termo referencia jair santana

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T ERMO DE R EFERÊNCIA V ALOR ESTIMADO NA LICITAÇÃO

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Termo de referência Valor esTimado na liciTação

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Jair Eduardo Santana

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E D I T O R A

Curitiba2008

Termo de referência Valor esTimado na liciTação

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®

E D I T O R A

Editora Negócios Públicos do Brasil LtdaRua: Lourenço Pinto, nº 196 – 3º andarCentro – CEP 80.010-160 – Curitiba-PRFone: (55) 41 3361-6645 – Fax: (55) 41 3361-6627www.negociospublicos.com.br E-mail: [email protected]

Diretor PresiDente

Rudimar Barbosa dos Reis

Diretores

Rubim FortesRuimar Barboza dos Reis

eDitor-executivo

Natanael S. FreireDRT nº 906-05/53

[email protected]

caPa

Cássia Sabbag Malucelli

eDitoração Gráfica

Cássia Sabbag Malucelli e Karina [email protected]

revisão

Renate Bergmann

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

2008

Esse livro faz parte de uma coleção de títulos sobre os 10 anos de Pregão no Brasil. Uma publicação exclusiva da Editora Negócios Públicos do Brasil. O estudo contido nesse exemplar é de inteira e total responsabilidade de seus autores e não refletem, obrigatoriamente, a posição deste veículo.

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Para Rudimar e Natanael,

por dar paciente crédito à minha imaginação e, por vezes, transformá-la em realidade.

Para Ruimar,

principalmente pelo comprometimento com as atividades da Negócios Públicos

Para o Sr. Rubim,

pelas lições de vida dadas a todos nós.

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Avivência quase diária em torno de estudos ligados aos temas que aqui serão tratados e a contínua prestação de assessoramento técni-co nos permitem dizer que a Administração Pública caminhou de maneira significativa no rumo da boa gestão nos últimos anos.

É claro que não consideramos em tal análise os casos criminosos ainda existen-tes Brasil afora envolvendo as licitações e os contratos administrativos, pois eles são minoria em face ao enorme volume de expedientes que se deflagra a todo instante em nosso país.

O divisor de águas da modificação da cultura administrativa se deve, em boa par-te, aos marcos regulatórios postos a partir do ano de 2000, quando sobrevieram para o nosso meio a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Medida Provisória 2.026, esta transformada na Lei do Pregão (n. 10.520, de 2002). Tudo isso como me-canismo de mais uma reforma administrativa do Estado brasileiro (iniciada pela Emenda Constitucional 19).

O Pregão, em tal contexto e enquanto mais uma modalidade de Licitação, vai se solidificando aos poucos como bom instrumento de aquisições governamentais.

Mas se assim o é, não nos enganemos, como fazemos questão de frisar a todo instante, em pensar que os defeitos congênitos da Administração Pública vão ser extirpados num simples passe de mágica. A só adoção do Pregão de ma-neira pura e simples, desprovida de outras medidas de cunho organizacional (principalmente) não é, nunca foi e nunca será, temos certeza disso, a solução para os problemas intrínsecos do Poder Público que se revelam com muito vigor, principalmente, na etapa preparatória dos procedimentos licitatórios. Ao contrário, o Pregão acaba por escancarar todos os defeitos existentes em tal setor. E o que é igualmente nefasto: cria o Pregão, enquanto procedimento, uma expectativa às vezes falsa de celeridade porque se propaga que a ancora-gem é de 08 (oito) dias úteis apenas. Mas sabemos que as dificuldades estão centradas com vigor na etapa preparatória.

E, se há difíceis problemas de ordem estrutural nas diversas Administrações Públicas, e se estes se entremostram na etapa preparatória dos procedimentos,

apresenTação

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menos certo não é que muitos desastres também eclodam na fase da execução do objeto muitas vezes em razão de patologias derivadas da fase anterior.

Estamos conduzindo nosso raciocínio para dizer que resolvemos nos debruçar com mais vagar sobre um aspecto sensível do Pregão para que possamos dar aos leitores um guia se-guro no que toca ao denominado Termo de Referência, instrumento que contém – segundo dizemos – os códigos genéticos das aquisições levadas a efeito pelo Poder Público.

As observações antes feitas, em tom de advertência, também podem bem servir àquilo tudo que já se sabe em torno do projeto básico. Mas nossas ponderações estarão centradas aqui, unicamente no Termo de Referência, instrumento que é diverso daquele contemplado pela Lei Geral de Licitações – LGL.

Termo de Referência, de modo preliminar, é instituto que se vincula em nosso estudo ao Pregão não importando se Presencial ou Eletrônico; é componente inafastável da etapa preparatória que se atrela às demais fases procedimentais irradiando efeitos para todo o ciclo da contratação.

Se o estudo do Pregão chega a ser fascinante, menos não é a análise pormenorizada do Termo de Referência, porque este depende, em grande parte, do sucesso daquele.

De fato, o Termo de Referência permite que sejam revelados os códigos genéticos da aqui-sição pretendida em todas as suas dimensões. E por isso, as deficiências, insuficiências e omissões em tal setor conduzem de regra à insatisfação quando não ao verdadeiro fracasso.

Optamos por discorrer sobre o assunto Termo de Referência demarcando-lhe um campo gené-rico, num primeiro instante, para depois avançar sobre a sua definição e normas de regência.

Entendemos ser importante tratar da obrigatoriedade (ou facultatividade) do Termo de Referência, estabelecendo parâmetros para a delimitação de seu conteúdo e finalidade.

A elaboração do Termo de Referência é também algo que merece cuidado especial visto que se trata sem dúvida alguma, de atividade administrativa plural e complexa. E, sendo assim, os servidores envolvidos na respectiva elaboração (que chamamos de atores) igual-mente devem receber consideração apartada.

Antes de apresentar modelos sugestivos e com comentários, pareceu-nos prudente lembrar que casos haverá onde o Termo de Referência terá que ser objeto de trespasse ao particular. É dizer: ou o Termo de Referência será feito pela própria Administração Pública (o que ocorre na maioria das vezes), ou então ele poderá ser alvo de Licitação (aí compreendida a Contratação Direta, conforme o caso).

Tratando o presente de estudo pioneiro, até onde sabemos, permanecemos – como de cos-tume – no aguardo de críticas e de sugestões, todas sempre muito bem recebidas, pois têm sido elas elemento de aprimoramento do nosso trabalho.

Não hesite em fazer contato.

Fevereiro de 2008. Jair Eduardo Santana

www.jairsantana.com.br – [email protected]

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Dedicatória 05

Apresentação 07

i. Introdução e Visão Geral do Assunto 11

ii. O que é Termo de Referência 15

iii. Normas de Regência 17

iV. Obrigatoriedade ou Facultatividade do Termo de Referência 21

V. Finalidades 25

Vi. Conteúdo 27

Vii. Elaboração do Termo de Referência: atividade complexa 39

Viii. Atores no Termo de Referência 41

iX. Licitação do Termo de Referência 43

X. Anexo I – Termo de Referência Padrão (sintético) 45

Xi. Anexo II – Termo de Referência do Tribunal de Contas da União – TCU 47

Xii. Anexo III – Termo de Referência do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais 127

sumário

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Podemos dizer (e sempre o fazemos) – a propósito das virtudes do Pregão – que o sucesso deste está umbilical-mente ligado a um bom, ou no mínimo, razoável Termo de Referência – TR.

O TR, aliás, contém os códigos genéticos da Licitação e do contrato que vier a ser lavrado. A metáfora é apropriada no sentido de se regis-trar que é no TR que estarão contempladas todas as dimensões do ob-jeto que se pretende contratar pela via do Pregão. Assim dizendo, fica claro que o Termo de Referência deficiente ou omisso em seus aspectos fundamentais conduzirá o certame (ou a contratação) ao fracasso.

Sabe-se que o TR é um importantíssimo aspecto da etapa interna (ou fase preparatória) dos procedimentos licitatórios que ganhou nova fisionomia com o advento do Pregão e de sua regulação.

E falando em fases, aproveitamos para registrar nosso pensar em torno do assunto. Dizemos sempre que a etapa interna de tais procedimentos não pode (e isso vale para todas as modalidades de Licitação) ser enxer-gada, analisada e compreendida fora de um contexto sistêmico que per-mita a todos visualizar as inúmeras faces de todo o ciclo da contratação. Ou seja, propomos o abandono do pensamento cartesiano sugerin-do abraçarmos o modo sistêmico de pensar. Assim olhando para o objeto do nosso estudo, os ganhos serão potencializados.

Permitimo-nos transcrever, dada a importância do enfoque, trecho de outro escrito de nossa autoria[1] que tem servido para permitir e bem compreender o que se quer agora mostrar:

Reforçando a idéia segundo a qual a teoria sistêmica não é jurídica, lembramos que os biólogos foram os pioneiros em sua divulgação nos

inTrodução e Visão Geral do assunTo

I

[1] SANTANA, Jair Eduardo. Direito, Justiça e Espiritualidade. Belo Horizonte: Inédita Editora, 2000.

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moldes em que hoje a conhecemos (década de 20)[2]. O conceito foi posteriormente enriquecido pela psicologia e pela física. Abandonou-se o mecanicismo cartesiano[3] para se chegar ao pensamento sistêmico.

De acordo com a visão sistêmica, as propriedades essenciais de um organismo, ou organismo vivo, são propriedades do todo, que nenhuma das partes possui. Elas surgem das interações e das relações entre as partes. Essas propriedades são destruídas quando o sistema é dissecado, física ou teoricamente, em elementos isolados. Embora possamos discernir partes individuais em qualquer sistema, essas partes não são isoladas, e a natureza do todo é sempre diferente da mera soma de suas partes[4].

Compreender o sistema, nessa ampla dimensão, parece-nos apropriado para que tenhamos em mãos um poderoso instrumento de análise tanto da realidade que nos circunda quanto das diversas e intrincadas questões com as quais nos envolvemos diariamente.

Aliás, aprofundando-nos um pouco mais em tal idéia, pontuamos que não é de hoje que advogamos a tese que considera como sendo quatro[5], e não duas, como tradicionalmente se faz, as fases da Licitação.

Com efeito, há muito pensamos que a Licitação, no foco procedimental externo (2ª fase), é antecedida de uma etapa preparatória (1ª fase), a ela se seguindo o degrau da contratação e execução (3ª fase), para então, se chegar ao derradeiro e inafastável controle (4ª fase).

Por mais curioso que possa parecer, ainda não fechamos o ciclo das aquisições nas quatro etapas citadas, porquanto para nós, ele é muito mais abrangente alcançando até a satisfação do interesse do administrado. Mas isso é assunto que não pode ser decantado neste trabalho.

No entanto, quando nos referimos à expressão controle (4ª fase) por certo não estamos pre-ocupados com o imediatismo da pura legalidade. Nossa preocupação sempre foi para além de tal ponto, visar lançar olhos sobre o atingimento de metas fixadas em torno da constante busca por melhores resultados, considerados os respectivos custos.

Assim, não é, somente de legalidade que estamos falando. O mesmo se diga em relação à eficiência. Para conhecer mais tal aspecto, sugerimos consultar o nosso Pregão Presencial e Eletrônico – Manual de implantação, operacionalização e controle (Belo Horizonte: Editora Fórum, 2. ed., 2008).

Pois é em tal contexto que o TR tem para nós enorme magnitude. Dele – não temos a menor dúvida – também depende o resultado de toda e qualquer Licitação.

[2] Os biólogos enfatizavam a concepção dos organismos vivos como totalidades integradas.

[3] De base estritamente analítica, consistindo em quebrar fenômenos complexos em pedaços para compreender a atuação do todo a partir das propriedades de seus pedaços ou partes.

[4] CAPRA, Fritjof. The Web of life – A new scientific Understanding of living systems. Trad. portuguesa: A teia da vida – uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 1999.

[5] Vide notas anteriores a propósito da concepção sistêmica.

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Intr

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ão e

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do

Ass

untoDa realidade que nos circunda, resgatamos que a grande maioria dos servidores ignora, ou

quando pouco, desvaloriza a importância do TR. No tocante a um aspecto do TR (a espe-cificação do objeto), não é rara a unidade administrativa na qual os servidores fazem requi-sições genéricas e superficiais aos setores de Licitações ou, contrariamente, copiam manuais de determinados produtos para orientar as aquisições.

Tal orientação pode levar, e leva, a direcionamentos rumo à determinada marca ou fabrican-te, quando não desatende os propósitos reais da Administração Pública.

E dizemos mais: sabemos de inúmeros casos nos quais os pregoeiros e outros membros dos setores de Licitações assistem às sessões, para ali, nas discussões entre os licitantes, finalmen-te entenderem o que deve ou não ser exigido nos instrumentos convocatórios, ou mesmo entender a extensão e importância de determinadas exigências para dado certame.

Ora, o proceder é inverso.

Muitas dificuldades experimentadas pela Administração Pública deixam à mostra uma cruel realidade: não raro, toda a responsabilidade pelas aquisições e contratações é deixada a cargo dos pregoeiros e demais membros do setor de Licitações, que além de terem que efetuar as aquisições com agilidade, têm que entender de cada objeto e de cada serviço fruto de Lici-tação em sua unidade administrativa.

A segmentação de atribuições na Administração Pública (que esbarra até na necessária segregação indispensável de funções) se mostra um assunto complexo nas estruturas ad-ministrativas. Esse cenário nos revela uma enorme dificuldade em se ter um visível quadro de competências bem definido. Ou noutras palavras, estabelecer previamente quem faz o quê.

Referimo-nos a tais questões (postas todas em torno da definição do objeto) para lembrar que o TR é um dos primeiros documentos a ser elaborado na etapa interna e exige, pela sua abrangência, o trabalho em conjunto de diversos servidores nos mais variados setores dentro do órgão licitante.

Ou seja, já se pode extrair de tudo o que foi dito – à guisa de generalidades – que o TR é de elaboração complexa e multissetorial. Tal ponto será explorado em apartado, mas desde logo queremos deixar bem demarcada a área-problema na qual floresce o Termo de Referência.

Para que tenhamos outro olhar para a complexidade de uma contratação a ser feita pelo Poder Público, podemos resgatar uma passagem clássica escrita em nosso Direito.

Beviláqua[6], ao sintetizar o caminho da formação de um contrato (privado, no caso) chega a salientar os reflexos psíquicos envolvidos na sua respectiva constituição.

Vale a pena conferir:

Eu me sinto inclinado a comprar um objecto, que vi e do qual me convém ser proprietário. Resisto ou logo cedo ao impulso do desejo, que me arrasta para o objecto, discuto as vantagens

[6] BEVILÁQUA, Clóvis. Direito das Obrigações. São Paulo: Red, 2000, p. 225.

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e desvantagens da obtenção, e, afinal, minha vontade, cedendo à solicitação dos motivos mais fortes, vae a traduzir-se em acto. Suppondo que venceu o desejo de possuir o objecto em questão, começo a externar a minha volição, propondo, a alguém que possue o que eu ambiciono, que se resolva a m’o ceder. Na mente desse alguém, suscitará a minha proposta as mesmas phases da elaboração psychica, porque o pensamento passou em meu espírito, até que sua vontade convirja ou não para o ponto em que estacionou a minha. Se convergir, será nossos interesses, ou o que se nos afigura tal, realizaram seu encontro harmônico, acham-se em congruência actual. Para mim era mais útil, no momento, possuir o objecto em questão do que a somma a desembolsar ou o serviço a prestar; para o possuidor do objecto, era mais vantajoso do que possui-lo receber o que eu lhe oferecia. Com a manifestação em divergência de nossa vontade inicia-se o contracto.

Verifiquemos que o Termo de Referência possibilitará, na sua concepção amplíssima, detec-tar até mesmo o aspecto volitivo que impulsionou o agente público incumbido de traduzir em ações concretas o interesse comunitário.

Nesse passo, a releitura de um Termo de Referência permitirá, a quem quer que seja, aferir à real pretensão do Poder Público por uma dada ótica. E não apenas isso: simplificará também, a elaboração de eventual proposta.

Enfim, o TR revelará se há ou não uma verdadeira e legítima coesão de vontades.

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Há uma definição normativa para Termo de Re-ferência. Mas ela não está na Lei do Pregão (Lei 10.520/02).

Tal definição consta dos comandos regulamentares que explicitam o Pregão Presencial e o Pregão Eletrônico (Decretos 3.555/00 e 5.450/05, respectivamente).

Com efeito, diz a norma:

(...) termo de referência é o documento que deverá conter elementos capazes de propiciar a avaliação do custo pela Administração, diante de orçamento detalhado, considerando os preços praticados no merca-do, a definição dos métodos, a estratégia de suprimento e o prazo de execução do contrato. (art. 8º, II, do Decreto 3.555/00)

Do Decreto 5.450/05 por sua vez consta:

Art. 9º. (...) § 2º. O termo de referência é o documento que deverá conter elementos capazes de propiciar avaliação do custo pela ad-ministração diante de orçamento detalhado, definição dos métodos, estratégia de suprimento, valor estimado em planilhas de acordo com o preço de mercado, cronograma físico-financeiro, se for o caso, cri-tério de aceitação do objeto, deveres do contratado e do contratante, procedimentos de fiscalização e gerenciamento do contrato, prazo de execução e sanções, de forma clara, concisa e objetiva.

É curioso como as palavras servem para designar inúmeras realida-des. O fenômeno se passa com a expressão Termo de Referência.

Termo, segundo nos ensinam os dicionários (do latim terminu), é pa-lavra que expressa fim, remate ou conclusão no espaço ou no tempo. É limite ou marco divisório que estrema uma área circunscrita, lugar afas-tado, longínquo; confim, extensão limitada; espaço, ponto terminal.

Enfim, termo expressa um ponto final.

o que é Termo de referência

II

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Referência por sua vez, dizem-nos os léxicos, provém do latim (referentia) e denota a fonte de onde podem ser colhidas informações, alusão ou indicação.

A expressão em análise “Termo de Referência” possui assim, significado comum que nos mostra tratar-se de um documento que circunscreve limitadamente um objeto e serve de fonte para fornecimento das informações existentes sobre ele.

Para nós, no entanto, importa o viés jurídico da definição. E em tal dimensão, logo se vê que o Termo de Referência tem análogo significado ao sentido comum.

De fato, tanto num quanto noutro caso, a expressão Termo de Referência está a expressar aquele ponto de condensação de informações diversas levantadas em torno de um dado objeto que – traduzido num documento – servirá de fonte para guiar a aquisição.

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Já dissemos que a Lei do Pregão (Lei 10.520/02) não faz men-ção expressa ao Termo de Referência, mas na disciplina da etapa interna há comandos que vão encontrar albergue, sob aquela forma, nos Decretos 3.555/00 e 5.450/05.

A gênese do Termo de Referência está nos seguintes dispositivos:

Art. 3º. A fase preparatória do pregão observará o seguinte:I. a autoridade competente justificará a necessidade de contrata-

ção e definirá o objeto do certame, as exigências de habilitação, os critérios de aceitação das propostas, as sanções por inadim-plemento e as cláusulas do contrato, inclusive com fixação dos prazos para fornecimento;

II. a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, veda-das especificações que, por excessivas, irrelevantes ou desneces-sárias, limitem a competição;

III. dos autos do procedimento constarão a justificativa das defi-nições referidas no inciso I deste artigo e os indispensáveis ele-mentos técnicos sobre os quais estiverem apoiados, bem como o orçamento, elaborado pelo órgão ou entidade promotora da lici-tação, dos bens ou serviços a serem licitados; (Lei 10.520/02)

A decantação de tais comandos foi encontrar nos decretos regu-lamentadores, sob o rótulo do Termo de Referência, a seguinte previsão:

Art. 8º. A fase preparatória do pregão observará as seguintes regras:I. a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, ve-

dadas especificações que, por excessivas, irrelevantes ou desne-cessárias, limitem ou frustrem a competição ou a realização do fornecimento, devendo estar refletida no termo de referência;

II. o termo de referência é o documento que deverá conter elemen-tos capazes de propiciar a avaliação do custo pela Adminis-

normas de reGência

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tração, diante de orçamento detalhado, considerando os preços praticados no mercado, a definição dos métodos, a estratégia de suprimento e o prazo de execução do contrato;

III. a autoridade competente ou, por delegação de competência, o ordenador de despesa ou, ainda, o agente encarregado da compra no âmbito da Administração, deverá:a) definir o objeto do certame e o seu valor estimado em planilhas, de forma clara,

concisa e objetiva, de acordo com termo de referência elaborado pelo requisitante, em conjunto com a área de compras, obedecidas as especificações praticadas no mercado;

b) justificar a necessidade da aquisição;c) estabelecer os critérios de aceitação das propostas, as exigências de habilitação, as san-

ções administrativas aplicáveis por inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclu-sive com fixação dos prazos e das demais condições essenciais para o fornecimento; e

d) designar, dentre os servidores do órgão ou da entidade promotora da licitação, o pregoeiro responsável pelos trabalhos do pregão e a sua equipe de apoio;

IV. constarão dos autos a motivação de cada um dos atos especificados no inciso anterior e os indispensáveis elementos técnicos sobre os quais estiverem apoiados, bem como o orça-mento estimativo e o cronograma físico-financeiro de desembolso, se for o caso, elaborados pela Administração; (Decreto 3.555/00)

Devemos notar que o Decreto 3.555/00 é bem anterior ao de 5.450/05. Aquele regulou o Pregão Presencial e este, o Eletrônico.

No caso particular, o decreto mais recente tratou do assunto (Termo de Referência) de ma-neira diversa (em alguns poucos aspectos).

Vale conferir:

Art. 9º. Na fase preparatória do pregão, na forma eletrônica, será observado o seguinte:I. elaboração de termo de referência pelo órgão requisitante, com indicação do objeto de for-

ma precisa, suficiente e clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem ou frustrem a competição ou sua realização;

II. aprovação do termo de referência pela autoridade competente;III. apresentação de justificativa da necessidade da contratação;IV. elaboração do edital, estabelecendo critérios de aceitação das propostas; (Decreto 5.450/05)

Aí estão as bases legais do Termo de Referência. Mas pode ser que normas outras venham a se somar a elas. Eventualmente, as Unidades Administrativas poderão disciplinar a matéria internamente e, em tal caso, a configuração do Termo de Referência poderá ser diferenciada.

Importante destacar que o termo de referência, em sua particular maneira de ser, pode se comparar ao Projeto Básico – PB – exigível pela Lei 8.666/93 para obras e serviços de engenharia.

Art. 6º. Para os fins desta Lei, considera-se: (...)IX. Projeto Básico – conjunto de elementos necessários e suf icientes, com nível de pre-

cisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou ser-

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Nor

mas

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Reg

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aviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a def inição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos:a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e

identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza; b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a mini-

mizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo e de realização das obras e montagem;

c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a incor-porar à obra, bem como suas especificações que assegurem os melhores resultados para o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;

d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos, insta-lações provisórias e condições organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;

e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em cada caso;

f ) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados;

Um e outro instrumento (TR e PB), se nos é dada oportunidade para traçar uma analo-gia, detêm a função de caracterizar o objeto ou serviço fruto da aquisição, devendo conter detalhes relevantes que norteiem o julgamento durante o certame, bem assim a fase con-tratual. Daí a sua semelhança funcional. Ou seja, TR e PB, obrigatórios ambos para os procedimentos a que se destinam espelham, grosso modo, a caracterização do objeto em todas as suas dimensões servindo, a um só tempo, tanto para atender as necessidades da Administração Pública quanto os interesses dos particulares, especialmente no que toca à elaboração de suas propostas.

E sendo assim, adiantamo-nos em relação ao PB, é ele anexo obrigatório do edital (art. 40, § 2º, I da Lei 8.666/93).

Um bloco normativo de regência que ainda não foi resgatado aqui de modo especial – e é dos mais importantes – encontra morada no Decreto do Pregão Eletrônico (art. 9º, §§ 1º e 2º).

Foram tais normas deixadas em apartado de propósito porque merecem análise mais detida.

Elas revelam comando que dão um viés todo diferenciado para o Termo de Referência, na medida que impõem rotina administrativa determinante para a prática de certos atos que irão se revestir de uma forma conclusiva, com atribuições definidas e reveladores de partição em eventuais responsabilidades.

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Falamos das disposições paragrafárias do artigo 9º que merecem ser transcritas com destaques:

§ 1º. A autoridade competente motivará os atos especificados nos incisos II e III, indicando os elementos técnicos fundamentais que o apóiam, bem como quanto aos elementos contidos no orçamento estimativo e no cronograma físico-financeiro de desembolso, se for o caso, elaborados pela administração. (grifos do autor)

Desta feita, o Termo de Referência – segundo mandamento normativo – além de ter sua existência corporificada num dado documento, deve ter sua aprovação motivada (analisare-mos tal aspecto oportunamente).

O § 2º do artigo mencionado deve também ser posto em relevo porquanto nos fornece os limi-tes mínimos materiais (no sentido de elementos intrínsecos e extrínsecos) do citado TR.

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Apressemos-nos em registrar que o Termo de Referência é para nós documento obrigatório, enquanto antece-dente necessário da Licitação na modalidade Pregão.

Mesmo diante do tratamento legislativo conferido ao assunto (referimo-nos à Lei 10.520/02), entendemos que o Termo de Referência (independentemente da denominação que se lhe queira atribuir) é documento obrigatório da Licitação na modalidade Pregão.

No mesmo sentido, vejamos a orientação inserida no BLC – Bole-tim de Licitações e Contratos (NDJ: abril 2006, p. 388):

A Administração Pública, nas licitações sob a modalidade pregão, somente poderá iniciar o procedimento licitatório, nos termos do disposto no art. 8º do Decreto n. 3.555/00, depois de aprovar o competente Termo de Referência (cuja função é equivalente ao projeto básico, previsto na Lei de Licitações, e que constitui anexo obrigatório do ato convocatório, nos termos de seu art. 40, § 2º, inc. I), que deverá def inir a especif icação completa do bem a ser adquirido, assim como as sua unidades e quantidades, e estimar os custos da contratação, por meio de um orçamento detalhado, considerando os preços praticados no mercado, a def inição dos métodos, a estratégia de suprimento e o prazo de execução do contrato.

Pensamos que é obrigatória não apenas a elaboração do Termo de Referência, mas também a sua aprovação.

É a redação expressa do inciso II do artigo 9º do Decreto 5.450/05.

E – o que nos parece mais importante de tudo – a aprovação do TR deverá ser motivada. Ou seja, não é suficiente aprovar. O ato de aprovação deve ser acompanhado da respectiva motivação.

obriGaToriedade ou faculTaTiVidade do

Termo de referência

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Para destacar com mais relevo a questão que ora levantamos, parece-nos pertinente trazer para cá ponderações feitas em outro escrito[7], onde dissemos que a motivação é encarada como um verdadeiro princípio inafastável da lida diária da Administração Pública.

Do princípio da motivação decorre a necessidade de a Administração justificar seus atos, fundamentando-os, previamente ou não, nos seus suportes legais e fáticos. A motivação é de colorido especial acaso se trate da prática de atos que demandem exercício no interior da discriciona riedade, pois, se vinculados, bastará a menção genérica ao comando abstrato per-missivo da conduta administrativa adotada para a hipótese específica.

As justificativas existentes em torno do Termo de Referência, de ordem técnica ou não, relativas a tudo o que informa dito documento, deverão ser ratificadas (para aprovação) pela autoridade competente. Ou seja, em termos práticos, deverá a autoridade decidir justificada-mente acerca dos motivos da futura aquisição. Deverá, assim, apresentar justificativas para a necessidade da contratação.

A apresentação indispensável de tais motivos é algo tão sério que, se desrespeitada a regra, o ato respectivo se mostrará vulnerável, passível de invalidação futura.

E cabe dizer, ainda a propósito da motivação:

Por evidência que o motivo do ato (acabamos de vê-lo) não se confunde com o motivo legal. Esta é a previsão genérica e abstrata de uma determinada situação hipotética. Poderá se dizer, numa síntese, que o motivo do ato é previsão material e o motivo legal é a situação abstra-ta. A importância prática dessa distinção radica-se na circunstância de que, para exame da legalidade do ato, haverá que se verificar se a previsão material está em consonância com a situação abstrata, ficando o aspecto da valoração do motivo, quando o caso, relegado ao prudente e legalmente balizado juízo do agente praticante do ato administrativo.

Ou seja, não basta possuir Termo de Referência na etapa preparatória. Indispensável que ele seja efetivamente aprovado pela autoridade competente.

A solução normativa (e a idéia que traz consigo) é a mesma existente em relação ao projeto básico para obras: não basta haver projeto básico; ele tem que ser aprovado (art. 7º, § 2º da Lei 8.666/93[8]).

Reafirmamos que o Decreto 5.450/05 (art. 9º, II) é expresso em estabelecer que o Termo de Referência deva ser aprovado.

A aprovação, no caso, não é ato isolado. Ao reverso, é extremamente complexo, na medida em que demanda motivação, na expressão jurídica da palavra.

[7] SANTANA, Jair Eduardo. Direito Administrativo Resumido. Belo Horizonte: Inédita, 1997, p. 50:1.

[8] Art. 7º. (...) § 2º. As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando: I - houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para exame dos interessados em participar do processo licitatório;

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ciaA motivação de sua vez, enquanto exigência legal (e constitucional) dos atos administrativos,

em geral deve – no caso do Termo de Referência – indicar os elementos técnicos fundamen-tais que a ele dão suporte em todas as suas dimensões.

Não cremos que tais elementos técnicos se circunscrevam a aspectos contidos no orçamento estimativo e no cronograma de desembolso.

A motivação vai muito além daí para, inclusive, alcançar o próprio objeto em si, em tom da necessária justificativa da contratação pretendida. É importante, assim, esclarecer por que, para quê, para quem se adquire o objeto a ser licitado.

Desta forma, a justificativa da necessidade da aquisição (art. 9º, III do Decreto 5.450/05), a motivação (§ 1º do artigo 9º do Decreto 5.450/05) e a aprovação do Termo de Referência são providências indispensáveis.

A falta de tais atos terá conseqüências diversas e até mesmo drásticas, em algumas hi-póteses extremadas, sempre com reflexo no campo da responsabilização individual do servidor público.

Urge se abandonem as aquisições irracionais, desperdiçadas, desnecessárias. As instâncias de controle a cada dia exigem mais zelo dos agentes públicos em suas aquisições, pois o dinhei-ro público deve ser tratado com parcimônia. Esta é uma realidade inafastável.

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Já sabemos a esta altura que o Termo de Referência é docu-mento elaborado na etapa interna que, aprovado com justifi-cativa e motivação – permitirá se encontre o custo do objeto a ser definido.

Esse um dos seus vetores funcionais.

Não se trata de aquilatar o simples preço da futura contratação, mas de permitir a visualização de algo mais transcendente: o custo.

As palavras preço e custo, embora algumas vezes sejam tratadas como sinônimos, têm conceitos diferentes. O preço diz respeito ao mercado (expressão monetária imediatamente dispendida para aquisição de um dado bem) e o custo, por certo é algo mais trans-cendente não se limitando àquele (o preço é, no custo, um simples componente). Todavia, isso não significa que eles não tenham ne-nhuma relação entre si; ao contrário, tem e é significativa.

Mas, além de permitir avaliação do custo, podemos arriscar dizer que o Termo de Referência – no particular enfoque – tem outras funções:

a) demonstrar, pelo seu conteúdo, se as necessidades administrati-vas (instrumentalmente falando) estão sendo atendidas a con-tento debaixo do regramento constitucional (e principiológico) que lhes é peculiar.

b) o Termo de Referência – sem dúvida alguma – permite que a elaboração da proposta se faça adequadamente, bem assim o seu correlato julgamento pelo pregoeiro.

c) o Termo de Referência viabiliza até mesmo a execução do ajus-te porque a demanda motriz deste está enraizada naquele, do qual não pode se distanciar.

d) nem se diga que o Termo de Referência – ao dimensionar o objeto (em sua especificação ou definição) não cumpriu papel destacado. Ao transitar por tal domínio, o Termo de

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Referência obrigatoriamente sofre toda a sorte de limitações postas pela ordem jurídica a partir de diretrizes constitucionais.

Com efeito, há uma relação inversa de proporcionalidade no tocante às especificidades de um dado objeto. Queremos dizer que, quanto mais simples ele for, menor será a necessidade de detalhá-lo. Ao revés, se for menos simples (menos comum), maior deverá ser o cuidado em sua individuação. Em qualquer hipótese, entretanto, não se deve transpor certas fronteiras para a definição do objeto situando-se no excessivo, no irrelevante ou no desnecessário, por-que isso sem dúvida, levará à restrição, à competitividade e à isonomia entre os licitantes.

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Muitos são os conteúdos do Termo de Referência. Mas o que nos mostra mais importante de tudo é que este cumpra fielmente as suas funções e se traduza num documento eficaz e sintetizador dos

principais elementos que darão suporte à futura aquisição.

Unidades administrativas que ainda não se afeiçoaram ao termo de referência nos moldes aqui analisados, podem ter os elementos deste esparsos no procedimento interno (etapa preparatória) sob outra roupagem. A situação, quando muito e a depender de certas circunstâncias, poderá revelar apenas desconforto formal e opera-cional, já que o mais relevante – como fizemos anotar – é que as informações necessárias à confecção do edital e à oferta do produto pelos licitantes (como viés integrante da formulação da proposta) constem, respectivamente, dos autos do processo, possibilitando que todo o desejo aquisitivo vá repousar com segurança no ins-trumento convocatório.

Sabemos que o Termo de Referência é documento elaborado na eta-pa interna. Na verdade, ele deve principiar com a deflagração do requerimento de qualquer aquisição. Assim, ao solicitar bem ou ser-viço (comuns, no caso do Pregão) a Administração Pública deve, via servidor, começar a ultrapassar as dificuldades habituais em tor-no de duas questões fundamentais: (a) o quê adquirir e (b) por que adquirir. Aí já se anunciam algumas das justificativas que irão dar suporte à motivação já falada neste trabalho.

Assim agindo, muitas das exigências do artigo 3º, I, II e III da Lei 10.520/02 já se mostraram atendidas.

Todas as demais informações acerca do produto ou do serviço fruto da requisição (ordem de aquisição, “C.I.”, solicitação, ou qualquer nomenclatura outra que o valha existente para deflagrar o procedi-mento) devem ser acrescidas ao requerimento.

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Mostra-nos a prática administrativa ser comum que os defeitos do Termo de Referência já se mostrem na deflagração por não se conhecer (ou saber) o que exatamente se quer ou se pretende adquirir.

De outro lado, não se pode esquecer que se tal deflagração é deficiente, há uma tendência natural em relação ao retrabalho e retardamento do procedimento.

Não poderíamos perder a oportunidade para lembrar que não se deve, na descrição de um objeto (como ocorre com freqüência em relação às compras), transcrever para o TR as espe-cificações técnicas de manuais e nem mesmo de folders explicativos.

No intuito de fazer a melhor aquisição, a Administração Pública acresce determinada in-formação ao seu requerimento de compra, direcionando o certame para determinada marca ou produto. A prática é ilícita, bem o sabemos, e é fruto de proibição explícita no artigo 7º, § 5º da Lei 8.666/93[9].

Todos os comentários até então postos aqui, o foram com o propósito de disseminar a idéia da necessidade de conscientização de toda a Unidade Administrativa no processo aquisitivo. Vale lembrar, sob tal propósito, tudo o que se disse em torno da teoria sistêmica.

E o que se disse até o momento, em torno de conteúdo do Termo de Referência, centrou-se na caracterização do objeto. Tal aspecto é uma das dimensões que o TR deve expressar em sua composição.

Por preferência metodológica, centraremos nossos esforços em dois conteúdos do TR: a de-finição do objeto, com suas vertentes mais significativas e a planilha contendo orçamento detalhado.

Vamos a tais conteúdos.

definição do objeToA definição do objeto talvez seja de longe o aspecto mais polêmico (e interessante) a constar do termo de referência.

O fato é que o objeto da aquisição deve(ria) expressar os seus elementos intrínsecos e extrín-secos e permitir uma exata compreensão de suas outras dimensões (exemplo: quantitativas, econômicas etc).

Mas invariavelmente – na prática – sempre na ânsia de melhorar a performance das aquisi-ções, a Administração Pública acaba por cometer inúmeros e verdadeiros pecados.

A propósito destas falhas, muitos acabam por integrar o rol das anedotas do Pregão (como é o “caso das galinhas assassinas” – fato ocorrido em cidade do interior do Brasil e narrado por

[9] Art. 7º. (...) § 5º. É vedada a realização de licitação cujo objeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de mar-cas, características e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for tecnicamente justificável ou ainda quando o fornecimento de tais materiais e serviços for feito sob o regime de administração contratada, previsto e discriminado no ato convocatório.

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onós no artigo Edital de Pregão Presencial e Eletrônico – Essencialidades[10] e da descrissão (SIC) do açúcar em duas longas laudas (caso sempre lembrado em nossos cursos).

De qualquer modo, na elaboração do termo de referência deverá, ele observar – como seu conteúdo – que a definição do objeto deve ser:

a) precisa;

b) suficiente;

c) clara.

Encontram-se proibidas (vedadas) as especificações que sejam:

a) excessivas;

b) irrelevantes;

c) desnecessárias;

d) limitadoras da competição ou da própria realização do certame.

Tal diretriz está na Lei 10.520/02 (art. 3º, II), no Decreto 3.555/00 (art. 8º, I) e no De-creto 5.450/05 (art. 9º, I).

Devemos registrar um dado importante e pertinente ao assunto: não é o edital (instru-mento convocatório) o local apropriado para se proceder à definição do objeto. Quan-do da elaboração do instrumento convocatório, o objeto já terá todos (todos mesmo) os seus contornos muito bem definidos. Erro grave é pensar que o edital definirá o objeto. O edital, quando vier a público (publicação de avisos), fará alusão ao TR porque é neste que encontraremos a pormenorização do objeto.

Contrastar o artigo 4º, inciso III, combinado com o artigo 3º, inciso I, ambos da Lei do Pre-gão, com o que dissemos não redunda em inconsistência. Ao reverso, demonstra que a etapa interna é composta por uma sucessão de atos, que organizados, darão formato satisfatório ao procedimento aquisitivo.

Tal sentido de leitura interpretativa é encontrável na Lei Geral 8.666/93 (art. 40, I[11]) refe-rente à definição do objeto por intermédio do instrumento convocatório.

Outra realidade (e desafio) vivenciada pelas Unidades Administrativas é a questão da qua-lidade das aquisições. Por ser modalidade licitatória do tipo menor preço, o Pregão impõe um grande desafio aos seus operadores. É preciso adquirir bem e a preços módicos. E não há como fazê-lo senão através de uma caracterização precisa do objeto.

[10] SANTANA, Jair Eduardo. Edital de Pregão Presencial e Eletrônico – Essencialidades. Revista O Pregoeiro. Editora Negócios Públicos do Brasil. Curitiba: Março 2007. p. 46-53

[11] Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: (...) I. objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;

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De nossa parte, não nos cansamos de dizer que o Pregão – em verdade – tem como critério de julgamento o menor melhor preço e não somente o menor preço. É que sabidamente este (o mais barato) nem sempre atende aos interesses da Administração Pública.

Mas, como guiar o certame para o menor melhor preço?

Certamente a partir da boa especificação/definição do objeto.

Não se pode olvidar, entretanto, da obrigação legal de ter sempre delimitado o objeto em ca-racterísticas e processos (de testes, por exemplo) de fácil identificação, de aferição por meio de técnicas de domínio comum, enfim, dos inafastáveis critérios objetivos de julgamento.

Ou seja, lembremos sempre que o julgamento das propostas, dirigida pelo menor melhor preço, é tarefa que demanda a qualificação prévia do objeto. Tal qualificação do objeto é chamada de classificação. É dizer somente se permite que sejam admitidas à disputa aquelas ofertas (propostas) cujos elementos se mostrem conforme às exigências (objetivas) do edital.

Noutras palavras, se pode dizer que – na dinâmica do processamento de um Pregão – a verificação de conformidade do objeto antecede à disputa. E, sendo assim, a qualidade, a efi-ciência, os caracteres intrínsecos e extrínsecos do objeto são alvo de avaliação preliminar. O preço (o menor) é postergado para a disputa.

Nessa mesma dinâmica encontrar-se-á, enfim, o propagado menor melhor preço.

Também pensamos ser importante lembrar aqui que a própria decisão de efetuar re-querimento de amostras dos produtos ofertados pelos licitantes deve ser pautada por critérios previamente estipulados, e estes orientados pelo entendimento jurisprudencial mais recente.

Sobre as amostras, tomamos a liberdade de citar texto de nossa autoria por expressar ele a nossa opinião a respeito do assunto:

Prática recomendável e que tem servido para a realização de boas aquisições em cer-tames é a solicitação de amostras. Na primeira edição desta obra, baseados em estudos realizados à época, defendíamos a possibilidade de se exigir amostras em ambas as formas de Pregão – Presencial e Eletrônica – bem assim que sua análise fosse rea-lizada quando da verif icação da conformidade das propostas (no início da sessão). A evolução doutrinária e jurisprudencial, entretanto, apontam caminhos diversos da-queles de outrora.

O TCU no Acórdão 1.598/2006 – Plenário – entende que a modalidade de Pregão é in-compatível com a exigência de amostras, bem assim que as mesmas devem ser exigidas ape-nas do licitante que estiver provisoriamente em primeiro lugar. O argumento, em apertada síntese é o de que a análise das amostras demanda tempo, o qual contradiz com a modali-dade em questão.

Parte dos estudiosos do tema discordam do entendimento do TCU. Na verdade, a discordân-cia parte até mesmo do interior daquela corte, na medida em que o Procurador Geral junto

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oao Ministério Público proferiu parecer divergente naquele processo[12]. Há também entendi-mento de uma analista de controle externo do TCU, publicado em periódico recente[13], que entende possível a exigência de amostras em Pregões.

Trabalho meticuloso quanto a exigência de amostras em Pregão é o de Marcello Rodri-gues Palmieri[14], brilhante profissional e jovem amigo que cedo partiu do nosso convívio. O saudoso autor ressalta que, apesar de inexistir previsão legal expressa quanto à possibilidade da exigência na legislação geral de licitações (a omissão existe tanto na Lei 8.666/93, quanto na Lei 10.520/02), pode-se embasar a exigência no artigo 43, IV e V da Lei 8.666/93[15]). Nota-se, pois, que a recomendação do autor é pela aferição das amostras quando da verifica-ção da conformidade das propostas.

Neste sentido, a orientação proferida por nós anteriormente, guardava consonância com a de Palmieri. Mas há, entretanto, um traço diferenciador na orientação citada. É que o mesmo recomenda sejam colhidas amostras apenas do licitante provisoriamente classificado em pri-meiro lugar, e que estas sejam sopesadas no momento de aferição da aceitabilidade da melhor proposta (tal como manifestado pelo TCU no acórdão acima mencionado). É que, além de resguardar a celeridade do Pregão, a medida não onera injustamente aqueles que não se sagraram vencedores. Se eventualmente houver desclassificação da melhor proposta, passa-se à análise da amostra da segunda, e assim sucessivamente, nos termos do artigo 4º, XVI da Lei Geral do Pregão.

Outros pontos importantes foram fixados por Palmieri em seu trabalho, e merecem destaque:a) não se pode esquecer que as amostras devem ser aferidas no momento de verificação das

propostas. Assim, o resultado da análise deve anteceder a verificação das exigências de habilitação do detentor do melhor preço;

b) os critérios de julgamento e aferição das amostras devem estar objetivamente definidos no edital e aferidos por quem detenha condições de fazê-lo;

c) é fundamental que a especificação do objeto seja a melhor possível, de modo que permita perfeita oferta e julgamento transparente;

d) a exigência de amostras não deve ser vista como regra, e sim como medida excepcional, a ser utilizada quando não se dispuser de forma mais segura para a aquisição;

[12] Segundo Marcello Rodrigues Palmieri em “Amostras nas Modalidades Tradicionais (Concorrência, Tomada de Preços, Convite) e no Pregão”. BLC, Outubro 2006, p. 940-951.

[13] Referimo-nos a trabalho de Karine Lílian de Souza Costa Machado, em artigo “Exigência de Amostra em Licitações na Modalidade Pregão”, BLC, Setembro 2007, p. 886-889.

[14] PALMIERI, Marcello Rodrigues. Ob. loc. cit.

[15] Art. 43. A licitação será processada e julgada com observância dos seguintes procedimentos; (...)IV. verificação da conformidade de cada proposta com os requisitos do edital e, conforme o caso, com os preços correntes

no mercado ou fixados por órgão oficial competente, ou ainda com os constantes do sistema de registro de preços, os quais deverão ser devidamente registrados em ata de julgamento, promovendo-se a desclassificação das propostas desconformes ou incompatíveis.

V. julgamento e classificação das propostas de acordo com os critérios de avaliação constantes do edital;

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O autor mencionado, entretanto, não recomenda a exigência de amostras em Pregões ele-trônicos, na medida em que a mescla dos procedimentos (virtual e presencial) não se mostra benéfica à Administração. Assim, recomenda, decidindo o gestor pela necessidade da exigência de amostras, deve-se optar pela feitura de Pregão Presencial.

Não pensamos assim, todavia. Imaginamos exatamente o contrário ao afirmar que mes-clar rotinas em ambiente virtual com procedimentos fora dele em nada prejudica o Pregão Eletrônico.

No entanto, concordamos em que tanto o Pregão quanto a exigência de amostras têm se mostrado como adequados à realização de boas aquisições pelas diversas unidades administrativas.

Pensamos, pois, não tarda seja a jurisprudência forçada à adequação da realidade ora posta. Mas é importante realçar que – se for o caso de se exigir amostras – toda uma construção ritu-alística e de conteúdo é de ser edificada em torno do tema.

Por fim, lembramos que o Pleno do TCESP – Tribunal de Contas do Estado de São Paulo – no processo TC-36352/026/04, de relatoria do Conselheiro Renato Martins Costa, em sessão de 16/2/2005 entendeu pela legalidade da exigência de amostras em Pregão. Perfilha este mesmo entendimento a 6ª Câmara Cível do TJPE – Tribunal de Justiça de Pernambu-co – no AgRg 120.007-7/01, de relatoria do Des. Eduardo Augusto Paurá Reis, em sessão de 17/3/2005.

E acrescemos à tudo, que o TCU tem extenso rol de recomendações em torno da ins-trumentalização das rotinas das amostras (seja para o Pregão ou para outros proce-dimentos licitatórios).

Enfim, resumimos que o procedimento das amostras tem um escopo finalístico: permitir a contratação de objetos na forma exigida no edital (já que este reflete as intenções do Termo de Referência).

6.2. orçamenTo deTalhado em planilhasNão é apenas na modalidade de Pregão que é indispensável fazer o dimensionamento econômico do objeto.

Na Lei 8.666/93 a medida igualmente se revela como necessária, seja para que objeto for (de obras às compras, passando pelos serviços).

É o que se vê, por exemplo, nos seguintes dispositivos legais:

a) Lei 10.520/02:

Art. 3º. A fase preparatória do Pregão observará o seguinte: (...) III – dos autos do procedimento constarão a justificativa das definições referidas no inciso I deste artigo e os indispensáveis ele-mentos técnicos sobre os quais estiverem apoiados, bem como o orçamento, elaborado pelo órgão ou entidade promotora da licitação, dos bens ou serviços a serem licitados;” (destaque do autor)

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ob) Lei 8.666/93:

Art. 7º. (...) § 2º. As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando: (...) II – existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários;

Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada caracterização de seu objeto e indica-ção dos recursos orçamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e respon-sabilidade de quem lhe tiver dado causa.

Art. 40. (...) § 2º. Constituem anexos do edital, dele fazendo parte integrante: (..) II – orça-mento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários;

Assim, tem-se como natural a indispensabilidade de se estimar o valor da futura aquisição. E lembramos que até mesmo para aqueles casos em que o certame não se instaurar, a refe-renciação a valores é inevitável.

De fato, acaso se trate de contratação direta (dispensa ou inexigibilidade) não há como se fugir da justificativa do valor a ser desembolsado pela Administração Pública. É o que está escrito no artigo 26 da Lei das Licitações, dispositivo que cuida da formalização do proce-dimento das Contratações Diretas (dispensa e inexigibilidade).

Nem a Lei 10.520/02 ou tampouco a Lei 8.666/93 estabeleceram rotinas específicas para a feitura do orçamento detalhado. Os decretos que regulamentam o Pregão Presencial e Eletrônico também não o fizeram.

E, tirante alguma normação específica de uma ou outra unidade administrativa, o fato é que uma verdadeira diversidade de procedimentos são encontráveis Brasil afora para se dar cabo de orçar o objeto.

Não se sabe se a Administração Pública – no contexto geral – está obrigada a um, dois, ou três orçamentos estimativos; confunde-se ela em razão dos valores apresentados, para tomar como referencial do preço máximo (Valor médio? Valor mais baixo? Ou valor mais eleva-do?). Enfim, a confusão se generaliza.

Importa, em realidade, que o orçamento revele no procedimento o desejado “preço de mer-cado” para que a Administração Pública não gaste além do devido.

A idéia é bem simples. Se um objeto custa no mercado algo entre 2 e 5, certamente não se admitiria – na generalidade das situações – a sua contratação por 500.

Mas não é apenas evitar o superfaturamento que o orçamento referencial deseja. Sendo tal peça (e seu valor monetário) uma referência, servirá também para guiar a execução do orçamento público na linha da realização da despesa, uma vez que permite quantificar o empenho de que trata a Lei 4.320/64.

Diga-se, então, que além de referenciar o preço de mercado, o orçamento estimativo baliza-rá e dará consistência à execução do orçamento público.

Afora tais questões (que são de imensa importância) discute-se muito se o orçamento detalhado é – ou não – de divulgação obrigatória. Ou seja, como o orçamento detalhado

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não tem que necessariamente estar no interior do termo de referência (podendo locali-zar-se fora dele, portanto) a dúvida é: é a Administração Pública obrigada a divulgar a sua pesquisa de preços?

A pergunta é apropriada porque nas demais modalidades, que não o Pregão, a planilha de preços é componente do projeto básico e integra o edital, fazendo-se conhecer por todos, a teor do que determina o art. 40, § 2º, II[16] da Lei 8.666/93.

No Pregão, todavia, a questão é diferente.

Diz o art. 3º, III, que o orçamento detalhado deve integrar o procedimento, não sendo (em primeira leitura) obrigatória a sua divulgação juntamente com o instrumento convocatório.

Isto já foi objeto de decisão pelo TCU nos processos de TC-23.782/2006-4 (Acórdão 114/2007 – Plenário – relator: Min. Benjamin Zymler. DOU de 09.02.2007) e TC-011.285/2006-6 (Acórdão 58/2007 – Plenário – relator: Min. Benjamin Zymler. Data da ses-são: 31.01.2007).

O TCU entende que a publicidade ou não dos orçamentos é decisão que cabe ao gestor. Assim, no Acórdão 114/2007 está consignado:

(...)na licitação, na modalidade Pregão, o orçamento estimativo em planilhas e preços unitá-rios não constitui um dos elementos obrigatórios do edital, devendo estar inserido obrigatoria-mente no bojo do processo relativo ao certame. Ficará a critério do gestor, no caso concreto, a avaliação da oportunidade e conveniência de incluir esse orçamento no edital ou de informar, no ato convocatório, a sua disponibilidade aos interessados e os meios para obtê-lo.

No mesmo sentido está registrado em Questões Práticas – BLC – maio de 2007, página 493. O periódico lembra, entretanto, que a divulgação da pesquisa de preços “demonstrará às eventuais licitantes que a Administração é cautelosa e que está ciente da realidade mercadológica”.

Não obstante, à firme posição adotada pelo TCU nas orientações supra, persistimos en-tendendo de forma intercalar em relação ao tema. Ou seja, não pensamos que a regra de incidência seja o artigo 40, § 2º, II, da LGL. Não é isso. Mas, em nosso sentir, a revelação do orçamento estimativo, que integra a etapa preliminar do procedimento, é algo que não pode ser subtraído do princípio da publicidade. Havendo postulação de licitante (ou de quem quer que seja) para conhecimento da informação, ela não pode ser negada. Aliás, o próprio TCU reconheceu a necessidade de se conferir publicidade ao orçamento em determina-das situações. Este entendimento está registrado no Acórdão 697/2006 (Plenário – DOU 15.05.2006 – relator: Min. Benjamin Zymler) onde se lê

(...) Em conclusão, deve ser determinado ao Ministério das Cidades que junte aos editais de licitação os orçamentos-base com valores determinados e com os custos unitários componentes dos valores de forma aberta, como estabelecido pelo art. 7º, § 2º, inciso II da Lei n.º 8.666/93, de forma a se evitar a repetição da ocorrência verificada no Pregão Eletrônico n.º 20/2005,

[16] Art. 40. (...) § 2º. Constituem anexos do edital, dele fazendo parte integrante: (...) II – orçamento estimado em pla-nilhas de quantitativos e preços unitários;

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ocujos do orçamento-base eram imprecisos e não foi dado aos licitantes a composição dos custos unitários, dificultando a elaboração das propostas de preços. (...)

Alguns imaginam que a ocultação de tal informação se traduza num trunfo para a negocia-ção. E talvez não deixem de ter razão. Portanto, o tema pode (e deve) ser equacionado à luz do caso concreto.

Assim, a liberdade ou faculdade dada ao gestor para divulgar ou não o orçamento estimati-vo é algo que deve ser bem manejado na condução do procedimento.

Registremos que nem sempre o orçamento estimativo deve ser expresso em “planilhas” como sugerem os textos dos regulamentos da Lei do Pregão (art. 8º, III, “a” e 9º, § 2º dos Decretos 3.555/00[17] e 5.450/05[18], respectivamente).

definição dos méTodos e esTraTéGias de suprimenTo O Termo de Referência deverá ainda, conforme o caso, dissecar a definição dos métodos e das estratégias de suprimento. Isto irá depender de cada objeto específico.

Há produtos que têm prazo de validade mais curto e que, por isto, não deverão ser estocados por grandes períodos (é o que se passa com alguns testes de laboratório, por exemplo, que geralmente têm prazo de validade de 3 a 6 meses, no máximo), o que imporá entregas me-nores, mas em maior freqüência.

Pode-se pensar que a aquisição de papel sulfite (A4, 75g/m², branco, 210x297mm.) seja algo bem simples.

Bem, pode ser ou não. Depende das circunstâncias.

Imaginemos que a Unidade Administrativa adquirente atue perante 900 (novecentas) cida-des e tenha suas aquisições centralizadas na capital de um Estado. Pode ser que aquela sim-ples aquisição de papel exija que a distribuição (entrega) do produto se operacionalize por regiões, em tantos pacotes de tantas resmas, embalados da forma “x” ou “y”, em horários “a” ou “b”, em períodos “c” ou “d”.

O exemplo está a mostrar que a estratégia e o método de suprimento são por demais im-portantes e devem constar do Termo de Referência.

[17] Art. 8º. A fase preparatória do Pregão observará as seguintes regras: (...) III – a autoridade competente ou, por dele-gação de competência, o ordenador de despesa ou, ainda, o agente encarregado da compra no âmbito da Administração, deverá: a) definir o objeto do certame e o seu valor estimado em planilhas, de forma clara, concisa e objetiva, de acordo com termo de referência elaborado pelo requisitante, em conjunto com a área de compras, obedecidas as especificações praticadas no mercado;

[18] Art. 9º. (...) § 2º. O termo de referência é o documento que deverá conter elementos capazes de propiciar avaliação do custo pela administração diante de orçamento detalhado, definição dos métodos, estratégia de suprimento, valor es-timado em planilhas de acordo com o preço de mercado, cronograma físico-financeiro, se for o caso, critério de aceitação do objeto, deveres do contratado e do contratante, procedimentos de fiscalização e gerenciamento do contrato, prazo de execução e sanções, de forma clara, concisa e objetiva.

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Outro exemplo, agora real, em torno do foco ora abordado. Imaginemos a aquisição de cadeiras ergonômicas. Pode ser que a entrega, montagem e instalação tenha que se dar em locais distintos, em horários pós-expediente, em finais de semana, para não prejudicar os trabalhos da repartição pública.

A especificidade do objeto é que determinará, assim, o detalhamento das circunstâncias a serem elevadas à categoria de obrigações.

cronoGrama físico-financeiro (quando o caso)O Termo de Referência deve trazer ainda, quando cabível, o cronograma físico-financeiro, ou seja, como se darão os pagamentos durante a execução do respectivo contrato. Neste sentido cumpre-nos lembrar da regra (que, como tal, comporta algumas exceções[19]) de proibição de pagamento antecipado prevista nos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/64, bem assim dos artigos 40, § 3º, 55, III e 65, II, “c” da Lei 8.666/93.

Assim, o cronograma físico-financeiro deverá prever pagamentos a cada entrega (nos con-tratos de fornecimento) ou após a realização de cada parcela da obra ou do serviço, devendo restringir-se sempre aos quantitativos ou parcelas efetivamente entregues, construídos ou de serviços prestados.

criTério de aceiTação do objeTo. deVeres das parTes. fiscalização e GerenciamenTo do ajusTeAs condições para a entrega, a forma de acondicionamento e transporte dos objetos, a (des)necessidade de montagem ou de instalação de determinados objetos, são também de disci-plinamento necessário no Termo de Referência.

Os deveres das partes e a fiscalização e gerenciamento dos contratos, com indicação de responsável (na unidade administrativa) para o acompanhamento dos contrato, igualmente devem constar do Termo de Referência.

O Termo de Referência deverá contemplar, ainda, outras condições que se mostrem legí-timas à vista de uma correlação lógica e razoável estabelecida entre o objeto e as exigências feitas para a sua aceitação.

Não vem ao caso pormenorizar o objeto, mas é factível a existência de exigência de tal or-dem e grandeza – em relação a aceitação do objeto – que acabe por afastar concorrentes. A conduta certamente é inaceitável porquanto fere a competitividade, princípio norteador do Pregão, e outros valores prestigiados pela sistemática das aquisições públicas.

Decorre de tudo o que se viu até então que os deveres das partes (contratante e contratado ou, se preferir, Administração e administrado) hão de ser explicitados. É regra natural de

[19] Sobre as exceções à regra de proibição de pagamentos antecipados, recomendamos leitura de “Questões Prá-ticas”, BLC, Junho 2005, p. 461-462.

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otodo e qualquer ajuste (na tradicional classificação dos contratos considerados em si mes-mos) bilateral e/ou[20] sinalagmáticos.

Igualmente a fiscalização e gerenciamento do contrato são temas inarredáveis do Termo de Referência até mesmo por uma questão toda lógica.

A matéria encontra disciplina especial no artigo 67 da Lei Geral de Licitações que vale conferir:

Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a esta atribuição.§ 1º. O representante da Administração anotará em registro próprio todas as ocorrências re-lacionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados.§ 2º. As decisões e providências que ultrapassarem a competência do representante deverão ser solicitadas a seus superiores em tempo hábil para a adoção das medidas convenientes.

Não basta à Administração Pública envidar esforços inestimáveis na elaboração de um Ter-mo de Referência captar com enorme dificuldade as informações de mercado em torno de um objeto, no tocante ao preço (obtenção do valor estimado), esforçar-se para levar adiante um dificultoso procedimento em sua etapa externa (realizando diligências, por exemplo), se não se acautelar no instante da execução do ajuste.

Por isso há a figura do gestor dos contratos. Por isso há a comissão de recebimento de material ou de serviços, cuja atuação se mostra por vezes obrigatória e não facultativa.

O assunto é tão sério e importante (gestão de contratos) que num Município de São Paulo a preocupação com o tema foi alvo de destaque perante a Administração Pública. Ali se chegou ao brilhantismo louvável de se criar, por lei é claro, cargos de gestor de contratos integrando o quadro do funcionalismo local. Ou seja, profissionalizou-se a gestão dos contratos[21].

[20] Para aqueles que gostam do debate, há discórdia doutrinária acerca dos contratos bilaterais e sinalagmáticos. Uns entendem se tratar da mesma coisa (por isso não utilizaríamos o conectivo “e” e sim o disjuntor “ou”). Outros, todavia, imaginando o oposto, professam que a diferença marcante estaria que nos primeiros a ca-racterística preponderante reside na produção de efeitos para os contratantes e, em relação aos segundos, na imputação de causalidade entre eles. A todo modo, sinalagma expressa obrigação correlata ou recíproca. Mas não pensemos que a discussão se instaure apenas no meio acadêmico. Há reflexos práticos derivados da conceituação respectiva. Para se ter idéia do que falamos, somente nos sinalagmáticos (que são ajustes bilate-rais) é possível a invocação da exceptio non adimpleti contractus porque o instituto (é mais do que óbvio) é totalmente incompatível com a estrutura dos contratos unilaterais.

[21] Lei Municipal 5.800, de 29.12.2000 – Pub. 29.12.2000. Município de São José dos Campos, São Paulo. Para ilustrar a citação ao leitor, deixamos a respectiva ementa e alguns excertos: “Cria 15 (quinze) cargos de Gestor de Contratos e dá outras providências. O Prefeito Municipal de São José dos Campos faz saber que a Câmara Municipal aprova e ele sanciona e promulga a seguinte Lei: Art. 1º. Ficam criados 15 (quinze) cargos de Gestor de Contratos de provimento em comissão, Padrão 21 da tabela de cargos de provimento em comissão da Prefeitura Municipal e com

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prazo de eXecução O Termo de Referência haverá de contemplar, ainda, o prazo de execução do ajuste por imperativo óbvio, naturalmente como decorrência inafastável dos contratos bilaterais.

Também aqui as especificidades do objeto é que determinarão uma ou outra sorte de exigên-cias. Estas, por certo, migrarão do Termo de Referência para o contrato (ou seu substituto, quando o caso) na forma de obrigações das partes.

sanções O tema sanções – poderiam alguns pensar – não é assunto para o Termo de Referência. Não é assim.

Primeiramente, lembre-se que toda e qualquer sanção (pertença ao Direito Administrativo, ao Direito Penal, ao Direito Civil ou onde for) abraça a teoria da tipicidade. Isso hoje é decorrência do Estado de Direito (art. 5º, XXXIX, da Constituição Federal) e seguramente é herança de postulado secular[22] (nullum crimen, nulla poena sine praevia lege. Em tradução livre: não haverá crime nem pena sem prévia previsão legal) que ao nosso sistema normativo se agrega por expressa disposição legal (§§ 1º e 2º do art. 5º citado).

A lei, portanto, é o anteparo genérico e abstrato de eventuais condutas e comportamentos que, verificados no campo factual, traduzir-se-ão em ilícitos passíveis de punição.

Ou seja, previstas em norma legislada por hipótese, a advertência, a multa, dentre outras sanções, toca à Administração Pública carrear para a zona punitiva ou de vedações as con-dutas que ali aperfeiçoarão o comportamento censurável.

Tudo dentro de uma parametrização igualmente prevista em lei ou albergada por princí-pios que informam a região das salvaguardas individuais (de onde se resgata, por exemplo, a dosimetria da punição, a proporcionalidade das reprimendas, a razoabilidade, dentre outros valores).

carga horária semanal de 40 (quarenta) horas. Parágrafo único. São atribuições do Cargo de Gestor de Contratos: I- administrar todos os contratos da Secretaria a que estiver subordinado; II – planejar e gerir a execução do orçamento da Secretaria a que estiver subordinado, responsabilizando-se pelo cumprimento das normas em vigor, especialmente as constantes da Constituição Federal, da Lei Complementar nº 101 de 04 de maio de 2000, da Lei nº 4.320 de 17 de março de 1964 com suas posteriores alterações, da Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993 com suas posteriores alterações e das diretrizes emanadas dos Tribunais de Contas”. (...)

[22] Resquícios de tal postulado podem ser coletados na Magna Carta Libertatum do ano de 1215 (art. 39), seguindo-se o Petition of Right (1628), Bill of Rights (1689) e Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (1789). Neste último Documento se lê: Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e eviden-temente necessárias, e ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada.

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Por tudo o que se viu até então, revela-se intuitivo que a elaboração do Termo de Referência pode não ser tarefa das mais singelas. A complexidade de tal mister se en-contrará intimamente ligada à singeleza ou não do objeto

que estiver em questão. Lembremos, por oportuno, dos exemplos aqui já deixados (aquisição de papel sulfite, A4 etc). A depender de diversas circunstâncias, pode ser que o objeto se veja cercado por sin-gularidades que conduzirão à complexidade do Termo de Referência (no tocante à explicitação de seu conteúdo).

Pensamos que todas as dificuldades encontráveis na elaboração do Termo de Referência podem (devem) ser afastadas, a começar pela compreensão vetorial e sistemática de seu conteúdo.

Queremos dizer que a elaboração do Termo de Referência é algo que não se compartimentaliza com exclusividade a um setor admi-nistrativo apenas (normalmente o setor requisitante).

Com efeito, o Termo de Referência abarca temas (e conteúdos) res-peitantes à etapa interna, mas também se projeta no procedimento para a etapa externa, para a execução e também para o controle.

Assim, a partir de uma espécie de “modelo pré-configurado e padro-nizado” do Termo de Referência, temos insistido na sua elaboração multisetorial quando possível.

Para sermos mais específicos: os setores envolvidos (todos, sem ex-ceção) pelo objeto devem, quando o caso, participar da elaboração do Termo de Referência, porquanto as informações que serão con-densadas no respectivo documento são informações muitas vezes difusas, não encontráveis ou detectáveis por um único setor de uma estrutura administrativa.

elaboração do Termo de referência:

aTiVidade compleXa

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V alemo-nos da expressão “atores no Termo de Referên-cia” para designar aquelas pessoas que têm um papel a cumprir em relação a ele.

Pensamos ser importante investigar o assunto porque, às vezes, se depara com o desconhecimento em relação ao “quadro de alçadas decisórias” de uma unidade administrativa. Ou seja, não se sabe quem é quem. Na prática: quem requisita? quem cota ou orça? quem define o objeto? quem aprova o procedimento? quem elabora o TR? Etc. Ou, por palavras mais técnicas, em muitas ocasiões é opa-co o status do agente competente para a prática de determinado ato.

Explicamo-nos mais ainda: por vezes a Lei (ou o regulamento) não é explícito e claro em relação ao exercício de certas atribuições e ocor-re ainda, em tais casos, que a matéria não é alvo de disciplina interna na Administração Pública. E face a isso, tem-se cenário propício para que não se saiba “quem faz o que”, criando-se – não raro – um panorama de atribuições impertinentes.

Exemplo do que falamos (impertinência de atribuição) ocorre quan-do se imputa ao pregoeiro a realização desta tarefa.

É preciso dizer com outras palavras: a elaboração do TR não é papel típico ou tarefa a ser acometida ao pregoeiro. Tampouco a função toca à Comissão de Licitação ou ao Apoio.

Basicamente precisamos destacar aqui:

quem elabora o Termo de Referência e •

quem o aprova.•

Em relação ao tema (s), já antecipamos que a respectiva tarefa não necessita ser fidelizada ao “órgão requisitante”, como expressamente estabelece o inciso I do artigo 9º do regulamento do Pregão Eletrô-nico (Decreto 5.450/05).

aTores no Termo de referência

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O estabelecimento de um responsável e o desenvolvimento do Termo de Referência com coordenação multisetorial quando cabível, pode ser medida bem interessante.

Assim dizemos porque nem sempre o “requisitante” detém as informações (e o conhecimento técnico) necessárias e suficientes à formatação do documento final (o Termo de Referência).

Também para homenagear o princípio da segregação de funções na Administração Pública, é conveniente que a autoridade competente reserve para si (ou outrem que não aquele que elaborará o Termo de Referência) a competência para sua aprovação e trespasse como neces-sário a tarefa de feitura daquele Termo de Referência.

Tal delegação poderá, conforme o caso, decair sobre o ordenador de despesas ou pelo encar-regado das aquisições, conforme a estrutura administrativa assim o permita.

E assim o fazendo, a autoridade competente se libera para exercer em sua plenitude o papel que a Lei lhe reserva, justificando a necessidade da contratação (art. 3º, I da Lei 10.520/02) e aprovando o respectivo Termo de Referência de forma motivada.

De tudo o que já estudamos, é possível verificar que ainda que haja uma única pessoa que se encarregue da feitura do Termo de Referência, este é um documento que envolve muitos “atores”. Embora para estes a legislação não tenha um nome específico, podemos afirmar com certeza que são diversos os colaboradores para a confecção segura do documento.

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Da mesma forma que é possível (porque necessário em certas circunstâncias) licitar um projeto básico, igual-mente pode ser necessário (e é possível) instaurar cer-tame que vise a confecção (elaboração com todas as

suas dimensões) de um Termo de Referência.

Aliás, podemos ir além. Pode ser que a elaboração do Termo de Re-ferência passe até mesmo pelo caminho da inviabilidade de instau-ração de procedimento competitivo, sugerindo-se a perseguição do rito exposto no artigo 26 da Lei 8.666/93 (formalização de contra-tação direta).

Para não ficarmos sem referencial pragmático suponha-se que a Ad-ministração Pública não detenha estrutura humana hábil à formata-ção de um Termo de Referência na área de tecnologia da informação.

Ora, como desenvolver um Termo de Referência, no caso, sem con-tar com apoio e assessoramento (serviços) externos?

De tal modo, bem é possível que se contrate (diretamente ou não) apenas para elaborar o Termo de Referência. Em tal caso, a Ad-ministração estará contratando serviços em princípios técnicos, nos moldes do previsto no artigo 13, incisos I e III, da Lei de Licitações, podendo gerar a situação já anunciada de para tal setor trazer os artigos 25 e 26 do mesmo diploma legal (contratação direta por inexigibilidade).

modelos suGesTiVos (aneXos i, ii e iii)Preliminarmente não se pode dizer que haja um Termo de Refe-rência perfeito; este, aliás, não pode e nem deve ser avaliado sob tal aspecto. A sua presteza e utilidade serão elementos vitais para referido documento. A sua função, como já fizemos constar aqui, é finalística.

liciTação do Termo de referência

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Com o intuito único de fomentar e disseminar as idéias lançadas neste escrito, entendemos por bem deixar aos leitores e usuários deste trabalho 3 (três) documentos referenciais.

Assim, tomamos a liberdade de nos apropriar – para fins de estudos e investigações – de Termos de Referência que podem servir como apoio para estudos futuros.

O primeiro Anexo (Anexo I), no entanto, é condensado e traz os principais conteúdos. O simples preenchimento dos assuntos destacados já será um bom passo para se ter a noção mínima de tudo o que se faz necessário para a consecução do objetivo da Administração Pública. Queremos dizer, assim, que o Anexo I contém os elementos mínimos que devem ser tratados por um dado TR, a depender por certo das circunstâncias presentes.

Os dois outros Anexos (Anexos II e III) cuidam, respectivamente, de casos concretos.

Um deles (Anexo II) provém do TCU e o outro (Anexo III) da Unidade Administrativa a que pertencemos (o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais).

Sentimo-nos no dever de esclarecer que um dos critérios que tomamos em mãos para repro-duzir aqui ditos Termos de Referência é o habitual zelo com que tais órgãos conduzem as suas manifestações e exteriorizações administrativas e jurisdicionais.

Além disso, e para não falar da nossa própria, dizemos que o âmbito de atuação da citada Corte de Contas se assemelha a um guarda-chuva aberto, sob o qual pedagogicamente se aninha significativa parte das atividades administrativas brasileiras.

A idéia foi, enfim, com a apresentação de tais TR’s, permitir mais facilmente a apropriação pragmática de todo o conhecimento que se deixou no decorrer do trabalho.

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Termo de referência Sugestão de conteúdo (mínimo)

Elaboração multisetorial

ContEúdo FundamEnto lEgal [PrEEnChEr]

unidade requisitante lei 10.520/02, art. 3º, I.

responsável pela Emissão do tr lei 10.520/02, art. 3º, I e III.

objeto lei 10.520/02, art. 3º, II.

Justificativa lei 10.520/02, art. 3º, I e III.

Condições de garantia/assistência técnica do objeto

lei 10.520/02, art. 3º, III.

Valor Estimado da Contratação (o orçamento pode estar fora do tr; as planilhas respectivas podem ser anexos)

lei 10.520/02, art. 3º, III.

dotação orçamentária objeto de gasto

lei de responsabilidade Fiscal – lei Comple-mentar 101/00, art. 16, em especial.

Condições de habilitação ( ) artigo 4º, XIII da lei 10.520/02, além de outras, se necessárias (relacioná-las).

lei 10.520/02, art. 3º, I, II e III; art. 4º, III.

Condições de recebimento do objeto

arts. 4, XVI e 73 a 76 da lgl – lei 8.666/93.

Prazo de Entrega art. 3º, I da lei 10.520/02.

local de Entrega (endereço completo) gerência responsável (ou setor equivalente): endereço, telefone, horário etc.

aneXo i Termo de referência

padrão (sinTéTico)

X

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ContEúdo FundamEnto lEgal [PrEEnChEr]amostras – ( )sim ( )não

Prazo _________________________

local __________________________

Contato ________________________

art. 43, § 3º da lgl.

laudo técnico – ( ) sim ( )não

Especificar: _____________________

art. 43, § 3º da lgl.

obrigações da Contratada art. 3º, I da lei 10.520/02 (cláusulas do contrato).

obrigações da Contratante art. 3º, I da lei 10.520/02 (cláusulas do contrato).

Sanções administrativas: arts. 3º, I, e 7º, da lei 10.520/02.

• Penalidade de advertência aplica-da por _______.

• a multa será aplicada por ______.

• a multa diária em ____% sobre o valor do faturamento mensal / nota de empenho por atraso injustifica-do na execução do contrato.

• a multa em ____% sobre o valor do faturamento mensal / nota de empenho por inexecução parcial das obrigações contratuais.

• a multa diária em ____% sobre o valor do contrato por inexecução total das cláusulas contratuais.

garantia Contratual a contratada prestará garantia con-tratual no valor equivalente a ___% (_____ por cento) do valor global estimado do contrato.

obs. limite máximo de 5%.

art. 56, §§ 1º a 5º da lgl.

outras Informações art. 40, XVII da lgl.data:__________________________________________________________________________________

local:_________________________________________________________________________________

assinatura:_____________________________________________________________________________