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TEORIA DA LITERATURA
LETRAS – PROFA. DRA. DANIELLE CRISTINA MENDES PEREIRA
Rio de Janeiro, 29 de outubro de 2011.
Aula 2
AULA 2:
Teorias da Literatura
• O que é teoria?
Aula 2
• A noção de teoria para o senso comum
Aula 2
• A noção de teoria e o senso comum– O que é senso
comum?– “Eu tenho uma
teoria”...– Para o senso comum,
a teoria é uma opinião que pode ser ou não confirmada.
• Espontâneo• Acrítico• Subjetivo• Pragmático• Intuitivo• Opinativo• Assistemático• Imediato
Aula 2
• Teoria Literária: uma introdução, de Jonathan Culler.
• Defende que o sentido dado pelo senso comum à idéia de teoria não se sustenta.
Aula 2
• A teoria é uma especulação. Demonstrar a falsidade ou a verdade de uma idéia teórica é difícil. Ao contrário, a noção empregada pelo senso comum é a de uma hipótese que pode ser ou não confirmada.
• A teoria é mais do que uma hipótese: não é
óbvia e envolve um considerável grau de complexidade.
Aula 2
• Podemos concluir: o que estamos, aqui, a conceber como teoria: – Não envolve o sentido dado pelo senso comum e
que costumamos ouvir em nosso cotidiano. – É um conhecimento especializado, consistente e
profundo. – O conhecimento teórico modifica o sujeito, pois
redimensiona a visão de mundo daquele que o procura, já que é instigante e provocador.
Aula 2
• A teoria e o senso comum• Oposição entre a teoria e o senso comum.• A teoria:
– é um saber questionador, sistemático e complexo. – problematiza e questiona o conhecimento gerado pelo senso
comum. • O senso comum:
– tende a tomar construções artificiais como verdadeiras. – por vezes, uma ideia torna-se tão recorrente que as pessoas
tendem a não percebê-la como um pensamento construído, mas como algo “natural” e “inquestionável”.
Aula 2
• Algumas ideias presente no senso comum• “Homem não chora”• “Longe dos olhos, longe do coração”• “A mulher nasce para ser mãe”• “A primeira impressão é a que fica”• “Quem é bom nasce pronto”.
Aula 2
• O discurso da teoria tem como objetivo questionar as idéias tomadas como verdades e trazer à tona as suas contradições e lacunas.
• Para Culler, a teoria irá, justamente, mostrar o que conhecemos por senso comum como uma construção social e histórica.
Aula 2
• A Teoria e o estudo de Literatura• Como crítica ao senso comum, a teoria investiga, nos
estudos de literatura, uma série de considerações.
– O que é Literatura?
– Como os sentidos do texto são construídos?
– O que é um autor?• As respostas a tais perguntas não são óbvias. • Também não operam em torno de critérios de verdadeiro ou
falso. • São reflexões elaboradas e consistentes, que não buscam a
verdade, mas a validade.Aula 2
– O que é um autor? (Roland Barthes)
• A escritura como destruição de toda voz e origem. • Ao fim do processo de escritura, toda marca de
pertencimento é rasurada.• O apagamento do autor abre caminho para o
nascimento do leitor.
• “O nascimento do leitor, tem de pagar-se com a morte do autor”.
Aula 2
• A teoria não dá certezas: questiona• Dialoga com outras áreas do saber: é uma abordagem
relativa.• Pensa sobre si mesma, mas em diálogo com outros
campos de questionamento. • É inquietante, pois está fundada em uma indagação
incessante.
Aula 2
• “A teoria é interdisciplinar .
• A teoria é analítica e especulativa – uma tentativa de
entender o que está envolvido naquilo que chamemos de
sexo ou linguagem ou escrita ou sentido ou o sujeito.
• A teoria é uma crítica do senso comum, de conceitos
considerados como naturais.
• A teoria é reflexiva, é reflexão sobre reflexão”.
• Jonathan Culler
Aula 2
• A Teoria da Literatura
– A reflexão sobre o fenômeno literário e os seus desdobramentos.
– Investigação das ideias sobre os fatos essenciais do fenômeno literário.
– Formulação e sistematização de teorias– Interdisciplinaridade ≠ dependência
• O diálogo não pressupõe a dependência, mas a conservação da diferença.
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• Primeiros questionamentos
– Platão - A República
– Aristóteles - Arte Poética
– Horácio – “Epístola aos Pisões”
Aula 2
• A teoria da literatura pode ser percebida, portanto, como a organização de reflexões, conceitos e metodologias, acerca da natureza do literário, empregados na interpretação, nos questionamentos e nas análises de seus objetos.
Aula 2
“Acreditamos, pois, que é possivel fundamentar uma teoria da literatura, uma poética ou ciência geral da literatura que estude as estruturas genéricas da obra literária , as categorias estético-literárias que condicionam a obra e permitem a sua compreensão, que estabeleça um conjunto de métodos suscetível de asseguara a análise rigorosa do fenômeno literário. Negar a possibilidade de instaurar este saber no mundo profuso e desbordante da literatura equivale a transformar os estudos literários em desconexos esforços que jamais podem adquirir o caráter de conhecimento sistematizado.
Aula 2
Desta forma, a teoria da literatura, sem deixar de constituir um saber válido em si mesmo, torna-se uma disciplina propedêutica largamente frutuosa para os diversos estudos particulares e estes estudos de história e crítica literária – hão de contribuir cada vez mais para corrigir e fecundar os princípios e as conclusões da Teoria da Literatura.
Parece-nos, com efeito, que a teoria da literatura, para alcançar resultados válidos, não pode transformar-se em disciplina de especulação apriorística, mas tem de recorrer contínua e demoradamente às obras literárias em si: exige um conhecimento exato, vivifico do fenômeno literário”.
(SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e. Teoria da Literatura).
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• Os estudos literários
– Teoria da Literatura– Crítica Literária– História da Literatura
• Áreas interdependentes, porém com características específicas.
Aula 2
• As três áreas dos estudos literários, a teoria da literatura, a crítica literária e a história da literatura, são interdependentes, porém possuem características específicas.
• A teoria da literatura reflete sobre a natureza do literário. Não se preocupa, de um modo profundo e específico, com o significado de uma obra específica, mas com os pressupostos que podem levar a questionamentos sobre o fato literário, sobre a compreensão da literatura.
• A crítica literária tem como objeto a análise específica da obra literária. Com o arcabouço reflexivo permitido pela teoria da literatura, constrói-se a atividade crítica cujas modulações analíticas ocorrem de forma plural. Como dito, não há verdade em crítica literária, mas visões válidas, porque apoiadas em elementos teóricos consistentes e desenvolvidas com coerência.
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Aula 2
• Com base nos estudos teóricos e críticos são desenvolvidos os estudos de história literária cujo interesse reside no estudo dos fenômenos literários de uma dada sociedade e /ou época, em uma perspectiva diacrônica e analisando as transformações ocorridas ao logo dos tempos e os possíveis diálogos entre texto e contexto.
• O ato de interpretação, muitas vezes, integra os três campos de estudo. Podemos mesmo afirmar que não há possibilidade de uma crítica literária séria sem embasamento teórico; assim como, para analisar o fato literário, é necessário ao teórico da área de Literatura ler o trabalho do crítico.
Aula 2
• Na aula de hoje, estudamos: – A noção de senso comum;– A diferença entre o conceito de teoria, segundo o
senso comum e, segundo a produção acadêmica;– Os questionamentos da teoria acerca das ideias
produzidas pelo senso comum;– A Teoria da Literatura e o seu campo de abrangência;– As três áreas dos Estudos Literários e as suas
interdependências.
Aula 2