teorias critico reprodutivistas wa

35
"Escola e Democracia", Saviani (1991) fala das correntes pedagógicas que influenciaram o panorama educacional brasileiro nas últimas décadas.

Upload: iran-irn

Post on 05-Dec-2014

153 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

"Escola e Democracia", Saviani (1991)

fala das correntes pedagógicas que influenciaram o panorama educacional brasileiro nas últimas décadas.

Page 2: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

Saviane, em relação a marginalidade, classifica as teorias educacionais em dois grupos:

NÃO - CRÍTICAS

• pelo fato de não se preocuparem com o contexto global em que se insere a Educação;

• Estas teorias entendem ser a educação um instrumento de equalização social, portanto, de superação da marginalidade

CRÍTICAS

• São as teorias que entendem ser a educação um instrumento de discriminação social, logo, um fator de marginalização

Page 3: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

Saviani explica o termo “marginalidade”:

Em relação à pessoas analfabetas ou semi -analfabetas por terem abandonado a escola ou por nem sequer terem tido acesso à ela.

Page 4: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

CONCEPÇÃO DE SOCIEDADE NAS DUAS TEORIAS:

NÃO - CRÍTICAS• A sociedade é boa –

harmoniosa sendo a marginalidade um fenômeno acidental, um desvio que afeta determinado número de indivíduos;

• A educação é o instrumento de correção destas distorções.

CRÍTICAS• Concebe a sociedade como

sendo marcada essencialmente pela divisão entre grupos ou classes antagônicas que se relacionam à base da força, sendo a marginalidade um fenômeno inerente à própria estrutura da sociedade: um grupo ou classe dominante que se apropria dos resultados da produção social, relegando ,em conseqüência, os demais à condição de marginalizados.

Page 5: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

A FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO nas duas tendências:

NÃO - CRÍTICAS

• As teorias não-críticas encaram a educação como autônoma e procuram compreendê-la a partir dela mesma.

CRÍTICAS• Estas teorias procuram

compreender a educação a partir da estrutura socioeconômica pois é esta estrutura que determina a forma de manifestação do fenômeno educativo.

Page 6: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

Pertencem às teorias não-críticas:

Page 7: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

A escola nova como pertencente as teorias não-críticas

• A profa. Ana Lúcia acredita que, especialmente na corrente pedagógica denominada "Escola Nova", há, sim, uma grande preocupação com o contexto sócio-político-cultural, tanto que o representante maior dela, John Dewey, teria contribuído para, via educação, colocar os EUA na modernidade, a partir da heterogeneidade étnica, racial, social. Apostaram na possibilidade de uni-la num caldeirão de cultura

• (Ana Lúcia Amaral, Ph.D. )

Page 8: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

A EDUCAÇÃO TEM A FUNÇÃO DE REPRODUZIR A SOCIEDADE: as teorias crítico-reprodutivistas

• Em meados dos anos sessenta, começam a se esboçar as teorias de educação ditas crítico-reprodutivistas, de inspiração marxista, que passam a ver a escola como reprodutora das relações sociais capitalistas.

• Bourdieu e Passeron, Baudelot e Establet e ainda Althusser, na França, e Bowles e Gintis nos EUA, pela perspectiva determinista de suas teorias, trouxeram grandes preocupações e angústias aos educadores de todo o mundo, colocados no "beco sem saída"em que se colocara a educação.

Page 9: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

TEORIAS CRÍTICO - REPRODUTIVISTAS• As Teorias Crítico-reprodutivistas afirmam que a

escola está de tal forma condicionada pela sociedade dividida, que ao invés de democratizar, reproduz as diferenças sociais, perpetuando o status quo. Tais teorias criticam a ingenuidade com que se defende a democratização da sociedade pela ampliação das oportunidades de escolarização, pois, segundo elas, as escolas trabalham com hábitos típicos das famílias burguesas, e a escola única é na verdade dualista, com pressões para a profissionalização precoce dos egressos das classes menos abastadas.

Page 10: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

São Teorias Socialistas que seguem o pensamento socialista de Marx e Engels, ou seja, que analisam a hegemonia entre as classes e buscam a educação unitária.

HEGEMONIA: conceito que se refere a um,a forma particular de dominação na qual uma classe torna legítima sua posição e obtém aceitação, quando não apoio irrestrito, dos que se encontram abaixo. (JOHNSON, 1997 p.123)

Page 11: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

• A visão das teorias crítico-reprodutivistas como geradoras de um sentimento de impotência, face aos problemas educacionais, é imputada a Dermeval Saviani por Luiz Antônio Cunha.

• Segundo este, imbuído do ativismo quase missionário de Antônio Gramsci, Saviani viu a teoria da violência simbólica, de Bourdieu e Passeron, na teoria dos aparelhos ideológicos de Louis Althusser, e na teoria da escola capitalista, de Baudelot e Establet, concepções que não só não estimulavam a ação transformadora dos educadores como, pior ainda, os levariam a se sentirem impotentes diante das condições da escola e da sociedade. Essas teorias, apesar de serem parcialmente verdadeiras, pela contribuição que teriam trazido para o desvendamento do caráter reprodutivo da educação (por isso seriam ‘críticas’), não deixariam ver nada mais do que a reprodução (por isso seriam ‘reprodutivistas’)

(CUNHA, 1994, p. 48-49).

Page 12: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

A Didática Crítico-Reprodutivista

• O enfoque crítico-reprodutivista enfatiza o aspecto político em detrimento da técnica, denunciando o caráter reprodutor da escola, enfocando o discurso pelo discurso. GIROUX (1988:55) afirma que a escola é reprodutora porque

• “fornece às diferentes classes e grupos sociais, formas de conhecimento, habilidades e cultura que não somente legitimam a cultura dominante, mas também direcionam os alunos para postos diferenciados na força de trabalho”.

Page 13: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

• Isso mostra que nós, educadores, fazemos a crítica, o discurso, apontando os conteúdos conflitantes, mas relegamos para segundo plano a especificidade destes conteúdos. É a reprodução do saber acumulado. Para que servem esses conteúdos se não são coerentes com a realidade sócio-cultural em que estão inseridos? Essa incoerência levou ao questionamento da prática escolar demonstrada por nós, onde nos dizemos críticos, mas na realidade somos meros reprodutores da ideologia dominante.

Page 14: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

• A perspectiva Crítico-Reprodutivista se revela capaz de fazer a crítica do existente, de explicitar os mecanismos desse existente, mas não tem proposta de intervenção na realidade. Limita-se apenas a constatar que é assim e não pode ser de outra forma.

• Sofre críticas com relação ao seu pessimismo por desconsiderar o papel transformador da escola, mas certamente favorece uma percepção mais crítica da educação

Page 15: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

• Para SAVIANI (1986:17), na teoria crítico-reprodutivista

“é impossível que o professor desenvolva uma prática crítica: a prática pedagógica situa-se sempre no âmbito da violência simbólica, da inculcação ideológica, da reprodução das relações de produção. Para cumprir essa função, é necessário que os educadores desconheçam seu papel e quanto mais eles ignoram que estão reproduzindo, mais eficaz é a reprodução”.

Page 16: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

INCULCAREnviado por Fabio Eleuterio - porém a definição é do Aurélio,

(SP) em 04-01-2008. verbo transitivo direto

1. Apontar, citar, apregoar. 2. Demonstrar. 3. Dar a entender, demonstrar, indicar, revelar. 4. Repetir (alguma coisa) com insistência, para frisá-la no espírito; repisar. 5. Recomendar elogiosamente; propor, indicar, aconselhar: Tentava inculcar-lhe novos métodos. 6. Dar-se, oferecer, apresentar-se, impor-se. 7. Mostrar-se, impor-se. 7. Mostrar-se, insinuar-se. 8. Descobrir-se, revelar-se. (Conjug.; v. trancar)

Tentava inculcar-lhe novos métodos - "Tentava recomendar (indicar, demonstrar, apontar, etc )-lhe novos métodos".

Page 17: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

PIERRE BOURDIEU

• Bourdieu teve o mérito de formular, a partir dos anos 60, uma resposta original, abrangente e bem fundamentada, teórica e empiricamente, para o problema das desigualdades escolares. Essa resposta tornou-se um marco na história, não apenas da Sociologia da Educação, mas do pensamento e da prática educacional em todo o mundo.

Page 18: Teorias Critico Reprodutivistas Wa
Page 19: Teorias Critico Reprodutivistas Wa
Page 20: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

• Dados reais de uma escola pública do estado Rio de Janeiro: 1800 alunos.

• 40 turmas divididas em três turnos. Aproximadamente 4000 aulas por mês.

• R$ 36.000 reais, em quatro parcelas de 9.000. Verbas anuais liberadas pelo governo do estado para custear água, luz, merenda, telefone, material de limpeza, material pedagógico e custos de manutenção:

• Estimativa do custo anual total dos salários dos professores: 4000 aulas R$9,00 hora/aula= R$ 36000,00 por mês x13,3 meses (12 meses+ férias e 13º salário)= R$478.800,00.

Page 21: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

• Estimativa do custo dos salários dos outros funcionários da escola (10 ao todo): 10 funcionários x 40 horas de trabalho x 4 semanas x R$ 9,00 h/aula x 13,3 meses= R$191.520,00 .

• Soma dos custos anuais com verbas para o colégio, salários dos professores e salários de funcionários: R$ 36.000,00 + R$ 478.800,00 + R$191.520,00 = R$706.320,00

• Custo anual por aluno= R$ 706.320,00 : 1800 alunos= R$ 392,40

• Custo mensal por aluno= R$392,40 : 12 meses= R$32,70

Page 22: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

Duas perguntas: • 1 - Será que algum colégio particular tem uma

mensalidade deste valor?• 2 - É possível uma educação de qualidade pelo

preço de R$ 32,70 por mês?

http://chermontlopolis.wordpress.com/2008/03/14/o-custo-da-escola-publica/

Page 23: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

VIOLÊNCIA SIMBÓLICA• A violência simbólica se funda na fabricação

contínua de crenças no processo de socialização, que induzem o indivíduo a se enxergar e a avaliar o mundo seguindo critérios e padrões do discurso dominante.

• Criado com o objetivo de elucidar as relações de dominação que não pressupõe a coerção física ocorridas entre as pessoas e entre os grupos presentes no mundo social, a qual corresponde a um tipo de violência que é exercida em parte com o consentimento de quem a sofre.

(O bullying é um tipo de violência simbólica)

Page 24: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

• Bourdieu (1992, p. 52) ressalta que em relação às camadas dominadas, o maior efeito da violência simbólica exercida pela escola não é a perda da cultura familiar e a inculcação de uma nova cultura exógena, mas o reconhecimento, por parte dos membros dessa camada, da superioridade e legitimidade da cultura dominante. Esse reconhecimento se traduziria numa desvalorização do saber e do saber-fazer tradicionais - por exemplo, da medicina, da arte e da linguagem populares, e mesmo do direito consuetudinário - em favor do saber e do saber-fazer socialmente legitimados.

Page 25: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

ESCOLA DUAL• no contexto da democratização do acesso à

escola fundamental, e do prolongamento da escolaridade obrigatória, que se tornou evidente o problema das desigualdades de escolarização entre os grupos sociais

• os estudos de Bourdieu acentuaram essa dimensão em que a origem social dos alunos se constitui em desigualdades escolares e, mais ainda, em que as desigualdades escolares reproduzem o sistema objetivo de posições e de dominação.

Page 26: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

A herança familiar e suas implicações escolares

• Bourdieu, principalmente nas pesquisas conduzidas em conjunto com Passeron (1964; 1970), desvenda a seleção escolar que elimina e marginaliza os alunos oriundos das classes populares, enquanto privilegia os alunos mais dotados de capital cultural e social, contribuindo, assim, para a reprodução, de geração em geração, dos capitais econômico, cultural e social acumulados. Esta teoria contraria a convicção, até então amplamente aceita, de que existe igualdade de chances no sistema educacional.

Page 27: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

O termo “CAPITAL”

• Bourdieu e Coleman introduziram o conceito de capital na análise social para referir-se não apenas à sua forma econômica, mas também à sua forma cultural e social. Estes autores utilizaram o termo capital como metáfora para falar das vantagens culturais e sociais que indivíduos possuem e que geralmente os conduzem a um nível socioeconômico mais elevado.

Page 28: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

CAPITAL: CULTURAL - SOCIAL• capital social "se refere ao conjunto das relações

sociais (amigos, laços de parentesco, contatos profissionais, etc.) mantidos por um indivíduo".

• O capital cultural é um conjunto de objetos, conhecimentos e habilidades que o indivíduo adquire paulatinamente nas diversas instituições sociais às quais ele tem vínculo, especialmente a família.

• Esses conceitos bourdieusianos, portanto, refinam a compreensão das desigualdades escolares no interior do sistema de ensino (DUALIDADE)

Page 29: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

O Capital Cultural e o Capital Social influenciam no sucesso escolar

• Bourdieu adverte que a igualdade de oportunidades diante da escola não é suficiente para se atingir o sucesso escolar. Tornou-se imperativo reconhecer que o desempenho escolar não dependia, tão simplesmente, dos dons individuais, mas da origem social dos alunos (classe, etnia, sexo, local de moradia, entre outros).

Page 30: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

• Onde se via igualdade de oportunidades, meritocracia, justiça social, Bourdieu passa a ver reprodução e legitimação das desigualdades sociais. A educação, na teoria de Bourdieu, perde o papel que lhe fora atribuído de instância transformadora e democratizadora das sociedades e passa a ser vista como uma das principais instituições por meio da qual se mantêm e se legitimam os privilégios sociais

Page 31: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

As limitações dessa abordagem:

Page 32: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

• As limitações dessa abordagem, no entanto, se revelam sempre que se busca a compreensão de casos particulares (famílias, indivíduos, escolas e professores concretos). Bourdieu nos forneceu um importante quadro macrossociológico de análise das relações entre o sistema de ensino e a estrutura social.

• Sofre críticas com relação ao seu pessimismo por desconsiderar o papel transformador da escola, mas certamente favorece uma percepção mais crítica da educação.

Page 33: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

• A perspectiva crítico-reprodutivista se revela capaz de fazer a crítica do existente, de explicitar os mecanismos desse existente, mas não tem proposta de intervenção na realidade. Limita-se apenas a constatar que é assim e não pode ser de outra forma.

Page 34: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

Fontes:BOURDIEU, Pierre. Escritos de Educação. Mª Alice

Nogueira; Afrânio Catani – organizadores. Petrópolis: Vozes, 2001.

AMARAL, Ana Lúcia. Perspectivas para a didática no atual contexto político pedagógico.Prof. Adjunto / FaE/ DMTE/ UFMG.

SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre a educação política. 34. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2001.

Page 35: Teorias Critico Reprodutivistas Wa

• Passado o impacto da "reprodução", ainda sob inspiração marxista e neo-marxista, desenvolve-se no Brasil uma nova linha de caráter "progressista", "libertador" ou "libertário", ou, nas palavras de Saviani, uma teoria crítica da educação.

VAMOS RECORDAR ESTAS TENDÊNCIAS?