teoria econômica - conceito, objeto, fluxo renda, oferta, demanda, políticas econômicas

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 UNIESP  Santo André Profª Patrícia Velloso 1 TEORIA ECONÔMICA  1.CONCEITO Economia: ciência social que estuda administração dos recursos escassos entre usos e fins alternativos. Em economia tudo se resume a uma restrição quase física, a lei da escassez, isto é, produzir o máximo de bens e serviços com os recursos escassos disponíveis a cada sociedade. É a ciência do bem-estar. 2. OBJETO DO ESTUDO ECONÔMICO: A ESCASSEZ Se uma quantidade infinita de cada bem pudesse ser produzida, se os desejos humanos pudessem ser completamente satisfeitos, não importaria que uma quantidade excessiva de certo bem fosse de fato produzida. Nem importaria que os recursos disponíveis, trabalho, terra e capital (este deve ser entendido como máquinas, edifícios, matérias primas, etc.), fossem combinados irracionalmente para a produção de bens. Não havendo o problema da escassez, não faz sentido falar em desperdício ou em uso irracional dos recursos, e na realidade só existiriam os bens livres. Bastaria fazer um pedido e pronto, um carro apareceria de graça. Na realidade, a escassez dos recursos disponíveis acaba por gerar a escassez dos bens   chamados bens econômicos . Por exemplo, as jazidas de minério de ferro são abundantes, porém, o minério pré usinável, as chapas de aço e finalmente, o automóvel são bens econômicos escassos. Logo, o conceito de escassez econômica deve ser entendido como a situação gerada pela razão de produzir bens com recursos limitados, a fim de satisfazer as il imitadas necessidades humanas . Todavia, somente existirá escassez se houver uma demanda para aquisição do bem. Por exemplo, o hino nacional escrito na cabeça de um alfinete é um bem raro, mas não é escasso, porque não existe uma demanda para sua aquisição. Perguntamos então, por que são os bens procurados (desejados)? A resposta é relativamente simples: um bem é demandado porque é útil. Por utilidade entende-se a capacidade que tem um bem de satisfazer uma necessidade humana. Para concluirmos, definimos bem, como tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana. Eles podem ser materiais, pois podem atribuir-lhes características físicas de peso, forma e dimensão . Por exemplo, automóvel, moeda, borracha, café, roupa, casa, etc. Ou ainda, imateriais, que são os de caráter abstrato, tais como a aula ministrada, a hospedam prestada, a vigilância do guarda noturno (em geral, todos os serviços prestados são imateriais, ou seja, se acabam praticamente simultaneamente à sua produção). Quanto ao conceito de necessidade humana é bastante subjetivo, contudo para não omitirmos a questão, definir- se-á necessidade humana como qualquer manifestação de desejo que envolva a escolha de um bem econômico

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UNIESP Santo AndrTEORIA ECONMICA 1.CONCEITO Economia: cincia social que estuda administrao dos recursos escassos entre usos e fins alternativos. Em economia tudo se resume a uma restrio quase fsica, a lei da escassez, isto , produzir o mximo de bens e servios com os recursos escassos disponveis a cada sociedade. a cincia do bem-estar.

2. OBJETO DO ESTUDO ECONMICO: A ESCASSEZ Se uma quantidade infinita de cada bem pudesse ser produzida, se os desejos humanos pudessem ser completamente satisfeitos, no importaria que uma quantidade excessiva de certo bem fosse de fato produzida. Nem importaria que os recursos disponveis, trabalho, terra e capital (este deve ser entendido como mquinas, edifcios, matrias primas, etc.), fossem combinados irracionalmente para a produo de bens. No havendo o problema da escassez, no faz sentido falar em desperdcio ou em uso irracional dos recursos, e na realidade s existiriam os bens livres. Bastaria fazer um pedido e pronto, um carro apareceria de graa. Na realidade, a escassez dos recursos disponveis acaba por gerar a escassez dos bens chamados bens econmicos . Por exemplo, as jazidas de minrio de ferro so abundantes, porm, o minrio pr usinvel, as chapas de ao e finalmente, o automvel so bens econmicos escassos. Logo, o conceito de escassez econmica deve ser entendido como a situao gerada pela razo de produzir bens com recursos limitados, a fim de satisfazer as ilimitadas necessidades humanas. Todavia, somente existir escassez se houver uma demanda para aquisio do bem. Por exemplo, o hino nacional escrito na cabea de um alfinete um bem raro, mas no escasso, porque no existe uma demanda para sua aquisio. Perguntamos ento, por que so os bens procurados (desejados)? A resposta relativamente simples: um bem demandado porque til. Por utilidade entende-se a capacidade que tem um bem de satisfazer uma necessidade humana. Para concluirmos, definimos bem, como tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana. Eles podem ser materiais, pois podem atribuir-lhes caractersticas fsicas de peso, forma e dimenso . Por exemplo, automvel, moeda, borracha, caf, roupa, casa, etc. Ou ainda, imateriais, que so os de carter abstrato, tais como a aula ministrada, a hospedam prestada, a vigilncia do guarda noturno (em geral, todos os servios prestados so imateriais, ou seja, se acabam praticamente simultaneamente sua produo). Quanto ao conceito de necessidade humana bastante subjetivo, contudo para no omitirmos a questo, definirse- necessidade humana como qualquer manifestao de desejo que envolva a escolha de um bem econmicoProf Patrcia Velloso 1

UNIESP Santo Andrcapaz de contribuir para a sobrevivncia ou realizao pessoal de um indivduo. Aos economistas, interessa a existncia das necessidades humanas a serem satisfeitas com bens econmicos, no a validade filosfica das necessidades. Para perceber a dificuldade da questo, melhor exemplificar: a carne seca pode ser uma necessidade para os menos favorecidos e no o ser para os mais favorecidos; para os menos favorecidos , um carro pode no ser uma necessidade, porm para os de classe mdia, j o ; para alguns, a construo de uma manso pode ser uma necessidade, ao passo que pode no o ser para os de renda mdia. O fato concreto que no mundo de hoje todos desejam e necessitam de geladeiras, esgotos, carros, TVs, educao, cinemas, livros, roupas, cigarros, etc. As ilimitadas necessidades j se expandem para fora da esfera biolgica da sobrevivncia. Poder-se-ia pensar que o suprimento dos bens destinados a atender s necessidades biolgicas das sociedades modernas seja problema solucionado e com ele tambm o problema da escassez. Todavia, numa contra argumentao dois problemas surgem: o primeiro que essas necessidades se renovam a cada dia e exigem contnuo suprimento dos bens para atend-las; o segundo a constante criao de novos desejos e necessidades, motivadas pela perspectiva que se abrem a todos os povos de aumentarem o nvel do padro de vida. Da noo biolgica, devemos evidentemente passar noo psicolgica da necessidade, observando que a saturao das necessidades, e, sobretudo, dos desejos humanos, est muito longe de ser alcanada, mesmo nas economias altamente desenvolvidas de nossa poca. Consequentemente, o problema da escassez tambm se renova. Explicando o sentido econmico de escassez e necessidade, torna-se fcil entender que Economia a cincia social que se ocupa da administrao dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos , ou que Economia o estudo da organizao social, pela qual, os homens satisfazem suas necessidades de bens e servios escassos. As definies trazem de forma explcita que o objeto da cincia econmica o estudo da escassez, e que ela se classifica entre as cincias sociais.

Economia trata da alocao de recursos escassos, para suprimento de necessidades ilimitadas. Recursos podem ser humanos (esforo humano) ou de capital (mquinas, edificaes, etc.). Recursos so aplicados para proporcionar bem estar, atendendo as necessidades humanas, e utilizando tcnicas adequadas de produo. Necessidades Humanas, no geral so ilimitadas (alimentao, vesturio, transporte, sade, etc.).Prof Patrcia Velloso 2

UNIESP Santo Andr3. DIVISO DO ESTUDO DA ECONOMIA Um curso de Introduo Economia visa capacitar o aluno a dar seus primeiros passos na anlise e na percepo dos problemas econmicos. A teoria econmica constitui-se de um corpo unitrio de conhecimento da realidade, passvel de uma diviso, principalmente por razes didticas: a. Microeconomia (teoria dos preos): estuda a formao dos preos nos diversos mercados, por meio da ao conjunta da demanda e oferta. Os preos constituem os sinais para o uso eficiente dos recursos escassos da sociedade e funcionam como um elemento de excluso. b. Macroeconomia (equilbrio da renda nacional): estuda as condies de equilbrio estvel entre a renda e a despesa nacionais. As polticas econmicas de interveno procuram sempre estabelecer tal equilbrio. c. Desenvolvimento Econmico: estuda o processo de acumulao dos recursos escassos e da gerao de tecnologia capazes de aumentar a produo de bens e servios para a sociedade. d. Economia Internacional: estuda as condies de equilbrio do comrcio externo (importao e exportao), alm dos fluxos de capital.

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UNIESP Santo Andr4. FATORES DE PRODUO

Os economistas enumeram 3 fatores de produo: 1. Recursos Naturais ou Terra: elementos da natureza passveis de utilizao econmica; 2. Capital: O conjunto de mquinas, instalaes e equipamentos disposio da sociedade; 3. Mo de Obra ou Trabalho: total da poluo economicamente ativa de uma sociedade.

5. FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ECONMICO E A REMUNERAO DOS FATORES DE PRODUO

Estudaremos o comportamento de um sistema econmico simples, que possui apenas 2 agentes: as empresas e as famlias. preciso chamar a ateno, antes de mais nada, para o fato de que as definies de empresas e famlias em economia, pouco, ou nada esto relacionadas com o senso comum das pessoas em relao a estes conceitos. Em economia as definies so as seguintes:

Famlias: agentes econmicos consumidores e que so os proprietrios dos fatores de produo (terra, capital e trabalho).

Empresas: so as unidades produtoras de bens. o lcus onde ocorre a produo dos bens e servios que sero consumidos pelas famlias.

A forma de funcionamento do sistema bastante simples. Para que as empresas realizem a produo dos bens e servios necessrio que estas comprem os fatores de produo que, por definio pertencem s famlias. No entanto, para que as famlias concedam a utilizao de seus fatores de produo s empresas necessitam pagar uma remunerao por seu uso, que chamada renda. Com a renda que conseguiram atravs da venda de seus fatores de produo, as famlias realizam seus gastos na compra de bens e servios que so produzidos pelas empresas.

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O fluxo real envolve atividades concretas de bens e servios como o trabalho ou a produo; e o fluxo monetrio constitudo de pagamentos de salrios, juros, aluguis e dividendos, efetuados pelo trabalho executado pelos agentes econmicos: os rendimentos.

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UNIESP Santo Andr6. DEMANDAA demanda (ou procura) a quantidade de um bem ou servio que um consumidor deseja e est disposto a adquirir por determinado preo e em determinado momento. Dessa forma, a demanda deve explicar o comportamento de um consumidor tomado individualmente como, por exemplo, um sujeito interessado na compra de arroz. 6.1 LEI GERAL DA DEMANDA A quantidade demandada de um bem X qualquer varia inversamente ao seu preo. Assim, quanto maior Px, menor Dx, e vice versa.

Grfico 1: representa os diversos preos P e as diversas quantidades demandadas Q

Matematicamente, pode-se expressar essa relao da seguinte forma, chamada de funo demanda: Qd = f(P)

Onde: Qd a quantidade demandada e P o preo do bem ou servio Ou seja, a quantidade uma funo do preo, isto , depende do preo.

Essa relao inversamente proporcional da funo devida, basicamente, a dois efeitos:

Efeito substituio: se o bem A possui um bem substituto B (similar) Efeito renda: perda de poder aquisitivo com o aumento do preo do bem, menor consumo.

Alm destas, outras variveis que afetam a demanda de um bem:

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UNIESP Santo AndrVariaes na Renda dos Consumidores: se esta aumenta e a procura por um determinado bem tambm aumenta, temos o que chamamos de bem normal. Existem tambm os bens chamados de inferiores, cuja demanda varia em sentido inverso renda dos consumidores (Ex: se o consumidor torna-se mais rico, reduz seu consumo de ovos para substitu-lo pelo consumo do outro bem). H ainda os bens de consumo saciado, que no sofrem influncia da renda dos consumidores (Ex: arroz, farinha, sal);

Preos dos Outros Bens ou Servios: quando h uma relao direta entre preo de um bem e quantidade de outro, afirmamos que esses bens so substitutos ou concorrentes, ou seja, quando o preo de um dos bens se eleva o consumo do outro tambm se eleva na mesma proporo. Quando essa relao inversa, ou seja, o preo de um bem diminui, a tendncia que o consumo deste aumente, desta forma, quantidade consumida de outro bem se eleva, da, dizemos que temos ento, bens complementares.

Hbitos e Preferncias dos Consumidores: a influncia e efetivao de preferncias e hbitos dos consumidores fator preponderante da destinao dos investimentos em propaganda e marketing, visando minimizar os efeitos na procura de um bem em relao variao dos preos desse bem.

Alm dos fatores apontados anteriormente, que so os principais, a procura de alguns bens pode ser afetada por outros fatores especficos como: sazonalidade e localizao do consumidor, ou gerais como: condies de crdito, perspectivas da economia, congelamentos e tabelamentos de preos e salrios.

7. OFERTAQuantidade de bens ou servios que se produz e se oferece no mercado, por determinado preo e em determinado perodo de tempo.

7.1 LEI GERAL DA OFERTA A oferta de um bem X varia diretamente ao seu preo. Assim, quanto maior Px, maior Ox, e quanto menor Px, menor Ox.

Grfico 2: representa os diversos preos P e as diversas quantidades ofertadas Q.Prof Patrcia Velloso 7

UNIESP Santo AndrMatematicamente, pode-se expressar essa relao da seguinte forma, chamada de equao da oferta: Qo = f(P) Onde: Qo a quantidade ofertada e P o preo do bem ou servio Ou seja, a quantidade uma funo do preo, isto , depende do preo.

Essa relao diretamente proporcional da funo devida principalmente, ao seguinte fator:

Aumento do preo praticado de um bem estimula as empresas produtoras a elevar os volumes de produo, bem como, atrai novos players para o segmento, elevando a quantidade ofertada do produto. H ainda outros fatores influenciadores como: custos dos fatores de produo, ou seja, o suprimento dos insumos necessrios para a produo da mercadoria; alteraes tecnolgicas, quanto maior for o avano tecnolgico, maior tende a ser a quantidade ofertada; as condies climticas, no caso de produtos agrcolas; aumento de empresas no mercado.

8. EQUILBRIO DE MERCADOConceito: A interao das curvas de demanda e de oferta determina o preo e a quantidade de equilbrio de um bem ou servio em um dado mercado:

Oferta e demanda do bem X: Como podemos verificar, no grfico abaixo, existe equilbrio entre demanda e oferta do bem X quando o preo igual a 6,00 unidades monetrias:

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UNIESP Santo Andr9. INTERFERNCIA DO GOVERNO NO EQUILBRIO DO MERCADO

A atuao do governo, em diversas frentes, pode influenciar na formao de preos no mercado, vejamos alguns exemplos:

Estabelecimento de impostos: Analisando-se que as empresas pagam uma parte dos impostos e os consumidores outra, esse nus fator de influncia na formao dos preos. Esses tributos dividem-se em: impostos (diretos: IR, IPTU e indiretos: ICMS, IPI), taxas e contribuio de melhoria.

Poltica de preos mnimos na agricultura: Essa poltica visa garantir uma rentabilidade mnima aos produtores, independentemente da situao de mercado vigente no momento da safra. Caso os preos de mercado sejam inferiores aos estabelecidos o governo poder comprar os excedentes (j que o mercado no absorver toda a quantidade disponvel) ou pagar subsdios aos produtores pela diferena de preos entre o acordado e o praticado no mercado.

Tabelamento: Ao direta do governo sobre os preos praticados visando: coibir abusos por parte vendedores, controlar preos de bens de primeira necessidade ou refrear o processo inflacionrio.

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Pisos de Preos: uma restrio imposta pelo governo que probe que o preo caia abaixo de um determinado valor. Se esse piso est abaixo do valor de mercado ele no tem efeito. Porm, se ele for determinado acima do valor de mercado causar um excesso de oferta, pois no haver compradores para todas as unidades disponveis para venda.

Tetos de preos: uma restrio imposta pelo governo que probe um preo ultrapassar certo valor mximo. Se esse teto estiver fixado abaixo do valor de mercado, haver falta do bem em questo.

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UNIESP Santo Andr10. POLTICA ECONMICAConjunto de medidas tomadas pelo governo de um pas com o objetivo de atuar e influir sobre os mecanismos de produo, distribuio e consumo de bens e servios. O alcance e o contedo de uma poltica econmica variam de um pas para outro, dependendo do grau de diversificao de sua economia, da natureza do regime social, do nvel de atuao dos grupos de presso (partidos, sindicatos, associaes de classe e movimentos de opinio pblica). Finalmente, a poltica econmica depende da prpria viso que os governantes tm do papel do Estado no conjunto da sociedade. De maneira geral, podem-se classificar as polticas econmicas em trs tipos, segundo os objetivos governamentais: estruturais, de estabilizao conjuntural e de expanso. A poltica estrutural est voltada para a modificao da estrutura econmica do pas (podendo chegar at mesmo a alterar a forma de propriedade vigente), regulando o funcionamento do mercado (proibio de monoplios e trustes) ou criando empresas pblicas, regulamentando os conflitos trabalhistas, alterando a distribuio de renda ou nacionalizando empresas estrangeiras. A poltica de estabilizao conjuntural visa superao de desequilbrios ocasionais. Pode envolver tanto uma luta contra a depresso como o combate inflao ou escassez de determinados produtos. A poltica de expanso tem por objetivo a manuteno ou a acelerao do desenvolvimento econmico. Nesse caso, podem ocorrer reformulaes estruturais e medidas de combate inflao, proteo alfandegria e maior rigor na poltica cambial contra a concorrncia estrangeira1. Veremos a seguir os instrumentos de poltica econmica utilizados. 10.1 POLTICA FISCAL com base na poltica fiscal que o governo define e aplica os impostos, taxas e contribuies sobre os agentes econmicos, promovendo a Receita Fiscal. Define os gastos do Governo e influi na poltica monetria, em especial, no fluxo de caixa e na concesso de crdito dos agentes econmicos. Por exemplo, uma alterao da carga tributria dos consumidores afeta sua renda disponvel, atingindo o nvel da poupana. Um acrscimo na carga tributria das empresas acarretar uma reduo dos resultados, o que torna o capital investido menos atraente, e tambm menor capacidade de investimento, por acumular menos fluxos de caixa, podendo tornar a empresa mais dependente de emprstimos para financiar sua atividade. Dessa forma, uma alterao na poltica fiscal afeta a economia para consumo, investimento e o equilbrio da renda nacional. Por outro lado, um acrscimo de gastos do governo, geralmente promove um incremento na demanda agregada, alterando de forma positiva a renda nacional.

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Fonte: SANDRONI, P. Dicionrio de Economia do Sculo XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005 10

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UNIESP Santo AndrO governo financia suas necessidades financeiras mediante aumento de impostos, emisses monetrias, inclusive aquelas determinadas por emprstimos internacionais e colocao de ttulos no mercado. Essas medidas, com exceo do aumento de impostos, criam dvidas ao Tesouro Nacional. A receita lquida de impostos que financia os gastos do governo. Receita Bruta com impostos (-) Gastos correntes de consumo do governo (-) Investimentos do Governo _______________________________________ (=) Supervit / Dficit Primrio Supervit: resultado positivo das receitas descontados os gastos e investimentos ou o excesso da receita sobre a despesa. Dficit: resultado negativo das receitas descontados os gastos e investimentos ou excesso da despesa sobre a receita.

Poltica fiscal expansionista: a tomada de medidas econmicas que objetiva gerar um aumento da despesa pblica ou reduo de impostos. Quando o objetivo estimular a demanda agregada, especialmente quando a economia est atravessando um perodo de recesso e precisa de um "empurro" para se expandir. Como resultado, temos a tendncia de dficit ou at mesmo inflao. Os mecanismos utilizados so:

Aumentar a despesa pblica para aumentar a produo e reduzir o desemprego. Impostos mais baixos, para aumentar o rendimento disponvel ao consumidor/investidor, causando aumento de consumo e investimento das empresas, em concluso, uma mudana no sentido da demanda agregada (expanso).

Poltica fiscal contracionista: a tomada de decises que visa uma reduo de gastos governamentais pblico ou aumento dos impostos, ou ainda uma combinao de ambos. Quando o objetivo reduzir a demanda agregada, por exemplo, quando a economia est em um perodo de expanso excessiva (superaquecimento econmico) e, h a necessidade de retrao econmica, em consequncia da excessiva inflao que se constri neste cenrio.Prof Patrcia Velloso 11

UNIESP Santo AndrOs mecanismos so inversos aos da poltica expansionista. Eles consistem em:

Reduzir os gastos do governo para desacelerar a produo. Aumentar os impostos para que as pessoas no consumam tanto e as empresas invistam menos, consequentemente desloca a demanda agregada (contrao).

que ela reduz a demanda agregada de forma a gerar excesso de oferta agregada de bens, o que ir fazer diminuir o nvel de renda e os preos do mercado. Todas essas causam de alguma forma variaes na taxa de juros e na taxa de cmbio. As aes de poltica fiscal mais comuns em uma recesso so:

corte fiscal para negcios e indivduos. Isto d s pessoas e corporaes mais dinheiro, o que as motiva a comprar coisas e, assim, aumentar a demanda; gastos aumentados para estabelecer novos empregos no governo. Isto aumenta a demanda por trabalho, o que pode diminuir a taxa de desemprego; polticas fiscais automticas, que agem imediatamente. Uma das polticas fiscais automticas mais importantes o seguro-desemprego. Este sistema fornece uma receita para as pessoas que esto sem emprego.

preciso esclarecer que o deficit no necessariamente uma coisa ruim a ser evitada. Os defensores acreditam que a poltica oramental, ao invs de tentar alcanar o ponto de equilbrio (P1 , na figura), deveria aumentar seu gasto para estimular a economia e, portanto, G>T havendo um dficit.

Veja o grfico:

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Legenda:

T: os impostos, o dinheiro pago pelos cidados G: gastos do governo, o dinheiro gasto pelo Estado em obras, etc Eixo Y (vertical): dinheiro (recebido ou gasto) Eixo X (horizontal): Produto Interno (PIB), a produo P1: equilbrio oramental, T = G Zona vermelha, P2: rea de dficit, onde as despesas so superiores s receitas Zona Verde, P3: rea de supervit, resultado positivo com reduo de gastos, ou maior arrecadao de impostos

10.2 POLTICA CAMBIAL A poltica cambial pode afetar o nvel das exportaes, que pela converso de divisas em moeda nacional, pode promover um processo inflacionrio na economia, afetando assim o controle dos juros. Como todo preo, a taxa de cmbio basicamente determinada pela lei da oferta e da procura. Se a procura maior que a oferta, o preo do dlar, em reais, sobe. Se a oferta maior que a procura, consequentemente, o preo cai. So vrios os fatores que podem influenciar a oferta/demanda por dlares, da a dificuldade que os economistas tm em prever o comportamento da taxa de cmbio. O Banco Central quem define o que os economistas chamam de poltica ou regime cambial.

Existem duas polticas cambiais extremas: Na primeira, chamada de poltica de cmbio fixo, que uma taxa com que os pases se comprometem a manter o mesmo poder de paridade, comprometendo-se o Banco Central a satisfazer qualquer oferta ou demanda por dlares que o mercado possa necessitar. Isto , o Banco Central entra no mercado de cmbio e diz que, para ele, o dlar vale dois reais e trinta e quatrocentavos (2.34 R$/US$), e garante a compra ou venda de qualquer quantidade de dlares que o mercado ofertar a esse preo. Neste caso o dlar fica parado em 2.34 R$/US$, porque o Banco Central anula, comprando ou vendendo dlares, qualquer seja a presso de aumento ou queda de seu preo. A principal vantagem da taxa de cmbio fixo est na integrao dos mercados internacionais em uma rede de mercados conexos, que no tm incerteza e nem so especulativos. O outro tipo de poltica cambial definido pela ausncia do Banco Central no mercado de cmbio. As taxas flutuam livremente, respondendo aos efeitos da oferta e da procura. Temos, neste caso, o regime de cmbio flutuante, que possibilita o equilbrio contnuo do balano de pagamento.Prof Patrcia Velloso 13

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Existe, ainda, um outro tipo de poltica cambial, que seria intermediria entre o cmbio fixo e o cmbio flutuante, que a poltica de bandas cmbio, na qual o Banco Central no define um preo nico para o dlar, e sim um intervalo (banda), dentro do qual ele pode flutuar livremente. Se a banda, por exemplo, for fixada entre R$2.20 / R$2.50, o Banco Central s entra no mercado se o dlar cair a R$ 2.20, entra comprando dlares, ou subir a R$ 2.50, entra vendendo dlares. Basicamente as autoridades monetrias podem promover isso via preos e/ou quantidades, isso , arbitrando periodicamente o preo de transao da divisa para o mercado cambial obedecer e/ou comprando e vendendo divisas no mercado, movimentando suas reservas internacionais. De qualquer forma, temos que em grande parte, a flutuao da taxa de cmbio no mercado de divisas na prtica direcionada pelas sinalizaes do governo no s com relao ao mercado cambial, como por exemplo por meio das bandas cambiais, mas tambm com relao a outras variveis monetrias como por exemplo, taxa de juros.

Quando um pas, atravs do seu Banco Central, faz opo por um regime de cmbio fixo ou flutuante, de suma importncia que se tenha uma noo abalizada do valor correto do cmbio para a economia naquele momento. O conhecimento desse valor (que os economistas chamam de cmbio de equilbrio) o referencial que pode definir o sucesso de um regime de cmbio fixo, ou mesmo o bom funcionamento de um regime de cmbio flutuante.

Desvalorizao A descida das taxas de cmbio torna a moeda nacional mais barata face s restantes. A desvalorizao da moeda tem um efeito benfico sobre as exportaes, que se tornam mais competitivas; consequentemente, tem um efeito nefasto sobre as importaes, funcionando como instrumento corrector de desiquilbrios da balana de pagamentos. Neste raciocnio, est sempre implcita uma aceitvel elasticidade das exportaes e importaes taxa de cmbio, o que depende no s das condies do mercado externo mas fundamentalmente da estrutura econmica nacional. Se um Estado no produz um determinado bem essencial, a sua importao no diminui face s alteraes das taxas de cmbio. preciso ter em conta que, a longo prazo, em Estados com baixa elasticidade e elevada dependncia das importaes, a descida das taxas de cmbio geradora de inflao. A nvel internacional, o FMI tem competncias na fiscalizao e controle de abusos de manipulao deste instrumento. Os Estados no podem sistematicamente socorrer-se de instrumentos conjunturais como este para corrigir atrasos e dfices estruturais da sua economia.

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UNIESP Santo AndrValorizao A subida das taxas de cmbio tem o efeito contrrio. As exportaes perdem competitividade no mercado concorrencial, tornando-se as importaes mais baratas; consequentemente, as empresas nacionais reduzem o seu volume de vendas, o que gera menos fluxo de caixa das empresas, menos receitas fiscais e pode ocasionar desemprego. Alm disso, a apetncia pelas importaes pode gerar uma dependncia estrutural dos produtos do mercado externo. A valorizao do real esta atrelada diminuio do risco oferecido pelo pas no mercado mundial, aos altos ndices de solidez e de confiabilidade e uma balana comercial favorvel concretizada pelo Banco Central.

10.3 POLTICA COMERCIAL A poltica comercial trata das limitaes impostas e recebidas pelos pases, por meio de tarifas, cotas, barreiras no tarifrias, subsdios, etc. As negociaes internacionais servem para reduzir essas limitaes de forma balanceada, gerando aumento do comrcio, dos investimentos e dos empregos.

Costuma-se fazer muita confuso entre poltica externa, poltica comercial e comrcio. Um dos erros mais frequentes medir o resultado da poltica comercial pela variao do comrcio de um ano para outro. Exportaes podem crescer porque a moeda esteve desvalorizada ou porque o pas cresce menos que a economia mundial. Ambos os resultados nada tem que ver com poltica comercial e podem ser rapidamente revertidos se a moeda se valorizar ou se a economia domstica crescer mais rapidamente. A poltica comercial deve, sim, ser medida pelos ganhos concretos de comrcio e investimentos, que resultam da reduo de tarifas, barreiras sanitrias, subsdios distorcivos, etc. Seu resultado aparece apenas no momento em que um acordo comercial (multilateral, regional, bilateral, sanitrio, etc.) implementado e se traduz em menores custos de transao para fazer negcios.

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UNIESP Santo Andr10.4 POLTICA DE RENDAS As polticas de rendas so um conjunto de medidas visando a redistribuio de renda e justia social. O exerccio da poltica de renda pelo Governo consiste no controle da remunerao dos fatores diretos de produo na economia - salrios, lucros, dividendos e preos dos produtos intermedirios e finais. As polticas de rendas so normalmente usadas durante perodos de aumento da procura, para tentar prevenir o aumento de preos para o controle da inflao, atravs da utilizao de metas ou de outras restries sobre salrios monetrios e preos. Restries sobre os salrios afetam a renda do trabalho. Restries sobre os preos afetam outras rendas, tais como lucros e aluguis. As polticas de rendas so normalmente usadas em perodos de aumento da procura, na tentativa de prevenir o aumento de preos.

10.5 POLTICA MONETRIA A Poltica Monetria tem o propsito de se controlar a liquidez do sistema econmico. Poltica Monetria Restritiva: as medidas adotadas visam diminuir a quantidade de dinheiro em circulao e encarecer os emprstimos para desaquecer a economia manter os preos. Poltica Monetria Expansiva: adota medidas que tendem a acelerar a quantidade de moeda e baratear os emprstimos baixando as taxas de juros, incidindo positivamente sobre a demanda agregada. Instrumentos:

Depsito Compulsrio um valor percentual fixado pelo Banco Central, que determina que parte dos depsitos vista feita pela populao nos bancos comerciais deve ir para o caixa do Banco Central, que pode aumentar ou diminuir a taxa do depsito compulsrio de acordo com seus interesses. Quando h uma expanso da taxa de reservas compulsrias reduz-se a proporo dos depsitos que podem ser convertidos em emprstimos, consequentemente, reduzem-se os meios de pagamentos. Os bancos comerciais vo dispor de menos recursos para emprestar. O crdito disponvel para a populao diminui e a base monetria se contrai, desacelerando a economia. E o inverso tambm possvel, quando o Banco Central diminui a taxa do compulsrio, o montante que os bancos comerciais devem enviar para o Banco Central diminui, desta forma, conseguem reter um montante maior para emprestar, ficando mais dinheiro disponvel para a

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UNIESP Santo Andrpopulao e expandindo a base monetria, ou seja, se a taxa de reserva diminui, aumentam os emprstimos e consequentemente os meios de pagamentos. Os gastos aumentam e a economia cresce como um todo.

Taxa de Redesconto ou Emprstimo de Liquidez Muitas vezes, por falta de liquidez, os bancos comerciais necessitam de emprstimos de curto prazo para cumprir alguns compromissos que no teriam como cumprir. O Banco Central funciona como um emprestador de ltima instncia para estes, desta forma, a taxa de juros cobrada pelo Banco Central nos emprstimos aos bancos comerciais a chamada taxa de redesconto. Quando o intuito do Banco Central expandir a base monetria, aumentar a liquidez, ele reduz a taxa de redesconto, desta forma, os bancos comerciais so estimulados a pegar mais emprstimos com o Banco Central e com isso, reservam uma parte maior de seus recursos para emprstimos e reservaro uma menor parte para as necessidades de curto prazo. Diante disso, o crdito disponvel aumenta, a base monetria tambm, e a economia aquecida. De forma inversa, quando o Banco Central aumenta a taxa de redesconto, os bancos comerciais tendem a reservar parte maior de seus recursos para o cumprimento dos compromissos de curto prazo e reduziro o montante reservado aos emprstimos, desta forma, a base monetria se contrai e a economia desacelera.

Venda de Ttulos Pblicos ou Open Market: O Banco Central muitas vezes entra no mercado para comprar ou vender ttulos, esta poltica chamada de open market (mercado aberto). Quando so vendidos ttulos pblicos retira-se moeda da economia, que trocada pelos ttulos, havendo ento uma contrao, reduo dos meios de pagamento e da liquidez da economia. Quando o objetivo expandir a base monetria, o BACEN entra no mercado comprando ttulos, colocando ento, em circulao um determinado montante de dinheiro que estava em seu poder. Desta forma, fica disponvel quantidade maior de dinheiro, e com uma renda maior, a populao ir consumir mais. Isso tem efeito positivo para o crescimento econmico, uma vez que ir estimular todo o ciclo: vendedores encomendaro mais de seus fornecedores, que por sua vez comprar mais mercadorias das fbricas, os empresrios iro contratar mais pessoas para realizar a produo e encomendar mais matria prima. O agricultor contratar mais ajudantes, comprar mais fertilizantes. E assim, a economia toda cresce.

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UNIESP Santo AndrA situao contrria ocorre quando o Banco Central coloca ttulos venda. Ao vender ttulos, o Banco Central recolhe dinheiro das mos da populao. As pessoas se sentem menos estimuladas a gastar e, consequentemente, o nvel de atividade diminui. Exemplo: Numa situao onde h tendncias deflacionistas (queda persistente de preos), as autoridades monetrias podem expandir a oferta de moeda para evitar a queda da atividade econmica, desta forma, estimular o investimento e provocar a queda da taxa de juros. J numa situao que apresente tendncia inflacionista, procura-se reduzir a circulao de moeda para reprimir a atividade econmica e evitar o desenvolvimento da inflao. O efeito da diminuio da circulao monetria uma elevao da taxa de juros e diminuio do investimento.

Controle e Seleo do Crdito o controle na fixao pelo Banco Central de um limite mximo de seus crditos para os setores da produo ou empresrios. Permite controlar o crdito de acordo com seus empregos produtivos e s condies da economia do pas. No Brasil esse controle usado de forma generalizada. Os emprstimos dos bancos comerciais destinados agricultura, indstria, ao comrcio e a outras finalidades so fixados pelo Banco Central. A lgica do funcionamento desse instrumento, que ao existir interesse mtuo das autoridades monetrias e do sistema bancrio, aquelas esclarecem os objetivos da Poltica Monetria aos banqueiros para que estes venham agir na direo desejada pelo Banco Central. Como esse instrumento decorre da interdependncia de diversos setores da economia, difcil para as autoridades monetrias ter a certeza da utilizao final de crdito, isto , se o mesmo atingir os objetivos esperados pelas autoridades monetrias.

Atualmente, observa-se que uma forte preocupao com a questo da inflao. Diante disso, a postura do governo tem sido contrair a base monetria para frear o crescimento da economia. Ao fazer isto, garante-se que menos dinheiro ficar disponvel para a populao realizar seus gastos, desta forma, os gastos diminuem e os preos tendem a se estabilizar com a reduo da demanda..

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