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TESE DA DIREÇÃO ESTADUAL DA APP-SINDICATO PARA O XII CONGRESSO ESTADUAL DA APP-SINDICATO EU TÔ NA LUTA! GESTÃO SOMOS MAIS APP 1 TESE DA DIREÇÃO ESTADUAL DA APP-SINDICATO PARA O XII CONGRESSO ESTADUAL DA APP-SINDICATO EU TÔ NA LUTA! GESTÃO SOMOS MAIS APP CONJUNTURA INTERNACIONAL 1. A crise do capitalismo de 2008, cuja extensão e duração ainda são percebidas em todos os países, é uma crise estrutural como as de 1929 e 1970, de realinhamento e autorregulação do capital. Os Estados Nacionais esvaziam-se das suas funções de controle das políticas econômicas e sociais e de indutores do desenvolvimento, deixando que o mercado se autorregule, de acordo com seus interesses, o que na prática reafirma os interesses do capital especulativo e das megacorporações. Aproximadamente 147 megacorporações controlam cerca de 60% das operações financeiras envolvendo a produção, a venda de mercadorias e os serviços em todo mundo 1 . A financeirização internacional movimenta, em termos especulativos, 3,5 trilhões de dólares por dia, montante 40 vezes superior ao valor monetário das transações de bens e serviços mundiais (capital produtivo) 2 . 2. Uma das faces mais cruéis pode ser percebida em países da Europa como Espanha, Grécia, Portugal, Itália e Irlanda. A política da “Troika” que é formada pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional somada à influência dos Estados Unidos no continente, tem gerado empobrecimento, altíssimas taxas de desemprego e acentuado corte nos programas sociais. A renda per capita da Grécia, Irlanda e Itália caiu 10% nos últimos 6 anos e com índices de desemprego acima de 20% 3 . Estimativas da OIT (Organização Internacional do Trabalho) demonstram a existência de mais de 200 milhões de desempregados(as) em todo mundo 4 , dos quais 23 milhões só na Europa 5 . 3. Outra face, ainda mais cruel, alimenta conflitos internos em diversos países. Guerras como a da Ucrânia, Líbia e Síria, em que a ação deliberada e imperialista dos Estados Unidos e da Europa pelo controle energético destes países, tem financiado grupos fascistas e fundamentalistas, desestabilizado e derrubado governos legitimamente eleitos. Na Ucrânia, os financiados foram os grupos ultranacionalistas e neonazistas. Na Líbia, no bojo da Primavera Árabe, o aguçamento das manifestações populares, que iniciou em 2011, pela deposição de Muammar al- Gaddafi – um antigo aliado dos Estados Unidos - deu origem a uma Guerra Civil que se estende até hoje. Na Síria a mesma receita, a mesma política intervencionista – das manifestações populares a uma violenta guerra, cujo protagonista é o Estado Islâmico – grupo fundamentalista inicialmente mantido pelos Estados Unidos e que se volta contra a própria nação estadunidense e Europa. Essas ações remetem-nos a uma lógica imperialista, intervencionista e colonialista dos países desenvolvidos sobre a Ásia, África e América e que age sobre estes continentes há séculos. É a mesma lógica que atuou no Iraque e Afeganistão e que, recentemente, tramou o golpe em Honduras e Paraguai. 4. As guerras no Oriente Médio têm gerado um contingente cada vez maior de imigrantes que se arriscam atravessando países e oceanos para chegarem ao continente europeu, criando um problema social e humanitário em grande escala e que bate às portas do velho continente, que até há pouco tempo fazia de conta não ter relação com tudo isso, onde inclusive muitos destes governos adotaram medidas xenófobas e fascistas, criando grandes muros e campos de refugiados. 5. Na América Latina e Caribe, sob o lema de promover a liberdade e a democracia, o governo estadunidense age desestabilizando governos legitimamente eleitos. Assim faz de forma mais contundente com a Venezuela, Bolívia e Equador. Inflam-se governos de direita como na Colômbia que se tornou base militar americana e ameaça a autonomia dos países fronteiriços. Quando não ameaça pelo poderio militar, os Estados Unidos promovem espionagem de governos e empresas. O escândalo wekeleaks mostrou ao mundo como funciona esta política de espionagem, não poupando nem aliados seus como a França e a Alemanha. No Brasil foram reveladas espionagens envolvendo a Presidenta Dilma, alguns ministros e empresas como a Petrobras. Outra ameaça está na forma como o pensamento conservador e pró-americano é aspergido sobre a America Latina, utilizando-se para isso dos grandes meios de comunicação, de ONGs e Fundações privadas, estrategicamente criadas com

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Desde o último Congresso da entidade, realizado em 2011, as conjunturas internacional, nacional e estadual passaram por mudanças profundas. Obtivemos avanços em muitas das pautas da classe trabalhadora, mas o capital também obteve os seus. Vivenciamos no Estado do Paraná dias sem antecedentes: o mundo acompanhou estarrecido o massacre covarde promovido pelo governo do Estado sobre trabalhadores(as) da educação e sobre os(as) servidores(as) estaduais no dia 29 de abril. No XII Congresso da APP-Sindicato nós, Trabalhadores(as) da Educação, temos o grande desafio de analisarmos a história vivida por nós e por outros(as) trabalhadores(as) e traçarmos os rumos de nossa luta.

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TESE DA DIREÇÃO ESTADUAL DA APP-SINDICATO PARA O XII CONGRESSO ESTADUAL DA APP-SINDICATO EU TÔ NA LUTA! GESTÃO SOMOS MAIS APP

1

TESE DA DIREÇÃO ESTADUAL DA APP-SINDICATO PARA O XII CONGRESSO ESTADUAL DA APP-SINDICATO

EU TÔ NA LUTA!GESTÃO SOMOS MAIS APP

CONJUNTURA INTERNACIONAL

1. A crise do capitalismo de 2008, cuja extensão e duração ainda são percebidas em todos os países, é uma crise estrutural como as de

1929 e 1970, de realinhamento e autorregulação do capital. Os Estados Nacionais esvaziam-se das suas funções de controle das políticas

econômicas e sociais e de indutores do desenvolvimento, deixando que o mercado se autorregule, de acordo com seus interesses,

o que na prática reafirma os interesses do capital especulativo e das megacorporações. Aproximadamente 147 megacorporações

controlam cerca de 60% das operações financeiras envolvendo a produção, a venda de mercadorias e os serviços em todo mundo1. A

financeirização internacional movimenta, em termos especulativos, 3,5 trilhões de dólares por dia, montante 40 vezes superior ao valor

monetário das transações de bens e serviços mundiais (capital produtivo)2.

2. Uma das faces mais cruéis pode ser percebida em países da Europa como Espanha, Grécia, Portugal, Itália e Irlanda. A política da

“Troika” que é formada pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional somada à influência dos

Estados Unidos no continente, tem gerado empobrecimento, altíssimas taxas de desemprego e acentuado corte nos programas sociais.

A renda per capita da Grécia, Irlanda e Itália caiu 10% nos últimos 6 anos e com índices de desemprego acima de 20%3. Estimativas da

OIT (Organização Internacional do Trabalho) demonstram a existência de mais de 200 milhões de desempregados(as) em todo mundo4,

dos quais 23 milhões só na Europa5.

3. Outra face, ainda mais cruel, alimenta conflitos internos em diversos países. Guerras como a da Ucrânia, Líbia e Síria, em que a ação deliberada

e imperialista dos Estados Unidos e da Europa pelo controle energético destes países, tem financiado grupos fascistas e fundamentalistas,

desestabilizado e derrubado governos legitimamente eleitos. Na Ucrânia, os financiados foram os grupos ultranacionalistas e neonazistas.

Na Líbia, no bojo da Primavera Árabe, o aguçamento das manifestações populares, que iniciou em 2011, pela deposição de Muammar al-

Gaddafi – um antigo aliado dos Estados Unidos - deu origem a uma Guerra Civil que se estende até hoje. Na Síria a mesma receita, a mesma

política intervencionista – das manifestações populares a uma violenta guerra, cujo protagonista é o Estado Islâmico – grupo fundamentalista

inicialmente mantido pelos Estados Unidos e que se volta contra a própria nação estadunidense e Europa. Essas ações remetem-nos a uma

lógica imperialista, intervencionista e colonialista dos países desenvolvidos sobre a Ásia, África e América e que age sobre estes continentes há

séculos. É a mesma lógica que atuou no Iraque e Afeganistão e que, recentemente, tramou o golpe em Honduras e Paraguai.

4. As guerras no Oriente Médio têm gerado um contingente cada vez maior de imigrantes que se arriscam atravessando países e

oceanos para chegarem ao continente europeu, criando um problema social e humanitário em grande escala e que bate às portas do

velho continente, que até há pouco tempo fazia de conta não ter relação com tudo isso, onde inclusive muitos destes governos adotaram

medidas xenófobas e fascistas, criando grandes muros e campos de refugiados.

5. Na América Latina e Caribe, sob o lema de promover a liberdade e a democracia, o governo estadunidense age desestabilizando governos

legitimamente eleitos. Assim faz de forma mais contundente com a Venezuela, Bolívia e Equador. Inflam-se governos de direita como na Colômbia

que se tornou base militar americana e ameaça a autonomia dos países fronteiriços. Quando não ameaça pelo poderio militar, os Estados Unidos

promovem espionagem de governos e empresas. O escândalo wekeleaks mostrou ao mundo como funciona esta política de espionagem, não

poupando nem aliados seus como a França e a Alemanha. No Brasil foram reveladas espionagens envolvendo a Presidenta Dilma, alguns

ministros e empresas como a Petrobras. Outra ameaça está na forma como o pensamento conservador e pró-americano é aspergido sobre

a America Latina, utilizando-se para isso dos grandes meios de comunicação, de ONGs e Fundações privadas, estrategicamente criadas com

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este fim. Na reprodução desse pensamento estão os “Neocon” e “Tea Party”. Os primeiros estão ligados a uma visão mais intervencionista

e militarista americana – para estes, os Estados Unidos teriam a missão de manter a paz no mundo. Já o segundo grupo - “Tea Party”, são

contrários ao que chamam de abuso do governo em regular a vida privada como a permissão de portar armas, sendo contrários também,

ao casamento civil homossexual, às discussões de gênero, ao controle da mídia, aos impostos em demasia, entre outros. Estes grupos, por

exemplo, estão à frente das manifestações contrárias ao governo Dilma, pedindo seu impeachment ou clamando a volta da ditadura militar;

recheiam as Igrejas neopentecostais e a parte conservadora de Igrejas tradicionais e ocupam espaços estratégicos na velha e nova mídia. São

responsáveis por fomentar o ódio e a criminalização dos movimentos sociais, sindicais e partidos de esquerda.

6. Apesar da ofensiva conservadora, na América do Sul, os governos progressistas resistem e mantém-se no poder. Nessa perspectiva estão

a Argentina, Chile, Uruguai, Bolívia, Equador, Venezuela e Brasil. De certa forma a escolha destes governos representa uma ruptura histórica:

antes conhecida pelos seus governos militares, conservadores e oligárquicos, agora a América do Sul é reconhecida pelos seus governantes do

campo progressista. São governos que possuem uma política menos recessiva e muito mais nacionalista, abrindo-se para um espectro maior

de alinhamentos políticos e econômicos, para além dos países do Norte. Este alinhamento favoreceu a criação da UNASUL, um importante

bloco econômico social regional, somado ao MERCOSUL e aos BRICs, que deram um passo importante com a constituição de um Banco

Comum. Esses instrumentos são importantes ferramentas comercias para o estabelecimento de novas relações econômicas e sociais que

produzirá uma maior estabilidade e diversificação, diminuindo consideravelmente a dependência econômica com o eixo dos países do norte.

7. A atual crise internacional do capitalismo afeta diretamente a classe trabalhadora do mundo, roubando empregos, em que os mais afetados

são os mais jovens, causando miséria, sem falar nas guerras em que são os pobres, os mais vitimados. A crise tem custado a vida dos(as)

trabalhadores(as) e retira-lhes a esperança de uma vida melhor. No entanto, o que vivenciamos é produto das políticas capitalistas. Daí a

importância da organização dos(as) trabalhadores(as) em centrais internacionais como a CSI (Confederação Sindical Internacional) e CSA

(Confederação Sindical das Américas), alinhadas na luta contra o imperialismo e que fazem a defesa da classe trabalhadora, contrapondo-

se à lógica do capital. Nesse sentido vale o texto de Gramsci: “Instrui-vos porque teremos necessidade de toda vossa inteligência. Agitai-

vos porque teremos necessidade de todo vosso entusiasmo. Organizai-vos porque teremos necessidade de toda vossa força”.

CONJUNTURA NACIONAL

8. O cenário atual nacional é desfavorável à classe trabalhadora. Os ataques sistemáticos dos liberais estejam eles nos executivos, legislativos

ou judiciários, ou até mesmo nos movimentos conservadores, travestidos de movimentos em defesa do Brasil, têm sido constantes. As últimas

eleições foram marcadas pelo aguçamento das forças conservadoras que se uniram em torno do projeto “aecista” e revelaram todo o seu ódio

de classe. Foi a organização das forças sociais que, se contrapondo ao discurso fascista, conseguiu eleger para mais um mandato a Presidenta

Dilma Rousseff. Na contramão de quem o elegeu, quando se esperava medidas sociais “mais à esquerda”, o governo tem tomado medidas de

ajustes que privilegiam o capital. Essas medidas afetam a remuneração dos servidores, os concursos públicos, o PAC, o Minha Casa Minha

Vida, o PRONATEC, as obras de infraestrutura, o orçamento da saúde, as garantias dos preços agrícolas, a Educação e a Previdência.

9. Somos contrários a esta política recessiva econômica que afeta diretamente aos(às) trabalhadores(as), desempregando, precarizando

e fragilizando ainda mais as relações trabalhistas, e favoráveis ao crescimento econômico com distribuição de renda e de riqueza. Isto

impõe ao governo uma pauta de redução de juros, alongamento do pagamento da dívida pública, controle do câmbio, tributação das

grandes fortunas e heranças, dividendos e remessas de lucros, de combate à sonegação, bem como o fim das medidas de desoneração

fiscal que privilegiam alguns setores e medidas contra a contínua destinação de elevados montantes para o pagamento de amortização

da dívida. Em 2014, o governo federal gastou R$ 978 bilhões com juros e amortizações da dívida pública, o que representou 45,11% de

todo o orçamento executado6. É necessária a realização de uma completa auditoria da dívida pública, tanto interna como externa, desde a

sua origem. Não é justo que se pague a dívida onerando ainda mais a classe trabalhadora e contrapondo-se às políticas públicas sociais.

10. Ressalta-se que a crise econômica mundial deteriorou-se muito desde meados de 2014, acentuada por mudanças econômicas na

China, por problemas internos vividos na zona do Euro e pela queda das commodities. Estima-se que em 2015 o Brasil deva perder

11 bilhões de dólares7 só com a desvalorização das commodities. Apesar deste cenário adverso, nesses últimos 13 anos garantiu-se

a valorização do Salário Mínimo, a regularização do trabalho doméstico, o Estatuto da Juventude, a PEC contra o trabalho escravo, o

marco civil da internet, a destinação dos recursos do petróleo para educação e saúde, o PNE com 10% do PIB, o maior programa de casa

própria, a continuidade do PAC entre outros programas e projetos nacionais. Vivenciou-se uma década de aumento nas políticas públicas

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sociais. No entanto, diante do agravamento da crise internacional econômica e da crise política interna, o Governo tem sido levado a

fazer diversas concessões ao capital e a submeter-se ao aprofundamento de medidas que causam recessão, desemprego e cortes em

setores importantes. Os atuais “ajustes econômicos” defendidos pelo Ministro Levy põem em risco os avanços sociais obtidos.

11. O Legislativo e o Judiciário demonstram suas faces reacionárias. A escolha de Eduardo Cunha à Presidência da Câmara Federal

representa o que há de mais atrasado na política brasileira. Representante da bancada fundamentalista, impõe uma pauta desfavorável ao

governo, aos movimentos sociais e aos(às) trabalhadores(as). A votação da redução da maioridade penal ou das sucessivas tentativas

de aprovação do projeto de terceirização – PL 4330, agora PLC 30/2015, a redução da idade de ingresso no mercado de trabalho aos 14

anos, entre outros, demonstra o projeto que defende. Juntam-se a ele os(as) ruralistas e “os(as)justiceiros(as)”, a chamada bancada BBB

(Bíblia, Boi e Bala). No âmbito do judiciário, a Ação Penal 470 e a operação Lava-Jato se utilizam de expedientes questionáveis e parciais –

como a teoria do “Domínio de Fato” e da “Delação Premiada”. A velha mídia golpista através de vazamentos seletivos escolhe seus alvos,

normalmente ligados ao partido do governo e desta forma desestabiliza o quadro político, o que repercute nos aspectos econômicos.

12. Há em curso uma clara intenção de privatização da Petrobras, com o falso discurso da ineficiência do serviço público, inviabilizando

a estatal para que, mais adiante, seja vendida a preço irrisório para multinacionais. A educação é afetada pela privatização do pré-sal,

uma vez que o aumento dos recursos para o ensino público está diretamente associado ao petróleo. Nesse sentido, é importante a

participação da APP junto a “Plataforma Operário-camponesa para a Energia” na luta pela não privatização do pré-sal e da Petrobras e

pelo avanço de um projeto popular e soberano de energia.

13. A dívida interna dos estados que incide diretamente na qualidade dos investimentos nos serviços públicos tem agravado a crise. A dívida

do Rio Grande do Sul corresponde a 258% das receitas correntes líquidas, São Paulo a 197%, Minas Gerais a 203% e Rio de Janeiro a 190%.

O endividamento do Paraná é de 129%8. Em relação à dívida líquida pública brasileira, ela caiu um pouco mais de 1/3 nestes últimos anos:

em 2002, durante o governo FHC chegou ao seu maior valor, superando os 60% do PIB e em 2014 o percentual da dívida foi de 36,7%9.

14. A grande mídia, em nome de uma falsa liberdade de expressão, somada a setores dos poderes legislativo e judiciário, tenta desestabilizar

o país com um discurso moralista, terrorista e apocalíptico. Dados como a corrupção, a volta da inflação, o aumento do desemprego e

a queda de investimentos são potencializados e geram um descontentamento na população e nos níveis de aceitação do governo. Isso

favorece as manifestações dos que defendem o impeachment. É a ação independente do Ministério Público e da Polícia Federal garantida

através de Leis e recursos durante os governos Lula e Dilma que intensificou o combate à corrupção e à sonegação no Brasil. No entanto,

a mídia e setores da direita alimentam a falsa ideia de que a corrupção foi criada, é própria e só acontece neste governo.

15. O que está em jogo não é só a permanência deste governo por tudo que representou de avanços, mas, também, a manutenção de um

projeto democrático popular. Evidencia-se um cenário de golpe em que forças liberais buscam realinhar o Brasil aos interesses do imperialismo

e encerrar o ciclo progressista, o que pode representar uma grande derrota para a esquerda e o enfraquecimento das lutas populares. Em

última análise, seria a vitória do capital sobre o trabalho. Por isso nosso engajamento em ações de fortalecimento do projeto democrático

popular, como o plebiscito por uma constituinte exclusiva e soberana do sistema político. A Frente Brasil Popular e a CUT defendem reformas

estruturantes do Estado: reforma política, do poder judiciário, na segurança pública com desmilitarização das Polícias, democratização dos

meios de comunicação e da cultura, reforma urbana, agrária, consolidação e universalização do SUS, reforma educacional e tributária. Ações

públicas contra o impeachment devem ser fortalecidas. É momento de resistência organizada, com os partidos progressistas, as Centrais

Sindicais, a CNTE, a UNE e os movimentos sociais na defesa da democracia e pela efetivação do programa eleito em 2014.

CONJUNTURA ESTADUAL

16. Em seu primeiro mandato o governador Beto Richa endividou o estado do Paraná em torno de 6 bilhões de reais. Este resultado

negativo só foi anunciado passadas as eleições de 2014, quando foi eleito ainda em primeiro turno com 55% dos votos. É verdade

que meses antes à eleição os meios de comunicação anunciavam problemas de caixa no governo, só não se sabia a extensão do

endividamento, que foi comunicada após eleito. O discurso de “bom gestor” mostrou-se uma falácia, uma vez que se verificou que o

governo gastou muito e gastou mal num claro favorecimento ao setor privado.

17. A eleição não só garantiu o segundo mandato de Beto Richa como também aumentou sua base governista na Assembleia Legislativa.

Além disso, recompôs seu secretariado com quadros alinhados à política liberal: chamou para a Fazenda, Mauro Ricardo Costa; para

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a Educação, Fernando Xavier Ferreira; para a Casa Civil, Eduardo Sciarra e para a Segurança Pública, Fernando Francischini, além de

criar uma supersecretaria da Família e do Desenvolvimento Social, onde a escolhida foi Fernanda Richa. Desta forma não foi difícil

implementar medidas que oneraram a população do Paraná e penalizaram os serviços públicos e o funcionalismo estadual.

18. Foi seguindo esta lógica que em novembro de 2014, o governo do estado encaminhou à ALEP um conjunto de projetos prejudiciais

à população e aos(às) servidores(as) públicos(as). Utilizando-se do expediente da Comissão Geral, o conhecido “tratoraço”, aprovou os

aumentos do IPVA e ICMS; taxou em 11% os(as) aposentados(as) e pensionistas que recebem acima do teto do INSS; criou um plano de

previdência complementar para os(as) servidores(as) que ingressarem no serviço público a partir da regulamentação da lei e afrouxou a

lei que instituiu o Programa de Parcerias Público-Privadas (PPPs) no estado, dentre outras medidas polêmicas. Não satisfeito, autorizou,

para o ano de 2015, um aumento nas contas de água em 33% e energia elétrica em 51%.

19. Em 2015, no início do ano legislativo, encaminhou outro “pacotaço” atingindo diretamente os(às) servidores(as) públicos(as), na

retirada de direitos, alterando o regime de concessão de licenças, os quinquênios e extinguindo o fundo previdenciário. A reação foi

imediata. Professores(as) e funcionários(as) de escola que estavam mobilizados(as) por conta do desmonte pedagógico, decretam greve,

organizam-se em um acampamento, conhecido como “Formigueiro”, e no dia 10 de fevereiro, ocupam o Plenário da Assembleia. Mesmo

com a Assembleia ocupada, deputados(as) governistas insistem em aprovar o projeto. Com o cerco dos manifestantes à Assembleia, no

dia 12 de fevereiro os(as) deputados(as) chegam à ALEP dentro de um “camburão” policial, escoltados(as) pelo Secretário Francischini.

Os policiais atacam manifestantes que ocupavam o estacionamento, mas a unidade e força da manifestação fez a polícia recuar. De igual

forma recuam os(as) deputados(as) e o governo e os projetos não são aprovados. Dias depois a Comissão Geral deixava de existir na

ALEP. Novo enfrentamento ocorre um mês depois, durante a aprovação do projeto que alterava a Previdência no Estado. A ação da polícia

foi extremamente violenta e o dia 29 de abril passaria a ser também dia de luto e luta pela educação paranaense. O ônus pela aprovação foi

desgastante para o governo, deputados(as) e secretariado. Nos dias seguintes ao dia 29, anunciava-se a saída do Secretário de Educação e

do Secretário de Segurança Pública. Os índices de popularidade do governador Beto Richa chegaram a patamares baixíssimos. Contribuíram,

também, para estes índices as constantes denúncias de fraude nas licitações e de corrupção na Receita Estadual, envolvendo familiares e

amigos(as) do governador. Na Secretaria da Educação foi comprovada a má utilização dos recursos públicos nas reformas, ampliação e

construção de escolas com pagamentos realizados sem a devida execução dos trabalhos, enfim, um governo de corrupção.

20. O saldo de todas estas medidas de ajustes que aumentaram a arrecadação nesses primeiros meses em 16,5%, recaem sobre a população

paranaense e apesar de ter conseguido um expressivo aumento das receitas – o segundo maior aumento do país-, o Paraná continua endividado.

Pelos dados do Tesouro Nacional, o estado ampliou em 30% sua dívida de curto prazo. Além de não pagar dívidas, o governo também retém

os gastos de áreas essenciais. O relatório de execução orçamentária do primeiro semestre de 2015 mostra que o governo investiu apenas 11%

na assistência social e 31% na saúde10. Com dinheiro em caixa, à custa dos(as) servidores(as) e da população paranaense – Curitiba é hoje

a capital com maior inflação –, do endividamento e da retenção de recursos nas áreas sociais, o governo inicia um processo de reconstrução

de sua imagem, voltando a gastar com propagandas e anunciando pacotes de “bondade” como a constituição de um Fundo de Combate à

Pobreza. No entanto, para compor o Fundo, o governo utiliza-se de uma jogada financeira, que retira R$ 400 milhões anuais das prefeituras.

Menos recursos para as prefeituras, para a educação e mais dinheiro engordando o caixa do governo.

21. Neste segundo governo Beto Richa, pela resistência do funcionalismo público, são perceptíveis as ações de penalização aos(às)

servidores(as) e a tentativa de desqualificação das entidades sindicais que os(as) representam, como é o caso da APP-Sindicato. O

movimento sindical dos(as) servidores(as) públicos(as) é hoje, sabidamente, o maior entrave para a efetivação do receituário capitalista

do PSDB no Paraná. A APP-Sindicato pela força de sua organização e seus 68 anos de história, tem sofrido perseguições do governo.

Isso exigirá um grau de organização e resistência ainda maior. Para isso é necessário alargar as alianças com os movimentos sociais

e populares. A constituição do Comitê e do Fórum 29 de Abril são instrumentos que potencializam a participação popular, seja no

confronto às questões que envolvem o desrespeito aos Direitos Humanos - como é o caso do Comitê - seja na organização da ação

política mais contundente de enfrentamento deste governo e de suas premissas capitalistas, como se propõe o Fórum.

22. No âmbito do próprio sindicato, valem as recomendações na manutenção e aprofundamento do programa de formação político-

sindical, a fim de nos prepararmos para os enfrentamentos às tentativas de ataques aos nossos direitos e de organização e mobilização

da luta, para não retroceder em relação a estes direitos e avançar na luta por nossa pauta de reivindicações. O desafio que se desenha para

os próximos anos de governo Beto Richa é grande e continuará a exigir de todos e todas enormes esforços de formação, organização,

luta, persistência e resistência, principalmente no interior das escolas.

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CONJUNTURA EDUCACIONAL NACIONAL E ESTADUAL

23. Os princípios de uma escola pública, gratuita, laica, universal e de qualidade social sofrem constantes ataques com as imposições do

Estado Mínimo. Atendendo aos interesses do capital perante as crises, os governos diminuem os investimentos públicos em educação,

favorecendo setores privados, aclamados como mais eficientes, ideologia largamente difundida pelos meios de comunicação.

24. No Brasil, esse processo foi marcante nos anos 90, quando os governos neoliberais, em vários níveis, implementaram diferentes políticas de

privatizações na educação, sem tocarem em questões estruturais de exclusão da população e tornando a educação uma mercadoria lucrativa.

25. Por isso, sob os olhares atentos dos(as) trabalhadores(as) e defensores(as) da educação pública, estamos assistindo, com muita

apreensão, as atuais políticas de contingenciamento anunciadas pelo governo federal, em 2015, e que nos incitam a uma grande

ação nacional para não retroagir nas políticas públicas educacionais, sendo necessária uma forte mobilização social em defesa da

Educação Pública Brasileira. O governo federal, no último período, tem realizado cortes no orçamento da educação, colocando em risco

avanços que já tivemos. Não podemos aceitar que a iniciativa privada, por meio de Fundações e ONGs definam políticas educacionais.

Precisamos agir para que o governo retome as bandeiras populares e democráticas com as quais foi eleito.

26. Os movimentos sociais e sindicais ligados à educação tiveram papel preponderante nessas últimas décadas, marcadas por

mobilizações e lutas para garantir avanços educacionais para a classe trabalhadora. A constituição do Fórum Nacional de Educação e

a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), em 2014, foram alguns dos importantes momentos da educação brasileira, nessa

busca por participação e democracia na construção de um projeto educacional de qualidade.

27. Os movimentos sociais e sindicais, a partir das CONAEs, se mobilizaram para participar da elaboração do documento preliminar do PNE.

No entanto, a correlação de forças dentro do governo e no Congresso Nacional, de maioria conservadora, desfigurou o projeto inicial e retirou

do documento pautas importantes, como os temas com a perspectiva de enfrentamento ao machismo e de construção de políticas públicas

educacionais para a igualdade de gênero. Além da retirada de direitos, o movimento conservador imprimiu uma marca meritocrática ao enfatizar

avaliações estandardizadas, índices e objetivos de aprendizagem. Assim, permanecem como grandes desafios para a educação brasileira, a

universalização das matrículas, a ampliação do financiamento e o estabelecimento de políticas de valorização profissional.

28. Dentre as políticas de expansão da escolarização pública obrigatória na Educação Básica, destaca-se a ampliação da idade de

obrigatoriedade dos 04 aos 17 anos, a partir de 2013. Na Educação Infantil, o PNE prevê a universalização da pré-escola e atendimento

de 50% das crianças de 0 a 3 anos. Este deverá ser um esforço conjunto dos entes federados. Apesar de algumas iniciativas da União

como o programa Proinfância, estas se mostraram insuficientes para garantir a universalização de vagas no setor público e muitos

municípios adotaram políticas equivocadas de convênios com instituições privadas para atendimento da educação infantil.

29. Na alfabetização, o país assistiu uma forte disputa dos movimentos privatistas, que buscavam mudanças no corte etário e a quebra

do conceito do ciclo de 3 anos. O PNE garantiu, na meta 5, o direito de alfabetização até o 3º ano do ensino fundamental, impulsionando

também a nossa luta no Estado do Paraná, que se obrigou a revogar a Lei nº 16.049/2009, que instituía o corte etário para as crianças

que completarem 06 anos até o dia 31 de dezembro, medida acertada, visto os resultados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA)

em 2015 que demonstram que 1 a cada 5 alunos do 3º ano não estão alfabetizados.

30. Em relação ao Ensino Médio, algumas políticas nacionais foram postas em prática visando aumentar a oferta e a permanência dos

jovens neste nível, como a expansão da Rede Federal de Educação que implantou uma política de educação profissional em nível médio

técnico e que atualmente conta com mais de 200 unidades. Entretanto, seu enfoque foi excessivo no mercado de trabalho, como no

caso do Programa Nacional de Acesso aos cursos Técnicos - PRONATEC. Sua oferta é feita pelos institutos federais, mas, também pelo

“Sistema S” e por outras instituições privadas, que muito se beneficiam com repasses de recursos públicos.

31. Em relação ao Ensino Superior, houve um crescimento do número de universidades federais em todo o país nos últimos 10 anos, com

abertura de campus em várias cidades, aumento de vagas, inclusão de jovens de setores populares e contratação de pessoal. Porém, nesta

área, mais uma vez, ocorreu uma disputa e um favorecimento de setores privatistas, graças a incentivos fiscais e financiamento de verbas

públicas, por meio de políticas como o Prouni ou FIES, cujo orçamento passou de R$ 2,1 bilhões em 2011 para R$ 13,9 bilhões em 2014.

32. O Brasil ainda é marcado por profundas desigualdades na educação. As assimetrias se acentuam na descentralização excessiva dos

sistemas escolares entre estados e municípios, além da União, todos com capacidade para criar e gerir seus sistemas. Considerando essas

desigualdades, a construção do Sistema Nacional de Educação se constitui num grande desafio, tendo como finalidade a articulação do

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regime de colaboração e cooperação, estabelecendo o compartilhamento das responsabilidades, pautadas por políticas referenciadas na

unidade nacional, mas mantendo a especificidade própria de cada sistema, contemplando assim a nossa diversidade regional.

33. Outro tema de grande debate no país, e que vem enfrentando uma contra ofensiva privatista, é o do financiamento da educação.

Dentre as discussões, está pendente de regulamentação os 75% dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-Sal, como

recursos fundamentais para compor as receitas da educação, chegando a 7% do PIB até 2019 e 10% do PIB até 2024.

34. Está também em pauta para o financiamento, a “Lei de Responsabilidade Educacional” em contraposição à Lei de Responsabilidade

Fiscal, naquilo em que esta última engessa os investimentos na educação. O desafio será a regulamentação do CAQi e do CAQ – Custo

Aluno Qualidade (Inicial e Permanente) pois este mecanismo efetiva a complementaridade de recursos pela União para que Estados e

Municípios consolidem os insumos indispensáveis para garantir acesso, ensino-aprendizagem, valorização profissional com vistas ao

direito à carreira, formação continuada, equiparação salarial, todos com referência de qualidade e equidade.

35. Uma condição estruturante para a qualidade da educação e valorização dos trabalhadores(as) é a Gestão Democrática, que deve

abarcar desde as instâncias escolares até a avaliação, fiscalização e o controle social por meio de Fóruns, Conselhos de Educação,

da alimentação escolar, do transporte escolar, do FUNDEB, entre outros. Todos esses devem ser constituídos de forma democrática e

representativa da comunidade escolar.

36. A construção de diretrizes para um plano unificado das carreiras dos/das trabalhadores(as) da educação, com vencimento inicial

pujante, dividida por níveis de formação profissional e com dispersões ao longo do tempo, é uma necessidade para atrair as novas

gerações para a profissão de educador(a). Para isso, é indispensável atingir as metas 15, 17 e 18 do PNE, que preveem garantias para

formação, carreira e remuneração.

37. Está em elaboração no MEC um projeto curricular chamado “Base Nacional Curricular Comum”, cujas ideias iniciais foram esboçadas

por um grupo selecionado pelo governo, composto por especialistas de universidades, do próprio governo e de entidades privadas, como a

ONG “Todos pela Educação” e outras fundações e empresas. O MEC pretende abrir para a participação da sociedade, mas este processo,

até o momento, está sendo conduzido de maneira bastante restrita. Esta Base Nacional Curricular tem como alvo atender a meta 7 do

PNE, que diz respeito à avaliação padronizada da qualidade da educação. Os governos em todos os níveis da administração, organizam

propostas de sistemas padronizados de avaliação, porém, extremante baseados em conceitos de premiação, mérito e desempenho. Os

grandes exames como: IDEB, ANA, Provinha Brasil e outros, são colocados como referência para aferir aprendizagem, mas necessitam de

imediata atenção e discussão da sociedade. Além disto, com esta Base Nacional Comum, muitos setores privatistas estão vislumbrando a

possibilidade de vender uma gama de produtos didáticos padronizados para todo o território nacional, gerando grandes lucros.

38. Em relação ao Estado do Paraná, o governo Beto Richa (PSDB) vem implementando políticas de caráter neoliberal desde seu

primeiro mandato, com uma série de políticas contra a educação pública, desde a diminuição do porte das escolas e ameaça à carreira

dos(as) trabalhadores(as) até o desmonte das equipes de trabalho da SEED.

39. A Educação do Campo e a Educação de Jovens e Adultos, por exemplo, são modalidades duramente atingidas com o fechamento de

turmas e escolas. Faltam políticas que respeitem as especificidades do campo, dos jovens e dos adultos, reafirmativas da sua cultura.

40. Neste difícil contexto de embates, foi votado o Plano Estadual de Educação. Apesar da forte pressão dos(as) trabalhadores(as)

reunidos(as) no Fórum Estadual de Educação, faltaram mecanismos que possibilitassem maior participação democrática. Assim como

em nível nacional, a maioria conservadora dos(as) deputados(as) do Paraná também retirou os temas de enfrentamento ao machismo

e de políticas públicas educacionais para a igualdade de gênero, alguns deles propostos, contraditoriamente, pela própria SEED. Em

relação ao financiamento, não houve a aprovação dos 35% de recursos para a manutenção e desenvolvimento da educação como

tínhamos proposto. Isto demonstra que a educação paranaense vem sendo cada vez mais decidida nos gabinetes dos(as) deputados(as)

da base governista e na secretaria da fazenda, em detrimento da SEED, reforçando o coronelismo dos(as) deputados(as), que utilizam

a educação como moeda de troca em suas bases eleitorais.

41. O autoritarismo deste governo apareceu com muita nitidez na tentativa imoral de patrulhamento ideológico, quando incentivou os(as)

estudantes a denunciarem professores(as) que abordassem o tema do movimento grevista em sala de aula e os autoritarismos do

governo estadual. Com medo da crítica, a SEED apoiou esta iniciativa, rasgando todos os princípios de autonomia, liberdade de cátedra

e cientificidade no interior da escola, demonstrando seus limites políticos e pedagógicos. Este ato autoritário vai frontalmente contra,

inclusive, leis em vigor, que garantem a liberdade de expressão e a função dos(as) educadores(as).

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42. Em se tratando das últimas políticas propostas, o governo do estado radicaliza a sua face neoliberal, fazendo acordos com o Banco Mundial

e com empresas, repetindo as políticas privatistas das gestões Lerner, como ameaças de terceirizações, sobretudo sobre funcionários(as),

e a implantação do Programa META (Minha Escola tem Ação) que compõe o Plano Plurianual 2016/2019. O “META” é praticamente

destituído de caráter pedagógico e vem jogar mais dinheiro público na iniciativa privada, ampliando convênios de financiamento com o

BIRD para a formação continuada; elaboração, implementação e tratamento de dados informatizados de avaliação institucional; formação

de gestores, com acompanhamento tutorial; terceirização na contratação de funcionários(as) e equipes pedagógicas pela Paranaeducação.

43. Com relação à escolha das direções escolares, a APP-Sindicato, por decisão de Assembleia, aprovou posição contrária ao novo

projeto que reforça a concepção de gestão gerencial e meritocrática da escola em detrimento à gestão democrática, uma vez que

atrela as candidaturas à formação em cursos de gestão escolar e não define limite para o número de reeleições, assim como associa o

mandato a processos de avaliação de desempenho e ao cumprimento de um plano de metas. Entre os itens alterados, está a mudança

do voto proporcional e paritário, para o voto universal, em relação ao qual há inúmeros problemas de distorção de representação.

44. Diante destes dois quadros: nacional e estadual, reafirmamos a necessidade da unidade dos trabalhadores e das trabalhadoras em

educação. A conjuntura aponta que os próximos anos serão de grandes embates e a nossa categoria deve fiscalizar, cobrar e propor as

políticas necessárias para a construção da escola pública para os filhos das classes trabalhadoras. Já mostramos nossa capacidade de

organização, sabemos que a escola é nosso território de luta e de resistência e vamos continuar assim, sem esmorecer.

BALANÇO POLÍTICO DA GESTÃO

45. Em abril de 2017, a APP-Sindicato completará 70 anos de sua fundação. A entidade chega a esse patamar de construção histórica

identificada como uma das organizações com presença relevante na conjuntura paranaense. Desde sua origem cumpriu sua vocação

de organizar os(as) educadores(as) em jornadas memoráveis como: greves, paralisações, greves de fome, marchas como a de Ponta

Grossa a Curitiba entre outras, greves-tartarugas, campanhas de valorização dos(as) Educadoras/es e em defesa da Escola Pública.

46. A partir da realização do último congresso da APP, no final de 2011, a direção, juntamente com as instâncias de deliberação da

categoria, manteve-se na luta, em debates e mobilizações constantes e intensas. Mediante a avaliação do plano de metas do primeiro

mandato do governo Richa (PSDB), já se denunciava a perspectiva de Estado Mínimo, com precarização de direitos dos educadores e

educadoras e por consequência, a redução na qualidade do processo de ensino-aprendizagem.

47. A coordenação política frente aos embates e negociações e o comparecimento massivo da categoria nas mobilizações, impediu

que o governo avançasse em seu plano de metas, preservando direitos conquistados ao longo história do sindicato. Não obstante a

intensa luta, este governo continuou pelos caminhos do desmonte, esvaindo os investimentos, com a ausência de formação continuada,

desqualificação da gestão democrática, junção e fechamento de turmas e não ampliação da escola em tempo integral (mesmo que o

governo tivesse assegurado uma meta de 500 escolas em tempo integral nas regiões de menor IDH), entre outras tantas que atacam

diretamente escola e os educadores(as).

48. A luta intensa - chegando à greve de 2014 - logrou que, mesmo num cenário desfavorável, se consolidassem a aplicação de 1/3

de hora-atividade, a aplicação dos índices dos reajustes previstos na lei do piso nacional do magistério e que se conseguisse avanços

na equiparação salarial com os(as) demais servidores(as) do estado, aos(às) quais é exigido nível superior para ingresso nas carreiras.

49. No final de 2014, após eleito em primeiro turno para o segundo mandato, o governador Beto Richa intensificou seu ataque aos(ás)

educadores(as): suspendeu a eleição de diretores(as) das escolas, estabeleceu um teto e criou um sistema complementar para as

aposentadorias, reduziu os projetos e programas, e fechou turmas, turnos e escolas. O salário e 1/3 de férias dos educadores(as) são

afetados. No início de 2015, novos ataques e desta vez alterando o Plano de Carreira do funcionalismo público. A greve é deflagrada,

uma greve de resistência contra a perda de direitos. A coordenação política da APP-Sindicato com foco na mobilização da categoria foi

importantíssima para o enfrentamento ao governo e a não redução de direitos. Aliás, esta gestão pauta-se pelo trabalho colegiado, de

respeito às instâncias organizativas e deliberativas da categoria, de debate franco e aberto sobre os diferentes encaminhamentos sindicais,

de abertura à livre manifestação das oposições, garantindo inclusive que elas compusessem a comissão de negociação durante o processo

de greve. Trata-se de uma concepção de sindicalismo não independente, que não nega ou faz a conciliação de classe; ao contrário, se

avanços foram conseguidos e houve resistência neste período é exatamente porque se tem identidade e se fez o enfrentamento de classe.

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50. A pauta estadual, sempre intensa, não impediu que no último período, a APP-Sindicato mantivesse permanente sintonia com

a pauta nacional, e mesmo internacional, da classe trabalhadora. Participou ativamente dos congressos da CUT – Central Única

dos Trabalhadores bem como da CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação e de encontros internacionais do

Movimento Pedagógico Latino Americano. Com a presença de companheiras e companheiros da nossa categoria, integra os quadros de

direção das duas entidades, na defesa de pautas unificadoras, tanto para o conjunto dos(as) trabalhadores(as) em geral (CUT) como as

da luta pela educação pública do nosso país (CNTE).

51. Com este entendimento participou-se ativamente das lutas em torno da valorização do salário mínimo, contra a redução da maioridade

penal e contra a aprovação do PL 4330 que amplia as terceirizações no mundo do trabalho. Lutamos ainda pela democratização da

mídia nacional, pela conquista de mais investimento para a educação, conforme previsto no Plano Nacional de Educação (PNE), defesa

da Petrobras e dos royalties do petróleo para investimento em saúde e educação. Juntamente com a Central e com a Confederação

foram ocupadas as ruas do Paraná e do país contra as medidas de redução dos direitos da classe trabalhadora. Graças a nossa

história de luta, a APP tem merecido reconhecimento e visibilidade em vários espaços sociais, como conselhos de controle social,

Fóruns, universidades. No Paraná, a APP-Sindicato compõe o FES - Fórum das Entidades Sindicais, que se constitui numa força de

enfrentamento aos desmandos do Governo Beto Richa.

52. Internamente, a constituição e organização dos coletivos auxiliam nos debates e nas lutas em pautas específicas. As políticas

permanentes desenvolvidas pelas Secretarias ou pelos Grupos de Trabalho como: programa de formação, combate à violência contra

as mulheres, combate ao racismo, direito das pessoas idosas, direitos lgbt, saúde do educador(a), relação com os movimentos sociais

e sindicais nacionais e internacionais, entre outros, ampliaram a presença da APP tanto na categoria como na sociedade, dialogando

com a macropolítica. Consolidou-se a política de atendimento aos servidores(as) municipais, ampliando a atuação para cerca de 200

municípios, com debates e lutas específicas, atendendo realidades particulares.

53. Nos marcos administrativos, constituiu-se nesse período (2011-2015) uma política de gestão que possibilitou avanços com a

ampliação estrutural da entidade. A construção da nova sede estadual, inaugurada em abril de 2012, a aquisição, ampliação e construção

de várias sedes de Núcleos Sindicais que, muito além de representarem significativo aumento patrimonial e trazerem uma condição de

melhor acolhida aos educadores(as), são fundamentais na organização da luta.

54. Às vésperas de se comemorar 70 anos, reafirma-se o compromisso com uma educação pública que humaniza as pessoas e que

amplia a compreensão do mundo e das complexas relações presentes nesta realidade. A trajetória marcada pelo trabalho, desejos e

utopias de tantos e tantas educadores e educadoras é de resistência e compromisso com a classe trabalhadora. A APP-Sindicato é

uma entidade que tem lado e que faz escolhas na defesa desta mesma classe. Não foram em vão os confrontos de 1981, quando cães

avançaram sobre os(as) educadores(as), ou o 30 de Agosto de 1988, ou ainda – e neste tempo –, o massacre do dia 29 de abril. Estas

escolhas são resultados de uma entidade que, de forma organizada, sai às ruas, mobiliza-se e não teme defender os interesses daqueles

e daquelas que representa.

55. É por isso que fazemos valer em nossas cabeças e corações as palavras do mestre Paulo Freire: “se nossa opção é progressista,

se estamos a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente

e não de sua negação, não temos outro caminho senão viver plenamente a nossa opção”.

BALANÇO DAS GREVES - “Quem não pode com a formiga, não atiça o formigueiro!”

56. De forma mais contundente a partir de 2014, o governador Beto Richa aprofundou a precarização das políticas educacionais e

reduziu a aplicação da pauta de reivindicações da categoria. Esta conjuntura adversa desencadeou em 2014 e 2015 três grandes greves

da rede estadual pública.

57. A GREVE DE 2014 foi de ampliação de direitos. O governo, reiteradamente, passou a descumprir compromissos assumidos

produzindo um sentimento de indignação que conduziu a uma greve intensa que, em uma semana, avançou em itens como a conquista

em lei da aplicação de 35% da hora-atividade, a elevação do auxílio-transporte dos(as) funcionários(as), garantia do pagamento do piso

estadual aos(às) funcionários(as) com menor vencimento, hora-aula e hora-atividade aos educadores(as) da Educação Especial e o não

desconto no auxílio transporte.

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58. Diferentemente da greve de 2014 que produziu avanços na pauta, as GREVES DE 2015 foram de resistência contra a redução

de direitos. No mês de novembro de 2014 o descumprimento da lei de eleição de diretores(as) das escolas com a prorrogação dos

mandatos das atuais direções resultou no confronto na ALEP onde educadores(as) foram agredidos(as) por seguranças. Em dezembro

um conjunto de medidas fiscais e tributárias foram criadas com a finalidade de cobrir o rombo financeiro do estado. Na Assembleia

Legislativa 21 projetos de lei foram aprovados em Comissão Geral. O governo escolheu os trabalhadores e os(as) servidores(as)

públicos(as) para arcar com a sua má gestão. Posteriormente à aprovação dos projetos, o atraso do pagamento dos educadores(as)

PSSs, o parcelamento do 1/3 de férias dos servidores(as) além de mais um pacote de medidas na posse para o segundo mandato

somado ao desmonte pedagógico, já eram evidências de um cenário de ataques que exigiria forte organização. Em 4 de fevereiro, a

chegada do segundo pacotaço à Alep foi determinante para o aguçamento das mobilizações da categoria.

59. Reunidos em assembleia no dia 7 de fevereiro, em Guarapuava, 10 mil educadores(as) decretam greve. Imediatamente após a

assembleia, foram organizados o comando estadual e os comandos regionais de greve que dirigiram o processo de enfrentamento ao

governo e em apenas dois dias decorridos após a assembleia os educadores(as) já estavam mobilizados e a adesão a greve já era

enorme. Nas regiões, encaminhado pelos comandos, intensificou-se a pressão aos deputados(as) em suas regiões, pressionando-

os(as) pela não aprovação do pacotaço.

60. Uma das estratégias definidas pelo comando estadual e que deu visibilidade às ações foi a ocupação da frente do Palácio Iguaçu onde

foi organizado um grande acampamento, conhecido como Formigueiro. No dia 10 de fevereiro, diante da intransigência governamental

e de forma planejada e coordenada, ocupou-se o plenário da ALEP. No dia 12 de fevereiro, 34 deputados(as) governistas embarcam em

um “camburão” e chegam na ALEP dispostos a aprovar os projetos. Professores(as) e funcionários(as) mobilizados(as) ocuparam o

estacionamento da ALEP e foram confrontados pela polícia. Deputados(as) e governo recuam na aprovação dos projetos. Vitória dos(as)

trabalhadores(as) que impediram a votação e fizeram com que se decretasse o fim da Comissão Geral.

61. Esta primeira greve de 2015 se estenderia por mais um mês. O lema: “Eu tô na luta”, ganha as ruas e a população é amplamente

favorável ao movimento paredista. O Formigueiro recebe, além dos educadores(as), a população em geral que se solidariza com a categoria.

Em mais uma das assembleias históricas que marcariam esse período, no dia 9 de março, cerca de 25 mil educadores(as) ocupam

um estádio de futebol e decretam o fim da greve e a manutenção do estado de greve. Com a greve, além da retirada dos projetos que

alteravam os Planos de Carreira e a Previdência, conseguiu-se que as rescisões dos(as) professores PSS fossem pagas, houve o recuo no

parcelamento de 1/3 de férias, o pagamento às redes conveniadas, promoções e progressões foram pagas aos funcionários(as) em agosto

e aos(as) professores(as) em outubro, as comissões de porte e de finanças foram retomadas assim como se obteve o retorno dos projetos

e programas nas escolas e foram quitados os atrasados do fundo rotativo. Retomou-se a nomeação de 5.900 concursados(as).

62. No entanto, o governo não cumpre o que havia se comprometido e passados um mês encaminha à ALEP mudanças no fundo

previdenciário sem a devida discussão com os servidores(as). No dia 25 de abril em Londrina, uma assembleia retoma a greve.

Nova ação coordenada dos comandos de greve mobiliza a categoria em um cenário ainda mais adverso e de enfrentamento, já que o

governo com a anuência do Judiciário, usando de forte aparato policial, sitiava a ALEP. Os primeiros confrontos, como eram esperados,

aconteceram nas madrugadas do dia 27 e 28. No dia 29 a polícia avança de forma bárbara sobre os educadores(as) e a população

em geral. Mais de 400 manifestantes feriram-se. A barbárie física e moral atinge os(as) educadores(as). Foram mais de duas horas

de conflito em que os(as) educadores(as) resistem bravamente enquanto na ALEP o projeto de mudança da previdência era aprovado

como se o que ocorria a alguns metros dali não fosse de responsabilidade dos(as) deputados(as) governistas. As agressões do dia 29

repercutem e foram amplamente condenadas pela população no estado, no Brasil e no mundo.

63. Apesar da barbárie, manteve-se a greve por mais um período, incorporando a pauta da data base. O governo pretendia impor reajuste

zero em 2015 e 2016. O movimento grevista pressionou o governo e parlamentares a produzir a proposta que foi aprovada com reajustes

previstos até 2018. No dia 9 de junho, 70% dos(as) educadores(as) reunidos(as) na Vila Capanema suspendem a greve num claro

reconhecimento ao apoio da sociedade e coerência com a luta.

64. Há de se destacar nos dois períodos de greve, a unidade que se conseguiu na categoria, com a adesão à greve de praticamente todas

as escolas. A ação planejada e coordenada do comando de greve composto pela direção estadual, pelas forças políticas do sindicato e

representantes das direções regionais, e os comandos regionais foram imprescindíveis no direcionamento, mobilização e organização

da categoria. As assembleias, com dezenas de milhares de educadores(as) lotando estádios, foi outro ponto a se destacar. As passeatas

que reuniram mais de 100 mil educadores(as) em todo o estado, enchiam as ruas da capital e das cidades do interior.

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65. Ao se retornar as escolas os enfrentamentos continuam, até porque esta é a lógica do governo, que vê na força coordenada e

mobilizadora da APP um dos entraves para fazer valer sua política liberal. Por isso a desqualificação do trabalho sindical e punição

aos(às) educadores(as) grevistas. Mas, mesmo diante uma realidade tão adversa, na contramão das políticas governamentais, tem-

se produzido resistência, como foi o caso da aprovação pelo CEE do cumprimento das 800 horas para organização dos calendários

escolares. Sabe-se que os desafios neste período continuarão, no entanto, reacendeu-se a ocupação das ruas e o fazer a resistência

no interior das escolas. Pois é próprio da história da APP-Sindicato a forja no fogo da luta e dela, como se sabe, não fugiremos jamais.

POLÍTICAS PERMANENTES

TRABALHADORES(AS) EM EDUCAÇÃO APOSENTADOS(as)

66. Com o aumento da população idosa, busca-se cada vez mais programas, projetos e ações que possam nortear a sociedade na

garantia de princípios constitucionais, como a discussão de temas e ações no combate à discriminação, negligência, abuso, maus tratos

ou omissão, propiciando a essa faixa etária, viver com dignidade todo o percurso do envelhecimento.

67. A intervenção legislativa, representada pelo Estatuto do Idoso, Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI), Conselho Estadual

dos Direitos do Idoso (CEDI/PR), Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa (CMDPI), sociedade civil, entre outros projetos,

buscam o incentivo à conscientização e valorização de Políticas Públicas e defesa dos direitos da pessoa idosa.

68. Ao longo dos anos e com nossa luta, destacamos as seguintes conquistas:

- Emenda Constitucional 62, que trata do pagamento prioritário dos precatórios para pessoa idosa (60 anos) e portadores de doenças graves.

- Aprovação do Projeto de Lei 284/11 (aprovado em 17 de outubro de 2012) que regulamenta a profissão de cuidador de pessoa idosa.

- Emenda Constitucional 70/2012 que trata de melhorias no cálculo da aposentadoria por invalidez dos(as) servidores(as) que

ingressaram no serviço público até 31/12/2003.

- Plano Nacional de Educação (Lei nº 13005/14) e Plano Estadual de Educação (Lei 18492/15, anexo 143075, estratégia 9.13), que

incluiu nas políticas públicas de jovens e adultos, a implementação de programas de valorização e a inclusão de temas que tratam do

envelhecimento e da velhice nas escolas.

69. Além dessas, a APP-Sindicato, pela Lei Complementar nº 103/2004 (publicada em 15 de março de 2004) obteve também na justiça:

- Ação de Integralidade do RDT aos/às professores(as), equiparando o padrão e a parcela complementar.

- Ação de Correção das Aulas Extraordinárias.

- Ação do Quinquênio.

70. Apesar de toda luta e enfrentamento da APP Sindicato, em abril de 2015, o Governo Beto Richa, volta a cobrar dos(as) servidores(as) o

desconto previdenciário, para além do teto, de 11% (Lei nº 18.370/2014). Da mesma forma, a Lei 18.211/2014 criou o Fundo de Previdência

Complementar para os(as) servidores(as). A aprovação desta lei possibilitou a transferência do Fundo Previdenciário aos cofres do Governo.

Plano de Lutas

71. Dentre as lutas gerais da APP voltadas aos(as) Trabalhadores(as) em Educação Aposentados(as) destacamos:

• Garantir, através de políticas públicas estaduais, um novo Sistema de Assistência à Saúde para o conjunto de Trabalhadores(as)

em Educação Aposentados(as), por ser um dos segmentos de funcionalismo público que mais necessita de cuidados médicos.

• Aposentadoria especial para pessoa com deficiência. A Lei Complementar 142 de 08/05/2013 reduz o tempo de serviço e a

idade para aposentadoria das pessoas com deficiências do regime geral da Previdência Social (RGPS). A luta da APP Sindicato junto

com o FES é para que esta Lei (142/13) seja estendida aos(as) Funcionários(as) Públicos(as) do Paraná.

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• Lutar pelo fim do fator previdenciário.

• Lutar pela inclusão automática dos(as) aposentados(as), que no ato da aposentadoria estavam no último nível da tabela vigente

para o último nível da nova tabela, mantendo assim a isonomia e a paridade dos vencimentos.

• Mudar o termo “inativo(a)” por “aposentado(a)” em todos os documentos oficiais, leis e normas públicas, via Projeto de Lei.

• Estreitar relações entre APP Sindicato e os(as) aposentados(as) em espaços como: os coletivos, site da APP, redes sociais e

todos os meios disponíveis de informações sobre temas e pautas de lutas que dizem respeito ao segmento.

TRABALHADORES (AS) EM EDUCAÇÃO MUNICIPAIS: SOU MUNICIPAL E TÔ NA LUTA!!!

72. APP-Sindicato, desde 1989, assumiu a representação dos(as) trabalhadores(as) em educação municipais com vistas a valorização

profissional, melhoria das condições de trabalhos, carreira e remuneração, defesa da escola pública e melhoria da qualidade de ensino.

73. O XI Congresso da Entidade fortaleceu a atuação da Secretaria de Assuntos Municipais, instituiu as Comissões Municipais de

Negociação e a redistribuição das mensalidades sindicais em 50% para os Núcleos Sindicais e 50% para a Direção Estadual, o que

possibilitou uma maior organicidade na atuação da APP-Sindicato junto às redes municipais.

74. Atualmente a APP atua em 192 municípios, representando aproximadamente 10.000 trabalhadores(as) em educação sindicalizados(as).

Nossa atuação se dá através das Comissões Municipais, responsáveis diretas pelas negociações de todos os assuntos inerentes à

categoria nas Redes Municipais: educacionais, profissionais, políticos, financeiros e na defesa da cidadania e da democracia.

75. A atuação da Entidade, inicialmente focada na elaboração de planos de carreira e conquista do Piso Salarial Profissional Nacional (Lei n°

11.738/2008), se ampliou incomensuravelmente com as demandas surgidas a partir do novo Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/2014), que

estabeleceu um conjunto de metas que impactam diretamente na atuação e fortalecimento das Redes Municipais de Educação Básica como pilares

da formação educacional em nosso país. Em decorrência desta nova realidade, realizamos no início de 2015, um Seminário Estadual, seguido de

5 Seminários Macrorregionais, com a finalidade de organizar nossa intervenção na construção dos Planos Municipais de Educação.

76. Com a aprovação dos Planos Municipais de Educação (PME), os diagnósticos realizados pelas redes municipais sobre o número

de estudantes e suas demandas, creches e escolas, professores(as) e funcionários(as), remuneração, dentre outros, permitirão uma

intervenção mais adequada à realidade. As metas e estratégias aprovadas no PNE e nos PMEs sobre: Universalização e Acesso, Educação

Integral, Alfabetização, Combate às desigualdades, Indicadores de Qualidade, por exemplo, necessitam de um novo olhar para orientar a

atuação da APP-Sindicato junto às redes municipais de educação. Além dessas, merecem um destaque as Metas 15 e 16, que tratam da

formação e colocam para a APP os desafios de olhar para a formação inicial e continuada tanto da rede estadual quanto das redes municipais

de educação, inclusive participando dos debates sobre a definição da Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação.

77. É condição para melhoria educacional das redes municipais o estabelecimento dos Planos de Carreira e de um Piso Nacional dos

Profissionais de Educação Pública, que contemplem os(as) funcionários(as) de escola e os(as) professores(as) dos diferentes níveis

da Educação Básica, cumprindo o que se estabelece nas metas 17 e 18 do PNE. Neste sentido, a 2ª Plenária Intercongressual da CNTE

elaborou um Projeto de Lei que atende essas questões e que exigirá mobilização e participação dos(as) educadores(as) municipais para

o acompanhamento, a discussão e a implementação dessas políticas. Do mesmo modo, a Gestão Democrática, outro item fundamental

para a melhoria educacional, só acontecerá com a permanente e efetiva participação nos processos de gestão.

78. Nossa luta é assegurar o direito da representatividade sindical, a eleição direta para diretores, e sobre nenhuma hipótese a indicação pelo

executivo. É preciso assegurar a instituição de Fóruns e Conselhos Municipais de Educação, fortalecer os Conselhos Municipais do FUNDEB e da

Alimentação Escolar, como mecanismos efetivos de controle social. E a meta 20, que assegurou o investimento de 10 % do PIB para a educação

pública, exige que tenhamos um continuo processo de acompanhamento e controle social dos recursos da educação no âmbito dos municípios.

79. É preciso fortalecer a solidariedade e a cooperação com os sindicatos de Trabalhadores (as) em Educação Municipais existentes no

Paraná, de modo a fortalecer o Ramo de Atividade da Educação, conforme preceitua nossa CNTE. Do mesmo modo é preciso fortalecer

a luta de classe com o engajamento cada vez maior dos trabalhadores em educação municipais junto à Central Única dos Trabalhadores,

bem como junto aos demais sindicatos existentes nas bases municipais.

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Plano de Lutas

80. Esses desafios levam à necessidade do fortalecimento ainda maior da estrutura da APP-Sindicato, a descentralização das informações

a ampliação dos espaços de formação e organização nos municípios, para fazer frente às demandas e desafios apresentados pela

conjuntura. Reafirmamos a defesa de que somos municipais e apresentamos o presente plano de lutas:

• Consolidar a estrutura da Secretaria Estadual de Assuntos Municipais para fazer frentes às demandas apresentadas, fortalecendo

sua articulação com as Secretarias Regionais e com as Comissões Municipais de Negociação.

• Fortalecer as Comissões Municipais como efetivas instâncias sindicais da APP-Sindicato.

• Ampliar os mecanismos de acompanhamento das metas do PNE e dos PMEs junto às redes municipais, com vistas a melhoria

efetiva da carreira, remuneração e condições de trabalho.

• Integrar a APP-Sindicato e os demais sindicatos de trabalhadores em educação numa estrutura sindical que fortaleça o ramo

de atividade da educação.

• Ampliar a atuação do DIEESE junto a APP, para fazer frente às demandas de acompanhamento dos recursos públicos municipais

destinados à educação e à valorização profissional e consolidar os mecanismos de controle e fiscalização do PPA, da LDO, LO, do

FUNDEB, CAQi e CAQ, a fim de evitar renúncias fiscais que prejudiquem a composição de tributos para a MDE.

• Regulamentar os recursos do Pré-Sal nos Municípios, em leis específicas que definam a destinação dos recursos para a

educação pública e que estes sejam voltados, essencialmente, para o pagamento de salários dos profissionais da educação.

• Lutar pela ampliação dos recursos municipais destinados à MDE, a fim de cumprir as metas do PNE e dos PMEs de valorização

profissional, universalização e melhoria da qualidade de ensino.

• Fortalecer a política de formação sindical e de comunicação junto aos trabalhadores em educação municipais.

• Integrar a política de assuntos municipais ao conjunto das ações desenvolvidas pela Entidade, de modo a promover integração

das lutas e campanhas dos(as) trabalhadores(as) em educação municipais com a dos(as) trabalhadores(as) em educação estaduais.

RESPEITO PELA DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO

81. Desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, a Educação se tornou destaque e foi consagrada com o dever de educar

os povos com dignidade e respeito, independente de gênero, identidade de gênero, raça, cor, etnia, orientação sexual e classe social.

82. A realidade vivida pelos educadores e educadoras nas escolas, é bastante diferente no que diz respeito à violência sofrida pelas

mulheres, negros e negras, indígenas, comunidades tradicionais, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Segundo o balanço

dos atendimentos realizados em 2014, pela Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da

Presidência da República (SPM), houve um total de 52.957 denúncias de violência contra a mulher, sendo na maioria delas (51,68%), de

violência física. Segundo o mesmo balanço, em 80% dos atendimentos, as vítimas disseram que tinham filhos ou filhas; 64,35% destes

presenciavam a violência e 18,74% foram vítimas diretas juntamente com as mães. Deste modo, podemos ver a dimensão do problema

que precisamos enfrentar todos os dias nas salas de aulas, nos pátios das escolas, nas ruas, em nossas casas e comunidades. Uma

criança que vive com um agressor, aprenderá que o caminho para solução dos problemas será a violência física, seja ela vítima ou

somente espectadora deste ato cruel contra as mulheres.

83. A forma machista e patriarcal com que a nossa sociedade foi moldada nos impõe “diferenças” entre homens e mulheres, como

por exemplo: mulheres devem ser dóceis e frágeis, enquanto aos homens cabe a brutalidade e a força; mulheres devem servir seus

companheiros e os homens devem ser servidos por elas. Isso já é extremamente violento, afinal, vivemos em uma sociedade plural e

todas estas diferenças de cores, credos, gêneros devem ser respeitadas.

84. Segundo um levantamento da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, através do Relatório sobre

Violência Homofóbica no Brasil, em 2011, quase 2% da população LGBT que sofre violência se reconhece enquanto travestis e mulheres

transexuais. Pode parecer uma porcentagem baixa em relação às 3.084 denúncias de violações contra LGBTTs, mas isto apenas mostra

a crescente invisibilidade de um dos segmentos populacionais mais vulneráveis à violência e homicídios da sociedade brasileira.

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85. O não respeito ao uso do Nome Social (Resolução 12/2015) também se caracteriza como violação de direitos, pois o seu uso por

travestis e transexuais é garantido em todos os âmbitos da educação no Brasil, nos diferentes níveis e modalidades. O uso dos banheiros

também acabou se tornando uma dificuldade para as estudantes travestis e transexuais, pois a maioria dos profissionais de educação

não tinha conhecimento da diferenciação entre Identidade de Gênero (como eu me reconheço) e o sexo (órgãos genitais), o que impedia

o uso dos banheiros femininos por mulheres transexuais e travestis. Assim, foi regulamentado também pelo Conselho Nacional de

Combate à Discriminação e Promoções dos Direitos de Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais – CNCD/LGBT, que o uso dos banheiros

e vestiários deverá ser feito conforme a identidade de gênero do/da estudante.

86. Ainda segundo o mesmo Relatório da SDH, para o ano de 2011, 85,5% das vítimas de violência homofóbica no Brasil tem sua

orientação sexual como homossexual, 9,5% bissexuais e 1,6% como heterossexuais. A faixa etária mais atingida por este tipo de

violência se situa entre os 15 e 29 anos, onde a maioria dos/das adolescentes e jovens está descobrindo a sua sexualidade e podendo

vivê-la. No ambiente escolar é muito comum encontrarmos grupos de meninos e meninas reproduzindo o machismo e a homofobia,

seja em conversas, piadas ou até na violência física. Isto acontece, porque foram criados na sociedade machista e patriarcal em que

vivemos, onde o menino não pode chorar ou ser frágil, a menina não pode ser “durona” ou jogar futebol. Estes estereótipos de “coisas

de menino e coisas de menina”, são grandes entraves na educação voltada aos direitos humanos. Aparecem, muitas vezes, somados

ao fundamentalismo religioso, como forma de opressão e discriminação. A evasão escolar, proveniente do preconceito e discriminação

contra a população LGBTT, acaba sendo um dos principais fatores que colaboram para a marginalização destes indivíduos.

87. As políticas públicas de reconhecimento, respeito e valorização de travestis, transexuais, lésbicas, gays e bissexuais tiveram um

avanço significativo na última década, como a realização das Conferências municipais e intermunicipais, estaduais e nacional LGBT, que

visam debater as políticas públicas necessárias para esta população, como combater o preconceito e superar as dificuldades. A temática

da diversidade sexual também entrou nos debates das CONAEs e demais conferências, que ocorreram em todo o território nacional, por

se tratar de tema importante e necessário.

88. O reconhecimento do Nome Social, bem como a oferta do processo transexualizador pelo Sistema Único de Saúde é um avanço para

o reconhecimento das pessoas travestis e transexuais. A Lei Maria da Penha, que inclui na proteção da lei, todas as mulheres vítimas de

violência, independente de orientação sexual, também garante o respeito às lésbicas e bissexuais.

89. Outra população que sofre diariamente o preconceito e a discriminação é a população negra. Dados do relatório Índice de

Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Social, de 2014, realizado em conjunto por diversos órgãos e entidades com a

Secretaria Nacional da Juventude (SNJ) da Presidência da República, revelam que a população negra entre 12 e 29 anos, é a principal

vítima da violência. No caso específico dos homicídios, o risco de uma pessoa negra ser assassinada em nosso país é, em média, 2,5

vezes maior que uma pessoa branca.

90. Os quilombolas também sofrem violências em função da cor da pele negra, e ainda com o não reconhecimento de suas terras.

Estima-se que no Brasil existam mais de 3 mil comunidades quilombolas.

91. A partir de 2002, houve importantes avanços, trazidos em legislações e políticas públicas de combate as desigualdades, como a

Lei 10639\03, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas em nossas escolas. Em 2008, a lei 11645\08, que

tornou obrigatório o Ensino sobre História e Cultura Indígena. Em 2010, a Lei 12288\10, conhecida como Estatuto da Igualdade Racial,

veio somar esforços na inclusão e combate ao racimo. Mais recentemente, a importante Lei 13005\14, que institui o Plano Nacional de

Educação com o objetivo de promover uma educação livre, igualitária e sem preconceitos.

92. Segundo o relatório Violência contra os povos indígenas no Brasil, elaborado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os dados

de 2012 registram mais de 60 mortos, sendo 52 deles do sexo masculino e oito do sexo feminino. Na última década, foram mais de

560 indígenas assassinados no Brasil. A apropriação das terras indígenas acaba expulsando e exterminando os indígenas e o poder

público pouco faz em favor desta população. Muitas destas famílias residem próximas às rodovias, de onde tiram o sustento, vendendo

artesanatos. Somente em 2012, foi registrada a morte de 21 vítimas de homicídio nas rodovias, dezenove vítimas de atropelamento, e

em pelo menos 10 casos, os condutores fugiram sem prestar socorro.

93. A construção de escolas dentro das comunidades ou aldeias indígenas é dever do Estado, pois garante o vínculo das crianças,

adolescentes e jovens à cultura do seu povo e a criação de identidade vinculada ao seu modo de vida. Na falta de políticas públicas que

garantam a educação dentro das comunidades, os municípios têm o dever de garantir acesso ao transporte público.

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94. A partir dos mecanismos de participação popular nas políticas públicas educacionais, definidas pelo governo Lula, o Ministério

da Educação em 2004 instituiu o Programa Escola sem Homofobia que visava garantir o combate às desigualdades educacionais, de

gênero, raça e orientação sexual. Em 2011, o programa Escola sem Homofobia definiu a organização de material didático-pedagógico

direcionado aos/às professores(as), com o objetivo de dar subsídios aos/às profissionais sobre temas relacionados à homossexualidade

dirigidos aos/às estudantes do Ensino Médio. Em decorrência dos protestos da frente parlamentar e evangélica, o projeto foi suspenso,

evidenciando um recuo na política educacional contrária à violência homofóbica.

95. Em 2012, o Plano Nacional de Educação – PNE, após dois anos de tramitação, sofreu novos ataques das frentes fundamentalistas.

Desta vez, pediam pela retirada do Inciso III do Artigo 2º, que foi instituído pela CONAE 2010, e que afirmava: “São diretrizes do PNE a

superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual”.

Desta forma, foi modificado e excluiu os termos: igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual sendo substituídos por:

“erradicação de todas as formas de discriminação”. A manipulação efetiva foi marcada por inverdades e pela criação de um conceito

pelos fundamentalistas: “ideologia de gênero”.

96. São grandes os desafios da APP-Sindicato para os próximos anos, no enfrentamento à política neoliberal do atual governo estadual, que tem

se manifestado com intensidade, dentro da lógica do Estado Mínimo. O enxugamento da máquina pública atingiu a educação e o Departamento

de Educação, Diversidade e Direitos Humanos da SEED sofreu uma significativa redução de pessoal e de investimentos, prejudicando o

desenvolvimento das políticas públicas, de formação, de ações afirmativas e de combate a todas as violências no interior das escolas. Este fato

sobrecarrega os movimentos sociais, em especial a APP-Sindicato, que fica com a responsabilidade de ofertar cursos de formação e fiscalizar

para que se faça cumprir os direitos das populações negras, indígenas, das mulheres, das comunidades tradicionais e dos LGBTTs.

POR UMA ESCOLA SEM RACISMO

97. Consideramos a escola não apenas como lugar do conhecimento, mas também como espaço de construção da identidade, de

valores e de afetos, onde educadores(as) e educandos(as) devem ser considerados(as) em suas especificidades, e respeitados(as)

como pessoas diversas, que trazem consigo suas histórias, tradições religiosas, culturais e familiares.

98. Para tanto, se faz necessário valorizar as obras e o pensamento de intelectuais negras e negros do Brasil; oportunizar o conhecimento

da cultura (música, dança, culinária, vestuário) afro-brasileira e africana; compreender a dimensão simbólica e cultural do território como

espaço de afirmação, resistência e identidade dos povos e comunidades tradicionais (como os quilombolas, que têm lutado política e

juridicamente pelo reconhecimento de seus direitos sobre os territórios que ocupam secularmente); estudar e debater sobre as religiões de

matrizes africanas, com o objetivo de desconstruir o preconceito e a intolerância que têm atingido fortemente os terreiros e seus seguidores.

99. Em março de 2003, foi aprovada a Lei Federal n.10639/03, que tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nas

escolas de ensino fundamental e médio. Essa lei altera a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) e propõe novas diretrizes curriculares, para

incluir o estudo da cultura afro-brasileira e africana, destacando seu papel como constituinte e formadora da sociedade brasileira.

100. O Estado do Paraná é formado a partir de heranças culturais europeias, indígenas e africanas. Segundo o IBGE, é o Estado da região

sul com maior número de negros e negras - 28% da população. Nosso sistema educacional não contempla de forma equilibrada essas

três contribuições culturais. Por isso, ter como meta a efetiva concretização da lei 10639/03 em nosso sistema educacional constitui

um avanço para a construção de uma sociedade e uma escola sem racismo e igualitária.

101. Ao longo dos últimos 22 anos, a APP-Sindicato e o seu Coletivo de Combate ao Racismo têm influenciado muito significativamente

no processo de institucionalização de políticas públicas em favor da população negra. Mas ainda estamos extremamente distantes

de superar o racismo institucional presente em nosso Estado, e de promovermos um efetivo processo de igualdade racial, onde a

população negra e indígena não fique à margem da sociedade paranaense. Nesse período, vivenciamos momentos em que o debate em

favor da educação e das relações étnico-raciais esteve em efervescência; e momentos onde o apoio institucional tem sido extremamente

escasso, sobretudo quando se verifica a aplicação do orçamento público em relação à agenda da população negra no Paraná.

102. Neste ano, em que a UNESCO estabeleceu o início da Década Internacional de Afrodescendentes, é preciso reafirmar a atuação da

nossa entidade em favor da consolidação de políticas públicas que combatam o racismo, promovam a igualdade racial e implementem

mecanismos de reparação do racismo institucional, originário dos séculos de escravismo criminoso.

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POR UMA ESCOLA SEM HOMOFOBIA

103. O empenho da APP-Sindicato no trabalho de desconstrução do machismo e da homo/lesbo/bi/transfobia no ambiente escolar é

intenso e reconhecido pelos demais órgãos de defesa dos Direitos Humanos. Sendo assim, em 2010, foi criado o Coletivo Estadual de

Combate à Homofobia, que abrange educadores e educadoras, funcionários e funcionárias de todo o estado, no combate à discriminação

e à violência originadas pelo desrespeito à orientação sexual e identidade de gênero. Tem também os objetivos de: intensificar o debate

no interior de nossas escolas; formar lideranças para ministrar cursos de formação; estreitar elos com o movimento social que faz o

debate LGBT nos municípios, no estado e no país; criar vínculos e convênios com as IES - Instituições de Ensino Superior públicas em

todo o estado, a fim de qualificar o debate no combate e na construção de uma escola sem homofobia.

104. A escola pública continua assentada sobre um modelo heteronormativo onde a demarcação de gênero e todas as formas de

preconceito são amplamente divulgadas. Recentes índices mostram que a discriminação e a violência homo/lesbo/bi/transfóbica

continuam presentes no espaço escolar: nossas estudantes travestis ainda não têm o seu Nome Social respeitado; meninos e meninas

ainda sofrem constrangimentos por conta da roupa, do uso do banheiro, do comportamento entres outras questões.

105. Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo em parceria com o MEC em 2009, mostra que 93,5% dos entrevistados

(estudantes, responsáveis, professores(as), diretores(as) e demais profissionais) apresentam algum tipo de preconceito com relação a

gênero e 87,3% quanto a orientação sexual.

106. O MEC através da Nota Técnica n°24/2015 e com base nas Diretrizes Nacionais para Educação em Direitos Humanos define como

seus fundamentos: a dignidade humana; a igualdade de direitos; o reconhecimento e a valorização das diferenças e das diversidades; a

laicidade do Estado e a democracia na educação para reiterar a importância dos conceitos Gênero e orientação sexual para as políticas

educacionais e de combate às desigualdade e violências.

POR UMA ESCOLA SEM MACHISMO

107. O Coletivo Feminista da APP-Sindicato, organizado desde os anos 90, tem se pautado nos debates da entidade pela construção de

uma sociedade em que sejamos capazes de superar o machismo e o patriarcalismo. Este coletivo vem construindo, cotidianamente, a

luta pelo fim das desigualdades de gênero e pela garantia de direitos às mulheres, tendo como ferramentas principais a Educação e a

Formação. O enfrentamento ao machismo está no programa de formação, com os educadores e educadoras de todo o Estado; está nas

ações no dia a dia da escola e nos lugares onde atuam e na comunidade de uma forma geral. Despontam ações como a organização

de Coletivos de Meninas Estudantes para o debate e formação permanente, em que seja possível identificar a violência sofrida pelas

mulheres, e quais os mecanismos e redes de proteção.

108. O conhecimento e interpretação, para a devida utilização da Lei Maria da Penha - Lei 11.340/2006 – e outras normas jurídicas de

proteção às mulheres são essenciais. Também a utilização adequada do processo de ensino e aprendizagem, a partir do conhecimento

da história, com a perspectiva da necessária construção da igualdade de gênero, do respeito e do combate à violência sexista, e o debate

do direito ao corpo e autonomia das mulheres, que perpasse pelos temas de sexualidade e saúde da mulher.

Plano de Lutas

109. Além de reafirmar todas as resoluções dos congressos e das conferências da APP em relação à questão étnico-racial, de gênero

e LGBTT, é fundamental defender o seguinte plano de lutas:

• Potencializar a escola como espaço de transformação, rompendo com a lógica da reprodução capitalista e patriarcal e dos

valores por ela impostos e reproduzidos.

• Que o Projeto Político-pedagógico tenha como pressuposto a ruptura com padrões conservadores, machistas, misóginos,

sexistas, racistas, heteronormativos e elitistas. Que seja contra o patriarcado, o racismo, a homofobia e o capitalismo, explicitando

o que será feito na escola para dar conta destas superações no regimento da escola, na organização do trabalho pedagógico, na

gestão da escola, na organização do espaço escolar e na construção curricular.

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• Dar visibilidade às lutas das mulheres na história, por meio de materiais específicos sobre suas lutas, o combate à pobreza, às

injustiças sociais e pela participação política nos espaços de poder, das representações de gênero e de suas lutas específicas, no

passado e no presente, dando especial ênfase à divulgação das lutas das mulheres latino-americanas.

• Garantir que temas relacionados à saúde, aos direitos reprodutivos, à autonomia das mulheres sobre seus corpos, à

mercantilização do corpo das mulheres, à sexualidade, à violência e toda discriminação sejam trabalhados na escola, procurando

refletir e propor formas de resistência e superação.

• Denunciar a discriminação e a segregação que pode ocorrer nas escolas, quando da separação de turmas por sexo, por

alunos(as) “indisciplinados(as)”, repetentes ou por condições de aprendizado, das filas de meninos e de meninas, etc.

• Lutar pela aprovação de lei que puna a prática do assédio moral e sexual no âmbito da administração pública, sabendo-se que

tais práticas vitimam principalmente as mulheres.

• Lutar pela incorporação, nas atividades pedagógicas, das ações propostas pelo Plano Nacional de Enfrentamento da Exploração

Sexual da Criança e do Adolescente e pelo Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.

• Garantir a participação das mães trabalhadoras em educação em congressos, seminários e cursos organizados pela SEED,

com a oferta de creches no local do evento para filhos e filhas com até 10 anos.

• Promover o debate sobre as DSTs e o HIV/ AIDS com os(as) trabalhadores(as) da educação, em conjunto com a CNTE, a partir

do Projeto Educação Para Todos (EPT) e AIDS, com o objetivo de consolidar a educação livre de preconceitos e discriminação, que

priorize a saúde e a prevenção.

• Atuar junto à CUT-PR e aos sindicatos no Combate à Discriminação Racial.

• Fortalecer a Rede de Mulheres Negras, mantendo a participação efetiva da APP-Sindicato e seus núcleos sindicais.

• Intensificar a produção de materiais que resgatem as experiências positivas com a temática étnico-racial realizadas pelos

educadores e educadoras.

• Criar campanhas publicitárias de combate ao racismo, machismo e a homofobia nas práticas cotidianas escolares.

• Fiscalizar a escolha dos livros didáticos e paradidáticos para que não reproduzam uma única visão cultural, mas que trabalhem

a questão do pluriculturalismo, evidenciando de fato a participação de cada uma das etnias na formação econômica e social do

Paraná e do Brasil, para que a linguagem não seja discriminatória em relação ao gênero, identidade de gênero, raça, cor, etnia,

orientação sexual, diversidade religiosa e classe social.

• Exigir que os Projetos Políticos Pedagógicos das escolas estabeleçam mecanismos para a implementação da Lei 10639/03.

• Garantir o acesso à educação dentro das comunidades quilombolas e indígenas, para que os mesmos não percam a sua

origem, assegurando o conhecimento de sua história e a formação de sua identidade.

• Realizar o combate ao preconceito e discriminação de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais lutando pela inclusão

dessa temática no currículo, baseado no Plano Nacional de Políticas Públicas para a cidadania LGBT e no Programa Brasil sem

Homofobia, visto que a identidade sexual é convenção social e cultural.

• Mobilizar-se para que o Estado inclua nos levantamentos de dados e censos escolares, informações sobre evasão escolar

causada por homofobia, racismo, sexismo e outras formas de discriminação individual e social.

• Promover o reconhecimento da diversidade de gênero, identidade de gênero e orientação sexual no cotidiano escolar.

• Lutar pela inclusão dos estudos de gênero, orientação sexual e étnico raciais nos currículos das licenciaturas.

TRABALHADORES COM DEFICIÊNCIA

110. “O Brasil ainda lida com pessoas com deficiência por meio de políticas assistencialistas, e não na perspectiva de direitos

humanos”, este é o alerta feito pelo Comitê dos Direitos de Pessoas com Deficiências da ONU, na sua reunião em Genebra, em agosto

de 2015. Theresia Degener relatora do Comitê afirma “As políticas e leis no Brasil parecem presas no modelo médico da deficiência”, e

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“aparentemente, o modelo de direitos humanos dos deficientes não tem sido adotado até agora”.

111. Pepe Vargas, ministro de Direitos Humanos do Brasil, declarou em Genebra, que o Brasil está dando “largos passos para sair do

assistencialismo”. Ele admite que “muito precisa ser feito para garantir os direitos” das pessoas com deficiência, mas garante que nos

próximos anos o Brasil irá superar o modelo assistencialista. O ministro ainda apresentou uma série de leis, criadas nos últimos anos,

para garantir direitos às pessoas com deficiência, entre elas o acesso ao transporte, habitação, nas comunicações e mesmo na Internet.

112. Historicamente as pessoas com deficiência sempre foram excluídas da sociedade porque também sempre foram consideradas

incapazes e improdutivas. O que está no cerne da incapacidade e da improdutividade é justamente a centralidade do trabalho. Em

decorrência da histórica exclusão do direito ao trabalho, veio também a histórica exclusão do direito à educação nas escolas públicas,

até bem pouco tempo reservadas somente para os(as) alunos(a) sem deficiência.

113. No entanto, na medida em que parte das pessoas com deficiência foram conquistando espaço na sociedade e, por conseguinte,

foram também se organizando nas suas próprias entidades representativas, ganharam força relativamente expressiva e com isso

avançaram na conquista dos seus direitos individuais, políticos e sociais.

114. Hoje são diversos os dispositivos constitucionais e várias leis federais, estaduais e municipais tratando dos direitos deste segmento

social. Mas, como acontece numa sociedade de classes sociais com interesses antagônicos, entre o que dizem as leis e aquilo que

efetivamente ocorre na realidade existe uma grande distância.

115. Aprovado em 2014 e publicado em 07 de janeiro de 2015, no Paraná, o Estatuto da Pessoa com Deficiência institui no Art. 1º

seu objetivo: “destinado a estabelecer orientações normativas que objetivam assegurar, promover e proteger o exercício pleno e em

condições de equidade de todos os direitos humanos e fundamentais das pessoas com deficiência, visando à sua inclusão social

e cidadania plena, efetiva e participativa.” Apesar da lei trazer no seu primeiro artigo o anseio de toda população, principalmente

aqueles(as) a quem esta lei se aplica, pouco ou quase nada foi efetivado até o momento.

116. Enquanto não se efetivam as leis e não se mudam as práticas, os(as) trabalhadores(as) com deficiência sofrem discriminações

nos locais de trabalho. São violações do direito ao ingresso, permanência e desempenho dos(as) trabalhadores(as) com deficiência e

das suas atividades profissionais. Os(as) que atuam na educação estão também incluídos nas situações discriminatórias. Vivenciam

as dificuldades cotidianas de acessibilidade, formação continuada, condições para execução de suas atividades e não raras vezes

discriminações oriundas de outros(as) trabalhadores(as).

117. Diante dessas considerações, entendemos que as discussões sobre as condições de trabalho dos(as) trabalhadores(as) com

deficiência e das condições de acesso e permanência destas pessoas nas nossas escolas, precisam ser definitivamente pautadas e

aprofundadas com a participação ativa dos(as) trabalhadores(as) com deficiência. O XII Congresso da APP-Sindicato é um momento

importante e um espaço político privilegiado que deve ser aproveitado para fazer essas discussões.

Plano de Lutas

118. Destacamos como plano de lutas:

• Reorganização do Coletivo Estadual dos(as) trabalhadores(as) em educação com deficiência e fomento à organização dos

coletivos regionais.

• Redução da carga horária diária de trabalho para os digitadores de livro para adaptação em Braille devido a doenças por esforço

repetitivo.

• Garantia, por parte da SEED, de profissionais e recursos adaptativos necessários, nos cursos de capacitação e de formação

continuada para o atendimento dos(as) trabalhadores(as) em educação com deficiência.

FUNCIONÁRIOS(AS) DA EDUCAÇÃO: somos educadores(as) e estamos na luta!

119. Ao analisar o processo histórico da educação brasileira, percebe-se que os funcionários e funcionárias da educação eram contratados(as),

ao longo da história, de forma precária e em quadros gerais dos estados e municípios. Estes(as) trabalhadores(as) não eram reconhecidos(as)

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como educadores(as), mesmo realizando atividades fundamentais para o desenvolvimento da educação. Assim, agravou-se a ideia equivocada

da divisão do trabalho intelectual e manual, hierarquizando o interior da escola. A luta pela superação desta precarização, a organização,

a profissionalização, o reconhecimento legal e a construção de planos de carreira, fazem parte da definição legal como profissionais da

educação, da regularização de suas funções e atribuições e do reconhecimento da sua atuação no processo educativo escolar.

120. A valorização dos(as) funcionários(as) da educação ocorre dentro de quatro eixos estruturantes da carreira profissional: ingresso

por concurso público, vencimento, profissionalização e plano de carreira. Considera-se prioritário o primeiro por se constituir no ponto

de partida para os demais, contribuindo para a criação da identidade dos(as) trabalhadores(as) da educação.

121. A participação dos(as) funcionários(as) nas lutas e no movimento sindical tem sido fundamental, pois reforçam seu protagonismo

em ações políticas que garantem sua visibilidade como “Profissionais da Educação”, o que ocorre com a alteração do artigo 61 da LDB,

em 2009, e, da mesma forma, em 2013, com a introdução na LDB, do artigo 62 A, pelo qual se define que a formação inicial destes(as)

profissionais deve conter conteúdos técnico/pedagógicos de nível médio ou superior.

122. A oferta de cursos específicos de formação, a estruturação de planos de carreira e a implementação de piso salarial são estabelecidos

na Resolução CNE/CEB nº 05/2010 que fixa as “Diretrizes Nacionais para os Planos de Carreira e Remuneração dos Funcionários da

Educação Básica Pública”, outro avanço fundamental na política de valorização desta categoria de trabalhadores(as) da educação das

redes municipais e estaduais. A aprovação do Plano Nacional de Educação – PNE, principalmente em sua meta 18, vem reafirmar estes

direitos, pois estabelece prazos para que aqueles(as) que atuam na educação possam ter regulamentado seu ingresso e sua carreira

através de planos específicos, com profissionalização e piso salarial nacional.

123. Este processo de reconhecimento e valorização dos(as) funcionários(as) da educação altera as relações no interior das escolas e unifica a

luta de professores(as) e de funcionários(as) numa política de valorização com Piso Salarial Profissional, carreira única, ingresso por concurso

público e formação específica, compreendendo que o processo educativo deve ser realizado em todos os espaços no interior da escola.

124. Na rede estadual do Paraná, as lutas garantiram avanços significativos, como a aprovação de plano de carreira e sua reformulação em

2013; a profissionalização de cerca de 95% dos(as) funcionários(as) através do Profuncionário; a participação na formação continuada; a

efetivação de 20 mil funcionários(as) por meio de concurso público. Entretanto, estes avanços e outros direitos conquistados estiveram

ameaçados neste último período, por conta dos ataques sistemáticos do governo Beto Richa. Foi a resistência dos(as) trabalhadores(as)

da educação que garantiu a manutenção destes direitos. Neste contexto, é evidente a importância da resistência e da unidade entre

funcionários(as) e professores(as). Da mesma forma que lutaram coletivamente pela implementação destes direitos, devem continuar

juntos na defesa do piso salarial nacional e das diretrizes de carreira, por concurso público, profissionalização e valorização de toda classe.

125. Não basta trabalhar na escola, é preciso ter a formação necessária para compreender os processos educativos e exercer com

eficiência a função de cada um, de cada uma. Reconhecer-se e ser reconhecido(a) como educador(a) é um desafio que deve estar na ordem

do dia dos(as) profissionais da educação. É neste processo que as funções se definem, os papéis se alteram e ganham importância, onde

a escola rompe com a lógica empresarial, técnica e burocrática, para ser entendida como instituição de formação científica e crítica, onde

cada um e cada uma tem fundamental importância na produção de um mundo melhor para se viver, um mundo mais humano.

Plano de Lutas

126. É o seguinte o plano de lutas:

• Continuar fortalecendo o Coletivo Estadual de Funcionários(as) bem como intensificar a organização dos Coletivos Regionais,

garantindo maior abrangência da ação da entidade junto à categoria estadual e municipal.

• Lutar por uma política permanente de formação inicial e continuada específica aos(as) funcionários(as), garantindo formação

em serviço sem prejuízo na carreira, despendendo atenção especial na construção do curso superior com habilitações tecnológicas

na área de Apoio Escolar (21ª Área Profissional).

• Unificar a luta dos(as) trabalhadores(as) da educação com as demais categorias, contra qualquer tipo de precarização ou

terceirização do trabalho. Na esfera federal está em debate o PL 4330, agora PEC 30/2015, e no Paraná um exemplo é o Programa

“Minha Escola tem Ação”, onde o governo Beto Richa reapresenta a contratação de trabalhadores(as) nas áreas de serviços gerais,

merenda, apoio administrativo e pedagógico, através da PARANAEDUCAÇÃO.

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• Contribuir na construção de planos de carreira específicos e na profissionalização destes(as) trabalhadores(as).

• Intensificar a luta pela aprovação da nova lei que constitui o Piso Salarial Nacional para todos(as), sejam das redes municipais quanto

estaduais, bem como a aprovação das Diretrizes Nacionais de Carreira, dialogando assim, com o PNE, que dá prazo de dois anos para a

reformulação dos planos de carreira, como é o caso da rede estadual, e na construção dos planos de carreira nas redes municipais.

SAÚDE DO(A) TRABALHADOR(A) DA EDUCAÇÃO

127. Acidentes e doenças do trabalho são recorrentes na nossa categoria. A APP-Sindicato recebe inúmeras denúncias de educadores(as) sobre

nossos ambientes de trabalho. Estudos sobre trabalho e saúde apontam vários fatores que colaboram com o adoecimento da categoria, tais

como: condições organizacionais; a instabilidade nos contratos temporários; excessiva carga de trabalho, falta de autonomia, de reconhecimento

e de valorização profissional. Soma-se a isto as classes superlotadas, baixa remuneração, escassos recursos materiais e didáticos, movimentos

repetitivos, poeira de giz, ruídos, uso constante da voz, exposição a produtos químicos sem a devida proteção de EPI’s. E ainda: a falta de participação

nas políticas e planejamento institucionais, acúmulo de responsabilidades transferidas à escola, conflitos ocasionados pela expectativa de pais,

condições de trabalho que provocam o desgaste tanto mental como físico. Todas essas são condições de trabalho, relacionadas diretamente com

o aumento de fatores estressores que, de maneira cumulativa, adoecem os educadores(as), que passam a apresentar níveis elevados de fadiga,

alterações do sono, transtornos depressivos, consumo de medicamentos, problemas osteomusculares, etc.

128. A Constituição Federal garante aos servidores(as) públicos(as) alguns direitos sociais dos(as) trabalhadores(as) urbanos e rurais,

entre os quais a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. A falta de uma legislação

estadual específica, bem como a falta de interesse do governo em implantá-la (quando existe) tem como consequência o afastamento de

um significativo número de educadores(as), com ônus para o Estado e para a Previdência, por incapacidades temporárias ou permanentes,

como a aposentadoria por invalidez, com responsabilidade civil e criminal do Estado e a consequente desmotivação do servidor(a).

129. É necessária uma legislação específica de segurança e de medicina do trabalho para o servidor(a). É preciso repensar a organização

do trabalho escolar e exigir do estado, medidas que assegurem uma Política Estadual de Atenção Integral à Saúde do Trabalhadores(as) da

Administração Pública, com novo modelo de saúde e melhores condições de trabalho, com programas de prevenção e promoção da saúde.

130. Em relação às readaptações, o decreto estadual n°6805/2012 de 19/12/12, que dispôs sobre suas normas e procedimentos, em seu

artigo 9º, determina a avaliação por equipes multiprofissionais regionalizadas no Estado, composta por médico perito, psicólogo, assistente

social. Além de engenheiro ou técnico de segurança do trabalho, para avaliação do ambiente de trabalho - Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais (PPRA) que tem por objetivo dar conta da demanda crescente do adoecimento dos servidores(as), entretanto nunca implantado.

131. Quanto às condições precárias de trabalho, e seus efeitos sobre o quadro de saúde(a)doecimento dos(as) educadores(as) e do

crescimento de afastados(as) de suas funções, a APP-Sindicato defende o desenvolvimento de uma metodologia de monitoramento

permanente das condições de trabalho e saúde. Condições dignas de trabalho e gestão democrática das escolas são elementos

fundamentais para que tenhamos saúde para educar os filhos(as) da classe trabalhadora.

Plano de Lutas

132. Defendemos o seguinte Plano de Lutas:

• Lutar pela aprovação e implantação do Projeto de Lei n° 466/2015 de 22/09/15 - tramitando na ALEP, que institui a Política de

Atenção Integral à Saúde dos Trabalhadores da Administração Pública do Estado do Paraná.

• Lutar pela aprovação e implantação do Projeto de Lei n°449/2015 de 22/09/15 tramitando na ALEP, que cria o IPESAÚDE e

dispõe sobre o Sistema de Assistência à Saúde dos Serviços Públicos do Estado do Paraná e dá outras providências.

• Lutar pela reestruturar a Divisão de Medicina Ocupacional - DIMS e das JIPM’S - Mudança na postura da perícia médica do

Estado, em relação aos servidores(as), dos procedimentos, dos equipamentos, e da estrutura física e humana de todas as JIMPS.

• Defender o Sistema Único de Saúde (SUS) e da Saúde do Trabalhador.

• Finalizar a Pesquisa Sobre Saúde Mental APP/UFPR.

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• Lutar pela redução do número de alunos por turma; ampliação da hora atividade, ampliação do porte de escolas e aquisição de

equipamentos de proteção à saúde para os(as) funcionários(as).

• Lutar pela aprovação dos laudos de médicos(as) assistentes e instituição de instâncias de questionamentos.

• Orientar nos casos de acidentes e suspeitas de doenças relacionadas ao trabalho; socializar as ocorrências e esclarecer a categoria.

• Defender a Paranaprevidência.

• Defender a Lei nº 14.939/05 - Saúde Vocal, que cria o Programa Estadual de Saúde Vocal Preventiva.

• Defender a Lei nº 14.992/06 - Saúde Mental, que institui o Programa de Saúde Mental Preventiva.

• Defender a Lei de Redução da Jornada de Trabalho n º 18419 de 07/01/2015, que institui o Estatuto da Pessoa com Deficiência

do Estado, e o art. 63 que assegura ao servidor(a), seja pai, mãe ou responsável de pessoas portadoras de deficiências, a redução

da carga horária semanal para o acompanhamento do(a) pessoa com deficiência, sem prejuízo da remuneração.

• Conscientizar educadores(as) quanto ao registro nos órgãos de fiscalização dos serviços de saúde, como Ministério Público

e Procuradoria Regional do Trabalho de denúncias das condições precárias e nocivas de trabalho a que são expostos diariamente,

divulgar amplamente os endereços e telefones desses órgãos.

• Lutar pela medicina geriátrica para todos(as) os(as) educadores(as) ativos(as) e aposentados e o atendimento preventivo

psicológico e fisioterápico.

• Lutar para que o Estado implemente e priorize a medicina domiciliar, principalmente para aposentados(as).

• Cobrar da DIMS vistorias técnicas, com emissão de laudos dos ambientes de trabalho, insalubres e perigosos. Lutar pela

mudança dos ambientes nocivos à saúde.

• Lutar contra qualquer redução de salário por doenças do trabalho relacionadas à ergometria, fonoaudiologia, visual, auditiva,

psicológica e outras e nos afastamentos motivados por tratamento de saúde.

• Lutar pelo exame anual dos servidores(as) para a avaliação das condições de saúde e prevenção.

• DST/AIDS Brasil - Participar dos Programas dos Ministérios da Educação e Saúde, na formação de dirigentes sindicais como

multiplicadores(as) na prevenção às doenças sexualmente transmissíveis.

JUVENTUDE TRABALHADORA DA EDUCAÇÃO

133. A juventude brasileira vem sendo exterminada a cada dia, nas grandes, médias e até pequenas cidades. O mapa da violência vem

divulgando, a cada ano, dados assustadores que comprovam esse fato. Em paralelo a isso, há uma ofensiva conservadora para retirar a

juventude das escolas e colocá-la no mercado de trabalho o quanto antes, além de deixá-la vulnerável ao sistema prisional.

134. A Redução da Maioridade Penal é um tema em debate no Congresso Nacional. Aprovado depois de um “golpe” do presidente da

Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o projeto prevê que adolescentes a partir dos 16 anos cumpram suas penas em

cadeias e não tenham acesso à educação. Hoje, no Brasil, há um deficit de mais de 200 mil vagas no sistema carcerário que já abriga

mais de 700 mil presos em condições precárias. Na contramão, temos um Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA - aprovado há

25 anos, em que muitas cláusulas sequer saíram do papel e que vem sendo atacado constantemente. O ECA estabelece formas de

prevenção, sanção e ressocialização. O grande pano de fundo não é a punição mais severa, como quer o discurso conservador, mas

perpassa pela privatização do sistema carcerário brasileiro, concedendo ao setor privado a gestão dos presídios e cadeias por todo o

país. Quanto mais presos, maior o lucro. Outra consequência deste projeto é a retirada de adolescentes e jovens dos bancos escolares.

135. Soma-se ao projeto de Redução da Maioridade Penal a questão da mão de obra: o projeto de emenda constitucional (PEC) 18/2011,

de autoria do deputado paranaense Dilceu Sperafico (PP), possibilita a contratação de adolescentes a partir dos 14 anos, quando a

Constituição Federal só permite a partir dos 16 atualmente. Isto contribui com a evasão de jovens das salas de aula.

136. O capitalismo mostra sua face perversa e não admite que os filhos da classe trabalhadora permaneçam por “tanto” tempo num

ambiente sem “nada produzir” ao capital. Ou serve como “produto” num conglomerado carcerário ou se torna, o quanto antes, mão de

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obra barata em empresas que justamente financiam as campanhas políticas de quem aprova tais medidas.

137. Porém, em meio a onda conversadora, conseguimos identificar alguns avanços que a juventude brasileira conquistou no último

período, organizando-se e travando os debates necessários, como o Estatuto de Juventude, aprovado pela Câmara dos Deputados em

09 de julho de 2015 que, além de outras conquistas, incluiu o termo JOVEM no Capítulo VII da Constituição Federal, que trata dos

Direitos e Garantias Fundamentais. Além disto, acontece por todo o Brasil as Conferências de Juventude, em âmbito municipal, estadual

e nacional, que propicia um amplo processo de debate e participação sobre o que a juventude quer para o Brasil. Um espaço para

discutir, analisar, reivindicar e propor ações para os poderes públicos e também para pactuar instrumentos de monitoramento e ações

entre as redes de organizações, com foco no controle social das políticas públicas de juventude.

138. Neste contexto, é urgente que o sindicato entre nesta disputa por estes jovens, fazendo contraponto ao conservadorismo reacionário,

dialogando e aproximando os jovens, numa perspectiva estratégica para a continuidade dos avanços.

139. A APP-Sindicato deve trabalhar não apenas na perspectiva do aumento das sindicalizações, mas se preocupar com a formação de

novos quadros de jovens dirigentes, capazes de fazer o debate e articular estratégias.

140. No Paraná, com a realização de concursos públicos nos últimos anos, ingressaram nas carreiras de profissionais da educação

muitos(as) jovens educadores(as), que não vivenciaram os “anos de chumbo” da era Lerner, quando servidores(as) estaduais ficaram

por 8 anos sem reajustes salariais, além dos constantes ataques aos direitos e às escolas. No governo Beto Richa, as lutas continuam

intensas, diante dos ataques às carreiras e a insuficiência de concursos públicos. Cresceu a contratação de trabalhadores(as) admitidos(as)

por meio do PSS. Hoje são cerca de 27 mil trabalhadores(as) nesta situação. Esta forma de contratação precária não garante direitos

como, por exemplo, a isonomia de vencimentos de acordo com a formação acadêmica. Neste contexto, torna-se ainda mais importante

a sindicalização destes(as) jovens educadores(as), professores(as) e funcionários(as), tornando-os protagonistas nas lutas da categoria.

141. É preciso debater com a juventude, apontando e denunciando os significados do projeto neoliberal, responsável pelos retrocessos

sentidos diariamente, e reafirmando o protagonismo dos jovens na história e seu papel ativo para as mudanças e melhorias necessárias.

142. O sindicato tem papel fundamental no debate e na reaproximação dos(as) jovens educadores(as), neste período histórico, em que

esta parcela da sociedade está inserida, em uma forte onda conservadora, que, em muitos momentos, acabam reproduzindo e criando

movimentos que atacam seus próprios direitos. Exemplo disso são movimentos como: Brasil Livre, Endireita Brasil, Revoltados Online,

que organizam a juventude contra os avanços e contra a democracia, realizando o desserviço de canalizar a vontade de mudança própria

da juventude, em prol de interesses do capitalismo.

143. No Paraná esta realidade não é diferente. O nosso Estado serve como laboratório das políticas de retirada de direitos e precarização

do trabalho e da educação, com ajustes fiscais, encerramento de turmas e fechamento de escolas, aumentando o número de estudantes

em sala de aula, rebaixando a qualidade da educação. Faz-se necessária a organização dos jovens educadores(as) para travar lutas

importantes, como, por exemplo, a abertura de novos concursos públicos e a manutenção dos planos de carreira.

Plano de Lutas

144. É importante que a juventude trabalhadora da educação entenda o momento que vive e a importância de sua participação na

construção de uma sociedade igualitária, num Estado de Direito, com oferta de trabalho e respeito às necessidades e aspirações da

juventude. Para tanto, propomos:

• Participar ativamente das Conferências e Conselhos Municipais e Estadual da Juventude, acompanhando a execução e propondo

políticas públicas para os(as) jovens.

• Reativar e consolidar o Coletivo Estadual da Juventude da APP-Sindicato e a criação de coletivos em todos os núcleos sindicais,

como medida para alcançar estes(as) jovens professores(as) e funcionários(as) de escola.

• Participar no Coletivo de Juventude da CUT e CNTE.

• Construir espaços no meio sindical onde possam atuar, mediar e intervir de maneira qualificada.

• Realizar mapeamento da categoria para saber onde estão, o que pensam do sindicalismo e da sua atuação junto a categoria.

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• Desenvolver campanha de sindicalização específica.

• Realizar cursos de formação regionais e estadual para a juventude sindical.

• Realizar de seminários para debater a atuação da juventude sindical.

TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO

145. No Paraná na década 90, a CETEPAR (Centro de Treinamento do Magistério do Paraná) em Curitiba, servia como um centro de

treinamento dos professores para uso das tecnologias no cotidiano escolar. Através da exigência do PROINFO (1997), inicialmente

denominado de Programa Nacional de Informática na Educação, foram criados no Paraná, 13 NTEs (Núcleo de Tecnologia Educacional)

que seguiam a orientação da CETE (Coordenadoria Estadual de Tecnologias Educacionais). A abordagem principal era a capacitação do

professor (a) no uso das TICs (tecnologias de informação e comunicação), bem como na elaboração e desenvolvimento de projetos

educacionais que tivessem a mediação destas novas tecnologias.

146. Durante o primeiro mandato do governo Lula, a questão do software livre fomentou debates importantes no cenário nacional, bem

como a banda larga para as escolas. Despertado pelos debates nacionais, no Paraná, no governo Roberto Requião (2002 a 2010), o

movimento software livre ganhou importância, impulsionou as mudanças na estrutura da SEED e, em 2003, os NTEs passaram a ser

CRTEs ( Coordenadoria Regional de Tecnologia na Educação) e foram ampliados para 32 unidades.

147. Como resultado dos debates e desta reestruturação é criado o Projeto Educação Básica e Inclusão Digital no Estado do Paraná,

depois chamado de Paraná Digital, em que se atingiu toda a rede pública. O projeto, baseado em um Programa da ONU, estava alicerçado

em 3 eixos: (a) um modelo colaborativo, uso e disseminação de conteúdos educacionais na internet (Portal Dia-a-dia Educação);

(b) um programa de fortalecimento e expansão dos antigos NTEs; (c) a promoção do acesso às novas tecnologias de informação e

comunicação de forma universalizada na rede pública.

148. A arquitetura do Paraná Digital foi desenvolvida numa parceria entre o Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

com a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED), Fundação Educacional do Paraná (FUNDEPAR), e a Companhia de Informática do

Estado do Paraná (CELEPAR), enquanto a conectividade por meio de fibra ótica ficou a cargo da COPEL (Companhia Paranaense de Energia).

149. Como forma de ampliar e diversificar a estrutura de tecnologia de informação e comunicação, e assim oferecer uma ferramenta a mais

aos(às) educadores(as), em 2006 é incorporada ao Paraná Digital a TV Paulo Freire, constituída basicamente por cinco elementos: formação

continuada (foco principal), programas de cunho informativo, campanhas, enfoque regional e conteúdo complementar ao currículo. Em 2007,

numa nova reestruturação da SEED, foi criada a Diretoria de Tecnologias Educacionais – DITEC, sob a subordinação da Superintendência

da Educação, entendendo a tecnologia com função pedagógica e não como artefato ou técnica. Se estabelece uma nova cultura, com o

professor(a) mediador(a) didático-pedagógico no uso da TICs. Cria-se a figura do(a) professor(a)-tutor(a) na modalidade de Educação a

Distância (EAD). A mídia impressa, também chamada de mídia offline, um dos recursos mais usados nas escolas ficou mais acessível, tais

como: livros, jornais, revistas, enciclopédias, obras literárias e didático-pedagógicas, histórias em quadrinhos, propagandas, encartes, mapas,

entre outros, até mesmo o livro Didático Público do Paraná. São criados Ambientes virtuais na web ou Ambientes Virtuais de Aprendizagem

como por exemplo, o E-escola no sistema Moodle, e Ambientes de Aprendizagem Colaborativos foram sendo aperfeiçoados (OAC) com o

Projeto Folhas, a Pesquisa Escolar na Web e o Portal Dia-a-Dia Educação, em quatro ambientes: Educadores, Alunos, Escola e Comunidade.

150. Em 2011, no primeiro mandato do Governador Beto Richa, o então presidente do Conselho Estadual de Tecnologias da Informação e

Telecomunicações, Cassio Taniguchi, anunciou grandes investimentos na área e reestruturação da CELEPAR. Na realidade o que presenciamos

foi um desmonte da empresa, a utilização de um acordo com a Microsoft e com isto, o governo do Paraná deixou de usar o software livre. Em

2013, o Governador assinou um acordo pelo qual a empresa disponibiliza licenças do Office 365 para 2.160 escolas do Paraná. O serviço só

foi possível porque as escolas estavam conectadas por uma rede própria de fibra óptica, investimentos que foram realizados pela COPEL. O

Paraná é o único Estado do país que tem um lei de incentivo e uso de Softwares livres, a Lei 14.058/2003, que determinava que a Administração

Pública do Paraná utilizasse, preferencialmente, programas abertos de computador e softwares livres. Com isso o governo descumpre a Lei e

submete o gerenciamento das TCIs à iniciativa privada com o investimento em software proprietário.

151. Colocar TVs, computadores, lousa digital, etc., nas escolas, não significa mudanças significativas da relação ensino aprendizagem,

mas estabelece o debate acerca de novas concepções pedagógicas.

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Plano de Lutas

152. Defendemos:

• Realizar um seminário estadual de aprofundamento sobre a função e usos das novas tecnologias na educação.

• Realizar um painel de âmbito estadual com as experiências da rede pública.

• Exigir da SEED um programa de Formação Continuada sobre o uso de tecnologias na Educação.

MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO

153. A reflexão posta no atual período histórico, marcado pela degradação permanente do meio ambiente, nos coloca como desafio,

repensar o modelo de desenvolvimento econômico adotado em escala global, modelo esse que coloca em risco não só a natureza, mas

a própria sobrevivência da vida humana, uma vez que o capitalismo, em sua dinâmica expansionista, contraditoriamente, destrói suas

próprias condições de existência, a começar pelo meio natural.

154. O modelo de sociedade capitalista, onde o consumo se tornou o grande fundamento, traz consigo uma problemática grave e coloca para a

humanidade a necessidade de repensar o modo de vida no qual estamos inseridos. Com o advento da industrialização, o ser humano passou a

desenvolver técnicas capazes de dominar a natureza e modificá-la de forma acelerada. Essa condição possibilitou um grande avanço em varias

áreas, mas trouxe diversas consequências para a natureza e para a vida humana em relação às questões ambientais e climáticas.

155. Para a maioria dos cientistas, a ação antrópica é, sem dúvida, a grande responsável pela maioria dessas alterações climáticas. É

possível identificar essas alterações mais precisamente em pequena escala, como, por exemplo, os impactos causados nos grandes

conglomerados urbanos, onde a industrialização é mais acentuada e, com isso, a biodiversidade é extremamente alterada, trazendo

consequências visíveis ao ambiente, como as mudanças nos climas locais e nos chamados microclimas. O clima urbano é o exemplo

mais nítido da transformação do clima local sobre o espaço habitado e modificado pelo ser humano.

156. Estudos comprovam que, cada vez mais, as mudanças climáticas têm se acentuado nas últimas décadas e nosso clima está

cada vez mais instável a cada ano, seja por estiagens prolongadas ou excesso de chuvas, grande oscilação de temperaturas em várias

regiões do globo, dentre outros fenômenos que passam a preocupar toda a humanidade, como o aquecimento global, discutido em larga

escala pela comunidade científica. Essas alterações no clima trazem drásticas consequências para a civilização, como o derretimento de

geleiras e o aumento dos oceanos, acarretando o avanço do mar sobre áreas costeiras e desabrigando um enorme número de pessoas.

157. No Brasil, tivemos um retrocesso com a aprovação do Novo Código Florestal (Lei 12.651/12), após anos de discussão entre

parlamentares, governo, ruralistas e ambientalistas. A sanção do novo Código Florestal, com 12 vetos, e a edição de uma medida

provisória, se mostrou incapaz de trazer reais soluções para frear o desmatamento e impedir o avanço da monocultura sobre os biomas

brasileiros, ameaçados pela expansão do agronegócio, além de continuar promovendo anistia a desmatadores.

158. Apesar das inúmeras conferências da ONU - Organização das Nações Unidas - sobre o meio ambiente e as várias medidas a

serem tomadas pelas nações para impedir que a situação do clima se agrave, observa-se o pouco empenho por parte das nações mais

industrializadas, uma vez que a implementação de tais medidas para a redução de poluentes afetará o modelo de produção.

159. O principal desafio colocado é uma revisão crítica do modo de produção, assim como uma ruptura com a ideologia da inexorabilidade

do progresso, propondo uma nova concepção da interação entre natureza e humanidade, na tentativa de articular o socialismo com a

crítica ecológica, organizando um modelo de sociedade e de produção baseado nas necessidades sociais e nas exigências de proteção

do meio ambiente. Substituindo, assim, a microracionalidade do lucro por uma macroracionalidade social e ecológica, o que exige uma

verdadeira mudança de civilização.

160. Desse modo, a educação tem uma responsabilidade sem precedentes na mudança de paradigmas, na construção de uma nova

cultura e na superação de um modelo que já se mostrou catastrófico e falacioso. A APP-Sindicato tem como tarefa assumir, de forma

pedagógica e solidária, as bandeiras socioambientais, no sentido de fortalecermos a educação para o ecossocialismo, incorporando

isso na estratégia política da entidade, nos programas de formação sindical, educacional e de políticas sociais.

161. A consolidação do ecossocialismo deverá ser o marco referencial para nossas lutas socioambientais. Não é possível falar de mudanças

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de paradigmas num sistema perverso baseado na exploração de trabalhadores e trabalhadoras e na extinção da sociobiodiversidade. Para

um sistema que tem por base a insana busca pelo lucro, a poluição, a exaustão e a destruição dos recursos naturais, o ecossocialismo é

capaz de dar respostas, construindo uma economia mais solidária e justa, com justiça socioambiental para todos e todas.

Plano de Lutas

162. Desse modo propomos para o próximo período centrar forças em estratégias que venham reverter este processo de degradação

do planeta, se somando às lutas de outros militantes engajados(as) nas causas ambientais. Assim, defendemos:

• A criação de um coletivo de debate ambiental na APP-Sindicato, a fim de intervir na sociedade com formulação de políticas

públicas nas questões ambientais.

• Fomentar o debate sobre a matriz energética, defendendo fontes limpas com controle social: eólica, geotérmica, marítima, e

principalmente solar.

• Lutar por um transporte público, gratuito e eficiente, acessível a todos e todas.

• Defender, em relação à produção e distribuição de alimentos, a agroecologia e a soberania alimentar.

PLANO DE LUTAS GERAL

163. A APP-Sindicato reafirma os princípios contidos no artigo 3º do seu Estatuto e as ações apontadas no temário da Tese que

debatemos neste Congresso, bem como se referencia na Pauta de Reivindicações da categoria. Quanto ao Plano de Lutas, a APP atuará

na construção de uma sociedade socialista, contra qualquer iniciativa que vise redução de direitos conquistados e será intransigente e

determinada na defesa da categoria e na luta por novas conquistas.

164. Nesse sentido, as ações e estratégias da APP-Sindicato serão pautadas de forma a:

• Defender o Socialismo, contribuir na construção de uma sociedade em que a emancipação humana seja o princípio fundante,

como alternativa e combate ao capitalismo.

• Lutar pela liberdade, autonomia, solidariedade e unidade da classe trabalhadora nacional e internacional, estreitando relações

na luta de classes.

• Defender a integração dos povos latino-americanos tendo a UNASUL (União de Nações Sul-Americanas) e o MERCOSUL como

importantes mecanismos para essa integração.

• Defender os fundamentos do Estado Democrático de Direito, Laico e Republicano.

• Lutar contra toda a forma de opressão, exploração, violência e discriminação de gênero, étnicorracial, orientação sexual e de

identidade de gênero, geração ou deficiência e que envolvam o desrespeito à liberdade religiosa.

• Lutar por um modelo de segurança pública baseado na desmilitarização de nossos territórios, corpos e vidas, superando o atual

modelo que articula o Estado, empresas transnacionais de segurança e de fabricação de armas, o mercado imobiliário e o crime organizado.

• Defender os direitos sociais e políticas públicas universais, gratuitas e de qualidade, como direito da população, em todas as

esferas do poder público e que estejam voltadas para os interesses das classes populares.

• Lutar pela Reforma Agrária e Urbana, sob o controle dos(as) trabalhadores(as).

• Combater a criminalização dos movimentos sociais, lutar pelo fim da pobreza, das políticas de “higienização” social e das

desocupações – no campo e na cidade.

• Defender a Reforma Educacional na perspectiva dos(as) trabalhadores(as), que universalize o ensino básico, democratize o acesso

ao ensino superior, exerça o controle público sobre o ensino privado, contribua na superação da desigualdade social e do analfabetismo.

• Defender a Reforma Sindical e Trabalhista que garanta e amplie direitos, democratize as relações de trabalho, fortaleça a organização

sindical como instrumento da luta autônoma dos(as) trabalhadores(as) e que não comprometa o livre exercício do direito de greve.

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• Defender a Reforma Tributária que institua a progressividade dos tributos sobre a renda, a tributação sobre as fortunas, heranças,

lucros e ganhos de capital, que fortaleça a produção frente à especulação financeira, desonere a cesta básica, garanta a formalização do

trabalho, promova a distribuição de renda, elimine a guerra fiscal entre estados e municípios e amplie o papel redistributivo do Estado.

• Lutar pela Reforma Política e do Estado sob os preceitos da soberania popular e do controle social, participando da luta por

uma Constituinte Soberana e Exclusiva.

• Defender a Previdência Pública e a universalização dos benefícios sociais.

• Lutar pelo fim do fator previdenciário.

• Lutar pelo fim das privatizações e das concessões.

• Lutar em defesa da Petrobras 100% estatal e pela reestatização da Vale do Rio Doce e demais empresas privatizadas.

• Defender o desenvolvimento social e ecologicamente sustentável, denunciando o padrão vigente de produção, o financiamento

e consumo e, anunciar que a dimensão ambiental da crise internacional só será superada pelo socialismo.

• Lutar pela demarcação e homologação das terras indígenas garantindo as condições de vida dos povos originários, resgatando

e preservando a sua cultura.

• Pressionar o Congresso Nacional sobre o Marco Regulatório da Organização e Exploração dos Serviços de Telecomunicações

e de Radiodifusão no País.

• Constituir amplo movimento de massas da classe trabalhadora, propondo agendas unitárias.

• Fazer a defesa da não redução da maioridade penal, pois os(as) adolescentes em ato infracional já são responsabilizados(as)

por meio de medidas socioeducativas previstas no ECA. A violência não será solucionada ou reduzida com a culpabilização e

punição em prisões, pois o sistema penitenciário brasileiro é apenas uma “escola do crime”. Além disso, o índice de crimes

cometidos por jovens nessa faixa etária é mínimo, e educar é melhor e mais eficiente do que punir.

• Lutar pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário, pelo fim do banco de horas, pela manutenção e ampliação

de empregos e salários e por distribuição de renda e riqueza.

• Lutar pela aprovação da Lei de Responsabilidade Educacional pautada na garantia de educação democrática e de qualidade

como direito social inalienável, visando assegurar as condições objetivas do direito à educação.

• Organizar o ramo de atividade das/os Trabalhadoras/es em Educação, garantindo e ampliando o poder de representação,

negociação e de luta.

• Lutar pelo fim do imposto sindical e pela implementação de uma contribuição da negociação coletiva aprovada pelos(as)

próprios(as) trabalhadores(as) em assembleias.

• Defender a democratização das relações de trabalho no serviço público e privado, contra o assédio moral e sexual e que a

punição de tal prática seja regulamentada em lei estadual.

• Defender a Educação pública, universal gratuita, laica, democrática, inclusiva e de qualidade social, com o uso das verbas

públicas somente para a escola pública, para as crianças, jovens, adultos(as), idosos(as) e deficientes, proporcionada pelo Estado,

aparelhando as unidades escolares, adequando-lhes os espaços e pessoal devidamente qualificado.

• Lutar pela implementação do PSPN – Piso Salarial Profissional Nacional para todos(as) os(as) profissionais da Educação, nos

valores defendidos pela CNTE, no âmbito da União, Estados e Municípios.

• Defender a Gestão Democrática da Educação tendo como preceito básico a radicalização da democracia: no caráter público

e gratuito da educação, na inserção social, nas práticas participativas e na implementação de todos os seus instrumentos, na

descentralização do poder, no direito à representação e organização, na eleição direta para dirigentes escolares, na socialização dos

conhecimentos e das decisões colegiadas.

• Lutar pela ampliação do financiamento da educação básica estadual em, no mínimo, 35%.

• Lutar pelo cumprimento das metas do PNE e PEE naquilo que está em consonância com as nossas defesas históricas, para a

TESE DA DIREÇÃO ESTADUAL DA APP-SINDICATO PARA O XII CONGRESSO ESTADUAL DA APP-SINDICATO EU TÔ NA LUTA! GESTÃO SOMOS MAIS APP

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melhoria da educação pública.

• Embasar, através de cursos de formação, os(as) trabalhadores(as) em Educação municipais e estadual, no que diz respeito ao

investimento dos recursos da educação, possibilitando uma melhor atuação em mesas de negociação e nos Conselhos.

• Lutar contra a precarização dos contratos temporários de trabalho dos(as) PSS, em defesa do pagamento pela maior habilitação

e o reconhecimento do tempo PSS na primeira promoção, mesmo estando em estágio probatório.

• Lutar pela garantia e ampliação da oferta de vagas em IEs públicas, em cursos presenciais, para a formação de professores(as)

e funcionário(as).

• Defender o direito e apoio à livre organização dos(as) estudantes, nos diferentes níveis e modalidades de ensino, por meio de

entidades representativas e autônomas.

• Participar dos Fóruns e espaços coletivos de defesa dos interesses da educação pública, laica, gratuita e de qualidade para

todos e todas.

• Participar dos Conselhos de políticas públicas objetivando o Controle Social do Estado.

• Lutar contra a violência e a indisciplina nas escolas, fazer o debate sobre as suas causas, a política de criminalização da

pobreza e a produção de uma “cultura do medo”.

• Defender a implementação da Escola Integral para a Educação Básica, onde seja garantido um novo currículo e atividades de

caráter educacional-cultural, com profissionais qualificados(as) e remunerados(as).

• Defender a consolidação das Diretrizes Curriculares do Paraná, construídas em debate amplo e democrático com toda a

categoria e que está em vias de desmonte, ameaçada pelo viés tecnicista e instrumental da gestão do governo do Estado.

• Lutar pela implantação de um programa de alimentação escolar baseado no conceito da Soberania Alimentar.

• Lutar por uma política estadual de inclusão, em consonância com as diretrizes nacionais e por condições para sua implementação.

• Lutar, em conjunto com o FES, pela reformulação do Estatuto dos Servidores Públicos.

• Fortalecer cada vez mais o segmento de funcionários(as) da educação no debate e construção do processo pedagógico e da

gestão escolar, com participação efetiva na semana pedagógica e nas demais atividades de formação organizadas pela Seed.

• Priorizar o trabalho com a juventude da categoria dos(as) trabalhadores(as) em educação e, através de formação político-

sindical, estimular sua participação nas ações do Sindicato.

• Ampliar o trabalho junto aos/às educadores(as) aposentados(as) na luta por direitos e por políticas públicas, especialmente no

que se refere à saúde, à seguridade previdenciária, pela manutenção da isonomia salarial e pelo cumprimento dos direitos garantidos

na Política Nacional do Idoso.

1 CUT. 12o. CONCUT: Educação Trabalho e Democracia. Disponível em: http://cut.org.br/system/uploads/action_file_version/f94a118f2bc7f94595deeb7dd3ead6e5/file/texto-de-conjuntura-concut-aprovado-pela-direcao.pdf. Acessado em 25/9/2015.2 Disponível em: http://www.adital.com.br/hotsite_ecumenismo/noticia_imp.asp?cod=74429&lang=PT. Acessado em 25/9/20153 Disponível em: http://ec.europa.eu/eurostat/statistics-explained/index.php/Archive:GDP_and_household_accounts_at_regional_level/pt. Acessado em 25/9/20154 CUT. 12o. CONCUT: Educação Trabalho e Democracia. Disponível em: http://cut.org.br/system/uploads/action_file_version/f94a118f2bc7f94595deeb7dd3ead6e5/file/texto-de-conjuntura-concut-aprovado-pela-direcao.pdf. Acessado em 25/9/2015.5 Disponível em: http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/06/desemprego-na-zona-do-euro-fica-estavel-no-menor-patamar-desde-2012.html. Acessado em 25/9/2015.6 Disponível: http://www.auditoriacidada.org.br/e-por-direitos-auditoria-da-divida-ja-confira-o-grafico-do-orcamento-de-2012/. Acessado em 26/9/2015.7 Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/10/1536683-brasil-deve-perder-us-11-bilhoes-em-2015-com-queda-das-commodities.shtml. Acessado em 26/9/2015.8 Disponível em: http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/08/oito-das-10-maiores-economias-estaduais-enfrentam-dificuldades-financeiras-4820513.html. Acessado em 26/9/2015.9 Disponível em: http://www.bcb.gov.br/?SERIESP. Acessado em 26/9/2015.10 Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/parana-aumenta-receitas-em-165-mas-dividas-sobem-30-36j8y1jt4r8gciv49f10swno4. Acessado em 28/9/2015.