tese de doutorado -...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS TESE DE DOUTORADO Estudos de Durabilidade Frente ao Ataque Ácido de Compósitos Portland-Polímero para Cimentação de Poços de Petróleo Ana Cecília Vieira da Nóbrega Orientador: Prof. Dr. Antonio Eduardo Martinelli Co-orientador: Prof. Dra. Dulce Maria de Araújo Melo Tese n.º 58/PPGCEM Abril - 2008 Natal - RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

ENGENHARIA DE MATERIAIS

TESE DE DOUTORADO

Estudos de Durabilidade Frente ao Ataque Ácido de Compósitos Portland-Polímero para Cimentação de Poços de Petróleo

Ana Cecília Vieira da Nóbrega

Orientador: Prof. Dr. Antonio Eduardo Martinelli Co-orientador: Prof. Dra. Dulce Maria de Araújo Melo

Tese n.º 58/PPGCEM

Abril - 2008 Natal - RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

ESTUDOS DE DURABILIDADE FRENTE AO ATAQUE ÁCIDO DE COMPÓSITOS

PORTLAND-POLÍMERO PARA CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO

Ana Cecília Vieira da Nóbrega

Abril - 2008 Natal - RN

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ANA CECÍLIA VIEIRA DA NÓBREGA

ESTUDOS DE DURABILIDADE FRENTE AO ATAQUE ÁCIDO DE COMPÓSITOS

PORTLAND-POLÍMERO PARA CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO

Tese de Doutorado apresentada ao

Programa de Pós Graduação em Ciência

e Engenharia de Materiais da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte para a obtenção do título de

Doutor.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Eduardo Martinelli

Co-orientadora: Prof. Dra. Dulce Maria de Araújo Melo

Abril - 2008 Natal - RN

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Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Nóbrega, Ana Cecília Vieira da. Estudos de durabilidade frente ao ataque ácido de compósitos portland –polímero para cimentação de poços de petróleo /. – Natal [RN], 2008. 184 f. Orientador: Antonio Eduardo Martinelli. Co-orientador: Dulce Maria de Araújo Melo. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia dos Materiais.

1. Cimentação de poços - Tese. 2. Portland - Tese. 3. Polímeros - Tese. 4.

Acidificação - Tese. 5. Ataque ácido – Tese. 6. Técnicas eletroquímicas – Tese. I. Martinelli, Antonio Eduardo. II. Melo, Dulce Maria de Araújo. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/UF/BCZM CDU 666.98 (043.2)

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Dedico a papai, Antonio Xibagolin, à

mamãe, Maria da Conceição, e ao meu

querido irmão, Aureliano Augusto, por

todo esforço na minha formação e carinho

a mim dispensados.

Esta é uma conquista nossa!

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Minha gratidão...

A Deus, por tudo que se passa, passou e está por vir.

Aos meus familiares pelo incentivo, paciência e compreensão em todos os momentos. Em especial aos meus pais e irmão pelo amor, carinho e palavras de conforto nos momentos difíceis. Com certeza não teria conseguido chegar até aqui sem vocês!

Ao professor Antonio Eduardo Martinelli minha eterna gratidão e admiração como professor, orientador e amigo. Pode ter certeza que aprendi muito graças à sua competência, objetividade e pela pessoa humana que é. Obrigada por acreditar em mim!

À professora Dulce Maria de Araújo Melo pela valiosa co-orientação, paciência, apoio e incentivo durante o doutorado e, em especial, pela sua amizade. Obrigada por tudo!

Ao professor Luís Augusto da Rocha, à colega Edith Ariza e todos que fazem parte do Laboratório de Interfaces e Superfícies da Universidade do Minho em Portugal pelo acolhimento, ajuda, amizade, valiosos ensinamentos e incentivo. E pela disponibilização dos equipamentos para realização das medidas eletroquímicas. Vocês são um grande grupo! Saudade!

Aos professores Djalma Ribeiro da Silva, Hélio Scatena Júnior e Maria das Vitórias Vieira de Almeida Sá por terem sido os responsáveis pelos meus primeiros passos no campo da corrosão.

A todos os professores das disciplinas do Doutorado e todos aqueles que contribuíram grandiosamente para minha formação e ao Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais.

A todos os colegas do LABCIM, pelo apoio durante a realização do trabalho. Torço por vocês! Das descobertas que estão por vir no mundo, com certeza algumas delas nascerão no LABCIM!

À Maria Roseane de Pontes Fernandes e a Bruno do Nascimento e Silva, pelo companheirismo no laboratório e a luta na realização dos ataques ácidos. Agradeço também ao colega Darlan Santos, pelos ensinamentos no âmbito da microscopia eletrônica. Trilham-se agora novos horizontes, mas fica a amizade...

A todos os técnicos e laboratoristas responsáveis pelos equipamentos de análises. Sem vocês a pesquisa nada seria!

Ao Programa de Recursos Humanos da Agência Nacional de Petróleo (PRH-30) e a Coordenação de Aperfeiçoamento Superior (CAPES) pelo apoio financeiro. Agradeço em especial às professoras Marta Costa, Rosângela Balaban e Ana Katarina.

A todas as pessoas que, de uma forma direta ou indireta, contribuíram para o enriquecimento deste trabalho.

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“Nunca está só quem anda com nobres

pensamentos.”

Antonio Felício Dias

"Não existe nenhum caminho lógico para a

descoberta das leis do Universo – O único

caminho é o da intuição".

Albert Einstein

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NÓBREGA, ANA CECÍLIA VIEIRA. “ESTUDOS DE DURABILIDADE FRENTE AO ATAQUE ÁCIDO DE COMPÓSITOS PORTLAND-POLÍMERO PARA CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO”. Tese de Doutorado em Ciência e Engenharia de Materiais, UFRN, Programa de Pós- Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais – Área de concentração: Compósito, Natal, Brasil. Orientador: Prof. Dr. Antonio Eduardo Martinelli / Prof. Dra. Dulce Maria de Araújo Melo

RESUMO

Compósitos Portland-polímeros são promissores candidatos à cimentação de poços de petróleo contendo óleos pesados submetidos à injeção de vapor nos campos do Nordeste do Brasil. Assim, faz-se necessário avaliar sua degradação frente aos ácidos comumente utilizados em operações de acidificação. Além disso, identificar a agressividade dos diferentes meios hostis à corrosão externa do revestimento constitui uma importante contribuição na decisão dos sistemas ácidos a serem utilizados. Foram avaliados compósitos adicionados de poliuretana em pó, poliuretana em solução aquosa, borracha de pneu moída e um biopolímero através das API Spec. 10, sendo reforçados com aço carbono polido SAE 1045 para os ensaios eletroquímicos. HCl 15,0 %, HCl 6,0 % + HF 1,5 % (soft mud acid), HCl 12,0 % + HF 3,0 % (regular mud acid) e HAc 10,0 % + HF 1,5 % foram aplicadas como meios degradantes e eletrólitos. A solução ácida mais agressiva à pasta de cimento Portland convencional é a regular mud acid, que apresenta perda de massa em torno de de 23,0 %, seguida da soft mud acid, com perda de massa de 11,0 % e da solução HCl 15,0 %, em torno de 7,0 %. As menores perdas de massa, no entanto, são relativas ao meio agressivo HAc 10,0 % + HF 1,5 %, com perdas no patamar de 1,0 %. Os compósitos com poliuretana em pó e poliuretana em solução aquosa apresentaram maior durabilidade, com redução em torno de 87,0 % na perda de massa frente ao regular mud acid. O ataque ácido é superficial e ocorre como uma frente de ação, sendo a camada degradada responsável pela minimização da cinética do processo de degradação, principalmente no compósito Portland-poliuretana em dispersão aquosa, por ser impregnada por polímero quimicamente modificado. O fato de não haver, de uma forma geral, influência do ataque ácido na resistência à compressão e fratografia das amostras, após ataque ácido, ratifica essa teoria. O mecanismo da maior eficiência dos compósitos Portland-polímeros frente ao ataque ácido é regido por menores porosidades e permeabilidades que a pasta de cimento convencional, menor quantidade de Ca+2, elemento prioritariamente lixiviado para a solução ácida, efeito tortuosidade e substituição de massa degradável por massa polimérica. O eletrólito HAc 10,0 % + HF 1,5 % foi o menos agressivo à corrosão externa do revestimento, com potenciais de circuito aberto superiores à solução simuladora dos poros como eletrólito, +250 mV frente a -130 mV para as primeiras 24 horas de imersão, mantendo esse comportamento ao longo de, pelo menos, 2 meses de imersão. Correntes de corrosão semelhantes entre esses dois eletrólitos, em torno de 0,01 μA.cm-2, e valores de impedância total, arcos incipientes e grandes arcos capacitivos de resistência de polarização, indicadores de passivação nos diagramas de Nyquist, confirmam sua eficiência. Assim, compósitos Portland-polímeros são soluções possíveis de serem empregadas em cimentação de poços de petróleo submetidos concomitantemente à injeção de vapor e operações de acidificação, sendo a solução HAc 10,0 % + HF 1,5 % menos agressiva à corrosão externa do revestimento após operações de acidificação. Palavras-chaves: Cimentação de poços; Portland; polímeros; acidificação; ataque ácido; técnicas eletroquímicas.

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ABSTRACT

Portland-polymers composites are promising candidates to be used as cementing material in Northeastern oil wells of Brazil containing heavy oils submitted to steam injection. In this way, it is necessary to evaluate its degradation in the commonly acidizind agents. In addition, to identify how aggressive are the different hostile environments it is an important contribution on the decision of the acidic systems to be used in. It was investigated the performance of the Portland-polymer composites using powdered polyurethane, aqueous polyurethane, rubber tire residues and a biopolymer, those were reinforced with polished carbon steel SAE 1045 to make the electrochemical measurements. HCl 15,0 %, HCl 6,0 % + HF 1,5 % (soft mud acid), HCl 12,0 % + HF 3,0 % (regular mud acid) and HAc 10 % + HF 1,5 % were used as degrading environment and electrolytes. The more aggressive acid solution to the plain Portland hardened cement paste was the regular mud acid, that showed loss of weight around 23.0 %, followed by the soft mud acid, the showed 11.0 %, 15.0 % HCl with 7,0 % and, at last the 10.0 % HAc plus HF 1.5 % with just 1.0 %. The powdered polyurethane-composite and the aqueous polyurethane one showed larger durability, with reduction around 87.0 % on the loss of weight in regular mud acid. The acid attack is superficial and it occurs as an action layer, where the degraded layer is responsible for the decrease on the kinetic of the degrading process. This behavior can be seen mainly on the Portland- aqueous polyurethane composite, because the degraded layer is impregnated with chemically modified polymer. The fact of the acid attack does not have influence on the compressive strength or fratography of the samples, in a general way, confirms that theory. The mechanism of the efficiency of the Portland-polymers composites subjected to acid attack is due to decreased porosity and permeability related with the plain Portland paste, minor quantity of Ca+2, element preferentially leached to the acidic solution, wave effect and to substitute part of the degrading bulk for the polymeric one. The electrolyte HAc 10 % + HF 1,5 % was the least aggressive one to the external corrosion of the casing, showing open circuit potentials around +250 mV compared to -130 mV to the simulated pore solution to the first 24 hours immersion. This behavior has been performed for two months at least. Similar corrosion rates were showed between both of the electrolytes, around 0.01 μA.cm-2. Total impedance values, insipient arcs and big polarization resistance capacitive arcs on the Nyquist plots, indicating passivity process, confirm its efficiency. In this way, Portland-polymers composites are possible solutions to be succeed applied to oilwell cementing concomitant submitted to steam injection and acidizing operation and the HAc 10,0 % + HF 1,5 % is the less aggressive solution to the external corrosion of the casing. Key-words: Well cementing; Portland; polymers; acidizing; acid attack; electrochemical techniques.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Esquema de perfuração e cimentação de um poço de petróleo (adaptado de BEZERRA, 2006).............................................................................................................20

Figura 2. Bainha de cimento em corte (adaptado de MIRANDA, 1995). ................................20

Figura 3. Detalhe do contato do ácido com a bainha de cimento e o revestimento na acidificação.......................................................................................................................21

Figura 4. Esquema de poço com falha de cimentação (adaptado de DOWELL SCHLUMBERGER apud MARINHO, 2004). ................................................................22

Figura 5. Esquema de poço cimentado (adaptado de VLACHOU; PIAU, 1997 apud FERNANDES, 2007). ......................................................................................................48

Figura 6. Diagrama de Pourbaix de equilíbrio termodinâmico. Potencial versus pH para o sistema Fe-H2O a 25ºC, delimitando os domínios prováveis de corrosão, passivação e imunidade (adaptado de HELENE, 1993). .......................................................................48

Figura 7. Esquema simplificado da célula de corrosão para a corrosão externa na tubulação de revestimento em poços de petróleo. .................................................................................50

Figura 8. Estrutura da dupla camada elétrica (WOLYNEC, 2003)..........................................52

Figura 9. Polarização anódica e catódica de um eletrodo (WOLYNEC, 2003). ......................54

Figura 10. Ilustração da barreira energética, apresentado o significado do coeficiente de transferência - α (PANOSSIAN, 1993)............................................................................56

Figura 11. Variação do potencial de corrosão, em função do tempo, do aço inoxidável AISI 304, em solução de 5 % HNO3 (WOLYNEC, 2003)........................................................60

Figura 12. Variação do potencial de corrosão do zinco, em função do tempo, em solução saturada de hidróxido de cálcio (WOLYNEC, 2003).......................................................61

Figura 13. Curvas de polarização anódica e catódica em um diagrama em que as densidades de corrente assumem valores relativos (WOLYNEC, 2003). ..........................................62

Figura 14. Curvas de polarização anódica (ia) e catódica (ic) em um diagrama monologarítmico, sendo Ee o potencial de equilíbrio e io a densidade de corrente de troca (WOLYNEC, 2003)..........................................................................................................62

Figura 15. Representação esquemática da curva de polarização para a armadura passiva no concreto (adaptado de MIRANDA; BASÍLIO, 1987 apud LIMA, 2000). ......................64

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Figura 16. Curvas de polarização esquemáticas de três elementos, exibindo o comportamento mais resistente à corrosão (curva C) e o mais ativo (curva B) (OSÓRIO, 2004).............65

Figura 17. Esquema de curva de polarização típica de aços inoxidáveis em meio ácido. (adaptado de MAGNABOSCO, 2001 apud BRUNO e MAGNABOSCO, 2005)..........65

Figura 18. Diagrama de Nyquist com o efeito da impedância difusional típico de materiais cimentícios com armaduras de aço (adaptado de CASCUDO, 1997). .............................68

Figura 19. Diagrama de Bode típico, do tipo [log |Z| versus log ω], para um sistema eletroquímico simples (circuito simples de Randles) (adaptado de JOUKOSKI, 2003)..70

Figura 20. Diagrama de blocos relativo à rota experimental....................................................79

Figura 21. Fluxograma indicativo das concentrações de ácidos utilizadas no preparo das soluções utilizadas como eletrólitos e meios degradantes................................................84

Figura 22. Esquema da célula eletroquímica utilizadas nos ensaios eletroquímicos. ..............88

Figura 23. Fluxograma indicativo da rota experimental para obtenção dos corpos-de-prova .90

Figura 24. Fluxograma indicativo da rota experimental dos ensaios. ......................................91

Figura 25. Fluxograma indicativo da rota experimental para as caracterizações dos materiais e resíduos.............................................................................................................................92

Figura 26. Perdas de massa dos corpos-de-prova cúbicos de aresta 5,1 cm em diferentes relações número de corpos-de-prova, volumes de soluções ácidas e atividades de reajuste da concentração da solução ácida. ....................................................................................94

Figura 27. Perdas de massa considerando material degradado aderido à superfície externa dos corpos-de-prova conforme metodologia de Miranda (1995)............................................97

Figura 28. Perdas de massa após retirada do material degradado aderido à superfície externa dos corpos-de-prova. ........................................................................................................98

Figura 29. Comparação das perdas de massa considerando e desconsiderando o material degradado aderido à superfície do corpo-de-prova, verificando a influência de cada solução ácida no peso do produto de degradação formado. .............................................99

Figura 30. Aspectos finais das susperfíces dos corpos-de-prova, após retirada da camada degradada, para ataques ácidos em diferentes sistemas material/solução ácida.............100

Figura 31. Comparativo de resistências à compressão antes e após ataques ácidos em diferentes soluções ácidas para diferentes formulações. ................................................103

Figura 32. Comparativo de microdureza antes e após ataques ácidos em diferentes soluções ácidas para diferentes formulações.................................................................................106

Figura 33. Caracterísiticas da camada degradada de coloração amarelada............................108

Figura 34. Aspecto da camada com aspecto de gel de sal formada na superfície do corpo-de-prova imerso em HAc 10,0 % + HF 1,5 % após 2 meses de imersão. ...........................109

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Figura 35. Aspecto da camada de cristais de sal formada na superfície do corpo-de-prova em contato com atmosfera de corpo-de-prova 80 % imerso em HAc 10,0 % + HF 1,5 % após 2 meses de imersão. ........................................................................................................109

Figura 36. Características microscópicas dos materiais cimentícios após imersão em agente de acidificação com 50x (a) e 1 000x (b). ...........................................................................110

Figura 37. Características microscópicas dos produtos de degradação em HCl 15,0 %, soft mud acid e regular mud acid. .........................................................................................110

Figura 38. Características microscópicas do CaCl2 ...............................................................111

Figura 39. Camadas distintas em corpo-de-prova de pasta de cimento convencional após ataque ácido em HCl 15,0 %. .........................................................................................111

Figura 40. Camada intermediária em corpo-de-prova de pasta de cimento convencional após ataque ácido em HAc 10,0 % + HF 1,5 %......................................................................112

Figura 41. Aspecto do corpo-de-prova da pasta de cimento Portland especial convencional após ataque ácido em regular mud acid. ........................................................................113

Figura 42. Aspecto comparativo dos corpo-de-prova da pasta de cimento Portland especial convencional e adtivada com polímeros após ataque ácido em regular mud acid.........113

Figura 43. Difratogramas evidenciando desaparecimento dos picos da Portlandita no material degradado no compósito Portland-poliuretana em pó e na pasta de cimento convencional após imersão em HCl 15,0 % aos 7 dias de cura............................................................114

Figura 44. Aspecto microscópico da camada de degradação do ataque ácido às pastas de cimento Portland especial convencional ou adicionadas com polímeros em forma de partículas em HCl 15,0 % (a) e em regular mud acid (b). .............................................115

Figura 45. Características microscópicas do ataque ácido à pasta de cimento Portland especial convencional em regular mud acid. ...............................................................................116

Figura 46. Pequena espessura da camada de cor marrom da pasta de cimento Portland convencional após imersão HCl 15,0 % aos 7 dias de cura. ..........................................116

Figura 47. Difratogramas evidenciando redução nos picos da Portlandita nos compósitos poliméricos em relação à pasta de cimento convencional aos 7 dias de cura. ...............117

Figura 48. Micrografias do compósito Portland-2 % de biopolímeros evidenciando a presença de biopolímero em elétrons secundários (a) e elétrons retro-espalhados (b) com 10 000x (adaptado de BEZERRA, 2006). ....................................................................................118

Figura 49. Micrografia com aumento de 200x mostrando o efeito de tortuosidade impresso pela presença das partículas de poliuretana em pó na pasta de cimento endurecida......119

Figura 50. Características microscópicas da morfologia das partículas de poliuretana em pó (a) 100x e (b) 500x. ........................................................................................................119

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Figura 51. Micrografia de superfície fraturada mostrando a excelente ligação das partículas de poliuretana em pó com a matriz cimentícia (a) 200x e (b) 5 000x.................................120

Figura 52. Micrografia de superfície fraturada com 200x de aumento mostrando a débil ligação das partículas de borracha moída com a matriz cimentícia. ..............................120

Figura 53. Micrografia de superfície fraturada com 4 000x de aumento mostrando a distribuição das partículas de biopolímero na matriz cimentícia (BEZERRA, 2006)....121

Figura 54. Características microscópicas da ligação particular de polímero/matriz cimentícia antes do ataque ácido (a) e após ataque ácido em HCl 15,0 % (b).................................122

Figura 55. Características microscópicas da ligação particular de borracha moída/matriz cimentícia após ataque ácido em HAc 10,0 % + 1,5 % HF............................................122

Figura 56. Micrografia obtida em MEV da pasta com 25 % de poliuretana em solução aquosa (aumento de 6 000 x). .....................................................................................................124

Figura 57. Camada degradada em compósito cimento/poliuretana em solução aquosa em amostra fraturada (a) raspado e (b) após ataque em HCl 15,0 %. ..................................125

Figura 58. Camada degradada raspada em compósito cimento/poliuretana em solução aquosa após imersão em mud acid..............................................................................................125

Figura 59. Aspecto da superfície dos corpos-de-prova após ataque ácido em regular mud acid de Portland-poliuretana em solução aquosa (a) e pasta de cimento convencional (b). ..126

Figura 60. Aspecto das três zonas definidas após ataque ácido em pasta de água e cimento e poliuretana em solução aquosa: matriz de cimento não atacada quimicamente, interface e produtos de degradação com 50x (a), 200x (b) e 1 000x (c). .........................................126

Figura 61. Aspecto das quatro zonas definidas após ataque ácido em pasta de água e cimento e poliuretana em solução aquosa via microscopia ótica após imersão em regular mud acid.........................................................................................................................................127

Figura 62. Aspecto microscópico da camada de degradação do ataque ácido às pastas de cimento Portland com poliuretana em solução aquosa em HAc 10,0 % + HF 1,5 %. ...129

Figura 63. Aspecto microscópico da camada de degradação do ataque ácido às pastas de cimento Portland especial com poliuretana em solução aquosa em HCl 15,0 % e mud acids. (a) 50x, (b) 500x e (c) 2 500x. .............................................................................129

Figura 64. Morfologia da camada de degradação macerada após ataque ácido em regular mud acid para (a) compósito Portland-poliuretana em solução aquosa e (b) pasta de cimento Portland convencional. ...................................................................................................130

Figura 65. Difratograma da pasta com 5, 10, 15 e 25 % de poliuretana em solução aquosa aos 28 dias de cura (adaptado de NASCIMENTO, 2006). ...................................................132

Figura 66. Mapeamento por EDS/MEV dos elementos Si, S, Al, Fe, Mg, Ca e Cl em amostra de seção transversal após imersão em regular mud acid.após ataque ácido em HCl 15,0

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% (a) pasta de cimento convencional e (b) compósitos com poliretana em solução aquosa. ............................................................................................................................133

Figura 67. Difratogramas evidenciando produtos de degradação da pasta e cimento Portland convencional após imersão em diferentes meios ácidos aos 7 dias de cura. ..................134

Figura 68. Mapeamento por EDS/MEV dos elementos Si, Mg, Fe, Al, Ca, F e Cl em amostra de seção transversal após imersão em regular mud acid (a) pasta de cimento convencional e (b) compósitos com poliretana em solução aquosa. ..............................135

Figura 69. Mapeamento por EDS/MEV dos elementos Si, Mg, Fe, Al, Ca, F e O em amostra de seção transversal após imersão em mistura de HAc 10,0 % + HF 1,5 % (a) pasta de cimento convencional e (b) compósitos com poliretana em solução aquosa. ................136

Figura 70. Qualidade da interface aço/material cimentício nos corpos-de-prova para medidas eletroquímicas.................................................................................................................139

Figura 71. Camada rica em cálcio formada na superfície do aço, observada em amostras após 4 meses de moldagem e 28 dias de cura em água a 38ºC...............................................139

Figura 72. Curvas de potencial de circuito aberto versus tempo para os primeiros 1500 minutos de imersão com estabilização do sistema pasta de cimento convencional reforçada com aço carbono.............................................................................................141

Figura 73. Medidas de PCA ao longo de 2 meses de exposição da pasta de cimento convencional reforçada com aço carbono em diferentes meios. ...................................142

Figura 74. Curvas de polarização potenciodinâmicas após 24 horas de exposição da pasta de cimento convencional reforçada com aço carbono e diferentes meios. ........................144

Figura 75. Gráfico de Nyquist para o aço carbono imerso em pasta de cimento endurecida após 3 horas de exposição em HCl 15,0 % e HAc 10,0 % + HF 1,5 %, temperartura ambiente e espectros relativos à solução simuladora. ....................................................147

Figura 76. Gráfico de Bode impedância para o aço carbono imerso em pasta de cimento endurecida após 3 horas de exposição em HCl 15,0 % e HAc 10,0 % + HF 1,5 %, temperartura ambiente e espectros relativos à solução simuladora................................148

Figura 77. Gráfico de Nyquist para o aço carbono imerso em pasta de cimento endurecida após 4 dias de exposição em HCl 15,0 %, regular mud acid e HAc 10,0 % + HF 1,5 %, temperartura ambiente e espectros relativos à solução simuladora dos poros. ..............149

Figura 78. Gráfico de Bode impedância para o aço carbono imerso em pasta de cimento endurecida após 4 dias de exposição em HCl 15,0 %, regular mud acid e HAc 10,0 % + HF 1,5 %, temperartura ambiente e espectros relativos à solução simuladora dos poros.........................................................................................................................................149

Figura 79. Gráfico de Nyquist para o aço carbono imerso em pasta de cimento endurecida após 15 dias de exposição em HCl 15,0 %, regular mud acid e HAc 10,0 % + HF 1,5 %, temperartura ambiente e espectros relativos à solução simuladora dos poros. ..............150

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Figura 80. Gráfico de Bode impedância para o aço carbono imerso em pasta de cimento endurecida após 15 dias de exposição em HCl 15,0 %, regular mud acid e HAc 10,0 % + HF 1,5 %, temperartura ambiente e espectros relativos à solução simuladora dos poros.........................................................................................................................................150

Figura 81. Gráficos de Nyquist (a), Bode impedância (b) e Bode fase (c) para o aço carbono imerso em pasta de cimento endurecida na presença da solução simuladora do conteúdo internos dos poros à temperatura ambiente ao longo do tempo de exposição................153

Figura 82. Gráficos de Nyquist (a), Bode impedância (b) e Bode fase (c) para o aço carbono imerso em pasta de cimento endurecida na presença de HCl 15,0 % à temperatura ambiente ao longo do tempo de exposição.....................................................................153

Figura 83. Gráficos de Nyquist (a), Bode impedância (b) e Bode fase (c) para o aço carbono imerso em pasta de cimento endurecida na presença de regular mud acid à temperatura ambiente ao longo do tempo de exposição.....................................................................154

Figura 84. Gráficos de Nyquist (a), Bode impedância (b) e Bode fase (c) para o aço carbono imerso em pasta de cimento endurecida na presença da solução HAc 10,0 % + HF 1,5 % à temperatura ambiente ao longo do tempo de exposição..........................................155

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Produtos hidratados do cimento Portland, destacando compostos anidros (adaptado de LIMA, 2004; NASCIMENTO, 2006)..........................................................................29

Tabela 2. Solubilidade de alguns sais de cálcio em ácidos (adaptado de ZÍVIKA and BAJZA, 2001).................................................................................................................................40

Tabela 3. Reações prováveis em um processo de corrosão do aço (adaptada de GOMES and BARRETO, 1979; POPOVICS, 1983), compiladas por Helene (1993). ........................51

Tabela 4. Parâmetros comumente relacionados a curvas de polarização em materiais cimentícios com armaduras de aço...................................................................................66

Tabela 5. Revisão da literatura para parâmetros relacionados à Espectroscopia de impedância eletroquímica em materiais cimentícios. ..........................................................................73

Tabela 6. Revisão da literatura para meio simulador de eletrólito em materiais cimentícios. .76

Tabela 7. Formulações pesquisadas frente ao ataque ácido. ....................................................78

Tabela 8. Materiais utilizados e suas respectivas procedências. ..............................................82

Tabela 9. Equipamentos utilizados com respectivas aplicações...............................................83

Tabela 10. Características físicas do cimento Portland especial (CIMESA, 2006). ................85

Tabela 11. Características químicas do cimento Portland especial (CIMESA, 2006). ............85

Tabela 12. Características e propriedades da poliuretana em solução aquosa (Cromptom Unoroyal Chemical - Boletim Técnico de Descrição do Produto). ..................................86

Tabela 13. Distribuição granulométrica da borracha triturada. ................................................86

Tabela 14. Composição química do aço SAE 1045 (Gerdau S. A.).........................................86

Tabela 15. Teor dos compostos via FRX na camada degradada dos compósitos Portland-poliuretana em solução aquosa após ataques ácidos em diferentes meios. ....................128

Tabela 16. Teor dos elementos identificados por absorção atômica na solução ácida remanescente dos compósitos Portland-poliuretana em solução aquosa após ataques ácidos em diferentes meios.............................................................................................128

Tabela 17. Porcentagens dos elementos via FRX da camada degradada após imersão em HCl 15,0 %.............................................................................................................................135

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Tabela 18. Comparação entre os valores do potencial de corrosão (Ecorr) e potencial de corrente nula (E (i=0)) para os compósitos em estudo nos diferentes eletrólitos. ............144

Tabela 19. Ficha de segurança resumida para o ácido acético (adaptado de F. Maia Indústria e Comércio Ltda - fichas de segurança: de acordo com a norma NBR 14725 baseada na FISPQ - ISO 11014:1994 ). ............................................................................................162

Tabela 20. Ficha de segurança resumida para o ácido clorídrico (adaptado de F. Maia Indústria e Comércio Ltda - fichas de segurança: de acordo com a norma NBR 14725 baseada na FISPQ - ISO 11014:1994 )...........................................................................163

Tabela 21. Ficha de segurança resumida para o ácido fluorídrico (adaptado de F. Maia Indústria e Comércio Ltda - fichas de segurança: de acordo com a norma NBR 14725 baseada na FISPQ - ISO 11014:1994 )...........................................................................164

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

# Abertura mesh da peneira

a Coeficiente angular de Tafel

% Percentagem

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

API American Petroleum Institute

b Constante empírica de Tafel

BSW Basic Sediments and Water

C Capacitor

C2F Fluorato dicálcico

C2S Silicato dicálcico (belita)

C3A Aluminato tricálcico (celita)

C3S Silicato tricálcico (alita)

C4AF Ferroaluminato tetracálcico (ferrita)

Ca(OH)2 Hidróxido de cálcio (Portlandita)

Cdc Capacitância da dupla camada

CGL Camada de Gouy-Chapman

CH Hidróxido de cálcio (Portlandita)

CH3 - CH ( OH ) - COOH Ácido lático

CIMESA Cimento Sergipe S. A.

cm Centímetro

CPE Elemento de fase constante

CPP Cimento Portland para Poços de Petróleo

C-S-H Silicato de cálcio hidratado

ddp Diferença de potencial

DRX Difração de Raios x

E Potencial de eletrodo

EAA Espectroscopia de Absorção Atômica

E(i=0) Potencial de equilíbrio

Ecorr Potencial de corrosão

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Ei Potencial inicial

Epp Potencial passivo primário

Etp Potencial transpassivo

EIE Espectroscopia de impedância eletroquímica

fac Fator água-cimento

FRX Fluorescência de Raios x

g Grama

HAc Ácido acético

HCl Ácido clorídrico

HCOOH Ácido fórmico

HDL Dupla camada de Helmholtz

HF Ácido fluorírico

H2SO4 Ácido sulfúrico

H3PO4 Ácido fosfórico

IBRACON Instituto Brasileiro do Concreto

i Densidade de corrente

i0 Densidade de corrente de troca

i0a Densidade de corrente de troca para a reação anódica

i0c Densidade de corrente de troca para a reação catódica

LABCIM Laboratório de Cimentos da UFRN - Petrobras, Natal/RN

MEV Microscopia eletrônica de varredura

MPa Megapascal

Mud acid Mistura de HCl 12 % e HF 3 %

NACE National Association of Corrosion Engineers

NBR Norma Brasileira Registrada ºC Graus Celsius

Pa Pascal

PA Pureza analítica

PCA Potencial de circuito aberto

Petrobras Petróleo Brasileiro Sociedade Anônima

pH Potencial hidrogeniônico

PU Poliuretana

RC Resistência à compressão

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Rc Resistência do concreto

Rf Resistência do filme

Rp Resistência de polarização

rpm Rotações por minuto

Rt Resistência de transferência de carga

SCE Eletrodo de calomelano saturado

SiC Carbeto de silício

SPE Society of Petroleum Engineers

η Sobrepotencial ou sobretensão

ηa Sobrepotencial para a reação anódica

ηc Sobrepotencial para a reação catódica

ηA Polarização por ativação

ηC Polarização por concentração

ηR Polarização de resistência

ηX Polarização de cristalização

α Fator de transferência ou simetria

αa Fator de transferência anódico

αc Fator de transferência catódico

λλλλ Taxa de corrente

ττττ Constante de tempo do circuito

φφφφ Potencial elétrico

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SUMÁRIO

EPÍGRAFE

DEDICATÓRIA

AGRADECIMENTOS

RESUMO

ABSTRACT

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................17

2 INTERDEPENDÊNCIA ENTRE A ACIDIFICAÇÃO E A CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO .......................................................................................................................20

3 ESTADO DA ARTE DO ATAQUE ÁCIDO À BAINHA CIMENTANTE........................23

4 ESTADO DA ARTE DA CORROSÃO EXTERNA DO REVESTIMENTO......................25

5 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................................27

5.1 Degradação de materiais cimentícios em meios ácidos......................................................27

5.1.1 Cimento Portland especial ...............................................................................................27

5.1.2 Alterações na pasta de cimento endurecida devido à adição de polímeros que podem

interferir no ataque ácido e proteção à corrosão do aço embutido ...........................................30

5.1.2.1 Polímeros como carga nas pastas de cimento Portland ................................................31

5.1.2.1.1 Poliuretana em pó ......................................................................................................32

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5.1.2.1.2 Biopolímero em pó ....................................................................................................32

5.1.2.1.3 Borracha triturada ......................................................................................................33

5.1.2.2 Polímeros formadores de filme em dispersão aquosa - látex .......................................34

5.1.2.2.1 Poliuretana em solução aquosa..................................................................................37

5.1.3 Sistemas ácidos utilizados em acidificação de poços de petróleo ...................................37

5.1.3.1 Grau de agressividade dos ácidos.................................................................................39

5.1.4 Ação dos ácidos nos materiais cimentícios hidratados....................................................40

5.1.4.1 Ácido clorídrico............................................................................................................42

5.1.4.2 Ácido fluorídrico e mud acid........................................................................................45

5.1.4.3 Ácido acético ................................................................................................................45

5.2 Corrosão externa da tubulação de revestimento .................................................................47

5.2.1 Noções básicas de corrosão eletroquímica ......................................................................52

5.2.2 Cinética da corrosão eletroquímica .................................................................................53

5.2.2.1 Polarização por ativação...............................................................................................55

5.2.2.2 Polarização por concentração .......................................................................................58

5.2.2.3 Polarização de resistência.............................................................................................58

5.2.3 Emprego de técnicas eletroquímicas da interface tubulação de revestimento/pasta de

cimento endurecida...................................................................................................................59

5.2.3.1 Potencial de circuito aberto (PCA)...............................................................................59

5.2.3.2 Curvas de polarização...................................................................................................61

5.2.3.3 Espectroscopia de impedância eletroquímica...............................................................66

5.2.3.3.1 Peculiaridades no uso da Espectroscopia de impedância eletroquímica para materiais

cimentícios com armaduras de aço...........................................................................................71

5.2.4 Comportamento eletroquímico dos aços em soluções simulando a fase líquida contida

nos poros ..................................................................................................................................76

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6 METODOLOGIA EXPERIMENTAL..................................................................................78

6.1 Introdução...........................................................................................................................78

6.2 Materiais e equipamentos ...................................................................................................80

6.3 Obtenção dos corpos-de-prova, ensaios e caracterizações .................................................86

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................................93

7.1 Introdução...........................................................................................................................93

7.2 Estudos de durabilidade......................................................................................................93

7.2.1 Determinação do volume necessário de solução ácida para o ataque ácido....................93

7.2.2 Avaliação da perda de massa das pastas de cimento endurecidas em soluções ácidas ...95

7.2.3 Influência das soluções ácidas na resistência à compressão da pasta de cimento

endurecida ..............................................................................................................................101

7.2.4 Influência das soluções ácidas na microdureza da pasta de cimento endurecida..........104

7.3 Caracterização e entendimento cinético e mecanístico do ataque ácido às pastas de cimento endurecidas ...............................................................................................................107

7.3.1 Comportamento dos compósitos Portland-polímeros em pó frente ao HCl 15,0 %, soft

mud acid, regular mud acid e mistura de HAc 10,0 % e HF 1,5 %........................................107

7.3.2 Comportamento dos compósitos Portland-poliuretana em solução aquosa frente ao HCl

15,0 %, soft mud acid, regular mud acid e mistura de HAc 10,0 % e HF 1,5 % ...................123

7.3.3 Mapeamento por EDS das seções transversais de corte das amostras de pasta de cimento

Portland convencional e compósito com poliuretana aquosa atacadas em HCl 15,0 %, soft

mud acid, regular mud acid e mistura de HAc 10,0 % e HF 1,5 %........................................132

7.4 Influência das soluções ácidas no caráter agressivo do ambiente da formação ...............138

7.4.1 Caracterização da interface ácido-material cimentício..................................................139

7.4.2 Determinação do potencial de circuito aberto ...............................................................140

7.4.3 Curvas de polarização....................................................................................................143

7.4.4 Espectroscopia de impedância eletroquímica................................................................146

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8. CONCLUSÕES..................................................................................................................157

9. PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS..............................................................160

ANEXO A. NORMAS DE SEGURANÇA NO LABORATÓRIO PARA TRABALHOS COM ÁCIDOS .......................................................................................................................161

ANEXO B - FICHAS DE SEGURANÇA PARA OS ÁCIDOS UTILIZADOS NO TRABALHO ..........................................................................................................................162

ANEXO C – FOTOGRAFIAS ACERCA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO TRABALHO ..........................................................................................................................166

ANEXO D – GLOSSÁRIO....................................................................................................167

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................170

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1 INTRODUÇÃO

Uma das importantes etapas da perfuração de um poço de petróleo é a cimentação. As

pastas de CPP Classe G, comumente utilizadas na cimentação de poços de petróleo,

correspondiam com sucesso às expectativas até a necessidade surgente no mercado de

explorar fluidos com características diversas como os óleos pesados que, por não fluírem com

facilidade, devido à alta viscosidade (MOCZYDLOWER, 2005), necessitam de técnicas de

recuperação secundárias, sendo as principais a injeção de vapor e a acidificação da matriz,

ambas deletérias à cimentação. As conseqüências vão desde perda hidráulica com aumento do

BSW, impactos ambientais por contaminação de óleo ou gás (RUNYAN, 1974) até mesmo de

perda do poço (ALMEIDA, 1977; NELSON, 1990; VICENTE e GARCIA, 1992; THOMAS,

2001; CAMPOS et al., 2002; LIMA, 2004; MARINHO, 2004).

A injeção de vapor propicia o aparecimento de trincas na frágil bainha cimentante

frente às cargas termo-mecânicas; já a acidificação degrada os elementos das pastas de

cimento endurecida, de semelhante composição química e mineralógica à rocha matriz

(MUMALLAH, 1991; MIRANDA, 1995; VORDERBRUGGEN and KAARIGSTAD, 2006).

A recuperação de óleos pesados com injeção de vapor, já reportada por Cain e

Shryock (1966) na Califórnia, é tipicamente usada na região Nordeste do Brasil, notadamente

nos campos de Fazenda Belém, Estreito, Alto do Rodrigues, Canto do Amaro, Castanhal,

Sirizinho e Carmópolis (MOCZYDLOWER, 2005). Em função disto, o LABCIM, em

projetos conjuntos com a Petrobras, tem estudado a adição de polímeros na pasta cimentante

visando aumentar a tenacidade das bainhas cimentantes. As adições propostas têm se

mostrado promissoras candidatas à solução do problema em questão (LIMA, 2004;

MARINHO, 2004; BEZERRA, 2006; NASCIMENTO, 2006).

Por outro lado, as operações de acidificação são bastante empregadas, pois mesmo

com riscos de comprometer a integridade da bainha, são altamente lucrativas, atraentes e

apresentam resultados muito satisfatórios (MOTTA, 1996) em termos de aumento de

produção. Além da acidificação, quando há injeção de vapor atravessando zonas salinas, tem-

se geração de HCl, corroborando na corrosão das colunas de revestimento. Moczydlower

(2005) ressaltou em sua palestra casos reais de problemas com produções ácidas a partir de

zonas salinas com o aumento da temperatura em Sergipe e Alagoas.

Apesar de o conhecimento do mecanismo de ataque ácido às pastas de cimento

Portland convencionais comumente utilizadas em operações de cimentação (BRADY et al.,

1989; BLOUNT et al., 1991; CARPENTER and EDWARDS, 1994; MIRANDA, 1995; DA

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Introdução

18

MOTTA et al., 1996; SILVA et al., 1996; MIRANDA and GOLD, 1997), os mecanismos

dessa ação deletéria após a adição de polímeros à mistura, necessitam ser desvendados, pois

de nada adianta resolver o problema da tenacidade da bainha de cimento, se os materiais

propostos não têm comportamento satisfatório frente ao ácido. A solução tem que atender aos

dois critérios para ter viabilidade de emprego em campo: aumento de tenacidade sem perda de

durabilidade, além de estar adequada a todas as caracterizações necessárias para ser

enquadrada como uma pasta cimentante, segundo as normalizações da API Spec. 10A e API

Spec. 10B.

As falhas na bainha cimentante propiciam também aumento nos processos corrosivos,

uma vez que há maior exposição do revestimento à ação eletrolítica das águas e agentes

agressivos (HARARI and KING, 1990), causando corrosão externa em essa tubulação

(SUDBURY et al., 1955; AGIZA and AWAR, 1983; TOOR, 1983; BAZZARI, 1989). Além

disso, no caso da acidificação, o caráter mais ácido do ambiente da formação, após as

operações, intensificam a deterioração.

O sucesso na proteção da corrosão externa do revestimento está na bainha cimentante,

seus materiais e qualidade. Harari e King (1990) dizem que problemas de corrosão externa

nas tubulações de revestimento de petróleo são tão constantes que esforços como proteção

catódica e uso de ligas de elevada resistência à corrosão têm sido utilizados, mas como

envolvem um custo adicional aos sistemas, o estudo para efetuar uma correta cimentação

primária com pastas de cimento que favoreçam, física e quimicamente, a proteção do aço é a

melhor alternativa.

Um positivo comportamento no sentido de proteção à corrosão externa da tubulação

de revestimento irá corroborar com mais um passo para a aplicação de compósitos com

polímeros em campo, bem como a avaliação eletroquímica irá orientar de forma mais

adequada as novas formulações ácidas e de materiais que sejam passíveis de emprego na

cimentação de poços de petróleo expostos a operações de acidificação, pois não é de interesse

científico e operacional que o compósito utilizado na cimentação seja resistente ao ataque

ácido e, paralelamente, um precursor da corrosão eletroquímica da coluna de revestimento.

Assim, busca-se com caráter inovador entender os mecanismos de ação do ataque

ácido a materiais compósitos Portland especial/polímeros propostos pelo LABCIM, em suas

melhores formulações até então estudadas (LIMA, 2004; BEZERRA, 2006; NASCIMENTO,

2006; VALE et al., 2006), bem como caracterizar sua eficiência na capacidade de proteção

física e química de aços contra a corrosão induzida por esses ambientes hostis. Também

constitui uma proposição nova a avaliação das propriedades mecânicas após o ataque ácido.

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Introdução

19

Para tanto, no âmbito do estudo da durabilidade, pretendeu-se comparar a perda de

massa dos compósitos Portland-polímeros com a da pasta de cimento Portland convencional

(referência) em HCl 15,0 %, mud acid e mistura de HAc 10,0 % e HF 1,5 %, bem como, ao

final, selecionar o sistema Portland-polímero-ácido de melhor comportamento quanto à perda

de massa frente aos ataques ácidos.

Estudar os mecanismos de ataque ácido para os compósitos Portland-polímeros, com o

auxílio das caracterizações dos materiais degradados empregando DRX, FRX, EAA e MEV,

foi uma etapa importante para o entendimento dos processos degradantes.

Além disso, também se objetivou, como complementação das análises, verificar o

desenvolvimento da microestrutura das pastas de cimento endurecidas, antes e após o ataque

ácido, e relacioná-lo com as propriedades mecânicas e de durabilidade, utilizando-se as

técnicas de determinação de porosidade e permeabilidade e MEV. Por fim, avaliou-se a

interferência do ataque ácido na resistência à compressão, fratografia e microdureza, após a

exposição ao meio agressivo, tanto na pasta de cimento Portland convencional (referência),

como nos compósitos.

Já no âmbito da eletroquímica, objetivou-se avaliar com o emprego do

acompanhamento do potencial de circuito aberto com o tempo, os sistemas

compósitos/eletrólitos ácidos menos susceptíveis à corrosão. Comparou-se, na seqüência, a

velocidade de corrosão dos sistemas através do emprego das técnicas de curvas de polarização

com extrapolação das retas de Tafel. Ao final, comparou-se a agressividade quanto à corrosão

dos eletrólitos utilizados na acidificação de poços de petróleo com um eletrólito que simule o

conteúdo interno dos poros da pastas de cimento endurecidas (referência), bem como

identificar o compósito Portland-polímero que protege física e quimicamente com maior

eficiência a barra de aço nele imersa.

Em termos de EIE, avaliou-se sua potencialidade para o estudo da determinação do

tempo de despassivação e possível início da corrosão das armaduras imersas em pastas de

cimento Portland endurecidas com ou sem polímeros expostos a meios ácidos, verificando as

características eletroquímicas dos diferentes sistemas.

O sucesso do trabalho resultará em grandes benefícios para as empresas que trabalham

com cimentação de poços de petróleo offshore contendo óleos pesados. Entre esses

benefícios, pode-se destacar: minimização dos custos operacionais e de manutenção, não

interrupção da produção do poço e conseqüente melhoria na qualidade dos produtos, o que

otimiza a produção. Outro benefício significativo é a redução quase total da probabilidade de

perda do poço e aumento da segurança ambiental e ao seres vivos.

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2 INTERDEPENDÊNCIA ENTRE A ACIDIFICAÇÃO E A CIMENTAÇÃO DE

POÇOS DE PETRÓLEO

A cimentação consiste em se injetar pasta de cimento sob pressão, de modo que venha

a se alojar no espaço anular entre a tubulação de revestimento e a formação geológica

adjacente, conforme seqüência mostrada na figura 1. Nesse esquema se pode ver em A a

perfuração das camadas rochosas, em B o posicionamento do tubo de revestimento e anular,

em C o deslocamento da pasta de cimento pelo interior do revestimento para preencher o

anular e em D seu aspecto final. Posteriormente é realizada operação de canhoneio: tiros que

abrirão caminhos de acesso ao óleo nas zonas de interesse, conforme pode ser visto em E.

Uma vista superior de um poço de petróleo cimentado e canhoneado pode ser visualizada na

figura 2.

Figura 1. Esquema de perfuração e cimentação de um poço de petróleo (adaptado de

BEZERRA, 2006).

Figura 2. Bainha de cimento em corte (adaptado de MIRANDA, 1995).

Formação

Canhoneado

Revestimento

Anular cimentado

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Interdependência entre a acidificação e a cimentação de poços de petróleo

21

A cimentação está sujeita a atravessar as mais diversas zonas, contendo águas

eletrolíticas, óleo, gases, fluidos corrosivos, contaminantes, entre outros, degradando a bainha

cimentante. Os ácidos podem ser provenientes da própria formação geológica, como é o caso

do HCl, HF, H3PO4 e H2SO4, gerados a partir de produtos excretados por microorganismos

em processos microbiológicos do petróleo, de forma que há inúmeras bactérias que excretam

ácidos como produtos de sua atividade celular (MAGOT et al., 2000), principalmente nos

sistemas em que há injeção de água produzida (MAXWELL, 2006); ou, em maior

intensidade, provenientes de processos de acidificação de poços de petróleo.

Um dos fatos que pode indicar a real existência de bactérias nos poços da região

Nordeste é a presença de óleos pesados, já que para Head et al. (2003), essas bactérias

redutoras de sulfato podem ser responsáveis por essa característica. Ainda, altas

concentrações de H2S reportadas em campos maduros dessa região, provavelmente sejam

decorrentes também da ação desses microorganismos através do denominado efeito souring

(TANAKA et al., 2002).

No caso da atividade de acidificação (BRYANT and BULLER, 1990;

MORGENTHALER et al., 1997; KE and BOLES, 2004) o problema é mais crítico, porque

além do ácido ter uma concentração muito mais elevada que nos casos anteriores, seu contato

com a bainha cimentante adjacente aos canhoneados é inevitável, uma vez que é injetado no

interior do revestimento e atinge a formação, através dessa intercomunicação, podendo

também o meio agressivo penetrar atingindo as interfaces revestimento/bainha de cimento

e/ou bainha de cimento/formação, conforme pode ser visualizado na figura 3. Muitos

problemas têm sido detectados em poços relativos à degradação da cimentação de bainha

cimentante após operações de acidificação (VICENTE e GARCIA, 1992; MIRANDA, 1995;

MIRANDA and GOLD, 1997).

CANHONEADO

ÁCIDO SOBPRESSÃO

RE

VE

STIM

EN

TO

BA

INH

AD

EC

IME

NT

O

Figura 3. Detalhe do contato do ácido com a bainha de cimento e o revestimento na

acidificação.

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Interdependência entre a acidificação e a cimentação de poços de petróleo

22

Embora existissem controvérsias acerca dos efeitos dos ácidos nas pastas de cimento

endurecidas, tradicionalmente a comunidade técnico-científica afirmava que o tempo de

contato era pouco e ainda haveria a formação de uma camada protetora, que impediria a

continuidade da reação, sendo mínimas as chances de uma cimentação se romper (BRADY et

al., 1989; SILVA et al., 1996).

No entanto, a realidade dos dados de campo era totalmente oposta (BRADY et al.,

1989; SILVA et al., 1996), com muitas falhas em cimentações primárias e secundárias após

operações de acidificação. Miranda (1995) e Silva et al. (1996) acrescentam que, em muitos

casos, a análise de perfis acústicos ocorridos antes e depois das operações de acidificação

comprovam perda de aderência, bem como testes de injetividade em intervalos com

isolamento hidráulico passaram a apresentar intercomunicação.

Segundo Mehta e Monteiro (1994), as conseqüências vão desde perda de alcalinidade

e massa, aumento de porosidade e permeabilidade, perda de resistência e rigidez, até

fissurações e deformações (VICENTE e GARCIA, 1992), conforme podem ser vistos

esquematicamente na figura 4.

Figura 4. Esquema de poço com falha de cimentação (adaptado de DOWELL

SCHLUMBERGER apud MARINHO, 2004).

Apesar do dano permanente causado pelo contato bainha de cimento/ácido poder ser

reparado, operações de squeeze e recimentação são economicamente inviáveis pelo alto custo

e necessidade de interditar o poço durante o reparo (TOOR, 1983; FARKAS et al., 1999), o

que gera necessidade de estudos que minimizem os danos à bainha cimentante.

Bainha cimentante

Revestimento exposto

Falhas na cimentação

Formações adjacentes

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3 ESTADO DA ARTE DO ATAQUE ÁCIDO À BAINHA CIMENTANTE

Brady et al. (1989) reportam experiências de campo de falhas na cimentação de poços

de petróleo, após operações de acidificação, e quantificam a perda de massa de corpos-de-

prova confeccionados com pastas de cimento convencionais frente a diferentes ácidos, entre

eles o HCl 15,0 %. Os autores descrevem o método laboratorial utilizado para quantificar a

perda de massa e concluem que pastas de cimento têm significantes perdas de massa quando

expostas ao HCl, regular mud acid e ácido cítrico, sendo as maiores perdas de massa em

regular mud acid. Apesar de pouco discutir sobre o processo de ataque ácido, os autores

dizem que aparentemente o cimento forma uma película de proteção composta de sílica

amorfa que retarda ou inibe a reação com o HCl.

Blount et al. (1991) tratam especificamente da degradação de pastas de cimento

convencional, utilizadas em poços de petróleo, frente ao mud acid. Os autores, utilizando o

método laboratorial proposto por Brady et al. (1989), comparam a solubilidade de

formulações de pasta de cimento contendo látex, cinza volante e menor teor de água,

apontando a formulação com látex como a mais eficiente para minimizar o ataque do cimento

pelo ácido. No entanto, alerta-se para o fato de que Blount et al. (1991) não terem realizado

testes com formulações de pasta de cimento convencionais, utilizadas em cimentações de

produção, para verificar desempenho das mesmas em relação à resistência ao ácido das pastas

com látex e nem avaliaram as propriedades físicas da pasta de cimento após o ataque ácido.

Carpenter e Edwards (1994) propuseram nova metodologia, suprimindo falhas nos

procedimentos até então utilizados (BRADY et al., 1989; BLOUNT et al., 1991;

CARPENTER and EDWARDS, 1994). No entanto, não avaliaram o mecanismo de ataque

ácido; apenas metodologias e perdas de massa de pastas de cimento convencionais, cimentos

resistentes a ácidos e cimentos de partículas pequenas resistentes a ácidos.

Miranda (1995) avaliou ataque ácido em pastas de cimento convencionais

confeccionadas com CPP Classe G e o HCl 15,0 % foi um dos ácidos pesquisados. Quanto ao

mecanismo de ataque desse ácido, a autora diz que amostras com maior quantidade de

Portlandita apresentaram maior grau de ataque ácido, ou seja, maior perda de massa, devido à

Portlandita ser solúvel em HCl. Por fim, ela conclui que a reação entre o corpo-de-prova de

cimento e o ácido ocorre apenas na superfície do corpo-de-prova, ressaltando que a parte

interna apresenta a composição química original, ou seja, a composição de um corpo-de-prova

não atacado (MIRANDA, 1995).

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Estado da arte do ataque ácido à bainha cimentante

24

Miranda (1995) também estudou a influência da mudança da temperatura e pressão de

cura das pastas de cimento no ataque ácido com mud acid, trabalhando com duas condições:

27ºC associada à pressão atmosférica e 93ºC associada a 20,7 MPa (3 000 psi). Em ensaios

preliminares, essa autora verificou que os corpos-de-prova de cimento (pasta pura) curados

sob pressão e temperatura mais elevadas foram mais resistentes ao ataque ácido do que os

curados a temperatura e pressão mais baixas, com perdas de massa de 47 % e 58 %,

respectivamente, além de não terem sido observadas diferenças na composição química das

pastas, nem das soluções ácidas, após o ataque ácido, sob as diferentes condições. Assim,

trabalhando com temperaturas de cura e pressões mais baixas, pelo material ser menos

resistente ao ataque ácido, não há problema, uma vez que se estaria trabalhando em uma

situação mais crítica do processo. Além do mais, como os testes são comparativos, basta

manter as mesmas condições para todos os ensaios.

Silva et al. (1996) propuseram medidas a fim de otimizar processos de cimentação

frente a operações de acidificação de poços de petróleo, dizendo se tratar da chave para o

sucesso de minimização nas degradações causadas pela ação do ácido à bainha cimentante.

Relatam casos de falhas em campo, metodologia laboratorial, bem como discorrem acerca da

influência de alguns fatores no ataque ácido ao cimento: densidade da pasta de cimento,

defeitos de superfície, profundidade do ataque ácido e composição da pasta cimentante. Para

os dados experimentais, os autores utilizaram um simulador de Fundo de Poço desenvolvido

pelo Laboratório de Simulação Física do Centro de Pesquisas da Petrobras

(CENPES/Petrobras), por meio do qual simularam comportamento em larga escala, sendo

capaz de trabalhar dinamicamente como um poço de petróleo submetido à injeção de ácido,

com pressões, temperatura e volumes adequados ao processo real.

Miranda e Gold (1997) estudaram também o ataque ácido a pastas de cimento

convencionais e com látex utilizadas em poços de petróleo, expondo desde a metodologia

experimental empregada até a análise do processo de ataque ácido a pastas de cimento

convencionais através da observação das pastas de cimento antes e após o ataque ácido, bem

como da solução ácida proveniente do processo. No entanto, esses autores utilizaram apenas o

mud acid como meio agressivo, não utilizando o HCl isoladamente.

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4 ESTADO DA ARTE DA CORROSÃO EXTERNA DO REVESTIMENTO

A preocupação e os custos com reparo por corrosão externa do revestimento são

problemas antigos das indústrias de petróleo (VAN and MILLS, 1926). Há trabalhos que

reportam a causa dessa corrosão externa, estudos de caso e custos em campo (VAN and

MILLS, 1926; BIGNELL, 1930; SUDBURY et al., 1955; SCHREMP et al., 1961; AGIZA

and AWAR, 1983; BAZZARI, 1989; HARARI and KING, 1990; DETHLEFS et al., 2006).

A grande preocupação na linha de injeção de ácido no poço é com o contato do ácido

direto com o aço, pelo interior do revestimento, ao ser bombeado. A maior parte dos

trabalhos, assim, envolvem a utilização das técnicas eletroquímicas para avaliar a eficiência

de inibidores de corrosão (MOTTA, 1996; SANT´ANNA, 1999; GUEDES e AOKI, 2002;

OLIVEIRA et al., 2002; ALENTEJANO e AOKI, 2003; CARDOSO et al., 2003;

VORDERBRUGGEN and KAARIGSTAD, 2006). Entretanto, há poucos trabalhos que

estudem a ação da camada passivante na superfície do aço da tubulação de revestimento em

função de seu contanto com a bainha cimentante, como é comumente avaliado no caso do

concreto armado. Também não foram localizados trabalhos envolvendo eletrólitos ácidos

nesse caso específico.

Destaca-se que o fato de levar em consideração, nesse trabalho, os eletrólitos sem

inibidores de corrosão para avaliação eletroquímica é uma situação que está passível de

acontecer no campo, seja por falha do inibidor ou por serem absorvidos pela rocha matriz,

diminuindo sua eficiência. Assim, não se sabe, ao certo, quando em contato com o ambiente

natural da formação por quanto tempo a ação do inibidor de corrosão atuará, mas o caráter

mais ácido do ambiente é fatídico. Ademais, acredita-se que, ao se trabalhar em situações

extremas, os processos ficam mais fáceis de serem identificados e pesquisados, devido à

dimensão das conseqüências serem mais críticas; além disso, uma vez caracterizado o sistema

na condição extrema, sabe-se que na prática da cimentação os danos serão de menor porte.

Em trabalho intitulado Monitoring short-term corrosion rates in some oilwell cements,

Harari e King (1990) realizaram estudos analisando, comparativamente, taxas de corrosão

momentâneas e ao longo do tempo de um aço carbono imerso em pastas de cimento

endurecidas formuladas com CPP Classe G e ASTM Tipo I, utilizando como eletrólitos água

destilada e uma solução sintética que tem como objetivo formular ambientes carbonáticos.

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Estado da arte da corrosão externa do revestimento

26

Muitos autores têm pesquisado, segundo discorre Garces et al. (2005), o

comportamento do aço em soluções de caráter básico e ácido (WHITMAN et al., 1923;

EVANS, 1948; KEDDAM et al., 1981; TODT, 1981; STERN and ROTH, 1957;

BARNARTT, 1971), todos citados por Garces et al. (2005). No entanto, estudos mais

específicos têm sido feitos com HCl ou FeCl2 (STERN and ROTH, 1957; BARNARTT,

1971; POURBAIX, 1973; VAN MUYLDER et al., 1975; BROWN, 1970; WHITMAN et al.,

1923; EVANS, 1948, todos citados por Garces et al. (2005).

Um projeto desenvolvido na PUC-RJ, intitulado “Caracterização microestrutural e de

propriedades mecânicas de material utilizado em oleodutos submetidos a processos

corrosivos”, avaliou um aço API 5L grau B (ASTM A 36) frente a meios corrosivos, entre

eles o HCl. Obtiveram como conclusão que a corrosão causada pelo HCl é de forma uniforme

generalizada, porém a região da solda é a mais afetada. O HCl corrói o material de forma

contínua, porém a solda perde mais massa, podendo ocasionar sua ruptura.

Ke e Boles (2004) analisaram o comportamento quanto à corrosão de aços tubulares

13 Cr em ácidos utilizados como estimulação de poços de petróleo em duas temperaturas

(82ºC e 156ºC) e dois tempos de exposição ao ambiente agressivo, 6 horas e 30 horas. Os

ácidos utilizados pelos autores foram desde o HAc, passando pelo HCl e inclusive

trabalhando com sistemas com adição de HF.

Morgenthaler et al. (1997) avaliaram a corrosão dos aços inoxidáveis martensíticos 22

Cr e 13 Cr em mud acid. Já Al-Mutairi et al. (2005) avaliaram a corrosão do aço baixo-

carbono e aço inoxidável 13 Cr, buscando uma relação custo-benefício entre aços e soluções

ácidas para acidificação de poços que fosse efetiva para formações carbonáticas profundas,

sem no entanto ser demasiadamente agressiva ao aço da tubulação de revestimento.

Terra et al. (2003) estudaram o comportamento eletroquímico do aço inoxidável UNS

S31254 (aço 254) em diferentes meios ácidos, por técnicas eletroquímicas (curvas de

polarização potenciostáticas anódicas) e microscopia eletrônica de varredura. Os autores

utilizaram soluções 0,1 molar de ácidos sulfúrico, nítrico, clorídrico e acético, concluindo que

o aço 254 encontra–se passivado nas diferentes soluções, e além disso, o processo de

passivação é mais efetivo no meio com HAc. Em meio de HCl as densidades de corrente são

maiores, indicando um maior ataque do metal. Ensaios de MEV, realizados em potencial

acima do potencial de transpassivação, mostraram que no meio com H2SO4 ocorre um maior

ataque em torno das inclusões. Em meio de HAc, o ataque é generalizado e ocorre em menor

extensão. Com relação ao HCl, além da dissolução de inclusões, há o aparecimento de pites.

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5 REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 Degradação de materiais cimentícios em meios ácidos

5.1.1 Cimento Portland especial

De uma forma bem simplificada é importante, para o desenvolvimento e entendimento

do presente trabalho, entender os constituintes do cimento, bem como seus produtos de

hidratação e a cinética desse processo (PETRUCCI, 1968; MEHTA e MONTEIRO, 1994;

TAYLOR, 1997; HEWLETT, 2004).

Para a indústria de petróleo, a API classificou os cimentos Portland em Classes,

designados pelas letras de A a J, em função da composição química do clínquer, pela

distribuição relativa das fases, profundidade e temperatura dos poços (NELSON, 1990). Lima

(2004) cita que o CPP Classe G é o mais utilizado. No entanto, dado seu alto custo de

fabricação e transporte, cimentos alternativos são a solução (HIBBELER et al., 2000).

Nesse contexto, a Petrobras desenvolveu o cimento Portland especial, manufaturado

com um clínquer de excelente qualidade e gesso para que tivesse propriedades equivalentes a

alguns cimentos Portland para cimentação de poços de petróleo (BEZERRA, 2006),

substituindo com sucesso inclusive o cimento Portland Classe G. Fabricado em

Laranjeiras/SE, o cimento Portland especial abastece plenamente as unidades de negócios da

Petrobras do Rio Grande do Norte/Ceará (E&P-RNCE), Sergipe/Alagoas (E&P-SEAL) e

Bahia (E&P-BA).

Inicialmente, no interior do forno de produção de cimento, o calcário, a argila e

eventualmente algum minério contendo óxido de ferro ou alumínio, caso estes óxidos não

estejam presentes na argila em teores suficientes (LUDWIG, 1953 apud MIRANDA, 1995),

adequadamente dosados, finamente pulverizados e levados à temperatura de 1 400ºC a

1 600ºC, reagem transformando a mistura crua em um líquido pastoso que, ao se resfriar, dá

origem ao clínquer composto de substâncias: silicato tricálcico ou alita (C3S = 3CaO.SiO2),

silicato dicálcico ou belita (C2S = 2CaO.SiO2), aluminato tricálcico ou celita (C3A =

3CaO.Al2O3) e um material intersticial amorfo, contendo entre seus elementos

principalmente ferroaluminato tetracálcico ou brownmilerita (C4AF = 4CaO Al2O3.Fe2O3).

A diferença entre o cimento Portland convencional e o cimento Portland especial ou

CPP Classe G inicia-se nesta fase em que maiores cuidados e precisões nos parâmetros são

exigidos. Além disso, a NBR 6831 (Cimento Portland destinado à cimentação de poços

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Referencial teórico

28

petrolíferos - Requisitos e métodos de ensaio, 2006) preconiza que apenas nesses casos, após

o resfriamento, o clínquer é moído juntamente com o gesso (gipsita = CaSO4.2H2O) na mais

baixa temperatura possível, a fim de se evitar a formação do sulfato de cálcio hemidratado

(CaSO4.1/2H2O). Nelson (1990) diz que essa adição de gesso ao cimento Portland objetiva

evitar a “pega rápida”, ou seja, a hidratação precoce de um dos componentes do cimento

(C3A) e, conseqüentemente, o endurecimento irreversível da pasta.

Nos CPP Classe G e Portland especial, o elemento encontrado em maior concentração é

o C3S, seguido do C2S, C4AF e C3A. Apesar desses últimos apresentarem baixas

concentrações, o C3A, por ser o composto que apresenta maior velocidade de hidratação, tem

importante função nas propriedades do cimento nas primeiras horas das reações de hidratação.

O C3S, além de apresentar a maior concentração, também tem a segunda maior velocidade de

hidratação, tendo importante papel na seqüência. Em termos de resistência à compressão, esta

é diretamente proporcional à quantidade de C3S, inversamente proporcional à quantidade de

C3A, não sendo afetada significativamente pela quantidade de C4AF e, em contrapartida,

sendo altamente influenciada pela quantidade de C2S (NELSON, 1990; HEWLETT, 2004).

Para a classificação API, apresenta cerca de 50 % de C3S, 30 % de C2S, 5 % de C3A e 12 %

de C4AF (SCHLUMBERGER, 1984).

Além disso, o cimento Portland especial possui granulometria entre 17,5 % e 20,5 % em

relação à granulometria de 325 mesh, perda ao fogo de no máximo 2 %, teor de C3S de 55 %

a 65 % e um máximo de 1 % de conteúdo alcalino total (VICENTE e GARCIA, 1992).

Neste ponto tem-se o cimento pulverizado tal qual é adquirido da fábrica. No entanto, é

necessário entender que, ao adicionar água, muda-se não só sua consistência; ocorrem

também hidratações dos compostos citados. As reações de hidratação dos cimentos Portland,

produtos formados, bem como suas morfologias, encontram-se, de forma simplificada,

expostos na tabela 1.

É também importante ressaltar que, no caso de poços de petróleo, a hidratação do

cimento Portland vai ocorrer sob a influência de elevadas temperaturas e pressões (LUDWIG,

1959; NELSON, 1990; MEHTA e MONTEIRO, 1994; BEZERRA, 2006). Bezerra (2006) diz

que o cimento Portland apresenta significativas perdas de resistência à compressão acima de

110ºC. Além disso, Ludwig (1959) acrescenta que, além da perda de resistência à

compressão, problemas com aumento de permeabilidade podem ser observados. Tudo porque

existem consideráveis diferenças físicas e químicas nas fases hidratadas do cimento em

diferentes temperaturas.

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H2O

C3S , C2S e Portlandita

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- 2

C3S

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.2Si

O2.

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C2S

- 2

C2S

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3C

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3C

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Referencial teórico

30

5.1.2 Alterações na pasta de cimento endurecida devido à adição de polímeros que

podem interferir no ataque ácido e proteção à corrosão do aço embutido

Apesar de os polímeros serem utilizados para modificar compostos de cimento

Portland já há muitos anos (SU et al., 1996), poucos estudos investigam seus papéis em

termos de morfologia e distribuição dentro da microestrutura da pasta de cimento endurecida

(SILVA e ROMAN, 2002; JENNI et al., 2005).

Embora conduza a uma complexidade adicional para as reações químicas

desenvolvidas durante a hidratação dos cimentos compósitos (ESCALANTE-GARCIA and

SHARP, 2004), há consenso de que causam variações microestruturais significativas (HULL,

1987; SILVA e ROMAN, 2002; PETRIE, 2005; FERNANDES, 2007), bem como alterações

também nas propriedades físico-químicas e físico-mecânicas (RAI and SINGH, 2005), a

depender da natureza e quantidade de polímero adicionado. As mudanças tendem a melhorar

substancialmente as propriedades do cimento (HULL, 1987).

Polímeros, quando adicionados às pastas de cimento Portland especial, ora funcionam

como carga (poliuretana em pó, borracha moída e biopolímero são exemplos destes); ora

como filme, como é o caso das poliuretanas em dispersão aquosa (LIMA, 2004). Já Chung

(2004) divide em dois grupos semelhantes: pó seco e dispersão aquosa de partículas. A

dispersão aquosa de partículas é mais eficiete na melhoria das propriedades mecânicas e de

durabilidade, uma vez que a distribuição do filme polimérico é mais efetiva (CHUNG, 2004).

Independentemente do tipo de polímero adicionado, um ponto que dificulta a avaliação da

interação polímero/cimento, é o fato de apresentarem uma média muito baixa de número

atômico, comparada a dos componentes minerais (JENNI et al., 2005).

No entanto, há um consenso de que a presença de polímeros na pasta de cimento

resulta na melhoria da estrutura do poro, reduzindo, conseqüentemente, a porosidade

(CHUNG, 2004), bem como a taxa de hidratação é reduzida pela presença dos polímeros

(OLLITRAULT-FICHET et al., 1998; ODLER and LIANG, 2003; apud CHUNG, 2004).

Esse ponto é extremamente importante na solubilidade dos materiais cimentícios em ácidos,

uma vez que a durabilidade dos compósitos de cimento está diretamente ligada à sua própria

capacidade de se impermeabilizar frente a líquidos e gases.

A morfologia do C-S-H também sofre alteração (DINGLEY, 1995 apud SILVA e

ROMAN, 2002). Durante o processo de hidratação, moléculas de polímeros podem ser

adsorvidas na superfície dos grãos de cimento, dificultando sua dissolução (KHAYAT, 1998

apud SILVA e ROMAN, 2002).

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Referencial teórico

31

Além disso, Fernandes (2007) diz que existe consenso de que os polímeros podem

obstruir a nucleação e o crescimento de cristais de hidróxido de cálcio durante a hidratação do

cimento, alterando a morfologia, a cristalinidade e a quantidade da fase (CHANDRA, 1994;

SU et al., 1991 apud SILVA e ROMAN, 2002) por interagirem com os íons Ca+2

(EDMEADES and HEWLLET, 1998 apud SILVA e ROMAN, 2002).

Uma vez que o HCl reage prioritariamente com o Ca(OH)2 da pasta de cimento

hidratada (MIRANDA, 1995; XIONG et al., 2004), a adição de polímeros pode contribuir

positivamente para menores perdas de massa frente ao ataque ácido, já que essa fase se

apresenta em menor quantidade quando comparada com a pasta de cimento Portland

convencional.

Ratificando a menor quantidade de Portlandita em pastas de cimento com polímeros,

Afridi et al. (1989 apud PERUZZI, 2002), por meio da análise de DRX, nas argamassas de

cimento Portland modificadas com polímero, observa que conforme se aumenta a relação

polímero/cimento, a quantidade de Ca(OH)2 cai gradualmente. A explicação para modificação

por meio de polímero reduzir a presença de Ca(OH)2, segundo Afridi et al. (1989 apud

PERUZZI, 2002), é que o fenômeno ocorre possivelmente devido à adsorção do Ca(OH)2

entre os filmes de polímero, de tal forma que as camadas de filme de polímero blindam o

Ca(OH)2. (AFRIDI et al., 1989 apud PERUZZI, 2002).

5.1.2.1 Polímeros como carga nas pastas de cimento Portland

Há discordância entre autores com relação às formas de interação que ocorrem entre as

partículas de polímero na forma de pó ou agregados e a pasta de cimento endurecida. Para

Soares et al. (2003) ocorrerá apenas interação física, em que o cimento é como uma resina

colante. Já para Farran (1991 apud SEGRE et al., 2003) e Segre et al. (2003), há dois tipos de

aderência entre as fases sólidas dos materiais e a matriz de cimento: uma aderência química

causada pelo aumento da hidrofilicidade da superfície das partículas do polímero em pó, na

qual os cristais de cimento dão continuidade às partículas desse polímero. Há também, uma

aderência mecânica, já que as partículas moídas são irregulares e rugosas, onde as partículas

finamente cristalizadas do cimento hidratado encerram as protuberâncias e as asperezas da

superfície das partículas do polímero. Salienta-se que Segre et al. (2003) ressaltaram essas

observações em adições de borracha moída à matriz de cimento, no entanto, entende-se que

esse comportamento seja extensivo, em princípio, a materiais em forma de partículas ou pó

secos que sejam adicionados na matriz de cimento.

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Referencial teórico

32

Sakai (1995 apud SILVA e ROMAN, 2002), diz que quando esse tipo de polímero é

adicionado em misturas à base de cimento, as partículas de ambos os materiais tornam-se

uniformemente dispersas e gradativamente formam-se um gel hidratado e uma fase aquosa

que ficam saturados com hidróxido de cálcio formado durante a hidratação (SILVA e

ROMAN, 2002). Na seqüência do processo, as partículas poliméricas se depositam

parcialmente sobre os agregados, sobre os grãos de cimento anidros e sobre as novas

superfícies formadas, além das que ocuparam o interior dos hidratos (CHUNG, 2004).

5.1.2.1.1 Poliuretana em pó

No que diz respeito à aderência química, no caso da poliuretana em pó, pelo fato de

esta apresentar alta concentração de cargas estáticas, Lima (2004) diz que apresenta repulsão

quando em contato com a água. No entanto, o fato da poliuretana atuar repelindo as moléculas

de água na pasta provoca aumento do contato entre as moléculas de água e as fases do

cimento, de modo a acelerar a sua hidratação. Lima (2004) observou em seu trabalho que

pastas contendo poliuretana em pó apresentaram menor formação de etringita e Portlandita

em relação à pasta de cimento Portland convencional. A fase prioritariamente formada foi o

C-S-H, de baixa permeabilidade entre suas fibras, proveniente da hidratação acelerada do C3S

e do C2S.

5.1.2.1.2 Biopolímero em pó

Bezerra (2006) realizou trabalhos com compósitos Portland-biopolímero para

cimentação de poços de petróleo e, dentre suas observações, diz que uma vez em contato com

a água, o biopolímero é dissolvido e forma um gel carregado positivamente que atrai

moléculas com carga negativa. A quelação do cálcio, uma vez que é um íon positivo (Ca+2),

frente à carga também positiva do biopolímero contraria as leis naturais. No entanto, Gomes

(1988), citado por Bezerra (2006), verificou que a carga de um composto orgânico, na

presença de meio alcalino, é negativa e, portanto, acrescenta o autor, o biopolímero apresenta

a capacidade de quelação do íon metálico cálcio.

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Referencial teórico

33

5.1.2.1.3 Borracha triturada

Vale et al. (2006) realizaram estudos de desenvolvimento de pastas, para cimentação

de poços de petróleo com a mesma borracha moída utilizada nesse trabalho. A incorporação

de borracha do tipo butadieno estireno-SBR reciclada é oriunda de raspas de pneus trituradas

e moídas. Os autores ainda acrescentam que esse material pode ser encontrado de forma

comercial em diferentes granulometrias e com adequado controle de características físico-

químicas. Também relatam a questão da interação química. Dizem que, devido à borracha ser

hidrofóbica, há perda de qualidade de aderência e reportam que vários autores na literatura

utilizam tratamentos superficiais com NaOH a fim de aumentar seu caráter hidrofílico.

No entanto, Soares et al. (2003) dizem que nos compósitos concreto/borracha de pneu

reciclado moída os componentes misturados, borracha e concreto, não se dissolvem um no

outro e podem ser identificados fisicamente por uma interface bem definida, não havendo

modificação das propriedades individuais.

Benazzouk et al. (2004 apud MARTINS, 2005), Segre (1999) e Segre et al. (2003)

investigaram o transporte de fluidos através de pastas de cimento, no estado endurecido,

quando adicionadas de resíduos de borracha industrial, as quais, em comparação com a pasta

sem adição desta borracha, apresentaram redução de capilaridade e da difusividade hidráulica,

bem como da permeabilidade, fatores que por sua vez contribuem para a diminuição da

absorção.

Segundo Raghavan et al. (1998 apud MARTINS, 2005), as argamassas com adição de

resíduos de borracha de pneu apresentam bons resultados quanto à fissuração por retração

plástica em relação à argamassa sem adição. Em acordo com Bonnet (2003 apud MARTINS,

2005) a implementação de borracha na composição de materiais à base de cimento contribui

para o aumento da resistência à micro-fissuração, resultando também em uma diminuição de

permeabilidade.

Quanto à durabilidade dos próprios resíduos de borracha de pneu, quando imersos no

material concreto, Huynh e Raghavan (1997 apud MARTINS, 2005), após terem mantido os

resíduos em meio altamente alcalino, durante um período de quatro meses, observaram que as

propriedades iniciais dos mesmos foram conservadas e dessa forma concluíram que esta

adição não afetará a durabilidade dos concretos. Entretanto ressalta-se a necessidade da

realização de ensaios de maior período de duração.

Muitos pesquisadores têm relatado zonas de transição borracha/partícula débeis

quando partículas de borrachas são adicionadas a materiais cimentícios (LEE et al., 1993;

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Referencial teórico

34

ELDIN and SENOUCI, 1993; TOUTANJI, 1996; RAGHAVAN et al., 1998; LI et al., 1998;

BIGNOZZI et al., 2000; RAGHAVAN et al., 2000; apud SEGRE et al., 2003), o que poderia

ser um problema do ataque ácido, pois o aumento do espaço entre a zona de transição e a

partícula de cimento poderia favorecer a migração do agente agressivo, aumentando a

permeabilidade do conjunto como um todo.

Quando a borracha de pneu moída não recebe nenhum tratamento, esta já é

hidrofóbica tendo a capacidade de adesão com a pasta de cimento, embora seja uma zona de

transição mais frágil que quando se força com tratamentos químicos a uma menor

hidrofobicidade. Segre (1999) realizou um teste a esse respeito. A autora deixou partículas de

borracha em água, sob agitação, e constatou que elas se misturavam com a água depois de

determinado tempo, indicando que essas partículas não eram totalmente hidrofóbicas, ou seja,

já possuíam grupos polares na sua superfície. Segre (1999) afirma que, além de grupos

carboxílicos, o negro de fumo utilizado na confecção da borracha de pneus também possui

muitos grupos superficiais hidrofílicos.

Segre (1999) realizou MEV de corpos-de-prova contendo 10 % de borracha sem

tratamento e tratada com solução saturada de NaOH. Quando da utilização da borracha sem

tratamento, a autora observou descontinuidades na interface borracha/matriz, indicando uma

adesão fraca entre essas partículas e a pasta de cimento. No caso das preparações contendo

borracha tratada com solução saturada de NaOH, não foi observada nenhuma descontinuidade

na interface borracha/matriz, indicando que as partículas de borracha estão muito melhor

aderidas à matriz de cimento.

5.1.2.2 Polímeros formadores de filme em dispersão aquosa - látex

No caso da adição de polímeros em dispersão aquosa, há duas teorias que explicam

porque as propriedades do cimento são melhoradas com a adição de polímero.

Na primeira teoria, não há interação química entre o polímero e o cimento. Durante

hidratação do cimento, a parte hidrofílica do polímero é orientada em direção à fase água e a

parte hidrofóbica é orientada em direção a fase ar (poros e capilaridades que não foram

preenchidos com água). Durante secagem, a água é removida e as partículas hidrofóbicas

coalescem formando um filme (PETRIE, 2005).

Quando não há interação química no caso do uso de polímeros dispersos em fase

aquosa, como há cobertura polimérica formada sobre os grãos de cimento em hidratação, a

taxa de dissolução das fases anidras é reduzida (SILVA e ROMAN, 2002). Com o consumo

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Referencial teórico

35

de água pelo cimento e com o desenvolvimento da estrutura hidratada, as partículas

poliméricas vão sendo confinadas nos vazios capilares e, em determinado momento,

coalescem, formando filme com a secagem. O filme polimérico forma uma rede

tridimensional e normalmente é encontrado no interior de poros capilares, em torno dos grãos

de cimento e envolvendo agregados (SILVA e ROMAN, 2002).

Já a segunda teoria afirma que, além da interação física, existe também interação

química das partículas de polímeros reativos com o cimento em hidratação, resultando na

formação de compostos complexos e na modificação da composição e morfologia das fases

hidratadas (WAGNER, 1978; CHANDRA, 1987; apud SILVA e ROMAN, 2002). As reações

químicas podem acontecer entre a superfície de partículas poliméricas reativas e íons ou

superfícies de fases sólidas do cimento hidratado (OHAMA, 1998).

Peruzzi (2002), citando Storte (1991), cita outras etapas para explicar a hidratação do

cimento e da coalescência das partículas de polímero:

“Na pasta de cimento Portland onde as partículas de látex polímero

estão dispersas de maneira uniforme, forma-se, gradualmente, pela

hidratação do cimento, os géis de silicato de cálcio hidratado e a fase líquida

é saturada de hidróxido de cálcio, enquanto as partículas de látex se

depositam parcialmente nas superfícies dos géis já formados e das partículas

não hidratadas do cimento Portland.(...)

À medida que se desenvolve a hidratação do cimento Portland,

aumenta-se o teor de gel, e as partículas do látex polímero são

paulatinamente retidas nos poros capilares. Com a redução da água nos poros

capilares devido ao prosseguimento da reação de hidratação do cimento

Portland, as partículas de látex polímeros coalescem formando uma camada

contínua nas superfícies dos géis e dos grãos de cimento não hidratados e

ainda na camada de silicato de cálcio formada na superfície dos grãos dos

agregados.

Por fim, com a retirada de água pela hidratação do cimento

Portland, as partículas de látex polímero coalescem formando um filme

contínuo ou membrana. As membranas ligam os géis hidratados e os

agregados, formando uma massa monolítica em que a fase látex penetra

reciprocamente através da fase do cimento hidratado.” (Storte ,1991, p. 15-

16 apud PERUZZI, 2002).

A adição de poliuretanas em dispersão aquosa promove a hidratação do cimento e a

formação de um filme do polímero nas suas fases aglomeradas (coalescência das partículas do

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Referencial teórico

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polímero) (SAKAI and SUGITA, 1995; PERUZZI, 2002) e assim produz uma matriz de

cimento de fase monolítica, com uma estrutura em rede, na qual ocorrem a hidratação do

cimento e a interpenetração da fase de polímero na fase de cimento (OHAMA, 1998),

aumentando a aderência entre os hidratos de cimento Portland (LIMA, 2004) e tendo como

efeito último a formação de uma co-matriz (SAKAI and SUGITA, 1995).

As partículas esféricas de polímero (adicionado ao cimento sob forma de emulsão),

independentemente, ocupam a interface entre as partículas do cimento e os hidratos formados

em torno das partículas do polímero, após ocorrer o enrijecimento dos aglomerados de

cimento (SAKAI and SUGITA, 1995). Durante a pega e endurecimento, o polímero se

desidrata, enquanto a pasta de cimento hidrata. No material endurecido o polímero adere-se

fortemente aos grãos de cimento e a porosidade final acaba ficando bem menor que a pasta

convencional, resultando em uma estrutura bastante compacta, com conseqüente aumento da

resistência à compressão (KAEFER, 2008).

A formação de redes de polímeros entre os poros da pasta de cimento (OHAMA,

1998) e envolvendo os hidratos dificultarão a passagem e o fluxo das soluções ácidas em

pastas com dispersões poliméricas, uma vez que, sendo a rede polimérica resistente ao ácido,

esta protege os grãos de cimento por estarem envolvendo-o e diminuem a permeabilidade por

redução da porosidade do conjunto.

Efeitos de selamento e impermeabilização dos filmes poliméricos formados em

algumas regiões da matriz (LARBI and BIJEN, 1990; SAKAI e SUGITA, 1995; OHAMA,

1998) promovem a inibição da evaporação d’água. Ao se ter uma matriz com mais água livre

nos poros, ter-se-á, conseqüentemente, menor absorção da solução ácida, bem como mais

soluções alcalinas nos poros neutralizando a ação do ácido. Além disso, (NASCIMENTO,

2006), trabalhando especificamente com poliuretana em solução aquosa observou, através de

MEV, que o filme polimérico recobre parcialmente os grãos de cimento, ocasionando a

obstrução da nucleação e o crescimento de Portlandita durante a hidratação, alterando a

morfologia, cristalinidade e quantidade de fases.

Segundo Storte (1991 apud PERUZZI, 2002), que trabalhou com látex de estireno-

butadieno, a combinação das partículas desse polímero com os silicatos de cálcio é

irreversível, pois as partículas do polímero não podem ser removidas por ataque de solução de

HCl ou lavagem com água destilada, o que comprova que existe aderência química das

partículas de látex estireno-butadieno.

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Referencial teórico

37

5.1.2.2.1 Poliuretana em solução aquosa

Especificamente em relação à poliuretana em solução aquosa, Nascimento (2006) diz

que esta forma um complexo com íons cálcio e sulfato dificultando a reação da etringita,

aumentando a maturidade da pasta e a quantidade de água na microestrutura da pasta de

cimento endurecida. Além disso, o autor confirmou, através de micrografias eletrônicas de

varredura, a formação de filmes sobre os grãos de cimento com a poliuretana em solução

aquosa. O autor acrescenta que essa adição tem ação direta na hidratação da pasta de cimento,

formando novas fases organometálicas.

Nascimento (2006) também coloca que a adição de poliuretana em solução aquosa tem

influência na hidratação do C3S devido à interação que há entre o grupo carboxila (-OOC) da

estrutura da poliuretana com os íons cálcio livres (Ca+2) provenientes da hidratação do C3S. O

autor diz que, devido a essa reação, apenas o C-S-H gel é formado com baixa permeabilidade

final por reduzir o volume de poros entre as suas fibras (BERNARDO et al., 2006 apud

NASCIMENTO, 2006; APPLEBY and WILSON, 1996 apud NASCIMENTO, 2006). Além

disso, a permeabilidade do conjunto também é reduzida pelo preenchimento dos vazios pelo

filme polimérico durante o processo de coalescência do látex (ROSSIGNOLO, 2005 apud

NASCIMENTO, 2006).

5.1.3 Sistemas ácidos utilizados em acidificação de poços de petróleo

Os sistemas de ácido normalmente utilizados na acidificação de poços de petróleo são:

HCl e mistura de HCl e HF, o denominado mud acid. No entanto, a literatura cita outros

ácidos ou misturas destes, tais como HCOOH, HAc, sulfâmico, cloroacético, além de misturas

de HCl e HAc, de HCl e fórmico e de HF e fórmico (ALLEN and ROBERTS, 1978 apud

Miranda, 1995; WILLIAMS et al., 1979 apud MIRANDA, 1995).

O HCl é o ácido mais comumente usado para dissolver carbonatos na formação

(dolomitas/calcários) (MUMALLAH, 1991; MIRANDA, 1995; VORDERBRUGGEN and

KAARIGSTAD, 2006), sendo geralmente fornecido em concentrações de 32,0 % a 36,0 %,

conforme esteja se utilizando o HCl comercial, o conhecido ácido muriático, ou o HCl PA,

respectivamente. Normalmente é diluído até 3,0 %, 15,0 % ou até 28,0 % para utilização em

na operação de acidificação no campo, sendo 15,0 % a concentração mais adotada (HARRIS,

1961; MUMALLAH, 1991; MIRANDA, 1995; VORDERBRUGGEN and KAARIGSTAD,

2006).

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Referencial teórico

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A reação química que encerra esse processo para o carbonato de cálcio encontra-se

mostrada na equação 1 (MIRANDA, 1995; VORDERBRUGGEN and KAARIGSTAD,

2006) e para a dolomita (mistura de carbonato de cálcio e magnésio) encontra-se na equação

2.

2HCl + CaCO3 → CaCl2 + H2O + CO2

(1)

4HCl + CaMg(CO3)2→ CaCl2 + MgCl2 + 2H2O + 2CO2 (2)

O HF é usado primariamente nos tratamentos da matriz arenítica, depósitos de sílica e

minerais aluminosilicatos (MANCILLAS et al., 1974; UNDERDOWN et al., 1990; DA

MOTTA et al., 1992; MIRANDA, 1995; MORGENTHALER et al., 1997; AL-DAHLAN et

al., 2001) nem sempre isolado, mas principalmente misturado com o HCl, formando o mud

acid. As reações de HF com a sílica estão expostas nas equações 3 e 4. A reação do HF com o

cálcio é representada ma equação 5.

4HF + SiO2 → SiF4+ 2H2O

(3)

2HF + SiF4 → H2SiF6 (4)

CaCl2 + 2HF → CaF2 + 2HCl (5)

Quando o HCl ou o mud acid não podem ser utilizados em função da formação ou do

aço da tubulação de revestimento, ácidos orgânicos são usados em substituição

(VORDERBRUGGEN and KAARIGSTAD, 2006) com os mesmos intuitos. Esses autores

dizem que um dos exemplos em que o HCl não pode ser usado é em arenitos porque ocorre

produção excessiva de finos ou outros problemas característicos.

O HAc e HCOOH são ácidos orgânicos fracamente ionizados, de reação lenta. O

HCOOH é normalmente diluído até 10,0 % com água, para uso no campo, e o HAc é diluído

de 10,0 % a 15,0 %. O HAc está disponível em concentrações de até 100 % como HAc

glacial; ou o equivalente a 120 % como um anidrido acético, a mistura acética glacial. O

HCOOH é disponível em concentrações de 70 % a 90 % (MIRANDA, 1995). A reação do

HAc (HAc) com o cálcio é representada pela equação 6.

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Referencial teórico

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HAc + CaCO3 → Ca (HAc)2+ H2O+ CO2 (6)

Huang et al. (2000) realizaram completo estudo laboratorial substituindo a

acidificação de rochas carbonáticas com HCl por HAc. No entanto, um cuidado deve ser

observado ao se trabalhar com esses ácidos orgânicos, pois apesar de serem muito menos

agressivos que o HCl, sua concentração deve ser abaixo de 15,0 % para o HAc e inferior a

10,0 % para o HCOOH para evitar a formação dos precipitados (CH3COO)2Ca e (HCOO)2Ca

(VORDERBRUGGEN and KAARIGSTAD, 2006).

Misturas de HAc e HF também têm sido reportadas (SCHUCHART and GDANSKI,

1996; WANG et al., 2000), a fim de minimizar a formação de precipitados características dos

ácidos orgânicos já citada. O HF deve ser empregado juntamnte com o HCl ou o HAc para

permitir a precipitação de fluosilicatos ou sílica gel provenientes das reações com esses ácidos

(WANG et al., 2000; AL-DAHLAN et al., 2001).

5.1.3.1 Grau de agressividade dos ácidos

Com relação a agressividade, o grau de agressividade dos ácidos depende das

características químicas dos ânions presentes. A força do ácido, seu grau de dissociação na

solução e, principalmente, a solubilidade do sal formado são dependentes das características

químicas do ânion (ZÍVICA and BAJZA, 2002). Já com relação ao pH, esses autores colocam

que o pH deve ser tomado como um parâmetro que merece cuidado, uma vez que a real

agressividade da solução depende do grau de dissociação. Então, concluem esses autores que

apara mensurar a agressividade de uma solução ácida, a real concentração do ácido é mais

significante que o valor de pH.

Na verdade, como a agressividade está relacionada não só com o ácido, mas também

com o material, o processo será controlado pela facilidade de dissolução ou não do sal

formado (ALLAHVERDI and SKVÁRA, 2000a). Esses autores destacam que a intensidade

do ataque ácido é significativamente dependente das distintas solubilidades dos sais de cálcio

formados em diferentes ácidos, bem como da estabilidade da camada degradada. Zívica e

Bajza (2001) mostram tabela acerca das diferentes solubilidades dos sais de cálcio em água,

conforme reproduzido na tabela 2.

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Referencial teórico

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Tabela 2. Solubilidade de alguns sais de cálcio em ácidos (adaptado de ZÍVIKA and BAJZA,

2001).

Sal de cálcio do ácido Solubilidade em água (%)

Sulfato 0,200

Cloreto 46,080

Nitrato 56,000

Fluoreto 0,020

Formiato 35,200

Acetato 52,000

Proprianato 44,000

Oxilato 6,7 x 10-4

Lactato 1,05

Citrato 0,085

Tartarato 0,037

Hidróxido 0,190

5.1.4 Ação dos ácidos nos materiais cimentícios hidratados

A durabilidade das pastas de cimento endurecido, argamassas e concretos vem sendo

estudada por vários pesquisadores na construção civil (CHANDRA, 1988; PAVLÍK, 1996;

ISRAEL et al., 1997; PAVLÍK and UNČÍK, 1997; ALLAHVERDI and SKVÁRA, 2000b; a;

SHI and STEGEMANN, 2000; ZÍVICA and BAJZA, 2001; ASAVAPISIT et al., 2002;

XIONG et al., 2004).

De uma forma geral, o início da reação de ácidos com a pasta de cimento Portland

convencional, argamassas e concretos ocorre de fora para dentro (CHANDRA, 1988;

ISRAEL et al., 1997; TAMIMI, 1997; ALLAHVERDI and SKVÁRA, 2000b) por transporte

difusional do meio agressivo através dos poros interconectados da frente de ataque (ISRAEL

et al., 1997; ALLAHVERDI and SKVÁRA, 2000a).

Chandra (1988), Delagrave et al. (1994) e Revertegat et al. (1989), citados por Israel

et al. (1997), lembram que o efeito é potencializado rapidamente porque, após o início do

ataque ácido, quanto mais ataque ácido, mais poros são interconectados e quanto mais poros

interconectados se têm, mais lixiviação e aumento na penetração do ácido e aumento dos

poros interconectados.

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Referencial teórico

41

Já Repette (1997), citado por Moreira et al. (2001), vai contra essa teoria dizendo que,

em se tratando de ataques ácidos, a permeabilidade do concreto, bem como a rede de poros

interna, podem ser consideradas de pouca importância na velocidade e intensidade dos danos,

posto que a ação dos agentes agressivos destruiria, em primeira instância, a intricada rede de

poros existente.

Em um segundo momento, as substâncias agressivas reagem com o material,

resultando na formação de alguns produtos solúveis e/ou insolúveis (ALLAHVERDI and

SKVÁRA, 2000a). Esses autores colocam que a solubilidade do Al2O3 (aquoso) e do Fe2O3

(aquoso) dependem do pH da solução ácida atuante, enquanto que a do SiO2 (aquoso) é insolúvel

em soluções ácidas, exceto no HF. Como na acidificação de poços há a utilização do HF,

isolado ou em mistura, a solubilização do SiO2 (aquoso) deve ser uma das preocupações. Pavlík

(1994) e Bajza (1992), citados por Allahverdi e Skvára (2000a), adicionam a informação de

que em pH 3-4 se dissolve apenas o Al2O3 (aquoso), enquanto que quando o pH cai para 1,5-2,

além do Al2O3 (aquoso), também há a dissolução do Fe2O3 (aquoso).

Deposição dos produtos insolúveis nas partes degradadas e/ou transporte dos produtos

solúveis do meio agressivo para o interior do material através da camada degradada pode ser

considerado o terceiro e último degrau do processo de ataque ácido a materiais inorgânicos

porosos, em que os íons prevalecidos são levados pela solução agressiva e forma uma nova

camada da matriz (CHANDRA, 1988; MIRANDA, 1995; ISRAEL et al., 1997; HUANG et

al., 2000; SHI and STEGEMANN, 2000; ZÍVICA e BAJZA, 2001; XIONG et al., 2004).

Um ponto importante ressaltado por Allahverdi e Skvára (2000b; 2000a) é que quanto

maior for o consumo de cimento da pasta de cimento endurecida, maior também será a perda

de massa desta frente ao ataque ácido. No entanto, Pavlík e Unčík (1997) reportam opinião

contrária, pois observaram diminuição na taxa de degradação com o aumento de consumo de

cimento e dizem que isto ocorreu principalmente por dois fatores principais: aumentos de

neutralização da matriz (ZÍVICA and BAJZA, 2001) e da resistência à difusão da camada

degradada.

Muitos autores colocam que a degradação por ácidos em materiais cimentícios

hidratados é superficial, no entanto, Pavlík (1994), citado por Allahverdi e Skvára (2000b) e

Israel et al. (1997), reportam estudos em que houve a formação de camadas de degradação no

interior do corpo-de-prova com a utilização de HCl e HAc, entre outros; enquanto que no caso

do H2SO4 as alterações foram restritas à superfície. Com relação à difusividade dos sais de

cálcio, estas têm um importante papel porque as reações entre ácidos e partes hidratadas do

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Referencial teórico

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cimento são extremamente rápidas quando comparadas com os processos de difusão dos sais

de cálcio.

Zívica e Bajza (2001) trabalharam com ácidos orgânicos e inorgânicos, eles dizem que

o primeiro produto de hidratação a ser degradado é a Portlandita (PAVLÍK, 1996; NEVILLE,

1997; SHI and STEGEMANN, 2000; MOREIRA et al., 2001). No entanto, Zívica e Bajza

(2001) chamam a atenção para o fato de que não só a Portlandita tem disponibilidade para

solubilizar em meios ácidos, mas também a tobermorita, a xonotlita, C3AH6, C4AH13, etringita

e gehlenita hidratada (JAMBOR and ZÍVICA, 1985 apud ZÍVICA and BAJZA, 2001).

Mais um agravante na acidificação de poços de petróleo é se trabalhar com ácidos

inorgânicos fortes, HCl e HF, bem como ácidos orgânicos fortes, como é o caso do HAc.

Ácidos fortes ionizam totalmente quando diluídos em água, tendo-se a mesma força destrutiva

na solução final (ALLAHVERDI and SKVÁRA, 2000b).

Embora se possa verificar que as soluções ácidas utilizadas nos estudos de concretos

são muito menos agressivas quando comparadas com as utilizadas em acidificações de poços

de petróleo, além de todos os estudos até então presentes não levarem em consideração o

efeito da temperatura que é inerente aos estudos relativos a poços de petróleo, todo o

entendimento em termos de reações químicas e produtos de degradação realizados nesse

estado da arte poderão ser transferido do concreto para pastas de cimento endurecidas em

poços de petróleo sujeitas à acidificação. Vale salientar que os comportamentos reportados

não necessariamente serão observados nesse trabalho, uma vez concretos, argamassas e pastas

de cimento endurecido apresentam porosidades diferentes comparativamente.

5.1.4.1 Ácido clorídrico

No caso do HCl ser o meio degradante do material cimentício, há dissolução da

Portlandita, prioritariamente. No entanto, também há decomposição de fases silicatos

hidratados e aluminatos. Israel et al. (1997) ratificam este comportamento, uma vez que

verificaram, através de mapeamento, a penetração dos íons cloro na matriz de cimento,

reportando que depois de lixiviar os cristais de Portlandita para a solução, a matriz C-S-H

passa a ser atacada, inclusive outros autores reportam presença de cloro no C-S-H após ataque

ácido. Assim, se forma uma camada da matriz leve descalcificada na superfície da espécie,

fraca e porosa, contendo cloreto de sódio (CHANDRA, 1988; MIRANDA, 1995; ISRAEL et

al., 1997; HUANG et al., 2000; SHI e STEGEMANN, 2000; ZÍVICA e BAJZA, 2001;

XIONG et al., 2004).

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Referencial teórico

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Gentil (1996) diz que o mecanismo do ataque do concreto por HCl gera como

produtos de degradação cloretos de cálcio e sílica (SiO2) e ainda cita a equação da reação de

ataque ácido do silicato tricálcico de acordo com a equação 7.

3CaO.2SiO2.3H2O + 6HCl → 3CaCl2 + 2SiO2 + 6H2O (7)

Allahverdi e Skvára (2000a) dizem que também podem haver alguns sais insolúveis

acompanhados com hidrogéis amorfos que permanecem aderidos à camada degradada.

Chandra (1988) disse que, além da dissolução, as interações entre os hidrogéis podem também

resultar na formação de alguns Fe - Si, Al - Si, Ca - Al - Si compostos que parecem ser

estáveis em uma faixa de pH acima de 3,5. Além disso, há formação de anéis de degradação

com distintas colorações e composições pela deposição de produtos de diferentes

solubilidades em HCl 15,0 % (CHANDRA, 1988; ISRAEL et al., 1997).

Gentil (1996) diz que o mecanismo do ataque do concreto por HCl gera como

produtos de degradação cloretos de cálcio e sílica gel (SiO2), sendo o interior da amostra uma

região não-atacada de coloração cinza (CHANDRA, 1988). A maioria do silício permanece

na forma de SiO2.nH2O como uma camada protetora de sílica gel impura, que provê uma

barreira para futura corrosão da pasta intacta (CHANDRA, 1988; BRADY et al., 1989;

ISRAEL et al., 1997; SHI and STEGEMANN, 2000), evitando que o ácido entre em contato

com a parte nele solúvel localizada abaixo dessa camada de proteção (BRADY et al., 1989).

Assim, na seqüência do processo de degradação, a espessura da camada formada e,

conseqüentemente, seu poder de proteção aumentam e o processo de difusão é controlado,

conforme expõem também (PAVLÍK and UNČÍK, 1997).

Mehta (1985) avaliou a resistência de concretos de diferentes formulações em relação

a diversas soluções agressivas, dentre as quais HCl 1 %, sendo a mais corrosiva quando

comparada às soluções H2S04 1 %, CH3 - CH ( OH ) - COOH 1 %, HAc 1 %, sulfato de

amônio 5 % e sulfato de sódio 5 %, para 3 formulações de concreto: concreto contendo látex

estireno-butadieno, concreto contendo sílica ativa e concreto de baixa razão água /cimento.

Israel et al. (1997) estudaram o ataque ácido a cimentos com poros reduzidos

comparativamente com as pastas de cimento convencionais trabalhando com vários meios

agressivos, dentre eles o HCl 0,27 mol/L (pH 0,5) e verificaram que penetra rapidamente nas

pastas de cimento Portland por lixiviação de elementos e interconectividade de poros. Após

um ano de imersão, os cilindros não racharam nem apresentaram lascamento em ambos os

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Referencial teórico

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casos, no entanto, apresentaram-se mais porosos que os corpos-de-prova que não foram

expostos ao ácido.

Israel et al. (1997) observaram formação de camada gelatinosa de coloração marrom

amarelada na superfície, cuja composição foi detectada como sílica gel impura. Já no centro

dos cilindros foi identificada composição mineralógica idêntica a um corpo-de-prova sem

ataque ácido, no entanto ao realizar DRX em uma região mais clara que foi observada ao

redor do centro do corpo-de-prova, os autores encontraram apenas C-S-H e não mais

Portlandita, bem como pequenas quantidades de etringita, sendo uma região que tem uma

quantidade de H+ suficiente para lixiviar a Portlandita, mas não a necessária para descalcificar

a fase C-S-H (PAVLÍK, 1994 apud ISRAEL et al., 1997).

Além disso, Israel et al. (1997) colocam que nos três primeiros meses de imersão,

identificaram nos produtos de degradação sal de Friedel (3CaO . Al2O3 . CaCl2 . 10H2O ou

C3A.CaCl2.10H2O), bem como etringita e calcita. Este último, colocam os autores,

provavelmente tendo sido formado devido a reações com o dióxido de carbono da atmosfera.

No entanto, os autores dizem que esses produtos observados nos três primeiros meses

desaparecem com tempo devido ao decréscimo no valor de pH após a lixiviação dos produtos

degradados ao longo do processo.

Já Chandra (1988) diz que os sais de Friedel têm outra origem. Esse autor misturou em

laboratório C3A sintético com HCl e observou a formação desses sais por ação do CaCl2,

formado devido à reação do HCl com o Ca(OH)2 e a fase C3A. A formação de sais de Friedel,

conforme citam Allahverdi e Skvára (2000a), também foi reportada por Midgley e Illston

(1984), Al-Amodi (1994) e Beaudoin e Ramachadran (1990), citados por aqueles autores.

Gullet et al. (1992) e Kosnyrev (1990), citados por Allal et al. (1997; 1998), alertam

para a possível formação, além do cloreto de cálcio, do hidroxicloreto de cálcio como produto

de reação do HCl com materiais adsorventes alcalinos, como o hidróxido de cálcio

(KARLSSON et al., 1981 apud ALLAL et al., 1997; VERBEEK et al., 1987 apud ALLAL et

al., 1997).

Segre et al. (2003) realizaram medidas de perda de massa de argamassas com fac 0,60

e uma parte de cimento para duas partes de areia, colocadas em águas ácidas. Para simular o

ambiente agressivo trabalharam com soluções de HCl 5,0 %, avaliando a perda de massa em

amostras confeccionadas com 10,0 % de partículas de borracha moída em relação a massa de

cimento, acompanhando por 23 dias com medidas diárias. Os autores reportam a diminuição

na perda de massa, praticamente pela metade com o uso da adição. Ao final dos 23 dias, por

exemplo, o compósito com adição de borracha teve 16 % de perda de massa contra 26 %

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Referencial teórico

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apresentado pela argamassa convencional. Aqueles explicam que a borracha funciona como

um “escudo”, protegendo o interior da amostra do contato com o meio ácido.

Segre et al. (1999) trabalharam com corpos-de-prova cilíndricos com dimensões

30mmx8mm confeccionados com cimento tipo CPIIE32, fac 0,33 e com borracha de pneu

submetida a três diferentes tipos de tratamento superficial (NaOH 1M, H2SO4 1M e água) nas

proporções de 5,0 % e 10,0 %, após 7 dias de imersão em HCl 5 %. Esse autor observou que

todas as preparações perderam menos massa que o controle (22,1 %) quando expostas ao

ácido (9,0 % a 17,6 %). Adicionalmente, verificou que a cinética de ataque ácido é

semelhante para todas as preparações e também para o controle.

5.1.4.2 Ácido fluorídrico e mud acid

Não há muitos estudos que envolvam a ação do HF isoladamente em materiais

cimentícios. De uma forma geral, o HF solubiliza o SiO2, que é insolúvel em outras soluções

ácidas (ALLAHVERDI and SKVÁRA, 2000a; ZÍVICA and BAJZA, 2001). Devido à essa

propriedade, o HF é utilizado na indústria do petróleo para tratamentos de acidificação em

arenitos.

As reações ácidas entre o ácido fluorídrico e argilas, feldspatos ou dolomitas podem

gerar precipitados capazes de entupir a formação. A fim de previní-las, trabalha-se o HF

conjuntamento com HCl (mud acids).

Miranda (1995) avaliou o comportamento de pastas de cimento convencionais para

poços de petróleo frente ao regular mud acid, reportando-o como a mais agresiva das

soluções a esses materiais dentre as soluções de acidificação estudada, como o HCl 15,0 % e

misturas de ácidos orgânicos e fluorídricos. Ademais, a autora realizou ensaios utilizando

somente HF como meio agressivo e verificou que não houve perda de massa dos corpos-de-

prova nesse meio.

5.1.4.3 Ácido acético

O HAc é proveniente da degradação natural de produtos orgânicos, particularmente no

ramo da agricultura. Há vários trabalhos que tratam do ataque ácido a materiais cimentícios

por ácidos orgânicos (BERTRON et al., 2004; BERTRON et al., 2005a; b; 2007). É

considerado um ácido orgânico forte (ZÍVICA and BAJZA, 2001). Por esta razão, soluções

diluídas desse ácido são igualmente destrutivas.

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Referencial teórico

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Moreira et al. (2001) avaliaram a influência de alguns agentes agressivos na

resistência à compressão de concretos amassados com diferentes tipos de cimentos brasileiros,

mostrando que o contato com as soluções ácidas orgânicas, como HAc, HCOOH, CH3 - CH (

OH ) - COOH; bem como com H2SO4, pode ocasionar redução de resistência à compressão

de até 65 % nos corpos-de-prova. Os concretos com maiores relações a/c foram os mais

atingidos pelas soluções ácidas, e os autores alertam para o fato de que o pH da solução pode

não ser um fator de referência quanto à agressividade das soluções.

Especificamente em relação ao estudo do HAc como meio degradante, Asavapisit et

al. (2002) dizem que observaram baixas taxas de perda de massa frente à baixa solubilidade

do acetato de cálcio, 374 g.kg-1 (ALLAHVERDI and SKVÁRA, 2000a). Para Shi e

Stegemann (2000) o primeiro a solubilizar em HAc é o Ca(OH)2 e o processo inicia-se assim

que o pH em queda atinge 12.

Na seqüência, Shi e Stegemann (2000) relatam que a conectividade dos poros é

aumentada, de forma que maior quantidade de ácido ingressa na matriz e mais material é

lixiviado. Como resultado há uma dissolução extensiva do Ca(OH)2 e uma descalcificação da

matriz de C-S-H, o que leva ao aparecimento de macrotrincas e macroporos na camada

atacada. Como produtos de corrosão tem-se o aparecimento de acetato de cálcio altamente

solúvel (SHI and STEGEMANN, 2000), bem como a descalcificação da matriz cimentícia e

formação de sílica gel contendo alumínio e ferro após ataque em HAc (BERTRON et al.,

2005a; b).

Bertron et al. (2005b; 2005a) reportam todos os possíveis sais formados na reação do

HAc com os produtos da pasta de cimento endurecida, destacando a solubilidade de cada um

dos sais formados em relação ao Ca (Ca(C2H3O2)2, Al (Al(C2H3O2)3, Mg (Mg(C2H3O2)2 ou

Mg(C2H3O2)2 .4H2O) e Fe (FeOH(C2H3O2)2), sendo os sais provenientes do Mg muito

solúveis, os do Al, decompostos ou pouco solúveis e os do Fe, insolúveis.

Pimentel (2001), citado por Moreira et al. (2001) alertam que, embora o HAc não seja

tão agressivo na perda de massa, é o ácido de maior influência na redução da resistência à

compressão dos concretos. Essa perda é também reportada por outros autores (BERTRON et

al., 2005a; b).

Zívica e Bajza (2002) relatam resultados de perda de resistência à compressão em

argamassas confeccionadas com 1 parte de cimento para 3 partes de areia, fac 0,6 após 28 dias

de cura a 20ºC variando a concentração de imersão no HAc: 0,5 %, 1,0 %, 1,5 % e 5,0 % e

reportam perdas de resistência à compressão de 80 MPa (corpos-de-prova antes da exposição

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Referencial teórico

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ao HAc) para valores praticamente nulos de resistência, exceto na concentração mais baixa

(0,5 %) que a resistência à compressão reduziu para 20 MPa.

Allahverdi e Skvára (2000a) expõem que o ataque por HAc com concentração de 0,5

mol/L a uma pasta de cimento endurecida com fac 0,4 resulta na formação de uma camada

esbranquiçada ou marrom clara acompanhada por uma zona cinza muito fina na vizinhança do

centro do corpo-de-prova. Os autores dizem que o aparecimento de trincas é normal nesse tipo

de ataque.

De Belie et al. (1972), citados por Moreira et al. (2001), observaram o comportamento

de cimento aluminoso frente à ação de HAc, indicando que apresenta uma maior resistência à

ação das soluções ácidas utilizadas, principalmente, para soluções de pH muito baixo. Há, no

entanto, segundo os autores, restrições quanto ao uso desse tipo de cimento, devido ao seu

processo de conversão, que é uma reação química interna que causa queda na resistência à

compressão dos seus concretos em mais de 50 % (MOREIRA et al., 2001).

Breit (2002), preocupado com tubulações industriais de concreto para trabalhar com

esgoto, analisou, dentre os ácidos orgânicos, o ataque ácido do HAc com pH de 4,5 a 6,5 e

analisou a perda de massa como função do tempo, lixiviação do cálcio para a solução ácida,

também em função do tempo, bem como a profundidade do ataque para o completo

entendimento desse tipo de ataque. Observou que o ataque ácido aumentou com a diminuição

do valor do pH, bem como com o aumento da temperatura. Além disso, Breit (2002) calculou

graficamente o comportamento da perda de massa e da lixiviação do cálcio e verificou que há

uma relação linear com a raiz quadrada do tempo de imersão. Os autores ainda colocam que o

uso de sílica ativa e cinzas volantes diminuem o ataque ácido ao concreto, uma vez que os

ultrafinos diminuem a porosidade do mesmo.

5.2 Corrosão externa da tubulação de revestimento

Ao cimentar um poço de petróleo surge uma importante interface do ponto de vista

eletroquímico: a interface tubulação de revestimento/pasta de cimento endurecida, uma vez

que uma das funções da cimentação é proteger a parte externa da tubulação de revestimento

da corrosão. Esquematicamente, pode-se ver a posição da tubulação de revestimento e da

bainha de cimento na figura 5.

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Referencial teórico

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Figura 5. Esquema de poço cimentado (adaptado de VLACHOU; PIAU, 1997 apud

FERNANDES, 2007).

Pourbaix (1974 apud SILVA, D. R., 2006) concluiu que para a ordem de grandeza do

pH do concreto, na faixa de 8 a 13, e para uma faixa usual de potencial de corrosão, também

no material cimentício, da ordem de + 0,1 V a – 0,4 V em relação ao eletrodo padrão de

hidrogênio, o aço da armadura estará passivado (GENTIL, 1996; MONTEIRO, 2002) com

uma fina camada de óxidos estável que protege o sistema da corrosão. A figura 6 ilustra o

diagrama de equilíbrio potencial versus pH, de forma simplificada, para o sistema ferro-água,

a 25ºC (NUNES, 1982; HELENE, 1993; FIGUEIREDO, 1994; ALMEIDA, 1996).

2.0

1.6

1.2

0.8

0.4

0.0

-0.4

-0.8

-1.2

0 2 4 6 8 10 12 14 pH

NEUTROÁCIDO

EH

BÁSICO

Faixa usual do potencial decorrosão do Feno concreto

Imunidade

Fe(OH)2

Fe O3 4Fe++

Fe O2 3

Fe++

Passivação

Figura 6. Diagrama de Pourbaix de equilíbrio termodinâmico. Potencial versus pH para o

sistema Fe-H2O a 25ºC, delimitando os domínios prováveis de corrosão, passivação e

imunidade (adaptado de HELENE, 1993).

Revestimento (aço)

Bainha de cimento

Formação

Zona de óleo

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Referencial teórico

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Silva, D. R. (2006) diz que a composição do filme passivado do aço imerso no

material cimentício não é seguramente conhecida. No entanto, Helene (1986) afirma ser

composta por óxido duplo de cálcio e ferro resultante da combinação da ferrugem superficial,

Fe(OH)3, com hidróxido de cálcio, Ca(OH)2, para armaduras pré-corroídas, conforme equação

8. Já Gouda (1996 apud FIGUEIREDO, 1994) diz que essa camada de passivação é composta

de γ-Fe2O3. Por fim, Sato (1978 apud HELENE, 1993) diz predominar o Fe3O4 e outra

camada externa de γ-Fe2O3. Gentil (1996) acrescenta que em alguns casos, o filme de óxido

formado pode ser facilmente destruído, bastando um leve choque para destruir a película,

podendo os filmes serem formados novamente desde que o meio seja propício.

2Fe(OH)3 + Ca(OH)2 → CaOFe2O3+ 4H2O (8)

Além da proteção química do revestimento, a pasta de cimento endurecida também

proporciona a proteção física, através de sua espessura, dificultando a entrada dos agentes

agressivos. O problema da acidificação se torna mais complexo, visto que os eletrólitos que

contém os íons são ácidos agressivos e a degradação da cimentação passa a ser uma das

conseqüências do processo, levando à exposição do aço do revestimento e perda de proteção

deste por meio das barreiras química e física, causando decréscimos de pH da matriz de

cimento e despassivando, conseqüentemente, a superfície do aço, o que leva ao início da

corrosão (GENTIL, 1996; SILVA et al., 2005).

Na célula de corrosão formada pelo contato na interface tubulação de

revestimento/pasta de cimento endurecida, a tubulação funciona como um eletrodo misto,

ocorrendo reações anódicas e catódicas com a solução contida nos poros da pasta de cimento

endurecida sendo o eletrólito. Qualquer ddp entre as zonas anódicas e catódicas acarreta o

aparecimento de corrente elétrica e, dependendo da magnitude dessa corrente e do acesso de

oxigênio, haverá ou não corrosão da tubulação. Na figura 7 está ilustrado um esquema

simplificado da célula de corrosão eletroquímica em um poço de petróleo.

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Referencial teórico

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Figura 7. Esquema simplificado da célula de corrosão para a corrosão externa na tubulação de

revestimento em poços de petróleo.

Esquematicamente pode-se verificar na figura 7 que a célula de corrosão é composta

(ANDRADE, 1992; FIGUEIREDO, 1994; GENTIL, 1996; ANDRADE, 2001) por zona

anódica e zona catódica, pressupondo funcionamento de um circuito fechado (PANOSSIAN,

1993; GENTIL, 1996). Ressalta-se, no entanto, que para haver formação da pilha de corrosão

é necessária a existência de meios de transporte para que os íons e os elétrons originários

desse processo se movimentem entre as áreas anódicas e as áreas catódicas. Normalmente os

elétrons migram via contato direto metal-metal e os íons por dissolução e migração via

solução (ANDRADE, 2001; SILVA, D. R., 2006).

Na zona anódica ocorrem as reações de oxidação. O átomo de ferro, após oxidado na

forma de íon, deixa a tubulação de aço e migra para o eletrólito, ficando a tubulação carregada

negativamente, de acordo com a equação 9, apresentando redução de massa.

Na zona catódica ocorrem as reações de redução dos íons presentes no eletrólito. Por

ddp as cargas negativas liberadas na região anódica movimentam-se em direção a zona

catódica (sem corrosão) do revestimento, provocando reações de redução das espécies

eletroquímicas ou íons presentes no eletrólito. No caso de meio neutro ou alcalino, Helene

(1986) apresenta a equação 10, bem como Gentil (1996) apresenta a equação 11 para meios

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Referencial teórico

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não-aerados. Já as reações mais prováveis que ocorrem durante o processo de corrosão do aço

no imerso em materiais cimentícios são as apresentadas na tabela 3.

Fe → Fe+2 + 2e- (9)

H2O + 1/2 O2 + 2e- → 2OH- (10)

2H2O + 2e- → H2 + 2OH- (11)

Tabela 3. Reações prováveis em um processo de corrosão do aço (adaptada de GOMES and

BARRETO, 1979; POPOVICS, 1983), compiladas por Helene (1993).

Reação provável Características do produto formado

2Fe+2 + 4OH-→ 2Fe(OH)2 Hidróxido ferroso, fracamente solúvel, marrom

2Fe+2 + 4OH- → 2FeO.H2O Óxido ferroso hidratado, expansivo, marrom

4Fe(OH)2 + 2H2O + O2 → 4Fe(OH)3 Hidróxido férrico, expansivo, avermelhado

3Fe + 8OH-→ Fe3O4 + 8e- + 4H2O Óxido férrico, de cor preta

4Fe(OH)2 + 2H2O+O2 →4 Fe2O3.H2O Óxido férrico hidratado, expansivo

O processo corrosivo é agravado pela presença de fluidos agressivos: contaminantes

no gás e no óleo (H2S, CO2 e O2 na presença de umidade), ácidos, águas corrosivas em geral,

água de injeção para recuperação secundária de petróleo (corrosão microbiológica), água de

descarte e geração em refinaria de fluidos de acidez diversa. No caso da corrosão externa da

tubulação de revestimento, o principal meio agressivo são águas corrosivas (HARARI and

KING, 1990). Além disso, segundo Ke e Boles (2004), os fluidos se tornam mais agressivos

com a profundidade, uma vez que o há aumento de pressão e de temperatura.

Na corrosão do revestimento envolto externamente pelo material cimentício, em

virtude da influência da rede de poros da microestrutura do concreto, o eletrólito apresenta

características de resistividade elétrica bastante elevada. Portanto, faz-se necessário entender

o mecanismo eletroquímico ao que o aço imerso no material cimentício está submetido,

considerando quais são as variáveis que interferem na transferência de carga elétrica na célula

eletroquímica, em termos conceituais, de forma a propiciar o entendimento, execução e

discussão dos resultados dos métodos eletroquímicos propostos na realização deste trabalho.

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Referencial teórico

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5.2.1 Noções básicas de corrosão eletroquímica

Ramanathan (1988), Panossian (1993), Tait (1994), Trethewey e Chamberlain (1995),

Gentil (1996), Roberge (1999), Wolynec (2003), bem como Barsoukov e Macdonald (2005)

são excelentes referências acerca de conceitos básicos de corrosão eletroquímica, sua cinética

e técnicas eletroquímicas de avaliação da corrosão de uma forma geral.

Deve-se ter em mente que quando se fala em eletrodo não se fala apenas do material

metálico, mas do complexo sistema que se forma no seu entorno quando este é imerso em um

eletrólito.

Quando um metal é mergulhado em uma solução aquosa, inicia-se sua dissolução, com

a liberação de íons dentro da solução e permanência dos elétrons no metal na condição de

estado estacionário. O metal fica então carregado eletricamente e se cria um campo elétrico

dentro da solução, que faz com que os íons, que são carregados positivamente, tendam a ficar

retidos na vizinhança da interface metal/solução (WOLYNEC, 2003). Esta situação de

equilíbrio é caracterizada pela formação da dupla camada elétrica.

Na figura 8 está apresentada a estrutura mais aceita de uma dupla camada elétrica.

Nesta configuração observa-se a presença da HDL, que se assemelha a um condensador

elétrico, e de uma camada difusa, conhecida como GCL, na qual os íons se espalham por uma

distância de aproximadamente um micrometro (WOLYNEC, 2003).

Figura 8. Estrutura da dupla camada elétrica (WOLYNEC, 2003).

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Referencial teórico

53

Um metal que forma uma dupla camada elétrica é chamado de eletrodo e tem seu

potencial caracterizado pela ddp entre o metal e a solução através dessa dupla camada elétrica

(PAGE, 1988 apud SÁ, 2006), caracterizando o chamado potencial de eletrodo. Um campo

elétrico é então gerado em função dessa ddp, uma vez que estabelece uma separação de cargas

elétricas na interface metal/solução. Na seqüência do processo, a presença desse campo

dificulta a dissolução metálica e ao mesmo tempo atrai moléculas ou íons polarizados para

junto da interface.

A situação descrita permanece estável até que esse campo elétrico impeça a saída de

mais átomos do metal, atingindo-se um estado de equilíbrio dinâmico e uma ddp, após o

estabelecimento do equilíbrio, chamada de potencial de equilíbrio ou reversível (Ee)

(BOCKRIS, 1973 apud SÁ, 2006), quando a reação eletroquímica responsável pela formação

da dupla camada elétrica procede, tanto no sentido de oxidação como no de redução, com a

mesma velocidade io (densidade de corrente de troca) (WOLYNEC, 2003).

Pode-se então afirmar que o potencial de equilíbrio é um potencial de eletrodo que

reflete uma situação estacionária, na qual não há corrosão. Enquanto o sistema mantiver as

mesmas condições de temperatura e concentração da solução, a dupla camada permanecerá no

seu potencial de equilíbrio (BARD and FAULKNER, 1980; PANOSSIAN, 1993).

No entanto, a medida do potencial de eletrodo não pode ser feita diretamente, uma vez

que é inviável a medida direta de uma ddp entre um metal e uma solução qualquer. A fim de

contornar essa dificuldade, Sá (2006) lembra que se realiza essa medida com relação a um

eletrodo de referência com potencial determinado convencionalmente. Convencionou-se

definir como eletrodo de referência padrão, o eletrodo cujo potencial seja zero, o eletrodo

padrão de hidrogênio, que consiste em uma barra de platina platinizada imersa em uma

solução ácida padrão saturada com H2 (1 mol.dm-3 de H+), sendo raramente utilizado na

prática devido à sua complexidade. Costuma-se utilizar em seu lugar os eletrodos de

referência secundários, tais como: o eletrodo de calomelano, o eletrodo de prata/cloreto de

prata e o eletrodo de cobre/sulfato de cobre (WOLYNEC, 2003).

5.2.2 Cinética da corrosão eletroquímica

Quando o eletrodo tem seu potencial de equilíbrio alterado por um processo qualquer,

por exemplo, por imposição de um potencial externo, diz-se que sofreu polarização.

A medida da polarização em relação ao potencial de equilíbrio é chamada de

sobretensão ou sobrepotencial η, que é equivalente à diferença entre o potencial resultante da

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Referencial teórico

54

polarização e o potencial de equilíbrio. Para η positivo tem-se uma ηa para η negativo ηc. Na

figura 9 está a ilustração da polarização anódica e catódica de um eletrodo (WOLYNEC,

2003).

Figura 9. Polarização anódica e catódica de um eletrodo (WOLYNEC, 2003).

Quando do emprego de técnicas eletroquímicas para o estudo da corrosão, tem-se

como potencial inicial um potencial próximo ao potencial de corrosão. Ecorr é o potencial em

que a taxa de corrosão do anodo é igual a taxa de redução do catodo, quando uma amostra

metálica apresenta corrosão eletroquímica (NOGUEIRA e MIRANDA, 1990).

Com base nesse potencial de corrosão aplicam-se sobretensões através da imposição

de potenciais externos (HELENE, 1986; BAUER, 1990; HELENE, 1993; ALMEIDA, 1996;

CASCUDO, 2000; BARRETO, 2003; NÓBREGA, 2004; SILVA, D. R., 2006). A

sobretensão é dada pela equação 12.

η = E – Ecorr (12)

A polarização de um eletrodo pode se dar de três maneiras: polarização por ativação

(ηA), polarização por concentração (ηC), e polarização de resistência (ηR). Assim, pode-se

então afirmar que a sobretensão total em um eletrodo metálico é dada pela soma dessas

sobretensões. Na prática, a polarização do eletrodo é a combinação das polarizações por

concentração, ativação e queda ôhmica (TANAKA, 1979 apud SÁ, 2006).

Para o caso da corrosão das armaduras imersas em materiais cimentícios, ocorrem

essencialmente polarizações por resistência e por concentração (Corrosion of metals in

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Referencial teórico

55

concrete: reported by ACI Committee Manual of concrete practice, 1990). Quando o

concreto encontra-se com pouco eletrólito, ou seja, pouco úmido, o controle será anódico por

resistência, e quando existe muito eletrólito, concreto bastante úmido, o controle será catódico

por difusão do oxigênio. Estando o concreto parcialmente úmido ocorrem simultaneamente as

duas polarizações.

5.2.2.1 Polarização por ativação

A polarização por ativação (ηA) está relacionada com a energia de ativação necessária

para que as reações de eletrodo (anódicas e catódicas) ocorram a uma dada velocidade e é o

resultado imediato da barreira de energia na interface do eletrodo. Ela está associada à etapa

lenta de transferência de carga (GONZÁLES, 1985 apud SÁ, 2006).

Para a polarização por ativação, a equação que relaciona a sobretensão aplicada η (ηa

ou ηc) com a densidade de corrente resultante i (ia ou ic) é a equação de Butler-Volmer,

também conhecida como equação geral da cinética de eletrodo, que é expressa pela equação

13, em que i é a densidade de corrente, i0 é a densidade de corrente de troca, α é o coeficiente

de transferência ou de simetria, n é o número de elétrons transferidos por espécie e η é o

sobrepotencial. Além disso, f = F/RT , F, constante de Faraday, R, constante dos gases e T, a

temperatura absoluta. α é definido como a relação entre a distância da interface

metal/eletrólito até o topo da barreira energética e a espessura de toda a dupla camada elétrica

(SÁ, 2006). Na figura 10 está ilustrada a barreira energética de um sistema metal eletrólito e o

significado de α.

( ) nfηα1nf0 eeii −ηα− −=

(13)

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Referencial teórico

56

Figura 10. Ilustração da barreira energética, apresentado o significado do coeficiente de

transferência - α (PANOSSIAN, 1993).

De acordo com Bockris e Reddy (1970 apud SÁ, 2006), a equação 13 apresenta a

corrente resultante linearmente relacionada ao sobrepotencial para uma extensão de potencial

pequena, perto do potencial de equilíbrio Ee (η = 0 para i = i0).

A equação de Butler-Volmer é bastante complexa e não permite que η seja expresso

em função de i de modo analítico. No entanto, ela pode ser simplificada para valores de

sobretensão maiores do que 30 mV. Quando se tem η < -100 mV, o segundo termo da

equação 13 torna-se desprezível em relação ao primeiro, reduzindo a equação de Butler-

Volmer a uma equação conhecida como equação de Tafel (WOLYNEC, 2003), expressa na

equação 14. Sendo a e b constantes empíricas, que representam as inclinações ou declives de

Tafel, conforme os valores expressos nas equações 15 e 16, respectivamente.

lniba +=η (14)

0lognF

2,3RTa i⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛

(15)

ib lognF

2,3RT⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

−=α

(16)

No sistema corrosivo os processos anódicos e catódicos devem ser considerados.

Quando há duas ou mais reações de transferência de carga parcial envolvidas, deve-se aplicar

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Referencial teórico

57

o princípio da aditividade. Tal princípio consiste na soma algébrica das densidades de

correntes para os dois pares de reações redox (anódica e catódica), sendo cada uma delas

representada por uma equação de Butler-Volmer (PRUCKNER et al., 1996), conforme

equações 17 e 18, em que i0a é a densidade de corrente de troca para reação anódica, i0c é a

densidade de corrente de troca para reação catódica, αa é o coeficiente de transferência

anódico, αc é o coeficiente de transferência catódico, αa é o sobrepotencial para reação

anódica e αc é o sobrepotencial para reação catódica.

( ) ( ) aaaa nfηα1nfηα0a eeii −− −=

(17)

( ) ( ) cccc nfηα1nfηα0c eeii −− −= (18)

Para o sistema de corrosão do aço imerso em materiais cimentícios, a relação corrente-

potencial em algumas regiões de potenciais é bastante complexa. Isso reflete em inclinações

de Tafel distorcidas, devido às contribuições da alta resistência do concreto e um lento

processo de difusão (PRUCKNER et al., 1996)

Fazendo-se referência à distorção devido à alta resistência do concreto, a maneira de

se corrigir tal distorção é considerar a parcela da densidade de corrente relacionada à queda

ôhmica. A queda ôhmica pode ser definida como sendo a diferença entre o potencial medido e

o potencial aplicado, causada pela resistência elétrica entre o eletrodo de trabalho e o eletrodo

de referência (TANAKA, 1979 apud SÁ, 2006).

Bozzini (2000 apud SÁ, 2006) apresenta a equação 19 que é a expressão que

representa a parcela referente à queda ôhmica, em que RΩ é a resistência do eletrólito entre os

eletrodos de referência e de trabalho e A é a área da superfície do eletrodo de trabalho.

ARiΩ

η= (19)

Para se obter o valor da corrente total do processo eletroquímico, Sá (2006) diz que se

deve levar em consideração todas as contribuições de corrente que dizem respeito à

transferência de carga, transferência de massa (difusão) e queda ôhmica, conforme mostrado

na equação 20, em que iT é a corrente total relacionada à transferência de carga, itc é a corrente

relacionada à transferência de carga, itm é acorrente relacionada à transferência de massa e iΩ a

corrente relacionada à queda ôhmica.

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Referencial teórico

58

iT = itc + itm +iΩ (20)

Nas reações de oxidação do aço imerso em materiais cimentícios a corrente de

corrosão será determinada pelo valor da corrente de troca da reação anódica, ioa

(PRUCKNER, 2001 apud SÁ, 2006).

Tanto a equação de Butler-Volmer, quanto a equação de Tafel, derivam da suposição

de que a velocidade do processo no eletrodo é determinada por uma barreira energética de

ativação, situada dentro da dupla camada elétrica. Nesse caso, a sobretensão considerada

nessas equações é chamada de sobretensão de ativação e a polarização dita polarização de

ativação (WOLYNEC, 2003).

5.2.2.2 Polarização por concentração

A polarização por concentração (ηC) representa a variação de potencial em

conseqüência da variação de concentração da espécie eletroquimicamente ativa, oxidada ou

reduzida face à passagem de corrente elétrica (TANAKA, 1979 apud SÁ, 2006).

Um exemplo de polarização por concentração da espécie eletroquímica na vizinhança

imediata do eletrodo ocorre com a corrosão da armadura imersa em materiais cimentícios,

especificamente na reação do catodo, que é a redução de oxigênio. Sendo o oxigênio a espécie

eletroquímica consumida na reação catódica, tem-se que a sua taxa de difusão através do

concreto até alcançar a armadura (na zona anódica) determina a velocidade de corrosão do

sistema e assim as reações catódicas são tidas como controladoras do processo eletroquímico

(ROSENBERG et al., 1989 apud SÁ, 2006).

5.2.2.3 Polarização de resistência

Quando se polariza um eletrodo, envolvido por uma película, de modo a se ter uma

corrente resultante ia ou ic, inevitavelmente, ter-se-á uma queda de potencial através da

película, pois nenhuma película tem resistividade elétrica nula. A sobretensão total fica, então,

aumentada desse valor, que é designado por sobretensão de resistência (ηR) ou polarização de

resistência (WOLYNEC, 2003).

Também chamada de polarização ôhmica, tem origem em qualquer queda de potencial

entre a superfície do eletrodo e a ponta do eletrodo de referência que se utiliza na medida de

potencial de eletrodo, produzindo um erro iR na vizinhança imediata do eletrodo. Esse erro é

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Referencial teórico

59

tanto maior quanto mais afastada estiver a ponta do eletrodo de referência da superfície do

eletrodo (WOLYNEC, 2003).

A polarização ôhmica pode ser causada pela formação de películas ou precipitados

sobre a superfície metálica, que se oponham, de certa maneira, à passagem de corrente.

Muitos eletrodos se recobrem de películas delgadas de resistência relativamente elevada, por

exemplo, películas de óxidos. Em casos extremos, de formação de películas dielétricas de

óxidos, essa polarização pode elevar-se a várias centenas de Volts. A película de solução na

imediata vizinhança do eletrodo pode apresentar também uma considerável resistência ao

fluxo de corrente. A polarização ôhmica incrementa-se linearmente com a densidade de

corrente (FERNANDEZ, 1984 apud CASCUDO, 2000; FELIU, 1988 apud CASCUDO,

2000).

Para a polarização por concentração e polarização por resistência, as equações de

Butler-Volmer e Tafel não se aplicam (PANOSSIAN, 1993; CASCUDO, 2000).

5.2.3 Emprego de técnicas eletroquímicas da interface tubulação de revestimento/pasta

de cimento endurecida

Diversas técnicas eletroquímicas capazes de serem utilizadas na avaliação da corrosão

das armaduras imersas em materiais cimentícios são referenciadas na bibliografia

(GONZÁLES, 1989; SEHGAL et al., 1992; CIGNA et al., 1993; HELENE, 1993;

CASCUDO, 1997; GOWERS and MILARD, 1999; PRUCKNER, 2001; VIEIRA, 2003), tais

como potencial de circuito aberto, resistência de polarização, EIE, curvas de polarização e

ruídos eletroquímicos.

Na presente pesquisa utilizaram-se as técnicas de medidas de potencial de circuito

aberto, curvas de polarização e EIE para avaliação da corrosão do aço embutido nas pastas de

cimento endurecidas em eletrólitos ácidos e solução simuladora do conteúdo alcalino dos

poros. Assim, será exposta a base teórica sobre as técnicas em questão a fim de ajudar no

entendimento, discussão dos resultados e conclusões.

5.2.3.1 Potencial de circuito aberto (PCA)

O potencial de corrosão é um dos parâmetros eletroquímicos de mais fácil

determinação experimental. Como se trata de um potencial assumido pelo metal, é suficiente

obter a medida direta desse potencial com relação a um eletrodo de referência. Essa medida é

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Referencial teórico

60

conhecida como medida de potencial de circuito aberto (WOLYNEC, 2003) e uma mudança

do estado passivo/ativo implica em súbitas mudanças desses valores de potenciais

(CASCUDO, 1997).

Se no início o potencial de corrosão se mantém em um valor mais elevado e, após um

tempo, ele cai bruscamente para valores mais baixos, há a dissolução da película de óxido

pelo processo de dissolução redutiva, como pode ser observado na figura 11 (WOLYNEC,

2003). Ressalta-se que comportamento inverso também pode ocorrer, a elevação no patamar

do potencial está relacionada com o fenômeno de que em alguns meios pode se formar na

superfície do metal uma película passiva ou pseudo-passiva pelo mecanismo de precipitação.

A formação dessa película, apesar de ocorrer quase instantaneamente, inicia-se somente após

um tempo após imersão e durante a precipitação, o potencial de corrosão aumenta

consideravelmente, como se pode constatar na figura 12 (WOLYNEC, 2003).

Apesar de ser uma técnica limitada apenas de cunho qualitativo, tem-se uma idéia de

quão os sistemas são oxidáveis, de forma que quanto mais positivo for o valor do potencial

menos susceptível à corrosão é o sistema, tendendo a condições de passivação, ou seja, há

formação sobre a sua superfície de um filme passivo termodinamicamente mais estável do que

o filme formado sobre amostras com valores menores de Ecorr. Assim, suas informações

devem ser utilizadas sempre como complemento de outros ensaios e nunca de forma isolada

(ANDRADE, 1992).

Pot

enci

alde

corr

osão

( mV

.EC

S)

0 4 8 12 16-400

-200

0

200

400

600

Escala em :

minutoshoras

segundos

123

Figura 11. Variação do potencial de corrosão, em função do tempo, do aço inoxidável AISI

304, em solução de 5 % HNO3 (WOLYNEC, 2003).

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Referencial teórico

61

8 12 16 20

Pot

enci

alde

corr

osão

(mV

.EC

S) -500

-700

-900

-1100

-1300

-1500

Tempo (h)

Figura 12. Variação do potencial de corrosão do zinco, em função do tempo, em solução

saturada de hidróxido de cálcio (WOLYNEC, 2003).

5.2.3.2 Curvas de polarização

Uma melhor visualização da influência da polarização sobre a densidade de corrente é

obtida através da representação gráfica em diagramas de E versus i. Uma sobretensão ou

sobrecorrente é imposta ao sistema por um potenciostato (MATOS, 1990; ALMEIDA, 1996)

com o registro da alteração correspondente da corrente ou do potencial (NÓBREGA, 2004).

As curvas que se obtém são chamadas curvas de polarização, representantes do efeito global

de todas as reações que ocorrem simultaneamente sobre o eletrodo (WOLYNEC, 2003).

A figura 13 ilustra as curvas de polarização anódica e catódica em um diagrama em

que as densidades de corrente assumem valores relativos, em que ia assume valores positivos

e ic assume valores negativos (WOLYNEC, 2003). A equação que rege o comportamento

cinético do sistema é a de Tafel, simplificada de Butler-Volmer, já discutidas no item 5.2.2.1.

Sendo a equação de Tafel de natureza logarítmica, uma das maneiras mais

convenientes de apresentar as curvas de polarização é em um diagrama E versus log ⎪i⎪. A

vantagem desse diagrama está em que a parte das curvas em que é válida a equação de Tafel é

reta. Além disso, aparecem no diagrama todos os coeficientes da equação: os declives de

Tafel são os declives da reta, enquanto a densidade de corrente de troca io, é o intercepto das

retas do eixo de log ⎪i⎪ passando pelo potencial de equilíbrio Ee (η = 0 para i = i0)

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Referencial teórico

62

(WOLYNEC, 2003; SÁ, 2006; SILVA, D. R., 2006). A figura 14 apresenta as curvas de

polarização anódica (ia) e catódica (ic) em um diagrama monologarítmico.

Figura 13. Curvas de polarização anódica e catódica em um diagrama em que as densidades

de corrente assumem valores relativos (WOLYNEC, 2003).

Figura 14. Curvas de polarização anódica (ia) e catódica (ic) em um diagrama

monologarítmico, sendo Ee o potencial de equilíbrio e io a densidade de corrente de troca

(WOLYNEC, 2003).

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Referencial teórico

63

Fonseca (1988 apud CASCUDO, 1997) e Dexter et al. (1989 apud CASCUDO, 1997)

dizem que a técnica da curvas de polarização é extremamente eficaz na caracterização, e,

algumas vezes, na previsão do comportamento da corrosão em sistemas em que há formação

de película passivante, como é o caso do aço/materiais cimentícios. Com muita rapidez,

podem-se identificar desejáveis combinações materiais/ambientes, a partir de como cada

material se comporta em relação a um meio particular (PRINCETON APPLIED RESEARCH

CORPORATION, 1977 apud CASCUDO, 1997), uma vez que a técnica prontamente indica a

capacidade de amostra metálica se proteger contra o ataque de agentes agressivos do

eletrólito.

Através das curvas de polarização é possível se obter taxas de corrosão (ANDADE,

1988; PRINCETON APPLIED RESEARCH CORPORATION, 1977; HACK, 1986;

SIEBERT, 1986; DEXTER et al., 1989; ANDRADE and GONZÁLES, 1978), todos citados

por Cascudo (1997), bem como morfologia do ataque, ou seja, se ocorre corrosão localizada

ou generalizada (ANDRADE, 1988; PRINCETON APPLIED RESEARCH CORPORATION,

1977; HACK, 1986; SIEBERT, 1986; DEXTER et al., 1989; KAIN et al., 1986; LAU and

BERNHARDSSON, todos citados por Cascudo (1997). Segundo publicação da Princeton

Applied Research Corporation (1977 apud CASCUDO, 1997), também podem ser

observadas tendências à passivação e ao pite através das curvas de polarização e películas e

filmes superficiais no eletrodo de trabalho.

Uma representação esquemática da curva de polarização para um sistema de concreto

armado que é semelhante ao sistema revestimento/pasta de cimento endurecida em meio

alcalino é apresentada na figura 15, em que se podem distinguir os diferentes estágios. Ao

analisar o ramo anódico, tem-se que em potenciais fortemente negativos, referenciados como

potenciais de ativação, a taxa de corrosão aumenta rapidamente com o desenvolvimento de

potenciais mais positivos e repentinamente decresce com o aumento de potencial devido à

formação de óxido de ferro. O potencial no qual isso ocorre é conhecido como potencial

passivo primário, e denominado Epp, na curva. Então, para uma grande faixa de potenciais, a

armadura é corroída a uma taxa desprezível e esta é a região de armadura passivada. Para

potenciais mais elevados, ocorre a quebra da água para produzir oxigênio e graves corrosões

podem ocorrer devido à perda de passividade. O potencial no qual isso ocorre é chamado

potencial transpassivo, denominado Etp na curva (BENTUR et al., 1997 apud SÁ, 2006).

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Referencial teórico

64

Figura 15. Representação esquemática da curva de polarização para a armadura passiva no

concreto (adaptado de MIRANDA; BASÍLIO, 1987 apud LIMA, 2000).

Como exemplo, observa-se, na figura 16, que o material correspondente à curva C

apresenta um comportamento menos susceptível à corrosão em relação às curvas A e B e

também exibe uma menor taxa de corrosão, além de um potencial mais eletropositivo. Quanto

às curvas A e B, observa-se que apesar da curva A apresentar um potencial mais ativo em

relação à curva B, ela exibe uma menor taxa de corrosão. Seguramente se pode afirmar que os

elementos correspondentes às curvas A e B podem funcionar como uma proteção catódica ao

elemento da curva A (OSÓRIO, 2004).

Já uma curva típica de polarização de aço inoxidável em meio ácido é mostrada na

figura 17, podendo ser observadas regiões catódica e anódica. Em aços inoxidáveis,

alcançando-se um valor máximo de corrente, há redução da densidade de corrente pela

formação de películas aderentes, dando início a região anódica passiva, que nesses aços é

caracterizada por baixa densidade de corrente, portanto baixa taxa de corrosão

(MAGNABOSCO, 2001 apud BRUNO e MAGNABOSCO, 2005).

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Referencial teórico

65

Figura 16. Curvas de polarização esquemáticas de três elementos, exibindo o comportamento

mais resistente à corrosão (curva C) e o mais ativo (curva B) (OSÓRIO, 2004).

Figura 17. Esquema de curva de polarização típica de aços inoxidáveis em meio ácido.

(adaptado de MAGNABOSCO, 2001 apud BRUNO e MAGNABOSCO, 2005).

O levantamento bibliográfico acerca de parâmetros utilizados em estudos de concreto

armado e argamassas encontra-se compilado na tabela 4. Destaca-se que a maioria dos autores

adota velocidade de varredura de 0,500 mV/s e varrem desde o ramo catódico até o ramo

anódico a partir do potencial de circuito aberto, sendo o eletrodo de referência

preferencialmente adotado o calomelano saturado.

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Referencial teórico

66

Tabela 4. Parâmetros comumente relacionados a curvas de polarização em materiais

cimentícios com armaduras de aço.

Intervalo de potencial

a partir do PCA Autor

Catódico

(mV)

Anódico

(mV)

Taxa de

varredura

(mV/s)

Eletrodo de

referência

Raupach et al. (2004) – 1100 + 1 100 0,500 SCE

Mennucci e Costa (2005) - 250 + 250 0,500 Ag/AgCl

Alonso et al. (1998) - 400 + 400 0,500 SCE

Dotto et al. (2004) - 800 + 800 0,167 SCE

Nóbrega e Silva (2002) - 150 + 150 0,100 Ag/AgCl

Cascudo (1997) - 300 + 300 Não citada Não citado

5.2.3.3 Espectroscopia de impedância eletroquímica

Além de se utilizar potenciais de eletrodo de corrente contínua, pode-se também

empregar correntes alternadas no estudo da corrosão (TAIT, 1994; GENTIL, 1996;

JOUKOSKI, 2003; WOLYNEC, 2003; FREIRE, 2005; VERGÉS, 2005; MENNUCCI, 2006;

SILVA, F. G., 2006), o que permite a utilização de sinais muito pequenos que não perturbam

as propriedades do eletrodo, bem como possibilita estudos em meios de baixa condutividade

(WOLYNEC, 2003). O mais completo é o que utiliza variação de freqüências, porque há

resistências e capacitâncias no sistema que são dependentes da freqüência.

Há uma gama de pesquisadores favoráveis ao emprego da EIE no estudo da interface

metal/concreto, validando entendimento dos mecanismos e proposição de reações

(CASCUDO, 1997; MORENO et al., 2001; JOUKOSKI, 2003; FREIRE, 2005). A técnica

fornece parâmetros pertinentes ao próprio material, tais como: condutividade, constante

dielétrica, mobilidade de cargas, concentrações de equilíbrio das espécies carregadas,

velocidade de geração/recombinação das mesmas; e aqueles pertinentes a uma interface

eletrodo/material: constantes de velocidade de reação de adsorção, capacitância de região de

interface, e coeficientes de difusão de espécies neutras no próprio eletrodo (FREIRE, 2005).

Os procedimentos indicados para o ajuste dos resultados experimentais com circuitos

equivalentes incluem a seguinte seqüência: examinar os diagramas de Nyquist e de Bode para

identificar as constantes de tempo; propor um circuito equivalente que descreva a interface

eletroquímica mais adequadamente; atribuir valores iniciais para cada parâmetro; ajustar os

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Referencial teórico

67

dados de EIE com um software apropriado; avaliar a qualidade do ajuste (erros); repetir todos

os procedimentos anteriores, até que um ajuste satisfatório seja obtido (MENNUCCI, 2006).

É importante entender os conceitos físicos envolvidos no processo. A impedância Z é

dada pela relação entre o potencial e a corrente, equação 21, semelhante à Lei de Ohm

adaptado para expressões referentes a um circuito de corrente alternada, com ângulo de fase θ

(defasagem de tempo entre a aplicação de um sinal de tensão alternada e a corrente de

resposta) e ω = 2.π.f, sendo f a freqüência imposta ao sistema (WOLYNEC, 2003). Como a

impedância indica a resistência física global de um determinado material em um dado meio,

quanto maior a impedância do sistema, mais passivo será o sistema, ou seja, maior a restrição

do eletrodo à passagem de corrente (GENTIL, 1996; JOUKOSKI, 2003; WOLYNEC, 2003;

FREIRE, 2005; MENNUCCI, 2006; SILVA, F. G., 2006).

φ)Bsen(ωs

Acosωc

I(t)

E(t)Z

+==

(21)

Sendo j o número complexo, j2=-1, a identidade matemática exposta na equação 22 é

verdadeira. E, sendo possível exprimir a impedância por meio da relação exposta na equação

23, em que |Z|, Zr e Zi representam, respectivamente, o módulo, a parte real, que corresponde

aos termos resistivos, e a parte imaginária do número complexo Z, correspondente aos termos

capacitivos e indutivos (WOLYNEC, 2003; SILVA, F. G., 2006). As relações expressas nas

equações 24, 25, 26 e 27 (WOLYNEC, 2003).

φφφ jsene j += cos (22)

irj jZZZeZZ +=∴= φ|| (23)

222|| ir jZZZ += (24)

φcos|| ZZr = (25)

φsin|| ZZi = (26)

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Referencial teórico

68

r

i

Z

Zarctg=φ

(27)

Como a impedância contém parte real e imaginária, uma melhor visualização e análise

dos resultados pode ser conseguida através de representações gráficas, preferida pela maior

parte dos pesquisadores nessa área. As mais utilizadas são a representação de Nyquist e a de

Bode (GENTIL, 1996; JOUKOSKI, 2003; WOLYNEC, 2003; FREIRE, 2005; MENNUCCI,

2006; SILVA, F. G., 2006). No diagrama de Nyquist, cada um representa a grandeza e a

direção do vetor impedância, em cada freqüência. Nas abscissas tem-se a parte real (termos

resistivos) e nas ordenadas, a parte imaginária (termos capacitivos ou indutivos) (JOUKOSKI,

2003).

Geralmente para materiais cimentícios com armaduras de aço reporta-se a existência

da impedância Warburg (CASCUDO, 1997; JOUKOSKI, 2003; FREIRE, 2005; SILVA, F.

G., 2006), utilizada quando o processo corrosivo é controlado pelo transporte de massa por

difusão de alguma substância envolvida nas reações. Aparece no diagrama, conforme pode ser

visto na figura 18, por uma linha reta a 45° de ambos os eixos, na região de baixas

freqüências.

Figura 18. Diagrama de Nyquist com o efeito da impedância difusional típico de materiais

cimentícios com armaduras de aço (adaptado de CASCUDO, 1997).

A grande facilidade do diagrama de Nyquist está na obtenção direta, através da

extrapolação da parte direita do semicírculo até o eixo real (horizontal), do valor da

resistência da solução contida nos poros do material cimentício (Rc - resistência entre o

eletrodo de trabalho e o eletrodo de referência do material), da resistência do eletrólito, da

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Referencial teórico

69

resistência do filme (Rf) e da resistência à transferência de carga (Rt), conforme mostrado na

figura 18.

A resistência à transferência de carga (Rt), equivalente à resistência de polarização

(Rp), pode ser usada para determinar a taxa de corrosão (icorr) pela equação de Stern-Geary

(equação 28). Então, utilizando-se esta equação com a substituição de Rp por Rt, obtém-se a

velocidade de corrosão esperada (HLADKY et al., 1980 apud JOUKOSKI, 2003), sendo βa e

βc, as constantes de Tafel anódica e catódica, respectivamente; B, constante de Stern-Geary e

Rp, resistência de polarização.

pp

ca

ca

corr R

B

Ri =

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛+

=)(3,2

.

ββ

ββ

(28)

Quando a armadura é essencialmente passiva, a transferência de carga ao longo da

armadura, que denota um processo de corrosão, é muito pequena. Sendo assim, os

semicírculos ou arcos capacitivos de transferência de carga na dupla camada elétrica são

pobremente desenvolvidos, prejudicando a interpretação de dados (FREIRE, 2005). Há

sistemas também em que há grande dispersão de dados (JOUKOSKI, 2003). Nesses casos,

uma opção de sucesso é a utilização do diagrama de Bode.

Sua facilidade de utilização baseia-se no fato de a freqüência ser uma variável explícita

no gráfico, no eixo das abscissas, o que torna mais fácil observar como a impedância depende

da freqüência (JOUKOSKI, 2003). Como se representa log|Z|, pode-se visualizar uma vasta

faixa de limites de impedância em um mesmo eixo, muito útil quando a impedância depende

fortemente da freqüência, principalmente quando em sistemas se estudam sistemas que atuam

de forma capacitiva (JOUKOSKI, 2003).

Esse diagrama consiste de um plano de eixos ortogonais, em que no eixo das ordenadas

geralmente se representam duas grandezas: o logaritmo da impedância (log |Z|) em ohms (W)

e o ângulo de fase (Φ) em graus (°); no eixo das abscissas, tem-se se o logaritmo da

freqüência angular (log ω), com ω em radianos por segundo (rad/s) (GENTIL, 1996;

JOUKOSKI, 2003; WOLYNEC, 2003; FREIRE, 2005; MENNUCCI, 2006; SILVA, F. G.,

2006). Pode-se também representar nas abscissas o logaritmo da freqüência (log Φ, com Φ em

Hz).

Podem ser extraídos de um diagrama de Bode do tipo [log |Z| versus log ω] alguns

parâmetros importantes, como o valor da resistência ôhmica, RΩ, que pode ser determinado

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Referencial teórico

70

pela extrapolação do patamar horizontal inferior da curva em direção ao eixo y (JOUKOSKI,

2003). E, nas freqüências mais baixas, a impedância é governada pela soma de RΩ e Rp, cujo

valor (em log) pode ser lido pela extrapolação à esquerda do patamar superior da curva.

Outra importante informação fornecida é através da extrapolação da reta de inclinação

igual a -1, indicando que a impedância do sistema é regida pela impedância capacitiva, na

faixa de freqüências intermediárias. Assim, tem-se para log ω = 0, o valor da capacitância da

dupla camada formada entre o eletrodo e o eletrólito. O módulo da impedância, nesse ponto, é

igual ao inverso da capacitância (JOUKOSKI, 2003). Um diagrama de Bode típico, do tipo

[log |Z| versus log ω], para um sistema eletroquímico simples (circuito simples de Randles),

com o destaque para os parâmetros a serem extraídos, pode ser visualizado na figura 19.

Figura 19. Diagrama de Bode típico, do tipo [log |Z| versus log ω], para um sistema

eletroquímico simples (circuito simples de Randles) (adaptado de JOUKOSKI, 2003).

Igualmente necessário na fundamentação teórica em EIE é entender a interpretação

física dos elementos do circuito equivalente, importante tanto no momento de propor o

circuito equivalente quanto de interpretar os resultados. De uma forma geral, nesse sistema,

resistores modelam a resistência do eletrólito de uma célula eletroquímica e capacitores

simulam os efeitos da dupla camada elétrica e alguma eventual deposição na barra de aço. É

rara a representação do indutor, sinalizando algum erro nas medidas de EIE (GENTIL, 1996;

JOUKOSKI, 2003; WOLYNEC, 2003; FREIRE, 2005; MENNUCCI, 2006; SILVA, F. G.,

2006).

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Referencial teórico

71

O capacitor da dupla camada elétrica pode ser considerado como um capacitor

verdadeiro, uma vez que, segundo Wolynec (2003), ele representa uma distribuição de cargas

no espaço, separada por um dielétrico. Já nos casos em que há adsorção, o capacitor que

modela esse fenômeno é um CPE, pois se tem transferência de carga.

De uma forma geral, o CPE é um elemento geral que pode representar uma variedade

de elementos como a indutância (α = -1), resistência (α = 0), Warburg (α = 0.5), capacitância

(α = 1) ou um comportamento dielétrico não ideal (-1 ≤α ≥ 1) resultante de uma distribuição

dos tempos de relaxação (VERGÉS, 2005).

É importante ressaltar que tanto os elementos constituintes do circuito equivalente,

quanto a forma como estão interconectados podem variar ao longo do tempo de imersão no

meio agressivo em um único sistema (WOLYNEC, 2003), uma vez que podem vir a se formar

produtos de degradação, diferentes formas de polarização ao longo do tempo, entre outras

mudanças significativas.

Embora teoricamente pareça simples, muitos pesquisadores afirmam a difícil

interpretação dos resultados dessa técnica. Os diagramas obtidos são complexos, o que

dificulta sua utilização em materiais cimentícios como o concreto com armaduras de aço

(SILVA, F. G., 2006).

5.2.3.3.1 Peculiaridades no uso da Espectroscopia de impedância eletroquímica para

materiais cimentícios com armaduras de aço

Embora a técnica de Espectroscopia de impedância eletroquímica venha sendo

aplicada no estudo da corrosão de armaduras imersas em materiais cimentícios desde o início

dos anos 80 (JOHN et al., 1981 apud MONTEIRO, 2002; MANSFELD and SHIH, 1988

apud MENNUCCI, 2006) com promissor sucesso (ANDRADE et al., 1995 apud KÜTTER et

al., 2005), modelar esse sistema em termos de um circuito equivalente e interpretar suas

respostas não são passos simples. A dificuldade se dá devido à heterogeneidade desses

materiais e a problemática interface com o aço gerando diagramas complexos, sendo agravada

pela alta resistividade dos materiais cimentícios (CASCUDO, 1997; MORENO et al., 2001;

CRIVERALO, 2002; KURI et al., 2004).

Presença de caudas a baixas freqüências, semicírculos achatados (CRENTSIL et al.,

1992) e efeitos de alta freqüência caracterizam comportamentos notórios nos gráficos de

Nyquist e Bode (MONTEMOR et al., 2003) difíceis de serem explicados. O primeiro é

devido a processos faradaicos que ocorrem na interface (MONTEMOR et al., 2003). O

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Referencial teórico

72

segundo sugere um comportamento não ideal do capacitor, muito usado em sistemas que

exibem polarização simples (SAGUES et al., 1995). Já os efeitos de alta freqüência são

provenientes principalmente da presença do filme passivo na armadura (LAY et al., 1985;

MONTEMOR et al., 2003) devido ao ambiente altamente alcalino proporcionado pelo

material cimentício ao aço.

Apesar de as dificuldades, há uma gama de pesquisadores favoráveis ao emprego da

impedância eletroquímica no estudo da interface metal-concreto, validando entendimento dos

mecanismos e proposição de reações (HLADKI et al., 1980; JOHN et al., 1981; WENGER et

al., 1987; MATSUOKA et al., 1987; SAGOE-CRENTSIL et al., 1992; HACHINI et al.,

1994; ANDRADE et al., 1995; JAFAR et al., 1993; HACHINI et al., 1996; KEDDAM et al.,

1994), todos citados por Moreno et al. (2001), dada a riqueza de suas respostas.

Dentre as principais se tem a taxa ou velocidade de corrosão instantânea (icorr), numa

indicação quantitativa sobre a cinética do processo corrosivo (MCKENZIE, 1987 apud

JOUKOSKI, 2003); tipo de mecanismo do controle eletroquímico de corrosão, ou seja, é

possível saber se o sistema em análise é controlado por ativação (controle cinético) ou por

difusão (controle difusional) (DAWSON, 1983 apud JOUKOSKI, 2003); morfologia do

ataque, isto é, se ocorre corrosão localizada, generalizada, etc. (ANDRADE, 1988 apud

JOUKOSKI, 2003); adsorção de produtos (KURI et al., 2004); identificação e definição do

estado da armadura (se passiva ou ativa), pela magnitude do arco capacitivo e do parâmetro Rt

oriundos do diagrama de Nyquist (ANDRADE e CASTELO, 1984 apud JOUKOSKI, 2003);

caracterização completa do processo de corrosão, pela determinação dos parâmetros de

corrosão (elementos constituintes do circuito equivalente), os quais fornecem dados a respeito

da resistividade do concreto e informações relacionadas a filmes superficiais sobre o aço

(resistência, resistividade e espessura desses filmes) (DAWSON, 1983 apud JOUKOSKI,

2003; MORENO et al., 2001); por fim, permite o acompanhamento da evolução do estado

passivo ou ativo ao longo do tempo (FREIRE, 2005).

Os procedimentos indicados para o ajuste dos resultados experimentais com circuitos

equivalentes incluem a seguinte seqüência: examinar os diagramas de Nyquist e de Bode para

identificar as constantes de tempo; propor um circuito equivalente que descreva a interface

eletroquímica mais adequadamente; atribuir valores iniciais para cada parâmetro; ajustar os

dados de impedância com um software apropriado; avaliar a qualidade do ajuste (erros);

repetir todos os procedimentos anteriores até que um ajuste satisfatório seja obtido

(MENNUCCI, 2006).

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Referencial teórico

73

No entanto, modelar o sistema aço/material cimentício em termos de um circuito

equivalente não é um passo simples. A dificuldade se dá devido à heterogeneidade desses

materiais e a complexa interface com o aço, já que um circuito equivalente pode mudar

conforme as condições do aço (FREIRE, 2005).

Quanto aos detalhes operacionais, foi realizada revisão bibliográfica na literatura, em

busca de definição dos parâmetros de amplitude de sinal e intervalos de freqüências

comumente associados aos materiais cimentícios. Os valores se encontram expostos na tabela

5, mostrando quão diversificadas são as condições do ensaio. Pode-se verificar que grande

parte dos autores concorda em utilizar amplitude de sinal de 10 mV para ensaios de

impedância eletroquímica em materiais cimentícios, estando o limite superior de freqüências

entre 0,001 e 0,1 MHz (100 KHz) e o limite inferior de freqüências entre 0,001 e 10 mHz.

Complementando, Andrade (1984 apud JOUKOSKI, 2003) dizem que a variação de

freqüência para o caso do concreto vai de 20 kHz a 16 mHz.

Tabela 5. Revisão da literatura para parâmetros relacionados à Espectroscopia de impedância

eletroquímica em materiais cimentícios.

Intervalo de freqüências

Autor Superior

(MHz)

Inferior

(mHz)

Amplitude do

sinal (mV)

(KURI et al., 2004) 0,004 10 20

(SILVA et al., 2005) 0,004 10 20

(BOUTEILLER, 2005) 0,1 50 Não citada

(KOLEVA et al., 2005) 0,0505 10 Não citada

(MENNUCCI and COSTA, 2005) 0,1 10 10

(ABREU and CRISTÓBAL, 2005) 40 100000 Não citada

(NÓVOA et al., 2005) 40 100000 Não citada

(VIDEM, 2005) 0,1 4 Não citada

(JAMIL and BOULIF, 2005) 0,05 0,05 Não citada

(DAUBERSCHMIDT and RAUPACH,

2005)

0,3 100 10

(KÜTER et al., 2005) 1 0,1 10

(FORD et al., 1997) 10 1 000 25

(SOHN and MASON, 1998) 11 5 000 Não citada

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Referencial teórico

74

(GU et al., 1995) 1 1000000 Não citada

(MOSS et al., 1996) 13 5 000 Não citada

(ANDRADE et al., 1999) 15 10000000 Não citada

(JAMIL et al., 2003) 0,05 0.05 Não citada

(HUET et al., 2005) 0,01 1 000 Não citada

(PRUCKNER et al., 1996) 0,001 250 Não citada

(CHOI et al., 2006) 0,1 10 10

(CARNOT et al., 2003b) 0,1 0,l 10

(MORENO et al., 2004) 0,01 0,1 Não citada

(MATSOUKA et al., 1987 apud MORENO

et al., 2004)

0,01 10 Não citada

(RODRIGUEZ-MARIBONA et al., 1991

apud MORENO et al., 2004)

0,00001 10 Não citada

(MANSFELD et al., 1993 apud MORENO et

al., 2004)

0,00001 10 Não citada

(WOO et al., 2005) 11 100 1 000

(MONTEMOR et al., 2002) 0,05 1 10

(JAMIL and BOULIF, 2005) 0,05 0,05 10

(SURYAVANSHI et al., 1998) 0,01 40 10

(GURTEN et al., 2005) 0,1 100 5

(SARICIMEN et al., 2002) 0,05 1 10

(CABEZA et al., 2003) 15 100000 100

(MASON et al., 2002) 10 5 1 000

(NMAI, 2004) 1,5 100000000 10

(FREIRE, 2005) 0,05 10 5

(JOUKOSKI, 2003) 0,05 10 5

(SILVA, F. G., 2006) 0,1 1 20

(MENNUCCI, 2006) 0,01 50 10

(HUSAIN et al., 2004) 0,1 10 Não citada

(DHOUIBI-HACHANI et al., 1996) 0,05 10 Não citada

(CARNOT et al., 2003b) 0,1 Poucos mHz 10

* todos os autores utilizaram eletrodo de calomelano saturado (SCE) (E°(NHE)=242 mV) como eletrodo de

referência, com exceção de Freire (2005) que utilizou Hg/Hg2SO4 sat K2SO4 e Husain et al. (2004) e Mennucci

(2006) que optaram por adotar Ag/AgCl.

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Referencial teórico

75

A correta escolha dos limites superior e inferior de freqüências de análises é

extremamente importante. Pode-se citar o trabalho de Joukoski (2003), e que em razão da

faixa de freqüências utilizada nas medições, o autor não pode precisar os valores do termo

relativo à soma de Rp e RΩ, uma vez que não foi possível a visualização do patamar

normalmente verificado na região de baixas freqüências no diagrama de Bode que relaciona a

impedância e a freqüência.

Outro exemplo é Freire (2005). Este autor trabalhou com freqüências de 50 KHz a 10

mHz e verificou que essa faixa de freqüências foi insuficiente para precisar os valores do

termo relativo à soma das resistências (Rf e RC), uma vez que não é possível a visualização do

patamar normalmente verificado na região de baixas freqüências.

Com relação aos cuidados nas medições, Andrade et al. (1995 apud KÜTTER et al.,

2005) dizem que um dos grandes problemas quando se trabalha com esta técnica é que as

medidas são altamente influenciadas pelo arranjo experimental definido para a obtenção das

leituras. Hsieh et al. (1997 apud KÜTTER et al., 2005) enfatizam esta colocação, destacando

que em geral o grande responsável pelos erros de medidas e variações é a posição do eletrodo

de referência.

Ainda na especulação do problema proposto, Hsieh et al. (1996 apud KÜTTER et al.,

2005) dizem que eletrodos de referência, quando encaixados e mantidos sempre na mesma

posição, apresentam uma boa leitura, porém, mesmo assim, dificuldades com relação à

estabilidade e reversibilidade do material do eletrodo, bem como com relação aos altos

valores de resistividade do concreto podem ser fatores cruciais quando da obtenção de leituras

corretas. Castro et al. (1996 apud KÜTTER et al., 2005) fazem referência à utilização do

eletrodo de referência fixo Ru/Ir MMO (mixed metal oxide) de titânio ativado.

Além desses cuidados, Kuri et al. (2004) destacam que é importante estabelecer as

mesmas condições para a tomada de medidas para todos os corpos-de-prova quando da

obtenção dos espectros de impedância eletroquímica, pois as condições de umidade

influenciam na obtenção da resistividade elétrica do concreto.

Selmo (1997 apud SILVA, F. G., 2006) alerta que o aumento da freqüência de

trabalho também não é aconselhável, pois além dos processos que ocorrem simultaneamente

em uma dada célula eletroquímica, há a possibilidade ainda de sofrer interferências de ruídos

da aparelhagem de ensaio, principalmente na região de alta freqüência, em que os arcos

capacitivos podem ser afetados por variações da distância do eletrodo de referência ao

eletrodo de trabalho, especialmente em meios de baixa condutividade.

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Referencial teórico

76

5.2.4 Comportamento eletroquímico dos aços em soluções simulando a fase líquida

contida nos poros

No caso do concreto, a resistência R é bastante influenciada pela quantidade de

eletrólito existente. Assim, para as medidas em ambiente alcalino, normalmente se faz

necessária a imersão dos corpos-de-prova em soluções simulando a fase líquida contida nos

poros, a fim de atender às condições experimentais semelhantes em todos os experimentos

quanto à umidade (SÁ, 2006).

Esses eletrólitos buscam reproduzir as mesmas características termodinâmicas de

potencial e de pH, bem como a mesma composição química (ou pelo menos semelhante), da

fase líquida presente nos poros do concreto (eletrólito). Foi realizado levantamento

bibliográfico acerca da metodologia de preparo dessa solução, no qual se pode verificar que

autores utilizam para esse fim soluções de hidróxido de cálcio e extrato aquoso de pasta de

cimento em grande parte.

Optou-se por utilizar o extrato, uma vez que contém, com mais veracidade, o conteúdo

interno dos poros da pasta de cimento endurecida. Além disso, os trabalhos com hidróxido de

cálcio ou sódio são mais antigos, o que ratifica a opção. Enfim, em ambos os casos, o

importante é que o pH esteja entre 12,5 e 13 (CARNOT et al., 2003a; JAMIL et al., 2003;

JAMIL et al., 2004; JAMIL et al., 2005).

Para o preparo dos extratos aquosos normalmente é feita uma mistura de água e cimento

com um fac desejado, sendo continuamente agitada antes da obtenção do extrato (JAMIL et

al., 2003; JAMIL et al., 2004; JAMIL et al., 2005). Esses autores alertam que as reações do

cimento são exotérmicas, de forma que o extrato remanescente só deve ser recuperado e

filtrado após estabilização da temperatura. Para Carnot et al. (2003a), 90 minutos é um tempo

ideal.

Tabela 6. Revisão da literatura para meio simulador de eletrólito em materiais cimentícios.

Autor Eletrólito

Jamil et al. (2003); Jamil et al. (2004), Jamil et al. (2005) e

Carnot et al. (2003a)

extrato com fac 0,5 e pH de

12,5 a 13

Schiegg et al. (2004) e Vennesland (2004) solução sintética com pH 13,5

Raupach et al. (2004); Lara e Bauer (2004) água

Correia et al. (2005); Nakayama e Obuchi (2003); Hou et al. solução saturada de Ca(OH)2

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Referencial teórico

77

(2000); Andrade e González (1978); Schiessi (1988);

Miranda e Wegner (1989), citados por Cascudo (1997)

Huet et al. (2005) solução 0,1 M de NaOH

Miranda et al. (1990 apud CASCUDO, 1997) NaOH 0,01 N + KOH 0,05 N

Nogueira (1989) e Nogueira e Miranda (1990), citados por

Cascudo (1997)

Filtrado de moagem do

concreto

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6 METODOLOGIA EXPERIMENTAL

6.1 Introdução

Neste capítulo são apresentados os procedimentos utilizados no programa

experimental. Descrevem-se as variáveis estudadas, a seleção dos materiais, sua

caracterização e proporções utilizadas, bem como a descrição dos ensaios realizados.

A dosagem, tratamentos das barras de aço e confecção dos corpos-de-prova foram

feitos no Laboratório de Cimentos da UFRN e os ensaios eletroquímicos realizados no Centro

de Caracterização de Interfaces e Superfícies, do Departamento de Engenharia Mecânica, da

Universidade do Minho.

Com o objetivo de melhor entender os processos de degradação do material cimentício

relativos ao ataque ácido, e os parâmetros eletroquímicos obtidos nos ensaios de corrosão,

foram realizadas caracterizações dos materiais, resíduos e interfaces antes e após os ensaios,

nos laboratórios institucionais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

As formulações pesquisadas foram as que melhor se adequavam às necessidades da

norma API Spec 10 para poços de petróleo para cada polímero proposto como adição e pasta

geopolimérica, previamente estudados por pesquisadores no LABCIM (LIMA, 2004;

BEZERRA, 2006; NASCIMENTO, 2006; VALE, 2007) e encontram-se expostas na tabela 7.

Tabela 7. Formulações pesquisadas frente ao ataque ácido.

Material (g) Referência Portland-

poliuretana pó

Portland-

poliuretana aquosa

Portland-

borracha

Portland-

biopolímero

fac 0,46 0,46 0,46 0,46 0,46

Água 355 355 121,74 355 345,96

Borracha - - - 38,60 -

Cimento 772 772 671,01 772 752,10

FP-12 LB - - 0,59 - -

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Biopolímero - - - - 22,56

PU líquida - - 287,57 - -

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Metodologia experimental

79

A figura 20 apresenta um esquema simplificado da rota experimental empregada para

avaliar o desempenho dos compósitos Portland-polímeros frente ao ataque ácido e sua

capacidade de proteção à corrosão do aço neles imersos em eletrólitos ácidos,

comparativamente à pasta de cimento Portland especial convencional (referência).

Definição das formulações

ReferênciaPortland-

poliuretana em pó

Portland-biopolímero

Portland-poliuretanaaquosa não-iônica

Preparo das soluções

HCl 15,0 % Mud acids HAc 10,0 % + HF 1,5 % Solução sintética simuladorada solução dos poros

Moldagem dos corpos-de-prova

Cúbicosa = 5,1 cm

Cilíndricosb = 5,0 cm

h = 10,0 cm

Aço carbono

Aço inoxEnsaios eletroquímicosEnsaios de degradação

Ataqueácido

Potencial decircuitoaberto

Curvasde

polarização

Espectroscopiade impedânciaeletroquímica

Imersão doscorpos-de-prova na solução

Perda de massapor gravimetria

Microdureza

Caracterizações

Resíduos líquidos Interfaces

DRX FRX FT-IR EAA pH MO MEV

Resíduos sólidos

Portland-borracha

Resistência à compressão

Fratografia

Tratamento das barras

Figura 20. Diagrama de blocos relativo à rota experimental.

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Metodologia experimental

80

6.2 Materiais e equipamentos

Para preparar, ensaiar e caracterizar as pastas de cimento Portland especial

convencionais e os compósitos com polímeros foram utilizados os materiais e equipamentos

expostos nas tabela 8 e tabela 9, respectivamente.

Optou-se pela utilização do cimento Portland especial por ser o utilizado pela

Petrobras em obras de cimentação na região. Na tabela 10, são apresentadas as características

físicas do cimento Portland especial. E, na tabela 11, suas características químicas,

disponibilizadas pelo próprio fornecedor, as quais monitora mensalmente.

Destaca-se que foram utilizados sacos de 25 kg de cimento Portland especial, porém

não necessariamente oriundos da mesma batelada. O acondicionamento era feito em sacos

plásticos, no interior de baldes plásticos mantidos fechados em bancadas distantes do

assoalho, a fim de evitar captação de umidade. Além disso, sempre que visualmente

detectava-se formação de grumos no cimento, o mesmo era descartado. A partir da abertura

de um saco, o período para sua utilização era de no máximo 15 dias.

Com relação aos ensaios eletroquímicos, foi utilizado um aço liga de médio carbono

de média liga. Idealmente deveria se trabalhar com amostras de aços de poços da Petrobras;

no entanto, devido à dificuldade de sua aquisição e geometria para a realização dos ensaios,

necessitando de cortes de alto custo, optou-se por trabalhar com aços comerciais a título

comparativo. As peças foram obtidas submetendo-se ao corte manual um varão de 6 m em

peças de 9 cm. Após cortadas, estas tinham suas extremidades esquadradas em esmeril a fim

de delimitar uma área constante de trabalho e evitar possíveis efeitos de borda. As

caracterizações do aço carbono são mostradas na tabela 14.

A tinta a base de alcatrão de hulha epóxi foi utilizada para isolar a parte da barra

metálica que não seria computada nos ensaios eletroquímicos. A escolha dessa tinta deve-se a

sua eficiência (NÓBREGA, 2004; SILVA, D. R., 2006), uma vez que é muito utilizada para

pintura de cascos de navio. Tais tintas fornecidas em duas embalagens (bicomponentes), uma

contendo resina poliamida ou poliamina mais alcatrão de hulha, e a outra contendo resina

epóxi. Essas tintas associam a alta inércia química do alcatrão de hulha com a

impermeabilidade da resina epóxi, com excelente resistência a diversos meios, boa

flexibilidade, boa aderência e boa resistência a impactos; são recomendadas para a pintura de

reservatórios de água industrial, bases de equipamentos e estruturas, peças imersas, submersas

ou enterradas e para a pintura interna de tubulações e tanques das estações de tratamento de

efluentes, em diversos tipos de indústrias.

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Metodologia experimental

81

Após levantamento bibliográfico, verificou-se a necessidade de se trabalhar com três

ácidos: HCl 15,0 %, HCl 12,0 % e HF 3,0 % (Mud acid) e HAc 10,0 % e HF 1,5 % (BRADY

et al., 1989; BLOUNT et al., 1991; CARPENTER and EDWARDS, 1994; MIRANDA, 1995;

DA MOTTA et al., 1996; SILVA et al., 1996; MIRANDA and GOLD, 1997). As

concentações para preparo das soluções ácidas utilizadas encontram-se na figura 21.

Para simular solução contida no interior dos poros da pasta de cimento endurecida

(CARNOT et al., 2003a; JAMIL et al., 2003; JAMIL et al., 2004; JAMIL et al., 2005),

preparou-se extrato de cimento, conforme metodologia exposta na figura 21. Trabalhou-se

acompanhando a variação do pH, que se desejava entre 12,5 e 13, quando se variava a relação

a/c de 0,5 até 4. Os valores de pH obtidos, via medidor de pH digital para laboratório, foram,

respectivamente, 13,07, seguido de 12,93, 12,83 e por último, para fac 4, obteve-se 12,74.

Devido ao grande volume que se teria que ter de extrato de cimento e ao fato de estes serem

produzidos em pequenas quantidades, a fim de garantir eficácia de mistura no agitador.

Assim, optou-se por trabalhar com fac 4, uma vez que seu valor de pH estava dentro da faixa

desejada.

Com relação aos ácidos, destacam-se cuidados em sua utilização, conforme

informações toxicológicas e de cuidados localizadas no anexo A. Cuidado impreterível

também deve ser observado nas soluções que contém HF, uma vez que degradam o vidro.

Devido a esse fato, foi necessário utilizar uma ponte salina, preenchida com solução de

hidróxido de potássio saturada, nos ensaios eletroquímicos, mais resistente ao ácido, a fim de

proteger os eletrodos de referência e contra-eletrodos que são encapsulados em vidro.

No anexo B encontram-se expostas fotografias acerca dos materiais, corpos-de-prova e

equipamentos, elucidativas ao entendimento da metodologia experimental.

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Metodologia experimental

85

Tabela 10. Características físicas do cimento Portland especial (CIMESA, 2006).

Resultados CIMESA Ensaios físicos

Valor médio Desvio padrão

Especificação

Poty Especial

Módulo de finura: # 200 (%) 4,30 0,75 -

Módulo de finura: # 325 (%) 21,00 1,03 16 - 20

Superfície Blaine (m²/kg) 268,00 168,84 280 - 320

Tempo de pega: início (min) 130,00 13,85 -

Tempo de pega: fim (min) 180,00 16,65 -

Tabela 11. Características químicas do cimento Portland especial (CIMESA, 2006).

Especificação

Ensaios químicos

Valor

médio

(%)

Desvio

padrão

(%)

Portland

Especial CPP Classe G

Perda ao fogo 0,84 0,33 Máx. 3,0 Máx. 3,0

SiO2 20,17 0,42 – –

Al2O3 4,60 0,25 – –

Fe2O3 3,15 0,18 – –

CaO 61,76 1,01 – –

SO3 2,84 0,13 Máx. 3,0 Máx. 3,0

MgO 3,52 0,30 Máx. 6,0 Máx. 6,0

Na2O 0,17 0,04 – –

K2O 0,90 0,13 – –

Na2O eq. 0,77 0,10 Máx. 1,0 Máx. 0,75

CaO L 1,93 0,32 Máx. 2,0 Máx. 2,0

Análise Química

Res.insolúvel 0,51 0,20 Máx. 0,75 Máx. 0,75

C3S 55,00 4,77 55 a 65 48 a 65

C3A 6,90 0,84 Máx. 7,0 Máx. 8

C4AF 9,50 0,54 – –

Composição

Potencial

Bogue 2C3A + C4AF 23,30 1,39 Máx. 24 Máx. 24

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Metodologia experimental

86

Tabela 12. Características e propriedades da poliuretana em solução aquosa (Cromptom

Unoroyal Chemical - Boletim Técnico de Descrição do Produto).

Característica/ propriedade Poliuretana em solução aquosa

Fração total de sólidos (% em peso) 35,0

Tamanho de partícula (μm) 3

pH a 25ºC 7,0

Densidade (kg/m3) 1,06

Ponto de ebulição (ºC) > 100

Viscosidade (Pa.s) Max. 0,5

Tabela 13. Distribuição granulométrica da borracha triturada.

Material retido Peneira Nº

(Mesh) Peso (g) % amostra total % acumulado

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da amostra total

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Tabela 14. Composição química do aço SAE 1045 (Gerdau S. A.).

C Si Mn P S Cr Ni Mo

0,430 -

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0,700 -

0,900 0,030

0,035 -

0,050 0,200 0,250 0,060

6.3 Obtenção dos corpos-de-prova, ensaios e caracterizações

Os pré-tratamentos dos materiais, sua mistura, moldagem dos corpos-de-prova e cura

encontram-se esquematizados na figura 23. Já os ensaios realizados nessa rota experimental,

com parâmetros envolvidos e considerações acerca da atividade, encontram-se

esquematizados na figura 24. Por fim, os procedimentos que envolvem caracterizações dos

materiais, corpos-de-prova e resíduos estão expostos na figura 25.

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Metodologia experimental

87

A poliuretana em pó foi peneirada na malha # 20 (Mesh) – 0,85 mm – com o objetivo

de homogeneizar o diâmetro de partículas a serem utilizadas, uma vez que, por se tratar de

resíduos industriais, existiam vários tamanhos de partículas, inclusive aglomerados (LIMA,

2004). As propriedades e características da poliuretana em solução aquosa encontram-se

expostas na tabela 12. Por outro lado, no caso da borracha triturada, Vale (2007) optou por

adotar o resíduo sem nenhum beneficiamento prévio em termos de granulometria, a fim de

facilitar sua aplicação em campo, e sua distribuição granulométrica encontra-se na tabela 13.

O pré-tratamento das barras de aço, conforme metodologia exposta na figura 23, tinha

como finalidade que os experimentos pudessem começar supondo-se que o aço não tivesse

nenhuma corrosão. Além disso, vale salientar que durante e após a limpeza das barras, e até a

imersão nos corpos-de-prova de concreto, as mesmas foram manipuladas somente com a

utilização de luvas cirúrgicas, a fim de impedir sua contaminação.

A limpeza das barras com escova de aço era um procedimento adotado nos trabalhos

anteriormente realizados pelo grupo de corrosão da UFRN, porém, não se obteve sucesso

(OLIVEIRA, 2000; CRIVERALO, 2002; NÓBREGA, 2004), uma vez que as ranhuras na

barra de aço eram erroneamente identificadas pelo equipamento de alta sensibilidade como

corrosão.

Para o ataque ácido foi utilizado o método laboratorial desenvolvido por Miranda

(1995), tendo também sido utilizado por (DA MOTTA et al., 1996; SILVA et al., 1996;

MIRANDA and GOLD, 1997). Foram avaliados 6 corpos-de-prova para cada uma das

soluções ácidas estudadas, sendo posteriormente submetidos aos ensaios de resistência à

compressão. A avaliação da resistência à compressão antes do ataque ácido também utilizou 6

corpos-de-prova.

Nos ensaios de microdureza, devido à inerente dificuldade de avaliação dessa

propriedade em materiais cimentícios, foram obtidas tantas medidas quanto necessárias à

obtenção de um aceitável desvio-padrão, de forma a obter um microdureza média do conjunto

e não apenas de fases isoladas da pasta de cimento endurecida, pois o local onde é feita a

obtenção desse parâmetros tem influência decisiva no resultado. Se for em cima da

Portlandita, por exemplo, o resultado será menor que no caso da fase C-S-H. Se for em cima

de alguma partícula polimérica utilizada, o resultada variará consideravelmente.

Para os ensaios eletroquímicos foi utilizada célula eletroquímica com um arranjo

padrão de três eletrodos, podendo ser vista na figura 22, com área do eletrodo de trabalho foi

de 0,5 cm2. O eletrodo de referência e o contra-eletrodo foram dispostos na solução

eletrolítica. Os parâmetros dos ensaios eletroquímicos foram definidos conforme

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Metodologia experimental

88

levantamentos na bibliografia vigente já abordado na revisão da literatura e encontram-se

devidamente expostos na figura 24. Foram avaliados dois corpos-de-prova em cada ensaio

eletroquímico. Quando necessário, um terceiro corpo-de-prova foi utilizado como contra-

prova.

Figura 22. Esquema da célula eletroquímica utilizadas nos ensaios eletroquímicos.

Em termos das caracterizações, se deve ter cuidado com relação à orientação

preferencial da Portlandita reportada na literatura (LARBI and BIJEN, 1990; SAVASTANO

JUNIOR, 1992), sendo esses cristais problemáticos por serem maiores que os de etringita,

fase C-S-H e calcita. A amostra pulverulenta deve ser acondicionada no porta-amostra sem

rotacionar nem puxar imprimindo muita pressão à placa de vidro utilizada para prensar a

amostra e deixar sua superfície paralela e regular.

Com relação ao MEV, destaca-se necessidade de amostras de pequena dimensão, por

facilitar o vácuo do equipamento, uma vez que amostras porosas demoram para atingir o

vácuo necessário. Cautela também deve ser observada antes do procedimento de metalização

com ouro, pois as amostras devem previamente ser colocadas em estufa. Amostras úmidas

não respondem bem à deposição da camada de ouro.

O fato de se usar como fluido de refrigeração o álcool isopropílico durante o

lixamento das amostras cimentícias está relacionado com o tempo de cura de 7 dias, em que a

água poderia acarretar na hidratação, modificando as características microestruturais. Destaca-

Eletrodo de trabalho

Contra-eletrodo

Solução ácida

Eletrodo de referência

Nível da solução

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Metodologia experimental

89

se que o fluxo de álcool isopropílico deve ser suficiente pra manter a renovação constante da

película líquida sobre a lixa e, assim, remover as partículas soltas da sua superfície. A cada

troca de lixa as amostras eram borrifadas com álcool isopropílico. O polimento teve a

finalidade de tornar a amostra plana e isenta de incrustações provenientes do disco de corte ou

das lixas, partículas que ficam retidas nesse tipo de amostras porosas, principalmente.

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7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.1 Introdução

Inicialmente são abordados aspectos relativos à durabilidade dos compósitos

poliméricos em meios ácidos, sempre os comparando com a pasta de cimento Portland

convencional. Em uma segunda etapa, aspectos relacionados ao processo corrosivo do

revestimento de aço protegido pela pasta material cimentício serão discutidos. Na seqüência,

um tópico acerca de caracterização e entendimento cinético e mecanístico do ataque ácido às

pastas de cimento endurecidas tratará separadamente dos compósitos em que os polímeros são

particulados daqueles em que há formação de co-matriz polimérica.

7.2 Estudos de durabilidade

7.2.1 Determinação do volume necessário de solução ácida para o ataque ácido

Uma das preocupações iniciais era o grande volume de ácido a ser gerado aliado à

dificuldade de sua aquisição, armazenamento e descarte. Tentativas de ensaios preliminares

no intuito de diminuir o volume de ácido utilizado por ensaio versaram em variar o número de

amostras por volume de ácido ou a geometria da amostra, bem como reaproveitar o ácido,

após reajuste de sua concentração.

Miranda (1995) estabeleceu aleatoriamente o uso de 3 L de solução ácida em sua

metodologia, com extrapolação máxima de segurança, a fim de garantir que houvesse um

volume suficiente de ácido para consumir totalmente a amostra, caso essa fosse susceptível ao

ácido em questão. Caso contrário, resultaria em um falso valor de consumo de cimento pelo

ácido (BRADY et al., 1989). Apesar de Miranda (1995) colocar esse volume como suficiente,

não faz referência ao efetivamente necessário durante um processo de avaliação da perda de

massa frente ao ataque ácido. No entanto, essa autora ressalta que outros poucos métodos

existentes na literatura utilizaram um volume pequeno de 450 mL a 750 mL ou não

registraram esse parâmetro.

Brady et al. (1989) extrapolaram graficamente a reta que relacionava volume de regular

mud acid utilizado nos ensaios com perda de massa em pastas de cimento Classe-G

convencionais, já que tinham feito ensaios para 350 mL, 700 mL e 1 050 mL, obtendo cerca

de 3 200 mL como necessários para dissolver totalmente a amostra. No entanto, deve-se

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Resultados e discussão

94

perceber que a solução de regular mud acid é a mais forte dentre as utilizadas no presente

trabalho. Assim, 3 L poderiam ser demasiadamente mensurados para as outras soluções

ácidas.

A idéia de alterar a geometria dos corpos-de-prova foi rapidamente descartada por

inviabilizar posteriores ensaios de resistência mecânica, que exigem corpos-de-prova com

geometria mormalizada (API Spec 10). Também se obteve valores de perda de massa

menores ao aumentar o número de corpos-de-prova em um mesmo volume de solução ácida

ou reajustar a concentração das soluções para reutilização. Esses comportamentos ocorreram

para as quatro soluções ácidas estudadas: HCl 15,0 %, soft mud acid, regular mud acid e

mistura de HAc 10,0 % e HF 1,5 %, conforme pode ver verificado na figura 26.

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Figura 26. Perdas de massa dos corpos-de-prova cúbicos de aresta 5,1 cm em diferentes

relações número de corpos-de-prova, volumes de soluções ácidas e atividades de reajuste da

concentração da solução ácida.

Como os corpos-de-prova de pasta de cimento Portland especial convencionais foram

mais susceptíveis ao regular mud acid, apresentando maior perda de massa, verificou-se que

suas perdas de massa foram mais afetadas pela variação no número de corpos-de-prova e/ou

reutilização da solução ácida após reajuste de concentração.

Diante desse cenário, o procedimento porposto por Miranda (1995), de utilização de 3 L

de solução ácida para cada corpo-de-prova cúbico de 5,1 cm de aresta, foi adotado nesse

trabalho. No entanto, estudos que versem acerca da reutilização, com preliminar tratamento de

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Resultados e discussão

95

purificação ou filtragem da solução ácida remanescente, após ataque ácido, são válidos para

estudos futuros.

7.2.2 Avaliação da perda de massa das pastas de cimento endurecidas em soluções

ácidas

As perdas de massa dos diferentes compósitos com polímeros e da pasta de cimento

Portland convencional, conforme metodologia de Miranda (1995), encontram-se expostas na

figura 27.

Verifica-se que, em geral, a adição de polímeros foi positiva, diminuindo a perda de

massa dos compósitos cimentícios expostas às condições agressivas semelhantes.

Os compósitos com poliuretana em solução aquosa apresentaram menores perdas de

massa, dentre os compósitos testados, em soluções de HCl 15,0 %, soft mud acid e regular

mud acid. Destaca-se, no entanto, que os compósitos Portland-poliuretana em pó

apresentaram melhores comportamentos na seqüência, apresentando inclusive perdas de

massa semelhantes em regular mud acid, a mais agressiva das soluções ácidas testadas.

Em termos de agressividade à pasta de cimento Portland convencional, verificou-se que

a solução regular mud acid foi a mais agressiva, apresentando perdas de massa da ordem de

23,0 %, seguida da solução soft mud acid, com perdas em torno de 12,0 %, HCl 15,0 % com

perdas no patamar de 7,0 % e por fim, perdas de massa bem menores da ordem de 1,0 %

foram obtidas quando a solução agressiva foi a mistura de ácido acético a 10,0 % e ácido

fluorídrico a 1,5 %.

As ações mais significativas dos polímeros nos compósitos cimentícios, frente à

degradação ácida, foram observadas no solução regular mud acid, com reduções na perda de

massa de 88,8 % para os compósitos Portland-poliuretana em pó, 87,4 % para os compósitos

Portland-poliuretana em solução aquosa, 81,0 % para os compósitos Portland-biopolímero em

comparação com a pasta de cimento Portland convencional e 70,9 % para os compósitos

Portland-borracha moída.

Embora o método desenvolvido por Miranda (MIRANDA, 1995; DA MOTTA et al.,

1996; MIRANDA and GOLD, 1997) preconizasse que a massa final dos corpos-de-prova

deveria ser obtida com o material degradado aderido, também foram realizadas pesagens após

raspagem desse material no presente trabalho. A contradição era mensurar perda de massa,

levando em consideração uma massa degradada aderida, que poderia ter densidade e/ou peso

diferente em cada caso.

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Resultados e discussão

96

Foram obtidas, nessa situação, obviamente, perdas de massa maiores nos corpos-de-

prova onde havia algum material aderido. Destaca-se que foram observados resíduos de

degradação aderidos à superfície externa em todas as situações avaliadas, com exceção dos

corpos-de-prova de pasta de cimento Portland convencional imersos em regular mud acid,

dada sua velocidade de ataque.

Nessa linha, conforme pode ser verificado na figura 28, a tendência de comportamento

de diminuição das perdas de massa é mantida após a retirada dos produtos de degradação. No

entanto, um maior cuidado deve ser dispendido ao se determinar as perdas de massa

individualmente, uma vez que, conforme figura 29, a massa do resíduo degradado varia de

acordo com o compósito e a solução ácida degradante. Os volume e peso de material

degradado, gerados em função da presença das soluções ácidas, variou conforme o compósito

e o tipo de ácido utilizado.

O aspecto final da superfície dos corpos-de-prova, após retirada por raspagem e/ou

lixiviação da massa aderida em água corrente com auxílio de esponja, pode ser visualizado na

figura 30. Verifica-se, claramente, que há uma distinção comparativa entre cores e

morfologias das superfícies atacadas. Após inspeção visual dos corpos-de-prova atacados,

observou-se que as superfícies submetidas ao ataque ácido em HAc 10, % + HF 1,5 %

exibiram maior suavidade e homogeneidade, comportamento natural, dada as menores perdas

de massa do material cimentício frente à esse meio degradante.

Houve formação de uma camada de coloração marrom, situada entre a região degradada

e o inteorior do corpo-de-prova, que não teve contanto direto com a solução ácida. De uma

forma geral, ataques ácidos mais agressivos geraram camadas com morfologia mais irregular,

com aspecto de corrosão alveolar.

Quanto mais acentuado for o aspecto de corrosão alveolar identificado na superfície da

amostra, mais rápido se processaram as reações de ataque ácido. De fato, a morfologia mais

caracterísitica, nesse sentido, foi identificada para amostras de pasta de cimento Portland

especial convencional, o que ratifica sua maior perda de massa.

Esse fenômeno também está associado com o fato de não dar tempo, dada a cinética

acelerada do processo, do desenvolvimento de camada de produtos de degradação, que

minimiza a continuidade do ataque ácido, por evitar o contato da solução degradante com o

interior do corpo-de-prova, funcionando como uma camada semi-permeável.

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Resultados e discussão

101

7.2.3 Influência das soluções ácidas na resistência à compressão da pasta de cimento

endurecida

Uma segunda série de testes foi realizada a fim de avaliar a influência do ataque ácido

na resistência à compressão, tanto nas pastas de cimento convencionais, quanto nos

compósitos poliméricos, comparativamente. Destaca-se que, para a realização do ensaio, todo

material degradado foi removido, tendo o corpo-de-prova final dimensões menores, utilizadas

no cálculo do novo valor de resistência à compressão.

Ao comparar a influência da adição de polímeros na resistência à compressão (figura

31) verifica-se que, dentro do erro experimental, todos os compósitos Portland-polímeros

apresentaram tendência à diminuição na resistência, ratificando resultados encontrados por

autores que trabalharam com adição de polímeros a materiais de base cimentícia (RIZWAN

and AHMAD, 2001; ODLER and LIANG, 2003; SUJJAVANICH and LUNDY, 1998;

ZHONG and CHEN, 1992), todos citados por Chung (2004).

Esse comportamento se deve ao fato da carga, que antes era suportada apenas pelo

material cimentício, passar a ter uma parcela suportada pelos polímeros, que têm resistência à

compressão menor. Outro fenômeno que ocorre é que, com a presença dos polímeros, entre os

produtos hidratados da pasta de cimento, há perda de ancoragem mecânica entre esses

produtos. Dentro desse contexto, também explica-se o porquê do compósito Portland-

poliuretana em solução aquosa ter apresentado a menor resistência à compressão de todos,

pela formação da co-matriz polimérica.

Os resultados mostraram que, os meios degradantes HCl 15,0 %, soft mud acid e

regular mud acid não prejudicaram a resistência à compressão aos 7 dias de cura,

independente da presença ou não do polímero. Este comportamento está provavelmente

relacionado com a natureza superficial do processo de ataque ácido e sugere a não alteração

da microestrutura do material cimentício que não teve contato direto com a solução ácida. Ou

seja, a ação de penetração do ácido é em forma de frente de ação, funcionando também como

barreira de proteção, preservando a microestrutura e propriedades mecânico-estruturais da

região da amostra não atingida pela frente de ácido.

Por outro lado, reduções no valor do parâmetro resistência à compressão foram

observadas após imersão na mistura de ácido acético e ácido fluorídrico, tanto nas pastas de

cimento convencionais, quanto nos compósitos poliméricos. Assim, a perda de resistência,

nesse caso, não é devido à presença do polímero, e sim a fenômenos intrísecos a pasta de

cimento endurecida.

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Resultados e discussão

102

Como pode ser visto na figura 31, houve uma perda em torno de 30 % no valor da

resistência à compressão para as pastas de cimento Portland convencionais, 22 % para os

compósitos Portland-biopolímero e Portland-borracha moída e 25 % de perda para o sistema

Portland-poliuretana em pó, após imersão em HAc 10,0 % + HF 1,5 %. No entanto, é

importante frisar que, mesmo após a redução em seu valor, as resistência obtidas são

adequadas e maiores que as mínimas necessárias em operações de cimentação em campo aos

7 dias.

Vale salientar que não é normalizado um valor mínimo desse parâmetro para poços de

petróleo. Depende das condições do poço, quantidade de canhoneos, profundidade,

temperatura, tipo de formação, entre outros parâmetros intrínsecos da cimentação de poços de

petróleo. No entanto, estima-se que um valor entre 4 MPa e 5 MPa aos 7 dias seja suficiente

para a maioria dos poços. Assim, os valores em torno de 7 MPa encontrados para os

compósitos com poliuretana em solução aquosa, apesar de estarem abaixo dos outros

compósitos, ainda assim encontram-se adequado para aplicação em campo.

O fenômeno da perda de resistência à compressão em amostras de concreto imersas

em ácido acético foi reportado por autores na literatura vigente (PAVLÍK, 1994; MOREIRA

et al., 2001; BERTRON et al., 2005b; a). O fato do compósito Portland-poliuretana em

solução aquosa não ter apresentado redução de resistência, nesse caso, deveu-se

provavelmente à rede polimérica formada ter impedido rapidamente o contato do ácido com o

material cimentício.

Por outro lado, a maior perda de massa sofrida pela amostra relativa à pasta de

cimento convencional em regular mud acid, com perda expressiva de espessura da amostra e

morfologia alveolar do ataque, refletiu na redução acentuada da resistência à compressão.

Valores críticos foram atingidos em termos da resistência mínima necessária em campo para 7

dias de cura da pasta.

A tendência a maiores valores de resistência à compressão apresentada pelos

compósitos Portland-biopolímero está associada ao fato do biopolímero quelar os íons cálcio,

favorecendo a formação do C-S-H II, que é o composto responsável pelas boas propriedades

mecânicas do cimento Portland (BEZERRA, 2006).

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Resultados e discussão

104

7.2.4 Influência das soluções ácidas na microdureza da pasta de cimento endurecida

Testes de microdureza têm sido introduzidos como uma poderosa ferramenta para

caracterizar as propriedades microestruturais de pastas de cimento endurecidas (BEAUDOIN,

1975 apud XU et al., 2001). Pode-se identificar possíveis ganhos de tenacidade por meio da

redução de dureza, uma vez que se força, pela aplicação de uma carga pré-estabelecida, um

penetrador de forma e dimensões conhecidas sobre a superfície da peça a ensaiar e relaciona-

se a carga aplicada com a área de impressão.

Verificou-se que, após a adição dos polímeros, houve diminuição da microdureza em

todos os compósitos, indicando que o material convencional tem maior fragilidade, ou seja,

maior dureza e, conseqüentemente, menor plasticidade que os compósitos com a adição de

polímeros. Este resultado está de acordo com a literatura, confirmando a teoria da redução de

dureza de materiais cimentícios com a introdução dos polímeros (RIZWAN and AHMAD,

2001; ODLER and LIANG, 2003; SUJJAVANICH and LUNDY, 1998; ZHONG and CHEN,

1992), todos citados por Chung (2004).

O maior valor de microdureza encontrado (39,20 HV) foi para a pasta de cimento

Portland convencional e o menor valor para o compósito Portland-poliuretana em solução

aquosa (12,79 HV). Esses valores estão de acordo com a idéia de Feldman (1985 apud

IGARASHI et al., 1996), uma vez que este autor afirma que a microdureza é correlacionada

linearmente com a resistência à compressão, ou seja, composições de menor resistência à

compressão também apresentaram menores valores de microdureza. Esse material perdeu

resistência mecânica em troca de uma propriedade que é também importante para a

cimentação de poços de petróleo, a plasticidade. O fenômeno que relaciona perda de

resistência à compressão e perda de dureza pode também ser observado nas amostras após

imersão em HAc 10,0 % + HF 1,5 %.

Por ser extremamente complicada a determinação de microdureza em materiais

cimentícios, tem-se altos valores de desvio padrão, sendo uma dificuldade inerente a esses

materiais. No entanto, apesar da dispersão de resultados, observações comparativas geraram

análises satisfatórias. Além disso, se há falta de homogeneidade, tais como presença de

agregados ou adições, elas podem prover obstáculos para a deformação e afetar o campo

inteiro de tensão. Isto leva para um diferente valor de dureza, já que a impressão permanente

não sobrepõe à inclusão. Por exemplo, se o volume afetado no teste é menor que o tamanho

do grão, as influências nos limites do grão sobre o movimento de deslocamento pode ser

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Resultados e discussão

105

diferente daqueles que ocorrem quando o volume afetado é muito maior que o tamanho do

grão (IGARASHI et al., 1996).

Ensaios de microdureza, realizados antes e após o ataque ácido (na superfície atacada),

mostraram que, não houve fragilização por microfraturas ou alívio de tensões locais nas

amostras com polímeros após o ataque ácido. Esse comportamento foi devido à sua maior

plasticidade inicial, não variando a microdureza, dentro do erro experimental, após ataque

ácido. Já no caso da pasta de cimento Portland convencional, houve diminuição da

microdureza; o fato desse material apresentar inicialmente mais dureza e, conseqüentemente,

mais fragilidade, fez com que ficasse mais vulnerável ao aparecimento de microfraturas com

o ataque ácido.

Nesse sentido, é lógico que, um material que apresentava inicialmente maior

plasticidade, o compósito com poliuretana em solução aquosa, sofresse menos perda no

parâmetro microdureza após o ataque ácido. Esse fenômeno pode ser observado em função da

constância no patamar desse parâmetro em todos os ataques ácidos.

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Resultados e discussão

107

7.3 Caracterização e entendimento cinético e mecanístico do ataque ácido às pastas de

cimento endurecidas

7.3.1 Comportamento dos compósitos Portland-polímeros em pó frente ao HCl 15,0 %,

soft mud acid, regular mud acid e mistura de HAc 10,0 % e HF 1,5 %

Nessa seção foram avaliados os processos de degradação envolvidos com os compósitos

Portland-poliuretana em pó, Portland-borracha moída e Portland-biopolímero nas soluções

ácidas degradantes HCl 15,0 %, soft mud acid, regular mud acid e mistura de HAc 10,0 % e

HF 1,5 %.

Como a poliuretana em pó apresentou o melhor comportamento frente à perda de massa

nas soluções ácidas avaliadas, as análises de caracterização do material degradado, solução

ácida remanescente, quando necessárias, foram reportadas para esse compósito.

Um comportamento similar foi observado para os compósitos Portland-polímeros em pó

e a pasta de cimento Portland convencional. A formação e crescimento de uma camada de

produtos de corrosão nesses materiais cimentícios foi o sinal mais característico da

degradação causado pelos meios ácidos. Foram observados diferentes níveis de degradação de

acordo com o meio degradante, uma vez que a força do ataque ácido depende da habilidade

do ácido de se dissociar e a solubilidade do sal de cálcio formado (BEDDOE and DORNER,

2005).

Inicialmente, a degradação aumentou gradativamente com o tempo de imersão, mas um

gradiente foi observado da região externa para a interna do corpo-de-prova com o aumento do

tempo de exposição para os meios degradante HCl 15,0 % e soft mud acid. Esse

comportamento está relacionado com a formação da camada de coloração amarela na

superfície externa dos corpos-de-prova, que age como barreira, protegendo o miolo cimentício

do corpo-de-prova do prosseguimento da frente de degradação, e conseqüentemente, das

reações químicas responsáveis pela perda de massa da amostra.

Apesar da zona degradada apresentar material facilmente desagregável com espátula

(figura 33), com alta porosidade e baixa resistência mecânica, ela não dissolve no meio ácido.

Assim, é capaz de controlar os processos de difusão, uma vez que é como uma membrana

semi-permeável que limita a cinética da degradação. Assim, caracteriza-se como um

importante componente contrário ao processo de degradação de materiais cimentícios em

meios ácidos.

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Resultados e discussão

108

Como resultado, investigações por DRX das fases constituintes do centro das amostras

e das partes não atacadas pelos ácidos mostraram idêntica composição mineralógica, tanto

para as pastas de cimento convencionais como para os sistemas compósitos com polímeros

em pó. Não foram observados trincas na camada situada abaixo dos produtos de degradação.

Figura 33. Caracterísiticas da camada degradada de coloração amarelada.

No caso do sistema HAc 10,0 %/HF 1,5 % não foi observada formação da camada de

coloração amarela, somente uma eflorescência de fina espessura e característica frágil, cuja

cor variava de branca a morrom clara, formada na superfície da amostra. Essa cor variava

gradualmente até atingir coloração marrom na interface com a camada não-atacada do corpo-

de-prova.

Testes complementares foram realizados imergindo parcialmente (80 % da altura

total) amostras nas soluções ácidas ao longo de dois meses de imersão à temperatura

ambiente, sendo o comportamento das amostras avaliados ao longo do tempo de imersão. Não

se observou efeitos de capilaridade do ponto de vista da degradação, no entanto esta aumentou

com o tempo de imersão, tendo atingido o centro do corpo-de-prova após 1 mês de imersão

para o HCl 15,0 % e mud acids.

Já no caso da mistura de ácido acético e ácido fluorídrico, após 1 mês de imersão, já

podia ser observada uma grande formação de sal na superfície em forma de gel (figura 34),

sendo mais evidente na região exposta à atmosfera, conforme pode ser visto na figura 35. Não

há um sistema reacional único que rege a formação desse sal. Provavelmente, é uma mistura

de compostos, desde acetato de silício, fluoreto de cálcio, acetato de cálcio, até fluoreto de

silício.

A formação de um ou outro composto em maior ou menor intensidade é regida pelas

relações de afinidade entre as bases fortes, acetato ou fluoreto, com os íons Ca+2 ou Si+4,

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Resultados e discussão

109

principalmente. No entanto é provável que se formem, prioritariamente, acetato de cálcio e

fluoreto de silício. O ácido acético na presença de umidade promove a presença de acetato

livre, que se liga com mais afinidade ao cálcio que o fluoreto. Por outro lado, o fluoreto tem

mais afinidade com o silício, que tem valência +4 compensada pela grande eletronegatividade

do flúor, formando SiF4, estável por sua estrutura tetraédrica.

O acetato de cálcio é solúvel e deixa a pasta de cimento (BAKHAREV et al., 2003),

no entanto como os sais acetato de silício apresentam menor solubilidade que o acetato de

cálcio em água a temperatura ambiente (BEDDOE and DORNER, 2005), eles ficam

agregados à superfície da amostra na forma de uma camada protetora esbranquiçada na forma

de gel de SiO2.nH2O (ISRAEL et al., 1997). Este é o mesmo mecanismo que rege o fenômeno

de degradaçao em mud acids e HCl 15,0 % de materiais cimentícios (MIRANDA, 1995), no

entanto, o crescimento da camada formada pelos produtos de corrosão na solução de ácido

acético é relativamente menor (PAVLÍK, 1994).

.

Figura 34. Aspecto da camada com aspecto de gel de sal formada na superfície do corpo-de-

prova imerso em HAc 10,0 % + HF 1,5 % após 2 meses de imersão.

Figura 35. Aspecto da camada de cristais de sal formada na superfície do corpo-de-prova em

contato com atmosfera de corpo-de-prova 80 % imerso em HAc 10,0 % + HF 1,5 % após 2

meses de imersão.

Formação de sal

5 cm

Cristais de sal

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Resultados e discussão

110

Ao se analisar a origem microscópica dos fenômenos macroscópicos que regem o

processo de degradação ácida de materiais cimentícios (figura 36), verifica-se que há a

formação de três camadas distintas. A primeira é a camada de produtos degradados de

coloração amarelada, no caso do HCl 15,0 % e soft mud acid, ou a camada esbranquiçada

aderida, no caso da mistura de ácido acético e ácido fluorídrico. A segunda camada apresenta

coloração marrom, sendo resistente e de forte aderência. A terceira e última camada está

relacionada com a matriz de cimento não atacada quimicamente.

A camada de produtos degradados apresenta característica microscópica apesentada na

figura 37 para os corpos-de-prova imersos em HCl 15,0 %, soft mud acid e regular mud acid.

Figura 36. Características microscópicas dos materiais cimentícios após imersão em agente de

acidificação com 50x (a) e 1 000x (b).

A morfologia do CaCl2 após ataque em HCl 15,0 % foi identificada e encontra-se

exposta na figura 38. Outra confirmação é que esse produto degradado proveniente da

imersão dos corpos-de-prova em HCl 15,0 % era altamente deliquescente.

Figura 37. Características microscópicas dos produtos de degradação em HCl 15,0 %, soft

mud acid e regular mud acid.

Camada marrom da interface

Matriz de cimento não-atacada quimicamente

Material degradado aderido à superfície

(a) (b)

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Resultados e discussão

111

Figura 38. Características microscópicas do CaCl2 .

Por microscopia ótica também foi possível identificar essas três camadas para esses

sistemas, conforme indicações da figura 39. Destaca-se que, embora a camada externa de

degradação seja insignificante nos corpos-de-prova atacados em HAc 10,0 % + HF 1,5 %, há

a formação da camada intermediária, conforme pode ser visualizado na figura 40.

Figura 39. Camadas distintas em corpo-de-prova de pasta de cimento convencional após

ataque ácido em HCl 15,0 %.

Camadadegradada

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Resultados e discussão

112

Figura 40. Camada intermediária em corpo-de-prova de pasta de cimento convencional após

ataque ácido em HAc 10,0 % + HF 1,5 %.

Conforme já mostrado na figura 27, a perda de massa dos compósitos poliméricos com

polímeros particulados é menor que a das pastas de cimento Portland convencionais após 7

dias de cura. A presença dos polímeros em pó reduziu em media 18,0 % a perda de massa em

HCl 15,0 %, 4,0 % em soft mud acid, 80,0 % em regular mud acid e 40,0 % em HAc 10,0 %

+ HF 1,5 %. Apesar da pequena diferença no caso das amostras imersas em soft mud acid, é

importante ressaltar que a perda de massa basta ser menor ou igual a do sistema convencional

para ser aplicada com sucesso em campo frente aos agents comuns de acidificação de poços

de petróleo. No entanto, destaca-se que o compósito Portland-poliuretana em pó apresentou

uma perda de massa 25,0 % menor.

O sistema mais degradado, tanto na quantificação da perda de massa quanto na

morfologia do atque ácido, foi a pasta de cimento Portland convencional imersa em regular

mud acid, apresentando aspecto final mostrado na figura 41.

Destaca-se que não houve formação da camada de coloração amarela comumente

observada com cerca de 1 a 2 mm de espessura, apenas uma fina camada de produtos

pulverolentos (figura 41). Esse comportamente é uma conseqüência da elevada velocidade do

processo corrosivo, dada a alta susceptibilidade do material ao regular mud acid, não havendo

tempo suficiente para a formação da camada de proteção contra a continuidade do processo de

degradação. Essa teoria é ratificada pela morfologia desse ataque, apresentando aspecto de

corrosão alveolar e corrosão por cavitação erosão. Um comparativo do aspecto final em

termos de características das superfícies dos corpos-de-prova e dimensões finais após ataque

ácido pode ser visto na figura 42.

Interface de coloração marrom

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Resultados e discussão

113

Figura 41. Aspecto do corpo-de-prova da pasta de cimento Portland especial convencional

após ataque ácido em regular mud acid.

Figura 42. Aspecto comparativo dos corpo-de-prova da pasta de cimento Portland especial

convencional e adtivada com polímeros após ataque ácido em regular mud acid.

Em relação ao mecanismo de degradação de materiais cimentícios em meios ácidos,

cristais de Portlandita são preferencialmente lixiviados para a solução, resultando em uma

matriz descalcificada em todos os sistemas avaliados (BRADY et al., 1989; BLOUNT et al.,

1991; CARPENTER and EDWARDS, 1994; MEHTA e MONTEIRO, 1994; MIRANDA,

1995; MIRANDA and GOLD, 1997; BERTRON et al., 2005b). Esses cristais apresentam

grande tamanho e alta solubilidade em água, facilitando sua lixiviação (MEHTA e

MONTEIRO, 1994).

Análises de DRX de amostras cimentícias antes e após o ataque ácido evidenciaram

esse comportamento. Como exemplo expõem-se os drifratogramas comparativos das pastas de

cimento Portland convencional e com poliuretana em pó antes e após ataques ácidos em HCl

Compósito com poliuretana em pó Compósito com

biopolímero Compósito com borracha Pasta de cimento

convencional

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Resultados e discussão

114

15,0 %. Verifica-se que após o ataque ácido, em ambos os casos, não há a presença dos picos

relativos à fase Portlandita, conforme pode ser visualizado na figura 43, que são lixiviados

para a solução ácida.

Além disso, destaca-se que as análises de DRX mostraram a presença de Portlandita,

calcita, etringita e óxido de magnésio na pasta de cimento convencional endurecida, após 7

dias de cura, antes de imersão na solução ácida (MIRANDA, 1995; BEZERRA, 2006) (figura

43). Compostos semelhantes foram identificados nas pastas com poliuretana em pó,

indicando que não há interação química entre eles e as fases anidras e/ou hidratadas do

cimento, formando outros compostos.

Figura 43. Difratogramas evidenciando desaparecimento dos picos da Portlandita no material

degradado no compósito Portland-poliuretana em pó e na pasta de cimento convencional após

imersão em HCl 15,0 % aos 7 dias de cura.

Como a Portlandita é a fase que está sendo degradada e, segundo Gomes (2005 apud

NASCIMENTO, 2006), há o fato deste elemento pouco contribuir para a resistência mecânica

da pasta de cimento, a não significativa mudança nos patamares de resistência mecânica após

o ataque ácido fortifica a tese da Portlandita estar sendo consumida.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

0

1000

2000

CH

Compósito com poliuretana em pó

Compósito com poliuretana em pó - HCl 15,0 %

Pasta convencional

CHCH

Inte

nsid

ade

(cps

)

2 Theta [°]

Pasta convencional - HCl 15,0 %

CH

CHCH

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Resultados e discussão

115

Gomes (2005 apud NASCIMENTO, 2006) também diz que caso ocorressem

mudanças de perda de fase C-S-H, por possuir estrutura praticamente amorfa, e estar presente

em maior quantidade na pasta de cimento hidratada, provavelmente haveria perda de

resistência mecânica, uma vez que essa fase é a principal responsável por essa propriedade.

Após a imersão em soft mud acid e regular mud acid, o material degradado mostrou-

se menos frágil e com maior aderência à superfície externa do corpo-de-prova que após

imersão em HCl 15,0 % para os compósitos Portland-polímeros, sendo mais difícil de se

retirar com a força mecânica imposta pela espátula, sendo suas morfologias mostradas na

figura 44. O caráter morfológico de crateras observado na camada degradada após exposição

em HCl 15,0 %, em comparação ao regular mud acid, ratificam maiores perdas de massa

observadas nos compósitos Portland-poliuretana em pó naquele meio degradante.

Figura 44. Aspecto microscópico da camada de degradação do ataque ácido às pastas de

cimento Portland especial convencional ou adicionadas com polímeros em forma de partículas

em HCl 15,0 % (a) e em regular mud acid (b).

Uma maior espessura da camada de coloração intermediária foi também observada

após imersão em regular mud acid, conforme pode ser visto na figura 45. Embora fossem

difíceis de serem obtidos resíduos dessa camada marrom intermediária, por ser muito fina

(figura 46), ocasionando sua fácil contaminação com a matéria degradada ou a pasta de

cimento não atacada quimicamente, ensaios de FRX identificaram aumento da concentração

de ferro no material proveniente dessa camada no caso de imersão em HAc 10,0 % + HF 1,5

%. Ratificando, Pavlík (1994; 1996) atribuiu à essa camada marrom, formada adjacente ao

material não atacada quimicamente por ácido acético e ácido nítrico, à difusão dos íons Fe3+ e

a subsequente precipitação do hidróxido de ferro para valores de pH acima de 2.

(a) (b)

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Resultados e discussão

116

Figura 45. Características microscópicas do ataque ácido à pasta de cimento Portland especial

convencional em regular mud acid.

Figura 46. Pequena espessura da camada de cor marrom da pasta de cimento Portland

convencional após imersão HCl 15,0 % aos 7 dias de cura.

A literatura aborda que compósitos com polímeros apresentam menor quantidade de

Portlandita, seja por dificultar o crescimento dos cristais, seja por retardar ou acelerar a

cinética do processo de hidratação, interferindo no equilíbrio natural de formação das fases

hidratadas do cimento.

No caso específico dos polímeros utilizados no presente trabalho, tanto a borracha em

pó quanto a poliuretana em pó apresentam alta concentração de cargas estáticas, apresentando

características hidrofóbicas. Isso faz com que essas partículas repilam a água, aumentando o

contato entre as moléculas de água e as fases anidras do cimento e, aumentando,

consequentemente, a velocidade das reações de hidratação. Como conseqüência desse

processo natural, a fase C-S-H é prioritariamente formada devido à acelerada reação com o

C3S e C2S (LIMA, 2004).

Material degradado em regular mud acid

Região não atacada

Camada intermediária de coloração marrom

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Resultados e discussão

117

Já o biopolímero estudado origina a formação de uma carga positiva quando

dissolvido em água, atraindo moléculas carregadas negativamente. A quelação do íon positivo

cálcio (Ca+2) pela carga positiva do biopolímero em forma de gel não seria quimicamente

possível (BEZERRA, 2006). No entanto, um composto orgânico em meio alcalino carrega-se

negativamente (GOMES, 1988), fazendo com que na realidade o biopolímero em questão

tenha a capacidade de quelar o íon metálico cálcio, diminuindo, consequentemente, a

quantidade de Ca+2 livre. Assim, quantidades limitadas de íons cálcio livre estão disponíveis

para formação da Portlandita nos compósitos com polímeros em forma de partícula avaliados.

Difratogramas para as amostras convencional e adicionadas com os polímeros em

forma de partículas evidenciaram tendência à redução nos picos de Portlandita para 7 dias de

cura, conforme pode ser visto na figura 47.

Com exceção da poliuretana em pó, que talvez necessite de um maior tempo de cura

que 7 dias para o fenômeno ser retratado em termos de DRX. Caracterizações utilizando FRX,

no entanto, não foram adequados à essa caracterização, uma vez que o elemento lido em

forma de óxido, o CaO, consta tanto na Portlandita como na matriz C-S-H, não sendo possível

analisar isoladamente fenômenos intrísecos à Portlandita.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

0

1000

2000

3000

4000

204

114

210

226

534

376

460

474

620

448

790

788

Compósito com poliuretana em pó

Compósito com borracha

Compósito com biopolímero

Inte

nsid

ade

(cps

)

2 Theta [°]

Pasta convencionalCH CSH CH CH CSH

Figura 47. Difratogramas evidenciando redução nos picos da Portlandita nos compósitos

poliméricos em relação à pasta de cimento convencional aos 7 dias de cura.

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Resultados e discussão

118

Um outro ponto positivo, por parte da adição dos polímeros particulados, é que

contribui para minimizar a perda de massa em meios ácidos de seus compósitos cimentícios, é

o fato de eles ocuparem espaços vazios na microestrutura das pastas de cimento endurecidas,

diminuindo a porosidade das amostras e ancorando grãos de cimento anidros.

O fenômeno da quelação do íon cálcio pelo biopolímero adicionado à pasta de cimento

Portland ocorre a nível molecular. No entanto o fenômeno associado à ocupação dos espaços

vazios entre os produtos hidratados e/ou grão de cimento anidros pelo biopolímero pode ser

visualizado na figura 48, ao lado dos grãos de C-S-H II (BEZERRA, 2006). Esse autor coloca

que o modo de elétrons retro-espalhados evidencia este fato por meio da presença de áreas

escuras próximas às setas, o que é explicado pelos baixos pesos atômicos dos elementos

químicos do biopolímero e dos polímeros de um modo geral.

Figura 48. Micrografias do compósito Portland-2 % de biopolímeros evidenciando a presença

de biopolímero em elétrons secundários (a) e elétrons retro-espalhados (b) com 10 000x

(adaptado de BEZERRA, 2006).

Testes de porosidade mostraram redução nesses parâmetros com o aumento da

quantidade de polímeros. Foram registrados redução em torno de 25 % para o compósito

Portland-biopolímero, 40 % para o sistema Portland-borracha moída e 43 % para as pastas

adicionadas de poliuretana em pó quando comparadas com a pasta de cimento Portland

convencional.

Adicionalmente, a presença das particulas em pó na massa de cimento endurecida

aumenta consideravelmente a dificuldade de percolação dos fluidos, diminuindo a

permeabilidade, devido à tortuosidade. Esse parâmetro também é reduzido pelo simples fato

da presença prioritária de matriz C-S-H em detrimento da formação dos cristais de

Portlandita, uma vez que que a matriz C-S-H apresenta baixa permeabilidade entre as fibras.

(a) (b)

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Resultados e discussão

119

Além disso, os íons H+ são consumidos por neutralização quando difundem através da

camada dos produtos descalcificicados, minimizando o processo agressivo (PAVLÍK, 1994).

Quanto ao aspecto da tortuosidade, a poliuretana em pó, devido à sua morfologia,

propicia o fenômeno (figura 49). Seu aspecto em forma de folhas finas de superfície e

perímetro irregular aumenta a aderência, apresentando, conforme pode ser visto na figura 50,

excelente ligação com os compostos hidratados da pasta de cimento endurecida (figura 51),

quando comparada, por exemplo, à ligação com as partículas de borracha (figura 52).

Figura 49. Micrografia com aumento de 200x mostrando o efeito de tortuosidade impresso

pela presença das partículas de poliuretana em pó na pasta de cimento endurecida.

Figura 50. Características microscópicas da morfologia das partículas de poliuretana em pó

(a) 100x e (b) 500x.

(a) (b)

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Resultados e discussão

120

Figura 51. Micrografia de superfície fraturada mostrando a excelente ligação das partículas de

poliuretana em pó com a matriz cimentícia (a) 200x e (b) 5 000x.

Figura 52. Micrografia de superfície fraturada com 200x de aumento mostrando a débil

ligação das partículas de borracha moída com a matriz cimentícia.

Acredita-se que a menor perda de massa apresentada pelo compósito Portland-

poliuretana, principalmente quando submetido à solução ácida mais agressiva, o regular mud

acid, esteja intimamente associada com a sua boa ligação com a matriz cimentícia e seu

incremento no efeito tortuosidade.

A distribuição do biopolímero estudado na pasta de cimento endurecida também

favorece o efeito tortuosidade, uma vez que o biopolímero se distribui uniformemente em

todo o volume da pasta de cimento endurecida, conforme pode ser visualizado na figura 53.

Bezerra (2006) destaca que as áreas escuras na micrografia exposta na figura 53 indicam a

presença do biopolímero, devido ao baixo peso atômico de seus elementos químicos.

(a) (b)

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Resultados e discussão

121

Figura 53. Micrografia de superfície fraturada com 4 000x de aumento mostrando a

distribuição das partículas de biopolímero na matriz cimentícia (BEZERRA, 2006).

Testes de permeabilidade mostraram redução nesses parâmetros com o aumento da

quantidade de polímeros, confirmando essa teoria. No caso da poliuretana em pó a

permeabilidade foi reduzida em 17 % nas pastas com 3 % de adição, chegando até 50 % de

redução quando a adição aumentou para 5 %. No caso da borracha moída, a redução de

permeabilidade foi em torno de 12 % para 5 % de adição. Já para o caso do biopolímero,

reduções da ordem de 15 % foram alçadas para 3 % de adição.

Micrografias mostram que os polímeros estudados não se deterioraram nos ácidos

avaliados, nas concentações que são alcançados, após neutralização da solução ácida por

percolação em meio básico, confirmando resultados macroscópicos visuais observados após

imersão dos polímeros por 40 minutos nas soluções ácidas a 65oC nas soluções avaliadas no

presente trabalho.

Por outro lado, a matriz cimentícia é degradada, mostrando menos quantidade de

material ao redor da partícula polimérica após contato com a solução ácida (figura 54). Assim,

verifica-se que a partícula polimérica permanece aderida à matriz cimentícia enquanto houver

material suficiente para ancorá-la. Esse comportamento foi confirmado devido ao fato de,

praticamente, não terem sido identificadas partículas poliméricas dispersas na solução ácida

após ataque.

Nessa linha de pensamento, o simples fato de susbstituir parte da massa de material

que se degrada em ácido pelos polímeros, que além do efeito de tortuosidade e preenchimento

de vazios na pasta de cimento endurecida, diminui a perda de massa devido a não degradação

desse material, permanece ancorado. Na micrografia exposta na figura 55 foram identificadas

partículas de borracha aderidas à camada degradada após ataque em regular mud acid, com

comportamento similar às partículas de poliuretana em pó.

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Resultados e discussão

122

Figura 54. Características microscópicas da ligação particular de polímero/matriz cimentícia

antes do ataque ácido (a) e após ataque ácido em HCl 15,0 % (b).

Figura 55. Características microscópicas da ligação particular de borracha moída/matriz

cimentícia após ataque ácido em HAc 10,0 % + 1,5 % HF.

Uma fatia de 3 mm foi removida logo abaixo da surpefície degradada, revelando uma

superfície visualmente intacta macroscopicamente e microscopicamente.

A título de confirmação, esse material foi analisado por DRX e os resultados

revelaram a presença dos mesmos componentes detectados no material cimentíicio antes do

ataque ácido. Esse comportamento ratifica o caráter protetor da camada degradada, de forma

que somente há degradação quando o material cimentício está em contato direto com o ácido.

Esses comportamentos foram observados tanto na pasta de cimento convencional quanto nos

compósitos poliméricos.

Partícula polimérica

Partícula polimérica

Perda de material cimentício ao redor

da partícula

Partículas de borracha agregadas à matriz cimentícia

após ataque ácido

(a) (b)

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Resultados e discussão

123

Ensaios de fratografia realizados antes e após o ataque ácido também mostraram que

as características internas da amostra foram mantidas após o ataque, não sendo observadas

mudanças nas fratografias das amostras. Esses comportamentos foram observados tanto na

pasta de cimento convencional, quanto nos compósitos poliméricos.

Análises realizadas nas soluções ácidas remanescentes após o ataque ácido utilizando

espectroscopia de absorção atômica mostraram que o principal íon lixiviado para a solução

HCl 15,0 % foi o Ca+2 tanto na pasta de cimento convencional quanto nos compósitos

poliméricos. Foram detectadas concentrações (mg/l) em torno de 20 vezes maiores que os

outros íons detectados, como Fe+2, Al+3 e Si+2. Após imersão em soluções de mud acid, além

do íon Ca+2, também foram observados íons Si+2 derivados das reações entre o HF e o SiO2.

Já no caso das soluções de ácido acético e ácido fluorídrico remanescentes foram detectados

principalmente íons Si+2.

As soluções ácidas resultaram em coloração amarela após o ataque ácido em HCl 15,0

% e soluções regular mud acid e soft mud acid. No entanto a intensidade do amarelo foi mais

acentuada em HCl 15,0 %. Por outro lado, não houve mudança de coloração no sistema

HAc/HF. Esse comportamento leva a deduzir que o cloreto de cálcio, intensamente formado

na imersão do material cimentício em HCl, seja o responsável pela coloração, uma vez que

também foi registrado nas soluções regular mud acid e soft mud acid, mas não há formação

no sistema HAc/HF.

Para confirmar se a coloração amarela era proveniente do cloreto de cálcio, os

principais óxidos existentes na pasta de cimento endurecida: Al2O3, CaO, SiO2 e Fe2O3, foram

colocados em contato com HCl. Em uma reação instantânea o óxido de cálcio com o HCl

formou um líquido de coloração amarela intensa, enquanto o Al2O3 e SiO2 não formaram esta

coloração. O óxido de ferro também tendeu a formar uma coloração amarela pálida, no

entanto era diferente da observada no ácido residual após os ataques ácidos.

7.3.2 Comportamento dos compósitos Portland-poliuretana em solução aquosa frente

ao HCl 15,0 %, soft mud acid, regular mud acid e mistura de HAc 10,0 % e HF

1,5 %

No caso da poliuretana em solução aquosa como aditivo, o fenômeno que rege o ataque

ácido é conseqüência, principalmente, da morfologia decorrente do processo de hidratação da

pasta de cimento Portland concomitantemente com a coalescência do polímero, formando um

filme fino contínuo sobre a microestrutura da pasta de cimento Portland endurecida, conforme

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Resultados e discussão

124

pode ser visto na figura 56. Esse filme, em forma de rede polimérica, interpenetra na matriz

de cimento de forma a gerar um bloco monolítico, aumentando a aderência entre os hidratos

de cimento Portland (LIMA, 2004) e tendo como efeito último a formação de uma co-matriz

(SAKAI and SUGITA, 1995 apud LIMA, 2004).

Assim sendo, é o responsável pela proteção do material cimentício, propenso de se

degradar frente às soluções ácidas, por efeitos de selamento e impermeabilização dos filmes

poliméricos formados em algumas regiões da matriz (OHAMA, 1998 apud LIMA, 2004;

SAKAI e SUGITA, 1995 apud LIMA, 2004; LARBI, 1990 apud NASCIMENTO, 2006).

A formação de redes de polímeros entre os poros da pasta de cimento (OHAMA, 1998

apud LIMA, 2004) e envolvendo os hidratos, dificultam a passagem e o fluxo das soluções

ácidas em pastas com dispersões poliméricas, uma vez que, sendo a rede polimérica

consideravelmente resistente ao ácido, esta protege os grãos de cimento por o estarem

envolvendo. Não necessariamente, ao se afirmar que a rede polimérica é resistente à ação do

ácido, quer dizer que o produto resultante seja o polímero tal qual antes do contato com a

solução, mas que pode ser o polímero modificado.

Mehta (1994) ratifica dizendo que esse filme de polímero revestindo os poros

capilares e as microfissuras fazem um excelente trabalho, impedindo ou minimizando o fluxo

de fluidos no material, o que justifica o fato deste polímero ter apresentado baixas perdas de

massa dentre os materiais estudados.

Figura 56. Micrografia obtida em MEV da pasta com 25 % de poliuretana em solução aquosa

(aumento de 6 000 x).

Filme polimérico da poliuretana em solução

aquosa

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Resultados e discussão

125

A reação do compósito com as soluções ácidas gera uma camada com características de

poliméricas, com certa plasticidade e que protege com eficácia o interior do corpo-de-prova

da continuidade do ataque, devido ao seu aspecto de impermeabilidade associada à sua baixa

capacidade de difusão. Fortemente aderida ao substrato cimentício, só permite ser arrancada

com o auxílio de espátula e considerável força.

O aspecto da camada dos produtos de degradaçao pode ser visto na figura 57a antes de

ser raspado em uma superfície fraturada, na figura 57b após ter sido raspado com espátula

após imersão dos corpos-de-prova em HCl 15,0 % e na figura 58 após imersão em mud acid.

O aspecto final da superfície do corpo-de-prova após ataque em regular mud acid comparado

à pasta e cimento Portland convencial encontra-se exposto na figura 59.

Figura 57. Camada degradada em compósito cimento/poliuretana em solução aquosa em

amostra fraturada (a) raspado e (b) após ataque em HCl 15,0 %.

Figura 58. Camada degradada raspada em compósito cimento/poliuretana em solução aquosa

após imersão em mud acid.

(a) (b)

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Resultados e discussão

126

Figura 59. Aspecto da superfície dos corpos-de-prova após ataque ácido em regular mud acid

de Portland-poliuretana em solução aquosa (a) e pasta de cimento convencional (b).

Figura 60. Aspecto das três zonas definidas após ataque ácido em pasta de água e cimento e

poliuretana em solução aquosa: matriz de cimento não atacada quimicamente, interface e

produtos de degradação com 50x (a), 200x (b) e 1 000x (c).

Matriz de cimento não atacada

Interface

Produto de degradaçào

Interface

Matriz de cimento não atacada

Produtos de degradação

(a) (b)

(a) (b)

(c)

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Resultados e discussão

127

A camada intermediária de colocaração marrom, verificada claramente na pasta de

cimento Portland convencional e compósitos adicionados de partículas poliméricas, apesar de

visualmente existir, não é tão eminente microscopicamente. A morfologia dos produtos de

degradação é semelhante a dos produtos hidratados sem ataque ácido, devido à formação de

co-matriz polimérica, conforme pode ser visualizado na figura 61. Destaca-se, no etanto, que

imagens adquiridas via microscopia ótica revelaram a presença de três fases distintas, não

identificadas via microscopia eletrônica de varredura.

Figura 61. Aspecto das quatro zonas definidas após ataque ácido em pasta de água e cimento e

poliuretana em solução aquosa via microscopia ótica após imersão em regular mud acid.

As eflorescências observadas ao longo da amostra analisada via microscopia ótica, na

figura 61, são provavelmente conseqüentes do corte ter sido realizado pouco tempo depois da

retirada do corpo de ataque ácido, o que pode ter carreado solução ácida para superfície lateral

da amostra. A camada descalcificada que aparece na microscopia ótica como uma camada de

espessura definida abaixo da interface de coloração marrom; no entanto, pode também indicar

que há uma penetração de íons abaixo da camada degradada. O processo de ataque ácido foi

microscopicamente semelhante para as três soluções ácidas avaliadas.

Análises por DRX da camada degradada do compósito Portland-poliuretana em solução

aquosa não indicam a presença de compostos cristalinos predominante, apresentando muitos

ruídos, o que caracteriza indício da camada ser realmente polimérica.

Ensaios de FRX também foram efetuados no material proveniente da degradação.

Verifica-se na tabela 15 que maior quantidade de silício foi identificada na camada de

degradação após imersão do corpo-de-prova em HAc 10,0 % + HF 1,5 %, bem como

quantidade semelhante de cálcio; esse comportamento já era esperado, dada a reação do ácido

Cam

ada

polim

éric

a de

grad

ada

Cam

ada

inte

rmed

iári

a m

arro

m

Cam

ada

desc

laci

fica

da

Cam

ada

refe

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te à

mat

rz c

imen

tíce

a

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Resultados e discussão

128

fluorídrico com o silicato de cálcio e o fato da fluorita (CaF2) ter baixa solubilidade em HAc.

Como é mais solúvel em HCl, observou-se menor quantidade de SiO2 no resíduo de

degradação após imersão em regular mud acid. Em compensação, ensaios de absorção

atômica demonstraram uma quantidade bem maior de silício na solução final, após ataque

ácido, para o regular mud acid, conforme tabela 16.

Tabela 15. Teor dos compostos via FRX na camada degradada dos compósitos Portland-

poliuretana em solução aquosa após ataques ácidos em diferentes meios.

CaO Cl SiO2 Fe2O3 SO3

HCl 15,0 % 33,978 33,978 29,018 7,362 3,565

Regular mud acid 50,650 21,867 17,273 7,054 2,035

HAc 10,0 % + HF 1,5 % 44,094 - 41,665 9,858 2,197

Tabela 16. Teor dos elementos identificados por absorção atômica na solução ácida

remanescente dos compósitos Portland-poliuretana em solução aquosa após ataques ácidos em

diferentes meios.

Ca (mg/l) Si (mg/l) Fe (mg/l) Al (mg/l)

HCl 15,0 % 3.434 26 57 34

Regular mud acid 7.213 2.864 13 9

HAc 10,0 % + HF 1,5 % 0 56 4 1

Com relação aos ensaios de absorção atômica, destaca-se que houve predominância de

cálcio lixiviado na solução após ataque ácido em HCl 15,0 % coforme pode ser visualizado na

tabela 15. Já no caso da solução regular mud acid, detectou-se maior quantidade de íons

cálcio lixiviados, no entanto, grande quantidade de SiO2 também foi observada devido ao HF

atacar a sílica e a fluorita, resultante dessa reação ter alta solubilidade em HCl. Praticamente

apenas pequena quantidade de silício foi detectada na solução HAc 10,0 % + HF 1,5 % após

ataque ácido, corroborando com a baixa solubilidade da fluorita em ácido acético.

Um aumento maior na camada degradada do compósito Portland-poliuretana em

solução aquosa sugere realmente possuir características poliméricas, conforme mostram a

figura 62 após imersão em HAc 10,0 % + 1,5 % HF e figura 63 para regular mud acid.

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Resultados e discussão

129

Figura 62. Aspecto microscópico da camada de degradação do ataque ácido às pastas de

cimento Portland com poliuretana em solução aquosa em HAc 10,0 % + HF 1,5 %.

Figura 63. Aspecto microscópico da camada de degradação do ataque ácido às pastas de

cimento Portland especial com poliuretana em solução aquosa em HCl 15,0 % e mud acids.

(a) 50x, (b) 500x e (c) 2 500x.

O processo de formação dessa camada polimérica pode ser sumariamente explicado

pelo fato da rede polimérica formada resistir aos ácidos avaliados. Assim, os compostos que

contém cálcio na matriz cimentícia são lixiviados para a solução, restando o esqueleto do

material cimentício degradado impregnado com a cadeia polimérica modificada, seja por

degradação do polímero, seja por formação de um novo polímero. A associação é como uma

esponja polimérica impregnada de material cimentício hidratado nos poros. Assim, quando o

(a) (b) (c)

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Resultados e discussão

130

material cimentício é parcialmente lixivaido para a solução, resta uma camada porosa de

caracterísiticas poliméricas.

A poliuretana é capaz de liberar uma de suas ligações quando o Ca+2 é lixiviado para a

solução, uma vez que é uma ligação fraca e cálcio é atacado pelos ácidos. Os ânions Cl-, F- e

Ac-, provenientes da dissociação do ácido, se ligam no sítio carregado positivamente

disponível, formando, provavlemente, um novo composto polimérico que é capaz de proteger

o material cimentício do interior do corpo-de-prova do contato com as soluções ácidas.

Nascimento (2006) ratificou esta interação entre ânion carboxilato (-COO-) presente nas

pastas formuladas com poliuretana em solução aquosa e os íons metálicos provenientes da

reação de hidratação do cimento utilizando espectroscopia de infravermelho.

Micrografias no material pulverulento realizadas após maceração desta camada

polimérica indicam se tratar realmente de um polímero e não de produtos hidratados de

cimento, uma vez que forma grãos com características poliméricas, sem haver identificação

de estruturas com características de produtos de hidratação do cimento. A morfologia do

material pulverulento pode ser vista na figura 64a.

Paralelamente, a figura 64b expõe o aspecto para o material degradado nesse meio

agressivo da pasta de cimento Portland convencional a título de comparação. Observam-se

grãos menores e partículas com características de produtos de hidratação do cimento.

Comportamento semelhante foi verificado para amostras imersas em HCl 15,0 % e na solução

HAc 10,0 % + 1,5 % HF.

Figura 64. Morfologia da camada de degradação macerada após ataque ácido em regular mud

acid para (a) compósito Portland-poliuretana em solução aquosa e (b) pasta de cimento

Portland convencional.

(a) (b)

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Resultados e discussão

131

Diminuição de porosidade e permeabilidade também foi verificada nos compósitos

com poliuretana em solução aquosa em relação à pasta de cimento convencional. Redução em

torno de 90 % nos parâmetros permeabilidade e porosidade foram verificados para a

formulação estudada com 15 % de adição.

Esse ponto também ratifica a diminuição da perda de massa observada nesses

compósitos, embora a maior barreira protetora seja a camada superficial polimérica formada

quando do contato com a solução ácida. As reações de formação dessa camada iniciram,

instantaneamente, após contato com a solução ácida, sendo o crescimento da camada gradual

ao longo do tempo de imersão até atingir o equilíbrio.

A poliuretana em solução aquosa tem influência na reação de hidratação do C3S, pelo

processo de interação entre o grupo carboxila (-OOC) da estrutura do látex poliuretana com o

cálcio livre (Ca2+) da reação do C3S com o gesso. Com isso, resta nesta reação, apenas o C-S-

H gel, que apresenta baixa permeabilidade e reduz o volume de poros entre suas fibras

(SAUÔTE et al., 2006; BERNARDO et al., 2006; APPLEBY and WILSON, 1996), todos

citados por Nascimento (2006). Além do preenchimento dos vazios pelo filme polimérico

durante o processo de coalescência do látex (ROSSIGNOLO, 2005 apud NASCIMENTO,

2006).

Outra conseqüência desse processo é a redução do Ca+2 livre disponível para formação

e crescimento dos cristais de Portlandita, mais susceptíveis à lixiviação ácida. Esse fenômeno

pode ser tanto devido à interação química desse íon com o polímero (HEIKAL et al., 2001

apud NASCIMENTO, 2006), como ao efeito de seu aprisionamento pelo ânion carboxilato da

dispersão polimérica no meio aquoso da pasta no estado ainda fresco, o que provoca a

redução da quantidade de íons bivalentes de cálcio livre para a produção da Portlandita

(LARBI and BIJEN, 1990).

Além disso, a coalescência do polímeros ocasiona a obstrução da nucleação e o

crescimento de CH durante a hidratação, alterando a morfologia, cristalinidade e quantidade

de fases. Pode-se observar a redução de intensidade nos seus picos com o aumento da

porcentagem da adição de poliuretana em solução aquosa aos 28 dias de cura

(NASCIMENTO, 2006) na figura 65.

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Resultados e discussão

132

10 20 30 40 50 60 70 80

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Inte

nsid

ade

(cps

)

CHCH

CHCH

CHCH

CH

CH

CH

CH CH

25 % de poliuretana líquida

15 % de poliuretana líquida

10 % de poliuretana líquida

5 % de poliuretana líquida

2 Theta [°]

CH

Figura 65. Difratograma da pasta com 5, 10, 15 e 25 % de poliuretana em solução aquosa aos

28 dias de cura (adaptado de NASCIMENTO, 2006).

Assim, esse conjunto de características são favoráveis à minimização da perda de

massa pelos compósitos Portland-poliuretana em solução aquosa. A camada degradada, de

caracterísitica polimérica, funciona como barreira praticamente impermeável à continuidade

da percolação dos fluidos agressivos.

7.3.3 Mapeamento por EDS das seções transversais de corte das amostras de pasta de

cimento Portland convencional e compósito com poliuretana aquosa atacadas em

HCl 15,0 %, soft mud acid, regular mud acid e mistura de HAc 10,0 % e HF 1,5

%

Os mapeamentos por EDS/MEV das seções transversais de corte dos corpos-de-prova

da pasta de cimento convencional e do compósito Portland-poliuretana em solução aquosa,

após imersão em HCl 15,0 %, encontram-se expostas nas figura 66a e figura 66b.

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Resultados e discussão

133

Figura 66. Mapeamento por EDS/MEV dos elementos Si, S, Al, Fe, Mg, Ca e Cl em amostra

de seção transversal após imersão em regular mud acid.após ataque ácido em HCl 15,0 % (a)

pasta de cimento convencional e (b) compósitos com poliretana em solução aquosa.

Verifica-se que na pasta de cimento Portland convencional atacada em HCl 15,0 % há

perda de cálcio na camada degradada, acompanhada do acúmulo de silício. Já na camada

intermediária verifica-se acúmulo de ferro.

Já o compósito Portland-poliuretana em solução aquosa apresenta comportamento

semelhante para a camada degradada, no entanto houve acúmulo de alumínio e magnésio na

camada intermediária. Além disso, em ambos os casos, verifica-se a presença do elemento

cloro, embora a profundidade de sua penetração no compósito Portland-poliuretana em

solução aquosa tenha sido menor comparada a da pasta de cimento Portland convencional,

comprovando a eficácia na proteção da massa de cimento fornecida pela presença do

polímero.

Foram realizadas caracterizações dos resíduos degradados, a título de elucidação dos

mecanismos de ataque ácido a materiais cimentícios, utilizando DRX e FRX. Os

difratogramas encontram-se expostos na figura 67, para resíduos de degradação da pasta de

cimento Portland convencional em diferentes soluções ácidas.

H

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Resultados e discussão

134

10 20 30 40 50 60 70 80

0

1000

2000

3000

4000

CaF2CaF2

CaF2

CaF2

CaF2

SiO2SiO2

SiO2SiO2

SiO2SiO2SiO2

SiO2

SiO2

SiO2

Inte

nsid

ade

(cps

)

CaCO3CaSO4

CaSO4CaCl2

CaCl2

MgOCaO CSHCSH CSH CH

CHCH

CaCO3CaSO4

Resíduo de degradação em HAc 10,0 % + HF 1,5 %

Resíduo de degradação em regular mud acid

Resíduo de degradação em HCl 15,0 %

Sem ataque ácido

2 Theta [°]

Figura 67. Difratogramas evidenciando produtos de degradação da pasta e cimento Portland

convencional após imersão em diferentes meios ácidos aos 7 dias de cura.

A presença de gesso, cloreto de cálcio, carbonato de cálcio e uma fase amorfa foi

detectada na camada degradada decorrente da imersão em HCl 15,0 % na pasta de cimento

convencional figura 67. Análises de FRX nesse resíduo indicaram que o material amorfo

tratava-se basicamente de sílica, derivada da descalcificação da matriz C-S-H, restando um

esqueleto de sílica gel amorfa. O esqueleto de sílica foi observado pelo aumento de SiO2 e

redução de CaO na análise da camada degradada por FRX, conforme porcentagens que

podem ser visualizadas na figura 67. Além disso, a presença de gesso é devida à existência

desse elemento no cimento, que fica livre, em função do ataque ácido.

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Resultados e discussão

135

Tabela 17. Porcentagens dos elementos via FRX da camada degradada após imersão em HCl

15,0 %.

Amostra SiO2 Al2O3 Fe2O3 CaO MgO Na2O K2O

Pasta convencional 13,94 2,81 3,26 73,60 1,66 1,04 0,85

Pasta convencional em HCl 15,0 % 31,82 1,19 0,76 31,83 1,30 2,67 0,83

Dessa forma, destaca-se que a sílica identificada por EDS/MEV na camada degradada

não se trata de uma sílica cristalina, e sim amorfa. Por outro lado, verifica-se também a

presença de sílica na camada mais degradada da pasta de cimento Portland convenciocal em

regular mud acid, como pode se verificar nos mapeamentos por EDS/MEV das seções

transversais de corte dos corpos-de-prova da pasta de cimento convencional na figura 68a.

Figura 68. Mapeamento por EDS/MEV dos elementos Si, Mg, Fe, Al, Ca, F e Cl em amostra

de seção transversal após imersão em regular mud acid (a) pasta de cimento convencional e

(b) compósitos com poliretana em solução aquosa.

No entanto, a sílica identificada na camada degradada em regular mud acid é

cristalina, uma vez que foi identificada no difratograma desse resíduo na figura 67. Nessa

camada degradada também houve tendência ao acúmulo de flúor. Na camada intermediária se

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Resultados e discussão

136

observa a tendência ao acúmulo de magnésio, ferro, alumínio e cloro. Na camada degradada,

há redução de cálcio, que é lixiviado para a solução, conforme indicaram as análises de

espectroscopia de absorção atômica da solução final após ataque ácido em regular mud acid.

Já os mapeamentos por EDS/MEV para o compósito Portland-poliuretana em solução

aquosa, após imersão em regular mud acid, encontram-se expostos na figura 68b. Verifica-se

a presença de alumínio, cálcio, flúor e cloro na camada degradada. De forma interessante,

abaixo da camada degrada houve comportamento semelhante ao da pasta de cimento

convencional, com acúmulo de silício seguido de uma camada rica em magnésio e ferro.

Destca-se, no entanto, que o cálcio encontra-se distribuído uniformente em toda a amostra.

Os mapeamentos por EDS/MEV das seções transversais de corte dos corpos-de-prova

da pasta de cimento convencional e do compósito Portland-poliuretana em solução aquosa,

após imersão na mistura HAc 10,0 % e HF 1,5 %, encontram-se expostas nas figura 69a e

figura 69b.

Figura 69. Mapeamento por EDS/MEV dos elementos Si, Mg, Fe, Al, Ca, F e O em amostra

de seção transversal após imersão em mistura de HAc 10,0 % + HF 1,5 % (a) pasta de

cimento convencional e (b) compósitos com poliretana em solução aquosa.

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Resultados e discussão

137

Na camada degradada da amostra da pasta de cimento convencional identifica-se a

tendência ao acúmulo de cálcio (figura 69a). No entanto, destaca-se que esse elemento se

encontra distribuído uniformemente ao longo do resto da amostra, havendo uma tendência a

sua perda na camada intermediária.

Com relação a essa camada de coloração marrom intermediária entre a camada

degradada e a parte interior da amostra, que não teve contato direto com o ácido, o

mapeamento revelou acúmulo de magnésio nessa região, acompanhado de uma maior

concentração de oxigênio em regiões próximas, podendo ser a camada intermediária óxido de

magnésio.

Como pode ser visualizado na figura 67, o DRX da camada degradada da pasta de

cimento Portland convencional na mistura HAc 10,0 % + HF 1,5 % indica a presença de

fluorita nessa camada, ratificando a presença de cálcio nela identificada por EDS/MEV.

Assim, as consideráveis menores perdas de massa observadas para a pasta convencional,

quando imersos em HAc 10,0 % + 1,5 % HF, estão relacionados não só com a menor força

ácida dessa solução, quando comparada as demais avaliadas, mas também tem relação com o

fato de fluorita não ser solúvel nessa solução ácida, agindo como uma barreira protetora.

Por isso, no difratograma da figura 67, identifica-se presença de sílica na camada

degradada após imersão em regular mud acid e presença de fluorita, no caso das amostras

imersas em HAc 10,0 % + HF 1,5 %. No primeiro caso, a fluorita é lixiviada para a solução,

fato esse confirmado por ensaios de absorção atômica que detectaram alta concentração de

íons cálcio no lixiviado de regular mud acid, restando um esqueleto de sílica. Já no caso das

amostras imersas em HAc 10,0 % + HF 1,5 %, a fluorita permanece aderida à superfície do

corpo-de-prova.

A solubilidade do CaF2 em HCl é mais de 100 vezes maior quando comparada com

sua solubilidade em HAc. Por esta razão, a camada de fluorita permanece aderida à superfície

da amostra no sistema com ácido acético e é solubilizada, causando perdas de massa

consideráveis, nos sistema mud acid (MIRANDA, 1995), restando o esqueleto de sílica. Esse

processo de solubilização permite a continuação do ataque ácido, uma vez que partes do

material cimentício ainda não degradadas são continuamente expostas ao ácido. Como

conseqüência, a perda de massa aumenta para um mesmo tempo de imersão sob as mesmas

condições de ensaio.

Comportamento inverso em relação ao silício, no entanto, é verificado no compósito

com poliuretana em solução aquosa imerso em solução de HAc 10,0 % + HF 1,5 % (figura

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Resultados e discussão

138

69b). Esse elemento se concentra na camada degradada, bem como há tendência ao acúmulo

de ferro e alumínio. No entanto, há perda de cálcio nessa camada.

7.4 Influência das soluções ácidas no caráter agressivo do ambiente da formação

Após operações de acidificação, colchões lavadores são permeados ao longo da rocha

tratada, a fim de lixiviar compostos degradados e minimizar concentração de ácido na

formação. Adicionalmente, inibidores de corrosão, biocidas e sequestradores de oxigênio são

comumente adicionados às soluções ácidas injetadas. Além disso, deve-se ressaltar que a

concentração final da solução no poço da solução ácida é menor que a empregada em

laboratório, não só pelas lavagens posteriores com água, mas pelas suas reações com a

formação carbonática e/ou silicosa, o que aumenta o pH da solução remanescente.

Assim, os estudos eletroquímicos desenvolvidos no presente trabalho não representam

efetivamente o cenário de um poço de petróleo, nem pelo aço utilizado, nem pelas condições

da solução ácida empregada em campo. O aço da tubulação de revestimento é extremamente

duro e de geometria em anel circular, o que dificulta e encarece seu corte em peças de

pequenas dimensões, comumente empregadas nos estudos eletroquímicos.

No entanto, estudos comparativos foram efetuados, utilizando um aço carbono

comercial intermediário, representando um aço liga de médio carbono. O aço carbono SAE

1045 possui 0,45 % de carbono, que por se enquadrar entre 0,30 % e 0,60 % de sua

composição química, é classificado como um aço liga de médio carbono (CHIAVERINI,

1999 apud CUSTÓDIO, 2006).

Foram avaliados como ambiente degradante tanto as soluções ácidas propostas, quanto

um eletrólito básico que simulava o conteúdo interno dos poros, ou seja, a situação em que

não havia eletrólito agressivo presente.

Assim, pretendia-se estudar a influência das soluções ácidas no carácter agressivo da

formação, ou seja, qual solução ácida utilizada tornaria o ambiente da formação mais propício

a futuros problemas de corrosão externa na tubulação de revestimento, sendo classificadas,

desde a mais agressiva a menos agressiva ao aço carbono imerso na pasta de cimento Portland

convencional.

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Resultados e discussão

139

7.4.1 Caracterização da interface ácido-material cimentício

Inicialmente, a qualidade da interface aço/pasta de cimento endurecida foi verificada.

Dois exemplares de cada sistema aço/material cimentício foram cortados transversalmente e,

mesmo após a vibração e força imposta pelo disco de corte, apresentaram boa ligação (figura

70). É importante ressaltar que essa condição é necessária para evitar acúmulo de eletrólito

em uma região estagnada ao redor do eletrodo de trabalho. Essa condição de contato direto da

superfície do aço com solução estagnada caracterizaria um outro tipo de estudo.

Ademais, após imposição de força para avaliação dessa interface, foi observada

presença de um filme de compostos cimentícios hidratados na superfície do aço (figura 71).

Ressalta-se que as amostras estavam com 4 meses de idade, após 28 dias de cura em água a

38ºC.

Figura 70. Qualidade da interface aço/material cimentício nos corpos-de-prova para medidas

eletroquímicas.

Figura 71. Camada rica em cálcio formada na superfície do aço, observada em amostras após

4 meses de moldagem e 28 dias de cura em água a 38ºC.

2 mm

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Resultados e discussão

140

7.4.2 Determinação do potencial de circuito aberto

Há um tempo requerido para que os íons do eletrólito penetrem através do cobrimento

de pasta de cimento endurecida em quantidade suficiente para a corrosão iniciar. Esse tempo é

determinado com base na estabilização dos potenciais de circuito aberto. Conforme pode ser

visto na figura 72, os sistemas atingiram a estabilização de PCA em tempos longos, da ordem

de horas, devido à proteção física fornecida pela massa de pasta de cimento endurecida, que

dificulta a entrada dos agentes agressivos.

Outra explicação plausível para esse comportamento é dada por Tait (1994). Esse

autor diz que, ao se diminuir o valor de pH do meio eletrolítico, tem-se mudanças na química

do eletrólito, por aumento de concentração do íon hidrogênio na dupla camada elétrica e,

conseqüentemente, tem-se mudanças no valor do PCA. Assim, Tait (1994) diz que, ao se

trabalhar com eletrólitos ácidos, geralmente, se necessita de tempos maiores de imersão para

estabilização dos sistemas, devido à necessidade de equilíbrio da nova camada elétrica que irá

se estabelecer, dada sua diferente composição química.

Apesar de alguns sistemas terem apresentado menores tempos para estabilização do

PCA, 24 horas foi admitido como um tempo ideal para utilizar em todos os sistemas, uma vez

que as polarizações potenciodinâmicas necessitavam ser realizadas após um mesmo tempo de

imersão para todos os sistemas, a título de comparação de respostas. Lorenz e Manfeld

(1981), Yang et al. (1993) e Vedage et al. (1993), citados por Tait (1994), dizem que as taxas

de corrosão iniciais são, geralmente, mais elevadas que quando o sistema se estabiliza,

afetando o caráter comparativo de amostras, uma vez que nesses casos a dupla camada

elétrica ainda não tem ajustada sua nova composição química para cada potencial.

Todas as amostras tenderam a estabilização (figura 72), no entanto, muitas oscilações

puderam ser observadas em relação às amostras imersas em regular mud acid. Esse

comportamente está associado com a maior atividade de degradação do material cimentício

por essa solução ácida, em relação às outras ensaiadas. As oscilações são decorrentes de

degradação do material, evidenciada nas regiões de declínio brusco do PCA, seguida de

acúmulo desses produtos degradados na superfície do aço, região de aumento brusco no valor

do PCA.

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Resultados e discussão

141

0 250 500 750 1000 1250 1500-1.2

-1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

Soluçao simuladora dos poros HCl 15,0 % Regular mud acid HAc 10,0 % + HF 1,5 %

Ecorr = - 500 mV

Ecorr = -330 mV

Ecorr = +250 mV

Ecorr = -130 mVE

vs.

SC

E (

V)

Tempo (min)

Figura 72. Curvas de potencial de circuito aberto versus tempo para os primeiros 1500

minutos de imersão com estabilização do sistema pasta de cimento convencional reforçada

com aço carbono.

Oscilações nos valores do PCA também foram observadas nas amostras imersas em

solução simuladora dos poros. Nesse caso, no entanto, são decorrentes, provavelmente, do

fato da amostra estar seca antes da imersão no eletrólito e sua Assimbaixa condutividade do

sistema seco altera termodinamicamente a camada passivante, causando sua desestabilidade,

até que uma nova condição de equilíbrio seja alcançada.

Todos os sistemas apresentaram potenciais de corrosão mais eletropositivos, ou seja,

menos susceptíveis à iniciação e propagação do processo corrosivo, quando imersos em

solução 10,0 % HAc + 1,5 % HF, seguidos do meio simulador do conteúdo interno dos poros

da pasta de cimento endurecida, HCl 15,0 % e por fim, regular mud acid (figura 72). O ataque

por cloretos ao aço é fenômeno comumente reportado na literatura vigente (GENTIL, 1996;

CASCUDO, 1997).

Os potenciais foram sempre positivos e da ordem de +200 mV para o sistema 10,0 %

HAc + 1,5 % HF e da ordem de -500 mV para imersões em regular mud acid nas 24

primeiras horas de imersão, mostrando quão diferentes são os efeitos dessas soluções do

ponto de vista de corrosão do aço. Potenciais de corrosão mais eletropositivos indicam a

formação de camada passiva termodinamicamente mais estável quando comparada com

outros sistemas (GENTIL, 1996).

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Resultados e discussão

142

Destaca-se que o comportamento do ambiente degradante ácido 10,0 % HAc + 1,5 %

HF torna os sistemas de material cimentício reforçado com aço carbono avaliados menos

oxidáveis do ponto de vista eletroquímico, bem como o sistema mais suspecptível à corrosão

ser o regular mud acid, se extendeu aos 2 meses de imersão, conforme pode ser verificado na

figura 73, para a pasta de cimento convencional reforçada com aço carbono.

Como pode ser visualizado nessa figura, potenciais muito negativos foram verificados

nas primeiras horas de imersão para imersões em regular mud acid. Esses valores de grande

magnitude estão associados com o fato do eletrólito ainda não ter atingido o eletrodo de

trabalho para essas amostras. São sistemas complicados de se avaliar, em conseqüência do

alto poder degradante desse ácido aos materiais cimentícios, podendo, como já citado, causar

degradação seguida de depósitos do material resultante desse processo na superfície do aço.

Nesse sentido, a menor variação de resultados, bem como menor chance de obtenção

de leituras inadequadas, foi verificada para amostras imersas em solução simuladora do

conteúdo interno dos poros.

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

-18

-16

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

E v

s. S

CE

(V

)

Tempo (horas)

Soluçao simuladora dos poros HCl 15,0 % Regular mud acid HAc 10,0 % + HF 1,5 %

Figura 73. Medidas de PCA ao longo de 2 meses de exposição da pasta de cimento

convencional reforçada com aço carbono em diferentes meios.

0 200 400 600 800 1000 1200 1400-1.0

-0.5

0.0

0.5

E v

s. S

CE

(V

)

Tempo (horas)

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Resultados e discussão

143

7.4.3 Curvas de polarização

Destaca-se que os ensaios referentes às curvas de polarização potenciodinâmicas

necessitam de cuidado na prepraração e tratamento da superfície do aço. Alguns corpos-de-

prova apresentaram, quando polarizados, valores inadequados de taxas de corrosão e/ou

potenciais de corrosão, o que indica que o sistema é complexo e delicado, não só pela

heterogeneidade do material cimentício, mas também em decorrência da interface a ser

estudada e do material cimentício propício de degradar em meio ácido.

Foram realizadas, a princípio, polarizações potenciodinâmicas em dois corpos-de-

prova. Nos casos em que houve disparidade dos resultados, uma terceira medida foi efetuada,

como uma medida de contraprova. As curvas de polarização potenciodinâmicas

representativas encontram-se expostas na figura 74 para corpos-de-prova da pasta de cimento

convencional reforçada com aço carbono imersos durante 24 horas em diferentes meios.

A partir dessas curvas, com o auxílio do software Voltamaster – 4, foram

determinadas as densidades de corrente de corrosão, bem como dos níveis de potencial de

corrosão através da técnica de extrapolações de Tafel. Ressalta-se que a densidade de corrente

é diretamente proporcional à taxa de corrosão, ou seja, quanto maior for a densidade de

corrente, maior será a taxa de corrosão do sistema e vice-versa. Assim, os menores valores de

densidade de corrente de corrosão mostram maior resistência à corrosão, quando há amostras

comparadas entre si.

Observa-se que as menores taxas de corrosão foram obtidas para os corpos-de-prova

imersos na solução HAc 10,0 % + HF 1,5 % e solução simuladora dos poros, apresentando o

mesmo patamar de valor. Esse comportamento já era esperado, dada a alta alcalinidade da

solução simuladora dos poros do concreto propriciar o desenvolvimento e crescimento da

camada passivante. Por outro lado, as taxas de corrosão para o eletrólito HAc 10,0 % + HF

1,5 % foram de sua mesma ordem de grandeza, indicando formação de camada passivante

também nesse sistema.

Dentre os ambientes mais agressivos estão a solução ácida HCl 15,0 % e o regular

mud acid, tendo esse último alcançado as maiores taxas de corrosão para a pasta de cimento

Portand convencional armada com aço carbono. Esse comportamento já era esperado, dada

comprovada ação negativa dos íons halogenetos em aços carbono.

As taxas de corrosão para as amostras imersas em HCl 15,0 % foram em média o

dobro das encontradas em HAc 10,0 % + HF 1,5 % e solução simuladora do conteúdo

internos dos poros da pasta de cimento endurecida. Já no caso da solução regular mud acid

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Resultados e discussão

144

como eletrólito agressivo, esses valores foram 100 vezes maiores que as taxas de corrosão em

meio alcalino.

10-10 10-9 10-8 10-7 10-6 10-5 10-4 10-3 10-2 10-1 100

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

E v

s SC

E (

V)

i (A/cm2)

Solução simuladora dos poros-E(i=0)

(mV/SCE) = -300,5 mV e Icorr

(μAcm-2)=0,0104

HCl 15,0 %-E(i=0)

(mV/SCE) = -299,2 mV e Icorr

(μAcm-2)=0,0251

Regular mud acid-E(i=0)

(mV/SCE) = -316,5 mV e Icorr

(μAcm-2)=1,3650

HAc 10,0 % + HF 1,5 %-E(i=0)

(mV/SCE) = +95,6 mV e Icorr

(μAcm-2)=0,0102

Figura 74. Curvas de polarização potenciodinâmicas após 24 horas de exposição da pasta de

cimento convencional reforçada com aço carbono e diferentes meios.

Tabela 18. Comparação entre os valores do potencial de corrosão (Ecorr) e potencial de

corrente nula (E (i=0)) para os compósitos em estudo nos diferentes eletrólitos.

E (mV) HAc 10,0 % +

HF 1,5 %

Solução dos

poros

HCl

15,0 %

Regular mud

acid

Ecorr +250,0 -130,0 -330,0 -500,0

E(i=0) +95,6 -300,5 -299,2 -316,5

Conforme se pode ver na Tabela 1, os potenciais de corrente nula (E (i=0)) foram mais

negativos que os potencial de corrosão (Ecorr) sistema HAc 10,0 % + HF 1,5 % e solução dos

poros, fato este que pode ser explicado devido às polarizações potenciodinâmicas terem

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Resultados e discussão

145

começado na região catódica em valores de potencial bem diferente do Ecorr. Ratifica-se essa

teoria quando comportamento coerente foi observado nos sitemas que apresentam valores de

Ecorr da ordem do potencial imposto na polarização no ramo catódico ou menores, -400 mV.

Outra explicação plausível para este fenômeno é exposta em Tait (1994). Esse autor

diz que a polarização muda a composição química da dupla camada elétrica, devido a algumas

reduções dos íons metálicos na barreira ou filme de óxido passivo (SZKLARSKA-

SMIALOWSKA, s.d. apud TAIT, 1994), e por isso, há situações em que o valor de PCA não

coincide com o ponto de inflexão entre os braços anódico e catódico das curvas de Tafel. Essa

inflexão ocorre porque os potenciais em seu entorno não são distantes da magnitude que causa

a redução do íon, íons metálicos começam a re-oxidação, e o filme ou óxido começa a

recristalizar. No entanto, Tait (1994) lembra que as características químicas do filme e a

estrutura cristalina não retornam completamente às suas condições iniciais no ponto de

inflexão, e a curva é geralmente alterada em direção a potenciais negativos, resultando em um

valor de PCA localizado na região passiva.

Com relação ao mais eletropositivo potencial de corrosão observado nas amostras

imersas em mistura de HAc 10,0 % e HF 1,5 %, muitos autores têm reportado que o íon

fluoreto em altas concentrações apresentar caráter inibidor de corrosão para o aço carbono

(MOLLER et al., 1932; MOLLER et al., 1933; CHAPMAN, 1970; KATZ et al., 1955;

KOHLER, 1956; ANTONOVSKAYA et al., 1961; SCHWABE, 1968; ZOTIKOV et al.,

1976), citados em Singh et al. (2002). Outros autores se referem ao seu efeito positivo na

passivação de metais ou aumento desta camada (CARROL, 1990; THIONGO and COTTIS,

1992; TACHIBANA et al., 1992 apud SINGH et al., 2002).

Singh et al. (2002) observaram que, para baixas concentrações de fluoreto (≤ 25 ppm),

tem-se uma aceleração no processo corrosivo; por outro lado, ao aumentar essa concentração

(≥ 100 ppm), um efeito inibidor de corrosão pela ação do íon é observado. No presente

trabalho, as concentrações de íon fluoreto são da ordem de 15000 ppm e 30000 ppm, supondo

totalmente ionizado, e sem a influência da formação dos sais fluoreto de cálcio e acetato de

cálcio, provenientes das reações com a pasta de cimento endurecida, que por serem

fracamente ionizáveis, podem diminuir a concentração final desse íon no meio. No entanto,

mesmo levando em consideração todas as possíveis reduções, dificilmente foram alcaçados

valores inferiores a 100 ppm do íon fluoreto nos sistemas em estudo.

Esse fenômeno explica o comportamento de altos valores de PCA e taxas de corrente

de corrosão semelhantes ao sistema imerso em meio alcalino apresentados pelos sistemas

imersos na solução HAc 10,0 % + HF 1,5 %, que garante a formação da camada passivante.

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Resultados e discussão

146

Mesmo com o aumento da concentração do íons fluoreto na solução regular mud acid,

esse compotamento inibidor do processo corrosivo não foi verificado. Ao contrário, esse meio

foi o de maior poder corrosivo, gerando potenciais de corrosão de circuito aberto menos

eletropositivos acompanhados de maiores taxas de corrosão.

Esse comportamento está relacionado com o alto poder degradador do íon cloreto aos

aços carbono, que é fortemente influenciado pela presença do íon fluoreto. Singh et al.

(2002) dizem que o efeito mais devastador do íon fluoreto é a combinação dos íons cloreto e

fluoreto, como se tem no regular mud acid, ratificando resultados obtidos. Vasqnez Moll et

al. (1985) e Mayer et al. (1984), citados por Singh et al. (2002) ressaltam que têm ação

devastadora sobre a camada passivadora sendo, inclusive, responsáveis por severas corrosões

por pites.

7.4.4 Espectroscopia de impedância eletroquímica

Inicialmente as programações calcavam-se em realizar o acompanhamento das

amostras de pasta de cimento endurecida reforçadas com aço carbono ao longo de 2 meses.

No entanto, as aquisições pararam aos 15 dias, porque as amostras cimentíceas estavam

severamente degradadas, após esse período de exposição ao HCl 15, 0 % e regular mud acid.

Em alguns casos, a superfície do aço estava totalmente exposta à solução ácida, tendo a

proteção física e química imposta pela espessura de cobrimento do material cimentício já

perdido sua função, após 1 mês de imersão.

Por outro lado, em relação ao eletrólito HAc 10,0 % + HF 1,5 %, após 15 dias de

imersão, uma grande quantidade de cristais de acetato de cálcio se desenvolveram na

superfície do corpo-de-prova e no contato elétrico do eletrodo de trabalho, fazendo com que o

estabelecimento do contato elétrico ficasse sensivelmente prejudacado. Em muitos casos,

mesmo após operações de limpeza do eletrodo, os contatos não foram mais possíveis de serem

estabelecidos.

Os espectros de impedância medida a partir do valor de Ecorr em diferentes soluções

foram plotados como gráficos de Nyquist e Bode. Apesar de, em alguns casos, os valores de

PCA ainda não estarem estabilizados nas primeiras horas de imersão, foi possível obter

comportamentos comparativos entre os diferentes meios eletrólitos avaliados. Por outro lado,

no entanto, não foi possível obter leituras para essas condições nas amostras imersas em

regular mud acid para as primeiras 4 horas de imerão, dado ocomportamente de degradação e

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Resultados e discussão

147

acúmulo de material cimentício na superfície do aço. Três amostras foram avaliadas,

apresentando semelhantes dificuldades de leitura nessas condições.

Devido ao grande volume de dados coletados, foram agrupados de acordo com

comportamentos similares e espectros típicos são apresentados. Assim, a figura 38 mostra

somente os espectros para amostras expostas às diferentes soluções durante 3 horas. Amostras

imersas por 1 hora e 2 horas tiveram comportamento similar às imersas por 3 horas. Espectros

referentes à imersão em solução simuladora dos poros foram também plotados a título de

comparação. Até 3 horas de imersão, altos valores de impedância foram detectados para

amostras imersas em solução simuladora dos poros da pasta de cimento endurecida, conforme

pode ser visualizado nas figura 38 e figura 76.

0 5.0e6 1.0e7 1.5e7 2.0e7

-2.0e7

-1.5e7

-1.0e7

-5.0e6

0

Z'

Z

Solução dos poros15.0 % HCl10.0 % HAc + 1.5 % HF

Figura 75. Gráfico de Nyquist para o aço carbono imerso em pasta de cimento endurecida

após 3 horas de exposição em HCl 15,0 % e HAc 10,0 % + HF 1,5 %, temperartura ambiente

e espectros relativos à solução simuladora.

Apesar da dispersão de valores, algumas tendências puderam ser observadas. Em

geral, os gráficos de Nyquist da figura 75 mostraram um arco capacitivo a altas freqüências e

outro a intermediárias freqüências. Este comportamento é devido ao fato dos eletrodos de aço

imersos em material cimentício hidratado, em meio alcalino, gerarem respostas relativas à

formação de um filme de óxido passivo, bem como também respostas associadas com a

dinâmica do processo de dissolução ativa da superfície do aço. Por outro lado, também foram

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Resultados e discussão

148

observados processos difusionais a baixas freqüências. Essa última contribuição pode ser

derivada do processo de tansporte das espécies químicas através da massa endurecida.

A resistência à corrosão de um sistema pode ser avaliada a partir da forma dos

diagramas de Nyquist. Uma boa resistência é associada a arcos capacitivos referentes aos

processos de transferência de carga incipientes. Quanto menos desenvolvido for o arco, maior

será o diâmetro do semi-círculo extrapolado no eixo real da impedância (Z′). Além disso, a

corrosão ativa é comumente reportada como causa de círculos achatados nos diagramas de

Nyquist (GU et al., 1994), bem como gera arcos com diâmetros (lidos no eixo real) muito

menores que nos sistemas passivos.

Nos espectros relativos às primeiras horas de imersão, a diferença entre os diâmetros

dos semi-círculos extrapolados, lidos no eixo real, é claramente observada na figura 75 entre

amostras imersas em HCl 15,0 % e solução simuladora dos poros. Para as primeiras horas, os

maiores valores de resistência do filme de óxido foram verificados para soução simuladora do

conteúdo internos dos poros, seguida de HAc 10,0 % + HF 1,5 % e por fim, HCl 15,0 %.

Maiores resistências do filme de óxidos indicam maior proteção frente ao processo corrosivo.

Apesar da presença de processos difusionais, o que dificulta a extrapolação do arco a

altas freqüências, infere-se na figura 75 que a resistência à transferência de carga apresenta

comportamento semelhante. Além diso, esse comportamento é retificado nos gráficos de Bode

impedância, figura 76, em que maiores valores de impedância total são observados para os

sistemas mais resistentes eletroquimicamente. Destaca-se, no entanto, que apesar de, nas

primeiras horas de imersão, o HCl 15,0 % ter sido considerado o meio mais agressivo, não

houve comparação com a solução regular mud acid, pois não se obtiveram leituras.

10-2 10-1 100 101 102 10 3 10 4 10 5103104105106107108

Freqüência (Hz)

|Z|

Figura 76. Gráfico de Bode impedância para o aço carbono imerso em pasta de cimento

endurecida após 3 horas de exposição em HCl 15,0 % e HAc 10,0 % + HF 1,5 %,

temperartura ambiente e espectros relativos à solução simuladora.

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Resultados e discussão

149

Por outro lado, medidas realizadas após 4 dias de imersão mostraram melhores

comportamentos para amostras armadas com aço carbono imersas em 10,0 % HAc + 1,5 %

HF, que mantiveram esse comportamento aos 15 dias de imersão. As figura 77 e figura 78

referem-se às amostras após 4 dias de imersão das soluções avaliadas e as figura 79 e figura

80 referem-se às amostras após 15 dias de imersão.

0 1000 2000 3000 4000 5000

0` 50000 100000 150000

0 5.0e6 1.0e7 1.5e7

-1.5e7

-1.0e7

-5.0e6

0

Z'

Z''

Solução dos porosHCl 15,0 %

HAc 10,0 % + HF 1,5 %Regular mud acid

Figura 77. Gráfico de Nyquist para o aço carbono imerso em pasta de cimento endurecida

após 4 dias de exposição em HCl 15,0 %, regular mud acid e HAc 10,0 % + HF 1,5 %,

temperartura ambiente e espectros relativos à solução simuladora dos poros.

Freqüência (Hz)10

-210

-110

010

110

210

310

410

510 210 310 410 510 610 710 8

|Z|

Figura 78. Gráfico de Bode impedância para o aço carbono imerso em pasta de cimento

endurecida após 4 dias de exposição em HCl 15,0 %, regular mud acid e HAc 10,0 % + HF

1,5 %, temperartura ambiente e espectros relativos à solução simuladora dos poros.

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Resultados e discussão

150

0 500 1000 1500 2000 2500

0 250000 500000 750000 1000000

-1000000

-750000

-500000

-250000

0

Z'

Z''

Solução dos poros

Regular mud acidHAc 10,0 % + HF 1,5 %

0 50000 100000 150000

Figura 79. Gráfico de Nyquist para o aço carbono imerso em pasta de cimento endurecida

após 15 dias de exposição em HCl 15,0 %, regular mud acid e HAc 10,0 % + HF 1,5 %,

temperartura ambiente e espectros relativos à solução simuladora dos poros.

10-2 10-1 100 101 102 10 3 10 4 10 5102

103

104

105

106

Freqüência (Hz)

|Z|

Figura 80. Gráfico de Bode impedância para o aço carbono imerso em pasta de cimento

endurecida após 15 dias de exposição em HCl 15,0 %, regular mud acid e HAc 10,0 % + HF

1,5 %, temperartura ambiente e espectros relativos à solução simuladora dos poros.

Embora nos gráficos de PCA, para as primeiras horas de imersão, já tenham sido

observados indícios da formação ou aumento de espessura e/ou qualidade de cobrimento da

camada passivante de óxidos, bem como valores mais positivos de potencial, quando

comparado aos dos sistemas imersos em solução simuladoras do conteúdo interno dos poros,

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Resultados e discussão

151

os espectros de EIS apenas detectaram melhorias em relação à impedância total, resistência de

transferência de carga e resistência da camada de óxidos, a partir do quarto dia de imersão.

Inesperadamente, no entanto, um aumento nos valores de impedância total e diâmetros

dos arcos capacitivos foram observados para amostras imersas em regular mud acid após 4

dias de imersão. Este comportamente provavelmente é a indicação da formação ou aumento

de espessura de uma camada de óxidos na superfície do aço. O fato de maiores densidades de

corrente de corrosão terem sido detectadas para esse sistema pode estar associado à cinética

de formação e posteriror permeação dos íons hidrogênios e cloretos ao longo dessa camada.

Os íons halogenetos, como é o caso dos cloretos (SILVA JR., 2001) e fluoretos,

encontrados em duas das soluções ácidas utilizadas na acidificação de poços de petróleo, são

potenciais destruidores de camadas de passivação do aço, uma vez que penetram na camada

de óxido, devido aos seus pequenos tamanhos (RODRIGUEZ et al., 2000 apud MARIANO e

ZANELLA, 2004), ou a dispersam sob a forma coloidal, aumentando sua permeabilidade

(GENTIL, 1996; SEDRIKS, 1986; MIYATA et al., 1997 apud MARIANO e ZANELLA,

2004).

Outra possível explicação para o comportamento inesperado das amostras imersas em

regular mud acid está associado à alta dissolução do material metálico no meio eletrolítico.

Ao se aumentar o gradiente de concentração do elemento metálico na solução e ao redor do

eletrodo de trabalho, age como uma barreira à penetração da solução agressiva, minimizando

as taxas de corrosão e a continuidade do processo corrosivo.

Também se pode observar, através da interpretação qualitativa dos gráficos de

Nyquist, que amostras imersas em diferentes soluções apresentam distintos comportamentos,

o que possibilita classificar as soluções quanto ao grau de agressividade para o aço liga de

médio carbono imerso em pasta de cimento Portland especial endurecida.

Como pode ser visualizado na figura 82, a solução HAc 10,0 %+HF 1,5 % foi a

solução que apresentou melhor comportamento, uma vez que teve um arco incipiente no

gráfico de Nyquist, acompanhado do mais alto valor de impedância total no gráfico de Bode

impedância, figura 83, aos 15 dias de exposição aos fluidos.

Este comportamento ratifica os resultados obtidos via acompanhamento do potencial

de circuito aberto ao longo do tempo (figura 72 e figura 73), em que apresentou maiores

potenciais de circuito aberto, e taxas de corrosão, obtidas via extrapolação de Tafel nas curvas

de polarização potenciodinâmicas (figura 74), nas quais apresentou menores taxas de corroão

dentre as amostras imersas nas distintas soluções.

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Resultados e discussão

152

Surpreendentemente, amostras imersas na solução regular mud acid apresentaram, aos

15 dias de imersão, valores e diâmetros dos arcos similares às amostras imersas na solução

simuladora do conteúdo interno dos poros e em HAc 10,0 % + HF 1,5 %, como pode ser

visualizado na figura 79. Este comportamento contradiz os resultados de PCA e taxas de

corrosão obtidas por polarização.

Esse fenômeno é devido, provavelmente, ao fato de, apesar de haver o incremento na

espessura da camada de óxidos de passivação em ambos os casos, ao polarizar os sistemas, os

íons halogenetos, por serem mais agressivos e de menor tamanho que os íons acetatos

[CH3COO]−, e aumentarem sua força degradadora em conjunto com íons fluoreto, permeam

mais facilmente ao longo da camada passivante, fazendo com que perca a função de barreira

química na proteção à corrosão do aço.

Assim, como as curvas de polarização potenciodinâmicas são ensaios acelerados,

maiores taxas de corrosão são observadas frente às respostas dos 15 dias de acompanhamento

em tempo real promovidos pelas medidas de EIS, que foram sensíveis à detectar aumento na

espessura da camada passivante.

É consenso em todos os gráfico, no entanto, que amostras imersas em HCl 15,0 %

apresentaram-se menos susceptíveis à corrosão, com diâmetros de arcos bastante reduzido em

relação ao sistema passivo, ou seja, para as amostras imersas na solução simuladora do

conteúdo interno dos poros da pasta de cimento endurecida. Os sistemas também

apresentarem em todas as idades de exposição menores patamares para o valor da impedância

total.

Também foram plotados espectros relativos à imersão das amotras em cada uma das

soluções propostas, separadamente, em função do tempo de exposição. As figura 81, figura

82, figura 83 e figura 84 mostram os espectros de Nyquist plotados para amostras imersas,

respectivamente, em solução simuladora do conteúdo interno dos poros da pasta de cimento

endurecida, HCl 15,0 %, regular mud acid e HAc 10,0 % + HF 1,5 %.

Como pode ser visto na figura 81, para amostras imersas em solução simuladora do

conteúdo interno dos poros, a magnitude quase não varia com o aumento do tempo de imersão

no gráfico de Bode impedância. É observado que os valores de Rc e Rf são praticamente

constantes na região de alta freqüência e condições de linearidade são observadas na região de

médias freqüências. Adicionalmente, são também revelados valores constantes de ângulos de

fases.

Esse comportamento sugere uma estabilidade na camada de passivação que não é

destruída, sendo bastante resistente. Arcos capacitivos pobremente desenvolvidos aparecendo

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Resultados e discussão

153

como uma espécie de apêndice na região de altas freqüências do diagrama de Nyquist,

seguidos de arcos indefinidos de resistência de transferência de carga, ratificam o estado

passivo do aço (FREIRE, 2005; VERGÉS, 2005), uma vez que grandes arcos indefinidos

sugerem altos valores de resistência de polarização (CASCUDO, 1997).

Figura 81. Gráficos de Nyquist (a), Bode impedância (b) e Bode fase (c) para o aço carbono

imerso em pasta de cimento endurecida na presença da solução simuladora do conteúdo

internos dos poros à temperatura ambiente ao longo do tempo de exposição.

Figura 82. Gráficos de Nyquist (a), Bode impedância (b) e Bode fase (c) para o aço carbono

imerso em pasta de cimento endurecida na presença de HCl 15,0 % à temperatura ambiente ao

longo do tempo de exposição.

10-2 10-1 100 101 102 10 3 10 4 10 5102103104105106107

Freqüência (Hz)|Z

|

4 days

Z''

0 2500 5000 7500

-7500

-5000

-2500

0

Z'

0 5.0e5 1.0e6 1.5e6

-1.5e6

-1.0e6

-5.0e5

0

Z'

Z''

1 hora2 horas3 horas4 horas1 dia

2 dias3 dias4 dias15 dias1 mês

10-2 10-1 100 101 102 10 3 10 4 10 5

-100

-75

-50

-25

0

Freqüência (Hz)

thet

a

10-2 10-1 100 101 102 10 3 10 4 10 510 210310410510610 7

Freqüência (Hz)

|Z

0 10000 20000 30000

0 1000 2000 3000 4000

0 5.0e5 1.0e6 1.5e6 2.0e6

-2.0e6

-1.5e6

-1.0e6

-5.0e5

0

Z'

Z''

1 hora2 horas3 horas4 horas1 dia2 dias

4 dias15 dias

10-2 10-1 100 101 102 10 3 10 4 10 5

-75

-50

-25

0

Freqüência (Hz)

thet

a

(a)

(b)

(c)

(a) (c)

(b)

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Resultados e discussão

154

Como pode ser visualizado na figura 82, o valor da impedância total no gráfico de

Bode impedância decresceu, com o aumento no tempo de exposição, seguido de arcos

capacitivos achatados e distorcidos no diagrama de Nysquist, bem como de uma componente

difusional.

Esse comportamento indica a presença de processos corrosivos ou redução da

espessura da camada passivante. De uma forma geral, duas constantes de tempo foram

observadas no diagrama de Bode fase. A primeira, na região de altas freqüências, está

relacionada com a camada de óxido da superficie do aço e a segunda, em torno de 0,1 Hz ou

0,01 Hz, sendo relacionada com processos corrosivos na base das imperfeições dessa camada

óxida. Apenas para 1 hora de exposição foi detectada uma constante de tempo em torno de 1

Hz, relacionada, provavelmente, com os processos de transferência de carga.

Figura 83. Gráficos de Nyquist (a), Bode impedância (b) e Bode fase (c) para o aço carbono

imerso em pasta de cimento endurecida na presença de regular mud acid à temperatura

ambiente ao longo do tempo de exposição.

A figura 83 mostra que até 4 dias de exposição de amostras de cimento especial

endurecidas armadas com aço carbono em regular mud acid, há um aumento no valor da

impedância total, que pode ser visualizado no diagrama de Bode impedância. Por outro lado,

medidas realizadas após 15 dias de imersão mostraram valores menores de impedância total.

Esse comportamento indica que há um aumento inicial na espessura da camada de

óxidos formada, mas esta é rompida com o aumento do tempo de exposição ao regular mud

acid, provavelmente devido ao processo de permeação dos pequenos íons hologenetos ao

longo da camada óxida.

10 -2 10-1 100 101 102 10 3 10 4 10 5102103104105106107108

Freqüência (Hz)

|Z|

0 1e6 2e6 3e6

-1e6

0

Z'

0 2500 5000 7500 10000

-10000

-7500

-5000

-2500

0

Z'

Z''

0 2.5e7 5.0e7 7.5e7

-7.5e7

-5.0e7

-2.5e7

0

Z'

Z''

1 dia2 dias3 dias4 dias15 dias

10 -2 10-1 100 101 102 10 3 10 4 10 5

-100

-75

-50

-25

0

Freqüência (Hz)

thet

a

(a)

(b)

(c)

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Resultados e discussão

155

Comportamento similar foi observado nas amostras imersas em HAc 10,0 % + HF 1,5

%, como pode ser visto na figura 84. No entanto, de acordo com a figura 83, curvas no gráfico

de Bode fase não foram constantes para amostras imersas em regular mud acid.

Esse fenômeno sugere a instabilidade da camada de óxido formada em regular mud

acid. Além disso, pode-se observar que em alguns tempos de imersão em regular mud acid,

os sistemas são controlados puramente por ativação, diferentemente da maioria dos sistema

estudados neste trabalho, onde prediminam processos de difusão.

Figura 84. Gráficos de Nyquist (a), Bode impedância (b) e Bode fase (c) para o aço carbono

imerso em pasta de cimento endurecida na presença da solução HAc 10,0 % + HF 1,5 % à

temperatura ambiente ao longo do tempo de exposição.

O gráfico de Bode fase, visualizado na figura 84, mostra deslocamentos no pico do

ângulo de fase de mais altas freqüências para mais baixas. Este comportamente sugere uma

redução na cinética do processo de transporte iônico através da camada óxida (MENNUCCI,

2006). Também foi observado um aumento do valor da impedância total a baixas freqüências

no diagrama de Bode impedância com o aumento do tempo de imersão, provalmente devido

ao aumento da espessura do filme passivante.

Comportamentos associados com a tendência de redução do diâmetro dos arcos na

região de altas freqüências, com o aumento do tempo de exposição, observados em amostras

imersas em HCl 15,0 % e regular mud acid, podem estar associados com progressiva perda de

proteção física por barreira fornecida pelo cobrimento da pasta de cimento endurecida. Essa

perda é associada com a degradação do material cimentício nesses meios ácidos degradantes.

10 -2 10-1 100 101 102 10 3 10 4 10 510 2103104105106107

Freqüência (Hz)

|Z|

Z'

0 250000 500000 750000 1000000

-1000000

-750000

-500000

-250000

0

Z'

Z''

0 2.5e6 5.0e6 7.5e6

-7.5e6

-5.0e6

-2.5e6

0

Z''

1 hora2 horas3 horas24 horas48 horas72 horas96 horas15 dias

10 -2 10-1 100 101 102 10 3 10 4 10 5

-100

-75

-50

-25

0

Freqüência (Hz)

thet

a

(a) (c)

(b)

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Resultados e discussão

156

Ensaios de absorção atômica avaliaram a quantidade do íon ferro lixiviada para a

solução ácida, após 2 meses de imersão das amostras, e verificaram-se concentrações de 50 a

60 vezes menor de ferro lixiviado em HCl 15,0 % e cerca de 100 vezes menor em regular

mud acid, o que ratifica a reduzida taxa de corrosão do aço carbono, imerso na pasta de

cimento endurecida, em meio degradante HAc 10,0 % + HF 1,5 %.

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8. CONCLUSÕES

Em função dos resultados relativos aos ensaios de durabilidade associados aos

resultados de caracterização dos processos envolvidos no ataque ácido a materiais

cimentícios, bem como aos ensaios eletroquímicos avaliativos da influência do ambiente

ácido na corrosão externa do revestimento do poço, formularam-se as seguintes conclusões.

A solução ácida mais agressiva à pasta de cimento Portland convencional é a regular

mud acid, que apresenta perda de massa em torno de de 23,0 %, seguida da soft mud acid,

com perda de massa de 11,0 % e da solução HCl 15,0 %, em torno de 7,0 %. As menores

perdas de massa, no entanto, são relativas ao meio agressivo HAc 10,0 % + HF 1,5 %, com

perdas no patamar de 1,0 %.

O volume de material degradado e sua densidade apresentam volume e densidade

diferentes, de acordo com o compósito e a solução ácida degradante. Assim, as perdas de

massa devem ser calculadas considerando o material degradado e o retirando, para fins de

comparação na perda de massa entre os diferentes materiais.

Os compósitos Portland-polímero apresentam menores perdas de massa que a pasta de

cimento Portland convencional, frente aos ácidos HCl 15,0 %, soft mud acid, regular mud

acid e mistura de HAc 10,0 % + HF 1,5 %. Em geral, a poliuretana em solução aquosa

apresenta maior eficiência na redução da perda de massa de materiais cimentícios frente às

soluções ácidas avaliadas, seguida da poliuretana em pó. A adição de poliuretana em pó

apresenta resultados similares, para materiais imersos em regular mud acid, com perdas de

massa em torno de 3,0 %. Assim, essas adições reduzem, em média, cerca de 87 % a perda de

massa do material cimentício em regular mud acid.

A maior eficiência na redução da perda de massa, em função da adição de polímeros, é

para compósitos poliméricos imersos em regular mud acid. A adição do biopolímero em pó

reduz a perda de massa em torno de 10 % em HCl 15,0 %, 2 % em soft mud acid, 81 % em

regular mud acid e 15% em HAc 10,0 % + HF 1,5 %. A adição de borracha moída reduz a

perda de massa em torno de 15 % em HCl 15,0 %, 7 % em soft mud acid, 77 % em regular

mud acid e 40 % em HAc 10,0 % + HF 1,5 %. A adição do poliuretana em pó reduz a perda

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Conclusões

158

de massa em torno de 25 % em HCl 15,0 %, 37 % em soft mud acid, 89 % em regular mud

acid e 45 % em HAc 10,0 % + HF 1,5 %. Por fim, a adição do poliuretana em solução aquosa

reduz a perda de massa em torno de 31 % em HCl 15,0 %, 65 % em soft mud acid, 88 % em

regular mud acid. Há, no entanto, aumento na perda de massa em HAc 10,0 % + HF 1,5 %

em torno de 40 %.

O mecanismo da maior eficiência dos compósitos Portland-polímeros particulados

frente ao ataque ácido é regido por menores porosidades e permeabilidades que a pasta de

cimento convencional, menor quantidade de Ca+2, elemento prioritariamente lixiviado para a

solução ácida, efeito tortuosidade e substituição de massa degradável por massa polimérica.

Todas essas propriedades agem também no compósito Portland-poliuretana em dispersão

aquosa, sendo o positivo comportamento potencioalizado em função da camada degradada ser

impregnada por polímero quimicamente modificado, o que aumenta sua capacidade de

impermeabilizar o sistema e evitar o contato do ácido com material não-degradado, evitando

difusão de íons através dessa barreira protetora, como ocorre na pasta de cimento Portland

convencional e aditivada com polímeros particulados.

O ataque ácido é superficial e ocorre como uma frente de ação, sendo a camada

degradada responsável pela minimização da cinética do processo de degradação. O fato de

não haver, de uma forma geral, influência do ataque ácido na resistência à compressão e

fratografia das amostras, após ataque ácido, ratifica essa teoria. Houve perda de resistência à

compressão após imersão em HAc 10,0 % + HF 1,5 %, intrínseco dos materiais cimentícios

imersos em soluções de ácido acético. No caso da microdureza, apesar da dispersão dos

resultados, os compósitos Portland-polímero, porque são inicialmente mais plásticos, não

apresentam fragilização pelo ataque ácido, como no caso das pastas de cimento Portland

convencional.

A camada degradada da pasta de cimento endurecida em HCl 15,5 % é composta

basicamente de compostos de cálcio e sílica amorfa. Já se o meio degradante é o regular mud

acid, a camada degrada apresenta-se formada de sílica cristalina. Por fim, essa camada é

composta de fluorita quando da imersão da pasta de cimento convencional na solução HAc

10,0 % + HF 1,5 %. A camada intermediária entre a degradada e a massa de cimento que não

teve contato direto com as soluções ácidas, de uma forma geral, tende a concentrar os

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Conclusões

159

elementos magnésio, ferro e alumínio. O interior das amostras mantém-se com altas

concentrações de cálcio.

A solução HAc 10,0 % + HF 1,5 % influi menos, dentre as soluções avaliadas, no

caráter agressivo do ambiente da formação do ponto de vista da corrosão externa do

revestimento. Apresenta potenciais de circuito aberto, ao longo do tempo de exposição,

superiores à solução simuladora dos poros como eletrólito, +250 mV frente a -130 mV para as

primeiras 24 horas de imersão, mantendo esse comportamento ao longo de, pelo menos, 2

meses de imersão. Essa resistência à corrosão eletroquímica é confirmada por correntes de

corrosão semelhantes para esses sistemas, obtidas por ensaios de polarização

potenciodinâmica, em torno de 0,01 μA.cm-2 e por valores de impedância total, arcos

incipientes e grandes arcos capacitivos de resistência de polarização, indicadores de

passivação, nos diagramas de Nyquist por EIE . Por outro lado, soluções HCl 15,0 % e

regular mud acid são agressivas ao aço liga médio carbono imerso em pasta de cimento

Portland convencional endurecida.

Em resumo, compósitos Portland-polímero são soluções possíveis de serem

empregadas com sucesso em cimentação de poços de petróleo submetidos concomitantemente

à injeção de vapor e operações de acidificação, sendo os polímeros mais promissores, dentre

os estudados, a poliuretana em solução aquosa e a poliuretana em pó. Além disso, a solução

de acidificação de poços menos agressiva ao aço da coluna de revestimento é a mistura HAc

10,0 % + HF 1,5 %.

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9. PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS

Este trabalho delineia como propostas para trabalhos futuros a realização de um estudo

mais aprofundado quanto a atividades de tratamento do resíduo ácido para reutilização nas

análises laboratoriais, com extensão a atividades de campo.

Além disso, um estudo das células reacionais dos sistemas atacados pelas soluções

ácidas caracteriza uma atividade de complementação dos resultados.

Estudos de outros polímeros em solução aquosa como aditivo para minimizar perda de

massa frente a soluções ácidas.

Avaliação eletroquímica dos compósitos Portland-poliuretana em pó e Portland-

poliuretana aquosa, aplicando a técnica de Espectroscopia de impedância eletroquímica

concomitantemente com o acompanhamento, ao longo do tempo de exposição, do potencial

de circuito aberto e da obtenção de taxas de corrosão por extrapolação de Tafel em curvas de

polarização potenciodinâmicas.

Estudo de Espectroscopia de impedância eletroquímica mais criterioso, empregando

ajuste dos dados exprimentais, a partir de um circuito equivalente, que simule os processos

eletroquímicos do sistema. Assim, o acompanhamento, ao longo do tempo de exposição, de

parâmetros como resistência da camada de óxido passivante, resistência da transferência de

carga, capacitância da camada de óxido passivante e capacitância da dupla camada elétrica,

irá auxiliar na interpretação dos processos eletroquímicos, bem como na interpretação dos

gráficos de Nyquist e Bode.

Por fim, ensaios de espectroscopia de fotoelétrons excitados por raios x, a fim de

caracterizar os resíduos com mais propriedade, bem como ensaios empregando espectroscopia

de infravermelho para caracterizar o material degradado polimérico.

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Anexo A – Normas de segurança no laboratório para trabalhos com ácidos

161

ANEXO A. NORMAS DE SEGURANÇA NO LABORATÓRIO PARA TRABALHOS

COM ÁCIDOS

Alguns cuidados básicos que devem ser observados ao se trabalhar com ácidos,

visando à garantia da segurança pessoal e do laboratório:

• Soluções ácidas concentradas são corrosivas e podem causar queimaduras graves. O

vapor é extremamente irritante para a pele, olhos e sistema respiratório. Se ocorrer

qualquer contato com o ácido, a área afetada deve ser enxaguada com água por 5

minutos; se esse contato envolver o olho, atenção médica deve ser procurada enquanto

o enxágüe está sendo feito. Identificar a localização do chuveiro de emergência e do

lava-olhos;

• Manipular os ácidos na câmara de exaustão (capela). Se o ambiente tiver exaustor,

ligá-lo;

• Usar sempre EPI’s: botas de segurança, calças compridas, bata, óculos de segurança,

máscara com proteção para gases corrosivos e luvas;

• Antes de usar qualquer reagente checar o rótulo do frasco;

• Usar seringa, pêra de borracha ou pipetador;

• Evitar contato dos ácidos com a pele;

• Nunca aquecer os ácidos em chama direta;

• Armazenar as bombonas dos ácidos utilizados e neutralizá-los posteriormente para

descarte;

• Ter cuidado com armazenamento e manipulação do ácido HF uma vez que degrada o

vidro;

• Nunca adicionar água em ácidos e sim ácidos, muito lentamente, na água. Caso

contrário a reação poderá ser violenta, causando acidentes.

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Ane

xo B

– F

icha

s de

seg

uran

ça p

ara

os á

cido

s ut

iliza

dos

no tr

abal

ho

162

AN

EX

O B

- F

ICH

AS

DE

SE

GU

RA

A P

AR

A O

S Á

CID

OS

UT

ILIZ

AD

OS

NO

TR

AB

AL

HO

Tab

ela

19. F

icha

de

segu

ranç

a re

sum

ida

para

o á

cido

acé

tico

(ada

ptad

o de

F. M

aia

Indú

stri

a e

Com

érci

o L

tda

- fi

chas

de

segu

ranç

a: d

e ac

ordo

com

a n

orm

a N

BR

147

25 b

asea

da n

a FI

SPQ

- I

SO

110

14:1

994

).

Acé

tico

Gla

cial

100

% P

A

1. I

dent

ific

ação

de

peri

gos

Infl

amáv

el. P

rovo

ca q

ueim

adur

as g

rave

s. F

orm

am-s

e ga

ses

infl

amáv

eis

e va

pore

s pe

rigo

sos

em in

cênd

io. C

omba

ter

com

pó,

esp

uma,

águ

a, C

O2.

2. A

rmaz

enam

ento

H

erm

etic

amen

te f

echa

do. E

m lo

cal b

em v

enti

lado

. Tem

pera

tura

de

arm

azen

amen

to d

e +

15º

C a

+ 2

5ºC

3.

Med

idas

de

cont

role

par

a de

rram

amen

to o

u va

zam

ento

s A

bsor

ver

com

um

age

nte

higr

oscó

pico

. Pr

oced

er à

eli

min

ação

de

resí

duos

. T

omar

med

idas

con

tra

carg

as e

letr

ostá

tica

s. M

ante

r af

asta

do d

e fo

ntes

de

igni

ção.

4.

Inf

orm

açõe

s to

xico

lógi

cas

LD

50 (

oral

, rat

o): 3

310

mg/

kg (

RT

EC

S)

LC

50 (

inal

ação

, rat

o):

11,4

mg/

l /4

h (I

UC

LID

)

LD

50 (

cutâ

nea,

coe

lho)

: 106

0 m

g/kg

(IU

CL

ID)

LC

L0

(ina

laçã

o, r

ato)

: 160

00 p

pm (

V)

/4 h

(R

TE

CS)

T

este

de

ir

rita

ção

da

pele

(c

oelh

o):

Que

imad

uras

(I

UC

LID

)

Inal

ação

de

vapo

res:

irr

itaç

ão n

as v

ias

resp

irat

ória

s, p

neum

onia

bro

nqui

te.

A i

nala

ção

pode

pro

voca

r ed

emas

nas

via

s re

spir

atór

ias

(per

íodo

de

latê

ncia

até

o in

ício

da

ação

).

Pele

: que

imad

uras

. O

lhos

: que

imad

uras

. Per

igo

de c

egue

ira

ou o

paci

fica

ção

da c

órne

a. M

ucos

as.

Inge

stão

: qu

eim

adur

as

no

esôf

ago

e no

es

tôm

ago,

es

pasm

os

gást

rico

s,

vôm

ito

sang

uino

lent

o,

disp

néia

. Pe

rigo

de

pe

rfur

ação

do

es

ôfag

o e

do

estô

mag

o.

Poss

ível

in

sufi

ciên

cia

pulm

onar

ap

ós

a as

pira

ção

do

vôm

ito.

E

feito

s si

stêm

icos

: di

spné

ia,

espa

card

iova

scul

ar, a

cido

se. D

anos

nos

rin

s.

5. C

ontr

ole

de e

xpos

ição

e p

rote

ção

indi

vidu

al

Util

izar

más

cara

e f

iltro

E (

P2),

ócu

los

de s

egur

ança

, lu

vas

de b

util

o e/

ou l

átex

nat

ural

, ro

upa

de p

rote

ção

apro

pria

da,

Mud

ar i

med

iata

men

te a

ro

upa

cont

amin

ada.

Pro

fila

xia

cutâ

nea.

Dep

ois

de te

rmin

ar o

trab

alho

, lav

ar a

s m

ãos

e o

rost

o. N

unca

com

er o

u be

ber

no lo

cal d

e tr

abal

ho.

6. M

edid

as d

e pr

imei

ros

soco

rros

In

spir

ação

: Exp

osiç

ão a

o ar

fre

sco.

Con

sulta

r um

méd

ico.

Pe

le: L

avar

abu

ndan

tem

ente

com

águ

a. L

impa

r co

m a

lgod

ão e

mbe

bido

em

pol

ietil

enog

lico

l. T

irar

imed

iata

men

te a

rou

pa c

onta

min

ada.

O

lhos

: Enx

agua

r ab

unda

ntem

ente

com

águ

a, m

ante

ndo

a pá

lpeb

ra a

bert

a (1

0 m

inut

os).

Con

sulta

r im

edia

tam

ente

um

oft

alm

olog

ista

. In

gest

ão: F

azer

beb

er m

uita

águ

a, e

vita

r o

vôm

ito

(per

fura

ção)

. Con

sulta

r im

edia

tam

ente

um

méd

ico.

Não

tent

ar n

eutr

aliz

ar a

sub

stân

cia

tóxi

ca.

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Ane

xo B

– F

icha

s de

seg

uran

ça p

ara

os á

cido

s ut

iliza

dos

no tr

abal

ho

163

Tab

ela

20. F

icha

de

segu

ranç

a re

sum

ida

para

o á

cido

clo

rídr

ico

(ad

apta

do d

e F.

Mai

a In

dúst

ria

e C

omér

cio

Ltd

a -

fich

as d

e se

gura

nça:

de

acor

do

com

a n

orm

a N

BR

147

25 b

asea

da n

a FI

SPQ

- I

SO

110

14:1

994

).

Áci

do C

lorí

dric

o 37

% P

A

1. I

dent

ific

ação

de

peri

gos

Prov

oca

quei

mad

uras

. Irr

itan

te p

ara

as v

ias

resp

irat

ória

s. N

ão c

ombu

stív

el. P

ossi

bili

dade

de

form

ação

de

fum

os p

erig

osos

em

cas

o de

inc

êndi

o na

s zo

nas

próx

imas

. Nes

se c

aso,

pod

e fo

rmar

clo

reto

de

hidr

ogên

io. C

omba

ter

de a

cord

o co

m o

mei

o-am

bien

te. E

vita

r aq

ueci

men

to f

orte

, rea

ção

exot

érm

ica

com

am

inas

, per

man

gana

to d

e po

táss

io, s

ais

de o

xo-á

cido

s ha

lídri

cos,

óxi

dos

de s

emi-

met

ais,

com

post

os d

e hi

drog

enio

-sem

i-m

etai

s,

alde

ídos

, ét

er v

inil

met

ílico

. R

isco

de

infl

amaç

ão o

u fo

rmaç

ão d

e ga

ses

ou v

apor

es i

nfla

máv

eis

com

car

bone

tos,

sili

cite

de

lítio

, fl

úor.

D

espr

endi

men

to d

e gá

s co

m a

lum

ínio

, hid

reto

s, f

orm

alde

ído,

met

ais

(for

maç

ão d

e ox

igên

io),

sol

uçõe

s fo

rtes

de

hidr

óxid

os a

lcal

inos

, sul

fure

tos.

Pe

rigo

de

expl

osão

em

pre

senç

a de

: met

ais

alca

lino

s, á

cido

sul

fúri

co c

once

ntra

do.

2. A

rmaz

enam

ento

H

erm

etic

amen

te f

echa

do. E

m lo

cal b

em v

enti

lado

. Não

util

izar

rec

ipie

ntes

met

álic

os. T

empe

ratu

ra d

e ar

maz

enam

ento

de

+ 2

ºC a

+ 2

5ºC

3.

Med

idas

de

cont

role

par

a de

rram

amen

to o

u va

zam

ento

s A

bsor

ver

com

um

age

nte

higr

oscó

pico

. Pr

oced

er à

eli

min

ação

de

resí

duos

. T

omar

med

idas

con

tra

carg

as e

letr

ostá

tica

s. M

ante

r af

asta

do d

e fo

ntes

de

igni

ção.

4.

Inf

orm

açõe

s to

xico

lógi

cas

LC

50 (

inal

ação

, rat

o):

3124

ppm

(V

) /1

h (

clor

eto

de

hidr

ogên

io).

(R

TE

CS)

In

alaç

ão d

e va

pore

s: ir

rita

ção

das

muc

osas

, tos

se, d

ific

ulda

de e

m r

espi

rar.

Pe

le: q

ueim

adur

as.

Olh

os: q

ueim

adur

as. P

erig

o de

ceg

ueir

a.

Inge

stão

: le

sões

cor

rosi

vas

na b

oca,

far

inge

, es

ôfag

o e

trat

o ga

stro

inte

stin

al.

Peri

go d

e pe

rfur

ação

do

esôf

ago

e do

est

ômag

o. A

pós

o pe

ríod

o de

latê

ncia

: fal

ênci

a ca

rdio

vasc

ular

.5.

Con

trol

e de

exp

osiç

ão e

pro

teçã

o in

divi

dual

U

tiliz

ar m

ásca

ra e

filt

ro E

(P2

), ó

culo

s de

seg

uran

ça,

luva

s de

nit

rilo

e/o

u la

tex

natu

ral,

roup

a de

pro

teçã

o ap

ropr

iada

, Mud

ar i

med

iata

men

te a

ro

upa

cont

amin

ada.

Pro

fila

xia

cutâ

nea.

Dep

ois

de te

rmin

ar o

trab

alho

, lav

ar a

s m

ãos

e o

rost

o.

6. M

edid

as d

e pr

imei

ros

soco

rros

In

spir

ação

: Exp

osiç

ão a

o ar

fre

sco.

Con

sulta

r um

méd

ico

Pele

: Lav

ar a

bund

ante

men

te c

om á

gua.

Lim

par

com

alg

odão

em

bebi

do e

m p

olie

tilen

ogli

col.

Tir

ar im

edia

tam

ente

a r

oupa

con

tam

inad

a.

Olh

os:

Enx

agua

r ab

unda

ntem

ente

com

águ

a, m

ante

ndo

a pá

lpeb

ra a

bert

a (d

uran

te p

elo

men

os 1

0 m

inut

os).

Con

sulta

r im

edia

tam

ente

um

of

talm

olog

ista

. In

gest

ão: F

azer

beb

er m

uita

águ

a, e

vita

r o

vôm

ito

(per

fura

ção)

. Con

sulta

r im

edia

tam

ente

um

méd

ico.

Não

tent

ar n

eutr

aliz

ar a

sub

stân

cia

tóxi

ca.

Page 173: TESE DE DOUTORADO - sicbolsas.anp.gov.brsicbolsas.anp.gov.br/sicbolsas/Uploads/TrabalhosFinais/2001.7850-7/... · Esquema de perfuração e cimentação de um poço de petróleo (adaptado

Ane

xo B

– F

icha

s de

seg

uran

ça p

ara

os á

cido

s ut

iliza

dos

no tr

abal

ho

164

Tab

ela

21. F

icha

de

segu

ranç

a re

sum

ida

para

o á

cido

flu

oríd

rico

(ad

apta

do d

e F.

Mai

a In

dúst

ria

e C

omér

cio

Ltd

a -

fich

as d

e se

gura

nça:

de

acor

do c

om a

nor

ma

NB

R 1

4725

bas

eada

na

FISP

Q -

ISO

110

14:1

994

).

Áci

do F

luor

ídri

co 5

0 %

PA

1.

Ide

ntif

icaç

ão d

e pe

rigo

s M

uito

tóx

ico

por

inal

ação

, em

con

tato

com

a p

ele

e po

r in

gest

ão. P

rovo

ca q

ueim

adur

as g

rave

s. E

vita

r aq

ueci

men

to f

orte

. Evi

tar

as s

ubst

ânci

as:

met

ais,

met

ais

alca

lino

s, h

idró

xido

s al

calin

os,

solu

ções

for

tes

de h

idró

xido

s al

cali

nos,

com

post

os d

e si

lício

, fl

úor,

per

man

gana

to d

e po

táss

io,

óxid

os d

e fó

sfor

o, á

cido

bis

mút

ico.

M

ater

iais

ina

prop

riad

os:

met

ais,

vid

ro, q

uart

zo/c

erâm

ica

de s

ilic

atos

. Em

con

tato

com

met

ais

pode

for

mar

-se

gás

de

hidr

ogên

io (

peri

go d

e ex

plos

ão).

2.

Arm

azen

amen

to

Her

met

icam

ente

fec

hado

. E

m l

ocal

bem

ven

tila

do.

Não

util

izar

rec

ipie

ntes

met

álic

os.

Arm

azen

ar s

omen

te e

m r

ecip

ient

es d

e m

ater

ial

sint

étic

o.

Tem

pera

tura

de

arm

azen

amen

to: s

em li

mit

açõe

s.

3. M

edid

as d

e co

ntro

le p

ara

derr

amam

ento

ou

vaza

men

tos

Ret

irar

cui

dado

sam

ente

com

mat

eria

l abs

orve

nte

e ne

utra

liza

nte

de lí

quid

os, p

or e

x. C

hem

izor

b® H

F. P

roce

der

à el

imin

ação

de

resí

duos

. Lim

par

a ár

ea a

feta

da.

4. I

nfor

maç

ões

toxi

coló

gica

s L

C50

(in

alaç

ão, r

ato)

: 1

610

ppm

(V

) /1

h (

subs

tânc

ia

anid

ra)

(IU

CL

ID).

L

CL

0 (i

nala

ção,

hu

man

o):

50

ppm

(V

) /3

0 m

in

(sub

stân

cia

anid

ra)

(RT

EC

S).

Tes

te d

e ir

rita

ção

da p

ele

(coe

lho)

: Q

ueim

adur

as

(sub

stân

cia

anid

ra)

(IU

CL

ID).

T

este

de

irri

taçã

o do

s ol

hos

(coe

lho)

: Que

imad

uras

(s

ubst

ânci

a an

idra

) (I

UC

LID

).

Inal

ação

de

vapo

res:

for

tem

ente

cor

rosi

vo,

lesã

o da

s vi

as r

espi

rató

rias

, ab

sorç

ão.

As

lesõ

es r

esul

tant

es p

odem

ger

ar b

ronq

uite

, pne

umon

ia e

ede

mas

pul

mon

ares

. Pe

le:

quei

mad

uras

. Fo

rte

dor

(per

íodo

de

latê

ncia

até

o i

níci

o da

açã

o).

Poss

ívei

s co

nseq

üênc

ias

de n

ecro

se. D

epoi

s da

pen

etra

ção

da s

ubst

ânci

a, é

dif

ícil

a c

icat

riza

ção

das

feri

das.

ris

co d

e re

abso

rção

cut

ânea

. O

lhos

: que

imad

uras

. Per

igo

de c

egue

ira.

In

gest

ão:

quei

mad

uras

no

esôf

ago

e no

est

ômag

o. P

erig

o de

per

fura

ção

do e

sôfa

go e

do

estô

mag

o.

Abs

orçã

o.

Sin

tom

as

poss

ívei

s:

vôm

ito

sang

uino

lent

o.

Efe

itos

sist

êmic

os:

cola

pso,

con

vuls

ões,

doe

nças

car

diov

ascu

lare

s. D

anos

em

fíg

ado,

rin

s.

Apó

s ab

sorç

ão: E

feit

o le

tal a

pós

a ab

sorç

ão. P

erío

do d

e la

tênc

ia a

té a

o in

ício

da

ação

. 5.

Con

trol

e de

exp

osiç

ão e

pro

teçã

o in

divi

dual

U

tiliz

ar m

ásca

ra e

filt

ro E

(P3

), ó

culo

s de

seg

uran

ça, l

uvas

de

polic

loro

pren

e ou

but

ilo,

rou

pa p

rote

ção

cont

ra á

cido

, bot

as d

e bo

rrac

ha. T

raba

lhar

co

m e

xaus

tor.

Não

ina

lar

a su

bstâ

ncia

. M

udar

im

edia

tam

ente

a r

oupa

con

tam

inad

a. P

rofi

laxi

a cu

tâne

a. D

epoi

s de

ter

min

ar o

tra

balh

o, l

avar

as

mão

s e

o ro

sto.

Nun

ca c

omer

ou

bebe

r no

loca

l de

trab

alho

. **

Não

se

pode

m e

xclu

ir o

utra

s pr

opri

edad

es p

erig

osas

. Est

a su

bstâ

ncia

dev

e se

r m

anus

eada

com

cui

dado

esp

ecia

l.

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Ane

xo B

– F

icha

s de

seg

uran

ça p

ara

os á

cido

s ut

iliza

dos

no tr

abal

ho

165

6. M

edid

as d

e pr

imei

ros

soco

rros

In

spir

ação

: E

xpos

ição

ao

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Anexo D - Glossário

167

ANEXO D – GLOSSÁRIO

Os termos e definições apresentados a seguir são relevantes para a compreensão,

discussão e determinação dos diversos parâmetros comumente utilizados ao longo desse

documento, bem como na indústria do petróleo.

A Ácido - composto químico que, em solução em água, libera íons hidrogênio (H+);

Acidificação - prática da injeção contínua de ácido sob pressão para o interior da formação;

tem como principal objetivo dissolver rochas ou sólidos, aumentando a produtividade do

poço. Também pode incluir lavagens ácidas de colunas e canhoneados.

Água - é a água doce e/ou do mar isenta de quaisquer aditivos;

Água de hidratação – a água quimicamente combinada com um sólido para formar um

composto cristalino. Nas pastas de cimento, é a água necessária para hidratar a pasta de

cimento, formando materiais cimentantes;

Água de mistura – é o fluido composto pela água base e aditivos sólidos e/ou líquidos nela

dissolvidos;

Alita - denominação dada ao silicato tricálcico formado na fabricação do cimento Portland;

Anular - espaço que cerca a tubulação no poço. A parede exterior do espaço anular pode ser a

formação ou revestimento.

B Bainha de cimento - região cimentada entre o revestimento do poço e a parede da formação;

Belita - denominação dada ao silicato bicálcico formado na fabricação do cimento;

BSW (Basic Sediments and Water) - sedimentos básicos e água (expresso em percentagem);

representa a quantidade de água e sedimentos presentes no óleo.

C Canhoneamento - operação de perfuração do revestimento utilizando-se cargas explosivas,

para comunicar o interior do poço com a formação produtora;

Cimentação de revestimento - prática de preencher o anular entre o revestimento e as paredes

do poço com cimento;

Cimentação, Operação de - operação na qual uma pasta de cimento é forçada a descer através

de um revestimento até sair na outra extremidade deste, preenchendo o espaço entre o

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Anexo D - Glossário

168

revestimento e as paredes do poço a altura pré-determinada acima do fundo do poço. Esta

operação tem, dentre outras finalidades, fixar o revestimento a excluir água e outros fluidos

indesejáveis do espaço anular;

Clinquerização - denominação dada ao processo de formação do clínquer na fabricação de

cimento;

Correção, Operação de - operações constituídas de canhoneio do revestimento e compressão

do cimento em intervalos com cimentação deficiente;

Cura - envelhecimento ou maturação de cimentos sob condições específicas. Envelhecimento

sob pressão atmosférica: o envelhecimento de espécimes de cimento para propósitos de testes

à pressão atmosférica normal, para um período designado de tempo sob certas condições pré-

definidas de temperatura e umidade, conforme descrito pela API Spec 10B.

E Estimulação - conjunto de atividades que objetiva aumentar o índice de produtividade ou

injetividade do poço.

F Fator água-cimento - é a relação peso, entre água doce e/ou do mar e cimento, sendo expressa

em termos percentuais;

I Injeção, Operação de - é uma operação que consiste em injeção de água ou gás no reservatório

com o propósito de manter a pressão deste, maximizando a recuperação de óleo e

conservando os recursos disponíveis.

M Mistura seca - é a mistura homogênea de cimento com quaisquer componentes sólidos.

P Pasta de cimento - ou simplesmente pasta. É a mistura de cimento, água doce e/ou do mar e

aditivos, com a finalidade de obtenção de propriedades físicas e/ou químicas, destinada à

operação de cimentação em poços petrolíferos;

Passivar - dizer que um metal está em seu estado passivado é dizer que há um filme muito

fino de óxidos em sua superfície ou um estado oxidado da superfície do metal que o

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Anexo D - Glossário

169

protegerá, fazendo que sofra um ataque mais lento por determinado eletrólito em

determinadas condições, uma vez que essa camada de óxidos impedirá o contato entre o metal

e o meio corrosivo, ou seja, a condução iônica;

Petróleo - mistura constituída predominantemente de hidrocarbonetos, que ocorre na natureza

nos estados sólido, líquido e gasoso;

Portlandita - denominação dada ao hidróxido de cálcio formado na hidratação do cimento

Portland.

R Reservatório - rocha permeável e porosa onde está armazenado o petróleo;

Revestimento - tubo constituído de aço especial, materiais compósitos ou outros materiais,

utilizado para revestir e proteger as paredes do poço.

Z Zona de Interesse - a formação que contém óleo ou gás em quantidade comercial.

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