tese de mestrado - dez2002 - final

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MODELAGEM SÍSMICA DE ONDAS ELÁSTICAS E MIGRAÇÃO REVERSA NO TEMPO EM MEIOS TRANSVERSALMENTE ISOTRÓPICOS José Carlos Rosa Filho TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Aprovada por: _______________________________________ Prof. Webe João Mansur, Ph.D. _______________________________________ Prof. Djalma Manoel Soares Filho, D.Sc. _______________________________________ Prof. José Antonio Marques Carrer, D.Sc. _______________________________________ Dr. Eduardo Filpo Ferreira da Silva, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL DEZEMBRO DE 2002

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Page 1: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

MODELAGEM SÍSMICA DE ONDAS ELÁSTICAS E MIGRAÇÃO REVERSA NO

TEMPO EM MEIOS TRANSVERSALMENTE ISOTRÓPICOS

José Carlos Rosa Filho

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS

DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO

DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

_______________________________________ Prof. Webe João Mansur, Ph.D.

_______________________________________ Prof. Djalma Manoel Soares Filho, D.Sc.

_______________________________________ Prof. José Antonio Marques Carrer, D.Sc.

_______________________________________ Dr. Eduardo Filpo Ferreira da Silva, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

DEZEMBRO DE 2002

Page 2: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

ii

Ficha Catalográfica

ROSA FILHO, JOSÉ CARLOS

Modelagem Sísmica de Ondas Elásticas e

Migração Reversa no Tempo em Meios

Transversalmente Isotrópicos [Rio de Janeiro] 2002

X, 152 p. 29,7cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.

Programa de Engenharia Civil, 2002)

Tese - Universidade Federal do Rio de Janeiro,

COPPE

1. Modelagem e Migração de Dados Sísmicos

2. Meios Transversalmente Isotrópicos

I. COPPE/UFRJ II. Título (série)

Page 3: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

iii

Dedicatória

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à memória de meu pai,

José Carlos, e à minha mãe Maria Lúcia, aos quais

devo minha vida, e à minha irmã Vera Lúcia, pelo

incentivo à sua realização.

Não posso me furtar à lembrança de

igualmente dedicá-lo à minha esposa Marli e aos

meus filhos Bruno e Daniela, bem como agradecê-

los imensamente por, além de serem a razão

principal de todos os meus esforços,

compreenderem minhas aflições nessa busca pelo

conhecimento e colaborarem com a manutenção do

ânimo nessa empreitada.

Page 4: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

iv

Agradecimentos

AGRADECIMENTOS

Agradeço a oportunidade de realizar este trabalho à

empresa Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRÁS, pela

disponibilidade de tempo que me proporcionou para a

realização deste trabalho, e ao Programa de Engenharia

Civil da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação

de Engenharia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro - PEC/COPPE/UFRJ, por me acolher entre seu

corpo discente durante o período de desenvolvimento

deste trabalho.

Ressalto um agradecimento especial ao meu

orientador, Professor Webe João Mansur, e ao meu

orientador e também colega, Geofísico Djalma Manoel

Soares Filho, pela orientação segura e apoio

incondicional em todas as fases deste trabalho, bem

como aos demais professores do supracitado Programa

de Pós-Graduação pela colaboração científica.

Agradeço ainda à minha tia, Maria do Carmo Silva

Soares, pelas sugestões e pela revisão ortográfica e

gramatical de todo texto desta Dissertação.

Gostaria ainda de manifestar meus agradecimentos

à colaboração e compreensão dos colegas e da gerência

do Serviço de Aquisição de Dados Sísmicos do Suporte

Operacional da Unidade de Exploração da PETROBRAS

- UN-EXP/SOP/ADS.

Finalmente, estendo meus agradecimentos a todos

os colegas da PETROBRAS e àqueles ao quais encontrei

no ambiente universitário que, de alguma maneira,

colaboraram para que este trabalho fosse desenvolvido.

Page 5: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

v

Resumo

Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

MODELAGEM SÍSMICA DE ONDAS ELÁSTICAS E MIGRAÇÃO REVERSA NO

TEMPO EM MEIOS TRANSVERSALMENTE ISOTRÓPICOS

José Carlos Rosa Filho

Dezembro/2002

Orientadores: Webe João Mansur

Djalma Manoel Soares Filho

Programa: Engenharia Civil

O objetivo deste trabalho foi a avaliação dos efeitos de um tipo de anisotropia,

especificamente isotropia transversa (sistema com simetria elástica hexagonal), na

propagação de ondas sísmicas em meios elásticos e na migração reversa no tempo

em dados sísmicos simulados. Neste trabalho foram desenvolvidos e implementados

algoritmos de modelagem sísmica e migração reversa no tempo para meios

transversalmente isotrópicos, através da generalização do algoritmo PS2, apresentado

em ZAHRADNÍK (1995), onde os parâmetros que caracterizam o meio são

introduzidos por integrações ao longo das linhas da malha. Além dos campos de

velocidade das ondas compressionais e cisalhantes e da densidade, as modelagens e

migrações pré-empilhamento em profundidade incorporaram os parâmetros de

isotropia transversa, apresentados em THOMSEN (1986), em cada ponto da malha,

mostrando que, mesmo que fraca, a anisotropia pode comprometer as análises sobre

os resultados obtidos.

Page 6: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

vi

Abstract

Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of requirements

for the degree of Master of Science (M.Sc.)

SEISMIC MODELING OF ELASTIC WAVES AND REVERSE TIME MIGRATION IN

TRANSVERSE ISOTROPIC MEDIA

José Carlos Rosa Filho

December/2002

Advisors: Webe João Mansur

Djalma Manoel Soares Filho

Department: Civil Engineering

The purpose of this work was the evaluation of the effects of a type of anisotropy,

specifically transverse isotropy (hexagonal symmetric system), on elastic media

seismic wave propagation and on reverse time migration of the simulated seismic data.

In this work, we developed and introduced algorithms of seismic modeling and reverse

time migration for transverse isotropic media by the generalization of the ZAHRADNÍK

(1995) PS2 algorithm where the media parameters are introduced by integrations

through the grid lines. Associated with the compressional and shear waves velocity

fields and density, modeling and depth prestack migration procedures incorporate

transverse isotropy parameter, as presented in THOMSEN (1986), at each grid point,

showing that, although weak, anisotropy can endanger analysis on obtained results.

Page 7: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

vii

Sumário

Sumário

Pág.

Ficha Catalográfica..................................................................................................... ii

Dedicatória................................................................................................................. iii

Agradecimentos ........................................................................................................ iv

Resumo ....................................................................................................................... v

Abstract...................................................................................................................... vi

Sumário..................................................................................................................... vii

Capítulo 1.................................................................................................................... 1

1. Introdução.......................................................................................................... 1

1.1. Objetivos......................................................................................................... 1

1.2. Metodologia .................................................................................................... 2

Capítulo 2.................................................................................................................... 3

2. Fundamentos Teóricos ..................................................................................... 3

2.1. Ondas Mecânicas em Meios Elásticos............................................................ 3

2.1.1. Ondas Sísmicas ...................................................................................................5

2.1.1.1. Tipos de Ondas Sísmicas ...............................................................................5

2.1.1.2. Velocidades das Ondas Sísmicas ..................................................................9

2.2. Equação Básica da Elastodinâmica .............................................................. 14

2.2.1. Equação do Movimento .....................................................................................14

2.2.2. Solução da Equação da Onda, para Meios Elásticos Heterogêneos

Anisotrópicos, pelo Método de Diferenças Finitas.............................................19

2.2.2.1. Breve Histórico..............................................................................................23

2.2.2.2. Estabilidade e Controle de Dispersão...........................................................36

2.2.2.3. Condições Iniciais .........................................................................................37

Page 8: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

viii

2.2.2.4. A Fonte..........................................................................................................37

2.2.2.5. Condições de Contorno ................................................................................38

2.3. Isotropia Transversa (TI = Transversal Isotropy)........................................... 43

2.3.1. Introdução à Anisotropia Elástica.......................................................................43

2.3.1.1. Meios Isotrópicos ..........................................................................................45

2.3.1.2. Meios Transversalmente Isotrópicos ............................................................47

2.3.2. Medidas de Anisotropia......................................................................................51

2.4. Migração de Dados Sísmicos........................................................................ 55

2.4.1. Breve Histórico ...................................................................................................60

2.4.2. Migração Reversa no Tempo (RTM = Reverse Time Migration) .......................63

Capítulo 3.................................................................................................................. 65

3. Metodologia Empregada ................................................................................. 65

3.1. Introdução..................................................................................................... 65

3.2. Geração dos Modelos de Velocidades e Anisotropia .................................... 65

3.3. Cálculo dos Módulos Elásticos (Cmn)............................................................. 67

3.4. Esquemas de Integração dos Parâmetros Elásticos ..................................... 67

3.5. Esquemas de Diferenças Finitas................................................................... 68

3.6. Fonte Sísmica............................................................................................... 70

3.7. Condições de Contorno ................................................................................ 70

3.8. Modelagem Sísmica ..................................................................................... 73

3.9. Migração Reversa no Tempo Pré-Empilhamento.......................................... 74

Capítulo 4.................................................................................................................. 76

4. Resultados e Discussões................................................................................ 76

4.1. Modelo 1....................................................................................................... 76

4.1.1. Discussão dos Resultados.................................................................................80

4.2. Modelo 2....................................................................................................... 80

4.2.1. Caso de ε = 0,0 e δ = 0,0 (Isotrópico): ...............................................................82

4.2.2. Caso de ε = 0,0 e δ = 0,1: ..................................................................................84

4.2.3. Caso de ε = 0,0 e δ = - 0,1: ................................................................................86

Page 9: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

ix

4.2.4. Caso de ε = 0,0 e δ = 0,3: ..................................................................................88

4.2.5. Caso de ε = 0,0 e δ = - 0,3: ................................................................................90

4.2.6. Caso de ε = 0,1 e δ = 0,0: ..................................................................................92

4.2.7. Caso de ε = 0,1 e δ = 0,1: ..................................................................................94

4.2.8. Caso de ε = 0,1 e δ = - 0,1: ................................................................................96

4.2.9. Caso de ε = 0,1 e δ = 0,3: ..................................................................................98

4.2.10. Caso de ε = 0,1 e δ = - 0,3: ..............................................................................100

4.2.11. Caso de ε = 0,3 e δ = 0,0: ................................................................................102

4.2.12. Caso de ε = 0,3 e δ = 0,1: ................................................................................104

4.2.13. Caso de ε = 0,3 e δ = - 0,1: ..............................................................................106

4.2.14. Caso de ε = 0,3 e δ = 0,3: ................................................................................108

4.2.15. Caso de ε = 0,3 e δ = - 0,3: ..............................................................................110

4.2.16. Discussão dos Resultados...............................................................................112

Capítulo 5................................................................................................................ 113

5. Conclusões e Recomendações .................................................................... 113

Referências Bibliográficas..................................................................................... 115

Apêndices ............................................................................................................... 126

1. Apêndice A - Parâmetros Elásticos para Meios Isotrópicos....................... 126

1.1. Densidade (ρ) ............................................................................................. 126

1.2. Parâmetro de Lamé (λ) ............................................................................... 126

1.3. Módulo de Rigidez ou Cisalhamento (µ) ..................................................... 127

1.4. Módulo de Compressão ou Compressibilidade (k)...................................... 127

1.5. Módulo de Elasticidade, Estiramento ou Young (E) .................................... 128

1.6. Razão ou Coeficiente de Poisson (σ).......................................................... 128

1.7. Observações............................................................................................... 129

2. Apêndice B - Conceitos Básicos da Elastodinâmica.................................. 130

2.1. Vetor Deslocamento (ur

)............................................................................. 130

2.2. Tensor de Deformação (Eik) ........................................................................ 130

Page 10: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

x

2.2.1. Tensor de Deformação Infinitesimal (eik) .........................................................132

2.2.1.1. Significado Físico do Tensor de Deformação Infinitesimal.........................132

2.2.1.1.1. Mudanças de Tamanho.....................................................................132

2.2.1.1.2. Mudanças de Forma.........................................................................133

2.3. Tensor de Tensões (τij) ............................................................................... 135

2.4. Relações entre Tensão e Deformação (Relações Constitutivas) ................. 136

3. Apêndice C - Desenvolvimento da Forma Geral do Tensor Elástico ......... 137

3.1. Hierarquia dos Meios Anisotrópicos ............................................................ 140

4. Apêndice D - Algumas das Feições Características das Ondas

Mecânicas Aplicadas em Sísmica ................................................................ 142

5. Apêndice E - Partição de Energia de Ondas Sísmicas ............................... 146

5.1. Divergência Esférica ................................................................................... 147

5.2. Absorção .................................................................................................... 147

5.3. Particionamento.......................................................................................... 148

Page 11: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

1

Capítulo 1

1. Introdução

A crescente otimização de investimentos exigida pela exploração de petróleo tem

conduzido os cientistas ligados a essa área a enfocar seus esforços no

desenvolvimento de técnicas de exploração que utilizam cada vez mais estudos

detalhados sobre modelos, os quais tentam aproximar ao máximo as características do

problema para o qual se procura uma solução.

Com o advento da informatização do processo exploratório, o uso dessas

técnicas tornou-se rotineiro e seu desenvolvimento ganhou maior status nas

companhias de petróleo e, por causa disso, também nos centros de pesquisas.

Entre as inúmeras técnicas, podem-se destacar as modelagens numéricas e, no

caso mais específico da Geofísica Aplicada, as modelagens numéricas de propagação

de ondas sísmicas em modelos discretos que simulam as características geológicas

estruturais e estratigráficas da área em questão. Na realidade, essas modelagens

podem assumir direções inversas, partindo de modelos sintéticos à obtenção de dados

que caracterizam a resposta desses modelos, bem como partindo de dados reais à

obtenção de modelos que correspondam à resposta obtida.

1.1. Objetivos

O objetivo deste trabalho foi a avaliação dos efeitos de um tipo de anisotropia,

especificamente isotropia transversa (sistema com simetria elástica hexagonal), na

propagação de ondas sísmicas em meios elásticos e na migração reversa no tempo

em dados sísmicos simulados.

Ele é composto desta capítulo introdutório, seguido de um capítulo de

fundamentação teórica, acompanhado de breves históricos sobre modelagem e

migração reversa no tempo, um terceiro capítulo de apresentação detalhada da

metodologia aplicada, um quarto mostrando os resultados obtidos e, para finalizar, um

Page 12: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

2

quinto capítulo apresentando algumas conclusões e recomendações para futuros

trabalhos.

Adicionalmente, nos Apêndices, são apresentados alguns conceitos que auxiliam

à compreensão da teoria apresentada no primeiro capítulo.

1.2. Metodologia

Para desenvolver o que foi descrito no parágrafo anterior, foram aplicados

métodos de modelagem, que simulam a propagação de ondas sísmicas em meios

elásticos, para o estudo da resposta de modelos sintéticos, que incorporam algumas

características do meio rochoso a essa propagação, e técnicas de migração sísmica,

que, a partir de dados sísmicos, tentam recompor o modelo sísmico correspondente.

Com esse enfoque, foram feitas avaliações dos efeitos de uma característica

física dos meios elásticos, conhecida como isotropia transversa (também conhecida

como isotropia de simetria elástica hexagonal ou polar), na propagação de ondas

sísmicas e na migração reversa no tempo.

Para realizar tanto a modelagem sísmica como a migração reversa no tempo,

foram desenvolvidos e implementados algoritmos de propagação e depropagação de

ondas sísmicas para meios com isotropia transversa, através da generalização de um

método apresentado em ZAHRADNÍK (1995), ao qual ele denomina algoritmo PS2,

onde os parâmetros elásticos que caracterizam o meio são introduzidos através de

integrações ao longo das linhas da malha de discretização do modelo.

Dentre os parâmetros elásticos que caracterizam o meio em cada ponto da

malha discreta, foram considerados os campos de velocidade das ondas

compressionais e cisalhantes, a densidade e os parâmetros de isotropia transversa

apresentados em THOMSEN (1986).

Page 13: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

3

Capítulo 2

2. Fundamentos Teóricos

2.1. Ondas Mecânicas em Meios Elásticos

A propagação das ondas mecânicas está relacionada aos deslocamentos de

partículas do meio em relação às suas posições de equilíbrio, provocando movimentos

oscilatórios, de amplitudes limitadas, que resultam em mudanças de forma e volume

nas porções afetadas por essas perturbações.

Meios elásticos lineares são aqueles que obedecem à Lei de Hooke1:

"A tensão resultante (τ) da aplicação de uma força em um

material é diretamente proporcional à sua deformação (e)."

representada pela expressão matemática:

τ = E e, 2.1.1

onde E é o módulo de elasticidade2 e representa a relação de proporcionalidade entre

esforços e deformações, desde que as deformações não excedam a um limite de

elasticidade, a partir do qual essas deformações não são mais proporcionais aos

esforços aplicados e tornam-se permanentes (NYE, 1957). Em sua forma

generalizada, a Lei de Hooke pode ser representada por uma relação entre dois

tensores de 2ª e um de 4ª ordem (LOVE, 1927), relacionados, respectivamente, aos

esforços (τij), às deformações (ekl) e aos parâmetros elásticos (cijkl). As expressões

matemáticas que traduzem tal relação podem ser escritas nas seguintes formas

compactas:

τij = cijkl ekl 2.1.2

ou

1 Físico inglês Robert Hooke (1635 - 1703). 2 Quanto mais rígido for um material, maior o seu módulo de elasticidade.

Page 14: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

4

l

kijklij x

u c ∂∂

=τ , 2.1.3

onde uk é a componente do vetor deslocamento ur

na direção k, onde o índice k

assume os valores 1, 2 e 3, correspondendo às direções x, y e z (ver Apêndice B,

Seção 2.2).

Em função das propriedades físicas do meio, esses deslocamentos são

transmitidos, com determinadas velocidades, às vizinhanças das posições originais,

que passam a oscilar em torno de suas respectivas posições de equilíbrio. Esse

processo de deslocamentos sucessivos permite a transmissão de energia (potencial e

cinética) para outras porções do meio sem a transmissão de matéria.

As propriedades dos meios que determinam as velocidades com que essa

energia é transmitida são a elasticidade, responsável pelas forças restauradoras nas

partes deslocadas de sua posição de equilíbrio, e a inércia, que determina como a

porção deslocada responde às forças restauradoras. Como, durante as oscilações, as

acelerações variam periodicamente em módulo e sentido, em decorrência da 2ª Lei de

Newton3, as forças que atuam nas partículas também variam da mesma maneira.

Essas forças, que atuam na partícula, qualquer que seja sua posição, sempre resultam

em aceleração na direção do respectivo ponto de equilíbrio (posição de estabilidade)

e, por isso, são chamadas de forças restauradoras.

Em relação ao comportamento da distribuição das propriedades físicas, os meios

elásticos podem ser classificados em:

• homogêneos: quando as propriedades físicas são as mesmas em qualquer porção

do meio e

• heterogêneos: quando as propriedades físicas são dependentes da porção em que

são observadas no meio.

Já em relação ao comportamento das propriedades físicas, em função da direção de

propagação das ondas, os meios elásticos podem ser classificados na forma:

• isotrópicos: se as propriedades físicas são as mesmas para qualquer direção e

• anisotrópicos: se as propriedades físicas são dependentes da direção de

propagação.

Essas classificações permitem que as rochas, conforme a escala de observação,

possam ser classificadas como meios elásticos homogêneos e isotrópicos, como no

3 Físico inglês Sir Isaac Newton (1643 - 1727).

Page 15: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

5

caso de areias e arenitos, ou elásticos homogêneos e anisotrópicos, como no casos

dos folhelhos, ou ainda como elásticos heterogêneos e anisotrópicos, como no caso

da maioria das demais rochas clásticas (formadas de fragmentos de outras rochas).

2.1.1. Ondas Sísmicas

As ondas sísmicas são perturbações mecânicas que se propagam nos meios

rochosos. No âmbito da Sísmica de exploração, o fenômeno da propagação de energia

(à exceção da fase de geração) toma como hipótese que as rochas são meios

elásticos e, por essa razão, essas ondas são consideradas elásticas e as deformações

reversíveis durante sua propagação.

Os pontos do meio elástico que sofrem simultaneamente o mesmo distúrbio, ou

seja, que estejam igualmente deslocados da posição de equilíbrio no mesmo instante

de tempo, formam as chamadas frentes de ondas, que podem apresentar formas

simples (planas, esféricas ou cilíndricas) ou, no caso de meios com grandes variações

de propriedades elásticas, comumente encontradas em abordagens exploratórias,

podem assumir formas mais complexas.

Segundo estabelece o princípio de Huygens4, cada ponto de uma frente de onda

atua como se ele próprio fosse uma nova fonte de distúrbio, gerando suas próprias

frentes de onda que, coletivamente, constituirão uma nova frente de onda.

2.1.1.1. Tipos de Ondas Sísmicas

As ondas sísmicas podem ser divididas em várias categorias. Citando as mais

conhecidas tem-se:

• ondas internas: também conhecidas como ondas de corpo, por se propagarem por

toda a extensão dos corpos, e que podem ser classificadas de acordo com a

direção dos movimentos oscilatórios gerados pela sua propagação:

# ondas longitudinais: também chamadas compressionais, de rarefação, de

dilatação, volumétricas, primárias ou, simplesmente, P, e

# ondas transversais: também chamadas cisalhantes, distorcionais,

eqüivolumétricas, rotacionais, secundárias ou S;

• ondas superficiais: cuja propagação se restringe às regiões próximas às

superfícies livres e fronteiras dos corpos e que também podem ser classificadas de

várias maneiras, tais como:

4 Matemático holandês Christiaan Huygens (1629 - 1695).

Page 16: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

6

# ondas Rayleigh5: também chamadas R, Rg, Lr ou retrógradas,

# ondas Love6: também chamadas Lq ou Q (do alemão Querwellen7) e

# ondas Stoneley8: também chamadas entubadas;

• ondas guiadas: também conhecidas por ondas canalizadas ou cativas e

• ondas aéreas: também chamadas ondas de choque.

As ondas P provocam deslocamentos na mesma direção da propagação da

onda (ver Figura 2.1.1.1.1), ou seja, uma alternância de compressões e distensões

das partículas que compõem o meio na direção da propagação da onda, ocasionando

alterações de volume sem alterar a forma (considerando as partículas como elementos

cúbicos infinitesimais, os ângulos entre as arestas não se alteram). Essas ondas

podem se propagar tanto em meios sólidos como fluídos e, quando comparadas aos

outros tipos de ondas sísmicas, apresentam pequenas amplitudes, períodos curtos e

velocidades altas. Quando se propagam em sólidos de Voigt9, onde a relação tensão-

deformação é proporcional à deformação e à razão de mudança da deformação,

recebem o nome de ondas de Voigt. Quando se propagam em líquidos e gases,

chamados meios acústicos e que só permitem a propagação de ondas P, recebem o

nome de acústicas. As ondas aéreas são ondas P, cuja propagação ocorre no ar.

As ondas S provocam deslocamentos no plano perpendicular à direção da

propagação da onda, ou seja, cisalhamentos ou rotações em direções perpendiculares

à direção de propagação, ocasionando alterações de forma (ângulos entre arestas dos

elementos cúbicos infinitesimais se deformam) sem alterar o volume.

Em relação ao deslocamento no

plano perpendicular à direção de

propagação, as ondas S podem subdividir-

se em dois tipos (ver Figura ao lado):

• ondas SH: com deslocamentos na

direção horizontal e

• ondas SV: com deslocamentos

perpendiculares aos relacionados às

ondas SH. Fig. 2.1.1.1.1 - Esquema ilustrativo da

direção de propagação das ondas P e S.

5 Físico inglês John William Strutt, conhecido como Lord Rayleigh (1842 - 1919). 6 Matemático inglês Augustus Edward Hough Love (1863 - 1940). 7 Querwellen = Transversa. 8 Sismologista inglês Robert Stoneley (1894 - 1976). 9 Físico alemão Waldemar Voigt (1850 - 1919).

Page 17: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

7

As ondas S não se propagam em meios líquidos e, quando comparadas às

ondas P, mostram amplitudes e períodos maiores e velocidades mais baixas. Ondas

SH que se propagam dentro de camadas guias, limitadas entre camadas de

velocidades mais altas, são chamadas de ondas de Evison10.

As ondas Rayleigh se propagam nas superfícies livres do meio. Nelas, os

deslocamentos ocorrem no plano que contém a direção de propagação da onda e é,

simultaneamente, perpendicular à superfície na qual a onda se propaga. Essas ondas

resultam da combinação de deslocamentos longitudinais e transversais no referido

plano, que acabam por conferir às partículas dois tipos de movimentos elípticos (o eixo

maior da elipse dispõe-se ligeiramente inclinado em relação à direção de propagação

da onda):

• movimento elíptico progradante: se o meio sobreposto tem velocidade superior à

do meio sotoposto (Figura 2.1.1.1.2) e

• movimento elíptico retrogradante: se o meio sobreposto tem velocidade inferior à

do meio sotoposto (Figura 2.1.1.1.3).

Fig. 2.1.1.1.2 - Ilustração do movimento

elíptico progradante.

Fig. 2.1.1.1.3 - Ilustração do movimento

elíptico retrogradante.

Uma característica marcante das ondas Rayleigh é que as amplitudes dos

deslocamentos, que são bastante grandes nas superfícies em que se propagam,

decrescem exponencialmente com o aumento da distância à referida superfície. As

ondas Rayleigh são ondas dispersivas, com ciclos de freqüências e velocidades

distintos, e que, quando comparadas aos outros tipos de ondas sísmicas, apresentam

períodos longos e velocidades de propagação próximas às das ondas S. Em aquisição

de dados sísmicos para exploração de petróleo, esse tipo de onda é o principal

causador dos chamados cones de ruídos (ground roll).

As ondas Love se propagam na superfície do meio somente se este estiver

sobreposto a outro de velocidade mais alta. Os deslocamentos associados à sua

propagação ocorrem no plano da referida superfície e são transversais à direção de

10 Geólogo neozelandês Frank Foster Evison.

Page 18: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

8

propagação da onda. Admite-se que a origem das ondas Love esta relacionada à

energia oriunda de reflexões aprisionadas entre camadas superficiais do meio. Essas

ondas são bastante dispersivas e, dentre as demais ondas, são as responsáveis pelos

maiores danos decorrentes de terremotos. Quando se propagam com períodos longos,

são denominadas de ondas L, e quando se propagam no manto superior, sob a crosta

oceânica, com períodos entre 1 e 4min, são chamadas de ondas G.

As ondas Stoneley são características de meios com interfaces entre sólidos e

líquidos e alguns casos excepcionais de interface sólido-sólido. O fato de serem

comuns em paredes de tubulações e paredes de poços de petróleo lhes rendeu o

nome de ondas entubadas.

As ondas guiadas são aquelas cuja propagação ocorre dentro de porções

restritas do meio ou em uma camada guia; quando o comprimento de onda é maior

que a espessura da camada, essa onda recebe o nome de onda de Lamb11.

Quando ocorrem associações entre dois ou mais modos de propagação de

ondas de mesma fase aparente, diz-se que as ondas resultantes são ondas

acopladas. Quando ocorrem acoplamentos entre ondas Rayleigh e aéreas, resultantes

da propagação dos sons das fontes sísmicas pelas camadas de ar próximas à

superfície do terreno (com velocidades próximas de 340m/s e freqüências em torno de

100Hz), surgem as chamadas ondas Rayleigh e aéreas acopladas, ou ACRW (Air

Coupled Rayleigh Waves), que têm velocidades e freqüências ligeiramente superiores

às das ondas aéreas. Ondas que envolvem deslocamentos dos tipos de ondas P e SV,

características de camadas de baixa velocidade, encaixadas entre camadas de

velocidades mais altas, são conhecidas como ondas Krey12.

Nos casos em que ocorrem conversões entre modos de propagação de ondas,

as ondas resultantes recebem o nome de convertidas.

Quando uma onda sísmica atinge uma interface entre dois meios elásticos, com

o ângulo crítico (ver Apêndice E, Equação 5.3.10), e se propaga paralelamente a essa

interface, com a velocidade do meio de maior velocidade, aparece a chamada onda

frontal (head wave).

Em sismologia, também são empregadas outras terminologias para ondas

sísmicas tais como:

• ground waves: nome genérico das que se propagam pela superfície terrestre;

• ondas circulares: que se propagam em círculos, paralelamente à superfície

11 Físico alemão Johann Heinrich Lambert (1728 - 1777). 12 Geofísico alemão Theodor C. Krey (1910 - ).

Page 19: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

9

terrestre;

• ondas Lg: ondas guiadas que se propagam por grandes distâncias na crosta

terrestre com velocidades de aproximadamente 3500m/s;

• ondas Pn: ondas P refratadas na descontinuidade sísmica de Moho13, na base da

crosta terrestre, cuja profundidade varia de 4km (sob a crosta oceânica) até 70km

(sob grandes maciços da crosta continental) e onde a velocidade das ondas P

aumenta abruptamente de 6500m/s para 7600m/s;

• ondas I e K: ondas P que se propagam, respectivamente, nos núcleos interno e

externo da Terra;

• ondas J: ondas S que se propagam no núcleo interno da Terra e

• cablebreak waves: que se propagam através do cabo de sustentação de

ferramentas de perfis acústicos de poços e de cabos de aquisição de dados

sísmicos marítimos.

Outra forma de classificação das ondas pode ser em função do comportamento

das partículas durante o tempo de propagação. Nessa classificação, existem:

• pulso: onda única, onde as partículas permanecem em repouso até serem

atingidas por um distúrbio e em seguida retornam ao estado de repouso, e

• trem de ondas: onde as partículas são atingidas por vários pulsos sucessivos;

quando a seqüência de pulsos é periódica, produz-se um trem de ondas periódico,

que transmite às partículas um movimento também periódico (o mais simples é o

movimento harmônico simples provocado por uma onda harmônica simples).

2.1.1.2. Velocidades das Ondas Sísmicas

De maneira geral, as velocidades de propagação das ondas sísmicas nas rochas

dependem das propriedades elásticas dos elementos que fazem parte da constituição

mineralógica, da estrutura de cristalização dos minerais e dos planos de fraturamento.

Nas rochas ígneas e metamórficas, as variações de velocidade são bem menores,

quando comparadas às observadas nas rochas sedimentares, onde a porosidade,

bem como os materiais que as preenchem, desempenham papéis fundamentais.

Nas rochas ígneas e metamórficas, as velocidades de propagação das ondas

sísmicas aumentam na relação inversa à quantidade de sílica. Portanto, rochas ácidas

(>65% de sílica) têm velocidades de propagação de ondas sísmicas menores e rochas

básicas (45% a 52% de sílica) e ultrabásicas (<45% de sílica), maiores.

13 Sismologista croata Andrija Mohorovicic (1847 - 1936).

Page 20: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

10

Nas rochas sedimentares, as variações de velocidade são bem maiores,

principalmente em função da variedade de materiais que constituem o arcabouço, a

matriz e o material cimentante e da complexidade microestrutural. Rochas

sedimentares de origem química, como calcários, dolomitos e evaporitos, podem não

desenvolver porosidade, o que faz seu comportamento, em relação à propagação de

ondas sísmicas, tornar-se semelhante ao das rochas ígneas e metamórficas. Em

rochas sedimentares de origem clástica, como arenitos e folhelhos, as velocidades de

propagação das ondas sísmicas variam com a densidade que, por sua vez, está

relacionada à porosidade e à natureza dos materiais que preenchem os poros (gás,

óleo ou água), cujas densidades também influem nas velocidades de propagação das

ondas sísmicas.

As ondas P têm as maiores velocidades de propagação entre as ondas sísmicas.

Em função disso, são as primeiras a chegar aos pontos de registro e daí, o nome

ondas primárias. Já as ondas S têm velocidades menores e, pelo fato de sua chegada

ser posterior à chegada das ondas P foram denominadas de ondas secundárias. Essa

diferença entre as velocidades das ondas P e S, associada à artifícios geométricos, é

utilizada em sismologia no cálculo da distância da fonte geradora dessas ondas.

A velocidade de propagação das ondas P (vp) pode se relacionar de várias

maneiras com alguns parâmetros físicos (ver Apêndice A) e outras características do

meio no qual se propagam. Algumas dessas relações são apresentadas a seguir:

• ) 21( )1(

)1( E 34

k 2vp σ−σ+ρ

σ−=

ρ

µ+=

ρµ+λ

= ; 2.1.1.2.1

expressão oriunda da equação da onda, onde λ é o parâmetro de Lamé14, µ é o

módulo de rigidez ou cisalhamento, ρ é a densidade, E é o módulo de elasticidade e

σ é o coeficiente de Poisson15. Nos casos onde o coeficiente de Poisson oscila em

torno de 0,25 e a densidade em torno de 2, a última relação pode ser aproximada

para Evp ≅ , evidenciando o fato de o módulo de elasticidade ser o fator mais

importante no controle da velocidade de propagação das ondas P.

−φ+

+σ+σ−

ρ=

mfm

r

m

2

m

r

r

rrp

k1

k1

kk

1 k1

kk

1

11

k 3 1

v ; 2.1.1.2.2

14 Matemático francês Gabriel Lamé (1795 - 1870). 15 Matemático francês Siméon Denis Poisson (1781 - 1840).

Page 21: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

11

equação de Biot-Geertsma16, válida para meios porosos, onde ρ é a densidade, kr,

km e kf são, respectivamente, as compressibilidades da rocha seca, do grão e do

fluído de saturação, σr é o coeficiente de Poisson da rocha seca e φ é a porosidade.

Essa equação mostra que a velocidade de propagação das ondas P é sensível ao

tipo de fluido presente na rocha e, segundo CAMARGO (1987), é a equação que

melhor trata o problema de velocidade de propagação de ondas em meios porosos,

pressupondo um acoplamento perfeito entre o fluido e os grãos da matriz rochosa.

Ondas P que se propagam pelos fluídos intersticiais também são chamadas ondas

de Biot.

• ( )6

2

2

p1

P E qv

σ−= ; 2.1.1.2.3

equação de Gassmann17, válida para modelos teóricos formados por esferas,

segundo um padrão de volume mínimo, onde q é uma constante de

proporcionalidade, E é o módulo de elasticidade, P é a pressão e σ é o coeficiente

de Poisson.

• 4pv 3365,0=ρ ; 2.1.1.2.4

relação empírica de Gardner18, que não é válida para rochas evaporíticas (sal e

anidrita), onde ρ é a densidade. A razão para a aparente discrepância entre esta

expressão, que relaciona diretamente velocidade e densidade, e a Equação

2.1.1.2.1, onde a densidade aparece no denominador, é que as variações de

densidade são acompanhadas de variações maiores dos módulos elásticos λ e µ.

• 6p t z 6,46v = ; 2.1.1.2.5

relação empírica de Faust19, válida somente para rochas clásticas, onde a

compactação, controlada pela pressão litostática associada ao soterramento, é

função da profundidade z (em metros) e da idade t (em anos) da rocha e influi

inversamente na porosidade e diretamente na densidade.

• PmPfp v

1vv

1 φ−+

φ= ; 2.1.1.2.6

relação empírica de Wyllie20, ou time average equation, válida para rochas

16 Matemático belga Maurice Anthony Biot (1905 - 1985) e J. Geertsma. 17 Geofísico suiço Fritz Gassmann. 18 Matemático e físico irlandês Gerald H. F. Gardner. 19 Geofísico norte-americano Lawrence Y. Faust (1904 - 1966). 20 Geofísico norte-americano M. R. J. Wyllie.

Page 22: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

12

sedimentares com frações sólida e fluida (sólidos e fluidos são considerados

homogêneos e isotrópicos, e os poros totalmente saturados), onde φ é porosidade,

vPf é a velocidade de propagação das ondas P na fração fluida da rocha e vPm é a

velocidade de propagação das ondas P na matriz da rocha. Nessa expressão, o

tempo de trânsito através da rocha seria igual à soma dos tempos de trânsito na

matriz e no fluido, sem levar em conta as relações das propriedades dos fluidos

com a profundidade e as relações entre os grãos na formação do esqueleto da

rocha. Essa expressão não se aplica a rochas pouco consolidadas, rochas com

porosidade secundária e anormalmente alta, bem como a carbonatos.

• vP = 331,5 + 0,607 Τ; 2.1.1.2.7

fórmula que estima a velocidade das ondas P no ar em função da temperatura Τ em

graus Celsius.

• vP = 1449,2 + 4,6 Τ - 0,055 Τ2 + 0,0003 Τ3 + (1,34 - 0,01 Τ) (s - 35) + 0,16 z; 2.1.1.2.8

fórmula que estima a velocidade das ondas P na água, onde Τ é a temperatura em

graus Celsius, s é a salinidade em partes por mil e z é a profundidade em metros.

Da mesma forma, a velocidade de propagação das ondas S (vs) também está

relacionada de várias maneiras com os parâmetros físicos e outras características do

meio no qual se propagam, tais como:

• )1( 2

Evs σ+ρ

=ρµ

= ; 2.1.1.2.9

expressão oriunda da equação da onda, onde µ é o módulo de cisalhamento, ρ é a

densidade, E é o módulo de elasticidade e σ é o coeficiente de Poisson. A

constatação de que as ondas S não se propagam em fluidos pode ser observada

na primeira relação, onde a velocidade de propagação das ondas S é dependente

do módulo de cisalhamento que, nos fluidos, é zero. Portanto, ao contrário do caso

das ondas P, a velocidade de propagação das ondas S não é afetada pelo tipo de

fluido presente nos sedimentos.

σ+σ−

ρ=

r

rrs 1

21 k 5,1

1v ; 2.1.1.2.10

equação de Biot-Geertsma, onde ρ é a densidade, kr é a compressibilidade da

rocha seca e σr é o coeficiente de Poisson da rocha seca.

Já as velocidades de propagação das ondas Rayleigh (vR) podem ser calculadas

Page 23: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

13

de forma aproximada, através de relações empíricas entre as velocidades de

propagação das ondas P (vP) e S (vS) e o coeficiente de Poisson (σ), conforme se

segue:

PSSR v 5,0v 9,0v 1

12,187,0v ≅≅

σ+σ+

≅ . 2.1.1.2.11

Tomando-se as relações definidas nas Equações 2.1.1.2.1 e 2.1.1.2.9, pode-se

estabelecer uma razão entre as velocidades de propagação das ondas P e S,

expressa nas seguintes formas:

σ−

σ−=+

µ=

µµ+λ

=

211

34k 2

v

v

s

p, 2.1.1.2.12

que, para o caso específico dos sólidos de Poisson, nos quais λ=µ, podem ser

simplificadas para a forma:

3v

v

s

p = . 2.1.1.2.13

A relação entre as velocidades das ondas P e S também permite o cálculo do

coeficiente de Poisson (σ):

1vv

1v

v

21

2

s

p

2

s

p

=σ . 2.1.1.2.14

Além das formas citadas, as velocidades de propagação das ondas sísmicas

também podem estar relacionadas a outras características das rochas sedimentares

nas quais se propagam, tais como:

• pressão confinante associada à pressão litostática que, em bacias sedimentares,

aumenta com a profundidade na taxa aproximada de 0,226bar/m≅3,281psi/m≅1psi/pé e

relaciona maior pressão a menor volume, maior densidade e maior velocidade de

propagação (o aumento da densidade ρ é compensado por aumentos na constante

de Lamé λ e no módulo de cisalhamento µ); e

• pressão de poro, resultante do peso dos fluidos contidos nos poros, associada à

resistência desses fluidos à pressão litostática, e que relaciona maior resistência à

maior volume dos poros e, por conseqüência, menor densidade e menor velocidade

de propagação das ondas (em bacias sedimentares a pressão de poro aumenta

com a profundidade na taxa aproximada de 0,105bar/m≅1,524psi/m≅0,465psi/pé).

Page 24: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

14

Em trabalhos de modelagem sísmica é comum a adoção de parâmetros físicos

médios obtidos a partir de medidas de laboratório e de campo. A seguir, é apresentada

uma tabela com valores aproximados de velocidades de propagação de ondas P (vp) e

S (vs), densidades (ρ) e coeficientes de Poisson (σ) para alguns tipos de litologia.

Nessa tabela, os valores apresentados em células sombreadas foram obtidos na

literatura corrente, já aqueles apresentados com caracteres em negrito foram obtidos a

partir de medidas de laboratório, enquanto os demais foram calculados pelas

respectivas Equações 2.1.1.2.13, 2.1.1.2.4 e 2.1.1.2.14, anteriormente apresentadas.

Tabela de Ordem de Grandeza de Valores Típicos de vp, vs, ρ e σ

1.430 - 1.590 2,07 - 2,12310 - 360 1,41 - 1,47

inconsolidada 200 - 800 115 - 462 1,27 - 1,79 0,25 - 0,25 saturada 1.500 - 2.000 400 - 600 1,90 - 2,10 0,46 - 0,45 seca 400 - 1.200 100 - 500 1,50 - 1,70 0,47 - 0,39 sem água 2.000 - 4.500 1.155 - 2.598 2,25 - 2,76 0,25 - 0,25 com água 3.130 - 5.520 1.730 - 3.600 2,09 - 2,64 0,28 - 0,13

500 - 1.500 289 - 866 1,59 - 2,09 0,25 - 0,255.000 - 6.000 2.800 - 3.400 2,70 - 3,10 0,27 - 0,26

com água 3.390 - 5.790 1.670 - 3.040 2,00 - 2,65 0,34 - 0,31 carboníferos 3.000 - 3.500 1.732 - 2.021 2,49 - 2,59 0,25 - 0,25 cretáceos ordovicianos 4.000 - 5.600 2.309 - 3.233 2,68 - 2,91 0,25 - 0,25

3.410 - 7.020 2.010 - 3.640 2,27 - 2,84 0,23 - 0,327.500 - 8.100 4.330 - 4.677 3,13 - 3,19 0,25 - 0,252.400 - 5.000 1.386 - 2.887 2,36 - 2,83 0,25 - 0,256.400 - 6.800 3.695 - 3.926 3,01 - 3,06 0,25 - 0,254.400 - 5.200 2.700 - 3.200 2,50 - 2,70 0,20 - 0,204.000 - 6.000 2.309 - 3.464 2,68 - 2,96 0,25 - 0,257.800 - 8.400 4.503 - 4.850 3,16 - 3,22 0,25 - 0,254.500 - 5.500 2.500 - 3.100 2,10 - 2,30 0,28 - 0,275.707 - 5.944 3.147 - 3.292 0,28 - 0,28

100 - 500 58 - 289 1,06 - 1,59 0,25 - 0,252,90

ρ (g/cm³) σ

2.200 1.270 2,57 0,25

ar

Vp (m/s) Vs (m/s)Material água

areia

arenitos

argila basaltos

calcários

dolomitos dunitos folhelhos e ardósias

sal

solo

gabros gnaisses granitos peridotito

anidrita

2.2. Equação Básica da Elastodinâmica21

2.2.1. Equação do Movimento

A propagação de ondas mecânicas em meios elásticos pode ser expressa pela

equação elastodinâmica, escrita em termos do vetor deslocamento de partículas

)t,x(u i

r. Essa equação é uma forma de expressar a 2ª Lei de Newton, no domínio da

mecânica do contínuo, considerando as forças de ação à distância e de contato em

um determinado volume.

21 Alguns conceitos de elastodinâmica, relacionados a esta Seção, são apresentados no Apêndice B.

Page 25: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

15

Considerando-se que um meio elástico, pelo qual se propagam ondas sísmicas,

é formado por um conjunto de elementos volumétricos infinitesimais submetidos a

alguns tipos de esforços, pode-se imaginar que esses elementos estão sujeitos à ação

dos fenômenos de translação, rotação e deformação que, a depender do conjunto de

forças, podem ocorrer individualmente ou de forma combinada sobre as partículas.

Considerando, na Figura ao lado, o elemento

infinitesimal de superfície dS, o vetor unitário nr

, normal

ao elemento dS, e a força elementar Fdr

, que atua em

ambos os lados da superfície S, pode-se definir a

resultante das forças que atuam no elemento superficial

(força superficial ou tração) como:

Fig. 2.2.1.1 - Esforços que atuam no elemento

superficial.

=

→ dSFd

limT0dS

rr

. 2.2.1.1

Considerando, na Figura 2.2.1.2, o elemento volumétrico infinitesimal dV do

volume V, o elemento infinitesimal de superfície dS da superfície S, a força elementar

por unidade de volume Fr

e o vetor unitário nr

, normal a dS, pode-se definir as

resultantes dos esforços que atuam no corpo:

• forças de ação à distância: atuam em todo o volume

e podem ser expressas como:

∫∫∫V

i dV F ; 2.2.1.2

• forças de contato: atuam somente na superfície que

limita o volume e podem ser expressas na forma:

Fig. 2.2.1.2 - Esforços que atuam no elemento

volumétrico. ∫∫S

i dS T . 2.2.1.3

Aplicando-se a 2ª Lei de Newton e estendendo-se esse conceito para todos os

elementos infinitesimais que constituem o sistema pode-se obter a expressão:

∑∑==

=+N

1i

i

N

1i

ii )a m()TF( , 2.2.1.4

onde m representa a massa e ai, a aceleração das partículas.

Substituindo-se a massa e a aceleração pelas respectivas relações:

Page 26: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

16

m = ρ V 2.2.1.5

e

2

2

dtud

dtdv

a == , 2.2.1.6

a Equação 2.2.1.4 pode assumir as formas:

∑∑∑===

∂∂

ρ=+N

1i

iN

1i

i

N

1i

i tv

V TF 2.2.1.7

ou

∑∑∑===

∂∂

ρ=+N

1i2

i2N

1i

i

N

1i

i tu

V TF 2.2.1.8

que, no domínio contínuo, podem ser escritas nas respectivas formas:

∫∫∫∫∫∫∫∫

∂∂

ρ=+V

i

S

i

V

i dV tv

dS T dV F 2.2.1.9

ou

∫∫∫∫∫∫∫∫

∂∂

ρ=+V

2i

2

S

i

V

i dV tu

dS T dV F . 2.2.1.10

Tomando-se esta última forma e aplicando as relações de tensão:

Ti = τij nj, 2.2.1.11

as relações de geometria:

dSi = ni dS 2.2.1.12

e o teorema da divergência de Gauss22 sobre o segundo termo do primeiro membro,

obtém-se:

∫∫∫∫∫∫∫∫∫

∂∂

ρ=

τ∂+

V

2i

2

Vj

ij

V

i dV tu

dV x

dV F , 2.2.1.13

que ainda pode ser reduzida à forma:

0dV tu

x

F V

2i

2

j

iji =

∂∂

ρ−∂

τ∂+∫∫∫ . 2.2.1.14

22 Matemático alemão Johann Carl Friedrich Gauss (1777 - 1855).

Page 27: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

17

Como essa expressão é válida para qualquer volume, a equação básica da

elastodinâmica assume a forma diferencial:

0tu

x

F 2i

2

j

iji =

∂∂

ρ−∂

τ∂+ , 2.2.1.15

cuja validade é bastante generalizada.

Empregando-se a forma generalizada da Lei de Hooke na equação anterior,

obtém-se uma equação diferencial de 2ª ordem do tipo hiperbólico, válida para meios

elásticos heterogêneos anisotrópicos:

2i

2

nl

knijkl

ji t

u )x(

xu

)x(cx

F∂∂

ρ=

∂∂

∂∂

+ , 2.2.1.16

onde Fi é a densidade de força de ação à distância, cijkl(xn) o tensor elástico, ur

o vetor

campo de deslocamento, ρ(xn) a densidade, t o tempo, os índices n e i podem assumir

os valores 1, 2 e 3, relacionados às direções x, y e z, e os índices k e l podem assumir

os valores 1, 2 e 3. O tensor elástico cijkl(xn) e a densidade ρ(xn) são funções das

coordenadas xn e não variam em função do tempo. O desenvolvimento dessa equação

resulta em um sistema de três equações diferenciais parciais de 2ª ordem com vinte e

nove termos, que, em função das relações de simetria do tensor elástico cijkl, que

caracteriza a elasticidade do meio, podem ter esse número de termos diminuído.

Alternativamente, a equação elastodinâmica pode ser escrita na forma de um

sistema de equações diferenciais de 1ª ordem:

∂∂

=∂

τ∂∂∂

ρ=∂

τ∂+

l

knijkl

ij

in

j

iji

xv

)x(ct

tv

)x(x

F

, 2.2.1.17

onde vr

é o vetor campo de velocidades das partículas.

Para meios elásticos isotrópicos, o tensor elástico cijkl(xn) pode ser escrito em

função do parâmetro de Lamé λ(xn) e do módulo de cisalhamento µ(xn):

cijkl = λ(xn) δij δkl + µ(xn) [ δik δjl + δil δjk ]. 2.2.1.18

onde δ é o delta de Kronecker23 e ambos os parâmetros variam em função do espaço

mas não variam com o tempo.

23 Matemático alemão Leopold Kronecker (1823 - 1891); o delta de Kronecker é definido como:

≠=

=δjipara0jipara1

ij

Page 28: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

18

Neste caso, a Equação 2.2.1.16 pode ser escrita na forma:

2i

2

ni

j

j

in

k

kijn

ji t

u )x(

x

u

xu

)x(xu

)x(x

F∂∂

ρ=

∂+

∂∂

µ+∂∂

δλ∂∂

+ , 2.2.1.19

cujo desenvolvimento resulta em:

2i

2

ni

jn

jj

in

jk

kn

ii t

u )x(

x

u )x(

xxu

)x(xx

u )x(

xF

∂∂

ρ=

∂µ

∂∂

+

∂∂

µ∂∂

+

∂∂

λ∂∂

+ . 2.2.1.20

No caso de meios elásticos homogêneos isotrópicos, onde os parâmetros ρ(xn),

λ(xn) e µ(xn) não variam em função das coordenadas espaciais e, portanto,

0x

)x(x

)x(

j

n

i

n =∂µ∂

=∂λ∂

para qualquer xn, a expressão anterior assume a forma:

2i

2

i

j

jj

i

jk

k

ii t

u

x

u

x

xu

x

xu

x F

∂∂

ρ=∂

∂∂

µ+∂∂

∂∂

µ+∂∂

∂∂

λ+ . 2.2.1.21

Para o caso particular de meios elásticos homogêneos isotrópicos, chamados de

acústicos, onde µ=0, a expressão anterior pode ser reduzida à forma:

2i

2

k

k

ii t

u

xu

x F

∂∂

ρ=∂∂

∂∂

λ+ . 2.2.1.22

Retomando e desenvolvendo a equação básica da elastodinâmica para meios

elásticos heterogêneos anisotrópicos, e usando uma notação específica (ver Apêndice

C, Seção 3) pode-se obter as expressões de cada componente espacial:

21

2

2

345

33

245

31

355

33

155

31

256

32

156

3

3

335

32

225

31

115

3

2

346

23

246

21

356

23

156

21

266

22

166

2

3

336

22

226

21

116

2

2

314

13

214

11

315

13

115

11

216

12

116

1

3

313

12

212

11

111

11

tu

xu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

x

xu

Cxx

uC

xxu

Cx

xu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

x

xu

Cxx

uC

xxu

Cx

xu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

x

xu

Cxx

uC

xxu

Cx

F

∂∂

ρ=

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

, 2.2.1.23

Page 29: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

19

22

2

2

344

33

244

31

345

33

145

31

246

32

146

3

3

334

32

224

31

114

3

2

324

23

224

21

325

23

125

21

226

22

126

2

3

323

22

222

21

112

2

2

346

13

246

11

356

13

156

11

266

12

166

1

3

336

12

226

11

116

12

tu

xu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

x

xu

Cxx

uC

xxu

Cx

xu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

x

xu

Cxx

uC

xxu

Cx

xu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

x

xu

Cxx

uC

xxu

Cx

F

∂∂

ρ=

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

2.2.1.24

e

23

2

2

334

33

234

31

335

33

135

31

236

32

136

3

3

333

32

223

31

113

3

2

344

23

244

21

345

23

145

21

246

22

146

2

3

334

22

224

21

114

2

2

345

13

245

11

355

13

155

11

256

12

156

1

3

335

12

225

11

115

13

tu

xu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

x

xu

Cxx

uC

xxu

Cx

xu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

x

xu

Cxx

uC

xxu

Cx

xu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

x

xu

Cxx

uC

xxu

Cx

F

∂∂

ρ=

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

. 2.2.1.25

A depender das relações de simetria entre os parâmetros elásticos (Cmn),

apresentadas pelos meios anisotrópicos, essas equações podem ser simplificadas, de

acordo com o caso de anisotropia (ver Apêndice C, Seção 3.1).

2.2.2. Solução da Equação da Onda, para Meios Elásticos Heterogêneos Anisotrópicos, pelo Método de Diferenças Finitas

O interesse da Geofísica nas informações estruturais (atributos relacionados ao

tempo) e estratigráficas (atributos relacionados à amplitude, freqüência etc.) contidas

em sismogramas de campo, tem estimulado o desenvolvimento de técnicas de

modelagens numéricas acuradas, que possibilitem a produção de sismogramas

sintéticos de modelos geológicos complexos, com várias configurações de fontes e

Page 30: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

20

receptores. Dada a vastidão do assunto24, é praticamente impossível mencionar todos

os métodos de modelagem que calculam as contribuições de todos os tipos de ondas

sísmicas.

Embora não seja uma unanimidade, MILLER e KELLER (1998) agrupam as

técnicas de modelagem sísmica conhecidas em três categorias básicas:

• técnicas de aplicação da teoria do raio:

# traçado geométrico do raio25: que emprega modelos simplificados de

camadas planas homogêneas e trajetórias retilíneas dentro das camadas;

esse método permite análises de amplitudes para ondas planas (usando as

equações de Zoeppritz26 - ver Apêndice E, Seção 5.3) e de fenômenos como

reflexões múltiplas e ondas diretas;

# teoria assintótica do raio27: desenvolvida por CERVENÝ, na década de 70,

e baseada na aproximação da equação da onda pela equação iconal, que

utiliza velocidades relativas, admitindo variações suaves no modelo de

velocidade, e considera o termo expresso pela função inversa da freqüência

negligenciável para altas freqüências; esse método permite análises das

variações de amplitude dentro de um feixe de trajetórias de raios sísmicos

entre a fonte e o receptor;

# traçado do raio entre dois pontos28 ou traçado do raio curvo: que usa o

traçado de um raio inicial unindo a fonte ao receptor que, posteriormente, é

ajustado (perturbado) de forma a garantir uma trajetória de menor tempo para

o raio sísmico entre a fonte e o receptor;

• técnicas de aplicação da teoria da onda:

# método da refletividade29: desenvolvido por FUCHS, na década de 70, e

baseado na solução integral da equação da onda para modelos de camadas

horizontais; esse método permite a geração de sismogramas sintéticos com

todos os tipos de ondas, incluindo múltiplas e convertidas, modelagem de

fontes sísmicas, análises de relações de amplitudes, fator Q e alguns casos

de anisotropia;

24 Informações adicionais em CHAPMAN (1978), PILANT (1979), AKI e RICHARDS (1980), BEN-MENAHEM e SINGH (1981), KENNETT (1974, 1979, 1983) e SPUDICH e ASCHER (1983). 25 Informações adicionais em SHERIFF e GELDHART (1982 e 1983) e TELFORD et al. (1990). 26 Matemático alemão Karl Jacob Zoeppritz (1838 - 1885). 27 Informações adicionais em CERVENÝ et al. (1977), MAY e HRON (1978) e McMECHAN e MOONEY (1978). 28 Informações adicionais em THURBER (1987) e VIDALE (1988). 29 Informações adicionais em FUCHS e MÜLLER (1971), MÜLLER (1985) e SANDMEIER e WENZEL (1986).

Page 31: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

21

# teoria generalizada do raio30: implementada por HELMBERGER, na década

de 70, e baseada na solução da equação da onda pela utilização da

aproximação de Cagniard-de Hoop31, que envolve a Transformada inversa de

Laplace32 e integração numérica no plano complexo; é um método bastante

empregado na interpretação de sismogramas de terremotos;

# método de diferenças finitas: que utiliza fórmulas de diferenças, obtidas a

partir de expansões em série de Taylor truncadas, para encontrar soluções

numéricas da equação da onda em modelos de velocidades discretizados e

controlados por determinadas condições de contorno;

# método de elementos finitos33: semelhante ao método de diferenças finitas,

porém, o processo de discretização é baseado em elementos com formas

geométricas diversas, que permitem uma melhor representação do problema

às custas de formulações matemáticas mais complexas (o erro cometido na

aproximação de cada elemento é minimizado por um método variacional ou

de resíduos ponderados), e polinômios que interpolam a variação da função

incógnita, dentro de cada elemento, os quais podem ser lineares ou de ordem

superior (elementos quadráticos e cúbicos).

• técnicas de aplicação dos sismogramas sintéticos de incidência vertical34, onde

um sismograma sintético é obtido pela simples convolução de um pulso sísmico

com uma função refletividade; essa técnica permite avaliações dos efeitos de

múltiplas e de atenuação.

Conforme visto, existem muitos métodos para solução numérica da equação da

onda; no entanto, este trabalho se aterá ao método de diferenças finitas, onde os

operadores diferenciais são substituídos por aproximações de diferenças. O grau de

proximidade entre as soluções obtidas com o método de diferenças finitas e soluções

analíticas clássicas tem sido objeto de avaliação de vários esquemas de aproximação

das derivadas parciais, principalmente nos casos de modelos geológicos que

apresentam grandes variações laterais de parâmetros elásticos.

Os métodos de diferenças finitas podem ser classificados em duas categorias:

• esquemas explícitos: computacionalmente mais simples e que, no caso dos

problemas de propagação de ondas, computa os deslocamentos das partículas, em

30 Informações adicionais em HELMBERGER, 1974; WIGGINS e HELMBERGER, 1974; LANGSTON e HELMBERGER, 1975; WALLACE, 1986. 31 Louis Cagniard e o físico holandês Maarten Valentijn de Hoop (1961 - ). 32 Matemático francês Pierre-Simon Laplace (1749 - 1827). 33 Informações adicionais em OLSON et al. (1984). 34 Informações adicionais em OSTRANDER (1984).

Page 32: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

22

um determinado instante, a partir dos deslocamentos em etapas de tempos

anteriores;

• esquemas implícitos: computacionalmente mais complexos e que, no caso dos

problemas de propagação de ondas, computa os deslocamentos das partículas

através da solução de um sistema de equações lineares para cada etapa da

marcha de progressão no tempo;

e podem ser empregados em simulações de propagação de ondas em modelos

elásticos com os seguintes enfoques:

• formulação homogênea:

2i

2

l

k

jijkli t

uxu

xcF

∂∂

ρ=

∂∂

∂∂

+ ; 2.2.2.1

aplicável em modelos homogêneos por

partes, ou seja, compostos por camadas

homogêneas, com densidade (ρ) e

propriedades elásticas constantes (cijkl),

delimitadas por interfaces curvas, onde

algumas ou todas as propriedades variam

abruptamente; nesta formulação, são

usados operadores diferenciais para

meios homogêneos (velocidade constante

em todos os pontos inscritos dentro da

camada) e aplicam-se condições de

contorno explícitas em cada interface; e

Fig. 2.2.2.1 - Exemplo de formulação

homogênea (adaptada de KELLY et al., 1976).

• formulação heterogênea:

2i

2

nl

knijkl

ji t

u )x(

xu

)x(cx

F∂∂

ρ=

∂∂

∂∂

+ ; 2.2.2.2

mais abrangente e aplicável em modelos

onde a densidade ρ(xn) e as propriedades

elásticas cijkl(xn) variam em cada ponto da

malha discreta correspondente; nesta

formulação, são utilizados operadores

para meios heterogêneos em todo modelo

e as condições de contorno são satisfeitas

implicitamente nas fórmulas de

diferenças.

Fig. 2.2.2.2 - Exemplo de formulação

heterogênea (adaptada de KELLY et al., 1976).

Page 33: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

23

A dificuldade no tratamento do meio rochoso advém do fato de ele ser

normalmente muito complexo, no qual os parâmetros físicos mudam de forma

contínua, aleatória ou abrupta, junto a contornos regulares e irregulares. As hipóteses

simplificadoras, usualmente aplicadas junto com a equação elástica da onda,

normalmente são inválidas para a maioria dos estudos de propagação de ondas na

Terra por se restringirem a sinais de alta freqüência, modelos de camadas plano-

horizontais e à coincidência de localização de fonte e receptor.

Por relevarem tais considerações, os métodos numéricos tais como as

diferenças finitas e elementos finitos tornaram-se muito utilizados na solução da

equação elástica da onda.

A principal vantagem da aplicação dos métodos de diferenças finitas e elementos

finitos em sismologia é que eles fornecem soluções acuradas para problemas que

contêm heterogeneidades laterais em escalas comparáveis com o comprimento de

onda das ondas sísmicas. A despeito da desvantagem de serem computacionalmente

intensos, nenhum outro método é mais apropriado para problemas dessa categoria.

A consciência de que não existem soluções analíticas exatas para a equação

elástica da onda, para muitos modelos de interesse exploratório, e que soluções para

modelos realistas só podem ser obtidas de maneira aproximada, causou a proliferação

de métodos de modelagem sísmica numérica.

Entre as inúmeras técnicas disponíveis, o método das diferenças finitas é um

dos mais versáteis e de fácil implementação. Nele, a equação que descreve a

propagação de ondas em meios elásticos é aproximada por fórmulas de diferenças

finitas apropriadas, que podem ser solucionadas com procedimentos numéricos

recursivos de marcha no tempo sobre uma malha espacial discreta. Como o método é

baseado na equação elástica da onda (não em soluções particulares como, por

exemplo, o método de traçado do raio) ele inclui tanto as ondas diretas como também

as ondas superficiais, frontais, convertidas, refratadas, aquelas observadas nas "zonas

de sombreamento", as difrações e ainda preserva as relações de amplitude dos

eventos sísmicos.

2.2.2.1. Breve Histórico

Um dos primeiros artigos de cunho sismológico a tratar numericamente o

fenômeno de propagação de ondas foi escrito por CHERRY e HURDLOW (1966).

PLAMONDON (1966) desenvolveu um método de diferenças finitas para computar os

deslocamentos associados a uma fonte esférica atuando sob a superfície do terreno e

Page 34: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

24

PETSCHEK e HANSON (1968), entre outros, empregaram métodos diferentes para

computar os deslocamentos associados à propagação de ondas em meios plásticos,

elásticos e inconsolidados.

ALTERMAN et al. (1968, 1970 e 1972) empregaram métodos de diferenças

finitas, sob condições iniciais e de contorno específicas, para resolver problemas de

propagação de ondas em meios elásticos homogêneos isotrópicos.

MITCHELL (1969) comentou vários esquemas de diferenças finitas que podem

ser aplicados na solução da equação da onda, onde o problema bidimensional é

separado em problemas que utilizam esquemas implícitos unidimensionais. Nesse

trabalho, muitos outros métodos são discutidos. Para meios cujas heterogeneidades

variam em uma ou duas dimensões, a equação elástica da onda pode ser separada

em duas equações que descrevem a propagação das ondas P e SV, no plano que

contém o raio da onda incidente, e SH, no plano que contém a interface de incidência.

BOORE (1970) desenvolveu um método para computar a propagação de ondas

SH, em meios com heterogeneidades laterais aplicando diferenças para expressar as

derivadas das condições de contorno e AKI e LARNER (1970) e LARNER (1970)

empregaram métodos de integração numérica do número de onda ou vagarosidade

(wavenumber or slowness integration35, que utiliza a representação do campo de onda

transformado por Fourier36 para um meio estratificado através da integração do

número de onda horizontal ou vagarosidade; o método da refletividade pertence a

essa classe) para computar a propagação de ondas, em meios lateralmente

heterogêneos, através do método das ondas difratadas, enquanto CLAERBOUT e

colaboradores (1970a, 1970b, 197137) e LANDERS (1971) desenvolveram métodos

para computar a propagação de ondas através do método da perturbação (baseado

em torno de soluções conhecidas analiticamente).

Em BOORE (1972) foi aplicado um método explícito de diferenças finitas para

resolver problemas sismológicos relacionados à propagação de ondas SH em meios

isotrópicos e linearmente elásticos, onde as derivadas parciais e as condições de

contorno foram substituídas por aproximações por diferenças centrais criando um

sistema recursivo que calculava os deslocamentos, nos pontos de uma malha

retangular em função dos deslocamentos em tempos imediatamente anteriores. Nesse

trabalho, foi empregado o conceito de parâmetros elásticos equivalentes, baseado nas

35 Informações adicionais em KIND (1978), HONG e HELMBERGER (1978), CORMIER (1980), WANG e HERRMANN (1980), INGATE et al. (1983), LEE e LANGSTON (1983) e HA (1984). 36 Físico francês Jean Baptiste Joseph Fourier (1768 - 1830). 37 Claerbout e seus alunos, na Universidade de Stanford (CLAERBOUT e JOHNSON, 1971), aplicaram diferenças finitas de uma aproximação para a equação da onda em trabalhos de migração.

Page 35: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

25

idéias de Tikhonov e Samarskii (MITCHELL, 1969, SAMARSKII, 1977), através do qual

os parâmetros elásticos são calculados a partir dos parâmetros elásticos reais,

utilizando um método de integração sobre o intervalo entre os nós da malha ∆x, onde:

x2x

xg2x

xg

dxdg

dxdu

cdxd

−−

+≅=

2.2.2.1.1

e a fórmula de diferenças é definida na forma:

∆∆−−

∆−∆+

∫∫∆−

∆+ x)xx(u)x(u

dx)x(c

1

1x

)x(u)xx(u

dx)x(c

1

1dxdu

cdxd

x

xx

xx

x

. 2.2.2.1.2

Para calcular os parâmetros elásticos da

malha nas proximidades das interfaces entre

os meios (ver Figura ao lado), o valor da

constante elástica equivalente no ponto mais

próximo à interface (por exemplo: cs) é

calculado da seguinte maneira:

Fig. 2.2.2.1.1 - Esquema de cálculo dos parâmetros elásticos equivalentes

(adaptada de BOORE, 1972). ba

S

c1

c

1c

ζ−+

ζ= , 2.2.2.1.3

enquanto nos demais pontos, o parâmetro assume o valor do meio em que se

encontrava, ou seja, cN=cL=cO=ca. BOORE salienta que alguns cuidados devem ser

tomados, quando a interface entre os meios coincide com o caminho dessa integração

(o raciocínio vale para a interface livre). Essa teoria foi testada em experimentos com

ondas Love e SH. A aproximação da derivada temporal foi feita por diferença central e

a amostragem no tempo (∆t) obedeceu ao critério de estabilidade:

OLSN

4

n t

µ+µ+µ+µρ∆

≤∆ , 2.2.2.1.4

onde ∆ é o intervalo de amostragem espacial, n é a dimensão do espaço no qual se

desenvolve o problema, ρ é a densidade e µ é o módulo de cisalhamento nas direções

N, S, L e O, válido para meios homogêneos.

NEDOMA (1972) usou uma formulação heterogênea, com aproximações

adicionais das derivadas dos parâmetros elásticos nas zonas de transição de

velocidade, em estudos de propagação de ondas SH em meios estratificados

heterogêneos.

Page 36: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

26

Em ALFORD et al. (1974), soluções da equação acústica da onda, para meios

homogêneos infinitos bidimensionais, obtidas através de esquemas explícitos de 2ª e

4ª ordens do método de diferenças finitas, foram comparadas com aquelas obtidas

através de uma técnica convencional de expansão de autofunções (eigenfunctions)

para estudar a acurácia das soluções e as facilidades no tratamento de interfaces com

irregularidades geradoras de difrações.

Fig. 2.2.2.1.2 - Espectro de potência normalizado da fonte

mostrando maior freqüência, cuja magnitude é 50%, - upper half

power wavelength (adaptada de ALFORD et al., 1974).

Nos esquemas de 2ª ordem, a razão entre o

comprimento de onda da maior freqüência, cuja

magnitude no espectro de potência normalizado38

da fonte é 50% (ver Figura 2.2.2.1.2), e o

espaçamento da malha deve ser maior ou igual a

dez, ou seja, pelo menos dez amostras por

comprimento de onda correspondente à referida

freqüência; enquanto que, nos esquemas de 4ª

ordem, essa razão pode ser maior ou igual a cinco.

Em KELLY et al. (1976) foi feita uma comparação entre dois esquemas explícitos

de diferenças finitas, na propagação de ondas P e SV em modelos elásticos

bidimensionais complexos. Os esquemas usaram as formulações homogênea,

baseada nos trabalhos de ALTERMAN e KARAL (1968) e OTTAVIANI (1971), e

heterogênea, baseada nos trabalhos de KOLSKY (1963) e KARAL e KELLER (1959).

Na formulação homogênea, o meio foi considerado como uma coleção de regiões

homogêneas, caracterizadas por valores constantes de densidade e parâmetros

elásticos, cujos deslocamentos são descritos por fórmulas de diferenças finitas

aplicadas nas equações correspondentes àquelas regiões. Os termos das derivadas

parciais foram aproximados pelas respectivas fórmulas:

2xxxx

x)t,z,xx(u)t,z,x(u 2)t,z,xx(u

cxu

cx ∆

∆−+−∆+=

∂∂∂

2.2.2.1.5

e

)]t,zz,xx(u)t,zz,xx(u

)t,zz,xx(u)t,zz,xx(u[zx4

czu

cx

zz

zzz

∆−∆−+∆+∆−

−∆−∆+−∆+∆+∆∆

=

∂∂∂

, 2.2.2.1.6

onde a variável c assume os valores de λ+2µ e µ e ∆x e ∆z são, respectivamente, os

38 Gráfico normalizado que representa o quadrado da magnitude da Transformada de Fourier F(ω) da função que representa o comportamento da fonte no domínio do tempo f(t):

|F(ω)|2 = Re[F(ω)]2 + Im[F(ω)]2 onde Re[F(ω)] é a parte real e Im[F(ω)] é a parte imaginária da Transformada.

Page 37: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

27

intervalos entres os nós da malha nas direções x e z. O mesmo raciocínio se aplica às

demais direções. Já a formulação heterogênea permitiu simulações de modelos mais

complexos, de densidade constante, e parâmetros elásticos calculados pelas fórmulas:

2)z,x(c)z,xx(c

z,2x

xc+∆±

=

∆± 2.2.2.1.7

e

( )2

)z,x(c)z,x2x(cz,xxc

+∆±=∆± , 2.2.2.1.8

onde a variável c assume o valor de λ+2µ e as aproximações das derivadas são feitas

pelas respectivas fórmulas discretas:

[ ]

[ ]2

xx

2

xxx

x

)t,z,xx(u)t,z,x(u z,2x

xc

x

)t,z,x(u)t,z,xx(u z,2x

xc

xu

cx

∆−−

−∆

−∆+

+≅

∂∂

∂∂

2.2.2.1.9

e

[ ]

[ ]z x 4

)t,zz,xx(u)t,zz,xx(u )z,xx(c

z x 4)t,zz,xx(u)t,zz,xx(u )z,xx(c

zu

cx

xx

xxx

∆∆∆−∆−−∆+∆−∆−

−∆∆

∆−∆+−∆+∆+∆+≅

∂∂

∂∂

, 2.2.2.1.10

onde a variável c assume os valores de λ+2µ, λ e µ. O mesmo raciocínio se aplica aos

demais termos. Com essa metodologia, as descontinuidades foram substituídas por

zonas de transição, com gradientes de velocidade. Em ambas formulações, a

aproximação da derivada temporal foi feita por diferença central e o incremento

temporal obedeceu ao critério de estabilidade de ALTERMAN e LOEWENTHAL (1970):

2s

2p vv

t+

∆≤∆ . 2.2.2.1.11

onde ∆t e ∆ são, respectivamente, os intervalos de amostragem temporal e espacial e

vP e vS são, respectivamente, as velocidades de propagação das ondas P e S.

Também foram observadas relações de amplitudes e contrastes de impedância,

contribuições relacionadas às ondas diretas, refletidas, frontais, convertidas (PS),

superficiais (Rayleigh), difrações, reflexões das bordas do modelo etc., bem como

eventos relacionados à profundidade da fonte39 e os efeitos dispersivos atribuídos à

39 O evento relacionado ao efeito da profundidade da fonte sísmica no meio elástico é chamado de fantasma da fonte (ghost). Fontes superficiais não provocam o aparecimento desses efeitos.

Page 38: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

28

malha. A identificação dos eventos sísmicos nos sismogramas foi realizada com a

ajuda dos tempos de chegada (traveltimes) calculados pela teoria do raio40 (o campo

de onda foi decomposto em sismogramas correspondentes aos modos de onda).

A generalização do método de diferenças finitas para a propagação de ondas P-

SV em superfícies poligonais arbitrárias foi apresentada por ILAN (1977), onde todos

os esquemas aplicaram o conceito de pontos fictícios da malha, que permite o

acoplamento da equação do movimento e das condições de contorno.

BARD e BOUCHON (1980) e ALEKSEEV e MIKHAILENKO (1980) também

desenvolveram métodos de integração numérica do número de onda (como AKI e

LARNER, 1970) para simular a propagação de ondas em meios lateralmente

heterogêneos.

Em KUMMER e BEHLE (1982) os trabalhos de BOORE (1970), NEDOMA (1972)

e KELLY et al. (1976) foram reavaliados, sob a óptica de uma nova formulação

homogênea de diferenças finitas de 2ª ordem. Para testar o método explícito de

esforços contínuos, que modela as descontinuidades, mas não representa uma

aproximação do problema de valor inicial correspondente, foi introduzida uma nova

representação por diferenças finitas, com formulação homogênea, onde o

acoplamento da equação da onda e das condições de contorno é feito por meio de

uma expansão de Taylor41 do campo de onda SH, em descontinuidades laterais de 1ª

ordem em meios lateralmente heterogêneos (ver Figura 2.2.2.1.3):

Fig. 2.2.2.1.3 - Conceito de malha deslocada

(adaptada de KUMMER e BEHLE, 1982).

∂∆+=∆+

x)x(u

)x(u)x(u . 2.2.2.1.12

Em relação aos demais esquemas, esse representa uma aproximação

consistente de 2ª ordem das condições de contorno e permite uma melhoria

significativa na solução. Por meio de um novo critério de estabilidade:

∆∆

+

µ

µ+µ

ρ+ρµ∆≤∆

2

2

a

ba

baa

xz

1

)( zt ,

2.2.2.1.13

onde os índices a e b se referem às camadas a e b, o incremento de tempo pode ser

40 Informações adicionais em MÜLLER (1969) e BEN-MENAHEM e VERED (1973). 41 Matemático inglês Brook Taylor (1685 - 1731).

Page 39: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

29

escolhido de modo que o erro fique confinado dentro de certos limites. Como

conseqüência, o teorema da equivalência de Lax42 (RICHTMYER e MORTON, 1967,

SMITH, 1985) garante que esse método converge para a solução exata

correspondente ao problema do valor inicial. Isso permite a modelagem de qualquer

interface suave. Um exemplo numérico, com uma wavelet43 de Ricker incidente

verticalmente na base do modelo, ilustra que esse método converge mais rapidamente

que outros esquemas.

GAZDAG (1981) estudou a modelagem de propagação de ondas utilizando a

equação unidirecional da onda no domínio da freqüência, e KOSLOFF e BAYSAL

(1982) apresentaram um método de diferenças finitas, onde as derivadas espaciais

eram representadas através da aplicação de Transformadas de Fourier, com três

amostras por comprimento de onda mínimo, permitindo uma redução nas dimensões

da malha. Já MIKHAILENKO e KORNEEV (1984) introduziram dois métodos de

diferenças finitas nos quais por meio de representações de Fourier do campo de

deslocamento elástico um dos métodos mostrou-se bastante eficiente para

modelagem de situações de trapas de petróleo, enquanto o outro podia ser aplicado

para estruturas mais complexas. No entanto, a computação da Transformada de

Fourier consome um tempo significativo de máquina.

Em 1984, MARFURT publicou um trabalho comparando a aplicação dos

métodos de diferenças finitas e elementos finitos na propagação de ondas, onde

ambos os métodos mostraram a necessidade de grande capacidade computacional.

OLSON et al. (1984) mostraram uma aplicação dos métodos de elementos finitos na

propagação de ondas na modelagem de sismogramas sintéticos.

SHTIVELMAN (1984) introduziu um método híbrido pelo qual a propagação de

ondas acústicas nas partes heterogêneas era executada por técnicas de diferenças

finitas e a continuação do campo de onda nas partes regulares calculada por meio das

equações integrais de contorno.

Em VIRIEUX (1984) é apresentado um método de diferenças finitas centrais

para simular a propagação de ondas SH em meios isotrópicos linearmente elásticos,

usando as velocidades de propagação das ondas e as tensões. Em VIRIEUX (1986) é

apresentada uma extensão desse método, baseada em um esquema de diferenças

finitas com malhas de velocidade e de tensão deslocadas de metade do valor do

intervalo de amostragem (malhas intercaladas), usado por MADARIAGA (1976), para

42 Matemático e físico americano Peter David Lax (1928 - ). 43 Wavelet: forma da perturbação; uma perturbação sísmica que tem uma forma definida é dita possuidora de uma “assinatura sísmica”.

Page 40: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

30

fazer a partição da modelagem de propagação de ondas P-SV em meios

heterogêneos, usando um sistema de equações hiperbólicas de 1ª ordem para

velocidades e tensões. As interfaces internas do modelo foram representadas pelas

mudanças de densidade e parâmetros elásticos e as quatro interfaces de contorno

foram explicitamente consideradas de acordo com o tipo de problema (meios infinitos,

superfícies livres e rígidas). Os modelos foram excitados por fontes explosivas com as

formas de pulso gaussiano ou da 1ª derivada desses pulsos. As relações entre as

dispersões das velocidades de fase das ondas planas P e S e a razão de Poisson

permitem que o mesmo enfoque usado para meios elásticos seja usado para meios

fluídos sem que nenhum tratamento especial seja necessário para a interface líquido-

sólido. Depois de comparar simulações numéricas, VIRIEUX discute a discrepância

entre os resultados obtidos com as formulações homogênea e heterogênea

apresentadas em KELLY et al. (1976) e sugere a aplicação de técnicas de inversão ao

problema não-linear, usando a formulação de esforço-velocidade (GAUTHIER et al.,

1985) como alternativa para esse método.

Em KUMMER et al. (1987) foi empregado um esquema híbrido para propagação

de ondas em meios elásticos com heterogeneidade lateral que associa diferenças

finitas e equações integrais de contorno aplicadas, especificamente, onde funcionam

melhor, de acordo com suas restrições. Analogamente ao método de SHTIVELMAN

(1984), os campos de onda e tensões nas vizinhanças das heterogeneidades são

calculados com técnicas de diferenças finitas, usando o método de Tikhonov e

Samarskii (já comentado - BOORE, 1972); mas, na porção homogênea, a continuação

do campo de onda é calculada analiticamente através de representações

bidimensionais do teorema definido por de Hoop. A combinação dos métodos facilita a

computação do campo remoto para estruturas heterogêneas e permite a supressão

das contaminações de dispersão numérica pela minimização do domínio para o qual o

método de diferenças finitas é usado. Um exemplo numérico é usado para demonstrar

a aplicação no cálculo da resposta de uma onda plana para um meio homogêneo,

contendo uma lente elástica, e mostrar que esse esquema híbrido permite modelagens

tão eficientes e acuradas quanto os esquemas puros de diferenças finitas.

Em STEPHEN (1988) o foco de estudo é direcionado ao problema de

propagação de ondas sísmicas no fundo do mar (interface líquido-sólido), onde existe

um alto contraste dos coeficientes de Poisson e interfaces irregulares, com fortes

variações em relação às distâncias comparáveis ao comprimento de onda das ondas

sísmicas em mais de uma dimensão. Anteriormente, em STEPHEN (1984) e

DOUGHERTY e STEPHEN (1987) mostrou-se que os métodos de diferenças finitas

Page 41: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

31

podiam ser empregados nos estudos dos efeitos das grandes estruturas do fundo do

mar, tais como colinas e vales, e em McLAUGHLIN et al. (1987), nos estudos dos

efeitos da geologia local. Nesse trabalho, STEPHEN revê e compara as formulações

de diferenças finitas para a equação elástica da onda, publicadas até então, e esboça

sua aplicabilidade em modelos contendo interfaces líquido-sólido irregulares,

representando o fundo do mar (muitas formulações falham ao resolver esse problema

de maneira acurada) e levanta questões sobre:

• os efeitos da rugosidade da superfície na propagação das ondas superficiais;

• o mecanismo de conversão de modo (compressional ⇔ cisalhante) nos pontos

difratores em um meio elástico;

• os deslocamentos, relacionados à incidência de ondas de corpo e superficiais,

próximos às colinas e vales do fundo oceânico;

• a partição de energia sísmica em uma borda elástica;

• os mecanismos da fonte sísmica e de propagação de ondas relacionados aos

ruídos de fundo no assoalho oceânico.

O trabalho discute aspectos computacionais dos cálculos, apresenta estatísticas

de performance e, ao final, salienta que a chave para obter esquemas estáveis e

acurados é a especificação de parâmetros em uma malha intermediária e sugere a

necessidade de testes sobre a acurácia desses métodos para fenômenos de

espalhamento e ondas superficiais.

LEVANDER (1988) melhorou a acurácia dos problemas relacionados às

interfaces, usando uma técnica com equações elástica e escalar da onda na forma de

um sistema de equações hiperbólicas de 1ª ordem, com malha intercalada, e

aproximações de 4ª ordem para a derivada espacial, em contrapartida aos métodos

apresentados por KUMMER e BEHLE (1982) e KELLY et al. (1976), que usam

condições de contorno explícitas nas interfaces.

DOUGHERTY e STEPHEN (1988) expressaram a equação vetorial elástica da

onda como um sistema equações de 2ª ordem, com o objetivo de otimizar a

quantidade de memória de computação necessária, e então aplicaram o conceito da

malha intercalada.

Em SOCHACKI et al. (1991) foi considerada a obtenção de sismogramas

sintéticos, através das equações elástica e acústica, com uma técnica que emprega o

teorema da divergência com vários esquemas numéricos, visando manusear

matematicamente os fenômenos físicos (incorporados nos esquemas numéricos pela

integração através das interfaces) que ocorrem nas interfaces durante a propagação

Page 42: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

32

de ondas elásticas em meios heterogêneos. A equação derivada da equação acústica

da onda, empregando esquemas explícitos de diferenças finitas que incorporam

integrações, não é comum na Geofísica e, além de ser equivalente à equação escalar

da onda, pode ser aplicada para o caso de ondas SH. Para aplicar esse esquema de

integração para o caso das ondas P-SV, cada componente da equação elástica é

apresentada na forma de divergente, incorporando naturalmente a continuidade

exigida das tensões normais e tangenciais nas interfaces. O método é um

aperfeiçoamento daquele apresentado em MITCHELL (1969), BOORE (1972) e KELLY

et al. (1976 e 1982), cujo conceito fundamental é a integração das equações elástica e

acústica da onda através das interfaces. O processo é estável desde que o critério de

estabilidade de von Neumann44:

máxv 2t

∆≤∆ 2.2.2.1.14

onde ∆t é o intervalo de amostragem temporal, ∆ é o intervalo de amostragem espacial

e vmáx é a velocidade máxima, seja preservado em cada uma das regiões do modelo.

Em SEI (1993) a meta foi avaliar, em termos de custo computacional, qual o

ganho proporcionado pelo incremento da acurácia no espaço em esquemas de

diferenças finitas de ordem mais alta, para as equações acústica e elástica da onda,

uma vez assegurada a estabilidade numérica, ou seja, para qualquer coeficiente de

Poisson e qualquer módulo de elasticidade. Nesse trabalho são apresentadas regras

de prescrição de amostragem, em função do tamanho do domínio, para controlar os

erros relacionados à dispersão e à existência de uma ordem ótima de aproximação em

termos do total de operações aritméticas:

• amostragem espacial: seis pontos para o menor comprimento de onda, definido

pela velocidade mínima - vmín - e pelo período da freqüência máxima - Tfmáx - do

espectro da fonte:

6Tv fmáxmín=∆ 2.2.2.1.15

• amostragem temporal: vinte pontos para o menor período da freqüência máxima:

20T

t fmáx=∆ , 2.2.2.1.16

O estudo mostrou que o custo computacional não aumenta em função da ordem da

aproximação até a 8ª ordem no espaço.

44 Matemático húngaro János von Neumann ou John von Neumann, depois de sua naturalização americana (1903 - 1957).

Page 43: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

33

Em ZAHRADNÍK (1995) o interesse foi a simplificação de aspectos que influem

na acurácia dos esquemas que diferiam no tratamento dos parâmetros elásticos

(valores locais ou médios). Nesse trabalho, a densidade foi considerada constante, a

malha de amostragem espacial era quadrada e a derivada temporal foi aproximada por

uma diferença central de 2ª ordem. Da mesma forma que em BOORE (1972),

KUMMER et al. (1987) e ZAHRADNÍK e HRON (1992), as derivadas comuns foram

aproximadas segundo a malha da Figura 2.2.2.1.4 da seguinte forma:

zg

zu

cz ∂

∂=

∂∂

∂∂

, 2.2.2.1.17

onde:

z2z

-zx,g 2z

z,xg

zg

+=

∂∂

2.2.2.1.18

e

∆−

2z

z,xg e

∆+

2z

z,xg são dados por:

• z

)z-z,x(u)z,x(uc

2z

-zx,g N ∆∆−

=

∆ 2.2.2.1.19

e

Fig. 2.2.2.1.4 - Malha usada no esquema de aproximação

das derivadas simples. As tensões são representadas

por losangos e os deslocamentos por círculos.

• z

)z,x(u)zz,x(u c

2z

z,xg S ∆−∆+

=

∆+ . 2.2.2.1.20

Essa metodologia resultou na seguinte aproximação para essas derivadas comuns:

2NS

z)]z-z,x(u)z,x(u[c ])z,x(u)zz,x(u[ c

zu

cz ∆

∆−−−∆+=

∂∂

∂∂

. 2.2.2.1.21

As integrações dos parâmetros elásticos nos segmentos N e S das linhas da

malha resultaram nas respectivas médias:

∫∫∫ ∆

=∂∂

∆−∆

=

NN

NN

dzc1

z

dzc1

dzzu

)z-z,x(u)z,x(uz

c 2.2.2.1.22

e

∫∫∫ ∆

=∂∂

−∆+∆

=

SS

SS

dzc1

z

dzc1

dzzu

)z,x(u)zz,x(uz

c . 2.2.2.1.23

Page 44: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

34

Observar que para ambos os casos (cS e cN) foi aplicado o teorema do valor

médio e um artifício para aproximar a função g em

∆+

2z

z e

∆−

2z

z da seguinte

maneira:

∫∫ ∂

=

N

N

dzc1

dzzu

2z

-zx,g 2.2.2.1.24

e

∫∫ ∂

=

∆+

S

S

dzc1

dzzu

2z

zx,g . 2.2.2.1.25

A utilização dos parâmetros cS e cN, calculados através do inverso da média

ponderada de c1

, ao invés de valores locais serve para contornar o problema de

condições de continuidade do tensor de esforços nas descontinuidades, que são

violadas quando se utilizam parâmetros locais, e evitar a imprecisão e a dispersão

numérica do esquema com parâmetros locais, quando a descontinuidade passa entre

as linhas da malha.

Ao utilizar esquemas de 2ª ordem, as derivadas mistas espaciais foram

aproximadas de duas formas:

• forma curta:

Fig. 2.2.2.1.3 - As integrações são representadas pelas elipses, as tensões por

losangos e os deslocamentos por círculos.

} )]z,xx(u)zz,xx(u

)z,xx(u)zz,xx(u[ c )]zz,xx(u)z,xx(u

)zz,xx(u)z,xx(u[ c { z4

1xu

cz

N

S

2

∆−−∆−∆−+

∆++∆−∆+−∆+∆−+∆−−

∆+∆++∆+∆

=

∂∂

∂∂

2.2.2.1.26

onde os índices N e S correspondem, respectivamente, às direções de z

decrescente e z crescente.

Page 45: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

35

• forma longa (análoga à proposta por SOCHACKI et al., 1991, e ZAHRADNÍK et al.,

1994, baseados na formulação integral das equações do movimento, e, por esta

razão, fisicamente justificáveis):

Fig. 2.2.2.1.4 - As integrações são

representadas pelas elipses, as tensões por losangos e os deslocamentos por círculos.

} )]z,xx(u)zz,xx(u

)z,x(u)zz,x(u[ c )]z,x(u)zz,x(u

)z,xx(u)zz,xx(u[ c )]zz,xx(u)z,xx(u

)zz,x(u)z,x(u[ c )]zz,x(u)z,x(u

)zz,xx(u)z,xx(u[ c { zx4

1xu

cz

NO

NE

SO

SE

∆−−∆−∆−

−+∆−−−∆−

−∆++∆−∆+−∆−∆−−∆−

−∆+++∆+−

−∆+∆++∆+∆∆

=

∂∂

∂∂

2.2.2.1.27

onde os índices SE, SO, NE e NO correspondem, respectivamente, às direções de

x e z crescentes, x decrescente e z crescente, x crescente e z decrescente e x e z

decrescente.

Ambas as formas obedecem às condições de continuidade nas interfaces

interiores; no entanto, na superfície livre as condições de tensão (τxz=τzz=0) são

violadas quando utilizado o formalismo do vácuo empregando a forma curta. Usando

esse formalismo para a superfície livre no esquema de forma longa, as componentes

tangenciais e normais da tensão desaparecem, como desejado.

Nesse trabalho, ZAHRADNÍK compara soluções empregando a forma longa na

superfície livre e a curta nos pontos internos da malha, com aplicações das formas

longa e curta em todo o modelo e observa que algumas soluções concordam, a

despeito da forma utilizada em uma ou outra região do modelo. Baseado no fato de

que a acurácia das derivadas espaciais mistas nos pontos internos da malha não é

degradada quando a quantidade de valores de esforços implícitos empregados diminui

de quatro (na forma longa) para dois (na forma curta), a forma curta é indicada por

economizar 50% das operações aritméticas e evitar instabilidades incondicionais

encontradas em alguns modelos resolvidos com a forma longa. No entanto, nos

pontos da superfície livre (quando tratados com o formalismo do vácuo, ou seja,

quando λ=µ=ρ=0) tal simplificação não é possível e a forma longa deve ser usada.

No final do trabalho, ZAHRADNÍK sugere um esquema elástico bidimensional de

diferenças finitas para malhas quadradas (∆x=∆z=h), chamado PS2, no qual as

derivadas espaciais nas formas curtas:

Page 46: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

36

2OL

h)]z,h-x(u)z,x(u[ c])z,x(u)z,hx(u[ c

xu

cx

−−−+=

∂∂

∂∂

2.2.2.1.28

e

2N

2S

h)]z,h-x(u)h-z,h-x(u)z,hx(u)h-z,hx(u[c

h])hz,h-x(u)z,h-x(u)z,x(u)z,hx(u[c

xu

cz

−−+++

−+−−++

=

∂∂

∂∂

2.2.2.1.29

são usadas em todo o modelo, exceto na superfície livre, onde a forma longa das

derivadas mistas é usada para garantir a condição τxz=τzz=0 na primeira linha do

modelo, no contexto do formalismo do vácuo.

2.2.2.2. Estabilidade e Controle de Dispersão

A estabilidade é uma característica das soluções numéricas que confina a

variação nas soluções encontradas dentro de certos limites, considerados aceitáveis, à

medida que a progressão no tempo avança. É função do espaçamento da malha de

discretização e do grau de precisão do operador de diferenças finitas usado. Quanto

mais densa for a malha e maior a ordem do operador de diferenças finitas (maior

precisão do operador), melhor será a estabilidade do processo. Existem dois efeitos

relacionados ao uso de malhas discretas:

• falseamento na amostragem de séries contínuas (aliasing) e

• dispersão progressiva na propagação de ondas (dispersão da malha), que é tanto

maior quanto maior for o intervalo de amostragem da malha.

A dispersão numérica é um fenômeno intrínseco do processo de discretização

das variáveis que atua como controlador das velocidades de fase e de grupo das

frentes de ondas, de acordo com a dimensão da malha, a freqüência e o ângulo de

propagação, provocando uma separação de uma frente de onda em várias outras. A

dispersão causada pela malha produz um atraso nas frentes de ondas de altas

freqüências em relação às baixas provocando uma deformação do sinal. Quanto maior

a separação entre os pontos da malha discreta, maior é a dispersão das frentes de

onda relacionadas a cada freqüência que compõe o espectro de freqüência do sinal.

Conforme dito anteriormente, ALFORD et al. (1974) mostraram que em

esquemas de diferenças finitas de 2ª ordem são necessárias pelo menos dez

amostras por comprimento de onda correspondente à maior freqüência, cuja

magnitude é 50%, no espectro de potência normalizado da fonte; enquanto que, em

esquemas de 4ª ordem são necessárias pelo menos cinco amostras.

Page 47: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

37

Um esquema de diferenças finitas é dito estável se obedece ao critério de

estabilidade de von Neumann:

máxv 2t

∆≤∆ . 2.2.2.2.1

onde ∆t e ∆ são, respectivamente, os intervalos de amostragem temporal e espacial e

vmáx é a velocidade máxima. Observa-se que, neste caso, tanto ∆ como ∆t são

condicionados um pelo outro e pelas características do meio (vp ou λ, µ e ρ).

2.2.2.3. Condições Iniciais

O início da simulação da propagação de ondas em meios elásticos necessita da

definição das condições em que o processo se inicia. Se, em t=0s, as velocidades e as

tensões são consideradas nulas, estabelece-se uma condição inicial de repouso. Uma

solução analítica para a propagação de ondas pode ser empregada para iniciar uma

solução por diferenças finitas enquanto a perturbação se propaga por esquemas

numéricos. Se o campo de onda inicial é zero na região de heterogeneidade, por

definição, a equação da onda e as condições de contorno serão satisfeitas. Essa

metodologia híbrida permite a produção de um impulso livre de fases indesejáveis.

2.2.2.4. A Fonte

Para iniciar o processo de propagação das ondas sísmicas, costuma-se

empregar uma fonte de perturbações, ou wavelet, descrita por uma função analítica.

O uso de fontes impulsivas pode provocar alguns problemas relacionados à

natureza discreta da malha. A discretização de fontes de ondas compressionais, com

comportamento temporal na forma da derivada de funções gaussianas, gera frentes de

ondas com ruído de baixa amplitude45.

BOORE (1972) lembra que a escolha da fonte deve considerar a possibilidade

de uma mistura de ondas, que pode causar a modulação do sinal no domínio da

freqüência, ao invés de onda única em função dos efeitos de falseamento na

amostragem na definição da fonte. Por essa razão, normalmente é escolhido um pulso

com espectro estreito no domínio espacial e largo no domínio da freqüência, onde as

amplitudes, acima da freqüência de Nyquist46, sejam praticamente nulas (o efeito de

falseamento na amostragem diminui à medida que diminui a amplitude das

45 O ruído da fonte pode ser atribuído ao fato de as soluções dos problemas analíticos contínuos e com diferenças discretas não serem idênticas. Essa diferença se propaga como ruído. 46 Engenheiro sueco-americano Harry Nyquist (1889 - 1976).

Page 48: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

38

freqüências incluídas no espectro acima da freqüência de Nyquist). Um pulso com

essas características permite a melhor individualização dos eventos e a obtenção de

mais informações das propriedades físicas do meio.

KELLY (1976) lembra que a inclusão de uma fonte na modelagem de

propagação de ondas sísmicas requer cuidados especiais em relação às vizinhanças

do ponto onde se encontra a fonte e sugere a subtração dos deslocamentos

relacionados diretamente à fonte, calculados analiticamente para um meio infinito, do

deslocamento total em uma região ao redor do ponto onde se encontra a fonte. Esse

procedimento isola a fonte, cria condições de contorno que delimitam essa região (de

tamanho igual ao quadrado do tamanho da wavelet) e evita dificuldades relacionadas à

singularidade da fonte.

VIRIEUX (1986) ressalta que dependendo do problema abordado, o uso de

fontes explosivas com formas de uma função gaussiana, ou de suas derivadas de 1ª e

2ª ordem, está relacionado ao fato das tensões τ11 e τ22 serem definidas no mesmo

ponto da malha e a excitação da fonte ser simulada pela adição das mesmas

amplitudes incrementais à τ11 e τ22 no ponto em que a fonte se encontra. Como as

velocidades v1 e v2 não são computadas no ponto da fonte, amplitudes infinitas são

permitidas. Se a fonte for posicionada na superfície livre, o incremento é feito somente

na tensão τ22 e a presença de ondas Rayleigh torna-se muito forte.

2.2.2.5. Condições de Contorno

As condições de contorno de um determinado problema são introduzidas com a

intenção de limitar artificialmente a porção do espaço sobre o qual a solução de uma

equação diferencial parcial é calculada. Idealmente, os efeitos dessas condições de

contorno sobre a solução devem ser mínimos, de modo a aproximá-la, ao máximo, da

solução obtida no caso da inexistência dessas limitações artificiais. Como a eliminação

total desses efeitos é praticamente impossível, as condições de contorno devem ser

tais que sua influência possa ser facilmente identificada e desconsiderada na análise

dos resultados de interesse. A combinação entre a equação diferencial e as condições

de contorno adequadas forma o que se chama de "problema bem posto".

Dependendo das características do problema, as bordas podem ser tratadas

com diferentes condições de contorno:

• condições de radiação aproximadas, para meios infinitos, conforme

apresentadas em CLAYTON e ENGQUIST (1980), correspondentes às condições

de radiação de ondas planas;

Page 49: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

39

• condições de tensões livres ou Neumann ou ainda de superfície livre;

• condições de velocidade nula, equivalente às condições de deslocamento nulo

ou Dirichlet47 ou de superfície rígida.

No caso da propagação de ondas, as condições de contorno, além de

resolverem os problemas de reflexões indesejadas relacionadas às fronteiras da

porção delimitada, devem ser estabelecidas de modo que sua relação de dispersão48

seja uma boa aproximação das relações de dispersão das ondas que se propagam no

interior do modelo.

Uma maneira de expressar essa aproximação é através do uso de equações da

onda unidirecionais como condições de contorno. Quanto melhor as condições de

contorno descreverem as ondas que se propagam, menores as reflexões. Essas

reflexões deveriam ser totalmente suprimidas quando as ondas incidentes

satisfizessem exatamente as condições de contorno. Normalmente, os efeitos

atribuídos às condições de contorno relacionadas com as superfícies livres são mais

fortes e facilmente reconhecíveis.

Conforme apresentado em GRANT e WEST (1965), as condições de contorno

na superfície livre do modelo exigem o desaparecimento das tensões nessa interface.

A condição de contorno impõe que as tensões normais e tangenciais obedeçam às

respectivas relações:

0zu

2

xu

zx =∂∂

ρµ+λ

+∂

∂ρλ

2.2.2.5.1

e

0zu

xu zx =

∂+

∂∂

ρµ

. 2.2.2.5.2

Fig. 2.2.2.5.1 - Condições de contorno na superfície livre.

Já as condições de contorno nas

interfaces que separam os diferentes meios

elásticos (meios a, com λa, µa e ρa, e b, com λb,

µb e ρb, na Figura ao lado) impõem uma

continuidade dos deslocamentos e equilíbrio de

tensões. No caso das tensões normais, a

condição de contorno é:

47 Matemático francês Johann Peter Gustav Legeune Dirichlet (1805 - 1859). 48 Considerando um meio de velocidade v constante, a relação de dispersão é dada pela expressão:

2

22z

2y

2x v

ω=κ+κ+κ ,

onde κx, κy e κz são as freqüências espaciais (número de onda) nas direções x, y e z e ω é a freqüência angular temporal.

Page 50: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

40

zu

2

xu

z

u

2x

u zb

b

bbxb

b

bza

a

aaxa

a

a

∂∂

ρµ+λ

+∂

∂ρλ

=∂

∂ρ

µ+λ+

∂∂

ρλ

, 2.2.2.5.3

onde uxa, uza, uxb e uzb são respectivamente os deslocamentos nas direções x e z nos

meios a e b; no caso das tensões tangenciais:

∂+

∂∂

ρµ

=

∂+

∂∂

ρµ

zu

xu

z

ux

u zbxb

b

bzaxa

a

a 2.2.2.5.4

e, no caso dos deslocamentos tangenciais e normais, respectivamente:

uxa = uxb 2.2.2.5.5

e

uza = uzb. 2.2.2.5.6

Aproximando as diferenciais normais por diferenças regressivas e as diferenciais

tangenciais por diferenças centrais, na superfície livre, que contém o eixo x e a origem

de z (z=0), as condições de contorno no caso das tensões normais são as seguintes:

0z

)t,z,x(u)t,0,x(u 2x 2

)t,0,xx(u)t,0,xx(u zaza

a

aaxaxa

a

a =∆

∆−−ρ

µ+λ+

∆∆−−∆+

ρλ

2.2.2.5.7

e, no caso das tensões tangenciais:

0x 2

)t,0,xx(u)t,0,xx(uz

)t,z,x(u)t,0,x(u zazaxaxa

a

a =

∆−−∆++

∆∆−−

ρµ

, 2.2.2.5.8

onde ∆x e ∆z são os intervalos de amostragem nas direções x e z e o índice -∆z está

relacionado a uma posição fictícia da malha, acima da superfície livre que delimita o

modelo.

Nas interfaces que separam os meios elásticos tem-se, respectivamente, as

seguintes condições de contorno para as tensões normais e tangenciais:

z)t,z,x(u)t,zz,x(u

2

x 2)t,z,xx(u)t,z,xx(u

z)t,z,x(u)t,zz,x(u

2

x 2)t,z,xx(u)t,z,xx(u

zbzb

b

bbxbxb

b

b

zaza

a

aaxaxa

a

a

∆−∆+

ρµ+λ

+∆

∆−−∆+ρλ

=∆

−∆+ρ

µ+λ+

∆∆−−∆+

ρλ

2.2.2.5.9

e

∆+∆−−∆+∆++

∆−∆+

ρµ

=

∆−−∆++

∆−∆+

ρµ

x 2)t,zz,xx(u)t,zz,xx(u

z)t,z,x(u)t,zz,x(u

x 2)t,z,xx(u)t,z,xx(u

z)t,z,x(u)t,zz,x(u

zbzbxbxb

b

b

zazaxaxa

a

a

2.2.2.5.10

Page 51: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

41

e, no caso dos deslocamentos:

uxa(x,z,t) = uxb(x,z+∆z,t) 2.2.2.5.11

e

uza(x,z,t) = uzb(x,z+∆z,t). 2.2.2.5.12

ILAN e LOEWENTHAL (1975) reportaram que esse método de obtenção da

representação de diferenças finitas para as condições de contorno pode criar um limite

de estabilidade dado pela razão entre vP e vS.

Em EMERMAN e STEPHEN (1983) é mencionado que, para os casos de ondas

com ângulos de incidência muito próximos da normal, as condições de contorno,

definidas em CLAYTON e ENGQUIST (1977) e FUYUKI e MATSUMOTO (1980),

normalmente empregadas com as equações elásticas da onda, são estáveis quando:

17,2vv

S

P < . 2.2.2.5.13

Nesse trabalho, EMERMAN e STEPHEN sugerem a utilização de condições de

contorno bastante estáveis para um esquema de diferenças finitas com intervalos de

amostragens espaciais ∆x e ∆z, nas direções x e z, e amostragem temporal ∆t,

qualquer que seja a relação S

P

vv

. Para tal, utilizam os seguintes operadores nas

bordas:

• borda inferior, onde z=Nz e x varia entre 2 e Nx-2:

0t

)]tt,zz,x(u)t,zz,x(u 2)tt,zz,x(u[v 21

t)]tt,z,x(u)t,z,x(u 2)tt,z,x(u[

v 21

z t 2)]tt,zz,x(u)tt,zz,x(u)tt,z,x(u)tt,z,x(u[

2xxx

S

2xxx

S

xxxx

=∆

∆−∆−+∆−−∆+∆−

+∆

∆−+−∆+

+∆∆

∆−∆−+∆+∆−−∆−−∆+

2.2.2.5.14

e

0t

)]tt,zz,x(u)t,zz,x(u 2)tt,zz,x(u[v 21

t)]tt,z,x(u)t,z,x(u 2)tt,z,x(u[

v 21

z t 2)]tt,zz,x(u)tt,zz,x(u)tt,z,x(u)tt,z,x(u[

2zzz

P

2zzz

P

zzzz

=∆

∆−∆−+∆−−∆+∆−

+∆

∆−+−∆+

+∆∆

∆−∆−+∆+∆−−∆−−∆+

; 2.2.2.5.15

• borda direita, onde x=Nx e z varia entre 2 e Nz-2:

Page 52: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

42

0t

)]tt,z,xx(u )t,z,xx(u 2)tt,z,xx(u[v1

21

t)]tt,z,x(u)t,z,x(u 2)tt,z,x(u[

v1

21

x t 2)]tt,z,xx(u)tt,z,xx(u)tt,z,x(u)tt,z,x(u[

2xxx

P

2xxx

P

xxxx

=∆

∆−∆−+∆−−∆+∆−

+∆

∆−+−∆+

+∆∆

∆−∆−+∆+∆−−∆−−∆+

2.2.2.5.16

e

0t

)]tt,z,xx(u )t,z,xx(u 2)tt,z,xx(u[v1

21

t)]tt,z,x(u)t,z,x(u 2)tt,z,x(u[

v1

21

x t 2)]tt,z,xx(u)tt,z,xx(u)tt,z,x(u)tt,z,x(u[

2zzz

S

2zzz

S

zzzz

=∆

∆−∆−+∆−−∆+∆−

+∆

∆−+−∆+

+∆∆

∆−∆−+∆+∆−−∆−−∆+

; 2.2.2.5.17

• canto inferior direito, onde (x,z)=(Nx,Nz-1),(Nx-1,Nz) e (Nx,Nz):

0t

)t,z,x(u)tt,z,x(uv1

v1

t)t,z,x(u)tt,z,x(u

v1

v1

2

1

x)t,z,x(u)t,z,xx(u

z)t,zz,x(u)t,z,x(u

zz

SP

xx

SP

xxxx

=

∆−∆+

−+

∆−∆+

+

+∆

−∆++

∆∆−−

2.2.2.5.18

e

0t

)t,z,x(u)tt,z,x(uv1

v1

t)t,z,x(u)tt,z,x(u

v1

v1

2

1

x)t,z,x(u)t,z,xx(u

z)t,zz,x(u)t,z,x(u

zz

SP

xx

SP

zzzz

=

∆−∆+

++

∆−∆+

+∆

−∆++

∆∆−−

. 2.2.2.5.19

ENGQUIST (1976) apresentou um método de estabelecimento de condições de

contorno totalmente absorventes para ondas com determinados ângulos de incidência

e razoavelmente absorventes para ondas com outros ângulos de incidência que

funcionam tanto para a forma escalar como para a elástica da equação da onda. Neste

trabalho foram adotadas as condições de absorção de bordas propostas por CERJAN

et al. (1984) e os operadores propostos por EMERMAN e STEPHEN (1983), onde as

equações da onda são trocadas por equações unidirecionais que não permitem a

propagação de energia de volta ao interior do modelo, desde que os eventos não

atinjam as bordas com ângulos muito rasos, quando a eficácia do método se degrada.

A proposição de CERJAN postula um esquema alternativo simples e robusto

onde a redução da amplitude é gradual e não ocorre degradação em função do ângulo

de incidência. Admitindo que Φ(x,z,t) é a pressão observada em um tempo t=n∆t na

posição (n∆x, n∆z), a solução seguiria o seguinte esquema de integração no tempo:

Page 53: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

43

∂Φ∂

+∂

Φ∂∆+

∆−Φ∆+Φ=∆+Φ

z)t,z,x(

x)t,z,x(

)z,x(v t2t

t,z,xt)t,z,x()tt,z,x(2

2

2

22P . 2.2.2.5.20

Neste caso, bordas laterais e superior com vinte amostras (Nad=20) e uma borda

inferior com quarenta amostras (Nad=40) são suficientes para atenuar sensivelmente

as reflexões, onde as amplitudes são multiplicadas pelo fator (ft):

2)nNad( 000225,0e)n(ft −−= . 2.2.2.5.21

No caso elástico, as condições de bordas de absorção podem afetar as variáveis

de campo reduzindo sua magnitude a cada passo de tempo, enquanto que, para o

método das equações de esforços, podem afetar as derivadas no tempo das

componentes de esforço.

2.3. Isotropia Transversa (TI = Transversal Isotropy)

Em boa parte dos problemas exploratórios, as rochas são consideradas meios

elásticos isotrópicos, embora a maioria delas sejam sabidamente anisotrópicas. Sabe-

se também que, quando uma perturbação elástica, de comprimento de onda muito

maior que a espessura das camadas (normal em problemas exploratórios), se propaga

por uma seqüência de camadas, o meio se comporta como homogêneo e anisotrópico

(BACKUS, 1962).

Uma das razões para se negligenciar o fenômeno de anisotropia é que as

equações que descrevem a propagação de ondas nesses meios apresentam

complicações algébricas consideráveis, mesmo para os casos mais simples.

Em LEVIN (1979), THOMSEN (1986), CRAMPIN et al. (1984) e BALL (1995)

foram apresentados trabalhos teóricos, de medidas de laboratório e estudos de campo

sobre anisotropia em rochas sedimentares e em BYUN (1984) é apresentado um

trabalho sobre isotropia transversa, uma forma de anisotropia simplificada, com eixo

de simetria elástica perpendicular ao plano de acamamento das rochas, que se

mostrou uma boa aproximação para descrever a anisotropia em rochas sedimentares.

2.3.1. Introdução à Anisotropia Elástica

Como já mencionado, meios linearmente elásticos são definidos como aqueles

nos quais as componentes das tensões são linearmente dependentes das

componentes de deformação e podem ser representadas pela expressão:

Page 54: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

44

l

kijklij x

u c ∂∂

=τ . 2.3.1.1

onde cada índice da expressão pode assumir três valores (correspondentes às

direções x, y e z), resultando em nove relações envolvendo oitenta e um elementos do

tensor elástico cijkl. Em função da simetria das tensões (τij=τji), apenas seis das nove

equações são independentes e, por causa da simetria das deformações

∂∂

=∂∂

k

l

l

k

xu

xu

,

apenas seis dos nove termos de cada equação são independentes. Desenvolvendo a

Equação 2.3.1.1 (ver Apêndice C, Seção 3) e usando a notação de Voigt, pode-se

obter a seguinte representação matricial dessa equação:

∂∂

+∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂∂∂∂∂

=

τ

τ

τ

τ

τ

τ

1

2

2

1

1

3

3

1

2

3

3

2

3

3

2

2

1

1

666564636261

565554535251

464544434241

363534333231

262524232221

161514131211

6

5

4

3

2

1

xu

xu

xu

xu

xu

xu

xuxuxu

CCCCCC

CCCCCC

CCCCCC

CCCCCC

CCCCCC

CCCCCC

2.3.1.2

onde:

=

666564636261

565554535251

464544434241

363534333231

262524232221

161514131211

mn

CCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCC

C 2.3.1.3

é a matriz dos módulos do tensor elástico que, em função de sua simetria, costuma

ser apresentada na forma matricial triangular com apenas vinte e um elementos:

=

66

5655

464544

36353433

2625242322

161514131211

mn

CCCCCCCCCCCCCCCCCCCCC

C . 2.3.1.4

Page 55: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

45

Dependendo da rotação aplicada aos eixos de coordenadas, cada classe de

simetria elástica tem uma representação matricial correspondente (ver Apêndice C,

Seção 3.1). Neste trabalho, apenas com os casos de isotropia e isotropia transversa

serão tratados.

2.3.1.1. Meios Isotrópicos

Os meios isotrópicos são casos especiais de meios anisotrópicos, onde o

número de constantes elásticas se reduz a dois. As constantes elásticas cijkl podem ser

expressas em termos da constante de Lamé (λ) e do módulo de cisalhamento (µ)

segundo a expressão:

cijkl = λ δij δkl + µ (δik δjl + δil δjk), 2.3.1.1.1

cujo desenvolvimento rconduz aos resultados:

c1111=c2222=c3333= λ+2µ, 2.3.1.1.2

c1122=c1133=c2211=c2233=c3311=c3322= λ 2.3.1.1.3

e

c1212=c1221=c1313=c1331=c2112=c2121=c2323=c2332=c3113=c3131=c3223=c3232= µ. 2.3.1.1.4

Substituindo-se os índices ijkl dos parâmetros elásticos pelos respectivos índices

mn da notação de Voigt, obtém-se os resultados na forma:

C11 = C22 = C33 = λ + 2 µ, 2.3.1.1.5

C12 = C13 = C21 = C23 = C31 = C32 = λ 2.3.1.1.6

e

C66 = C55 = C44 = µ, 2.3.1.1.7

e a matriz dos módulos do tensor elástico assume a forma:

−−−−−−

=

44

44

44

3344334433

4433334433

4433443333

mn

CC

CCC 2CC 2C

C 2CCC 2CC 2CC 2CC

C , 2.3.1.1.8

Page 56: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

46

permitindo que a representação matricial da expressão generalizada da Lei de Hooke

possa ser escrita na seguinte forma:

∂∂

+∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂∂∂∂∂

−−

−−

−−

=

τ

τ

τ

τ

τ

τ

1

2

2

1

1

3

3

1

2

3

3

2

3

3

2

2

1

1

44

44

44

3344334433

4433334433

4433443333

6

5

4

3

2

1

xu

xu

xu

xu

xu

xu

xuxuxu

C

C

C

CC 2CC 2C

C 2CCC 2C

C 2CC 2CC

. 2.3.1.1.9

Aplicando as relações entre tensão e deformação às três componentes da

equação básica da elastodinâmica pode-se obter as expressões:

11

344

33

144

31

244

22

144

2

3

344

12

244

1

3

333

12

233

11

133

121

2

Fxu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

x

xu

Cxx

uC

x2

xu

Cxx

uC

xxu

Cxt

u

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

=∂

∂ρ

, 2.3.1.1.10

22

344

33

244

3

3

313

22

211

21

166

21

111

2

1

244

12

144

122

2

Fxu

Cxx

uC

x

xu

Cxx

uC

xxu

C 2xx

uC

x

xu

Cxx

uC

xtu

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

=∂

∂ρ

2.3.1.1.11

e

32

244

31

144

3

3

333

32

233

31

133

3

2

344

23

244

21

344

13

144

123

2

Fxu

Cxx

uC

x2

xu

Cxx

uC

xxu

Cx

xu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

xtu

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

=∂

∂ρ

. 2.3.1.1.12

Page 57: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

47

2.3.1.2. Meios Transversalmente Isotrópicos

Um dos casos mais simples de anisotropia (ver Apêndice C, Seção 3.1), a

chamada isotropia transversa49, ou anisotropia de simetria elástica hexagonal, ou

ainda anisotropia de simetria elástica polar, tem apenas uma direção de anisotropia,

enquanto as outras duas são isotrópicas e equivalentes entre si.

Para meios transversalmente isotrópicos, onde a variação ocorre somente na

direção do eixo vertical (de larga aplicação em Geofísica), a matriz dos módulos

elásticos tem apenas cinco componentes independentes (C11, C13, C33, C44 e C66) e a

representação matricial da expressão generalizada da Lei de Hooke tem a seguinte

forma:

∂∂

+∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂∂∂∂∂

=

τ

τ

τ

τ

τ

τ

1

2

2

1

1

3

3

1

2

3

3

2

3

3

2

2

1

1

66

44

44

331313

13116611

13661111

6

5

4

3

2

1

xu

xu

xu

xu

xu

xu

xuxuxu

C

C

C

CCC

CCC 2C

CC 2CC

. 2.3.1.2.1

Uma comparação entre os casos isotrópico e transversalmente isotrópico mostra

que o primeiro é uma degeneração do segundo, onde os módulos elásticos adquirem

os seguintes valores:

C11 ⇒ C33, 2.3.1.2.2

C66 ⇒ C44 2.3.1.2.3

e

C13 ⇒ C33 - 2 C44. 2.3.1.2.4

Aplicando as relações entre tensão e deformação as três componentes da

equação básica da elastodinâmica, obtêm-se as expressões correspondentes a cada

uma das direções:

49 TIV: Isotropia Transversa Vertical (eixo de simetria elástica vertical),

TIH: Isotropia Transversa Horizontal (eixo de simetria elástica horizontal), muito empregada em estudos sismológicos de fraturamento em rochas de reservatórios.

Page 58: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

48

11

344

33

144

31

266

22

166

2

3

313

12

266

12

211

11

111

121

2

Fxu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

x

xu

Cxx

uC 2

xxu

Cxx

uC

xtu

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

=∂

∂ρ

, 2.3.1.2.5

22

344

33

244

33

313

22

211

2

1

166

21

111

21

266

12

166

122

2

Fxu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

x

xu

C 2xx

uC

xxu

Cxx

uC

xtu

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

=∂

∂ρ

2.3.1.2.6

e

33

333

32

212

31

113

3

2

344

23

244

21

344

13

144

123

2

Fxu

Cxx

uC

xxu

Cx

xu

Cxx

uC

xxu

Cxx

uC

xtu

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

=∂

∂ρ

. 2.3.1.2.7

Neste caso de isotropia transversal vertical (ou anisotropia polar vertical), para

cada direção existem três soluções independentes, polarizadas e mutuamente

ortogonais:

• onda qP (quasi-P ou quasi-longitudinal);

• onda SH (transversa), cujo vetor de polarização tem componentes nas direções

ortogonais à direção de anisotropia ou paralelas ao plano de simetria elástica (S||);

e

• onda qSV (quasi-SV ou quasi-transversa), cujo vetor de polarização tem

componentes paralelas à direção de anisotropia ou perpendiculares ao plano de

simetria elástica (S⊥).

Usando uma aproximação da teoria assintótica do raio, DALEY e HRON (1977)

mostraram uma relação de dependência direcional entre as velocidades de fase de

ondas planas nas três direções (ver Figura 2.3.1.2.1):

ρθ+θ−++

=θ 2

)(D)(sen ]CC[CC)(v

233114433

P , 2.3.1.2.8

ρθ−θ−++

=θ=θ⊥ 2)(D)(sen ]CC[CC

)(v)(v2

33114433SVS , 2.3.1.2.9

e Fig. 2.3.1.2.1 - Dependência direcional das

velocidades de fase. ρθ+θ

=θ=θ)(cos C )(sen C

)(v)(v2

442

66SH||S , 2.3.1.2.10

Page 59: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

49

onde ρ é a densidade, θC é o ângulo entre o raio r de propagação da onda (que parte

da fonte) e o eixo vertical, θ é o ângulo de fase entre a normal nr

da frente de onda e o

eixo vertical (também chamado ângulo da normal de frente de onda) e D(θ) é uma

combinação quadrática de parâmetros elásticos expressa pela relação:

)(sen ] ) CC ( 4) C 2CC ( [

)(sen ] ) C 2CC ( ) CC () CC ( 2 [ 2

) CC ()(D

224413

2443311

24433114433

24413

24433

2

θ+−−+

+θ−+−−+

+−=θ

. 2.3.1.2.11

Essa complexidade do termo D(θ) é o principal obstáculo ao uso da anisotropia na

análise de dados sísmicos.

Observando-se a Figura 2.3.1.2.1, nota-se que a frente de onda é localmente

perpendicular ao vetor nr

normal à frente de onda, que aponta para a direção de

máxima variação da fase. Como a velocidade de fase vf(θ) é uma medida do avanço

da frente de onda ao longo do vetor normal )(n θr

, ela também é chamada de

velocidade da frente de onda. Uma vez que a frente de onda não seja esférica, fica

claro que θ≠θC.

Retomando essas equações, que envolvem os módulos elásticos C11, C13, C33,

C44 e C66, e aplicando uma notação que envolva apenas C33 e C44 (relacionados às

velocidades das ondas P e S) e as medidas de anisotropia ε, δ* e γ, pode-se obter

combinações apropriadas que permitam simplificações dos parâmetros de anisotropia,

de modo que assumam uma forma adimensional, se reduzam a zero no caso de

isotropia e a valores bem inferiores a um para os casos de isotropia transversa.

THOMSEN (1986) chegou às seguintes combinações, válidas para o caso de isotropia

transversa:

33

3311

C 2CC −

≡ε , 2.3.1.2.12

44

4466

C 2CC −

≡γ 2.3.1.2.13

e

233

44331144332

4413

C 2) C 2CC ( ) CC () CC ( 2

*−+−−+

=δ , 2.3.1.2.14

onde:

2PV33 v C ρ= , 2.3.1.2.15

Page 60: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

50

2SV44 v C ρ= , 2.3.1.2.16

ρ é a densidade e e vPV e vSV são, respectivamente, as velocidades das ondas P e S

verticais.

Aplicando tais definições às Equações 2.3.1.2.8, 2.3.1.2.9, 2.3.1.2.10 e

2.3.1.2.11, pode-se rescrevê-las nas formas:

)(*D)(sen 1v)(v 2PVP θ+θε+=θ , 2.3.1.2.17

)(*D vv

)(sen vv

1v)(v)(v 2SV

2PV2

2SV

2PV

SVSVS θ−θε+=θ=θ⊥ , 2.3.1.2.18

)(sen 2 1v)(v)(v 2SVSH||S θγ+=θ=θ 2.3.1.2.19

e

−−

θ

ε+−ε+θδ

θ+

=θ 1

vv

1

)(sen vv

1 )(cos *

)(sen 412

vv

1

)(*D

2PV

2SV

22PV

2SV2

22PV

2SV

. 2.3.1.2.20

A complexidade das Equações 2.3.1.2.17, 2.3.1.2.18, 2.3.1.2.19 e 2.3.1.2.20

dificultam o entendimento de seu significado físico. Em função disso, uma 4ª medida

de anisotropia, chamada δ, foi definida como alternativa para δ*. Esse parâmetro

aparece como o parâmetro mais importante para a maioria das aplicações de

Geofísica. Expandindo-se essas equações em série de Taylor, com valores pequenos

para ε, δ* e γ, ângulo da normal de frente de onda θ fixo e tomando apenas os termos

lineares, o termo D*(θ) pode ser aproximado para a forma:

)(sen )(cos )(sen

vv

1

*)(*D 422

2PV

2SV

θε+θθ−

δ≈θ

2.3.1.2.21

que, substituído nas Equações 2.3.1.2.17, 2.3.1.2.18 e 2.3.1.2.19 linearizadas50,

permite, nos casos de anisotropia fraca, a obtenção das expressões:

vP(θ) = vPV [ 1 + δ sen2(θ) cos2(θ) + ε sen4(θ) ], 2.3.1.2.22

θθδ−ε+=θ )(osc )(sen ) (

vv

1 v)(v 222SV

2PV

SVSV 2.3.1.2.23

50 Aplicação da expansão de Taylor na raiz quadrada e retenção dos termos relacionados a 1ª derivada.

Page 61: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

51

e

vSH(θ) = vSV [ 1 + γ sen2(θ) ]. 2.3.1.2.24

Essas equações mais simples podem ser combinadas de forma que, para θ

pequenos, cada termo contribua para o total com pequenas parcelas, permitindo a

troca de δ* por δ, definido por:

)CC( C 2)CC()CC(

vv

1

*

21

443333

24433

24413

2PV

2SV −

−−+=

δ+ε≡δ . 2.3.1.2.25

Como os parâmetros ε, δ e γ têm magnitudes de mesma ordem, a Equação

2.3.1.2.22 mostra que, para pequenos valores de θ (condição da maioria das

reflexões), sen2(θ)cos2(θ) é maior que sen4(θ); logo, o termo δsen2(θ)cos2(θ) domina os

efeitos de anisotropia.

O fator trigonométrico cos2(θ) do termo δsen2(θ)cos2(θ) assegura que a

dependência angular de vP(θ) é dominada pelo parâmetro δ, salvo aqueles casos

especiais em que ε é muito maior que δ.

No caso de propagação horizontal têm-se os seguintes casos:

vP(90°) = vPV [ 1 + ε ], 2.3.1.2.26

vSV(90°) = vSV 2.3.1.2.27

e

vSH(90°) = vSV [ 1 + γ ]; 2.3.1.2.28

e, no caso de propagação vertical:

vP(0°) = vPV, 2.3.1.2.29

vSV(0°) = vSV 2.3.1.2.30

e

vSH(0°) = vSV. 2.3.1.2.31

2.3.2. Medidas de Anisotropia

Dados obtidos em laboratório, com medidas de velocidades ultra-sônicas e, in

situ, com velocidades compatíveis à dos casos de exploração, mostram que muitas

rochas têm anisotropia entre fraca e moderada (<0,2).

Page 62: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

52

Em seu trabalho, THOMSEN (1986) apresenta uma tabela de parâmetros de

anisotropia para algumas rochas sedimentares e alguns materiais particulares. Uma

versão dessa tabela, onde as informações relacionadas aos folhelhos são destacadas

com sombreado, é apresentada a seguir:

Adaptação da Tabela de Medidas de Anisotropia de THOMSEN (1986)

Amostra Situação Vp(m/s) Vs(m/s) ε δ∗ δ γ ρ(g/cm³)Gas-Sand water sand (Levin,1979) hypothetical 1.409 780 0,022 -0,002 0,018 0,004 2,030Lance (Schock et al.,1974) sandstone air dry 5.029 2.987 -0,005 -0,032 -0,015 0,005 2,430Mesaverde (1582 - Lin,1985) sandstone dry 3.688 2.774 0,081 0,010 0,057 0,000 2,730Mesaverde (1958 - Lin,1985) sandstone dry 4.237 3.018 0,036 -0,037 -0,039 0,030 2,690Mesaverde (3512 - Lin,1985) sandstone dry 4.633 3.231 -0,026 -0,004 -0,033 0,035 2,710Mesaverde (3850 - Lin,1985) sandstone dry 3.962 2.926 0,055 -0,066 -0,089 0,041 2,870Bandera (King,1964) sandstone sat 3.810 2.368 0,030 0,037 0,045 0,030 2,160Berea (King,1964) sandstone sat 4.206 2.664 0,002 0,023 0,020 0,005 2,140Taylor sandstone (Rai e Frisillo,1982) sat 3.368 1.829 0,110 -0,127 -0,035 0,255 2,500Mesaverde (4912 - Kelley,1983) immature sandstone sat,undrnd 4.476 2.814 0,097 0,051 0,091 0,051 2,500Mesaverde (4946 - Kelley,1983) immature sandstone sat,undrnd 4.099 2.346 0,077 -0,039 0,010 0,066 2,450Mesaverde (5481,3 - Kelley,1983) immature sandstone sat,undrnd 4.349 2.571 0,091 0,134 0,148 0,105 2,460Mesaverde (5555,5 - Kelley,1983) immature sandstone sat,undrnd 4.539 2.706 0,060 0,147 0,143 0,045 2,480Mesaverde (5837,5 - Kelley,1983) immature sandstone sat,undrnd 4.672 2.833 0,023 -0,013 0,002 0,013 2,470Mesaverde (6455,1 - Kelley,1983) immature sandstone sat,undrnd 4.418 2.587 0,053 0,173 0,158 0,133 2,450Mesaverde (6542,6 - Kelley,1983) immature sandstone sat,undrnd 4.405 2.542 0,080 -0,057 -0,003 0,093 2,510Mesaverde (7888,4 - Kelley,1983) sandstone sat,undrnd 4.869 2.911 0,033 0,030 0,040 -0,019 2,500Mesaverde (6423,6 - Kelley,1983) calcareous sandstone sat,undrnd 5.460 3.219 0,000 -0,345 -2,640 -0,007 2,690Mesaverde (5469,5 - Kelley,1983) silty limestone sat,undrnd 4.972 2.899 0,056 -0,041 -0,003 0,067 2,630Green River (Schock et al.,1974) shale air dry 3.292 1.768 0,195 -0,450 -0,220 0,180 2,075Oil Shale (Kaarsberg,1968) unknown 4.231 2.539 0,200 0,000 0,100 0,145 2,370Mesaverde (1599 - Lin,1985) shale dry 3.901 2.682 0,137 -0,078 -0,012 0,026 2,640Mesaverde (1968 - Lin,1985) shale dry 4.846 3.170 0,063 -0,031 0,008 0,028 2,690Mesaverde (350 - Lin,1985) shale dry 3.383 2.438 0,065 -0,003 0,059 0,071 2,350Mesaverde (3511 - Lin,1985) shale dry 4.359 3.048 0,172 -0,088 0,000 0,157 2,810Mesaverde (3883 - Lin,1985) shale dry 3.749 2.621 0,128 -0,025 0,078 0,100 2,920Anisotropic shale (Levin,1979) hypothetical 2.745 1.508 0,103 -0,073 -0,001 0,345 2,340Limestone shale (Levin,1979) hypothetical 3.306 1.819 0,134 -0,094 0,000 0,156 2,440LS anisotropic shale (Levin,1979) hypothetical 3.306 1.819 0,169 -0,123 0,000 0,271 2,440Sandstone shale (Levin,1979) hypothetical 3.009 1.654 0,013 -0,010 -0,001 0,035 2,340SS anisotropic shale (Levin,1979) hypothetical 3.009 1.654 0,059 -0,042 -0,001 0,163 2,340Dog Creek (Robertson e Corrigan,1983) shale in situ 1.875 826 0,225 -0,020 0,100 0,345 2,000Pierre (White et al.,1982) shale in situ 2.074 869 0,110 0,058 0,090 0,165 2,250Pierre (White et al.,1982) shale in situ 2.106 887 0,195 0,128 0,175 0,300 2,250Pierre (White et al.,1982) shale in situ 2.202 969 0,015 0,085 0,060 0,030 2,250Wills Point (Robertson e Corrigan,1983) shale in situ 1.058 387 0,215 0,359 0,315 0,280 1,800Cotton Valley (Tosaya,1982) shale sat,undrnd 4.721 2.890 0,135 0,172 0,205 0,180 2,640Green River (Podio et al.,1968) shale sat,undrnd 4.167 2.432 0,040 -0,013 0,010 0,030 2,310Green River (Podio et al.,1968) shale sat,undrnd 4.404 2.582 0,025 0,056 0,055 0,020 2,310Mesaverde (4903 - Kelley,1983) mudshale sat,undrnd 4.529 2.703 0,034 0,250 0,211 0,046 2,520Mesaverde (5501 - Kelley,1983) clayshale sat,undrnd 3.928 2.055 0,334 0,818 0,730 0,575 2,590Mesaverde (5858,6 - Kelley,1983) clayshale sat,undrnd 3.794 2.074 0,189 0,154 0,204 0,175 2,560Mesaverde (6563,7 - Kelley,1983) mudshale sat,undrnd 5.073 2.998 0,010 0,009 0,012 -0,005 2,680Mesaverde (7939,5 - Kelley,1983) mudshale sat,undrnd 4.296 2.471 0,081 0,118 0,129 0,048 2,660Shale (5000 - Jones e Wang,1981) shale sat,undrnd 3.048 1.490 0,255 -0,270 -0,050 0,480 2,420Shale (5000 - Jones e Wang,1981) shale sat,undrnd 3.377 1.490 0,200 -0,282 -0,075 0,510 2,420Wills Point (Robertson e Corrigan,1983) shale sat,undrnd 4.130 2.380 0,085 0,104 0,120 0,185 2,640Fort Union (Schock et al.,1974) siltstone air dry 4.877 2.941 0,045 -0,071 -0,045 0,040 2,600Mesaverde (5566,3 - Kelley,1983) laminated siltstone sat,undrnd 4.449 2.585 0,091 0,688 0,565 0,046 2,570Timber Mountain (Schock et al.,1974) tuff air dry 4.846 1.856 0,020 -0,003 -0,030 0,105 2,330

Mínimo 1.058 387 -0,026 -0,450 -2,640 -0,019 1,800Máximo 5.460 3.231 0,334 0,818 0,730 0,575 2,920

Média 3.855 2.269 0,098 0,031 -0,025 0,135 2,464

Na prática, a anisotropia é calculada a partir de cinco medidas de velocidade em

três direções (ver Figura 2.3.2.1):

Page 63: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

53

Fig. 2.3.2.1 - Direções de medição de velocidades.

• duas na direção da isotropia (θ=90°):

# vP(90°) e vS(90°);

• duas na direção da anisotropia (θ=0°):

# vP(0°) e vS(0°) e

• uma com ângulo oblíquo (preferencialmente, θ=45°):

# vP(45°).

Com essas medidas os parâmetros de anisotropia ε, δ e γ são calculados

conforme as expressões:

PV

PVP

P

PP

vv)90(v

)0(v)0(v)90(v −°

≡°

°−°≡ε , 2.3.2.1

( ) ( )( )

( ) ( )( )

( )ε−

−°≡

°

°−°−

°

°−°≡δ

vv 45v

4 0v

0v 90v

0v0v 45v

4 PV

PVP

P

PP

P

PP 2.3.2.2

e

( ) ( )( )

( )SV

SVSH

S

SSH

vv90v

0v0v90v −°

≡°

°−°≡γ . 2.3.2.3

A partir dessas informações pode-se chegar aos módulos elásticos Cmn:

2PV33 v C ρ= , 2.3.2.4

2SV44 v C ρ= , 2.3.2.5

C11 = ( 2 ε + 1 ) C33, 2.3.2.6

C C ) 2 2 ( C ) 1 2 ( C C C 4433233

2444413 +δ−+δ+±−= 2.3.2.7

e

C66 = ( 2 γ + 1 ) C44. 2.3.2.8

O parâmetro ε é, geralmente, o parâmetro empregado para se referir à

anisotropia de uma rocha; no entanto, δ, que é uma combinação diferente de módulos

elásticos e não inclui a velocidade horizontal, é o parâmetro que controla a anisotropia

vertical, que é crucial na propagação de ondas P quasi-verticais em meios

anisotrópicos. Como o termo ε pode ser negligenciado na propagação vertical, conclui-

se que ε torna-se irrelevante nestes casos.

Page 64: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

54

Normalmente, a velocidade da onda P horizontal é maior que a da vertical; logo,

na maioria dos casos, ε>0. No entanto, isso é de pouca importância para entender a

anisotropia vertical, porque ε é multiplicado por sen4(θ) e a resposta da anisotropia

vertical é dominada pelo parâmetro δ. Por causa do fator 4, na Equação 2.3.2.2, os

erros na relação se propagam consideravelmente em δ, ou seja, se o erro relativo a

cada velocidade for de 2%, então, o erro absoluto em δ será da ordem de 0,12, que é

da mesma ordem de δ. A propagação desse erro na Equação 2.3.2.7 implica que o

erro em C13 será ainda maior. Observar que γ corresponde à medida convencional de

anisotropia na direção SH.

A anisotropia elíptica (DALEY e HRON, 1979) é caracterizada pela propagação

elíptica de frentes de ondas P e ocorre quando δ=ε. Note também que no caso elíptico,

a forma funcional da Equação 2.3.1.2.22 torna-se semelhante à Equação 2.3.1.2.24.

Isso demonstra que as frentes de onda SH são elípticas no caso geral e isso é

verdade mesmo que o meio seja fortemente anisotrópico. A anisotropia causada pela

fina estratificação de materiais isotrópicos ocorre quando δ<ε.

Observando a Equação 2.3.1.2.23, da onda SV linearizada, pode-se confirmar o

fato de frentes de ondas P elípticas (δ=ε) implicarem em frentes de ondas SV esféricas

(sem dependência de θ).

BERRYMAN (1979) escreveu uma aproximação para as Equações 2.3.1.2.17,

2.3.1.2.18, 2.3.1.2.19 e 2.3.1.2.21 na qual o menor parâmetro é uma combinação de

parâmetros de anisotropia e funções trigonométricas. Sua derivação, que também é

válida para meios fortemente anisotrópicos e pequenos ângulos, reduz essas

Equações para as formas 2.3.1.2.22 e 2.3.1.2.23, válidas para os casos de anisotropia

fraca e qualquer ângulo. Sua aproximação é menos restritiva, mas produz fórmulas

que são menos simples e que não mostram a função crucial do parâmetro δ e seu

contraste com ε. É uma aproximação intermediária entre as expressões exatas e as

aproximações.

Segundo THOMSEN (1986), independentemente da causa da anisotropia51,

algumas simplificações evidenciam certos fatos tais como:

• O contraste de velocidades vertical e horizontal é irrelevante em problemas de

propagação de ondas P verticais.

51 Em rochas sedimentares a anisotropia pode ser causada pela orientação preferencial de grãos de minerais anisotrópicos (folhelhos), isotrópicos (argilas plano-horizontais), orientação de fraturas (paralelas, verticais sem azimute preferencial) ou pelo acamamento de finas camadas isotrópicas ou anisotrópicas.

Page 65: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

55

• A definição do parâmetro δ não envolve a velocidade horizontal e, normalmente, é

determinado através de medidas experimentais em amostras de rochas.

• A aproximação mais usada na simplificação das equações de velocidades em

meios anisotrópicos (anisotropia elíptica) é imprópria para ondas P e SV.

• A utilização do coeficiente de Poisson, determinado a partir das velocidades de

ondas P e S verticais, nas estimativas de tensões horizontais geralmente incorre

em erros significantes.

2.4. Migração de Dados Sísmicos

Segundo CLAERBOUT (1985), em Imaging the Earth's Interior, a migração pode

ser definida da seguinte forma:

The word migration in geophysical prospecting likewise has about four

related but distinct meanings. The simplest is like the meaning of the

word move. When an object at some location in the (x,z)-plane is found

at a different location at a later time t, then we say it moves. Analogously,

when a wave arrival (often called an event) at some location in the (x,t)-

space of geophysical observations is found at a different position for a

different survey line at a greater depth z, then we say it migrates.

No âmbito da exploração geofísica, o objetivo do emprego do método sísmico é

a obtenção de uma imagem confiável da configuração geológica de subsuperfície

através do mapeamento das propriedades físicas que governam amplitudes,

freqüências e fases dos sinais registrados. Nesse contexto, a migração é o processo

encarregado de converter as informações registradas em sismogramas ou em seções

sísmicas empilhadas52 em uma imagem dessa configuração geológica, cuja precisão é

condicionada à qualidade dos dados sísmicos de entrada, à fidelidade do

macromodelo de velocidade53 empregado e à capacidade computacional disponível.

Cabe ressaltar que os eventos espúrios presentes nos dados sísmicos reais, que

não correspondem às reflexões das interfaces entre as camadas (ruídos, múltiplas

etc.), provocam uma deterioração da imagem migrada, uma vez que a migração

admite como reflexão de uma interface todo e qualquer evento sísmico.

52 O processo de empilhamento reduz, através de uma soma, o conjunto de traços sísmicos organizados no domínio dos afastamentos fonte-receptor a um único traço, depois de horizontalizar os eventos sísmicos nesse domínio. 53 O modelo de velocidade deve ser consistente por afastamento, ou seja, a imagem obtida deve ser a mesma independentemente da faixa de afastamentos fonte-receptor utilizada na sua construção.

Page 66: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

56

Na migração, todos os pontos difratores, geradores de reflexões, são focalizados

posicionando corretamente as interfaces, através da solução da equação da onda para

um determinado macromodelo de velocidade e da aplicação de condições de imagem

em cada ponto do meio. Em função do comportamento do modelo de velocidade, as

difrações podem se comportar das seguintes maneiras:

• em modelos onde a velocidade é constante, as difrações assumem formas

hiperbólicas;

• se a velocidade do meio varia suavemente, as difrações assumem formas que

podem ser aproximadas por hipérboles;

• se a velocidade do meio tem forte variação, as difrações assumem formas diversas,

que podem ser obtidas através de técnicas de traçado do raio ou solução da

equação iconal.

Nos primórdios de sua implementação, os métodos de migração utilizavam a

teoria do raio em modelos simplificados, a geometria de aquisição dos dados sísmicos

na superfície, os tempos das reflexões e as leis que regem os fenômenos de reflexão

e transmissão estabelecidas por Snell54 (DOBRIN, 1976).

Hoje, os métodos de migração utilizam direta ou indiretamente a equação da

onda e baseiam-se na extrapolação, a partir da superfície, do campo de onda de

seções sísmicas empilhadas ou dos sismogramas, como se a superfície de registro

fosse sucessivamente deslocada a níveis cada vez mais profundos (extrapolação em

profundidade ou continuação descendente) ou como se houvesse uma retrogradação

temporal (extrapolação em tempo ou tempo reverso ou depropagação temporal).

Como os sismogramas e as seções sísmicas empilhadas são produtos de

amostragens superficiais do campo de onda ascendente, o processo de migração

opera somente com esses tipos de ondas.

A migração de dados sísmicos pode ser aplicada em dois domínios diferentes:

• tempo: que produz seções sísmicas no domínio x-t (espaço-tempo), onde

geralmente os refletores aparecem deslocados e distorcidos (exceto no caso de

modelos de camadas plano-horizontais), mas oferecem uma imagem que auxilia a

interpretação do modelo geológico em tempo, e

• profundidade: que produz seções sísmicas no domínio x-z (espacial), tão mais

precisas quanto mais precisas forem as velocidades aplicadas no processo de

54 Matemático holandês Willebrord van Roijen Snell (1580 - 1626).

Page 67: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

57

migração, e que oferece uma imagem que permite a interpretação do modelo

geológico em profundidade.

Sobre esses dois tipos de migração, a técnica pode ser aplicada sobre duas

configurações de dados:

• pré-empilhamento: onde os campos de onda registrados nos sismogramas são

migrados individualmente, segundo um modelo de velocidades, e somados para

formar uma seção sísmica migrada, e

• pós-empilhamento: onde os campos de onda registrados nos sismogramas são

reorganizados em famílias de traços cmp55, empilhados e agrupados para formar

uma seção sísmica que, posteriormente, é migrada com a utilização de uma função

de velocidades.

Além dos antigos métodos gráficos, que empregavam curvas de difração e

interferências entre frentes de ondas, existem vários algoritmos de migração

recursivos e não-recursivos. Entre eles, os métodos que empregam:

• integral de Kirchhoff56: técnica baseada na solução integral da equação da onda,

e na utilização da função e da 2ª identidade de Green57, que colapsa difrações no

ápice de superfícies hiperbólicas58 através de um somatório de amplitudes

ponderado pela distância e limitado por um ângulo de abertura59, sobre curvas de

difração governadas por funções de velocidades; segundo SCHNEIDER (1978), a

extrapolação do campo de onda é realizada segundo a expressão:

∂∂

−∂∂

π= ∫∫

nG

)t,r(U )t,r(nU

G dSdt 41

)t,r(U 00000 , 2.4.1

onde r e r0 são os vetores de posição e posição inicial e G é a solução da equação:

)rr( )t( 4t

)t,r(G

v1

)t,r(G 02

2

22 −δδπ−=

∂∂

−∇ , 2.4.2

dada pela expressão:

55 Common Mid Points (ou Common Depth Points): traços com o mesmo ponto médio entre a fonte e o receptor. 56 Físico prussiano Gustav Robert Kirchhoff (1824 - 1887). 57 Matemático inglês George Green (1793 - 1841). 58 O raio correspondente ao ápice de uma superfície hiperbólica que atinge a superfície na direção vertical é denominado de raio imagem. 59 O ângulo de abertura da migração limita a inclinação dos eventos a serem migrados; ângulos muito grandes causam o aparecimento de amplitudes anômalas formando os chamados efeitos "sorriso" (essa anomalia é causada pela inclusão de amplitudes que não estão relacionadas à energia difratada), enquanto ângulos muito pequenos causam uma filtragem espacial que atua na eliminação dos eventos mais inclinados (essa filtragem ocorre porque o somatório não inclui parte dos flancos das hipérboles que contêm a energia difratada).

Page 68: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

58

'Rv'R

tt

RvR

tt)t,r|t,r(G

00

00

−−δ

−−δ

= , 2.4.3

onde 20

20

20 )zz()yy()xx(R −+−+−= e 2

02

02

0 )zz()yy()xx('R ++−+−= .

Esse tipo de migração é bastante robusto para modelos com variações verticais de

velocidade. A Figura a seguir ilustra esse método de migração.

Fig. 2.4.1 - Migração Kirchhoff.

• deslocamento de fase: técnica espectral na qual os dados registrados em

superfície são levados ao domínio das freqüências60 temporais e espaciais (em

uma ou duas etapas), onde sofrem modificações de fase e amplitude (no caso de κz

complexo), e são trazidos de volta ao domínio espacial; a equação que traduz esse

procedimento tem a forma geral:

2y

2x2

2

v 4

z i

yxyx e ),0z,,(U ),z,,(Uκ−κ−

ω

ω=κκ=ωκκ . 2.4.4

Os métodos espectrais incorporam os conceitos de Transformadas de Fourier ao

processo de migração e estabelecem métodos precisos e independentes de

condições de estabilidade. Nessa metodologia, as operações de remapeamento e

extrapolação do campo de ondas são efetuadas no domínio da freqüência de forma

rápida e simples, eliminando os erros de aproximação numérica dos operadores

diferenciais. A Figura a seguir ilustra esse método de migração.

Fig. 2.4.2 - Migração f-κ.

• diferenças finitas: técnica que utiliza um processo iterativo de solução da equação

da onda, com aproximações das derivadas parciais por fórmulas de diferenças,

60 Eventos inclinados no domínio x-t aparecem dispostos de forma radial no espaço f-κ. Quanto mais inclinado for o evento, mais próximo do eixo relativo ao número de onda ele aparecerá.

Page 69: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

59

para realizar a continuação descendente ou a depropagação (caso da migração

reversa no tempo) do campo de ondas registrado na superfície, através de um

macromodelo de velocidade previamente definido; os dois processos citados

podem ser resumidos nas seguintes palavras:

• continuação descendente: método desenvolvido por CLAERBOUT e

DOHERTY (1972), que utiliza equações diferenciais aproximadas para a

continuação descendente do campo de onda registrado em superfície; em

função da estruturação do modelo tratado, esse processo pode ser aplicado

no caso de propagação de ondas planas de duas formas, em função do

ângulo formado entre as frentes de onda e a superfície de referência:

§ para ângulos de até 15°, usa-se a equação:

0t z

Uv2

xU 2

2

2

=∂∂

∂−

∂∂

2.4.5

§ para ângulos de até 45°, usa-se a equação:

0t z

Uv4

t xU

v2

z xU

2

3

22

3

2

3

=∂∂

∂−

∂∂∂

+∂∂

∂. 2.4.6

A Figura a seguir ilustra esse método de migração.

Fig. 2.4.3 - Migração por continuação descendente.

• tempo reverso: método baseado na equação completa da onda, onde o

campo de ondas é calculado em cada passo de tempo, em função de tempos

anteriores, propiciando imagens simultâneas de todos os refletores, por

interferência construtiva das frentes de onda, para uma condição de imagem

de t=0. A Figura a seguir ilustra esse método de migração.

Fig. 2.4.4 - Migração reversa no tempo.

Page 70: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

60

2.4.1. Breve Histórico

A primeira notícia sobre utilização do processo de migração é apresentada em

DOBRIN (1976), onde ele comenta um método geométrico usado por J. C. Karcher na

década de 20, que emprega régua e compasso para migrar um evento sísmico em um

perfil de reflexão. Nesse trabalho, o tempo da reflexão foi usado para a construção de

arcos centrados no ponto de disparo, cujo raio era dado pelo produto entre a

velocidade do meio e metade do tempo da reflexão. A envoltória ajustada aos arcos

desenhados foi interpretada como sendo o evento sísmico migrado.

Na década de 30, RIEBER (1936) e JOHNSON (1937) tentaram mapear

sedimentos e estruturas associadas a falhas e dobras geológicas empregando

técnicas de reflexão e um dispositivo chamado geo-sonograph para produzir

sismogramas.

Em 1954, HAGEDOORN publicou um trabalho detalhado desenvolvendo o tema

migração sob o enfoque da teoria de propagação e superposição de frentes de ondas

que, no simpósio Seismograph Dip Migration, realizado pela Oklahoma City

Geophysical Society em 1957, foi amplamente discutida e implementada em vários

dispositivos mecânicos. Com o advento da computação digital e emprego de métodos

estatísticos a partir da década de 60, o processo de migração teve grande

desenvolvimento. Em MUSGRAVE (1961), é apresentado um trabalho empregando

computadores na geração de "cartas de frentes de ondas" usadas como ábacos.

Já na década de 70, LINDSEY (1970) e ROCKWELL (1971) apresentaram um

método do somatório de difrações ao longo de hipérboles, cuja curvatura é governada

pela velocidade do meio (diffraction stack), que também empregava a superposição de

frentes de ondas, mas apresentava problemas com as variações de velocidade.

Com o aparecimento de métodos determinísticos empregando aproximações da

equação da onda, apresentadas por TIMOSHIN (1970), e a migração por diferenças

finitas para a reconstrução do campo de onda a partir de medidas regulares do campo

de onda refletido, introduzida por CLAERBOUT (1970a), CLAERBOUT e JOHNSON

(1971), CLAERBOUT e DOHERTY (1972) e CLAERBOUT (1976), esse processo

passou a ser largamente empregado pela indústria de petróleo tanto para seções

obtidas com geometria de um disparo e uma linha de receptores como em seções

empilhadas, apesar das limitações geométricas do processo (mergulho das camadas ≤

15°). Em CLAERBOUT (1985) e LARNER e BEASLEY (1987) são introduzidas

melhorias que admitem camadas com mergulhos de até 45°.

Page 71: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

61

Em LOEWENTHAL et al. (1976) foi introduzido o conceito de refletor explosivo, a

partir do qual são desenvolvidos diversos métodos recursivos e não-recursivos, em

vários domínios. A teoria do refletor explosivo admite uma coincidência de trajetórias

de propagação das ondas ascendentes e descendentes61 e considera que todos os

pontos da interface refletora são fontes sísmicas disparadas ao mesmo tempo t=0s

(condição inicial), gerando frentes de ondas com amplitudes proporcionais ao

coeficiente de reflexão da interface, que viajam com a metade da velocidade de

propagação nas camadas. Nesse processo, a condição de contorno para a solução da

equação da onda é o campo de ondas registrado na superfície.

Em GARDNER et al. (1974), FRENCH (1974 e 1975), HUBRAL (1977) e

SCHNEIDER (1978) são apresentados métodos que empregam a solução numérica

da equação integral que descreve a propagação de ondas para meios horizontalmente

estratificados (integral de Kirchhoff), onde a variação de velocidade é considerada

apenas na direção vertical. FRENCH também aponta os problemas de imageamento

da migração bidimensional quando aplicada sobre dados de estruturas tridimensionais.

Em CARTER e FRAZER (1984) é apresentado um método que emprega o mesmo

princípio para meios com variações horizontais e verticais moderadas de velocidade.

Em 1979, BERRYHILL apresenta o método wave equation datuming, também baseado

na formulação integral de Kirchhoff da equação da onda, no qual é aplicada a

continuação ascendente e descendente do dado sísmico em tempo para redefinir a

superfície de referência onde a fonte e o receptor estariam localizados.

STOLT (1978) introduziu a aplicação de Transformadas de Fourier (método f-k)

na solução da equação da onda ao processo de migração para meios em que a

velocidade possa ser considerada constante para toda a seção (seção empilhada). Na

mesma época, GAZDAG (1978) propõe uma migração por mudança de fase (Phase

Shift) que admite o meio como sendo lateralmente homogêneo, com variações

verticais na função velocidade, e extrapolação recursiva do campo de onda em

pequenos incrementos de profundidade onde a velocidade é considerada constante.

Juntamente com SGUAZZERO (1984), ele propõe a migração por mudança de fase e

interpolação, o PSPI (Phase Shift Plus Interpolation) que permite heterogeneidades

laterais, onde parte da mudança de fase é aplicada no domínio espacial e a

extrapolação é feita no domínio das freqüências. FREIRE (1988) desenvolveu uma

técnica mais eficiente de migração por deslocamento de fase em duas etapas (Split-

Step Migration) que, pelo fato de aplicar operadores diferenciais no domínio das

61 Em uma seção empilhada, a distância entre fonte e receptor é considerada nula e, por isso, os raios que partem da fonte para o refletor e do refletor para os receptores percorrem o mesmo caminho.

Page 72: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

62

freqüências, elimina os erros de aproximação numérica desses operadores

diferenciais. Em HOLBERG (1988) é apresentada uma versão que aceita variações

laterais de velocidade e opera com um operador de extrapolação no domínio espaço-

freqüência.

Em LARNER et al. (1977 e 1978) foi proposto um método de migração em duas

etapas, que solucionava parcialmente os problemas de variação lateral de velocidade,

usando uma conversão em profundidade de uma seção sísmica migrada em tempo,

através da aplicação da técnica do raio imagem, descrita por HUBRAL (1977), onde as

curvas de difração são destruídas e os eventos são deslocados para a posição

correspondente à do raio imagem com a ajuda de funções de velocidades.

Em JUDSON et al. (1980) e SCHULTZ e SHERWOOD (1980) foram

apresentados métodos de migração pós e pré-empilhamento usando operadores de

diferenças finitas para continuar os campos de onda descendentes em pequenos

intervalos de profundidade e pequenos deslocamentos estáticos para cada traço

sísmico migrado com intuito de compensar a variação lateral de velocidade. Em

HATTON et al. (1981) foi apresentado um estudo dos efeitos de variações laterais de

velocidade sobre o método de migração pré-empilhamento usando a equação da

onda.

Em KOSLOFF e BAYSAL (1983) é apresentado um método preciso de migração

em profundidade pós-empilhamento, semelhante ao método analítico de deslocamento

de fase de GAZDAG (1978), usando a equação acústica da onda e o método de

Fourier para calcular as derivadas horizontais e um esquema Runge-Kutta62 de 4ª

ordem para a extrapolação em profundidade.

Em McMECHAN (1983) e WHITMORE (1983) são apresentados métodos de

migração reversa no tempo (reverse time migration) em profundidade pós-

empilhamento, baseado na depropagação de traços sísmicos pela equação completa

da onda e aproximações por diferenças finitas. Em LOEWENTHAL et al. (1985) foi

desenvolvida uma técnica de migração reversa no tempo em seções sísmicas

empilhadas, utilizando operadores de diferenças finitas de 4ª ordem. Em BAYSAL et al.

(1983), LOEWENTHAL e MUFTI (1983) e AGBO e GARDNER (1983) são

apresentados métodos de migração reversa no tempo utilizando a equação

unidirecional da onda (GAZDAG, 1980 e 1981) como um método bastante preciso, que

opera no domínio da freqüência, porém de elevada demanda computacional.

A partir da década de 90, muitos autores começaram a preocupar-se com os

62 Matemáticos alemães Carle David Tolmé Runge (1856 - 1927) e Martin Wilhelm Kutta (1867 - 1944).

Page 73: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

63

efeitos da anisotropia na migração. SENA e TOKSÖZ (1993) e BALL (1995) adaptaram

um traçado de raio com anisotropia em um esquema derivado da migração isotrópica

em profundidade por integrais de Kirchhoff.

KITCHENSIDE (1993) desenvolveu um esquema de migração no domínio f-κ

para meios com isotropia transversa; enquanto ALKHALIFAH (1995) apresentou um

método de migração pós-empilhamento para meio anisotrópico usando algoritmos de

feixes gaussianos.

Em UZCATEGUI (1995) foi apresentado um método de migração pós-

empilhamento, para meios com isotropia transversa vertical (TIV), usando operadores

de extrapolação explícitos, obtidos a partir de série de Taylor e mínimos quadrados

não-lineares.

Em LE ROUSSEAU (1997) e FERGUSON e MARGRAVE (1998), foram

apresentados métodos de deslocamento de fase com interpolação e deslocamento de

fase não-estacionários para meios com isotropia transversa; enquanto RISTOW (1999)

desenvolveu um esquema de migração em profundidade baseado em diferenças

finitas para meios com isotropia transversa vertical.

Informações adicionais sobre as várias técnicas de migração de dados sísmicos

podem ser encontradas em BERKHOUT (1979, 1980, 1981 e 1982), ROBINSON

(1983), CLAERBOUT (1985) e ROSA (1991).

2.4.2. Migração Reversa no Tempo (RTM = Reverse Time Migration)

A migração reversa no tempo é um método de solução de problemas de valores

de contorno dependentes do tempo (McMECHAN, 1983), onde as imagens das frentes

de onda a cada instante de tempo (chamadas snapshots) são obtidas a partir da

depropagação dos campos de ondas registrados em superfície em sismogramas ou da

depropagação de seções sísmicas empilhadas.

Por empregar a equação completa da onda e técnicas de aproximação por

diferenças finitas, a migração reversa no tempo é praticamente imune às limitações de

inclinação das camadas e variações laterais de velocidade impostas aos demais

métodos, mas é sensível às condições de estabilidade, associadas à discretização dos

operadores, e de dispersão, relacionadas às dimensões da malha. Além desses

fatores, a migração reversa no tempo sofre os efeitos dos eventos indesejáveis

originados pelo realce das reflexões secundárias em cada interface no processo de

depropagação (LOEWENTHAL et al., 1987).

Page 74: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

64

Para evitar os problemas de estabilidade e dispersão, a malha de discretização

deve ser convenientemente definida, conforme estabelecido em ALFORD et al., 1974.

Em alguns casos, em que essa amostragem não é suficientemente densa, a migração

deve ser precedida da interpolação de traços. Já o caso dos eventos indesejáveis,

exige uma suavização do modelo de velocidade (vagarosidade) substituindo as

interfaces que delimitam as camadas que apresentam grandes contrastes de

velocidades por zonas de transição gradativas.

Como já mencionado, o processo de migração reversa pode ser empregado

sobre dados sísmicos tanto na fase pré como pós-empilhamento.

No caso da migração reversa no tempo pós-empilhamento, os erros inerentes às

simplificações introduzidas nos processos anteriores, tais como a proposição de

modelo de camadas localmente plano-paralelas e velocidades constantes na etapa de

empilhamento dos common midpoints, são incorporados irreversivelmente ao

processo. A qualidade do processamento que prepara os dados para o empilhamento

exercerá forte influência na qualidade da imagem obtida pela migração.

Na migração reversa no tempo pré-empilhamento, a depropagação dos campos

de ondas registrados nos sismogramas permite a construção dos refletores em suas

devidas posições, através dos efeitos de interferências entre as frentes de ondas. A

imagem é construída em cada ponto da malha, a partir do valor do campo de onda

depropagado naquele ponto, no tempo obtido pelo modelamento direto63 da onda

quasi-P.

63 O modelamento direto determina o tempo em que a frente de onda emitida pela fonte passa pelos pontos da malha.

Page 75: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

65

Capítulo 3

3. Metodologia Empregada

3.1. Introdução

Fig. 3.1.1 - Fluxograma de trabalho.

A metodologia empregada neste

trabalho pode ser descrita, de maneira

simplificada, pelo fluxograma apresentado na

Figura ao lado.

Em todos os experimentos, foram

gerados dois modelos sintéticos

bidimensionais (modelos 1 e 2), descritos no

capítulo posterior, de tamanhos compatíveis

com os objetivos, tempo e capacidade

computacional disponível, que propiciaram um

bom acompanhamento dos fenômenos

ocorridos durante todas as etapas do

processo e todas as análises sobre os efeitos

da anisotropia foram efetuadas com base nos

sismogramas, snapshots e seções migradas.

3.2. Geração dos Modelos de Velocidades e Anisotropia

Os modelos empregados tinham em comum as seguintes características:

• densidade (ρ) de 2400kg/m³;

• coeficiente de Poisson (σ) de 0,2564;

64 Correspondente a um sólido de Poisson onde λ=µ.

Page 76: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

66

• velocidade das ondas S (vS) calculada a partir da velocidade de propagação das

ondas P (vP) e do coeficiente de Poisson, através da relação:

2 21 2

vv PS −σ−σ

= , 3.2.1

que, em função do valor adotado para o coeficiente de Poisson, pode ser

simplificada para a forma:

3

vv P

S = ; 3.2.2

• freqüência de corte (fmáx) ajustada 60Hz, visando limitar a faixa de freqüência das

ondas propagadas;

• malha de discretização regular quadrada, para evitar o favorecimento em qualquer

direção que possa ser atribuído à definição da malha, com intervalo de amostragem

espacial (∆), calculado a partir da velocidade mínima (vmín) de propagação das

ondas e da freqüência de corte, pela relação:

máx

mínmín

f 5v

5=

λ≤∆ , 3.2.3

onde 5 é o número de amostras consideradas para o menor comprimento de onda

(λmín), obtido através de experimentações;

• intervalo de amostragem temporal (∆t) calculado a partir do intervalo de

discretização espacial da malha (∆) e da velocidade máxima (vmáx) de propagação

das ondas, pela relação:

máxv 5t

∆≤∆ ; 3.2.4

ou seja, 51

do tempo necessário para que a onda sísmica percorra o intervalo de

amostragem espacial (∆) com a maior velocidade apresentada no modelo; esse

fator também foi obtido através de experimentações;

• processo de propagação iniciado através de uma fonte com polaridade vertical, cuja

wavelet é definida pela derivada de 2ª ordem da função gaussiana (CUNHA, 1997)

segundo a expressão:

[ ] 2c

ff

) t f ( 2ck,ki,it,k,i e ) t f ( 2 1 F ππ−ππ−δδ= . 3.2.5

onde os índices if e kf relacionam-se à posição da fonte na malha, δ é o delta de

Page 77: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

67

Kronecker, t é o tempo da amostra, fc é a freqüência central e a wavelet tem seu

tamanho (Nfonte) definido pela relação:

máxfonte f t

4N

∆π

= . 3.2.6

onde ∆t é o intervalo de amostragem temporal e fmáx é a freqüência máxima.

Os procedimentos de geração de modelos empregados na modelagem e na

migração diferem em alguns aspectos, uma vez que no caso da migração, são

necessários modelos de vagarosidade suavizados, conforme sugerido em

LOEWENTHAL et al. (1987), para os cálculos dos tempos das ondas diretas, das

amplitudes máximas e para a depropagação do campo registrado.

3.3. Cálculo dos Módulos Elásticos (Cmn)

Após a geração das malhas de velocidades vP e vS, de densidade ρ e de

anisotropia ε e δ, foram calculados os parâmetros elásticos Cmn para cada ponto da

malha e para cada caso através das relações definidas em THOMSEN (1986):

ρ= v C 2P33 , 3.3.1

ρ= v C 2S44 , 3.3.2

C11 = C33 ( 2 ε + 1 ) 3.3.3

e

C C ) 2 2 ( C ) 1 2 ( C C C 4433233

2444413 +δ−+δ++−= . 3.3.4

3.4. Esquemas de Integração dos Parâmetros Elásticos

A partir das respectivas malhas de parâmetros elásticos Cmn e densidade ρ, foi

realizado um processo de integração ao longo das linhas da malha, empregando a

técnica descrita por ZAHRADNÍK (1995), onde os parâmetros elásticos foram

integrados nas direções N e S segundo as expressões:

∫∆

=

Nmn

Nmn

dzC

1

C 3.4.1

e

Page 78: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

68

∫∆

=

Smn

Smn

dzC

1

C 3.4.2

e, nas direções L e O, segundo as expressões:

∫∆

=

Lmn

Lmn

dxC

1

C 3.4.3

e

∫∆

=

Omn

Omn

dxC

1

C . 3.4.4

onde ∆ é o intervalo de amostragem espacial.

3.5. Esquemas de Diferenças Finitas

Retomando a equação da onda válida para meios elásticos heterogêneos

anisotrópicos, representada pela expressão:

2i

2

l

kijkl

ji t

u

xu

cx

F∂∂

ρ=

∂∂

∂∂

+ , 3.5.1

desenvolvendo-a e simplificando-a para o caso de meios elásticos heterogêneos

transversalmente isotrópicos bidimensionais, obtêm-se as expressões a seguir:

xz

44x

44z

13x

112x

2

Fxu

Czz

uC

zzu

Cxx

uC

xtu

+

∂∂∂

+

∂∂∂

+

∂∂∂

+

∂∂∂

=∂

∂ρ 3.5.2

e

zz

33x

13z

44x

442z

2

Fzu

Czx

uC

zxu

Cxz

uC

xtu

+

∂∂∂

+

∂∂∂

+

∂∂∂

+

∂∂∂

=∂

∂ρ . 3.5.3

Fig. 3.5.1 - Malha usada na aproximação das derivadas.

A discretização dos termos que envolvem as

derivadas espaciais dessas expressões foram

realizadas através da aplicação de técnicas de

diferenças finitas desenvolvidas a partir de uma

generalização da proposta apresentada por

ZAHRADNÍK (1995), ou seja, as derivadas parciais

simples foram aproximadas segundo os esquemas

apresentados a seguir (ver Figura ao lado):

Page 79: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

69

[ ] [ ]2

Omn

Lmn

mn )k,1i(u )k,i(u C )k,i(u )k,1i(u C

xu

C x ∆

−−−−+=

∂∂

∂∂

3.5.4

e

[ ] [ ]2

Nmn

Smn

mn )1k,i(u )k,i(u C )k,i(u )1k,i(u C

zu

C z ∆

−−−−+=

∂∂

∂∂

. 3.5.5

onde ∆ é o intervalo de amostragem espacial. As derivadas parciais mistas foram

aproximadas segundo os esquemas:

[ ]

[ ] } k)1,-u(i1)-k1,-u(ik)1,u(i1)-k1,u(iC

1)k1,-u(ik)1,-u(i1)k1,u(ik)1,u(iC { 41

zu

Cx

Nmn

Smn2mn

−−+++

−+−−++++∆

=

∂∂

∂∂

3.5.6

e

[ ]

[ ] } 1)-ku(i,1)k1,u(i1)ku(i,1)k1,u(iC

1)k1,u(i1)-ku(i,1)k1,u(i1)ku(i,C { 41

xu

Cz

Omn

Lmn2mn

−−−−+++−

−−+−−++++∆

=

∂∂

∂∂

. 3.5.7

onde ∆ é o intervalo de amostragem espacial.

A derivada em relação ao tempo, foi aproximada de acordo com o esquema de

2ª ordem de diferenças centrais:

22

2

t)tt,k,i(u)t,k,i(u 2)tt,k,i(u

tu

∆∆−+−∆+

=∂∂

, 3.5.8

A substituição das derivadas das Equações 2.5.2 e 2.5.3, segundo as

aproximações apresentadas nas Equações 2.5.4, 2.5.5, 2.5.6, 2.5.7 e 2.5.8 e a

reorganização dos termos obtidos permite a obtenção das formas de cálculo das

componentes de deslocamento (horizontal ux e vertical uz) do campo de onda

utilizadas tanto na modelagem como na migração:

[ ] [ ]

[ ] [ ][ ]

[ ][ ][ ]

} )t,k,i(F

} )t,1k,1i(u)t,k,1i(u)t,1k,1i(u)t,k,1i(uC

)t,k,1i(u)t,1k,1i(u)t,k,1i(u)t,1k,1i(uC

)t,1k,1i(u)t,1k,i(u)t,1k,1i(u)t,1k,i(uC

)t,1k,i(u)t,1k,1i(u)t,1k,i(u)t,1k,1i(uC {41

)t,1k,i(u)t,k,i(u C )t,k,i(u)t,1k,i(u C

)t,k,1i(u)t,k,i(u C )t,k,i(u)t,k,1i(u C { t

)tt,k,i(u)t,k,i(u 2)tt,k,i(u

x2

zzzzN44

zzzzS44

zzzzO13

zzzzL13

xxN44xx

S44

xxO11xx

L112

2

xxx

+−−−−−−+++

−−−+−−++++

+−−−−−+−++

−−−−+−++++

+−−−−+

+−−−−+∆ρ

+∆−−=∆+

3.5.9

Page 80: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

70

e

[ ] [ ]

[ ] [ ][ ]

[ ][ ][ ]

} )t,k,i(F

} )t,1k,1i(u)t,k,1i(u)t,1k,1i(u)t,k,1i(uC

)t,k,1i(u)t,1k,1i(u)t,k,1i(u)t,1k,1i(uC

)t,1k,1i(u)t,1k,i(u)t,1k,1i(u)t,1k,i(uC

)t,1k,i(u)t,1k,1i(u)t,1k,i(u)t,1k,1i(uC {41

)t,1k,i(u)t,k,i(u C )t,k,i(u)t,1k,i(u C

)t,k,1i(u)t,k,i(u C )t,k,i(u)t,k,1i(u C { t

)tt,k,i(u)t,k,i(u 2)tt,k,i(u

z2

xxxxN13

xxxxS13

xxxxO44

xxxxL44

zzN33zz

S33

zzO44zz

L442

2

zzz

+−−−−−−+++

−−−+−−++++

+−−−−−+−++

−−−−+−++++

+−−−−+

+−−−−+∆ρ

+∆−−=∆+

. 3.5.10

No caso da presença de uma superfície topográfica, a interface que a representa

atende implicitamente às condições de superfície livre, e os índices i e k variam,

respectivamente, de 2 a Nx-1 e de superfície(i)65+2 a Nz-1.

3.6. Fonte Sísmica

Sobre os modelos reamostrados, foram acionadas as fontes sísmicas com

polarização vertical, definidas anteriormente, dando início ao processo de propagação.

A utilização de fonte com polarização vertical teve como objetivo forçar o aparecimento

das ondas S e essas, por sua vez, por causa da heterogeneidade do meio,

provocaram o aparecimento de uma segunda frente de ondas P.

3.7. Condições de Contorno

No modelo de dimensões Nx por Nz amostras nas respectivas direções x e z, as

bordas de absorção consumiram Nad amostras em cada lado do modelo. Desse

modelo também foram extraídas as velocidades médias das ondas P (vPméd) e S

(vSméd).

Na borda superior dos modelos, as constantes elásticas Cmn, a densidade ρ e as

componentes do campo de deslocamento ux e uz são nulas, satisfazendo às

exigências do formalismo do vácuo. Desta forma, as condições de superfície livre são

aproximadamente satisfeitas de forma implícita, conforme apresentado em

ZAHRADNÍK (1995).

65 superfície(i) valor de índice k, corresponde à coordenada vertical da interface da superfície topográfica.

Page 81: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

71

Nas demais bordas dos modelos foram aplicadas condições de contorno

definidas em EMERMAN e STEPHEN (1983), associadas às condições de absorção,

na forma de fatores multiplicativos definidos em CERJAN et al. (1984), através dos

seguintes operadores, onde os índices i e k são os relacionados às amostras

avaliadas:

• na borda inferior, onde i varia de 1 a Nx e k varia de Nz-Nad até Nz:

# para i=1 e 2 e i=Nx-1 e Nx:

[ ])t,1Nz,i(u)t,Nz,i(u t v

)t,Nz,i(u)tt,Nz,i(u xxSméd

xx −−∆

∆−=∆+ 3.7.1

e

[ ])t,1Nz,i(u)t,Nz,i(u t v

)t,Nz,i(u)tt,Nz,i(u zzPméd

zz −−∆

∆−=∆+ ; 3.7.2

# para i variando de 3 a Nx-2:

[ ]

[ ] )tt,1Nz,i(u)t,1Nz,i(u)t,Nz,i(u t v

2

)tt,Nz,i(u)tt,1Nz,i(u t vt v

)tt,Nz,i(u

xxxSméd

xxSméd

Smédx

∆−−−−+∆+∆

+∆−+∆+−∆+∆∆−∆

=∆+

3.7.3

e

[ ]

[ ] )tt,1Nz,i(u)t,1Nz,i(u)t,Nz,i(u t v

2

)tt,Nz,i(u)tt,1Nz,i(u t vt v

)tt,Nz,i(u

zzzPméd

zzPméd

Pmédz

∆−−−−+∆+∆

+∆−+∆+−∆+∆∆−∆

=∆+

; 3.7.4

e, adicionalmente, as condições de amortecimento:

[ ]2)NadNz(k 000025,0e )tt,k,i(u)tt,k,i(u −−−∆+=∆+ 3.7.5

e

[ ]2)NadNz(k 000025,0e )t,k,i(u)t,k,i(u −−−= ; 3.7.6

• na borda esquerda, onde i varia de 1 a Nad+1 e k varia de 1 até Nz-Nad-1:

# para k=1 e 2 e i=Nz-1 e Nz:

[ ])t,k,1(u)t,k,2(u t v

)t,k,1(u)tt,k,1(u xxSméd

xx −∆

∆+=∆+ 3.7.7

e

Page 82: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

72

[ ])t,k,1(u)t,k,2(u t v

)t,k,1(u)tt,k,1(u zzPméd

zz −∆

∆+=∆+ ; 3.7.8

# para k variando de 3 a Nz-2:

[ ]

[ ] )tt,k,2(u)t,k,2(u)t,k,1(u t v

2

)tt,k,1(u)tt,k,2(u t vt v

)tt,Nz,i(u

xxxPméd

xxPméd

Pmédx

∆−−+∆+∆

+∆−+∆+∆+∆∆−∆

=∆+

3.7.9

e

[ ]

[ ] )tt,k,2(u)t,k,2(u)t,k,1(u t v

2

)tt,k,1(u)tt,k,2(u t vt v

)tt,k,1(u

zzzSméd

zzSméd

Smédz

∆−−+∆+∆

+∆−+∆+∆+∆∆−∆

=∆+

; 3.7.10

e, adicionalmente, as condições de amortecimento:

[ ]2)1Nad(i 000025,0e )tt,k,i(u)tt,k,i(u +−−∆+=∆+ 3.7.11

e

[ ]2)1Nad(i 000025,0e )t,k,i(u)t,k,i(u +−−= ; 3.7.12

• na borda direita, onde i varia de Nx-Nad a Nx e k varia de 1 até Nz-Nad-1:

# para k=1 e 2 e i=Nz-1 e Nz:

[ ])t,k,1Nx(u)t,k,Nx(u t v

)t,k,Nx(u)tt,k,Nx(u xxSméd

xx −−∆

∆−=∆+ 3.7.13

e

[ ])t,k,1Nx(u)t,k,Nx(u t v

)t,k,Nx(u)tt,k,Nx(u zzPméd

zz −−∆

∆−=∆+ ; 3.7.14

# para k variando de 3 a Nz-2:

[ ]

[ ] )tt,k,1Nx(u)t,k,1Nx(u)t,k,Nx(u t v

2

)tt,k,Nx(u)tt,k,1Nx(u t vt v

)tt,k,Nx(u

xxxPméd

xxPméd

Pmédx

∆−−−−+∆+∆

+∆−+∆+−∆+∆∆−∆

=∆+

3.7.15

e

[ ]

[ ] )tt,k,1Nx(u)t,k,1Nx(u)t,k,Nx(u t v

2

)tt,k,Nx(u)tt,k,1Nx(u t vt v

)tt,k,Nx(u

zzzSméd

zzSméd

Smédz

∆−−−−+∆+∆

+∆−+∆+−∆+∆∆−∆

=∆+

; 3.7.16

Page 83: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

73

e, adicionalmente, as condições de amortecimento:

[ ]2)NadNx(i 000025,0e )tt,k,i(u)tt,k,i(u −−−∆+=∆+ 3.7.17

e

[ ]2)NadNx(i 000025,0e )t,k,i(u)t,k,i(u −−−= , 3.7.18

Ao contrário de ZAHRADNÍK (1995), em todas as bordas do modelo, inclusive na

borda referente à superfície livre, foram utilizados esquemas elásticos de diferenças

finitas para malhas quadradas nas formas curtas:

2

Omn

Lmn

mn] )0,1-(u)0,0(u [ C] )0,0(u)0,1(u [ C

xu

Cx ∆

−−−=

∂∂

∂∂

3.7.19

e

2

Nmn

2

Smn

mn

] )0,1-(u)1-,1-(u)0,1(u)1-,1(u [ C

] )1,1-(u)0,1-(u)1,1(u)0,1(u [ Cxu

Cz

∆−−+

−∆

−−+=

∂∂

∂∂

. 3.7.20

Em seu trabalho, ZAHRADNÍK (1995) sugere a utilização da forma longa das

derivadas mistas na primeira linha do modelo, no contexto do formalismo do vácuo.

3.8. Modelagem Sísmica

Nas simulações com o primeiro modelo, foram gerados snapshots das

componentes de deslocamento nas direções x e z, sobre os quais foram feitas as

observações a respeito dos efeitos dos parâmetros de anisotropia no comportamento

das frentes de onda. Já nas simulações com o segundo modelo foram gerados

sismogramas das componentes de deslocamento nas direções x e z, sobre os quais

foram feitas as observações sobre os efeitos da anisotropia no comportamento dos

refletores.

Ainda no caso das simulações com o segundo modelo, visando a posterior

migração reversa no tempo, foi introduzido um processo de suavização dos modelos

originais, através da aplicação de um operador de suavização de vinte e uma

amostras sobre os modelos de vagarosidade, cujos resultados foram empregados nos

cálculos dos tempos das ondas diretas e das amplitudes máximas, necessários como

condições de imageamento no processo de migração reversa no tempo, assim como

na depropagação dos campos de onda registrados.

Page 84: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

74

3.9. Migração Reversa no Tempo Pré-Empilhamento

As rotinas de migração reversa no tempo pré-empilhamento foram aplicadas

somente sobre as simulações com o segundo modelo, nas quais, para cada caso de

anisotropia, forma efetuados dois tipos de migração:

• uma levando em consideração as condições de anisotropia inseridas no modelo

tratado, conforme o fluxograma abaixo:

Fig. 3.9.1 -

Fluxograma de

migração reversa no

tempo pré-

empilhamento

anisotrópica.

• outra ignorando as condições de anisotropia do modelo, como se este fosse

isotrópico, embora os campos de ondas registrados em superfície contenham

embutidos os efeitos de anisotropia, conforme o fluxograma abaixo:

Fig. 3.9.2 -

Fluxograma de

migração reversa no

tempo pré-

empilhamento

isotrópica.

As avaliações dos efeitos da anisotropia foram efetuadas tanto sobre as

migrações obtidas de cada disparo como sobre as seções sísmicas correspondentes

Page 85: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

75

às migrações individuais. Para melhorar a apresentação dos resultados, foram

efetuados cortes nas bordas dos modelos, de modo que as grandes amplitudes

relacionadas às posições dos disparos não provocassem a obliteração dos sinais de

interesse por problemas de escala do software de apresentação das figuras.

Page 86: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

76

Capítulo 4

4. Resultados e Discussões

4.1. Modelo 1

O primeiro modelo sintético, formado por uma única camada em um semiplano

xz, foi desenhado com as seguintes características geométricas e físicas:

• 1800x1800 pontos nas direções x e z;

• parâmetros de anisotropia ε e δ, apresentados em THOMSEN (1986), combinados

da forma a gerar quinze situações de isotropia transversa, nomeadas segundo as

regras a seguir:

ε = 0,0 ε = 0,1 ε = 0,3 1 6 11

δ = 0,3 03 13 33 2 7 12

δ = 0,1 01 11 31 3 8 13

δ = 0,0 00 10 30 4 9 14

δ = -0,1 0m1 1m1 3m1 5 10 15

δ = -0,3 0m3 1m3 3m3

Observação Importante: Embora THOMSEN (1986) relate

que o valor 0,2 seja uma boa estimativa para a magnitude

média dos parâmetros de anisotropia ε e δ, os valores 0,0, 0,1

e 0,3 foram propositalmente selecionados com a intenção de

realçar as variações relacionadas ao fenômeno da anisotropia

polar. A não-utilização de valores de ε<0 exclui apenas alguns

poucos casos em que a velocidade de propagação horizontal

das ondas P é inferior à sua velocidade de propagação vertical.

Page 87: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

77

• densidade de 2400kg/m³;

• coeficiente de Poisson de 0,25;

• velocidade de propagação das ondas P estipulada em 3000m/s;

• velocidade de propagação das ondas S estimada em 1732m/s conforme cálculo feito

através da Equação 3.2.2;

• freqüência de corte ajustada para 60Hz, visando limitar a faixa de freqüência das

ondas propagadas;

• malha de discretização regular quadrada com intervalo de reamostragem espacial

ajustado para 5m em função do valor calculado pela Equação 3.2.3, ou seja, o

modelo original de 1800×1800 pontos foi reamostrado para um modelo de 360×360

pontos;

• intervalo de amostragem temporal ajustado para 0,3ms em função do valor

calculado pela Equação 3.2.4;

• tempo de registro de 0,3s, correspondendo a uma quantidade de 1000 amostras

por traço, ajustado em função do intervalo de amostragem temporal e do tamanho

do modelo adotado;

• processo de propagação iniciado através de uma fonte com polaridade vertical,

posicionada no centro do modelo, desenhada pela derivada de 2ª ordem da função

gaussiana definida pela Equação 3.2.5, cuja wavelet com 393 amostras é definida

de acordo com a Equação 3.2.6;

O procedimento de propagação das ondas sísmicas, até o tempo de 0,3s, para

cada uma das quinze situações de isotropia transversa à qual o modelo foi submetido,

produziu os snapshots das respectivas componentes horizontal (ux) e vertical (uz) do

campo de deslocamento de cada caso.

Nesses snapshots das componentes do campo de deslocamento, é possível a

visualização das formas das frentes de ondas P e S propagadas para cada uma das

situações de isotropia transversa.

As análises se restringiram apenas aos efeitos da isotropia transversa nas

formas das frentes das ondas propagadas. Os efeitos da isotropia transversa sobre as

amplitudes do sinal não foram considerados neste trabalho.

Page 88: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

78

• Componentes do Campo de Deslocamento na direção x:

ε = 0,0 ε = 0,1 ε = 0,3 δ

= 0,

3

δ =

0,1

δ =

0,0

δ =

- 0,

1

δ =

- 0,

3

Page 89: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

79

• Componentes do Campo de Deslocamento na direção z:

ε = 0,0 ε = 0,1 ε = 0,3 δ

= 0,

3

δ =

0,1

δ =

0,0

δ =

- 0,

1

δ =

- 0,

3

Page 90: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

80

4.1.1. Discussão dos Resultados

Os efeitos das variações no parâmetro ε podem ser observados nos snapshots

dispostos na mesma linha horizontal, enquanto que as variações nos efeitos do

parâmetro δ podem ser observadas nos snapshots dispostos na mesma linha vertical.

Nos dois conjuntos de snapshots apresentados, o caso isotrópico, onde ε=0 e

δ=0, é o modelo que serve de referência para a análise dos demais casos. Nele, os

snapshots das componentes do campo de deslocamento nas direções x e z mostram

as frentes de ondas P e S com formatos circulares, em torno da posição central de

disparo.

Em todos os demais casos, os snapshots mostram que a variação no parâmetro

ε se traduz na deformação da frente de onda P na direção horizontal, em função da

maior velocidade de propagação nessa direção, sem alterar a velocidade de

propagação na direção vertical, comprovando a tese defendida em THOMSEN (1986)

de que o parâmetro ε é irrelevante em problemas de propagação de ondas P verticais.

No caso das ondas S, o efeito é invertido, ou seja, ocorre uma deformação da

frente de onda na direção vertical sem alterar a velocidade de propagação na direção

horizontal.

Já no caso da variação no parâmetro δ o efeito se traduz por uma “aceleração”,

para δ>0, ou “desaceleração”, para δ<0, da frente de onda P nas direções diagonais,

enquanto que, para as ondas S, como no caso do parâmetro ε, ocorre o efeito inverso,

ou seja, na direção diagonal, a frente de onda sofre uma “desaceleração”, para δ>0, e

“aceleração”, para δ<0.

Observar que, da mesma forma que a geração de um pulso com polarização

vertical gera ondas cisalhantes, a propagação dessas ondas acaba por gerar o

aparecimento de ondas compressionais incipientes. A propagação dessas ondas P,

com velocidades mais altas, acaba por causar efeitos de interferência nas próprias

ondas S que as geraram.

4.2. Modelo 2

O segundo modelo sintético é formado por uma seção em profundidade xz e foi

desenhado com as seguintes características geométricas e físicas:

Page 91: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

81

Fig. 4.2.1 - Modelo 2.

• duas camadas separadas por

uma interface senoidal (ver

figura ao lado), formando um

conjunto de 3000 pontos na

direção x e 2000 pontos na

direção z, sendo a 1ª, a

camada portadora das

condições de isotropia

transversa;

• densidade de 2400kg/m³;

• coeficiente de Poisson de 0,25;

• as velocidades de propagação das ondas P (propagação vertical) das camadas

superior e inferior foram fixadas, respectivamente, em 3500m/s e 4500m/s;

• as velocidades de propagação das ondas S das duas camadas foram calculadas

através da mesma relação empregada no caso do modelo 1;

• freqüência de corte ajustada para 60Hz, de modo a limitar a faixa de freqüência das

ondas propagadas;

• malha de discretização regular quadrada com intervalo de amostragem espacial

ajustado para 5m em função do valor calculado pela Equação 3.2.3;

• intervalo de amostragem temporal ajustado para 0,2ms em função do valor

calculado pela Equação 3.2.4;

• processo de propagação iniciado com uma fonte com polaridade vertical, cuja

wavelet tem 591 amostras, posicionada próxima à superfície do modelo, em 3

posições de disparo [(150,3), (300,3), (450,3)], nomeadas de PT150, PT300 e

PT450 e correspondentes às posições [(750,15), (1500,15), (2250,15)] do modelo

original.

Para cada um dos casos de combinação de parâmetros de anisotropia, os

resultados apresentados a seguir mostram, nessa ordem, os sismogramas das

componentes horizontal (acima e à esquerda) e vertical (acima e à direita) de cada

disparo e, abaixo deles, exceto para o caso isotrópico, as respectivas migrações

reversas no tempo, considerando parâmetros anisotrópicos (abaixo e à esquerda) e

isotrópicos (abaixo e à direita). Após esses sismogramas e suas respectivas

migrações, são apresentadas as seções sísmicas resultantes da soma de todas as

migrações individuais.

Page 92: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

82

4.2.1. Caso de ε = 0,0 e δ = 0,0 (Isotrópico):

Sismograma da Componente ux do PT150 Sismograma da Componente uz do PT150

Migração do PT150

Sismograma da Componente ux do PT300 Sismograma da Componente uz do PT300

Migração do PT300

Page 93: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

83

Sismograma da Componente ux do PT450 Sismograma da Componente uz do PT450

Migração do PT450

Considerando a migração relacionada às ondas PP66, foi obtida a seguinte seção

final migrada:

Seção Migrada.

66 PP = incidência na forma de onda P e reflexão na forma de onda P. PS = incidência na forma de onda P e reflexão na forma de onda S. SS = incidência na forma de onda S e reflexão na forma de onda S. SP = incidência na forma de onda S e reflexão na forma de onda P.

Page 94: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

84

4.2.2. Caso de ε = 0,0 e δ = 0,1:

Sismograma da Componente ux do PT150 Sismograma da Componente uz do PT150

Migração Anisotrópica do PT150 Migração Isotrópica do PT150

Sismograma da Componente ux do PT300 Sismograma da Componente uz do PT300

Migração Anisotrópica do PT300 Migração Isotrópica do PT300

Page 95: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

85

Sismograma da Componente ux do PT450 Sismograma da Componente uz do PT450

Migração Anisotrópica do PT450 Migração Isotrópica do PT450

Considerando as migrações relacionadas às ondas PP, foram obtidas as

seguintes seções finais migradas:

Seção Migrada com Anisotropia

Seção Migrada com Isotropia

Page 96: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

86

4.2.3. Caso de ε = 0,0 e δ = - 0,1:

Sismograma da Componente ux do PT150 Sismograma da Componente uz do PT150

Migração Anisotrópica do PT150

Migração Isotrópica do PT150

Sismograma da Componente ux do PT300 Sismograma da Componente uz do PT300

Migração Anisotrópica do PT300

Migração Isotrópica do PT300

Page 97: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

87

Sismograma da Componente ux do PT450 Sismograma da Componente uz do PT450

Migração Anisotrópica do PT450

Migração Isotrópica do PT450

Considerando as migrações relacionadas às ondas PP, foram obtidas as

seguintes seções finais migradas:

Seção Migrada com Anisotropia

Seção Migrada com Isotropia

Page 98: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

88

4.2.4. Caso de ε = 0,0 e δ = 0,3:

Sismograma da Componente ux do PT150 Sismograma da Componente uz do PT150

Migração Anisotrópica do PT150

Migração Isotrópica do PT150

Sismograma da Componente ux do PT300 Sismograma da Componente uz do PT300

Migração Anisotrópica do PT300

Migração Isotrópica do PT300

Page 99: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

89

Sismograma da Componente ux do PT450 Sismograma da Componente uz do PT450

Migração Anisotrópica do PT450

Migração Isotrópica do PT450

Considerando as migrações relacionadas às ondas PP, foram obtidas as

seguintes seções finais migradas:

Seção Migrada com Anisotropia

Seção Migrada com Isotropia

Page 100: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

90

4.2.5. Caso de ε = 0,0 e δ = - 0,3:

Sismograma da Componente ux do PT150 Sismograma da Componente uz do PT150

Migração Anisotrópica do PT150

Migração Isotrópica do PT150

Sismograma da Componente ux do PT300 Sismograma da Componente uz do PT300

Migração Anisotrópica do PT300

Migração Isotrópica do PT300

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91

Sismograma da Componente ux do PT450 Sismograma da Componente uz do PT450

Migração Anisotrópica do PT450

Migração Isotrópica do PT450

Considerando as migrações relacionadas às ondas PP, foram obtidas as

seguintes seções finais migradas:

Seção Migrada com Anisotropia

Seção Migrada com Isotropia

Page 102: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

92

4.2.6. Caso de ε = 0,1 e δ = 0,0:

Sismograma da Componente ux do PT150 Sismograma da Componente uz do PT150

Migração Anisotrópica do PT150

Migração Isotrópica do PT150

Sismograma da Componente ux do PT300 Sismograma da Componente uz do PT300

Migração Anisotrópica do PT300

Migração Isotrópica do PT300

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93

Sismograma da Componente ux do PT450 Sismograma da Componente uz do PT450

Migração Anisotrópica do PT450

Migração Isotrópica do PT450

Considerando as migrações relacionadas às ondas PP, foram obtidas as

seguintes seções finais migradas:

Seção Migrada com Anisotropia

Seção Migrada com Isotropia

Page 104: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

94

4.2.7. Caso de ε = 0,1 e δ = 0,1:

Sismograma da Componente ux do PT150 Sismograma da Componente uz do PT150

Migração Anisotrópica do PT150

Migração Isotrópica do PT150

Sismograma da Componente ux do PT300 Sismograma da Componente uz do PT300

Migração Anisotrópica do PT300

Migração Isotrópica do PT300

Page 105: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

95

Sismograma da Componente ux do PT450 Sismograma da Componente uz do PT450

Migração Anisotrópica do PT450

Migração Isotrópica do PT450

Considerando as migrações relacionadas às ondas PP, foram obtidas as

seguintes seções finais migradas:

Seção Migrada com Anisotropia

Seção Migrada com Isotropia

Page 106: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

96

4.2.8. Caso de ε = 0,1 e δ = - 0,1:

Sismograma da Componente ux do PT150 Sismograma da Componente uz do PT150

Migração Anisotrópica do PT150

Migração Isotrópica do PT150

Sismograma da Componente ux do PT300 Sismograma da Componente uz do PT300

Migração Anisotrópica do PT300

Migração Isotrópica do PT300

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97

Sismograma da Componente ux do PT450 Sismograma da Componente uz do PT450

Migração Anisotrópica do PT450

Migração Isotrópica do PT450

Considerando as migrações relacionadas às ondas PP, foram obtidas as

seguintes seções finais migradas:

Seção Migrada com Anisotropia

Seção Migrada com Isotropia

Page 108: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

98

4.2.9. Caso de ε = 0,1 e δ = 0,3:

Sismograma da Componente ux do PT150 Sismograma da Componente uz do PT150

Migração Anisotrópica do PT150

Migração Isotrópica do PT150

Sismograma da Componente ux do PT300 Sismograma da Componente uz do PT300

Migração Anisotrópica do PT300

Migração Isotrópica do PT300

Page 109: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

99

Sismograma da Componente ux do PT450 Sismograma da Componente uz do PT450

Migração Anisotrópica do PT450

Migração Isotrópica do PT450

Considerando as migrações relacionadas às ondas PP, foram obtidas as

seguintes seções finais migradas:

Seção Migrada com Anisotropia

Seção Migrada com Isotropia

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100

4.2.10. Caso de ε = 0,1 e δ = - 0,3:

Sismograma da Componente ux do PT150 Sismograma da Componente uz do PT150

Migração Anisotrópica do PT150

Migração Isotrópica do PT150

Sismograma da Componente ux do PT300 Sismograma da Componente uz do PT300

Migração Anisotrópica do PT300

Migração Isotrópica do PT300

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101

Sismograma da Componente ux do PT450 Sismograma da Componente uz do PT450

Migração Anisotrópica do PT450

Migração Isotrópica do PT450

Considerando as migrações relacionadas às ondas PP, foram obtidas as

seguintes seções finais migradas:

Seção Migrada com Anisotropia

Seção Migrada com Isotropia

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102

4.2.11. Caso de ε = 0,3 e δ = 0,0:

Sismograma da Componente ux do PT150 Sismograma da Componente uz do PT150

Migração Anisotrópica do PT150

Migração Isotrópica do PT150

Sismograma da Componente ux do PT300 Sismograma da Componente uz do PT300

Migração Anisotrópica do PT300

Migração Isotrópica do PT300

Page 113: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

103

Sismograma da Componente ux do PT450 Sismograma da Componente uz do PT450

Migração Anisotrópica do PT450

Migração Isotrópica do PT450

Considerando as migrações relacionadas às ondas PP, foram obtidas as

seguintes seções finais migradas:

Seção Migrada com Anisotropia

Seção Migrada com Isotropia

Page 114: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

104

4.2.12. Caso de ε = 0,3 e δ = 0,1:

Sismograma da Componente ux do PT150 Sismograma da Componente uz do PT150

Migração Anisotrópica do PT150

Migração Isotrópica do PT150

Sismograma da Componente ux do PT300 Sismograma da Componente uz do PT300

Migração Anisotrópica do PT300

Migração Isotrópica do PT300

Page 115: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

105

Sismograma da Componente ux do PT450 Sismograma da Componente uz do PT450

Migração Anisotrópica do PT450

Migração Isotrópica do PT450

Considerando as migrações relacionadas às ondas PP, foram obtidas as

seguintes seções finais migradas:

Seção Migrada com Anisotropia

Seção Migrada com Isotropia

Page 116: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

106

4.2.13. Caso de ε = 0,3 e δ = - 0,1:

Sismograma da Componente ux do PT150 Sismograma da Componente uz do PT150

Migração Anisotrópica do PT150

Migração Isotrópica do PT150

Sismograma da Componente ux do PT300 Sismograma da Componente uz do PT300

Migração Anisotrópica do PT300

Migração Isotrópica do PT300

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107

Sismograma da Componente ux do PT450 Sismograma da Componente uz do PT450

Migração Anisotrópica do PT450

Migração Isotrópica do PT450

Considerando as migrações relacionadas às ondas PP, foram obtidas as

seguintes seções finais migradas:

Seção Migrada com Anisotropia

Seção Migrada com Isotropia

Page 118: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

108

4.2.14. Caso de ε = 0,3 e δ = 0,3:

Sismograma da Componente ux do PT150 Sismograma da Componente uz do PT150

Migração Anisotrópica do PT150

Migração Isotrópica do PT150

Sismograma da Componente ux do PT300 Sismograma da Componente uz do PT300

Migração Anisotrópica do PT300

Migração Isotrópica do PT300

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Sismograma da Componente ux do PT450 Sismograma da Componente uz do PT450

Migração Anisotrópica do PT450

Migração Isotrópica do PT450

Considerando as migrações relacionadas às ondas PP, foram obtidas as

seguintes seções finais migradas:

Seção Migrada com Anisotropia

Seção Migrada com Isotropia

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110

4.2.15. Caso de ε = 0,3 e δ = - 0,3:

Sismograma da Componente ux do PT150 Sismograma da Componente uz do PT150

Migração Anisotrópica do PT150

Migração Isotrópica do PT150

Sismograma da Componente ux do PT300 Sismograma da Componente uz do PT300

Migração Anisotrópica do PT300

Migração Isotrópica do PT300

Page 121: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

111

Sismograma da Componente ux do PT450 Sismograma da Componente uz do PT450

Migração Anisotrópica do PT450

Migração Isotrópica do PT450

Considerando as migrações relacionadas às ondas PP, foram obtidas as

seguintes seções finais migradas:

Seção Migrada com Anisotropia

Seção Migrada com Isotropia

Page 122: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

112

4.2.16. Discussão dos Resultados

No caso do modelo 2, as análises foram realizadas tanto em nível de

sismogramas quanto das migrações de cada disparo individual e das seções sísmicas

formadas pela soma dos disparos migrados. Os resultados obtidos foram comparados

tanto para inferir o grau de deformação imposto aos refletores nos sismogramas

quanto da estabilidade da migração em relação aos parâmetros que caracterizam

cada meio anisotrópico.

Da mesma forma, as Figuras apresentadas para o caso isotrópico (ε=δ=0) são

aquelas que servirão de referência para as análises dos demais casos.

No caso isotrópico, os sismogramas das componentes de deslocamentos

horizontal e vertical mostram as reflexões na interface senoidal nas formas e posições

correspondentes, enquanto as migrações individuais de cada disparo e a seção

migrada mostram a porção imageada da referida interface nas formas e nas posições

corretas.

Nos demais casos, observa-se, nos sismogramas, que as deformações das

frentes de onda provocam deformações e deslocamentos na reflexão da interface

senoidal de tal forma que para um mesmo valor de ε, a reflexão da interface apresenta

tempos menores ou maiores, respectivamente para δ>0 e δ<0, principalmente para os

afastamentos fonte-receptor maiores.

O mesmo efeito pode ser observado quando o valor de δ é fixado e o valor de ε

varia. As reflexões na interface apresentam tempos menores para ε maiores,

principalmente para os afastamentos maiores. Em todos os casos, essa afirmativa

pode ser confirmada pela observação dos eventos das ondas diretas.

Nas imagens das migrações, tanto dos disparos individuais como das seções

sísmicas, pode-se observar os efeitos nocivos sobre os resultados obtidos quando a

anisotropia do meio é desconsiderada no processo de imageamento. Ao desconsiderar

os parâmetros de anisotropia, utilizados na modelagem sísmica, as imagens

encontradas mostram-se muito aquém daquelas obtidas quando o processo de

migração utiliza os parâmetros corretos de anisotropia.

Além de deslocamentos verticais e horizontais da interface senoidal, pode-se

observar deformações da mesma maneira que, em alguns casos, podem criar ou

destruir estruturas favoráveis à acumulação de hidrocarbonetos (observar os casos

das Seções 4.2.5, 4.2.10 e 4.2.15 em que o parâmetro de anisotropia δ assume o valor

-0,3).

Page 123: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

113

Capítulo 5

5. Conclusões e Recomendações

A crescente necessidade da exploração petrolífera de informações geológicas

cada vez mais refinadas tem impulsionado a Geofísica no sentido de encontrar e

desenvolver rapidamente novas ferramentas de trabalho que utilizam ao máximo as

informações contidas nos dados sísmicos.

Neste trabalho foi apresentado um procedimento para modelagens sísmicas e

migrações reversas no tempo, usando técnicas de diferenças finitas de 2ª ordem,

através de uma generalização do método de modelagem proposto por ZAHRADNÍK

(1995), válido para meios elásticos isotrópicos, para a propagação e depropagação de

ondas sísmicas em meios transversalmente isotrópicos.

Nessa abordagem, os parâmetros elásticos do meio (cijkl) são introduzidos

através de integrações ao longo das linhas que conectam os nós da malha utilizada.

O tratamento da propagação dos campos de deslocamento faz com que essa

abordagem seja indicada para simulações de aquisições sísmicas terrestres, sem a

restrição de superfície de observação plano-horizontais.

Foram avaliados os efeitos dos parâmetros de anisotropia apresentados no

trabalho de THOMSEN (1986), mostrando o comportamento do campo de ondas para

alguns valores de ε e δ e realizando migrações reversas no tempo supondo o meio

isotrópico.

Os resultados obtidos foram comparados para inferir o grau de estabilidade

desse tipo de migração em relação aos parâmetros que caracterizam o meio

anisotrópico.

De forma geral, observa-se que a variação no parâmetro ε se traduz na

deformação da frente de onda P na direção horizontal em função da maior velocidade

de propagação nessa direção, sem alterar a velocidade de propagação na direção

vertical, enquanto que para as ondas S ocorre uma deformação da frente de onda na

Page 124: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

114

direção vertical sem alterar a velocidade de propagação na direção horizontal.

O parâmetro δ se traduz por uma “aceleração”, para δ>0, ou “desaceleração”,

para δ<0, da frente de onda P nas direções diagonais, enquanto que, para as ondas S,

ocorre uma “desaceleração”, para δ>0, e “aceleração”, para δ<0.

Nas seções sísmicas migradas, os efeitos da desconsideração da anisotropia no

processo de imageamento podem levar a interpretações equivocadas em função de

deslocamentos e deformações da interface que, em alguns casos, podem criar ou

destruir estruturas favoráveis à acumulação de hidrocarbonetos.

Conforme mencionado em inúmeros artigos da literatura, as migrações reversas

em profundidade pré-empilhamento são as mais indicadas quando a complexidade

geológica impõe uma degradação aos outros métodos de migração. O inconveniente

do método de migrações reversas reside na necessidade de se processar os

sismogramas de maneira simultânea, o que exige uma capacidade computacional

considerável, além de um macromodelo de velocidades e parâmetros de anisotropia

refinado.

No entanto, com o advento e a proliferação da computação paralela massiva,

essa metodologia permite cogitar a utilização em modelos de escala compatível com o

problema exploratório e, em futuro próximo, modelos exploratórios tridimensionais.

Para dar continuidade a essa linha de pesquisa, podem-se adotar inúmeras

diretrizes; entre elas:

• a generalização da metodologia aqui empregada de forma a incorporar outros tipos

de anisotropia que acomodem modelos geológicos estruturalmente mais

complexos;

• estratégias que permitam estimativas de parâmetros de anisotropia, baseadas em

migrações elásticas anisotrópicas;

• o aprimoramento da técnica de separação dos campos de ondas P e S, ou mais

precisamente, qP e qSV, através da utilização de operadores vetoriais (BULCÃO,

2001);

• a comparação entre algumas técnicas de processamento através de simulações

numéricas em modelos sísmicos, e

• a generalização da metodologia aqui empregada visando atender aos casos de

modelos tridimensionais.

Page 125: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

115

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126

Apêndices

1. Apêndice A - Parâmetros Elásticos para Meios Isotrópicos

Meios elásticos isotrópicos são descritos por várias propriedades físicas e parâmetros

elásticos. Entre eles pode-se ressaltar:

• ρ: densidade,

• λ: parâmetro de Lamé,

• µ: módulo de rigidez ou cisalhamento,

• k: módulo de compressibilidade,

• E: módulo de elasticidade, estiramento ou Young67 e

• σ: razão ou coeficiente de Poisson.

1.1. Densidade (ρ)

A densidade é uma propriedade física que expressa uma medida da quantidade de

massa por unidade de volume, normalmente, em g/cm³ ou kg/m³. As rochas mais comuns têm

densidades que oscilam entre 1,9g/cm³ e 2,8g/cm³ e sofrem a influência da porosidade.

1.2. Parâmetro de Lamé (λ)

O parâmetro de Lamé é uma grandeza elástica que não tem uma definição própria.

Normalmente, aparece na definição de todos os demais parâmetros elásticos e, por isso, pode

ser definido em função deles. Uma das expressões que relaciona alguns parâmetros elásticos

ao parâmetro de Lamé é:

) 21( )1( E

σ−σ+

σ=λ , 1.2.1

onde E é o módulo de estiramento e σ é o coeficiente de Poisson.

67 Filósofo inglês Thomas Young (1772 - 1829).

Page 137: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

127

1.3. Módulo de Rigidez ou Cisalhamento (µ)

O módulo de cisalhamento se relaciona à mudança de forma de um elemento

infinitesimal através de uma relação entre a tensão e o efeito de cisalhamento, ou seja:

Fig. 1.3.1 - Cisalhamento.

L A

F L

LL

A

Fij

ij

∆=

∆=µ , 1.3.1

onde Fij (i≠j) é a força de cisalhamento, A é a área sobre a qual essa força atua, ∆L é o

deslocamento entre os planos cisalhantes e L é a distância inicial entre os planos cisalhantes.

O módulo de cisalhamento também pode ser expresso através de várias relações entre

parâmetros elásticos tais como:

Ek 9E k 3

)1( 2E

)1( 2) 21( k 3

)k( 23

2 21

=σ+

=σ+

σ−=λ−=

σσ−

λ=µ , 1.3.2

onde k é a compressibilidade, e em termos de velocidades de propagação de ondas:

µ = ρ vs2, 1.3.3

onde vs é a velocidade da onda S.

Tomando-se a expressão da forma generalizada da Lei de Hooke:

∂+

∂∂

µ+∂∂

δλ=µ+∂∂

δλ=τi

j

j

i

k

kijij

k

kijij x

u

xu

xu

e 2xu

1.3.4

e considerando o caso em que ocorre um cisalhamento puro, ou seja, quando i≠j, a expressão

pode ser resumida à forma:

∂+

∂∂

µ=µ=τi

j

j

iijij x

u

xu

e 2 . 1.3.5

No caso de meios fluidos (caso acústico), onde não existe cisalhamento (µ=0), a

Equação 1.3.4 pode ser resumida à forma:

k

kijij x

u ∂∂

δλ=τ . 1.3.6

1.4. Módulo de Compressão ou Compressibilidade (k)

O módulo de compressibilidade (ou ainda módulo bulk) se relaciona à mudança de

volume através de uma relação entre as variações de tensões esféricas (pressão) e de volume

Page 138: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

128

associadas, ou seja:

V V

VV

k 0

0

∆∆Φ

=∆∆Φ

= , 1.4.1

onde ∆Φ é a variação de pressão, ∆V é a variação de volume e V0 é o volume inicial. O módulo

de compressibilidade também pode ser expresso através de várias relações entre parâmetros

elásticos:

) 21( 3E

2)1(

) 21( 3)1( 2

32

kσ−

=σ+σ

+σλ=

σ−σ+µ

=µ+λ= . 1.4.2

1.5. Módulo de Elasticidade, Estiramento ou Young (E)

O módulo de estiramento é uma relação entre tensão e deformação, ou seja, está

relacionado a uma mudança de comprimento em função da aplicação de um esforço:

Fig. 1.5.1 - Estiramento.

L AF L

LL

AF

eE ii

ii

ii

ii

∆=

∆=

τ= , 1.5.1

onde τii é a tensão, eii é a deformação, Fii é a força, A é a área sobre a qual a força atua, ∆L é a

variação de comprimento e L é o comprimento inicial.

O módulo de estiramento também pode ser expresso através de várias relações entre

parâmetros elásticos:

λ−λ−

=µ+

µ=

µ+λµ+λ

µ=σ

σ−σ+λ=σ−=σ+µ=

k 3k

k 9k 3

k 9 2 3

) 21( )1( ) 21( k 3)1( 2E 1.5.2

e em termos de velocidades de propagação de ondas:

2s

2p

2s

2p2

s vv 3

v 2v 3 v 3E

−ρ= , 1.5.3

onde vp é a velocidade da onda P e vs é a velocidade da onda S.

Existe um parâmetro elástico, chamado compliância, que é definido como o inverso do

módulo de elasticidade, ou seja, E1

.

1.6. Razão ou Coeficiente de Poisson (σ)

Page 139: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

129

O coeficiente de Poisson é uma relação adimensional entre deformações nas direções

transversais e deformações nas direções longitudinais, que varia dentro do intervalo de valores

0 ≤ σ ≤ 0,5 (rígido ≤ σ ≤ fluido ou não-elástico ≤ σ ≤ acústico):

Fig. 1.6.1 - Deformações.

L LL L

LL

LL

e

e

ii

jj

∆∆

−=∆

−=−=σ⊥

⊥⊥

, 1.6.1

onde i≠j, ejj são as deformações transversais, eii são as deformações longitudinais, ∆L⊥ é a

variação de tamanho na direção transversal, L⊥ é o tamanho original na direção transversal, ∆L

é a variação de tamanho na direção longitudinal e L é o de tamanho original na direção

longitudinal.

O coeficiente de Poisson também pode ser expresso através de várias relações entre

parâmetros elásticos:

k 6Ek 3

2 2E

)k 3( 2 2k 3

k 3)( 2−

µ−=

µ+µ−

=λ−

λ=

µ+λλ

=σ 1.6.2

e em termos de velocidades de propagação de ondas:

)vv( 2

v 2v2s

2p

2s

2p

−=σ , 1.6.3

onde vp e vs são, respectivamente, as velocidades das ondas P e S.

1.7. Observações

• Ao longo da superfície terrestre, λ, µ, E, k e σ têm valores bastante variados.

• Para profundidades superiores a 5km, λ e µ têm valores próximos.

• Normalmente, λ, µ e E têm valores da ordem de 1010Pa a 1012Pa.

• De modo geral, k têm valores entre de 2 × 1011Pa e 15 × 1011Pa.

• Para meios elásticos isotrópicos, λ, µ, E e k têm valores positivos.

• Para sólidos de Poisson (onde λ=µ) tem-se:

λ = µ = 0,6 k, 1.7.1

E = 1,5 k 1.7.2

e

σ = 0,25. 1.7.3

Page 140: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

130

2. Apêndice B - Conceitos Básicos da Elastodinâmica

2.1. Vetor Deslocamento (ur

)

Considerando-se a Figura a seguir, observam-se as seguintes propriedades:

Fig. 2.1.1 - Esquema vetorial

de deslocamento.

• posição dos pontos de referência P e Q da partícula no

instante t0, dada pelos vetores xr

e xdxrr

+ :

# )x,x,x(P)x(P)x(P 321i ==r

e

# )dxx,dxx,dxx(Q)dxx(Q)xdx(Q 332211ii +++=+=+rr

;

• posição dos pontos de referência P e Q da partícula no

instante t, dada pelos vetores Xdr

e XdXrr

+ :

# )X,X,X('P)X('P)X('P 321i ==r

e

# )dXX,dXX,dXX('Q)dXX('Q)XdX('Q 332211ii +++=+=+rr

.

O deslocamento do ponto P para o ponto P’ é dado pelo vetor )P(ur

e as coordenadas do

ponto P’ são calculadas pela relação:

Xi = xi+ui(P), 2.1.1

onde ui(P) são as componentes do vetor )P(ur

. Da mesma forma, o deslocamento do ponto Q

para o ponto Q’ é dado pelo vetor )Q(ur

e as coordenadas do ponto Q’ são calculadas pela

relação:

Xi+dXi = xi+dxi+ui(Q), 2.1.2

onde ui(Q) são as componentes do vetor )Q(ur

.

2.2. Tensor de Deformação (Eik)

O tensor de deformação (strain tensor) é uma entidade adimensional, cujos valores são

muito pequenos (<10-4), que descreve mudanças relativas das distâncias entre dois pontos

individuais de um corpo.

Considerando que uj(Q)=uj(xi+dxi), expandindo o segundo membro em torno do ponto xi,

por série de Taylor, e desprezando os termos de ordem mais elevada, pode-se escrever a

aproximação:

Page 141: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

131

ii

ijijiij dx

x

)x(u)x(u)dxx(u

∂+≅+ . 2.2.1

Como uj(P)=uj(xi) a expressão anterior pode se escrita na forma:

ii

jjj dx

x

)P(u)P(u)Q(u

∂+≅ . 2.2.2

Da Figura 2.1.1, pode-se observar uma relação vetorial que pode ser escrita na forma de

componentes:

dxj+uj(Q) = uj(P)+dXj. 2.2.3

Substituindo-se o termo uj(Q) pela Equação 2.1.2.2 obtém-se:

ii

jjj dx

x

)P(udxdX

∂+= . 2.2.4

Retomando a Figura 2.1.1 e considerando a distância entre os pontos P e Q e P' e Q'

observa-se que xdPQr

= e Xd'Q'Pr

= , cujos quadrados podem ser escritos nas respectivas

formas:

kk

2dx dxxd xdPQ ==

rr 2.2.5

e

jj

2dX dXXd Xd'Q'P ==

rr. 2.2.6

Tomando-se a expressão anterior, substituindo-se dXj pela Equação 2.1.2.4 e aplicando

as propriedades da função delta, pode-se escrever:

kii

j

k

j

k

i

i

kkk

2dx dx

x

)P(u

x

)P(u

x)P(u

x)P(u

dx dx'Q'P

∂+

∂∂

+∂

∂+= . 2.2.7

Fazendo-se a diferença 22

PQ'Q'P − pode-se obter a expressão:

kik

j

i

j

i

k

k

i22

dx dx x

)P(u

x

)P(u

x)P(u

x)P(u

PQ'Q'P

∂+

∂∂

+∂

∂=− . 2.2.8

Essa diferença de quadrados permite a definição da entidade Eik, chamada tensor de

deformação finita, escrita em função das componentes do vetor deslocamento (função das

derivadas parciais do deslocamento em relação às coordenadas cartesianas), na forma:

∂+

∂∂

+∂∂

=k

j

i

j

i

k

k

iik x

u

x

u

xu

xu

21

E . 2.2.9

Esse tensor de deformação finita tem as seguintes propriedades:

• é uma medida de deformação das vizinhanças do ponto P;

• simetria Eik=Eki e

Page 142: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

132

• a presença do termo k

i

j

i

xu

xu

∂∂

∂∂

o torna não-linear.

2.2.1. Tensor de Deformação Infinitesimal (eik)

A definição de tensor de deformação infinitesimal, simbolizado por eik, aplica-se à maioria

dos problemas de propagação de ondas sísmicas, por causa das pequenas deformações

associadas ao fenômeno. Essa simplificação decorre do fato de o termo não-linear ser muito

pequeno e permitir que se escreva o tensor de deformação finita na forma:

∂∂

+∂∂

=i

k

k

iik x

uxu

21

e 2.2.1.1

que, por extrapolação, apresenta as seguintes propriedades:

• simetria eik=eki e

• a ausência do termo k

i

j

i

xu

xu

∂∂

∂∂

o torna linear e permite a simplificação matemática no

tratamento da propagação de ondas.

2.2.1.1. Significado Físico do Tensor de Deformação Infinitesimal

2.2.1.1.1. Mudanças de Tamanho

As expressões relacionadas às mudanças de tamanho são descritas pelas componentes

de eij nas direções dos respectivos eixos x1, x2 e x3:

i

iii x

ue

∂∂

= . 2.2.1.1.1.1

Retomando a Figura 2.1.1, a forma expandida da Equação 2.2.4:

33

j2

2

j1

1

jji

i

jjj dx

x

)P(udx

x

)P(udx

x

)P(udxdx

x

)P(udxdX

∂+

∂+

∂+=

∂+= 2.2.1.1.1.2

e considerando-se o caso em que o vetor infinitesimal xdr

seja paralelo ao eixo x1, as

componentes do referido vetor assumem os valores (dx1,dx2,dx3)=(dx1,0,0). Logo:

111111

111 dx edxdx

x)P(u

dxdX +=∂

∂+= . 2.2.1.1.1.3

Dessa expressão pode-se extrair outra:

1

1111 dx

dxdXe

−= , 2.2.1.1.1.4

que representa uma extensão relativa ao longo da direção x1.

Page 143: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

133

Por analogia, podem-se obter as extensões relativas ao longo das direções x2 e x3:

2

2222 dx

dxdXe

−= 2.2.1.1.1.5

e

3

3333 dx

dxdXe

−= . 2.2.1.1.1.6

As mudanças de volume (ou dilatação) podem ser analisadas como a passagem de um

volume original dV=dx1 dx2 dx3 para um outro volume dV'=dX1 dX2 dX3. Cada aresta desse novo

volume pode ser vista como uma variação do tamanho da aresta do volume original, ou seja,

dXi=dxi + eii dxi; então, é possível escrever a relação:

dV' = dV + (e11+e22+e11e22+e33+e11e33+e22e33+e11e22e33) dV. 2.2.1.1.1.7

Como, no estudo de propagação de ondas sísmicas para exploração, eii assume valores muito

pequenos, os termos e11e22, e11e33, e22e33 e e11e22e33 podem ser negligenciados e a expressão

anterior pode ser escrita na forma:

dV' = dV + (e11+e22+e33) dV, 2.2.1.1.1.8

donde, finalmente, pode-se chegar à expressão que define a dilatação (ekk):

kk332211 eeeedV

dV'dV=++=

−. 2.2.1.1.1.9

2.2.1.1.2. Mudanças de Forma

As mudanças de forma são relacionadas às componentes do vetor de deformação eij,

para as quais i≠j, nas direções dos eixos xi e xj (e12, e21, e13, e31, e23 e e32), denominados

componentes de deformação por cisalhamento (shearing strain components). A deformação

observada é descrita pelas seguintes relações:

jij

i

i

j

i

j

j

iij e

xu

x

u

21

x

u

xu

21

e =

∂∂

+∂

∂=

∂+

∂∂

= . 2.2.1.1.2.1

Observando essa expressão, pode-se constatar a relação de simetria:

eij = eji. 2.2.1.1.2.2

Admitindo que o elemento infinitesimal apresente-se com as seguintes formas:

Fig. 2.2.1.1.2.1 - Forma inicial.

• no instante t0:

# o vetor axdr

, paralelo ao eixo x1, tem coordenadas

(dx1a,0,0) e

# o vetor bxdr

, paralelo ao eixo x2, tem coordenadas

(0,dx2b,0);

Page 144: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

134

• no instante t, após aplicação de um conjunto de forças:

# o vetor aXdr

tem coordenadas definidas por:

aj

j

iij

ai dx

xu

dX

∂∂

+δ= 2.2.1.1.2.3

e

# o vetor bXdr

tem coordenadas definidas por:

Fig. 2.2.1.1.2.2 - Mudança de forma.

bj

j

iij

bi dx

xu

dX

∂∂

+δ= . 2.2.1.1.2.4

Substituindo ajdx e b

jdx em ajdX e b

jdX o produto entre os vetores aXdr

e bXdr

pode ser

escrito na forma:

b2

a1

2

i

1

i

2

i1i

1

i2i2i1i

bi

ai dx dx

xu

xu

xu

xu

dX dX

∂∂

∂∂

+∂∂

δ+∂∂

δ+δδ= 2.2.1.1.2.5

e, como

≠=

=δjipara0jipara1

ij e 0xu

xu

2

i

1

i ≅∂∂

∂∂

, essa expressão pode ser reduzida à forma:

b2

a1

2

1

1

2bi

ai dx dx

xu

xu

dX dX

∂∂

+∂∂

= . 2.2.1.1.2.6

Aplicando a propriedade de simetria e12=e21, a expressão anterior também pode ser

escrita na forma:

b2

a112

bi

ai dx dx e 2dX dX = . 2.2.1.1.2.7

O produto escalar entre os vetores aXdr

e bXdr

também pode ser escrito na forma:

)cos( Xd Xd)XdXdcos( Xd XdXdXd babababa ϕ=∠=⋅rrrrrrrr

; 2.2.1.1.2.8

portanto, aplicando a Equação 2.2.1.1.2.7 o co-seno entre os vetores aXdr

e bXdr

pode ser

escrito como:

ba

b2

a112

Xd Xd

dx dx e 2)cos( rr≅ϕ . 2.2.1.1.2.9

Como 1Xd Xd

dx dxba

b2

a1 ≅rr então:

cos(ϕ) ≅ 2 e12. 2.2.1.1.2.10

Considerando o ângulo complementar de ϕ, α12=90°-ϕ, e relações trigonométricas

apropriadas, pode-se obter:

Page 145: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

135

sen(α12) = sen(90°-ϕ) = cos(ϕ) ≅ 2 e12. 2.2.1.1.2.11

Se o ângulo α12 for muito pequeno, pode-se assumir a identidade

sen(α12) = α12; 2.2.1.1.2.12

portanto, como sen(α12)≅2 e12, então

α12 ≅ 2 e12 2.2.1.1.2.13

o que nos leva à expressão

1212 21

e α≅ 2.2.1.1.2.14

que, pelas relações de simetria, permite a definição da expressão:

1221 21

e α≅ . 2.2.1.1.2.15

Com raciocínio semelhante pode-se chegar às relações:

133113 21

ee α≅= 2.2.1.1.2.16

e

233223 21

ee α≅= . 2.2.1.1.2.17

2.3. Tensor de Tensões68 (τij)

As condições de esforços nas vizinhanças de uma partícula, localizada na origem do

sistema de coordenadas cartesianas, podem ser especificadas completamente por nove

quantidades que compõem o tensor de tensões:

τiji,j = 1, 2, 3 2.3.1

Fig. 2.3.1 - Composição do tensor de tensões.

onde os índices i e j representam,

respectivamente, as orientações da superfície

perpendicular ao eixo xi e da força de

superfície paralela ao eixo xj. Se i=j, tem-se

tensões normais (normal stress); se i≠j, tem-se

tensões cisalhantes (shear stress) ou

tangentes.

68 No tensor de tensões (stress tensor), os elementos são expressos em Pascal (Pa, matemático francês Blaise Pascal, 1623 - 1662):

2222 s mkg

sm

mkg

mN

Pa ===

Exemplos de unidades : 1atm = 1,01325 × 105Pa = 1,01325bar = 1,03323kg/cm².

Page 146: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

136

No sistema de coordenadas cartesianas, essas quantidades τij representam três tensões

aplicadas em cada uma das três superfícies perpendiculares aos eixos cartesianos. A tensão

que atua no ponto O, sobre uma superfície S, que possui uma normal qualquer em O, pode ser

expressa em termos dessas nove quantidades.

Fig. 2.3.2 - Componentes das forças de

superfície.

Tomando-se um tetraedro elementar,

pode-se observar que quatro triângulos

compõem as quatro faces desse tetraedro:

• ∆(P1P2P3) = ∆S;

• ∆(OP1P2) = ∆S3 = n3 ∆S;

• ∆(OP2P3) = ∆S1 = n1 ∆S;

• ∆(OP3P1) = ∆S2 = n2 ∆S.

e o vetor normal tem componentes (n1,n2,n3)=[cos(α1),cos(α2),cos(α3)], onde os co-senos

diretores e definidos como in)incos()cos( 1

rrrr⋅=∠=α , jn)jncos()cos( 2

rrrr⋅=∠=α e

kn)kncos()cos( 3

rrrr⋅=∠=α .

2.4. Relações entre Tensão e Deformação (Relações Constitutivas)

As relações gerais entre tensão (τij) e deformação (eij) são muito complexas. Portanto, no

tratamento de problemas de propagação de ondas, assumem-se algumas simplificações:

• meio perfeitamente elástico, onde a reação é instantânea e τij(t=tn) depende unicamente do

valor de eij(t=tn)69;

• meio linearmente elástico70, onde τij varia linearmente com eij;

• as relações entre τij e eij não dependem do tempo e

• admite-se um estado inicial neutro onde τij(t=0)=τij0=0 e eij(t=0)=eij

0=0.

Com base nessas premissas, pode-se escrever as relações entre tensão e deformação

na forma:

τij = cijkl ekl + τij0, 2.4.1

onde τij são as componentes de tensão, cijkl são as componentes dos parâmetros elásticos

(também chamado de módulos elásticos ou tensor elástico), ekl são as componentes de

deformação e τij0 são as componentes de tensão do estado inicial.

69 Se τij(t=tn) depende do valor de eij(t<tn), diz-se que o meio esta relaxado. 70 Válido somente para tensões e deslocamentos pequenos.

Page 147: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

137

Considerando a hipótese do estado inicial neutro, as relações entre tensão e deformação

podem ser estabelecidas através da forma generalizada da Lei de Hooke:

l

kijklklijklij x

u c e c ∂∂

==τ . 2.4.2

Retomando a expressão do tensor de deformação e as relações de simetria ekl=elk, a

Equação 2.4.2 pode ser escrita na forma:

∂∂

+∂∂

=

∂∂

+∂∂

==τk

lijkl

l

kijkl

k

l

l

kijklklijklij x

u c

xu

c 21

xu

xu

21

ce c . 2.4.3

Aplicando as relações de simetria de cijkl obtém-se:

l

kijkl

l

kijkl

l

kijkl

k

lijlk

l

kijklij x

u c

xu

cxu

c 21

xu

cxu

c 21

∂∂

=

∂∂

+∂∂

=

∂∂

+∂∂

=τ . 2.4.4

A análise de tensões é baseada em duas condições de referência:

• estado natural: τij=eij=0

• estado de tensões: τij≠0 e eij≠0

A Lei de Hooke assume que, antes da deformação, a referência é o estado natural. No

interior da crosta terrestre, devido à pressão hidrostática causada pela força gravitacional,

deve-se considerar a referência do estado de equilíbrio estático τij0, onde a resultante e a

deformação são nulas, mas as tensões não.

3. Apêndice C - Desenvolvimento da Forma Geral do Tensor

Elástico

A partir da expressão generalizada da Lei de Hooke (Equação 2.4.2 acima) obtêm-se:

τ11= c1111e11 +c1112e12 +c1113e13 +c1121e21 +c1122e22 +c1123e23 +c1131e31 +c1132e32 +c1133e33

τ12= c1211e11 +c1212e12 +c1213e13 +c1221e21 +c1222e22 +c1223e23 +c1231e31 +c1232e32 c1233e33

τ13= c1311e11 +c1312e12 +c1313e13 +c1321e21 +c1322e22 +c1323e23 +c1331e31 +c1332e32 +c1333e33

τ21= c2111e11 +c2112e12 +c2113e13 +c2121e21 +c2122e22 +c2123e23 +c2131e31 +c2132e32 +c2133e33

τ22= c2211e11 +c2212e12 +c2213e13 +c2221e21 +c2222e22 +c2223e23 +c2231e31 +c2232e32 +c2233e33

τ23= c2311e11 +c2312e12 +c2313e13 +c2321e21 +c2322e22 +c2323e23 +c2331e31 +c2332e32 +c2333e33

τ31= c3111e11 +c3112e12 +c3113e13 +c3121e21 +c3122e22 +c3123e23 +c3131e31 +c3132e32 +c3133e33

τ32= c3211e11 +c3212e12 +c3213e13 +c3221e21 +c3222e22 +c3223e23 +c3231e31 +c3232e32 +c3233e33

τ33= c3311e11 +c3312e12 +c3313e13 +c3321e21 +c3322e22 +c3323e23 +c3331e31 +c3332e32 +c3333e33.

3.1

Page 148: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

138

Trocando o sistema de coordenadas cartesianas, através do emprego de relações de

transformação para tensores, e satisfazendo as relações de simetria ekl=elk, τij=τji ⇒ cijkl=cjikl,

cijkl=cijlk, cijkl=cklij pode-se reduzir o número de parâmetros elásticos independentes cijkl de oitenta

e um para vinte e um, conforme se segue:

• considerando as simetrias τij=τji e cijkl=cjikl têm-se:

τ11= c1111e11 +c1112e12 +c1113e13 +c1121e21 +c1122e22 +c1123e23 +c1131e31 +c1132e32 +c1133e33

τ12= τ21= c1211e11 +c1212e12 +c1213e13 +c1221e21 +c1222e22 +c1223e23 +c1231e31 +c1232e32 +c1233e33

τ13= τ31= c1311e11 +c1312e12 +c1313e13 +c1321e21 +c1322e22 +c1323e23 +c1331e31 +c1332e32 +c1333e33

τ22= c2211e11 +c2212e12 +c2213e13 +c2221e21 +c2222e22 +c2223e23 +c2231e31 +c2232e32 +c2233e33

τ23= τ32 = c2311e11 +c2312e12 +c2313e13 +c2321e21 +c2322e22 +c2323e23 +c2331e31 +c2332e32 +c2333e33

τ33= c3311e11 +c3312e12 +c3313e13 +c3321e21 +c3322e22 +c3323e23 +c3331e31 +c3332e32 +c3333e33;

3.2

• considerando a simetria ekl=elk têm-se:

τ11= c1111e11 +(c1112+c1121)e12 +(c1113+c1131)e13 +c1122e22 +(c1123+c1132)e23 +c1133e33

τ12= c1211e11 +(c1212+c1221)e12 +(c1213+c1231)e13 +c1222e22 +(c1223+c1232)e23 +c1233e33

τ13= c1311e11 +(c1312+c1321)e12 +(c1313+c1331)e13 +c1322e22 +(c1323+c1332)e23 +c1333e33

τ22= c2211e11 +(c2212+c2221)e12 +(c2213+c2231)e13 +c2222e22 +(c2223+c2232)e23 +c2233e33

τ23= c2311e11 +(c2312+c2321)e12 +(c2313+c2331)e13 +c2322e22 +(c2323+c2332)e23 +c2333e33

τ33= c3311e11 +(c3312+c3321)e12 +(c3313+c3331)e13 +c3322e22 +(c3323+c3332)e23 +c3333e33;

3.3

• considerando a simetria cijkl=cijlk têm-se:

τ11 = c1111e11 +2c1112e12 +2c1113e13 +c1122e22 +2c1123e23 +c1133e33

τ12 = c1211e11 +2c1212e12 +2c1213e13 +c1222e22 +2c1223e23 +c1233e33

τ13 = c1311e11 +2c1312e12 +2c1313e13 +c1322e22 +2c1323e23 +c1333e33

τ22 = c2211e11 +2c2212e12 +2c2213e13 +c2222e22 +2c2223e23 +c2233e33

τ23 = c2311e11 +2c2312e12 +2c2313e13 +c2322e22 +2c2323e23 +c2333e33

τ33 = c3311e11 +2c3312e12 +2c3313e13 +c3322e22 +2c3323e23 +c3333e33;

3.4

• considerando a simetria cijkl=cklij têm-se:

τ11 = c1111e11 +2c1112e12 +2c1113e13 +c1122e22 +2c1123e23 +c1133e33

τ12 = c1112e11 +2c1212e12 +2c1213e13 +c1222e22 +2c1223e23 +c1233e33

τ13 = c1113e11 +2c1213e12 +2c1313e13 +c1322e22 +2c1323e23 +c1333e33

τ22 = c1122e11 +2c1222e12 +2c1322e13 +c2222e22 +2c2223e23 +c2233e33

τ23 = c1123e11 +2c1223e12 +2c1323e13 +c2223e22 +2c2323e23 +c2333e33

τ33 = c1133e11 +2c1233e12 +2c1333e13 +c2233e22 +2c2333e23 +c3333e33,

3.5

que podem escritas na forma matricial:

Page 149: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

139

=

ττττττ

33

23

22

13

12

11

333323332233133312331133

233323232223132312231123

223322232222132212221122

133313231322131312131113

123312231222121312121112

113311231122111311121111

33

23

22

13

12

11

ee 2

ee 2e 2

e

cccccccccccccccccccccccccccccccccccc

. 3.6

Como nem todos os termos de cijkl são independentes, pode-se adotar uma nova

notação, onde ij=m e kl=n; com isso, os coeficientes cijkl assumem a forma Cmn e permitem a

definição da relação:

l

kijklklijklij x

u ce c∂∂

==τ ⇒ l

kmnnmnm x

u ce c∂∂

==τ . 3.7

Usando a tabela de conversão de índices proposto por Voigt:

m=1 ⇒ i=1 e j=1 m=2 ⇒ i=2 e j=2 m=3 ⇒ i=3 e j=3 m=4 ⇒ i=2 e j=3 m=5 ⇒ i=1 e j=3 m=6 ⇒ i=1 e j=2

n=1 ⇒ k=1 e l=1 n=2 ⇒ k=2 e l=2 n=3 ⇒ k=3 e l=3 n=4 ⇒ k=2 e l=3 n=5 ⇒ k=1 e l=3 n=6 ⇒ k=1 e l=2

a expressão matricial anterior passa à forma:

=

ττττττ

3

4

2

5

6

1

334323536313

434424546414

232422526212

535452556515

636462656616

131412151611

3

4

2

5

6

1

ee 2

ee 2e 2

e

CCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCC

, 3.8

cuja reorganização resulta em:

=

ττττττ

6

5

4

3

2

1

666564636216

655554535215

645444432414

635343332313

625224232212

161514131211

6

5

4

3

2

1

e 2e 2e 2

eee

CCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCC

. 3.9

Baseando-se nas relações de simetria, pode-se escrever:

=

66

5655

464544

36353433

2625242322

161514131211

CCCCCCCCCCCCCCCCCCCCC

C . 3.10

Page 150: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

140

Essa simetria implica que apenas vinte e um dos elementos de [C] são independentes e

caracterizam as propriedades mecânicas dos materiais.

3.1. Hierarquia dos Meios Anisotrópicos

O sistema de coordenadas pode ser rotacionado de modo a diminuir o efeito de certas

constantes elásticas e estabelecer alguma dependência entre elas. A hierarquia entre meios

anisotrópicos é baseada na quantidade de constantes não-nulas ou no número de constantes

independentes.

O meio anisotrópico mais complexo é o sistema triclínico, definido por vinte e uma

constantes elásticas. Os sistemas tetragonal e trigonal também são bastante complexos. O

meio isotrópico é o sistema mais simples, definido por apenas duas constantes elásticas não-

nulas e mutuamente independentes.

Entre os sistemas empregados nos problemas de propagação de ondas estão:

1. triclínico: vinte e uma constantes elásticas, das quais dezoito ou dezenove, dependendo da

rotação aplicada, são não-nulas e independentes:

C34=C35=C45=0

66

5655

4644

3633

2625242322

161514131211

CCCCCCCCCCCCCCCCCC

C15=C16=0

66

5655

464544

36353433

2625242322

14131211

CCCCCCCCCCCCCCC

CCCC

3.1.1

2. monoclínico (degeneração do sistema triclínico): doze ou treze constantes elásticas não-

nulas e independentes, dependendo da rotação aplicada:

C14=C15=C24=C25=C46=C56=0

66

55

44

3633

262322

16131211

CC

CCCCCCCCCC

C25=C26=C35=C36=C45=C46=0

66

5655

44

3433

242322

14131211

CCC

CCCCCCCCCC

3.1.2

3. ortorrômbico71 (degeneração do sistema monoclínico acima, à esquerda): nove constantes

elásticas não-nulas e independentes:

71 Caso mais real, usado na Sísmica para definir anisotropia em rochas e seqüências de camadas fraturadas.

Page 151: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

141

C16=C26=C36=0

66

55

44

33

2322

131211

CC

CCCCCCC

3.1.3

4. trigonal (degeneração do sistema monoclínico à direita): seis constantes elásticas não-

nulas e independentes:

C22=C11 C12=C11-2C66 C23=C13

C14=-C24=C56 C55=C44 C34=0

66

5644

44

33

561311

5613661111

CCC

CC

CCCCCC2CC

3.1.4

5. tetragonal (degeneração do sistema ortorrômbico e de mesmo nível hierárquico do sistema

trigonal): seis constantes elásticas não-nulas e independentes:

C22=C11 C23=C13 C55=C44

66

44

44

33

1311

131211

CC

CCCCCCC

3.1.5

6. cúbico72 (degeneração do sistema tetragonal): três constantes elásticas não-nulas e

independentes:

C33=C11 C12=C13 C66=C44

44

44

44

11

1311

131311

CC

CCCCCCC

3.1.6

72 Não se conhece nenhum caso em Geofísica que utilize tal sistema.

Page 152: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

142

7. hexagonal ou polar73 (dependendo da rotação aplicada, pode ser uma degeneração dos

sistemas tetragonal ou trigonal): seis constantes elásticas não-nulas das quais cinco são

independentes; o nome polar advém do fato de ter um único pólo de simetria rotacional em

torno de um dos eixos, normalmente na vertical, ou seja, na direção dos outros dois eixos,

as velocidades de propagação não variam (a simetria nos outros dois eixos):

C12=C11-2C66 C56=0

66

44

44

33

1311

13661111

CC

CCCCCC2CC

3.1.7

8. isotrópico74 (dependendo da rotação aplicada, pode ser uma degeneração dos sistemas

cúbico ou hexagonal): cinco constantes elásticas não-nulas das quais duas são

independentes (λ e µ):

C12=C11-2C66 C33=C11 C12=C13 C66=C44

44

44

44

11

1311

13661111

CC

CCCCCC2CC

3.1.8

4. Apêndice D - Algumas das Feições Características das

Ondas Mecânicas Aplicadas em Sísmica

Em Geofísica, várias feições características das ondas sísmicas são utilizadas para

descrevê-las. Entre elas, algumas foram criadas para descrever geometricamente a

propagação das ondas, tais como:

• frente de propagação: superfície imaginária que separa a porção de material perturbado,

com a mesma fase, da porção de material não-perturbado e

• raio de propagação: linha imaginária perpendicular à frente de onda e orientada na direção

de propagação da frente de onda;

e outras, para descrever suas características físicas e mensuráveis, tais como:

73 Caso real muito importante para a Sísmica para definir anisotropia em folhelhos e seqüências de finas camadas. 74 Muito usado em modelagem sísmica.

Page 153: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

143

• comprimento de onda (λ) - distância que separa dois eventos de oscilação sucessivos e

de mesma fase; existem dois tipos de medidas de comprimento de onda:

# comprimento de onda aparente (λa) - comprimento de onda efetivamente registrado

pelos arranjos de receptores na superfície, uma vez que o ângulo de incidência do

raio emergente (θemerg) não é reto, representado pela expressão:

Fig. 4.1.1 - Comprimento de onda aparente.

)sen( emerga θ

λ=λ 4.1.1

# comprimento de onda dominante (λd) - comprimento de onda da componente da

freqüência dominante que, normalmente, está localizada uma oitava abaixo da

freqüência máxima registrada no espectro de freqüências;

• período (T) - intervalo de tempo necessário para a partícula completar um ciclo ou

oscilação; ou o tempo que a onda, com velocidade de propagação v, demora para percorrer

uma distância igual ao seu comprimento (λ); ou, em outras palavras, é o parâmetro que

fornece o tempo de repetição do evento; para eventos monocromáticos (de única freqüência

f), o período pode ser calculado pelas relações:

vf1

== ; 4.1.2

# período dominante (Td) - período da componente de freqüência dominante (fd);

• freqüência (f) - número de ciclos ou oscilações por unidade de tempo (ciclos/s, rpm, Hz75 etc.)

e pode ser calculada pelo inverso do período:

λ==

vT1

f . 4.1.3

Existem dois tipos de medidas de freqüência:

# freqüência angular (ω) - freqüência, em radianos por unidade de tempo; traduz o

evento como um movimento circular e é calculado pelas relações:

λπ

=π=ωv 2

T 2

f 2 ; 4.1.4

# freqüência dominante (fd) - freqüência de repetição das wavelets referente à medida

do inverso do intervalo de tempo pico-a-pico;

• número de onda (κ) - parâmetro de freqüência espacial que traduz o número de ciclos de

onda que passam por um determinado ponto, em um intervalo de tempo, e é representado

75 Físico alemão Heinrich Rudolph Hertz (1857 - 1894), simbolizado por Hz e que tem a seguinte relação 1Hz = 1ciclo/s.

Page 154: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

144

pelo inverso do comprimento de onda:

T v 2

vvf 2 2 π

=λπ

=κ ; 4.1.5

# número de onda aparente (κa) - recíproco do comprimento de onda aparente (λa)

para uma dada direção (θazim):

v)sen( f 2 2 azim

aa

θπ=

λπ

=κ ; 4.1.6

• ângulo de fase (φ) - entidade geométrica que descreve o ângulo de partida de uma onda

senoidal, em relação a um ponto de referência;

• amplitude (A) - parâmetro que mede o deslocamento das partículas, imposto por uma

deformação, desde a sua posição de repouso até a posição em um determinado instante;

existem vários tipos de medidas de amplitudes:

# amplitude absoluta (Aabs) - amplitude calculada na forma:

2abs AA = ; 4.1.7

# amplitude instantânea (Ainst) - amplitude que se refere à posição instantânea dada

por um determinado ângulo de fase φ:

Ainst = A sen(φ); 4.1.8

# amplitude máxima ou de pico (Amáx) - maior amplitude observada nos dados;

# amplitude média (Améd) - amplitude média para n componentes de amplitudes An

(n=1, ..., N) calculada na forma:

N

A

A

N

1n

n

méd

∑== ;

4.1.9

# amplitude normalizada (Anorm) - amplitude corrigida pelo valor máximo:

máxnorm A

AA = ; 4.1.10

# amplitude pico-a-pico (App) - soma das amplitudes de dois eventos consecutivos,

cujo deslocamento das partículas é máximo:

App = 2 A; 4.1.11

# amplitude rms (Arms) - amplitude média para n componentes de amplitudes An (n=1,

..., N) calculada na forma:

∑=

=N

1n

2nrms A

N1

A ; 4.1.12

Page 155: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

145

• velocidade de propagação (v) - velocidade com que uma onda se propaga no meio

elástico, em função das propriedades elásticas desse meio; também existe uma relação

entre velocidade, freqüência e comprimento da onda:

v = f λ. 4.1.13

Existem vários tipos de medidas de velocidades:

# velocidade de fase (vf) - velocidade com que uma onda se propaga em um meio

dispersivo na direção normal à superfície de fase constante;

# velocidade de grupo (vg) - velocidade com que a envoltória das frentes de onda se

propaga em um meio dispersivo;

Em meios dispersivos, onde a velocidade de fase varia com a freqüência, as

velocidades de grupo e de fase se relacionam segundo a expressão:

fv

fvv

vv ff

ffg ∂

∂+=

λ∂∂

λ−= ; 4.1.14

# velocidade média (vméd) - velocidade obtida através da profundidade z ou velocidade

v e do tempo t do evento sísmico, assumindo raio de trajetória vertical (caso 1D):

( )

∑∑

∑∑

=

=

=

= === N

1n

n

N

1n

nn

N

1n

n

N

1n

n

N

Nméd

t

v t

t

z

tz

v ; 4.1.15

# velocidade intervalar (vint) - velocidade com que uma onda sísmica se propaga em

uma única camada de rochas ou entre dois refletores sísmicos z e z-1 (caso 1D):

)1z(t)z(t)1z(v )1z(t)z(v )z(t

)z(v médmédint −−

−−−= ; 4.1.16

# velocidade de Dix76 (vDix) - velocidade intervalar calculada a partir da fórmula de Dix:

)1z(t)z(t)1z(v )1z(t)z(v )z(t

)z(v2rms

2rms

Dix −−−−−

= ; 4.1.17

# velocidade rms (vrms) - velocidade teórica obtida através de uma média quadrática:

( )

∑∑

=

== N

1n

n

N

1n

2nn

rms

t

v t

v ; 4.1.18

# velocidade de empilhamento (vstack) ou nmo (vnmo) - velocidade artificial aplicada em

processamento sísmico, que corrige o efeito do aumento no tempo da reflexão em

76 Geofísico norte-americano Charles Hewitt Dix (1905 - 1984).

Page 156: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

146

função da distância entre fonte e receptor, para horizontalizar o refletor dentro da

família de traços cmp.

§ Para o caso de uma camada homogênea isotrópica, onde os raios de

propagação têm trajetória retilínea, a frente de onda assume um formato

circular e a velocidade que melhor horizontaliza o refletor pode ser descrita

pelas expressões:

)x(t)x(t

)(cosx v

20

2

2

stack−

θ= , 4.1.19

ou

)(osc )(sen1

vv

22

médstack

θφ−= , 4.1.20

onde x é o afastamento fonte-receptor e t e t0 são os tempos do evento para os

afastamentos x e x=0, φ é o ângulo entre a direção de observação e a direção

do mergulho real da camada e θ é o ângulo de mergulho da camada.

§ Para o caso de várias camadas plano-paralelas homogêneas isotrópicas, onde

os raios de propagação obedecem ao princípio do tempo mínimo de Fermat77 e

à Lei de Snell, o tempo de percurso t(x) e o afastamento fonte-receptor x

podem ser calculados pelas equações paramétricas:

∑∑== −

=N

1n2n

2n

n

N

1n nn

n

v p1 v

e2

)cos( ve

2)x(t 4.1.21

e

[ ] ∑∑==

−=θ=

N

1n2n

2

nn

N

1n

nnv p1

v p e2)(ant e2x , 4.1.22

onde e é a espessura, v a velocidade intervalar, θ é o ângulo de mergulho e p o

parâmetro do raio da camada.

De maneira geral, pode-se assumir a seguinte relação:

vstack>vrms>vméd. 4.1.23

5. Apêndice E - Partição de Energia de Ondas Sísmicas

Pela teoria das vibrações mecânicas, a energia carregada por uma onda sísmica é

proporcional à freqüência (f), à amplitude (A), à velocidade de propagação (v) e à densidade (ρ)

77 Matemático francês Pierre de Fermat (1601 - 1665).

Page 157: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

147

do meio. Alguns fenômenos físicos podem causar alterações da intensidade de energia das

ondas sísmicas. Entre eles:

• espalhamento geométrico, ou esférico ou divergência esférica;

• absorção e

• particionamento.

5.1. Divergência Esférica

A divergência esférica é um dos fatores mais importantes que afetam as amplitudes das

ondas sísmicas em função da expansão das frentes de ondas. É um efeito intrinsecamente

ligado à distância entre a fonte das ondas sísmicas e os pontos de tomada das medidas de

amplitude. De maneira geral, pode-se escrever a seguinte relação entre a amplitude inicial (A0),

no ponto de geração da onda sísmica, e a amplitude observada (A):

dA

A 0= , 5.1.1

onde d é a distância entre a fonte e o ponto de observação. Essa relação mostra uma

diminuição da amplitude à medida que a frente de onda se afasta do ponto inicial.

Em processamento de dados sísmicos, para corrigir essa redução de amplitude, pode-se

aplicar um fator de correção da divergência esférica (fcde), que é válido sob as seguintes

condições:

• meios homogêneos isotrópicos e

• velocidades de propagação das ondas sísmicas variando em função da profundidade;

sendo é descrito pela expressão:

2stack

apsde v t

v 2fc = , 5.1.2

onde vaps é a velocidade de propagação das ondas sísmicas nas proximidades da superfície e

vstack é a velocidade de empilhamento do evento sísmico no tempo t.

5.2. Absorção

A absorção é o fenômeno responsável pela alteração das amplitudes das ondas

sísmicas em função da transformação da energia mecânica em calor e pode tornar-se um fator

dominante. Seus efeitos aumentam linearmente com a freqüência e podem acarretar mudanças

na forma da onda. Por esse motivo, a absorção pode ser considerada como “filtro corta-altas”.

Em Sísmica, são adotadas simplificações para a correção dos efeitos de absorção.

Page 158: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

148

Essas simplificações consideram que a amplitude decaia exponencialmente em função da

freqüência f, em Hz, e do tempo t, em segundos, conforme as expressões:

Qt f

t f - eet)A(f,π

−βα == , 5.2.1

onde α é um fator de correção que depende de β, β é o coeficiente de absorção que varia entre

0,1 e 0,4dB/ciclos (neste caso, α≈0,115129) e Q é o fator de qualidade que varia,

respectivamente, entre 273 e 68, para a maioria das bacias sedimentares. A expressão anterior

permite estabelecer uma relação entre essas três últimas quantidades:

Q

π=βα . 5.2.2

5.3. Particionamento

Uma propriedade que pode ser utilizada para caracterizar o meio elástico, no qual se

propagam ondas sísmicas, é a impedância acústica78 dos materiais que compõem cada

camada desse meio (ZPj, onde j é o número da camada) e pode ser calculada através das

expressões:

• impedância, relacionada à propagação das ondas P (ZPj):

ZPj = ρj vPj, 5.3.1

onde ρj é a densidade e vPj é a velocidade de propagação das ondas P do material que

compõe a camada j; e

• impedância, relacionada à propagação das ondas S (ZSj):

ZSj = ρj vSj, 5.3.2

onde vsj é a velocidade de propagação das ondas S do material que compõe a camada j.

O contraste de impedância é definido pela razão entre as impedâncias das duas

camadas nas quais as ondas se propagam.

A partir das impedâncias das camadas é possível computar os coeficientes de reflexão

CR e de transmissão CT da interface que separa os dois meios elásticos nos quais as ondas se

propagam, desde que a incidência seja normal à interface que separa os meios, através das

expressões:

°°°°

°°°°

°°

°°

ρ+ρρ−ρ

=+−

=1P12P2

1P12P2

12

12

v v v v

ZZZZ

CR 5.3.3

e

78 Forma de oposição do meio à propagação das perturbações mecânicas.

Page 159: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

149

°°°°

°°

°°

°

ρ+ρρ

=+

=−=1P12P2

1P1

12

1

v v v 2

ZZZ 2

CR1CT . 5.3.4

Os coeficientes de reflexão e de transmissão também refletem as relações entre as

amplitudes das ondas refletidas e incidentes e das ondas transmitidas e incidentes, ou seja:

°

°≈90Pi

90Pr

AA

CR 5.3.5

e

°

°≈90Pi

90Pt

AA

CT . 5.3.6

Dependendo das características dos meios elásticos e das formas como se propagam,

as ondas sísmicas P e S podem sofrer processos de partição da energia ao atingirem as

interfaces que delimitam esses meios.

Nesse processo de partição, parte da energia é refletida e parte é transmitida (ou

refratada) distribuída em quatro tipos de ondas: ondas P refletida (Pr) e transmitida (Pt) e ondas

S refletida (Sr) e transmitida (St).

Supondo o caso em que uma onda P

atinja uma interface entre os meios 1 e 2, cujas

respectivas densidades sejam ρ1 e ρ2 e as

velocidades de propagação das ondas P e S

sejam respectivamente vP1 e vS1 e vP2 e vS2,

conforme esquematizado na Figura ao lado,

onde:

Fig. 5.3.1 - Geometria de Snell.

• APi e θPi são a amplitude e o ângulo de incidência da onda P incidente,

• APr e θPr são a amplitude e o ângulo de emergência da onda P refletida,

• APt e θPt são a amplitude e o ângulo de emergência da onda P transmitida,

• ASr e θSr são a amplitude e o ângulo de emergência da onda S refletida e

• ASt e θSt são a amplitude e o ângulo de emergência da onda S transmitida.

O ângulo de incidência é conhecido e os ângulos de emergência são calculados

seguindo os mesmos preceitos da óptica geométrica, que estabelecem que os ângulos de

incidência e emergência das ondas P e S, obedecem à Lei de Snell-Descartes79, que define a

mudança de direção de um raio luminoso, quando encontra uma interface que separa um meio,

com velocidade de propagação v1, de outro, com velocidade de propagação v2.

A entidade que relaciona a geometria de incidência, reflexão e transmissão na interface

79 Matemático francês René Descartes (1596 - 1650).

Page 160: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

150

entre dois meios com velocidades v1 e v2 é conhecida como parâmetro do raio (p) e é definida

pela expressão:

pv1

v)sen(

v)sen(

v)sen(

h2

t

1

r

1

i ==θ

, 5.3.7

Fig. 5.3.2 - Geometria de Snell.

onde θi é o ângulo de incidência, θr é o ângulo de

reflexão, θt é o ângulo de transmissão e vh é a

velocidade de fase horizontal.

Toda vez que uma onda atravessar uma superfície que separa dois meios elásticos com

velocidades diferentes ocorre refração, ou seja, desvio de direção de propagação. Este

fenômeno é regido pela Lei é Snell:

2P

Pt

1P

Pi

v)sen(

v)sen( θ

5.3.8

ou

Fig. 5.3.3 - Geometria de transmissão. 2S

St

1S

Si

v)sen(

v)sen( θ

. 5.3.9

Quando a onda refratada se propaga paralelamente à superfície atingida, ou seja,

quando θPt=90°, e isso ocorre somente quando vP1<vP2, a equação da Lei de Snell pode ser

simplificada para:

2P

1PPi v

v)sen( =θ 5.3.10

e θPi é chamado de ângulo crítico. Caso vP1>vP2, o fenômeno de refração nunca ocorrerá.

Toda vez que uma onda encontra uma superfície que separa dois meios elásticos com

impedâncias acústicas diferentes Z1≠Z2 ocorre reflexão. Esse fenômeno é regido pela lei da

reflexão:

Fig. 5.3.4 - Geometria de reflexão.

"Os raios das ondas incidente e

refletida sempre estão em um mesmo

plano e o ângulo de reflexão é igual

ao ângulo de incidência (θPr=θPi)".

Quando a onda incidente e,

conseqüentemente a onda refletida, tiverem

ângulo nulo, ou seja, quando θPi=θPr=0°, ocorre o

fenômeno chamado de incidência normal.

No caso da reflexão, as ondas incidente e refletida se propagam no mesmo meio;

portanto, a equação da Lei de Snell pode ser escrita na forma:

Page 161: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

151

1P

Pr

1P

Pi

v)sen(

v)sen( θ

, 5.3.11

o que implica a relação que define a lei da reflexão θPi=θPr.

A generalização dessa lei para ondas P e S é dada pelas relações:

pv

)sen(v

)sen(v

)sen(v

)sen(v

)sen(v

)sen(

2S

St

1S

Sr

1S

Si

2P

Pt

1P

Pr

1P

Pi =θ

. 5.3.12

Quando uma onda sísmica atinge uma irregularidade na interface entre os meios

elásticos onde se propaga, essa irregularidade atua como ponto de irradiação de ondas em

todas as direções. Essas irradiações são chamadas de difrações.

As equações que expressam a partição de energia de uma onda P plana podem ser

apresentadas de duas maneiras:

• através das equações de Knott80, que empregam potenciais, ou

• através das equações de Zoeppritz, que empregam amplitudes.

Em ambos os casos, quando a incidência é normal, a comparação das amplitudes dos

sinais refletido e transmitido revela relações de impedância acústica e, conseqüentemente, os

coeficientes de reflexão e transmissão.

O processo de partição de energia das ondas sísmicas sofre a influência das

densidades, das velocidades de propagação das ondas P e S nos referidos meios e dos

ângulos de incidência e emergência dessas ondas. Essa partição também obedece aos

princípios de continuidade dos deslocamentos e tensões, tanto na direção normal como

tangencial.

Para uma onda P incidente, com amplitude APi (um), o princípio de continuidade dos

deslocamentos requer que:

APi cos(θPi) = APr cos(θPr) - ASr sen(θSr) + APt cos(θPt) + ASt sen(θSt). 5.3.13

e

APi = APr + APt. 5.3.14

Já o princípio de continuidade das tensões requer que:

) 2cos( A v

v v ) 2sen( A

v v v v

) 2cos( A vv

) 2sen( A) 2sen(A

StSt21S1

1P2S2PtPt

2P2

1S1

1P2

2S2

SrSr1S

1PPrPrPiPi

θρ

ρ+θ

ρρ

θ−θ=θ⋅

5.3.15

ou

80 Sismologista escocês Cargill Gilston Knott (1856-1922).

Page 162: Tese de Mestrado - DEZ2002 - Final

152

) 2sen( A v v

) 2sen( A v v

) 2sen( A vv

) 2cos( A) 2cos( A

StSt1P1

2S2StPt

1P1

2P2

SrSr1P

1SSrPrSiPi

θρρ

+θρρ

+

θ+θ−=θ

5.3.16

ou

APi IP1 cos(2 θSr) = -APr IP1 cos(2 θSr)+ASr IS1 sen(2 θSr)+APt IP2 cos(2 θSt)+ASt IS2 sen(2 θSt) 5.3.17

ou

) cos(2 I A) sen(2 I vv

A

) cos(2 I A) sen(2 I vv

A) sen(2 I vv

A

StS2StPtS2P2

S2Pt

SrS1SrPrS1P1

S1PrPiS1

P1

S1Pi

θ−θ+

θ+θ=θ

5.3.18

e

APi IP1 = -APr IP1 + APt IP2 5.3.19

Segundo AKI e RICHARDS (1980), as equações de Zoeppritz também podem ser

escritas na forma matricial:

−−−−

θ−θθ−θθθθ−θ−

−−

θ−θθ−θθ−θ−θθ

=

⇓⇓⇑⇑

⇓⇓⇑⇑

⇓⇓⇑⇑

⇓⇓⇑⇑

⇓⇑

⇓⇑

⇓⇓⇓⇓

⇓⇑

⇓⇑

⇓⇓⇓⇓

⇑⇑⇑⇑⇑⇓

⇑⇓

⇑⇑⇑⇑⇑⇓

⇑⇓

2211

2211

SPSP

SPSP

2211

2211

SPSP

SPSP

SSSPSSSP

PSPPPSPP

SSSPSSSP

PSPPPSPP

DCDCBABA

)sen()cos()sen()cos()cos()sen()cos()sen(

DCDCBABA

)sen()cos()sen()cos()cos()sen()cos()sen(

CRCRCTCT

CRCRCTCT

CTCTCRCR

CTCTCRCR

, 5.3.20

onde P⇓ é a onda P descendente, P⇑ é a onda P ascendente, S⇓ é a onda S descendente, S⇑ é

a onda S ascendente e:

A1 = 2 ρ1 vS1 sen(θS⇑) cos(θP⇑); 5.3.21

B1 = ρ1 vS1 [1-2 sen2(θS⇑)]; 5.3.22

C1 = ρ1 vP1 [1-2 sen2(θS⇑)]; 5.3.23

D1 = ρ1 vS1 sen(2 θS⇑); 5.3.24

A2 = 2 ρ2 vS2 sen(θS⇓) cos(θP⇓); 5.3.25

B2 = ρ2 vS2 [1-2 sen2(θS⇓)]; 5.3.26

C2 = ρ2 vP2 [1-2 sen2(θS⇓)] e 5.3.27

D2 = ρ2 vS2 sen(2 θS⇓). 5.3.28

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