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TEORIA DA ATIVIDADE (TA) TA se estrutura na teoria Sociocultural de Vygotsky, que tenta explicar o desenvolvimento do indivíduo a partir do seu relacionamento social. Com os estudos sobre consciênca, nas décadas de 20 e 30 surge o termo TEORIA DA ATIVIDADE. Para a TA consciência é social Engeström (1987, 1997, 1999, 2011) identificou três gerações na evolução da TA.

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Page 1: Teoria da atividade_Ana Lucia Segadas

TEORIA DA ATIVIDADE (TA)

TA se estrutura na teoria Sociocultural de Vygotsky, que tenta explicar o desenvolvimento do indivíduo a partir do seu relacionamento social. Com os estudos sobre consciênca, nas décadas de 20 e 30 surge o termo TEORIA DA ATIVIDADE.

Para a TA consciência é social

Engeström (1987, 1997, 1999, 2011)identificou três gerações na evolução da TA.

Page 2: Teoria da atividade_Ana Lucia Segadas

1. GERAÇÃO - Vygotsky

1ª geração 2ª geração 3ª geração

Vygotsky Leontiev Engeström

Mediaçãofoca no indivíduo

Atividade Coletiva Sistema de atividades coletiva

A relação entre indivíduos e

objetos é sempre mediada por ferramentas

Diferencia Atividade dos

conceitos de Ação e Operação

Rede de sistemas de atividades que interagem

entre si

Artefato Mediador

Sujeito Objeto

Segundo Vygotsky, o indivíduo se relaciona com os objetos através de um contexto com a mediação de artefatos, ferramentas ou signos culturais. (Fialho, 2005, p.29)

Page 3: Teoria da atividade_Ana Lucia Segadas

Meios mediacionais (ferramentas)

Sujeito Objeto/Motivo -> resultado (s)

Sujeto Ferramenta Objeto

Indivíduo ou grupo de indivíduos

engajados na atividade.

Signos, símbolos, números,

linguagens, computadores,

São metas para as quais a atividade é direcionada.

A motivação do sujeito está na transformação do objeto em um resultado com a ajuda de diversas ferramentas (Russell, 2002).

Engeström (1999) inclui na representação o resultado esperado da atividade.

Page 4: Teoria da atividade_Ana Lucia Segadas

Segundo Leffa (2009, p.39), “for the individual to interact with the community, he or she has to do something (action), through some of mediation (tool).

Barab (2004, p.201) revela…

“Throughout history, humans have constructed and transformed tools that influence their transformation and likewise tools embedded in social

interactions have triggered (provocado) human development. In essence, humans and their environment mutually transform each other in a dialectical

relationship. Culturally, these tools and the knowledge pertinent to their continued use are passed from generation to generation.

The only place where changes are possible is in the artifacts we use: books, learning activities, computer

software. If we want to change the way students learn, we have to change the artifacts they use. (LEFFA, p.44)

Page 5: Teoria da atividade_Ana Lucia Segadas

“…behind the object here always stands a need or a desire, to which [the activity] always answers (LEONTIEV,1974).”

“Activity Theory is not merely doing something, it is doing

something that is motivated either by a biological need, such as

hunger, or a culturally constructed need, such as the need to be

literate in certain cultures”.

Assim, fome não é um motive até as pessoas decidirem buscar comida; similarmente, alfabetização (aprender ler e escrever) não torna um motivo até pessoas decidirem aprender ler e escrever.

2. GERAÇÃO - Leontiev

Instrumentos Mediadores

Sujeito(s) Objeto/Motivo -> resultado(s)

RegrasComunidade

Divisão de trabalho

(modelo da segunda geração da TA, reformulado por Engeström (1987, p.78)

Page 6: Teoria da atividade_Ana Lucia Segadas

A capacidade do sujeito em ligar conscientemente um aspecto com outro é uma das preocupações básicas da TA, incluindo, por exemplo, a relação entre uma

determinada ação que o sujeito estiver realizando num determinado momento e a consciência do resultado final para o qual a ação deverá contribuir.

Segundo Leffa (2005)

O aluno da mesma maneira que o operário numa grande linha de montagem, corre o risco de alienar-se da atividade na qual está envolvido quando não

consegue estabelecer a relação entre o que faz num determinado momento e o resultado final a que pretende chegar.

a Leontiev (1978) estabeleceu a distinção entre atividade, ação e operação, que se tornou a base do modelo para a teoria da atividade. (Estrutura Hierárquica da Atividade)

Page 7: Teoria da atividade_Ana Lucia Segadas

Regras Comunidade Divisão de Trabalho

Regras são definidas pela comunidade

(normas, leis, práticas aceitáveis,

valores...)

Os membros da comunidade

(professor, alunos, funcionários…) todos

compartilham o mesmo objetivo .

Um conjunto de regras deve ser criado, dividindo

responsabilidades entre os membros da

comunidade.

Segundo Leffa (2009, p.48)

For the community to subsist, a set of rules must be created, dividing responsibilities between its members. When a new tool is introduces it must be mastered by all members in the community, according to the role played by each member (teacher's knowledge of an authoring system, for example,

may need to be different from the student's). Any action, any task in the community only makes sense if viewed from a holistic perspective and

cannot be separated from its final objective (shared by everybody in the community).

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3. GERAÇÃO - Engeström

Segundo Daniels (2003, p.118), a terceira geração, por sua vez, é caracteriza pelo foco no estabelecimento de redes de sistemas de atividade. Ao tentar delimitar um sistema de atividade, percebe-se que os diferentes elementos intercedem com um ou vários outros sistemas de atividades, formando uma rede de sistemas. (Tavares, 2004)

Foco da Teoria da Atividade

Estabelecimento de redes de sistemas de

atividade

Dois sistemas de atividades podem compartilhar o objeto, que poderia não ser exatamente o mesmo objeto na perspectiva dos sujeitos de cada sistema.

Page 9: Teoria da atividade_Ana Lucia Segadas

Tomaremos como modelo os exemplos apresentados por Carelli, 2003 e Russell, 2002)

Sistema de atividade 1:

Ensinar e aprender online

Sistema de atividade 2:

Fazer design de curso no online

Professor/alunos designers

Objeto: Curso online

Rede de sistemas de atividade compartilhando o mesmo objeto

Conforme mostra Tavares (2004), um “curso on-line” pode ser o objeto de dois sistemas de atividades interdependentes – um que teria como sujeitos os alunos e professores e outro cujos sujeitos seriam os designers do curso

on-line. Em outras palavras, dois sistemas de atividade diferentes compartilham o mesmo objeto, mas que, na verdade, não seria exatamente

o mesmo, na ótica dos sujeitos de cada sistema.

Page 10: Teoria da atividade_Ana Lucia Segadas

Cinco Princípios da Teoria da Atividade

1. Estrutura Hierárquica da

Atividade

Três níveis da estrutura hierárquica da atividade proposta por Leontiev (1978), que embasa a TA.

Atividade

Ação

Operação

ATIVIDADE – 1º nível hierárquico

Refere-se às necessidades humanas e é orientada para o objeto

O que distingue uma atividade de outra é seu OBJETO

AÇÃO – nível intermediárioÉ orientada para as metas a serem alcançadas. São rotinas habituais

Para Leontiev (1978), a atividade humana não existe exceto na forma de ação ou sequência de ações.

Actions are goal-directed processes that must be undertaken to fulfill the object. They are conscious (because one holds a goal in mind), and different actions may

be undertaken to meet the same goal… (NARDI, 1998, p.34)

Page 11: Teoria da atividade_Ana Lucia Segadas

OPERAÇÃO – nível inferiorSão orientadas por condições de realização.

São comportamentos rotineiros automatizados

Inicialmente as operações são ações porque exigem esforço consciente para sua realização; é com a prática e a internalização que elas se

tornam mais automáticas[...] São ações automatizadas por humanos ou por máquinas. (TAVARES, 2004)

Operations are habitual routines associated with an action and, moreover, are influenced by current conditions of the overall activity. (BARAB, 2004, p.202)

Page 12: Teoria da atividade_Ana Lucia Segadas

2. Orientação a objetos

3. Internalização/Externalização

Object can be physical things (such as the bull’s eye) or ideal objects (I want to be a brain surgeon). (NARDI, 1998)

Toda atividade é orientada a objetos. O objeto incorpora o motivo da

atividade.

Activity theory emphasizes that internal activities cannot be understood if they are analyzed separately, isolation from external activities, because there are mutual transformations between these two kinds of activities. (NARDI, p.35)

Internalization is the transformation of external

activities into internal ones. Externalization transforms

internal activities into external ones.

For example, learning to calculate may involve counting on the fingers, in the early stages of learning simple arithmetic. Once the arithmetic is internalized,

the calculations can be performed in the head without external aids.

Externalization is often necessary when an internalized action needs to be “repaired”, or scaled, e.g., when a calculation is not coming out right when done

mentally, or is too large to perform without pencil and paper or calculator.

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4. Mediação

Toda atividade é mediada por artefatos, sejam eles materiais e ou imaginários (símbolos,

signos, procedimentos, normas, ferramentas etc)

First of all, tools shape the way human beings interact with reality. And according to principle of internalization/externalization, shaping external activities results in shaping internal ones. Second, tools reflect the experience of other people who encountered and solved similar problems and invented or modified a tool to make it effective and efficient.

This experience is accumulated in the structural properties of tools (their shape, size, material, and so forth) as well as in the knowledge of how the tool should be used. The use of tools constitutes an accumulation and transmission of social knowledge. Tools influence the nature not only external behavior but also internal mental functioning. NARDI, op.cit, p.36

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5. DesenvolvimentoA Teoria da Atividade requer que a atividade seja analisada dentro do

contexto de desenvolvimento.

Os elementos de uma atividade se transformam ao longo de seu desenvolvimento, pois uma atividade é um fenômeno dinâmico construído historicamente.

These basic principles of activity theory should be considered an integrated system. A systematic application of any the principles makes it eventually

necessary to engage all the other ones, just as we show that mediation calls upon internalization/externalization. (NARDI, 1998)

... Activity theory declares that consciousness depends directly and profoundly on the mediation provided by human activity…

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Conforme proposto por Engestrom (1999, 2001) e discutido por Motta (2004), Tavares (2004) e Daniels (2001/2003), há cinco princípios básicos

para ajudar a resumir o atual estado da teoria da atividade.

1. Sistema de atividade coletivo como unidade primária de análise.

2. Multivocalidade dos sistemas de atividade.

3. Historicidade.

Um sistema de atividade apresenta uma multiplicidade de perspectivas, tradições e interesses da comunidade do sistema. Pela divisão de trabalho, posições e pontos de vista diferentes são atribuídos aos

diferentes participantes que, por sua vez, já carregam suas próprias histórias. A multivocalidade se multiplica quando se consideram redes de

sistemas de atividade que interagem entre si.

Os sistemas de atividade assumem forma e são transformados em longos períodos de tempo. Seus problemas e potenciais só podem ser

compreendidos com base em sua própria história.

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4. Contradições como fontes de mudança e desenvolvimento.

As contradições são tensões estruturais historicamente cumulativas nos sistemas de atividades e entre eles, que geram perturbações e conflitos,

mas também renovam tentativas de mudar a atividade.

5. Possibilidade de transformações expansivas em sistemas de atividades.

Uma transformação expansiva ocorre quando, em decorrência de contradições, o objeto e o motivo da atividade são reconceituados para abraçar um horizonte de possibilidades radicalmente mais amplo do que

no modo anterior da atividade.

…activity theory says that consciousness is the result of development. What you spend your time doing is what

shapes your consciousness… if you design mediating tools for others (such as computer hardware or software), you are

also responsible, in part, for the consciousness of others. Our tools make us who we are, says activity theory. (NARDI,

p.37)