lucia tendinite

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DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINRIA

TRABALHO DE CONCLUSO DO CURSO DE MEDICINA VETERINRIA

rea de Clnica Mdica e Cirrgica de Eqinos Acadmica: Lucia Monica Alexandrina Banceu Orientadora: Prof. Dr. Rita de Cssia Campebell Supervisor: Mdico Veterinrio Ms. Herbert de Moura Goulart

Braslia DF Dezembro, 2004

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AGRADECIMENTOS

Agradeo a DEUS pela sabedoria, por me abenoar e iluminar durante esta jornada. Aos meus pais, Banceu Ovidiu Valentin Ioan e Doina Paulescu Banceu, pelo carinho, pacincia, compreenso e por tornarem realidade o meu sonho de ser Mdica Veterinria. A minha irm Carmen Maria Valentina Banceu e meus tios Rosiu Ovidiu Petre Octavian e Lucia Speranta Rosiu pelo contnuo incentivo e apoio nesta caminhada. Agradeo em especial a minha orientadora Prof. Dr. Rita de Cssia Campebell pelos ensinamentos, orientaes e conselhos durante a vida acadmica. Aos professores, pelos incentivos contnuos e aprendizado. Aos colegas, por compartilharem os momentos de alegria, as dificuldades, angstias e por proporcionarem momentos inesquecveis durante esses 5 anos. Sou extremamente grata ao meu supervisor Herbert de Moura Goulart, pela pacincia em transmitir seus conhecimentos e pelo contnuo incentivo no meu aprimoramento profissional.

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SUMRIO 1. INTRODUO ............................................................................................. 2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................................................................ 3. REVISO DE LITERATURA E DISCUSSO ............................................... 3.1. TENDINITE ............................................................................................. 1 3 9 9

3.2. EXOSTOSE EM EQINOS .................................................................... 22 3.3. EXOSTOSE INTERFALNGICA ............................................................ 28 3.4. RABDOMILISE DE EXERCCIO .......................................................... 38 4. CONCLUSO ................................................................................................ 50 5. FONTES DE AQUISIES ........................................................................... 51 6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................. 52

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1

Tendinite do tendo do flexor digital superficial (tendo curvado) ..................................................................................... 12

Figura 2

Palpao dos tendes dos flexores com o boleto flexionado para que os tendes dos flexores digitais superficial e profundo possam ser separados. Se no puderem ser facilmente separados, bem provvel que tenham se formado adeses entre os dois tendes e que haja um tendo espessado presente. ................................................................... 13

Figura 3 Figura 4

Aplicao de compressa de gelo sobre os tendes afetados ..... 21 Exostose dupla no membro torcico esquerdo (setas). Este animal apresentava deformidade angular varo. .......................... 23

Figura 5

Uso de crioterapia em exostose no 3 metacarpo do membro torcico. ....................................................................................... 26

Figura 6

Radiografia lateral 7 semanas aps a cirurgia de artrodese da articulao interfalngica proximal realizada com trs parafusos postos atravs da articulao, para comprimi-la. A cartilagem da articulao interfalngica proximal foi removida antes da colocao dos parafusos. ............................................................ 32

Figura 7

Perda da parede do casco no lado medial do membro posterior esquerdo (seta). .......................................................................... 34

Figura 8

Aumento de volume observado no membro posterior do referido animal. ............................................................................ 35

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Figura 9

a) e b) aspecto radiogrfico do membro posterior esquerdo afetado mostrando a neoformao ssea, perda do espao articular entre as falanges mdia e distal e incio de proliferao ssea da regio distal da falange proximal. ................................ 36

Figura10

a) aplicao tpica de iodo 40% na face lateral do membro afetado; b) aplicao tpica de iodo 40% na face medial do membro afetado. ......................................................................... 37

Figura 11 a) agulha de bipsia muscular percutnea, encontrada com dimetros internos de 4mm, 5mm e 6mm. b) aplicao de anestesia local por via subcutnea ao longo da linha de inciso. c) inciso da pele e da fscia muscular. d) insero da agulha de bipsia uma profundidade de 6 cm. .................................... 42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Nmero

de

animais

acompanhados

durante

o

estgio

supervisionado, na seo veterinria do Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, na rea de clnica mdica e cirrgica de eqinos, Braslia, DF 24.06.04-15.10.04 ............................... 3 Tabela 2 Afeces clnicas e procedimentos cirrgicos acompanhados, classificados por sistemas acometidos, durante o estgio curricular supervisionado, na seo veterinria do regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, na rea de clnica mdica e cirrgica de eqinos, Braslia, DF 24.06.04-15.10.04 ................ 4 Tabela 3 Afeces clnicas e clnico-cirrgicas acompanhadas durante o estgio curricular supervisionado, na seo veterinria do Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, na rea de clnica mdica e cirrgica de eqinos, Bralia, DF 24.06.0415.10.04 ......................................................................................... 5/6 Tabela 4 Procedimentos cirrgicos acompanhados durante o estgio curricular supervisionado, na seo veterinria do Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, na rea de clnica mdica e cirrgica de eqinos, Braslia, DF 24.06.04-15.10.04 ................ 6 Tabela 5 Exames complementares realizados e/ou interpretados durante o estgio curricular supervisionado, na seo veterinria do Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, na rea de clnica mdica e cirrgica de eqinos, Braslia, DF 24.06.0415.10.04 ......................................................................................... 7

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Tabela 6 Procedimentos realizados e/ou acompanhados durante o estgio curricular supervisionado, na seo veterinria do Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, na rea de clnica mdica e cirrgica de eqinos, Braslia, DF 24.06.04-15.10.04 ................ 7 Tabela 7 Nmero de bitos ocorridos durante o estgio curricular supervisionado, na seo veterinria do Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, na rea de clnica mdica e cirrgica de eqinos, Braslia, DF 24.06.04-15.10.04 ............................... 8

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1. INTRODUO

O estgio supervisionado curricular foi realizado no perodo de 24 de junho a 15 de outubro de 2004, perfazendo um total de 612 horas, na rea de clnica mdica e cirrgica de eqinos, sob a orientao da Prof Dr Rita de Cssia Campebell e superviso do 1 Tenente Mdico Veterinrio Herbert de Moura Goulart. O estgio ocorreu no Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, situado em Braslia DF, rea especial 01, BR 060, Km 0, considerado o maior Regimento de Polcia Militar, em rea, da Amrica Latina. O Regimento (1 Esquadro) foi fundado em 1982, possuindo uma rea de 51ha, sendo que possui duas sees sob sua responsabilidade: o 3 Esquadro, localizado no Parque da Cidade e o 14 CPMind, localizado em Planaltina DF. O 1 Esquadro, onde foi realizado a maior parte do estgio, possui 223 eqinos (sendo que 45 pertencem a remonta, 35 ao policiamento ostensivo, 58 ao policiamento de choque e 45 ao departamento hpico). O 3 Esquadro possui 56 eqinos e o de Planaltina 10 eqinos. Alm do atendimento aos animais do regimento, a seo veterinria tambm responsvel pelos animais particulares pertencentes aos oficiais. A equipe do 1 Esquadro formada pelo Dr. Herbert de Moura Goulart (nico veterinrio do Regimento de Polcia Montada do DF), mestre em reproduo eqina, e pelos enfermeiros Agnaldo Ferreira de Sousa, Genivaldo da Silva Santos, Joaquim de Souza Sobrinho, Francisco Flvio de Lima, Luiz Carlos de Souza, Sonisval Maciel de Alencar e Ernane Ramos de Souza. Os enfermeiros trabalham em escala de 24/48 horas.

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A seo veterinria possui 3 piquetes de areia, nos quais os animais permanecem aguardando o atendimento, um tronco, duas farmcias, balana e um centro cirrgico em construo. As especialidades oferecidas incluem: clnica mdica, ferradoria. A rotina baseia-se na realizao de curativos, atendimento clnico e cirrgico, fiscalizao do fornecimento de rao e forragens assim como de sal mineral e linhaa, fiscalizao da sada e chegada do policiamento e controle da aquisio de medicamentos. Aps a realizao dos procedimentos necessrios a cada animal, estes so conduzidos para as baias onde recebem a rao sendo posteriormente soltos no pasto. Durante o estgio foram desenvolvidas atividades nas reas de clnica mdica (enfermagem, atendimento de emergncias) e cirrgica (acompanhamento e trabalho de volante durante as cirurgias). cirrgica e uma

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2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Tabela 1 Nmero de animais acompanhados durante o estgio supervisionado, na seo veterinria do Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, na rea de clnica mdica e cirrgica de eqinos, Braslia, DF24.06.04-15.10.04

rea Clnica mdica Clnica cirrgica Total

Nmero 77 06 83

Porcentagem 92,78 7,22 100,0

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Tabela 2 Afeces clnicas e procedimentos cirrgicos acompanhados, classificados por sistemas acometidos, durante o estgio curricular supervisionado, na seo veterinria do regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, na rea de clnica mdica e cirrgica de eqinos, Braslia, DF 24.06.04-15.10.04

Sistemas acometidos Digestrio Hemolinftico Locomotor Msculo-esqueltico Nervoso Oftlmico Reprodutivo Respiratrio Tegumentar Total

Nmero 10 01 22 02 01 05 01 01 42 85

Porcentagem 11,77 1,18 25,88 2,35 1,18 5,88 1,18 1,18 49,40 100,0

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Tabela 3 Afeces clnicas e clnico-cirrgicas acompanhadas durante o estgio curricular supervisionado, na seo veterinria do Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, na rea de clnica mdica e cirrgica de eqinos, Bralia, DF 24.06.04-15.10.04

Afeces Babesiose Clica Compactao gstrica Gasosa Dilatao gstrica Dilatao gstrica / deslocamento de ceco Toro intestino delgado/ ruptura da artria mesentrica Sinovite Articulao do carpo Articulao fmur-tibio-patelar Desmite Ligamento suspensor do boleto Exrese Hematoma no dorso Exostose Interfalngica 2 metacarpiano 3 Metacarpo Fratura 2 e 3 vrtebras lombares e costelas lio 3 Metatarso (exposta) Lacerao da pele Lacerao perineal

Nmero 01

Porcentagem 1,20

01 01 04 02 01

1,20 1,20 4,90 2,40 1,20

01 01 01 01 01 02 01 01 02 01 33 01

1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 2,40 1,20 1,20 2,40 1,20 39,7 1,20

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Afeces Laminite Lombalgia Miase Paralisia do nervo facial Perfurao da sola Pneumonia Rabdomilise de exerccio Sarna Sub-luxao de patela Tendinite Tendo flexor digital superficial Tendo flexor digital profundo Tendo flexor digital superficial e profundo lcera de crnea Total

Nmero 01 01 04 01 02 01 01 03 01 04 01 02 05 83

Porcentagem 1,20 1,20 4,90 1,20 2,40 1,20 1,20 3,60 1,20 4,90 1,20 2,40 6,00 100,0

Tabela 4 Procedimentos cirrgicos acompanhados durante o estgio curricular supervisionado, na seo veterinria do Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, na rea de clnica mdica e cirrgica de eqinos, Braslia, DF 24.06.04-15.10.04 Procedimentos Exrese Hematoma no dorso Dermorrafia Vulvoplastia Total 01 03 01 05 20,0 60,0 20,0 100,0 Nmero Porcentagem

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Tabela 5 Exames complementares realizados e/ou interpretados durante o estgio curricular supervisionado, na seo veterinria do Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, na rea de clnica mdica e cirrgica de eqinos, Braslia, DF 24.06.04-15.10.04 Exames complementares Hemograma Necropsia Radiografia Falanges (membro posterior esquerdo) Radio-ulna Total 01 01 11 9,1 9,1 100,0 Nmero 03 06 Porcentagem 27,3 54,5

Tabela 6 Procedimentos realizados e/ou acompanhados durante o estgio curricular supervisionado, na seo veterinria do Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, na rea de clnica mdica e cirrgica de eqinos, Braslia, DF 24.06.04-15.10.04

Procedimentos Lavagem de ducto nasolacrimal Sondagem nasogstrica Teste de fluorescena Total

Nmero 03 10 05 18

Porcentagem 16,7 55,5 27,8 100,0

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Tabela 7 Nmero de bitos ocorridos durante o estgio curricular supervisionado, na seo veterinria do Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, na rea de clnica mdica e cirrgica de eqinos, Braslia, DF 24.06.04-15.10.04 Animais que vieram a bito Eutansia Fratura da 2 e 3 vrtebras lombares e costelas Fratura de metatarso bito Dilatao gstrica Necrose de poro do jejuno Ofidismo Ruptura gstrica/clon menor Toro de intestino delgado/ruptura de artria mesentrica Trans-operatrio Parada crdio-respiratria (osteossntese de ulna) Total 08 100,0 01 12,5 01 01 01 01 01 12,5 12,5 12,5 12,5 12,5 01 12,5 01 12,5 Nmero Porcentagem

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3. REVISO DE LITERATURA E DISCUSSO

3.1. TENDINITE

3.1.1. Introduo

A tendinite uma inflamao que acomete principalmente os tendes flexores e suas sucessivas inseres com os msculos. Essa afeco geralmente ocorre como conseqncia de uma luxao intensa dos tendes flexores, a qual est associada ao esforo excessivo ou hiperextenso destes. Contudo, a tendinite pode ocorrer em qualquer cavalo como resultado de um trauma no tendo (REEF, 1990; SPEIRS, 1994; HARDY, 1995; McILWRAITH, 2002). O local mais comum de leso a regio central do metacarpo, onde temse menor rea de seco longitudinal tendnea, com predileo no tendo flexor digital superficial (REEF, 1990; SPEIRS, 1994; McILWRAITH, 2002; FERNANDES; ALVES; SOUZA, 2003; FERRARO et al., 2003). Pode-se indicar vrias causas que promovem um aumento de estresse no tendo, como o treinamento inadequado e a fadiga muscular ao final de um exerccio forado, a angulao anormal do boleto associada fraqueza muscular, um terreno desigual ou escorregadio e curvas sbitas que podem forar desproporcionalmente um lado do tendo, angulao excessiva da quartela, pinas muito longas, tipo de

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ferradura, idade do animal, pistas enlameadas e ligas muito apertadas (HARDY, 1995; BARREIRA et al., 2002; McILWRAITH, 2002; FERRARO et al., 2003). 3.1.2. Patofisiologia A leso e degenerao tendnea podem ocorrer em todos os graus de intensidade, variando de subclnica leve ruptura total do tendo. Esforos excessivos podem resultar em pequenos deslocamentos e ruptura nas fibras, o que resulta em hemorragia capilar dentro do tendo (McILWRAITH, 2002). Leses agudas so acompanhadas de hemorragia, acmulo de fibrina e edema local; essa transudao e hemorragia separam e enfraquecem o restante de fibras no afetadas (HARDY, 1995; McILWRAITH, 2002; FERNANDES; ALVES; SOUZA, 2003). Todas as injrias aos tendes e ligamentos cicatrizam por mecanismos similares, independentemente da origem da leso. A resposta do tendo injria pode ser dividida em trs fases: inflamatria, reparativa e remodelativa (SMITH; WEBBON, 1999). A resposta inicial no tendo semelhante quela da pele em resposta ao ferimento, apresentando pronunciada inflamao, com invaso de neutrfilos no tecido danificado, seguido por macrfagos e moncitos. A circulao sangnea aumentada e desenvolve-se edema. Enzimas degradativas so liberadas, as quais ajudam a remover o tecido danificado, mas isso geralmente to exagerado que afeta o tecido normal do tendo (SMITH; WEBBON, 1999; McILWRAITH, 2002; FERNANDES; ALVES; SOUZA, 2003). A fase inflamatria geralmente curta, com durao de uma a duas semanas dependendo da severidade da injria inicial, especialmente se uma terapia adequada for administrada (SMITH; WEBBON, 1999). Dentro de alguns dias aps a injria, a fase reparativa comea e se sobrepe fase inflamatria. Ocorre um acmulo de fibroblastos no stio da leso, derivados de clulas que entraram no tendo durante a fase inflamatria e provavelmente tambm de clulas que j estavam dentro do tendo (tencitos residentes). Esse acmulo comea dentro de 4 dias aps a injria e seu pico se d em 3 semanas. Novo colgeno sintetizado, entretanto, est arranjado em grande parte na forma de fibras colgenas do tipo III (tecido cicatricial).

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Inicialmente esse tecido mais fraco do que o tendo intacto, sendo tambm menos funcional e exibindo menos elasticidade (SPEIRS, 1994; HARDY, 1995; SMITH; WEBBON, 1999). A extenso da fibroplasia est relacionada severidade da injria inicial e algum insulto contnuo, tal como tenso provocada por exerccio. Dentro da bainha tendnea, o tendo no tem uma vasta contribuio das clulas externas, e ento, a cicatrizao lenta. Se a superfcie do tendo est danificada, geralmente este se adere a bainha, com conseqncias funcionais desastrosas (SMITH; WEBBON, 1999). A fase de remodelao comea alguns meses aps a injria e acompanhada pela transformao do colgeno tipo III em tipo I, o colgeno normal do tendo. Porm, dependendo do grau de ruptura de fibras inicial, o colgeno no se arranja no padro funcional longitudinal. Alm disso, no cavalo, o colgeno tipo III (colgeno de tecido cicatricial) persiste por vrios meses anos, resultando em um tendo forte, mas considerado menos funcional (SPEIRS, 1994; HARDY, 1995; SMITH; WEBBON, 1999; McILWRAITH, 2002). 3.1.3. Sinais clnicos e diagnstico A fase aguda da tendinite caracterizada por um edema difuso sobre a regio afetada, seguida de calor e sensibilidade palpao (REEF, 1990; SPEIRS, 1994). O eqino pode apresentar claudicao leve intensa, mantendo o membro afetado em posio flexionada. A fase crnica manifesta-se por um aumento de volume algumas vezes doloroso, com ou sem calor, associado a fibrose e espessamento firme do tendo afetado na face palmar ou plantar, dando a este um aspecto curvado (Figura 1) (SPEIRS, 1994; HARDY, 1995; McILWRAITH, 2002; ROSS, 2003).

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Fonte: Stashak (2002) Figura 1 Tendinite do tendo do flexor digital superficial (tendo curvado).

O exame clnico o primeiro mtodo para o diagnstico de tendinite. Este pode ser visual, com o animal em repouso e durante exerccio, e atravs de palpao e manipulao (STASHAK, 2002; ROSS, 2003). Durante o exame visual com o animal em repouso, deve-se observar criteriosamente os membros em busca de aumentos de volume, enquanto que a observao do animal durante o exerccio, tem como objetivo principal a identificao do(s) membro(s) afetado(s), do grau de claudicao e incoordenao do movimento. Deve-se portanto analisar o animal ao passo e ao trote, sendo que o examinador posiciona-se de frente e de perfil ao mesmo. Balano da cabea, alteraes na suspenso do membro, fases do passo e colocao dos membros no solo, so pontos importantes na avaliao do animal durante o exerccio. Como resultado de claudicao nos membros torcicos, o animal abaixa a cabea quando o membro sadio toca o solo e a levanta quando o peso colocado sobre o membro afetado (STASHAK, 2002; ROSS, 2003).

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Na palpao dos tendes, cada regio deve ser palpada cuidadosamente em busca de dor, edema e calor. Primeiramente, realizada com o animal apoiando-se sobre o membro, permitindo a identificao das estruturas inflamadas. Posteriormente, o membro dorsalmente mantido em uma das mos do examinador, com o boleto flexionado (Figura 2). Atravs da utilizao de compresso digital procura-se deslizar ou separar os tendes flexor digital superficial do tendo flexor digital profundo. Normalmente, estes podem ser facilmente separados e diferenciados. Em situaes patolgicas, a presena de variados graus de aderncias entre os tendes tornar difcil a separao dos mesmos (STASHAK, 2002; ROSS, 2003).

Fonte: Stashak (2002) Figura 2 Palpao dos tendes dos flexores com o boleto flexionado para que os tendes dos flexores digitais superficial e profundo possam ser separados.

O diagnstico ultrassonogrfico um meio preciso de confirmar a ocorrncia de injria em tendo ou ligamento, e descrever o tipo, extenso e severidade da leso; alm disso ele pode ser usado com sucesso para monitorar a cicatrizao do tendo ou ligamento afetado e avaliar quando o equino est pronto para retornar ao trabalho normal. Desta forma, a ultra-sonografia, deveria ser considerado em todos os cavalos nos quais o edema notado na regio dos tendes, ligamentos ou nos quais notado calor ou sensibilidade nessas regies palpao; sendo que qualquer mudana na ecogenicidade do tendo, na

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uniformidade, ou linearidade da estrutura, corresponde numa alterao no tendo ou ligamento afetado (REEF, 1990; SPEIRS, 1994; BARREIRA et al., 2002; GOMIDE et al., 2004). Achados ultrassonogrficos em tendinite aguda incluem aumento da rea tendnea e reas hipoecicas (desenvolvimento de tecido de granulao na regio). As leses so classificadas de acordo com a intensidade da ecogenicidade de I a IV, com a rea e a extenso longitudinal da leso ou o nmero de zonas envolvidas. As reas hipoecicas tambm podem representar fibrose ou mineralizao do tendo, indicando cronicidade (REEF, 1990; HARDY, 1995) . Leses do tipo I geralmente apresentam reduo difusa na ecogenicidade, comparada a dos tendes ou ligamentos normais. Leses do tipo II so mais anecicas e meio ecognicas. As do tipo III so em grande parte anecicas, enquanto que as do tipo IV so completamente anecicas, o que representa uma completa ruptura de fibras e hemorragia na poro afetada do tendo ou ligamento (REEF, 1990). A tendinografia pode ser considerada como um procedimento diagnstico alternativo quando se suspeita de leses nos tendes ou quando a ultrassonografia inconclusiva ou no-disponvel (WATSON; SELCER, 1996). Tendinografia contrastada negativa distal do membro pode ser feita colocando-se um torniquete distalmente ao carpo e injetando 250 a 400 ml de ar dentro da bainha tendnea digital ao nvel da articulao interfalngica distal e, ento, subcutaneamente entre os tendes flexores, para deline-los (WATSON; SELCER, 1996; McILWRAITH, 2002). Ao se realizar as radiografias, deve-se diminuir o potencial de kilovoltagem (kVp) at 10% de modo a assegurar a densidade adequada do filme (WATSON; SELCER, 1996). Atravs desse procedimento diagnstico, a espessura dos tendes flexores digitais superficial e profundo pode ser comparada e podem ser reconhecidas aderncias em locais aonde os tendes no se separam (WATSON; SELCER, 1996; McILWRAITH, 2002). A termografia pode detectar precocemente injria e inflamao at 2 semanas antes do aparecimento de outros sinais clnicos, porm no se pode identificar as estruturas especficas envolvidas, a localizao precisa da injria, ou

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predizer de maneira exata a severidade da leso, as quais so possveis com o ultra-som (GREEN, 1999). Em tendinites agudas dos tendes flexores, o local quente no termgrafo se correlaciona com o local da leso. Locais frios sugerem edema, fibrose crnica, trombose vascular, infarto ou injrias nervosas (GREEN, 1999). Pode-se citar tambm como mtodos auxiliares de diagnstico de tendinite, a bipsia e a microscopia de luz polarizada. A bipsia permite a visualizao da presena de clulas inflamatrias no tecido endotendneo e do aumento de fibroblastos ativos, enquanto que a microscopia de luz polarizada permite o exame quantitativo e qualitativo da organizao e da agregao das fibras colgenas, atravs da medida da birrefringncia (FREITAS et al., 2004; SANTOS et al., 2004). 3.1.4. Tratamento Na leso aguda, o tratamento dirigido para a diminuio do processo inflamatrio e dos seus efeitos deletrios, dando suporte ao tendo (SPEIRS, 1994; WATKINS, 1999; SANTOS et al., 2004). Essa terapia inicial consiste em aplicao de hidroterapia com gua gelada, ou bolsas de gelo nas primeiras 48 horas aps a injria, para diminuir a hemorragia e o edema, com intervalos dirios de 4 a 6 horas entre as aplicaes, no excedendo 20 minutos cada aplicao. Posteriormente a cada aplicao de hidroterapia recomendado o uso de ligas de descanso para controlar o edema subcutneo provocado pelo frio (REEF, 1990; SPEIRS, 1994; HARDY, 1995; WATKINS, 1999; McILWRAITH, 2002). A utilizao de corticosterides ou frmacos antiinflamatrios noesterides tem sido defendida (REEF, 1990; SPEIRS, 1994; HARDY, 1995; WATKINS, 1999; McILWRAITH, 2002). A terapia sistmica com corticosterides deve ter durao limitada para evitar uma potente supresso adrenal e inibio da cicatrizao tendnea; da mesma forma a terapia com antiinflamatrios noesterides deve ser cuidada, para evitar lceras gastrointestinais e leses renais (WATKINS, 1999).

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Injees peritendneas de corticosterides so indicadas, com o intuito de diminuir a ocorrncia de aderncias nessa regio, mas tais injees tambm podem retardar a fibroplasia e causar calcificao dos tecidos moles. A aplicao tpica de dimetil sulfxido (DMSO) auxilia na diminuio do edema, assim como as pomadas antiflogsticas (SPEIRS, 1994; HARDY, 1995; WATKINS, 1999; McILWRAITH, 2002). Deve-se continuar com o tratamento at o calor e a sensibilidade local desaparecerem ou nenhuma melhora adicional ser vista em 5 a 7 dias. Indica-se o uso contnuo de bandagem seca aps ter-se cessado o tratamento tpico (HARDY, 1995). O ferrageamento corretivo em casos de tendinite recomendado. Nas leses dos tendes flexores digitais superficiais os tales das ferraduras so alongados para dar apoio, sendo a ferradura com barra oval bastante eficaz, enquanto que nas leses dos tendes flexores digitais profundos, os tales so elevados para retirar parte da tenso. A altura dos tales pode variar de 2,5 a 7,0 cm, dependendo da gravidade da leso, sendo que medida que a cicatrizao avana, a altura dos tales deve ser diminuda para evitar a contrao e encurtamento crnico do tendo (LECHONSKI, 2000; McILWRAITH, 2002; STASHAK, 2002). O repouso muito importante para a recuperao de leses tendneas, sendo que este deve ser completo nas primeiras duas semanas e, ento, instituise uma forma de manipulao passiva (SPEIRS, 1994; McILWRAITH, 2002). Recomenda-se caminhada controlada por 8 a 10 semanas at a recuperao da leso, que deve ser gradualmente aumentada de 5 para 40 a 45 minutos duas vezes ao dia. O cavalo desde ento pode comear um programa de exerccios controlados (REEF, 1990; HARDY, 1995). Essa recomendao se baseia na descoberta que uma leve tenso no tendo afetado na fase inicial da cura pode auxiliar no alinhamento dos feixes de fibrina do cogulo inflamatrio inicial e promover um alinhamento adequado do novo colgeno, assim como inibir a formao de adeses (McILWRAITH, 2002). O ultra-som teraputico tem sido muito empregado em casos agudos de tendinite, pois limita a expanso do edema, favorece a atividade fibroblstica e o

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aumento da vascularizao no local da leso e seu efeito trmico produz analgesia (SPEIRS, 1994; FERNANDES; ALVES; SOUZA, 2003). O efeito trmico do ultra-som depende da freqncia utilizada, da intensidade e durao do tratamento, tamanho da rea tratada e caractersticas do tecido a ser tratado (STEISS, 2000). A freqncia determina a profundidade de penetrao da onda, sendo que clinicamente a mais usada de 1 megahertz (MHz). Em geral, a intensidade requerida para aumentar a temperatura do tecido para aproximadamente 40 a 45C, varia de 1.0 a 2.0 watts por centmetro quadrado (W/cm) no modo de ondas contnuas, durante 10 a 15 minutos. Indica-se o modo de ondas pulsadas quando o aumento de calor local desejado mnimo (STEISS, 2000). Incises percutneas longitudinais splitting, tm sido usadas com sucesso em tendinites agudas (REEF, 1990; SPEIRS, 1994; HARDY, 1995; WATKINS, 1999; ALVES et al., 2000). Neste estgio, o splitting alivia a presso intra-tendnea e promove um melhor debridamento e revascularizao do ncleo da leso. Esse procedimento indicado particularmente para as leses localizadas no centro do tendo, sendo que um resultado melhor se obtm quando realizado nas duas primeiras semanas aps a injria (REEF, 1990; HARDY, 1995; WATKINS, 1999). Injees peritendneas de hialuronato de sdio (NaHa) tm sido atualmente utilizadas no tratamento de tendinites agudas nos cavalos. Segundo estudos, o hialuronato de sdio promove um aumento na deposio de colgeno dentro da leso, melhorando a estrutura tendnea, reduzindo a reao inflamatria, hemorragia, e a formao de aderncias entre o tendo e a bainha tendnea (SPEIRS, 1994; HARDY, 1995; WATKINS, 1999). Recomenda-se o uso de laser teraputico de Gallium Arsenide (GaAs) e campo magntico pulstil (CPM), para o tratamento de tendinite. O laser teraputico acelera o processo de cicatrizao atravs do aumento do metabolismo local e da atrao de fibroblastos para a leso, enquanto que o campo magntico pulstil aumenta a circulao e a concentrao de oxignio na regio. O protocolo de fisioterapia pode ser de aplicao do laser durante 10 minutos, segundo recomendao do fabricante, e 1 hora de CPM. Segundo estudo, a incluso de um intervalo entre o uso do laser teraputico e do campo

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magntico pulstil, ou seja, um pela manh e outro tarde, pode ter contribudo para manter o metabolismo da regio aumentado por um tempo maior o que favorvel no tratamento de leses do aparelho locomotor (MIKAIL; CAMPOS, 2004). Nas tendinites crnicas, a forma mais comum de tratamento inclui alguma forma de contra-irritao, como pontas-de-fogo, agentes irritantes de superfcie ou injetveis, ultra-som e incises no tendo. Podem tambm ser realizados transplantes de tendo, implante de bainhas tendneas artificiais e implantes de fibra de carbono (SPEIRS, 1994; HARDY, 1995; McILWRAITH, 2002). A ponta-de-fogo age mais como uma proteo ao tendo, atravs da formao de uma pele espessa ao redor do local da leso, promovendo desta forma, um apoio ao tendo flexor digital superficial (McILWRAITH, 2002). As incises no tendo promovem uma vascularizao, a qual auxilia na cura da leso tendnea. Essas incises podem ser perfurantes ou em leque percutneo, sendo que a segunda tcnica apresentou menos ocorrncia de adeses peritendneas. Props-se o uso do ultra-som teraputico aps a realizao das incises nos tendes com o intuito de auxiliar a cura histolgica destes (McILWRAITH, 2002). Recentemente, tem-se sugerido a desmotomia do ligamento frenador superior como tratamento nas injrias do tendo flexor digital superficial, devido melhora na qualidade da cicatrizao tendnea, tendo como intuito prevenir leses recorrentes. A desmotomia resulta no aumento da unidade msculo-tendnea impedindo que o msculo flexor digital superficial assuma grande poro de carga por unidade de rea, durante o exerccio (REEF, 1990; SPEIRS, 1994; HARDY, 1995; WATKINS, 1999; BARREIRA et al., 2002). 3.1.5. Prognstico Devido ao longo tempo necessrio para a recuperao completa do tendo e a alta incidncia de reparao desorganizada com conseqentes recidivas, esse tipo de leso compromete seriamente a performance do animal, resultando em reduo da vida til, ou muitas vezes, no encerramento da carreira atltica, levando a grandes perdas econmicas aos proprietrios (SPEIRS, 1994; HARDY,

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1995; FERNANDES; ALVES; SOUZA, 2003; FERRARO et al., 2003; FREITAS et al., 2004; SANTOS et al., 2004). Desta forma, o prognstico para o retorno ao trabalho, seguinte a injria no tendo ou ligamento varia com o tipo de trabalho executado, com a severidade da leso e a utilizao de tratamento adequado (REEF, 1990; SPEIRS, 1994; HARDY, 1995). Deve-se portanto enfatizar a necessidade de um incio gradual nos treinamentos e trabalhos para diminuir o estresse excessivo sobre as estruturas tendneas no condicionadas (McILWRAITH, 2002; FERNANDES; ALVES; SOUZA, 2003; FERRARO et el., 2003). 3.1.6. Relato de caso e discusso No dia 1 de julho de 2004, na seo veterinria do Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, foi atendido um eqino macho, sem raa definida, de aproximadamente 10 anos de idade e com peso estimado de 450 Kg, com queixa de claudicao no membro torcico esquerdo. O animal era utilizado para saltos e, de acordo com o histrico, j havia sido tratado anteriormente de tendinite, tendo o episdio mais recente ocorrido em meados do ano de 2003. Importa salientar que o eqino era proveniente do regimento de Polcia Montada do Esprito Santo, e estava participando da competio de saltos por ocasio do aniversrio do Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo. Por haver sido transportado em caminho, numa jornada variando entre 24 a 48 horas, permanecendo num espao limitado e praticamente imvel, a presso exercida sobre os tendes com histrico de tendinite prvia, contribuiu para a recidiva do caso, conforme comprovou-se posteriormente. Nos dias que antecederam a competio, o animal claudicou do membro quando estava praticando os saltos, logo no incio do exerccio. Contudo, a sesso no foi interrompida de imediato, o que pode ter agravado ainda mais a leso. Somente aps o final da srie de exerccios, o animal foi conduzido seo veterinria para que fossem tomadas as providncias necessrias. Ao exame visual com o animal em repouso, constatou-se que o mesmo apresentava um aumento moderado de volume na regio dos tendes do membro torcico esquerdo. Procedendo ao exame visual em situao de movimento, no

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foi observada claudicao ao passo, mas apenas ao trote. palpao, o animal apresentou calor local, sensibilidade compresso digital dos tendes flexores superficial e profundo e presena de um ligeiro espessamento do tendo flexor digital superficial. Isto posto, cumpre-nos observar que tais sinais clnicos condizem com os descritos na literatura por Spiers (1994), Hardy (1995), McIlwraith (2002), Stashak (2002) e Ross (2003). Existem, ainda, outras formas de proceder o exame de suspeita de tendinite, dentre as quais importa citar ultrasonografia, tendinografia, termografia, bipsia e microscopia de luz polarizada, conforme anteriormente mencionados. Contudo, tais mtodos apresentam vrias dificuldades, dentre as quais pode-se enumerar: a dificuldade de deslocamento do animal at o aparelho de ultra-som e/ou de raio-x ou vice-versa, a escassez de termgrafos disponveis para a realizao do exame, e a existncia de poucos profissionais que possuam os equipamentos necessrios para realizar tais exames. O tratamento clnico realizado consistiu na aplicao de compressa de gelo por 30 minutos durante dois dias (Figura 3), embora Watkins (1999) observe que a aplicao de gelo por mais de 20 minutos anula os efeitos benficos da vasoconstrio induzidos pelo frio, provocando uma vasodilatao indesejada, levando a um aumento do edema local. Adicionalmente realizou-se massagem local com dimetil-sulfxido (DMSO) e posterior bandagem com liga de descanso durante dez dias, como citado por (REEF, 1990; SPEIRS, 1994; HARDY, 1995; WATKINS, 1999; McILWRAITH, 2002). Neste caso, teve-se ateno especial de assegurar que a pele estivesse seca antes da aplicao de DMSO, tal qual observado por WATKINS (1999), que complementa informando que pode haver formao de bolhas cutneas em cavalos com pele sensvel. Alm do uso tpico de antiinflamatrio, administrou-se 10 ml dirios de ketoprofeno na dose de 2mg/kg, durante cinco dias. Segundo estudo realizado por Longo et al. (1996), o ketoprofeno possui ao antiinflamatria 80 vezes maior que a fenilbutazona, excelente tolerncia sistmica e gastrintestinal, ligando-se rapidamente aos tecidos sinoviais.

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Figura 3 Aplicao de compressa de gelo sobre os tendes afetados.

Durante o tratamento, realizado ao longo de 10 dias, que foi o perodo de sua estada em Braslia-DF, o animal permaneceu estabulado, usando ligas de descanso, como citado na literatura por Speirs (1994) e McIlwraith (2002). Aps os referidos 10 dias, o animal foi para a competio de saltos do Regimento de Polcia Montada de Goinia. Recomendou-se que durante a viagem o eqino usasse ligas de descanso e que fosse retirado do caminho a cada 2 horas, para movimentao. Foi recomendado, ainda, descanso em baia com caminhadas leves pelo prazo mnimo de 6 meses, alm da no participao na referida competio de Goinia. No caso em anlise, caberia ainda, ultra-som teraputico, laser teraputico, campo magntico pulstil, caminhadas, injees peritendneas de hialuronato de sdio e ferrageamento corretivo como explicado anteriormente.

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3.2. EXOSTOSE EM EQINOS

3.2.1. Introduo O osso possui um revestimento mais externo, denominado peristeo, o qual formado por duas camadas a camada fibrosa de tecido conjuntivo denso, e a camada celular constituda por clulas mesenquimais, clulas osteoprogenitoras, osteoblastos e osteoclastos (ALVES et al., 2002). Em animais jovens, a camada celular possui grande quantidade de osteoblastos ativos, enquanto que em cavalos adultos, essa camada encontra-se em repouso, tornando-se ativa aps algum estmulo, como traumas, ocorrendo uma subsequente reao periosteal (ALVES et al., 2002). A exostose comumente encontrada em cavalos jovens, que na maioria das vezes, afeta os membros torcicos (AUER, 1999; ALVES et al., 2002; STASHAK, 2002; MITCHELL et al., 2003; PILSWORTH, 2003). Essa condio geralmente envolve o aspecto medial da regio do metacarpo estando localizada na juno entre o segundo e terceiro ou quarto e terceiro metacarpianos no tero proximal (AUER, 1999; ALVES et al., 2002; STASHAK, 2002; BASSAGE; ROSS, 2003; DYSON; 2003; LEWIS, 2003). 3.2.2. Etiologia A ocorrncia do trauma resulta em hemorragia sub-periostal e

levantamento do peristeo, ou instabilidade entre o segundo ou quarto metacarpianos e o terceiro metacarpo. Este hematoma com o tempo ossifica-se (AUER, 1999; DYSON, 2003). O aumento de volume observado nesta afeco pode ser causado pelo rompimento do ligamento intersseo que liga o 2 ou 4 osso metacrpico ao 3 metacarpo, por trauma externo ou pela cura de uma fratura ocorrida nesta regio (STASHAK, 2002; BENNETT, 2003; MITCHELL et al., 2003). Defeitos conformacionais aumentam o estresse nos pequenos ossos metacrpicos (STASHAK, 2002; MITCHELL et al., 2003; ROSS, 2003). O desvio

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lateral dos ossos metacrpicos um exemplo de anormalidade conformacional que predispe a exostose nesses (STASHAK, 2002). Os animais que possuem uma deformidade angular valgo, suportam maior peso na parte medial do casco do que na parte lateral. Conseqentemente, a parte interna do membro tocar o solo primeiro, sendo esta sujeita a um esforo maior, o que poder ocasionar o desenvolvimento de exostose medial. Animais com deformidade angular varo, so forados a suportar mais peso no lado lateral do membro do que no medial. Desta forma, o animal geralmente pisar primeiramente com o lado externo do membro, o qual suportar um maior esforo, levando formao de exostose lateral (Figura 4) (STASHAK, 2002). Um ferrageamento ou aparao inadequadas podem causar alteraes no movimento do membro suficientes para o animal se alcanar, provocando traumas os quais resultam no aparecimento de exostose (AUER, 1999; ALVES et al., 2002; STASHAK, 2002).

Figura 4 Exostose dupla no membro torcico esquerdo (setas). Este animal apresentava deformidade angular valgo.

Cavalos jovens que realizam treinamentos forados, so propensos a desenvolver esse problema, especialmente se forem pesados, como o caso dos Quarto de Milha (AUER, 1999; STASHAK, 2002). Outras reas do metacarpo

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podem desenvolver exostose como resultado de trauma sseo provocado por objetos no cortantes ou coice (AUER, 1999; ALVES et al., 2002; STASHAK, 2002). Desequilbrio nutricional ou supernutrio tambm so incriminados como fatores predisponentes ao aparecimento dessa afeco. Sugere-se tambm que, eqinos que recebem uma dieta desequilibrada em clcio e fsforo, tm um crescimento e aumento de peso rpidos, os quais provocam foras compressivas excessivas sobre o ligamento intersseo, rompendo-o, provocando o surgimento de exostose (AUER, 1999; STASHAK, 2002). 3.2.3. Sinais clnicos e diagnstico Eqinos afetados apresentam vrios graus de claudicao. Calor, dor palpao e edema podem ser observados em qualquer ponto ao longo do metacarpo. Na maioria das vezes, observam-se no tero proximal do metacarpo, abaixo da articulao do carpo. Em casos crnicos, o animal pode vir a no sentir dor palpao (AUER, 1999; STASHAK, 2002; LEWIS, 2003). Nos casos leves, desenvolve-se apenas uma discreta inflamao. A claudicao ao passo pode estar ausente, sendo exibida apenas ao trote tornando-se mais evidente em superfcies duras (AUER, 1999; STASHAK, 2002; DYSON, 2003). Se o neocrescimento sseo ocorrer prximo articulao do carpo, poder causar artrite crpica. A exostose continua a causar claudicao, especialmente se esta interferir no funcionamento dos tendes flexores, ligamentos ou estruturas periarticulares (AUER, 1999; ALVES et al., 2002; STASHAK, 2002; DYSON, 2003). Aps a inflamao ter cessado, o aumento de volume observado geralmente torna-se menor e mais firme. A reduo do edema se deve formao do tecido fibroso e no diminuio no tamanho real da formao ssea. No estgio inicial, o maior volume do edema devido inflamao que ocorre no local (STASHAK, 2002). Alm do exame visual e palpao, no qual pode-se observar inflamao no membro, presena de calor, claudicao e dor palpao da rea afetada, o exame radiogrfico necessrio para delinear a nova formao ssea, determinar

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o envolvimento ou no da articulao do carpo e se a proliferao ssea prolonga-se suficientemente de modo a afetar o ligamento suspensrio (AUER, 1999; STASHAK, 2002; BENNETT, 2003; DYSON; 2003; PILSWORTH, 2003). Segundo Bassage e Ross (2003), um outro mtodo diagnstico inclui a utilizao de uma agulha 25 x 7 (22 G) para aplicao de 5 ml de anestsico local, subcutaneamente, sobre a exostose dolorosa, o que leva ao alvio da dor e claudicao. Se o animal continuar claudicando e sentir dor palpao, o diagnstico para exostose no positivo. A utilizao do ultra-som tambm um mtodo importante para o diagnstico de exostose, sendo essencial quando suspeita-se de comprometimento no ligamento suspensrio (DYSON, 2003). 3.2.4. Tratamento Na fase aguda o tratamento inclui antiinflamatrios associados ao gelo e ligas de descanso sob presso para diminuir o edema, o calor e a dor. A hipotermia pode ser obtida utilizando-se bolsas de gelo ou aplicando-se ducha fria durante 30 a 45 minutos, duas vezes ao dia, por pelo menos 5 a 7 dias. Os cavalos acometidos devem ser confinados em baia por um perodo de 30 a 45 dias, iniciando-se posteriormente caminhadas durante 15 a 20 minutos duas vezes ao dia (AUER, 1999; ALVES et al., 2002; STASHAK, 2002; MISHEFF, 2003; MITCHELL et al., 2003). O retorno prematuro aos exerccios provavelmente exacerbar o problema, portanto, pode-se durante o perodo de repouso, realizar exerccios de natao com o animal (DYSON, 2003). Outro mtodo teraputico injetar corticosterides na regio acometida, seguido por bandagem compressiva, devendo o animal tambm ficar estabulado por no mnimo 30 dias. Esse tratamento auxilia na reduo da inflamao e previne a proliferao ssea excessiva (AUER, 1999; ALVES et al., 2002; STASHAK, 2002; BENNETT, 2003; MITCHELL et al., 2003). Um efeito similar pode ser obtido com a utilizao de dimetil-sulfxido (STASHAK, 2002; DYSON, 2003). A crioterapia indicada como tratamento para exostose (Figura 5) (JACOBS; OLIVER, 2003; MISHEFF, 2003; MITCHELL et al., 2003). Entretanto,

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esta tcnica no deve ser realizada antes que a inflamao aguda tenha cessado, pois a crioterapia pode exacerbar a reao periostal. Um descanso deve ser dado aos animais por duas semanas, antes da realizao da tcnica. Em animais com exostose crnica, a crioterapia pode ser feita sem a necessidade do perodo de descanso, j que nestes casos no h presena de edema. Aps a realizao da crioterapia, recomenda-se repouso em baia durante 3 a 5 dias, para todos os animais. Posteriormente, os animais devem ser exercitados a meio trote ou galope leve, sendo que o treinamento normal pode ser retomado dentro de 7 a 10 dias aps o incio dos exerccios leves (JACOBS; OLIVER, 2003).

Fonte : Ross; Dyson (2003).

Figura 5 - Uso de crioterapia em exostose no 3 metacarpodo membro torcico.

Nos casos subagudos ou crnicos, o tratamento consiste em uma contrairritao sob a forma de pontas-de-fogo, injeo local de agentes esclerosantes, radiao ou aplicaes tpicas de causticantes, como o iodo, junto com massagem local com um objeto duro e plano, por 10-15 minutos dirios. Esse tratamento tem por objetivo converter um processo inflamatrio limitado em um

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processo inflamatrio agudo, acelerando desta forma a cura, e cessando tambm a proliferao dos osteoblastos (AUER, 1999; STASHAK, 2002). Se a razo pela qual o cavalo se alcana a ferrao ou aparao inadequadas, estas devem ser corrigidas, sendo que as caneleiras podem ser utilizadas para evitar maiores traumas (STASHAK, 2002). Persistindo a claudicao, a cirurgia o tratamento de escolha (AUER, 1999; ALVES et al., 2002; BENNETT, 2003; DYSON, 2003; LEWIS, 2003; MISHEFF, 2003; MITCHELL et al., 2003). O acesso cirrgico exostose se d por uma estreita inciso na pele, a qual pode ser elptica. importante que se remova alm da exostose, o peristeo envolvido e o osso possivelmente afetado; isso se d pela curetagem do osso no local envolvido. Deve-se retirar aproximadamente 2 a 3mm do peristeo ao redor da exostose, lembrando-se que a regio ssea envolvida dever ficar plana. A periostectomia regional foi adotada a fim de se diminuir a quantidade e a taxa de recidivas aps a remoo cirrgica de exostoses. Um dreno deve ser colocado, sendo retirado 24 horas aps a cirurgia. A inciso fechada com pontos simples contnuos no subcutneo e derme, justapondo as bordas da pele; desta forma assegura-se um timo resultado cosmtico. Uma bandagem compressiva colocada ao final da cirurgia, a qual dever ser trocada a cada 3-4 dias por um perodo de 3 semanas. Indicase descanso em baia por 2 semanas, seguido por caminhadas leves. Deve-se evitar exerccios fsicos forados por no mnimo 3 meses (AUER, 1999; ALVES et al., 2002; DYSON, 2003). Estudo recente confirmou a eficcia da administrao local de corticosteride e cido hialurnico aps a resseco cirrgica da exostose e periostectomia. Dessa forma atinge-se altas concentraes dos frmacos no local da leso, o que leva a um efeito antiinflamatrio imediato, conferindo maior inibio da recidiva das exostoses removidas cirurgicamente (ALVES et al., 2002). 3.2.5. Prognstico O prognstico associado com exostose bom. Na maioria dos casos, se o tratamento conservador for utilizado, essas leses tornam-se inativas e indolores. Se forem removidas cirurgicamente juntamente com a exciso do peristeo, no

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ocorre recidiva em 90% dos casos. O animal geralmente pode ser usado em qualquer atividade atltica 3 a 4 meses aps a cirurgia (AUER, 1999). Nos casos em que a exostose grande e interfere no ligamento suspensrio, ou quando a causa so sucessivos traumatismos provocados pelo membro contra-lateral, o prognstico reservado (STASHAK, 2002). O prognstico bom para o retorno dos animais s atividades atlticas normais aps a realizao da crioterapia. Em alguns casos, ocorre recidivas no mesmo local ou em locais diferentes, sendo que o procedimento poder ser repetido (JACOBS; OLIVER, 2003).

3.3. EXOSTOSE INTERFALNGICA

A exostose interfalngica, tambm conhecida como osteoartrite da articulao interfalngica, um neocrescimento sseo que atinge a falange proximal, mdia ou distal, sendo o resultado de uma periostite, podendo levar a uma osteoartrite ou anquilose da articulao interfalngica proximal ou distal (STASHAK, 2002; RUGGLES, 2003). Essa afeco pode ser classificada de duas formas: exostose interfalngica alta ou baixa e exostose interfalngica articular ou periarticular. A alta acomete a extremidade distal da falange proximal ou a extremidade proximal da falange mdia, enquanto que a baixa acomete a extremidade distal da falange mdia ou a extremidade proximal da falange distal. Na articular, o crescimento sseo compromete a superfcie da articulao interfalngica proximal ou distal, enquanto que na periarticular o crescimento sseo se limita a contornar a articulao, no havendo comprometimento desta (STASHAK, 2002). Eqinos utilizados em salto, doma e cross-country parecem ser propensos ao surgimento de exostose alta (RUGGLES, 2003).

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3.3.1. Etiologia A exostose no-articular causada por uma periostite resultante da trao dos ligamentos colaterais das articulaes afetadas, da trao das inseres da cpsula articular ao osso, da trao do tendo extensor s falanges proximal, mdia e distal ou de traumas diretos s falanges, sendo essas traes muito comuns em animais com m conformao. Cortes com arame que se aprofundam at o peristeo, tambm podem causar uma periostite que resultar em exostose. Infeces ou osteocondrose tambm so incriminadas no desencadeamento desta afeco (STASHAK, 2002; RUGGLES, 2003). Cavalos fechados de frente tm maior predisposio para desenvolverem exostose interfalngica no lado lateral das articulaes, enquanto cavalos abertos de frente desenvolvem exostose interfalngica no lado medial das articulaes, pois a m conformao aumenta o estresse, levando a uma presso desigual nessas superfcies articulares (STASHAK, 2002; GOBLE, 2003). Exostose articular pode ser causada por fratura que acomete uma das falanges, progredindo para uma osteoartrite da articulao interfalngica proximal e conseqente exostose interfalngica intensa (STASHAK, 2002; GOBLE, 2003). A afeco tambm pode ser resultante de um espaamento incorreto das superfcies articulares da articulao interfalngica proximal (STASHAK, 2002). 3.3.2. Sinais clnicos e diagnstico Os animais acometidos pela exostose interfalngica apresentam

claudicao de moderada a severa, em todas as andaduras, a qual torna-se mais evidente quando da realizao de curvas e/ou quando da flexo distal do membro, sendo que alguns casos so assintomticos (STASHAK, 2002; GOBLE, 2003; RUGGLES, 2003). A regio afetada apresenta-se quente, observando-se aumento de volume e dor quando aplicada uma ligeira presso no local da exostose ativa (STASHAK, 2002; GOBLE, 2003). Exostose interfalngica articular acompanhada por artrite da articulao afetada, podendo ocorrer a anquilose desta (STASHAK, 2002).

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No caso de exostose interfalngica baixa, tambm chamada de doena piramidal, alm da claudicao, calor, dor palpao e aumento de volume, observa-se os plos da faixa coronria eriados e um pisar excessivo sobre os tales (STASHAK, 2002). Na fase crnica da doena, o edema passa a ser frio e firme ao toque; a realizao do exame de flexo da articulao afetada poder resultar em uma resposta dolorosa, sendo que a flexo da articulao estar diminuda, ou nula nos casos em que a anquilose j estiver presente (STASHAK, 2002). Pode-se evidenciar nesses casos, uma formao ssea exuberante ou deformidade angular (RUGGLES, 2003). O diagnstico baseia-se inicialmente pelos sinais clnicos observados, resposta analgesia perineural ou intra-articular e exame radiogrfico (SCHAER et al., 2001; STASHAK, 2002; GOBLE, 2003; RUGGLES, 2003). Os achados radiogrficos so necessrios para identificar com preciso as estruturas acometidas, podendo-se observar a neoformao ssea, esclerose periarticular e a perda do espao articular principalmente no aspecto medial da articulao interfalngica proximal (SCHAER et al., 2001; STASHAK, 2002; RUGGLES, 2003). Radiografias do membro oposto devem ser feitas pois a afeco pode acometer bilateralmente os membros (RUGGLES, 2003). Nos casos iniciais, apesar da presena dos sinais clnicos, o exame radiogrfico nada acusar, sendo indicado a repetio deste aps 30 dias (SCHAER et al., 2001; STASHAK, 2002). 3.3.3. Tratamento Nos casos agudos da doena, ou seja, quando no houve o incio da proliferao ssea, o tratamento consiste em limitao do movimento das articulaes atravs do uso de gesso, o qual deve envolver o membro desde a parede do casco at abaixo do carpo ou tarso; o gesso deve ser mantido por no mnimo 30 dias e o animal confinado por um perodo mnimo de 4 meses (STASHAK, 2002). Em eqinos com osteoartrite e ligeira claudicao, recomenda-se repouso em baia com acesso a um piquete pequeno durante 4 meses (GOBLE, 2003).

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Segundo Goble (2003), a administrao oral de glicosaminoglicanos ou suplementao com sulfato de condroitina tem tido resultados satisfatrios. Recomenda-se a utilizao de antiinflamatrios no-esteroidais ou injees intra-articulares de corticosterides em combinao com hialuronato de sdio, que so muito eficazes em eqinos que apresentam exostose leve moderada (GOBLE, 2003; RUGGLES, 2003). Os corticosterides aplicados dentro da articulao reduzem o nvel de enzimas nocivas na articulao alm de exercerem efeito antiinflamatrio, retardando a migrao de leuccitos e inibindo a dilatao capilar, edema e deposio de fibrina (McILWRAITH, 2002). Apesar de exercerem efeito teraputico antiinflamatrio desejvel no sinvio, os corticosterides reduzem a taxa de sntese de proteoglicanos e cido hialurnico no interior da articulao. Tambm diminuem os glicosaminoglicanos sulfatados, resultando em uma reduo na capacidade desses de ligar gua da matriz cartilaginosa, tornando a superfcie articular menos elstica e mais vulnervel a trauma mecnico. Devido a isso, recomenda-se a suplementao oral de glicosaminoglicanos antes e durante o uso de corticosterides, e da utilizao intra-articular em conjunto de corticosterides e hialuronato de sdio, pois este ltimo contribuir como lubrificante articular, diminuindo a probabilidade de dano cartilagem, alm de controlar a permeabilidade da membrana sinovial (STASHAK, 2002; McILWRAITH, 2002). Em animais com exostose subaguda ou crnica, especialmente aqueles com extensiva proliferao periarticular e perda do espao articular, o tratamento varia da utilizao de pontas-de-fogo, aplicaes tpicas de causticantes at fuso da articulao por artrodese, a qual promove um alvio da dor (SCHAER et al., 2001; STASHAK, 2002; RUGGLES, 2003). O procedimento cirrgico de artrodese invasivo e caro, mas geralmente considerado a melhor soluo (RUGGLES, 2003). A anquilose natural da articulao interfalngica proximal pode ocorrer, porm, um longo e doloroso processo, o qual pode ser incompleto (GOBLE, 2003; RUGGLES, 2003). Neurectomia pode ser considerada em eqinos com exostose interfalngica proximal crnica, principalmente, quando no membro posterior (STASHAK, 2002; RUGGLES, 2003).

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Cirurgicamente, trs tcnicas so citadas para a realizao de artrodese: perfurao da articulao do lado lateral para o medial, com o intuito de remover a cartilagem e posterior enxerto do local com osso trabecular; estimulao eltrica aps remoo da cartilagem, sendo que essa tcnica reduz o tempo necessrio para formao da anquilose; e fixao interna utilizando placas ou parafusos, com ou sem enxerto de osso trabecular. Obtiveram-se melhores resultados na fixao interna, com o uso de trs parafusos colocados paralelamente, pois essa tcnica proporcionou uma maior fuso da regio, um melhor alinhamento das falanges proximal e mdia e um menor ndice de erros na colocao destes (Figura 6) (GENETZKY et al., 1981; STASHAK, 2002; GOBLE, 2003).

Figura 6 Radiografia lateral 7 semanas aps a cirurgia de artrodese da articulao interfalngica proximal realizada com trs parafusos postos atravs da articulao, para comprimi-la. A cartilagem da articulao interfalngica proximal foi removida antes da colocao dos parafusos.

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Estudo recente confirmou que a utilizao em conjunto dos trs parafusos com uma placa colocada dorsalmente promove uma fixao mais estvel e segura, minimizando a mobilidade, acelerando a remodelao ssea, favorecendo ento, uma rpida fuso da articulao (SCHAER et. al., 2001; RUGGLES, 2003). Aps a cirurgia deve-se imobilizar o membro, desde o casco at abaixo do carpo ou tarso, atravs da utilizao de gesso. O membro deve ser imobilizado o mais prximo possvel de sua posio normal, sendo que o animal deve permanecer engessado por um perodo de 6 a 7 semanas. Ligas de apoio so indicadas aps a retirada do gesso. O animal dever permanecer confinado em baia por mais 8 semanas e aps esse perodo, exerccios com caminhadas podem ser iniciados (STASHAK, 2002). Nos cavalos acometidos com exostose interfalngica, pode-se fazer uma ferrao corretiva, que consiste no encurtamento da pina e colocao de ferraduras de rolamento completo, com o intuito de transferir a ao das articulaes interfalngica proximal e distal para a ferradura. Se o animal possui boa conformao, uma ferradura de rolamento na pina suficiente (STASHAK, 2002). 3.3.4. Prognstico A forma no-articular aguda de exostose, desde que tratada precocemente, apresenta bom prognstico para o retorno ao trabalho. Entretanto, no caso da exostose interfalngica no-articular baixa, o prognstico geralmente reservado, com freqente alterao mecnica na andadura, cessada a dor (STASHAK, 2002). Os casos de para exostose osteoartrite, interfalngica apresentando articular alta progridem desfavorvel constantemente prognstico

(STASHAK, 2002; GOBLE, 2003). A exostose interfalngica articular baixa apresenta um prognstico muito ruim em termos de retorno normal ao trabalho (STASHAK, 2002; GOBLE, 2003). O diagnstico precoce um critrio muito importante para um melhor prognstico, pois desta forma cessa-se o treinamento do animal, e instituindo-se

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tratamento adequado, ocorrer retardo na progresso da osteoartrite, resultando numa melhora substancial da afeco (GOBLE, 2003). Como citado anteriormente, a tcnica de artrodese, especialmente quando da utilizao de trs parafusos e placas, possibilita retorno s atividades atlticas, ainda que restritas em alguns casos. Entretanto, essa tcnica no conduz a um prognstico bom em animais pesados, em razo da forte presso exercida sobre os implantes (SCHAER et al., 2001; GOBLE, 2003). 3.3.5. Relato de caso e discusso No dia 8 de setembro de 2004, na seo veterinria do Regimento de Polcia Montada foi atendido um garanho da raa Appaloosa de nome Gringo Lee, com dois anos e meio de idade, aproximadamente 350 Kg e histrico de grande aumento de volume no membro posterior esquerdo, perda por avulso da parede do casco no lado medial do mesmo membro e miase local. Segundo relato do proprietrio, o animal havia perdido a parede do casco aproximadamente um ano, sendo realizados apenas curativos locais (Figura 7).

Figura 7 Perda da parede do casco no lado medial do membro posterior esquerdo (seta).

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Devido ao estado em que se encontrava a ferida e a grande quantidade de miase, optou-se primeiramente pela limpeza da mesma, para posterior exame clnico. Utilizou-se larvicida spray sobre a ferida e com uma pina, foram retiradas todas as larvas. Lavou-se a ferida com polivinilpirrolidona-iodo4 e foi usado iodo tpico5 5% no local, durante 3 dias. Aps este perodo foi realizado o exame clnico. Visualmente, observou-se a presena de um grande aumento de volume acima da regio coronria, o qual circundava todo o membro e que, palpao apresentava-se fria e firme ao toque (Figura 8). Fez-se presso digital sobre a rea afetada, mas o animal no respondeu dor, sendo essas caractersticas citadas na literatura por Stashak (2002).

Figura 8 Aumento de volume observado no membro posterior do referido animal.

Como indicado por Stashak (2002), realizou-se o exame de flexo da articulao afetada, tendo-se como resultado uma flexo nula, provavelmente pela presena de anquilose da articulao, devido cronicidade da leso. Conduziu-se o animal at um piso rgido, onde este foi observado ao passo e ao trote. Em nenhuma das andaduras o animal apresentou claudicao, apenas observou-se um pisar excessivo sobre os tales do membro afetado.

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Foi feito exame radiogrfico, por meio do qual pde-se observar uma grande neoformao ssea sobre as falanges mdia e distal e incio de proliferao ssea na regio distal da falange proximal. Constatou-se tambm a perda de espao articular entre as falanges mdia e distal (Figura 9). Esses achados so descritos na literatura por Schaer et. al. (2001), Stashak (2002) e Ruggles (2003). No foi realizado radiografia do membro oposto como sugerido por Ruggles (2003).

a

b

Figura 9 a) e b) aspecto radiogrfico do membro posterior esquerdo afetado mostrando a neoformao ssea, perda do espao articular entre as falanges mdia e distal e incio de proliferao ssea da regio distal da falange proximal.

Avaliando-se os sinais clnicos e os achados radiogrficos, constatou-se a ocorrncia de exostose interfalngica articular baixa, procedendo-se posteriormente o incio do tratamento. O tratamento consistiu em aplicao tpica de iodo 40% sobre toda a leso. Como este frmaco havia sido manipulado erroneamente pela primeira vez,

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e pela demora do proprietrio em trazer o frmaco certo, o tratamento foi inicializado somente aps 3 semanas do diagnstico. Durante esse perodo, diariamente realizava-se curativo no casco afetado anteriormente pela miase. Este consistia em pedilvio com permanganato de potssio, 0,1g/litro, durante 30 minutos para limpeza do local, uso tpico de cicatrizante6 e bandagem ao redor do casco para evitar o contato da leso com a urina e fezes do animal. Durante todo o tratamento, o animal permaneceu estabulado sendo retirado para caminhadas dirias durante aproximadamente 30 minutos. Aps o proprietrio ter trazido o iodo 40%, iniciou-se o tratamento, o qual consistiu em aplicao tpica sobre a regio afetada, durante 7 dias (Figura 10). Aps esse perodo, aplicou-se localmente vaselina lquida para facilitar a retirada das crostas formadas pela ao custica do iodo.

a

b

Figura 10 a) aplicao tpica de iodo 40% na face lateral do membro afetado; b) aplicao tpica de iodo 40% na face medial do membro afetado.

Devido grande perda da parede medial do casco no membro afetado, sucessivas rachaduras ocorriam neste, dificultando o crescimento do novo casco. Para evitar a contnua formao de rachaduras, optou-se pela colocao de uma ferradura oval com guarda casco lateral para aumentar a estabilidade do casco. Pelo fato do animal apresentar deformidades angulares nos quatro membros, uma aparao adequada dos cascos era realizada mensalmente. Em virtude da cronicidade da afeco, no foi observada melhora significativa com o tratamento utilizado. No houve necessidade da realizao de

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artrodese, como citado na literatura por Genetzky et al. (1981), Schaer et al. (2001), Stashak (2002), Goble (2003) e Ruggles (2003), pois o animal j apresentava anquilose natural da articulao interfalngica proximal.

3.4. RABDOMILISE DE EXERCCIO

3.4.1. Introduo Rabdomilise de exerccio, tambm conhecida como azotria, mal de segunda-feira, tying up, mioglobinria paraltica e miosite, uma degenerao das fibras musculares estriadas que ocorre aps o exerccio, sendo a desordem muscular mais comum que acomete principalmente eqinos atletas (HODGSON, 1987; HODGSON; PARISH, 1990; TURNER, 1992; SNOW; VALBERG, 1994; HARDY, 1995; HARRIS; MAYHEW, 2000). Os fatores que predispem ao aparecimento da rabdomilise de exerccio so variados. Dieta, desbalano eletroltico, hipotireoidismo, gentica, viremia, bacteremia e exerccios, em conjunto ou separadamente, esto implicados no desencadeamento da doena (HODGSON, 1987; TURNER, 1992; HARDY, 1995). Classicamente, observa-se a doena em animais que esto em um programa de treinamento, os quais passam por um repouso de um ou mais dias, sendo-lhes fornecida a mesma quantidade de rao. O mecanismo exato da ao dos carboidratos para o aparecimento de rabdomilise ainda est incerto, mas postula-se que ocorre uma formao excessiva de glicognio, resultando em uma superproduo de cido lctico ps-exerccio e vasoconstrio muscular resultando em cibras (HODGSON, 1987; HODGSON; PARISH, 1990; HARRIS; MAYHEW, 2000). Diversos pesquisadores apontam que distrbios eletrolticos causam rabdomilise. A ao mais provvel dos eletrlitos no aparecimento da rabdomilise pode envolver alteraes passageiras nas concentraes ou fluxos

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inicos atravs da membrana celular do msculo. As concentraes intracelulares de sdio e potssio so mantidas pela bomba de sdio e potssio. Alteraes no nmero ou na eficincia dessas bombas resulta em alterao na capacidade celular em realizar o transporte ativo desses ons. A supresso das bombas tambm resulta numa diminuio na capacidade de remover o potssio do plasma, o que de extrema importncia durante o exerccio. Desta forma sugerese que a distribuio alterada de potssio afeta propriedades funcionais como o potencial de membrana, o potencial de ao e acoplamento de excitaocontrao em fibras musculares (HODGSON; PARISH, 1990; HARRIS; MAYHEW, 2000). Props-se que o hipotireoidismo secundrio um fator gatilho, que desencadeia a rabdomilise de exerccio, pois resulta em uma deficincia protica, numa depresso no metabolismo oxidativo do msculo e diminuio na atividade da miosina ATPase (TURNER, 1992; SNOW; VALBERG, 1994). O metabolismo defeituoso de clcio dentro das clulas musculares, leva a um excesso de clcio dentro das unidades contrteis, desencadeando excessivas contraes das fibras musculares, as quais se manifestam como cibras, podendo resultar em necrose celular (HODGSON; PARISH, 1990; TURNER, 1992). Infeces bacterianas e virticas, podem causar dano muscular levando a miopatias. O vrus da influenza, o qual freqentemente invade o trato respiratrio, e a bactria Acinetobacter calcoaceticus podem se instalar nos msculos durante o curso das doenas, caso uma injria ocorra a estes (HODGSON, 1987; TURNER, 1992; BYRNE et al., 2000; HARRIS; MAYHEW, 2000). Sbitas elevaes na durao ou na intensidade dos exerccios, so consideradas as causas iniciais do aparecimento de rabdomilise, em especial quando associadas a outros fatores predisponentes, acima citados (HODGSON, 1987; TURNER, 1992). 3.4.2. Sinais clnicos e diagnstico Os sinais clnicos da doena podem variar em severidade, desde uma ligeira rigidez ou encurtamento do passo at uma incapacidade total de

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movimentao, podendo at levar o animal ao decbito (HODGSON, 1987; HODGSON; PARISH, 1990; SNOW; VALBERG, 1994; HARDY, 1995; VALBERG; MACLEAY; MICKELSON, 1997; HARRIS; MAYHEW, 2000; FIRSHMAN et al., 2003). Durante o exerccio, os cavalos podem desenvolver, alm de um andar curto e rgido, suor profuso, freqncia cardaca e respiratria elevadas, desidratao e hipertermia. Terminado o exerccio, estes apresentam relutncia em se movimentar devido ocorrncia de disfuno e cibras musculares, freqentemente adquirem posio de urinar, sendo que em casos mais severos pode-se observar presena de mioglobinria (HODGSON, 1987; HODGSON; PARISH, 1990; TURNER, 1992; SNOW; VALBERG, 1994; VALBERG; MACLEAY; MICKELSON, 1997; BYRNE et al., 2000; FIRSHMAN et al., 2003). palpao, os msculos apresentam-se tumefeitos e firmes e o animal bastante dolorido, sendo o dano muscular encontrado bilateralmente afetando os msculos glteo, semitendneo e semimembranceo. Os msculos proximais dos membros anteriores podem estar acometidos isoladamente ou em combinao (HODGSON, 1987; HODGSON; PARISH, 1990; SNOW; VALBERG, 1994; VALBERG; MACLEAY; MICKELSON, 1997; HARRIS; MAYHEW, 2000). O diagnstico baseia-se na histria clnica, acompanhada por exame fsico completo. Exames laboratoriais so freqentemente necessrios para confirmar o diagnstico provisrio e controlar a recuperao, dentre estes podemos citar a quantidade srica de mioglobina, creatina-cinase (CK), lactato-desidrogenase (LDH) e aspartato-aminotransferase (AST). Bipsia muscular, eletromiografia e urinlise podem ser teis (HODGSON, 1987; SNOW; VALBERG, 1994; HARDY, 1995; HARRIS; VALBERG; MACLEAY; MICKELSON, 1997; BYRNE et al., 2000; CARMICHAEL, 2000; DE LA CORTE; VALBERG, 2000; MAYHEW, 2000). A elevao na atividade da CK pode ser detectada dentro de horas aps o comeo dos sinais clnicos, sendo que seu pico se d aps 6 horas, alcanando de 1000 para 400.000 UI/L, declinando dentro de 2 a 3 dias. O pico na LDH ocorre 12 horas aps o incio da sintomatologia clnica, continuando elevada por 7 a 10 dias. A elevao na AST comea aproximadamente 24 horas aps o comeo dos sinais clnicos, tendo uma meia vida de 7 a 14 dias. Uma persistente elevao

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nas enzimas musculares indica um progressivo dano muscular (HODGSON, 1987; TURNER, 1992; HARDY, 1995). Um aumento nos valores de CK sem alta nos de AST ou LDH indica uma miodegenerao que ocorreu 6 a 12 horas antes. Valores aumentados de CK e LDH sem crescimento nos nveis de AST revela dano sofrido 24 horas antes. Incremento nos nveis de AST e LDH sem alta nos valores de CK demonstra dano muscular ocorrido 3 a 4 dias antes (TURNER, 1992). A bipsia um mtodo diagnstico definitivo, especialmente para animais que apresentem rabdomilise de exerccio recorrente. As amostras de bipsia muscular podem ser obtidas atravs de duas tcnicas: exciso cirrgica sob anestesia geral ou local, ou agulha de bipsia percutnea (VALBERG; MACLEAY; MICKELSON, 1997; HARRIS; MAYHEW, 2000). O msculo semimembranoso o mais utilizado quando da realizao da bipsia pela tcnica aberta, devido a facilidade ao acesso, a falta de uma cicatriz aparente, e a anormal prevalncia de polissacardeos neste msculo (VALBERG; MACLEAY; MICKELSON, 1997; CARNICHAEL, 2000). Os animais podem ser sedados com detomidina (0,01 mg/kg) combinada com tartarato de butorfanol (0,01 mg/kg). A cauda deve ser enfaixada, e uma rea 13 cm distal e medial tuberosidade isquitica (sobre o msculo semimembranoso) preparada cirurgicamente. Injeta-se lidocana para produzir um boto anestsico de 5 cm, sem infiltrar o tecido muscular. Faz-se uma inciso vertical de 4 a 5 cm na pele e fscia do msculo, a qual rebatida 1,5 cm de cada lado. Uma inciso vertical de 1,5 cm de profundidade e 3 cm de comprimento realizada abaixo da fscia; outra inciso similar paralela primeira deve ser feita. A amostra agarrada com frceps e seccionada dorsalmente e ventralmente. Aps retirado, o tecido precisa ser manipulado cuidadosamente, sendo este colocado em uma gaze umedecida em soluo salina 0,9%, at ser enviada ao laboratrio. A fscia suturada com fio absorvvel e a pele utilizandose sutura intradrmica (VALBERG; MACLEAY; MICKELSON , 1997). A bipsia com agulha percutnea no deixa nenhum resqucio de cicatriz. Uma pequena rea de pele sobre o msculo glteo (dois teros de distncia de uma linha da cabea da cauda tuberosidade coxal) deve ser preparada cirurgicamente. Aplica-se 1,5 ml de lidocana no subcutneo ao longo da linha de

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inciso e na fscia que recobre o msculo. Faz-se uma inciso na pele e na fscia, inserindo-se em seguida a agulha de bipsia a uma profundidade de aproximadamente 6 cm (em eqinos adultos) (Figura 11). Com essa tcnica, coleta-se 200 a 400 mg de amostra de tecido muscular, sendo que a quantidade da amostra no suficiente para um exame mais apurado (VALBERG; MACLEAY; MICKELSON, 1997; HARRIS; MAYHEW, 2000).

a

b

c

d Fonte: Reed; Bayly (2000)

Figura 11 - a) agulha de bipsia muscular percutnea, encontrada com dimetros internos de 4mm, 5mm e 6mm. b) aplicao de anestesia local por via subcutnea ao longo da linha de inciso. c) inciso da pele e da fscia muscular. d) insero da agulha de bipsia uma profundidade de 6 cm.

As caractersticas histolgicas detectadas na amostra muscular coletada atravs da bipsia podem variar, desde a ausncia de leses detectveis, at alteraes graves caracterizadas por fibras intumescidas e alteraes hialinas em segmentos de fibras (HODGSON; PARISH, 1990).

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A urinlise importante para detectar a presena de mioglobina oculta na urina e diferenci-la de hemoglobina. Foi sugerido que o escurecimento visvel da urina ocorre quando a concentrao de mioglobina excede 40mg/100ml (TURNER, 1992; HARRIS; MAYHEW, 2000). O diagnstico diferencial de rabdomilise inclui todas as molstias que podem resultar em andar rgido ou desconforto geral, como laminite, pleurite, clica, ttano, entre outros (HARDY, 1995; VALBERG; MACLEAY; MICKELSON, 1997; HARRIS; MAYHEW, 2000). 3.4.3. Tratamento O tratamento baseia-se em limitar leso muscular adicional, aliviar a ansiedade e a dor, corrigir a deficincia eletroltica e de fluidos e prevenir leso renal (HODGSON, 1987; HODGSON; PARISH, 1990; TURNER, 1992; SNOW; VALBERG, 1994; HARDY, 1995; HARRIS; MAYHEW, 2000; DE LA CORTE; VALBERG, 2000; FIRSHMAN et al., 2003). Fluidoterapia oral ou intravenosa deve ser prioridade em animais desidratados que apresentam mioglobinria, j que esta pode causar nefrotoxicidade devido sua deposio nos tbulos renais. Os fluidos mais indicados so NaCl a 0,9% e ringer com lactato (TURNER, 1992; SNOW; VALBERG, 1994; VALBERG; MACLEAY; MICKELSON, 1997; HARRIS; MAYHEW, 2000). Se o animal estiver acentuadamente hipertrmico, os fluidos administrados podem ser resfriados, e uma ventilao externa indicada (SNOW; VALBERG, 1994). A utilizao de acepromazina, um antagonista alfa1-adrenrgico, abranda a ansiedade podendo aumentar o fluxo sangneo para os msculos, contudo, seu uso contra-indicado em eqinos desidratados, pois pode resultar em hipotenso (HODGSON; PARISH, 1990; TURNER, 1992; SNOW; VALBERG, 1994; VALBERG; MACLEAY; MICKELSON, 1997; DE LA CORTE; VALBERG, 2000). O alvio da dor, da inflamao muscular e desconforto podem ser alcanados com a utilizao de antiinflamatrios no-esteroidais como a fenilbutazona ou flunixin meglumine, devendo-se ter cuidado na administrao desses frmacos em animais desidratados, pois podem provocar leso renal

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(HODGSON, 1987; HODGSON; PARISH, 1990; TURNER, 1992; HARDY, 1995; VALBERG; MACLEAY; MICKELSON, 1997; DE LA CORTE; VALBERG, 2000). Em eqinos excessivamente doloridos, a utilizao de detomidina fornece uma melhor sedao e analgesia. No entanto, a utilizao dessa medicao torna-se invivel no Brasil, pois ela no encontrada aqui, devendo-se import-la (SNOW; VALBERG, 1994; HARDY, 1995). Recomenda-se tambm o uso de derivados narcticos, como o tartarato de butorfanol ou hidrocloridrato de meperidina para o alvio da dor. A combinao desses medicamentos com a xilazina indicada, porque evita a excitao ocasionada pela administrao desses narcticos, o que levaria a um agravamento da leso muscular nesses animais (HODGSON, 1987; TURNER, 1992; DE LA CORTE; VALBERG, 2000). Relata-se que os corticides produzem relaxamento dos esfncteres capilares, melhorando desta forma a perfuso tecidual. Estes tambm auxiliam na reduo de contnuas leses musculares, atravs da estabilizao das membranas celulares (HODGSON, 1987; HODGSON; PARISH, 1990; TURNER, 1992). A administrao intravenosa de dimetil-sulfxido, na dose de 1,0 g/Kg diludo em soluo salina a 10 ou 20% ou numa soluo de dextrose a 5%, tem ao antiinflamatria eficiente (HODGSON; PARISH, 1990; TURNER, 1992; SNOW; VALBERG, 1994; VALBERG; MACLEAY; MICKELSON, 1997; DE LA CORTE; VALBERG, 2000; HARRIS; MAYHEW, 2000). Autores aconselham o uso de dantrolene sdico na dose de 2mg/Kg via oral. Este alivia os espasmos musculares e previne outros possveis danos musculares, pela diminuio da quantidade de clcio liberada dos retculos sarcoplasmticos (HODGSON, 1987; HODGSON; PARISH, 1990; TURNER, 1992; SNOW; VALBERG, 1994; DE LA CORTE; VALBERG, 2000). Como a maioria dos pacientes apresenta um quadro de alcalose metablica, no se recomenda o uso de bicarbonato de sdio, a menos que se conhea o estado cido-bsico deste (HODGSON, 1987; HODGSON; PARISH, 1990; TURNER, 1992; HARDY, 1995; HARRIS; MAYHEW, 2000). Indica-se repouso em baia, com durao variando de acordo com a extenso da leso muscular, e sempre que possvel, o animal deve ser levado a um piquete, antes que se retorne ao exerccio normal, o que pode ser til no

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restabelecimento da resistncia muscular (TURNER, 1992; DE LA CORTE; VALBERG, 2000; HARRIS; MAYHEW, 2000). Durante este tempo recomenda-se uma dieta com feno de boa qualidade e baixa suplementao com cereais, principalmente aveia (SNOW; VALBERG, 1994; HARRIS; MAYHEW, 2000). Em casos graves de rabdomilise de exerccio, a dieta deve consistir em apenas capim ou feno e gua. Nos casos em que os animais permanecem em decbito, recomenda-se uma baia bem acolchoada, sendo que esses no devem ser forados a se levantar, mas ajudados a isto to logo seja possvel. Deve-se fazer controle da hidratao do animal para observar se a ingesto de gua e mico esto normais (HODGSON; 1987; HODGSON; PARISH, 1990; HARRIS; MAYHEW, 2000). Na maioria dos casos a cateterizao urinria necessria, pois pelo fato da incapacidade de se levantar, pode ocorrer reteno de urina (HARRIS; MAYHEW, 2000). 3.4.4. Profilaxia Os fatores mais importantes na profilaxia da rabdomilise de exerccio so a dieta e o exerccio, ou seja, deve-se fornecer uma dieta equilibrada de acordo com a carga de trabalho realizada pelo animal, sendo que os perodos de inatividade devem ser acompanhados por reduo na alimentao (HODGSON; 1987; HODGSON; PARISH, 1990; TURNER, 1992; SNOW; VALBERG, 1994; VALBERG; MACLEAY; MICKELSON, 1997; DE LA CORTE; VALBERG, 2000; HARRIES; MAYHEW, 2002; FIRSHMAN et al., 2003). Animais muito excitados podem melhorar com a administrao de doses baixas de tranqilizantes 30 minutos antes do incio dos exerccios (HODGSON; PARISH, 1990; SNOW; VALBERG, 1994). Caso as mudanas no manejo citadas acima no sejam suficientes, recomenda-se o uso de dantrolene, o qual diminui a taxa de liberao de clcio do retculo sarcoplasmtico, evitando recidivas. Os autores sugerem o uso de 500mg de dantrolene sdico diludos em soluo salina normal administrados via sonda nasogstrica durante 3 a 5 dias e em seguida 300mg a cada 3 dias por cerca de um ms, sendo que, um controle da funo heptica sugerido j que o frmaco

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hepatotxico (HODGSON, 1987; TURNER, 1992; SNOW; VALBERG, 1994; HARRIES; MAYHEW, 2002). Indica-se a suplementao de sdio, potssio, clcio, vitamina E e selnio, isoladamente ou em conjunto, para prevenir rabdomilise causada por desequilbrios eletrolticos (TURNER, 1992; HARRIES; MAYHEW, 2002). Aconselha-se o uso de dimetilglicina, um composto comum encontrado em vrios compostos alimentcios. Supe-se que este promova um aumento no consumo de oxignio pelo msculo e diminua a produo de cido lctico. A dose diria recomendada de 1 a 1,6 mg/Kg (HODGSON, 1987; HODGSON; PARISH, 1990; TURNER, 1992). 3.4.5. Prognstico O prognstico para a doena pode variar de excelente para animais que so acometidos com a forma discreta, a grave para os que permanecem em decbito ou desenvolvem leses renais (HARRIS; MAYHEW, 2000). Nos casos em que os fatores predisponentes forem identificados e medidas de segurana institudas, como uma dieta balanceada e exerccios regulares, episdios recidivantes de rabdomilise de exerccio podem no ocorrer (SNOW; VALBERG, 1994; HARRIS; MAYHEW, 2000;). Preconiza-se a no utilizao para reproduo, os animais que pertencem a famlias com mltiplos casos de miopatia, j que esta afeco considerada herdvel (HARRIS; MAYHEW, 2000).

3.4.6. Relato de caso e discusso No dia 11 de setembro de 2004, na seo veterinria do Regimento de Polcia Montada Coronel Rabelo, foi atendido um cavalo castrado, sem raa definida, de nome Rango, com 12 anos de idade e aproximadamente 450 kg. O animal pertencente ao peloto de choque, apresentou um andar rgido ao ser retirado da baia, e no comeu a rao da noite anterior.

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Em virtude do dia 7 de setembro, dia da Independncia, quando os animais foram exigidos muito fisicamente, devido aos treinamentos dos dias que antecederam o desfile e do prprio desfile, e pela razo de permanecerem os trs dias seguintes sem trabalhar, comendo a mesma quantidade de rao, sugere-se de acordo com Hodgson (1987), Hodgson e Parish (1990); Harris e Mayhew (2000), a situao como um fator predisponente para o aparecimento da rabdomilise de exerccio. Ao exame visual, o animal estava ofegante, observando-se presena de sudorese e ao ser estimulado, apresentou andar rgido. Os parmetros observados foram mucosas hipermicas com 2 segundos de tempo de preenchimento capilar, freqncia cardaca de 62 batimentos por minuto (bpm), freqncia respiratria de 58 movimentos por minuto (mpm), desidratao moderada, 38,7 C de temperatura retal e presena de urina escura. Esses sinais clnicos so descritos na literatura por Hodgson (1987), Hodgson; Parish (1990), Turner (1992), Snow; Valberg (1994), Valberg; Macleay; Mickelson (1997), Byrne et al. (2000) e Firshman et al. (2003). Como descrito por Hodgson (1987), Hodgson; Parish (1990), Snow; Valberg (1994), Valberg; Macleay; Mickelson (1997) e Harris; Mayhew (2000), palpao, os msculos dos membros posteriores (principalmente os glteos) apresentaram-se firmes e doloridos. Exames laboratoriais complementares para aferio da quantidade srica de mioglobina, CK, AST, LDH, bipsia muscular, eletromiografia e urinlise podem ser teis (HODGSON, 1987; SNOW; VALBERG, 1994; HARDY, 1995; HARRIS; MAYHEW, 2000; VALBERG; MACLEAY; MICKELSON, 1997; BYRNE et al., 2000; CARMICHAEL, 2000; DE LA CORTE; VALBERG, 2000; MAYHEW, 2000). Em virtude da falta de verba liberada para a seo veterinria, nenhum destes exames foram realizados. Instituiu-se, portanto, tratamento com fluidoterapia com 10 litros de ringer com lactato e 2 litros de glicose 5%. Como o animal apresentava pouco apetite, acrescentou-se fluidoterapia 20 ml de complexo vitamnico7, 20 ml de cido ascrbico8 (vitamina C) e 500 ml de estimulante energtico9, durante cinco dias. A quantidade de fluido (em litros) a ser administrada a um eqino, pode ser calculada multiplicando-se o peso corporal (kg) do animal pela desidratao

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estimada (%). A perda de fluidos de 5% a 7% do peso corporal considerada leve, 8% a 10% moderada e maior que 10% severa (DE LA CORTE; VALBERG, 2000). Desta forma, o animal deveria ter recebido aproximadamente 30 litros de fluidos dirios, j que apresentava desidratao leve. Contudo, conforme anteriormente mencionado, o estoque de medicamentos na seo veterinria limitado, pelo que no pde ser administrada a citada quantidade de fluidos. Durante este perodo, o animal continuava a apresentar parmetros elevados de freqncia cardaca variando de 50 a 62 bpm, freqncia respiratria entre 45 a 58 mpm. Esta variao era decorrente da caminhada que o animal fazia da baia at a seo veterinria. A temperatura oscilava de 38,7 C a 40,5C. Aps transcorridos os dias do citado tratamento, o animal no mais apresentava urina escura, mas os parmetros continuavam alterados, houve uma grande perda de peso (aproximadamente 100 kg) e apresentou comprometimento do pulmo direito, constatado pela ausncia de sons respiratrios normais produzidos pelo movimento de ar atravs da rvore traqueobrnquica, na auscultao. No havia presena de secreo nasal. Iniciou-se antibioticoterapia, administrando-se inicialmente Ceftiofur sdico10, na dose de 2 mg/kg, via intravenosa por 10 dias. Durante este tratamento, o animal continuava a apresentar os parmetros alterados, freqncia cardaca 50 bpm, freqncia respiratria 48 mpm e temperatura retal oscilando entre 38,0 e 40,0 C. auscultao pulmonar, o eqino no apresentou grande melhora. Modificou-se o tratamento administrando-se Cefalotina Sdica11 1g, na dose de 12 mg/kg, o equivalente a 4g de 6 em 6 horas, via intravenosa durante 10 dias; esse tratamento resultou na melhora significativa do funcionamento pulmonar do animal e na estabilidade dos parmetros. A mudana do antibitico utilizado deveu-se aquisio de tipo diferente de medicamento, obtido por meio de doao, mantido contudo o poder bactericida. Concluda a antibioticoterapia, aps aproximadamente cinco dias, o animal apresentou mucosas ictricas e aumento da temperatura retal, variando de 39,5 a 40,5 C durante o dia, apatia e falta de apetite. Os sinais apresentados pelo eqino so observados na babesiose como descrito na literatura por Morris (2000). Suspeitou-se de hemoparasitas, procedendo-se realizao de

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hemograma completo e pesquisa hemoparasitria, confirmando a suspeita de babesiose. Antes do resultado do hemograma e da pesquisa hemoparasitria, iniciouse o tratamento com dipropionato de imidocarb12 na dose de 2,2 mg/kg de 24 em 24 horas durante 03 dias, como descrito por Morris (2000) e 15 ml de oxitetraciclina13, na dose de 10 mg/kg, durante 05 dias, os dois aplicados pela via intramuscular. Administrou-se a dose diria de dipropionato de imidocarb em uma nica aplicao. Importa mencionar que o animal apresentava 300 kg nesta fase do tratamento. Indica-se a utilizao de oxitetraciclina no tratamento de babesiose, pois esta geralmente est associada com doenas causadas por riqutsias, como a erliquiose. A dose recomendada de oxietraciclina de 7 mg/kg de 24 em 24 horas durante 3 a 7 dias, via intravenosa (RIKIHISA, 2000; BROWN; BERTONE, 2002). Desde o incio do tratamento, o animal permaneceu estabulado, recebendo feno e capim vontade. Permitiu-se que o mesmo fizesse pequenas caminhadas de 15 a 20 minutos de durao, diariamente. Segundo descrito anteriormente, a utilizao de acepromazina, antiinflamatrios no-esteroidais ou corticosterides poderiam ter sido teis no alvio da dor muscular. Como citado na literatura por Hodgson (1987), Turner (1992), Byrne et al. (2000); Harris e Mayhew (2000), um dos fatores predisponentes da rabdomilise de exerccio infeco bacteriana ou virtica, a qual causa danos musculatura, quando essa passa por uma injria, sendo esta a possvel causa predisponente de rabdomilise neste eqino.

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4. CONCLUSO

A Medicina Veterinria nos oferece um vasto campo de atuao: clnica mdica e cirrgica de pequenos e grandes animais, inspeo animal, animais silvestres, produo animal, melhoramento gentico. Entre tantas reas interessantssimas, a que mais me agradou foi a possibilidade de atuao com grandes animais, principalmente eqinos. Uma vez que esta rea me fascinou desde o incio do curso de graduao, no foi surpresa a realizao do estgio supervisionado curricular num meio aonde encontraria preciosas oportunidades de conviver e aplicar os conhecimentos obtidos durante toda a vida acadmica. No estgio tive a oportunidade de conviver com excelentes profissionais, em breve colegas de profisso, e aprender mais sobre o dia-a-dia de um Mdico Veterinrio. Aprendi muito mais do que simplesmente aplicar a teoria prtica, mas sim, a enfrentar os contratempos, os erros e acertos, e fazer o melhor possvel para obter bons resultados. Aprendi que acima de tudo, preciso estudar sempre, aperfeioando as tcnicas, estando sempre em contato com a evoluo dos instrumentos e com o surgimento de novos tratamentos e frmacos, bem como trabalhar com tica e seriedade para que possamos cumprir nossa misso da melhor maneira e fazer cumprir as palavras do nosso juramento, visando o bem estar humano e dos animais.

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5. FONTES DE AQUISIES

Dimesol - Marcolab Laboratrios Ltda. Duque de Caxias RJ, Brasil. Ketofen - Merial Sade Animal Ltda. Paulnia SP, Brasil. Matabicheiras - Cyanamid Qumica do Brasil Ltda. Paulnia SP, Brasil.4

Nordiodine Degermante - Cinord Sul Indstria e Comrcio Ltda. Ribeiro Preto

SP, Brasil.5

Iodo Tpico - Pinus Indstria e Comrcio Ltda Jundia SP, Brasil. Bactrovet - Laboratrios Knig S.A. Avellaneda, Argentina. Marcomplex - Marcolab Laboratrios Ltda. Duque de Caxias RJ, Brasil. Marcovit C injetvel - Marcolab Laboratrios Ltda. Duque de Caxias RJ,

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Brasil.9

Stimovit - Coopers Brasil Ltda. So Paulo SP, Brasil. TopCef - Eurofarma Laboratrios Ltda Campo Belo SP, Brasil. Kefalotin - Instituto Biochimico Ltda. Itatiaia RJ, Brasil. Imizol - Coopers Brasil Ltda. So Paulo SP, Brasil. Terramicina / LA Laboratrios Pfizer Ltda. Guarulhos SP, Brasil.

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6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

ALVES, A. L. G. et al. Associao de corticosteride e cido hialurnico ao tratamento cirrgico de exostoses em eqinos. Revista Brasileira de Cincia Veterinria. v.9, n.1, p.121-122, 2002. ALVES, A. G. et al. Influncia do tratamento cirrgico splitting nas tendinites agudas experimentais em eqinos. Cincia Animal Brasileira. v.1, p.168, 2000. AUER, J. A. Exostoses and splints. In: COLAHAN, P. T. et al. Equine medicine and surgery. 5ed. v.2. Missouri: Mosby, Inc, 1999, p.1604-1606. BARREIRA, A. P. B. et al. Adaptao tendnea de eqinos, frente o exerccio avaliao ultra-sonogrfica. Revista Brasileira de Cincia Veterinria. v.9, n.1, p.95-97, 2002. BASSAGE, L. H.; ROSS, M. W. Diagnostic analgesia. In: ROSS, N. W.; DYSON, S. J. Diagnosis and management of lameness in the horse. Missouri: Saunders, 2003, p.93-124. BENNETT, S. D. Lameness in the american saddlebred and other trotting breeds with collection. In: ROSS, N. W.; DYSON, S. J. Diagnosis and management of lameness in the horse. Missouri: Saunders, 2003, p.1035-1040. BROWN, C. M.; BERTONE, J. J. Erliquiose granuloctica eqina. Consulta Veterinria em 5 minutos: espcie eqina. So Paulo: Manole Ltda, 2002, p.360361. BYRNE, E. et al. Rhabdomyolysis in two foals with polysaccharide storage myopathy. Compendium on continuing education for the practicing veterinarian. p.503-510, maio 2000. CARMICHAEL, K. P. Diagnostic features of polysaccharide storage myopathy. Compendium on continuing education for the practicing veterinarian. maio 2000. DE LA CORTE, F. D.; VALBERG, S. J. Treatment of polyssaccharide storage myopathy. Compendium on continuing education for the practicing veterinarian. p.1-4, ago. 2000. DYSON, S. J. The metacarpal region. In: ROSS, N. W.; DYSON, S. J. Diagnosis and management of lameness in the horse. Missouri: Saunders, 2003, p.362376.

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FERNANDES, M.A.L.; ALVES, G.E.S.; SOUZA, J.C.A. Efeito do ultra-som teraputico em tendinite experimental de eqinos: estudo clnico, ultra-sonogrfico e histopatolgico de dois protocolos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinria e Zootecnia. v.55, n.1, p.27-34. Disponvel em: . Acesso em 03 outubro 2004. FERRARO; GISELA C. et al. Estudo morfolgico de tendes flexores de eqinos. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science. v.40, n.2, p.117-125. Disponvel em: . Acesso