teorias da comunicação

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Impossível pesquisar Comunicação sem começar pelas teorias e teóricos porque a maioria das discussões intensas da área está contida nos debates e nas ideias dos pensadoresque alicerçaram a Ciência dos media.Mais impossível ainda seria nominar a todos os teóricos. É, no entanto, por meio de seus pensamentos que mapeamos a história, não somente das civilizações, mas também ado próprio homem que sempre buscou engendrar meios para se comunicar, para se fazer entender, e sempre tentou, a qualquer custo, evitar os mal-entendidos inerentes aqualquer ato comunicativo

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  • Impossvel pesquisar Comunicao sem comear pelas teorias e tericos porque a maioria das discusses intensas da rea est contida nos debates e nas ideias dos pensa-dores que aliceraram a Cincia dos media. Mais impossvel ainda seria nominar a todos os tericos. , no entanto, por meio de seus pensamentos que mapeamos a histria, no somente das civilizaes, mas tambm a do prprio homem que sempre buscou en-gendrar meios para se comunicar, para se fazer entender, e sempre tentou, a qualquer custo, evitar os mal-entendidos inerentes a qualquer ato comunicativo.

    O grande tema do momento, tratado nes-te livro, o do eterno dilogo que travamos com o outro, quer seja aquele que se escon-de por detrs de uma enigmtica mensagem eletrnica, quer seja aquele terico que, por via de publicao, mostrou caminhos diver-sos e percebeu inusitados valores e concep-es de mundo e de vida, sob diferentes as-pectos. De fato, estamos sempre a dialogar conosco e com os outros, e vivenciamos como pesquisadores a busca de provveis respos-tas para as inquietaes suscitadas pelo que consideramos, por excelncia, o principal fe-nmeno humano a Comunicao.

    Todos os autores aqui presentes, sem ex-ceo, presenciaram, pensaram e sentiram de perto a Comunicao no sculo XX, e hoje encaramos, juntamente com seus des-dobramentos e revolues, o atual momen-to vivido: o sculo XXI.

    Busca-se no somente pensar, neste pro-jeto terico, as experincias dos que nos an-tecederam, mas tambm reavaliar o ensino e a atualidade de suas ideias como forma de continuar o trabalho rduo dos tericos que com o fruto de suas investigaes demarca-ram questes fundantes da Comunicao.

  • Prope-se tambm situ-los no contexto do novo sculo em que so explorados novos experimentos.

    Em sua Crtica da Razo Pura, Kant j afirmava que todo conhecimento comea com as experincias e seriam essas metar-reflexes que cotidianamente norteariam nossas aes e pensamento, e, justamen-te por isso, necessitariam ser compreen-didas, explicadas com argumentos atua-lizados, pois sintetizariam o resultado da prpria vivncia dos fatos.

    Segundo o princpio kantiano, o conheci-mento, obtido atravs de experincia, signifi-ca prtica, e essa prtica como conhecimen-to subjetivo que flui e torna-se comunicao com caractersticas muito especficas, pois instvel e difcil de ser controlada a ponto de exigir novos procedimentos metodolgi-cos e recortes mais precisos.

    Por isso mesmo, a difcil tarefa de definir o conceito de comunicao levou os pesqui-sadores a buscar tentativas de deslindar os atos comunicacionais intencionais ou no entendidos e aqueles outros por entender; os verbalizados e os silenciados, a compo-rem um universo de fenmenos humanos e no humanos que esperam por respostas.

    nesse sentido que podemos acrescentar as questes relacionadas ao comportamento objetivo do homem que o leva fabricao de aparelhos e de linguagens em seu af por compartilhar conhecimento. E, aqui neste li-vro, como pesquisadores, dividimos as nos-sas inquietaes com o leitor.

    Prof. Dr. Osvando J. de MoraisCoordenador PROCAD Regio Sudeste

    e do Programa de Mestrado em Comunicao e Cultura

    Universidade de Sorocaba - Uniso

  • Apresentao

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    ChancelerDom Dadeus Grings

    ReitorJoaquim Clotet

    Vice-ReitorEvilzio Teixeira

    Conselho EditorialAna Maria Lisboa de MelloElaine Turk Fariarico Joo HammesGilberto Keller de AndradeHelenita Rosa FrancoJane Rita Caetano da SilveiraJernimo Carlos Santos BragaJorge Campos da CostaJorge Luis Nicolas Audy - PresidenteJos Antnio Poli de FigueiredoJurandir MalerbaLauro Kopper FilhoLuciano KlcknerMaria Lcia Tiellet NunesMarlia Costa MorosiniMarlise Arajo dos SantosRenato Tetelbom SteinRen Ernaini GertzRuth Maria Chitt Gauer

    EDIPUCRSJernimo Carlos Santos Braga - DiretorJorge Campos da Costa - Editor-Chefe

  • Apresentao

    GIOVANDRO MARCUS FERREIRAANTONIO HOHLFELDT

    LUIZ C. MARTINO OSVANDO J. DE MORAIS

    (Orgs.)

    Porto AlegreEDIPUCRS

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    EDIPUCRS, 2010

    Projeto Gr!co e Diagramao: Mariana RealCapa: Mariana RealPreparao de originais e reviso tcnica: Osvando J. de MoraisReviso: Joo Alvarenga

    EDIPUCRS - Editora Universitria da PUCRSAv. Ipiranga, 6681 - Prdio 33Caixa Postal 1429 - CEP 90619-900Porto Alegre - RS - BrasilFone/fax: (51) 3320-3523e-mail: [email protected]/edipucrs

    TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gr!cos, microflmicos, fotogr!cos, reprogr!cos, fonogr!cos, videogr!cos. Vedada a memorizao e/ou a recuperao total ou parcial, bem como a incluso de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibies aplicam-se tambm s caractersticas gr!cas da obra e sua editorao. A violao dos direitos autorais punvel como crime (art. 184 e pargrafos, do cdigo penal), com pena de priso e multa, conjuntamente com busca e apreenso e indenizaes diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610, de 1998, Lei dos Direitos Autorais).

    Ficha Catalogr!ca

    Teorias da comunicao [recurso eletrnico] : trajetrias investigativas /Giovandro Marcus Ferreira , Antonio Hohlfeldt , Luiz C. Martino, Osvando J. de Morais, organizadores ... [ L L.]. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2010.

    ISBN : 978-85-397-0050-9Disponvel tambm em formato impresso.

    1. Comunicao Teoria. 2. I. Ferreira, Giovandro Marcus, II. Hohlfeldt, Antonio, III. Martino, Luiz C., IV. Morais, Osvando J. de, orgs.

  • Apresentao

    Apresentao .......................................

    P PTenteares: Fundamentaes Tericas

    1 - Teorias da comunicao: A recepo brasileira das correntes do pensamento hegemnico .....................Antonio Hohlfeldt

    2 - Teorias da Comunicao, Teorias doDiscurso: Em Busca do sentido ..........Giovandro Marcus Ferreira

    3 - Escola Latino - Americana deComunicao: EquvocoTerico e Poltico ...............................Luiz C. Martino

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    4 - A Dinmica das Teorias da Comunicao: novos mtodos como passagem para novas prticas tericas ...................................Osvando J. de Morais

    5 - Por que ensinar Teoria(da comunicao)? ...............................Pedro Russi-Duarte

    6 - Teorias da Palavra - Pilares Fundantes dasTeorias da Comunicao ...................Paulo B. C. Schettino

    7 - Teoria e Episteme Comunicacional ...............................Tiago Quiroga

    S PParalelos: Das Teorias s Prticas

    1 - A Comunicao enquanto dilogoem Paulo Freire e Luiz Beltro .........Prof. Dr. Antonio Hohlfeldt

    2 - A atualidade da teoria realista:reflexes sobre Filmes-Testemunho ...Cristiane Freitas Gutfreind

    3 - Narrativa Jornalstica e Narrativas Sociais: Questes acerca da Representao da Realidade e Regimes de Visibilidade ....................Edson Fernando Dalmonte

  • Apresentao

    4 - Reconfigurando as Teorias daComunicao: as indstrias culturais emtempos de Internet ............................Fernanda Capibaribe LeiteJeder Janotti Junior

    5 - Comunicao Iconogrfica: Linguagens, Significados e Imaginrio ..................Maria Beatriz Furtado Rahde

    6 - Contribuies de Iuri Lotman para a comunicao: sobre a complexidade do signo potico .....................................Mriam Cristina Carlos Silva

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

  • Apresentao

    ApresentaoTeorias da Comunicao

    Em pouco mais de um sculo de existncia, as cincias humanas conheceram diferentes posicionamentos hegem-nicos, como as tradies do positivismo e do pensamen-to crtico. A rea de Comunicao, no Brasil, que vem se constituindo, a partir dos anos 60, teve um impulso de-cisivo com a consolidao da ps-graduao nos anos 90. Essa nova fase demandou um aumento no interesse e na demanda dos saberes terico e metodolgico. Particular-mente, para ns, este ltimo aspecto tem sido relativamen-te pouco explorado.

    Os problemas particulares ou internos ao campo da Co-municao (campo das Cincias Sociais) so de grande inte-resse, especialmente quando se mantm por meio do tempo e se manifestam, assiduamente, nas instncias de graduao e ps-graduao. Nesse sentido, nota-se a importncia do tema como essencial diante dos processos que participam

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    na construo do campo da comunicao por meio do fazer acadmico e cientifico. Entender o campo como dinmica e articulao do saber comunicacional, portanto, de proces-sos epistemolgicos.

    Sabemos que esse problema bsico e que necessita ser intensamente discutido e enfrentado, na rea, j que se tra-ta do problema do objeto de estudo da Comunicao, assim como a configurao do campo-cincia. Assim, queremos dizer, com isso, que tais preocupaes no so imediatas ao projeto proposto, seno que esto ancoradas nas vivncias cientficas de cada um dos integrantes das equipes, tanto individual quanto coletivamente.

    O que justifica a proposta a possibilidade de estabelecer e fortalecer, atravs do projeto, os conjuntos de discusses tericas e de linhas de pesquisa que se vm estabelecendo entre as quatro universidades tanto na Graduao quanto entre os Programas de Ps-Graduao, neste cenrio, as in-teraes entre linhas de pesquisa. Dessa forma e, por meio deste projeto, v-se a oportunidade de aprofundar os laos e estabelecer a abordagem de novos tpicos de pesquisa, a criao de instncias e condies de associaes de projetos de ensino e de pesquisa para incrementar e qualificar a for-mao da graduao e ps-graduao no mbito do campo da comunicao. E, a partir da, propor o desenvolvimento da formao cientifico-acadmica na rea.

    A inquietao de aprofundar as reflexes sobre os funda-mentos epistemolgicos do campo, de certa forma, ancora-se na tese de que so essenciais para a dinmica cientifica sobre a pesquisa em comunicao. Portanto, pode-se entender o projeto, aqui proposto, como necessrio tanto pela caracteri-zao e avanos nas discusses sobre o campo da Comunica-o no pas, como pela possibilidade da obrigatria anlise crtica voltada para o desenvolvimento da rea.

    Em outras palavras, com relao s quatro instituies

  • Apresentao

    (por meio das equipes integrantes do projeto), trata-se de avanar no capital epistemolgico que atua como pano de fundo para entender-problematizar o campo. Destacam-se, com relao s equipes, duas dinmicas: uma, mais geral, que vem sendo mobilizada nos diferentes cenrios nacio-nais e internacionais, por meio da participao em cursos, VHPLQiULRVFRQJUHVVRVSHVTXLVDV HWF$RXWUDPDLVHVSHFt-fica, refere-se aos projetos particulares dos pesquisadores e estudantes das respectivas equipes. Busca-se, portanto, co-locar em jogo uma operao que rena e potencialize, em beneficio do campo e do pas, aquilo que est, de certa for-ma, em andamento pelas duas dinmicas mencionadas.

    O projeto estaria incompleto se no interviesse no de-sequilbrio regional, visando a uma melhor distribuio e aproveitamento dos recursos humanos no plano nacional. Em seu eixo de ao, debrua-se sobre os processos de ensi-no-aprendizagem, objetivando propor avanos no currculo para superar o mero plano tcnico que caracteriza grande parte dos cursos de comunicao social.

    Por tal motivo, projetam-se os diferentes encontros, se-minrios e misses, assim, por meio dessas atividades, pro-blematizam-se as bases tericas como fazer e competncia intelectual do campo. A inquietao de que medida que o estudante ascende, na carreira acadmica, depara-se com situaes de pesquisa, portanto, ele deve saber aumentar as possibilidades de articular epistemologicamente a investiga-o em relao ao campo.

    Por conseguinte, propomos trabalhar como tema central do campo da Comunicao, o qual se divide em dois subte-mas: Fundamentos de Epistemologia e Ensino Cientfico-Acadmico.

    O projeto tem um perfil voltado para os problemas terico-epistemolgicos e sua aplicao no ensino. Desse modo, situa o campo da comunicao na cultura acadmica como condio

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    de possibilidade para a produo de conhecimento cientfico. A articulao entre as instituies, atravs das equipes,

    objetiva o fortalecimento consequente das linhas de pesqui-sa e programas, tanto as que j esto com atividades consoli-dadas e sistematizadas quanto, especialmente daqueles pro-gramas que esto em fase de fortalecimento e estruturao.

    Dessa forma, o projeto desenhar condies para o me-lhoramento dos programas de ps-graduao. Ao traar as linhas do projeto, as equipes sabem da nocividade que sig-nifica para um pas que caminha visando a excelncia em pesquisa, a no-interao e interligao entre as instituies de educao superior no cenrio cientfico-acadmico.

    Nesse contexto, podemos afirmar que, naturalmente, os objetivos do projeto , em suma, apiam-se na proposta de refletir e problematizar o conhecimento cientfico, ten-do como foco a epistemologia, metodologia, cultura aca-dmica, relao universidade-cincia. Alm disso, vemos a necessidade de ampliar a discusso sobre o campo da comunicao, atravs do aprofundamento com relao ao tipo de conhecimento desenvolvido na rea. Assim, bus-car, tambm, por intermdio de articulaes das pesquisas, uma dinamizao e aprofundamento dos estudos na rea, a fim de promover o fortalecimento e consolidao das linhas de pesquisas, em consequncia, dos programas de ps-graduao.

    Outro ponto a ser levado em considerao o fato de que o projeto procura estimular a interao inter e intra cientfico-acadmicas, para constituir redes de cooperao entre as instituies dentro e fora das regies. Dessa for-ma, ampliar a formao de mestres e doutores e a produo cientfico-acadmica para equilibrar a situao regional da ps-graduao brasileira.

    Visamos, tambm, fomentar discusses epistemolgicas de modo a possibilitar o aprofundamento e a criao de critrios

  • Apresentao

    pertinentes ao cenrio da universidade nas diferentes instn-cias cientfico-acadmicas, desse modo, contribuindo para o aperfeioamento da pesquisa e conhecimento cientfico.

    Nesse contexto, o projeto procura, ainda, promover a mobilizao de docentes/pesquisadores, estudantes de ini-ciao cientfica e estudantes de ps-graduao entre os gru-pos de pesquisa envolvidos no projeto. A meta atuar no sentido de uma melhor distribuio e aproveitamento dos recursos humanos no plano nacional.

    Formado, a partir da Revoluo Industrial, com o surgi-mento da sociedade complexa, o campo da comunicao, paulatinamente, ir se instituir com o aparecimento de novos meios de comunicao que, a partir da imprensa, comeam a ganhar destaque na organizao da vida social. A cultura tambm sofre modificaes importantes, com o surgimento da cultura de massa e os novos padres de com-portamento que, pouco a pouco, vo sendo liberados. Novas formas de entretenimento e uma forte demanda por informa-o iro rapidamente reconfigurar o cenrio da comunicao social, colocando desafios importantes para os domnios de conhecimento encarregados do estudo de sua significao.

    Desde o final do sculo XIX, comea a aparecer uma srie de correntes e escolas voltadas para o problema da Comunicao. A amplitude do fenmeno e as interfaces que ele gera entre vrios saberes, apresentaram-se como ver-dadeiros obstculos epistemolgicos para a constituio de um saber autnomo.

    O debate que se instaura, a partir dos anos 60, ainda est bastante vivo, guardando muito de seu momento ini-cial, no qual as opinies se dividiam sobre a possibilidade de tal autonomia. Ainda, no final dos anos 60, teremos os primeiros livros de teorias da comunicao. Nos anos 80, a discusso epistemolgica ganha um novo impulso com a pu-blicao de um clebre nmero do Journal of Communication,

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    dedicado matria, comemorado, dez anos aps, com uma segunda publicao, retomando o mesmo problema.

    No Brasil, o ensino de graduao praticamente se estabi-lizou nas necessidades do mercado, focalizando uma forma-o profissional baseada no desenvolvimento de habilida-des pautadas pela prtica do profissional de comunicao. Seria preciso esperar o desenvolvimento da ps-graduao para que o elemento terico tivesse sua particularidade res-peitada e encontrasse as condies de possibilidade para sua realizao em direo s diversidades do pensamento. O emergente setor de pesquisa em comunicao, que co-mea a aparecer junto com os programas de ps-graduao, teve que enfrentar os desafios de um domnio de conheci-mento mal delimitado e pouco definido.

    Esse cenrio de um passado bastante prximo ainda , em grande medida, a realidade de grande parte do ensino de teorias da comunicao, no pas, que apresenta uma notvel ruptura entre o ensino de graduao e o de ps-graduao, sem que o primeiro viabilizasse a preparao para o segundo.

    O elo entre a atividade de pesquisa e o ensino somente comeou a se fortalecer, na medida mesmo em que a ps-graduao impunha objetivos prprios, voltados para a pro-duo de conhecimento. este elo que constitui o objeto de estudo do presente projeto, cujo objetivo se volta, num primeiro momento, para a identificao, levantamento e sistematizao dos avanos de mais de 30 anos de ativida-de dos programas de ps-graduao, no Brasil, de modo a poder, num segundo momento, verificar como esse co-nhecimento, gerado nesse campo, acaba voltando e sendo aplicado no ensino de teorias da comunicao.

    Em outros termos, pretende-se avaliar o como e o quanto a prpria produo das pesquisas fizeram avanar o ensi-no terico-epistemolgico da rea. Desse cenrio decorre

  • Apresentao

    a necessidade de planejamento do presente projeto de pes-quisa, como forma de contemplar duas dimenses na in-vestigao: conhecimento institudo (teorias, paradigmas, fundamentao epistemolgica, pesquisas) e o ensino de teoria e epistemologia na rea de comunicao.

    O projeto est direcionado para a formao de um qua-dro de pesquisadores-docentes voltados para o ensino e pes-quisa em teorias da comunicao, devendo contemplar um plano de ao para sua (re)estruturao, tanto no nvel da graduao quanto da ps-graduao. O objetivo propiciar uma melhor formao do egresso da graduao de modo a prepar-lo para a ps-graduao. Tambm atuar de modo a gerar material didtico, bem como a fornecer parmetros nacionais para o ensino de teorias da comunicao.

    Espera-se, em termos gerais, que o projeto contribua para um dos principais aspectos no interior do campo da comunicao: a sua problematizao, a partir dos fundamen-tos epistemolgicos e anlises do ensino como cientfico acadmico. A proposta se dirige contribuio como forma de avano na produo de conhecimento e sua influncia nas atividades acadmicas. Procura proporcionar subsdios reflexo sobre o desenvolvimento das teorias da comuni-cao e a criao e reforo de linhas de pesquisas focadas na problemtica da histria, fundamentao e perspectivas do pensamento comunicacional.

    Dessa forma, o projeto implementa e fortalece a rede en-tre as instituies participantes do presente projeto, procu-rando estimular uma cultura de pesquisa cientifica interins-titucional, reunindo e facilitando a cooperao acadmica dos Programas de Ps-graduao da rea , de trs diferentes regies do pas.

    Assim, podemos dizer que, em termos especficos, so aguardados os seguintes resultados: refletir sobre o saber no campo da Comunicao; dinamizar os estudos das

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    linhas de pesquisa dos Programas de Ps-graduao das instituies integrantes do projeto; intervir na desigualda-de regional, proporcionando um equilbrio na produo e difuso do conhecimento. O projeto procura, tambm, ampliar e aprofundar a discusso da instncia epistemolgica da pesquisa em comunicao, alm de propor reformulaes e reflexes para os currculos acadmicos da rea, visando a um planejamento do ensino e da formao acadmica no campo da ps-graduao em comunicao.

    A inteno provocar e alimentar discusses epistemol-gicas que vo possibilitar o aprofundamento e a criao de parmetros de ensino, orientao e pesquisas pertinentes para a rea, nas diferentes instncias cientfico-acadmicas e, desse modo, contribuir para o aperfeioamento da pesquisa da rea.

    No podemos nos esquecer que essa proposta tambm pro-cura fortalecer as Linhas de Pesquisa, por meio da complemen-tao das pesquisas e desenhos semelhantes. A semelhana dos desenhos ser construda para criar uma proximidade que ga-ranta interlocuo e complementao das pesquisas realizadas; fortalecimento e enriquecimento das redes inter e intrainstitucio-nais, por meio dos intercmbios proporcionados pela realizao das misses, estgios ps-doutorais, congressos, etc.

    Em sntese, est prevista a uma srie de publicaes expon-do os resultados do projeto em suas diferentes fases (p.ex., dos encontros, seminrios, estgios, misses), inclusive este livro, com os resultados finais, visando aos processos temticos e metodolgicos da experincia. Desse modo, esse projeto ter cumprido a sua misso,que no s promover uma reflexo sobre as teorias da comunicao, mas torn-las tangveis luz do conhecimento, a fim de que a epistemologia seja acessvel tanto na graduao quanto na ps-graduao.

    Os organizadores

  • Apresentao

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

  • Teorias da comunicao: A recepo brasileira das correntes do pensamento hegemnico

    1.Teorias da comunicao:

    A recepo brasileira das correntes do pensamento hegemnico

    A H1

    Um dos principais problemas com que se depara o pes-quisador e professor de Teoria da Comunicao definir o seu campo de trabalho. Isso se deve especialmente pluris-significao do termo comunicao2. Stephen W. Littlejohn, em obra conhecida, tenta uma consolidao desse conceito bsico e chega a uma sntese que, assim mesmo, refere onze diferentes possibilidades de abordagem do termo3.

    1. Antonio Hohlfeldt doutor em Letras, professor de Teorias da comunicao e de Comunicao e opinio pblica no Programa de Ps-Graduao em Comunicao Social da Famecos-PUCRS. Den-tre suas obras, destaca-se Teorias da Comunicao, Petrpolis: Vozes, 2001: [email protected] [6 edio, 2006].

    2. DANCE, Frank E. X. et LARSON, Carl E. The functions of human communication, New York: Holt, Rinehart & Winston, 1976.

    3. LITTLEJOHN, Stephen W. Fundamentos tericos da comunicao

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    Em obra mais atual, os espanhis Juan Jos Igarta e Mara Luisa renem as diferentes tendncias no que deno-minam de paradigmas, indicando duas grandes perspectivas:

    a) teorias que abordam o processo de comunicao midi-tica ou modelo de transmisso da informao, tambm denominadas de paradigma emissor-mensagem-receptor, que su-pervalorizam a importncia do emissor; e

    b) teorias que, a partir daquela primeira, ao revisarem-nas, valorizam o papel ativo das audincias e reconhecem o carter polissmico das mensagens. Mais recentemente, estar-se-ia estruturando um terceiro conjunto de teorias que buscaria a integrao terica, metodolgica e dos nveis de anlise entre as diferentes teorias, fenmeno provocado es-pecialmente pelo avano tecnolgico que vem produzindo profundas modificaes nas relaes entre as audincias e os meios de comunicao, bem como o reconhecimento do poder que a comunicao tem sobre a sociedade4.

    1.Preferimos, contudo, neste estudo, percorrer um duplo

    roteiro: de um lado, realizar um inventrio de manuais nor-malmente utilizados em salas de aula brasileiras, sobretudo ao nvel da Graduao, permitindo, ao mesmo tempo, uma perspectiva histrica, na medida em que, ao registrarmos alguns dos livros mais utilizados, verificaremos, igualmente,

    humana, Rio de Janeiro: Zahar, 1982, p. 38.

    4. IGARTA, Juan Jos et HUMANES, Mara Luisa. Teora e investi-gacin en comunicacin social, op. cit., ps. 24 e ss.

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    as correntes que neles se encontram reiteradamente men-cionadas pelos autores brasileiros. De outro, mencionar alguns autores brasileiros que, em sendo autores de manu-ais, promoveram ou incentivaram a propagao de algumas correntes tericas ou autores, especificamente.

    Dentre os pesquisadores brasileiros pioneiros, Luiz Beltro o primeiro nome que nos acode. Vinculado ao CIESPAL5, entidade que, ao longo de quase duas dcadas, formou pelo menos as duas primeiras geraes de profes-sores e pesquisadores do continente, inclusive brasileiros, teve forte influncia na formao da primeira gerao de pesquisadores brasileiros, mais vinculada influncia de teorias norte-americanas.

    Pelo menos duas obras suas estudam o fenmeno da co-municao: Teoria geral da comunicao6 e Subsdios para uma teoria da comunicao de massa7. Beltro pretende sintetizar, em seus trabalhos, um conjunto de conhecimen-tos disponibilizados por diferentes abordagens e teorias, so-bretudo, norte-americanas.

    Sua maior contribuio, contudo, foi a elaborao da cha-mada teoria da folkcomunicao8, em que adapta, perspectiva

    5. Centro Internacional de Estdios Superiores de Periodismo para Amrica Latina.

    6. BELTRO, Luiz. Teoria geral da comunicao, Braslia: Thesaurus, 1977.

    7. BELTRO, Luiz et QUIRINO, Newton de Oliveira. Subsdios para uma teoria da comunicao de massa, So Paulo: Summus, 1986.

    8. BELTRO, Luiz. Folkcomunicao Um estudo dos agentes e dos meios populares de informao de fatos e expresso de idias, Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001. Esta edio publica a ntegra da tese de dou-torado do pesquisador. Anteriormente, contudo, parte de seus estudos haviam sido editados em Comunicao e folclore, So Paulo: Melhora-mentos, 1971 e Folkcomunicao: A comunicao dos marginalizados,

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    da realidade brasileira e a de outras sociedades multiculturais, aquela vinculada aos estudos empricos de campo, a partir de Paul Lazarsfeld e Elihu Katz. Destacando a importncia do chamado duplo fluxo da informao e o significado dos lde-res de opinio, Beltro mostra que, no Brasil, para alm do fluxo comunicacional unidirecional, havia um processo bem mais complexo do que aquele apontado pelos estudiosos norte-americanos: no caso dos mencionados lderes de opi-nio, ampliava-se a perspectiva de anlise, na medida em que o papel das lideranas grupais exercido no campo, cidades do interior ou nas periferias metropolitanas, por agentes9 mltiplos e de maneira coletiva. Beltro evidencia haver um forte hiato entre o segmento populacional letra-do, de maior acesso (e, sobretudo, compreenso) ao que difundido pelos meios de comunicao de massa, e um outro segmento que, embora tendo crescente acesso s no-vas tecnologias, da televiso Internet, apresenta um modo diferenciado de se apropriar de seus contedos.

    Assim, ao reconhecer o duplo fluxo informacional, Bel-tro evidencia o importante e estratgico papel desempe-nhado por lderes populares que, vinculados a essas comu-nidades de menor poder de interpretao das mensagens que recebem, ao frequentar tambm o mbito mais letrado, fazem sua traduo, de modo a transmitir-lhes, ainda que sob outra perspectiva, aquelas mesmas mensagens, de que tais populaes, terminam por se apropriar de maneira di-versa e criativa. Mais que isso, contudo, tais mensagens so

    So Paulo: Cortez, 1980. O retardo desta divulgao deu-se s presses da Ditadura Militar ento vigente no pas.

    9. MELO, Jos Marques de. Introduo in BELTRO, Luiz. Folkco-municao Um estudo dos agentes e dos meios populares de infor-mao de fatos e expresso de idias, op.cit., p.14.

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    apreendidas e transformadas, coletivamente, num proces-so cuja abordagem terica, desenvolvida por Beltro, seria mais tarde confirmada, dentre outros, pelo mexicano Jorge Gonzlez e pelo espanhol radicado na Colmbia Jess Martin-Barbero.

    Seu principal discpulo, Jos Marques de Melo, com mais de uma dezena de obras publicadas e reeditadas, sucessiva-mente, no apenas deu continuidade quele trabalho, quan-to promoveu a aproximao significativa entre os pesquisa-dores brasileiros e os latino-americanos, desenvolvendo a perspectiva da miscigenao10. Hoje em dia, Marques de Melo referncia obrigatria para a realizao de diferentes aproximaes entre pesquisadores latino-americanos, euro-peus e norte-americanos em relao aos brasileiros.

    Os autores norte-americanos que mais tm influenciado, no Brasil, ao longo dessas dcadas de 1950 e 1960, tm sido, dentre os principais, Raymond Nixon, Harold Lasswell e Wilbur Schramm; Marshall McLuhan, Harold Innis11, Her-bert Schiller, Carl Hovland, Noam Chomsky, Kurt Lewin, Walter Lippmann, Kurt e Gladys Engel Lang, John Hohen-berg, Bill Kovach e Tom Rosenstiel, Maxwell McCombs, Donald L. Shaw, David Berlo, George Gebner etc.

    Quanto aos manuais, durante muitos anos, utilizaram-se

    10. Ver, especialmente, Gneros jornalsticos na Folha de So Pau-lo, So Paulo: FTD/USP, 1987; A opinio no jornalismo brasileiro, Petrpolis: Vozes, 1985; Teoria da comunicao Paradigmas latino-americanos, Petrpolis: Vozes, 1998; Histria do pensamento comuni-cacional, So Paulo: Paulus, 2003; Histria social da imprensa, Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003; A esfinge miditica, So Paulo: Paulus, 2004, etc.

    11. McLuhan e Innis so sabidamente canadenses, mas habitualmente entram na contra de bibliografia norte-americana.

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    os livros de David Berlo12 e Melvin De Fleur. Berlo desenvol-veu uma teoria da comunicao, especialmente voltada para a perspectiva educacional. Melvin L. De Fleur13 teve sua pri-meira verso sobre a comunicao de massa, renovada num segundo trabalho, com a presena de Sandra Ball-Rokeach. Ambos os livros obedecem a uma nica direo, todavia, a obra mais recente est mais encorpada. Por exemplo, ao captulo inicial da obra pioneira, que abordava a imprensa de massa, acrescentou-se um estudo sobre as etapas de evo-luo da comunicao humana. O volume inicial da nova obra , na verdade, um captulo intermedirio revisado da obra original, a que se seguem os estudos sobre os efeitos da comunicao de massa sobre as audincias, a partir da chamada teoria S-R, de Pavlov. A partir desse ponto, a obra mais recente muito mais abrangente, estudando as teorias de influncia seletiva; as teorias sobre a influncia indireta; a construo de significados e as estratgias de persuaso. O livro encerra-se com um bloco dedicado mdia na so-ciedade contempornea, em que se abordam a teoria da de-pendncia, e reflete-se sobre o surgimento e a importncia da televiso a cabo. No livro anterior, abordava-se, especial-mente, a comunicao de massa no seu todo, enquanto que a nova obra aprofunda as diferenas entre as vrias mdias e estuda as caractersticas de cada uma.

    O livro de Stephen W. Littlejohn, Fundamentos tericos da comunicao humana, tem todas as qualidades e todos os problemas dos trabalhos desenvolvidos por pesquisadores

    12. BERLO, David K. O processo da comunicao Introduo teoria e prtica, So Paulo: Martins Fontes, 1979.

    13. FLEUR, Melvin L. De. Teorias de comunicao de massa Impren-sa, cinema, rdio, televiso, Rio de Janeiro: Zahar, 1971. A nova edio assinada por FLEUR, Melvin L. De et BALL-ROKEACH, Sandra. Teorias da comunicao de massa, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

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    norte-americanos14. Ela se fecha em torno dos autores de seu pas, desconhecendo, quase por completo, as tendncias de pesquisa europias. Das latino-americanas, ento... nem pensar, at porque, data original de sua obra, 1978, cer-tamente as pesquisas do continente ainda engatinhavam. O livro de Littlejohn explicita-se desde o ttulo: vai abordar a comunicao humana. E o faz a partir da perspectiva de ser a comunicao humana um processo complexo. Assim, depois de examinar a natureza da teoria da comunicao, discutindo inclusive o conceito de teoria, o autor centra sua ateno na questo dos processos bsicos da comunicao, quais sejam, os signos, a significao, o pensamento e, dali, salta para a teoria da persuaso e a teoria da informao.

    Nos anos 1970, quando o Departamento de Estado nor-te-americano financiava tradues de obras para os pases ditos perifricos, no campo da comunicao social, dentre muitos outros textos, editaram-se, no Brasil, a Teoria ma-temtica da comunicao, de Claude Shanon e Warren Weaver15, Comunicao de massa e desenvolvimento, de Wilbur Schramm16 ou Comunicao de massa, de Charles Wright17, obras que, infelizmente, logo depois, desaparece-riam do mercado e nunca mais foram reeditadas. Melhor

    14. LITTLEJOHN, Stephen W. Fundamentos tericos da comunica-o humana, Rio de Janeiro: Zahar, 1982. Houve uma segunda edio, j pela Editora Guanabara; mas, depois, o livro tambm deixou de ser publicado no Brasil.

    15. SHANNON, Claude et WEAVER, Warren. Teoria matemtica da comunicao, So Paulo: Difel, 1975.

    16. SCHRAMM, Wilbur. Comunicao de massa e desenvolvimento, Rio de Janeiro: Bloch, 1970.

    17. WRIGHT, Charles. Comunicao de massa, Rio de Janeiro: Bloch, 1968.

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    sorte teve Harold Lasswell, cujas obras ainda se encontram no mercado brasileiro18, publicadas j num momento posterior.

    2.Um segundo momento importante, a partir da presena

    do CIESPAL, adveio da reao assumida por alguns dos pesquisadores vinculados ao instituto, dentre os quais o ve-nezuelano Antonio Pasquali que, contestando as perspec-tivas norte-americanas e se voltando para a linha crtica da Escola de Frankfurt, retira-se do grupo e chega a fundar o ININCO19, em Caracas. A partir dos frankfurtianos, cujos textos comeam a circular no continente, comea-se a ide-alizar uma pesquisa latino-americana sobre os fenmenos comunicacionais ou, ao menos, uma perspectiva latino-americana para tais estudos20.

    Foi sob essa perspectiva que Luiz Costa Lima lanou uma antologia que21, ainda hoje, referncia nas pesquisas

    18. So os casos de LASSWELL, Harold. A linguagem poltica, Bras-lia: UnB, 1979 e LASSWELL, Harold et KAPLAN, Abraham. Poder e sociedade, Braslia: UnB, 1979.

    19. Instituto de Investigaciones de la Comunicacin.

    20. Referncias da Escola de Franckfurt mais lembradas, no Brasil, so Walter Benjamin, Max Horkheimer, Theodor Adorno, Jrgen Haber-mas, Herbert Marcuse depois transferido para os Estados Unidos Leo Lowenthal, Siegfried Kracauer e Norbert Wiener, tambm depois transferido para os Estados Unidos.

    21. LIMA, Luiz Costa (Org.). Teoria da cultura de massa, Rio de Ja-neiro: Paz e Terra, 1978. A obra apresenta, dentre outros, artigos de Abraham Moles, Max Horkheimer e Theodor Adorno, Walter Ben-jamin, Herbert Marcuse, Edoardo Sanguinetti, Jean Baudrillard, Julia

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    brasileiras, combinando textos de autores norte-americanos e europeus, com nfase no grupo frankfurtiano. Tambm Gabriel Cohn publicou importante antologia, selecionando textos de diferentes autores, tanto norte-americanos quanto europeus, ampliando aquele panorama inicial22. Esse movi-mento vinculava-se, tambm, a uma reao de resistncia s ditaduras que, ento se instalavam no cone sul do continente latino-americano, especialmente na Argentina, Uruguai, Bra-sil e Chile. Uma segunda gerao de pesquisadores brasilei-ros desenvolveu boa parte de seus trabalhos vinculada a essa perspectiva, que passou a ser relativizada apenas, no final dos anos 1980, ainda que muitos autores permaneam-lhe fiis, como o caso de Francisco Rdiger.

    Rdiger tem publicado, em diferentes edies revisadas, uma Introduo teoria da comunicao23, obra que faz o inventrio de algumas teorias, como pode se verificar, facil-mente, a partir do sumrio do trabalho: a teoria matemtica da informao, de Claude Shannon e Warren Weaver; a Escola de Chicago e o interacionismo simblico; a perspectiva funcio-nalista da communication research; a teoria crtica da influncia de Karl Marx e Friedrich Engels Escola de Frankfurt, as con-tribuies de Walter Benjamin, Max Horkheimer e Theodor Adorno, alm de Jrgen Habermas e sua teoria comunicativa; a discusso sobre os meios eletrnicos, introduzida por Hans

    Kristeva, Roland Barthes, dentre os europeus; e Paul Lazarsfeld e Ro-bert Merton, David Riesman e Marshall McLuhan dentre os norte-americanos.

    22. COHN, Gabriel. Comunicao e indstria cultural, So Paulo: Nacional, 1977.

    23. RDIGER, Francisco. Introduo teoria da comunicao, So Paulo: Edicon, 1998. Anteriormente, esta obra teve uma outra verso, sem o captulo final.

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    Magnus Enzensberger, alm de alguns tericos mais recentes; e uma multiplicidade de pesquisadores, como os canadenses Ha-rold Innis e Marshall McLuhan; Umberto Eco e Lucien Sfez, dentre outros.

    A este trabalho, seguiram-se outros, mais diretamente vinculados inspirao franckfurtiana, como Literatura de autoajuda e individualismo24, Comunicao e teoria crti-ca da sociedade25, Civilizao e barbrie na crtica da cul-tura contempornea26, Cincia social crtica e pesquisa em comunicao27, Crtica da razo antimoderna28 e etc.

    3.Passado o perodo ditatorial, a partir dos anos 1990,

    abriu-se o panorama de reflexes tericas e os estudos pr-ticos em torno da comunicao. Como se legitimavam os estudos comunicacionais em todo o pas, ampliaram-se as perspectivas e as publicaes sobre o tema, inclusive com a forte influncia da Igreja Catlica Apostlica Romana, que passou a desenvolver uma interveno mais decisiva sobre

    24. RDIGER, Francisco. Literatura de auto-ajuda e individualismo, Porto Alegre: EDUFRGS, 1995.

    25. RDIGER, Francisco. Comunicao e teoria crtica da sociedade, Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999.

    26. RDIGER, Francisco. Civilizao e barbrie na crtica da cultura contempornea, Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.

    27. RDIGER, Francisco. Cincia social crtica e pesquisa em comu-nicao, So Leopoldo: EDUNISINOS, 2002.

    28. RDIGER, Francisco. Crtica da razo antimoderna, So Paulo: Edicon, 2003.

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    as questes polticas e sociais do continente, atravs da Teo-logia da Libertao. Nesse sentido, a Igreja promoveu dife-rentes conclaves, desde o Conclio Vaticano II, emprestando especial nfase s questes da comunicao social29, tema a que, alis, dava ateno destacada desde o final da II Grande Guerra (1938-45).

    O livro Teorias da comunicao Conceitos, escolas e tendncias, organizado por Luiz C. Martino, Vera Veiga Frana e Antonio Hohlfeldt, buscou reunir um conjunto de teorias que, efetivamente, vinham sendo estudadas e tra-balhadas, nas salas de aula de nossas universidades, tanto em cursos de Graduao quanto de Ps-Graduao e que, por isso mesmo, influenciavam fortemente as pesquisas de geraes mais novas30. O volume nasceu de nossa prpria prtica em sala de aula.

    Desse modo, essa obra partiu do debate inicial sobre o fenmeno comunicacional, incluindo um vis histrico-civilizacional, algo que permitiu abordar as principais cor-rentes sob uma perspectiva geogrfica e histrica: a pesquisa norte-americana, a Escola de Frankfurt; os estudos culturais britnicos; o pensamento comunicacional francs contem-porneo, a pesquisa na Amrica Latina; alm disso, essa pro-posta abriu espao para algumas questes especficas, como as hipteses contemporneas de pesquisa (agenda setting; news making e espiral do silncio ou o campo da semitica).

    Mais recentemente, a tendncia cada vez mais inter-disciplinar permitiu avanos nos estudos sobre as teorias

    29. HOHLFELDT, Antonio; MARTINO, Luiz C. et FRANA, Vera Veiga. Teorias da comunicao Conceitos, escolas e tendncias, Pe-trpolis: Vozes, 2001 (6 edio em 2006).

    30. HOHLFELDT, Antonio; MARTINO, Luiz C. et FRANA, Vera Veiga. Teorias da comunicao Conceitos, escolas e tendncias, Pe-trpolis: Vozes, 2001 (6 edio em 2006).

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    comunicacionais, como aqueles que aparecem em dois tra-balhos publicados por Ciro Marcondes Filho31. Ambas as obras ampliam profundamente o conceito de comunicao e, por consequncia, os autores sobre os quais se pode re-fletir e afirmar que influenciam os estudos sobre o campo. Assim, em O espelho e a mscara, d-se especial ateno questo da linguagem, que ocupa os quatro primeiros ca-ptulos do volume. Depois, fala-se a respeito de algumas teorias: Escola de Frankfurt, teorias matemticas; modelos emprico-funcionalistas; e uma srie de autores, como Mar-shall McLuhan, Theodor Adorno, Jrgen Habermas, Wi-lhelm Reich (por linhas transversas), Heidegger, Nietzsche etc. O livro encerra-se com uma reflexo terica a respeito do que o autor denomina de autopoiese na qual aborda algu-mas ambiguidades que o campo apresenta.

    O segundo volume faz um movimento ainda mais am-plo, pois se inicia com o pensamento grego, abrangendo o pensamento estico (pr-socrticos, epicuristas e Lucr-cio, dentre outros); passa sobre uma reflexo a respeito do acontecimento (matria-prima para a informao e a comuni-cao), e debrua-se, decididamente, ao longo de dois lon-gos captulos, sobre Gilles Deleuze, a que se segue Jacques Derrida, Paul Ricoeur e Umberto Eco, nos dois captulos seguintes. Richard Rorty, Heidegger, Nietzsche e Derrida, uma vez mais, ocupam ainda dois outros captulos, e o livro se encerra com um longo estudo sobre Niklas Luhmann que foi, sem sombra de dvida, um dos mestres de Ciro Marcondes Filho. Trs captulos menores retornam ao debate terico sobre a comunicao, e, em dois captulos

    31. MARCONDES FILHO, Ciro. O espelho e a mscara O enigma da comunicao no caminho do meio, So Paulo/Iju: Discurso Edito-rial/UNIJU, 2002 e O escavador de silncios Formas de construir e de desconstruir sentidos na comunicao, So Paulo: Paulus, 2004.

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    finais, curtos, Marcondes Filho revisa, ainda uma vez, as contribuies de Luhman, Habermas, Deleuze e Derrida.

    Evidentemente, trata-se de uma obra alentada, dirigida j aos conhecedores no s dos principais debates sobre o cam-po da teoria da comunicao quanto que dominam alguns dos principais debates da modernidade e da ps-modernidade. De qualquer modo, so dois volumes obrigatrios para o aprofun-damento de um debate sobre a teoria da comunicao.

    4.A reflexo terica e as mltiplas tentativas de realizarem-

    se snteses a respeito do estgio da prpria pesquisa, por seu lado, acaba de receber a contribuio de trs novos livros que, cada qual a seu modo, tornam-se, desde logo, bibliografia obrigatria para os pesquisadores brasileiros (eu diria tanto latino-americanos quanto portugueses, onde hoje circulam com naturalidade as edies brasileiras). Trata-se de Olhares, trilhas e processos Metodologias de pesquisa em comuni-cao32, Mtodos e tcnicas de pesquisa em comunicao33 e Teoria da comunicao na Amrica Latina: Da herana cultural construo de uma identidade prpria34.

    32. MALDONADO, Alberto Efendy (Org.). Olhares, trilhas e pro-cessos Metodologias de pesquisa em comunicao, So Leopoldo, UNISINOS. 2006.

    33. DUARTE, Jorge et BARROS, Antonio (Org.). Mtodos e tcnicas de pesquisa em comunicao, So Paulo: Atlas, 2005.

    34. COSTA, Rosa Maria Cardoso Dalla. Teoria da comunicao na Amrica Latina: Da herana cultural construo de uma identidade prpria, Curitiba: Universidade Federal do Paran, 2006.

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    O primeiro trabalho, organizado por Maldonado, parte da constatao negativa de que o conhecimento cientfico da comunicao social continua sendo considerado como algo secundrio mas, ao mesmo tempo, registra que, no campo da comunicao, apesar de sua juventude, observa-se uma fora singular que, em parte, fundamenta-se no aproveitamento da experincia das trajetrias j realizadas por outros campos do conhecimento35, observao perti-nente, que se identifica com aquela de Juan Jos Igartua e Maria Luisa Humanes, antes mencionada.

    Assim, essa antologia faz uma espcie de sntese do que se vem produzindo, no Brasil, mas traduz, ao mesmo tem-po, os mltiplos paradigmas adotados pelos mais variados pesquisadores, em especial, os de geraes mais recentes.

    Quanto ao livro de Jorge Duarte e de Antonio Barros, segue um amplo roteiro que se inicia abordando os concei-tos de cincia, poder e comunicao; discorre a respeito da elaborao dos projetos de pesquisa, destacando a pesquisa bibliogrfica, o mtodo biogrfico, a pesquisa em profun-didade, a etnografia, a metodologia folkcomunicacional, a observao participante e a pesquisa-ao. Depois, discu-te a pesquisa atravs da Internet, a pesquisa de opinio, os grupos focais, o mtodo semitico, estudos de caso, anlise documental, anlise de contedo, anlise do discurso, an-lise hermenutica, anlise da imagem, e d especial nfase comunicao organizacional. Na verdade, um volume imensamente abrangente e deveria estar presente na escriva-ninha de todo professor e pesquisador de qualquer campo da comunicao social.

    O livro de Rosa Maria Cardoso Dalla Costa o melhor

    35. MALDONADO, Alberto Efendy. Olhares, trilhas e processos Metodologias de pesquisa em comunicao, op. cit., ps. 9 e 10.

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    exemplo, no que, alis, segue os livros anteriores, da ten-dncia mais recente registrada, no Brasil, a abertura para o continente latino-americano. No momento atual, os pesqui-sadores brasileiros no apenas leem seus colegas hispano-americanos como so lidos por eles, de modo que se pode comear a falar, efetivamente, em uma perspectiva latino-americana sobre a teoria da comunicao.

    Numa linha diversa, organiza-se o livro editado por Ma-ria Cristina Gobbi e Antonio Hohlfeldt, Teoria da comu-nicao Antologia de pesquisadores brasileiros36. Trata-se de uma antologia que rene textos dos pesquisadores destacados por meio do prmio Luiz Beltro, concedido, anualmente, pela INTERCOM37, durante seus congressos, e que apresenta duas categorias, as de pesquisador snior e de pesquisador jovem. O volume apresenta, alm dos textos mencionados, notcias e interpretaes bibliogrficas sobre os pesquisadores e compe um panorama bastante abran-gente sobre a evoluo das pesquisas em comunicao, no Brasil, tanto do ponto de vista de quantidade quanto de qualidade e de tendncias tericas desenvolvidas.

    Em que pese o risco que se possa correr, arrisca-se sin-tetizar, pois, a recepo das diferentes correntes e escolas, desta maneira:

    36. HOHLFELDT, Antonio et GOBBI, Maria Cristina. Teoria da co-municao Antologia de pesquisadores brasileiros, Porto Alegre/So Paulo: Sulina/CORAG/Universidade Metodista de So Paulo, 2004. Uma segunda edio ser publicada ainda no corrente ano de 2006, sem os abstracts da primeira, que estava dirigido especificamente aos participantes do Congresso anual da IAMCR, ocorrido em Porto Alegre, em 2004, em promoo conjunto da prpria entidade, da IN-TERCOM e do Programa de Ps-Graduao em Comunicao Social da PUCRS.

    37. INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicao.

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    a) anos 1950 e 1960 forte presena dos autores norte-americanos, que permanecer, ao longo do tempo, sendo revitalizada, a partir da dcada de 1990, ainda que sem guardar mais a hegemonia ou mesmo o monoplio dos es-tudos; a revitalizao dos estudos norte-americanos deve-se, especialmente, s tendncias das hipteses de agenda setting e os estudos em torno de newsmaking, as teorias de Gaye Tuchman e as pesquisas de Michael Schudson e o pioneiro trabalho de Walter Lippmann sobre a opinio pblica, ou seja, sobretudo, no campo do jornalismo;

    b) anos 1970 e 1980 resistncia ditadura ps-1964 e ao estruturalismo, sobretudo, de cunho francs, por meio das teorias crticas de autores vinculados Escola de Frank-furt, com enfoque marxista. Nesse mesmo perodo, con-tudo, os tericos franceses estruturalistas, dentre os quais Roland Barthes, ou culturalistas, como Edgar Morin, al-canam, tambm, repercusso entre os estudiosos dos fe-nmenos comunicacionais, sobretudo, porque o Brasil ini-cia a experincia da indstria cultural; assim, convivem com Barthes e Morin, Louis Althusser ou Michel Foucault, ainda entre os franceses, alm de Walter Benjamin, Max Horkheimer, Theodor Adorno e, um pouco mais tarde, Jrgen Habermas, sobretudo, graas a sua teoria comunica-tiva e aos estudos em torno da chamada esfera pblica, alm de Michael Kunczik;

    c) anos 1990 em diante terminado perodo autoritrio, no Brasil, h uma forte abertura e a ampliao dos estudos comunicacionais, principalmente, graas implantao crescente de Programas de Ps-Graduao, primeiro em n-vel de Mestrado e, logo depois, de Doutorado.

    Seguindo a tendncia identificada por Mauro Wolf so-bre a aproximao entre os estudos mais administrativos

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    dos norte-americanos com as perspectivas mais histricas e sociolgicas dos europeus, ampliou-se, intensamente, a tra-duo dos estudos produzidos mundialmente, ao mesmo tempo em que os cursos de ps-graduao levaram, tam-bm, abertura das pesquisas em direo prpria Am-rica Latina, num verdadeiro intercmbio em que, tanto os autores brasileiros, como Jos Marques de Melo ou Paulo Freire, comearam a ser lidos por seus colegas de continen-te, quanto os estudiosos latino-americanos foram traduzi-dos e amplamente debatidos no Brasil.

    RefernciasBELTRO, Luiz. Folkcomunicao Um estudo dos agentes e dos meios populares de informao de fatos e expresso de idias, Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.

    BELTRO, Luiz et QUIRINO, Newton de Oliveira. Sub-sdios para uma teoria da comunicao, So Paulo: Sum-mus, 1986.

    BELTRO, Luiz. Teoria geral da comunicao, Braslia: Thesaurus. 1977.

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    COHN, Gabriel. Comunicao e indstria cultural, So Paulo: Nacional, 1977.

    COSTA, Rosa Maria Cardoso Dalla. Teoria da comunica-o na Amrica Latina: Da herana cultural construo de uma identidade prpria, Curitiba: Universidade Fede-ral do Paran, 2006.

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    DANCE, Frank E. X. Et LARSON, Carl E. The functions of human communication, New York: Holt, Rinehart & Winston, 1976.

    DUARTE, Jorge et BARROS, Antonio (Org.). Mtodos e tc-nicas de pesquisa em comunicao, So Paulo: Atlas, 2005.

    FLEUR, Melvin De et BALL-ROKEACH, Sandra (Org.). Teorias da comunicao de massa, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

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  • Teorias da Comunicao, Teorias do Discurso: Em Busca do sentido

    2.Teorias da Comunicao, Teorias do

    Discurso: Em Busca do sentido

    G M F

    Os estudos sobre a mensagem, no mbito dos meios de comunicao, surgem em contestao aos modelos de massificao, fazendo apelo, entre outros, decomposio do ento ato de comunicao, trazendo em questo a im-portncia da articulao ou estruturao da mensagem nos efeitos provocados pelos meios de comunicao.1

    Nesse contexto, verificamos que Lasswell foi um pionei-ro, com seus estudos oriundos da sociologia e da poltica, na introduo da anlise do contedo das mensagens me-diticas, enriquecendo, ainda mais, a reflexo em torno dos atos de comunicao, como se dizia, ento, juntando-se aos estudos sobre os emissores, os meios e os efeitos.

    1. Ver FERREIRA, Giovandro Marcus, Um leitura dos estudos dos efei-tos, in BARROS FILHO, Clovis e CASTRO, Gisele (orgs.), Comu-nicao e prticas de consumo, So Paulo, Editora Saraiva, 2007, p. 151-162.

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    No entanto, continua a existir uma viso na qual a ao ou, melhor dizendo, iniciativa uma exclusividade do emis-sor e os efeitos recaem, tambm, exclusivamente, sobre o pblico ou receptores. Essa assimetria refora, igualmente, a concepo de linearidade, causalidade e determinao nos estudos dos meios de comunicao. Tal concepo, marcada fortemente pelo aspecto linear da comunicao, ressoava nos estudos, a partir do domnio da cultura, da tcnica e, tambm, dos estudos das mensagens, numa esp-cie de relao de estmulo-resposta, ativo-passivo.

    Todavia, deslocando-se para o estudo da mensagem, ago-ra na perspectiva do modelo informacional ou das teleco-municaes, que busca a otimizao do fluxo comunicacio-nal, observa-se, igualmente, a linearidade na concepo do ato de comunicao, sendo ela uma teoria essencialmente de transmisso, segundo o esquema proposto por diferentes tericos. No entanto, ocorre um alargamento, ao longo do tempo, no domnio dos estudos da comunicao e a pre-ocupao com o rendimento do fluxo informacional, vai, paulatinamente, deslocando para a produo de sentido. objetivo, deste trabalho, descrever as caractersticas dos modelos presentes na migrao do rendimento informa-cional para a produo de sentido no mbito dos estudos comunicacionais.

    Mais rendimento, menos rudo: o modelo informacional

    O modelo informacional foi o primeiro a colocar em rele-vo o termo comunicao na condio de transmisso. Esse modelo influenciado pelos trabalhos matemticos das teleco-municaes. Escarpit designa trs momentos importantes de

  • Teorias da Comunicao, Teorias do Discurso: Em Busca do sentido

    influncia dessa teoria nos estudos dos meios de comunicao : inicialmente, o trabalho de Nyquist (1924) sobre a velocidade da transmisso de mensagens telegrficas; em seguida, o de Har-tley (1928) sobre a medida quantitativa da informao; enfim, o trabalho de Shannon (1948) sobre a teoria da informao enquanto teoria do rendimento informacional.2

    O modelo informacional ou a teoria da informao , essencialmente, uma teoria da transmisso de signo, segun-do o esquema proposto por Shannon. Assim, o signo colo-ca em relevo seu carter portador de informao, acrescen-tando a condio de que ele tenha, deliberadamente, sido produzido por algum e espera que ele ser compreendido como tal na sua recepo.

    Nesse contexto, essa viso refora toda uma perspectiva igualmente desenvolvida em certas abordagens sociolgicas que concebem um espcie de gnio na produo e/ou na recepo da mensagem. De um lado, h uma fonte que emite signos no interior de um aparelho de transmisso e, de outro, existe um receptor que efetua a converso desses signos para um destinatrio. A mensagem, nesse aparelho, pode comportar rudos.3

    Desse modo, possvel afirmar que o modelo informa-cional se estrutura numa viso, na qual o cdigo, sob uma perspectiva, possibilita a transmisso da informao. Assim, o cdigo um conjunto de signos, que serve de parmetro para reduzir a equiprobabilidade na fonte.4 A informao

    2. ESCARPIT, Robert, linformation et la communication - Thorie gnrale, Paris, Hachette, 1991.

    3. Wolf, Mauro , Teorias da Comunicao, Lisboa, Editorial Presena, 1987.

    4. Escarpit, R., op. cit.

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    apreendida pelo seu lado mensurvel, no interior do cdi-go, coloca em destaque o sistema sinttico. Todo outro as-pecto do significado, , intrnseco comunicao humana, no levado em conta.

    Os tericos da telecomunicao se interessam antes de tudo pelo significante, que deve ter um certo n-mero de qualidades : resistncia ao rudo, facilidade de codagem e descodagem, rapidez de transmisso. Eles no se interessam ao significado que na medida onde suas caractersticas tm uma incidncia sobre esta do significante.5

    Escarpit toma como exemplo o correio, empregado por um destes tericos o fsico Elie Roubine para ilustrar a viso da teoria da informao. O correio deve transmitir um telegrama, o interesse da empresa no o mesmo da-quele que o emite ou do outro que receber a mensagem. Para o correio, o significado da mensagem indiferente na medida em que sua tarefa a transmisso de uma quanti-dade de informao.6

    O cdigo a referncia na recepo da mensagem ou dos signos, fazendo de sua existncia (cdigo) uma condi-o sine qua non para a existncia da mensagem. A recepo extrai o sentido da mensagem pelo vis do cdigo, pois, sem ele, a mensagem considerada como uma sucesso de sinais. Logo, essa teoria tem uma viso mecanicista, na qual um significante corresponde a um s significado. Ela no

    5. Idem ibidem, p. 30.

    6. Idem ibidem.

  • Teorias da Comunicao, Teorias do Discurso: Em Busca do sentido

    considera que h uma relao ambgua entre o significante e o significado causado pela polissemia e pela homonimia.7

    A recepo ou o reconhecimento da mensagem no pode ocorrer sem o conhecimento prvio do cdigo. O mo-delo informacional se assenta sobre a individualizao do cdigo na recepo, fazendo com que a mensagem seja fru-to da existncia de significantes e que o papel da recepo seja o de ter um conhecimento do cdigo.

    Esse modelo se atendo transferncia de informaes entre dois polos, de um lado, no tem como objetivo a transformao de um em outro sistema e, de outro, no considera a dimenso que se refere significao.

    O modelo informacional , sobretudo, um mtodo de clculo de unidades de signos transmissveis e transmitidos. Ele tem como objetivo a realizao de uma comunicao mais econmica possvel no decorrer de uma transmisso de signos, evitando rudos e ambiguidades.

    Assim, o modelo informacional um modelo do rendi-mento da rentabilidade do processo de comunicao, no qual o cdigo se encontra no seu centro, assim como a avalliao da entropia, que resulta numa pesquisa da neguentropia, conhecida como o teorema do canal de rudo.8

    Apesar dos crticos, o modelo informacional perdurou, como um paradigma representativo, durante muitos anos. Tal perenidade se explica pela ausncia das teorias ditas so-ciolgicas no estudo de modelos comunicativos. Durante

    7. Idem ibidem.

    8. Esta noo central baseada sobre a entropia ser, mais tarde, um dos pontos mais criticados da teoria da informao. Ela no leva em consi-derao o aspecto diacrnico como fonte de mudana da mensagem. Idem ibidem.

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    uma certa poca, ela se encontrava s na anlise mais in-trnseca dos processos comunicativos.

    Nesse sentido, as teorias sociolgicas contribuiram para a longevidade do modelo informacional, pelo fato de priori-zar uma aproximao junto ao mbito de uma teoria social, tendo como varivel maior os meios de comunicao, do que um aprofundamento acerca do modelo comunicativo.

    Outro motivo da perenidade desse modelo foi, igualmen-te, sua difuso alm de sua funo especfica.9 Os aspectos mais especficos da matemtica foram deixados de lado, mas o esquema geral foi preservado. Esse modelo influenciou os estudos lingusticos e Roman Jakobson pode ser considera-do um dos difusores de tal alargamento terico.

    II. Muito alm do rendimento: rumo a uma abordagem semio-informacional

    Jakobson fez um trabalho de integrao de dois campos.10 O modelo de comunicao que ele edificou defende um cdigo

    9. M. Wolf indica trs motivos que contribuiram para a permanncia do modelo informacional como paradigma dominante durante vrios anos: sua funcionalidade em relao pesquisa sobre os efeitos, a orientao so-ciolgica da pesquisa em comunicao e o forte impacto da teoria crtica e de outras correntes aos quais ela deu origem. Ver WOLF, M. op. cit.

    10. Existe uma coincidncia dos fatos, as convergncias so frapantes, entre as eta-pas mais recentes da anlise lingustica e o modo de abordagem da linguagem que caracteriza a teoria matemtica da comunicao. Como cada uma destas duas dis-ciplinas se ocupa, segundo vias diferentes e bem autnomas, do mesmo domnio, o da comunicao verbal, um estreito contato entre elas se revelou til a ambas, e no h dvidas que de essa colaborao ser cada vez mais aproveitvel no futuro. Voir JAKBSON, Roman, Linguistique et thorie de la communication, in Essais de linguistique gnrale, vol. I, Paris, Les Editions de Minuit, 1963, p. 87.

  • Teorias da Comunicao, Teorias do Discurso: Em Busca do sentido

    comum e uniforme, na relao funcional emissor/receptor, re-duzindo a recepo no sentido literal da mensagem.11

    A atividade comunicativa representada como transmisso de um contedo semntico fixado entre dois plos, tambm eles definidos, encarregados de codificarem e descodificarem o contedo, segundo as restries de um cdigo igualmente fixo. A legitimade e difuso proporcionadas pela lingustica jakobsia-na verso moderada da teoria da informao, constituiram indubitavelmente um dos motivos de seu xito como teoria comunicativa adequada e bastante indiscutida.12

    Jakbson tem o mrito, mesmo se apropriando do mode-lo informacional, de ser um dos primeiros linguistas a fazer a distino entre o processo de produo e o de recepo de frase, mesmo que esta distino no tenha as caractersticas que conhecemos hoje.13

    Assim, o modelo informacional tem uma influncia so-bre outras disciplinas, mas ela recebe, igualmente, de seu lado, influncias que modificam suas caractersticas primei-ras numa dmarche feita de rupturas e de continuidades.

    Observa-se um modelo informacional que se desloca, paulatinamente, da eficcia do processo comunicativo, liga-do somente ao significante rumo a uma problemtica mais

    11. WOLF, M., Op. Cit., p. 105.. WOLF, M., Op. Cit., p. 105.

    12. Idem ibidem, p. 105.. Idem ibidem, p. 105.

    13. VERON, E., . VERON, E., Lanalyse du contrat de lecture : une nouvelle mthode pour les tudes de positionnement des supports de presse, in Les mdias - exp-riences recherches actuelles applications, Paris, IREP, juillet 1985.

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    geral da significao. Essa nova etapa pode ser, ento, deno-minada como modelo semio-informacional.14

    O desenvolvimento terico guarda, essencialmente, o esque-ma anterior, porm, o mais importante que a linearidade da transmisso se encontra ligada ao funcionamento dos fatores semnticos pelo vis do conceito de cdigo. A comunicao torna-se a transformao de um sistema por outro e no mais transmisso de informao, no momento em que o cdigo se encontra na emisso e na recepo. Agora, o cdigo que torna possvel essa transformao. 15 Ao mesmo tempo, nessa nova perspectiva paradigmtica, abre-se um campo de estudo para a anlise semitica.

    H, ento, um espao bastante complexo e articulado entre a mensagem como forma significante que veicula um certo signifi-cado e a mensagem que recebida como significado. Do ponto de vista semitico, nesse espao que se efetua o grau de competncia que o meio de comunicao e o destinatrio parti-lham, no que toca aos diferentes nveis que criam a significao da mensagem.

    Por outro lado, do ponto de vista sociolgico (nesse campo) que se articulam as variveis implicadas entre os dois parceiros do processo comunicativo. As diversas situaes socioculturais vo suscitar uma pluralidade de cdigos ou de regras de compe-tncia e de interpretao.16

    Nesse campo de estudo, o modelo semio-informacional

    14. U. Eco e P. Fabbri denominam essa fase como sendo semiti-co-informacional numa publicao de 1978. Progretto di ricer-ca sullutilizzazione dellinformazione ambientale, in Problemi dellinformazione, n4, pp. 555-597. A referncia foi tirada da obra de Mauro WOLF, op. cit..

    15. Idem ibidem.. Idem ibidem.

    16. Idem Ibidem.. Idem Ibidem.

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    concebe, no processo de comunicao, um carter contratual entre a produo e o reconhecimento da mensagem. O contra-to baseado, de um lado, sobre a articulao dos cdigos e, de outro, sobre a situao especfica do processo de comunicao.

    O segundo aspecto est presente na articulao dos cdigos e dos subcdigos entre dois polos da comunicao (dcalage de cdigos, hipercodificao, hipocodificao etc) e nas circunstn-cias forjadas pelos fatores sociais que levam simetria na produ-o e no reconhecimento da comunicao.

    A dupla noo do reconhecimento da comunicao sempre mais evidente. H uma dupla situao e no uma recepo que modelada pela mensagem, como apregoa-vam certos tericos no passado. Essa dupla situao releva a existncia de dois destinatrios: um construdo pelo des-tinador na relao dos cdigos com o destinatrio e, outro, o destinatrio emprico que sempre uma referncia na produo textual. O modelo semio-informacional j esboa uma viso da comunicao dos efeitos possveis.

    Assim, tal modelo simplifica o processo de comunica-o. Inicialmente, ele ainda concebe simples mensagens e no conjuntos textuais. Em seguida, os destinatrios no esto situados em relao s prticas textuais. Enfim, os destinatrios, desprovidos dessas prticas textuais, no so igualmente colocados numa perspectiva diacrnica.17

    preciso, no entanto, reconhecer um grande mrito do mo-delo semio-informacional na sua abertura em direo aos aspec-tos sociolgicos, quando sublinhada a influncia dos fatores sociais no processo comunicativo. Todavia, esse modelo ficou limitado anlise das mensagens, dos cdigos e das estruturas comunicativas. Observa-se uma mudana de paradigma nas mais recentes pesquisas.

    17. WOLF, M., Op. Cit.. WOLF, M., Op. Cit.

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    Do signo s prticas textuais: uma abordagem semiodiscursiva

    Esse novo modelo no fica mais ancorado ao binmio codificao descodificao como o nico ou o mais impor-tante ncleo de explicao da relao entre a produo e o reconhecimento do ato de linguagem. A relao entre esses dois polos no est mais limitada pelos cdigos e as mensa-gens tout court, mas pelo conjunto de prticas textuais.

    Os conceitos de cultura gramatizada e cultura textualiza-da reforam a riqueza da noo de prticas textuais, pois a cultura pode ser representada como um conjunto de textos e, tambm, como um sistema de regras que determinam a criao e a orientao das novas produes textuais.

    De certa forma, essa mudana de paradigma foi fruto de uma interdisciplinariedade entre os diversos domnios cientficos,18 como os estudos sobre Antropologia de Cli-fford Geertz marcados pela influncia da Semitica.19

    A cultura pode, ento, ser considerada como um conjunto

    18. Van Dijk faz uma histria da anlise do discurso remetendo, a sua origem, vrias displinas que ele considera como principais: os antece-dentes da retrica, do formalismo russo ao estruturalismo francs, a sociolingustica e a etnografia da palavra, a anlise da conversao, a lingustica do texto, a psicologia e a inteligncia artificial. Essa origem mltipla e refora, ainda mais, a perspectiva multidisciplinar da anlise do discurso, que vai sendo enriquecida com os novos desafios aos lon-gos das ltimas dcadas. Voir, VAN DIJK, Teun A., La noticia como discurso, Barcelona, Paids Comunicacin, 1990.

    19. A partir de tais reformulaes do conceito da cultura e do papel da cultura, na vida humana, surge, por sua vez, uma definio do homem que enfatiza no tanto as banalidades empricas do seu comportamento, a cada lugar e a cada tempo ; mas, ao contrrio, os mecanismos, por meio de agenciamento, garantem a amplitude e a indeterminao de suas capacidades inerentesso reduzidas estreiteza e especificidades de suas reais realizaes. Ver GEERTZ, C., A inter-pretao das culturas, Rio de Janeiro, Editora Guanabara, 1989, p. 57.

  • Teorias da Comunicao, Teorias do Discurso: Em Busca do sentido

    de textos, ou segundo Geertz, como sistemas entrelaados de signos interpretveis.20 A noo de conjuntos de textos ou sistemas de signos corrobora no papel de reconhecimento ou recepo da comunicao do meios de comunicao.

    A competncia interpratativa no fica restrita apreen-so de cdigos puros e simples, mas numa aptido dos des-tinatrios que est assentada no consumo precedente de tais textos ou de tais sistemas de signos, evidenciando o reconhecimento, como tambm a produo, como lugares de dilogo intextual, em que um novo texto tecido pelos ecos de outros textos anteriores. A perspectiva diacrnica do consumo desses textos se destaca tanto na produo quanto no reconhecimento do processo comunicativo.

    Na comunicao de massa, a orientao para o texto j consumido ou j produzido , portanto, um critrio comunicativo forte, vinculativo ; isso con-duz, principalmente para os destinatrios, a uma competncia interpretativa em que a referncia aos precedentes e o confronto intextual apresentam uma elevada viscosidade.21

    O processo de comunicao perde toda sua eficcia, efi-ccia, anteriormente, ancorada na conveno e na inten-o. A abordagem semiodiscursivo considera os efeitos possveis como uma noo central na descrio das trocas entre o enunciador e o destinatrio, numa concepo que leva em conta um desnvel constante entre a produo e o reconhecimento discursivo.

    H, ento, um desnvel permanente entre o destinatrio

    20. Idem ibidem, p.24.. Idem ibidem, p.24.

    21. WOLF, M., Op. Cit., p. 112.. WOLF, M., Op. Cit., p. 112.

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    modelo ou leitor modelo se for emprestada a terminologia de Umberto Eco construda pelas estratgias da enuncia-o do texto. Esse destinatrio modelo configurado pelo texto como uma proposio de apreender o destinatrio emprico, porm, esse desnvel entre os dois destinatrios discursivo e emprico no jamais contemplado ou ni-velado ao longo de um processo de comunicao.22

    Nessa viso, o destinatrio deixa de ser um depsito da transmisso de signos, como j foi visto precedentemente, mas se torna um alvo em constante evoluo, cujos movi-mentos tero incidncias sobre a produo discursiva. A anlise semiodiscursiva se situa, sobretudo, na relao en-tre a produo e o reconhecimento, e situa a problemtica, extrapolando a sincronia do processo de comunicao, le-vando, igualmente, em considerao significao impul-sionada pelo passado.

    A indagao pode ser deslocada da seguinte maneira: por que os leitores, sem saber das notcias do dia seguinte, muitos deles j sabem qual o jornal que gostariam de ler amanh?23 Para entender o processo de comunicao e toda significao que ele comporta, a pesquisa sobre o discurso meditico levada, cada vez mais, a considerar as variveis do contexto dos processos de comunicao.

    A produo e o reconhecimento do discurso so edifica-dos num dilogo intertextual, cuja construo de um texto costurada pelos ecos de outros textos precedentes. A perspectiva diacrnica do consumo de tais textos adqui-re relevncia na produo e no reconhecimento de um processo comunicativo.

    22. ECO, Umberto, Lector in fabula, Paris, Grasset, 1985.. ECO, Umberto, Lector in fabula, Paris, Grasset, 1985.

    23. VERON, E., op. cit.. VERON, E., op. cit.

  • Teorias da Comunicao, Teorias do Discurso: Em Busca do sentido

    Diante da complexidade ou, ento, do mistrio da re-cepo, no dizer de Daniel Dayan, a noo de recepo vem carregada de desnveis e de efeitos possveis. As implica-es scioculturais tiram o receptor da condio de dep-sito da transmisso de mensagem e migram, por conse-guinte, o estudo do signo, da anlise do discurso, para um conhecimento melhor da recepo.

    Assim, nessa nova etapa de construo de uma semiti-ca da recepo, em que h uma aproximao do destinat-rio em relao ao receptor, concomitantemente, isso ocorre com as abordagens sociolgicas e semiolgica, o que permi-te realizar outras articulaes possveis.

    Nas palavras de Mauro Wolf, poderemos estabelecer tal desa-fio na seguinte perspectiva: conectar discursos, interaes e contextos sociais, tal o objetivo explcito de uma corrente para a qual o discurso no somente um objeto semitico, mas deve ser constantemente ligado a outros contextos caso se queira compreender sua dinmica.24

    Uma questo aqui se levanta: como considerar um elemento relevante acerca de um determinado tipo de discurso? Para que um elemento seja considerado condio de produo e/ou recepo, no suficiente pleite-lo, preciso que ele deixe pistas na superfcie discursiva, levando, assim, os valores das variveis postuladas como condies de um determina-do tipo de discurso. Se tais condies mudam, o discurso muda igualmente.25

    Produo e recepo so dois polos conceituais produ-tores de sentido. O desnvel entre eles provocado pela

    24. WOLF, Mauro, Recherche em communication et analyse du dis-cours, in revue Hrmes, no 11-12, Paris CNRS Editions, 1993, p. 217.

    25. VERON, E., Dictionnaire des ides non reues, in Connexions, n 27, Paris, ARIP.

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    circulao que adquire diferentes formas, segundo o tipo de produo significante almejada. A circulao o conceito oriundo de um modelo que posiciona o discurso entre seu engendramento e seus efeitos. Nestes termos, o que tradi-cionalmente se estuda como marcas lingusticas, nessa nova abordagem, passam a ser traos ou pistas da operao de engendramento e/ou de reconhecimento, que definem o sistema de referncia das leituras possveis.

    A noo de circulao oferece ao modelo analtico uma dinamicidade acerca da variao do investimento de sentido nas matrias significantes, ao longo do tempo26, em outras palavras, pode-se caracterizar como a variao do ethos, fa-zendo do sentido uma materializao no tempo e espao.

    A linearidade entre a produo e o reconhecimento foi, durante muito tempo, sustentado pela hiptese da conven-cionalidade: os atos de linguagem foram submetidos s con-venes, pois a distino entre dois polos do discurso no era, ento, pertinente, pois uma regra convencional assegu-rara a univocidade do resultado.

    Portanto, fora dos performativos, a convencionalidade torna-se insustentvel. Um enunciado qualquer, sem ter esgotado todas suas significaes, no pode se submeter a nenhuma conveno, caso esse aspecto no contribua para lhe dar sentido.27

    O desnvel no , igualmente, considerado por aqueles que tm uma posio no-convencionalista. Nesse caso, a regra da conveno se desloca em direo inteno: ela

    26. Idem ibidem.. Idem ibidem.

    27. Veron descreve em diversos artigos de seu livro La smiosis sociale - fragments... certos impasses que a hiptese da indeterminao relativa fez emergir entre a produo e o reconhecimento no seio do estudo do ato de linguagem.

  • Teorias da Comunicao, Teorias do Discurso: Em Busca do sentido

    se torna o objetivo consciente do autor. Portanto, fica claro que s o autor tem acesso as suas intenes, pois ele no passa seu tempo verbalizando-as. Se ele no as comunica, constantemente, elas no se constituiro num fenmeno de comunicao. Isso quer dizer que entre a produo e o reconhecimento, h mais indeterminao que supem as perspectivas ligadas conveno e inteno.

    [...]o terico no-convencionalista no poder se con-tentar de ignorar essa distino; ele ser conduzido a produzir uma confuso permanente entre a produo e o reconhecimento. Para compreender a natureza desta confuso e o mecanismo de seu funcionamen-to, preciso interrogar a noo mesmo de inteno... que tem um papel fundamental na teoria dos atos de linguagem, que jamais fora definida.28

    A materializao da noo de circulao fruto da diferena entre a produo e os efeitos dos discursos. As marcas sobre a su-perfcie dos discursos so interpretadas, a partir de dois po-los analticos, enquanto pistas ou traos, a partir das opera-es de engendramento da produo e do reconhecimento que vo caracterizar o sistema de interpretaes de leitura.

    As condies da circulao so variveis, pois sofrem a influncia do suporte material-tecnolgico do discurso, da dimenso temporal, que possibilita a anlise a ser feita de maneira diacrnica, alm, obviamente, da sincrnica.

    28. VERON, E., . VERON, E., La smiosis sociales - fragments... p. 186.

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

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    VERON, Eliseo, La semiosis sociale. Fragments dune thorie de la discursivit, Saint-Denis, Presses Universitai-res de Vincennes, 1987, 228 pginas.

    VERON, Eliseo, Lanalyse du contrat de lecture : une nouvelle mthode pour les tudes de positionnement des supports de presse, in Les mdias - expriences recherches actuelles applica-tions, Paris, IREP, juillet 1985.

    VERON, Eliseo,, Dictionnaire des ides non reues, in Con-nexions, n 27, Paris, ARIP.

    WOLF, Mauro , Teorias da Comunicao, Lisboa, Edito-

    rial Presena, 1987.

    WOLF, Mauro, Recherche em communication et anal-

    yse du discours, in revue Hrmes, no 11-12, Paris CNRS Editions, 1993.

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

  • Escola Latino - Americana de Comunicao: Equvoco Terico e Poltico

    3.Escola Latino - Americana de

    Comunicao: Equvoco Terico e Poltico

    L C. M1

    Desde seu incio, a Comunicao se instaurou como um saber voltado para o estudo dos meios e a influncia que exercem na cultura. Na Amrica Latina, o debate sobre a comunicao coincide com a entrada de capital estrangeiro no setor comunicacional, particularmente com a chegada da TV e dos grandes grupos de Comunicao, por volta dos anos 60.

    Tratava-se, na poca, da luta poltica pelo reconheci-mento da natureza extremamente estratgica, do ponto de vista nacional, das empresas ligadas s atividades de comu-nicao social (jornais, rdio, TVs, redes...). O problema de

    1. Doutor em Sociologia pela Sorbonne, Paris V. Professor da Faculdade de Comunicao da Universidade de Braslia, pesquisador do CNPq.

  • Teorias da Comunicao: Trajetrias Investigativas

    fundo era a influncia estadunidense sobre o continente e tentava-se situar as intervenes empresariais dentro de um quadro mais amplo, a fim de interpret-las como um segundo momento da colonizao. Foi dessa forma que os anos 60 se constituram como um momento decisivo para a produo do pensamento comunicacional latino-americano, que se instaurou como uma forte reao contra a introduo e a livre ao de grupos privados no setor de comunicao de massa.

    Dentro desse quadro, o problema terico que se apresen-tava era de explicitar as tcnicas e mtodos empregados nes-se processo de dominao poltica. A prtica da denncia acabaria sendo o objetivo imediato de grande parte da pro-duo terica dessa poca e o estatuto do saber comunica-cional parecia estar intimamente ligado ao da prxis poltica, confundindo-se com a militncia poltica (BERGER, 1999).

    Alguns marcos nos ajudam a balizar o processo, tal como a fundao da primeira escola de Jornalismo do continen-te sul-americano, que remonta a 1934 (Universidad de La Plata, Argentina); a regulamentao da profisso, com a obrigatoriedade do diploma universitrio (1969, no Bra-sil) ou a formao dos primeiros cursos de ps-graduao (1972, na Universidade de So Paulo, e na Universidade Federal do Rio de Janeiro).

    Tudo isso indica a preocupao da regio com seus sis-temas de circulao da informao. Mas , a partir do final dos anos 60, que a produo terica latino-americana come-a a ganhar volume, e a se distanciar da influncia estaduni-dense para alcanar um perfil prprio, o que vai despertar a questo sobre sua caracterizao e originalidade.

    Um momento importante dessa histria se encontra na iniciativa da UNESCO de promover o desenvolvimento dos meios de comunicao de massa, no mundo, cr