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WALTER PIOLA JUNIOR TEORES DE ENERGIA NA DIETA: DESEMPENHO, CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E COMPONENTES NÃO CARCAÇA DE CORDEIROS CONFINADOS Londrina 2012

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WALTER PIOLA JUNIOR

TEORES DE ENERGIA NA DIETA: DESEMPENHO, CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E COMPONENTES

NÃO CARCAÇA DE CORDEIROS CONFINADOS

Londrina 2012

WALTER PIOLA JUNIOR

TEORES DE ENERGIA NA DIETA: DESEMPENHO, CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E COMPONENTES

NÃO CARCAÇA DE CORDEIROS CONFINADOS

Tese apresentada como parte das exigências

para obtenção do título de DOUTOR EM

CIÊNCIA ANIMAL no programa de Pós-

graduação em Ciência Animal – Área de

Concentração: Produção Animal da

Universidade Estadual de Londrina.

Orientador: Professor Dr. Edson Luis de

Azambuja Ribeiro

Londrina 2012

WALTER PIOLA JUNIOR

TEORES DE ENERGIA NA DIETA: DESEMPENHO, CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E COMPONENTES NÃO CARCAÇA DE CORDEIROS CONFINADOS

Tese apresentada como parte das exigências para obtenção do título de DOUTOR EM CIÊNCIA ANIMAL no programa de Pós-graduação em Ciência Animal – Área de Concentração: Produção Animal da Universidade Estadual de Londrina.

COMISSÃO EXAMINADORA

Profo Dr. Edson Luis de Azambuja Ribeiro Universidade Estadual de Londrina

Profo Dr. Leandro das Dores Silva Universidade Estadual de Londrina

Profa Dra. Ana Paula Fortaleza

Universidade Estadual de Londrina

Dr. Saulo Malaguido Climaco Frigorífico Rainha da Paz

Dra. Teresa Cristina Alves Embrapa Pecuária Sudeste

Londrina, 28 de setembro de 2012.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por guiar meus caminhos, sem ele não seria nada.

À minha família, meu pai (Valter) ao qual sempre sonhou e orgulhou-se de ter um filho doutor e que não mediu esforços para que isto se tornasse realidade. À minha querida mãe (Olga) que sempre esteve presente, me apoiando e incentivando, e que conseguiu me dar forças e coragem para que após a maior provação de minha vida, conseguisse seguir em frente e ver que depois disso, tudo se tornou fácil. Ao meu irmão (Marcio) pelo seu companheirismo e amizade.

Ao meu grande orientador Prof. Dr. Edson que com sua sabedoria e

paciência indescritível soube e respeitou minha dor e me ajudou em todos os momentos necessários, não só como guia intelectual, mas como um grande amigo e paizão.

A todos os professores que contribuíram para a obtenção dos

conhecimentos necessários para confecção desse trabalho. Aos funcionários da Universidade Estadual de Londrina, sejam dos

laboratórios e fazenda escola que deram forças imensuráveis para a realização dos trabalhos.

Aos queridos amigos que souberam entender a hora de estudar e festar,

mas sempre estiveram juntos comigo quando necessitei. Ao programa de pós graduação em Ciência Animal da UEL, em especial

a secretária e grande amiga Helenice. À Capes pelo apoio financeiro. Enfim, esse trabalho teve a participação de muitos que de alguma forma

direta ou indiretamente contribuíram para que ele fosse possível. Sendo assim agradeço a todos.

MUITO OBRIGADO!!!

PIOLA JUNIOR, Walter. Teores de energia na dieta: desempenho,

características de carcaça e componentes não carcaça de cordeiros

confinados. 2012. Tese (Doutorado em Ciência Animal) – Universidade

Estadual de Londrina. Londrina..2012.

RESUMO

A ovinocultura de corte vem crescendo no cenário da pecuária nacional, ganhando destaque nas exposições agropecuárias e leilões especializados. Este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar o desempenho e as características de carcaça e componentes não carcaça de cordeiros submetidos a diferentes teores de energia na ração. Foram utilizados 24 cordeiros mestiços Ile de France, inteiros, distribuídos em quatro tratamentos: 2,00, 2,28, 2,54 e 2,80 Mcal de EM/kgMS, sendo o teor mais elevado, o recomendado pelo NRC (2007), para cordeiros, com ganhos diários de 300g/dia. O teor de energia teve efeito linear sobre o ganho de peso. Dietas com maior aporte energético propiciaram maiores ganhos de peso e melhores conversões alimentares. Carcaças de animais submetidos a diferentes teores energéticos na ração apresentaram características morfológicas diferentes. O teor energético da dieta influiu na distribuição dos cortes na carcaça e afetou a composição tecidual média da mesma. A estimativa da composição tecidual média da carcaça pode ser realizada utilizando-se o lombo por ser mais fácil sua manipulação, armazenamento e dissecação, o corte mais indicado para estimar a composição tecidual da carcaça. Houve efeito linear positivo dos teores de energia sobre os pesos em porcentagem da cabeça e patas traseiras. Não fora observada diferença significativa para o coração em peso e porcentagem. O teor de energia nas rações de ovinos em crescimento exerce influência sobre os componentes não carcaça, onde dietas mais energéticas proporcionam maiores pesos. O estudo do teor energético faz-se necessário, pela sua grande influência na produção e composição da carcaça e seus componentes não carcaça. O produtor deve ater-se a uma produção técnica que vise maiores produções e lucros.

Palavras-chave: Composição tecidual. Ganho de peso. Medidas objetivas. Nutrição. Ovinos. Rendimentos de cortes.

PIOLA JUNIOR, Walter. Dietary energy levels: performance, carcass characteristics and non carcass components of feedlot lambs. 2012. Thesis (Doctorate in Animal Science) – Universidade Estadual de Londrina. Londrina.

ABSTRACT

The court ovineculture is growing in the scene of national livestock, gaining prominence in the agricultural exhibition and auction specialist. This study was conducted to evaluate the performance and carcass characteristics and non carcass components of lambs subjected to different amounts of energy in the ration. Twenty-four Ile de France crossbred lambs were used, whole, distributed into four treatments: 2,00, 2,28, 2,54 and 2,80 Mcal of ME/kgDM, and the higher level, recommended by the NRC (2007) for lambs, with daily gains of 300g/day. Diets with higher intake of energy propitiated higher weight gain and best food conversions. Carcasses of animals subjected to different energy levels in the diet showed different morphological characteristics. The energy content of the diet influenced the distribution of cuts on carcass and affected the carcass medium tissue composition. The estimate of the average tissue composition of the carcass can be performed using the loin, due to its easy handling, storage and dissection. There was a positive linear effect of energy levels on the percentage weights of head and hind leg. There was no significant difference of heart on weight and percentage The energy content on diets of growing lambs has influence over non-carcass components, where more energy diets provides higher weights. The study of the energy content is necessary due to their large influence on production and composition of carcass and non carcass components. The producer must abide by a production technique to higher productions and profits. Key Words: Tissue composition. Weight gain. Objective measures. Nutrition. Ovines. Yield cuts.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1 2 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 3 3 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 14 4 OBJETIVOS .................................................................................................. 20 4.1 Geral........................................................................................................... 20 4.2 Específicos ................................................................................................. 20 5. ARTIGO 1 - Influência dos teores de energia sobre desempenho e características de carcaça de cordeiros confinados .................................. 21 5.1 Resumo ...................................................................................................... 22 5.2 Abstract ...................................................................................................... 22 5.3 Introdução .................................................................................................. 23

5.4 Material e Métodos ..................................................................................... 24 5.5 Resultados e discussão.............................................................................. 27

5.6 Conclusões ................................................................................................. 34 5.7 Referências ................................................................................................ 35 6. ARTIGO 2 - Composição da carcaça de cordeiros recebendo diferentes teores de energia na alimentação ................................................................. 37 6.1 Resumo ..................................................................................................... 38

6.2 Abstract ...................................................................................................... 38 6.4 Material e Métodos ..................................................................................... 40

6.5 Resultados e Discussão ............................................................................. 42 6.6 Conclusões ................................................................................................. 49 6.7 Referências ................................................................................................ 50 7. ARTIGO 3 - Componentes não carcaça de cordeiros submetidos a diferentes teores de energia na alimentação ............................................... 53 7.1 Resumo ..................................................................................................... 54 7.2 Abstract ............................................................ Erro! Indicador não definido. 7.3 Introdução .................................................................................................. 55 7.4 Material e Métodos ..................................................................................... 56

7.5 Resultados e Discussão ............................................................................. 57 7.6 Conclusões ................................................................................................. 61 7.7 Referências ................................................................................................ 62 8. CONSIDERAÇOES FINAIS ......................................................................... 64

1

1 INTRODUÇÃO

Recentemente a ovinocultura de corte vem modificando-se, sendo que o

proprietário está levando a atividade como forma de incrementar seus ganhos, em

curto espaço de tempo. Propriedades que já possuíam animais ou aquelas que não

os tinham, através de pequenos investimentos, conseguem, utilizando e adaptando

instalações já existentes, adequar-se de forma satisfatória e prática à ovinocultura.

Canais especializados em leilões de animais frequentemente apresentam

programas para vendas de ovinos, fato que até pouco tempo atrás era quase

impossível de acontecer, animais vendidos a preços elevadíssimos, animais de

excelente qualidade zootécnica, sagrando alguns criadores, quem vêm investindo

muito nesse setor. Feiras agropecuárias abriram espaços, que até então só eram

preenchidos por bovinos ou equinos, em pavilhões e pistas de julgamento, fazendo-

se divulgar ainda mais a espécie e ajudar na valorização da mesma.

Na conjuntura atual, em que os segmentos do mercado para carne ovina

estão abertos e receptivos, as ações tomadas que aproveitem o momento podem

ser de fundamental importância no rumo da ovinocultura. Para alcançar uma

definição clara do tipo de produto e padronização da qualidade da carcaça e da

carne oferecida ao consumidor, é preciso um esforço conjunto dos produtores, das

associações de criadores, da indústria transformadora, como, também, do sistema

de pesquisa para gerar um volume de informações consistentes como base desse

processo.

O mercado produtor de carne ovina ainda mostra-se deficiente, pois a

demanda de produtos com uniformidade é precária, o ganho da maioria dos

produtores é sazonal, onde os mesmos, não tem a possibilidade da oferta do

2

produto carne ao consumidor o ano todo. Isso provavelmente ocorre por falta de

planejamento dentro da propriedade ou conhecimento do produtor referente às

técnicas de manejo.

A utilização do confinamento permite atender com maior facilidade às

exigências nutricionais dos animais, possibilitando a terminação de ovinos em

períodos de restrição alimentar ou quando as pastagens ainda não estejam prontas,

além de disponibilizar, no mercado, carne ovina de qualidade no período entre safra,

quando são obtidos os melhores preços (CARVALHO, 1998).

A qualidade da carne é uma combinação dos atributos sabor, suculência,

textura, maciez e aparência, associados à uma carcaça com pouca gordura, muito

músculo e preços acessíveis (SILVA SOBRINHO, PURCHAS e KADIM ,2005).

Assim, é fundamental a implantação de técnicas racionais de criação, visando maior

produtividade e qualidade, para atender a um mercado consumidor mais exigente.

A padronização das carcaças de ovinos a serem colocadas no mercado é

necessária para valorizar o produto, e atrair o consumidor. As carcaças devem

apresentar boa conformação e acabamento adequados ao mercado consumidor.

Taylor (1985) mostra que o aumento da maturidade dos animais leva o aumento na

proporção de gordura, diminuição na de ossos e pouca mudança na de músculos.

A ovinocultura está presente e torna-se um setor importante dentro do

cenário da pecuária nacional, sendo assim são necessários sempre novos estudos

para a maximização da produção com qualidade e a instrução dos criadores para

que estes se adaptem as novas tecnologias, tendo aumentos em seus lucros.

.

3

2 REVISÃO DE LITERATURA

O sistema de comercialização da carne ovina no Brasil não está organizado e,

assim não favorece a valorização do produto de melhor qualidade, que é o animal

jovem (até um ano de idade). Desta forma, animais de várias idades e graus de

acabamento, e provenientes de vários sistemas de criação, estão disponíveis para

comercialização, o que leva à falta de padronização e dificulta a aceitação do

produto, sendo considerado este um dos principais entraves para melhor produção

ovina no país. Os problemas principais que surgem desta situação são relacionados

aos itens que mais pesam na escolha e aceitação do produto pelo consumidor, além

do preço como aparência, que inclui características como cor da carne e da gordura,

maciez, sabor e a suculência (SUEGE et al., 2010).

Nesse contexto, para a produção de cordeiros de qualidade, é necessário

manejo alimentar adequado que permita rápida terminação do cordeiro e a obtenção

de carcaças com características adequadas ao consumo (FRESCURA et al., 2005).

A dieta em si pode influenciar o consumo e a digestibilidade dos nutrientes e,

como conseqüência imediata, o desempenho dos animais, bem como a composição

corporal e da carcaça. O uso de concentrados na dieta de ovinos, seja em

confinamento, ou em pastagem, tem sido empregado como uma forma de melhorar

o desempenho dos animais, com concomitante redução no tempo de abate o que

pode proporcionar maior eficiência de produção do sistema como um todo. A

valorização da carcaça depende, entre outros fatores, da relação peso corporal:

idade de abate, cujo objetivo é a obtenção de pesos maiores em idades menores, de

forma a atender às exigências do mercado consumidor (PEREIRA et al., 2010).

O mercado da carne ovina ainda não foi devidamente explorado, em virtude

da ineficiência de sua estrutura comercial, a qual vem se organizando aos poucos,

iniciando-se pela cadeia produtiva (SOUSA et al., 2008).

No Brasil, geralmente a comercialização de ovinos é feita com base na

observação visual do animal vivo, onde o peso vivo é o aspecto determinante da

seleção (OLIVEIRA et al., 2002). Entretanto, de acordo com Santello et al. (2006) o

rendimento de carcaça é um parâmetro importante na avaliação dos animais que

esta diretamente relacionado à comercialização de cordeiros e, geralmente, é um

dos primeiros índices a ser considerado, por expressar relação percentual entre o

4

peso da carcaça e o peso corporal do animal. O peso/rendimento da carcaça é

determinado pela taxa de crescimento que, por sua vez, varia segundo o grupo

genético, o sexo, a idade, a condição fisiológica e a nutrição (WARMINGTON e

KIRTON, 1990). Para que a produção ovina seja o mais precoce possível, visando

proporcionar ao animal máximo rendimento de carcaça, é importante um manejo

alimentar racional, adequado e economicamente viável.

Consumo

Os ruminantes, como outras espécies, procuram ajustar o consumo alimentar

às exigências nutricionais, especialmente em energia. As estimativas do consumo

de alimentos em ovinos são vitais para predição do ganho de peso e o

estabelecimento das exigências nutricionais dos animais, conhecimentos essenciais

à formulação das dietas (NRC, 1985).

De acordo com Mertens (1992), o consumo é função do alimento (densidade

energética, teor de nutrientes, necessidade de mastigação, capacidade de

enchimento, entre outros); do animal (peso vivo, variação do peso vivo, estado

fisiológico, nível de produção etc.), e das condições de alimentação (espaço no

cocho, disponibilidade de alimento, tempo de acesso ao alimento, freqüência de

alimentação, entre outros). As dietas à base de volumosos, caracterizadas pela

elevada proporção de fibra, influenciam o consumo pelas características peculiares

do trato digestivo dos ruminantes, com longos períodos de permanência do alimento

e grande capacidade física de armazenamento do pré-estômago, sendo o

mecanismo que regula o consumo, a distensão ruminal, influenciado pelas taxas de

digestão e de passagem do alimento (FORBES, 1995).

O teor energético das rações também tem grande influência sobre o

desempenho dos animais, pois, o animal consome alimento para manter a ingestão

constante de energia em que, o fator determinante da saciedade, nesse caso, é a

densidade calórica da ração (VAN SOEST, 1965).

Quando o objetivo é produção de carne, uma das formas utilizadas para

avaliação do desempenho dos animais, antes do abate, é a avaliação do consumo

de alimento, do ganho de peso em determinado período de tempo e da conversão

do alimentos ingeridos em ganho de peso. Os dados de desempenho antes do abate

5

são importantes para auxiliar o produtor na escolha do momento adequado para o

abate associado ao custo de produção (PILAR, 2002).

Segundo Mertens (1983), o consumo está diretamente associado ao peso

vivo, nívelz de produção, variação do peso vivo e estado fisiológico, além do tipo de

alimento e das condições de alimentação. Conforme Van Soest (1994), a

determinação do consumo de alimentos é fundamental para a determinação do nível

de nutrientes ingeridos, visando à obtenção de determinada resposta animal. O

momento em que tem início à redução da velocidade de ganho de peso pode ser

uma referência para a determinação do momento adequado para o abate dos

animais. Assim, o abate de animais com idades muito avançadas e/ou alta

deposição de gordura na carcaça pode ser evitado. A oferta de carnes sem excesso

de tecido adiposo é fundamental para o consumidor, que não aceita carnes com

elevados teores de gordura (MONTEIRO, 2001; OSÓRIO e OSÓRIO, 2001).

Conversão alimentar

É um índice normalmente utilizado na avaliação do desempenho de sistemas

intensivos de produção animal, uma vez que guarda relação com a produtividade

animal e com o custo de produção.

A conversão alimentar dos animais piora a medida que aumenta o peso vivo,

e é resultado da elevação do consumo de matéria seca, associado ao menor ganho

de peso. Por outro lado, é importante salientar que, além de a gordura excessiva ser

uma característica indesejável na carne, a partir do instante em que sua deposição

começa a se acentuar, a eficiência de conversão alimentar dos animais começa a

ser reduzida (RAY e KROMAN, 1971; ESPEJO e COLOMER, 1972).

Ganho de Peso

O ganho de peso é uma variável importante do desempenho produtivo do

animal, associado à faixa etária em que ocorre a maior taxa de crescimento, sendo

um indicativo para que o abate ocorra numa fase em que inicia o declínio da

conversão alimentar. A redução da velocidade de ganho de peso pode ser uma

referência para a determinação do momento de abate. Assim, evitam-se idades

muito avançadas e alta deposição de gordura na carcaça. Essa característica é

6

fundamental para o consumidor, que busca carcaças com elevados teores de tecido

muscular e pouco tecido adiposo (SANTOS, 1999).

Energia em ovinos

Vários fatores podem afetar o rendimento de carcaça, sobretudo a

alimentação, que inquestionavelmente, é um dos mais preponderantes,

especialmente os teores de energia na dieta (ALVES et al., 2003). Dentre os

nutrientes a serem supridos, a energia tem recebido atenção especial por ser de

fundamental importância para o funcionamento dos órgãos vitais, a atividade e

renovação das células e processos de utilização dos nutrientes, entre outros

(ZUNDT et al., 2001). De acordo com Mahgoub; Lu e Early (2000), a suplementação

de energia melhora a eficiência de crescimento.

O animal em mantença necessita de uma quantidade mínima de energia para

que ocorram os processos fisiológicos vitais, como atividade celular, respiração,

circulação e digestão, sem que o animal ganhe nem perca peso. Portanto, a

quantidade de energia para compor uma dieta varia de acordo com o estágio

fisiológico em que o animal se encontra, devendo ser dimensionada segundo as

exigências para mantença, crescimento, produção, gestação ou lactação (NRC,

1985).

A manipulação dietética representa uma ferramenta disponível ao pecuarista,

de forma a obter uma associação que lhe traga maior eficiência produtiva e

econômica, dentro de sua realidade de produção. São recursos cuja manipulação e

controle estão ao alcance do manejador do sistema de produção, sendo a

magnitude dos seus impactos sobre esse sistema dependente do mercado e do

nível tecnológico empregado na exploração pecuária (PEREIRA, PIMENTEL e

FONTENELE, 2010).

Apesar da importância da ovinocultura de corte no Brasil, ainda não existem

tabelas nacionais de exigências nutricionais, sendo as formulações de rações ainda

baseadas em tabelas de comitês internacionais, as quais foram estabelecidas há

vários anos em países de clima, forrageiras e composição genética dos animais

diferentes das nossas (SILVA et al., 2003).

7

Confinamento

Para se obter uma produção viável economicamente é preciso, fornecer ao

animal condições para que ele possa demonstrar o melhor desempenho do seu

potencial com a alimentação correta, e assim ter condições de chegar ao peso de

abate mais cedo. O confinamento é uma das tecnologias que pode ser empregada

para o aumento dos índices de produtividade da ovinocultura e melhoria da

qualidade do produto (CARVALHO e SIQUEIRA, 2001). Através do fornecimento de

rações balanceadas é possível conseguir maior ganho diário em peso e redução da

idade ao abate, com reflexos positivos sobre a qualidade das carcaças e sobre a

oferta de carne na entressafra (OLIVEIRA et al., 1998).

O regime de confinamento apresenta uma série de vantagens em relação

ao regime de pastagem. Os animais vão para o abate com menor intervalo de

tempo, isso ocorre devido ao maior ganho de peso e melhor conversão alimentar,

controle total da ingestão do animal, sabendo o criador o quanto e se o animal está

comendo. Vários autores, ao compararem o efeito de sistemas de terminação,

constataram maior desempenho dos cordeiros em confinamento que em pastagem

(AVILA e OSÓRIO, 1996).

A terminação de cordeiros em confinamento aumenta a velocidade do ganho

de peso, diminuindo sensivelmente a idade de abate (CARVALHO, SILVA e

CERUTTI, 2005), além de proporcionar menor perda de peso no período de

terminação (SAÑUDO e SIERRA, 1986; OSÓRIO, 1992). Cordeiros em

confinamento atingiram peso de abate em idades menores (219 dias) que os

terminados em pastagem (258 dias) (MACEDO, SIQUEIRA e MARTINS, 1999).

Importância do estudo das carcaças

Entende-se por carcaça o corpo do animal abatido por sangria, depois de

retirada a pele e vísceras, sem a cabeça e porções distais das extremidades das

patas dianteiras e traseiras, podendo ocorrer algumas variações entre países, de

acordo com o uso e costumes locais (PEREZ; GIL e SIERRA, 2007). Seu valor

comercial é definido pela proporção entre as diferentes partes ou cortes (traseiro,

dianteiro, baixos e costilhar); as proporções entre carne, osso e gordura e a

distribuição desses diferentes tecidos em cada um dos cortes e leva em conta,

8

ainda, as medidas de partes específicas relacionadas à características de maior

interesse comercial (BUENO; SANTOS e CUNHA, 2007). Essas medidas, quando

realizadas, são importantes por permitirem uma comparação dinâmica entre raças,

idades, pesos, sistemas de produção e o estabelecimento de correlações com

outras medidas ou com os tecidos constituintes da carcaça, possibilitando a

estimação das suas características físicas, assim evitando o processo de dissecação

da carcaça (ZUNDT; MACEDO e MARTINS, 2003).

Os principais caracteres quantitativos da carcaça que podem ser identificados

são: medidas morfológicas, peso e rendimento, composição regional, composição

tecidual e musculosidade da carcaça (COSTA; MARQUES e MEDEIROS, 2006). O

estudo das carcaças é uma avaliação de parâmetros relacionados com medidas

objetivas e subjetivas em relação à mesma e deve estar ligado aos aspectos e

atributos inerentes à porção comestível.

As carcaças são resultados de um processo biológico individual sobre o qual

interferem fatores genéticos, ecológicos e de manejo, diferindo entre si por suas

características quantitativas e qualitativas, susceptíveis de identificação (OSÓRIO e

OSÓRIO, 2001). O conhecimento e descrição dessas características apresentam

grande importância tanto para sua comercialização como para sua produção.

Saniz (1996) destacou que as características da carcaça são influenciadas pela

velocidade de crescimento, idade ao abate e regime nutricional dos animais.

Atualmente, a meta em ovinos de corte é a obtenção de animais capazes de

direcionar grandes quantidades de nutrientes para a produção de músculos, uma

vez que o acúmulo desse tecido é desejável e reflete a maior parte da porção

comestível de uma carcaça (PÉREZ e SIERRA, 2007). O rendimento dos cortes

cárneos é geralmente, o primeiro índice a ser considerado e o seu conhecimento é

fundamental para estimar o valor comercial da carcaça (COSTA; MARQUES e

MEDEIROS, 2006).

Medidas carcaças

Segundo Sañudo e Sierra (1986) e Garcia (1998), as medidas objetivas de

carcaça são: profundidade do tórax, comprimento do braço, largura de coxão,

perímetro de braço, comprimento de carcaça, comprimento de perna, perímetro de

garupa, perímetro de tórax, perímetro de coxão e largura de garupa.

9

As medidas da carcaça podem apresentar alta correlação com seu peso e

também podem ser utilizadas como indicadores de características de rendimento e

qualidade e adotadas em sistemas de classificação de carcaças ovinas; porém, é

necessária uma gama de estudos que avaliem as medidas na carcaça e no animal

vivo, para se conhecerem qual ou quais medidas são os melhores indicadores de

rendimento e qualidade da carcaça (PINHEIRO e JORGE, 2010).

Segundo Tarouco (2003), o conhecimento das características quantitativas e

qualitativas das carcaças a serem comercializadas é de fundamental importância na

busca da melhoria da qualidade potencial do produto final.

Mensurações realizadas na carcaça são importantes por si só, pois permitem

comparações entre tipos raciais, pesos e idades ao abate, sistemas de alimentação,

e pela suas correlações com outras medidas ou com os tecidos constituintes da

carcaça, possibilitando estimar suas características (SILVA e PIRES, 2000).

Segundo Cézar (2004), a avaliação das características quantitativas da

carcaça, por meio da determinação do rendimento, composição regional,

composição tecidual e da musculosidade da carcaça, é de fundamental importância

para o processo produtivo, além de trazer benefícios a toda à cadeia produtiva da

carne ovina.

Composição regional

A composição regional consiste na separação da carcaça, dando origem a

peças de menor tamanho, a fim de proporcionar melhor aproveitamento da carcaça

na culinária, e facilitar sua comercialização (COSTA et al., 2002; OLIVEIRA et al.,

2002). Conforme Santos e Pérez (2000), o sistema de corte realizado na carcaça

deve contemplar aspectos como a composição física do produto oferecido

(quantidades relativas de músculo, gordura e osso), versatilidade dos cortes obtidos

(facilidade de uso pelo consumidor) e aplicabilidade ou facilidade de realização do

corte pelo operador que o realiza. A subdivisão da carcaça em cortes anatômicos

distintos é de grande importância para o consumidor na escolha do produto acabado

pelo melhor aproveitamento das carnes de ovinos na culinária, e para o produtor na

agregação de valor. A separação da carcaça é um fator que influi significativamente

sobre o padrão de qualidade do produto que será consumido, e é de extrema

importância para a padronização (OSÓRIO, ASTIZ e OSÓRIO, 1998).

10

Os tipos de cortes utilizados variam entre países, entre regiões de um

determinado país, sendo influenciado pela cultura do seu povo (OSÓRIO, ASTIZ e

OSÓRIO, 1998). Os distintos cortes que compõem a carcaça possuem diferentes

valores econômicos e a proporção dos mesmos constitui um importante índice para

avaliação da qualidade comercial da carcaça (HUIDOBRO e CAÑEQUE, 1994).

Lembrando que, as proporções de corte na carcaça de cordeiros variam em função

do tipo de alimentação a que os mesmos foram submetidos (TONETTO et al., 2004).

Na prática, quem determinará o valor comercial dos cortes será o consumidor, os

quais podem variar de tipo e de peso mínimo e máximo segundo os costumes

regionais (FURUSHO-GARCIA et al., 2004).

Um dos fatores que influencia grandemente a valorização da carcaça

comercializada é a composição relativa de seus cortes (BUTERFIELD, 1988). Garcia

et al. (2003) afirmam que o conhecimento dos pesos e rendimentos dos principais

cortes da carcaça permite a interpretação do desempenho animal e é indicativo de

qualidade. Tonetto et al. (2004) afirmam que o rendimento dos diferentes cortes da

carcaça são parâmetros importantes para identificação de sistemas de alimentação

que permitam produzir cordeiros jovens para o abate. O peso e o rendimento dos

cortes são características de igual importância para determinar a aceitação de novos

métodos de manejo de produção.

Composição Tecidual

A composição tecidual baseia-se na dissecação da carcaça, separando-se,

osso, gordura e tecido muscular que é o tecido de maior importância, por apresentar

valor comercial. A dissecação de toda a carcaça, ou da meia carcaça, só se justifica

em casos especiais, por ser onerosa, muito trabalhosa e lenta. O mais comum é a

desossa dos cortes comerciais e a reconstituição na carcaça (OSÓRIO, ASTIZ e

OSÓRIO, 1998). Apesar da complexidade dos tecidos que compõem uma carcaça, a

composição tecidual, na prática, se resume a tecido ósseo, muscular e adiposo,

sendo estes os tecidos que influenciam na qualidade da carcaça (HUIDOBRO e

CAÑEQUE, 1993; SANTOS et al., 2001).

Atualmente não basta produzir maiores quantidades de carne por preços mais

econômicos, pois o mercado consumidor requer cada vez mais maior uniformidade e

qualidade dos cortes da carcaça disponibilizados aos consumidores. Isso faz com

11

que haja uma necessidade de estudos sobre fatores que influem sobre a

composição tecidual e química dos cortes da carcaça para que se possa oferecer

uma carne de boa qualidade ao mercado consumidor. A quantidade de músculo é

sem dúvida o tecido mais importante do ponto de vista dos consumidores e é o

componente tecidual que se tenta maximizar. Quanto maior a percentagem de

músculo na carcaça maior será o seu valor comercial, sendo que a quantidade de

músculo está relacionada com a deposição de proteína na carcaça (SAÑUDO e

SIERRA, 1986).

De acordo com Silva Sobrinho, Purchas e Kadim (2005) a utilização do peso

como único parâmetro de qualidade da carcaça é inadequada, sendo necessário

considerar fatores como a relação músculo:osso:gordura. A relação músculo:osso

fornece o índice de musculatura da carcaça e, quando alta, está associada à

musculosidade superior. Segundo Sañudo e Sierra (1993), a dieta pode alterar as

características quantitativas da carcaça da carne ovina.

O mercado exige um produto com máxima produção de músculos (fração

comestível) e uma quantidade aceitável de gordura que mantenha as propriedades

organolépticas da carne (SANTOS et al. 2010).

A qualidade da carcaça e dos cortes comerciais não depende somente do

peso, mas da quantidade e as proporções dos distintos tecidos

(osso:músculo:gordura), e da relação existente entre eles. Silva Sobrinho et al.

(2002) afirmaram que a melhor carcaça é aquela que possui máxima proporção de

músculos, mínima de ossos e uma adequada proporção de gordura que o mercado

ao qual se destina exige, sendo suficiente para garantir as condições de

apresentação (BUTTERFIELD, 1988; REIS et al., 2001).

A qualidade da carcaça e dos cortes depende entre outros fatores

principalmente do peso ao abate e este fator é influenciado pelo sistema de

alimentação dos animais. A nutrição é relatada como um dos pontos mais

importantes na distribuição dos pesos relativos dos diferentes componentes da

carcaça (GONZAGA NETO et al., 2006). Silva Sobrinho et al. (2002) afirmaram que

a dieta exerce influencia sobre a relação músculo:osso nos cortes comerciais.

12

Rendimento de carcaça

O rendimento de carcaça expressa a relação percentual entre o peso da

carcaça e o peso do animal vivo, ou seja, reflete o quanto do animal, em termos

relativos, é constituído de carcaça.

O rendimento é afetado diretamente pelo peso das partes que constituem o

corpo do animal, como cabeça, pele, patas, trato gastrintestinal e outros órgãos, o

que pode levar um ovino que apresente um elevado peso vivo ao abate, produzir

uma carcaça relativamente leve, de baixo rendimento.

No sistema de produção de carne, as características quantitativas e

qualitativas da carcaça são de fundamental importância, pois estão diretamente

relacionadas ao produto final. No entanto, para a melhoria da produção e da

produtividade, o conhecimento do potencial do animal em produzir carne é

fundamental, e entre as formas para avaliar essa capacidade, está o rendimento de

carcaça. No estudo de carcaças ovinas, o rendimento é, geralmente, o primeiro

índice a ser considerado, expressando a relação percentual entre os pesos da

carcaça e do animal (ALVES et al., 2003).

Componentes não carcaça

Para Fraysse e Darre (1990), estes são constituídos pelo conjunto de

subprodutos, que são obtidos após o abate e que não fazem parte da carcaça. Esse

formado pelo sistema digestório e seu conteúdo, pele, cabeça, patas, cauda,

pulmões, traquéia, fígado, coração, rins, gorduras omental, mesentérica, renal e

pélvica, baço e aparelho reprodutor com bexiga.

Normalmente, o peso dos não componentes da carcaça desenvolvem-se

similarmente com o aumento do peso vivo do animal, mas não nas mesmas

proporções, ou seja, ocorre queda nas porcentagens em relação ao peso vivo do

animal. Estas variações não são lineares, podendo ser influenciadas pelo genótipo,

idade, sexo e tipo de alimentação (FERNANDES, 1994). De acordo com Jenkins

(1993), as mudanças na alimentação, durante o período de crescimento do animal,

alteram a ingestão e digestibilidade, podendo influenciar no desenvolvimento dos

órgãos.

13

O peso dos não componentes da carcaça pode atingir 40 a 60% do peso

corporal ao abate, sendo influenciado pela genética, idade, peso corporal, sexo, tipo

de nascimento e principalmente, tipo de alimentação (CARVALHO, SILVA e

CERUTTI, 2005). De acordo com Jenkins (1993), as mudanças na alimentação

durante o período de crescimento do animal alteram a ingestão e digestibilidade,

podendo influenciar no desenvolvimento dos diferentes órgãos.

A obtenção de informação sobre os componentes não carcaça pode agregar

maior valor econômico ao animal e, conseqüentemente, motivar maiores cuidados

com o rebanho, possibilitando que o animal expresse seu potencial genético (ROSA

et al., 2002).

A importância dos componentes não carcaça não está apenas vinculada a

possibilidade de aumentar o retorno econômico no momento da comercialização dos

produtos ovinos, mas, também, ao alimento ou as matérias primas que se perdem e

que poderiam colaborar na melhoria do teor nutricional de populações menos

favorecidas (YAMAMOTO et al., 2004).

14

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20

4 OBJETIVOS

4.1 Geral

Analisar o desempenho produtivo e as características de carcaça e

componentes não carcaça de cordeiros de corte alimentados com diferentes teores

de energia na ração.

4.2 Específicos

- Avaliar o consumo de matéria seca em relação ao peso vivo, ao peso

metabólico e a conversão alimentar;

- Avaliar o ganho de peso, o peso vivo ao abate e de corpo vazio de ovinos

mestiços Ile de France;

- Avaliar as medidas objetivas de carcaça e quantificar os componentes

dessas carcaças;

- Avaliar os componentes não carcaça;

- Relacionar a composição tecidual dos diferentes cortes com a composição

da carcaça.

21

5. ARTIGO 1

Influência da energia sobre desempenho e características de carcaça de cordeiros confinados

5. ARTIGO 1 - Influência dos teores de energia sobre desempenho e

características de carcaça de cordeiros confinados

22

Influência da energia sobre desempenho e características de carcaça de

cordeiros confinados

Influence of energy on performance and carcass characteristics of lambs

5.1 Resumo 5.1 Resumo: Este trabalho teve como objetivo avaliar a influência de diferentes teores de energia na alimentação sobre o desempenho e características de carcaças e as possíveis correlações entre essas medidas de cordeiros terminados em confinamento. Avaliaram-se quatro teores energéticos: 2,00, 2,28, 2,54 e 2,80 Mcal de EM/kgMS, sendo o ultimo teor o recomendado pelo NRC (2007). Foram utilizados 24 cordeiros inteiros, seis por tratamento, mestiços Ile de France, alimentados com rações isoprotéicas (15,80% PB). Foram avaliadas as características quantitativas e medidas objetivas das carcaças. O ganho de peso apresentou efeito linear em função dos teores de energia. Dietas com maior aporte energético propiciaram maiores ganhos de peso e melhores conversões alimentares e conseqüentemente, menos tempo para a terminação dos cordeiros. Animais com maiores pesos iniciais foram os mais pesados ao abate. No presente estudo de acordo com os resultados, os melhores teores energéticos são o de 2,54 e de 2,80, pois denotam carcaças com maior produtividade.

Palavras-chave: Correlação. Medidas objetivas. Produção. Ovinos. Rendimento. 5.2 Abstract 5.2 Abstract: This work had as objective evaluate the influence of different energy levels in the diet on performance and carcass characteristics and possible correlations between these measures in feedlot lambs. Four energy levels were evaluated: 2,00, 2,28, 2,54 and 2,80 Mcal ME / kgDM , being the last content the recommendation of the NRC (2007). Twenty four lambs, crossbred Ile de France, were used, six per treatment, fed with diets isoproteics (15,80% CP). There were evaluated quantitative characteristics and objective measures of carcasses. Weight gain showed a linear effect depending on the levels of energy. Diets with higher energy intake led higher weight gain and better feed conversion and consequently less time for finishing lambs. Animals with higher initial weights were the heaviest at slaughter. At the present study according to the results, the best energy levels are 2,54 and 2,80, because denote carcasses with higher productivity. Key Words: Correlation. Objective measures. Production. Ovines. Yield.

23

5.3 Introdução

A demanda por carne ovina vem aumentando, devido à disseminação do

produto no mercado consumidor. Produtores que até então criavam apenas outras

espécies animais, estão vendo na ovinocultura uma forma de incrementar seus

ganhos dentro da propriedade ou mesmo como a criação mais rentável no seu

negócio (PIOLA JUNIOR, 2007).

Vários fatores podem afetar o rendimento de carcaça, sobretudo a

alimentação, que inquestionavelmente, é um dos mais importantes, em especial, o

teor energético da dieta. Existem poucos trabalhos de pesquisa no Brasil destinados

ao conhecimento dos teores ideais dos nutrientes exigidos pela espécie e seus

possíveis efeitos sobre as características de carcaça. Dentre os nutrientes a serem

supridos, a energia tem recebido atenção especial por ser de fundamental

importância para o funcionamento dos órgãos vitais, a atividade e renovação das

células e processos de utilização dos nutrientes, entre outros (ZUNDT et al., 2001).

De acordo com Mahgoub, Lu e Early (2000), a maior disponibilidade de energia

melhora a eficiência de crescimento.

Os ruminantes, como outras espécies, procuram ajustar o consumo alimentar

às necessidades nutricionais, especialmente em energia. O termo freqüentemente

empregado para descrever o limite máximo de apetite é o consumo voluntário,

adquirido quando o alimento é oferecido à vontade. As estimativas do consumo de

alimentos em ovinos são vitais para predição do ganho em peso, e o

estabelecimento das exigências nutricionais dos animais, necessários à formulação

das rações e prescrição das dietas (NRC, 1985).

As carcaças são resultados de um processo biológico individual sobre o qual

interferem fatores genéticos, ecológicos e de manejo, diferindo entre si por suas

características quantitativas e qualitativas, susceptíveis de identificação (OSÓRIO e

OSÓRIO, 2001). O conhecimento e descrição dessas características apresentam

grande importância tanto para sua comercialização como para sua produção (PIOLA

JUNIOR et al., 2009).

As medidas realizadas na carcaça são importantes por si só, pois permitem

comparações entre tipos raciais, pesos e idades ao abate, sistemas de alimentação,

e pela suas correlações com outras medidas ou com os tecidos constituintes da

carcaça, possibilitando estimar suas características (SILVA e PIRES, 2000).

24

Segundo Tarouco (2003), o conhecimento das características quantitativas e

qualitativas das carcaças a serem comercializadas é de fundamental importância na

busca da melhoria da qualidade potencial do produto final.

Algumas medidas da carcaça podem apresentar alta correlação com o seu

peso e também podem ser utilizadas como indicadores de características de

rendimento e qualidade, e adotadas em sistemas de classificação de carcaças

ovinas; porém, é necessária uma gama de estudos que avaliem as medidas na

carcaça e no animal vivo, para se conhecerem qual ou quais medidas são os

melhores indicadores de rendimento e qualidade da carcaça (PINHEIRO e JORGE,

2010).

Assim, tendo em vista a necessidade de melhorar a eficiência de produção

bem como a qualidade das carcaças produzidas, o objetivo deste trabalho foi avaliar

a influência de diferentes teores de energia na alimentação sobre o ganho de peso,

produção de carcaças, medidas objetivas e as possíveis correlações entre essas

medidas em cordeiros terminados em confinamento.

5.4 Material e Métodos

O experimento foi conduzido na Fazenda Escola e no Laboratório de

Alimentos e Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências

Agrárias da Universidade Estadual de Londrina. O delineamento experimental

utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos e 24 repetições. Os

tratamentos corresponderam a diferentes teores de energia metabolizável: 2,00;

2,28; 2,54; e 2,80 Mcal/kg MS, sendo o último teor correspondente à recomendação

estipulada pelo NRC (2007), para ovinos de 8 meses de idade, com ganhos diários

de 300 gramas.

Após um período de 15 dias de adaptação às condições experiementais, os

animais foram pesados para obtenção do peso inicial e distribuídos aleatoriamente

nos tratamentos. O confinamento foi realizado em aprisco com piso elevado e

ripado, sendo alojado dois animais por baia. Foram utilizados 24 cordeiros não-

castrados, seis por tratamento, mestiços Ile de France, com 240,0 ± 9,6 dias de

idade e 26,6 ± 3,8 kg de peso corporal. As rações eram isoprotéicas (Tabela 1) e

fornecidas duas vezes ao dia (às 8 e 17 h).

25

A quantidade de ração, bem como as sobras foram pesadas diariamente e

ajustadas de acordo com o consumo dos animais, de maneira a proporcionar sobras

diárias de aproximadamente 10% em relação à quantidade ofertada e também para

se determinar o consumo dos animais. Os teores de matéria seca (MS), proteína

bruta (PB), extrato etéreo (EE) e fibra em detergente neutro (FDN) foram

determinados em amostras das rações fornecidas (Tabela 1) e das sobras segundo

metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). Os teores de nutrientes digestíveis

totais (NDT) foram estimados segundo Kearl (1982).

A cada sete dias os animais foram pesados, após jejum prévio de sólidos de

18 h, para determinação do ganho médio diário.

Tabela 1 - Composição das rações experimentais (% MS)

Teor de energia metabolizável (Mcal /kgMS)

Ingredientes 2,00 2,28 2,54 2,80

Composição percentual

Silagem de sorgo 80,75 60,00 40,00 20,00 Milho grão 0,43 19,42 38,97 57,13 Farelo de soja 16,89 17,42 16,63 16,58 Óleo soja 0,00 1,28 2,34 3,66 Sal mineral 1,00 1,00 1,00 1,00 Calcário 0,05 0,27 0,47 0,67 Bicarbonato de sódio 0.00 0,00 0,00 0,50 Fosfato bicálcico 0,58 0,52 0,49 0,46 Úreia 0,30 0,10 0,10 0,01

Nutrientes Composição química

Matéria seca 40,14 52,73 64,86 77,07 Nutrientes digestíveis totais 57,68 64,52 70,84 77,08 Proteína bruta 15,75 15,77 15,76 15,80 Extrato etéreo 3,13 4,48 5,63 7,00 Fibra em detergente neutro 60,89 47,63 34,78 21,90

Após 57 dias de experimento, os animais foram submetidos a jejum de sólidos

por 18 h e pesados para obtenção do peso corporal ao abate. O abate foi realizado

em frigorífico comercial, adotando-se procedimento der rotina. As carcaças foram

pesadas imediatamente após o abate, para obtenção do peso de carcaça quente e

após refrigeração a 2o C por 24 h em câmara fria para obtenção do peso de carcaça

fria e posterior obtenção do rendimento de carcaça e quebra ao resfriamento. Na

Tabela 2 estão apresentados os dados sugeridos por Pérez (2002) e utilizados para

avaliação das características quantitativas da carcaça dos animais.

26

Tabela 2 - Características consideradas na avaliação de carcaças

Característica Observações e Fórmulas

Dias abate (DA) Dias em confinamento

Peso corporal ao abate (PCA) Com jejum de sólidos de 18 horas

Comprimento de carcaça (CC) Medido com fita métrica metálica, desde o bordo anterior do osso púbis até o bordo cranial da primeira

costela Peso de corpo vazio (PCVZ) PCA – (Conteúdo gastrointestinal + urina + suco biliar)

Peso de carcaça quente (PCQ) Peso obtido logo após o abate

Peso de carcaça fria (PCF) Após 24 horas em câmara fria

Quebra ao resfriamento (QR) ((PCQ – PCF) x 100)/PCQ

Rendimento biológico (Rendbio) (PCQ / PCVZ) x 100

Rendimento de carcaça quente (RCQ)

(PCQ / PCA) x 100

Rendimento de carcaça fria (RCF)

(PCF / PCA) x 100

Compacidade da carcaça (Compaca)

Comprimento da carcaça / PCF

Peso Inicial (PI) Peso Início Experimento

Peso Final (PF) Peso Final Experimento

Ganho médio diário (GMD) PF-PI/DA

Fonte: Adaptado de Pérez (2002).

Em seguida, foram registradas as medidas objetivas das carcaças, segundo

Sañudo e Sierra (1986) e Garcia (1998). Foi avaliado a profundidade do tórax

(distância máxima entre o esterno e o dorso da paleta), o comprimento do braço

(distância entre o olécrano e a borda anterior da superfície carpo metacarpiana), a

largura de coxão (aferida com um compasso, colocado nas bordas mais

proeminentes do coxão, sendo a distância das duas extremidades desse compasso

foi medida com fita métrica), perímetro de braço (medido com fita métrica

envolvendo o braço à metade de seu comprimento), comprimento de perna (que é a

distância entre o trocânter maior do fêmur e o bordo da articulação metatarsiana),

perímetro de garupa (medido com uma fita métrica tomando como referência os

trocanteres de ambos os fêmures), perímetro de tórax (envolvendo o esterno e a

cernelha, passando-se a fita métrica por trás da paleta), perímetro de coxão

(perímetro tomando como base a parte média da perna, acima da articulação

fêmuro-tibio-rotuliana) e largura de garupa (que é a largura máxima entre os

trocanteres de ambos os fêmures realizado com o auxílio de um compasso).

27

Os dados foram submetidos à análise de variância, com modelo matemático

incluindo o efeito fixo de tratamento (teor de energia) e com estudos de regressões

polinomiais, em função dos quatro teores de energia. Foram efetuadas correlações

simples entre os dados (SAS, 1994). O nível de significância considerado foi de 5%.

5.5 Resultados e discussão

Houve efeito significativo do teor de energia sobre o desempenho dos animais

(Tabela 3). Para o peso ao abate foi verificado efeito linear do teor de energia na

ração, com valores de 32,55; 37,33; 42,22; 43,65, respectivamente para os teores de

2,00; 2,28; 2,54; 2,80 Mcal EM/kgMS.

Para ganho médio diário foi verificado efeito quadrático do teor energético.

Por meio da equação de regressão obtida para esta variável, o maior ganho médio

diário foi obtido com 2,72 Mcal EM/kgMS, teor próximo ao máximo estudado no

presente trabalho. Provavelmente sendo reflexo do consumo de matéria seca, que

também apresentou comportamento quadrático.

Resultados similares foram observados por Piola Junior et al. (2009), que

utilizaram diferentes teores energéticos (2,23; 2,54; 2,85 Mcal de EM/kgMS) em

cordeiros abatidos com 32 kg e constataram que teores mais elevados diminuíram o

tempo até o abate.

Os valores encontrados para ganho de peso foram similares aos obtidos por

Alves et al. (2003), que utilizaram distintos teores energéticos (2,42; 2,66; e 2,83

Mcal EM/kg MS), e mostraram-se superiores aos encontrados por Pinto et al. (2005),

que trabalharam com cordeiros em crescimento recebendo diferentes fontes de

volumosos em confinamento,com teores energéticos que variaram de 2,23 a 2,84

Mcal EM kg/MS. Por outro lado, foram inferiores aos observados por Garcia,

Monteiro e Costa (2003), que utilizaram cordeiros em confinamento recebendo

diferentes teores energéticos (2,6; 2,8 e 3,0 Mcal EM kg/MS) em creep feeding.

De maneira geral, comportamento dos dados obtidos, de desempenho animal,

neste trabalho, estão próximos, aos encontrados por Pereira et al. (2010) que

trabalharam com cordeiros Santa Inês recebendo diferentes teores de energia (2,08;

2,28; 2,47 e 2,69 Mcal kg/MS). Os autores também observaram maiores valores

para ganho médio diário e pesos de carcaça quente e fria, conforme aumentava a

energia na ração.

28

Tabela 3 - Médias das características de desempenho de cordeiros alimentados com diferentes teores de energia metabolizável

Teor de energia metabilizável

(Mcal/kgMS)

Variável 2,00 2,28 2,54 2,80 Regressão R2 CV(%)

Peso Inicial , kg 27,03 26,06 26,45 27,10 ỹ = 26,66 - 15,41

Peso coporal ao abate,

kg 32,55 37,33 42,22 43,65 ŷ = 3,31+14,86X 0,95 13,80

Peso de corpo vazio, kg 25,98 31,04 36,48 38,09 ŷ =-6,01+16,22X 0,95 15,04

Ganho Médio Diário, kg 0,10 0,22 0,28 0,29 ŷ = -2,52+2,07X-

0,38X2 1,00 23,78

Consumo Matéria Seca

(%PV) 4,15 4,98 5,19 4,77

ŷ = -21,62+21,51X-

4,32X2 0,76 5,94

Consumo Matéria Seca

(kg/Kg0,75) 0,10 0,12 0,13 0,12

ŷ = -0,55+0,54X-

0,11X2 0,87 4,64

Conversão Alimentar 12,83 8,76 6,57 5,56 ŷ = 86,87-

56,98X+9,99X2 0,93 12,06

R2=coeficiente de determinação, CV= coeficiente de variação.

O ganho de peso do animal com 2,8 Mcal de EM foi de 0,299 kg/dia, apenas

3,3% inferior ao estabelecido pelo NRC (2007), que é de 0,300 kg/dia. Resultados

menores do que o estabelecido pelo NRC (2007) foram observados por diferentes

autores. Fernandes, Barros e Araujo (1996), analisando o efeito de dois planos

nutricionais sobre o desempenho de cordeiros F1 Santa Inês + Crioula, em

confinamento, cujas rações continham 2,54 e 2,62 Mcal de EM/kg de MS, e

formuladas para ganho médio diário de 0,200 e 0,250 kg/animal/dia,

respectivamente, obtiveram média para ganho de peso diário de 0,128 e 0,156

kg/dia. Garcia, Pérez e Teixeira (2000), avaliando dietas que continham 2,47; 2,38 e

2,39 kcal de EM/kg de MS, encontraram valores para ganho em peso de 0,211;

0,193 e 0,195 kg/animal/dia, respectivamente. Em trabalho semelhante, Mahgoub,

Lu e Early (2000) avaliaram dietas contendo 2,4; 2,5; e 2,7 Mcal EM/kg de MS para

ovinos em crescimento e encontraram ganhos em peso de 0,090; 0,115; e 0,147

kg/dia, respectivamente. Martins, Macedo e Macedo (1999), quando avaliaram o

desempenho de cordeiros mestiços Texel em confinamento, alimentados com dois

teores de energia na dieta (2,17 e 2,72 Mcal EM/kg de MS) encontraram ganho de

peso diário de 0,116 e 0,159 kg/dia, respectivamente. Estes menores desempenhos

29

estão relacionados provavelmente às características da ração utilizada e ao menor

potencial dos animais em utilizar os alimentos fornecidos.

Os consumos em relação ao peso corporal, ou ao peso metabólico,

apresentaram efeitos quadráticos com o aumento dos teores energéticos, tendo

como pontos de máxima 2,49 Mcal/kgMS e 2,50 Mcal/KgMS, respectivamente.

Valores esses que demonstram que o teor energético das rações tem grande

influência sobre o desempenho dos animais, pois, o animal consome alimento para

manter a ingestão constante de energia em que, o fator determinante da saciedade,

nesse caso, é a densidade calórica da ração (VAN SOEST, 1965).

A composição bromatológica influência o consumo, onde no teor mais baixo

de energia o que controla o consumo é o efeito da repleção ruminal.

O consumo obtido no presente trabalho foi maior em relação a maioria dos

trabalhos, a adição de milho melhora a degradação da fibra até certo ponto, quando

então o propionato passa a limitar o consumo e ocorrem também modificações do

ph ruminal.

Os resultados observados para consumo de matéria seca estão próximos aos

encontrados por Mahgoub, Lu e Early (2000), quando avaliaram três teores de

energia (2,1; 2,5 e 2,7 Mcal EM/kg de MS) em cordeiros Omani em crescimento.

Os valores observados para conversão alimentar no nível mais alto foi de

5,56, menor que os encontrados por Alves et al. (2003), que foi 7,0 utilizando 2,83

Mcal de EM e Mahgoub, Lu e Early (2000) que usaram 2,83 Mcal de EM e

observaram 7,3 de conversão alimentar. Já Garcia et al. (2000), observaram

conversões de 5,68; 7,12 e 6,31 para teores de 2,47; 2,38 e 2,39 Mcal de EM,

respectivamente; confirmando que o aumento nos teores de energia da dieta

melhora a conversão alimentar.

A eficiência de utilização da energia tende a ser menor para rações

volumosas, pois ocorre maior perda de calor, devido a produção de acetato,

explicando a menor conversão alimentar com menos energia.

Os pesos de carcaça quente e fria (Tabela 4) são reflexo direto dos pesos ao

abate, onde os tratamentos com mais energia apresentaram as maiores médias.

A quebra ao resfriamento (Tabela 4) não foi influenciada (P>0,05) pelos

tratamentos, provavelmente em função do alto coeficiente de variação observado.

De acordo com Garcia, Monteiro e Costa (2003) dietas mais energéticas promovem

menores perdas ao resfriamento, pois geralmente ocorre maior acúmulo de gordura,

30

que funciona como isolante térmico. No presente estudo, os valores numéricos

foram menores para as dietas mais energéticas.

Apenas o rendimento de carcaça fria diferiu entre os tratamentos (Tabela 4),

havendo aumento linear dos rendimentos com o aumento da energia da dieta.

Tabela 4 - Médias das características de carcaças consideradas na produção de cordeiros alimentados com quatro teores de energia metabolizável

Teor de energia metabolizável

(Mcal/kgMS)

Variável 2,00 2,28 2,54 2,80 Regressão R2 CV(%)

Peso de carcaça quente , kg 15,73 18,30 21,35 22,25 ŷ = -1,60+8,76X 0,96 14,60

Peso de carcaça fria, kg 14,63 17,15 20,32 21,15 ŷ = -2,85+8,82X 0,95 15,71

Quebra ao resfriamento, % 7,29 6,58 4,88 4,87 ỹ =5,91 - 42,88

Rendimento biológico, % 60,84 58,99 58,72 58,28 ỹ =59,21 - 4,70

Rendimento de carcaça

quente, % 48,50 49,03 50,58 50,78 ỹ =49,72 - 3,78

Rendimento de carcaça fria , % 44,91 45,83 48,10 48,30 ŷ =35,17+4,84X 0,91 4,00

R2=coeficiente de determinação, CV= coeficiente de variação.

Na Tabela 5 encontram-se os resultados das medidas objetivas das carcaças,

observa-se que onde houve efeito significativo dos tratamentos, os dados tiveram

um efeito linear crescente, com exceção da compacidade que foi linear decrescente,

fato que pode ser devido a proporção inversa que a compacidade tem em relação

ao peso de carcaça fria. Esses dados diferem dos encontrados por Piola Junior et al.

(2009) e Martins, Macedo e Macedo (1999), que usaram teores diferentes de

energia na ração, que variavam de 2,23 a 2,85 Mcal kg/MS, utilizando animais de

raças e principalmente de idades diferentes ao presente estudo.

Para a espessura de coxão o valor difere aos divulgados por Piola Junior et

al. (2009), onde a espessura tendeu a aumentar e depois diminuir, com o aumento

do teor de energia(7,8; 9,1 e 8,7; efeito quadrático). A espessura de coxão

correlaciona-se com musculosidade da carcaça, principalmente dos cortes do pernil.

Os animais que receberam maiores teores energético apresentaram carcaças com

medidas maiores, conseqüentemente apresentaram maior musculosidade.

Os comprimentos não foram influenciados pelos teores energéticos, fato esse

que pode ser devido a serem medidas que vislumbram o tecido ósseo que não tem

31

diferenciação no seu crescimento. Essa ausência de efeito no presente trabalho se

deve ao fato de os animais apresentarem a mesma idade, portanto estão no mesmo

estágio de crescimento, além de terem a mesma combinação genética.

Tabela 5 - Médias das características consideradas na produção de carcaças de cordeiros alimentados com quatro teores de energia metabolizável

Teor de energia metabolizável

(Mcal/kgMS)

Variável 2,00 2,28 2,54 2,80 Regressão R2 CV

(%)

Comprimento interno da

carcaça, cm 61,42 62,17 64,67 65,75 ỹ =63,50 - 5,47

Comprimento do braço, cm 21,33 21,00 21,50 21,50 ỹ =21,33 - 6,04

Comprimento de perna, cm 41,50 41,50 42,17 42,13 ỹ =41,82 - 4,54

Perímetro de garupa, cm 68,33 69,17 77,33 76,75 ŷ = 41,60

+13,06X 0,76 8,22

Perímetro de coxa, cm 35,50 35,33 36,50 36,13 ỹ =35,87 - 9,61

Perímetro de braço, cm 16,33 16,92 18,00 18,25 ŷ = 11,05

+2,64X 0,94 6,72

Perímetro de tórax, cm 73,66 73,50 76,00 78,25 ỹ =75,35 - 5,97

Espessura de coxão, cm 9,00 10,00 10,50 10,38 ŷ = 5,45+1,89X 0,76 9,25

Espessura de tórax, cm 16,92 18,00 19,67 19,50 ŷ = 9,54+3,75X 0,85 6,40

Espessura de garupa, cm 25,25 27,33 28,00 27,63 ŷ = 19,29

+3,25X 0,65 5,16

Profundidade do tórax, cm 26,17 26,83 28,33 28,75 ỹ =27,52 - 7,08

Compacidade da carcaça,

cm/kg 4,24 3,74 3,20 3,14 ŷ = 7,20-1,51X 0,91 12,34

R2=coeficiente de determinação, CV= coeficiente de variação

Analisando as correlações fenotípicas entre as variáveis avaliadas (Tabela 6)

pode constatar-se que o peso inicial apresentou correlação com o peso corporal

final, com os pesos de corpo vazio e de carcaça quente e fria. Significando que

animais mais pesados ao início do experimento, também foram os mais pesados ao

abate, porém o peso inicial não esteve correlacionado com o ganho médio diário.

Em relação ao ganho de peso médio diário observou-se que houve correlação

significativa com perímetro de braço e espessura de coxão, ou seja, maiores teores

energéticos, implicam em maiores deposições musculares.

Os pesos de carcaça quente ou fria estiveram positivamente correlacionadas

com os pesos ao abate e com os rendimentos de carcaça. Sendo que as

correlações entre rendimento de carcaça fria e as características de musculosidade

32

(perímetro de braço, espessura de coxão e profundidade de tórax) foram positivas e

significativas.

Um resultado bastante interessante é o que mostra que a compacidade de

carcaça esteve correlacionada negativamente com as principais características

produtivas, tais como, peso ao abate e de carcaça e com o rendimento de carcaça.

Este resultado demonstrou que animais com carcaças mais compactas são menos

eficientes na produção de carcaça, resultados esse corroboram com Piola Junior et

al. 2007, que trabalhou com cordeiros, em diferentes teores energéticos de 2,23 a

2,85 Mcal Kg MS. Por outro lado, a profundidade de tórax e a espessura de coxão

apresentaram correlações positivas com estas características produtivas.

Comprimento de carcaça apresentou correlação positiva com os pesos de abate e

de carcaça.

Tabela 6 - Correlações fenotípicas entre as características de desempenho e de carcaça em cordeiros recebendo diferentes teores de energia na dieta

Diasabat PI PCA GMD PCQ PCF PCVZ QR RendBio RCQ RCF Compaccar Compcar Compbra Perbra Espcox Profun

Diasabat 0,01

0,13

-0,80** 0,05

0,02

-0,03

0,43

0,19

-0,17

-0,20

0,17

0,17

0,53* 0,41

-0,44

0,43

PI 0,84** 0,12

0,79** 0,79** 0,84** 0,35

0,37

0,38

0,37

-0,75** 0,41

0,29

0,42

0,42

0,69**

PVA 0,29

0,93** 0,92** 0,98** 0,47* 0,45

0,42

0,40

-0,82** 0,68** 0,39

0,67** 0,56** 0,78**

GMD 0,35

0,37

0,42

-0,22

0,05

0,35

0,37

-0,48* -0,12

-0,18

0,50* 0,66** -0,10

PCQ 0,99** 0,95** 0,28

0,70** 0,70** 0,69** -0,93** 0,62** 0,33

0,74** 0,59** 0,75**

PCF 0,94** 0,24

0,71** 0,73** 0,71** -0,94** 0,60** 0,32

0,74** 0,58** 0,73**

PCVZ 0,37

0,46* 0,51* 0,49* -0,88** 0,61** 0,35

0,73** 0,64** 0,72**

QR -0,08

-0,24

-0,32

0,00

0,58** 0,30

0,11

0,24

0,58**

RendBio 0,91** 0,89** -0,70** 0,38

0,15

0,47* 0,22

0,49*

RCQ 0,99** -0,78** 0,22

0,04

0,58** 0,41

0,34

RCF -0,79** 0,18 0,32

0,74** 0,58** 0,73**

Compaccar -0,35

-0,15

-0,73** -0,59** -0,59**

Compcar 0,53* 0,45

0,25

0,62**

Compbra 0,11

-0,09

0,49*

Perbra 0,81** 0,56**

Espcox 0,44

Profun

** significativo (P<0,01), * significativo (P<0,05).

Diasabat=dias ao abate, PI=peso inicial, PCA=peso corporal ao abate, GMD=ganho médio diário, PCQ=peso de carcaça quente, PCF=peso de carcaça fria, PCVZ=peso corporal vazio, QR=quebra no resfriamento,

RendBio=rendimento biológico, RCQ=rendimento de carcaça quente, RCF=rendimento de carcaça fria, Compaccar=compacidade de carcaça, Compcar=comprimento de carcaça, Compbra=comprimento de braço,

Perbra=perímetro de braço, Espcox=espessura de coxão e Profun=profundidade.

33

34

5.6 Conclusões

Dietas com maior aporte energético propiciam maiores desempenhos e pesos

e medidas de carcaça.

Animais com maiores pesos iniciais tendem a ser os mais pesados ao abate.

No presente estudo de acordo com os resultados, os melhores teores

energéticos são o de 2,54 e de 2,80, pois denotam carcaças com maior

produtividade. O teor a ser indicado depende o que se busca, carcaças mais ou

menos tecido adiposo.

35

5.7 Referências ALVES, K.S.; CARVALHO, F.F.R.; FERREIRA, M.A.; et al. Níveis de Energia em Dietas para Ovinos Santa Inês: desempenho. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, p.1937-1944, 2003 (Supl. 2). FERNANDES, F.D.; BARROS, N.N.; ARAUJO, M.R.A.. Efeito de dois planos nutricionais sobre o desempenho de cordeiros F1 Santa Inês x Crioula em confinamento. In: RELATÓRIO TÉCNICO DO CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE CAPRINOS 1987-1995. Sobral: EMBRAPACNPC, 1996. 69-72. GARCIA, C.A.; MONTEIRO, A.L.G.; COSTA, C.; et al. Medidas objetivas e composição tecidual da carcaça de cordeiros alimentados com diferentes níveis de energia em creep feeding. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, p.1380-1390, 2003. GARCIA, I.F.F.; PÉREZ, J.R.O.; TEIXEIRA, J.C.; et al. Desempenho de cordeiros Texel x Bergamácia, Texel x Santa Inês e Santa Inês puros terminados em confinamento, alimentados com casca de café como parte da dieta. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.2, p.564-572, 2000. GARCIA, C.A. Avaliação do resíduo de panificação “biscoito” na alimentação de ovinos e nas características quantitativas e qualitativas da carcaça. 1998. 79p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal. KEARL, L.C. Nutrients requeriments of ruminants in developing countries. Logan: UT. International Feedstuffs Institute, 1982. 381p. MAHGOUB, O.; LU, C.D.; EARLY, R.J. Effects of dietary energy density on feed intake, body weight gain and carcass chemical composition of Omani growing lambs. Small Ruminant Research, v.37, n.1, p.35-42, 2000. MARTINS, E.N.; MACEDO, F.A.F.; MACEDO, R.M.G.. Desempenho e características quantitativas da carcaça de cordeiros mestiços Texel, terminados em confinamento, com diferentes níveis de energia. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 36, 1999, Porto Alegre. São Anais... Paulo: SBZ/Gmosis, [1999] CDROM. Qualidade de produtos de origem animal. NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC). Nutrients requeriments of small ruminants. 1.ed. Washington: National Academy Press, 2007. 362 p. NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC). Nutrient Requirements of Sheep. 6.ed. Washington: National Academy Press, 1985. 99p. OSÓRIO, J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M. Sistemas de avaliação de carcaças no Brasil. In: 1, SIMPÓSIO MINEIRO DE OVINOCULTURA, 2001, Lavras, MG. Anais... Lavras: UFLA, 2001. p.157-196. PÉREZ, J.R.O. Considerações sobre Carcaças. Lavras: [s.n.], 2002. 55 f. Projeto. de tese.

36

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37

6. ARTIGO 2

Composição da carcaça de cordeiros recebendo rações com diferentes teores de energia

6. ARTIGO 2 - Composição da carcaça de cordeiros recebendo diferentes

teores de energia na alimentação

38

Composição das carcaças de cordeiros recebendo rações com diferentes teores de energia

Carcass composition of lambs submitted to diets with different energy levels

6.1 Resumo

6.1 Resumo: Este estudo teve como objetivo avaliar as características quantitativas e a composição regional e tecidual, em carcaças de cordeiros submetidos a diferentes teores de energia na alimentação. Avaliaram-se quatro teores energéticos: 2,00, 2,28, 2,54 e 2,80 Mcal de EM/kgMS, sendo o último teor o recomendado pelo NRC (2007). Foram utilizados 24 cordeiros inteiros, mestiços Ile de France, alimentados com rações isoprotéicas (15,80% PB). O teor energético da dieta influência na distribuição dos cortes na carcaça e afeta a composição tecidual média da mesma. O lombo por ser mais fácil sua manipulação, armazenamento e dissecação; é o corte mais indicado para estimar a composição tecidual da carcaça. Teores energéticos mais elevados levam a uma maior deposição de gordura na meia carcaça.

Palavras-chave: Composição regional. Composição tecidual. Rendimento. Gordura. Músculo. Osso. Ovinos.

6.2 Abstract

6.2 Abstract: This study aimed to evaluate quantitative characteristics and regional and tissue composition in carcasses of lambs subjected to different contents of energy in the diet. Four energy levels were used: 2,00, 2,28, 2,54 and 2,80 Mcal of ME / kgDM, being the last content the one recommended by the NRC (2007). In this trial were used 24 whole lambs, crossbred Ile de France, fed with isoproteics diets (15,80% CP). The energy content of the diet influence on distribution of cuts and average tissue composition of the carcass. The loin, due to easy handling, storage and dissection; is the cut recommended to estimating the tissue composition of the carcass. Higher energy levels results in increase of deposition of fat on carcass. Key Words: Regional composition. Tissue composition. Yield. Fat. Muscle. Bone.

Ovines.

39

6.3 Introdução

A produção ovina tem potencial para expandir a oferta de proteína animal de

alta qualidade, mas se mostra precária em algumas regiões do país. Fato que ocorre

devido à comercialização deficiente e também a baixa qualidade do produto ofertado

ao consumidor.

Para a avaliação das carcaças ovinas, a relação músculo:osso:gordura deve

ser considerada, uma vez que a utilização do peso como único parâmetro de

qualidade é inadequado (SILVA SOBRINHO, PURCHAS e KADIM, 2005).

As carcaças podem ser comercializadas inteiras ou sob forma de cortes. Os

cortes em peças individualizadas, associados à apresentação do produto, são

importantes fatores na comercialização (ALVES et al., 2003). Todavia, os sistemas

de cortes, além de proporcionarem obtenção de preços diferenciados entre diversas

partes da carcaça, permitem aproveitamento racional, evitando-se desperdícios

(SILVA et al., 2003), e a proporção desses cortes constitui um importante índice para

avaliação da sua qualidade.

A composição regional se materializa na separação da carcaça em cortes,

segundo métodos prefixados, com o objetivo de efetuar a divisão em regiões de

acordo com o gosto do consumidor. Os cortes diferem entre países e inclusive

dentro de um mesmo país ou região, dependendo das características da própria

carcaça, da preferência do consumidor e dos costumes culinários das diferentes

regiões (OSÓRIO, 1992).

As diferenças na proporção dos cortes comerciais são fatores determinantes

das características relacionadas à qualidade e quantidade da carcaça e da carne,

tais como, raça, sexo, idade e principalmente aqueles relativos ao meio e à nutrição

(SAÑUDO e SIERRA, 1993, OSÓRIO e OSÓRIO ,2001).

Para Osório (1992), a composição tecidual (dissecação da carcaça) merece

particular interesse, pois ao consumidor, os diferentes tecidos chegam a um mesmo

preço, regido unicamente pela parte que se localiza o corte. Macedo (1998) diz que

o conhecimento dos pesos e rendimentos dos principais cortes da carcaça permitem

interpretação do desempenho animal. Conforme Forrest et al. (1979), os testes de

desossa para avaliação das carcaças, que consistem na separação física dos seus

componentes em músculo, gordura e osso, ainda que sejam tediosos ( custo

elevado, laboriosa e demanda muito tempo) e neles influam à subjetividade,

40

constituem-se num dos melhores instrumentos que se dispõe para avaliação de

carcaças com mais precisão.

Vários fatores podem afetar as proporções de músculo, osso e gordura,

sobretudo a alimentação, especialmente os níveis de energia na dieta. A energia

tem recebido atenção especial por ser de fundamental importância para o

funcionamento dos órgãos vitais, a atividade e renovação das células e processos

de utilização dos nutrientes, entre outros (ZUNDT et al., 2001).

Com intuito de aumentar a qualidade da produção de carne, o objetivo deste

trabalho foi avaliar as características quantitativas e a composição regional e

tecidual, em carcaças de cordeiros submetidos a diferentes teores de energia na

alimentação.

6.4 Material e Métodos

O experimento foi conduzido na Fazenda Escola e no Laboratório de

Alimentos e Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências

Agrárias da Universidade Estadual de Londrina. O delineamento experimental

utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos e 24 repetições. Os

tratamentos corresponderam a diferentes teores de energia metabolizável: 2,00;

2,28; 2,54; e 2,80 Mcal/kg MS, sendo o último teor correspondente à recomendação

estipulada pelo NRC (2007), para ovinos de 8 meses de idade, com ganhos diários

de 300 gramas.

Após um período de 15 dias de adaptação às condições experiementais, os

animais foram pesados para obtenção do peso inicial e distribuídos aleatoriamente

nos tratamentos. O confinamento foi realizado em aprisco com piso elevado e

ripado, sendo alojado dois animais por baia. Foram utilizados 24 cordeiros não-

castrados, seis por tratamento, mestiços Ile de France, com 240,0 ± 9,6 dias de

idade e 26,6 ± 3,8 kg de peso corporal. As rações eram isoprotéicas (Tabela 1) e

fornecidas duas vezes ao dia (às 8 e 17 h).

A quantidade de ração, bem como as sobras foram pesadas diariamente e

ajustadas de acordo com o consumo dos animais, de maneira a proporcionar sobras

diárias de aproximadamente 10% em relação à quantidade ofertada. Os teores de

matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) e fibra em detergente

neutro (FDN) foram determinados em amostras das rações fornecidas (Tabela 1) e

41

das sobras segundo metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). Os teores de

nutrientes digestíveis totais (NDT) foram estimados segundo Kearl (1982).

Após 57 dias de experimento, os animais foram submetidos a jejum de sólidos

por 18 h. O abate foi realizado em frigorífico comercial, adotando-se procedimento

der rotina.

Tabela 7 - Composição das rações experimentais (% MS)

Teor de energia metabolizável (Mcal /kgMS)

Ingredientes 2,00 2,28 2,54 2,80

Composição percentual

Silagem de sorgo 80,75 60,00 40,00 20,00 Milho grão 0,43 19,42 38,97 57,13 Farelo de soja 16,89 17,42 16,63 16,58 Óleo soja 0,00 1,28 2,34 3,66 Sal mineral 1,00 1,00 1,00 1,00 Calcário 0,05 0,27 0,47 0,67 Bicarbonato de sódio 0.00 0,00 0,00 0,50 Fosfato bicálcico 0,58 0,52 0,49 0,46 Úreia 0,30 0,10 0,10 0,01

Nutrientes Composição química

Matéria seca 40,14 52,73 64,86 77,07 Nutrientes digestíveis totais 57,68 64,52 70,84 77,08 Proteína bruta 15,75 15,77 15,76 15,80 Extrato etéreo 3,13 4,48 5,63 7,00 Fibra em detergente neutro 60,89 47,63 34,78 21,90

As carcaças foram pesadas imediatamente após o abate e após refrigeração

à 2oC por 24 h em câmara fria.

As carcaças foram divididas longitudinalmente, na altura da linha média, em dois

antíneros, sendo a parte esquerda seccionada em cinco regiões anatômicas

(COLOMER-ROCHER, 1986), (Figura1). Tais regiões compreenderam:

Perna: base óssea que abrange a região do ilíaco (ílio), ísquio, púbis,

vértebras sacrais, as duas primeiras vértebras coccígeas, fêmur, tíbia e tarso

obtido por corte perpendicular à coluna entre a última vértebra lombar e a

primeira sacra;

Lombo: compreende a região das vértebras lombares, obtido

perpendicularmente à coluna, entre a 13a vértebra dorsal-primeira lombar e

última lombar-primeira sacra;

Costelas: compreende as 13 vértebras torácicas, com as costelas

correspondentes ao esterno;

42

Paleta: região que compreende a escápula, úmero, rádio, ulna e o carpo;

Pescoço: refere-se às sete vértebras cervicais, obtidas por corte oblíquo

entre a sétima cervical e a primeira torácica.

Figura 1 - Cortes efetuados na meia carcaça

Fonte: Adaptado de COLOMER-ROCHER (1986).

A meia carcaça esquerda foi totalmente dissecada, com isso foi possível

encontrar os pesos e proporções de osso, músculo e gordura de cada região

anteriormente citada.

Os dados foram submetidos à análise de variância, com modelo matemático

incluindo o efeito fixo de tratamento (teor de energia) e com estudos de regressões

polinomiais, em função de quatro teores de energia. Foi efetuada a correlação entre

os dados. (SAS, 1994). O nível de significância considerado foi de 5%.

6.5 Resultados e Discussão

Verificou-se efeito significativo efeito significativo dos teores de energia sobre

o peso dos cortes, exceto para o pescoço (Tabela 2), sendo os maiores valores

observados nos tratamentos com maior energia. Esses resultados são reflexo direto

dos maiores pesos de carcaça nesses tratamentos. Os pesos dos cortes

comportaram-se de maneira semelhante aos verificados por Garcia et al. (2003) e

43

Gonzaga Neto et al. (2006), onde houve maiores pesos dos cortes com o maior teor

de energia, e superiores aos verificados por Osório (1992), Garcia (1998), que

usaram metodologia semelhante, para cordeiros confinados, usando teores

energéticos que variavam de 2,0 a 3,0 Mcal kg/MS, e Santos et al. (2010), para

cordeiros terminados em pastejo, com teores energéticos que variaram de 2,0 a 2,8

Mcal kg/MS.

Tabela 2 - Valores médios de pesos dos cortes (kg) de cordeiros alimentados com diferentes teores de energia metabolizável

Teor de energia metabolizável

(Mcal/kgMS)

Variável 2,00 2,28 2,54 2,80 Regressão R2 CV (%)

Meia-carcaça 7,03 8,20 9,52 10,53 ŷ = -1,92+4,47X 1,00 17,90

Paleta 1,42 1,81 2,03 2,07 ŷ = -0,23+0,86X 0,88 16,85

Pernil 2,51 2,75 3,16 3,40 ŷ = 0,14+1,17X 0,99 14,54

Lombo 0,88 1,05 1,44 1,40 ŷ = -0,67+0,78X 0,84 22,59

Costela 1,46 1,88 2,24 2,70 ŷ = -1,59+1,52X 1,00 27,14

Pescoço 0,76 0,70 0,64 0,95 ỹ =0,76 - 37,92

R2=coeficiente de determinação, CV= coeficiente de variação

Para os rendimentos dos cortes em percentagem (Tabela 3), observou-se que

apenas o lombo (efeito cúbico), onde seu ponto de máxima foi 15,36% e o de

mínima foi 11,60% e a costela (efeito linear crescente) foram influenciados pelos

tratamentos. Segundo Mattos et al. (2006), o aumento do peso e proporção da

costela acontece por se tratar de uma região do corpo do animal em que a gordura

se acumula em maior velocidade, aumentando seu peso à medida que o animal

cresce ou é alimentado com uma ração mais energética.

O comportamento dos dados de rendimentos de cortes do presente trabalho

assemelham-se com os encontrados por Costa et al. (1999); Garcia, Silva Sobrinho

e Gastaldi, (1999); Souza, Siqueira e Maestá (2004); Gonzaga Neto et al. (2006);

Ribeiro et al. (2010); Pereira, Pimentel e Fontenele (2010), onde os teores

energéticos influenciaram nos rendimentos dos cortes da carcaça de ovinos.

Dados inferiores aos observados, neste estudo, foram divulgados por Garcia,

Pérez e Bonarurio (2004) ao avaliarem dietas com 2,8 Mcal de EM/kg de MS,

compostas por 80% de concentrado, para ovinos Santa Inês abatidos aos 35 kg de

peso vivo, divulgando rendimentos de 7,25; 3,54; e 13,36% para paleta, lombo e

44

pernil, respectivamente. De uma maneira geral o pernil sempre apresenta os

maiores rendimentos, pois possui maior quantidade de tecido muscular quando

comparados aos demais cortes.

Tabela 3 – Médias, equações de regressão coeficiente de variação (CV) e determinação (R2) para rendimentos dos cortes (%) em função dos teores de energia metabolizável

Teor de energia metabolizável (Mcal/kgMS)

Variável 2,00 2,28 2,54 2,80 Regressão R2 CV (%)

Paleta 20,54 22,37 21,30 19,83 ỹ =21,01 - 13,94

Pernil 35,75 33,85 33,34 32,81 ỹ =33,94 - 5,81

Lombo 12,50 12,50 15,15 13,28 ŷ = 855,39-1089,15X+464,55X2-65,35X

3 1,00 9,26

Costela 20,80 22,70 23,48 25,08 ŷ = 10,70+5,12X 0,97 9,86

Pescoço 10,41 8,59 6,73 8,99 ỹ =8,68 - 32,60

R2=coeficiente de determinação, CV= coeficiente de variação

A proporção de gordura na meia carcaça apresentou efeito linear crescente

com o aumento do teor energético (Tabela 4). Este fato provavelmente está ligado

ao maior aporte energético das dietas, sendo assim maior a deposição de gordura

na carcaça. Por outro lado, a percentagem de músculo decresceu linearmente com o

aumento de energia na dieta, e houve efeito quadrático para percentagem de osso.

Pela equação de regressão, a menor percentagem do osso (18,5%) foi observada

em animais recebendo rações com 2,50 Mcal de EM.

As quantidades dos diferentes tecidos estão em conformidade com as

encontradas por Rosa et al. (2002), que avaliaram cordeiros texel, com diferentes

métodos de alimentações em confinamento.

45

Tabela 4 - Médias dos pesos (kg) e das porcentagens de osso, músculo e gordura na meia carcaça de cordeiros alimentados com diferentes teores de energia metabolizável

Teor de energia metabolizável

(Mcal/kgMS)

Variável 2,00 2,28 2,54 2,80 Regressão R2 CV(%)

Osso (kg) 1,59 1,61 1,70 2,17 ŷ = 0,28+0,61X 0,73 16,22

Osso (%) 22,76 19,99 17,90 20,60 ŷ=132,53-91,51X+18,36X2 0,92 10,82

Músculo (kg) 4,96 5,64 6,50 6,78 ŷ = 0,12+2,44X 0,96 17,77

Músculo (%) 70,65 68,78 68,33 64,65 ŷ = 84,00-6,58X 0,89 3,50

Gordura (kg) 0,47 0,95 1,32 1,58 ŷ = -2,32+1,42X 0,98 32,63

Gordura (%) 6,59 11,23 13,78 14,75 ŷ = -13,89+10,63X 0,91 18,51

R2=coeficiente de determinação, CV= coeficiente de variação

Na Tabela 5 pode-se observar que para todos os cortes, o tecido que mais

variou foi a gordura, geralmente aumentando a sua proporção com o aumento da

energia da dieta. Esse aumento ocorreu em detrimento da diminuição dos teores de

osso ou músculo.

Os valores encontrados no presente estudo, para paleta e pernil (Tabela 5),

corroboram com Costa et al. (1999) em valores absolutos e percentuais, diferindo

consideravelmente em relação à quantidade de gordura, devido ao diferente tipo de

sistema de criação empregado, mesmo sendo animais de genótipos similares.

Os resultados encontrados para a proporção de osso e músculo da perna

(Tabela 5) estão de acordo com Carvalho (1998), que verificou valores não

significativos de osso e músculo em machos inteiros em diferentes tipos de

alimentação. Os valores de gordura, nesta pesquisa, estão de acordo com os

verificados pelos autores mencionados, que também observaram diferença

significativa para machos inteiros.

46

Tabela 5 - Médias dos pesos e porcentagens dos cortes da meia carcaça de cordeiros alimentados com diferentes teores de energia metabolizável

Teor de energia metabolizavél

(Mcal/kgMS)

Variável 2,00 2,28 2,54 2,80 Regressão R2 CV(%)

Pernil

Osso (kg) 0,58 0,58 0,65 0,67 ŷ =0,30+0,13X 0,84 9,19

Osso (%) 23,21 21,24 20,63 19,82 ŷ =31,21-4,16X 0,92 7,78

músculo (kg) 1,82 2,00 2,29 2,42 ŷ =0,22+0,80X 0,98 15,72

músculo (%) 72,56 72,35 72,13 71,16 ỹ = 72,05 - 2,71

gordura (kg) 0,11 0,18 0,23 0,31 ŷ =-0,38+0,24X 1,00 35,65

gordura (%) 4,23 6,41 7,24 9,01 ŷ =-6,98+5,70X 0,97 25,78

Lombo

osso (kg) 0,14 0,10 0,13 0,15 ỹ = 0,13 - 33,72

osso (%) 15,82 9,40 8,91 10,34 ŷ=182,10-

138,13X+27,46X2

0,97 27,34

músculo (kg) 0,65 0,71 0,94 0,92 ŷ =-0,18+0,41X 0,82 22,23

músculo (%) 73,46 68,12 65,12 66,14 ŷ =92,72-10,27X 0,74 5,52

gordura (kg) 0,09 0,24 0,37 0,33 ŷ=-4,03+3,29X-0,62X2 0,97 32,82

gordura (%) 10,72 22,49 25,98 23,52 ŷ=-294,00+249,95X-

48,78X2

1,00 19,36

Costela

osso (kg) 0,34 0,40 0,42 0,73 ŷ =-0,51+0,40X 0,75 42,11

osso (%) 23,17 21,97 18,69 27,00 ỹ = 22,71 - 29,96

músculo (kg) 1,00 1,24 1,46 1,40 ỹ = 1,28 - 30,32

músculo (%) 68,77 66,06 65,22 52,37 ŷ =104,53-17,07X 0,76 15,36

gordura (kg) 0,12 0,24 0,37 0,57 ŷ =-0,98+0,54X 0,98 52,59

gordura (%) 8,07 11,97 16,09 20,62 ŷ =-23,29+15,57X 1,00 33,97

Paleta

osso (kg) 0,33 0,37 0,40 0,42 ŷ =0,10+0,12X 1,00 14,38

osso (%) 23,51 20,67 20,02 20,52 ŷ =30,84-4,05X 0,60 10,31

músculo (kg) 0,98 1,22 1,36 1,40 ŷ =0,09+0,56X 0,90 17,39

músculo (%) 69,14 67,49 67,27 67,65 ỹ =67,89 - 2,89

gordura (kg) 0,11 0,22 0,26 0,24 ŷ=-2,74+2,31X-0,45X2 1,00 32,81

gordura (%) 7,35 11,84 12,71 11,83 ŷ=-107,51+94,67X-

18,60X2

0,99 23,70

Pescoço

osso (kg) 0,20 0,16 0,10 0,19 ỹ =0,16 - 46,46

osso (%) 27,17 22,86 14,91 19,81 ŷ=215,19-

152,07X+29,22X2

0,81 21,94

músculo (kg) 0,52 0,47 0,45 0,64 ỹ =0,52 - 39,49

músculo (%) 66,93 67,29 70,63 67,81 ỹ =68,17 - 5,65

gordura (kg) 0,04 0,07 0,09 0,12 ŷ =-0,14+0,09X 1,00 34,63

gordura (%) 5,90 9,86 14,46 12,38 ŷ =-13,19+10,00X 0,69 35,07

R2=coeficiente de determinação, CV= coeficiente de variação

47

Na Tabela 6 pode-se observar que todos os cortes tiveram, na sua maioria,

composição tecidual correlacionadas com a composição da meia carcaça. As

percentagens de músculo do pernil, paleta e pescoço não apresentaram correlação

com a percentagem de músculo na meia carcaça, sendo que a melhor correlação,

para este tecido, foi com a costela (0,87), seguido do lombo (0,62), ambas

significativas. Por outro lado, as percentagens de gordura e ossos, em todos os

cortes, tiveram correlações significativas e positivas com esses tecidos na meia

carcaça. Para gordura a maior correlação foi com o lombo (0,90) e para osso foi com

a paleta (0,77).

Com base nos dados obtidos, o lombo e a costela são os cortes mais

indicados para predizer a composição da carcaça. Estes resultados diferem dos

observados por Piola Junior et al. (2009), que indicaram o pescoço como melhor

corte para predizer a composição tecidual da carcaça. Porém, como salientado por

Piola Junior (2007), deve ser levado em consideração o valor econômico e a

facilidade de dissecação do corte.

Tendo em vista os cortes, lombo e costela, a melhor indicação para predizer a

composição da carcaça é o lombo, pela sua maior praticidades de armazenagem,

por se tratar de um corte menor, por ser muito mais fácil sua dissecação quando

comparado com a costela.

48

Tabela 6 - Correlações entre a composição tecidual da meia carcaça e dos diferentes cortes.

** significativo (P<0,01), * significativo (P<0,05).

Cortes ½ Carcaça Composição Meia Carcaça (%)

Pernil Músculo Gordura Osso

Músculo (%) 0,35 -0,25 -0,04

Gordura (%) -0,60** 0,86** -0,52**

Osso (%) 0,36 -0,75** 0,64**

Lombo

Músculo (%) 0,62** -0,80** 0,41

Gordura (%) -0,52** 0,90** -0,66**

Osso (%) 0,18 -0,64** 0,68**

Costela

Músculo (%) 0,87** -0,48* -0,29

Gordura (%) -0,82** 0,86** -0,27

Osso (%) -0,63** -0.01 0,71**

Paleta

Músculo (%) 0,13 -0,31 0,29

Gordura (%) -0,27 0,77** -0.76**

Osso (%) 0,25 -0,76** 0,77**

Pescoço

Músculo (%) -0,25 0,36 -0,22

Gordura (%) -0,29 0,63** -0,54**

Osso (%) 0,37 -0,69** 0,54**

49

6.6 Conclusões

O teor energético da dieta tem influencia sobre a distribuição dos cortes na

carcaça e afeta a composição tecidual média da mesma.

O lombo por ser mais fácil sua manipulação, armazenamento e dissecação é

o corte mais indicado para estimar a composição tecidual da carcaça.

Teores energéticos mais elevados levam a uma maior deposição de gordura

na meia carcaça.

50

6.7 Referências ALVES, K.S.; CARVALHO, F.F.R.; FERREIRA, M.A.; et al. Teores de Energia em Dietas para Ovinos Santa Inês: Características de Carcaça e Constituintes Corporais. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, p.1927-1936, 2003 (Supl. 2). CARVALHO, S. Desempenho, composição corporal e exigências nutricionais de cordeiros machos inteiros, machos castrados e fêmeas alimentados em confinamento. Santa Maria, RS: UFSM, 1998. 100p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal de Santa Maria, 1998. COLOMER-ROCHER, F. Los criterios de calidad de la canal: sus implicaciones biológicas. In: _____. CURSO INTERNACIONAL SOBRE LA PRODUCCIÓN DE OVINO DE CARNE, 1986, v.2, 66p. COSTA, J.C.C. , OSÓRIO, J.C.S., OSÓRIO,T.M., et al. Composição Regional e Tecidual em Cordeiros Não Castrados Revista Brasileira de Agrociência, v.5, no 1, 50-53, jan.-abril,1999. FORREST, J.C., ABERLE, E.D., HEDRICK, H.B.; et al. Fundamentos de ciencia de la carne. Editorial Acribia, 364p., 1979. GARCIA, C.A.; MONTEIRO, A.L.G.; COSTA, C.; et al. Medidas Objetivas e Composição Tecidual da Carcaça de Cordeiros Alimentados com Diferentes Níveis de Energia em Creep Feeding. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, p.1380-1390, 2003. GARCIA, I.F.F.; PÉREZ, J.R.O.; BONARURIO, S.. Percentagens de cortes na carcaça de cordeiros Santa Inês puros e cruzas com Texel, Ile de France e Bergamácia. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.2, p.453-462, 2004. GARCIA, C.A.; SILVA SOBRINHO, A.G.; GASTALDI, K.A. Influência das diferentes relações volumoso : concentrado e pesos de abate de cordeiros confinados. 1. Rendimento de cortes e característica das carcaça. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 36., 1999, São Paulo. Anais... São Paulo: SBZ/Gmosis, [1999] CD-ROM.Qualidade de produtos de origem animal. QUA-018. GARCIA, C.A. Avaliação do resíduo de panificação “biscoito” na alimentação de ovinos e nas características quantitativas e qualitativas da carcaça. Jaboticabal: Universidade Estadual Paulista, 1998. 79p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Estadual Paulista, 1998. GONZAGA NETO, S.; SOBRINHO, A.G.S.; ZEOLA, N.M.B.L.; et al. Características quantitativas da carcaça de cordeiros deslanados Morada Nova em função da relação volumoso:concentrado na dieta. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.4, p.1487-1495, 2006. KEARL, L.C. Nutrients requeriments of ruminants in developing countries. Logan: UT. International Feedstuffs Institute, 1982. 381p.

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53

7. ARTIGO 3

Componentes não carcaça de cordeiros submetidos a diferentes teores de energia na alimentação

7. ARTIGO 3 - Componentes não carcaça de cordeiros submetidos a diferentes

teores de energia na alimentação

54

Componentes não carcaça de cordeiros submetidos a diferentes teores de energia na alimentação

Components not carcasses of lambs subjected to different amounts of

energy in food

7.1 Resumo

7.1 Resumo: Este estudo teve como objetivo avaliar as características dos componentes não carcaças de cordeiros submetidos a diferentes teores de energia na alimentação. Avaliaram-se quatro teores energéticos: 2,00, 2,28, 2,54 e 2,80 Mcal de EM/kgMS, sendo o ultimo teor o recomendado pelo NRC (2007). Foram utilizados 24 cordeiros inteiros, mestiços Ile de France, alimentados com rações isoprotéicas (15,80% PB). Houve efeito linear positivo (P<0,05) dos teores de energia sobre os pesos em porcentagem da cabeça e patas traseiras. Não fora observada diferença significativa para o coração em peso e porcentagem. Teores mais elevados são os mais recomendados quando se quer obter componentes não carcaça mais pesados.

Palavras-chave: Abate. Confinamento. Ovinos. Orgãos. Vísceras. 7.2 Abstract: This study aimed to evaluate characteristics of non carcass components of lambs subjected to different contents of energy in the diet. Four energy levels were used: 2,00, 2,28, 2,54 and 2,80 Mcal of ME / kgDM, being the last content recommended by the NRC (2007). Twenty-four whole lambs, crossbred Ile de France, were used and fed with isoproteics diets (15,80% CP). There was a positive linear effect of energy levels on the percentage weights of head and hind legs. There was no significant difference on heart percentage weight. Higher levels are recommended when heavier non carcass components are desirable. Key Words: Slaughter. Feedlot. Ovines. Organs. Viscera.

55

7.3 Introdução

Na produção de ovinos para corte, geralmente são considerados apenas as

carcaças e a carne, esquecendo-se de outros componentes presentes no corpo do

animal que podem ser utilizados na alimentação. Em algumas regiões do Brasil e em

outros países tais componentes são muito usados na alimentação. Exemplos disso

são os tradicionais pratos típicos do nordeste brasileiro, sarapatel e buchada

(MEDEIROS, 2006).

Ao abater um animal, além da carcaça, obtêm-se certa quantidade de co-

produtos, também aproveitáveis, conhecidos como "quinto quarto" ou componentes

não carcaça, e que são importantes economicamente (OSÓRIO et al., 1996). Os

componentes não carcaça servem para amenizar os custos de abate do frigorífico,

mas o produtor recebe um preço global pela carcaça, no qual não aparecem os

custos de abate, nem o valor do quinto quarto, o que explica o desinteresse pelo

mesmo, tanto na Espanha como no Brasil, onde os animais são vendidos por kg de

peso vivo (DELFA; GONZALES e TEIXEIRA, 1991).

Mudanças nos programas de alimentação durante o período de rápido

crescimento do animal podem influenciar o desenvolvimento dos órgãos, resultando

em alteração nas exigências energéticas para manutenção, influenciando a taxa de

conversão alimentar (JENKINS e LEYMASTER, 1993).

Segundo Huidobro e Cañeque (1993), o conhecimento das mudanças nos

pesos dos órgãos é essencial para entender os fatores que afetam a produção de

carne ovina. Sendo que o uso de energia pelos diferentes tecidos, considerando

produção dos órgãos versus atividade metabólica por unidade de peso, carecem de

estudos (KOUAKOU; GOETSCH e PATIL, 1997).

Existem poucos trabalhos de pesquisa no Brasil destinados ao conhecimento

dos teores ideais dos nutrientes exigidos por ovinos e seus possíveis efeitos sobre

as características de carcaça. Dentre os nutrientes a serem supridos, a energia tem

recebido atenção especial por ser de fundamental importância para o funcionamento

dos órgãos vitais, a atividade e renovação das células e processos de utilização dos

nutrientes, entre outros (ZUNDT; MACEDO e ALCADE, 2001).

Buscando melhorar a produção ovina, este trabalho teve por objetivo avaliar a

influência de dietas contendo diferentes teores de energia na alimentação de

cordeiros sobre os componentes não carcaça.

56

7.4 Material e Métodos

O experimento foi conduzido na Fazenda Escola e no Laboratório de

Alimentos e Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências

Agrárias da Universidade Estadual de Londrina. O delineamento experimental

utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos e 24 repetições. Os

tratamentos corresponderam a diferentes teores de energia metabolizável: 2,00;

2,28; 2,54; e 2,80 Mcal/kg MS, sendo o último teor correspondente à recomendação

estipulada pelo NRC (2007), para ovinos de 8 meses de idade, com ganhos diários

de 300 gramas.

Após um período de 15 dias de adaptação às condições experiementais, os

animais foram pesados para obtenção do peso inicial e distribuídos aleatoriamente

nos tratamentos. O confinamento foi realizado em aprisco com piso elevado e

ripado, sendo alojado dois animais por baia. Foram utilizados 24 cordeiros não-

castrados, seis por tratamento, mestiços Ile de France, com 240,0 ± 9,6 dias de

idade e 26,6 ± 3,8 kg de peso corporal. As rações eram isoprotéicas (Tabela 1) e

fornecidas duas vezes ao dia (às 8 e 17 h).

A quantidade de ração, bem como as sobras foram pesadas diariamente e

ajustadas de acordo com o consumo dos animais, de maneira a proporcionar sobras

diárias de aproximadamente 10% em relação à quantidade ofertada. Os teores de

matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) e fibra em detergente

neutro (FDN) foram determinados em amostras das rações fornecidas (Tabela 1) e

das sobras segundo metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). Os teores de

nutrientes digestíveis totais (NDT) foram estimados segundo Kearl (1982).

Após 57 dias de experimento, os animais foram submetidos a jejum de sólidos

por 18 h. O abate foi realizado em frigorífico comercial, adotando-se procedimento

der rotina.

As carcaças foram pesadas imediatamente após o abate para obtenção do

peso de carcaça quente e após refrigeração a 2oC por 24 horas em câmara fria, para

obtenção do peso de carcaça fria.

Imediatamente após o abate todos os órgãos e vísceras foram separados

medidos e pesados, obtiveram-se os pesos de: pulmões, traquéia, esôfago, coração,

fígado, pâncreas, rins, baço, do conjunto (rúmem-retículo-omaso-abomaso), pele,

patas e cabeça e medidas de intestino grosso e delgado.

57

Tabela 8 - Composição das rações experimentais (% MS)

Teor de energia metabolizável (Mcal /kgMS)

Ingredientes 2,00 2,28 2,54 2,80

Composição percentual

Silagem de sorgo 80,75 60,00 40,00 20,00 Milho grão 0,43 19,42 38,97 57,13 Farelo de soja 16,89 17,42 16,63 16,58 Óleo soja 0,00 1,28 2,34 3,66 Sal mineral 1,00 1,00 1,00 1,00 Calcário 0,05 0,27 0,47 0,67 Bicarbonato de sódio 0.00 0,00 0,00 0,50 Fosfato bicálcico 0,58 0,52 0,49 0,46 Úreia 0,30 0,10 0,10 0,01

Nutrientes Composição química

Matéria seca 40,14 52,73 64,86 77,07 Nutrientes digestíveis totais 57,68 64,52 70,84 77,08 Proteína bruta 15,75 15,77 15,76 15,80 Extrato etéreo 3,13 4,48 5,63 7,00 Fibra em detergente neutro 60,89 47,63 34,78 21,90

Os dados foram submetidos à análise de variância, com modelo matemático

incluindo o efeito fixo de tratamento (teor de energia) e a covariável peso inicial, e

com estudos de regressão polinomial, considerando os quatro teores de energia. Foi

efetuada também a correlação entre os dados obtidos considerando o nível de 10%

de significância (SAS, 1994).

7.5 Resultados e Discussão

Houve efeito linear crescente dos teores de energia sobre o peso ao abate

(Tabela2), no entanto, ao avaliar os pesos da cabeça, pele epatas dianteiras e

traseiras, apenas os pesos da pele e patas traseiras foram inluenciados pelos teores

de energia. Apesar do efeito linear positivo dos teores de energia sobre o peso

corporal ao abate, apenas os pesos de pele e patas traseiras foram influenciados.

Percentualmente, apenas a cabeça foi influenciada pelos teores de energia. Neste

caso houve diminuição proporcional da participação da cabeça no peso corporal à

medida que se aumentou o teor de energia na dieta, e conseqüentemente do peso

corporal. Esses resultados foram semelhantes aos observados por Clementino et al.

(2007), que utilizaram cordeiros ½ Dorper + ½ Santa Inês, alimentados com dietas

contendo 30, 45, 60 e 75% de concentrado,com teores energéticos de 2,30; 2,40;

2,60 e 2,70 Mcal kg/MS, respectivamente.

58

Tabela 2 – Médias para peso corporal e pesos e percentagens de cabeça, pele e patas de cordeiros em função do teor de energia metabolizável

Teor de energia metabolizável

(Mcal/kgMS)

Variável 2,00 2,28 2,54 2,80 Regressão R2 CV (%)

Peso ao abate, kg 32,55 37,33 42,22 43,65 ŷ = 3,31+14,86X 0,95 13,80

Cabeça (kg) 2,01 2,10 2,35 2,28 ỹ =2,19 - 10,00

Cabeça (%) 6,21 5,73 5,57 5,23 ŷ = 8,50-1,17X 0,45 6,94

Pele (kg) 2,60 3,27 4,06 3,91 ŷ = -1,12+1,92X 0,36 22,53

Pele (%) 7,98 8,71 9,58 9,01 ỹ =8,82 - 15,33

Pata dianteira (kg) 0,46 0,48 0,55 0,53 ỹ =0,51 - 12,51

Pata dianteira (%) 1,41 1,31 1,30 1,22 ỹ =1,31 - 9,39

Pata traseira (kg) 0,48 0,48 0,57 0,57 ŷ = 0,21+0,13X 0,28 11,68

Pata traseira (%) 1,51 1,30 1,34 1,31 ỹ =1,37 - 13,14

R2=coeficiente de determinação, CV= coeficiente de variação

Assim como o peso corporal aumentou com a elevação do teor de energia, o

pulmão, fígado, rins e o rúmen-reticulo-omaso e abomaso, também aumentaram em

peso (Tabela 3). Porém, percentualmente em relação ao peso corporal, não houve

diferença entre os tratamentos para a maioria dos órgãos (Tabela 4). As exceções

foram o pâncreas e o baço, que diminuíram com o aumento da energia. O coração

independente do teor energético, não apresentou diferença tanto peso como em %

(Tabelas 3 e 4), isso é explicado pelo fato desse órgão conseguir manter sua

integridade, por ter prioridade na utilização de nutrientes, independente do nível de

alimentação (Ferreira et al., 2000), corroborando com os resultados encontrados por

Fontenele et al. (2010), que utilizaram diferentes teores de energia (2,08; 2,28; 2,47

e 2,69 Mcal kg/MS) em ovinos Santa Inês. Já o pulmão sofreu efeito da dieta,

aumentando linearmente à medida que se elevou o teor de energia na ração. Estes

resultados corroboram os de Clementino et al. (2007) que utilizaram cordeiros ½

Dorper + ½ Santa Inês, alimentados com dietas contendo 30, 45, 60 e 75% de

concentrado, com teores energéticos de 2,30; 2,40; 2,60 e 2,70 Mcal kg/MS,

respectivamente.

Respondendo à ingestão de energia por participar de forma ativa, o rim

apresentou diferença significativa em seu peso, comportando-se de forma

semelhante ao observado por Ferrel e Jenkins (1998a, 1999b) e Fontenele et al.

(2010), e diferindo-se de Alves et al. (2003) em estudos com ovinos da raça Santa

Inês alimentados com diferentes teores de EM (2,42; 2,66 e 2,83 Mcal de EM/kg de

MS).

59

Tabelas 3 - Médias para peso(kg) e comprimento (m) dos órgãos internos de cordeiros em

função do teor de energia da dieta

Teor de energia metabolizável

(Mcal/kgMS)

Variável 2,00 2,28 2,54 2,80 Regressão R2

CV(%)

Pulmão 0,36 0,50 0,53 0,64 ŷ = -0,28+0,33X

0,46 21,90

Pâncreas 0,05 0,05 0,04 0,04 ỹ =0,05 - 25,93

Traqueia 0,02 0,04 0,02 0,01 ỹ =0,02 - 55,37

Fígado 0,58 0,74 0,89 1,04 ŷ = -0,56+0,57X

0,62 17,67

Coração 0,20 0,23 0,24 0,26 ỹ =0,23 - 19,21

Esôfago 0,04 0,04 0,03 0,04 ỹ =0,04 - 35,88

Baço 0,10 0,09 0,10 0,09 ỹ =0,10

- 2,51

Rim 0,08 0,09 0,10 0,13 ŷ = -0,01+0,05X

0,51 13,19

Rúmen-reticulo-

Omaso-abomaso 1,34 1,53 1,68 1,73 ŷ = 0,33+0,52X

0,34 14,41

Mesentérico 0,32 0,39 0,50 0,58 ỹ =0,45

- 60,41

Intestino delgado 0,62 0,68 0,79 0,95 ŷ = -0,19+0,39X 0,41 19,68

Intestino delgado

(m) 28,73 28,52 27,71 30,06 ỹ =28,76 - 8,72

Intestino grosso 0,63 0,72 1,09 1,01 ŷ = -0,58+0,60X 0,39 25,53

Intestino grosso (m) 6,17 7,11 6,67 7,28 ŷ = -294,50+377,94X-

157,10X2+21,65X

3

0,52 6,71

R2=coeficiente de determinação, CV= coeficiente de variação

De forma linear crescente os pesos do fígado e do rim aumentaram com a

elevação dos teores energéticos nas rações experimentais (Tabela 3). O fígado é

importante para os vários processos metabólicos com participação ativa no

metabolismo energético e protéico dos animais, a exemplo da captação de

aproximadamente 80% do propionato que passa pelo sistema portal para a

conversão em glicose (VAN SOEST, 1994) e da captação de amônia e conversão

em uréia, além do metabolismo de aminoácidos (LOBLEY; MILANO; VAN DER

WALT, 2000).

Foi observada diferença significativa para o peso do rúmen reticulo omaso e

abomaso, diferindo do trabalho de FONTENELE et al. (2010), que não houve

diferenciação com os diferentes teores. O crescimento do rúmen-retículo pode ser

influenciado por vários fatores, dentre eles a alimentação (VAN SOEST, 1994). À

medida que aumenta os teores dietéticos de energia, há redução nos teores de fibra

em detergente neutro e fibra em detergente ácido, tendo relação direta com o

60

tamanho do rúmen-retículo. Ainda, segundo Van Soest (1994), rações com altos

teores de energia promovem involução do omaso.

O aumento dos teores energéticos não afetou os valores do rúmen reticulo

omaso e abomaso quando expressos em porcentagem (Tabela 4), concordando com

Fontanele et al. (2010), que avaliaram ovinos da Santa Inês alimentados com

diferentes teores de energia (2,08 a 2,69 Mcal;kg MS)

Apenas para o peso os intestinos delgado e grosso apresentaram influência

dos teores energéticos (Tabela 3). Medeiros (2006), ao alimentar ovinos da raça

Morada Nova com quatro teores de concentrado (20,0; 40,0; 60,0 e 80,0%), com

teores energéticos de 2,10; 2,34; 2,56 e 2,81 Mcal kg/MS, respectivamente, verificou

efeito semelhante para o peso, em kg, dos intestinos.

Tabelas 4 - Médias para proporção dos órgãos internos, expressos em %, em função do teor de energia metabolizável

R2=coeficiente de determinação, CV= coeficiente de variação

Teor de energia metabolizável

(Mcal/kgMS)

Variável 2,00 2,28 2,54 2,80 Regressão R2 CV (%)

Pulmão 1,13 1,37 1,24 1,48 ỹ =1,30 - 17,59

Pâncreas 0,15 0,14 0,10 0,09 ŷ = 0,31-0,08X 0,47 20,63

Traqueia 0,07 0,10 0,06 0,05 ỹ =0,07 - 45,57

Fígado 1,85 1,99 2,09 2,40 ỹ =2,08 - 19,37

Coração 0,63 0,61 0,58 0,60 ỹ =0,61 - 23,26

Esôfago 0,13 0,11 0,08 0,10 ỹ =0,11 - 33,18

Baço 0,30 0,26 0,23 0,22 ŷ = 0,50-0,10X 0,41 15,34

Rim 0,26 0,24 0,23 0,29 ỹ =0,26 - 13,79

Rúmen-reticulo-

Omaso-abomaso 4,15 4,08 3,99 4,00 ỹ =4,06 - 10,55

Mesentérico 1,04 1,01 1,20 1,30 ỹ =1,14 - 58,02

Intestino delgado 1,98 1,84 1,86 2,18 ỹ =1,97 - 25,09

Intestino grosso 1,97 1,99 2,62 2,32 ỹ =2,23 - 29,98

61

7.6 Conclusões

Teores diferentes de energia nas rações de ovinos em crescimento exercem

influência sobre os componentes não carcaça, onde dietas mais energéticas

proporcionam maiores pesos.

O peso do coração não sofre influencia do teor energético na ração, por se

tratar de um órgão de função vital.

Teores mais elevados são os mais recomendados quando se quer obter

componentes não carcaça mais pesados.

62

7.7 Referências ALVES, K.S.; CARVALHO, F.F.R.; FERREIRA, M.A.; VÉRAS, A.S.C. Níveis de Energia em Dietas para Ovinos Santa Inês: Características de Carcaça e Constituintes Corporais. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, p.1927-1936, 2003 (Supl. 2). CLEMENTINO, R. H; SOUSA, W. H; MEDEIROS, A. N; CUNHA, M.G.G.; GONZAGA NETO, S.; CARVALHO, F.F.R; CAVALCANTE, M.A.B. Influência dos níveis de concentrado sobre os cortes comerciais, os constituintes não-carcaça e os componentes da perna de cordeiros confinados. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.3, p.681-688, 2007. DELFA, R.; GONZALES, C; TEIXEIRA, A. El quinto quarto. Revista Ovis, v.17, p.49-66, 1991. FERREIRA, M.A.; VALADARES FILHO, S.C.; MUNIZ, E.B.; VERAS, A.S.C. Características das carcaças, biometria do trato gastrintestinal, tamanho dos órgãos internos e conteúdo gastrintestinal de bovinos F1 Simental x Nelore alimentados com dietas contendo vários níveis de concentrado. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.4, p.1174-1182, 2000. FERREL, C. L.; JENKINS, T. G. Body composition and energy utilization by steers of diverse genotypes fed a high concentrate diet during the finishing period: II. Angus, Boran, Brahman, Hereford, and Tuli Sires. Journal of Animal Science, Madison, v. 76, n. 2, p. 647-657, 1998b.

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63

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64

8. CONSIDERAÇOES FINAIS

Dietas com maior aporte energético propiciam maiores ganhos de peso e

melhores conversões alimentares.

Carcaças de animais abatidos com idades similares apresentaram

características morfológicas diferentes em função do teor energético da alimentação.

O teor energético da dieta pode influir na distribuição dos cortes na carcaça e

afeta a composição tecidual média da mesma.

O lombo é o corte mais recomendado para predizer a composição tecidual

média da carcaça.

Teores energéticos mais elevados na alimentação de ovinos devem ser

utilizados com cautela, pois implicam em maior acúmulo de gordura nas carcaças,

não sendo interessante para o produtor.

O produtor deve adequar-se aquilo que o consumidor final desejar, para

escolher o melhor teor de suplementação energética, podendo ter animais em menor

intervalo de tempo, com menor ou maior quantidade de gordura e músculo,

dependendo do que estiver sendo exigido pelo mercado.

Pesquisas econômicas devem ser realizadas para que a ovinocultura

brasileira se torne cada vez mais uma atividade economicamente viável.

São necessários mais trabalhos para melhor quantificação das proporções de

nutrientes para assim obterem resultados mais fidedignos a realidade do Brasil.