudo isto acompanhado de nuvens de fumo branco, tipo cigarro mal apagado, que durante uns segundos saíam dos buracos de balas dos corpos dos árabes terroristas. Além disso, os israelitas tinham rebates de consciência quando conseguiam eliminar um dos adversários, fruto do amadorismo com que eram descritos. Mas continuavam na missão e lá iam eliminando, sempre cheios de problemas morais, riscando um a um os nomes da lista que lhes tinha sido fornecida. Se foram eliminados, foram-no de certeza por “profissionais”, que não fogem a correr das cenas do crime, que não falham o fabrico de bombas, nem mostram qualquer rebate de consciência em fazê-lo.Cinema “americano” no seu melhor e pior, com Schwarzeneggers e Rambos mais fininhos, deltóides e triceps menos desenvolvidos, mas mais poetas lamechas, mais dúvidas existencialistas, que despacham os adversários a

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golpes de bombas, em vez dos murros e bazookas tradicionais. Há ainda que referir que todas estas cenas violentas eram acompanhadas do barulho ensurdecedor de duzentas maxilas de jovens, todos iguais, os representantes masculinos de cabelos espetados na frente, os representantes femininos de umbigo exposto às intempéries, a mascarem continuamente, sem descanso, quilos de pipocas brancas. Um odor persistente, enjoativo, não a carne humana morta proveniente do ecrã gigante como seria de supor nestes cinemas envolventes e sensoriais, mas sim emitido para o ar pelos metros cúbicos das mesmas pipocas. E no final, ainda assistimos aos batalhões de mulheres de limpeza a apressarem-se a recolher todos os restos meios pisados que manchavam de branco as bonitas alcatifas da sala de cinema e corredores que lhe dava acesso. Resta a observação final: coitado do Spielberg, nunca suficientemente rico nem liberto das grandes produtoras Hollywoodescas, para finalmente poder produzir um filme que se possa equiparar a sétima arte. Que olhe para a frente, pois foi ultrapassado em grande velocidade por Woody Allen.

Henrique Fernandes Pinto

GRUPO I

A. Responda de forma clara e completa às questões:

1. Refira a situação da qual partiu o autor para elaborar a sua crónica.

2. A crónica serve para fazer uma crítica alargada. Explicite e fundamente

com o texto esta afirmação.

3. A descrição do filme assume contornos irónicos. Justifique esta

afirmação.

4. Como era o ambiente que se vivia no cinema?

5. Que figuras da sociedade retrata o autor nesta crónica?

B. Num texto expositivo-argumentativo, de 80 a 120 palavras, explique em

que consiste uma crónica e o que a diferencia de outros artigos

jornalísticos.

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Page 3: teste 10º crónica

Grupo II

A. Escolha, de entre as alíneas, a opção correcta:

1.Na frase “Munique” foi desta vez o filme escolhido por mim para ocupar a sexta-feira à noite” existe.…

2. Na expressão “de cuja massa e números sem fim se extorquem os cobres…” encontramos…

3.Na frase” Podia e devia ser um bom filme.” existem…

4. A perífrase verbal “iam eliminando”, possui …

5. Na expressão “que lhes tinha sido” o tempo composto encontra-se…

6.Um sinónimo de “persistente”, no contexto, pode ser…

a)…forte.

b)…no pretérito mais que perfeito do modo indicativo.c)…um verbo auxiliar aspectual.

d)…um verbo no pretérito imperfeito, um verbo no pretérito perfeito e um verbo no infinitivo, respectivamente.

e)…constante.

f)… no pretérito perfeito do modo indicativo.

g)…um verbo no pretérito perfeito, um verbo no particípio passado e um verbo no infinitivo, repetivamente.

h)…dois verbos auxiliares modais.

i) … uma conjugação pronominal.

j)…um verbo auxiliar modal e um verbo auxiliar aspectual.

l)…um verbo auxiliar temporal.

m)…uma conjugação pronominal reflexa

GRUPO III

“Cada dia a natureza produz o suficiente para a nossa carência. Se cada um

tomasse o que lhe é necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém

morreria de fome.”

Mahatma Gandhi

Num texto expositivo - argumentativo, de duzentas e cinquenta a trezentas

palavras, exponha o seu ponto de vista sobre o tópico em questão,

fundamentando-se na sua experiência de vida.

FIM

3

Page 4: teste 10º crónica

Cotações

GRUPO I

A.

Questões Cotação

TotalConteúdo Forma

1. 0,5 0,5 1

2. 1 0,5 1,5

3. 1 0,5 1,5

4. 1 0,5 1,5

5. 1 0,5 1,5

6. 1 0,5 1,5

B.

Cotação

TotalConteúdo Forma

1,75 0,75 2,5

GRUPO II

Cotação Total

O,5 cada 3

GRUPO III

Cotação Total

Conteúdo Forma

6 4 2

4