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Matheus Soares Leite Mestre em Finanças Públicas, Tributação e Desenvolvimento pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Teoria das Imunidades Tributárias São Paulo 2016

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Matheus Soares Leite

Mestre em Finanças Públicas, Tributação e Desenvolvimento pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Teoria das Imunidades Tributárias

São Paulo 2016

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Matheus Soares Leite

Mestre em Finanças Públicas, Tributação e Desenvolvimento pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Teoria das Imunidades Tributárias

São Paulo 2016

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Matheus Soares Leite

Mestre em Finanças Públicas, Tributação e Desenvolvimento pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Teoria das Imunidades Tributárias

1ª Edição São Paulo

2016

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Fale com o autor: Matheus Soares Leite

E-mail: [email protected]

Facebook: https://www.facebook.com/matheussoaresleite

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5036280141370068

Projeto da capa: Rubens Lima - http://capista.com.br/

Diagramação: pelo autor.

Data de fechamento da edição: 21-08-2016

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial

desta obra, com fins comerciais, sem a expressa autorização do autor.

Leite, Matheus Soares.

Teoria das imunidades tributárias / Matheus

Soares Leite. São Paulo: PerSe, 2016.

361 p.

ISBN 978-85-464-0389-9

1 Direito Tributário. 2. Imunidade Tributária. 3

Isenção. 4 Não incidência. 5. Direitos Fundamentais.

6 Justiça tributária. 7 Teoria da vedação ao retrocesso

social. 8 Teoria da interpretação. I Título.

CDU 349:336.22:342.4

L533

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ENTIDADES QUE APOIAM A OBRA

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A Deus, pelo instante da vida, por ser meu melhor amigo, companheiro e confidente.

Aos meus pais, Edison e Cláudia, e ao meu irmão Lucas, por todo apoio e compreensão.

Aos demais familiares, por serem fonte de inspiração, meu porto seguro.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, luz na minha vida. Espero retribuir toda alegria cumprindo meus desígnos aqui na Terra, na esperança de ajudar ao próximo, a fim de que todos nós possamos viver em um mundo melhor, sempre na certeza de que nossa verdadeira morada é ao lado do Pai e que tudo isso não passa de um instante, pó na estrada da evolução.

Agradeço ao Professor Luís Cesar Souza de Queiroz, pela orientação, confiança e apoio durante todo o Curso de Mestrado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Responsável pelo meu crescimento pessoal e profissional, fonte de saber e inspiração. Nada disso seria possível sem a sua colaboração.

Agradeço ao meu pai Edison, por me passar a certeza de que é possível acreditar na Justiça, e por me ensinar valores nobres, grande responsável por tudo que hoje sou e um dia quero ser.

Agradeço à minha mãe Cláudia, por ser exemplo de luta, garra e perseverança, minha grande companheira. Obrigado por fazer de tudo pela nossa família.

Ao meu irmão Lucas, pelo apoio de sempre, fonte de alegria em nosso lar.

Aos meus colegas do Mestrado, pelas brilhantes discussões que tivemos ao longo desses anos e pela colaboração mútua, verdadeiros amigos.

À Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), na figura dos professores e demais servidores, instituição que sempre respeitei e aprendi a amar, por ter despertado em mim a paixão pelo mundo acadêmico. Agradecimento especial aos Professores Fábio Zambitte Ibrahim, Adilson Rodrigues Pires, Gustavo da Gama Vital de Oliveira, Sergio André Rocha, Ricardo Lodi e Gustavo Siqueira, pelas valiosas lições que recebi em sala de aula.

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Ao Professor Valter Lobato, companheiro de longa data e que acompanha meu crescimento acadêmico desde a graduação pela Faculdade de Direito Milton Campos.

Aos Professores Elcio Reis e Elcio Fonseca Reis, por terem despertado em mim a paixão pelo Direito Tributário.

A todos que de uma maneira ou outra surgem em meu caminho, na certeza de que “cada vida afeta a outra, e a outra afeta a seguinte, e que o mundo está cheio de histórias, mas todas as histórias são uma só”1.

1 ALBOM, Mitch. As cinco pessoas que você encontra no céu. Tradução Pedro Jorgensen Júnior. 4. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2004. p. 149.

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Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abri-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao

que bate, abrir-se-lhe-á. Mateus 7:7,8.

Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que vós sereis

dispersos cada um para sua parte, e me deixareis só; mas não estou só, porque o Pai está comigo.

Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo terei aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

João 16:32,33.

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PREFÁCIO

É sempre um grande prazer para um professor ver o progresso de um aluno. Conheci Matheus Soares Leite em uma aula proferida em Belo Horizonte no ano de 2013. Nesse momento, Matheus já revelava sua perspicácia e aptidão para os estudos. Já em 2014, Matheus iniciava seu Curso de Mestrado em Finanças Públicas, Tributação e Desenvolvimento na prestigiosa UERJ, quando tive a oportunidade de ser seu professor. A participação de Matheus nas aulas do Mestrado era sempre enriquecedora, com o que comprovou a primeira impressão causada.

Tive o privilégio de ser escolhido seu orientador e

acompanhar o desenvolvimento de seus estudos, que resultaram na elaboração de sua dissertação de Mestrado, que agora se publica. Importa destacar que, na sessão de defesa de sua dissertação, a qual teve banca composta por mim e pelos professores Fábio Zambitte Ibrahim (UERJ) e Valter de Souza Lobato (FDMC), Matheus obteve avaliação máxima, sendo aprovado com louvor e com recomendação para publicação da sua dissertação.

O trabalho de Matheus, agora transformado no livro

intitulado Teoria das Imunidades Tributárias, discorre com profundidade sobre um dos temas mais árduos em matéria de direito constitucional e tributário.

O livro apresenta três partes principais. Na primeira, o

autor investiga algumas das questões que têm provocado mais controvérsia na doutrina brasileira relativa ao tema das imunidades tributárias, quais sejam: uma reflexão sobre o conceito e natureza de imunidade; a distinção da imunidade frente às figuras da isenção e da não incidência; a relação da imunidade com os direitos fundamentais; a possibilidade de

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ocorrer a revogação de imunidades; e a investigação da maneira pela qual as imunidades devem ser interpretadas.

Na segunda parte, realiza uma longa e singular análise do

tema das imunidades tributárias no direito comparado. Matheus demonstra que as imunidades tributárias, diversamente do que alguns afirmam, não são peculiares do direito brasileiro. São analisados os sistemas jurídicos de 26 países, com a abordagem das especificidades de cada um deles, o que possibilita a identificação das possíveis influências sobre os sistemas constitucional e tributário do Brasil.

Na terceira parte, a partir das premissas adotadas e das

noções construídas ao longo do trabalho, revelando disposição e coragem epistemológicas, são perquiridas algumas das questões mais polêmicas atinentes às imunidades. Inicia com o exame da imunidade recíproca das pessoas políticas (art. 150, inciso VI, “a”, da CRFB) e sua relação com o pacto federativo brasileiro. Em seguida, avalia a questão da imunidade dos templos de qualquer culto (art. 150, inciso VI, “b”, da CRFB) e sua relação com a liberdade fundamental de crença ou religião. Por último, estuda a imunidade dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão (art. 150, inciso VI, “d”, da CRFB), sua possível extensão aos livros eletrônicos e a relação com a liberdade de expressão e comunicação. Nesses três casos, são apreciados os fundamentos dessas imunidades e a possibilidade de haver a revogação das mesmas por meio de emenda constitucional.

A extensão e a profundidade com que Matheus Soares

Leite lidou com tema tão controvertido quanto relevante para o sistema tributário brasileiro revelam que se trata de uma obra única no mercado nacional e de consulta obrigatória para todos que desejam compreender o modo pelo qual o direito tributário se estrutura no Brasil.

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Aproveito, por fim, para congratular-me com esse estudioso do direito tributário, que oferta a todos um livro que representa um marco no tema das imunidades tributárias, com o que estende a influência de suas pesquisas para além dos limites geográficos de seu querido Estado natal de Minas Gerais. Congratulo-me, ainda, com seus familiares, professores e amigos que, por certo, contribuíram para o sucesso dessa feliz empreitada. Rio de Janeiro/RJ, 1º de outubro de 2016. Luís Cesar Souza de Queiroz Professor de Direito Financeiro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Procurador Regional da República.

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PREFÁCIO

A obra de Matheus Soares Leite representa, em minha opinião, um dos trabalhos mais abrangentes sobre o intrincado tema das imunidades tributárias. Tive a honra de tê-lo como aluno e acompanhar seu vívido interesse na temática das limitações ao poder de tributar, especialmente quando desenvolvemos esta disciplina no curso de pós-graduação stricto sensu da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Desde suas primeiras linhas, o autor sempre buscou

abeberar-se de absolutamente toda a escassa bibliografia sobre o tema, conciliando, ainda, o que há de mais atual na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Não deixou de lado os tradicionais – e conflituosos – dilemas sobre a natureza jurídica das imunidades, suas finalidades e, em especial, suas salvaguardas frente ao constituinte derivado.

Após apresentar teoria geral sobre o tema, a presente

obra, representando, em grande parte, a dissertação de mestrado no qual o autor obteve grau máximo, desvenda particularidades das diversas previsões normativas da Constituição de 1988, expondo temas polêmicos sobre algumas imunidades específicas e tentando, com elevado sucesso, apresentar teoria coerente sobre o regime jurídico a ser seguido e sem descurar das mais relevantes dúvidas sobre a matéria.

O autor ainda busca, no direito comparado, eventuais

semelhanças no trato normativo dos impeditivos tributários, nos propiciando percepção de como a matéria é disciplinada em vários países. O desenvolvimento é objetivo e de leitura agradável, permitindo boa compreensão de tema aqui e alhures.

Após a leitura de sua obra, notamos o paradoxo envolto

na temática das imunidades tributárias. Como pode um assunto de tamanha relevância no cenário jurídico-constitucional

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brasileiro ser tão negligenciado pela doutrina nacional? Afora textos clássicos e pouquíssimas monografias, reconhecemos o empenho do autor ao debruçar-se com tamanha dedicação, sem descurar das dificuldades ainda existentes na compreensão da matéria.

Em suma, o presente livro representa consulta relevante

e obrigatória a quem pretende buscar subsídios a uma melhor compreensão das imunidades tributárias, capaz de viabilizar as principais discussões neste campo e as opções interpretativas da melhor doutrina. Como concluirá o leitor atento, muito ainda temos de discutir sobre as imunidades tributárias, sua natureza, alcance e finalidade. Rio de Janeiro/RJ, 25 de agosto de 2016. Fábio Zambitte Ibrahim Professor de Direito Financeiro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Advogado.

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APRESENTAÇÃO

Recebi, com muita alegria, o pedido do autor para que fizesse a apresentação de sua obra, fruto de seu Mestrado em Finanças Públicas, Tributação e Desenvolvimento, cursado com bastante dedicação na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Sobre a obra Teoria das Imunidades Tributárias, falo mais

adiante. Antes dela, é preciso falar, ainda que em poucas linhas, do autor Matheus Soares Leite.

Matheus foi meu aluno na graduação da Faculdade de

Direito Milton Campos. Desde aquele momento, Matheus já demonstrava sua inquietude com o lugar comum, deixando evidente a ansiedade pelo aprendizado e crescimento. Posteriormente, minha convivência com Matheus se deu ao longo de seu Mestrado, no qual ele mantinha a sede do aprendizado, agora de forma mais madura, já detectando que as discussões em torno do Direito Tributário, como de resto de todo Direito, não poderiam jamais passar pelo campo da superficialidade. Portanto, se antes enxergava um estudante com a ansiedade do aprendizado, passei a enxergar, no Mestrado, um profissional com vontade de buscar soluções. Quando compus a banca de avaliação de seu Mestrado, tive o prazer de verificar que minhas impressões não eram apenas minhas, mas compartilhadas por todos os membros que compuseram sua banca.

Atualmente, Matheus compõe a banca de advogados

Sacha Calmon Misabel Derzi – Consultores e Advogados, da qual sou sócio conselheiro. Trata-se de um jovem advogado, com talento para refletir sobre o Direito, que o leva a um crescimento acadêmico e profissional consistente, por óbvio, ainda com muito a aprender e amadurecer, como de resto, todos nós.

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Quanto à sua obra Teoria das Imunidades Tributárias, o tema muito me atrai; é certamente uma das formas mais eficientes de reter o poder, como bem anuncia a Professora Misabel Derzi2: “(...) É norma que estabelece a incompetência. Ora, estabelecer incompetência é negar competência ou denegar poder de instituir tributos, conjunto de normas que só adquire sentido, em contraste com outro conjunto que atribui ou concede poder tributário. Conjunto só inteligível, se logicamente se pressupõe um outro conjunto, por ele reduzido ou delimitado: o das normas atributivas de poder”.

Na obra, depois de formular uma proposta para

conceituar as imunidades tributárias, o autor tece importantes considerações sobre a ligação das imunidades com os direitos fundamentais, trazendo um interessante e necessário diálogo dos direitos fundamentais, da dignidade da pessoa humana e do direito tributário. E, neste ponto, algumas imunidades se destacam, pois são alicerces do nosso sistema democrático, bem como outras imunidades que concretizam importantes direitos fundamentais.

A interpretação das imunidades tributárias perpassa pelo

seu núcleo protetor, não se confundindo com ele. Ou seja, uma imunidade que concretiza um direito fundamental não se confunde com ele, mas é instrumento de sua realização; sua revogação é possível, mas enseja uma discussão quanto à eventual proibição do retrocesso.

Assim, Matheus Soares Leite desnuda a análise apenas

formal das imunidades e procura construir uma teoria fincada no conteúdo axiológico e protetivo de cada imunidade; a possibilidade ou não de revogação de uma imunidade e as eventuais medidas compensatórias não devem ser vistas apenas pelo conteúdo formal, mas a imunidade, enquanto instrumento,

2 BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar. Atualização Misabel Abreu Machado Derzi. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 375.

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deve ser analisada pelo conteúdo do que pretende proteger e sua força não advém apenas do seu status constitucional, mas do direito que pretende proteger.

Já defendemos, em antigos artigos3, que o mínimo

existencial, como condição de liberdade, postula as prestações positivas estatais de natureza assistencial e ainda exibe o status negativo das imunidades fiscais: o poder de imposição do Estado não pode invadir a esfera da liberdade mínima do cidadão, representada pelo direito à subsistência. Assim, resta evidenciada a íntima correlação entre a não tributação daqueles portadores de patologias incapacitantes para atividades laborais e a garantia do mínimo existencial do indivíduo e, consequentemente, a proteção da preservação da dignidade da pessoa humana. O julgador, em exercício hermenêutico, deve interpretar a norma dando-lhe sentido, buscando sua máxima efetividade, com as particularidades e peculiaridades do caso que se lhe apresenta, estendendo a isenção tributária a todos aqueles portadores de patologias incapacitantes, reconhecida por órgão oficial e preenchidos os demais requisitos legais, independentemente de suas doenças constarem no rol trazido no inciso XIV do artigo 6º da Lei 7.713/98. Apenas desta forma, estaria garantida a finalidade da norma.

Isso porque, naquele momento, analisávamos isenções

fiscais que também concretizam, por vezes, direitos fundamentais e, quando o fazem, pelas mesmas razões postas nos métodos de interpretação adotados para as imunidades, não seria concebível que uma determinada maneira de interpretar normas jurídicas (método literal), que não é a única, produza resultados incompatíveis com as normas mais nucleares do sistema jurídico. Por tal razão, sempre defendemos que os benefícios fiscais que buscam a concretização de direitos sociais

3 LOBATO, Valter de Souza; PASCALI, Anita Carmela Militão de. A concretização dos direitos sociais e a interpretação dos benefícios fiscais. In: XXIV Congresso Nacional do CONPEDI - UFMG/FUMEC/DOM HELDER CÂMARA, 2015, Belo Horizonte. Direitos sociais, seguridade e previdência social. Florianópolis: CONPEDI, 2015. p. 10-34.

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não podem ter como norte o art. 111 do CTN e sim a finalidade para qual tais incentivos foram criados, em respeito ao Sistema Constitucional Tributário, bem como aos corretos pressupostos do Estado Democrático de Direito.

Por isso, parabenizo o autor, pois sua obra certamente

contribuirá para a construção de um Direito Tributário voltado para a proteção e realização dos direitos fundamentais, de resto, o objeto maior de um Estado Democrático de Direito. Belo Horizonte/MG, 21 de novembro de 2016. Valter de Souza Lobato Professor de Direito Tributário da Faculdade de Direito Milton Campos. Advogado.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................... 27

CAPÍTULO I - REPENSANDO A TEORIA DAS IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS ........................................................ 31

1.1 INTRODUZINDO A QUESTÃO DAS IMUNIDADES

TRIBUTÁRIAS. CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA SEGUNDO A

DOUTRINA BRASILEIRA ........................................................................... 32 1.1.1 A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA ENQUANTO DIREITO PÚBLICO

SUBJETIVO PRÉ-ESTATAL À NÃO INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA ............... 47 1.1.2 A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA COMO DECORRÊNCIA DO

SISTEMA CONSTITUCIONAL ...................................................................... 58 1.1.2.1 Divergência quanto à natureza jurídica ................................... 59 1.1.2.2 Divergência quanto à necessidade de previsão constitucional expressa.. ...................................................................................................... 70 1.1.2.3 Divergência quanto à relação das imunidades tributárias com os direitos e garantias fundamentais e as cláusulas pétreas .................. 74 1.1.2.4 Divergência quanto à interpretação das imunidades tributárias ...................................................................................................... 79 1.2 AFINAL, O QUE É IMUNIDADE TRIBUTÁRIA? .......................... 82 1.3 IMUNIDADE TRIBUTÁRIA, ISENÇÃO E NÃO INCIDÊNCIA .... 93 1.4 AS IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS E OS DIREITOS

FUNDAMENTAIS..... ................................................................................. 106 1.4.1 O QUE SÃO OS DIREITOS FUNDAMENTAIS?............................ 106 1.4.2 A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA COMO INSTRUMENTO PARA A

CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................ 112 1.5 A QUESTÃO DA IRREVOGABILIDADE DAS IMUNIDADES

TRIBUTÁRIAS ............................................................................................ 118 1.5.1 A REINVENÇÃO DO ESTADO SOCIAL NO CONTEXTO ATUAL

DE CRISE. REPENSANDO AS FORMAS DE FINANCIAMENTO DO

ESTADO E A NOÇÃO DE SOLIDARIEDADE ........................................... 118

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1.5.2 CRÍTICA À VISÃO LIBERTARISTA DO TRIBUTO E A

TRIBUTAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL ...... ........................................................................................................ 123 1.5.3 É POSSÍVEL DIZER QUE TODO DIREITO TEM UM CUSTO? ... 131 1.5.4 A POSSIBILIDADE DE SE ESTABELECEREM RESTRIÇÕES AOS

DIREITOS FUNDAMENTAIS ...................................................................... 136 1.5.4.1 A proteção do conteúdo essencial dos direitos fundamentais.... ......................................................................................... 138 1.5.4.2 A necessidade de justificação como requisito para a legitimação das restrições impostas à parcela periférica do conteúdo essencial dos direitos fundamentais ....................................................... 144 1.5.5 A TEORIA DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO SOCIAL E A

SOCIEDADE DE RISCO .............................................................................. 148 1.5.5.1 A teoria da vedação ao retrocesso social no âmbito do direito interno ..................................................................................................... 150 1.5.5.1.1 Em que consiste a teoria da vedação ao retrocesso social ou o princípio da vedação ao retrocesso social? ........................................ 150 1.5.5.1.2 Quais os fundamentos para a existência da vedação ao retrocesso social como princípio implícito do sistema jurídico-constitucional brasileiro?.......................................................................... 154 1.5.5.1.3 Quais os limites à proibição ao retrocesso social? ............ 155 1.5.5.2 A teoria da vedação ao retrocesso social no âmbito do direito internacional............................................................................................... 159 1.5.5.2.1 Em que consiste a proibição de regressividade no âmbito do direito internacional? .......................................................................... 160 1.5.5.2.2 Quais os fundamentos para a proibição de regressividade no âmbito do direito internacional? ....................................................... 166 1.5.5.2.3 Quais os critérios e limites para a proibição de regressividade no âmbito do direito internacional? ............................. 167 1.5.6 É POSSÍVEL, AFINAL, REVOGAR AS IMUNIDADES

TRIBUTÁRIAS? ............................................................................................ 174 1.6 COMO SE DEVEM INTERPRETAR OS ENUNCIADOS SOBRE

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS? ................................................................ 182 1.6.1 A LINGUAGEM COMO CONDIÇÃO PARA A EVOLUÇÃO DO

HOMEM ....................................................................................................... 182 1.6.2 ISTO NÃO É UM CACHIMBO (?) .................................................. 184 1.6.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERPRETAÇÃO LEGAL E O

CETICISMO NA INTERPRETAÇÃO JURÍDICA SOB A ÓTICA DE

RICCARDO GUASTINI .............................................................................. 187

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1.6.4 A INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DA LEI SEGUNDO

RICCARDO GUASTINI .............................................................................. 192 1.6.5 AS TÉCNICAS INTERPRETATIVAS DE ACORDO COM RICCARDO

GUASTINI ................................................................................................... 193 1.6.6 A QUESTÃO DA INTENÇÃO DO AUTOR NA HERMENÊUTICA

DE HANS-GEORG GADAMER ................................................................ 200 1.6.7 AFINAL, COMO SE INTERPRETA O FENÔMENO DAS

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS? ................................................................... 209

CAPÍTULO II - IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS NO DIREITO COMPARADO. ................................................................. 218

2.1 ALEMANHA ..................................................................................... 219 2.2 ANGOLA ........................................................................................... 221 2.3 ARGENTINA .................................................................................... 223 2.4 ÁUSTRIA ........................................................................................... 224 2.5 BOLÍVIA ............................................................................................ 225 2.6 CABO VERDE .................................................................................. 226 2.7 CANADÁ ........................................................................................... 228 2.8 CHILE ............................................................................................... 230 2.9 COLÔMBIA ....................................................................................... 231 2.10 EQUADOR ........................................................................................ 232 2.11 ESPANHA ......................................................................................... 234 2.12 ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA ................................................ 235 2.13 FRANÇA ............................................................................................ 237 2.14 GUINÉ-BISSAU ............................................................................... 239 2.15 ITÁLIA ............................................................................................... 239 2.16 MÉXICO ............................................................................................ 240 2.17 MOÇAMBIQUE ................................................................................ 244 2.18 PARAGUAI ........................................................................................ 247 2.19 PERU ................................................................................................. 249 2.20 PORTUGAL ....................................................................................... 251 2.21 REINO UNIDO ................................................................................ 253 2.22 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE................................................................ 255 2.23 SUÉCIA .............................................................................................. 258 2.24 TIMOR-LESTE ................................................................................ 259 2.25 URUGUAI.......................................................................................... 261 2.26 VENEZUELA .................................................................................... 262

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CAPÍTULO III - QUESTÕES POLÊMICAS SOBRE ALGUMAS IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS ............................... 266

3.1 A IMUNIDADE RECÍPROCA ÀS PESSOAS POLÍTICAS (ART. 150, VI, “A”, DA CF/88) COMO DECORRÊNCIA DO PACTO

FEDERATIVO ............................................................................................ 266 3.1.1 ASPECTOS GERAIS E A INFLUÊNCIA DO DIREITO NORTE-AMERICANO ............................................................................................... 266 3.1.2 O FUNDAMENTO DA IMUNIDADE RECÍPROCA ...................... 270 3.1.3 A PERMANÊNCIA DA SITUAÇÃO DE INTRIBUTABILIDADE EM

DECORRÊNCIA DE EVENTUAL REVOGAÇÃO DA IMUNIDADE

RECÍPROCA ................................................................................................. 272 3.2 O DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERDADE DE CRENÇA E A

IMUNIDADE DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO (ART. 150, VI, “B”, DA CF/88) ........................................................................................ 275 3.2.1 IMUNIDADE GARANTIA OU IMUNIDADE FOMENTO ............ 276 3.2.1.1 A liberdade religiosa na Constituição Federal de 1988 ....... 278 3.2.1.2 A imunidade religiosa como imunidade híbrida: garantia e fomento ..................................................................................................... 281 3.2.2 SERIA A IMUNIDADE DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO

(ART. 150, VI, "B", DA CF/88) IRREVOGÁVEL? .................................... 284 3.3 IMUNIDADE DOS LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O PAPEL

DESTINADO A SUA IMPRESSÃO (ART. 150, VI, “D”, DA CF/88): O

CASO DOS LIVROS ELETRÔNICOS ....................................................... 288 3.3.1 ASPECTOS GERAIS ....................................................................... 288 3.3.2 O FUNDAMENTO DA IMUNIDADE DOS LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O PAPEL DESTINADO À SUA IMPRESSÃO (ART. 150, VI, “D”, DA CF/88) ......................................................................................... 291 3.3.3 A EXTENSÃO DA IMUNIDADE AOS LIVROS ELETRÔNICOS .. 294 3.3.4 SERIA A IMUNIDADE DOS LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O

PAPEL DESTINADO À SUA IMPRESSÃO (ART. 150, VI, “D”, DA CF/88) IRREVOGÁVEL? ......................................................................................... 297

CONCLUSÃO ........................................................................................ 305

REFERÊNCIAS ....................................................................................... 323