tese mestrado paulo almeida

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Universidade de Aveiro Departamento de Economia Gesto e Engenharia Industrial 2003

Paulo Jorge Santos Almeida

A Contribuio da Animao Turstica para o Aumento das Taxas de Ocupao de Uma Regio

Universidade de Aveiro Departamento de Economia Gesto e Engenharia Industrial 2003

Paulo Jorge Santos Almeida

A Contribuio da Animao Turstica para o Aumento das Taxas de Ocupao de Uma Regio

Dissertao apresentada Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessrios obteno do grau de Mestre em Gesto e Desenvolvimento em Turismo, realizada sob a orientao cientfica do Prof. Doutor Joo Felix Martins, Professor Auxiliar da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve.

O jripresidenteprofessor associado do Dep. de Engenharia e Gesto Industrial da Universidade de Aveiro

Prof. Doutor Carlos Martins Costa

vogal

Prof. Doutor Jorge Umbelino

professor auxiliar da Faculdade de Cincias Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa

vogal

Prof. Doutor Joo Felix Martins

professor auxiliar da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve

Agradecimentos

Um trabalho quando concludo, o resultado de um trabalho de equipa, uns mais outros menos, mas todos pelo mesmo objectivo, chegar a bom porto. Por vezes no anonimato determinadas pessoas e instituies, so por demais importantes na sua construo, sendo por vezes factor determinante para o sucesso dos trabalhos. Assim, em primeiro lugar queria agradecer Universidade de Aveiro a possibilidade que me deu em poder concretizar este objectivo. Em particular ao Professor Doutor Carlos Costa, pela motivao incutida e pela segurana transmitida, despertando e acreditando sempre nas nossas capacidades. Em segundo lugar, agradecer especialmente ao Professor Doutor Joo Felix Martins, orientador e colaborador deste trabalho. Sem as suas preciosas coordenadas, seria impossvel termos concludo este projecto. Oriundo duma regio pela qual guardo saudades, conseguiu emergir o desejo de investigar e descobrir, procurando saber mais. Em terceiro lugar, agradecer Escola Superior de Tecnologia do Mar, meu cais de abrigo, acolheu-me e incentivou-me a seguir a vida acadmica. Pela aposta feita e pela colaborao dos vrios colegas, eu agradeo e espero vir a conseguir retribuir, de forma a afirmar a nossa escola como um epicentro de saber de eleio. Em quarto lugar, uma palavra amiga para os colegas de mestrado, foi muito importante toda a amizade e colaborao demonstrada. Sem aquela fora, sem aquela entreajuda, seriam muito difceis de superar os momentos menos bons pela qual todos passmos. Vocs foram os melhores colegas que podia ter encontrado, obrigado. Por ltimo, mas sempre os primeiros, a toda a minha famlia, Pais, Sogros e Irm, pela fora dada, que em determinados momentos foi determinante para seguir em frente. Em especial, dedico este trabalho minha mulher, pela forma compreensiva como sofreu o meu alheamento no tempo e no espao, pela coragem que sempre transmitiu, como acreditou e me apoiou. Sem ti Bela, seria impossvel chegar aqui, este trabalho tambm teu.

Resumo

O presente trabalho de investigao, prope-se a tratar de uma forma cientifica, a problemtica da Animao Turstica. Assim, partindo do principio que a animao turstica uma componente importante e fundamental para a vinda e fixao de turistas, num determinado destino turstico, tentamos demonstrar, atravs de um estudo de caso, a sua contribuio para o aumento da ocupao de alojamento numa determinada regio. A regio em causa a Regio Oeste, regio do litoral centro de Portugal, rica em patrimnio ambiental, histrico e cultural, possui um conjunto interessante de unidades de alojamento, dispostas a sustentabilizarem a sua actividade hoteleira com a componente Animao Turstica. Este trabalho de investigao, comea por teorizar, atravs de bibliografia especfica, toda a temtica envolvente animao, num fio condutor que nos leva ao Lazer e ao tempo de vida despendido para este, ao Recreio e ao desejo de recreao no mesmo, ao Turismo e ao usufruto dos espaos destinos, Animao Turstica e ocupao activa, Animao Turstica Desportiva e ao desejo de participar nas actividades desportivas prprogramadas. Assim, esta primeira metade do trabalho dedicada teorizao conceituada de toda a problemtica envolvente simbiose turismo/animao. Esta relao a base da segunda metade do nosso trabalho, determinar a influncia de um empreendimento turstico, que promove animao turstica desportiva, na ocupao das unidades hoteleiras circundantes. Pretendemos, no s determinar, se essa influncia positiva ou negativa, mas tentar chegar a um nmero mdio de quartos ocupados atravs do motivo golfe. Este trabalho pretende demonstrar que o turismo ganha, em ocupao, com a implementao de actividades de animao turstica e, como consequncia dessa ocupao, o respectivo aumento dos consumos e receitas dos turistas. Caso particular do golfe, como actividade de animao desportiva, apresentamos um conjunto de dados que nos permitem verificar, o quanto a Regio Oeste tem a ganhar com a implementao e promoo desta atraco turstica, complemento do turismo cultural j instalado e conceituado. Numa consciencializao pr-animao, sabemos que as constantes mudanas e evoluo das sociedades, obrigam a mudanas de mentalidades na gesto e planeamento do turismo e das actividades tursticas. Os turistas de hoje no so os turistas de ontem, o turismo de amanh no pode ser o turismo de hoje.

Abstract

This present research paper, proposes to treat in a scientific manner, the problematic of Leisure Tourism. Therefore, assuming that leisure tourism is an important and fundamental component to attract and fixate tourists, in a determined tourist destination, we will attempt to demonstrate, through a case study, its contribution to increase the rooms occupation in a determined region. The region referred to in this paper is the Western Region, central coastal region of Portugal, rich in environmental, historical and cultural patrimony. It possesses an interesting combination of lodging establishments inclined to sustain hotel activity with a leisure component. This research paper begins by theorizing, through specific literature, all of the thematic involvement of activities, leading as a guide, to leisure and recreational time spent with tourist sport activities, which are planned and organized to attract the participation of guests. Thus, this first part of the paper is dedicated to esteemed theories on the problematic symbiosis tourism/leisure. The second half of our paper is based on this association, which is to determine the influence of a tourist-lodging establishment, which promotes tourist sport activities, and its contribution to the surrounding hotels occupancy. We not only intend to determine if this influence is positive or negative, but also reach an average number of occupancy motivated by the game of golf. This paper intends to demonstrate that tourism gains, in occupation, with the implementation of leisure activities and, as a consequence of this occupation, the increase of tourist income. Particularly with golf, being a leisure sport activity, we introduce data that permits us to verify, just how much the Western Region has to gain with the implementation and promotion of this tourist attraction, complementing the cultural tourism already implanted. Believing that the future is pro-leisure, and acknowledging the evolutional changes of our society, we therefore have to plan and program leisure activities for the active tourists. It is important to note that todays tourists, are not yesterdays tourists thus tomorrows tourism cannot be todays tourism.

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A Contribuio da Animao Turstica

s vezes preciso parar de sonhar e de qualquer modo, partir Amyr Klink_______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 6

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NDICE Pgina INTRODUO I A METODOLOGIA E AS FONTES DE ESTUDO DA INVESTIGAO 1- A Metodologia de Investigao em Turismo 1.1- A Formulao da Pergunta de Partida 1.2- A Fase da Explorao 1.3- Teorizao da Problemtica 1.4- Formulao das Hipteses de Trabalho 1.5- Definio do Espao da Amostra 1.6- Anlise e Tratamento de Resultados 1.7- Concluses Finais II CONTEXTUALIZAO TERICA DA INVESTIGAO 2- Contextualizao Terica 2.1- Contexto Cultural do Lazer 2.2- Contexto Social do Recreio 2.3- O Turismo 2.3.1- O Turismo pela Oferta 2.3.2- O Turismo pela Procura 2.3.3- O Conceito de Turista 2.4- A Animao 2.4.1- Finalidades da Animao 2.4.2- Modalidades da Animao 2.4.2.1- Animao Turstica 2.4.2.2- Animao Hoteleira 2.4.2.3- Animao Turstica Desportiva 2.5- O Animador Turstico III CARACTERIZAO TERICA DA INVESTIGAO 3- Caracterizao Terica das Fontes de Investigao 3.1- Os Estabelecimentos Hoteleiros 14 20 21 22 24 25 27 30 31 32 34 35 36 42 45 51 56 58 62 64 65 66 70 74 79 88 89 90

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3.2- As Atraces 3.2.1- O Planeamento e os Espaos das Atraces 3.2.1.1- Os Eventos como Animao 3.2.1.1.1- Os Eventos Desportivos no Turismo 3.3- O Marketing na Animao IV CARACTERIZAO DAS VARIVEIS DA INVESTIGAO 4- Apresentao dos Concelhos e Oferta Turstica Estudada 4.1- Concelho de Caldas da Rainha 4.2- Concelho de bidos 4.3- Concelho de Peniche 4.4- Caracterizao das Unidades Hoteleiras Envolvidas 4.5- Caracterizao do Empreendimento Turstico Praia D`El Rey 4.5.1- O Alojamento no Empreendimento Turstico V ANLISE PRTICA DAS VARIVEIS EM ESTUDO 5- Contribuio do Empreendimento para o Alojamento das Unidades Locais 5.1- Capacidade de Alojamento 5.2- Preo Mdio de um Quarto 5.3- Servios Disponveis nas Unidades de Alojamento 5.4- A Importncia da Animao Turstica na Hotelaria da Regio 5.5- Caracterizao da Ocupao do Alojamento 5.6- Como Chegam os Turistas Regio 5.7- Real Conhecimento do Empreendimento Turstico pelas Unidades 5.8- Clientes Alojados pelo Empreendimento Turstico 5.9- Importncia do Empreendimento Turstico para a Regio 5.10- Identificao das Falhas Processuais no Sistema Turstico VI CONCLUSES 6- Concluses Finais / Recomendaes BIBLIOGRAFIA ANEXOS

96 102 108 111 115 124 125 126 129 132 135 139 143 146 147 148 149 151 152 157 160 161 163 166 170 178 179 186 196

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LISTA DE QUADROS

Quadro N 2.1 2.2 2.3 3.1 3.2 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 4.15 4.16 4.17 5.1 5.2 How Time is Spent in The Individuals Life O Turista, as Comunidades e Facilidades Polarizao de Intenes Competio / Recreao Ten Min Types of Managed Attractions for Visitors Crescimento dos Campos de Golfe e N de Jogadores em Portugal Capacidade de Alojamento do Concelho de Caldas da Rainha Capacidade de Alojamento do Concelho de bidos Capacidade de Alojamento do Concelho de Peniche Taxas de Ocupao / Pousada do Castelo Taxas de Ocupao / Hotel Atlntico Golfe Taxas de Ocupao / Hotel Internacional Taxas de Ocupao / Hotel Cristal Taxas de Ocupao / Hotel Manso da Torre Taxas de Ocupao / Hotel Praia Norte Taxas de Ocupao / Hotel Sol Inn Taxas de Ocupao / Albergaria Josefa D`bidos Taxas de Ocupao / Estalagem do Convento Taxas de Ocupao / Coutada Nmero de Dormidas na Regio Oeste Caractersticas do Campo Golfe Praia D`El Rey Nmero de Rounds Efectuados por Ano Ocupao de Moradias no Empreendimento Turstico PDR Nmero de Quartos Ocupados pelos Clientes do Empreendimento Nmero de Potenciais Clientes Golfe a Ficarem Alojados

Pgina 38 60 76 105 113 127 130 133 135 136 136 136 137 137 137 138 138 138 139 140 141 144 164 165

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LISTA DE FIGURAS

Figura N 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9 2.10 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 5.1 5.2 O Lazer e o Turismo Leisure, Recreation and Tourism Basic Approaches to the Study of Tourism O Sistema Funcional do Turismo O Sistema Comunicacional do Turismo Factores Externos aos Sistemas de Turismo The Tourism System an Environmental Perspective Classificao dos Viajantes Sistema de Inter-Relaes do Turismo The Relationship Between Time, Leisure, Tourism and Recreation Viso Geral das Atraces Spatial Model of Attraction Hierarquia das Dependncias do Desenvolvimento Turstico Processo de Organizao e Gesto de Actividades de Animao Perspectives on Festivals and Special Events Sistema de Planeamento e Comunicao do Turismo Marketing Information System

Pgina 41 43 46 49 50 50 57 59 61 74 98 100 104 107 110 172 174

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LISTA DE GRFICOS

Grfico N 3.1 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 5.7 5.8 5.9 5.10 5.11 5.12 5.13 5.14 5.15 5.16 5.17 Segmentao do Mercado Golfe Nacional em 1999 Capacidade Total de Alojamento dos Concelhos em Anlise Nmero de Quartos Correspondente s Unidades Analisadas Preo Mdio em Euros por Quarto Duplo Servios Disponveis nas Unidades Analisadas Importncia dada Animao Turstica Promoo de Actividades de Animao Investimentos em Animao Actividades de Animao Desejadas pelos Clientes Evoluo das Taxas de Ocupao nas Unidades Taxas de Ocupao Cama Nacional, Regio Oeste e Unidades Gasto Mdio Dirio dos Turistas Origem dos Hspedes / Estada Mdia Motivo da Deslocao Regio Identificao do Tipo de Actividades Proporcionadas pelo PDR Percentagem de Clientes Hospedados que Frequentam o PDR Como Classifica o Empreendimento Turstico PDR Como Classificam os Clientes a Regio

Pgina 114 148 149 150 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 162 164 166 168

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LISTA DE ABREVIATURAS

AV Agncia de Viagens CST Conta Satlite do Turismo DGT Direco Geral do Turismo ICEP ICEP Portugal (entidade encarregada da promoo de Portugal no estrangeiro) INE Instituto Nacional de Estatstica OMT Organizao Mundial do Turismo OT Operador Turstico PDR Praia D`El Rey PIB Produto Interno Bruto RTO Regio de Turismo do Oeste UNESCO Organizao das Naes Unidas para a Educao Cincia e Cultura WTO World Tourism Organisation

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INTRODUO O turismo um importante fenmeno a nvel mundial, as mltiplas viagens efectuadas promovem o desenvolvimento intelectual, ao nvel do conhecimento, capaz de projectar o saber para patamares inigualveis, para quem no faz da experimentao e do contacto com novas realidades o seu modo de vida. Hoje, conscientes desta realidade e do alcance mundial que o turismo implica, este fenmeno constitui um elemento importante para o desenvolvimento social, econmico e poltico de muitas localidades e regies, de muitos pases e continentes. De acordo com os especialistas em turismo, esta actividade ir quase triplicar nos prximos vinte anos, prevendo-se que seja a actividade econmica principal a nvel mundial. O aumento do turismo internacional expandiu enormemente o intercmbio de pessoas entre e nas regies. Para alm disso, o nmero de turistas de regies como a sia e a Europa de Leste cresceu dramaticamente no passado recente. Estes intercmbios internacionais oferecem melhores oportunidades para perceber os povos e a sua vida, em vez de os conhecer por retratos fragmentados das sociedades estrangeiras atravs dos media. Isto dever servir para dissipar preconceitos entre os povos. O crescimento do turismo internacional contribui para a formao do entendimento mtuo entre pases e povos.1. O tempo de lazer um elemento decisivo para a evoluo do tempo dedicado ao turismo, o aumento deste consequncia de uma melhoria da qualidade de vida. Tem-se verificado que o aumento dos rendimentos leva as pessoas a consumir mais bens e tambm mais turismo. A durao do tempo de trabalho uma determinante estrutural da procura turstica, no sentido que a sua diminuio garante a disponibilidade de tempo, indispensvel deslocao e ao turismo. O impacto que o turismo reflecte em algumas sociedades significativo, em Portugal o turismo contribui, em inicio de sculo, com cerca de 8% para o PIB, disponibiliza cerca de 300 mil postos de trabalho, d entrada a cerca de 12 milhes de turistas e, ocupamos o 16 lugar no ranking da OMT dos pases produtores de turismo. Assim, somos obrigados a ter de deixar de falar em fenmeno para passar a ter de falar em Sector Estratgico, para o desenvolvimento futuro do nosso pas.1

Publituris A Declarao de Turismo de Osaka 14 de Fevereiro de 1995.

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A Animao Turstica um outro fenmeno emergente no turismo, por imposio do novo turista, a prtica de actividades de animao dentro do espao de lazer imps-se, criando um novo conceito de turismo activo. Um tipo de turismo mais vocacionado para a participao, para a descoberta, para o voluntariado, deixando para trs as pachorrentas frias ao sol, em que imperava o descanso passivo e vazio. Hoje o novo turismo encarado como uma fonte de prazer, onde a sequncia de actividades deve emergir numa fluidez de excitao e motivao, capaz de motivar a participao dos mais variados segmentos nos mais variados programas de animao. Foi neste contexto que surgiu o nosso interesse e motivao para estudar as questes relacionadas com as actividades de animao turstica. Ao partirmos para a elaborao deste trabalho, projecto de Dissertao de Mestrado, na rea da Gesto da Animao, fazemo-lo por sabermos que esta no um problema mas sim uma potencial soluo. Uma soluo marginalizada por alguns, ignorada por outros e desconhecida para muitos. A faculdade de identificar e promover recursos, em forma de animao, ainda no est acessvel a todos. A capacidade de organizar e promover actividades de animao em torno destes recursos, no prioritria para muitos. O reconhecimento da capacidade de gerar receitas atravs da oferta de animao, para alguns ainda uma desconfiana. Assim, a temtica principal do nosso trabalho incide sobre o impacto que a animao turstica causa na afectao das taxas de ocupao, numa determinada regio. Impacto este, junto das unidades hoteleiras dessa regio, causa da existncia e funcionalidade de um espao de animao turstica, suportado por uma envolvente apostada no desenvolvimento da actividade e crescimento do sector. Neste contexto, escolhemos a Regio Oeste como espao envolvente, o Empreendimento Turstico Praia D`El Rey, como espao de animao turstica independente e, dez potenciais Unidades Hoteleiras, como variveis dependentes da ocupao dos clientes do Empreendimento Turstico. Dada a pertinncia do tema e a factualidade do mesmo, leva-nos este trabalho a tentar investigar a capacidade que os projectos de animao tem de atrair pessoas e, fazer com que essas pessoas contribuam para o aumento das receitas, no caso particular no consumo de alojamento, e especificamente numa dada regio. Quer de um ponto de vista_______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 15

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terico quer levando a cabo o estudo de casos prticos, perspectivmos um conjunto de reflexes sobre a temtica em causa. Assim, estabelecemos como principais objectivos deste trabalho: 1. Caracterizar a animao turstica, identificando as suas vertentes e tipologias. 2. Caracterizar a animao nas unidades hoteleiras. 3. Caracterizar a actividade do Animador Turstico, bem como o seu perfil e funes. 4. Caracterizar a elaborao e organizao dos projectos de animao na hotelaria. 5. Caracterizar a promoo da animao na hotelaria. 6. Caracterizar a gesto de animao turstica. 7. Demonstrar que a animao turstica influencia directamente o aumento das taxas de ocupao de uma regio. 8. Demonstrar que um projecto especifico de animao, implementado e organizado numa regio, influencia o aumento das taxas de ocupao dessa regio. 9. Demonstrar que as unidades ligadas ao projecto de animao, vem directamente beneficiadas as suas taxas de ocupao. 10. Demonstrar que as unidades hoteleiras, que no trabalham directamente com esse projecto de animao, tambm vem as suas taxas de ocupao afectadas.

A primeira parte do nosso trabalho vai incidir sobre a metodologia a aplicar na investigao. Vamos procurar nesta parte do trabalho, delinear o nosso programa de aco, identificando a nossa problemtica em forma de pergunta de partida, definindo os espaos a estudar, os instrumentos de pesquisa a utilizar e o tipo de anlise a efectuar. Ser o guio da nossa investigao, impondo intervalos e regras de aco. A importncia da estruturao da metodologia determinante para a execuo do trabalho final, neste sentido vamos procurar objectivar criteriosamente o caminho a seguir nos captulos seguintes._______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 16

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O enquadramento terico, da temtica em causa, apresentado nas II e III Partes do trabalho. Na II Parte comeamos por contextualizar teoricamente o Lazer, na sua componente geral, como pressuposto de um tempo de trabalho, configurando-lhe um espao de tempo utilizado e dedicado ao turismo. De uma forma geral, o turismo a grande envolvente temtica desta parte do trabalho, vamos procurar conceitualizar a actividade em si, os vrios agentes envolvidos no processo e a sua funcionalidade como sistema. Por fim, iremos abordar a animao turstica, as suas principais caractersticas, potencialidade e diversidade funcional, chegando particularmente animao dentro das unidades hoteleiras, tendo a animao desportiva um papel fundamental na motivao e participao dos turistas nas actividades programadas. Elemento essencial na organizao e acompanhamento dessas actividades o animador turstico, por ns aqui teoricamente conceituado e apresentadas as suas valncias profissionais. Na III Parte do trabalho, procuramos caracterizar alguns elementos chave do processo Turismo/Animao Turstica. Comeamos por apresentar os estabelecimentos hoteleiros, as suas caractersticas, mais valias e importncia para o turismo e para o futuro de um destino turstico. Caso particular dos Hotis, procuramos caracterizar o seu todo como oferta, as suas facilidades e interaco com o meio onde est inserido. Estes, podem ser chamados de complementos de uma motivao especial, centrada normalmente no poder de atraco de uma regio, caracterizada pelo conjunto de atraces oferecidas capazes de motivar a deslocao. com base nesta abordagem que nos iremos debruar, na caracterizao das atraces, dos eventos culturais e desportivos em forma de atraco, no planeamento desses eventos e das actividades de animao, destacando particularmente a animao desportiva e o golfe, como atraco principal capaz de identificar um destino. nesta parte do trabalho, que apontamos o marketing como determinante importante na promoo de uma atraco, de uma actividade de animao desportiva, de uma regio apostada na diferenciao. O caso prtico do nosso trabalho, apresentado em duas partes distintas, na primeira, IV Parte, identificamos as vrias fontes envolvidas, caracterizando a sua capacidade de oferta e as suas potencialidades. No caso dos Concelhos em anlise, vamos procurar expor a capacidade de oferta em unidades e em camas nos ltimos 5 anos, analisando a evoluo destas e oferta hoje disponibilizada. Quanto s unidades hoteleiras,_______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 17

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vamos identificar as facilidades oferecidas e tambm, analisar a evoluo das suas taxas de ocupao nos ltimos 5 anos. Procuramos assim, determinar a capacidade disponvel para ocupao e a respectiva taxa efectiva. Por ltimo, ser apresentado o empreendimento turstico em estudo, determinar a sua origem, potencialidades, ocupao e a forma como paralelamente hoje intervm no processo alojamento, quer como promotor quer como concorrente. A V Parte do nosso trabalho, vai incidir no tratamento da informao disponibilizada e recolhida junto das fontes investigadas. Vamos analisar os inquritos efectuados s unidades hoteleiras e aos clientes golfe, por forma a determinar a real ocupao efectuada por estes. Expostos estes resultados, vamos procurar cruz-los com a informao recolhida, e apresentada em anexos, junto da direco do empreendimento turstico Praia D`El Rey, junto da RTO, DGT e INE, por forma a determinar, num intervalo satisfatrio, a real ocupao efectuada pelos clientes do empreendimento turstico, junto das unidades hoteleiras da regio. Vamos, no s, procurar chegar a um nmero mdio de quartos ano ocupados, mas tambm, determinar como funciona o processo comunicacional, ao nvel comercial, entre estes agentes, no processo de promoo turstica da regio, identificando possveis falhas a corrigir no futuro. Por ltimo aparece-nos a concluso, apresentaremos algumas reflexes gerais suscitadas pelo desenvolvimento da temtica em causa, procurando construir um enquadramento geral em jeito de ponto de chegada. Vamos procurar dar resposta s questes objectivadas, procurando no encerrar a sua objectividade, mas sim deixar em aberto a hiptese de continuar o estudo e a investigao em redor da sua problemtica. Como tal, iremos deixar no ar algumas recomendaes que achamos pertinentes, tentando demonstrar que este um trabalho de investigao, passvel de aperfeioamento e ajustamento s novas realidades, s novas polticas e s novas transformaes sociais, adjudicadas pelo mundo no seu dia a dia.

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I PARTE

A METODOLOGIA E AS FONTES DE ESTUDO DA INVESTIGAORECOLHA DE DADOS, FONTES, ENTREVISTAS, INQURITOS, ANLISE

A falta de pesquisa e de investigao cientifica num sector, aliados falta de estmulos, leva a uma improvisao nesse sector, com evidentes reflexos e consequncias concretas. Mirian Rejowski

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1- A METODOLOGIA DE INVESTIGAO EM TURISMO

As questes metodolgicas so de primordial importncia num trabalho que se quer de ndole cientifica, estas so o modus faciendi da dissertao que iremos desenvolver, so a nossa bssola num mapa cheio de caminhos por descobrir. O processo de investigao assenta basicamente, segundo o dicionrio, na busca e na pesquisa. Na pesquisa do saber, na pesquisa do conhecimento, na busca de uma verdade oculta ou, at ai, no desbravada. Segundo Rejowski (1996, p13) As pesquisas concludas geram informaes que, veiculadas atravs dos meios de comunicao, geram novas pesquisas. Estas, uma vez concludas, iniciam novamente o ciclo, tornando-o continuo.. Constitui assim a metodologia, uma importante componente das nossas reflexes, pelo valor intrnseco que assume na investigao, pela linha orientadora e de equilbrio que nos obriga a seguir, pela organizao que incute e promove no tratamento e anlise de fontes e dados disponibilizados. Neste mbito, colocou-se-nos o dilema de: dispersar a exposio metodolgica pela desenrolar capitulao da dissertao ou agrupar num nico ponto estas importantes reflexes, por forma a constituir um capitulo. Optmos por esta ltima, a que chamamos de guia de orientao. Para que o potencial leitor se possa aperceber da conduo do trabalho, em termos de trabalho cientifico, no entanto, discutvel como qualquer outra opo metodolgica. No inicio de uma investigao ou de um trabalho, o cenrio quase sempre o mesmo, sabemos vagamente o que queremos, mas no sabemos muito bem como abordar a questo. Tambm por vezes ficamos surpreendidos com a informao recolhida, com os contornos que os dados nos obrigam a seguir e com os resultados atingidos. El mundo es muy complejo y el hombre ha intentado, desde pocas muy remotas, comprenderlo. Tanto el mundo fsico como el comportamiento de las sociedades constituyan el objeto del estudio y reflexin cientfica. Este deseo de comprensin se lleva a cabo mediante el conocimiento, constituyendo una caracterstica distintiva del ser humano.. (OMT, 1995).

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Hoje no turismo, como em qualquer outra rea, essencial o estudo e a investigao, por forma a ajudar no processo de desenvolvimento, da actividade e dos meios que a assessoriam. A pesquisa funciona como mola impulsionadora do sistema tcnico-cientifico, estabelecendo um fluxo continuo de conhecimento traduzido em saber: em saber fazer e em fazer saber. A evoluo do estudo do turismo, compreensivelmente, estimula esforos em pesquisa e ensino, de forma anloga ao processo de cientificidade, j ocorrido em outras disciplinas mais antigas das cincias humanas e sociais, ...... (Rejowski, 1996, p17). O comportamento das sociedades, em relao a este fenmeno, tem ajudado ao seu desenvolvimento e pesquisa. O aumento do nmero de turistas e o reconhecimento do turismo como forma de desenvolvimento das regies mais desfavorecidas, provocaram, como normal, uma necessidade geral de estudar este fenmeno e, em particular, um desejo de incutir novo conhecimento. Achamos ser muito importante o estudo do turismo, para proporcionar informao, para ajudar a tomar decises, para planificar, para definir polticas, para aprender a interpretar a evoluo, para atender s necessidades e estar frente dos desejos, para explicar inter-relaes e comportamentos, para planear e racionalizar o sistema e os recursos, para proteger e educar. Sem uma poltica de investigao direccionada e educada para o campo turstico, no se consegue assegurar o futuro e o progresso da actividade turstica.

1.1- A FORMULAO DA PERGUNTA DE PARTIDA A investigao em turismo, tal como em qualquer outra actividade, obriga formulao de perguntas, como ponto e base de partida, orientando uma busca e recolha de informao capaz de responder a todas as questes levantadas. A pergunta de partida uma base essencial para o trabalho que nos propomos efectuar, ..... o investigador deve obrigar-se a escolher rapidamente um primeiro fio condutor to claro quanto possvel, de forma que o seu trabalho possa iniciar-se sem demora e estruturar-se com coerncia. Pouco importa que este ponto de partida aparente ser banal e que a reflexo do investigador no lhe parea ainda totalmente madura, pouco importa que, como provvel, ele mude de perspectiva ao longo do caminho. Este ponto de partida apenas_______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 22

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provisrio, como um acampamento base, na escalada at ao cume.. (Quivy, 1988, p30). Podemos dizer que esta uma forma de actuar, que pode ou no resultar, sempre dependendo da investigao e do investigador, mas a nossa opo, ns acreditamos nela e tudo faremos para poder provar a sua coerncia.

Contribui a Animao Turstica para o Aumento das Taxas de Ocupao de uma Regio? Esta a nossa pergunta de partida, a partir desta temtica que iremos desenvolver toda a nossa pesquisa, delimitando espaos, fontes, recursos e dados. Ao pretendermos analisar A Contribuio da Animao Turstica, fazemo-lo com o intuito de quantificar, num intervalo aceitvel, a real contribuio de um espao de animao turstica uma Regio delimitada. Esta pergunta de partida, supe a existncia de uma varivel independente, a Animao Turstica, que pode influenciar ou no as Taxas de Ocupao, varivel dependente, numa determinada regio. Lgico que as taxas de ocupao, no esto s dependentes da animao, mas pode esta dar um contributo importante para o seu aumento, ou at manuteno, numa altura em que parece haver um decrscimo de reservas e viagens tursticas. A pergunta de partida, levou-nos a necessitar de recursos prticos que comportassem a teoria em causa. Assim, necessitvamos de ter como objecto de estudo, no caso da animao turstica, um espao que promovesse animao e, no caso das taxas de ocupao, um espao que detive-se unidades de alojamento. No primeiro, e aps sondagem e alguma clivagem, escolhemos o Empreendimento Turstico Praia D`El Rey, unidade de turismo desportivo golfe. Por imposio deste, o nosso espao de amostra, ficaria obrigatoriamente condicionado aos trs Concelhos circundantes, Caldas da Rainha, bidos e Peniche. Logo, escolhemos como sustentao das taxas de ocupao, as unidades de alojamento com contactos estabelecidos, ao nvel de reservas com o primeiro, 7 hotis, 1 Pousada, 1 Albergaria e 1 Estalagem, num total de 1230 camas._______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 23

na

ocupao de alojamento, verificando-se, ou no, O Aumento das Taxas de Ocupao de

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1.2- A FASE DA EXPLORAO A fase da explorao e recolha de informao, tem como objectivo a documentao por parte do investigador e, do material que suporta as teorias desenvolvidas. A explorao comporta as operaes de leitura, as entrevistas exploratrias, a recolha de informao nos sites da especialidade e outros de interesse para a investigao. Quando se inicia uma investigao, temos que ter o cuidado de verificar o que existe e foi tratado nesta rea, podendo at aproveitar os estudos j efectuados, para conseguir atingir novos conhecimentos e teorizar novos saberes. importante insistir desde o inicio na exigncia de situar claramente o trabalho em relao a quadros conceptuais reconhecidos. Esta exigncia tem um nome que exprime bem aquilo que deve exprimir, chama-se validade externa. (Quivy, 1988, p48). Todos os trabalhos de investigao, inserem-se num continuo situado dentro de, ou em relao a, correntes de pensamento que o precedem e o influenciam, sendo o processo de investigao um saber nunca acabado. Nesta fase inicimos os primeiros contactos exploratrios com os vrios elementos da nossa amostra, no sentido de ver as suas potencialidades, a sua disponibilidade para trabalhar e colaborar, tanto na recolha de informao como no tratamento dessa mesma informao. Efectivada a vontade e o desejo das unidades em causa para este desafio, comemos por determinar as relaes comerciais existentes entre estas e o empreendimento. Assim, falmos com os respectivos directores e, no caso do empreendimento turstico, com os vrios elementos da administrao. Atravs da observao, tommos conhecimento do seu modo de funcionar, vimos os meios que dispunham e as tcnicas que utilizavam, determinando o modus operandi de cada uma. Paralelamente fase anterior, catalogvamos as nossas leituras de acordo com a nossa pergunta de partida, muito importantes para a fase em causa, procurmos identificar os vrios autores que nos poderiam ajudar, com referncias na temtica em causa e reconhecidos pela sua experincia. Todas as leituras foram acompanhadas da elaborao de fichas, catalogadas e agrupadas pela pertinncia dos temas. Sabamos que tnhamos de partir do geral, Lazer, para o particular, Animao Desportiva. Passando pelos diversos contornos do sistema do turismo, livros, artigos, publicaes, entrevistas, opinies, Internet, exposies, tudo fontes a quem recorremos._______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 24

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Toda esta fase, foi acompanhada de diversas conversas com profissionais do sector: directores de hotis, profissionais de marketing, professores de turismo, Presidentes de Cmara, Presidente duma Regio de Turismo e Animadores Tursticos. Estas entrevistas foram determinantes, no s para perceber a regio envolvente, mas tambm para entender o processo turstico da regio, a sua estrutura e organizao, o seu planeamento e funcionamento e a sua promoo. Destas, saram questes pertinentes e fundamentais para a elaborao dos nossos instrumentos de anlise, no caso inquritos e guies de novas entrevistas. Foi nesta fase que ouvimos, vimos, constatmos, lemos, recolhemos, apreciamos e acima de tudo aprendemos.

1.3- TEORIZAO DA PROBLEMTICA Uma fase importante da investigao o da teorizao do problema, fase em que se tem que elaborar um quadro terico conceptual da problemtica em causa. muito frequente recorrer-se a autores mais conhecidos, mas cada vez mais devemos ter em conta a quantidade de informao disponvel na Internet e outras fontes, e as diferentes abordagens editadas por jovens investigadores. Explicitar a problemtica precisamente descrever o quadro terico em que se inscreve o percurso pessoal do investigador, precisar os conceitos fundamentais, as ligaes que existem entre eles e, assim, desenhar a estrutura conceptual em que se vo fundar as proposies que se elaboraro em resposta pergunta de partida. (Quivy, 1988, p103). A teorizao assim, o quadro terico pessoal no qual se precisa a pergunta de partida e em que se compe a sua resposta. Quanto mais bem construda for a teoria volta do problema, melhor ser a sua interpretao e melhor se conseguir definir os objectivos a que nos propomos, indo ao encontro dos resultados que pretendemos atingir, de facto a sustentabilizao do problema. aqui que comea verdadeiramente a nossa dissertao, os dois captulos seguintes, aps a metodologia, vo teorizar, toda a nossa problemtica e todo o nosso desejo de saber mais. No primeiro, vamos comear por conceitualizar o turismo num espao de lazer, determinar as sua variadssimas vertentes, encontrar um suporte terico para sustentar as_______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 25

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actividades de animao, vista como um complemento da vida social e nunca como um paralelismo infantil recreado em momentos festivos. Momentos estes, muitas vezes promovidos pelas unidades hoteleiras, assim, vamos procurar apresentar a gesto das actividades dentro de uma unidade, expondo as vantagens e os objectivos da sua implementao, enquadrado na arte de bem receber. Parte integrante desta vertente, o profissional de animao, vamos caracterizar as suas experincias, determinar as suas caracterstica, identificar as suas faculdades e promover a sua actividade. No capitulo seguinte, partimos para a caracterizao da problemtica, identificados os nossos campos de trabalho, vamos procurar teorizar as suas caractersticas, valorizando a sua existncia com teorias cientificas elaboradas em torno da sua afirmao. Neste caso, vamos abordar a complexidade dos estabelecimentos hoteleiros, determinar os focos de importncia na actividade e no desenvolvimento do sector, promovendo a sua existncia como elementos fundamentais, da e na, promoo de um servio, um destino e um pas. Como carto de visita, abordaremos teoricamente a questo das atraces, naturais ou construdas, sendo determinantes para cativar um turista a visitar um destino, necessitam de respirar planeamento e organizao, respeitando a sua existncia e a sua continuidade. Chegando aos espaos de animao desportiva, base do nosso trabalho, vamos caracterizar o golfe como atraco de uma regio, analisando a sua importncia e imposio nos mercados, apoiados por estratgias de marketing valorizadas pelos autores referidos.

1.4- FORMULAO DAS HIPTESES DE TRABALHO Aps a elaborao do modelo terico, temos que estabelecer as nossas hipteses de trabalho, ou seja, modelos de anlise que nos permitem concentrar os dados recolhidos em torno de um objectivo diferenciado. A organizao de uma investigao em torno de hipteses de trabalho constitui a melhor forma de a conduzir com ordem e rigor, sem por isso sacrificar o espirito de descoberta e de curiosidade que caracteriza qualquer esforo intelectual digno deste nome. (Quivy, 1988, p119). As hipteses, traduzem o espirito da descoberta e orientam-nos nesse sentido, caracterizando o trabalho como cientifico. So como um fio condutor, rgido e eficaz, que nos orientam no sentido de chegar pergunta de partida._______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 26

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Nesta parte da investigao, convm testar as hipteses elaboradas, confrontando a informao recolhida com os dados obtidos pela observao e pela experimentao, contribuindo desta forma para uma melhor compreenso das mesmas. O trabalho emprico no se limita, portanto, a constituir uma anlise do real a partir de um modelo de anlise, fornece ao mesmo tempo o meio de o corrigir, de o matizar e decidir, por fim, se convm aprofund-lo no futuro, ou se, pelo contrrio vale mais renunciar a ele. (Quivy, 1988, p120). Nesta parte do trabalho, sentimos a necessidade de utilizar alguns instrumentos de recolha de dados. Assim, decidimos recorrer aos inquritos como forma de recolha de dados junto das unidades hoteleiras e dos jogadores de golfe. Com base na observao directa e indirecta, construmos dois inquritos com perguntas abertas e perguntas fechadas, por forma a qualificar e quantificar a informao disponibilizada pelas fontes em questo. Estes inquritos inicialmente eram constitudos por vinte perguntas e, foram testados junto de uma comunidade de 5 professores de turismo, lnguas, contabilidade e sociologia e, 10 alunos de uma turma de Gesto Turstica e Hoteleira do 3 ano. Foram ouvidas as suas sugestes e comentrios, surgindo um inqurito final para as unidades com 24 perguntas e um inqurito final para os jogadores com 18 perguntas. Decidimos ento avanar com 1 inqurito por unidade hoteleira e 100 inquritos para os jogadores de golfe, conseguindo apenas no final 64, por limitao do tempo e do espao. Ambos os inquritos foram preenchidos por ns junto das fontes inquiridas. O inqurito efectuado s unidades hoteleiras, foi formulado em forma de guio de entrevista e efectuado por ns junto dos respectivos directores. Pretendendo ser um instrumento de recolha de dados passveis de tratamento, relacionados com a capacidade de oferta, as taxas e tipos de ocupao. Escolhemos a entrevista directa, pois pareceu-nos ser a forma mais correcta de recolhermos estas informaes, possibilitando o contacto directo com as unidades em causa e com os seus directores, facilitando a recolha de dados estatsticos e, transformando esta recolha numa conversa aberta e enriquecedora. Paralelamente, ao acto das entrevistas, procurmos atravs da observao, constatar a organizao e gesto de cada unidade.

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Procurmos atravs destas entrevistas, tentar perceber a oferta que dispunham as unidades em questo, focando especialmente a oferta relacionada com actividades de animao turstica. Tentando descobrir a sensibilidade em trabalhar e proporcionar actividades de animao turstica, identificando a potencialidade de cada unidade em relao temtica em causa. Assim, destacamos as perguntas 4 a 8 inclusive, do nosso inqurito guio, em que a resposta dada caracteriza, por si s, a disponibilidade e abertura para esta realidade, tentando at, quantificar o investimento efectuado por ano em animao por cada unidade, percebendo a aposta efectuada por estas. Numa abordagem quantitativa, procurmos obter informao relativa aos 5 anos em causa, identificando, de uma forma geral, as taxas de ocupao quarto de cada unidade, se a ocupao era efectuada por portugueses ou estrangeiros, estada mdia e forma de efectuarem a reserva. Estes dados so importantes para percebermos a forma como os turistas chegam regio e s unidades em questo. Assim, destacamos as perguntas 9 a 15, em que esta abordagem incisiva, procurando obter os dados necessrios para se perceber o tipo de cliente instalado nas unidades hoteleiras em causa. Na parte do nosso inqurito guio, encontra-se verdadeiramente a gnese do nosso trabalho, uma parte dedicada obteno de dados relativos s relaes comerciais entre as unidades e o Empreendimento Turstico Praia D`El Rey. Procuramos, atravs das perguntas 16 a 24, saber a imagem do empreendimento nas unidades, descobrindo se este encarado como parceiro ou como concorrente, quantificando o nmero de trocas comerciais efectuadas, ao nvel da ocupao diria de quartos. Quanto ao inqurito aos clientes, procurou servir de base confirmao dos dados obtidos e cruzados, junto das unidades hoteleiras e empreendimento turstico. Este foi efectuado, tambm por entrevista directa, junto dos jogadores de golfe, ao longo de uma semana e junto zona de recepo e loja do campo de golfe. Mais uma vez, escolhemos efectuar directamente os inquritos, por forma a tornar mais rpido o seu preenchimento, atendendo s diversas nacionalidades dos inquiridos e ao limite de tempo imposto pela direco do campo de golfe. Assim, procurmos atravs deste, determinar o tipo de cliente golfe: o sexo, a idade e nacionalidade, o nmero de dias despendido nesta regio bem como o local e tipo de_______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 28

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alojamento escolhido. Esta informao para ns importante, pois vai-nos permitir perceber, quantitativamente, o nmero de jogadores golfe hospedados na regio, destacando-se a pergunta 5, onde se identifica o local de hospedagem escolhido. Procurmos tambm, atravs deste inqurito, saber se j antes tinham visitado a regio, determinando as suas motivaes e descobrindo a forma como tiveram conhecimento do empreendimento em questo. Atravs deste inqurito, procurmos ainda, tentar obter uma anlise qualitativa da regio em causa, por parte dos jogadores inquiridos. Assim, estabelecemos um quadro de itens caracterizadores da regio, em que atravs de uma escala, que vai do Muito Bom a Muito Fraco, se procura quantificar qualitativamente a Regio Oeste, procurando obter um feed-back da passagem e utilizao do espao e das suas facilidades. Outros instrumentos de trabalho, foram as entrevistas organizadas em forma de questionrio, com questes que considervamos pertinentes para o trabalho, recolhendo informaes e dados estatsticos fundamentais para a anlise que pretendamos efectuar. Estas entrevistas foram conduzidas Administrao do empreendimento turstico, ao Director de Golfe, Directora Imobiliria, Directora do Servio Rentals, Regio de Turismo do Oeste e ao seu Presidente. Esta recolha de dados estatsticos foi suportada pela recolha de dados junto dos organismos oficiais, no caso junto do INE, DGT e Observatrio do Turismo. Atravs de todos estes instrumentos de pesquisa, procurmos quantificar a capacidade de alojamento e as taxas de ocupao das unidades de alojamento escolhidas, determinando a sua sensibilidade e disponibilidade para as actividades de animao turstica. No caso do empreendimento, procurmos saber o nmero de jogadores de golfe que j utilizaram o campo, a sua origem e origem da sua reserva, as facilidades disponveis para os clientes, sensibilidade para as questes da animao, parcerias com o trade local e, muito importante, os locais de alojamento dos seus clientes. Ser atravs de toda a informao recolhida e do cruzar da mesma, que procuraremos identificar o processo interrelacional entre variveis, determinando as suas falhas organizacionais e comunicacionais.

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1.5- DEFINIO DO ESPAO DA AMOSTRA Esta uma fase importante, pois necessrio estabelecer o nosso campo de anlise, o espao geogrfico, social ou temporal, evitando assim os mal entendidos ou a disperso do fio condutor do trabalho. O campo de anlise deve ser claramente circunscrito, por forma a no cometer erros e no trabalhar em campos demasiadamente amplos e difceis de contextualizar. Um estudante realizar de boa vontade um trabalho sobre o subdesenvolvimento a partir de um exame sumrio de vrios dados relativos a uma boa dezena de pases diferentes, enquanto, por seu turno, um investigador que prepara uma tese concentrar as suas anlises sobre uma comunidade de dimenso muito reduzida. (Quivy, 1988, p160). A observao pode ser directamente efectuada pelo investigador, apelando ao seu sentido de observao, incidindo sobre todos os indicadores pertinentes e previstos. No caso da investigao indirecta necessrio a participao de um sujeito, este que produz a informao, sob a forma de um questionrio, inqurito ou entrevista. O objectivo final o produzir informao capaz de confrontar as hipteses levantadas e tentar tornar mais preciso os objectivos gerais a que nos propusemos. O capitulo IV do nosso trabalho, incide precisamente nesta temtica, ou seja, a fase em que ns delimitamos o espao e caracterizamos a nossa amostra. Esta amostra foi escolhida de acordo com a proximidade e potencialidade de trabalho, pois se existisse a possibilidade de qualquer um dos elementos da amostra no ter relaes comerciais entre si, nunca faria parte dessa mesma amostra. Assim, comeamos por apresentar os Concelhos em estudo, algumas das suas mais valias tursticas e a evoluo da sua capacidade de alojamento nos ltimos cinco anos. Sendo importante esta caracterizao, permite o enquadrar dos outros objectos de estudo. Estes so expostos, no caso das unidades hoteleiras, de forma a percebermos a sua oferta e facilidades, apresentando a sua capacidade de alojamento e taxas de ocupao nos ltimos cinco anos. Seguindo esta metodologia, caracterizado o empreendimento turstico Praia D`El Rey e todas as suas potencialidades, dando especial ateno ao campo de golfe e s suas particulares caractersticas, apresentando a sua ocupao nos ltimos anos, em nmero de voltas jogadas. Este empreendimento, investiu no ltimo ano na rentabilizao de unidades de alojamento, moradias particulares, que so dadas a rentabilizar sob explorao e_______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 30

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administrao do empreendimento, sendo ocupadas por jogadores de golfe e veraneantes. A caracterizao deste tipo de alojamento vai ter alguma importncia para verificarmos, no capitulo seguinte, a evoluo das taxas de ocupao na regio. Sem a apresentao e anlise da amostra, seria impossvel compreender os objectivos do nosso trabalho, bem como toda a temtica envolvida, servindo de lanamento ao capitulo seguinte onde a informao recolhida ir estar em anlise.

1.6- ANLISE E TRATAMENTO DE DADOS De forma a conseguir atingir os objectivos a que nos propusemos, convm verificar se as informaes recolhidas vo de encontro s hipteses levantadas. Uma observao sria revela frequentemente outros factos para alm dos esperados e outras relaes que no devemos negligenciar, ..... interpretar estes factos inesperados e rever ou afinar as hipteses para que, nas concluses finais, o investigador esteja em condies de sugerir aperfeioamentos do seu modelo de anlise ou de propor pistas de reflexo e de investigao para o futuro. (Quivy, 1988, p221). Uma investigao fica sempre em aberto, deixa sempre espao para futuras investigaes, pois a realidade de hoje a histria do amanh. Proceder a um exame entre as vrias variveis em causa e a correlao que possa existir entre elas, determinante para a correspondncia com os termos das hipteses. Partimos com esse objectivo no capitulo V, determinar, atravs da informao recolhida, a correlao existente entre o empreendimento turstico, e as unidades hoteleiras em estudo. No s para chegar a um valor, mas tambm para identificar outros tipos de conexes existentes entre os diversos intervenientes. Assim, apresentamos os diversos dados recolhidos, sob a forma de grficos, complementando o comentrio efectuado com o cruzar de informao paralela, recolhida junto dos clientes, nas entrevistas e nos centros estatsticos. Partimos com o principio de determinar a influncia, ou no, de um espao de animao turstica no alojamento de uma regio. Com base nesse principio estabelecemos vrias hipteses na introduo, que pretendemos dar resposta neste capitulo. Vamos_______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 31

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demonstrar que essa relao existe, que essa influncia positiva, que a contribuio do empreendimento significativa, chegando a um valor nas taxas de ocupao, que achamos poder ter alguma credibilidade. Num intervalo estabelecido, com uma margem de erro de 1 quarto de hotel, vamos apresentar um valor, suportado pelos vrios intervenientes no processo, supostamente credibilizando esse mesmo intervalo.

1.7- AS CONCLUSES FINAIS A concluso da investigao, a parte que o investigador procura, nela que ele vai debruar todo o seu sentido de exposio, transpondo a sua matria prima em produto acabado. Nesta fase, normalmente, a pergunta de partida pode sofrer alteraes, indo de encontro com os dados recolhidos e as concluses observadas. ..... um trabalho de investigao deve, normalmente, permitir tambm avaliar a problemtica e o modelo de anlise que o fundamentaram e, se for caso disso, melhor-los para trabalhos posteriores. Os novos conhecimentos tericos so precisamente os que dizem respeito problemtica e ao modelo em anlise. No incidem, portanto, directamente sobre o objecto de investigao, mas sim sobre a forma de o estudar. (Quivy, 1988, p239). A nossa concluso vai procurar ter em conta todos os pontos referenciados ao longo do trabalho, vamos tentar responder nossa pergunta de partida, indo de encontro aos objectivos propostos e indicando algumas sugestes de trabalho, deixando em aberto o caminho para investigaes futuras. En general la elaboracin de conclusiones debe estar siempre bien estructurada y acorde con los resultados obtenidos; Debe dar respuesta al objetivo planteado; Debe proponer soluciones a corto y a largo plazo; Debe dejar caminos abiertos a futuras investigaciones; Debe encontrar los vnculos de unin entre la investigacin realizada y el entorno del sistema; Debe comentar sus alcances y limitaciones. (OMT, 1995, p270).

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II PARTE

CONTEXTUALIZAO TERICA DA INVESTIGAOO LAZER, O RECREIO, O TURISMO, A ANIMAO, O ANIMADOR

O cluster Turismo/Lazer, evidencia grandes margens de progresso, assumindo um carcter estratgico em termos de impulso que pode vir a conferir ao desenvolvimento econmico nacional. Jos Sancho Silva

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2- CONTEXTUALIZAO TERICA

Aps termos delineado o mapa do nosso trabalho, atravs da metodologia a aplicar, vamos comear por apresentar alguns conceitos tericos da temtica envolvente. O lazer, como actividade per se, conduz ao desenvolvimento de uma orientao cognitiva, onde a motivao intrnseca o elemento fundamental, que tem como consequncia uma maior consciencializao das necessidades sociais. O que aprendido atravs do envolvimento das actividades de recreao, traduz-se numa transferncia de saberes e atitudes que se fazem sentir ao nvel das melhorias qualitativas e quantitativas da produtividade, consequncia da oferta diversificada das actividades de animao. O turista fundamental e determinante para o desenvolvimento das actividades de recreao, traduzidas no turismo pela animao. The traveller, then, was working at something; the tourist was a pleasure-seeker. The traveller was active; he went strenuously in search of people. Of adventure, of experience. The tourist is passive; he expects interesting things to happen to him. He goes sight-seeing. .. He expects everything to be done to him and for him. (MacCannell, 1989, p104). A mudana de atitude do turista, fez com que o novo turismo alterasse a sua oferta, dando mais valor s actividades de animao e inclusive ao papel do animador. A importncia das actividades fsicas, para o bem estar das pessoas, so fundamentais nesta sociedade industrializada. As actividades de lazer e recreao, podem servir como forma de preveno para muitas doenas profissionais. Animation is that stimulus to the mental, physical, and emotional life of people in a given area which moves them to undertake a wider range of experiences through which they a higher degree of self-realization, self-expression, and awareness of belonging to a community which they can influence. (Simpson, 1989)2. No se pode trazer um turista de um meio urbano e enfadonho, para o encafuar noutro de caractersticas idnticas, ento que programar todos os espaos e destinos, de forma a contemplarem o recreio como uma mais valia saudvel e determinante.

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Retirado de textos de apoio Cadeira de Animao Turstica, ESHT Estoril.

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2.1 - CONTEXTO CULTURAL DO LAZER Existem muitas formas de definir o Lazer, sendo um conceito muito ambguo, no se pode de todo deixar de incluir no quadro dos seus conceitos, quer de uma forma separada quer na integralidade do seu contedo, as dimenses do tempo e da actividade. Muitos definem o lazer atendendo ao seu carcter temporal, considerando as vinte e quatro horas do dia e subtraindo delas os perodos que no so de lazer: trabalho, sono, alimentao e as necessidades fisiolgicas. Segundo o dicionrio de sociologia, lazer ..... todo o tempo excedente ao tempo devotado ao trabalho, sono, alimentao, atendimento e outras necessidades fisiolgicas. (Fairchild, 1944). Assim, o que deveria ser eliminado das vinte e quatro horas de forma a deixar nelas apenas o tempo de lazer? Mas existem definies de lazer, que no insistem essencialmente em perodos de tempo mas na qualidade das actividades realizadas. O lazer uma atitude mental e espiritual, no simplesmente o resultado de factores externos, no o resultado inevitvel do tempo de folga, um feriado, um fim de semana ou um perodo de frias. uma atitude de espirito, uma condio da alma ..... (Pieper, 1952). Para este catlico, o lazer uma atitude de espirito, ligado ao prazer de fazer e aos valores e refinamentos artsticos. Da mesma forma, Touraine (1974), concebe o lazer, como liberdade de regras e de modelos de comportamento, aceitos ou socialmente impostos. Do ponto de vista sociolgico, lazer o tempo livre de trabalho e outro tipo de obrigaes, englobando actividades caracterizadas por um volume considervel do factor liberdade, mas liberdade do poder fazer, sem ter que obedecer ou responder. Lazer uma srie de ocupaes com as quais o indivduo pode comprazer-se de livre e expontnea vontade, quer para descansar, divertir-se, enriquecer os seus conhecimentos ou aprimorar as suas habilidades, quer para aumentar a sua participao na vida comunitria ...... (Dumazedier, 1960). Para este socilogo francs, Joffre Dumazedier, o lazer atende a trs funes principais para o indivduo: repouso, diverso e enriquecimento dos seus conhecimentos e da sua participao social. O repouso, pode ser visto como a recuperao das presses quotidianas, o passatempo um antdoto contra o tdio e o enriquecimento dos_______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 36

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conhecimentos, estimulando o desenvolvimento da personalidade. O lazer no uma categoria, porm um estilo de comportamento, podendo ser encontrado em no importa qual actividade: pode-se trabalhar com musica, estudar brincando, lavar loua ouvindo rdio, promover um comcio poltico com desfiles de balizas, misturar o erotismo ao sagrado, etc. Toda a actividade pode pois vir a ser um lazer. (Dumazedier, 1979, p88). Assim, de acordo com Dumazedier (1979), o lazer no se resume s ao tempo extra-profissional, sendo apenas uma parte deste, uma vez que integra igualmente o tempo de trabalho domstico e familiar. O lazer no se reduz apenas ao tempo libertado pelo progresso econmico e pela reivindicao social. Ele tambm uma criao histrica, nascida da mudana dos controles institucionais e das exigncias individuais. (Dumazedier, 1967)3. A sociologia do lazer recusa a confuso entre lazer e tempo livre. O tempo livre o tempo orientado prioritariamente para a satisfao pessoal, e apenas as actividades orientadas para a expresso pessoal, quaisquer que sejam as suas condicionantes sociais, dizem respeito ao lazer. Por outro lado um outro autor refere que ..... tempos livres so, numa sociedade extremamente racionalizada como a nossa, aqueles tempos de que podemos dispor como queremos, legitimamente, legalmente e livremente. (G. Hourdin, 1970)4. Outro autor refere que, Obtemos o tempo livre no sentido concreto do termo, se ao tempo livre de actividade profissional subtrairmos o tempo gasto em actividades domsticas e com a famlia, ou seja, o tempo livre distingue-se de outras componentes do tempo livre de actividades profissionais, pelo motivo de que o indivduo seu detentor e pode organizlo e dispend-lo da forma que bem entender. (Jelev, 1978)5. Surge assim, de uma forma inequvoca, uma tentativa de identificar Tempos Livres a Lazer, O significado de tempo livre, parece de facto traduzir o espao desimpedido do dia, que pode ser utilizado subjectivamente. At que ponto ele lazer, prazer por si mesmo. S cada indivduo o poder afirmar. (J. Kelly, 1985)6. Parece-nos ressaltar o facto de existir uma tentativa de definir um certo tempo, fora das ocupaes dirias e3 4 5 6

Retirado de textos de apoio cadeira de Sociologia do Turismo, ESGHT Algarve. Retirado de textos de apoio Cadeira de Animao Turstica, ESHT Estoril. Ibidem. Retirado de textos de apoio Cadeira de Animao Turstica, ESHT Estoril.

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obrigatrias, contrapondo com um outro tempo, o das ocupaes dirias e obrigatrias, muitas vezes necessidades bsicas. Outro grande estudioso do lazer sugere que, Qualquer coisa ou qualquer actividade especifica pode ser uma base para o lazer, do qual alguns elementos bsicos so uma anttese a Trabalho, enquanto funo econmica, um mnimo de compromissos sociais impostos, uma percepo psicolgica de liberdade, um mbito que vai da inconsequncia e do descaso seriedade e importncia, frequentemente caracterizada por um aspecto ldico. (Kaplan, 1960). Quadro 2.1- How Time is Spent in the Individuals LifeTYPE OF TIME EXISTENCE 43% HOW TIME IS SPENT

Time devoted to satisfy physiological needsSUBSISTENCE 34%

Eat Sleep Bodily care Work Play-recreation Rest Family and social obligations (obligated time)

Time devoted to remunerated activitiesLEISURE 23%

Disposable time after existence and subsistence needs are fulfilled

Fonte: (Adaptado WTO 1983, citado em Costa, 1996, p4)

Segundo (Carlos Costa, 1996), o tempo de cada indivduo despendido de uma forma percentual, a que corresponde um bloco de tempo ocupado em actividades Existenciais (43%), actividades de Subsistncia (34%) e em actividades de Lazer (23%). ..... leisure may then be viewed as a block of no working time or free time used by individuals in both rest (idleness) or in play and recreational activities. (Costa, 1996, p4). O lazer, oferece a possibilidade das pessoas se libertarem das fadigas fsicas ou nervosas que contrariam os ritmos biolgicos. Ele o poder de recuperao, oferece a possibilidade da pessoa libertar-se do tdio quotidiano que nasce das tarefas parcelares_______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 38

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repetitivas. O lazer de que as pessoas precisam hoje no tempo livre, mas um espirito livre. Em lugar de hobbies ou de diverses, uma sensao de graa e de paz, capaz de nos erguer acima da nossa vida to ocupada. (Dahl, 1971). Tendo sido feitos estudos sobre os diferentes significados que o lazer pode ter para as pessoas, num deles conclui-se que ..... grupos de pessoas de idade, sexo e classe social diferentes podem extrair valores semelhantes do lazer, mesmo que o contedo deste seja distinto. (Havighurst, 1957). Tendo sido evidenciado neste estudo, que os valores mais solicitados eram: O mero prazer da actividade em si; Fazer algo que no o trabalho; Contactar com os amigos; Proporcionar novas experincias; Fazer passar o tempo e ter a sensao de criatividade. Afirma este autor, que ..... o lazer socialmente construdo, portanto ao contrrio do folguedo uma atitude somente humana.. Para Umbelino (1996), O Tempo de lazer, por sua vez, pode ser utilizado em actividades (fsicas ou intelectuais) de recreao ou enriquecimento da personalidade ou, ainda, em alternativa, gasto na ociosidade.. Para este investigador, o cio mau e criticvel, pois pressupe a inaco ou o lazer vazio sem recreao. O lazer surge, assim como uma ideia positiva, uma imagem desejvel, ao contrrio, o cio mau, criticvel, a recreao aparece como uma funo utilitria, uma actividade que se projecta na ocupao de um tempo previamente partilhado.. Assim, o lazer desejvel e de uma partilha utilitria. Em resumo podemos concluir que h um direito nobre de possuir e gerir o tempo para alm do trabalho, mas se esse tempo no for aproveitado em algo socialmente valorizado (ou seja, se se cair na ociosidade), passa a ser condenvel.. O lazer de hoje pode ser visto como, ...... the complex of self-fulfilling and selfenriching values achieved by the individual as he or she uses leisure time in self-chosen activities that recreate him (Jensen, 1977; p.5/6). That is, leisure activities are viewed as carried out according to a purpose or a goal (English, 1967; p.105-111). (Costa, 1996, p3). E pode ter trs caractersticas diferentes : uma caracterstica material Un temps disponible et homogne pour la pratique des loisirs; uma caracterstica social La gnralisation des loisirs l`ensemble de la population; e uma caracterstica institucional La prise en charge de certains loisirs par la collectivit publique. (Sue, 1980, p15)._______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 39

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Analisando o lazer, de uma forma mais material, verificamos que este se encontra cada vez mais direccionado, atravs de um planeamento estratgico, para a capacidade de influenciar potenciais consumidores a participar nas actividades de lazer previamente organizadas. Management of leisure and recreational is practical. It converts philosophies and principles into actions. It concerned with setting goals and meeting objectives and targets, achieving optimal use of resources, achieving financial objectives, meeting priority needs and offering the most attractive services to meet needs and demands of the market. (Torkildsen, 1994, p1.17). Assim, neste contexto de lazer, pressupe-se a realizao de actividades que preencham os espaos dedicados ao lazer. My perception of leisure is that it has to do with activities, of almost any kind, usually chosen for their own sake, in relative freedom, which bring intrinsic satisfactions. The personal orientations of the satisfactions they bring appear to make the activity leisure. (Torkildsen, 1997, citado em Collins and Cooper, p2). A necessidade de gerir, este tempo e estes espao de lazer, fez com que emergisse uma nova realidade profissional, capaz de rentabilizar economicamente, tempo e espao dedicados ao lazer. The emerging leisure profession should become the management leaders of tomorrow. Leisure has the products and flexibilities to change management thinking, rather than following in the wake of others. (Torkinldsen, 1994, p1.18). Neste novo sculo, o lazer visto como um bem de consumo, completamente institucionalizado e aceite, tanto por pblicos como por privados. As we approach the end of the century, leisure has became a global concept: sporting events are beamed into our homes by television, sport, recreation, art and entertainment attract tourists in their thousands to cities all over the world. .. Consequently, leisure is still largely a homebased activity, but, because of its diversity and popularity, has became one of the largest and most profitable industries in the world. (Colquhoun, 1993, p10). Hoje, o consumo do lazer est dividido por trs sectores: O Lazer Livre, voluntrio e espontneo, sem nenhum tipo de organizao e direco, apenas controlado pela vontade do fazer imediato. The groups that we join are either formal or informal. Every group_______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 40

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has some purpose or objective and a structure. Most have some degree of leadership and a system for making decisions. (Colquhoun, 1993, p12). Este tipo de lazer reflecte-se muitas vezes, de acordo com a vontade imediata e desejo oportuno de fazer algo, sem que para isso, tenha que existir uma organizao ou entidade por detrs que a promova e explore. O Lazer Pblico, controlado pelo Estado e outras instncias governamentais.

Local authorities have a legal duty to provide some leisure amenities, such as education and libraries, although generally leisure is discretionary provision. Local authorities have the power to provide for leisure, but they are not obliged to. (Colquhoun, 1993, p16). Este tipo de lazer proporciona espaos pblicos, geridos pelas autoridades pblicas, prontos a serem ocupados pelas pessoas no seus tempos de lazer. O Lazer Privado, controlado por particulares e empresas, rentabilizam todo o seu potencial por forma a gerar mais valias econmicas para proveito prprio. Private-sector leisure is provided by individuals or companies and paid for by the public out of their disposable income. Commercial organisations make a major contributions to leisure and recreation provision .. (Colquhoun, 1993, p20). Figura 2.1 O Lazer e o Turismo Leisure Work

Recreation

Home-Based Recreation

Recreation Away From Home Unlimited Wants Economic of Leisure and Tourism Scarce Resources

Travel and Tourism

Fonte: Tribe (1999, p1)_______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 41

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Apresentamos assim, na figura 2.1, a evoluo dos termos, tendo em conta o Lazer, ocupado em recreao por espaos de turismo. O turismo, muito impulsionado pelo sector privado, aparece como uma forma ocupacional do espao do lazer, As formas de lazer hoje mais praticadas continuam a relacionar-se muito com a mobilidade o turismo e com o convvio com a natureza, que possibilita prticas de baixo custo, muito adequadas crise..... O culto da imagem do corpo e a procura de emoes fortes em modalidades desportivas de aventura so outra das marcas dos lazeres destes anos mais recentes. (Umbelino, 1996, p67).

2.2 - CONTEXTO SOCIAL DO RECREIO No seu sentido literal, o Recreio, pode ser visto como uma das funes do lazer, a de renovar o ego ou de preparar para o trabalho. A palavra Recreio, deriva do Latim Recreare, que significa fazer brotar de novo. O dicionrio diz que recreio o Lugar onde as pessoas se recreiam, a recreao o Acto ou efeito de recrear ou recrear-se, e recrear Divertir-se, causar prazer, folgar, deleitar-se, ...... 7. Ou seja, rejuvenescer o corpo e alma, preparando-se para as tarefas de carcter obrigatrio que se avizinham. From an organic perspective recreation may be defined as free or discretionary time spent on a variety of activities undertaken during leisure time. (Costa, 1996, p5). Actividades estas, que podem servir como factor de renovao e motivao, capazes de preparar para uma nova etapa cheia de obrigaes. Pode ser recomendado queles que desaprovam o lazer intil ou dissipado, a recreao indica sempre algum tipo voluntrio de actividade. A recreao um sistema de controle social e, como todos os sistemas de controle social, at certo ponto manipulvel, coercivo e doutrinador. O lazer no nada disso. (McComarck, 1971). Todo o lazer ocupa um segmento de tempo, o lazer est intimamente ligado ao sentido da diverso e liberdade das pessoas, capacidade de escolha e auto-realizao, a um processo de renovao e recreao.

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Dicionrio de Lngua Portuguesa, porto Editora, 7 Edio, pgina 1528.

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Assim, o recreio pode ser considerado como uma extenso do lazer, a consequncia do tempo disponvel, aps satisfeitas as necessidades do trabalho, com um conjunto de oportunidades, naturais ou construdas, capazes de motivar a experimentao, obtendo o prazer como resultado. Recreation is an activity carried out by free choice. It implies the restoring of human physical and psychic well-being, the development of the individual and enrichment of ones spiritual capacity. Most recreation activities are known but they are often subject to fashion and their popularity changes accordingly. Many of them require physical space, as for example various sports, hiking, driving for pleasure, etc. (United Nations, 1988)8. De acordo com (Costa, 1996, p6), verificamos que o tempo de recreio ocupa um espao de tempo dedicado ao lazer e, nesse espao de tempo dedicado recreao pessoal, que os indivduos se ocupam muitas vezes a fazer turismo. Como indica a figura 2.2, o turismo como que o culminar de uma vida activa e dedicada a muitas tarefas, umas necessariamente impostas e outras adquiridas, para o desenvolvimento pessoal de cada um. Figura 2.2 Leisure, Recreation and Tourism Existence 43% Tourism

Leisure 23%

Recreation Fonte: (Costa, 1996, p6)

Subsistence 34%

Citado em, Economic Commission For Europe Spatial Planning for Recreation and Tourism in the countries of the ECE Region, United Nations, 1988, pgina 3. _______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 43

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Firstly, that concepts of leisure, recreation and tourism may be addressed from holistic perspective, by taking into account that leisure activities occurring during work time are residual (escapism). In second place, although considering that leisure, subsistence and existence times may be split different spheres, the chart does not deny that these three concepts are interrelated. That is, the chart attempts to show that leisure cannot occur before the fulfilment of the subsistence and existence needs. (Costa, 1996, p6). Hoje o tempo dedicado ao recreio, visto como um factor de desenvolvimento pessoal, desenvolvimento social e desenvolvimento econmico. O mero prazer da actividade em si, fazer algo que no o trabalho, o contacto com amigos, proporcionar alguma experincia nova, faz passar o tempo, e traz uma sensao de criatividade. (Havighurst, 1957). O espao de recreio, tem vindo a aumentar substancialmente ao longo dos tempos, este espao tem sido objecto de estudo por parte das empresas e, ocupado por um conjunto de actividades e atraces muito apelativas e marketinzadas, capazes de melhorar a qualidade de vida de todos os intervenientes. Free time is fundamental to the development of recreation activities, and a priori an essential factor in spatial planning for recreation in tourism. This concept embraces all development factors. Free time is considered to be measure of social wealth and social development. From an historical perspective, free time has only slowly been gained from working time. Increments have been gradual not only in the recent past but since the dawn of history. Total free time measured in terms of a lifetime has increased from 25 thousand hours in the year 1800 to 45 thousand hours in 1920, then rose to 135 thousand hours in 1975 with a tendency towards further increases. (United Nations, 1988)9. Reside neste facto um dos vrios factores de desenvolvimento do sector turstico mundial, pois, quanto maior o tempo disponvel, maior as hipteses de ser ocupado com actividades ligadas ao turismo. Pode dizer-se em consequncia que se o avano da

Citado em, Economic Commission For Europe Spatial Planning for Recreation and Tourism in the countries of the ECE Region, United Nations, 1988, pgina 10. _______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 44

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democracia consagra j como direitos do homem o po, a casa, a escola e a sade, outro direito est prestes a surgir, como promessa do futuro, o direito ao turismo. A industria do recreio, hoje uma realidade directamente cruzada a vrios sectores de actividade. O turismo, principal promotor do recreio, reflecte um sector de actividade organizado e, muito atento s mutaes constantes da sociedade. Explorando um tempo de lazer, utilizado por um carente potencial de recreao, consumidor diversificado de produtos tursticos organizados e direccionados s suas necessidades. O recreio foi, desde os tempos de escola, no dia a dia e ser sempre, aquele espao de tempo pelo qual diariamente todos ansiamos.

2.3 O TURISMO O Turismo hoje uma realidade, completamente enraizada na sociedade e no mundo. Como actividade humana, o turismo uma das reas que tem atrado mais atenes e diferentes perspectivas. Hoje um objecto de estudo interdisciplinar, motivando o interesse e desejo dos mais diversos sectores de actividade. De facto, o turismo to amplo, to complexo e to multifacetado, que so necessrias diferentes abordagens para o estudar, cada uma delas adaptadas a uma tarefa ou objectivo diferente. O turismo aborda uma multidisciplinariedade de cincias ligadas vida em sociedade. So diversos os ramos cientficos que se associam ao turismo, tentando cruzar informao, por forma a estabelecer conceitos minimamente explicativos deste fenmeno natural. The institutional approaches to the study of tourism considers the various intermediaries and institutions that perform tourism activities.. The product approach involves the study of various tourism products and how they are produced, marketed, and consumed.. The historical approach is not widely used. It involves an analysis of tourism activities and institutions from an evolutionary angle.. The managerial approach is firm oriented, focusing on the management activities necessary to operate a tourist enterprise, such as planning, research, pricing, advertising, control, and the like.. Tourism has been examined closely by economist, who focus on supply the_______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 45

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economic factors.. Tourism tends to be a social activity. Consequently, it has attracted the attention of sociologists.. Geography is a wide-ranging discipline, so it is natural that geographers should be interested in tourism and its spatial aspects.. Tourism embraces virtually all aspects of our society.. Tourism is a systems approach, is a set of interrelated groups coordinated to form a unified whole and organized to accomplish a set of goals. (MacIntosh et al, 1995, p17). Figura 2.3 Basic Approaches to the Study of Tourism

Fonte: (MacIntosh, Goeldner, Ritchie, 1995, p19)

O turismo uma actividade essencial vida das naes, a prpria existncia do homem est intimamente ligada ao acto de viajar. A cooperao entre os povos, atravs do turismo, tem-se vindo a afirmar como um factor decisivo para a pacificao e para a harmonia escala mundial. Este tem sido de facto o grande resultado do turismo e, a cincia que est por detrs deste fenmeno, a cincia da vida, que promove e procura a_______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 46

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Contribuio do turismo para a compreenso e respeito mtuo entre os homens e sociedades.(O.M.T., 1999)10. O turismo muito importante a nvel mundial, as mltiplas viagens efectuadas promovem um desenvolvimento intelectual, ao nvel do conhecimento, uma interaco multicultural, contactando com novas realidades e novos modos de vida. Por vezes este fenmeno, comea a emergir, nos futuros turistas, atravs da educao e formao, comea-se por dar os primeiros passos, viajando, naquilo que nos mais prximo e familiar, muito tambm, por culpa de uma questo de vivncia turstica dos familiares e amigos. Essas viagens so indispensveis, no meio da lamentvel desmoralizao em que nos dissolvemos, para nos ensinarem a conhecer e amar a ptria pelo que nela imoral, incorruptvel e sagrado: pelo doce aspecto dos seus montes, dos seus vales, dos seus rios; pelo seu sorriso, melanclico mas contente, dos vinhedos, dos olivais, dos soutos, das hortas e dos pomares; pela tradio vivida nos monumentos arquitectnicos, nas romarias, nos contos e nas cantigas populares, nas industrias caseiras, nas alfaias agrcolas, nas ferramentas dos ofcios rurais, na configurao dos lares; pela dico, enfim, e pelas formas da nossa prpria lngua..... (Ortigo, 1987, citado em Arroteia, 1994, p78). Hoje, conscientes desta realidade e do alcance mundial que o turismo implica, constitui um elemento importante para o desenvolvimento social, econmico e poltico de muitas localidades, muitas regies, muitos pases e muitos continentes. O turismo no um fenmeno ou um simples conjunto de industrias. Ele uma actividade humana que inclui comportamento humano, uso de recursos, e interaco com outras pessoas, economias e ambientes. (Bull, 1992)11. Se quisermos definir o turismo, podemos socorrer-nos da instituio que o representa a nvel mundial, a Organizao Mundial do Turismo. Esta, baseia a sua definio de turismo, essencialmente na definio do turista e na viagem executada, desde

10 11

OMT Cdigo Mundial de tica no Turismo, Santiago do Chile 1 de Outubro 1999. Retirado de textos de apoio cadeira de Sociologia do Turismo, ESGHT Algarve.

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a origem at ao destino. O turismo engloba todas as deslocaes temporrias de pessoas para fora do seu local habitual de residncia ou de trabalho, seja qual for o motivo concreto da deslocao, a durao da estadia e o lugar de destino. As duas manifestaes principais do turismo so as deslocaes realizadas durante o tempo livre motivadas pela necessidade humana de diversidade e as viagens por motivos profissionais ou de obrigao. ..... O conceito de turismo engloba tambm a oferta turstica, na qual se incluem todos os produtos e servios criados para satisfazer as necessidades nascidas com as deslocaes das pessoas. (O.M.T., 1985). Esta definio de turismo, assenta no facto de considerar, no turismo, todo o tipo de viagens, exceptuando as efectuadas entre os locais de residncia e os locais de trabalho. Do ponto de vista tcnico, a OMT (1985), tambm considera o turismo como ..... o conjunto das actividades desenvolvidas por pessoas durante as viagens e estadas em locais situados fora do seu ambiente habitual por um perodo consecutivo que no ultrapasse um ano, por motivos de lazer, de negcios e outros.. Nesta definio, apenas so consideradas as actividades realizadas pelos visitantes, esquecendo toda a comunidade acolhedora, os bens e servios criados para o efeito. No entanto, poder-se- afirmar que nesta definio de turismo, comportam-se trs elementos principais caracterizadores do turismo, (Midleton, 1996, citado em Cunha, 2001, p31): 1- A actividade dos visitantes respeita aos aspectos da vida fora do ambiente habitual, com excluso da rotina normal de trabalho e das prticas sociais; 2- Estas actividades implicam a viagem e, normalmente, algum meio de transporte para o destino; 3- O destino o espao de concentrao das facilidades que suportam aquelas actividades. O sistema funcional do turismo, descrito por Gunn (1988), pe em relevo as conexes que se estabelecem entre todos os elementos que formam o sistema. Por um lado, est a procura pelos potenciais visitantes com o desejo e possibilidades de viajar, condies essenciais para o crescimento da actividade turstica. Por outro lado, est a oferta, os centros receptores, os destinos, e as entidades que produzem bens e servios que satisfaam as necessidades dos turistas._______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 48

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Figura 2.4 O Sistema Funcional do Turismo PROCURATRANSPORTES

OFERTAEMPRESAS E SERVIOS DESTINO PROMOO E INFORMAO ORGANIZAES TURSTICAS

VISITANTES

Fonte: (Gunn, 1988, citado em Novais 1997, p7)

Segundo o mesmo autor, a oferta assenta em cinco elementos essenciais: Os Destinos, constitudos pelas localidades tursticas que dispem de atraces susceptveis de originarem a deslocao das pessoas; Os Transportes, componente que garante a ligao entre a residncia local e o local de destino; A Promoo e Informao, formada pelo conjunto de actividades, iniciativas e aces capazes de influenciar a tomada de deciso; As Empresas e Servios Tursticos, que inclui a produo de bens e prestao de servios; As Organizaes, entendidas como o conjunto de reas de responsabilidade que visam garantir a funcionalidade do sistema: Estado, autarquias, organismos pblicos e privados, etc..

O facto do turismo ser uma industria de bens e servios, de e com dimenso universal, permite considerar um outro modelo de sistema de turismo. Este mais virado para a promoo e comercializao dos produtos tursticos, reala o papel importantssimo que os intermedirios tm, no desenvolvimento e crescimento da procura no sector.

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Figura 2.5 O Sistema Comunicacional do Turismo Organizaes de Marketing de Destinos Oferta Hotelaria, Atraces e Entretenimento Intermedirios O.T. e A.V. Procura Mercados Tursticos

Transportes Areos, Terrestres, e Martimos Fonte: (Rita, Costa, guas, 2001, p109) ..... os distribuidores assumem um papel determinante dado que, muitas vezes a compra ocorre a centenas de quilmetros do local de consumo, sem que seja possvel a presena de estruturas prprias do produtor. ..... Caso se trate da primeira visita, o turista tem que confiar nas fontes de informao. (Rita et al, 2001, p8). Figura 2.6 Factores Externos aos Sistemas do Turismo Financiamento Organizao LideranaSISTEMA FUNCIONAL DE TURISMO

Concorrncia Atitude Empresarial

Recursos Culturais Recursos Naturais

Comunidades Locais

Recursos Humanos Polticas Governamentais

Fonte: (Gunn 1994, citado em Novais, 1997, p8)_______________________________________________________________________________________ Paulo Almeida Pgina 50

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No entanto, podemos considerar ainda a existncia de um sistema externo ao sistema funcional e comunicacional do turismo. Segundo Novais (1997), Corroborando a existncia de um ambiente externo ao sistema, Gunn (1994:43) salienta que o sistema bsico do turismo no funciona fechado sobre si mesmo. Em torno deste sistema, alimentando e influenciando o desenvolvimento