teoria da história i

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A Pré-História da História “História é uma palavra de origem grega, que significa investigação, informação. Ela surge no século VI antes de Cristo (A.C.). Para nós, homem do Ocidente, como hoje a entendemos, iniciou-se na religião mediterrânea, ou seja, nas religiões do Oriente Próximo, da costa norte - africana e da Europa Ocidental”. Pag01 “A primeira forma de explicação que surge nas sociedades primitivas é o mi to, sempre transmitido em forma de tradição oral. Entre os conhecimentos práticos, transmitidos oralmente de geração a geração, essas sociedades incluem explicações mágicas e religiosas da realidade”. Pag.01 “Em geral o mito é visto como um exemplo, um precedente, um modelo para as outras realidades. Ele é sempre aplicado a situações concretas. Existem inúmeros mitos da criação do mundo (mitos cosmogônicos) que são vistos como exemplo de toda situação criadora. As sociedades são mostradas como tendo origem, geralmente, em lutas entre as diferentes divindades”. Pag.01 “No Egito, conta-se que, nos primeiros tempos. Osíris (deus da terra, do sol poente, responsável pela fertilidade, e por isso também visto com deus do Nilo) é assassinado por um outro deus, seu irmão set ( deus do

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A Pr-Histria da Histria

Histria uma palavra de origem grega, que significa investigao, informao. Ela surge no sculo VI antes de Cristo (A.C.). Para ns, homem do Ocidente, como hoje a entendemos, iniciou-se na religio mediterrnea, ou seja, nas religies do Oriente Prximo, da costa norte - africana e da Europa Ocidental. Pag01 A primeira forma de explicao que surge nas sociedades primitivas o mi to, sempre transmitido em forma de tradio oral. Entre os conhecimentos prticos, transmitidos oralmente de gerao a gerao, essas sociedades incluem explicaes mgicas e religiosas da realidade. Pag.01 Em geral o mito visto como um exemplo, um precedente, um modelo para as outras realidades. Ele sempre aplicado a situaes concretas. Existem inmeros mitos da criao do mundo (mitos cosmognicos) que so vistos como exemplo de toda situao criadora. As sociedades so mostradas como tendo origem, geralmente, em lutas entre as diferentes divindades. Pag.01 No Egito, conta-se que, nos primeiros tempos. Osris (deus da terra, do sol poente, responsvel pela fertilidade, e por isso tambm visto com deus do Nilo) assassinado por um outro deus, seu irmo set ( deus do vento do deserto, das trevas e do mal), e seu corpo espalhado por vrias partes do pas. Pag.02 Europa era filha de Agenor, rei da fencia, pais de sia menor, no Oriente prximo. Zeus, o principal dos deuses gregos, por ela se apaixona. Sob a forma de touro, vai seduzi-la e rapt-la, atravessando o mar mediterrneo e levando-a para ilha de Creta. L ela vai se tornar me de Minos e seu nome vai ser dado a uma das trs partes do mundo antigo. Pag.03

O Aparecimento da Histria

A histria, como forma de explicao, nasce unida a filosofia. Desde o inicio elas esto bastante ligadas; e a filosofia que vai tratar do conhecimento em geral. Em seu incio, o campo filosfico abrange embrionariamente todas as reas que posteriormente se iriam afirmar como autnomas: a matemtica, a biologia, a astronomia, a poltica, a psicologia. Pg. 03 Herdoto considerado o pai da histria, pois o primeiro a empregar a palavra no sentido de investigao, pesquisa. Sua obra mais antiga comea assim: Eis aqui a exposio da investigao realizada por Herdoto de Halicarnasso para impedir que as aes realizadas pelos homens se apaguem com o tempo. Pg. 03 Percebe-se, portanto, que os historiadores esto ligados a sua realidade mais imediata, espalhando a preocupao com questes do momento. No vemos mais uma preocupao com uma origem distante, remota, atemporal (como existia no mito), mas sim a tentativa de entender um momento histrico completo, presente ou aproximadamente passado. Pg. 04 A explicao no mais atribuda a causas sobre-humanas, no so mais os deuses responsveis pelos destinos dos homens. Estes comeam a examinar fatores humanos, como os costumes, os interesses econmicos, a ao do clima, etc., embora ainda se encontrem referncias aos mi tos e deuses. Pg.04 A cultura romana , em grande parte, herdeira da cultura grega. As caractersticas da histria na noo utilitria, pragmtica: a histria vai exaltar o papel de Roma no mundo, servindo ao seu imperialismo. O mesmo Polbio escreve que Roma a obra mais bela e til do destino e que todos os homens devem a ela se submeter. Pg.04

A Histria Teolgica

O processo histrico pelo qual passa a humanidades unificado no mais em torno da idia de Roma, mas de uma viso do cristianismo como fundamento e justificativa da histria. A influncia do cristianismo to grande em nossa civilizao que toda cronologia do nosso passado feita em termos de seu acontecimento central, a vinda do filho de Deus terra. Pg.04 Os primeiros sculos da Idade Mdia vo ser os sculos da formao da civilizao europia ocidental. em to que temos o aparecimento da Europa na histria, com a afirmao de identidade comum a diferentes povos, que vivem uma forma de vida muito semelhante. As bases comuns a esses povos so o mundo romano em desestruturao e o chamado mundo brbaro (Composto por povos que viviam fora do domnio do imprio romano). Pg.05 Os sculos iniciais da Idade Mdia so de regresso cultural; a populao vive em sua maior parte no campo e quase ningum sabe ler (at o famoso imperador Carlos Magno era analfabeto). A igreja, grande proprietria de terras, quem registra organizao e as formas de trabalhar essas terras. Pg. 05 Os cronistas (a maior parte membros do clero) so elementos contratados por uma casa real, um ducado, etc., para escrever sua histria. H, portanto, nas obras deles, uma ntida vontade de agradar a que m os emprega. No h uma preocupao em aferir a veracidade dos fatos; h um predomnio da tradio oral, sem se verificar o que j se escrever. Pg. 06 A Idade Mdia um perodo em que se v associada predominncia da f, uma enorme credulidade geral. Acreditava-se em lendas fantsticas, no paraso terrestre, na pedra filosofal, no elixir da vida eterna, em cidades todas de ouro, etc. existem lendas sobre os mares estarem assolados por monstros, sobre a terra que terminava de forma sbita por ser plana, etc. Pg. 06

A Erudio, a Razo e o Progresso na Histria

O interesse pelo homem como centro do mundo vai surgir dentro e em oposio a uma sociedade medieval que est preocupada s com a f crist, a qual ento encerra a explicao para todas as coisas; o peso da tradio tambm um dos valores dominantes nesse perodo que se encerra. Pg.06 Grandes transformaes se do com a Revoluo Francesa que, no final do sculo XVIII, a efetivao do poderio burgus; ela acaba, na Frana, co m s ltimas remanescncias do poder da igreja e dos senhores feudais. Por extenso da influncia francesa, isso se transfere aos outros pases da Europa, especialmente atravs das guerras napolenicas. Pg. 08 No sculo XIX temos inmeros conflitos nacionais. Nesse sentido, os Estados em organizao e estabilizao (como a Inglaterra e a Frana) e os Estados ainda em processo de unificao (como a Alemanha e a Itlia) vo estimular o interesse pelo estudo de sua histria nacional. Surgem inmeras sociedades de pesquisa, governamentais ou particulares. Pg. 08 O maior nome dessa tendncia, chamada escola cientfica alem, Leopold Ranke, cuja frase famosa exprime toda uma forma de contar histria imperante no sculo passado: era preciso levantarem-se os fatos co mo eles realmente se passaram. Seu trabalho exigente, seguro, mas essa linha orientao vai acabar dando fora ao positivismo histrico, iniciado no sculo passado, mas com uma enorme influncia at hoje.Pg. 09 Para os historiadores positivistas, os fatos levantados se encadeiam como que mecnica e necessariamente, numa relao determinista de causas e conseqncias (ou seja, efeitos). A histria por eles escrita uma sucesso de acontecimentos isolados, relatando, sobretudo os feitos polticos de grandes heris, os problemas dinsticos, as batalhas, os tratados diplomticos, etc. Pg. 09

O Materialismo Histrico e a Histria Acadmica

Karl Marx e Friedrich Engels, esses dois estudiosos, ao fazerem a critica da sociedade em que vivem e apresentarem propostas para sua transformao, elaboram, re tomando a viso do filosofo Hegel sobre o movimento dos contrrios, uma nova concepo filosfica do mundo (materialismo dialtico), que supes uma nova teoria do conhecimento. Seu mtodo aplicado a histria o materialismo histrico. Pg. 10 O materialismo histrico que os homens, para sobreviverem, precisam transformar a natureza, o mundo em que vivem. Fazem-no no isoladamente, mas em conjunto, agindo em sociedade; estabelecem, para tal, relaes que no dependem diretamente de sua vontade, mas dependem do mundo que precisam transformar e dos meios que vo utilizar para isso. Pg. 10 Para Marx e Engels, a histria um processo dinmico, dialtico, na qual cada realidade social traz dentro de si o principio de sua prpria contradio, o que gera a transformao constante na histria. A realidade no estatstica, mas dialtica, ou seja, est em transformao pelas suas contradies internas. Pg. 10 A importncia do materialismo histrico como mtodo de analise para a histria um legado que ainda est para provar sua importncia; como diz o historiador francs Pierre Vilar: a histria marxista uma histria em construo, a qual resta um longo trajeto a percorrer. Pg. 11 nesse sculo passado que a histria entra para a universidade (as primeiras universidades datam do sculo XVIII). Ela se torna, ento uma disciplina acadmica, ou seja, produzida desde ento no mbito das universidades. Nelas domina uma viso filosfica liberal, preocupada somente com a explicao do mundo e no com sua transformao. Pg.11

Perspectivas Atuais

Do ponto de vista do eurocentrismo, a histria apresentada como um processo de desenvolvimento contnuo, desde a pr- histria at o perodo contemporneo; ela parece ter co mo meta final a civilizao europia ocidental conforme esta se apresenta constituda no incio do sculo, com seu grande desenvolvimento tcnico, econmico e cultural. Pg.12 A chama nova histria procura sempre novos objetos para a histria 9exemplos: o papel do clima na histria, a histria das mentalidades, com o exame, por exemplo, da idia da morte no Ocidente; a histria do cinema, a histria da gastronomia francesa, etc. Pg.12 De uma forma sutil e muito bem articulada, no possvel pelos incautos, e s perceptvel numa anlise muito acurada, o grupo social dominante acaba, por mecanismo complexos, impondo aos outros grupos seu modo de ver a realidade, o que vai reforar os seus interesses, pois lhe permite manter sua situao de privilgio. Pg.13 No caminho percorrido pela histria, no se a escreveu sob a tica dos escravos da Antiguidade ou dos servos medievais, mas somente sob a dos cidados-livres da Grcia e Roma e dos senhores feudais sob a orientao da Igreja; finalmente, viu-se a histria escrita sob a tica da burguesia, em diferentes e mltiplos caminhos que nos mostram uma sociedade cada vez mais complexa e da qual possumos cada vez mais documentao. Pg. 13 Do ponto de vista das tcnicas de pesquisa, a histria est em desenvolvimento constante. Desde as primeiras investigaes gregas at o uso do computador, as formas de registrar os fatos histricos e de utilizar suas fontes vm tendo um contnuo aperfeioamento. Pg. 13

A Histria, Hoje em Dia

No novo dicionrio Aurlio, ao se procurar o termo histria, encontraremos muitos significados para a palavra. Entre uns quinze enumerados, podemos destacar alguns que enfocam a histria como: passado da humanidade, o estudo desse mesmo passado, uma simples narrao, uma lorota, uma complicao, etc. Pg. 13-14 Como se percebe pelo primeiro captulo, a histria de que tratamos est ligada aos dois primeiros sentidos mencionados e que colocam claramente a ambigidade fundamental do termo: ele significa, ao mesmo tempo, os acontecimentos que se passaram e o estudo desses acontecimentos. Pg.14 A histria-acontecimento a histria do homem, visto como um ser social, vivendo em sociedade. a histria do processo de transformao das sociedades humanas, desde o seu aparecimento na terra at os dias em que estamos vivendo. Desde o inicio, portanto, pode-se tirar uma concluso fundamental: quer saibamos ou no, quer aceitamos ou no, somos parte da histria e temos ento todos, desde que nascemos uma ao concreta a desempenhar nela. Pg. 14 So os homens que fazem a histria; mas, evidentemente, dentro das condies reais que encontramos j estabelecidas, e no dentro das condies ideais que sonhamos. Eis a a razo de ser, a justificativa da histria, em seu segundo sentido: o conhecimento histrico serve para nos fazer entender, junto co m outras formas de conhecimento, as condies de nossa realidade, tendo em vista o delineamento de nossa atuao na histria. Pag.14 Numa extenso ampla dos dois sentidos, histria seria ento aquilo que aconteceu (com o homem, com a natureza, com o universo, enfim) e o estudo desses acontecimentos. Tudo tem sua histria, pois sabemos que tudo se transforma o tempo todo. Mas aqui nos interessam principalmente as transformaes das sociedades humanas. Pg. 14

O Que a Histria e para que Serve?

A funo da histria, desde seu incio, foi a de fornecer sociedade uma explicao de suas origens (ou seja, uma explicao gentica). A histria se coloca hoje em dia cada vez mais prxima outras reas do conhecimento que estudam o homem (a sociologia, a antropologia, a economia, a geografia, a psicologia, a demografia, etc.), procurando explicar a dimenso que o homem teve e tem em sociedade. Pg.14-15 A histria procura especificamente ver as transformaes pelas quais passaram as sociedades humanas. A transformao a essncia da histria; quem olhar para trs, na histria de sua prpria vida, compreender isso facilmente. Ns mudamos constantemente; isso vlido para o indivduo e tambm vlido para a sociedade. Pg.15 O sentido dos acontecimentos histricos, no deve ser buscado atravs do conhecimento histrico, pois a finalidade desse conhecimento no explicar a razo de ser homem na terra, no dar uma justificativa do que aqui estamos fazendo. Sua finalidade estudar e analisar o que realmente aconteceu e acontece co m os homens, o que eles se passa concretamente. Pg.16 O homem um ser finito, temporal e histrico. Ele tem conscincia de sua historicidade, isto , de seu carter eminentemente histrico. O homem vive em um determinado perodo de tempo, em um espao fsico concreto; nesse tempo e nesse lugar ele age sempre, em relao natureza, aos outros homens, etc. esse o seu carter histrico. Pg.16 Conforme o presente que vivem os historiadores, so diferentes as perguntas que eles fazem ao passado e diferentes so as projees de interesses, perspectivas e valores que eles lanam no passado. Eis por que a histria constantemente reescrita. Como diz o historiador France Braudel: a histria filha de seus tempo. Pg. 17

Como Produzir a Histria?

O historiador examina sempre uma determinada realidade, que se passou concretamente em um tempo determinado e em um lugar preciso. Sua primeira tarefa situar no tempo e no espao o que ele quer estudar: a Inglaterra no inicio do capitalismo, os descobrimentos portugueses dos sculos XV e XVI, a revolta dos estudantes parisienses em maio de 68, etc. cada realidade histrica nica, no se repetindo nunca de forma igual. Pg.18 O importante e essencial que o trabalho do historiador se fundamente numa pesquisa dos fatos reais, comprovados concretamente. Em geral, mais comum, sobretudo em realidades histricas mais prximas de ns, que os vestgios dessas realidades sejam inmeros e que o trabalho do historiador se inicie por uma seleo desses dados. Pg.19 O jornal um exemplo bem especfico de fonte histrica: ele se torna cada vez mais utilizado numa sociedade em que, depois do episdio americano de Watergate, a imprensa e os outros meios de comunicao (como a TV e o rdio) aparecem cada vez mais com maior poder. Pg. 19 Na arqueologia, por inmeras vezes a aliada fundamental da pesquisa histrica, usa-se mui to a tcnica do carbono 14 para identificar a poca a que pertence um objeto mais antigo. Na Inglaterra, hoje comum levar-se os estudantes secundrios a trabalhar nas runas e escavaes que testemunham o domnio romano na ilha, na poca do imprio Romano. Pg.20 A histria dividida, tradicional e impropriamente, conforme j colocamos, em Idades: Antiga, Mdia, Moderna e Contempornea. A maior parte dos estudiosos hoje se bate contra essa diviso, herdada de uma forma de contar a histria mundial em funo da civilizao europia ocidental. Essa diviso se aplica realmente s a histria do mundo ocidental. ele o centro das atenes, ficando o restante do globo em plano secundrio. Pg. 21

A Histria do Brasil

Ns, aqui no Brasil (como os outros pases da America), somos herdeiros da civilizao europia ocidental. Dela herdamos instituies, tcnicas, valores, etc., atravs de nossa colonizao portuguesa. Os pases da Pennsula Ibrica (Portugal e Espanha) so os grandes navegadores do sculo VX e XVI. A eles deve a Amrica Latina o fato de ter entrado na histria, e toda a nossa formao histrica est ligada, desde o incio do perodo colonial, metrpole portuguesa que nos coloniza. Pg.22 Nossa histria, como a histria geral, tambm , quanto s fontes de documentao existentes e quanto s interpretaes, fortemente marcada pela ao dos grupos sociais predominantes no pas. Por exemplo: no existe a menor preocupao em preservar os documentos referentes aos escravos e esses documentos, mesmo quando existem e so descobertos, so postos de lado, no utilizados. Pg.23 Na universidade, a introduo da histria se da, sobretudo atravs da influncia da faculdade de Filosofia, Cincias e Letras da Universidade de So Paulo, fundada na dcada de 30. Nessa fundao foi muito marcante a influncia dos professores franceses. N o campo da histria, em especfico essa influncia muito clara, sobretudo nos currculos, programas e livros at hoje utilizados. Pg.24 Os historiadores que, recentemente, tentam rever a nossa histria, procuram alterar esses mitos, construir com habilidade sutil, que revela um enfoque explicativo particular a uma s camada de nossa sociedade. Mas esse novo tipo de produo histrica encontra as mais diversas ordens de dificuldade e vrios empecilhos. Pg.25 Sob muitos aspectos, pode-se dizer que a histria do Brasil ainda ES ta por ser escrita. O campo est sendo aberto nas mais diferentes: cuidados com o levantamento e organizao das fontes em arquivos e bibliotecas, recolhimento de material esparso, livros didticos adequados, divulgao para o pblico leigo alm da j mencionada necessidade de reviso de uma histria que oficial e conservadora. Pg.26

Teoria da Histria

O Historicismo, de maneira geral, a prtica de uma histria radical, enfatizando no somente sua importncia enquanto saber e reflexo, mas impondo tambm sua posio central para uma compreenso do ser humano e da prpria realidade. Pode-se dizer que tem suas razes em escritos de Hegel, um dos mais influentes filsofos europeus do sculo XIX. Pg. 26 Filosofia da histria o campo da filosofia ou da histria (dentro da teoria da histria) que observa sobre a dimenso temporal da existncia humana como existncia humana scio-poltica e cultural; teorias do progresso, da evoluo e teorias das descontinuidades histricas, significado das diferenas culturais e histricas, suas razes e conseqncias. Pag. 27 A epistemologia o ramo da filosofia que estuda a origem, a estrutura, os mtodos e a validade do conhecimento (da tambm se designar por filosofia do conhecimento). Ela relaciona-se ainda com a meta-fsica, a lgica e o empirismo, uma vez que avalia a consistncia lgica da teoria e sua coeso fatual, sendo assim a principal dentre as vertentes da filosofia ( considerada a corregedoria da cincia). Pg.27 Ontologia (grego: ontos+logoi = conhecimento do ser) a parte da filosofia que trata da natureza do ser, da realidade, da existncia dos entes e das questes metafsicas em geral. A ontologia trata do ser enquanto ser, isto do ser concebido co mo tendo uma natureza comum que inerente a todos e a cada um dos seres. Pg. 28 A teleologia uma doutrina que estuda os fins ltimos da sociedade, humana e natureza. Suas origens remotam a Aristteles com a sua noo de que as coisas servem a um propsito. A teleologia contempla tambm o onde pra tudo isto? A questo que busca responder o para-qu de todas as coisas. Pg. 28

Origens da Filosofia da Histria

Os historiadores gregos fizeram historiografia em estrito senso, embora de inspirao filosfica, Santo Agostinho e Santo Toms de Aquino elaboraram uma teologia da histria, com diversa finalidade, portanto. Bruno pode, quando muito , como quer Mondolfo, ser considerado um precursor j no clima intelectual moderno. Pg. 29 Em poucas palavras, poder-se-ia dizer que a necessidade de encontrar uma explicao racional (e racionalista) para o passado est profundamente ligada ao processo de motivao da sociedade do sculo XVIII, se co m o termo modernizao desejamos englobar a passagem da sociedade agrria para a industrial, da vida predominantemente rural para a urbana. Pg. 30 Erra quem busca as origens da metodologia da histria apenas na historiografia do inicio do sculo XIX. certo que h um dado concreto a considerar: o manual de metodologia histrica de Ranke, de 1824, onde o autor procura fixar s normas da histria cientfica, distinguindo-a de seus outros significados, a filosofia da histria, a erudio documental, o gnero literrio. Pg.31 No caso especfico da metodologia da histria, sua origem esta intimamente ligada obra de Ranke e da chamada escola de Berlim. Num primeiro momento, a metodologia da histria prope-se a exibir caractersticas cientficas, sem, entretanto, afirmar a possibilidade de descobrir leis histricas ou admitir qualquer tipo de determinismo. Pg.33 A relatividade einsteiniana, ao contrrio, considera o espao, o tempo e o movimento como referenciais a determinado observador (ponto de observao), no sendo, assim, absolutos. A observao do cientista, porm, correta e descreve a realidade como a v. Desta forma, Einstein investe a colocao da fsica tradicional: no se trata do conhecimento relativo de uma realidade absoluta, mas do conhecimento absoluto de uma realidade relativa. Pg.35

As Abordagens Epistemolgicas

Abordagem direta, tpica das cincias fsico-matemticas e de parte da biologia, permite o contato sem intermediaes entre o cientista e o seu objeto, ou seja, o estado atual do conhecimento sobre a ma teria elaborada uma anlise intemporal, na qual so relevantes os desenvolvimentos anteriores, considerando-se a cincia tal co mo ela se oferece na sua atualidade. Pg.36 evidente que a epistemologia moderna no pode prescindir, num de seus ramos, da perspectiva histrica, a menos que deseje ignorar todo o vasto campo do saber sobre o tempo humano ou cultural, projetando-lhe explicaes originrias de outros saberes (como o historicismo pr-naturalista) ou simplesmente ignorar sua existncia (como o cartesianismo e o naturalismo), com as nefastas conseqncias conhecidas. Pg.37 , pois, na elaborao de um territrio temtico e crtico para o conhecimento histrico que se deveria concentrar os esforos de elaborao de uma epistemologia da histria, para tanto e necessrio, a nosso ver, tanto a perspectiva concreta do historiador emprico (o que muitas vezes fala ao filsofo, ao socilogo, ao antroplogo, quando tratam de problemas tericos da histria), como uma perspectiva filosfica (o que por sua vez, falta freqentemente ao historiador emprico). Pg.37 As solues puramente metodolgicas no alcanam a dimenso maior da questo. A proposta de Le Golf, de uma pan-histria, que incorporasse as contradies de todas as cincias sociais numa macro-perspectiva corre dois riscos bvios, o de recair num historicismo pstumo, que acabaria por se esgotar em infindveis discusses metodolgicas sobre as respectivas fronteiras, e o de ser simplesmente recusado pelas demais cincias sociais, que possuem amplos setores cada vez mais envolvidos em pesquisas recusado pelas demais cincias sociais, que possuem amplos setores cada vez mais envolvidos em pesquisas tpicas das abordagens diretas. Pg.37 Finalmente, a delimitao conseqncia lgica do critrio adotado: a filosofia da histria esgotou seu objeto n o Iluminismo, com a afirmao de seus postulados tericos e sociais; a metodologia da histria realizou no sculo XIX o programa que se havia traado a filosofia da histria, continuando, no sculo seguinte a orientar pragmaticamente a investigao como suas congneres cincias sociais; a epistemologia da histria busca responder ao desafio cognitivo do sculo XX com a runa do paradigma newtoniano. Pg.38