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TERÇA-FEIRA | 25 SET 2018 pt.santanderadvance.com Mais fortes no apoio às empresas e negócios. O Santander e o tecido empresarial de , mais fortes para o futuro. Publicidade Paulo Duarte Sprechen sie deutsch? Vila Nova de Famalicão já foi apelidada de “capital das empresas alemãs”. Sete das maiores empresas do município exportam para este país. INDÚSTRIA PNEUS AGRÍCOLAS VÃO AJUDAR A RODAR ATÉ AOS MIL MILHÕES INOVAÇÃO O KORTEX QUE VAI LIGAR OS “NEURÓNIOS” DE FAMALICÃO negócios é Portugal

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TERÇA-FEIRA | 25 SET 2018

pt.santanderadvance.com

Mais fortes no apoio às empresas e negócios.O Santander e o tecido empresarial de ������������� ������, mais fortes para o futuro.

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Sprechensie deutsch?Vila Nova de Famalicão já

foi apelidada de “capitaldas empresas alemãs”.

Sete das maiores empresasdo município exportam

para este país.

INDÚSTRIAPNEUS AGRÍCOLAS VÃO AJUDARA RODAR ATÉ AOS MIL MILHÕES

INOVAÇÃOO KORTEX QUE VAI LIGAR OS“NEURÓNIOS” DE FAMALICÃO

negócios é Portugal

Fonte: Informa D&B, IEFP, INE, Pordata

om uma vocação ex-portadora, Vila Novade Famalicão já foiapelidada de “capitaldas empresas alemãs”.

Em 1973, a Leica chegava ao Valedo Ave – é a única fábrica da marcaforadaAlemanhae hácinco anos acasa-mãe inaugurou ali uma novaunidade, onde investiu mais de 22milhões de euros; a ContinentalMabor,queproduzpneusparamaisde 60 países, é a maior empresa doconcelho, empregando mais de2.000pessoas;e,nomundotêxtil,aOlbo&Mehlerfiguracomodécimamaior exportadora.

Se muito do capital é alemão

neste enclave minhoto, olhandopara as dez grandes empresas domunicípio, sete têm no exterior osseus principais mercados (Alema-nha incluída), segundo os dados de2016 da Informa D&B.

No ano passado, Famalicãoapresentouumsaldodeexportaçõesde quase dois mil milhões de euros,de acordo como Instituto Nacionalde Estatística. Dessatranche, pertode800milhõeseurosprovinhamdaactividade da Continental Mabor,um gigante que lidera com grandedistância o tecido de 3.989 empre-sas do município. Se, em 2016, a fá-brica de Lousado facturou mais de830 milhões de euros, a Coindu, a

segundamaiorempresadalista(quetambém abastece a indústria auto-móvelenasceuem1988,sobocapi-taldoalemãoGünterStichter),“só”chegou aos 165 milhões.

A olear a máquina famalicenseestáaproximidadeaoaeroportodoPorto e ao terminal de Leixões, etambémumamão-de-obraenqua-

drada nas carências da indústria –foi na freguesia de Lousado que seinstalouumadas primeiras escolasprofissionais do país, a Forave, em1990 –, mas que nos últimos anostem dado sinais de escassez.

Embora ainda nenhum nomeda metalomecânica surja destaca-dopelasvendaseexportaçõesnalis-tadasmaioresempresasaqueoNe-góciosteveacesso,osectortambémtemreveladoumcrescimentosigni-ficativoemVilaNovadeFamalicão,através da actividade de empresascomo a ROQ ou a AMOB. Entre2015e2016,asexportaçõesdosec-torsubiramde139milhõespara151milhões de euros. �

RETRATO

RÚBEN SARMENTOInfografia

Famalicão sobressai no mapa nacional com um terceiro lugar nas exportações e uma balançacomercial invejável. Os sectores automóvel, têxtil, agro-alimentar e da construção dominam.

E se nãohouvesse alemães?

cNOTA: A elaboração do “ranking” resulta da metodologiade análise da Informa D&B. A informação financeira consi-derada é baseada no balanço e demonstração de resulta-dos individual e respectivos anexos financeiros publicadose existentes na base de dados Informa D&B. As empresasforam classificadas em 13 sectores de actividade, excluin-do-se o sector financeiro e a Administração Pública, assimcomo as entidades sem empregados e as empresas offsho-res. Foram excluídas as empresas que não publicaram oudisponibilizaram a informação necessária. São apenas con-sideradas as empresas que se encontram activas.

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á um certo secretis-mo em torno dasoperações daConti-nental Mabor. Maisde 90% do processonãopodeserfotogra-

fado e as patentes de Lousado ficamno silêncio. Regras são regras, nãofosse aempresade origemalemã.

Nafábricafamalicense,acoque-luche do momento é a LousAgro, anovaunidadedeproduçãodepneusagrícolas, umsectorque alguns tra-balhadores já conhecem do tempoda operação a solo da Mabor. “AContinental saiu dos pneus agríco-las em2005, mas voltouaequacio-nar, porque é uma área em francodesenvolvimento. Fez-se um con-curso a nível mundial e Portugal fi-cou na short list, com a Roménia eaEslováquia.Lousadonãofoiesco-lhida pelos custos da mão-de-obra–atéporqueestespaísestinham-namais barata –, mas pela qualidade,e por sermos uma equipa coesa ecomexpertise,porquemuitoscole-gas já tinham trabalhado no sector.Depois,conseguimosincentivosdoEstado português”, descreve PedroCarreira, que deixouTimisoaraem2013 para liderar este complexo.

Há um ano arrancou a produ-ção em série do segmento agrícola,mas o impacto na empresa apenasserá avaliado no fecho do ano. Nomundo dos ligeiros, que ocupa ogrossodonegócio,“tudo”mudounaconcepção e produção de umpneu.“Hámuitoquedeixoudeserapenaso veículo de ligação do automóvelao solo para ser algo cada vez maisvital para o conforto do condutor”,notaPedroCarreira.Aempresaquenão quiser perder terreno tem, porisso, de apostar na conectividade,engendrando sensoresqueemitam

informaçõesdesdeapressãoaodes-gaste ou à temperatura.

Não vamos ver sensores, masArmando Estevão, director de en-genhariaindustrial, guia-nos numavisita ao colosso fabril de Famali-cão. Na Continental há 28 anos ecomumpassado industrial noutrasáreas,dizquenuncaconheceu“umaindústria com tanta densidade deequipamento como esta”. Não há,de facto, muitos espaços vagos nes-tes 236.000 metros quadrados deárea coberta. “A fábrica está a ex-

pandir desde que existe”, graceja oengenheiro. E se não há espaço noexterior, cresce internamente. “Avariedade[deprodução]étantaquejá não há espaço no chão; temos decresceremaltura”,afirmaorespon-sável, enquanto compostos de bor-racha deslizam no andar superior.

A meio da fábrica, já depois damisturação de compostos e da pre-paração de materiais a quente e afrio, em que são feitos os talões, pi-sos e paredes de cada peça, metrosemetrosdepisossobemporumro-

lamento automático, sob o calorfa-bril. Dali saem milhares de “pneusemcru”, “tudo igual, mas tudo dife-rente”, até porque há11 misturado-rasecentenasdesoluçõespossíveis.No total, saem de Lousado mais de18 milhões de pneus por ano.

Crescer sobre 820 milhõesEm2017, umnovo recorde de ven-das bateunos 878 milhões de euros(em2016,foramquase831milhões,segundoosdadosdaInformaD&B,e o objectivo é chegar aos mil mi-

INDÚSTRIA

Pneus agrícolasvão ajudar a rodaraté aos mil milhões

RUTE BARBEDO

HSozinha,a Continental Maborfactura mais do queas nove empresas doconcelho que lhetentam seguir osnúmeros. A sua novacoqueluche são ospneus agrícolas.

As operações na fábrica

da Continental Mabor,

que chegou a Portugal

em 1990, são rodeadas

de um certo secretismo.

Mais de 90% do processo

não pode ser fotografado.

A coqueluche do momento

é a LousAgro, a nova

unidade de produção

de pneus agrícolas.

lhões entre 2020 e 2022). Os resul-tados líquidos, no entanto, forammenos brilhantes – “ficaram 6,3%abaixo dos de 2016”, nos 211,6 mi-lhões de euros – travados pelo au-mento do preço das matérias-pri-mas e pela soma dos grandes inves-timentos.

DesdequeaContinentalchegouaPortugal, em1990, até ao ano pas-sado, somaram-se 820 milhões deinvestimento,300milhõesdosquaisnos últimos cinco anos. À volta dospavilhões,continuaobatimentodas

obras, crescem infra-estruturas eacessos (uma das longas lutas daContinental, que chegou a ameaçarrecuar caso não se melhorassem asacessibilidades à fábrica). No planoimaterial, espera-se aindaque 2018sejao“grandeanodarecolhadosfru-tos” naáreadainovação. Aideianãoé apenas dizer “Engineered in Ger-many,PortugueseQuality”,comoselê na T-shirt de um dos trabalhado-res,masmostrarqueoquesecriaemPortugal pode ser implementadonoutras das 20 fábricas do grupo.

Voltamosàprodução.Depoisdeconstruídasascarcaças,quesãouni-das aos “breakers”, cintas têxteis episos, os pneus entram nas mais de260 prensas vulcanizadoras. Só fal-ta a inspecção final, que, não tarda,será 100% automática, tal como jáacontece mais à frente, onde Kuka4 e Kuka 3 descem os braços robó-ticos sobre os pneus embreve pron-tos a seguir em camiões para maisde 60 países. Tinha pensado emtudo isto antes de pôr o carro a tra-balhar? �

808MILHÕES DE EUROSFoi o valor dasexportações em 2016,mais de 70% para omercado comunitário.

1990O INÍCIOA alemã Continentalchegou a Portugal,investindo mais de800 milhões até 2017.

62MILHÕES DE EUROSforam investidos em2017 na fábrica deLousado, a maiorparte na LousAgro.

A nova unidade agrícola de-veráatingiracapacidade má-xima até 2023 e, aísim, a Ale-manha perceberá o que re-presentou esta aposta emLousado, a fábrica que já foicinco vezes distinguida comoa melhor do grupo.

Quais são os vossos trunfosno mercado global? O custoda mão-de-obra continua aser uma chave?Competimos com países cuja

mão-de-obra é bem mais bara-ta do que a nossa. A chave temsido a eficiência da nossa fábri-ca. Permitiu-nos até hoje ga-rantirque os pneus são compe-titivos quando comparadoscom outros países, daí conse-guirmos continuar a atrair in-vestimentos em detrimento depaíses cujamão-de-obraé maisbarata ou cujos impostos sãomais baixos.

Passam agora dez anos so-bre o início da crise. Como éque esse período se fez sen-tir na Continental Mabor e oque foi prioritário em ter-mos de estratégia?Assegurámos a continuidade

dos investimentos, mantive-mos os postos de trabalho,apostámos na qualificação doscolaboradores e diversificámosos produtos e o seu destino.

A unidade de Lousado con-tinua a crescer, tanto emárea como em trabalhado-res. Onde querem chegar?Se em área não iremos ex-

pandir muito mais, em núme-ros, com o desenvolvimento donovo negócio Agro queremoscontinuar a crescer, mas falaraté onde é muito prematuro.

Háinovações exclusivamen-te “made in Lousado”?

Muitas. Temos o Gabinete deInovação, no qual as ideias têmsido desenvolvidas e depoispassadas para outras fábricasdo grupo na área de software,máquinas e processos. E pro-duzimos inovação também nosegmento agrícola.

No Verão passado, foramconsiderados pela quintavez consecutivaamelhorfá-brica de produção de pneusligeiros do grupo. O que di-ferencia Lousado das res-tantes unidades?O facto de sermos portugue-

ses e de termos espírito de ino-vadores e de “desbravadores”,aliado, sem dúvida, ao espíritode equipa dos nossos colabo-radores, que existe desde a pri-meira hora e que tem sidomantido ao longo dos tempos.

No início do ano surgiramnotícias sobre a reestrutu-ração do grupo. Há modifi-cações que possam afectaras operações em Portugal?Foram anunciados passos re-

lativos à reorganização do gru-po, que em nada afecta a nos-sa operação em Lousado. Na-turalmente, mantemo-nosatentos a esta reorganização,mas estamos tranquilos. �

“Competimos commão-de-obra bemmais barata”

PERGUNTASA PEDRO CARREIRAPresidente do conselho de administração

da Continental Mabor

Queremoscontinuara crescer, masfalar até onde éprematuro.PEDRO CARREIRAPresidente do conselho deadministração

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m1927,doisteareseum moinho davaminícioaumpercursofamiliarque haveriade desembocarnumatramadeteci-dos. Hoje, a quarta

maior exportadora de Famalicãotestasistemas de visão artificial, in-veste em tecnologia para reduzir aabsorçãodecheirosepermitiralim-peza fácil e passeia pelas ruas daAlemanhae do Japão, entre outros50 países.

98% das criações têxteis origi-nais de Pousadade Saramagos têmcomo destino o exterior. E não éapenas porque, comaglobalização,exportar se tornou imperativo. Jánofinaldosanosde1950,JoséDiasdeOliveira,ofundadordaempresa,iniciavatrocas como mercado nór-dico, que hoje se mantém compra-dor,oprincipalnaslinhasdepensa-mento ecológico, como a Tenowa,feitaapartirde tecidos reciclados evencedoradoprémioInovaçãodes-te ano, atribuído pela COTEC.

A sustentabilidade é algo emque os 18 trabalhadores do centrode investigação e desenvolvimentoda Riopele – “o orgulho” do actualpresidente, José Alexandre Olivei-ra, neto do fundador – não podemdeixar de pensar. Mas o esforço noplano ambiental terá de ser “aindamaior”,afirmaoadministradorBer-nardino Carneiro. Processos que“gastem menos água, menos ener-giaequeincorporemmenosprodu-tos químicos” são obrigatórios.

Não é de estranhar, por isso, oinvestimentodecercadeummilhãode euros num parque fotovoltaicojuntoàunidadedefiação,quedeve-ráestarconcluídonoiníciode2019.Alguns dos veículos agasóleo estão

asersubstituídos poreléctricos, e otrabalho diário, organizado emtrêsturnos, é monitorizado por um sis-temaquevisaaumentaraeficiênciaenergética. Emnome do ambiente,mas também das contas, claro.

Um buraco a remendar-seEntre urdideiras, cardadeiras, tea-res e râmolas, tudo segue a grandevelocidade. Mas, perante cerca de75 milhões de euros de facturaçãoconsolidada (contando com a RFS– Riopele Fashion Store), a Riope-

le flutua num barco de mais de 70milhõesdeeurosdedívida.“Tínha-mos[umadívidade]96milhõesem2012 e a nossa perspectiva, para ofinal do ano, é chegar à volta dos 74milhões de euros. Aindaé um valorelevado, mas é sustentável”, consi-dera Bernardino Carneiro.

O furo começou na tempesta-de da crise, mostrando o verdadei-ro diâmetro entre 2012 e 2013, al-tura em que a empresa avançoucom uma reestruturação. Era mu-dar ou morrer. De um grupo de

mais de 15 accionistas – o que difi-cultava a gestão – a liderança (e ocapital) passou a ser assumida porJosé Alexandre Oliveira. Foi oprincípio de um novo capítulo.“Tudo leva a crer que vamos com-pletaro sexto ano de resultados po-sitivos. Temos feito um caminhointeressante, apesar de o ponto departida ser complexo”, reconheceBernardino Carneiro.

Estafoiumadasfasesmaismar-cantes.Masoutras,anteriores,tam-bém contribuíram para a sobrevi-

INDÚSTRIA

A emersão lentada Riopele

RUTE BARBEDO

EAos 91 anos, a quartamaior exportadorado concelho está aconstruir um parquefotovoltaico, aestudar a entradanos tecidos técnicose a encetar uma“joint-venture” coma Índia.

vênciadatêxtil: as exportações pre-coces;asfibras“querevolucionaramos conceitos de vestuário e demoda”; e, nos anos de 1990, aevolu-ção para um segmento médio-alto.Agora, estão a ponderar a entradano mercado desportivo, estreando--sena“componentetécnica”,eafor-mar uma “joint-venture” com umgrupoindianoparachegaraumseg-mento mais baixo.

Sinfonia 204No pavilhão datecelagem, 204tea-

res lêem a partitura de Pousada deSaramagos, numa velocidade im-possível de replicarporhumanos. Aestes cabe “apenas” garantir quetudo corre como previsto no máxi-mo de 700 mil metros de tecido quepoderão sair num mês da fábrica.

Na unidade de fiação, já os far-dos de fibras – naturais, sintéticas,artificiais e recicladas – tinhamsidoabertos mecanicamente e transfe-ridos para cardadeiras de grandeporte, que as transformaram emfios brutos. Dali à torcedura ou à

coloração, a evolução acontecepara que se obtenham produtoscada vez mais complexos e sofisti-cados.

Saídosdamaquinaria,ostecidosdeslizam sobre grandes quadros deluz,nosquaishomensemulheresre-vêem cada detalhe. É neste pontoqueaempresaestáimplementarumsistemade visão artificial, que lançao alerta à mínima falha. Com tudoisto,aRiopelepretendesegurarumadas linhas com que melhor se cose:a velocidade de resposta. �

80%NA UEGrande parte dasexportaçõesefectuam-se nomercado comunitário.

1.127TRABALHADORESA Riopele empregamais de 1000pessoas. Apenas 2%têm mais de 60 anos.

10MILHÕES DE EUROSserão investidos até2019. Seguir-se-áum investimento dedimensão semelhante.

66MILHÕES DE EUROSFoi o volume denegócios em 2016.Contando com a RFS,sobe para 70,1 milhões.

O centro de investigação

e desenvolvimento da

Riopele é o “orgulho”

de José Dias Oliveira,

presidente e neto do

fundador da empresa

que exporta 80%

da sua produção para

o mercado comunitário.

Entre uma dívida de 74 mi-lhões de euros, um investi-mento de 10 milhões em cur-so e outro a caminho, a Rio-pele arrisca para se manterno mercado global.

O que vos fez persistir nomomento mais agudo dacrise?A solução seriadesistirou re-

pensar o negócio. E nós pensá-mos que valiaapenacontinuar,apesar de muitas vozes apon-tarem para a Ásia como o des-tino da indústria têxtil. Parasairmos daquele marasmo, erapreciso romper com processose ideias que não resultavam.Então colocámos em práticaum conjunto de acções, desi-gnadamente ao nível da inova-ção, sempre com os “drivers”da sustentabilidade, da econo-mia circular, da indústria 4.0…

Quanto têm investido emequipamento?Hoje, uma indústria deste

tipo tem muitos equipamentose não tem assim tantas pessoas.Só numa das máquinas que te-mos, umaurdideiraKarl Mayer,foram investidos 600 mil euros.Na parte dos acabamentos, te-mos uma máquina de um mi-lhão de euros… Mas com issotemos melhorias nos consumose ganhos de eficiênciae de pro-dutividade. Também estamosnum processo de digitalizaçãoadministrativa e está em testeum sistema de visão artificial,em que o tear detecta de ime-diato qualquer anomalia. Nes-te momento, temos em cursoum investimento de 10 milhõesde euros e estamos já a pensarnoutro, mais ou menos do mes-mo valor. Apesar de a nossa si-tuação ao nível dadívidaserdi-fícil, não podemos descurar amodernização.

Como é que a banca vos temacompanhado, nos últimosanos?Muito bem. Na altura da

reestruturação financeira, osnossos parceiros principaiseram o Novo Banco e o BCP.Eles continuam, e temos tido oapoio do BBVA, do Santander,do Montepio e da Caixa Geralde Depósitos, apesarde eles te-rem estado dois ou três anoscompletamente ausentes dasempresas. Mas temos umaquota-parte de fundos pró-prios que estamos a canalizarpara investimento em vez de adistribuir.

Em algum momento a dívi-da foi um travão à obtençãode crédito?Eu diria que sim. Na altura da

reestruturação, a dívida que tí-nhamos era considerada o má-ximo pelos nossos parceiros,que disponibilizaram umalinhade cerca de 7 milhões [de eu-ros] para os investimentos queachávamos indispensáveis.Correu melhor do que o quepensávamos. Amortizámosmais de 20 milhões de eurosnestes seis anos. Mas se, parafazermos novos investimentos,tivermos de aumentarmomen-taneamente a dívida, fazemo--lo. �

“Se tivermos deaumentar a dívida,fazemo-lo”

PERGUNTASA BERNARDINOCARNEIROAdministrador da Riopele

A dívida quetínhamos eraconsiderada omáximo pelosnossos parceiros.BERNARDINO CARNEIROAdministrador da Riopele

A Ásia está nosdois/três dólares,enquanto nós nosposicionamos nos8,5/9 euros [pormetro de tecido].

A Turquia [umdos principaisconcorrentes]apresenta umaqualidadeintermédia e tema vantagem de seruma indústriamuito subsidiadapelo governo.BERNARDINO CARNEIROAdministrador da Riopele

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e a actividade noscórtex de Rui e Ri-cardo Abreu fosse,em 2015, passívelde medir numalâmpada, ela esta-ria constantemen-

te acesa. Esse foi o ano em que osdois irmãos, um engenheiro elec-trotécnicoeooutrodesistemasdeinformação, viram aberta a portada recém-criada incubadora Fa-malicão Made In e quase não pe-diram licençaparaentrar. “Quan-do chegámos ainda éramos umaideia”, recorda Rui.

“Nascemos praticamente noseio de uma empresa, o que nostrouxevantagens,porqueestamosfocadosnaindústria”,explicaoen-genheiro electrotécnico. O espaço

onde têmo escritório abriuno Ve-rão de 2015, nas instalações daRiopele. Foi elao primeiro clienteda Kortex, a empresa criada porRui e Ricardo Abreu.

Comoonomesugere,aKortexfaz-se de ligações entre empresas,ferramentasesoluçõesqueassen-tamno princípio daeconomiacir-cular e que olham com atençãoparaaeficiênciaenergéticaeapro-dutividade. Demasiado vago? “Aprimeira crítica que tivemos foique não perceberamo que estáva-mos a dizer!”, assume Rui Abreu.

Descodificando, o que estastart-up faz através de “data mi-ning” e outras formas de cruza-mento e análise de dados é perce-berse,emalgumapartedeumpro-cesso industrial, é possível atingir

objectivos como: reduzir o consu-moenergético;colocarsistemasemrede de forma que, havendo umaanomalia, ela seja imediatamentedetectadaesepoupetempoageriro incidente; digitalizar processosquedurantedecéniospassaramporpapéis e canetas; combater o des-perdício.“Nãosetratadegerarumsistema de gestão de energia, porexemplo.Sãomúltiplossistemasafalarentresi,oquepermitepensarnuma reorganização do processo.E a ideia é que o sistema tome aspróprias decisões. Tudo somado,são poupanças significativas.”

O hubMas o grande projecto ainda estápor vir. O Kortex Industrial Hubserá apresentado a 16 de Outubrocomo umaplataformatecnológicatransversal à indústria, através daqualsepretendeprovarqueoqueéum resíduo para uma fábrica podeserumbemessencialparaoutra.“Aideiaé as empresas conectarem-seànossaplataformaparaqueconsi-gamospotenciarsimbioses”,expli-caRui. Aempresalocalizao recur-soeencaminha-oparaodestinatá-rio, complementando a troca comoutros serviços. “Também quere-mos optimizar o transporte, redu-zindo o desperdício de tempo e decombustível”, ilustraRicardo.

“Nos últimos 200 anos, a in-dústria baseou-se num modelo li-near e há sempre uma resistênciaàmudança”,vaticinaRui.Masnãodesanima: “Cabe-nos criar umaplataforma que seja de tal formaatractiva que a passagem para aeconomia circular não aconteçaapenas por força de pressões na-cionaiseeuropeias.”Atélá,muitosneurónios vão girar. �

INOVAÇÃO

O Kortex que vailigar os “neurónios”de Famalicão

RUTE BARBEDO

SPara os engenheirosAbreu, num tecidocomo o de Famalicãonão fazia sentidocriar outro negócioque não fosse umponto de fusão naindústria. Vem aí oKortex IndustrialHub.

Capital 100%Abreu

ARRANCAR DENTRO DAINDÚSTRIA“Fomos aprimeiraempresadain-cubadora e a Riopele foi o nossocliente número um. Encontrámoslogo três ou quatro frentes paratrabalhar com eles, e continua-mos”, relatao co-fundador, Ricar-do Abreu.

INDEPENDÊNCIAE CONTAS CERTAS“O capital é 100% dos manosAbreu”, brinca Rui, que destaca apreferência da empresa: “Há-deser assim até conseguirmos.” Oobjectivo é que todo o volume fac-turado seja, para já, reinvestido,de formaamelhoraras ferramen-tas em constante criação e a ala-vancar o negócio. Nos três anosde actividade daKortex, foram in-vestidos cerca de 250 mil euros e“as contas estão equilibradas,não há passivo”.

ONDE ESTÃO OSRECURSOS HUMANOS?Quatro pessoas trabalham na in-cubadora da Famalicão Made In,em Pousada de Saramagos. Masos fundadores admitem “já não émuito fácil encontrarrecursos hu-manos” nas áreas de que preci-sam. “Há todo um cluster, do Por-to a Braga, que requermuito pes-soal das tecnologias.” Para 2019,ainda assim, prevêem contratarmais duas pessoas.

A REDE É A META“O nosso objectivo é, em trêsanos, solidificar bem a rede emFamalicão. Mas, tendo um clusteraqui, pode depois criar-se umarede de ecossistemas”, sugere Ri-cardo Abreu.

Começaram com fundos própriose querem manter-se independen-tes. O plano é reinvestir tudo namelhoria do sistema Kortex e am-pliar a rede de parceiros.

TOME NOTA

Paulo Duarte

Os irmãos Rui e Ricardo Abreu são os mentores do Kortex Industrial Hub.

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oderia terido paraduas ver-tentes: oumededica-

va ao clássico, com design, ou iaparaaparte desportiva.” Olhandopara Luís Campos, de camisa cla-ra,calçasrectasesapatoquedeixaentrever o tornozelo, não é difíciladivinhar que se deixou levar pelaprimeira opção para criar a West-Mister,umamarcademeiasdese-nhadas e produzidas emPortugal,mas que querem caminhar pelomundo afora. “Gosto mais dapar-te da moda”, admite o co-funda-dor, ao lado de Vanessa Marques,no escritório luminoso de Vilari-nho das Cambas, Famalicão.

Não é aqui, no entanto, quetudoacontece.Nassecretáriasficaaparte conceptual – desde o dese-nho de cadapeça, agoraassumidoporLuísCamposmasqueembre-ve deverá ser desenvolvido inter-namente por um designer, até aoestudo dos mercados aexplorar; ede fábricas de Barcelos e de VilaNova de Famalicão saem as peçasde algodão mercerizado, com bi-queiras sem costura, prontas ase-rem lavadas num amaciador queas tornamais suaves e apetecíveis.

A ideia surgiu há dois anos,quando Luís e Vanessa, que ha-viam crescido dentro da indústriatêxtil (ainda que em empresas di-ferentes), partilhavam o mesmoespaço de trabalho. Eis o clique:“Portugal é, há muitos anos, umprodutor com particular força naindústria têxtil, mas não existiaumamarcademeiasdereferência,100% portuguesa”, diz Luís Cam-pos. Ao mesmo tempo, os criado-res decidiram que a imagem e a

qualidade seriam os trunfos doproduto. Da peça às fórmulas deapresentação em loja, tudo serveparacaptaraatençãodeumnicho.“O cliente WestMister”, garanteLuís,“quasequenãocompraumasmeias pornecessidade”. “Temumgosto refinado e ligamuito ao por-menor”, pontua Vanessa.

WestMisses?Apartirdaideia, aduplacomeçoua desenvolver colecções e a deli-nearaestratégiadaempresa, cria-damaioritariamenteapartirdeca-pitais próprios, numinvestimento

estimado em 40 mil euros. Agoraestá na hora de crescer, tanto nomapacomonocatálogo.Éporissoque a Europa, os Estados Unidose o Canadá estão no horizonte e,na imaginação de Luís e Vanessa,começaasurgirahipótesedeavan-çarparaossegmentosinfantilefe-minino. “Com a mesma identida-deeumposicionamentodenicho”,adiantam.

Entre 2016 e o ano passado, aWestMisterduplicouo volume defacturação, que se situou nos 70mil euros. “Este ano vamos tentarchegar aos 120 mil”, avança LuísCampos,referindoocontributodocomércio online, que arrancounofinalde2016ejáassistiuaumadu-plicação de vendas.

Entretanto,acadaestação,de-verão continuar a ser produzidoscercade 10 mil pares de WestMis-ter,de40modelosdiferentes,des-deapequenamalaguetaquesurgeno escuro à bicicleta que espreitapor baixo das calças. �

COMÉRCIO

“Não existia umamarca de meias dereferência 100%portuguesa”, dizo co-fundador,Luís Campos.

O toquebritânico100%português

RUTE BARBEDO

“PDe uma duplahabituada às agulhasdo têxtil surgiu umamarca de meias100% portuguesa.As WestMister sãopara “o homemclássico, masarrojado”. Pelomenos para já.

Um nome semfronteiras

CRIANÇA, MULHER, EUA“Queremos estabelecerparceriascom designers, estilistas, ilustra-dores, bloggers e ir criando mini-colecções”, avança o fundador,Luís Campos. Na mira têm doisnovos públicos: criança e mulher.Além disso, a WestMister está fo-cada em crescer no mercado ex-terno, muito através da loja onli-ne, criada no final de 2016. “Fran-ça, Espanha, Alemanha, EstadosUnidos, Canadá e Japão são paí-ses fortes em que queremos apos-tar”, adianta Luís Campos. Umaloja física será um próximo pas-so, eventualmente nos EstadosUnidos.

METAAté 2020, pretendem alcançar os250 mil a 260 mil euros.

PROCURA-SE DESIGNERContrataram recentemente umcolaboradorpara exploraro mer-cado internacional e estão à pro-cura de um designer.

FAZER STOCKA maior é a financeira. “Isto en-volve muito investimento, desdevídeos a sessões fotográficas, e,da nossa parte, é um esforçoenorme, porque temos recorridoa capital próprio.” O facto decomporem stocks antes de rece-berem encomendas, torna-os rá-pidos na expedição, mas exigemaior liquidez.

NO PÉ DO PMEm Maio, numa visita ao Canadá,o primeiro-ministro António Cos-ta ofereceu uma selecção demeias WestMisterao seu homólo-go Justin Trudeau.

Nasceram há dois anos e já têmcomo prioridade avançar para omercado internacional. Uma lojanos Estados Unidos não está forados planos.

TOME NOTA

Luís Campos e Vanessa Marques criaram a marca de meias WestMister.

Paulo Duarte

GASTRONOMIADO CABRITO AO PÃO-DE-LÓÉ difícil determinaraorigem exactade cadapratoquandoaconver-sa anda pelo Minho. No entanto, na ementa tradicional de Famali-cão são incontornáveis sugestões como os rojões com papas de sar-rabulho,ocozidoàportuguesa,obacalhau àlagareiroeocabritoas-sado, habitualmente servidas nos restaurantes decenários do con-celho. Menosdúvidasquantoàorigem deixaadoçaria. Nolivro“Re-ceitasdaCasadoMosteirodeLandim”,queterásidoescritoporMa-riaHenriquetaLeal Sampaio entre o final do século XIXe o primeiroquartel do século XX, convivem receitas de Guimarães, Vila do Con-de e Famalicão, entre as quais os biscoitos fidalguinhos, o doce en-ganodesenhoraeopão-de-ló.Àprocuradesteúltimo,sobretudonaépocadaPáscoa,formam-sefilasnaConfeitariaBezerra,quehámaisde120anosserveaosfamalicensespreciosidadesparaadoçaraalma.

CULTURACENTRO PORTUGUÊS DO SURREALISMODepois da inauguração da Casa das Artes de Famalicão, em 2001, edoCentrodeEstudosCamilianos(um projectoassinadoporSizaViei-ra, em frente à oitocentista Casa-Museu de Camilo Castelo Branco,em São Miguel de Seide), em 2005, em Junho o município abriu asportas do Centro Português de Surrealismo, integrado na – já de sisurrealista – Fundação Cupertino de Miranda. A funcionar no icóni-coedifíciosituadonocoraçãodacidade,onovocentrotem umaáreade exposições de mais de 4.000 metros quadrados e inclui obras demais de 120 artistas. Aexposição inaugural “O Surrealismo naCole-ção Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian” levou a Famalicãopeças de Mário Cesariny, Jorge Vieira ou José Francisco.

Mesa farta,romantismoe surrealismo

EX-LÍBRIS

Pode ser cliché a imagem de um prato farto à mesa minhota, masFamalicão não foge à regra, destacando-se em clássicos da res-tauração. Na cultura, destaca-se o novo Centro do Surrealismo.

Acho que aúnicaformade des-centralizar é regionalizar. O queestáaacontecer agoraé que passá-mos de um modelo centralizadoem Lisboa para um processo bicé-falo. O resto é paisagem, como sediz. A nível estratégico, as regiõesadministrativas também fazemtodo o sentido. Se eu quero captaruma empresa, quando a trago cá,não a trago para Famalicão, maspara o Norte. Se a empresa preci-sar de 100 engenheiros, eles vêmde Famalicão, da Maia, do Porto,

de Santo Tirso… Vai ser com polí-ticas municipais que vamos fazerisso? No planeamento, nos trans-portes, naatracção de investimen-to, as competências alocadas aomunicípio não são tão assertivasdo que se estivessem numaentida-de supramunicipal.

Famalicão é o terceiro conce-lho mais exportadore tem umdos melhores saldos comer-ciais do país. O que há paramelhorar?

Um exemplo concreto é o datravessia do rio Ave, uma reivindi-cação desta região há mais de 25anos, que nunca foi feita porque ocentrodedecisãonãoviveoproble-ma. E o problema que mais mepreocupa é o da empresa que querexpandir e não pode, porque o ca-mião que transportaamatéria-pri-maouoprodutoacabadoprecisadeduas horas para fazer um percursode Ribeirão até ao terminal de con-tentoresdeLeixõesouaoAeropor-to Francisco Sá Carneiro!

A Continental viveu uma gran-de luta na questão dos aces-sos, que apenas agora come-çou a resolver-se.Sabe quantos camiões saem

diariamente da Continental? 600!Felizmente, a empresa está agoranuma fase diferente, mas teve pro-jectos na gaveta durante algunsanos [a empresa chegou a amea-çar um recuo nos investimentoscaso não fossem construídos no-vos acessos] e mesmo agora tenhodúvidas sobre o realismo de tudoisto. Uma parte [junto à EN14]está sob intervenção mas a traves-sia do Ave continua na gaveta. E oinvestimento nalinhaférreaé paraquando? O maior eixo de exporta-ções de Portugal está aqui, entreFamalicão, a Trofa e a Maia. Te-mos um porto de mar e um aero-porto, sim senhor, mas como é quese chega lá? Ou o porto é só paraos cruzeiros e o aeroporto para osturistas? É muito mais caro paranós pôr um pneu em Itália do queé para a Alemanha ou para a Fran-ça e nós temos de competir comeles. O que acontece é que, paraisso, muitas vezes se desvalorizamos salários. �

á 20 anos,seria umpresidentede câmaradiferente”,

assume Paulo Cunha. O que mu-dou radicalmente foi aintervençãopública local no assunto económi-co. Mas, para o autarca, o país ain-da carece de um nível intermédio,supramunicipal, nos processos denegociação. “Se o responsável daLeica quer fazer um investimentofalacomo presidente dacâmaraoucom o primeiro-ministro.” Não háninguém no meio, perdendo-se avisão de região, defende.

Não há tantos anos assim,uma das prioridades no con-celho era o combate ao de-semprego. Hoje fala-se em es-cassez de mão-de-obra. Já éencarado como um problemaem Famalicão?Em 2013, Famalicão tinhacer-

ca de 12 mil desempregados. Nes-te momento, tem 3.000. Temosuma taxa de desemprego de 4,8%,abaixo da média nacional. Assisti-mos, com especial preocupação, aum cenário de escassez de recur-sos humanos e há empresas quefazem depender a sua expansãodas condições conjunturais. Nãobasta ter encomendas do merca-do internacional, haver matéria-prima ou financiamento. É preci-so que também haja recursos hu-manos, nomeadamente para aárea industrial. Os chamados in-diferenciados ou não qualificadossão adaptados com alguma facili-dade ao percurso produtivo do co-mércio, serviços ou agricultura.Mas na indústria é diferente, exi-gem-se conhecimentos técnicos

que essas pessoas não têm.

Essa falta pode gerar uma re-tracção no investimento porparte das empresas?Com certeza. Até hoje não tive

conhecimentodenenhumaempre-sa que tenha posto um projecto deexpansão na gaveta por falta de re-cursos humanos, mas tenho receiode que isso possaacontecer, emFa-malicão e no país.

Em que sectores económicos

espera que o concelho cresça?Até2020temosumplanodein-

vestimentos de cerca de 500 mi-lhões de euros, com umaprojecçãode criação de 2.500 postos de tra-balho, e temos duas incubadorascom16start-upafuncionar.Hápro-jectosqueestãoaseranalisados,al-guns já sinalizados, de multinacio-nais que vêemFamalicão como umconcelho com características parainvestimento num futuro próximo.Osectorautomóveldestaca-sepor-que temos aqui um cluster, não só

pelos pneus e outros componentesda Continental como pelos estofosdaCoindu,asomaraoutrasempre-sas. Isto sem descurar o têxtil, quetem cada vez maior ligação com osectorautomóvel. Tambémo agro--alimentare ametalomecânicasãoáreasemexpansãoedequeespera-mos novos investimentos nos pró-ximos anos.

É um defensor da regionaliza-ção. Como seria o seu modeloadministrativo ideal?

PAULO CUNHA PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE VILA NOVA DE FAMALICÃO

“O que mais me preocupaé a empresa que querexpandir e não pode”

“H

Assistimos,com especialpreocupação,a um cenáriode escassezde recursoshumanos.

POLÍTICA

RUTE BARBEDO

O concelho maisexportador do Nortepoderia ter umdesempenho aindamelhor não fossem aescassez de mão-de--obra e as fraquezasdas vias detransporte, na visãodo edil de Famalicão.

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A linhado Direito

PERFIL

Paulo Cunha lidera o municípiominhoto desde 2013, ano em ven-ceu as eleições por maioria abso-luta, integrando uma coligaçãoentre o PSD e o CDS-PP. Licencia-do em Direito pela UniversidadeLusíada do Porto e mestre emCiências Jurídico-Políticas pelaUniversidade de Coimbra, entre2009 e 2013 manteve o olho nacadeira do poder enquanto vice--presidente da autarquia e verea-dor da Cultura, Freguesias, Turis-mo e Defesa do Consumidor.Exerceu advocacia, é professornafaculdade em que se licenciou einvestigador do Núcleo de Estu-dos das Autarquias Locais da Uni-versidade do Minho. Nasceu em1971, na freguesia de Gavião.

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