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XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" PERFIL DA OVINOCULTURA DE LÃ E CARNE DO RIO GRANDE DO SUL E SEUS DESAFIOS PARA O FUTURO ROBERTA CALVETE; LUIS HUMBERTO VILLWOCK. UNISINOS, SÃO LEOPOLDO, RS, BRASIL. [email protected] APRESENTAÇÃO ORAL SISTEMAS AGROALIMENTARES E CADEIAS AGROINDUSTRIAIS Perfil da Ovinocultura de Lã e Carne do Rio Grande do Sul e seus desafios para o futuro Grupo de Pesquisa: Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais Resumo Este estudo investiga o perfil da cadeia produtiva de ovinos de carne e de lã do Rio grande do Sul, assim como seus desafios para o futuro, a partir da percepção dos principais agentes envolvidos. Desta forma, procura-se avaliar as perspectivas de mercado, avaliando as estratégias comerciais adotadas pelos produtores rurais e o seu relacionamento com os demais agentes da cadeia produtiva. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório descritivo, no qual foram feitas entrevistas seguindo um roteiro semi-estruturado, junto a produtores e beneficiadores, definidos através de uma amostra não-probalística por tipicidade. Para facilitar a análise dos dados, utilizou-se o programa QSR Nvivo 2.0, específico para a análise qualitativa de dados. Os resultados alcançados revelam que há uma desorganização da cadeia produtiva como um todo, destacando-se a falta de profissionalização dos agentes, o que se traduz na carência de estratégias comerciais, administrativas e tecnológicas aptas a explorar o potencial do mercado nacional e internacional atual, sobretudo, com relação à exploração do segmento dedicado à produção de carne. Outros entraves identificados foram: o roubo de animais e a falta de segurança no campo; o avanço das lavouras temporárias, que competem em área; o avanço tecnológico do uso de fibras sintéticas e artificiais, em substituição à lã; o recrudescimento das barreiras sanitárias e falta de infra-estrutura local; e, finalmente, a falta de políticas de crédito condizentes com a remuneração do setor. Em suma, necessita-se urgente da retomada na modernização da gestão da cadeia produtiva, iniciando pelo controle mais eficaz da produção agropecuária e culminando por ações mais integradas Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro"

PERFIL DA OVINOCULTURA DE LÃ E CARNE DO RIO GRANDE DOSUL E SEUS DESAFIOS PARA O FUTURO

ROBERTA CALVETE; LUIS HUMBERTO VILLWOCK.

UNISINOS, SÃO LEOPOLDO, RS, BRASIL.

[email protected]

APRESENTAÇÃO ORAL

SISTEMAS AGROALIMENTARES E CADEIAS AGROINDUSTRIAIS

Perfil da Ovinocultura de Lã e Carne do Rio Grande do Sul e seus desafiospara o futuro

Grupo de Pesquisa: Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais

ResumoEste estudo investiga o perfil da cadeia produtiva de ovinos de carne e de lã do Rio grande doSul, assim como seus desafios para o futuro, a partir da percepção dos principais agentesenvolvidos. Desta forma, procura-se avaliar as perspectivas de mercado, avaliando asestratégias comerciais adotadas pelos produtores rurais e o seu relacionamento com os demaisagentes da cadeia produtiva. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratóriodescritivo, no qual foram feitas entrevistas seguindo um roteiro semi-estruturado, junto aprodutores e beneficiadores, definidos através de uma amostra não-probalística por tipicidade.Para facilitar a análise dos dados, utilizou-se o programa QSR Nvivo 2.0, específico para aanálise qualitativa de dados. Os resultados alcançados revelam que há uma desorganização dacadeia produtiva como um todo, destacando-se a falta de profissionalização dos agentes, oque se traduz na carência de estratégias comerciais, administrativas e tecnológicas aptas aexplorar o potencial do mercado nacional e internacional atual, sobretudo, com relação àexploração do segmento dedicado à produção de carne. Outros entraves identificados foram: oroubo de animais e a falta de segurança no campo; o avanço das lavouras temporárias, quecompetem em área; o avanço tecnológico do uso de fibras sintéticas e artificiais, emsubstituição à lã; o recrudescimento das barreiras sanitárias e falta de infra-estrutura local; e,finalmente, a falta de políticas de crédito condizentes com a remuneração do setor. Em suma,necessita-se urgente da retomada na modernização da gestão da cadeia produtiva, iniciandopelo controle mais eficaz da produção agropecuária e culminando por ações mais integradas

Londrina, 22 a 25 de julho de 2007,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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junto aos demais agentes da cadeia produtiva, a exemplo de outras cadeias congêneres, comoaves e suínos.

Palavras-chaves: Ovinocultura, Comercialização, Estratégias, Análise da cadeia.

AbstractThis study investigates the profile of the productive chain of ovine meat and wool in RioGrande do Sul, as well as, its challenges for the future, from the perception of the maininvolved agents. Thus, we sought to analyze market perspectives, evaluating commercialstrategies adopted by rural producers and their relationship with other agents of the productivechain. It is a qualitative research, with a descriptive and exploratory character, in whichinterviews following a semi-structured route were made with producers and people whobeneficiate ovine; they were selected through a non-probable sample. To make the analysis ofdata easier, it was used the program QSR Nvivo 2.0, which is specific for qualitative analysisof data. The results revealed that there is a disorganization in the productive chain as a whole,being highlighted the lack of professionalization of agents, what shows the necessity ofcommercial, administrative and technological strategies, which should be able to explore thepotential of the current national and international markets, above all, the exploration of thesegment dedicated to the production of meat. Other identified hindrances were: the robbery ofanimals and the lack of security in the field; the advancement of temporary farming which outcompete in area; the technological advancements of synthetic and artificial fibers, insubstitution to the wool; the intensification of sanitary barriers and the lack of local infra-structure; and, finally, the lack of credit policies suitable to the remuneration of the sector. Tosum up, it is urgently need the retaking in modernization of the productive chain management,starting by a more efficient control in cattle breeding and agriculture production andculminating in more integrated actions with other agents in the productive chain, followingthe example of other congeners’ chains, as poultry and swine.

Key Words: ovine production, marketing, strategies, chain analysis

1. INTRODUÇÃO

A ovinocultura é uma das atividades mais antigas praticadas no Rio Grande do Sul,sobretudo na região do Pampa (região de campos e coxilhas). Fortemente dedicada àprodução de lã, proveniente da criação de raças laníferas, o estado, pouco a pouco, observou odeclínio desta importante atividade econômica, na medida em que materiais sintéticospassaram a compor boa parte das necessidades da indústria têxtil internacional, oferecendomatéria-prima mais barata e de fácil adaptação às exigências do mercado.

De acordo com Batalha (1997) e Zylbersztajn e Neves (2000), o conceito deagribusiness provém de duas abordagens teóricas, Commodity System Approach (CSA),proveniente da escola americana e de analyse du filières, de origem da escola industrialfrancesa. Para este estudo, adota-se o conceito de agronegócio como sendo uma sucessão deatividades produtivas, interligadas entre si, desde a produção de insumos, setor agropecuário,beneficiamento e distribuição de alimentos e biomassa, visando atender as necessidadesreveladas pelos consumidores finais.

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Este trabalho tem como finalidade demonstrar como se apresenta a ovinoculturaremanescente no Rio Grande do Sul, orientada pelas novas demandas do mercado,destacando-se, mais recentemente, uma forte vocação para a produção de carne.

A produção de carne ovina no país e em particular, na região sul é bastante favorável,devido às condições climáticas e de solo, entre outros fatores. Entretanto, a atividade necessitade uma organização que possibilite aumentar sua competitividade, uma vez que a produçãoatual não supre a demanda, tendo havido importações de outros países; inclusive da longínquaNova Zelândia. Desta forma, a lã ainda mantém boa parte do setor, tornando esse mercadoirregular e com pouca disponibilidade ao longo do ano. A carne ovina possui problemas desazonalidade e baixa qualidade, devido à genética de seus rebanhos produtores (ROCHA etal., 2004).

O país tem pouca competitividade no mercado internacional, além de apresentardificuldades para suprir a atual demanda interna sem recorrer a contínuas importações. Estasituação é evidenciada pela baixa qualidade da carne produzida, pelos altos custos e pelabaixa escala de produção, pela assistência técnica e gerencial deficientes, elevados custos detransporte, regulamentação excessiva e obsoleta, assim como pelas altas taxas de juros(NOGUEIRA FILHO et al., 2004).

Tem que se quebrar paradigmas e mitos referentes à criação de ovinos, os produtoresainda acham que a criação de ovinos não lhes confere status, sendo relegada a uma atividadede menor importância. Apesar do consumo de carne nos grandes centros urbanos ainda sermuito baixo, a carne ovina possui crescente aceitação. O consumidor atual é muito exigentequando se fala em qualidade e preço, fazendo que a cadeia produtiva necessite de sintonia demercado e, sobretudo competitividade (PILAR et. al,2004).

O objetivo dessa pesquisa foi verificar como é o perfil do produtor ovino no estado esua interface junto à indústria de beneficiamento da lã, como para a industrialização da carne.Desta forma, procura-se caracterizar o mercado e a comercialização do setor de ovinoculturado Rio Grande do Sul; avaliar quais as estratégias comerciais estão sendo adotadas; edescrever a forma de relacionamento entre produtores e os demais agentes desta cadeiaprodutiva.

2. A CADEIA DE PRODUÇÃO DE OVINOS

A carne ovina no mundo assume uma função social relevante, pois é fonte de proteínade origem animal para diversas regiões do globo. A raça de ovinos de corte inserida emregiões produtora de grãos, de frutas e de erva-mate tende a diminuir os custos da produção,pois os ovinos reciclam os nutrientes através dos seus dejetos e transformam os resíduos dalavoura em carne (ROCHA et. al., 2004).

De uma forma geral, a criação de ovinos se desenvolve de forma extensiva, combaixos níveis de tecnologia, produtividade e rentabilidade. Para competir no mercado mundialà atividade produtiva necessita de padrão racial, difusão tecnológica, assistência técnica egerencial, estudos de mercados, capacitação dos produtores e sua articulação com os demaisatores da cadeia produtiva. O alto custo do material genético, abates clandestinos, carência delaboratórios especializados e a baixa qualidade das peles fazem com que os produtores

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releguem a criação de ovinos a um segundo plano, pois os resultados são de difícil obtenção.(PILAR et. al, 2004)

A produção de carne ovina apresenta como maiores produtores mundiais: China, noentanto seu volume de consumo interno absorve toda a oferta abatida; seguida da Austrália eNova Zelândia, que representam juntas 74% das exportações mundiais. Logo após encontram-se a Turquia, Irã e Reino Unido. Vale observar que a França e o Reino Unido importam umquarto do total da produção de ovinos no mundo. Observando-se a atividade de produção delã, verifica-se que a mesma está distribuída em cinco grandes grupos: o primeiro formado pelaChina (20% de toda a produção ovina); o segundo, formado pela Austrália e Nova Zelândia(8%); o terceiro composto por Irã (4,5%), Reino Unido (3,9%), Turquia (3,7%) e Espanha(3%); em quarto lugar, África do Sul, França, Estados Unidos, Mongólia e Grécia (acima de1%); e o último grupo é formado pelo Brasil, Itália e Irlanda (com menos de 1%) (ROCHA et.al., 2004).

Outro aspecto importante a destacar refere-se ao fato de que todos os produtosderivados de lã, de excelente qualidade no mundo, devem possuir um selo de garantia dequalidade da Woolmark Company. Esta marca está registrada em mais de 140 países, sendoque a mesma encontra-se licenciada em 65 países produtores. O símbolo chama-se Woolmarksendo um selo de garantia de qualidade atribuído a todos os produtos que são feitosexclusivamente com lã nova e estão em conformidade com as rígidas normas de qualidadeestabelecidas pela empresa. Os tecidos e confecções só poderão ostentar o selo de qualidadeapós passar por testes realizados pelo Secretariado Internacional da Lã. Tendo passado pelosmais rigorosos testes e adquirido o selo, os clientes podem ter a segurança de que estãolevando um produto da mais alta qualidade (WOOLMARK COMPANY, 2005).

A exportação de lã pode ser realizada de duas formas: estado bruto ou produtosmanufaturados (tops, fios e tecidos); abastecendo indústrias da Inglaterra, Alemanha e Itáliaprincipalmente, gerando uma média de US$ 80 milhões por ano e uma produção de 35milhões de quilos. No entanto esta demanda não vem crescendo, pois com a expansão dasfibras sintéticas ocorreu uma retração do consumo mundial de lã, pois se formaram amplosexcedentes da fibra o que fez com que houvesse queda dos preços e drástica redução doefetivo ovino mundial (COIMBRA FILHO, 2005).

No caso específico brasileiro, no entanto, percebe-se que vem ocorrendo umaevolução na produção, abate e peso das carcaças (o país é considerado o 15º produtormundial). Os responsáveis por esse crescimento destacam-se entre outros, a melhoria depastagens, a alimentação e os investimentos na genética dos rebanhos. Todavia ainda háalguns limitantes para a ampliação produtiva deste setor, destacando-se à dificuldade emaquisição de crédito e o custo financeiro dos financiamentos.

No que tange a distribuição geográfica de ovinos no Brasil constata-se que, no ano de2002, o nordeste é região maior produtora, com uma média de 48,14% da produção nacional;seguida, pela região sul com 41,98%. As regiões sudeste, norte e centro oeste possuemrespectivamente 3,10%, 2,31% e 4,44% (EMBRAPA, 2002).

A ovinocultura de corte do Brasil ainda é pouco desenvolvida devido a sua exploraçãoextensiva no qual são utilizadas raças não especializadas; a dependência da vegetação nativa;práticas ainda rudimentares de manejo; pouca assistência técnica, gestão e organização da

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unidade produtiva. O mercado tradicionalmente tem sido abastecido com animais de pesovivo entre 28 e 30 kg aos 150 e 180 dias de idade (VERISSIMO, 2005).

O consumo do povo brasileiro ainda encontra restrições devido a sazonalidade doproduto (concentrando a safra de cordeiros ao final do ano) e a baixa qualidade do produto,pois são abatidos rebanhos produtores de lã ou lã/carne. O Brasil é um dos importadores decordeiro (carne) do Uruguai, podendo comprometer o emergente mercado de carne ovinabrasileiro. O consumo per capita de carne de ovinos no Brasil gira em torno de 0,7kg, naArgentina em torno de 1,7kg e no Uruguai 12kg. Vale lembrar que no Rio Grande do Sulconsome-se aproximadamente 2,5kg, porém, em Uruguaiana, Livramento e Alegrete passa de31kg, enquanto que na Patagônia (Argentina) outra zona produtora, o consumo fica em tornode 11kg (ROCHA et. al., 2004).

Outro ponto importante seria a variação dos sistemas de produção viável para cadatipo de região, clima e solo brasileiro. Os rebanhos ovinos do Brasil representam apenas 1,7%do efetivo mundial. Levando-se em conta a extensão territorial brasileira, bem como ascondições edafoclimáticas adequadas ao desenvolvimento da ovinocaprinocultura, osrebanhos são numericamente inexpressivos, especialmente quando relacionados com a criaçãode bovinos, cujo efetivo nacional é da ordem de 160 milhões de cabeças (NOGUEIRAFILHO et. al., 2004).

Apesar disso, para que o desenvolvimento ocorra com maior brevidade, açõesconjuntas envolvendo o poder público, a iniciativa privada e os demais parceiros devem serimplementadas buscando a integração de todos os segmentos da cadeia produtiva. Para que seconsiga imperar neste mercado globalizado, necessita-se desenvolver projetos cooperativos(NOGUEIRA FILHO et. al., 2004). Logo, as disputas entre produtores e abatedouros nãopodem chegar a ponto de gerar desabastecimento dos pontos de venda ou descuido naqualidade, sob pena de o consumidor desistir de adquirir este produto e procurar um produtoalternativo (carne de frango, por exemplo).

Na última década, a indústria de carne de ovinos deixou de se caracterizar comomercado de subsistência e passou, em âmbito nacional, a ser considerado mercado de carnesexóticas, tendo como clientes em potenciais: grandes redes de supermercados, restaurantes ehotéis, lojas de conveniências, etc. A questão promocional assume grande importância, omarketing inicialmente deve se concentrar conforme as classes sociais (CARVALHO, 2004).

A maciez, suculência e o sabor determinam a qualidade da carne. Estascaracterísticas estão relacionadas com o diâmetro médio das fibras musculares.Diâmetros elevados indicam maior proporção de massa muscular branda e relaçãoao tecido conjuntivo (ROCHA et. al., 2004, pg.10).

Particularmente no Rio Grande do Sul, de acordo com Coimbra Filho (2005), devido acrescente demanda por produtos ovinos, o número de empresários dispostos a investir naovinocultura vem aumentando novamente. Esta atividade apresenta uma larga história noestado. No início do século 20 a ovinocultura era inexpressiva, desprotegida, incipiente edesorganizada, sendo sua carne utilizada para consumo das próprias estâncias e os pelegoscomo arreios, cama e cobertor. Com a 1ª Guerra Mundial, houve aumento do preço da carne elã devido os conflitos que os países estavam passando. A partir de 1915, houve melhoria daqualidade dos ovinos e sua exploração tornou-se mais lucrativa e apreciável. Neste mesmoano, surgiram as “Barracas” que nada mais eram do que locais depósitos e transação de lã. A

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disseminação no Rio Grande do Sul da ovinocultura foi realizada pelos barraqueiros.(BOFILL, 1996)

Após as três ultimas décadas: anos 70, 80 e 90; em que a ovinocultura teverespectivamente sua glória/ascensão, torna-se necessário pensar a respeito de mudar o foco nointuito de recuperar sua importância no cenário econômico regional. Para ser economicamentesustentável a ovinocultura necessita gerar excedente de produção. Aspectos antes poucovalorizados, como; segurança, higiene, qualidade e confiabilidade, especialmente no setor dealimentos, são cada vez mais importantes na decisão de compra. Sendo assim, deve-seidentificar melhor o perfil do potencial consumidor.O conceito de competitividade em cadeiasprodutivas agropecuárias deve considerar o conceito estabelecido por Porter (1990), no qualcompete-se por diferenciação, baixo custo e/ou foco. Para produtos com maior valoragregado, a competitividade é estabelecida a partir da crença em relação a sua diferenciação.Para cadeias baseadas em commodities, a competitividade é estabelecida principalmente porbaixos custos, permitindo lucro mesmo com preços baixos (CASTRO, 2000).

Para se estudar as cadeias produtivas, necessita-se de compreensão do todo, seguindoum enfoque sistêmico, os quais participam todos os segmentos da cadeia formando elos desseprocesso. A seguir apresenta-se o fluxograma da cadeia produtiva de ovinos, que seráutilizado para ilustrar os resultados alcançados durante a pesquisa. (ver figura 1)

Figura 1: Cadeia Produtiva de Ovinocultura de Lã e CarneFonte: Nogueira Filho et. al. (2004), adaptado.

3. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório descritivo, Malhotra(2001) e (GIL, 1999), uma vez que se propõe a compreender o posicionamento da população

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investigada a partir da visão dos principais agentes do setor de ovinocultura do Rio Grande doSul (pecuaristas, técnicos da área, representantes de indústrias processadoras de carne e de lãe representantes do governo). O estudo foi dividido em duas etapas, em primeiro lugar,procurou-se, através de pesquisa bibliográfica (Lakatos e Marconi,1990), coletar dadosreferentes à estrutura produtiva, situação geográfica e econômica, principais mudanças quevêm ocorrendo, tanto no aspecto de inovações tecnológicas, como na situação social, e deperspectivas futuras, junto ao setor de ovinocultura.

Em um segundo momento, procurou-se entrevistar os agentes representativos do setor,segundo definição de uma amostra não probabilística, por tipicidade, de acordo como quedescreve ROESCH, (1999) e (LAKATOS; MARCONI, 1990). A amostra escolhida para apesquisa caracterizou-se por produtores e beneficiadores da cadeia produtiva da ovinoculturade lã e carne do Rio Grande do Sul, conforme quadro 1 a seguir.

CADEIA PRODUTIVA ENTREVISTADAPRODUTORES Lã José Luis Pons

Carne Davi Fontoura MartinsFEDERAÇÕES Lã FECOLÃ ( Federação das Cooperativas de Lã)

Presidente – Álvaro Lima da SilvaGerente geral – Cláudio Haussen de Souza

Carne FEBROCARNE (Federação Brasileira de Criadores de Ovinos de Carne)Diretor Técnico – Eduardo Amato Bernhard

ASSOCIAÇÕES Lã Associação Brasileira de Criadores da Raça IdealPresidente – Mário Soares Piegas

Carne Associação Brasileira de Ovinos Hamshire DownDiretor Técnico – Wilson Belloc Barbosa

ARCO Associação Brasileira de Criadores de OvinosTécnico zootecnista – Claiton de Almeida SeveroVice-Presidente da ARCO e 1º vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores deCorriedale – Carlos Alberto Teixeira

INDÚSTRIADE LÃ

Paramount Têxteis Diretor da Divisão de Tops – Cláudio BortoliniAteliê Têxtil em Dom PedritoCoordenador – Pedro Gonçalves Filho

Quadro 1: Cadeia produtiva selecionada para entrevistaFonte: Elaborado pelos autores

Nesta etapa, a técnica utilizada para a coleta de dados consistiu em entrevistas semi-estruturadas, realizadas por abordagem direta (MALHOTRA, 2001). A coleta de dados foirealizada durante a Expointer (Feira Internacional de Agropecuária de Esteio/RS), no períodode 28/08/2005 à 04/09/2005. Foram feitas entrevistas com 11 representantes da cadeiaprodutiva, representantes da ovinocultura de carne e lã. As entrevistas foram feitas dentro dosestandes de cada associação, federação e indústria e todos elas gravadas para posteriormenterealizar suas transcrições.

A análise do estudo foi realizada através da análise de conteúdo (ROESCH, 1999).Segundo Tavares dos Santos (2004), para facilitar a análise dos dados utilizou-se do software

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QSR NUDIST Vivo 2.0, no qual consiste em um sistema de indexação e teorização sobreinformações qualitativas de última geração. Para Dwyer (2001), o Nvivo permite acatalogação automatizada de palavras em linguagem natural, imagens, conceitos ecodificações desenvolvidas pelo pesquisador. Desta forma, a análise foi feita da seguinteforma: 1º passo – fez-se a transcrição de todas as entrevistas em formato “rtf”; 2º passo – paramelhor identificar o que era pergunta e resposta separou-se em duas cores, vermelha para asrespostas e azul para perguntas; 3º passo – foi criado um projeto no Nvivo e inserida cadaentrevista na pasta documentos; 4º passo – dividiu-se a análise por objetivos; 5º passo – fez-seum a busca geral em todos os documentos de texto com uma determinada seqüência decaracteres (palavras e frases) que corresponderam a cada questionamento do referencialteórico. E outra, em cada categoria previamente codificada por entrevistado (lã e carne); 6ºpasso –todas as busca foram distribuídas por objetivo que correspondiam; e 7º passo – apartir daí, uniu-se cada “nós” da árvore com a fundamentação teórica para realizar aanálise dos resultados. A seguir, as figuras 2, 3 e 4 apresentam os modelos de cada análise.

Mercado e a Comercialização 1Identif icação dos Entrevistado 1.1

Visão do Cenário 1.2Carne 1.2.1

Lã 1.2.2

Ovinos 1.2.5

Mercado Estadual 1.2.3

Mercado Nacional e Internacional 1.2.4

Comentários Extras 1.3

Comercialização 1.4

Rio Grande do Sul 1.5

Figura 2: Análise do Objetivo: Mercado e ComercializaçãoFonte: Elaborado pelos autores

Estartégias Comerciais 2Análise Sw ot 2.1Ameaças 2.1.1

Pontos Fortes 2.1.2

Pontos Fracos 2.1.3

Oportunidades 2.1.4

Estartégias 2.2

Competição 2.2.1 Mudanças 2.2.2

Posicionamento 2.3

Preço 2.3.1

Valor 2.3.2

Nichos e segmentação 2.3.3

Vantágens Competitivas Sustentáve 2.4

Comercialização 2.5

comercialização 2.5.1

Satisfação do cliente e Valor 2.6

Imagem 2.7

Comentários Extras 2.8

Consumidor Final 2.9

Marketing 2.10

Figura 3: Análise do Objetivo: Estratégias ComerciaisFonte: Elaborado pelos autores

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Exploração Ovina e Cadeia produtiva 3

Cadeia Produtiva 3.1

Cadeia Produtiva 3.1.1

Consumidor Final 3.1.2

Exploração Ovina 3.1.3

Relacionamento 3.1.4

Nichos e Segmentação 3.1.5

Comentários Extras 3.2

Exploração Ovina 3.3

Lã 3.3.1

Carne 3.3.2

Figura 4: Análise do Objetivo: Cadeia produtiva e Exploração OvinaFonte: Elaborado pelos autores

Técnicas de coleta de dados qualitativas não permitem que sejam feitas generalizaçõespara a população-alvo a partir dos resultados encontrados na amostra (MALHOTRA, 2001),todos os dados encontrados nas entrevistas representam a visão da ovinocultura da cadeiaprodutiva entrevistada. Esta perspectiva não pode ser generalizada para os demais agentes eelos.

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Os resultados obtidos, a partir das entrevistas e do tratamento dos dados, sãoapresentados em três grandes blocos de questões, a começar pela percepção de mercado,seguido das estratégias adotadas e finalmente pela forma de governança atual da cadeiaprodutiva.

4.1 Percepção de mercado

4.1.1 Mercado Internacional

Nas entrevistas obtidas confirmou-se que o mercado e comercialização de ovinos decarne e lã têm como maiores produtores e ofertantes, a Austrália, Nova Zelândia e África doSul. Porém, países como a Rússia e a China, também são grandes produtores, mas seumercado interno tem uma demanda muito grande, fazendo que estes importem.

Cláudio Haussen de Souza, gerente geral da FECOLÃ, afirma:

“É a situação atual do mercado internacional pelo menos no que tange no aspecto lãnós temos uma demanda superior do que a oferta, nós temos uma oferta reduzida emfunção da diminuição dos rebanhos no mundo inteiro, pelo desestímulo que houveem termos de preço os produtores acabaram [...]. No cenário nacional eu te diria quetem basicamente duas situações, a ovinocultura do Nordeste do Brasil voltadaexclusivamente à produção de carne e peles para a indústria de couro através deraças de ovinos deslanados. Diferente da segunda situação, a ovinocultura do Sul doBrasil e pelo Sul se compreende São Paulo para baixo [...]. A situação regionalexclusiva do Rio Grande de Sul é a seguinte nós temos tido nos últimos tempos umaredução gradual do rebanho por desestimulo dos produtores em função dos baixos

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preços que tem sido praticado nos últimos anos. Então aconteceu parecido com ofenômeno que houve também na Austrália que acabaram migrando para outrasatividades como a produção de arroz”, carne bovina, alguns até para a produção deuvas/vinhedos, [...]. Estão se tentando através de várias políticas, vários programasde incentivo tentar fomentar um pouco mais esse aumento, essa volta ao rebanhoovino; que as pessoas voltem a criar mais ovelha. Mas se tem a consciência que seperdeu muito nesse meio tempo, tanto em material humano quanto em materialgenético dos animais. As instalações também foram um pouco prejudicadas, aspessoas não fizeram manutenções nas suas instalações, fazendo com que entãoficassem desatualizadas e muitas delas até nem existem mais, [...].”

A demanda de carne ovina, principalmente por países da Europa e árabes, é muitogrande, sendo que alguns países da América do Sul como, Argentina e Uruguai (grandesexportadores de carne) não conseguem abastecer os mesmos.

Coimbra Filho (2005) revela que a lã pode ser exportada de duas formas: estado brutoou manufaturado, somente a Paramount exporta manufaturado, mas mesmo assim, mais emforma de tops do que em tecidos. Ou seja, tecidos muito finos ela importa a lã fina produzindoo tecido para depois revender. Segundo Ucha (2005), houve um aumento do preço da carneovina colocando-a na lista de carnes exóticas. Porém, a falta de oferta de ovinos foiocasionada pela diminuição dos rebanhos e à crise internacional da lã.

Para José Luis Pons, produtor de lã entrevistado:

“Historicamente sempre teremos ciclos tanto na ovinocultura como na grandemaioria dos produtos agropecuários, ou seja, quando os preços melhoram, aprodução é automaticamente incrementada o que resulta numa maior oferta econcomitantemente baixam os preços. Essa oscilação de preço e produção chama-sede preços cíclicos”.

4.1.2 Mercado Nacional

Carvalho (2004) relata que o produto nacional só poderá atingir o mercadointernacional se atender exigências de qualidade, quantidade de oferta, padronização doproduto. As associações relataram que as produções ovinas, principalmente de carne, estãoem franca expansão em São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Bahia, Pernambuco, Sergipe, EspíritoSanto e, nem tanto, no estado do Rio Grande do Sul. O estado se encontra no quinto ou sextolugar da federação em número de ovinos e precisa, pelo menos, triplicar a produção nospróximos 10 anos para atender somente o mercado interno e mais de 10 anos para exportar. OBrasil importa 90% do que consome de carne de cordeiro. No mercado interno, consegue-se opreço do quilo/carcaça de cordeiro em torno de U$ 1,00 e U$ 1,20. Isto ainda é pouco, aoverificar que em países como Japão e o mercado americano, atendidos pela Austrália e NovaZelândia, o preço do cordeiro chega até U$ 2,20 e U$ 2,50 do quilo vivo.

Já a respeito da produção de lã o Brasil produz 1% da produção mundial, sendo o RioGrande do Sul produtor de 90% da lã, pois. Outros estados, como Bahia, São Paulo e MinasGerais produzem ovinos deslanados. O consumo interno de lã no país gira aproximadamente20%. Os restantes 80% da lã vai para a Europa no qual sempre vem o preço regulado pelomercado internacional.

Para Carvalho (2004), as áreas populacionais habitadas por maior poder aquisitivovêm apresentando uma crescente demanda por carne ovina, com cortes padronizados ecomercializados de forma congelada e resfriada. Através da análise pode-se perceber que: os

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consumidores das grandes capitais já sabem o animal que querem e também recorrem a suasmarcas prediletas; há mais aceitação nos restaurantes, bons hotéis e festas das grandes capitaispelo seu uma carne de sabor diferenciado; de natureza exótica, tem larga aceitação emmomentos diferenciados, assim sendo, ela tornou-se mais cara. Porém, ainda encontra-se umacerta resistência pelo desconhecimento quanto ao preparo, haja vista, que tradicionalmenteeste tipo de carne se utiliza na forma de churrasco.

De acordo com Pilar et. al. (2004), a ovinocultura só será economicamente sustentávelse gerar excedente de produção, processamento e distribuição. Pode-se constatar que a cadeiaprodutiva esta desorganizada, falta fomento aos agropecuaristas que produzem cordeiros paraabate, assim eles aumentam a produção, a qualificam com cruzamentos e reduzem o tempo doanimal nas fazendas.Em contrapartida, há excelente genética, bom padrão dos animais, boaqualidade e animais produtivos.

Rocha et. al. (2004) diz que o consumo brasileiro encontra restrições devido asazonalidade do produto e a baixa qualidade, pois são rebanhos de lã ou carne/lã. AAssociação de Criadores de Ideal está fazendo uma pesquisa juntamente com a Universidadede Santa Maria, para provar a qualidade da carne de seus animais (raças de duplo propósito).

4.1.3 Mercado Estadual

De acordo com Coimbra Filho (2005), a expansão das fibras sintéticas acarretou numaretração do consumo mundial de lã. Foi relatado, que há uma retomada na venda de lãsatravés da forma de artesanato; sendo que, para o mercado nacional e estadual são feitos osmesmos tipos de produtos, diferenciando apenas o público e no mercado internacional. Noano de 2006, na Expointer, foi montado um espaço próprio para o artesanato de lã, paraincentivar mais a produção de produtos oriundos da lã. Existe o problema do aparecimentodas fibras sintéticas e artificiais e a resistência que o Brasil tem a respeito da lã, pois devidoao clima do norte, nordeste e centro este as pessoas associam a lã ao clima frio. Todavia hojesão feitos lãs chamadas frias, ou seja, são produzidas em lanificações objetivando umadiminuição das finuras das fibras, que se fazem com que tecidos leves, tipo tropical possuammicronagem muito finas. São usados nos ternos de muito boa qualidade e produzidos pelaParmount, que importa da Austrália, pois o Brasil ainda não produz esse tipo de lã.

Todos os entrevistados, abordaram sobre a falta qualificação da mão-de-obra paratrabalhar com os ovinos, uma vez que, tem-se pouco cuidado no manejo com os animais e noprocesso de esquila e na mistura (se junta partes medulosas com as partes tiradas dos lugaresnobres). Conforme Bofill (1996), há falta de comprometimento do produtor ovino, com aesquila e a mistura de lãs.

4.2 Percepção das estratégias comerciais

Após análise de todas as entrevistas, constatou-se que quem mais utiliza estratégiasdentro da cadeia produtiva de ovinocultura são as indústrias como política geral acompanharas tendências mundiais, de fazer produtos de alta qualidade, permanecendo nos mercadosatravés da mesma e a formação e manutenção de parcerias. Para o restante da cadeia fala-seapenas em qualificação da produção e qualidade do produto e buscar o que o consumidorefetivamente quer.

Para Montgomery (1998), conceitua estratégia como sendo a busca de um plano deação para que a vantagem competitiva de uma empresa se desenvolva e se ajuste. Hamel e

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Prahalad (1995) abordaram sobre o problema da transformação organizacional na qual asmudanças de topografia de alguns setores mudaram mais rápido do que a capacidade da altagerência de reformular suas crenças e premissas básicas sobre que mercados atingir. Após acrise da lã e o surgimento da ovinocultura de carne, a cadeia produtiva brasileira percebeu quesuas técnicas já estavam ultrapassadas. Já no cenário internacional, os grandes produtoresconseguem tornar a atividade mais profissionalizante, elaborar estratégias; e talvez, por isso,sejam melhores produtores e exportadores.

Estados como a Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Sergipe e Espírito Santo estãomais bem organizados e evoluídos em genética, exposições, feiras, do que o próprio RioGrande do Sul, pois o enfoque destes estados é em apenas uma criação (raças deslanadas). ORio Grande do Sul deveria priorizar a produção de lã pelo fato de ser historicamente produtorde raças com a aptidão para tal.

Segundo Montgomery (1998), a competição é chave motivadora da estratégia,alavanca pessoas, grupos, organizações ou empresas para vencer. Constatou-se que outrasatividades de criação pecuária e plantas de lavouras, qualidade do produto oferecido poroutros estados e países, cuidado na produção e armazenagem, manter e qualificar o materialgenético são as formas de competição enfrentadas pelo setor.

4.2.1 Posicionamento

Para Porter (1990), quando uma empresa posiciona-se bem é capaz de obter altas taxasde retornos, mesmo que a rentabilidade média da organização seja modesta e sua estruturadesfavorável. Para Kotler e Armstrong (1999) e Pipkin (2002), o posicionamento de umproduto refere-se a um conjunto de percepções, impressões e sentimentos que derivam altodesempenho financeiro e sustentável ao longo do tempo. O posicionamento da cadeia deovinos tem como foco, a qualidade para o consumidor final, ficando as federações comogestores e promotores comerciais, a indústria estabelece parcerias e as associações promovemas raças dominantes.

4.2.2 Vantagem Competitiva

Segundo Porter (1990), a vantagem competitividade é fundamentalmente para odesempenho acima da média no longo prazo. Para se compreender a mesma deve-se observarà origem das inúmeras atividades distintas que uma empresa executa. Montgomery (1998)define que para manter a vantagem sustentável é preciso dividí-la nas seguintes categorias:porte do mercado-alvo com economia de escala, efeitos de experiência, economias de escopo,acesso superior a recursos ou clientes, vantagem imposta em longo prazo, know-how, entreoutros.

Foi notado, ao longo da análise, que o setor ovino possui como vantagem competitivasustentável, a polivalência dos seus sub-produtos, a própria rentabilidade dos mesmos, aliquidez, a facilidade de criação e a associação a outros produtos agropecuários. Além disso,observa-se que o seu preço oscila menos que outros produtos agropecuários. Por outro lado,apresenta as seguintes desvantagens, quando comparadas a outras fibras e carnes que venhama substituí-las, ou seja, o problema da sazonalidade, a carência do manejo do rebanho, acompetição forte do mercado uruguaio e o problema da escala de produção.

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4.2.3 Satisfação do Cliente e Valor

Keegan e Green (2000) ponderam que criar valor e atingir vantagem competitiva sãometas que devem ser cumpridas e estar na mente da organização em todas as atividades daempresa. Kotler e Armstrong (1999), afirmam que a satisfação do cliente advém do produtocorresponder às expectativas de desempenho esperado pelo consumidor e está diretamenteligada a qualidade total. Assim, a qualidade tem início com as necessidades do comprador etermina com o seu grau de satisfação.

A cadeia produtiva de lã, para satisfazer o cliente e criar valor, faz controle dequalidade, convencionados internacionalmente pela Woolmark. Neste caso, a qualidade éfruto do manejo, da esquila e do armazenamento dos sacos de ráfia plástica. O mesmo valepara os produtos especializados em carne, através do manejo, abate e alimentação. Para asassociações e federações, o cliente final é quem manda, então, eles procuram ficar atentos àdemanda de mercado, repassar as informações corretas para os produtores, investir empesquisa e desenvolvimento (P&D), entre outros.

4.2.4 Imagem

Para Kotler e Armstrong (1999), é importante que a empresa estabeleça uma imagemdiferente perante seus concorrentes. Como também, segundo Gracioso (1995), a imageminstitucional não é imposta e sim conquistada.

A cadeia produtiva está tentando mudar alguns estigmas criados nos produtos oriundosde carne e lã ovina, dentre eles, o que a lã só pode ser usada no inverno e o problema de que,estimulando o consumo da carne ovina, não se conseguirá suprir a demanda com qualidade e,conseqüentemente, a imagem do setor acabaria sendo abalada. No entanto, há programas parapromover a qualidade da carne e lã, relacionando a carne à culinária e divulgando asutilidades e vantagens da lã.

4.2.5 Análise SWOT

Os pontos fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidades encontradas na cadeiaprodutiva foram conforme a Matriz SWOT do Quatro 2 a seguir.

FORÇAS OPORTUNIDADES

�Muita rentabilidade�Excelente liquidez�Boa qualidade do produto�Boa diversificação da espécie�Excelente genética�Topografia variada do RS�Rápido retorno do capital investido�Boa adaptação a climas de solos�Longa tradição�Possibilidade de integração com outras culturas

animais e vegetais

�Crescente consumo de carne ovina e lã�Boa diversificação da propriedade rural�Excelente demanda doméstica de carne�Bastantes tecnologias a disposição�Procura por fibras naturais�Retomada dos preços da lã no mercado internacional�Grande escassez de produtos de lã e carne no mercado�Tendência ao consumo de carnes exóticas�Aparecimento da lã na moda�Câmbio saudável�Aumento das preferências por moda casual e de

qualidade�Programas de P&D com as universidades do estado.

FRAQUEZAS AMEAÇAS

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�Instalações insuficientes�Capacidade de produção baixa�Pouca disponibilidade do produto�Pouca Qualificação da mão-de-obra�Pouca participação no mercado de lã�Pouca participação no mercado de carne�Pouca inter-relação da cadeia produtiva�Trabalhar no mercado informal�Pouca Escala de produção�Produção sazonal�Acondicionamento da lã deficiente�Falta de informação entre os elos da cadeia produtiva

de ovinocultura

�Abjeato�Abate Clandestino�Muitos problemas sanitários�Perda da importância econômica do setor�Grande avanço da agricultura�Pouco estímulo Econômico�Poucas políticas de crédito�Poucas políticas de incentivo a fertilização�Pouco uso das tecnologias a disposição�Baixa da renda�Muitas barreiras sanitárias�Muitas barreiras burocráticas�Dificuldade de exportar e importar�Pouca assistência técnica

Quadro 2: A Matriz SWOTFonte: Elaborado pelos autores, de acordo com a pesquisa de campo.

Apesar da ovinocultura do Rio Grande do Sul possuir pouca escala de produção, aprodução sazonal é compensada por uma excelente liquidez, boa qualidade do produto,relativa rentabilidade e pela excelente genética. As instalações insuficientes, bem como abaixa capacidade de produção e a pouca disponibilidade do produto poderão ser sanadas pelapossibilidade de integração com outras culturas animais e vegetais.

A procura por fibras sintéticas, a retomada dos preços da lã no mercado internacional,a tendência ao consumo de carnes exóticas, o câmbio saudável e o aparecimento da lã namoda deverão ser tomados como fortes estímulos para reverter as poucas políticas de crédito.A falta de estímulo econômico, a baixa renda, as dificuldades burocráticas e sanitárias de seexportar são outros desafios citados pelos entrevistados.

O abjeato (roubo de animais no campo) e o abate clandestino podem ser compensadospor mecanismos que agreguem valores à produção, quais sejam; a integração com vegetais ououtras espécies animais; as melhorias de pastagens e as técnicas reprodutivas e sem dispensaras políticas de segurança promovida pelo estado na área rural.

4.2.6 Marketing, como esforço de vendas

Segundo Kotler e Armstrong (1999), marketing é um método gerencial em que osindivíduos e grupos criam e trocam valores uns com os outros para obter aquilo que desejam enecessitam. Kotabe e Helsen (2000), afirmam que o marketing, num ambiente competitivo,envolve a orientação de toda a empresa para satisfação dos consumidores, antecipando ecriando necessidades futuras com determinado lucro e sendo mais amplo do que a simplesoperação de venda. Através das entrevistas, ficou evidente que não há investimentossignificativos em marketing neste setor. De fato, não é dada muita importância nessa áreaainda, uma vez que a cadeia produtiva confunde marketing com propaganda, praticamentenão havendo profissionais especializados em marketing para a ovinocultura de carne e lã doestado e no Brasil.

4.3 Forma de governança atual da cadeia produtiva.

Para Fleury e Fleury e Moreira ([s.d]), o desenvolvimento de cadeias produtivas, naorganização ocidental, é um acontecimento mais contemporâneo e tem sido abordado a partirde inúmeros pontos de vistas conceituais; entre eles, destaca-se a vertente em função dasanálises de caráter microeconômico (relacionamento entre os participantes da cadeia de

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produção com relações de confiança mútua). Batalha (1997) defende o contexto sistêmico decadeia produtiva em que as análises das atividades agrícolas saem de uma visão isolada.

Através das entrevistas, pode-se perceber que a cadeia produtiva de ovinos de lãencontra-se bastante desorganizada, não havendo a menor idéia da dimensão do rebanhoovino; da capacidade de produção. Além disso, os níveis de produtividade estão muito baixos,sendo que o principal problema está na inter-relação entre os agentes da cadeia produtiva.

4.3.1 Consumidor Final

Segundo Castro (2000), a forte influência do mercado consumidor deve-se ao fato, deque as cadeias produtivas necessitam suprir o consumidor final de produtos, em qualidade equantidade ajustadas. Foi percebida uma organização entre os elos da cadeia produtiva. Oprodutor, cada vez mais, tem que se adequar ao mercado, produzindo com alta qualidade egrandes quantidades porque os consumidores intermediários e finais estão cada vez maisexigentes e em maior número. Outro fator preocupante na exploração ovina reside naprodução uniforme, uma vez que o ciclo do ovino é sazonal.

4.3.2 Relacionamento

De acordo com Castro (2000), a forte influência no desempenho do agribusiness édevida a um conglomerado de instituições de apoio, composto de crédito, pesquisa,assistência técnica e com aparato legal e normativo. Para Breda; Santos ([s.d]), todos osagentes da cadeia produtivas deveriam entender de si próprios e de suas relações com osdemais, sabendo assim, as suas carências e suas atuações, procurando resolvê-las emconjunto, para maximizar dividendos econômicos, sociais e ambientais.

Cada elo da cadeia produtiva está cada vez mais unido, com a finalidade de trocaridéias, juntar forças com vistas a conseguir políticas de crédito, garantias de qualidade deprodutos. Para tanto, os produtores tem buscado um maior relacionamento com os demaisagentes da cadeia produtiva, estabelecendo parcerias, investindo em projeto de melhoriagenética e outros. A Expointer está, a cada ano, sendo um excelente meio de propagar asidéias e reivindicar por melhoras no setor. Nota-se, também, que o setor vem ganhando maiorespaço de exposição nos estandes. Porém, para os entrevistados, o trabalho em conjunto einterdisciplinar entre os elos da cadeia ainda está em fase inicial e lenta. Cada associação,cooperativa e/ou federação, buscam interagir mais com seus associados e trazer novos,principalmente, pequenos produtore,s para tornar a atividade de ovinocultura maisprofissionalizada.

4.4 Resumo da análise de resultados

Para melhor ilustrar todas as informações coletadas no estudo, o quadro 3 a seguirprocura resumir toda a análise de resultados advinda da pesquisa.

ASSUNTO LÃ CARNEMercado Internacional �Grandes Produtores: Austrália, Nova

Zelândia, China;�Brasil produtor marginal, trabalha

com 1% do mercado;�China importa, agrega valor e

exporta;�Demanda superior;�Produção de tecidos super 120 e 150

�Grandes produtores: China, Austrália,Nova Zelândia, África do Sul,Argentina e Uruguai;

�Brasil, Itália e Irlanda participam commenos de 1% do mercado;

�Europa e Japão grandes importadoresde carne;

�Argentina e Uruguai não conseguem

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(micragens), principalmente naAustrália;

�Classificação internacional.

abastecer os mercados.

Mercado Nacional �90% da lã do Brasil é produzida noRio Grande do Sul;

�O mercado brasileiro consome 20%e o restante vai para a Europa;

�Preço regulado pelo mercadointernacional.

�Brasil exporta mais a lã no estadobruto;

�Estados como Bahia, São Paulo eMinas Gerais produzem ovinosdeslanados.

�Brasil importa 90% da carne;�Preço interno na base de U$1,00 e U$

1,20;�Mercados atendidos pela Austrália,

Oceania e Nova Zelândia o preço docordeiro chega até U$ 2,20 e U$ 2,50;

Mercado Estadual �Ovinos criados com bovinos;�Produz 90% da lã brasileira em torno

de 10 milhões de quilos;�Ressurgimento do artesanato�Excelente topografia;�Problemas acusados pelo

desaparecimento das cooperativas;�Retomada da produção de lã no

estado.

�Excelente topografia;�Produtores de carne ainda não

conseguem atender a demanda;�Demanda de carne grande no Brasil e

no mundo;�Alta tecnologia para produção, mas

dificuldade de empregá-las;�Consumidores dos grandes centros

urbanos já sabem qual o tipo de carneque atende suas necessidades.

Estratégias �Estratégia mais utilizada é aqualidade;

�Indústria se utiliza mais deestratégias;

�Calcada ainda na etapa daagricultura;

�Tradição e tecnologias disponíveis;�Uma média de 10 anos para

melhorar seu desempenho nomercado nacional;

�Estudos para melhorar a finura da lãe produzir lãs frias;

�Competição das fibras sintéticas ealgodão.

�Estratégia mais utilizada é a qualidade;�Indústria se utiliza mais de estratégias;�Calcada ainda na etapa da agricultura;�Tradição e tecnologias disponíveis;�Uma média de 10 anos para melhorar

seu desempenho no mercado nacional eexportar;

�Pouca competição, devido à altademanda de carne.

Posicionamento �Indústria estabelece parcerias comfornecedores e clientes;

�As federações realizam gestões comos órgãos competentes e promover oconsumo;

�As associações promovem a raça;�Posicionamento da cadeia com foco

de qualidade para o consumidorfinal.

�As federações realizam gestões com osórgãos competentes e promover oconsumo;

�As associações promovem a raça;�Posicionamento da cadeia com foco de

qualidade para o consumidor final.

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VantagensCompetitivas

�Polivalência;�Rentabilidade;�Liquidez�Problemas com a sazonalidade;�Agregação de valor;�Possibilidades de criar com outros

plantéis;�Falta de qualificação da mão-de-

obra.

�Polivalência;�Rentabilidade;�Problemas com a sazonalidade;�Agregação de valor;�Liquidez;�Possibilidades de criar com outros

plantéis;�Falta de qualificação da mão-de-obra.

Satisfação do Cliente eCriar Valor

�Controle de qualidade: manejo,esquila e armazenamento;

�Industria: estratégia objetiva parasatisfazer o cliente, este vem em 1ºlugar;

�Federações e associações ficamatentas às demandas de mercado pararepassar ao produtor.

�Controle de qualidade: manejo, abate ealimentação;

�Federações e associações ficam atentasàs demandas de mercado para repassarao produtor.

Consumidor Final �Para a cadeia produtiva oconsumidor final é quem manda.

�Para a cadeia produtiva o consumidorfinal é quem manda.

Marketing �Poucos investimentos nessa área;�Pouca importância ainda é dada;�Carência.

�Poucos investimentos nessa área;�Pouca importância ainda é dada;�Carência.

Imagem �Paradigma de que a lã só pode serusada no inverno;

�Programas para promover asutilidades da lã e suas vantagens.

�Medo da cadeia em promover oconsumo de carne e não conseguiratender a demanda;

�Programas para promover a qualidadeda carne, suas propriedade (sabor),relacionar com a boa culinária.

Cadeia Produtiva �Desorganizada;�Problemas de inter-relação;�Pouca mão-de-obra qualificada;�Expointer tem ajudado a estabelecer

contatos entre a cadeia, trocas deidéias;

�Indústria está mais próxima dosdemais agentes da cadeia.

�Desorganizada;�Problemas de inter-relação;�Pouca mão-de-obra qualificada;�Expointer tem ajudado a estabelecer

contatos entre a cadeia, trocas deidéias;

�Os frigoríficos são mais problemáticosde se trabalhar.

Quadro 3: Resumo da Análise de ResultadosFonte: Elaborado pelos autores, de acordo com a pesquisa de campo.

5. COMENTÁRIOS FINAIS

A ovinocultura é uma atividade de forte tradição gaúcha, principalmente àqueladedicada à produção de lã. Mesmo assim, ela vem se destacando na última década no contextodo agribusiness brasileiro. Apesar disso, a cadeia apresenta uma situação difícil, no que tangea organização da cadeia produtiva, mão-de-obra qualificada, capacidade de suas instalações,envolvimento do produtor com atividade ovina, manejo preventivo, entre outros. Porém, oestado e a nação dispõem de tecnologia, de genética para atender esta crescente demanda decarne e lã ovina, mundialmente.

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A produção e a comercialização mundial de lã e carne ovina estão concentradas nosseguintes países: a Austrália, a Nova Zelândia, a China, a África do Sul, o Uruguai e aArgentina. O Brasil representa apenas 1% da fatia mundial do mercado ovino de lã e carne. Opaís importa 90% do seu consumo de carne e tem 80% da sua produção de lã fornecida peloestado do Rio Grande do Sul. O mercado brasileiro consome aproximadamente 20% da lãproduzida no país e exporta os 80% restantes, principalmente para a Europa. E é o mercadointernacional que regulamenta as regras, o preço e a classificação do mercado ovino de lã ecarne.

O aparecimento das fibras sintéticas e artificiais e a resistência do povo brasileiro arespeito da utilização da lã em todas as estações do ano, são considerados grandes empecilhospara o desenvolvimento dessa atividade. Com relação à carne ovina, de boa aceitação nosgrandes centros urbanos, tem seu consumo reprimido pela sazonalidade da produção; pelabaixa produção; pelo alto custo de venda do produto e pela restrição e desconhecimento nopreparo de pratos da culinária ovina.

A respeito das estratégias comerciais utilizadas na ovinocultura, foi constatado que aindústria de lã é o elo produtivo que mais adota estratégias, sejam elas: a qualidade naprodução e nos processos, o acompanhamento das tendências mundiais e a formação emanutenção de parcerias com os demais integrantes desta cadeia. Em dicotomia, os outrosparticipantes da cadeia produtiva de carne e lã do Rio Grande do Sul, ou seja, produtores efederações e associações encontram-se calcados na primeira etapa das organizações humanas,a chamada agricultura (princípios e conceitos – improvisação, ausência de método,desperdício e despreparo).

Historicamente, a tradição em ovinocultura sempre foi gaúcha. Mas com o advento denovas técnicas, sejam elas, no campo da genética, na área de reprodução e nas melhorias noambiente produtivo, fizeram com que outros estados da federação, dentre eles: Bahia,Pernambuco, Sergipe e Minas Gerais ultrapassassem o Rio Grande do Sul no que compreendea ovinocultura de carne. Para o Estado alcançar novamente a hegemonia nessa atividadepecuária deveria eleger um produto derivado do ovino; a fim de facilitar o melhorentendimento e aplicabilidade de suas estratégias comerciais, técnicas e administrativa.

Outro entrave percebido, não só na ovinocultura; mas também, em outras atividadesagropecuárias reside na falta de valor agregado ao produto. Como exemplo, tem-se aexportação de lã apenas nas formas penteada e bruta.

Foi observado que o desestímulo da produção de ovinos ocorreu por diversos fatores,dentre eles: o abjeato (roubo de animais no campo); o grande avanço da agricultura, queocupou terras utilizadas para esse fim; as barreiras sanitárias e burocráticas, dificultando asimportações e as exportações; a baixa renda do produtor e as políticas de crédito, ocasionandouma baixa qualidade e quantidade na população ovina e; a falta de mão-de-obra técnica ecientífica especializada.

A ovinocultura do estado precisa deixar de ficar restrita as áreas de produção eintegrar-se com os demais segmentos da cadeia produtiva. O ambiente organizacionalapresenta alguns desafios importantes, tais como: o de fomentar mais as pesquisas, depromover trocas de experiências e de facilitar o fluxo de informações em toda a cadeiaprodutiva. Em suma, a ovinocultura do Rio Grande do Sul necessita urgentemente de umaretomada no sistema de gestão da produção e da governança de toda o segmento produtivo

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para que a mesma volte a desempenhar o que historicamente já fora, ou seja, gerar emprego,renda e fixar melhor o homem no campo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATALHA, M.O. (Org). Gestão Agroindustrial. São Paulo: Atlas, 1997.

BOFILL, Francisco Jorge. Reestruturação da Ovinocultura Gaúcha. Guaíba:Agropecuária, 1996. 137p.

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