termo referencia projeto_drogas

6

Upload: marcelo-magalhaes

Post on 08-Aug-2015

693 views

Category:

Education


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Termo referencia projeto_drogas
Page 2: Termo referencia projeto_drogas

1. Justificativa

O Brasil, como também outros países têm se deparado com

dificuldades no enfrentamento ao uso e à dependência de drogas. Se por um

lado, a política de criminalização do usuário de drogas fracassou, o seu

tratamento como questão de saúde pública também não vem sendo

adequadamente trabalhado. São raros os municípios brasileiros que possuem

instaladas as unidades e equipamentos de saúdes necessários para a

resolução do problema.

Conforme disposto no art. 196 da CF/88:

“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante

políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de

outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua

promoção, proteção e recuperação.”

Cabe ao Poder Público dispor sobre sua regulamentação,

fiscalização e controle (art. 197, CF/88). Dispõe ainda a Constituição Federal,

em seu art. 198, caput e inciso II, que as ações e serviços públicos de saúde

constituem um sistema único, devendo prestar atendimento integral, com

prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços

assistenciais.

Nesse contexto, dispõe a Carta Magna ser competência comum de

todos os entes federativos, “cuidar da saúde e assistência pública, da proteção

e garantia das pessoas portadoras de deficiência” (art. 23, II, CF/88), sendo

competência do Município, “prestar, com a cooperação técnica e financeira da

União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população” (art. 30,

VII, CF/88).

Especificamente com relação à questão de prevenção do uso

indevido de drogas e da rede de atenção a usuário e dependentes químicos, a

Lei 11343, de 23 de agosto de 2006, que instituiu o Sistema Nacional de

Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad determinou, em seu art. 23:

“As redes dos serviços de saúde da União, dos Estados, do Distrito

Federal, dos Municípios desenvolverão programas de atenção ao usuário e ao

dependente de drogas, respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os

princípios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a previsão orçamentária

adequada”.

Page 3: Termo referencia projeto_drogas

Com base nesses fundamentos legais, é poder-dever do Ministério

Público, com fulcro nos artigos 127, caput, e 129, III, da Constituição da

República, no artigo 25, IV, alínea “a”, da Lei Federal n.º 8.625, de 12-2-1993 e

nos artigos 3º, 5º, 11, 12 e 19, da Lei Federal n.º 7.347, de 24-7-1985, e 273 e

461, caput, parágrafos 3º e 4º, do CPC, tomar medidas para compelir os

Municípios a utilizarem o modelo adotado pelo Ministério da Saúde para o

tratamento da saúde mental, estabelecido nas seguintes Portarias:

I. Portaria nº 106/MS, de 11 de fevereiro de 2000, que cria os Serviços

Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental, no âmbito do Sistema

Único de Saúde, para o atendimento ao portador de transtornos mentais;

II. Portaria/GM nº 1.220, de 7 de novembro de 2000, que dispõe sobre a

criação do Serviço Residencial Terapêutico em Saúde Mental, da

atividade profissional Cuidador em Saúde, o grupo de procedimentos

Acompanhamento de Pacientes e o subgrupo Acompanhamento de

Pacientes Psiquiátricos, o procedimento Residência Terapêutica em

Saúde Mental, dentre outros;

III. Portaria nº 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002, que estabelece a

organização dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS);

IV. Portaria nº 2.197, de 14 de outubro de 2004, que redefine e amplia a

atenção integral para usuários de álcool e outras drogas, no âmbito do

Sistema Único de Saúde – SUS;

V. Portaria GM nº 154, de 24 de janeiro de 2008, que cria os Núcleos de

Apoio à Saúde da Família – NASF;

VI. Portaria nº 2.841, de 20 de setembro de 2010, que Institui, no âmbito do

Sistema Único de Saúde - SUS, o Centro de Atenção Psicossocial de

Álcool e outras Drogas – 24 horas - CAPS AD III;

VII. Portaria nº 2.843, de 20 de setembro de 2010, que cria, no âmbito do

Sistema Único de Saúde - SUS, os Núcleos de Apoio à Saúde da

Família - Modalidade 3 - NASF 3, com prioridade para a atenção integral

para usuários de crack, álcool e outras drogas.

É também sabido que a ausência de políticas eficazes de tratamento

do usuário de drogas reflete no aumento da violência urbana, uma vez que a

dependência química gera a desestruturação do seio familiar do viciado e

muitas vezes o leva a praticar crimes para sustentar o seu vício.

Page 4: Termo referencia projeto_drogas

2. Problemas Identificados

Em um diagnóstico preliminar e genérico, alguns problemas da rede

de atendimento reclamam urgente intervenção ministerial, visando à sua

adequação à Política Nacional Antidrogas e ao eficaz atendimento ao usuário

de drogas:

A desinstitucionalização de pacientes sem o necessário

acompanhamento da continuidade do tratamento médico e do serviço de

reabilitação psicossocial;

A ineficiência do CAPS como articulador estratégico da porta de entrada

da rede: desarticulação dos serviços;

A inoperância do CAPS na atenção integral, que envolve não apenas o

tratamento médico e psicológico, mas de assistência social, lazer,

inserção social e no mercado de trabalho, restabelecimento de vínculos,

acompanhamento das famílias;

A insuficiente articulação da atenção básica (PSF) com a saúde mental:

NASF e equipe de apoio matricial;

Dificuldades na obtenção de medicamentos;

Demora excessiva no atendimento, ausência de revisões e mudanças

nos projetos terapêuticos;

Falta de capacitação dos profissionais que atuam nos ambulatórios

gerais ou especializados e no SAMU;

Falta de política específica: internação de usuários de drogas em

unidades inadequadas e/ou sem indicação de internação;

Falta de referência municipal para tratamento em álcool e drogas.

Page 5: Termo referencia projeto_drogas

3. Proposta de solução do Projeto “Combate às Drogas –

Restabelecendo Laços”

Diante das dificuldades no enfrentamento ao uso e à dependência

de drogas que o país tem se deparado, em especial o Estado do Rio de

Janeiro, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro elegeu como

iniciativa estratégica o combate aos malefícios do uso e a dependência

química, através do Projeto “Combate às Drogas – Restabelecendo Laços”.

Esse projeto busca fomentar junto aos órgãos responsáveis o

desenvolvimento de estrutura adequada ao tratamento do usuário de drogas

para a reinserção deste em sua rede de pertencimento, capacitar pessoal do

Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e demais envolvidos que atuam

na Rede de Atendimento ao Usuário de Drogas e elaborar manuais orientativos

de forma a contribuir para o restabelecimento de seus laços afetivos e seu

retorno à convivência familiar e à vida em sociedade, visando à adequação da

rede de atendimento de cada Município à política nacional de combate às

drogas.

O projeto prevê diversas ações em nível institucional, tais como:

Campanhas de prevenção e conscientização em veículos de

comunicação de massa;

Capacitação de servidores e de Promotores de Justiça com atribuição

na matéria, a fim de tornar mais resolutiva suas atuações;

Celebração de convênios e parcerias com órgãos e instituições que

estudam e atuam na solução do problema para potencializar a atuação

ministerial;

Elaboração de um diagnóstico sobre a existência de centros

especializados de atendimento ao dependente químico nos Municípios

com mais de 70 mil habitantes;

Realização de reuniões com a Administração Superior dos Municípios

com mais de 70 mil habitantes para a sua adequação à legislação

nacional antidrogas.

Page 6: Termo referencia projeto_drogas

Além dessas iniciativas, o projeto se desdobra em planos de ação, a

serem executados por Promotores de Justiça com atribuição para a área

criminal, para a proteção da infância e da juventude, para a tutela da saúde e

para a tutela individual dos incapazes, promovendo assim a união de esforços

e o trabalho integrado e coordenado, com vistas a se alcançar efetividade na

atuação do Ministério Público como verdadeiro agente de transformação social,

como demonstrado na figura a seguir.