tentaculitoidea no devoniano brasileiro”

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FFCLRP - DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA COMPARADA Revisão sistemática, tafonomia, distribuição geográfica e estratigráfica da classe Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”. Jeanninny Carla Comniskey Tese apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Ciências, Área: Biologia Comparada RIBEIRÃO PRETO SP 2016

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Page 1: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FFCLRP - DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA COMPARADA

“Revisão sistemática, tafonomia, distribuição geográfica e estratigráfica da classe

Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”.

Jeanninny Carla Comniskey

Tese apresentada à Faculdade de Filosofia,

Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, como

parte das exigências para a obtenção do título de

Doutor em Ciências, Área: Biologia Comparada

RIBEIRÃO PRETO – SP

2016

Page 2: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FFCLRP - DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA COMPARADA

“Revisão sistemática, tafonomia, distribuição geográfica e estratigráfica da classe

Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”.

Jeanninny Carla Comniskey

Orientador: Max Cardoso Langer

Co-orientador: Renato Pirani Ghilardi

VERSÃO CORRIGIDA

Tese apresentada à Faculdade de Filosofia,

Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, como

parte das exigências para a obtenção do título de

Doutor em Ciências, Área: Biologia Comparada

RIBEIRÃO PRETO - SP

2016

Page 3: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada à fonte.

Comniskey, Jeanninny Carla Revisão sistemática, tafonomia, distribuição geográfica e estratigráfica da classe Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro, 2016.

152 p.

Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Biologia Comparada. Orientador: Langer, Max Cardoso 1. Classe Tentaculitoidea. 2. Bacia do Paraná. 3. Bacia do Amazonas. 4. Bacia do Parnaíba. 5.Tentaculites. 6. Homoctenus. 7. Styliolina 8. Uniconus.

Page 4: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

Dedico esta tese a minha família

pelo suporte, compreensão,

paciência e amor a mim

conferidos

Page 5: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Max Cardoso Langer pela oportunidade auxílio

em realizar o doutorado sob sua tutela pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de

Ribeirão Preto (FFCLRP).

Ao meu Co-orientador Prof. Dr. Renato Pirani Ghilardi minha gratidão por ter

acreditado em mim, pelas orientações, dedicação, paciência e críticas que foram

necessárias para o meu crescimento como pesquisadora, bem como o crescimento

pessoal.

Á Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

pelos meses de bolsa concedidos no início do doutorado.

Agradeço ao suporte financeiro concedido pela Fundação de Amparo à Pesquisa

do Estado de São Paulo (FAPESP), por ter financiado este projeto (2013/04884-0).

Agradeço aos pesquisadores e curadores responsáveis pelas instituições de

pesquisa visitadas, listadas a baixo, por permitirem o acesso à coleção científica, bem

como a atenção e as informações concedidas:

- Laboratório de Paleontologia da Universidade de São Paulo - Ribeirão

Preto (USP), aos cuidados do Prof. Dr. Max Cardoso Langer.

- Núcleo de estudos Paleontológicos e Estratigráficos da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aos cuidados de Prof. Dr. Ismar de Souza

Carvalho, as curadoras Flavia Alessandra Figueiredo e Monica de Medina

Coeli.

- Ao Departamento de Paleoinvertebrados, Setor de Geologia e

Paleontologia, Museu Nacional/UFRJ, aos cuidados do Prof. Dr. Antonio

Carlos Sequeira Fernandes e Dr. Sandro Marcelo Scheffler.

- Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR),

aos cuidados da Profa Dr. Cristina Vega.

- Laboratório de Paleontologia e Sistemática do Instituto de Geociências da

Universidade de São Paulo (IGc - USP), aos cuidados da Profa. Dr. Juliana

de Moraes Leme e a curadora Ivone Cardoso Gonzales.

- Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), aos cuidados de

Rodrigo da Rocha Machado.

- Ao Laboratório de Estratigrafia e Paleontologia da Universidade Estadual

de Ponta Grossa (UEPG), aos cuidados do Prof. Dr. Elvio Pinto Bosetti.

Page 6: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

-Ao Laboratório de Estudos de Comunidades Paleozóicas da Universidade

Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), aos cuidados da Profa. Dra.

Deusana Maria Machado.

- Laboratório de Paleontologia de Macroinvertebrados (LAPALMA) da

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP-Bauru),

aos cuidados do Prof. Dr. Renato Pirani Ghilardi.

Ao Prof. Dr. Elvio Pinto Bosetti pela iniciação aos estudos na paleontologia,

ainda em meados de 2005, sua orientação, amizade, paciência e sua dedicação foram

essenciais na minha formação como pesquisadora e crescimento pessoal.

Agradeço a Profa. Mirian Liza Forancelli Pacheco, da Universidade Federal de

São Carlos (UFSCar) pelas análises de Espectroscopia de Energia Dispersiva (MEV-

EDS) e Energia Dispersiva de Fluorescência de Raios-X (EDXRF) e pelas informações

concedidas.

Agradeço ao Prof. Luiz Eduardo Anelli por ter me recebido no Instituto de

Geociências da Universidade de São Paulo (IGc - USP) e ensinado a utilização de novas

técnicas fotográficas.

Agradeço aos pesquisadores Dr. Eberhard Schindler (Museu de Historia Natural

de Senckenberg - Alemanha), Jacalyn Wittmer (Universidade de Illinois - Estados

Unidos), Christian Klug (Universidade de Zurique - Suíça), Björn Kröger (Universidade

de Helsinki - Finlândia), Jeffrey Thompson (Universidade de Ohio – Estados Unidos),

Michał Zatoń (Universidade da Silésia - Polônia), John Malinky (Califórnia – Estados

Unidos) e Olev Vinn (University of Tartu - Estonia), pelas informações e trabalhos

fornecidos.

Ao Dr. Rodrigo Scalise Horodyski (Universidade do Vale do Rio dos Sinos -

UNISINOS), pelas orientações, informações e paciência sobre estratigrafia de

sequências.

Agradeço a Dr. Hilda Leonor Cuevas de Azevedo-Soares pelo material e

informações concedidas.

Aos colegas do Grupo Palaios – Paleontologia Estratigráfica (UEPG/CNPq), em

especial ao Msc. Lucinei J. Myszynski Jr. Pelo auxílio nas atividades de campo e pelos

conselhos fornecidos. As biólogas Carla Maria Heirich e Beatriz de Almeida nos

auxílios durante as atividades de campo e laboratoriais.

Agradeço aos colegas do Laboratório de Paleontologia de Macroinvertebrados

(Lapalma), por terem me recebido de braços abertos e por sempre estarem dispostos a

Page 7: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

me ajudar. Agradecimento em especial ao colega Msc. Fabio Augusto Carbonaro pela

amizade, conselhos e informações fornecidas.

Aos meus amigos por estarem sempre presentes em momentos difíceis, onde o

apoio de vocês foi essencial, bem como estarem junto de mim durante as minhas

batalhas vencidas.

Ao meu companheiro por acreditar em mim, ter paciência, me incentivar e estar

presente em momentos difíceis.

Ao meu grande irmão por sempre acreditar que eu seria capaz, por seus

conselhos, seu carinho e dedicação a mim conferidos. Aos meus pais um agradecimento

especial por terem me fornecido todo o apoio necessário, compreensão, carinho e me

incentivando todos os dias.

Page 8: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

“The function of education is to teach

one to think intensively and to think critically.

intelligence plus character - that is the goal of true education.”

Martin Luther King, Jr

Page 9: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

RESUMO

COMNISKEY, J. C. Revisão sistemática, tafonomia, distribuição geográfica e

estratigráfica da classe Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro. 2016. 152p. Tese

(Doutorado) – Faculdade de Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São

Paulo, Ribeirão Preto, 2016.

Os tentaculitoideos são invertebrados marinhos extintos comumente encontrados nos

estratos devonianos brasileiros. São reconhecidos pelo formato da concha coniforme

carbonática com pequenas dimensões. Na América do Sul, o registro dos primeiros

tentaculitoideos ocorreu durante o início do Siluriano, com o gênero Tentaculites.

Representantes das ordens Dacryoconarida e Homoctenida foram encontrados a partir

do Devoniano Inferior. No Brasil o grupo possui registro nas bacias do Paraná

(Formações Ponta Grossa e São Domingos), Amazonas (Formações Maecuru e Ererê) e

Parnaíba (Formação Cabeças). As análises sistemáticas demonstraram a presença dos

gêneros Tentaculites e Styliolina (foram constatados nas Bacias do Amazonas, Paraná e

Parnaíba) e Uniconus e Homoctenus (registro apenas para a Bacia do Paraná). Foram

reconhecidos 8 representantes da ordem Tentaculitida, 2 da ordem Homoctenida e 2

dacryoconarídeos. As espécies Tentaculites crotalinus, Tentaculites jaculus,

Tentaculites kozlowskius, Tentaculites paranaensis, Uniconus ciguelius, Homoctenus

katzerius e Styliolina cf. Styliolina fissurella foram encontradas na Bacia do Paraná. Já

as espécies Tentaculites eldredgianus, Tentaculites trombetensis e Styliolina clavulus

encontradas nas Bacias do Amazonas e do Parnaíba. Enquanto que a espécie

Tentaculites stubeli somente registrada para a Bacia do Amazonas e Tentaculites oseryi

apenas para a Bacia do Parnaíba. Nas bacias do Amazonas e do Parnaíba só existe

registro das ordens Tentaculitida e Dacryoconarida. Verificaram-se dois padrões de

preservação: espécimes isolados e agrupados, desses padrões foram estabelecidas 6

classes tafonômicas, as quais foram distribuídas de acordo com a paleobatimetria, foram

registradas em ambientes de shoreface, offshore transicional e offshore. Foi observado

que os tentaculitoideos do Devoniano da Bacia do Paraná possuem uma preferência por

ambientes mais calmos, localizados entre o Nível de Base de Tempo Bom (NBOTB) e o

Nível de Base de Tempestade (NBOT). As classes analisadas encontram-se distribuídas

entre as sequências B e E do Devoniano da Bacia do Paraná. Não foram encontradas

feições bioestratinômicas como incrustação e predação. As análises com Espectroscopia

de Energia Dispersiva (MEV-EDS) e Energia Dispersiva de Fluorescência de Raios-X

Page 10: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

(EDXRF) evidenciaram a presença de crômio e pirita nas amostras, características de

ambientes anóxicos, corroborando com a hipótese que a extinção da classe esteja

relacionada a uma grande extinção global.

Palavras chave: Classe Tentaculitoidea. Bacia do Paraná. Bacia do Amazonas. Bacia do

Parnaíba. Devoniano. Tentaculites. Homoctenus. Styliolina. Uniconus.

Page 11: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

ABSTRACT

COMNISKEY, J. C. Systematic review, taphonomy, geographic and stratigraphic

distribution of Tentaculitoidea class in Brazilian Devonian. 2016. 152p. Tese

(Doutorado) – Faculdade de Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São

Paulo, Ribeirão Preto, 2016.

The Tentaculitoidea are extinct invertebrates, exclusively marine, commonly found in

Brazilian Devonian strata. They are recognized by the conic shell shape, this being,

carbonate with small dimensions. In South America, the record of the first

tentaculitoideos occurred during the early Silurian, with Tentaculites genus.

Representatives of Dacryoconarida and Homoctenida orders were found from the Lower

Devonian. In Brazil, the group is registered in the Paraná basins (Ponta Grossa and São

Domingo Formations), Amazonas (Maecuru and Ererê Formations) and Parnaíba

(Cabeças Formation). Systematic analysis showed the presence of Tentaculites and

Styliolina genus (were found in the Amazon, Paraná and Parnaíba Basin) Uniconus and

Homoctenus (registration only for the Paraná Basin). Were registered 8 representatives

of Tentaculitida order, 2 Homoctenida order and 2 dacryoconarídeos. The species

Tentaculites crotalinus, Tentaculites jaculus, Tentaculites kozlowskius, Tentaculites

paranaensis, Uniconus ciguelius, Homoctenus katzerius e Styliolina cf. Styliolina

fissurella were found in the Paraná Basin. Already species Tentaculites eldredgianus,

Tentaculites trombetensis and Styliolina clavulus found in the Amazonas and Parnaíba

Basin. While Tentaculites stubeli only recorded for the Amazonas Basin and

Tentaculites oseryi only for the Parnaíba Basin. In the Amazonas and Parnaíba basins

exists only record of Tentaculitida and Dacryoconarida orders. Two preservation

patterns were observed: isolated and grouped specimens. Were established 6

Taphonomic classes, which were distributed according to paleobathymetry were

recorded in shoreface environments, offshore transitional and offshore. It was observed

that the Tentaculitoidea of the Paraná Basin have a preference for quieter environments,

located between the Fair Weather Wave-Base (FWWB) and Storm Wave-Base (SWB).

The analyzed classes are distributed among the sequences B and E in the Devonian of

the Paraná Basin. There were no biostratinomy features as incrustation and predation.

The analysis with energy dispersive spectroscopy (SEM-EDS) and Energy Dispersive

Fluorescence X-rays (EDXRF) revealed the presence of chromium and pyrite in the

Page 12: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

samples, characteristic of anoxic environments, supporting the hypothesis that the

extinction of the class is related a major global extinction.

Keywords: Class Tentaculitoidea. Paraná Basin. Amazonas Basin. Parnaíba Basin.

Devonian. Tentaculites. Homoctenus. Styliolina. Uniconus.

Page 13: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Classificação dos tentaculitoideos adotada nesse trabalho (Modificado de

LARDEUX, 1969).......................................................................................................................21

Figura 2. Figura mostra as diferentes partes morfológicas nas três ordens de tentaculitoideos

Tentaculitida (A), Homoctenida (B) e Dacryoconarida (C e D). (Modificado de WITTMER;

MILLER, 2011)............................................................................................................................23

Figura 3. Regiões da concha de um tentaculitoideo (Modificado de LARSSON, 1979)...........24

Figura 4. Distribuição mundial das formas larvais fósseis encontradas. (Modificado de

FARSAN, 2005)...........................................................................................................................30

Figura 5. Reconstrução da concha com as partes do desenvolvimento da concha de

tentaculitoideos (Modificado de FARSAN, 2005).......................................................................31

Figura 6. Na imagem acima, estão demonstrados os hábitos de vida dos tentaculitoideos já

citados na literatura. Porém, hoje em dia sabe-se que os Tentaculitida são bentônicos e

Homoctenida e Dacryoconarida são planctônicos (Modificado de WITTMER; MILLER,

2011).............................................................................................................................................35

Figura 7. Registro da distribuição geográfica com as ocorrências da classe Tentaculitoidea.

(modificado de <http://www.guiageo-mapas.com>. Acesso em: 01/05/2016)............................36

Figura 8. Distribuição paleogeográfica dos tentaculitoideos durante o Ordoviciano, Siluriano e

Devoniano (Modificado de WITTMER; MILLER, 2011)...........................................................38

Figura 9. Mapa com a localização do ponto de coleta na Bacia do Paraná, Sub - bacia

Apucarana (Modificado de MILANI et al., 2007).......................................................................47

Figura 10. Posição estratigráfica das Sub-bacias Apucarana (Formação Furnas, Ponta Grossa e

São Domingos) e Alto Garças (Unidades 1, 2, 3 e 4), de onde foram analisados os fósseis

encontrados (Modificado de GRAHN et al., 2013).....................................................................49

Figura 11. Localização dos afloramentos do Devoniano nas Sub – bacia Apucarana e Sub –

bacia Alto Garças. (Modificado de GRAHN et al., 2010a).........................................................53

Figura 12. Carta estratigráfica da sucessão devoniana - carbonífera da Bacia do Parnaíba

(Segundo SCHEFFLER, 2010)....................................................................................................54

Figura 13. Mapa com a localização das Formações Cabeças e Pimenteiras na Bacia do

Parnaíba. Informações cedidas pela prof. Dr. Deusana Machado (Modificado de SCHEFFLER,

2010).............................................................................................................................................56

Figura 14. Carta estratigráfica da Bacia do Amazonas (Segundo SCHEFFLER, 2010)............57

Figura 15. Localização dos afloramentos na Bacia do Amazonas onde foram encontrados

amostras com tentaculitoideos. Informações cedidas pela prof. Dr. Deusana Machado

(Modificado de SCHEFFLER, 2010)...........................................................................................58

Figura 16. Espécimes de Tentaculites crotalinus observados em coleções científicas. A) Igc 1/E

Page 14: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

1308. B) CCLP 11. C) NR 7420. D) NR 6057. E) NR 8634. F) CCLP 23. H) CCLP 21. I) MPI

9842. Na figura C, a flecha demonstra os macroanéis dispostos irregularmente e de tamanhos

irregulares, característica encontrada nesta espécie. (Escala 0,5 cm)..........................................61

Figura 17. Tentaculites jaculus observados nas coleções científicas. A) UNIRIO 104 te. B)

MPI 9836. C) MN 6453. D) MN 7042. E) UNIRIO 1 te. (Escala 1,0 cm)..................................63

Figura 18. Espécimes de Tentaculites kozlowskius. A) Igc 1/E 1285. B) MPI 2077. C) MPI

9837. D) MPI 9832. E) CCLP 29. F) CCLP 52. G) MN 7030. H) MN 7034. I) UFRJ 05 te.

(Escala 0,5 cm).............................................................................................................................66

Figura 19. Espécimes representantes da espécie Tentaculites eldredgianus. A) UNIRIO 41. B)

UNIRIO 41. C) UNIRIO 55. D) UNIRIO 35. (Escala de 0,5 cm)..............................................68

Figura 20. Exemplares de Tentaculites Stubeli. A) UNIRIO 05. B) DGM 2912. C) UNIRIO 05.

(Escala 0,5 cm).............................................................................................................................69

Figura 21. Espécimes da espécie Tentaculites oseryi. A) UNIRIO 58. B) UNIRIO 59. Na

figura A, a flecha indicando como os anéis e interespaços encontram-se dispostos praticamente

com a mesma espessura (Escala 0,5 cm)......................................................................................71

Figura 22. Alguns exemplares de Tentaculites trombetensis. A) UNIRIO 38. B) MN 2697. C)

UNIRIO 37. (Escala de 0,5 cm)...................................................................................................73

Figura 23. Alguns dos espécimes de Tentaculites paranaensis. A) Igc 1/E 3242. B) Igc 1/E

1287. C) NR 7137. D) NR 7458. E) NR 4784. F) UNIRIO 97. G) NR 5466. H) UNIRIO 90. I)

Igc 1/E 3247. J) Igc 1/E 1296. K) NR 6115. L) Igc 1/E 3414. (Escala 1,0 cm)..........................75

Figura 24. Espécimes de Uniconus ciguelius observadas nas análises. A) CCLP 39. B) CCLP

40. C) UFRJ 22te. D) CCLP 22. E) MPI 10152. F) DGM 1923. G) CCLP 39. (Escala 0,5

cm)................................................................................................................................................77

Figura 25. Homoctenus katzerius. A) Igc 1/E 1294. B) CCLP 25. C) Igc 1/E 3411. D) CCLP

10. E) CCLP 21. F) Igc 1/E 3633. G) UFRJ 07 te. H) Igc 1/E 3428. (Escala 0,5 cm).................80

Figura 26. Espécimes de Styliolina cf. Styliolina fissurella. A) UNIRIO 16. B) MN 7430. C)

UNIRIO 22. D) UNIRIO 107. (Escala 1,0 cm)............................................................................82

Figura 27. Styliolina clavulus. A) UNIRIO 36. B) UNIRIO 43. C) UNIRIO 44. D) UNIRIO 42.

(Escala 1,0 cm).............................................................................................................................83

Figura 28. Estampa ilustrativa de prováveis tentaculitoideos encontrados em afloramentos do

Devoniano médio, Bacia do Paraná. A e B (UEPG, sem numeração). C) MPI 8628. D) MPI

9298 (Escala de 1mm)..................................................................................................................85

Figura 29. Amostra com prováveis tubos vestimentíferos. (UEPG, amostra sem numeração.

Escala 1mm).................................................................................................................................86

Figura 30. Demonstração das classes tafonômicas descritas, em níveis paleobatimétrica. Classe

C1 ocorrentes no shoreface. Classes C2 encontrada no offshore transicional, logo abaixo do

Page 15: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

NBOTB. As classes C3, C4, e C5 encontram-se acima do Nível de Base de Tempo Bom

(NBOT), no offshore transicional. Enquanto que a classe C6 localiza-se abaixo do Nível de

Base de Tempestade (NBOT), no offshore..................................................................................88

Figura 31. Distribuição bioestratigráfica das espécies de tentaculitoideos encontrados nas

Bacias do Paraná, Amazonas e Parnaíba. As espécies da Bacia do Paraná possuem um registro

desde o final do Praguiano, enquanto que as espécies da Bacia do Amazonas e Parnaíba iniciam

sua distribuição apenas durante o Eifeliano.................................................................................94

Figura 32. A figura acima mostra uma forma larval de tentaculitoideo encontrado no município

de Jaguariaíva, Devoniano da Bacia do Paraná. As setas em branco demonstram a parte larval

da concha. (Amostra CCLP 15, UNESP-Bauru. Escala 4mm)....................................................96

Figura 33. A figura demonstra a distribuição paleogeográfica das espécies brasileiras

encontradas durante o Devoniano Inferior. Em vermelho as espécies encontradas durante o

Devoniano Inferior (Modificado de TORSVIK; COCKS, 2004)..............................................101

Figura 34. A figura demonstra a distribuição paleogeográfica das espécies brasileiras

encontradas durante o Devoniano Médio. Em vermelho as espécies encontradas durante o

Devoniano Médio (modificado de TORSVIK; COCKS, 2004)................................................102

FIGURA 35. Análise de duas amostras de tentaculitoideos verifica se os altos índices de

cromo..........................................................................................................................................106

Page 16: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................18

1.1 ESTADO DA ARTE ............................................................................................... 18

1.1. CLASSE TENTACULITOIDE: RESENHA HISTÓRICA, AFINIDADES

BIOLÓGICAS E SISTEMATIZAÇÃO DA CLASSE .......................................... 18

1.1.2. ONTOGENIA .................................................................................................. 24

1.1.3. ECOLOGIA E MODO DE VIDA ................................................................. 32

1.2. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E ESTRATIGRÁFICA...........................35

2. OBJETIVOS..............................................................................................................42

3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 43

4. GEOLOGIA DAS ÁREAS ESTUDADAS ............................................................. 46

4.1. BACIA DO PARANÁ ........................................................................................ 46

4.1.1. Sub-bacia Apucarana..................................................................................... 50

4.1.1.1. Formação Furnas .................................................................................... 50

4.1.1.2. Formação Ponta Grossa .......................................................................... 50

4.1.1.3 Membro Tibagi da Formação São Domingos.......................................... 50

4.1.1.4. Formação São Domingos ....................................................................... 51

4.1.2 Sub-bacia Alto Garças .................................................................................... 51

4.1.2.1. Grupo Chapada ....................................................................................... 51

4.1.2.1.1. Unidade 1 ............................................................................................. 52

4.1.2.1.2. Unidade 2 ............................................................................................. 52

4.1.2.1.3. Unidade 3 ............................................................................................. 52

4.1.2.1.4. Unidade 4 ................................................................................................ 53

4.2. BACIA DO PARNAÍBA ................................................................................... 54

4.2.1. Formação Pimenteira..................................................................................... 55

4.2.2. Formação Cabeças......................................................................................... 55

4.3. BACIA DO AMAZONAS ................................................................................. 56

4.2.1. Formação Maecuru ........................................................................................ 57

4.2.2 Formação Ererê .............................................................................................. 57

5. RESULTADOS..........................................................................................................59

5.1. PALEONTOLOGIA SISTEMÁTICA.............................................................59

5.1.1. NOVOS ACHADOS............................................................................................84

Page 17: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

5.2. ANÁLISES TAFONÔMICAS ......................................................................... 87

5.3. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E PALEOBIOGEOGRÁFICA............. 94

6. DISCUSSÃO..............................................................................................................95

6. 1. PALEONTOLOGIA SISTEMÁTICA.............................................................95

6.2. ANÁLISES TAFONÔMICAS..........................................................................97

6.3. BIOESTRATIGRAFIA E EXTINÇÃO DA CLASSE ................................. 100

7. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 107

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 109

9. ANEXOS. ................................................................................................................ 125

9.1.“COMNISKEY, J. C.; GHILARDI, R. P. Levantamento histórico da Classe

Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro: principais características e padrões de

preservação. Terr@ Plural, v. 7, p. 115-126, 2013.” ................................................ 125

9. 2. COMNISKEY, J. C.; GHILARDI, R. P.; BOSETTI, E. P. Conhecimento atual

sobre os tentaculitoideos devonianos das bacias do Amazonas e Parnaíba, Brasil,

depositados em instituições brasileiras. Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi,

v. 10, n. 1, p. 49-61, 2015. ........................................................................................ 138

Page 18: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

18

1. INTRODUÇÃO

1.1. ESTADO DA ARTE

1.1.1. CLASSE TENTACULITOIDEA: RESENHA HISTÓRICA,

AFINIDADES BIOLÓGICAS E SISTEMATIZAÇÃO DA CLASSE

Walch (1775) realiza a primeira menção aos organismos, embora apenas com o

trabalho de Schlotheim (1820) o gênero Tentaculites tenha sido introduzido. Apesar dos

organismos terem sido nomeados como “Tentaculites” fazendo alusão a animais que

possuem “tentáculos”, essa característica não foi encontrada em pesquisas posteriores

(FISHER, 1962; SCHINDLER, 2012).

O estudo da classe Tentaculitoidea obteve um grande avanço desde o início dos

anos 50, com os trabalhos de Lyashenko (1955, 1957, 1959 e 1969) que descreveu

grande parte dos gêneros e espécies de tentaculitoideos conhecidos hoje. Seus trabalhos

estabeleceram a base dos estudos dos tentaculitoideos.

Os tentaculitoideos são tratados como um grupo “problemático” ou

“enigmático” visto a taxonomia diversificada e pela falta de consenso sobre a sua

origem após o Ordoviciano ou o Siluriano (FISHER; YOUNG, 1955; FISHER, 1962;

FARSAN, 2005; WITTMER, 2009; WITTMER & MILLER, 2011; SCHINDLER,

2012). Segundo Wittmer (2009), nunca houve um estudo sobre a diversidade definitiva

e as análises paleoecológicas voltadas especificamente para este grupo são quase que

escassas na literatura, sendo esse fato surpreendente dada à abundância de

tentaculitoideos em alguns ambientes marinhos durante a sua breve existência.

A sistemática dos Tentaculitoideos ainda é alvo de intensas discussões

(WITTMER; MILLER, 2011; SCHINDLER, 2012; WEI et al., 2012). Segundo Ciguel

(1989) e Azevedo-Soares (1999), a classificação dos tentaculitoideos é baseada,

exclusivamente, em aspectos morfológicos da concha, a partir da ornamentação externa.

Lyashenko (1955) e Fisher (1962) elaboraram modelos para classificação taxonômica

utilizando a parede interna da concha, embora sejam trabalhos relevantes no que se diz

respeito à taxonomia do grupo, esta metodologia não foi aceita (BOUČEK, 1964;

AZEVEDO-SOARES, 1999; SCHINDLER, 2012), visto que na maior parte dos casos a

preservação ocorre apenas como moldes internos e externos. Registros sobre a

preservação de material orgânico de tentaculitoideos em resíduos, obtidos através de

Page 19: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

19

análises palinológicas, foram registrados por Filipiak e Jazynka (2009). Nesse trabalho

os autores descrevem treze restos orgânicos de prováveis tentaculitoideos, similares às

partes embrionárias e juvenis, provenientes do Devoniano Superior (Frasniano) da

Polônia. Apesar de relatarem a pobre preservação, classificam o material como sendo

prováveis representantes da ordem Dacryoconarida. Mais recentemente, Marshall e

Telnova (2012) relatam uma nova ocorrência de restos orgânicos, sem detalhamento

taxonômico, porém para o Devoniano da Rússia.

Os tentaculitoideos são classificados como invertebrados extintos providos de

concha carbonática, coniforme, tamanho milimétrico a centimétrico. A maioria

apresenta a concha reta, sendo que poucos apresentam concha encurvada e até mesmo

enrolada Podem possuir concha lisa ou com ornamentação e, neste último caso,

apresentam anéis, microanéis, macroanéis, estrias e espaços interanulares (FISHER;

YOUNG, 1955; LYASHENKO, 1955, 1957, 1959, 1969; BLIND, 1969; FISHER,

1962; LARDEUX, 1969; ALBERTI, 1970, 1987, 1988, 1993, 1997, 1999, 2000;

HAJŁASZ, 1974, 1993; YODER; ERDTMANN, 1975; LARSSON, 1979; LUKES,

1982, 1984, 1985, 1989, 1991; YOCHELSON, 1986; FARSAN, 1981, 1984, 1993,

1994, 2005; MELO, 1985; CIGUEL, 1989; AZEVEDO-SOARES, 1999; LI, 2000;

NIKO, 2000; BERKYOVÁ, 2004; WITTMER, 2007, 2009; WITTMER; MILLER,

2011; SCHINDLER, 2012; THASSANAPAK ET AL., 2012; WEI et al., 2012;

COMNISKEY; GHILARDI, 2013).

O grupo já foi classificado como crinoides (Barrande, 1852), anelídeos

(SHARPE; SALTER, 1856), pterópodes (CLARKE, 1899), espinhos de braquiópodes

(TOWE, 1978) e possíveis lofoforados (VINN; MUTVEI, 2009), bem como

foraminíferos (para maiores informações veja: BLIND, 1969). Bouček (1964) e Farsan

(1994) defendem, através de estudos baseados na composição e estrutura da concha que

os tentaculitoideos apresentam afinidades biológicas mais próximas como moluscos.

Desde então, é a afinidade biológica mais aceita dentre grande parte dos pesquisadores.

Entretanto, Wei et al. (2012) sugerem a existência de duas principais linhas

quanto à posição taxonômica do grupo. A primeira seria uma afinidade com os

moluscos devido à semelhança com a morfologia da concha e a estrutura da parede da

concha (BLIND, 1969; LARDEUX, 1969; FARSAN, 1994; SCHINDLER, 2012),

sendo a mais aceita e já discutida anteriormente. Por outro lado, a segunda linha de

pesquisas reconhece os tentaculitoideos como um grupo irmão dos microconchídeos

(WEEDON, 1991; VINN; TAYLOR, 2007; VINN; MOTUS, 2008; ZATOŃ;

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20

TAYLOR, 2009; VINN, 2010; VINN; ZATOŃ, 2012; VINN, 2013). Para essa segunda

linha sobre afinidade taxonômica, os tentaculitoideos possuem maiores afinidades

biológicas com os “vermes” do que com os moluscos. Segundo Wittmer e Miller (2011)

e Schindler (2012) ainda existe uma falta de consenso sobre as questões biológicas do

grupo, o que acarreta uma incerteza quanto as suas afinidades biológicas. Embora estas

duas hipóteses ainda sejam muito discutidas, nesse trabalho adota-se a interpretação da

afinidade com os moluscos, devido à semelhança com a concha e as paredes da mesma

em análises com MEV e EDS realizadas, bem como em análises realizadas também por

Ciguel et al. (1987), as quais suportam a hipótese de que os tentaculitoideos possuem

afinidades biológicas mais próximas dos moluscos.

Ao passar dos anos, a sistemática do grupo foi modificada por diferentes autores

(LYASHENKO, 1955, 1957, 1969; FISHER, 1962; BOUČEK, 1964; BLIND, 1969;

LARDEUX, 1969; HAJŁASZ, 1974; LARSSON, 1979; FARSAN, 1994). Para Farsan

(1994), a falta de informação sobre a construção da concha, ontogenia e estrutura da

concha, dificultou as pesquisas sistemáticas do grupo. Schindler (2012) complementa

que atualmente é questionável se a investigação da composição da concha e sua

estrutura pode fornecer uma ferramenta para a atribuição sistemática, seja nível de

classe ou quanto ao grupo que o organismo localiza, necessitando-se maiores estudos a

respeito.

As primeiras publicações sobre os tentaculitoideos foram realizadas com os

fósseis provenientes da plataforma Russa, República Tcheca e África do Norte.

Destacam se aqui os trabalhos de Lyashenko (1955, 1957), Bouček (1964), Lardeux

(1969), Alberti (1970, 1987, 1988, 1993, 1999, 2000).

Dentre as classificações propostas ao longo dos anos, destacam-se as de

Lyashenko (1955), os quais também levaram em consideração a morfologia e a

ornamentação da parede interna da concha. Lyashenko (1955) propõe a classe

Coniconchia contendo as quatro ordens Tentaculitida, Nowakiida, Styliolinida e

Hyolithida. Lyashenko (1957) cria a classe Tentaculitoidea e descreve uma série de

famílias e grande quantidade de gêneros foi introduzida nesta época.

Fisher (1962) realiza o reagrupamento dos grupos propostos por Lyashenko

(1955, 1957) e, em função da espessura da concha, substitui o nome da classe

Coniconchia pelo novo nome Cricoconarida. Adicionalmente, agrupam as duas ordens

Nowakiida e Styliolinida em uma nova ordem com o novo nome Dacryoconarida e

mantém a ordem Tentaculitida proposta por Lyashenko (1955). Bouček (1964) não

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21

concorda com Fisher (1962) na maneira como reorganizou o grupo e introduz três novas

ordens à classificação Homoctenida, Coleolida e Cornulitida.

Lardeux (1969) reorganiza a classificação proposta pelos autores anteriores

(LYASHENKO, 1955; FISHER, 1962; BOUČEK, 1964), sendo a utilizada atualmente.

Segundo Lardeux (1969), portanto, a classe Tentaculitoidea, proposta por Lyashenko,

1957 (= Cricoconarida FISHER, 1962), é constituída por três ordens: Tentaculitida

Lyashenko, 1955, Homoctenida Bouček, 1964 e Dacryoconarida Fisher, 1962 (Figura

1).

Figura 1. Classificação dos tentaculitoideos adotada nesse trabalho (Modificado de

LARDEUX, 1969).

A ordem Tentaculitida (Figura 2) é composta por animais de conchas com

paredes espessas, tamanho médio, com tamanho aproximado de 1 mm a 80 mm de

comprimento e aproximadamente 6 mm de diâmetro (FISHER, 1962; LARDEUX,

1969). Os espécimes analisados neste trabalho possuíam de 0,7 a 3,7 cm. Possuem anéis

arredondados de diferentes formas e tamanhos. São providos de macroanéis e

Page 22: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

22

microanéis (em alguns casos). Os diferentes tamanhos e formatos dos anéis são

características cruciais para separar gêneros e espécies. Por exemplo, representantes do

gênero Tentaculites apresentam macroanéis espessos, os quais aumentam de tamanho

irregularmente ao longo da concha, apresentam interespaços entre os anéis dispostos

irregularmente ao longo da concha, associados à microanéis esporádicos. No caso de

Uniconus os macroanéis são voltados para a região da abertura.

Geralmente apresentam a região apical lisa (sem ornamentações) e pontiaguda.

Possuem concha reta ou levemente encurvada (LYASHENKO, 1955). Abertura

perpendicular ao eixo da concha ou ligeiramente oblíquo. A porção juvenil da concha

forma septos os quais dividem o interior da concha em várias câmaras (BOUČEK,

1964). Estrias longitudinais na superfície da concha não são encontradas. Apresentam

modo de vida bentônico (LARSSON, 1979; FARSAN, 1994; SCHINDLER, 2012).

Segundo Wittmer e Miller (2011) os representantes da ordem Tentaculitida

apresentam o maior intervalo de registro estratigráfico dos tentaculitoideos e o primeiro

a aparecer no início do Ordoviciano (FISHER; YOUNG, 1955), extinguindo-se no final

do Devoniano. Essa ordem inclui o gênero de tentaculitoideo mais comum, Tentaculites

(WITTMER; MILLER, 2011).

A ordem Homoctenida (Figura 2) apresenta concha de pequeno tamanho (0,8 a

1,5 cm) e paredes finas, em formato de cone estreito, ligeiramente encurvado ou

raramente reto, às vezes assemelham-se a uma série de cones (SCHINDLER, 2012). A

ornamentação consiste em anéis, frequentemente numerosos, de perfil anguloso, todos

semelhantes entre si ou apresentando uma ligeira diferença no diâmetro, com

interespaços côncavos. As microornamentações são frequentes, porém pouco

expressivas, principalmente na região da abertura da concha (LYASHENKO, 1955).

Apresenta câmara embrionária cônica além de apêndice tubular filiforme na

extremidade apical (LYASHENKO, 1955).

Um dos gêneros mais conhecidos desta ordem e encontrados no Brasil é o

Homoctenus o qual possui macroanéis angulosos dispostos regularmente e com

interespaços aumentando de tamanho de maneira regular ao longo da concha. Em

alguns casos ocorre a presença de micro anéis (encontrados na região adulta e da

abertura).

Comumente encontrados em folhelhos e siltitos. Diferente dos outros

tentaculitoideos, os homoctenídeos são restritos ao Devoniano (BOND, 2006;

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23

WITTMER; MILLER, 2011). Apresentam modo de vida planctônico (WITTMER;

MILLER, 2011; SCHINDLER, 2012).

Os representantes da ordem Dacryoconarida (Figura 2) são animais pequenos

(0,8 a 2,0 cm), conchas finas (apresenta apenas a camada primária) e mais cônica se

comparada aos representantes das outras ordens. O ápice goticular representa o estágio

embrionário do organismo, que se expande para dentro da câmara larval (WITTMER;

MILLER, 2011). O ângulo de crescimento é maior dos tentaculitoideos. Na porção

juvenil lisa ou com anéis fracamente desenvolvidos. Os Dacryoconarida são inferidos

como de hábito de vida planctônico (WITTMER & MILLER, 2011; SCHINDLER,

2012). Não há registro de septos nesta ordem. Os dacryoconarídeos surgem no final do

Ordoviciano e extinguem-se no final do Devoniano (WITTMER; MILLER, 2011).

Os representantes dessa ordem podem apresentar anéis do tipo arredondado

(e.g. Viriatella e Paranowakia), anéis proeminentes e angulosos (e.g. Nowakia) ou não

apresentar (e.g. Styliolina). Em alguns casos apresentam estrias de crescimento

irregularmente desenvolvidas. Até o presente momento foi registrado a ocorrência

apenas do gênero Styliolina para a América do Sul (FISHER, 1962; LARDEUX, 1969).

Figura 2. Figura mostra as diferentes partes morfológicas nas três ordens de tentaculitoideos

Tentaculitida (A), Homoctenida (B) e Dacryoconarida (C e D). (Modificado de WITTMER;

MILLER, 2011).

Page 24: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

24

1.1.2 ONTOGENIA

A ontogenia dos tentaculitoideos já foi relatada por alguns autores

(LYASHENKO, 1958, 1959; FISHER, 1962; BOUČEK, 1964; BLIND, 1969;

LARDEUX, 1969; LARSSON, 1979; FARSAN, 1994, 2005).

Lyashenko (1959) foi pioneira sobre detalhamentos das características da

concha. Descrevendo a câmara embrionária e as ornamentações da concha, como sendo

as características mais importantes na sistemática do grupo. Para a autora a concha

divide-se em quatro partes: embrionária, juvenil, adulta e abertura (Figura 3).

Figura 3. Regiões da concha de um tentaculitoideo (Modificado de LARSSON, 1979).

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Fisher (1962) apoia a interpretação feita Lyashenko (1959), sobre a câmara

embrionária, que segundo o autor é um recurso taxonômico importante como o registro

da primeira câmara embrionária para o gênero Tentaculites. Fisher (1962) ainda utiliza

esta mesma característica para todos os representantes da ordem Tentaculitida. De

acordo com o autor a concha consiste em carbonato de cálcio, exceto quando é

substituída secundariamente por sílica.

Para Bouček (1964) na ordem Tentaculitida o tubo é simplesmente alongado a

um espaço estreito. Possui ápice cônico e fechado. A maior parte da parte apical é

muitas vezes cheia com substâncias minerais, secundariamente, a partir da qual são

formadas as paredes dos tubos. Ainda nesse trabalho, Bouček (1964) cria a ordem

Homoctenida e afirma que o ápice em Homoctenus é fechado como nos Tentaculitida.

Para o autor, a câmara inicial em Dacryoconarida é de formato oval. Segundo o autor a

concha é formada por calcita, sendo formada por vários números de camadas, as quais

são divididas em camada interna e externa.

Blind (1969) reconheceu três estágios de desenvolvimento (embrionária, juvenil

e fase adulta), os quais são características externas da metamorfose das partes moles, da

concha dos Tentaculitida. O autor utilizou o método de transeção para a visualização

dessa característica. Durante a fase larval ocorre início das primeiras ornamentações na

concha, com o aparecimento dos primeiros anéis larvais. À medida que os anéis

crescem, paralelos à parede da concha, as ondulações vão formando as três camadas da

concha, à medida que o crescimento aumentava. Como consequência deste crescimento,

seriam formados dois tipos de anéis: finos e espessos. Diferenciando assim, os

organismos de paredes finas e grossas (AZEVEDO-SOARES, 1999). Na fase larval, a

câmara embrionária e os septos são pouco desenvolvidos, sendo assim, diferenciando-os

da terceira fase que é a de crescimento. Em seu trabalho Blind (1969) afirma que a

região da abertura era fechada por um opérculo, estrutura encontrada em Hyolites

(moluscos bentônicos, com distribuição estratigráfica do Cambriano ao Permiano).

Entretanto, esta característica morfológica foi descartada por autores posteriores

(LARSSON, 1979; FARSAN, 1994), por falta de indícios que comprovem o mesmo.

Blind (1969) também reconheceu que a concha dos tentaculitoideos é claramente

lamelar, sendo que a concha primária é composta por três camadas: camada mais

externa orgânica, uma camada micro lamelar composta de calcita que constitui grande

parte da concha e uma camada orgânica interna.

Page 26: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

26

Lardeux (1969) após exaustivo trabalho mostrou que a câmara inicial mesmo

nos Tentaculites apresenta diferenças em tamanho, forma e preenchimento calcário. O

autor divide a concha dos Tentaculitida em regiões: apical, mediana e da abertura.

A investigação de Blind (1969) e Lardeux (1969) não só lidou com a morfologia

externa da parte ontogenético dos Tentaculitida, mas ambos os autores também tentaram

pela primeira vez reconstruir uma ontogenia completa dos tentaculitoideos em termos

de estrutura da concha e características internas. Ambos os autores reconheceram que a

concha dos tentaculitoideos é constituída de uma estrutura lamelar.

Hajłasz (1974) em seu estudo na reconstrução da ontogenia dos Tentaculitida

não apresenta novas informações relevantes. A autora utiliza à sistemática e a ontogenia

proposta por Lyashenko (1979) e considerou que a câmara inicial cônica era

representativa de Tentaculitida.

Larsson (1979) analisa as diferentes partes ontogenéticas dos Tentaculitida,

baseados em seus estudos com o grupo do Siluriano de Gotlândia (Suécia),

reclassificando como: parte juvenil ou proximal e parte adulta ou distal. Para o autor a

parte juvenil compreende em aproximadamente 20 a 30% do comprimento total da

concha, enquanto que a parte adulta compreende entre 70 e 80% do total. Larsson

(1979) concorda com Blind (1969) no que diz respeito ao crescimento da concha dos

tentaculitoideos sejam caracterizados por três fases de desenvolvimento (embrionária,

juvenil e adulta), isto é refletido na tríplice divisão da concha.

Larsson (1979) diferencia a parte embrionária ou câmara inicial possuindo

formato cônico. Também realizou a divisão interna da concha em câmara inicial,

câmara intermediária e câmara de habitação, sendo esta última localizada na parte

adulta da concha (Figura 3). A parte embrionária, raramente, é encontrada isolada do

resto da concha (LARSSON, 1979). Para Larsson (1979), a parte juvenil compreende a

porção da concha da câmara inicial para o último septo. Neste último nível, o ângulo de

crescimento e as microornamentações são alterados. Em muitos tentaculitoideos a parte

juvenil mais próxima, após a câmara inicial, se expande a um baixo ângulo e por isso

tem uma forma subcilíndrica. Segundo o autor, o interior da parte juvenil é dividido por

partições transversais denominados septos. A quantidade de septos varia de acordo com

a espécie (Figura 3). Complementa ainda que o espaço dos septos livres é bastante

variável. Em algumas espécies é regular, mas em outros há uma alta variabilidade. Os

septos podem ou não ser simétricos (LARSSON, 1979).

Page 27: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

27

Segundo Larsson (1979) a região adulta compreende a parte distal da concha dos

tentaculitoideos. O autor afirma que em espécimes adultos o último septo é formado na

região onde o ângulo de crescimento muda. Constitui, assim, outra característica para

distinguir a parte juvenil e formas adultas. O interior da parte adulta compreende a

câmara de habitação, isto é, a cavidade na qual os tecidos moles dos tentaculitoideos

habitavam. Larsson (1979) descarta a ideia de que os tentaculitoideos possuíam um

opérculo, proposto por Blind (1969). Segundo o autor, Blind (1969) apresentou

“fragmentos de conchas estranhos espalhados nas aberturas de algumas conchas”. Para

Larsson (1979) a concha se torna mais fina à medida que se aproxima da região da

abertura, influenciando alguns autores a diferenciar esta região, porém, o autor afirma

ser “supérflua” esta divisão visto que a abertura é um caráter morfológico presente em

todos os estágios ontogenéticos.

Larsson (1979) concorda com Blind (1969) sobre a composição da concha e a

divisão em três camadas para a concha primária.

Alberti (1993) em seu trabalho com os homoctenídeos e dacryoconarídeos,

apresenta novos parâmetros necessários para a classificação taxonômica do grupo. As

características como ângulo apical ou ângulo de crescimento (ângulo entre as paredes

opostas na extremidade apical) e adoral (ângulo entre as paredes opostas na região da

abertura) seriam imprescindíveis para a classificação.

Farsan (1994) foi o primeiro a registrar estágios ontogenéticos dos

tentaculitoideos. Ainda, o desenvolvimento e a aparência dessas fases ontogênicas nos

Tentaculitida e Homoctenida sempre seguem o mesmo parâmetro durante um longo

intervalo de tempo (FARSAN, 1994). Complementa ainda que a duração das fases

individuais de desenvolvimento ou o comprimento das partes correspondentes da

concha podem ser diferentes em todas as categorias sistemáticas.

Sobre a composição da concha, Farsan (1994) afirma que a concha calcária

primária consiste em três camadas de diferentes espessuras, que também diferem na sua

microestrutura, a quantidade de matéria orgânica e, por conseguinte, também na sua

função. A concha é constituída por três camadas (inicial, posterior e final) na concha

primária na fase larval. A camada inicial é constituída por camadas de calcário, sendo

considerada uma camada muito fina e de grande importância para a estrutura da concha

visto que possui uma elevada flexibilidade da borda do manto e, portanto é responsável

pela construção dos elementos morfológicos e esculturas específicas, durante todo o

desenvolvimento ontogênico. São encontrados cristais de calcita não paralelamente a

Page 28: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

28

superfície da concha larval, enquanto que nas partes juvenis e adultas tais cristais

encontram-se dispostos paralelamente à superfície. A camada primária posterior

encontra-se diretamente no interior da superfície interior da camada primária inicial,

servindo como um reforço para a camada primária inicial. A camada final é muito fina e

se situa sobre a superfície interna da camada primária posterior que cobre a superfície

interna da concha. A camada primária final é muito semelhante à camada primária

inicial em termos de microestrutura, espessura e da quantidade de material orgânico.

Segundo o autor, esta última camada desempenha grande importância, visto que

em dacryoconarídeos e homoctenídeos a concha secundária está ausente, sendo que

assim, a ligação à camada primária final e partes moles permanece durante toda a vida

do animal. Enquanto que nos Tentaculitida a ligação entre a camada de primária final e

as partes moles existe apenas por um curto período de tempo e termina logo após a

construção das camadas da concha subsequentes.

Para Farsan (1994) a concha possui quatro partes distintas: embrionária, larval,

juvenil e adulta. O autor constata que todas as partes da concha que foram

desenvolvidos na fase larval provavelmente não possuem a câmara embrionária, visto

que, elas encontram-se sempre abertas. Complementa ainda, que a concha larval é um

tubo aberto construído pela camada primária inicial. Os anéis larvais são os únicos

elementos da superfície da concha larval. Eles apresentam diferentes formas que se

desenvolvem como dobras onduladas da camada primária inicial (FARSAN, 1994). A

parte terminal da concha larval, o cone larval, exerce a maior influência sobre a

metamorfose ontogenética da concha, o que só pode ser entendida como resultante de

uma grande mudança na anatomia das partes moles. Farsan (1994) afirma ainda que as

mudanças ontogenéticas da concha demonstram que a transição de parte larval para a

juvenil era contínua. O autor verificou que no final da parte larval, quando os anéis

larvais começam a se reorientar, o espessamento da concha intensifica. Farsan (1994)

verificou que a orientação dos anéis larvais marca a posição da orla da abertura.

Adicionalmente, observou-se que na fase larval o tamanho dos anéis aumenta enquanto

que a quantidade diminui, por exemplo: na parte proximal encontram-se 34-35 anéis em

um espaço de 0,1 mm, enquanto que na parte distal, no mesmo intervalo de 0,1mm,

apenas 25-30 anéis larvais aparecerem (FARSAN, 1994).

Farsan (1994) descreve que com a construção do último anel larval a fase larval

é terminada. Enquanto, que o início da fase juvenil é marcado pela presença da

Page 29: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

29

obliquidade do primeiro anel juvenil, bem como o diâmetro da concha neste momento

aumenta em relação à fase larval.

No seu conjunto os primeiros três anéis juvenis são construídos obliquamente ao

eixo longitudinal da concha, enquanto que o ângulo do terceiro anel diminui

significativamente. Os primeiros anéis juvenis frequentemente não só diferem na sua

forma e altura dos seguintes anéis, mas também são separadas por áreas interespaços

maiores (FARSAN, 1994).

Farsan (1994) afirma que a parte juvenil inclui a porção da concha entre o último

anel larval e os primeiros ciclos do anel que aparecem nas Tentaculitida com anéis

ciclicamente construídos. A concha juvenil inicia-se com os primeiros três anéis de

juvenis que são morfologicamente isoladas a partir de anéis subsequentes por uma

maior distância entre si e a posição oblíqua em relação ao eixo da concha.

A presença do septo foi relatada por Blind (1969), Lardeux (1969) e Larsson

(1979), os quais afirmaram que o primeiro septo é construído relativamente tarde na

ontogenia, ou seja, na transição para a fase adulta, e isso só pode ser constatado em

alguns espécimes preservados de Tentaculitida. Para Farsan (1994) os estudos

apontaram que o primeiro septo é construído exatamente entre o último anel larval e o

primeiro anel oblíquo juvenil. O primeiro septo, provavelmente, aparece durante a

metamorfose (FARSAN, 1994). A parte adulta da concha corresponde à região posterior

da concha e distingue-se da parte juvenil por sua morfologia e estrutura (FARSAN,

1994). Na parte adulta a geometria da concha e as ornamentações são completamente

diferentes do que nas outras partes.

Como já citado por Larsson (1979), a disposição dos anéis ocorre de maneira

cíclica. O mesmo fato foi observado por Farsan (1994), que complementa as

informações indicando que quando os anéis ocorrem comprimidos em ciclos há uma

grande variedade de ordens de anéis. A ciclicidade também é de longe o elemento

escultórico mais amplamente distribuído nos Tentaculitida e caracteriza os grupos com

o maior número de formas. Geralmente, os ciclos podem ser divididos de acordo com o

número de anéis. Formas com um anel (monoanular) que ocorrem dentro de uma

determinada distância na concha dos adultos são raros ou formas com dois ciclos de

anéis (bianular).

Farsan (2005) realiza um novo estudo sobre a ontogenia dos estágios iniciais de

tentaculitoideos, relatando o local de origem do material analisado (Figura 4).

Page 30: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

30

Figura 4. Distribuição mundial das formas larvais fósseis encontradas. (Modificado de

FARSAN, 2005).

Nesse trabalho, Farsan (2005) apresenta uma nova classificação dos estágios

ontogenéticos dos tentaculitoideos (Figura 5). Segundo Farsan (2005), a parte larval

pode ser dividida em processo larval (sendo constituído pela parte prolarval e parte

metalarval) e cone elíptico larval (contêm a parte epilarval). Para Farsan (2005) toda a

parte larval mede aproximadamente 680 µm, destes: 520µm pertencem ao processo

larval e 160µm ao cone elíptico larval.

A parte prolarval compreende cerca de 270µm de comprimento, sendo

constituída por um longo e afiado espinho apical de aproximadamente 20µm. A fase

prolarval é construída quase que na sua totalidade a partir da primeira camada de

composição calcária, com a presença de anéis bem espaçados. A parte metalarval

compreende entre 250 µm e 267µm de comprimento. Na parte epilarval coincide com o

início de metamorfose que produz, em tentaculitida, uma concha assimétrica com uma

seção elíptica e obliquidade da abertura ao longo eixo da concha (FARSAN, 2005).

Farsan (2005) complementa que a mudança na geometria e da microestrutura da concha

discutida acima é certamente uma indicação de alterações morfológicas das partes

moles, em preparação para um novo modo de vida. Isso sugere para os tentaculitoideos,

o final do período de natação e início do uma vida bentônica. Esta transformação

Page 31: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

31

permite, dessa forma, provavelmente, uma maior estabilidade em relação ao substrato

de vida durante essa fase ontogenética.

Para Farsan (1994) a descoberta dos estágios iniciais ontogenéticos dos

Tentaculitida pode indicar nova definição e descrição para o grupo.

Figura 5. Reconstrução da concha com as partes do desenvolvimento da concha de

tentaculitoideos (Modificado de FARSAN, 2005).

Page 32: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

32

1.1.3. ECOLOGIA E MODO DE VIDA

Até o presente momento as interpretações sobre a ecologia e o hábito de vida

dos tentaculitoideos são bastante controversas (Figura 6).

Lyashenko (1959) sugere um modo de vida nectônico e a posição de vida

vertical com a região da abertura voltada para a superfície da água. Afirma ainda que as

câmeras eram necessárias para auxiliar no controle da orientação do animal. Segundo

Lyashenko (1959) os tentaculitoideos poderiam ser encontrados em diversos tipos de

ambiente.

Para Fisher (1962) os tentaculitoideos eram organismos pelágicos, os quais

viviam paralelos ao substrato. Segundo o autor os tentaculitoideos não poderiam ser

bentônicos ou com posição de vida com a abertura fixa ao substrato, visto que é refutada

pela secção circular e a falta de qualquer desgaste nos anéis (e.g. abrasão). Além disso,

a ausência de um opérculo, que proibiria a infiltração de lama e lodo, faria um habitat

bentônico inviável. O autor ainda afirma que a presença de hábito nectônico parece ser

provável, porém a presença dos anéis poderia impedir a natação. No caso dos

dacryoconarídeos que possuem anéis mais arredondados ou são desprovidos de tais

ornamentações, provavelmente estes anéis são desenvolvidos como uma estrutura de

reforço que serviriam para combater as forças de águas agitadas. Segundo o autor, os

tentaculitoideos ocorrem em diversos tipos de ambientes, porém em ambientes com

siltitos argilosos e folhelhos sua abundância seja maior do que em ambientes arenosos,

dolomíticos e recifes calcários. O autor complementa ser difícil imaginar como os

Tentaculitida, que possuem conchas mais espessas, poderiam se movimentar ao longo

do mar. O desenvolvimento das conchas mais espessas parece ter sido uma resposta às

águas agitadas ou temperaturas elevadas.

Fisher (1962) afirma ainda que os dacryoconarídeos eram pelágicos

(principalmente planctônicos) e os tentaculitida escavadores nectônico-bentônico em

águas mais quentes e mais agitadas.

Bouček (1964) cita um modo de vida bentônico para os Tentaculitida e viviam

em ambientes de águas rasas, iluminadas e quentes. Enquanto que os dacryoconarídeos

seriam planctônicos. Outra questão levantada pelo autor seria de que as espécies de

Uniconus seriam organismos que viviam deitados no fundo, onde havia correntes e as

cristas dos anéis (a crista dos anéis, é o “pico” mais agudo do anel) voltados para a

Page 33: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

33

abertura, ficariam escavadas na parte inferior evitando assim as conchas de serem

deslocadas.

Blind (1969) mostrou pela primeira vez a posição vertical da vida e modo de

vida semi-infaunal na fase adulta. Blind (1970) registra a presença de uma colônia de

briozoários na área da abertura da concha dos Tentaculitida durante a vida do animal,

apoiando a sua interpretação de que os Tentaculitida foram orientados com a parte

apical em direção ao fundo do mar ou foram enterrados com a ponta nele. Blind (1969)

indica a presença de “tentáculos” na região da abertura, sugerindo assim um hábito

alimentar. Porém, a presença de “tentáculos” não foi aceita na época, pela falta de

registro que comprovassem tal artefato.

Lardeux (1969) implica a presença de anéis, parece ser incompatível com um

estilo de vida nectônico. Presumivelmente, no entanto, que os anéis bem desenvolvidos

poderiam favorecer a flutuação. Para Ciguel (1989), a ornamentação externa (anéis,

microanéis e estrias) é adaptada à forma hidrodinâmica, apesar dos anéis constituírem

atrito durante o deslocamento do animal, estes nunca estão voltados ao ápice, sugerindo

condição hidrodinâmica. O autor ainda afirma que o deslocamento dos tentaculitoideos

se dava, a partir do movimento de contração e distensão das partes moles do animal,

com a expulsão da água. A repetição do movimento determinaria o deslocamento do

animal. A velocidade deste movimento era determinada pela quantidade de gases

encontrados nas câmaras de flutuação. Sugerindo assim um hábito nectônico para as três

ordens de tentaculitoideos.

Segundo Lardeux (1969) os Tentaculitida são comuns em fácies neríticas. Esses

organismos foram nadadores realmente talentosos para a vida; a sua conformação, bem

como o seu modo de ocorrência sugerem antes modo de vida necto-bentônico ou

possivelmente bentônico. Já os Homoctenídeos são abundantes em certas fácies

calcárias ou folhelhos.

Walker e Laporte (1970) interpretaram os Tentaculitida como organismos de

hábito bentônico vágil, os quais viviam deitados sobre a superfície do sedimento e

foram detritívoros ou catadores. Yoder e Erdtman (1975) sugerem hábito necto-

bentônico para os tentaculitoideos.

Para Larsson (1979) bem como Bouček (1964), sugerem o hábito bentônico para

os Tentaculitida e hábito planctônicos para os Dacryoconarida. O autor concorda com

Blind (1969) sobre a ideia de que os tentaculitoideos tinham um modo de vida vertical

com uma abertura dirigida para cima durante algumas fases da sua vida adulta.

Page 34: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

34

Complementa ainda que os tentaculitoideos são encontrados muitas vezes

fragmentados, causa provável de ondas moderadas ou agitação de correntes, poderiam

fragmentar as conchas em ambientes neríticos. Bem como a ação de organismos

predadores poderiam fragmentar parcialmente as conchas.

Farsan (1994) apoiou a posição de vida na posição vertical com a ponta proximal

enterrado no sedimento. Afirma que durante a última fase de desenvolvimento dos

tentaculitida, os animais viveram com sua parte juvenil inicial ligeiramente curvada no

sedimento, enquanto que as partes juvenis finais e adultas da concha permaneceram em

pé na posição vertical ou quase vertical.

Ciguel (1989) e Farsan (1994) afirmam que os tentaculitoideos viveriam em

ambientes de até 100 m de profundidade. Farsan (1994) complementa ainda que, os

ambientes preferenciais para o tentaculitoideos seriam locais bem iluminados,

oxigenado e em áreas com poucas correntes. O autor afirma ainda que as conchas

deviam permanecer fixadas ao substrato, por um período, após a morte do animal. Outro

fator apontado pelo autor, é que as partes adultas dos tentaculitoideos são facilmente

preservadas, por serem regiões relativamente mais espessas compostas pelos septos, se

comparadas com as partes larvais e iniciais juvenis, visto que estas regiões ainda são

compostas por material orgânico. Segundo Farsan (1994) os organismos não sofreram

longos transportes ou retrabalhamento, para o autor as feições encontradas nos fósseis

seriam decorrentes do ataque de predadores, após a sua morte. Para o autor os

tentaculitoideos sofreram poucos danos nas conchas, o que seria indicativo da ausência

de transporte, o que não pode ser averiguado nas amostras aqui analisadas. Porém,

quando encontradas as partes larvais juntas às partes juvenis, isso indicaria uma

preservação em vida e próxima ao local onde vivia.

Estudos recentes (WITTMER; MILLER, 2011; SCHINDLER, 2012; WEI et al.,

2012) sugerem que os representantes da ordem Tentaculitida são animais bentônicos,

enquanto que os dacryoconarídeos e homoctenídeos são animais planctônicos. A Figura

6 mostra os hábitos de vida já propostos para os tentaculitoideos.

Schindler (2012) afirma que os Tentaculitida podem ser encontrados em

ambientes com sedimentos siliciclásticos, arenitos e siltitos, enquanto que os

homoctenídeos e dacryoconarídeos são encontrados em rochas sedimentares em

ambientes mais profundos.

Page 35: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

35

Figura 6. Na imagem acima, estão demonstrados os hábitos de vida dos tentaculitoideos já

citados na literatura. Porém, hoje em dia sabe-se que os Tentaculitida são bentônicos e

Homoctenida e Dacryoconarida são planctônicos (Modificado de WITTMER; MILLER, 2011).

1.2. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E ESTRATIGRÁFICA

A classe possui ampla distribuição geográfica (Figura 7), sendo encontrado na

Austrália, Canadá, República Tcheca, Rússia, Brasil, Nova Zelândia, França, África do

Sul, Ucrânia, Reino Unido, Líbia, Venezuela, Áustria, China, Espanha entre outras

regiões (LYASHENKO, 1955, 1957, 1959; BLIND, 1969; BOUČEK, 1964;

LARDEUX, 1969; ALBERTI, 1970, 1993, 2000; HAJŁASZ, 1974, 1976, 1993;

LARSSON, 1979; FARSAN, 1984, 1994, 2005; LINDERMANN; YOCHELSON,

1984, 1992; YOCHELSON; KIRCHGASSER, 1986; LINDERMANN; MELYCHER,

1997; BERKYOVÁ et al., 2007; WITTMER; MILLER, 2011; SCHINDLER, 2012;

WEI et al., 2012; COMNISKEY ET AL., 2015). Por esta ampla distribuição e por

serem os animais de conchas pequenas com paredes finas, são encontrados

preferencialmente em folhelhos pretos ao redor do Mundo, embora também ocorram em

calcários cinzas e às vezes em diferentes preservações (WITTMER; MILLER, 2011).

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36

Figura 7. Registro da distribuição geográfica com as ocorrências da classe Tentaculitoidea.

(modificado de <http://www.guiageo-mapas.com>. Acesso em: 01/05/2016).

O grupo é bem estudado no Hemisfério Norte e existe uma grande quantidade de

gêneros e espécies conhecidas (LYASHENKO, 1955, 1957, 1959; BOUČEK, 1964;

BLIND, 1969; LARDEUX, 1969; LARSSON, 1979; ALBERTI, 1970, 1993, 2000;

HAJŁASZ, 1974, 1976, 1993; FARSAN, 1984, 1994, 2005; YOCHELSON;

KIRCHGASSER, 1986; LINDERMANN; YOCHELSON, 1984, 1992;

LINDERMANN; MELYCHER, 1997; BERKYOVÁ et al., 2007; WITTMER;

MILLER 2011; SCHINDLER, 2012; WEI et al., 2012). No entanto, estudos

sistemáticos deste grupo no Hemisfério Sul (e, principalmente, no que diz respeito aos

animais Malvinocáfricos) são praticamente inexistentes na literatura. No Brasil são

poucos os táxons encontrados no registro estratigráfico (HARTT; RATHBUN, 1875;

CLARKE, 1899, 1913; MELO, 1985; CIGUEL, 1989; AZEVEDO-SOARES, 1999;

COMNISKEY; GHILARDI, 2013; COMNISKEY et al., 2015).

A distribuição estratigráfica do grupo é ainda controversa, apesar de poucos

autores citarem a ocorrência dos tentaculitoideos a partir do Siluriano, a maior parte dos

autores relata a ocorrência do grupo desde o início do Ordoviciano se extinguindo no

Devoniano na barreira Frasniano-Fameniano (FISHER, 1962; BOND, 2006;

WITTMER & MILLER, 2011; SCHINDLER, 2012; WEI et al., 2012).

Segundo Fisher e Young (1955), os primeiros registros de tentaculitoideos são

do Ordoviciano Inferior da Formação Chepultepec, da Virginia (Tremadociano), com

representantes da ordem Tentaculitida ocorrendo em abundância e ficando

documentados no registro fossilífero até o término do Siluriano. O táxon dos

dacryoconarídeos surge no Siluriano, mas torna-se excepcionalmente diverso no

Page 37: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

37

Devoniano inferior e médio (SCHINDLER, 2012). Já os homoctenídeos têm seu

registro iniciado a partir do Devoniano e seu ápice evolutivo ocorre no Frasniano

(BOND, 2006; SCHINDLER, 2012). Este período é caracterizado pela grande expansão

da diversidade e da distribuição geográfica dos tentaculitoideos (WITTMER; MILLER,

2011; SCHINDLER, 2012). Schindler (1990, 2012) e Bond (2006) afirmam que os

homoctenídeos foram os únicos tentaculitoideos que ultrapassaram a barreira da

extinção Frasniano - Fameniano (FF).

Para Wittmer e Miller (2011) no início do Ordoviciano, o registro ocorre na

Austrália, Malásia e Tailândia e, curiosamente, após esse período os tentaculitoideos

não são documentados até o final do Ordoviciano. Neste período, muitas são as

ocorrências da ordem Tentaculitida, existindo, no entanto, apenas um relato da

ocorrência de Styliolina, marcando a primeira aparição dos Dacryoconarida.

O início do Siluriano é marcado por um notável aumento na diversidade de

tentaculitoideos em todo o mundo (FISHER, 1962; WITTMER; MILLER, 2011; WEI

et al., 2012).

Durante o Devoniano, o grupo mostra extensa disseminação global (FISHER,

1962; ALBERTI, 1993; WITTMER; MILLER, 2011; SCHINDLER, 2012; WEI et al.,

2012). Segundo Wittmer e Miller (2011), no início do Devoniano as três ordens estavam

presentes em proporções praticamente iguais. Os Dacryoconarida atingem o máximo de

sua diversidade durante o Devoniano Médio (SCHINDLER, 2012), enquanto os

Homoctenida têm seu ápice no Frasniano (BOND, 2006; SCHINDLER, 2012).

Entre os trabalhos que referem a distribuição geográfica dos tentaculitoideos

durante o Ordoviciano, Siluriano e Devoniano, apenas o de Wittmer e Miller (2011)

registra sua presença na América do Sul, com ocorrências somente a partir do

Devoniano, porém sem maiores detalhes quanto à localização das ocorrências e andares

estratigráficos. No entanto, Clarke (1899) cita a ocorrência de tentaculitoideos para o

Siluriano da Bacia do Amazonas. Wei et al. (2012) afirmam ainda que não existem

evidências convincentes quanto à presença de tentaculitoideos além dos trópicos.

Verificou-se que durante o Devoniano a diversidade de espécies da América do

Sul é inferior à da Europa e da América do Norte. Como citado anteriormente, alguns

autores acreditam que o grupo dos tentaculitoideos tivesse preferência por ambientes

tropicais. Analisando os mapas (Figura 8) de reconstrução paleogeográfica apresentado

por Wittmer e Miller (2011), verificou-se maior concentração dos registros do grupo em

Page 38: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

38

regiões mais tropicais, tais como Laurentia, Báltica e Avalonia, desde o Ordoviciano até

o Devoniano.

Figura 8. Distribuição paleogeográfica dos tentaculitoideos durante o Ordoviciano, Siluriano e

Devoniano (Modificado de WITTMER; MILLER, 2011).

Na América do Sul, os tentaculitoideos mais antigos que se têm registro são do

Siluriano, com ocorrências na Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Peru (CLARKE,

1899; ISAACSON et al., 1976; BOUCOT et al., 1980; CIGUEL, 1988, 1989; GRAHN,

1992; HEREDIA et al., 2007; MALANCA et al., 2010).

Na América do Sul, durante o Devoniano, os tentaculitoideos ocorriam na

Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Peru e Uruguai (HARTT; RATHBUN, 1875;

DERBY, 1890; ULRICH, 1893; VON AMMON, 1893; KATZER, 1897, 1903, 1933;

KAYSER, 1897, 1900; SIEMIRADZKI, 1898; CLARKE, 1899, 1913; SCHUCHERT,

1906; KNOD, 1908; BOUCOT et al., 1980; CIGUEL, 1988, 1989).

No Brasil o trabalho de Hartt e Rathbun (1875), estudou o material coletado pela

expedição Morgan (1870-1871), foi pioneiro nos estudos acerca dos tentaculitoideos

brasileiros. Hartt e Rathbun (1875) estudaram os trilobitas e moluscos devonianos do

Pará, neste trabalho descrevem a espécie Tentaculites eldredgianus, para o Devoniano

da Bacia do Amazonas.

Pouco tempo depois Derby (1890) e Von Ammon (1893) relataram a ocorrência

de um exemplar de Tentaculites em estratos do Devoniano, no estado de Mato Grosso,

porém poucos detalhes quanto o espécime encontrado. Von Amon (1893) em seu

trabalho com o Devoniano do Mato Grosso, Bacia do Paraná, cita a ocorrência da

espécie Tentaculites bellulus Hall, 1879. Embora, esta espécie T. bellulus descrita por

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39

Hall (1879) para o Devoniano de Nova Iorque, não tenha sido reconhecida em nenhum

dos materiais analisados.

Derby (1897) em um novo estudo “Reconhecimento do Rio Maecuru” dentre os

fósseis por ele mencionados, o tentaculitoideo Tentaculites eldredgianus é referido para

a região. Katzer (1897) lista toda a fauna devoniana do rio Maecuru (Bacia do

Amazonas), dentre os tentaculitoideos citados: Tentaculites eldredgianus, Tentaculites

crotalinus, Tentaculites bellulus Hall, 1879 e Sytiolina clavulus Barrande, 1882. Katzer

(1897), ao citar a espécie S. clavulus, realiza a primeira menção de um Dacryoconarideo

para o Devoniano das camadas brasileiras, até o presente momento apenas o gênero

Tentaculites, havia sido mencionado.

Siemiradzki (1898) reconhece o gênero Tentaculites sp. para as camadas

devonianas, encontradas na cidade de Ponta Grossa, Paraná, na Bacia do Paraná. Até o

presente momento, poucos foram os trabalhos de cunho sistemático com o grupo.

Em 1899a, Clarke, em seu trabalho “Molluscos Devonianos do Estado do Pará,

Brazil”, apresenta um trabalho com todos os moluscos fósseis os quais foram coletados

pela expedição da Comissão Geológica do Império do Brasil (1875-1877), ao longo das

Margens do Rio Maecuru e Curuá (Formação Maecuru) durante o ano de 1876. Dentre

os espécimes descritos por ele, duas novas espécies de tentaculitoideos são descritas

para a região: Tentaculites stubeli e Tentaculites oseryi. Reconhece ainda a espécie

Tentaculites eldredgianus Hartt e Rathbun, 1875.

Ainda em 1899b, Clarke descreve a fauna siluriana encontrada em mediações ao

rio Trombetas, dentre essas a nova espécie Tentaculites trombetensis.

Katzer (1903) também faz um levantamento dos fósseis encontrados nas

camadas devonianas da Bacia do Amazonas. Descreve a espécie Tentaculites tenellus,

além de reconhecer as mesmas espécies propostas por Clarke (1899a).

Clarke (1899a) e Katzer (1903) reconhecem de forma pioneira a espécie

Tentaculites crotalinus Salter 1856 para as bacias do Amazonas e Parnaíba. Tal espécie

tem seu holótipo descrito no Grupo Bokkveld, na África. A presença desse táxon em

camadas devonianas brasileiras indicaria uma provável comunicação remota entre essas

bacias com o Grupo Bokkveld.

Após análises da diagnose original da espécie, observação de espécimes de T.

crotalinus encontrados no Devoniano da Bacia do Paraná e examinar as figuras tipo,

constatou-se que os espécimes descritos por Katzer (1897, 1903) não se referem a T.

crotalinus, correspondendo apenas ao mesmo gênero Tentaculites sp. As descrições e as

Page 40: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

40

figuras apresentadas em Katzer (1897, 1903) não apresentam as mesmas características

morfológicas descritas no original proposto por Salter (1856) como T. crotalinus. O

mesmo fato ocorre com a espécie Tentaculites tenellus descrita por Katzer (1897), onde

o autor apresenta uma diagnose pobre e figuras de baixa qualidade, o qual dificulta a

visualização e análise da espécie. Verificou-se que o espécime não possui características

morfológicas distintas o suficiente para a criação de uma nova espécie, com base na

descrição da diagnose e na figura de baixa qualidade apresentada em seu trabalho, não

foi reconhecida esta espécie em nenhuma das amostras analisadas.

Após um longo período sem trabalhos sobre os tentaculitoideos para as bacias

sedimentares brasileiras, Clarke (1913) foi o primeiro a descrever espécies para o

Devoniano da Bacia do Paraná: Tentaculites jaculus e Tentaculites crotalinus.

Aproximadamente cem anos se passaram da publicação de Clarke (1913), e seu

trabalho ainda se mostra significativo nos estudos dos macroinvertebrados do

Devoniano brasileiro. Em 2013 foi publicado o volume comemorativo (revista Terr@

Plural - UEPG) em homenagem ao centenário da publicação de John Mason Clarke

(1857-1925).

Após o trabalho de Clarke em 1913, muitos anos se passaram sem a presença de

trabalhos significativos para a classe. Foram publicados trabalhos apenas relatando a

ocorrência desses organismos em camadas fossilíferas nas Bacias sedimentares

brasileiras, tais como Petri (1948), Lange (1954), Lange e Petri (1967), Leonardi (1983)

e Petri e Fúlfaro (1983). Kegel (1953) ao trabalhar com os fósseis da Bacia do Parnaíba

relata a presença de Tentaculites aff. eldredgianus Hartt e Rathbun 1875, Tentaculites

stubeli e Tentaculites sp., encontrados no Devoniano da Formação Pimenteiras.

A partir do começo dos anos 1980, trabalhos de José Henrique Godoy Ciguel

ofereceram um grande avanço aos estudos da classe Tentaculitoidea para o Devoniano

brasileiro. Seus trabalhos de cunho sistemático, bioestratigráfico e paleogeográfico

intensificaram o conhecimento do grupo no Brasil.

Ciguel et al. (1984) após análises de amostras obtidas da Formação Ponta

Grossa, registra a primeira ocorrência do gênero Styliolina sp. para a Bacia do Paraná.

Melo (1985) trabalhou sobre o Domínio Malvinocáfrico do Devoniano do Brasil.

Dentre os grupos de fósseis relatados pelo autor, as espécies Tentaculites sp.,

proveniente da Bacia do Paraná, Tentaculites sp. (cf. T. eldredgianus), da Bacia do

Amazonas e Tentaculites sp. (cf. T. stubeli), para a Bacia do Parnaíba, foram

mencionadas.

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41

Ciguel et al. (1985) apresentam novos estudos sobre a preservação parcial da

concha de Tentaculites crotalinus. Por meio de análises com Microscópio Eletrônico de

Varredura (MEV), pode ser observado que a concha é formada por carbonato de cálcio,

sendo “foliada”, constituída por lamelas sobrepostas. Essas características foram

essenciais para se chegar à conclusão de que os tentaculitoideos pertencem ao grupo dos

Moluscos. No trabalho também são citados, pela primeira vez, os gêneros Homoctenus e

Volynites.

Azevedo-Soares (1999) propõe uma nova sistematização da classe

Tentaculitoidea para a Formação Ponta Grossa (Bacia do Paraná). A autora afirma que

os gêneros e espécies propostos por Ciguel (1989), apenas um gênero (Tentaculites) e

duas espécies (T. crotalinus e T. jaculus) são efetivamente encontrados para a região.

Segundo Azevedo-Soares (1999), a grande quantidade de gêneros e espécies propostos

por Ciguel (1989) não seria viável. Segundo a autora, como o Devoniano estava

localizado próximo a baixas latitudes, o que acarretaria um mar frio, não seria possível

existir a grande quantidade de gêneros e espécies descritas por Ciguel (1989). Ainda

complementa que o fato de serem encontradas amostras em diferentes fácies poderia

indicar uma forma de deposição diferenciada, sendo a mesma espécie poderia estar

preservada de diferente maneira.

Rodrigues et al. (2001) realizaram um estudo sobre o conteúdo de

tentaculitoideos encontrados em afloramentos do município de Jaguariaíva, Formação

Ponta Grossa, Devoniano da Bacia do Paraná. Durante a pesquisa, foram realizados

estudos sistemáticos, bioestratigráficos e tafonômicos. Dentre as amostras analisadas, a

única espécie reconhecida pelos autores foi Tentaculites crotalinus.

Ponciano (2011) realiza um levantamento dos fósseis de macroinvertebrados

encontrados no Devoniano da Bacia do Amazonas, pertencentes à Formação Maecuru.

Dentre os tentaculitoideos citados pela autora, estão: Tentaculites sp., T. stubeli, T.

oseryi e Tentaculites tenellus.

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42

2. OBJETIVOS

O presente estudo tem por objetivos:

Realizar a revisão sistemática da classe Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro;

Efetuar a elucidação da distribuição geográfica e paleogeográfica da classe;

Elucidar a distribuição estratigráfica do grupo para as camadas devonianas do

Brasil;

As análises tafonômicas tiveram como objetivo estabelecer a questão da

aloctonia ou autoctonia dos tentaculitoideos, indicação de mistura temporal e a

distribuição paleobatimétrica dos organismos além das questões energéticas

relacionadas à gênese das concentrações fossilíferas.

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43

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Para as análises sistemáticas foi analisado material encontrado em coleções

científicas, bem como material coletado em atividades de campo.

As coleções técnicas de universidades, museus e instituições de pesquisa

analisadas no presente estudo foram:

Laboratório de Paleontologia da Universidade de São Paulo - Ribeirão

Preto (USP) - 12 amostras.

Núcleo de estudos Paleontológicos e Estratigráficos da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - 27 mostras.

Departamento de Paleoinvertebrados, Setor de Geologia e Paleontologia,

Museu Nacional/UFRJ - 55 amostras.

Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

- 74 amostras.

Laboratório de Paleontologia e Sistemática do Instituto de Geociências

da Universidade de São Paulo (IGc - USP) - 101 amostras.

Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) - 40 amostras.

Laboratório de Estratigrafia e Paleontologia da Universidade Estadual de

Ponta Grossa (UEPG) - 251 amostras.

Laboratório de Paleontologia de Macroinvertebrados (LAPALMA) da

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP-

Bauru) - 153 amostras.

Laboratório de Estudos de Comunidades Paleozoicas da Universidade

Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) - 97 amostras.

Durante as visitas as coleções, todos os fósseis os quais eram encontrados

representantes dos tentaculitoideos foram analisados. Na maioria dos casos as

instituições possuíam o controle de quantas amostras possuíam tentaculitoideos. Em

muitas vezes o material encontrava-se com uma classificação a nível específico prévio.

As amostras coletadas em campo foram medidas (quando possível), tiradas fotos e

analisadas posteriormente no laboratório.

Além das amostras observadas em coleções, foram analisadas amostras

coletadas em atividades de campo no município de Doverlândia (GO) e as fornecidas

Page 44: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

44

para a classificação sistemática pelo colega Msc. Fabio Augusto Carbonaro (FAPESP

2013/ 09683-3), onde desenvolve sua pesquisa de doutoramento.

Para as análises genéricas e específicas foram levados em consideração

caracteres morfológicos bem como: formato da concha, presença ou não de anéis, a

presença de macro e micro anéis, espessura dos anéis, formatos dos anéis, espaço

interanular, formato da câmera embrionária e ângulo de crescimento.

Para as análises tafonômicas foram levadas em consideração apenas as amostras

coletadas em novas atividades de campo ou observadas às amostras da coleção do

Laboratório de Estratigrafia e Paleontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa

(UEPG), onde a maioria das amostras apresentam dados de coleta seguindo técnicas

tafonômicas.

Com o intuito de maior profundidade dos dados estratigráficos e tafonômicos, os

trabalhos de campo para a coleta de novos exemplares em afloramentos da Bacia do

Paraná foram realizados com ênfase em afloramentos do Devoniano Médio que já

possuem interpretações embasadas em estratigrafia de sequências. Os novos materiais

estão depositados no acervo da coleção Laboratório de Estratigrafia e Paleontologia da

Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Também foram realizadas atividades

de campo nos municípios de Tibagi e Arapoti, localizados no estado do Paraná, Bacia

do Paraná.

A análise tafonômica utilizada teve como objetivo a identificação e

quantificação dos diferentes fenômenos que contribuíram para a introdução de

tendenciamentos, procurando esclarecer a questão da aloctonia ou autoctonia dos fósseis

e da resolução temporal, incluindo-se aí o problema do time-averaging (mistura

temporal) na formação dos níveis fossilíferos.

Para as coletas a nível tafonômico, adotou-se o “Protocolo tafonômico/

paleoecológico” proposto por Simões e Ghilardi (2000), com o objetivo de se aprimorar

o referencial de coleta de precisão (onde os dados são adquiridos cm a cm em

quadrículas previamente demarcadas, sempre da base ao topo da exposição da rocha,

constituindo-se num processo de varredura dos bioclastos e fósseis) dos dados

diretamente nos afloramentos, sendo necessários alguns procedimentos inéditos e

diferenciados daqueles utilizados para a coleta com o objetivo de caracterização

puramente taxonômica. O protocolo foi direcionado por Bosetti (2004), com as

seguintes etapas:

Page 45: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

45

1ª etapa: Envolvem atividades preliminares da pesquisa paleoecológica como,

por exemplo, a delimitação do escopo de estudo, os tipos de concentrações fossilíferas,

o intervalo estratigráfico e as fácies sedimentares envolvidas.

2ª etapa: Inclui as atividades de coleta, localização e reconhecimento no campo.

3ª etapa: Abrange as atividades de laboratório.

4ª etapa: Envolve análise qualitativa, como a descrição das feições tafonômicas.

5ª etapa: Inclui análise quantitativa para os elementos de cada unidade estudada.

6ª etapa: Interpretação dos dados.

As amostras coletadas foram analisadas: posição em relação ao plano de

acamamento, feições tafonômicas, biometria, local de procedência, observação das

características morfológicas, como: presença de macroanéis, microanéis, anéis, estrias,

presença ou não de câmara embrionária e linhas de crescimento, tipo de sedimento da

rocha e associações fossilíferas.

Aproximadamente 10 amostras foram utilizadas para a realização de

Espectroscopias de raios-X: Espectroscopia de Energia Dispersiva (MEV-EDS) e

Energia Dispersiva de Fluorescência de Raios-X (EDXRF). Dentre as técnicas analíticas

para investigar e caracterizar os elementos químicos presentes nos de diversos tipos de

materiais, a espectroscopia de energia dispersiva (EDS) e a energia dispersiva por

fluorescência de raios X (EDXRF) têm se mostrado muito eficazes, com aplicações bem

estabelecidas em diversas áreas científicas. Estas técnicas possuem características

vantajosas como a possibilidade de realizar análises em diferentes pontos sobre

pequenas áreas, permitindo a comparação entre os elementos químicos dos vários locais

de uma mesma amostra (FIGUEIREDO et al., 2011). Ambas as técnicas consistem na

detecção de raios-X característicos emitidos pela amostra analisada. Na técnica EDS, a

fonte de ionização do material é um feixe de elétrons, enquanto que no EDXRF são

utilizados raios-X. As análises com EDXRF podem ser realizadas com equipamentos

portáteis (PEDXRF) e/ou utilizando fontes de luz sincrotron.

Page 46: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

46

4. GEOLOGIA DAS ÁREAS ESTUDADAS

4.1. BACIA DO PARANÁ

A Bacia do Paraná possui natureza policíclica e uma área de aproximadamente

1.600.000 Km2 (MILANI et al., 2007). Estende-se pelo território brasileiro, paraguaio,

argentino e uruguaio. A Bacia sedimentar do Paraná (Figura 9) está localizada no

continente sul-americano. No Brasil ocorre nos estados do Paraná, Santa Catarina, São

Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

De acordo com Assine (1996) a Bacia do Paraná durante o Devoniano estava

compartimentada tectonicamente. Os dados de superfície e subsuperfície indicaram que

durante aquele momento depositaram-se dois depocentros: a Sub-bacia de Alto Garças

ao norte e Sub-bacia Apucarana ao sul (GRAHN et al., 2002). A Sub-bacia Apucarana

ocupa áreas hoje correspondentes aos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina,

enquanto que a Sub-bacia Alto Garças ocupa grande parte dos estados do Mato Grosso,

Mato Grosso do Sul e a parte sudoeste de Goiás (ASSINE, 1996; MELO, 1988). Melo

(1988) afirma que as duas Sub-bacias voltam a ter uma comunicação após as

transgressões ocorridas durante o Givetiano.

Segundo Milani e Ramos (1998), a Bacia do Paraná, devido aos aspectos

inerentes ao seu posicionamento geotectônico atual e as suas características tectono -

sedimentares, é considerada uma típica bacia intracratônica. Originada como um golfo

aberto para o Panthalassa tornou-se com o tempo uma depressão intracratônica

aprisionada no interior do Gondwana (MILANI; RAMOS, 1998). A Bacia do Paraná

evoluiu durante o Paleozoico e o Mesozoico e abriga um registro estratigráfico

temporalmente posicionado entre neoOrdoviciano e neoCretáceo, documentando quase

400 milhões de anos da história geológica fanerozoica dessa região do planeta.

Milani et al. (2007) reconheceram no registro estratigráfico da bacia do Paraná

seis unidades de ampla escala ou supersequências (VAIL et al., 1977), na forma de

pacotes rochosos materializando cada um destes intervalos temporais com algumas

dezenas de milhões de anos de duração e divididos por superfícies de discordância de

caráter inter-regional: Supersequência Rio Ivaí (Ordoviciano-Siluriano), Supersequência

Paraná (Devoniano), Supersequência Gondwana I (Carbonífero-EoTriássico),

Supersequência Gondwana II (Meso a NeoTriássico), Supersequência Gondwana III

Page 47: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

47

(NeoJurássico-EoCretáceo) e Supersequência Bauru (NeoCretáceo). As três primeiras

são representadas por sucessões sedimentares que definem os ciclos transgressivo-

regressivos ligados às oscilações do nível relativo do mar no Paleozoico, enquanto que

as três últimas correspondem a pacotes de sedimentos continentais com rochas ígneas

associadas.

Figura 9. Mapa com a localização do ponto de coleta na Bacia do Paraná, Sub - bacia

Apucarana (Modificado de MILANI et al., 2007).

As primeiras tentativas de organização dos estratos devonianos, Bacia do Paraná

Sub-bacia Apucarana, do que hoje se compreende como Supersequência Paraná

(MILANI, 1997) foram descritas pela primeira vez por Derby (1878). Para Oliveira

(1912), é atribuída a pioneira divisão do pacote devoniano da região meridional da

bacia, a partir da base em “Grés de Furnas”, “Shistos de Ponta Grossa” e “Grés de

Tibagi”. Petri (1948) formalizou as unidades devonianas de acordo com o Código Norte

Americano de Nomenclatura Estratigráfica propondo as denominações Formações

Furnas e Ponta Grossa. Lange e Petri (1967) formalizaram a litoestratigrafia do

Devoniano paranaense caracterizando a Formação Furnas e a divisão tripartite da

Page 48: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

48

Formação Ponta Grossa, constituída, a partir da base, pelos membros Jaguariaíva,

Tibagi e São Domingos.

Através de dados de subsuperfície, Northfleet et al. (1969) e Schneider et al.

(1974) adotam a designação “Grupo Paraná”, para englobar as duas formações, sem

mencionarem membros ou fácies, tratando-as como indivisas. Melo (1985) com base na

prioridade dos termos através dos dados conferidos por Maack (1947) redefine a

unidade superior designando a Formação Santa Rosa com seus respectivos membros:

Ponta Grossa, Tibagi e São Domingos (da base para o topo). No entanto, através de

dados sedimentares de superfície e subsuperfície e datações relativas atualizadas, Grahn

(1992, 2005), Grahn et al. (2000, 2002), Gaugris e Grahn (2006), Grahn et al. (2010a),

Grahn et al. (2013) e Mendlowicz Mauller et al. (2009) reclassificaram a sucessão

devoniana do estado do Paraná como Grupo Campos Gerais, sendo dividido a partir da

base em Formação Furnas, Formação Ponta Grossa e Formação São Domingos (incluso

o Membro Tibagi). Esta é a nomenclatura litoestratigráfica utilizada para o presente

trabalho (Figura 10).

De acordo com Milani et al. (2007) a evolução da Sub-bacia Alto Garças (Figura

11) ocorreu de maneira distinta da Sub-bacia Apucarana. Embora o ambiente

deposicional dessas Sub-bacias seja marinho, na Sub-bacia Alto Garças era mais raso, a

qual apresenta, proporcionalmente, mais ocorrências de siltitos e de rochas arenosas

(GRAHN et al., 2010b).

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49

Figura 10. Posição estratigráfica das Sub-bacias Apucarana (Formação Furnas, Ponta Grossa e

São Domingos) e Alto Garças (Unidades 1, 2, 3 e 4), de onde foram analisados os fósseis

encontrados (Modificado de GRAHN et al., 2013).

Page 50: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

50

4.1.1. Sub-bacia Apucarana

4.1.1.1. Formação Furnas

Litologicamente é descrita como uma sequência de arenitos quartzosos brancos,

de granulação média a grossa, feldspáticos e/ou caulínicos, portadores de estratificação

cruzada, aos quais interestratificam-se níveis de conglomerados, sobretudo na porção

basal (ASSINE, 1996). Grahn et al. (2010a) descrevem a porção superior da Formação

Furnas (Figura 9) como um pacote de arenitos com intercalações de siltitos,

representando ambiente fluvio/costeiro (GRAHN et al., 2010a).

A idade da formação corresponde ao intervalo Pridoliano-NeoLochkoviano

(GRAHN, 1992; GRAHN et al., 2002; GAUGRIS; GRAHN, 2006; GRAHN et al.,

2010a). Com base em evidências sedimentológicas e palinológicas um hiato (4 Ma) foi

revelado entre a Formação Furnas e a sobrejacente Formação Ponta Grossa. O limite

entre as formações Furnas e Ponta Grossa, constitui uma superfície de ravinamento

gerada na transgressão entre o final do Praguiano e o início do Emsiano (GRAHN et al.,

2010a).

4.1.1.2. Formação Ponta Grossa

A Formação Ponta Grossa sobrepõe-se à Formação Furnas e consiste em

folhelhos argilosos cinzas, micáceos finamente laminados, localmente betuminosos

intercalados por pacotes arenosos ou lentes de areia, com wavy ou estruturas do tipo

hummocky (GRAHN et al., 2013). Evidencia um ambiente deposicional marinho

(GRAHN et al., 2010a), contendo um rico conteúdo fossilífero.

Segundo Grahn (1992), Grahn et al. (2002), Gaugris e Grahn (2006) e Grahn et

al. (2010a), a Formação tem idade entre o intervalo NeoPraguiano ao EoEmsiano

(Figura 9).

4.1.1.3. Membro Tibagi da Formação São Domingos

O Membro Tibagi está litoestratigraficamente posicionado na base da Formação

São Domingos (GRAHN et al., 2013). Este membro tem idade NeoEmsiana (sensu:

OLIVEIRA, 1912; GRAHN, 1992; GRAHN et al., 2002; GAUGRIS; GRAHN, 2006;

Page 51: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

51

GRAHN et al., 2010a) é caracterizado pela presença de arenitos grossos a muito finos,

lenticulares e fossilíferos, entremeados em folhelhos sílticos, refletindo um contexto

regressivo de progradação de sistemas deltaicos provenientes da borda nordeste, onde é

bastante expressivo o aporte dos termos arenosos (ASSINE, 1996; MILANI et al.,

2007).

4.1.1.4. Formação São Domingos

A Formação São Domingos é a unidade de topo, sendo constituída por uma

sucessão de folhelhos laminados de cor cinza, às vezes betuminosos, com intercalações

de camadas de arenitos finos a grossos e de arenitos conglomeráticos. Ocorrem

acamamento wavy e estruturas do tipo hummocky (GRAHN et al., 2013). Tem idade

entre o NeoEmsiano a MesoFrasniano ( GRAHN et al., 2013). A passagem

Eifeliano/Givetiano representa uma expansão do sítio deposicional, sendo o registro do

pico máximo de transgressão no Devoniano da bacia evidenciado por meio de folhelhos

pretos afossilíferos (GRAHN et al., 2013; HORODYSKI et al., 2014).

4.1.2 Sub-bacia Alto Garças

4.1.2.1. Grupo Chapada

Embora a denominação do Grupo Chapada (Figura 11) tenha sido introduzida

por Evans (1894), o reconhecimento desta denominação veio muitos anos depois.

Andrade e Camarço (1980, 1982) identificaram as unidades de Evan (1894), referindo

se a elas como Formação Furnas (camadas inferiores) a Formação Ponta Grossa

(membros superiores). Melo (1988) revalidou o Grupo Chapada e o dividiu em quatro

unidades (Unidade 1, 2, 3 e 4), sendo as quatro unidades definidas anteriormente por

Andrade e Camarço (1980).

Page 52: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

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4.1.2.1.1. Unidade 1

A unidade 1 possui praticamente a mesma litologia da Formação Furnas, Sub-

bacia Apucarana, porém difere por apresentar um padrão de paleocorrente é

consistentemente para o noroeste (GRAHN et al., 2010b), sugerindo que as duas Sub-

bacias já estavam diferenciadas antes da transgressão marinha ocorrida no Emsiano

(MELO, 1988).

Grahn et al. (2010b) sugere idade Lockoviana para esta unidade.

4.1.2.1.2. Unidade 2

Esta unidade consiste de um conglomerado basal com arenitos e folhelhos,

recoberta por arenitos avermelhados com siltitos e folhelhos intercalados, e para as

camadas superiores de arenito cinzento-avermelhados (GRAHN et al., 2010b). Possui

espessura aproximada de 270 m.

Possui dois intervalos estratigráficos, na parte inferior da unidade idade

NeoPraguiano - EoEmsiano e na parte superior de idade NeoEmsiano – Eifeliana

(GRAHN et al., 2010b).

4.1.2.1.3. Unidade 3

Segundo Grahn et al. (2010b) a unidade 3 é restrita a parte nordeste da bacia, e é

lateralmente substituída por folhelhos e arenitos da parte superior unidade 2 (final do

Emsiano – início do Givetiano), em direção ao centro da Sub-bacia do Alto Garças.

Constituída por arenitos avermelhados com níveis conglomeráticos. Os arenitos

representam um ambiente deltaico numa plataforma rasa fortemente influenciada por

ondas (GRAHN et al., 2010b). A unidade tem espessura máxima de cerca de 250 m

(MELO, 1988).

Idade da unidade 3 sugerida de NeoEmsiano ao Eifeliano (GRAHN et al.,

2010b).

Page 53: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

53

4.1.2.1.4. Unidade 4

Consiste em folhelhos cinza escuro, intercalada de arenitos e siltitos argilosos. A

espessura atinge cerca de 350 m na margem noroeste da bacia (GRAHN et al., 2010b).

Segundo Grahn et al. (2010b), as rochas dessa unidade possuem idade

Givetiano - EoFrasniano.

Figura 11. Localização dos afloramentos do Devoniano nas Sub – bacia Apucarana e Sub –

bacia Alto Garças. (Modificado de GRAHN et al., 2010a).

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4.2. BACIA DO PARNAÍBA

A Bacia do Parnaíba (Figura 12) ocupa uma área de aproximadamente 600.000

km2, abrangendo os estados do Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará Ceará e Bahia (GOÉS;

FEIJÓ, 1994). É limitada ao norte pelo Arco Ferrer - Urbano Santos, a noroeste pelo

Arco de Tocantins e ao sul pelo Arco de São Francisco (LOBOZIAK et al., 2000; VAZ

et al., 2007).

A Bacia da Parnaíba desenvolveu-se sobre um embasamento continental durante

a estabilização da Plataforma Sul-Americana (ALMEIDA; CARNEIRO, 2004). A

origem ou subsidência inicial da Bacia do Parnaíba provavelmente esteja ligada às

deformações e eventos térmicos fini e pós- orogênicos do Ciclo Brasiliano ou ao

Estádio de Transição da plataforma, utilizando-se a terminologia de Almeida e Carneiro

(2004).

De acordo com Vaz et al. (2007) a sucessão de rochas sedimentares e

magmáticas da Bacia do Parnaíba pode ser disposta em cinco supersequências: Siluriana

(Grupo Serra Grande), Mesodevoniana-eoCarbonífera (Grupo Canindé),

neoCarbonífera-eoTriássica (Grupo Balsas), Jurássica (Formação Pastos Bons) e

Cretácea (formações Codó, Corda, Grajaú e Itapecuru), sendo delimitadas por

discordâncias que se estendem por toda a bacia ou abrangem regiões extensas. O

Devoniano da Bacia do Parnaíba encontra-se com a maior expressão e o maior registro

geocronológico das bacias paleozoicas brasileiras (MELO, 1985).

Figura 12. Carta estratigráfica da sucessão devoniana - carbonífera da Bacia do Parnaíba

(Segundo SCHEFFLER, 2010).

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4.2.1. Formação Pimenteira

As seções aflorantes da Formação Pimenteira (Figura 13) são compostas por

folhelhos cinza-escuros, esverdeados, em parte bioturbados, intercaladas com siltitos e

arenitos grossos a finos, este normalmente apresentando estratificação cruzada do tipo

hummocky (FONSECA, 2004; VAZ et al., 2007).

Constitui um trato de sistemas transgressivos depositados principalmente em

ambientes marinhos rasos sob a influência eventual de ondas de tempestades,

representando a ingressão marinha mais importante da bacia (FONSECA, 2004;

SANTOS; CARVALHO, 2004; VAZ et al., 2007).

Os contatos das formações Pimenteira com as formações Itaim e Cabeças,

respectivamente, são frequentemente interpretados como concordantes e gradacionais

(CAPUTO, 1984; MELO, 1985; DELLA FÁVERA, 1990).

Conforme Grahn et al. (2006) a idade da Formação Pimenteira é do Eifeliano

médio até o Fameniano inicial.

4.2.2. Formação Cabeças

Segundo Vaz et al. (2007) na passagem da Formação Pimenteira para a

Formação Cabeças (Figura 13) as feições grafoelétricas indicam uma mudança de

tendência transgressiva para regressiva.

Em Picos, Kegel (1953), definiu o limite inferior do Membro Passagem no

primeiro banco espesso de arenito no perfil Picos-Oeira, que forma uma escarpa

constituída por um arenito grosso, esbranquiçado, com estratificação cruzada em bancos

espessos. Estes arenitos estão recobertos por aproximadamente 20 m de arenitos

micáceos de granulometria fina a média, macrofossilíferos, amarelados e arroxeados,

com delgadas intercalações de siltitos.

Grahn et al. (2006) determinam idade fameniana para a Formação Cabeças.

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Figura 13. Mapa com a localização das Formações Cabeças e Pimenteiras na Bacia do

Parnaíba. Informações cedidas pela prof. Dr. Deusana Machado (Modificado de SCHEFFLER,

2010).

4.3. BACIA DO AMAZONAS

A Bacia do Amazonas (Figura 14) está situada entre os crátons das Guianas ao

norte e do Brasil ao Sul, possui área de aproximadamente 500.000 km2. Abrange parte

dos estados do Amazonas e Pará e separa-se a leste da bacia tafrogênica do Marajó

através do Arco de Guarupá, e a oeste da Bacia do Solimões pelo Arco de Purus

(CUNHA et al., 2007).

Segundo Cunha et al. (2007) o registro sedimentar e ígneo da Bacia do

Amazonas nada mais é que um reflexo tanto das variações eustáticas do nível do mar

quantos dos eventos tectônicos paleozoicos ocorrentes na borda oeste da pretérita placa

gondwânica. O arcabouço estratigráfico da Bacia do Amazonas apresenta duas

importantes megassequências de primeira ordem, que totalizam cerca de 5.000 m de

preenchimento sedimentar e ígneo. Supersequência paleozoica, constituída por rochas

sedimentares de naturezas variadas, associadas a um grande volume de intrusões de

diques e soleiras de diabásio mesozoicos, e uma mesozoico-cenozoica sedimentar

(CUNHA et al., 2007).

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Figura 14. Carta estratigráfica da Bacia do Amazonas (Segundo SCHEFFLER, 2010).

Foram descritas as características gerais das Formações Maecuru e Ererê, onde

foram encontrados representantes dos tentaculitoideos nesse estudo (Figura 15).

4.3.1. Formação Maecuru

Constituída por arenitos finos a grossos, ferruginosos, em parte bioturbados e

fossilíferos, silificados, possuindo fácies flúvio-deltaica nas bordas da bacia, passando

para finos de fácies estuarinas, ilhas de barreiras e shoreface dominado por onde em

direção ao eixo deposicional da bacia (CUNHA et al., 2007).

Conforme datações palinológicas dos sedimentos flúvio-deltaicos a neríticos da

Formação Maecuru, consideram-na de idade Emsiana a Eifeliana (LOBOZIAC; MELO,

2000, 2002).

4.3.2 Formação Ererê

Constituída por siltitos, arenitos e folhelhos fossilíferos bioturbados, comumente

apresentado estruturas wavy-linsen e hummocky nos psamitos, com os pelitos

predominando na porção meso-inferior e os psamitos na porção superior (CUNHA et

al., 2007).

Segundo Cunha et al. (2007) apresenta distribuída por toda a bacia do

Amazonas, inclusive aflorando nas bordas norte e sul, possuindo fácies de deltas e

plataformas dominadas por tempestades.

Datações recentes indicam idade NeoEifeliana a EoGivetiana (LOBOZIAC;

MELO, 2000; 2002).

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Figura 15. Localização dos afloramentos na Bacia do Amazonas onde foram encontrados

amostras com tentaculitoideos. Informações cedidas pela prof. Dr. Deusana Machado

(Modificado de SCHEFFLER, 2010).

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5. RESULTADOS

5.1. PALEONTOLOGIA SISTEMÁTICA

Após reanálise dos espécimes das coleções, a revisão sistemática dos

tentaculitoideos brasileiros demonstrou 4 gêneros e 12 espécies, as quais serão

discutidas abaixo.

Classe Tentaculitoidea Lyashenko, 1957

Ordem Tentaculitida Lyashenko, 1955

Família Tentaculitidae Walcott, 1886

Gênero Tentaculites Schlotheim, 1820

Tentaculites crotalinus Salter, 1856

Fig. 16

1856 Tentaculites crotalinus Salter, 1856, p. 222, estampa 25, figs. 15-18.

1913 Tentaculites crotalinus Clarke, 1913, p. 86-87, estampa 8, figs. 1-4.

1913 Tentaculites crotalinus Kozlowski, 1913, p. 11, estampa 2, fig. 15.

1925 Tentaculites crotalinus Reed, 1925, p. 118.

1933 Tentaculites crotalinus Katzer, 1933, p. 190, fig. 27a, b.

1989 Uniconus crotalinus Ciguel, 1989, p. 80, fig. 34.

1999 Tentaculites crotalinus Azevedo-Soares, 1999, p. 82, estampa 1 e 2 , figs. 1-6.

Espécie tipo: Tentaculites crotalinus Salter, 1856.

Holótipo: Salter (1856). Pl. XXV, figuras 15 – 18.

Ementa específica: Tubos ornamentados comprimentos variando entre 0,9 a 2,5

cm. Os espécimes apresentavam anéis discoides arredondados, salientes, assimétricos,

pouco espessos, os quais vão aumentando o tamanho da parte proximal a parte distal de

maneira gradual. Os interespaços são levemente côncavos a planos, e aumentam de

tamanho proporcionalmente da região proximal até a região da distal. Os interespaços

correspondem aproximadamente duas a três vezes a espessura dos anéis na região adulta

e na abertura, enquanto na região juvenil aproximadamente uma a duas vezes.

Averiguou a presença de microanéis nas regiões adulta e da abertura. Verificou-se que

Page 60: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

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em alguns espécimes os anéis da região adulta encontram-se levemente oblíquos, se

comparados com os anéis da região juvenil. A anelação inicia-se logo no final da parte

apical. Em alguns casos nota-se a região juvenil e a parte apical levemente encurvada.

No final da região da abertura nota-se que nesta região apresenta-se “reta”, sem ser

encurvada como em outras espécies que serão descritas posteriormente. A câmara

embrionária afunilada com formato fortemente pontiagudo. Não foram encontradas

estrias em nenhum dos espécimes. Ângulo de crescimento entre 3 a 7 graus.

Discussão: Clarke (1899) e Katzer (1903) reconhecem de forma pioneira a

espécie Tentaculites crotalinus para as bacias do Amazonas e Parnaíba. Assim como

Clarke (1913) reconhece a espécie para a Bacia do Paraná. Tal espécie tem seu holótipo

descrito para o Devoniano do Grupo Bokkveld, na África (SALTER, 1856). Apesar do

não reconhecimento da espécie pelo árduo trabalho de Ciguel (1989), os espécimes

analisados possuem os anéis arredondados regulares, nítidos, interespaços de tamanhos

iguais, que são caracteres do táxon. Ciguel (1989) propõe a transferência para o gênero

Uniconus Lyashenko (1955), porém a característica marcante deste gênero seriam os

anéis assimétricos voltados para a região da abertura, o que não foi verificado em

nenhuma das amostras relacionadas por Ciguel (1989). Dessa forma, prefere-se pontuar

a existência dessa espécie dentro do domínio Malvinocáfrico devoniano brasileiro.

Difere das outras espécies de Tentaculites descritos nesse trabalho, por apresentar

espessamento dos anéis gradativo, porém proporcionalmente, e também o fato de serem

encontrados alguns anéis na região da abertura com certo grau de obliquidade,

demonstram essas características marcantes para esta espécie.

Distribuição Geográfica: Afloramentos nos municípios de Jaguariaíva

(afloramento estrada de ferro Jaguariaíva-Arapoti (S 240 14’ 05’’; W 49

0 42’ 34’’)),

Palmeira (afloramento Rio Caniú (S 250 18’ 48’’; W 50

0 05’ 32’’)) Tibagi e Ponta

Grossa (afloramentos Vila Francelina (S 250 04’ 55’’; W 50

0 06’ 54’’; Fazenda

Rivadávia (S 250 15’ 05, 47’’; W 50

0 03’ 06, 21’’))). Já registrada em afloramentos do

Devoniano da África do Sul, Bolívia e Paraguai.

Distribuição Estratigráfica: NeoPraguiano - NeoEmsiano

Material estudado: As amostras estão depositadas na coleção da Universidade

Federal do Paraná, UFPR, (NR 1751, 6057, 7420 e 9840), Instituto de Geociências da

Universidade de São Paulo, Igc- USP, (GP/ 1E 1301, 1308 e 1312), Universidade

Federal do Estado do Rio de Janeiro, UNIRIO (Unirio 94), Laboratório de Estratigrafia

e Paleontologia, UEPG (MPI 1078, 2077, 8644, 8711, 9276, 9840, e 9842),

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61

Departamento Nacional de Produção Mineral (DGM 1881 e 353) e Laboratório de

Paleontologia de Macroinvertebrados, UNESP (CCLP 1, 11, 21, 31, 39, 52).

Figura 16. Espécimes de Tentaculites crotalinus observados em coleções científicas. A) Igc 1/E

1308. B) CCLP 11. C) NR 7420. D) NR 6057. E) NR 8634. F) CCLP 23. H) CCLP 21. I) MPI

9842. Na figura C, a flecha demonstra os macroanéis dispostos irregularmente e de tamanhos

irregulares, característica encontrada nesta espécie. (Escala 0,5 cm).

Tentaculites jaculus Clarke, 1913

Fig. 17

1913 Tentaculites jaculus Clarke, 1913, p. 88-89, estampa, figs. 5-6.

1989 Seretites jaculus Ciguel, 1989, p. 74, fig. 31.

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1999 Tentaculites jaculus Azevedo-Soares, 1999, p. 88-90, estampa 3, figs. 1-6.

Espécie tipo: Tentaculites jaculus Clarke, 1913.

Holótipo: Clarke (1913). Estampa VIII, figs 5 e 6.

Ementa específica: Conchas com comprimento aproximado entre 1,1 a 3,7 cm.

Anéis discoides arredondados, inexpressivos, dispostos em tamanhos irregulares ao

longo da concha. A presença da ornamentação começa próximo ao meio da concha.

Interespaços rasos, lisos. Os interespaços correspondem, praticamente, a mesma

espessura que os anéis, estão dispostos irregularmente, sendo que alguns momentos os

interespaços da região adulta mostram-se maiores. Raros microanéis, quando aparecem

estão na região adulta e da abertura. O diâmetro das partes distal é maior do que em T.

crotalinus. A região apical encontra-se desprovida de ornamentações. Câmara

embrionária pontiaguda, porém não tão afunilada como outros representantes desse

gênero. Ângulo de crescimento aproximado de 8 a 9 graus.

Discussão: Ciguel (1989), sinonimiza esta espécie proposta por Clarke (1913)

como sendo pertencente ao gênero Seretites Lyashenko (1969). Azevedo-Soares (1999)

cita em sua dissertação a não concordância com esta mudança de gênero, reconhecendo

a espécie como Tentaculites jaculus. Após análise do holótipo e parátipos da espécie,

aqui é reafirmado que o táxon possui características morfológicas adequadas para

pertencer ao gênero Tentaculites, e não ao gênero Seretites. Segundo Ciguel (1989),

Seretites apresentaria a região da câmara embrionária e juvenil lisa, sendo esta uma

característica autapomórfica ao gênero, porém esta característica morfológica não é

apresentada na diagnose do gênero e em nenhum dos espécimes, já descritos. Sendo

assim, os presentes autores optaram em manter a espécie Tentaculites jaculus Clarke,

1913, não realizando a transferência do gênero como proposta por Ciguel (1989). A

espécie T. jaculus difere da espécie T. crotalinus, pela disposição da ornamentação na

concha, diâmetro distal maior, interespaços menores e câmara embrionária com ângulo

de crescimento mais elevado do que em T. crotalinus.

Distribuição Geográfica: Afloramento dos municípios de Jaguariaíva

(afloramento estrada Jaguariaíva-Arapoti (S 240 14’ 05’’; W 49

0 42’ 34’’)), Palmeira

(afloramento Rio Caniú (S 250 18’ 48’’; W 50

0 05’ 32’’)), Tibagi e Ponta Grossa

(afloramentos Aeroporto (S 250 08’ 57, 94’’; W 50

0 08’ 43, 16’’ e Fazenda Rivadávia (S

250 15’ 05, 47’’; W 50

0 03’ 06, 21’’))). Esta espécie já foi descrita para o Devoniano do

Paraguai e Peru.

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Distribuição Estratigráfica: NeoPraguiano – NeoEmsiano.

Material estudado: As amostras estão depositadas na coleção da Universidade

Federal do Paraná, UFPR, (NR 1751 e 3401), Laboratório de Estratigrafia e

Paleontologia, UEPG (MPI 9812, 9821, 9835, 9836, 9837 e 9842), Departamento

Nacional de Produção Mineral (DGM 1540 e 3), Instituto de Geociências da

Universidade de São Paulo, Igc- USP, (GP/ 1E1292 e 3602), Museu Nacional,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ (MN 2744, 6453 e 7052) e Núcleo de

estudos Paleontológicos-UFRJ (13te).

Figura 17. Tentaculites jaculus observados nas coleções científicas. A) UNIRIO 104 te. B)

MPI 9836. C) MN 6453. D) MN 7042. E) UNIRIO 1 te. (Escala 1,0 cm).

Tentaculites kozlowskius sp. nov.

Fig. 18

1989 Tentaculites kozlowskiensis Ciguel, 1989, p. 52, fig. 16.

Espécie tipo: Tentaculites kozlowskius sp. nov.

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Holótipo: MPI 9837 depositadas no acervo do Laboratório de Estratigrafia e

Paleontologia, Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Diagnose:

Concha cuneiforme anelada. Anéis discoides arredondados, espessos salientes,

homomorfos, heterolongitudinais com crescimento proporcional. Espaços profundos,

côncavo a suavemente côncavo, distância e crescimento proporcional. Microanéis

pouco comuns, porém quando ocorrem distribuem se irregularmente na região da

abertura e mediana. Ápice cônico tenuemente anelado. Câmara embrionária

pontiaguda. (Ciguel, 1989. p. 52).

Ementa específica: Concha cuneiforme ornamentada, de poucas dimensões.

Comprimento varia de 0,6 até 1,2 cm. Possuem anéis discoides arredondados,

levemente salientes, anéis dispostos com pouco aumento de tamanho da região proximal

até a região distal. Outra característica marcante, em alguns espécimes os interespaços

na região juvenil eram bem menores se comparados com os interespaços da região

adulta. Na região adulta os interespaços podem chegar a duas vezes o tamanho dos

anéis. Bem como, uma maior concentração de anéis na região juvenil. Espaço

interanular planos a levemente côncavos. Os microanéis são raros, quando ocorrem,

aparecem na região da adulta e da abertura. A região apical é geralmente anelada.

Câmera embrionária levemente pontiaguda, mais parecida com a câmera de T. jaculus,

do que com T. crotalinus. Possuem ângulo de crescimento de aproximadamente entre 7

a 8 graus.

Discussão: A espécie T. kozlowskius possui características como anéis espessos e

proeminentes, interespaços côncavos com distâncias irregulares ao longo da concha isso

que o distinguem de outros táxons analisados. A nomenclatura proposta pelos autores

foi mantida, apesar das espécies que estão sendo descrito apenas em dissertações, para

evitar interpretações erradas. O sufixo do epíteto específico foi alterado para precisão

gramatical. Esta espécie difere de T. crotalinus por apresentar interespaços menores,

anéis dispostos irregularmente e ângulo de crescimento maior. O espécime difere é

Tentaculites eldredgianus por apresentar anéis através da concha. Também diferem de

Tentaculites trombetensis por apresentar anéis maiores, finos e menos expressivos e de

Tentaculites oseryi para apresentar anéis mais finos e mais espaços mais largos.

Page 65: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

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Etimologia: Homenagem a Roman Kozlowski, pesquisador polonês que estudou

os fósseis devonianos do Paraná em 1913.

Distribuição Geográfica: Afloramento dos municípios de Jaguariaíva,

Jaguariaíva (afloramento estrada de ferro Jaguariaíva-Arapoti (S 240 14’ 05’’; W 49

0

42’ 34’’)), Palmeira (afloramento Rio Caniú (S 250 18’ 48’’; W 50

0 05’ 32’’)) e Ponta

Grossa (afloramentos Fazenda Rivadávia (S 250 15’ 05, 47’’; W 50

0 03’ 06, 21’’) e

Curva I (S 250 03’ 34, 56’'; W 50

0 08’ 04, 09’’)).

Distribuição Estratigráfica: NeoPraguiano - NeoEmsiano

Material estudado: A amostra “05 te” está depositada no Núcleo de estudos

paleontológicos e estratigráficos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),

GP/ 1E 1285 e 1293 deposited in Instituto de Geociências da Universidade de São

Paulo, Igc – USP, Laboratório de Estratigrafia e Paleontologia, UEPG (MPI 1159, 2077,

9832, 9837, 9864 e 10335).

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Figura 18. Espécimes de Tentaculites kozlowskius. A) Igc 1/E 1285. B) MPI 2077. C) MPI

9837. D) MPI 9832. E) CCLP 29. F) CCLP 52. G) MN 7030. H) MN 7034. I) UFRJ 05 te.

(Escala 0,5 cm).

Tentaculites eldredgianus Hartt & Rathbun, 1875

Fig. 19

1899 Tentaculites eldredgianus Clarke, 1899, p. 80-81, pl. IV, figs. 29-31,

1933 Tentaculites eldredgianus Katzer, 1933, p. 252, pl. XIII, figs. 25 – 26.

Espécie tipo: Tentaculites eldredgianus Hartt e Rathbun, 1875.

Neótipo: Amostra UNIRIO 41, depositada na Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UNIRIO).

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Ementa específica: Concha de pequeno tamanho, com comprimento variando

entre 0,6 e 1,8 cm. Anéis arredondados, proeminentes, pouco espessos, dispostos

irregularmente, crescimento ao longo da concha apresenta-se com pouca variação.

Interespaços rasos possuem duas a três vezes o tamanho dos anéis, sendo maiores na

região adulta e da abertura. Não foi registrada a presença de microanéis. Região apical

anelada. Câmara embrionária levemente arredondada. Ângulo aproximado de 3 a 5

graus.

Discussão: As amostras analisadas encontram-se mal preservadas e em muitas

vezes sem a presença da câmara embrionária. O fato dos espécimes terem sido

encontrados preservados no arenito, o que indica ambientes altamente energéticos, não

foi favorável para uma boa fossilização. Esta espécie diferencia da espécie T. crotalinus

por não apresentar uma variação no tamanho dos anéis como a da Bacia do Paraná

apresenta bem como a câmara embrionária na espécie T. crotalinus é fortemente

afunilada e pontiaguda, aqui no caso de T. eldredgianus é levemente arredondada.

Diferencia da espécie T. kozlowskius por apresentar uma disposição anelar mais regular

e da espécie T. jaculus pelo tamanho do diâmetro distal, por apresentar câmera

embrionária mais afunilada e pela presença de anéis desde a região apical.

Distribuição Geográfica: A) Rio Maecuru, margem direita à 400m a montante da

cachoeira Teuapixuna ou Alagação. Coletadas pela expedição Orville Adelbert Derby,

em 1986. B) Localizado no lado norte de uma curva da BR 316 (Picos - Teresina), a

cerca de 5 km do trevo de Picos em direção a Oeiras, dentro de uma propriedade

particular, no município de Picos (informação verbal profa. Deusana Machado -

UNIRIO, 2014). Anteriormente descrita para o Devoniano da Colômbia.

Distribuição Estratigráfica: Formação Maecuru (Eifeliano) e Formação Cabeças

(Givetiano).

Material: Amostras de número 35, 41, 45, 47, 49, 51, 52 e 55 que estão

depositadas na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

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Figura 19. Espécimes representantes da espécie Tentaculites eldredgianus. A) UNIRIO 41. B)

UNIRIO 41. C) UNIRIO 55. D) UNIRIO 35. (Escala de 0,5 cm).

Tentaculites stubeli Clarke, 1899

Fig. 20

1899 Tentaculites stubeli Clarke, 1899, p. 80-81, pl. 4, figs. 24-28.

Espécie tipo: Tentaculites stubeli Clarke, 1899.

Neótipo: Amostra UNIRIO 05, depositada na Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UNIRIO).

Ementa específica: Concha com comprimento entre 0,7 e 1,8 cm. Anéis

arredondados a angulosos, pouco espessos, aumento do tamanho dos anéis da parte

proximal até a parte distal é pouco significativo. Os anéis perto da região da abertura

estão dispostos de maneira inclinada (oblíqua), ou seja, os anéis não estão dispostos

paralelamente à concha. Os interespaços são côncavos, irregulares, porém apresentam

espaçamento de duas a três vezes maiores do que o tamanho dos anéis. Região apical

desprovida de anéis. Câmara embrionária termina abruptamente, ligeiramente

Page 69: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

69

arredondada. Não foram encontrados espécimes com microanéis. Ângulo de

crescimento aproximado de 3 a 5 graus.

Discussão: Esta espécie possui alguns anéis, os que estão localizados próximos à

região da abertura, apresentando leve inclinação se comparado aos outros anéis da

concha. Esta feição não foi encontrada em nenhuma outra espécie descrita aqui. Difere

da espécie T. eldredgianus por apresentar a região apical desprovida de ornamentação e

uma câmera embrionária mais arredondada se compara a T. eldredgianus. Diferem das

espécies descritas para a Bacia do Paraná, pelo pequeno tamanho, pela disposição

regular dos anéis se comparada a T. kozlowskius, pelo aumento gradual e pelo formato

da câmera embrionária de T. crotalinus e pelo ângulo de crescimento, disposição anelar

e diâmetro da região distal de T. jaculus.

Distribuição Geográfica: Encontrada no afloramento da Margem direita do Rio

Maecuru cerca de 400 m a montante da cachoeira de Teapuxina ou Alagação e

aproximadamente 1,5 km a montante da foz do Igarapé Ipixuna. Encontrada também no

Devoniano do Paraguai.

Distribuição Estratigráfica: Formação Ererê (NeoEifeliana - EoGivetiana)

Material: Amostras de número 5, 46 e 48 que estão depositadas na Universidade

Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), amostra DGM 2912, depositada na

coleção do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e amostra MN 2697

depositadas no acervo do Laboratório de Paleontologia de Invertebrados, Museu

Nacional (UFRJ).

Figura 20. Exemplares de Tentaculites Stubeli. A) UNIRIO 05. B) DGM 2912. C) UNIRIO 05.

(Escala 0,5 cm).

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Tentaculites oseryi Clarke, 1899

Fig. 21

1899 Tentaculites oseryi Clarke, 1899, p. 80.

Espécie tipo: Tentaculites oseryi Clarke, 1899.

Neótipo: amostra 58. Depositada na coleção do Laboratório de Estudos de

Comunidades Paleozoicas (UNIRIO).

Ementa específica: Concha anelada, com comprimento variando entre 0,7 e 1,4

cm. Anéis arredondados, finos e inexpressivos, aumentam de tamanho de maneira

gradativa e regular. Interespaços estreitos, em muitos casos o tamanho dos anéis é o

mesmo dos interespaços. Aumentam de tamanho de forma gradativa e regular. Em

algumas amostras a presença de anéis estende-se até o ápice, em outros casos a região

apical encontra-se sem ornamentação. Não foi encontrado material com a câmara

embrionária preservada, sendo assim, também não pode fazer uma estimativa do ângulo

de crescimento desta espécie.

Discussão: Esta espécie é bem característica quanto à ornamentação na sua

superfície. Os anéis e os interespaços encontram-se “praticamente” unidos um ao outro,

esta característica não havia sido descrita para nenhum tentaculitoideo brasileiro. A

espécie T. oseryi difere de T. crotalinus, T. kozlowskius, T. eldredgianus e T. stubeli

pela distribuição dos interespaços e dos anéis estarem próximos, de maneira quase

inexpressiva. Ainda pode ser diferenciado de T. stubeli pelo formato dos anéis e pelo

tamanho dos interespaços em T. eldredgianus.

Distribuição Geográfica: A) Afloramento localizado no lado norte de uma curva

da BR 316 (Picos - Teresina), a cerca de 5 km do trevo de Picos em direção a Oeiras,

dentro de uma propriedade particular, no município de Picos. B) Situado numa curva da

estrada de terra em direção ao povoado de Oiti, a 800 m do entroncamento desta com a

PI-120 (trecho Valença do Piauí – Pimenteiras), no município de Pimenteiras, PI.

(Informações cedidas pela profa. Deusana Machado – UNIRIO, 2014).

Distribuição Estratigráfica: Formação Cabeças (Givetiano).

Material: Amostras de número 55, 58, 59, 101 e 102 que estão depositadas na

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e amostra DGM 2912 na

coleção do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

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Figura 21. Espécimes da espécie Tentaculites oseryi. A) UNIRIO 58. B) UNIRIO 59. Na

figura A, a flecha indicando como os anéis e interespaços encontram-se dispostos praticamente

com a mesma espessura (Escala 0,5 cm).

Tentaculites trombetensis Clarke, 1899

Fig. 22

1899 Tentaculites trombetensis Clarke, 1899, p. 38, pl. 2, figs. 26-27.

1989 Tentaculites trombetensis Ciguel, 1989, p. 64- 66, pl. 24-25

Espécie tipo: Tentaculites trombetensis Clarke, 1899

Neótipo: Amostra MN 2697. Depositada no acervo do Laboratório de

Paleontologia de Invertebrados, Museu Nacional (UFRJ). Ementa específica: Concha

pequena, com tamanho aproximado de 0,7 a 1,5 cm. Anéis arredondados a angulosos,

expressivos. Interespaços espessos e côncavos, apresentando quase o dobro do tamanho

dos anéis. A quantidade dos anéis e os interespaços aumentam da região proximal até a

região distal regularmente. A região apical não apresenta qualquer tipo de

ornamentação. Não foram visualizados microanéis em nenhum dos espécimes

analisados. A câmara embrionária é levemente pontiaguda a arredondada.

Discussão: Esta espécie não se assemelha com T. eldredgianus, visto que T.

trombetensis possui anéis mais angulosos e mais proeminentes. Embora não apresente

Page 72: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

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ornamentação na região juvenil, tal como T. stubeli, as semelhanças param por aqui. T.

trombetensis possui anéis angulosos e câmara embrionária mais pontiaguda do que T.

stubeli. Em comparação com as espécies encontradas na Bacia do Paraná, esta espécie é

bem menor do todas já descritas. Em comparação com T. crotalinus, a disposição anelar

entre as espécies, nada se assemelha. Visto que os anéis em T. crotalinus são dispostos

irregularmente e aumentando à medida que se aproximam da região da abertura,

enquanto que em T. trombetensis o tamanho pouco se altera. A região da câmara

embrionária é mais pontiaguda e extensa em T. crotalinus do que em T. trombetensis. A

espécie T. jaculus apresenta características que diferem de T. trombetensis como a

concha mais espessa, câmara embrionária mais arredondada, anéis pouco proeminentes

e interespaços rasos.

Distribuição Geográfica: A) Rio Maecuru, margem direita à 400m a montante da

cachoeira Teuapixuna ou Alagação, coletadas pela Expedição Orville A. Derby. B)

Localizado no lado norte de uma curva da BR 316 (Picos - Teresina), a cerca de 5 km

do trevo de Picos em direção a Oeiras, dentro de uma propriedade particular, no

município de Picos (Informações cedidas pela profa. Deusana Machado – UNIRIO -

2014). Encontrado também no Devoniano da Bolívia e Paraguai.

Distribuição Estratigráfica: Formação Maecuru (Eifeliano) e Formação Cabeças

(Givetiano).

Material: Amostras 37, 38 e 50 estão depositadas na Universidade Federal do

Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Amostra MN 2697 depositadas no acervo do

Laboratório de Paleontologia de Invertebrados, Museu Nacional (UFRJ), amostra DGM

2865 na coleção do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e amostra

GP/ 1E 1448 depositada no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (Igc-

USP).

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Figura 22. Alguns exemplares de Tentaculites trombetensis. A) UNIRIO 38. B) MN 2697. C)

UNIRIO 37. (Escala de 0,5 cm).

Tentaculites paranaensis sp. nov

Fig. 23

Espécie tipo: Tentaculites paranaensis sp. nov.

Holótipo: GP/1E 3242 depositada na coleção do acervo do Laboratório de

Paleontologia e Sistemática, Igc - USP.

Diagnose: Concha cuneiforme anelada. Anéis discoides angulosos, finos,

inexpressivos, homomorfos, homolongitudinais. Espaço interanular plano, raso, liso

com distância crescente e proporcional. Microanéis ocorrem de forma aleatória e

irregularmente em número, predominantemente na região da abertura. Ápice

tenuemente curvo e liso. Câmara embrionária cônica pontiaguda.

Descrição: Comprimento da concha varia de 1,0 a 2,8 cm. Anéis discoides

angulosos, pouco salientes, relativamente finos e simétricos. Os anéis crescem de

tamanho de maneira regular e homogênea, pouca a diferença entre os anéis da parte

proximal da parte distal. O mesmo caso ocorre com os interespaços, os quais aumentam

de tamanho da região proximal até a região distal de maneira homogênea. Os

interespaços são suavemente côncavos (raras as exceções, os interespaços encontram-se

profundamente côncavos). Na maioria dos casos os interespaços da região adulta e da

abertura, são até três vezes o tamanho dos anéis. Enquanto que na região juvenil, os

interespaços são ligeiramente maiores que os anéis, bem como algumas vezes são do

mesmo tamanho. Os microanéis ocorrem em alguns espécimes, quando encontrados,

localizam-se na região da abertura, caracterizados por microestruturas finas e

inexpressivas. A câmara pontiaguda a arredondada, em alguns casos foi observado à

presença do espinho apical. Ângulo de crescimento varia entre 3 a 6 graus.

Discussão: As espécies Tentaculites barbosensis, Homoctenus carvalhensis e

Tentaculites rathbuensis, informalmente proposto por Ciguel (1989), têm diagnóstico

específico semelhante e diferem um do outro pelo tamanho do anel. Neste caso, os

táxons tornam-se sinônimos, e a espécie Tentaculites paranaensis é proposto por

possuir anéis discoides e angulares e uma câmara embrionária pontiaguda, que o

distingue de outros táxons analisados. As espécies Tentaculites paranaensis difere

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Homoctenus krestovnikovi (Lyashenko, 1955) por apresentar anéis mais amplos e

interespaços, uma concha em linha reta e maior. A espécie Tentaculites paranaensis

apenar de parecida, difere da U. ciguelius por apresentar anéis angulosos mais espessos,

a disposição dos anéis de maneira homogênea e o aumento gradual e homogêneo dos

interespaços.

Etimologia: Nome dado em referência ao grande número de fósseis de

tentaculitoideos encontrados nas camadas devonianas no estado do Paraná, da Bacia do

Paraná.

Distribuição Geográfica: Municípios de Jaguariaíva (afloramento estrada de

ferro Jaguariaíva-Arapoti (S 240

14’ 05’’; W 490 42’ 34’’)) e Ponta Grossa (Fazenda

Rivadávia (S 250 15’ 05, 47’’; W 50

0 03’ 06, 21’’), Curva I (S 25

0 03’ 34, 56’'; W 50

0

08’ 04, 09’’) e Desvio Ribas - Tibagi (S 250 12’ 02,73’’; W 50

0 03’ 58,55’’)).

Distribuição Estratigráfica: NeoPraguiano - NeoEmsiano

Material estudado: As amostras estão depositadas na Universidade Federal do

Paraná, UFPR, (NR 4784, 6030, 6497, 6589, 7137, 7425 e 7470), Instituto de

Geociências da Universidade de São Paulo, Igc- USP, (GP/ 1E 1287, 3242, 3363, 3409

e 3414), Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ (MN 7011),

Laboratório de Paleontologia de Macroinvertebrados, UNESP (CCLP 28), Universidade

Federal do Estado do Rio de Janeiro, UNIRIO (7, 90, 91 e 95 ten) e Laboratório de

Estratigrafia e Paleontologia, UEPG (MPI 9184).

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Figura 23. Alguns dos espécimes de Tentaculites paranaensis. A) Igc 1/E 3242. B) Igc 1/E

1287. C) NR 7137. D) NR 7458. E) NR 4784. F) UNIRIO 97. G) NR 5466. H) UNIRIO 90. I)

Igc 1/E 3247. J) Igc 1/E 1296. K) NR 6115. L) Igc 1/E 3414. (Escala 1,0 cm).

Ordem Tentaculitida Lyashenko, 1955

Família Uniconidae Lyashenko, 1955

Gênero Uniconus Lyashenko, 1955

Uniconus ciguelius sp. nov.

Fig. 24

Espécie tipo: Uniconus ciguelius sp. nov.

Holótipo: Amostra MPI 10152, depositada no acervo do Laboratório de

Estratigrafia e Paleontologia, Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Diagnose: Concha cuneiforme anelada. Anéis assimétricos angulosos, voltados

para a região da abertura, salientes, homomorfos com espessura média,

Page 76: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

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heterolongitudinais com crescimento proporcional. Espaços regular, liso, raso e

suavemente côncavo. Microanéis escassos. Câmara pontiaguda.

Descrição: Concha cuneiforme ornamentada. Possuem comprimento aproximado

de 0,8 a 2,2 cm. Anéis assimétricos angulosos. Os anéis da região distal da concha estão

voltados para a região da abertura da concha. Em alguns casos passam a impressão de

ser composto por sucessivos cones, um encaixado no outro. Os anéis são salientes,

pouco espessos, o tamanho dos anéis aumenta gradativamente desde a região proximal

até a região distal. Os interespaços vão de suavemente côncavos a fortemente côncavos,

aumentam gradativamente e pouco regulares. Quando presente, os microanéis estão

dispostos na região da abertura. Ápice tenuemente anelado. Apenas poucos exemplares

apresentavam a câmara embrionária pontiaguda. Ângulo de crescimento entre 3 e 8

graus.

Discussão: A espécie possui caracteres de Uniconus tais como anéis assimétricos

proeminentes voltados em direção à abertura que o distinguem dos outros gêneros. Este

é o primeiro registro do gênero a partir do Devoniano do Brasil. A nova espécie

Uniconus ciguelius difere Uniconus liwanensis Lyashenko, 1955 por apresentar formato

mais assimétrico dos anéis, interespaços maiores e irregulares e concha com

comprimento mais longo.

Etimologia: O nome da espécie é uma homenagem a José Henrique Godoy

Ciguel, o maior estudioso da classe Tentaculitoidea do Brasil que teve morte precoce

durante trabalho de campo no interior do estado do Paraná em decorrência de acidente

automobilístico.

Distribuição Geográfica: Afloramento dos municípios de Jaguariaíva

(afloramento estrada de ferro Jaguariaíva-Arapoti (S 240 14’ 05’’; W 49

0 42’ 34’’) e

Ponta Grossa (Fazenda Rivadávia (S 250 15’ 05, 47’’; W 50

0 03’ 06, 21’’))).

Distribuição Estratigráfica: NeoPraguiano – EoEmsiano.

Material estudado: GP/ 1E 1305, 1309, 1297, 3322 e 3247 depositadas no

Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (Igc- USP), Universidade

Federal do Paraná, UFPR (NR 3800, 5466, 6560, 7138, 7153 e 7403), Laboratório de

Estratigrafia e Paleontologia, UEPG (MPI 10152 e 1095), Departamento Nacional de

Produção Mineral, DNPM (DGM 1923) e Universidade Federal do Rio de Janeiro,

UFRJ (2 e 22 te).

Page 77: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

77

Figura 24. Espécimes de Uniconus ciguelius observadas nas análises. A) CCLP 39. B) CCLP

40. C) UFRJ 22te. D) CCLP 22. E) MPI 10152. F) DGM 1923. G) CCLP 39. (Escala 0,5 cm).

Ordem Homoctenida Bouček, 1964

Família Homoctenidae Lyashenko, 1955

Gênero Homoctenus Lyashenko, 1955

Homoctenus katzerius sp. nov.

Fig. 25

Page 78: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

78

1989 Homoctenus katzerensis Ciguel, 1989, pg. 95, fig. 39.

Espécie tipo: Homoctenus katzerius sp. nov.

Holótipo: MN 7030 depositada na coleção do Museu Nacional, Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Diagnose:

Concha cuneiforme anelada com a região apical encurvada. Anéis discoides

arredondados com elevada espessura. Homomorfos, homolongitudinais, pouco

salientes, simétricos. Espaço interanular com alta concavidade, distância crescente,

irregular e proporcional. Microanéis na região da abertura e mediana. Ápice

tenuemente cônico anelado. Câmara embrionária pontiaguda. (Ciguel, 1989. p. 92).

Ementa específica: Concha cuneiforme ornamentada. Concha variando de 0,8 a

1,5 cm de comprimento. Anéis arredondados a angulosos, aumento gradual e

homogêneo. Interespaços ligeiramente côncavo. Interespaços com aproximadamente

duas vezes o tamanho dos anéis na região adulta e da abertura, enquanto que na região

juvenil não chegando a duas vezes. Com esporádicos microanéis, distribuindo se

irregularmente em forma e quantidade. Microanéis apareceram na região adulta e da

abertura. Apresenta maior espessura da parte distal da concha, se comparado ao

Tentaculites paranaensis. Apresentam anelação desde a região apical. Câmara

embrionária ligeiramente abrupta e arredondada. Ângulo de crescimento entre 5 a 8

graus.

Discussão: As espécies Homoctenus katzerensis e Homoctenus siemiradzkiensis

informalmente propostas por Ciguel (1989) apresentam diagnose específica similar

sendo diferenciada por detalhes de caráter subjetivo. Aqui sinonimiza-se os táxons

propondo a validação de Homoctenus katzerensis por esse táxon possuir características

tais como anéis discoides ondulados, homolongitudinais, homomorfos, ápice curvo.

Altera-se o sufixo do epíteto específico para adequação gramatical. As espécies

Homoctenus katzerius difere Tentaculites paranaensis e Homoctenus krestovnikovi

Lyashenko, 1955 por apresentar concha maior, anéis mais robustos e interespaços

menores, apresentando anéis até a região embrionária. Em comparação com a espécie de

Tentaculites paranaensis, a H. katzerius apresenta maior diâmetro distal, tamanho de

Page 79: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

79

concha menor, anéis menos angulosos e mais finos e câmara embrionária mais

arredondada.

Etimologia: Homenagem a Friedrich Katzer que publicou lista de fósseis

devonianos até 1898 no Estado do Paraná. Efetuou comparações com a fauna do

Maecuru (Bacia do Amazonas) e que ambas poderiam corresponder à porção inferior do

Devoniano Médio da América do Norte.

Distribuição Geográfica: Jaguariaíva (afloramento estrada de ferro Jaguariaíva-

Arapoti (S 240 14’ 05’’; W 49

0 42’ 34’’)), Palmeira (afloramento Rio Caniú (S 25

0 18’

48’’ e W 500 05’ 32’’)) e Ponta Grossa (Fazenda Rivadávia (S 25

0 15’ 05, 47’’; W 50

0

03’ 06, 21’’)).

Distribuição Estratigráfica: NeoPraguiano ao NeoEmsiano

Material estudado: As amostras NR 1772, 6116 e 7257 estão depositadas no

Laboratório de Paleontologia da UFPR. As amostras 4 e 7 te estão depositadas na

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Laboratório de Estratigrafia e

Paleontologia, UEPG (MPI 1090), Instituto de Geociências da Universidade de São

Paulo, Igc-USP, (GP/1E 3340, 3411, 3624, 3633, 3638, 3643 e 3647), Laboratório de

Paleontologia de Macroinvertebrados, UNESP (CCLP 8, 10, 21, 25, 28, 30 e 39) e

Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ (MN 1762, 7021 e

7030).

Page 80: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

80

Figura 25. Homoctenus katzerius. A) Igc 1/E 1294. B) CCLP 25. C) Igc 1/E 3411. D) CCLP

10. E) CCLP 21. F) Igc 1/E 3633. G) UFRJ 07 te. H) Igc 1/E 3428. (Escala 0,5 cm).

Ordem Dacryoconarida Fisher, 1962

Família Stylionidae Gabrau & Shimer, 1910

Gênero Styliolina Karpinsky, 1884

Styliolina cf. Styliolina fissurella Hall, 1843

Fig. 26

1843 Tentaculites fissurella. Hall, 1843, p. 182. Fig. 71/10

1879 Styliola fissurella Hall, 1879, p. 178-9, pl. 31a, fig. 4-10, 18-22, 29-30, 33

1904 Styliolina fissurella Chapman, 1904, p. 338. Pl. 31, fig. 4.

1941 Styliolina fissurella (Hall); Gill, 1941, p. 149. Pl. 4, figs. 3-4.

1964 Styliolina fissurella (Hall); Bouček, 1964, p.127-131. Pl. 31. Fig 1 e 2.

1969 Styliolina fissurella (Hall); Lardeux, 1969, p. 159-160. Pl. 48. Figs 122, 133.

2004 Styliolina fissurella (Hall); Berkyová, 2004, p. 152. Fig. 4a.

Espécie tipo: Tentaculites fissurella Hall, 1843

Lectótipo: Espécime figurado por Hall (1879), pl. 31a, fig. 13.

Page 81: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

81

Ementa específica: Concha cuneiforme desprovido de ornamentações.

Comprimento varia entre 0,8 a 1,8cm. Algumas apresentam marcas de linhas de

crescimento. Câmara embrionária goticular. Apresenta alto valor de diâmetro quando

comparado aos outros tentaculitoideos analisados. Parede interna, molde liso. Ângulo de

crescimento varia entre 5 e 13 graus.

Discussão: Styliolina cf. Styliolina fissurella possui características como ser

desprovida de ornamentações e câmara embrionária em forma goticular. Essa espécie

distinguiu de todos os outros táxons analisados. Esta espécie difere de Styliolina

clavulus encontrada na Bacia do Amazonas e Parnaíba, por apresentar concha com

maior diâmetro na parte distal, ângulo de crescimento maior, câmara embrionária mais

arredondada e goticular. Em comparação com Styliolina clavulus tem ângulo de

crescimento menor e também tem concha mais comprida. A amostra analisada é

reconhecida como Styliolina cf. Styliolina fissurella por possuir a concha estreita e

cônica, em linha reta, ângulos de crescimento variando entre 7 e 90 como descrita na

diagnose da espécie por Hall, 1843. Embora este gênero seja reconhecido por apresentar

pequenos tamanhos, as características morfológicas aqui verificadas, foram possíveis

chegar a nível genérico.

Distribuição Geográfica: encontradas em afloramentos dos municípios de Tibagi

(afloramento Km 220 (S 240

38’ 02,19’’; W 500 27’ 40,35’’) e Ponta Grossa

(afloramento Aeroporto (S 250 08’ 57, 94’’; W 50

0 08’ 43, 16’’))). Sendo encontrada

também no Devoniano da América do Norte, Austrália, Nova Zelândia, Inglaterra e

Rússia.

Distribuição Estratigráfica: Meso-NeoEmsiano.

Material Estudado: NR 5914, 6231, 6545 e 6782 está depositada no Laboratório

de Paleontologia da UFPR, Instituto de Geociências, USP (GP/ 1T 1283, 3446, 3582 e

3587), Laboratório de Estratigrafia e Paleontologia, UEPG (MPI 460, 6951, 9802 e

9812), Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ (MN 6449 e

7030), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, UNIRIO (3, 4, 5, 16, 22 e 23)

e Departamento Nacional de Produção Mineral, DNPM (DGM 1703).

Page 82: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

82

Figura 26. Espécimes de Styliolina cf. Styliolina fissurella. A) UNIRIO 16. B) MN 7430. C)

UNIRIO 22. D) UNIRIO 107. (Escala 1,0 cm).

Styliolina clavulus Barrande, 1867

Fig. 27

1882 Styliola clavulus Barrande, 1867, p. 59, pl. 13, fig. 27-30

1897 Styliola clavulus Katzer, 1897, p. 1021, figs, 481-7/7

1933 Styliolina clavulus Katzer, 1933, p. 190, pl.8, fig.29a

1952 Styliolina clavulus Prantl, 1952, p. 195.

1952 Styliolina clavulus Skácel, 1952, p. 18-19, fig. 1.

1952 Styliolina clavulus Tröger, 1952, p. 754, fig. 10.

1962 Styliolina clavulus Fisher, 1962, p. 166, fig. 55/2

Espécie tipo: Tentaculites clavulus Barrande, 1882.

Holótipo: Barrande, 1867, estampa 14, fig. 28-29.

Ementa específica: Concha com tamanho aproximado entre 0,9 e 2,0 cm, reta e

sem a presença de anelações. Em alguns casos ocorre a presença de tênues estrias de

crescimento. Distância distal pequena quando comparada a outros dacryoconarídeos.

Câmara embrionária com forma goticular, embora a região apical seja levemente

Page 83: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

83

afunilada. Nota-se um leve afunilamento na região apical. Ângulo de crescimento com

aproximadamente entre 4 a 8 graus.

Discussão: Esta espécie se difere dos Tentaculitida e Homoctenida por não

apresentar ornamentação ao longo da concha e por possuir uma câmera embrionária

goticular, enquanto que homoctenídeos e tentaculitidas possuem câmara arredondada a

pontiaguda. Esta espécie apresenta algumas características que a diferem da espécie

Styliolina cf. Styliolina fissurella, tais como menores dimensões, possui câmara

embrionária menos goticular e arredondada, visível afunilamento da região apical,

diâmetro distal menor e ângulo de crescimento inferior.

Distribuição Geográfica: A) Rio Maecuru, margem direita à 400m a montante da

cachoeira Teuapixuna ou Alagação, coletadas pela Expedição Orville A. Derby, 1986.

B) Afloramento localizado no lado norte de uma curva da BR 316 (Picos - Teresina), a

cerca de 5 km do trevo de Picos em direção a Oeiras, dentro de uma propriedade

particular, no município de Picos (Informações cedidas pela profa. Deusana Machado -

UNIRIO).

Distribuição Estratigráfica: Formação Maecuru (Eifeliano) e Formação Cabeças

(Givetiano).

Material estudado: As amostras analisadas estão depositadas no acervo da

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, UNIRIO (36, 39, 42, 43, 44 e 60).

Figura 27. Styliolina clavulus. A) UNIRIO 36. B) UNIRIO 43. C) UNIRIO 44. D) UNIRIO 42.

(Escala 1,0 cm).

Page 84: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

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5.1.1 NOVOS ACHADOS

Durante as atividades de campo em afloramentos no Devoniano médio

(NeoEifeliano-EoGivetiano), foi constatada a presença de amostras contendo

organismos parecidos com tentaculitoideos, porém com preservações peculiares, tais

como anéis fortemente deformados, conchas compridas e encurvadas, em alguns casos

apenas os moldes internos dos anéis são preservados, sem a presença dos interespaços e

organismos fossilizados, provavelmente, enterrados ao substrato.

As amostras foram submetidas a análises taxonômicas e de Espectroscopia de

Energia Dispersiva (MEV-EDS), para visualização quanto à constituição da estrutura da

concha. As análises demonstraram uma composição de carbonato de cálcio. Tentou-se

analisar a diferença da composição dos anéis e dos interespaços, para verificar se havia

diferença entre essas partes, a qual justificasse a preservação mais “encurvada” dessas

amostras, porém, não apareceram resultados satisfatórios. Farsan (1994) descreveu que

os tentaculitoideos possuem a concha “encurvada” durante os primeiros estágios de

formação da concha primária. As amostras foram encontradas todas fragmentadas e em

ambientes com baixo índice de oxigênio (como explicado anteriormente).

Esses organismos já foram abordados como “roll marks”, marcas de rolamento

de cefalópodes, (BOSETTI et al., 2010) ?Ctenoceras (BOSETTI et al., 2011;

HORODYSKI et al., 2014) e tentaculitoideos. Esses espécimes encontram-se

visivelmente preservados de maneira diferente do que os outros tentaculitoideos já

encontrados (Figura 28).

Page 85: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

85

Figura 28. Estampa ilustrativa de prováveis tentaculitoideos encontrados em afloramentos do

Devoniano médio, Bacia do Paraná. A e B (UEPG, sem numeração). C) MPI 8628. D) MPI

9298 (Escala de 1mm).

Como este organismo é encontrado frequentemente nos afloramentos e não há

consenso quanto a sua classificação taxonômica, buscou-se ajuda com outros

pesquisadores para possíveis elucidações quanto ao material encontrado.

Porém, novos achados em afloramento no município de Tibagi, coletados

durante o ano de 2013 sugerem uma linha de raciocínio nova onde esses organismos

podem ser considerados tubos de vestimentíferos cilíndricos longitudinalmente

irregulares, flexionados, sem septos, túbulos internos ou extremidade aboral visível

(BOSETTI et al., 2014). Neste trabalho os autores afirmam que a cimentação de

carbonato precipitado na parte interna e nas partes externas dos tubos, com isso os

organismos se projetariam verticalmente na coluna d’agua sendo explicada a aparente

articulação dos tubos. Os tubos vestimentíferos (Figura 29) seriam semelhantes ao

Lamellibrachia atual. Complementam ainda, que o fato de possuírem preservação

diferenciada, demonstrando um formato mais “curvo”, demonstra que esses tubos

seriam mais flexíveis.

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Figura 29. Amostra com prováveis tubos vestimentíferos. (UEPG, amostra sem numeração.

Escala 1mm).

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87

5.2. ANÁLISES TAFONÔMICAS

As análises tafonômicas tiveram como objetivo estabelecer a questão da aloctonia

ou autoctonia dos tentaculitoideos, indicação de mistura temporal e a distribuição

paleobatimétrica dos organismos além das questões energéticas relacionadas à gênese

das concentrações fossilíferas.

Para as análises foram verificadas as feições estratigráficas, feições

sedimentológicas e feições bioestratinômicas.

Feições bioestratinômicas como abrasão, bioerosão, predação e incrustação, já

foram registradas em tentaculitoideos de bacias sedimentares não brasileiras. O mesmo

não foi ainda registrado para o Brasil.

Berkyová et al. (2007) descrevem a provável ocorrência de predação em

tentaculitoideos em alguns exemplares do Devoniano da Polônia. Larsson (1979) e

Farsan (1994) verificaram a presença de incrustação por epizoários na região da

abertura em alguns tentaculitoideos.

Os trabalhos de Brett e Baird (1986), Kidwell et al. (1986), Holz e Simões

(2002), Rodrigues et al., (2003), Ghilardi (2004), Simões et al. (2010), Zabini et al.,

(2010), Zabini et al., (2012) e Horodyski (2014) foram essenciais para a proposição das

classes tafonômicas descritas abaixo.

Segundo Brett e Baird (1986) as análises de alguns fenômenos bioestratinômicos

e diagenéticos, podem auxiliar na determinação de fácies tafonômicas. Kidwell et al.

(1986) descrevem diversas interpretações sobre as análises de concentrações

fossilíferas. Enquanto que Speyer e Brett (1986) no seu trabalho sobre a tafonomia de

trilobitas do Devoniano introduzem o conceito de “tafofácies”. Tafofácies consiste em

uma associação fossilífera com assinaturas tafonômicas distintas em um determinado

nível sedimentar que evidencia com maior segurança a história deposicional dos restos

esqueléticos em estudo (HORODYSKI, 2014).

O bioclasto apresentará uma gama considerável de padrões de preservação

refletindo diferenças substanciais em suas características tafonômicas. Após análise das

amostras, foi possível verificar a presença de dois conjuntos preservacionais

tafonômicos distintos: amostras com espécimes isolados e agrupados. Foi possível a

elaboração de 6 classes tafonômicas (Figura 30). Verificaram-se associações com outros

grupos de invertebrados: artrópodes, anelídeos e moluscos bivalves.

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88

Figura 30. Demonstração das classes tafonômicas descritas, em níveis paleobatimétrica. Classe C1 ocorrentes no shoreface. Classes C2 encontrada no

offshore transicional, logo abaixo do NBOTB. As classes C3, C4, e C5 encontram-se acima do Nível de Base de Tempo Bom (NBOT), no offshore

transicional. Enquanto que a classe C6 localiza-se abaixo do Nível de Base de Tempestade (NBOT), no offshore.

Page 89: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

89

Levando em consideração que os espécimes inteiros possuem todas as partes da

concha: embrionária, juvenil e adulta e os espécimes agrupados quando encontrados de

5 indivíduos.

Classe 1

Descrição: correspondem a organismos isolados e sem fratura longitudinal da

concha. Ocorrem em Siltitos arenosos. Sem orientação preferencial. Todos os fósseis

encontrados concordantes ao plano de acamamento (Figura 30).

Os espécimes encontrados pertencem ao gênero Tentaculites. Foram encontrados

em afloramentos dos municípios de Jaguariaíva (Jaguariaíva) e Ponta Grossa (Campus).

Encontram-se distribuídos no início da Sequência B e no final da Sequência D.

Interpretação: São encontrados na base do Trato de Sistema Transgressivo

(TST), sequência B. Esta classe tafonômica ocorre em ambientes de shoreface,

ambientes de águas rasas predominantes, situados acima no Nível de Base de Tempo

Bom (NBOTB). Configura uma região de alta energia do ambiente, os organismos

encontravam-se fragmentados, sem fraturas ao longo da concha e em alguns casos

inteiros. A fragmentação podem indicar ambientes altamente energéticos ou tempos

prolongados de retrabalhamento (BRETT; BAIRD, 1986). São organismos alóctones

(KIDWELL et al., 1986). De acordo com Kidwell et al. (1986) ambientes acima do

Nível de Base de Tempo Bom (NBOTB) são ambientes altamente energéticos,

ocorrendo o retrabalhamento das concentrações em algum momento.

Classe 2

Descrição: Composta por organismos inteiros e fragmentados, agrupados e sem

fratura longitudinal. Os tentaculitoideos encontrados nessas subclasses são: Homoctenus

sp., Tentaculites sp., e Styliolina sp. Orientação polimodal preferencial. São preservados

em siltitos médios (raras as amostras preservadas em siltitos fino). Todos os organismos

encontram-se dispostos concordantes ao plano de acamamento. Verificaram-se

concentrações na forma de pavimento e em cluster (maior predominância). Associados a

Australoscoelia sp., Derbyina sp., Lingulídeos infaunais e bivalves indeterminados. Em

algumas amostras foram encontrados indivíduos inteiros bem como fragmentados,

indicando mistura temporal. Amostras densamente empacotada (Figura 30).

Page 90: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

90

Encontrados nos afloramentos de Jaguariaíva, Boa Vista, Sim da B, Aeroporto,

Desvio Ribas e Placidina. Registrados na sequência B com 33 espécimes e no início da

C com aproximadamente 86 casos registrados.

Interpretação: esta classe está localizada no offshore transicional logo abaixo

do Nível de Base de Tempo Bom (NBOTB), ambiente relativamente energético. O alto

grau de empacotamento pode refletir na acentuada seleção hidráulica ou baixa taxa de

sedimentação. Neste caso são encontrados indivíduos inteiros e fragmentados, isso

indica que o evento deposicional que gerou esta tafocenose, reuniu diferentes fases de

retrabalhamento dos tentaculitoideos. Os fragmentos estavam no ambiente a mais tempo

do que os indivíduos inteiros, os quais foram, provavelmente, incorporados durante o

evento que gerou o depósito sedimentar (KIDWELL et al., 1986; HOLZ; SIMÕES,

2002). São considerados indivíduos parautóctones a alóctones (KIDWELL et al., 1986).

Classe 3

Descrição: Espécimes inteiros, isolados e sem fratura longitudinal. Esta classe

foi encontrada em uma quantidade maior localidades, sendo encontradas em siltitos

médios e argilosos. Associados a fauna de Australoscoelia sp., Gigadiscina sp.,

Australospirifer sp., Derbyina sp. e Lingulídeos infaunais.

Foram registrados em diversos afloramentos: Jaguariaíva, São bento, Desvio

Ribas, Rivadávia, Sítio Wolff, Caniú, Xaxim, Curva 1, SIM da B, Fazenda da Guarda,

Alto do amparo, Fazenda Fortaleza, Estrela e Vila Placidina.

O registro estratigráfico é o mais amplo de todas as classes, sendo encontrados

79 espécimes (Tentaculites sp., Homoctenus sp., Uniconus sp. e Styliolina sp.) na

sequência B, no início da sequência C ocorre uma diminuição de 73% desta subclasse.

Volta a ocorrer no final da sequência D e no início da E com aproximadamente 54

espécimes (Figura 30).

Interpretação: Os organismos são encontrados preferencialmente no offshore

transicional, localizada entre o Nível de Base de Tempo Bom (NBOTB) e o Nível de

Base de Tempestade (NBOT). Onde foram preservados inteiros, sem fragmentação

longitudinal. Sendo considerado um ambiente calmo, baixa energia do meio, porém, em

alguns momentos ocorrem distúrbios decorridos de tempestades. Os organismos desta

Page 91: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

91

classe são parautócnes e alóctones (KIDWELL et al., 1986). Os fósseis ocorrem na

sequência B, início da C e sequência E.

Classe 4

Descrição: classe constituída por indivíduos inteiros, agrupados, sem orientação

preferencial, sem fratura longitudinal. Foram encontrados em siltitos médios. A única

espécie encontrada para esta subclasse foi à espécie Homoctenus katzerius e alguns

representantes do gênero Homoctenus, sem possível identificação específica. Todos os

organismos estão dispostos concordantemente ao plano de acamamento, direcionados

de maneira polimodal e geometria do tipo pavimento. A maioria das amostras possui

frouxo grau de empacotamento. Associações com Australoscoelia sp. e Derbyina sp. A

classe 4 encontra-se em afloramentos de Ponta Grossa (Caniú e Curva 1), sendo

encontrada no início da Sequência B e no início da Sequência C (Figura 30).

Interpretação: Esta classe encontra-se no offshore transicional, localizada entre

o Nível de Base de Tempo Bom (NBOTB) e o nível de base de tempestade (NBOT).

Aparecem em siltitos cinzas e siltitos argilosos amarelados. A distribuição polimodal

observada é decorrente de ambiente com fluxos de energia com velocidade inferior à

necessária para movimentar os bioclastos ou a presença de fluxo turbulento durante a

formação de assembleias fossilíferas (HOLZ; SIMÕES, 2002). São considerados

organismos parautóctones (KIDWELL et al., 1986). O fato dos organismos estarem

dispostos com frouxo grau de empacotamento corrobora com a ideia de serem

encontrados em ambientes com baixo nível energético, visto que este tipo de feição é

característica de ambientes com pouco retrabalhamento (KIDWELL et al., 1986;

HOLZ; SIMÕES, 2002).

Classe 5

Descrição: corresponde a organismos inteiros, agrupados e possuem

reorientação preferencial uni ou bidirecional. Esta classe pode ser dividida em subclasse

5A (organismos unidirecionais) e subclasse 5B (organismos bidirecionais). Os

exemplares foram encontrados em grande abundância em siltitos médios e apenas uma

amostragem em siltitos arenosos. Foram encontrados representantes do gênero

Homoctenus e Tentaculites. Da totalidade de amostras analisadas para esta subclasse,

64,3% encontravam-se redirecionadas bidirecionalmente e 35,7% de maneira

Page 92: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

92

unidirecional. De acordo com a geometria das formas unidirecionais, aproximadamente

80% da amostragem encontrou-se disposta em cluster (Figura 30).

Da totalidade de amostras encontradas na subclasse 5A, 83,5% destas

encontravam-se aparentemente, unidas na parte proximal dos tentaculitoideos, aqui

chamadas de preservação em “buque”, visto que a preservação dos organismos

apresenta um formato de buque. Todos os organismos encontravam-se dispostos em

concordância ao plano de acamamento. Não foi encontrado nenhum grupo de

macroinvertebrados associados a esta subclasse.

Ambas as subclasses são registradas nos mesmos afloramentos de Jaguariaíva

(afloramento Jaguariaíva) e Tibagi (afloramento conhecido como SIM da B). Esta é

encontrada na sequência B (NeoPraguiano ao EoEmsiano) e no início da sequência C

(NeoEmsiano).

Interpretação: Esta classe é encontrada em ambientes de offshore transicional,

acima do Nível de Base de Tempestade (NBOT). Os organismos desta classe

encontram-se em ambientes calmos, com atividade de fluxos oscilatórios de energia. As

correntes oscilatórias atingem o fundo, retrabalha o sedimento para gerar formas de leito

simétrico e podem alinhar os restos orgânicos (BRETT; BAIRD, 1986; HOLZ;

SIMÕES, 2002). O mesmo tipo de preservação descrita na subclasse 5A, já foi relatado

por Ciguel (1989) como sendo provável incrustação da concha no substrato ou em

conchas de outros animais. Porém, não foram encontrados resquícios de conchas ou de

um substrato diferente. Uma hipótese alternativa seria que esse padrão de preservação

ocorre quando existiu um evento com correntes unidirecionais (LANGE; PETRI, 1967),

diferente do padrão apresentado na subclasse 4 (descrita acima), em que todos os

espécimes encontram-se sem direção definida e muitas vezes fragmentada, o que, nesse

caso, sugere um fluxo energético oscilante. São considerados parautóctones (KIDWELL

et al., 1986).

Classe 6

Descrição: Representado por organismos inteiros e fragmentados e isolados.

Ocorrem em folhelhos negros. Todos os organismos encontram-se dispostos

concordantes ao plano de acamamento. Não foi possível a identificação dos espécimes a

nível genérico ou específico. Registou-se a presença em afloramentos dos municípios

Ponta Grossa (Vila Placidina) e Tibagi (São Bento). Em alguns casos foi encontrado

Page 93: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

93

associações com Nuculites sp. São encontrados na base da sequência B e no início da

sequência E (Figura 30).

Interpretação: esta classe é encontrada em ambientes de offshore, abaixo do

Nível de Base de Tempestade (NBOT). Os fósseis aqui encontrados encontram-se

isolados inteiros e/ou fragmentados. As fraturas longitudinais devem ser causadas pela

compactação da concha durante os processos diagenéticos. A presença de pirita nos

fósseis é indicativa de ambientes com baixo teor de oxigênio (anóxicos). No caso dos

tentaculitoideos registrados, provavelmente, trata-se de organismos que sofreram

transporte por correntes marinhas, sendo depositados em ambientes de offshore. São

alóctones (KIDWELL et al., 1986).

Page 94: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

94

5.3. BIOESTRATIGRAFIA E EXTINÇÃO DA CLASSE

Foram analisadas 800 amostras, com aproximadamente 4.818 espécimes. Sendo,

13 amostras provenientes de afloramentos do Devoniano da Bacia do Parnaíba, 27 da

Bacia do Amazonas e 757 da Bacia do Paraná. Na Bacia do Paranaíba foram

contabilizados 143 espécimes, na Bacia do Amazonas 99 espécimes e na Bacia do

Paraná com aproximados 4.576 espécimes.

As análises das amostras demonstraram 12 espécies no Devoniano brasileiro

(Figura 31). Na Bacia do Paraná foram reconhecidas as espécies: T. crotalinus, T.

jaculus, T. kozlowskius, T. paranaensis, U. ciguelius, H. katzerius e Styliolina cf.

Styliolina fissurella. Enquanto na Bacia do Amazonas: T. stubeli, T. trombetensis, T.

eldredgianus e S. clavulus. Para a Bacia do Parnaíba as espécies encontradas foram: T.

oseryi, T. trombetensis, T. eldredgianus e S. clavulus.

Figura 31. Distribuição bioestratigráfica das espécies de tentaculitoideos encontrados nas

Bacias do Paraná, Amazonas e Parnaíba. As espécies da Bacia do Paraná possuem um registro

desde o final do Praguiano, enquanto que as espécies da Bacia do Amazonas e Parnaíba iniciam

sua distribuição apenas durante o Eifeliano.

Page 95: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

95

6. DISCUSSÃO

6.1. SISTEMÁTICA PALEONTOLÓGICA

No trabalho de Ciguel (1989), o autor trabalhou com 51 espécies, dentre elas 31

espécies novas para o Devoniano da Bacia do Paraná e 1 para a Bacia da Amazonas. No

trabalho, o autor descreveu também novas espécies para a Argentina, Bolívia e Peru,

porém estas amostras não se encontram em território brasileiro.

O autor descreveu uma grande quantidade de espécies das três ordens conhecidas

de tentaculitoideos, sendo elas: 15 espécies para a ordem Tentaculitida (14 para a Bacia

do Paraná e 1 para a Bacia do Amazonas), 9 Homoctenídeos (Bacia do Paraná) e 8

Dacryoconarídeos (Bacia do Paraná). Foi possível a observação das amostras descritas

pelo autor e depositadas nos acervos da coleção Instituto de Geociências (IGc - USP),

no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Laboratório de Paleontologia

de Invertebrados do Museu Nacional (MN). As amostras depositadas no Centro de

Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo A. Miguez de Mello, Petrobrás (CENPES)

também foram observadas, quando encontradas.

Porém, algumas das amostras citadas pelo autor, não foram encontradas nas

coleções onde o autor referiu o seu depósito. Segundo Ivone Cardoso Gonzales,

curadora da coleção (informação verbal) do Instituto de Geociências (IGc - USP)

algumas numerações citadas por Ciguel (1989), não são compatíveis com a numeração

da coleção.

A dissertação de Ciguel (1989) foi um marco para o começo dos trabalhos com

os tentaculitoideos ocorrentes no Devoniano brasileiro. Embora o trabalho tenha sido

pioneiro, sendo que dessa forma, verificou-se necessária uma revisão das espécies

propostas pelo autor, visto a grande quantidade de novas espécies descritas por ele. A

não publicação destas espécies propostas pelo autor, segundo o código de nomenclatura

zoológica, torna estas espécies não válidas sistematicamente.

Ciguel (1989) em sua dissertação, sinonimiza a espécie Tentaculites jaculus

proposta por Clarke (1913) como sendo pertencente ao gênero Seretites Lyashenko,

1969. Segundo Ciguel (1989), Seretites apresentaria a região da câmara embrionária e

juvenil lisa, sem ornamentações, sendo esta uma característica autapomórfica ao gênero.

Porém esta característica morfológica não é apresentada na diagnose do gênero e em

nenhum dos espécimes, já descritos (LYASHENKO, 1969). Sendo assim, optou-se em

Page 96: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

96

manter a espécie Tentaculites jaculus, não realizando a transferência do gênero como

proposta por Ciguel (1989).

A espécie Tentaculites crotalinus Salter, 1856 foi reconhecida por Clarke (1899)

e Katzer (1903) de forma pioneira para as bacias do Amazonas e Parnaíba. Assim como

Clarke (1913) reconhece a espécie para a Bacia do Paraná. Entretanto, Ciguel (1989)

propõe a transferência de gênero da espécie Tentaculites crotalinus para Uniconus

crotalinus. Após análises das amostras de Tentaculites crotalinus citadas por Clarke

(1913) e amostras estudadas por Ciguel (1989), verificou-se que a principal

característica do gênero Uniconus não era encontrada nas espécies descritas por Ciguel

(1989). O gênero Uniconus é reconhecido por apresentar os anéis da região posterior

voltado para a região da abertura, o que não foi verificado em nenhuma das amostras

relacionadas por Ciguel (1989). Dessa forma, prefere-se assumir a existência da espécie

T. crotalinus como válida dentro do Domínio Malvinocáfrico do devoniano brasileiro.

Os espécimes encontrados e analisados são resultados de amostras inteiras e

fragmentadas das partes juvenis e adulta dos tentaculitoideo. Entretanto, foi registrada

uma ocorrência (COMNISKEY; GHILARDI, 2014) contendo os estágios larvais dos

tentaculitoideos. A amostra foi encontrada em afloramento do Devoniano da Bacia do

Paraná. No exemplar analisado, apesar de fragmentado, observa-se a presença das

regiões metalarval, epilarval e o início da fase juvenil de um tentaculitoideo (Figura 32).

Figura 32. A figura acima mostra uma forma larval de tentaculitoideo encontrado no município

de Jaguariaíva, Devoniano da Bacia do Paraná. As setas em branco demonstram a parte larval

da concha. (Amostra CCLP 15, UNESP-Bauru. Escala 4mm).

Page 97: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

97

6.2. ANÁLISES TAFONÔMICAS

A interpretação das classes tafonômicas para tentaculitoideos é dificultada pela

falta de consenso quanto à ecologia do animal. Dessa forma a identificação em relação

aos os organismos estarem in situ ou em posição de vida é comprometida. Como não há

consenso sobre o hábito de vida dos tentaculitoideos, a interpretação da batimetria com

base nos bioclastos fica também dificultada. Embora exista esta dificuldade, especula-se

que os tentaculitoideos possuem preferência a ambientes de baixa energia,

provavelmente em ambientes de offshore transicional, entre o Nível de Base de Tempo

Bom (NBOTB) e o Nível de Base de Tempestade (NBOT), onde foram descritas 3 das 6

classes tafonômicas nomeadas.

Como já referido anteriormente, verificou-se grande diversidade de tipos de

preservação, não sendo possível identificar a preferencial. Entretanto, duas classes são

dominantes: bioclastos isolados e bioclastos agrupados.

A classe tafonômica 1 foi encontrada em ambientes proximais, onde a

preservação é mais rara, visto a alta energia do ambiente e o alto índice de fragmentos

de valvas. Esta classe tafonômica é dominada por turbulência ou influenciada por ondas

e tempestades, são os agentes mais efetivos na fragmentação das carapaças de

organismos marinhos (SIMÕES et al., 2010). Esta classe encontra-se na base dos Tratos

de Sistema Transgressivo (TST), consiste em fragmentos de valvas e organismos com

transporte, a qual corresponde com ambientes de alta energia e baixas taxas de

sedimentação.

A classe 2 é caracterizada por organismos de diversos tamanhos associados a

fragmentos de concha, isso indica alta energia. A mistura temporal, provavelmente,

ocorre mesmo que em baixo grau. Este fenômeno resulta da bioturbação dos sedimentos

e da compactação dos mesmos, entretanto, principalmente do retrabalhamento dos

substratos por agentes hidráulicos, tais como as tempestades e ondas, sob regime de

baixa taxa de sedimentação (SIMÕES et al., 2010). De fato, eventos raros de

tempestade, abaixo do NBOTB, podem ser responsáveis pelo transporte de fragmentos

de valvas até o offshore distal, misturando os fragmentos com as valvas inteiras de

tentaculitoideos.

A base da sequência B (NeoPraguiano) é caracterizada por um Trato de Sistemas

Transgressivo (TST), caracteriza-se pelo início da retrogradação, ou seja, o mar adentra

o continente (BERGAMASCHI, 1999). As porções finais do TST são características de

Page 98: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

98

um ambiente de baixa energia. O TST é caracterizado pelo aumento das taxas de

acomodação e aumentando da profundidade da coluna de água. Verificou-se que as

classes 2, 3, 4 e 5 foram registradas na porção mediana e superiores do TST na

sequência B. Como já destacado por Zabini et al. (2012) as partes medianas e superiores

do TST representam momentos de baixa a média diversidade de espécies e menores

taxas de sedimentação. Este mesmo fato foi verificado nos espécimes analisadas, visto

que a sua diversidade diminui aproximadamente 37% se comparada com a diversidade

das porções iniciais do TST.

A classe 6 possui registro restrito as camadas de offshore, encontram-se abaixo do

NBOT, onde demonstram índice fragmentação e fraturamento dos fósseis, onde são

resultados de transporte e processos de compactação da concha durante as fases da

diagênese. Não foram encontradas amostras com bioerosão e incrustação. Esta classe

ocorre no início da sequência E que corresponde por a uma superfície transgressiva

(GRAHN et al., 2013). Algumas amostras encontradas no limite da sequência D-E

(NeoEifeliano-EoGivetiano), foram utilizadas para realização de Espectroscopias de

raios-X: Espectroscopia de Energia Dispersiva (MEV-EDS) e Energia Dispersiva de

Fluorescência de Raios-X (EDXRF). As análises mostraram a presença de ferro,

enxofre e pirita e ainda revelaram que as conchas estão intimamente associadas com

minerais de argila. Em conjunto, as análises indicam, portanto, ambientes profundos

pobres em oxigênio. Esse fato corrobora a hipótese de que esses tentaculitoideos

possam estar relacionados a uma grande extinção global já que as amostras analisadas

foram encontradas em afloramentos onde foi registrada a ocorrência do evento Kačák

para a Bacia do Paraná (BOSETTI et al., 2011). O evento Kačák é uma das principais

crises bióticas globais ocorridas no Devoniano durante a passagem Eifeliana/Givetiana

(BOSETTI et al., 2011; HORODYSKI et al., 2014). O evento já foi registrado na

República Tcheca, Marrocos, Austrália, Escócia, Inglaterra, China, Alemanha, Estados

Unidos e Brasil (BOUCOT, 1990; TRUYOLS-MASSON et al., 1990; MAY, 1995;

WALLISER et al., 1995; House, 1996; BOSETTI et al., 2011; GRAHN et al. 2013;

HORODYSKI et al., 2014; HORODYSKI 2014). No Brasil foram reconhecido nos

estratos devonianos da Bacia do Paraná por Bosetti et al. (2011), Grahn et al. (2013),

Horodyski et al. (2014) e Horodyski (2014).

O período é característico pela hipoxia global seguido por depósitos de folhelhos

pretos (HOUSE, 1996). Para Truyols-Masson et al. (1990) existe um grande consenso

sobre o fato de que o evento começou com um aumento rápido e grande do de nível do

Page 99: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

99

mar, que introduz abruptamente condições anóxicas que resultaram em depósitos de

folhelho preto. House (1996) complementa ainda que o pico transgressivo associado

com o evento Kačák causou mudanças drásticas no meio ambiente, incluindo a

alteração na temperatura, oxigenação e na produção primária.

Ademais, os tentaculitoideos estão relacionados a outro evento de extinção,

descrito para o Hemisfério Norte, conhecido como Crise Kellwasser (no limite

Frasniano – Fameniano) onde também há relatos de anoxia (SCHINDLER 1990, 1993,

2012; BOND, 2006; WITTMER; MILLER, 2011; WEI et al., 2012).

Farsan (1994) descreve que os bioclastos de tentaculitoideos estudados por ele

viveram em ambientes de profundidade de até 100 metros e que apresentam pouco ou

nenhum transporte, visto que suas conchas não apresentam sinais de tais feições. Para o

autor as feições são decorrentes de predadores, após a morte do animal. Essas

afirmações não foram comprovadas neste trabalho. Ambientes com aproximadamente

100 metros de profundidade, são locais onde a energia do ambiente é baixa, nas análises

foram encontrados organismos fragmentados e raros os casos de organismos inteiros

neste tipo de ambiente. Vale observar ainda que para Farsan (1994) propõe um modo de

vida séssil para estes organismos. Para que os organismos mantivessem fixos no

substrato deveria existir algum mecanismo que fixasse a concha ao substrato, porém tal

estrutura não foi relatada por nenhum autor até o presente. A única menção a estruturas

de partes moles dos tentaculitoideos foi feita por Blind (1969) quando descreve a

presença de “tentáculos” na região da abertura dos tentaculitoideos, para o autor este

mecanismo era utilizado para facilitar a alimentação do animal e não a sua sustentação.

Larsson (1979) desconsidera o registro dos prováveis tentáculos, visto que as fotos

apresentadas por Blind (1969) apenas apresentam imagens de fósseis mal preservados,

sem a presença de características conclusivas.

Segundo Farsan (1994), a preservação de tentaculitoideos com preferência a

reorientação das ondas seria raro. Tal hipótese, contudo, não parece válida visto que

diversos autores (BRETT; BAIRD, 1986; KIDWELL et al., 1986; CIGUEL, 1989;

HOLZ; SIMÕES, 2002; COMNISKEY; GHILARDI, 2013) já verificaram este tipo de

preservação em tentaculitoideos do Devoniano.

Page 100: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

100

6.3. BIOESTRATIGRAFIA E EXTINÇÃO DA CLASSE

Poucos são os trabalhos que citam as espécies de tentaculitoideos encontradas no

Devoniano da América do Sul (THOMAS, 1905; DAVILA; RODRIGUEZ, 1967;

ISAACSON et al., 1976; LAUBACHER et al., 1982; MALETZ et al., 2002; PRESSER

et al., 2004; MALANCA et al., 2010; RACHEBOEUF et al., 2010).

O material analisado e utilizado para a bioestratigrafia do grupo são amostras

procedentes de coletas de campo e/ou observados na coleção técnica (do acervo da

UEPG) da Bacia do Paraná (Sub-bacia Apucarana), pois apresentavam um maior

detalhamento estratigráfico, visto que todas as amostras eram derivadas de afloramentos

com datações realizadas (GRAHN et al., 2010, 2013). Os espécimes analisados da Bacia

do Amazonas e Parnaíba, as informações estratigráficas dos afloramentos, foram

retirados através de literatura especializada (GRAHN et al., 2010; SCHEFFLER, 2010).

As espécies descritas para a Bacia do Paraná, possuem distribuição estratigráfica

do NeoPraguiano ao NeoEmsiano, entretanto fragmentos de Homoctenus sp. foram

registrados para as camadas do final do Eifeliano e início do Givetiano. Entretanto, não

foi possível a identificação específica destes espécimes, apenas a nível genérico. Apesar

das espécies não serem contemporâneas cronoestratigraficamente, todas elas extinguem-

se do registro no início do Givetiano.

As espécies T. crotalinus, T. jaculus, T. kozlowskius, T. paranaensis e H. katzerius

possuem distribuição do NeoPraguiano ao NeoEmsiano. Já U. ciguelius tem

distribuição entre o NeoPraguiano ao EoEmsiano. Por fim, Styliolina cf. Styliolina

fissurella tem sua distribuição entre o Meso e NeoEmsiano.

As espécies de tentaculitoideos encontrados na Bacia do Paraná são diferentes das

espécies encontradas na Bacia do Amazonas e Parnaíba.

Na Bacia do Amazonas a distribuição estratigráfica inicia no MesoEifeliano até

EoGivetiano. As espécies encontradas nessa bacia são T. eldredgianus, T. trombetensis

e S. clavulus, que possuem distribuição estratigráfica no MesoEifeliano e T. stubeli

encontrada no NeoEifeliano ao EoGivetiano.

Na Bacia do Parnaíba os espécimes encontram-se distribuídos do MesoEifeliano

ao EoGivetiano. As espécies reconhecidas para essa bacia (T. eldredgianus, T.

trombetensis e S. clavulus) possuem distribuição estratigráfica no MesoEifeliano. A

espécie T. oseryi foi encontrada apenas durante Givetiano (Figura 33).

Page 101: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

101

Após as análises sistemáticas foi possível a confecção de mapas (Figuras 33 e 34)

para visualizar da distribuição geográfica dos espécimes encontrados no Brasil.

Verificou-se que durante o Devoniano Inferior (Figura 33) apenas as espécies da

Bacia do Paraná foram encontradas, tais como: T. crotalinus, T. jaculus, T. kozlowskius,

T. paranaensis, H. katzerius, U. ciguelius e Styliolina cf. Styliolina fissurella.

Figura 33. A figura demonstra a distribuição paleogeográfica das espécies brasileiras

encontradas durante o Devoniano Inferior. Em vermelho as espécies encontradas durante o

Devoniano Inferior (Modificado de TORSVIK; COCKS, 2004).

Durante o Devoniano Médio (Figura 32) verifica-se um decréscimo da

diversidade de tentaculitoideos da Bacia do Paraná, o único representante são

Homoctenus sp. encontrados nos afloramentos do final do Eifeliano e início do

Givetiano. Enquanto que as espécies provenientes da Bacia do Amazonas e Parnaíba

aparecem no registro estratigráfico.

Page 102: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

102

Figura 34. A figura demonstra a distribuição paleogeográfica das espécies brasileiras

encontradas durante o Devoniano Médio. Em vermelho as espécies encontradas durante o

Devoniano Médio (modificado de TORSVIK; COCKS, 2004).

Alguns registros das espécies descritas originalmente para os estratos devonianos

brasileiros foram reconhecidos em outros países da América do Sul. As espécies T.

crotalinus e T. trombetensis foram registradas no Devoniano da Bolívia e Paraguai

(DAVILA; RODRIGUEZ, 1967; PRESSER et al., 2004). A espécie T. jaculus foi

encontrada no registro no Paraguai e Peru (BOUCOT et al., 1980; PRESSER et al.,

2004). Enquanto que a espécie T. stubeli tem registro apenas para o Devoniano do

Paraguai (PRESSER et al., 2004). T. eldredgianus foi reconhecido para Devoniano da

Colômbia (FORERO, 1983).

Como citado em alguns trabalhos (BOND, 2006; BERKYOVÁ et al., 2007;

WITTMER; MILLER, 2011; SCHINDLER, 2012; WEI et al., 2012), a extinção dos

tentaculitoideos ainda é motivo de discussões. A grande parte dos autores afirma que a

extinção total dos tentaculitoideos ocorre no final do Devoniano, no limite Frasniano –

Fameniano, porém as causas ainda são controversas. Lyashenko (1967) afirma que

representantes do gênero Homoctenus ocorrem no início do Fameniano e são os últimos

de que se tem registro deste grupo para o Devoniano.

Page 103: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

103

Bond (2006) afirma que os homoctenídeos apresentam seu ápice no Devoniano

Médio e que durante o limite Frasniano - Fameniano ocorre sua extinção, junto com a

extinção total do grupo. Segundo Schindler (1990, 1993, 2012), Bond (2006) e Wittmer

e Miller (2011) a extinção do grupo ocorre concomitantemente a um evento de extinção

conhecido como “crise de Kellwasser”. Essa crise é considerada uma das mais

importantes extinções ocorridas no final do Devoniano (SCHINDLER, 1990, 1993,

1996; MAY, 1995; WALLISER, 1996; WEDDIGE, 1996; MCGHEE, 2001), no limite

entre o Frasniano e Fameniano.

Hoje em dia sabe se que a crise de Kellwasser não ocorreu de maneira abrupta e

sim decorrente de diversos eventos. Em 1850, Roemer identificou os calcários de

Kellwasser na Alemanha e reconheceu-o como sendo amplamente distribuída por

intercalações de calcários betuminosos pretos e folhelhos têm sido frequentemente

mencionados na literatura geológica (SCHINDLER, 1990). No passar dos anos esses

sedimentos foram conectados a crise de Kellwasser que ocorreu durante o limite do

Frasniano e Fameniano (SCHINDLER, 1990; WALLISER, 1996).

Posteriormente, a crise de Kellwasser foi registrada em afloramentos da França e

Marrocos (SCHINDLER, 1990). Nos afloramentos pode verificar a presença de dois

horizontes, identificando assim, os primeiros eventos da crise de Kellwasser, bem como

os últimos. Os horizontes foram divididos em Baixo Horizonte (= Lower Kellwasser

Event), onde corresponde aos primeiros efeitos da crise e Alto Horizonte (= Upper

Kellwaser Event), estágio final da crise (SCHINDLER 1990, 1993; MAY, 1995;

SCHINDLER; KÖNIGSHOF, 1996; WALLISER, 1996).

A comparação da fauna antes do Baixo Horizonte e após o final do Alto

Horizonte, verifica-se que 60 a 75% de grupos marinhos extinguiram-se ou tiveram um

decréscimo acentuado, tais como corais de recifes, trilobitas, ostracodes,

tentaculitoideos, conodontes e alguns braquiópodes (SCHINDLER, 1990; MAY, 1995).

A crise Kellwasser afetou primeiramente comunidades bentônicas por meio da anoxia.

Eventuais pulsos anóxicos subsequentes reduziriam a extensão das áreas de ocorrência

dos organismos pelágicos (WITTMER; MILLER, 2011).

Schindler (1990) afirma que dentre os tentaculitoideos, a extinção durante esta

crise, também foi gradual, ou seja, as ordens não se extinguiram ao mesmo tempo. Para

o autor, os dacryoconarídeos desaparecem do registro após o Baixo Horizonte, enquanto

que os Homoctenídeos são os únicos tentaculitoideos que são encontrados durante o

Page 104: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

104

Alto Horizonte. Segundo o autor os Tentaculitida não são registrados durante o

Fameniano.

Apesar do consenso de que esta crise causou diversos danos à comunidade

faunística, não existe consenso quanto a suas possíveis causas. Diversas hipóteses ao

longo dos anos vêm sido propostas, tais como: o impacto de meteoritos, mudanças na

temperatura, com a passagem do Devoniano para o Carbonífero, período de glaciação,

aumentos da temperatura no oceano, regressões ou transgressões e eventos de anoxia

(SCHINDLER 1990, 1993; MAY, 1995; SCHINDLER; KÖNIGSHOF, 1996;

WALLISER, 1996).

Berkyová et al. (2007) considera o período Devoniano com passagens de grandes

mudanças nas biosferas terrestre e marinha, o que resultou em perturbações nos grupos

de organismos planctônicos. Para os autores, os dacryoconarídeos representavam o

grupo mais comum de zooplâncton durante o Devoniano, surgem no Lockoviano e

chegam ao seu ápice durante o Praguiano, quando atingem grande diversidade de cerca

de 20 gêneros e subgêneros, e uma distribuição cosmopolita. Segundo os autores, os

dacryoconarídeos constituíam um grande reservatório de energia disponível na coluna

de água, e, portanto, eram uma das principais fontes de alimento para organismos

pelágicos ou predadores nectônicos. Ademais, para os autores a mudança na dinâmica

evolutiva de dacryoconarídeos, no final do Devoniano inferior, coincide com o

aparecimento de antigos gastrópodes.

No trabalho de Berkyová et al. (2007), os autores demonstram diversas evidências

de predações, bem e mal sucedidas, em Dacryoconarida. Os autores explicam que a

determinação do predador é altamente especulativa, visto que o oceano durante o

Devoniano era ocupado por diversos predadores em busca de alimento. Os autores não

afirmam novas hipóteses para extinção dos tentaculitoideos, porém, afirmam que a

presença de predadores durante o final do Devoniano, poderia ter afetado a abundância

destes.

Existem hipóteses, tais como Wei et al. (2012), que apesar de concordarem em

que os tentaculitoideos tenham se extinguido na barreira F-F, introduzem novas ideias.

Para o autor, o impacto de asteroides reportados durante o Emsiano, Givetiano e

Frasniano, não foram a causa da extinção dos tentaculitoideos, visto que a diversidade

do grupo se manteve durante estes períodos. Afirma ainda, que o “resfriamento”

proposto como causa da crise durante o F-F é controverso ou questionável, ressalva que

o resfriamento deve ter sido regional e não global. O autor ainda debate sobre as

Page 105: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

105

regressões marinhas e sobre condições anóxicas. Admite o decréscimo da diversidade

dos tentaculitoideos ocasionado pelas regressões, porém a diminuição do grupo não foi

intensa o suficiente para causar sua extinção. Afirma ainda que os tentaculitoideos não

poderiam ser extintos por condições anóxicas promovidas pelos mares do Frasniano,

visto que os homoctenídeos e dacryoconarídeos eram adaptados a ambientes anóxicos

(característica já citada por FISHER, 1962).

Segundo Wei et al. (2012) a provável extinção do grupo decorreu com a presença

de espécies invasoras durante o final do Devoniano. Afirmam ainda que durante o

Devoniano Médio e Superior, o aumento progressivo do nível do mar, acentuou a

migração de espécies invasoras em ambientes marinhos. Para os autores, fatores

abióticos não foram à chave para a extinção dos tentaculitoideos, mas fatores bióticos

como a entrada de espécies invasoras tenha contribuído para a extinção do grupo.

Apesar do declínio da abundância dos tentaculitoideos no início do Devoniano

médio, o grupo não se extingue no final do Emsiano, com grande parte dos

invertebrados da província Malvinocáfrica no Devoniano médio da Bacia do Paraná.

Os tentaculitoideos podem ser considerados um grupo resistente a esta extinção

(GHILARDI et al., 2015). O estabelecimento e a proliferação de tentaculitoideos, no

contexto de extinções de outros grupos, em adição à sua conservação em diferentes

tipos de paleoambientes, pode revelar um comportamento oportunista em

tentaculitoideos. Este intervalo (NeoPraguiano ao NeoEmsiano) de tempo coincide com

processos orogenia que podem ter afetado a estabilidade dos ecossistemas, favorecendo

a proliferação de táxons oportunistas. Na verdade, o registro do Devoniano na Bacia do

Paraná é marcado por vários eventos de transgressão e regressão, o que pode ter

culminado em ecossistemas desestabilizadores, levando muitos grupos à extinção. Isso

corrobora com as extinções de outros táxons associadas com a proliferação de

tentaculitoideos também em outras partes do mundo. É possível que os tentaculitoideos

sejam um grupo com maior plasticidade ecológica para frente a estas mudanças. Além

disso, nas conchas dos tentaculitoideos do Givetiano da Bacia do Paraná foram

encontrados traços de cromo (Figura 35). É bem conhecido que a oxidação de cromo é

indiretamente mediada pela síntese microbiana de óxidos de manganês. Este elemento

pode estar associado com atividades tectônicas e possíveis alterações na química do

oceano durante o período de extinção da fauna Malvinocáfrico, incluindo esse grupo

(GHILARDI et al., 2015).

Page 106: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

106

FIGURA 35. Análise de duas amostras de tentaculitoideos verifica se os altos índices de cromo.

Existem ainda relatos de tentaculitoideos, que provavelmente, ultrapassaram o

Fameniano, como o caso de Li (2000) registra a ocorrência de homoctenídeos e

dacryoconarídeos provenientes do meio e final do Fameniano, para o Sul da China.

Schindler (2012) refuta esta nova ocorrência, afirmando que as amostras sofreram

retrabalhamento, o que foi negado por Li (2000).

Embora Niko (2000) tenha descrito um novo gênero e uma nova espécie de

tentaculitoideo, ocorrente no limite Carbonífero-Permiano, esta nova ideia de que o

grupo tenha ultrapassado o Devoniano, não foi aceita entre a totalidade dos

pesquisadores (SCHINDLER, 2012).

Para Wittmer e Miller (2011) e Schindler (2012) apesar das tentativas de se

estabelecer um novo limite estratigráfico para os tentaculitoideos, o consenso de que os

tentaculitoideos são extintos no final do Devoniano é bem embasado. Schindler (2012)

ressalta ainda que com a falta de dados sedimentológicos mais acurados para incluir ou

excluir a possibilidade de retrabalhamento, o entendimento sobre a idade dos

tentaculitoideos é questionável no trabalho de Niko (2000).

A extinção do grupo se mantém em discussão, visto a diversidade de estudos

quanto as prováveis hipóteses. Os tentaculitoideos analisados nas Bacias do Paraná,

Amazonas e Parnaíba possuem um registro estratigráfico até o Frasniano, sem

ocorrências durante o Fameniano. Também não foram verificadas, na literatura

especializada, ocorrência de tentaculitoideos nas camadas do Fameniano para o Brasil.

Page 107: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

107

7. CONCLUSÕES

Foram reconhecidas 12 espécies de tentaculitoideos para o Devoniano brasileiro:

Tentaculites crotalinus, Tentaculites jaculus, Tentaculites kozlowskius, Tentaculites

eldredgianus, Tentaculites trombetensis, Tentaculites stubeli, Tentaculites oseryi,

Uniconus ciguelius, Homoctenus katzerius, Tentaculites paranaensis, Styliolina cf.

Styliolina fissurella e Styliolina clavulus.

Das 33 espécies de tentaculitoideos descritos por Ciguel (1989) para a Bacia do

Paraná, apenas as espécies T. kozlowskius e H. katzerius descritas por Ciguel (1989)

foram consideradas espécies válidas.

Após análises sistemáticas, duas novas espécies de tentaculitoideos foram

descritas (T. paranaensis e U. ciguelius) para os estratos devonianos da Bacia do

Paraná.

As espécies Tentaculites crotalinus (Salter, 1856) e Tentaculites jaculus (Clarke,

1913), se mantém válidas para o Devoniano brasileiro.

Após análises verificou-se que as espécies Tentaculites crotalinus e Tentaculites

jaculus, são espécies válidas e ocorrentes na Bacia do Paraná.

A distribuição estratigráfica dos tentaculitoideos da Bacia do Paraná inicia no

NeoPraguiano até o EoGivetiano.

As espécies T. crotalinus, T. jaculus, T. kozlowskius, T. paranaensis e H.

katzerius possuem distribuição do NeoPraguiano ao NeoEmsiano. Enquanto a espécie

U. ciguelius do NeoPraguiano ao EoEmsiano e Styliolina cf. Styliolina fissurella

distribuição estratigráfica do Meso ao NeoEmsiano.

A distribuição estratigráfica das espécies na Bacia do Amazonas e Parnaíba

começa no Eifeliano até Givetiano.

As espécies T. eldredgianus, T. trombetensis e S. clavulus possuem distribuição

estratigráfica do Eifeliano ao Givetiano. T. stubeli encontrado durante o NeoEifeliano-

EoGivetiano e T. oseryi apenas no Givetiano.

Os espécimes encontrados nos estratos devonianos brasileiros são formas juvenis

ou adultas do táxon. Entretanto, foi registrada a ocorrência de um espécime na forma

larval, na Bacia do Paraná.

As análises por MEV/EDS e EDXRF, demonstraram a presença de cromo e

pirita o que são indicativas de ambientes profundos com baixa concentração de

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108

oxigênio, corroborando com a hipótese da extinção dos tentaculitoideos de que talvez

estejam relacionados a uma grande extinção global.

Foram verificados dois padrões de preservação: isolados e agrupados.

Foram elaboradas 6 classes tafonômicas, as quais foram distribuídas em níveis

paleobatimétricos. Com tudo, verificou-se que os tentaculitoideos analisados (Bacia do

Paraná, Sub-bacia Apucarana) possuem preferência por ambientes de offshore

transicional, situados logo acima do Nível de Base de Tempestade (NBOT).

Verificou-se uma grande abundância em diversidade de tentaculitoideos durante

o início do Devoniano (início da sequência B). Durante o meio e o final da sequência B

é caracterizado por ambientes deposicionais de Trato de Sistema Transgressivo (TST),

sendo observado um decréscimo da abundância dos tentaculitoideos. Como já foi

detectado por outros autores, as partes medianas e superiores de um TST são

representadas por momentos de baixa a média diversidade de espécies e menores taxas

de sedimentação.

Os últimos registros de tentaculitoideos no Brasil são provenientes do Givetiano.

Page 109: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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9. ANEXOS.

9.1.“COMNISKEY, J. C.; GHILARDI, R. P. Levantamento histórico da

Classe Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro: principais características e

padrões de preservação. Terr@ Plural, v. 7, p. 115-126, 2013.”

Page 126: Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro”

115Terr@Plural, Ponta Grossa, v.7, Número Especial, p. 115-126, jul /dez. 2013.

Levantamento histórico da Classe Tentaculitoidea no Devoniano brasileiro: principais características e padrões de

preservação

Historical survey of the Class Tentaculitoidea in the Devonian of the Brazil: main features and preservation standards

Estudio histórico de la clase Tentaculitoidea en Devónico brasileño: principales características y normas de conservación

Jeanninny Carla [email protected]

Universidade de São Paulo

Renato Pirani [email protected]

Universidade Estadual de São Paulo

Resumo: O presente trabalho trata do levantamento histórico da classe para as camadas devonianas, características gerais e padrões de preservação tafonômicos associados ao grupo. Foram analisados exemplares localizados em coleções científicas de museus e universidades brasileiras. O grupo taxonômico é representado por quatro gêneros nas bacias do Paraná, do Parnaíba e do Amazonas: Tentaculites, Homoctenus, Styliolina e Volynites. Os tentaculitídeos ocorrem desde o Ordoviciano até o Devoniano e atingiram seu ápice no Devoniano Médio. A Classe possui três ordens conhecidas: Tentaculitida, animais de hábito bentônico, Homoctenida e Dacryconarida, animais de hábito planctônico. Notou-se a presença de dois padrões de preservação tafonômico: espécimes isolados e agrupados.

Palavras-chave: Tentaculitídeos. Bacia do Paraná. Emsiano. Padrões tafonômicos.

Abstract: This work deals with the historical survey of the class for the Devonian layers, general characteristics of the group and taphonomic preservation standards associated with the group. It was analyzed specimens of scientific collections from brazilian museums and universities. The taxonomic group is represented by four genera in the basins of Parana, Parnaiba and Amazon: Tentaculites, Homoctenus, Styliolina and Volynites. The tentaculitids occur from Ordovician to the Devonian, having its peak in the Middle Devonian. The class has three known orders: Tentaculitida, animals of benthic habit, Homoctenida and Dacryoconarida, animals of habit planktonic. It was also noticed the presence of two patterns of taphonomic conservation: isolated and grouped specimens.

Keywords: Tentaculitids. Parana Basin. Emsian. Standards Taphonomical.

DOI: 10.5212/TerraPlural.v.7iEspecial.0008

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116 Terr@Plural, Ponta Grossa, v.7, Número Especial, p. 115-126, jul /dez. 2013.

Jeanninny Carla Comniskey; renato Pirani Ghilardi

Resumen: Este trabajo aborda el estudio histórico de la clase de las capas del Devónico, las características generales y las normas de preservación tafonómicos asociados con el grupo. Se analizaron las muestras localizadas en colecciones científicas Museos y universidades brasileñas. El grupo taxonómico está representado por cuatro géneros de las cuencas del Paraná, Parnaíba y Amazon: Tentaculites, Homoctenus, Styliolina y Volynites. Los tentaculitídeos ocurren del Ordovícico al Devónico y alcanzó su punto máximo en el Devónico Medio. La clase tiene tres órdenes conocidas: Tentaculitida, animales de costumbres bentônicas, Homoctenida y Dacryconarida, animales de costumbres planctónicas. Notamos la presencia de dos patrones de tafonómico conservación: ejemplares aislados y agrupados.

Palabras clave: Tentaculitídeos, Cuenca Del Parana, Emsiano Normas tafonómicos.

InTRoDução

A classe Tentaculitoidea (LJASCHENKO, 1955) corresponde a fósseis de inverte-brados marinhos extintos, apresentando distribuição estratigráfica do Ordoviciano ao Devoniano Superior. Entretanto, no Brasil são encontrados em estratos do Siluriano e Devoniano. Há autores que posicionam os primeiros tentaculitídeos no Ordoviciano, a grande maioria, no entanto, admite que esses organismos encontram-se bem estabeleci-dos no Siluriano, persistindo seu registro até o final do Devoniano (FISHER, 1962; AZE-VEDO-SOARES, 1999, WITTMER & MILLER, 2011; SCHINDLER, 2012).

A posição sistemática da classe Tentaculitoidea permaneceu de maneira incerta por mais de um século, sendo que apenas no último meio século chegou-se a um con-senso com relação ao assunto. Vale ressaltar que a classificação sistemática do grupo leva em consideração a morfologia e a ornamentação da concha (AZEVEDO-SOARES, 1999). O táxon já foi posicionado em grupos tão diversos como os pterópodes (AUSTIN, 1845, apud Fisher, 1962), anelídeos (MORRIS & SALTER, 1969, apud Fisher, 1962), equinoder-mos, braquiópodes, foraminíferos (KEYSERLING, 1846, apud Fisher, 1962) e cefalópodes (ABICH, 1858, apud Fisher, 1962). Porém, foram Boucek (1964) e Farsan (1994), que esta-beleceram que a Classe Tentaculitoidea pertence ao Filo Mollusca.

A sistemática do grupo no Hemisfério Norte é relativamente bem conhecida. Con-tudo, para a região do Gondwana os trabalhos sistemáticos são escassos, limitados a dissertações, teses e resumos de congresso que versam sobre essa temática. É notória, portanto, a não validação nomenclatural dos táxons propostos para o Hemisfério Sul, tornando-se tal feito um catalisador para a necessidade de estudos mais profundos e em-basados do grupo. Dessa forma, fica evidente o negligenciamento que esse grupo tem nos estudos paleontológicos brasileiros.

Os trabalhos que relatam a ocorrência de tentaculitídeos para os estratos devo-nianos brasileiros se iniciaram com o trabalho de Hartt & Rathbun (1875). Embora os primeiros trabalhos tratando sobre os tentaculitídeos tenham sido relatados para as Ba-cias do Amazonas e Parnaíba, foi o trabalho de Clarke (1913) que se inicia um aumento significativo para os estudos dos tentaculitídeos.

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117Terr@Plural, Ponta Grossa, v.7, Número Especial, p. 115-126, jul /dez. 2013.

Alguns Crionoides dA FormAção PontA grossA e suAs AFinidAdes PAleobiográFiCAs ...

MATERIAL E MéToDos

Foram observadas 318 amostras, com aproximadamente 2.141 espécimes, perten-centes a diferentes coleções científicas de museus e universidades brasileiras, tais como: Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Laboratório de Paleontologia de Invertebrados do Museu Nacional – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Acervo do Nú-cleo de Estudos Paleontológicos e Estratigráficos da UFRJ (Departamento de Geologia), Laboratório de Paleontologia e Sistemática, Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGC-USP) e Laboratório de Estratigrafia e Paleontologia da Universidade Es-tadual de Ponta Grossa (UEPG).

Apenas nas amostras que encontram-se depositadas na UEPG foi levado em conta o posicionamento estratigráfico. Totalizam 90 amostras com aproximadamente 418 espé-cimes de tentaculitídeos, provenientes dos afloramentos localizados nos municípios pa-ranaenses de Tibagi (São Bento, Alto do Amparo, Sítio Wolff, Ponto Estrela, Desvio Ribas e Fazenda Fazendinha), de Ponta Grossa (Campus, Rivadavia, Boa Vista e Curva 1) e de Jaguariaíva (RODRIGUES et al, 2001; GRAHN et al, 2013) (figura 1).

GEoLoGIA DA áREA DE EsTuDo

A bacia sedimentar do Paraná é classificada como uma bacia cratônica intercon-tinental de natureza policíclica, possuindo uma área que se aproxima de 1,5 milhão de quilômetros quadrados (MILANI et al. 2007). É representada por dois depocentros, as Sub-Bacias Alto Garças e Apucarana, que ocorrem na porção meridional da América do Sul. Milani et al. (2007) reconheceram, no registro estratigráfico dessa bacia, seis unida-des de ampla escala (VAIL et al. 1977) na forma de pacotes rochosos, que representam períodos deposicionais com algumas dezenas de milhões de anos de duração, envelopa-dos por superfícies de discordância de caráter inter-regional. A supersequência Paraná, cujos fósseis são objeto de investigação do presente estudo, é representada por sucessões sedimentares que definem ciclos transgressivo-regressivos ligados a oscilações do nível relativo do mar (MILANI et al. 2007). As localidades investigadas fazem parte de um conjunto de rochas siluro-devonianas pertencentes ao Grupo Campos Gerais (GRAHN et al. 2000; GAUGRIS & GRAHN, 2006; MENDLOWICZ MAULLER et al. 2009; GRAHN et al. 2013). O Grupo Campos Gerais é composto, da base para o topo, pelas formações Furnas, Ponta Grossa e São Domingos (incluso o Membro Tibagi). Um hiato regional é registrado durante final do Emsiano inicial e o Início do Emsiano tardio, resultante de atividade tectônica durante a epirogenia da Pré-Cordilheira Andina (GRAHN et al. 2013), separando as formações Ponta Grossa e São Domingos. As formações Ponta Grossa e São Domingos (Figura 1) são constituídas por uma superposição de folhelhos, folhelhos sílticos, arenitos e siltitos cinza-escuros a pretos, localmente carbonosos, fossilíferos e micáceos, que registram depósitos marinhos de plataforma interna e externa (PETRI &

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FULFARO, 1983). A estrutura sedimentar predominante é a laminação plano-paralela, mas em certos intervalos, observam-se estratificações do tipo hummocky cross stratification (HCS) de pequeno e médio porte, laminação flaser, marcas onduladas, bioturbação e es-truturas de escorregamento.

Figura 1: Mapa geológico da área de estudo (adaptado de GRAHN et al, 2013)

CLAssE TEnTACuLIToIDEA

Corresponde a um grupo de animais providos de concha cuneiforme, sendo esta carbonática com variação milimétrica a centimétrica (CLARKE, 1913; CIGUEL, 1989; AZEVEDO-SOARES 1999). A maioria apresenta a concha reta, poucos apresentam con-cha encurvada e até mesmo enrolada (SCHINDLER, 2012). Podem possuir uma concha lisa ou com ornamentação, sendo que, nesse último caso, apresentam anéis, microanéis, macroanéis, estrias e espaços interanulares. A classificação dos tentaculitídeos é baseada, exclusivamente, em aspectos morfológicos da concha, a partir da ornamentação externa.

Ademais, essa classe possui ampla distribuição geográfica, sendo encontrada na Austrália, Canadá, República Tcheca, Rússia, Brasil, Nova Zelândia, França, África do Sul, Ucrânia, Reino Unido, Líbia, Venezuela, Áustria, China, Espanha entre outros países (LJASCHENKO, 1955; FISHER, 1962; LARDEUX, 1964 e BLIND, 1969). Por essa ampla distribuição e por serem os animais de conchas pequenas com paredes finas, são facil-mente encontrados em folhelhos pretos ao redor do mundo, porém também ocorrem em

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calcários cinzas e às vezes em diferentes preservações (WITTMER & MILLER, 2011). Nas camadas em estudo no presente trabalho, o grupo é ainda encontrado em arenitos.

A Classe Tentaculitoidea é dividida em três ordens (Figura 2): Tentaculitida Ljaschenko (1955), Homoctenida Boucek (1964) e Dacryoconarida Fisher (1962). Os representantes da ordem Dacryoconarida são animais geralmente pequenos, conchas finas e ápice em formato bulboso. O ápice bulboso representa o estágio embrionário do organismo, que se expande para dentro da câmara larval (WITTMER & MILLER, 2011). Os representantes dessa ordem podem ou não possuir ornamentações na concha. A ordem Tentaculitida é composta por animais de conchas com paredes grossas, que possuem anéis e ápice pequeno e estreito. Essa ordem inclui o gênero de tentaculitideo mais comum, Tentaculites (WITTMER & MILLER, 2011). A ordem também possui representantes com tamanho aproximado de 1 mm a 80 mm de comprimento e aproximadamente 6 mm de diâmetro, os quais possuem concha reta ou levemente encurvada (LJASCHENKO, 1955). A ordem Homoctenida apresenta paredes finas. A concha possui forma de cone estreito, suavemente encurvada na região apical. Apresenta câmara embrionária cônica. A ornamentação da concha consiste de anéis, frequentemente numerosos, de perfil anguloso (LJASCHENKO, 1955).

As ordens Homoctenida e Dacryoconarida são inferidas como de hábito de vida planctônico, enquanto os representantes da Ordem Tentaculitida seriam bentônicos.

O surgimento dos primeiros tentaculitídeos procede do Ordoviciano, com os pri-meiros representantes da ordem Tentaculitida. No Siluriano, aparecem os dacryocona-rideos, e os homoctenideos surgem apenas no Devoniano. O Devoniano é caracterizado por uma radiação extensiva da diversidade e da distribuição geográfica dos tentaculití-deos (WITTMER & MILLER, 2011; SCHINDLER, 2012).

Os representantes da ordem Tentaculitida são bastante abundantes e bem docu-mentados no Siluriano e Devoniano. Os Dacryoconarida se tornam excepcionalmente diversos no Devoniano inferior e médio, enquanto os Homoctenida atingem o seu ápice durante o Frasniano (SCHINDLER, 2012).

Schindler (1990, 2012) e Bond (2006) afirmam que os homoctenideos foram os úni-cos tentaculitídeos que ultrapassam a barreira da extinção Frasniano – Fameniano (FF). No entanto, Bond (2006) afirma que a extinção dos Homoctenida ocorre concomitante-mente com essa grande extinção, momento em que ocorreria a extinção total da classe.

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Figura 2: Representantes da Ordem Tentaculitida (A), Homoctenida? (B) e Dacryoconarida? (C e D). Mo-dificado de Wittmer & Miller (2011).

HIsTóRICo DAs PEsquIsAs no BRAsIL

No Brasil, foram encontrados representantes da Classe Tentaculitoidea nas Bacias do Paraná (CLARKE, 1913; KOZLOWSKI, 1913; LANGE, 1954; CIGUEL et al., 1984; CIGUEL et al., 1985; MELO, 1985; CIGUEL et al., 1987; CIGUEL, 1989; AZEVEDO-SOARES, 1999 e RODRIGUES et al, 2001), Parnaíba (KEGEL, 1953 e MELO, 1985) e Amazonas (CLARKE, 1899; KATZER, 1896, 1903, 1933; PONCIANO, 2011).

Apesar de no Hemisfério Norte um grande número de gêneros e espécies ser co-nhecido, no Brasil, são poucos os taxa encontrados no registro estratigráfico.

A Bacia do Amazonas foi pioneira nos estudos acerca dos Tentaculitídeos no país. Hartt & Rathbun (1875) trabalharam com materiais coletados nas expedições Morgan de 1870 e 1871, provenientes do Devoniano do Pará, descrevendo trilobitas e moluscos, entre eles o tentaculitídeo Tentaculites eldredgianus, observando o fato de que os autores já apontavam o organismo como formas com afinidades com os moluscos.

Orville A. Derby (1890) cita a ocorrência do gênero Tentaculites e Von Ammon (1893) relata a espécie Tentaculites bellulus, ambos para os estratos devonianos no Estado do Mato Grosso.

Em 1899, Clarke, em seu trabalho “Molluscos Devonianos do Estado do Pará, Brazil”, apresenta um trabalho com todos os moluscos fósseis os quais foram coletados pela expedição da Comissão Geológica do Império do Brasil (1875-1877), ao longo das Margens do Rio Maecuru e Curuá (Formação Maecuru) durante o ano de 1876.

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Dentre os espécimes descritos por ele, encontram-se duas novas espécies (Tentaculites stubeli e Tentaculites osseryi) e reconhece para a região o Tentaculites eldregianus, descrito anteriormente por Hartt & Rathbun (1875).

Katzer (1903) descreve uma nova espécie Tentaculites tenellus para as camadas Maecuru da Bacia do Amazonas. Além de reconhecer as mesmas espécies que Clarke (1899) descreve em seu trabalho, identifica também Tentaculites crotalinus, T. eldredgianus e Styliolina clavulus.

Clarke (1913), ao descrever a abundante fauna devoniana do Estado do Paraná, refere-se aos Tentaculitídeos, como incertae sedis. Além da descrição da nova espécie (Tentaculites jaculus), Clarke relata que a espécie tratada por Von Ammon (1893) como Tentaculites bellulus, trata-se da espécie Tentaculites crotalinus.

Após o trabalho de Clarke em 1913, muitos anos se passaram sem a presença de trabalhos significativos para a classe. Surgiram trabalhos apenas relatando a ocorrência desses organismos em camadas fossilíferas nas Bacias sedimentares brasileiras, tais como Petri (1948), Lange (1954), Lange & Petri (1967), Petri & Fúlfaro (1983), Leonardi (1983). A partir do começo dos anos 1980, trabalhos de José Henrique Godoy Ciguel deram um grande avanço nos estudos da Classe Tentaculitoidea no Brasil.

Em 1953, Kegel relata a presença de Tentaculites aff. Eldredgianus (HARTT & RATHBUN), Tentaculites stubeli e Tentaculites sp., na Formação Pimenteiras, Devoniano inferior e a espécie Tentaculites sp. para a Formação Longá.

Ciguel et al. (1984) analisa as amostras encontradas na Formação Ponta Grossa (sensu: Lange e Petri, 1967), além das espécies de tentaculitídeos já registradas (Tentacu-lites) e o primeiro registro de Styliolina sp. para a Bacia do Paraná. Melo (1985), em sua dissertação de mestrado, trabalhou sobre o Domínio Malvinocáfrico do Devoniano do Brasil. Dentre os grupos de fósseis relatados pelo autor, as espécies Tentaculites sp., pro-veniente da Bacia do Paraná, Tentaculites sp. (cf. T. eldredgianus), da Bacia do Amazonas e Tentaculites sp. (cf. T. stubeli), para a Bacia do Parnaíba, foram relatadas.

Em 1985, Ciguel e colaboradores apresentam novos estudos com os tentaculitídeos da Bacia do Paraná sobre a preservação parcial da concha (Ciguel et al., 1985). O espéci-me Tentaculites crotalinus, coletado pelos autores em anos anteriores, serviu de base para essas novas pesquisas. Por meio de análises com Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), pode ser observado que a concha é formada por carbonato de cálcio, sendo “fo-liada”, constituída por lamelas sobrepostas. Essas características foram essenciais para se chegar à conclusão de que os tentaculitídeos pertencem ao grupo dos Moluscos. No trabalho também são mencionados, pela primeira vez, os gêneros Homoctenus e Volynites.

Em 1989, Ciguel apresenta sua dissertação de mestrado Bioestratigrafia dos Tenta-culitoidea no Flanco Oriental da Bacia do Paraná e sua ocorrência na América do Sul. Como já citado anteriormente, poucos são os trabalhos de cunho sistemático, tafonômico e paleo-ecológico do grupo, e essa dissertação acrescenta novas e valiosas informações sobre os tentaculitídeos brasileiros. Nesse trabalho, o autor apresenta 13 gêneros e 45 novas espé-cies de tentaculitídeos da Bacia do Paraná, sendo 28 encontradas no Brasil.

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Azevedo–Soares (1999) propõe uma sistematização da classe Tentaculitoidea para a Formação Ponta Grossa. A autora afirma que dos gêneros e espécies propostos por Ciguel (1989), citados anteriormente, apenas um gênero (Tentaculites) e duas espécies (T. crotalinus e T. jaculus) são efetivamente encontrados. Segundo Azevedo-Soares, o fato de serem encontradas amostras em diferentes fácies pode indicar uma forma de deposição diferenciada.

Em 2001, Rodrigues et al. realizaram um estudo sobre o conteúdo de tentaculitíde-os encontrados em afloramentos do município de Jaguariaíva, Formação Ponta Grossa, Devoniano da Bacia do Paraná. Foram realizados estudos sistemáticos, bioestratigráficos e tafonômicos. A única espécie reconhecida pelos autores foi Tentaculites crotalinus.

Ponciano (2011) realiza um levantamento dos fósseis de macroinvertebrados en-contrados no Devoniano da Bacia do Amazonas, pertencentes à Formação Maecuru. Dentre os tentaculitídeos, estão presentes: Tentaculites sp., T. stubeli, T. oseryi e Tentaculites tenellus.

PADRõEs DE PREsERvAção

Nos exemplares analisados de tentaculitídeos, nota-se a presença de dois conjun-tos preservacionais tafonômicos distintos: amostras com espécimes isolados (Figura 3) e agrupados (Figura 4).

Figura 3: espécimes isolados de tentaculitídeos. Amostras de número: A) NR 4784, B) 03te e C) NR 7137. Escala de 0,5 cm.

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Dentre as amostras estudadas, 73 apresentaram espécimes isolados que exibiam a concha completa (região embrionária, juvenil e adulta), fragmentada e algumas vezes com fratura longitudinal. Das 17 amostras restantes, o padrão observado foi o agrupa-mento entre os espécimes, onde foram encontradas conchas inteiras, fragmentadas e com fratura longitudinal. Nos padrões de preservação agrupados ou isolados, quando os es-pécimes eram encontrados com conchas inteiras, todos os espécimes da mesma amostra encontravam-se da mesma maneira, o mesmo acontecia para espécimes que se encontra-vam fragmentados, porém em ambos os casos, não eram todos os espécimes de todas as amostras que se encontravam com fratura longitudinal.

Nota-se a presença de associações (34 amostras) com outros animais (Figura 4A), tanto nos espécimes isolados quanto nos espécimes em agrupamento, dentre eles: Lingulídeos infaunais, Orbiculoidea, Gigadiscina, Nuculites, Derbyina, Australospirifer, Schuschertella e Australocoelia.

Figura 4. A) Agrupamento e associações com outros grupos animais; e B) Agrupamento de tentaculitíde-os. Escala de 0,5 cm

Na figura 4B, é observado um padrão de preservação pouco comum para os ten-taculitídeos, foram encontradas 5 amostras. Nesse caso específico, as conchas dos ani-mais estão voltadas para um lado apenas, sendo unidirecionais; esse tipo de preservação, já foi relatada por Ciguel (1989) como sendo provável incrustação no substrato ou em conchas de outros animais. Porém, não foram encontrados resquícios de conchas ou de um substrato diferente. Uma hipótese alternativa seria que esse padrão de preservação ocorre quando existiu um evento com correntes unidirecionais (LANGE & PETRI, 1967), diferente do padrão apresentado na figura 4A, em que todos os espécimes encontram-se sem direção definida e muitas vezes fragmentados, o que, nesse caso, sugere um fluxo energético oscilante.

Fica evidente que o táxon apresenta uma gama considerável de padrões de preser-vação refletindo diferenças substanciais em suas características tafonômicas.

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ConsIDERAçõEs FInAIs

O primeiro registro de tentaculitídeos para as camadas devonianas do Brasil ocor-re no final do século XIX, com o trabalho de Hartt & Rathbun (1875). Clarke (1899; 1913) descreve novas espécies de tentaculitídeos para a Bacia do Amazonas e Paraná, respec-tivamente. Porém, é com o trabalho de Ciguel (1989) que a classe começa a tomar maior notoriedade, não apenas em nível sistemático, mas também paleoecológico, tafonômico e bioestratigráfico.

Os tentaculitídeos ocorrentes pertencem às Bacias do Paraná, do Parnaíba e do Amazonas. Hartt & Rathbun (1875) e Clarke (1899, 1913) fazem menção apenas a espé-cimes do gênero Tentaculites, enquanto Katzer (1903) cita a ocorrência de Tentaculites e Styliolina.

Com o trabalho de Ciguel et al. (1985), começam a aparecer outros gêneros, tais como: Homoctenus e Volynites. Além disso, somente a partir dos trabalhos de Ciguel et al. (1984; 1987) e Azevedo-Soares (1999) que se trata os tentaculitídeos como pertencentes ao Filo Molusca.

Observaram-se dois tipos de padrões de preservação: espécimes isolados e agru-pados. Nos dois tipos de preservação, observou-se a associação com outros grupos de animais.

Apesar de ser um grupo amplamente encontrado nos estratos devonianos brasilei-ros, desde o trabalho pioneiro de Clarke (1913) o grupo continua mal compreendido em suas relações taxonômicas, demonstrando a dificuldade de trabalho devido, entre outras coisas, aos parcos estudos tafonômicos relacionados ao grupo.

AGRADECIMEnTos

J.C.C. agradece à FAPESP pela bolsa de Doutorado concedida e também ao CNPq pelo financiamento do projeto 401796/2010-8.

REFERênCIAs

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Recebido em 09/10/2013Aceito para publicação em 02/12/2013

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9. 2. COMNISKEY, J. C.; GHILARDI, R. P.; BOSETTI, E. P. Conhecimento

atual sobre os tentaculitoideos devonianos das bacias do Amazonas e Parnaíba,

Brasil, depositados em instituições brasileiras. Boletim do Museu Paraense Emilio

Goeldi, v. 10, n. 1, p. 49-61, 2015.

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Conhecimento atual sobre os tentaculitoideos devonianos das bacias do Amazonas e Parnaíba, Brasil, depositados em instituições brasileirasCurrent knowledge about Devonian tentaculitoids of Amazonas and

Parnaíba basins, Brazil, deposited in Brazilian institutions

Jeanninny Carla ComniskeyI, Renato Pirani GhilardiII, Elvio Pinto BosettiIIIIUniversidade de São Paulo. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil

IIUniversidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Bauru, São Paulo, BrasilIIIUniversidade Estadual de Ponta Grossa. Ponta Grossa, Paraná, Brasil

Resumo: Os tentaculitoideos são encontrados em afloramentos do Devoniano das bacias do Paraná (Formações Ponta Grossa e São Domingos), Amazonas (Formações Maecuru e Ererê) e Parnaíba (Formação Cabeças). Foram analisadas 39 amostras de coleções científicas provenientes do Devoniano Médio das bacias do Amazonas e do Parnaíba, com principal objetivo de realizar uma revisão sistemática e refinar o conhecimento acerca da distribuição estratigráfica e paleogeográfica do grupo. As espécies encontradas foram: Tentaculites trombetensis, Tentaculites stubeli, Tentaculites eldredgianus, Tentaculites oseryi e Styliolina clavulus. As espécies T. eldredgianus, T. trombetensis e S. clavulus foram encontradas em afloramentos do Eifeliano até o Givetiano, enquanto T. oseryi apenas no Givetiano e T. stubeli no Eifeliano. As primeiras ocorrências de tentaculitoideos para a América do Sul são registradas no Siluriano, o que corrobora a hipótese de que durante o Siluriano Inferior ocorreu um grande aumento da diversidade e quantidade de tentaculitoideos no mundo.

Palavras-chave: Tentaculitoidea. Sistemática. Devoniano. Paleobiogeografia. Bacia do Amazonas. Bacia do Parnaíba.

Abstract: The Tentaculitoids are commonly found in the outcrops of the Devonian of the Paraná Basin (Ponta Grossa and São Domingos Formation), the Amazon Basin (Maecuru and Ererê Formation) and Parnaíba Basin (Cabeças Formation). We analyzed 39 samples of scientific collections from the middle Devonian of the Amazon and Parnaíba Basin, with main objective to conduct a systematic review to refine the knowledge on the stratigraphic and paleogeographic distribution of the group. The species found were: Tentaculites trombetensis, Tentaculites stubeli, Tentaculites eldredgianus, Tentaculites oseryi and Styliolina clavulus. The species T. eldredgianus, T. trombetensis and S. clavulus were found in outcrops of Eifelian to the Givetian. While T. oseryi only during Givetian and T. stubeli during Eifelian. The first occurrences of tentaculitoids in South America are related to the Silurian, which corroborates the hypothesis that during the Early Silurian, there was a large increase in the diversity and quantity of tentaculitoids in the world.

Keywords: Tentaculitoidea. Systematic. Devonian. Palaeobiogeography. Amazonas Basin. Parnaíba Basin.

COMNISKEY, J. C., R. P. GHILARDI & E. P. BOSETTI, 2015. Conhecimento atual sobre os tentaculitoideos devonianos das bacias doAmazonas e Parnaíba, Brasil, depositados em instituições brasileiras. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais 10(1): 49-61.Autor para correspondência: Jeanninny Carla Comniskey. Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Biologia Comparada. Av. Bandeirantes, 3900 – Monte Alegre. Ribeirão Preto, SP, Brasil. CEP 14040-901 ([email protected]). Recebido em 18/11/2014Aprovado em 14/05/2015Responsabilidade editorial: Hilton Tulio Costi

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INTRODUÇÃOO estudo da classe Tentaculitoidea tem avançado muito no decorrer dos anos, porém pouco se sabe sobre o animal que habita a concha ou em qual reino animal o táxon deve ser incluído. Segundo Wei et al. (2012), existem duas principais ideias quanto à posição taxonômica do grupo. A primeira seria uma afinidade com os moluscos devido à semelhança com a concha e as paredes dela (Bouček, 1964; Blind, 1969; Lardeux, 1969; Farsan, 1994; Schindler, 2012). Já a segunda linha de pesquisas reconhece os tentaculitoideos como um grupo irmão dos microconchídeos (Weedon, 1991; Vinn & Taylor, 2007; Zatoń & Taylor, 2009; Vinn, 2010; Vinn & Zatoń, 2012; Vinn, 2013). Embora estas duas hipóteses ainda sejam muito discutidas, prefere-se adotar, neste trabalho, a primeira hipótese taxonômica para este grupo.

Dessa forma, os tentaculitoideos são invertebrados extintos que possuem concha carbonática coniforme de tamanho milimétrico. A maioria apresenta a concha reta, sendo que poucos apresentam concha encurvada e até mesmo enrolada (Schindler, 2012). Podem possuir uma concha lisa ou com ornamentação e, neste último caso, apresentam anéis, microanéis, macroanéis, estrias e espaços interanulares (Figura 1). A classificação dos tentaculitoideos é baseada, exclusivamente, em aspectos morfológicos da concha, a partir da ornamentação externa (Ciguel, 1989; Azevedo-Soares, 1999; Comniskey & Ghilardi, 2013). A classe Tentaculitoidea Lyashenko, 1957 (= Cricoconarida Fisher, 1962) é dividida em três ordens: Tentaculitida Ljashenko, 1955, Homoctenida Bouček, 1964 e Dacryoconarida Fisher, 1962.

Figura 1. Representantes das ordens Tentaculitida (A), Homoctenida? (B) e Dacryoconarida? (C e D). Modificado de Wittmer & Miller (2011).

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Segundo Fisher & Young (1955), os primeiros registros de tentaculitídeos são do Ordoviciano Inferior da Formação Chepultepec, da Virginia (Tremadociano), com representantes da ordem Tentaculitida ocorrendo em abundância e ficando documentados no registro fossilífero até o término do Siluriano. O táxon dos dacryoconarideos surge no Siluriano, mas torna-se excepcionalmente diverso no Devoniano Inferior e Médio (Schindler, 2012). Já os homoctenídeos têm seu registro iniciado a partir do Devoniano e seu ápice evolutivo ocorre no Frasniano (Bond, 2006; Schindler, 2012). Este período é caracterizado pela grande expansão da diversidade e da distribuição geográfica dos tentaculitoideos (Wittmer & Miller, 2011; Schindler, 2012). Schindler (1990, 2012) e Bond (2006) afirmam que os homoctenideos foram os únicos tentaculitoideos que ultrapassaram a barreira da extinção Frasniano – Fameniano (FF).

No Brasil, os tentaculitoideos são encontrados nas bacias do Paraná, Amazonas e Parnaíba. Na Bacia do Paraná, foi registrada a maior descrição de gêneros Tentaculites, Homoctenus, Uniconus, Multiconus, Dicricoconus, Volynites e Styliolina, enquanto que nas bacias do Amazonas e do Parnaíba apenas os gêneros Tentaculites e Styliolina são registrados. Apesar de ser um grupo cosmopolita no Devoniano brasileiro, há poucos trabalhos que lidam com a sistemática do grupo. Os trabalhos de Hartt & Rathbun (1875), Clarke (1899a, 1899b) e Katzer (1903) foram os pioneiros na descrição de espécies do grupo para o Siluriano e Devoniano. Porém, após as primeiras descrições de espécies, poucos são os trabalhos de caráter taxonômico desses táxons e, conforme indicado em Comniskey & Ghilardi (dados não publicados), os realizados não seguem os critérios relacionados no Código Internacional de Nomenclatura Zoológica, tornado-os, em sua maioria, inválidos (ver Ciguel et al., 1984; Ciguel & Rosler, 1985; Ciguel et al., 1987; Ciguel, 1989; Azevedo-Soares, 1999, para exemplos na Bacia do Paraná). Nas bacias do Amazonas e Parnaíba, os trabalhos atuais relatam apenas a ocorrência dos tentaculitoideos,

sem tratar especificamente sobre sua sistemática (Melo, 1985; Fonseca, 2004; Ponciano & Machado, 2007; Ponciano, 2011; Ponciano et al., 2012).

Levando em consideração a falta de trabalhos sobre a sistemática do grupo, realizou-se uma revisão para as bacias do Amazonas e do Parnaíba, indicando as ocorrências das espécies ou formas aparentadas em outras localidades no mundo. Através da revisão realizada, foi possível correlacionar as ocorrências dos táxons encontrados entre as bacias sedimentares paleozoicas brasileiras e na região sul-americana, bem como atualizar e ampliar as informações paleobiogeográficas que esses táxons possam trazer.

MATERIAL E MÉTODOSForam realizadas visitas a coleções técnicas de universidades, museus e instituições de pesquisa. As coleções analisadas foram: Núcleo de Estudos Paleontológicos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Laboratório de Paleontologia de Invertebrados do Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN/UFRJ), Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e Laboratório de Estudos de Comunidades Paleozoicas, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Foram escolhidas estas coleções científicas em razão de os autores terem realizado contato com os seus curadores e, entre elas, foi verificada a presença dos holótipos do material dos trabalhos de Clarke (1899a, 1899b) e uma quantidade razoável de fósseis de tentaculitoideos. Não foi possível localizar os exemplares do trabalho de Hartt & Rathbun (1875), nem consultando o banco de dados de fósseis de invertebrados catalogados no museu Paleontological Research Institution da Universidade de Cornell (Ithaca, Estados Unidos), nem por meio do contato com os responsáveis pela coleção.

Foram observadas 39 amostras, com aproximadamente 153 espécimes (34 da Bacia do Amazonas e 119 da Bacia do Parnaíba). O material analisado é proveniente de afloramentos do Devoniano Médio das Formações Maecuru e Ererê (Bacia do Amazonas) e da Formação

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Cabeças (Bacia do Parnaíba). Em algumas amostras, não foi possível chegar ao nível genérico ou específico, pela falta de caracteres morfológicos ou má preservação dos espécimes. Ressalta-se aqui que a maioria dos exemplares analisados

foi coletada durante expedições do século passado, sem a preocupação com um registro estratigráfico mais detalhado. Todo o material analisado encontra-se depositado nas instituições de pesquisas visitadas (Figura 2).

Figura 2. Localização dos afloramentos: A) Bacia do Parnaíba, localização das Formações Cabeças e Pimenteiras; B) Bacia do Amazonas, o ponto de número 1 refere-se aos afloramentos da Formação Ererê e os pontos de número 2 correspondem aos afloramentos da Formação Maecuru (modificado de Scheffler, 2010).

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SISTEMÁTICA PALEONTOLÓGICA

Classe Tentaculitoidea Lyashenko, 1957Ordem Tentaculitida Lyashenko, 1955Família Tentaculitidae Walcott, 1886Gênero Tentaculites Schloteim, 1820

Espécie-tipo Tentaculites scalaris Schlotheim, 1820

Tentaculites eldredgianus Hartt & Rathbun, 1875 (Figura 3D)

1899 – Tentaculites eldredgianus Clarke, 1899, p. 80-81, plate IV, figuras 29-31

1933 – Tentaculites eldredgianus Katzer, 1933, p. 252, plate XIII, figuras 25-26

Diagnose específica:

Shell small, rather long, straight, circular in cross-section, at least 1 mm in diameter at the larger end, and tapering very gradually to an acute point. Length of the most perfect specimen, a fragment, about 16 mm. Annulations narrow, quite prominent, an angular or slightly rounded of the summit; the interspaces are generally about twice as wide as the annulations, though they vary somewhat in width, and are flattened or a little rounded in the bottom; they are ornamented by fine annular raised lines, of which there are about four or five in each interspace, near the larger end of the specimen. The annulations decrease in size, but become more numerous toward the apex. There are about 5 to 7 in the space of 3 mm near the larger end (Hartt & Rathbun, 1875).

Descrição: com tamanho aproximado de 1,8 cm. Anéis arredondados, bastante proeminentes. Interespaços maiores na região adulta e da abertura, sendo aproximadamente duas vezes maiores do que os anéis. Anelamento irregular, podendo ocorrer áreas com pequeno espaçamento entre os anéis ou espaços com quase o tamanho dos anéis, também podendo ocorrer grandes áreas sem anéis. Câmara embrionária levemente arredondada.

Material: amostras de número 41 e 55, depositadas na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

Distribuição geográfica: A) rio Maecuru, margem direita, 400 m à montante da cachoeira Teuapixuna ou Alagação, coletadas pela expedição Orville Adelbert Derby, em 1986; B) localizado no lado norte de uma curva da BR-316 (Picos - Teresina), a cerca de 5 km do trevo de Picos, em direção a Oeiras, dentro de uma propriedade particular, no município de Picos (Deusana Machado, comunicação pessoal, 2014).

Distribuição estratigráfica: Formação Maecuru (Eifeliano) e Formação Cabeças (Givetiano).

Holótipo: o depósito do material descrito por Hartt & Rathbun (1875), seja de seu holótipo, parátipos ou síntipos, não possui registro. Apesar de provavelmente estarem depositados na Cornell University, Estados Unidos, contatos realizados não foram suficientes para localizá-los. Dessa forma, é necessário, para validação da espécie, determinar seu neótipo.

Tentaculites stubeli Clarke, 1899 (Figura 3B)

Diagnose específica:

Concha um tanto robusta, estreitando-se rapidamente. A parte superior é cruzada por anneis mais ou menos oblíquos, muitas vezes irregulares, e separados por intervallos um tanto desiguaes. Na superfície externa estes anneis apresentam uma encosta superior comprida e uma costa inferior vertical ou mesmo côncava; nos moldes internos elles parecem agudamente angulares, com encostas iguaes em ambas as direções. Os intervallos são lisos e tornam-se mais estreitos para baixo, desapparecendo totalmente os anneis a uma distancia considerável do ápice. A parte apical da concha, na distancia de um terço a um quarto do comprimento total do tubo, é lisa (Clarke, 1899a).

Descrição: concha de tamanho médio de 2 cm. Esta foi a maior espécie entre as analisadas. Anéis levemente oblíquos na região da abertura e interespaços irregulares. Anéis arredondados. Interespaços mais lisos e mais largos na região adulta e de abertura. Região apical lisa.

Material: amostras de número 5, 46 e 48 que estão depositadas na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

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Distribuição geográfica: encontrada no afloramento da Margem direita do rio Maecuru cerca de 400 m à montante da cachoeira de Teapuxina ou Alagação e cerca de 1,5 km à montante da foz do igarapé Ipixuna.

Distribuição estratigráf ica: Formação Ererê (Neoeifeliana - Eogivetiana).

Holótipo: o material analisado por Clarke (1899a), seja de seu holótipo, parátipos ou síntipos, não possui registro. As figuras 24-28, estampa IV, do trabalho de Clarke (1899a) ficam designadas como síntipos. Apesar de provavelmente estarem depositados no Museu Nacional do Rio de Janeiro, contatos realizados não foram suficientes para localizá-los. Dessa forma, é necessário, para validação da espécie, determinar seu neótipo.

Tentaculites oseryi Clarke, 1899 (Figura 3E)

Diagnose específica:

Esta espécie é menor do que T. stubeli ou T. trombetensis, e tem a superfície coberta de anneis regulares apertados, que são arredondados e separados por intervallos muito estreitos do que os anneis. Em algumas amostras os anneis se estendem quase até o ápice, em outras há um espaço considerável junto ao ápice que é liso. Os intervallos entre os anneis são fortemente côncavos e lisos. A maior amostra observada tem 9 mm de comprimento, e apresenta 23 anneis que se tornam rapidamente mais finos para baixo (Clarke, 1899a).

Descrição: anéis praticamente do tamanho dos espaços. Anéis arredondados, levemente espessos. Em alguns casos, região apical lisa. Interespaços fortemente côncavos e lisos. Em algumas amostras, a presença de anéis estende-se até o ápice, em outros casos ele está sem ornamentação. Tamanho aproximado de 1,3 cm. Clarke (1899a) afirma que esta espécie é menor do que T. trombetensis, porém, nas amostras analisadas, verificou-se o contrário.

Material: amostras de número 54, 58, 59 e 101, depositadas na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

Distribuição geográfica: A) afloramento localizado no lado norte de uma curva da BR-316 (Picos - Teresina), a cerca de 5 km do trevo de Picos em direção a Oeiras, dentro de uma propriedade particular, no município de Picos; B) situado em uma curva da estrada de terra em direção ao povoado de Oiti, a 800 m do entroncamento desta com a PI-120 (trecho Valença do Piauí – Pimenteiras), no município de Pimenteiras, Piauí (Deusana Machado, comunicação pessoal, 2014).

Distribuição estratigráfica: Formação Cabeças (Givetiano).

Holótipo: o material descrito por Clarke (1899a), seja de seu holótipo, parátipos ou sintipos, não possui registro. Apesar de provavelmente estarem depositados no Museu Nacional do Rio de Janeiro, contatos realizados não foram suficientes para localizá-los. Dessa forma, é necessário, para validação da espécie, determinar seu neótipo.

Tentaculites trombetensis Clarke, 1899 (Figura 3A)

1989 – Tentaculites trombetensis Ciguel, 1989, p. 64- 66, plates 24 e 25

Diagnose específica:

É uma concha pequena, recta, nunca flexuosa, e estreitando-se muito gradualmente. A superfície é coberta com annulações fortes e simples, cujos lados se inclinam de modo igualmente abrupto por cima e por baixo, e são separados por sulcos um tanto largos e fundos. Tanto as annullações como os sulcos se tornam mais estreitos e menores à medida que se approximam do ápice, e uma particularidade especial desta espécie é o forte desenvolvimento destas feições desde o começo da concha. Os sulcos intersticiaes são destituídos de ornamentação. O comprimento de uma amostra de tamanho médio, e provavelmente inteira, é de 11 mm; a largura na abertura é de 1 mm (Clarke, 1899b).

Descrição: concha pequena, com tamanho aproximado de 0,8 cm. Anéis arredondados. Interespaços largos e fundos. Anéis e espaços maiores na região da abertura. Ápice geralmente liso. Câmara embrionária levemente arredondada.

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Distribuição geográfica: A) rio Maecuru, margem direita a 400 m à montante da cachoeira Teuapixuna ou Alagação, coletadas pela Expedição Orvile A. Derby; B) localizado no lado norte de uma curva da BR-316 (Picos - Teresina), a cerca de 5 km do trevo de Picos, em direção a Oeiras, dentro de uma propriedade particular, no município de Picos (Deusana Machado, comunicação pessoal, 2014).

Distribuição estratigráfica: Formação Maecuru (Eifeliano) e Formação Cabeças (Givetiano).

Holótipo: o material analisado por Clarke (1899b), seja de seu holótipo, parátipos ou síntipos, não possui registro. As figuras 26-27, estampa II, do trabalho de Clarke (1899b) ficam designadas como síntipos. Apesar de provavelmente estarem depositados no Museu Nacional do Rio de Janeiro, contatos realizados não foram suficientes para localizá-los. Dessa forma, é necessário, para validação da espécie, determinar seu neótipo.

Classe Tentaculitoidea Lyashenko, 1957Ordem Dacryoconarida Fisher, 1962

Família Stylionidae Grabau & Shimer, 1910Gênero Styliolina sp. Karpinsky, 1884

Espécie-tipo Styliola nucleata Karpinsky, 1884

Styliolina clavulus Barrande, 1852 (Figura 3C)

Diagnose específica:

La plupart des spécimens de cette espèce sont écrasés dans les roches schisteuses de nos bandes g 2-h 1. Cependant, on en découvre quelques uns qui permettent de reconnaître la forme naturelle, conique et régulière de la coquille, dont la section transverse semble circulaire. La surface de ce test n’a conservé aucune trace d’ornemens. Dimensions. La longueur de la plupart des spécimens varie entre 1 et 3 mm. Mais nous en rencontrons quelques uns qui atteignent 5 mm. et dont le diamètre est d’environ 1/2 mm (Barrande et al., 1852).

Descrição: concha com tamanho aproximado de 1,8 cm, reta, lisa e sem a presença de anelações. Em alguns

casos, ocorre a presença de tênues estrias de crescimento. Câmara embrionária com forma goticular.

Distribuição geográfica: A) rio Maecuru, margem direita, 400 m à montante da cachoeira Teuapixuna ou Alagação, coletadas pela Expedição Orville A. Derby, 1986; B) afloramento localizado no lado norte de uma curva da BR-316 (Picos - Teresina), a cerca de 5 km do trevo de Picos em direção a Oeiras, dentro de uma propriedade particular, no município de Picos (Deusana Machado, comunicação pessoal, 2014).

Distribuição estratigráfica: Formação Maecuru (Eifeliano) e Formação Cabeças (Givetiano).

DISCUSSÃOOs tentaculitoideos possuem uma ampla distribuição geográfica, sendo encontrados em locais como Afeganistão, África do Sul, Alemanha, Áustria, Argentina, Bolívia, Canadá, China, Estados Unidos, Paraguai, Peru, Polônia, República Tcheca e Suécia (Knod, 1908; Fisher & Young, 1955; Ljashenko, 1955, 1957, 1959; Fisher, 1962; Bouček, 1964; Lardeux, 1969; Larsson, 1979; Lindemann & Yochelson, 1992; Alberti, 1993; Lindemann & Melycher, 1997; Azevedo-Soares, 1999; Wittmer & Miller, 2011; Schindler, 2012; Wei et al., 2012), e apresentando distribuição estratigráfica do Ordoviciano ao Devoniano, possuindo ápice da classe no Devoniano Médio e extinção total da classe no limite Frasniano-Fameniano (Bond, 2006; Wittmer & Miller, 2011; Schindler, 2012).

No Hemisfério Norte, uma grande quantidade de gêneros e espécies é conhecida, enquanto no Brasil são poucos os táxons encontrados no registro estratigráfico (Ciguel, 1989; Azevedo-Soares, 1999; Comniskey & Ghilardi, 2013).

Os trabalhos referentes ao surgimento, apogeu e extinção dos tentaculitoideos são controversos. Autores como Wittmer & Miller (2011) e Schindler (2012) citam a ocorrência dos primeiros tentaculitoideos no início do Ordoviciano. Porém ocorre uma lacuna no registro de tentaculitoideos durante o Ordoviciano Médio, que voltam a aparecer no final do Ordoviciano. Segundo

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Wittmer & Miller (2011), no início do Ordoviciano, o registro ocorre na Austrália, Malásia e Tailândia e, curiosamente, após esse período os tentaculitoideos não são documentados até o final do Ordoviciano. Neste período, muitas são as ocorrências da ordem Tentaculitida, existindo, no entanto, apenas um relato da ocorrência de Styliolina, marcando a primeira aparição dos Dacryoconarida.

O início do Siluriano é marcado por um notável aumento na diversidade de tentaculitoideos em todo o mundo (Fisher, 1962; Wittmer & Miller, 2011; Wei et al., 2012).

Durante o Devoniano, o grupo mostra extensa disseminação global (Fisher, 1962; Alberti, 1993; Wittmer & Miller, 2011; Wei et al., 2012; Schindler, 2012). Segundo

Wittmer & Miller (2011), no início do Devoniano as três ordens estavam presentes em proporções praticamente iguais. Os Dacryoconarida atingem o máximo de sua diversidade durante o Devoniano Médio (Schindler, 2012), enquanto os Homoctenida têm seu ápice no Frasniano (Bond, 2006; Schindler, 2012).

Entre os trabalhos que relatam a distribuição geográfica dos tentaculitoideos durante o Ordoviciano, Siluriano e Devoniano, apenas o de Wittmer & Miller (2011) registra sua presença na América do Sul, com ocorrências somente a partir do Devoniano, porém sem maiores detalhes quanto à localização das ocorrências e andares estratigráficos. No entanto, trabalhos de Clarke (1899b) já citam a ocorrência de tentaculitoideos para o Siluriano da

Figura 3. Tentaculitoideos das bacias do Amazonas e do Parnaíba: A) Tentaculites trombetensis (MN 2697), nota-se que os interespaços são mais largos e fundos do que o normal, sendo a característica principal desta espécie; B) Tentaculites stubeli (UNIRIO 5), os anéis oblíquos são características-chave nesta espécie; C) Styliolina clavulus (UNIRIO 42), a falta de ornamentação na concha caracteriza este gênero; D) Tentaculites eldredgianus (UNIRIO 41), os interespaços são maiores na região da abertura, como mostra a figura; E) Tentaculites oseryi (UNIRIO 58), anéis e interespaços com o mesmo tamanho são característicos nesta espécie. Escala = 0,5 cm.

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Bacia do Amazonas. Wei et al. (2012) afirmam ainda que não existem evidências convincentes quanto à presença de tentaculitoideos além dos trópicos.

O hábito de vida dos tentaculitoideos é assunto controverso. Fisher (1962) afirma que os tentaculitoideos eram animais tolerantes a diversos tipos de ambientes. Hoje em dia, sabe-se que os tentaculitoideos possuíam sua fase larval planctônica.

Nota-se que, no mesmo período (Devoniano), a diversidade de espécies da América do Sul é inferior a da Europa e da América do Norte. Como citado anteriormente, alguns autores acreditam que o grupo dos tentaculitoideos tivesse preferência por ambientes tropicais. Analisando os mapas de reconstrução paleogeográfica apresentado por Wittmer & Miller (2011), verifica-se maior concentração dos registros do grupo em regiões mais tropicais, tais como Laurentia, Báltica e Avalonia, desde o Ordoviciano até o Devoniano.

Na América do Sul, os tentaculitoideos mais antigos que se têm registro são do Siluriano, com ocorrências no Brasil, Bolívia, Paraguai e Peru (Clarke, 1899b; Isaacson et al., 1976; Grahn, 1992; Ciguel, 1989; Heredia et al., 2007; Malanca et al., 2010). Até o momento, só existe registro do gênero Tentaculites para as camadas silurianas brasileiras.

Na América do Sul, durante o Devoniano, os tentaculitoideos ocorriam na Argentina, Bolívia, Brasil, Peru e Uruguai (Hartt & Rathbun, 1875; Ulrich, 1893; Derby, 1890; Von Ammon, 1893; Katzer, 1897; Kayser, 1897, 1900; Siemiradzki, 1898; Clarke, 1899a; Schuchert, 1906;

Knod, 1908; Katzer, 1903, 1933; Clarke, 1913; Boucot et al., 1980). O registro pioneiro quanto ao surgimento dos primeiros dacryoconarida ocorre com o trabalho de Hartt (1897), com o gênero Styliolina. Ciguel & Rosler (1985) fazem a primeira citação da ocorrência de Homoctenus e Volynites para as camadas do Devoniano da Bacia do Paraná.

Apesar do grande número de registro de tentaculitoideos para o Devoniano da América do Sul, verificou-se a necessidade de um refinamento sistemático, pois a citação da ocorrência, na maioria das vezes, não vem acompanhada por figuras ou fotos dos exemplares citados. Se o material apresenta-se mal preservado e sem classificação mais refinada, torna-se difícil obter estimativas quanto às prováveis rotas migratórias para o grupo.

Após as análises, foi verificada a ocorrência das espécies Tentaculites trombetensis, Tentaculites eldredgianus, Tentaculites stubeli, Tentaculites oseryi e Styliolina clavulus (Tabela 1) nas bacias do Amazonas e do Parnaíba. Na Tabela 1, é mostrada em qual formação cada espécie foi encontrada, assim como a idade atualizada das formações.

As quatro espécies de Tentaculites encontradas nas bacias do Amazonas e do Parnaíba foram citadas para o Devoniano da Bolívia e do Uruguai. Na Argentina, foi verificado o relato da ocorrência apenas da espécie T. crotalinus, e no Peru da espécie Tentaculites jaculus (sendo que esta espécie, no Brasil, só foi encontrada na Bacia do Paraná).

Clarke (1899a) e Katzer (1903) descrevem de forma pioneira a espécie Tentaculites crotalinus para as bacias do Amazonas e Parnaíba. Tal espécie tem seu holótipo descrito

Bacia do Amazonas Bacia do Parnaíba

Formação Maecuru (Eifeliano)

Formação Ererê (Neoeifeliano – Eogivetiano) Formação Cabeças (Givetiano)

Tentaculites eldredgianus x x

Tentaculites trombetensis x x

Tentaculites oseryi x

Tentaculites stubeli x

Styliolina clavulus x x

Tabela 1. Distribuição das espécies de tentaculitoideos nas bacias do Amazonas (formações Maecuru e Ererê) e do Parnaíba (Formação Cabeças).

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no Grupo Bokkeveld, na África (Salter, 1856). A presença desse táxon em camadas devonianas brasileiras indicaria uma provável comunicação remota entre essas bacias com o Grupo Bokkeveld. Após análises da diagnose original da espécie, observação de espécimes de T. crotalinus encontrados no Devoniano da Bacia do Paraná e examinar as figuras-tipo, constataram-se que os espécimes descritos por Katzer (1897, 1903) não se referem a T. crotalinus. As descrições e as figuras apresentadas nos trabalhos de Katzer (1897, 1903) não apresentam as mesmas características morfológicas, do espécime proposto por Salter (1856) como T. crotalinus. O mesmo fato ocorre com a espécie Tentaculites tenellus Katzer (1897), pois o autor apresenta uma diagnose pobre e figuras de baixa qualidade. O espécime não possui características morfológicas distintas o suficiente para a criação de uma nova espécie. Com base na descrição da espécie e na figura apresentada em seu trabalho, os presentes autores não reconheceram esta espécie em nenhuma das amostras analisadas. Schuchert (1906) apresenta uma tabela com os espécimes encontrados na Bacia do Amazonas, e nela o autor cita a ocorrência de T. tenellus, porém não apresenta uma descrição ou figura da espécie.

Um resultado importante foi que as cinco espécies encontradas nas bacias do Amazonas e do Parnaíba são diferentes daquelas encontradas na Bacia do Paraná. Verificou-se também que as espécies de tentaculitoideos encontrados na Bacia do Paraná ocorrem desde o Neopraguiano até o Neogivetiano, enquanto as espécies das bacias do Amazonas e do Parnaíba ocorrem em afloramentos datados do Eifeliano ao Givetiano. As espécies encontradas na Bacia do Paraná foram também localizadas em camadas do Devoniano da Bolívia. Esses dados nos levam a supor que, com base na ocorrência dessas espécies, não houve conexão e, portanto, migração entre as bacias intracratônicas brasileiras nessa época. Outra consideração importante seria o fato de que provavelmente esta fauna provenha da Bolívia, visto que a ocorrência do gênero Tentaculites tem seus primeiros

registros durante o Siluriano da Bolívia, surgindo apenas no Neopraguiano da Bacia do Paraná e durante o Siluriano Inferior da Bacia do Amazonas.

Como citado em alguns trabalhos (Bond, 2006; Wittmer & Miller, 2011; Schindler, 2012; Wei et al., 2012), a extinção dos tentaculitoideos ainda é motivo de discussões, sabendo-se que a extinção total do grupo ocorre no final do Devoniano. Bond (2006) afirma que os homoctenídeos apresentam seu ápice no Devoniano Médio e durante o limite Frasniano-Fameniano ocorre sua extinção, juntamente com a extinção total do grupo. Segundo Bond (2006), Wittmer & Miller (2011) e Schindler (2012), a extinção do grupo ocorre concomitantemente a um evento de extinção conhecido como “crise de Kellwaser”. Esta crise tem sido constantemente citada como a possível causa do desaparecimento dos tentaculitoideos do Hemisfério Norte, embora eles estivessem em competição com gastrópodes planctônicos, que estavam no auge de seu desenvolvimento. Ela é reconhecida como gradual, afetando primeiramente comunidades bentônicas por meio da anoxia. Eventuais pulsos anóxicos subsequentes reduziriam a extensão das áreas de ocorrência dos organismos pelágicos (Wittmer & Miller, 2011).

Para Berkyová et al. (2007), o período Devoniano é considerado de grandes mudanças nas biosferas terrestre e marinha, o que resultou em perturbações no reino dos planctônicos (incluindo a extinção dos graptólitos, aparecimento dos dacryoconarídeos, declínio de acritarcas e extinção do tentaculitoideos no final do Devoniano).

Niko (2000) cita a ocorrência de homoctenídeos no limite Carbonífero/Permiano, porém a falta de dados sedimentológicos consistentes tornou esta ocorrência questionável (Schindler, 2012).

CONCLUSÃODas 39 amostras analisadas nas quatro instituições de ensino e pesquisa visitadas, foram reconhecidas as seguintes espécies de tentaculitoideos no Devoniano Médio da Bacia do Amazonas: Tentaculites trombetensis, T. stubeli,

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T. eldredgianus e S. clavulus. Na Bacia do Parnaíba, foram reconhecidas: T. trombetensis, T. oseryi, T. eldredgianus e S. clavulus. Diferentemente do que alguns autores haviam citado anteriormente, não foi reconhecida a espécie Tentaculites crotalinus nas bacias do Amazonas e do Parnaíba. Na América do Sul, o registro dos primeiros tentaculitoideos ocorreu durante o início do Siluriano, com o gênero Tentaculites. Representantes das ordens Dacryoconarida e Homoctenida foram encontrados a partir do Devoniano Inferior. Nas bacias do Amazonas e do Parnaíba só existe registro das ordens Tentaculitida e Dacryoconarida.

AGRADECIMENTOSComniskey agradece à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela bolsa de doutorado concedida (2013/04884-0). Bosetti agradece ao Conselho Nacional Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq PQ 311483/2014-3). Os autores agradecem às instituições de ensino e pesquisa brasileiras que permitiram a análise do material estudado. Ao Prof. Dr. Antonio Carlos Sequeira Fernandes, pelas informações sobre o material de Clarke.

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