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Página 1 Boletim 600/14 – Ano VI – 05/09/2014 Tesouro quer pagar em quatro anos dívida com o FGTS Por Edna Simão | De Brasília O Tesouro Nacional fez uma nova proposta ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para dar continuidade em 2015 ao calendário de pagamento de parte da dívida que tem junto ao fundo. A ideia é fixar um prazo de quitação de até quatro anos da dívida referente à retenção pelo Tesouro do repasse ao FGTS da arrecadação pelo governo da multa adicional de 10%, cobrada em caso de demissão sem justa causa do trabalhador, para fazer superávit primário. A multa adicional foi instituída em 2001 para compensar as perdas dos trabalhadores com mudanças de planos econômicos Verão (1998) e Collor (1990). Apesar dessa dívida já ter sido quitada, a multa não foi revogada e o recurso, que é do fundo, passou a integrar as receitas do Tesouro Nacional. Essa operação entra no balanço do FGTS como uma dívida do governo. Em outubro de 2013, o governo fechou um acordo para pagamento mensal de R$ 100 milhões entre abril e dezembro - total de R$ 900 milhões neste ano - para reduzir essa dívida, que em dezembro somava R$ 6,629 bilhões e chegou a R$ 8,9 bilhões em junho passado. Na ocasião, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, afirmou que seria adotado um novo critério para pagamento a partir de 2015. "Em 2014 vamos discutir como será a devolução de recursos para o fundo em 2015", disse em outubro do ano passado, acrescentando que a ideia é definir uma regra que contemple um retorno mais rápido desse dinheiro para o FGTS. A proposta preliminar de continuidade do pagamento em 2015 foi apresentada por técnicos do Tesouro em reunião do Conselho Curador do FGTS realizada neste semana. Inevitavelmente, o debate em torno do pagamento dessa dívida seria feito em outubro quando o conselho do FGTS define a programação de investimentos em habitação, saúde, saneamento básico e mobilidade urbana para os próximos quatro anos. E para fazer essa programação, segundo uma fonte, é preciso saber se o fundo poderia contar ou não com os R$ 8,9 bilhões da multa adicional de 10%. "Me surpreendi quando o ministério da Fazenda fez a proposta de pagamento dessa dívida em quatro anos", afirmou, destacando que a expectativa era de que isso fosse tratado apenas na reunião do conselho do próximo mês. Além dessa proposta de pagamento, um dos representantes do fundo chegou a sugerir que a quitação fosse feita em 30 meses, mas nada foi decidido. Em dezembro do ano passado, a dívida total do Tesouro Nacional com o FGTS era de R$ 12,950 bilhões. Este ano, esse valor já aumentou pelo menos R$ 3,2 bilhões, por conta da retenção pelo governo da multa adicional de 10% cobrada do empregador em caso de

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Boletim 600/14 – Ano VI – 05/09/2014

Tesouro quer pagar em quatro anos dívida com o FGTS Por Edna Simão | De Brasília O Tesouro Nacional fez uma nova proposta ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para dar continuidade em 2015 ao calendário de pagamento de parte da dívida que tem junto ao fundo. A ideia é fixar um prazo de quitação de até quatro anos da dívida referente à retenção pelo Tesouro do repasse ao FGTS da arrecadação pelo governo da multa adicional de 10%, cobrada em caso de demissão sem justa causa do trabalhador, para fazer superávit primário. A multa adicional foi instituída em 2001 para compensar as perdas dos trabalhadores com mudanças de planos econômicos Verão (1998) e Collor (1990). Apesar dessa dívida já ter sido quitada, a multa não foi revogada e o recurso, que é do fundo, passou a integrar as receitas do Tesouro Nacional. Essa operação entra no balanço do FGTS como uma dívida do governo.

Em outubro de 2013, o governo fechou um acordo para pagamento mensal de R$ 100 milhões entre abril e dezembro - total de R$ 900 milhões neste ano - para reduzir essa dívida, que em dezembro somava R$ 6,629 bilhões e chegou a R$ 8,9 bilhões em junho passado. Na ocasião, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, afirmou que seria adotado um novo critério para pagamento a partir de 2015. "Em 2014 vamos discutir como será a devolução de recursos para o fundo em 2015", disse em outubro do ano passado, acrescentando que a ideia é definir uma regra que contemple um retorno mais rápido desse dinheiro para o FGTS. A proposta preliminar de continuidade do pagamento em 2015 foi apresentada por técnicos do Tesouro em reunião do Conselho Curador do FGTS realizada neste semana.

Inevitavelmente, o debate em torno do pagamento dessa dívida seria feito em outubro quando o conselho do FGTS define a programação de investimentos em habitação, saúde, saneamento básico e mobilidade urbana para os próximos quatro anos. E para fazer essa programação, segundo uma fonte, é preciso saber se o fundo poderia contar ou não com os R$ 8,9 bilhões da multa adicional de 10%. "Me surpreendi quando o ministério da Fazenda fez a proposta de pagamento dessa dívida em quatro anos", afirmou, destacando que a expectativa era de que isso fosse tratado apenas na reunião do conselho do próximo mês. Além dessa proposta de pagamento, um dos representantes do fundo chegou a sugerir que a quitação fosse feita em 30 meses, mas nada foi decidido.

Em dezembro do ano passado, a dívida total do Tesouro Nacional com o FGTS era de R$ 12,950 bilhões. Este ano, esse valor já aumentou pelo menos R$ 3,2 bilhões, por conta da retenção pelo governo da multa adicional de 10% cobrada do empregador em caso de

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demissão sem justa causa. O restante da dívida - cerca de R$ 5,7 bilhões em dezembro de 2013 - se refere a despesas do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida que o FGTS tem assumido. O governo federal tem utilizado recursos do fundo para pagar o valor integral dos subsídios concedidos para as famílias de baixa renda no Minha Casa, Minha Vida, o que tem se tornado uma dívida junto ao FGTS.

Pelas regras do programa, o Tesouro teria que contribuir com 17,5% e o FGTS, 82,5%. Enquanto não há pagamento, o débito é corrigido pela taxa básica de juros (Selic), atualmente de 11% ao ano. Nesse caso, não há negociação sobre como será o pagamento.

Disputa eleitoral atrasa definição de campanha sala rial de metalúrgicos Por Camilla Veras Mota | De São Paulo A corrida presidencial pode "arrastar" as campanhas salariais de metalúrgicos neste segundo semestre. Entre as categorias com data-base em setembro, predomina a impressão de que os patrões não têm pressa para fechar os termos dos acordos e que esperam por uma melhor definição do cenário eleitoral. Além disso, as contrapropostas feitas nas últimas semanas estão entre as piores dos últimos anos, com índices que não alcançam nem a inflação. As convenções coletivas fechadas nos meses anteriores montam um quadro de reajustes mais heterogêneo, em que há casos sem aumento real e de correções de 2,5% acima da Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

As 12 entidades ouvidas pelo Valor representam cerca de 1,3 milhão de trabalhadores do ramo metalúrgico - para efeito de comparação, a cadeia automotiva emprega no país, direta e indiretamente, 1,5 milhão de pessoas, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento. Para elas, a conjuntura neste ano, assim como em outros períodos de baixo crescimento, não tem ajudado nas discussões com as empresas. Para confrontar argumentos usados pelas empresas - estagnação da atividade e queda da produção do ramo automotivo -, os sindicatos recorrem ao saldo de demissões do setor, que já teria aliviado as folhas de pagamento, e os investimentos previstos pelas montadoras para os próximos anos.

Para o presidente da Federação dos Sindicatos Metalúrgicos (FEM) da CUT de São Paulo, Valmir Marques da Silva, o Biro Biro, essa tem sido a negociação salarial mais difícil desde que assumiu a presidência da entidade, em 2007. "Eles nunca tinham feito uma proposta que não contemplasse pelo menos a inflação", disse, referindo-se aos 4,5% oferecidos pelo sindicato patronal no fim do mês passado para os dois primeiros grupos de negociação. Entre os sindicatos representados pela FEM, que não divulga o reajuste pedido durante as

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campanhas salariais, estão o dos metalúrgicos do ABC, Taubaté e São Carlos. A federação entregou a pauta de reivindicações mais cedo neste ano, no dia 16 de junho, para tentar antecipar o fechamento do acordo e evitar que a campanha se estendesse até o início da disputa eleitoral. Segundo Biro Biro, as entidades patronais adiaram várias rodadas de negociação e parecem não ter pressa em definir os aumentos. Na tentativa de fechar o acordo até a data prevista para o primeiro turno, 5 de outubro, os sindicatos têm intensificado as mobilizações e preparam uma agenda de paralisações para as próximas semanas.

Também com data-base em setembro, os sindicalistas de Betim (MG) propuseram correção de 11% nos salários, cerca de 4,3% de ganho real. A primeira contraproposta do sindicato patronal veio em patamar bastante inferior, com 4% de aumento nominal em setembro e mais 1% em março. "Eles estão enrolando para decidir só quando souberem quem vai ser o próximo presidente", diz João Alves de Almeida, dirigente do sindicato. Aos empresários que se queixam dos pátios cheios, ele lembra o investimento de R$ 7 bilhões que a Fiat prevê realizar em unidade da montadora no interior de Minas Gerais. "Eles não estariam ampliando a fábrica se achassem que não iriam mais crescer", argumenta.

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Os metalúrgicos de Campinas, por sua vez, pedem 12,98% de aumento nominal, com 5,7% de ganho real. A campanha da cidade do interior paulista é unificada com a de São José dos Campos, onde a General Motors anunciou recentemente o "layoff" de 930 pessoas.

Jair dos Santos, presidente do sindicato, afirma que ainda não houve discussão sobre as cláusulas econômicas com as entidades patronais. Segundo ele, algumas empresas tentam arrastar a negociação pelo menos até uma definição mais clara da disputa eleitoral, que deve influenciar as decisões de investimento no médio prazo. "A Honda [em Sumaré] e a Toyota [em Sorocaba] estão produzindo normalmente, a Chery acabou de abrir as portas em Jacareí. Concordamos com os patrões que o ano é mais difícil, mas não podemos dizer que todo o setor está em crise", afirma o sindicalista.

Na lista de acordos fechados no primeiro semestre, os maiores reajustes vêm muitas vezes de cláusulas de anos anteriores. No caso dos metalúrgicos de Camaçari (BA), onde funciona uma fábrica da Ford, o reajuste com alta de 2,5% acima da inflação foi fechado em 2013, em acordo de dois anos. "Pulamos essa fogueira", brinca o presidente do sindicato, Julio Bonfim, referindo-se à conjuntura mais adversa para a negociação.

Os metalúrgicos da região metropolitana de Curitiba, por sua vez, garantiram em 2012 aumento real de 2,8% ao ano até 2014 para os funcionários da Volkswagen de São José dos Pinhais. Com a Renault, o acordo firmado em março deste ano - também válido por três anos - prevê 2,5% de reajuste acima da inflação. A Volvo definiu percentual semelhante em março, mas apenas para 2014.

Os metalúrgicos do Sul Fluminense, por outro lado, não tiveram aumento real neste ano e no ano passado. Em maio, quando os sindicalistas estiveram na PSA Peugeot Citröen, na cidade de Porto Real, para uma das etapas de negociação da campanha salarial, a multinacional anunciou a abertura de um plano de demissão voluntária que cortaria 622 vagas, o equivalente a um dos turnos da unidade. "Ficou difícil pedir aumento real", diz André Aquino, membro do sindicato. O presidente da entidade, Renato Soares, afirma que as dificuldades, além das restrições argentinas à importação de automóveis, vêm também da baixa participação das marcas da montadora no mercado nacional, entre 4% e 5%, contrariando as expectativas postas quando a fábrica foi inaugurada, em 2001, de 9%.

O PIB negativo do segundo trimestre, para o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, deve aparecer com frequência nas reuniões das próximas semanas. "Vamos lutar pelos aumentos reais, mas um cenário como esse cria um clima ruim." A central reúne 54 sindicatos de metalúrgicos - inclusive o de São Paulo e Mogi das Cruzes -, quase 750 mil trabalhadores, a maioria em empresas de autopeças.

O coordenador de relações sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre de Oliveira, lembra que, apesar da desaceleração da atividade neste ano, os reajustes salariais do primeiro semestre foram maiores do que no mesmo período do ano passado. Levantamento feito pelo Dieese em

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340 acordos e convenções de diversas categorias apurou reajuste médio entre janeiro e julho de 1,54%, contra 1,08% no primeiro semestre de 2013. "As expectativas para este ano são ruins, especialmente em relação ao setor metalúrgico, com as férias coletivas, mas os reajustes não se comportam necessariamente como o PIB", diz Oliveira.

Procurado, o Sinfavea, sindicato que representa as montadoras, preferiu não se manifestar. O Sindipeças, que reúne as empresas de autopeças, não retornou o pedido de entrevista.

Montadoras cortam mais de 8 mil vagas neste ano Por Eduardo Laguna | De São Paulo Agosto não foi apenas um mês de forte queda nas vendas e produção de veículos, mas também de um agressivo corte nos postos de trabalho da indústria automobilística. Balanço divulgado ontem pela Anfavea, entidade que representa o setor, mostra que os fabricantes de veículos, junto com os de máquinas agrícolas, eliminaram 1,4 mil postos de trabalho no mês passado.

Isso eleva para 8,1 mil pessoas o número de demissões desde o início do ano, um choque comparável ao fechamento de quatro fábricas no país. Ao apresentar os números, o presidente da Anfavea, Luiz Moan, disse que a maioria desses trabalhadores saíram em programas de demissões voluntárias ou devido à não renovação de contratos temporários.

Ele também lembrou que as empresas estão adotando todas as ferramentas disponíveis para evitar demissões, como o afastamento temporário de metalúrgicos no regime conhecido como "layoff". Moan, porém, defendeu a flexibilização no sistema de proteção ao emprego para momentos de crise como o atual.

A ocupação nas montadoras fechou agosto em 148,9 mil trabalhadores, no nível mais baixo em 27 meses. O fechamento de vagas neste ano equivale ao corte de 5% da mão de obra que as montadoras tinham em dezembro de 2013. Fora isso, outros 3,7 mil operários estão afastados da produção em esquema de "layoff".

Contudo, Moan lembrou que a ocupação na indústria automobilística segue acima dos níveis de maio de 2012, quando o setor fechou o pacto de manutenção do emprego com o governo para receber descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O executivo reconheceu que os resultados de agosto ficaram abaixo das expectativas. Manteve, porém, as projeções de recuperação do mercado até o fim do ano.

Segundo o balanço da Anfavea, a produção de veículos no país caiu 22,4% no mês passado, frente a igual período de 2013. No total, 265,9 mil unidades foram produzidas em agosto, entre automóveis de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.

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Na comparação com julho, período afetado pela Copa do Mundo, houve alta de 5,3% na atividade do setor. A produção de veículos agora registra queda de 18% no acumulado do ano. Já as vendas de veículos somaram 272,5 mil unidades no mês passado, queda de 17,2% em relação ao volume de um ano atrás. Na comparação com julho, houve redução de 7,6% nos emplacamentos, contrariando a expectativa de reação das vendas após os fracos resultados dos dois meses anteriores - afetados pelo menor fluxo de consumidores nas concessionárias por conta da Copa.

A queda do mercado no acumulado do ano, que estava em 8,6% até julho, alcançou 9,7% no fechamento do mês passado, somando 2,23 milhões de unidades. Também no acumulado até agosto, as exportações das montadoras, em volume, cederam 38,1%, para 235,4 mil veículos embarcados. O fraco desempenho se deve, principalmente, ao menor consumo de carros na Argentina, destino de quatro em cada cinco veículos exportados no Brasil. Restrições a produtos importados impostas pelo país vizinho nos primeiros meses do ano também contribuíram para a forte retração.

Outra notícia negativa divulgada ontem pela Anfavea foi o avanço dos estoques, agora em patamar equivalente a 42 dias de venda, após fechar julho em 39 dias.

Destaques Direito de greve

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) absolveu o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários e Financiários do Piauí de pagar multa imposta pela 2ª Vara do Trabalho de Teresina (PI) por impedir o acesso dos trabalhadores às agências do Banco Bradesco na paralisação dos bancários de 14 de agosto de 2009. A 1ª Turma entendeu que a decisão atentou contra o direito de greve, previsto no artigo 9º da Constituição Federal, pois não ficou provada ameaça efetiva ao acesso dos empregados às agências do banco. O Bradesco alegou, na ação de interdito proibitório, que temia a ocorrência de atos de violência durante a greve da categoria ou invasão dos imóveis onde ficavam as agências. Alertou, ainda, para a possibilidade de o sindicato impedir o funcionamento das agências e o acesso de clientes e prestadores de serviços. Sua pretensão era a de que a Justiça do Trabalho ordenasse ao sindicato que se abstivesse de praticar tais atos, com a imposição de multa diária no valor de R$ 10 mil. O sindicato afirmou que a paralisação foi aprovada em assembleia com base na Lei de Greve (Lei nº 7.783, de 1989) e que os interditos proibitórios têm sido cada vez mais usados pelas empresas para tentar impedir os movimentos grevistas.

(Fonte: Valor Econômico dia 05-09-2014).

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Montadoras fazem sétimo corte seguido

Número de funcionários na produção de veículos caiu 0,9% em agosto e foi ao pior nível desde maio de 2012.

Com queda nas vendas, 1.300 metalúrgicos estão temp orariamente suspensos e 7.500 estão em férias ou de folga

DE SÃO PAULO

O número de funcionários no setor de produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus caiu 0,9% de julho para agosto. É a sétima queda seguida do emprego no setor e seu pior resultado desde maio de 2012.

Os dados foram divulgados nesta quinta (4) pela Anfavea, que reúne os fabricantes do setor. De acordo com Luiz Moan, presidente da entidade, a queda no nível de emprego é pontual.

"Estamos passando por ajustes no estoque de produção. Toda redução do quadro de pessoal está dentro de programas de demissão voluntária ou término de contratos temporários", afirmou Moan.

MEDIDAS

A retração na indústria automotiva fez com que as montadoras adotassem medidas para adequar sua produção à demanda do mercado.

Suspensões temporárias de contrato (os "layoffs"), férias coletivas e programas de demissão voluntária foram algumas das medidas adotadas pelas empresas do setor para tentar esvaziar os estoques, que em agosto atingiram 42 dias --aumento de três dias em relação a julho.

Nos últimos 30 dias, cerca de 1.300 empregados do setor entraram em "layoff" até janeiro de 2015. Outros 7.500 receberam férias coletivas ou folgas em razão de paradas técnicas.

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Diante desse cenário, o presidente da Anfavea pediu o aumento no prazo máximo do período para "layoff", que é de cinco meses, segundo a lei trabalhista.

"Entendemos a suspensão do contrato como um mecanismo de preservação de emprego. Mas uma crise pode não passar em um período de apenas cinco meses", disse.

Já Luiz Carlos Mello, ex-presidente da Ford, afirma que o prazo atual é adequado para a suspensão temporária de contratos.

"O ciclo para ajuste de produção no setor paira em torno de quatro meses. Nesse período, a empresa consegue ajustar a linha de montagem para que não sobre nem falte gente posteriormente", diz.

"Em outros países o prazo de layoff' é até maior. Nos Estados Unidos é de um ano, na Alemanha chega a dois anos. Acho que seis meses é um prazo suficiente", diz André Beer, ex-vice-presidente da Volkswagen.

PRODUÇÃO

Em agosto, a produção no setor no país recuou 22,4% em relação ao mesmo período de 2013 e somou 265,9 mil veículos produzidos, segundo a Anfavea. O número representa o pior resultado para o mês desde 2007.

No acumulado entre janeiro e agosto, a indústria automobilística teve queda de 18% na produção e de 9,67% nas vendas, em relação aos primeiros oito meses de 2013.

A Anfavea encara o próximo trimestre com otimismo, sobretudo após as medidas de estimulo ao crédito promovidas pelo Banco Central.

"Estamos aguardando as consequências do choque de liquidez feito pelo governo. Só agora o consumidor poderá usufruir das melhores condições para financiamento", afirmou Luiz Moan.

(Fonte: Folha de SP dia 05-09-2014).

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