tenha fé, é um bom negócio! - puc-sp

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO Tenha fé, é um bom negócio! Ilustração 1 - Direitos Reservados O marketing nas fronteiras da religião: a fé como alavanca de negócios no varejo de produtos religiosos.

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Page 1: Tenha fé, é um bom negócio! - PUC-SP

PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE SAtildeO PAULO

Tenha feacute eacute um bom negoacutecio

Ilustraccedilatildeo 1 - Direitos Reservados

O marketing nas fronteiras da religiatildeo a feacute como alavanca de negoacutecios no varejo de produtos religiosos

2

RENATO PINTO DE ALMEIDA JUacuteNIOR

TENHA FEacute Eacute UM BOM NEGOacuteCIO

O marketing nas fronteiras da religiatildeo a feacute como alavanca de

negoacutecios no varejo de produtos religiosos

Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Banca Examina-dora da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo como exigecircncia parcial para ob-tenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias da Religiatildeo sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Silas Guerriero

PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA SAtildeO PAULO 2007

3

BANCA EXAMINADORA __________________________________ __________________________________ __________________________________

4

Dedicatoacuteria

Dedico este trabalho agrave cidade de Satildeo Paulo Aos brasileiros e brasileiras paulista-

nos e paulistanas por adoccedilatildeo (como eu) ou que aqui nasceram e fazem desta ci-

dade a locomotiva e um beliacutessimo motivo de orgulho para o nosso paiacutes

Ilustraccedilatildeo 2- Direitos Reservados

Se ao final deste trabalho ainda perguntarem-me O que eacute isto

A minha resposta viraacute pelas palavras do poeta Ari Barroso

5

Dedico tambeacutem este trabalho agrave minha famiacutelia e em especial para

Ilustraccedilatildeo 3 - Direitos Reservados

Estela minha esposa e compa-nheira que me abriu os caminhos da ciecircncia com seu exemplo e coragem

Aos meus pais Renato e Leila pelo apoio moral e material

aleacutem de suas contribuiccedilotildees profissionais

Ilustraccedilatildeo 4 - Direitos Reservados Fado Tropical (Chico Buarque - Ruy Guerra)

Oh musa do meu fado Oh minha matildee gentil Te deixo consternado No primeiro abril Mas natildeo secirc tatildeo ingrata Natildeo esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal ``Sabe no fundo eu sou um sentimental Todos noacutes herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo Mesmo quando as minhas matildeos estatildeo ocupa-das em torturar esganar trucidar Meu coraccedilatildeo fecha aos olhos e sinceramente chora Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas do Alentejo De quem numa bravata Arrebato um beijo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

``Meu coraccedilatildeo tem um sereno jeito E as minhas matildeos o golpe duro e presto De tal maneira que depois de feito Desencontrado eu mesmo me contesto Se trago as matildeos distantes do meu peito Eacute que haacute distacircncia entre intenccedilatildeo e gesto E se o meu coraccedilatildeo nas matildeos estreito Me assombra a suacutebita impressatildeo de incesto Quando me encontro no calor da luta Ostento a aguda empunhadura agrave proa Mas o meu peito se desabotoa E se a sentenccedila se anuncia bruta Mais que depressa a matildeo cega executa Pois que senatildeo o coraccedilatildeo perdoa

Guitarras e sanfonas Jasmins coqueiros fontes Sardinhas mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre Traacutes-os-Montes E numa pororoca Desaacutegua no Tejo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um impeacuterio colonial

Com todo o meu carinho

Renato Pinto de Almeida Juacutenior

6

Agradecimentos

Inicio os meus agradecimentos me dirigindo para as 480 pessoas anocirc-

nimas que responderam aos questionaacuterios Obrigado pela paciecircncia e oportunidade

em conhecer um pouco de cada um de vocecircs quando estabelecemos uma raacutepida

mas bonita relaccedilatildeo que eu jamais vou esquecer que foi de fundamental importacircncia

para a execuccedilatildeo deste trabalho

Com amizade agradeccedilo aos senhores proprietaacuterios das lojas que foram

os alvos de nossa pesquisa de campo e em especial aos Srs Sevilho (Banca da

Biacuteblia em Caraguatatuba - SP) Neacutelson (Casa de Velas Santa Rita ndash Satildeo Paulo ndash

Capital) Pedro (Lojas Vila Zen ndash Satildeo Paulo ndash Capital) e Sra Isabellla (Livraria Cate-

dral ndash Satildeo Paulo)

Para sempre serei grato aos meus mestres do Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Religiatildeo pelos ensinamentos exemplos e incentivos a

esta dissertaccedilatildeo Agrave ldquonossardquo querida Andreacuteia secretaacuteria do CRE que sempre esteve

disposta e soliacutecita a ajudar-me com os tracircmites administrativos durante o curso

Agradeccedilo aos professores doutores Ecircnio Joseacute da Costa Brito e Leonildo

Silveira Campos que junto com meu orientador compuseram a Banca de Exame de

Qualificaccedilatildeo Muito obrigado professores de todo o coraccedilatildeo pelas valiosas suges-

totildees bibliograacuteficas e as necessaacuterias instruccedilotildees e observaccedilotildees metodoloacutegicas para

este estudo Minha gratidatildeo tambeacutem se manifesta para a profa dra Iara Gustavo de

Castro que orientou toda a parte estatiacutestica desta pesquisa

Ao meu orientador professor dr Silas Guerriero o meu agradecimento

especial Estas palavras se justificam meu mestre por vocecirc ter acreditado neste

projeto aleacutem de ter me incentivado e orientado sempre e quando precisei Tenho

certeza que construiacutemos juntos algo que transcendeu aos aspectos meramente pro-

fissionais para transformarmos o nosso conviacutevio em uma forte amizade Afinal

sempre soubemos que uma possiacutevel relaccedilatildeo entre um antropoacutelogo e um administra-

dor daria certo e que desde o iniacutecio dos nossos trabalhos os anjos e santos diriam

ameacutem como de fato disseram Obrigado Silas

7

Dedico um carinho especial agraves duas pessoas que foram tambeacutem de

fundamental importacircncia na elaboraccedilatildeo deste trabalho minha esposa Estela Noro-

nha e a minha matildee professora dra Leila Filinto Pinto de Almeida

Estela minha flor te agradeccedilo especialmente Sou grato pelas suas di-

cas avaliaccedilotildees ajuda com a aplicaccedilatildeo da pesquisa de campo e principalmente pelo

exemplo com o teu trabalho de dissertaccedilatildeo Pude acompanhar o seu desempenho

medir as suas dificuldades observar os detalhes e participar ativamente dele Para

mim foi bem mais que uma honra Aprendi muito com a sua experiecircncia nos mais

variados aspectos o que me facilitou e abriu os meus caminhos cientiacuteficos quando

da concepccedilatildeo da ideacuteia e execuccedilatildeo do projeto do meu mestrado Obrigado meu an-

jo de todo o coraccedilatildeo

O meu agradecimento especial agrave minha matildee que pacientemente fez to-

da a criacutetica metodoloacutegica ajudou-me com o necessaacuterio equiliacutebrio com o conteuacutedo do

texto e foi uma companheira na elaboraccedilatildeo final do conjunto que compocircs esta obra

Sua paciecircncia e entusiasmo foi-me tambeacutem um exemplo e um alento com a nossa

ldquonoeacuteticardquo e os nossos aspectos ldquohierofacircnicosrdquo e ldquohermenecircuticosrdquo

Por fim agradeccedilo tambeacutem agrave psicoacuteloga Andreacutea Vistueacute que me ajudou a

natildeo perder o curso de um porto seguro quando uma tempestade em minha vida se

abateu e sem avisar Agora navego por aacuteguas mais calmas seguras e serenas

8

Resumo

Este trabalho tem como objetivo entender as motivaccedilotildees dos consumidores de pro-

dutos relacionados agrave religiosidade justificando desta maneira a existecircncia de um

nicho mercadoloacutegico especiacutefico e a principal alavanca operacional nesse marcado

Nele a base para as conclusotildees estaacute centralizada em uma pesquisa de campo es-

pecialmente desenvolvida relacionando a religiatildeo e o marketing aplicado sobre os

produtos da praacutetica religiosa catoacutelica protestantes das diversas denominaccedilotildees das

religiotildees afro-brasileiras e do movimento nova era

A principal descoberta eacute que a feacute religiosa eacute o fator determinante do mercado varejis-

ta de produtos religiosos agindo e interagindo com os demais fatores econocircmicos e

sociais

Palavras chave marketing religioso - mercado varejista ndash religiatildeo ndash consumo - religi-

atildeo e marketing - produtos religiosos - cultura - subcultura

9

ABSTRACT

This work has in its aim to understand the consumerslsquo motivation relationed to religi-

osity this way justifying the existence of a specific market niche and the main opera-

tional gearing in this market

In it the bases for the conclusions are centred in a specially developed field re-

search relationing religion and the marketing applied to the products belonging to the

Catholic religious practices Protestants of several titles Afro-Brazilian religions and

the New Era movement

The main discovery is that religious faith is the determining factor of the retailing

market of religious products acting and interacting with other economic and social

factors

Keywords religious marketing - retail trade - religion - marketing - expenditure - re-

ligion and marketing - religious products - culture - subculture

10

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo ndash Um olhar para a nossa gente 17

Capiacutetulo I Conceituaccedilotildees terminologia e o cenaacuterio religioso no Brasil 24

11 Consideraccedilotildees hermenecircuticas religiatildeo religiosidade e feacute 25

12 Marketing uma ideacuteia e um conceito em evoluccedilatildeo 43

13 O desenvolvimento e a cronologia de uma ideacuteia marketing 49

14 As abordagens conjuntas do marketing com a religiosidade e vice-

versa

55

15 Consideraccedilotildees iniciais sobre o cenaacuterio da pesquisa de campo 67

Capiacutetulo II Pesquisa de campo a descoberta e o comportamento dos consumidores no mercado da feacute

75

21 Meacutetodo de organizaccedilatildeo e execuccedilatildeo da pesquisa de campo 76

211 Planificaccedilatildeo e procedimento da coleta de dados 77

22 Os resultados macroscoacutepicos da pesquisa de campo 81

221 Resultados obtidos com o perfil dos entrevistados 82

23 Meacutetodo de anaacutelise dos dados coletados 115

Capiacutetulo III O varejo de produtos religiosos razatildeo e sensibilidade 118

31 Abordagem macroscoacutepica dos dados da pesquisa de campo 120

32 A feacute como razatildeo motivacional para compras atraveacutes do prisma esta-

tiacutestico

127

33 A Razatildeo 153

34 A Sensibilidade 154

Conclusatildeo Razatildeo + Sensibilidade 156

Bibliografia 160

Anexos 173

Endereccedilos das lojas da pesquisa de campo 174

11

Modelo de questionaacuterio 178

Entrevista com o Sr Servilho Proprietaacuterio da Banca da Biacuteblia em Cara-

guatatuba ndash SP

185

12

Lista de Tabelas

Capiacutetulo II

Tabela 01 Sexo dos sujeitos entrevistados 82

Tabela 02 Qual a sua profissatildeo 84

Tabela 03 Qual a sua idade 86

Tabela 04 Qual o seu estado civil 88

Tabela 05 Qual o grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar 90

Tabela 06 Qual a sua faixa de renda familiar 92

Tabela 07 O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro 94

Tabela 08 O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo 95

Tabela 09 Qual a sua religiatildeo de batismo 97

Tabela 10 Qual a sua religiatildeo praticada atualmente 99

Tabela 11 Como o senhor (a) teve conhecimento desta loja 101

Tabela 12 Com que frequumlecircncia o senhor (a) compra produtos religi-

osos

103

Tabela 13 Qual eacute o principal motivo que o senhor (a) comprou es-

ses produtos

105

Tabela 14 Qual o tipo ou gecircnero do(s) produtos(s) comprado(s) 107

Tabela 15 Faixa de desembolso na loja 109

Tabela 16 Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na

loja

110

Tabela 17 O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja 111

Tabela 18 Em sua opiniatildeo os preccedilos praticados por esta loja satildeo 113

Tabela 19 Quais os motivos que o (a) trariam mais vezes a esta

loja 115

13

Capiacutetulo III

Tabela 20 Qual o tipo o gecircnero do(s) produto(s) comprado(s) Ta-

bela descritiva e quantitativa por mensuraccedilatildeo

125

Tabela 21 Cruzamento de dados GecircneroFrequumlecircnciaparticipaccedilatildeo

percentual

129

Tabela 22 Cruzamento de dados GecircneroProfissatildeo 130

Tabela 23 Cruzamento de dados GecircneroO Sr(a) eacute natural de Satildeo

Paulo

131

Tabela 24 Cruzamento de dados GecircneroIdade 131

Tabela 25 Cruzamento de dados GecircneroRenda Familiar 132

Tabela 26 Cruzamento de dados GecircneroGrau de Escolaridade 132

Tabela 27 Cruzamento de dados GecircneroReligiatildeo de Batismo 133

Tabela 28 Cruzamento de dados GecircneroReligiatildeo Praticada 133

Tabela 29 Cruzamento de dados GecircneroReligiatildeo de Batismo Re-

ligiatildeo Praticada

134

Tabela 30 Cruzamento de dados GecircneroPrincipal motivo pelo qual

o senhor (a) comprou esse(s) produto(s)

138

Tabela 31 Cruzamento de dados GecircneroCom que frequumlecircncia o

senhor (a) compra produtos religiosos

139

Tabela 32 Cruzamento de dados GecircneroGrau de satisfaccedilatildeo na

loja

140

Tabela 33 Cruzamento de dados GecircneroTipo de lojaComo o se-

nhor (a) teve conhecimento desta loja

143

Tabela 34 Cruzamento de dados GecircneroTipo de lojaDesembolso

na loja

147

Tabela 35 Cruzamento de dados GecircneroTipo de loja Preccedilos pra-

14

ticados na loja 149

Tabela 36 Cruzamento de dados GecircneroQuais motivos o (a) trari-

am mais vezes a esta loja

150

15

Lista de Graacuteficos

Capiacutetulo II

Graacutefico 01 Sexo dos sujeitos entrevistados 82

Graacutefico 02 Qual a sua profissatildeo 83

Graacutefico 03 Qual a sua idade 85

Graacutefico 04 Qual o seu estado civil 87

Graacutefico 05 Qual o grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar 89

Graacutefico 06 Qual a sua faixa de renda familiar 91

Graacutefico 07 O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro 93

Graacutefico 08 O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo 95

Graacutefico 09 Qual a sua religiatildeo de batismo 96

Graacutefico 10 Qual a sua religiatildeo praticada atualmente 98

Graacutefico 11 Como o senhor (a) teve conhecimento desta loja 100

Graacutefico 12 Com que frequumlecircncia o senhor (a) compra produtos reli-

giosos

102

Graacutefico 13 Qual eacute o principal motivo que o senhor (a) comprou es-

ses produtos

104

Graacutefico 14 Qual o tipo ou gecircnero do(s) produtos(s) comprado(s) 106

Graacutefico 15 Faixa de desembolso na loja 108

Graacutefico 16 Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na

loja

110

Graacutefico 17 O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja 111

Graacutefico 18 Em sua opiniatildeo os preccedilos praticados por esta loja satildeo 112

Graacutefico 19 Quais os motivos que o (a) trariam mais vezes a esta

loja

114

16

Lista de Ilustraccedilotildees

As ilustraccedilotildees desta dissertaccedilatildeo onde constam os dizeres rdquodireitos reservadosrdquo satildeo

de autoria e domiacutenio de Renato Pinto de Almeida Juacutenior estando os direitos para

publicaccedilatildeo reservados bem como as fotos e apresentaccedilatildeo digital constantes no CD-

R anexo na contracapa desta dissertaccedilatildeo

Abertura

Ilustraccedilatildeo 01 Placa no interior da Banca da Biacuteblia em Caraguatatu-

ba-SP ldquoDeus eacute o dono do meu negoacuteciordquo

03

Dedicatoacuterias

Ilustraccedilatildeo 02 Homenagem aos brasileiros e agrave cidade de Satildeo Paulo 04

Ilustraccedilatildeo 03 Armas da famiacutelia Pinto 05

Ilustraccedilatildeo 04 Armas da famiacutelia Almeida 05

Capiacutetulo I

Ilustraccedilatildeo 05 Portal do website Cruz Terra Santa 58

Ilustraccedilatildeo 06 Recorte do anuacutencio publicitaacuterio na revista Perdizes da

loja AMON-HAacute ndash Produtos miacutesticos

59

Capiacutetulo II

Ilustraccedilatildeo 07 Fotografia da fachada da Banca da Biacuteblia na Praccedila

da Igreja Matriz de Caraguatatuba- SP

78

Ilustraccedilatildeo 08 Modelo de cartatildeo de visitas para identificaccedilatildeo do pes-

quisador

79

17

Introduccedilatildeo

Um olhar para nossa gente

Certo dia fazendo compras adentrei casualmente uma das mais caras

galerias de lojas situadas na Avenida Paulista em Satildeo Paulo capital Nesse conjun-

to comercial existe uma loja muito bem montada cujo objetivo eacute atender a demanda

relativa ao mercado de produtos esoteacutericos contemplando CDs do gecircnero ldquoNew A-

gerdquo cristais incensos bonecos e bonecas de bruxas e bruxos de muitos materiais

formas e cores muitos objetos simboacutelicos com claras inclinaccedilotildees orientais anjos

barrocos velas pecircndulos baralhos de tarocirc e farta literatura sobre bruxaria magia

lendas etc No interior da loja uma jovem estava com uma pedra de cristal em suas

matildeos A expressatildeo daquela mulher era de contemplaccedilatildeo e fascinaccedilatildeo ao mesmo

tempo Aproximei-me e antes que eu dissesse alguma coisa ela dirigiu-me a palavra

e disse

_ Eacute linda (Referindo-se ao pedaccedilo de uma pedra de cristal de rocha que

tinha em suas matildeos)

Concordei prontamente A seguir a jovem foi para o caixa pagou a pedra

e saiu da loja

Antes que ganhasse o anonimato na multidatildeo chamei-a e questionei as

suas razotildees para a compra que a vira fazer A compradora deu-me muitas razotildees de

foro esoteacuterico falando-me ldquosobre forccedilas coacutesmicasrdquo ldquouma outra visatildeo de mundordquo

ldquoterapia com cristaisrdquo etc Perguntei-lhe tambeacutem a respeito do preccedilo do material que

ela havia comprado Ela me respondeu imediatamente acrescentando que havia

sido ldquomuito baratordquo

Retornei para o interior da loja Dei iniacutecio a uma abordagem aos respon-

saacuteveis pelo estabelecimento em busca de algumas respostas de questotildees cujo ca-

18

raacuteter eacute mais comercial Fui informado entre outras particularidades sobre aquele

tipo de comeacutercio e que a margem liacutequida de lucro daquela mercadoria (cascalho de

cristal) naquele momento ultrapassara a casa dos 580 pontos percentuais conside-

rado como referecircncia o valor de custo para a loja

Ocorrecircncias como estas em nosso dia-a-dia natildeo satildeo frequumlentes Como

administrador e atento observador do marketing eventos deste tipo induziram-me agrave

reflexatildeo

Podemos dizer a princiacutepio que negoacutecios como estes podem sinalizar bo-

as perspectivas de investimentos porque a taxa de risco sobre o capital investido

em funccedilatildeo da lucratividade auferida eacute muito minimizada Raciocinando como um es-

trategista e considerando apenas o vieacutes financeiro de um negoacutecio uma loja de pro-

dutos religiosos eou esoteacutericos poderaacute se configurar como uma excelente opccedilatildeo de

empreendimento1 A partir desse momento minhas atenccedilotildees voltaram-se de forma

mais aguda para o segmento mercadoloacutegico que contempla os mais diferentes as-

pectos da religiosidade e dos produtos ritualisticamente usados

Somado ao evento acima participei como assistente de uma pesquisado-

ra por ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo de uma pesquisa de campo que corporificou disserta-

ccedilatildeo de mestrado a respeito da devoccedilatildeo a Iemanjaacute entre os natildeo devotos das religiotildees

afro-brasileiras Nessa ocasiatildeo estivemos em contato direto com milhares de prati-

cantes dessas religiotildees nos dias 05 06 07 de dezembro de 2003 na cidade de

1 Em qualquer organizaccedilatildeo ou empreendimento comercial e empresarial que vise lucro eacute necessaacuterio considerar os demais fatores administrativos ao se planejar ou analisar a possibilidade de um inves-timento Esses fatores conjuntamente e somados eacute que iratildeo compor e influenciar de fato a decisatildeo de se investir Os custos de capital a mobilizaccedilatildeo contrataccedilatildeo e treinamento dos recursos humanos a especializa-ccedilatildeo do mercado o tempo de retorno esperado do capital investido impostos taxas custos indiretos do processo de comercializaccedilatildeo aquisiccedilatildeo de mercadorias proacute-labores dos controladores e capitali-zaccedilatildeo em ativos fixos satildeo alguns exemplos de custos e despesas incrementais a serem necessaria-mente e cuidadosamente observados durante a concepccedilatildeo do plano de negoacutecios Sobre esses fato-res ainda haacute a necessidade de cuidados adjacentes com o capital e tambeacutem as estimativas da taxa interna de retorno da taxa de atratividade e o caacutelculo do tempo necessaacuterio ao retorno do capital mo-bilizado e a ser aplicado conforme o planejamento especiacutefico de vendas O ferramental teacutecnico para a execuccedilatildeo e obtenccedilatildeo destes dados indicadores eacute a engenharia econocircmica Assim procedendo o empreendedor tendo executado o planejamento estrateacutegico de vendas e esse planejamento tendo sido avalizado atraveacutes dos nuacutemeros resultantes da anaacutelise teacutecnica da viabilidade econocircmica (ou engenharia econocircmica) disporaacute de argumentos soacutelidos e consistentes para a sua tomada de decisatildeo Assim operando sobre os auspiacutecios de um planejamento de marketing de fato Teraacute desta maneira os seus argumentos regidos sob a oacutetica cientiacutefica da ciecircncia administrativa em seu mais elevado e recomendado grau Alguns exemplos e a teoria do processo da engenharia econocircmica poderatildeo ser encontrados e conhe-cidos detalhadamente na obra de Oswaldo Fadigas FONTES TORRES Fundamentos da Engenharia Econocircmica Satildeo Paulo editora Thompson Pioneira 2006

19

Praia Grande ndash SP e no dia 31 de dezembro do mesmo ano na cidade de Santos ndash

SP onde pude observar com maior clareza as necessidades econocircmicas que ocor-

rem para a realizaccedilatildeo de tais acontecimentos religiosos Pelo vieacutes macroeconocircmico

pude observar por exemplo a precariedade e ausecircncia de obras de responsabilida-

de dos poderes puacuteblicos para a realizaccedilatildeo de tais eventos como a falta de infra-

estrutura organizacional e urbana suporte logiacutestico ao tracircnsito de automoacuteveis e ocircni-

bus bem como os necessaacuterios aparatos de seguranccedila puacuteblica aleacutem dos problemas

com a hospedagem e alimentaccedilatildeo etc No entanto e a despeito desses obstaacuteculos

as festividades a Iemanjaacute ocorreram dentro dos propoacutesitos religiosos de seus devo-

tos e do puacuteblico em geral com sucesso Pelo vieacutes microeconocircmico constatei tam-

beacutem nessa ocasiatildeo a diversidade de produtos e materiais empregados para a praacutetica

da Umbanda e do Candombleacute Produtos esses passiacuteveis de variadas aplicaccedilotildees e

produtos de uso exclusivo dessas religiotildees com formas cores tamanhos e quanti-

dades as mais variadas Flores imagens instrumentos musicais velas perfumes

comidas bebidas roupas joacuteias e bijuterias entre outros objetos foram notados o

que sinalizou a existecircncia de uma induacutestria e um comeacutercio varejista voltado para es-

te tipo de consumidor

Apoacutes essas experiecircncias minhas atenccedilotildees expandiram-se para as ne-

cessidades materiais dos praticantes das demais religiotildees em especial para a catoacute-

lica e as protestantes das mais diversas denominaccedilotildees aleacutem das lojas que comerci-

alizam produtos relacionados agraves religiotildees novoeristas quando foi constatada de

fato a existecircncia de um nicho mercadoloacutegico especiacutefico

Estava efetuado de forma praacutetica e cotidiana o viacutenculo entre a religiatildeo e

o mercado aguccedilando minha curiosidade cientiacutefica sobre o consumidor e seus possiacute-

veis haacutebitos e motivos de compra de produtos relacionados agrave sua religiosidade justi-

ficando desta maneira a existecircncia de um segmento mercadoloacutegico ateacute entatildeo des-

conhecido e pouco frequumlente nas grandes miacutedias

Como administrador e estrategista sempre me interessou a razatildeo exis-

tencial das empresas e as suas mais diversas dinacircmicas empresariais O foco prin-

cipal de minhas observaccedilotildees estaacute sempre centrado sobre os motivos geradores dos

mais diferentes empreendimentos econocircmicos Observando o mercado varejista de

produtos religiosos constatei a inexistecircncia de um estudo detalhado que apontasse

ou ainda sugerisse uma diretriz comercial expliacutecita que estivesse motivando alavan-

20

cando ou que justificasse investimentos no setor natildeo interessando a priori sua linha

de pensamento e praacutetica religiosa

Decidiacute-me entatildeo a trabalhar o tema da religiosidade e do marketing

Dentro deste conjunto temaacutetico optei por examinar e analisar se o fenocircmeno da feacute

religiosa poderia se configurar como um dos provaacuteveis agentes motivadores e que

justificasse o mercado institucionalizado de produtos religiosos aleacutem de alavancar

possiacuteveis investimentos sem no entanto prender-me a qualquer enfoque ou corren-

te de pensamento e praacutetica religiosa

Tendo como objeto um estudo da relaccedilatildeo entre a feacute religiosa e comeacutercio

varejista algumas outras questotildees poderiam ser levantadas tais como a feacute religiosa

dos consumidores contribui para a decisatildeo de compra de determinados produtos

Quais caracteriacutesticas e significaccedilotildees guardariam tais produtos para esse tipo de cli-

entela varejista Como estariam as lojas atendendo agraves necessidades dos consumi-

dores finais nesse mercado Como seria o perfil desse consumidor tanto pelo pris-

ma religioso quanto ao prisma econocircmico Haveria algum fator diferencial no mer-

cado varejista que oferecesse melhores condiccedilotildees para investimento Seria possiacutevel

estabelecermos pontos em comum entre a religiosidade e o marketing

O objetivo deste trabalho eacute investigar e lanccedilar luzes sobre o comporta-

mento do consumidor no momento de suas compras de produtos religiosos frente

ao varejo institucionalizado para este nicho mercadoloacutegico

Neste trabalho pretendemos elaborar uma anaacutelise de marketing onde

procuraremos estabelecer tambeacutem um diaacutelogo entre o marketing e a religiatildeo na

poacutes-modernidade dentro da visatildeo de JJ Queiroz

aderindo agrave corrente que interpreta a Poacutes-Modernidade como uma fase de transiccedilatildeo e um periacuteodo inacabado da histoacuteria da humana como uma fa-se heuriacutestica na qual a humanidade estaacute em busca de algo novo enigmaacute-tico acredito que a religiatildeo e o sagrado tambeacutem se encontram numa virada de mudanccedilas um tempo que afirma ainda muitos valores tradicionais ao lado de novas posturas tudo isso num clima em que emergem muito mais paradoxos e contradiccedilotildees do que certezas2

2 Joseacute J QUEIROZ As Religiotildees e o Sagrado nas Encruzilhadas da Poacutes-modernidade p15

21

Nessa anaacutelise consideraremos as variaacuteveis decisoacuterias de compra por

parte dos consumidores tendo como propoacutesito fundante a feacute religiosa Mapearemos

a dinacircmica mercadoloacutegica desse setor e procuraremos responder suas principais

questotildees tais como frequumlecircncia de compras caracteriacutesticas operacionais do comeacuter-

cio suas abrangecircncias possiacuteveis agentes de influecircncia e o perfil do consumidor

Trabalharemos com a hipoacutetese de que a feacute religiosa dos consumidores

poderaacute ser o agente motivacional para a aquisiccedilatildeo de bens e materiais aplicaacuteveis agrave

praacutetica religiosa justificando assim a existecircncia florescente do mercado varejista de

produtos religiosos

Nossas atenccedilotildees estaratildeo voltadas para os clientes maiores de 14 anos

das lojas de produtos religiosos que atendam as necessidades materiais da religiatildeo

catoacutelica afro-brasileira protestantes das diversas denominaccedilotildees e das religiotildees no-

voeristas no momento subsequumlente ao da efetivaccedilatildeo de suas compras

O cenaacuterio de nossos trabalhos estaacute delimitado aos arredores ou imedia-

ccedilotildees dos estabelecimentos comerciais localizados na praccedila comercial de Satildeo Paulo

e que estes estabelecimentos atendam aos padrotildees da legalidade operacional e

comercial durante os anos de 2006 e 2007

Por se tratar de uma abordagem compreensiva que apoiada nos resulta-

dos obtidos em pesquisa de campo busca detectar e compreender os motivos que

determinadas pessoas alegam para justificar o consumo de produtos inerentes agrave

religiosidade justificando assim a existecircncia de um nicho mercadoloacutegico especiacutefico

adotamos o seguinte quadro teoacuterico em primeiro lugar exporemos a complexidade

e a diversidade nas formas cientiacuteficas em se abordar os temas relacionados agrave religi-

atildeo religiosidade e feacute assim como a evoluccedilatildeo aplicaccedilotildees e conceitos de marketing

Como quadro teoacuterico utilizaremos material de um conjunto de autores

que contribuem para uma percepccedilatildeo mais aprofundada acerca da temaacutetica religiosa

tais como Max Weber (A Eacutetica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo) Eacutemile Dur-

kheim (Formas elementares da vida religiosa) Pierre Bourdieu (A economia das tro-

cas simboacutelicas) Rudolf Otto (O Sagrado) Mircea Eliade (O sagrado e o profano A

essecircncia das religiotildees) Sigmund Freud (Obras Completas) Carl G Jung (Psicologia

e Religiatildeo) Ludwig Wittgenstein (Tractatus Logico-Philosophicus e Investigaccedilotildees

Filosoacuteficas) Carlos Rodrigues Brandatildeo (Os deuses do povo) Laura de Mello e Silva

(O diabo na terra de Santa Cruz feiticcedilaria e religiosidade popular no Brasil colonial)

22

Antocircnio Flaacutevio de Oliveira Pierucci e Reginaldo Prandi (A realidade social das religi-

otildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica) Darcy Ribeiro (O povo brasileiro) Joseacute

J Queiroz (As Religiotildees e o Sagrado nas Encruzilhadas da Poacutes-modernidade) e E-

decircnio Valle (Psicologia e experiecircncia religiosa) Para os temas relacionados ao mar-

keting ou agrave mercadologia teremos as contribuiccedilotildees de autores como Philip Kotler e

Gary Armstrong (Princiacutepios de marketing) Peter F Drucker (Administraccedilatildeo tarefas

responsabilidade e praacuteticas) Idalberto Chiavenato (Teoria Geral da Administraccedilatildeo)

John Nasbitt (Megatendecircncias) Alexandre Luzzi Las Casas (Marketing de varejo)

Bob Stone (Marketing Direto) Giacutelson de Lima Garoacutefalo e Luiz Carlos Pereira de Car-

valho (Anaacutelise Microeconocircmica) Juracy Parente (Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacute-

gia) James F Engel Roger D Blacwell e Paul W Minard (Comportamento do Con-

sumidor) John C Mowen e Michael S Minor (Comportamento do consumidor) e Eli-

ane Karsaklian (Comportamento do consumidor)

Respaldado pelos estudos acima citados desenvolvemos o meacutetodo de

pesquisa o plano piloto o planejamento da coleta de campo e a anaacutelise dos dados

propriamente ditos dentro dos rigores cientiacuteficos determinados por Antonio Chizzotti

que serviratildeo de diretrizes para o desenvolvimento e argumentaccedilatildeo da proposiccedilatildeo

desta dissertaccedilatildeo

O caminho metodoloacutegico que adotamos para trabalhar nosso objetivo

tambeacutem se dividiu em quadros teoacutericos e empiacutericos Para os estudos teoacutericos e bi-

bliograacuteficos foram realizadas pesquisas seleccedilatildeo bibliograacutefica anaacutelise e interpretaccedilatildeo

de textos e participaccedilatildeo em palestras pertinentes tanto agrave aacuterea da religiatildeo quanto agrave

do marketing

Para a pesquisa de campo foi coletada documentaccedilatildeo empiacuterica tal como

questionaacuterios com uma questatildeo aberta e dezoito fechadas fotos e um depoimento

de um dos proprietaacuterios das lojas pesquisadas A pesquisa de campo ocorreu duran-

te os meses de dezembro de 2006 e janeiro fevereiro marccedilo e abril de 2007 O puacute-

blico-alvo participante foi composto por pessoas de ambos os sexos maiores de 14

anos que saiacutessem das lojas e que nelas tivessem comprado algum tipo de produto

Foi delimitado o miacutenimo de 30 questionaacuterios por loja perfazendo um total

de 480 documentos3

3Na eacutepoca da aplicaccedilatildeo da pesquisa definitiva procuramos a profa Dra Iara Gustavo de CASTRO estatiacutestica e consultora da PUC-SP para as orientaccedilotildees quanto agraves delimitaccedilotildees sobre o nuacutemero de

23

Neste trabalho dividimos o assunto em trecircs capiacutetulos mais a conclusatildeo

No primeiro capiacutetulo apresentamos o embasamento cientifico que ordena

o assunto Aleacutem disto iremos expor as razotildees que nos direcionaram para empreen-

der a presente pesquisa e definindo seus termos assim como tambeacutem situando sua

conjuntura

No segundo capiacutetulo iremos nos dedicar ao relato da pesquisa de campo

realizada histoacuterico anaacutelise de dados e demais consideraccedilotildees

No terceiro capiacutetulo o enfoque central estaraacute objetivando a comprovaccedilatildeo

da hipoacutetese deste trabalho

Finalmente a conclusatildeo procuraraacute conter os elementos todos analisados

canalizando-os para os resultados obtidos

questionaacuterios a serem aplicados Diante do projeto ela sugeriu que fizeacutessemos pelo menos 30 entre-vistas por loja e que fossem consideradas 4 lojas de cada tipo ou gecircnero de religiatildeo pois esse eacute o nuacutemero miacutenimo para se obter qualquer resultado estatiacutestico significativo

24

Capiacutetulo I Conceituaccedilotildees terminologia e o cenaacuterio religio-so do Brasil

() ldquoo problema principal para uma sociologia da modernidade religiosa eacute tentar compreender con-juntamente o movimento pelo qual a modernidade continua a solapar as estruturas de plausibilidade de todo sistema religioso e aquele pelo qual ela faz surgir ao mesmo tempo novas formas de crerrdquo4

Daniegravele Hervieu-Leacuteger

O objetivo deste capiacutetulo eacute de entrarmos em contato com questotildees sobre

religiatildeo e religiosidade feacute e marketing estabelecendo nossa posiccedilatildeo frente agrave concei-

tuaccedilatildeo dos quatro termos apontados Aleacutem de nosso posicionamento levantaremos

discussatildeo sobre a aplicaccedilatildeo desta terminologia Estaremos assim procurando uma

sintonia no que se refere ao significado das palavras citadas e como elas deveratildeo

ser entendidas ao longo desta dissertaccedilatildeo Nesta fase deste trabalho tambeacutem sinali-

zaremos com os conceitos teacutecnicos e cientiacuteficos que nortearatildeo os demais capiacutetulos

integrantes deste estudo

Esta etapa se faz necessaacuteria para que tambeacutem possamos alinhar a termi-

nologia de alguns termos ao nosso objeto de estudo o possiacutevel viacutenculo entre feacute e

4 Daniegravele HERVIEU-LEacuteGER apud Marcelo Aires CAMURCcedilA A sociologia da Religiatildeo de Daniegravele Hervieu-Leacuteger entre a memoacuteria e a emoccedilatildeo In TEIXEIRA Faustino (Org) Sociologia da Religiatildeo Enfoques teoacutericos p 265

25

marketing analisado sob o prisma do consumidor no mercado varejista de produtos

religiosos

Assinalamos nesta oportunidade que os meios de comunicaccedilatildeo de mas-

sa assim como a cultura popular natildeo tecircm dado a correta precisatildeo ao uso e aplica-

ccedilatildeo dos vocaacutebulos em questatildeo aiacute o surgimento de incorreccedilotildees na abordagem dos

termos apontados nos noticiaacuterios que surgem diuturnamente

Vamos tambeacutem nos situar frente a um possiacutevel cenaacuterio religioso do Bra-

sil e por consequumlecircncia da cidade de Satildeo Paulo assim como a uma possiacutevel reali-

dade do comeacutercio varejista de produtos religiosos e de seus consumidores no mes-

mo local procurando realizar nosso trabalho dentro dos preceitos que recomendam

os ditames do meacutetodo cientiacutefico

11 Consideraccedilotildees hermenecircuticas religiatildeo religiosidade e feacute

Ao considerarmos a palavra ldquoreligiatildeordquo eacute necessaacuterio que destaquemos a

amplitude alcance e importacircncia que ela possui tendo em vista sua vasta possibili-

dade de conceituaccedilatildeo Vaacuterios autores abordaram esse assunto semelhante ou anti-

teticamente tornando quase impossiacutevel uma harmonizaccedilatildeo entre eles

Se examinarmos a questatildeo sob o prisma socioloacutegico e nos apoiarmos nas

teses de Durkheim veremos o significado conceitual de religiatildeo como ldquoalgo feno-

menoloacutegico e eminentemente socialrdquo

Segundo o autor

As representaccedilotildees religiosas satildeo representaccedilotildees coletivas que exprimem

realidades coletivas os ritos satildeo maneiras de agir que nascem no seio dos

grupos reunidos e que satildeo destinados a suscitar a manter ou refazer cer-

tos estados mentais desses grupos Mas entatildeo se as categorias satildeo de o-

rigem religiosa elas devem participar da natureza comum a todos os fatos

26

religiosos elas tambeacutem devem ser coisas sociais produtos do pensamento

coletivo5

O antropoacutelogo norte-americano Clifford James Geertz procura explicar a

religiatildeo como sendo um sistema de siacutembolos que age sobre os homens estabele-

cendo modos e motivaccedilotildees poderosos e penetrantes sobre as pessoas Este autor

defende uma formulaccedilatildeo das concepccedilotildees da religiatildeo como sendo algo revestido de

tal brilho que as formas os modos e os motivos parecem ser excepcionalmente rea-

liacutesticos em um sistema religioso desde que simboacutelico

A religiatildeo nunca eacute apenas metafiacutesica Em todos os povos as formas os ve-

iacuteculos e os objetos de culto satildeo rodeados de uma profunda seriedade mo-

ral Em todo lugar o sagrado conteacutem em si mesmo um sentido de obriga-

ccedilatildeo intriacutenseca ele natildeo apenas encoraja a devoccedilatildeo como a exige natildeo ape-

nas induz a aceitaccedilatildeo intelectual como reforccedila o compromisso emocional 6

() os significados soacute podem ser ldquoarmazenadosrdquo atraveacutes de siacutembolos uma

cruz um crescente ou uma serpente de plumas Tais siacutembolos religiosos

dramatizados em rituais e relatados em mitos parecem resumir de alguma

maneira pelo menos para aqueles que vibram com eles tudo que se co-

nhece sobre a forma que eacute o mundo a qualidade de vida emocional que

ele suporta e a maneira como deve comportar-se quem estaacute nele Dessa

forma os siacutembolos sagrados relacionam uma ontologia e uma cosmologia

com uma esteacutetica e uma moralidade seu poder peculiar proveacutem de sua su-

posta capacidade de identificar o fato com o valor no seu niacutevel mais funda-

mental de dar um sentido normativo abrangente agravequilo que de outra forma

seria apenas real 7

5E DURKHEIM As formas elementares da vida religiosa p16 6Clifford GEERTZ A Interpretaccedilatildeo das Culturas p93 7Ibid p94

27

Leonildo Silveira Campos propotildee que o termo religiatildeo possa ser explicado

por um sentimento comum

O termo ldquoreligiatildeordquo por sua vez denota aquele sentimento que une as pes-

soas verticalmente a uma esfera tida como sagrada e horizontalmente

uma com as outras ao redor de um centro cognitivo eacutetico e volitivo de

visatildeo de mundo8

Todavia tais definiccedilotildees abrangem tanto as religiotildees dos povos ditos pri-

mitivos quanto agraves formas mais complexas de organizaccedilatildeo dos vaacuterios sistemas reli-

giosos embora variem muito os conceitos sobre o conteuacutedo e a natureza da experi-

ecircncia religiosa Apesar dessa variedade e da universalidade do fenocircmeno no tempo

e no espaccedilo as religiotildees tecircm como caracteriacutestica comum o reconhecimento do sa-

grado e a dependecircncia do homem para com os poderes supramundanos A obser-

vacircncia e a experiecircncia religiosas tecircm por objetivo prestar tributos e estabelecer for-

mas de submissatildeo a esses poderes nos quais estaacute impliacutecita a ideacuteia da existecircncia de

um ser ou de seres superiores que criaram e controlam o cosmos e a vida humana

Toda religiatildeo pressupotildee algumas crenccedilas baacutesicas como a sobrevivecircncia

depois da morte mundo sobrenatural etc ao menos como fundamento dos ritos

Essas crenccedilas podem ser de tipo mitoloacutegico com relatos simboacutelicos sobre a origem

dos deuses do mundo ou do proacuteprio povo ou dogmaacutetico contemplando conceitos

transmitidos por revelaccedilatildeo da divindade que daacute origem agrave religiatildeo revelada e que satildeo

recolhidos nas escrituras sagradas em termos simboacutelicos e tambeacutem conceituais

Os conceitos fundamentais organizam-se de modo geral em um credo

ou profissatildeo de feacute as deduccedilotildees ou explicaccedilotildees de tais conceitos constituem a teolo-

gia ou ensinamento de cada religiatildeo

8Leonildo Silveira CAMPOS Teatro Templo e Mercado - organizaccedilatildeo e marketing de um empreen-dimento neopentecostal p206

28

O teoacutelogo Martin Buber 9 exemplifica quando conceitua

() se a religiatildeo eacute uma relaccedilatildeo com eventos psiacutequicos que soacute podem significar

eventos de nossa proacutepria alma tecircm-se a implicaccedilatildeo de que natildeo se trata de uma

relaccedilatildeo com Ser ou Realidade que por mais plenamente que se possa de vez

em quando descer ateacute a alma humana sempre permanece transcendente a ela

Mais precisamente natildeo eacute a relaccedilatildeo de um Eu com um Tu Mas esse tipo de re-

laccedilatildeo eacute contudo a maneira pela qual os religiosos inconfundiacuteveis de todas as

eras compreenderam sua religiatildeo ainda que ansiassem de maneira sobremodo

intensa por deixar o seu Eu ser misticamente absorvido por esse Tu 10

Percebemos que a temaacutetica religiosa enfoca assuntos relacionados sobre

a divindade suas relaccedilotildees com os homens e os problemas humanos cruciais a mor-

te a moral as relaccedilotildees humanas etc Entre as crenccedilas destaca-se em geral uma

visatildeo esperanccedilosa sobre a salvaccedilatildeo definitiva das calamidades presentes que pode

ir desde a mera ausecircncia de sofrimento ateacute a incoacutegnita do nirvana11 ou a felicidade

plena de um paraiacuteso

Max Weber por exemplo com sua obra A Eacutetica Protestante e o Espiacuterito

do Capitalismo12 nos apresenta um significado sobre a religiatildeo onde discorre histo-

10Martim BUBER Eclipse of God Studies in the Relation between Religion and Philosophy p105 e 106 11No budismo o estado de ausecircncia total de sofrimento paz e plenitude a que se chega por uma evasatildeo de si que eacute a realizaccedilatildeo da sabedoria via meditaccedilatildeo individual Frank USARSKI em sua obra em conjunto com outros autores O Budismo no Brasil Satildeo Paulo editora Lorosae 2002 explica ldquoembora instituiccedilotildees de um Budismo no Brasil natildeo estejam isoladas socialmente o seu impacto religi-oso na sociedade eacute pequeno Pelo alto grau de especificidade cultural das suas doutrinas suas praacuteti-cas e suas formas nem no Budismo japonecircs que eacute estatiacutestica e institucionalmente forte no Brasil tem conseguido atrair um nuacutemero notaacutevel de adeptos natildeo-descendentes de japoneses Isso eacute devido a trecircs fatores inter-relacionados a) a fusatildeo do Budismo com o culto de ancestrais b) a ecircnfase na devoccedilatildeo e na recitaccedilatildeo segundo moldes do Amida-Budismo c) a praacutetica de abrangecircncia familiar Tais caracteriacutesticas geralmente natildeo correspondem ao interesse dos ocidentais pelo Budismo uma vez que eles procuram um idealizado Budismo lsquopurorsquo baseado em uma praacutetica de meditaccedilatildeo individualrdquo 12WEBER Max A Eacutetica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo Satildeo Paulo 2ordf Ediccedilatildeo revisada Edi-tora Pioneira Thomson Learning 2003

29

ricamente o ethos 13 cognitivo-moral moderno o modelo de homens e mulheres oci-

dentais que ainda hoje conhecemos

O autor discute a visatildeo integrada do universo do cristianismo medieval

portanto religioso e a modernidade inclusive com seus aspectos econocircmicos de

forma especial Supotildee uma visatildeo descentralizada e diferenciada em compartimentos

ou subsistemas com uma loacutegica proacutepria e com uma pluralidade de valores o que

conduz a um fenocircmeno relativizador ou a uma situaccedilatildeo social de pluralismo

Essa fragmentaccedilatildeo significa nesse livro a autonomia dos trecircs acircmbitos do

saber ou esferas de valor antes inseparaacuteveis

bull a ciecircncia

bull a moralidade e

bull a arte

A independecircncia destas trecircs dimensotildees pela racionalidade e a diferencia-

ccedilatildeo das esferas axioloacutegicas14 (verdade bem e beleza) ou entatildeo o discurso cientiacutefico

praacutetico-moral e esteacutetico acarretaratildeo segundo Weber o desencanto do mundo num

processo crescente de dessacralizaccedilatildeo com graves consequumlecircncias

Outro elemento caracteriacutestico de toda religiatildeo eacute o estabelecimento mais

ou menos coercitivo de normas de conduta do indiviacuteduo ou do grupo no que se refe-

re a Deus a seus semelhantes e a si mesmo O primeiro comportamento exigido eacute a

conversatildeo ou mudanccedila para um novo modo de vida Com relaccedilatildeo a Deus desta-

cam-se as atitudes de veneraccedilatildeo obediecircncia oraccedilatildeo e em algumas religiotildees o

amor Na conduta do acircmbito da esfera humana entra em maior ou menor medida

um sistema de normas eacuteticas

A criacutetica agrave religiatildeo pela visatildeo psicanaliacutetica ilustra nossas palavras

A psicanaacutelise nos acostumou com o iacutentimo viacutenculo entre o complexo pa-terno e a crenccedila em Deus ela mostrou que um Deus pessoal natildeo eacute psi-cologicamente nada mais que um pai exaltado e traz-nos todos os dias evidecircncias de como os jovens perdem suas crenccedilas religiosas tatildeo logo a

13Aquilo que eacute caracteriacutestico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indiviacuteduos de um povo grupo ou comunidade e que marca suas realizaccedilotildees ou manifestaccedilotildees culturais 14O sentido no texto eacute de um estudo ou teoria de alguma espeacutecie de valor em particular os morais

30

autoridade do pai se desfaz Por conseguinte reconhecemos que as raiacute-zes da necessidade de religiatildeo estatildeo com complexo parental 15

Quase todas as religiotildees cristalizaram-se em instituiccedilotildees dogmaacuteticas e

culturais Essas instituiccedilotildees datildeo forma e coesatildeo aos crentes como um grupo social -

religiatildeo povo igreja comunidade e a elas somam-se outras instituiccedilotildees voluntaacuterias

de tipo assistencial ou de plena dedicaccedilatildeo religiosa que correspondem a setores

informais dentro do grupo institucionalizado

Consideraccedilotildees terminoloacutegicas mais recentes como a de Pierre Bourdieu

e Ludwig Wittgenstein elevam as possiacuteveis definiccedilotildees sobre a significacircncia complexa

que a questatildeo do termo ldquoreligiatildeordquo nos traduz Bourdieu definiu a religiatildeo contem-

plando os conceitos de Durkheim Weber e Karl Marx em uma nova concepccedilatildeo teoacute-

rica Este autor explicou a religiatildeo como uma funccedilatildeo social eminentemente poliacutetica16

dentro de uma contextualizaccedilatildeo simboacutelico-ideoloacutegica como anota Pedro A Ribeiro

de Oliveira em seu texto A teoria do trabalho religioso em Pierre Bourdieu

Seguindo Durkheim que define a religiatildeo como um conjunto de praacuteticas e representaccedilotildees revestidas de caraacuteter sagrado Bourdieu trata a religiatildeo como linguagem sistema simboacutelico de comunicaccedilatildeo e de pensamento Eacute enquanto sistema de pensamento que a religiatildeo interessa agrave sociologia uma vez que ela opera para uma dada sociedade a ordenaccedilatildeo loacutegica do seu mundo natural e social integrando-o num cosmos Ou seja para a re-ligiatildeo tudo que existe ou venha existir tem sentido porque se integra a uma ordem coacutesmica Ao enfatizar a produccedilatildeo de sentido (assumindo a contribuiccedilatildeo de M Weber) Bourdieu descarta a criacutetica iluminista da religi-atildeo (como se ela fosse um sistema explicativo equivalente agrave filosofia ou agrave ciecircncia) e aponta sua especificidade unir cada evento particular agrave ordem coacutesmica

Enquanto sistema simboacutelico a religiatildeo eacute estruturada na medida em que seus elementos internos relacionam-se entre si formando uma totalidade coerente capaz de construir a experiecircncia As categorias de sagrado e profano material espiritual eterno e temporal o que eacute do ceacuteu e o que eacute da terra funcionam como alicerces sobre os quais se constroacutei a experiecircn-cia vivida Alicerces porque sendo revestidas de caraacuteter sagrado elas natildeo podem ser postas em discussatildeo e podem assim assegurar o consen-so loacutegico e moral de qualquer sociedade (eacute a tese de Durkheim) Bourdieu

15 Sigmund FREUD An Autobiographical Study vol 14 p216 16 BOURDIEU Pierre A Economia das Trocas Simboacutelicas Satildeo Paulo Ed Perspectiva 1987

31

fala do poder de consagraccedilatildeo que ldquoabsolutiza o relativo e legitima o arbi-traacuteriordquo17 para indicar a accedilatildeo da religiatildeo sobre as instituiccedilotildees sociais Sua forccedila reside na capacidade de transfigurar as instituiccedilotildees sociais (portan-to construccedilotildees humanas culturalmente condicionadas) em instituiccedilotildees de origem sobrenatural ou inscritas na natureza das coisas O mesmo e-feito de consagraccedilatildeo pode aplicar-se a atributos de grupos ou pessoas que passam a ser considerados como frutos do desiacutegnio divino ou de uma ordem natural intocaacutevel Neste sentido a religiatildeo eacute uma forccedila estru-turante da sociedade pois aplicada agraves relaccedilotildees sociais (em si mesmas arbitrariamente construiacutedas) ela ldquoda necessidade de virtuderdquo transforma o ldquoassim eacuterdquo como ldquoassim deve serrdquo ou em ldquoassim natildeo pode serrdquo

A isso Bourdieu chama de alquimia ideoloacutegica porque ao revestir o que eacute produto humano (portanto uma criaccedilatildeo arbitraacuteria e relativa ao seu tempo) com o caraacuteter sagrado (inquestionaacutevel e perene) a religiatildeo desempenha a funccedilatildeo simboacutelica de conferir agrave ordem social um caraacuteter transcendente e inquestionaacutevel Aiacute reside a eficaacutecia simboacutelica e ao mesmo tempo sua funccedilatildeo eminentemente poliacutetica18

Wittgenstein19 por sua vez e atraveacutes do vieacutes da filosofia analiacutetica define

religiatildeo como mais uma palavra de um grupo de elementos e que pode ser alterada

de acordo com os valores intriacutensecos e reais aleacutem de pessoais e pelas semelhan-

ccedilas que lhes possam ser familiares como por exemplo a feacute divina sacrifiacutecios e re-

compensas etc Steven Engler em seu artigo publicado na revista Rever intitulado

Teoria da Religiatildeo Norte-americana alguns debates recentes observa

Ludwig Wittgenstein propocircs o conceito de semelhanccedilas familiares para marcar as semelhanccedilas que existem entre as vaacuterias aplicaccedilotildees de uma mesma palavra Ele enfatizou o uso real das pessoas e natildeo o discurso fi-losoacutefico sobre essecircncias ()Todos esses elementos podem ser decla-rados da religiatildeo em geral mas nenhum deles eacute essencial Eles definem o nosso conceito ou modelo de religiatildeo Em princiacutepio esse grupo de ele-mentos pode ser alterado e a cada nova pesquisa podemos refinar nos-sa compreensatildeo sobre a religiatildeo A partir de tal ponto de vista uma religi-atildeo eacute qualquer coisa que contenha uma certa quantidade de elementos desse grupo Uma implicaccedilatildeo dessa teoria eacute a ausecircncia de distinccedilatildeo niacuteti-da entre religiatildeo e natildeo-religiatildeo Aleacutem disso haacute uma outra questatildeo como

17 Aspas satildeo do autor 18 Pedro A RIBEIRO DE OLIVEIRA A teoria do trabalho religioso em Pierre Bourdieu In TEIXEIRA Faustino (Org) Sociologia da religiatildeo enfoques teoacutericos p178 19 WITTGENSTEIN Ludwig Tractatus Logico-Philosophicus Satildeo Paulo Edusp 1994 e Investigaccedilotildees Filosoacuteficas 2ordm Ediccedilatildeo Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1995

32

poderiacuteamos determinar o que satildeo elementos religiosos sem saber o que significa religiatildeo20

Constatamos que a conceituaccedilatildeo teoacuterica do termo ldquoreligiatildeordquo passa pela

definiccedilatildeo e abordagem de grandes autores indo aleacutem eacute claro das possiacuteveis consi-

deraccedilotildees de cunho mais popular No entanto quando examinarmos com mais acui-

dade o que dizem os estudiosos sobre o assunto veremos que cada qual deu uma

possiacutevel contribuiccedilatildeo ao bom entendimento a essa complexa ideacuteia e sobre o termo

Eacute notoacuterio tambeacutem que cada estudioso parece colocar suas arguumliccedilotildees segundo suas

convicccedilotildees Natildeo nos cabe neste momento elaborar uma criacutetica aos diferentes e-

nunciados mas sim estabelecer uma valorizaccedilatildeo a eles afirmando que todos satildeo

importantes quando tentam elucidar o conceito e a significacircncia terminoloacutegica da

palavra ldquoreligiatildeordquo Contudo salvo melhor juiacutezo aleacutem de serem importantes referecircn-

cias teoacutericas para o nosso ponto-de-vista essas ideacuteias e enunciados satildeo por ve-

zes conflitantes

Exemplificando

() Jung nega o relato exclusivamente negativo que Freud faz da religiatildeo como neurose Na opiniatildeo de Freud como vimos tantas vezes a neurose da religiatildeo eacute gerada com base num conflito entre as partes consciente e in-consciente da mente conflito no qual os indiviacuteduos no ato do recalque re-cusam-se a admitir os impulsos infantis e edipianos que alimentam suas obsessotildees Reconhecer esses impulsos e suas associaccedilotildees passadas tor-na-se assim o primeiro passo rumo agrave derrota dessa enfermidade particular Para Jung no entanto essa avaliaccedilatildeo da religiatildeo eacute fundamentalmente er-rocircnea dado que supotildee que uma neurose tenha ou natildeo forma religiosa natildeo tem atributos positivos e que o inconsciente natildeo passa de um quarto de despejo de materiais incocircmodos advindos do passado infantil do pacien-te ndash de pensamento e impulsos tatildeo temidos que tornam necessaacuterio o recal-que Mas natildeo eacute esse o caso Longe de ser negativa a neurose tambeacutem pode ser um passo positivo no desenvolvimento psiacutequico ao desvelar no processo da regressatildeo o niacutevel mais profundo e criativo da mente inconsci-ente isto eacute o inconsciente coletivo Assim a denuacutencia freudiana da religiatildeo longe de promover a maturidade individual bloqueia-a agressivamente

20Steven ENGLER Teoria da Religiatildeo Norte-americana alguns debates recentes REVER - Revista de Estudos da Religiatildeo Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Religiatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo SP Nordm 4 de 2004 Versatildeo eletrocircnica disponiacutevel pelo endereccedilo httpwwwpucspbrreverrv4_2004p_englerpdf Uacuteltimo acesso em 27 de dezembro de 2006

33

Porque Freud preocupa-se tanto em descobrir a raiz bioloacutegica dessa neu-rose e em localizaacute-la no acircmbito das experiecircncias edipianas do inconsciente pessoal que deixa inteiramente de lado o foco mais positivo profundo e te-rapeuticamente necessaacuterio da religiatildeo que reside nas imagens coletivas primordiais e arquetiacutepicas da humanidade 21

Chiavenato observa a complexidade sobre o tema religiatildeo pelo prisma

das possiacuteveis abordagens e significaccedilotildees histoacutericas

Ao se estudar a histoacuteria da origem das religiotildees do ponto de vista soacutecio-econocircmico e poliacutetico seja qual for o meacutetodo utilizado mesmo discordando aprende-se a respeitar o misticismo e as crenccedilas caracteriacutesticas os argu-mentos teoloacutegicos e a feacute que inspirou liacutederes maacutertires e fieacuteis Ao mesmo tempo o contraponto entre o espiacuterito e a mateacuteria que tenta explicar o ho-mem diante das dificuldades de estar ser e agir no mundo e como essa complexidade foi usada para o bem e para o mal Mais bem e mal satildeo conceitos relativos agraves vezes maniqueiacutestas que mudam com os tempos e se contaminam de ideologia Aprende-se tambeacutem que natildeo existe certeza absoluta

E porque natildeo existe a certeza absoluta que infelizmente tem sido a arma dos fanaacuteticos de todos os calibres e ideologias causando males tatildeo conhe-cidos que uma ldquoconclusatildeordquo22 sobre a histoacuteria da origem das religiotildees eacute quase impossiacutevel Existem inuacutemeros fatores desde as idiossincrasias dos pesquisadores agraves particularidades de cada religiatildeo reagir a situaccedilotildees espe-ciacuteficas em diferentes momentos histoacutericos que impedem ou dificultam uma ldquoconclusatildeordquo definitiva

Reconhecer essa dificuldade natildeo significa fugir do problema o respeito ou a compreensatildeo das crenccedilas e ideacuteia alheias natildeo impede a criacutetica objetiva que procura uma anaacutelise racional dos fenocircmenos soacutecio-culturais Desse modo com um meacutetodo apoiado o quanto possiacutevel na objetividade cientiacutefica mesmo considerando a parcela de subjetividade de cada pesquisador pois ateacute o mais isento eacute passiacutevel de condicionamentos ideoloacutegicos eacute possiacutevel uma criacutetica ampla e esclarecedora sobre os fenocircmenos histoacutericos e sociais Os religiosos exigem respeito dos criacuteticos da religiatildeo Na mesma moeda os criacuteticos da religiatildeo poderiam pedir toleracircncia aos religiosos ao se defronta-rem com interpretaccedilotildees que natildeo lhes agradem

Eacute muito conhecida a afirmaccedilatildeo de Marx23 agraves vezes citada fora de seu con-texto que a luta de classes eacute o motor da histoacuteria Um acompanhamento da histoacuteria da humanidade principalmente nos uacuteltimos seacuteculos (e em muitos aspectos principalmente agora no seacuteculo XXI como demonstraram os inci-

21Michael PALMER Freud e Jung sobre a religiatildeo p 143 e 144 22 Aspas do autor 23O autor se refere a Karl MARX e a obra O Capital Criacutetica da Economia Poliacutetica Rio de Janeiro Editora Civilizaccedilatildeo Brasileira 1975

34

dentes entre os Estados Unidos e os fundamentalistas islacircmicos) revela que a imposiccedilatildeo religiosa quando natildeo eacute o seu principal combustiacutevel tam-beacutem pode ser o ldquomotor da histoacuteriardquo propriamente dito24

Assim sendo e por forccedila da necessidade de nos posicionarmos diante de

tatildeo complexo fenocircmeno humano com variadas possibilidades conceituais que o

termo metodoloacutegica e cientificamente nos oferece vamos adotar o sentido significa-

tivo de ldquoreligiosidaderdquo preconizada por Rudolf Otto ao inveacutes de ldquoreligiatildeordquo em nossa

dissertaccedilatildeo Parece-nos salvo melhor juiacutezo que o termo religiosidade eacute mais ade-

quado aos paracircmetros da presente pesquisa pois natildeo seraacute o caso de entrar no meacute-

rito das discussotildees sobre o que venha a ser religiatildeo assim como tambeacutem natildeo abor-

daremos suas significacircncias pelos vieses teoloacutegicos dogmaacuteticos doutrinaacuterios ou

filosoacuteficos pois o presente trabalho natildeo estaacute focalizando a discussatildeo ou criacutetica sobre

possiacuteveis correntes do pensamento religioso

O termo religiosidade por sua vez tambeacutem tem assim como a palavra re-

ligiatildeo uma conceituaccedilatildeo complexa e possivelmente ainda mais ampla

Por uma abordagem atraveacutes do vieacutes da fenomenologia a religiosidade eacute

definida segundo Pedro A Ribeiro de Oliveira como ldquo() um conjunto de disposi-

ccedilotildees referentes ao sagrado antes que estas sejam socialmente elaboradas e sociali-

zadasrdquo 25

Complementando suas afirmaccedilotildees o autor anota que

Tal reflexatildeo natildeo assume qualquer conotaccedilatildeo negativa quanto ao fenocircme-no a ser examinado distinguimos a religiosidade de fenocircmenos propria-mente religiosos porque estes supotildeem certa institucionalidade ou pelo menos um miacutenimo de normatividade e sociabilidade enquanto aquela ex-pressaria a experiecircncia religiosa em seu estado original

Assim entendida a religiosidade natildeo poderia ser uma categoria socioloacutegi-ca uma vez que natildeo eacute um fato social De fato para falar de religiosidade eacute melhor comeccedilar pela proacutepria fenomenologia que ecirc nela um dos ele-

24Julio Joseacute CHIAVENATO Religiatildeo da origem agrave ideologia p 349 e 350 25Pedro A RIBEIRO DE OLIVEIRA Religiosidade conceito para as ciecircncias do social ndash Uma apro-ximaccedilatildeo fenomenoloacutegica In Seacutergio Ricardo COUTINHO (Org) Religiosidades misticismo e histoacuteria no Brasil Central p135

35

mentos da proacutepria condiccedilatildeo humana aquele pendor que impulsiona o ser humano a buscar a transcendecircncia o sagrado o ganz andere26 ndash o intei-ramente outro Pendor que ao realizar-se provoca sensaccedilatildeo prazerosa que em algumas pessoas pode chegar ao ecircxtase Isso que chamamos de experiecircncia religiosa implica portanto o sentimento de comunhatildeo pro-funda com outras pessoas com a natureza ou com a proacutepria divindade27

Outra possiacutevel definiccedilatildeo do termo ldquoreligiosidaderdquo pode ser explicada pelo

vieacutes metodoloacutegico da historiografia com o enfoque socioloacutegico da religiosidade popu-

lar como afirma Laura de Mello e Souza

() a historiografia que se voltou para o estudo da religiosidade colonial procurou explicar suas caracteriacutesticas especiacuteficas A fluidez da organiza-ccedilatildeo eclesiaacutestica teria deixado espaccedilo para a atuaccedilatildeo dos capelatildees de engenho que gravitavam em torno dos senhores descuidando do papel do Estado e enfatizando o das famiacutelias no processo de colonizaccedilatildeo Gil-berto Freyre insere na sua explicaccedilatildeo aquilo que denomina de ldquocatolicis-mo de famiacuteliardquo com o capelatildeo subordinado ao pater famiacuteliasrdquo28 A religio-sidade subordinava-se desta forma agrave forccedila aglutinadora o organizatoacuteria dos engenhos de accediluacutecar integrando o triacircngulo Casa Grande ndash Senzala ndash Capela sua especificidade maior seria o familismo explicador do acentu-ado caraacuteter afetivo e da maior intimidade com a simbologia tatildeo caracteris-ticamente nossos29

Estela Noronha elaborou um posicionamento do termo ldquoreligiosidaderdquo

dentro da contextualizaccedilatildeo poacutes-moderna que contempla este trabalho Somou ob-

servaccedilotildees de dois autores preocupados com as diversas facetas dos assuntos rela-

cionados agrave religiosidade

26O destaque em itaacutelico no texto do autor 27Pedro A RIBEIRO DE OLIVEIRA Religiosidade conceito para as ciecircncias do social ndash Uma apro-ximaccedilatildeo fenomenoloacutegica In COUTINHO Seacutergio Ricardo (Org) Religiosidades misticismo e histoacuteria no Brasil Central p135 28A autora se refere a uma citaccedilatildeo na paacutegina 37 da obra de Gilberto FREYRE Casa Grande amp Senza-la ndash Formaccedilatildeo da famiacutelia brasileira sob o regime de economia patriarcal 9ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Joseacute Olympio 1958 29Laura de Mello e SOUZA O diabo e a terra de Santa Cruz feiticcedilaria e religiosidade popular no Bra-sil p87

36

() Brandatildeo30 afirma que nos tempos atuais o indiviacuteduo passou a ser o construtor de sua religiosidade e se vincula a uma instituiccedilatildeo apenas de maneira formal No entanto esta vinculaccedilatildeo formal eacute importante porque segundo Carvalho31 estar inserido num determinado grupo daacute a sensa-ccedilatildeo de pertenccedila de contemporaneidade e ao mesmo tempo de vincula-ccedilatildeo aos centros produtores de sentido sem estar repetindo ou reprodu-zindo o tradicional Jaacute o poacutes-moderno apropria-se de elementos tradicio-nais da religiatildeo e os reinterpreta a partir de uma visatildeo secular do campo religioso onde a ideacuteia de consumo ou de mercado eacute predominante 32

No entanto para Rudolf Otto a religiosidade ou a feacute do indiviacuteduo estaacute li-

gada agrave experiecircncia social do sagrado O termo ldquosagradordquo ou ldquosacrordquo vem do latim

sacrum e sacer Tem como significado tudo aquilo o sujeito o objeto o tempo o

lugar ou a coisa que permite experienciar o divino Essa experiecircncia eacute vivida emo-

cionalmente entre os sentimentos de polos opostos perceptiacuteveis como por exemplo

os sentimentos flutuantes entre medoterror e a fascinaccedilatildeo A essa percepccedilatildeo Otto

chamou de misterium tremendum33 Faz-se necessaacuterio esclarecer tambeacutem que o

Sagrado34 para este estudioso eacute uma categoria de interpretaccedilatildeo e de avaliaccedilatildeo

que como tal soacute existe sob o domiacutenio religioso e que traz em sua essecircncia algo

com um significado e abrangecircncia maior e mais amplo transcendente e de natureza

divina o que em sua obra designou de numinosum 35

Carl G Jung avaliza largamente os conceitos de Otto para descrever sua

concepccedilatildeo do que venha a ser religiatildeo Logo no iniacutecio do livro Psicologia e religiatildeo

Jung pontua

Religiatildeo eacute ndash como diz o vocabulaacuterio latino religare ndash uma acurada e consciencio-sa observaccedilatildeo daquilo que Rudolf Otto acertadamente chamou de numinosum isto eacute uma existecircncia ou um efeito dinacircmico natildeo causados por um ato arbitraacuterio

30A autora refere-se ao autor e obra Carlos Rodrigues BRANDAtildeO A crise das instituiccedilotildees tradicio-nais produtoras de sentido p 25-41 31 A autora refere-se ao autor e obra Joseacute Jorge CARVALHO O encontro de velhas e novas religi-otildees p77-82 32Estela NORONHA Tenha feacute tenha confianccedila Iemanjaacute eacute uma esperanccedila Um estudo a luz da soacutecio-antropologia e da psicologia analiacutetica de fenocircmeno ldquoIemanjismordquo entre os natildeo devotos das religiotildees afro-brasileira p188 33 Rudolf OTTO O Sagrado p22 34Ibid p185-196 35Ibid p4

37

() e eacute independente de sua vontade () O numinoso pode ser a propriedade de um objeto visiacutevel ou o influxo de uma presenccedila invisiacutevel que produzem uma modificaccedilatildeo especial na consciecircncia Tal eacute pelos menos a regra universal 36

Consideradas as palavras de Otto e Jung a ldquoreligiosidaderdquo seraacute por noacutes

entendida como uma capacidade intriacutenseca e extriacutenseca humana em transcender37

significando eou resignificando a sua proacutepria existecircncia a despeito de valores dog-

maacuteticos doutrinaacuterios ritualiacutesticos e teoloacutegicos anteriores ou convencionais

Edecircnio Valle em seu livro Psicologia e experiecircncia religiosa38 estabele-

ceu a diferenccedila e explicou a religiosidade intriacutenseca e extriacutenseca onde as caracteriacutes-

ticas da religiosidade intriacutenseca satildeo o forte compromisso pessoal universalista eacuteti-

co e de amor ao proacuteximo A religiosidade intriacutenseca tambeacutem seria altruiacutesta humani-

taacuteria e natildeo-egocecircntrica na qual a feacute possui importacircncia central aceita sem reserva e

o credo seguido inteiramente Aberta a experiecircncia religiosa intensa vecirc positivamen-

te a morte e possui sentimentos de poder e de capacidade proacuteprios O mesmo autor

entende como caracteriacutesticas da religiosidade extriacutenseca a religiatildeo de conveniecircncia

surgida em momentos de crise e necessidade Etnocecircntrica39 exclusivista fechada

grupalmente sua feacute e crenccedilas satildeo superficiais e sofrem uma seleccedilatildeo subjetiva Utili-

taacuteria sem visar outras finalidades estaacute a serviccedilo de outras necessidades pessoais e

sociais Deus eacute visto como duro e punitivo e a visatildeo da morte eacute negativa Ao contraacute-

rio da religiosidade intriacutenseca na qual o sujeito tem sentimentos de poder e de ca-

pacidade proacutepria aqui o sentimento eacute de impotecircncia e de controle externo

A feacute assim como a religiatildeo e a religiosidade tambeacutem eacute um termo de

complexo entendimento que podemos abordaacute-lo de diversas maneiras No entanto

destacamos que apesar da palavra eventualmente nos remeter a uma ideacuteia de algo

natildeo comprovaacutevel do ponto de vista cientiacutefico a Ciecircncia da Religiatildeo nos permite uma

aproximaccedilatildeo conscienciosa dentro dos rigores metodoloacutegicos quando abordamos a

questatildeo fenomenologicamente ou atraveacutes da filosofia

36 Carl G JUNG Psicologia e Religiatildeo p9 37 Elevar-se acima de algo de estar em outro plano ou lugar (neste texto) 38Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia religiosa p270 39O termo se refere agrave tendecircncia do pensamento a considerar as categorias normas e valores da proacute-pria sociedade ou cultura como paracircmetro aplicaacutevel a todas as demais

38

A noeacutetica40 oferece oportunidade de examinarmos o assunto Segundo

Adolphe Gescheacute

() eacute o ser humano de um conhecimento porque haacute tambeacutem um conteuacute-do noeacutetico da feacute o crente eacute visitado por uma Palavra (fides ex auditu)41 Aqui a linguagem eacute a linguagem da revelaccedilatildeo O crente natildeo vive uma ex-periecircncia nebulosa mas uma experiecircncia transpassada por uma luz que ilumina o seu conhecimento embora este continue sendo ao mesmo tempo um ldquodesconhecimentordquo diante daquilo que o ultrapassa42

Wolmir Therezio Amado propotildee que nos prendamos a duas perspectivas

baacutesicas para entendermos o que eacute feacute e sobre as quais formulou correspondentes

epistemologias43

() uma delas foi considerar a feacute e a religiatildeo no acircmbito estatutaacuterio da adesatildeo voluntarista e sujeitas agraves expectativas do coraccedilatildeo outra foi o de conhecer o acircmbito epistemoloacutegico da feacute nos limites da consciecircncia dialeacuteti-ca Ambas estatildeo muito presentes na realidade atual ainda que questotildees novas acerca do discernimento da feacute tenham surgido na poacutes-modernidade e no contexto do terceiro mundo44

O mesmo autor pontua

() Para a fenomenologia o esforccedilo teoacuterico consiste em compreender a feacute apenas como sentido de fenocircmeno deixado de lado aquilo que ilumina a graccedila ou que indica uma ordem superior A feacute nessa perspectiva eacute analisada na ordem das significaccedilotildees No esforccedilo empreendido pela filo-sofia o conhecimento da feacute soacute eacute possiacutevel ser interpretado agrave medida que se adentra em suas articulaccedilotildees porque ela estaacute em toda experiecircncia humana Se de um lado a feacute eacute um dom conferido de outro tal dom eacute dado como possibilidade que tem o imperativo de desabrochar para-ser

40Noeacutetica (filosofia) Estudo das leis gerais do pensamento 41O destaque em itaacutelico eacute do autor 42Adolphe GESCHEacute O ser humano p34 43Conjunto de conhecimentos que tecircm por objeto o conhecimento cientiacutefico visando a explicar os seus condicionamentos (sejam eles teacutecnicos histoacutericos ou sociais sejam loacutegicos matemaacuteticos ou linguumliacutesticos) sistematizar as suas relaccedilotildees esclarecer os seus viacutenculos e avaliar os seus resultados e aplicaccedilotildees 44Wolmir Therezio AMADO Diaacutelogos com a feacute p103

39

Assim a feacute se daacute em trecircs niacuteveis baacutesicos como puro desvelamento45 do outro ausente como confianccedilaesperanccedila ou entrega de si ao outro e como manifestaccedilatildeo externa paradigma visiacutevel No esforccedilo de-ser capta (sem se apropriar) o ser analoacutegico Mas este captar implica uma feacute meta-fiacutesica uma vez que outro soacute eacute compreendido por semelhanccedila A verifica-ccedilatildeo absoluta nunca me seraacute possiacutevel por isso haacute a praacutexis46 do risco e da confianccedila por mim assumida Alem da fenomenologia e da filosofia a feacute eacute apresentada teologicamente pela oacutetica biacuteblica47

Alguns autores se preocuparam em observar e tentar descrever as situa-

ccedilotildees ocorrentes de feacute por outras abordagens entre os seres humanos

Um deles foi James W Fowler que sobre o prisma da religiosidade teceu

as consideraccedilotildees sobre a feacute em sua obra Estaacutegios da Feacute A Psicologia do Desen-

volvimento Humano e a Busca de Sentido Nela admite a centralidade deste fenocirc-

meno na vida do ser humano e para isso interpreta-o por um vieacutes existencial Se-

gundo este autor eacute na existecircncia real que podemos vislumbrar o transcendente e

assim construir um sentido para a vida gerando consequumlecircncias positivas para o

contexto vivencial de cada um

Outro aspecto relevante neste livro eacute que a feacute eacute sempre relacional de-

pende das variaacuteveis que atingem o ser humano a todo tempo Satildeo pessoas que fa-

zem parte e partilham a feacute com os outros seres humanos A feacute desta forma estaria

presente no humano de forma universal e seria algo anterior agrave crenccedila aleacutem de ter o

poder de sustentar a vida

Fowler se preocupa com questotildees da feacute porque entende que ela eacute mais

profunda e pessoal do que a religiatildeo e eacute a maneira pela qual uma pessoa ou grupo

responde aos valores e aos poderes transcendentes conforme satildeo percebidos e

aprendidos atraveacutes das formas da tradiccedilatildeo cumulativa Essa tradiccedilatildeo por sua vez

agrega valores que se refletem na crenccedila que eacute alimentada e vivida na feacute Contudo

eacute a feacute que eacute colocada como mais rica e a mais pessoal pois leva o ser humano aleacutem

de si mesmo e isso eacute segundo o autor algo de maravilhoso pois permite viver a

vida como ela eacute

45O sentido da palavra lsquodesvelamentorsquo no texto eacute aplicaacutevel a dar a conhecer (conhecimento) ou reve-lar (revelaccedilatildeo) 46O sentido da palavra lsquopraacutexisrsquo empregado pelo autor em seu texto deve ser compreendida como Atividade praacutetica accedilatildeo exerciacutecio ou uso 47Wolmir Therezio AMADO Diaacutelogos com a feacute p104

40

Nesta obra existe tambeacutem uma anaacutelise que aborda os aspectos da feacute pe-

lo vieacutes desenvolvimento da crianccedila do adolescente e do adulto no meio familiar on-

de a confianccedila e amor vatildeo gerar os futuros trilhos da feacute naquele sujeito que viven-

ciou o contexto da famiacutelia segura A lealdade eacute apresentada como modelo e tambeacutem

eacute cobrada nas relaccedilotildees diaacuterias da pessoa que se insere na sociedade

Fowler tambeacutem estabeleceu sete estaacutegios de desenvolvimento da feacute

O primeiro estaacutegio seria o da feacute primal durante a formaccedilatildeo uterina e

tambeacutem presente nos primeiros meses apoacutes o nascimento Esta fase envolveria os

iniacutecios da confianccedila emocional O desenvolvimento posterior da feacute teria como base

este primeiro estaacutegio

O segundo estaacutegio relacionaria a vida pessoal na primeira infacircncia Seria

a Feacute intuitiva ou projetiva Neste estaacutegio a imaginaccedilatildeo articular-se-ia agrave percepccedilatildeo

dos sentimentos para criar imagens religiosas de longa duraccedilatildeo A crianccedila se torna-

ria consciente do sagrado das proibiccedilotildees e da existecircncia das normas morais

O terceiro corresponderia ao estaacutegio das operaccedilotildees concretas onde a

crianccedila aprenderia a diferenciar a fantasia do mundo real e teria tambeacutem condiccedilotildees

de perceber a perspectiva dos outros As crenccedilas e siacutembolos religiosos satildeo aceitos

de forma quase literal A este o autor denominou como o estaacutegio da feacute miacutetica

O quarto estaacutegio estaria situado na fase do iniacutecio da adolescecircncia ou pu-

berdade A confianccedila se desloca para as ideacuteias abstratas do pensamento loacutegico for-

mal e a um possiacutevel relacionamento mais pessoal com Deus As consideraccedilotildees so-

bre as experiecircncias passadas ou anteriores permitem ao indiviacuteduo externar preocu-

paccedilotildees com o futuro junto a outras pessoas e a construccedilatildeo de um mundo baseado

em valores e em pontos de vista pessoais A este estaacutegio Fowler denominou como

sendo a feacute sinteacutetica ou convencional

O quinto estaacutegio ocorreria no periacuteodo que fosse do final da adolescecircncia

agrave fase adulta Nesta fase as pessoas fariam uma reconstituiccedilatildeo e exame criacutetico dos

valores e crenccedilas inclusive recorrendo ao apoio de autoridades externas agrave famiacutelia

visando um suporte mais interno aacute sua pessoa A este estaacutegio do desenvolvimento

da feacute o autor chamou ndash a de individualizada e reflexiva

O sexto estaacutegio ocorreria nas pessoas de meia idade e aleacutem Nesta fase

da vida haveria a possibilidade da conjugaccedilatildeo de opostos como por exemplo a

compreensatildeo que um indiviacuteduo pode ser jovem e velho masculino e feminino des-

trutivo e construtivo Pode decorrer deste particular uma atenccedilatildeo e um relaciona-

41

mento mais profundo atraveacutes dos siacutembolos e do relacionamento com eles possibili-

tando uma ampliaccedilatildeo das muacuteltiplas perspectivas do mundo em sua complexidade

Este fato permitiraacute tambeacutem ao indiviacuteduo passar do estaacutegio da feacute individualizada pa-

ra aquela que chamou de conjuntiva cuja particularidade seria o entendimento de

seus valores em sua multidimensionalidade e interdependecircncia orgacircnica

Finalmente Fowler estabeleceu o seacutetimo estaacutegio que chamou de feacute uni-

versalizante Seria o estaacutegio final que envolveria o sujeito e onde estaria a experi-

ecircncia de unidade com o poder do ser e de Deus com um compromisso para a justi-

ccedila e o amor aleacutem da superaccedilatildeo da opressatildeo e da violecircncia As pessoas que che-

gassem a este estaacutegio da feacute viveriam como se o reino do amor e justiccedila estivesse

realmente presente Satildeo indiviacuteduos que estatildeo integralmente voltados contra as in-

justiccedilas e sob um taacutecito abraccedilo com a paz Natildeo haacute neste caso uma idade especiacutefi-

ca

Quanto ao fenocircmeno ldquofeacuterdquo se observado em seu significado mais amplo e

pelo lado pessoal dos indiviacuteduos ele nos leva a correlacionaacute-lo a algo em que se

acredita ou se confia No entanto se avanccedilarmos um pouco mais pela natureza praacute-

tica terminoloacutegica encontraremos pelo menos duas aplicaccedilotildees distintas na primeira

possibilidade veremos uma conceituaccedilatildeo de cunho racionalista estando ligada ao

vieacutes cientiacutefico nos cientistas e seus postulados em evidecircncias fiacutesicas ou laboratori-

ais

A segunda possibilidade aparece quando o fenomeno natildeo tem como base

essas evidecircncias Neste caso a feacute estaacute associada a experiecircncias pessoais (de

enfoque psicoacutelogico) e pode ser transmitida a outros atraveacutes de relatos histoacutericos

(cristianismo judaiacutesmo e islamismo) Neste sentido ela eacute associada ao contexto

religioso ou miacutestico

Como escreve JB Libacircnio

A feacute religiosa eacute contruiacuteda sobre a base humana Sem feacute humana natildeo haveria feacute religiosa Ela pede um salto para o aleacutem da esfera das relaccedilotildees humanas entra no campo do misteacuterio

A fenomenologia da religiatildeo constata como experiecircncia existente em todas as culturas exceto na cultura moderna a realidade numinosa a feacute

42

religiosa O termo ldquonuminosordquo ndash do latim numem - exprime a vontade e o poder divinos 48

A decisatildeo de ter feacute pode ser por vezes unilateral ou seja depende da

vontade da sensibilidade ou da percepccedilatildeo sensorial e individual ou pode ainda ser

aprendida Neste caso os cleacuterigos tecircm uma importante participaccedilatildeo no

entendimento sobre a concepccedilatildeo da ideacuteia da feacute assim como a famiacutelia pela

transmissatildeo de seus valores religiosos Outras vezes a feacute pode se manifestar

independentemente da vontade do indiviacuteduo como por exemplo um ldquoacreditarrdquo

oriundo de uma possiacutevel revelaccedilatildeo miacutestica ou divina

Essa eacute outra vertente religiosa segundo o autor

() mistura-se com traccedilos da psicologia humanista transpessoal de auto-realizaccedilatildeo Prefere-se o termo espiritualidade em vez de feacute Essa escolha jaacute indicava uma diluiccedilatildeo de seu caraacuteter Eacute uma espiritualidade global que toca a piedade e religiosidade de traccedilos matriarcais da qual a Nova Era eacute a melhor expressatildeo O acesso ao divino se faz no interior de cada pessoa e natildeo por meio das realidades objetivas que as religiotildees tradicionais oferecem dogmas sacramentos e ritos institucionalizados

Eacute uma experiecircncia de interioridade intuitiva contemplativa do ser que transcende o fazer no interior do ser Aiacute estaacute a presenccedila divina natildeo necessariamente da pessoa de Deus49

Na atualidade anotou Libacircno que

() a feacute religiosa cresce na sociedade atual por outra razatildeo A secularizaccedilatildeo que teve seu apogeu nas deacutecadas de 1960 e 1970 especialmente no meio intelectual e sob sua influecircncia provocou uma reaccedilatildeo contraacuteria Ao reduzir o papel e o poder das religiotildees sobre a sociedade e a cultura a secularizaccedilatildeo produziu uma privatizaccedilatildeo das formas religiosas As pessoas escolhem as formas religiosas que mais

48Joatildeo Batista LIBAcircNIO Feacute p20 e 22 49Ibid p29

43

respondem agrave subjetividade provocando verdadeiro surto religioso Eacute a outra face da secularizaccedilatildeo que minando as instituiccedilotildees engendrou uma busca sedenta de expressotildees religiosas50

Continuou o autor

() Trava-se entatildeo uma forte luta entre a feacute religiosa coacutesmica e a apropriaccedilatildeo capitalista da natureza No niacutevel estritamente religioso ela assume papel profeacutetico e criacutetico na sociedade Isso explica o crescimento em nosso meio do budismo da miacutestica islacircmica e de outras formas sacrais coacutesmicas como o Santo Daime e a Uniatildeo do Vegetal Haacute uma sede de feacute religiosa no meio do desgaste psico-humano provocado pela sociedade e cultura modernas A Nova Era traduz muito dessa feacute religiosa atual51

Assim sendo os enunciados acima satildeo alguns dos que melhor explicam

o fenocircmeno Concluiacutemos que pode-se ter feacute tanto numa pessoa quanto num objeto

inanimado numa ideologia num pensamento filosoacutefico num sistema qualquer num

conjunto de regras numa crenccedila numa base de propostas ou em dogmas de uma

determinada religiatildeo

1 2 Marketing uma ideacuteia e um conceito em evoluccedilatildeo

Para concebermos qualquer tipo de negoacutecio o marketing eacute a primeira fer-

ramenta existente agrave disposiccedilatildeo do mercado nestes nossos tempos

A palavra ldquomarketingrdquo assim como o vocaacutebulo ldquoreligiatildeordquo tem sido usada

de forma quase indiscriminada e em contextos cada vez mais diferentes daqueles

que a nosso ver seriam os mais corretos Assim sendo nos parece oportuno e ne-

50Joatildeo Batista LIBAcircNIO Feacute p25 e 26 51Ibid p 27

44

cessaacuterio trazermos um posicionamento mais acurado acerca de seu significado evi-

tando desta forma os pleonasmos com que os usos coloquiais por vezes nos brin-

dam

Como trabalharemos com a hipoacutetese que a presente pesquisa apontou

de que a feacute seja a alavanca motivacional de negoacutecios no varejo de produtos religio-

sos e depois de expor estudos realizados para melhor compreensatildeo da terminologia

atinente agrave religiatildeo agrave religiosidade e agrave feacute procuraremos nos situar frente agrave terminolo-

gia e conceituaccedilatildeo do marketing

Isto posto analisaremos atraveacutes de um breve relato histoacuterico a evoluccedilatildeo

conceitual que o marketing vem experimentando ao longo do tempo

Alexandre Luzzi Las Casas nos apontou

Antes de analisar o assunto detalhadamente conveacutem fazer um esclareci-mento a respeito do termo em inglecircs No Brasil por volta de 1954 marke-ting foi traduzido como mercadologia quando surgiram os primeiros movi-mentos para a implantaccedilatildeo de curso especiacutefico em estabelecimento de en-sino superior e desde entatildeo tem sido adotada essa expressatildeo

Entretanto o termo em inglecircs significa accedilatildeo no mercado como a traduccedilatildeo sugere ()

Para entendermos o significado de marketing o ideal eacute comeccedilar com a de-finiccedilatildeo claacutessica da literatura mercadoloacutegica Em 1960 a Associaccedilatildeo Ameri-cana de Marketing definiu-o como ldquoo desempenho das atividades comerci-ais que dirigem o fluxo de bens e serviccedilos do produtor ao consumidor ou usuaacuteriordquo 52

Francisco Gracioso afirmou completando as palavras de Las Casas

() Esta definiccedilatildeo como agrave daqueles economistas deixaram de lado muitos fatos da vida real Mas era inteiramente consistente com os princiacutepios eco-nocircmicos da divisatildeo do trabalho que se seguiram agrave Revoluccedilatildeo Industrial na Inglaterra No entanto apesar de arranharem em certas passagens o es-copo e a importacircncia do marketing como noacutes entendemos hoje as obras de Torrens James Mill e Ricardo concentram-se em apenas dois dos fato-

52Alexandre L LAS CASAS Marketing conceitos exerciacutecios casos p15

45

res modernamente associados ao marketing a produccedilatildeo e a distribuiccedilatildeo relegando o consumo e o consumidor a um plano totalmente secundaacuterio Muitas deacutecadas se passariam antes que se compreendesse que uma nova teacutecnica de produccedilatildeo fosse capaz de produzir determinado artigo mais raacutepi-do e economicamente teraacute apenas valor teoacuterico se natildeo for possiacutevel a ab-sorccedilatildeo do mercado para aquele tipo de produto 53

Continuando Gracioso afirmou que

() A teoria econocircmica claacutessica falhou em que o estudo do marketing mo-derno realmente tem iniacutecio o consumidor e os problemas da criaccedilatildeo da demanda Ao contraacuterio via o ajustamento entre a oferta e a procura em termos puramente de uma operaccedilatildeo automaacutetica do mecanismo de preccedilos Se a oferta de um produto subisse o preccedilo cairia e os consumidores com-prariam mais Se a oferta caiacutesse os preccedilos subiriam e os consumidores comprariam menos

Foi o economista inglecircs JMKeynes em seu famoso livro General Theory of Employment Interest and Money publicado em 1936 quem pela pri-meira vez expocircs de forma clara a falaacutecia dessa regra Keynes demonstrou que havia ainda outros fatores subjetivos mas nem por isso menos impor-tantes que influem poderosamente no acircnimo e no comportamento do con-sumidor

Impulsos e motivaccedilotildees psicoloacutegicas absolutamente pessoais satildeo alguns fatores e sobre eles muito falaremos neste livro 54

O autor assinalou ainda

() A etapa seguinte foi a percepccedilatildeo pelos produtores que a uacutenica manei-ra de minimizar este risco e garantir uma base de crescimento firme para a sua produccedilatildeo seria uma compreensatildeo mais perfeita e profunda do que re-almente interessava ao mercado Em outros termos era preciso conhecer melhor quais os verdadeiros anseios interesses e necessidades concretas e subjetivas dos consumidores aos quais se destinavam as mercadorias produzidas

53Francisco GRACIOSO Marketing O sucesso em 5 movimentos p 16 54Ibid p17

46

Pouco a pouco tomava forma o conceito baacutesico de marketing moderno produz-se aquilo que os consumidores desejam55

Gracioso finalizou sua exposiccedilatildeo conceitual afirmando ldquo() marketing eacute o

conjunto de esforccedilos realizados para criar (ou conquistar) e manter clientes satisfei-

tos e lucrativosrdquo 56

Segundo a visatildeo de Peter Drucker marketing eacute uma funccedilatildeo eminente-

mente empresarial como verificaremos a seguir

Marketing eacute a funccedilatildeo distintiva e uacutenica da empresa Uma empresa se dis-tingue de todas as outras organizaccedilotildees humanas pelo fato de oferecer ao mercado um produto ou serviccedilo Nem a igreja nem o exeacutercito nem a esco-la e nem o governo fazem isso Qualquer organizaccedilatildeo que se completa a-traveacutes do marketing de um produto ou serviccedilo eacute uma empresa Qualquer organizaccedilatildeo em que o marketing estaacute ausente ou eacute incidental natildeo eacute uma empresa e jamais deveraacute ser administrada como tal57

Continuando sua tese o autor filoacutesofo e estrategista empresarial afirmou

() O marketing eacute tatildeo baacutesico que natildeo pode ser considerado uma funccedilatildeo agrave parte (ie uma habilidade ou trabalho separado) dentro da empresa como pessoal ou produccedilatildeo Marketing requer trabalho em separado e um nuacutemero de atividades distintas Mas eacute em primeiro lugar uma dimensatildeo central de toda a empresa Eacute a empresa toda observada do ponto de vista de seu re-sultado final isto eacute do ponto de vista do consumidor Preocupaccedilatildeo e res-ponsabilidade por marketing devem portanto estar em todas as aacutereas da empresa58

55Francisco GRACIOSO Marketing O sucesso em 5 movimentos p18 56Ibid p29 57Peter F DRUCKER Administraccedilatildeo tarefas responsabilidade e praacuteticas p 67 58Ibid p69

47

Como percebemos satildeo muitas as possibilidades conceituais que nos dias

de hoje estatildeo agrave nossa disposiccedilatildeo sobre este assunto Faz-se importante notar que

por vezes alguns fatores ou caracteres se tornam comum aos teoacutericos Neste caso

vamos destacar a explicitaccedilatildeo da preocupaccedilatildeo com o cliente ou consumidor final e o

foco das relaccedilotildees entre eles tendo em vista uma possiacutevel dinacircmica comercial e a

delicada relaccedilatildeo com o necessaacuterio lucro por parte das empresas

Alguns autores prendem-se mais agraves preocupaccedilotildees estruturais de uma

empresa como Drucker observou Outros tecircm as suas arguumliccedilotildees voltadas para o

significado semacircntico da palavra ldquomarketingrdquo e seu histoacuterico-econocircmico (Las Casas

e Gracioso respectivamente)

De fato cada autor e agrave sua maneira tem suas razotildees para enfatizar as

possiacuteveis conceituaccedilotildees que o termo marketing recebe Vale acrescentar que todas

as possibilidades acima descritas como exemplos satildeo vaacutelidas e natildeo raramente

complementares entre si59

Outra observaccedilatildeo relevante eacute que o conceito e a significacircncia teacutecnica da

expressatildeo marketing tem evoluiacutedo mudado e se aprimorado com o passar do tem-

po Portanto natildeo seria prudente afirmar-se categoricamente uma ou outra possibili-

dade60

Para este trabalho e devido agrave necessidade de adotarmos uma linha de

pensamento mais pontuada e visando uma satisfatoacuteria e transparente aderecircncia ao

meacutetodo cientiacutefico vamos adotar como conceito a formulaccedilatildeo conceitual de Philip

Kotler e Gary Armstrong ldquoUm processo administrativo e social pelo qual indiviacuteduos e

grupos obtecircm o que necessitam e desejam por meio da criaccedilatildeo oferta e troca de

produtos e valor com os outrosrdquo 61

Partiremos do preacute-suposto que a conceituaccedilatildeo de Kotler e Armstrong es-

teja dentro de uma dinacircmica organizacional portanto de forma sistecircmica como pre-

59Diferentemente do termo ldquoreligiatildeordquo que provoca grandes e toacuterridas discussotildees nos meios acadecircmi-cos a palavra ldquomarketingrdquo experimenta ao longo do tempo constante evoluccedilatildeo 60A Administraccedilatildeo de empresas quando vista sob o prisma cientiacutefico se enquadra no conjunto das ciecircncias humanas e sociais aplicadas Assim sendo conceituaccedilotildees mais obliacutequas satildeo sempre peri-gosas pois essa ciecircncia natildeo raramente transcende agrave cabiacutevel exatidatildeo das ciecircncias exatas Embora as respostas e justificativas administrativas quase sempre ocorram em formas numeacutericas o adminis-trador deve ter sempre em mente a principal razatildeo de sua existecircncia que eacute o compromisso-primo com o fator humano endoacutegeno e exoacutegeno nas organizaccedilotildees Queiram essas organizaccedilotildees visem o lucro ou natildeo 61Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de marketing p03

48

coniza a administraccedilatildeo cientiacutefica Tal dinacircmica mercadoloacutegica empresarial teraacute como

foco seus clientes razatildeo maior da existecircncia da empresa comercial e institucionali-

zada O capital e seu mercado deveratildeo estar permanentemente monitorados e de-

fendidos Suas preocupaccedilotildees estrateacutegicas no entanto estaratildeo voltadas para o futu-

ro em termos de tempo demanda e lucratividade

A maneira de interpretar o marketing no presente trabalho natildeo se descui-

da desta maior amplitude do conceito moderno da aacuterea embora nossa ecircnfase esteja

primordialmente voltada agrave empresa comercial varejista e sobretudo agraves responsabi-

lidades dos executivos que administram recursos limitados agrave luz de objetivos prede-

terminados e voltados ao conviacutevio com um meio ambiente em constante transforma-

ccedilatildeo

O nuacutecleo de nossa definiccedilatildeo de marketing eacute a ideacuteia da troca ou do inter-

cacircmbio de quaisquer tipos de valores entre partes interessadas Esta troca pode en-

volver objetos tangiacuteveis (tais como bens de consumo e dinheiro) e intangiacuteveis (como

serviccedilos ou mesmo ideacuteias)

Por mais ampla que possa ser a gama de objetos transacionados no ca-

so desta dissertaccedilatildeo seratildeo considerados os de uso e aplicaccedilotildees ritualiacutesticas ou afe-

tos agrave religiosidade No entanto tipos especiais de trocas eacute que mereceratildeo ser carac-

terizados como mercadoloacutegicos Para que neste trabalho tenha importacircncia e mere-

ccedila esta abordagem essas trocas deveratildeo ter o intuito da continuidade no processo

entre as partes envolvidas ou seja ela deve ser ao mesmo tempo sistemaacutetica in-

tencional e voltada para uma expectativa de resultados previsiacuteveis intuiacutedos ou dese-

jados Esses resultados deveratildeo ser almejados por parte dos empresaacuterios e dos cli-

entes de empresas varejistas que operacionalizam suas atividades sobre o nicho da

religiosidade

49

13 O desenvolvimento e a cronologia de uma ideacuteia marketing

bull O iniacutecio

Apesar de encontrarmos suas raiacutezes ao longo da histoacuteria da humanidade

na proacutepria gecircnese do comeacutercio o marketing eacute um campo de estudo novo se

comparado com as demais aacutereas do saber O estudo do mercado surgiu da

necessidade dos empresaacuterios em administrar uma nova realidade oriunda da

Revoluccedilatildeo Industrial

A revoluccedilatildeo industrial em seus dois momentos histoacutericos iniciou grandes

mudanccedilas econocircmicas e sociais No primeiro momento62 apareceram como fases

relevantes a mecanizaccedilatildeo da induacutestria e da agricultura a aplicaccedilatildeo da forccedila motriz

industrial e o desenvolvimento do sistema fabril aleacutem de uma formidaacutevel aceleraccedilatildeo

nos meios de transportes e de comunicaccedilotildees Em uma segunda etapa podemos

enunciar vaacuterias caracteriacutesticas importantes que marcaram eacutepoca63 a substituiccedilatildeo do

ferro pelo accedilo o desenvolvimento da maquinaria automaacutetica e um alto grau de

especializaccedilatildeo do trabalho nos ambientes fabris o crescente domiacutenio da induacutestria

pela ciecircncia o desenvolvimento de novas formas de organizaccedilatildeo capitalista e a

expansatildeo da industrializaccedilatildeo ateacute a Europa Central e Oriental por exemplo Desta

maneira essas novas situaccedilotildees modificaram a relaccedilatildeo do capital com os meios de

produccedilatildeo ateacute entatildeo e anteriormente existentes Como consequumlecircncia

estabeleceram tambeacutem um reposicionamento das forccedilas produtivas com o mercado

consumidor

Neste estaacutegio da histoacuteria econocircmica mundial o marketing ainda era

inseparaacutevel da economia e da administraccedilatildeo claacutessica A gestatildeo econocircmica e

empresarial nesse instante preocupou-se com a logiacutestica a produtividade e a

maximizaccedilatildeo dos lucros Os consumidores natildeo tinham qualquer poder de barganha

com os fabricantes e produtores Os aspectos humanos do mercado eram

ignorados aleacutem da concorrecircncia ser praticamente inexistente

62Seacuteculo VXII 63Seacuteculo XIX

50

Essa eacutepoca comeccedilam a surgir os primeiros sinais de excesso de oferta Os fabricantes desenvolveram-se e produziram em seacuterie Portanto a oferta passou a superar a demanda e os produtos acumulavam-se em estoques Algumas empresas comeccedilaram a utilizar teacutecnicas de vendas bem mais agressivas e a ecircnfase na comercializaccedilatildeo das empresas dessa eacutepoca era totalmente dirigidas agraves vendas 64

Nos anos 40 os trabalhos e observaccedilotildees a respeito da aplicaccedilatildeo da

psicologia na propaganda e o de William J Reilly65 sobre as Leis de Gravitaccedilatildeo do

Varejo66 comeccedilaram a dar um enfoque cientiacutefico ao marketing Uma das questotildees

cruciais nesse momento da histoacuteria era se as teorias de mercado podiam ou natildeo se

desenvolver Algumas abordagens defendiam a tese que isso nunca seria possiacutevel

Natildeo seriam passiacuteveis de desenvolvimento a uma teoria mercadoloacutegica genuiacutena pois

a consideravam extremamente subjetiva quase uma forma de arte Tal realidade

manteve-se inalterada ateacute os instantes finais da Segunda Guerra Mundial quando

entatildeo reagindo ao crescimento da concorrecircncia mercadoacutelogos comeccedilaram a

teorizar sobre como atrair e lidar com seus consumidores em funccedilatildeo da super-

produccedilatildeo Surgiu entatildeo a cultura de vender a qualquer preccedilo

bull Deacutecada de 1950

A primeira tentativa de mudanccedila dessa visatildeo mercadoloacutegica veio em

1954 pelas matildeos de Peter Drucker ao lanccedilar seu livro A Praacutetica da Administraccedilatildeo

Natildeo se tratava de ser propriamente um livro sobre marketing mas foi o primeiro

registro escrito que cita o marketing como uma forccedila poderosa a ser considerada

pelos administradores

64Alexandre L LAS CASAS Marketing conceitos exerciacutecios casos p22 65REILLY WJ The Law of Retail Gravitation New York Knickerbocker Press 1931 66 Principais enunciados

bull - A atraccedilatildeo de fregueses varia diretamente com a populaccedilatildeo da aacuterea em que o varejo se encontra

bull - A atraccedilatildeo de fregueses varia inversamente com o quadrado da distacircncia a ser percorrida por estes

bull - Uma cidade de maior populaccedilatildeo atrai o consumo de uma localidade menor na proporccedilatildeo direta do nuacutemero de habitantes

bull - Uma cidade de maior populaccedilatildeo atrai o consumo de uma localidade menor na proporccedilatildeo inversa ao quadrado da distacircncia entre elas

51

bull Deacutecada de 1960

Sequencialmente em 1960 elaborado por Theodore Levitt professor da

Harvard Business School em artigo na revista Harvard Business Review entitulado

Miopia de Marketing67 revelou uma seacuterie de erros de percepccedilotildees mostrou a

importacircncia da satisfaccedilatildeo dos clientes e transformou para sempre o mundo dos

negoacutecios O vender a qualquer custo deu lugar agrave satisfaccedilatildeo garantida

O universo do marketing comeccedilou a expandir-se e artigos cientiacuteficos

foram escritos pesquisas feitas e dados estatisticamente relevantes traccedilados

Foram separadas as estrateacutegias eficientes dos ldquoachismosrdquo e viu-se a necessidade de

um estudo seacuterio do mercado Este conhecimento adquirido ficou espalhado difuso

muitas vezes restrito ao mundo acadecircmico Em 1967 Philip Kotler lanccedilou a primeira

ediccedilatildeo de seu livro Administraccedilatildeo de Marketing onde pocircs-se a reunir revisar

testar e consolidar as bases daquilo que ateacute hoje formam o ldquocacircnone do marketingrdquo

bull Deacutecada de 1970

Nos anos 70 destacou-se o fato de surgirem departamentos e diretorias

de marketing em todas as grandes empresas Natildeo se tratava mais de uma boa ideacuteia

mas de uma necessidade de sobrevivecircncia Eacute nesta eacutepoca que se multiplicaram os

supermercados shopping centers e franchises De fato a contribuiccedilatildeo do marketing

foi tatildeo notoacuteria no meio empresarial que passou rapidamente a ser adotada em

outros setores da atividade humana O governo organizaccedilotildees civis entidades

religiosas e partidos poliacuteticos passaram a valer-se das estrateacutegias de marketing

adaptando-as agraves suas realidades e necessidades

bull Deacutecada de 1980

67Theodore LEVITT Marketing Myopia Harvard Business Review vol 38 1960 p 45-56

52

Em 1982 o livro Em Busca da Excelecircncia68 de Tom Peters e Bob

Waterman inaugurou todo um periacuteodo de escritores sobre o marketing Num golpe

de sorte editorial produziram o livro de marketing mais vendido de todos os tempos

ao focarem completamente sua atenccedilatildeo no cliente Esse fenocircmeno editorial levou o

marketing agraves massas e portanto agraves pequenas e meacutedias empresas e a todo o tipo de

profissional Talvez por isso e tambeacutem por uma necessidade mercadoloacutegica o

marketing passou a ser uma preocupaccedilatildeo atinente agrave alta direccedilatildeo de todas as mega-

corporaccedilotildees natildeo estando mais restrita a uma diretoria ou departamento

O fecircnomeno dos gurus entretando eacute responsaacutevel pelo posterior descuido

com o rigor da investigaccedilatildeo cientiacutefica e uma tendecircncia a modismos Nesta eacutepoca

floreceram diversos autores tais como Al Ries69 que definiu o conceito de

posicionamento 70 e o markerting de guerra e guerrilha 71 e Masaaki Imai72 que

idealizou o modelo Kaizen73 Esses autores ganharam reconhecimento no mundo

dos negoacutecios e alta reputaccedilatildeo no universo empresarial por suas ideacuteias e abordagens

originais

bull Deacutecada de 1990

Assim como ocorreu em muitos outros setores o avanccedilo tecnoloacutegico dos

anos 90 teve um forte impacto no mundo do marketing O comeacutercio eletrocircnico foi

68PETERS Tom J e WATERMAN Bob Search of Excellence Lessons from Americas Best-Run Companies London Editora Haper Collins 1992 69RIES Al Marketing de Guerra Satildeo Paulo 31ordf Ediccedilatildeo Editora Makron Books 1986 70 Posicionamento eacute uma teacutecnica onde os homens e mulheres dedicados ao marketing geram ou transformam uma imagem ou identidade para um produto marca ou empresa Eacute o espaccedilo que um produto ocupa na mente do consumidor em um determinado mercado O posicionamento de um produto eacute como compradores potenciais o vecircem e eacute expressado pela relaccedilatildeo de posiccedilatildeo entre os competidores 71 Marketing de guerra e guerrilha Satildeo accedilotildees mercadoloacutegicas inspiradas no desenvolvimento taacutetico e estrateacutegico das accedilotildees militares convencionais Tecircm como principal foco de atenccedilatildeo e orientaccedilatildeo a concorrecircncia empresarial 72Imai MASAAKI Kaizen - The Key to Japans Competitive Success New York Random House Business Division 1986 73Kaizen em japonecircs kai significa mudanccedila e zen para melhor Da junccedilatildeo nasceu uma estrateacutegia minuciosa de melhorias graduais implementadas continuamente nas empresas Os japoneses credi-tam a essa estrateacutegia como um dos seus principais fundamentos o desenvolvimento industrial do Japatildeo do poacutes-guerra Este modelo de gestatildeo eacute enunciado em 1986 por Imai num livro Kaizen-The Key to Japans Competitive Success Nesse livro o autor cita uma seacuterie de inovaccedilotildees de gestatildeo ja-ponesa ateacute ali olhadas separadamente debaixo do que ele chama um leque conceitual No kaizen abrigam-se praacuteticas que vecircm desde os anos 50 como os conceitos consagrados do ldquojust in timerdquo da administraccedilatildeo da produccedilatildeo assim como os conceitos do controle da qualidade total

53

uma revoluccedilatildeo na logiacutestica distribuiccedilatildeo e formas de pagamento O CRM (Customer

Relationship Management) e os serviccedilos de atendimentos ao consumidor entre

outras inovaccedilotildees tornaram possiacutevel uma gestatildeo de relacionamento com os clientes

em larga escala E como se isso natildeo fosse suficiente a Internet chegou como uma

nova via de comunicaccedilatildeo Eacute a eacutepoca do maximarketing de Stan Rapp74 do

marketing 1 to 175 da Peppers amp Rogers Group76 do aftermarketing77 de Terry G

Vavra 78 e do marketing direto79 de Bob Stone80 ou seja caracterizou-se por uma

constante busca pela personalizaccedilatildeo como medida administrativa e de poliacutetica de

aproximaccedilatildeo expansatildeo manutenccedilatildeo e retro-alimentaccedilatildeo mercadoloacutegica em geral

Outra tendecircncia do periacuteodo foi o fortalecimento do conceito de marketing

societal81 no qual tornou-se uma exigecircncia de mercado haver uma preocupaccedilatildeo

com o bem-estar da sociedade A satisfaccedilatildeo do consumidor e a opiniatildeo puacuteblica

passaram a estar diretamente ligadas agrave participaccedilatildeo das organizaccedilotildees em causas

sociais e a responsabilidade social transformou-se numa vantagem competitiva

bull Deacutecada de 2000

A virada do milecircnio assitiu agrave segmentaccedilatildeo da televisatildeo a cabo agrave

popularidade da telefonia celular e agrave democratizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo 74RAPP Stan e MARTIN Chuck Maxi-e-Marketing no Futuro da Internet Satildeo Paulo Editora Pearson Makron Books 2001 75Marketing 1 to 1 eacute uma abordagem mercadoloacutegica que consiste em tratar clientes diferentes de formas diferentes ou seja fazer uma aproximaccedilatildeo do puacuteblico-alvo voltando-se para as suas caracte-riacutesticas e necessidades individuais Tem como caracteriacutestica estabelecer modelos de comunicaccedilatildeo e negoacutecios centrados no cliente Permite buscar informaccedilotildees estrateacutegicas e assim formar uma base de dados especiacutefica e personalizada identificando-os e diferenciando-os sob os mais variados aspectos 76PEPPERS Don e ROGERS Martha CRM Series Marketing 1 to 1 2ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Makron Books 200177 Marketing de relacionamento (aftermarketing) eacute uma metodologia que se aplica ao usar o database marketing (banco de dados e de informaccedilotildees comerciais eletrocircnicas) para a retenccedilatildeo de clientes ou consumidores e obter a recompra continuada de seus produtos ou serviccedilos 78VAVRA G Terry Aftermarketing - How to Keep Customers for Life through Relationship Marketing Irwin Illinois USA Professional Publishing 1992 79Marketing direto tem como principal caracteriacutestica a redefiniccedilatildeo e percepccedilatildeo do papel do compra-dor e a conexatildeo com o vendedor Em vez de serem alvos dos esforccedilos unilaterais de marketing das empresas os clientes estatildeo se tornando participantes ativos nos ajustes da oferta e do proacuteprio pro-cesso de marketing Hoje muitas empresas permitem que os clientes desenvolvam on-line os produ-tos que desejam 80 STONE Bob Marketing Direto Satildeo Paulo Editora Studio Nobel 2004 81Marketing Societal eacute uma orientaccedilatildeo taacutetica onde uma empresa ou organizaccedilatildeo deve determinar as necessidades os desejos e interesses dos marcados-alvo e entatildeo entregar um valor superior aos clientes de maneira que o bem-estar do consumidor e da sociedade seja mantido ou melhorado

54

especialmente via Internet A World Wide Web jaacute estava madura o suficiente nos

primeiros anos desta deacutecada Surgiuram uma infinidade de pesquisas e publicaccedilotildees

sobre webmarketing82 e comeacutercio eletrocircnico83 Mas mais do que isso agora o cliente

natildeo tinha apenas poder de barganha tinha tambeacutem poder de informaccedilatildeo Era de se

esperar que isso influenciasse na maneira com a qual os consumidores interagiam

com as empresas e entre si Os primeiros reflexos disso foram o nascimento do

marketing de permissatildeo84 de Seth Godin85 a conceitualizaccedilatildeo do marketing boca-a-

boca 86 por George Silverman87 e a explosatildeo do buzzmarketing 88 e do marketing

viral 89 por autores tais como Russell Goldsmith90 e Mark Hughes91

Eacute perceptiacutevel na proacutepria evoluccedilatildeo do conceito de marketing a importacircncia

cada vez maior do consumidor como o elemento chave e alvo das preocupaccedilotildees e

propoacutesitos nas accedilotildees dos homens e mulheres que se ocupavam com marketing

pois eacute o consumidor a razatildeo loacutegica de organizaccedilotildees ou empresas comerciais

82LIGOS Melinda Point click and sell Sales amp Marketing Management maio de 1999 p 51-55 83COLONGinger How to move customers online Sales amp Marketing Management marccedilo 2000 p 27 e 28 84Marketing de Permissatildeo ou e-mail marketing eacute a utilizaccedilatildeo deliberada e autorizada do e-mail como miacutedia Com ele empresas e outras organizaccedilotildees (entidades de caraacuteter puacuteblico e privado partidos poliacuteticos e organizaccedilotildees natildeo-governamentais) tecircm acesso privilegiado a um grupo seleto de pessoas com o objetivo de difundir ideacuteias vender produtos e serviccedilos etc Conta com a adesatildeo do destinataacute-rio porque ele deve autorizar o envio da mensagem e receber somente do emissor aquilo que seja do seu preacutevio interesse 85Seth Godin foi vice-presidente de Marketing Direto da Yahoo e o criador da Yoyodyne primeira empresa a criar promoccedilotildees e campanhas de mala direta on-line ajudando a moldar a companhia com base no pioneiro Marketing de Permissatildeo on-line 86Marketing boca-a-boca o marketing de boca-a-boca consiste em reunir voluntaacuterios e pedir-lhes que experimentem determinados produtos Em seguida essas pessoas satildeo enviadas para lugares diver-sos com a missatildeo de falar sobre a experiecircncia que tiveram com os produtos experimentados agraves pes-soas com quem se relacionam diariamente Quanto mais as pessoas vecircem um determinado produto utilizado em puacuteblico ou quanto mais ouvem a seu respeito por parte de pessoas conhecidas e em quem confiam maior eacute a probabilidade de que venham a compraacute-lo 87SILVERMAN George The Secrets of Word-of-Mouth Marketing How to Trigger Exponential Sales Through Runaway Word of Mouth New York AMA Publications 2001 88 Buzzmarketing eacute uma derivaccedilatildeo do marketing boca-a-boca Consiste em identificar as pessoas formadoras de opiniatildeo que atuem sobre um determinado segmento populacional ou puacuteblico-alvo (tambeacutem chamados de iacutecones referenciais) Essas pessoas passam a promover subliminarmente e pessoalmente o produto ou serviccedilo atraveacutes do uso vinculado agrave sua pessoa Dessa forma ela passa a exercer e influecircncia sobre a decisatildeo de compra desse substrato social 89Marketing Viral eacute uma forma de disseminar uma ideacuteia produto ou serviccedilo Cria-se uma mensagem com conteuacutedo que possa ser facilmente absorvido pelas pessoas que entrem em contato com ela O conteuacutedo tem que ser de faacutecil entendimento e com um interesse relevante ou seja tem que ser suficientemente apelativo para que as pessoas passem essa mensagem adiante Se assim for a ideacuteia seraacute naturalmente disseminada multiplicando-se em grande velocidade Assim se institui a metaacutefora sobre o nome desta forma de abordagem mercadoloacutegica a mensagem progride no meio social como se fora um virus 90 Russell GOLDSMITH Viral Marketing Get Your Audience to Do Your Marketing for You London Financial Times Management 2005 91HUGHES Mark BuzzMarketing Lisboa Actual Editora 2006

55

Neste trabalho vamos centralizar atenccedilotildees sobre o consumidor de

produtos relacionados agrave religiosidade e tambeacutem agraves possiveis dinacircmicas do

marketing de varejo que estatildeo inseridas dentro dos conceitos de marketing acima

abordados e atuando como uma ferramenta mercadoloacutegica

14 As abordagens conjuntas do marketing com a religiosidade e vice-versa

Ao folhearmos as revistas e cataacutelogos especializados em negoacutecios e in-

vestimentos percebemos que satildeo raras as referecircncias sobre o mercado de produtos

religiosos que tenham como foco o consumidor final e as razotildees dos empreendimen-

tos comerciais voltados para a religiosidade Nas revistas livros e perioacutedicos religio-

sos o panorama natildeo eacute diferente Apenas recentemente e aos poucos eacute que timida-

mente estaacute sendo dispensada maior visibilidade a esse ramo comercial suas possiacute-

veis dinacircmicas e tambeacutem suas particularidades

A revista ldquoIstoEacuterdquo publicou uma reportagem sobre o tema enfocando a im-

portacircncia que esse segmento vem alcanccedilando O Legado dos ceacuteus O mercado de

produtos religiosos ignora a crise Cresce 30 move 800 empresas e gera receita

de R$ 3 bilhotildees 92

Da mesma forma outra revista Meu Proacuteprio Negoacutecio publicou na ediccedilatildeo

52 a seguinte manchete de capa Veja como ganhar dinheiro com souvenir religio-

so sites eventos livros e artesanato no mercado da feacute Na reportagem publicada a

revista ofereceu uma visatildeo panoracircmica do mercado de produtos afetos agrave religiosida-

de sugerindo esse nicho como uma recomendaacutevel opccedilatildeo para investimentos Es-

creveu Thiago Moreira

O mercado das crenccedilas pode abrigar empreendimentos tanto no comeacutercio como na induacutestria e nos serviccedilos Portanto esqueccedila a associaccedilatildeo lu-

92FERREIRA Rosenildo Gomes O legado dos ceacuteus httpwwwterracombristoedinheiro314negocios314_legado_ceuhtm Acesso em 18 de abril de 2005

56

cropecado e aproveite a demanda de igrejas fieacuteis e grupos religiosos em geral93

No editorial da mesma revista destacou a editora

A feacute move montanhas

A mobilizaccedilatildeo do Paiacutes para receber o maior representante da igreja catoacuteli-ca Bento XVI natildeo podia deixar de ser registrada nesta ediccedilatildeo que para mim eacute especial Afinal assumo o desafio de manter e integrar o esforccedilo de tantos em consolidar a MEU PROacutePRIO NEGOacuteCIO94 como uma referecircncia para novos e ateacute experientes empreendedores

E retomando a feacute sob a oacutetica dos negoacutecios eacute claro Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) 949 dos brasileiros infor-mam seguir alguma doutrina e a catoacutelica eacute que atrai maior nuacutemero de adep-tos 1392 milhotildees seguida pela evangeacutelica com 436 milhotildees Um contin-gente que merece a atenccedilatildeo de qualquer empreendedor

O repoacuterter Thiago Moreira assumiu a tarefa de apurar experiecircncias e reunir informaccedilotildees sobre os diferentes negoacutecios onde natildeo basta ter coragem pa-ra empreender pois eacute a feacute que move montanhas e nesse caso de dinhei-ro95

De fato a revista acima trouxe em seu conteuacutedo algumas informaccedilotildees es-

tatiacutesticas opiniotildees de lojistas jaacute estabelecidos no ramo dados gerais sobre o perfil

da renda de populaccedilotildees religiosas cristatildes sugestotildees de necessidades financeiras

para montagem de lojas e possiacuteveis margens de lucro No entanto informaccedilotildees

consistentes sobre o agente central e determinante do varejo de produtos religiosos

ou seja os consumidores foram no miacutenimo insuficientes

93Thiago MOREIRA Tenha Feacute nos negoacutecios Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p 38-45 junho de 2007 94Destaque da autora 95MARINARO Mari A feacute move montanhas Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p2 junho de 2007

57

Da mesma forma o jornal de negoacutecios A Gazeta Mercantil em sua ver-

satildeo on-line destacou Empresas moldam produtos e exportam para religiosos 96

Como percebemos alguns veiacuteculos de expressatildeo e miacutedia enfatizaram

que o comeacutercio relacionado com a religiatildeo estaacute adquirindo um ldquostatusrdquo importante no

universo empresarial de nosso paiacutes Todavia natildeo explicaram convenientemente o

prisma do marketing e em especial sobre a visatildeo cientiacutefica do marketing de varejo

suas causas razotildees e justificativas mercadoloacutegicas fundamentadas

A Internet estaacute aos poucos abrindo espaccedilos para novos eventos empre-

sariais no setor econocircmico dos bens e produtos ligados agrave religiatildeo Tratou-se por

exemplo da divulgaccedilatildeo de uma feira voltada para esse nicho mercadoloacutegico97 Nes-

te caso o evento anunciado eacute a Expocatoacutelica98 onde seus anunciantes disseram

que ldquoo propoacutesito de uma feira eacute encurtar o caminho que separa os polos de produ-

ccedilatildeo de seu mercado consumidorrdquo e nada mais acrescentaram sobre as razotildees fun-

dantes desse mercado O mesmo ocorreu com a Expocristatilde99

Satildeo veiculados os necessaacuterios destaques nas mateacuterias publicadas cha-

mando a atenccedilatildeo do leitor eou internauta apenas como um informe publicitaacuterio de

uma feira dirigida para empreendedores e lojistas poreacutem sem informaccedilotildees e consi-

deraccedilotildees sobre o consumidor final dos produtos e serviccedilos das empresas que des-

sas feiras possam participar

Quando procuramos na Internet informaccedilotildees sobre a religiatildeo e o comeacuter-

cio varejista de produtos religiosos usando os portais eletrocircnicos de busca tais co-

mo o Google100 Yahoo Brasil101 IG102 e UOL103 por exemplo a localizaccedilatildeo dos

websites com assuntos relacionados eacute expressiva No entanto dados que sejam

confiaacuteveis e que sinalizem detalhes de ordem teacutecnica sobre os haacutebitos de compra

96EXMAN Fernando Empresas moldam produtos e exportam para religiosos httpwwwinvestnewsnetultimasnoticiasdefaultaspid_editoria=2372ampid_noticia=474233 Acesso em 18 de abril de 2005 97Nicho mercadoloacutegico segmento restrito do mercado natildeo atendido pelas accedilotildees tradicionais de in-formaccedilotildees e de marketing e que pode oferecer novas oportunidades de negoacutecio 98Expocatoacutelica Feira de negoacutecios httpwwwexpocatolicacombrexpocatolicaindex1aspcod=62amptp=1 Acesso em 18 de abril de 2005 996ordf Expo Cristatilde httpwwwexpocristacombr Acesso em 23 de setembro de 2006 100 httpwwwgooglecombr Acesso em 07 de janeiro de 2007 101 httpbryahoocom Acesso em 07 de janeiro de 2007 102 httpbuscaigbuscacombrapp Acesso em 07 de janeiro de 2007 103 httpbuscauolcombrwwwindexhtmlref=homeuolampq=ampx=12ampy=14 Acesso em 07 de janeiro de 2007

58

perfis de consumidores finais e razotildees para compra de produtos relacionados agrave reli-

giosidade satildeo nulos

O que constatamos eacute a presenccedila das lojas virtuais anunciando seus pro-

dutos religiosos como por exemplo o site abaixo de uma loja virtual e catoacutelica (Cruz

Terra Santa)104

Ilustraccedilatildeo 5

Embora a Internet seja um importante veiacuteculo de informaccedilatildeo comunica-

ccedilatildeo e miacutedia as vendas atraveacutes da rede mundial de computadores ainda natildeo satildeo

significativas frente ao comeacutercio tradicional Experimentando um constante cresci-

mento em termos de volume a participaccedilatildeo das vendas via Internet estaria repre-

sentado com uma grandeza na ordem de 2 sobre as vendas totais no varejo do

Brasil105

Eventualmente notamos alguma presenccedila do mercado religioso em pe-

quenos esforccedilos participativos na miacutedia regional e em iniciativas isoladas com caraacute-

ter meramente informativo O exemplo abaixo eacute bastante ilustrativo A revista Perdi-

104 httpwwwcruzterrasantacombrLojapadreasp Acesso em 07 de janeiro de 2007 105Tatiana RESENDE Comeacutercio eletrocircnico deve ter alta de ateacute 50 ao ano Folha On Line httpwww1folhauolcombrfolhadinheiroult91u308736shtml Acesso em 02 de julho de 2007

59

zes106 com 25000 exemplares e de circulaccedilatildeo regional na cidade de satildeo Paulo traz

em seu informe publicitaacuterio ldquoDicas de presentesrdquo o seguinte apelo mercadoloacutegico

ldquoAmon-Haacute Produtos Miacutesticos ndash Distribuidor alto astralrdquo

Ilustraccedilatildeo 6

Leituras especializadas tanto com abordagens mercadoloacutegicas quanto

religiosas anotam em seu conteuacutedo a importacircncia deste estudo mas natildeo tecem de-

talhes mais especiacuteficos como enfatiza Cristiane Gade107 ldquoAs subculturas mais es-

tudadas satildeo as de grupos eacutetnicos religiosos e regionaisrdquo

A autora constata claramente a necessidade de um aprofundamento nas

questotildees relacionadas aos interesses comerciais deste segmento

Norman Shawchuck Philip Kotler Bruce Wrenn e Gustave Rath Norman

Shawchurck108 aproximam o marketing da religiatildeo analisando a aplicaccedilatildeo do com-

posto mercadoloacutegico junto a uma igreja evangeacutelica claacutessica como forma de possibili-

tar a ampliaccedilatildeo de seu nuacutemero de membros e tambeacutem o volume de diacutezimos e ofer-

tas arrecadados Poreacutem sobre os haacutebitos e necessidades de compras de produtos

relacionados agrave religiosidade e mais especificamente sobre os fieacuteis produtos pre-

ccedilos promoccedilatildeo e propaganda no varejo especializado nada indicam

106REVISTA PERDIZES Ano 5 ndash no 27 ndash Gabel Comunicaccedilotildees Redaccedilatildeo Rua Trecircs Rios 131 ndash Cj 32 ndash Satildeo Paulo SP CEP 01123-001 Fone 0xx 11 3313-8080 107Cristiane GADE Psicologia do consumidor p 136 108SHAWCHUCK Norman KOTLER Philip WRENN Bruce amp RATH Gustave Marketing for congre-gations choosing to serve people more effectively Nashville Abington Press 1992

60

George Barna109 tambeacutem aproxima o marketing da religiatildeo pelo vieacutes es-

trateacutegico e administrativo das igrejas evangeacutelicas de diversas denominaccedilotildees O foco

desse autor no entanto prende-se agraves preocupaccedilotildees operacionais das igrejas en-

quanto instituiccedilotildees

Mesmo autores preocupados com o comportamento do consumidor tais

como James F Engel Roger D Blackwell e Paul W Miniard referem-se ao marke-

ting e agrave religiatildeo pelo vieacutes das mudanccedilas no comportamento dos fieacuteis mas sob a oacuteti-

ca das instituiccedilotildees e correntes de pensamento religiosos e natildeo do comeacutercio varejista

de produtos religiosos

Instituiccedilotildees religiosas judaico-cristatildes historicamente representam um pa-pel importante na moldagem dos valores das culturas ocidentais Em a-nos recentes estas instituiccedilotildees mudaram substancialmente

Alguns grupos religiosos crescem necessariamente agraves custas de outros Nos Estados Unidos os catoacutelicos cresceram dos pequeninos niacuteveis em 1776 para um quarto da populaccedilatildeo americana em grande parte devido agrave presenccedila europeacuteia do iniacutecio dos anos 1900 e agrave atual imigraccedilatildeo dos paiacuteses hispacircnicos Os batistas substituiacuteram os anglicanos (episcopais) como grupo protestante dominante Mais recentemente grupos de crescimento raacutepido como os Santos dos uacuteltimos Dias (moacutermons) tornaram-se uma grande influecircncia em muitos dos valores de seus membros Religiotildees natildeo-cristatildes ganharam influecircncia nos Estados Unidos incluindo muitas das religiotildees tradicionais orientais e o movimento Nova Era110

Percebemos a detecccedilatildeo e preocupaccedilatildeo na abordagem de autores norte-

americanos com a questatildeo da religiosidade e dos movimentos migratoacuterios da feacute reli-

giosa na populaccedilatildeo dos Estados Unidos No entanto anaacutelises mais acuradas con-

siderando a etnografia humana que compotildee a malha da populaccedilatildeo daquele paiacutes a-

inda satildeo raras pelo vieacutes do marketing Os autores natildeo se preocupam com as matri-

zes eacutetnicas que formam aquela sociedade como por exemplo a matriz indiacutegena

109 BARNA George O Marketing a Serviccedilo da Igreja Satildeo Paulo Editora Abba Press 1991 110James F ENGEL Roger D BLACKWELL e Paul W MINIARD Comportamento do consumidor p406

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Grupos que estatildeo declinando em nuacutemero atualmente incluem os mode-rados e liberais (luteranos metodistas presbiterianos episcopais e ou-tros) Os maiores ganhos em preferecircncias religiosas atualmente nos Es-tado Unidos estatildeo entre os fundamentalistas e entre aqueles sem ne-nhuma religiatildeo

Tendecircncias atuais em afiliaccedilotildees e atitudes religiosas estatildeo associadas agrave secularizaccedilatildeo de instituiccedilotildees religiosas ndash ou agrave perda da funccedilatildeo religiosa De acordo com uma tese desenvolvida por Francis Schaeffer111 a religiatildeo tornou-se compartimentada e perdeu sua capacidade de julgar valores e estruturas seculares 112

O mesmo ocorre com autores que se preocupam com a perspectiva reli-

giosa e uma possiacutevel abordagem da religiatildeo e do mercado

Carlos Rodrigues Brandatildeo aproximou os temas da religiosidade e do

marketing quando anotou em seus estudos observaccedilotildees sobre alguns dos fatores

integrantes do composto mercadoloacutegico (produto pontos de vendas e distribuiccedilatildeo)

Hoje os umbandistas produzem e fazem circular inclusive em bancas de jornaleiros uma razoaacutevel quantidade de material de propaganda e docecircn-cia jornais revistas discos e uma surpreendente variedade de livros Mas em Itapira encontrei rariacutessimos exemplares de livros entre pais e matildees de santos dos centros de umbanda e de candombleacute Natildeo vi ne-nhum deles entre os agentes autocircnomos Quase todos natildeo tinham sequer conhecimento da circulaccedilatildeo de revistas e jornais especializados Assim como alguns especialistas do catolicismo popular um ou dois deles ti-nham entre os seus guardados de feacute guias praacuteticos de orientaccedilatildeo ritual Apenas a dona do Bazar Caboclo Pena Branca possuiacutea e lia com regula-ridade livros jornais e revistas alguns dos quais agrave venda mas sem pro-cura em sua loja113

O mesmo autor se preocupou e informou o perfil sociocultural dos dirigen-

tes das organizaccedilotildees religiosas mas sobre os fieacuteis que delas participavam natildeo exa-

rou referecircncia 111Os autores referem-se ao artigo The Consumer Bill of Rights in Consumer Advisory Council First Report Government Printing Office Washington DC US 1963 112James F ENGEL Roger D BLACKWELL e Paul W MINIARD Comportamento do consumidor p 407 113Carlos Rodrigues BRANDAtildeO Os Deuses do Povo um estudo sobre a religiatildeo popular p45

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Do ponto de vista do niacutevel erudito e da sequumlecircncia de formaccedilatildeo religiosa existe entre os dirigentes de centros dos bairros de cima e os chefes de terreiros de saravaacute e curandeiros dos de baixo a mesma distacircncia que separa os presbiacuteteros-dirigentes das pequenas igrejas do Risca Faca dos pastores das assembleacuteias de Deus e dos gerentes atuais dos grupos biacute-blicos natildeo-evangeacutelicos Os agentes mediuacutenicos de serviccedilos mais popula-res satildeo analfabetos e todo o seu aprendizado derivou de contatos diretos com outros especialistas e de sua proacutepria praacutetica Neste sentido eles se aproximam tambeacutem dos agentes mais caipiras do catolicismo popular As situaccedilotildees se equivalem Meacutediuns natildeo-kardecistas dos bairros de cima nomeiam natildeo soacute os lugares onde se iniciaram na umbanda e no candom-bleacute como tambeacutem os seus mestres Joatildeozinho da Gomeia Jamil Ras-child algum pai-de-santo conhecido em Mogi-Mirim Entre os curandeiros e mestres do saravaacute fora os que lembram algum negro do passado co-mo o ldquofinado Naborrdquo114 todos indicam apenas o lugar onde aprenderam o ofiacutecio115

Franccedilois Houtart em seu livro Mercado e Religiatildeo considerou aspectos

sobre o papel das religiotildees na economia de mercado na atualidade aleacutem de ofere-

cer ponderaccedilotildees sobre o futuro das religiotildees

Reencantar o mundo pela revalorizaccedilatildeo do siacutembolo sem mexer nas rela-ccedilotildees sociais que edificam o desencanto resultaria numa gigantesca im-postura Quando o Banco Mundial cria uma seccedilatildeo de diaacutelogo com as grandes crenccedilas obedece a uma necessidade de legitimaccedilatildeo Quando Igrejas e outros grupos religiosos aceitam participar desse oacutergatildeo potildeem nos olhos natildeo a venda da justiccedila mas a venda da cegueira Sem o siacutem-bolo natildeo haacute reencanto mas sem uma nova eacutetica natildeo se podem criar as condiccedilotildees sociais e materiais do encantamento

Construir uma eacutetica poacutes-capitalista natildeo eacute uma questatildeo de poucos dias Exige um esforccedilo coletivo longo As religiotildees que sempre tiveram uma preocupaccedilatildeo eacutetica podem participar disso Eacute necessaacuteria a mediaccedilatildeo de uma anaacutelise das relaccedilotildees sociais do capitalismo real bem como levar em conta as vaacuterias experiecircncias do socialismo os seus ecircxitos e fracassos Combinar a reorganizaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais com a eacutetica pessoal e as-segurar a participaccedilatildeo democraacutetica nos processos natildeo apenas poliacuteticos mas tambeacutem econocircmicos satildeo elementos que tecircm de intervir

Assim sendo podemos concluir que nesses processos existe um papel para a religiatildeo Natildeo se trata de reivindicar um monopoacutelio mas tatildeo pouco se pode negar aos que querem fazer a aposta que pronunciem este ldquotal-vezrdquo que para eles eacute simples exaltaccedilatildeo do imaginaacuterio mas a expressatildeo

114Aspas do autor 115Carlos Rodrigues BRANDAtildeO Os Deuses do Povo um estudo sobre a religiatildeo popular p45

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de um outro real que possa ajudaacute-los a reencantar o mundo pela revitali-zaccedilatildeo do siacutembolo e pela reconstruccedilatildeo da eacutetica116

Vladimir Joseacute de Azevedo Falcatildeo abordou a dinacircmica comercial e religio-

sa Poreacutem o foco e a preocupaccedilatildeo deste autor em sua obra foi demonstrar o Merca-

datildeo de Madureira na cidade do Rio de Janeiro pelo olhar das relaccedilotildees entre os er-

veiros e erveiras e os praticantes das religiotildees afro-brasileiras Foram duas as dire-

trizes adotadas neste estudo por este autor a primeira foi o do mercado117 e das

ervas e nos convidou a entender a loacutegica das relaccedilotildees pessoais entre os erveiros e

a representaccedilatildeo das folhas A segunda diretriz foi a dos erveiros e erveiras e a expe-

riecircncia do sagrado quando nos demonstrou a riqueza simboacutelica das religiotildees afro-

brasileiras com seus siacutembolos os misteacuterios e os segredos da natureza vivenciados

nas relaccedilotildees dessas religiotildees

A vida no Mercadatildeo de Madureira eacute para aleacutem um saber especiacutefico das religiotildees afro-brasileiras afirma um saber miacutestico experimentado resul-tante do encontro entre os deuses Os encontros com os deuses preser-vam a alegria pela vida buscando assim estrateacutegias para viver melhor no Aiyecirc ndash eacute a experiecircncia do sagrado118

Existem aproximaccedilotildees temaacuteticas que margeiam o objeto deste trabalho

mas por terem outros enfoques e preocupaccedilotildees distanciam-se do que nos propu-

semos a estudar que eacute o fenocircmeno da feacute religiosa sobre o prisma do marketing e

no varejo institucionalizado de produtos religiosos E este tipo de varejo sem liga-

ccedilotildees diretas ou viacutenculos econocircmicos com as instituiccedilotildees e organizaccedilotildees religiosas

formais aleacutem de ter como puacuteblico alvo os clientes das lojas que conceitualmente

mais se aproximam da livre concorrecircncia mercadoloacutegica

116Franccedilois HOUTART Mercado e Religiatildeo p 150 117O autor refere-se ao mercado como uma instituiccedilatildeo tradicional no contexto geral da cidade do Rio de Janeiro 118Vladimir Joseacute de Azevedo FALCAtildeO Eweacute Eweacute Ossain ndash Um estudo sobre os Erveiros e Erveiras do Mercadatildeo de Madureira Uma experiecircncia do sagrado p146

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Abordagens contemplando a religiosidade e o varejo ainda satildeo mais ra-

ras quando natildeo esparsas

Autores que se preocupam em estudar os haacutebitos e as necessidades de

compras do consumidor no mercado varejista anotam em suas criacuteticas e recomen-

daccedilotildees a importacircncia fundamental que o os nichos mercadoloacutegicos ligados aos valo-

res culturais e subculturais tecircm e satildeo merecedores de atenccedilatildeo Poreacutem natildeo se apro-

fundam em detalhes mais teacutecnicos

Os fatores culturais exercem a mais ampla e profunda influecircncia sobre o comportamento do consumidor ()

A cultura eacute a determinante mais fundamental das necessidades e compor-tamento de uma pessoa Enquanto as pessoas mais simples satildeo larga-mente governadas pelo instinto o comportamento humano eacute amplamente adquirido A crianccedila em uma sociedade aprende um conjunto de valores baacutesicos percepccedilotildees preferecircncias e comportamentos atraveacutes do proces-so de socializaccedilatildeo envolvendo a famiacutelia e outras instituiccedilotildees baacutesicas ()119

Kotler avaliou a importacircncia da questatildeo da religiosidade a ser considera-

da pelos homens e mulheres que se dedicam ao estudo e aplicaccedilatildeo do marketing

No entanto o autor coloca a questatildeo da significaccedilatildeo e resignificaccedilatildeo religiosa como

uma questatildeo de ldquotabus especiacuteficosrdquo indicando claramente um posicionamento su-

perficial sobre importantes aspectos religiosos que satildeo determinantes em possiacuteveis

estrateacutegias mercadoloacutegicas como eacute verificado no Brasil por parte da induacutestria frigo-

riacutefica e de corte ao exportar seus produtos para paiacuteses do oriente meacutedio

Cada cultura eacute formada por subculturas que fornecem identificaccedilatildeo e so-cializaccedilatildeo especiacutefica para seus membros Quatro tipos de subculturas podem ser distinguidos Grupos de nacionalidades120 como Irlandeses Poloneses Italianos e Porto-Riquenhos que satildeo encontrados dentro de

119 Philip KOTLER Administraccedilatildeo de marketing anaacutelise planejamento implementaccedilatildeo e controle p 209 120Os destaques em itaacutelico satildeo do autor

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comunidades maiores e demonstram haacutebitos eacutetnicos e inclinaccedilotildees distin-tas Grupos religiosos como os Catoacutelicos Moacutermons Presbiterianos e Judaicos representam subculturas com preferecircncias culturais e tabus es-peciacuteficos Grupos Raciais como os negros e orientais tecircm estilos culturais e atitudes diferentes Aacutereas geograacuteficas como Extremo Sul a Califoacuternia e a Nova Inglaterra que satildeo subculturas distintas com estilos de vidas ca-racteriacutesticos121

Anotou Richard Vinic

A cultura eacute a personalidade de uma sociedade Podemos tambeacutem defini-la como o conjunto de valores costumes crenccedilas e atitudes adotadas por determinada sociedade com o objetivo de regular o comportamento de seus membros

A primeira cultura aprendida eacute transmitida pela famiacutelia que filtra as nor-mas e atitudes da sociedade Segundo a psicoacuteloga Christiane Gade esse processo tem sido conceituado como socializaccedilatildeo122 Quando o indiviacuteduo apresenta uma segunda cultura o processo eacute denominado aculturaccedilatildeo

Engana-se quem imagina que o refrigerante Coca-Cola seja o liacuteder de mercado em todo o Brasil O que diraacute o leitor de um refrigerante cor-de-rosa de sabor extremamente adocicado e feito agrave base de xarope de cane-la Esse refrigerante existe e se chama Guaranaacute Jesus Sem a intenccedilatildeo de apelar aos fatores religiosos o refrigerante liacuteder de mercado no Mara-nhatildeo foi desenvolvido pelo farmacecircutico Norberto Jesus

Para o profissional de marketing eacute fundamental o conhecimento das dife-rentes culturas ao longo do territoacuterio brasileiro123

Sobre os grupos religiosos o autor considerou apenas o aspecto aflitivo

pessoal como oportunidade de negoacutecios Sabemos que as religiotildees para suas praacute-

ticas demandam grandes somas em investimentos financeiros a fim de cumprirem

suas missotildees religiosas com a montagem material de igrejas templos terreiros etc

Aplicaccedilotildees em caros veiacuteculos de comunicaccedilotildees e de miacutedia tambeacutem satildeo facilmente

constataacuteveis Os financiamentos dessas iniciativas ficam por conta dos fieacuteis e da le-

121Philip KOTLER Administraccedilatildeo de Marketing anaacutelise planejamento implementaccedilatildeo e controle p209 122Os destaques em itaacutelico satildeo do autor 123Richard VINIC Varejo e clientes p10

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gislaccedilatildeo fiscal que no Brasil privilegia essas instituiccedilotildees ou organizaccedilotildees que de-

sempenham algum papel religioso aos olhos dos poderes puacuteblicos e da populaccedilatildeo

Obedecendo a normas religiosas estes grupos satildeo importantes subcultu-ras Principalmente em momentos de instabilidade financeira o indiviacuteduo busca sustentaccedilatildeo na religiatildeo qualquer que seja a sua crenccedila

A comunidade evangeacutelica tem se mostrado um puacuteblico altamente poten-cial e influenciado para a compra de produtos com motivos religiosos124

Sobre o comportamento do consumidor no tocante agraves suas crenccedilas

John C Mowen e Michael S Minor anotaram que

As crenccedilas do consumidor125 provecircm da aprendizagem cognitiva Elas representam o conhecimento e as conclusotildees que um consumidor tem a respeito de objetos seus atributos e benefiacutecios Objetos satildeo produtos pessoas empresas e coisas a respeito das quais as pessoas apresentam opiniotildees e atitudes Atributos satildeo os aspectos ou caracteriacutesticas dos ob-jetos Por fim os benefiacutecios satildeo os resultados positivos que os objetos proporcionam ao consumidor126

Como podemos constatar existem aproximaccedilotildees centradas nos temas

religiosidade marketing e varejo mas as mesmas natildeo contemplam os assuntos de

forma simultacircnea e tatildeo pouco complementar com a profundidade necessaacuteria que

este trabalho requer

Dr David Lewis e Darren Bridges escreveram

124Richard VINIC Varejo e clientes p12 125Os destaques em negrito satildeo dos autores 126John C MOWEN e Michael S MINOR Comportamento do consumidor p141

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A espiritualidade se tornou uma definiccedilatildeo para tudo que as pessoas sen-tem estar faltando em suas vidas no lugar do que esperam descobrir De acordo com Mick Brown autor de The Spiritual Tourist127 essa busca es-piritual eacute ldquoum sintoma de incerteza coletiva em uma eacutepoca em que as ins-tituiccedilotildees tradicionais como igreja famiacutelia e comunidade parecem estar desmoronando Um sintoma tambeacutem do crescente desencantamento com os valores do materialismo e de um desgaste da ciecircncia que desvendou todo o misteacuterio da existecircnciardquo128

Uma vez que muitos Novos Consumidores consideram as religiotildees tradi-cionais dogmaacuteticas demais e em alguns casos que natildeo oferecem uma experiecircncia espiritual ldquoautenticardquo haacute um interesse crescente em relaccedilatildeo ao que muitos teoacutelogos consideram benefiacutecio ou pseudofeacute129

Assim sendo uma pesquisa de campo abordando os aspectos do marke-

ting de varejo em especial o composto mercadoloacutegico e a religiosidade dos clientes

consumidores de produtos religiosos aparece como a melhor opccedilatildeo metodoloacutegica a

ser executada visando a comprovaccedilatildeo da hipoacutetese deste trabalho A pesquisa que

foi executada dentro dos rigores metodoloacutegicos e cientiacuteficos iraacute aproximar a merca-

dologia da religiatildeo e vice e versa podendo esta pesquisa lanccedilar as bases necessaacute-

rias para futuros trabalhos decorrentes deste esforccedilo pioneiro

O tema sobre o qual escolhemos trabalhar eacute relevante porque natildeo exis-

tem fontes referenciais disponiacuteveis para consultas e a lanccedilarem luzes sobre um e-

vento socioeconocircmico com significados valorosos quer analisados sobre o prisma

religioso ou mercadoloacutegico

15 Consideraccedilotildees iniciais sobre o cenaacuterio da pesquisa de campo

Por limitaccedilotildees metodoloacutegicas o cenaacuterio fiacutesico da pesquisa de campo es-

teve contemplando lojas de produtos religiosos das religiotildees catoacutelica protestantes

das diversas denominaccedilotildees religiotildees afro-brasileiras e novoeristas presentes na

praccedila comercial da cidade de Satildeo Paulo

127Os autores se referem agrave obra Spiritual Tourist A Personal Odyssey Through the Outer Reaches of Belief de autoria de Mick BROWN editado por Bloomsbury Pub Plc USA 1998 128Aspas dos autores 129Dr David LEWIS e Darren BRIDGER A alma do consumidor p10-11

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Quanto ao cenaacuterio religioso e por se tratar de uma caracteriacutestica cultural

de nosso povo adotamos o posicionamento teoacuterico de Ecircnio Brito porque natildeo seria

conveniente e nem apropriado considerarmos apenas ldquoumardquo cultura brasileira que

exteriorizasse as manifestaccedilotildees materiais e espirituais da nossa gente

Hoje eacute consenso que natildeo existe uma cultura brasileira capaz de englobar todas as manifestaccedilotildees materiais e espirituais do povo brasileiro e que lsquoa admissatildeo do seu caraacuteter plural eacute um passo decisivo para compreendecirc-la como um efeito de sentido resultado de um processo de muacuteltiplas intera-ccedilotildees e oposiccedilotildees no tempo e no espaccedilo () 130

Corroborando as palavras de Ecircnio Brito Darcy Ribeiro com seu depoi-

mento afirmou

Desde a Greacutecia natildeo se inventava uma deusa que se adequasse ao amor uma matildee de Deus que fale do amor E os negros do Rio inventaram Ie-manjaacute Isso eacute uma operaccedilatildeo cultural incriacutevel Mais importante que os ro-mances e os teoremas E importante para o povo E o que eacute Iemanjaacute Eacute uma ldquosantonardquo131 laacute que domina o mar E ningueacutem vai pedir a ela a cu-ra do cacircncer ou a cura da AIDS132 Vai pedir a ela que o marido natildeo bata tantoum namorado gostoso Os africanos mergulharam tatildeo profunda-mente e de modo tatildeo inventivo na construccedilatildeo do Brasil que deixaram de ser eles para sermos noacutes brasileiros133

Complementarmente aos enunciados acima e nos aproximando do cotidi-

ano metropolitano religioso da populaccedilatildeo da cidade de Satildeo Paulo que foi objeto e

campo de investigaccedilatildeo deste trabalho o prisma social e populacional que conside-

ramos foi o dos autores Antocircnio Flaacutevio de Oliveira Pierucci e Reginaldo Prandi

130Ecircnio Joseacute da Costa BRITO A cultura popular e o sagrado Interfaces do Sagrado p 102 131Aspas nossas 132 Siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida 133 Darcy RIBEIRO O Povo Brasileiro segmento Brasil Crioulo CD 01

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O Brasil jaacute eacute um paiacutes de diversidade religiosa Cerca de um quarto da po-pulaccedilatildeo adulta jaacute experimentou o sentido da adesatildeo a uma religiatildeo dife-rente daquela em que nasceu num contexto em que a religiatildeo se vai a-justando cada vez mais aacute ideacuteia da escolha da livre escolha que se faz frente a variadas necessidades de tecirc-las atendidas Para muitos a con-versatildeo religiosa eacute experimentada juntamente com a mobilidade ocupacio-nal e da integraccedilatildeo na nova sociedade quer sejam estas verdadeiras quer sejam tatildeo-somente simulacro como soacutei acontecer no domiacutenio das representaccedilotildees religiosas

Eacute variadiacutessimo o espectro das escolhas religiosas haacute de tudo e para tu-do Por exemplo o antropoacutelogo britacircnico-brasileiro Peter Fry jaacute mostrou como o pentecostalismo e umbanda podem ser vistos como duas alterna-tivas que se oferecem para diferentes tipos de pessoas o pentecostalis-mo sisudo e comportado a umbanda alegre e desinibida (Fry amp Ho-we1975) Porque como se tem demonstrado a umbanda e demais religi-otildees afro-brasileiras satildeo religiotildees de liberaccedilotildees da personalidade pois natildeo fazem parte do seu ideaacuterio nem de suas praacuteticas rituais o acobertamento e aniquilamento das paixotildees humanas e de toda a natureza por mais re-cocircnditas que sejam elas E isso eacute exatamente o contraacuterio do que pregam e exercitam as religiotildees pentecostais que satildeo grande antagonista das re-ligiotildees de origem negra nos dias de hoje a ponto de lhe declararem per-seguiccedilatildeo sem treacutegua que contamina com intransigecircncia e uso frequumlente da violecircncia fiacutesica as periferias mais pobres das grandes cidades brasilei-ras numa disputa que ldquona metade desta deacutecima deacutecada do seacuteculo o Bra-sil jaacute se acostumou a chamar sem susto de lsquoguerra santarsquo banalizando o nome desdramatizando o conflitordquo como disse Flaacutevio Pierucci (Capiacutetulo 12)134

Por ocasiatildeo de nossa participaccedilatildeo em pesquisa de campo descrita na in-

troduccedilatildeo deste trabalho tivemos a oportunidade de proceder agrave oitiva sobre as gra-

ves denuacutencias de violecircncia fiacutesica e desrespeito a valores simboacutelicos religiosos por

parte dos umbandistas e candomblecistas praticados por neopetencostais na cidade

de Praia Grande durante as comemoraccedilotildees a Iemanjaacute

No final do seacuteculo qualquer branco de classe meacutedia pode ldquofazer o santordquo 135em qualquer praccedila do Paiacutes num candombleacute ldquoautecircnticordquo onde vai ser irmatildeo-de-santo do negro subproletaacuterio Ou iniciar-se num dos ramos do amazocircnico Santo Daime em que o alucinoacutegeno legiacutetimo eacute meio e fim As igrejas pentecostais e neopentecostais oferecem-se numa multiplici-dade de denominaccedilotildees que parecem sem-fim e natildeo apenas prosperam mas diversificam-se doutrinaacuteria e ritualmente ateacute verem borradas de vez as especificidades eacuteticas e teoloacutegicas que marcaram a sua origem Natildeo houve socioacutelogo que ousasse prever para as religiotildees reformadas uma

134 Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p257 135 Aspas dos autores

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descendecircncia que pregasse as benesses do dinheiro e do consumo al-canccedilaacuteveis pela graccedila divina nos moldes da recentiacutessima teologia da prosperidade que redefine o neopetencostalismo das grandes igrejas-empreendimento para muito longe do universo ideoloacutegico protestante (Mariano 1996)136

As afirmaccedilotildees acima contextualizaram este trabalho Recentemente os

dirigentes da organizaccedilatildeo Igreja Renascer estiveram envolvidos em um escacircndalo

financeiro em que pesaram contra eles seacuterias acusaccedilotildees no Brasil e no exterior de

crime de sonegaccedilatildeo fiscal e desvio de dinheiro137

A mais bem-sucedida denominaccedilatildeo neopentecostal de longe a de maior visibilidade a brasileira e agressiva Igreja Universal do Reino de Deus existe a quinze anos e jaacute eacute um impeacuterio no Brasil e laacute fora Seus pastores satildeo empreendedores com baixa ou nula formaccedilatildeo teoloacutegica mas que de-vem demonstrar grande capacidade de atrair puacuteblico e pagar dividendos para a igreja de acordo com um know-how administrado empresarialmen-te pelos bispos a igreja jaacute estruturada como negoacutecio138

Escacircndalos envolvendo a eacutetica e a moral pelo vieacutes da sexualidade prati-

cados por cleacuterigos da Igreja Catoacutelica nos Estados Unidos tem sido uma constante

nos meios de comunicaccedilatildeo de massa Por exemplo o arcebispado de Los Angeles

aceitou em dezembro de 2006 destinar US$ 600 milhotildees para resolver amigavel-

mente as accedilotildees judiciais movidas por 45 supostas viacutetimas de padres pedoacutefilos139

O texto de Prandi a seguir ilustra a atualidade de nossas palavras acima

() Essa metamorfose pela qual vem passando rapidamente a religiatildeo nos obriga a pensar que se a religiatildeo se transforma em consumo e o fiel

136 Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica 136 p258 137Foto de Bispa Sonia cai na internet O Globo On line Para melhores informaccedilotildees acessar o site httpogloboglobocomspmat20070123287522443asp Uacuteltimo Acesso em 02 de julho de 2007 ]138 Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p258 139Clipping Eletrocircnico - Bento XVI autoriza missa em latim Departamento de Comunicaccedilatildeo PUC-Campinas Para melhores informaccedilotildees acessar o site httpwwwpuc-campinasedubrservicosdetalheaspid=28749 Uacuteltimo acesso em 08 de julho de 2007

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em consumidor numa relaccedilatildeo de mercado que a sociedade estaacute equipa-da para regulamentar como qualquer outro produto vale pensar que o proacuteprio Estado agora separado da religiatildeo e dela desinteressado como fonte transcendente de legitimidade pode envolver-se para preservar in-teresses do cidadatildeo-consumidor As palavras seguintes de Flaacutevio Pierucci traduzem bastante bem essa preocupaccedilatildeo ldquoCombinadas pois essas duas noccedilotildees baacutesicas a do cidadatildeo como consumidor individual e a do Estado como regulador neutro dos vaacuterios mercados estaraacute plenamente justifica-da a intervenccedilatildeo do Estado para a defesa do indiviacuteduo e a correccedilatildeo dos abusos praticados em nome da religiatildeo Ensaia-se desse modo nessa transmutaccedilatildeo juriacutedica por ora silenciosa do seguidor religioso num con-sumidor de bens e serviccedilos com o direito de reclamar agraves autoridades pro-teccedilatildeo contra os enganadores aproveitadores e exploradores novo refor-ccedilo de legitimidade para a vigilacircncia puacuteblica e a intervenccedilatildeo estatal O uso do modelo lsquodefesa do consumidorrsquo pode ser uma boa saiacuteda para os mais modernos opositores da opressatildeo religiosa tornarem-se os defensores poacutes-modernos das viacutetimas da mercantilizaccedilatildeo religiosa viacutetimas de praacuteti-cas religiosas abusivas ou lesivas viacutetimas da tapeaccedilatildeo e da fraude religi-osa promessas natildeo cumpridas milagres natildeo acontecidosrdquo140

Reginaldo Prandi tambeacutem abordou a questatildeo mercadoloacutegica da feacute pelo

vieacutes microeconocircmico da teoria do consumidor141 que o atual cenaacuterio religioso ofere-

ce sinalizando a questatildeo utilitarista que as religiotildees neste momento contemplam

140Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p260 e 261 141O comportamento do consumidor individual eacute o objeto baacutesico do estudo do consumidor A palavra consumidor significa nessa teoria uma unidade de consumo ou gasto portadora de certo orccedilamento A unidade ldquoconsumidorrdquo tanto pode ser um indiviacuteduo como uma famiacutelia o importante eacute que exista um soacute orccedilamento para a unidade e que seja ela que tome decisotildees de como utilizaacute-lo Segundo a hipoacutetese baacutesica da teoria tradicional do consumidor os indiviacuteduos distribuem a totalidade de suas despesas de forma racional Entende a teoria por forma racional o comportamento que visa obter o maacuteximo de satisfaccedilatildeo dentro das imitaccedilotildees de orccedilamento Quando se comporta racionalmen-te o consumidor calcula deliberadamente escolhe conscientemente e maximiza a sua satisfaccedilatildeo ou utilidade Essa maximizaccedilatildeo significa que o consumidor realiza escolhas e toma decisotildees de tal forma que lhe resultem na possibilidade usufruir da maior utilidade possiacutevel dentro das circunstacircncias de suas restriccedilotildees Como se percebe o comportamento do consumidor admitido pela teoria tradicional eacute essencialmen-te baseado no Princiacutepio Hedoniacutestico de maacutexima satisfaccedilatildeo ou prazer com o miacutenimo de esforccedilo ou sacrifiacutecio Eacute preciso considerar que o consumidor natildeo tem um perfeito conhecimento sobre a melhor forma de atender a suas necessidades Na realidade ele tem um conhecimento insuficiente dos bens que ad-quire De mais a mais sente certo desapontamento decorrente de escolhas e decisotildees que geram utilidades ou satisfaccedilotildees efetivamente usufruiacutedas menores do que por ele imaginadas ou antecipa-das Todavia a tiacutetulo de simplificaccedilatildeo a ignoracircncia a imperfeiccedilatildeo do conhecimento e das diferenccedilas entre expectativa e realizaccedilatildeo da utilidade natildeo satildeo consideradas pela teoria tradicional do comportamento do consumidor De qualquer forma mesmo levando em conta esses tipos de simplificaccedilotildees a base de anaacutelise reali-zada pela teoria eacute a proacutepria teoria da utilidade Inicialmente supotildee a existecircncia de uma medida de utilidade ou pelo menos a possibilidade da existecircncia de uma escala ordinal de referecircncia do con-

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O uso do cachimbo entorta a boca A religiatildeo natildeo precisa mais ser gratui-ta nem ser de todos Como serviccedilo que se consome ou natildeo porque natildeo eacute mais compulsoacuteria nem uacutenica obrigada a concorrer com um nuacutemero ca-da vez maior de ofertas diferentes a religiatildeo se privatiza e ao se privati-zar atende apenas uma parte da populaccedilatildeo que por sua vez se enxerga diferente das outras partes por causa de suas proacuteprias escolhas e natildeo de suas outras caracteriacutesticas sociais A religiatildeo que era geral uacutenica para toda a sociedade passa a ser de poucos Ela jaacute natildeo junta mas separa Cada uma opera diferencialmente seus mecanismos de solidariedade e constroacutei suas proacuteprias teias de sociabilidade A religiatildeo natildeo unifica mas cria espaccedilos separados que satildeo ilhas de sentidos Agora satildeo muacuteltiplos e agraves vezes irreconciliaacuteveis os sentidos que as diversas religiotildees concomi-tantes e concorrentes emprestam agrave sociedade Mesmo que cada religiatildeo pretenda converter a todos para ser uacutenica porque se pensa como uacutenica verdade cada uma para existir depende da existecircncia das demais por-que essa nova religiatildeo precisa da liberdade de adesatildeo por parte dos a-deptos e de liberdade de empreendimento por parte dos criadores de reli-giatildeo A disputa pelas almas eacute aguerrida mas a guerra santa jaacute natildeo pode acontecer nenhuma religiatildeo responde por nenhuma totalidade social um abismo foi cavado entre a religiatildeo e a naccedilatildeo A religiatildeo natildeo eacute mais para sempre e soacute dura enquanto durar a capacidade de troca que se pactua de ambos os lados do serviccedilo e do consumidor Desencantos e desen-tendimentos satildeo respondidos com mais uma nova escolha A religiatildeo nem tem mais a idade dos seacuteculos como sempre preferiu apresentar-se mas a idade do adolescente 142

Pelas palavras do autor acima consideraremos no mercado varejista de

produtos religiosos dois fenocircmenos concomitantes que se interpotildeem agrave sociedade

brasileira e que pelo prisma deste trabalho poderatildeo fomentar a compra de produtos

neste segmento

O primeiro fenocircmeno seria a competitividade entre as novas e tradicionais

religiotildees em busca de novos fieacuteis onde esbarram nas apropriaccedilotildees e recriaccedilotildees dos

aspectos maacutegicos ritualiacutesticos e miacutesticos que encantam e permeiam o imaginaacuterio

religioso brasileiro O segundo fenocircmeno dar-se-ia pela constataccedilatildeo do surgimento

na poacutes-modernidade de uma religiosidade utilitaacuteria e consumista pautada na indivi-

sumidor Aleacutem disso presume que cada consumidor deveraacute situar-se no ponto mais elevado da sua escala de preferecircncias respeitando as suas limitaccedilotildees de orccedilamento em cada periacuteodo de tempo (A utilidade em seu sentido mais amplo eacute caracterizada como a adequaccedilatildeo de um bem para satisfaccedilatildeo de uma necessidade sentida por um indiviacuteduo) conforme afirmam Giacutelson de Lima GAROacuteFALO e Luiz Carlos Pereira de CARVALHO na obra Anaacutelise microeconocircmica volume 1 p 33 -34 142Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p272

73

dualidade e no sincretismo de credos como podemos notar nos textos de Pierucci e

Prandi143

Seraacute nossa intenccedilatildeo privilegiar essa populaccedilatildeo que acreditaria nos pode-

res especiais dos objetos comprados independentemente de qualquer posiciona-

mento por ela adotada

Finalmente pelas palavras dos dois autores brasileiros encontramos jus-

tificativas de caraacuteter social religioso e econocircmico aleacutem das constataccedilotildees dos estu-

diosos de marketing que explicitam a necessidade de pesquisa de campo que con-

temple os dois vieses o de mercado ou de marketing e o religioso ou da religiosida-

de Pretendemos assim comprovar a hipoacutetese deste trabalho a de que a feacute religio-

sa seja o principal agente motivacional que alavanque o mercado varejista de produ-

tos religiosos

Por isso se enganam os que imaginam que vivemos um momento de grande reflorescimento religioso que nega a secularizaccedilatildeo e leva a soci-edade de novo a entregar os pontos ao sagrado A velha religiatildeo fonte de transcendecircncia para a sociedade como um todo foi estilhaccedilada perdeu toda a utilidade A religiatildeo que tomou o seu lugar eacute uma religiatildeo para cau-sas localizadas reparos especiacuteficos A sociedade inteira natildeo pode ser neopentecostal pois os que jaacute satildeo capazes de administrar sua capacida-de de ganhar dinheiro nunca se conformariam em dividi-lo com Deus Nem pode ser do candombleacute porque nem todos haveriam de aceitar a in-terferecircncia de tantos deuses em cada coisa do dia-a-dia Tambeacutem natildeo pode ser catoacutelico carismaacutetico o catoacutelico que procura a construccedilatildeo da so-ciedade socialmente mais justa Nem haacute de conformar-se em ter apenas uma uacutenica religiatildeo os que se fartam em usufruir do que cada uma delas pode oferecer para o seu interesse compondo ele mesmo sua proacutepria bricolagem religiosa com anjos espiacuteritos guias e gnomos oraacuteculos e pi-racircmides oraccedilotildees ervas e foacutermulas da alquimia meridianos chineses preceitos orientais baralhos passes espirituais e eboacutes horoacutescopos ta-lismatildes e de toda a sorte de siacutembolos e signos religiosos ou natildeo Porque tudo se vende e tudo se compra 144

Estudiosos de marketing de varejo e dos consumidores norte-americanos

tambeacutem sinalizaram claramente a necessidade e importacircncia da pesquisa que nos

143 PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religi-atildeo sociedade e poliacutetica Satildeo Paulo editora Hucitec 1996 144Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p272 e 273

74

propusemos empreender David Lewis e Darren Bridges citando Wade Clark Roof

em Spiritual Marketplace destacaram

Haacute uma fluidez consideraacutevel Haacute uma acircnsia contiacutenua para encontrar a verdade espiritual mas agora eles tecircm uma noccedilatildeo mais clara de que al-gumas coisas que procuram lhes oferecer antes como o consumo e ma-terialismo natildeo funcionam tatildeo bem Vejo um futuro espiritual e religioso mais individualista e talvez mais diverso145

No proacuteximo capiacutetulo abordaremos com os necessaacuterios detalhes teacutecni-

cos os aspectos operacionais da pesquisa de campo empreendida para este traba-

lho

145 Wade Clark ROOF apud Dr David LEWIS e Darren BRIDGES A alma do consumidor p11

75

Capitulo II ndash Pesquisa de campo a descoberta e o comportamento dos consumidores no mercado da feacute

Eu vou botar teu nome na macumba Vou procurar uma feiticeira

Fazer uma quizumba pra te derrubar Oi iaiaacute

Vocecirc me jogou um feiticcedilo quase que eu morri Soacute eu sei o que eu sofri

Deus me perdoe mas eu vou me vingar

Eu vou botar teu retrato num prato com pimenta Quero ver se vocecirc guumlenta

A mandinga que eu vou te jogar Raspa de chifre de bode

Pedaccedilo de rabo de jumenta Tu vais botar fogo pela venta

E comigo natildeo vai mais brincar

Asa de morcego Corcova de camelo pra te derrubar

Uma cabeccedila de burro Pra quebrar o encanto do seu patuaacute

Olha tu podes ser forte Mas tens que ter sorte

Pra te salvar Toma cuidado comadre

Com a mandinga que eu vou te jogar

Composiccedilatildeo Zeca Pagodinho Dudu Nobre146

Neste capiacutetulo ponderaremos sobre a organizaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a anaacutelise

dos dados brutos auferidos em nossa pesquisa de campo A apresentaccedilatildeo destes

dados tem como principal objetivo nos munir de elementos ainda empiacutericos para as

consideraccedilotildees que desenvolveremos ao longo do trabalho

Para a organizaccedilatildeo e a execuccedilatildeo da pesquisa de campo seguiremos a

metodologia e as observaccedilotildees recomendadas por Antonio Chizzotti descrevendo

passo a passo todas as etapas cumpridas ao longo do trabalho que vatildeo desde a 146Letra da muacutesica Eu vou botar teu nome na macumba de autoria de Jesseacute Gomes da Silva Filho (Zeca Pagodinho) Faixa integrante do CD ldquoSamba pras moccedilasrdquo Ano de lanccedilamento 1995 pela gra-vadora Universal

76

elaboraccedilatildeo da pesquisa piloto ateacute a aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios definitivos Natu-

ralmente dentro do campo de anaacutelise existe um nuacutemero expressivo de dados e gra-

des que poderiam ser estudados mas por se tratar de uma dissertaccedilatildeo considera-

remos os que julgarmos mais importantes ou pertinentes ao objeto de nosso estudo

21 Meacutetodo de organizaccedilatildeo e execuccedilatildeo da pesquisa de campo Antes de ser submetida a uma anaacutelise de conteuacutedo a coleta de dados

precisa ser organizada e agraves vezes testada como eacute o caso da documentaccedilatildeo inici-

almente empiacuterica deste trabalho Fatores importantes tais como a delimitaccedilatildeo de

nossa proposta de estudos os objetivos (a)s hipoacutetese(s) e o puacuteblico alvo necessari-

amente precisam estar claros Segundo Chizzotti

A redaccedilatildeo deve ser clara apresentando o tema escolhido e as justificati-vas para sua escolha a importacircncia e os limites do trabalho as hipoacuteteses formuladas e suas limitaccedilotildees a populaccedilatildeo-alvo a metodologia seguida e o modo de obter e apresentar os dados obtidos sem generalizaccedilotildees ex-cessivas ou fora do acircmbito estudado podendo indicar ainda os prolon-gamentos eventuais suscitados pela pesquisa e pelas conclusotildees obti-das147

Nesta dissertaccedilatildeo nosso objetivo eacute verificar se a feacute religiosa eacute a motiva-

ccedilatildeo existencial do mercado varejista de produtos relacionados agrave religiosidade So-

mamos aos nossos propoacutesitos a obtenccedilatildeo de um perfil do consumidor e uma anaacutelise

sobre o composto de marketing148 dos produtos aplicados aos rituais religiosos

O instrumental de nossa pesquisa passou por uma aplicaccedilatildeo piloto que

auxiliou na viabilidade e na confiabilidade final do material de pesquisa de campo

especialmente desenvolvido assim como no levantamento da questatildeo deste traba-

lho O material de pesquisa compotildee-se de um questionaacuterio que apresenta na formu-

laccedilatildeo de suas perguntas algumas suposiccedilotildees que precisavam ser verificadas acer-

ca das razotildees fundantes do mercado varejista de produtos religiosos Com os resul-

147Antonio CHIZZOTTI Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais p 48-49 148Composto de Marketing eacute o conjunto de instrumentos agrave disposiccedilatildeo do administrador para imple-mentar uma estrateacutegia de marketing Satildeo os instrumentos o produto o preccedilo o ponto-de-venda a publicidade e aleacutem da propaganda

77

tados dessa primeira aplicaccedilatildeo e uma preacute-anaacutelise do conteuacutedo foi possiacutevel delimi-

tarmos a hipoacutetese149 desta dissertaccedilatildeo com maior acuidade

Findo o levantamento dos dados a hipoacutetese deste trabalho que procura

responder qual eacute o principal motivo que justifica o mercado varejista de produtos re-

ligiosos e se esse motivo estaacute centrado sobre a feacute dos indiviacuteduos dele participantes

Como sujeitos de pesquisa foram abordados e selecionados pelos entre-

vistadores indiviacuteduos maiores de quatorze anos que tivessem saiacutedo das lojas com

compras Os indiviacuteduos em questatildeo podiam professar ou natildeo suas respectivas reli-

giotildees assim como tambeacutem serem pessoas sem religiatildeo especiacutefica

Terminada esta etapa de testes do instrumento da pesquisa piloto tendo

em vista a clientela das lojas de produtos religiosos pudemos passar para a execu-

ccedilatildeo da pesquisa de campo dentro do padratildeo cientiacutefico exigido Seguindo a mesma

orientaccedilatildeo da pesquisa piloto foi escolhido como documento150 de pesquisa final

um questionaacuterio contendo duas questotildees abertas e nove questotildees fechadas aleacutem

dos nove itens que investigam o perfil do entrevistado constituindo uma amostra

variada e representativa de produccedilatildeo para anaacutelise

211 Planificaccedilatildeo e procedimento da coleta de dados Seguindo as orientaccedilotildees do modelo cientiacutefico de pesquisa preconizado

por Antonio Chizzotti aplicamos inicialmente um questionaacuterio experimental e investi-

gativo sem o necessaacuterio rigor cientiacutefico O cenaacuterio escolhido para esta operaccedilatildeo foi a

cidade de Caraguatatuba no litoral paulista na data de nove de setembro de 2006

no horaacuterio das dezoito horas e trinta minutos ateacute as vinte e uma horas Esse proce-

dimento se chamaraacute ldquopesquisa pilotordquo

149 Laurence BARDIN em Anaacutelise de conteuacutedo p 98 comenta que ldquouma hipoacutetese eacute uma afirmaccedilatildeo provisoacuteria que nos propomos verificar (confirmar ou infirmar) recorrendo aos procedimentos de anaacuteli-se Trata-se de uma suposiccedilatildeo cuja origem eacute a intuiccedilatildeo e que permanece em suspenso enquanto natildeo for submetida agrave prova de dados seguros O objetivo eacute a finalidade geral a que nos propomos (ou que eacute fornecida por uma instacircncia exterior) o quadro teoacuterico eou pragmaacutetico na qual os resultados obti-dos seratildeo utilizadosrdquo Ainda segundo ele ldquoDe fato as hipoacuteteses nem sempre satildeo estabelecidas quando da preacute-anaacutelise Por outro lado natildeo eacute obrigatoacuterio ter-se como guia um corpus de hipoacuteteses para se proceder agrave anaacutelise Algumas anaacutelises efetuam-se lsquoagraves cegasrsquo e sem ideacuteias preacute-concebidas 150 BARDIN nos mostra que ldquodois tipos de documentos podem ser submetidos agrave anaacutelise os documen-tos naturais produzidos espontaneamente na realidade e os documentos suscitados pelas necessi-dades de estudo como eacute o caso nesta dissertaccedilatildeo das respostas a questionaacuterios de inqueacuterito tes-tes experiecircncias etcrdquo

78

Ilustraccedilatildeo 7 - Direitos Reservados

O estabelecimento comer-

cial escolhido foi a Banca

da Biacuteblia situado na praccedila

central da cidade ao lado

da igreja matriz Fizemos

nossos contatos iniciais

com o soacutecio controlador do

empreendimento comerci-

al no mecircs de fevereiro de

2006

Identificamo-nos como pesquisadores da PUCSP e discorremos a ele sobre este

trabalho em seus termos gerais

O proprietaacuterio da loja o Sr Servilho Gomes da Silva apoacutes alguns ques-

tionamentos concordou em colaborar com nossa pesquisa Combinamos nessa o-

casiatildeo que entrariacuteamos em contato novamente em uma data futura quando agen-

dariacuteamos de forma definitiva a data de nossa visita desta feita munidos de todo

nosso material da pesquisa de campo

No dia 15 de agosto de 2006 rumamos novamente para a cidade de

CaraguatatubaSP ocasiatildeo essa que em conjunto com o lojista determinamos o dia

da aplicaccedilatildeo do teste piloto conforme a conveniecircncia do comerciante

Iniciamos os trabalhos documentando fotograficamente a loja os possiacute-

veis clientes proprietaacuterio e produtos

Demos sequumlecircncia a nossos propoacutesitos entrevistando o proprietaacuterio

O questionaacuterio dirigido agrave clientela da Banca da Biacuteblia foi aplicado por

dois entrevistadores o autor desta dissertaccedilatildeo e Estela Noronha sempre apresen-

tada como pesquisadora assistente O processo de abordagem a essas pessoas foi

feito de forma direta Identificamo-nos atraveacutes de um cartatildeo de visitas especialmen-

te desenvolvido para essa finalidade

79

Vista frontal de nosso cartatildeo de identificaccedilatildeo

Verso do cartatildeo de identificaccedilatildeo

Ilustraccedilatildeo 8 - Direitos Reservados

Nesse cartatildeo consta o nome da universi-

dade cidade sede nome do departamen-

to ao qual o pesquisador estaacute vinculado

sua identidade as iniciais de sua especi-

alidade a aacuterea de interesse em que a

pesquisa estaacute relacionada telefones e

endereccedilo completo Consta tambeacutem o

endereccedilo eletrocircnico para comunicaccedilatildeo

direta via Internet No verso deste ins-

trumento de apresentaccedilatildeo colocamos o

nome do orientador cargo que ocupa na

universidade departamento e endereccedilo

da academia de ciecircncias Foram aborda-

dos dez sujeitos nesta data selecionados

aleatoriamente pelos entrevistadores

Eram possiacuteveis clientes que estavam

dentro da loja ou que dela estivessem

saindo indistintamente e que se dispuse-

ram a serem entrevistados

Sequencialmente procedemos a uma leitura ldquoflutuanterdquo151 do instrumento de campo

que foi desenvolvido Essa leitura serviu para delimitar melhor o objeto de estudo e

as hipoacuteteses bem como testar a aplicabilidade do instrumento de pesquisa e a qua-

lidade das perguntas

Sendo assim o questionaacuterio da pesquisa piloto mostrou uma ratificaccedilatildeo

e ajuste ao objeto e hipoacutetese deste trabalho

Nossa iniciativa nesta fase desta dissertaccedilatildeo foi eficaz para certificarmos

o tempo gasto para a aplicaccedilatildeo de cada questionaacuterio e ainda observar qual seria a

151BARDIN explica que ldquoleitura flutuante eacute a primeira atividade que consiste em estabelecer contato com os documentos a analisar e em conhecer o texto deixando-se invadir por impressotildees e orienta-ccedilotildees Esta fase eacute chamada de leitura ldquoflutuanterdquo por analogia com a atitude do psicanalista Pouco a pouco a leitura vai-se tornando mais precisa em funccedilatildeo de hipoacuteteses emergentes da projeccedilatildeo de teorias adaptadas sobre o material e da possiacutevel aplicaccedilatildeo de teacutecnicas utilizadas sobre materiais anaacutelogosrdquo (opcitp96)

80

melhor maneira de abordar os sujeitos da pesquisa Neste sentido algumas infor-

maccedilotildees foram importantes para a aplicaccedilatildeo final e definitiva das questotildees propostas

bull Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio elaborado para a possiacutevel clientela da

loja gastou cerca de 20 minutos

bull Deveriacuteamos evitar a abordagem do sujeito de uma entrevista antes de

sua entrada na loja

bull Deixamos claro logo na abordagem que se tratava de uma pesquisa

para Universidade de cunho cientiacutefico pois isto evitaria qualquer outro juiacutezo a res-

peito de nossa iniciativa

bull Deveriacuteamos ter a maior objetividade brevidade e discriccedilatildeo possiacuteveis

no interior da loja para natildeo alterar sua atmosfera comercial e natildeo trazermos dificul-

dades operacionais aos atos comerciais que estivessem ocorrendo

Tambeacutem desenvolvemos dois outros instrumentos a serem usados de

forma opcional durante a pesquisa de campo Trata-se do questionaacuterio de entrevista

com o lojista152 e da caderneta de anotaccedilotildees ou caderneta de campo O primeiro

instrumento aqui em destaque se destina a sondar a posiccedilatildeo pessoal do lojista con-

sideradas as variaacuteveis feacute e comeacutercio Essas variaacuteveis poderatildeo ser utilizadas ao final

de nosso trabalho dando-nos maior consistecircncia em nossas arguumliccedilotildees finalizantes

No segundo instrumento anotaremos os detalhes que possam posteriormente ser

relevantes ao bom desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo tais como a oitiva de possiacute-

veis comentaacuterios adjacentes e proferidos por vendedores observaccedilotildees de detalhes

esteacuteticos e particulares de cada loja etc

Fisicamente esse instrumento eacute constituiacutedo de um bloco de anotaccedilotildees

devidamente datado e situado com local e periacuteodo aleacutem do horaacuterio das nossas in-

vestidas dentro de nosso cenaacuterio de pesquisa

Com a finalidade de melhor documentar os nossos procedimentos e

concomitantemente agrave aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios decidimos gerar um amplo mate-

rial fotograacutefico O intuito dessa parte de nosso trabalho no campo vai aleacutem da sim-

ples ilustraccedilatildeo Iremos adotar o vieacutes foto-jornaliacutestico pois eacute a maneira que encon-

152 Um modelo do questionaacuterio completo encontra-se nos anexos

81

tramos para demonstrar por imagens os detalhes que venham a ser relevantes nes-

ta dissertaccedilatildeo

O questionaacuterio definitivo dentro dos padrotildees cientiacuteficos foi aplicado poste-

riormente na praccedila comercial de Satildeo Paulo153 durante o periacuteodo que se inicia em

onze de dezembro de 2006 e estende-se ateacute o dia vinte de abril de 2007 Nessas

datas os questionaacuterios aos clientes das lojas foram aplicados pelos mesmos entre-

vistadores da pesquisa piloto Tambeacutem nessas oportunidades nos identificaacutevamos

atraveacutes de nossos cartotildees de visitas especialmente desenvolvidos para esta finali-

dade Nosso puacuteblico-alvo constituiu-se de pessoas de ambos os sexos e maiores de

quatorze anos

Como na pesquisa preacutevia foram abordados ao acaso os indiviacuteduos que

estavam saindo do interior das lojas e que nelas tivessem comprado algum tipo de

produto fossem eles velas impressos em geral estatuetas incensos material para

os ritos maacutegicos e representativos de seu credo patuaacutes pedrarias joacuteias ou bijuteri-

as roupas ou vestimentas especiais miacutedia eletrocircnica etc

A princiacutepio nosso projeto contemplou as religiotildees reconhecidas pelo Insti-

tuto de Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Mas em funccedilatildeo do grande nuacutemero de

dados a serem levantados e a enorme demanda de tempo para execuccedilatildeo da pes-

quisa de campo voltamos o nosso foco de pesquisa para as quatro religiotildees em que

mais aparecem lojas com produtos recorrentes a elas no mercado varejista e de rua

da cidade Satildeo Paulo Satildeo as lojas de produtos para os catoacutelicos e protestantes para

os praticantes das religiotildees afro-brasileiras e para os novoeristas

Foi delimitado o miacutenimo de trinta questionaacuterios por loja perfazendo um to-

tal de quatrocentos e oitenta documentos que totalizaram nove mil e seiscentas per-

guntas e respostas Esse volume de informaccedilatildeo se tornou o ldquocorpusrdquo levantado para

anaacutelise e conclusatildeo respectiva Tambeacutem utilizamos depoimento e entrevista com um

dos lojistas154 registros fotograacuteficos e observaccedilotildees de campo

22 Os resultados macroscoacutepicos da pesquisa de campo

Afirmamos anteriormente que o questionaacuterio apresenta em sua formulaccedilatildeo

duas questotildees abertas e nove questotildees fechadas aleacutem dos nove itens que investi-

153 A listagem com os endereccedilos completos das lojas pesquisadas encontra-se tambeacutem nos anexos 154 O depoimento e entrevista com o lojista encontra-se nos anexos

82

gam o perfil do entrevistado Neste capiacutetulo demonstraremos os dados macroscoacutepi-

cos representativos com suas respectivas participaccedilotildees percentuais sobre o volu-

me total das respostas de cada uma das questotildees

221 Resultados obtidos com o perfil dos entrevistados

Graacutefico e tabela 1 ndash Sexo dos sujeitos entrevistados

Masculino12

Feminino88

Sexo Lojas AFRO Lojas NOVA ERA Loja CATOLs Lojas PROTs sum Δ

Masculino 22 11 16 9 58 1208 Feminino 98 109 104 111 422 8792

Totais 120 120 120 120 480 100

83

Graacutefico e tabela 2 ndash Qual a sua profissatildeo

2646

4083

292

2104

313 375

188

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Valores percentuais

Comerciaacuterio 2646

Dona de casa 4083

Comerciante 292

Profissional liberal 2104

Servidor puacuteblico 313

Estudante 375

Desempregado 188

84

Profissatildeo Lojas AFRO Lojas NOVA ERA Loja CATOLs Lojas PROTs sum Δ Comerciaacuterio 42 23 32 30 127 2646

Dona de casa 39 37 58 62 196 4083 Comerciante 4 4 5 1 14 292

Profissional liberal 20 43 19 19 101 2104 Servidor Puacuteblico 5 3 6 1 15 313

Estudante 6 9 0 3 18 375 Desempregado 4 1 0 4 9 188

Totais 120 120 120 120 480 10000

85

Graacutefico e tabela 3 - Qual a sua idade

1646

3104

2479

1688

833

250

000 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

Valores Percentuais Mais de 65 anos 250De 55 a 65 anos 833De 45 a 55 anos 1688De 35 a 45 anos 2479De 25 a 35 anos 3104De 18 a 25 anos 1646

86

Qual a sua

idade Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

De 18 a 25 anos 39 21 11 8 79 1646

De 25 a 35 anos 33 34 36 46 149 3104

De 35 a 45 anos 23 40 29 27 119 2479

De 45 a 55 anos 15 14 21 31 81 1688

De 55 a 65 anos 8 10 14 8 40 833

Mais de 65 anos 2 1 9 0 12 250 Totais 120 120 120 120 480 10000

87

Graacutefico e tabela 4 ndash Qual o seu estado civil

1646

7292

917

146

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Valores Percentuais

Solteiro (a) 1646Casado (a) ou comcompanheira (o)

7292

Separado (a) judicialmenteou divorciado (a)

917

Viuacutevo (a) 146

Ocorrecircncias

88

Estado civil Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Solteiro (a) 34 27 8 10 79 1646 Casado (a) ou com companheira (o) 60 72 111 107 350 7292 Separado (a) judicialmente ou divorciado (a) 20 21 1 2 44 917 Viuacutevo (a) 6 0 0 1 7 146 Totais 120 120 120 120 480 10000

89

Graacutefico e tabela 5 - Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar

2667

6083

1188

063

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Valores percentuais

Ateacute o primeiro grau 2667Ateacute o segundo grau 6083Ateacute o terceiro grau 1188Poacutes-graduado 063

Ocorrecircncias

90

Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar

LojasAFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Ateacute o primeiro grau 30 19 21 58 128 2667 Ateacute o segundo grau 81 61 93 57 292 6083 Ateacute o terceiro grau 8 38 6 5 57 1188 Poacutes-graduado 1 2 0 0 3 063 Totais 120 120 120 120 480 10000

91

Graacutefico e tabela 6 - Qual a sua faixa de renda familiar

104

958

2958

3063

1938

542

438

000 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

438

Mais de 10 salaacuteriosmiacutenimos

542

De 08 a 10 salaacuteriosmiacutenimos

1938

De 05 a 08 salaacuteriosmiacutenimos

3063

De 03 a 05 salaacuteriosmiacutenimos

2958

De 01 a 03 salaacuteriosmiacutenimos

958

Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo 104

Ocorrecircncias

92

Qual a sua faixa de renda familiar

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo 3 1 0 1 5 104 De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos 10 10 4 22 46 958 De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos 44 21 23 54 142 2958 De 05 a 08 salaacuterios miacutenimos 36 40 37 34 147 3063 De 08 a 10 salaacuterios miacutenimos 17 28 44 4 93 1938 Mais de 10 salaacuterios miacutenimos 3 13 6 4 26 542 Natildeo quis ou natildeo soube responder 7 7 6 1 21 438 Totais 120 120 120 120 480 10000

93

Graacutefico e tabela 7 - O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro

5292

1958

2396

354

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Valores percentuais

Sim 5292Natildeo 1958Nas imediaccedilotildees destebairro

2396

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

354

Ocorrecircncias

94

O Sr(a) reside ou trabalha neste bairro

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Sim 68 99 44 43 254 5292 Natildeo 12 5 47 30 94 1958 Nas imediaccedilotildees deste bairro 40 16 29 30 115 2396 Natildeo quis ou natildeo soube responder 0 0 0 17 17 354 Totais 120 120 120 120 480 10000

95

Graacutefico e tabela 8 - O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo

74

26

Sim Natildeo

O sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Sim 95 103 109 50 357 7438 Natildeo 25 17 11 70 123 2563 Totais 120 120 120 120 480 10000

96

Graacutefico e tabela 9 - Qual a sua religiatildeo de batismo

8063

917

188

333

021

021

083

000

042

333

000 2000 4000 6000 8000 10000Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

333

Natildeo eacute batizado 042Muccedilulmana 000Novoerista 083Budista 021Candomblecista 021Umbandista 333Espiacuterita kadercista 188Protestante 917Catoacutelica 8063

Ocorrecircncias

97

Qual sua religiatildeo de batismo Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Catoacutelica 98 92 119 78 387 8063 Protestante 1 4 1 38 44 917 Espiacuterita kadercista 0 5 0 4 9 188 Umbandista 16 0 0 0 16 333 Candomblecista 1 0 0 0 1 021 Budista 0 1 0 0 1 021 Novoerista 0 4 0 0 4 083 Muccedilulmana 0 0 0 0 0 000 Natildeo eacute batizado 1 1 0 0 2 042 Natildeo quis ou natildeo soube responder 3 13 0 0 16 333 Totais 120 120 120 120 480 10000

98

Graacutefico e tabela 10- Qual a sua religiatildeo praticada atualmente

3250

2563

313

1125

479

000

458

000

1813

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Valores percentuais

Catoacutelica 3250Protestante 2563Espiacuterita kardecista 313Umbandista 1125Candomblecista 479Budista 000Novoerista 458Muccedilulmana 000Natildeo quis ou natildeo souberesponder

1813

Ocorrecircncias

99

Qual a sua religiatildeo praticada atualmente

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Catoacutelica 17 38 101 0 156 3250 Protestante 0 3 0 120 123 2563 Espiacuterita kardecista 5 10 0 0 15 313 Umbandista 53 1 0 0 54 1125 Candomblecista 23 0 0 0 23 479 Budista 0 0 0 0 0 000 Novoerista 16 6 0 0 22 458 Muccedilulmana 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 6 62 19 0 87 1813 Totais 120 120 120 120 480 10000

100

Graacutefico e tabela 11 - Como o senhor (a) teve conhecimento da existecircncia desta loja

125063000021333

2188

5271

646

1208

146000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Valores percentuais

Lista telefocircnica 125Internet 063Propaganda em revistasjornais murais ou meiosimpressos

000

Pelo raacutedio ou televisatildeo 021Por parentes ou amigos defora de minha comunidadereligiosa

333

Por parentes ou amigos daminha comunidade religiosa

2188

Por indicaccedilotildees de placas ouvitrine da loja

5271

Pelo padre sacerdote ousacerdotisa pastor oupastora sheik rabino

646

Ocorrecircncias

101

Como o Sr (a) teve conhecimento da existecircncia desta loja

LojasAFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Lista telefocircnica 2 0 4 0 6 125 Internet 1 2 0 0 3 063 Propaganda em revistas jornais murais ou meios impressos 0 0 0 0 0 000 Pelo raacutedio ou televisatildeo 0 0 0 1 1 021 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 8 1 6 1 16 333 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 12 4 48 41 105 2188 Por indicaccedilotildees de placas ou a vitrine da loja 73 98 35 47 253 5271 Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor oupastora sheik rabino monge etc 20 0 1 10 31 646 Por acaso 2 15 26 15 58 1208 Natildeo quis ou natildeo soube responder 2 0 0 5 7 146 Totais 120 120 120 120 480 10000

102

Graacutefico e tabela 12 - Com que frequumlecircncia o senhor (a) compra produto(s) reli-gioso(s)

688

1313

1083

1375

2125

2500

917

000 500 1000 1500 2000 2500

Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

917

Menos de uma vez por ano 2500Uma vez por ano 2125Uma vez por semestre 1375Uma vez a cada trecircs meses 1083Uma vez a cada dois meses 1313Pelo menos uma vez pormecircs

688

Ocorrecircncias

103

Com que frequumlecircncia o Sr (a) compra produtos religiosos

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Pelo menos uma vez por mecircs 26 7 0 0 33 688 Uma vez a cada dois meses 40 23 0 0 63 1313 Uma vez a cada trecircs meses 20 32 0 0 52 1083 Uma vez por semestre 14 30 8 14 66 1375 Uma vez por ano 15 16 40 31 102 2125 Menos de uma vez por ano 5 2 50 63 120 2500 Natildeo quis ou natildeo soube responder 0 10 22 12 44 917 Totais 120 120 120 120 480 10000

104

Graacutefico e tabela 13 - Qual eacute o principal motivo que o senhor (a) comprou esses produtos

2042

563

4292

1854

313

625

313

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Valores percentuais

Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu culto religioso

2042

Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar

563

Porque a imagem desse (s) objeto ( s ) reforccedila (m) a minha feacute

4292

Porque trazem proteccedilatildeo 1854

Porque achei bonito 313

Vai servir para eu dar de presente a algueacutem

625

Natildeo quis ou natildeo soube responder

313

Ocorrecircncias

105

Qual eacute principal o motivo que o sr(a) comprou esse (s) produto (s

LojasAFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu culto religioso 16 10 33 39 98 2042 Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar 18 0 0 9 27 563 Porque a imagem desse (s) objeto(s) reforccedila (m) a minha feacute 54 59 43 50 206 4292 Porque trazem proteccedilatildeo 30 33 17 9 89 1854 Porque achei bonito 1 10 4 0 15 313 Vai servir para eu dar de presente a algueacutem 1 6 23 0 30 625 Natildeo quis ou natildeo soube responder 0 2 0 13 15 313 Totais 120 120 120 120 480 10000

106

Graacutefico e tabela 14 - Qual o tipo ou gecircnero do (s) produtos comprados

1601

485

808

176132

352

015 015059

558

250

485

852

411

690

1630

631

015

103

279

162117

059

117

Velas

Imag

ens e

m gess

o

Imag

ens i

mpress

as

Ervas d

e che

iro

Buacutezios

Guias d

e san

toTint

as

Pinceacuteis

Charut

os

Terccedilos

Sabon

etes

Incen

so

Bijuter

ia

Vestuaacute

rio

Miacutedia e

letrocircn

ica C

D ou D

VD

Miacutedia i

mpress

a

Siacutembo

los sa

grado

s ou m

iacutestico

s

Copos

taccedila

s ou s

imila

res

Armas

Pedras

Perfum

es e

aromati

zante

s

Calend

aacuterios

Patuaacutes

Baralho

s ou t

arocirc

Ocorrecircncias

Valo

res

perc

entu

ais

107

Qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s) (citaccedilotildees)

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Velas 78 15 16 0 109 1601 Imagens em gesso 8 9 16 0 33 485 Imagens impressas 11 4 40 0 55 808 Ervas de cheiro 11 1 0 0 12 176 Buacutezios 9 0 0 0 9 132 Guias de santo 24 0 0 0 24 352 Tintas 1 0 0 0 1 015 Pinceacuteis 1 0 0 0 1 015 Charutos 4 0 0 0 4 059 Terccedilos 1 0 37 0 38 558 Sabonetes 1 16 0 0 17 250 Incenso 6 27 0 0 33 485 Bijuteria 16 21 21 0 58 852 Vestuaacuterio 0 8 10 10 28 411 Miacutedia eletrocircnica CD ou DVD 0 12 14 21 47 690 Miacutedia impressa 0 8 12 91 111 1630 Siacutembolos sagrados ou miacutesticos 0 9 13 21 43 631 Copos taccedilas ou similares 0 1 0 0 1 015 Armas 0 6 1 0 7 103 Pedras 0 19 0 0 19 279 Perfumes e aromatizantes 0 11 0 0 11 162 Calendaacuterios 0 6 0 2 8 117 Patuaacutes 4 0 0 0 4 059 Baralhos ou tarocirc 0 8 0 8 117 Totais 175 181 180 145 681 10000

108

Graacutefico e tabela 15 - Faixa de desembolso na loja

2667

2833

3104

1083

250

042 000 021000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Valores percentuais

Ate 10 reais 2667De 10 a 20 reais 2833De 20 a 40 reais 3104De 40 a 80 reais 1083De 80 a 160 reais 250De 160 a 320 reais 042Mais de 320 reais 000Natildeo quis ou natildeo souberesponder

021

Ocorrecircncias

109

Faixa de desembolso na loja Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Ate 10 reais 38 17 32 41 128 2667 De 10 a 20 reais 45 31 27 33 136 2833 De 20 a 40 reais 30 34 51 34 149 3104 De 40 a 80 reais 3 28 10 11 52 1083 De 80 a 160 reais 2 9 0 1 12 250 De 160 a 320 reais 1 1 0 0 2 042 Mais de 320 reais 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 0 0 0 1 021 Totais 120 120 120 120 480 10000

110

Graacutefico e tabela 16 - Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja

9

4238

100

1

Plenamente satisfeito (a)Satisfeito (a)Razoavelmente satisfeito (a)Sofrivelmente satisfeito (a)Insatisfeito (a)Natildeo quis ou natildeo soube responder

Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Plenamente satisfeito (a) 32 4 2 3 41 854 Satisfeito (a) 49 51 22 80 202 4208 Razoavelmente satisfeito (a) 37 49 70 27 183 3813 Sofrivelmente satisfeito (a) 1 5 0 0 6 125 Insatisfeito (a) 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 11 26 10 48 1000 Totais 120 120 120 120 480 10000

111

Graacutefico e tabela 17 - O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja

Sim51

Natildeo11

Natildeo quis ou natildeo soube responder

38

O Sr(a) pretende voltar outras vezes a esta loja

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Sim 112 46 39 47 244 5083 Natildeo 4 19 22 8 53 1104 Natildeo quis ou natildeo soube responder 4 55 59 65 183 3813 Totais 120 120 120 120 480 10000

112

Graacutefico e tabela 18 - Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo

1354

2104 2104

3917

146000

375

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

Valores percentuais

Caros 1354Relativamente caros 2104Razoavelmenteequilibrados

2104

Condizentes com a minharenda

3917

Baratos 146Muito baratos 000Natildeo quis ou natildeo souberesponder

375

Ocorrecircncias

113

Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs Lojas PROTs sum Δ

Caros 14 10 37 4 65 1354 Relativamente caros 23 17 28 33 101 2104 Razoavelmente equilibrados 22 21 21 37 101 2104 Condizentes com a minha renda 59 61 32 36 188 3917 Baratos 1 1 2 3 7 146 Muito baratos 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 10 0 7 18 375 Totais 120 120 120 120 480 10000

114

Graacutefico e tabela 19 - Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

6271

708

1604

271

000

125

1021

000 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

1021

Um convite especial 125Maior conforto 000Melhor atendimento 271Novos produtos 1604Melhores condiccedilotildees depagamento

708

Melhores preccedilos 6271

Ocorrecircncias

115

Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Melhores preccedilos 89 54 80 78 301 6271 Melhores condiccedilotildees de pagamento 14 5 4 11 34 708 Novos produtos 11 49 4 13 77 1604 Melhor atendimento 4 9 0 0 13 271 Maior conforto 0 0 0 0 0 000 Um convite especial 1 3 2 0 6 125 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 0 30 18 49 1021 Totais 120 120 120 120 480 10000

Os dados que apresentamos acima satildeo macro-estatiacutesticos e nortearam

o contexto geral desta pesquisa A anaacutelise mais detalhada deste trabalho seraacute reali-

zada no proacuteximo capiacutetulo

23 - Meacutetodo de anaacutelise dos dados coletados Como jaacute expusemos optaremos em realizar a anaacutelise de conteuacutedo155 dos

dados coletados atraveacutes da pesquisa de campo seguindo os princiacutepios metodoloacutegi-

cos apontados no livro Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais de Antocircnio Chiz-

zotti Segundo esse autor

Anaacutelise de conteuacutedo eacute um meacutetodo de tratamento e anaacutelise de informa-ccedilotildees colhidas por meio de teacutecnicas de coleta de dados consubstancia-das em um documento A teacutecnica se aplica agrave anaacutelise de textos escritos ou de qualquer comunicaccedilatildeo (oral visual gestual) reduzida a um texto ou documento

O objetivo da anaacutelise de conteuacutedo eacute compreender criticamente o sentido das comunicaccedilotildees seu conteuacutedo manifesto ou latente as significaccedilotildees expliacutecitas ou ocultas

A decodificaccedilatildeo de um documento pode utilizar-se de diferentes procedi-mentos para alcanccedilar o significado profundo das comunicaccedilotildees nele ci-fradas A escolha do procedimento mais adequado depende do material a ser analisado dos objetos da pesquisa e da posiccedilatildeo ideoloacutegica e social do analisador

155Laurence BARDIN Anaacutelise de Conteuacutedo p 105-106 esclarece que ldquofazer uma anaacutelise temaacutetica consiste em descobrir os lsquonuacutecleos de sentidorsquo que compotildeem a comunicaccedilatildeo e cuja presenccedila ou fre-quumlecircncia de apariccedilatildeo pode significar algumas coisas para o objetivo analiacutetico escolhido O tema eacute ge-ralmente utilizado como unidade de registro para estudar motivaccedilotildees de opiniotildees de atitudes de valores de crenccedilas de tendecircncias etc As respostas a questotildees abertas as entrevistas (natildeo direti-vas ou mais estruturadas) individuais ou de grupo de inqueacuterito ou de psicoterapia os protocolos de testes as reuniotildees de grupos os psicodramas as comunicaccedilotildees de massa etc podem ser e satildeo frequumlentemente analisados tendo o tempo por baserdquo

116

Esses procedimentos podem privilegiar um aspecto da anaacutelise seja de-compondo um texto em unidades leacutexicas (anaacutelise lexicoloacutegica) ou classifi-cando-o segundo categorias (anaacutelise categorial) seja desvelando o senti-do de uma comunicaccedilatildeo no momento do discurso (anaacutelise de enunciaccedilatildeo) ou revelando os significados dos conceitos em meios sociais diferencia-dos (anaacutelise de conotaccedilotildees) ou seja utilizando-se de qualquer outra for-ma inovadora de decodificaccedilatildeo de comunicaccedilotildees impressas visuais ges-tuais etc apreendendo o seu conteuacutedo expliacutecito ou impliacutecito

Esta teacutecnica procura reduzir o volume amplo de informaccedilotildees contidas em uma comunicaccedilatildeo a algumas caracteriacutesticas particulares ou categorias conceituais que permitam passar dos elementos descritivos agrave interpreta-ccedilatildeo ou investigar a compreensatildeo dos atores sociais no contexto cultural em que produzem a informaccedilatildeo ou enfim verificando a influecircncia desse contexto no estilo na forma e no conteuacutedo da comunicaccedilatildeo 156

Assim sendo a anaacutelise de conteuacutedo seraacute considerada como um meacutetodo

que contempla o conjunto de teacutecnicas de anaacutelise das comunicaccedilotildees A dinacircmica do

processo analiacutetico eacute marcada por uma grande variedade de formas e eacute adaptaacutevel a

um amplo campo de aplicaccedilatildeo que satildeo as comunicaccedilotildees

Desta forma para trabalharmos com o material da pesquisa de campo

desta dissertaccedilatildeo proporemos utilizar duas teacutecnicas de anaacutelise simultaneamente

uma do tipo temaacutetica (qualitativa) e outra do tipo frenquumlecircncial (quantitativa) sendo

que para a primeira utilizaremos a anaacutelise de enunciaccedilatildeo

A anaacutelise quantitativa estaraacute centrada sobre a demonstraccedilatildeo graacutefica da

relaccedilatildeo entre as variaacuteveis classificando os dados por categorias onde vamos de-

monstrar a relaccedilatildeo entre as possiacuteveis variaacuteveis157 Na anaacutelise qualitativa seguire-

mos as orientaccedilotildees fenomenoloacutegicas que nos sugerem ldquoir aleacutem das manifestaccedilotildees

imediatas para captaacute-las e desvelar e desvelar o sentido oculto das impressotildees ime-

diatas O sujeito precisa ultrapassar as aparecircncias para alcanccedilar a essecircncia dos fe-

nocircmenosrdquo158

Chizzotti comenta

156 Antonio CHIZZOTTI Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais p98-99 157 Ibid p 69 158 Ibid p 80

117

Para muitos autores a pesquisa quantitativa natildeo deve ser oposta agrave pes-quisa qualitativa mas ambas devem sinergicamente convergir na com-plementaridade muacutetua sem confinar os processos e questotildees metodoloacute-gicos a limites que atribuam os meacutetodos quantitativos exclusivamente ao positivismo ou os meacutetodos qualitativos ao pensamento interpretativo (fe-nomenologia dialeacutetica hermenecircutica etc) Esses autores consideram que eacute necessaacuterio superar as oposiccedilotildees que subsistem nas pesquisas em ciecircncias humanas e sociais e apontam que se pode fazer uma anaacutelise qualitativa de dados estritamente quantitativos ou que o material recolhido com teacutecnicas qualitativas podem ser analisadas com meacutetodos quantitati-vos como eacute o caso da anaacutelise de conteuacutedo159

No proacuteximo capiacutetulo atraveacutes da anaacutelise dos dados obtidos na pesquisa

de campo vamos entender e explicar o que constatamos que a feacute religiosa eacute a prin-

cipal alavanca motivacional do mercado varejista de produtos religiosos

159Antonio CHIZZOTTI Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais p 34

118

Capiacutetulo III ndash O varejo de produtos religiosos razatildeo e sensibilidade

Vendas a varejo eacute atenccedilatildeo aos detalhes (retail is detail) Eacute trabalho aacuterduo Cyril Magnin comerciante americano a-conselha ldquoQuem tem mais de 40 anos tem pouco a ver com o varejordquo Um velho proveacuterbio chinecircs acrescenta ldquoQuem natildeo sorri natildeo abre lojardquo

Philiph Kotler160

Marketing eacute tatildeo baacutesico que natildeo pode ser considerado como uma funccedilatildeo isolada Eacute o negoacutecio inteiro cujo resul-tado final depende do ponto de vista do cliente

Peter Drucker161

Neste capiacutetulo iremos analisar as respostas da pesquisa de campo que

tiveram como publico alvo compradores maiores de catorze anos

Discorreremos sobre o ponto central de nosso trabalho quando formos

verificar que a motivaccedilatildeo da compra de diversos produtos religiosos pelos sujeitos

entrevistados tem as conotaccedilotildees da religiosidade poacutes-moderna e em especial a

razatildeo da feacute individual

Sobre a religiosidade poacutes-moderna Estela Noronha afirmou que

() sabiacuteamos que ambas as visotildees e discursos estavam em conformida-de com o movimento da poacutes-modernidade onde as novas formas ou ten-decircncias do ldquoserrdquo religioso satildeo sincreacuteticas e polissecircmicas marcadas pela diversidade pela pluralidade de credos pelo tracircnsito religioso e pela falta de submissatildeo hieraacuterquica agraves instituiccedilotildees religiosas Ao mesmo tempo em que tambeacutem buscam um sentido existencial individualista e subjetivo centrado no indiviacuteduo e no seu cotidiano muitas vezes utilitarista con-sumista e praacutetico162

160Philip KOTLER Marketing de A a Z p224 161Philip KOTLER Administraccedilatildeo de Marketing Anaacutelise planejamento administraccedilatildeo e controle p29 162Estela NORONHA Tenha feacute tenha confianccedila Iemanjaacute eacute uma esperanccedila Um estudo a luz da soacute-cio-antropologia e da psicologia analiacutetica do fenocircmeno ldquoIemanjismordquo entre os natildeo devotos das religi-otildees afro-brasileira p170

119

Estaremos enfocando os clientes que efetivaram compras nas lojas de

produtos para a profissatildeo da feacute catoacutelica das diversas denominaccedilotildees do credo pro-

testante-cristatildeo das religiotildees afro-brasileiras e das doutrinas com menores hetero-

doxias se considerados os vieses judaico-cristatildeos163 das religiotildees ocidentais

Objetivamos delinear um perfil desses consumidores aleacutem de examinar-

mos os resultados obtidos sob o enfoque dos dados funcionais do composto de

marketing164 tendo em vista o consumidor Salvo melhor juiacutezo satildeo estas as ferra-

mentas que a ciecircncia oferece para a implementaccedilatildeo das estrateacutegias mercadoloacutegicas

e que tenham como meta o atendimento das necessidades das pessoas que com-

potildeem o puacuteblico do mercado de produtos religiosos

Segundo Kotler

O ponto de partida para o estudo do marketing reside nas necessidades e desejos humanos A humanidade precisa de comida ar aacutegua roupa e abrigo para sobreviver Aleacutem disso as pessoas desejam recreaccedilatildeo edu-caccedilatildeo e outros serviccedilos Elas tecircm preferecircncias notaacuteveis por tipos especiacute-ficos de bens de serviccedilos baacutesicos165

Antes que passemos para as questotildees que examinam os aspectos da feacute

e da religiosidade do puacuteblico alvo e consumidor de produtos relacionados agrave religiosi-

dade e feacute eacute necessaacuterio que faccedilamos uma siacutentese dos dados macro-estatiacutesticos que

foram demonstrados no segundo capiacutetulo para que possamos embasar a anaacutelise

acerca do fator motivacional que justifica a aquisiccedilatildeo desses bens no comercio va-

rejista de produtos religiosos A pesquisa de campo tambeacutem justificaraacute o prisma ana-

liacutetico-mercadoloacutegico que pretendemos empreender

Alexandre L Las Casas afirma

163 Referimos-nos aacutes doutrinas celtas entre as quais o Druidismo a religiatildeo Wica correntes que ad-vogam o poder maacutegico atraveacutes de cristais pedras preciosas florais aromas etc Tambeacutem estatildeo con-templadas nessa linha denominativa as religiotildees orientais tais como o hinduiacutesmo hinduiacutesmo bramacirc-nico o taoiacutesmo o budismo e o movimento Hare Krishna entre outros 164 Os elementos funcionais do composto de marketing satildeo compreendidos conceitualmente atraveacutes do produto como soluccedilatildeo para o cliente do preccedilo final de venda como custo para aquisiccedilatildeo de bens ou serviccedilos da praccedila ou dos pontos de venda como uma conveniecircncia logiacutestica de abastecimento para a clientela e da promoccedilatildeo publicidade e propaganda como forma de comunicaccedilatildeo institucional e mercadoloacutegica 165 Philip KOTLER Marketing p31

120

A pesquisa eacute a aplicaccedilatildeo de teacutecnicas mais cientificas ao marketing numa tentativa de modificar sua ecircnfase de estado de artes para o da ciecircncia O espiacuterito cientiacutefico deve dominar o pesquisador Neste sentido ele deve a-fastar-se de qualquer julgamento preacutevio que tenha sobre determinado as-sunto e analisar os fatos como eles se apresentam mesmo que sejam bas-tante contraditoacuterios com alguma ideacuteia ou crenccedila dos principais responsaacute-veis pelo projeto O meacutetodo cientiacutefico eacute caracterizado tambeacutem pelo rigor e pela loacutegica e o pesquisador deve sempre visar agrave objetividade e um com-promisso com a busca da realidade166

Complementamos nossa proposiccedilatildeo pelas afirmaccedilotildees de Las Casas

A pesquisa eacute um dos mais importantes subsistemas do SIM167 A pesquisa de mercado eacute uma forma sistemaacutetica de coleta e anaacutelise de dados relati-vos a problemas ou oportunidades de marketing e pode ser realizada de forma constante (paineacuteis) ou para resolver um problema especiacutefico (ad doc) 168

31 Abordagem macroscoacutepica dos dados da pesquisa de campo O meacutetodo utilizado na presente pesquisa foi o quantitativo-descritivo cujo

objetivo eacute segundo Greenwood169 em sua obra Metodologia de La Investigacioacuten

Social especificar a distribuiccedilatildeo de um fenocircmeno determinado de uma populaccedilatildeo

sendo resultado portanto a afirmaccedilatildeo de um fato A teacutecnica de levantamento de

dados utilizada eacute do tipo survey170 uma vez que se procura a descriccedilatildeo de caracte-

riacutesticas quantitativas da populaccedilatildeo

O universo de nossa pesquisa se constitui de clientes finais de empresas

varejistas de pequeno e meacutedio porte171 localizadas na cidade de Satildeo Paulo A amos-

tragem ocorreu de forma aleatoacuteria sendo entrevistados os clientes das lojas que

expressaram o seu espiacuterito colaborativo diretamente aos entrevistadores Optamos

166 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing p89 167 O autor refere-se ao sistema de inteligecircncia de marketing que eacute uma forma organizada e planeja-da de proporcionar informaccedilotildees de maneira constante aos agentes de decisotildees nas empresas 168 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing p88 169 A obra citada eacute de autoria de Ernest Greenwood de ediccedilatildeo Argentina intitulada Metodologia de la a Investigacioacuten Social Buenos Aires Paidos 1973 170 Survey eacute o termo teacutecnico para um levantamento de informaccedilotildees ou opiniotildees por meio de um ques-tionaacuterio administrado a uma amostra (geralmente aleatoacuteria) da populaccedilatildeo estudada 171 Segundo a Instruccedilatildeo Normativa no 355 da Secretaria da Receita Federal do Minsiteacuterio da Fazen-da de 29 de agosto de 2003 considera-se microempresa (ME) pessoa juriacutedica com receita bruta igual ou inferior a R$ 12000000 e empresa de pequeno porte (EPP) pessoa juriacutedica com receita anual bruta superior a R$ 12000000 e igual ou inferior a R$ 120000000

121

pelo questionaacuterio com questotildees estruturadas e semi-estruturadas como o instrumen-

to de coleta mais adequado aos objetivos principalmente devido agrave sua natureza im-

pessoal e uniforme conforme recomendaccedilotildees do autor C Selltiz na obra Meacutetodos

de Pesquisa nas Relaccedilotildees Sociais172

O tratamento estatiacutestico dos dados foi elaborado segundo a prescriccedilatildeo

metodoloacutegica com a codificaccedilatildeo tabulaccedilatildeo e anaacutelise atraveacutes do programa SPSS -

Statistical Package for the Social Sciences for Windows versatildeo 13 Os cocircmputos

estatiacutesticos usados que seratildeo usados para anaacutelise seratildeo os do cruzamento entre as

variaacuteveis

Assim sendo a tiacutetulo de esclarecimento fizemos um resumo dos resulta-

dos que alcanccedilamos com a pesquisa de campo com o perfil dos consumidores en-

trevistados assim como para os dados mercadoloacutegicos

Perfil

bull 8792 satildeo mulheres contra 1208 que satildeo homens

bull 3104 estatildeo na faixa etaacuteria de 25 a 35 anos 2479 na de 35 a

45 anos 1688 na de 45 a 55 anos 1646 na de 18 a 25 anos

e 250 na superior a 65 anos

bull 7292 satildeo casados 1646 satildeo solteiros 917 satildeo separados ju-

dicialmente ou divorciados e 146 satildeo viuacutevos

bull 6083 possuem o segundo grau 2667 possuem o primeiro

grau 1188 possuem o terceiro grau e 063 satildeo poacutes-

graduados

bull 4083 satildeo donas de casa 2646 satildeo comerciaacuterios 2104 satildeo

profissionais liberais 375 satildeo estudantes 313 satildeo servidores

puacuteblicos 292 satildeo comerciantes e 188 satildeo desempregados

bull 7438 satildeo pessoas naturais da cidade de Satildeo Paulo contra

2563 pessoas que satildeo nascidas fora do municiacutepio de Satildeo Pau-

lo

bull 5292 dos sujeitos entrevistados trabalham ou residem no bairro

em que se localiza a loja em que efetuaram a compra 2396 nas

172 SELLTIZ C et al Meacutetodos de Pesquisa nas Relaccedilotildees Sociais Satildeo Paulo editora Herder1965

122

imediaccedilotildees da loja 1958 de outros bairros e 354 natildeo soube-

ram ou natildeo quiseram responder

bull 3063 situam-se como consumidores com renda familiar de 5 a 8

salaacuterios miacutenimos 2958 com renda familiar de 3 a 5 salaacuterios miacute-

nimos 1938 com renda familiar de 8 a 10 salaacuterios miacutenimos

958 com renda familiar de 1 a 3 salaacuterios miacutenimos 542 com

renda superior a 10 salaacuterios miacutenimos 438 natildeo souberam ou

natildeo quiseram responder e 104 detecircm ateacute 1 salaacuterio miacutenimo

bull 8063 declaram que foram batizados na religiatildeo catoacutelica 917

por denominaccedilotildees protestantes 333 o foram pela umbanda ou

natildeo souberam ou natildeo quiseram responder a essa questatildeo 188

declararam que foram batizados pelo espiritismo kardecista 083

o foram pelas religiotildees novoeristas 042 declaram que natildeo fo-

ram batizados e 021 o foram pelo candombleacute e por correntes de

pensamento budista

bull 3250 afirmaram que praticam a religiatildeo catoacutelica 2563 prati-

cam religiotildees de denominaccedilotildees protestantes 1813 natildeo soube-

ram ou natildeo quiseram responder a essa questatildeo 1125 praticam

a umbanda 458 o candombleacute e 313 o espiritismo kardecista

Notamos claramente que haacute uma tendecircncia de consumo aos bens rela-

cionados a religiosidade pelas mulheres em contra partida aos homens e em espe-

cial por mulheres que satildeo donas de casa Mais da metade dos indiviacuteduos entrevis-

tados estatildeo com idade variando entre 25 a 45 anos e em sua grande maioria satildeo

casados Uma expressatildeo representativa do conjunto de gecircneros pesquisados tem

como niacutevel de escolaridade o segundo grau Situam-se como consumidores com

renda familiar de 3 a 8 salaacuterios miacutenimos ficando os indiviacuteduos pertencentes agraves clas-

ses mais eou menos bastadas nas extremidades dos resultados estatiacutesticos Reve-

la-se nitidamente a presenccedila da classe meacutedia Foram batizados em sua maioria den-

tro dos preceitos da religiatildeo catoacutelica e satildeo praticantes das religiotildees cristatildes Escolhe-

ram comprar nos estabelecimentos comerciais pesquisados por morarem ou traba-

lharem no mesmo bairro Satildeo em sua grande maioria naturais da cidade de Satildeo

Paulo

123

Questotildees mercadoloacutegicas

bull 2500 dos sujeitos entrevistados declaram que compram produ-

tos relacionados agrave religiatildeo menos de uma vez por ano 2105 uma

vez por ano 1375 uma vez por semestre 1313 uma vez a

cada dois meses 1083 uma vez a cada trecircs meses 917 natildeo

quiseram ou natildeo souberam responder e 688 compram pelo me-

nos uma vez por mecircs

bull 4292 dos entrevistados afirmam que o principal motivo da com-

pra eacute a que a imagem do produto reforccedila a sua feacute 2042 porque

os objetos satildeo importantes no ritual ou culto religioso 1854 por-

que o produto traz proteccedilatildeo 625 porque a compra desempe-

nharaacute o papel de presente a terceiros 563 porque o principal

cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar e 313 natildeo qui-

seram ou souberam responder e porque acharam o produto boni-

to

bull 5271 dos consumidores tiveram conhecimento da existecircncia da

loja por indicaccedilotildees de placas ou vitrines 2188 por indicaccedilotildees de

parentes ou amigos da sua comunidade religiosa 646 pelo pa-

dre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pastora sheik ou rabino

333 por parente ou amigos de fora da comunidade religiosa

125 pela lista telefocircnica 063 pela Internet e 021 pelo raacutedio

ou televisatildeo

bull 3104 desembolsaram de R$ 2000 a R$ 4000 2833 de R$

1000 a R$ 2000 2667 ateacute R$ 1000 1083 de R$ 4000 a R$

8000 250 de R$ 8000 a R$ 16000 042 de R$ 16000 a R$

32000 e 021 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder

bull 3917 dos entrevistados disseram que os preccedilos praticados e-

ram condizentes com a sua renda 2104 acharam os preccedilos ra-

zoavelmente equilibrados 2104 relativamente caros 1354

caros 375 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder e 146

baratos

bull 4208 dos clientes entrevistados declaram estar satisfeitos com o

atendimento recebido na loja 3813 definiram-se razoavelmente

124

satisfeitos 1000 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder

854 acham-se plenamente satisfeitos e 125 estatildeo sofrivel-

mente satisfeitos

bull 5083 disseram que pretendem voltar outras vezes agrave loja

3813 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder e 1104 natildeo

pretendem voltar ao estabelecimento

bull 6271 dos clientes das lojas afirmaram que estariam motivados a

voltar mais vezes agrave loja se os produtos tivessem melhores preccedilos

1604 se a loja oferecesse novos produtos 1021 natildeo quise-

ram ou natildeo souberam responder 708 voltariam se tivessem en-

contrado melhores formas de pagamento e 121 havendo um

convite especial

Considerando uma abordagem macro estatiacutestica referente agraves questotildees

afetas agrave dinacircmica comercial dos sujeitos que efetivaram aquisiccedilotildees de bens nas lo-

jas pesquisadas podemos afirmar que a grande maioria efetivou compras de algum

produto pelo menos uma vez ao ano cujo motivo principal estaacute relacionado ao as-

pecto religioso e em particular com a feacute individual Na sua grande maioria a esco-

lha da loja se deu por uma questatildeo de visibilidade indicativa externa o que demons-

tra que o ponto comercial eacute de relevante importacircncia para o empreendimento de

vendas no caso deste estudo das vendas no varejo Nesta pesquisa notou-se que

os negoacutecios se concretizaram em funccedilatildeo dos estabelecimentos comerciais estarem

localizados em rotas estrateacutegicas que contemplam o caminho dos entrevistados pa-

ra suas residecircncias ou locais de trabalho A faixa de gastos com as compras esteve

em sua maioria situada entre R$ 1000 e R$ 4000 Um expressivo nuacutemero de con-

sumidores afirmou que os preccedilos praticados por essas lojas estatildeo ao alcance de seu

poder aquisitivo descaracterizando o princiacutepio da compra pelo fator econocircmico-

especulativo embora tenham sinalizado que se os produtos comercializados fossem

mais baratos voltariam com maior frequumlecircncia agraves compras O grau de satisfaccedilatildeo com

o atendimento dos vendedores eacute elevado e mais de 50 dos sujeitos abordados

pretendem retornar agraves compras na mesma loja

Para facilitar a leitura da questatildeo aberta compusemos um quadro com as

respostas obtidas A compreensatildeo macroscoacutepica dos dados alcanccedilados ajudaraacute a

efetuar uma visatildeo mais ampla e geral sobre os produtos comprados Os dados com-

pilados satildeo os seguintes

125

Tabela 20 ndash Pergunta qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s)

Produtos Frequumlecircncia ∆ Velas 109 1601 Imagens em gesso 33 485 Imagens impressas 55 808 Ervas de cheiro 12 176 Buacutezios 9 132 Guias de santo 24 352 Tintas 1 015 Pinceacuteis 1 015 Charutos 4 059 Terccedilos 38 558 Sabonetes 17 250 Incenso 33 485 Bijuteria 58 852 Vestuaacuterio 28 411 Miacutedia eletrocircnica CD ou DVD 47 690 Miacutedia impressa 111 1630 Siacutembolos sagrados ou miacutesticos 43 631 Copos taccedilas ou similares 1 015 Armas 7 103 Pedras 19 279 Perfumes e aromatizantes 11 162 Calendaacuterios 8 117 Patuaacutes 4 059 Baralhos ou tarocirc 8 117 Totais 681 10000

Embora o mix ou a variedade de produtos oferecidos agrave clientela das lojas

seja significativo os itens de compra que aparecem com maior frequumlecircncia satildeo as

miacutedias impressas (panfletos fotos imagens desenhos gravuras livros revistas

etc) numa participaccedilatildeo de 1630 As velas tambeacutem tecircm um destaque especial no

interesse do consumidor com participaccedilatildeo de 1601 sobre as vendas dos demais

produtos comprados

Foram apontados 681 produtos quando questionamos dentro de uma va-

riabilidade significativa Satildeo produtos simples de consumo e categorizaccedilatildeo popular

e que intrinsecamente dispensam o uso de materiais mais desenvolvidos (a exceccedilatildeo

neste caso estaacute centrada sobre as miacutedias digitais ou seja os CDrsquos e os DVDrsquos)

126

Produtos de aplicaccedilotildees muacuteltiplas tambeacutem satildeo frequentemente detecta-

dos nas gocircndolas das lojas

Percebemos nas lojas indiacutecios de produtos com produccedilatildeo artesanal ca-

recendo muitas vezes de melhores especificaccedilotildees constitutivas e nem sempre ade-

quados agraves normas teacutecnicas vigentes em nosso paiacutes poreacutem de qualidade comprova-

da e agradaacutevel ao gosto e preferecircncia do consumidor Satildeo os casos de chaacutes sabo-

netes aromatizantes ervas de cheiro etc

A oferta de imagens confeccionadas em diversos materiais eacute farta e evi-

dente guardada a necessaacuteria exceccedilatildeo para os produtos das lojas que se destinam a

atender o segmento das denominaccedilotildees protestantes Poreacutem a profusatildeo de cores e

alguns cuidados na exposiccedilatildeo dos produtos assim como alguns apelos mercadoloacute-

gicos com banners e displays realccedilando as caracteriacutesticas e preccedilos dos produtos

satildeo tambeacutem perceptiacuteveis

Eacute interessante notar que embora exista uma grande gama de produtos

com dupla aplicaccedilatildeo (dentro e fora dos aspetos inerentes aacute religiosidade) as carac-

teriacutesticas sagradas ou maacutegicas dos mesmos satildeo evidenciadas

A possiacutevel causa para esse fato pode estar correlacionado aos contornos

hierofacircnicos que esses produtos contecircm e por serem comercializados em estabele-

cimentos comerciais que tecircm como objetivo empresarial prover uma clientela que

necessita e deseja adquirir os complementos materiais e simboacutelicos para a profissatildeo

de suas crenccedilas ou feacute

Edecircnio Valle registra

A referecircncia das religiotildees ao sagrado apresenta uma impressionante varie-dade de concretizaccedilotildees e mediaccedilotildees Natildeo existe nenhum acontecimento natural ou vital que natildeo tenha sido ou possa ser revestido de caraacuteter sa-grado por alguma cultura Qualquer experiecircncia fato fenocircmeno ou objeto pode ser hierofacircnico isto eacute ldquorevelador do divinordquo para seres humanos em busca de transcendecircncia seja qual for essa Mas ao mesmo tempo o ldquomisteacuterio inefaacutevelrdquo essa uacuteltima dimensatildeo da feacute religiosa jamais eacute atingido Natildeo pode ser explicado apenas tangenciado As religiotildees e hierofanias o revelam e ocultam a um soacute tempo Os siacutembolos religiosos satildeo mediadores que nunca conduzem ao conhecimento pleno do ldquoTodordquo que sinalizam A maneira que as religiotildees olham para o sagrado e a ele se avizinham eacute a-travessada assim por uma ambiguumlidade intriacutenseca A suposta clareza nos enunciados doutrinais desse ponto de vista eacute totalmente ilusoacuteria173

173 Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia religiosa p17

127

Sob o ponto de vista do marketing as hierofanias assumem um aspecto

de vantagem competitiva Outros segmentos comerciais natildeo apresentam tal fenocirc-

meno sendo essa particularidade situacional um fator diferencial relevante quando

comparados pelas demais possibilidades mercadoloacutegicas de investimento financeiro

Outra particularidade relevante apontada pelas palavras de Edecircnio Valle e conside-

rado o vieacutes comercial verifica-se quando lemos que os objetos podem funcionar

simbolicamente como vetores de aproximaccedilatildeo com o transcendente e o sagrado e eacute

intriacutenseco agrave feacute de quem os consome Essa caracteriacutestica especial nesses produtos

tambeacutem se diferencia dos demais se considerado o prisma comercial endoacutegeno do

comeacutercio religioso O autor sinaliza por um conhecimento preacutevio por parte dos con-

sumidores acerca dos valores e significaccedilotildees religiosas aplicaccedilotildees especiacuteficas e

finalidades distintas que tecircm esses produtos Traduz-se dessa maneira como uma

natural economia de esforccedilos materiais e humanos com treinamento de pessoal es-

pecializado para vendas estrateacutegias de aproximaccedilatildeo do produto com o mercado

reduccedilatildeo de despesas com publicidade geral e com a propaganda O produto religio-

so oferece tambeacutem a oportunidade em se estabelecer poliacuteticas e estrateacutegias de

vendas especiacuteficas e dirigidas guardadas as devidas e necessaacuterias consideraccedilotildees eacuteticas

32 A feacute como razatildeo motivacional para compras atraveacutes do prisma estatiacutestico A principal questatildeo de nossa dissertaccedilatildeo estaacute centrada sobre as possiacute-

veis razotildees motivacionais que levam determinadas pessoas ao varejo de produtos

relacionados agrave religiosidade

Estaremos nos referindo agraves unidades compradoras e ao seu comporta-

mento quando considerarmos o processo de troca comercial tendo como objeto a

aquisiccedilatildeo de bens relacionados aos aspectos religiosos dos indiviacuteduos respeitando

as partes envolvidas no processo

John C Mowen e Michael S Minor consideram que

O comportamento do consumidor eacute definido como o estudo das unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na aquisiccedilatildeo no con-sumo e na disposiccedilatildeo de mercadorias serviccedilos e ideacuteias174

174 John C MOWEN e Michael S MINOR Comportamento do consumidor p3

128

Nossas atenccedilotildees estaratildeo voltadas para o setor varejista que comerciali-

za produtos relacionados agrave feacute Este setor da economia brasileira em especial da

cidade de Satildeo Paulo onde empreendemos a pesquisa de campo se caracteriza

dentro da definiccedilatildeo de Juracy Parente

Varejo consiste em todas as atividades que englobam o processo de venda de produtos e serviccedilos para atender a uma necessidade pessoal do con-sumidor final O varejista eacute qualquer instituiccedilatildeo cuja atividade principal con-siste no varejo isto eacute na venda de produtos e serviccedilos para o consumidor final175

O ponto central e comum entre os autores e estudiosos sobre a mercado-

logia varejista eacute perceptiacutevel quando focamos suas atenccedilotildees e preocupaccedilotildees sobre

as relaccedilotildees que satildeo estabelecidas entre a estrutura comercial e a clientela final in-

dependentemente do segmento de marketing a ser considerado como a maneira

pela qual os produtos satildeo comercializados

Kotler enuncia

O varejo inclui todas as atividades envolvidas na venda de bens e serviccedilos diretamente aos consumidores finais para uso pessoal Qualquer organiza-ccedilatildeo que utiliza esta forma de venda ndash um fabricante um atacadista ou um varejista ndash estaacute praticando o varejo Natildeo importa a maneira pela qual os bens e serviccedilos satildeo vendidos (venda pessoal correios telefone ou maacutequi-na automaacutetica) ou onde eles satildeo vendidos (loja rua ou residecircncia)176

Segundo Las Casas

Independentemente da forma com que as definiccedilotildees varejistas satildeo apre-sentadas um aspecto importante a salientar eacute que se trata de comerciali-zaccedilatildeo a consumidores finais177

175 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p22 176 Philip KOTLER Administraccedilatildeo de marketing anaacutelise planejamento implementaccedilatildeo e controle p618 177 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing de Varejo p 17

129

Partindo dos enunciados acima pretendemos sequencialmente exami-

nar com melhor acuidade como se desenvolve a decisatildeo de compra conjuntamente

com outras variaacuteveis levantadas na pesquisa de campo e na hipoacutetese deste traba-

lho

Trabalharemos pela confirmaccedilatildeo hipoteacutetica de que a feacute seja a razatildeo prin-

cipal e pessoal das compras dos clientes das lojas pesquisadas conforme o anunci-

aram os dados levantados

Nosso propoacutesito neste momento eacute tambeacutem o de promover a interseccedilatildeo

da questatildeo especiacutefica que investiga as causas das compras com as diversas faces

do consumidor final178 assim como algumas opiniotildees deles sobre tal evento comer-

cial

O sucesso de qualquer empresa depende da sintonia que consegue es-

tabelecer com seus consumidores sejam eles finais ou institucionais Para enten-

dermos qual eacute a dinacircmica comercial de um mercado se faz necessaacuterio conhecer a

composiccedilatildeo de suas partes e suas variaacuteveis ambientais

A populaccedilatildeo aparece como a principal variaacutevel demograacutefica a ser investi-

gada No caso desta dissertaccedilatildeo encontramos o seguinte quadro abaixo descrito

Tabela 21

Gecircnero Frequumlecircncia Participaccedilatildeo Masculino 58 121 Feminino 422 879 Total 480 10000

Participaram da amostra um percentual significativo de indiviacuteduos do gecirc-

nero feminino com a frequumlecircncia relativa de 879 sobre os valores totais de partici-

pantes Este eacute um dado importante porque corrobora com o que diz Parente

Mudanccedila profunda vem ocorrendo nos haacutebitos e comportamento de com-pra com o aumento do nuacutemero de mulheres no mercado de trabalho De acordo com pesquisas do IBGE de 1996 cerca de 40 da Populaccedilatildeo Eco-nomicamente Ativa era composta de mulheres179

178 Considerada a variaacutevel gecircnero 179 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p89

130

Aplicando o conceito acima podemos concluir que haacute uma explicita maio-

ria feminina disposta e aacutevida ao consumo de produtos destinados para a praacutetica reli-

giosa tambeacutem

Tabela 22 Gecircnero Masculino Feminino Total

Comerciaacuterio (a) 440 2210 2650 Dona de casa 4060 4060 Comerciante 130 170 290 Profissional Liberal180 440 1690 2130 Servidor (a) Puacuteblico (a) 080 230 310 Estudante 080 290 380

Profissatildeo

Desempregado (a) 040 150 190

Total 1210 8790 10000

Notamos que a participaccedilatildeo da dona de casa no varejo de produtos reli-

giosos eacute expressiva Na amostra populacional elas participam com 4060 dos ca-

sos Poreacutem a participaccedilatildeo da mulher trabalhadora tambeacutem foi detectada na pesqui-

sa de campo Esta categoria de indiviacuteduos quando somada jaacute representa mais 50

das opccedilotildees apresentadas para as profissotildees a esse gecircnero (22 satildeo comerciaacuterias

170 comerciantes e 1690 profissionais liberais no universo feminino da amos-

tra)

Assinala Parente sobre a importacircncia da mulher trabalhadora e a partici-

paccedilatildeo delas como consumidoras no varejo

Essa eacute uma das mudanccedilas que vecircm causando maior impacto no varejo O ingresso da mulher no mercado de trabalho ocasiona um aumento do po-der compra do domiciacutelio e modifica os haacutebitos de compra e do consumo domiciliar Independentemente da faixa de renda a participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho continuaraacute a crescer o que estimularaacute a induacutestria a lanccedilar produtos especiacuteficos para esse puacuteblico A mulher teraacute cada vez mais voz e poder nas decisotildees familiares Para a mulher que trabalha fora a busca da conveniecircncia torna-se uma das principais motivaccedilotildees de seu pro-cesso de compra181

180 Os profissionais liberais satildeo os trabalhadores autocircnomos que natildeo necessitam de uma estrutura juriacutedica para o exerciacutecio de suas profissotildees Exemplo Advogados (as) meacutedicos (as) dentistas moto-ristas de taacutexi costureiras etc 181 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p97

131

Quando questionamos a naturalidade dos gecircneros entrevistados 7440

afirmaram serem paulistanos conforme demonstra a tabela abaixo

Tabela 23

Gecircnero Masculino Feminino Total

Sim 940 6500 7440 O Sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo Natildeo 270 2290 2560 Total 1210 8790 10000

Tabela 24 Gecircnero Masculino Feminino Total

De 18 a 25 anos 310 1330 1650 De 25 a 35 anos 270 2830 3100 De 35 a 45 anos 350 2130 2480 De 45 a 55 anos 210 1480 1690 De 55 a 65 anos 060 770 830

Idade

Mais de 65 anos 250 250 Total 1210 8790 10000

Na amostra examinada as mulheres que estatildeo com idade entre 25 a 35

anos satildeo as mais recorrentes com uma participaccedilatildeo de 2830 do total dos indiviacute-

duos pesquisados que somaram 3100 para a faixa etaacuteria com maior frequumlecircncia

Para os homens a amostra apresentou um aumento na faixa etaacuteria Os indiviacuteduos

masculinos que participam com maior expressividade estatildeo na faixa de 35 a 45 a-

nos com 350 do universo total participativo A pesquisa demonstrou tambeacutem a

presenccedila da terceira idade como consumidores femininos na ordem de 250 do

total de indiviacuteduos pesquisados

Tabela 25

Renda Familiar Ateacute 01

salaacuterio miacutenimo

De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos

De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos

De 05 a 08 salaacute-

rios miacutenimos

De 08 a 10 salaacute-

rios miacutenimos

Mais de 10 salaacute-

rios miacutenimos

Natildeo quis ou natildeo soube

responder

Total

Masculino 020 100 270 480 270 040 020 1210 Gecircnero Feminino 080 850 2690 2580 1670 500 420 8790

Total 100 960 2960 3060 1940 540 440 10000

A mostra demonstrou que existe uma diferenccedila relevante da participaccedilatildeo

entre os gecircneros por classe de renda Enquanto a faixa de renda com maior signifi-

cacircncia participativa foi de 3060 para a faixa de 05 a 08 salaacuterios miacutenimos as mu-

132

lheres satildeo mais representativas para uma categoria imediatamente inferior estando

na categoria das famiacutelias com renda de ateacute 05 salaacuterios miacutenimos A participaccedilatildeo

masculina apesar de menos significativa em seus aspectos gerais da amostra para

este o quesito renda familiar influencia por estar numa faixa de maior poder aquisi-

tivo

Juracy Parente anota que

A distribuiccedilatildeo de renda eacute outra dimensatildeo econocircmica que influencia as o-portunidades de mercado para diferentes tipos de varejo em uma regiatildeo Domiciacutelios com diferentes faixas salariais acusam padrotildees de consumo muito diferenciados182

Tabela 26

Grau de escolaridade Ateacute o primeiro grau Ateacute o segundo grau Ateacute o terceiro grau Poacutes-graduado

Total

Masculino 170 810 210 020 1210 Gecircnero Feminino 2500 5270 980 040 8790

Total 2670 6080 1190 060 10000

O grau de escolaridade demonstrou que a maioria das pessoas partici-

pantes da amostra tem ateacute o segundo grau (8750) No entanto para os valores

relativos agrave participaccedilatildeo feminina com o niacutevel de escolaridade poacutes-graduada a dife-

renccedila eacute 100 superior aos indicadores masculinos com participaccedilotildees respectivas

de 020 e 040

Parente pontua sobre a educaccedilatildeo e cultura

O grau de educaccedilatildeo eacute outra dimensatildeo que influencia o comportamento de compra dos consumidores Pessoas mais bem educadas satildeo em geral mais bem informadas e mostram maior capacidade em avaliar com profun-didade as diferentes alternativas de produtos e lojas Satildeo mais exigentes quanto agrave qualidade dos produtos desenvolvem avaliaccedilotildees mais criteriosas sobre benefiacuteciocusto de diferentes alternativas e processam com mais discernimento as mensagens das propagandas Pessoas com este perfil exigem ser atendidas nas lojas por uma equipe que consiga responder de forma inteligente a suas indagaccedilotildees e necessidades Observa-se uma forte relaccedilatildeo entre o niacutevel de renda e o niacutevel de educaccedilatildeo

182 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p 100

133

Tabela 27 Gecircnero Masculino Feminino Total

Catoacutelica 980 7080 8060 Protestante 020 900 920 Espiacuterita Kardecista 040 150 190 Umbandista 060 270 330 Candomblecista 020 020 Budista 020 020 Novoerista 020 060 080 Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 060 270 330

Religiatildeo de Ba-tismo

Natildeo eacute batizado 040 040 Total 1210 8790 10000

No aspecto da religiosidade a amostra demonstrou que a maioria dos su-

jeitos entrevistados satildeo batizados na religiatildeo catoacutelica (8060) Isto significa que o

inicio da vivecircncia e da praacutetica religiosa eacute exercida pelo vieacutes do catolicismo

Tabela 28

Gecircnero Masculino Feminino Total

Catoacutelica 520 2730 3250 Protestante 150 2420 2560 Espiacuterita Kardecista 060 250 310 Umbandista 150 980 1130 Candomblecista 130 350 480 Novoerista 040 420 460

Religiatildeo Prati-cada

Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 170 1650 1810

Total 1210 8790 10000

A tabela acima demonstra a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo que pratica a reli-

giatildeo catoacutelica como sendo a mais proeminente com 3250 dos sujeitos entrevista-

dos No entanto podemos notar as mudanccedilas no eixo dinacircmico da praacutetica e na feacute

religiosa dos sujeitos e entre os gecircneros se compararmos cruzando as duas tabelas

acima

134

Tabela 29

Gecircnero Religiatildeo de Batismo Masculino Feminino Total

Catoacutelica 590 3280 3880 Protestante 160 1810 1960 Espiacuterita Kardecista 280 280 Umbandista 130 830 960 Candomblecista 130 390 520 Novoerista 050 360 410

Religiatildeo Praticada

Natildeo quis ou natildeo soube responder 160 1830 1990

Catoacutelica

Total 1210 8790 10000Religiatildeo Praticada Protestante 230 9770 10000Protestante

Total 230 9770 10000Catoacutelica 1110 1110 2220 Protestante 3330 3330 Umbandista 2220 2220 Religiatildeo

Praticada Natildeo quis ou natildeo soube responder 1110 1110 2220

Espiacuterita Kardecista

Total 2220 7780 10000Catoacutelica 630 1250 1880 Espiacuterita Kardecista 630 630 Umbandista 630 5000 5630 Novoerista 1250 1250

Religiatildeo Praticada

Natildeo quis ou natildeo soube responder 630 630

Umbandista

Total 1880 8130 10000Religiatildeo Praticada Candomblecista 10000 10000Candomblecista

Total 10000 10000Religiatildeo Praticada Novoerista 10000 10000Budista

Total 10000 10000Catoacutelica 2500 2500 Espiacuterita Kardecista 2500 2500 Religiatildeo

Praticada Novoerista 5000 5000 Novoerista

Total 2500 7500 10000Espiacuterita Kardecista 630 630 1250 Umbandista 630 3130 3750 Candomblecista 1250 1250 Religiatildeo

Praticada Natildeo quis ou natildeo soube responder 630 3130 3750

Natildeo quis ou natildeo soube responder

Total 1880 8130 10000Novoerista 5000 5000 Religiatildeo

Praticada Natildeo quis ou natildeo soube responder 5000 5000 Natildeo eacute batizado

Total 10000 10000

A pesquisa demonstra que no momento da compra as pessoas catoacutelicas

apresentam uma conduta mais pluralista com respeito a outras religiotildees Natildeo foi e-

135

xaminado o problema da dupla pertenccedila porque para a principal questatildeo deste tra-

balho as preocupaccedilotildees dos pesquisadores estavam voltadas para o momento da

compra e natildeo para as possiacuteveis consideraccedilotildees de ordem filosoacutefica ou de perfil ideo-

loacutegico-religioso

No entanto do ponto de vista fenomenoloacutegico este eacute um fato que deveria

ser testado pois estaacute intimamente ligado agraves possiacuteveis razotildees e motivos das com-

pras

O quadro acima demonstrou tambeacutem que os protestantes assim como

os candomblecistas satildeo mais conservadores agraves suas religiotildees de origens 100

dos sujeitos entrevistados disseram que foram batizados e professam suas religiotildees

de batismo enquanto que os catoacutelicos possam eventualmente migrar ou praticar

outros credos direcionando suas convicccedilotildees ou praacutetica religiosa para as denomina-

ccedilotildees protestantes em especial fato verificaacutevel pelo comportamento do gecircnero femi-

nino com uma participaccedilatildeo desse evento em 1810 dos casos constataacuteveis As

religiotildees protestantes tambeacutem absorvem uma parcela consideraacutevel dos sujeitos espiacute-

rita-kardecistas com uma possiacutevel migraccedilatildeo na ordem de 3330 com relevacircncia

para as mulheres que tiveram sua iniciaccedilatildeo religiosa apontada por esta religiatildeo Natildeo

foram verificadas migraccedilotildees das religiotildees afro-brasileiras para o protestantismo Fato

relevante embora com uma significaccedilatildeo menor em funccedilatildeo do nuacutemero de adeptos

participantes da pesquisa foi a presenccedila de uma mulher budista se declarar novoe-

rista como opccedilatildeo de credo religioso

Das pessoas que declararam natildeo serem batizadas 50 declararam-se

novoeristas com 100 de participaccedilatildeo feminina neste caso Na amostra registrou-

se um incremento na ordem de 3130 para a umbanda por aqueles que natildeo quise-

ram ou natildeo souberam responder sobre a sua religiatildeo de batismo com especial ecircn-

fase ao gecircnero feminino

Para os sujeitos batizados nas religiotildees novoeristas um evento se desta-

cou quando houve uma coincidecircncia estatiacutestica entre os gecircneros Quando questio-

nados acerca da religiatildeo professada 25 das mulheres se disseram catoacutelicas e

25 dos homens afirmaram professar o espiritismo kardecista sendo esta a maior

marca masculina para uma possiacutevel mudanccedila de credo ou convicccedilatildeo religiosa

Estes eventos comportamentais chamam a atenccedilatildeo Possiacuteveis razotildees de

ordem e foro iacutentimo natildeo podem ser desprezados No entanto devido agrave caracteriacutestica

136

e principal foco desta dissertaccedilatildeo que migra para outros setores vamos sugerir es-

tudos mais abrangentes para esta questatildeo

Sobre o prisma de marketing podemos considerar como um dos possiacute-

veis motivos para a mudanccedila no eixo da feacute neste trabalho detectada pelo que Ju-

racy Parente descreve como sendo um renascimento espiritual

Em seus estudos sobre megatendecircncias Naisbitt183 destaca o renascimen-to espiritual como uma das grandes tendecircncias da humanidade A chega-da do terceiro milecircnio desperta na humanidade o interesse sobre questotildees filosoacuteficas e existecircncias do ser humano do tipo ldquoQuem sourdquo ldquoOnde es-tourdquo ldquoDe onde vimrdquo ldquoPara onde vourdquo ldquoQual o sentido da vidardquo Na busca para obter essas respostas e no esforccedilo para descobrir as chaves para a felicidade o homem vem mergulhando em reflexotildees de ordem filo-soacutefica e espiritual Em todo o mundo e tambeacutem no Brasil muitas atividades varejistas estatildeo respondendo a essas necessidades do ser humano Nas livrarias aumenta a aacuterea dedicada a livros que tratam de assuntos religiosos filosoacuteficos eso-teacutericos miacutesticos e de auto-ajuda Alguns varejistas estatildeo se especializando na venda de produtos miacutesticos varejistas estatildeo desenvolvendo lojas de produtos religiosos (imagens quadros e livros religiosos) Muitas lojas de decoraccedilatildeo incorporam uma li-nha de produtos de caraacuteter filosoacutefico-espiritual tais como velas piracircmides incensoacuterios cristais prismas produtos do feng shui etc Academias cen-tros de estudos escolas e ateacute mesmo redes de franquias tecircm sido desen-volvidas em aacutereas tais como Yoga Tai-chi meditaccedilatildeo filosofia e treina-mento mental artes marciais No Brasil novas religiotildees como as evangeacutelicas vecircm registrando uma raacutepida expansatildeo Alguns dos praticantes dessas religiotildees adotam um estilo de vestir mais conservador especialmente diferenciado para as mulheres com saias mais longas blusas mais fechadas e cores mais soacutebrias Existe assim um atraente potencial de mercado para o desenvolvimento de vare-jistas de confecccedilotildees direcionados para atender agraves necessidades desses segmentos184

Outros fatores caracteriacutesticos da atualidade tambeacutem podem estar funcio-

nando como possiacuteveis agentes de mudanccedilas da praacutetica religiosa e na mudanccedila do

eixo da feacute O encasulamento do indiviacuteduo e da famiacutelia jaacute eacute detectado como uma ten-

183O autor se refere aacute obra Megatendecircncias de John Nasbitt editado pela editora Ciacuterculo do Livro em 1983 posteriormente essa obra foi ampliada no ano 2000 em parceria com Patriacutecia Aburdene Mega-tendecircncias eacute definida como grandes mudanccedilas sociais econocircmicas poliacuteticas e tecnoloacutegicas forma-das lentamente e uma vez instaladas elas nos influenciam por algum tempo podendo variar entre 7 e 10 anos e as vezes por um tempo maior 184Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p99 e 100

137

decircncia de mudanccedila no comportamento social e de consumo conforme explica Pa-

rente tendo como base o relatoacuterio Popcorn185

O encasulamento eacute uma das tendecircncias identificadas no relatoacuterio Popcorn Estaacute de certa forma relacionado ao renascimento espiritual Consiste no impulso para a busca da vida interior quando os valores exteriores ficam mais difiacuteceis e raros A maioria das pessoas estaacute transformando suas ca-sas em ninhos Estatildeo se tornando ldquoescravas do divatilderdquo fanaacuteticas por filmes de televisatildeo fazendo compras por cataacutelogos redecorando suas casas u-sando secretaacuterias eletrocircnicas para filtrar as chamadas Em reaccedilatildeo ao au-mento da criminalidade da AIDS e outros problemas sociais a autopreser-vaccedilatildeo tornou-se o tema dominante186

A promoccedilatildeo e propaganda religiosa empreendidas por algumas igrejas

de orientaccedilatildeo neopetencostal pelos canais de miacutedia eletrocircnica de massa em espe-

cial a televisatildeo satildeo de faacutecil constataccedilatildeo em nossos meios de comunicaccedilatildeo Hoje no

Brasil a qualquer hora do dia ou da noite eacute possiacutevel perceber os esforccedilos dirigidos

para divulgaccedilatildeo e movimentos de atraccedilatildeo a novos adeptos por algumas denomina-

ccedilotildees protestantes neopetencostais Nem sempre preparadas para o uso desse ins-

trumento de comunicaccedilatildeo e de pressatildeo sobre a opiniatildeo puacuteblica satildeo de faacuteceis cons-

tataccedilotildees os ataques aos valores eacuteticos e doutrinaacuterios preconizados pela Constituiccedilatildeo

Federal do Brasil assim como aos valores morais defendidos pelos vieses da religi-

osidade em geral inclusive as de outras orientaccedilotildees cristatildes Natildeo satildeo raras as vezes

que a apologeacutetica proferida por essas organizaccedilotildees despreza a cultura e as tradi-

ccedilotildees da religiosidade brasileira colocando-as em planos discursivos e praacuteticos infe-

riores ou propositalmente descaracterizadas por conotaccedilotildees pejorativas se exami-

nadas pela oacutetica legal e constitucional Como consequumlecircncias vemos pela televisatildeo

o aviltamento de valores culturais genuinamente nacionais ridicularizados e profa-

nados aleacutem das possiacuteveis conotaccedilotildees de cunho ideoloacutegico e sectaacuterio proposital-

mente desenvolvidos (em especial os valores pessoais e religiosos )187

185O autor refere-se a um relatoacuterio desenvolvido por Faith Popcorn intitulado O relatoacuterio Popcorn centenas de ideacuteias de novos produtos empreendimentos e de novos mercados Editado pela editora Campus Rio de Janeiro em 1994 186Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p106 187Referimos-nos ao episoacutedio com graves repercussotildees sociais levado ao ar pela Rede Record de Televisatildeo no dia 12 de outubro de 1995 Um representante intitulado bispo da Igreja Universal do Reino de Deus o Sr Seacutergio Von Helde chutou na frente das cacircmeras uma imagem de Nossa Se-nhora Aparecida a padroeira do Brasil como eacute esse iacutecone religioso reconhecido pela maioria da po-

138

Tabela 30

Gecircnero Respostas Masculino Feminino Total

O(s) objeto (s) eacute (satildeo) im-portante(s) no meu ritual ou culto 150 1900 2040 O principal cleacuterigo (a) in-dicou receitou ou man-dou comprar 080 480 560 A imagem desse (s) objeto (s) reforccedila (m) a minha feacute 540 3750 4290 Trazem proteccedilatildeo 350 1500 1850 Achei bonito 020 290 310 Vai servir para eu dar de presente para algueacutem 060 560 630

Qual o principal motivo pelo qual o Sr(a) comprou esse(s) produto (s)

Natildeo quis ou natildeo soube responder 310 310

Total 1210 8790 10000

A tabela 30 remete-nos agrave questatildeo principal deste trabalho Pela anaacutelise

dos dados obtidos na pesquisa de campo fica claro que o principal motivo apontado

pelos consumidores que os leva a comprar determinados bens ou produtos estatildeo

intimamente relacionados agrave religiosidade e agrave feacute que eles professam ou que preten-

dam professar O iacutendice para esta afirmaccedilatildeo eacute expressivo com 4290 das respos-

tas obtidas Este iacutendice eacute superior agraves demais possibilidades de respostas indepen-

dendo do gecircnero dos entrevistados e de outros quesitos

Para este questionamento os homens aparecem com 540 de partici-

paccedilatildeo relativa sobre o total da amostra e esta resposta representa 4463 das afir-

maccedilotildees em seu gecircnero As mulheres participam sobre o mesmo posicionamento

motivacional para compra com 3750 das respostas totais e com 4266 das res-

postas vaacutelidas

No entanto se observarmos as respostas manifestadas pelo prisma da

religiosidade com um olhar mais amplo e consideradas as quatro primeiras alterna-

tivas propostas o coeficiente motivacional de ambos os gecircneros sobe para 8740

destacando-se desta maneira o caraacuteter religioso para esse tipo de consumo

O gecircnero feminino eacute tambeacutem mais expliacutecito ao admitir a compra de de-

terminado bem ou objeto para finalidades ritualiacutesticas com 1900 das respostas

pulaccedilatildeo de nosso paiacutes Natildeo obstante nos dias de hoje as religiotildees afro-brasileiras satildeo sistematica-mente ridicularizadas em sua forma expressatildeo de valores morais e natildeo raramente desrespeitadas em seus princiacutepios dogmaacuteticos

139

para tal quesito contra 150 das respostas masculinas sendo estes percentuais

relativos a cada um dos gecircneros

As respostas femininas tambeacutem demonstraram um possiacutevel apelo feti-

chista simboacutelico ou maacutegico sobre os produtos comprados no sentido do valor intriacuten-

seco e utilitaacuterio que os bens adquiridos pudessem lhes trazer Na pesquisa de cam-

po aparece o quesito da proteccedilatildeo relacionado aos objetos Este argumento para as

mulheres contribuem com um iacutendice de 15 sobre as respostas totais contra 350

das respostas masculinas para o mesmo item

Nesta questatildeo os indiviacuteduos do sexo feminino tambeacutem evidenciaram

uma maior sensibilidade aos apelos de compra proferidos por possiacuteveis iacutecones refe-

renciais religiosos ou agentes formadores de opiniatildeo religiosa tais como padres

pastor ou pastoras matildees e pais de santo etc com 480 de participaccedilatildeo nas res-

postas contra 080 para as mesmas soluccedilotildees dos indiviacuteduos masculinos

Torna-se necessaacuterio destacar que aleacutem dos consumidores comprarem

determinados bens ou produtos movidos pelo intuito de expressarem sua religiosi-

dade ou sua feacute este eacute um evento recorrente no haacutebito de compra individual da a-

mostra populacional pesquisada como demonstra a tabela abaixo

Tabela 31

Gecircnero Frequumlecircncia Masculino Feminino Total

Pelo menos uma vez por mecircs 170 520 690 Uma vez a cada dois meses 170 1150 1310 Uma vez a cada a trecircs meses 190 900 1080 Uma vez por semestre 150 1230 1380 Uma vez por ano 250 1880 2130 Menos de uma vez por ano 210 2290 2500

Com que frequumlecircncia o Sr(a) compra produtos religiosos

Natildeo quis ou natildeo soube responder 080 830 920

Total 1210 8790 10000

Do total da amostra 590 efetuam compras pelo menos uma vez por

ano de objetos destinados agrave praacutetica religiosa com uma frequumlecircncia maior para o gecirc-

nero feminino cuja incidecircncia aponta para um evento de compra a cada semestre

pelo menos (1880 das respostas femininas consideradas apenas neste gecircnero)

140

Detectamos o grau de satisfaccedilatildeo particular dos indiviacuteduos pesquisados conforme a

proacutexima tabela

Tabela 32

Gecircnero Masculino Feminino Total

Plenamente satisfeito (a) 100 750 850 Satisfeito (a) 600 3600 4210 Razoavelmente satisfeito (a) 400 3420 3810 Sofrivelmente satisfeito (a) 020 100 130

Grau de satisfaccedilatildeo na loja

Natildeo quis ou natildeo soube responder 080 920 1000

Total 1210 8790 10000

Para os gecircneros masculinos e femininos o grau de satisfaccedilatildeo com a loja

escolhida para a aquisiccedilatildeo de bens aplicaacuteveis agrave sua religiosidade eacute bastante ex-

pressiva totalizando 8870 de respostas positivas do total das alternativas cabiacuteveis

para esse quesito

Conhecer o consumidor natildeo eacute tarefa faacutecil e pudemos constatar isso ao

longo de nossa pesquisa e ao elaborarmos este trabalho O consumidor eacute complexo

logo sua anaacutelise eacute complexa mas talvez por isso mesmo seja tatildeo fascinante

Muitas satildeo as possibilidades e abordagens que a ciecircncia oferece quando

o objeto de estudo eacute o consumidor Teorias complexas e complementares nos aju-

dam a entender as razotildees e as motivaccedilotildees humanas para o consumo Essas teorias

que vatildeo desde as conceituaccedilotildees behavioristas cognitivistas psicanaliacuteticas e huma-

nistas quando aplicadas sobre o prisma motivacional satildeo somadas ou complemen-

tadas pelas razotildees de vieses conceituais econocircmicos sociais e antropoloacutegicos

Para situarmos este trabalho sob o enfoque metodoloacutegico necessaacuterio a

abordagem que iremos adotamos para justificar o motivo para as pessoas irem agraves

compras de produtos religiosos eacute a cognitivista A razatildeo de nosso posicionamento

transcende apenas a oacutetica mercadoloacutegica mas esta abordagem salvo melhor juiacutezo

tambeacutem explica e contempla os eventos relacionados agrave religiosidade e agrave feacute No en-

tanto cabe-nos observar que as demais abordagens acima citadas satildeo vaacutelidas pas-

siacuteveis de adoccedilatildeo praacutetica e de criacuteticas aleacutem de serem reconhecidamente cientiacuteficas

Segundo Eliane Karsaglian A abordagem cognitiva da motivaccedilatildeo propotildee-se a levar em consideraccedilatildeo o que se ldquopassa na cabeccedilardquo do organismo que se comporta Segundo a teo-ria cognitiva natildeo haacute um estabelecimento automaacutetico de conexotildees estiacutemu-lo-resposta o indiviacuteduo antevecirc consequumlecircncias de seu comportamento por-que adquiriu e elaborou informaccedilotildees em suas experiecircncias

141

Assim escolhemos por meio da percepccedilatildeo pensamentos e raciociacutenio os valores as crenccedilas as opiniotildees e as expectativas que regularatildeo a conduta para uma meta almejada As teorias cognitivas reconhecem que o comportamento e seu resultado dependeratildeo tanto das escolhas conscientes do indiviacuteduo como dos acon-tecimentos do meio sobre os quais ele natildeo tem controle e que atuam sobre ele Essas teorias acreditam que as opccedilotildees feitas pelas pessoas entre alterna-tivas de accedilatildeo dependem do grau relativo que tecircm as forccedilas que atuam so-bre o indiviacuteduo O que o cognitivismo nega eacute que o efeito dos estiacutemulos sobre o comporta-mento seja automaacutetico (como quer o behaviorismo) Uma vez estabelecida a importacircncia das cogniccedilotildees na orientaccedilatildeo do comportamento estudou-se tambeacutem o conflito entre elas188

Beatriz Santos Sacircmara e Marco Aureacutelio Morch complementam a concei-

tuaccedilatildeo sobre a abordagem cognitiva quando enfocam a motivaccedilatildeo de compra como

o vetor de resoluccedilatildeo de problemas oriundos da tensatildeo da preacute-aquisiccedilatildeo gerada por

uma necessidade aprendida percebida ou originada da capacidade criativa dos indi-

viacuteduos

Por meio do processamento das informaccedilotildees (soluccedilatildeo de problemas) o consumidor avalia combina desconta e integra diferentes partes da infor-maccedilatildeo para alcanccedilar certas opiniotildees que possibilita a anaacutelise racional dos dados e informaccedilotildees disponiacuteveis levando agrave soluccedilatildeo de um problema Co-mo o processamento estaacute diretamente relacionado tanto com a habilidade cognitiva do consumidor quanto a complexidade da informaccedilatildeo a ser pro-cessada (que deriva da percepccedilatildeo e dos estiacutemulos gerados pelos atributos dos produtos e dos concorrentes) consumidores com maior habilidade cognitiva poderatildeo assimilar e processar mais informaccedilotildees sobre os vaacuterios atributos de um produto e sobre as diversas alternativas existentes melho-rando a qualidade da avaliaccedilatildeo na decisatildeo de compra Aleacutem disso quanto maior a familiaridade com a categoria do produto maior a habilidade cog-nitiva 189

A psicologia cognitivista tambeacutem eacute um instrumento explicativo e de pes-

quisa dos fenocircmenos que estatildeo ligados agrave religiatildeo Este eacute o enfoque que demos a

este trabalho como orientaccedilatildeo teoacuterica de fundo Justificamos a adoccedilatildeo desta linha

188Eliane KARSAKLIAN Comportamento do consumidor p28 189Beatriz Santos SAMARA e Marco Aureacutelio MORSH Comportamento do consumidor conceitos e casos p111

142

de pensamento psicoloacutegico porque entendemos que ela busca em sua essecircncia

explicar os motivos da profissatildeo e praacutetica da feacute e da religiosidade sejam elas apren-

didas ou percebidas Segundo alguns autores e especialistas esta abordagem eacute a

mais indicada porque entre outros motivos seria tambeacutem a mais abrangente Outras

forccedilas que natildeo apenas as de caraacuteter essencialmente iacutentimos e pessoais podem es-

tar inseridos dentro de uma anaacutelise no contexto psico-cognitivista Entre essas for-

ccedilas destacamos as de cunho social e as econocircmicas que se fazem presentes nesta

obra

Edecircnio Valle pontua

Na psicologia da religiatildeo estatildeo presentes todas as tendecircncias existentes na ciecircncia psicoloacutegica Vai-se de uma elementar objetivaccedilatildeo do fenocircmeno religioso agrave ldquoespiritualizaccedilatildeordquo mais radical desse fenocircmeno promiscuindo sem qualquer distinccedilatildeo o real e o irreal Haacute de tudo do behaviorismo aacute transpessoalidade do bioneuroloacutegico agraves mais difusas modalidades de ldquohumanismordquo religioso e ou ldquoateurdquo Algumas dessas orientaccedilotildees acentuam a dimensatildeo subjetiva outras a di-mensatildeo objetiva da experiecircncia e do comportamento religiosos Satildeo repro-duzidas sob o manto da linguagem psicoloacutegica todas as problematizaccedilotildees encontradas na filosofia contemporacircnea Podem ser identificadas entre ou-tras as seguintes confluecircncias teoacutericas o comportamentismo o pensa-mento existencial a fenomenologia o positivismo o cognitivismo o vita-lismo o romantismo o materialismo fisioloacutegico o diealismo o marxismo o estruturalismo a linguumliacutestica etc Como se disse em outro lugar datildeo-se tambeacutem entrecruzamentos da psico-logia com as demais ciecircncias humanas e do comportamento A psicologia cognitivista eacute vista como a via ideal para uma aproximaccedilatildeo rigorosa e abrangente Com as possibilidades abertas pela informaacutetica es-sa tendecircncia ressurgiu nos estudos sobre o conhecimento humano dei-xando para traacutes as sugestivas hipoacuteteses de J Piaget Um dos grandes no-mes da psicologia das ldquointeligecircncias muacuteltiplasrdquo H Gardner190 jaacute comeccedila a falar de uma ldquooitavardquo inteligecircncia a existencial que estaria unida agrave religio-sidade 191

190O autor se refere a uma palestra realizada em Satildeo Paulo em 1997 por H Gardner e que tratou o tema abordando a ldquointeligecircncia existencialrdquo (aspas de Edecircnio Valle) Melhores referecircncias sobre essa palestra e sobre H Gardner se encontraram na obra Inteligecircncias Muacuteltiplas Artes Meacutedicas Porto Alegre 1995 191Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia religiosa p46

143

Tabela 33 Gecircnero Loja Pergunta Masculino Feminino Total

Lista telefocircnica 080 170 250 Internet 080 080 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 250 580 830 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 170 580 750 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 1250 4750 6000 Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pas-tora etc 080 1670 1750 Por acaso 170 170

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja

Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 170 170

Afro-brasileira

Total 2000 8000 10000Lista telefocircnica 080 170 250 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 080 330 420 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 670 4000 4670 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 500 2330 2830

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja

Por acaso 080 1750 1830

Catoacutelica

Total 1420 8580 10000Internet 170 170 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 670 7580 8250

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja Por acaso 170 1420 1580

Nova Era

Total 830 9170 10000Pelo raacutedio ou televisatildeo 080 080 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 080 080 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 170 3170 3330 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 330 3670 4000 Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pas-tora etc 830 830 Por acaso 080 1170 1250

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja

Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 420 420

Protestante

Total 580 9420 10000 A pesquisa de campo demonstrou que as indicaccedilotildees externas na fachada

dos estabelecimentos foi o fator responsaacutevel pela localizaccedilatildeo espacial das lojas de

144

produtos religiosos quando essas lojas estatildeo inseridas dentro do contexto comercial

normal ou seja nas ruas da cidade Assim responderam as mulheres clientes das

lojas voltadas para as religiotildees afro-brasileiras com 4750 Nova Era com 7580

e Protestante com 3670 A exceccedilatildeo neste quesito foi o evento apontado pelos

clientes catoacutelicos em que o maior nuacutemero de respostas acusou a quarta alternativa

por parentes ou amigos de minha comunidade religiosa com uma participaccedilatildeo para

essa resposta de 4670 de onde 4000 foram respostas femininas e 670

masculinas Percebe-se nesta tabela a influecircncia sobre o consumidor a decisatildeo do

local de compra atraveacutes dos cleacuterigos protestantes e afro-brasileiros com participa-

ccedilotildees relativas sobre o total das respostas de 1670 para os consumidores das lo-

jas afro-brasileiras e 830 para as lojas de denominaccedilotildees protestantes

Pelo ponto de vista de marketing o local onde se estabelece um determi-

nado empreendimento pode ter uma significacircncia estrateacutegica notaacutevel sendo este um

dos fatores de um ecircxito comercial

Kotler e Armstrong observam que

Os varejistas sempre dizem que os trecircs fatores do sucesso do varejo satildeo localizaccedilatildeo localizaccedilatildeo e localizaccedilatildeo A localizaccedilatildeo de um varejista eacute fun-damental para a sua capacidade de atrair clientes Os custos com constru-ccedilatildeo e de arrendamento de instalaccedilotildees causam um impacto importante so-bre os lucros do varejista Assim as decisotildees de localizaccedilatildeo estatildeo entre as mais importantes que um varejista toma192

Embora sendo autores norte-americanos Philip Kotler e Gary Armstrong

anotam uma situaccedilatildeo peculiar nas cidades que verificamos parcialmente quando

elaboramos a pesquisa de campo

A maioria das lojas de hoje se agrupa para aumentar o poder de pressatildeo sobre os clientes e para lhes oferecer a conveniecircncia de comprar tudo em um soacute lugar Os bairros centrais eram a principal forma de conglomerado de varejo ateacute a deacutecada de 50 Toda cidade grande ou pequena tinha um bairro central com lojas de departamento lojas de especialidade bancos e cinema No entanto quando a populaccedilatildeo comeccedilou a se mudar para as aacute-reas suburbanas esses bairros centrais comerciais com seus problemas de traacutefego estacionamento e criminalidade passaram a perder negoacutecios

192Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de marketing p346

145

Os comerciantes ldquodo centro da cidaderdquo comeccedilaram abrir filiais em shopping centers das aacutereas suburbanas e o decliacutenio dos bairros centrais continuou Recentemente muitas cidades comeccedilaram a juntar forccedilas com os comer-ciantes para revitalizar as aacutereas comerciais dos centros das cidades cons-truindo galerias comerciais e oferecendo estacionamento subterracircneo193

Quando levantamos a localizaccedilatildeo geograacutefica das lojas que potencialmen-

te poderiam participar da amostragem da pesquisa de campo detectamos o maior

nuacutemero delas nas imediaccedilotildees da Igreja Matriz de Satildeo Paulo localizada na Praccedila da

Seacute no centro da cidade Mesmo tendo como objetivo atender ao puacuteblico catoacutelico a

materialidade referencial religiosa geograacutefica e histoacuterica pode estar sendo o motivo

da manutenccedilatildeo daquele espaccedilo na aacuterea central da cidade como um local vocacio-

nado para o varejo de produtos religiosos e reconhecido como uma aacuterea sacra na

cidade de Satildeo Paulo inclusive por outras religiotildees

No decorrer de nossa pesquisa observamos a movimentaccedilatildeo de agre-

gaccedilatildeo de fieacuteis de outras religiotildees cristatildes dentro da praccedila e na frente da igreja

Em um raio de 500 metros da catedral da Seacute encontramos aleacutem das lo-

jas que atendem agrave populaccedilatildeo catoacutelica outras com vieses comerciais protestantes

assim como aqueles empreendimentos comerciais voltados a atender as necessida-

des dos praticantes das religiotildees afro-brasileiras A exceccedilatildeo para este local foram as

lojas do tipo Nova Era Essas lojas satildeo de mais faacutecil detecccedilatildeo nos bairros e shop-

pings centers

Juracy Parente eacute a inda mais incisivo quando aborda a questatildeo da locali-

zaccedilatildeo geograacutefica das lojas

Localizaccedilatildeo consiste em uma das decisotildees mais criacuteticas para um varejista Diferente das outras variaacuteveis do composto de marketing varejista (tais como preccedilo mix de produtos promoccedilatildeo apresentaccedilatildeo atendimento e ser-viccedilos) que podem ser alteradas ao longo do tempo a localizaccedilatildeo da loja natildeo pode ser modificada194

Las Casas complementa

193Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de marketing p346 e 347 194Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p325

146

Localizaccedilatildeo eacute uma das decisotildees mais importantes da administraccedilatildeo vare-jista Neste caso de forma diferente da induacutestria o estabelecimento deve estar localizado proacuteximo aos consumidores e portanto a estrateacutegia de lo-calizaccedilatildeo deve considerar entre vaacuterios aspectos a concorrecircncia que tam-beacutem persegue os mesmos objetivos O ponto de venda na configuraccedilatildeo espacial do mercado escolhido poderaacute determinar o sucesso de muitos empreendimentos Conforme eacute sabido da literatura varejista trecircs fatores satildeo baacutesicos para uma loja localizaccedilatildeo localizaccedilatildeo e localizaccedilatildeo195

Anotamos neste momento a importacircncia da localizaccedilatildeo da igreja matriz

da cidade de Satildeo de Paulo assim como sugerimos novos estudos para o aprofun-

damento desta questatildeo que foge ao objeto deste trabalho mas que como vimos eacute

de importacircncia conceitual em se tratando de marketing Existe neste sentido grande

possibilidade de que a igreja esteja influenciando a permanecircncia de lojas varejistas

de produtos religiosos em suas imediaccedilotildees pelo importante significado que a igreja

exerce agrave populaccedilatildeo e em especial aos habitantes da cidade de Satildeo Paulo

Outro fator relevante e que merece destaque neste quesito foi a ausecircn-

cia da propaganda196 da promoccedilatildeo197 e da publicidade198 tanto pelo lado dos pro-

dutos oferecidos e a disposiccedilatildeo da clientela quanto das proacuteprias lojas enquanto

instituiccedilotildees comerciais com objetivos especiacuteficos Natildeo foi detectado qualquer esforccedilo

extra que motivasse o consumidor a conhecer o empreendimento comercial e os

produtos neles colocados agrave disposiccedilatildeo Salvo melhor juiacutezo pela configuraccedilatildeo mer-

cadoloacutegica atual o composto promocional deste segmento natildeo se enquadra dentro

da conceituaccedilatildeo recomendada tendo em vista os princiacutepios miacutenimos de marketing

O composto promocional eacute um dos elementos que o varejista utiliza natildeo soacute para atrair os consumidores para suas lojas mas tambeacutem para motivaacute-los agraves compras Como todas as outras decisotildees empresariais o esforccedilo pro-mocional precisa tambeacutem estar integrado agraves outras variaacuteveis do composto

195Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing de varejo p59 196 A propaganda eacute conceituada como uma forma de comunicaccedilatildeo indireta e impessoal transmitida por meio de miacutedia massificada As miacutedias usadas para veicular propagandas satildeo jornais revistas raacutedio televisatildeo outros impressos e Internet 197A promoccedilatildeo de vendas eacute uma ferramenta de comunicaccedilatildeo impessoal direta ou indireta envolven-do o uso de miacutedia ou natildeo Tem como caracteriacutestica oferecer um valor extra ao consumidor As formas mais usuais satildeo os precircmios programa de fidelizaccedilatildeo e de comprador frequumlente cupons displays demonstraccedilotildees de produtos e a mostras 198A publicidade eacute um tipo de comunicaccedilatildeo indireta e impessoal veiculada em alguma forma de miacutedia com informaccedilotildees (positivas ou negativas) sobre determinado produto ou varejo e natildeo eacute paga pelo empreendedor

147

varejista ou seja agraves decisotildees de ponto produto preccedilo pessoal e apresen-taccedilatildeo Como Lewison ressalta muitos consumidores natildeo teratildeo por conta proacutepria a iniciativa de compra a natildeo ser que o varejista comunique a existecircncia da loja sua localizaccedilatildeo os produtos agrave venda que preccedilos satildeo oferecidos ter-mos de venda serviccedilos e hora da abertura da loja Aleacutem disso o consumi-dor precisa ser persuadido a acreditar que certo varejista oferece uma me-lhor relaccedilatildeo custobenefiacutecio que os demais concorrentes O mix promocio-nal portanto eacute um processo de comunicaccedilatildeo entre o varejista e o consumi-dor com a finalidade natildeo soacute de ser informativo (fornecendo dados sobre a loja e os produtos oferecidos) mas tambeacutem persuasivo (influenciando as percepccedilotildees atitudes e comportamento do consumidor)199

Tabela 34

Gecircnero Loja Masculino Feminino Total

Ateacute 10 reais 1000 3250 4250 De 10 a 20 reais 330 2420 2750 De 20 a 40 reais 670 1830 2500 De 40 a 80 reais 330 330 De 80 a 160 reais 080 080

Desembolso na loja

Natildeo quis ou natildeo soube responder 080 080

Afro-brasileira

Total 2000 8000 10000 Ateacute 10 reais 500 1080 1580 De 10 a 20 reais 330 2830 3170 De 20 a 40 reais 580 3750 4330 De 40 a 80 reais 750 750 De 80 a 160 reais 080 080

Desembolso na loja

De 160 a 320 reais 080 080

Catoacutelica

Total 1420 8580 10000 Ateacute 10 reais 080 1330 1420 De 10 a 20 reais 330 2250 2580 De 20 a 40 reais 170 2670 2830 De 40 a 80 reais 080 2250 2330 De 80 a 160 reais 170 580 750

Desembolso na loja

De 160 a 320 reais 080 080

Nova Era

Total 830 9170 10000 Ateacute 10 reais 3420 3420 De 10 a 20 reais 170 2670 2830 De 20 a 40 reais 420 2330 2750 De 40 a 80 reais 920 920

Desembolso na loja

De 80 a 160 reais 080 080

Protestante

Total 580 9420 10000

O nuacutemero mais expressivo de consumidores que mais disponibilizaram

seus recursos financeiros com a compra de objetos religiosos foram os indiviacuteduos

199Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p242

148

compradores das lojas catoacutelicas representando 4330 do universo de clientes para

este tipo de loja com valores relativos de 3550 para as mulheres e 580 para a

populaccedilatildeo masculina com valores desembolsados na ordem de R$ 2000 a R$

4000 por compra Notamos que para este tipo de loja e orientaccedilatildeo religiosa os

consumidores tecircm propensatildeo a desembolsos maiores quando 08 dos indiviacuteduos

do sexo femininos afirmaram terem efetuado despesas na faixa de R$ 16000 a R$

32000

Nas lojas afro-brasileiras a faixa de maior desembolso foi de ateacute

R$1000 em ambos os gecircneros e representando 4250 das respostas obtidas A

participaccedilatildeo relativa a esse quesito foi de 1000 para o gecircnero masculino e

3250 para o gecircnero feminino A maior faixa de desembolso verificada na amostra

estaacute na faixa de R$ 8000 a R$ 16000 e por 08 da amostra populacional pesqui-

sada O gecircnero que respondeu a esse volume de recursos disponibilizados para a-

quisiccedilatildeo de bens religiosos verificou-se em 100 das mulheres

Nos empreendimentos de denominaccedilotildees protestantes a faixa de desem-

bolso foi de ateacute R$1000 para 3420 das respostas totais a esse tipo de loja e es-

se valor relativo foi obtido exclusivamente por indiviacuteduos do gecircnero feminino 08

dos sujeitos da amostra pesquisada declararam compras na faixa R$ 8000 a R$

16000 sendo esta a maior faixa de desembolso verificada durante a pesquisa para

este tipo de loja

Nas lojas Nova Era verificou-se a pulverizaccedilatildeo no volume de recursos

disponibilizados quando oferecidas as opccedilotildees de respostas pelos consumidores na

aquisiccedilatildeo de bens e objetos religiosos A faixa de desembolso com maior frequumlecircncia

se fez notar na amplitude financeira de R$ 2000 a R$ 4000 com uma participaccedilatildeo

de 2830 das respostas totais verificadas A participaccedilatildeo relativa do gecircnero femini-

no foi de 2770 e da masculina 170 para este questionamento Na pesquisa de

campo verificou-se pelas respostas obtidas que este tipo de loja eacute a que tem me-

lhor performance financeira e melhor adequaccedilatildeo do mix de produto e poliacutetica de pre-

ccedilos tendo em vista apenas as informaccedilotildees oriundas das faixas de faturamento bruto

de suas vendas

149

Tabela 35

Gecircnero Loja Masculino Feminino Total

Caros 580 580 1170 Relativamente caros 420 1500 1920 Razoavelmente equi-librados 330 3170 3500 Condizentes com a minha renda 670 2580 3250 Baratos 080 080

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas

Natildeo quis ou natildeo sou-be responder 080 080

Afro-brasileira

Total 2000 8000 10000Caros 250 2580 2830 Relativamente caros 330 2080 2420 Razoavelmente equi-librados 080 830 920 Condizentes com a minha renda 670 2670 3330

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas Natildeo quis ou natildeo sou-

be responder 080 420 500

Catoacutelica

Total 1420 8580 10000Caros 1080 1080 Relativamente caros 250 1080 1330 Razoavelmente equi-librados 250 250 Condizentes com a minha renda 580 6170 6750 Baratos 250 250

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas

Natildeo quis ou natildeo sou-be responder 330 330

Nova Era

Total 830 9170 10000Caros 080 250 330 Relativamente caros 170 2580 2750 Razoavelmente equi-librados 250 3500 3750 Condizentes com a minha renda 080 2250 2330 Baratos 250 250

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas

Natildeo quis ou natildeo sou-be responder 580 580

Protestante

Total 580 9420 10000

Considerando o preccedilo como parte conceitual do composto mercadoloacutegi-

co das lojas que comercializam produtos religiosos participantes da pesquisa os

clientes das lojas Nova Era e das lojas Catoacutelicas se manifestaram igualitaacuteriamente

afirmando que os preccedilos estavam condizentes com as suas rendas como resposta

mais significativa do ponto de vista estatiacutestico Para as lojas Nova Era as respostas

femininas foram de 6170 e os homens participaram com 58 do universo de res-

150

postas para o seu gecircnero O iacutendice total para esta afirmaccedilatildeo foi o de 6750 das

respostas possiacuteveis Tal caracteriacutestica eacute notaacutevel por sinalizar a mesma opiniatildeo em

maior nuacutemero para um mesmo quesito e entre homens e mulheres Nas lojas que

visam atender ao puacuteblico catoacutelico os iacutendices alcanccedilados foram respectivamente

2670 para o gecircnero feminino e 670 para o gecircnero masculino totalizando

3330 das respostas totais para a poliacutetica de preccedilos executada por lojas catoacutelicas

Nas lojas de produtos destinados agraves religiotildees afro-brasileiras percebe-se uma mu-

danccedila no comportamento do consumidor Enquanto que 3170 das mulheres afir-

maram que os preccedilos estatildeo equilibrados 670 das respostas masculinas escolhe-

ram afirmar que os preccedilos estatildeo condizentes com as suas rendas Vale ressaltar

que os iacutendices acima descritos satildeo as maiores marcas para o mesmo questiona-

mento No entanto o maior valor modular e indicativo (sem distinccedilatildeo do gecircnero) pa-

ra o quesito de opiniatildeo sobre a poliacutetica de preccedilos eacute de 3500 para a resposta que

sugere certo equiliacutebrio de valores no momento da compra expressada pelos consu-

midores Nas lojas de produtos para denominaccedilotildees protestantes as maiores marcas

foram alcanccediladas pela mesma opccedilatildeo de resposta quando declararam que os pre-

ccedilos praticados se achavam relativamente equilibrados A participaccedilatildeo relativa por

gecircneros foi de 250 para os homens e 3500 para as mulheres totalizando

3750 das respostas possiacuteveis A pesquisa demonstrou que as mulheres consumi-

doras de produtos catoacutelicos satildeo as que mais se manifestaram desfavoravelmente agrave

poliacutetica de preccedilos praticado pelas lojas achando caros os mesmos O iacutendice para

esta resposta foi 2830 Natildeo foi manifestada por nenhum dos entrevistados a pos-

sibilidade de preccedilos baratos

Gecircnero Tabela 36 Masculino Feminino Total

Melhores preccedilos 730 5540 6270 Melhores condiccedilotildees de paga-mento 060 650 710 Novos produtos 210 1400 1600 Melhor atendimento 270 270 Um convite especial 040 080 130

Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

Natildeo quis ou natildeo soube respon-der 170 850 1020

Total 1210 8790 10000

A tabela acima indica que uma parcela significativa das pessoas entrevis-

tadas (6270) estariam motivadas a voltar mais vezes agrave loja se os preccedilos fossem

151

melhores com participaccedilatildeo relativa nas respostas de 730 para o gecircnero masculi-

nas e 5540 para o gecircnero feminino

A variaacutevel preccedilo dentro do composto de marketing eacute a que mais rapi-

damente afeta a competitividade O volume de vendas as margens e a lucratividade

das empresas em geral e com maior significacircncia para as empresas varejistas pela

iacutentima relaccedilatildeo que esses estabelecimentos tecircm com o consumidor final satildeo as que

mais estatildeo sujeitas a atenccedilotildees quando da formaccedilatildeo de preccedilos

Esta variaacutevel tem como caracteriacutestica e sobre si toda a influecircncia dos di-

versos aspectos da Teoria Econocircmica Pelo vieacutes macroeconocircmico tanto os clientes

quanto as empresas estatildeo sujeitas aos fatores econocircmicos imponderaacuteveis e natildeo

controlaacuteveis das poliacuteticas econocircmicas puacuteblicas executadas por accedilotildees de governo

por exemplo A teoria microeconocircmica embasa cientificamente as accedilotildees do mercado

e explica as estruturas mercadoloacutegicas nele inserido Justifica pelo prisma da eco-

nomia as diversas dinacircmicas relacionais entre as duas forccedilas determinantes do

mercado onde temos por um lado a forccedila que compra e de outro a forccedila que ofere-

ccedila comercialmente algo que a primeira deseja obter A teoria do consumidor200 e

anaacutelise da procura a teoria da firma com a anaacutelise da oferta201 aleacutem das estruturas

de mercado202 satildeo os instrumentais teacutecnicos recomendados203

Kotler e Armstrong conceituam

Em sentido mais restrito preccedilo eacute a quantia que se cobra por um produto e serviccedilo Em sentido mais amplo eacute a soma de todos os valores que os con-sumidores trocam pelos benefiacutecios de obter e utilizar um produto ou servi-ccedilo Historicamente o preccedilo tem sido o principal fator a afetar a escolha do comprador Isso ainda eacute vaacutelido para as naccedilotildees e os grupos mais pobres e

200A teoria do consumidor tem como objetivo o estudo do comportamento do consumidor individual ou dos agentes econocircmicos que representam uma unidade de consumo portadores de um determi-nado orccedilamento e que distribuem as suas despesas de modo racional visando maximizar a sua satis-faccedilatildeo dentro de um determinado limite financeiro 201A teoria da firma ou tambeacutem conhecida como teoria da produccedilatildeo se caracteriza como o estudo das relaccedilotildees existentes entre a produccedilatildeo e os custos de produccedilatildeo aleacutem dos demais fatores produti-vos Os princiacutepios aplicativos da teoria da firma contribuem decisivamente como um dos componen-tes e formadores de preccedilos dos produtos finais disponibilizados ao consumo 202O estudo anaacutelise e determinaccedilatildeo da forma de accedilatildeo no mercado e com seu puacuteblico consumidor por uma empresa eacute que determina a ela qual eacute o tipo e vieacutes econocircmico em que ela estaacute inserida contex-tualmente se considerado o mercado como um todo Recebem as classificaccedilotildees de concorrecircncia perfeita concorrecircncia monopoliacutestica o oligopoacutelio ou ainda o monopoacutelio dependendo de suas caracte-riacutesticas operacionais 203 Toda a abordagem microeconocircmica pode ser conhecida pela obra de Gilson de Lima GAROacuteFALO e Luiz Carlos Pereira de CARVALHO Anaacutelise microeconocircmica volumes I e II 2ordf ediccedilatildeo editora Atlas Satildeo Paulo 1980

152

para as mercadorias geneacutericas (commodities) Contudo fatores natildeo liga-dos ao preccedilo204 tecircm se tornado mais importantes para o comportamento de escolha do comprador205

Sobre o fator preccedilo dentro da abordagem do composto de marketing

Las Casas complementa Kotler e Armstrong

Alguns autores afirmam que no varejo geralmente haacute a liberdade de admi-nistraacute-los com maior frequumlecircncia Mercadorias tecircm seus preccedilos aumentados e reduzidos conforme uma seacuterie de fatores seja para enfrentar concorrecircn-cias atender demandas ou outro qualquer De modo geral seguem as leis de mercado Da oferta e da procura Apesar disso no Brasil muitas vezes os preccedilos satildeo congelados por determinaccedilatildeo legal e os comerciantes im-pedidos de administraacute-los conforme a necessidade do mercado Para vender ao consumidor eacute importante que haja flexibilidade de preccedilos para acompanhar a variaccedilatildeo do mercado local de atuaccedilatildeo206

Muitas satildeo as possibilidades de cruzamento de dados acerca do consu-

midor de produtos relacionados agrave religiosidade e agrave sua feacute produzidas pela pesquisa

de campo que tambeacutem se adequou a uma pesquisa mercadoloacutegica

Poreacutem para um trabalho com as caracteriacutesticas e limitaccedilotildees metodoloacutegi-

cas recomendadas para uma dissertaccedilatildeo vamos encerrar esta etapa de anaacutelise de

dados

Todavia antes de passarmos para as conclusotildees se faz necessaacuterio um

alinhamento sobre os principais pontos que foram levantados no decorrer desta anaacute-

lise para que possamos clarear de uma forma mais harmocircnica a compreensatildeo dos

dados inclusive daqueles que comprovaram a hipoacutetese desta dissertaccedilatildeo e que mo-

tivaram este trabalho

204O autor se refere agraves mudanccedilas na decisatildeo de compra do consumidor verificadas quando o com-prador passa a levar em conta outros fatores que natildeo os econocircmicos na hora de efetuar suas com-pras Entre esses fatores estatildeo associados agrave origem do produto e como ele foi manufaturado (se oriundo de matildeo de obra escrava ou de origem iliacutecita) e fatores indicadores de qualidade (composto tecnoloacutegico eou ecoloacutegico) por exemplo 205 Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de Marketing p236 206 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing de Varejo p109

153

33 A Razatildeo Sobre o perfil das pessoas entrevistadas os nuacutemeros demonstraram que

no universo pesquisado pela amostra populacional a presenccedila da mulher eacute signifi-

cativamente maior que a dos homens e a presenccedila da dona de casa foi eloquumlente

No entanto a mulher trabalhadora eacute a mais importante no conjunto de seu gecircnero

para este mercado quantitativamente tendo em vista a possiacutevel independecircncia de-

las na decisatildeo de compra dos objetos representativos e de uso na praacutetica da religi-

osidade A faixa etaacuteria de maior expressividade corrobora e ratifica este aspecto

pois estatildeo na idade de maior pujanccedila e produtividade profissional dos 25 aos 45

anos Tal intervalo representou no total da amostra 4960 para o gecircnero feminino

No quesito econocircmico percebemos que as mulheres com maior partici-

paccedilatildeo na pesquisa declararam-se pertencentes agrave classe meacutedia com faixas de ren-

da variando de 3 a 8 salaacuterios miacutenimos enquanto que pela frequumlecircncia de respostas

masculinas verificou-se uma amplitude maior com variaccedilotildees de 3 a 10 salaacuterios miacute-

nimos

No grau de escolaridade entre os gecircneros o que mais se destacou no u-

niverso pesquisado foi o de formados ateacute o segundo grau Poreacutem as mulheres apa-

recem em maior nuacutemero com menor formaccedilatildeo quando 25 delas afirmaram ter ateacute

o primeiro grau

Como consumidores foi o gecircnero feminino que mais disponibilizou recur-

sos financeiros para compras nas lojas de artigos religiosos Na amostra apenas as

mulheres declararam despesas superiores a R$16000 gastos nas lojas

Do conjunto de pessoas pesquisadas a grande maioria dos indiviacuteduos eacute

da cidade de Satildeo Paulo sinalizando para o tipo de comeacutercio regional o formato das

lojas pesquisadas

Pelos nuacutemeros demonstrados e considerados os fatores que compotildeem o

composto de marketing verificamos pelas respostas da clientela situaccedilotildees peculia-

res para o segmento comercial de lojas de artigos religiosos O ponto de venda foi

reconhecido pelos consumidores e consumidoras apenas por displays ou pelas vi-

trines das lojas aleacutem de se acharem na rota do caminho para o trabalho ou residecircn-

cia A propaganda a promoccedilatildeo e a publicidade natildeo foram citadas sinalizando a ine-

xistecircncia de esforccedilos comerciais dirigidos Os produtos satildeo conhecidos pelos clien-

tes e os preccedilos satisfizeram as expectativas da maioria dos compradores e compra-

doras

154

34 A Sensibilidade Aos olhos dos homens e mulheres dedicados ao marketing o interesse

sobre as razotildees que levam determinados empreendimentos ao sucesso eacute algo

sempre a ser perscrutado com maiores cuidados e com todos os rigores da teacutecnica e

da ciecircncia

No caso deste trabalho onde a principal questatildeo estaacute centrada na verifi-

caccedilatildeo hipoteacutetica de que a feacute religiosa seja o agente motivador do mercado varejista

de produtos religiosos merece consideraccedilotildees suplementares

O resultado alcanccedilado pela pesquisa de campo indica claramente a con-

firmaccedilatildeo da hipoacutetese acima com 8740 das respostas totais apontando para a reli-

giosidade pessoal dos entrevistados Assim sendo estaacute considerado intrinsecamen-

te o fator feacute de cada um dos sujeitos pesquisados como impulsionador de pessoas

que procuram o comeacutercio religioso A questatildeo complementar sobre o que chamamos

de alavanca de marketing eacute o que precisa ser explicado aleacutem de justificar todo o

processo comercial sobre os produtos religiosos Esta justificativa eacute o que os estudi-

osos do mercado chamam de diferencial mercadoloacutegico quer tal caracteriacutestica seja

aplicada ao empreendimento quer o seja ao segmento comercial ou produto comer-

cializado caracterizando-o e distinguindo-o dos demais

No caso do varejo de produtos religiosos o ponto comum na alavanca-

gem comercial deste mercado reside nas caracteriacutesticas sacras que os produtos ad-

quirem quando aplicados agrave pratica religiosa ou aos aspectos hierofacircnicos envolvi-

dos no processo No comeacutercio varejista de produtos afetos agrave religiosidade este eacute o

ponto principal eacute a chave comercial eacute o vetor de captaccedilatildeo da atenccedilatildeo e da percep-

ccedilatildeo do consumidor sobre os bens a ele disponibilizados viabilizando as vendas Es-

ta anaacutelise vem tambeacutem coroar a aproximaccedilatildeo do marketing com a religiatildeo via mer-

cado varejista de produtos da feacute religiosa Responde assim agrave primeira questatildeo que

motivou a elaboraccedilatildeo deste trabalho quando deparamos com uma jovem que ao

sair de uma loja de produtos Nova Era contemplava em um estado de quase ecircxtase

e visivelmente maravilhada um pedaccedilo de cristal que acabara de comprar

Pelas palavras de Mircea Eliade finalizamos

Visto que era preciso que nos limitaacutessemos soacute falarmos de alguns aspec-tos da sacralidade da Natureza Tivemos que passar em silecircncio um nuacuteme-

155

ro consideraacutevel de hierofanias coacutesmicas Assim por exemplo natildeo pude-mos falar dos siacutembolos e dos cultos solares ou lunares nem da significa-ccedilatildeo religiosas das pedras nem do papel religioso dos animais etc Cada um destes grupos de hierofanias coacutesmicas revela uma estrutura particular da sacralidade da Natureza ou mais exactamente uma modalidade do sagrado expressa por intermeacutedio de um modo especiacutefico de existecircncia no Cosmos Basta por exemplo analisar os diversos valores religiosos atribu-iacutedos aacutes pedras para que se compreenda o que as pedras como hierofani-as satildeo susceptiacuteveis de mostrar aos homens relevando-lhes o poder a du-reza a permanecircncia A hierofania da pedra eacute uma ontofania por excelecircn-cia antes de tudo a pedra eacute fica sempre ela mesma natildeo muda ndash e choca o homem pelo que tem de irredutiacutevel e de absoluto e fazendo-o desven-dar-lhe por analogia a irredutibilidade e o absoluto do Ser Captado graccedilas a uma experiecircncia religiosa o modo especiacutefico da existecircncia da pedra re-vela ao homem o que eacute uma existecircncia absoluta para o aleacutem do Tempo invulneraacutevel ao devir 207

207 Mircea ELIADE O Sagrado e o profano A essecircncia das Religiotildees p163

156

Conclusatildeo Razatildeo + Sensibilidade

Religiatildeo satildeo os sentimentos atos e experiecircncias do indiviacuteduo humano que na sua solidatildeo enquanto se situa em uma relaccedilatildeo com seja o que for por ele considerado divino208

William James

Abrimos este trabalho convocando a aproximaccedilatildeo cientiacutefica entre dois

temas complexos extensos importantes atuais e apaixonantes que foram a religio-

sidade e o conceito da feacute e o marketing Foi necessaacuterio que assim procedecircssemos

porque seria fundamental entendermos a complexidade dos mesmos face agraves carac-

teriacutesticas que este trabalho poderia envolver

Muitas satildeo as opccedilotildees de estudo pesquisa e desenvolvimento teoacuterico e-

xistente que tecircm como objetivo e fundamentos o marketing aplicado agraves religiotildees de

maneira geral Poderiacuteamos nos prender aos aspectos estrateacutegicos e operacionais

das grandes correntes tradicionais do pensamento religioso como instituiccedilotildees soci-

ais organizadas ou ainda estudar as razotildees das influecircncias comportamentais sobre

o consumo das chamadas novas religiotildees Opccedilotildees natildeo faltaram nessa aproximaccedilatildeo

e vieacutes metodoloacutegico Haacute de fato um amplo campo de anaacutelise estudo e pesquisa em

se tratando dos interesses reciacuteprocos do marketing com a religiatildeo e vice-versa

Poreacutem a inspiraccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo foi encontrada na observaccedilatildeo co-

tidiana de uma das faces do comportamento que envolve a dinacircmica comercial e

pessoal daqueles e daquelas que professam algum tipo de feacute e os levam a dispen-

sar parte dos seus proventos financeiros agrave aquisiccedilatildeo de bens materiais para o exer-

ciacutecio ou a praacutetica de sua religiosidade Observamos na praacutetica no campo no cenaacuterio

das operaccedilotildees religiosas Estivemos presentes a grandes eventos de caraacuteter miacutesti-

208 William JAMES apud Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia Religiosa p258

157

co-religioso e notamos a presenccedila econocircmica e empresarial viabilizando esses a-

contecimentos A partir dessa constataccedilatildeo a curiosidade cientiacutefica e mercadoloacutegica

recaiu sobre o principal agente religioso que eacute o praticante ou as pessoas crentes e

melhor dizendo o consumidor de produtos relacionados agrave feacute Com o foco voltado

para este cenaacuterio e o encontro casual de uma jovem saindo de uma loja de produtos

religiosos com uma pedra de cristal de rocha nas matildeos a soma de tais eventos tra-

duziu-se como um apelo irresistiacutevel quando fizemos a primeira junccedilatildeo entre o marke-

ting e a feacute Concebida a ideacuteia de estudar o comportamento do consumidor religioso e

as implicaccedilotildees comerciais para a profissatildeo da feacute somou-se ainda atraente e entusi-

aacutestica a possibilidade em dispensar as nossas atenccedilotildees profissionais ao nosso povo

Ao terminarmos este trabalho entendemos a motivaccedilatildeo do consumidor

quando compra produtos relacionados agrave sua religiosidade e feacute satisfazendo e justifi-

cando a razatildeo existencial de um segmento mercadoloacutegico presente no universo

mercantil de uma cidade como Satildeo Paulo Este tipo de comeacutercio embora ausente

nas grandes miacutedias comeccedila aos poucos e timidamente a ocupar uma posiccedilatildeo de

destaque no contexto macro-comercial porque aleacutem de prover aqueles que necessi-

tam de objetos para os seus rituais afetos agrave religiosidade individual ou coletiva con-

tribuem com a geraccedilatildeo de empregos e participam da distribuiccedilatildeo da renda via arre-

cadaccedilatildeo de tributos e impostos

A pesquisa de campo elaborada e executada especialmente para esta

dissertaccedilatildeo apontou para a hipoacutetese levantada de que eacute a feacute eacute a alavanca de negoacute-

cios no varejo de produtos religiosos Ousamos chegar com maior profundidade a

esta questatildeo Ficou claro que o consumidor justifica suas compras pelo caraacuteter da

religiosidade ou feacute poreacutem os produtos procurados por eles tecircm uma caracteriacutestica

especial uma caracteriacutestica diferencial de valor intriacutenseco ou seja o aspecto hiero-

facircnico que estaacute presente e justificando verticalmente todo o processo de compra e

venda A pesquisa de campo natildeo esgotou contudo a compreensatildeo total dos haacutebi-

tos de compra e do perfil deste consumidor Teve tambeacutem o objetivo de lanccedilar as

bases para novos estudos como por exemplo o aprofundamento do entendimento

das questotildees motivacionais comportamentais comerciais e religiosas relativas aos

homens e mulheres que compotildeem o universo de clientes do varejo de produtos reli-

giosos

Este trabalho tambeacutem demonstrou a possibilidade do alinhamento cientiacute-

fico e do diaacutelogo franco entre dois aspectos complexos do interesse humano o

158

marketing e a religiatildeo Os conceitos de marketing com suas caracteriacutesticas analiacuteti-

cas e calculistas pois o enfoque aplicado eacute sempre o da loacutegica e da estrateacutegia tra-

tou de ouvir e perscrutar as razotildees inerentes agrave religiosidade e agrave feacute algo que trans-

cende a justificativa cientiacutefica em sua essecircncia e que tem conotaccedilotildees essencialmen-

te emocionais e subjetivas quando dispensa natildeo raras vezes a loacutegica Esse diaacutelo-

go e alinhamento de propoacutesitos trouxeram agrave tona aspectos humanos interessantes e

novos acerca de uma dinacircmica comercial especiacutefica Contribuiu para o esclareci-

mento de fenocircmenos comerciais afetos agrave religiosidade trazendo novas luzes a esse

processo desta feita pelo vieacutes dos negoacutecios e sob o enfoque da poacutes-modernidade

dentro da realidade que nos cerca

Potencialmente o mercado se justifica e eacute basicamente ilimitado dado o

caraacuteter humano que as manifestaccedilotildees da religiosidade guardam em si e em seus

valores miacutesticos e que necessitam muitas vezes de produtos bens e materiais apli-

caacuteveis agrave praacutetica experimental religiosa

No entanto recomendarmos investimentos nesse nicho mercadoloacutegico

carece neste momento de algumas recomendaccedilotildees especiais A necessidade de

um plano de negoacutecios em conjunto com as respostas financeiras da engenharia e-

conocircmica satildeo dois procedimentos primordiais aleacutem de necessaacuterios Satildeo de funda-

mental importacircncia para os bons negoacutecios a pesquisa e o uso conceitual das ferra-

mentas de marketing e a observaccedilatildeo e adoccedilatildeo dos princiacutepios da administraccedilatildeo cien-

tiacutefica como dinacircmica instrumental operativa a serem aplicadas agraves novas lojas ou

empreendimentos comerciais tendo como objetivo a atuaccedilatildeo no segmento do varejo

de produtos religiosos

A vantagem neste segmento comercial estaacute em se investir em uma em-

presa varejista na qual os consumidores conheccedilam os produtos de que necessitem e

saibam quando e como aplicaacute-los Esta eacute uma vantagem estrateacutegica a ser conside-

rada pois em uma primeira anaacutelise satildeo claros os sinais de menores necessidades

de investimentos financeiros no que diz respeito ao treinamento de pessoal aleacutem

de despesas com mensagens sobre o uso promoccedilatildeo e propaganda dos produtos a

serem comercializados Pela loacutegica comercial e estrateacutegica quanto menores satildeo os

custos e as despesas menores seratildeo os riscos portanto maiores e mais raacutepidas

seratildeo as oportunidades do necessaacuterio retorno do capital investido Configuramos

por esse raciociacutenio a conclusatildeo loacutegica de ser este nicho comercial um campo feacutertil

para bons e rentaacuteveis negoacutecios

159

Finalizando chamamos a atenccedilatildeo para a constataccedilatildeo de mais um ponto

em comum entre a religiosidade e o marketing Ambos tecircm em seus aspectos ins-

trumentais poderosos recursos que sensibilizam controlam e provocam mudanccedilas

nas pessoas e na sociedade principalmente naquelas que estatildeo sob influecircncia dire-

ta ou indireta de suas accedilotildees Cabe-nos ressaltar a necessidade da praacutetica eacutetica tan-

to da religiatildeo quanto ao marketing e do marketing aplicado sobre a religiosidade A

razatildeo desta colocaccedilatildeo eacute fundante tanto a religiatildeo quanto o marketing tecircm por obje-

tivo e finalidade a viabilizaccedilatildeo de pelo menos uma necessidade humana Sendo

este talvez o ponto mais importante O respeito ao ser humano aos sentimentos

sobre o quecirc e na forma com que ele entende os valores coacutesmicos e as razotildees de

sua existecircncia deveratildeo ser sempre considerados e jamais esquecidos Disse-nos

um dos proprietaacuterios de uma das lojas visitadas sobre as pessoas frequumlentadoras de

seu estabelecimento

() porque muitas pessoas satildeo atraiacutedas pela muacutesica pelo tipo de ambien-te tem pessoas quenossa agraves vezes chegam aiacute ficam num cantinho choram eu finjo que natildeo estou vendo mas choram desabafam depois saem Deixo todo mundo a vontade natildeo vou em cima da pessoa falar pre-ccedilo deixo as pessoas a vontade quem entra aqui eacute amigo da gente209

Assim sendo e conforme ficou demonstrado a feacute eacute um bom negoacutecio

209Entrevista com o SrServilho em 8 de setembro de 2006 na cidade de Caraguatatuba e na praccedila da igreja matriz A entrevista completa encontra-se nos anexos

160

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PRIDE Willian M FERREL C Marketing concepts and strategies Boston Ed

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POPCORN Faith O Relatoacuterio Popcorn Rio de Janeiro Editora CampusElsevier

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tos e metodologia Satildeo Paulo Editora Makron Books 1997

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SAWCHUCK Norman et al Marketing for Congregations Choosing to Serve People

More Effectively Nasville Abington Press 1992

SEVERINO Antocircnio Joaquim Metodologia do Trabalho Cientiacutefico 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo

Paulo Editora Cortez 2002

SILVERMAN George The Secrets of Word-of-Mouth Marketing How to Trigger Ex-

ponential Sales Through Runaway Word of Mouth New York Ed AMA Publications

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SOUZA Francisco Alberto Madia de Marketing Pleno Satildeo Paulo Editora Makron

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SOUZA Laura Mello O diabo e a terra de Santa Cruz feiticcedilaria e religiosidade popu-

lar no Brasil Satildeo Paulo Editora Companhia das Letras 1986

STONE Bob Marketing Direto Satildeo Paulo Editora Studio Nobel 2004

SUNG Jung Mo Desejo Mercado e Religiatildeo Petroacutepolis Editora Vozes 1997

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Editora Vozes 2003

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Paulo Editora Paulus 2004

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Editora Record 1990

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Anaacutelise Econocircmica de Projetos Satildeo Paulo Editora Thompson Pioneira 2006

TYNAM Kevin B Marketing de Multicanais Satildeo Paulo Editora Atlas 1995

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VALLE Edecircnio Psicologia e experiecircncia religiosa Satildeo Paulo Editora Loyola 1998

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ship Marketing Columbus-OH Ed McGraw-Hill 1995

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Varejo e clientes Satildeo Paulo DVS Editora 2006

WEBER Max A eacutetica protestante e o espiacuterito do capitalismo 2ordf Ediccedilatildeo revisada

Satildeo Paulo Editora Pioneira 2001

WITTGENSTEIN Ludwig Investigaccedilotildees Filosoacuteficas Petroacutepolis-RJ Vozes 1994

_________________Tractatus Logico-Philosophicus Satildeo Paulo Editora Edusp

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Dissertaccedilotildees e teses

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249p Tese (Doutorado em Ciecircncias Sociais) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo

NORONHA Estela Tenha feacute tenha confianccedila Iemanjaacute e uma esperanccedila Um estu-

do a luz da soacutecio-antropologia e da psicologia analiacutetica do fenocircmeno Iemanjismo

entre os natildeo devotos das religiotildees afro-brasileiras 2005 322p Dissertaccedilatildeo (Mestra-

do em Ciecircncias da Religiatildeo) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo

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tuto Teoloacutegico de Satildeo Paulo Satildeo Paulo v4 n2 p 153-163 agosto 1996

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Artigos em Revistas MARINARO Mari A feacute move montanhas Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo

ediccedilatildeo 52 Ano 5 p2 junho de 2007

MOREIRA Thiago Tenha Feacute nos negoacutecios Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Pau-

lo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p 38-45 junho de 2007

Revistas

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tal 61085 ndash CEP 05001-970 - Satildeo Paulo ndash SP Ediccedilatildeo 52 Ano 5 junho de 2007

REVISTA PERDIZES ndash Gabel Comunicaccedilotildees Redaccedilatildeo Rua Trecircs Rios 131 ndash Cj

32 ndash Satildeo Paulo SP CEP 01123-001 Fone 0xx 11 3313-8080 Ano 5 ndash no 27

Outras miacutedias

DVDs

A poacutes-modernidade Seacutergio Paulo Rouanet Editora Multimiacutedia Ltda 2005 1 DVD

O Povo Brasileiro Da Obra-prima de Darcy Ribeiro Idealizaccedilatildeo e direccedilatildeo de Isa

Grinspum Ferraz Fundaccedilatildeo Darcy Ribeiro Superfilmes DVD Duplo

Wittgenstein e a virada linguumliacutestica da Filosofia Joatildeo Vergiacutelio Cuter Editora Multimiacute-

dia Ltda 2005 1 DVD

171

CDs

Ediccedilatildeo Eletrocircnica Brasileira das obras psicoloacutegicas completas de Sigmund Freud

8016 p Rio de Janeiro Imago Editora 2004

Eu vou botar teu nome na macumba Jesseacute Gomes da Silva Filho (Zeca Pagodinho)

N 5277382 CD ldquoSamba pras moccedilasrdquo Gravadora Universal 1995

Documentos e dados da Rede Internet

Clipping Eletrocircnico - Bento XVI autoriza missa em latim Departamento de Comuni-

caccedilatildeo PUC-Campinas

httpwwwpuc-campinasedubrservicosdetalheaspid=28749 Acesso em 08 de

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Cruz Santa ndash Loja virtual httpwwwcruzterrasantacombrLojapadreasp Acesso

em 07 de janeiro de 2007

ENGLER Steven Teoria da Religiatildeo Norte-americana alguns debates recentes

REVER - Revista de Estudos da Religiatildeo Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Religiatildeo

da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo SP Nordm 4 de 2004 Versatildeo eletrocirc-

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cesso em 27 de dezembro de 2006

Expocatoacutelica Feira de negoacutecios

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Expo Cristatilde A maior feira de produtos e serviccedilos para cristatildeos da Ameacuterica Latina

httpwwwexpocristacombr Acesso em 23 de setembro de 2006

EXMAN Fernando Empresas moldam produtos e exportam para religiosos

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FERREIRA Rosenildo Gomes O legado dos ceacuteus

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18 de abril de 2005

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173

Anexos

Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas

Anexo 02 ndash Modelo de questionaacuterio

Anexo 03 ndash Entrevista

174

Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas

Lojas de artigos para as religiotildees afro-brasileiras

bull Loja Luar

Rua Bom Pastor 2190 ndash Ipiranga

CEP 04203-002 - Satildeo Paulo - SP

Fone Fax (0xx11) 6163-6464 e 6591-3234

bull Loja Cacique Pena Branca

Alameda dos Nhambiquaras 1501 - Moema ndash

CEP 04090-013 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0XX11) 5533-1087

bull Casa de Velas Santa Rita

Praccedila da Liberdade 248 - Liberdade

CEP 01503-010ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3208-7022

bull Vida Cigana ndash Casa de umbanda e candombleacute

Praccedila Carlos Gomes 112 ndash Liberdade

CEP 015010-040 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3105-1932

175

Lojas de artigos para a religiatildeo catoacutelica

bull Gladys Artigos Religiosos - Ladeira Porto Geral 106 - 6deg andar - sala 607 CEP 01022-000 - Sao Paulo ndash SP Fone (0xx11) 3312-0325 - Fax (0xx11) 3313-1442

bull Livraria Catoacutelica Nossa Senhora da Lapa

Rua Nossa Senhora da Lapa 364 - Lapa

CEP 05072-000 ndash Satildeo Paulo - SP

Fone (0xx11) 3834-6447 e (0xx11) 3645-4546

bull Inluma - Artigos Religiosos Catoacutelicos

Rua Jaguaratildeo 239 - Jabaquara

CEP 04318-040 - Satildeo Paulo ndash SP

FoneFax (0xx11) 5588-4655 5588-3159 5021-5733

bull Livraria Catedral

Rua Senador Feijoacute 46 ndash Centro

CEP 01006-000 ndash Satildeo Paulo ndash SP

FoneFax (0xx11) 3106-1136

176

Lojas de artigos para as religiotildees protestantes das diversas denominaccedilotildees

bull Word Music ndash

Terminal Barra Funda do Metrocirc loja 14

CEP 01154-060 - Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3392-6660

bull Gospel Line Comeacutercio Ltda Rua Conselheiro Furtado 50 - Liberdade

CEP 01511-000 - Satildeo ndash Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3105-6897 - Fax (0xx11) 3106-2013

bull Bom Pastor Produccedilotildees Artiacutesticas e Phonograacuteficas Ltda Av Liberdade 902 ndash Liberdade

CEP 01502-001 - Satildeo Paulo ndash SP

Fone (11) 3208-5351

bull Vencedores por Cristo SC Rua Prof Dr Joseacute Marques Cruz 365 - Jardim das Acaacutecias

CEP 04707-020 - Satildeo Paulo ndash SP

Fone (11) 5183-4676 - Fax (11) 5183-5349

Lojas de artigos para as religiotildees novoeristas

177

bull Viraj - Gifts to Yoyurself

Av Paulista 807 loja 46 (galeria)

CEP 01311-915 - Satildeo Paulo SP

Fone (0xx11) 3148-0846 - 3148-084 - Fax (0xx11) 3253-6983

bull Centro Holiacutestico Bruxas do Bem

Rua DrCeacutesar 522 - Santana

CEP 02013-002 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fones (0xx11) 6283-4213 - 32134433

bull Lojas Vila Zen

Loja 01 Galeria Gecircmini loja 36 - Av Paulista 807ndash Jardim Paulista

CEP 01311-915 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3251-5940

Loja 02 Shopping Metrocirc Santa Cruz ndash loja 22 - Av Domingos de Morais 2564 - Vila

Mariana

CEP 04036-100 ndash Satildeo Paulo - SP

Fone (0xx11) 3471-7933

178

Anexo 02 - Questionaacuterio dirigido aos consumidores finais ou clientes das lojas

1) Como o sr(a) teve conhecimento da existecircncia desta loja

a) Lista telefocircnica

b) Internet

c) Propaganda em revistas jornais murais ou meios impressos

d) Pelo raacutedio ou televisatildeo

e) Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa

f) Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa

g) Por indicaccedilotildees de placas ou a vitrine da loja

h) Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pastora sheik

rabino monge etc

i) Por acaso

j) Natildeo quis ou natildeo soube responder

2) Com que frequumlecircncia o sr (a) compra produtos religiosos

a) Pelo menos uma vez por mecircs

b) Uma vez a cada dois meses

c) Uma vez a cada trecircs meses

d) Uma vez por semestre

e) Uma vez por ano

f) Menos de uma vez por ano

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

179

3)Qual eacute o principal motivo pelo qual o sr(a) comprou esse (s) produto (s)

a) Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu

culto religioso

b) Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou

comprar

c) Porque a imagem desse (s) objeto(s) reforccedila (m) a minha feacute

d) Porque trazem proteccedilatildeo

e) Porque achei bonito

f) Vai servir para eu dar de presente a algueacutem

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

4) Qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s)

___________________________________________________________________

___________________________________________________________

5) Faixa de desembolso na loja

a) Ate 10 reais

b) De 10 a 20 reais

c) De 20 a 40 reais

d) De 40 a 80 reais

e) De 80 a 160 reais

f) De 160 a 320 reais

g) Mais de 320 reais

h) Natildeo quis ou natildeo soube responder

180

6) Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja

a) Plenamente satisfeito (a)

b) Satisfeito (a)

c) Razoavelmente satisfeito (a)

d) Sofrivelmente satisfeito (a)

e) Insatisfeito (a)

f) Natildeo quis ou natildeo soube responder

7) O sr(a) pretende voltar outras vezes a esta loja

a) Sim

b) Natildeo

c) Natildeo quis ou natildeo soube responder

8) Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo

a) Caros

b) Relativamente caros

c) Razoavelmente equilibrados

d) Condizentes com a minha renda

e) Baratos

f) Muito baratos

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

181

9) Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

a) Melhores preccedilos

b) Melhores condiccedilotildees de pagamento

c) Novos produtos

d) Melhor atendimento

e) Maior conforto

f) Um contato mais direto comigo

g) Um convite especial

h) Natildeo quis ou natildeo soube responder

10) Qual sua religiatildeo de batismo

a) Catoacutelica

b) Protestante

c) Espiacuterita kadercista

d) Umbandista

e) Candomblecista

f) Budista

g) Novoerista

h) Muccedilulmana

i) Natildeo eacute batizado

j) Natildeo quis ou natildeo soube responder

182

11) Qual a sua religiatildeo praticada atualmente

a) Catoacutelica

b) Protestante

c) Espiacuterita kardecista

d) Umbandista

e) Candomblecista

f) Budista

g) Novoerista

h) Muccedilulmana

i) Natildeo quis ou natildeo soube responder

12) O sr(a) reside ou trabalha neste bairro

a) Sim

b) Natildeo

c) Nas imediaccedilotildees deste bairro

d) Natildeo quis ou natildeo soube responder

13) O sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo

a) Sim

b) Natildeo

c) Natildeo quis ou natildeo soube responder

183

14) Sexo

a) Masculino

b) Feminino

15) Profissatildeo________________________________________________

16) Qual a sua idade

a) De 18 a 25 anos

b) De 25 a 35 anos

c) De 35 a 45 anos

d) De 45 a 55 anos

e) De 55 a 65 anos

f) Mais de 65 anos

17) Estado civil

a) Solteiro (a)

b) Casado (a) ou com companheira (o)

c) Separado (a) judicialmente ou divorciado (a)

d) Viuacutevo (a)

184

18) Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar

a) Ensino fundamental

b) Ensino meacutedio

c) Ensino Superior

e) Poacutes-graduado

19) Qual a sua faixa de renda familiar

a) Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo

b) De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos

c) De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos

d) De 05 a 08 salaacuterios miacutenimos

e) De 08 a 10 salaacuterios miacutenimos

f) Mais de 10 salaacuterios miacutenimos

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

185

Anexo 03 Entrevista com o Sr Servilho proprietaacuterio da Banca da Biacuteblia em CaraguatatubaSP

Entrevistador Renato

Entrevistado Sr Servilho

Local Caraguatatuba

Dia 08 Caraguatatuba praccedila central da cidade

Vou perguntar para o dono do empreendimento sr Servilho sobre as razotildees comerciais do investimento no segmento religioso

Qual foi o motivo que levou o sr investir nesse segmento mercadoloacutegico

bull O principal motivo foi especial eu recebi uma intuiccedilatildeo de Deus que eu

deveria vender biacuteblias eu jaacute vendia biacuteblias embora eu representava uma

organizaccedilatildeo adventista e natildeo poderia vender mas nas horas vagas as pessoas me

pediam biacuteblia e o numero de vendas comeccedilou a aumentar eu achava estranho os

preccedilos astronocircmicos de biacuteblias e as pessoas pagavam entatildeo eu falei que tinha que

montar alguma coisa para os meus filhos pra poder vender por um preccedilo correto e

foi aiacute que Deus me indicou e acabamos colocando

A sua feacute contribuiu de forma significativa pra tomar a decisatildeo desse investimento

bull Soacute a feacute

O que mais o sr poderia me dizer a respeito eacute uma satisfaccedilatildeo sua particular trabalhar com esse segmento

186

bull Sim hoje noacutes estamos com 15 anos de trabalho mas a satisfaccedilatildeo eacute

saber que mais de milhares de biacuteblias foram vendidas muitos lares deram

testemunho de que hoje tecircm um temor a Deus um amor a Deus mais chegado

entatildeo o objetivo primeiramente eacute evangeliacutestico e depois concilia com o ganha patildeo eacute

uma consequumlecircncia mas a causa eacute evangelista

Como que foram os primeiros movimentos da materializaccedilatildeo dessa loja do sr

bull O primeiro ano foi taxi zero na eacutepoca noacutes colocamos quase 300 tiacutetulos

de produtos evangeacutelicos mas denominacional quer dizer adventista do seacutetimo dia

e loacutegico ficou parado eu vendia soacute biacuteblia aiacute que nos fomos mudando tirando um

pouco do servindo a todo mundo e fomos com o tempo com a praacutetica servindo

a todas as denominaccedilotildees

Como que se deu a escolha desse ponto comercial

bull Isso foi Divino com certeza foi Divino porque Deus me falou ndashldquoEacute aquirdquo-

e eu achei estranho e era laacute em baixo laacute na ponta era a ex rodoviaacuteria de

Caraguatatuba e era na esquina laacute em baixo e eu pensava -ldquomas aquirdquo- mas me

apontava para a praccedila e tinha essa banca fechada natildeo tinha nada na hora natildeo

acreditei esperei mais uma semana depois voltei para o lugar e orei ndashldquomas eacute aquirdquo-

aiacute desci conversei com o vizinho e perguntei o que era ali que estava sempre

fechado e ele falou que era uma banca de jornal haacute mais de 30 anos que tinha

aberto do outro lado da avenida Perguntei de quem era e ele falou que era de uma

pessoa que era dona de quase todas as bancas da regiatildeo aiacute fui conversar com ele

e ficou com medo de eu ser um concorrente e expliquei pra ele que era um

evangelista que eu queria colocar biacuteblias e colocaria meu filho pra trabalhar que era

um adolescente na eacutepoca e ele me cedeu me vendeu e fizemos o negocio e digo

que foi Divino porque passei dois anos e montaram um shopping aonde esta o

187

Mcdonald e o dono ficou louco disse ndashldquoeu quero esse rapaz fora daqui natildeo quero

biacuteblia aqui na minha frenterdquo- e eu natildeo sabia disso chegavam as pessoas da

prefeitura e falavam ndashldquonoacutes precisamos mudar vocecircrdquo- e natildeo falava por que Ateacute que

chegou um dia que o gerente da prefeitura disse que a cabeccedila dele estava a premio

falou para eu arranjar um mutiratildeo algumas pessoas conhecidas e fizemos um

mutiratildeo e saiacute ele natildeo tinha me falado o motivo ainda Trouxemos e colocamos aqui

e aiacute ficou e mais tarde ele me falou que o dono do shopping disse ndashldquoou vocecirc ou elerdquo-

ele natildeo queria vocecirc de jeito nenhum soacute que eu digo que eacute Divino porque aqui se

tornou o calccediladatildeo o melhor ponto aqui de Caraguatatuba eacute a matildeo de Deus

dirigindo e laacute faliu um shopping todo de maacutermore faliu O ex-prefeito eacute que

conseguiu fazer um acordo porque disse que o dono bebia muito fez um acordo e

reabriu e laacute natildeo tem nada natildeo eacute um shopping soacute um Mcdonald reabriu depois de

muitos anos

Como que o sr estabelece criteacuterios para compra dos produtos a serem oferecidos

bull Oferecido eu tenho um pouco de medo porque eu natildeo gosto de

comprar uma coisa que eu natildeo tenha certeza da onde proveacutem entatildeo eu mesmo vou

buscar embora tem muitos produtos que me trazem produtos durante o ano as

pessoas foram acostumando e eu fui entendendo que a procedecircncia era boa mas

normalmente vou buscar em SP no Rio de Janeiro aonde tem novidades que as

pessoas estatildeo pedindo a gente vai e traacutes

E existe financiamento para o capital de giro do sr

bull Natildeo Antigamente eu trabalhava com cheque e meu giro de capital era

o cheque preacute-datado hoje natildeo mexo com cheque com nada compro agrave vista e

vendo agrave vista

188

E como que o sr estabelece um criteacuterio de preccedilo para esses produtos

bull Eu coloco um percentual no produto conforme o giro ter um produto de

giro raacutepido o percentual cai totalmente eu coloco pra girar o objetivo eacute girar se natildeo

eacute um produto vendaacutevel se eacute mais lento eu aumento um pouco o percentual que eacute

pra natildeo ter um desprestigio com o tempo mas normalmente eu procuro colocar um

preccedilo de giro que eacute melhor girar raacutepido e eu ter condiccedilotildees de comprar outras coisas

O sr me falou que natildeo faz financiamento de produtos entatildeo a loja faz alguma promoccedilatildeo especial visando aumentar o volume meacutedio de vendas

bull Natildeo nunca fiz isso

O sr faz propaganda da loja

bull Eu jaacute fiz alguma coisa mas natildeo vejo resultado natildeo

O sr sabe qual eacute o numero de pessoas que passam pelo interior da sua loja

bull Bastante porque muitas pessoas satildeo atraiacutedas pela musica pelo tipo

de ambiente tem pessoas quenossa agraves vezes chegam aiacute ficam num cantinho

choram eu finjo que natildeo estou vendo mas choram desabafam depois saem Deixo

todo mundo a vontade natildeo vou em cima da pessoa falar preccedilo deixo as pessoas a

vontade quem entra aqui eacute amigo da gente

Vocecirc sabe me dizer dessas pessoas que entram quantas que efetivamente compram algum tipo de produto do sr

189

bull A maioria porque a gente procura nesse tempo que a gente tem ter

coisas como ldquosouveniresrdquo coisas muito interessantes e bonitas num preccedilo muito

bom procuro trabalhar com exclusividade em muitas coisas pequenas entatildeo

sempre tem uma opccedilatildeo das pessoas darem um presente ou mesmo um marca

paacuteginas tem coisas de todos os preccedilos e todos os niacuteveis entatildeo eacute faacutecil uma pessoa

conseguir levar uma lembranccedila

Existe algum tipo de material publicitaacuterio que o sr jaacute tenha desenvolvido no seu empreendimento

bull Natildeo A uacutenica coisa que a gente faz na publicidade aqui seria uma

ordem puacuteblica nesse tempo muitas pessoas chegavam a noacutes e falavam que eu

precisava vender cartatildeo porque eacute uma utilidade publica e hoje a gente vende

cartotildees de telefone cartatildeo preacute-pagos selos do correio entatildeo sempre tem que ter

uma propaganda que o local tem esse produto isso eacute obrigado deixar sempre uma

propaganda e os proacuteprios revendedores se incumbem de fazer a merchandising

Quantos funcionaacuterios ou colaboradores diretos o sr tem aqui na loja

bull Tem a minha filha soacute meu filho vem passear no final de semana ele

Entatildeo eacute o sr

bull E minha filha

Existe algum tipo de treinamento que o sr tenha dado a ela nesse tempo

190

bull Ela trabalha comigo a 15 anos primeiro era eu minha esposa e ela

meu filho tambeacutem entatildeo criei meus filhos assim depois foram saindo e a uacutenica que

ficou foi ela e minha esposa hoje cuida do lar soacute

E o sr acha necessaacuterio cada vendedor por ex no seu caso o sr natildeo deixa de ser um vendedor de primeira linha o sr pode dizer que tambeacutem eacute um vendedor o sr que vendedor precisa ser praticante da sua religiatildeo uma vez que o sr daacute uma ecircnfase especial agrave religiatildeo que o sr pratica aqui O sr acha que ele tem que ser da sua religiatildeo pra trabalhar aqui ou natildeo

bull Quando se fala religiatildeo engloba tudo eacute religar o terraacutequeo com o

criador isso eacute uma coisa muito profunda mesmo de vez em quando a gente

mergulha nisso e coloca a realidade mas pra trabalhar com um produto desse a

pessoa precisa pelo menos ter uma feacute porque se eu sou uma pessoa que natildeo tenho

feacute vou ser um mercenaacuterio e aiacute vou entrar em choque com muitas coisas e outra

muitas pessoas de vez em quando chegam e desabafam fazem pergunta chega

num desespero no fim a gente natildeo eacute soacute vendedor mas muitas vezes a gente eacute

conselheiro mas se a gente natildeo tem um bom conselho fica esquisito

Entatildeo para esclarecer na opiniatildeo do sr eacute preciso que a feacute esteja para e passo com a necessidade das pessoas tomando cuidado para estar na linha de frente de um negocio desses a pessoa tem que acreditar mesmo

bull Sem duvida nenhuma ela tem que temer a Deus

A loja se relaciona conjuntamente com algum templo igreja com algum espaccedilo sagrado

bull Noacutes natildeo temos vinculo nenhum com [placas] noacutes sim eacute que

particularmente

191

Qual seria os 6 produtos importantes aqui O sr daacute um destaque muito grande em cima de cartotildees e Biacuteblias Daria para o sr apontar ndashldquoeu vendo bastante anelzinhos as pessoas vem procurar por causa dos meus cartotildeezinhosrdquo- Quais satildeo os produtos que o sr acha que satildeo realmente importantes pra esse segmento que o sr atua

bull Sem duvida nenhuma o CD a musica eacute o que mais vende eacute uma

coisa que no inicio foi difiacutecil eu prestava atenccedilatildeo nisso porque eu gosto de musica

claacutessica mas natildeo adianta eu colocar meu gosto porque vai ficar na prateleira entatildeo

eu comecei a desenvolver por conselhos de outras pessoas entatildeo a musica os

CDs a gente trabalha soacute com original natildeo coloca nada na pirataria para que a

pessoa tenha confianccedila do que esta levando e procuro estar atento no que eacute

sucesso nos lanccedilamentos entatildeo DVD CD Biacuteblia e principalmente hinaacuterios harpa

cristatilde soletos biacuteblicos que as pessoas compram para distribuir e uma serie de outras

coisas O marca paginas as crianccedilas levam toda hora aleacutem de uma pessoa que

estaacute passeandoaqui tem vaacuterios tipos de chaveiros e muitos produtos artesanais

nos damos muito valor ao artesanato porque desde pequeno eu sempre mexia com

artesanato aprendia a fazer o coleacutegio de primeiro ensinava isso aiacute uma pessoa que

estava na 5ordf serie na admissatildeo ela jaacute sabia fazer alguma coisa pra poder vender e

sustentar a famiacutelia hoje a gente natildeo vecirc isso aiacute entatildeo eu dou muito valor ao

artesanato o que eacute feito na matildeo entatildeo coisas que eu vejo bem bonitas artesanais

eu coloco na loja pra vender

O que o sr pensa da relaccedilatildeo dos seus clientes com seu negocio O sr acha que eles estatildeo sendo bem atendidos Eu sei que o sr esta fazendo o melhor que pode mas olhando um pouco mais de fora eu quero ler a sua visatildeo de fora como que o sr acha que seus clientes estatildeo atendidos

bull Aiacute jaacute entra numa questatildeo teoloacutegica hoje realmente eu natildeo atendo o

que deveria atender isso por ideologia estamos vivendo momentos profeacuteticos eu

creio nisso entatildeo eu deixo de vender livros denominacionais que muitos me

192

procuram porque se eu tivesse muitos livros denominacionais minha venda

aumentaria muito

O que satildeo livros denominacionais

bull Satildeo livros por ex um livro da Assembleacuteia de Deus um livro

Pentecostal de doutrinas diferentes eu procuro natildeo trabalhar com eles procuro

trabalhar com a Biacuteblia porque a Biacuteblia eacute universal agora os livros satildeo produzidos

eu posso ler a Biacuteblia e traduzir de uma maneira montar uma placa de igreja e formar

uma igreja eu estaria sendo conivente fazendo isso entatildeo me sinto um pouco

restringidomas tem muitas coisas que eu poderia colocar aiacute e natildeo coloco deixo de

vender isso eacute uma questatildeo eacutetica teoloacutegica

E quais satildeo as expectativas que vocecirc tem para os proacuteximos anos do ponto de vista empresarial

bull Eu tenho uma mentalidadeo que esta escrito laacute em cima

ldquoVem Senhor Jesusrdquo

bull ldquoVem Senhor Jesusrdquo eacute a ultima parte que estaacute escrito na Biacuteblia no

Apocalipse eram os uacuteltimos versiacuteculos quer dizer noacutes estamos vivendo momentos

que precede a vinda de Jesus e eu natildeo tenho duvida nenhuma e estou me

preparando para ldquosubirrdquo com ele entatildeo veja bem a minha perspectiva natildeo eacute para

esse mundo noacutes natildeo somos um comerciante comum como outro qualquer natildeo que

uma pessoa natildeo vaacute montar um negocio desse e natildeo vai dar certo natildeo eacute isso eacute o

meu ponto de vista eu jaacute natildeo me afirmo mais aqui eu natildeo monto meu futuro mais

aqui nesse sistema de ser humano de pecado tanto eacute que eu deixo laacute em cima laacute

atraacutes natildeo sei se vocecirc reparou um cartaz e vou mudando de vez em quando com o

193

tempo mas no momento aqui eacute a historia do planeta Nabucodonossor sonhou

explicou o sonho e entra Daniel e Deus fala

-ldquoVai laacute Daniel fala com ele porque fui Eu quem deu esse sonho pra

elerdquo-

e na historia mostra que Nabucodonossor AC600 anos foi tomado de

uma

maneira espetacular pelo [Medopersia] e depois veio o ventre que eacute a

Greacutecia tomou a [Medopersia] e depois Roma tomou e impressionante

Roma se dividiu em dez e formou a Europa e laacute esta escrito assim

ldquoComo os dedos dos peacutes satildeo barro e ferro e como barro e ferro natildeo se

unem como raccedila humana natildeo se uniraacuterdquo

O mundo vem tentando desmentir essa parte da Biacuteblia Hitler tentou

Mussolini tentou mesmo os grandes paises como os EUA vem tentando se tornar

um impeacuterio formar um soacute reino mas Biacuteblia fala que -ldquoNos dias desse rei

Estaraacute um reino que jamais passaraacuterdquo () eacute a pedra a pedra eacute Cristo

eacute Jesus com milhares e milhares de anjos entatildeo noacutes estamos vivendo hoje a

sujeira da ponta da unha da estatua inclusive a Europa acha que conseguiu fazer

esse reino natildeo com a intenccedilatildeo de desmentir a Biacuteblia mas eles sem querer estatildeo

envolvendo porque um decifre comordquoMASrdquo todas as traduccedilotildees satildeo iguais mesmo

a Biacuteblia catoacutelica ldquoMASrdquo mas o que Mas os homens vatildeo tentar tentar mas nos dias

desses reis que reis O presidente da Franccedila da Alemanha antes de dissolver

porque o objetivo dessa uniatildeo eacute chegar num momento que cai todos os reis e um soacute

manda em tudo mas nos dias desses reis antes de dissolver isso a Pedra vem o

Cristo vem entatildeo noacutes sabemos pelos acontecimentos que vemos no jornal todos os

dias estamos muito proacuteximos disso

Vocecirc tentar centralizar o futuro

bull O futuro mesmo eu natildeo planejo eu planejo o dia dia procuro natildeo fazer

muita diacutevida compro agrave vista vendo agrave vista

194

E como que o sr vecirc o cliente do sr Como que ele eacute e o que ele procura aqui com o sr

bull Eu vejo eles como amigos com uma necessidade a maioria deles eu

vejo com uma necessidade e a gente procura servir essa necessidade ou suprir

essa necessidade entatildeo natildeo vejo eles com um cifratildeo procuro atender eles bem e

no fim ele acaba levando saindo satisfeito e volta O que eu tenho prestado atenccedilatildeo

eacute nisso nesses longos tempos eacute que meus clientes voltam e isso eacute importante num

comercio e as pessoas natildeo percebem isso o importante eacute o cliente voltar outra vez

ele tem uma satisfaccedilatildeo mesmo que natildeo compra nada comprou uma coisa irrisoacuteria

mas ele volta e a partir que ele se torna um amigo ele tambeacutem passa para os

amigos os parentes aonde comprou fala que gostou da loja

Entatildeo o trabalho com o cliente eacute importante

bull Eacute importantiacutessimo

Eu quero agradecer em meu nome quero agradecer em nome do Nuacutecleo de Ciecircncias e Religiatildeo da Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo

Me comprometo a mandar as fotos da Expo para o sr

  • Tenha Feacute eacute um bom negoacutecio O marketing nas fronteiras da religiatildeo - a feacute como alavanca de negoacutecpdf
    • Tenha feacute eacute um bom negoacutecio
    • Ilustraccedilatildeo 1 - Direitos Reservados
    • O marketing nas fronteiras da religiatildeo a feacute como alavanca de negoacutecios no varejo de produtos religiosos
    • RENATO PINTO DE ALMEIDA JUacuteNIOR
    • TENHA FEacute Eacute UM BOM NEGOacuteCIO
    • O marketing nas fronteiras da religiatildeo a feacute como alavanca de negoacutecios no varejo de produtos religiosos
    • Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Banca Examinadora da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias da Religiatildeo sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Silas Guerriero
    • PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA
    • SAtildeO PAULO 2007
    • BANCA EXAMINADORA
    • __________________________________
    • __________________________________
    • __________________________________
    • Dedicatoacuteria
    • Dedico este trabalho agrave cidade de Satildeo Paulo Aos brasileiros e brasileiras paulistanos e paulistanas por adoccedilatildeo (como eu) ou que aqui nasceram e fazem desta cidade a locomotiva e um beliacutessimo motivo de orgulho para o nosso paiacutes
    • Ilustraccedilatildeo 2- Direitos Reservados
    • Se ao final deste trabalho ainda perguntarem-me O que eacute isto
    • A minha resposta viraacute pelas palavras do poeta Ari Barroso
    • Dedico tambeacutem este trabalho agrave minha famiacutelia e em especial para
    • Fado Tropical (Chico Buarque - Ruy Guerra)
    • Oh musa do meu fado Oh minha matildee gentil Te deixo consternado No primeiro abril Mas natildeo secirc tatildeo ingrata Natildeo esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal ``Sabe no fundo eu sou um sentimental Todos noacutes herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo Mesmo quando as minhas matildeos estatildeo ocupadas em torturar esganar trucidar Meu coraccedilatildeo fecha aos olhos e sinceramente chora Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas do Alentejo De quem numa bravata Arrebato um beijo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
    • ``Meu coraccedilatildeo tem um sereno jeito E as minhas matildeos o golpe duro e presto De tal maneira que depois de feito Desencontrado eu mesmo me contesto Se trago as matildeos distantes do meu peito Eacute que haacute distacircncia entre intenccedilatildeo e gesto E se o meu coraccedilatildeo nas matildeos estreito Me assombra a suacutebita impressatildeo de incesto Quando me encontro no calor da luta Ostento a aguda empunhadura agrave proa Mas o meu peito se desabotoa E se a sentenccedila se anuncia bruta Mais que depressa a matildeo cega executa Pois que senatildeo o coraccedilatildeo perdoa
    • Guitarras e sanfonas Jasmins coqueiros fontes Sardinhas mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre Traacutes-os-Montes E numa pororoca Desaacutegua no Tejo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um impeacuterio colonial
    • Com todo o meu carinho
    • Renato Pinto de Almeida Juacutenior
    • Edecircnio Valle em seu livro Psicologia e experiecircncia religiosa estabeleceu a diferenccedila e explicou a religiosidade intriacutenseca e extriacutenseca onde as caracteriacutesticas da religiosidade intriacutenseca satildeo o forte compromisso pessoal universalista eacutetico e de amor ao proacuteximo A religiosidade intriacutenseca tambeacutem seria altruiacutesta humanitaacuteria e natildeo-egocecircntrica na qual a feacute possui importacircncia central aceita sem reserva e o credo seguido inteiramente Aberta a experiecircncia religiosa intensa vecirc positivamente a morte e possui sentimentos de poder e de capacidade proacuteprios O mesmo autor entende como caracteriacutesticas da religiosidade extriacutenseca a religiatildeo de conveniecircncia surgida em momentos de crise e necessidade Etnocecircntrica exclusivista fechada grupalmente sua feacute e crenccedilas satildeo superficiais e sofrem uma seleccedilatildeo subjetiva Utilitaacuteria sem visar outras finalidades estaacute a serviccedilo de outras necessidades pessoais e sociais Deus eacute visto como duro e punitivo e a visatildeo da morte eacute negativa Ao contraacuterio da religiosidade intriacutenseca na qual o sujeito tem sentimentos de poder e de capacidade proacutepria aqui o sentimento eacute de impotecircncia e de controle externo
    • A feacute assim como a religiatildeo e a religiosidade tambeacutem eacute um termo de complexo entendimento que podemos abordaacute-lo de diversas maneiras No entanto destacamos que apesar da palavra eventualmente nos remeter a uma ideacuteia de algo natildeo comprovaacutevel do ponto de vista cientiacutefico a Ciecircncia da Religiatildeo nos permite uma aproximaccedilatildeo conscienciosa dentro dos rigores metodoloacutegicos quando abordamos a questatildeo fenomenologicamente ou atraveacutes da filosofia
    • A noeacutetica oferece oportunidade de examinarmos o assunto Segundo Adolphe Gescheacute
    • () eacute o ser humano de um conhecimento porque haacute tambeacutem um conteuacutedo noeacutetico da feacute o crente eacute visitado por uma Palavra (fides ex auditu) Aqui a linguagem eacute a linguagem da revelaccedilatildeo O crente natildeo vive uma experiecircncia nebulosa mas uma experiecircncia transpassada por uma luz que ilumina o seu conhecimento embora este continue sendo ao mesmo tempo um ldquodesconhecimentordquo diante daquilo que o ultrapassa
    • Wolmir Therezio Amado propotildee que nos prendamos a duas perspectivas baacutesicas para entendermos o que eacute feacute e sobre as quais formulou correspondentes epistemologias
    • () uma delas foi considerar a feacute e a religiatildeo no acircmbito estatutaacuterio da adesatildeo voluntarista e sujeitas agraves expectativas do coraccedilatildeo outra foi o de conhecer o acircmbito epistemoloacutegico da feacute nos limites da consciecircncia dialeacutetica Ambas estatildeo muito presentes na realidade atual ainda que questotildees novas acerca do discernimento da feacute tenham surgido na poacutes-modernidade e no contexto do terceiro mundo
    • O mesmo autor pontua
    • () Para a fenomenologia o esforccedilo teoacuterico consiste em compreender a feacute apenas como sentido de fenocircmeno deixado de lado aquilo que ilumina a graccedila ou que indica uma ordem superior A feacute nessa perspectiva eacute analisada na ordem das significaccedilotildees No esforccedilo empreendido pela filosofia o conhecimento da feacute soacute eacute possiacutevel ser interpretado agrave medida que se adentra em suas articulaccedilotildees porque ela estaacute em toda experiecircncia humana Se de um lado a feacute eacute um dom conferido de outro tal dom eacute dado como possibilidade que tem o imperativo de desabrochar para-ser Assim a feacute se daacute em trecircs niacuteveis baacutesicos como puro desvelamento do outro ausente como confianccedilaesperanccedila ou entrega de si ao outro e como manifestaccedilatildeo externa paradigma visiacutevel No esforccedilo de-ser capta (sem se apropriar) o ser analoacutegico Mas este captar implica uma feacute metafiacutesica uma vez que outro soacute eacute compreendido por semelhanccedila A verificaccedilatildeo absoluta nunca me seraacute possiacutevel por isso haacute a praacutexis do risco e da confianccedila por mim assumida
    • Alem da fenomenologia e da filosofia a feacute eacute apresentada teologicamente pela oacutetica biacuteblica
    • Alguns autores se preocuparam em observar e tentar descrever as situaccedilotildees ocorrentes de feacute por outras abordagens entre os seres humanos
    • Quanto ao fenocircmeno ldquofeacuterdquo se observado em seu significado mais amplo e pelo lado pessoal dos indiviacuteduos ele nos leva a correlacionaacute-lo a algo em que se acredita ou se confia No entanto se avanccedilarmos um pouco mais pela natureza praacutetica terminoloacutegica encontraremos pelo menos duas aplicaccedilotildees distintas na primeira possibilidade veremos uma conceituaccedilatildeo de cunho racionalista estando ligada ao vieacutes cientiacutefico nos cientistas e seus postulados em evidecircncias fiacutesicas ou laboratoriais
    • () a feacute religiosa cresce na sociedade atual por outra razatildeo A secularizaccedilatildeo que teve seu apogeu nas deacutecadas de 1960 e 1970 especialmente no meio intelectual e sob sua influecircncia provocou uma reaccedilatildeo contraacuteria Ao reduzir o papel e o poder das religiotildees sobre a sociedade e a cultura a secularizaccedilatildeo produziu uma privatizaccedilatildeo das formas religiosas As pessoas escolhem as formas religiosas que mais respondem agrave subjetividade provocando verdadeiro surto religioso Eacute a outra face da secularizaccedilatildeo que minando as instituiccedilotildees engendrou uma busca sedenta de expressotildees religiosas
    • Continuou o autor
    • () Trava-se entatildeo uma forte luta entre a feacute religiosa coacutesmica e a apropriaccedilatildeo capitalista da natureza No niacutevel estritamente religioso ela assume papel profeacutetico e criacutetico na sociedade Isso explica o crescimento em nosso meio do budismo da miacutestica islacircmica e de outras formas sacrais coacutesmicas como o Santo Daime e a Uniatildeo do Vegetal Haacute uma sede de feacute religiosa no meio do desgaste psico-humano provocado pela sociedade e cultura modernas A Nova Era traduz muito dessa feacute religiosa atual
    • Assim sendo os enunciados acima satildeo alguns dos que melhor explicam o fenocircmeno Concluiacutemos que pode-se ter feacute tanto numa pessoa quanto num objeto inanimado numa ideologia num pensamento filosoacutefico num sistema qualquer num conjunto de regras numa crenccedila numa base de propostas ou em dogmas de uma determinada religiatildeo
    • 1 2 Marketing uma ideacuteia e um conceito em evoluccedilatildeo
    • Apesar de encontrarmos suas raiacutezes ao longo da histoacuteria da humanidade na proacutepria gecircnese do comeacutercio o marketing eacute um campo de estudo novo se comparado com as demais aacutereas do saber O estudo do mercado surgiu da necessidade dos empresaacuterios em administrar uma nova realidade oriunda da Revoluccedilatildeo Industrial
    • A revoluccedilatildeo industrial em seus dois momentos histoacutericos iniciou grandes mudanccedilas econocircmicas e sociais No primeiro momento apareceram como fases relevantes a mecanizaccedilatildeo da induacutestria e da agricultura a aplicaccedilatildeo da forccedila motriz industrial e o desenvolvimento do sistema fabril aleacutem de uma formidaacutevel aceleraccedilatildeo nos meios de transportes e de comunicaccedilotildees Em uma segunda etapa podemos enunciar vaacuterias caracteriacutesticas importantes que marcaram eacutepoca a substituiccedilatildeo do ferro pelo accedilo o desenvolvimento da maquinaria automaacutetica e um alto grau de especializaccedilatildeo do trabalho nos ambientes fabris o crescente domiacutenio da induacutestria pela ciecircncia o desenvolvimento de novas formas de organizaccedilatildeo capitalista e a expansatildeo da industrializaccedilatildeo ateacute a Europa Central e Oriental por exemplo Desta maneira essas novas situaccedilotildees modificaram a relaccedilatildeo do capital com os meios de produccedilatildeo ateacute entatildeo e anteriormente existentes Como consequumlecircncia estabeleceram tambeacutem um reposicionamento das forccedilas produtivas com o mercado consumidor
    • Neste estaacutegio da histoacuteria econocircmica mundial o marketing ainda era inseparaacutevel da economia e da administraccedilatildeo claacutessica A gestatildeo econocircmica e empresarial nesse instante preocupou-se com a logiacutestica a produtividade e a maximizaccedilatildeo dos lucros Os consumidores natildeo tinham qualquer poder de barganha com os fabricantes e produtores Os aspectos humanos do mercado eram ignorados aleacutem da concorrecircncia ser praticamente inexistente
    • Essa eacutepoca comeccedilam a surgir os primeiros sinais de excesso de oferta Os fabricantes desenvolveram-se e produziram em seacuterie Portanto a oferta passou a superar a demanda e os produtos acumulavam-se em estoques Algumas empresas comeccedilaram a utilizar teacutecnicas de vendas bem mais agressivas e a ecircnfase na comercializaccedilatildeo das empresas dessa eacutepoca era totalmente dirigidas agraves vendas
    • Nos anos 40 os trabalhos e observaccedilotildees a respeito da aplicaccedilatildeo da psicologia na propaganda e o de William J Reilly sobre as Leis de Gravitaccedilatildeo do Varejo comeccedilaram a dar um enfoque cientiacutefico ao marketing Uma das questotildees cruciais nesse momento da histoacuteria era se as teorias de mercado podiam ou natildeo se desenvolver Algumas abordagens defendiam a tese que isso nunca seria possiacutevel Natildeo seriam passiacuteveis de desenvolvimento a uma teoria mercadoloacutegica genuiacutena pois a consideravam extremamente subjetiva quase uma forma de arte Tal realidade manteve-se inalterada ateacute os instantes finais da Segunda Guerra Mundial quando entatildeo reagindo ao crescimento da concorrecircncia mercadoacutelogos comeccedilaram a teorizar sobre como atrair e lidar com seus consumidores em funccedilatildeo da super-produccedilatildeo Surgiu entatildeo a cultura de vender a qualquer preccedilo
    • Deacutecada de 1950
    • A primeira tentativa de mudanccedila dessa visatildeo mercadoloacutegica veio em 1954 pelas matildeos de Peter Drucker ao lanccedilar seu livro A Praacutetica da Administraccedilatildeo Natildeo se tratava de ser propriamente um livro sobre marketing mas foi o primeiro registro escrito que cita o marketing como uma forccedila poderosa a ser considerada pelos administradores
    • Sequencialmente em 1960 elaborado por Theodore Levitt professor da Harvard Business School em artigo na revista Harvard Business Review entitulado Miopia de Marketing revelou uma seacuterie de erros de percepccedilotildees mostrou a importacircncia da satisfaccedilatildeo dos clientes e transformou para sempre o mundo dos negoacutecios O vender a qualquer custo deu lugar agrave satisfaccedilatildeo garantida
    • O universo do marketing comeccedilou a expandir-se e artigos cientiacuteficos foram escritos pesquisas feitas e dados estatisticamente relevantes traccedilados Foram separadas as estrateacutegias eficientes dos ldquoachismosrdquo e viu-se a necessidade de um estudo seacuterio do mercado Este conhecimento adquirido ficou espalhado difuso muitas vezes restrito ao mundo acadecircmico Em 1967 Philip Kotler lanccedilou a primeira ediccedilatildeo de seu livro Administraccedilatildeo de Marketing onde pocircs-se a reunir revisar testar e consolidar as bases daquilo que ateacute hoje formam o ldquocacircnone do marketingrdquo
    • Deacutecada de 1970
    • Nos anos 70 destacou-se o fato de surgirem departamentos e diretorias de marketing em todas as grandes empresas Natildeo se tratava mais de uma boa ideacuteia mas de uma necessidade de sobrevivecircncia Eacute nesta eacutepoca que se multiplicaram os supermercados shopping centers e franchises De fato a contribuiccedilatildeo do marketing foi tatildeo notoacuteria no meio empresarial que passou rapidamente a ser adotada em outros setores da atividade humana O governo organizaccedilotildees civis entidades religiosas e partidos poliacuteticos passaram a valer-se das estrateacutegias de marketing adaptando-as agraves suas realidades e necessidades
    • Em 1982 o livro Em Busca da Excelecircncia de Tom Peters e Bob Waterman inaugurou todo um periacuteodo de escritores sobre o marketing Num golpe de sorte editorial produziram o livro de marketing mais vendido de todos os tempos ao focarem completamente sua atenccedilatildeo no cliente Esse fenocircmeno editorial levou o marketing agraves massas e portanto agraves pequenas e meacutedias empresas e a todo o tipo de profissional Talvez por isso e tambeacutem por uma necessidade mercadoloacutegica o marketing passou a ser uma preocupaccedilatildeo atinente agrave alta direccedilatildeo de todas as mega-corporaccedilotildees natildeo estando mais restrita a uma diretoria ou departamento
    • O fecircnomeno dos gurus entretando eacute responsaacutevel pelo posterior descuido com o rigor da investigaccedilatildeo cientiacutefica e uma tendecircncia a modismos Nesta eacutepoca floreceram diversos autores tais como Al Ries que definiu o conceito de posicionamento e o markerting de guerra e guerrilha e Masaaki Imai que idealizou o modelo Kaizen Esses autores ganharam reconhecimento no mundo dos negoacutecios e alta reputaccedilatildeo no universo empresarial por suas ideacuteias e abordagens originais
    • Assim como ocorreu em muitos outros setores o avanccedilo tecnoloacutegico dos anos 90 teve um forte impacto no mundo do marketing O comeacutercio eletrocircnico foi uma revoluccedilatildeo na logiacutestica distribuiccedilatildeo e formas de pagamento O CRM (Customer Relationship Management) e os serviccedilos de atendimentos ao consumidor entre outras inovaccedilotildees tornaram possiacutevel uma gestatildeo de relacionamento com os clientes em larga escala E como se isso natildeo fosse suficiente a Internet chegou como uma nova via de comunicaccedilatildeo Eacute a eacutepoca do maximarketing de Stan Rapp do marketing 1 to 1 da Peppers amp Rogers Group do aftermarketing de Terry G Vavra e do marketing direto de Bob Stone ou seja caracterizou-se por uma constante busca pela personalizaccedilatildeo como medida administrativa e de poliacutetica de aproximaccedilatildeo expansatildeo manutenccedilatildeo e retro-alimentaccedilatildeo mercadoloacutegica em geral
    • Outra tendecircncia do periacuteodo foi o fortalecimento do conceito de marketing societal no qual tornou-se uma exigecircncia de mercado haver uma preocupaccedilatildeo com o bem-estar da sociedade A satisfaccedilatildeo do consumidor e a opiniatildeo puacuteblica passaram a estar diretamente ligadas agrave participaccedilatildeo das organizaccedilotildees em causas sociais e a responsabilidade social transformou-se numa vantagem competitiva
    • A virada do milecircnio assitiu agrave segmentaccedilatildeo da televisatildeo a cabo agrave popularidade da telefonia celular e agrave democratizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo especialmente via Internet A World Wide Web jaacute estava madura o suficiente nos primeiros anos desta deacutecada Surgiuram uma infinidade de pesquisas e publicaccedilotildees sobre webmarketing e comeacutercio eletrocircnico Mas mais do que isso agora o cliente natildeo tinha apenas poder de barganha tinha tambeacutem poder de informaccedilatildeo Era de se esperar que isso influenciasse na maneira com a qual os consumidores interagiam com as empresas e entre si Os primeiros reflexos disso foram o nascimento do marketing de permissatildeo de Seth Godin a conceitualizaccedilatildeo do marketing boca-a-boca por George Silverman e a explosatildeo do buzzmarketing e do marketing viral por autores tais como Russell Goldsmith e Mark Hughes
    • Eacute perceptiacutevel na proacutepria evoluccedilatildeo do conceito de marketing a importacircncia cada vez maior do consumidor como o elemento chave e alvo das preocupaccedilotildees e propoacutesitos nas accedilotildees dos homens e mulheres que se ocupavam com marketing pois eacute o consumidor a razatildeo loacutegica de organizaccedilotildees ou empresas comerciais
    • Neste trabalho vamos centralizar atenccedilotildees sobre o consumidor de produtos relacionados agrave religiosidade e tambeacutem agraves possiveis dinacircmicas do marketing de varejo que estatildeo inseridas dentro dos conceitos de marketing acima abordados e atuando como uma ferramenta mercadoloacutegica
    • 14 As abordagens conjuntas do marketing com a religiosidade e vice-versa
    • Ilustraccedilatildeo 5
    • Ilustraccedilatildeo 6
    • 15 Consideraccedilotildees iniciais sobre o cenaacuterio da pesquisa de campo
    • Por limitaccedilotildees metodoloacutegicas o cenaacuterio fiacutesico da pesquisa de campo esteve contemplando lojas de produtos religiosos das religiotildees catoacutelica protestantes das diversas denominaccedilotildees religiotildees afro-brasileiras e novoeristas presentes na praccedila comercial da cidade de Satildeo Paulo
    • Quanto ao cenaacuterio religioso e por se tratar de uma caracteriacutestica cultural de nosso povo adotamos o posicionamento teoacuterico de Ecircnio Brito porque natildeo seria conveniente e nem apropriado considerarmos apenas ldquoumardquo cultura brasileira que exteriorizasse as manifestaccedilotildees materiais e espirituais da nossa gente
    • Hoje eacute consenso que natildeo existe uma cultura brasileira capaz de englobar todas as manifestaccedilotildees materiais e espirituais do povo brasileiro e que lsquoa admissatildeo do seu caraacuteter plural eacute um passo decisivo para compreendecirc-la como um efeito de sentido resultado de um processo de muacuteltiplas interaccedilotildees e oposiccedilotildees no tempo e no espaccedilo ()
    • Corroborando as palavras de Ecircnio Brito Darcy Ribeiro com seu depoimento afirmou
    • Desde a Greacutecia natildeo se inventava uma deusa que se adequasse ao amor uma matildee de Deus que fale do amor E os negros do Rio inventaram Iemanjaacute Isso eacute uma operaccedilatildeo cultural incriacutevel Mais importante que os romances e os teoremas E importante para o povo E o que eacute Iemanjaacute Eacute uma ldquosantonardquo laacute que domina o mar E ningueacutem vai pedir a ela a cura do cacircncer ou a cura da AIDS Vai pedir a ela que o marido natildeo bata tantoum namorado gostoso Os africanos mergulharam tatildeo profundamente e de modo tatildeo inventivo na construccedilatildeo do Brasil que deixaram de ser eles para sermos noacutes brasileiros
    • Complementarmente aos enunciados acima e nos aproximando do cotidiano metropolitano religioso da populaccedilatildeo da cidade de Satildeo Paulo que foi objeto e campo de investigaccedilatildeo deste trabalho o prisma social e populacional que consideramos foi o dos autores Antocircnio Flaacutevio de Oliveira Pierucci e Reginaldo Prandi
    • O Brasil jaacute eacute um paiacutes de diversidade religiosa Cerca de um quarto da populaccedilatildeo adulta jaacute experimentou o sentido da adesatildeo a uma religiatildeo diferente daquela em que nasceu num contexto em que a religiatildeo se vai ajustando cada vez mais aacute ideacuteia da escolha da livre escolha que se faz frente a variadas necessidades de tecirc-las atendidas Para muitos a conversatildeo religiosa eacute experimentada juntamente com a mobilidade ocupacional e da integraccedilatildeo na nova sociedade quer sejam estas verdadeiras quer sejam tatildeo-somente simulacro como soacutei acontecer no domiacutenio das representaccedilotildees religiosas
    • A mais bem-sucedida denominaccedilatildeo neopentecostal de longe a de maior visibilidade a brasileira e agressiva Igreja Universal do Reino de Deus existe a quinze anos e jaacute eacute um impeacuterio no Brasil e laacute fora Seus pastores satildeo empreendedores com baixa ou nula formaccedilatildeo teoloacutegica mas que devem demonstrar grande capacidade de atrair puacuteblico e pagar dividendos para a igreja de acordo com um know-how administrado empresarialmente pelos bispos a igreja jaacute estruturada como negoacutecio
    • () Essa metamorfose pela qual vem passando rapidamente a religiatildeo nos obriga a pensar que se a religiatildeo se transforma em consumo e o fiel em consumidor numa relaccedilatildeo de mercado que a sociedade estaacute equipada para regulamentar como qualquer outro produto vale pensar que o proacuteprio Estado agora separado da religiatildeo e dela desinteressado como fonte transcendente de legitimidade pode envolver-se para preservar interesses do cidadatildeo-consumidor As palavras seguintes de Flaacutevio Pierucci traduzem bastante bem essa preocupaccedilatildeo ldquoCombinadas pois essas duas noccedilotildees baacutesicas a do cidadatildeo como consumidor individual e a do Estado como regulador neutro dos vaacuterios mercados estaraacute plenamente justificada a intervenccedilatildeo do Estado para a defesa do indiviacuteduo e a correccedilatildeo dos abusos praticados em nome da religiatildeo Ensaia-se desse modo nessa transmutaccedilatildeo juriacutedica por ora silenciosa do seguidor religioso num consumidor de bens e serviccedilos com o direito de reclamar agraves autoridades proteccedilatildeo contra os enganadores aproveitadores e exploradores novo reforccedilo de legitimidade para a vigilacircncia puacuteblica e a intervenccedilatildeo estatal O uso do modelo lsquodefesa do consumidorrsquo pode ser uma boa saiacuteda para os mais modernos opositores da opressatildeo religiosa tornarem-se os defensores poacutes-modernos das viacutetimas da mercantilizaccedilatildeo religiosa viacutetimas de praacuteticas religiosas abusivas ou lesivas viacutetimas da tapeaccedilatildeo e da fraude religiosa promessas natildeo cumpridas milagres natildeo acontecidosrdquo
    • Reginaldo Prandi tambeacutem abordou a questatildeo mercadoloacutegica da feacute pelo vieacutes microeconocircmico da teoria do consumidor que o atual cenaacuterio religioso oferece sinalizando a questatildeo utilitarista que as religiotildees neste momento contemplam
    • Pelas palavras do autor acima consideraremos no mercado varejista de produtos religiosos dois fenocircmenos concomitantes que se interpotildeem agrave sociedade brasileira e que pelo prisma deste trabalho poderatildeo fomentar a compra de produtos neste segmento
    • O primeiro fenocircmeno seria a competitividade entre as novas e tradicionais religiotildees em busca de novos fieacuteis onde esbarram nas apropriaccedilotildees e recriaccedilotildees dos aspectos maacutegicos ritualiacutesticos e miacutesticos que encantam e permeiam o imaginaacuterio religioso brasileiro O segundo fenocircmeno dar-se-ia pela constataccedilatildeo do surgimento na poacutes-modernidade de uma religiosidade utilitaacuteria e consumista pautada na individualidade e no sincretismo de credos como podemos notar nos textos de Pierucci e Prandi
    • Seraacute nossa intenccedilatildeo privilegiar essa populaccedilatildeo que acreditaria nos poderes especiais dos objetos comprados independentemente de qualquer posicionamento por ela adotada
    • Estudiosos de marketing de varejo e dos consumidores norte-americanos tambeacutem sinalizaram claramente a necessidade e importacircncia da pesquisa que nos propusemos empreender David Lewis e Darren Bridges citando Wade Clark Roof em Spiritual Marketplace destacaram
    • Haacute uma fluidez consideraacutevel Haacute uma acircnsia contiacutenua para encontrar a verdade espiritual mas agora eles tecircm uma noccedilatildeo mais clara de que algumas coisas que procuram lhes oferecer antes como o consumo e materialismo natildeo funcionam tatildeo bem Vejo um futuro espiritual e religioso mais individualista e talvez mais diverso
    • No proacuteximo capiacutetulo abordaremos com os necessaacuterios detalhes teacutecnicos os aspectos operacionais da pesquisa de campo empreendida para este trabalho
    • Capitulo II ndash Pesquisa de campo a descoberta e o comportamento dos consumidores no mercado da feacute
    • Eu vou botar teu nome na macumba Vou procurar uma feiticeira Fazer uma quizumba pra te derrubar Oi iaiaacute Vocecirc me jogou um feiticcedilo quase que eu morri Soacute eu sei o que eu sofri Deus me perdoe mas eu vou me vingar Eu vou botar teu retrato num prato com pimenta Quero ver se vocecirc guumlenta A mandinga que eu vou te jogar Raspa de chifre de bode Pedaccedilo de rabo de jumenta Tu vais botar fogo pela venta E comigo natildeo vai mais brincar Asa de morcego Corcova de camelo pra te derrubar Uma cabeccedila de burro Pra quebrar o encanto do seu patuaacute Olha tu podes ser forte Mas tens que ter sorte Pra te salvar Toma cuidado comadre Com a mandinga que eu vou te jogar
    • Composiccedilatildeo Zeca Pagodinho Dudu Nobre
    • A redaccedilatildeo deve ser clara apresentando o tema escolhido e as justificativas para sua escolha a importacircncia e os limites do trabalho as hipoacuteteses formuladas e suas limitaccedilotildees a populaccedilatildeo-alvo a metodologia seguida e o modo de obter e apresentar os dados obtidos sem generalizaccedilotildees excessivas ou fora do acircmbito estudado podendo indicar ainda os prolongamentos eventuais suscitados pela pesquisa e pelas conclusotildees obtidas
    • Ilustraccedilatildeo 7 - Direitos Reservados
    • O estabelecimento comercial escolhido foi a Banca da Biacuteblia situado na praccedila central da cidade ao lado da igreja matriz Fizemos nossos contatos iniciais com o soacutecio controlador do empreendimento comercial no mecircs de fevereiro de 2006
    • Identificamo-nos como pesquisadores da PUCSP e discorremos a ele sobre este trabalho em seus termos gerais
    • O proprietaacuterio da loja o Sr Servilho Gomes da Silva apoacutes alguns questionamentos concordou em colaborar com nossa pesquisa Combinamos nessa ocasiatildeo que entrariacuteamos em contato novamente em uma data futura quando agendariacuteamos de forma definitiva a data de nossa visita desta feita munidos de todo nosso material da pesquisa de campo
    • No dia 15 de agosto de 2006 rumamos novamente para a cidade de CaraguatatubaSP ocasiatildeo essa que em conjunto com o lojista determinamos o dia da aplicaccedilatildeo do teste piloto conforme a conveniecircncia do comerciante
    • Iniciamos os trabalhos documentando fotograficamente a loja os possiacuteveis clientes proprietaacuterio e produtos
    • Demos sequumlecircncia a nossos propoacutesitos entrevistando o proprietaacuterio
    • O questionaacuterio dirigido agrave clientela da Banca da Biacuteblia foi aplicado por dois entrevistadores o autor desta dissertaccedilatildeo e Estela Noronha sempre apresentada como pesquisadora assistente O processo de abordagem a essas pessoas foi feito de forma direta Identificamo-nos atraveacutes de um cartatildeo de visitas especialmente desenvolvido para essa finalidade
    • Vista frontal de nosso cartatildeo de identificaccedilatildeo
    • Verso do cartatildeo de identificaccedilatildeo
    • Ilustraccedilatildeo 8 - Direitos Reservados
    • Nesse cartatildeo consta o nome da universidade cidade sede nome do departamento ao qual o pesquisador estaacute vinculado sua identidade as iniciais de sua especialidade a aacuterea de interesse em que a pesquisa estaacute relacionada telefones e endereccedilo completo Consta tambeacutem o endereccedilo eletrocircnico para comunicaccedilatildeo direta via Internet No verso deste instrumento de apresentaccedilatildeo colocamos o nome do orientador cargo que ocupa na universidade departamento e endereccedilo da academia de ciecircncias Foram abordados dez sujeitos nesta data selecionados aleatoriamente pelos entrevistadores Eram possiacuteveis clientes que estavam dentro da loja ou que dela estivessem saindo indistintamente e que se dispuse-
    • ram a serem entrevistados
    • Sequencialmente procedemos a uma leitura ldquoflutuanterdquo do instrumento de campo que foi desenvolvido Essa leitura serviu para delimitar melhor o objeto de estudo e as hipoacuteteses bem como testar a aplicabilidade do instrumento de pesquisa e a qualidade das perguntas
    • Sendo assim o questionaacuterio da pesquisa piloto mostrou uma ratificaccedilatildeo e ajuste ao objeto e hipoacutetese deste trabalho
    • Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio elaborado para a possiacutevel clientela da loja gastou cerca de 20 minutos
    • Deveriacuteamos evitar a abordagem do sujeito de uma entrevista antes de sua entrada na loja
    • Deixamos claro logo na abordagem que se tratava de uma pesquisa para Universidade de cunho cientiacutefico pois isto evitaria qualquer outro juiacutezo a respeito de nossa iniciativa
    • Deveriacuteamos ter a maior objetividade brevidade e discriccedilatildeo possiacuteveis no interior da loja para natildeo alterar sua atmosfera comercial e natildeo trazermos dificuldades operacionais aos atos comerciais que estivessem ocorrendo
    • Tambeacutem desenvolvemos dois outros instrumentos a serem usados de forma opcional durante a pesquisa de campo Trata-se do questionaacuterio de entrevista com o lojista e da caderneta de anotaccedilotildees ou caderneta de campo O primeiro instrumento aqui em destaque se destina a sondar a posiccedilatildeo pessoal do lojista consideradas as variaacuteveis feacute e comeacutercio Essas variaacuteveis poderatildeo ser utilizadas ao final de nosso trabalho dando-nos maior consistecircncia em nossas arguumliccedilotildees finalizantes No segundo instrumento anotaremos os detalhes que possam posteriormente ser relevantes ao bom desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo tais como a oitiva de possiacuteveis comentaacuterios adjacentes e proferidos por vendedores observaccedilotildees de detalhes esteacuteticos e particulares de cada loja etc
    • Fisicamente esse instrumento eacute constituiacutedo de um bloco de anotaccedilotildees devidamente datado e situado com local e periacuteodo aleacutem do horaacuterio das nossas investidas dentro de nosso cenaacuterio de pesquisa
    • Com a finalidade de melhor documentar os nossos procedimentos e concomitantemente agrave aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios decidimos gerar um amplo material fotograacutefico O intuito dessa parte de nosso trabalho no campo vai aleacutem da simples ilustraccedilatildeo Iremos adotar o vieacutes foto-jornaliacutestico pois eacute a maneira que encontramos para demonstrar por imagens os detalhes que venham a ser relevantes nesta dissertaccedilatildeo
    • Graacutefico e tabela 6 - Qual a sua faixa de renda familiar
    • Graacutefico e tabela 7 - O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro
    • Graacutefico e tabela 8 - O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo
    • Graacutefico e tabela 9 - Qual a sua religiatildeo de batismo
    • Graacutefico e tabela 15 - Faixa de desembolso na loja
    • Graacutefico e tabela 16 - Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja
    • Graacutefico e tabela 17 - O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja
    • () sabiacuteamos que ambas as visotildees e discursos estavam em conformidade com o movimento da poacutes-modernidade onde as novas formas ou tendecircncias do ldquoserrdquo religioso satildeo sincreacuteticas e polissecircmicas marcadas pela diversidade pela pluralidade de credos pelo tracircnsito religioso e pela falta de submissatildeo hieraacuterquica agraves instituiccedilotildees religiosas Ao mesmo tempo em que tambeacutem buscam um sentido existencial individualista e subjetivo centrado no indiviacuteduo e no seu cotidiano muitas vezes utilitarista consumista e praacutetico
    • FONTES TORRES Oswaldo Fadigas Fundamentos da Engenharia Econocircmica 1ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Thompson Pioneira 2006
    • FOWLER James W Estaacutegios da Feacute A Psicologia do Desenvolvimento Humano e a Busca de Sentido Satildeo Leopoldo Editora Sinodal 1992
    • FREYRE Gilberto Casa Grande amp Senzala ndash Formaccedilatildeo da famiacutelia Brasileira sob o regime de economia patriarcal 9ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Editora Joseacute Olympio 1958
    • FREUD Sigmund An Autobiographical Study The Penguin Freud Library Londres Ed Penguin Books 1986
    • HUGHES Mark BuzzMarketing Lisboa Actual Editora 2006
    • LUCHETTI Bingemer Maria Clara Feacute vida e participaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Konrad Adenauer 2000
    • JAMES William Variedades da experiecircncia religiosa Um estudo sobre a natureza humana Satildeo Paulo Editora Cultrix 1995
    • PEPPERS Don e ROGERS Martha CRM Series Marketing 1 to 1 2ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Makron Books 2001
    • PETERS Tom J WATERMAN Bob Search of Excellence Lessons from Americas Best-Run Companies London Ed Haper Collins 1992
    • SUNG Jung Mo Desejo Mercado e Religiatildeo Petroacutepolis Editora Vozes 1997
    • COLON Ginger How to move customers online Sales amp Marketing Management marccedilo 2000 p 27 e 28
    • GOLDSMITH Russell Viral Marketing Get Your Audience to Do Your Marketing for You London Financial Times Management 2005
    • LIGOS Melinda Point click and sell Sales amp Marketing Management maio de 1999 p 51-55
    • SCHAEFFER Francis The Consumer Bill of Rights in Consumer Advisory Council First Report Government Printing Office Washington DC US 1963
    • MARINARO Mari A feacute move montanhas Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p2 junho de 2007
    • MOREIRA Thiago Tenha Feacute nos negoacutecios Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p 38-45 junho de 2007
    • REVISTA PERDIZES ndash Gabel Comunicaccedilotildees Redaccedilatildeo Rua Trecircs Rios 131 ndash Cj 32 ndash Satildeo Paulo SP CEP 01123-001 Fone 0xx 11 3313-8080 Ano 5 ndash no 27
    • Eu vou botar teu nome na macumba Jesseacute Gomes da Silva Filho (Zeca Pagodinho) N 5277382 CD ldquoSamba pras moccedilasrdquo Gravadora Universal 1995
    • Clipping Eletrocircnico - Bento XVI autoriza missa em latim Departamento de Comunicaccedilatildeo PUC-Campinas
    • httpwwwpuc-campinasedubrservicosdetalheaspid=28749 Acesso em 08 de julho de 2007
    • Expocatoacutelica Feira de negoacutecios httpwwwexpocatolicacombrexpocatolicaindex1aspcod=62amptp=1 Acesso em 18 de abril de 2005
    • Expo Cristatilde A maior feira de produtos e serviccedilos para cristatildeos da Ameacuterica Latina httpwwwexpocristacombr Acesso em 23 de setembro de 2006
    • FERREIRA Rosenildo Gomes O legado dos ceacuteus httpwwwterracombristoedinheiro314negocios314_legado_ceuhtm Acesso em 18 de abril de 2005
    • RESENDE Tatiana Comeacutercio eletrocircnico deve ter alta de ateacute 50 ao ano Folha On Line httpwww1folhauolcombrfolhadinheiroult91u308736shtml Acesso em 02 de julho de 2007
      • Tenha Feacute eacute um bom negoacutecio O marketing nas fronteiras da religiatildeo - a feacute como alavanca de negoacute2pdf
        • Anexos
        • Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas
        • Anexo 02 ndash Modelo de questionaacuterio
        • Anexo 03 ndash Entrevista
        • Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas
        • Lojas de artigos para as religiotildees afro-brasileiras
        • Loja Luar
        • Rua Bom Pastor 2190 ndash Ipiranga
        • CEP 04203-002 - Satildeo Paulo - SP
        • Fone Fax (0xx11) 6163-6464 e 6591-3234
        • Loja Cacique Pena Branca
        • Alameda dos Nhambiquaras 1501 - Moema ndash
        • CEP 04090-013 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0XX11) 5533-1087
        • Casa de Velas Santa Rita
        • Praccedila da Liberdade 248 - Liberdade
        • CEP 01503-010ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3208-7022
        • Vida Cigana ndash Casa de umbanda e candombleacute
        • Praccedila Carlos Gomes 112 ndash Liberdade
        • CEP 015010-040 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3105-1932
        • Lojas de artigos para a religiatildeo catoacutelica
        • Gladys Artigos Religiosos -
        • Ladeira Porto Geral 106 - 6deg andar - sala 607
        • CEP 01022-000 - Sao Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3312-0325 - Fax (0xx11) 3313-1442
        • Livraria Catoacutelica Nossa Senhora da Lapa
        • Rua Nossa Senhora da Lapa 364 - Lapa
        • CEP 05072-000 ndash Satildeo Paulo - SP
        • Fone (0xx11) 3834-6447 e (0xx11) 3645-4546
        • Inluma - Artigos Religiosos Catoacutelicos
        • Rua Jaguaratildeo 239 - Jabaquara
        • CEP 04318-040 - Satildeo Paulo ndash SP
        • FoneFax (0xx11) 5588-4655 5588-3159 5021-5733
        • Livraria Catedral
        • Rua Senador Feijoacute 46 ndash Centro
        • CEP 01006-000 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • FoneFax (0xx11) 3106-1136
        • Lojas de artigos para as religiotildees protestantes das diversas denominaccedilotildees
        • Word Music ndash
        • Terminal Barra Funda do Metrocirc loja 14
        • CEP 01154-060 - Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3392-6660
        • Gospel Line Comeacutercio Ltda
        • Rua Conselheiro Furtado 50 - Liberdade
        • CEP 01511-000 - Satildeo ndash Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3105-6897 - Fax (0xx11) 3106-2013
        • Bom Pastor Produccedilotildees Artiacutesticas e Phonograacuteficas Ltda
        • Av Liberdade 902 ndash Liberdade
        • CEP 01502-001 - Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (11) 3208-5351
        • Vencedores por Cristo SC
        • Rua Prof Dr Joseacute Marques Cruz 365 - Jardim das Acaacutecias
        • CEP 04707-020 - Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (11) 5183-4676 - Fax (11) 5183-5349
        • Lojas de artigos para as religiotildees novoeristas
        • Viraj - Gifts to Yoyurself
        • Av Paulista 807 loja 46 (galeria)
        • CEP 01311-915 - Satildeo Paulo SP
        • Fone (0xx11) 3148-0846 - 3148-084 - Fax (0xx11) 3253-6983
        • Centro Holiacutestico Bruxas do Bem
        • Rua DrCeacutesar 522 - Santana
        • CEP 02013-002 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fones (0xx11) 6283-4213 - 32134433
        • Lojas Vila Zen
        • Loja 01 Galeria Gecircmini loja 36 - Av Paulista 807ndash Jardim Paulista
        • CEP 01311-915 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3251-5940
        • Loja 02 Shopping Metrocirc Santa Cruz ndash loja 22 - Av Domingos de Morais 2564 - Vila Mariana
        • CEP 04036-100 ndash Satildeo Paulo - SP
        • Fone (0xx11) 3471-7933
        • Anexo 02 - Questionaacuterio dirigido aos consumidores finais ou clientes das lojas
        • 1) Como o sr(a) teve conhecimento da existecircncia desta loja
        • a) Lista telefocircnica
        • b) Internet
        • c) Propaganda em revistas jornais murais ou meios impressos
        • d) Pelo raacutedio ou televisatildeo
        • e) Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa
        • f) Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa
        • g) Por indicaccedilotildees de placas ou a vitrine da loja
        • h) Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pastora sheik rabino monge etc
        • i) Por acaso
        • j) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 2) Com que frequumlecircncia o sr (a) compra produtos religiosos
        • a) Pelo menos uma vez por mecircs
        • b) Uma vez a cada dois meses
        • c) Uma vez a cada trecircs meses
        • d) Uma vez por semestre
        • e) Uma vez por ano
        • f) Menos de uma vez por ano
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 3)Qual eacute o principal motivo pelo qual o sr(a) comprou esse (s) produto (s)
        • a) Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu culto religioso
        • b) Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar
        • c) Porque a imagem desse (s) objeto(s) reforccedila (m) a minha feacute
        • d) Porque trazem proteccedilatildeo
        • e) Porque achei bonito
        • f) Vai servir para eu dar de presente a algueacutem
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 4) Qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s)
        • ______________________________________________________________________________________________________________________________
        • 5) Faixa de desembolso na loja
        • a) Ate 10 reais
        • b) De 10 a 20 reais
        • c) De 20 a 40 reais
        • d) De 40 a 80 reais
        • e) De 80 a 160 reais
        • f) De 160 a 320 reais
        • g) Mais de 320 reais
        • h) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 6) Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja
        • a) Plenamente satisfeito (a)
        • b) Satisfeito (a)
        • c) Razoavelmente satisfeito (a)
        • d) Sofrivelmente satisfeito (a)
        • e) Insatisfeito (a)
        • f) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 7) O sr(a) pretende voltar outras vezes a esta loja
        • a) Sim
        • b) Natildeo
        • c) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 8) Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo
        • a) Caros
        • b) Relativamente caros
        • c) Razoavelmente equilibrados
        • d) Condizentes com a minha renda
        • e) Baratos
        • f) Muito baratos
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 9) Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja
        • a) Melhores preccedilos
        • b) Melhores condiccedilotildees de pagamento
        • c) Novos produtos
        • d) Melhor atendimento
        • e) Maior conforto
        • f) Um contato mais direto comigo
        • g) Um convite especial
        • h) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 10) Qual sua religiatildeo de batismo
        • a) Catoacutelica
        • b) Protestante
        • c) Espiacuterita kadercista
        • d) Umbandista
        • e) Candomblecista
        • f) Budista
        • g) Novoerista
        • h) Muccedilulmana
        • i) Natildeo eacute batizado
        • j) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 11) Qual a sua religiatildeo praticada atualmente
        • a) Catoacutelica
        • b) Protestante
        • c) Espiacuterita kardecista
        • d) Umbandista
        • e) Candomblecista
        • f) Budista
        • g) Novoerista
        • h) Muccedilulmana
        • i) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 12) O sr(a) reside ou trabalha neste bairro
        • a) Sim
        • b) Natildeo
        • c) Nas imediaccedilotildees deste bairro
        • d) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 13) O sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo
        • a) Sim
        • b) Natildeo
        • c) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 14) Sexo
        • a) Masculino
        • b) Feminino
        • 15) Profissatildeo________________________________________________
        • 16) Qual a sua idade
        • a) De 18 a 25 anos
        • b) De 25 a 35 anos
        • c) De 35 a 45 anos
        • d) De 45 a 55 anos
        • e) De 55 a 65 anos
        • f) Mais de 65 anos
        • 17) Estado civil
        • a) Solteiro (a)
        • b) Casado (a) ou com companheira (o)
        • c) Separado (a) judicialmente ou divorciado (a)
        • d) Viuacutevo (a)
        • 18) Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar
        • a) Ensino fundamental
        • b) Ensino meacutedio
        • c) Ensino Superior
        • e) Poacutes-graduado
        • 19) Qual a sua faixa de renda familiar
        • a) Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo
        • b) De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos
        • c) De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos
        • d) De 05 a 08 salaacuterios miacutenimos
        • e) De 08 a 10 salaacuterios miacutenimos
        • f) Mais de 10 salaacuterios miacutenimos
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • Anexo 03 Entrevista com o Sr Servilho proprietaacuterio da Banca da Biacuteblia em CaraguatatubaSP
        • Entrevistador Renato
        • Entrevistado Sr Servilho
        • Local Caraguatatuba
        • Dia 08 Caraguatatuba praccedila central da cidade
        • Vou perguntar para o dono do empreendimento sr Servilho sobre as razotildees comerciais do investimento no segmento religioso
        • Qual foi o motivo que levou o sr investir nesse segmento mercadoloacutegico
        • O principal motivo foi especial eu recebi uma intuiccedilatildeo de Deus que eu deveria vender biacuteblias eu jaacute vendia biacuteblias embora eu representava uma organizaccedilatildeo adventista e natildeo poderia vender mas nas horas vagas as pessoas me pediam biacuteblia e o numero de vendas comeccedilou a aumentar eu achava estranho os preccedilos astronocircmicos de biacuteblias e as pessoas pagavam entatildeo eu falei que tinha que montar alguma coisa para os meus filhos pra poder vender por um preccedilo correto e foi aiacute que Deus me indicou e acabamos colocando
        • A sua feacute contribuiu de forma significativa pra tomar a decisatildeo desse investimento
        • Soacute a feacute
        • O que mais o sr poderia me dizer a respeito eacute uma satisfaccedilatildeo sua particular trabalhar com esse segmento
        • Sim hoje noacutes estamos com 15 anos de trabalho mas a satisfaccedilatildeo eacute saber que mais de milhares de biacuteblias foram vendidas muitos lares deram testemunho de que hoje tecircm um temor a Deus um amor a Deus mais chegado entatildeo o objetivo primeiramente eacute evangeliacutestico e depois concilia com o ganha patildeo eacute uma consequumlecircncia mas a causa eacute evangelista
        • Como que foram os primeiros movimentos da materializaccedilatildeo dessa loja do sr
        • O primeiro ano foi taxi zero na eacutepoca noacutes colocamos quase 300 tiacutetulos de produtos evangeacutelicos mas denominacional quer dizer adventista do seacutetimo dia e loacutegico ficou parado eu vendia soacute biacuteblia aiacute que nos fomos mudando tirando um pouco do servindo a todo mundo e fomos com o tempo com a praacutetica servindo a todas as denominaccedilotildees
        • Como que se deu a escolha desse ponto comercial
        • Isso foi Divino com certeza foi Divino porque Deus me falou ndashldquoEacute aquirdquo- e eu achei estranho e era laacute em baixo laacute na ponta era a ex rodoviaacuteria de Caraguatatuba e era na esquina laacute em baixo e eu pensava -ldquomas aquirdquo- mas me apontava para a praccedila e tinha essa banca fechada natildeo tinha nada na hora natildeo acreditei esperei mais uma semana depois voltei para o lugar e orei ndashldquomas eacute aquirdquo- aiacute desci conversei com o vizinho e perguntei o que era ali que estava sempre fechado e ele falou que era uma banca de jornal haacute mais de 30 anos que tinha aberto do outro lado da avenida Perguntei de quem era e ele falou que era de uma pessoa que era dona de quase todas as bancas da regiatildeo aiacute fui conversar com ele e ficou com medo de eu ser um concorrente e expliquei pra ele que era um evangelista que eu queria colocar biacuteblias e colocaria meu filho pra trabalhar que era um adolescente na eacutepoca e ele me cedeu me vendeu e fizemos o negocio e digo que foi Divino porque passei dois anos e montaram um shopping aonde esta o Mcdonald e o dono ficou louco disse ndashldquoeu quero esse rapaz fora daqui natildeo quero biacuteblia aqui na minha frenterdquo- e eu natildeo sabia disso chegavam as pessoas da prefeitura e falavam ndashldquonoacutes precisamos mudar vocecircrdquo- e natildeo falava por que Ateacute que chegou um dia que o gerente da prefeitura disse que a cabeccedila dele estava a premio falou para eu arranjar um mutiratildeo algumas pessoas conhecidas e fizemos um mutiratildeo e saiacute ele natildeo tinha me falado o motivo ainda Trouxemos e colocamos aqui e aiacute ficou e mais tarde ele me falou que o dono do shopping disse ndashldquoou vocecirc ou elerdquo- ele natildeo queria vocecirc de jeito nenhum soacute que eu digo que eacute Divino porque aqui se tornou o calccediladatildeo o melhor ponto aqui de Caraguatatuba eacute a matildeo de Deus dirigindo e laacute faliu um shopping todo de maacutermore faliu O ex-prefeito eacute que conseguiu fazer um acordo porque disse que o dono bebia muito fez um acordo e reabriu e laacute natildeo tem nada natildeo eacute um shopping soacute um Mcdonald reabriu depois de muitos anos
        • Como que o sr estabelece criteacuterios para compra dos produtos a serem oferecidos
        • Oferecido eu tenho um pouco de medo porque eu natildeo gosto de comprar uma coisa que eu natildeo tenha certeza da onde proveacutem entatildeo eu mesmo vou buscar embora tem muitos produtos que me trazem produtos durante o ano as pessoas foram acostumando e eu fui entendendo que a procedecircncia era boa mas normalmente vou buscar em SP no Rio de Janeiro aonde tem novidades que as pessoas estatildeo pedindo a gente vai e traacutes
        • E existe financiamento para o capital de giro do sr
        • Natildeo Antigamente eu trabalhava com cheque e meu giro de capital era o cheque preacute-datado hoje natildeo mexo com cheque com nada compro agrave vista e vendo agrave vista
        • E como que o sr estabelece um criteacuterio de preccedilo para esses produtos
        • Eu coloco um percentual no produto conforme o giro ter um produto de giro raacutepido o percentual cai totalmente eu coloco pra girar o objetivo eacute girar se natildeo eacute um produto vendaacutevel se eacute mais lento eu aumento um pouco o percentual que eacute pra natildeo ter um desprestigio com o tempo mas normalmente eu procuro colocar um preccedilo de giro que eacute melhor girar raacutepido e eu ter condiccedilotildees de comprar outras coisas
        • O sr me falou que natildeo faz financiamento de produtos entatildeo a loja faz alguma promoccedilatildeo especial visando aumentar o volume meacutedio de vendas
        • Natildeo nunca fiz isso
        • O sr faz propaganda da loja
        • Eu jaacute fiz alguma coisa mas natildeo vejo resultado natildeo
        • O sr sabe qual eacute o numero de pessoas que passam pelo interior da sua loja
        • Bastante porque muitas pessoas satildeo atraiacutedas pela musica pelo tipo de ambiente tem pessoas quenossa agraves vezes chegam aiacute ficam num cantinho choram eu finjo que natildeo estou vendo mas choram desabafam depois saem Deixo todo mundo a vontade natildeo vou em cima da pessoa falar preccedilo deixo as pessoas a vontade quem entra aqui eacute amigo da gente
        • Vocecirc sabe me dizer dessas pessoas que entram quantas que efetivamente compram algum tipo de produto do sr
        • A maioria porque a gente procura nesse tempo que a gente tem ter coisas como ldquosouveniresrdquo coisas muito interessantes e bonitas num preccedilo muito bom procuro trabalhar com exclusividade em muitas coisas pequenas entatildeo sempre tem uma opccedilatildeo das pessoas darem um presente ou mesmo um marca paacuteginas tem coisas de todos os preccedilos e todos os niacuteveis entatildeo eacute faacutecil uma pessoa conseguir levar uma lembranccedila
        • Existe algum tipo de material publicitaacuterio que o sr jaacute tenha desenvolvido no seu empreendimento
        • Natildeo A uacutenica coisa que a gente faz na publicidade aqui seria uma ordem puacuteblica nesse tempo muitas pessoas chegavam a noacutes e falavam que eu precisava vender cartatildeo porque eacute uma utilidade publica e hoje a gente vende cartotildees de telefone cartatildeo preacute-pagos selos do correio entatildeo sempre tem que ter uma propaganda que o local tem esse produto isso eacute obrigado deixar sempre uma propaganda e os proacuteprios revendedores se incumbem de fazer a merchandising
        • Quantos funcionaacuterios ou colaboradores diretos o sr tem aqui na loja
        • Tem a minha filha soacute meu filho vem passear no final de semana ele
        • Entatildeo eacute o sr
        • E minha filha
        • Existe algum tipo de treinamento que o sr tenha dado a ela nesse tempo
        • Ela trabalha comigo a 15 anos primeiro era eu minha esposa e ela meu filho tambeacutem entatildeo criei meus filhos assim depois foram saindo e a uacutenica que ficou foi ela e minha esposa hoje cuida do lar soacute
        • E o sr acha necessaacuterio cada vendedor por ex no seu caso o sr natildeo deixa de ser um vendedor de primeira linha o sr pode dizer que tambeacutem eacute um vendedor o sr que vendedor precisa ser praticante da sua religiatildeo uma vez que o sr daacute uma ecircnfase especial agrave religiatildeo que o sr pratica aqui O sr acha que ele tem que ser da sua religiatildeo pra trabalhar aqui ou natildeo
        • Quando se fala religiatildeo engloba tudo eacute religar o terraacutequeo com o criador isso eacute uma coisa muito profunda mesmo de vez em quando a gente mergulha nisso e coloca a realidade mas pra trabalhar com um produto desse a pessoa precisa pelo menos ter uma feacute porque se eu sou uma pessoa que natildeo tenho feacute vou ser um mercenaacuterio e aiacute vou entrar em choque com muitas coisas e outra muitas pessoas de vez em quando chegam e desabafam fazem pergunta chega num desespero no fim a gente natildeo eacute soacute vendedor mas muitas vezes a gente eacute conselheiro mas se a gente natildeo tem um bom conselho fica esquisito
        • Entatildeo para esclarecer na opiniatildeo do sr eacute preciso que a feacute esteja para e passo com a necessidade das pessoas tomando cuidado para estar na linha de frente de um negocio desses a pessoa tem que acreditar mesmo
        • Sem duvida nenhuma ela tem que temer a Deus
        • A loja se relaciona conjuntamente com algum templo igreja com algum espaccedilo sagrado
        • Noacutes natildeo temos vinculo nenhum com [placas] noacutes sim eacute que particularmente
        • Qual seria os 6 produtos importantes aqui O sr daacute um destaque muito grande em cima de cartotildees e Biacuteblias Daria para o sr apontar ndashldquoeu vendo bastante anelzinhos as pessoas vem procurar por causa dos meus cartotildeezinhosrdquo- Quais satildeo os produtos que o sr acha que satildeo realmente importantes pra esse segmento que o sr atua
        • Sem duvida nenhuma o CD a musica eacute o que mais vende eacute uma coisa que no inicio foi difiacutecil eu prestava atenccedilatildeo nisso porque eu gosto de musica claacutessica mas natildeo adianta eu colocar meu gosto porque vai ficar na prateleira entatildeo eu comecei a desenvolver por conselhos de outras pessoas entatildeo a musica os CDs a gente trabalha soacute com original natildeo coloca nada na pirataria para que a pessoa tenha confianccedila do que esta levando e procuro estar atento no que eacute sucesso nos lanccedilamentos entatildeo DVD CD Biacuteblia e principalmente hinaacuterios harpa cristatilde soletos biacuteblicos que as pessoas compram para distribuir e uma serie de outras coisas O marca paginas as crianccedilas levam toda hora aleacutem de uma pessoa que estaacute passeandoaqui tem vaacuterios tipos de chaveiros e muitos produtos artesanais nos damos muito valor ao artesanato porque desde pequeno eu sempre mexia com artesanato aprendia a fazer o coleacutegio de primeiro ensinava isso aiacute uma pessoa que estava na 5ordf serie na admissatildeo ela jaacute sabia fazer alguma coisa pra poder vender e sustentar a famiacutelia hoje a gente natildeo vecirc isso aiacute entatildeo eu dou muito valor ao artesanato o que eacute feito na matildeo entatildeo coisas que eu vejo bem bonitas artesanais eu coloco na loja pra vender
        • O que o sr pensa da relaccedilatildeo dos seus clientes com seu negocio O sr acha que eles estatildeo sendo bem atendidos Eu sei que o sr esta fazendo o melhor que pode mas olhando um pouco mais de fora eu quero ler a sua visatildeo de fora como que o sr acha que seus clientes estatildeo atendidos
        • Aiacute jaacute entra numa questatildeo teoloacutegica hoje realmente eu natildeo atendo o que deveria atender isso por ideologia estamos vivendo momentos profeacuteticos eu creio nisso entatildeo eu deixo de vender livros denominacionais que muitos me procuram porque se eu tivesse muitos livros denominacionais minha venda aumentaria muito
        • O que satildeo livros denominacionais
        • Satildeo livros por ex um livro da Assembleacuteia de Deus um livro Pentecostal de doutrinas diferentes eu procuro natildeo trabalhar com eles procuro trabalhar com a Biacuteblia porque a Biacuteblia eacute universal agora os livros satildeo produzidos eu posso ler a Biacuteblia e traduzir de uma maneira montar uma placa de igreja e formar uma igreja eu estaria sendo conivente fazendo isso entatildeo me sinto um pouco restringidomas tem muitas coisas que eu poderia colocar aiacute e natildeo coloco deixo de vender isso eacute uma questatildeo eacutetica teoloacutegica
        • E quais satildeo as expectativas que vocecirc tem para os proacuteximos anos do ponto de vista empresarial
        • Eu tenho uma mentalidadeo que esta escrito laacute em cima
        • ldquoVem Senhor Jesusrdquo
        • ldquoVem Senhor Jesusrdquo eacute a ultima parte que estaacute escrito na Biacuteblia no Apocalipse eram os uacuteltimos versiacuteculos quer dizer noacutes estamos vivendo momentos que precede a vinda de Jesus e eu natildeo tenho duvida nenhuma e estou me preparando para ldquosubirrdquo com ele entatildeo veja bem a minha perspectiva natildeo eacute para esse mundo noacutes natildeo somos um comerciante comum como outro qualquer natildeo que uma pessoa natildeo vaacute montar um negocio desse e natildeo vai dar certo natildeo eacute isso eacute o meu ponto de vista eu jaacute natildeo me afirmo mais aqui eu natildeo monto meu futuro mais aqui nesse sistema de ser humano de pecado tanto eacute que eu deixo laacute em cima laacute atraacutes natildeo sei se vocecirc reparou um cartaz e vou mudando de vez em quando com o tempo mas no momento aqui eacute a historia do planeta Nabucodonossor sonhou explicou o sonho e entra Daniel e Deus fala
        • -ldquoVai laacute Daniel fala com ele porque fui Eu quem deu esse sonho pra elerdquo-
        • e na historia mostra que Nabucodonossor AC600 anos foi tomado de uma
        • maneira espetacular pelo [Medopersia] e depois veio o ventre que eacute a
        • Greacutecia tomou a [Medopersia] e depois Roma tomou e impressionante Roma se dividiu em dez e formou a Europa e laacute esta escrito assim
        • ldquoComo os dedos dos peacutes satildeo barro e ferro e como barro e ferro natildeo se unem como raccedila humana natildeo se uniraacuterdquo
        • O mundo vem tentando desmentir essa parte da Biacuteblia Hitler tentou Mussolini tentou mesmo os grandes paises como os EUA vem tentando se tornar um impeacuterio formar um soacute reino mas Biacuteblia fala que -ldquoNos dias desse rei
        • Estaraacute um reino que jamais passaraacuterdquo () eacute a pedra a pedra eacute Cristo eacute Jesus com milhares e milhares de anjos entatildeo noacutes estamos vivendo hoje a sujeira da ponta da unha da estatua inclusive a Europa acha que conseguiu fazer esse reino natildeo com a intenccedilatildeo de desmentir a Biacuteblia mas eles sem querer estatildeo envolvendo porque um decifre comordquoMASrdquo todas as traduccedilotildees satildeo iguais mesmo a Biacuteblia catoacutelica ldquoMASrdquo mas o que Mas os homens vatildeo tentar tentar mas nos dias desses reis que reis O presidente da Franccedila da Alemanha antes de dissolver porque o objetivo dessa uniatildeo eacute chegar num momento que cai todos os reis e um soacute manda em tudo mas nos dias desses reis antes de dissolver isso a Pedra vem o Cristo vem entatildeo noacutes sabemos pelos acontecimentos que vemos no jornal todos os dias estamos muito proacuteximos disso
        • Vocecirc tentar centralizar o futuro
        • O futuro mesmo eu natildeo planejo eu planejo o dia dia procuro natildeo fazer muita diacutevida compro agrave vista vendo agrave vista
        • E como que o sr vecirc o cliente do sr Como que ele eacute e o que ele procura aqui com o sr
        • Eu vejo eles como amigos com uma necessidade a maioria deles eu vejo com uma necessidade e a gente procura servir essa necessidade ou suprir essa necessidade entatildeo natildeo vejo eles com um cifratildeo procuro atender eles bem e no fim ele acaba levando saindo satisfeito e volta O que eu tenho prestado atenccedilatildeo eacute nisso nesses longos tempos eacute que meus clientes voltam e isso eacute importante num comercio e as pessoas natildeo percebem isso o importante eacute o cliente voltar outra vez ele tem uma satisfaccedilatildeo mesmo que natildeo compra nada comprou uma coisa irrisoacuteria mas ele volta e a partir que ele se torna um amigo ele tambeacutem passa para os amigos os parentes aonde comprou fala que gostou da loja
        • Entatildeo o trabalho com o cliente eacute importante
        • Eacute importantiacutessimo
        • Eu quero agradecer em meu nome quero agradecer em nome do Nuacutecleo de Ciecircncias e Religiatildeo da Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo
        • Me comprometo a mandar as fotos da Expo para o sr
Page 2: Tenha fé, é um bom negócio! - PUC-SP

2

RENATO PINTO DE ALMEIDA JUacuteNIOR

TENHA FEacute Eacute UM BOM NEGOacuteCIO

O marketing nas fronteiras da religiatildeo a feacute como alavanca de

negoacutecios no varejo de produtos religiosos

Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Banca Examina-dora da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo como exigecircncia parcial para ob-tenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias da Religiatildeo sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Silas Guerriero

PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA SAtildeO PAULO 2007

3

BANCA EXAMINADORA __________________________________ __________________________________ __________________________________

4

Dedicatoacuteria

Dedico este trabalho agrave cidade de Satildeo Paulo Aos brasileiros e brasileiras paulista-

nos e paulistanas por adoccedilatildeo (como eu) ou que aqui nasceram e fazem desta ci-

dade a locomotiva e um beliacutessimo motivo de orgulho para o nosso paiacutes

Ilustraccedilatildeo 2- Direitos Reservados

Se ao final deste trabalho ainda perguntarem-me O que eacute isto

A minha resposta viraacute pelas palavras do poeta Ari Barroso

5

Dedico tambeacutem este trabalho agrave minha famiacutelia e em especial para

Ilustraccedilatildeo 3 - Direitos Reservados

Estela minha esposa e compa-nheira que me abriu os caminhos da ciecircncia com seu exemplo e coragem

Aos meus pais Renato e Leila pelo apoio moral e material

aleacutem de suas contribuiccedilotildees profissionais

Ilustraccedilatildeo 4 - Direitos Reservados Fado Tropical (Chico Buarque - Ruy Guerra)

Oh musa do meu fado Oh minha matildee gentil Te deixo consternado No primeiro abril Mas natildeo secirc tatildeo ingrata Natildeo esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal ``Sabe no fundo eu sou um sentimental Todos noacutes herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo Mesmo quando as minhas matildeos estatildeo ocupa-das em torturar esganar trucidar Meu coraccedilatildeo fecha aos olhos e sinceramente chora Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas do Alentejo De quem numa bravata Arrebato um beijo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

``Meu coraccedilatildeo tem um sereno jeito E as minhas matildeos o golpe duro e presto De tal maneira que depois de feito Desencontrado eu mesmo me contesto Se trago as matildeos distantes do meu peito Eacute que haacute distacircncia entre intenccedilatildeo e gesto E se o meu coraccedilatildeo nas matildeos estreito Me assombra a suacutebita impressatildeo de incesto Quando me encontro no calor da luta Ostento a aguda empunhadura agrave proa Mas o meu peito se desabotoa E se a sentenccedila se anuncia bruta Mais que depressa a matildeo cega executa Pois que senatildeo o coraccedilatildeo perdoa

Guitarras e sanfonas Jasmins coqueiros fontes Sardinhas mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre Traacutes-os-Montes E numa pororoca Desaacutegua no Tejo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um impeacuterio colonial

Com todo o meu carinho

Renato Pinto de Almeida Juacutenior

6

Agradecimentos

Inicio os meus agradecimentos me dirigindo para as 480 pessoas anocirc-

nimas que responderam aos questionaacuterios Obrigado pela paciecircncia e oportunidade

em conhecer um pouco de cada um de vocecircs quando estabelecemos uma raacutepida

mas bonita relaccedilatildeo que eu jamais vou esquecer que foi de fundamental importacircncia

para a execuccedilatildeo deste trabalho

Com amizade agradeccedilo aos senhores proprietaacuterios das lojas que foram

os alvos de nossa pesquisa de campo e em especial aos Srs Sevilho (Banca da

Biacuteblia em Caraguatatuba - SP) Neacutelson (Casa de Velas Santa Rita ndash Satildeo Paulo ndash

Capital) Pedro (Lojas Vila Zen ndash Satildeo Paulo ndash Capital) e Sra Isabellla (Livraria Cate-

dral ndash Satildeo Paulo)

Para sempre serei grato aos meus mestres do Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Religiatildeo pelos ensinamentos exemplos e incentivos a

esta dissertaccedilatildeo Agrave ldquonossardquo querida Andreacuteia secretaacuteria do CRE que sempre esteve

disposta e soliacutecita a ajudar-me com os tracircmites administrativos durante o curso

Agradeccedilo aos professores doutores Ecircnio Joseacute da Costa Brito e Leonildo

Silveira Campos que junto com meu orientador compuseram a Banca de Exame de

Qualificaccedilatildeo Muito obrigado professores de todo o coraccedilatildeo pelas valiosas suges-

totildees bibliograacuteficas e as necessaacuterias instruccedilotildees e observaccedilotildees metodoloacutegicas para

este estudo Minha gratidatildeo tambeacutem se manifesta para a profa dra Iara Gustavo de

Castro que orientou toda a parte estatiacutestica desta pesquisa

Ao meu orientador professor dr Silas Guerriero o meu agradecimento

especial Estas palavras se justificam meu mestre por vocecirc ter acreditado neste

projeto aleacutem de ter me incentivado e orientado sempre e quando precisei Tenho

certeza que construiacutemos juntos algo que transcendeu aos aspectos meramente pro-

fissionais para transformarmos o nosso conviacutevio em uma forte amizade Afinal

sempre soubemos que uma possiacutevel relaccedilatildeo entre um antropoacutelogo e um administra-

dor daria certo e que desde o iniacutecio dos nossos trabalhos os anjos e santos diriam

ameacutem como de fato disseram Obrigado Silas

7

Dedico um carinho especial agraves duas pessoas que foram tambeacutem de

fundamental importacircncia na elaboraccedilatildeo deste trabalho minha esposa Estela Noro-

nha e a minha matildee professora dra Leila Filinto Pinto de Almeida

Estela minha flor te agradeccedilo especialmente Sou grato pelas suas di-

cas avaliaccedilotildees ajuda com a aplicaccedilatildeo da pesquisa de campo e principalmente pelo

exemplo com o teu trabalho de dissertaccedilatildeo Pude acompanhar o seu desempenho

medir as suas dificuldades observar os detalhes e participar ativamente dele Para

mim foi bem mais que uma honra Aprendi muito com a sua experiecircncia nos mais

variados aspectos o que me facilitou e abriu os meus caminhos cientiacuteficos quando

da concepccedilatildeo da ideacuteia e execuccedilatildeo do projeto do meu mestrado Obrigado meu an-

jo de todo o coraccedilatildeo

O meu agradecimento especial agrave minha matildee que pacientemente fez to-

da a criacutetica metodoloacutegica ajudou-me com o necessaacuterio equiliacutebrio com o conteuacutedo do

texto e foi uma companheira na elaboraccedilatildeo final do conjunto que compocircs esta obra

Sua paciecircncia e entusiasmo foi-me tambeacutem um exemplo e um alento com a nossa

ldquonoeacuteticardquo e os nossos aspectos ldquohierofacircnicosrdquo e ldquohermenecircuticosrdquo

Por fim agradeccedilo tambeacutem agrave psicoacuteloga Andreacutea Vistueacute que me ajudou a

natildeo perder o curso de um porto seguro quando uma tempestade em minha vida se

abateu e sem avisar Agora navego por aacuteguas mais calmas seguras e serenas

8

Resumo

Este trabalho tem como objetivo entender as motivaccedilotildees dos consumidores de pro-

dutos relacionados agrave religiosidade justificando desta maneira a existecircncia de um

nicho mercadoloacutegico especiacutefico e a principal alavanca operacional nesse marcado

Nele a base para as conclusotildees estaacute centralizada em uma pesquisa de campo es-

pecialmente desenvolvida relacionando a religiatildeo e o marketing aplicado sobre os

produtos da praacutetica religiosa catoacutelica protestantes das diversas denominaccedilotildees das

religiotildees afro-brasileiras e do movimento nova era

A principal descoberta eacute que a feacute religiosa eacute o fator determinante do mercado varejis-

ta de produtos religiosos agindo e interagindo com os demais fatores econocircmicos e

sociais

Palavras chave marketing religioso - mercado varejista ndash religiatildeo ndash consumo - religi-

atildeo e marketing - produtos religiosos - cultura - subcultura

9

ABSTRACT

This work has in its aim to understand the consumerslsquo motivation relationed to religi-

osity this way justifying the existence of a specific market niche and the main opera-

tional gearing in this market

In it the bases for the conclusions are centred in a specially developed field re-

search relationing religion and the marketing applied to the products belonging to the

Catholic religious practices Protestants of several titles Afro-Brazilian religions and

the New Era movement

The main discovery is that religious faith is the determining factor of the retailing

market of religious products acting and interacting with other economic and social

factors

Keywords religious marketing - retail trade - religion - marketing - expenditure - re-

ligion and marketing - religious products - culture - subculture

10

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo ndash Um olhar para a nossa gente 17

Capiacutetulo I Conceituaccedilotildees terminologia e o cenaacuterio religioso no Brasil 24

11 Consideraccedilotildees hermenecircuticas religiatildeo religiosidade e feacute 25

12 Marketing uma ideacuteia e um conceito em evoluccedilatildeo 43

13 O desenvolvimento e a cronologia de uma ideacuteia marketing 49

14 As abordagens conjuntas do marketing com a religiosidade e vice-

versa

55

15 Consideraccedilotildees iniciais sobre o cenaacuterio da pesquisa de campo 67

Capiacutetulo II Pesquisa de campo a descoberta e o comportamento dos consumidores no mercado da feacute

75

21 Meacutetodo de organizaccedilatildeo e execuccedilatildeo da pesquisa de campo 76

211 Planificaccedilatildeo e procedimento da coleta de dados 77

22 Os resultados macroscoacutepicos da pesquisa de campo 81

221 Resultados obtidos com o perfil dos entrevistados 82

23 Meacutetodo de anaacutelise dos dados coletados 115

Capiacutetulo III O varejo de produtos religiosos razatildeo e sensibilidade 118

31 Abordagem macroscoacutepica dos dados da pesquisa de campo 120

32 A feacute como razatildeo motivacional para compras atraveacutes do prisma esta-

tiacutestico

127

33 A Razatildeo 153

34 A Sensibilidade 154

Conclusatildeo Razatildeo + Sensibilidade 156

Bibliografia 160

Anexos 173

Endereccedilos das lojas da pesquisa de campo 174

11

Modelo de questionaacuterio 178

Entrevista com o Sr Servilho Proprietaacuterio da Banca da Biacuteblia em Cara-

guatatuba ndash SP

185

12

Lista de Tabelas

Capiacutetulo II

Tabela 01 Sexo dos sujeitos entrevistados 82

Tabela 02 Qual a sua profissatildeo 84

Tabela 03 Qual a sua idade 86

Tabela 04 Qual o seu estado civil 88

Tabela 05 Qual o grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar 90

Tabela 06 Qual a sua faixa de renda familiar 92

Tabela 07 O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro 94

Tabela 08 O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo 95

Tabela 09 Qual a sua religiatildeo de batismo 97

Tabela 10 Qual a sua religiatildeo praticada atualmente 99

Tabela 11 Como o senhor (a) teve conhecimento desta loja 101

Tabela 12 Com que frequumlecircncia o senhor (a) compra produtos religi-

osos

103

Tabela 13 Qual eacute o principal motivo que o senhor (a) comprou es-

ses produtos

105

Tabela 14 Qual o tipo ou gecircnero do(s) produtos(s) comprado(s) 107

Tabela 15 Faixa de desembolso na loja 109

Tabela 16 Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na

loja

110

Tabela 17 O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja 111

Tabela 18 Em sua opiniatildeo os preccedilos praticados por esta loja satildeo 113

Tabela 19 Quais os motivos que o (a) trariam mais vezes a esta

loja 115

13

Capiacutetulo III

Tabela 20 Qual o tipo o gecircnero do(s) produto(s) comprado(s) Ta-

bela descritiva e quantitativa por mensuraccedilatildeo

125

Tabela 21 Cruzamento de dados GecircneroFrequumlecircnciaparticipaccedilatildeo

percentual

129

Tabela 22 Cruzamento de dados GecircneroProfissatildeo 130

Tabela 23 Cruzamento de dados GecircneroO Sr(a) eacute natural de Satildeo

Paulo

131

Tabela 24 Cruzamento de dados GecircneroIdade 131

Tabela 25 Cruzamento de dados GecircneroRenda Familiar 132

Tabela 26 Cruzamento de dados GecircneroGrau de Escolaridade 132

Tabela 27 Cruzamento de dados GecircneroReligiatildeo de Batismo 133

Tabela 28 Cruzamento de dados GecircneroReligiatildeo Praticada 133

Tabela 29 Cruzamento de dados GecircneroReligiatildeo de Batismo Re-

ligiatildeo Praticada

134

Tabela 30 Cruzamento de dados GecircneroPrincipal motivo pelo qual

o senhor (a) comprou esse(s) produto(s)

138

Tabela 31 Cruzamento de dados GecircneroCom que frequumlecircncia o

senhor (a) compra produtos religiosos

139

Tabela 32 Cruzamento de dados GecircneroGrau de satisfaccedilatildeo na

loja

140

Tabela 33 Cruzamento de dados GecircneroTipo de lojaComo o se-

nhor (a) teve conhecimento desta loja

143

Tabela 34 Cruzamento de dados GecircneroTipo de lojaDesembolso

na loja

147

Tabela 35 Cruzamento de dados GecircneroTipo de loja Preccedilos pra-

14

ticados na loja 149

Tabela 36 Cruzamento de dados GecircneroQuais motivos o (a) trari-

am mais vezes a esta loja

150

15

Lista de Graacuteficos

Capiacutetulo II

Graacutefico 01 Sexo dos sujeitos entrevistados 82

Graacutefico 02 Qual a sua profissatildeo 83

Graacutefico 03 Qual a sua idade 85

Graacutefico 04 Qual o seu estado civil 87

Graacutefico 05 Qual o grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar 89

Graacutefico 06 Qual a sua faixa de renda familiar 91

Graacutefico 07 O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro 93

Graacutefico 08 O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo 95

Graacutefico 09 Qual a sua religiatildeo de batismo 96

Graacutefico 10 Qual a sua religiatildeo praticada atualmente 98

Graacutefico 11 Como o senhor (a) teve conhecimento desta loja 100

Graacutefico 12 Com que frequumlecircncia o senhor (a) compra produtos reli-

giosos

102

Graacutefico 13 Qual eacute o principal motivo que o senhor (a) comprou es-

ses produtos

104

Graacutefico 14 Qual o tipo ou gecircnero do(s) produtos(s) comprado(s) 106

Graacutefico 15 Faixa de desembolso na loja 108

Graacutefico 16 Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na

loja

110

Graacutefico 17 O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja 111

Graacutefico 18 Em sua opiniatildeo os preccedilos praticados por esta loja satildeo 112

Graacutefico 19 Quais os motivos que o (a) trariam mais vezes a esta

loja

114

16

Lista de Ilustraccedilotildees

As ilustraccedilotildees desta dissertaccedilatildeo onde constam os dizeres rdquodireitos reservadosrdquo satildeo

de autoria e domiacutenio de Renato Pinto de Almeida Juacutenior estando os direitos para

publicaccedilatildeo reservados bem como as fotos e apresentaccedilatildeo digital constantes no CD-

R anexo na contracapa desta dissertaccedilatildeo

Abertura

Ilustraccedilatildeo 01 Placa no interior da Banca da Biacuteblia em Caraguatatu-

ba-SP ldquoDeus eacute o dono do meu negoacuteciordquo

03

Dedicatoacuterias

Ilustraccedilatildeo 02 Homenagem aos brasileiros e agrave cidade de Satildeo Paulo 04

Ilustraccedilatildeo 03 Armas da famiacutelia Pinto 05

Ilustraccedilatildeo 04 Armas da famiacutelia Almeida 05

Capiacutetulo I

Ilustraccedilatildeo 05 Portal do website Cruz Terra Santa 58

Ilustraccedilatildeo 06 Recorte do anuacutencio publicitaacuterio na revista Perdizes da

loja AMON-HAacute ndash Produtos miacutesticos

59

Capiacutetulo II

Ilustraccedilatildeo 07 Fotografia da fachada da Banca da Biacuteblia na Praccedila

da Igreja Matriz de Caraguatatuba- SP

78

Ilustraccedilatildeo 08 Modelo de cartatildeo de visitas para identificaccedilatildeo do pes-

quisador

79

17

Introduccedilatildeo

Um olhar para nossa gente

Certo dia fazendo compras adentrei casualmente uma das mais caras

galerias de lojas situadas na Avenida Paulista em Satildeo Paulo capital Nesse conjun-

to comercial existe uma loja muito bem montada cujo objetivo eacute atender a demanda

relativa ao mercado de produtos esoteacutericos contemplando CDs do gecircnero ldquoNew A-

gerdquo cristais incensos bonecos e bonecas de bruxas e bruxos de muitos materiais

formas e cores muitos objetos simboacutelicos com claras inclinaccedilotildees orientais anjos

barrocos velas pecircndulos baralhos de tarocirc e farta literatura sobre bruxaria magia

lendas etc No interior da loja uma jovem estava com uma pedra de cristal em suas

matildeos A expressatildeo daquela mulher era de contemplaccedilatildeo e fascinaccedilatildeo ao mesmo

tempo Aproximei-me e antes que eu dissesse alguma coisa ela dirigiu-me a palavra

e disse

_ Eacute linda (Referindo-se ao pedaccedilo de uma pedra de cristal de rocha que

tinha em suas matildeos)

Concordei prontamente A seguir a jovem foi para o caixa pagou a pedra

e saiu da loja

Antes que ganhasse o anonimato na multidatildeo chamei-a e questionei as

suas razotildees para a compra que a vira fazer A compradora deu-me muitas razotildees de

foro esoteacuterico falando-me ldquosobre forccedilas coacutesmicasrdquo ldquouma outra visatildeo de mundordquo

ldquoterapia com cristaisrdquo etc Perguntei-lhe tambeacutem a respeito do preccedilo do material que

ela havia comprado Ela me respondeu imediatamente acrescentando que havia

sido ldquomuito baratordquo

Retornei para o interior da loja Dei iniacutecio a uma abordagem aos respon-

saacuteveis pelo estabelecimento em busca de algumas respostas de questotildees cujo ca-

18

raacuteter eacute mais comercial Fui informado entre outras particularidades sobre aquele

tipo de comeacutercio e que a margem liacutequida de lucro daquela mercadoria (cascalho de

cristal) naquele momento ultrapassara a casa dos 580 pontos percentuais conside-

rado como referecircncia o valor de custo para a loja

Ocorrecircncias como estas em nosso dia-a-dia natildeo satildeo frequumlentes Como

administrador e atento observador do marketing eventos deste tipo induziram-me agrave

reflexatildeo

Podemos dizer a princiacutepio que negoacutecios como estes podem sinalizar bo-

as perspectivas de investimentos porque a taxa de risco sobre o capital investido

em funccedilatildeo da lucratividade auferida eacute muito minimizada Raciocinando como um es-

trategista e considerando apenas o vieacutes financeiro de um negoacutecio uma loja de pro-

dutos religiosos eou esoteacutericos poderaacute se configurar como uma excelente opccedilatildeo de

empreendimento1 A partir desse momento minhas atenccedilotildees voltaram-se de forma

mais aguda para o segmento mercadoloacutegico que contempla os mais diferentes as-

pectos da religiosidade e dos produtos ritualisticamente usados

Somado ao evento acima participei como assistente de uma pesquisado-

ra por ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo de uma pesquisa de campo que corporificou disserta-

ccedilatildeo de mestrado a respeito da devoccedilatildeo a Iemanjaacute entre os natildeo devotos das religiotildees

afro-brasileiras Nessa ocasiatildeo estivemos em contato direto com milhares de prati-

cantes dessas religiotildees nos dias 05 06 07 de dezembro de 2003 na cidade de

1 Em qualquer organizaccedilatildeo ou empreendimento comercial e empresarial que vise lucro eacute necessaacuterio considerar os demais fatores administrativos ao se planejar ou analisar a possibilidade de um inves-timento Esses fatores conjuntamente e somados eacute que iratildeo compor e influenciar de fato a decisatildeo de se investir Os custos de capital a mobilizaccedilatildeo contrataccedilatildeo e treinamento dos recursos humanos a especializa-ccedilatildeo do mercado o tempo de retorno esperado do capital investido impostos taxas custos indiretos do processo de comercializaccedilatildeo aquisiccedilatildeo de mercadorias proacute-labores dos controladores e capitali-zaccedilatildeo em ativos fixos satildeo alguns exemplos de custos e despesas incrementais a serem necessaria-mente e cuidadosamente observados durante a concepccedilatildeo do plano de negoacutecios Sobre esses fato-res ainda haacute a necessidade de cuidados adjacentes com o capital e tambeacutem as estimativas da taxa interna de retorno da taxa de atratividade e o caacutelculo do tempo necessaacuterio ao retorno do capital mo-bilizado e a ser aplicado conforme o planejamento especiacutefico de vendas O ferramental teacutecnico para a execuccedilatildeo e obtenccedilatildeo destes dados indicadores eacute a engenharia econocircmica Assim procedendo o empreendedor tendo executado o planejamento estrateacutegico de vendas e esse planejamento tendo sido avalizado atraveacutes dos nuacutemeros resultantes da anaacutelise teacutecnica da viabilidade econocircmica (ou engenharia econocircmica) disporaacute de argumentos soacutelidos e consistentes para a sua tomada de decisatildeo Assim operando sobre os auspiacutecios de um planejamento de marketing de fato Teraacute desta maneira os seus argumentos regidos sob a oacutetica cientiacutefica da ciecircncia administrativa em seu mais elevado e recomendado grau Alguns exemplos e a teoria do processo da engenharia econocircmica poderatildeo ser encontrados e conhe-cidos detalhadamente na obra de Oswaldo Fadigas FONTES TORRES Fundamentos da Engenharia Econocircmica Satildeo Paulo editora Thompson Pioneira 2006

19

Praia Grande ndash SP e no dia 31 de dezembro do mesmo ano na cidade de Santos ndash

SP onde pude observar com maior clareza as necessidades econocircmicas que ocor-

rem para a realizaccedilatildeo de tais acontecimentos religiosos Pelo vieacutes macroeconocircmico

pude observar por exemplo a precariedade e ausecircncia de obras de responsabilida-

de dos poderes puacuteblicos para a realizaccedilatildeo de tais eventos como a falta de infra-

estrutura organizacional e urbana suporte logiacutestico ao tracircnsito de automoacuteveis e ocircni-

bus bem como os necessaacuterios aparatos de seguranccedila puacuteblica aleacutem dos problemas

com a hospedagem e alimentaccedilatildeo etc No entanto e a despeito desses obstaacuteculos

as festividades a Iemanjaacute ocorreram dentro dos propoacutesitos religiosos de seus devo-

tos e do puacuteblico em geral com sucesso Pelo vieacutes microeconocircmico constatei tam-

beacutem nessa ocasiatildeo a diversidade de produtos e materiais empregados para a praacutetica

da Umbanda e do Candombleacute Produtos esses passiacuteveis de variadas aplicaccedilotildees e

produtos de uso exclusivo dessas religiotildees com formas cores tamanhos e quanti-

dades as mais variadas Flores imagens instrumentos musicais velas perfumes

comidas bebidas roupas joacuteias e bijuterias entre outros objetos foram notados o

que sinalizou a existecircncia de uma induacutestria e um comeacutercio varejista voltado para es-

te tipo de consumidor

Apoacutes essas experiecircncias minhas atenccedilotildees expandiram-se para as ne-

cessidades materiais dos praticantes das demais religiotildees em especial para a catoacute-

lica e as protestantes das mais diversas denominaccedilotildees aleacutem das lojas que comerci-

alizam produtos relacionados agraves religiotildees novoeristas quando foi constatada de

fato a existecircncia de um nicho mercadoloacutegico especiacutefico

Estava efetuado de forma praacutetica e cotidiana o viacutenculo entre a religiatildeo e

o mercado aguccedilando minha curiosidade cientiacutefica sobre o consumidor e seus possiacute-

veis haacutebitos e motivos de compra de produtos relacionados agrave sua religiosidade justi-

ficando desta maneira a existecircncia de um segmento mercadoloacutegico ateacute entatildeo des-

conhecido e pouco frequumlente nas grandes miacutedias

Como administrador e estrategista sempre me interessou a razatildeo exis-

tencial das empresas e as suas mais diversas dinacircmicas empresariais O foco prin-

cipal de minhas observaccedilotildees estaacute sempre centrado sobre os motivos geradores dos

mais diferentes empreendimentos econocircmicos Observando o mercado varejista de

produtos religiosos constatei a inexistecircncia de um estudo detalhado que apontasse

ou ainda sugerisse uma diretriz comercial expliacutecita que estivesse motivando alavan-

20

cando ou que justificasse investimentos no setor natildeo interessando a priori sua linha

de pensamento e praacutetica religiosa

Decidiacute-me entatildeo a trabalhar o tema da religiosidade e do marketing

Dentro deste conjunto temaacutetico optei por examinar e analisar se o fenocircmeno da feacute

religiosa poderia se configurar como um dos provaacuteveis agentes motivadores e que

justificasse o mercado institucionalizado de produtos religiosos aleacutem de alavancar

possiacuteveis investimentos sem no entanto prender-me a qualquer enfoque ou corren-

te de pensamento e praacutetica religiosa

Tendo como objeto um estudo da relaccedilatildeo entre a feacute religiosa e comeacutercio

varejista algumas outras questotildees poderiam ser levantadas tais como a feacute religiosa

dos consumidores contribui para a decisatildeo de compra de determinados produtos

Quais caracteriacutesticas e significaccedilotildees guardariam tais produtos para esse tipo de cli-

entela varejista Como estariam as lojas atendendo agraves necessidades dos consumi-

dores finais nesse mercado Como seria o perfil desse consumidor tanto pelo pris-

ma religioso quanto ao prisma econocircmico Haveria algum fator diferencial no mer-

cado varejista que oferecesse melhores condiccedilotildees para investimento Seria possiacutevel

estabelecermos pontos em comum entre a religiosidade e o marketing

O objetivo deste trabalho eacute investigar e lanccedilar luzes sobre o comporta-

mento do consumidor no momento de suas compras de produtos religiosos frente

ao varejo institucionalizado para este nicho mercadoloacutegico

Neste trabalho pretendemos elaborar uma anaacutelise de marketing onde

procuraremos estabelecer tambeacutem um diaacutelogo entre o marketing e a religiatildeo na

poacutes-modernidade dentro da visatildeo de JJ Queiroz

aderindo agrave corrente que interpreta a Poacutes-Modernidade como uma fase de transiccedilatildeo e um periacuteodo inacabado da histoacuteria da humana como uma fa-se heuriacutestica na qual a humanidade estaacute em busca de algo novo enigmaacute-tico acredito que a religiatildeo e o sagrado tambeacutem se encontram numa virada de mudanccedilas um tempo que afirma ainda muitos valores tradicionais ao lado de novas posturas tudo isso num clima em que emergem muito mais paradoxos e contradiccedilotildees do que certezas2

2 Joseacute J QUEIROZ As Religiotildees e o Sagrado nas Encruzilhadas da Poacutes-modernidade p15

21

Nessa anaacutelise consideraremos as variaacuteveis decisoacuterias de compra por

parte dos consumidores tendo como propoacutesito fundante a feacute religiosa Mapearemos

a dinacircmica mercadoloacutegica desse setor e procuraremos responder suas principais

questotildees tais como frequumlecircncia de compras caracteriacutesticas operacionais do comeacuter-

cio suas abrangecircncias possiacuteveis agentes de influecircncia e o perfil do consumidor

Trabalharemos com a hipoacutetese de que a feacute religiosa dos consumidores

poderaacute ser o agente motivacional para a aquisiccedilatildeo de bens e materiais aplicaacuteveis agrave

praacutetica religiosa justificando assim a existecircncia florescente do mercado varejista de

produtos religiosos

Nossas atenccedilotildees estaratildeo voltadas para os clientes maiores de 14 anos

das lojas de produtos religiosos que atendam as necessidades materiais da religiatildeo

catoacutelica afro-brasileira protestantes das diversas denominaccedilotildees e das religiotildees no-

voeristas no momento subsequumlente ao da efetivaccedilatildeo de suas compras

O cenaacuterio de nossos trabalhos estaacute delimitado aos arredores ou imedia-

ccedilotildees dos estabelecimentos comerciais localizados na praccedila comercial de Satildeo Paulo

e que estes estabelecimentos atendam aos padrotildees da legalidade operacional e

comercial durante os anos de 2006 e 2007

Por se tratar de uma abordagem compreensiva que apoiada nos resulta-

dos obtidos em pesquisa de campo busca detectar e compreender os motivos que

determinadas pessoas alegam para justificar o consumo de produtos inerentes agrave

religiosidade justificando assim a existecircncia de um nicho mercadoloacutegico especiacutefico

adotamos o seguinte quadro teoacuterico em primeiro lugar exporemos a complexidade

e a diversidade nas formas cientiacuteficas em se abordar os temas relacionados agrave religi-

atildeo religiosidade e feacute assim como a evoluccedilatildeo aplicaccedilotildees e conceitos de marketing

Como quadro teoacuterico utilizaremos material de um conjunto de autores

que contribuem para uma percepccedilatildeo mais aprofundada acerca da temaacutetica religiosa

tais como Max Weber (A Eacutetica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo) Eacutemile Dur-

kheim (Formas elementares da vida religiosa) Pierre Bourdieu (A economia das tro-

cas simboacutelicas) Rudolf Otto (O Sagrado) Mircea Eliade (O sagrado e o profano A

essecircncia das religiotildees) Sigmund Freud (Obras Completas) Carl G Jung (Psicologia

e Religiatildeo) Ludwig Wittgenstein (Tractatus Logico-Philosophicus e Investigaccedilotildees

Filosoacuteficas) Carlos Rodrigues Brandatildeo (Os deuses do povo) Laura de Mello e Silva

(O diabo na terra de Santa Cruz feiticcedilaria e religiosidade popular no Brasil colonial)

22

Antocircnio Flaacutevio de Oliveira Pierucci e Reginaldo Prandi (A realidade social das religi-

otildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica) Darcy Ribeiro (O povo brasileiro) Joseacute

J Queiroz (As Religiotildees e o Sagrado nas Encruzilhadas da Poacutes-modernidade) e E-

decircnio Valle (Psicologia e experiecircncia religiosa) Para os temas relacionados ao mar-

keting ou agrave mercadologia teremos as contribuiccedilotildees de autores como Philip Kotler e

Gary Armstrong (Princiacutepios de marketing) Peter F Drucker (Administraccedilatildeo tarefas

responsabilidade e praacuteticas) Idalberto Chiavenato (Teoria Geral da Administraccedilatildeo)

John Nasbitt (Megatendecircncias) Alexandre Luzzi Las Casas (Marketing de varejo)

Bob Stone (Marketing Direto) Giacutelson de Lima Garoacutefalo e Luiz Carlos Pereira de Car-

valho (Anaacutelise Microeconocircmica) Juracy Parente (Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacute-

gia) James F Engel Roger D Blacwell e Paul W Minard (Comportamento do Con-

sumidor) John C Mowen e Michael S Minor (Comportamento do consumidor) e Eli-

ane Karsaklian (Comportamento do consumidor)

Respaldado pelos estudos acima citados desenvolvemos o meacutetodo de

pesquisa o plano piloto o planejamento da coleta de campo e a anaacutelise dos dados

propriamente ditos dentro dos rigores cientiacuteficos determinados por Antonio Chizzotti

que serviratildeo de diretrizes para o desenvolvimento e argumentaccedilatildeo da proposiccedilatildeo

desta dissertaccedilatildeo

O caminho metodoloacutegico que adotamos para trabalhar nosso objetivo

tambeacutem se dividiu em quadros teoacutericos e empiacutericos Para os estudos teoacutericos e bi-

bliograacuteficos foram realizadas pesquisas seleccedilatildeo bibliograacutefica anaacutelise e interpretaccedilatildeo

de textos e participaccedilatildeo em palestras pertinentes tanto agrave aacuterea da religiatildeo quanto agrave

do marketing

Para a pesquisa de campo foi coletada documentaccedilatildeo empiacuterica tal como

questionaacuterios com uma questatildeo aberta e dezoito fechadas fotos e um depoimento

de um dos proprietaacuterios das lojas pesquisadas A pesquisa de campo ocorreu duran-

te os meses de dezembro de 2006 e janeiro fevereiro marccedilo e abril de 2007 O puacute-

blico-alvo participante foi composto por pessoas de ambos os sexos maiores de 14

anos que saiacutessem das lojas e que nelas tivessem comprado algum tipo de produto

Foi delimitado o miacutenimo de 30 questionaacuterios por loja perfazendo um total

de 480 documentos3

3Na eacutepoca da aplicaccedilatildeo da pesquisa definitiva procuramos a profa Dra Iara Gustavo de CASTRO estatiacutestica e consultora da PUC-SP para as orientaccedilotildees quanto agraves delimitaccedilotildees sobre o nuacutemero de

23

Neste trabalho dividimos o assunto em trecircs capiacutetulos mais a conclusatildeo

No primeiro capiacutetulo apresentamos o embasamento cientifico que ordena

o assunto Aleacutem disto iremos expor as razotildees que nos direcionaram para empreen-

der a presente pesquisa e definindo seus termos assim como tambeacutem situando sua

conjuntura

No segundo capiacutetulo iremos nos dedicar ao relato da pesquisa de campo

realizada histoacuterico anaacutelise de dados e demais consideraccedilotildees

No terceiro capiacutetulo o enfoque central estaraacute objetivando a comprovaccedilatildeo

da hipoacutetese deste trabalho

Finalmente a conclusatildeo procuraraacute conter os elementos todos analisados

canalizando-os para os resultados obtidos

questionaacuterios a serem aplicados Diante do projeto ela sugeriu que fizeacutessemos pelo menos 30 entre-vistas por loja e que fossem consideradas 4 lojas de cada tipo ou gecircnero de religiatildeo pois esse eacute o nuacutemero miacutenimo para se obter qualquer resultado estatiacutestico significativo

24

Capiacutetulo I Conceituaccedilotildees terminologia e o cenaacuterio religio-so do Brasil

() ldquoo problema principal para uma sociologia da modernidade religiosa eacute tentar compreender con-juntamente o movimento pelo qual a modernidade continua a solapar as estruturas de plausibilidade de todo sistema religioso e aquele pelo qual ela faz surgir ao mesmo tempo novas formas de crerrdquo4

Daniegravele Hervieu-Leacuteger

O objetivo deste capiacutetulo eacute de entrarmos em contato com questotildees sobre

religiatildeo e religiosidade feacute e marketing estabelecendo nossa posiccedilatildeo frente agrave concei-

tuaccedilatildeo dos quatro termos apontados Aleacutem de nosso posicionamento levantaremos

discussatildeo sobre a aplicaccedilatildeo desta terminologia Estaremos assim procurando uma

sintonia no que se refere ao significado das palavras citadas e como elas deveratildeo

ser entendidas ao longo desta dissertaccedilatildeo Nesta fase deste trabalho tambeacutem sinali-

zaremos com os conceitos teacutecnicos e cientiacuteficos que nortearatildeo os demais capiacutetulos

integrantes deste estudo

Esta etapa se faz necessaacuteria para que tambeacutem possamos alinhar a termi-

nologia de alguns termos ao nosso objeto de estudo o possiacutevel viacutenculo entre feacute e

4 Daniegravele HERVIEU-LEacuteGER apud Marcelo Aires CAMURCcedilA A sociologia da Religiatildeo de Daniegravele Hervieu-Leacuteger entre a memoacuteria e a emoccedilatildeo In TEIXEIRA Faustino (Org) Sociologia da Religiatildeo Enfoques teoacutericos p 265

25

marketing analisado sob o prisma do consumidor no mercado varejista de produtos

religiosos

Assinalamos nesta oportunidade que os meios de comunicaccedilatildeo de mas-

sa assim como a cultura popular natildeo tecircm dado a correta precisatildeo ao uso e aplica-

ccedilatildeo dos vocaacutebulos em questatildeo aiacute o surgimento de incorreccedilotildees na abordagem dos

termos apontados nos noticiaacuterios que surgem diuturnamente

Vamos tambeacutem nos situar frente a um possiacutevel cenaacuterio religioso do Bra-

sil e por consequumlecircncia da cidade de Satildeo Paulo assim como a uma possiacutevel reali-

dade do comeacutercio varejista de produtos religiosos e de seus consumidores no mes-

mo local procurando realizar nosso trabalho dentro dos preceitos que recomendam

os ditames do meacutetodo cientiacutefico

11 Consideraccedilotildees hermenecircuticas religiatildeo religiosidade e feacute

Ao considerarmos a palavra ldquoreligiatildeordquo eacute necessaacuterio que destaquemos a

amplitude alcance e importacircncia que ela possui tendo em vista sua vasta possibili-

dade de conceituaccedilatildeo Vaacuterios autores abordaram esse assunto semelhante ou anti-

teticamente tornando quase impossiacutevel uma harmonizaccedilatildeo entre eles

Se examinarmos a questatildeo sob o prisma socioloacutegico e nos apoiarmos nas

teses de Durkheim veremos o significado conceitual de religiatildeo como ldquoalgo feno-

menoloacutegico e eminentemente socialrdquo

Segundo o autor

As representaccedilotildees religiosas satildeo representaccedilotildees coletivas que exprimem

realidades coletivas os ritos satildeo maneiras de agir que nascem no seio dos

grupos reunidos e que satildeo destinados a suscitar a manter ou refazer cer-

tos estados mentais desses grupos Mas entatildeo se as categorias satildeo de o-

rigem religiosa elas devem participar da natureza comum a todos os fatos

26

religiosos elas tambeacutem devem ser coisas sociais produtos do pensamento

coletivo5

O antropoacutelogo norte-americano Clifford James Geertz procura explicar a

religiatildeo como sendo um sistema de siacutembolos que age sobre os homens estabele-

cendo modos e motivaccedilotildees poderosos e penetrantes sobre as pessoas Este autor

defende uma formulaccedilatildeo das concepccedilotildees da religiatildeo como sendo algo revestido de

tal brilho que as formas os modos e os motivos parecem ser excepcionalmente rea-

liacutesticos em um sistema religioso desde que simboacutelico

A religiatildeo nunca eacute apenas metafiacutesica Em todos os povos as formas os ve-

iacuteculos e os objetos de culto satildeo rodeados de uma profunda seriedade mo-

ral Em todo lugar o sagrado conteacutem em si mesmo um sentido de obriga-

ccedilatildeo intriacutenseca ele natildeo apenas encoraja a devoccedilatildeo como a exige natildeo ape-

nas induz a aceitaccedilatildeo intelectual como reforccedila o compromisso emocional 6

() os significados soacute podem ser ldquoarmazenadosrdquo atraveacutes de siacutembolos uma

cruz um crescente ou uma serpente de plumas Tais siacutembolos religiosos

dramatizados em rituais e relatados em mitos parecem resumir de alguma

maneira pelo menos para aqueles que vibram com eles tudo que se co-

nhece sobre a forma que eacute o mundo a qualidade de vida emocional que

ele suporta e a maneira como deve comportar-se quem estaacute nele Dessa

forma os siacutembolos sagrados relacionam uma ontologia e uma cosmologia

com uma esteacutetica e uma moralidade seu poder peculiar proveacutem de sua su-

posta capacidade de identificar o fato com o valor no seu niacutevel mais funda-

mental de dar um sentido normativo abrangente agravequilo que de outra forma

seria apenas real 7

5E DURKHEIM As formas elementares da vida religiosa p16 6Clifford GEERTZ A Interpretaccedilatildeo das Culturas p93 7Ibid p94

27

Leonildo Silveira Campos propotildee que o termo religiatildeo possa ser explicado

por um sentimento comum

O termo ldquoreligiatildeordquo por sua vez denota aquele sentimento que une as pes-

soas verticalmente a uma esfera tida como sagrada e horizontalmente

uma com as outras ao redor de um centro cognitivo eacutetico e volitivo de

visatildeo de mundo8

Todavia tais definiccedilotildees abrangem tanto as religiotildees dos povos ditos pri-

mitivos quanto agraves formas mais complexas de organizaccedilatildeo dos vaacuterios sistemas reli-

giosos embora variem muito os conceitos sobre o conteuacutedo e a natureza da experi-

ecircncia religiosa Apesar dessa variedade e da universalidade do fenocircmeno no tempo

e no espaccedilo as religiotildees tecircm como caracteriacutestica comum o reconhecimento do sa-

grado e a dependecircncia do homem para com os poderes supramundanos A obser-

vacircncia e a experiecircncia religiosas tecircm por objetivo prestar tributos e estabelecer for-

mas de submissatildeo a esses poderes nos quais estaacute impliacutecita a ideacuteia da existecircncia de

um ser ou de seres superiores que criaram e controlam o cosmos e a vida humana

Toda religiatildeo pressupotildee algumas crenccedilas baacutesicas como a sobrevivecircncia

depois da morte mundo sobrenatural etc ao menos como fundamento dos ritos

Essas crenccedilas podem ser de tipo mitoloacutegico com relatos simboacutelicos sobre a origem

dos deuses do mundo ou do proacuteprio povo ou dogmaacutetico contemplando conceitos

transmitidos por revelaccedilatildeo da divindade que daacute origem agrave religiatildeo revelada e que satildeo

recolhidos nas escrituras sagradas em termos simboacutelicos e tambeacutem conceituais

Os conceitos fundamentais organizam-se de modo geral em um credo

ou profissatildeo de feacute as deduccedilotildees ou explicaccedilotildees de tais conceitos constituem a teolo-

gia ou ensinamento de cada religiatildeo

8Leonildo Silveira CAMPOS Teatro Templo e Mercado - organizaccedilatildeo e marketing de um empreen-dimento neopentecostal p206

28

O teoacutelogo Martin Buber 9 exemplifica quando conceitua

() se a religiatildeo eacute uma relaccedilatildeo com eventos psiacutequicos que soacute podem significar

eventos de nossa proacutepria alma tecircm-se a implicaccedilatildeo de que natildeo se trata de uma

relaccedilatildeo com Ser ou Realidade que por mais plenamente que se possa de vez

em quando descer ateacute a alma humana sempre permanece transcendente a ela

Mais precisamente natildeo eacute a relaccedilatildeo de um Eu com um Tu Mas esse tipo de re-

laccedilatildeo eacute contudo a maneira pela qual os religiosos inconfundiacuteveis de todas as

eras compreenderam sua religiatildeo ainda que ansiassem de maneira sobremodo

intensa por deixar o seu Eu ser misticamente absorvido por esse Tu 10

Percebemos que a temaacutetica religiosa enfoca assuntos relacionados sobre

a divindade suas relaccedilotildees com os homens e os problemas humanos cruciais a mor-

te a moral as relaccedilotildees humanas etc Entre as crenccedilas destaca-se em geral uma

visatildeo esperanccedilosa sobre a salvaccedilatildeo definitiva das calamidades presentes que pode

ir desde a mera ausecircncia de sofrimento ateacute a incoacutegnita do nirvana11 ou a felicidade

plena de um paraiacuteso

Max Weber por exemplo com sua obra A Eacutetica Protestante e o Espiacuterito

do Capitalismo12 nos apresenta um significado sobre a religiatildeo onde discorre histo-

10Martim BUBER Eclipse of God Studies in the Relation between Religion and Philosophy p105 e 106 11No budismo o estado de ausecircncia total de sofrimento paz e plenitude a que se chega por uma evasatildeo de si que eacute a realizaccedilatildeo da sabedoria via meditaccedilatildeo individual Frank USARSKI em sua obra em conjunto com outros autores O Budismo no Brasil Satildeo Paulo editora Lorosae 2002 explica ldquoembora instituiccedilotildees de um Budismo no Brasil natildeo estejam isoladas socialmente o seu impacto religi-oso na sociedade eacute pequeno Pelo alto grau de especificidade cultural das suas doutrinas suas praacuteti-cas e suas formas nem no Budismo japonecircs que eacute estatiacutestica e institucionalmente forte no Brasil tem conseguido atrair um nuacutemero notaacutevel de adeptos natildeo-descendentes de japoneses Isso eacute devido a trecircs fatores inter-relacionados a) a fusatildeo do Budismo com o culto de ancestrais b) a ecircnfase na devoccedilatildeo e na recitaccedilatildeo segundo moldes do Amida-Budismo c) a praacutetica de abrangecircncia familiar Tais caracteriacutesticas geralmente natildeo correspondem ao interesse dos ocidentais pelo Budismo uma vez que eles procuram um idealizado Budismo lsquopurorsquo baseado em uma praacutetica de meditaccedilatildeo individualrdquo 12WEBER Max A Eacutetica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo Satildeo Paulo 2ordf Ediccedilatildeo revisada Edi-tora Pioneira Thomson Learning 2003

29

ricamente o ethos 13 cognitivo-moral moderno o modelo de homens e mulheres oci-

dentais que ainda hoje conhecemos

O autor discute a visatildeo integrada do universo do cristianismo medieval

portanto religioso e a modernidade inclusive com seus aspectos econocircmicos de

forma especial Supotildee uma visatildeo descentralizada e diferenciada em compartimentos

ou subsistemas com uma loacutegica proacutepria e com uma pluralidade de valores o que

conduz a um fenocircmeno relativizador ou a uma situaccedilatildeo social de pluralismo

Essa fragmentaccedilatildeo significa nesse livro a autonomia dos trecircs acircmbitos do

saber ou esferas de valor antes inseparaacuteveis

bull a ciecircncia

bull a moralidade e

bull a arte

A independecircncia destas trecircs dimensotildees pela racionalidade e a diferencia-

ccedilatildeo das esferas axioloacutegicas14 (verdade bem e beleza) ou entatildeo o discurso cientiacutefico

praacutetico-moral e esteacutetico acarretaratildeo segundo Weber o desencanto do mundo num

processo crescente de dessacralizaccedilatildeo com graves consequumlecircncias

Outro elemento caracteriacutestico de toda religiatildeo eacute o estabelecimento mais

ou menos coercitivo de normas de conduta do indiviacuteduo ou do grupo no que se refe-

re a Deus a seus semelhantes e a si mesmo O primeiro comportamento exigido eacute a

conversatildeo ou mudanccedila para um novo modo de vida Com relaccedilatildeo a Deus desta-

cam-se as atitudes de veneraccedilatildeo obediecircncia oraccedilatildeo e em algumas religiotildees o

amor Na conduta do acircmbito da esfera humana entra em maior ou menor medida

um sistema de normas eacuteticas

A criacutetica agrave religiatildeo pela visatildeo psicanaliacutetica ilustra nossas palavras

A psicanaacutelise nos acostumou com o iacutentimo viacutenculo entre o complexo pa-terno e a crenccedila em Deus ela mostrou que um Deus pessoal natildeo eacute psi-cologicamente nada mais que um pai exaltado e traz-nos todos os dias evidecircncias de como os jovens perdem suas crenccedilas religiosas tatildeo logo a

13Aquilo que eacute caracteriacutestico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indiviacuteduos de um povo grupo ou comunidade e que marca suas realizaccedilotildees ou manifestaccedilotildees culturais 14O sentido no texto eacute de um estudo ou teoria de alguma espeacutecie de valor em particular os morais

30

autoridade do pai se desfaz Por conseguinte reconhecemos que as raiacute-zes da necessidade de religiatildeo estatildeo com complexo parental 15

Quase todas as religiotildees cristalizaram-se em instituiccedilotildees dogmaacuteticas e

culturais Essas instituiccedilotildees datildeo forma e coesatildeo aos crentes como um grupo social -

religiatildeo povo igreja comunidade e a elas somam-se outras instituiccedilotildees voluntaacuterias

de tipo assistencial ou de plena dedicaccedilatildeo religiosa que correspondem a setores

informais dentro do grupo institucionalizado

Consideraccedilotildees terminoloacutegicas mais recentes como a de Pierre Bourdieu

e Ludwig Wittgenstein elevam as possiacuteveis definiccedilotildees sobre a significacircncia complexa

que a questatildeo do termo ldquoreligiatildeordquo nos traduz Bourdieu definiu a religiatildeo contem-

plando os conceitos de Durkheim Weber e Karl Marx em uma nova concepccedilatildeo teoacute-

rica Este autor explicou a religiatildeo como uma funccedilatildeo social eminentemente poliacutetica16

dentro de uma contextualizaccedilatildeo simboacutelico-ideoloacutegica como anota Pedro A Ribeiro

de Oliveira em seu texto A teoria do trabalho religioso em Pierre Bourdieu

Seguindo Durkheim que define a religiatildeo como um conjunto de praacuteticas e representaccedilotildees revestidas de caraacuteter sagrado Bourdieu trata a religiatildeo como linguagem sistema simboacutelico de comunicaccedilatildeo e de pensamento Eacute enquanto sistema de pensamento que a religiatildeo interessa agrave sociologia uma vez que ela opera para uma dada sociedade a ordenaccedilatildeo loacutegica do seu mundo natural e social integrando-o num cosmos Ou seja para a re-ligiatildeo tudo que existe ou venha existir tem sentido porque se integra a uma ordem coacutesmica Ao enfatizar a produccedilatildeo de sentido (assumindo a contribuiccedilatildeo de M Weber) Bourdieu descarta a criacutetica iluminista da religi-atildeo (como se ela fosse um sistema explicativo equivalente agrave filosofia ou agrave ciecircncia) e aponta sua especificidade unir cada evento particular agrave ordem coacutesmica

Enquanto sistema simboacutelico a religiatildeo eacute estruturada na medida em que seus elementos internos relacionam-se entre si formando uma totalidade coerente capaz de construir a experiecircncia As categorias de sagrado e profano material espiritual eterno e temporal o que eacute do ceacuteu e o que eacute da terra funcionam como alicerces sobre os quais se constroacutei a experiecircn-cia vivida Alicerces porque sendo revestidas de caraacuteter sagrado elas natildeo podem ser postas em discussatildeo e podem assim assegurar o consen-so loacutegico e moral de qualquer sociedade (eacute a tese de Durkheim) Bourdieu

15 Sigmund FREUD An Autobiographical Study vol 14 p216 16 BOURDIEU Pierre A Economia das Trocas Simboacutelicas Satildeo Paulo Ed Perspectiva 1987

31

fala do poder de consagraccedilatildeo que ldquoabsolutiza o relativo e legitima o arbi-traacuteriordquo17 para indicar a accedilatildeo da religiatildeo sobre as instituiccedilotildees sociais Sua forccedila reside na capacidade de transfigurar as instituiccedilotildees sociais (portan-to construccedilotildees humanas culturalmente condicionadas) em instituiccedilotildees de origem sobrenatural ou inscritas na natureza das coisas O mesmo e-feito de consagraccedilatildeo pode aplicar-se a atributos de grupos ou pessoas que passam a ser considerados como frutos do desiacutegnio divino ou de uma ordem natural intocaacutevel Neste sentido a religiatildeo eacute uma forccedila estru-turante da sociedade pois aplicada agraves relaccedilotildees sociais (em si mesmas arbitrariamente construiacutedas) ela ldquoda necessidade de virtuderdquo transforma o ldquoassim eacuterdquo como ldquoassim deve serrdquo ou em ldquoassim natildeo pode serrdquo

A isso Bourdieu chama de alquimia ideoloacutegica porque ao revestir o que eacute produto humano (portanto uma criaccedilatildeo arbitraacuteria e relativa ao seu tempo) com o caraacuteter sagrado (inquestionaacutevel e perene) a religiatildeo desempenha a funccedilatildeo simboacutelica de conferir agrave ordem social um caraacuteter transcendente e inquestionaacutevel Aiacute reside a eficaacutecia simboacutelica e ao mesmo tempo sua funccedilatildeo eminentemente poliacutetica18

Wittgenstein19 por sua vez e atraveacutes do vieacutes da filosofia analiacutetica define

religiatildeo como mais uma palavra de um grupo de elementos e que pode ser alterada

de acordo com os valores intriacutensecos e reais aleacutem de pessoais e pelas semelhan-

ccedilas que lhes possam ser familiares como por exemplo a feacute divina sacrifiacutecios e re-

compensas etc Steven Engler em seu artigo publicado na revista Rever intitulado

Teoria da Religiatildeo Norte-americana alguns debates recentes observa

Ludwig Wittgenstein propocircs o conceito de semelhanccedilas familiares para marcar as semelhanccedilas que existem entre as vaacuterias aplicaccedilotildees de uma mesma palavra Ele enfatizou o uso real das pessoas e natildeo o discurso fi-losoacutefico sobre essecircncias ()Todos esses elementos podem ser decla-rados da religiatildeo em geral mas nenhum deles eacute essencial Eles definem o nosso conceito ou modelo de religiatildeo Em princiacutepio esse grupo de ele-mentos pode ser alterado e a cada nova pesquisa podemos refinar nos-sa compreensatildeo sobre a religiatildeo A partir de tal ponto de vista uma religi-atildeo eacute qualquer coisa que contenha uma certa quantidade de elementos desse grupo Uma implicaccedilatildeo dessa teoria eacute a ausecircncia de distinccedilatildeo niacuteti-da entre religiatildeo e natildeo-religiatildeo Aleacutem disso haacute uma outra questatildeo como

17 Aspas satildeo do autor 18 Pedro A RIBEIRO DE OLIVEIRA A teoria do trabalho religioso em Pierre Bourdieu In TEIXEIRA Faustino (Org) Sociologia da religiatildeo enfoques teoacutericos p178 19 WITTGENSTEIN Ludwig Tractatus Logico-Philosophicus Satildeo Paulo Edusp 1994 e Investigaccedilotildees Filosoacuteficas 2ordm Ediccedilatildeo Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1995

32

poderiacuteamos determinar o que satildeo elementos religiosos sem saber o que significa religiatildeo20

Constatamos que a conceituaccedilatildeo teoacuterica do termo ldquoreligiatildeordquo passa pela

definiccedilatildeo e abordagem de grandes autores indo aleacutem eacute claro das possiacuteveis consi-

deraccedilotildees de cunho mais popular No entanto quando examinarmos com mais acui-

dade o que dizem os estudiosos sobre o assunto veremos que cada qual deu uma

possiacutevel contribuiccedilatildeo ao bom entendimento a essa complexa ideacuteia e sobre o termo

Eacute notoacuterio tambeacutem que cada estudioso parece colocar suas arguumliccedilotildees segundo suas

convicccedilotildees Natildeo nos cabe neste momento elaborar uma criacutetica aos diferentes e-

nunciados mas sim estabelecer uma valorizaccedilatildeo a eles afirmando que todos satildeo

importantes quando tentam elucidar o conceito e a significacircncia terminoloacutegica da

palavra ldquoreligiatildeordquo Contudo salvo melhor juiacutezo aleacutem de serem importantes referecircn-

cias teoacutericas para o nosso ponto-de-vista essas ideacuteias e enunciados satildeo por ve-

zes conflitantes

Exemplificando

() Jung nega o relato exclusivamente negativo que Freud faz da religiatildeo como neurose Na opiniatildeo de Freud como vimos tantas vezes a neurose da religiatildeo eacute gerada com base num conflito entre as partes consciente e in-consciente da mente conflito no qual os indiviacuteduos no ato do recalque re-cusam-se a admitir os impulsos infantis e edipianos que alimentam suas obsessotildees Reconhecer esses impulsos e suas associaccedilotildees passadas tor-na-se assim o primeiro passo rumo agrave derrota dessa enfermidade particular Para Jung no entanto essa avaliaccedilatildeo da religiatildeo eacute fundamentalmente er-rocircnea dado que supotildee que uma neurose tenha ou natildeo forma religiosa natildeo tem atributos positivos e que o inconsciente natildeo passa de um quarto de despejo de materiais incocircmodos advindos do passado infantil do pacien-te ndash de pensamento e impulsos tatildeo temidos que tornam necessaacuterio o recal-que Mas natildeo eacute esse o caso Longe de ser negativa a neurose tambeacutem pode ser um passo positivo no desenvolvimento psiacutequico ao desvelar no processo da regressatildeo o niacutevel mais profundo e criativo da mente inconsci-ente isto eacute o inconsciente coletivo Assim a denuacutencia freudiana da religiatildeo longe de promover a maturidade individual bloqueia-a agressivamente

20Steven ENGLER Teoria da Religiatildeo Norte-americana alguns debates recentes REVER - Revista de Estudos da Religiatildeo Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Religiatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo SP Nordm 4 de 2004 Versatildeo eletrocircnica disponiacutevel pelo endereccedilo httpwwwpucspbrreverrv4_2004p_englerpdf Uacuteltimo acesso em 27 de dezembro de 2006

33

Porque Freud preocupa-se tanto em descobrir a raiz bioloacutegica dessa neu-rose e em localizaacute-la no acircmbito das experiecircncias edipianas do inconsciente pessoal que deixa inteiramente de lado o foco mais positivo profundo e te-rapeuticamente necessaacuterio da religiatildeo que reside nas imagens coletivas primordiais e arquetiacutepicas da humanidade 21

Chiavenato observa a complexidade sobre o tema religiatildeo pelo prisma

das possiacuteveis abordagens e significaccedilotildees histoacutericas

Ao se estudar a histoacuteria da origem das religiotildees do ponto de vista soacutecio-econocircmico e poliacutetico seja qual for o meacutetodo utilizado mesmo discordando aprende-se a respeitar o misticismo e as crenccedilas caracteriacutesticas os argu-mentos teoloacutegicos e a feacute que inspirou liacutederes maacutertires e fieacuteis Ao mesmo tempo o contraponto entre o espiacuterito e a mateacuteria que tenta explicar o ho-mem diante das dificuldades de estar ser e agir no mundo e como essa complexidade foi usada para o bem e para o mal Mais bem e mal satildeo conceitos relativos agraves vezes maniqueiacutestas que mudam com os tempos e se contaminam de ideologia Aprende-se tambeacutem que natildeo existe certeza absoluta

E porque natildeo existe a certeza absoluta que infelizmente tem sido a arma dos fanaacuteticos de todos os calibres e ideologias causando males tatildeo conhe-cidos que uma ldquoconclusatildeordquo22 sobre a histoacuteria da origem das religiotildees eacute quase impossiacutevel Existem inuacutemeros fatores desde as idiossincrasias dos pesquisadores agraves particularidades de cada religiatildeo reagir a situaccedilotildees espe-ciacuteficas em diferentes momentos histoacutericos que impedem ou dificultam uma ldquoconclusatildeordquo definitiva

Reconhecer essa dificuldade natildeo significa fugir do problema o respeito ou a compreensatildeo das crenccedilas e ideacuteia alheias natildeo impede a criacutetica objetiva que procura uma anaacutelise racional dos fenocircmenos soacutecio-culturais Desse modo com um meacutetodo apoiado o quanto possiacutevel na objetividade cientiacutefica mesmo considerando a parcela de subjetividade de cada pesquisador pois ateacute o mais isento eacute passiacutevel de condicionamentos ideoloacutegicos eacute possiacutevel uma criacutetica ampla e esclarecedora sobre os fenocircmenos histoacutericos e sociais Os religiosos exigem respeito dos criacuteticos da religiatildeo Na mesma moeda os criacuteticos da religiatildeo poderiam pedir toleracircncia aos religiosos ao se defronta-rem com interpretaccedilotildees que natildeo lhes agradem

Eacute muito conhecida a afirmaccedilatildeo de Marx23 agraves vezes citada fora de seu con-texto que a luta de classes eacute o motor da histoacuteria Um acompanhamento da histoacuteria da humanidade principalmente nos uacuteltimos seacuteculos (e em muitos aspectos principalmente agora no seacuteculo XXI como demonstraram os inci-

21Michael PALMER Freud e Jung sobre a religiatildeo p 143 e 144 22 Aspas do autor 23O autor se refere a Karl MARX e a obra O Capital Criacutetica da Economia Poliacutetica Rio de Janeiro Editora Civilizaccedilatildeo Brasileira 1975

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dentes entre os Estados Unidos e os fundamentalistas islacircmicos) revela que a imposiccedilatildeo religiosa quando natildeo eacute o seu principal combustiacutevel tam-beacutem pode ser o ldquomotor da histoacuteriardquo propriamente dito24

Assim sendo e por forccedila da necessidade de nos posicionarmos diante de

tatildeo complexo fenocircmeno humano com variadas possibilidades conceituais que o

termo metodoloacutegica e cientificamente nos oferece vamos adotar o sentido significa-

tivo de ldquoreligiosidaderdquo preconizada por Rudolf Otto ao inveacutes de ldquoreligiatildeordquo em nossa

dissertaccedilatildeo Parece-nos salvo melhor juiacutezo que o termo religiosidade eacute mais ade-

quado aos paracircmetros da presente pesquisa pois natildeo seraacute o caso de entrar no meacute-

rito das discussotildees sobre o que venha a ser religiatildeo assim como tambeacutem natildeo abor-

daremos suas significacircncias pelos vieses teoloacutegicos dogmaacuteticos doutrinaacuterios ou

filosoacuteficos pois o presente trabalho natildeo estaacute focalizando a discussatildeo ou criacutetica sobre

possiacuteveis correntes do pensamento religioso

O termo religiosidade por sua vez tambeacutem tem assim como a palavra re-

ligiatildeo uma conceituaccedilatildeo complexa e possivelmente ainda mais ampla

Por uma abordagem atraveacutes do vieacutes da fenomenologia a religiosidade eacute

definida segundo Pedro A Ribeiro de Oliveira como ldquo() um conjunto de disposi-

ccedilotildees referentes ao sagrado antes que estas sejam socialmente elaboradas e sociali-

zadasrdquo 25

Complementando suas afirmaccedilotildees o autor anota que

Tal reflexatildeo natildeo assume qualquer conotaccedilatildeo negativa quanto ao fenocircme-no a ser examinado distinguimos a religiosidade de fenocircmenos propria-mente religiosos porque estes supotildeem certa institucionalidade ou pelo menos um miacutenimo de normatividade e sociabilidade enquanto aquela ex-pressaria a experiecircncia religiosa em seu estado original

Assim entendida a religiosidade natildeo poderia ser uma categoria socioloacutegi-ca uma vez que natildeo eacute um fato social De fato para falar de religiosidade eacute melhor comeccedilar pela proacutepria fenomenologia que ecirc nela um dos ele-

24Julio Joseacute CHIAVENATO Religiatildeo da origem agrave ideologia p 349 e 350 25Pedro A RIBEIRO DE OLIVEIRA Religiosidade conceito para as ciecircncias do social ndash Uma apro-ximaccedilatildeo fenomenoloacutegica In Seacutergio Ricardo COUTINHO (Org) Religiosidades misticismo e histoacuteria no Brasil Central p135

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mentos da proacutepria condiccedilatildeo humana aquele pendor que impulsiona o ser humano a buscar a transcendecircncia o sagrado o ganz andere26 ndash o intei-ramente outro Pendor que ao realizar-se provoca sensaccedilatildeo prazerosa que em algumas pessoas pode chegar ao ecircxtase Isso que chamamos de experiecircncia religiosa implica portanto o sentimento de comunhatildeo pro-funda com outras pessoas com a natureza ou com a proacutepria divindade27

Outra possiacutevel definiccedilatildeo do termo ldquoreligiosidaderdquo pode ser explicada pelo

vieacutes metodoloacutegico da historiografia com o enfoque socioloacutegico da religiosidade popu-

lar como afirma Laura de Mello e Souza

() a historiografia que se voltou para o estudo da religiosidade colonial procurou explicar suas caracteriacutesticas especiacuteficas A fluidez da organiza-ccedilatildeo eclesiaacutestica teria deixado espaccedilo para a atuaccedilatildeo dos capelatildees de engenho que gravitavam em torno dos senhores descuidando do papel do Estado e enfatizando o das famiacutelias no processo de colonizaccedilatildeo Gil-berto Freyre insere na sua explicaccedilatildeo aquilo que denomina de ldquocatolicis-mo de famiacuteliardquo com o capelatildeo subordinado ao pater famiacuteliasrdquo28 A religio-sidade subordinava-se desta forma agrave forccedila aglutinadora o organizatoacuteria dos engenhos de accediluacutecar integrando o triacircngulo Casa Grande ndash Senzala ndash Capela sua especificidade maior seria o familismo explicador do acentu-ado caraacuteter afetivo e da maior intimidade com a simbologia tatildeo caracteris-ticamente nossos29

Estela Noronha elaborou um posicionamento do termo ldquoreligiosidaderdquo

dentro da contextualizaccedilatildeo poacutes-moderna que contempla este trabalho Somou ob-

servaccedilotildees de dois autores preocupados com as diversas facetas dos assuntos rela-

cionados agrave religiosidade

26O destaque em itaacutelico no texto do autor 27Pedro A RIBEIRO DE OLIVEIRA Religiosidade conceito para as ciecircncias do social ndash Uma apro-ximaccedilatildeo fenomenoloacutegica In COUTINHO Seacutergio Ricardo (Org) Religiosidades misticismo e histoacuteria no Brasil Central p135 28A autora se refere a uma citaccedilatildeo na paacutegina 37 da obra de Gilberto FREYRE Casa Grande amp Senza-la ndash Formaccedilatildeo da famiacutelia brasileira sob o regime de economia patriarcal 9ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Joseacute Olympio 1958 29Laura de Mello e SOUZA O diabo e a terra de Santa Cruz feiticcedilaria e religiosidade popular no Bra-sil p87

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() Brandatildeo30 afirma que nos tempos atuais o indiviacuteduo passou a ser o construtor de sua religiosidade e se vincula a uma instituiccedilatildeo apenas de maneira formal No entanto esta vinculaccedilatildeo formal eacute importante porque segundo Carvalho31 estar inserido num determinado grupo daacute a sensa-ccedilatildeo de pertenccedila de contemporaneidade e ao mesmo tempo de vincula-ccedilatildeo aos centros produtores de sentido sem estar repetindo ou reprodu-zindo o tradicional Jaacute o poacutes-moderno apropria-se de elementos tradicio-nais da religiatildeo e os reinterpreta a partir de uma visatildeo secular do campo religioso onde a ideacuteia de consumo ou de mercado eacute predominante 32

No entanto para Rudolf Otto a religiosidade ou a feacute do indiviacuteduo estaacute li-

gada agrave experiecircncia social do sagrado O termo ldquosagradordquo ou ldquosacrordquo vem do latim

sacrum e sacer Tem como significado tudo aquilo o sujeito o objeto o tempo o

lugar ou a coisa que permite experienciar o divino Essa experiecircncia eacute vivida emo-

cionalmente entre os sentimentos de polos opostos perceptiacuteveis como por exemplo

os sentimentos flutuantes entre medoterror e a fascinaccedilatildeo A essa percepccedilatildeo Otto

chamou de misterium tremendum33 Faz-se necessaacuterio esclarecer tambeacutem que o

Sagrado34 para este estudioso eacute uma categoria de interpretaccedilatildeo e de avaliaccedilatildeo

que como tal soacute existe sob o domiacutenio religioso e que traz em sua essecircncia algo

com um significado e abrangecircncia maior e mais amplo transcendente e de natureza

divina o que em sua obra designou de numinosum 35

Carl G Jung avaliza largamente os conceitos de Otto para descrever sua

concepccedilatildeo do que venha a ser religiatildeo Logo no iniacutecio do livro Psicologia e religiatildeo

Jung pontua

Religiatildeo eacute ndash como diz o vocabulaacuterio latino religare ndash uma acurada e consciencio-sa observaccedilatildeo daquilo que Rudolf Otto acertadamente chamou de numinosum isto eacute uma existecircncia ou um efeito dinacircmico natildeo causados por um ato arbitraacuterio

30A autora refere-se ao autor e obra Carlos Rodrigues BRANDAtildeO A crise das instituiccedilotildees tradicio-nais produtoras de sentido p 25-41 31 A autora refere-se ao autor e obra Joseacute Jorge CARVALHO O encontro de velhas e novas religi-otildees p77-82 32Estela NORONHA Tenha feacute tenha confianccedila Iemanjaacute eacute uma esperanccedila Um estudo a luz da soacutecio-antropologia e da psicologia analiacutetica de fenocircmeno ldquoIemanjismordquo entre os natildeo devotos das religiotildees afro-brasileira p188 33 Rudolf OTTO O Sagrado p22 34Ibid p185-196 35Ibid p4

37

() e eacute independente de sua vontade () O numinoso pode ser a propriedade de um objeto visiacutevel ou o influxo de uma presenccedila invisiacutevel que produzem uma modificaccedilatildeo especial na consciecircncia Tal eacute pelos menos a regra universal 36

Consideradas as palavras de Otto e Jung a ldquoreligiosidaderdquo seraacute por noacutes

entendida como uma capacidade intriacutenseca e extriacutenseca humana em transcender37

significando eou resignificando a sua proacutepria existecircncia a despeito de valores dog-

maacuteticos doutrinaacuterios ritualiacutesticos e teoloacutegicos anteriores ou convencionais

Edecircnio Valle em seu livro Psicologia e experiecircncia religiosa38 estabele-

ceu a diferenccedila e explicou a religiosidade intriacutenseca e extriacutenseca onde as caracteriacutes-

ticas da religiosidade intriacutenseca satildeo o forte compromisso pessoal universalista eacuteti-

co e de amor ao proacuteximo A religiosidade intriacutenseca tambeacutem seria altruiacutesta humani-

taacuteria e natildeo-egocecircntrica na qual a feacute possui importacircncia central aceita sem reserva e

o credo seguido inteiramente Aberta a experiecircncia religiosa intensa vecirc positivamen-

te a morte e possui sentimentos de poder e de capacidade proacuteprios O mesmo autor

entende como caracteriacutesticas da religiosidade extriacutenseca a religiatildeo de conveniecircncia

surgida em momentos de crise e necessidade Etnocecircntrica39 exclusivista fechada

grupalmente sua feacute e crenccedilas satildeo superficiais e sofrem uma seleccedilatildeo subjetiva Utili-

taacuteria sem visar outras finalidades estaacute a serviccedilo de outras necessidades pessoais e

sociais Deus eacute visto como duro e punitivo e a visatildeo da morte eacute negativa Ao contraacute-

rio da religiosidade intriacutenseca na qual o sujeito tem sentimentos de poder e de ca-

pacidade proacutepria aqui o sentimento eacute de impotecircncia e de controle externo

A feacute assim como a religiatildeo e a religiosidade tambeacutem eacute um termo de

complexo entendimento que podemos abordaacute-lo de diversas maneiras No entanto

destacamos que apesar da palavra eventualmente nos remeter a uma ideacuteia de algo

natildeo comprovaacutevel do ponto de vista cientiacutefico a Ciecircncia da Religiatildeo nos permite uma

aproximaccedilatildeo conscienciosa dentro dos rigores metodoloacutegicos quando abordamos a

questatildeo fenomenologicamente ou atraveacutes da filosofia

36 Carl G JUNG Psicologia e Religiatildeo p9 37 Elevar-se acima de algo de estar em outro plano ou lugar (neste texto) 38Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia religiosa p270 39O termo se refere agrave tendecircncia do pensamento a considerar as categorias normas e valores da proacute-pria sociedade ou cultura como paracircmetro aplicaacutevel a todas as demais

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A noeacutetica40 oferece oportunidade de examinarmos o assunto Segundo

Adolphe Gescheacute

() eacute o ser humano de um conhecimento porque haacute tambeacutem um conteuacute-do noeacutetico da feacute o crente eacute visitado por uma Palavra (fides ex auditu)41 Aqui a linguagem eacute a linguagem da revelaccedilatildeo O crente natildeo vive uma ex-periecircncia nebulosa mas uma experiecircncia transpassada por uma luz que ilumina o seu conhecimento embora este continue sendo ao mesmo tempo um ldquodesconhecimentordquo diante daquilo que o ultrapassa42

Wolmir Therezio Amado propotildee que nos prendamos a duas perspectivas

baacutesicas para entendermos o que eacute feacute e sobre as quais formulou correspondentes

epistemologias43

() uma delas foi considerar a feacute e a religiatildeo no acircmbito estatutaacuterio da adesatildeo voluntarista e sujeitas agraves expectativas do coraccedilatildeo outra foi o de conhecer o acircmbito epistemoloacutegico da feacute nos limites da consciecircncia dialeacuteti-ca Ambas estatildeo muito presentes na realidade atual ainda que questotildees novas acerca do discernimento da feacute tenham surgido na poacutes-modernidade e no contexto do terceiro mundo44

O mesmo autor pontua

() Para a fenomenologia o esforccedilo teoacuterico consiste em compreender a feacute apenas como sentido de fenocircmeno deixado de lado aquilo que ilumina a graccedila ou que indica uma ordem superior A feacute nessa perspectiva eacute analisada na ordem das significaccedilotildees No esforccedilo empreendido pela filo-sofia o conhecimento da feacute soacute eacute possiacutevel ser interpretado agrave medida que se adentra em suas articulaccedilotildees porque ela estaacute em toda experiecircncia humana Se de um lado a feacute eacute um dom conferido de outro tal dom eacute dado como possibilidade que tem o imperativo de desabrochar para-ser

40Noeacutetica (filosofia) Estudo das leis gerais do pensamento 41O destaque em itaacutelico eacute do autor 42Adolphe GESCHEacute O ser humano p34 43Conjunto de conhecimentos que tecircm por objeto o conhecimento cientiacutefico visando a explicar os seus condicionamentos (sejam eles teacutecnicos histoacutericos ou sociais sejam loacutegicos matemaacuteticos ou linguumliacutesticos) sistematizar as suas relaccedilotildees esclarecer os seus viacutenculos e avaliar os seus resultados e aplicaccedilotildees 44Wolmir Therezio AMADO Diaacutelogos com a feacute p103

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Assim a feacute se daacute em trecircs niacuteveis baacutesicos como puro desvelamento45 do outro ausente como confianccedilaesperanccedila ou entrega de si ao outro e como manifestaccedilatildeo externa paradigma visiacutevel No esforccedilo de-ser capta (sem se apropriar) o ser analoacutegico Mas este captar implica uma feacute meta-fiacutesica uma vez que outro soacute eacute compreendido por semelhanccedila A verifica-ccedilatildeo absoluta nunca me seraacute possiacutevel por isso haacute a praacutexis46 do risco e da confianccedila por mim assumida Alem da fenomenologia e da filosofia a feacute eacute apresentada teologicamente pela oacutetica biacuteblica47

Alguns autores se preocuparam em observar e tentar descrever as situa-

ccedilotildees ocorrentes de feacute por outras abordagens entre os seres humanos

Um deles foi James W Fowler que sobre o prisma da religiosidade teceu

as consideraccedilotildees sobre a feacute em sua obra Estaacutegios da Feacute A Psicologia do Desen-

volvimento Humano e a Busca de Sentido Nela admite a centralidade deste fenocirc-

meno na vida do ser humano e para isso interpreta-o por um vieacutes existencial Se-

gundo este autor eacute na existecircncia real que podemos vislumbrar o transcendente e

assim construir um sentido para a vida gerando consequumlecircncias positivas para o

contexto vivencial de cada um

Outro aspecto relevante neste livro eacute que a feacute eacute sempre relacional de-

pende das variaacuteveis que atingem o ser humano a todo tempo Satildeo pessoas que fa-

zem parte e partilham a feacute com os outros seres humanos A feacute desta forma estaria

presente no humano de forma universal e seria algo anterior agrave crenccedila aleacutem de ter o

poder de sustentar a vida

Fowler se preocupa com questotildees da feacute porque entende que ela eacute mais

profunda e pessoal do que a religiatildeo e eacute a maneira pela qual uma pessoa ou grupo

responde aos valores e aos poderes transcendentes conforme satildeo percebidos e

aprendidos atraveacutes das formas da tradiccedilatildeo cumulativa Essa tradiccedilatildeo por sua vez

agrega valores que se refletem na crenccedila que eacute alimentada e vivida na feacute Contudo

eacute a feacute que eacute colocada como mais rica e a mais pessoal pois leva o ser humano aleacutem

de si mesmo e isso eacute segundo o autor algo de maravilhoso pois permite viver a

vida como ela eacute

45O sentido da palavra lsquodesvelamentorsquo no texto eacute aplicaacutevel a dar a conhecer (conhecimento) ou reve-lar (revelaccedilatildeo) 46O sentido da palavra lsquopraacutexisrsquo empregado pelo autor em seu texto deve ser compreendida como Atividade praacutetica accedilatildeo exerciacutecio ou uso 47Wolmir Therezio AMADO Diaacutelogos com a feacute p104

40

Nesta obra existe tambeacutem uma anaacutelise que aborda os aspectos da feacute pe-

lo vieacutes desenvolvimento da crianccedila do adolescente e do adulto no meio familiar on-

de a confianccedila e amor vatildeo gerar os futuros trilhos da feacute naquele sujeito que viven-

ciou o contexto da famiacutelia segura A lealdade eacute apresentada como modelo e tambeacutem

eacute cobrada nas relaccedilotildees diaacuterias da pessoa que se insere na sociedade

Fowler tambeacutem estabeleceu sete estaacutegios de desenvolvimento da feacute

O primeiro estaacutegio seria o da feacute primal durante a formaccedilatildeo uterina e

tambeacutem presente nos primeiros meses apoacutes o nascimento Esta fase envolveria os

iniacutecios da confianccedila emocional O desenvolvimento posterior da feacute teria como base

este primeiro estaacutegio

O segundo estaacutegio relacionaria a vida pessoal na primeira infacircncia Seria

a Feacute intuitiva ou projetiva Neste estaacutegio a imaginaccedilatildeo articular-se-ia agrave percepccedilatildeo

dos sentimentos para criar imagens religiosas de longa duraccedilatildeo A crianccedila se torna-

ria consciente do sagrado das proibiccedilotildees e da existecircncia das normas morais

O terceiro corresponderia ao estaacutegio das operaccedilotildees concretas onde a

crianccedila aprenderia a diferenciar a fantasia do mundo real e teria tambeacutem condiccedilotildees

de perceber a perspectiva dos outros As crenccedilas e siacutembolos religiosos satildeo aceitos

de forma quase literal A este o autor denominou como o estaacutegio da feacute miacutetica

O quarto estaacutegio estaria situado na fase do iniacutecio da adolescecircncia ou pu-

berdade A confianccedila se desloca para as ideacuteias abstratas do pensamento loacutegico for-

mal e a um possiacutevel relacionamento mais pessoal com Deus As consideraccedilotildees so-

bre as experiecircncias passadas ou anteriores permitem ao indiviacuteduo externar preocu-

paccedilotildees com o futuro junto a outras pessoas e a construccedilatildeo de um mundo baseado

em valores e em pontos de vista pessoais A este estaacutegio Fowler denominou como

sendo a feacute sinteacutetica ou convencional

O quinto estaacutegio ocorreria no periacuteodo que fosse do final da adolescecircncia

agrave fase adulta Nesta fase as pessoas fariam uma reconstituiccedilatildeo e exame criacutetico dos

valores e crenccedilas inclusive recorrendo ao apoio de autoridades externas agrave famiacutelia

visando um suporte mais interno aacute sua pessoa A este estaacutegio do desenvolvimento

da feacute o autor chamou ndash a de individualizada e reflexiva

O sexto estaacutegio ocorreria nas pessoas de meia idade e aleacutem Nesta fase

da vida haveria a possibilidade da conjugaccedilatildeo de opostos como por exemplo a

compreensatildeo que um indiviacuteduo pode ser jovem e velho masculino e feminino des-

trutivo e construtivo Pode decorrer deste particular uma atenccedilatildeo e um relaciona-

41

mento mais profundo atraveacutes dos siacutembolos e do relacionamento com eles possibili-

tando uma ampliaccedilatildeo das muacuteltiplas perspectivas do mundo em sua complexidade

Este fato permitiraacute tambeacutem ao indiviacuteduo passar do estaacutegio da feacute individualizada pa-

ra aquela que chamou de conjuntiva cuja particularidade seria o entendimento de

seus valores em sua multidimensionalidade e interdependecircncia orgacircnica

Finalmente Fowler estabeleceu o seacutetimo estaacutegio que chamou de feacute uni-

versalizante Seria o estaacutegio final que envolveria o sujeito e onde estaria a experi-

ecircncia de unidade com o poder do ser e de Deus com um compromisso para a justi-

ccedila e o amor aleacutem da superaccedilatildeo da opressatildeo e da violecircncia As pessoas que che-

gassem a este estaacutegio da feacute viveriam como se o reino do amor e justiccedila estivesse

realmente presente Satildeo indiviacuteduos que estatildeo integralmente voltados contra as in-

justiccedilas e sob um taacutecito abraccedilo com a paz Natildeo haacute neste caso uma idade especiacutefi-

ca

Quanto ao fenocircmeno ldquofeacuterdquo se observado em seu significado mais amplo e

pelo lado pessoal dos indiviacuteduos ele nos leva a correlacionaacute-lo a algo em que se

acredita ou se confia No entanto se avanccedilarmos um pouco mais pela natureza praacute-

tica terminoloacutegica encontraremos pelo menos duas aplicaccedilotildees distintas na primeira

possibilidade veremos uma conceituaccedilatildeo de cunho racionalista estando ligada ao

vieacutes cientiacutefico nos cientistas e seus postulados em evidecircncias fiacutesicas ou laboratori-

ais

A segunda possibilidade aparece quando o fenomeno natildeo tem como base

essas evidecircncias Neste caso a feacute estaacute associada a experiecircncias pessoais (de

enfoque psicoacutelogico) e pode ser transmitida a outros atraveacutes de relatos histoacutericos

(cristianismo judaiacutesmo e islamismo) Neste sentido ela eacute associada ao contexto

religioso ou miacutestico

Como escreve JB Libacircnio

A feacute religiosa eacute contruiacuteda sobre a base humana Sem feacute humana natildeo haveria feacute religiosa Ela pede um salto para o aleacutem da esfera das relaccedilotildees humanas entra no campo do misteacuterio

A fenomenologia da religiatildeo constata como experiecircncia existente em todas as culturas exceto na cultura moderna a realidade numinosa a feacute

42

religiosa O termo ldquonuminosordquo ndash do latim numem - exprime a vontade e o poder divinos 48

A decisatildeo de ter feacute pode ser por vezes unilateral ou seja depende da

vontade da sensibilidade ou da percepccedilatildeo sensorial e individual ou pode ainda ser

aprendida Neste caso os cleacuterigos tecircm uma importante participaccedilatildeo no

entendimento sobre a concepccedilatildeo da ideacuteia da feacute assim como a famiacutelia pela

transmissatildeo de seus valores religiosos Outras vezes a feacute pode se manifestar

independentemente da vontade do indiviacuteduo como por exemplo um ldquoacreditarrdquo

oriundo de uma possiacutevel revelaccedilatildeo miacutestica ou divina

Essa eacute outra vertente religiosa segundo o autor

() mistura-se com traccedilos da psicologia humanista transpessoal de auto-realizaccedilatildeo Prefere-se o termo espiritualidade em vez de feacute Essa escolha jaacute indicava uma diluiccedilatildeo de seu caraacuteter Eacute uma espiritualidade global que toca a piedade e religiosidade de traccedilos matriarcais da qual a Nova Era eacute a melhor expressatildeo O acesso ao divino se faz no interior de cada pessoa e natildeo por meio das realidades objetivas que as religiotildees tradicionais oferecem dogmas sacramentos e ritos institucionalizados

Eacute uma experiecircncia de interioridade intuitiva contemplativa do ser que transcende o fazer no interior do ser Aiacute estaacute a presenccedila divina natildeo necessariamente da pessoa de Deus49

Na atualidade anotou Libacircno que

() a feacute religiosa cresce na sociedade atual por outra razatildeo A secularizaccedilatildeo que teve seu apogeu nas deacutecadas de 1960 e 1970 especialmente no meio intelectual e sob sua influecircncia provocou uma reaccedilatildeo contraacuteria Ao reduzir o papel e o poder das religiotildees sobre a sociedade e a cultura a secularizaccedilatildeo produziu uma privatizaccedilatildeo das formas religiosas As pessoas escolhem as formas religiosas que mais

48Joatildeo Batista LIBAcircNIO Feacute p20 e 22 49Ibid p29

43

respondem agrave subjetividade provocando verdadeiro surto religioso Eacute a outra face da secularizaccedilatildeo que minando as instituiccedilotildees engendrou uma busca sedenta de expressotildees religiosas50

Continuou o autor

() Trava-se entatildeo uma forte luta entre a feacute religiosa coacutesmica e a apropriaccedilatildeo capitalista da natureza No niacutevel estritamente religioso ela assume papel profeacutetico e criacutetico na sociedade Isso explica o crescimento em nosso meio do budismo da miacutestica islacircmica e de outras formas sacrais coacutesmicas como o Santo Daime e a Uniatildeo do Vegetal Haacute uma sede de feacute religiosa no meio do desgaste psico-humano provocado pela sociedade e cultura modernas A Nova Era traduz muito dessa feacute religiosa atual51

Assim sendo os enunciados acima satildeo alguns dos que melhor explicam

o fenocircmeno Concluiacutemos que pode-se ter feacute tanto numa pessoa quanto num objeto

inanimado numa ideologia num pensamento filosoacutefico num sistema qualquer num

conjunto de regras numa crenccedila numa base de propostas ou em dogmas de uma

determinada religiatildeo

1 2 Marketing uma ideacuteia e um conceito em evoluccedilatildeo

Para concebermos qualquer tipo de negoacutecio o marketing eacute a primeira fer-

ramenta existente agrave disposiccedilatildeo do mercado nestes nossos tempos

A palavra ldquomarketingrdquo assim como o vocaacutebulo ldquoreligiatildeordquo tem sido usada

de forma quase indiscriminada e em contextos cada vez mais diferentes daqueles

que a nosso ver seriam os mais corretos Assim sendo nos parece oportuno e ne-

50Joatildeo Batista LIBAcircNIO Feacute p25 e 26 51Ibid p 27

44

cessaacuterio trazermos um posicionamento mais acurado acerca de seu significado evi-

tando desta forma os pleonasmos com que os usos coloquiais por vezes nos brin-

dam

Como trabalharemos com a hipoacutetese que a presente pesquisa apontou

de que a feacute seja a alavanca motivacional de negoacutecios no varejo de produtos religio-

sos e depois de expor estudos realizados para melhor compreensatildeo da terminologia

atinente agrave religiatildeo agrave religiosidade e agrave feacute procuraremos nos situar frente agrave terminolo-

gia e conceituaccedilatildeo do marketing

Isto posto analisaremos atraveacutes de um breve relato histoacuterico a evoluccedilatildeo

conceitual que o marketing vem experimentando ao longo do tempo

Alexandre Luzzi Las Casas nos apontou

Antes de analisar o assunto detalhadamente conveacutem fazer um esclareci-mento a respeito do termo em inglecircs No Brasil por volta de 1954 marke-ting foi traduzido como mercadologia quando surgiram os primeiros movi-mentos para a implantaccedilatildeo de curso especiacutefico em estabelecimento de en-sino superior e desde entatildeo tem sido adotada essa expressatildeo

Entretanto o termo em inglecircs significa accedilatildeo no mercado como a traduccedilatildeo sugere ()

Para entendermos o significado de marketing o ideal eacute comeccedilar com a de-finiccedilatildeo claacutessica da literatura mercadoloacutegica Em 1960 a Associaccedilatildeo Ameri-cana de Marketing definiu-o como ldquoo desempenho das atividades comerci-ais que dirigem o fluxo de bens e serviccedilos do produtor ao consumidor ou usuaacuteriordquo 52

Francisco Gracioso afirmou completando as palavras de Las Casas

() Esta definiccedilatildeo como agrave daqueles economistas deixaram de lado muitos fatos da vida real Mas era inteiramente consistente com os princiacutepios eco-nocircmicos da divisatildeo do trabalho que se seguiram agrave Revoluccedilatildeo Industrial na Inglaterra No entanto apesar de arranharem em certas passagens o es-copo e a importacircncia do marketing como noacutes entendemos hoje as obras de Torrens James Mill e Ricardo concentram-se em apenas dois dos fato-

52Alexandre L LAS CASAS Marketing conceitos exerciacutecios casos p15

45

res modernamente associados ao marketing a produccedilatildeo e a distribuiccedilatildeo relegando o consumo e o consumidor a um plano totalmente secundaacuterio Muitas deacutecadas se passariam antes que se compreendesse que uma nova teacutecnica de produccedilatildeo fosse capaz de produzir determinado artigo mais raacutepi-do e economicamente teraacute apenas valor teoacuterico se natildeo for possiacutevel a ab-sorccedilatildeo do mercado para aquele tipo de produto 53

Continuando Gracioso afirmou que

() A teoria econocircmica claacutessica falhou em que o estudo do marketing mo-derno realmente tem iniacutecio o consumidor e os problemas da criaccedilatildeo da demanda Ao contraacuterio via o ajustamento entre a oferta e a procura em termos puramente de uma operaccedilatildeo automaacutetica do mecanismo de preccedilos Se a oferta de um produto subisse o preccedilo cairia e os consumidores com-prariam mais Se a oferta caiacutesse os preccedilos subiriam e os consumidores comprariam menos

Foi o economista inglecircs JMKeynes em seu famoso livro General Theory of Employment Interest and Money publicado em 1936 quem pela pri-meira vez expocircs de forma clara a falaacutecia dessa regra Keynes demonstrou que havia ainda outros fatores subjetivos mas nem por isso menos impor-tantes que influem poderosamente no acircnimo e no comportamento do con-sumidor

Impulsos e motivaccedilotildees psicoloacutegicas absolutamente pessoais satildeo alguns fatores e sobre eles muito falaremos neste livro 54

O autor assinalou ainda

() A etapa seguinte foi a percepccedilatildeo pelos produtores que a uacutenica manei-ra de minimizar este risco e garantir uma base de crescimento firme para a sua produccedilatildeo seria uma compreensatildeo mais perfeita e profunda do que re-almente interessava ao mercado Em outros termos era preciso conhecer melhor quais os verdadeiros anseios interesses e necessidades concretas e subjetivas dos consumidores aos quais se destinavam as mercadorias produzidas

53Francisco GRACIOSO Marketing O sucesso em 5 movimentos p 16 54Ibid p17

46

Pouco a pouco tomava forma o conceito baacutesico de marketing moderno produz-se aquilo que os consumidores desejam55

Gracioso finalizou sua exposiccedilatildeo conceitual afirmando ldquo() marketing eacute o

conjunto de esforccedilos realizados para criar (ou conquistar) e manter clientes satisfei-

tos e lucrativosrdquo 56

Segundo a visatildeo de Peter Drucker marketing eacute uma funccedilatildeo eminente-

mente empresarial como verificaremos a seguir

Marketing eacute a funccedilatildeo distintiva e uacutenica da empresa Uma empresa se dis-tingue de todas as outras organizaccedilotildees humanas pelo fato de oferecer ao mercado um produto ou serviccedilo Nem a igreja nem o exeacutercito nem a esco-la e nem o governo fazem isso Qualquer organizaccedilatildeo que se completa a-traveacutes do marketing de um produto ou serviccedilo eacute uma empresa Qualquer organizaccedilatildeo em que o marketing estaacute ausente ou eacute incidental natildeo eacute uma empresa e jamais deveraacute ser administrada como tal57

Continuando sua tese o autor filoacutesofo e estrategista empresarial afirmou

() O marketing eacute tatildeo baacutesico que natildeo pode ser considerado uma funccedilatildeo agrave parte (ie uma habilidade ou trabalho separado) dentro da empresa como pessoal ou produccedilatildeo Marketing requer trabalho em separado e um nuacutemero de atividades distintas Mas eacute em primeiro lugar uma dimensatildeo central de toda a empresa Eacute a empresa toda observada do ponto de vista de seu re-sultado final isto eacute do ponto de vista do consumidor Preocupaccedilatildeo e res-ponsabilidade por marketing devem portanto estar em todas as aacutereas da empresa58

55Francisco GRACIOSO Marketing O sucesso em 5 movimentos p18 56Ibid p29 57Peter F DRUCKER Administraccedilatildeo tarefas responsabilidade e praacuteticas p 67 58Ibid p69

47

Como percebemos satildeo muitas as possibilidades conceituais que nos dias

de hoje estatildeo agrave nossa disposiccedilatildeo sobre este assunto Faz-se importante notar que

por vezes alguns fatores ou caracteres se tornam comum aos teoacutericos Neste caso

vamos destacar a explicitaccedilatildeo da preocupaccedilatildeo com o cliente ou consumidor final e o

foco das relaccedilotildees entre eles tendo em vista uma possiacutevel dinacircmica comercial e a

delicada relaccedilatildeo com o necessaacuterio lucro por parte das empresas

Alguns autores prendem-se mais agraves preocupaccedilotildees estruturais de uma

empresa como Drucker observou Outros tecircm as suas arguumliccedilotildees voltadas para o

significado semacircntico da palavra ldquomarketingrdquo e seu histoacuterico-econocircmico (Las Casas

e Gracioso respectivamente)

De fato cada autor e agrave sua maneira tem suas razotildees para enfatizar as

possiacuteveis conceituaccedilotildees que o termo marketing recebe Vale acrescentar que todas

as possibilidades acima descritas como exemplos satildeo vaacutelidas e natildeo raramente

complementares entre si59

Outra observaccedilatildeo relevante eacute que o conceito e a significacircncia teacutecnica da

expressatildeo marketing tem evoluiacutedo mudado e se aprimorado com o passar do tem-

po Portanto natildeo seria prudente afirmar-se categoricamente uma ou outra possibili-

dade60

Para este trabalho e devido agrave necessidade de adotarmos uma linha de

pensamento mais pontuada e visando uma satisfatoacuteria e transparente aderecircncia ao

meacutetodo cientiacutefico vamos adotar como conceito a formulaccedilatildeo conceitual de Philip

Kotler e Gary Armstrong ldquoUm processo administrativo e social pelo qual indiviacuteduos e

grupos obtecircm o que necessitam e desejam por meio da criaccedilatildeo oferta e troca de

produtos e valor com os outrosrdquo 61

Partiremos do preacute-suposto que a conceituaccedilatildeo de Kotler e Armstrong es-

teja dentro de uma dinacircmica organizacional portanto de forma sistecircmica como pre-

59Diferentemente do termo ldquoreligiatildeordquo que provoca grandes e toacuterridas discussotildees nos meios acadecircmi-cos a palavra ldquomarketingrdquo experimenta ao longo do tempo constante evoluccedilatildeo 60A Administraccedilatildeo de empresas quando vista sob o prisma cientiacutefico se enquadra no conjunto das ciecircncias humanas e sociais aplicadas Assim sendo conceituaccedilotildees mais obliacutequas satildeo sempre peri-gosas pois essa ciecircncia natildeo raramente transcende agrave cabiacutevel exatidatildeo das ciecircncias exatas Embora as respostas e justificativas administrativas quase sempre ocorram em formas numeacutericas o adminis-trador deve ter sempre em mente a principal razatildeo de sua existecircncia que eacute o compromisso-primo com o fator humano endoacutegeno e exoacutegeno nas organizaccedilotildees Queiram essas organizaccedilotildees visem o lucro ou natildeo 61Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de marketing p03

48

coniza a administraccedilatildeo cientiacutefica Tal dinacircmica mercadoloacutegica empresarial teraacute como

foco seus clientes razatildeo maior da existecircncia da empresa comercial e institucionali-

zada O capital e seu mercado deveratildeo estar permanentemente monitorados e de-

fendidos Suas preocupaccedilotildees estrateacutegicas no entanto estaratildeo voltadas para o futu-

ro em termos de tempo demanda e lucratividade

A maneira de interpretar o marketing no presente trabalho natildeo se descui-

da desta maior amplitude do conceito moderno da aacuterea embora nossa ecircnfase esteja

primordialmente voltada agrave empresa comercial varejista e sobretudo agraves responsabi-

lidades dos executivos que administram recursos limitados agrave luz de objetivos prede-

terminados e voltados ao conviacutevio com um meio ambiente em constante transforma-

ccedilatildeo

O nuacutecleo de nossa definiccedilatildeo de marketing eacute a ideacuteia da troca ou do inter-

cacircmbio de quaisquer tipos de valores entre partes interessadas Esta troca pode en-

volver objetos tangiacuteveis (tais como bens de consumo e dinheiro) e intangiacuteveis (como

serviccedilos ou mesmo ideacuteias)

Por mais ampla que possa ser a gama de objetos transacionados no ca-

so desta dissertaccedilatildeo seratildeo considerados os de uso e aplicaccedilotildees ritualiacutesticas ou afe-

tos agrave religiosidade No entanto tipos especiais de trocas eacute que mereceratildeo ser carac-

terizados como mercadoloacutegicos Para que neste trabalho tenha importacircncia e mere-

ccedila esta abordagem essas trocas deveratildeo ter o intuito da continuidade no processo

entre as partes envolvidas ou seja ela deve ser ao mesmo tempo sistemaacutetica in-

tencional e voltada para uma expectativa de resultados previsiacuteveis intuiacutedos ou dese-

jados Esses resultados deveratildeo ser almejados por parte dos empresaacuterios e dos cli-

entes de empresas varejistas que operacionalizam suas atividades sobre o nicho da

religiosidade

49

13 O desenvolvimento e a cronologia de uma ideacuteia marketing

bull O iniacutecio

Apesar de encontrarmos suas raiacutezes ao longo da histoacuteria da humanidade

na proacutepria gecircnese do comeacutercio o marketing eacute um campo de estudo novo se

comparado com as demais aacutereas do saber O estudo do mercado surgiu da

necessidade dos empresaacuterios em administrar uma nova realidade oriunda da

Revoluccedilatildeo Industrial

A revoluccedilatildeo industrial em seus dois momentos histoacutericos iniciou grandes

mudanccedilas econocircmicas e sociais No primeiro momento62 apareceram como fases

relevantes a mecanizaccedilatildeo da induacutestria e da agricultura a aplicaccedilatildeo da forccedila motriz

industrial e o desenvolvimento do sistema fabril aleacutem de uma formidaacutevel aceleraccedilatildeo

nos meios de transportes e de comunicaccedilotildees Em uma segunda etapa podemos

enunciar vaacuterias caracteriacutesticas importantes que marcaram eacutepoca63 a substituiccedilatildeo do

ferro pelo accedilo o desenvolvimento da maquinaria automaacutetica e um alto grau de

especializaccedilatildeo do trabalho nos ambientes fabris o crescente domiacutenio da induacutestria

pela ciecircncia o desenvolvimento de novas formas de organizaccedilatildeo capitalista e a

expansatildeo da industrializaccedilatildeo ateacute a Europa Central e Oriental por exemplo Desta

maneira essas novas situaccedilotildees modificaram a relaccedilatildeo do capital com os meios de

produccedilatildeo ateacute entatildeo e anteriormente existentes Como consequumlecircncia

estabeleceram tambeacutem um reposicionamento das forccedilas produtivas com o mercado

consumidor

Neste estaacutegio da histoacuteria econocircmica mundial o marketing ainda era

inseparaacutevel da economia e da administraccedilatildeo claacutessica A gestatildeo econocircmica e

empresarial nesse instante preocupou-se com a logiacutestica a produtividade e a

maximizaccedilatildeo dos lucros Os consumidores natildeo tinham qualquer poder de barganha

com os fabricantes e produtores Os aspectos humanos do mercado eram

ignorados aleacutem da concorrecircncia ser praticamente inexistente

62Seacuteculo VXII 63Seacuteculo XIX

50

Essa eacutepoca comeccedilam a surgir os primeiros sinais de excesso de oferta Os fabricantes desenvolveram-se e produziram em seacuterie Portanto a oferta passou a superar a demanda e os produtos acumulavam-se em estoques Algumas empresas comeccedilaram a utilizar teacutecnicas de vendas bem mais agressivas e a ecircnfase na comercializaccedilatildeo das empresas dessa eacutepoca era totalmente dirigidas agraves vendas 64

Nos anos 40 os trabalhos e observaccedilotildees a respeito da aplicaccedilatildeo da

psicologia na propaganda e o de William J Reilly65 sobre as Leis de Gravitaccedilatildeo do

Varejo66 comeccedilaram a dar um enfoque cientiacutefico ao marketing Uma das questotildees

cruciais nesse momento da histoacuteria era se as teorias de mercado podiam ou natildeo se

desenvolver Algumas abordagens defendiam a tese que isso nunca seria possiacutevel

Natildeo seriam passiacuteveis de desenvolvimento a uma teoria mercadoloacutegica genuiacutena pois

a consideravam extremamente subjetiva quase uma forma de arte Tal realidade

manteve-se inalterada ateacute os instantes finais da Segunda Guerra Mundial quando

entatildeo reagindo ao crescimento da concorrecircncia mercadoacutelogos comeccedilaram a

teorizar sobre como atrair e lidar com seus consumidores em funccedilatildeo da super-

produccedilatildeo Surgiu entatildeo a cultura de vender a qualquer preccedilo

bull Deacutecada de 1950

A primeira tentativa de mudanccedila dessa visatildeo mercadoloacutegica veio em

1954 pelas matildeos de Peter Drucker ao lanccedilar seu livro A Praacutetica da Administraccedilatildeo

Natildeo se tratava de ser propriamente um livro sobre marketing mas foi o primeiro

registro escrito que cita o marketing como uma forccedila poderosa a ser considerada

pelos administradores

64Alexandre L LAS CASAS Marketing conceitos exerciacutecios casos p22 65REILLY WJ The Law of Retail Gravitation New York Knickerbocker Press 1931 66 Principais enunciados

bull - A atraccedilatildeo de fregueses varia diretamente com a populaccedilatildeo da aacuterea em que o varejo se encontra

bull - A atraccedilatildeo de fregueses varia inversamente com o quadrado da distacircncia a ser percorrida por estes

bull - Uma cidade de maior populaccedilatildeo atrai o consumo de uma localidade menor na proporccedilatildeo direta do nuacutemero de habitantes

bull - Uma cidade de maior populaccedilatildeo atrai o consumo de uma localidade menor na proporccedilatildeo inversa ao quadrado da distacircncia entre elas

51

bull Deacutecada de 1960

Sequencialmente em 1960 elaborado por Theodore Levitt professor da

Harvard Business School em artigo na revista Harvard Business Review entitulado

Miopia de Marketing67 revelou uma seacuterie de erros de percepccedilotildees mostrou a

importacircncia da satisfaccedilatildeo dos clientes e transformou para sempre o mundo dos

negoacutecios O vender a qualquer custo deu lugar agrave satisfaccedilatildeo garantida

O universo do marketing comeccedilou a expandir-se e artigos cientiacuteficos

foram escritos pesquisas feitas e dados estatisticamente relevantes traccedilados

Foram separadas as estrateacutegias eficientes dos ldquoachismosrdquo e viu-se a necessidade de

um estudo seacuterio do mercado Este conhecimento adquirido ficou espalhado difuso

muitas vezes restrito ao mundo acadecircmico Em 1967 Philip Kotler lanccedilou a primeira

ediccedilatildeo de seu livro Administraccedilatildeo de Marketing onde pocircs-se a reunir revisar

testar e consolidar as bases daquilo que ateacute hoje formam o ldquocacircnone do marketingrdquo

bull Deacutecada de 1970

Nos anos 70 destacou-se o fato de surgirem departamentos e diretorias

de marketing em todas as grandes empresas Natildeo se tratava mais de uma boa ideacuteia

mas de uma necessidade de sobrevivecircncia Eacute nesta eacutepoca que se multiplicaram os

supermercados shopping centers e franchises De fato a contribuiccedilatildeo do marketing

foi tatildeo notoacuteria no meio empresarial que passou rapidamente a ser adotada em

outros setores da atividade humana O governo organizaccedilotildees civis entidades

religiosas e partidos poliacuteticos passaram a valer-se das estrateacutegias de marketing

adaptando-as agraves suas realidades e necessidades

bull Deacutecada de 1980

67Theodore LEVITT Marketing Myopia Harvard Business Review vol 38 1960 p 45-56

52

Em 1982 o livro Em Busca da Excelecircncia68 de Tom Peters e Bob

Waterman inaugurou todo um periacuteodo de escritores sobre o marketing Num golpe

de sorte editorial produziram o livro de marketing mais vendido de todos os tempos

ao focarem completamente sua atenccedilatildeo no cliente Esse fenocircmeno editorial levou o

marketing agraves massas e portanto agraves pequenas e meacutedias empresas e a todo o tipo de

profissional Talvez por isso e tambeacutem por uma necessidade mercadoloacutegica o

marketing passou a ser uma preocupaccedilatildeo atinente agrave alta direccedilatildeo de todas as mega-

corporaccedilotildees natildeo estando mais restrita a uma diretoria ou departamento

O fecircnomeno dos gurus entretando eacute responsaacutevel pelo posterior descuido

com o rigor da investigaccedilatildeo cientiacutefica e uma tendecircncia a modismos Nesta eacutepoca

floreceram diversos autores tais como Al Ries69 que definiu o conceito de

posicionamento 70 e o markerting de guerra e guerrilha 71 e Masaaki Imai72 que

idealizou o modelo Kaizen73 Esses autores ganharam reconhecimento no mundo

dos negoacutecios e alta reputaccedilatildeo no universo empresarial por suas ideacuteias e abordagens

originais

bull Deacutecada de 1990

Assim como ocorreu em muitos outros setores o avanccedilo tecnoloacutegico dos

anos 90 teve um forte impacto no mundo do marketing O comeacutercio eletrocircnico foi

68PETERS Tom J e WATERMAN Bob Search of Excellence Lessons from Americas Best-Run Companies London Editora Haper Collins 1992 69RIES Al Marketing de Guerra Satildeo Paulo 31ordf Ediccedilatildeo Editora Makron Books 1986 70 Posicionamento eacute uma teacutecnica onde os homens e mulheres dedicados ao marketing geram ou transformam uma imagem ou identidade para um produto marca ou empresa Eacute o espaccedilo que um produto ocupa na mente do consumidor em um determinado mercado O posicionamento de um produto eacute como compradores potenciais o vecircem e eacute expressado pela relaccedilatildeo de posiccedilatildeo entre os competidores 71 Marketing de guerra e guerrilha Satildeo accedilotildees mercadoloacutegicas inspiradas no desenvolvimento taacutetico e estrateacutegico das accedilotildees militares convencionais Tecircm como principal foco de atenccedilatildeo e orientaccedilatildeo a concorrecircncia empresarial 72Imai MASAAKI Kaizen - The Key to Japans Competitive Success New York Random House Business Division 1986 73Kaizen em japonecircs kai significa mudanccedila e zen para melhor Da junccedilatildeo nasceu uma estrateacutegia minuciosa de melhorias graduais implementadas continuamente nas empresas Os japoneses credi-tam a essa estrateacutegia como um dos seus principais fundamentos o desenvolvimento industrial do Japatildeo do poacutes-guerra Este modelo de gestatildeo eacute enunciado em 1986 por Imai num livro Kaizen-The Key to Japans Competitive Success Nesse livro o autor cita uma seacuterie de inovaccedilotildees de gestatildeo ja-ponesa ateacute ali olhadas separadamente debaixo do que ele chama um leque conceitual No kaizen abrigam-se praacuteticas que vecircm desde os anos 50 como os conceitos consagrados do ldquojust in timerdquo da administraccedilatildeo da produccedilatildeo assim como os conceitos do controle da qualidade total

53

uma revoluccedilatildeo na logiacutestica distribuiccedilatildeo e formas de pagamento O CRM (Customer

Relationship Management) e os serviccedilos de atendimentos ao consumidor entre

outras inovaccedilotildees tornaram possiacutevel uma gestatildeo de relacionamento com os clientes

em larga escala E como se isso natildeo fosse suficiente a Internet chegou como uma

nova via de comunicaccedilatildeo Eacute a eacutepoca do maximarketing de Stan Rapp74 do

marketing 1 to 175 da Peppers amp Rogers Group76 do aftermarketing77 de Terry G

Vavra 78 e do marketing direto79 de Bob Stone80 ou seja caracterizou-se por uma

constante busca pela personalizaccedilatildeo como medida administrativa e de poliacutetica de

aproximaccedilatildeo expansatildeo manutenccedilatildeo e retro-alimentaccedilatildeo mercadoloacutegica em geral

Outra tendecircncia do periacuteodo foi o fortalecimento do conceito de marketing

societal81 no qual tornou-se uma exigecircncia de mercado haver uma preocupaccedilatildeo

com o bem-estar da sociedade A satisfaccedilatildeo do consumidor e a opiniatildeo puacuteblica

passaram a estar diretamente ligadas agrave participaccedilatildeo das organizaccedilotildees em causas

sociais e a responsabilidade social transformou-se numa vantagem competitiva

bull Deacutecada de 2000

A virada do milecircnio assitiu agrave segmentaccedilatildeo da televisatildeo a cabo agrave

popularidade da telefonia celular e agrave democratizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo 74RAPP Stan e MARTIN Chuck Maxi-e-Marketing no Futuro da Internet Satildeo Paulo Editora Pearson Makron Books 2001 75Marketing 1 to 1 eacute uma abordagem mercadoloacutegica que consiste em tratar clientes diferentes de formas diferentes ou seja fazer uma aproximaccedilatildeo do puacuteblico-alvo voltando-se para as suas caracte-riacutesticas e necessidades individuais Tem como caracteriacutestica estabelecer modelos de comunicaccedilatildeo e negoacutecios centrados no cliente Permite buscar informaccedilotildees estrateacutegicas e assim formar uma base de dados especiacutefica e personalizada identificando-os e diferenciando-os sob os mais variados aspectos 76PEPPERS Don e ROGERS Martha CRM Series Marketing 1 to 1 2ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Makron Books 200177 Marketing de relacionamento (aftermarketing) eacute uma metodologia que se aplica ao usar o database marketing (banco de dados e de informaccedilotildees comerciais eletrocircnicas) para a retenccedilatildeo de clientes ou consumidores e obter a recompra continuada de seus produtos ou serviccedilos 78VAVRA G Terry Aftermarketing - How to Keep Customers for Life through Relationship Marketing Irwin Illinois USA Professional Publishing 1992 79Marketing direto tem como principal caracteriacutestica a redefiniccedilatildeo e percepccedilatildeo do papel do compra-dor e a conexatildeo com o vendedor Em vez de serem alvos dos esforccedilos unilaterais de marketing das empresas os clientes estatildeo se tornando participantes ativos nos ajustes da oferta e do proacuteprio pro-cesso de marketing Hoje muitas empresas permitem que os clientes desenvolvam on-line os produ-tos que desejam 80 STONE Bob Marketing Direto Satildeo Paulo Editora Studio Nobel 2004 81Marketing Societal eacute uma orientaccedilatildeo taacutetica onde uma empresa ou organizaccedilatildeo deve determinar as necessidades os desejos e interesses dos marcados-alvo e entatildeo entregar um valor superior aos clientes de maneira que o bem-estar do consumidor e da sociedade seja mantido ou melhorado

54

especialmente via Internet A World Wide Web jaacute estava madura o suficiente nos

primeiros anos desta deacutecada Surgiuram uma infinidade de pesquisas e publicaccedilotildees

sobre webmarketing82 e comeacutercio eletrocircnico83 Mas mais do que isso agora o cliente

natildeo tinha apenas poder de barganha tinha tambeacutem poder de informaccedilatildeo Era de se

esperar que isso influenciasse na maneira com a qual os consumidores interagiam

com as empresas e entre si Os primeiros reflexos disso foram o nascimento do

marketing de permissatildeo84 de Seth Godin85 a conceitualizaccedilatildeo do marketing boca-a-

boca 86 por George Silverman87 e a explosatildeo do buzzmarketing 88 e do marketing

viral 89 por autores tais como Russell Goldsmith90 e Mark Hughes91

Eacute perceptiacutevel na proacutepria evoluccedilatildeo do conceito de marketing a importacircncia

cada vez maior do consumidor como o elemento chave e alvo das preocupaccedilotildees e

propoacutesitos nas accedilotildees dos homens e mulheres que se ocupavam com marketing

pois eacute o consumidor a razatildeo loacutegica de organizaccedilotildees ou empresas comerciais

82LIGOS Melinda Point click and sell Sales amp Marketing Management maio de 1999 p 51-55 83COLONGinger How to move customers online Sales amp Marketing Management marccedilo 2000 p 27 e 28 84Marketing de Permissatildeo ou e-mail marketing eacute a utilizaccedilatildeo deliberada e autorizada do e-mail como miacutedia Com ele empresas e outras organizaccedilotildees (entidades de caraacuteter puacuteblico e privado partidos poliacuteticos e organizaccedilotildees natildeo-governamentais) tecircm acesso privilegiado a um grupo seleto de pessoas com o objetivo de difundir ideacuteias vender produtos e serviccedilos etc Conta com a adesatildeo do destinataacute-rio porque ele deve autorizar o envio da mensagem e receber somente do emissor aquilo que seja do seu preacutevio interesse 85Seth Godin foi vice-presidente de Marketing Direto da Yahoo e o criador da Yoyodyne primeira empresa a criar promoccedilotildees e campanhas de mala direta on-line ajudando a moldar a companhia com base no pioneiro Marketing de Permissatildeo on-line 86Marketing boca-a-boca o marketing de boca-a-boca consiste em reunir voluntaacuterios e pedir-lhes que experimentem determinados produtos Em seguida essas pessoas satildeo enviadas para lugares diver-sos com a missatildeo de falar sobre a experiecircncia que tiveram com os produtos experimentados agraves pes-soas com quem se relacionam diariamente Quanto mais as pessoas vecircem um determinado produto utilizado em puacuteblico ou quanto mais ouvem a seu respeito por parte de pessoas conhecidas e em quem confiam maior eacute a probabilidade de que venham a compraacute-lo 87SILVERMAN George The Secrets of Word-of-Mouth Marketing How to Trigger Exponential Sales Through Runaway Word of Mouth New York AMA Publications 2001 88 Buzzmarketing eacute uma derivaccedilatildeo do marketing boca-a-boca Consiste em identificar as pessoas formadoras de opiniatildeo que atuem sobre um determinado segmento populacional ou puacuteblico-alvo (tambeacutem chamados de iacutecones referenciais) Essas pessoas passam a promover subliminarmente e pessoalmente o produto ou serviccedilo atraveacutes do uso vinculado agrave sua pessoa Dessa forma ela passa a exercer e influecircncia sobre a decisatildeo de compra desse substrato social 89Marketing Viral eacute uma forma de disseminar uma ideacuteia produto ou serviccedilo Cria-se uma mensagem com conteuacutedo que possa ser facilmente absorvido pelas pessoas que entrem em contato com ela O conteuacutedo tem que ser de faacutecil entendimento e com um interesse relevante ou seja tem que ser suficientemente apelativo para que as pessoas passem essa mensagem adiante Se assim for a ideacuteia seraacute naturalmente disseminada multiplicando-se em grande velocidade Assim se institui a metaacutefora sobre o nome desta forma de abordagem mercadoloacutegica a mensagem progride no meio social como se fora um virus 90 Russell GOLDSMITH Viral Marketing Get Your Audience to Do Your Marketing for You London Financial Times Management 2005 91HUGHES Mark BuzzMarketing Lisboa Actual Editora 2006

55

Neste trabalho vamos centralizar atenccedilotildees sobre o consumidor de

produtos relacionados agrave religiosidade e tambeacutem agraves possiveis dinacircmicas do

marketing de varejo que estatildeo inseridas dentro dos conceitos de marketing acima

abordados e atuando como uma ferramenta mercadoloacutegica

14 As abordagens conjuntas do marketing com a religiosidade e vice-versa

Ao folhearmos as revistas e cataacutelogos especializados em negoacutecios e in-

vestimentos percebemos que satildeo raras as referecircncias sobre o mercado de produtos

religiosos que tenham como foco o consumidor final e as razotildees dos empreendimen-

tos comerciais voltados para a religiosidade Nas revistas livros e perioacutedicos religio-

sos o panorama natildeo eacute diferente Apenas recentemente e aos poucos eacute que timida-

mente estaacute sendo dispensada maior visibilidade a esse ramo comercial suas possiacute-

veis dinacircmicas e tambeacutem suas particularidades

A revista ldquoIstoEacuterdquo publicou uma reportagem sobre o tema enfocando a im-

portacircncia que esse segmento vem alcanccedilando O Legado dos ceacuteus O mercado de

produtos religiosos ignora a crise Cresce 30 move 800 empresas e gera receita

de R$ 3 bilhotildees 92

Da mesma forma outra revista Meu Proacuteprio Negoacutecio publicou na ediccedilatildeo

52 a seguinte manchete de capa Veja como ganhar dinheiro com souvenir religio-

so sites eventos livros e artesanato no mercado da feacute Na reportagem publicada a

revista ofereceu uma visatildeo panoracircmica do mercado de produtos afetos agrave religiosida-

de sugerindo esse nicho como uma recomendaacutevel opccedilatildeo para investimentos Es-

creveu Thiago Moreira

O mercado das crenccedilas pode abrigar empreendimentos tanto no comeacutercio como na induacutestria e nos serviccedilos Portanto esqueccedila a associaccedilatildeo lu-

92FERREIRA Rosenildo Gomes O legado dos ceacuteus httpwwwterracombristoedinheiro314negocios314_legado_ceuhtm Acesso em 18 de abril de 2005

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cropecado e aproveite a demanda de igrejas fieacuteis e grupos religiosos em geral93

No editorial da mesma revista destacou a editora

A feacute move montanhas

A mobilizaccedilatildeo do Paiacutes para receber o maior representante da igreja catoacuteli-ca Bento XVI natildeo podia deixar de ser registrada nesta ediccedilatildeo que para mim eacute especial Afinal assumo o desafio de manter e integrar o esforccedilo de tantos em consolidar a MEU PROacutePRIO NEGOacuteCIO94 como uma referecircncia para novos e ateacute experientes empreendedores

E retomando a feacute sob a oacutetica dos negoacutecios eacute claro Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) 949 dos brasileiros infor-mam seguir alguma doutrina e a catoacutelica eacute que atrai maior nuacutemero de adep-tos 1392 milhotildees seguida pela evangeacutelica com 436 milhotildees Um contin-gente que merece a atenccedilatildeo de qualquer empreendedor

O repoacuterter Thiago Moreira assumiu a tarefa de apurar experiecircncias e reunir informaccedilotildees sobre os diferentes negoacutecios onde natildeo basta ter coragem pa-ra empreender pois eacute a feacute que move montanhas e nesse caso de dinhei-ro95

De fato a revista acima trouxe em seu conteuacutedo algumas informaccedilotildees es-

tatiacutesticas opiniotildees de lojistas jaacute estabelecidos no ramo dados gerais sobre o perfil

da renda de populaccedilotildees religiosas cristatildes sugestotildees de necessidades financeiras

para montagem de lojas e possiacuteveis margens de lucro No entanto informaccedilotildees

consistentes sobre o agente central e determinante do varejo de produtos religiosos

ou seja os consumidores foram no miacutenimo insuficientes

93Thiago MOREIRA Tenha Feacute nos negoacutecios Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p 38-45 junho de 2007 94Destaque da autora 95MARINARO Mari A feacute move montanhas Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p2 junho de 2007

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Da mesma forma o jornal de negoacutecios A Gazeta Mercantil em sua ver-

satildeo on-line destacou Empresas moldam produtos e exportam para religiosos 96

Como percebemos alguns veiacuteculos de expressatildeo e miacutedia enfatizaram

que o comeacutercio relacionado com a religiatildeo estaacute adquirindo um ldquostatusrdquo importante no

universo empresarial de nosso paiacutes Todavia natildeo explicaram convenientemente o

prisma do marketing e em especial sobre a visatildeo cientiacutefica do marketing de varejo

suas causas razotildees e justificativas mercadoloacutegicas fundamentadas

A Internet estaacute aos poucos abrindo espaccedilos para novos eventos empre-

sariais no setor econocircmico dos bens e produtos ligados agrave religiatildeo Tratou-se por

exemplo da divulgaccedilatildeo de uma feira voltada para esse nicho mercadoloacutegico97 Nes-

te caso o evento anunciado eacute a Expocatoacutelica98 onde seus anunciantes disseram

que ldquoo propoacutesito de uma feira eacute encurtar o caminho que separa os polos de produ-

ccedilatildeo de seu mercado consumidorrdquo e nada mais acrescentaram sobre as razotildees fun-

dantes desse mercado O mesmo ocorreu com a Expocristatilde99

Satildeo veiculados os necessaacuterios destaques nas mateacuterias publicadas cha-

mando a atenccedilatildeo do leitor eou internauta apenas como um informe publicitaacuterio de

uma feira dirigida para empreendedores e lojistas poreacutem sem informaccedilotildees e consi-

deraccedilotildees sobre o consumidor final dos produtos e serviccedilos das empresas que des-

sas feiras possam participar

Quando procuramos na Internet informaccedilotildees sobre a religiatildeo e o comeacuter-

cio varejista de produtos religiosos usando os portais eletrocircnicos de busca tais co-

mo o Google100 Yahoo Brasil101 IG102 e UOL103 por exemplo a localizaccedilatildeo dos

websites com assuntos relacionados eacute expressiva No entanto dados que sejam

confiaacuteveis e que sinalizem detalhes de ordem teacutecnica sobre os haacutebitos de compra

96EXMAN Fernando Empresas moldam produtos e exportam para religiosos httpwwwinvestnewsnetultimasnoticiasdefaultaspid_editoria=2372ampid_noticia=474233 Acesso em 18 de abril de 2005 97Nicho mercadoloacutegico segmento restrito do mercado natildeo atendido pelas accedilotildees tradicionais de in-formaccedilotildees e de marketing e que pode oferecer novas oportunidades de negoacutecio 98Expocatoacutelica Feira de negoacutecios httpwwwexpocatolicacombrexpocatolicaindex1aspcod=62amptp=1 Acesso em 18 de abril de 2005 996ordf Expo Cristatilde httpwwwexpocristacombr Acesso em 23 de setembro de 2006 100 httpwwwgooglecombr Acesso em 07 de janeiro de 2007 101 httpbryahoocom Acesso em 07 de janeiro de 2007 102 httpbuscaigbuscacombrapp Acesso em 07 de janeiro de 2007 103 httpbuscauolcombrwwwindexhtmlref=homeuolampq=ampx=12ampy=14 Acesso em 07 de janeiro de 2007

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perfis de consumidores finais e razotildees para compra de produtos relacionados agrave reli-

giosidade satildeo nulos

O que constatamos eacute a presenccedila das lojas virtuais anunciando seus pro-

dutos religiosos como por exemplo o site abaixo de uma loja virtual e catoacutelica (Cruz

Terra Santa)104

Ilustraccedilatildeo 5

Embora a Internet seja um importante veiacuteculo de informaccedilatildeo comunica-

ccedilatildeo e miacutedia as vendas atraveacutes da rede mundial de computadores ainda natildeo satildeo

significativas frente ao comeacutercio tradicional Experimentando um constante cresci-

mento em termos de volume a participaccedilatildeo das vendas via Internet estaria repre-

sentado com uma grandeza na ordem de 2 sobre as vendas totais no varejo do

Brasil105

Eventualmente notamos alguma presenccedila do mercado religioso em pe-

quenos esforccedilos participativos na miacutedia regional e em iniciativas isoladas com caraacute-

ter meramente informativo O exemplo abaixo eacute bastante ilustrativo A revista Perdi-

104 httpwwwcruzterrasantacombrLojapadreasp Acesso em 07 de janeiro de 2007 105Tatiana RESENDE Comeacutercio eletrocircnico deve ter alta de ateacute 50 ao ano Folha On Line httpwww1folhauolcombrfolhadinheiroult91u308736shtml Acesso em 02 de julho de 2007

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zes106 com 25000 exemplares e de circulaccedilatildeo regional na cidade de satildeo Paulo traz

em seu informe publicitaacuterio ldquoDicas de presentesrdquo o seguinte apelo mercadoloacutegico

ldquoAmon-Haacute Produtos Miacutesticos ndash Distribuidor alto astralrdquo

Ilustraccedilatildeo 6

Leituras especializadas tanto com abordagens mercadoloacutegicas quanto

religiosas anotam em seu conteuacutedo a importacircncia deste estudo mas natildeo tecem de-

talhes mais especiacuteficos como enfatiza Cristiane Gade107 ldquoAs subculturas mais es-

tudadas satildeo as de grupos eacutetnicos religiosos e regionaisrdquo

A autora constata claramente a necessidade de um aprofundamento nas

questotildees relacionadas aos interesses comerciais deste segmento

Norman Shawchuck Philip Kotler Bruce Wrenn e Gustave Rath Norman

Shawchurck108 aproximam o marketing da religiatildeo analisando a aplicaccedilatildeo do com-

posto mercadoloacutegico junto a uma igreja evangeacutelica claacutessica como forma de possibili-

tar a ampliaccedilatildeo de seu nuacutemero de membros e tambeacutem o volume de diacutezimos e ofer-

tas arrecadados Poreacutem sobre os haacutebitos e necessidades de compras de produtos

relacionados agrave religiosidade e mais especificamente sobre os fieacuteis produtos pre-

ccedilos promoccedilatildeo e propaganda no varejo especializado nada indicam

106REVISTA PERDIZES Ano 5 ndash no 27 ndash Gabel Comunicaccedilotildees Redaccedilatildeo Rua Trecircs Rios 131 ndash Cj 32 ndash Satildeo Paulo SP CEP 01123-001 Fone 0xx 11 3313-8080 107Cristiane GADE Psicologia do consumidor p 136 108SHAWCHUCK Norman KOTLER Philip WRENN Bruce amp RATH Gustave Marketing for congre-gations choosing to serve people more effectively Nashville Abington Press 1992

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George Barna109 tambeacutem aproxima o marketing da religiatildeo pelo vieacutes es-

trateacutegico e administrativo das igrejas evangeacutelicas de diversas denominaccedilotildees O foco

desse autor no entanto prende-se agraves preocupaccedilotildees operacionais das igrejas en-

quanto instituiccedilotildees

Mesmo autores preocupados com o comportamento do consumidor tais

como James F Engel Roger D Blackwell e Paul W Miniard referem-se ao marke-

ting e agrave religiatildeo pelo vieacutes das mudanccedilas no comportamento dos fieacuteis mas sob a oacuteti-

ca das instituiccedilotildees e correntes de pensamento religiosos e natildeo do comeacutercio varejista

de produtos religiosos

Instituiccedilotildees religiosas judaico-cristatildes historicamente representam um pa-pel importante na moldagem dos valores das culturas ocidentais Em a-nos recentes estas instituiccedilotildees mudaram substancialmente

Alguns grupos religiosos crescem necessariamente agraves custas de outros Nos Estados Unidos os catoacutelicos cresceram dos pequeninos niacuteveis em 1776 para um quarto da populaccedilatildeo americana em grande parte devido agrave presenccedila europeacuteia do iniacutecio dos anos 1900 e agrave atual imigraccedilatildeo dos paiacuteses hispacircnicos Os batistas substituiacuteram os anglicanos (episcopais) como grupo protestante dominante Mais recentemente grupos de crescimento raacutepido como os Santos dos uacuteltimos Dias (moacutermons) tornaram-se uma grande influecircncia em muitos dos valores de seus membros Religiotildees natildeo-cristatildes ganharam influecircncia nos Estados Unidos incluindo muitas das religiotildees tradicionais orientais e o movimento Nova Era110

Percebemos a detecccedilatildeo e preocupaccedilatildeo na abordagem de autores norte-

americanos com a questatildeo da religiosidade e dos movimentos migratoacuterios da feacute reli-

giosa na populaccedilatildeo dos Estados Unidos No entanto anaacutelises mais acuradas con-

siderando a etnografia humana que compotildee a malha da populaccedilatildeo daquele paiacutes a-

inda satildeo raras pelo vieacutes do marketing Os autores natildeo se preocupam com as matri-

zes eacutetnicas que formam aquela sociedade como por exemplo a matriz indiacutegena

109 BARNA George O Marketing a Serviccedilo da Igreja Satildeo Paulo Editora Abba Press 1991 110James F ENGEL Roger D BLACKWELL e Paul W MINIARD Comportamento do consumidor p406

61

Grupos que estatildeo declinando em nuacutemero atualmente incluem os mode-rados e liberais (luteranos metodistas presbiterianos episcopais e ou-tros) Os maiores ganhos em preferecircncias religiosas atualmente nos Es-tado Unidos estatildeo entre os fundamentalistas e entre aqueles sem ne-nhuma religiatildeo

Tendecircncias atuais em afiliaccedilotildees e atitudes religiosas estatildeo associadas agrave secularizaccedilatildeo de instituiccedilotildees religiosas ndash ou agrave perda da funccedilatildeo religiosa De acordo com uma tese desenvolvida por Francis Schaeffer111 a religiatildeo tornou-se compartimentada e perdeu sua capacidade de julgar valores e estruturas seculares 112

O mesmo ocorre com autores que se preocupam com a perspectiva reli-

giosa e uma possiacutevel abordagem da religiatildeo e do mercado

Carlos Rodrigues Brandatildeo aproximou os temas da religiosidade e do

marketing quando anotou em seus estudos observaccedilotildees sobre alguns dos fatores

integrantes do composto mercadoloacutegico (produto pontos de vendas e distribuiccedilatildeo)

Hoje os umbandistas produzem e fazem circular inclusive em bancas de jornaleiros uma razoaacutevel quantidade de material de propaganda e docecircn-cia jornais revistas discos e uma surpreendente variedade de livros Mas em Itapira encontrei rariacutessimos exemplares de livros entre pais e matildees de santos dos centros de umbanda e de candombleacute Natildeo vi ne-nhum deles entre os agentes autocircnomos Quase todos natildeo tinham sequer conhecimento da circulaccedilatildeo de revistas e jornais especializados Assim como alguns especialistas do catolicismo popular um ou dois deles ti-nham entre os seus guardados de feacute guias praacuteticos de orientaccedilatildeo ritual Apenas a dona do Bazar Caboclo Pena Branca possuiacutea e lia com regula-ridade livros jornais e revistas alguns dos quais agrave venda mas sem pro-cura em sua loja113

O mesmo autor se preocupou e informou o perfil sociocultural dos dirigen-

tes das organizaccedilotildees religiosas mas sobre os fieacuteis que delas participavam natildeo exa-

rou referecircncia 111Os autores referem-se ao artigo The Consumer Bill of Rights in Consumer Advisory Council First Report Government Printing Office Washington DC US 1963 112James F ENGEL Roger D BLACKWELL e Paul W MINIARD Comportamento do consumidor p 407 113Carlos Rodrigues BRANDAtildeO Os Deuses do Povo um estudo sobre a religiatildeo popular p45

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Do ponto de vista do niacutevel erudito e da sequumlecircncia de formaccedilatildeo religiosa existe entre os dirigentes de centros dos bairros de cima e os chefes de terreiros de saravaacute e curandeiros dos de baixo a mesma distacircncia que separa os presbiacuteteros-dirigentes das pequenas igrejas do Risca Faca dos pastores das assembleacuteias de Deus e dos gerentes atuais dos grupos biacute-blicos natildeo-evangeacutelicos Os agentes mediuacutenicos de serviccedilos mais popula-res satildeo analfabetos e todo o seu aprendizado derivou de contatos diretos com outros especialistas e de sua proacutepria praacutetica Neste sentido eles se aproximam tambeacutem dos agentes mais caipiras do catolicismo popular As situaccedilotildees se equivalem Meacutediuns natildeo-kardecistas dos bairros de cima nomeiam natildeo soacute os lugares onde se iniciaram na umbanda e no candom-bleacute como tambeacutem os seus mestres Joatildeozinho da Gomeia Jamil Ras-child algum pai-de-santo conhecido em Mogi-Mirim Entre os curandeiros e mestres do saravaacute fora os que lembram algum negro do passado co-mo o ldquofinado Naborrdquo114 todos indicam apenas o lugar onde aprenderam o ofiacutecio115

Franccedilois Houtart em seu livro Mercado e Religiatildeo considerou aspectos

sobre o papel das religiotildees na economia de mercado na atualidade aleacutem de ofere-

cer ponderaccedilotildees sobre o futuro das religiotildees

Reencantar o mundo pela revalorizaccedilatildeo do siacutembolo sem mexer nas rela-ccedilotildees sociais que edificam o desencanto resultaria numa gigantesca im-postura Quando o Banco Mundial cria uma seccedilatildeo de diaacutelogo com as grandes crenccedilas obedece a uma necessidade de legitimaccedilatildeo Quando Igrejas e outros grupos religiosos aceitam participar desse oacutergatildeo potildeem nos olhos natildeo a venda da justiccedila mas a venda da cegueira Sem o siacutem-bolo natildeo haacute reencanto mas sem uma nova eacutetica natildeo se podem criar as condiccedilotildees sociais e materiais do encantamento

Construir uma eacutetica poacutes-capitalista natildeo eacute uma questatildeo de poucos dias Exige um esforccedilo coletivo longo As religiotildees que sempre tiveram uma preocupaccedilatildeo eacutetica podem participar disso Eacute necessaacuteria a mediaccedilatildeo de uma anaacutelise das relaccedilotildees sociais do capitalismo real bem como levar em conta as vaacuterias experiecircncias do socialismo os seus ecircxitos e fracassos Combinar a reorganizaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais com a eacutetica pessoal e as-segurar a participaccedilatildeo democraacutetica nos processos natildeo apenas poliacuteticos mas tambeacutem econocircmicos satildeo elementos que tecircm de intervir

Assim sendo podemos concluir que nesses processos existe um papel para a religiatildeo Natildeo se trata de reivindicar um monopoacutelio mas tatildeo pouco se pode negar aos que querem fazer a aposta que pronunciem este ldquotal-vezrdquo que para eles eacute simples exaltaccedilatildeo do imaginaacuterio mas a expressatildeo

114Aspas do autor 115Carlos Rodrigues BRANDAtildeO Os Deuses do Povo um estudo sobre a religiatildeo popular p45

63

de um outro real que possa ajudaacute-los a reencantar o mundo pela revitali-zaccedilatildeo do siacutembolo e pela reconstruccedilatildeo da eacutetica116

Vladimir Joseacute de Azevedo Falcatildeo abordou a dinacircmica comercial e religio-

sa Poreacutem o foco e a preocupaccedilatildeo deste autor em sua obra foi demonstrar o Merca-

datildeo de Madureira na cidade do Rio de Janeiro pelo olhar das relaccedilotildees entre os er-

veiros e erveiras e os praticantes das religiotildees afro-brasileiras Foram duas as dire-

trizes adotadas neste estudo por este autor a primeira foi o do mercado117 e das

ervas e nos convidou a entender a loacutegica das relaccedilotildees pessoais entre os erveiros e

a representaccedilatildeo das folhas A segunda diretriz foi a dos erveiros e erveiras e a expe-

riecircncia do sagrado quando nos demonstrou a riqueza simboacutelica das religiotildees afro-

brasileiras com seus siacutembolos os misteacuterios e os segredos da natureza vivenciados

nas relaccedilotildees dessas religiotildees

A vida no Mercadatildeo de Madureira eacute para aleacutem um saber especiacutefico das religiotildees afro-brasileiras afirma um saber miacutestico experimentado resul-tante do encontro entre os deuses Os encontros com os deuses preser-vam a alegria pela vida buscando assim estrateacutegias para viver melhor no Aiyecirc ndash eacute a experiecircncia do sagrado118

Existem aproximaccedilotildees temaacuteticas que margeiam o objeto deste trabalho

mas por terem outros enfoques e preocupaccedilotildees distanciam-se do que nos propu-

semos a estudar que eacute o fenocircmeno da feacute religiosa sobre o prisma do marketing e

no varejo institucionalizado de produtos religiosos E este tipo de varejo sem liga-

ccedilotildees diretas ou viacutenculos econocircmicos com as instituiccedilotildees e organizaccedilotildees religiosas

formais aleacutem de ter como puacuteblico alvo os clientes das lojas que conceitualmente

mais se aproximam da livre concorrecircncia mercadoloacutegica

116Franccedilois HOUTART Mercado e Religiatildeo p 150 117O autor refere-se ao mercado como uma instituiccedilatildeo tradicional no contexto geral da cidade do Rio de Janeiro 118Vladimir Joseacute de Azevedo FALCAtildeO Eweacute Eweacute Ossain ndash Um estudo sobre os Erveiros e Erveiras do Mercadatildeo de Madureira Uma experiecircncia do sagrado p146

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Abordagens contemplando a religiosidade e o varejo ainda satildeo mais ra-

ras quando natildeo esparsas

Autores que se preocupam em estudar os haacutebitos e as necessidades de

compras do consumidor no mercado varejista anotam em suas criacuteticas e recomen-

daccedilotildees a importacircncia fundamental que o os nichos mercadoloacutegicos ligados aos valo-

res culturais e subculturais tecircm e satildeo merecedores de atenccedilatildeo Poreacutem natildeo se apro-

fundam em detalhes mais teacutecnicos

Os fatores culturais exercem a mais ampla e profunda influecircncia sobre o comportamento do consumidor ()

A cultura eacute a determinante mais fundamental das necessidades e compor-tamento de uma pessoa Enquanto as pessoas mais simples satildeo larga-mente governadas pelo instinto o comportamento humano eacute amplamente adquirido A crianccedila em uma sociedade aprende um conjunto de valores baacutesicos percepccedilotildees preferecircncias e comportamentos atraveacutes do proces-so de socializaccedilatildeo envolvendo a famiacutelia e outras instituiccedilotildees baacutesicas ()119

Kotler avaliou a importacircncia da questatildeo da religiosidade a ser considera-

da pelos homens e mulheres que se dedicam ao estudo e aplicaccedilatildeo do marketing

No entanto o autor coloca a questatildeo da significaccedilatildeo e resignificaccedilatildeo religiosa como

uma questatildeo de ldquotabus especiacuteficosrdquo indicando claramente um posicionamento su-

perficial sobre importantes aspectos religiosos que satildeo determinantes em possiacuteveis

estrateacutegias mercadoloacutegicas como eacute verificado no Brasil por parte da induacutestria frigo-

riacutefica e de corte ao exportar seus produtos para paiacuteses do oriente meacutedio

Cada cultura eacute formada por subculturas que fornecem identificaccedilatildeo e so-cializaccedilatildeo especiacutefica para seus membros Quatro tipos de subculturas podem ser distinguidos Grupos de nacionalidades120 como Irlandeses Poloneses Italianos e Porto-Riquenhos que satildeo encontrados dentro de

119 Philip KOTLER Administraccedilatildeo de marketing anaacutelise planejamento implementaccedilatildeo e controle p 209 120Os destaques em itaacutelico satildeo do autor

65

comunidades maiores e demonstram haacutebitos eacutetnicos e inclinaccedilotildees distin-tas Grupos religiosos como os Catoacutelicos Moacutermons Presbiterianos e Judaicos representam subculturas com preferecircncias culturais e tabus es-peciacuteficos Grupos Raciais como os negros e orientais tecircm estilos culturais e atitudes diferentes Aacutereas geograacuteficas como Extremo Sul a Califoacuternia e a Nova Inglaterra que satildeo subculturas distintas com estilos de vidas ca-racteriacutesticos121

Anotou Richard Vinic

A cultura eacute a personalidade de uma sociedade Podemos tambeacutem defini-la como o conjunto de valores costumes crenccedilas e atitudes adotadas por determinada sociedade com o objetivo de regular o comportamento de seus membros

A primeira cultura aprendida eacute transmitida pela famiacutelia que filtra as nor-mas e atitudes da sociedade Segundo a psicoacuteloga Christiane Gade esse processo tem sido conceituado como socializaccedilatildeo122 Quando o indiviacuteduo apresenta uma segunda cultura o processo eacute denominado aculturaccedilatildeo

Engana-se quem imagina que o refrigerante Coca-Cola seja o liacuteder de mercado em todo o Brasil O que diraacute o leitor de um refrigerante cor-de-rosa de sabor extremamente adocicado e feito agrave base de xarope de cane-la Esse refrigerante existe e se chama Guaranaacute Jesus Sem a intenccedilatildeo de apelar aos fatores religiosos o refrigerante liacuteder de mercado no Mara-nhatildeo foi desenvolvido pelo farmacecircutico Norberto Jesus

Para o profissional de marketing eacute fundamental o conhecimento das dife-rentes culturas ao longo do territoacuterio brasileiro123

Sobre os grupos religiosos o autor considerou apenas o aspecto aflitivo

pessoal como oportunidade de negoacutecios Sabemos que as religiotildees para suas praacute-

ticas demandam grandes somas em investimentos financeiros a fim de cumprirem

suas missotildees religiosas com a montagem material de igrejas templos terreiros etc

Aplicaccedilotildees em caros veiacuteculos de comunicaccedilotildees e de miacutedia tambeacutem satildeo facilmente

constataacuteveis Os financiamentos dessas iniciativas ficam por conta dos fieacuteis e da le-

121Philip KOTLER Administraccedilatildeo de Marketing anaacutelise planejamento implementaccedilatildeo e controle p209 122Os destaques em itaacutelico satildeo do autor 123Richard VINIC Varejo e clientes p10

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gislaccedilatildeo fiscal que no Brasil privilegia essas instituiccedilotildees ou organizaccedilotildees que de-

sempenham algum papel religioso aos olhos dos poderes puacuteblicos e da populaccedilatildeo

Obedecendo a normas religiosas estes grupos satildeo importantes subcultu-ras Principalmente em momentos de instabilidade financeira o indiviacuteduo busca sustentaccedilatildeo na religiatildeo qualquer que seja a sua crenccedila

A comunidade evangeacutelica tem se mostrado um puacuteblico altamente poten-cial e influenciado para a compra de produtos com motivos religiosos124

Sobre o comportamento do consumidor no tocante agraves suas crenccedilas

John C Mowen e Michael S Minor anotaram que

As crenccedilas do consumidor125 provecircm da aprendizagem cognitiva Elas representam o conhecimento e as conclusotildees que um consumidor tem a respeito de objetos seus atributos e benefiacutecios Objetos satildeo produtos pessoas empresas e coisas a respeito das quais as pessoas apresentam opiniotildees e atitudes Atributos satildeo os aspectos ou caracteriacutesticas dos ob-jetos Por fim os benefiacutecios satildeo os resultados positivos que os objetos proporcionam ao consumidor126

Como podemos constatar existem aproximaccedilotildees centradas nos temas

religiosidade marketing e varejo mas as mesmas natildeo contemplam os assuntos de

forma simultacircnea e tatildeo pouco complementar com a profundidade necessaacuteria que

este trabalho requer

Dr David Lewis e Darren Bridges escreveram

124Richard VINIC Varejo e clientes p12 125Os destaques em negrito satildeo dos autores 126John C MOWEN e Michael S MINOR Comportamento do consumidor p141

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A espiritualidade se tornou uma definiccedilatildeo para tudo que as pessoas sen-tem estar faltando em suas vidas no lugar do que esperam descobrir De acordo com Mick Brown autor de The Spiritual Tourist127 essa busca es-piritual eacute ldquoum sintoma de incerteza coletiva em uma eacutepoca em que as ins-tituiccedilotildees tradicionais como igreja famiacutelia e comunidade parecem estar desmoronando Um sintoma tambeacutem do crescente desencantamento com os valores do materialismo e de um desgaste da ciecircncia que desvendou todo o misteacuterio da existecircnciardquo128

Uma vez que muitos Novos Consumidores consideram as religiotildees tradi-cionais dogmaacuteticas demais e em alguns casos que natildeo oferecem uma experiecircncia espiritual ldquoautenticardquo haacute um interesse crescente em relaccedilatildeo ao que muitos teoacutelogos consideram benefiacutecio ou pseudofeacute129

Assim sendo uma pesquisa de campo abordando os aspectos do marke-

ting de varejo em especial o composto mercadoloacutegico e a religiosidade dos clientes

consumidores de produtos religiosos aparece como a melhor opccedilatildeo metodoloacutegica a

ser executada visando a comprovaccedilatildeo da hipoacutetese deste trabalho A pesquisa que

foi executada dentro dos rigores metodoloacutegicos e cientiacuteficos iraacute aproximar a merca-

dologia da religiatildeo e vice e versa podendo esta pesquisa lanccedilar as bases necessaacute-

rias para futuros trabalhos decorrentes deste esforccedilo pioneiro

O tema sobre o qual escolhemos trabalhar eacute relevante porque natildeo exis-

tem fontes referenciais disponiacuteveis para consultas e a lanccedilarem luzes sobre um e-

vento socioeconocircmico com significados valorosos quer analisados sobre o prisma

religioso ou mercadoloacutegico

15 Consideraccedilotildees iniciais sobre o cenaacuterio da pesquisa de campo

Por limitaccedilotildees metodoloacutegicas o cenaacuterio fiacutesico da pesquisa de campo es-

teve contemplando lojas de produtos religiosos das religiotildees catoacutelica protestantes

das diversas denominaccedilotildees religiotildees afro-brasileiras e novoeristas presentes na

praccedila comercial da cidade de Satildeo Paulo

127Os autores se referem agrave obra Spiritual Tourist A Personal Odyssey Through the Outer Reaches of Belief de autoria de Mick BROWN editado por Bloomsbury Pub Plc USA 1998 128Aspas dos autores 129Dr David LEWIS e Darren BRIDGER A alma do consumidor p10-11

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Quanto ao cenaacuterio religioso e por se tratar de uma caracteriacutestica cultural

de nosso povo adotamos o posicionamento teoacuterico de Ecircnio Brito porque natildeo seria

conveniente e nem apropriado considerarmos apenas ldquoumardquo cultura brasileira que

exteriorizasse as manifestaccedilotildees materiais e espirituais da nossa gente

Hoje eacute consenso que natildeo existe uma cultura brasileira capaz de englobar todas as manifestaccedilotildees materiais e espirituais do povo brasileiro e que lsquoa admissatildeo do seu caraacuteter plural eacute um passo decisivo para compreendecirc-la como um efeito de sentido resultado de um processo de muacuteltiplas intera-ccedilotildees e oposiccedilotildees no tempo e no espaccedilo () 130

Corroborando as palavras de Ecircnio Brito Darcy Ribeiro com seu depoi-

mento afirmou

Desde a Greacutecia natildeo se inventava uma deusa que se adequasse ao amor uma matildee de Deus que fale do amor E os negros do Rio inventaram Ie-manjaacute Isso eacute uma operaccedilatildeo cultural incriacutevel Mais importante que os ro-mances e os teoremas E importante para o povo E o que eacute Iemanjaacute Eacute uma ldquosantonardquo131 laacute que domina o mar E ningueacutem vai pedir a ela a cu-ra do cacircncer ou a cura da AIDS132 Vai pedir a ela que o marido natildeo bata tantoum namorado gostoso Os africanos mergulharam tatildeo profunda-mente e de modo tatildeo inventivo na construccedilatildeo do Brasil que deixaram de ser eles para sermos noacutes brasileiros133

Complementarmente aos enunciados acima e nos aproximando do cotidi-

ano metropolitano religioso da populaccedilatildeo da cidade de Satildeo Paulo que foi objeto e

campo de investigaccedilatildeo deste trabalho o prisma social e populacional que conside-

ramos foi o dos autores Antocircnio Flaacutevio de Oliveira Pierucci e Reginaldo Prandi

130Ecircnio Joseacute da Costa BRITO A cultura popular e o sagrado Interfaces do Sagrado p 102 131Aspas nossas 132 Siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida 133 Darcy RIBEIRO O Povo Brasileiro segmento Brasil Crioulo CD 01

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O Brasil jaacute eacute um paiacutes de diversidade religiosa Cerca de um quarto da po-pulaccedilatildeo adulta jaacute experimentou o sentido da adesatildeo a uma religiatildeo dife-rente daquela em que nasceu num contexto em que a religiatildeo se vai a-justando cada vez mais aacute ideacuteia da escolha da livre escolha que se faz frente a variadas necessidades de tecirc-las atendidas Para muitos a con-versatildeo religiosa eacute experimentada juntamente com a mobilidade ocupacio-nal e da integraccedilatildeo na nova sociedade quer sejam estas verdadeiras quer sejam tatildeo-somente simulacro como soacutei acontecer no domiacutenio das representaccedilotildees religiosas

Eacute variadiacutessimo o espectro das escolhas religiosas haacute de tudo e para tu-do Por exemplo o antropoacutelogo britacircnico-brasileiro Peter Fry jaacute mostrou como o pentecostalismo e umbanda podem ser vistos como duas alterna-tivas que se oferecem para diferentes tipos de pessoas o pentecostalis-mo sisudo e comportado a umbanda alegre e desinibida (Fry amp Ho-we1975) Porque como se tem demonstrado a umbanda e demais religi-otildees afro-brasileiras satildeo religiotildees de liberaccedilotildees da personalidade pois natildeo fazem parte do seu ideaacuterio nem de suas praacuteticas rituais o acobertamento e aniquilamento das paixotildees humanas e de toda a natureza por mais re-cocircnditas que sejam elas E isso eacute exatamente o contraacuterio do que pregam e exercitam as religiotildees pentecostais que satildeo grande antagonista das re-ligiotildees de origem negra nos dias de hoje a ponto de lhe declararem per-seguiccedilatildeo sem treacutegua que contamina com intransigecircncia e uso frequumlente da violecircncia fiacutesica as periferias mais pobres das grandes cidades brasilei-ras numa disputa que ldquona metade desta deacutecima deacutecada do seacuteculo o Bra-sil jaacute se acostumou a chamar sem susto de lsquoguerra santarsquo banalizando o nome desdramatizando o conflitordquo como disse Flaacutevio Pierucci (Capiacutetulo 12)134

Por ocasiatildeo de nossa participaccedilatildeo em pesquisa de campo descrita na in-

troduccedilatildeo deste trabalho tivemos a oportunidade de proceder agrave oitiva sobre as gra-

ves denuacutencias de violecircncia fiacutesica e desrespeito a valores simboacutelicos religiosos por

parte dos umbandistas e candomblecistas praticados por neopetencostais na cidade

de Praia Grande durante as comemoraccedilotildees a Iemanjaacute

No final do seacuteculo qualquer branco de classe meacutedia pode ldquofazer o santordquo 135em qualquer praccedila do Paiacutes num candombleacute ldquoautecircnticordquo onde vai ser irmatildeo-de-santo do negro subproletaacuterio Ou iniciar-se num dos ramos do amazocircnico Santo Daime em que o alucinoacutegeno legiacutetimo eacute meio e fim As igrejas pentecostais e neopentecostais oferecem-se numa multiplici-dade de denominaccedilotildees que parecem sem-fim e natildeo apenas prosperam mas diversificam-se doutrinaacuteria e ritualmente ateacute verem borradas de vez as especificidades eacuteticas e teoloacutegicas que marcaram a sua origem Natildeo houve socioacutelogo que ousasse prever para as religiotildees reformadas uma

134 Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p257 135 Aspas dos autores

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descendecircncia que pregasse as benesses do dinheiro e do consumo al-canccedilaacuteveis pela graccedila divina nos moldes da recentiacutessima teologia da prosperidade que redefine o neopetencostalismo das grandes igrejas-empreendimento para muito longe do universo ideoloacutegico protestante (Mariano 1996)136

As afirmaccedilotildees acima contextualizaram este trabalho Recentemente os

dirigentes da organizaccedilatildeo Igreja Renascer estiveram envolvidos em um escacircndalo

financeiro em que pesaram contra eles seacuterias acusaccedilotildees no Brasil e no exterior de

crime de sonegaccedilatildeo fiscal e desvio de dinheiro137

A mais bem-sucedida denominaccedilatildeo neopentecostal de longe a de maior visibilidade a brasileira e agressiva Igreja Universal do Reino de Deus existe a quinze anos e jaacute eacute um impeacuterio no Brasil e laacute fora Seus pastores satildeo empreendedores com baixa ou nula formaccedilatildeo teoloacutegica mas que de-vem demonstrar grande capacidade de atrair puacuteblico e pagar dividendos para a igreja de acordo com um know-how administrado empresarialmen-te pelos bispos a igreja jaacute estruturada como negoacutecio138

Escacircndalos envolvendo a eacutetica e a moral pelo vieacutes da sexualidade prati-

cados por cleacuterigos da Igreja Catoacutelica nos Estados Unidos tem sido uma constante

nos meios de comunicaccedilatildeo de massa Por exemplo o arcebispado de Los Angeles

aceitou em dezembro de 2006 destinar US$ 600 milhotildees para resolver amigavel-

mente as accedilotildees judiciais movidas por 45 supostas viacutetimas de padres pedoacutefilos139

O texto de Prandi a seguir ilustra a atualidade de nossas palavras acima

() Essa metamorfose pela qual vem passando rapidamente a religiatildeo nos obriga a pensar que se a religiatildeo se transforma em consumo e o fiel

136 Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica 136 p258 137Foto de Bispa Sonia cai na internet O Globo On line Para melhores informaccedilotildees acessar o site httpogloboglobocomspmat20070123287522443asp Uacuteltimo Acesso em 02 de julho de 2007 ]138 Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p258 139Clipping Eletrocircnico - Bento XVI autoriza missa em latim Departamento de Comunicaccedilatildeo PUC-Campinas Para melhores informaccedilotildees acessar o site httpwwwpuc-campinasedubrservicosdetalheaspid=28749 Uacuteltimo acesso em 08 de julho de 2007

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em consumidor numa relaccedilatildeo de mercado que a sociedade estaacute equipa-da para regulamentar como qualquer outro produto vale pensar que o proacuteprio Estado agora separado da religiatildeo e dela desinteressado como fonte transcendente de legitimidade pode envolver-se para preservar in-teresses do cidadatildeo-consumidor As palavras seguintes de Flaacutevio Pierucci traduzem bastante bem essa preocupaccedilatildeo ldquoCombinadas pois essas duas noccedilotildees baacutesicas a do cidadatildeo como consumidor individual e a do Estado como regulador neutro dos vaacuterios mercados estaraacute plenamente justifica-da a intervenccedilatildeo do Estado para a defesa do indiviacuteduo e a correccedilatildeo dos abusos praticados em nome da religiatildeo Ensaia-se desse modo nessa transmutaccedilatildeo juriacutedica por ora silenciosa do seguidor religioso num con-sumidor de bens e serviccedilos com o direito de reclamar agraves autoridades pro-teccedilatildeo contra os enganadores aproveitadores e exploradores novo refor-ccedilo de legitimidade para a vigilacircncia puacuteblica e a intervenccedilatildeo estatal O uso do modelo lsquodefesa do consumidorrsquo pode ser uma boa saiacuteda para os mais modernos opositores da opressatildeo religiosa tornarem-se os defensores poacutes-modernos das viacutetimas da mercantilizaccedilatildeo religiosa viacutetimas de praacuteti-cas religiosas abusivas ou lesivas viacutetimas da tapeaccedilatildeo e da fraude religi-osa promessas natildeo cumpridas milagres natildeo acontecidosrdquo140

Reginaldo Prandi tambeacutem abordou a questatildeo mercadoloacutegica da feacute pelo

vieacutes microeconocircmico da teoria do consumidor141 que o atual cenaacuterio religioso ofere-

ce sinalizando a questatildeo utilitarista que as religiotildees neste momento contemplam

140Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p260 e 261 141O comportamento do consumidor individual eacute o objeto baacutesico do estudo do consumidor A palavra consumidor significa nessa teoria uma unidade de consumo ou gasto portadora de certo orccedilamento A unidade ldquoconsumidorrdquo tanto pode ser um indiviacuteduo como uma famiacutelia o importante eacute que exista um soacute orccedilamento para a unidade e que seja ela que tome decisotildees de como utilizaacute-lo Segundo a hipoacutetese baacutesica da teoria tradicional do consumidor os indiviacuteduos distribuem a totalidade de suas despesas de forma racional Entende a teoria por forma racional o comportamento que visa obter o maacuteximo de satisfaccedilatildeo dentro das imitaccedilotildees de orccedilamento Quando se comporta racionalmen-te o consumidor calcula deliberadamente escolhe conscientemente e maximiza a sua satisfaccedilatildeo ou utilidade Essa maximizaccedilatildeo significa que o consumidor realiza escolhas e toma decisotildees de tal forma que lhe resultem na possibilidade usufruir da maior utilidade possiacutevel dentro das circunstacircncias de suas restriccedilotildees Como se percebe o comportamento do consumidor admitido pela teoria tradicional eacute essencialmen-te baseado no Princiacutepio Hedoniacutestico de maacutexima satisfaccedilatildeo ou prazer com o miacutenimo de esforccedilo ou sacrifiacutecio Eacute preciso considerar que o consumidor natildeo tem um perfeito conhecimento sobre a melhor forma de atender a suas necessidades Na realidade ele tem um conhecimento insuficiente dos bens que ad-quire De mais a mais sente certo desapontamento decorrente de escolhas e decisotildees que geram utilidades ou satisfaccedilotildees efetivamente usufruiacutedas menores do que por ele imaginadas ou antecipa-das Todavia a tiacutetulo de simplificaccedilatildeo a ignoracircncia a imperfeiccedilatildeo do conhecimento e das diferenccedilas entre expectativa e realizaccedilatildeo da utilidade natildeo satildeo consideradas pela teoria tradicional do comportamento do consumidor De qualquer forma mesmo levando em conta esses tipos de simplificaccedilotildees a base de anaacutelise reali-zada pela teoria eacute a proacutepria teoria da utilidade Inicialmente supotildee a existecircncia de uma medida de utilidade ou pelo menos a possibilidade da existecircncia de uma escala ordinal de referecircncia do con-

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O uso do cachimbo entorta a boca A religiatildeo natildeo precisa mais ser gratui-ta nem ser de todos Como serviccedilo que se consome ou natildeo porque natildeo eacute mais compulsoacuteria nem uacutenica obrigada a concorrer com um nuacutemero ca-da vez maior de ofertas diferentes a religiatildeo se privatiza e ao se privati-zar atende apenas uma parte da populaccedilatildeo que por sua vez se enxerga diferente das outras partes por causa de suas proacuteprias escolhas e natildeo de suas outras caracteriacutesticas sociais A religiatildeo que era geral uacutenica para toda a sociedade passa a ser de poucos Ela jaacute natildeo junta mas separa Cada uma opera diferencialmente seus mecanismos de solidariedade e constroacutei suas proacuteprias teias de sociabilidade A religiatildeo natildeo unifica mas cria espaccedilos separados que satildeo ilhas de sentidos Agora satildeo muacuteltiplos e agraves vezes irreconciliaacuteveis os sentidos que as diversas religiotildees concomi-tantes e concorrentes emprestam agrave sociedade Mesmo que cada religiatildeo pretenda converter a todos para ser uacutenica porque se pensa como uacutenica verdade cada uma para existir depende da existecircncia das demais por-que essa nova religiatildeo precisa da liberdade de adesatildeo por parte dos a-deptos e de liberdade de empreendimento por parte dos criadores de reli-giatildeo A disputa pelas almas eacute aguerrida mas a guerra santa jaacute natildeo pode acontecer nenhuma religiatildeo responde por nenhuma totalidade social um abismo foi cavado entre a religiatildeo e a naccedilatildeo A religiatildeo natildeo eacute mais para sempre e soacute dura enquanto durar a capacidade de troca que se pactua de ambos os lados do serviccedilo e do consumidor Desencantos e desen-tendimentos satildeo respondidos com mais uma nova escolha A religiatildeo nem tem mais a idade dos seacuteculos como sempre preferiu apresentar-se mas a idade do adolescente 142

Pelas palavras do autor acima consideraremos no mercado varejista de

produtos religiosos dois fenocircmenos concomitantes que se interpotildeem agrave sociedade

brasileira e que pelo prisma deste trabalho poderatildeo fomentar a compra de produtos

neste segmento

O primeiro fenocircmeno seria a competitividade entre as novas e tradicionais

religiotildees em busca de novos fieacuteis onde esbarram nas apropriaccedilotildees e recriaccedilotildees dos

aspectos maacutegicos ritualiacutesticos e miacutesticos que encantam e permeiam o imaginaacuterio

religioso brasileiro O segundo fenocircmeno dar-se-ia pela constataccedilatildeo do surgimento

na poacutes-modernidade de uma religiosidade utilitaacuteria e consumista pautada na indivi-

sumidor Aleacutem disso presume que cada consumidor deveraacute situar-se no ponto mais elevado da sua escala de preferecircncias respeitando as suas limitaccedilotildees de orccedilamento em cada periacuteodo de tempo (A utilidade em seu sentido mais amplo eacute caracterizada como a adequaccedilatildeo de um bem para satisfaccedilatildeo de uma necessidade sentida por um indiviacuteduo) conforme afirmam Giacutelson de Lima GAROacuteFALO e Luiz Carlos Pereira de CARVALHO na obra Anaacutelise microeconocircmica volume 1 p 33 -34 142Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p272

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dualidade e no sincretismo de credos como podemos notar nos textos de Pierucci e

Prandi143

Seraacute nossa intenccedilatildeo privilegiar essa populaccedilatildeo que acreditaria nos pode-

res especiais dos objetos comprados independentemente de qualquer posiciona-

mento por ela adotada

Finalmente pelas palavras dos dois autores brasileiros encontramos jus-

tificativas de caraacuteter social religioso e econocircmico aleacutem das constataccedilotildees dos estu-

diosos de marketing que explicitam a necessidade de pesquisa de campo que con-

temple os dois vieses o de mercado ou de marketing e o religioso ou da religiosida-

de Pretendemos assim comprovar a hipoacutetese deste trabalho a de que a feacute religio-

sa seja o principal agente motivacional que alavanque o mercado varejista de produ-

tos religiosos

Por isso se enganam os que imaginam que vivemos um momento de grande reflorescimento religioso que nega a secularizaccedilatildeo e leva a soci-edade de novo a entregar os pontos ao sagrado A velha religiatildeo fonte de transcendecircncia para a sociedade como um todo foi estilhaccedilada perdeu toda a utilidade A religiatildeo que tomou o seu lugar eacute uma religiatildeo para cau-sas localizadas reparos especiacuteficos A sociedade inteira natildeo pode ser neopentecostal pois os que jaacute satildeo capazes de administrar sua capacida-de de ganhar dinheiro nunca se conformariam em dividi-lo com Deus Nem pode ser do candombleacute porque nem todos haveriam de aceitar a in-terferecircncia de tantos deuses em cada coisa do dia-a-dia Tambeacutem natildeo pode ser catoacutelico carismaacutetico o catoacutelico que procura a construccedilatildeo da so-ciedade socialmente mais justa Nem haacute de conformar-se em ter apenas uma uacutenica religiatildeo os que se fartam em usufruir do que cada uma delas pode oferecer para o seu interesse compondo ele mesmo sua proacutepria bricolagem religiosa com anjos espiacuteritos guias e gnomos oraacuteculos e pi-racircmides oraccedilotildees ervas e foacutermulas da alquimia meridianos chineses preceitos orientais baralhos passes espirituais e eboacutes horoacutescopos ta-lismatildes e de toda a sorte de siacutembolos e signos religiosos ou natildeo Porque tudo se vende e tudo se compra 144

Estudiosos de marketing de varejo e dos consumidores norte-americanos

tambeacutem sinalizaram claramente a necessidade e importacircncia da pesquisa que nos

143 PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religi-atildeo sociedade e poliacutetica Satildeo Paulo editora Hucitec 1996 144Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p272 e 273

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propusemos empreender David Lewis e Darren Bridges citando Wade Clark Roof

em Spiritual Marketplace destacaram

Haacute uma fluidez consideraacutevel Haacute uma acircnsia contiacutenua para encontrar a verdade espiritual mas agora eles tecircm uma noccedilatildeo mais clara de que al-gumas coisas que procuram lhes oferecer antes como o consumo e ma-terialismo natildeo funcionam tatildeo bem Vejo um futuro espiritual e religioso mais individualista e talvez mais diverso145

No proacuteximo capiacutetulo abordaremos com os necessaacuterios detalhes teacutecni-

cos os aspectos operacionais da pesquisa de campo empreendida para este traba-

lho

145 Wade Clark ROOF apud Dr David LEWIS e Darren BRIDGES A alma do consumidor p11

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Capitulo II ndash Pesquisa de campo a descoberta e o comportamento dos consumidores no mercado da feacute

Eu vou botar teu nome na macumba Vou procurar uma feiticeira

Fazer uma quizumba pra te derrubar Oi iaiaacute

Vocecirc me jogou um feiticcedilo quase que eu morri Soacute eu sei o que eu sofri

Deus me perdoe mas eu vou me vingar

Eu vou botar teu retrato num prato com pimenta Quero ver se vocecirc guumlenta

A mandinga que eu vou te jogar Raspa de chifre de bode

Pedaccedilo de rabo de jumenta Tu vais botar fogo pela venta

E comigo natildeo vai mais brincar

Asa de morcego Corcova de camelo pra te derrubar

Uma cabeccedila de burro Pra quebrar o encanto do seu patuaacute

Olha tu podes ser forte Mas tens que ter sorte

Pra te salvar Toma cuidado comadre

Com a mandinga que eu vou te jogar

Composiccedilatildeo Zeca Pagodinho Dudu Nobre146

Neste capiacutetulo ponderaremos sobre a organizaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a anaacutelise

dos dados brutos auferidos em nossa pesquisa de campo A apresentaccedilatildeo destes

dados tem como principal objetivo nos munir de elementos ainda empiacutericos para as

consideraccedilotildees que desenvolveremos ao longo do trabalho

Para a organizaccedilatildeo e a execuccedilatildeo da pesquisa de campo seguiremos a

metodologia e as observaccedilotildees recomendadas por Antonio Chizzotti descrevendo

passo a passo todas as etapas cumpridas ao longo do trabalho que vatildeo desde a 146Letra da muacutesica Eu vou botar teu nome na macumba de autoria de Jesseacute Gomes da Silva Filho (Zeca Pagodinho) Faixa integrante do CD ldquoSamba pras moccedilasrdquo Ano de lanccedilamento 1995 pela gra-vadora Universal

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elaboraccedilatildeo da pesquisa piloto ateacute a aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios definitivos Natu-

ralmente dentro do campo de anaacutelise existe um nuacutemero expressivo de dados e gra-

des que poderiam ser estudados mas por se tratar de uma dissertaccedilatildeo considera-

remos os que julgarmos mais importantes ou pertinentes ao objeto de nosso estudo

21 Meacutetodo de organizaccedilatildeo e execuccedilatildeo da pesquisa de campo Antes de ser submetida a uma anaacutelise de conteuacutedo a coleta de dados

precisa ser organizada e agraves vezes testada como eacute o caso da documentaccedilatildeo inici-

almente empiacuterica deste trabalho Fatores importantes tais como a delimitaccedilatildeo de

nossa proposta de estudos os objetivos (a)s hipoacutetese(s) e o puacuteblico alvo necessari-

amente precisam estar claros Segundo Chizzotti

A redaccedilatildeo deve ser clara apresentando o tema escolhido e as justificati-vas para sua escolha a importacircncia e os limites do trabalho as hipoacuteteses formuladas e suas limitaccedilotildees a populaccedilatildeo-alvo a metodologia seguida e o modo de obter e apresentar os dados obtidos sem generalizaccedilotildees ex-cessivas ou fora do acircmbito estudado podendo indicar ainda os prolon-gamentos eventuais suscitados pela pesquisa e pelas conclusotildees obti-das147

Nesta dissertaccedilatildeo nosso objetivo eacute verificar se a feacute religiosa eacute a motiva-

ccedilatildeo existencial do mercado varejista de produtos relacionados agrave religiosidade So-

mamos aos nossos propoacutesitos a obtenccedilatildeo de um perfil do consumidor e uma anaacutelise

sobre o composto de marketing148 dos produtos aplicados aos rituais religiosos

O instrumental de nossa pesquisa passou por uma aplicaccedilatildeo piloto que

auxiliou na viabilidade e na confiabilidade final do material de pesquisa de campo

especialmente desenvolvido assim como no levantamento da questatildeo deste traba-

lho O material de pesquisa compotildee-se de um questionaacuterio que apresenta na formu-

laccedilatildeo de suas perguntas algumas suposiccedilotildees que precisavam ser verificadas acer-

ca das razotildees fundantes do mercado varejista de produtos religiosos Com os resul-

147Antonio CHIZZOTTI Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais p 48-49 148Composto de Marketing eacute o conjunto de instrumentos agrave disposiccedilatildeo do administrador para imple-mentar uma estrateacutegia de marketing Satildeo os instrumentos o produto o preccedilo o ponto-de-venda a publicidade e aleacutem da propaganda

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tados dessa primeira aplicaccedilatildeo e uma preacute-anaacutelise do conteuacutedo foi possiacutevel delimi-

tarmos a hipoacutetese149 desta dissertaccedilatildeo com maior acuidade

Findo o levantamento dos dados a hipoacutetese deste trabalho que procura

responder qual eacute o principal motivo que justifica o mercado varejista de produtos re-

ligiosos e se esse motivo estaacute centrado sobre a feacute dos indiviacuteduos dele participantes

Como sujeitos de pesquisa foram abordados e selecionados pelos entre-

vistadores indiviacuteduos maiores de quatorze anos que tivessem saiacutedo das lojas com

compras Os indiviacuteduos em questatildeo podiam professar ou natildeo suas respectivas reli-

giotildees assim como tambeacutem serem pessoas sem religiatildeo especiacutefica

Terminada esta etapa de testes do instrumento da pesquisa piloto tendo

em vista a clientela das lojas de produtos religiosos pudemos passar para a execu-

ccedilatildeo da pesquisa de campo dentro do padratildeo cientiacutefico exigido Seguindo a mesma

orientaccedilatildeo da pesquisa piloto foi escolhido como documento150 de pesquisa final

um questionaacuterio contendo duas questotildees abertas e nove questotildees fechadas aleacutem

dos nove itens que investigam o perfil do entrevistado constituindo uma amostra

variada e representativa de produccedilatildeo para anaacutelise

211 Planificaccedilatildeo e procedimento da coleta de dados Seguindo as orientaccedilotildees do modelo cientiacutefico de pesquisa preconizado

por Antonio Chizzotti aplicamos inicialmente um questionaacuterio experimental e investi-

gativo sem o necessaacuterio rigor cientiacutefico O cenaacuterio escolhido para esta operaccedilatildeo foi a

cidade de Caraguatatuba no litoral paulista na data de nove de setembro de 2006

no horaacuterio das dezoito horas e trinta minutos ateacute as vinte e uma horas Esse proce-

dimento se chamaraacute ldquopesquisa pilotordquo

149 Laurence BARDIN em Anaacutelise de conteuacutedo p 98 comenta que ldquouma hipoacutetese eacute uma afirmaccedilatildeo provisoacuteria que nos propomos verificar (confirmar ou infirmar) recorrendo aos procedimentos de anaacuteli-se Trata-se de uma suposiccedilatildeo cuja origem eacute a intuiccedilatildeo e que permanece em suspenso enquanto natildeo for submetida agrave prova de dados seguros O objetivo eacute a finalidade geral a que nos propomos (ou que eacute fornecida por uma instacircncia exterior) o quadro teoacuterico eou pragmaacutetico na qual os resultados obti-dos seratildeo utilizadosrdquo Ainda segundo ele ldquoDe fato as hipoacuteteses nem sempre satildeo estabelecidas quando da preacute-anaacutelise Por outro lado natildeo eacute obrigatoacuterio ter-se como guia um corpus de hipoacuteteses para se proceder agrave anaacutelise Algumas anaacutelises efetuam-se lsquoagraves cegasrsquo e sem ideacuteias preacute-concebidas 150 BARDIN nos mostra que ldquodois tipos de documentos podem ser submetidos agrave anaacutelise os documen-tos naturais produzidos espontaneamente na realidade e os documentos suscitados pelas necessi-dades de estudo como eacute o caso nesta dissertaccedilatildeo das respostas a questionaacuterios de inqueacuterito tes-tes experiecircncias etcrdquo

78

Ilustraccedilatildeo 7 - Direitos Reservados

O estabelecimento comer-

cial escolhido foi a Banca

da Biacuteblia situado na praccedila

central da cidade ao lado

da igreja matriz Fizemos

nossos contatos iniciais

com o soacutecio controlador do

empreendimento comerci-

al no mecircs de fevereiro de

2006

Identificamo-nos como pesquisadores da PUCSP e discorremos a ele sobre este

trabalho em seus termos gerais

O proprietaacuterio da loja o Sr Servilho Gomes da Silva apoacutes alguns ques-

tionamentos concordou em colaborar com nossa pesquisa Combinamos nessa o-

casiatildeo que entrariacuteamos em contato novamente em uma data futura quando agen-

dariacuteamos de forma definitiva a data de nossa visita desta feita munidos de todo

nosso material da pesquisa de campo

No dia 15 de agosto de 2006 rumamos novamente para a cidade de

CaraguatatubaSP ocasiatildeo essa que em conjunto com o lojista determinamos o dia

da aplicaccedilatildeo do teste piloto conforme a conveniecircncia do comerciante

Iniciamos os trabalhos documentando fotograficamente a loja os possiacute-

veis clientes proprietaacuterio e produtos

Demos sequumlecircncia a nossos propoacutesitos entrevistando o proprietaacuterio

O questionaacuterio dirigido agrave clientela da Banca da Biacuteblia foi aplicado por

dois entrevistadores o autor desta dissertaccedilatildeo e Estela Noronha sempre apresen-

tada como pesquisadora assistente O processo de abordagem a essas pessoas foi

feito de forma direta Identificamo-nos atraveacutes de um cartatildeo de visitas especialmen-

te desenvolvido para essa finalidade

79

Vista frontal de nosso cartatildeo de identificaccedilatildeo

Verso do cartatildeo de identificaccedilatildeo

Ilustraccedilatildeo 8 - Direitos Reservados

Nesse cartatildeo consta o nome da universi-

dade cidade sede nome do departamen-

to ao qual o pesquisador estaacute vinculado

sua identidade as iniciais de sua especi-

alidade a aacuterea de interesse em que a

pesquisa estaacute relacionada telefones e

endereccedilo completo Consta tambeacutem o

endereccedilo eletrocircnico para comunicaccedilatildeo

direta via Internet No verso deste ins-

trumento de apresentaccedilatildeo colocamos o

nome do orientador cargo que ocupa na

universidade departamento e endereccedilo

da academia de ciecircncias Foram aborda-

dos dez sujeitos nesta data selecionados

aleatoriamente pelos entrevistadores

Eram possiacuteveis clientes que estavam

dentro da loja ou que dela estivessem

saindo indistintamente e que se dispuse-

ram a serem entrevistados

Sequencialmente procedemos a uma leitura ldquoflutuanterdquo151 do instrumento de campo

que foi desenvolvido Essa leitura serviu para delimitar melhor o objeto de estudo e

as hipoacuteteses bem como testar a aplicabilidade do instrumento de pesquisa e a qua-

lidade das perguntas

Sendo assim o questionaacuterio da pesquisa piloto mostrou uma ratificaccedilatildeo

e ajuste ao objeto e hipoacutetese deste trabalho

Nossa iniciativa nesta fase desta dissertaccedilatildeo foi eficaz para certificarmos

o tempo gasto para a aplicaccedilatildeo de cada questionaacuterio e ainda observar qual seria a

151BARDIN explica que ldquoleitura flutuante eacute a primeira atividade que consiste em estabelecer contato com os documentos a analisar e em conhecer o texto deixando-se invadir por impressotildees e orienta-ccedilotildees Esta fase eacute chamada de leitura ldquoflutuanterdquo por analogia com a atitude do psicanalista Pouco a pouco a leitura vai-se tornando mais precisa em funccedilatildeo de hipoacuteteses emergentes da projeccedilatildeo de teorias adaptadas sobre o material e da possiacutevel aplicaccedilatildeo de teacutecnicas utilizadas sobre materiais anaacutelogosrdquo (opcitp96)

80

melhor maneira de abordar os sujeitos da pesquisa Neste sentido algumas infor-

maccedilotildees foram importantes para a aplicaccedilatildeo final e definitiva das questotildees propostas

bull Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio elaborado para a possiacutevel clientela da

loja gastou cerca de 20 minutos

bull Deveriacuteamos evitar a abordagem do sujeito de uma entrevista antes de

sua entrada na loja

bull Deixamos claro logo na abordagem que se tratava de uma pesquisa

para Universidade de cunho cientiacutefico pois isto evitaria qualquer outro juiacutezo a res-

peito de nossa iniciativa

bull Deveriacuteamos ter a maior objetividade brevidade e discriccedilatildeo possiacuteveis

no interior da loja para natildeo alterar sua atmosfera comercial e natildeo trazermos dificul-

dades operacionais aos atos comerciais que estivessem ocorrendo

Tambeacutem desenvolvemos dois outros instrumentos a serem usados de

forma opcional durante a pesquisa de campo Trata-se do questionaacuterio de entrevista

com o lojista152 e da caderneta de anotaccedilotildees ou caderneta de campo O primeiro

instrumento aqui em destaque se destina a sondar a posiccedilatildeo pessoal do lojista con-

sideradas as variaacuteveis feacute e comeacutercio Essas variaacuteveis poderatildeo ser utilizadas ao final

de nosso trabalho dando-nos maior consistecircncia em nossas arguumliccedilotildees finalizantes

No segundo instrumento anotaremos os detalhes que possam posteriormente ser

relevantes ao bom desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo tais como a oitiva de possiacute-

veis comentaacuterios adjacentes e proferidos por vendedores observaccedilotildees de detalhes

esteacuteticos e particulares de cada loja etc

Fisicamente esse instrumento eacute constituiacutedo de um bloco de anotaccedilotildees

devidamente datado e situado com local e periacuteodo aleacutem do horaacuterio das nossas in-

vestidas dentro de nosso cenaacuterio de pesquisa

Com a finalidade de melhor documentar os nossos procedimentos e

concomitantemente agrave aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios decidimos gerar um amplo mate-

rial fotograacutefico O intuito dessa parte de nosso trabalho no campo vai aleacutem da sim-

ples ilustraccedilatildeo Iremos adotar o vieacutes foto-jornaliacutestico pois eacute a maneira que encon-

152 Um modelo do questionaacuterio completo encontra-se nos anexos

81

tramos para demonstrar por imagens os detalhes que venham a ser relevantes nes-

ta dissertaccedilatildeo

O questionaacuterio definitivo dentro dos padrotildees cientiacuteficos foi aplicado poste-

riormente na praccedila comercial de Satildeo Paulo153 durante o periacuteodo que se inicia em

onze de dezembro de 2006 e estende-se ateacute o dia vinte de abril de 2007 Nessas

datas os questionaacuterios aos clientes das lojas foram aplicados pelos mesmos entre-

vistadores da pesquisa piloto Tambeacutem nessas oportunidades nos identificaacutevamos

atraveacutes de nossos cartotildees de visitas especialmente desenvolvidos para esta finali-

dade Nosso puacuteblico-alvo constituiu-se de pessoas de ambos os sexos e maiores de

quatorze anos

Como na pesquisa preacutevia foram abordados ao acaso os indiviacuteduos que

estavam saindo do interior das lojas e que nelas tivessem comprado algum tipo de

produto fossem eles velas impressos em geral estatuetas incensos material para

os ritos maacutegicos e representativos de seu credo patuaacutes pedrarias joacuteias ou bijuteri-

as roupas ou vestimentas especiais miacutedia eletrocircnica etc

A princiacutepio nosso projeto contemplou as religiotildees reconhecidas pelo Insti-

tuto de Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Mas em funccedilatildeo do grande nuacutemero de

dados a serem levantados e a enorme demanda de tempo para execuccedilatildeo da pes-

quisa de campo voltamos o nosso foco de pesquisa para as quatro religiotildees em que

mais aparecem lojas com produtos recorrentes a elas no mercado varejista e de rua

da cidade Satildeo Paulo Satildeo as lojas de produtos para os catoacutelicos e protestantes para

os praticantes das religiotildees afro-brasileiras e para os novoeristas

Foi delimitado o miacutenimo de trinta questionaacuterios por loja perfazendo um to-

tal de quatrocentos e oitenta documentos que totalizaram nove mil e seiscentas per-

guntas e respostas Esse volume de informaccedilatildeo se tornou o ldquocorpusrdquo levantado para

anaacutelise e conclusatildeo respectiva Tambeacutem utilizamos depoimento e entrevista com um

dos lojistas154 registros fotograacuteficos e observaccedilotildees de campo

22 Os resultados macroscoacutepicos da pesquisa de campo

Afirmamos anteriormente que o questionaacuterio apresenta em sua formulaccedilatildeo

duas questotildees abertas e nove questotildees fechadas aleacutem dos nove itens que investi-

153 A listagem com os endereccedilos completos das lojas pesquisadas encontra-se tambeacutem nos anexos 154 O depoimento e entrevista com o lojista encontra-se nos anexos

82

gam o perfil do entrevistado Neste capiacutetulo demonstraremos os dados macroscoacutepi-

cos representativos com suas respectivas participaccedilotildees percentuais sobre o volu-

me total das respostas de cada uma das questotildees

221 Resultados obtidos com o perfil dos entrevistados

Graacutefico e tabela 1 ndash Sexo dos sujeitos entrevistados

Masculino12

Feminino88

Sexo Lojas AFRO Lojas NOVA ERA Loja CATOLs Lojas PROTs sum Δ

Masculino 22 11 16 9 58 1208 Feminino 98 109 104 111 422 8792

Totais 120 120 120 120 480 100

83

Graacutefico e tabela 2 ndash Qual a sua profissatildeo

2646

4083

292

2104

313 375

188

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Valores percentuais

Comerciaacuterio 2646

Dona de casa 4083

Comerciante 292

Profissional liberal 2104

Servidor puacuteblico 313

Estudante 375

Desempregado 188

84

Profissatildeo Lojas AFRO Lojas NOVA ERA Loja CATOLs Lojas PROTs sum Δ Comerciaacuterio 42 23 32 30 127 2646

Dona de casa 39 37 58 62 196 4083 Comerciante 4 4 5 1 14 292

Profissional liberal 20 43 19 19 101 2104 Servidor Puacuteblico 5 3 6 1 15 313

Estudante 6 9 0 3 18 375 Desempregado 4 1 0 4 9 188

Totais 120 120 120 120 480 10000

85

Graacutefico e tabela 3 - Qual a sua idade

1646

3104

2479

1688

833

250

000 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

Valores Percentuais Mais de 65 anos 250De 55 a 65 anos 833De 45 a 55 anos 1688De 35 a 45 anos 2479De 25 a 35 anos 3104De 18 a 25 anos 1646

86

Qual a sua

idade Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

De 18 a 25 anos 39 21 11 8 79 1646

De 25 a 35 anos 33 34 36 46 149 3104

De 35 a 45 anos 23 40 29 27 119 2479

De 45 a 55 anos 15 14 21 31 81 1688

De 55 a 65 anos 8 10 14 8 40 833

Mais de 65 anos 2 1 9 0 12 250 Totais 120 120 120 120 480 10000

87

Graacutefico e tabela 4 ndash Qual o seu estado civil

1646

7292

917

146

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Valores Percentuais

Solteiro (a) 1646Casado (a) ou comcompanheira (o)

7292

Separado (a) judicialmenteou divorciado (a)

917

Viuacutevo (a) 146

Ocorrecircncias

88

Estado civil Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Solteiro (a) 34 27 8 10 79 1646 Casado (a) ou com companheira (o) 60 72 111 107 350 7292 Separado (a) judicialmente ou divorciado (a) 20 21 1 2 44 917 Viuacutevo (a) 6 0 0 1 7 146 Totais 120 120 120 120 480 10000

89

Graacutefico e tabela 5 - Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar

2667

6083

1188

063

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Valores percentuais

Ateacute o primeiro grau 2667Ateacute o segundo grau 6083Ateacute o terceiro grau 1188Poacutes-graduado 063

Ocorrecircncias

90

Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar

LojasAFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Ateacute o primeiro grau 30 19 21 58 128 2667 Ateacute o segundo grau 81 61 93 57 292 6083 Ateacute o terceiro grau 8 38 6 5 57 1188 Poacutes-graduado 1 2 0 0 3 063 Totais 120 120 120 120 480 10000

91

Graacutefico e tabela 6 - Qual a sua faixa de renda familiar

104

958

2958

3063

1938

542

438

000 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

438

Mais de 10 salaacuteriosmiacutenimos

542

De 08 a 10 salaacuteriosmiacutenimos

1938

De 05 a 08 salaacuteriosmiacutenimos

3063

De 03 a 05 salaacuteriosmiacutenimos

2958

De 01 a 03 salaacuteriosmiacutenimos

958

Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo 104

Ocorrecircncias

92

Qual a sua faixa de renda familiar

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo 3 1 0 1 5 104 De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos 10 10 4 22 46 958 De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos 44 21 23 54 142 2958 De 05 a 08 salaacuterios miacutenimos 36 40 37 34 147 3063 De 08 a 10 salaacuterios miacutenimos 17 28 44 4 93 1938 Mais de 10 salaacuterios miacutenimos 3 13 6 4 26 542 Natildeo quis ou natildeo soube responder 7 7 6 1 21 438 Totais 120 120 120 120 480 10000

93

Graacutefico e tabela 7 - O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro

5292

1958

2396

354

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Valores percentuais

Sim 5292Natildeo 1958Nas imediaccedilotildees destebairro

2396

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

354

Ocorrecircncias

94

O Sr(a) reside ou trabalha neste bairro

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Sim 68 99 44 43 254 5292 Natildeo 12 5 47 30 94 1958 Nas imediaccedilotildees deste bairro 40 16 29 30 115 2396 Natildeo quis ou natildeo soube responder 0 0 0 17 17 354 Totais 120 120 120 120 480 10000

95

Graacutefico e tabela 8 - O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo

74

26

Sim Natildeo

O sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Sim 95 103 109 50 357 7438 Natildeo 25 17 11 70 123 2563 Totais 120 120 120 120 480 10000

96

Graacutefico e tabela 9 - Qual a sua religiatildeo de batismo

8063

917

188

333

021

021

083

000

042

333

000 2000 4000 6000 8000 10000Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

333

Natildeo eacute batizado 042Muccedilulmana 000Novoerista 083Budista 021Candomblecista 021Umbandista 333Espiacuterita kadercista 188Protestante 917Catoacutelica 8063

Ocorrecircncias

97

Qual sua religiatildeo de batismo Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Catoacutelica 98 92 119 78 387 8063 Protestante 1 4 1 38 44 917 Espiacuterita kadercista 0 5 0 4 9 188 Umbandista 16 0 0 0 16 333 Candomblecista 1 0 0 0 1 021 Budista 0 1 0 0 1 021 Novoerista 0 4 0 0 4 083 Muccedilulmana 0 0 0 0 0 000 Natildeo eacute batizado 1 1 0 0 2 042 Natildeo quis ou natildeo soube responder 3 13 0 0 16 333 Totais 120 120 120 120 480 10000

98

Graacutefico e tabela 10- Qual a sua religiatildeo praticada atualmente

3250

2563

313

1125

479

000

458

000

1813

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Valores percentuais

Catoacutelica 3250Protestante 2563Espiacuterita kardecista 313Umbandista 1125Candomblecista 479Budista 000Novoerista 458Muccedilulmana 000Natildeo quis ou natildeo souberesponder

1813

Ocorrecircncias

99

Qual a sua religiatildeo praticada atualmente

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Catoacutelica 17 38 101 0 156 3250 Protestante 0 3 0 120 123 2563 Espiacuterita kardecista 5 10 0 0 15 313 Umbandista 53 1 0 0 54 1125 Candomblecista 23 0 0 0 23 479 Budista 0 0 0 0 0 000 Novoerista 16 6 0 0 22 458 Muccedilulmana 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 6 62 19 0 87 1813 Totais 120 120 120 120 480 10000

100

Graacutefico e tabela 11 - Como o senhor (a) teve conhecimento da existecircncia desta loja

125063000021333

2188

5271

646

1208

146000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Valores percentuais

Lista telefocircnica 125Internet 063Propaganda em revistasjornais murais ou meiosimpressos

000

Pelo raacutedio ou televisatildeo 021Por parentes ou amigos defora de minha comunidadereligiosa

333

Por parentes ou amigos daminha comunidade religiosa

2188

Por indicaccedilotildees de placas ouvitrine da loja

5271

Pelo padre sacerdote ousacerdotisa pastor oupastora sheik rabino

646

Ocorrecircncias

101

Como o Sr (a) teve conhecimento da existecircncia desta loja

LojasAFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Lista telefocircnica 2 0 4 0 6 125 Internet 1 2 0 0 3 063 Propaganda em revistas jornais murais ou meios impressos 0 0 0 0 0 000 Pelo raacutedio ou televisatildeo 0 0 0 1 1 021 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 8 1 6 1 16 333 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 12 4 48 41 105 2188 Por indicaccedilotildees de placas ou a vitrine da loja 73 98 35 47 253 5271 Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor oupastora sheik rabino monge etc 20 0 1 10 31 646 Por acaso 2 15 26 15 58 1208 Natildeo quis ou natildeo soube responder 2 0 0 5 7 146 Totais 120 120 120 120 480 10000

102

Graacutefico e tabela 12 - Com que frequumlecircncia o senhor (a) compra produto(s) reli-gioso(s)

688

1313

1083

1375

2125

2500

917

000 500 1000 1500 2000 2500

Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

917

Menos de uma vez por ano 2500Uma vez por ano 2125Uma vez por semestre 1375Uma vez a cada trecircs meses 1083Uma vez a cada dois meses 1313Pelo menos uma vez pormecircs

688

Ocorrecircncias

103

Com que frequumlecircncia o Sr (a) compra produtos religiosos

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Pelo menos uma vez por mecircs 26 7 0 0 33 688 Uma vez a cada dois meses 40 23 0 0 63 1313 Uma vez a cada trecircs meses 20 32 0 0 52 1083 Uma vez por semestre 14 30 8 14 66 1375 Uma vez por ano 15 16 40 31 102 2125 Menos de uma vez por ano 5 2 50 63 120 2500 Natildeo quis ou natildeo soube responder 0 10 22 12 44 917 Totais 120 120 120 120 480 10000

104

Graacutefico e tabela 13 - Qual eacute o principal motivo que o senhor (a) comprou esses produtos

2042

563

4292

1854

313

625

313

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Valores percentuais

Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu culto religioso

2042

Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar

563

Porque a imagem desse (s) objeto ( s ) reforccedila (m) a minha feacute

4292

Porque trazem proteccedilatildeo 1854

Porque achei bonito 313

Vai servir para eu dar de presente a algueacutem

625

Natildeo quis ou natildeo soube responder

313

Ocorrecircncias

105

Qual eacute principal o motivo que o sr(a) comprou esse (s) produto (s

LojasAFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu culto religioso 16 10 33 39 98 2042 Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar 18 0 0 9 27 563 Porque a imagem desse (s) objeto(s) reforccedila (m) a minha feacute 54 59 43 50 206 4292 Porque trazem proteccedilatildeo 30 33 17 9 89 1854 Porque achei bonito 1 10 4 0 15 313 Vai servir para eu dar de presente a algueacutem 1 6 23 0 30 625 Natildeo quis ou natildeo soube responder 0 2 0 13 15 313 Totais 120 120 120 120 480 10000

106

Graacutefico e tabela 14 - Qual o tipo ou gecircnero do (s) produtos comprados

1601

485

808

176132

352

015 015059

558

250

485

852

411

690

1630

631

015

103

279

162117

059

117

Velas

Imag

ens e

m gess

o

Imag

ens i

mpress

as

Ervas d

e che

iro

Buacutezios

Guias d

e san

toTint

as

Pinceacuteis

Charut

os

Terccedilos

Sabon

etes

Incen

so

Bijuter

ia

Vestuaacute

rio

Miacutedia e

letrocircn

ica C

D ou D

VD

Miacutedia i

mpress

a

Siacutembo

los sa

grado

s ou m

iacutestico

s

Copos

taccedila

s ou s

imila

res

Armas

Pedras

Perfum

es e

aromati

zante

s

Calend

aacuterios

Patuaacutes

Baralho

s ou t

arocirc

Ocorrecircncias

Valo

res

perc

entu

ais

107

Qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s) (citaccedilotildees)

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Velas 78 15 16 0 109 1601 Imagens em gesso 8 9 16 0 33 485 Imagens impressas 11 4 40 0 55 808 Ervas de cheiro 11 1 0 0 12 176 Buacutezios 9 0 0 0 9 132 Guias de santo 24 0 0 0 24 352 Tintas 1 0 0 0 1 015 Pinceacuteis 1 0 0 0 1 015 Charutos 4 0 0 0 4 059 Terccedilos 1 0 37 0 38 558 Sabonetes 1 16 0 0 17 250 Incenso 6 27 0 0 33 485 Bijuteria 16 21 21 0 58 852 Vestuaacuterio 0 8 10 10 28 411 Miacutedia eletrocircnica CD ou DVD 0 12 14 21 47 690 Miacutedia impressa 0 8 12 91 111 1630 Siacutembolos sagrados ou miacutesticos 0 9 13 21 43 631 Copos taccedilas ou similares 0 1 0 0 1 015 Armas 0 6 1 0 7 103 Pedras 0 19 0 0 19 279 Perfumes e aromatizantes 0 11 0 0 11 162 Calendaacuterios 0 6 0 2 8 117 Patuaacutes 4 0 0 0 4 059 Baralhos ou tarocirc 0 8 0 8 117 Totais 175 181 180 145 681 10000

108

Graacutefico e tabela 15 - Faixa de desembolso na loja

2667

2833

3104

1083

250

042 000 021000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Valores percentuais

Ate 10 reais 2667De 10 a 20 reais 2833De 20 a 40 reais 3104De 40 a 80 reais 1083De 80 a 160 reais 250De 160 a 320 reais 042Mais de 320 reais 000Natildeo quis ou natildeo souberesponder

021

Ocorrecircncias

109

Faixa de desembolso na loja Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Ate 10 reais 38 17 32 41 128 2667 De 10 a 20 reais 45 31 27 33 136 2833 De 20 a 40 reais 30 34 51 34 149 3104 De 40 a 80 reais 3 28 10 11 52 1083 De 80 a 160 reais 2 9 0 1 12 250 De 160 a 320 reais 1 1 0 0 2 042 Mais de 320 reais 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 0 0 0 1 021 Totais 120 120 120 120 480 10000

110

Graacutefico e tabela 16 - Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja

9

4238

100

1

Plenamente satisfeito (a)Satisfeito (a)Razoavelmente satisfeito (a)Sofrivelmente satisfeito (a)Insatisfeito (a)Natildeo quis ou natildeo soube responder

Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Plenamente satisfeito (a) 32 4 2 3 41 854 Satisfeito (a) 49 51 22 80 202 4208 Razoavelmente satisfeito (a) 37 49 70 27 183 3813 Sofrivelmente satisfeito (a) 1 5 0 0 6 125 Insatisfeito (a) 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 11 26 10 48 1000 Totais 120 120 120 120 480 10000

111

Graacutefico e tabela 17 - O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja

Sim51

Natildeo11

Natildeo quis ou natildeo soube responder

38

O Sr(a) pretende voltar outras vezes a esta loja

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Sim 112 46 39 47 244 5083 Natildeo 4 19 22 8 53 1104 Natildeo quis ou natildeo soube responder 4 55 59 65 183 3813 Totais 120 120 120 120 480 10000

112

Graacutefico e tabela 18 - Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo

1354

2104 2104

3917

146000

375

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

Valores percentuais

Caros 1354Relativamente caros 2104Razoavelmenteequilibrados

2104

Condizentes com a minharenda

3917

Baratos 146Muito baratos 000Natildeo quis ou natildeo souberesponder

375

Ocorrecircncias

113

Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs Lojas PROTs sum Δ

Caros 14 10 37 4 65 1354 Relativamente caros 23 17 28 33 101 2104 Razoavelmente equilibrados 22 21 21 37 101 2104 Condizentes com a minha renda 59 61 32 36 188 3917 Baratos 1 1 2 3 7 146 Muito baratos 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 10 0 7 18 375 Totais 120 120 120 120 480 10000

114

Graacutefico e tabela 19 - Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

6271

708

1604

271

000

125

1021

000 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

1021

Um convite especial 125Maior conforto 000Melhor atendimento 271Novos produtos 1604Melhores condiccedilotildees depagamento

708

Melhores preccedilos 6271

Ocorrecircncias

115

Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Melhores preccedilos 89 54 80 78 301 6271 Melhores condiccedilotildees de pagamento 14 5 4 11 34 708 Novos produtos 11 49 4 13 77 1604 Melhor atendimento 4 9 0 0 13 271 Maior conforto 0 0 0 0 0 000 Um convite especial 1 3 2 0 6 125 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 0 30 18 49 1021 Totais 120 120 120 120 480 10000

Os dados que apresentamos acima satildeo macro-estatiacutesticos e nortearam

o contexto geral desta pesquisa A anaacutelise mais detalhada deste trabalho seraacute reali-

zada no proacuteximo capiacutetulo

23 - Meacutetodo de anaacutelise dos dados coletados Como jaacute expusemos optaremos em realizar a anaacutelise de conteuacutedo155 dos

dados coletados atraveacutes da pesquisa de campo seguindo os princiacutepios metodoloacutegi-

cos apontados no livro Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais de Antocircnio Chiz-

zotti Segundo esse autor

Anaacutelise de conteuacutedo eacute um meacutetodo de tratamento e anaacutelise de informa-ccedilotildees colhidas por meio de teacutecnicas de coleta de dados consubstancia-das em um documento A teacutecnica se aplica agrave anaacutelise de textos escritos ou de qualquer comunicaccedilatildeo (oral visual gestual) reduzida a um texto ou documento

O objetivo da anaacutelise de conteuacutedo eacute compreender criticamente o sentido das comunicaccedilotildees seu conteuacutedo manifesto ou latente as significaccedilotildees expliacutecitas ou ocultas

A decodificaccedilatildeo de um documento pode utilizar-se de diferentes procedi-mentos para alcanccedilar o significado profundo das comunicaccedilotildees nele ci-fradas A escolha do procedimento mais adequado depende do material a ser analisado dos objetos da pesquisa e da posiccedilatildeo ideoloacutegica e social do analisador

155Laurence BARDIN Anaacutelise de Conteuacutedo p 105-106 esclarece que ldquofazer uma anaacutelise temaacutetica consiste em descobrir os lsquonuacutecleos de sentidorsquo que compotildeem a comunicaccedilatildeo e cuja presenccedila ou fre-quumlecircncia de apariccedilatildeo pode significar algumas coisas para o objetivo analiacutetico escolhido O tema eacute ge-ralmente utilizado como unidade de registro para estudar motivaccedilotildees de opiniotildees de atitudes de valores de crenccedilas de tendecircncias etc As respostas a questotildees abertas as entrevistas (natildeo direti-vas ou mais estruturadas) individuais ou de grupo de inqueacuterito ou de psicoterapia os protocolos de testes as reuniotildees de grupos os psicodramas as comunicaccedilotildees de massa etc podem ser e satildeo frequumlentemente analisados tendo o tempo por baserdquo

116

Esses procedimentos podem privilegiar um aspecto da anaacutelise seja de-compondo um texto em unidades leacutexicas (anaacutelise lexicoloacutegica) ou classifi-cando-o segundo categorias (anaacutelise categorial) seja desvelando o senti-do de uma comunicaccedilatildeo no momento do discurso (anaacutelise de enunciaccedilatildeo) ou revelando os significados dos conceitos em meios sociais diferencia-dos (anaacutelise de conotaccedilotildees) ou seja utilizando-se de qualquer outra for-ma inovadora de decodificaccedilatildeo de comunicaccedilotildees impressas visuais ges-tuais etc apreendendo o seu conteuacutedo expliacutecito ou impliacutecito

Esta teacutecnica procura reduzir o volume amplo de informaccedilotildees contidas em uma comunicaccedilatildeo a algumas caracteriacutesticas particulares ou categorias conceituais que permitam passar dos elementos descritivos agrave interpreta-ccedilatildeo ou investigar a compreensatildeo dos atores sociais no contexto cultural em que produzem a informaccedilatildeo ou enfim verificando a influecircncia desse contexto no estilo na forma e no conteuacutedo da comunicaccedilatildeo 156

Assim sendo a anaacutelise de conteuacutedo seraacute considerada como um meacutetodo

que contempla o conjunto de teacutecnicas de anaacutelise das comunicaccedilotildees A dinacircmica do

processo analiacutetico eacute marcada por uma grande variedade de formas e eacute adaptaacutevel a

um amplo campo de aplicaccedilatildeo que satildeo as comunicaccedilotildees

Desta forma para trabalharmos com o material da pesquisa de campo

desta dissertaccedilatildeo proporemos utilizar duas teacutecnicas de anaacutelise simultaneamente

uma do tipo temaacutetica (qualitativa) e outra do tipo frenquumlecircncial (quantitativa) sendo

que para a primeira utilizaremos a anaacutelise de enunciaccedilatildeo

A anaacutelise quantitativa estaraacute centrada sobre a demonstraccedilatildeo graacutefica da

relaccedilatildeo entre as variaacuteveis classificando os dados por categorias onde vamos de-

monstrar a relaccedilatildeo entre as possiacuteveis variaacuteveis157 Na anaacutelise qualitativa seguire-

mos as orientaccedilotildees fenomenoloacutegicas que nos sugerem ldquoir aleacutem das manifestaccedilotildees

imediatas para captaacute-las e desvelar e desvelar o sentido oculto das impressotildees ime-

diatas O sujeito precisa ultrapassar as aparecircncias para alcanccedilar a essecircncia dos fe-

nocircmenosrdquo158

Chizzotti comenta

156 Antonio CHIZZOTTI Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais p98-99 157 Ibid p 69 158 Ibid p 80

117

Para muitos autores a pesquisa quantitativa natildeo deve ser oposta agrave pes-quisa qualitativa mas ambas devem sinergicamente convergir na com-plementaridade muacutetua sem confinar os processos e questotildees metodoloacute-gicos a limites que atribuam os meacutetodos quantitativos exclusivamente ao positivismo ou os meacutetodos qualitativos ao pensamento interpretativo (fe-nomenologia dialeacutetica hermenecircutica etc) Esses autores consideram que eacute necessaacuterio superar as oposiccedilotildees que subsistem nas pesquisas em ciecircncias humanas e sociais e apontam que se pode fazer uma anaacutelise qualitativa de dados estritamente quantitativos ou que o material recolhido com teacutecnicas qualitativas podem ser analisadas com meacutetodos quantitati-vos como eacute o caso da anaacutelise de conteuacutedo159

No proacuteximo capiacutetulo atraveacutes da anaacutelise dos dados obtidos na pesquisa

de campo vamos entender e explicar o que constatamos que a feacute religiosa eacute a prin-

cipal alavanca motivacional do mercado varejista de produtos religiosos

159Antonio CHIZZOTTI Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais p 34

118

Capiacutetulo III ndash O varejo de produtos religiosos razatildeo e sensibilidade

Vendas a varejo eacute atenccedilatildeo aos detalhes (retail is detail) Eacute trabalho aacuterduo Cyril Magnin comerciante americano a-conselha ldquoQuem tem mais de 40 anos tem pouco a ver com o varejordquo Um velho proveacuterbio chinecircs acrescenta ldquoQuem natildeo sorri natildeo abre lojardquo

Philiph Kotler160

Marketing eacute tatildeo baacutesico que natildeo pode ser considerado como uma funccedilatildeo isolada Eacute o negoacutecio inteiro cujo resul-tado final depende do ponto de vista do cliente

Peter Drucker161

Neste capiacutetulo iremos analisar as respostas da pesquisa de campo que

tiveram como publico alvo compradores maiores de catorze anos

Discorreremos sobre o ponto central de nosso trabalho quando formos

verificar que a motivaccedilatildeo da compra de diversos produtos religiosos pelos sujeitos

entrevistados tem as conotaccedilotildees da religiosidade poacutes-moderna e em especial a

razatildeo da feacute individual

Sobre a religiosidade poacutes-moderna Estela Noronha afirmou que

() sabiacuteamos que ambas as visotildees e discursos estavam em conformida-de com o movimento da poacutes-modernidade onde as novas formas ou ten-decircncias do ldquoserrdquo religioso satildeo sincreacuteticas e polissecircmicas marcadas pela diversidade pela pluralidade de credos pelo tracircnsito religioso e pela falta de submissatildeo hieraacuterquica agraves instituiccedilotildees religiosas Ao mesmo tempo em que tambeacutem buscam um sentido existencial individualista e subjetivo centrado no indiviacuteduo e no seu cotidiano muitas vezes utilitarista con-sumista e praacutetico162

160Philip KOTLER Marketing de A a Z p224 161Philip KOTLER Administraccedilatildeo de Marketing Anaacutelise planejamento administraccedilatildeo e controle p29 162Estela NORONHA Tenha feacute tenha confianccedila Iemanjaacute eacute uma esperanccedila Um estudo a luz da soacute-cio-antropologia e da psicologia analiacutetica do fenocircmeno ldquoIemanjismordquo entre os natildeo devotos das religi-otildees afro-brasileira p170

119

Estaremos enfocando os clientes que efetivaram compras nas lojas de

produtos para a profissatildeo da feacute catoacutelica das diversas denominaccedilotildees do credo pro-

testante-cristatildeo das religiotildees afro-brasileiras e das doutrinas com menores hetero-

doxias se considerados os vieses judaico-cristatildeos163 das religiotildees ocidentais

Objetivamos delinear um perfil desses consumidores aleacutem de examinar-

mos os resultados obtidos sob o enfoque dos dados funcionais do composto de

marketing164 tendo em vista o consumidor Salvo melhor juiacutezo satildeo estas as ferra-

mentas que a ciecircncia oferece para a implementaccedilatildeo das estrateacutegias mercadoloacutegicas

e que tenham como meta o atendimento das necessidades das pessoas que com-

potildeem o puacuteblico do mercado de produtos religiosos

Segundo Kotler

O ponto de partida para o estudo do marketing reside nas necessidades e desejos humanos A humanidade precisa de comida ar aacutegua roupa e abrigo para sobreviver Aleacutem disso as pessoas desejam recreaccedilatildeo edu-caccedilatildeo e outros serviccedilos Elas tecircm preferecircncias notaacuteveis por tipos especiacute-ficos de bens de serviccedilos baacutesicos165

Antes que passemos para as questotildees que examinam os aspectos da feacute

e da religiosidade do puacuteblico alvo e consumidor de produtos relacionados agrave religiosi-

dade e feacute eacute necessaacuterio que faccedilamos uma siacutentese dos dados macro-estatiacutesticos que

foram demonstrados no segundo capiacutetulo para que possamos embasar a anaacutelise

acerca do fator motivacional que justifica a aquisiccedilatildeo desses bens no comercio va-

rejista de produtos religiosos A pesquisa de campo tambeacutem justificaraacute o prisma ana-

liacutetico-mercadoloacutegico que pretendemos empreender

Alexandre L Las Casas afirma

163 Referimos-nos aacutes doutrinas celtas entre as quais o Druidismo a religiatildeo Wica correntes que ad-vogam o poder maacutegico atraveacutes de cristais pedras preciosas florais aromas etc Tambeacutem estatildeo con-templadas nessa linha denominativa as religiotildees orientais tais como o hinduiacutesmo hinduiacutesmo bramacirc-nico o taoiacutesmo o budismo e o movimento Hare Krishna entre outros 164 Os elementos funcionais do composto de marketing satildeo compreendidos conceitualmente atraveacutes do produto como soluccedilatildeo para o cliente do preccedilo final de venda como custo para aquisiccedilatildeo de bens ou serviccedilos da praccedila ou dos pontos de venda como uma conveniecircncia logiacutestica de abastecimento para a clientela e da promoccedilatildeo publicidade e propaganda como forma de comunicaccedilatildeo institucional e mercadoloacutegica 165 Philip KOTLER Marketing p31

120

A pesquisa eacute a aplicaccedilatildeo de teacutecnicas mais cientificas ao marketing numa tentativa de modificar sua ecircnfase de estado de artes para o da ciecircncia O espiacuterito cientiacutefico deve dominar o pesquisador Neste sentido ele deve a-fastar-se de qualquer julgamento preacutevio que tenha sobre determinado as-sunto e analisar os fatos como eles se apresentam mesmo que sejam bas-tante contraditoacuterios com alguma ideacuteia ou crenccedila dos principais responsaacute-veis pelo projeto O meacutetodo cientiacutefico eacute caracterizado tambeacutem pelo rigor e pela loacutegica e o pesquisador deve sempre visar agrave objetividade e um com-promisso com a busca da realidade166

Complementamos nossa proposiccedilatildeo pelas afirmaccedilotildees de Las Casas

A pesquisa eacute um dos mais importantes subsistemas do SIM167 A pesquisa de mercado eacute uma forma sistemaacutetica de coleta e anaacutelise de dados relati-vos a problemas ou oportunidades de marketing e pode ser realizada de forma constante (paineacuteis) ou para resolver um problema especiacutefico (ad doc) 168

31 Abordagem macroscoacutepica dos dados da pesquisa de campo O meacutetodo utilizado na presente pesquisa foi o quantitativo-descritivo cujo

objetivo eacute segundo Greenwood169 em sua obra Metodologia de La Investigacioacuten

Social especificar a distribuiccedilatildeo de um fenocircmeno determinado de uma populaccedilatildeo

sendo resultado portanto a afirmaccedilatildeo de um fato A teacutecnica de levantamento de

dados utilizada eacute do tipo survey170 uma vez que se procura a descriccedilatildeo de caracte-

riacutesticas quantitativas da populaccedilatildeo

O universo de nossa pesquisa se constitui de clientes finais de empresas

varejistas de pequeno e meacutedio porte171 localizadas na cidade de Satildeo Paulo A amos-

tragem ocorreu de forma aleatoacuteria sendo entrevistados os clientes das lojas que

expressaram o seu espiacuterito colaborativo diretamente aos entrevistadores Optamos

166 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing p89 167 O autor refere-se ao sistema de inteligecircncia de marketing que eacute uma forma organizada e planeja-da de proporcionar informaccedilotildees de maneira constante aos agentes de decisotildees nas empresas 168 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing p88 169 A obra citada eacute de autoria de Ernest Greenwood de ediccedilatildeo Argentina intitulada Metodologia de la a Investigacioacuten Social Buenos Aires Paidos 1973 170 Survey eacute o termo teacutecnico para um levantamento de informaccedilotildees ou opiniotildees por meio de um ques-tionaacuterio administrado a uma amostra (geralmente aleatoacuteria) da populaccedilatildeo estudada 171 Segundo a Instruccedilatildeo Normativa no 355 da Secretaria da Receita Federal do Minsiteacuterio da Fazen-da de 29 de agosto de 2003 considera-se microempresa (ME) pessoa juriacutedica com receita bruta igual ou inferior a R$ 12000000 e empresa de pequeno porte (EPP) pessoa juriacutedica com receita anual bruta superior a R$ 12000000 e igual ou inferior a R$ 120000000

121

pelo questionaacuterio com questotildees estruturadas e semi-estruturadas como o instrumen-

to de coleta mais adequado aos objetivos principalmente devido agrave sua natureza im-

pessoal e uniforme conforme recomendaccedilotildees do autor C Selltiz na obra Meacutetodos

de Pesquisa nas Relaccedilotildees Sociais172

O tratamento estatiacutestico dos dados foi elaborado segundo a prescriccedilatildeo

metodoloacutegica com a codificaccedilatildeo tabulaccedilatildeo e anaacutelise atraveacutes do programa SPSS -

Statistical Package for the Social Sciences for Windows versatildeo 13 Os cocircmputos

estatiacutesticos usados que seratildeo usados para anaacutelise seratildeo os do cruzamento entre as

variaacuteveis

Assim sendo a tiacutetulo de esclarecimento fizemos um resumo dos resulta-

dos que alcanccedilamos com a pesquisa de campo com o perfil dos consumidores en-

trevistados assim como para os dados mercadoloacutegicos

Perfil

bull 8792 satildeo mulheres contra 1208 que satildeo homens

bull 3104 estatildeo na faixa etaacuteria de 25 a 35 anos 2479 na de 35 a

45 anos 1688 na de 45 a 55 anos 1646 na de 18 a 25 anos

e 250 na superior a 65 anos

bull 7292 satildeo casados 1646 satildeo solteiros 917 satildeo separados ju-

dicialmente ou divorciados e 146 satildeo viuacutevos

bull 6083 possuem o segundo grau 2667 possuem o primeiro

grau 1188 possuem o terceiro grau e 063 satildeo poacutes-

graduados

bull 4083 satildeo donas de casa 2646 satildeo comerciaacuterios 2104 satildeo

profissionais liberais 375 satildeo estudantes 313 satildeo servidores

puacuteblicos 292 satildeo comerciantes e 188 satildeo desempregados

bull 7438 satildeo pessoas naturais da cidade de Satildeo Paulo contra

2563 pessoas que satildeo nascidas fora do municiacutepio de Satildeo Pau-

lo

bull 5292 dos sujeitos entrevistados trabalham ou residem no bairro

em que se localiza a loja em que efetuaram a compra 2396 nas

172 SELLTIZ C et al Meacutetodos de Pesquisa nas Relaccedilotildees Sociais Satildeo Paulo editora Herder1965

122

imediaccedilotildees da loja 1958 de outros bairros e 354 natildeo soube-

ram ou natildeo quiseram responder

bull 3063 situam-se como consumidores com renda familiar de 5 a 8

salaacuterios miacutenimos 2958 com renda familiar de 3 a 5 salaacuterios miacute-

nimos 1938 com renda familiar de 8 a 10 salaacuterios miacutenimos

958 com renda familiar de 1 a 3 salaacuterios miacutenimos 542 com

renda superior a 10 salaacuterios miacutenimos 438 natildeo souberam ou

natildeo quiseram responder e 104 detecircm ateacute 1 salaacuterio miacutenimo

bull 8063 declaram que foram batizados na religiatildeo catoacutelica 917

por denominaccedilotildees protestantes 333 o foram pela umbanda ou

natildeo souberam ou natildeo quiseram responder a essa questatildeo 188

declararam que foram batizados pelo espiritismo kardecista 083

o foram pelas religiotildees novoeristas 042 declaram que natildeo fo-

ram batizados e 021 o foram pelo candombleacute e por correntes de

pensamento budista

bull 3250 afirmaram que praticam a religiatildeo catoacutelica 2563 prati-

cam religiotildees de denominaccedilotildees protestantes 1813 natildeo soube-

ram ou natildeo quiseram responder a essa questatildeo 1125 praticam

a umbanda 458 o candombleacute e 313 o espiritismo kardecista

Notamos claramente que haacute uma tendecircncia de consumo aos bens rela-

cionados a religiosidade pelas mulheres em contra partida aos homens e em espe-

cial por mulheres que satildeo donas de casa Mais da metade dos indiviacuteduos entrevis-

tados estatildeo com idade variando entre 25 a 45 anos e em sua grande maioria satildeo

casados Uma expressatildeo representativa do conjunto de gecircneros pesquisados tem

como niacutevel de escolaridade o segundo grau Situam-se como consumidores com

renda familiar de 3 a 8 salaacuterios miacutenimos ficando os indiviacuteduos pertencentes agraves clas-

ses mais eou menos bastadas nas extremidades dos resultados estatiacutesticos Reve-

la-se nitidamente a presenccedila da classe meacutedia Foram batizados em sua maioria den-

tro dos preceitos da religiatildeo catoacutelica e satildeo praticantes das religiotildees cristatildes Escolhe-

ram comprar nos estabelecimentos comerciais pesquisados por morarem ou traba-

lharem no mesmo bairro Satildeo em sua grande maioria naturais da cidade de Satildeo

Paulo

123

Questotildees mercadoloacutegicas

bull 2500 dos sujeitos entrevistados declaram que compram produ-

tos relacionados agrave religiatildeo menos de uma vez por ano 2105 uma

vez por ano 1375 uma vez por semestre 1313 uma vez a

cada dois meses 1083 uma vez a cada trecircs meses 917 natildeo

quiseram ou natildeo souberam responder e 688 compram pelo me-

nos uma vez por mecircs

bull 4292 dos entrevistados afirmam que o principal motivo da com-

pra eacute a que a imagem do produto reforccedila a sua feacute 2042 porque

os objetos satildeo importantes no ritual ou culto religioso 1854 por-

que o produto traz proteccedilatildeo 625 porque a compra desempe-

nharaacute o papel de presente a terceiros 563 porque o principal

cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar e 313 natildeo qui-

seram ou souberam responder e porque acharam o produto boni-

to

bull 5271 dos consumidores tiveram conhecimento da existecircncia da

loja por indicaccedilotildees de placas ou vitrines 2188 por indicaccedilotildees de

parentes ou amigos da sua comunidade religiosa 646 pelo pa-

dre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pastora sheik ou rabino

333 por parente ou amigos de fora da comunidade religiosa

125 pela lista telefocircnica 063 pela Internet e 021 pelo raacutedio

ou televisatildeo

bull 3104 desembolsaram de R$ 2000 a R$ 4000 2833 de R$

1000 a R$ 2000 2667 ateacute R$ 1000 1083 de R$ 4000 a R$

8000 250 de R$ 8000 a R$ 16000 042 de R$ 16000 a R$

32000 e 021 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder

bull 3917 dos entrevistados disseram que os preccedilos praticados e-

ram condizentes com a sua renda 2104 acharam os preccedilos ra-

zoavelmente equilibrados 2104 relativamente caros 1354

caros 375 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder e 146

baratos

bull 4208 dos clientes entrevistados declaram estar satisfeitos com o

atendimento recebido na loja 3813 definiram-se razoavelmente

124

satisfeitos 1000 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder

854 acham-se plenamente satisfeitos e 125 estatildeo sofrivel-

mente satisfeitos

bull 5083 disseram que pretendem voltar outras vezes agrave loja

3813 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder e 1104 natildeo

pretendem voltar ao estabelecimento

bull 6271 dos clientes das lojas afirmaram que estariam motivados a

voltar mais vezes agrave loja se os produtos tivessem melhores preccedilos

1604 se a loja oferecesse novos produtos 1021 natildeo quise-

ram ou natildeo souberam responder 708 voltariam se tivessem en-

contrado melhores formas de pagamento e 121 havendo um

convite especial

Considerando uma abordagem macro estatiacutestica referente agraves questotildees

afetas agrave dinacircmica comercial dos sujeitos que efetivaram aquisiccedilotildees de bens nas lo-

jas pesquisadas podemos afirmar que a grande maioria efetivou compras de algum

produto pelo menos uma vez ao ano cujo motivo principal estaacute relacionado ao as-

pecto religioso e em particular com a feacute individual Na sua grande maioria a esco-

lha da loja se deu por uma questatildeo de visibilidade indicativa externa o que demons-

tra que o ponto comercial eacute de relevante importacircncia para o empreendimento de

vendas no caso deste estudo das vendas no varejo Nesta pesquisa notou-se que

os negoacutecios se concretizaram em funccedilatildeo dos estabelecimentos comerciais estarem

localizados em rotas estrateacutegicas que contemplam o caminho dos entrevistados pa-

ra suas residecircncias ou locais de trabalho A faixa de gastos com as compras esteve

em sua maioria situada entre R$ 1000 e R$ 4000 Um expressivo nuacutemero de con-

sumidores afirmou que os preccedilos praticados por essas lojas estatildeo ao alcance de seu

poder aquisitivo descaracterizando o princiacutepio da compra pelo fator econocircmico-

especulativo embora tenham sinalizado que se os produtos comercializados fossem

mais baratos voltariam com maior frequumlecircncia agraves compras O grau de satisfaccedilatildeo com

o atendimento dos vendedores eacute elevado e mais de 50 dos sujeitos abordados

pretendem retornar agraves compras na mesma loja

Para facilitar a leitura da questatildeo aberta compusemos um quadro com as

respostas obtidas A compreensatildeo macroscoacutepica dos dados alcanccedilados ajudaraacute a

efetuar uma visatildeo mais ampla e geral sobre os produtos comprados Os dados com-

pilados satildeo os seguintes

125

Tabela 20 ndash Pergunta qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s)

Produtos Frequumlecircncia ∆ Velas 109 1601 Imagens em gesso 33 485 Imagens impressas 55 808 Ervas de cheiro 12 176 Buacutezios 9 132 Guias de santo 24 352 Tintas 1 015 Pinceacuteis 1 015 Charutos 4 059 Terccedilos 38 558 Sabonetes 17 250 Incenso 33 485 Bijuteria 58 852 Vestuaacuterio 28 411 Miacutedia eletrocircnica CD ou DVD 47 690 Miacutedia impressa 111 1630 Siacutembolos sagrados ou miacutesticos 43 631 Copos taccedilas ou similares 1 015 Armas 7 103 Pedras 19 279 Perfumes e aromatizantes 11 162 Calendaacuterios 8 117 Patuaacutes 4 059 Baralhos ou tarocirc 8 117 Totais 681 10000

Embora o mix ou a variedade de produtos oferecidos agrave clientela das lojas

seja significativo os itens de compra que aparecem com maior frequumlecircncia satildeo as

miacutedias impressas (panfletos fotos imagens desenhos gravuras livros revistas

etc) numa participaccedilatildeo de 1630 As velas tambeacutem tecircm um destaque especial no

interesse do consumidor com participaccedilatildeo de 1601 sobre as vendas dos demais

produtos comprados

Foram apontados 681 produtos quando questionamos dentro de uma va-

riabilidade significativa Satildeo produtos simples de consumo e categorizaccedilatildeo popular

e que intrinsecamente dispensam o uso de materiais mais desenvolvidos (a exceccedilatildeo

neste caso estaacute centrada sobre as miacutedias digitais ou seja os CDrsquos e os DVDrsquos)

126

Produtos de aplicaccedilotildees muacuteltiplas tambeacutem satildeo frequentemente detecta-

dos nas gocircndolas das lojas

Percebemos nas lojas indiacutecios de produtos com produccedilatildeo artesanal ca-

recendo muitas vezes de melhores especificaccedilotildees constitutivas e nem sempre ade-

quados agraves normas teacutecnicas vigentes em nosso paiacutes poreacutem de qualidade comprova-

da e agradaacutevel ao gosto e preferecircncia do consumidor Satildeo os casos de chaacutes sabo-

netes aromatizantes ervas de cheiro etc

A oferta de imagens confeccionadas em diversos materiais eacute farta e evi-

dente guardada a necessaacuteria exceccedilatildeo para os produtos das lojas que se destinam a

atender o segmento das denominaccedilotildees protestantes Poreacutem a profusatildeo de cores e

alguns cuidados na exposiccedilatildeo dos produtos assim como alguns apelos mercadoloacute-

gicos com banners e displays realccedilando as caracteriacutesticas e preccedilos dos produtos

satildeo tambeacutem perceptiacuteveis

Eacute interessante notar que embora exista uma grande gama de produtos

com dupla aplicaccedilatildeo (dentro e fora dos aspetos inerentes aacute religiosidade) as carac-

teriacutesticas sagradas ou maacutegicas dos mesmos satildeo evidenciadas

A possiacutevel causa para esse fato pode estar correlacionado aos contornos

hierofacircnicos que esses produtos contecircm e por serem comercializados em estabele-

cimentos comerciais que tecircm como objetivo empresarial prover uma clientela que

necessita e deseja adquirir os complementos materiais e simboacutelicos para a profissatildeo

de suas crenccedilas ou feacute

Edecircnio Valle registra

A referecircncia das religiotildees ao sagrado apresenta uma impressionante varie-dade de concretizaccedilotildees e mediaccedilotildees Natildeo existe nenhum acontecimento natural ou vital que natildeo tenha sido ou possa ser revestido de caraacuteter sa-grado por alguma cultura Qualquer experiecircncia fato fenocircmeno ou objeto pode ser hierofacircnico isto eacute ldquorevelador do divinordquo para seres humanos em busca de transcendecircncia seja qual for essa Mas ao mesmo tempo o ldquomisteacuterio inefaacutevelrdquo essa uacuteltima dimensatildeo da feacute religiosa jamais eacute atingido Natildeo pode ser explicado apenas tangenciado As religiotildees e hierofanias o revelam e ocultam a um soacute tempo Os siacutembolos religiosos satildeo mediadores que nunca conduzem ao conhecimento pleno do ldquoTodordquo que sinalizam A maneira que as religiotildees olham para o sagrado e a ele se avizinham eacute a-travessada assim por uma ambiguumlidade intriacutenseca A suposta clareza nos enunciados doutrinais desse ponto de vista eacute totalmente ilusoacuteria173

173 Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia religiosa p17

127

Sob o ponto de vista do marketing as hierofanias assumem um aspecto

de vantagem competitiva Outros segmentos comerciais natildeo apresentam tal fenocirc-

meno sendo essa particularidade situacional um fator diferencial relevante quando

comparados pelas demais possibilidades mercadoloacutegicas de investimento financeiro

Outra particularidade relevante apontada pelas palavras de Edecircnio Valle e conside-

rado o vieacutes comercial verifica-se quando lemos que os objetos podem funcionar

simbolicamente como vetores de aproximaccedilatildeo com o transcendente e o sagrado e eacute

intriacutenseco agrave feacute de quem os consome Essa caracteriacutestica especial nesses produtos

tambeacutem se diferencia dos demais se considerado o prisma comercial endoacutegeno do

comeacutercio religioso O autor sinaliza por um conhecimento preacutevio por parte dos con-

sumidores acerca dos valores e significaccedilotildees religiosas aplicaccedilotildees especiacuteficas e

finalidades distintas que tecircm esses produtos Traduz-se dessa maneira como uma

natural economia de esforccedilos materiais e humanos com treinamento de pessoal es-

pecializado para vendas estrateacutegias de aproximaccedilatildeo do produto com o mercado

reduccedilatildeo de despesas com publicidade geral e com a propaganda O produto religio-

so oferece tambeacutem a oportunidade em se estabelecer poliacuteticas e estrateacutegias de

vendas especiacuteficas e dirigidas guardadas as devidas e necessaacuterias consideraccedilotildees eacuteticas

32 A feacute como razatildeo motivacional para compras atraveacutes do prisma estatiacutestico A principal questatildeo de nossa dissertaccedilatildeo estaacute centrada sobre as possiacute-

veis razotildees motivacionais que levam determinadas pessoas ao varejo de produtos

relacionados agrave religiosidade

Estaremos nos referindo agraves unidades compradoras e ao seu comporta-

mento quando considerarmos o processo de troca comercial tendo como objeto a

aquisiccedilatildeo de bens relacionados aos aspectos religiosos dos indiviacuteduos respeitando

as partes envolvidas no processo

John C Mowen e Michael S Minor consideram que

O comportamento do consumidor eacute definido como o estudo das unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na aquisiccedilatildeo no con-sumo e na disposiccedilatildeo de mercadorias serviccedilos e ideacuteias174

174 John C MOWEN e Michael S MINOR Comportamento do consumidor p3

128

Nossas atenccedilotildees estaratildeo voltadas para o setor varejista que comerciali-

za produtos relacionados agrave feacute Este setor da economia brasileira em especial da

cidade de Satildeo Paulo onde empreendemos a pesquisa de campo se caracteriza

dentro da definiccedilatildeo de Juracy Parente

Varejo consiste em todas as atividades que englobam o processo de venda de produtos e serviccedilos para atender a uma necessidade pessoal do con-sumidor final O varejista eacute qualquer instituiccedilatildeo cuja atividade principal con-siste no varejo isto eacute na venda de produtos e serviccedilos para o consumidor final175

O ponto central e comum entre os autores e estudiosos sobre a mercado-

logia varejista eacute perceptiacutevel quando focamos suas atenccedilotildees e preocupaccedilotildees sobre

as relaccedilotildees que satildeo estabelecidas entre a estrutura comercial e a clientela final in-

dependentemente do segmento de marketing a ser considerado como a maneira

pela qual os produtos satildeo comercializados

Kotler enuncia

O varejo inclui todas as atividades envolvidas na venda de bens e serviccedilos diretamente aos consumidores finais para uso pessoal Qualquer organiza-ccedilatildeo que utiliza esta forma de venda ndash um fabricante um atacadista ou um varejista ndash estaacute praticando o varejo Natildeo importa a maneira pela qual os bens e serviccedilos satildeo vendidos (venda pessoal correios telefone ou maacutequi-na automaacutetica) ou onde eles satildeo vendidos (loja rua ou residecircncia)176

Segundo Las Casas

Independentemente da forma com que as definiccedilotildees varejistas satildeo apre-sentadas um aspecto importante a salientar eacute que se trata de comerciali-zaccedilatildeo a consumidores finais177

175 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p22 176 Philip KOTLER Administraccedilatildeo de marketing anaacutelise planejamento implementaccedilatildeo e controle p618 177 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing de Varejo p 17

129

Partindo dos enunciados acima pretendemos sequencialmente exami-

nar com melhor acuidade como se desenvolve a decisatildeo de compra conjuntamente

com outras variaacuteveis levantadas na pesquisa de campo e na hipoacutetese deste traba-

lho

Trabalharemos pela confirmaccedilatildeo hipoteacutetica de que a feacute seja a razatildeo prin-

cipal e pessoal das compras dos clientes das lojas pesquisadas conforme o anunci-

aram os dados levantados

Nosso propoacutesito neste momento eacute tambeacutem o de promover a interseccedilatildeo

da questatildeo especiacutefica que investiga as causas das compras com as diversas faces

do consumidor final178 assim como algumas opiniotildees deles sobre tal evento comer-

cial

O sucesso de qualquer empresa depende da sintonia que consegue es-

tabelecer com seus consumidores sejam eles finais ou institucionais Para enten-

dermos qual eacute a dinacircmica comercial de um mercado se faz necessaacuterio conhecer a

composiccedilatildeo de suas partes e suas variaacuteveis ambientais

A populaccedilatildeo aparece como a principal variaacutevel demograacutefica a ser investi-

gada No caso desta dissertaccedilatildeo encontramos o seguinte quadro abaixo descrito

Tabela 21

Gecircnero Frequumlecircncia Participaccedilatildeo Masculino 58 121 Feminino 422 879 Total 480 10000

Participaram da amostra um percentual significativo de indiviacuteduos do gecirc-

nero feminino com a frequumlecircncia relativa de 879 sobre os valores totais de partici-

pantes Este eacute um dado importante porque corrobora com o que diz Parente

Mudanccedila profunda vem ocorrendo nos haacutebitos e comportamento de com-pra com o aumento do nuacutemero de mulheres no mercado de trabalho De acordo com pesquisas do IBGE de 1996 cerca de 40 da Populaccedilatildeo Eco-nomicamente Ativa era composta de mulheres179

178 Considerada a variaacutevel gecircnero 179 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p89

130

Aplicando o conceito acima podemos concluir que haacute uma explicita maio-

ria feminina disposta e aacutevida ao consumo de produtos destinados para a praacutetica reli-

giosa tambeacutem

Tabela 22 Gecircnero Masculino Feminino Total

Comerciaacuterio (a) 440 2210 2650 Dona de casa 4060 4060 Comerciante 130 170 290 Profissional Liberal180 440 1690 2130 Servidor (a) Puacuteblico (a) 080 230 310 Estudante 080 290 380

Profissatildeo

Desempregado (a) 040 150 190

Total 1210 8790 10000

Notamos que a participaccedilatildeo da dona de casa no varejo de produtos reli-

giosos eacute expressiva Na amostra populacional elas participam com 4060 dos ca-

sos Poreacutem a participaccedilatildeo da mulher trabalhadora tambeacutem foi detectada na pesqui-

sa de campo Esta categoria de indiviacuteduos quando somada jaacute representa mais 50

das opccedilotildees apresentadas para as profissotildees a esse gecircnero (22 satildeo comerciaacuterias

170 comerciantes e 1690 profissionais liberais no universo feminino da amos-

tra)

Assinala Parente sobre a importacircncia da mulher trabalhadora e a partici-

paccedilatildeo delas como consumidoras no varejo

Essa eacute uma das mudanccedilas que vecircm causando maior impacto no varejo O ingresso da mulher no mercado de trabalho ocasiona um aumento do po-der compra do domiciacutelio e modifica os haacutebitos de compra e do consumo domiciliar Independentemente da faixa de renda a participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho continuaraacute a crescer o que estimularaacute a induacutestria a lanccedilar produtos especiacuteficos para esse puacuteblico A mulher teraacute cada vez mais voz e poder nas decisotildees familiares Para a mulher que trabalha fora a busca da conveniecircncia torna-se uma das principais motivaccedilotildees de seu pro-cesso de compra181

180 Os profissionais liberais satildeo os trabalhadores autocircnomos que natildeo necessitam de uma estrutura juriacutedica para o exerciacutecio de suas profissotildees Exemplo Advogados (as) meacutedicos (as) dentistas moto-ristas de taacutexi costureiras etc 181 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p97

131

Quando questionamos a naturalidade dos gecircneros entrevistados 7440

afirmaram serem paulistanos conforme demonstra a tabela abaixo

Tabela 23

Gecircnero Masculino Feminino Total

Sim 940 6500 7440 O Sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo Natildeo 270 2290 2560 Total 1210 8790 10000

Tabela 24 Gecircnero Masculino Feminino Total

De 18 a 25 anos 310 1330 1650 De 25 a 35 anos 270 2830 3100 De 35 a 45 anos 350 2130 2480 De 45 a 55 anos 210 1480 1690 De 55 a 65 anos 060 770 830

Idade

Mais de 65 anos 250 250 Total 1210 8790 10000

Na amostra examinada as mulheres que estatildeo com idade entre 25 a 35

anos satildeo as mais recorrentes com uma participaccedilatildeo de 2830 do total dos indiviacute-

duos pesquisados que somaram 3100 para a faixa etaacuteria com maior frequumlecircncia

Para os homens a amostra apresentou um aumento na faixa etaacuteria Os indiviacuteduos

masculinos que participam com maior expressividade estatildeo na faixa de 35 a 45 a-

nos com 350 do universo total participativo A pesquisa demonstrou tambeacutem a

presenccedila da terceira idade como consumidores femininos na ordem de 250 do

total de indiviacuteduos pesquisados

Tabela 25

Renda Familiar Ateacute 01

salaacuterio miacutenimo

De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos

De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos

De 05 a 08 salaacute-

rios miacutenimos

De 08 a 10 salaacute-

rios miacutenimos

Mais de 10 salaacute-

rios miacutenimos

Natildeo quis ou natildeo soube

responder

Total

Masculino 020 100 270 480 270 040 020 1210 Gecircnero Feminino 080 850 2690 2580 1670 500 420 8790

Total 100 960 2960 3060 1940 540 440 10000

A mostra demonstrou que existe uma diferenccedila relevante da participaccedilatildeo

entre os gecircneros por classe de renda Enquanto a faixa de renda com maior signifi-

cacircncia participativa foi de 3060 para a faixa de 05 a 08 salaacuterios miacutenimos as mu-

132

lheres satildeo mais representativas para uma categoria imediatamente inferior estando

na categoria das famiacutelias com renda de ateacute 05 salaacuterios miacutenimos A participaccedilatildeo

masculina apesar de menos significativa em seus aspectos gerais da amostra para

este o quesito renda familiar influencia por estar numa faixa de maior poder aquisi-

tivo

Juracy Parente anota que

A distribuiccedilatildeo de renda eacute outra dimensatildeo econocircmica que influencia as o-portunidades de mercado para diferentes tipos de varejo em uma regiatildeo Domiciacutelios com diferentes faixas salariais acusam padrotildees de consumo muito diferenciados182

Tabela 26

Grau de escolaridade Ateacute o primeiro grau Ateacute o segundo grau Ateacute o terceiro grau Poacutes-graduado

Total

Masculino 170 810 210 020 1210 Gecircnero Feminino 2500 5270 980 040 8790

Total 2670 6080 1190 060 10000

O grau de escolaridade demonstrou que a maioria das pessoas partici-

pantes da amostra tem ateacute o segundo grau (8750) No entanto para os valores

relativos agrave participaccedilatildeo feminina com o niacutevel de escolaridade poacutes-graduada a dife-

renccedila eacute 100 superior aos indicadores masculinos com participaccedilotildees respectivas

de 020 e 040

Parente pontua sobre a educaccedilatildeo e cultura

O grau de educaccedilatildeo eacute outra dimensatildeo que influencia o comportamento de compra dos consumidores Pessoas mais bem educadas satildeo em geral mais bem informadas e mostram maior capacidade em avaliar com profun-didade as diferentes alternativas de produtos e lojas Satildeo mais exigentes quanto agrave qualidade dos produtos desenvolvem avaliaccedilotildees mais criteriosas sobre benefiacuteciocusto de diferentes alternativas e processam com mais discernimento as mensagens das propagandas Pessoas com este perfil exigem ser atendidas nas lojas por uma equipe que consiga responder de forma inteligente a suas indagaccedilotildees e necessidades Observa-se uma forte relaccedilatildeo entre o niacutevel de renda e o niacutevel de educaccedilatildeo

182 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p 100

133

Tabela 27 Gecircnero Masculino Feminino Total

Catoacutelica 980 7080 8060 Protestante 020 900 920 Espiacuterita Kardecista 040 150 190 Umbandista 060 270 330 Candomblecista 020 020 Budista 020 020 Novoerista 020 060 080 Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 060 270 330

Religiatildeo de Ba-tismo

Natildeo eacute batizado 040 040 Total 1210 8790 10000

No aspecto da religiosidade a amostra demonstrou que a maioria dos su-

jeitos entrevistados satildeo batizados na religiatildeo catoacutelica (8060) Isto significa que o

inicio da vivecircncia e da praacutetica religiosa eacute exercida pelo vieacutes do catolicismo

Tabela 28

Gecircnero Masculino Feminino Total

Catoacutelica 520 2730 3250 Protestante 150 2420 2560 Espiacuterita Kardecista 060 250 310 Umbandista 150 980 1130 Candomblecista 130 350 480 Novoerista 040 420 460

Religiatildeo Prati-cada

Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 170 1650 1810

Total 1210 8790 10000

A tabela acima demonstra a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo que pratica a reli-

giatildeo catoacutelica como sendo a mais proeminente com 3250 dos sujeitos entrevista-

dos No entanto podemos notar as mudanccedilas no eixo dinacircmico da praacutetica e na feacute

religiosa dos sujeitos e entre os gecircneros se compararmos cruzando as duas tabelas

acima

134

Tabela 29

Gecircnero Religiatildeo de Batismo Masculino Feminino Total

Catoacutelica 590 3280 3880 Protestante 160 1810 1960 Espiacuterita Kardecista 280 280 Umbandista 130 830 960 Candomblecista 130 390 520 Novoerista 050 360 410

Religiatildeo Praticada

Natildeo quis ou natildeo soube responder 160 1830 1990

Catoacutelica

Total 1210 8790 10000Religiatildeo Praticada Protestante 230 9770 10000Protestante

Total 230 9770 10000Catoacutelica 1110 1110 2220 Protestante 3330 3330 Umbandista 2220 2220 Religiatildeo

Praticada Natildeo quis ou natildeo soube responder 1110 1110 2220

Espiacuterita Kardecista

Total 2220 7780 10000Catoacutelica 630 1250 1880 Espiacuterita Kardecista 630 630 Umbandista 630 5000 5630 Novoerista 1250 1250

Religiatildeo Praticada

Natildeo quis ou natildeo soube responder 630 630

Umbandista

Total 1880 8130 10000Religiatildeo Praticada Candomblecista 10000 10000Candomblecista

Total 10000 10000Religiatildeo Praticada Novoerista 10000 10000Budista

Total 10000 10000Catoacutelica 2500 2500 Espiacuterita Kardecista 2500 2500 Religiatildeo

Praticada Novoerista 5000 5000 Novoerista

Total 2500 7500 10000Espiacuterita Kardecista 630 630 1250 Umbandista 630 3130 3750 Candomblecista 1250 1250 Religiatildeo

Praticada Natildeo quis ou natildeo soube responder 630 3130 3750

Natildeo quis ou natildeo soube responder

Total 1880 8130 10000Novoerista 5000 5000 Religiatildeo

Praticada Natildeo quis ou natildeo soube responder 5000 5000 Natildeo eacute batizado

Total 10000 10000

A pesquisa demonstra que no momento da compra as pessoas catoacutelicas

apresentam uma conduta mais pluralista com respeito a outras religiotildees Natildeo foi e-

135

xaminado o problema da dupla pertenccedila porque para a principal questatildeo deste tra-

balho as preocupaccedilotildees dos pesquisadores estavam voltadas para o momento da

compra e natildeo para as possiacuteveis consideraccedilotildees de ordem filosoacutefica ou de perfil ideo-

loacutegico-religioso

No entanto do ponto de vista fenomenoloacutegico este eacute um fato que deveria

ser testado pois estaacute intimamente ligado agraves possiacuteveis razotildees e motivos das com-

pras

O quadro acima demonstrou tambeacutem que os protestantes assim como

os candomblecistas satildeo mais conservadores agraves suas religiotildees de origens 100

dos sujeitos entrevistados disseram que foram batizados e professam suas religiotildees

de batismo enquanto que os catoacutelicos possam eventualmente migrar ou praticar

outros credos direcionando suas convicccedilotildees ou praacutetica religiosa para as denomina-

ccedilotildees protestantes em especial fato verificaacutevel pelo comportamento do gecircnero femi-

nino com uma participaccedilatildeo desse evento em 1810 dos casos constataacuteveis As

religiotildees protestantes tambeacutem absorvem uma parcela consideraacutevel dos sujeitos espiacute-

rita-kardecistas com uma possiacutevel migraccedilatildeo na ordem de 3330 com relevacircncia

para as mulheres que tiveram sua iniciaccedilatildeo religiosa apontada por esta religiatildeo Natildeo

foram verificadas migraccedilotildees das religiotildees afro-brasileiras para o protestantismo Fato

relevante embora com uma significaccedilatildeo menor em funccedilatildeo do nuacutemero de adeptos

participantes da pesquisa foi a presenccedila de uma mulher budista se declarar novoe-

rista como opccedilatildeo de credo religioso

Das pessoas que declararam natildeo serem batizadas 50 declararam-se

novoeristas com 100 de participaccedilatildeo feminina neste caso Na amostra registrou-

se um incremento na ordem de 3130 para a umbanda por aqueles que natildeo quise-

ram ou natildeo souberam responder sobre a sua religiatildeo de batismo com especial ecircn-

fase ao gecircnero feminino

Para os sujeitos batizados nas religiotildees novoeristas um evento se desta-

cou quando houve uma coincidecircncia estatiacutestica entre os gecircneros Quando questio-

nados acerca da religiatildeo professada 25 das mulheres se disseram catoacutelicas e

25 dos homens afirmaram professar o espiritismo kardecista sendo esta a maior

marca masculina para uma possiacutevel mudanccedila de credo ou convicccedilatildeo religiosa

Estes eventos comportamentais chamam a atenccedilatildeo Possiacuteveis razotildees de

ordem e foro iacutentimo natildeo podem ser desprezados No entanto devido agrave caracteriacutestica

136

e principal foco desta dissertaccedilatildeo que migra para outros setores vamos sugerir es-

tudos mais abrangentes para esta questatildeo

Sobre o prisma de marketing podemos considerar como um dos possiacute-

veis motivos para a mudanccedila no eixo da feacute neste trabalho detectada pelo que Ju-

racy Parente descreve como sendo um renascimento espiritual

Em seus estudos sobre megatendecircncias Naisbitt183 destaca o renascimen-to espiritual como uma das grandes tendecircncias da humanidade A chega-da do terceiro milecircnio desperta na humanidade o interesse sobre questotildees filosoacuteficas e existecircncias do ser humano do tipo ldquoQuem sourdquo ldquoOnde es-tourdquo ldquoDe onde vimrdquo ldquoPara onde vourdquo ldquoQual o sentido da vidardquo Na busca para obter essas respostas e no esforccedilo para descobrir as chaves para a felicidade o homem vem mergulhando em reflexotildees de ordem filo-soacutefica e espiritual Em todo o mundo e tambeacutem no Brasil muitas atividades varejistas estatildeo respondendo a essas necessidades do ser humano Nas livrarias aumenta a aacuterea dedicada a livros que tratam de assuntos religiosos filosoacuteficos eso-teacutericos miacutesticos e de auto-ajuda Alguns varejistas estatildeo se especializando na venda de produtos miacutesticos varejistas estatildeo desenvolvendo lojas de produtos religiosos (imagens quadros e livros religiosos) Muitas lojas de decoraccedilatildeo incorporam uma li-nha de produtos de caraacuteter filosoacutefico-espiritual tais como velas piracircmides incensoacuterios cristais prismas produtos do feng shui etc Academias cen-tros de estudos escolas e ateacute mesmo redes de franquias tecircm sido desen-volvidas em aacutereas tais como Yoga Tai-chi meditaccedilatildeo filosofia e treina-mento mental artes marciais No Brasil novas religiotildees como as evangeacutelicas vecircm registrando uma raacutepida expansatildeo Alguns dos praticantes dessas religiotildees adotam um estilo de vestir mais conservador especialmente diferenciado para as mulheres com saias mais longas blusas mais fechadas e cores mais soacutebrias Existe assim um atraente potencial de mercado para o desenvolvimento de vare-jistas de confecccedilotildees direcionados para atender agraves necessidades desses segmentos184

Outros fatores caracteriacutesticos da atualidade tambeacutem podem estar funcio-

nando como possiacuteveis agentes de mudanccedilas da praacutetica religiosa e na mudanccedila do

eixo da feacute O encasulamento do indiviacuteduo e da famiacutelia jaacute eacute detectado como uma ten-

183O autor se refere aacute obra Megatendecircncias de John Nasbitt editado pela editora Ciacuterculo do Livro em 1983 posteriormente essa obra foi ampliada no ano 2000 em parceria com Patriacutecia Aburdene Mega-tendecircncias eacute definida como grandes mudanccedilas sociais econocircmicas poliacuteticas e tecnoloacutegicas forma-das lentamente e uma vez instaladas elas nos influenciam por algum tempo podendo variar entre 7 e 10 anos e as vezes por um tempo maior 184Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p99 e 100

137

decircncia de mudanccedila no comportamento social e de consumo conforme explica Pa-

rente tendo como base o relatoacuterio Popcorn185

O encasulamento eacute uma das tendecircncias identificadas no relatoacuterio Popcorn Estaacute de certa forma relacionado ao renascimento espiritual Consiste no impulso para a busca da vida interior quando os valores exteriores ficam mais difiacuteceis e raros A maioria das pessoas estaacute transformando suas ca-sas em ninhos Estatildeo se tornando ldquoescravas do divatilderdquo fanaacuteticas por filmes de televisatildeo fazendo compras por cataacutelogos redecorando suas casas u-sando secretaacuterias eletrocircnicas para filtrar as chamadas Em reaccedilatildeo ao au-mento da criminalidade da AIDS e outros problemas sociais a autopreser-vaccedilatildeo tornou-se o tema dominante186

A promoccedilatildeo e propaganda religiosa empreendidas por algumas igrejas

de orientaccedilatildeo neopetencostal pelos canais de miacutedia eletrocircnica de massa em espe-

cial a televisatildeo satildeo de faacutecil constataccedilatildeo em nossos meios de comunicaccedilatildeo Hoje no

Brasil a qualquer hora do dia ou da noite eacute possiacutevel perceber os esforccedilos dirigidos

para divulgaccedilatildeo e movimentos de atraccedilatildeo a novos adeptos por algumas denomina-

ccedilotildees protestantes neopetencostais Nem sempre preparadas para o uso desse ins-

trumento de comunicaccedilatildeo e de pressatildeo sobre a opiniatildeo puacuteblica satildeo de faacuteceis cons-

tataccedilotildees os ataques aos valores eacuteticos e doutrinaacuterios preconizados pela Constituiccedilatildeo

Federal do Brasil assim como aos valores morais defendidos pelos vieses da religi-

osidade em geral inclusive as de outras orientaccedilotildees cristatildes Natildeo satildeo raras as vezes

que a apologeacutetica proferida por essas organizaccedilotildees despreza a cultura e as tradi-

ccedilotildees da religiosidade brasileira colocando-as em planos discursivos e praacuteticos infe-

riores ou propositalmente descaracterizadas por conotaccedilotildees pejorativas se exami-

nadas pela oacutetica legal e constitucional Como consequumlecircncias vemos pela televisatildeo

o aviltamento de valores culturais genuinamente nacionais ridicularizados e profa-

nados aleacutem das possiacuteveis conotaccedilotildees de cunho ideoloacutegico e sectaacuterio proposital-

mente desenvolvidos (em especial os valores pessoais e religiosos )187

185O autor refere-se a um relatoacuterio desenvolvido por Faith Popcorn intitulado O relatoacuterio Popcorn centenas de ideacuteias de novos produtos empreendimentos e de novos mercados Editado pela editora Campus Rio de Janeiro em 1994 186Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p106 187Referimos-nos ao episoacutedio com graves repercussotildees sociais levado ao ar pela Rede Record de Televisatildeo no dia 12 de outubro de 1995 Um representante intitulado bispo da Igreja Universal do Reino de Deus o Sr Seacutergio Von Helde chutou na frente das cacircmeras uma imagem de Nossa Se-nhora Aparecida a padroeira do Brasil como eacute esse iacutecone religioso reconhecido pela maioria da po-

138

Tabela 30

Gecircnero Respostas Masculino Feminino Total

O(s) objeto (s) eacute (satildeo) im-portante(s) no meu ritual ou culto 150 1900 2040 O principal cleacuterigo (a) in-dicou receitou ou man-dou comprar 080 480 560 A imagem desse (s) objeto (s) reforccedila (m) a minha feacute 540 3750 4290 Trazem proteccedilatildeo 350 1500 1850 Achei bonito 020 290 310 Vai servir para eu dar de presente para algueacutem 060 560 630

Qual o principal motivo pelo qual o Sr(a) comprou esse(s) produto (s)

Natildeo quis ou natildeo soube responder 310 310

Total 1210 8790 10000

A tabela 30 remete-nos agrave questatildeo principal deste trabalho Pela anaacutelise

dos dados obtidos na pesquisa de campo fica claro que o principal motivo apontado

pelos consumidores que os leva a comprar determinados bens ou produtos estatildeo

intimamente relacionados agrave religiosidade e agrave feacute que eles professam ou que preten-

dam professar O iacutendice para esta afirmaccedilatildeo eacute expressivo com 4290 das respos-

tas obtidas Este iacutendice eacute superior agraves demais possibilidades de respostas indepen-

dendo do gecircnero dos entrevistados e de outros quesitos

Para este questionamento os homens aparecem com 540 de partici-

paccedilatildeo relativa sobre o total da amostra e esta resposta representa 4463 das afir-

maccedilotildees em seu gecircnero As mulheres participam sobre o mesmo posicionamento

motivacional para compra com 3750 das respostas totais e com 4266 das res-

postas vaacutelidas

No entanto se observarmos as respostas manifestadas pelo prisma da

religiosidade com um olhar mais amplo e consideradas as quatro primeiras alterna-

tivas propostas o coeficiente motivacional de ambos os gecircneros sobe para 8740

destacando-se desta maneira o caraacuteter religioso para esse tipo de consumo

O gecircnero feminino eacute tambeacutem mais expliacutecito ao admitir a compra de de-

terminado bem ou objeto para finalidades ritualiacutesticas com 1900 das respostas

pulaccedilatildeo de nosso paiacutes Natildeo obstante nos dias de hoje as religiotildees afro-brasileiras satildeo sistematica-mente ridicularizadas em sua forma expressatildeo de valores morais e natildeo raramente desrespeitadas em seus princiacutepios dogmaacuteticos

139

para tal quesito contra 150 das respostas masculinas sendo estes percentuais

relativos a cada um dos gecircneros

As respostas femininas tambeacutem demonstraram um possiacutevel apelo feti-

chista simboacutelico ou maacutegico sobre os produtos comprados no sentido do valor intriacuten-

seco e utilitaacuterio que os bens adquiridos pudessem lhes trazer Na pesquisa de cam-

po aparece o quesito da proteccedilatildeo relacionado aos objetos Este argumento para as

mulheres contribuem com um iacutendice de 15 sobre as respostas totais contra 350

das respostas masculinas para o mesmo item

Nesta questatildeo os indiviacuteduos do sexo feminino tambeacutem evidenciaram

uma maior sensibilidade aos apelos de compra proferidos por possiacuteveis iacutecones refe-

renciais religiosos ou agentes formadores de opiniatildeo religiosa tais como padres

pastor ou pastoras matildees e pais de santo etc com 480 de participaccedilatildeo nas res-

postas contra 080 para as mesmas soluccedilotildees dos indiviacuteduos masculinos

Torna-se necessaacuterio destacar que aleacutem dos consumidores comprarem

determinados bens ou produtos movidos pelo intuito de expressarem sua religiosi-

dade ou sua feacute este eacute um evento recorrente no haacutebito de compra individual da a-

mostra populacional pesquisada como demonstra a tabela abaixo

Tabela 31

Gecircnero Frequumlecircncia Masculino Feminino Total

Pelo menos uma vez por mecircs 170 520 690 Uma vez a cada dois meses 170 1150 1310 Uma vez a cada a trecircs meses 190 900 1080 Uma vez por semestre 150 1230 1380 Uma vez por ano 250 1880 2130 Menos de uma vez por ano 210 2290 2500

Com que frequumlecircncia o Sr(a) compra produtos religiosos

Natildeo quis ou natildeo soube responder 080 830 920

Total 1210 8790 10000

Do total da amostra 590 efetuam compras pelo menos uma vez por

ano de objetos destinados agrave praacutetica religiosa com uma frequumlecircncia maior para o gecirc-

nero feminino cuja incidecircncia aponta para um evento de compra a cada semestre

pelo menos (1880 das respostas femininas consideradas apenas neste gecircnero)

140

Detectamos o grau de satisfaccedilatildeo particular dos indiviacuteduos pesquisados conforme a

proacutexima tabela

Tabela 32

Gecircnero Masculino Feminino Total

Plenamente satisfeito (a) 100 750 850 Satisfeito (a) 600 3600 4210 Razoavelmente satisfeito (a) 400 3420 3810 Sofrivelmente satisfeito (a) 020 100 130

Grau de satisfaccedilatildeo na loja

Natildeo quis ou natildeo soube responder 080 920 1000

Total 1210 8790 10000

Para os gecircneros masculinos e femininos o grau de satisfaccedilatildeo com a loja

escolhida para a aquisiccedilatildeo de bens aplicaacuteveis agrave sua religiosidade eacute bastante ex-

pressiva totalizando 8870 de respostas positivas do total das alternativas cabiacuteveis

para esse quesito

Conhecer o consumidor natildeo eacute tarefa faacutecil e pudemos constatar isso ao

longo de nossa pesquisa e ao elaborarmos este trabalho O consumidor eacute complexo

logo sua anaacutelise eacute complexa mas talvez por isso mesmo seja tatildeo fascinante

Muitas satildeo as possibilidades e abordagens que a ciecircncia oferece quando

o objeto de estudo eacute o consumidor Teorias complexas e complementares nos aju-

dam a entender as razotildees e as motivaccedilotildees humanas para o consumo Essas teorias

que vatildeo desde as conceituaccedilotildees behavioristas cognitivistas psicanaliacuteticas e huma-

nistas quando aplicadas sobre o prisma motivacional satildeo somadas ou complemen-

tadas pelas razotildees de vieses conceituais econocircmicos sociais e antropoloacutegicos

Para situarmos este trabalho sob o enfoque metodoloacutegico necessaacuterio a

abordagem que iremos adotamos para justificar o motivo para as pessoas irem agraves

compras de produtos religiosos eacute a cognitivista A razatildeo de nosso posicionamento

transcende apenas a oacutetica mercadoloacutegica mas esta abordagem salvo melhor juiacutezo

tambeacutem explica e contempla os eventos relacionados agrave religiosidade e agrave feacute No en-

tanto cabe-nos observar que as demais abordagens acima citadas satildeo vaacutelidas pas-

siacuteveis de adoccedilatildeo praacutetica e de criacuteticas aleacutem de serem reconhecidamente cientiacuteficas

Segundo Eliane Karsaglian A abordagem cognitiva da motivaccedilatildeo propotildee-se a levar em consideraccedilatildeo o que se ldquopassa na cabeccedilardquo do organismo que se comporta Segundo a teo-ria cognitiva natildeo haacute um estabelecimento automaacutetico de conexotildees estiacutemu-lo-resposta o indiviacuteduo antevecirc consequumlecircncias de seu comportamento por-que adquiriu e elaborou informaccedilotildees em suas experiecircncias

141

Assim escolhemos por meio da percepccedilatildeo pensamentos e raciociacutenio os valores as crenccedilas as opiniotildees e as expectativas que regularatildeo a conduta para uma meta almejada As teorias cognitivas reconhecem que o comportamento e seu resultado dependeratildeo tanto das escolhas conscientes do indiviacuteduo como dos acon-tecimentos do meio sobre os quais ele natildeo tem controle e que atuam sobre ele Essas teorias acreditam que as opccedilotildees feitas pelas pessoas entre alterna-tivas de accedilatildeo dependem do grau relativo que tecircm as forccedilas que atuam so-bre o indiviacuteduo O que o cognitivismo nega eacute que o efeito dos estiacutemulos sobre o comporta-mento seja automaacutetico (como quer o behaviorismo) Uma vez estabelecida a importacircncia das cogniccedilotildees na orientaccedilatildeo do comportamento estudou-se tambeacutem o conflito entre elas188

Beatriz Santos Sacircmara e Marco Aureacutelio Morch complementam a concei-

tuaccedilatildeo sobre a abordagem cognitiva quando enfocam a motivaccedilatildeo de compra como

o vetor de resoluccedilatildeo de problemas oriundos da tensatildeo da preacute-aquisiccedilatildeo gerada por

uma necessidade aprendida percebida ou originada da capacidade criativa dos indi-

viacuteduos

Por meio do processamento das informaccedilotildees (soluccedilatildeo de problemas) o consumidor avalia combina desconta e integra diferentes partes da infor-maccedilatildeo para alcanccedilar certas opiniotildees que possibilita a anaacutelise racional dos dados e informaccedilotildees disponiacuteveis levando agrave soluccedilatildeo de um problema Co-mo o processamento estaacute diretamente relacionado tanto com a habilidade cognitiva do consumidor quanto a complexidade da informaccedilatildeo a ser pro-cessada (que deriva da percepccedilatildeo e dos estiacutemulos gerados pelos atributos dos produtos e dos concorrentes) consumidores com maior habilidade cognitiva poderatildeo assimilar e processar mais informaccedilotildees sobre os vaacuterios atributos de um produto e sobre as diversas alternativas existentes melho-rando a qualidade da avaliaccedilatildeo na decisatildeo de compra Aleacutem disso quanto maior a familiaridade com a categoria do produto maior a habilidade cog-nitiva 189

A psicologia cognitivista tambeacutem eacute um instrumento explicativo e de pes-

quisa dos fenocircmenos que estatildeo ligados agrave religiatildeo Este eacute o enfoque que demos a

este trabalho como orientaccedilatildeo teoacuterica de fundo Justificamos a adoccedilatildeo desta linha

188Eliane KARSAKLIAN Comportamento do consumidor p28 189Beatriz Santos SAMARA e Marco Aureacutelio MORSH Comportamento do consumidor conceitos e casos p111

142

de pensamento psicoloacutegico porque entendemos que ela busca em sua essecircncia

explicar os motivos da profissatildeo e praacutetica da feacute e da religiosidade sejam elas apren-

didas ou percebidas Segundo alguns autores e especialistas esta abordagem eacute a

mais indicada porque entre outros motivos seria tambeacutem a mais abrangente Outras

forccedilas que natildeo apenas as de caraacuteter essencialmente iacutentimos e pessoais podem es-

tar inseridos dentro de uma anaacutelise no contexto psico-cognitivista Entre essas for-

ccedilas destacamos as de cunho social e as econocircmicas que se fazem presentes nesta

obra

Edecircnio Valle pontua

Na psicologia da religiatildeo estatildeo presentes todas as tendecircncias existentes na ciecircncia psicoloacutegica Vai-se de uma elementar objetivaccedilatildeo do fenocircmeno religioso agrave ldquoespiritualizaccedilatildeordquo mais radical desse fenocircmeno promiscuindo sem qualquer distinccedilatildeo o real e o irreal Haacute de tudo do behaviorismo aacute transpessoalidade do bioneuroloacutegico agraves mais difusas modalidades de ldquohumanismordquo religioso e ou ldquoateurdquo Algumas dessas orientaccedilotildees acentuam a dimensatildeo subjetiva outras a di-mensatildeo objetiva da experiecircncia e do comportamento religiosos Satildeo repro-duzidas sob o manto da linguagem psicoloacutegica todas as problematizaccedilotildees encontradas na filosofia contemporacircnea Podem ser identificadas entre ou-tras as seguintes confluecircncias teoacutericas o comportamentismo o pensa-mento existencial a fenomenologia o positivismo o cognitivismo o vita-lismo o romantismo o materialismo fisioloacutegico o diealismo o marxismo o estruturalismo a linguumliacutestica etc Como se disse em outro lugar datildeo-se tambeacutem entrecruzamentos da psico-logia com as demais ciecircncias humanas e do comportamento A psicologia cognitivista eacute vista como a via ideal para uma aproximaccedilatildeo rigorosa e abrangente Com as possibilidades abertas pela informaacutetica es-sa tendecircncia ressurgiu nos estudos sobre o conhecimento humano dei-xando para traacutes as sugestivas hipoacuteteses de J Piaget Um dos grandes no-mes da psicologia das ldquointeligecircncias muacuteltiplasrdquo H Gardner190 jaacute comeccedila a falar de uma ldquooitavardquo inteligecircncia a existencial que estaria unida agrave religio-sidade 191

190O autor se refere a uma palestra realizada em Satildeo Paulo em 1997 por H Gardner e que tratou o tema abordando a ldquointeligecircncia existencialrdquo (aspas de Edecircnio Valle) Melhores referecircncias sobre essa palestra e sobre H Gardner se encontraram na obra Inteligecircncias Muacuteltiplas Artes Meacutedicas Porto Alegre 1995 191Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia religiosa p46

143

Tabela 33 Gecircnero Loja Pergunta Masculino Feminino Total

Lista telefocircnica 080 170 250 Internet 080 080 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 250 580 830 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 170 580 750 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 1250 4750 6000 Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pas-tora etc 080 1670 1750 Por acaso 170 170

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja

Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 170 170

Afro-brasileira

Total 2000 8000 10000Lista telefocircnica 080 170 250 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 080 330 420 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 670 4000 4670 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 500 2330 2830

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja

Por acaso 080 1750 1830

Catoacutelica

Total 1420 8580 10000Internet 170 170 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 670 7580 8250

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja Por acaso 170 1420 1580

Nova Era

Total 830 9170 10000Pelo raacutedio ou televisatildeo 080 080 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 080 080 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 170 3170 3330 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 330 3670 4000 Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pas-tora etc 830 830 Por acaso 080 1170 1250

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja

Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 420 420

Protestante

Total 580 9420 10000 A pesquisa de campo demonstrou que as indicaccedilotildees externas na fachada

dos estabelecimentos foi o fator responsaacutevel pela localizaccedilatildeo espacial das lojas de

144

produtos religiosos quando essas lojas estatildeo inseridas dentro do contexto comercial

normal ou seja nas ruas da cidade Assim responderam as mulheres clientes das

lojas voltadas para as religiotildees afro-brasileiras com 4750 Nova Era com 7580

e Protestante com 3670 A exceccedilatildeo neste quesito foi o evento apontado pelos

clientes catoacutelicos em que o maior nuacutemero de respostas acusou a quarta alternativa

por parentes ou amigos de minha comunidade religiosa com uma participaccedilatildeo para

essa resposta de 4670 de onde 4000 foram respostas femininas e 670

masculinas Percebe-se nesta tabela a influecircncia sobre o consumidor a decisatildeo do

local de compra atraveacutes dos cleacuterigos protestantes e afro-brasileiros com participa-

ccedilotildees relativas sobre o total das respostas de 1670 para os consumidores das lo-

jas afro-brasileiras e 830 para as lojas de denominaccedilotildees protestantes

Pelo ponto de vista de marketing o local onde se estabelece um determi-

nado empreendimento pode ter uma significacircncia estrateacutegica notaacutevel sendo este um

dos fatores de um ecircxito comercial

Kotler e Armstrong observam que

Os varejistas sempre dizem que os trecircs fatores do sucesso do varejo satildeo localizaccedilatildeo localizaccedilatildeo e localizaccedilatildeo A localizaccedilatildeo de um varejista eacute fun-damental para a sua capacidade de atrair clientes Os custos com constru-ccedilatildeo e de arrendamento de instalaccedilotildees causam um impacto importante so-bre os lucros do varejista Assim as decisotildees de localizaccedilatildeo estatildeo entre as mais importantes que um varejista toma192

Embora sendo autores norte-americanos Philip Kotler e Gary Armstrong

anotam uma situaccedilatildeo peculiar nas cidades que verificamos parcialmente quando

elaboramos a pesquisa de campo

A maioria das lojas de hoje se agrupa para aumentar o poder de pressatildeo sobre os clientes e para lhes oferecer a conveniecircncia de comprar tudo em um soacute lugar Os bairros centrais eram a principal forma de conglomerado de varejo ateacute a deacutecada de 50 Toda cidade grande ou pequena tinha um bairro central com lojas de departamento lojas de especialidade bancos e cinema No entanto quando a populaccedilatildeo comeccedilou a se mudar para as aacute-reas suburbanas esses bairros centrais comerciais com seus problemas de traacutefego estacionamento e criminalidade passaram a perder negoacutecios

192Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de marketing p346

145

Os comerciantes ldquodo centro da cidaderdquo comeccedilaram abrir filiais em shopping centers das aacutereas suburbanas e o decliacutenio dos bairros centrais continuou Recentemente muitas cidades comeccedilaram a juntar forccedilas com os comer-ciantes para revitalizar as aacutereas comerciais dos centros das cidades cons-truindo galerias comerciais e oferecendo estacionamento subterracircneo193

Quando levantamos a localizaccedilatildeo geograacutefica das lojas que potencialmen-

te poderiam participar da amostragem da pesquisa de campo detectamos o maior

nuacutemero delas nas imediaccedilotildees da Igreja Matriz de Satildeo Paulo localizada na Praccedila da

Seacute no centro da cidade Mesmo tendo como objetivo atender ao puacuteblico catoacutelico a

materialidade referencial religiosa geograacutefica e histoacuterica pode estar sendo o motivo

da manutenccedilatildeo daquele espaccedilo na aacuterea central da cidade como um local vocacio-

nado para o varejo de produtos religiosos e reconhecido como uma aacuterea sacra na

cidade de Satildeo Paulo inclusive por outras religiotildees

No decorrer de nossa pesquisa observamos a movimentaccedilatildeo de agre-

gaccedilatildeo de fieacuteis de outras religiotildees cristatildes dentro da praccedila e na frente da igreja

Em um raio de 500 metros da catedral da Seacute encontramos aleacutem das lo-

jas que atendem agrave populaccedilatildeo catoacutelica outras com vieses comerciais protestantes

assim como aqueles empreendimentos comerciais voltados a atender as necessida-

des dos praticantes das religiotildees afro-brasileiras A exceccedilatildeo para este local foram as

lojas do tipo Nova Era Essas lojas satildeo de mais faacutecil detecccedilatildeo nos bairros e shop-

pings centers

Juracy Parente eacute a inda mais incisivo quando aborda a questatildeo da locali-

zaccedilatildeo geograacutefica das lojas

Localizaccedilatildeo consiste em uma das decisotildees mais criacuteticas para um varejista Diferente das outras variaacuteveis do composto de marketing varejista (tais como preccedilo mix de produtos promoccedilatildeo apresentaccedilatildeo atendimento e ser-viccedilos) que podem ser alteradas ao longo do tempo a localizaccedilatildeo da loja natildeo pode ser modificada194

Las Casas complementa

193Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de marketing p346 e 347 194Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p325

146

Localizaccedilatildeo eacute uma das decisotildees mais importantes da administraccedilatildeo vare-jista Neste caso de forma diferente da induacutestria o estabelecimento deve estar localizado proacuteximo aos consumidores e portanto a estrateacutegia de lo-calizaccedilatildeo deve considerar entre vaacuterios aspectos a concorrecircncia que tam-beacutem persegue os mesmos objetivos O ponto de venda na configuraccedilatildeo espacial do mercado escolhido poderaacute determinar o sucesso de muitos empreendimentos Conforme eacute sabido da literatura varejista trecircs fatores satildeo baacutesicos para uma loja localizaccedilatildeo localizaccedilatildeo e localizaccedilatildeo195

Anotamos neste momento a importacircncia da localizaccedilatildeo da igreja matriz

da cidade de Satildeo de Paulo assim como sugerimos novos estudos para o aprofun-

damento desta questatildeo que foge ao objeto deste trabalho mas que como vimos eacute

de importacircncia conceitual em se tratando de marketing Existe neste sentido grande

possibilidade de que a igreja esteja influenciando a permanecircncia de lojas varejistas

de produtos religiosos em suas imediaccedilotildees pelo importante significado que a igreja

exerce agrave populaccedilatildeo e em especial aos habitantes da cidade de Satildeo Paulo

Outro fator relevante e que merece destaque neste quesito foi a ausecircn-

cia da propaganda196 da promoccedilatildeo197 e da publicidade198 tanto pelo lado dos pro-

dutos oferecidos e a disposiccedilatildeo da clientela quanto das proacuteprias lojas enquanto

instituiccedilotildees comerciais com objetivos especiacuteficos Natildeo foi detectado qualquer esforccedilo

extra que motivasse o consumidor a conhecer o empreendimento comercial e os

produtos neles colocados agrave disposiccedilatildeo Salvo melhor juiacutezo pela configuraccedilatildeo mer-

cadoloacutegica atual o composto promocional deste segmento natildeo se enquadra dentro

da conceituaccedilatildeo recomendada tendo em vista os princiacutepios miacutenimos de marketing

O composto promocional eacute um dos elementos que o varejista utiliza natildeo soacute para atrair os consumidores para suas lojas mas tambeacutem para motivaacute-los agraves compras Como todas as outras decisotildees empresariais o esforccedilo pro-mocional precisa tambeacutem estar integrado agraves outras variaacuteveis do composto

195Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing de varejo p59 196 A propaganda eacute conceituada como uma forma de comunicaccedilatildeo indireta e impessoal transmitida por meio de miacutedia massificada As miacutedias usadas para veicular propagandas satildeo jornais revistas raacutedio televisatildeo outros impressos e Internet 197A promoccedilatildeo de vendas eacute uma ferramenta de comunicaccedilatildeo impessoal direta ou indireta envolven-do o uso de miacutedia ou natildeo Tem como caracteriacutestica oferecer um valor extra ao consumidor As formas mais usuais satildeo os precircmios programa de fidelizaccedilatildeo e de comprador frequumlente cupons displays demonstraccedilotildees de produtos e a mostras 198A publicidade eacute um tipo de comunicaccedilatildeo indireta e impessoal veiculada em alguma forma de miacutedia com informaccedilotildees (positivas ou negativas) sobre determinado produto ou varejo e natildeo eacute paga pelo empreendedor

147

varejista ou seja agraves decisotildees de ponto produto preccedilo pessoal e apresen-taccedilatildeo Como Lewison ressalta muitos consumidores natildeo teratildeo por conta proacutepria a iniciativa de compra a natildeo ser que o varejista comunique a existecircncia da loja sua localizaccedilatildeo os produtos agrave venda que preccedilos satildeo oferecidos ter-mos de venda serviccedilos e hora da abertura da loja Aleacutem disso o consumi-dor precisa ser persuadido a acreditar que certo varejista oferece uma me-lhor relaccedilatildeo custobenefiacutecio que os demais concorrentes O mix promocio-nal portanto eacute um processo de comunicaccedilatildeo entre o varejista e o consumi-dor com a finalidade natildeo soacute de ser informativo (fornecendo dados sobre a loja e os produtos oferecidos) mas tambeacutem persuasivo (influenciando as percepccedilotildees atitudes e comportamento do consumidor)199

Tabela 34

Gecircnero Loja Masculino Feminino Total

Ateacute 10 reais 1000 3250 4250 De 10 a 20 reais 330 2420 2750 De 20 a 40 reais 670 1830 2500 De 40 a 80 reais 330 330 De 80 a 160 reais 080 080

Desembolso na loja

Natildeo quis ou natildeo soube responder 080 080

Afro-brasileira

Total 2000 8000 10000 Ateacute 10 reais 500 1080 1580 De 10 a 20 reais 330 2830 3170 De 20 a 40 reais 580 3750 4330 De 40 a 80 reais 750 750 De 80 a 160 reais 080 080

Desembolso na loja

De 160 a 320 reais 080 080

Catoacutelica

Total 1420 8580 10000 Ateacute 10 reais 080 1330 1420 De 10 a 20 reais 330 2250 2580 De 20 a 40 reais 170 2670 2830 De 40 a 80 reais 080 2250 2330 De 80 a 160 reais 170 580 750

Desembolso na loja

De 160 a 320 reais 080 080

Nova Era

Total 830 9170 10000 Ateacute 10 reais 3420 3420 De 10 a 20 reais 170 2670 2830 De 20 a 40 reais 420 2330 2750 De 40 a 80 reais 920 920

Desembolso na loja

De 80 a 160 reais 080 080

Protestante

Total 580 9420 10000

O nuacutemero mais expressivo de consumidores que mais disponibilizaram

seus recursos financeiros com a compra de objetos religiosos foram os indiviacuteduos

199Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p242

148

compradores das lojas catoacutelicas representando 4330 do universo de clientes para

este tipo de loja com valores relativos de 3550 para as mulheres e 580 para a

populaccedilatildeo masculina com valores desembolsados na ordem de R$ 2000 a R$

4000 por compra Notamos que para este tipo de loja e orientaccedilatildeo religiosa os

consumidores tecircm propensatildeo a desembolsos maiores quando 08 dos indiviacuteduos

do sexo femininos afirmaram terem efetuado despesas na faixa de R$ 16000 a R$

32000

Nas lojas afro-brasileiras a faixa de maior desembolso foi de ateacute

R$1000 em ambos os gecircneros e representando 4250 das respostas obtidas A

participaccedilatildeo relativa a esse quesito foi de 1000 para o gecircnero masculino e

3250 para o gecircnero feminino A maior faixa de desembolso verificada na amostra

estaacute na faixa de R$ 8000 a R$ 16000 e por 08 da amostra populacional pesqui-

sada O gecircnero que respondeu a esse volume de recursos disponibilizados para a-

quisiccedilatildeo de bens religiosos verificou-se em 100 das mulheres

Nos empreendimentos de denominaccedilotildees protestantes a faixa de desem-

bolso foi de ateacute R$1000 para 3420 das respostas totais a esse tipo de loja e es-

se valor relativo foi obtido exclusivamente por indiviacuteduos do gecircnero feminino 08

dos sujeitos da amostra pesquisada declararam compras na faixa R$ 8000 a R$

16000 sendo esta a maior faixa de desembolso verificada durante a pesquisa para

este tipo de loja

Nas lojas Nova Era verificou-se a pulverizaccedilatildeo no volume de recursos

disponibilizados quando oferecidas as opccedilotildees de respostas pelos consumidores na

aquisiccedilatildeo de bens e objetos religiosos A faixa de desembolso com maior frequumlecircncia

se fez notar na amplitude financeira de R$ 2000 a R$ 4000 com uma participaccedilatildeo

de 2830 das respostas totais verificadas A participaccedilatildeo relativa do gecircnero femini-

no foi de 2770 e da masculina 170 para este questionamento Na pesquisa de

campo verificou-se pelas respostas obtidas que este tipo de loja eacute a que tem me-

lhor performance financeira e melhor adequaccedilatildeo do mix de produto e poliacutetica de pre-

ccedilos tendo em vista apenas as informaccedilotildees oriundas das faixas de faturamento bruto

de suas vendas

149

Tabela 35

Gecircnero Loja Masculino Feminino Total

Caros 580 580 1170 Relativamente caros 420 1500 1920 Razoavelmente equi-librados 330 3170 3500 Condizentes com a minha renda 670 2580 3250 Baratos 080 080

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas

Natildeo quis ou natildeo sou-be responder 080 080

Afro-brasileira

Total 2000 8000 10000Caros 250 2580 2830 Relativamente caros 330 2080 2420 Razoavelmente equi-librados 080 830 920 Condizentes com a minha renda 670 2670 3330

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas Natildeo quis ou natildeo sou-

be responder 080 420 500

Catoacutelica

Total 1420 8580 10000Caros 1080 1080 Relativamente caros 250 1080 1330 Razoavelmente equi-librados 250 250 Condizentes com a minha renda 580 6170 6750 Baratos 250 250

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas

Natildeo quis ou natildeo sou-be responder 330 330

Nova Era

Total 830 9170 10000Caros 080 250 330 Relativamente caros 170 2580 2750 Razoavelmente equi-librados 250 3500 3750 Condizentes com a minha renda 080 2250 2330 Baratos 250 250

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas

Natildeo quis ou natildeo sou-be responder 580 580

Protestante

Total 580 9420 10000

Considerando o preccedilo como parte conceitual do composto mercadoloacutegi-

co das lojas que comercializam produtos religiosos participantes da pesquisa os

clientes das lojas Nova Era e das lojas Catoacutelicas se manifestaram igualitaacuteriamente

afirmando que os preccedilos estavam condizentes com as suas rendas como resposta

mais significativa do ponto de vista estatiacutestico Para as lojas Nova Era as respostas

femininas foram de 6170 e os homens participaram com 58 do universo de res-

150

postas para o seu gecircnero O iacutendice total para esta afirmaccedilatildeo foi o de 6750 das

respostas possiacuteveis Tal caracteriacutestica eacute notaacutevel por sinalizar a mesma opiniatildeo em

maior nuacutemero para um mesmo quesito e entre homens e mulheres Nas lojas que

visam atender ao puacuteblico catoacutelico os iacutendices alcanccedilados foram respectivamente

2670 para o gecircnero feminino e 670 para o gecircnero masculino totalizando

3330 das respostas totais para a poliacutetica de preccedilos executada por lojas catoacutelicas

Nas lojas de produtos destinados agraves religiotildees afro-brasileiras percebe-se uma mu-

danccedila no comportamento do consumidor Enquanto que 3170 das mulheres afir-

maram que os preccedilos estatildeo equilibrados 670 das respostas masculinas escolhe-

ram afirmar que os preccedilos estatildeo condizentes com as suas rendas Vale ressaltar

que os iacutendices acima descritos satildeo as maiores marcas para o mesmo questiona-

mento No entanto o maior valor modular e indicativo (sem distinccedilatildeo do gecircnero) pa-

ra o quesito de opiniatildeo sobre a poliacutetica de preccedilos eacute de 3500 para a resposta que

sugere certo equiliacutebrio de valores no momento da compra expressada pelos consu-

midores Nas lojas de produtos para denominaccedilotildees protestantes as maiores marcas

foram alcanccediladas pela mesma opccedilatildeo de resposta quando declararam que os pre-

ccedilos praticados se achavam relativamente equilibrados A participaccedilatildeo relativa por

gecircneros foi de 250 para os homens e 3500 para as mulheres totalizando

3750 das respostas possiacuteveis A pesquisa demonstrou que as mulheres consumi-

doras de produtos catoacutelicos satildeo as que mais se manifestaram desfavoravelmente agrave

poliacutetica de preccedilos praticado pelas lojas achando caros os mesmos O iacutendice para

esta resposta foi 2830 Natildeo foi manifestada por nenhum dos entrevistados a pos-

sibilidade de preccedilos baratos

Gecircnero Tabela 36 Masculino Feminino Total

Melhores preccedilos 730 5540 6270 Melhores condiccedilotildees de paga-mento 060 650 710 Novos produtos 210 1400 1600 Melhor atendimento 270 270 Um convite especial 040 080 130

Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

Natildeo quis ou natildeo soube respon-der 170 850 1020

Total 1210 8790 10000

A tabela acima indica que uma parcela significativa das pessoas entrevis-

tadas (6270) estariam motivadas a voltar mais vezes agrave loja se os preccedilos fossem

151

melhores com participaccedilatildeo relativa nas respostas de 730 para o gecircnero masculi-

nas e 5540 para o gecircnero feminino

A variaacutevel preccedilo dentro do composto de marketing eacute a que mais rapi-

damente afeta a competitividade O volume de vendas as margens e a lucratividade

das empresas em geral e com maior significacircncia para as empresas varejistas pela

iacutentima relaccedilatildeo que esses estabelecimentos tecircm com o consumidor final satildeo as que

mais estatildeo sujeitas a atenccedilotildees quando da formaccedilatildeo de preccedilos

Esta variaacutevel tem como caracteriacutestica e sobre si toda a influecircncia dos di-

versos aspectos da Teoria Econocircmica Pelo vieacutes macroeconocircmico tanto os clientes

quanto as empresas estatildeo sujeitas aos fatores econocircmicos imponderaacuteveis e natildeo

controlaacuteveis das poliacuteticas econocircmicas puacuteblicas executadas por accedilotildees de governo

por exemplo A teoria microeconocircmica embasa cientificamente as accedilotildees do mercado

e explica as estruturas mercadoloacutegicas nele inserido Justifica pelo prisma da eco-

nomia as diversas dinacircmicas relacionais entre as duas forccedilas determinantes do

mercado onde temos por um lado a forccedila que compra e de outro a forccedila que ofere-

ccedila comercialmente algo que a primeira deseja obter A teoria do consumidor200 e

anaacutelise da procura a teoria da firma com a anaacutelise da oferta201 aleacutem das estruturas

de mercado202 satildeo os instrumentais teacutecnicos recomendados203

Kotler e Armstrong conceituam

Em sentido mais restrito preccedilo eacute a quantia que se cobra por um produto e serviccedilo Em sentido mais amplo eacute a soma de todos os valores que os con-sumidores trocam pelos benefiacutecios de obter e utilizar um produto ou servi-ccedilo Historicamente o preccedilo tem sido o principal fator a afetar a escolha do comprador Isso ainda eacute vaacutelido para as naccedilotildees e os grupos mais pobres e

200A teoria do consumidor tem como objetivo o estudo do comportamento do consumidor individual ou dos agentes econocircmicos que representam uma unidade de consumo portadores de um determi-nado orccedilamento e que distribuem as suas despesas de modo racional visando maximizar a sua satis-faccedilatildeo dentro de um determinado limite financeiro 201A teoria da firma ou tambeacutem conhecida como teoria da produccedilatildeo se caracteriza como o estudo das relaccedilotildees existentes entre a produccedilatildeo e os custos de produccedilatildeo aleacutem dos demais fatores produti-vos Os princiacutepios aplicativos da teoria da firma contribuem decisivamente como um dos componen-tes e formadores de preccedilos dos produtos finais disponibilizados ao consumo 202O estudo anaacutelise e determinaccedilatildeo da forma de accedilatildeo no mercado e com seu puacuteblico consumidor por uma empresa eacute que determina a ela qual eacute o tipo e vieacutes econocircmico em que ela estaacute inserida contex-tualmente se considerado o mercado como um todo Recebem as classificaccedilotildees de concorrecircncia perfeita concorrecircncia monopoliacutestica o oligopoacutelio ou ainda o monopoacutelio dependendo de suas caracte-riacutesticas operacionais 203 Toda a abordagem microeconocircmica pode ser conhecida pela obra de Gilson de Lima GAROacuteFALO e Luiz Carlos Pereira de CARVALHO Anaacutelise microeconocircmica volumes I e II 2ordf ediccedilatildeo editora Atlas Satildeo Paulo 1980

152

para as mercadorias geneacutericas (commodities) Contudo fatores natildeo liga-dos ao preccedilo204 tecircm se tornado mais importantes para o comportamento de escolha do comprador205

Sobre o fator preccedilo dentro da abordagem do composto de marketing

Las Casas complementa Kotler e Armstrong

Alguns autores afirmam que no varejo geralmente haacute a liberdade de admi-nistraacute-los com maior frequumlecircncia Mercadorias tecircm seus preccedilos aumentados e reduzidos conforme uma seacuterie de fatores seja para enfrentar concorrecircn-cias atender demandas ou outro qualquer De modo geral seguem as leis de mercado Da oferta e da procura Apesar disso no Brasil muitas vezes os preccedilos satildeo congelados por determinaccedilatildeo legal e os comerciantes im-pedidos de administraacute-los conforme a necessidade do mercado Para vender ao consumidor eacute importante que haja flexibilidade de preccedilos para acompanhar a variaccedilatildeo do mercado local de atuaccedilatildeo206

Muitas satildeo as possibilidades de cruzamento de dados acerca do consu-

midor de produtos relacionados agrave religiosidade e agrave sua feacute produzidas pela pesquisa

de campo que tambeacutem se adequou a uma pesquisa mercadoloacutegica

Poreacutem para um trabalho com as caracteriacutesticas e limitaccedilotildees metodoloacutegi-

cas recomendadas para uma dissertaccedilatildeo vamos encerrar esta etapa de anaacutelise de

dados

Todavia antes de passarmos para as conclusotildees se faz necessaacuterio um

alinhamento sobre os principais pontos que foram levantados no decorrer desta anaacute-

lise para que possamos clarear de uma forma mais harmocircnica a compreensatildeo dos

dados inclusive daqueles que comprovaram a hipoacutetese desta dissertaccedilatildeo e que mo-

tivaram este trabalho

204O autor se refere agraves mudanccedilas na decisatildeo de compra do consumidor verificadas quando o com-prador passa a levar em conta outros fatores que natildeo os econocircmicos na hora de efetuar suas com-pras Entre esses fatores estatildeo associados agrave origem do produto e como ele foi manufaturado (se oriundo de matildeo de obra escrava ou de origem iliacutecita) e fatores indicadores de qualidade (composto tecnoloacutegico eou ecoloacutegico) por exemplo 205 Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de Marketing p236 206 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing de Varejo p109

153

33 A Razatildeo Sobre o perfil das pessoas entrevistadas os nuacutemeros demonstraram que

no universo pesquisado pela amostra populacional a presenccedila da mulher eacute signifi-

cativamente maior que a dos homens e a presenccedila da dona de casa foi eloquumlente

No entanto a mulher trabalhadora eacute a mais importante no conjunto de seu gecircnero

para este mercado quantitativamente tendo em vista a possiacutevel independecircncia de-

las na decisatildeo de compra dos objetos representativos e de uso na praacutetica da religi-

osidade A faixa etaacuteria de maior expressividade corrobora e ratifica este aspecto

pois estatildeo na idade de maior pujanccedila e produtividade profissional dos 25 aos 45

anos Tal intervalo representou no total da amostra 4960 para o gecircnero feminino

No quesito econocircmico percebemos que as mulheres com maior partici-

paccedilatildeo na pesquisa declararam-se pertencentes agrave classe meacutedia com faixas de ren-

da variando de 3 a 8 salaacuterios miacutenimos enquanto que pela frequumlecircncia de respostas

masculinas verificou-se uma amplitude maior com variaccedilotildees de 3 a 10 salaacuterios miacute-

nimos

No grau de escolaridade entre os gecircneros o que mais se destacou no u-

niverso pesquisado foi o de formados ateacute o segundo grau Poreacutem as mulheres apa-

recem em maior nuacutemero com menor formaccedilatildeo quando 25 delas afirmaram ter ateacute

o primeiro grau

Como consumidores foi o gecircnero feminino que mais disponibilizou recur-

sos financeiros para compras nas lojas de artigos religiosos Na amostra apenas as

mulheres declararam despesas superiores a R$16000 gastos nas lojas

Do conjunto de pessoas pesquisadas a grande maioria dos indiviacuteduos eacute

da cidade de Satildeo Paulo sinalizando para o tipo de comeacutercio regional o formato das

lojas pesquisadas

Pelos nuacutemeros demonstrados e considerados os fatores que compotildeem o

composto de marketing verificamos pelas respostas da clientela situaccedilotildees peculia-

res para o segmento comercial de lojas de artigos religiosos O ponto de venda foi

reconhecido pelos consumidores e consumidoras apenas por displays ou pelas vi-

trines das lojas aleacutem de se acharem na rota do caminho para o trabalho ou residecircn-

cia A propaganda a promoccedilatildeo e a publicidade natildeo foram citadas sinalizando a ine-

xistecircncia de esforccedilos comerciais dirigidos Os produtos satildeo conhecidos pelos clien-

tes e os preccedilos satisfizeram as expectativas da maioria dos compradores e compra-

doras

154

34 A Sensibilidade Aos olhos dos homens e mulheres dedicados ao marketing o interesse

sobre as razotildees que levam determinados empreendimentos ao sucesso eacute algo

sempre a ser perscrutado com maiores cuidados e com todos os rigores da teacutecnica e

da ciecircncia

No caso deste trabalho onde a principal questatildeo estaacute centrada na verifi-

caccedilatildeo hipoteacutetica de que a feacute religiosa seja o agente motivador do mercado varejista

de produtos religiosos merece consideraccedilotildees suplementares

O resultado alcanccedilado pela pesquisa de campo indica claramente a con-

firmaccedilatildeo da hipoacutetese acima com 8740 das respostas totais apontando para a reli-

giosidade pessoal dos entrevistados Assim sendo estaacute considerado intrinsecamen-

te o fator feacute de cada um dos sujeitos pesquisados como impulsionador de pessoas

que procuram o comeacutercio religioso A questatildeo complementar sobre o que chamamos

de alavanca de marketing eacute o que precisa ser explicado aleacutem de justificar todo o

processo comercial sobre os produtos religiosos Esta justificativa eacute o que os estudi-

osos do mercado chamam de diferencial mercadoloacutegico quer tal caracteriacutestica seja

aplicada ao empreendimento quer o seja ao segmento comercial ou produto comer-

cializado caracterizando-o e distinguindo-o dos demais

No caso do varejo de produtos religiosos o ponto comum na alavanca-

gem comercial deste mercado reside nas caracteriacutesticas sacras que os produtos ad-

quirem quando aplicados agrave pratica religiosa ou aos aspectos hierofacircnicos envolvi-

dos no processo No comeacutercio varejista de produtos afetos agrave religiosidade este eacute o

ponto principal eacute a chave comercial eacute o vetor de captaccedilatildeo da atenccedilatildeo e da percep-

ccedilatildeo do consumidor sobre os bens a ele disponibilizados viabilizando as vendas Es-

ta anaacutelise vem tambeacutem coroar a aproximaccedilatildeo do marketing com a religiatildeo via mer-

cado varejista de produtos da feacute religiosa Responde assim agrave primeira questatildeo que

motivou a elaboraccedilatildeo deste trabalho quando deparamos com uma jovem que ao

sair de uma loja de produtos Nova Era contemplava em um estado de quase ecircxtase

e visivelmente maravilhada um pedaccedilo de cristal que acabara de comprar

Pelas palavras de Mircea Eliade finalizamos

Visto que era preciso que nos limitaacutessemos soacute falarmos de alguns aspec-tos da sacralidade da Natureza Tivemos que passar em silecircncio um nuacuteme-

155

ro consideraacutevel de hierofanias coacutesmicas Assim por exemplo natildeo pude-mos falar dos siacutembolos e dos cultos solares ou lunares nem da significa-ccedilatildeo religiosas das pedras nem do papel religioso dos animais etc Cada um destes grupos de hierofanias coacutesmicas revela uma estrutura particular da sacralidade da Natureza ou mais exactamente uma modalidade do sagrado expressa por intermeacutedio de um modo especiacutefico de existecircncia no Cosmos Basta por exemplo analisar os diversos valores religiosos atribu-iacutedos aacutes pedras para que se compreenda o que as pedras como hierofani-as satildeo susceptiacuteveis de mostrar aos homens relevando-lhes o poder a du-reza a permanecircncia A hierofania da pedra eacute uma ontofania por excelecircn-cia antes de tudo a pedra eacute fica sempre ela mesma natildeo muda ndash e choca o homem pelo que tem de irredutiacutevel e de absoluto e fazendo-o desven-dar-lhe por analogia a irredutibilidade e o absoluto do Ser Captado graccedilas a uma experiecircncia religiosa o modo especiacutefico da existecircncia da pedra re-vela ao homem o que eacute uma existecircncia absoluta para o aleacutem do Tempo invulneraacutevel ao devir 207

207 Mircea ELIADE O Sagrado e o profano A essecircncia das Religiotildees p163

156

Conclusatildeo Razatildeo + Sensibilidade

Religiatildeo satildeo os sentimentos atos e experiecircncias do indiviacuteduo humano que na sua solidatildeo enquanto se situa em uma relaccedilatildeo com seja o que for por ele considerado divino208

William James

Abrimos este trabalho convocando a aproximaccedilatildeo cientiacutefica entre dois

temas complexos extensos importantes atuais e apaixonantes que foram a religio-

sidade e o conceito da feacute e o marketing Foi necessaacuterio que assim procedecircssemos

porque seria fundamental entendermos a complexidade dos mesmos face agraves carac-

teriacutesticas que este trabalho poderia envolver

Muitas satildeo as opccedilotildees de estudo pesquisa e desenvolvimento teoacuterico e-

xistente que tecircm como objetivo e fundamentos o marketing aplicado agraves religiotildees de

maneira geral Poderiacuteamos nos prender aos aspectos estrateacutegicos e operacionais

das grandes correntes tradicionais do pensamento religioso como instituiccedilotildees soci-

ais organizadas ou ainda estudar as razotildees das influecircncias comportamentais sobre

o consumo das chamadas novas religiotildees Opccedilotildees natildeo faltaram nessa aproximaccedilatildeo

e vieacutes metodoloacutegico Haacute de fato um amplo campo de anaacutelise estudo e pesquisa em

se tratando dos interesses reciacuteprocos do marketing com a religiatildeo e vice-versa

Poreacutem a inspiraccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo foi encontrada na observaccedilatildeo co-

tidiana de uma das faces do comportamento que envolve a dinacircmica comercial e

pessoal daqueles e daquelas que professam algum tipo de feacute e os levam a dispen-

sar parte dos seus proventos financeiros agrave aquisiccedilatildeo de bens materiais para o exer-

ciacutecio ou a praacutetica de sua religiosidade Observamos na praacutetica no campo no cenaacuterio

das operaccedilotildees religiosas Estivemos presentes a grandes eventos de caraacuteter miacutesti-

208 William JAMES apud Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia Religiosa p258

157

co-religioso e notamos a presenccedila econocircmica e empresarial viabilizando esses a-

contecimentos A partir dessa constataccedilatildeo a curiosidade cientiacutefica e mercadoloacutegica

recaiu sobre o principal agente religioso que eacute o praticante ou as pessoas crentes e

melhor dizendo o consumidor de produtos relacionados agrave feacute Com o foco voltado

para este cenaacuterio e o encontro casual de uma jovem saindo de uma loja de produtos

religiosos com uma pedra de cristal de rocha nas matildeos a soma de tais eventos tra-

duziu-se como um apelo irresistiacutevel quando fizemos a primeira junccedilatildeo entre o marke-

ting e a feacute Concebida a ideacuteia de estudar o comportamento do consumidor religioso e

as implicaccedilotildees comerciais para a profissatildeo da feacute somou-se ainda atraente e entusi-

aacutestica a possibilidade em dispensar as nossas atenccedilotildees profissionais ao nosso povo

Ao terminarmos este trabalho entendemos a motivaccedilatildeo do consumidor

quando compra produtos relacionados agrave sua religiosidade e feacute satisfazendo e justifi-

cando a razatildeo existencial de um segmento mercadoloacutegico presente no universo

mercantil de uma cidade como Satildeo Paulo Este tipo de comeacutercio embora ausente

nas grandes miacutedias comeccedila aos poucos e timidamente a ocupar uma posiccedilatildeo de

destaque no contexto macro-comercial porque aleacutem de prover aqueles que necessi-

tam de objetos para os seus rituais afetos agrave religiosidade individual ou coletiva con-

tribuem com a geraccedilatildeo de empregos e participam da distribuiccedilatildeo da renda via arre-

cadaccedilatildeo de tributos e impostos

A pesquisa de campo elaborada e executada especialmente para esta

dissertaccedilatildeo apontou para a hipoacutetese levantada de que eacute a feacute eacute a alavanca de negoacute-

cios no varejo de produtos religiosos Ousamos chegar com maior profundidade a

esta questatildeo Ficou claro que o consumidor justifica suas compras pelo caraacuteter da

religiosidade ou feacute poreacutem os produtos procurados por eles tecircm uma caracteriacutestica

especial uma caracteriacutestica diferencial de valor intriacutenseco ou seja o aspecto hiero-

facircnico que estaacute presente e justificando verticalmente todo o processo de compra e

venda A pesquisa de campo natildeo esgotou contudo a compreensatildeo total dos haacutebi-

tos de compra e do perfil deste consumidor Teve tambeacutem o objetivo de lanccedilar as

bases para novos estudos como por exemplo o aprofundamento do entendimento

das questotildees motivacionais comportamentais comerciais e religiosas relativas aos

homens e mulheres que compotildeem o universo de clientes do varejo de produtos reli-

giosos

Este trabalho tambeacutem demonstrou a possibilidade do alinhamento cientiacute-

fico e do diaacutelogo franco entre dois aspectos complexos do interesse humano o

158

marketing e a religiatildeo Os conceitos de marketing com suas caracteriacutesticas analiacuteti-

cas e calculistas pois o enfoque aplicado eacute sempre o da loacutegica e da estrateacutegia tra-

tou de ouvir e perscrutar as razotildees inerentes agrave religiosidade e agrave feacute algo que trans-

cende a justificativa cientiacutefica em sua essecircncia e que tem conotaccedilotildees essencialmen-

te emocionais e subjetivas quando dispensa natildeo raras vezes a loacutegica Esse diaacutelo-

go e alinhamento de propoacutesitos trouxeram agrave tona aspectos humanos interessantes e

novos acerca de uma dinacircmica comercial especiacutefica Contribuiu para o esclareci-

mento de fenocircmenos comerciais afetos agrave religiosidade trazendo novas luzes a esse

processo desta feita pelo vieacutes dos negoacutecios e sob o enfoque da poacutes-modernidade

dentro da realidade que nos cerca

Potencialmente o mercado se justifica e eacute basicamente ilimitado dado o

caraacuteter humano que as manifestaccedilotildees da religiosidade guardam em si e em seus

valores miacutesticos e que necessitam muitas vezes de produtos bens e materiais apli-

caacuteveis agrave praacutetica experimental religiosa

No entanto recomendarmos investimentos nesse nicho mercadoloacutegico

carece neste momento de algumas recomendaccedilotildees especiais A necessidade de

um plano de negoacutecios em conjunto com as respostas financeiras da engenharia e-

conocircmica satildeo dois procedimentos primordiais aleacutem de necessaacuterios Satildeo de funda-

mental importacircncia para os bons negoacutecios a pesquisa e o uso conceitual das ferra-

mentas de marketing e a observaccedilatildeo e adoccedilatildeo dos princiacutepios da administraccedilatildeo cien-

tiacutefica como dinacircmica instrumental operativa a serem aplicadas agraves novas lojas ou

empreendimentos comerciais tendo como objetivo a atuaccedilatildeo no segmento do varejo

de produtos religiosos

A vantagem neste segmento comercial estaacute em se investir em uma em-

presa varejista na qual os consumidores conheccedilam os produtos de que necessitem e

saibam quando e como aplicaacute-los Esta eacute uma vantagem estrateacutegica a ser conside-

rada pois em uma primeira anaacutelise satildeo claros os sinais de menores necessidades

de investimentos financeiros no que diz respeito ao treinamento de pessoal aleacutem

de despesas com mensagens sobre o uso promoccedilatildeo e propaganda dos produtos a

serem comercializados Pela loacutegica comercial e estrateacutegica quanto menores satildeo os

custos e as despesas menores seratildeo os riscos portanto maiores e mais raacutepidas

seratildeo as oportunidades do necessaacuterio retorno do capital investido Configuramos

por esse raciociacutenio a conclusatildeo loacutegica de ser este nicho comercial um campo feacutertil

para bons e rentaacuteveis negoacutecios

159

Finalizando chamamos a atenccedilatildeo para a constataccedilatildeo de mais um ponto

em comum entre a religiosidade e o marketing Ambos tecircm em seus aspectos ins-

trumentais poderosos recursos que sensibilizam controlam e provocam mudanccedilas

nas pessoas e na sociedade principalmente naquelas que estatildeo sob influecircncia dire-

ta ou indireta de suas accedilotildees Cabe-nos ressaltar a necessidade da praacutetica eacutetica tan-

to da religiatildeo quanto ao marketing e do marketing aplicado sobre a religiosidade A

razatildeo desta colocaccedilatildeo eacute fundante tanto a religiatildeo quanto o marketing tecircm por obje-

tivo e finalidade a viabilizaccedilatildeo de pelo menos uma necessidade humana Sendo

este talvez o ponto mais importante O respeito ao ser humano aos sentimentos

sobre o quecirc e na forma com que ele entende os valores coacutesmicos e as razotildees de

sua existecircncia deveratildeo ser sempre considerados e jamais esquecidos Disse-nos

um dos proprietaacuterios de uma das lojas visitadas sobre as pessoas frequumlentadoras de

seu estabelecimento

() porque muitas pessoas satildeo atraiacutedas pela muacutesica pelo tipo de ambien-te tem pessoas quenossa agraves vezes chegam aiacute ficam num cantinho choram eu finjo que natildeo estou vendo mas choram desabafam depois saem Deixo todo mundo a vontade natildeo vou em cima da pessoa falar pre-ccedilo deixo as pessoas a vontade quem entra aqui eacute amigo da gente209

Assim sendo e conforme ficou demonstrado a feacute eacute um bom negoacutecio

209Entrevista com o SrServilho em 8 de setembro de 2006 na cidade de Caraguatatuba e na praccedila da igreja matriz A entrevista completa encontra-se nos anexos

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32 ndash Satildeo Paulo SP CEP 01123-001 Fone 0xx 11 3313-8080 Ano 5 ndash no 27

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O Povo Brasileiro Da Obra-prima de Darcy Ribeiro Idealizaccedilatildeo e direccedilatildeo de Isa

Grinspum Ferraz Fundaccedilatildeo Darcy Ribeiro Superfilmes DVD Duplo

Wittgenstein e a virada linguumliacutestica da Filosofia Joatildeo Vergiacutelio Cuter Editora Multimiacute-

dia Ltda 2005 1 DVD

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Eu vou botar teu nome na macumba Jesseacute Gomes da Silva Filho (Zeca Pagodinho)

N 5277382 CD ldquoSamba pras moccedilasrdquo Gravadora Universal 1995

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Expo Cristatilde A maior feira de produtos e serviccedilos para cristatildeos da Ameacuterica Latina

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Anexos

Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas

Anexo 02 ndash Modelo de questionaacuterio

Anexo 03 ndash Entrevista

174

Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas

Lojas de artigos para as religiotildees afro-brasileiras

bull Loja Luar

Rua Bom Pastor 2190 ndash Ipiranga

CEP 04203-002 - Satildeo Paulo - SP

Fone Fax (0xx11) 6163-6464 e 6591-3234

bull Loja Cacique Pena Branca

Alameda dos Nhambiquaras 1501 - Moema ndash

CEP 04090-013 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0XX11) 5533-1087

bull Casa de Velas Santa Rita

Praccedila da Liberdade 248 - Liberdade

CEP 01503-010ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3208-7022

bull Vida Cigana ndash Casa de umbanda e candombleacute

Praccedila Carlos Gomes 112 ndash Liberdade

CEP 015010-040 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3105-1932

175

Lojas de artigos para a religiatildeo catoacutelica

bull Gladys Artigos Religiosos - Ladeira Porto Geral 106 - 6deg andar - sala 607 CEP 01022-000 - Sao Paulo ndash SP Fone (0xx11) 3312-0325 - Fax (0xx11) 3313-1442

bull Livraria Catoacutelica Nossa Senhora da Lapa

Rua Nossa Senhora da Lapa 364 - Lapa

CEP 05072-000 ndash Satildeo Paulo - SP

Fone (0xx11) 3834-6447 e (0xx11) 3645-4546

bull Inluma - Artigos Religiosos Catoacutelicos

Rua Jaguaratildeo 239 - Jabaquara

CEP 04318-040 - Satildeo Paulo ndash SP

FoneFax (0xx11) 5588-4655 5588-3159 5021-5733

bull Livraria Catedral

Rua Senador Feijoacute 46 ndash Centro

CEP 01006-000 ndash Satildeo Paulo ndash SP

FoneFax (0xx11) 3106-1136

176

Lojas de artigos para as religiotildees protestantes das diversas denominaccedilotildees

bull Word Music ndash

Terminal Barra Funda do Metrocirc loja 14

CEP 01154-060 - Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3392-6660

bull Gospel Line Comeacutercio Ltda Rua Conselheiro Furtado 50 - Liberdade

CEP 01511-000 - Satildeo ndash Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3105-6897 - Fax (0xx11) 3106-2013

bull Bom Pastor Produccedilotildees Artiacutesticas e Phonograacuteficas Ltda Av Liberdade 902 ndash Liberdade

CEP 01502-001 - Satildeo Paulo ndash SP

Fone (11) 3208-5351

bull Vencedores por Cristo SC Rua Prof Dr Joseacute Marques Cruz 365 - Jardim das Acaacutecias

CEP 04707-020 - Satildeo Paulo ndash SP

Fone (11) 5183-4676 - Fax (11) 5183-5349

Lojas de artigos para as religiotildees novoeristas

177

bull Viraj - Gifts to Yoyurself

Av Paulista 807 loja 46 (galeria)

CEP 01311-915 - Satildeo Paulo SP

Fone (0xx11) 3148-0846 - 3148-084 - Fax (0xx11) 3253-6983

bull Centro Holiacutestico Bruxas do Bem

Rua DrCeacutesar 522 - Santana

CEP 02013-002 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fones (0xx11) 6283-4213 - 32134433

bull Lojas Vila Zen

Loja 01 Galeria Gecircmini loja 36 - Av Paulista 807ndash Jardim Paulista

CEP 01311-915 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3251-5940

Loja 02 Shopping Metrocirc Santa Cruz ndash loja 22 - Av Domingos de Morais 2564 - Vila

Mariana

CEP 04036-100 ndash Satildeo Paulo - SP

Fone (0xx11) 3471-7933

178

Anexo 02 - Questionaacuterio dirigido aos consumidores finais ou clientes das lojas

1) Como o sr(a) teve conhecimento da existecircncia desta loja

a) Lista telefocircnica

b) Internet

c) Propaganda em revistas jornais murais ou meios impressos

d) Pelo raacutedio ou televisatildeo

e) Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa

f) Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa

g) Por indicaccedilotildees de placas ou a vitrine da loja

h) Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pastora sheik

rabino monge etc

i) Por acaso

j) Natildeo quis ou natildeo soube responder

2) Com que frequumlecircncia o sr (a) compra produtos religiosos

a) Pelo menos uma vez por mecircs

b) Uma vez a cada dois meses

c) Uma vez a cada trecircs meses

d) Uma vez por semestre

e) Uma vez por ano

f) Menos de uma vez por ano

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

179

3)Qual eacute o principal motivo pelo qual o sr(a) comprou esse (s) produto (s)

a) Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu

culto religioso

b) Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou

comprar

c) Porque a imagem desse (s) objeto(s) reforccedila (m) a minha feacute

d) Porque trazem proteccedilatildeo

e) Porque achei bonito

f) Vai servir para eu dar de presente a algueacutem

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

4) Qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s)

___________________________________________________________________

___________________________________________________________

5) Faixa de desembolso na loja

a) Ate 10 reais

b) De 10 a 20 reais

c) De 20 a 40 reais

d) De 40 a 80 reais

e) De 80 a 160 reais

f) De 160 a 320 reais

g) Mais de 320 reais

h) Natildeo quis ou natildeo soube responder

180

6) Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja

a) Plenamente satisfeito (a)

b) Satisfeito (a)

c) Razoavelmente satisfeito (a)

d) Sofrivelmente satisfeito (a)

e) Insatisfeito (a)

f) Natildeo quis ou natildeo soube responder

7) O sr(a) pretende voltar outras vezes a esta loja

a) Sim

b) Natildeo

c) Natildeo quis ou natildeo soube responder

8) Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo

a) Caros

b) Relativamente caros

c) Razoavelmente equilibrados

d) Condizentes com a minha renda

e) Baratos

f) Muito baratos

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

181

9) Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

a) Melhores preccedilos

b) Melhores condiccedilotildees de pagamento

c) Novos produtos

d) Melhor atendimento

e) Maior conforto

f) Um contato mais direto comigo

g) Um convite especial

h) Natildeo quis ou natildeo soube responder

10) Qual sua religiatildeo de batismo

a) Catoacutelica

b) Protestante

c) Espiacuterita kadercista

d) Umbandista

e) Candomblecista

f) Budista

g) Novoerista

h) Muccedilulmana

i) Natildeo eacute batizado

j) Natildeo quis ou natildeo soube responder

182

11) Qual a sua religiatildeo praticada atualmente

a) Catoacutelica

b) Protestante

c) Espiacuterita kardecista

d) Umbandista

e) Candomblecista

f) Budista

g) Novoerista

h) Muccedilulmana

i) Natildeo quis ou natildeo soube responder

12) O sr(a) reside ou trabalha neste bairro

a) Sim

b) Natildeo

c) Nas imediaccedilotildees deste bairro

d) Natildeo quis ou natildeo soube responder

13) O sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo

a) Sim

b) Natildeo

c) Natildeo quis ou natildeo soube responder

183

14) Sexo

a) Masculino

b) Feminino

15) Profissatildeo________________________________________________

16) Qual a sua idade

a) De 18 a 25 anos

b) De 25 a 35 anos

c) De 35 a 45 anos

d) De 45 a 55 anos

e) De 55 a 65 anos

f) Mais de 65 anos

17) Estado civil

a) Solteiro (a)

b) Casado (a) ou com companheira (o)

c) Separado (a) judicialmente ou divorciado (a)

d) Viuacutevo (a)

184

18) Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar

a) Ensino fundamental

b) Ensino meacutedio

c) Ensino Superior

e) Poacutes-graduado

19) Qual a sua faixa de renda familiar

a) Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo

b) De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos

c) De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos

d) De 05 a 08 salaacuterios miacutenimos

e) De 08 a 10 salaacuterios miacutenimos

f) Mais de 10 salaacuterios miacutenimos

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

185

Anexo 03 Entrevista com o Sr Servilho proprietaacuterio da Banca da Biacuteblia em CaraguatatubaSP

Entrevistador Renato

Entrevistado Sr Servilho

Local Caraguatatuba

Dia 08 Caraguatatuba praccedila central da cidade

Vou perguntar para o dono do empreendimento sr Servilho sobre as razotildees comerciais do investimento no segmento religioso

Qual foi o motivo que levou o sr investir nesse segmento mercadoloacutegico

bull O principal motivo foi especial eu recebi uma intuiccedilatildeo de Deus que eu

deveria vender biacuteblias eu jaacute vendia biacuteblias embora eu representava uma

organizaccedilatildeo adventista e natildeo poderia vender mas nas horas vagas as pessoas me

pediam biacuteblia e o numero de vendas comeccedilou a aumentar eu achava estranho os

preccedilos astronocircmicos de biacuteblias e as pessoas pagavam entatildeo eu falei que tinha que

montar alguma coisa para os meus filhos pra poder vender por um preccedilo correto e

foi aiacute que Deus me indicou e acabamos colocando

A sua feacute contribuiu de forma significativa pra tomar a decisatildeo desse investimento

bull Soacute a feacute

O que mais o sr poderia me dizer a respeito eacute uma satisfaccedilatildeo sua particular trabalhar com esse segmento

186

bull Sim hoje noacutes estamos com 15 anos de trabalho mas a satisfaccedilatildeo eacute

saber que mais de milhares de biacuteblias foram vendidas muitos lares deram

testemunho de que hoje tecircm um temor a Deus um amor a Deus mais chegado

entatildeo o objetivo primeiramente eacute evangeliacutestico e depois concilia com o ganha patildeo eacute

uma consequumlecircncia mas a causa eacute evangelista

Como que foram os primeiros movimentos da materializaccedilatildeo dessa loja do sr

bull O primeiro ano foi taxi zero na eacutepoca noacutes colocamos quase 300 tiacutetulos

de produtos evangeacutelicos mas denominacional quer dizer adventista do seacutetimo dia

e loacutegico ficou parado eu vendia soacute biacuteblia aiacute que nos fomos mudando tirando um

pouco do servindo a todo mundo e fomos com o tempo com a praacutetica servindo

a todas as denominaccedilotildees

Como que se deu a escolha desse ponto comercial

bull Isso foi Divino com certeza foi Divino porque Deus me falou ndashldquoEacute aquirdquo-

e eu achei estranho e era laacute em baixo laacute na ponta era a ex rodoviaacuteria de

Caraguatatuba e era na esquina laacute em baixo e eu pensava -ldquomas aquirdquo- mas me

apontava para a praccedila e tinha essa banca fechada natildeo tinha nada na hora natildeo

acreditei esperei mais uma semana depois voltei para o lugar e orei ndashldquomas eacute aquirdquo-

aiacute desci conversei com o vizinho e perguntei o que era ali que estava sempre

fechado e ele falou que era uma banca de jornal haacute mais de 30 anos que tinha

aberto do outro lado da avenida Perguntei de quem era e ele falou que era de uma

pessoa que era dona de quase todas as bancas da regiatildeo aiacute fui conversar com ele

e ficou com medo de eu ser um concorrente e expliquei pra ele que era um

evangelista que eu queria colocar biacuteblias e colocaria meu filho pra trabalhar que era

um adolescente na eacutepoca e ele me cedeu me vendeu e fizemos o negocio e digo

que foi Divino porque passei dois anos e montaram um shopping aonde esta o

187

Mcdonald e o dono ficou louco disse ndashldquoeu quero esse rapaz fora daqui natildeo quero

biacuteblia aqui na minha frenterdquo- e eu natildeo sabia disso chegavam as pessoas da

prefeitura e falavam ndashldquonoacutes precisamos mudar vocecircrdquo- e natildeo falava por que Ateacute que

chegou um dia que o gerente da prefeitura disse que a cabeccedila dele estava a premio

falou para eu arranjar um mutiratildeo algumas pessoas conhecidas e fizemos um

mutiratildeo e saiacute ele natildeo tinha me falado o motivo ainda Trouxemos e colocamos aqui

e aiacute ficou e mais tarde ele me falou que o dono do shopping disse ndashldquoou vocecirc ou elerdquo-

ele natildeo queria vocecirc de jeito nenhum soacute que eu digo que eacute Divino porque aqui se

tornou o calccediladatildeo o melhor ponto aqui de Caraguatatuba eacute a matildeo de Deus

dirigindo e laacute faliu um shopping todo de maacutermore faliu O ex-prefeito eacute que

conseguiu fazer um acordo porque disse que o dono bebia muito fez um acordo e

reabriu e laacute natildeo tem nada natildeo eacute um shopping soacute um Mcdonald reabriu depois de

muitos anos

Como que o sr estabelece criteacuterios para compra dos produtos a serem oferecidos

bull Oferecido eu tenho um pouco de medo porque eu natildeo gosto de

comprar uma coisa que eu natildeo tenha certeza da onde proveacutem entatildeo eu mesmo vou

buscar embora tem muitos produtos que me trazem produtos durante o ano as

pessoas foram acostumando e eu fui entendendo que a procedecircncia era boa mas

normalmente vou buscar em SP no Rio de Janeiro aonde tem novidades que as

pessoas estatildeo pedindo a gente vai e traacutes

E existe financiamento para o capital de giro do sr

bull Natildeo Antigamente eu trabalhava com cheque e meu giro de capital era

o cheque preacute-datado hoje natildeo mexo com cheque com nada compro agrave vista e

vendo agrave vista

188

E como que o sr estabelece um criteacuterio de preccedilo para esses produtos

bull Eu coloco um percentual no produto conforme o giro ter um produto de

giro raacutepido o percentual cai totalmente eu coloco pra girar o objetivo eacute girar se natildeo

eacute um produto vendaacutevel se eacute mais lento eu aumento um pouco o percentual que eacute

pra natildeo ter um desprestigio com o tempo mas normalmente eu procuro colocar um

preccedilo de giro que eacute melhor girar raacutepido e eu ter condiccedilotildees de comprar outras coisas

O sr me falou que natildeo faz financiamento de produtos entatildeo a loja faz alguma promoccedilatildeo especial visando aumentar o volume meacutedio de vendas

bull Natildeo nunca fiz isso

O sr faz propaganda da loja

bull Eu jaacute fiz alguma coisa mas natildeo vejo resultado natildeo

O sr sabe qual eacute o numero de pessoas que passam pelo interior da sua loja

bull Bastante porque muitas pessoas satildeo atraiacutedas pela musica pelo tipo

de ambiente tem pessoas quenossa agraves vezes chegam aiacute ficam num cantinho

choram eu finjo que natildeo estou vendo mas choram desabafam depois saem Deixo

todo mundo a vontade natildeo vou em cima da pessoa falar preccedilo deixo as pessoas a

vontade quem entra aqui eacute amigo da gente

Vocecirc sabe me dizer dessas pessoas que entram quantas que efetivamente compram algum tipo de produto do sr

189

bull A maioria porque a gente procura nesse tempo que a gente tem ter

coisas como ldquosouveniresrdquo coisas muito interessantes e bonitas num preccedilo muito

bom procuro trabalhar com exclusividade em muitas coisas pequenas entatildeo

sempre tem uma opccedilatildeo das pessoas darem um presente ou mesmo um marca

paacuteginas tem coisas de todos os preccedilos e todos os niacuteveis entatildeo eacute faacutecil uma pessoa

conseguir levar uma lembranccedila

Existe algum tipo de material publicitaacuterio que o sr jaacute tenha desenvolvido no seu empreendimento

bull Natildeo A uacutenica coisa que a gente faz na publicidade aqui seria uma

ordem puacuteblica nesse tempo muitas pessoas chegavam a noacutes e falavam que eu

precisava vender cartatildeo porque eacute uma utilidade publica e hoje a gente vende

cartotildees de telefone cartatildeo preacute-pagos selos do correio entatildeo sempre tem que ter

uma propaganda que o local tem esse produto isso eacute obrigado deixar sempre uma

propaganda e os proacuteprios revendedores se incumbem de fazer a merchandising

Quantos funcionaacuterios ou colaboradores diretos o sr tem aqui na loja

bull Tem a minha filha soacute meu filho vem passear no final de semana ele

Entatildeo eacute o sr

bull E minha filha

Existe algum tipo de treinamento que o sr tenha dado a ela nesse tempo

190

bull Ela trabalha comigo a 15 anos primeiro era eu minha esposa e ela

meu filho tambeacutem entatildeo criei meus filhos assim depois foram saindo e a uacutenica que

ficou foi ela e minha esposa hoje cuida do lar soacute

E o sr acha necessaacuterio cada vendedor por ex no seu caso o sr natildeo deixa de ser um vendedor de primeira linha o sr pode dizer que tambeacutem eacute um vendedor o sr que vendedor precisa ser praticante da sua religiatildeo uma vez que o sr daacute uma ecircnfase especial agrave religiatildeo que o sr pratica aqui O sr acha que ele tem que ser da sua religiatildeo pra trabalhar aqui ou natildeo

bull Quando se fala religiatildeo engloba tudo eacute religar o terraacutequeo com o

criador isso eacute uma coisa muito profunda mesmo de vez em quando a gente

mergulha nisso e coloca a realidade mas pra trabalhar com um produto desse a

pessoa precisa pelo menos ter uma feacute porque se eu sou uma pessoa que natildeo tenho

feacute vou ser um mercenaacuterio e aiacute vou entrar em choque com muitas coisas e outra

muitas pessoas de vez em quando chegam e desabafam fazem pergunta chega

num desespero no fim a gente natildeo eacute soacute vendedor mas muitas vezes a gente eacute

conselheiro mas se a gente natildeo tem um bom conselho fica esquisito

Entatildeo para esclarecer na opiniatildeo do sr eacute preciso que a feacute esteja para e passo com a necessidade das pessoas tomando cuidado para estar na linha de frente de um negocio desses a pessoa tem que acreditar mesmo

bull Sem duvida nenhuma ela tem que temer a Deus

A loja se relaciona conjuntamente com algum templo igreja com algum espaccedilo sagrado

bull Noacutes natildeo temos vinculo nenhum com [placas] noacutes sim eacute que

particularmente

191

Qual seria os 6 produtos importantes aqui O sr daacute um destaque muito grande em cima de cartotildees e Biacuteblias Daria para o sr apontar ndashldquoeu vendo bastante anelzinhos as pessoas vem procurar por causa dos meus cartotildeezinhosrdquo- Quais satildeo os produtos que o sr acha que satildeo realmente importantes pra esse segmento que o sr atua

bull Sem duvida nenhuma o CD a musica eacute o que mais vende eacute uma

coisa que no inicio foi difiacutecil eu prestava atenccedilatildeo nisso porque eu gosto de musica

claacutessica mas natildeo adianta eu colocar meu gosto porque vai ficar na prateleira entatildeo

eu comecei a desenvolver por conselhos de outras pessoas entatildeo a musica os

CDs a gente trabalha soacute com original natildeo coloca nada na pirataria para que a

pessoa tenha confianccedila do que esta levando e procuro estar atento no que eacute

sucesso nos lanccedilamentos entatildeo DVD CD Biacuteblia e principalmente hinaacuterios harpa

cristatilde soletos biacuteblicos que as pessoas compram para distribuir e uma serie de outras

coisas O marca paginas as crianccedilas levam toda hora aleacutem de uma pessoa que

estaacute passeandoaqui tem vaacuterios tipos de chaveiros e muitos produtos artesanais

nos damos muito valor ao artesanato porque desde pequeno eu sempre mexia com

artesanato aprendia a fazer o coleacutegio de primeiro ensinava isso aiacute uma pessoa que

estava na 5ordf serie na admissatildeo ela jaacute sabia fazer alguma coisa pra poder vender e

sustentar a famiacutelia hoje a gente natildeo vecirc isso aiacute entatildeo eu dou muito valor ao

artesanato o que eacute feito na matildeo entatildeo coisas que eu vejo bem bonitas artesanais

eu coloco na loja pra vender

O que o sr pensa da relaccedilatildeo dos seus clientes com seu negocio O sr acha que eles estatildeo sendo bem atendidos Eu sei que o sr esta fazendo o melhor que pode mas olhando um pouco mais de fora eu quero ler a sua visatildeo de fora como que o sr acha que seus clientes estatildeo atendidos

bull Aiacute jaacute entra numa questatildeo teoloacutegica hoje realmente eu natildeo atendo o

que deveria atender isso por ideologia estamos vivendo momentos profeacuteticos eu

creio nisso entatildeo eu deixo de vender livros denominacionais que muitos me

192

procuram porque se eu tivesse muitos livros denominacionais minha venda

aumentaria muito

O que satildeo livros denominacionais

bull Satildeo livros por ex um livro da Assembleacuteia de Deus um livro

Pentecostal de doutrinas diferentes eu procuro natildeo trabalhar com eles procuro

trabalhar com a Biacuteblia porque a Biacuteblia eacute universal agora os livros satildeo produzidos

eu posso ler a Biacuteblia e traduzir de uma maneira montar uma placa de igreja e formar

uma igreja eu estaria sendo conivente fazendo isso entatildeo me sinto um pouco

restringidomas tem muitas coisas que eu poderia colocar aiacute e natildeo coloco deixo de

vender isso eacute uma questatildeo eacutetica teoloacutegica

E quais satildeo as expectativas que vocecirc tem para os proacuteximos anos do ponto de vista empresarial

bull Eu tenho uma mentalidadeo que esta escrito laacute em cima

ldquoVem Senhor Jesusrdquo

bull ldquoVem Senhor Jesusrdquo eacute a ultima parte que estaacute escrito na Biacuteblia no

Apocalipse eram os uacuteltimos versiacuteculos quer dizer noacutes estamos vivendo momentos

que precede a vinda de Jesus e eu natildeo tenho duvida nenhuma e estou me

preparando para ldquosubirrdquo com ele entatildeo veja bem a minha perspectiva natildeo eacute para

esse mundo noacutes natildeo somos um comerciante comum como outro qualquer natildeo que

uma pessoa natildeo vaacute montar um negocio desse e natildeo vai dar certo natildeo eacute isso eacute o

meu ponto de vista eu jaacute natildeo me afirmo mais aqui eu natildeo monto meu futuro mais

aqui nesse sistema de ser humano de pecado tanto eacute que eu deixo laacute em cima laacute

atraacutes natildeo sei se vocecirc reparou um cartaz e vou mudando de vez em quando com o

193

tempo mas no momento aqui eacute a historia do planeta Nabucodonossor sonhou

explicou o sonho e entra Daniel e Deus fala

-ldquoVai laacute Daniel fala com ele porque fui Eu quem deu esse sonho pra

elerdquo-

e na historia mostra que Nabucodonossor AC600 anos foi tomado de

uma

maneira espetacular pelo [Medopersia] e depois veio o ventre que eacute a

Greacutecia tomou a [Medopersia] e depois Roma tomou e impressionante

Roma se dividiu em dez e formou a Europa e laacute esta escrito assim

ldquoComo os dedos dos peacutes satildeo barro e ferro e como barro e ferro natildeo se

unem como raccedila humana natildeo se uniraacuterdquo

O mundo vem tentando desmentir essa parte da Biacuteblia Hitler tentou

Mussolini tentou mesmo os grandes paises como os EUA vem tentando se tornar

um impeacuterio formar um soacute reino mas Biacuteblia fala que -ldquoNos dias desse rei

Estaraacute um reino que jamais passaraacuterdquo () eacute a pedra a pedra eacute Cristo

eacute Jesus com milhares e milhares de anjos entatildeo noacutes estamos vivendo hoje a

sujeira da ponta da unha da estatua inclusive a Europa acha que conseguiu fazer

esse reino natildeo com a intenccedilatildeo de desmentir a Biacuteblia mas eles sem querer estatildeo

envolvendo porque um decifre comordquoMASrdquo todas as traduccedilotildees satildeo iguais mesmo

a Biacuteblia catoacutelica ldquoMASrdquo mas o que Mas os homens vatildeo tentar tentar mas nos dias

desses reis que reis O presidente da Franccedila da Alemanha antes de dissolver

porque o objetivo dessa uniatildeo eacute chegar num momento que cai todos os reis e um soacute

manda em tudo mas nos dias desses reis antes de dissolver isso a Pedra vem o

Cristo vem entatildeo noacutes sabemos pelos acontecimentos que vemos no jornal todos os

dias estamos muito proacuteximos disso

Vocecirc tentar centralizar o futuro

bull O futuro mesmo eu natildeo planejo eu planejo o dia dia procuro natildeo fazer

muita diacutevida compro agrave vista vendo agrave vista

194

E como que o sr vecirc o cliente do sr Como que ele eacute e o que ele procura aqui com o sr

bull Eu vejo eles como amigos com uma necessidade a maioria deles eu

vejo com uma necessidade e a gente procura servir essa necessidade ou suprir

essa necessidade entatildeo natildeo vejo eles com um cifratildeo procuro atender eles bem e

no fim ele acaba levando saindo satisfeito e volta O que eu tenho prestado atenccedilatildeo

eacute nisso nesses longos tempos eacute que meus clientes voltam e isso eacute importante num

comercio e as pessoas natildeo percebem isso o importante eacute o cliente voltar outra vez

ele tem uma satisfaccedilatildeo mesmo que natildeo compra nada comprou uma coisa irrisoacuteria

mas ele volta e a partir que ele se torna um amigo ele tambeacutem passa para os

amigos os parentes aonde comprou fala que gostou da loja

Entatildeo o trabalho com o cliente eacute importante

bull Eacute importantiacutessimo

Eu quero agradecer em meu nome quero agradecer em nome do Nuacutecleo de Ciecircncias e Religiatildeo da Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo

Me comprometo a mandar as fotos da Expo para o sr

  • Tenha Feacute eacute um bom negoacutecio O marketing nas fronteiras da religiatildeo - a feacute como alavanca de negoacutecpdf
    • Tenha feacute eacute um bom negoacutecio
    • Ilustraccedilatildeo 1 - Direitos Reservados
    • O marketing nas fronteiras da religiatildeo a feacute como alavanca de negoacutecios no varejo de produtos religiosos
    • RENATO PINTO DE ALMEIDA JUacuteNIOR
    • TENHA FEacute Eacute UM BOM NEGOacuteCIO
    • O marketing nas fronteiras da religiatildeo a feacute como alavanca de negoacutecios no varejo de produtos religiosos
    • Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Banca Examinadora da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias da Religiatildeo sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Silas Guerriero
    • PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA
    • SAtildeO PAULO 2007
    • BANCA EXAMINADORA
    • __________________________________
    • __________________________________
    • __________________________________
    • Dedicatoacuteria
    • Dedico este trabalho agrave cidade de Satildeo Paulo Aos brasileiros e brasileiras paulistanos e paulistanas por adoccedilatildeo (como eu) ou que aqui nasceram e fazem desta cidade a locomotiva e um beliacutessimo motivo de orgulho para o nosso paiacutes
    • Ilustraccedilatildeo 2- Direitos Reservados
    • Se ao final deste trabalho ainda perguntarem-me O que eacute isto
    • A minha resposta viraacute pelas palavras do poeta Ari Barroso
    • Dedico tambeacutem este trabalho agrave minha famiacutelia e em especial para
    • Fado Tropical (Chico Buarque - Ruy Guerra)
    • Oh musa do meu fado Oh minha matildee gentil Te deixo consternado No primeiro abril Mas natildeo secirc tatildeo ingrata Natildeo esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal ``Sabe no fundo eu sou um sentimental Todos noacutes herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo Mesmo quando as minhas matildeos estatildeo ocupadas em torturar esganar trucidar Meu coraccedilatildeo fecha aos olhos e sinceramente chora Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas do Alentejo De quem numa bravata Arrebato um beijo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
    • ``Meu coraccedilatildeo tem um sereno jeito E as minhas matildeos o golpe duro e presto De tal maneira que depois de feito Desencontrado eu mesmo me contesto Se trago as matildeos distantes do meu peito Eacute que haacute distacircncia entre intenccedilatildeo e gesto E se o meu coraccedilatildeo nas matildeos estreito Me assombra a suacutebita impressatildeo de incesto Quando me encontro no calor da luta Ostento a aguda empunhadura agrave proa Mas o meu peito se desabotoa E se a sentenccedila se anuncia bruta Mais que depressa a matildeo cega executa Pois que senatildeo o coraccedilatildeo perdoa
    • Guitarras e sanfonas Jasmins coqueiros fontes Sardinhas mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre Traacutes-os-Montes E numa pororoca Desaacutegua no Tejo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um impeacuterio colonial
    • Com todo o meu carinho
    • Renato Pinto de Almeida Juacutenior
    • Edecircnio Valle em seu livro Psicologia e experiecircncia religiosa estabeleceu a diferenccedila e explicou a religiosidade intriacutenseca e extriacutenseca onde as caracteriacutesticas da religiosidade intriacutenseca satildeo o forte compromisso pessoal universalista eacutetico e de amor ao proacuteximo A religiosidade intriacutenseca tambeacutem seria altruiacutesta humanitaacuteria e natildeo-egocecircntrica na qual a feacute possui importacircncia central aceita sem reserva e o credo seguido inteiramente Aberta a experiecircncia religiosa intensa vecirc positivamente a morte e possui sentimentos de poder e de capacidade proacuteprios O mesmo autor entende como caracteriacutesticas da religiosidade extriacutenseca a religiatildeo de conveniecircncia surgida em momentos de crise e necessidade Etnocecircntrica exclusivista fechada grupalmente sua feacute e crenccedilas satildeo superficiais e sofrem uma seleccedilatildeo subjetiva Utilitaacuteria sem visar outras finalidades estaacute a serviccedilo de outras necessidades pessoais e sociais Deus eacute visto como duro e punitivo e a visatildeo da morte eacute negativa Ao contraacuterio da religiosidade intriacutenseca na qual o sujeito tem sentimentos de poder e de capacidade proacutepria aqui o sentimento eacute de impotecircncia e de controle externo
    • A feacute assim como a religiatildeo e a religiosidade tambeacutem eacute um termo de complexo entendimento que podemos abordaacute-lo de diversas maneiras No entanto destacamos que apesar da palavra eventualmente nos remeter a uma ideacuteia de algo natildeo comprovaacutevel do ponto de vista cientiacutefico a Ciecircncia da Religiatildeo nos permite uma aproximaccedilatildeo conscienciosa dentro dos rigores metodoloacutegicos quando abordamos a questatildeo fenomenologicamente ou atraveacutes da filosofia
    • A noeacutetica oferece oportunidade de examinarmos o assunto Segundo Adolphe Gescheacute
    • () eacute o ser humano de um conhecimento porque haacute tambeacutem um conteuacutedo noeacutetico da feacute o crente eacute visitado por uma Palavra (fides ex auditu) Aqui a linguagem eacute a linguagem da revelaccedilatildeo O crente natildeo vive uma experiecircncia nebulosa mas uma experiecircncia transpassada por uma luz que ilumina o seu conhecimento embora este continue sendo ao mesmo tempo um ldquodesconhecimentordquo diante daquilo que o ultrapassa
    • Wolmir Therezio Amado propotildee que nos prendamos a duas perspectivas baacutesicas para entendermos o que eacute feacute e sobre as quais formulou correspondentes epistemologias
    • () uma delas foi considerar a feacute e a religiatildeo no acircmbito estatutaacuterio da adesatildeo voluntarista e sujeitas agraves expectativas do coraccedilatildeo outra foi o de conhecer o acircmbito epistemoloacutegico da feacute nos limites da consciecircncia dialeacutetica Ambas estatildeo muito presentes na realidade atual ainda que questotildees novas acerca do discernimento da feacute tenham surgido na poacutes-modernidade e no contexto do terceiro mundo
    • O mesmo autor pontua
    • () Para a fenomenologia o esforccedilo teoacuterico consiste em compreender a feacute apenas como sentido de fenocircmeno deixado de lado aquilo que ilumina a graccedila ou que indica uma ordem superior A feacute nessa perspectiva eacute analisada na ordem das significaccedilotildees No esforccedilo empreendido pela filosofia o conhecimento da feacute soacute eacute possiacutevel ser interpretado agrave medida que se adentra em suas articulaccedilotildees porque ela estaacute em toda experiecircncia humana Se de um lado a feacute eacute um dom conferido de outro tal dom eacute dado como possibilidade que tem o imperativo de desabrochar para-ser Assim a feacute se daacute em trecircs niacuteveis baacutesicos como puro desvelamento do outro ausente como confianccedilaesperanccedila ou entrega de si ao outro e como manifestaccedilatildeo externa paradigma visiacutevel No esforccedilo de-ser capta (sem se apropriar) o ser analoacutegico Mas este captar implica uma feacute metafiacutesica uma vez que outro soacute eacute compreendido por semelhanccedila A verificaccedilatildeo absoluta nunca me seraacute possiacutevel por isso haacute a praacutexis do risco e da confianccedila por mim assumida
    • Alem da fenomenologia e da filosofia a feacute eacute apresentada teologicamente pela oacutetica biacuteblica
    • Alguns autores se preocuparam em observar e tentar descrever as situaccedilotildees ocorrentes de feacute por outras abordagens entre os seres humanos
    • Quanto ao fenocircmeno ldquofeacuterdquo se observado em seu significado mais amplo e pelo lado pessoal dos indiviacuteduos ele nos leva a correlacionaacute-lo a algo em que se acredita ou se confia No entanto se avanccedilarmos um pouco mais pela natureza praacutetica terminoloacutegica encontraremos pelo menos duas aplicaccedilotildees distintas na primeira possibilidade veremos uma conceituaccedilatildeo de cunho racionalista estando ligada ao vieacutes cientiacutefico nos cientistas e seus postulados em evidecircncias fiacutesicas ou laboratoriais
    • () a feacute religiosa cresce na sociedade atual por outra razatildeo A secularizaccedilatildeo que teve seu apogeu nas deacutecadas de 1960 e 1970 especialmente no meio intelectual e sob sua influecircncia provocou uma reaccedilatildeo contraacuteria Ao reduzir o papel e o poder das religiotildees sobre a sociedade e a cultura a secularizaccedilatildeo produziu uma privatizaccedilatildeo das formas religiosas As pessoas escolhem as formas religiosas que mais respondem agrave subjetividade provocando verdadeiro surto religioso Eacute a outra face da secularizaccedilatildeo que minando as instituiccedilotildees engendrou uma busca sedenta de expressotildees religiosas
    • Continuou o autor
    • () Trava-se entatildeo uma forte luta entre a feacute religiosa coacutesmica e a apropriaccedilatildeo capitalista da natureza No niacutevel estritamente religioso ela assume papel profeacutetico e criacutetico na sociedade Isso explica o crescimento em nosso meio do budismo da miacutestica islacircmica e de outras formas sacrais coacutesmicas como o Santo Daime e a Uniatildeo do Vegetal Haacute uma sede de feacute religiosa no meio do desgaste psico-humano provocado pela sociedade e cultura modernas A Nova Era traduz muito dessa feacute religiosa atual
    • Assim sendo os enunciados acima satildeo alguns dos que melhor explicam o fenocircmeno Concluiacutemos que pode-se ter feacute tanto numa pessoa quanto num objeto inanimado numa ideologia num pensamento filosoacutefico num sistema qualquer num conjunto de regras numa crenccedila numa base de propostas ou em dogmas de uma determinada religiatildeo
    • 1 2 Marketing uma ideacuteia e um conceito em evoluccedilatildeo
    • Apesar de encontrarmos suas raiacutezes ao longo da histoacuteria da humanidade na proacutepria gecircnese do comeacutercio o marketing eacute um campo de estudo novo se comparado com as demais aacutereas do saber O estudo do mercado surgiu da necessidade dos empresaacuterios em administrar uma nova realidade oriunda da Revoluccedilatildeo Industrial
    • A revoluccedilatildeo industrial em seus dois momentos histoacutericos iniciou grandes mudanccedilas econocircmicas e sociais No primeiro momento apareceram como fases relevantes a mecanizaccedilatildeo da induacutestria e da agricultura a aplicaccedilatildeo da forccedila motriz industrial e o desenvolvimento do sistema fabril aleacutem de uma formidaacutevel aceleraccedilatildeo nos meios de transportes e de comunicaccedilotildees Em uma segunda etapa podemos enunciar vaacuterias caracteriacutesticas importantes que marcaram eacutepoca a substituiccedilatildeo do ferro pelo accedilo o desenvolvimento da maquinaria automaacutetica e um alto grau de especializaccedilatildeo do trabalho nos ambientes fabris o crescente domiacutenio da induacutestria pela ciecircncia o desenvolvimento de novas formas de organizaccedilatildeo capitalista e a expansatildeo da industrializaccedilatildeo ateacute a Europa Central e Oriental por exemplo Desta maneira essas novas situaccedilotildees modificaram a relaccedilatildeo do capital com os meios de produccedilatildeo ateacute entatildeo e anteriormente existentes Como consequumlecircncia estabeleceram tambeacutem um reposicionamento das forccedilas produtivas com o mercado consumidor
    • Neste estaacutegio da histoacuteria econocircmica mundial o marketing ainda era inseparaacutevel da economia e da administraccedilatildeo claacutessica A gestatildeo econocircmica e empresarial nesse instante preocupou-se com a logiacutestica a produtividade e a maximizaccedilatildeo dos lucros Os consumidores natildeo tinham qualquer poder de barganha com os fabricantes e produtores Os aspectos humanos do mercado eram ignorados aleacutem da concorrecircncia ser praticamente inexistente
    • Essa eacutepoca comeccedilam a surgir os primeiros sinais de excesso de oferta Os fabricantes desenvolveram-se e produziram em seacuterie Portanto a oferta passou a superar a demanda e os produtos acumulavam-se em estoques Algumas empresas comeccedilaram a utilizar teacutecnicas de vendas bem mais agressivas e a ecircnfase na comercializaccedilatildeo das empresas dessa eacutepoca era totalmente dirigidas agraves vendas
    • Nos anos 40 os trabalhos e observaccedilotildees a respeito da aplicaccedilatildeo da psicologia na propaganda e o de William J Reilly sobre as Leis de Gravitaccedilatildeo do Varejo comeccedilaram a dar um enfoque cientiacutefico ao marketing Uma das questotildees cruciais nesse momento da histoacuteria era se as teorias de mercado podiam ou natildeo se desenvolver Algumas abordagens defendiam a tese que isso nunca seria possiacutevel Natildeo seriam passiacuteveis de desenvolvimento a uma teoria mercadoloacutegica genuiacutena pois a consideravam extremamente subjetiva quase uma forma de arte Tal realidade manteve-se inalterada ateacute os instantes finais da Segunda Guerra Mundial quando entatildeo reagindo ao crescimento da concorrecircncia mercadoacutelogos comeccedilaram a teorizar sobre como atrair e lidar com seus consumidores em funccedilatildeo da super-produccedilatildeo Surgiu entatildeo a cultura de vender a qualquer preccedilo
    • Deacutecada de 1950
    • A primeira tentativa de mudanccedila dessa visatildeo mercadoloacutegica veio em 1954 pelas matildeos de Peter Drucker ao lanccedilar seu livro A Praacutetica da Administraccedilatildeo Natildeo se tratava de ser propriamente um livro sobre marketing mas foi o primeiro registro escrito que cita o marketing como uma forccedila poderosa a ser considerada pelos administradores
    • Sequencialmente em 1960 elaborado por Theodore Levitt professor da Harvard Business School em artigo na revista Harvard Business Review entitulado Miopia de Marketing revelou uma seacuterie de erros de percepccedilotildees mostrou a importacircncia da satisfaccedilatildeo dos clientes e transformou para sempre o mundo dos negoacutecios O vender a qualquer custo deu lugar agrave satisfaccedilatildeo garantida
    • O universo do marketing comeccedilou a expandir-se e artigos cientiacuteficos foram escritos pesquisas feitas e dados estatisticamente relevantes traccedilados Foram separadas as estrateacutegias eficientes dos ldquoachismosrdquo e viu-se a necessidade de um estudo seacuterio do mercado Este conhecimento adquirido ficou espalhado difuso muitas vezes restrito ao mundo acadecircmico Em 1967 Philip Kotler lanccedilou a primeira ediccedilatildeo de seu livro Administraccedilatildeo de Marketing onde pocircs-se a reunir revisar testar e consolidar as bases daquilo que ateacute hoje formam o ldquocacircnone do marketingrdquo
    • Deacutecada de 1970
    • Nos anos 70 destacou-se o fato de surgirem departamentos e diretorias de marketing em todas as grandes empresas Natildeo se tratava mais de uma boa ideacuteia mas de uma necessidade de sobrevivecircncia Eacute nesta eacutepoca que se multiplicaram os supermercados shopping centers e franchises De fato a contribuiccedilatildeo do marketing foi tatildeo notoacuteria no meio empresarial que passou rapidamente a ser adotada em outros setores da atividade humana O governo organizaccedilotildees civis entidades religiosas e partidos poliacuteticos passaram a valer-se das estrateacutegias de marketing adaptando-as agraves suas realidades e necessidades
    • Em 1982 o livro Em Busca da Excelecircncia de Tom Peters e Bob Waterman inaugurou todo um periacuteodo de escritores sobre o marketing Num golpe de sorte editorial produziram o livro de marketing mais vendido de todos os tempos ao focarem completamente sua atenccedilatildeo no cliente Esse fenocircmeno editorial levou o marketing agraves massas e portanto agraves pequenas e meacutedias empresas e a todo o tipo de profissional Talvez por isso e tambeacutem por uma necessidade mercadoloacutegica o marketing passou a ser uma preocupaccedilatildeo atinente agrave alta direccedilatildeo de todas as mega-corporaccedilotildees natildeo estando mais restrita a uma diretoria ou departamento
    • O fecircnomeno dos gurus entretando eacute responsaacutevel pelo posterior descuido com o rigor da investigaccedilatildeo cientiacutefica e uma tendecircncia a modismos Nesta eacutepoca floreceram diversos autores tais como Al Ries que definiu o conceito de posicionamento e o markerting de guerra e guerrilha e Masaaki Imai que idealizou o modelo Kaizen Esses autores ganharam reconhecimento no mundo dos negoacutecios e alta reputaccedilatildeo no universo empresarial por suas ideacuteias e abordagens originais
    • Assim como ocorreu em muitos outros setores o avanccedilo tecnoloacutegico dos anos 90 teve um forte impacto no mundo do marketing O comeacutercio eletrocircnico foi uma revoluccedilatildeo na logiacutestica distribuiccedilatildeo e formas de pagamento O CRM (Customer Relationship Management) e os serviccedilos de atendimentos ao consumidor entre outras inovaccedilotildees tornaram possiacutevel uma gestatildeo de relacionamento com os clientes em larga escala E como se isso natildeo fosse suficiente a Internet chegou como uma nova via de comunicaccedilatildeo Eacute a eacutepoca do maximarketing de Stan Rapp do marketing 1 to 1 da Peppers amp Rogers Group do aftermarketing de Terry G Vavra e do marketing direto de Bob Stone ou seja caracterizou-se por uma constante busca pela personalizaccedilatildeo como medida administrativa e de poliacutetica de aproximaccedilatildeo expansatildeo manutenccedilatildeo e retro-alimentaccedilatildeo mercadoloacutegica em geral
    • Outra tendecircncia do periacuteodo foi o fortalecimento do conceito de marketing societal no qual tornou-se uma exigecircncia de mercado haver uma preocupaccedilatildeo com o bem-estar da sociedade A satisfaccedilatildeo do consumidor e a opiniatildeo puacuteblica passaram a estar diretamente ligadas agrave participaccedilatildeo das organizaccedilotildees em causas sociais e a responsabilidade social transformou-se numa vantagem competitiva
    • A virada do milecircnio assitiu agrave segmentaccedilatildeo da televisatildeo a cabo agrave popularidade da telefonia celular e agrave democratizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo especialmente via Internet A World Wide Web jaacute estava madura o suficiente nos primeiros anos desta deacutecada Surgiuram uma infinidade de pesquisas e publicaccedilotildees sobre webmarketing e comeacutercio eletrocircnico Mas mais do que isso agora o cliente natildeo tinha apenas poder de barganha tinha tambeacutem poder de informaccedilatildeo Era de se esperar que isso influenciasse na maneira com a qual os consumidores interagiam com as empresas e entre si Os primeiros reflexos disso foram o nascimento do marketing de permissatildeo de Seth Godin a conceitualizaccedilatildeo do marketing boca-a-boca por George Silverman e a explosatildeo do buzzmarketing e do marketing viral por autores tais como Russell Goldsmith e Mark Hughes
    • Eacute perceptiacutevel na proacutepria evoluccedilatildeo do conceito de marketing a importacircncia cada vez maior do consumidor como o elemento chave e alvo das preocupaccedilotildees e propoacutesitos nas accedilotildees dos homens e mulheres que se ocupavam com marketing pois eacute o consumidor a razatildeo loacutegica de organizaccedilotildees ou empresas comerciais
    • Neste trabalho vamos centralizar atenccedilotildees sobre o consumidor de produtos relacionados agrave religiosidade e tambeacutem agraves possiveis dinacircmicas do marketing de varejo que estatildeo inseridas dentro dos conceitos de marketing acima abordados e atuando como uma ferramenta mercadoloacutegica
    • 14 As abordagens conjuntas do marketing com a religiosidade e vice-versa
    • Ilustraccedilatildeo 5
    • Ilustraccedilatildeo 6
    • 15 Consideraccedilotildees iniciais sobre o cenaacuterio da pesquisa de campo
    • Por limitaccedilotildees metodoloacutegicas o cenaacuterio fiacutesico da pesquisa de campo esteve contemplando lojas de produtos religiosos das religiotildees catoacutelica protestantes das diversas denominaccedilotildees religiotildees afro-brasileiras e novoeristas presentes na praccedila comercial da cidade de Satildeo Paulo
    • Quanto ao cenaacuterio religioso e por se tratar de uma caracteriacutestica cultural de nosso povo adotamos o posicionamento teoacuterico de Ecircnio Brito porque natildeo seria conveniente e nem apropriado considerarmos apenas ldquoumardquo cultura brasileira que exteriorizasse as manifestaccedilotildees materiais e espirituais da nossa gente
    • Hoje eacute consenso que natildeo existe uma cultura brasileira capaz de englobar todas as manifestaccedilotildees materiais e espirituais do povo brasileiro e que lsquoa admissatildeo do seu caraacuteter plural eacute um passo decisivo para compreendecirc-la como um efeito de sentido resultado de um processo de muacuteltiplas interaccedilotildees e oposiccedilotildees no tempo e no espaccedilo ()
    • Corroborando as palavras de Ecircnio Brito Darcy Ribeiro com seu depoimento afirmou
    • Desde a Greacutecia natildeo se inventava uma deusa que se adequasse ao amor uma matildee de Deus que fale do amor E os negros do Rio inventaram Iemanjaacute Isso eacute uma operaccedilatildeo cultural incriacutevel Mais importante que os romances e os teoremas E importante para o povo E o que eacute Iemanjaacute Eacute uma ldquosantonardquo laacute que domina o mar E ningueacutem vai pedir a ela a cura do cacircncer ou a cura da AIDS Vai pedir a ela que o marido natildeo bata tantoum namorado gostoso Os africanos mergulharam tatildeo profundamente e de modo tatildeo inventivo na construccedilatildeo do Brasil que deixaram de ser eles para sermos noacutes brasileiros
    • Complementarmente aos enunciados acima e nos aproximando do cotidiano metropolitano religioso da populaccedilatildeo da cidade de Satildeo Paulo que foi objeto e campo de investigaccedilatildeo deste trabalho o prisma social e populacional que consideramos foi o dos autores Antocircnio Flaacutevio de Oliveira Pierucci e Reginaldo Prandi
    • O Brasil jaacute eacute um paiacutes de diversidade religiosa Cerca de um quarto da populaccedilatildeo adulta jaacute experimentou o sentido da adesatildeo a uma religiatildeo diferente daquela em que nasceu num contexto em que a religiatildeo se vai ajustando cada vez mais aacute ideacuteia da escolha da livre escolha que se faz frente a variadas necessidades de tecirc-las atendidas Para muitos a conversatildeo religiosa eacute experimentada juntamente com a mobilidade ocupacional e da integraccedilatildeo na nova sociedade quer sejam estas verdadeiras quer sejam tatildeo-somente simulacro como soacutei acontecer no domiacutenio das representaccedilotildees religiosas
    • A mais bem-sucedida denominaccedilatildeo neopentecostal de longe a de maior visibilidade a brasileira e agressiva Igreja Universal do Reino de Deus existe a quinze anos e jaacute eacute um impeacuterio no Brasil e laacute fora Seus pastores satildeo empreendedores com baixa ou nula formaccedilatildeo teoloacutegica mas que devem demonstrar grande capacidade de atrair puacuteblico e pagar dividendos para a igreja de acordo com um know-how administrado empresarialmente pelos bispos a igreja jaacute estruturada como negoacutecio
    • () Essa metamorfose pela qual vem passando rapidamente a religiatildeo nos obriga a pensar que se a religiatildeo se transforma em consumo e o fiel em consumidor numa relaccedilatildeo de mercado que a sociedade estaacute equipada para regulamentar como qualquer outro produto vale pensar que o proacuteprio Estado agora separado da religiatildeo e dela desinteressado como fonte transcendente de legitimidade pode envolver-se para preservar interesses do cidadatildeo-consumidor As palavras seguintes de Flaacutevio Pierucci traduzem bastante bem essa preocupaccedilatildeo ldquoCombinadas pois essas duas noccedilotildees baacutesicas a do cidadatildeo como consumidor individual e a do Estado como regulador neutro dos vaacuterios mercados estaraacute plenamente justificada a intervenccedilatildeo do Estado para a defesa do indiviacuteduo e a correccedilatildeo dos abusos praticados em nome da religiatildeo Ensaia-se desse modo nessa transmutaccedilatildeo juriacutedica por ora silenciosa do seguidor religioso num consumidor de bens e serviccedilos com o direito de reclamar agraves autoridades proteccedilatildeo contra os enganadores aproveitadores e exploradores novo reforccedilo de legitimidade para a vigilacircncia puacuteblica e a intervenccedilatildeo estatal O uso do modelo lsquodefesa do consumidorrsquo pode ser uma boa saiacuteda para os mais modernos opositores da opressatildeo religiosa tornarem-se os defensores poacutes-modernos das viacutetimas da mercantilizaccedilatildeo religiosa viacutetimas de praacuteticas religiosas abusivas ou lesivas viacutetimas da tapeaccedilatildeo e da fraude religiosa promessas natildeo cumpridas milagres natildeo acontecidosrdquo
    • Reginaldo Prandi tambeacutem abordou a questatildeo mercadoloacutegica da feacute pelo vieacutes microeconocircmico da teoria do consumidor que o atual cenaacuterio religioso oferece sinalizando a questatildeo utilitarista que as religiotildees neste momento contemplam
    • Pelas palavras do autor acima consideraremos no mercado varejista de produtos religiosos dois fenocircmenos concomitantes que se interpotildeem agrave sociedade brasileira e que pelo prisma deste trabalho poderatildeo fomentar a compra de produtos neste segmento
    • O primeiro fenocircmeno seria a competitividade entre as novas e tradicionais religiotildees em busca de novos fieacuteis onde esbarram nas apropriaccedilotildees e recriaccedilotildees dos aspectos maacutegicos ritualiacutesticos e miacutesticos que encantam e permeiam o imaginaacuterio religioso brasileiro O segundo fenocircmeno dar-se-ia pela constataccedilatildeo do surgimento na poacutes-modernidade de uma religiosidade utilitaacuteria e consumista pautada na individualidade e no sincretismo de credos como podemos notar nos textos de Pierucci e Prandi
    • Seraacute nossa intenccedilatildeo privilegiar essa populaccedilatildeo que acreditaria nos poderes especiais dos objetos comprados independentemente de qualquer posicionamento por ela adotada
    • Estudiosos de marketing de varejo e dos consumidores norte-americanos tambeacutem sinalizaram claramente a necessidade e importacircncia da pesquisa que nos propusemos empreender David Lewis e Darren Bridges citando Wade Clark Roof em Spiritual Marketplace destacaram
    • Haacute uma fluidez consideraacutevel Haacute uma acircnsia contiacutenua para encontrar a verdade espiritual mas agora eles tecircm uma noccedilatildeo mais clara de que algumas coisas que procuram lhes oferecer antes como o consumo e materialismo natildeo funcionam tatildeo bem Vejo um futuro espiritual e religioso mais individualista e talvez mais diverso
    • No proacuteximo capiacutetulo abordaremos com os necessaacuterios detalhes teacutecnicos os aspectos operacionais da pesquisa de campo empreendida para este trabalho
    • Capitulo II ndash Pesquisa de campo a descoberta e o comportamento dos consumidores no mercado da feacute
    • Eu vou botar teu nome na macumba Vou procurar uma feiticeira Fazer uma quizumba pra te derrubar Oi iaiaacute Vocecirc me jogou um feiticcedilo quase que eu morri Soacute eu sei o que eu sofri Deus me perdoe mas eu vou me vingar Eu vou botar teu retrato num prato com pimenta Quero ver se vocecirc guumlenta A mandinga que eu vou te jogar Raspa de chifre de bode Pedaccedilo de rabo de jumenta Tu vais botar fogo pela venta E comigo natildeo vai mais brincar Asa de morcego Corcova de camelo pra te derrubar Uma cabeccedila de burro Pra quebrar o encanto do seu patuaacute Olha tu podes ser forte Mas tens que ter sorte Pra te salvar Toma cuidado comadre Com a mandinga que eu vou te jogar
    • Composiccedilatildeo Zeca Pagodinho Dudu Nobre
    • A redaccedilatildeo deve ser clara apresentando o tema escolhido e as justificativas para sua escolha a importacircncia e os limites do trabalho as hipoacuteteses formuladas e suas limitaccedilotildees a populaccedilatildeo-alvo a metodologia seguida e o modo de obter e apresentar os dados obtidos sem generalizaccedilotildees excessivas ou fora do acircmbito estudado podendo indicar ainda os prolongamentos eventuais suscitados pela pesquisa e pelas conclusotildees obtidas
    • Ilustraccedilatildeo 7 - Direitos Reservados
    • O estabelecimento comercial escolhido foi a Banca da Biacuteblia situado na praccedila central da cidade ao lado da igreja matriz Fizemos nossos contatos iniciais com o soacutecio controlador do empreendimento comercial no mecircs de fevereiro de 2006
    • Identificamo-nos como pesquisadores da PUCSP e discorremos a ele sobre este trabalho em seus termos gerais
    • O proprietaacuterio da loja o Sr Servilho Gomes da Silva apoacutes alguns questionamentos concordou em colaborar com nossa pesquisa Combinamos nessa ocasiatildeo que entrariacuteamos em contato novamente em uma data futura quando agendariacuteamos de forma definitiva a data de nossa visita desta feita munidos de todo nosso material da pesquisa de campo
    • No dia 15 de agosto de 2006 rumamos novamente para a cidade de CaraguatatubaSP ocasiatildeo essa que em conjunto com o lojista determinamos o dia da aplicaccedilatildeo do teste piloto conforme a conveniecircncia do comerciante
    • Iniciamos os trabalhos documentando fotograficamente a loja os possiacuteveis clientes proprietaacuterio e produtos
    • Demos sequumlecircncia a nossos propoacutesitos entrevistando o proprietaacuterio
    • O questionaacuterio dirigido agrave clientela da Banca da Biacuteblia foi aplicado por dois entrevistadores o autor desta dissertaccedilatildeo e Estela Noronha sempre apresentada como pesquisadora assistente O processo de abordagem a essas pessoas foi feito de forma direta Identificamo-nos atraveacutes de um cartatildeo de visitas especialmente desenvolvido para essa finalidade
    • Vista frontal de nosso cartatildeo de identificaccedilatildeo
    • Verso do cartatildeo de identificaccedilatildeo
    • Ilustraccedilatildeo 8 - Direitos Reservados
    • Nesse cartatildeo consta o nome da universidade cidade sede nome do departamento ao qual o pesquisador estaacute vinculado sua identidade as iniciais de sua especialidade a aacuterea de interesse em que a pesquisa estaacute relacionada telefones e endereccedilo completo Consta tambeacutem o endereccedilo eletrocircnico para comunicaccedilatildeo direta via Internet No verso deste instrumento de apresentaccedilatildeo colocamos o nome do orientador cargo que ocupa na universidade departamento e endereccedilo da academia de ciecircncias Foram abordados dez sujeitos nesta data selecionados aleatoriamente pelos entrevistadores Eram possiacuteveis clientes que estavam dentro da loja ou que dela estivessem saindo indistintamente e que se dispuse-
    • ram a serem entrevistados
    • Sequencialmente procedemos a uma leitura ldquoflutuanterdquo do instrumento de campo que foi desenvolvido Essa leitura serviu para delimitar melhor o objeto de estudo e as hipoacuteteses bem como testar a aplicabilidade do instrumento de pesquisa e a qualidade das perguntas
    • Sendo assim o questionaacuterio da pesquisa piloto mostrou uma ratificaccedilatildeo e ajuste ao objeto e hipoacutetese deste trabalho
    • Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio elaborado para a possiacutevel clientela da loja gastou cerca de 20 minutos
    • Deveriacuteamos evitar a abordagem do sujeito de uma entrevista antes de sua entrada na loja
    • Deixamos claro logo na abordagem que se tratava de uma pesquisa para Universidade de cunho cientiacutefico pois isto evitaria qualquer outro juiacutezo a respeito de nossa iniciativa
    • Deveriacuteamos ter a maior objetividade brevidade e discriccedilatildeo possiacuteveis no interior da loja para natildeo alterar sua atmosfera comercial e natildeo trazermos dificuldades operacionais aos atos comerciais que estivessem ocorrendo
    • Tambeacutem desenvolvemos dois outros instrumentos a serem usados de forma opcional durante a pesquisa de campo Trata-se do questionaacuterio de entrevista com o lojista e da caderneta de anotaccedilotildees ou caderneta de campo O primeiro instrumento aqui em destaque se destina a sondar a posiccedilatildeo pessoal do lojista consideradas as variaacuteveis feacute e comeacutercio Essas variaacuteveis poderatildeo ser utilizadas ao final de nosso trabalho dando-nos maior consistecircncia em nossas arguumliccedilotildees finalizantes No segundo instrumento anotaremos os detalhes que possam posteriormente ser relevantes ao bom desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo tais como a oitiva de possiacuteveis comentaacuterios adjacentes e proferidos por vendedores observaccedilotildees de detalhes esteacuteticos e particulares de cada loja etc
    • Fisicamente esse instrumento eacute constituiacutedo de um bloco de anotaccedilotildees devidamente datado e situado com local e periacuteodo aleacutem do horaacuterio das nossas investidas dentro de nosso cenaacuterio de pesquisa
    • Com a finalidade de melhor documentar os nossos procedimentos e concomitantemente agrave aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios decidimos gerar um amplo material fotograacutefico O intuito dessa parte de nosso trabalho no campo vai aleacutem da simples ilustraccedilatildeo Iremos adotar o vieacutes foto-jornaliacutestico pois eacute a maneira que encontramos para demonstrar por imagens os detalhes que venham a ser relevantes nesta dissertaccedilatildeo
    • Graacutefico e tabela 6 - Qual a sua faixa de renda familiar
    • Graacutefico e tabela 7 - O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro
    • Graacutefico e tabela 8 - O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo
    • Graacutefico e tabela 9 - Qual a sua religiatildeo de batismo
    • Graacutefico e tabela 15 - Faixa de desembolso na loja
    • Graacutefico e tabela 16 - Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja
    • Graacutefico e tabela 17 - O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja
    • () sabiacuteamos que ambas as visotildees e discursos estavam em conformidade com o movimento da poacutes-modernidade onde as novas formas ou tendecircncias do ldquoserrdquo religioso satildeo sincreacuteticas e polissecircmicas marcadas pela diversidade pela pluralidade de credos pelo tracircnsito religioso e pela falta de submissatildeo hieraacuterquica agraves instituiccedilotildees religiosas Ao mesmo tempo em que tambeacutem buscam um sentido existencial individualista e subjetivo centrado no indiviacuteduo e no seu cotidiano muitas vezes utilitarista consumista e praacutetico
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    • MOREIRA Thiago Tenha Feacute nos negoacutecios Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p 38-45 junho de 2007
    • REVISTA PERDIZES ndash Gabel Comunicaccedilotildees Redaccedilatildeo Rua Trecircs Rios 131 ndash Cj 32 ndash Satildeo Paulo SP CEP 01123-001 Fone 0xx 11 3313-8080 Ano 5 ndash no 27
    • Eu vou botar teu nome na macumba Jesseacute Gomes da Silva Filho (Zeca Pagodinho) N 5277382 CD ldquoSamba pras moccedilasrdquo Gravadora Universal 1995
    • Clipping Eletrocircnico - Bento XVI autoriza missa em latim Departamento de Comunicaccedilatildeo PUC-Campinas
    • httpwwwpuc-campinasedubrservicosdetalheaspid=28749 Acesso em 08 de julho de 2007
    • Expocatoacutelica Feira de negoacutecios httpwwwexpocatolicacombrexpocatolicaindex1aspcod=62amptp=1 Acesso em 18 de abril de 2005
    • Expo Cristatilde A maior feira de produtos e serviccedilos para cristatildeos da Ameacuterica Latina httpwwwexpocristacombr Acesso em 23 de setembro de 2006
    • FERREIRA Rosenildo Gomes O legado dos ceacuteus httpwwwterracombristoedinheiro314negocios314_legado_ceuhtm Acesso em 18 de abril de 2005
    • RESENDE Tatiana Comeacutercio eletrocircnico deve ter alta de ateacute 50 ao ano Folha On Line httpwww1folhauolcombrfolhadinheiroult91u308736shtml Acesso em 02 de julho de 2007
      • Tenha Feacute eacute um bom negoacutecio O marketing nas fronteiras da religiatildeo - a feacute como alavanca de negoacute2pdf
        • Anexos
        • Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas
        • Anexo 02 ndash Modelo de questionaacuterio
        • Anexo 03 ndash Entrevista
        • Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas
        • Lojas de artigos para as religiotildees afro-brasileiras
        • Loja Luar
        • Rua Bom Pastor 2190 ndash Ipiranga
        • CEP 04203-002 - Satildeo Paulo - SP
        • Fone Fax (0xx11) 6163-6464 e 6591-3234
        • Loja Cacique Pena Branca
        • Alameda dos Nhambiquaras 1501 - Moema ndash
        • CEP 04090-013 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0XX11) 5533-1087
        • Casa de Velas Santa Rita
        • Praccedila da Liberdade 248 - Liberdade
        • CEP 01503-010ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3208-7022
        • Vida Cigana ndash Casa de umbanda e candombleacute
        • Praccedila Carlos Gomes 112 ndash Liberdade
        • CEP 015010-040 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3105-1932
        • Lojas de artigos para a religiatildeo catoacutelica
        • Gladys Artigos Religiosos -
        • Ladeira Porto Geral 106 - 6deg andar - sala 607
        • CEP 01022-000 - Sao Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3312-0325 - Fax (0xx11) 3313-1442
        • Livraria Catoacutelica Nossa Senhora da Lapa
        • Rua Nossa Senhora da Lapa 364 - Lapa
        • CEP 05072-000 ndash Satildeo Paulo - SP
        • Fone (0xx11) 3834-6447 e (0xx11) 3645-4546
        • Inluma - Artigos Religiosos Catoacutelicos
        • Rua Jaguaratildeo 239 - Jabaquara
        • CEP 04318-040 - Satildeo Paulo ndash SP
        • FoneFax (0xx11) 5588-4655 5588-3159 5021-5733
        • Livraria Catedral
        • Rua Senador Feijoacute 46 ndash Centro
        • CEP 01006-000 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • FoneFax (0xx11) 3106-1136
        • Lojas de artigos para as religiotildees protestantes das diversas denominaccedilotildees
        • Word Music ndash
        • Terminal Barra Funda do Metrocirc loja 14
        • CEP 01154-060 - Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3392-6660
        • Gospel Line Comeacutercio Ltda
        • Rua Conselheiro Furtado 50 - Liberdade
        • CEP 01511-000 - Satildeo ndash Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3105-6897 - Fax (0xx11) 3106-2013
        • Bom Pastor Produccedilotildees Artiacutesticas e Phonograacuteficas Ltda
        • Av Liberdade 902 ndash Liberdade
        • CEP 01502-001 - Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (11) 3208-5351
        • Vencedores por Cristo SC
        • Rua Prof Dr Joseacute Marques Cruz 365 - Jardim das Acaacutecias
        • CEP 04707-020 - Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (11) 5183-4676 - Fax (11) 5183-5349
        • Lojas de artigos para as religiotildees novoeristas
        • Viraj - Gifts to Yoyurself
        • Av Paulista 807 loja 46 (galeria)
        • CEP 01311-915 - Satildeo Paulo SP
        • Fone (0xx11) 3148-0846 - 3148-084 - Fax (0xx11) 3253-6983
        • Centro Holiacutestico Bruxas do Bem
        • Rua DrCeacutesar 522 - Santana
        • CEP 02013-002 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fones (0xx11) 6283-4213 - 32134433
        • Lojas Vila Zen
        • Loja 01 Galeria Gecircmini loja 36 - Av Paulista 807ndash Jardim Paulista
        • CEP 01311-915 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3251-5940
        • Loja 02 Shopping Metrocirc Santa Cruz ndash loja 22 - Av Domingos de Morais 2564 - Vila Mariana
        • CEP 04036-100 ndash Satildeo Paulo - SP
        • Fone (0xx11) 3471-7933
        • Anexo 02 - Questionaacuterio dirigido aos consumidores finais ou clientes das lojas
        • 1) Como o sr(a) teve conhecimento da existecircncia desta loja
        • a) Lista telefocircnica
        • b) Internet
        • c) Propaganda em revistas jornais murais ou meios impressos
        • d) Pelo raacutedio ou televisatildeo
        • e) Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa
        • f) Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa
        • g) Por indicaccedilotildees de placas ou a vitrine da loja
        • h) Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pastora sheik rabino monge etc
        • i) Por acaso
        • j) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 2) Com que frequumlecircncia o sr (a) compra produtos religiosos
        • a) Pelo menos uma vez por mecircs
        • b) Uma vez a cada dois meses
        • c) Uma vez a cada trecircs meses
        • d) Uma vez por semestre
        • e) Uma vez por ano
        • f) Menos de uma vez por ano
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 3)Qual eacute o principal motivo pelo qual o sr(a) comprou esse (s) produto (s)
        • a) Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu culto religioso
        • b) Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar
        • c) Porque a imagem desse (s) objeto(s) reforccedila (m) a minha feacute
        • d) Porque trazem proteccedilatildeo
        • e) Porque achei bonito
        • f) Vai servir para eu dar de presente a algueacutem
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 4) Qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s)
        • ______________________________________________________________________________________________________________________________
        • 5) Faixa de desembolso na loja
        • a) Ate 10 reais
        • b) De 10 a 20 reais
        • c) De 20 a 40 reais
        • d) De 40 a 80 reais
        • e) De 80 a 160 reais
        • f) De 160 a 320 reais
        • g) Mais de 320 reais
        • h) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 6) Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja
        • a) Plenamente satisfeito (a)
        • b) Satisfeito (a)
        • c) Razoavelmente satisfeito (a)
        • d) Sofrivelmente satisfeito (a)
        • e) Insatisfeito (a)
        • f) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 7) O sr(a) pretende voltar outras vezes a esta loja
        • a) Sim
        • b) Natildeo
        • c) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 8) Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo
        • a) Caros
        • b) Relativamente caros
        • c) Razoavelmente equilibrados
        • d) Condizentes com a minha renda
        • e) Baratos
        • f) Muito baratos
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 9) Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja
        • a) Melhores preccedilos
        • b) Melhores condiccedilotildees de pagamento
        • c) Novos produtos
        • d) Melhor atendimento
        • e) Maior conforto
        • f) Um contato mais direto comigo
        • g) Um convite especial
        • h) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 10) Qual sua religiatildeo de batismo
        • a) Catoacutelica
        • b) Protestante
        • c) Espiacuterita kadercista
        • d) Umbandista
        • e) Candomblecista
        • f) Budista
        • g) Novoerista
        • h) Muccedilulmana
        • i) Natildeo eacute batizado
        • j) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 11) Qual a sua religiatildeo praticada atualmente
        • a) Catoacutelica
        • b) Protestante
        • c) Espiacuterita kardecista
        • d) Umbandista
        • e) Candomblecista
        • f) Budista
        • g) Novoerista
        • h) Muccedilulmana
        • i) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 12) O sr(a) reside ou trabalha neste bairro
        • a) Sim
        • b) Natildeo
        • c) Nas imediaccedilotildees deste bairro
        • d) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 13) O sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo
        • a) Sim
        • b) Natildeo
        • c) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 14) Sexo
        • a) Masculino
        • b) Feminino
        • 15) Profissatildeo________________________________________________
        • 16) Qual a sua idade
        • a) De 18 a 25 anos
        • b) De 25 a 35 anos
        • c) De 35 a 45 anos
        • d) De 45 a 55 anos
        • e) De 55 a 65 anos
        • f) Mais de 65 anos
        • 17) Estado civil
        • a) Solteiro (a)
        • b) Casado (a) ou com companheira (o)
        • c) Separado (a) judicialmente ou divorciado (a)
        • d) Viuacutevo (a)
        • 18) Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar
        • a) Ensino fundamental
        • b) Ensino meacutedio
        • c) Ensino Superior
        • e) Poacutes-graduado
        • 19) Qual a sua faixa de renda familiar
        • a) Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo
        • b) De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos
        • c) De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos
        • d) De 05 a 08 salaacuterios miacutenimos
        • e) De 08 a 10 salaacuterios miacutenimos
        • f) Mais de 10 salaacuterios miacutenimos
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • Anexo 03 Entrevista com o Sr Servilho proprietaacuterio da Banca da Biacuteblia em CaraguatatubaSP
        • Entrevistador Renato
        • Entrevistado Sr Servilho
        • Local Caraguatatuba
        • Dia 08 Caraguatatuba praccedila central da cidade
        • Vou perguntar para o dono do empreendimento sr Servilho sobre as razotildees comerciais do investimento no segmento religioso
        • Qual foi o motivo que levou o sr investir nesse segmento mercadoloacutegico
        • O principal motivo foi especial eu recebi uma intuiccedilatildeo de Deus que eu deveria vender biacuteblias eu jaacute vendia biacuteblias embora eu representava uma organizaccedilatildeo adventista e natildeo poderia vender mas nas horas vagas as pessoas me pediam biacuteblia e o numero de vendas comeccedilou a aumentar eu achava estranho os preccedilos astronocircmicos de biacuteblias e as pessoas pagavam entatildeo eu falei que tinha que montar alguma coisa para os meus filhos pra poder vender por um preccedilo correto e foi aiacute que Deus me indicou e acabamos colocando
        • A sua feacute contribuiu de forma significativa pra tomar a decisatildeo desse investimento
        • Soacute a feacute
        • O que mais o sr poderia me dizer a respeito eacute uma satisfaccedilatildeo sua particular trabalhar com esse segmento
        • Sim hoje noacutes estamos com 15 anos de trabalho mas a satisfaccedilatildeo eacute saber que mais de milhares de biacuteblias foram vendidas muitos lares deram testemunho de que hoje tecircm um temor a Deus um amor a Deus mais chegado entatildeo o objetivo primeiramente eacute evangeliacutestico e depois concilia com o ganha patildeo eacute uma consequumlecircncia mas a causa eacute evangelista
        • Como que foram os primeiros movimentos da materializaccedilatildeo dessa loja do sr
        • O primeiro ano foi taxi zero na eacutepoca noacutes colocamos quase 300 tiacutetulos de produtos evangeacutelicos mas denominacional quer dizer adventista do seacutetimo dia e loacutegico ficou parado eu vendia soacute biacuteblia aiacute que nos fomos mudando tirando um pouco do servindo a todo mundo e fomos com o tempo com a praacutetica servindo a todas as denominaccedilotildees
        • Como que se deu a escolha desse ponto comercial
        • Isso foi Divino com certeza foi Divino porque Deus me falou ndashldquoEacute aquirdquo- e eu achei estranho e era laacute em baixo laacute na ponta era a ex rodoviaacuteria de Caraguatatuba e era na esquina laacute em baixo e eu pensava -ldquomas aquirdquo- mas me apontava para a praccedila e tinha essa banca fechada natildeo tinha nada na hora natildeo acreditei esperei mais uma semana depois voltei para o lugar e orei ndashldquomas eacute aquirdquo- aiacute desci conversei com o vizinho e perguntei o que era ali que estava sempre fechado e ele falou que era uma banca de jornal haacute mais de 30 anos que tinha aberto do outro lado da avenida Perguntei de quem era e ele falou que era de uma pessoa que era dona de quase todas as bancas da regiatildeo aiacute fui conversar com ele e ficou com medo de eu ser um concorrente e expliquei pra ele que era um evangelista que eu queria colocar biacuteblias e colocaria meu filho pra trabalhar que era um adolescente na eacutepoca e ele me cedeu me vendeu e fizemos o negocio e digo que foi Divino porque passei dois anos e montaram um shopping aonde esta o Mcdonald e o dono ficou louco disse ndashldquoeu quero esse rapaz fora daqui natildeo quero biacuteblia aqui na minha frenterdquo- e eu natildeo sabia disso chegavam as pessoas da prefeitura e falavam ndashldquonoacutes precisamos mudar vocecircrdquo- e natildeo falava por que Ateacute que chegou um dia que o gerente da prefeitura disse que a cabeccedila dele estava a premio falou para eu arranjar um mutiratildeo algumas pessoas conhecidas e fizemos um mutiratildeo e saiacute ele natildeo tinha me falado o motivo ainda Trouxemos e colocamos aqui e aiacute ficou e mais tarde ele me falou que o dono do shopping disse ndashldquoou vocecirc ou elerdquo- ele natildeo queria vocecirc de jeito nenhum soacute que eu digo que eacute Divino porque aqui se tornou o calccediladatildeo o melhor ponto aqui de Caraguatatuba eacute a matildeo de Deus dirigindo e laacute faliu um shopping todo de maacutermore faliu O ex-prefeito eacute que conseguiu fazer um acordo porque disse que o dono bebia muito fez um acordo e reabriu e laacute natildeo tem nada natildeo eacute um shopping soacute um Mcdonald reabriu depois de muitos anos
        • Como que o sr estabelece criteacuterios para compra dos produtos a serem oferecidos
        • Oferecido eu tenho um pouco de medo porque eu natildeo gosto de comprar uma coisa que eu natildeo tenha certeza da onde proveacutem entatildeo eu mesmo vou buscar embora tem muitos produtos que me trazem produtos durante o ano as pessoas foram acostumando e eu fui entendendo que a procedecircncia era boa mas normalmente vou buscar em SP no Rio de Janeiro aonde tem novidades que as pessoas estatildeo pedindo a gente vai e traacutes
        • E existe financiamento para o capital de giro do sr
        • Natildeo Antigamente eu trabalhava com cheque e meu giro de capital era o cheque preacute-datado hoje natildeo mexo com cheque com nada compro agrave vista e vendo agrave vista
        • E como que o sr estabelece um criteacuterio de preccedilo para esses produtos
        • Eu coloco um percentual no produto conforme o giro ter um produto de giro raacutepido o percentual cai totalmente eu coloco pra girar o objetivo eacute girar se natildeo eacute um produto vendaacutevel se eacute mais lento eu aumento um pouco o percentual que eacute pra natildeo ter um desprestigio com o tempo mas normalmente eu procuro colocar um preccedilo de giro que eacute melhor girar raacutepido e eu ter condiccedilotildees de comprar outras coisas
        • O sr me falou que natildeo faz financiamento de produtos entatildeo a loja faz alguma promoccedilatildeo especial visando aumentar o volume meacutedio de vendas
        • Natildeo nunca fiz isso
        • O sr faz propaganda da loja
        • Eu jaacute fiz alguma coisa mas natildeo vejo resultado natildeo
        • O sr sabe qual eacute o numero de pessoas que passam pelo interior da sua loja
        • Bastante porque muitas pessoas satildeo atraiacutedas pela musica pelo tipo de ambiente tem pessoas quenossa agraves vezes chegam aiacute ficam num cantinho choram eu finjo que natildeo estou vendo mas choram desabafam depois saem Deixo todo mundo a vontade natildeo vou em cima da pessoa falar preccedilo deixo as pessoas a vontade quem entra aqui eacute amigo da gente
        • Vocecirc sabe me dizer dessas pessoas que entram quantas que efetivamente compram algum tipo de produto do sr
        • A maioria porque a gente procura nesse tempo que a gente tem ter coisas como ldquosouveniresrdquo coisas muito interessantes e bonitas num preccedilo muito bom procuro trabalhar com exclusividade em muitas coisas pequenas entatildeo sempre tem uma opccedilatildeo das pessoas darem um presente ou mesmo um marca paacuteginas tem coisas de todos os preccedilos e todos os niacuteveis entatildeo eacute faacutecil uma pessoa conseguir levar uma lembranccedila
        • Existe algum tipo de material publicitaacuterio que o sr jaacute tenha desenvolvido no seu empreendimento
        • Natildeo A uacutenica coisa que a gente faz na publicidade aqui seria uma ordem puacuteblica nesse tempo muitas pessoas chegavam a noacutes e falavam que eu precisava vender cartatildeo porque eacute uma utilidade publica e hoje a gente vende cartotildees de telefone cartatildeo preacute-pagos selos do correio entatildeo sempre tem que ter uma propaganda que o local tem esse produto isso eacute obrigado deixar sempre uma propaganda e os proacuteprios revendedores se incumbem de fazer a merchandising
        • Quantos funcionaacuterios ou colaboradores diretos o sr tem aqui na loja
        • Tem a minha filha soacute meu filho vem passear no final de semana ele
        • Entatildeo eacute o sr
        • E minha filha
        • Existe algum tipo de treinamento que o sr tenha dado a ela nesse tempo
        • Ela trabalha comigo a 15 anos primeiro era eu minha esposa e ela meu filho tambeacutem entatildeo criei meus filhos assim depois foram saindo e a uacutenica que ficou foi ela e minha esposa hoje cuida do lar soacute
        • E o sr acha necessaacuterio cada vendedor por ex no seu caso o sr natildeo deixa de ser um vendedor de primeira linha o sr pode dizer que tambeacutem eacute um vendedor o sr que vendedor precisa ser praticante da sua religiatildeo uma vez que o sr daacute uma ecircnfase especial agrave religiatildeo que o sr pratica aqui O sr acha que ele tem que ser da sua religiatildeo pra trabalhar aqui ou natildeo
        • Quando se fala religiatildeo engloba tudo eacute religar o terraacutequeo com o criador isso eacute uma coisa muito profunda mesmo de vez em quando a gente mergulha nisso e coloca a realidade mas pra trabalhar com um produto desse a pessoa precisa pelo menos ter uma feacute porque se eu sou uma pessoa que natildeo tenho feacute vou ser um mercenaacuterio e aiacute vou entrar em choque com muitas coisas e outra muitas pessoas de vez em quando chegam e desabafam fazem pergunta chega num desespero no fim a gente natildeo eacute soacute vendedor mas muitas vezes a gente eacute conselheiro mas se a gente natildeo tem um bom conselho fica esquisito
        • Entatildeo para esclarecer na opiniatildeo do sr eacute preciso que a feacute esteja para e passo com a necessidade das pessoas tomando cuidado para estar na linha de frente de um negocio desses a pessoa tem que acreditar mesmo
        • Sem duvida nenhuma ela tem que temer a Deus
        • A loja se relaciona conjuntamente com algum templo igreja com algum espaccedilo sagrado
        • Noacutes natildeo temos vinculo nenhum com [placas] noacutes sim eacute que particularmente
        • Qual seria os 6 produtos importantes aqui O sr daacute um destaque muito grande em cima de cartotildees e Biacuteblias Daria para o sr apontar ndashldquoeu vendo bastante anelzinhos as pessoas vem procurar por causa dos meus cartotildeezinhosrdquo- Quais satildeo os produtos que o sr acha que satildeo realmente importantes pra esse segmento que o sr atua
        • Sem duvida nenhuma o CD a musica eacute o que mais vende eacute uma coisa que no inicio foi difiacutecil eu prestava atenccedilatildeo nisso porque eu gosto de musica claacutessica mas natildeo adianta eu colocar meu gosto porque vai ficar na prateleira entatildeo eu comecei a desenvolver por conselhos de outras pessoas entatildeo a musica os CDs a gente trabalha soacute com original natildeo coloca nada na pirataria para que a pessoa tenha confianccedila do que esta levando e procuro estar atento no que eacute sucesso nos lanccedilamentos entatildeo DVD CD Biacuteblia e principalmente hinaacuterios harpa cristatilde soletos biacuteblicos que as pessoas compram para distribuir e uma serie de outras coisas O marca paginas as crianccedilas levam toda hora aleacutem de uma pessoa que estaacute passeandoaqui tem vaacuterios tipos de chaveiros e muitos produtos artesanais nos damos muito valor ao artesanato porque desde pequeno eu sempre mexia com artesanato aprendia a fazer o coleacutegio de primeiro ensinava isso aiacute uma pessoa que estava na 5ordf serie na admissatildeo ela jaacute sabia fazer alguma coisa pra poder vender e sustentar a famiacutelia hoje a gente natildeo vecirc isso aiacute entatildeo eu dou muito valor ao artesanato o que eacute feito na matildeo entatildeo coisas que eu vejo bem bonitas artesanais eu coloco na loja pra vender
        • O que o sr pensa da relaccedilatildeo dos seus clientes com seu negocio O sr acha que eles estatildeo sendo bem atendidos Eu sei que o sr esta fazendo o melhor que pode mas olhando um pouco mais de fora eu quero ler a sua visatildeo de fora como que o sr acha que seus clientes estatildeo atendidos
        • Aiacute jaacute entra numa questatildeo teoloacutegica hoje realmente eu natildeo atendo o que deveria atender isso por ideologia estamos vivendo momentos profeacuteticos eu creio nisso entatildeo eu deixo de vender livros denominacionais que muitos me procuram porque se eu tivesse muitos livros denominacionais minha venda aumentaria muito
        • O que satildeo livros denominacionais
        • Satildeo livros por ex um livro da Assembleacuteia de Deus um livro Pentecostal de doutrinas diferentes eu procuro natildeo trabalhar com eles procuro trabalhar com a Biacuteblia porque a Biacuteblia eacute universal agora os livros satildeo produzidos eu posso ler a Biacuteblia e traduzir de uma maneira montar uma placa de igreja e formar uma igreja eu estaria sendo conivente fazendo isso entatildeo me sinto um pouco restringidomas tem muitas coisas que eu poderia colocar aiacute e natildeo coloco deixo de vender isso eacute uma questatildeo eacutetica teoloacutegica
        • E quais satildeo as expectativas que vocecirc tem para os proacuteximos anos do ponto de vista empresarial
        • Eu tenho uma mentalidadeo que esta escrito laacute em cima
        • ldquoVem Senhor Jesusrdquo
        • ldquoVem Senhor Jesusrdquo eacute a ultima parte que estaacute escrito na Biacuteblia no Apocalipse eram os uacuteltimos versiacuteculos quer dizer noacutes estamos vivendo momentos que precede a vinda de Jesus e eu natildeo tenho duvida nenhuma e estou me preparando para ldquosubirrdquo com ele entatildeo veja bem a minha perspectiva natildeo eacute para esse mundo noacutes natildeo somos um comerciante comum como outro qualquer natildeo que uma pessoa natildeo vaacute montar um negocio desse e natildeo vai dar certo natildeo eacute isso eacute o meu ponto de vista eu jaacute natildeo me afirmo mais aqui eu natildeo monto meu futuro mais aqui nesse sistema de ser humano de pecado tanto eacute que eu deixo laacute em cima laacute atraacutes natildeo sei se vocecirc reparou um cartaz e vou mudando de vez em quando com o tempo mas no momento aqui eacute a historia do planeta Nabucodonossor sonhou explicou o sonho e entra Daniel e Deus fala
        • -ldquoVai laacute Daniel fala com ele porque fui Eu quem deu esse sonho pra elerdquo-
        • e na historia mostra que Nabucodonossor AC600 anos foi tomado de uma
        • maneira espetacular pelo [Medopersia] e depois veio o ventre que eacute a
        • Greacutecia tomou a [Medopersia] e depois Roma tomou e impressionante Roma se dividiu em dez e formou a Europa e laacute esta escrito assim
        • ldquoComo os dedos dos peacutes satildeo barro e ferro e como barro e ferro natildeo se unem como raccedila humana natildeo se uniraacuterdquo
        • O mundo vem tentando desmentir essa parte da Biacuteblia Hitler tentou Mussolini tentou mesmo os grandes paises como os EUA vem tentando se tornar um impeacuterio formar um soacute reino mas Biacuteblia fala que -ldquoNos dias desse rei
        • Estaraacute um reino que jamais passaraacuterdquo () eacute a pedra a pedra eacute Cristo eacute Jesus com milhares e milhares de anjos entatildeo noacutes estamos vivendo hoje a sujeira da ponta da unha da estatua inclusive a Europa acha que conseguiu fazer esse reino natildeo com a intenccedilatildeo de desmentir a Biacuteblia mas eles sem querer estatildeo envolvendo porque um decifre comordquoMASrdquo todas as traduccedilotildees satildeo iguais mesmo a Biacuteblia catoacutelica ldquoMASrdquo mas o que Mas os homens vatildeo tentar tentar mas nos dias desses reis que reis O presidente da Franccedila da Alemanha antes de dissolver porque o objetivo dessa uniatildeo eacute chegar num momento que cai todos os reis e um soacute manda em tudo mas nos dias desses reis antes de dissolver isso a Pedra vem o Cristo vem entatildeo noacutes sabemos pelos acontecimentos que vemos no jornal todos os dias estamos muito proacuteximos disso
        • Vocecirc tentar centralizar o futuro
        • O futuro mesmo eu natildeo planejo eu planejo o dia dia procuro natildeo fazer muita diacutevida compro agrave vista vendo agrave vista
        • E como que o sr vecirc o cliente do sr Como que ele eacute e o que ele procura aqui com o sr
        • Eu vejo eles como amigos com uma necessidade a maioria deles eu vejo com uma necessidade e a gente procura servir essa necessidade ou suprir essa necessidade entatildeo natildeo vejo eles com um cifratildeo procuro atender eles bem e no fim ele acaba levando saindo satisfeito e volta O que eu tenho prestado atenccedilatildeo eacute nisso nesses longos tempos eacute que meus clientes voltam e isso eacute importante num comercio e as pessoas natildeo percebem isso o importante eacute o cliente voltar outra vez ele tem uma satisfaccedilatildeo mesmo que natildeo compra nada comprou uma coisa irrisoacuteria mas ele volta e a partir que ele se torna um amigo ele tambeacutem passa para os amigos os parentes aonde comprou fala que gostou da loja
        • Entatildeo o trabalho com o cliente eacute importante
        • Eacute importantiacutessimo
        • Eu quero agradecer em meu nome quero agradecer em nome do Nuacutecleo de Ciecircncias e Religiatildeo da Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo
        • Me comprometo a mandar as fotos da Expo para o sr
Page 3: Tenha fé, é um bom negócio! - PUC-SP

3

BANCA EXAMINADORA __________________________________ __________________________________ __________________________________

4

Dedicatoacuteria

Dedico este trabalho agrave cidade de Satildeo Paulo Aos brasileiros e brasileiras paulista-

nos e paulistanas por adoccedilatildeo (como eu) ou que aqui nasceram e fazem desta ci-

dade a locomotiva e um beliacutessimo motivo de orgulho para o nosso paiacutes

Ilustraccedilatildeo 2- Direitos Reservados

Se ao final deste trabalho ainda perguntarem-me O que eacute isto

A minha resposta viraacute pelas palavras do poeta Ari Barroso

5

Dedico tambeacutem este trabalho agrave minha famiacutelia e em especial para

Ilustraccedilatildeo 3 - Direitos Reservados

Estela minha esposa e compa-nheira que me abriu os caminhos da ciecircncia com seu exemplo e coragem

Aos meus pais Renato e Leila pelo apoio moral e material

aleacutem de suas contribuiccedilotildees profissionais

Ilustraccedilatildeo 4 - Direitos Reservados Fado Tropical (Chico Buarque - Ruy Guerra)

Oh musa do meu fado Oh minha matildee gentil Te deixo consternado No primeiro abril Mas natildeo secirc tatildeo ingrata Natildeo esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal ``Sabe no fundo eu sou um sentimental Todos noacutes herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo Mesmo quando as minhas matildeos estatildeo ocupa-das em torturar esganar trucidar Meu coraccedilatildeo fecha aos olhos e sinceramente chora Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas do Alentejo De quem numa bravata Arrebato um beijo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

``Meu coraccedilatildeo tem um sereno jeito E as minhas matildeos o golpe duro e presto De tal maneira que depois de feito Desencontrado eu mesmo me contesto Se trago as matildeos distantes do meu peito Eacute que haacute distacircncia entre intenccedilatildeo e gesto E se o meu coraccedilatildeo nas matildeos estreito Me assombra a suacutebita impressatildeo de incesto Quando me encontro no calor da luta Ostento a aguda empunhadura agrave proa Mas o meu peito se desabotoa E se a sentenccedila se anuncia bruta Mais que depressa a matildeo cega executa Pois que senatildeo o coraccedilatildeo perdoa

Guitarras e sanfonas Jasmins coqueiros fontes Sardinhas mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre Traacutes-os-Montes E numa pororoca Desaacutegua no Tejo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um impeacuterio colonial

Com todo o meu carinho

Renato Pinto de Almeida Juacutenior

6

Agradecimentos

Inicio os meus agradecimentos me dirigindo para as 480 pessoas anocirc-

nimas que responderam aos questionaacuterios Obrigado pela paciecircncia e oportunidade

em conhecer um pouco de cada um de vocecircs quando estabelecemos uma raacutepida

mas bonita relaccedilatildeo que eu jamais vou esquecer que foi de fundamental importacircncia

para a execuccedilatildeo deste trabalho

Com amizade agradeccedilo aos senhores proprietaacuterios das lojas que foram

os alvos de nossa pesquisa de campo e em especial aos Srs Sevilho (Banca da

Biacuteblia em Caraguatatuba - SP) Neacutelson (Casa de Velas Santa Rita ndash Satildeo Paulo ndash

Capital) Pedro (Lojas Vila Zen ndash Satildeo Paulo ndash Capital) e Sra Isabellla (Livraria Cate-

dral ndash Satildeo Paulo)

Para sempre serei grato aos meus mestres do Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Religiatildeo pelos ensinamentos exemplos e incentivos a

esta dissertaccedilatildeo Agrave ldquonossardquo querida Andreacuteia secretaacuteria do CRE que sempre esteve

disposta e soliacutecita a ajudar-me com os tracircmites administrativos durante o curso

Agradeccedilo aos professores doutores Ecircnio Joseacute da Costa Brito e Leonildo

Silveira Campos que junto com meu orientador compuseram a Banca de Exame de

Qualificaccedilatildeo Muito obrigado professores de todo o coraccedilatildeo pelas valiosas suges-

totildees bibliograacuteficas e as necessaacuterias instruccedilotildees e observaccedilotildees metodoloacutegicas para

este estudo Minha gratidatildeo tambeacutem se manifesta para a profa dra Iara Gustavo de

Castro que orientou toda a parte estatiacutestica desta pesquisa

Ao meu orientador professor dr Silas Guerriero o meu agradecimento

especial Estas palavras se justificam meu mestre por vocecirc ter acreditado neste

projeto aleacutem de ter me incentivado e orientado sempre e quando precisei Tenho

certeza que construiacutemos juntos algo que transcendeu aos aspectos meramente pro-

fissionais para transformarmos o nosso conviacutevio em uma forte amizade Afinal

sempre soubemos que uma possiacutevel relaccedilatildeo entre um antropoacutelogo e um administra-

dor daria certo e que desde o iniacutecio dos nossos trabalhos os anjos e santos diriam

ameacutem como de fato disseram Obrigado Silas

7

Dedico um carinho especial agraves duas pessoas que foram tambeacutem de

fundamental importacircncia na elaboraccedilatildeo deste trabalho minha esposa Estela Noro-

nha e a minha matildee professora dra Leila Filinto Pinto de Almeida

Estela minha flor te agradeccedilo especialmente Sou grato pelas suas di-

cas avaliaccedilotildees ajuda com a aplicaccedilatildeo da pesquisa de campo e principalmente pelo

exemplo com o teu trabalho de dissertaccedilatildeo Pude acompanhar o seu desempenho

medir as suas dificuldades observar os detalhes e participar ativamente dele Para

mim foi bem mais que uma honra Aprendi muito com a sua experiecircncia nos mais

variados aspectos o que me facilitou e abriu os meus caminhos cientiacuteficos quando

da concepccedilatildeo da ideacuteia e execuccedilatildeo do projeto do meu mestrado Obrigado meu an-

jo de todo o coraccedilatildeo

O meu agradecimento especial agrave minha matildee que pacientemente fez to-

da a criacutetica metodoloacutegica ajudou-me com o necessaacuterio equiliacutebrio com o conteuacutedo do

texto e foi uma companheira na elaboraccedilatildeo final do conjunto que compocircs esta obra

Sua paciecircncia e entusiasmo foi-me tambeacutem um exemplo e um alento com a nossa

ldquonoeacuteticardquo e os nossos aspectos ldquohierofacircnicosrdquo e ldquohermenecircuticosrdquo

Por fim agradeccedilo tambeacutem agrave psicoacuteloga Andreacutea Vistueacute que me ajudou a

natildeo perder o curso de um porto seguro quando uma tempestade em minha vida se

abateu e sem avisar Agora navego por aacuteguas mais calmas seguras e serenas

8

Resumo

Este trabalho tem como objetivo entender as motivaccedilotildees dos consumidores de pro-

dutos relacionados agrave religiosidade justificando desta maneira a existecircncia de um

nicho mercadoloacutegico especiacutefico e a principal alavanca operacional nesse marcado

Nele a base para as conclusotildees estaacute centralizada em uma pesquisa de campo es-

pecialmente desenvolvida relacionando a religiatildeo e o marketing aplicado sobre os

produtos da praacutetica religiosa catoacutelica protestantes das diversas denominaccedilotildees das

religiotildees afro-brasileiras e do movimento nova era

A principal descoberta eacute que a feacute religiosa eacute o fator determinante do mercado varejis-

ta de produtos religiosos agindo e interagindo com os demais fatores econocircmicos e

sociais

Palavras chave marketing religioso - mercado varejista ndash religiatildeo ndash consumo - religi-

atildeo e marketing - produtos religiosos - cultura - subcultura

9

ABSTRACT

This work has in its aim to understand the consumerslsquo motivation relationed to religi-

osity this way justifying the existence of a specific market niche and the main opera-

tional gearing in this market

In it the bases for the conclusions are centred in a specially developed field re-

search relationing religion and the marketing applied to the products belonging to the

Catholic religious practices Protestants of several titles Afro-Brazilian religions and

the New Era movement

The main discovery is that religious faith is the determining factor of the retailing

market of religious products acting and interacting with other economic and social

factors

Keywords religious marketing - retail trade - religion - marketing - expenditure - re-

ligion and marketing - religious products - culture - subculture

10

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo ndash Um olhar para a nossa gente 17

Capiacutetulo I Conceituaccedilotildees terminologia e o cenaacuterio religioso no Brasil 24

11 Consideraccedilotildees hermenecircuticas religiatildeo religiosidade e feacute 25

12 Marketing uma ideacuteia e um conceito em evoluccedilatildeo 43

13 O desenvolvimento e a cronologia de uma ideacuteia marketing 49

14 As abordagens conjuntas do marketing com a religiosidade e vice-

versa

55

15 Consideraccedilotildees iniciais sobre o cenaacuterio da pesquisa de campo 67

Capiacutetulo II Pesquisa de campo a descoberta e o comportamento dos consumidores no mercado da feacute

75

21 Meacutetodo de organizaccedilatildeo e execuccedilatildeo da pesquisa de campo 76

211 Planificaccedilatildeo e procedimento da coleta de dados 77

22 Os resultados macroscoacutepicos da pesquisa de campo 81

221 Resultados obtidos com o perfil dos entrevistados 82

23 Meacutetodo de anaacutelise dos dados coletados 115

Capiacutetulo III O varejo de produtos religiosos razatildeo e sensibilidade 118

31 Abordagem macroscoacutepica dos dados da pesquisa de campo 120

32 A feacute como razatildeo motivacional para compras atraveacutes do prisma esta-

tiacutestico

127

33 A Razatildeo 153

34 A Sensibilidade 154

Conclusatildeo Razatildeo + Sensibilidade 156

Bibliografia 160

Anexos 173

Endereccedilos das lojas da pesquisa de campo 174

11

Modelo de questionaacuterio 178

Entrevista com o Sr Servilho Proprietaacuterio da Banca da Biacuteblia em Cara-

guatatuba ndash SP

185

12

Lista de Tabelas

Capiacutetulo II

Tabela 01 Sexo dos sujeitos entrevistados 82

Tabela 02 Qual a sua profissatildeo 84

Tabela 03 Qual a sua idade 86

Tabela 04 Qual o seu estado civil 88

Tabela 05 Qual o grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar 90

Tabela 06 Qual a sua faixa de renda familiar 92

Tabela 07 O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro 94

Tabela 08 O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo 95

Tabela 09 Qual a sua religiatildeo de batismo 97

Tabela 10 Qual a sua religiatildeo praticada atualmente 99

Tabela 11 Como o senhor (a) teve conhecimento desta loja 101

Tabela 12 Com que frequumlecircncia o senhor (a) compra produtos religi-

osos

103

Tabela 13 Qual eacute o principal motivo que o senhor (a) comprou es-

ses produtos

105

Tabela 14 Qual o tipo ou gecircnero do(s) produtos(s) comprado(s) 107

Tabela 15 Faixa de desembolso na loja 109

Tabela 16 Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na

loja

110

Tabela 17 O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja 111

Tabela 18 Em sua opiniatildeo os preccedilos praticados por esta loja satildeo 113

Tabela 19 Quais os motivos que o (a) trariam mais vezes a esta

loja 115

13

Capiacutetulo III

Tabela 20 Qual o tipo o gecircnero do(s) produto(s) comprado(s) Ta-

bela descritiva e quantitativa por mensuraccedilatildeo

125

Tabela 21 Cruzamento de dados GecircneroFrequumlecircnciaparticipaccedilatildeo

percentual

129

Tabela 22 Cruzamento de dados GecircneroProfissatildeo 130

Tabela 23 Cruzamento de dados GecircneroO Sr(a) eacute natural de Satildeo

Paulo

131

Tabela 24 Cruzamento de dados GecircneroIdade 131

Tabela 25 Cruzamento de dados GecircneroRenda Familiar 132

Tabela 26 Cruzamento de dados GecircneroGrau de Escolaridade 132

Tabela 27 Cruzamento de dados GecircneroReligiatildeo de Batismo 133

Tabela 28 Cruzamento de dados GecircneroReligiatildeo Praticada 133

Tabela 29 Cruzamento de dados GecircneroReligiatildeo de Batismo Re-

ligiatildeo Praticada

134

Tabela 30 Cruzamento de dados GecircneroPrincipal motivo pelo qual

o senhor (a) comprou esse(s) produto(s)

138

Tabela 31 Cruzamento de dados GecircneroCom que frequumlecircncia o

senhor (a) compra produtos religiosos

139

Tabela 32 Cruzamento de dados GecircneroGrau de satisfaccedilatildeo na

loja

140

Tabela 33 Cruzamento de dados GecircneroTipo de lojaComo o se-

nhor (a) teve conhecimento desta loja

143

Tabela 34 Cruzamento de dados GecircneroTipo de lojaDesembolso

na loja

147

Tabela 35 Cruzamento de dados GecircneroTipo de loja Preccedilos pra-

14

ticados na loja 149

Tabela 36 Cruzamento de dados GecircneroQuais motivos o (a) trari-

am mais vezes a esta loja

150

15

Lista de Graacuteficos

Capiacutetulo II

Graacutefico 01 Sexo dos sujeitos entrevistados 82

Graacutefico 02 Qual a sua profissatildeo 83

Graacutefico 03 Qual a sua idade 85

Graacutefico 04 Qual o seu estado civil 87

Graacutefico 05 Qual o grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar 89

Graacutefico 06 Qual a sua faixa de renda familiar 91

Graacutefico 07 O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro 93

Graacutefico 08 O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo 95

Graacutefico 09 Qual a sua religiatildeo de batismo 96

Graacutefico 10 Qual a sua religiatildeo praticada atualmente 98

Graacutefico 11 Como o senhor (a) teve conhecimento desta loja 100

Graacutefico 12 Com que frequumlecircncia o senhor (a) compra produtos reli-

giosos

102

Graacutefico 13 Qual eacute o principal motivo que o senhor (a) comprou es-

ses produtos

104

Graacutefico 14 Qual o tipo ou gecircnero do(s) produtos(s) comprado(s) 106

Graacutefico 15 Faixa de desembolso na loja 108

Graacutefico 16 Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na

loja

110

Graacutefico 17 O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja 111

Graacutefico 18 Em sua opiniatildeo os preccedilos praticados por esta loja satildeo 112

Graacutefico 19 Quais os motivos que o (a) trariam mais vezes a esta

loja

114

16

Lista de Ilustraccedilotildees

As ilustraccedilotildees desta dissertaccedilatildeo onde constam os dizeres rdquodireitos reservadosrdquo satildeo

de autoria e domiacutenio de Renato Pinto de Almeida Juacutenior estando os direitos para

publicaccedilatildeo reservados bem como as fotos e apresentaccedilatildeo digital constantes no CD-

R anexo na contracapa desta dissertaccedilatildeo

Abertura

Ilustraccedilatildeo 01 Placa no interior da Banca da Biacuteblia em Caraguatatu-

ba-SP ldquoDeus eacute o dono do meu negoacuteciordquo

03

Dedicatoacuterias

Ilustraccedilatildeo 02 Homenagem aos brasileiros e agrave cidade de Satildeo Paulo 04

Ilustraccedilatildeo 03 Armas da famiacutelia Pinto 05

Ilustraccedilatildeo 04 Armas da famiacutelia Almeida 05

Capiacutetulo I

Ilustraccedilatildeo 05 Portal do website Cruz Terra Santa 58

Ilustraccedilatildeo 06 Recorte do anuacutencio publicitaacuterio na revista Perdizes da

loja AMON-HAacute ndash Produtos miacutesticos

59

Capiacutetulo II

Ilustraccedilatildeo 07 Fotografia da fachada da Banca da Biacuteblia na Praccedila

da Igreja Matriz de Caraguatatuba- SP

78

Ilustraccedilatildeo 08 Modelo de cartatildeo de visitas para identificaccedilatildeo do pes-

quisador

79

17

Introduccedilatildeo

Um olhar para nossa gente

Certo dia fazendo compras adentrei casualmente uma das mais caras

galerias de lojas situadas na Avenida Paulista em Satildeo Paulo capital Nesse conjun-

to comercial existe uma loja muito bem montada cujo objetivo eacute atender a demanda

relativa ao mercado de produtos esoteacutericos contemplando CDs do gecircnero ldquoNew A-

gerdquo cristais incensos bonecos e bonecas de bruxas e bruxos de muitos materiais

formas e cores muitos objetos simboacutelicos com claras inclinaccedilotildees orientais anjos

barrocos velas pecircndulos baralhos de tarocirc e farta literatura sobre bruxaria magia

lendas etc No interior da loja uma jovem estava com uma pedra de cristal em suas

matildeos A expressatildeo daquela mulher era de contemplaccedilatildeo e fascinaccedilatildeo ao mesmo

tempo Aproximei-me e antes que eu dissesse alguma coisa ela dirigiu-me a palavra

e disse

_ Eacute linda (Referindo-se ao pedaccedilo de uma pedra de cristal de rocha que

tinha em suas matildeos)

Concordei prontamente A seguir a jovem foi para o caixa pagou a pedra

e saiu da loja

Antes que ganhasse o anonimato na multidatildeo chamei-a e questionei as

suas razotildees para a compra que a vira fazer A compradora deu-me muitas razotildees de

foro esoteacuterico falando-me ldquosobre forccedilas coacutesmicasrdquo ldquouma outra visatildeo de mundordquo

ldquoterapia com cristaisrdquo etc Perguntei-lhe tambeacutem a respeito do preccedilo do material que

ela havia comprado Ela me respondeu imediatamente acrescentando que havia

sido ldquomuito baratordquo

Retornei para o interior da loja Dei iniacutecio a uma abordagem aos respon-

saacuteveis pelo estabelecimento em busca de algumas respostas de questotildees cujo ca-

18

raacuteter eacute mais comercial Fui informado entre outras particularidades sobre aquele

tipo de comeacutercio e que a margem liacutequida de lucro daquela mercadoria (cascalho de

cristal) naquele momento ultrapassara a casa dos 580 pontos percentuais conside-

rado como referecircncia o valor de custo para a loja

Ocorrecircncias como estas em nosso dia-a-dia natildeo satildeo frequumlentes Como

administrador e atento observador do marketing eventos deste tipo induziram-me agrave

reflexatildeo

Podemos dizer a princiacutepio que negoacutecios como estes podem sinalizar bo-

as perspectivas de investimentos porque a taxa de risco sobre o capital investido

em funccedilatildeo da lucratividade auferida eacute muito minimizada Raciocinando como um es-

trategista e considerando apenas o vieacutes financeiro de um negoacutecio uma loja de pro-

dutos religiosos eou esoteacutericos poderaacute se configurar como uma excelente opccedilatildeo de

empreendimento1 A partir desse momento minhas atenccedilotildees voltaram-se de forma

mais aguda para o segmento mercadoloacutegico que contempla os mais diferentes as-

pectos da religiosidade e dos produtos ritualisticamente usados

Somado ao evento acima participei como assistente de uma pesquisado-

ra por ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo de uma pesquisa de campo que corporificou disserta-

ccedilatildeo de mestrado a respeito da devoccedilatildeo a Iemanjaacute entre os natildeo devotos das religiotildees

afro-brasileiras Nessa ocasiatildeo estivemos em contato direto com milhares de prati-

cantes dessas religiotildees nos dias 05 06 07 de dezembro de 2003 na cidade de

1 Em qualquer organizaccedilatildeo ou empreendimento comercial e empresarial que vise lucro eacute necessaacuterio considerar os demais fatores administrativos ao se planejar ou analisar a possibilidade de um inves-timento Esses fatores conjuntamente e somados eacute que iratildeo compor e influenciar de fato a decisatildeo de se investir Os custos de capital a mobilizaccedilatildeo contrataccedilatildeo e treinamento dos recursos humanos a especializa-ccedilatildeo do mercado o tempo de retorno esperado do capital investido impostos taxas custos indiretos do processo de comercializaccedilatildeo aquisiccedilatildeo de mercadorias proacute-labores dos controladores e capitali-zaccedilatildeo em ativos fixos satildeo alguns exemplos de custos e despesas incrementais a serem necessaria-mente e cuidadosamente observados durante a concepccedilatildeo do plano de negoacutecios Sobre esses fato-res ainda haacute a necessidade de cuidados adjacentes com o capital e tambeacutem as estimativas da taxa interna de retorno da taxa de atratividade e o caacutelculo do tempo necessaacuterio ao retorno do capital mo-bilizado e a ser aplicado conforme o planejamento especiacutefico de vendas O ferramental teacutecnico para a execuccedilatildeo e obtenccedilatildeo destes dados indicadores eacute a engenharia econocircmica Assim procedendo o empreendedor tendo executado o planejamento estrateacutegico de vendas e esse planejamento tendo sido avalizado atraveacutes dos nuacutemeros resultantes da anaacutelise teacutecnica da viabilidade econocircmica (ou engenharia econocircmica) disporaacute de argumentos soacutelidos e consistentes para a sua tomada de decisatildeo Assim operando sobre os auspiacutecios de um planejamento de marketing de fato Teraacute desta maneira os seus argumentos regidos sob a oacutetica cientiacutefica da ciecircncia administrativa em seu mais elevado e recomendado grau Alguns exemplos e a teoria do processo da engenharia econocircmica poderatildeo ser encontrados e conhe-cidos detalhadamente na obra de Oswaldo Fadigas FONTES TORRES Fundamentos da Engenharia Econocircmica Satildeo Paulo editora Thompson Pioneira 2006

19

Praia Grande ndash SP e no dia 31 de dezembro do mesmo ano na cidade de Santos ndash

SP onde pude observar com maior clareza as necessidades econocircmicas que ocor-

rem para a realizaccedilatildeo de tais acontecimentos religiosos Pelo vieacutes macroeconocircmico

pude observar por exemplo a precariedade e ausecircncia de obras de responsabilida-

de dos poderes puacuteblicos para a realizaccedilatildeo de tais eventos como a falta de infra-

estrutura organizacional e urbana suporte logiacutestico ao tracircnsito de automoacuteveis e ocircni-

bus bem como os necessaacuterios aparatos de seguranccedila puacuteblica aleacutem dos problemas

com a hospedagem e alimentaccedilatildeo etc No entanto e a despeito desses obstaacuteculos

as festividades a Iemanjaacute ocorreram dentro dos propoacutesitos religiosos de seus devo-

tos e do puacuteblico em geral com sucesso Pelo vieacutes microeconocircmico constatei tam-

beacutem nessa ocasiatildeo a diversidade de produtos e materiais empregados para a praacutetica

da Umbanda e do Candombleacute Produtos esses passiacuteveis de variadas aplicaccedilotildees e

produtos de uso exclusivo dessas religiotildees com formas cores tamanhos e quanti-

dades as mais variadas Flores imagens instrumentos musicais velas perfumes

comidas bebidas roupas joacuteias e bijuterias entre outros objetos foram notados o

que sinalizou a existecircncia de uma induacutestria e um comeacutercio varejista voltado para es-

te tipo de consumidor

Apoacutes essas experiecircncias minhas atenccedilotildees expandiram-se para as ne-

cessidades materiais dos praticantes das demais religiotildees em especial para a catoacute-

lica e as protestantes das mais diversas denominaccedilotildees aleacutem das lojas que comerci-

alizam produtos relacionados agraves religiotildees novoeristas quando foi constatada de

fato a existecircncia de um nicho mercadoloacutegico especiacutefico

Estava efetuado de forma praacutetica e cotidiana o viacutenculo entre a religiatildeo e

o mercado aguccedilando minha curiosidade cientiacutefica sobre o consumidor e seus possiacute-

veis haacutebitos e motivos de compra de produtos relacionados agrave sua religiosidade justi-

ficando desta maneira a existecircncia de um segmento mercadoloacutegico ateacute entatildeo des-

conhecido e pouco frequumlente nas grandes miacutedias

Como administrador e estrategista sempre me interessou a razatildeo exis-

tencial das empresas e as suas mais diversas dinacircmicas empresariais O foco prin-

cipal de minhas observaccedilotildees estaacute sempre centrado sobre os motivos geradores dos

mais diferentes empreendimentos econocircmicos Observando o mercado varejista de

produtos religiosos constatei a inexistecircncia de um estudo detalhado que apontasse

ou ainda sugerisse uma diretriz comercial expliacutecita que estivesse motivando alavan-

20

cando ou que justificasse investimentos no setor natildeo interessando a priori sua linha

de pensamento e praacutetica religiosa

Decidiacute-me entatildeo a trabalhar o tema da religiosidade e do marketing

Dentro deste conjunto temaacutetico optei por examinar e analisar se o fenocircmeno da feacute

religiosa poderia se configurar como um dos provaacuteveis agentes motivadores e que

justificasse o mercado institucionalizado de produtos religiosos aleacutem de alavancar

possiacuteveis investimentos sem no entanto prender-me a qualquer enfoque ou corren-

te de pensamento e praacutetica religiosa

Tendo como objeto um estudo da relaccedilatildeo entre a feacute religiosa e comeacutercio

varejista algumas outras questotildees poderiam ser levantadas tais como a feacute religiosa

dos consumidores contribui para a decisatildeo de compra de determinados produtos

Quais caracteriacutesticas e significaccedilotildees guardariam tais produtos para esse tipo de cli-

entela varejista Como estariam as lojas atendendo agraves necessidades dos consumi-

dores finais nesse mercado Como seria o perfil desse consumidor tanto pelo pris-

ma religioso quanto ao prisma econocircmico Haveria algum fator diferencial no mer-

cado varejista que oferecesse melhores condiccedilotildees para investimento Seria possiacutevel

estabelecermos pontos em comum entre a religiosidade e o marketing

O objetivo deste trabalho eacute investigar e lanccedilar luzes sobre o comporta-

mento do consumidor no momento de suas compras de produtos religiosos frente

ao varejo institucionalizado para este nicho mercadoloacutegico

Neste trabalho pretendemos elaborar uma anaacutelise de marketing onde

procuraremos estabelecer tambeacutem um diaacutelogo entre o marketing e a religiatildeo na

poacutes-modernidade dentro da visatildeo de JJ Queiroz

aderindo agrave corrente que interpreta a Poacutes-Modernidade como uma fase de transiccedilatildeo e um periacuteodo inacabado da histoacuteria da humana como uma fa-se heuriacutestica na qual a humanidade estaacute em busca de algo novo enigmaacute-tico acredito que a religiatildeo e o sagrado tambeacutem se encontram numa virada de mudanccedilas um tempo que afirma ainda muitos valores tradicionais ao lado de novas posturas tudo isso num clima em que emergem muito mais paradoxos e contradiccedilotildees do que certezas2

2 Joseacute J QUEIROZ As Religiotildees e o Sagrado nas Encruzilhadas da Poacutes-modernidade p15

21

Nessa anaacutelise consideraremos as variaacuteveis decisoacuterias de compra por

parte dos consumidores tendo como propoacutesito fundante a feacute religiosa Mapearemos

a dinacircmica mercadoloacutegica desse setor e procuraremos responder suas principais

questotildees tais como frequumlecircncia de compras caracteriacutesticas operacionais do comeacuter-

cio suas abrangecircncias possiacuteveis agentes de influecircncia e o perfil do consumidor

Trabalharemos com a hipoacutetese de que a feacute religiosa dos consumidores

poderaacute ser o agente motivacional para a aquisiccedilatildeo de bens e materiais aplicaacuteveis agrave

praacutetica religiosa justificando assim a existecircncia florescente do mercado varejista de

produtos religiosos

Nossas atenccedilotildees estaratildeo voltadas para os clientes maiores de 14 anos

das lojas de produtos religiosos que atendam as necessidades materiais da religiatildeo

catoacutelica afro-brasileira protestantes das diversas denominaccedilotildees e das religiotildees no-

voeristas no momento subsequumlente ao da efetivaccedilatildeo de suas compras

O cenaacuterio de nossos trabalhos estaacute delimitado aos arredores ou imedia-

ccedilotildees dos estabelecimentos comerciais localizados na praccedila comercial de Satildeo Paulo

e que estes estabelecimentos atendam aos padrotildees da legalidade operacional e

comercial durante os anos de 2006 e 2007

Por se tratar de uma abordagem compreensiva que apoiada nos resulta-

dos obtidos em pesquisa de campo busca detectar e compreender os motivos que

determinadas pessoas alegam para justificar o consumo de produtos inerentes agrave

religiosidade justificando assim a existecircncia de um nicho mercadoloacutegico especiacutefico

adotamos o seguinte quadro teoacuterico em primeiro lugar exporemos a complexidade

e a diversidade nas formas cientiacuteficas em se abordar os temas relacionados agrave religi-

atildeo religiosidade e feacute assim como a evoluccedilatildeo aplicaccedilotildees e conceitos de marketing

Como quadro teoacuterico utilizaremos material de um conjunto de autores

que contribuem para uma percepccedilatildeo mais aprofundada acerca da temaacutetica religiosa

tais como Max Weber (A Eacutetica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo) Eacutemile Dur-

kheim (Formas elementares da vida religiosa) Pierre Bourdieu (A economia das tro-

cas simboacutelicas) Rudolf Otto (O Sagrado) Mircea Eliade (O sagrado e o profano A

essecircncia das religiotildees) Sigmund Freud (Obras Completas) Carl G Jung (Psicologia

e Religiatildeo) Ludwig Wittgenstein (Tractatus Logico-Philosophicus e Investigaccedilotildees

Filosoacuteficas) Carlos Rodrigues Brandatildeo (Os deuses do povo) Laura de Mello e Silva

(O diabo na terra de Santa Cruz feiticcedilaria e religiosidade popular no Brasil colonial)

22

Antocircnio Flaacutevio de Oliveira Pierucci e Reginaldo Prandi (A realidade social das religi-

otildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica) Darcy Ribeiro (O povo brasileiro) Joseacute

J Queiroz (As Religiotildees e o Sagrado nas Encruzilhadas da Poacutes-modernidade) e E-

decircnio Valle (Psicologia e experiecircncia religiosa) Para os temas relacionados ao mar-

keting ou agrave mercadologia teremos as contribuiccedilotildees de autores como Philip Kotler e

Gary Armstrong (Princiacutepios de marketing) Peter F Drucker (Administraccedilatildeo tarefas

responsabilidade e praacuteticas) Idalberto Chiavenato (Teoria Geral da Administraccedilatildeo)

John Nasbitt (Megatendecircncias) Alexandre Luzzi Las Casas (Marketing de varejo)

Bob Stone (Marketing Direto) Giacutelson de Lima Garoacutefalo e Luiz Carlos Pereira de Car-

valho (Anaacutelise Microeconocircmica) Juracy Parente (Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacute-

gia) James F Engel Roger D Blacwell e Paul W Minard (Comportamento do Con-

sumidor) John C Mowen e Michael S Minor (Comportamento do consumidor) e Eli-

ane Karsaklian (Comportamento do consumidor)

Respaldado pelos estudos acima citados desenvolvemos o meacutetodo de

pesquisa o plano piloto o planejamento da coleta de campo e a anaacutelise dos dados

propriamente ditos dentro dos rigores cientiacuteficos determinados por Antonio Chizzotti

que serviratildeo de diretrizes para o desenvolvimento e argumentaccedilatildeo da proposiccedilatildeo

desta dissertaccedilatildeo

O caminho metodoloacutegico que adotamos para trabalhar nosso objetivo

tambeacutem se dividiu em quadros teoacutericos e empiacutericos Para os estudos teoacutericos e bi-

bliograacuteficos foram realizadas pesquisas seleccedilatildeo bibliograacutefica anaacutelise e interpretaccedilatildeo

de textos e participaccedilatildeo em palestras pertinentes tanto agrave aacuterea da religiatildeo quanto agrave

do marketing

Para a pesquisa de campo foi coletada documentaccedilatildeo empiacuterica tal como

questionaacuterios com uma questatildeo aberta e dezoito fechadas fotos e um depoimento

de um dos proprietaacuterios das lojas pesquisadas A pesquisa de campo ocorreu duran-

te os meses de dezembro de 2006 e janeiro fevereiro marccedilo e abril de 2007 O puacute-

blico-alvo participante foi composto por pessoas de ambos os sexos maiores de 14

anos que saiacutessem das lojas e que nelas tivessem comprado algum tipo de produto

Foi delimitado o miacutenimo de 30 questionaacuterios por loja perfazendo um total

de 480 documentos3

3Na eacutepoca da aplicaccedilatildeo da pesquisa definitiva procuramos a profa Dra Iara Gustavo de CASTRO estatiacutestica e consultora da PUC-SP para as orientaccedilotildees quanto agraves delimitaccedilotildees sobre o nuacutemero de

23

Neste trabalho dividimos o assunto em trecircs capiacutetulos mais a conclusatildeo

No primeiro capiacutetulo apresentamos o embasamento cientifico que ordena

o assunto Aleacutem disto iremos expor as razotildees que nos direcionaram para empreen-

der a presente pesquisa e definindo seus termos assim como tambeacutem situando sua

conjuntura

No segundo capiacutetulo iremos nos dedicar ao relato da pesquisa de campo

realizada histoacuterico anaacutelise de dados e demais consideraccedilotildees

No terceiro capiacutetulo o enfoque central estaraacute objetivando a comprovaccedilatildeo

da hipoacutetese deste trabalho

Finalmente a conclusatildeo procuraraacute conter os elementos todos analisados

canalizando-os para os resultados obtidos

questionaacuterios a serem aplicados Diante do projeto ela sugeriu que fizeacutessemos pelo menos 30 entre-vistas por loja e que fossem consideradas 4 lojas de cada tipo ou gecircnero de religiatildeo pois esse eacute o nuacutemero miacutenimo para se obter qualquer resultado estatiacutestico significativo

24

Capiacutetulo I Conceituaccedilotildees terminologia e o cenaacuterio religio-so do Brasil

() ldquoo problema principal para uma sociologia da modernidade religiosa eacute tentar compreender con-juntamente o movimento pelo qual a modernidade continua a solapar as estruturas de plausibilidade de todo sistema religioso e aquele pelo qual ela faz surgir ao mesmo tempo novas formas de crerrdquo4

Daniegravele Hervieu-Leacuteger

O objetivo deste capiacutetulo eacute de entrarmos em contato com questotildees sobre

religiatildeo e religiosidade feacute e marketing estabelecendo nossa posiccedilatildeo frente agrave concei-

tuaccedilatildeo dos quatro termos apontados Aleacutem de nosso posicionamento levantaremos

discussatildeo sobre a aplicaccedilatildeo desta terminologia Estaremos assim procurando uma

sintonia no que se refere ao significado das palavras citadas e como elas deveratildeo

ser entendidas ao longo desta dissertaccedilatildeo Nesta fase deste trabalho tambeacutem sinali-

zaremos com os conceitos teacutecnicos e cientiacuteficos que nortearatildeo os demais capiacutetulos

integrantes deste estudo

Esta etapa se faz necessaacuteria para que tambeacutem possamos alinhar a termi-

nologia de alguns termos ao nosso objeto de estudo o possiacutevel viacutenculo entre feacute e

4 Daniegravele HERVIEU-LEacuteGER apud Marcelo Aires CAMURCcedilA A sociologia da Religiatildeo de Daniegravele Hervieu-Leacuteger entre a memoacuteria e a emoccedilatildeo In TEIXEIRA Faustino (Org) Sociologia da Religiatildeo Enfoques teoacutericos p 265

25

marketing analisado sob o prisma do consumidor no mercado varejista de produtos

religiosos

Assinalamos nesta oportunidade que os meios de comunicaccedilatildeo de mas-

sa assim como a cultura popular natildeo tecircm dado a correta precisatildeo ao uso e aplica-

ccedilatildeo dos vocaacutebulos em questatildeo aiacute o surgimento de incorreccedilotildees na abordagem dos

termos apontados nos noticiaacuterios que surgem diuturnamente

Vamos tambeacutem nos situar frente a um possiacutevel cenaacuterio religioso do Bra-

sil e por consequumlecircncia da cidade de Satildeo Paulo assim como a uma possiacutevel reali-

dade do comeacutercio varejista de produtos religiosos e de seus consumidores no mes-

mo local procurando realizar nosso trabalho dentro dos preceitos que recomendam

os ditames do meacutetodo cientiacutefico

11 Consideraccedilotildees hermenecircuticas religiatildeo religiosidade e feacute

Ao considerarmos a palavra ldquoreligiatildeordquo eacute necessaacuterio que destaquemos a

amplitude alcance e importacircncia que ela possui tendo em vista sua vasta possibili-

dade de conceituaccedilatildeo Vaacuterios autores abordaram esse assunto semelhante ou anti-

teticamente tornando quase impossiacutevel uma harmonizaccedilatildeo entre eles

Se examinarmos a questatildeo sob o prisma socioloacutegico e nos apoiarmos nas

teses de Durkheim veremos o significado conceitual de religiatildeo como ldquoalgo feno-

menoloacutegico e eminentemente socialrdquo

Segundo o autor

As representaccedilotildees religiosas satildeo representaccedilotildees coletivas que exprimem

realidades coletivas os ritos satildeo maneiras de agir que nascem no seio dos

grupos reunidos e que satildeo destinados a suscitar a manter ou refazer cer-

tos estados mentais desses grupos Mas entatildeo se as categorias satildeo de o-

rigem religiosa elas devem participar da natureza comum a todos os fatos

26

religiosos elas tambeacutem devem ser coisas sociais produtos do pensamento

coletivo5

O antropoacutelogo norte-americano Clifford James Geertz procura explicar a

religiatildeo como sendo um sistema de siacutembolos que age sobre os homens estabele-

cendo modos e motivaccedilotildees poderosos e penetrantes sobre as pessoas Este autor

defende uma formulaccedilatildeo das concepccedilotildees da religiatildeo como sendo algo revestido de

tal brilho que as formas os modos e os motivos parecem ser excepcionalmente rea-

liacutesticos em um sistema religioso desde que simboacutelico

A religiatildeo nunca eacute apenas metafiacutesica Em todos os povos as formas os ve-

iacuteculos e os objetos de culto satildeo rodeados de uma profunda seriedade mo-

ral Em todo lugar o sagrado conteacutem em si mesmo um sentido de obriga-

ccedilatildeo intriacutenseca ele natildeo apenas encoraja a devoccedilatildeo como a exige natildeo ape-

nas induz a aceitaccedilatildeo intelectual como reforccedila o compromisso emocional 6

() os significados soacute podem ser ldquoarmazenadosrdquo atraveacutes de siacutembolos uma

cruz um crescente ou uma serpente de plumas Tais siacutembolos religiosos

dramatizados em rituais e relatados em mitos parecem resumir de alguma

maneira pelo menos para aqueles que vibram com eles tudo que se co-

nhece sobre a forma que eacute o mundo a qualidade de vida emocional que

ele suporta e a maneira como deve comportar-se quem estaacute nele Dessa

forma os siacutembolos sagrados relacionam uma ontologia e uma cosmologia

com uma esteacutetica e uma moralidade seu poder peculiar proveacutem de sua su-

posta capacidade de identificar o fato com o valor no seu niacutevel mais funda-

mental de dar um sentido normativo abrangente agravequilo que de outra forma

seria apenas real 7

5E DURKHEIM As formas elementares da vida religiosa p16 6Clifford GEERTZ A Interpretaccedilatildeo das Culturas p93 7Ibid p94

27

Leonildo Silveira Campos propotildee que o termo religiatildeo possa ser explicado

por um sentimento comum

O termo ldquoreligiatildeordquo por sua vez denota aquele sentimento que une as pes-

soas verticalmente a uma esfera tida como sagrada e horizontalmente

uma com as outras ao redor de um centro cognitivo eacutetico e volitivo de

visatildeo de mundo8

Todavia tais definiccedilotildees abrangem tanto as religiotildees dos povos ditos pri-

mitivos quanto agraves formas mais complexas de organizaccedilatildeo dos vaacuterios sistemas reli-

giosos embora variem muito os conceitos sobre o conteuacutedo e a natureza da experi-

ecircncia religiosa Apesar dessa variedade e da universalidade do fenocircmeno no tempo

e no espaccedilo as religiotildees tecircm como caracteriacutestica comum o reconhecimento do sa-

grado e a dependecircncia do homem para com os poderes supramundanos A obser-

vacircncia e a experiecircncia religiosas tecircm por objetivo prestar tributos e estabelecer for-

mas de submissatildeo a esses poderes nos quais estaacute impliacutecita a ideacuteia da existecircncia de

um ser ou de seres superiores que criaram e controlam o cosmos e a vida humana

Toda religiatildeo pressupotildee algumas crenccedilas baacutesicas como a sobrevivecircncia

depois da morte mundo sobrenatural etc ao menos como fundamento dos ritos

Essas crenccedilas podem ser de tipo mitoloacutegico com relatos simboacutelicos sobre a origem

dos deuses do mundo ou do proacuteprio povo ou dogmaacutetico contemplando conceitos

transmitidos por revelaccedilatildeo da divindade que daacute origem agrave religiatildeo revelada e que satildeo

recolhidos nas escrituras sagradas em termos simboacutelicos e tambeacutem conceituais

Os conceitos fundamentais organizam-se de modo geral em um credo

ou profissatildeo de feacute as deduccedilotildees ou explicaccedilotildees de tais conceitos constituem a teolo-

gia ou ensinamento de cada religiatildeo

8Leonildo Silveira CAMPOS Teatro Templo e Mercado - organizaccedilatildeo e marketing de um empreen-dimento neopentecostal p206

28

O teoacutelogo Martin Buber 9 exemplifica quando conceitua

() se a religiatildeo eacute uma relaccedilatildeo com eventos psiacutequicos que soacute podem significar

eventos de nossa proacutepria alma tecircm-se a implicaccedilatildeo de que natildeo se trata de uma

relaccedilatildeo com Ser ou Realidade que por mais plenamente que se possa de vez

em quando descer ateacute a alma humana sempre permanece transcendente a ela

Mais precisamente natildeo eacute a relaccedilatildeo de um Eu com um Tu Mas esse tipo de re-

laccedilatildeo eacute contudo a maneira pela qual os religiosos inconfundiacuteveis de todas as

eras compreenderam sua religiatildeo ainda que ansiassem de maneira sobremodo

intensa por deixar o seu Eu ser misticamente absorvido por esse Tu 10

Percebemos que a temaacutetica religiosa enfoca assuntos relacionados sobre

a divindade suas relaccedilotildees com os homens e os problemas humanos cruciais a mor-

te a moral as relaccedilotildees humanas etc Entre as crenccedilas destaca-se em geral uma

visatildeo esperanccedilosa sobre a salvaccedilatildeo definitiva das calamidades presentes que pode

ir desde a mera ausecircncia de sofrimento ateacute a incoacutegnita do nirvana11 ou a felicidade

plena de um paraiacuteso

Max Weber por exemplo com sua obra A Eacutetica Protestante e o Espiacuterito

do Capitalismo12 nos apresenta um significado sobre a religiatildeo onde discorre histo-

10Martim BUBER Eclipse of God Studies in the Relation between Religion and Philosophy p105 e 106 11No budismo o estado de ausecircncia total de sofrimento paz e plenitude a que se chega por uma evasatildeo de si que eacute a realizaccedilatildeo da sabedoria via meditaccedilatildeo individual Frank USARSKI em sua obra em conjunto com outros autores O Budismo no Brasil Satildeo Paulo editora Lorosae 2002 explica ldquoembora instituiccedilotildees de um Budismo no Brasil natildeo estejam isoladas socialmente o seu impacto religi-oso na sociedade eacute pequeno Pelo alto grau de especificidade cultural das suas doutrinas suas praacuteti-cas e suas formas nem no Budismo japonecircs que eacute estatiacutestica e institucionalmente forte no Brasil tem conseguido atrair um nuacutemero notaacutevel de adeptos natildeo-descendentes de japoneses Isso eacute devido a trecircs fatores inter-relacionados a) a fusatildeo do Budismo com o culto de ancestrais b) a ecircnfase na devoccedilatildeo e na recitaccedilatildeo segundo moldes do Amida-Budismo c) a praacutetica de abrangecircncia familiar Tais caracteriacutesticas geralmente natildeo correspondem ao interesse dos ocidentais pelo Budismo uma vez que eles procuram um idealizado Budismo lsquopurorsquo baseado em uma praacutetica de meditaccedilatildeo individualrdquo 12WEBER Max A Eacutetica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo Satildeo Paulo 2ordf Ediccedilatildeo revisada Edi-tora Pioneira Thomson Learning 2003

29

ricamente o ethos 13 cognitivo-moral moderno o modelo de homens e mulheres oci-

dentais que ainda hoje conhecemos

O autor discute a visatildeo integrada do universo do cristianismo medieval

portanto religioso e a modernidade inclusive com seus aspectos econocircmicos de

forma especial Supotildee uma visatildeo descentralizada e diferenciada em compartimentos

ou subsistemas com uma loacutegica proacutepria e com uma pluralidade de valores o que

conduz a um fenocircmeno relativizador ou a uma situaccedilatildeo social de pluralismo

Essa fragmentaccedilatildeo significa nesse livro a autonomia dos trecircs acircmbitos do

saber ou esferas de valor antes inseparaacuteveis

bull a ciecircncia

bull a moralidade e

bull a arte

A independecircncia destas trecircs dimensotildees pela racionalidade e a diferencia-

ccedilatildeo das esferas axioloacutegicas14 (verdade bem e beleza) ou entatildeo o discurso cientiacutefico

praacutetico-moral e esteacutetico acarretaratildeo segundo Weber o desencanto do mundo num

processo crescente de dessacralizaccedilatildeo com graves consequumlecircncias

Outro elemento caracteriacutestico de toda religiatildeo eacute o estabelecimento mais

ou menos coercitivo de normas de conduta do indiviacuteduo ou do grupo no que se refe-

re a Deus a seus semelhantes e a si mesmo O primeiro comportamento exigido eacute a

conversatildeo ou mudanccedila para um novo modo de vida Com relaccedilatildeo a Deus desta-

cam-se as atitudes de veneraccedilatildeo obediecircncia oraccedilatildeo e em algumas religiotildees o

amor Na conduta do acircmbito da esfera humana entra em maior ou menor medida

um sistema de normas eacuteticas

A criacutetica agrave religiatildeo pela visatildeo psicanaliacutetica ilustra nossas palavras

A psicanaacutelise nos acostumou com o iacutentimo viacutenculo entre o complexo pa-terno e a crenccedila em Deus ela mostrou que um Deus pessoal natildeo eacute psi-cologicamente nada mais que um pai exaltado e traz-nos todos os dias evidecircncias de como os jovens perdem suas crenccedilas religiosas tatildeo logo a

13Aquilo que eacute caracteriacutestico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indiviacuteduos de um povo grupo ou comunidade e que marca suas realizaccedilotildees ou manifestaccedilotildees culturais 14O sentido no texto eacute de um estudo ou teoria de alguma espeacutecie de valor em particular os morais

30

autoridade do pai se desfaz Por conseguinte reconhecemos que as raiacute-zes da necessidade de religiatildeo estatildeo com complexo parental 15

Quase todas as religiotildees cristalizaram-se em instituiccedilotildees dogmaacuteticas e

culturais Essas instituiccedilotildees datildeo forma e coesatildeo aos crentes como um grupo social -

religiatildeo povo igreja comunidade e a elas somam-se outras instituiccedilotildees voluntaacuterias

de tipo assistencial ou de plena dedicaccedilatildeo religiosa que correspondem a setores

informais dentro do grupo institucionalizado

Consideraccedilotildees terminoloacutegicas mais recentes como a de Pierre Bourdieu

e Ludwig Wittgenstein elevam as possiacuteveis definiccedilotildees sobre a significacircncia complexa

que a questatildeo do termo ldquoreligiatildeordquo nos traduz Bourdieu definiu a religiatildeo contem-

plando os conceitos de Durkheim Weber e Karl Marx em uma nova concepccedilatildeo teoacute-

rica Este autor explicou a religiatildeo como uma funccedilatildeo social eminentemente poliacutetica16

dentro de uma contextualizaccedilatildeo simboacutelico-ideoloacutegica como anota Pedro A Ribeiro

de Oliveira em seu texto A teoria do trabalho religioso em Pierre Bourdieu

Seguindo Durkheim que define a religiatildeo como um conjunto de praacuteticas e representaccedilotildees revestidas de caraacuteter sagrado Bourdieu trata a religiatildeo como linguagem sistema simboacutelico de comunicaccedilatildeo e de pensamento Eacute enquanto sistema de pensamento que a religiatildeo interessa agrave sociologia uma vez que ela opera para uma dada sociedade a ordenaccedilatildeo loacutegica do seu mundo natural e social integrando-o num cosmos Ou seja para a re-ligiatildeo tudo que existe ou venha existir tem sentido porque se integra a uma ordem coacutesmica Ao enfatizar a produccedilatildeo de sentido (assumindo a contribuiccedilatildeo de M Weber) Bourdieu descarta a criacutetica iluminista da religi-atildeo (como se ela fosse um sistema explicativo equivalente agrave filosofia ou agrave ciecircncia) e aponta sua especificidade unir cada evento particular agrave ordem coacutesmica

Enquanto sistema simboacutelico a religiatildeo eacute estruturada na medida em que seus elementos internos relacionam-se entre si formando uma totalidade coerente capaz de construir a experiecircncia As categorias de sagrado e profano material espiritual eterno e temporal o que eacute do ceacuteu e o que eacute da terra funcionam como alicerces sobre os quais se constroacutei a experiecircn-cia vivida Alicerces porque sendo revestidas de caraacuteter sagrado elas natildeo podem ser postas em discussatildeo e podem assim assegurar o consen-so loacutegico e moral de qualquer sociedade (eacute a tese de Durkheim) Bourdieu

15 Sigmund FREUD An Autobiographical Study vol 14 p216 16 BOURDIEU Pierre A Economia das Trocas Simboacutelicas Satildeo Paulo Ed Perspectiva 1987

31

fala do poder de consagraccedilatildeo que ldquoabsolutiza o relativo e legitima o arbi-traacuteriordquo17 para indicar a accedilatildeo da religiatildeo sobre as instituiccedilotildees sociais Sua forccedila reside na capacidade de transfigurar as instituiccedilotildees sociais (portan-to construccedilotildees humanas culturalmente condicionadas) em instituiccedilotildees de origem sobrenatural ou inscritas na natureza das coisas O mesmo e-feito de consagraccedilatildeo pode aplicar-se a atributos de grupos ou pessoas que passam a ser considerados como frutos do desiacutegnio divino ou de uma ordem natural intocaacutevel Neste sentido a religiatildeo eacute uma forccedila estru-turante da sociedade pois aplicada agraves relaccedilotildees sociais (em si mesmas arbitrariamente construiacutedas) ela ldquoda necessidade de virtuderdquo transforma o ldquoassim eacuterdquo como ldquoassim deve serrdquo ou em ldquoassim natildeo pode serrdquo

A isso Bourdieu chama de alquimia ideoloacutegica porque ao revestir o que eacute produto humano (portanto uma criaccedilatildeo arbitraacuteria e relativa ao seu tempo) com o caraacuteter sagrado (inquestionaacutevel e perene) a religiatildeo desempenha a funccedilatildeo simboacutelica de conferir agrave ordem social um caraacuteter transcendente e inquestionaacutevel Aiacute reside a eficaacutecia simboacutelica e ao mesmo tempo sua funccedilatildeo eminentemente poliacutetica18

Wittgenstein19 por sua vez e atraveacutes do vieacutes da filosofia analiacutetica define

religiatildeo como mais uma palavra de um grupo de elementos e que pode ser alterada

de acordo com os valores intriacutensecos e reais aleacutem de pessoais e pelas semelhan-

ccedilas que lhes possam ser familiares como por exemplo a feacute divina sacrifiacutecios e re-

compensas etc Steven Engler em seu artigo publicado na revista Rever intitulado

Teoria da Religiatildeo Norte-americana alguns debates recentes observa

Ludwig Wittgenstein propocircs o conceito de semelhanccedilas familiares para marcar as semelhanccedilas que existem entre as vaacuterias aplicaccedilotildees de uma mesma palavra Ele enfatizou o uso real das pessoas e natildeo o discurso fi-losoacutefico sobre essecircncias ()Todos esses elementos podem ser decla-rados da religiatildeo em geral mas nenhum deles eacute essencial Eles definem o nosso conceito ou modelo de religiatildeo Em princiacutepio esse grupo de ele-mentos pode ser alterado e a cada nova pesquisa podemos refinar nos-sa compreensatildeo sobre a religiatildeo A partir de tal ponto de vista uma religi-atildeo eacute qualquer coisa que contenha uma certa quantidade de elementos desse grupo Uma implicaccedilatildeo dessa teoria eacute a ausecircncia de distinccedilatildeo niacuteti-da entre religiatildeo e natildeo-religiatildeo Aleacutem disso haacute uma outra questatildeo como

17 Aspas satildeo do autor 18 Pedro A RIBEIRO DE OLIVEIRA A teoria do trabalho religioso em Pierre Bourdieu In TEIXEIRA Faustino (Org) Sociologia da religiatildeo enfoques teoacutericos p178 19 WITTGENSTEIN Ludwig Tractatus Logico-Philosophicus Satildeo Paulo Edusp 1994 e Investigaccedilotildees Filosoacuteficas 2ordm Ediccedilatildeo Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1995

32

poderiacuteamos determinar o que satildeo elementos religiosos sem saber o que significa religiatildeo20

Constatamos que a conceituaccedilatildeo teoacuterica do termo ldquoreligiatildeordquo passa pela

definiccedilatildeo e abordagem de grandes autores indo aleacutem eacute claro das possiacuteveis consi-

deraccedilotildees de cunho mais popular No entanto quando examinarmos com mais acui-

dade o que dizem os estudiosos sobre o assunto veremos que cada qual deu uma

possiacutevel contribuiccedilatildeo ao bom entendimento a essa complexa ideacuteia e sobre o termo

Eacute notoacuterio tambeacutem que cada estudioso parece colocar suas arguumliccedilotildees segundo suas

convicccedilotildees Natildeo nos cabe neste momento elaborar uma criacutetica aos diferentes e-

nunciados mas sim estabelecer uma valorizaccedilatildeo a eles afirmando que todos satildeo

importantes quando tentam elucidar o conceito e a significacircncia terminoloacutegica da

palavra ldquoreligiatildeordquo Contudo salvo melhor juiacutezo aleacutem de serem importantes referecircn-

cias teoacutericas para o nosso ponto-de-vista essas ideacuteias e enunciados satildeo por ve-

zes conflitantes

Exemplificando

() Jung nega o relato exclusivamente negativo que Freud faz da religiatildeo como neurose Na opiniatildeo de Freud como vimos tantas vezes a neurose da religiatildeo eacute gerada com base num conflito entre as partes consciente e in-consciente da mente conflito no qual os indiviacuteduos no ato do recalque re-cusam-se a admitir os impulsos infantis e edipianos que alimentam suas obsessotildees Reconhecer esses impulsos e suas associaccedilotildees passadas tor-na-se assim o primeiro passo rumo agrave derrota dessa enfermidade particular Para Jung no entanto essa avaliaccedilatildeo da religiatildeo eacute fundamentalmente er-rocircnea dado que supotildee que uma neurose tenha ou natildeo forma religiosa natildeo tem atributos positivos e que o inconsciente natildeo passa de um quarto de despejo de materiais incocircmodos advindos do passado infantil do pacien-te ndash de pensamento e impulsos tatildeo temidos que tornam necessaacuterio o recal-que Mas natildeo eacute esse o caso Longe de ser negativa a neurose tambeacutem pode ser um passo positivo no desenvolvimento psiacutequico ao desvelar no processo da regressatildeo o niacutevel mais profundo e criativo da mente inconsci-ente isto eacute o inconsciente coletivo Assim a denuacutencia freudiana da religiatildeo longe de promover a maturidade individual bloqueia-a agressivamente

20Steven ENGLER Teoria da Religiatildeo Norte-americana alguns debates recentes REVER - Revista de Estudos da Religiatildeo Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Religiatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo SP Nordm 4 de 2004 Versatildeo eletrocircnica disponiacutevel pelo endereccedilo httpwwwpucspbrreverrv4_2004p_englerpdf Uacuteltimo acesso em 27 de dezembro de 2006

33

Porque Freud preocupa-se tanto em descobrir a raiz bioloacutegica dessa neu-rose e em localizaacute-la no acircmbito das experiecircncias edipianas do inconsciente pessoal que deixa inteiramente de lado o foco mais positivo profundo e te-rapeuticamente necessaacuterio da religiatildeo que reside nas imagens coletivas primordiais e arquetiacutepicas da humanidade 21

Chiavenato observa a complexidade sobre o tema religiatildeo pelo prisma

das possiacuteveis abordagens e significaccedilotildees histoacutericas

Ao se estudar a histoacuteria da origem das religiotildees do ponto de vista soacutecio-econocircmico e poliacutetico seja qual for o meacutetodo utilizado mesmo discordando aprende-se a respeitar o misticismo e as crenccedilas caracteriacutesticas os argu-mentos teoloacutegicos e a feacute que inspirou liacutederes maacutertires e fieacuteis Ao mesmo tempo o contraponto entre o espiacuterito e a mateacuteria que tenta explicar o ho-mem diante das dificuldades de estar ser e agir no mundo e como essa complexidade foi usada para o bem e para o mal Mais bem e mal satildeo conceitos relativos agraves vezes maniqueiacutestas que mudam com os tempos e se contaminam de ideologia Aprende-se tambeacutem que natildeo existe certeza absoluta

E porque natildeo existe a certeza absoluta que infelizmente tem sido a arma dos fanaacuteticos de todos os calibres e ideologias causando males tatildeo conhe-cidos que uma ldquoconclusatildeordquo22 sobre a histoacuteria da origem das religiotildees eacute quase impossiacutevel Existem inuacutemeros fatores desde as idiossincrasias dos pesquisadores agraves particularidades de cada religiatildeo reagir a situaccedilotildees espe-ciacuteficas em diferentes momentos histoacutericos que impedem ou dificultam uma ldquoconclusatildeordquo definitiva

Reconhecer essa dificuldade natildeo significa fugir do problema o respeito ou a compreensatildeo das crenccedilas e ideacuteia alheias natildeo impede a criacutetica objetiva que procura uma anaacutelise racional dos fenocircmenos soacutecio-culturais Desse modo com um meacutetodo apoiado o quanto possiacutevel na objetividade cientiacutefica mesmo considerando a parcela de subjetividade de cada pesquisador pois ateacute o mais isento eacute passiacutevel de condicionamentos ideoloacutegicos eacute possiacutevel uma criacutetica ampla e esclarecedora sobre os fenocircmenos histoacutericos e sociais Os religiosos exigem respeito dos criacuteticos da religiatildeo Na mesma moeda os criacuteticos da religiatildeo poderiam pedir toleracircncia aos religiosos ao se defronta-rem com interpretaccedilotildees que natildeo lhes agradem

Eacute muito conhecida a afirmaccedilatildeo de Marx23 agraves vezes citada fora de seu con-texto que a luta de classes eacute o motor da histoacuteria Um acompanhamento da histoacuteria da humanidade principalmente nos uacuteltimos seacuteculos (e em muitos aspectos principalmente agora no seacuteculo XXI como demonstraram os inci-

21Michael PALMER Freud e Jung sobre a religiatildeo p 143 e 144 22 Aspas do autor 23O autor se refere a Karl MARX e a obra O Capital Criacutetica da Economia Poliacutetica Rio de Janeiro Editora Civilizaccedilatildeo Brasileira 1975

34

dentes entre os Estados Unidos e os fundamentalistas islacircmicos) revela que a imposiccedilatildeo religiosa quando natildeo eacute o seu principal combustiacutevel tam-beacutem pode ser o ldquomotor da histoacuteriardquo propriamente dito24

Assim sendo e por forccedila da necessidade de nos posicionarmos diante de

tatildeo complexo fenocircmeno humano com variadas possibilidades conceituais que o

termo metodoloacutegica e cientificamente nos oferece vamos adotar o sentido significa-

tivo de ldquoreligiosidaderdquo preconizada por Rudolf Otto ao inveacutes de ldquoreligiatildeordquo em nossa

dissertaccedilatildeo Parece-nos salvo melhor juiacutezo que o termo religiosidade eacute mais ade-

quado aos paracircmetros da presente pesquisa pois natildeo seraacute o caso de entrar no meacute-

rito das discussotildees sobre o que venha a ser religiatildeo assim como tambeacutem natildeo abor-

daremos suas significacircncias pelos vieses teoloacutegicos dogmaacuteticos doutrinaacuterios ou

filosoacuteficos pois o presente trabalho natildeo estaacute focalizando a discussatildeo ou criacutetica sobre

possiacuteveis correntes do pensamento religioso

O termo religiosidade por sua vez tambeacutem tem assim como a palavra re-

ligiatildeo uma conceituaccedilatildeo complexa e possivelmente ainda mais ampla

Por uma abordagem atraveacutes do vieacutes da fenomenologia a religiosidade eacute

definida segundo Pedro A Ribeiro de Oliveira como ldquo() um conjunto de disposi-

ccedilotildees referentes ao sagrado antes que estas sejam socialmente elaboradas e sociali-

zadasrdquo 25

Complementando suas afirmaccedilotildees o autor anota que

Tal reflexatildeo natildeo assume qualquer conotaccedilatildeo negativa quanto ao fenocircme-no a ser examinado distinguimos a religiosidade de fenocircmenos propria-mente religiosos porque estes supotildeem certa institucionalidade ou pelo menos um miacutenimo de normatividade e sociabilidade enquanto aquela ex-pressaria a experiecircncia religiosa em seu estado original

Assim entendida a religiosidade natildeo poderia ser uma categoria socioloacutegi-ca uma vez que natildeo eacute um fato social De fato para falar de religiosidade eacute melhor comeccedilar pela proacutepria fenomenologia que ecirc nela um dos ele-

24Julio Joseacute CHIAVENATO Religiatildeo da origem agrave ideologia p 349 e 350 25Pedro A RIBEIRO DE OLIVEIRA Religiosidade conceito para as ciecircncias do social ndash Uma apro-ximaccedilatildeo fenomenoloacutegica In Seacutergio Ricardo COUTINHO (Org) Religiosidades misticismo e histoacuteria no Brasil Central p135

35

mentos da proacutepria condiccedilatildeo humana aquele pendor que impulsiona o ser humano a buscar a transcendecircncia o sagrado o ganz andere26 ndash o intei-ramente outro Pendor que ao realizar-se provoca sensaccedilatildeo prazerosa que em algumas pessoas pode chegar ao ecircxtase Isso que chamamos de experiecircncia religiosa implica portanto o sentimento de comunhatildeo pro-funda com outras pessoas com a natureza ou com a proacutepria divindade27

Outra possiacutevel definiccedilatildeo do termo ldquoreligiosidaderdquo pode ser explicada pelo

vieacutes metodoloacutegico da historiografia com o enfoque socioloacutegico da religiosidade popu-

lar como afirma Laura de Mello e Souza

() a historiografia que se voltou para o estudo da religiosidade colonial procurou explicar suas caracteriacutesticas especiacuteficas A fluidez da organiza-ccedilatildeo eclesiaacutestica teria deixado espaccedilo para a atuaccedilatildeo dos capelatildees de engenho que gravitavam em torno dos senhores descuidando do papel do Estado e enfatizando o das famiacutelias no processo de colonizaccedilatildeo Gil-berto Freyre insere na sua explicaccedilatildeo aquilo que denomina de ldquocatolicis-mo de famiacuteliardquo com o capelatildeo subordinado ao pater famiacuteliasrdquo28 A religio-sidade subordinava-se desta forma agrave forccedila aglutinadora o organizatoacuteria dos engenhos de accediluacutecar integrando o triacircngulo Casa Grande ndash Senzala ndash Capela sua especificidade maior seria o familismo explicador do acentu-ado caraacuteter afetivo e da maior intimidade com a simbologia tatildeo caracteris-ticamente nossos29

Estela Noronha elaborou um posicionamento do termo ldquoreligiosidaderdquo

dentro da contextualizaccedilatildeo poacutes-moderna que contempla este trabalho Somou ob-

servaccedilotildees de dois autores preocupados com as diversas facetas dos assuntos rela-

cionados agrave religiosidade

26O destaque em itaacutelico no texto do autor 27Pedro A RIBEIRO DE OLIVEIRA Religiosidade conceito para as ciecircncias do social ndash Uma apro-ximaccedilatildeo fenomenoloacutegica In COUTINHO Seacutergio Ricardo (Org) Religiosidades misticismo e histoacuteria no Brasil Central p135 28A autora se refere a uma citaccedilatildeo na paacutegina 37 da obra de Gilberto FREYRE Casa Grande amp Senza-la ndash Formaccedilatildeo da famiacutelia brasileira sob o regime de economia patriarcal 9ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Joseacute Olympio 1958 29Laura de Mello e SOUZA O diabo e a terra de Santa Cruz feiticcedilaria e religiosidade popular no Bra-sil p87

36

() Brandatildeo30 afirma que nos tempos atuais o indiviacuteduo passou a ser o construtor de sua religiosidade e se vincula a uma instituiccedilatildeo apenas de maneira formal No entanto esta vinculaccedilatildeo formal eacute importante porque segundo Carvalho31 estar inserido num determinado grupo daacute a sensa-ccedilatildeo de pertenccedila de contemporaneidade e ao mesmo tempo de vincula-ccedilatildeo aos centros produtores de sentido sem estar repetindo ou reprodu-zindo o tradicional Jaacute o poacutes-moderno apropria-se de elementos tradicio-nais da religiatildeo e os reinterpreta a partir de uma visatildeo secular do campo religioso onde a ideacuteia de consumo ou de mercado eacute predominante 32

No entanto para Rudolf Otto a religiosidade ou a feacute do indiviacuteduo estaacute li-

gada agrave experiecircncia social do sagrado O termo ldquosagradordquo ou ldquosacrordquo vem do latim

sacrum e sacer Tem como significado tudo aquilo o sujeito o objeto o tempo o

lugar ou a coisa que permite experienciar o divino Essa experiecircncia eacute vivida emo-

cionalmente entre os sentimentos de polos opostos perceptiacuteveis como por exemplo

os sentimentos flutuantes entre medoterror e a fascinaccedilatildeo A essa percepccedilatildeo Otto

chamou de misterium tremendum33 Faz-se necessaacuterio esclarecer tambeacutem que o

Sagrado34 para este estudioso eacute uma categoria de interpretaccedilatildeo e de avaliaccedilatildeo

que como tal soacute existe sob o domiacutenio religioso e que traz em sua essecircncia algo

com um significado e abrangecircncia maior e mais amplo transcendente e de natureza

divina o que em sua obra designou de numinosum 35

Carl G Jung avaliza largamente os conceitos de Otto para descrever sua

concepccedilatildeo do que venha a ser religiatildeo Logo no iniacutecio do livro Psicologia e religiatildeo

Jung pontua

Religiatildeo eacute ndash como diz o vocabulaacuterio latino religare ndash uma acurada e consciencio-sa observaccedilatildeo daquilo que Rudolf Otto acertadamente chamou de numinosum isto eacute uma existecircncia ou um efeito dinacircmico natildeo causados por um ato arbitraacuterio

30A autora refere-se ao autor e obra Carlos Rodrigues BRANDAtildeO A crise das instituiccedilotildees tradicio-nais produtoras de sentido p 25-41 31 A autora refere-se ao autor e obra Joseacute Jorge CARVALHO O encontro de velhas e novas religi-otildees p77-82 32Estela NORONHA Tenha feacute tenha confianccedila Iemanjaacute eacute uma esperanccedila Um estudo a luz da soacutecio-antropologia e da psicologia analiacutetica de fenocircmeno ldquoIemanjismordquo entre os natildeo devotos das religiotildees afro-brasileira p188 33 Rudolf OTTO O Sagrado p22 34Ibid p185-196 35Ibid p4

37

() e eacute independente de sua vontade () O numinoso pode ser a propriedade de um objeto visiacutevel ou o influxo de uma presenccedila invisiacutevel que produzem uma modificaccedilatildeo especial na consciecircncia Tal eacute pelos menos a regra universal 36

Consideradas as palavras de Otto e Jung a ldquoreligiosidaderdquo seraacute por noacutes

entendida como uma capacidade intriacutenseca e extriacutenseca humana em transcender37

significando eou resignificando a sua proacutepria existecircncia a despeito de valores dog-

maacuteticos doutrinaacuterios ritualiacutesticos e teoloacutegicos anteriores ou convencionais

Edecircnio Valle em seu livro Psicologia e experiecircncia religiosa38 estabele-

ceu a diferenccedila e explicou a religiosidade intriacutenseca e extriacutenseca onde as caracteriacutes-

ticas da religiosidade intriacutenseca satildeo o forte compromisso pessoal universalista eacuteti-

co e de amor ao proacuteximo A religiosidade intriacutenseca tambeacutem seria altruiacutesta humani-

taacuteria e natildeo-egocecircntrica na qual a feacute possui importacircncia central aceita sem reserva e

o credo seguido inteiramente Aberta a experiecircncia religiosa intensa vecirc positivamen-

te a morte e possui sentimentos de poder e de capacidade proacuteprios O mesmo autor

entende como caracteriacutesticas da religiosidade extriacutenseca a religiatildeo de conveniecircncia

surgida em momentos de crise e necessidade Etnocecircntrica39 exclusivista fechada

grupalmente sua feacute e crenccedilas satildeo superficiais e sofrem uma seleccedilatildeo subjetiva Utili-

taacuteria sem visar outras finalidades estaacute a serviccedilo de outras necessidades pessoais e

sociais Deus eacute visto como duro e punitivo e a visatildeo da morte eacute negativa Ao contraacute-

rio da religiosidade intriacutenseca na qual o sujeito tem sentimentos de poder e de ca-

pacidade proacutepria aqui o sentimento eacute de impotecircncia e de controle externo

A feacute assim como a religiatildeo e a religiosidade tambeacutem eacute um termo de

complexo entendimento que podemos abordaacute-lo de diversas maneiras No entanto

destacamos que apesar da palavra eventualmente nos remeter a uma ideacuteia de algo

natildeo comprovaacutevel do ponto de vista cientiacutefico a Ciecircncia da Religiatildeo nos permite uma

aproximaccedilatildeo conscienciosa dentro dos rigores metodoloacutegicos quando abordamos a

questatildeo fenomenologicamente ou atraveacutes da filosofia

36 Carl G JUNG Psicologia e Religiatildeo p9 37 Elevar-se acima de algo de estar em outro plano ou lugar (neste texto) 38Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia religiosa p270 39O termo se refere agrave tendecircncia do pensamento a considerar as categorias normas e valores da proacute-pria sociedade ou cultura como paracircmetro aplicaacutevel a todas as demais

38

A noeacutetica40 oferece oportunidade de examinarmos o assunto Segundo

Adolphe Gescheacute

() eacute o ser humano de um conhecimento porque haacute tambeacutem um conteuacute-do noeacutetico da feacute o crente eacute visitado por uma Palavra (fides ex auditu)41 Aqui a linguagem eacute a linguagem da revelaccedilatildeo O crente natildeo vive uma ex-periecircncia nebulosa mas uma experiecircncia transpassada por uma luz que ilumina o seu conhecimento embora este continue sendo ao mesmo tempo um ldquodesconhecimentordquo diante daquilo que o ultrapassa42

Wolmir Therezio Amado propotildee que nos prendamos a duas perspectivas

baacutesicas para entendermos o que eacute feacute e sobre as quais formulou correspondentes

epistemologias43

() uma delas foi considerar a feacute e a religiatildeo no acircmbito estatutaacuterio da adesatildeo voluntarista e sujeitas agraves expectativas do coraccedilatildeo outra foi o de conhecer o acircmbito epistemoloacutegico da feacute nos limites da consciecircncia dialeacuteti-ca Ambas estatildeo muito presentes na realidade atual ainda que questotildees novas acerca do discernimento da feacute tenham surgido na poacutes-modernidade e no contexto do terceiro mundo44

O mesmo autor pontua

() Para a fenomenologia o esforccedilo teoacuterico consiste em compreender a feacute apenas como sentido de fenocircmeno deixado de lado aquilo que ilumina a graccedila ou que indica uma ordem superior A feacute nessa perspectiva eacute analisada na ordem das significaccedilotildees No esforccedilo empreendido pela filo-sofia o conhecimento da feacute soacute eacute possiacutevel ser interpretado agrave medida que se adentra em suas articulaccedilotildees porque ela estaacute em toda experiecircncia humana Se de um lado a feacute eacute um dom conferido de outro tal dom eacute dado como possibilidade que tem o imperativo de desabrochar para-ser

40Noeacutetica (filosofia) Estudo das leis gerais do pensamento 41O destaque em itaacutelico eacute do autor 42Adolphe GESCHEacute O ser humano p34 43Conjunto de conhecimentos que tecircm por objeto o conhecimento cientiacutefico visando a explicar os seus condicionamentos (sejam eles teacutecnicos histoacutericos ou sociais sejam loacutegicos matemaacuteticos ou linguumliacutesticos) sistematizar as suas relaccedilotildees esclarecer os seus viacutenculos e avaliar os seus resultados e aplicaccedilotildees 44Wolmir Therezio AMADO Diaacutelogos com a feacute p103

39

Assim a feacute se daacute em trecircs niacuteveis baacutesicos como puro desvelamento45 do outro ausente como confianccedilaesperanccedila ou entrega de si ao outro e como manifestaccedilatildeo externa paradigma visiacutevel No esforccedilo de-ser capta (sem se apropriar) o ser analoacutegico Mas este captar implica uma feacute meta-fiacutesica uma vez que outro soacute eacute compreendido por semelhanccedila A verifica-ccedilatildeo absoluta nunca me seraacute possiacutevel por isso haacute a praacutexis46 do risco e da confianccedila por mim assumida Alem da fenomenologia e da filosofia a feacute eacute apresentada teologicamente pela oacutetica biacuteblica47

Alguns autores se preocuparam em observar e tentar descrever as situa-

ccedilotildees ocorrentes de feacute por outras abordagens entre os seres humanos

Um deles foi James W Fowler que sobre o prisma da religiosidade teceu

as consideraccedilotildees sobre a feacute em sua obra Estaacutegios da Feacute A Psicologia do Desen-

volvimento Humano e a Busca de Sentido Nela admite a centralidade deste fenocirc-

meno na vida do ser humano e para isso interpreta-o por um vieacutes existencial Se-

gundo este autor eacute na existecircncia real que podemos vislumbrar o transcendente e

assim construir um sentido para a vida gerando consequumlecircncias positivas para o

contexto vivencial de cada um

Outro aspecto relevante neste livro eacute que a feacute eacute sempre relacional de-

pende das variaacuteveis que atingem o ser humano a todo tempo Satildeo pessoas que fa-

zem parte e partilham a feacute com os outros seres humanos A feacute desta forma estaria

presente no humano de forma universal e seria algo anterior agrave crenccedila aleacutem de ter o

poder de sustentar a vida

Fowler se preocupa com questotildees da feacute porque entende que ela eacute mais

profunda e pessoal do que a religiatildeo e eacute a maneira pela qual uma pessoa ou grupo

responde aos valores e aos poderes transcendentes conforme satildeo percebidos e

aprendidos atraveacutes das formas da tradiccedilatildeo cumulativa Essa tradiccedilatildeo por sua vez

agrega valores que se refletem na crenccedila que eacute alimentada e vivida na feacute Contudo

eacute a feacute que eacute colocada como mais rica e a mais pessoal pois leva o ser humano aleacutem

de si mesmo e isso eacute segundo o autor algo de maravilhoso pois permite viver a

vida como ela eacute

45O sentido da palavra lsquodesvelamentorsquo no texto eacute aplicaacutevel a dar a conhecer (conhecimento) ou reve-lar (revelaccedilatildeo) 46O sentido da palavra lsquopraacutexisrsquo empregado pelo autor em seu texto deve ser compreendida como Atividade praacutetica accedilatildeo exerciacutecio ou uso 47Wolmir Therezio AMADO Diaacutelogos com a feacute p104

40

Nesta obra existe tambeacutem uma anaacutelise que aborda os aspectos da feacute pe-

lo vieacutes desenvolvimento da crianccedila do adolescente e do adulto no meio familiar on-

de a confianccedila e amor vatildeo gerar os futuros trilhos da feacute naquele sujeito que viven-

ciou o contexto da famiacutelia segura A lealdade eacute apresentada como modelo e tambeacutem

eacute cobrada nas relaccedilotildees diaacuterias da pessoa que se insere na sociedade

Fowler tambeacutem estabeleceu sete estaacutegios de desenvolvimento da feacute

O primeiro estaacutegio seria o da feacute primal durante a formaccedilatildeo uterina e

tambeacutem presente nos primeiros meses apoacutes o nascimento Esta fase envolveria os

iniacutecios da confianccedila emocional O desenvolvimento posterior da feacute teria como base

este primeiro estaacutegio

O segundo estaacutegio relacionaria a vida pessoal na primeira infacircncia Seria

a Feacute intuitiva ou projetiva Neste estaacutegio a imaginaccedilatildeo articular-se-ia agrave percepccedilatildeo

dos sentimentos para criar imagens religiosas de longa duraccedilatildeo A crianccedila se torna-

ria consciente do sagrado das proibiccedilotildees e da existecircncia das normas morais

O terceiro corresponderia ao estaacutegio das operaccedilotildees concretas onde a

crianccedila aprenderia a diferenciar a fantasia do mundo real e teria tambeacutem condiccedilotildees

de perceber a perspectiva dos outros As crenccedilas e siacutembolos religiosos satildeo aceitos

de forma quase literal A este o autor denominou como o estaacutegio da feacute miacutetica

O quarto estaacutegio estaria situado na fase do iniacutecio da adolescecircncia ou pu-

berdade A confianccedila se desloca para as ideacuteias abstratas do pensamento loacutegico for-

mal e a um possiacutevel relacionamento mais pessoal com Deus As consideraccedilotildees so-

bre as experiecircncias passadas ou anteriores permitem ao indiviacuteduo externar preocu-

paccedilotildees com o futuro junto a outras pessoas e a construccedilatildeo de um mundo baseado

em valores e em pontos de vista pessoais A este estaacutegio Fowler denominou como

sendo a feacute sinteacutetica ou convencional

O quinto estaacutegio ocorreria no periacuteodo que fosse do final da adolescecircncia

agrave fase adulta Nesta fase as pessoas fariam uma reconstituiccedilatildeo e exame criacutetico dos

valores e crenccedilas inclusive recorrendo ao apoio de autoridades externas agrave famiacutelia

visando um suporte mais interno aacute sua pessoa A este estaacutegio do desenvolvimento

da feacute o autor chamou ndash a de individualizada e reflexiva

O sexto estaacutegio ocorreria nas pessoas de meia idade e aleacutem Nesta fase

da vida haveria a possibilidade da conjugaccedilatildeo de opostos como por exemplo a

compreensatildeo que um indiviacuteduo pode ser jovem e velho masculino e feminino des-

trutivo e construtivo Pode decorrer deste particular uma atenccedilatildeo e um relaciona-

41

mento mais profundo atraveacutes dos siacutembolos e do relacionamento com eles possibili-

tando uma ampliaccedilatildeo das muacuteltiplas perspectivas do mundo em sua complexidade

Este fato permitiraacute tambeacutem ao indiviacuteduo passar do estaacutegio da feacute individualizada pa-

ra aquela que chamou de conjuntiva cuja particularidade seria o entendimento de

seus valores em sua multidimensionalidade e interdependecircncia orgacircnica

Finalmente Fowler estabeleceu o seacutetimo estaacutegio que chamou de feacute uni-

versalizante Seria o estaacutegio final que envolveria o sujeito e onde estaria a experi-

ecircncia de unidade com o poder do ser e de Deus com um compromisso para a justi-

ccedila e o amor aleacutem da superaccedilatildeo da opressatildeo e da violecircncia As pessoas que che-

gassem a este estaacutegio da feacute viveriam como se o reino do amor e justiccedila estivesse

realmente presente Satildeo indiviacuteduos que estatildeo integralmente voltados contra as in-

justiccedilas e sob um taacutecito abraccedilo com a paz Natildeo haacute neste caso uma idade especiacutefi-

ca

Quanto ao fenocircmeno ldquofeacuterdquo se observado em seu significado mais amplo e

pelo lado pessoal dos indiviacuteduos ele nos leva a correlacionaacute-lo a algo em que se

acredita ou se confia No entanto se avanccedilarmos um pouco mais pela natureza praacute-

tica terminoloacutegica encontraremos pelo menos duas aplicaccedilotildees distintas na primeira

possibilidade veremos uma conceituaccedilatildeo de cunho racionalista estando ligada ao

vieacutes cientiacutefico nos cientistas e seus postulados em evidecircncias fiacutesicas ou laboratori-

ais

A segunda possibilidade aparece quando o fenomeno natildeo tem como base

essas evidecircncias Neste caso a feacute estaacute associada a experiecircncias pessoais (de

enfoque psicoacutelogico) e pode ser transmitida a outros atraveacutes de relatos histoacutericos

(cristianismo judaiacutesmo e islamismo) Neste sentido ela eacute associada ao contexto

religioso ou miacutestico

Como escreve JB Libacircnio

A feacute religiosa eacute contruiacuteda sobre a base humana Sem feacute humana natildeo haveria feacute religiosa Ela pede um salto para o aleacutem da esfera das relaccedilotildees humanas entra no campo do misteacuterio

A fenomenologia da religiatildeo constata como experiecircncia existente em todas as culturas exceto na cultura moderna a realidade numinosa a feacute

42

religiosa O termo ldquonuminosordquo ndash do latim numem - exprime a vontade e o poder divinos 48

A decisatildeo de ter feacute pode ser por vezes unilateral ou seja depende da

vontade da sensibilidade ou da percepccedilatildeo sensorial e individual ou pode ainda ser

aprendida Neste caso os cleacuterigos tecircm uma importante participaccedilatildeo no

entendimento sobre a concepccedilatildeo da ideacuteia da feacute assim como a famiacutelia pela

transmissatildeo de seus valores religiosos Outras vezes a feacute pode se manifestar

independentemente da vontade do indiviacuteduo como por exemplo um ldquoacreditarrdquo

oriundo de uma possiacutevel revelaccedilatildeo miacutestica ou divina

Essa eacute outra vertente religiosa segundo o autor

() mistura-se com traccedilos da psicologia humanista transpessoal de auto-realizaccedilatildeo Prefere-se o termo espiritualidade em vez de feacute Essa escolha jaacute indicava uma diluiccedilatildeo de seu caraacuteter Eacute uma espiritualidade global que toca a piedade e religiosidade de traccedilos matriarcais da qual a Nova Era eacute a melhor expressatildeo O acesso ao divino se faz no interior de cada pessoa e natildeo por meio das realidades objetivas que as religiotildees tradicionais oferecem dogmas sacramentos e ritos institucionalizados

Eacute uma experiecircncia de interioridade intuitiva contemplativa do ser que transcende o fazer no interior do ser Aiacute estaacute a presenccedila divina natildeo necessariamente da pessoa de Deus49

Na atualidade anotou Libacircno que

() a feacute religiosa cresce na sociedade atual por outra razatildeo A secularizaccedilatildeo que teve seu apogeu nas deacutecadas de 1960 e 1970 especialmente no meio intelectual e sob sua influecircncia provocou uma reaccedilatildeo contraacuteria Ao reduzir o papel e o poder das religiotildees sobre a sociedade e a cultura a secularizaccedilatildeo produziu uma privatizaccedilatildeo das formas religiosas As pessoas escolhem as formas religiosas que mais

48Joatildeo Batista LIBAcircNIO Feacute p20 e 22 49Ibid p29

43

respondem agrave subjetividade provocando verdadeiro surto religioso Eacute a outra face da secularizaccedilatildeo que minando as instituiccedilotildees engendrou uma busca sedenta de expressotildees religiosas50

Continuou o autor

() Trava-se entatildeo uma forte luta entre a feacute religiosa coacutesmica e a apropriaccedilatildeo capitalista da natureza No niacutevel estritamente religioso ela assume papel profeacutetico e criacutetico na sociedade Isso explica o crescimento em nosso meio do budismo da miacutestica islacircmica e de outras formas sacrais coacutesmicas como o Santo Daime e a Uniatildeo do Vegetal Haacute uma sede de feacute religiosa no meio do desgaste psico-humano provocado pela sociedade e cultura modernas A Nova Era traduz muito dessa feacute religiosa atual51

Assim sendo os enunciados acima satildeo alguns dos que melhor explicam

o fenocircmeno Concluiacutemos que pode-se ter feacute tanto numa pessoa quanto num objeto

inanimado numa ideologia num pensamento filosoacutefico num sistema qualquer num

conjunto de regras numa crenccedila numa base de propostas ou em dogmas de uma

determinada religiatildeo

1 2 Marketing uma ideacuteia e um conceito em evoluccedilatildeo

Para concebermos qualquer tipo de negoacutecio o marketing eacute a primeira fer-

ramenta existente agrave disposiccedilatildeo do mercado nestes nossos tempos

A palavra ldquomarketingrdquo assim como o vocaacutebulo ldquoreligiatildeordquo tem sido usada

de forma quase indiscriminada e em contextos cada vez mais diferentes daqueles

que a nosso ver seriam os mais corretos Assim sendo nos parece oportuno e ne-

50Joatildeo Batista LIBAcircNIO Feacute p25 e 26 51Ibid p 27

44

cessaacuterio trazermos um posicionamento mais acurado acerca de seu significado evi-

tando desta forma os pleonasmos com que os usos coloquiais por vezes nos brin-

dam

Como trabalharemos com a hipoacutetese que a presente pesquisa apontou

de que a feacute seja a alavanca motivacional de negoacutecios no varejo de produtos religio-

sos e depois de expor estudos realizados para melhor compreensatildeo da terminologia

atinente agrave religiatildeo agrave religiosidade e agrave feacute procuraremos nos situar frente agrave terminolo-

gia e conceituaccedilatildeo do marketing

Isto posto analisaremos atraveacutes de um breve relato histoacuterico a evoluccedilatildeo

conceitual que o marketing vem experimentando ao longo do tempo

Alexandre Luzzi Las Casas nos apontou

Antes de analisar o assunto detalhadamente conveacutem fazer um esclareci-mento a respeito do termo em inglecircs No Brasil por volta de 1954 marke-ting foi traduzido como mercadologia quando surgiram os primeiros movi-mentos para a implantaccedilatildeo de curso especiacutefico em estabelecimento de en-sino superior e desde entatildeo tem sido adotada essa expressatildeo

Entretanto o termo em inglecircs significa accedilatildeo no mercado como a traduccedilatildeo sugere ()

Para entendermos o significado de marketing o ideal eacute comeccedilar com a de-finiccedilatildeo claacutessica da literatura mercadoloacutegica Em 1960 a Associaccedilatildeo Ameri-cana de Marketing definiu-o como ldquoo desempenho das atividades comerci-ais que dirigem o fluxo de bens e serviccedilos do produtor ao consumidor ou usuaacuteriordquo 52

Francisco Gracioso afirmou completando as palavras de Las Casas

() Esta definiccedilatildeo como agrave daqueles economistas deixaram de lado muitos fatos da vida real Mas era inteiramente consistente com os princiacutepios eco-nocircmicos da divisatildeo do trabalho que se seguiram agrave Revoluccedilatildeo Industrial na Inglaterra No entanto apesar de arranharem em certas passagens o es-copo e a importacircncia do marketing como noacutes entendemos hoje as obras de Torrens James Mill e Ricardo concentram-se em apenas dois dos fato-

52Alexandre L LAS CASAS Marketing conceitos exerciacutecios casos p15

45

res modernamente associados ao marketing a produccedilatildeo e a distribuiccedilatildeo relegando o consumo e o consumidor a um plano totalmente secundaacuterio Muitas deacutecadas se passariam antes que se compreendesse que uma nova teacutecnica de produccedilatildeo fosse capaz de produzir determinado artigo mais raacutepi-do e economicamente teraacute apenas valor teoacuterico se natildeo for possiacutevel a ab-sorccedilatildeo do mercado para aquele tipo de produto 53

Continuando Gracioso afirmou que

() A teoria econocircmica claacutessica falhou em que o estudo do marketing mo-derno realmente tem iniacutecio o consumidor e os problemas da criaccedilatildeo da demanda Ao contraacuterio via o ajustamento entre a oferta e a procura em termos puramente de uma operaccedilatildeo automaacutetica do mecanismo de preccedilos Se a oferta de um produto subisse o preccedilo cairia e os consumidores com-prariam mais Se a oferta caiacutesse os preccedilos subiriam e os consumidores comprariam menos

Foi o economista inglecircs JMKeynes em seu famoso livro General Theory of Employment Interest and Money publicado em 1936 quem pela pri-meira vez expocircs de forma clara a falaacutecia dessa regra Keynes demonstrou que havia ainda outros fatores subjetivos mas nem por isso menos impor-tantes que influem poderosamente no acircnimo e no comportamento do con-sumidor

Impulsos e motivaccedilotildees psicoloacutegicas absolutamente pessoais satildeo alguns fatores e sobre eles muito falaremos neste livro 54

O autor assinalou ainda

() A etapa seguinte foi a percepccedilatildeo pelos produtores que a uacutenica manei-ra de minimizar este risco e garantir uma base de crescimento firme para a sua produccedilatildeo seria uma compreensatildeo mais perfeita e profunda do que re-almente interessava ao mercado Em outros termos era preciso conhecer melhor quais os verdadeiros anseios interesses e necessidades concretas e subjetivas dos consumidores aos quais se destinavam as mercadorias produzidas

53Francisco GRACIOSO Marketing O sucesso em 5 movimentos p 16 54Ibid p17

46

Pouco a pouco tomava forma o conceito baacutesico de marketing moderno produz-se aquilo que os consumidores desejam55

Gracioso finalizou sua exposiccedilatildeo conceitual afirmando ldquo() marketing eacute o

conjunto de esforccedilos realizados para criar (ou conquistar) e manter clientes satisfei-

tos e lucrativosrdquo 56

Segundo a visatildeo de Peter Drucker marketing eacute uma funccedilatildeo eminente-

mente empresarial como verificaremos a seguir

Marketing eacute a funccedilatildeo distintiva e uacutenica da empresa Uma empresa se dis-tingue de todas as outras organizaccedilotildees humanas pelo fato de oferecer ao mercado um produto ou serviccedilo Nem a igreja nem o exeacutercito nem a esco-la e nem o governo fazem isso Qualquer organizaccedilatildeo que se completa a-traveacutes do marketing de um produto ou serviccedilo eacute uma empresa Qualquer organizaccedilatildeo em que o marketing estaacute ausente ou eacute incidental natildeo eacute uma empresa e jamais deveraacute ser administrada como tal57

Continuando sua tese o autor filoacutesofo e estrategista empresarial afirmou

() O marketing eacute tatildeo baacutesico que natildeo pode ser considerado uma funccedilatildeo agrave parte (ie uma habilidade ou trabalho separado) dentro da empresa como pessoal ou produccedilatildeo Marketing requer trabalho em separado e um nuacutemero de atividades distintas Mas eacute em primeiro lugar uma dimensatildeo central de toda a empresa Eacute a empresa toda observada do ponto de vista de seu re-sultado final isto eacute do ponto de vista do consumidor Preocupaccedilatildeo e res-ponsabilidade por marketing devem portanto estar em todas as aacutereas da empresa58

55Francisco GRACIOSO Marketing O sucesso em 5 movimentos p18 56Ibid p29 57Peter F DRUCKER Administraccedilatildeo tarefas responsabilidade e praacuteticas p 67 58Ibid p69

47

Como percebemos satildeo muitas as possibilidades conceituais que nos dias

de hoje estatildeo agrave nossa disposiccedilatildeo sobre este assunto Faz-se importante notar que

por vezes alguns fatores ou caracteres se tornam comum aos teoacutericos Neste caso

vamos destacar a explicitaccedilatildeo da preocupaccedilatildeo com o cliente ou consumidor final e o

foco das relaccedilotildees entre eles tendo em vista uma possiacutevel dinacircmica comercial e a

delicada relaccedilatildeo com o necessaacuterio lucro por parte das empresas

Alguns autores prendem-se mais agraves preocupaccedilotildees estruturais de uma

empresa como Drucker observou Outros tecircm as suas arguumliccedilotildees voltadas para o

significado semacircntico da palavra ldquomarketingrdquo e seu histoacuterico-econocircmico (Las Casas

e Gracioso respectivamente)

De fato cada autor e agrave sua maneira tem suas razotildees para enfatizar as

possiacuteveis conceituaccedilotildees que o termo marketing recebe Vale acrescentar que todas

as possibilidades acima descritas como exemplos satildeo vaacutelidas e natildeo raramente

complementares entre si59

Outra observaccedilatildeo relevante eacute que o conceito e a significacircncia teacutecnica da

expressatildeo marketing tem evoluiacutedo mudado e se aprimorado com o passar do tem-

po Portanto natildeo seria prudente afirmar-se categoricamente uma ou outra possibili-

dade60

Para este trabalho e devido agrave necessidade de adotarmos uma linha de

pensamento mais pontuada e visando uma satisfatoacuteria e transparente aderecircncia ao

meacutetodo cientiacutefico vamos adotar como conceito a formulaccedilatildeo conceitual de Philip

Kotler e Gary Armstrong ldquoUm processo administrativo e social pelo qual indiviacuteduos e

grupos obtecircm o que necessitam e desejam por meio da criaccedilatildeo oferta e troca de

produtos e valor com os outrosrdquo 61

Partiremos do preacute-suposto que a conceituaccedilatildeo de Kotler e Armstrong es-

teja dentro de uma dinacircmica organizacional portanto de forma sistecircmica como pre-

59Diferentemente do termo ldquoreligiatildeordquo que provoca grandes e toacuterridas discussotildees nos meios acadecircmi-cos a palavra ldquomarketingrdquo experimenta ao longo do tempo constante evoluccedilatildeo 60A Administraccedilatildeo de empresas quando vista sob o prisma cientiacutefico se enquadra no conjunto das ciecircncias humanas e sociais aplicadas Assim sendo conceituaccedilotildees mais obliacutequas satildeo sempre peri-gosas pois essa ciecircncia natildeo raramente transcende agrave cabiacutevel exatidatildeo das ciecircncias exatas Embora as respostas e justificativas administrativas quase sempre ocorram em formas numeacutericas o adminis-trador deve ter sempre em mente a principal razatildeo de sua existecircncia que eacute o compromisso-primo com o fator humano endoacutegeno e exoacutegeno nas organizaccedilotildees Queiram essas organizaccedilotildees visem o lucro ou natildeo 61Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de marketing p03

48

coniza a administraccedilatildeo cientiacutefica Tal dinacircmica mercadoloacutegica empresarial teraacute como

foco seus clientes razatildeo maior da existecircncia da empresa comercial e institucionali-

zada O capital e seu mercado deveratildeo estar permanentemente monitorados e de-

fendidos Suas preocupaccedilotildees estrateacutegicas no entanto estaratildeo voltadas para o futu-

ro em termos de tempo demanda e lucratividade

A maneira de interpretar o marketing no presente trabalho natildeo se descui-

da desta maior amplitude do conceito moderno da aacuterea embora nossa ecircnfase esteja

primordialmente voltada agrave empresa comercial varejista e sobretudo agraves responsabi-

lidades dos executivos que administram recursos limitados agrave luz de objetivos prede-

terminados e voltados ao conviacutevio com um meio ambiente em constante transforma-

ccedilatildeo

O nuacutecleo de nossa definiccedilatildeo de marketing eacute a ideacuteia da troca ou do inter-

cacircmbio de quaisquer tipos de valores entre partes interessadas Esta troca pode en-

volver objetos tangiacuteveis (tais como bens de consumo e dinheiro) e intangiacuteveis (como

serviccedilos ou mesmo ideacuteias)

Por mais ampla que possa ser a gama de objetos transacionados no ca-

so desta dissertaccedilatildeo seratildeo considerados os de uso e aplicaccedilotildees ritualiacutesticas ou afe-

tos agrave religiosidade No entanto tipos especiais de trocas eacute que mereceratildeo ser carac-

terizados como mercadoloacutegicos Para que neste trabalho tenha importacircncia e mere-

ccedila esta abordagem essas trocas deveratildeo ter o intuito da continuidade no processo

entre as partes envolvidas ou seja ela deve ser ao mesmo tempo sistemaacutetica in-

tencional e voltada para uma expectativa de resultados previsiacuteveis intuiacutedos ou dese-

jados Esses resultados deveratildeo ser almejados por parte dos empresaacuterios e dos cli-

entes de empresas varejistas que operacionalizam suas atividades sobre o nicho da

religiosidade

49

13 O desenvolvimento e a cronologia de uma ideacuteia marketing

bull O iniacutecio

Apesar de encontrarmos suas raiacutezes ao longo da histoacuteria da humanidade

na proacutepria gecircnese do comeacutercio o marketing eacute um campo de estudo novo se

comparado com as demais aacutereas do saber O estudo do mercado surgiu da

necessidade dos empresaacuterios em administrar uma nova realidade oriunda da

Revoluccedilatildeo Industrial

A revoluccedilatildeo industrial em seus dois momentos histoacutericos iniciou grandes

mudanccedilas econocircmicas e sociais No primeiro momento62 apareceram como fases

relevantes a mecanizaccedilatildeo da induacutestria e da agricultura a aplicaccedilatildeo da forccedila motriz

industrial e o desenvolvimento do sistema fabril aleacutem de uma formidaacutevel aceleraccedilatildeo

nos meios de transportes e de comunicaccedilotildees Em uma segunda etapa podemos

enunciar vaacuterias caracteriacutesticas importantes que marcaram eacutepoca63 a substituiccedilatildeo do

ferro pelo accedilo o desenvolvimento da maquinaria automaacutetica e um alto grau de

especializaccedilatildeo do trabalho nos ambientes fabris o crescente domiacutenio da induacutestria

pela ciecircncia o desenvolvimento de novas formas de organizaccedilatildeo capitalista e a

expansatildeo da industrializaccedilatildeo ateacute a Europa Central e Oriental por exemplo Desta

maneira essas novas situaccedilotildees modificaram a relaccedilatildeo do capital com os meios de

produccedilatildeo ateacute entatildeo e anteriormente existentes Como consequumlecircncia

estabeleceram tambeacutem um reposicionamento das forccedilas produtivas com o mercado

consumidor

Neste estaacutegio da histoacuteria econocircmica mundial o marketing ainda era

inseparaacutevel da economia e da administraccedilatildeo claacutessica A gestatildeo econocircmica e

empresarial nesse instante preocupou-se com a logiacutestica a produtividade e a

maximizaccedilatildeo dos lucros Os consumidores natildeo tinham qualquer poder de barganha

com os fabricantes e produtores Os aspectos humanos do mercado eram

ignorados aleacutem da concorrecircncia ser praticamente inexistente

62Seacuteculo VXII 63Seacuteculo XIX

50

Essa eacutepoca comeccedilam a surgir os primeiros sinais de excesso de oferta Os fabricantes desenvolveram-se e produziram em seacuterie Portanto a oferta passou a superar a demanda e os produtos acumulavam-se em estoques Algumas empresas comeccedilaram a utilizar teacutecnicas de vendas bem mais agressivas e a ecircnfase na comercializaccedilatildeo das empresas dessa eacutepoca era totalmente dirigidas agraves vendas 64

Nos anos 40 os trabalhos e observaccedilotildees a respeito da aplicaccedilatildeo da

psicologia na propaganda e o de William J Reilly65 sobre as Leis de Gravitaccedilatildeo do

Varejo66 comeccedilaram a dar um enfoque cientiacutefico ao marketing Uma das questotildees

cruciais nesse momento da histoacuteria era se as teorias de mercado podiam ou natildeo se

desenvolver Algumas abordagens defendiam a tese que isso nunca seria possiacutevel

Natildeo seriam passiacuteveis de desenvolvimento a uma teoria mercadoloacutegica genuiacutena pois

a consideravam extremamente subjetiva quase uma forma de arte Tal realidade

manteve-se inalterada ateacute os instantes finais da Segunda Guerra Mundial quando

entatildeo reagindo ao crescimento da concorrecircncia mercadoacutelogos comeccedilaram a

teorizar sobre como atrair e lidar com seus consumidores em funccedilatildeo da super-

produccedilatildeo Surgiu entatildeo a cultura de vender a qualquer preccedilo

bull Deacutecada de 1950

A primeira tentativa de mudanccedila dessa visatildeo mercadoloacutegica veio em

1954 pelas matildeos de Peter Drucker ao lanccedilar seu livro A Praacutetica da Administraccedilatildeo

Natildeo se tratava de ser propriamente um livro sobre marketing mas foi o primeiro

registro escrito que cita o marketing como uma forccedila poderosa a ser considerada

pelos administradores

64Alexandre L LAS CASAS Marketing conceitos exerciacutecios casos p22 65REILLY WJ The Law of Retail Gravitation New York Knickerbocker Press 1931 66 Principais enunciados

bull - A atraccedilatildeo de fregueses varia diretamente com a populaccedilatildeo da aacuterea em que o varejo se encontra

bull - A atraccedilatildeo de fregueses varia inversamente com o quadrado da distacircncia a ser percorrida por estes

bull - Uma cidade de maior populaccedilatildeo atrai o consumo de uma localidade menor na proporccedilatildeo direta do nuacutemero de habitantes

bull - Uma cidade de maior populaccedilatildeo atrai o consumo de uma localidade menor na proporccedilatildeo inversa ao quadrado da distacircncia entre elas

51

bull Deacutecada de 1960

Sequencialmente em 1960 elaborado por Theodore Levitt professor da

Harvard Business School em artigo na revista Harvard Business Review entitulado

Miopia de Marketing67 revelou uma seacuterie de erros de percepccedilotildees mostrou a

importacircncia da satisfaccedilatildeo dos clientes e transformou para sempre o mundo dos

negoacutecios O vender a qualquer custo deu lugar agrave satisfaccedilatildeo garantida

O universo do marketing comeccedilou a expandir-se e artigos cientiacuteficos

foram escritos pesquisas feitas e dados estatisticamente relevantes traccedilados

Foram separadas as estrateacutegias eficientes dos ldquoachismosrdquo e viu-se a necessidade de

um estudo seacuterio do mercado Este conhecimento adquirido ficou espalhado difuso

muitas vezes restrito ao mundo acadecircmico Em 1967 Philip Kotler lanccedilou a primeira

ediccedilatildeo de seu livro Administraccedilatildeo de Marketing onde pocircs-se a reunir revisar

testar e consolidar as bases daquilo que ateacute hoje formam o ldquocacircnone do marketingrdquo

bull Deacutecada de 1970

Nos anos 70 destacou-se o fato de surgirem departamentos e diretorias

de marketing em todas as grandes empresas Natildeo se tratava mais de uma boa ideacuteia

mas de uma necessidade de sobrevivecircncia Eacute nesta eacutepoca que se multiplicaram os

supermercados shopping centers e franchises De fato a contribuiccedilatildeo do marketing

foi tatildeo notoacuteria no meio empresarial que passou rapidamente a ser adotada em

outros setores da atividade humana O governo organizaccedilotildees civis entidades

religiosas e partidos poliacuteticos passaram a valer-se das estrateacutegias de marketing

adaptando-as agraves suas realidades e necessidades

bull Deacutecada de 1980

67Theodore LEVITT Marketing Myopia Harvard Business Review vol 38 1960 p 45-56

52

Em 1982 o livro Em Busca da Excelecircncia68 de Tom Peters e Bob

Waterman inaugurou todo um periacuteodo de escritores sobre o marketing Num golpe

de sorte editorial produziram o livro de marketing mais vendido de todos os tempos

ao focarem completamente sua atenccedilatildeo no cliente Esse fenocircmeno editorial levou o

marketing agraves massas e portanto agraves pequenas e meacutedias empresas e a todo o tipo de

profissional Talvez por isso e tambeacutem por uma necessidade mercadoloacutegica o

marketing passou a ser uma preocupaccedilatildeo atinente agrave alta direccedilatildeo de todas as mega-

corporaccedilotildees natildeo estando mais restrita a uma diretoria ou departamento

O fecircnomeno dos gurus entretando eacute responsaacutevel pelo posterior descuido

com o rigor da investigaccedilatildeo cientiacutefica e uma tendecircncia a modismos Nesta eacutepoca

floreceram diversos autores tais como Al Ries69 que definiu o conceito de

posicionamento 70 e o markerting de guerra e guerrilha 71 e Masaaki Imai72 que

idealizou o modelo Kaizen73 Esses autores ganharam reconhecimento no mundo

dos negoacutecios e alta reputaccedilatildeo no universo empresarial por suas ideacuteias e abordagens

originais

bull Deacutecada de 1990

Assim como ocorreu em muitos outros setores o avanccedilo tecnoloacutegico dos

anos 90 teve um forte impacto no mundo do marketing O comeacutercio eletrocircnico foi

68PETERS Tom J e WATERMAN Bob Search of Excellence Lessons from Americas Best-Run Companies London Editora Haper Collins 1992 69RIES Al Marketing de Guerra Satildeo Paulo 31ordf Ediccedilatildeo Editora Makron Books 1986 70 Posicionamento eacute uma teacutecnica onde os homens e mulheres dedicados ao marketing geram ou transformam uma imagem ou identidade para um produto marca ou empresa Eacute o espaccedilo que um produto ocupa na mente do consumidor em um determinado mercado O posicionamento de um produto eacute como compradores potenciais o vecircem e eacute expressado pela relaccedilatildeo de posiccedilatildeo entre os competidores 71 Marketing de guerra e guerrilha Satildeo accedilotildees mercadoloacutegicas inspiradas no desenvolvimento taacutetico e estrateacutegico das accedilotildees militares convencionais Tecircm como principal foco de atenccedilatildeo e orientaccedilatildeo a concorrecircncia empresarial 72Imai MASAAKI Kaizen - The Key to Japans Competitive Success New York Random House Business Division 1986 73Kaizen em japonecircs kai significa mudanccedila e zen para melhor Da junccedilatildeo nasceu uma estrateacutegia minuciosa de melhorias graduais implementadas continuamente nas empresas Os japoneses credi-tam a essa estrateacutegia como um dos seus principais fundamentos o desenvolvimento industrial do Japatildeo do poacutes-guerra Este modelo de gestatildeo eacute enunciado em 1986 por Imai num livro Kaizen-The Key to Japans Competitive Success Nesse livro o autor cita uma seacuterie de inovaccedilotildees de gestatildeo ja-ponesa ateacute ali olhadas separadamente debaixo do que ele chama um leque conceitual No kaizen abrigam-se praacuteticas que vecircm desde os anos 50 como os conceitos consagrados do ldquojust in timerdquo da administraccedilatildeo da produccedilatildeo assim como os conceitos do controle da qualidade total

53

uma revoluccedilatildeo na logiacutestica distribuiccedilatildeo e formas de pagamento O CRM (Customer

Relationship Management) e os serviccedilos de atendimentos ao consumidor entre

outras inovaccedilotildees tornaram possiacutevel uma gestatildeo de relacionamento com os clientes

em larga escala E como se isso natildeo fosse suficiente a Internet chegou como uma

nova via de comunicaccedilatildeo Eacute a eacutepoca do maximarketing de Stan Rapp74 do

marketing 1 to 175 da Peppers amp Rogers Group76 do aftermarketing77 de Terry G

Vavra 78 e do marketing direto79 de Bob Stone80 ou seja caracterizou-se por uma

constante busca pela personalizaccedilatildeo como medida administrativa e de poliacutetica de

aproximaccedilatildeo expansatildeo manutenccedilatildeo e retro-alimentaccedilatildeo mercadoloacutegica em geral

Outra tendecircncia do periacuteodo foi o fortalecimento do conceito de marketing

societal81 no qual tornou-se uma exigecircncia de mercado haver uma preocupaccedilatildeo

com o bem-estar da sociedade A satisfaccedilatildeo do consumidor e a opiniatildeo puacuteblica

passaram a estar diretamente ligadas agrave participaccedilatildeo das organizaccedilotildees em causas

sociais e a responsabilidade social transformou-se numa vantagem competitiva

bull Deacutecada de 2000

A virada do milecircnio assitiu agrave segmentaccedilatildeo da televisatildeo a cabo agrave

popularidade da telefonia celular e agrave democratizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo 74RAPP Stan e MARTIN Chuck Maxi-e-Marketing no Futuro da Internet Satildeo Paulo Editora Pearson Makron Books 2001 75Marketing 1 to 1 eacute uma abordagem mercadoloacutegica que consiste em tratar clientes diferentes de formas diferentes ou seja fazer uma aproximaccedilatildeo do puacuteblico-alvo voltando-se para as suas caracte-riacutesticas e necessidades individuais Tem como caracteriacutestica estabelecer modelos de comunicaccedilatildeo e negoacutecios centrados no cliente Permite buscar informaccedilotildees estrateacutegicas e assim formar uma base de dados especiacutefica e personalizada identificando-os e diferenciando-os sob os mais variados aspectos 76PEPPERS Don e ROGERS Martha CRM Series Marketing 1 to 1 2ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Makron Books 200177 Marketing de relacionamento (aftermarketing) eacute uma metodologia que se aplica ao usar o database marketing (banco de dados e de informaccedilotildees comerciais eletrocircnicas) para a retenccedilatildeo de clientes ou consumidores e obter a recompra continuada de seus produtos ou serviccedilos 78VAVRA G Terry Aftermarketing - How to Keep Customers for Life through Relationship Marketing Irwin Illinois USA Professional Publishing 1992 79Marketing direto tem como principal caracteriacutestica a redefiniccedilatildeo e percepccedilatildeo do papel do compra-dor e a conexatildeo com o vendedor Em vez de serem alvos dos esforccedilos unilaterais de marketing das empresas os clientes estatildeo se tornando participantes ativos nos ajustes da oferta e do proacuteprio pro-cesso de marketing Hoje muitas empresas permitem que os clientes desenvolvam on-line os produ-tos que desejam 80 STONE Bob Marketing Direto Satildeo Paulo Editora Studio Nobel 2004 81Marketing Societal eacute uma orientaccedilatildeo taacutetica onde uma empresa ou organizaccedilatildeo deve determinar as necessidades os desejos e interesses dos marcados-alvo e entatildeo entregar um valor superior aos clientes de maneira que o bem-estar do consumidor e da sociedade seja mantido ou melhorado

54

especialmente via Internet A World Wide Web jaacute estava madura o suficiente nos

primeiros anos desta deacutecada Surgiuram uma infinidade de pesquisas e publicaccedilotildees

sobre webmarketing82 e comeacutercio eletrocircnico83 Mas mais do que isso agora o cliente

natildeo tinha apenas poder de barganha tinha tambeacutem poder de informaccedilatildeo Era de se

esperar que isso influenciasse na maneira com a qual os consumidores interagiam

com as empresas e entre si Os primeiros reflexos disso foram o nascimento do

marketing de permissatildeo84 de Seth Godin85 a conceitualizaccedilatildeo do marketing boca-a-

boca 86 por George Silverman87 e a explosatildeo do buzzmarketing 88 e do marketing

viral 89 por autores tais como Russell Goldsmith90 e Mark Hughes91

Eacute perceptiacutevel na proacutepria evoluccedilatildeo do conceito de marketing a importacircncia

cada vez maior do consumidor como o elemento chave e alvo das preocupaccedilotildees e

propoacutesitos nas accedilotildees dos homens e mulheres que se ocupavam com marketing

pois eacute o consumidor a razatildeo loacutegica de organizaccedilotildees ou empresas comerciais

82LIGOS Melinda Point click and sell Sales amp Marketing Management maio de 1999 p 51-55 83COLONGinger How to move customers online Sales amp Marketing Management marccedilo 2000 p 27 e 28 84Marketing de Permissatildeo ou e-mail marketing eacute a utilizaccedilatildeo deliberada e autorizada do e-mail como miacutedia Com ele empresas e outras organizaccedilotildees (entidades de caraacuteter puacuteblico e privado partidos poliacuteticos e organizaccedilotildees natildeo-governamentais) tecircm acesso privilegiado a um grupo seleto de pessoas com o objetivo de difundir ideacuteias vender produtos e serviccedilos etc Conta com a adesatildeo do destinataacute-rio porque ele deve autorizar o envio da mensagem e receber somente do emissor aquilo que seja do seu preacutevio interesse 85Seth Godin foi vice-presidente de Marketing Direto da Yahoo e o criador da Yoyodyne primeira empresa a criar promoccedilotildees e campanhas de mala direta on-line ajudando a moldar a companhia com base no pioneiro Marketing de Permissatildeo on-line 86Marketing boca-a-boca o marketing de boca-a-boca consiste em reunir voluntaacuterios e pedir-lhes que experimentem determinados produtos Em seguida essas pessoas satildeo enviadas para lugares diver-sos com a missatildeo de falar sobre a experiecircncia que tiveram com os produtos experimentados agraves pes-soas com quem se relacionam diariamente Quanto mais as pessoas vecircem um determinado produto utilizado em puacuteblico ou quanto mais ouvem a seu respeito por parte de pessoas conhecidas e em quem confiam maior eacute a probabilidade de que venham a compraacute-lo 87SILVERMAN George The Secrets of Word-of-Mouth Marketing How to Trigger Exponential Sales Through Runaway Word of Mouth New York AMA Publications 2001 88 Buzzmarketing eacute uma derivaccedilatildeo do marketing boca-a-boca Consiste em identificar as pessoas formadoras de opiniatildeo que atuem sobre um determinado segmento populacional ou puacuteblico-alvo (tambeacutem chamados de iacutecones referenciais) Essas pessoas passam a promover subliminarmente e pessoalmente o produto ou serviccedilo atraveacutes do uso vinculado agrave sua pessoa Dessa forma ela passa a exercer e influecircncia sobre a decisatildeo de compra desse substrato social 89Marketing Viral eacute uma forma de disseminar uma ideacuteia produto ou serviccedilo Cria-se uma mensagem com conteuacutedo que possa ser facilmente absorvido pelas pessoas que entrem em contato com ela O conteuacutedo tem que ser de faacutecil entendimento e com um interesse relevante ou seja tem que ser suficientemente apelativo para que as pessoas passem essa mensagem adiante Se assim for a ideacuteia seraacute naturalmente disseminada multiplicando-se em grande velocidade Assim se institui a metaacutefora sobre o nome desta forma de abordagem mercadoloacutegica a mensagem progride no meio social como se fora um virus 90 Russell GOLDSMITH Viral Marketing Get Your Audience to Do Your Marketing for You London Financial Times Management 2005 91HUGHES Mark BuzzMarketing Lisboa Actual Editora 2006

55

Neste trabalho vamos centralizar atenccedilotildees sobre o consumidor de

produtos relacionados agrave religiosidade e tambeacutem agraves possiveis dinacircmicas do

marketing de varejo que estatildeo inseridas dentro dos conceitos de marketing acima

abordados e atuando como uma ferramenta mercadoloacutegica

14 As abordagens conjuntas do marketing com a religiosidade e vice-versa

Ao folhearmos as revistas e cataacutelogos especializados em negoacutecios e in-

vestimentos percebemos que satildeo raras as referecircncias sobre o mercado de produtos

religiosos que tenham como foco o consumidor final e as razotildees dos empreendimen-

tos comerciais voltados para a religiosidade Nas revistas livros e perioacutedicos religio-

sos o panorama natildeo eacute diferente Apenas recentemente e aos poucos eacute que timida-

mente estaacute sendo dispensada maior visibilidade a esse ramo comercial suas possiacute-

veis dinacircmicas e tambeacutem suas particularidades

A revista ldquoIstoEacuterdquo publicou uma reportagem sobre o tema enfocando a im-

portacircncia que esse segmento vem alcanccedilando O Legado dos ceacuteus O mercado de

produtos religiosos ignora a crise Cresce 30 move 800 empresas e gera receita

de R$ 3 bilhotildees 92

Da mesma forma outra revista Meu Proacuteprio Negoacutecio publicou na ediccedilatildeo

52 a seguinte manchete de capa Veja como ganhar dinheiro com souvenir religio-

so sites eventos livros e artesanato no mercado da feacute Na reportagem publicada a

revista ofereceu uma visatildeo panoracircmica do mercado de produtos afetos agrave religiosida-

de sugerindo esse nicho como uma recomendaacutevel opccedilatildeo para investimentos Es-

creveu Thiago Moreira

O mercado das crenccedilas pode abrigar empreendimentos tanto no comeacutercio como na induacutestria e nos serviccedilos Portanto esqueccedila a associaccedilatildeo lu-

92FERREIRA Rosenildo Gomes O legado dos ceacuteus httpwwwterracombristoedinheiro314negocios314_legado_ceuhtm Acesso em 18 de abril de 2005

56

cropecado e aproveite a demanda de igrejas fieacuteis e grupos religiosos em geral93

No editorial da mesma revista destacou a editora

A feacute move montanhas

A mobilizaccedilatildeo do Paiacutes para receber o maior representante da igreja catoacuteli-ca Bento XVI natildeo podia deixar de ser registrada nesta ediccedilatildeo que para mim eacute especial Afinal assumo o desafio de manter e integrar o esforccedilo de tantos em consolidar a MEU PROacutePRIO NEGOacuteCIO94 como uma referecircncia para novos e ateacute experientes empreendedores

E retomando a feacute sob a oacutetica dos negoacutecios eacute claro Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) 949 dos brasileiros infor-mam seguir alguma doutrina e a catoacutelica eacute que atrai maior nuacutemero de adep-tos 1392 milhotildees seguida pela evangeacutelica com 436 milhotildees Um contin-gente que merece a atenccedilatildeo de qualquer empreendedor

O repoacuterter Thiago Moreira assumiu a tarefa de apurar experiecircncias e reunir informaccedilotildees sobre os diferentes negoacutecios onde natildeo basta ter coragem pa-ra empreender pois eacute a feacute que move montanhas e nesse caso de dinhei-ro95

De fato a revista acima trouxe em seu conteuacutedo algumas informaccedilotildees es-

tatiacutesticas opiniotildees de lojistas jaacute estabelecidos no ramo dados gerais sobre o perfil

da renda de populaccedilotildees religiosas cristatildes sugestotildees de necessidades financeiras

para montagem de lojas e possiacuteveis margens de lucro No entanto informaccedilotildees

consistentes sobre o agente central e determinante do varejo de produtos religiosos

ou seja os consumidores foram no miacutenimo insuficientes

93Thiago MOREIRA Tenha Feacute nos negoacutecios Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p 38-45 junho de 2007 94Destaque da autora 95MARINARO Mari A feacute move montanhas Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p2 junho de 2007

57

Da mesma forma o jornal de negoacutecios A Gazeta Mercantil em sua ver-

satildeo on-line destacou Empresas moldam produtos e exportam para religiosos 96

Como percebemos alguns veiacuteculos de expressatildeo e miacutedia enfatizaram

que o comeacutercio relacionado com a religiatildeo estaacute adquirindo um ldquostatusrdquo importante no

universo empresarial de nosso paiacutes Todavia natildeo explicaram convenientemente o

prisma do marketing e em especial sobre a visatildeo cientiacutefica do marketing de varejo

suas causas razotildees e justificativas mercadoloacutegicas fundamentadas

A Internet estaacute aos poucos abrindo espaccedilos para novos eventos empre-

sariais no setor econocircmico dos bens e produtos ligados agrave religiatildeo Tratou-se por

exemplo da divulgaccedilatildeo de uma feira voltada para esse nicho mercadoloacutegico97 Nes-

te caso o evento anunciado eacute a Expocatoacutelica98 onde seus anunciantes disseram

que ldquoo propoacutesito de uma feira eacute encurtar o caminho que separa os polos de produ-

ccedilatildeo de seu mercado consumidorrdquo e nada mais acrescentaram sobre as razotildees fun-

dantes desse mercado O mesmo ocorreu com a Expocristatilde99

Satildeo veiculados os necessaacuterios destaques nas mateacuterias publicadas cha-

mando a atenccedilatildeo do leitor eou internauta apenas como um informe publicitaacuterio de

uma feira dirigida para empreendedores e lojistas poreacutem sem informaccedilotildees e consi-

deraccedilotildees sobre o consumidor final dos produtos e serviccedilos das empresas que des-

sas feiras possam participar

Quando procuramos na Internet informaccedilotildees sobre a religiatildeo e o comeacuter-

cio varejista de produtos religiosos usando os portais eletrocircnicos de busca tais co-

mo o Google100 Yahoo Brasil101 IG102 e UOL103 por exemplo a localizaccedilatildeo dos

websites com assuntos relacionados eacute expressiva No entanto dados que sejam

confiaacuteveis e que sinalizem detalhes de ordem teacutecnica sobre os haacutebitos de compra

96EXMAN Fernando Empresas moldam produtos e exportam para religiosos httpwwwinvestnewsnetultimasnoticiasdefaultaspid_editoria=2372ampid_noticia=474233 Acesso em 18 de abril de 2005 97Nicho mercadoloacutegico segmento restrito do mercado natildeo atendido pelas accedilotildees tradicionais de in-formaccedilotildees e de marketing e que pode oferecer novas oportunidades de negoacutecio 98Expocatoacutelica Feira de negoacutecios httpwwwexpocatolicacombrexpocatolicaindex1aspcod=62amptp=1 Acesso em 18 de abril de 2005 996ordf Expo Cristatilde httpwwwexpocristacombr Acesso em 23 de setembro de 2006 100 httpwwwgooglecombr Acesso em 07 de janeiro de 2007 101 httpbryahoocom Acesso em 07 de janeiro de 2007 102 httpbuscaigbuscacombrapp Acesso em 07 de janeiro de 2007 103 httpbuscauolcombrwwwindexhtmlref=homeuolampq=ampx=12ampy=14 Acesso em 07 de janeiro de 2007

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perfis de consumidores finais e razotildees para compra de produtos relacionados agrave reli-

giosidade satildeo nulos

O que constatamos eacute a presenccedila das lojas virtuais anunciando seus pro-

dutos religiosos como por exemplo o site abaixo de uma loja virtual e catoacutelica (Cruz

Terra Santa)104

Ilustraccedilatildeo 5

Embora a Internet seja um importante veiacuteculo de informaccedilatildeo comunica-

ccedilatildeo e miacutedia as vendas atraveacutes da rede mundial de computadores ainda natildeo satildeo

significativas frente ao comeacutercio tradicional Experimentando um constante cresci-

mento em termos de volume a participaccedilatildeo das vendas via Internet estaria repre-

sentado com uma grandeza na ordem de 2 sobre as vendas totais no varejo do

Brasil105

Eventualmente notamos alguma presenccedila do mercado religioso em pe-

quenos esforccedilos participativos na miacutedia regional e em iniciativas isoladas com caraacute-

ter meramente informativo O exemplo abaixo eacute bastante ilustrativo A revista Perdi-

104 httpwwwcruzterrasantacombrLojapadreasp Acesso em 07 de janeiro de 2007 105Tatiana RESENDE Comeacutercio eletrocircnico deve ter alta de ateacute 50 ao ano Folha On Line httpwww1folhauolcombrfolhadinheiroult91u308736shtml Acesso em 02 de julho de 2007

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zes106 com 25000 exemplares e de circulaccedilatildeo regional na cidade de satildeo Paulo traz

em seu informe publicitaacuterio ldquoDicas de presentesrdquo o seguinte apelo mercadoloacutegico

ldquoAmon-Haacute Produtos Miacutesticos ndash Distribuidor alto astralrdquo

Ilustraccedilatildeo 6

Leituras especializadas tanto com abordagens mercadoloacutegicas quanto

religiosas anotam em seu conteuacutedo a importacircncia deste estudo mas natildeo tecem de-

talhes mais especiacuteficos como enfatiza Cristiane Gade107 ldquoAs subculturas mais es-

tudadas satildeo as de grupos eacutetnicos religiosos e regionaisrdquo

A autora constata claramente a necessidade de um aprofundamento nas

questotildees relacionadas aos interesses comerciais deste segmento

Norman Shawchuck Philip Kotler Bruce Wrenn e Gustave Rath Norman

Shawchurck108 aproximam o marketing da religiatildeo analisando a aplicaccedilatildeo do com-

posto mercadoloacutegico junto a uma igreja evangeacutelica claacutessica como forma de possibili-

tar a ampliaccedilatildeo de seu nuacutemero de membros e tambeacutem o volume de diacutezimos e ofer-

tas arrecadados Poreacutem sobre os haacutebitos e necessidades de compras de produtos

relacionados agrave religiosidade e mais especificamente sobre os fieacuteis produtos pre-

ccedilos promoccedilatildeo e propaganda no varejo especializado nada indicam

106REVISTA PERDIZES Ano 5 ndash no 27 ndash Gabel Comunicaccedilotildees Redaccedilatildeo Rua Trecircs Rios 131 ndash Cj 32 ndash Satildeo Paulo SP CEP 01123-001 Fone 0xx 11 3313-8080 107Cristiane GADE Psicologia do consumidor p 136 108SHAWCHUCK Norman KOTLER Philip WRENN Bruce amp RATH Gustave Marketing for congre-gations choosing to serve people more effectively Nashville Abington Press 1992

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George Barna109 tambeacutem aproxima o marketing da religiatildeo pelo vieacutes es-

trateacutegico e administrativo das igrejas evangeacutelicas de diversas denominaccedilotildees O foco

desse autor no entanto prende-se agraves preocupaccedilotildees operacionais das igrejas en-

quanto instituiccedilotildees

Mesmo autores preocupados com o comportamento do consumidor tais

como James F Engel Roger D Blackwell e Paul W Miniard referem-se ao marke-

ting e agrave religiatildeo pelo vieacutes das mudanccedilas no comportamento dos fieacuteis mas sob a oacuteti-

ca das instituiccedilotildees e correntes de pensamento religiosos e natildeo do comeacutercio varejista

de produtos religiosos

Instituiccedilotildees religiosas judaico-cristatildes historicamente representam um pa-pel importante na moldagem dos valores das culturas ocidentais Em a-nos recentes estas instituiccedilotildees mudaram substancialmente

Alguns grupos religiosos crescem necessariamente agraves custas de outros Nos Estados Unidos os catoacutelicos cresceram dos pequeninos niacuteveis em 1776 para um quarto da populaccedilatildeo americana em grande parte devido agrave presenccedila europeacuteia do iniacutecio dos anos 1900 e agrave atual imigraccedilatildeo dos paiacuteses hispacircnicos Os batistas substituiacuteram os anglicanos (episcopais) como grupo protestante dominante Mais recentemente grupos de crescimento raacutepido como os Santos dos uacuteltimos Dias (moacutermons) tornaram-se uma grande influecircncia em muitos dos valores de seus membros Religiotildees natildeo-cristatildes ganharam influecircncia nos Estados Unidos incluindo muitas das religiotildees tradicionais orientais e o movimento Nova Era110

Percebemos a detecccedilatildeo e preocupaccedilatildeo na abordagem de autores norte-

americanos com a questatildeo da religiosidade e dos movimentos migratoacuterios da feacute reli-

giosa na populaccedilatildeo dos Estados Unidos No entanto anaacutelises mais acuradas con-

siderando a etnografia humana que compotildee a malha da populaccedilatildeo daquele paiacutes a-

inda satildeo raras pelo vieacutes do marketing Os autores natildeo se preocupam com as matri-

zes eacutetnicas que formam aquela sociedade como por exemplo a matriz indiacutegena

109 BARNA George O Marketing a Serviccedilo da Igreja Satildeo Paulo Editora Abba Press 1991 110James F ENGEL Roger D BLACKWELL e Paul W MINIARD Comportamento do consumidor p406

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Grupos que estatildeo declinando em nuacutemero atualmente incluem os mode-rados e liberais (luteranos metodistas presbiterianos episcopais e ou-tros) Os maiores ganhos em preferecircncias religiosas atualmente nos Es-tado Unidos estatildeo entre os fundamentalistas e entre aqueles sem ne-nhuma religiatildeo

Tendecircncias atuais em afiliaccedilotildees e atitudes religiosas estatildeo associadas agrave secularizaccedilatildeo de instituiccedilotildees religiosas ndash ou agrave perda da funccedilatildeo religiosa De acordo com uma tese desenvolvida por Francis Schaeffer111 a religiatildeo tornou-se compartimentada e perdeu sua capacidade de julgar valores e estruturas seculares 112

O mesmo ocorre com autores que se preocupam com a perspectiva reli-

giosa e uma possiacutevel abordagem da religiatildeo e do mercado

Carlos Rodrigues Brandatildeo aproximou os temas da religiosidade e do

marketing quando anotou em seus estudos observaccedilotildees sobre alguns dos fatores

integrantes do composto mercadoloacutegico (produto pontos de vendas e distribuiccedilatildeo)

Hoje os umbandistas produzem e fazem circular inclusive em bancas de jornaleiros uma razoaacutevel quantidade de material de propaganda e docecircn-cia jornais revistas discos e uma surpreendente variedade de livros Mas em Itapira encontrei rariacutessimos exemplares de livros entre pais e matildees de santos dos centros de umbanda e de candombleacute Natildeo vi ne-nhum deles entre os agentes autocircnomos Quase todos natildeo tinham sequer conhecimento da circulaccedilatildeo de revistas e jornais especializados Assim como alguns especialistas do catolicismo popular um ou dois deles ti-nham entre os seus guardados de feacute guias praacuteticos de orientaccedilatildeo ritual Apenas a dona do Bazar Caboclo Pena Branca possuiacutea e lia com regula-ridade livros jornais e revistas alguns dos quais agrave venda mas sem pro-cura em sua loja113

O mesmo autor se preocupou e informou o perfil sociocultural dos dirigen-

tes das organizaccedilotildees religiosas mas sobre os fieacuteis que delas participavam natildeo exa-

rou referecircncia 111Os autores referem-se ao artigo The Consumer Bill of Rights in Consumer Advisory Council First Report Government Printing Office Washington DC US 1963 112James F ENGEL Roger D BLACKWELL e Paul W MINIARD Comportamento do consumidor p 407 113Carlos Rodrigues BRANDAtildeO Os Deuses do Povo um estudo sobre a religiatildeo popular p45

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Do ponto de vista do niacutevel erudito e da sequumlecircncia de formaccedilatildeo religiosa existe entre os dirigentes de centros dos bairros de cima e os chefes de terreiros de saravaacute e curandeiros dos de baixo a mesma distacircncia que separa os presbiacuteteros-dirigentes das pequenas igrejas do Risca Faca dos pastores das assembleacuteias de Deus e dos gerentes atuais dos grupos biacute-blicos natildeo-evangeacutelicos Os agentes mediuacutenicos de serviccedilos mais popula-res satildeo analfabetos e todo o seu aprendizado derivou de contatos diretos com outros especialistas e de sua proacutepria praacutetica Neste sentido eles se aproximam tambeacutem dos agentes mais caipiras do catolicismo popular As situaccedilotildees se equivalem Meacutediuns natildeo-kardecistas dos bairros de cima nomeiam natildeo soacute os lugares onde se iniciaram na umbanda e no candom-bleacute como tambeacutem os seus mestres Joatildeozinho da Gomeia Jamil Ras-child algum pai-de-santo conhecido em Mogi-Mirim Entre os curandeiros e mestres do saravaacute fora os que lembram algum negro do passado co-mo o ldquofinado Naborrdquo114 todos indicam apenas o lugar onde aprenderam o ofiacutecio115

Franccedilois Houtart em seu livro Mercado e Religiatildeo considerou aspectos

sobre o papel das religiotildees na economia de mercado na atualidade aleacutem de ofere-

cer ponderaccedilotildees sobre o futuro das religiotildees

Reencantar o mundo pela revalorizaccedilatildeo do siacutembolo sem mexer nas rela-ccedilotildees sociais que edificam o desencanto resultaria numa gigantesca im-postura Quando o Banco Mundial cria uma seccedilatildeo de diaacutelogo com as grandes crenccedilas obedece a uma necessidade de legitimaccedilatildeo Quando Igrejas e outros grupos religiosos aceitam participar desse oacutergatildeo potildeem nos olhos natildeo a venda da justiccedila mas a venda da cegueira Sem o siacutem-bolo natildeo haacute reencanto mas sem uma nova eacutetica natildeo se podem criar as condiccedilotildees sociais e materiais do encantamento

Construir uma eacutetica poacutes-capitalista natildeo eacute uma questatildeo de poucos dias Exige um esforccedilo coletivo longo As religiotildees que sempre tiveram uma preocupaccedilatildeo eacutetica podem participar disso Eacute necessaacuteria a mediaccedilatildeo de uma anaacutelise das relaccedilotildees sociais do capitalismo real bem como levar em conta as vaacuterias experiecircncias do socialismo os seus ecircxitos e fracassos Combinar a reorganizaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais com a eacutetica pessoal e as-segurar a participaccedilatildeo democraacutetica nos processos natildeo apenas poliacuteticos mas tambeacutem econocircmicos satildeo elementos que tecircm de intervir

Assim sendo podemos concluir que nesses processos existe um papel para a religiatildeo Natildeo se trata de reivindicar um monopoacutelio mas tatildeo pouco se pode negar aos que querem fazer a aposta que pronunciem este ldquotal-vezrdquo que para eles eacute simples exaltaccedilatildeo do imaginaacuterio mas a expressatildeo

114Aspas do autor 115Carlos Rodrigues BRANDAtildeO Os Deuses do Povo um estudo sobre a religiatildeo popular p45

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de um outro real que possa ajudaacute-los a reencantar o mundo pela revitali-zaccedilatildeo do siacutembolo e pela reconstruccedilatildeo da eacutetica116

Vladimir Joseacute de Azevedo Falcatildeo abordou a dinacircmica comercial e religio-

sa Poreacutem o foco e a preocupaccedilatildeo deste autor em sua obra foi demonstrar o Merca-

datildeo de Madureira na cidade do Rio de Janeiro pelo olhar das relaccedilotildees entre os er-

veiros e erveiras e os praticantes das religiotildees afro-brasileiras Foram duas as dire-

trizes adotadas neste estudo por este autor a primeira foi o do mercado117 e das

ervas e nos convidou a entender a loacutegica das relaccedilotildees pessoais entre os erveiros e

a representaccedilatildeo das folhas A segunda diretriz foi a dos erveiros e erveiras e a expe-

riecircncia do sagrado quando nos demonstrou a riqueza simboacutelica das religiotildees afro-

brasileiras com seus siacutembolos os misteacuterios e os segredos da natureza vivenciados

nas relaccedilotildees dessas religiotildees

A vida no Mercadatildeo de Madureira eacute para aleacutem um saber especiacutefico das religiotildees afro-brasileiras afirma um saber miacutestico experimentado resul-tante do encontro entre os deuses Os encontros com os deuses preser-vam a alegria pela vida buscando assim estrateacutegias para viver melhor no Aiyecirc ndash eacute a experiecircncia do sagrado118

Existem aproximaccedilotildees temaacuteticas que margeiam o objeto deste trabalho

mas por terem outros enfoques e preocupaccedilotildees distanciam-se do que nos propu-

semos a estudar que eacute o fenocircmeno da feacute religiosa sobre o prisma do marketing e

no varejo institucionalizado de produtos religiosos E este tipo de varejo sem liga-

ccedilotildees diretas ou viacutenculos econocircmicos com as instituiccedilotildees e organizaccedilotildees religiosas

formais aleacutem de ter como puacuteblico alvo os clientes das lojas que conceitualmente

mais se aproximam da livre concorrecircncia mercadoloacutegica

116Franccedilois HOUTART Mercado e Religiatildeo p 150 117O autor refere-se ao mercado como uma instituiccedilatildeo tradicional no contexto geral da cidade do Rio de Janeiro 118Vladimir Joseacute de Azevedo FALCAtildeO Eweacute Eweacute Ossain ndash Um estudo sobre os Erveiros e Erveiras do Mercadatildeo de Madureira Uma experiecircncia do sagrado p146

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Abordagens contemplando a religiosidade e o varejo ainda satildeo mais ra-

ras quando natildeo esparsas

Autores que se preocupam em estudar os haacutebitos e as necessidades de

compras do consumidor no mercado varejista anotam em suas criacuteticas e recomen-

daccedilotildees a importacircncia fundamental que o os nichos mercadoloacutegicos ligados aos valo-

res culturais e subculturais tecircm e satildeo merecedores de atenccedilatildeo Poreacutem natildeo se apro-

fundam em detalhes mais teacutecnicos

Os fatores culturais exercem a mais ampla e profunda influecircncia sobre o comportamento do consumidor ()

A cultura eacute a determinante mais fundamental das necessidades e compor-tamento de uma pessoa Enquanto as pessoas mais simples satildeo larga-mente governadas pelo instinto o comportamento humano eacute amplamente adquirido A crianccedila em uma sociedade aprende um conjunto de valores baacutesicos percepccedilotildees preferecircncias e comportamentos atraveacutes do proces-so de socializaccedilatildeo envolvendo a famiacutelia e outras instituiccedilotildees baacutesicas ()119

Kotler avaliou a importacircncia da questatildeo da religiosidade a ser considera-

da pelos homens e mulheres que se dedicam ao estudo e aplicaccedilatildeo do marketing

No entanto o autor coloca a questatildeo da significaccedilatildeo e resignificaccedilatildeo religiosa como

uma questatildeo de ldquotabus especiacuteficosrdquo indicando claramente um posicionamento su-

perficial sobre importantes aspectos religiosos que satildeo determinantes em possiacuteveis

estrateacutegias mercadoloacutegicas como eacute verificado no Brasil por parte da induacutestria frigo-

riacutefica e de corte ao exportar seus produtos para paiacuteses do oriente meacutedio

Cada cultura eacute formada por subculturas que fornecem identificaccedilatildeo e so-cializaccedilatildeo especiacutefica para seus membros Quatro tipos de subculturas podem ser distinguidos Grupos de nacionalidades120 como Irlandeses Poloneses Italianos e Porto-Riquenhos que satildeo encontrados dentro de

119 Philip KOTLER Administraccedilatildeo de marketing anaacutelise planejamento implementaccedilatildeo e controle p 209 120Os destaques em itaacutelico satildeo do autor

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comunidades maiores e demonstram haacutebitos eacutetnicos e inclinaccedilotildees distin-tas Grupos religiosos como os Catoacutelicos Moacutermons Presbiterianos e Judaicos representam subculturas com preferecircncias culturais e tabus es-peciacuteficos Grupos Raciais como os negros e orientais tecircm estilos culturais e atitudes diferentes Aacutereas geograacuteficas como Extremo Sul a Califoacuternia e a Nova Inglaterra que satildeo subculturas distintas com estilos de vidas ca-racteriacutesticos121

Anotou Richard Vinic

A cultura eacute a personalidade de uma sociedade Podemos tambeacutem defini-la como o conjunto de valores costumes crenccedilas e atitudes adotadas por determinada sociedade com o objetivo de regular o comportamento de seus membros

A primeira cultura aprendida eacute transmitida pela famiacutelia que filtra as nor-mas e atitudes da sociedade Segundo a psicoacuteloga Christiane Gade esse processo tem sido conceituado como socializaccedilatildeo122 Quando o indiviacuteduo apresenta uma segunda cultura o processo eacute denominado aculturaccedilatildeo

Engana-se quem imagina que o refrigerante Coca-Cola seja o liacuteder de mercado em todo o Brasil O que diraacute o leitor de um refrigerante cor-de-rosa de sabor extremamente adocicado e feito agrave base de xarope de cane-la Esse refrigerante existe e se chama Guaranaacute Jesus Sem a intenccedilatildeo de apelar aos fatores religiosos o refrigerante liacuteder de mercado no Mara-nhatildeo foi desenvolvido pelo farmacecircutico Norberto Jesus

Para o profissional de marketing eacute fundamental o conhecimento das dife-rentes culturas ao longo do territoacuterio brasileiro123

Sobre os grupos religiosos o autor considerou apenas o aspecto aflitivo

pessoal como oportunidade de negoacutecios Sabemos que as religiotildees para suas praacute-

ticas demandam grandes somas em investimentos financeiros a fim de cumprirem

suas missotildees religiosas com a montagem material de igrejas templos terreiros etc

Aplicaccedilotildees em caros veiacuteculos de comunicaccedilotildees e de miacutedia tambeacutem satildeo facilmente

constataacuteveis Os financiamentos dessas iniciativas ficam por conta dos fieacuteis e da le-

121Philip KOTLER Administraccedilatildeo de Marketing anaacutelise planejamento implementaccedilatildeo e controle p209 122Os destaques em itaacutelico satildeo do autor 123Richard VINIC Varejo e clientes p10

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gislaccedilatildeo fiscal que no Brasil privilegia essas instituiccedilotildees ou organizaccedilotildees que de-

sempenham algum papel religioso aos olhos dos poderes puacuteblicos e da populaccedilatildeo

Obedecendo a normas religiosas estes grupos satildeo importantes subcultu-ras Principalmente em momentos de instabilidade financeira o indiviacuteduo busca sustentaccedilatildeo na religiatildeo qualquer que seja a sua crenccedila

A comunidade evangeacutelica tem se mostrado um puacuteblico altamente poten-cial e influenciado para a compra de produtos com motivos religiosos124

Sobre o comportamento do consumidor no tocante agraves suas crenccedilas

John C Mowen e Michael S Minor anotaram que

As crenccedilas do consumidor125 provecircm da aprendizagem cognitiva Elas representam o conhecimento e as conclusotildees que um consumidor tem a respeito de objetos seus atributos e benefiacutecios Objetos satildeo produtos pessoas empresas e coisas a respeito das quais as pessoas apresentam opiniotildees e atitudes Atributos satildeo os aspectos ou caracteriacutesticas dos ob-jetos Por fim os benefiacutecios satildeo os resultados positivos que os objetos proporcionam ao consumidor126

Como podemos constatar existem aproximaccedilotildees centradas nos temas

religiosidade marketing e varejo mas as mesmas natildeo contemplam os assuntos de

forma simultacircnea e tatildeo pouco complementar com a profundidade necessaacuteria que

este trabalho requer

Dr David Lewis e Darren Bridges escreveram

124Richard VINIC Varejo e clientes p12 125Os destaques em negrito satildeo dos autores 126John C MOWEN e Michael S MINOR Comportamento do consumidor p141

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A espiritualidade se tornou uma definiccedilatildeo para tudo que as pessoas sen-tem estar faltando em suas vidas no lugar do que esperam descobrir De acordo com Mick Brown autor de The Spiritual Tourist127 essa busca es-piritual eacute ldquoum sintoma de incerteza coletiva em uma eacutepoca em que as ins-tituiccedilotildees tradicionais como igreja famiacutelia e comunidade parecem estar desmoronando Um sintoma tambeacutem do crescente desencantamento com os valores do materialismo e de um desgaste da ciecircncia que desvendou todo o misteacuterio da existecircnciardquo128

Uma vez que muitos Novos Consumidores consideram as religiotildees tradi-cionais dogmaacuteticas demais e em alguns casos que natildeo oferecem uma experiecircncia espiritual ldquoautenticardquo haacute um interesse crescente em relaccedilatildeo ao que muitos teoacutelogos consideram benefiacutecio ou pseudofeacute129

Assim sendo uma pesquisa de campo abordando os aspectos do marke-

ting de varejo em especial o composto mercadoloacutegico e a religiosidade dos clientes

consumidores de produtos religiosos aparece como a melhor opccedilatildeo metodoloacutegica a

ser executada visando a comprovaccedilatildeo da hipoacutetese deste trabalho A pesquisa que

foi executada dentro dos rigores metodoloacutegicos e cientiacuteficos iraacute aproximar a merca-

dologia da religiatildeo e vice e versa podendo esta pesquisa lanccedilar as bases necessaacute-

rias para futuros trabalhos decorrentes deste esforccedilo pioneiro

O tema sobre o qual escolhemos trabalhar eacute relevante porque natildeo exis-

tem fontes referenciais disponiacuteveis para consultas e a lanccedilarem luzes sobre um e-

vento socioeconocircmico com significados valorosos quer analisados sobre o prisma

religioso ou mercadoloacutegico

15 Consideraccedilotildees iniciais sobre o cenaacuterio da pesquisa de campo

Por limitaccedilotildees metodoloacutegicas o cenaacuterio fiacutesico da pesquisa de campo es-

teve contemplando lojas de produtos religiosos das religiotildees catoacutelica protestantes

das diversas denominaccedilotildees religiotildees afro-brasileiras e novoeristas presentes na

praccedila comercial da cidade de Satildeo Paulo

127Os autores se referem agrave obra Spiritual Tourist A Personal Odyssey Through the Outer Reaches of Belief de autoria de Mick BROWN editado por Bloomsbury Pub Plc USA 1998 128Aspas dos autores 129Dr David LEWIS e Darren BRIDGER A alma do consumidor p10-11

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Quanto ao cenaacuterio religioso e por se tratar de uma caracteriacutestica cultural

de nosso povo adotamos o posicionamento teoacuterico de Ecircnio Brito porque natildeo seria

conveniente e nem apropriado considerarmos apenas ldquoumardquo cultura brasileira que

exteriorizasse as manifestaccedilotildees materiais e espirituais da nossa gente

Hoje eacute consenso que natildeo existe uma cultura brasileira capaz de englobar todas as manifestaccedilotildees materiais e espirituais do povo brasileiro e que lsquoa admissatildeo do seu caraacuteter plural eacute um passo decisivo para compreendecirc-la como um efeito de sentido resultado de um processo de muacuteltiplas intera-ccedilotildees e oposiccedilotildees no tempo e no espaccedilo () 130

Corroborando as palavras de Ecircnio Brito Darcy Ribeiro com seu depoi-

mento afirmou

Desde a Greacutecia natildeo se inventava uma deusa que se adequasse ao amor uma matildee de Deus que fale do amor E os negros do Rio inventaram Ie-manjaacute Isso eacute uma operaccedilatildeo cultural incriacutevel Mais importante que os ro-mances e os teoremas E importante para o povo E o que eacute Iemanjaacute Eacute uma ldquosantonardquo131 laacute que domina o mar E ningueacutem vai pedir a ela a cu-ra do cacircncer ou a cura da AIDS132 Vai pedir a ela que o marido natildeo bata tantoum namorado gostoso Os africanos mergulharam tatildeo profunda-mente e de modo tatildeo inventivo na construccedilatildeo do Brasil que deixaram de ser eles para sermos noacutes brasileiros133

Complementarmente aos enunciados acima e nos aproximando do cotidi-

ano metropolitano religioso da populaccedilatildeo da cidade de Satildeo Paulo que foi objeto e

campo de investigaccedilatildeo deste trabalho o prisma social e populacional que conside-

ramos foi o dos autores Antocircnio Flaacutevio de Oliveira Pierucci e Reginaldo Prandi

130Ecircnio Joseacute da Costa BRITO A cultura popular e o sagrado Interfaces do Sagrado p 102 131Aspas nossas 132 Siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida 133 Darcy RIBEIRO O Povo Brasileiro segmento Brasil Crioulo CD 01

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O Brasil jaacute eacute um paiacutes de diversidade religiosa Cerca de um quarto da po-pulaccedilatildeo adulta jaacute experimentou o sentido da adesatildeo a uma religiatildeo dife-rente daquela em que nasceu num contexto em que a religiatildeo se vai a-justando cada vez mais aacute ideacuteia da escolha da livre escolha que se faz frente a variadas necessidades de tecirc-las atendidas Para muitos a con-versatildeo religiosa eacute experimentada juntamente com a mobilidade ocupacio-nal e da integraccedilatildeo na nova sociedade quer sejam estas verdadeiras quer sejam tatildeo-somente simulacro como soacutei acontecer no domiacutenio das representaccedilotildees religiosas

Eacute variadiacutessimo o espectro das escolhas religiosas haacute de tudo e para tu-do Por exemplo o antropoacutelogo britacircnico-brasileiro Peter Fry jaacute mostrou como o pentecostalismo e umbanda podem ser vistos como duas alterna-tivas que se oferecem para diferentes tipos de pessoas o pentecostalis-mo sisudo e comportado a umbanda alegre e desinibida (Fry amp Ho-we1975) Porque como se tem demonstrado a umbanda e demais religi-otildees afro-brasileiras satildeo religiotildees de liberaccedilotildees da personalidade pois natildeo fazem parte do seu ideaacuterio nem de suas praacuteticas rituais o acobertamento e aniquilamento das paixotildees humanas e de toda a natureza por mais re-cocircnditas que sejam elas E isso eacute exatamente o contraacuterio do que pregam e exercitam as religiotildees pentecostais que satildeo grande antagonista das re-ligiotildees de origem negra nos dias de hoje a ponto de lhe declararem per-seguiccedilatildeo sem treacutegua que contamina com intransigecircncia e uso frequumlente da violecircncia fiacutesica as periferias mais pobres das grandes cidades brasilei-ras numa disputa que ldquona metade desta deacutecima deacutecada do seacuteculo o Bra-sil jaacute se acostumou a chamar sem susto de lsquoguerra santarsquo banalizando o nome desdramatizando o conflitordquo como disse Flaacutevio Pierucci (Capiacutetulo 12)134

Por ocasiatildeo de nossa participaccedilatildeo em pesquisa de campo descrita na in-

troduccedilatildeo deste trabalho tivemos a oportunidade de proceder agrave oitiva sobre as gra-

ves denuacutencias de violecircncia fiacutesica e desrespeito a valores simboacutelicos religiosos por

parte dos umbandistas e candomblecistas praticados por neopetencostais na cidade

de Praia Grande durante as comemoraccedilotildees a Iemanjaacute

No final do seacuteculo qualquer branco de classe meacutedia pode ldquofazer o santordquo 135em qualquer praccedila do Paiacutes num candombleacute ldquoautecircnticordquo onde vai ser irmatildeo-de-santo do negro subproletaacuterio Ou iniciar-se num dos ramos do amazocircnico Santo Daime em que o alucinoacutegeno legiacutetimo eacute meio e fim As igrejas pentecostais e neopentecostais oferecem-se numa multiplici-dade de denominaccedilotildees que parecem sem-fim e natildeo apenas prosperam mas diversificam-se doutrinaacuteria e ritualmente ateacute verem borradas de vez as especificidades eacuteticas e teoloacutegicas que marcaram a sua origem Natildeo houve socioacutelogo que ousasse prever para as religiotildees reformadas uma

134 Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p257 135 Aspas dos autores

70

descendecircncia que pregasse as benesses do dinheiro e do consumo al-canccedilaacuteveis pela graccedila divina nos moldes da recentiacutessima teologia da prosperidade que redefine o neopetencostalismo das grandes igrejas-empreendimento para muito longe do universo ideoloacutegico protestante (Mariano 1996)136

As afirmaccedilotildees acima contextualizaram este trabalho Recentemente os

dirigentes da organizaccedilatildeo Igreja Renascer estiveram envolvidos em um escacircndalo

financeiro em que pesaram contra eles seacuterias acusaccedilotildees no Brasil e no exterior de

crime de sonegaccedilatildeo fiscal e desvio de dinheiro137

A mais bem-sucedida denominaccedilatildeo neopentecostal de longe a de maior visibilidade a brasileira e agressiva Igreja Universal do Reino de Deus existe a quinze anos e jaacute eacute um impeacuterio no Brasil e laacute fora Seus pastores satildeo empreendedores com baixa ou nula formaccedilatildeo teoloacutegica mas que de-vem demonstrar grande capacidade de atrair puacuteblico e pagar dividendos para a igreja de acordo com um know-how administrado empresarialmen-te pelos bispos a igreja jaacute estruturada como negoacutecio138

Escacircndalos envolvendo a eacutetica e a moral pelo vieacutes da sexualidade prati-

cados por cleacuterigos da Igreja Catoacutelica nos Estados Unidos tem sido uma constante

nos meios de comunicaccedilatildeo de massa Por exemplo o arcebispado de Los Angeles

aceitou em dezembro de 2006 destinar US$ 600 milhotildees para resolver amigavel-

mente as accedilotildees judiciais movidas por 45 supostas viacutetimas de padres pedoacutefilos139

O texto de Prandi a seguir ilustra a atualidade de nossas palavras acima

() Essa metamorfose pela qual vem passando rapidamente a religiatildeo nos obriga a pensar que se a religiatildeo se transforma em consumo e o fiel

136 Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica 136 p258 137Foto de Bispa Sonia cai na internet O Globo On line Para melhores informaccedilotildees acessar o site httpogloboglobocomspmat20070123287522443asp Uacuteltimo Acesso em 02 de julho de 2007 ]138 Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p258 139Clipping Eletrocircnico - Bento XVI autoriza missa em latim Departamento de Comunicaccedilatildeo PUC-Campinas Para melhores informaccedilotildees acessar o site httpwwwpuc-campinasedubrservicosdetalheaspid=28749 Uacuteltimo acesso em 08 de julho de 2007

71

em consumidor numa relaccedilatildeo de mercado que a sociedade estaacute equipa-da para regulamentar como qualquer outro produto vale pensar que o proacuteprio Estado agora separado da religiatildeo e dela desinteressado como fonte transcendente de legitimidade pode envolver-se para preservar in-teresses do cidadatildeo-consumidor As palavras seguintes de Flaacutevio Pierucci traduzem bastante bem essa preocupaccedilatildeo ldquoCombinadas pois essas duas noccedilotildees baacutesicas a do cidadatildeo como consumidor individual e a do Estado como regulador neutro dos vaacuterios mercados estaraacute plenamente justifica-da a intervenccedilatildeo do Estado para a defesa do indiviacuteduo e a correccedilatildeo dos abusos praticados em nome da religiatildeo Ensaia-se desse modo nessa transmutaccedilatildeo juriacutedica por ora silenciosa do seguidor religioso num con-sumidor de bens e serviccedilos com o direito de reclamar agraves autoridades pro-teccedilatildeo contra os enganadores aproveitadores e exploradores novo refor-ccedilo de legitimidade para a vigilacircncia puacuteblica e a intervenccedilatildeo estatal O uso do modelo lsquodefesa do consumidorrsquo pode ser uma boa saiacuteda para os mais modernos opositores da opressatildeo religiosa tornarem-se os defensores poacutes-modernos das viacutetimas da mercantilizaccedilatildeo religiosa viacutetimas de praacuteti-cas religiosas abusivas ou lesivas viacutetimas da tapeaccedilatildeo e da fraude religi-osa promessas natildeo cumpridas milagres natildeo acontecidosrdquo140

Reginaldo Prandi tambeacutem abordou a questatildeo mercadoloacutegica da feacute pelo

vieacutes microeconocircmico da teoria do consumidor141 que o atual cenaacuterio religioso ofere-

ce sinalizando a questatildeo utilitarista que as religiotildees neste momento contemplam

140Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p260 e 261 141O comportamento do consumidor individual eacute o objeto baacutesico do estudo do consumidor A palavra consumidor significa nessa teoria uma unidade de consumo ou gasto portadora de certo orccedilamento A unidade ldquoconsumidorrdquo tanto pode ser um indiviacuteduo como uma famiacutelia o importante eacute que exista um soacute orccedilamento para a unidade e que seja ela que tome decisotildees de como utilizaacute-lo Segundo a hipoacutetese baacutesica da teoria tradicional do consumidor os indiviacuteduos distribuem a totalidade de suas despesas de forma racional Entende a teoria por forma racional o comportamento que visa obter o maacuteximo de satisfaccedilatildeo dentro das imitaccedilotildees de orccedilamento Quando se comporta racionalmen-te o consumidor calcula deliberadamente escolhe conscientemente e maximiza a sua satisfaccedilatildeo ou utilidade Essa maximizaccedilatildeo significa que o consumidor realiza escolhas e toma decisotildees de tal forma que lhe resultem na possibilidade usufruir da maior utilidade possiacutevel dentro das circunstacircncias de suas restriccedilotildees Como se percebe o comportamento do consumidor admitido pela teoria tradicional eacute essencialmen-te baseado no Princiacutepio Hedoniacutestico de maacutexima satisfaccedilatildeo ou prazer com o miacutenimo de esforccedilo ou sacrifiacutecio Eacute preciso considerar que o consumidor natildeo tem um perfeito conhecimento sobre a melhor forma de atender a suas necessidades Na realidade ele tem um conhecimento insuficiente dos bens que ad-quire De mais a mais sente certo desapontamento decorrente de escolhas e decisotildees que geram utilidades ou satisfaccedilotildees efetivamente usufruiacutedas menores do que por ele imaginadas ou antecipa-das Todavia a tiacutetulo de simplificaccedilatildeo a ignoracircncia a imperfeiccedilatildeo do conhecimento e das diferenccedilas entre expectativa e realizaccedilatildeo da utilidade natildeo satildeo consideradas pela teoria tradicional do comportamento do consumidor De qualquer forma mesmo levando em conta esses tipos de simplificaccedilotildees a base de anaacutelise reali-zada pela teoria eacute a proacutepria teoria da utilidade Inicialmente supotildee a existecircncia de uma medida de utilidade ou pelo menos a possibilidade da existecircncia de uma escala ordinal de referecircncia do con-

72

O uso do cachimbo entorta a boca A religiatildeo natildeo precisa mais ser gratui-ta nem ser de todos Como serviccedilo que se consome ou natildeo porque natildeo eacute mais compulsoacuteria nem uacutenica obrigada a concorrer com um nuacutemero ca-da vez maior de ofertas diferentes a religiatildeo se privatiza e ao se privati-zar atende apenas uma parte da populaccedilatildeo que por sua vez se enxerga diferente das outras partes por causa de suas proacuteprias escolhas e natildeo de suas outras caracteriacutesticas sociais A religiatildeo que era geral uacutenica para toda a sociedade passa a ser de poucos Ela jaacute natildeo junta mas separa Cada uma opera diferencialmente seus mecanismos de solidariedade e constroacutei suas proacuteprias teias de sociabilidade A religiatildeo natildeo unifica mas cria espaccedilos separados que satildeo ilhas de sentidos Agora satildeo muacuteltiplos e agraves vezes irreconciliaacuteveis os sentidos que as diversas religiotildees concomi-tantes e concorrentes emprestam agrave sociedade Mesmo que cada religiatildeo pretenda converter a todos para ser uacutenica porque se pensa como uacutenica verdade cada uma para existir depende da existecircncia das demais por-que essa nova religiatildeo precisa da liberdade de adesatildeo por parte dos a-deptos e de liberdade de empreendimento por parte dos criadores de reli-giatildeo A disputa pelas almas eacute aguerrida mas a guerra santa jaacute natildeo pode acontecer nenhuma religiatildeo responde por nenhuma totalidade social um abismo foi cavado entre a religiatildeo e a naccedilatildeo A religiatildeo natildeo eacute mais para sempre e soacute dura enquanto durar a capacidade de troca que se pactua de ambos os lados do serviccedilo e do consumidor Desencantos e desen-tendimentos satildeo respondidos com mais uma nova escolha A religiatildeo nem tem mais a idade dos seacuteculos como sempre preferiu apresentar-se mas a idade do adolescente 142

Pelas palavras do autor acima consideraremos no mercado varejista de

produtos religiosos dois fenocircmenos concomitantes que se interpotildeem agrave sociedade

brasileira e que pelo prisma deste trabalho poderatildeo fomentar a compra de produtos

neste segmento

O primeiro fenocircmeno seria a competitividade entre as novas e tradicionais

religiotildees em busca de novos fieacuteis onde esbarram nas apropriaccedilotildees e recriaccedilotildees dos

aspectos maacutegicos ritualiacutesticos e miacutesticos que encantam e permeiam o imaginaacuterio

religioso brasileiro O segundo fenocircmeno dar-se-ia pela constataccedilatildeo do surgimento

na poacutes-modernidade de uma religiosidade utilitaacuteria e consumista pautada na indivi-

sumidor Aleacutem disso presume que cada consumidor deveraacute situar-se no ponto mais elevado da sua escala de preferecircncias respeitando as suas limitaccedilotildees de orccedilamento em cada periacuteodo de tempo (A utilidade em seu sentido mais amplo eacute caracterizada como a adequaccedilatildeo de um bem para satisfaccedilatildeo de uma necessidade sentida por um indiviacuteduo) conforme afirmam Giacutelson de Lima GAROacuteFALO e Luiz Carlos Pereira de CARVALHO na obra Anaacutelise microeconocircmica volume 1 p 33 -34 142Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p272

73

dualidade e no sincretismo de credos como podemos notar nos textos de Pierucci e

Prandi143

Seraacute nossa intenccedilatildeo privilegiar essa populaccedilatildeo que acreditaria nos pode-

res especiais dos objetos comprados independentemente de qualquer posiciona-

mento por ela adotada

Finalmente pelas palavras dos dois autores brasileiros encontramos jus-

tificativas de caraacuteter social religioso e econocircmico aleacutem das constataccedilotildees dos estu-

diosos de marketing que explicitam a necessidade de pesquisa de campo que con-

temple os dois vieses o de mercado ou de marketing e o religioso ou da religiosida-

de Pretendemos assim comprovar a hipoacutetese deste trabalho a de que a feacute religio-

sa seja o principal agente motivacional que alavanque o mercado varejista de produ-

tos religiosos

Por isso se enganam os que imaginam que vivemos um momento de grande reflorescimento religioso que nega a secularizaccedilatildeo e leva a soci-edade de novo a entregar os pontos ao sagrado A velha religiatildeo fonte de transcendecircncia para a sociedade como um todo foi estilhaccedilada perdeu toda a utilidade A religiatildeo que tomou o seu lugar eacute uma religiatildeo para cau-sas localizadas reparos especiacuteficos A sociedade inteira natildeo pode ser neopentecostal pois os que jaacute satildeo capazes de administrar sua capacida-de de ganhar dinheiro nunca se conformariam em dividi-lo com Deus Nem pode ser do candombleacute porque nem todos haveriam de aceitar a in-terferecircncia de tantos deuses em cada coisa do dia-a-dia Tambeacutem natildeo pode ser catoacutelico carismaacutetico o catoacutelico que procura a construccedilatildeo da so-ciedade socialmente mais justa Nem haacute de conformar-se em ter apenas uma uacutenica religiatildeo os que se fartam em usufruir do que cada uma delas pode oferecer para o seu interesse compondo ele mesmo sua proacutepria bricolagem religiosa com anjos espiacuteritos guias e gnomos oraacuteculos e pi-racircmides oraccedilotildees ervas e foacutermulas da alquimia meridianos chineses preceitos orientais baralhos passes espirituais e eboacutes horoacutescopos ta-lismatildes e de toda a sorte de siacutembolos e signos religiosos ou natildeo Porque tudo se vende e tudo se compra 144

Estudiosos de marketing de varejo e dos consumidores norte-americanos

tambeacutem sinalizaram claramente a necessidade e importacircncia da pesquisa que nos

143 PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religi-atildeo sociedade e poliacutetica Satildeo Paulo editora Hucitec 1996 144Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p272 e 273

74

propusemos empreender David Lewis e Darren Bridges citando Wade Clark Roof

em Spiritual Marketplace destacaram

Haacute uma fluidez consideraacutevel Haacute uma acircnsia contiacutenua para encontrar a verdade espiritual mas agora eles tecircm uma noccedilatildeo mais clara de que al-gumas coisas que procuram lhes oferecer antes como o consumo e ma-terialismo natildeo funcionam tatildeo bem Vejo um futuro espiritual e religioso mais individualista e talvez mais diverso145

No proacuteximo capiacutetulo abordaremos com os necessaacuterios detalhes teacutecni-

cos os aspectos operacionais da pesquisa de campo empreendida para este traba-

lho

145 Wade Clark ROOF apud Dr David LEWIS e Darren BRIDGES A alma do consumidor p11

75

Capitulo II ndash Pesquisa de campo a descoberta e o comportamento dos consumidores no mercado da feacute

Eu vou botar teu nome na macumba Vou procurar uma feiticeira

Fazer uma quizumba pra te derrubar Oi iaiaacute

Vocecirc me jogou um feiticcedilo quase que eu morri Soacute eu sei o que eu sofri

Deus me perdoe mas eu vou me vingar

Eu vou botar teu retrato num prato com pimenta Quero ver se vocecirc guumlenta

A mandinga que eu vou te jogar Raspa de chifre de bode

Pedaccedilo de rabo de jumenta Tu vais botar fogo pela venta

E comigo natildeo vai mais brincar

Asa de morcego Corcova de camelo pra te derrubar

Uma cabeccedila de burro Pra quebrar o encanto do seu patuaacute

Olha tu podes ser forte Mas tens que ter sorte

Pra te salvar Toma cuidado comadre

Com a mandinga que eu vou te jogar

Composiccedilatildeo Zeca Pagodinho Dudu Nobre146

Neste capiacutetulo ponderaremos sobre a organizaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a anaacutelise

dos dados brutos auferidos em nossa pesquisa de campo A apresentaccedilatildeo destes

dados tem como principal objetivo nos munir de elementos ainda empiacutericos para as

consideraccedilotildees que desenvolveremos ao longo do trabalho

Para a organizaccedilatildeo e a execuccedilatildeo da pesquisa de campo seguiremos a

metodologia e as observaccedilotildees recomendadas por Antonio Chizzotti descrevendo

passo a passo todas as etapas cumpridas ao longo do trabalho que vatildeo desde a 146Letra da muacutesica Eu vou botar teu nome na macumba de autoria de Jesseacute Gomes da Silva Filho (Zeca Pagodinho) Faixa integrante do CD ldquoSamba pras moccedilasrdquo Ano de lanccedilamento 1995 pela gra-vadora Universal

76

elaboraccedilatildeo da pesquisa piloto ateacute a aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios definitivos Natu-

ralmente dentro do campo de anaacutelise existe um nuacutemero expressivo de dados e gra-

des que poderiam ser estudados mas por se tratar de uma dissertaccedilatildeo considera-

remos os que julgarmos mais importantes ou pertinentes ao objeto de nosso estudo

21 Meacutetodo de organizaccedilatildeo e execuccedilatildeo da pesquisa de campo Antes de ser submetida a uma anaacutelise de conteuacutedo a coleta de dados

precisa ser organizada e agraves vezes testada como eacute o caso da documentaccedilatildeo inici-

almente empiacuterica deste trabalho Fatores importantes tais como a delimitaccedilatildeo de

nossa proposta de estudos os objetivos (a)s hipoacutetese(s) e o puacuteblico alvo necessari-

amente precisam estar claros Segundo Chizzotti

A redaccedilatildeo deve ser clara apresentando o tema escolhido e as justificati-vas para sua escolha a importacircncia e os limites do trabalho as hipoacuteteses formuladas e suas limitaccedilotildees a populaccedilatildeo-alvo a metodologia seguida e o modo de obter e apresentar os dados obtidos sem generalizaccedilotildees ex-cessivas ou fora do acircmbito estudado podendo indicar ainda os prolon-gamentos eventuais suscitados pela pesquisa e pelas conclusotildees obti-das147

Nesta dissertaccedilatildeo nosso objetivo eacute verificar se a feacute religiosa eacute a motiva-

ccedilatildeo existencial do mercado varejista de produtos relacionados agrave religiosidade So-

mamos aos nossos propoacutesitos a obtenccedilatildeo de um perfil do consumidor e uma anaacutelise

sobre o composto de marketing148 dos produtos aplicados aos rituais religiosos

O instrumental de nossa pesquisa passou por uma aplicaccedilatildeo piloto que

auxiliou na viabilidade e na confiabilidade final do material de pesquisa de campo

especialmente desenvolvido assim como no levantamento da questatildeo deste traba-

lho O material de pesquisa compotildee-se de um questionaacuterio que apresenta na formu-

laccedilatildeo de suas perguntas algumas suposiccedilotildees que precisavam ser verificadas acer-

ca das razotildees fundantes do mercado varejista de produtos religiosos Com os resul-

147Antonio CHIZZOTTI Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais p 48-49 148Composto de Marketing eacute o conjunto de instrumentos agrave disposiccedilatildeo do administrador para imple-mentar uma estrateacutegia de marketing Satildeo os instrumentos o produto o preccedilo o ponto-de-venda a publicidade e aleacutem da propaganda

77

tados dessa primeira aplicaccedilatildeo e uma preacute-anaacutelise do conteuacutedo foi possiacutevel delimi-

tarmos a hipoacutetese149 desta dissertaccedilatildeo com maior acuidade

Findo o levantamento dos dados a hipoacutetese deste trabalho que procura

responder qual eacute o principal motivo que justifica o mercado varejista de produtos re-

ligiosos e se esse motivo estaacute centrado sobre a feacute dos indiviacuteduos dele participantes

Como sujeitos de pesquisa foram abordados e selecionados pelos entre-

vistadores indiviacuteduos maiores de quatorze anos que tivessem saiacutedo das lojas com

compras Os indiviacuteduos em questatildeo podiam professar ou natildeo suas respectivas reli-

giotildees assim como tambeacutem serem pessoas sem religiatildeo especiacutefica

Terminada esta etapa de testes do instrumento da pesquisa piloto tendo

em vista a clientela das lojas de produtos religiosos pudemos passar para a execu-

ccedilatildeo da pesquisa de campo dentro do padratildeo cientiacutefico exigido Seguindo a mesma

orientaccedilatildeo da pesquisa piloto foi escolhido como documento150 de pesquisa final

um questionaacuterio contendo duas questotildees abertas e nove questotildees fechadas aleacutem

dos nove itens que investigam o perfil do entrevistado constituindo uma amostra

variada e representativa de produccedilatildeo para anaacutelise

211 Planificaccedilatildeo e procedimento da coleta de dados Seguindo as orientaccedilotildees do modelo cientiacutefico de pesquisa preconizado

por Antonio Chizzotti aplicamos inicialmente um questionaacuterio experimental e investi-

gativo sem o necessaacuterio rigor cientiacutefico O cenaacuterio escolhido para esta operaccedilatildeo foi a

cidade de Caraguatatuba no litoral paulista na data de nove de setembro de 2006

no horaacuterio das dezoito horas e trinta minutos ateacute as vinte e uma horas Esse proce-

dimento se chamaraacute ldquopesquisa pilotordquo

149 Laurence BARDIN em Anaacutelise de conteuacutedo p 98 comenta que ldquouma hipoacutetese eacute uma afirmaccedilatildeo provisoacuteria que nos propomos verificar (confirmar ou infirmar) recorrendo aos procedimentos de anaacuteli-se Trata-se de uma suposiccedilatildeo cuja origem eacute a intuiccedilatildeo e que permanece em suspenso enquanto natildeo for submetida agrave prova de dados seguros O objetivo eacute a finalidade geral a que nos propomos (ou que eacute fornecida por uma instacircncia exterior) o quadro teoacuterico eou pragmaacutetico na qual os resultados obti-dos seratildeo utilizadosrdquo Ainda segundo ele ldquoDe fato as hipoacuteteses nem sempre satildeo estabelecidas quando da preacute-anaacutelise Por outro lado natildeo eacute obrigatoacuterio ter-se como guia um corpus de hipoacuteteses para se proceder agrave anaacutelise Algumas anaacutelises efetuam-se lsquoagraves cegasrsquo e sem ideacuteias preacute-concebidas 150 BARDIN nos mostra que ldquodois tipos de documentos podem ser submetidos agrave anaacutelise os documen-tos naturais produzidos espontaneamente na realidade e os documentos suscitados pelas necessi-dades de estudo como eacute o caso nesta dissertaccedilatildeo das respostas a questionaacuterios de inqueacuterito tes-tes experiecircncias etcrdquo

78

Ilustraccedilatildeo 7 - Direitos Reservados

O estabelecimento comer-

cial escolhido foi a Banca

da Biacuteblia situado na praccedila

central da cidade ao lado

da igreja matriz Fizemos

nossos contatos iniciais

com o soacutecio controlador do

empreendimento comerci-

al no mecircs de fevereiro de

2006

Identificamo-nos como pesquisadores da PUCSP e discorremos a ele sobre este

trabalho em seus termos gerais

O proprietaacuterio da loja o Sr Servilho Gomes da Silva apoacutes alguns ques-

tionamentos concordou em colaborar com nossa pesquisa Combinamos nessa o-

casiatildeo que entrariacuteamos em contato novamente em uma data futura quando agen-

dariacuteamos de forma definitiva a data de nossa visita desta feita munidos de todo

nosso material da pesquisa de campo

No dia 15 de agosto de 2006 rumamos novamente para a cidade de

CaraguatatubaSP ocasiatildeo essa que em conjunto com o lojista determinamos o dia

da aplicaccedilatildeo do teste piloto conforme a conveniecircncia do comerciante

Iniciamos os trabalhos documentando fotograficamente a loja os possiacute-

veis clientes proprietaacuterio e produtos

Demos sequumlecircncia a nossos propoacutesitos entrevistando o proprietaacuterio

O questionaacuterio dirigido agrave clientela da Banca da Biacuteblia foi aplicado por

dois entrevistadores o autor desta dissertaccedilatildeo e Estela Noronha sempre apresen-

tada como pesquisadora assistente O processo de abordagem a essas pessoas foi

feito de forma direta Identificamo-nos atraveacutes de um cartatildeo de visitas especialmen-

te desenvolvido para essa finalidade

79

Vista frontal de nosso cartatildeo de identificaccedilatildeo

Verso do cartatildeo de identificaccedilatildeo

Ilustraccedilatildeo 8 - Direitos Reservados

Nesse cartatildeo consta o nome da universi-

dade cidade sede nome do departamen-

to ao qual o pesquisador estaacute vinculado

sua identidade as iniciais de sua especi-

alidade a aacuterea de interesse em que a

pesquisa estaacute relacionada telefones e

endereccedilo completo Consta tambeacutem o

endereccedilo eletrocircnico para comunicaccedilatildeo

direta via Internet No verso deste ins-

trumento de apresentaccedilatildeo colocamos o

nome do orientador cargo que ocupa na

universidade departamento e endereccedilo

da academia de ciecircncias Foram aborda-

dos dez sujeitos nesta data selecionados

aleatoriamente pelos entrevistadores

Eram possiacuteveis clientes que estavam

dentro da loja ou que dela estivessem

saindo indistintamente e que se dispuse-

ram a serem entrevistados

Sequencialmente procedemos a uma leitura ldquoflutuanterdquo151 do instrumento de campo

que foi desenvolvido Essa leitura serviu para delimitar melhor o objeto de estudo e

as hipoacuteteses bem como testar a aplicabilidade do instrumento de pesquisa e a qua-

lidade das perguntas

Sendo assim o questionaacuterio da pesquisa piloto mostrou uma ratificaccedilatildeo

e ajuste ao objeto e hipoacutetese deste trabalho

Nossa iniciativa nesta fase desta dissertaccedilatildeo foi eficaz para certificarmos

o tempo gasto para a aplicaccedilatildeo de cada questionaacuterio e ainda observar qual seria a

151BARDIN explica que ldquoleitura flutuante eacute a primeira atividade que consiste em estabelecer contato com os documentos a analisar e em conhecer o texto deixando-se invadir por impressotildees e orienta-ccedilotildees Esta fase eacute chamada de leitura ldquoflutuanterdquo por analogia com a atitude do psicanalista Pouco a pouco a leitura vai-se tornando mais precisa em funccedilatildeo de hipoacuteteses emergentes da projeccedilatildeo de teorias adaptadas sobre o material e da possiacutevel aplicaccedilatildeo de teacutecnicas utilizadas sobre materiais anaacutelogosrdquo (opcitp96)

80

melhor maneira de abordar os sujeitos da pesquisa Neste sentido algumas infor-

maccedilotildees foram importantes para a aplicaccedilatildeo final e definitiva das questotildees propostas

bull Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio elaborado para a possiacutevel clientela da

loja gastou cerca de 20 minutos

bull Deveriacuteamos evitar a abordagem do sujeito de uma entrevista antes de

sua entrada na loja

bull Deixamos claro logo na abordagem que se tratava de uma pesquisa

para Universidade de cunho cientiacutefico pois isto evitaria qualquer outro juiacutezo a res-

peito de nossa iniciativa

bull Deveriacuteamos ter a maior objetividade brevidade e discriccedilatildeo possiacuteveis

no interior da loja para natildeo alterar sua atmosfera comercial e natildeo trazermos dificul-

dades operacionais aos atos comerciais que estivessem ocorrendo

Tambeacutem desenvolvemos dois outros instrumentos a serem usados de

forma opcional durante a pesquisa de campo Trata-se do questionaacuterio de entrevista

com o lojista152 e da caderneta de anotaccedilotildees ou caderneta de campo O primeiro

instrumento aqui em destaque se destina a sondar a posiccedilatildeo pessoal do lojista con-

sideradas as variaacuteveis feacute e comeacutercio Essas variaacuteveis poderatildeo ser utilizadas ao final

de nosso trabalho dando-nos maior consistecircncia em nossas arguumliccedilotildees finalizantes

No segundo instrumento anotaremos os detalhes que possam posteriormente ser

relevantes ao bom desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo tais como a oitiva de possiacute-

veis comentaacuterios adjacentes e proferidos por vendedores observaccedilotildees de detalhes

esteacuteticos e particulares de cada loja etc

Fisicamente esse instrumento eacute constituiacutedo de um bloco de anotaccedilotildees

devidamente datado e situado com local e periacuteodo aleacutem do horaacuterio das nossas in-

vestidas dentro de nosso cenaacuterio de pesquisa

Com a finalidade de melhor documentar os nossos procedimentos e

concomitantemente agrave aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios decidimos gerar um amplo mate-

rial fotograacutefico O intuito dessa parte de nosso trabalho no campo vai aleacutem da sim-

ples ilustraccedilatildeo Iremos adotar o vieacutes foto-jornaliacutestico pois eacute a maneira que encon-

152 Um modelo do questionaacuterio completo encontra-se nos anexos

81

tramos para demonstrar por imagens os detalhes que venham a ser relevantes nes-

ta dissertaccedilatildeo

O questionaacuterio definitivo dentro dos padrotildees cientiacuteficos foi aplicado poste-

riormente na praccedila comercial de Satildeo Paulo153 durante o periacuteodo que se inicia em

onze de dezembro de 2006 e estende-se ateacute o dia vinte de abril de 2007 Nessas

datas os questionaacuterios aos clientes das lojas foram aplicados pelos mesmos entre-

vistadores da pesquisa piloto Tambeacutem nessas oportunidades nos identificaacutevamos

atraveacutes de nossos cartotildees de visitas especialmente desenvolvidos para esta finali-

dade Nosso puacuteblico-alvo constituiu-se de pessoas de ambos os sexos e maiores de

quatorze anos

Como na pesquisa preacutevia foram abordados ao acaso os indiviacuteduos que

estavam saindo do interior das lojas e que nelas tivessem comprado algum tipo de

produto fossem eles velas impressos em geral estatuetas incensos material para

os ritos maacutegicos e representativos de seu credo patuaacutes pedrarias joacuteias ou bijuteri-

as roupas ou vestimentas especiais miacutedia eletrocircnica etc

A princiacutepio nosso projeto contemplou as religiotildees reconhecidas pelo Insti-

tuto de Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Mas em funccedilatildeo do grande nuacutemero de

dados a serem levantados e a enorme demanda de tempo para execuccedilatildeo da pes-

quisa de campo voltamos o nosso foco de pesquisa para as quatro religiotildees em que

mais aparecem lojas com produtos recorrentes a elas no mercado varejista e de rua

da cidade Satildeo Paulo Satildeo as lojas de produtos para os catoacutelicos e protestantes para

os praticantes das religiotildees afro-brasileiras e para os novoeristas

Foi delimitado o miacutenimo de trinta questionaacuterios por loja perfazendo um to-

tal de quatrocentos e oitenta documentos que totalizaram nove mil e seiscentas per-

guntas e respostas Esse volume de informaccedilatildeo se tornou o ldquocorpusrdquo levantado para

anaacutelise e conclusatildeo respectiva Tambeacutem utilizamos depoimento e entrevista com um

dos lojistas154 registros fotograacuteficos e observaccedilotildees de campo

22 Os resultados macroscoacutepicos da pesquisa de campo

Afirmamos anteriormente que o questionaacuterio apresenta em sua formulaccedilatildeo

duas questotildees abertas e nove questotildees fechadas aleacutem dos nove itens que investi-

153 A listagem com os endereccedilos completos das lojas pesquisadas encontra-se tambeacutem nos anexos 154 O depoimento e entrevista com o lojista encontra-se nos anexos

82

gam o perfil do entrevistado Neste capiacutetulo demonstraremos os dados macroscoacutepi-

cos representativos com suas respectivas participaccedilotildees percentuais sobre o volu-

me total das respostas de cada uma das questotildees

221 Resultados obtidos com o perfil dos entrevistados

Graacutefico e tabela 1 ndash Sexo dos sujeitos entrevistados

Masculino12

Feminino88

Sexo Lojas AFRO Lojas NOVA ERA Loja CATOLs Lojas PROTs sum Δ

Masculino 22 11 16 9 58 1208 Feminino 98 109 104 111 422 8792

Totais 120 120 120 120 480 100

83

Graacutefico e tabela 2 ndash Qual a sua profissatildeo

2646

4083

292

2104

313 375

188

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Valores percentuais

Comerciaacuterio 2646

Dona de casa 4083

Comerciante 292

Profissional liberal 2104

Servidor puacuteblico 313

Estudante 375

Desempregado 188

84

Profissatildeo Lojas AFRO Lojas NOVA ERA Loja CATOLs Lojas PROTs sum Δ Comerciaacuterio 42 23 32 30 127 2646

Dona de casa 39 37 58 62 196 4083 Comerciante 4 4 5 1 14 292

Profissional liberal 20 43 19 19 101 2104 Servidor Puacuteblico 5 3 6 1 15 313

Estudante 6 9 0 3 18 375 Desempregado 4 1 0 4 9 188

Totais 120 120 120 120 480 10000

85

Graacutefico e tabela 3 - Qual a sua idade

1646

3104

2479

1688

833

250

000 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

Valores Percentuais Mais de 65 anos 250De 55 a 65 anos 833De 45 a 55 anos 1688De 35 a 45 anos 2479De 25 a 35 anos 3104De 18 a 25 anos 1646

86

Qual a sua

idade Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

De 18 a 25 anos 39 21 11 8 79 1646

De 25 a 35 anos 33 34 36 46 149 3104

De 35 a 45 anos 23 40 29 27 119 2479

De 45 a 55 anos 15 14 21 31 81 1688

De 55 a 65 anos 8 10 14 8 40 833

Mais de 65 anos 2 1 9 0 12 250 Totais 120 120 120 120 480 10000

87

Graacutefico e tabela 4 ndash Qual o seu estado civil

1646

7292

917

146

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Valores Percentuais

Solteiro (a) 1646Casado (a) ou comcompanheira (o)

7292

Separado (a) judicialmenteou divorciado (a)

917

Viuacutevo (a) 146

Ocorrecircncias

88

Estado civil Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Solteiro (a) 34 27 8 10 79 1646 Casado (a) ou com companheira (o) 60 72 111 107 350 7292 Separado (a) judicialmente ou divorciado (a) 20 21 1 2 44 917 Viuacutevo (a) 6 0 0 1 7 146 Totais 120 120 120 120 480 10000

89

Graacutefico e tabela 5 - Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar

2667

6083

1188

063

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Valores percentuais

Ateacute o primeiro grau 2667Ateacute o segundo grau 6083Ateacute o terceiro grau 1188Poacutes-graduado 063

Ocorrecircncias

90

Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar

LojasAFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Ateacute o primeiro grau 30 19 21 58 128 2667 Ateacute o segundo grau 81 61 93 57 292 6083 Ateacute o terceiro grau 8 38 6 5 57 1188 Poacutes-graduado 1 2 0 0 3 063 Totais 120 120 120 120 480 10000

91

Graacutefico e tabela 6 - Qual a sua faixa de renda familiar

104

958

2958

3063

1938

542

438

000 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

438

Mais de 10 salaacuteriosmiacutenimos

542

De 08 a 10 salaacuteriosmiacutenimos

1938

De 05 a 08 salaacuteriosmiacutenimos

3063

De 03 a 05 salaacuteriosmiacutenimos

2958

De 01 a 03 salaacuteriosmiacutenimos

958

Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo 104

Ocorrecircncias

92

Qual a sua faixa de renda familiar

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo 3 1 0 1 5 104 De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos 10 10 4 22 46 958 De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos 44 21 23 54 142 2958 De 05 a 08 salaacuterios miacutenimos 36 40 37 34 147 3063 De 08 a 10 salaacuterios miacutenimos 17 28 44 4 93 1938 Mais de 10 salaacuterios miacutenimos 3 13 6 4 26 542 Natildeo quis ou natildeo soube responder 7 7 6 1 21 438 Totais 120 120 120 120 480 10000

93

Graacutefico e tabela 7 - O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro

5292

1958

2396

354

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Valores percentuais

Sim 5292Natildeo 1958Nas imediaccedilotildees destebairro

2396

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

354

Ocorrecircncias

94

O Sr(a) reside ou trabalha neste bairro

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Sim 68 99 44 43 254 5292 Natildeo 12 5 47 30 94 1958 Nas imediaccedilotildees deste bairro 40 16 29 30 115 2396 Natildeo quis ou natildeo soube responder 0 0 0 17 17 354 Totais 120 120 120 120 480 10000

95

Graacutefico e tabela 8 - O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo

74

26

Sim Natildeo

O sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Sim 95 103 109 50 357 7438 Natildeo 25 17 11 70 123 2563 Totais 120 120 120 120 480 10000

96

Graacutefico e tabela 9 - Qual a sua religiatildeo de batismo

8063

917

188

333

021

021

083

000

042

333

000 2000 4000 6000 8000 10000Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

333

Natildeo eacute batizado 042Muccedilulmana 000Novoerista 083Budista 021Candomblecista 021Umbandista 333Espiacuterita kadercista 188Protestante 917Catoacutelica 8063

Ocorrecircncias

97

Qual sua religiatildeo de batismo Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Catoacutelica 98 92 119 78 387 8063 Protestante 1 4 1 38 44 917 Espiacuterita kadercista 0 5 0 4 9 188 Umbandista 16 0 0 0 16 333 Candomblecista 1 0 0 0 1 021 Budista 0 1 0 0 1 021 Novoerista 0 4 0 0 4 083 Muccedilulmana 0 0 0 0 0 000 Natildeo eacute batizado 1 1 0 0 2 042 Natildeo quis ou natildeo soube responder 3 13 0 0 16 333 Totais 120 120 120 120 480 10000

98

Graacutefico e tabela 10- Qual a sua religiatildeo praticada atualmente

3250

2563

313

1125

479

000

458

000

1813

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Valores percentuais

Catoacutelica 3250Protestante 2563Espiacuterita kardecista 313Umbandista 1125Candomblecista 479Budista 000Novoerista 458Muccedilulmana 000Natildeo quis ou natildeo souberesponder

1813

Ocorrecircncias

99

Qual a sua religiatildeo praticada atualmente

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Catoacutelica 17 38 101 0 156 3250 Protestante 0 3 0 120 123 2563 Espiacuterita kardecista 5 10 0 0 15 313 Umbandista 53 1 0 0 54 1125 Candomblecista 23 0 0 0 23 479 Budista 0 0 0 0 0 000 Novoerista 16 6 0 0 22 458 Muccedilulmana 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 6 62 19 0 87 1813 Totais 120 120 120 120 480 10000

100

Graacutefico e tabela 11 - Como o senhor (a) teve conhecimento da existecircncia desta loja

125063000021333

2188

5271

646

1208

146000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Valores percentuais

Lista telefocircnica 125Internet 063Propaganda em revistasjornais murais ou meiosimpressos

000

Pelo raacutedio ou televisatildeo 021Por parentes ou amigos defora de minha comunidadereligiosa

333

Por parentes ou amigos daminha comunidade religiosa

2188

Por indicaccedilotildees de placas ouvitrine da loja

5271

Pelo padre sacerdote ousacerdotisa pastor oupastora sheik rabino

646

Ocorrecircncias

101

Como o Sr (a) teve conhecimento da existecircncia desta loja

LojasAFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Lista telefocircnica 2 0 4 0 6 125 Internet 1 2 0 0 3 063 Propaganda em revistas jornais murais ou meios impressos 0 0 0 0 0 000 Pelo raacutedio ou televisatildeo 0 0 0 1 1 021 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 8 1 6 1 16 333 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 12 4 48 41 105 2188 Por indicaccedilotildees de placas ou a vitrine da loja 73 98 35 47 253 5271 Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor oupastora sheik rabino monge etc 20 0 1 10 31 646 Por acaso 2 15 26 15 58 1208 Natildeo quis ou natildeo soube responder 2 0 0 5 7 146 Totais 120 120 120 120 480 10000

102

Graacutefico e tabela 12 - Com que frequumlecircncia o senhor (a) compra produto(s) reli-gioso(s)

688

1313

1083

1375

2125

2500

917

000 500 1000 1500 2000 2500

Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

917

Menos de uma vez por ano 2500Uma vez por ano 2125Uma vez por semestre 1375Uma vez a cada trecircs meses 1083Uma vez a cada dois meses 1313Pelo menos uma vez pormecircs

688

Ocorrecircncias

103

Com que frequumlecircncia o Sr (a) compra produtos religiosos

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Pelo menos uma vez por mecircs 26 7 0 0 33 688 Uma vez a cada dois meses 40 23 0 0 63 1313 Uma vez a cada trecircs meses 20 32 0 0 52 1083 Uma vez por semestre 14 30 8 14 66 1375 Uma vez por ano 15 16 40 31 102 2125 Menos de uma vez por ano 5 2 50 63 120 2500 Natildeo quis ou natildeo soube responder 0 10 22 12 44 917 Totais 120 120 120 120 480 10000

104

Graacutefico e tabela 13 - Qual eacute o principal motivo que o senhor (a) comprou esses produtos

2042

563

4292

1854

313

625

313

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Valores percentuais

Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu culto religioso

2042

Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar

563

Porque a imagem desse (s) objeto ( s ) reforccedila (m) a minha feacute

4292

Porque trazem proteccedilatildeo 1854

Porque achei bonito 313

Vai servir para eu dar de presente a algueacutem

625

Natildeo quis ou natildeo soube responder

313

Ocorrecircncias

105

Qual eacute principal o motivo que o sr(a) comprou esse (s) produto (s

LojasAFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu culto religioso 16 10 33 39 98 2042 Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar 18 0 0 9 27 563 Porque a imagem desse (s) objeto(s) reforccedila (m) a minha feacute 54 59 43 50 206 4292 Porque trazem proteccedilatildeo 30 33 17 9 89 1854 Porque achei bonito 1 10 4 0 15 313 Vai servir para eu dar de presente a algueacutem 1 6 23 0 30 625 Natildeo quis ou natildeo soube responder 0 2 0 13 15 313 Totais 120 120 120 120 480 10000

106

Graacutefico e tabela 14 - Qual o tipo ou gecircnero do (s) produtos comprados

1601

485

808

176132

352

015 015059

558

250

485

852

411

690

1630

631

015

103

279

162117

059

117

Velas

Imag

ens e

m gess

o

Imag

ens i

mpress

as

Ervas d

e che

iro

Buacutezios

Guias d

e san

toTint

as

Pinceacuteis

Charut

os

Terccedilos

Sabon

etes

Incen

so

Bijuter

ia

Vestuaacute

rio

Miacutedia e

letrocircn

ica C

D ou D

VD

Miacutedia i

mpress

a

Siacutembo

los sa

grado

s ou m

iacutestico

s

Copos

taccedila

s ou s

imila

res

Armas

Pedras

Perfum

es e

aromati

zante

s

Calend

aacuterios

Patuaacutes

Baralho

s ou t

arocirc

Ocorrecircncias

Valo

res

perc

entu

ais

107

Qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s) (citaccedilotildees)

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Velas 78 15 16 0 109 1601 Imagens em gesso 8 9 16 0 33 485 Imagens impressas 11 4 40 0 55 808 Ervas de cheiro 11 1 0 0 12 176 Buacutezios 9 0 0 0 9 132 Guias de santo 24 0 0 0 24 352 Tintas 1 0 0 0 1 015 Pinceacuteis 1 0 0 0 1 015 Charutos 4 0 0 0 4 059 Terccedilos 1 0 37 0 38 558 Sabonetes 1 16 0 0 17 250 Incenso 6 27 0 0 33 485 Bijuteria 16 21 21 0 58 852 Vestuaacuterio 0 8 10 10 28 411 Miacutedia eletrocircnica CD ou DVD 0 12 14 21 47 690 Miacutedia impressa 0 8 12 91 111 1630 Siacutembolos sagrados ou miacutesticos 0 9 13 21 43 631 Copos taccedilas ou similares 0 1 0 0 1 015 Armas 0 6 1 0 7 103 Pedras 0 19 0 0 19 279 Perfumes e aromatizantes 0 11 0 0 11 162 Calendaacuterios 0 6 0 2 8 117 Patuaacutes 4 0 0 0 4 059 Baralhos ou tarocirc 0 8 0 8 117 Totais 175 181 180 145 681 10000

108

Graacutefico e tabela 15 - Faixa de desembolso na loja

2667

2833

3104

1083

250

042 000 021000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Valores percentuais

Ate 10 reais 2667De 10 a 20 reais 2833De 20 a 40 reais 3104De 40 a 80 reais 1083De 80 a 160 reais 250De 160 a 320 reais 042Mais de 320 reais 000Natildeo quis ou natildeo souberesponder

021

Ocorrecircncias

109

Faixa de desembolso na loja Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Ate 10 reais 38 17 32 41 128 2667 De 10 a 20 reais 45 31 27 33 136 2833 De 20 a 40 reais 30 34 51 34 149 3104 De 40 a 80 reais 3 28 10 11 52 1083 De 80 a 160 reais 2 9 0 1 12 250 De 160 a 320 reais 1 1 0 0 2 042 Mais de 320 reais 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 0 0 0 1 021 Totais 120 120 120 120 480 10000

110

Graacutefico e tabela 16 - Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja

9

4238

100

1

Plenamente satisfeito (a)Satisfeito (a)Razoavelmente satisfeito (a)Sofrivelmente satisfeito (a)Insatisfeito (a)Natildeo quis ou natildeo soube responder

Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Plenamente satisfeito (a) 32 4 2 3 41 854 Satisfeito (a) 49 51 22 80 202 4208 Razoavelmente satisfeito (a) 37 49 70 27 183 3813 Sofrivelmente satisfeito (a) 1 5 0 0 6 125 Insatisfeito (a) 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 11 26 10 48 1000 Totais 120 120 120 120 480 10000

111

Graacutefico e tabela 17 - O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja

Sim51

Natildeo11

Natildeo quis ou natildeo soube responder

38

O Sr(a) pretende voltar outras vezes a esta loja

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Sim 112 46 39 47 244 5083 Natildeo 4 19 22 8 53 1104 Natildeo quis ou natildeo soube responder 4 55 59 65 183 3813 Totais 120 120 120 120 480 10000

112

Graacutefico e tabela 18 - Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo

1354

2104 2104

3917

146000

375

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

Valores percentuais

Caros 1354Relativamente caros 2104Razoavelmenteequilibrados

2104

Condizentes com a minharenda

3917

Baratos 146Muito baratos 000Natildeo quis ou natildeo souberesponder

375

Ocorrecircncias

113

Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs Lojas PROTs sum Δ

Caros 14 10 37 4 65 1354 Relativamente caros 23 17 28 33 101 2104 Razoavelmente equilibrados 22 21 21 37 101 2104 Condizentes com a minha renda 59 61 32 36 188 3917 Baratos 1 1 2 3 7 146 Muito baratos 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 10 0 7 18 375 Totais 120 120 120 120 480 10000

114

Graacutefico e tabela 19 - Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

6271

708

1604

271

000

125

1021

000 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

1021

Um convite especial 125Maior conforto 000Melhor atendimento 271Novos produtos 1604Melhores condiccedilotildees depagamento

708

Melhores preccedilos 6271

Ocorrecircncias

115

Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Melhores preccedilos 89 54 80 78 301 6271 Melhores condiccedilotildees de pagamento 14 5 4 11 34 708 Novos produtos 11 49 4 13 77 1604 Melhor atendimento 4 9 0 0 13 271 Maior conforto 0 0 0 0 0 000 Um convite especial 1 3 2 0 6 125 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 0 30 18 49 1021 Totais 120 120 120 120 480 10000

Os dados que apresentamos acima satildeo macro-estatiacutesticos e nortearam

o contexto geral desta pesquisa A anaacutelise mais detalhada deste trabalho seraacute reali-

zada no proacuteximo capiacutetulo

23 - Meacutetodo de anaacutelise dos dados coletados Como jaacute expusemos optaremos em realizar a anaacutelise de conteuacutedo155 dos

dados coletados atraveacutes da pesquisa de campo seguindo os princiacutepios metodoloacutegi-

cos apontados no livro Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais de Antocircnio Chiz-

zotti Segundo esse autor

Anaacutelise de conteuacutedo eacute um meacutetodo de tratamento e anaacutelise de informa-ccedilotildees colhidas por meio de teacutecnicas de coleta de dados consubstancia-das em um documento A teacutecnica se aplica agrave anaacutelise de textos escritos ou de qualquer comunicaccedilatildeo (oral visual gestual) reduzida a um texto ou documento

O objetivo da anaacutelise de conteuacutedo eacute compreender criticamente o sentido das comunicaccedilotildees seu conteuacutedo manifesto ou latente as significaccedilotildees expliacutecitas ou ocultas

A decodificaccedilatildeo de um documento pode utilizar-se de diferentes procedi-mentos para alcanccedilar o significado profundo das comunicaccedilotildees nele ci-fradas A escolha do procedimento mais adequado depende do material a ser analisado dos objetos da pesquisa e da posiccedilatildeo ideoloacutegica e social do analisador

155Laurence BARDIN Anaacutelise de Conteuacutedo p 105-106 esclarece que ldquofazer uma anaacutelise temaacutetica consiste em descobrir os lsquonuacutecleos de sentidorsquo que compotildeem a comunicaccedilatildeo e cuja presenccedila ou fre-quumlecircncia de apariccedilatildeo pode significar algumas coisas para o objetivo analiacutetico escolhido O tema eacute ge-ralmente utilizado como unidade de registro para estudar motivaccedilotildees de opiniotildees de atitudes de valores de crenccedilas de tendecircncias etc As respostas a questotildees abertas as entrevistas (natildeo direti-vas ou mais estruturadas) individuais ou de grupo de inqueacuterito ou de psicoterapia os protocolos de testes as reuniotildees de grupos os psicodramas as comunicaccedilotildees de massa etc podem ser e satildeo frequumlentemente analisados tendo o tempo por baserdquo

116

Esses procedimentos podem privilegiar um aspecto da anaacutelise seja de-compondo um texto em unidades leacutexicas (anaacutelise lexicoloacutegica) ou classifi-cando-o segundo categorias (anaacutelise categorial) seja desvelando o senti-do de uma comunicaccedilatildeo no momento do discurso (anaacutelise de enunciaccedilatildeo) ou revelando os significados dos conceitos em meios sociais diferencia-dos (anaacutelise de conotaccedilotildees) ou seja utilizando-se de qualquer outra for-ma inovadora de decodificaccedilatildeo de comunicaccedilotildees impressas visuais ges-tuais etc apreendendo o seu conteuacutedo expliacutecito ou impliacutecito

Esta teacutecnica procura reduzir o volume amplo de informaccedilotildees contidas em uma comunicaccedilatildeo a algumas caracteriacutesticas particulares ou categorias conceituais que permitam passar dos elementos descritivos agrave interpreta-ccedilatildeo ou investigar a compreensatildeo dos atores sociais no contexto cultural em que produzem a informaccedilatildeo ou enfim verificando a influecircncia desse contexto no estilo na forma e no conteuacutedo da comunicaccedilatildeo 156

Assim sendo a anaacutelise de conteuacutedo seraacute considerada como um meacutetodo

que contempla o conjunto de teacutecnicas de anaacutelise das comunicaccedilotildees A dinacircmica do

processo analiacutetico eacute marcada por uma grande variedade de formas e eacute adaptaacutevel a

um amplo campo de aplicaccedilatildeo que satildeo as comunicaccedilotildees

Desta forma para trabalharmos com o material da pesquisa de campo

desta dissertaccedilatildeo proporemos utilizar duas teacutecnicas de anaacutelise simultaneamente

uma do tipo temaacutetica (qualitativa) e outra do tipo frenquumlecircncial (quantitativa) sendo

que para a primeira utilizaremos a anaacutelise de enunciaccedilatildeo

A anaacutelise quantitativa estaraacute centrada sobre a demonstraccedilatildeo graacutefica da

relaccedilatildeo entre as variaacuteveis classificando os dados por categorias onde vamos de-

monstrar a relaccedilatildeo entre as possiacuteveis variaacuteveis157 Na anaacutelise qualitativa seguire-

mos as orientaccedilotildees fenomenoloacutegicas que nos sugerem ldquoir aleacutem das manifestaccedilotildees

imediatas para captaacute-las e desvelar e desvelar o sentido oculto das impressotildees ime-

diatas O sujeito precisa ultrapassar as aparecircncias para alcanccedilar a essecircncia dos fe-

nocircmenosrdquo158

Chizzotti comenta

156 Antonio CHIZZOTTI Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais p98-99 157 Ibid p 69 158 Ibid p 80

117

Para muitos autores a pesquisa quantitativa natildeo deve ser oposta agrave pes-quisa qualitativa mas ambas devem sinergicamente convergir na com-plementaridade muacutetua sem confinar os processos e questotildees metodoloacute-gicos a limites que atribuam os meacutetodos quantitativos exclusivamente ao positivismo ou os meacutetodos qualitativos ao pensamento interpretativo (fe-nomenologia dialeacutetica hermenecircutica etc) Esses autores consideram que eacute necessaacuterio superar as oposiccedilotildees que subsistem nas pesquisas em ciecircncias humanas e sociais e apontam que se pode fazer uma anaacutelise qualitativa de dados estritamente quantitativos ou que o material recolhido com teacutecnicas qualitativas podem ser analisadas com meacutetodos quantitati-vos como eacute o caso da anaacutelise de conteuacutedo159

No proacuteximo capiacutetulo atraveacutes da anaacutelise dos dados obtidos na pesquisa

de campo vamos entender e explicar o que constatamos que a feacute religiosa eacute a prin-

cipal alavanca motivacional do mercado varejista de produtos religiosos

159Antonio CHIZZOTTI Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais p 34

118

Capiacutetulo III ndash O varejo de produtos religiosos razatildeo e sensibilidade

Vendas a varejo eacute atenccedilatildeo aos detalhes (retail is detail) Eacute trabalho aacuterduo Cyril Magnin comerciante americano a-conselha ldquoQuem tem mais de 40 anos tem pouco a ver com o varejordquo Um velho proveacuterbio chinecircs acrescenta ldquoQuem natildeo sorri natildeo abre lojardquo

Philiph Kotler160

Marketing eacute tatildeo baacutesico que natildeo pode ser considerado como uma funccedilatildeo isolada Eacute o negoacutecio inteiro cujo resul-tado final depende do ponto de vista do cliente

Peter Drucker161

Neste capiacutetulo iremos analisar as respostas da pesquisa de campo que

tiveram como publico alvo compradores maiores de catorze anos

Discorreremos sobre o ponto central de nosso trabalho quando formos

verificar que a motivaccedilatildeo da compra de diversos produtos religiosos pelos sujeitos

entrevistados tem as conotaccedilotildees da religiosidade poacutes-moderna e em especial a

razatildeo da feacute individual

Sobre a religiosidade poacutes-moderna Estela Noronha afirmou que

() sabiacuteamos que ambas as visotildees e discursos estavam em conformida-de com o movimento da poacutes-modernidade onde as novas formas ou ten-decircncias do ldquoserrdquo religioso satildeo sincreacuteticas e polissecircmicas marcadas pela diversidade pela pluralidade de credos pelo tracircnsito religioso e pela falta de submissatildeo hieraacuterquica agraves instituiccedilotildees religiosas Ao mesmo tempo em que tambeacutem buscam um sentido existencial individualista e subjetivo centrado no indiviacuteduo e no seu cotidiano muitas vezes utilitarista con-sumista e praacutetico162

160Philip KOTLER Marketing de A a Z p224 161Philip KOTLER Administraccedilatildeo de Marketing Anaacutelise planejamento administraccedilatildeo e controle p29 162Estela NORONHA Tenha feacute tenha confianccedila Iemanjaacute eacute uma esperanccedila Um estudo a luz da soacute-cio-antropologia e da psicologia analiacutetica do fenocircmeno ldquoIemanjismordquo entre os natildeo devotos das religi-otildees afro-brasileira p170

119

Estaremos enfocando os clientes que efetivaram compras nas lojas de

produtos para a profissatildeo da feacute catoacutelica das diversas denominaccedilotildees do credo pro-

testante-cristatildeo das religiotildees afro-brasileiras e das doutrinas com menores hetero-

doxias se considerados os vieses judaico-cristatildeos163 das religiotildees ocidentais

Objetivamos delinear um perfil desses consumidores aleacutem de examinar-

mos os resultados obtidos sob o enfoque dos dados funcionais do composto de

marketing164 tendo em vista o consumidor Salvo melhor juiacutezo satildeo estas as ferra-

mentas que a ciecircncia oferece para a implementaccedilatildeo das estrateacutegias mercadoloacutegicas

e que tenham como meta o atendimento das necessidades das pessoas que com-

potildeem o puacuteblico do mercado de produtos religiosos

Segundo Kotler

O ponto de partida para o estudo do marketing reside nas necessidades e desejos humanos A humanidade precisa de comida ar aacutegua roupa e abrigo para sobreviver Aleacutem disso as pessoas desejam recreaccedilatildeo edu-caccedilatildeo e outros serviccedilos Elas tecircm preferecircncias notaacuteveis por tipos especiacute-ficos de bens de serviccedilos baacutesicos165

Antes que passemos para as questotildees que examinam os aspectos da feacute

e da religiosidade do puacuteblico alvo e consumidor de produtos relacionados agrave religiosi-

dade e feacute eacute necessaacuterio que faccedilamos uma siacutentese dos dados macro-estatiacutesticos que

foram demonstrados no segundo capiacutetulo para que possamos embasar a anaacutelise

acerca do fator motivacional que justifica a aquisiccedilatildeo desses bens no comercio va-

rejista de produtos religiosos A pesquisa de campo tambeacutem justificaraacute o prisma ana-

liacutetico-mercadoloacutegico que pretendemos empreender

Alexandre L Las Casas afirma

163 Referimos-nos aacutes doutrinas celtas entre as quais o Druidismo a religiatildeo Wica correntes que ad-vogam o poder maacutegico atraveacutes de cristais pedras preciosas florais aromas etc Tambeacutem estatildeo con-templadas nessa linha denominativa as religiotildees orientais tais como o hinduiacutesmo hinduiacutesmo bramacirc-nico o taoiacutesmo o budismo e o movimento Hare Krishna entre outros 164 Os elementos funcionais do composto de marketing satildeo compreendidos conceitualmente atraveacutes do produto como soluccedilatildeo para o cliente do preccedilo final de venda como custo para aquisiccedilatildeo de bens ou serviccedilos da praccedila ou dos pontos de venda como uma conveniecircncia logiacutestica de abastecimento para a clientela e da promoccedilatildeo publicidade e propaganda como forma de comunicaccedilatildeo institucional e mercadoloacutegica 165 Philip KOTLER Marketing p31

120

A pesquisa eacute a aplicaccedilatildeo de teacutecnicas mais cientificas ao marketing numa tentativa de modificar sua ecircnfase de estado de artes para o da ciecircncia O espiacuterito cientiacutefico deve dominar o pesquisador Neste sentido ele deve a-fastar-se de qualquer julgamento preacutevio que tenha sobre determinado as-sunto e analisar os fatos como eles se apresentam mesmo que sejam bas-tante contraditoacuterios com alguma ideacuteia ou crenccedila dos principais responsaacute-veis pelo projeto O meacutetodo cientiacutefico eacute caracterizado tambeacutem pelo rigor e pela loacutegica e o pesquisador deve sempre visar agrave objetividade e um com-promisso com a busca da realidade166

Complementamos nossa proposiccedilatildeo pelas afirmaccedilotildees de Las Casas

A pesquisa eacute um dos mais importantes subsistemas do SIM167 A pesquisa de mercado eacute uma forma sistemaacutetica de coleta e anaacutelise de dados relati-vos a problemas ou oportunidades de marketing e pode ser realizada de forma constante (paineacuteis) ou para resolver um problema especiacutefico (ad doc) 168

31 Abordagem macroscoacutepica dos dados da pesquisa de campo O meacutetodo utilizado na presente pesquisa foi o quantitativo-descritivo cujo

objetivo eacute segundo Greenwood169 em sua obra Metodologia de La Investigacioacuten

Social especificar a distribuiccedilatildeo de um fenocircmeno determinado de uma populaccedilatildeo

sendo resultado portanto a afirmaccedilatildeo de um fato A teacutecnica de levantamento de

dados utilizada eacute do tipo survey170 uma vez que se procura a descriccedilatildeo de caracte-

riacutesticas quantitativas da populaccedilatildeo

O universo de nossa pesquisa se constitui de clientes finais de empresas

varejistas de pequeno e meacutedio porte171 localizadas na cidade de Satildeo Paulo A amos-

tragem ocorreu de forma aleatoacuteria sendo entrevistados os clientes das lojas que

expressaram o seu espiacuterito colaborativo diretamente aos entrevistadores Optamos

166 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing p89 167 O autor refere-se ao sistema de inteligecircncia de marketing que eacute uma forma organizada e planeja-da de proporcionar informaccedilotildees de maneira constante aos agentes de decisotildees nas empresas 168 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing p88 169 A obra citada eacute de autoria de Ernest Greenwood de ediccedilatildeo Argentina intitulada Metodologia de la a Investigacioacuten Social Buenos Aires Paidos 1973 170 Survey eacute o termo teacutecnico para um levantamento de informaccedilotildees ou opiniotildees por meio de um ques-tionaacuterio administrado a uma amostra (geralmente aleatoacuteria) da populaccedilatildeo estudada 171 Segundo a Instruccedilatildeo Normativa no 355 da Secretaria da Receita Federal do Minsiteacuterio da Fazen-da de 29 de agosto de 2003 considera-se microempresa (ME) pessoa juriacutedica com receita bruta igual ou inferior a R$ 12000000 e empresa de pequeno porte (EPP) pessoa juriacutedica com receita anual bruta superior a R$ 12000000 e igual ou inferior a R$ 120000000

121

pelo questionaacuterio com questotildees estruturadas e semi-estruturadas como o instrumen-

to de coleta mais adequado aos objetivos principalmente devido agrave sua natureza im-

pessoal e uniforme conforme recomendaccedilotildees do autor C Selltiz na obra Meacutetodos

de Pesquisa nas Relaccedilotildees Sociais172

O tratamento estatiacutestico dos dados foi elaborado segundo a prescriccedilatildeo

metodoloacutegica com a codificaccedilatildeo tabulaccedilatildeo e anaacutelise atraveacutes do programa SPSS -

Statistical Package for the Social Sciences for Windows versatildeo 13 Os cocircmputos

estatiacutesticos usados que seratildeo usados para anaacutelise seratildeo os do cruzamento entre as

variaacuteveis

Assim sendo a tiacutetulo de esclarecimento fizemos um resumo dos resulta-

dos que alcanccedilamos com a pesquisa de campo com o perfil dos consumidores en-

trevistados assim como para os dados mercadoloacutegicos

Perfil

bull 8792 satildeo mulheres contra 1208 que satildeo homens

bull 3104 estatildeo na faixa etaacuteria de 25 a 35 anos 2479 na de 35 a

45 anos 1688 na de 45 a 55 anos 1646 na de 18 a 25 anos

e 250 na superior a 65 anos

bull 7292 satildeo casados 1646 satildeo solteiros 917 satildeo separados ju-

dicialmente ou divorciados e 146 satildeo viuacutevos

bull 6083 possuem o segundo grau 2667 possuem o primeiro

grau 1188 possuem o terceiro grau e 063 satildeo poacutes-

graduados

bull 4083 satildeo donas de casa 2646 satildeo comerciaacuterios 2104 satildeo

profissionais liberais 375 satildeo estudantes 313 satildeo servidores

puacuteblicos 292 satildeo comerciantes e 188 satildeo desempregados

bull 7438 satildeo pessoas naturais da cidade de Satildeo Paulo contra

2563 pessoas que satildeo nascidas fora do municiacutepio de Satildeo Pau-

lo

bull 5292 dos sujeitos entrevistados trabalham ou residem no bairro

em que se localiza a loja em que efetuaram a compra 2396 nas

172 SELLTIZ C et al Meacutetodos de Pesquisa nas Relaccedilotildees Sociais Satildeo Paulo editora Herder1965

122

imediaccedilotildees da loja 1958 de outros bairros e 354 natildeo soube-

ram ou natildeo quiseram responder

bull 3063 situam-se como consumidores com renda familiar de 5 a 8

salaacuterios miacutenimos 2958 com renda familiar de 3 a 5 salaacuterios miacute-

nimos 1938 com renda familiar de 8 a 10 salaacuterios miacutenimos

958 com renda familiar de 1 a 3 salaacuterios miacutenimos 542 com

renda superior a 10 salaacuterios miacutenimos 438 natildeo souberam ou

natildeo quiseram responder e 104 detecircm ateacute 1 salaacuterio miacutenimo

bull 8063 declaram que foram batizados na religiatildeo catoacutelica 917

por denominaccedilotildees protestantes 333 o foram pela umbanda ou

natildeo souberam ou natildeo quiseram responder a essa questatildeo 188

declararam que foram batizados pelo espiritismo kardecista 083

o foram pelas religiotildees novoeristas 042 declaram que natildeo fo-

ram batizados e 021 o foram pelo candombleacute e por correntes de

pensamento budista

bull 3250 afirmaram que praticam a religiatildeo catoacutelica 2563 prati-

cam religiotildees de denominaccedilotildees protestantes 1813 natildeo soube-

ram ou natildeo quiseram responder a essa questatildeo 1125 praticam

a umbanda 458 o candombleacute e 313 o espiritismo kardecista

Notamos claramente que haacute uma tendecircncia de consumo aos bens rela-

cionados a religiosidade pelas mulheres em contra partida aos homens e em espe-

cial por mulheres que satildeo donas de casa Mais da metade dos indiviacuteduos entrevis-

tados estatildeo com idade variando entre 25 a 45 anos e em sua grande maioria satildeo

casados Uma expressatildeo representativa do conjunto de gecircneros pesquisados tem

como niacutevel de escolaridade o segundo grau Situam-se como consumidores com

renda familiar de 3 a 8 salaacuterios miacutenimos ficando os indiviacuteduos pertencentes agraves clas-

ses mais eou menos bastadas nas extremidades dos resultados estatiacutesticos Reve-

la-se nitidamente a presenccedila da classe meacutedia Foram batizados em sua maioria den-

tro dos preceitos da religiatildeo catoacutelica e satildeo praticantes das religiotildees cristatildes Escolhe-

ram comprar nos estabelecimentos comerciais pesquisados por morarem ou traba-

lharem no mesmo bairro Satildeo em sua grande maioria naturais da cidade de Satildeo

Paulo

123

Questotildees mercadoloacutegicas

bull 2500 dos sujeitos entrevistados declaram que compram produ-

tos relacionados agrave religiatildeo menos de uma vez por ano 2105 uma

vez por ano 1375 uma vez por semestre 1313 uma vez a

cada dois meses 1083 uma vez a cada trecircs meses 917 natildeo

quiseram ou natildeo souberam responder e 688 compram pelo me-

nos uma vez por mecircs

bull 4292 dos entrevistados afirmam que o principal motivo da com-

pra eacute a que a imagem do produto reforccedila a sua feacute 2042 porque

os objetos satildeo importantes no ritual ou culto religioso 1854 por-

que o produto traz proteccedilatildeo 625 porque a compra desempe-

nharaacute o papel de presente a terceiros 563 porque o principal

cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar e 313 natildeo qui-

seram ou souberam responder e porque acharam o produto boni-

to

bull 5271 dos consumidores tiveram conhecimento da existecircncia da

loja por indicaccedilotildees de placas ou vitrines 2188 por indicaccedilotildees de

parentes ou amigos da sua comunidade religiosa 646 pelo pa-

dre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pastora sheik ou rabino

333 por parente ou amigos de fora da comunidade religiosa

125 pela lista telefocircnica 063 pela Internet e 021 pelo raacutedio

ou televisatildeo

bull 3104 desembolsaram de R$ 2000 a R$ 4000 2833 de R$

1000 a R$ 2000 2667 ateacute R$ 1000 1083 de R$ 4000 a R$

8000 250 de R$ 8000 a R$ 16000 042 de R$ 16000 a R$

32000 e 021 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder

bull 3917 dos entrevistados disseram que os preccedilos praticados e-

ram condizentes com a sua renda 2104 acharam os preccedilos ra-

zoavelmente equilibrados 2104 relativamente caros 1354

caros 375 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder e 146

baratos

bull 4208 dos clientes entrevistados declaram estar satisfeitos com o

atendimento recebido na loja 3813 definiram-se razoavelmente

124

satisfeitos 1000 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder

854 acham-se plenamente satisfeitos e 125 estatildeo sofrivel-

mente satisfeitos

bull 5083 disseram que pretendem voltar outras vezes agrave loja

3813 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder e 1104 natildeo

pretendem voltar ao estabelecimento

bull 6271 dos clientes das lojas afirmaram que estariam motivados a

voltar mais vezes agrave loja se os produtos tivessem melhores preccedilos

1604 se a loja oferecesse novos produtos 1021 natildeo quise-

ram ou natildeo souberam responder 708 voltariam se tivessem en-

contrado melhores formas de pagamento e 121 havendo um

convite especial

Considerando uma abordagem macro estatiacutestica referente agraves questotildees

afetas agrave dinacircmica comercial dos sujeitos que efetivaram aquisiccedilotildees de bens nas lo-

jas pesquisadas podemos afirmar que a grande maioria efetivou compras de algum

produto pelo menos uma vez ao ano cujo motivo principal estaacute relacionado ao as-

pecto religioso e em particular com a feacute individual Na sua grande maioria a esco-

lha da loja se deu por uma questatildeo de visibilidade indicativa externa o que demons-

tra que o ponto comercial eacute de relevante importacircncia para o empreendimento de

vendas no caso deste estudo das vendas no varejo Nesta pesquisa notou-se que

os negoacutecios se concretizaram em funccedilatildeo dos estabelecimentos comerciais estarem

localizados em rotas estrateacutegicas que contemplam o caminho dos entrevistados pa-

ra suas residecircncias ou locais de trabalho A faixa de gastos com as compras esteve

em sua maioria situada entre R$ 1000 e R$ 4000 Um expressivo nuacutemero de con-

sumidores afirmou que os preccedilos praticados por essas lojas estatildeo ao alcance de seu

poder aquisitivo descaracterizando o princiacutepio da compra pelo fator econocircmico-

especulativo embora tenham sinalizado que se os produtos comercializados fossem

mais baratos voltariam com maior frequumlecircncia agraves compras O grau de satisfaccedilatildeo com

o atendimento dos vendedores eacute elevado e mais de 50 dos sujeitos abordados

pretendem retornar agraves compras na mesma loja

Para facilitar a leitura da questatildeo aberta compusemos um quadro com as

respostas obtidas A compreensatildeo macroscoacutepica dos dados alcanccedilados ajudaraacute a

efetuar uma visatildeo mais ampla e geral sobre os produtos comprados Os dados com-

pilados satildeo os seguintes

125

Tabela 20 ndash Pergunta qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s)

Produtos Frequumlecircncia ∆ Velas 109 1601 Imagens em gesso 33 485 Imagens impressas 55 808 Ervas de cheiro 12 176 Buacutezios 9 132 Guias de santo 24 352 Tintas 1 015 Pinceacuteis 1 015 Charutos 4 059 Terccedilos 38 558 Sabonetes 17 250 Incenso 33 485 Bijuteria 58 852 Vestuaacuterio 28 411 Miacutedia eletrocircnica CD ou DVD 47 690 Miacutedia impressa 111 1630 Siacutembolos sagrados ou miacutesticos 43 631 Copos taccedilas ou similares 1 015 Armas 7 103 Pedras 19 279 Perfumes e aromatizantes 11 162 Calendaacuterios 8 117 Patuaacutes 4 059 Baralhos ou tarocirc 8 117 Totais 681 10000

Embora o mix ou a variedade de produtos oferecidos agrave clientela das lojas

seja significativo os itens de compra que aparecem com maior frequumlecircncia satildeo as

miacutedias impressas (panfletos fotos imagens desenhos gravuras livros revistas

etc) numa participaccedilatildeo de 1630 As velas tambeacutem tecircm um destaque especial no

interesse do consumidor com participaccedilatildeo de 1601 sobre as vendas dos demais

produtos comprados

Foram apontados 681 produtos quando questionamos dentro de uma va-

riabilidade significativa Satildeo produtos simples de consumo e categorizaccedilatildeo popular

e que intrinsecamente dispensam o uso de materiais mais desenvolvidos (a exceccedilatildeo

neste caso estaacute centrada sobre as miacutedias digitais ou seja os CDrsquos e os DVDrsquos)

126

Produtos de aplicaccedilotildees muacuteltiplas tambeacutem satildeo frequentemente detecta-

dos nas gocircndolas das lojas

Percebemos nas lojas indiacutecios de produtos com produccedilatildeo artesanal ca-

recendo muitas vezes de melhores especificaccedilotildees constitutivas e nem sempre ade-

quados agraves normas teacutecnicas vigentes em nosso paiacutes poreacutem de qualidade comprova-

da e agradaacutevel ao gosto e preferecircncia do consumidor Satildeo os casos de chaacutes sabo-

netes aromatizantes ervas de cheiro etc

A oferta de imagens confeccionadas em diversos materiais eacute farta e evi-

dente guardada a necessaacuteria exceccedilatildeo para os produtos das lojas que se destinam a

atender o segmento das denominaccedilotildees protestantes Poreacutem a profusatildeo de cores e

alguns cuidados na exposiccedilatildeo dos produtos assim como alguns apelos mercadoloacute-

gicos com banners e displays realccedilando as caracteriacutesticas e preccedilos dos produtos

satildeo tambeacutem perceptiacuteveis

Eacute interessante notar que embora exista uma grande gama de produtos

com dupla aplicaccedilatildeo (dentro e fora dos aspetos inerentes aacute religiosidade) as carac-

teriacutesticas sagradas ou maacutegicas dos mesmos satildeo evidenciadas

A possiacutevel causa para esse fato pode estar correlacionado aos contornos

hierofacircnicos que esses produtos contecircm e por serem comercializados em estabele-

cimentos comerciais que tecircm como objetivo empresarial prover uma clientela que

necessita e deseja adquirir os complementos materiais e simboacutelicos para a profissatildeo

de suas crenccedilas ou feacute

Edecircnio Valle registra

A referecircncia das religiotildees ao sagrado apresenta uma impressionante varie-dade de concretizaccedilotildees e mediaccedilotildees Natildeo existe nenhum acontecimento natural ou vital que natildeo tenha sido ou possa ser revestido de caraacuteter sa-grado por alguma cultura Qualquer experiecircncia fato fenocircmeno ou objeto pode ser hierofacircnico isto eacute ldquorevelador do divinordquo para seres humanos em busca de transcendecircncia seja qual for essa Mas ao mesmo tempo o ldquomisteacuterio inefaacutevelrdquo essa uacuteltima dimensatildeo da feacute religiosa jamais eacute atingido Natildeo pode ser explicado apenas tangenciado As religiotildees e hierofanias o revelam e ocultam a um soacute tempo Os siacutembolos religiosos satildeo mediadores que nunca conduzem ao conhecimento pleno do ldquoTodordquo que sinalizam A maneira que as religiotildees olham para o sagrado e a ele se avizinham eacute a-travessada assim por uma ambiguumlidade intriacutenseca A suposta clareza nos enunciados doutrinais desse ponto de vista eacute totalmente ilusoacuteria173

173 Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia religiosa p17

127

Sob o ponto de vista do marketing as hierofanias assumem um aspecto

de vantagem competitiva Outros segmentos comerciais natildeo apresentam tal fenocirc-

meno sendo essa particularidade situacional um fator diferencial relevante quando

comparados pelas demais possibilidades mercadoloacutegicas de investimento financeiro

Outra particularidade relevante apontada pelas palavras de Edecircnio Valle e conside-

rado o vieacutes comercial verifica-se quando lemos que os objetos podem funcionar

simbolicamente como vetores de aproximaccedilatildeo com o transcendente e o sagrado e eacute

intriacutenseco agrave feacute de quem os consome Essa caracteriacutestica especial nesses produtos

tambeacutem se diferencia dos demais se considerado o prisma comercial endoacutegeno do

comeacutercio religioso O autor sinaliza por um conhecimento preacutevio por parte dos con-

sumidores acerca dos valores e significaccedilotildees religiosas aplicaccedilotildees especiacuteficas e

finalidades distintas que tecircm esses produtos Traduz-se dessa maneira como uma

natural economia de esforccedilos materiais e humanos com treinamento de pessoal es-

pecializado para vendas estrateacutegias de aproximaccedilatildeo do produto com o mercado

reduccedilatildeo de despesas com publicidade geral e com a propaganda O produto religio-

so oferece tambeacutem a oportunidade em se estabelecer poliacuteticas e estrateacutegias de

vendas especiacuteficas e dirigidas guardadas as devidas e necessaacuterias consideraccedilotildees eacuteticas

32 A feacute como razatildeo motivacional para compras atraveacutes do prisma estatiacutestico A principal questatildeo de nossa dissertaccedilatildeo estaacute centrada sobre as possiacute-

veis razotildees motivacionais que levam determinadas pessoas ao varejo de produtos

relacionados agrave religiosidade

Estaremos nos referindo agraves unidades compradoras e ao seu comporta-

mento quando considerarmos o processo de troca comercial tendo como objeto a

aquisiccedilatildeo de bens relacionados aos aspectos religiosos dos indiviacuteduos respeitando

as partes envolvidas no processo

John C Mowen e Michael S Minor consideram que

O comportamento do consumidor eacute definido como o estudo das unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na aquisiccedilatildeo no con-sumo e na disposiccedilatildeo de mercadorias serviccedilos e ideacuteias174

174 John C MOWEN e Michael S MINOR Comportamento do consumidor p3

128

Nossas atenccedilotildees estaratildeo voltadas para o setor varejista que comerciali-

za produtos relacionados agrave feacute Este setor da economia brasileira em especial da

cidade de Satildeo Paulo onde empreendemos a pesquisa de campo se caracteriza

dentro da definiccedilatildeo de Juracy Parente

Varejo consiste em todas as atividades que englobam o processo de venda de produtos e serviccedilos para atender a uma necessidade pessoal do con-sumidor final O varejista eacute qualquer instituiccedilatildeo cuja atividade principal con-siste no varejo isto eacute na venda de produtos e serviccedilos para o consumidor final175

O ponto central e comum entre os autores e estudiosos sobre a mercado-

logia varejista eacute perceptiacutevel quando focamos suas atenccedilotildees e preocupaccedilotildees sobre

as relaccedilotildees que satildeo estabelecidas entre a estrutura comercial e a clientela final in-

dependentemente do segmento de marketing a ser considerado como a maneira

pela qual os produtos satildeo comercializados

Kotler enuncia

O varejo inclui todas as atividades envolvidas na venda de bens e serviccedilos diretamente aos consumidores finais para uso pessoal Qualquer organiza-ccedilatildeo que utiliza esta forma de venda ndash um fabricante um atacadista ou um varejista ndash estaacute praticando o varejo Natildeo importa a maneira pela qual os bens e serviccedilos satildeo vendidos (venda pessoal correios telefone ou maacutequi-na automaacutetica) ou onde eles satildeo vendidos (loja rua ou residecircncia)176

Segundo Las Casas

Independentemente da forma com que as definiccedilotildees varejistas satildeo apre-sentadas um aspecto importante a salientar eacute que se trata de comerciali-zaccedilatildeo a consumidores finais177

175 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p22 176 Philip KOTLER Administraccedilatildeo de marketing anaacutelise planejamento implementaccedilatildeo e controle p618 177 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing de Varejo p 17

129

Partindo dos enunciados acima pretendemos sequencialmente exami-

nar com melhor acuidade como se desenvolve a decisatildeo de compra conjuntamente

com outras variaacuteveis levantadas na pesquisa de campo e na hipoacutetese deste traba-

lho

Trabalharemos pela confirmaccedilatildeo hipoteacutetica de que a feacute seja a razatildeo prin-

cipal e pessoal das compras dos clientes das lojas pesquisadas conforme o anunci-

aram os dados levantados

Nosso propoacutesito neste momento eacute tambeacutem o de promover a interseccedilatildeo

da questatildeo especiacutefica que investiga as causas das compras com as diversas faces

do consumidor final178 assim como algumas opiniotildees deles sobre tal evento comer-

cial

O sucesso de qualquer empresa depende da sintonia que consegue es-

tabelecer com seus consumidores sejam eles finais ou institucionais Para enten-

dermos qual eacute a dinacircmica comercial de um mercado se faz necessaacuterio conhecer a

composiccedilatildeo de suas partes e suas variaacuteveis ambientais

A populaccedilatildeo aparece como a principal variaacutevel demograacutefica a ser investi-

gada No caso desta dissertaccedilatildeo encontramos o seguinte quadro abaixo descrito

Tabela 21

Gecircnero Frequumlecircncia Participaccedilatildeo Masculino 58 121 Feminino 422 879 Total 480 10000

Participaram da amostra um percentual significativo de indiviacuteduos do gecirc-

nero feminino com a frequumlecircncia relativa de 879 sobre os valores totais de partici-

pantes Este eacute um dado importante porque corrobora com o que diz Parente

Mudanccedila profunda vem ocorrendo nos haacutebitos e comportamento de com-pra com o aumento do nuacutemero de mulheres no mercado de trabalho De acordo com pesquisas do IBGE de 1996 cerca de 40 da Populaccedilatildeo Eco-nomicamente Ativa era composta de mulheres179

178 Considerada a variaacutevel gecircnero 179 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p89

130

Aplicando o conceito acima podemos concluir que haacute uma explicita maio-

ria feminina disposta e aacutevida ao consumo de produtos destinados para a praacutetica reli-

giosa tambeacutem

Tabela 22 Gecircnero Masculino Feminino Total

Comerciaacuterio (a) 440 2210 2650 Dona de casa 4060 4060 Comerciante 130 170 290 Profissional Liberal180 440 1690 2130 Servidor (a) Puacuteblico (a) 080 230 310 Estudante 080 290 380

Profissatildeo

Desempregado (a) 040 150 190

Total 1210 8790 10000

Notamos que a participaccedilatildeo da dona de casa no varejo de produtos reli-

giosos eacute expressiva Na amostra populacional elas participam com 4060 dos ca-

sos Poreacutem a participaccedilatildeo da mulher trabalhadora tambeacutem foi detectada na pesqui-

sa de campo Esta categoria de indiviacuteduos quando somada jaacute representa mais 50

das opccedilotildees apresentadas para as profissotildees a esse gecircnero (22 satildeo comerciaacuterias

170 comerciantes e 1690 profissionais liberais no universo feminino da amos-

tra)

Assinala Parente sobre a importacircncia da mulher trabalhadora e a partici-

paccedilatildeo delas como consumidoras no varejo

Essa eacute uma das mudanccedilas que vecircm causando maior impacto no varejo O ingresso da mulher no mercado de trabalho ocasiona um aumento do po-der compra do domiciacutelio e modifica os haacutebitos de compra e do consumo domiciliar Independentemente da faixa de renda a participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho continuaraacute a crescer o que estimularaacute a induacutestria a lanccedilar produtos especiacuteficos para esse puacuteblico A mulher teraacute cada vez mais voz e poder nas decisotildees familiares Para a mulher que trabalha fora a busca da conveniecircncia torna-se uma das principais motivaccedilotildees de seu pro-cesso de compra181

180 Os profissionais liberais satildeo os trabalhadores autocircnomos que natildeo necessitam de uma estrutura juriacutedica para o exerciacutecio de suas profissotildees Exemplo Advogados (as) meacutedicos (as) dentistas moto-ristas de taacutexi costureiras etc 181 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p97

131

Quando questionamos a naturalidade dos gecircneros entrevistados 7440

afirmaram serem paulistanos conforme demonstra a tabela abaixo

Tabela 23

Gecircnero Masculino Feminino Total

Sim 940 6500 7440 O Sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo Natildeo 270 2290 2560 Total 1210 8790 10000

Tabela 24 Gecircnero Masculino Feminino Total

De 18 a 25 anos 310 1330 1650 De 25 a 35 anos 270 2830 3100 De 35 a 45 anos 350 2130 2480 De 45 a 55 anos 210 1480 1690 De 55 a 65 anos 060 770 830

Idade

Mais de 65 anos 250 250 Total 1210 8790 10000

Na amostra examinada as mulheres que estatildeo com idade entre 25 a 35

anos satildeo as mais recorrentes com uma participaccedilatildeo de 2830 do total dos indiviacute-

duos pesquisados que somaram 3100 para a faixa etaacuteria com maior frequumlecircncia

Para os homens a amostra apresentou um aumento na faixa etaacuteria Os indiviacuteduos

masculinos que participam com maior expressividade estatildeo na faixa de 35 a 45 a-

nos com 350 do universo total participativo A pesquisa demonstrou tambeacutem a

presenccedila da terceira idade como consumidores femininos na ordem de 250 do

total de indiviacuteduos pesquisados

Tabela 25

Renda Familiar Ateacute 01

salaacuterio miacutenimo

De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos

De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos

De 05 a 08 salaacute-

rios miacutenimos

De 08 a 10 salaacute-

rios miacutenimos

Mais de 10 salaacute-

rios miacutenimos

Natildeo quis ou natildeo soube

responder

Total

Masculino 020 100 270 480 270 040 020 1210 Gecircnero Feminino 080 850 2690 2580 1670 500 420 8790

Total 100 960 2960 3060 1940 540 440 10000

A mostra demonstrou que existe uma diferenccedila relevante da participaccedilatildeo

entre os gecircneros por classe de renda Enquanto a faixa de renda com maior signifi-

cacircncia participativa foi de 3060 para a faixa de 05 a 08 salaacuterios miacutenimos as mu-

132

lheres satildeo mais representativas para uma categoria imediatamente inferior estando

na categoria das famiacutelias com renda de ateacute 05 salaacuterios miacutenimos A participaccedilatildeo

masculina apesar de menos significativa em seus aspectos gerais da amostra para

este o quesito renda familiar influencia por estar numa faixa de maior poder aquisi-

tivo

Juracy Parente anota que

A distribuiccedilatildeo de renda eacute outra dimensatildeo econocircmica que influencia as o-portunidades de mercado para diferentes tipos de varejo em uma regiatildeo Domiciacutelios com diferentes faixas salariais acusam padrotildees de consumo muito diferenciados182

Tabela 26

Grau de escolaridade Ateacute o primeiro grau Ateacute o segundo grau Ateacute o terceiro grau Poacutes-graduado

Total

Masculino 170 810 210 020 1210 Gecircnero Feminino 2500 5270 980 040 8790

Total 2670 6080 1190 060 10000

O grau de escolaridade demonstrou que a maioria das pessoas partici-

pantes da amostra tem ateacute o segundo grau (8750) No entanto para os valores

relativos agrave participaccedilatildeo feminina com o niacutevel de escolaridade poacutes-graduada a dife-

renccedila eacute 100 superior aos indicadores masculinos com participaccedilotildees respectivas

de 020 e 040

Parente pontua sobre a educaccedilatildeo e cultura

O grau de educaccedilatildeo eacute outra dimensatildeo que influencia o comportamento de compra dos consumidores Pessoas mais bem educadas satildeo em geral mais bem informadas e mostram maior capacidade em avaliar com profun-didade as diferentes alternativas de produtos e lojas Satildeo mais exigentes quanto agrave qualidade dos produtos desenvolvem avaliaccedilotildees mais criteriosas sobre benefiacuteciocusto de diferentes alternativas e processam com mais discernimento as mensagens das propagandas Pessoas com este perfil exigem ser atendidas nas lojas por uma equipe que consiga responder de forma inteligente a suas indagaccedilotildees e necessidades Observa-se uma forte relaccedilatildeo entre o niacutevel de renda e o niacutevel de educaccedilatildeo

182 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p 100

133

Tabela 27 Gecircnero Masculino Feminino Total

Catoacutelica 980 7080 8060 Protestante 020 900 920 Espiacuterita Kardecista 040 150 190 Umbandista 060 270 330 Candomblecista 020 020 Budista 020 020 Novoerista 020 060 080 Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 060 270 330

Religiatildeo de Ba-tismo

Natildeo eacute batizado 040 040 Total 1210 8790 10000

No aspecto da religiosidade a amostra demonstrou que a maioria dos su-

jeitos entrevistados satildeo batizados na religiatildeo catoacutelica (8060) Isto significa que o

inicio da vivecircncia e da praacutetica religiosa eacute exercida pelo vieacutes do catolicismo

Tabela 28

Gecircnero Masculino Feminino Total

Catoacutelica 520 2730 3250 Protestante 150 2420 2560 Espiacuterita Kardecista 060 250 310 Umbandista 150 980 1130 Candomblecista 130 350 480 Novoerista 040 420 460

Religiatildeo Prati-cada

Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 170 1650 1810

Total 1210 8790 10000

A tabela acima demonstra a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo que pratica a reli-

giatildeo catoacutelica como sendo a mais proeminente com 3250 dos sujeitos entrevista-

dos No entanto podemos notar as mudanccedilas no eixo dinacircmico da praacutetica e na feacute

religiosa dos sujeitos e entre os gecircneros se compararmos cruzando as duas tabelas

acima

134

Tabela 29

Gecircnero Religiatildeo de Batismo Masculino Feminino Total

Catoacutelica 590 3280 3880 Protestante 160 1810 1960 Espiacuterita Kardecista 280 280 Umbandista 130 830 960 Candomblecista 130 390 520 Novoerista 050 360 410

Religiatildeo Praticada

Natildeo quis ou natildeo soube responder 160 1830 1990

Catoacutelica

Total 1210 8790 10000Religiatildeo Praticada Protestante 230 9770 10000Protestante

Total 230 9770 10000Catoacutelica 1110 1110 2220 Protestante 3330 3330 Umbandista 2220 2220 Religiatildeo

Praticada Natildeo quis ou natildeo soube responder 1110 1110 2220

Espiacuterita Kardecista

Total 2220 7780 10000Catoacutelica 630 1250 1880 Espiacuterita Kardecista 630 630 Umbandista 630 5000 5630 Novoerista 1250 1250

Religiatildeo Praticada

Natildeo quis ou natildeo soube responder 630 630

Umbandista

Total 1880 8130 10000Religiatildeo Praticada Candomblecista 10000 10000Candomblecista

Total 10000 10000Religiatildeo Praticada Novoerista 10000 10000Budista

Total 10000 10000Catoacutelica 2500 2500 Espiacuterita Kardecista 2500 2500 Religiatildeo

Praticada Novoerista 5000 5000 Novoerista

Total 2500 7500 10000Espiacuterita Kardecista 630 630 1250 Umbandista 630 3130 3750 Candomblecista 1250 1250 Religiatildeo

Praticada Natildeo quis ou natildeo soube responder 630 3130 3750

Natildeo quis ou natildeo soube responder

Total 1880 8130 10000Novoerista 5000 5000 Religiatildeo

Praticada Natildeo quis ou natildeo soube responder 5000 5000 Natildeo eacute batizado

Total 10000 10000

A pesquisa demonstra que no momento da compra as pessoas catoacutelicas

apresentam uma conduta mais pluralista com respeito a outras religiotildees Natildeo foi e-

135

xaminado o problema da dupla pertenccedila porque para a principal questatildeo deste tra-

balho as preocupaccedilotildees dos pesquisadores estavam voltadas para o momento da

compra e natildeo para as possiacuteveis consideraccedilotildees de ordem filosoacutefica ou de perfil ideo-

loacutegico-religioso

No entanto do ponto de vista fenomenoloacutegico este eacute um fato que deveria

ser testado pois estaacute intimamente ligado agraves possiacuteveis razotildees e motivos das com-

pras

O quadro acima demonstrou tambeacutem que os protestantes assim como

os candomblecistas satildeo mais conservadores agraves suas religiotildees de origens 100

dos sujeitos entrevistados disseram que foram batizados e professam suas religiotildees

de batismo enquanto que os catoacutelicos possam eventualmente migrar ou praticar

outros credos direcionando suas convicccedilotildees ou praacutetica religiosa para as denomina-

ccedilotildees protestantes em especial fato verificaacutevel pelo comportamento do gecircnero femi-

nino com uma participaccedilatildeo desse evento em 1810 dos casos constataacuteveis As

religiotildees protestantes tambeacutem absorvem uma parcela consideraacutevel dos sujeitos espiacute-

rita-kardecistas com uma possiacutevel migraccedilatildeo na ordem de 3330 com relevacircncia

para as mulheres que tiveram sua iniciaccedilatildeo religiosa apontada por esta religiatildeo Natildeo

foram verificadas migraccedilotildees das religiotildees afro-brasileiras para o protestantismo Fato

relevante embora com uma significaccedilatildeo menor em funccedilatildeo do nuacutemero de adeptos

participantes da pesquisa foi a presenccedila de uma mulher budista se declarar novoe-

rista como opccedilatildeo de credo religioso

Das pessoas que declararam natildeo serem batizadas 50 declararam-se

novoeristas com 100 de participaccedilatildeo feminina neste caso Na amostra registrou-

se um incremento na ordem de 3130 para a umbanda por aqueles que natildeo quise-

ram ou natildeo souberam responder sobre a sua religiatildeo de batismo com especial ecircn-

fase ao gecircnero feminino

Para os sujeitos batizados nas religiotildees novoeristas um evento se desta-

cou quando houve uma coincidecircncia estatiacutestica entre os gecircneros Quando questio-

nados acerca da religiatildeo professada 25 das mulheres se disseram catoacutelicas e

25 dos homens afirmaram professar o espiritismo kardecista sendo esta a maior

marca masculina para uma possiacutevel mudanccedila de credo ou convicccedilatildeo religiosa

Estes eventos comportamentais chamam a atenccedilatildeo Possiacuteveis razotildees de

ordem e foro iacutentimo natildeo podem ser desprezados No entanto devido agrave caracteriacutestica

136

e principal foco desta dissertaccedilatildeo que migra para outros setores vamos sugerir es-

tudos mais abrangentes para esta questatildeo

Sobre o prisma de marketing podemos considerar como um dos possiacute-

veis motivos para a mudanccedila no eixo da feacute neste trabalho detectada pelo que Ju-

racy Parente descreve como sendo um renascimento espiritual

Em seus estudos sobre megatendecircncias Naisbitt183 destaca o renascimen-to espiritual como uma das grandes tendecircncias da humanidade A chega-da do terceiro milecircnio desperta na humanidade o interesse sobre questotildees filosoacuteficas e existecircncias do ser humano do tipo ldquoQuem sourdquo ldquoOnde es-tourdquo ldquoDe onde vimrdquo ldquoPara onde vourdquo ldquoQual o sentido da vidardquo Na busca para obter essas respostas e no esforccedilo para descobrir as chaves para a felicidade o homem vem mergulhando em reflexotildees de ordem filo-soacutefica e espiritual Em todo o mundo e tambeacutem no Brasil muitas atividades varejistas estatildeo respondendo a essas necessidades do ser humano Nas livrarias aumenta a aacuterea dedicada a livros que tratam de assuntos religiosos filosoacuteficos eso-teacutericos miacutesticos e de auto-ajuda Alguns varejistas estatildeo se especializando na venda de produtos miacutesticos varejistas estatildeo desenvolvendo lojas de produtos religiosos (imagens quadros e livros religiosos) Muitas lojas de decoraccedilatildeo incorporam uma li-nha de produtos de caraacuteter filosoacutefico-espiritual tais como velas piracircmides incensoacuterios cristais prismas produtos do feng shui etc Academias cen-tros de estudos escolas e ateacute mesmo redes de franquias tecircm sido desen-volvidas em aacutereas tais como Yoga Tai-chi meditaccedilatildeo filosofia e treina-mento mental artes marciais No Brasil novas religiotildees como as evangeacutelicas vecircm registrando uma raacutepida expansatildeo Alguns dos praticantes dessas religiotildees adotam um estilo de vestir mais conservador especialmente diferenciado para as mulheres com saias mais longas blusas mais fechadas e cores mais soacutebrias Existe assim um atraente potencial de mercado para o desenvolvimento de vare-jistas de confecccedilotildees direcionados para atender agraves necessidades desses segmentos184

Outros fatores caracteriacutesticos da atualidade tambeacutem podem estar funcio-

nando como possiacuteveis agentes de mudanccedilas da praacutetica religiosa e na mudanccedila do

eixo da feacute O encasulamento do indiviacuteduo e da famiacutelia jaacute eacute detectado como uma ten-

183O autor se refere aacute obra Megatendecircncias de John Nasbitt editado pela editora Ciacuterculo do Livro em 1983 posteriormente essa obra foi ampliada no ano 2000 em parceria com Patriacutecia Aburdene Mega-tendecircncias eacute definida como grandes mudanccedilas sociais econocircmicas poliacuteticas e tecnoloacutegicas forma-das lentamente e uma vez instaladas elas nos influenciam por algum tempo podendo variar entre 7 e 10 anos e as vezes por um tempo maior 184Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p99 e 100

137

decircncia de mudanccedila no comportamento social e de consumo conforme explica Pa-

rente tendo como base o relatoacuterio Popcorn185

O encasulamento eacute uma das tendecircncias identificadas no relatoacuterio Popcorn Estaacute de certa forma relacionado ao renascimento espiritual Consiste no impulso para a busca da vida interior quando os valores exteriores ficam mais difiacuteceis e raros A maioria das pessoas estaacute transformando suas ca-sas em ninhos Estatildeo se tornando ldquoescravas do divatilderdquo fanaacuteticas por filmes de televisatildeo fazendo compras por cataacutelogos redecorando suas casas u-sando secretaacuterias eletrocircnicas para filtrar as chamadas Em reaccedilatildeo ao au-mento da criminalidade da AIDS e outros problemas sociais a autopreser-vaccedilatildeo tornou-se o tema dominante186

A promoccedilatildeo e propaganda religiosa empreendidas por algumas igrejas

de orientaccedilatildeo neopetencostal pelos canais de miacutedia eletrocircnica de massa em espe-

cial a televisatildeo satildeo de faacutecil constataccedilatildeo em nossos meios de comunicaccedilatildeo Hoje no

Brasil a qualquer hora do dia ou da noite eacute possiacutevel perceber os esforccedilos dirigidos

para divulgaccedilatildeo e movimentos de atraccedilatildeo a novos adeptos por algumas denomina-

ccedilotildees protestantes neopetencostais Nem sempre preparadas para o uso desse ins-

trumento de comunicaccedilatildeo e de pressatildeo sobre a opiniatildeo puacuteblica satildeo de faacuteceis cons-

tataccedilotildees os ataques aos valores eacuteticos e doutrinaacuterios preconizados pela Constituiccedilatildeo

Federal do Brasil assim como aos valores morais defendidos pelos vieses da religi-

osidade em geral inclusive as de outras orientaccedilotildees cristatildes Natildeo satildeo raras as vezes

que a apologeacutetica proferida por essas organizaccedilotildees despreza a cultura e as tradi-

ccedilotildees da religiosidade brasileira colocando-as em planos discursivos e praacuteticos infe-

riores ou propositalmente descaracterizadas por conotaccedilotildees pejorativas se exami-

nadas pela oacutetica legal e constitucional Como consequumlecircncias vemos pela televisatildeo

o aviltamento de valores culturais genuinamente nacionais ridicularizados e profa-

nados aleacutem das possiacuteveis conotaccedilotildees de cunho ideoloacutegico e sectaacuterio proposital-

mente desenvolvidos (em especial os valores pessoais e religiosos )187

185O autor refere-se a um relatoacuterio desenvolvido por Faith Popcorn intitulado O relatoacuterio Popcorn centenas de ideacuteias de novos produtos empreendimentos e de novos mercados Editado pela editora Campus Rio de Janeiro em 1994 186Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p106 187Referimos-nos ao episoacutedio com graves repercussotildees sociais levado ao ar pela Rede Record de Televisatildeo no dia 12 de outubro de 1995 Um representante intitulado bispo da Igreja Universal do Reino de Deus o Sr Seacutergio Von Helde chutou na frente das cacircmeras uma imagem de Nossa Se-nhora Aparecida a padroeira do Brasil como eacute esse iacutecone religioso reconhecido pela maioria da po-

138

Tabela 30

Gecircnero Respostas Masculino Feminino Total

O(s) objeto (s) eacute (satildeo) im-portante(s) no meu ritual ou culto 150 1900 2040 O principal cleacuterigo (a) in-dicou receitou ou man-dou comprar 080 480 560 A imagem desse (s) objeto (s) reforccedila (m) a minha feacute 540 3750 4290 Trazem proteccedilatildeo 350 1500 1850 Achei bonito 020 290 310 Vai servir para eu dar de presente para algueacutem 060 560 630

Qual o principal motivo pelo qual o Sr(a) comprou esse(s) produto (s)

Natildeo quis ou natildeo soube responder 310 310

Total 1210 8790 10000

A tabela 30 remete-nos agrave questatildeo principal deste trabalho Pela anaacutelise

dos dados obtidos na pesquisa de campo fica claro que o principal motivo apontado

pelos consumidores que os leva a comprar determinados bens ou produtos estatildeo

intimamente relacionados agrave religiosidade e agrave feacute que eles professam ou que preten-

dam professar O iacutendice para esta afirmaccedilatildeo eacute expressivo com 4290 das respos-

tas obtidas Este iacutendice eacute superior agraves demais possibilidades de respostas indepen-

dendo do gecircnero dos entrevistados e de outros quesitos

Para este questionamento os homens aparecem com 540 de partici-

paccedilatildeo relativa sobre o total da amostra e esta resposta representa 4463 das afir-

maccedilotildees em seu gecircnero As mulheres participam sobre o mesmo posicionamento

motivacional para compra com 3750 das respostas totais e com 4266 das res-

postas vaacutelidas

No entanto se observarmos as respostas manifestadas pelo prisma da

religiosidade com um olhar mais amplo e consideradas as quatro primeiras alterna-

tivas propostas o coeficiente motivacional de ambos os gecircneros sobe para 8740

destacando-se desta maneira o caraacuteter religioso para esse tipo de consumo

O gecircnero feminino eacute tambeacutem mais expliacutecito ao admitir a compra de de-

terminado bem ou objeto para finalidades ritualiacutesticas com 1900 das respostas

pulaccedilatildeo de nosso paiacutes Natildeo obstante nos dias de hoje as religiotildees afro-brasileiras satildeo sistematica-mente ridicularizadas em sua forma expressatildeo de valores morais e natildeo raramente desrespeitadas em seus princiacutepios dogmaacuteticos

139

para tal quesito contra 150 das respostas masculinas sendo estes percentuais

relativos a cada um dos gecircneros

As respostas femininas tambeacutem demonstraram um possiacutevel apelo feti-

chista simboacutelico ou maacutegico sobre os produtos comprados no sentido do valor intriacuten-

seco e utilitaacuterio que os bens adquiridos pudessem lhes trazer Na pesquisa de cam-

po aparece o quesito da proteccedilatildeo relacionado aos objetos Este argumento para as

mulheres contribuem com um iacutendice de 15 sobre as respostas totais contra 350

das respostas masculinas para o mesmo item

Nesta questatildeo os indiviacuteduos do sexo feminino tambeacutem evidenciaram

uma maior sensibilidade aos apelos de compra proferidos por possiacuteveis iacutecones refe-

renciais religiosos ou agentes formadores de opiniatildeo religiosa tais como padres

pastor ou pastoras matildees e pais de santo etc com 480 de participaccedilatildeo nas res-

postas contra 080 para as mesmas soluccedilotildees dos indiviacuteduos masculinos

Torna-se necessaacuterio destacar que aleacutem dos consumidores comprarem

determinados bens ou produtos movidos pelo intuito de expressarem sua religiosi-

dade ou sua feacute este eacute um evento recorrente no haacutebito de compra individual da a-

mostra populacional pesquisada como demonstra a tabela abaixo

Tabela 31

Gecircnero Frequumlecircncia Masculino Feminino Total

Pelo menos uma vez por mecircs 170 520 690 Uma vez a cada dois meses 170 1150 1310 Uma vez a cada a trecircs meses 190 900 1080 Uma vez por semestre 150 1230 1380 Uma vez por ano 250 1880 2130 Menos de uma vez por ano 210 2290 2500

Com que frequumlecircncia o Sr(a) compra produtos religiosos

Natildeo quis ou natildeo soube responder 080 830 920

Total 1210 8790 10000

Do total da amostra 590 efetuam compras pelo menos uma vez por

ano de objetos destinados agrave praacutetica religiosa com uma frequumlecircncia maior para o gecirc-

nero feminino cuja incidecircncia aponta para um evento de compra a cada semestre

pelo menos (1880 das respostas femininas consideradas apenas neste gecircnero)

140

Detectamos o grau de satisfaccedilatildeo particular dos indiviacuteduos pesquisados conforme a

proacutexima tabela

Tabela 32

Gecircnero Masculino Feminino Total

Plenamente satisfeito (a) 100 750 850 Satisfeito (a) 600 3600 4210 Razoavelmente satisfeito (a) 400 3420 3810 Sofrivelmente satisfeito (a) 020 100 130

Grau de satisfaccedilatildeo na loja

Natildeo quis ou natildeo soube responder 080 920 1000

Total 1210 8790 10000

Para os gecircneros masculinos e femininos o grau de satisfaccedilatildeo com a loja

escolhida para a aquisiccedilatildeo de bens aplicaacuteveis agrave sua religiosidade eacute bastante ex-

pressiva totalizando 8870 de respostas positivas do total das alternativas cabiacuteveis

para esse quesito

Conhecer o consumidor natildeo eacute tarefa faacutecil e pudemos constatar isso ao

longo de nossa pesquisa e ao elaborarmos este trabalho O consumidor eacute complexo

logo sua anaacutelise eacute complexa mas talvez por isso mesmo seja tatildeo fascinante

Muitas satildeo as possibilidades e abordagens que a ciecircncia oferece quando

o objeto de estudo eacute o consumidor Teorias complexas e complementares nos aju-

dam a entender as razotildees e as motivaccedilotildees humanas para o consumo Essas teorias

que vatildeo desde as conceituaccedilotildees behavioristas cognitivistas psicanaliacuteticas e huma-

nistas quando aplicadas sobre o prisma motivacional satildeo somadas ou complemen-

tadas pelas razotildees de vieses conceituais econocircmicos sociais e antropoloacutegicos

Para situarmos este trabalho sob o enfoque metodoloacutegico necessaacuterio a

abordagem que iremos adotamos para justificar o motivo para as pessoas irem agraves

compras de produtos religiosos eacute a cognitivista A razatildeo de nosso posicionamento

transcende apenas a oacutetica mercadoloacutegica mas esta abordagem salvo melhor juiacutezo

tambeacutem explica e contempla os eventos relacionados agrave religiosidade e agrave feacute No en-

tanto cabe-nos observar que as demais abordagens acima citadas satildeo vaacutelidas pas-

siacuteveis de adoccedilatildeo praacutetica e de criacuteticas aleacutem de serem reconhecidamente cientiacuteficas

Segundo Eliane Karsaglian A abordagem cognitiva da motivaccedilatildeo propotildee-se a levar em consideraccedilatildeo o que se ldquopassa na cabeccedilardquo do organismo que se comporta Segundo a teo-ria cognitiva natildeo haacute um estabelecimento automaacutetico de conexotildees estiacutemu-lo-resposta o indiviacuteduo antevecirc consequumlecircncias de seu comportamento por-que adquiriu e elaborou informaccedilotildees em suas experiecircncias

141

Assim escolhemos por meio da percepccedilatildeo pensamentos e raciociacutenio os valores as crenccedilas as opiniotildees e as expectativas que regularatildeo a conduta para uma meta almejada As teorias cognitivas reconhecem que o comportamento e seu resultado dependeratildeo tanto das escolhas conscientes do indiviacuteduo como dos acon-tecimentos do meio sobre os quais ele natildeo tem controle e que atuam sobre ele Essas teorias acreditam que as opccedilotildees feitas pelas pessoas entre alterna-tivas de accedilatildeo dependem do grau relativo que tecircm as forccedilas que atuam so-bre o indiviacuteduo O que o cognitivismo nega eacute que o efeito dos estiacutemulos sobre o comporta-mento seja automaacutetico (como quer o behaviorismo) Uma vez estabelecida a importacircncia das cogniccedilotildees na orientaccedilatildeo do comportamento estudou-se tambeacutem o conflito entre elas188

Beatriz Santos Sacircmara e Marco Aureacutelio Morch complementam a concei-

tuaccedilatildeo sobre a abordagem cognitiva quando enfocam a motivaccedilatildeo de compra como

o vetor de resoluccedilatildeo de problemas oriundos da tensatildeo da preacute-aquisiccedilatildeo gerada por

uma necessidade aprendida percebida ou originada da capacidade criativa dos indi-

viacuteduos

Por meio do processamento das informaccedilotildees (soluccedilatildeo de problemas) o consumidor avalia combina desconta e integra diferentes partes da infor-maccedilatildeo para alcanccedilar certas opiniotildees que possibilita a anaacutelise racional dos dados e informaccedilotildees disponiacuteveis levando agrave soluccedilatildeo de um problema Co-mo o processamento estaacute diretamente relacionado tanto com a habilidade cognitiva do consumidor quanto a complexidade da informaccedilatildeo a ser pro-cessada (que deriva da percepccedilatildeo e dos estiacutemulos gerados pelos atributos dos produtos e dos concorrentes) consumidores com maior habilidade cognitiva poderatildeo assimilar e processar mais informaccedilotildees sobre os vaacuterios atributos de um produto e sobre as diversas alternativas existentes melho-rando a qualidade da avaliaccedilatildeo na decisatildeo de compra Aleacutem disso quanto maior a familiaridade com a categoria do produto maior a habilidade cog-nitiva 189

A psicologia cognitivista tambeacutem eacute um instrumento explicativo e de pes-

quisa dos fenocircmenos que estatildeo ligados agrave religiatildeo Este eacute o enfoque que demos a

este trabalho como orientaccedilatildeo teoacuterica de fundo Justificamos a adoccedilatildeo desta linha

188Eliane KARSAKLIAN Comportamento do consumidor p28 189Beatriz Santos SAMARA e Marco Aureacutelio MORSH Comportamento do consumidor conceitos e casos p111

142

de pensamento psicoloacutegico porque entendemos que ela busca em sua essecircncia

explicar os motivos da profissatildeo e praacutetica da feacute e da religiosidade sejam elas apren-

didas ou percebidas Segundo alguns autores e especialistas esta abordagem eacute a

mais indicada porque entre outros motivos seria tambeacutem a mais abrangente Outras

forccedilas que natildeo apenas as de caraacuteter essencialmente iacutentimos e pessoais podem es-

tar inseridos dentro de uma anaacutelise no contexto psico-cognitivista Entre essas for-

ccedilas destacamos as de cunho social e as econocircmicas que se fazem presentes nesta

obra

Edecircnio Valle pontua

Na psicologia da religiatildeo estatildeo presentes todas as tendecircncias existentes na ciecircncia psicoloacutegica Vai-se de uma elementar objetivaccedilatildeo do fenocircmeno religioso agrave ldquoespiritualizaccedilatildeordquo mais radical desse fenocircmeno promiscuindo sem qualquer distinccedilatildeo o real e o irreal Haacute de tudo do behaviorismo aacute transpessoalidade do bioneuroloacutegico agraves mais difusas modalidades de ldquohumanismordquo religioso e ou ldquoateurdquo Algumas dessas orientaccedilotildees acentuam a dimensatildeo subjetiva outras a di-mensatildeo objetiva da experiecircncia e do comportamento religiosos Satildeo repro-duzidas sob o manto da linguagem psicoloacutegica todas as problematizaccedilotildees encontradas na filosofia contemporacircnea Podem ser identificadas entre ou-tras as seguintes confluecircncias teoacutericas o comportamentismo o pensa-mento existencial a fenomenologia o positivismo o cognitivismo o vita-lismo o romantismo o materialismo fisioloacutegico o diealismo o marxismo o estruturalismo a linguumliacutestica etc Como se disse em outro lugar datildeo-se tambeacutem entrecruzamentos da psico-logia com as demais ciecircncias humanas e do comportamento A psicologia cognitivista eacute vista como a via ideal para uma aproximaccedilatildeo rigorosa e abrangente Com as possibilidades abertas pela informaacutetica es-sa tendecircncia ressurgiu nos estudos sobre o conhecimento humano dei-xando para traacutes as sugestivas hipoacuteteses de J Piaget Um dos grandes no-mes da psicologia das ldquointeligecircncias muacuteltiplasrdquo H Gardner190 jaacute comeccedila a falar de uma ldquooitavardquo inteligecircncia a existencial que estaria unida agrave religio-sidade 191

190O autor se refere a uma palestra realizada em Satildeo Paulo em 1997 por H Gardner e que tratou o tema abordando a ldquointeligecircncia existencialrdquo (aspas de Edecircnio Valle) Melhores referecircncias sobre essa palestra e sobre H Gardner se encontraram na obra Inteligecircncias Muacuteltiplas Artes Meacutedicas Porto Alegre 1995 191Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia religiosa p46

143

Tabela 33 Gecircnero Loja Pergunta Masculino Feminino Total

Lista telefocircnica 080 170 250 Internet 080 080 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 250 580 830 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 170 580 750 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 1250 4750 6000 Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pas-tora etc 080 1670 1750 Por acaso 170 170

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja

Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 170 170

Afro-brasileira

Total 2000 8000 10000Lista telefocircnica 080 170 250 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 080 330 420 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 670 4000 4670 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 500 2330 2830

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja

Por acaso 080 1750 1830

Catoacutelica

Total 1420 8580 10000Internet 170 170 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 670 7580 8250

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja Por acaso 170 1420 1580

Nova Era

Total 830 9170 10000Pelo raacutedio ou televisatildeo 080 080 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 080 080 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 170 3170 3330 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 330 3670 4000 Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pas-tora etc 830 830 Por acaso 080 1170 1250

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja

Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 420 420

Protestante

Total 580 9420 10000 A pesquisa de campo demonstrou que as indicaccedilotildees externas na fachada

dos estabelecimentos foi o fator responsaacutevel pela localizaccedilatildeo espacial das lojas de

144

produtos religiosos quando essas lojas estatildeo inseridas dentro do contexto comercial

normal ou seja nas ruas da cidade Assim responderam as mulheres clientes das

lojas voltadas para as religiotildees afro-brasileiras com 4750 Nova Era com 7580

e Protestante com 3670 A exceccedilatildeo neste quesito foi o evento apontado pelos

clientes catoacutelicos em que o maior nuacutemero de respostas acusou a quarta alternativa

por parentes ou amigos de minha comunidade religiosa com uma participaccedilatildeo para

essa resposta de 4670 de onde 4000 foram respostas femininas e 670

masculinas Percebe-se nesta tabela a influecircncia sobre o consumidor a decisatildeo do

local de compra atraveacutes dos cleacuterigos protestantes e afro-brasileiros com participa-

ccedilotildees relativas sobre o total das respostas de 1670 para os consumidores das lo-

jas afro-brasileiras e 830 para as lojas de denominaccedilotildees protestantes

Pelo ponto de vista de marketing o local onde se estabelece um determi-

nado empreendimento pode ter uma significacircncia estrateacutegica notaacutevel sendo este um

dos fatores de um ecircxito comercial

Kotler e Armstrong observam que

Os varejistas sempre dizem que os trecircs fatores do sucesso do varejo satildeo localizaccedilatildeo localizaccedilatildeo e localizaccedilatildeo A localizaccedilatildeo de um varejista eacute fun-damental para a sua capacidade de atrair clientes Os custos com constru-ccedilatildeo e de arrendamento de instalaccedilotildees causam um impacto importante so-bre os lucros do varejista Assim as decisotildees de localizaccedilatildeo estatildeo entre as mais importantes que um varejista toma192

Embora sendo autores norte-americanos Philip Kotler e Gary Armstrong

anotam uma situaccedilatildeo peculiar nas cidades que verificamos parcialmente quando

elaboramos a pesquisa de campo

A maioria das lojas de hoje se agrupa para aumentar o poder de pressatildeo sobre os clientes e para lhes oferecer a conveniecircncia de comprar tudo em um soacute lugar Os bairros centrais eram a principal forma de conglomerado de varejo ateacute a deacutecada de 50 Toda cidade grande ou pequena tinha um bairro central com lojas de departamento lojas de especialidade bancos e cinema No entanto quando a populaccedilatildeo comeccedilou a se mudar para as aacute-reas suburbanas esses bairros centrais comerciais com seus problemas de traacutefego estacionamento e criminalidade passaram a perder negoacutecios

192Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de marketing p346

145

Os comerciantes ldquodo centro da cidaderdquo comeccedilaram abrir filiais em shopping centers das aacutereas suburbanas e o decliacutenio dos bairros centrais continuou Recentemente muitas cidades comeccedilaram a juntar forccedilas com os comer-ciantes para revitalizar as aacutereas comerciais dos centros das cidades cons-truindo galerias comerciais e oferecendo estacionamento subterracircneo193

Quando levantamos a localizaccedilatildeo geograacutefica das lojas que potencialmen-

te poderiam participar da amostragem da pesquisa de campo detectamos o maior

nuacutemero delas nas imediaccedilotildees da Igreja Matriz de Satildeo Paulo localizada na Praccedila da

Seacute no centro da cidade Mesmo tendo como objetivo atender ao puacuteblico catoacutelico a

materialidade referencial religiosa geograacutefica e histoacuterica pode estar sendo o motivo

da manutenccedilatildeo daquele espaccedilo na aacuterea central da cidade como um local vocacio-

nado para o varejo de produtos religiosos e reconhecido como uma aacuterea sacra na

cidade de Satildeo Paulo inclusive por outras religiotildees

No decorrer de nossa pesquisa observamos a movimentaccedilatildeo de agre-

gaccedilatildeo de fieacuteis de outras religiotildees cristatildes dentro da praccedila e na frente da igreja

Em um raio de 500 metros da catedral da Seacute encontramos aleacutem das lo-

jas que atendem agrave populaccedilatildeo catoacutelica outras com vieses comerciais protestantes

assim como aqueles empreendimentos comerciais voltados a atender as necessida-

des dos praticantes das religiotildees afro-brasileiras A exceccedilatildeo para este local foram as

lojas do tipo Nova Era Essas lojas satildeo de mais faacutecil detecccedilatildeo nos bairros e shop-

pings centers

Juracy Parente eacute a inda mais incisivo quando aborda a questatildeo da locali-

zaccedilatildeo geograacutefica das lojas

Localizaccedilatildeo consiste em uma das decisotildees mais criacuteticas para um varejista Diferente das outras variaacuteveis do composto de marketing varejista (tais como preccedilo mix de produtos promoccedilatildeo apresentaccedilatildeo atendimento e ser-viccedilos) que podem ser alteradas ao longo do tempo a localizaccedilatildeo da loja natildeo pode ser modificada194

Las Casas complementa

193Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de marketing p346 e 347 194Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p325

146

Localizaccedilatildeo eacute uma das decisotildees mais importantes da administraccedilatildeo vare-jista Neste caso de forma diferente da induacutestria o estabelecimento deve estar localizado proacuteximo aos consumidores e portanto a estrateacutegia de lo-calizaccedilatildeo deve considerar entre vaacuterios aspectos a concorrecircncia que tam-beacutem persegue os mesmos objetivos O ponto de venda na configuraccedilatildeo espacial do mercado escolhido poderaacute determinar o sucesso de muitos empreendimentos Conforme eacute sabido da literatura varejista trecircs fatores satildeo baacutesicos para uma loja localizaccedilatildeo localizaccedilatildeo e localizaccedilatildeo195

Anotamos neste momento a importacircncia da localizaccedilatildeo da igreja matriz

da cidade de Satildeo de Paulo assim como sugerimos novos estudos para o aprofun-

damento desta questatildeo que foge ao objeto deste trabalho mas que como vimos eacute

de importacircncia conceitual em se tratando de marketing Existe neste sentido grande

possibilidade de que a igreja esteja influenciando a permanecircncia de lojas varejistas

de produtos religiosos em suas imediaccedilotildees pelo importante significado que a igreja

exerce agrave populaccedilatildeo e em especial aos habitantes da cidade de Satildeo Paulo

Outro fator relevante e que merece destaque neste quesito foi a ausecircn-

cia da propaganda196 da promoccedilatildeo197 e da publicidade198 tanto pelo lado dos pro-

dutos oferecidos e a disposiccedilatildeo da clientela quanto das proacuteprias lojas enquanto

instituiccedilotildees comerciais com objetivos especiacuteficos Natildeo foi detectado qualquer esforccedilo

extra que motivasse o consumidor a conhecer o empreendimento comercial e os

produtos neles colocados agrave disposiccedilatildeo Salvo melhor juiacutezo pela configuraccedilatildeo mer-

cadoloacutegica atual o composto promocional deste segmento natildeo se enquadra dentro

da conceituaccedilatildeo recomendada tendo em vista os princiacutepios miacutenimos de marketing

O composto promocional eacute um dos elementos que o varejista utiliza natildeo soacute para atrair os consumidores para suas lojas mas tambeacutem para motivaacute-los agraves compras Como todas as outras decisotildees empresariais o esforccedilo pro-mocional precisa tambeacutem estar integrado agraves outras variaacuteveis do composto

195Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing de varejo p59 196 A propaganda eacute conceituada como uma forma de comunicaccedilatildeo indireta e impessoal transmitida por meio de miacutedia massificada As miacutedias usadas para veicular propagandas satildeo jornais revistas raacutedio televisatildeo outros impressos e Internet 197A promoccedilatildeo de vendas eacute uma ferramenta de comunicaccedilatildeo impessoal direta ou indireta envolven-do o uso de miacutedia ou natildeo Tem como caracteriacutestica oferecer um valor extra ao consumidor As formas mais usuais satildeo os precircmios programa de fidelizaccedilatildeo e de comprador frequumlente cupons displays demonstraccedilotildees de produtos e a mostras 198A publicidade eacute um tipo de comunicaccedilatildeo indireta e impessoal veiculada em alguma forma de miacutedia com informaccedilotildees (positivas ou negativas) sobre determinado produto ou varejo e natildeo eacute paga pelo empreendedor

147

varejista ou seja agraves decisotildees de ponto produto preccedilo pessoal e apresen-taccedilatildeo Como Lewison ressalta muitos consumidores natildeo teratildeo por conta proacutepria a iniciativa de compra a natildeo ser que o varejista comunique a existecircncia da loja sua localizaccedilatildeo os produtos agrave venda que preccedilos satildeo oferecidos ter-mos de venda serviccedilos e hora da abertura da loja Aleacutem disso o consumi-dor precisa ser persuadido a acreditar que certo varejista oferece uma me-lhor relaccedilatildeo custobenefiacutecio que os demais concorrentes O mix promocio-nal portanto eacute um processo de comunicaccedilatildeo entre o varejista e o consumi-dor com a finalidade natildeo soacute de ser informativo (fornecendo dados sobre a loja e os produtos oferecidos) mas tambeacutem persuasivo (influenciando as percepccedilotildees atitudes e comportamento do consumidor)199

Tabela 34

Gecircnero Loja Masculino Feminino Total

Ateacute 10 reais 1000 3250 4250 De 10 a 20 reais 330 2420 2750 De 20 a 40 reais 670 1830 2500 De 40 a 80 reais 330 330 De 80 a 160 reais 080 080

Desembolso na loja

Natildeo quis ou natildeo soube responder 080 080

Afro-brasileira

Total 2000 8000 10000 Ateacute 10 reais 500 1080 1580 De 10 a 20 reais 330 2830 3170 De 20 a 40 reais 580 3750 4330 De 40 a 80 reais 750 750 De 80 a 160 reais 080 080

Desembolso na loja

De 160 a 320 reais 080 080

Catoacutelica

Total 1420 8580 10000 Ateacute 10 reais 080 1330 1420 De 10 a 20 reais 330 2250 2580 De 20 a 40 reais 170 2670 2830 De 40 a 80 reais 080 2250 2330 De 80 a 160 reais 170 580 750

Desembolso na loja

De 160 a 320 reais 080 080

Nova Era

Total 830 9170 10000 Ateacute 10 reais 3420 3420 De 10 a 20 reais 170 2670 2830 De 20 a 40 reais 420 2330 2750 De 40 a 80 reais 920 920

Desembolso na loja

De 80 a 160 reais 080 080

Protestante

Total 580 9420 10000

O nuacutemero mais expressivo de consumidores que mais disponibilizaram

seus recursos financeiros com a compra de objetos religiosos foram os indiviacuteduos

199Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p242

148

compradores das lojas catoacutelicas representando 4330 do universo de clientes para

este tipo de loja com valores relativos de 3550 para as mulheres e 580 para a

populaccedilatildeo masculina com valores desembolsados na ordem de R$ 2000 a R$

4000 por compra Notamos que para este tipo de loja e orientaccedilatildeo religiosa os

consumidores tecircm propensatildeo a desembolsos maiores quando 08 dos indiviacuteduos

do sexo femininos afirmaram terem efetuado despesas na faixa de R$ 16000 a R$

32000

Nas lojas afro-brasileiras a faixa de maior desembolso foi de ateacute

R$1000 em ambos os gecircneros e representando 4250 das respostas obtidas A

participaccedilatildeo relativa a esse quesito foi de 1000 para o gecircnero masculino e

3250 para o gecircnero feminino A maior faixa de desembolso verificada na amostra

estaacute na faixa de R$ 8000 a R$ 16000 e por 08 da amostra populacional pesqui-

sada O gecircnero que respondeu a esse volume de recursos disponibilizados para a-

quisiccedilatildeo de bens religiosos verificou-se em 100 das mulheres

Nos empreendimentos de denominaccedilotildees protestantes a faixa de desem-

bolso foi de ateacute R$1000 para 3420 das respostas totais a esse tipo de loja e es-

se valor relativo foi obtido exclusivamente por indiviacuteduos do gecircnero feminino 08

dos sujeitos da amostra pesquisada declararam compras na faixa R$ 8000 a R$

16000 sendo esta a maior faixa de desembolso verificada durante a pesquisa para

este tipo de loja

Nas lojas Nova Era verificou-se a pulverizaccedilatildeo no volume de recursos

disponibilizados quando oferecidas as opccedilotildees de respostas pelos consumidores na

aquisiccedilatildeo de bens e objetos religiosos A faixa de desembolso com maior frequumlecircncia

se fez notar na amplitude financeira de R$ 2000 a R$ 4000 com uma participaccedilatildeo

de 2830 das respostas totais verificadas A participaccedilatildeo relativa do gecircnero femini-

no foi de 2770 e da masculina 170 para este questionamento Na pesquisa de

campo verificou-se pelas respostas obtidas que este tipo de loja eacute a que tem me-

lhor performance financeira e melhor adequaccedilatildeo do mix de produto e poliacutetica de pre-

ccedilos tendo em vista apenas as informaccedilotildees oriundas das faixas de faturamento bruto

de suas vendas

149

Tabela 35

Gecircnero Loja Masculino Feminino Total

Caros 580 580 1170 Relativamente caros 420 1500 1920 Razoavelmente equi-librados 330 3170 3500 Condizentes com a minha renda 670 2580 3250 Baratos 080 080

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas

Natildeo quis ou natildeo sou-be responder 080 080

Afro-brasileira

Total 2000 8000 10000Caros 250 2580 2830 Relativamente caros 330 2080 2420 Razoavelmente equi-librados 080 830 920 Condizentes com a minha renda 670 2670 3330

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas Natildeo quis ou natildeo sou-

be responder 080 420 500

Catoacutelica

Total 1420 8580 10000Caros 1080 1080 Relativamente caros 250 1080 1330 Razoavelmente equi-librados 250 250 Condizentes com a minha renda 580 6170 6750 Baratos 250 250

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas

Natildeo quis ou natildeo sou-be responder 330 330

Nova Era

Total 830 9170 10000Caros 080 250 330 Relativamente caros 170 2580 2750 Razoavelmente equi-librados 250 3500 3750 Condizentes com a minha renda 080 2250 2330 Baratos 250 250

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas

Natildeo quis ou natildeo sou-be responder 580 580

Protestante

Total 580 9420 10000

Considerando o preccedilo como parte conceitual do composto mercadoloacutegi-

co das lojas que comercializam produtos religiosos participantes da pesquisa os

clientes das lojas Nova Era e das lojas Catoacutelicas se manifestaram igualitaacuteriamente

afirmando que os preccedilos estavam condizentes com as suas rendas como resposta

mais significativa do ponto de vista estatiacutestico Para as lojas Nova Era as respostas

femininas foram de 6170 e os homens participaram com 58 do universo de res-

150

postas para o seu gecircnero O iacutendice total para esta afirmaccedilatildeo foi o de 6750 das

respostas possiacuteveis Tal caracteriacutestica eacute notaacutevel por sinalizar a mesma opiniatildeo em

maior nuacutemero para um mesmo quesito e entre homens e mulheres Nas lojas que

visam atender ao puacuteblico catoacutelico os iacutendices alcanccedilados foram respectivamente

2670 para o gecircnero feminino e 670 para o gecircnero masculino totalizando

3330 das respostas totais para a poliacutetica de preccedilos executada por lojas catoacutelicas

Nas lojas de produtos destinados agraves religiotildees afro-brasileiras percebe-se uma mu-

danccedila no comportamento do consumidor Enquanto que 3170 das mulheres afir-

maram que os preccedilos estatildeo equilibrados 670 das respostas masculinas escolhe-

ram afirmar que os preccedilos estatildeo condizentes com as suas rendas Vale ressaltar

que os iacutendices acima descritos satildeo as maiores marcas para o mesmo questiona-

mento No entanto o maior valor modular e indicativo (sem distinccedilatildeo do gecircnero) pa-

ra o quesito de opiniatildeo sobre a poliacutetica de preccedilos eacute de 3500 para a resposta que

sugere certo equiliacutebrio de valores no momento da compra expressada pelos consu-

midores Nas lojas de produtos para denominaccedilotildees protestantes as maiores marcas

foram alcanccediladas pela mesma opccedilatildeo de resposta quando declararam que os pre-

ccedilos praticados se achavam relativamente equilibrados A participaccedilatildeo relativa por

gecircneros foi de 250 para os homens e 3500 para as mulheres totalizando

3750 das respostas possiacuteveis A pesquisa demonstrou que as mulheres consumi-

doras de produtos catoacutelicos satildeo as que mais se manifestaram desfavoravelmente agrave

poliacutetica de preccedilos praticado pelas lojas achando caros os mesmos O iacutendice para

esta resposta foi 2830 Natildeo foi manifestada por nenhum dos entrevistados a pos-

sibilidade de preccedilos baratos

Gecircnero Tabela 36 Masculino Feminino Total

Melhores preccedilos 730 5540 6270 Melhores condiccedilotildees de paga-mento 060 650 710 Novos produtos 210 1400 1600 Melhor atendimento 270 270 Um convite especial 040 080 130

Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

Natildeo quis ou natildeo soube respon-der 170 850 1020

Total 1210 8790 10000

A tabela acima indica que uma parcela significativa das pessoas entrevis-

tadas (6270) estariam motivadas a voltar mais vezes agrave loja se os preccedilos fossem

151

melhores com participaccedilatildeo relativa nas respostas de 730 para o gecircnero masculi-

nas e 5540 para o gecircnero feminino

A variaacutevel preccedilo dentro do composto de marketing eacute a que mais rapi-

damente afeta a competitividade O volume de vendas as margens e a lucratividade

das empresas em geral e com maior significacircncia para as empresas varejistas pela

iacutentima relaccedilatildeo que esses estabelecimentos tecircm com o consumidor final satildeo as que

mais estatildeo sujeitas a atenccedilotildees quando da formaccedilatildeo de preccedilos

Esta variaacutevel tem como caracteriacutestica e sobre si toda a influecircncia dos di-

versos aspectos da Teoria Econocircmica Pelo vieacutes macroeconocircmico tanto os clientes

quanto as empresas estatildeo sujeitas aos fatores econocircmicos imponderaacuteveis e natildeo

controlaacuteveis das poliacuteticas econocircmicas puacuteblicas executadas por accedilotildees de governo

por exemplo A teoria microeconocircmica embasa cientificamente as accedilotildees do mercado

e explica as estruturas mercadoloacutegicas nele inserido Justifica pelo prisma da eco-

nomia as diversas dinacircmicas relacionais entre as duas forccedilas determinantes do

mercado onde temos por um lado a forccedila que compra e de outro a forccedila que ofere-

ccedila comercialmente algo que a primeira deseja obter A teoria do consumidor200 e

anaacutelise da procura a teoria da firma com a anaacutelise da oferta201 aleacutem das estruturas

de mercado202 satildeo os instrumentais teacutecnicos recomendados203

Kotler e Armstrong conceituam

Em sentido mais restrito preccedilo eacute a quantia que se cobra por um produto e serviccedilo Em sentido mais amplo eacute a soma de todos os valores que os con-sumidores trocam pelos benefiacutecios de obter e utilizar um produto ou servi-ccedilo Historicamente o preccedilo tem sido o principal fator a afetar a escolha do comprador Isso ainda eacute vaacutelido para as naccedilotildees e os grupos mais pobres e

200A teoria do consumidor tem como objetivo o estudo do comportamento do consumidor individual ou dos agentes econocircmicos que representam uma unidade de consumo portadores de um determi-nado orccedilamento e que distribuem as suas despesas de modo racional visando maximizar a sua satis-faccedilatildeo dentro de um determinado limite financeiro 201A teoria da firma ou tambeacutem conhecida como teoria da produccedilatildeo se caracteriza como o estudo das relaccedilotildees existentes entre a produccedilatildeo e os custos de produccedilatildeo aleacutem dos demais fatores produti-vos Os princiacutepios aplicativos da teoria da firma contribuem decisivamente como um dos componen-tes e formadores de preccedilos dos produtos finais disponibilizados ao consumo 202O estudo anaacutelise e determinaccedilatildeo da forma de accedilatildeo no mercado e com seu puacuteblico consumidor por uma empresa eacute que determina a ela qual eacute o tipo e vieacutes econocircmico em que ela estaacute inserida contex-tualmente se considerado o mercado como um todo Recebem as classificaccedilotildees de concorrecircncia perfeita concorrecircncia monopoliacutestica o oligopoacutelio ou ainda o monopoacutelio dependendo de suas caracte-riacutesticas operacionais 203 Toda a abordagem microeconocircmica pode ser conhecida pela obra de Gilson de Lima GAROacuteFALO e Luiz Carlos Pereira de CARVALHO Anaacutelise microeconocircmica volumes I e II 2ordf ediccedilatildeo editora Atlas Satildeo Paulo 1980

152

para as mercadorias geneacutericas (commodities) Contudo fatores natildeo liga-dos ao preccedilo204 tecircm se tornado mais importantes para o comportamento de escolha do comprador205

Sobre o fator preccedilo dentro da abordagem do composto de marketing

Las Casas complementa Kotler e Armstrong

Alguns autores afirmam que no varejo geralmente haacute a liberdade de admi-nistraacute-los com maior frequumlecircncia Mercadorias tecircm seus preccedilos aumentados e reduzidos conforme uma seacuterie de fatores seja para enfrentar concorrecircn-cias atender demandas ou outro qualquer De modo geral seguem as leis de mercado Da oferta e da procura Apesar disso no Brasil muitas vezes os preccedilos satildeo congelados por determinaccedilatildeo legal e os comerciantes im-pedidos de administraacute-los conforme a necessidade do mercado Para vender ao consumidor eacute importante que haja flexibilidade de preccedilos para acompanhar a variaccedilatildeo do mercado local de atuaccedilatildeo206

Muitas satildeo as possibilidades de cruzamento de dados acerca do consu-

midor de produtos relacionados agrave religiosidade e agrave sua feacute produzidas pela pesquisa

de campo que tambeacutem se adequou a uma pesquisa mercadoloacutegica

Poreacutem para um trabalho com as caracteriacutesticas e limitaccedilotildees metodoloacutegi-

cas recomendadas para uma dissertaccedilatildeo vamos encerrar esta etapa de anaacutelise de

dados

Todavia antes de passarmos para as conclusotildees se faz necessaacuterio um

alinhamento sobre os principais pontos que foram levantados no decorrer desta anaacute-

lise para que possamos clarear de uma forma mais harmocircnica a compreensatildeo dos

dados inclusive daqueles que comprovaram a hipoacutetese desta dissertaccedilatildeo e que mo-

tivaram este trabalho

204O autor se refere agraves mudanccedilas na decisatildeo de compra do consumidor verificadas quando o com-prador passa a levar em conta outros fatores que natildeo os econocircmicos na hora de efetuar suas com-pras Entre esses fatores estatildeo associados agrave origem do produto e como ele foi manufaturado (se oriundo de matildeo de obra escrava ou de origem iliacutecita) e fatores indicadores de qualidade (composto tecnoloacutegico eou ecoloacutegico) por exemplo 205 Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de Marketing p236 206 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing de Varejo p109

153

33 A Razatildeo Sobre o perfil das pessoas entrevistadas os nuacutemeros demonstraram que

no universo pesquisado pela amostra populacional a presenccedila da mulher eacute signifi-

cativamente maior que a dos homens e a presenccedila da dona de casa foi eloquumlente

No entanto a mulher trabalhadora eacute a mais importante no conjunto de seu gecircnero

para este mercado quantitativamente tendo em vista a possiacutevel independecircncia de-

las na decisatildeo de compra dos objetos representativos e de uso na praacutetica da religi-

osidade A faixa etaacuteria de maior expressividade corrobora e ratifica este aspecto

pois estatildeo na idade de maior pujanccedila e produtividade profissional dos 25 aos 45

anos Tal intervalo representou no total da amostra 4960 para o gecircnero feminino

No quesito econocircmico percebemos que as mulheres com maior partici-

paccedilatildeo na pesquisa declararam-se pertencentes agrave classe meacutedia com faixas de ren-

da variando de 3 a 8 salaacuterios miacutenimos enquanto que pela frequumlecircncia de respostas

masculinas verificou-se uma amplitude maior com variaccedilotildees de 3 a 10 salaacuterios miacute-

nimos

No grau de escolaridade entre os gecircneros o que mais se destacou no u-

niverso pesquisado foi o de formados ateacute o segundo grau Poreacutem as mulheres apa-

recem em maior nuacutemero com menor formaccedilatildeo quando 25 delas afirmaram ter ateacute

o primeiro grau

Como consumidores foi o gecircnero feminino que mais disponibilizou recur-

sos financeiros para compras nas lojas de artigos religiosos Na amostra apenas as

mulheres declararam despesas superiores a R$16000 gastos nas lojas

Do conjunto de pessoas pesquisadas a grande maioria dos indiviacuteduos eacute

da cidade de Satildeo Paulo sinalizando para o tipo de comeacutercio regional o formato das

lojas pesquisadas

Pelos nuacutemeros demonstrados e considerados os fatores que compotildeem o

composto de marketing verificamos pelas respostas da clientela situaccedilotildees peculia-

res para o segmento comercial de lojas de artigos religiosos O ponto de venda foi

reconhecido pelos consumidores e consumidoras apenas por displays ou pelas vi-

trines das lojas aleacutem de se acharem na rota do caminho para o trabalho ou residecircn-

cia A propaganda a promoccedilatildeo e a publicidade natildeo foram citadas sinalizando a ine-

xistecircncia de esforccedilos comerciais dirigidos Os produtos satildeo conhecidos pelos clien-

tes e os preccedilos satisfizeram as expectativas da maioria dos compradores e compra-

doras

154

34 A Sensibilidade Aos olhos dos homens e mulheres dedicados ao marketing o interesse

sobre as razotildees que levam determinados empreendimentos ao sucesso eacute algo

sempre a ser perscrutado com maiores cuidados e com todos os rigores da teacutecnica e

da ciecircncia

No caso deste trabalho onde a principal questatildeo estaacute centrada na verifi-

caccedilatildeo hipoteacutetica de que a feacute religiosa seja o agente motivador do mercado varejista

de produtos religiosos merece consideraccedilotildees suplementares

O resultado alcanccedilado pela pesquisa de campo indica claramente a con-

firmaccedilatildeo da hipoacutetese acima com 8740 das respostas totais apontando para a reli-

giosidade pessoal dos entrevistados Assim sendo estaacute considerado intrinsecamen-

te o fator feacute de cada um dos sujeitos pesquisados como impulsionador de pessoas

que procuram o comeacutercio religioso A questatildeo complementar sobre o que chamamos

de alavanca de marketing eacute o que precisa ser explicado aleacutem de justificar todo o

processo comercial sobre os produtos religiosos Esta justificativa eacute o que os estudi-

osos do mercado chamam de diferencial mercadoloacutegico quer tal caracteriacutestica seja

aplicada ao empreendimento quer o seja ao segmento comercial ou produto comer-

cializado caracterizando-o e distinguindo-o dos demais

No caso do varejo de produtos religiosos o ponto comum na alavanca-

gem comercial deste mercado reside nas caracteriacutesticas sacras que os produtos ad-

quirem quando aplicados agrave pratica religiosa ou aos aspectos hierofacircnicos envolvi-

dos no processo No comeacutercio varejista de produtos afetos agrave religiosidade este eacute o

ponto principal eacute a chave comercial eacute o vetor de captaccedilatildeo da atenccedilatildeo e da percep-

ccedilatildeo do consumidor sobre os bens a ele disponibilizados viabilizando as vendas Es-

ta anaacutelise vem tambeacutem coroar a aproximaccedilatildeo do marketing com a religiatildeo via mer-

cado varejista de produtos da feacute religiosa Responde assim agrave primeira questatildeo que

motivou a elaboraccedilatildeo deste trabalho quando deparamos com uma jovem que ao

sair de uma loja de produtos Nova Era contemplava em um estado de quase ecircxtase

e visivelmente maravilhada um pedaccedilo de cristal que acabara de comprar

Pelas palavras de Mircea Eliade finalizamos

Visto que era preciso que nos limitaacutessemos soacute falarmos de alguns aspec-tos da sacralidade da Natureza Tivemos que passar em silecircncio um nuacuteme-

155

ro consideraacutevel de hierofanias coacutesmicas Assim por exemplo natildeo pude-mos falar dos siacutembolos e dos cultos solares ou lunares nem da significa-ccedilatildeo religiosas das pedras nem do papel religioso dos animais etc Cada um destes grupos de hierofanias coacutesmicas revela uma estrutura particular da sacralidade da Natureza ou mais exactamente uma modalidade do sagrado expressa por intermeacutedio de um modo especiacutefico de existecircncia no Cosmos Basta por exemplo analisar os diversos valores religiosos atribu-iacutedos aacutes pedras para que se compreenda o que as pedras como hierofani-as satildeo susceptiacuteveis de mostrar aos homens relevando-lhes o poder a du-reza a permanecircncia A hierofania da pedra eacute uma ontofania por excelecircn-cia antes de tudo a pedra eacute fica sempre ela mesma natildeo muda ndash e choca o homem pelo que tem de irredutiacutevel e de absoluto e fazendo-o desven-dar-lhe por analogia a irredutibilidade e o absoluto do Ser Captado graccedilas a uma experiecircncia religiosa o modo especiacutefico da existecircncia da pedra re-vela ao homem o que eacute uma existecircncia absoluta para o aleacutem do Tempo invulneraacutevel ao devir 207

207 Mircea ELIADE O Sagrado e o profano A essecircncia das Religiotildees p163

156

Conclusatildeo Razatildeo + Sensibilidade

Religiatildeo satildeo os sentimentos atos e experiecircncias do indiviacuteduo humano que na sua solidatildeo enquanto se situa em uma relaccedilatildeo com seja o que for por ele considerado divino208

William James

Abrimos este trabalho convocando a aproximaccedilatildeo cientiacutefica entre dois

temas complexos extensos importantes atuais e apaixonantes que foram a religio-

sidade e o conceito da feacute e o marketing Foi necessaacuterio que assim procedecircssemos

porque seria fundamental entendermos a complexidade dos mesmos face agraves carac-

teriacutesticas que este trabalho poderia envolver

Muitas satildeo as opccedilotildees de estudo pesquisa e desenvolvimento teoacuterico e-

xistente que tecircm como objetivo e fundamentos o marketing aplicado agraves religiotildees de

maneira geral Poderiacuteamos nos prender aos aspectos estrateacutegicos e operacionais

das grandes correntes tradicionais do pensamento religioso como instituiccedilotildees soci-

ais organizadas ou ainda estudar as razotildees das influecircncias comportamentais sobre

o consumo das chamadas novas religiotildees Opccedilotildees natildeo faltaram nessa aproximaccedilatildeo

e vieacutes metodoloacutegico Haacute de fato um amplo campo de anaacutelise estudo e pesquisa em

se tratando dos interesses reciacuteprocos do marketing com a religiatildeo e vice-versa

Poreacutem a inspiraccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo foi encontrada na observaccedilatildeo co-

tidiana de uma das faces do comportamento que envolve a dinacircmica comercial e

pessoal daqueles e daquelas que professam algum tipo de feacute e os levam a dispen-

sar parte dos seus proventos financeiros agrave aquisiccedilatildeo de bens materiais para o exer-

ciacutecio ou a praacutetica de sua religiosidade Observamos na praacutetica no campo no cenaacuterio

das operaccedilotildees religiosas Estivemos presentes a grandes eventos de caraacuteter miacutesti-

208 William JAMES apud Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia Religiosa p258

157

co-religioso e notamos a presenccedila econocircmica e empresarial viabilizando esses a-

contecimentos A partir dessa constataccedilatildeo a curiosidade cientiacutefica e mercadoloacutegica

recaiu sobre o principal agente religioso que eacute o praticante ou as pessoas crentes e

melhor dizendo o consumidor de produtos relacionados agrave feacute Com o foco voltado

para este cenaacuterio e o encontro casual de uma jovem saindo de uma loja de produtos

religiosos com uma pedra de cristal de rocha nas matildeos a soma de tais eventos tra-

duziu-se como um apelo irresistiacutevel quando fizemos a primeira junccedilatildeo entre o marke-

ting e a feacute Concebida a ideacuteia de estudar o comportamento do consumidor religioso e

as implicaccedilotildees comerciais para a profissatildeo da feacute somou-se ainda atraente e entusi-

aacutestica a possibilidade em dispensar as nossas atenccedilotildees profissionais ao nosso povo

Ao terminarmos este trabalho entendemos a motivaccedilatildeo do consumidor

quando compra produtos relacionados agrave sua religiosidade e feacute satisfazendo e justifi-

cando a razatildeo existencial de um segmento mercadoloacutegico presente no universo

mercantil de uma cidade como Satildeo Paulo Este tipo de comeacutercio embora ausente

nas grandes miacutedias comeccedila aos poucos e timidamente a ocupar uma posiccedilatildeo de

destaque no contexto macro-comercial porque aleacutem de prover aqueles que necessi-

tam de objetos para os seus rituais afetos agrave religiosidade individual ou coletiva con-

tribuem com a geraccedilatildeo de empregos e participam da distribuiccedilatildeo da renda via arre-

cadaccedilatildeo de tributos e impostos

A pesquisa de campo elaborada e executada especialmente para esta

dissertaccedilatildeo apontou para a hipoacutetese levantada de que eacute a feacute eacute a alavanca de negoacute-

cios no varejo de produtos religiosos Ousamos chegar com maior profundidade a

esta questatildeo Ficou claro que o consumidor justifica suas compras pelo caraacuteter da

religiosidade ou feacute poreacutem os produtos procurados por eles tecircm uma caracteriacutestica

especial uma caracteriacutestica diferencial de valor intriacutenseco ou seja o aspecto hiero-

facircnico que estaacute presente e justificando verticalmente todo o processo de compra e

venda A pesquisa de campo natildeo esgotou contudo a compreensatildeo total dos haacutebi-

tos de compra e do perfil deste consumidor Teve tambeacutem o objetivo de lanccedilar as

bases para novos estudos como por exemplo o aprofundamento do entendimento

das questotildees motivacionais comportamentais comerciais e religiosas relativas aos

homens e mulheres que compotildeem o universo de clientes do varejo de produtos reli-

giosos

Este trabalho tambeacutem demonstrou a possibilidade do alinhamento cientiacute-

fico e do diaacutelogo franco entre dois aspectos complexos do interesse humano o

158

marketing e a religiatildeo Os conceitos de marketing com suas caracteriacutesticas analiacuteti-

cas e calculistas pois o enfoque aplicado eacute sempre o da loacutegica e da estrateacutegia tra-

tou de ouvir e perscrutar as razotildees inerentes agrave religiosidade e agrave feacute algo que trans-

cende a justificativa cientiacutefica em sua essecircncia e que tem conotaccedilotildees essencialmen-

te emocionais e subjetivas quando dispensa natildeo raras vezes a loacutegica Esse diaacutelo-

go e alinhamento de propoacutesitos trouxeram agrave tona aspectos humanos interessantes e

novos acerca de uma dinacircmica comercial especiacutefica Contribuiu para o esclareci-

mento de fenocircmenos comerciais afetos agrave religiosidade trazendo novas luzes a esse

processo desta feita pelo vieacutes dos negoacutecios e sob o enfoque da poacutes-modernidade

dentro da realidade que nos cerca

Potencialmente o mercado se justifica e eacute basicamente ilimitado dado o

caraacuteter humano que as manifestaccedilotildees da religiosidade guardam em si e em seus

valores miacutesticos e que necessitam muitas vezes de produtos bens e materiais apli-

caacuteveis agrave praacutetica experimental religiosa

No entanto recomendarmos investimentos nesse nicho mercadoloacutegico

carece neste momento de algumas recomendaccedilotildees especiais A necessidade de

um plano de negoacutecios em conjunto com as respostas financeiras da engenharia e-

conocircmica satildeo dois procedimentos primordiais aleacutem de necessaacuterios Satildeo de funda-

mental importacircncia para os bons negoacutecios a pesquisa e o uso conceitual das ferra-

mentas de marketing e a observaccedilatildeo e adoccedilatildeo dos princiacutepios da administraccedilatildeo cien-

tiacutefica como dinacircmica instrumental operativa a serem aplicadas agraves novas lojas ou

empreendimentos comerciais tendo como objetivo a atuaccedilatildeo no segmento do varejo

de produtos religiosos

A vantagem neste segmento comercial estaacute em se investir em uma em-

presa varejista na qual os consumidores conheccedilam os produtos de que necessitem e

saibam quando e como aplicaacute-los Esta eacute uma vantagem estrateacutegica a ser conside-

rada pois em uma primeira anaacutelise satildeo claros os sinais de menores necessidades

de investimentos financeiros no que diz respeito ao treinamento de pessoal aleacutem

de despesas com mensagens sobre o uso promoccedilatildeo e propaganda dos produtos a

serem comercializados Pela loacutegica comercial e estrateacutegica quanto menores satildeo os

custos e as despesas menores seratildeo os riscos portanto maiores e mais raacutepidas

seratildeo as oportunidades do necessaacuterio retorno do capital investido Configuramos

por esse raciociacutenio a conclusatildeo loacutegica de ser este nicho comercial um campo feacutertil

para bons e rentaacuteveis negoacutecios

159

Finalizando chamamos a atenccedilatildeo para a constataccedilatildeo de mais um ponto

em comum entre a religiosidade e o marketing Ambos tecircm em seus aspectos ins-

trumentais poderosos recursos que sensibilizam controlam e provocam mudanccedilas

nas pessoas e na sociedade principalmente naquelas que estatildeo sob influecircncia dire-

ta ou indireta de suas accedilotildees Cabe-nos ressaltar a necessidade da praacutetica eacutetica tan-

to da religiatildeo quanto ao marketing e do marketing aplicado sobre a religiosidade A

razatildeo desta colocaccedilatildeo eacute fundante tanto a religiatildeo quanto o marketing tecircm por obje-

tivo e finalidade a viabilizaccedilatildeo de pelo menos uma necessidade humana Sendo

este talvez o ponto mais importante O respeito ao ser humano aos sentimentos

sobre o quecirc e na forma com que ele entende os valores coacutesmicos e as razotildees de

sua existecircncia deveratildeo ser sempre considerados e jamais esquecidos Disse-nos

um dos proprietaacuterios de uma das lojas visitadas sobre as pessoas frequumlentadoras de

seu estabelecimento

() porque muitas pessoas satildeo atraiacutedas pela muacutesica pelo tipo de ambien-te tem pessoas quenossa agraves vezes chegam aiacute ficam num cantinho choram eu finjo que natildeo estou vendo mas choram desabafam depois saem Deixo todo mundo a vontade natildeo vou em cima da pessoa falar pre-ccedilo deixo as pessoas a vontade quem entra aqui eacute amigo da gente209

Assim sendo e conforme ficou demonstrado a feacute eacute um bom negoacutecio

209Entrevista com o SrServilho em 8 de setembro de 2006 na cidade de Caraguatatuba e na praccedila da igreja matriz A entrevista completa encontra-se nos anexos

160

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Satildeo Paulo Satildeo Paulo

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do em Ciecircncias da Religiatildeo) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo Satildeo

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lo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p 38-45 junho de 2007

Revistas

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tal 61085 ndash CEP 05001-970 - Satildeo Paulo ndash SP Ediccedilatildeo 52 Ano 5 junho de 2007

REVISTA PERDIZES ndash Gabel Comunicaccedilotildees Redaccedilatildeo Rua Trecircs Rios 131 ndash Cj

32 ndash Satildeo Paulo SP CEP 01123-001 Fone 0xx 11 3313-8080 Ano 5 ndash no 27

Outras miacutedias

DVDs

A poacutes-modernidade Seacutergio Paulo Rouanet Editora Multimiacutedia Ltda 2005 1 DVD

O Povo Brasileiro Da Obra-prima de Darcy Ribeiro Idealizaccedilatildeo e direccedilatildeo de Isa

Grinspum Ferraz Fundaccedilatildeo Darcy Ribeiro Superfilmes DVD Duplo

Wittgenstein e a virada linguumliacutestica da Filosofia Joatildeo Vergiacutelio Cuter Editora Multimiacute-

dia Ltda 2005 1 DVD

171

CDs

Ediccedilatildeo Eletrocircnica Brasileira das obras psicoloacutegicas completas de Sigmund Freud

8016 p Rio de Janeiro Imago Editora 2004

Eu vou botar teu nome na macumba Jesseacute Gomes da Silva Filho (Zeca Pagodinho)

N 5277382 CD ldquoSamba pras moccedilasrdquo Gravadora Universal 1995

Documentos e dados da Rede Internet

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Expo Cristatilde A maior feira de produtos e serviccedilos para cristatildeos da Ameacuterica Latina

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18 de abril de 2005

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173

Anexos

Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas

Anexo 02 ndash Modelo de questionaacuterio

Anexo 03 ndash Entrevista

174

Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas

Lojas de artigos para as religiotildees afro-brasileiras

bull Loja Luar

Rua Bom Pastor 2190 ndash Ipiranga

CEP 04203-002 - Satildeo Paulo - SP

Fone Fax (0xx11) 6163-6464 e 6591-3234

bull Loja Cacique Pena Branca

Alameda dos Nhambiquaras 1501 - Moema ndash

CEP 04090-013 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0XX11) 5533-1087

bull Casa de Velas Santa Rita

Praccedila da Liberdade 248 - Liberdade

CEP 01503-010ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3208-7022

bull Vida Cigana ndash Casa de umbanda e candombleacute

Praccedila Carlos Gomes 112 ndash Liberdade

CEP 015010-040 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3105-1932

175

Lojas de artigos para a religiatildeo catoacutelica

bull Gladys Artigos Religiosos - Ladeira Porto Geral 106 - 6deg andar - sala 607 CEP 01022-000 - Sao Paulo ndash SP Fone (0xx11) 3312-0325 - Fax (0xx11) 3313-1442

bull Livraria Catoacutelica Nossa Senhora da Lapa

Rua Nossa Senhora da Lapa 364 - Lapa

CEP 05072-000 ndash Satildeo Paulo - SP

Fone (0xx11) 3834-6447 e (0xx11) 3645-4546

bull Inluma - Artigos Religiosos Catoacutelicos

Rua Jaguaratildeo 239 - Jabaquara

CEP 04318-040 - Satildeo Paulo ndash SP

FoneFax (0xx11) 5588-4655 5588-3159 5021-5733

bull Livraria Catedral

Rua Senador Feijoacute 46 ndash Centro

CEP 01006-000 ndash Satildeo Paulo ndash SP

FoneFax (0xx11) 3106-1136

176

Lojas de artigos para as religiotildees protestantes das diversas denominaccedilotildees

bull Word Music ndash

Terminal Barra Funda do Metrocirc loja 14

CEP 01154-060 - Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3392-6660

bull Gospel Line Comeacutercio Ltda Rua Conselheiro Furtado 50 - Liberdade

CEP 01511-000 - Satildeo ndash Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3105-6897 - Fax (0xx11) 3106-2013

bull Bom Pastor Produccedilotildees Artiacutesticas e Phonograacuteficas Ltda Av Liberdade 902 ndash Liberdade

CEP 01502-001 - Satildeo Paulo ndash SP

Fone (11) 3208-5351

bull Vencedores por Cristo SC Rua Prof Dr Joseacute Marques Cruz 365 - Jardim das Acaacutecias

CEP 04707-020 - Satildeo Paulo ndash SP

Fone (11) 5183-4676 - Fax (11) 5183-5349

Lojas de artigos para as religiotildees novoeristas

177

bull Viraj - Gifts to Yoyurself

Av Paulista 807 loja 46 (galeria)

CEP 01311-915 - Satildeo Paulo SP

Fone (0xx11) 3148-0846 - 3148-084 - Fax (0xx11) 3253-6983

bull Centro Holiacutestico Bruxas do Bem

Rua DrCeacutesar 522 - Santana

CEP 02013-002 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fones (0xx11) 6283-4213 - 32134433

bull Lojas Vila Zen

Loja 01 Galeria Gecircmini loja 36 - Av Paulista 807ndash Jardim Paulista

CEP 01311-915 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3251-5940

Loja 02 Shopping Metrocirc Santa Cruz ndash loja 22 - Av Domingos de Morais 2564 - Vila

Mariana

CEP 04036-100 ndash Satildeo Paulo - SP

Fone (0xx11) 3471-7933

178

Anexo 02 - Questionaacuterio dirigido aos consumidores finais ou clientes das lojas

1) Como o sr(a) teve conhecimento da existecircncia desta loja

a) Lista telefocircnica

b) Internet

c) Propaganda em revistas jornais murais ou meios impressos

d) Pelo raacutedio ou televisatildeo

e) Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa

f) Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa

g) Por indicaccedilotildees de placas ou a vitrine da loja

h) Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pastora sheik

rabino monge etc

i) Por acaso

j) Natildeo quis ou natildeo soube responder

2) Com que frequumlecircncia o sr (a) compra produtos religiosos

a) Pelo menos uma vez por mecircs

b) Uma vez a cada dois meses

c) Uma vez a cada trecircs meses

d) Uma vez por semestre

e) Uma vez por ano

f) Menos de uma vez por ano

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

179

3)Qual eacute o principal motivo pelo qual o sr(a) comprou esse (s) produto (s)

a) Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu

culto religioso

b) Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou

comprar

c) Porque a imagem desse (s) objeto(s) reforccedila (m) a minha feacute

d) Porque trazem proteccedilatildeo

e) Porque achei bonito

f) Vai servir para eu dar de presente a algueacutem

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

4) Qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s)

___________________________________________________________________

___________________________________________________________

5) Faixa de desembolso na loja

a) Ate 10 reais

b) De 10 a 20 reais

c) De 20 a 40 reais

d) De 40 a 80 reais

e) De 80 a 160 reais

f) De 160 a 320 reais

g) Mais de 320 reais

h) Natildeo quis ou natildeo soube responder

180

6) Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja

a) Plenamente satisfeito (a)

b) Satisfeito (a)

c) Razoavelmente satisfeito (a)

d) Sofrivelmente satisfeito (a)

e) Insatisfeito (a)

f) Natildeo quis ou natildeo soube responder

7) O sr(a) pretende voltar outras vezes a esta loja

a) Sim

b) Natildeo

c) Natildeo quis ou natildeo soube responder

8) Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo

a) Caros

b) Relativamente caros

c) Razoavelmente equilibrados

d) Condizentes com a minha renda

e) Baratos

f) Muito baratos

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

181

9) Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

a) Melhores preccedilos

b) Melhores condiccedilotildees de pagamento

c) Novos produtos

d) Melhor atendimento

e) Maior conforto

f) Um contato mais direto comigo

g) Um convite especial

h) Natildeo quis ou natildeo soube responder

10) Qual sua religiatildeo de batismo

a) Catoacutelica

b) Protestante

c) Espiacuterita kadercista

d) Umbandista

e) Candomblecista

f) Budista

g) Novoerista

h) Muccedilulmana

i) Natildeo eacute batizado

j) Natildeo quis ou natildeo soube responder

182

11) Qual a sua religiatildeo praticada atualmente

a) Catoacutelica

b) Protestante

c) Espiacuterita kardecista

d) Umbandista

e) Candomblecista

f) Budista

g) Novoerista

h) Muccedilulmana

i) Natildeo quis ou natildeo soube responder

12) O sr(a) reside ou trabalha neste bairro

a) Sim

b) Natildeo

c) Nas imediaccedilotildees deste bairro

d) Natildeo quis ou natildeo soube responder

13) O sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo

a) Sim

b) Natildeo

c) Natildeo quis ou natildeo soube responder

183

14) Sexo

a) Masculino

b) Feminino

15) Profissatildeo________________________________________________

16) Qual a sua idade

a) De 18 a 25 anos

b) De 25 a 35 anos

c) De 35 a 45 anos

d) De 45 a 55 anos

e) De 55 a 65 anos

f) Mais de 65 anos

17) Estado civil

a) Solteiro (a)

b) Casado (a) ou com companheira (o)

c) Separado (a) judicialmente ou divorciado (a)

d) Viuacutevo (a)

184

18) Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar

a) Ensino fundamental

b) Ensino meacutedio

c) Ensino Superior

e) Poacutes-graduado

19) Qual a sua faixa de renda familiar

a) Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo

b) De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos

c) De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos

d) De 05 a 08 salaacuterios miacutenimos

e) De 08 a 10 salaacuterios miacutenimos

f) Mais de 10 salaacuterios miacutenimos

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

185

Anexo 03 Entrevista com o Sr Servilho proprietaacuterio da Banca da Biacuteblia em CaraguatatubaSP

Entrevistador Renato

Entrevistado Sr Servilho

Local Caraguatatuba

Dia 08 Caraguatatuba praccedila central da cidade

Vou perguntar para o dono do empreendimento sr Servilho sobre as razotildees comerciais do investimento no segmento religioso

Qual foi o motivo que levou o sr investir nesse segmento mercadoloacutegico

bull O principal motivo foi especial eu recebi uma intuiccedilatildeo de Deus que eu

deveria vender biacuteblias eu jaacute vendia biacuteblias embora eu representava uma

organizaccedilatildeo adventista e natildeo poderia vender mas nas horas vagas as pessoas me

pediam biacuteblia e o numero de vendas comeccedilou a aumentar eu achava estranho os

preccedilos astronocircmicos de biacuteblias e as pessoas pagavam entatildeo eu falei que tinha que

montar alguma coisa para os meus filhos pra poder vender por um preccedilo correto e

foi aiacute que Deus me indicou e acabamos colocando

A sua feacute contribuiu de forma significativa pra tomar a decisatildeo desse investimento

bull Soacute a feacute

O que mais o sr poderia me dizer a respeito eacute uma satisfaccedilatildeo sua particular trabalhar com esse segmento

186

bull Sim hoje noacutes estamos com 15 anos de trabalho mas a satisfaccedilatildeo eacute

saber que mais de milhares de biacuteblias foram vendidas muitos lares deram

testemunho de que hoje tecircm um temor a Deus um amor a Deus mais chegado

entatildeo o objetivo primeiramente eacute evangeliacutestico e depois concilia com o ganha patildeo eacute

uma consequumlecircncia mas a causa eacute evangelista

Como que foram os primeiros movimentos da materializaccedilatildeo dessa loja do sr

bull O primeiro ano foi taxi zero na eacutepoca noacutes colocamos quase 300 tiacutetulos

de produtos evangeacutelicos mas denominacional quer dizer adventista do seacutetimo dia

e loacutegico ficou parado eu vendia soacute biacuteblia aiacute que nos fomos mudando tirando um

pouco do servindo a todo mundo e fomos com o tempo com a praacutetica servindo

a todas as denominaccedilotildees

Como que se deu a escolha desse ponto comercial

bull Isso foi Divino com certeza foi Divino porque Deus me falou ndashldquoEacute aquirdquo-

e eu achei estranho e era laacute em baixo laacute na ponta era a ex rodoviaacuteria de

Caraguatatuba e era na esquina laacute em baixo e eu pensava -ldquomas aquirdquo- mas me

apontava para a praccedila e tinha essa banca fechada natildeo tinha nada na hora natildeo

acreditei esperei mais uma semana depois voltei para o lugar e orei ndashldquomas eacute aquirdquo-

aiacute desci conversei com o vizinho e perguntei o que era ali que estava sempre

fechado e ele falou que era uma banca de jornal haacute mais de 30 anos que tinha

aberto do outro lado da avenida Perguntei de quem era e ele falou que era de uma

pessoa que era dona de quase todas as bancas da regiatildeo aiacute fui conversar com ele

e ficou com medo de eu ser um concorrente e expliquei pra ele que era um

evangelista que eu queria colocar biacuteblias e colocaria meu filho pra trabalhar que era

um adolescente na eacutepoca e ele me cedeu me vendeu e fizemos o negocio e digo

que foi Divino porque passei dois anos e montaram um shopping aonde esta o

187

Mcdonald e o dono ficou louco disse ndashldquoeu quero esse rapaz fora daqui natildeo quero

biacuteblia aqui na minha frenterdquo- e eu natildeo sabia disso chegavam as pessoas da

prefeitura e falavam ndashldquonoacutes precisamos mudar vocecircrdquo- e natildeo falava por que Ateacute que

chegou um dia que o gerente da prefeitura disse que a cabeccedila dele estava a premio

falou para eu arranjar um mutiratildeo algumas pessoas conhecidas e fizemos um

mutiratildeo e saiacute ele natildeo tinha me falado o motivo ainda Trouxemos e colocamos aqui

e aiacute ficou e mais tarde ele me falou que o dono do shopping disse ndashldquoou vocecirc ou elerdquo-

ele natildeo queria vocecirc de jeito nenhum soacute que eu digo que eacute Divino porque aqui se

tornou o calccediladatildeo o melhor ponto aqui de Caraguatatuba eacute a matildeo de Deus

dirigindo e laacute faliu um shopping todo de maacutermore faliu O ex-prefeito eacute que

conseguiu fazer um acordo porque disse que o dono bebia muito fez um acordo e

reabriu e laacute natildeo tem nada natildeo eacute um shopping soacute um Mcdonald reabriu depois de

muitos anos

Como que o sr estabelece criteacuterios para compra dos produtos a serem oferecidos

bull Oferecido eu tenho um pouco de medo porque eu natildeo gosto de

comprar uma coisa que eu natildeo tenha certeza da onde proveacutem entatildeo eu mesmo vou

buscar embora tem muitos produtos que me trazem produtos durante o ano as

pessoas foram acostumando e eu fui entendendo que a procedecircncia era boa mas

normalmente vou buscar em SP no Rio de Janeiro aonde tem novidades que as

pessoas estatildeo pedindo a gente vai e traacutes

E existe financiamento para o capital de giro do sr

bull Natildeo Antigamente eu trabalhava com cheque e meu giro de capital era

o cheque preacute-datado hoje natildeo mexo com cheque com nada compro agrave vista e

vendo agrave vista

188

E como que o sr estabelece um criteacuterio de preccedilo para esses produtos

bull Eu coloco um percentual no produto conforme o giro ter um produto de

giro raacutepido o percentual cai totalmente eu coloco pra girar o objetivo eacute girar se natildeo

eacute um produto vendaacutevel se eacute mais lento eu aumento um pouco o percentual que eacute

pra natildeo ter um desprestigio com o tempo mas normalmente eu procuro colocar um

preccedilo de giro que eacute melhor girar raacutepido e eu ter condiccedilotildees de comprar outras coisas

O sr me falou que natildeo faz financiamento de produtos entatildeo a loja faz alguma promoccedilatildeo especial visando aumentar o volume meacutedio de vendas

bull Natildeo nunca fiz isso

O sr faz propaganda da loja

bull Eu jaacute fiz alguma coisa mas natildeo vejo resultado natildeo

O sr sabe qual eacute o numero de pessoas que passam pelo interior da sua loja

bull Bastante porque muitas pessoas satildeo atraiacutedas pela musica pelo tipo

de ambiente tem pessoas quenossa agraves vezes chegam aiacute ficam num cantinho

choram eu finjo que natildeo estou vendo mas choram desabafam depois saem Deixo

todo mundo a vontade natildeo vou em cima da pessoa falar preccedilo deixo as pessoas a

vontade quem entra aqui eacute amigo da gente

Vocecirc sabe me dizer dessas pessoas que entram quantas que efetivamente compram algum tipo de produto do sr

189

bull A maioria porque a gente procura nesse tempo que a gente tem ter

coisas como ldquosouveniresrdquo coisas muito interessantes e bonitas num preccedilo muito

bom procuro trabalhar com exclusividade em muitas coisas pequenas entatildeo

sempre tem uma opccedilatildeo das pessoas darem um presente ou mesmo um marca

paacuteginas tem coisas de todos os preccedilos e todos os niacuteveis entatildeo eacute faacutecil uma pessoa

conseguir levar uma lembranccedila

Existe algum tipo de material publicitaacuterio que o sr jaacute tenha desenvolvido no seu empreendimento

bull Natildeo A uacutenica coisa que a gente faz na publicidade aqui seria uma

ordem puacuteblica nesse tempo muitas pessoas chegavam a noacutes e falavam que eu

precisava vender cartatildeo porque eacute uma utilidade publica e hoje a gente vende

cartotildees de telefone cartatildeo preacute-pagos selos do correio entatildeo sempre tem que ter

uma propaganda que o local tem esse produto isso eacute obrigado deixar sempre uma

propaganda e os proacuteprios revendedores se incumbem de fazer a merchandising

Quantos funcionaacuterios ou colaboradores diretos o sr tem aqui na loja

bull Tem a minha filha soacute meu filho vem passear no final de semana ele

Entatildeo eacute o sr

bull E minha filha

Existe algum tipo de treinamento que o sr tenha dado a ela nesse tempo

190

bull Ela trabalha comigo a 15 anos primeiro era eu minha esposa e ela

meu filho tambeacutem entatildeo criei meus filhos assim depois foram saindo e a uacutenica que

ficou foi ela e minha esposa hoje cuida do lar soacute

E o sr acha necessaacuterio cada vendedor por ex no seu caso o sr natildeo deixa de ser um vendedor de primeira linha o sr pode dizer que tambeacutem eacute um vendedor o sr que vendedor precisa ser praticante da sua religiatildeo uma vez que o sr daacute uma ecircnfase especial agrave religiatildeo que o sr pratica aqui O sr acha que ele tem que ser da sua religiatildeo pra trabalhar aqui ou natildeo

bull Quando se fala religiatildeo engloba tudo eacute religar o terraacutequeo com o

criador isso eacute uma coisa muito profunda mesmo de vez em quando a gente

mergulha nisso e coloca a realidade mas pra trabalhar com um produto desse a

pessoa precisa pelo menos ter uma feacute porque se eu sou uma pessoa que natildeo tenho

feacute vou ser um mercenaacuterio e aiacute vou entrar em choque com muitas coisas e outra

muitas pessoas de vez em quando chegam e desabafam fazem pergunta chega

num desespero no fim a gente natildeo eacute soacute vendedor mas muitas vezes a gente eacute

conselheiro mas se a gente natildeo tem um bom conselho fica esquisito

Entatildeo para esclarecer na opiniatildeo do sr eacute preciso que a feacute esteja para e passo com a necessidade das pessoas tomando cuidado para estar na linha de frente de um negocio desses a pessoa tem que acreditar mesmo

bull Sem duvida nenhuma ela tem que temer a Deus

A loja se relaciona conjuntamente com algum templo igreja com algum espaccedilo sagrado

bull Noacutes natildeo temos vinculo nenhum com [placas] noacutes sim eacute que

particularmente

191

Qual seria os 6 produtos importantes aqui O sr daacute um destaque muito grande em cima de cartotildees e Biacuteblias Daria para o sr apontar ndashldquoeu vendo bastante anelzinhos as pessoas vem procurar por causa dos meus cartotildeezinhosrdquo- Quais satildeo os produtos que o sr acha que satildeo realmente importantes pra esse segmento que o sr atua

bull Sem duvida nenhuma o CD a musica eacute o que mais vende eacute uma

coisa que no inicio foi difiacutecil eu prestava atenccedilatildeo nisso porque eu gosto de musica

claacutessica mas natildeo adianta eu colocar meu gosto porque vai ficar na prateleira entatildeo

eu comecei a desenvolver por conselhos de outras pessoas entatildeo a musica os

CDs a gente trabalha soacute com original natildeo coloca nada na pirataria para que a

pessoa tenha confianccedila do que esta levando e procuro estar atento no que eacute

sucesso nos lanccedilamentos entatildeo DVD CD Biacuteblia e principalmente hinaacuterios harpa

cristatilde soletos biacuteblicos que as pessoas compram para distribuir e uma serie de outras

coisas O marca paginas as crianccedilas levam toda hora aleacutem de uma pessoa que

estaacute passeandoaqui tem vaacuterios tipos de chaveiros e muitos produtos artesanais

nos damos muito valor ao artesanato porque desde pequeno eu sempre mexia com

artesanato aprendia a fazer o coleacutegio de primeiro ensinava isso aiacute uma pessoa que

estava na 5ordf serie na admissatildeo ela jaacute sabia fazer alguma coisa pra poder vender e

sustentar a famiacutelia hoje a gente natildeo vecirc isso aiacute entatildeo eu dou muito valor ao

artesanato o que eacute feito na matildeo entatildeo coisas que eu vejo bem bonitas artesanais

eu coloco na loja pra vender

O que o sr pensa da relaccedilatildeo dos seus clientes com seu negocio O sr acha que eles estatildeo sendo bem atendidos Eu sei que o sr esta fazendo o melhor que pode mas olhando um pouco mais de fora eu quero ler a sua visatildeo de fora como que o sr acha que seus clientes estatildeo atendidos

bull Aiacute jaacute entra numa questatildeo teoloacutegica hoje realmente eu natildeo atendo o

que deveria atender isso por ideologia estamos vivendo momentos profeacuteticos eu

creio nisso entatildeo eu deixo de vender livros denominacionais que muitos me

192

procuram porque se eu tivesse muitos livros denominacionais minha venda

aumentaria muito

O que satildeo livros denominacionais

bull Satildeo livros por ex um livro da Assembleacuteia de Deus um livro

Pentecostal de doutrinas diferentes eu procuro natildeo trabalhar com eles procuro

trabalhar com a Biacuteblia porque a Biacuteblia eacute universal agora os livros satildeo produzidos

eu posso ler a Biacuteblia e traduzir de uma maneira montar uma placa de igreja e formar

uma igreja eu estaria sendo conivente fazendo isso entatildeo me sinto um pouco

restringidomas tem muitas coisas que eu poderia colocar aiacute e natildeo coloco deixo de

vender isso eacute uma questatildeo eacutetica teoloacutegica

E quais satildeo as expectativas que vocecirc tem para os proacuteximos anos do ponto de vista empresarial

bull Eu tenho uma mentalidadeo que esta escrito laacute em cima

ldquoVem Senhor Jesusrdquo

bull ldquoVem Senhor Jesusrdquo eacute a ultima parte que estaacute escrito na Biacuteblia no

Apocalipse eram os uacuteltimos versiacuteculos quer dizer noacutes estamos vivendo momentos

que precede a vinda de Jesus e eu natildeo tenho duvida nenhuma e estou me

preparando para ldquosubirrdquo com ele entatildeo veja bem a minha perspectiva natildeo eacute para

esse mundo noacutes natildeo somos um comerciante comum como outro qualquer natildeo que

uma pessoa natildeo vaacute montar um negocio desse e natildeo vai dar certo natildeo eacute isso eacute o

meu ponto de vista eu jaacute natildeo me afirmo mais aqui eu natildeo monto meu futuro mais

aqui nesse sistema de ser humano de pecado tanto eacute que eu deixo laacute em cima laacute

atraacutes natildeo sei se vocecirc reparou um cartaz e vou mudando de vez em quando com o

193

tempo mas no momento aqui eacute a historia do planeta Nabucodonossor sonhou

explicou o sonho e entra Daniel e Deus fala

-ldquoVai laacute Daniel fala com ele porque fui Eu quem deu esse sonho pra

elerdquo-

e na historia mostra que Nabucodonossor AC600 anos foi tomado de

uma

maneira espetacular pelo [Medopersia] e depois veio o ventre que eacute a

Greacutecia tomou a [Medopersia] e depois Roma tomou e impressionante

Roma se dividiu em dez e formou a Europa e laacute esta escrito assim

ldquoComo os dedos dos peacutes satildeo barro e ferro e como barro e ferro natildeo se

unem como raccedila humana natildeo se uniraacuterdquo

O mundo vem tentando desmentir essa parte da Biacuteblia Hitler tentou

Mussolini tentou mesmo os grandes paises como os EUA vem tentando se tornar

um impeacuterio formar um soacute reino mas Biacuteblia fala que -ldquoNos dias desse rei

Estaraacute um reino que jamais passaraacuterdquo () eacute a pedra a pedra eacute Cristo

eacute Jesus com milhares e milhares de anjos entatildeo noacutes estamos vivendo hoje a

sujeira da ponta da unha da estatua inclusive a Europa acha que conseguiu fazer

esse reino natildeo com a intenccedilatildeo de desmentir a Biacuteblia mas eles sem querer estatildeo

envolvendo porque um decifre comordquoMASrdquo todas as traduccedilotildees satildeo iguais mesmo

a Biacuteblia catoacutelica ldquoMASrdquo mas o que Mas os homens vatildeo tentar tentar mas nos dias

desses reis que reis O presidente da Franccedila da Alemanha antes de dissolver

porque o objetivo dessa uniatildeo eacute chegar num momento que cai todos os reis e um soacute

manda em tudo mas nos dias desses reis antes de dissolver isso a Pedra vem o

Cristo vem entatildeo noacutes sabemos pelos acontecimentos que vemos no jornal todos os

dias estamos muito proacuteximos disso

Vocecirc tentar centralizar o futuro

bull O futuro mesmo eu natildeo planejo eu planejo o dia dia procuro natildeo fazer

muita diacutevida compro agrave vista vendo agrave vista

194

E como que o sr vecirc o cliente do sr Como que ele eacute e o que ele procura aqui com o sr

bull Eu vejo eles como amigos com uma necessidade a maioria deles eu

vejo com uma necessidade e a gente procura servir essa necessidade ou suprir

essa necessidade entatildeo natildeo vejo eles com um cifratildeo procuro atender eles bem e

no fim ele acaba levando saindo satisfeito e volta O que eu tenho prestado atenccedilatildeo

eacute nisso nesses longos tempos eacute que meus clientes voltam e isso eacute importante num

comercio e as pessoas natildeo percebem isso o importante eacute o cliente voltar outra vez

ele tem uma satisfaccedilatildeo mesmo que natildeo compra nada comprou uma coisa irrisoacuteria

mas ele volta e a partir que ele se torna um amigo ele tambeacutem passa para os

amigos os parentes aonde comprou fala que gostou da loja

Entatildeo o trabalho com o cliente eacute importante

bull Eacute importantiacutessimo

Eu quero agradecer em meu nome quero agradecer em nome do Nuacutecleo de Ciecircncias e Religiatildeo da Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo

Me comprometo a mandar as fotos da Expo para o sr

  • Tenha Feacute eacute um bom negoacutecio O marketing nas fronteiras da religiatildeo - a feacute como alavanca de negoacutecpdf
    • Tenha feacute eacute um bom negoacutecio
    • Ilustraccedilatildeo 1 - Direitos Reservados
    • O marketing nas fronteiras da religiatildeo a feacute como alavanca de negoacutecios no varejo de produtos religiosos
    • RENATO PINTO DE ALMEIDA JUacuteNIOR
    • TENHA FEacute Eacute UM BOM NEGOacuteCIO
    • O marketing nas fronteiras da religiatildeo a feacute como alavanca de negoacutecios no varejo de produtos religiosos
    • Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Banca Examinadora da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias da Religiatildeo sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Silas Guerriero
    • PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA
    • SAtildeO PAULO 2007
    • BANCA EXAMINADORA
    • __________________________________
    • __________________________________
    • __________________________________
    • Dedicatoacuteria
    • Dedico este trabalho agrave cidade de Satildeo Paulo Aos brasileiros e brasileiras paulistanos e paulistanas por adoccedilatildeo (como eu) ou que aqui nasceram e fazem desta cidade a locomotiva e um beliacutessimo motivo de orgulho para o nosso paiacutes
    • Ilustraccedilatildeo 2- Direitos Reservados
    • Se ao final deste trabalho ainda perguntarem-me O que eacute isto
    • A minha resposta viraacute pelas palavras do poeta Ari Barroso
    • Dedico tambeacutem este trabalho agrave minha famiacutelia e em especial para
    • Fado Tropical (Chico Buarque - Ruy Guerra)
    • Oh musa do meu fado Oh minha matildee gentil Te deixo consternado No primeiro abril Mas natildeo secirc tatildeo ingrata Natildeo esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal ``Sabe no fundo eu sou um sentimental Todos noacutes herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo Mesmo quando as minhas matildeos estatildeo ocupadas em torturar esganar trucidar Meu coraccedilatildeo fecha aos olhos e sinceramente chora Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas do Alentejo De quem numa bravata Arrebato um beijo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
    • ``Meu coraccedilatildeo tem um sereno jeito E as minhas matildeos o golpe duro e presto De tal maneira que depois de feito Desencontrado eu mesmo me contesto Se trago as matildeos distantes do meu peito Eacute que haacute distacircncia entre intenccedilatildeo e gesto E se o meu coraccedilatildeo nas matildeos estreito Me assombra a suacutebita impressatildeo de incesto Quando me encontro no calor da luta Ostento a aguda empunhadura agrave proa Mas o meu peito se desabotoa E se a sentenccedila se anuncia bruta Mais que depressa a matildeo cega executa Pois que senatildeo o coraccedilatildeo perdoa
    • Guitarras e sanfonas Jasmins coqueiros fontes Sardinhas mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre Traacutes-os-Montes E numa pororoca Desaacutegua no Tejo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um impeacuterio colonial
    • Com todo o meu carinho
    • Renato Pinto de Almeida Juacutenior
    • Edecircnio Valle em seu livro Psicologia e experiecircncia religiosa estabeleceu a diferenccedila e explicou a religiosidade intriacutenseca e extriacutenseca onde as caracteriacutesticas da religiosidade intriacutenseca satildeo o forte compromisso pessoal universalista eacutetico e de amor ao proacuteximo A religiosidade intriacutenseca tambeacutem seria altruiacutesta humanitaacuteria e natildeo-egocecircntrica na qual a feacute possui importacircncia central aceita sem reserva e o credo seguido inteiramente Aberta a experiecircncia religiosa intensa vecirc positivamente a morte e possui sentimentos de poder e de capacidade proacuteprios O mesmo autor entende como caracteriacutesticas da religiosidade extriacutenseca a religiatildeo de conveniecircncia surgida em momentos de crise e necessidade Etnocecircntrica exclusivista fechada grupalmente sua feacute e crenccedilas satildeo superficiais e sofrem uma seleccedilatildeo subjetiva Utilitaacuteria sem visar outras finalidades estaacute a serviccedilo de outras necessidades pessoais e sociais Deus eacute visto como duro e punitivo e a visatildeo da morte eacute negativa Ao contraacuterio da religiosidade intriacutenseca na qual o sujeito tem sentimentos de poder e de capacidade proacutepria aqui o sentimento eacute de impotecircncia e de controle externo
    • A feacute assim como a religiatildeo e a religiosidade tambeacutem eacute um termo de complexo entendimento que podemos abordaacute-lo de diversas maneiras No entanto destacamos que apesar da palavra eventualmente nos remeter a uma ideacuteia de algo natildeo comprovaacutevel do ponto de vista cientiacutefico a Ciecircncia da Religiatildeo nos permite uma aproximaccedilatildeo conscienciosa dentro dos rigores metodoloacutegicos quando abordamos a questatildeo fenomenologicamente ou atraveacutes da filosofia
    • A noeacutetica oferece oportunidade de examinarmos o assunto Segundo Adolphe Gescheacute
    • () eacute o ser humano de um conhecimento porque haacute tambeacutem um conteuacutedo noeacutetico da feacute o crente eacute visitado por uma Palavra (fides ex auditu) Aqui a linguagem eacute a linguagem da revelaccedilatildeo O crente natildeo vive uma experiecircncia nebulosa mas uma experiecircncia transpassada por uma luz que ilumina o seu conhecimento embora este continue sendo ao mesmo tempo um ldquodesconhecimentordquo diante daquilo que o ultrapassa
    • Wolmir Therezio Amado propotildee que nos prendamos a duas perspectivas baacutesicas para entendermos o que eacute feacute e sobre as quais formulou correspondentes epistemologias
    • () uma delas foi considerar a feacute e a religiatildeo no acircmbito estatutaacuterio da adesatildeo voluntarista e sujeitas agraves expectativas do coraccedilatildeo outra foi o de conhecer o acircmbito epistemoloacutegico da feacute nos limites da consciecircncia dialeacutetica Ambas estatildeo muito presentes na realidade atual ainda que questotildees novas acerca do discernimento da feacute tenham surgido na poacutes-modernidade e no contexto do terceiro mundo
    • O mesmo autor pontua
    • () Para a fenomenologia o esforccedilo teoacuterico consiste em compreender a feacute apenas como sentido de fenocircmeno deixado de lado aquilo que ilumina a graccedila ou que indica uma ordem superior A feacute nessa perspectiva eacute analisada na ordem das significaccedilotildees No esforccedilo empreendido pela filosofia o conhecimento da feacute soacute eacute possiacutevel ser interpretado agrave medida que se adentra em suas articulaccedilotildees porque ela estaacute em toda experiecircncia humana Se de um lado a feacute eacute um dom conferido de outro tal dom eacute dado como possibilidade que tem o imperativo de desabrochar para-ser Assim a feacute se daacute em trecircs niacuteveis baacutesicos como puro desvelamento do outro ausente como confianccedilaesperanccedila ou entrega de si ao outro e como manifestaccedilatildeo externa paradigma visiacutevel No esforccedilo de-ser capta (sem se apropriar) o ser analoacutegico Mas este captar implica uma feacute metafiacutesica uma vez que outro soacute eacute compreendido por semelhanccedila A verificaccedilatildeo absoluta nunca me seraacute possiacutevel por isso haacute a praacutexis do risco e da confianccedila por mim assumida
    • Alem da fenomenologia e da filosofia a feacute eacute apresentada teologicamente pela oacutetica biacuteblica
    • Alguns autores se preocuparam em observar e tentar descrever as situaccedilotildees ocorrentes de feacute por outras abordagens entre os seres humanos
    • Quanto ao fenocircmeno ldquofeacuterdquo se observado em seu significado mais amplo e pelo lado pessoal dos indiviacuteduos ele nos leva a correlacionaacute-lo a algo em que se acredita ou se confia No entanto se avanccedilarmos um pouco mais pela natureza praacutetica terminoloacutegica encontraremos pelo menos duas aplicaccedilotildees distintas na primeira possibilidade veremos uma conceituaccedilatildeo de cunho racionalista estando ligada ao vieacutes cientiacutefico nos cientistas e seus postulados em evidecircncias fiacutesicas ou laboratoriais
    • () a feacute religiosa cresce na sociedade atual por outra razatildeo A secularizaccedilatildeo que teve seu apogeu nas deacutecadas de 1960 e 1970 especialmente no meio intelectual e sob sua influecircncia provocou uma reaccedilatildeo contraacuteria Ao reduzir o papel e o poder das religiotildees sobre a sociedade e a cultura a secularizaccedilatildeo produziu uma privatizaccedilatildeo das formas religiosas As pessoas escolhem as formas religiosas que mais respondem agrave subjetividade provocando verdadeiro surto religioso Eacute a outra face da secularizaccedilatildeo que minando as instituiccedilotildees engendrou uma busca sedenta de expressotildees religiosas
    • Continuou o autor
    • () Trava-se entatildeo uma forte luta entre a feacute religiosa coacutesmica e a apropriaccedilatildeo capitalista da natureza No niacutevel estritamente religioso ela assume papel profeacutetico e criacutetico na sociedade Isso explica o crescimento em nosso meio do budismo da miacutestica islacircmica e de outras formas sacrais coacutesmicas como o Santo Daime e a Uniatildeo do Vegetal Haacute uma sede de feacute religiosa no meio do desgaste psico-humano provocado pela sociedade e cultura modernas A Nova Era traduz muito dessa feacute religiosa atual
    • Assim sendo os enunciados acima satildeo alguns dos que melhor explicam o fenocircmeno Concluiacutemos que pode-se ter feacute tanto numa pessoa quanto num objeto inanimado numa ideologia num pensamento filosoacutefico num sistema qualquer num conjunto de regras numa crenccedila numa base de propostas ou em dogmas de uma determinada religiatildeo
    • 1 2 Marketing uma ideacuteia e um conceito em evoluccedilatildeo
    • Apesar de encontrarmos suas raiacutezes ao longo da histoacuteria da humanidade na proacutepria gecircnese do comeacutercio o marketing eacute um campo de estudo novo se comparado com as demais aacutereas do saber O estudo do mercado surgiu da necessidade dos empresaacuterios em administrar uma nova realidade oriunda da Revoluccedilatildeo Industrial
    • A revoluccedilatildeo industrial em seus dois momentos histoacutericos iniciou grandes mudanccedilas econocircmicas e sociais No primeiro momento apareceram como fases relevantes a mecanizaccedilatildeo da induacutestria e da agricultura a aplicaccedilatildeo da forccedila motriz industrial e o desenvolvimento do sistema fabril aleacutem de uma formidaacutevel aceleraccedilatildeo nos meios de transportes e de comunicaccedilotildees Em uma segunda etapa podemos enunciar vaacuterias caracteriacutesticas importantes que marcaram eacutepoca a substituiccedilatildeo do ferro pelo accedilo o desenvolvimento da maquinaria automaacutetica e um alto grau de especializaccedilatildeo do trabalho nos ambientes fabris o crescente domiacutenio da induacutestria pela ciecircncia o desenvolvimento de novas formas de organizaccedilatildeo capitalista e a expansatildeo da industrializaccedilatildeo ateacute a Europa Central e Oriental por exemplo Desta maneira essas novas situaccedilotildees modificaram a relaccedilatildeo do capital com os meios de produccedilatildeo ateacute entatildeo e anteriormente existentes Como consequumlecircncia estabeleceram tambeacutem um reposicionamento das forccedilas produtivas com o mercado consumidor
    • Neste estaacutegio da histoacuteria econocircmica mundial o marketing ainda era inseparaacutevel da economia e da administraccedilatildeo claacutessica A gestatildeo econocircmica e empresarial nesse instante preocupou-se com a logiacutestica a produtividade e a maximizaccedilatildeo dos lucros Os consumidores natildeo tinham qualquer poder de barganha com os fabricantes e produtores Os aspectos humanos do mercado eram ignorados aleacutem da concorrecircncia ser praticamente inexistente
    • Essa eacutepoca comeccedilam a surgir os primeiros sinais de excesso de oferta Os fabricantes desenvolveram-se e produziram em seacuterie Portanto a oferta passou a superar a demanda e os produtos acumulavam-se em estoques Algumas empresas comeccedilaram a utilizar teacutecnicas de vendas bem mais agressivas e a ecircnfase na comercializaccedilatildeo das empresas dessa eacutepoca era totalmente dirigidas agraves vendas
    • Nos anos 40 os trabalhos e observaccedilotildees a respeito da aplicaccedilatildeo da psicologia na propaganda e o de William J Reilly sobre as Leis de Gravitaccedilatildeo do Varejo comeccedilaram a dar um enfoque cientiacutefico ao marketing Uma das questotildees cruciais nesse momento da histoacuteria era se as teorias de mercado podiam ou natildeo se desenvolver Algumas abordagens defendiam a tese que isso nunca seria possiacutevel Natildeo seriam passiacuteveis de desenvolvimento a uma teoria mercadoloacutegica genuiacutena pois a consideravam extremamente subjetiva quase uma forma de arte Tal realidade manteve-se inalterada ateacute os instantes finais da Segunda Guerra Mundial quando entatildeo reagindo ao crescimento da concorrecircncia mercadoacutelogos comeccedilaram a teorizar sobre como atrair e lidar com seus consumidores em funccedilatildeo da super-produccedilatildeo Surgiu entatildeo a cultura de vender a qualquer preccedilo
    • Deacutecada de 1950
    • A primeira tentativa de mudanccedila dessa visatildeo mercadoloacutegica veio em 1954 pelas matildeos de Peter Drucker ao lanccedilar seu livro A Praacutetica da Administraccedilatildeo Natildeo se tratava de ser propriamente um livro sobre marketing mas foi o primeiro registro escrito que cita o marketing como uma forccedila poderosa a ser considerada pelos administradores
    • Sequencialmente em 1960 elaborado por Theodore Levitt professor da Harvard Business School em artigo na revista Harvard Business Review entitulado Miopia de Marketing revelou uma seacuterie de erros de percepccedilotildees mostrou a importacircncia da satisfaccedilatildeo dos clientes e transformou para sempre o mundo dos negoacutecios O vender a qualquer custo deu lugar agrave satisfaccedilatildeo garantida
    • O universo do marketing comeccedilou a expandir-se e artigos cientiacuteficos foram escritos pesquisas feitas e dados estatisticamente relevantes traccedilados Foram separadas as estrateacutegias eficientes dos ldquoachismosrdquo e viu-se a necessidade de um estudo seacuterio do mercado Este conhecimento adquirido ficou espalhado difuso muitas vezes restrito ao mundo acadecircmico Em 1967 Philip Kotler lanccedilou a primeira ediccedilatildeo de seu livro Administraccedilatildeo de Marketing onde pocircs-se a reunir revisar testar e consolidar as bases daquilo que ateacute hoje formam o ldquocacircnone do marketingrdquo
    • Deacutecada de 1970
    • Nos anos 70 destacou-se o fato de surgirem departamentos e diretorias de marketing em todas as grandes empresas Natildeo se tratava mais de uma boa ideacuteia mas de uma necessidade de sobrevivecircncia Eacute nesta eacutepoca que se multiplicaram os supermercados shopping centers e franchises De fato a contribuiccedilatildeo do marketing foi tatildeo notoacuteria no meio empresarial que passou rapidamente a ser adotada em outros setores da atividade humana O governo organizaccedilotildees civis entidades religiosas e partidos poliacuteticos passaram a valer-se das estrateacutegias de marketing adaptando-as agraves suas realidades e necessidades
    • Em 1982 o livro Em Busca da Excelecircncia de Tom Peters e Bob Waterman inaugurou todo um periacuteodo de escritores sobre o marketing Num golpe de sorte editorial produziram o livro de marketing mais vendido de todos os tempos ao focarem completamente sua atenccedilatildeo no cliente Esse fenocircmeno editorial levou o marketing agraves massas e portanto agraves pequenas e meacutedias empresas e a todo o tipo de profissional Talvez por isso e tambeacutem por uma necessidade mercadoloacutegica o marketing passou a ser uma preocupaccedilatildeo atinente agrave alta direccedilatildeo de todas as mega-corporaccedilotildees natildeo estando mais restrita a uma diretoria ou departamento
    • O fecircnomeno dos gurus entretando eacute responsaacutevel pelo posterior descuido com o rigor da investigaccedilatildeo cientiacutefica e uma tendecircncia a modismos Nesta eacutepoca floreceram diversos autores tais como Al Ries que definiu o conceito de posicionamento e o markerting de guerra e guerrilha e Masaaki Imai que idealizou o modelo Kaizen Esses autores ganharam reconhecimento no mundo dos negoacutecios e alta reputaccedilatildeo no universo empresarial por suas ideacuteias e abordagens originais
    • Assim como ocorreu em muitos outros setores o avanccedilo tecnoloacutegico dos anos 90 teve um forte impacto no mundo do marketing O comeacutercio eletrocircnico foi uma revoluccedilatildeo na logiacutestica distribuiccedilatildeo e formas de pagamento O CRM (Customer Relationship Management) e os serviccedilos de atendimentos ao consumidor entre outras inovaccedilotildees tornaram possiacutevel uma gestatildeo de relacionamento com os clientes em larga escala E como se isso natildeo fosse suficiente a Internet chegou como uma nova via de comunicaccedilatildeo Eacute a eacutepoca do maximarketing de Stan Rapp do marketing 1 to 1 da Peppers amp Rogers Group do aftermarketing de Terry G Vavra e do marketing direto de Bob Stone ou seja caracterizou-se por uma constante busca pela personalizaccedilatildeo como medida administrativa e de poliacutetica de aproximaccedilatildeo expansatildeo manutenccedilatildeo e retro-alimentaccedilatildeo mercadoloacutegica em geral
    • Outra tendecircncia do periacuteodo foi o fortalecimento do conceito de marketing societal no qual tornou-se uma exigecircncia de mercado haver uma preocupaccedilatildeo com o bem-estar da sociedade A satisfaccedilatildeo do consumidor e a opiniatildeo puacuteblica passaram a estar diretamente ligadas agrave participaccedilatildeo das organizaccedilotildees em causas sociais e a responsabilidade social transformou-se numa vantagem competitiva
    • A virada do milecircnio assitiu agrave segmentaccedilatildeo da televisatildeo a cabo agrave popularidade da telefonia celular e agrave democratizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo especialmente via Internet A World Wide Web jaacute estava madura o suficiente nos primeiros anos desta deacutecada Surgiuram uma infinidade de pesquisas e publicaccedilotildees sobre webmarketing e comeacutercio eletrocircnico Mas mais do que isso agora o cliente natildeo tinha apenas poder de barganha tinha tambeacutem poder de informaccedilatildeo Era de se esperar que isso influenciasse na maneira com a qual os consumidores interagiam com as empresas e entre si Os primeiros reflexos disso foram o nascimento do marketing de permissatildeo de Seth Godin a conceitualizaccedilatildeo do marketing boca-a-boca por George Silverman e a explosatildeo do buzzmarketing e do marketing viral por autores tais como Russell Goldsmith e Mark Hughes
    • Eacute perceptiacutevel na proacutepria evoluccedilatildeo do conceito de marketing a importacircncia cada vez maior do consumidor como o elemento chave e alvo das preocupaccedilotildees e propoacutesitos nas accedilotildees dos homens e mulheres que se ocupavam com marketing pois eacute o consumidor a razatildeo loacutegica de organizaccedilotildees ou empresas comerciais
    • Neste trabalho vamos centralizar atenccedilotildees sobre o consumidor de produtos relacionados agrave religiosidade e tambeacutem agraves possiveis dinacircmicas do marketing de varejo que estatildeo inseridas dentro dos conceitos de marketing acima abordados e atuando como uma ferramenta mercadoloacutegica
    • 14 As abordagens conjuntas do marketing com a religiosidade e vice-versa
    • Ilustraccedilatildeo 5
    • Ilustraccedilatildeo 6
    • 15 Consideraccedilotildees iniciais sobre o cenaacuterio da pesquisa de campo
    • Por limitaccedilotildees metodoloacutegicas o cenaacuterio fiacutesico da pesquisa de campo esteve contemplando lojas de produtos religiosos das religiotildees catoacutelica protestantes das diversas denominaccedilotildees religiotildees afro-brasileiras e novoeristas presentes na praccedila comercial da cidade de Satildeo Paulo
    • Quanto ao cenaacuterio religioso e por se tratar de uma caracteriacutestica cultural de nosso povo adotamos o posicionamento teoacuterico de Ecircnio Brito porque natildeo seria conveniente e nem apropriado considerarmos apenas ldquoumardquo cultura brasileira que exteriorizasse as manifestaccedilotildees materiais e espirituais da nossa gente
    • Hoje eacute consenso que natildeo existe uma cultura brasileira capaz de englobar todas as manifestaccedilotildees materiais e espirituais do povo brasileiro e que lsquoa admissatildeo do seu caraacuteter plural eacute um passo decisivo para compreendecirc-la como um efeito de sentido resultado de um processo de muacuteltiplas interaccedilotildees e oposiccedilotildees no tempo e no espaccedilo ()
    • Corroborando as palavras de Ecircnio Brito Darcy Ribeiro com seu depoimento afirmou
    • Desde a Greacutecia natildeo se inventava uma deusa que se adequasse ao amor uma matildee de Deus que fale do amor E os negros do Rio inventaram Iemanjaacute Isso eacute uma operaccedilatildeo cultural incriacutevel Mais importante que os romances e os teoremas E importante para o povo E o que eacute Iemanjaacute Eacute uma ldquosantonardquo laacute que domina o mar E ningueacutem vai pedir a ela a cura do cacircncer ou a cura da AIDS Vai pedir a ela que o marido natildeo bata tantoum namorado gostoso Os africanos mergulharam tatildeo profundamente e de modo tatildeo inventivo na construccedilatildeo do Brasil que deixaram de ser eles para sermos noacutes brasileiros
    • Complementarmente aos enunciados acima e nos aproximando do cotidiano metropolitano religioso da populaccedilatildeo da cidade de Satildeo Paulo que foi objeto e campo de investigaccedilatildeo deste trabalho o prisma social e populacional que consideramos foi o dos autores Antocircnio Flaacutevio de Oliveira Pierucci e Reginaldo Prandi
    • O Brasil jaacute eacute um paiacutes de diversidade religiosa Cerca de um quarto da populaccedilatildeo adulta jaacute experimentou o sentido da adesatildeo a uma religiatildeo diferente daquela em que nasceu num contexto em que a religiatildeo se vai ajustando cada vez mais aacute ideacuteia da escolha da livre escolha que se faz frente a variadas necessidades de tecirc-las atendidas Para muitos a conversatildeo religiosa eacute experimentada juntamente com a mobilidade ocupacional e da integraccedilatildeo na nova sociedade quer sejam estas verdadeiras quer sejam tatildeo-somente simulacro como soacutei acontecer no domiacutenio das representaccedilotildees religiosas
    • A mais bem-sucedida denominaccedilatildeo neopentecostal de longe a de maior visibilidade a brasileira e agressiva Igreja Universal do Reino de Deus existe a quinze anos e jaacute eacute um impeacuterio no Brasil e laacute fora Seus pastores satildeo empreendedores com baixa ou nula formaccedilatildeo teoloacutegica mas que devem demonstrar grande capacidade de atrair puacuteblico e pagar dividendos para a igreja de acordo com um know-how administrado empresarialmente pelos bispos a igreja jaacute estruturada como negoacutecio
    • () Essa metamorfose pela qual vem passando rapidamente a religiatildeo nos obriga a pensar que se a religiatildeo se transforma em consumo e o fiel em consumidor numa relaccedilatildeo de mercado que a sociedade estaacute equipada para regulamentar como qualquer outro produto vale pensar que o proacuteprio Estado agora separado da religiatildeo e dela desinteressado como fonte transcendente de legitimidade pode envolver-se para preservar interesses do cidadatildeo-consumidor As palavras seguintes de Flaacutevio Pierucci traduzem bastante bem essa preocupaccedilatildeo ldquoCombinadas pois essas duas noccedilotildees baacutesicas a do cidadatildeo como consumidor individual e a do Estado como regulador neutro dos vaacuterios mercados estaraacute plenamente justificada a intervenccedilatildeo do Estado para a defesa do indiviacuteduo e a correccedilatildeo dos abusos praticados em nome da religiatildeo Ensaia-se desse modo nessa transmutaccedilatildeo juriacutedica por ora silenciosa do seguidor religioso num consumidor de bens e serviccedilos com o direito de reclamar agraves autoridades proteccedilatildeo contra os enganadores aproveitadores e exploradores novo reforccedilo de legitimidade para a vigilacircncia puacuteblica e a intervenccedilatildeo estatal O uso do modelo lsquodefesa do consumidorrsquo pode ser uma boa saiacuteda para os mais modernos opositores da opressatildeo religiosa tornarem-se os defensores poacutes-modernos das viacutetimas da mercantilizaccedilatildeo religiosa viacutetimas de praacuteticas religiosas abusivas ou lesivas viacutetimas da tapeaccedilatildeo e da fraude religiosa promessas natildeo cumpridas milagres natildeo acontecidosrdquo
    • Reginaldo Prandi tambeacutem abordou a questatildeo mercadoloacutegica da feacute pelo vieacutes microeconocircmico da teoria do consumidor que o atual cenaacuterio religioso oferece sinalizando a questatildeo utilitarista que as religiotildees neste momento contemplam
    • Pelas palavras do autor acima consideraremos no mercado varejista de produtos religiosos dois fenocircmenos concomitantes que se interpotildeem agrave sociedade brasileira e que pelo prisma deste trabalho poderatildeo fomentar a compra de produtos neste segmento
    • O primeiro fenocircmeno seria a competitividade entre as novas e tradicionais religiotildees em busca de novos fieacuteis onde esbarram nas apropriaccedilotildees e recriaccedilotildees dos aspectos maacutegicos ritualiacutesticos e miacutesticos que encantam e permeiam o imaginaacuterio religioso brasileiro O segundo fenocircmeno dar-se-ia pela constataccedilatildeo do surgimento na poacutes-modernidade de uma religiosidade utilitaacuteria e consumista pautada na individualidade e no sincretismo de credos como podemos notar nos textos de Pierucci e Prandi
    • Seraacute nossa intenccedilatildeo privilegiar essa populaccedilatildeo que acreditaria nos poderes especiais dos objetos comprados independentemente de qualquer posicionamento por ela adotada
    • Estudiosos de marketing de varejo e dos consumidores norte-americanos tambeacutem sinalizaram claramente a necessidade e importacircncia da pesquisa que nos propusemos empreender David Lewis e Darren Bridges citando Wade Clark Roof em Spiritual Marketplace destacaram
    • Haacute uma fluidez consideraacutevel Haacute uma acircnsia contiacutenua para encontrar a verdade espiritual mas agora eles tecircm uma noccedilatildeo mais clara de que algumas coisas que procuram lhes oferecer antes como o consumo e materialismo natildeo funcionam tatildeo bem Vejo um futuro espiritual e religioso mais individualista e talvez mais diverso
    • No proacuteximo capiacutetulo abordaremos com os necessaacuterios detalhes teacutecnicos os aspectos operacionais da pesquisa de campo empreendida para este trabalho
    • Capitulo II ndash Pesquisa de campo a descoberta e o comportamento dos consumidores no mercado da feacute
    • Eu vou botar teu nome na macumba Vou procurar uma feiticeira Fazer uma quizumba pra te derrubar Oi iaiaacute Vocecirc me jogou um feiticcedilo quase que eu morri Soacute eu sei o que eu sofri Deus me perdoe mas eu vou me vingar Eu vou botar teu retrato num prato com pimenta Quero ver se vocecirc guumlenta A mandinga que eu vou te jogar Raspa de chifre de bode Pedaccedilo de rabo de jumenta Tu vais botar fogo pela venta E comigo natildeo vai mais brincar Asa de morcego Corcova de camelo pra te derrubar Uma cabeccedila de burro Pra quebrar o encanto do seu patuaacute Olha tu podes ser forte Mas tens que ter sorte Pra te salvar Toma cuidado comadre Com a mandinga que eu vou te jogar
    • Composiccedilatildeo Zeca Pagodinho Dudu Nobre
    • A redaccedilatildeo deve ser clara apresentando o tema escolhido e as justificativas para sua escolha a importacircncia e os limites do trabalho as hipoacuteteses formuladas e suas limitaccedilotildees a populaccedilatildeo-alvo a metodologia seguida e o modo de obter e apresentar os dados obtidos sem generalizaccedilotildees excessivas ou fora do acircmbito estudado podendo indicar ainda os prolongamentos eventuais suscitados pela pesquisa e pelas conclusotildees obtidas
    • Ilustraccedilatildeo 7 - Direitos Reservados
    • O estabelecimento comercial escolhido foi a Banca da Biacuteblia situado na praccedila central da cidade ao lado da igreja matriz Fizemos nossos contatos iniciais com o soacutecio controlador do empreendimento comercial no mecircs de fevereiro de 2006
    • Identificamo-nos como pesquisadores da PUCSP e discorremos a ele sobre este trabalho em seus termos gerais
    • O proprietaacuterio da loja o Sr Servilho Gomes da Silva apoacutes alguns questionamentos concordou em colaborar com nossa pesquisa Combinamos nessa ocasiatildeo que entrariacuteamos em contato novamente em uma data futura quando agendariacuteamos de forma definitiva a data de nossa visita desta feita munidos de todo nosso material da pesquisa de campo
    • No dia 15 de agosto de 2006 rumamos novamente para a cidade de CaraguatatubaSP ocasiatildeo essa que em conjunto com o lojista determinamos o dia da aplicaccedilatildeo do teste piloto conforme a conveniecircncia do comerciante
    • Iniciamos os trabalhos documentando fotograficamente a loja os possiacuteveis clientes proprietaacuterio e produtos
    • Demos sequumlecircncia a nossos propoacutesitos entrevistando o proprietaacuterio
    • O questionaacuterio dirigido agrave clientela da Banca da Biacuteblia foi aplicado por dois entrevistadores o autor desta dissertaccedilatildeo e Estela Noronha sempre apresentada como pesquisadora assistente O processo de abordagem a essas pessoas foi feito de forma direta Identificamo-nos atraveacutes de um cartatildeo de visitas especialmente desenvolvido para essa finalidade
    • Vista frontal de nosso cartatildeo de identificaccedilatildeo
    • Verso do cartatildeo de identificaccedilatildeo
    • Ilustraccedilatildeo 8 - Direitos Reservados
    • Nesse cartatildeo consta o nome da universidade cidade sede nome do departamento ao qual o pesquisador estaacute vinculado sua identidade as iniciais de sua especialidade a aacuterea de interesse em que a pesquisa estaacute relacionada telefones e endereccedilo completo Consta tambeacutem o endereccedilo eletrocircnico para comunicaccedilatildeo direta via Internet No verso deste instrumento de apresentaccedilatildeo colocamos o nome do orientador cargo que ocupa na universidade departamento e endereccedilo da academia de ciecircncias Foram abordados dez sujeitos nesta data selecionados aleatoriamente pelos entrevistadores Eram possiacuteveis clientes que estavam dentro da loja ou que dela estivessem saindo indistintamente e que se dispuse-
    • ram a serem entrevistados
    • Sequencialmente procedemos a uma leitura ldquoflutuanterdquo do instrumento de campo que foi desenvolvido Essa leitura serviu para delimitar melhor o objeto de estudo e as hipoacuteteses bem como testar a aplicabilidade do instrumento de pesquisa e a qualidade das perguntas
    • Sendo assim o questionaacuterio da pesquisa piloto mostrou uma ratificaccedilatildeo e ajuste ao objeto e hipoacutetese deste trabalho
    • Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio elaborado para a possiacutevel clientela da loja gastou cerca de 20 minutos
    • Deveriacuteamos evitar a abordagem do sujeito de uma entrevista antes de sua entrada na loja
    • Deixamos claro logo na abordagem que se tratava de uma pesquisa para Universidade de cunho cientiacutefico pois isto evitaria qualquer outro juiacutezo a respeito de nossa iniciativa
    • Deveriacuteamos ter a maior objetividade brevidade e discriccedilatildeo possiacuteveis no interior da loja para natildeo alterar sua atmosfera comercial e natildeo trazermos dificuldades operacionais aos atos comerciais que estivessem ocorrendo
    • Tambeacutem desenvolvemos dois outros instrumentos a serem usados de forma opcional durante a pesquisa de campo Trata-se do questionaacuterio de entrevista com o lojista e da caderneta de anotaccedilotildees ou caderneta de campo O primeiro instrumento aqui em destaque se destina a sondar a posiccedilatildeo pessoal do lojista consideradas as variaacuteveis feacute e comeacutercio Essas variaacuteveis poderatildeo ser utilizadas ao final de nosso trabalho dando-nos maior consistecircncia em nossas arguumliccedilotildees finalizantes No segundo instrumento anotaremos os detalhes que possam posteriormente ser relevantes ao bom desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo tais como a oitiva de possiacuteveis comentaacuterios adjacentes e proferidos por vendedores observaccedilotildees de detalhes esteacuteticos e particulares de cada loja etc
    • Fisicamente esse instrumento eacute constituiacutedo de um bloco de anotaccedilotildees devidamente datado e situado com local e periacuteodo aleacutem do horaacuterio das nossas investidas dentro de nosso cenaacuterio de pesquisa
    • Com a finalidade de melhor documentar os nossos procedimentos e concomitantemente agrave aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios decidimos gerar um amplo material fotograacutefico O intuito dessa parte de nosso trabalho no campo vai aleacutem da simples ilustraccedilatildeo Iremos adotar o vieacutes foto-jornaliacutestico pois eacute a maneira que encontramos para demonstrar por imagens os detalhes que venham a ser relevantes nesta dissertaccedilatildeo
    • Graacutefico e tabela 6 - Qual a sua faixa de renda familiar
    • Graacutefico e tabela 7 - O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro
    • Graacutefico e tabela 8 - O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo
    • Graacutefico e tabela 9 - Qual a sua religiatildeo de batismo
    • Graacutefico e tabela 15 - Faixa de desembolso na loja
    • Graacutefico e tabela 16 - Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja
    • Graacutefico e tabela 17 - O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja
    • () sabiacuteamos que ambas as visotildees e discursos estavam em conformidade com o movimento da poacutes-modernidade onde as novas formas ou tendecircncias do ldquoserrdquo religioso satildeo sincreacuteticas e polissecircmicas marcadas pela diversidade pela pluralidade de credos pelo tracircnsito religioso e pela falta de submissatildeo hieraacuterquica agraves instituiccedilotildees religiosas Ao mesmo tempo em que tambeacutem buscam um sentido existencial individualista e subjetivo centrado no indiviacuteduo e no seu cotidiano muitas vezes utilitarista consumista e praacutetico
    • FONTES TORRES Oswaldo Fadigas Fundamentos da Engenharia Econocircmica 1ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Thompson Pioneira 2006
    • FOWLER James W Estaacutegios da Feacute A Psicologia do Desenvolvimento Humano e a Busca de Sentido Satildeo Leopoldo Editora Sinodal 1992
    • FREYRE Gilberto Casa Grande amp Senzala ndash Formaccedilatildeo da famiacutelia Brasileira sob o regime de economia patriarcal 9ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Editora Joseacute Olympio 1958
    • FREUD Sigmund An Autobiographical Study The Penguin Freud Library Londres Ed Penguin Books 1986
    • HUGHES Mark BuzzMarketing Lisboa Actual Editora 2006
    • LUCHETTI Bingemer Maria Clara Feacute vida e participaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Konrad Adenauer 2000
    • JAMES William Variedades da experiecircncia religiosa Um estudo sobre a natureza humana Satildeo Paulo Editora Cultrix 1995
    • PEPPERS Don e ROGERS Martha CRM Series Marketing 1 to 1 2ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Makron Books 2001
    • PETERS Tom J WATERMAN Bob Search of Excellence Lessons from Americas Best-Run Companies London Ed Haper Collins 1992
    • SUNG Jung Mo Desejo Mercado e Religiatildeo Petroacutepolis Editora Vozes 1997
    • COLON Ginger How to move customers online Sales amp Marketing Management marccedilo 2000 p 27 e 28
    • GOLDSMITH Russell Viral Marketing Get Your Audience to Do Your Marketing for You London Financial Times Management 2005
    • LIGOS Melinda Point click and sell Sales amp Marketing Management maio de 1999 p 51-55
    • SCHAEFFER Francis The Consumer Bill of Rights in Consumer Advisory Council First Report Government Printing Office Washington DC US 1963
    • MARINARO Mari A feacute move montanhas Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p2 junho de 2007
    • MOREIRA Thiago Tenha Feacute nos negoacutecios Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p 38-45 junho de 2007
    • REVISTA PERDIZES ndash Gabel Comunicaccedilotildees Redaccedilatildeo Rua Trecircs Rios 131 ndash Cj 32 ndash Satildeo Paulo SP CEP 01123-001 Fone 0xx 11 3313-8080 Ano 5 ndash no 27
    • Eu vou botar teu nome na macumba Jesseacute Gomes da Silva Filho (Zeca Pagodinho) N 5277382 CD ldquoSamba pras moccedilasrdquo Gravadora Universal 1995
    • Clipping Eletrocircnico - Bento XVI autoriza missa em latim Departamento de Comunicaccedilatildeo PUC-Campinas
    • httpwwwpuc-campinasedubrservicosdetalheaspid=28749 Acesso em 08 de julho de 2007
    • Expocatoacutelica Feira de negoacutecios httpwwwexpocatolicacombrexpocatolicaindex1aspcod=62amptp=1 Acesso em 18 de abril de 2005
    • Expo Cristatilde A maior feira de produtos e serviccedilos para cristatildeos da Ameacuterica Latina httpwwwexpocristacombr Acesso em 23 de setembro de 2006
    • FERREIRA Rosenildo Gomes O legado dos ceacuteus httpwwwterracombristoedinheiro314negocios314_legado_ceuhtm Acesso em 18 de abril de 2005
    • RESENDE Tatiana Comeacutercio eletrocircnico deve ter alta de ateacute 50 ao ano Folha On Line httpwww1folhauolcombrfolhadinheiroult91u308736shtml Acesso em 02 de julho de 2007
      • Tenha Feacute eacute um bom negoacutecio O marketing nas fronteiras da religiatildeo - a feacute como alavanca de negoacute2pdf
        • Anexos
        • Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas
        • Anexo 02 ndash Modelo de questionaacuterio
        • Anexo 03 ndash Entrevista
        • Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas
        • Lojas de artigos para as religiotildees afro-brasileiras
        • Loja Luar
        • Rua Bom Pastor 2190 ndash Ipiranga
        • CEP 04203-002 - Satildeo Paulo - SP
        • Fone Fax (0xx11) 6163-6464 e 6591-3234
        • Loja Cacique Pena Branca
        • Alameda dos Nhambiquaras 1501 - Moema ndash
        • CEP 04090-013 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0XX11) 5533-1087
        • Casa de Velas Santa Rita
        • Praccedila da Liberdade 248 - Liberdade
        • CEP 01503-010ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3208-7022
        • Vida Cigana ndash Casa de umbanda e candombleacute
        • Praccedila Carlos Gomes 112 ndash Liberdade
        • CEP 015010-040 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3105-1932
        • Lojas de artigos para a religiatildeo catoacutelica
        • Gladys Artigos Religiosos -
        • Ladeira Porto Geral 106 - 6deg andar - sala 607
        • CEP 01022-000 - Sao Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3312-0325 - Fax (0xx11) 3313-1442
        • Livraria Catoacutelica Nossa Senhora da Lapa
        • Rua Nossa Senhora da Lapa 364 - Lapa
        • CEP 05072-000 ndash Satildeo Paulo - SP
        • Fone (0xx11) 3834-6447 e (0xx11) 3645-4546
        • Inluma - Artigos Religiosos Catoacutelicos
        • Rua Jaguaratildeo 239 - Jabaquara
        • CEP 04318-040 - Satildeo Paulo ndash SP
        • FoneFax (0xx11) 5588-4655 5588-3159 5021-5733
        • Livraria Catedral
        • Rua Senador Feijoacute 46 ndash Centro
        • CEP 01006-000 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • FoneFax (0xx11) 3106-1136
        • Lojas de artigos para as religiotildees protestantes das diversas denominaccedilotildees
        • Word Music ndash
        • Terminal Barra Funda do Metrocirc loja 14
        • CEP 01154-060 - Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3392-6660
        • Gospel Line Comeacutercio Ltda
        • Rua Conselheiro Furtado 50 - Liberdade
        • CEP 01511-000 - Satildeo ndash Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3105-6897 - Fax (0xx11) 3106-2013
        • Bom Pastor Produccedilotildees Artiacutesticas e Phonograacuteficas Ltda
        • Av Liberdade 902 ndash Liberdade
        • CEP 01502-001 - Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (11) 3208-5351
        • Vencedores por Cristo SC
        • Rua Prof Dr Joseacute Marques Cruz 365 - Jardim das Acaacutecias
        • CEP 04707-020 - Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (11) 5183-4676 - Fax (11) 5183-5349
        • Lojas de artigos para as religiotildees novoeristas
        • Viraj - Gifts to Yoyurself
        • Av Paulista 807 loja 46 (galeria)
        • CEP 01311-915 - Satildeo Paulo SP
        • Fone (0xx11) 3148-0846 - 3148-084 - Fax (0xx11) 3253-6983
        • Centro Holiacutestico Bruxas do Bem
        • Rua DrCeacutesar 522 - Santana
        • CEP 02013-002 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fones (0xx11) 6283-4213 - 32134433
        • Lojas Vila Zen
        • Loja 01 Galeria Gecircmini loja 36 - Av Paulista 807ndash Jardim Paulista
        • CEP 01311-915 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3251-5940
        • Loja 02 Shopping Metrocirc Santa Cruz ndash loja 22 - Av Domingos de Morais 2564 - Vila Mariana
        • CEP 04036-100 ndash Satildeo Paulo - SP
        • Fone (0xx11) 3471-7933
        • Anexo 02 - Questionaacuterio dirigido aos consumidores finais ou clientes das lojas
        • 1) Como o sr(a) teve conhecimento da existecircncia desta loja
        • a) Lista telefocircnica
        • b) Internet
        • c) Propaganda em revistas jornais murais ou meios impressos
        • d) Pelo raacutedio ou televisatildeo
        • e) Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa
        • f) Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa
        • g) Por indicaccedilotildees de placas ou a vitrine da loja
        • h) Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pastora sheik rabino monge etc
        • i) Por acaso
        • j) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 2) Com que frequumlecircncia o sr (a) compra produtos religiosos
        • a) Pelo menos uma vez por mecircs
        • b) Uma vez a cada dois meses
        • c) Uma vez a cada trecircs meses
        • d) Uma vez por semestre
        • e) Uma vez por ano
        • f) Menos de uma vez por ano
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 3)Qual eacute o principal motivo pelo qual o sr(a) comprou esse (s) produto (s)
        • a) Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu culto religioso
        • b) Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar
        • c) Porque a imagem desse (s) objeto(s) reforccedila (m) a minha feacute
        • d) Porque trazem proteccedilatildeo
        • e) Porque achei bonito
        • f) Vai servir para eu dar de presente a algueacutem
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 4) Qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s)
        • ______________________________________________________________________________________________________________________________
        • 5) Faixa de desembolso na loja
        • a) Ate 10 reais
        • b) De 10 a 20 reais
        • c) De 20 a 40 reais
        • d) De 40 a 80 reais
        • e) De 80 a 160 reais
        • f) De 160 a 320 reais
        • g) Mais de 320 reais
        • h) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 6) Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja
        • a) Plenamente satisfeito (a)
        • b) Satisfeito (a)
        • c) Razoavelmente satisfeito (a)
        • d) Sofrivelmente satisfeito (a)
        • e) Insatisfeito (a)
        • f) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 7) O sr(a) pretende voltar outras vezes a esta loja
        • a) Sim
        • b) Natildeo
        • c) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 8) Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo
        • a) Caros
        • b) Relativamente caros
        • c) Razoavelmente equilibrados
        • d) Condizentes com a minha renda
        • e) Baratos
        • f) Muito baratos
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 9) Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja
        • a) Melhores preccedilos
        • b) Melhores condiccedilotildees de pagamento
        • c) Novos produtos
        • d) Melhor atendimento
        • e) Maior conforto
        • f) Um contato mais direto comigo
        • g) Um convite especial
        • h) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 10) Qual sua religiatildeo de batismo
        • a) Catoacutelica
        • b) Protestante
        • c) Espiacuterita kadercista
        • d) Umbandista
        • e) Candomblecista
        • f) Budista
        • g) Novoerista
        • h) Muccedilulmana
        • i) Natildeo eacute batizado
        • j) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 11) Qual a sua religiatildeo praticada atualmente
        • a) Catoacutelica
        • b) Protestante
        • c) Espiacuterita kardecista
        • d) Umbandista
        • e) Candomblecista
        • f) Budista
        • g) Novoerista
        • h) Muccedilulmana
        • i) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 12) O sr(a) reside ou trabalha neste bairro
        • a) Sim
        • b) Natildeo
        • c) Nas imediaccedilotildees deste bairro
        • d) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 13) O sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo
        • a) Sim
        • b) Natildeo
        • c) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 14) Sexo
        • a) Masculino
        • b) Feminino
        • 15) Profissatildeo________________________________________________
        • 16) Qual a sua idade
        • a) De 18 a 25 anos
        • b) De 25 a 35 anos
        • c) De 35 a 45 anos
        • d) De 45 a 55 anos
        • e) De 55 a 65 anos
        • f) Mais de 65 anos
        • 17) Estado civil
        • a) Solteiro (a)
        • b) Casado (a) ou com companheira (o)
        • c) Separado (a) judicialmente ou divorciado (a)
        • d) Viuacutevo (a)
        • 18) Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar
        • a) Ensino fundamental
        • b) Ensino meacutedio
        • c) Ensino Superior
        • e) Poacutes-graduado
        • 19) Qual a sua faixa de renda familiar
        • a) Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo
        • b) De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos
        • c) De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos
        • d) De 05 a 08 salaacuterios miacutenimos
        • e) De 08 a 10 salaacuterios miacutenimos
        • f) Mais de 10 salaacuterios miacutenimos
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • Anexo 03 Entrevista com o Sr Servilho proprietaacuterio da Banca da Biacuteblia em CaraguatatubaSP
        • Entrevistador Renato
        • Entrevistado Sr Servilho
        • Local Caraguatatuba
        • Dia 08 Caraguatatuba praccedila central da cidade
        • Vou perguntar para o dono do empreendimento sr Servilho sobre as razotildees comerciais do investimento no segmento religioso
        • Qual foi o motivo que levou o sr investir nesse segmento mercadoloacutegico
        • O principal motivo foi especial eu recebi uma intuiccedilatildeo de Deus que eu deveria vender biacuteblias eu jaacute vendia biacuteblias embora eu representava uma organizaccedilatildeo adventista e natildeo poderia vender mas nas horas vagas as pessoas me pediam biacuteblia e o numero de vendas comeccedilou a aumentar eu achava estranho os preccedilos astronocircmicos de biacuteblias e as pessoas pagavam entatildeo eu falei que tinha que montar alguma coisa para os meus filhos pra poder vender por um preccedilo correto e foi aiacute que Deus me indicou e acabamos colocando
        • A sua feacute contribuiu de forma significativa pra tomar a decisatildeo desse investimento
        • Soacute a feacute
        • O que mais o sr poderia me dizer a respeito eacute uma satisfaccedilatildeo sua particular trabalhar com esse segmento
        • Sim hoje noacutes estamos com 15 anos de trabalho mas a satisfaccedilatildeo eacute saber que mais de milhares de biacuteblias foram vendidas muitos lares deram testemunho de que hoje tecircm um temor a Deus um amor a Deus mais chegado entatildeo o objetivo primeiramente eacute evangeliacutestico e depois concilia com o ganha patildeo eacute uma consequumlecircncia mas a causa eacute evangelista
        • Como que foram os primeiros movimentos da materializaccedilatildeo dessa loja do sr
        • O primeiro ano foi taxi zero na eacutepoca noacutes colocamos quase 300 tiacutetulos de produtos evangeacutelicos mas denominacional quer dizer adventista do seacutetimo dia e loacutegico ficou parado eu vendia soacute biacuteblia aiacute que nos fomos mudando tirando um pouco do servindo a todo mundo e fomos com o tempo com a praacutetica servindo a todas as denominaccedilotildees
        • Como que se deu a escolha desse ponto comercial
        • Isso foi Divino com certeza foi Divino porque Deus me falou ndashldquoEacute aquirdquo- e eu achei estranho e era laacute em baixo laacute na ponta era a ex rodoviaacuteria de Caraguatatuba e era na esquina laacute em baixo e eu pensava -ldquomas aquirdquo- mas me apontava para a praccedila e tinha essa banca fechada natildeo tinha nada na hora natildeo acreditei esperei mais uma semana depois voltei para o lugar e orei ndashldquomas eacute aquirdquo- aiacute desci conversei com o vizinho e perguntei o que era ali que estava sempre fechado e ele falou que era uma banca de jornal haacute mais de 30 anos que tinha aberto do outro lado da avenida Perguntei de quem era e ele falou que era de uma pessoa que era dona de quase todas as bancas da regiatildeo aiacute fui conversar com ele e ficou com medo de eu ser um concorrente e expliquei pra ele que era um evangelista que eu queria colocar biacuteblias e colocaria meu filho pra trabalhar que era um adolescente na eacutepoca e ele me cedeu me vendeu e fizemos o negocio e digo que foi Divino porque passei dois anos e montaram um shopping aonde esta o Mcdonald e o dono ficou louco disse ndashldquoeu quero esse rapaz fora daqui natildeo quero biacuteblia aqui na minha frenterdquo- e eu natildeo sabia disso chegavam as pessoas da prefeitura e falavam ndashldquonoacutes precisamos mudar vocecircrdquo- e natildeo falava por que Ateacute que chegou um dia que o gerente da prefeitura disse que a cabeccedila dele estava a premio falou para eu arranjar um mutiratildeo algumas pessoas conhecidas e fizemos um mutiratildeo e saiacute ele natildeo tinha me falado o motivo ainda Trouxemos e colocamos aqui e aiacute ficou e mais tarde ele me falou que o dono do shopping disse ndashldquoou vocecirc ou elerdquo- ele natildeo queria vocecirc de jeito nenhum soacute que eu digo que eacute Divino porque aqui se tornou o calccediladatildeo o melhor ponto aqui de Caraguatatuba eacute a matildeo de Deus dirigindo e laacute faliu um shopping todo de maacutermore faliu O ex-prefeito eacute que conseguiu fazer um acordo porque disse que o dono bebia muito fez um acordo e reabriu e laacute natildeo tem nada natildeo eacute um shopping soacute um Mcdonald reabriu depois de muitos anos
        • Como que o sr estabelece criteacuterios para compra dos produtos a serem oferecidos
        • Oferecido eu tenho um pouco de medo porque eu natildeo gosto de comprar uma coisa que eu natildeo tenha certeza da onde proveacutem entatildeo eu mesmo vou buscar embora tem muitos produtos que me trazem produtos durante o ano as pessoas foram acostumando e eu fui entendendo que a procedecircncia era boa mas normalmente vou buscar em SP no Rio de Janeiro aonde tem novidades que as pessoas estatildeo pedindo a gente vai e traacutes
        • E existe financiamento para o capital de giro do sr
        • Natildeo Antigamente eu trabalhava com cheque e meu giro de capital era o cheque preacute-datado hoje natildeo mexo com cheque com nada compro agrave vista e vendo agrave vista
        • E como que o sr estabelece um criteacuterio de preccedilo para esses produtos
        • Eu coloco um percentual no produto conforme o giro ter um produto de giro raacutepido o percentual cai totalmente eu coloco pra girar o objetivo eacute girar se natildeo eacute um produto vendaacutevel se eacute mais lento eu aumento um pouco o percentual que eacute pra natildeo ter um desprestigio com o tempo mas normalmente eu procuro colocar um preccedilo de giro que eacute melhor girar raacutepido e eu ter condiccedilotildees de comprar outras coisas
        • O sr me falou que natildeo faz financiamento de produtos entatildeo a loja faz alguma promoccedilatildeo especial visando aumentar o volume meacutedio de vendas
        • Natildeo nunca fiz isso
        • O sr faz propaganda da loja
        • Eu jaacute fiz alguma coisa mas natildeo vejo resultado natildeo
        • O sr sabe qual eacute o numero de pessoas que passam pelo interior da sua loja
        • Bastante porque muitas pessoas satildeo atraiacutedas pela musica pelo tipo de ambiente tem pessoas quenossa agraves vezes chegam aiacute ficam num cantinho choram eu finjo que natildeo estou vendo mas choram desabafam depois saem Deixo todo mundo a vontade natildeo vou em cima da pessoa falar preccedilo deixo as pessoas a vontade quem entra aqui eacute amigo da gente
        • Vocecirc sabe me dizer dessas pessoas que entram quantas que efetivamente compram algum tipo de produto do sr
        • A maioria porque a gente procura nesse tempo que a gente tem ter coisas como ldquosouveniresrdquo coisas muito interessantes e bonitas num preccedilo muito bom procuro trabalhar com exclusividade em muitas coisas pequenas entatildeo sempre tem uma opccedilatildeo das pessoas darem um presente ou mesmo um marca paacuteginas tem coisas de todos os preccedilos e todos os niacuteveis entatildeo eacute faacutecil uma pessoa conseguir levar uma lembranccedila
        • Existe algum tipo de material publicitaacuterio que o sr jaacute tenha desenvolvido no seu empreendimento
        • Natildeo A uacutenica coisa que a gente faz na publicidade aqui seria uma ordem puacuteblica nesse tempo muitas pessoas chegavam a noacutes e falavam que eu precisava vender cartatildeo porque eacute uma utilidade publica e hoje a gente vende cartotildees de telefone cartatildeo preacute-pagos selos do correio entatildeo sempre tem que ter uma propaganda que o local tem esse produto isso eacute obrigado deixar sempre uma propaganda e os proacuteprios revendedores se incumbem de fazer a merchandising
        • Quantos funcionaacuterios ou colaboradores diretos o sr tem aqui na loja
        • Tem a minha filha soacute meu filho vem passear no final de semana ele
        • Entatildeo eacute o sr
        • E minha filha
        • Existe algum tipo de treinamento que o sr tenha dado a ela nesse tempo
        • Ela trabalha comigo a 15 anos primeiro era eu minha esposa e ela meu filho tambeacutem entatildeo criei meus filhos assim depois foram saindo e a uacutenica que ficou foi ela e minha esposa hoje cuida do lar soacute
        • E o sr acha necessaacuterio cada vendedor por ex no seu caso o sr natildeo deixa de ser um vendedor de primeira linha o sr pode dizer que tambeacutem eacute um vendedor o sr que vendedor precisa ser praticante da sua religiatildeo uma vez que o sr daacute uma ecircnfase especial agrave religiatildeo que o sr pratica aqui O sr acha que ele tem que ser da sua religiatildeo pra trabalhar aqui ou natildeo
        • Quando se fala religiatildeo engloba tudo eacute religar o terraacutequeo com o criador isso eacute uma coisa muito profunda mesmo de vez em quando a gente mergulha nisso e coloca a realidade mas pra trabalhar com um produto desse a pessoa precisa pelo menos ter uma feacute porque se eu sou uma pessoa que natildeo tenho feacute vou ser um mercenaacuterio e aiacute vou entrar em choque com muitas coisas e outra muitas pessoas de vez em quando chegam e desabafam fazem pergunta chega num desespero no fim a gente natildeo eacute soacute vendedor mas muitas vezes a gente eacute conselheiro mas se a gente natildeo tem um bom conselho fica esquisito
        • Entatildeo para esclarecer na opiniatildeo do sr eacute preciso que a feacute esteja para e passo com a necessidade das pessoas tomando cuidado para estar na linha de frente de um negocio desses a pessoa tem que acreditar mesmo
        • Sem duvida nenhuma ela tem que temer a Deus
        • A loja se relaciona conjuntamente com algum templo igreja com algum espaccedilo sagrado
        • Noacutes natildeo temos vinculo nenhum com [placas] noacutes sim eacute que particularmente
        • Qual seria os 6 produtos importantes aqui O sr daacute um destaque muito grande em cima de cartotildees e Biacuteblias Daria para o sr apontar ndashldquoeu vendo bastante anelzinhos as pessoas vem procurar por causa dos meus cartotildeezinhosrdquo- Quais satildeo os produtos que o sr acha que satildeo realmente importantes pra esse segmento que o sr atua
        • Sem duvida nenhuma o CD a musica eacute o que mais vende eacute uma coisa que no inicio foi difiacutecil eu prestava atenccedilatildeo nisso porque eu gosto de musica claacutessica mas natildeo adianta eu colocar meu gosto porque vai ficar na prateleira entatildeo eu comecei a desenvolver por conselhos de outras pessoas entatildeo a musica os CDs a gente trabalha soacute com original natildeo coloca nada na pirataria para que a pessoa tenha confianccedila do que esta levando e procuro estar atento no que eacute sucesso nos lanccedilamentos entatildeo DVD CD Biacuteblia e principalmente hinaacuterios harpa cristatilde soletos biacuteblicos que as pessoas compram para distribuir e uma serie de outras coisas O marca paginas as crianccedilas levam toda hora aleacutem de uma pessoa que estaacute passeandoaqui tem vaacuterios tipos de chaveiros e muitos produtos artesanais nos damos muito valor ao artesanato porque desde pequeno eu sempre mexia com artesanato aprendia a fazer o coleacutegio de primeiro ensinava isso aiacute uma pessoa que estava na 5ordf serie na admissatildeo ela jaacute sabia fazer alguma coisa pra poder vender e sustentar a famiacutelia hoje a gente natildeo vecirc isso aiacute entatildeo eu dou muito valor ao artesanato o que eacute feito na matildeo entatildeo coisas que eu vejo bem bonitas artesanais eu coloco na loja pra vender
        • O que o sr pensa da relaccedilatildeo dos seus clientes com seu negocio O sr acha que eles estatildeo sendo bem atendidos Eu sei que o sr esta fazendo o melhor que pode mas olhando um pouco mais de fora eu quero ler a sua visatildeo de fora como que o sr acha que seus clientes estatildeo atendidos
        • Aiacute jaacute entra numa questatildeo teoloacutegica hoje realmente eu natildeo atendo o que deveria atender isso por ideologia estamos vivendo momentos profeacuteticos eu creio nisso entatildeo eu deixo de vender livros denominacionais que muitos me procuram porque se eu tivesse muitos livros denominacionais minha venda aumentaria muito
        • O que satildeo livros denominacionais
        • Satildeo livros por ex um livro da Assembleacuteia de Deus um livro Pentecostal de doutrinas diferentes eu procuro natildeo trabalhar com eles procuro trabalhar com a Biacuteblia porque a Biacuteblia eacute universal agora os livros satildeo produzidos eu posso ler a Biacuteblia e traduzir de uma maneira montar uma placa de igreja e formar uma igreja eu estaria sendo conivente fazendo isso entatildeo me sinto um pouco restringidomas tem muitas coisas que eu poderia colocar aiacute e natildeo coloco deixo de vender isso eacute uma questatildeo eacutetica teoloacutegica
        • E quais satildeo as expectativas que vocecirc tem para os proacuteximos anos do ponto de vista empresarial
        • Eu tenho uma mentalidadeo que esta escrito laacute em cima
        • ldquoVem Senhor Jesusrdquo
        • ldquoVem Senhor Jesusrdquo eacute a ultima parte que estaacute escrito na Biacuteblia no Apocalipse eram os uacuteltimos versiacuteculos quer dizer noacutes estamos vivendo momentos que precede a vinda de Jesus e eu natildeo tenho duvida nenhuma e estou me preparando para ldquosubirrdquo com ele entatildeo veja bem a minha perspectiva natildeo eacute para esse mundo noacutes natildeo somos um comerciante comum como outro qualquer natildeo que uma pessoa natildeo vaacute montar um negocio desse e natildeo vai dar certo natildeo eacute isso eacute o meu ponto de vista eu jaacute natildeo me afirmo mais aqui eu natildeo monto meu futuro mais aqui nesse sistema de ser humano de pecado tanto eacute que eu deixo laacute em cima laacute atraacutes natildeo sei se vocecirc reparou um cartaz e vou mudando de vez em quando com o tempo mas no momento aqui eacute a historia do planeta Nabucodonossor sonhou explicou o sonho e entra Daniel e Deus fala
        • -ldquoVai laacute Daniel fala com ele porque fui Eu quem deu esse sonho pra elerdquo-
        • e na historia mostra que Nabucodonossor AC600 anos foi tomado de uma
        • maneira espetacular pelo [Medopersia] e depois veio o ventre que eacute a
        • Greacutecia tomou a [Medopersia] e depois Roma tomou e impressionante Roma se dividiu em dez e formou a Europa e laacute esta escrito assim
        • ldquoComo os dedos dos peacutes satildeo barro e ferro e como barro e ferro natildeo se unem como raccedila humana natildeo se uniraacuterdquo
        • O mundo vem tentando desmentir essa parte da Biacuteblia Hitler tentou Mussolini tentou mesmo os grandes paises como os EUA vem tentando se tornar um impeacuterio formar um soacute reino mas Biacuteblia fala que -ldquoNos dias desse rei
        • Estaraacute um reino que jamais passaraacuterdquo () eacute a pedra a pedra eacute Cristo eacute Jesus com milhares e milhares de anjos entatildeo noacutes estamos vivendo hoje a sujeira da ponta da unha da estatua inclusive a Europa acha que conseguiu fazer esse reino natildeo com a intenccedilatildeo de desmentir a Biacuteblia mas eles sem querer estatildeo envolvendo porque um decifre comordquoMASrdquo todas as traduccedilotildees satildeo iguais mesmo a Biacuteblia catoacutelica ldquoMASrdquo mas o que Mas os homens vatildeo tentar tentar mas nos dias desses reis que reis O presidente da Franccedila da Alemanha antes de dissolver porque o objetivo dessa uniatildeo eacute chegar num momento que cai todos os reis e um soacute manda em tudo mas nos dias desses reis antes de dissolver isso a Pedra vem o Cristo vem entatildeo noacutes sabemos pelos acontecimentos que vemos no jornal todos os dias estamos muito proacuteximos disso
        • Vocecirc tentar centralizar o futuro
        • O futuro mesmo eu natildeo planejo eu planejo o dia dia procuro natildeo fazer muita diacutevida compro agrave vista vendo agrave vista
        • E como que o sr vecirc o cliente do sr Como que ele eacute e o que ele procura aqui com o sr
        • Eu vejo eles como amigos com uma necessidade a maioria deles eu vejo com uma necessidade e a gente procura servir essa necessidade ou suprir essa necessidade entatildeo natildeo vejo eles com um cifratildeo procuro atender eles bem e no fim ele acaba levando saindo satisfeito e volta O que eu tenho prestado atenccedilatildeo eacute nisso nesses longos tempos eacute que meus clientes voltam e isso eacute importante num comercio e as pessoas natildeo percebem isso o importante eacute o cliente voltar outra vez ele tem uma satisfaccedilatildeo mesmo que natildeo compra nada comprou uma coisa irrisoacuteria mas ele volta e a partir que ele se torna um amigo ele tambeacutem passa para os amigos os parentes aonde comprou fala que gostou da loja
        • Entatildeo o trabalho com o cliente eacute importante
        • Eacute importantiacutessimo
        • Eu quero agradecer em meu nome quero agradecer em nome do Nuacutecleo de Ciecircncias e Religiatildeo da Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo
        • Me comprometo a mandar as fotos da Expo para o sr
Page 4: Tenha fé, é um bom negócio! - PUC-SP

4

Dedicatoacuteria

Dedico este trabalho agrave cidade de Satildeo Paulo Aos brasileiros e brasileiras paulista-

nos e paulistanas por adoccedilatildeo (como eu) ou que aqui nasceram e fazem desta ci-

dade a locomotiva e um beliacutessimo motivo de orgulho para o nosso paiacutes

Ilustraccedilatildeo 2- Direitos Reservados

Se ao final deste trabalho ainda perguntarem-me O que eacute isto

A minha resposta viraacute pelas palavras do poeta Ari Barroso

5

Dedico tambeacutem este trabalho agrave minha famiacutelia e em especial para

Ilustraccedilatildeo 3 - Direitos Reservados

Estela minha esposa e compa-nheira que me abriu os caminhos da ciecircncia com seu exemplo e coragem

Aos meus pais Renato e Leila pelo apoio moral e material

aleacutem de suas contribuiccedilotildees profissionais

Ilustraccedilatildeo 4 - Direitos Reservados Fado Tropical (Chico Buarque - Ruy Guerra)

Oh musa do meu fado Oh minha matildee gentil Te deixo consternado No primeiro abril Mas natildeo secirc tatildeo ingrata Natildeo esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal ``Sabe no fundo eu sou um sentimental Todos noacutes herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo Mesmo quando as minhas matildeos estatildeo ocupa-das em torturar esganar trucidar Meu coraccedilatildeo fecha aos olhos e sinceramente chora Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas do Alentejo De quem numa bravata Arrebato um beijo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

``Meu coraccedilatildeo tem um sereno jeito E as minhas matildeos o golpe duro e presto De tal maneira que depois de feito Desencontrado eu mesmo me contesto Se trago as matildeos distantes do meu peito Eacute que haacute distacircncia entre intenccedilatildeo e gesto E se o meu coraccedilatildeo nas matildeos estreito Me assombra a suacutebita impressatildeo de incesto Quando me encontro no calor da luta Ostento a aguda empunhadura agrave proa Mas o meu peito se desabotoa E se a sentenccedila se anuncia bruta Mais que depressa a matildeo cega executa Pois que senatildeo o coraccedilatildeo perdoa

Guitarras e sanfonas Jasmins coqueiros fontes Sardinhas mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre Traacutes-os-Montes E numa pororoca Desaacutegua no Tejo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um impeacuterio colonial

Com todo o meu carinho

Renato Pinto de Almeida Juacutenior

6

Agradecimentos

Inicio os meus agradecimentos me dirigindo para as 480 pessoas anocirc-

nimas que responderam aos questionaacuterios Obrigado pela paciecircncia e oportunidade

em conhecer um pouco de cada um de vocecircs quando estabelecemos uma raacutepida

mas bonita relaccedilatildeo que eu jamais vou esquecer que foi de fundamental importacircncia

para a execuccedilatildeo deste trabalho

Com amizade agradeccedilo aos senhores proprietaacuterios das lojas que foram

os alvos de nossa pesquisa de campo e em especial aos Srs Sevilho (Banca da

Biacuteblia em Caraguatatuba - SP) Neacutelson (Casa de Velas Santa Rita ndash Satildeo Paulo ndash

Capital) Pedro (Lojas Vila Zen ndash Satildeo Paulo ndash Capital) e Sra Isabellla (Livraria Cate-

dral ndash Satildeo Paulo)

Para sempre serei grato aos meus mestres do Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Religiatildeo pelos ensinamentos exemplos e incentivos a

esta dissertaccedilatildeo Agrave ldquonossardquo querida Andreacuteia secretaacuteria do CRE que sempre esteve

disposta e soliacutecita a ajudar-me com os tracircmites administrativos durante o curso

Agradeccedilo aos professores doutores Ecircnio Joseacute da Costa Brito e Leonildo

Silveira Campos que junto com meu orientador compuseram a Banca de Exame de

Qualificaccedilatildeo Muito obrigado professores de todo o coraccedilatildeo pelas valiosas suges-

totildees bibliograacuteficas e as necessaacuterias instruccedilotildees e observaccedilotildees metodoloacutegicas para

este estudo Minha gratidatildeo tambeacutem se manifesta para a profa dra Iara Gustavo de

Castro que orientou toda a parte estatiacutestica desta pesquisa

Ao meu orientador professor dr Silas Guerriero o meu agradecimento

especial Estas palavras se justificam meu mestre por vocecirc ter acreditado neste

projeto aleacutem de ter me incentivado e orientado sempre e quando precisei Tenho

certeza que construiacutemos juntos algo que transcendeu aos aspectos meramente pro-

fissionais para transformarmos o nosso conviacutevio em uma forte amizade Afinal

sempre soubemos que uma possiacutevel relaccedilatildeo entre um antropoacutelogo e um administra-

dor daria certo e que desde o iniacutecio dos nossos trabalhos os anjos e santos diriam

ameacutem como de fato disseram Obrigado Silas

7

Dedico um carinho especial agraves duas pessoas que foram tambeacutem de

fundamental importacircncia na elaboraccedilatildeo deste trabalho minha esposa Estela Noro-

nha e a minha matildee professora dra Leila Filinto Pinto de Almeida

Estela minha flor te agradeccedilo especialmente Sou grato pelas suas di-

cas avaliaccedilotildees ajuda com a aplicaccedilatildeo da pesquisa de campo e principalmente pelo

exemplo com o teu trabalho de dissertaccedilatildeo Pude acompanhar o seu desempenho

medir as suas dificuldades observar os detalhes e participar ativamente dele Para

mim foi bem mais que uma honra Aprendi muito com a sua experiecircncia nos mais

variados aspectos o que me facilitou e abriu os meus caminhos cientiacuteficos quando

da concepccedilatildeo da ideacuteia e execuccedilatildeo do projeto do meu mestrado Obrigado meu an-

jo de todo o coraccedilatildeo

O meu agradecimento especial agrave minha matildee que pacientemente fez to-

da a criacutetica metodoloacutegica ajudou-me com o necessaacuterio equiliacutebrio com o conteuacutedo do

texto e foi uma companheira na elaboraccedilatildeo final do conjunto que compocircs esta obra

Sua paciecircncia e entusiasmo foi-me tambeacutem um exemplo e um alento com a nossa

ldquonoeacuteticardquo e os nossos aspectos ldquohierofacircnicosrdquo e ldquohermenecircuticosrdquo

Por fim agradeccedilo tambeacutem agrave psicoacuteloga Andreacutea Vistueacute que me ajudou a

natildeo perder o curso de um porto seguro quando uma tempestade em minha vida se

abateu e sem avisar Agora navego por aacuteguas mais calmas seguras e serenas

8

Resumo

Este trabalho tem como objetivo entender as motivaccedilotildees dos consumidores de pro-

dutos relacionados agrave religiosidade justificando desta maneira a existecircncia de um

nicho mercadoloacutegico especiacutefico e a principal alavanca operacional nesse marcado

Nele a base para as conclusotildees estaacute centralizada em uma pesquisa de campo es-

pecialmente desenvolvida relacionando a religiatildeo e o marketing aplicado sobre os

produtos da praacutetica religiosa catoacutelica protestantes das diversas denominaccedilotildees das

religiotildees afro-brasileiras e do movimento nova era

A principal descoberta eacute que a feacute religiosa eacute o fator determinante do mercado varejis-

ta de produtos religiosos agindo e interagindo com os demais fatores econocircmicos e

sociais

Palavras chave marketing religioso - mercado varejista ndash religiatildeo ndash consumo - religi-

atildeo e marketing - produtos religiosos - cultura - subcultura

9

ABSTRACT

This work has in its aim to understand the consumerslsquo motivation relationed to religi-

osity this way justifying the existence of a specific market niche and the main opera-

tional gearing in this market

In it the bases for the conclusions are centred in a specially developed field re-

search relationing religion and the marketing applied to the products belonging to the

Catholic religious practices Protestants of several titles Afro-Brazilian religions and

the New Era movement

The main discovery is that religious faith is the determining factor of the retailing

market of religious products acting and interacting with other economic and social

factors

Keywords religious marketing - retail trade - religion - marketing - expenditure - re-

ligion and marketing - religious products - culture - subculture

10

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo ndash Um olhar para a nossa gente 17

Capiacutetulo I Conceituaccedilotildees terminologia e o cenaacuterio religioso no Brasil 24

11 Consideraccedilotildees hermenecircuticas religiatildeo religiosidade e feacute 25

12 Marketing uma ideacuteia e um conceito em evoluccedilatildeo 43

13 O desenvolvimento e a cronologia de uma ideacuteia marketing 49

14 As abordagens conjuntas do marketing com a religiosidade e vice-

versa

55

15 Consideraccedilotildees iniciais sobre o cenaacuterio da pesquisa de campo 67

Capiacutetulo II Pesquisa de campo a descoberta e o comportamento dos consumidores no mercado da feacute

75

21 Meacutetodo de organizaccedilatildeo e execuccedilatildeo da pesquisa de campo 76

211 Planificaccedilatildeo e procedimento da coleta de dados 77

22 Os resultados macroscoacutepicos da pesquisa de campo 81

221 Resultados obtidos com o perfil dos entrevistados 82

23 Meacutetodo de anaacutelise dos dados coletados 115

Capiacutetulo III O varejo de produtos religiosos razatildeo e sensibilidade 118

31 Abordagem macroscoacutepica dos dados da pesquisa de campo 120

32 A feacute como razatildeo motivacional para compras atraveacutes do prisma esta-

tiacutestico

127

33 A Razatildeo 153

34 A Sensibilidade 154

Conclusatildeo Razatildeo + Sensibilidade 156

Bibliografia 160

Anexos 173

Endereccedilos das lojas da pesquisa de campo 174

11

Modelo de questionaacuterio 178

Entrevista com o Sr Servilho Proprietaacuterio da Banca da Biacuteblia em Cara-

guatatuba ndash SP

185

12

Lista de Tabelas

Capiacutetulo II

Tabela 01 Sexo dos sujeitos entrevistados 82

Tabela 02 Qual a sua profissatildeo 84

Tabela 03 Qual a sua idade 86

Tabela 04 Qual o seu estado civil 88

Tabela 05 Qual o grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar 90

Tabela 06 Qual a sua faixa de renda familiar 92

Tabela 07 O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro 94

Tabela 08 O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo 95

Tabela 09 Qual a sua religiatildeo de batismo 97

Tabela 10 Qual a sua religiatildeo praticada atualmente 99

Tabela 11 Como o senhor (a) teve conhecimento desta loja 101

Tabela 12 Com que frequumlecircncia o senhor (a) compra produtos religi-

osos

103

Tabela 13 Qual eacute o principal motivo que o senhor (a) comprou es-

ses produtos

105

Tabela 14 Qual o tipo ou gecircnero do(s) produtos(s) comprado(s) 107

Tabela 15 Faixa de desembolso na loja 109

Tabela 16 Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na

loja

110

Tabela 17 O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja 111

Tabela 18 Em sua opiniatildeo os preccedilos praticados por esta loja satildeo 113

Tabela 19 Quais os motivos que o (a) trariam mais vezes a esta

loja 115

13

Capiacutetulo III

Tabela 20 Qual o tipo o gecircnero do(s) produto(s) comprado(s) Ta-

bela descritiva e quantitativa por mensuraccedilatildeo

125

Tabela 21 Cruzamento de dados GecircneroFrequumlecircnciaparticipaccedilatildeo

percentual

129

Tabela 22 Cruzamento de dados GecircneroProfissatildeo 130

Tabela 23 Cruzamento de dados GecircneroO Sr(a) eacute natural de Satildeo

Paulo

131

Tabela 24 Cruzamento de dados GecircneroIdade 131

Tabela 25 Cruzamento de dados GecircneroRenda Familiar 132

Tabela 26 Cruzamento de dados GecircneroGrau de Escolaridade 132

Tabela 27 Cruzamento de dados GecircneroReligiatildeo de Batismo 133

Tabela 28 Cruzamento de dados GecircneroReligiatildeo Praticada 133

Tabela 29 Cruzamento de dados GecircneroReligiatildeo de Batismo Re-

ligiatildeo Praticada

134

Tabela 30 Cruzamento de dados GecircneroPrincipal motivo pelo qual

o senhor (a) comprou esse(s) produto(s)

138

Tabela 31 Cruzamento de dados GecircneroCom que frequumlecircncia o

senhor (a) compra produtos religiosos

139

Tabela 32 Cruzamento de dados GecircneroGrau de satisfaccedilatildeo na

loja

140

Tabela 33 Cruzamento de dados GecircneroTipo de lojaComo o se-

nhor (a) teve conhecimento desta loja

143

Tabela 34 Cruzamento de dados GecircneroTipo de lojaDesembolso

na loja

147

Tabela 35 Cruzamento de dados GecircneroTipo de loja Preccedilos pra-

14

ticados na loja 149

Tabela 36 Cruzamento de dados GecircneroQuais motivos o (a) trari-

am mais vezes a esta loja

150

15

Lista de Graacuteficos

Capiacutetulo II

Graacutefico 01 Sexo dos sujeitos entrevistados 82

Graacutefico 02 Qual a sua profissatildeo 83

Graacutefico 03 Qual a sua idade 85

Graacutefico 04 Qual o seu estado civil 87

Graacutefico 05 Qual o grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar 89

Graacutefico 06 Qual a sua faixa de renda familiar 91

Graacutefico 07 O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro 93

Graacutefico 08 O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo 95

Graacutefico 09 Qual a sua religiatildeo de batismo 96

Graacutefico 10 Qual a sua religiatildeo praticada atualmente 98

Graacutefico 11 Como o senhor (a) teve conhecimento desta loja 100

Graacutefico 12 Com que frequumlecircncia o senhor (a) compra produtos reli-

giosos

102

Graacutefico 13 Qual eacute o principal motivo que o senhor (a) comprou es-

ses produtos

104

Graacutefico 14 Qual o tipo ou gecircnero do(s) produtos(s) comprado(s) 106

Graacutefico 15 Faixa de desembolso na loja 108

Graacutefico 16 Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na

loja

110

Graacutefico 17 O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja 111

Graacutefico 18 Em sua opiniatildeo os preccedilos praticados por esta loja satildeo 112

Graacutefico 19 Quais os motivos que o (a) trariam mais vezes a esta

loja

114

16

Lista de Ilustraccedilotildees

As ilustraccedilotildees desta dissertaccedilatildeo onde constam os dizeres rdquodireitos reservadosrdquo satildeo

de autoria e domiacutenio de Renato Pinto de Almeida Juacutenior estando os direitos para

publicaccedilatildeo reservados bem como as fotos e apresentaccedilatildeo digital constantes no CD-

R anexo na contracapa desta dissertaccedilatildeo

Abertura

Ilustraccedilatildeo 01 Placa no interior da Banca da Biacuteblia em Caraguatatu-

ba-SP ldquoDeus eacute o dono do meu negoacuteciordquo

03

Dedicatoacuterias

Ilustraccedilatildeo 02 Homenagem aos brasileiros e agrave cidade de Satildeo Paulo 04

Ilustraccedilatildeo 03 Armas da famiacutelia Pinto 05

Ilustraccedilatildeo 04 Armas da famiacutelia Almeida 05

Capiacutetulo I

Ilustraccedilatildeo 05 Portal do website Cruz Terra Santa 58

Ilustraccedilatildeo 06 Recorte do anuacutencio publicitaacuterio na revista Perdizes da

loja AMON-HAacute ndash Produtos miacutesticos

59

Capiacutetulo II

Ilustraccedilatildeo 07 Fotografia da fachada da Banca da Biacuteblia na Praccedila

da Igreja Matriz de Caraguatatuba- SP

78

Ilustraccedilatildeo 08 Modelo de cartatildeo de visitas para identificaccedilatildeo do pes-

quisador

79

17

Introduccedilatildeo

Um olhar para nossa gente

Certo dia fazendo compras adentrei casualmente uma das mais caras

galerias de lojas situadas na Avenida Paulista em Satildeo Paulo capital Nesse conjun-

to comercial existe uma loja muito bem montada cujo objetivo eacute atender a demanda

relativa ao mercado de produtos esoteacutericos contemplando CDs do gecircnero ldquoNew A-

gerdquo cristais incensos bonecos e bonecas de bruxas e bruxos de muitos materiais

formas e cores muitos objetos simboacutelicos com claras inclinaccedilotildees orientais anjos

barrocos velas pecircndulos baralhos de tarocirc e farta literatura sobre bruxaria magia

lendas etc No interior da loja uma jovem estava com uma pedra de cristal em suas

matildeos A expressatildeo daquela mulher era de contemplaccedilatildeo e fascinaccedilatildeo ao mesmo

tempo Aproximei-me e antes que eu dissesse alguma coisa ela dirigiu-me a palavra

e disse

_ Eacute linda (Referindo-se ao pedaccedilo de uma pedra de cristal de rocha que

tinha em suas matildeos)

Concordei prontamente A seguir a jovem foi para o caixa pagou a pedra

e saiu da loja

Antes que ganhasse o anonimato na multidatildeo chamei-a e questionei as

suas razotildees para a compra que a vira fazer A compradora deu-me muitas razotildees de

foro esoteacuterico falando-me ldquosobre forccedilas coacutesmicasrdquo ldquouma outra visatildeo de mundordquo

ldquoterapia com cristaisrdquo etc Perguntei-lhe tambeacutem a respeito do preccedilo do material que

ela havia comprado Ela me respondeu imediatamente acrescentando que havia

sido ldquomuito baratordquo

Retornei para o interior da loja Dei iniacutecio a uma abordagem aos respon-

saacuteveis pelo estabelecimento em busca de algumas respostas de questotildees cujo ca-

18

raacuteter eacute mais comercial Fui informado entre outras particularidades sobre aquele

tipo de comeacutercio e que a margem liacutequida de lucro daquela mercadoria (cascalho de

cristal) naquele momento ultrapassara a casa dos 580 pontos percentuais conside-

rado como referecircncia o valor de custo para a loja

Ocorrecircncias como estas em nosso dia-a-dia natildeo satildeo frequumlentes Como

administrador e atento observador do marketing eventos deste tipo induziram-me agrave

reflexatildeo

Podemos dizer a princiacutepio que negoacutecios como estes podem sinalizar bo-

as perspectivas de investimentos porque a taxa de risco sobre o capital investido

em funccedilatildeo da lucratividade auferida eacute muito minimizada Raciocinando como um es-

trategista e considerando apenas o vieacutes financeiro de um negoacutecio uma loja de pro-

dutos religiosos eou esoteacutericos poderaacute se configurar como uma excelente opccedilatildeo de

empreendimento1 A partir desse momento minhas atenccedilotildees voltaram-se de forma

mais aguda para o segmento mercadoloacutegico que contempla os mais diferentes as-

pectos da religiosidade e dos produtos ritualisticamente usados

Somado ao evento acima participei como assistente de uma pesquisado-

ra por ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo de uma pesquisa de campo que corporificou disserta-

ccedilatildeo de mestrado a respeito da devoccedilatildeo a Iemanjaacute entre os natildeo devotos das religiotildees

afro-brasileiras Nessa ocasiatildeo estivemos em contato direto com milhares de prati-

cantes dessas religiotildees nos dias 05 06 07 de dezembro de 2003 na cidade de

1 Em qualquer organizaccedilatildeo ou empreendimento comercial e empresarial que vise lucro eacute necessaacuterio considerar os demais fatores administrativos ao se planejar ou analisar a possibilidade de um inves-timento Esses fatores conjuntamente e somados eacute que iratildeo compor e influenciar de fato a decisatildeo de se investir Os custos de capital a mobilizaccedilatildeo contrataccedilatildeo e treinamento dos recursos humanos a especializa-ccedilatildeo do mercado o tempo de retorno esperado do capital investido impostos taxas custos indiretos do processo de comercializaccedilatildeo aquisiccedilatildeo de mercadorias proacute-labores dos controladores e capitali-zaccedilatildeo em ativos fixos satildeo alguns exemplos de custos e despesas incrementais a serem necessaria-mente e cuidadosamente observados durante a concepccedilatildeo do plano de negoacutecios Sobre esses fato-res ainda haacute a necessidade de cuidados adjacentes com o capital e tambeacutem as estimativas da taxa interna de retorno da taxa de atratividade e o caacutelculo do tempo necessaacuterio ao retorno do capital mo-bilizado e a ser aplicado conforme o planejamento especiacutefico de vendas O ferramental teacutecnico para a execuccedilatildeo e obtenccedilatildeo destes dados indicadores eacute a engenharia econocircmica Assim procedendo o empreendedor tendo executado o planejamento estrateacutegico de vendas e esse planejamento tendo sido avalizado atraveacutes dos nuacutemeros resultantes da anaacutelise teacutecnica da viabilidade econocircmica (ou engenharia econocircmica) disporaacute de argumentos soacutelidos e consistentes para a sua tomada de decisatildeo Assim operando sobre os auspiacutecios de um planejamento de marketing de fato Teraacute desta maneira os seus argumentos regidos sob a oacutetica cientiacutefica da ciecircncia administrativa em seu mais elevado e recomendado grau Alguns exemplos e a teoria do processo da engenharia econocircmica poderatildeo ser encontrados e conhe-cidos detalhadamente na obra de Oswaldo Fadigas FONTES TORRES Fundamentos da Engenharia Econocircmica Satildeo Paulo editora Thompson Pioneira 2006

19

Praia Grande ndash SP e no dia 31 de dezembro do mesmo ano na cidade de Santos ndash

SP onde pude observar com maior clareza as necessidades econocircmicas que ocor-

rem para a realizaccedilatildeo de tais acontecimentos religiosos Pelo vieacutes macroeconocircmico

pude observar por exemplo a precariedade e ausecircncia de obras de responsabilida-

de dos poderes puacuteblicos para a realizaccedilatildeo de tais eventos como a falta de infra-

estrutura organizacional e urbana suporte logiacutestico ao tracircnsito de automoacuteveis e ocircni-

bus bem como os necessaacuterios aparatos de seguranccedila puacuteblica aleacutem dos problemas

com a hospedagem e alimentaccedilatildeo etc No entanto e a despeito desses obstaacuteculos

as festividades a Iemanjaacute ocorreram dentro dos propoacutesitos religiosos de seus devo-

tos e do puacuteblico em geral com sucesso Pelo vieacutes microeconocircmico constatei tam-

beacutem nessa ocasiatildeo a diversidade de produtos e materiais empregados para a praacutetica

da Umbanda e do Candombleacute Produtos esses passiacuteveis de variadas aplicaccedilotildees e

produtos de uso exclusivo dessas religiotildees com formas cores tamanhos e quanti-

dades as mais variadas Flores imagens instrumentos musicais velas perfumes

comidas bebidas roupas joacuteias e bijuterias entre outros objetos foram notados o

que sinalizou a existecircncia de uma induacutestria e um comeacutercio varejista voltado para es-

te tipo de consumidor

Apoacutes essas experiecircncias minhas atenccedilotildees expandiram-se para as ne-

cessidades materiais dos praticantes das demais religiotildees em especial para a catoacute-

lica e as protestantes das mais diversas denominaccedilotildees aleacutem das lojas que comerci-

alizam produtos relacionados agraves religiotildees novoeristas quando foi constatada de

fato a existecircncia de um nicho mercadoloacutegico especiacutefico

Estava efetuado de forma praacutetica e cotidiana o viacutenculo entre a religiatildeo e

o mercado aguccedilando minha curiosidade cientiacutefica sobre o consumidor e seus possiacute-

veis haacutebitos e motivos de compra de produtos relacionados agrave sua religiosidade justi-

ficando desta maneira a existecircncia de um segmento mercadoloacutegico ateacute entatildeo des-

conhecido e pouco frequumlente nas grandes miacutedias

Como administrador e estrategista sempre me interessou a razatildeo exis-

tencial das empresas e as suas mais diversas dinacircmicas empresariais O foco prin-

cipal de minhas observaccedilotildees estaacute sempre centrado sobre os motivos geradores dos

mais diferentes empreendimentos econocircmicos Observando o mercado varejista de

produtos religiosos constatei a inexistecircncia de um estudo detalhado que apontasse

ou ainda sugerisse uma diretriz comercial expliacutecita que estivesse motivando alavan-

20

cando ou que justificasse investimentos no setor natildeo interessando a priori sua linha

de pensamento e praacutetica religiosa

Decidiacute-me entatildeo a trabalhar o tema da religiosidade e do marketing

Dentro deste conjunto temaacutetico optei por examinar e analisar se o fenocircmeno da feacute

religiosa poderia se configurar como um dos provaacuteveis agentes motivadores e que

justificasse o mercado institucionalizado de produtos religiosos aleacutem de alavancar

possiacuteveis investimentos sem no entanto prender-me a qualquer enfoque ou corren-

te de pensamento e praacutetica religiosa

Tendo como objeto um estudo da relaccedilatildeo entre a feacute religiosa e comeacutercio

varejista algumas outras questotildees poderiam ser levantadas tais como a feacute religiosa

dos consumidores contribui para a decisatildeo de compra de determinados produtos

Quais caracteriacutesticas e significaccedilotildees guardariam tais produtos para esse tipo de cli-

entela varejista Como estariam as lojas atendendo agraves necessidades dos consumi-

dores finais nesse mercado Como seria o perfil desse consumidor tanto pelo pris-

ma religioso quanto ao prisma econocircmico Haveria algum fator diferencial no mer-

cado varejista que oferecesse melhores condiccedilotildees para investimento Seria possiacutevel

estabelecermos pontos em comum entre a religiosidade e o marketing

O objetivo deste trabalho eacute investigar e lanccedilar luzes sobre o comporta-

mento do consumidor no momento de suas compras de produtos religiosos frente

ao varejo institucionalizado para este nicho mercadoloacutegico

Neste trabalho pretendemos elaborar uma anaacutelise de marketing onde

procuraremos estabelecer tambeacutem um diaacutelogo entre o marketing e a religiatildeo na

poacutes-modernidade dentro da visatildeo de JJ Queiroz

aderindo agrave corrente que interpreta a Poacutes-Modernidade como uma fase de transiccedilatildeo e um periacuteodo inacabado da histoacuteria da humana como uma fa-se heuriacutestica na qual a humanidade estaacute em busca de algo novo enigmaacute-tico acredito que a religiatildeo e o sagrado tambeacutem se encontram numa virada de mudanccedilas um tempo que afirma ainda muitos valores tradicionais ao lado de novas posturas tudo isso num clima em que emergem muito mais paradoxos e contradiccedilotildees do que certezas2

2 Joseacute J QUEIROZ As Religiotildees e o Sagrado nas Encruzilhadas da Poacutes-modernidade p15

21

Nessa anaacutelise consideraremos as variaacuteveis decisoacuterias de compra por

parte dos consumidores tendo como propoacutesito fundante a feacute religiosa Mapearemos

a dinacircmica mercadoloacutegica desse setor e procuraremos responder suas principais

questotildees tais como frequumlecircncia de compras caracteriacutesticas operacionais do comeacuter-

cio suas abrangecircncias possiacuteveis agentes de influecircncia e o perfil do consumidor

Trabalharemos com a hipoacutetese de que a feacute religiosa dos consumidores

poderaacute ser o agente motivacional para a aquisiccedilatildeo de bens e materiais aplicaacuteveis agrave

praacutetica religiosa justificando assim a existecircncia florescente do mercado varejista de

produtos religiosos

Nossas atenccedilotildees estaratildeo voltadas para os clientes maiores de 14 anos

das lojas de produtos religiosos que atendam as necessidades materiais da religiatildeo

catoacutelica afro-brasileira protestantes das diversas denominaccedilotildees e das religiotildees no-

voeristas no momento subsequumlente ao da efetivaccedilatildeo de suas compras

O cenaacuterio de nossos trabalhos estaacute delimitado aos arredores ou imedia-

ccedilotildees dos estabelecimentos comerciais localizados na praccedila comercial de Satildeo Paulo

e que estes estabelecimentos atendam aos padrotildees da legalidade operacional e

comercial durante os anos de 2006 e 2007

Por se tratar de uma abordagem compreensiva que apoiada nos resulta-

dos obtidos em pesquisa de campo busca detectar e compreender os motivos que

determinadas pessoas alegam para justificar o consumo de produtos inerentes agrave

religiosidade justificando assim a existecircncia de um nicho mercadoloacutegico especiacutefico

adotamos o seguinte quadro teoacuterico em primeiro lugar exporemos a complexidade

e a diversidade nas formas cientiacuteficas em se abordar os temas relacionados agrave religi-

atildeo religiosidade e feacute assim como a evoluccedilatildeo aplicaccedilotildees e conceitos de marketing

Como quadro teoacuterico utilizaremos material de um conjunto de autores

que contribuem para uma percepccedilatildeo mais aprofundada acerca da temaacutetica religiosa

tais como Max Weber (A Eacutetica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo) Eacutemile Dur-

kheim (Formas elementares da vida religiosa) Pierre Bourdieu (A economia das tro-

cas simboacutelicas) Rudolf Otto (O Sagrado) Mircea Eliade (O sagrado e o profano A

essecircncia das religiotildees) Sigmund Freud (Obras Completas) Carl G Jung (Psicologia

e Religiatildeo) Ludwig Wittgenstein (Tractatus Logico-Philosophicus e Investigaccedilotildees

Filosoacuteficas) Carlos Rodrigues Brandatildeo (Os deuses do povo) Laura de Mello e Silva

(O diabo na terra de Santa Cruz feiticcedilaria e religiosidade popular no Brasil colonial)

22

Antocircnio Flaacutevio de Oliveira Pierucci e Reginaldo Prandi (A realidade social das religi-

otildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica) Darcy Ribeiro (O povo brasileiro) Joseacute

J Queiroz (As Religiotildees e o Sagrado nas Encruzilhadas da Poacutes-modernidade) e E-

decircnio Valle (Psicologia e experiecircncia religiosa) Para os temas relacionados ao mar-

keting ou agrave mercadologia teremos as contribuiccedilotildees de autores como Philip Kotler e

Gary Armstrong (Princiacutepios de marketing) Peter F Drucker (Administraccedilatildeo tarefas

responsabilidade e praacuteticas) Idalberto Chiavenato (Teoria Geral da Administraccedilatildeo)

John Nasbitt (Megatendecircncias) Alexandre Luzzi Las Casas (Marketing de varejo)

Bob Stone (Marketing Direto) Giacutelson de Lima Garoacutefalo e Luiz Carlos Pereira de Car-

valho (Anaacutelise Microeconocircmica) Juracy Parente (Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacute-

gia) James F Engel Roger D Blacwell e Paul W Minard (Comportamento do Con-

sumidor) John C Mowen e Michael S Minor (Comportamento do consumidor) e Eli-

ane Karsaklian (Comportamento do consumidor)

Respaldado pelos estudos acima citados desenvolvemos o meacutetodo de

pesquisa o plano piloto o planejamento da coleta de campo e a anaacutelise dos dados

propriamente ditos dentro dos rigores cientiacuteficos determinados por Antonio Chizzotti

que serviratildeo de diretrizes para o desenvolvimento e argumentaccedilatildeo da proposiccedilatildeo

desta dissertaccedilatildeo

O caminho metodoloacutegico que adotamos para trabalhar nosso objetivo

tambeacutem se dividiu em quadros teoacutericos e empiacutericos Para os estudos teoacutericos e bi-

bliograacuteficos foram realizadas pesquisas seleccedilatildeo bibliograacutefica anaacutelise e interpretaccedilatildeo

de textos e participaccedilatildeo em palestras pertinentes tanto agrave aacuterea da religiatildeo quanto agrave

do marketing

Para a pesquisa de campo foi coletada documentaccedilatildeo empiacuterica tal como

questionaacuterios com uma questatildeo aberta e dezoito fechadas fotos e um depoimento

de um dos proprietaacuterios das lojas pesquisadas A pesquisa de campo ocorreu duran-

te os meses de dezembro de 2006 e janeiro fevereiro marccedilo e abril de 2007 O puacute-

blico-alvo participante foi composto por pessoas de ambos os sexos maiores de 14

anos que saiacutessem das lojas e que nelas tivessem comprado algum tipo de produto

Foi delimitado o miacutenimo de 30 questionaacuterios por loja perfazendo um total

de 480 documentos3

3Na eacutepoca da aplicaccedilatildeo da pesquisa definitiva procuramos a profa Dra Iara Gustavo de CASTRO estatiacutestica e consultora da PUC-SP para as orientaccedilotildees quanto agraves delimitaccedilotildees sobre o nuacutemero de

23

Neste trabalho dividimos o assunto em trecircs capiacutetulos mais a conclusatildeo

No primeiro capiacutetulo apresentamos o embasamento cientifico que ordena

o assunto Aleacutem disto iremos expor as razotildees que nos direcionaram para empreen-

der a presente pesquisa e definindo seus termos assim como tambeacutem situando sua

conjuntura

No segundo capiacutetulo iremos nos dedicar ao relato da pesquisa de campo

realizada histoacuterico anaacutelise de dados e demais consideraccedilotildees

No terceiro capiacutetulo o enfoque central estaraacute objetivando a comprovaccedilatildeo

da hipoacutetese deste trabalho

Finalmente a conclusatildeo procuraraacute conter os elementos todos analisados

canalizando-os para os resultados obtidos

questionaacuterios a serem aplicados Diante do projeto ela sugeriu que fizeacutessemos pelo menos 30 entre-vistas por loja e que fossem consideradas 4 lojas de cada tipo ou gecircnero de religiatildeo pois esse eacute o nuacutemero miacutenimo para se obter qualquer resultado estatiacutestico significativo

24

Capiacutetulo I Conceituaccedilotildees terminologia e o cenaacuterio religio-so do Brasil

() ldquoo problema principal para uma sociologia da modernidade religiosa eacute tentar compreender con-juntamente o movimento pelo qual a modernidade continua a solapar as estruturas de plausibilidade de todo sistema religioso e aquele pelo qual ela faz surgir ao mesmo tempo novas formas de crerrdquo4

Daniegravele Hervieu-Leacuteger

O objetivo deste capiacutetulo eacute de entrarmos em contato com questotildees sobre

religiatildeo e religiosidade feacute e marketing estabelecendo nossa posiccedilatildeo frente agrave concei-

tuaccedilatildeo dos quatro termos apontados Aleacutem de nosso posicionamento levantaremos

discussatildeo sobre a aplicaccedilatildeo desta terminologia Estaremos assim procurando uma

sintonia no que se refere ao significado das palavras citadas e como elas deveratildeo

ser entendidas ao longo desta dissertaccedilatildeo Nesta fase deste trabalho tambeacutem sinali-

zaremos com os conceitos teacutecnicos e cientiacuteficos que nortearatildeo os demais capiacutetulos

integrantes deste estudo

Esta etapa se faz necessaacuteria para que tambeacutem possamos alinhar a termi-

nologia de alguns termos ao nosso objeto de estudo o possiacutevel viacutenculo entre feacute e

4 Daniegravele HERVIEU-LEacuteGER apud Marcelo Aires CAMURCcedilA A sociologia da Religiatildeo de Daniegravele Hervieu-Leacuteger entre a memoacuteria e a emoccedilatildeo In TEIXEIRA Faustino (Org) Sociologia da Religiatildeo Enfoques teoacutericos p 265

25

marketing analisado sob o prisma do consumidor no mercado varejista de produtos

religiosos

Assinalamos nesta oportunidade que os meios de comunicaccedilatildeo de mas-

sa assim como a cultura popular natildeo tecircm dado a correta precisatildeo ao uso e aplica-

ccedilatildeo dos vocaacutebulos em questatildeo aiacute o surgimento de incorreccedilotildees na abordagem dos

termos apontados nos noticiaacuterios que surgem diuturnamente

Vamos tambeacutem nos situar frente a um possiacutevel cenaacuterio religioso do Bra-

sil e por consequumlecircncia da cidade de Satildeo Paulo assim como a uma possiacutevel reali-

dade do comeacutercio varejista de produtos religiosos e de seus consumidores no mes-

mo local procurando realizar nosso trabalho dentro dos preceitos que recomendam

os ditames do meacutetodo cientiacutefico

11 Consideraccedilotildees hermenecircuticas religiatildeo religiosidade e feacute

Ao considerarmos a palavra ldquoreligiatildeordquo eacute necessaacuterio que destaquemos a

amplitude alcance e importacircncia que ela possui tendo em vista sua vasta possibili-

dade de conceituaccedilatildeo Vaacuterios autores abordaram esse assunto semelhante ou anti-

teticamente tornando quase impossiacutevel uma harmonizaccedilatildeo entre eles

Se examinarmos a questatildeo sob o prisma socioloacutegico e nos apoiarmos nas

teses de Durkheim veremos o significado conceitual de religiatildeo como ldquoalgo feno-

menoloacutegico e eminentemente socialrdquo

Segundo o autor

As representaccedilotildees religiosas satildeo representaccedilotildees coletivas que exprimem

realidades coletivas os ritos satildeo maneiras de agir que nascem no seio dos

grupos reunidos e que satildeo destinados a suscitar a manter ou refazer cer-

tos estados mentais desses grupos Mas entatildeo se as categorias satildeo de o-

rigem religiosa elas devem participar da natureza comum a todos os fatos

26

religiosos elas tambeacutem devem ser coisas sociais produtos do pensamento

coletivo5

O antropoacutelogo norte-americano Clifford James Geertz procura explicar a

religiatildeo como sendo um sistema de siacutembolos que age sobre os homens estabele-

cendo modos e motivaccedilotildees poderosos e penetrantes sobre as pessoas Este autor

defende uma formulaccedilatildeo das concepccedilotildees da religiatildeo como sendo algo revestido de

tal brilho que as formas os modos e os motivos parecem ser excepcionalmente rea-

liacutesticos em um sistema religioso desde que simboacutelico

A religiatildeo nunca eacute apenas metafiacutesica Em todos os povos as formas os ve-

iacuteculos e os objetos de culto satildeo rodeados de uma profunda seriedade mo-

ral Em todo lugar o sagrado conteacutem em si mesmo um sentido de obriga-

ccedilatildeo intriacutenseca ele natildeo apenas encoraja a devoccedilatildeo como a exige natildeo ape-

nas induz a aceitaccedilatildeo intelectual como reforccedila o compromisso emocional 6

() os significados soacute podem ser ldquoarmazenadosrdquo atraveacutes de siacutembolos uma

cruz um crescente ou uma serpente de plumas Tais siacutembolos religiosos

dramatizados em rituais e relatados em mitos parecem resumir de alguma

maneira pelo menos para aqueles que vibram com eles tudo que se co-

nhece sobre a forma que eacute o mundo a qualidade de vida emocional que

ele suporta e a maneira como deve comportar-se quem estaacute nele Dessa

forma os siacutembolos sagrados relacionam uma ontologia e uma cosmologia

com uma esteacutetica e uma moralidade seu poder peculiar proveacutem de sua su-

posta capacidade de identificar o fato com o valor no seu niacutevel mais funda-

mental de dar um sentido normativo abrangente agravequilo que de outra forma

seria apenas real 7

5E DURKHEIM As formas elementares da vida religiosa p16 6Clifford GEERTZ A Interpretaccedilatildeo das Culturas p93 7Ibid p94

27

Leonildo Silveira Campos propotildee que o termo religiatildeo possa ser explicado

por um sentimento comum

O termo ldquoreligiatildeordquo por sua vez denota aquele sentimento que une as pes-

soas verticalmente a uma esfera tida como sagrada e horizontalmente

uma com as outras ao redor de um centro cognitivo eacutetico e volitivo de

visatildeo de mundo8

Todavia tais definiccedilotildees abrangem tanto as religiotildees dos povos ditos pri-

mitivos quanto agraves formas mais complexas de organizaccedilatildeo dos vaacuterios sistemas reli-

giosos embora variem muito os conceitos sobre o conteuacutedo e a natureza da experi-

ecircncia religiosa Apesar dessa variedade e da universalidade do fenocircmeno no tempo

e no espaccedilo as religiotildees tecircm como caracteriacutestica comum o reconhecimento do sa-

grado e a dependecircncia do homem para com os poderes supramundanos A obser-

vacircncia e a experiecircncia religiosas tecircm por objetivo prestar tributos e estabelecer for-

mas de submissatildeo a esses poderes nos quais estaacute impliacutecita a ideacuteia da existecircncia de

um ser ou de seres superiores que criaram e controlam o cosmos e a vida humana

Toda religiatildeo pressupotildee algumas crenccedilas baacutesicas como a sobrevivecircncia

depois da morte mundo sobrenatural etc ao menos como fundamento dos ritos

Essas crenccedilas podem ser de tipo mitoloacutegico com relatos simboacutelicos sobre a origem

dos deuses do mundo ou do proacuteprio povo ou dogmaacutetico contemplando conceitos

transmitidos por revelaccedilatildeo da divindade que daacute origem agrave religiatildeo revelada e que satildeo

recolhidos nas escrituras sagradas em termos simboacutelicos e tambeacutem conceituais

Os conceitos fundamentais organizam-se de modo geral em um credo

ou profissatildeo de feacute as deduccedilotildees ou explicaccedilotildees de tais conceitos constituem a teolo-

gia ou ensinamento de cada religiatildeo

8Leonildo Silveira CAMPOS Teatro Templo e Mercado - organizaccedilatildeo e marketing de um empreen-dimento neopentecostal p206

28

O teoacutelogo Martin Buber 9 exemplifica quando conceitua

() se a religiatildeo eacute uma relaccedilatildeo com eventos psiacutequicos que soacute podem significar

eventos de nossa proacutepria alma tecircm-se a implicaccedilatildeo de que natildeo se trata de uma

relaccedilatildeo com Ser ou Realidade que por mais plenamente que se possa de vez

em quando descer ateacute a alma humana sempre permanece transcendente a ela

Mais precisamente natildeo eacute a relaccedilatildeo de um Eu com um Tu Mas esse tipo de re-

laccedilatildeo eacute contudo a maneira pela qual os religiosos inconfundiacuteveis de todas as

eras compreenderam sua religiatildeo ainda que ansiassem de maneira sobremodo

intensa por deixar o seu Eu ser misticamente absorvido por esse Tu 10

Percebemos que a temaacutetica religiosa enfoca assuntos relacionados sobre

a divindade suas relaccedilotildees com os homens e os problemas humanos cruciais a mor-

te a moral as relaccedilotildees humanas etc Entre as crenccedilas destaca-se em geral uma

visatildeo esperanccedilosa sobre a salvaccedilatildeo definitiva das calamidades presentes que pode

ir desde a mera ausecircncia de sofrimento ateacute a incoacutegnita do nirvana11 ou a felicidade

plena de um paraiacuteso

Max Weber por exemplo com sua obra A Eacutetica Protestante e o Espiacuterito

do Capitalismo12 nos apresenta um significado sobre a religiatildeo onde discorre histo-

10Martim BUBER Eclipse of God Studies in the Relation between Religion and Philosophy p105 e 106 11No budismo o estado de ausecircncia total de sofrimento paz e plenitude a que se chega por uma evasatildeo de si que eacute a realizaccedilatildeo da sabedoria via meditaccedilatildeo individual Frank USARSKI em sua obra em conjunto com outros autores O Budismo no Brasil Satildeo Paulo editora Lorosae 2002 explica ldquoembora instituiccedilotildees de um Budismo no Brasil natildeo estejam isoladas socialmente o seu impacto religi-oso na sociedade eacute pequeno Pelo alto grau de especificidade cultural das suas doutrinas suas praacuteti-cas e suas formas nem no Budismo japonecircs que eacute estatiacutestica e institucionalmente forte no Brasil tem conseguido atrair um nuacutemero notaacutevel de adeptos natildeo-descendentes de japoneses Isso eacute devido a trecircs fatores inter-relacionados a) a fusatildeo do Budismo com o culto de ancestrais b) a ecircnfase na devoccedilatildeo e na recitaccedilatildeo segundo moldes do Amida-Budismo c) a praacutetica de abrangecircncia familiar Tais caracteriacutesticas geralmente natildeo correspondem ao interesse dos ocidentais pelo Budismo uma vez que eles procuram um idealizado Budismo lsquopurorsquo baseado em uma praacutetica de meditaccedilatildeo individualrdquo 12WEBER Max A Eacutetica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo Satildeo Paulo 2ordf Ediccedilatildeo revisada Edi-tora Pioneira Thomson Learning 2003

29

ricamente o ethos 13 cognitivo-moral moderno o modelo de homens e mulheres oci-

dentais que ainda hoje conhecemos

O autor discute a visatildeo integrada do universo do cristianismo medieval

portanto religioso e a modernidade inclusive com seus aspectos econocircmicos de

forma especial Supotildee uma visatildeo descentralizada e diferenciada em compartimentos

ou subsistemas com uma loacutegica proacutepria e com uma pluralidade de valores o que

conduz a um fenocircmeno relativizador ou a uma situaccedilatildeo social de pluralismo

Essa fragmentaccedilatildeo significa nesse livro a autonomia dos trecircs acircmbitos do

saber ou esferas de valor antes inseparaacuteveis

bull a ciecircncia

bull a moralidade e

bull a arte

A independecircncia destas trecircs dimensotildees pela racionalidade e a diferencia-

ccedilatildeo das esferas axioloacutegicas14 (verdade bem e beleza) ou entatildeo o discurso cientiacutefico

praacutetico-moral e esteacutetico acarretaratildeo segundo Weber o desencanto do mundo num

processo crescente de dessacralizaccedilatildeo com graves consequumlecircncias

Outro elemento caracteriacutestico de toda religiatildeo eacute o estabelecimento mais

ou menos coercitivo de normas de conduta do indiviacuteduo ou do grupo no que se refe-

re a Deus a seus semelhantes e a si mesmo O primeiro comportamento exigido eacute a

conversatildeo ou mudanccedila para um novo modo de vida Com relaccedilatildeo a Deus desta-

cam-se as atitudes de veneraccedilatildeo obediecircncia oraccedilatildeo e em algumas religiotildees o

amor Na conduta do acircmbito da esfera humana entra em maior ou menor medida

um sistema de normas eacuteticas

A criacutetica agrave religiatildeo pela visatildeo psicanaliacutetica ilustra nossas palavras

A psicanaacutelise nos acostumou com o iacutentimo viacutenculo entre o complexo pa-terno e a crenccedila em Deus ela mostrou que um Deus pessoal natildeo eacute psi-cologicamente nada mais que um pai exaltado e traz-nos todos os dias evidecircncias de como os jovens perdem suas crenccedilas religiosas tatildeo logo a

13Aquilo que eacute caracteriacutestico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indiviacuteduos de um povo grupo ou comunidade e que marca suas realizaccedilotildees ou manifestaccedilotildees culturais 14O sentido no texto eacute de um estudo ou teoria de alguma espeacutecie de valor em particular os morais

30

autoridade do pai se desfaz Por conseguinte reconhecemos que as raiacute-zes da necessidade de religiatildeo estatildeo com complexo parental 15

Quase todas as religiotildees cristalizaram-se em instituiccedilotildees dogmaacuteticas e

culturais Essas instituiccedilotildees datildeo forma e coesatildeo aos crentes como um grupo social -

religiatildeo povo igreja comunidade e a elas somam-se outras instituiccedilotildees voluntaacuterias

de tipo assistencial ou de plena dedicaccedilatildeo religiosa que correspondem a setores

informais dentro do grupo institucionalizado

Consideraccedilotildees terminoloacutegicas mais recentes como a de Pierre Bourdieu

e Ludwig Wittgenstein elevam as possiacuteveis definiccedilotildees sobre a significacircncia complexa

que a questatildeo do termo ldquoreligiatildeordquo nos traduz Bourdieu definiu a religiatildeo contem-

plando os conceitos de Durkheim Weber e Karl Marx em uma nova concepccedilatildeo teoacute-

rica Este autor explicou a religiatildeo como uma funccedilatildeo social eminentemente poliacutetica16

dentro de uma contextualizaccedilatildeo simboacutelico-ideoloacutegica como anota Pedro A Ribeiro

de Oliveira em seu texto A teoria do trabalho religioso em Pierre Bourdieu

Seguindo Durkheim que define a religiatildeo como um conjunto de praacuteticas e representaccedilotildees revestidas de caraacuteter sagrado Bourdieu trata a religiatildeo como linguagem sistema simboacutelico de comunicaccedilatildeo e de pensamento Eacute enquanto sistema de pensamento que a religiatildeo interessa agrave sociologia uma vez que ela opera para uma dada sociedade a ordenaccedilatildeo loacutegica do seu mundo natural e social integrando-o num cosmos Ou seja para a re-ligiatildeo tudo que existe ou venha existir tem sentido porque se integra a uma ordem coacutesmica Ao enfatizar a produccedilatildeo de sentido (assumindo a contribuiccedilatildeo de M Weber) Bourdieu descarta a criacutetica iluminista da religi-atildeo (como se ela fosse um sistema explicativo equivalente agrave filosofia ou agrave ciecircncia) e aponta sua especificidade unir cada evento particular agrave ordem coacutesmica

Enquanto sistema simboacutelico a religiatildeo eacute estruturada na medida em que seus elementos internos relacionam-se entre si formando uma totalidade coerente capaz de construir a experiecircncia As categorias de sagrado e profano material espiritual eterno e temporal o que eacute do ceacuteu e o que eacute da terra funcionam como alicerces sobre os quais se constroacutei a experiecircn-cia vivida Alicerces porque sendo revestidas de caraacuteter sagrado elas natildeo podem ser postas em discussatildeo e podem assim assegurar o consen-so loacutegico e moral de qualquer sociedade (eacute a tese de Durkheim) Bourdieu

15 Sigmund FREUD An Autobiographical Study vol 14 p216 16 BOURDIEU Pierre A Economia das Trocas Simboacutelicas Satildeo Paulo Ed Perspectiva 1987

31

fala do poder de consagraccedilatildeo que ldquoabsolutiza o relativo e legitima o arbi-traacuteriordquo17 para indicar a accedilatildeo da religiatildeo sobre as instituiccedilotildees sociais Sua forccedila reside na capacidade de transfigurar as instituiccedilotildees sociais (portan-to construccedilotildees humanas culturalmente condicionadas) em instituiccedilotildees de origem sobrenatural ou inscritas na natureza das coisas O mesmo e-feito de consagraccedilatildeo pode aplicar-se a atributos de grupos ou pessoas que passam a ser considerados como frutos do desiacutegnio divino ou de uma ordem natural intocaacutevel Neste sentido a religiatildeo eacute uma forccedila estru-turante da sociedade pois aplicada agraves relaccedilotildees sociais (em si mesmas arbitrariamente construiacutedas) ela ldquoda necessidade de virtuderdquo transforma o ldquoassim eacuterdquo como ldquoassim deve serrdquo ou em ldquoassim natildeo pode serrdquo

A isso Bourdieu chama de alquimia ideoloacutegica porque ao revestir o que eacute produto humano (portanto uma criaccedilatildeo arbitraacuteria e relativa ao seu tempo) com o caraacuteter sagrado (inquestionaacutevel e perene) a religiatildeo desempenha a funccedilatildeo simboacutelica de conferir agrave ordem social um caraacuteter transcendente e inquestionaacutevel Aiacute reside a eficaacutecia simboacutelica e ao mesmo tempo sua funccedilatildeo eminentemente poliacutetica18

Wittgenstein19 por sua vez e atraveacutes do vieacutes da filosofia analiacutetica define

religiatildeo como mais uma palavra de um grupo de elementos e que pode ser alterada

de acordo com os valores intriacutensecos e reais aleacutem de pessoais e pelas semelhan-

ccedilas que lhes possam ser familiares como por exemplo a feacute divina sacrifiacutecios e re-

compensas etc Steven Engler em seu artigo publicado na revista Rever intitulado

Teoria da Religiatildeo Norte-americana alguns debates recentes observa

Ludwig Wittgenstein propocircs o conceito de semelhanccedilas familiares para marcar as semelhanccedilas que existem entre as vaacuterias aplicaccedilotildees de uma mesma palavra Ele enfatizou o uso real das pessoas e natildeo o discurso fi-losoacutefico sobre essecircncias ()Todos esses elementos podem ser decla-rados da religiatildeo em geral mas nenhum deles eacute essencial Eles definem o nosso conceito ou modelo de religiatildeo Em princiacutepio esse grupo de ele-mentos pode ser alterado e a cada nova pesquisa podemos refinar nos-sa compreensatildeo sobre a religiatildeo A partir de tal ponto de vista uma religi-atildeo eacute qualquer coisa que contenha uma certa quantidade de elementos desse grupo Uma implicaccedilatildeo dessa teoria eacute a ausecircncia de distinccedilatildeo niacuteti-da entre religiatildeo e natildeo-religiatildeo Aleacutem disso haacute uma outra questatildeo como

17 Aspas satildeo do autor 18 Pedro A RIBEIRO DE OLIVEIRA A teoria do trabalho religioso em Pierre Bourdieu In TEIXEIRA Faustino (Org) Sociologia da religiatildeo enfoques teoacutericos p178 19 WITTGENSTEIN Ludwig Tractatus Logico-Philosophicus Satildeo Paulo Edusp 1994 e Investigaccedilotildees Filosoacuteficas 2ordm Ediccedilatildeo Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1995

32

poderiacuteamos determinar o que satildeo elementos religiosos sem saber o que significa religiatildeo20

Constatamos que a conceituaccedilatildeo teoacuterica do termo ldquoreligiatildeordquo passa pela

definiccedilatildeo e abordagem de grandes autores indo aleacutem eacute claro das possiacuteveis consi-

deraccedilotildees de cunho mais popular No entanto quando examinarmos com mais acui-

dade o que dizem os estudiosos sobre o assunto veremos que cada qual deu uma

possiacutevel contribuiccedilatildeo ao bom entendimento a essa complexa ideacuteia e sobre o termo

Eacute notoacuterio tambeacutem que cada estudioso parece colocar suas arguumliccedilotildees segundo suas

convicccedilotildees Natildeo nos cabe neste momento elaborar uma criacutetica aos diferentes e-

nunciados mas sim estabelecer uma valorizaccedilatildeo a eles afirmando que todos satildeo

importantes quando tentam elucidar o conceito e a significacircncia terminoloacutegica da

palavra ldquoreligiatildeordquo Contudo salvo melhor juiacutezo aleacutem de serem importantes referecircn-

cias teoacutericas para o nosso ponto-de-vista essas ideacuteias e enunciados satildeo por ve-

zes conflitantes

Exemplificando

() Jung nega o relato exclusivamente negativo que Freud faz da religiatildeo como neurose Na opiniatildeo de Freud como vimos tantas vezes a neurose da religiatildeo eacute gerada com base num conflito entre as partes consciente e in-consciente da mente conflito no qual os indiviacuteduos no ato do recalque re-cusam-se a admitir os impulsos infantis e edipianos que alimentam suas obsessotildees Reconhecer esses impulsos e suas associaccedilotildees passadas tor-na-se assim o primeiro passo rumo agrave derrota dessa enfermidade particular Para Jung no entanto essa avaliaccedilatildeo da religiatildeo eacute fundamentalmente er-rocircnea dado que supotildee que uma neurose tenha ou natildeo forma religiosa natildeo tem atributos positivos e que o inconsciente natildeo passa de um quarto de despejo de materiais incocircmodos advindos do passado infantil do pacien-te ndash de pensamento e impulsos tatildeo temidos que tornam necessaacuterio o recal-que Mas natildeo eacute esse o caso Longe de ser negativa a neurose tambeacutem pode ser um passo positivo no desenvolvimento psiacutequico ao desvelar no processo da regressatildeo o niacutevel mais profundo e criativo da mente inconsci-ente isto eacute o inconsciente coletivo Assim a denuacutencia freudiana da religiatildeo longe de promover a maturidade individual bloqueia-a agressivamente

20Steven ENGLER Teoria da Religiatildeo Norte-americana alguns debates recentes REVER - Revista de Estudos da Religiatildeo Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Religiatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo SP Nordm 4 de 2004 Versatildeo eletrocircnica disponiacutevel pelo endereccedilo httpwwwpucspbrreverrv4_2004p_englerpdf Uacuteltimo acesso em 27 de dezembro de 2006

33

Porque Freud preocupa-se tanto em descobrir a raiz bioloacutegica dessa neu-rose e em localizaacute-la no acircmbito das experiecircncias edipianas do inconsciente pessoal que deixa inteiramente de lado o foco mais positivo profundo e te-rapeuticamente necessaacuterio da religiatildeo que reside nas imagens coletivas primordiais e arquetiacutepicas da humanidade 21

Chiavenato observa a complexidade sobre o tema religiatildeo pelo prisma

das possiacuteveis abordagens e significaccedilotildees histoacutericas

Ao se estudar a histoacuteria da origem das religiotildees do ponto de vista soacutecio-econocircmico e poliacutetico seja qual for o meacutetodo utilizado mesmo discordando aprende-se a respeitar o misticismo e as crenccedilas caracteriacutesticas os argu-mentos teoloacutegicos e a feacute que inspirou liacutederes maacutertires e fieacuteis Ao mesmo tempo o contraponto entre o espiacuterito e a mateacuteria que tenta explicar o ho-mem diante das dificuldades de estar ser e agir no mundo e como essa complexidade foi usada para o bem e para o mal Mais bem e mal satildeo conceitos relativos agraves vezes maniqueiacutestas que mudam com os tempos e se contaminam de ideologia Aprende-se tambeacutem que natildeo existe certeza absoluta

E porque natildeo existe a certeza absoluta que infelizmente tem sido a arma dos fanaacuteticos de todos os calibres e ideologias causando males tatildeo conhe-cidos que uma ldquoconclusatildeordquo22 sobre a histoacuteria da origem das religiotildees eacute quase impossiacutevel Existem inuacutemeros fatores desde as idiossincrasias dos pesquisadores agraves particularidades de cada religiatildeo reagir a situaccedilotildees espe-ciacuteficas em diferentes momentos histoacutericos que impedem ou dificultam uma ldquoconclusatildeordquo definitiva

Reconhecer essa dificuldade natildeo significa fugir do problema o respeito ou a compreensatildeo das crenccedilas e ideacuteia alheias natildeo impede a criacutetica objetiva que procura uma anaacutelise racional dos fenocircmenos soacutecio-culturais Desse modo com um meacutetodo apoiado o quanto possiacutevel na objetividade cientiacutefica mesmo considerando a parcela de subjetividade de cada pesquisador pois ateacute o mais isento eacute passiacutevel de condicionamentos ideoloacutegicos eacute possiacutevel uma criacutetica ampla e esclarecedora sobre os fenocircmenos histoacutericos e sociais Os religiosos exigem respeito dos criacuteticos da religiatildeo Na mesma moeda os criacuteticos da religiatildeo poderiam pedir toleracircncia aos religiosos ao se defronta-rem com interpretaccedilotildees que natildeo lhes agradem

Eacute muito conhecida a afirmaccedilatildeo de Marx23 agraves vezes citada fora de seu con-texto que a luta de classes eacute o motor da histoacuteria Um acompanhamento da histoacuteria da humanidade principalmente nos uacuteltimos seacuteculos (e em muitos aspectos principalmente agora no seacuteculo XXI como demonstraram os inci-

21Michael PALMER Freud e Jung sobre a religiatildeo p 143 e 144 22 Aspas do autor 23O autor se refere a Karl MARX e a obra O Capital Criacutetica da Economia Poliacutetica Rio de Janeiro Editora Civilizaccedilatildeo Brasileira 1975

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dentes entre os Estados Unidos e os fundamentalistas islacircmicos) revela que a imposiccedilatildeo religiosa quando natildeo eacute o seu principal combustiacutevel tam-beacutem pode ser o ldquomotor da histoacuteriardquo propriamente dito24

Assim sendo e por forccedila da necessidade de nos posicionarmos diante de

tatildeo complexo fenocircmeno humano com variadas possibilidades conceituais que o

termo metodoloacutegica e cientificamente nos oferece vamos adotar o sentido significa-

tivo de ldquoreligiosidaderdquo preconizada por Rudolf Otto ao inveacutes de ldquoreligiatildeordquo em nossa

dissertaccedilatildeo Parece-nos salvo melhor juiacutezo que o termo religiosidade eacute mais ade-

quado aos paracircmetros da presente pesquisa pois natildeo seraacute o caso de entrar no meacute-

rito das discussotildees sobre o que venha a ser religiatildeo assim como tambeacutem natildeo abor-

daremos suas significacircncias pelos vieses teoloacutegicos dogmaacuteticos doutrinaacuterios ou

filosoacuteficos pois o presente trabalho natildeo estaacute focalizando a discussatildeo ou criacutetica sobre

possiacuteveis correntes do pensamento religioso

O termo religiosidade por sua vez tambeacutem tem assim como a palavra re-

ligiatildeo uma conceituaccedilatildeo complexa e possivelmente ainda mais ampla

Por uma abordagem atraveacutes do vieacutes da fenomenologia a religiosidade eacute

definida segundo Pedro A Ribeiro de Oliveira como ldquo() um conjunto de disposi-

ccedilotildees referentes ao sagrado antes que estas sejam socialmente elaboradas e sociali-

zadasrdquo 25

Complementando suas afirmaccedilotildees o autor anota que

Tal reflexatildeo natildeo assume qualquer conotaccedilatildeo negativa quanto ao fenocircme-no a ser examinado distinguimos a religiosidade de fenocircmenos propria-mente religiosos porque estes supotildeem certa institucionalidade ou pelo menos um miacutenimo de normatividade e sociabilidade enquanto aquela ex-pressaria a experiecircncia religiosa em seu estado original

Assim entendida a religiosidade natildeo poderia ser uma categoria socioloacutegi-ca uma vez que natildeo eacute um fato social De fato para falar de religiosidade eacute melhor comeccedilar pela proacutepria fenomenologia que ecirc nela um dos ele-

24Julio Joseacute CHIAVENATO Religiatildeo da origem agrave ideologia p 349 e 350 25Pedro A RIBEIRO DE OLIVEIRA Religiosidade conceito para as ciecircncias do social ndash Uma apro-ximaccedilatildeo fenomenoloacutegica In Seacutergio Ricardo COUTINHO (Org) Religiosidades misticismo e histoacuteria no Brasil Central p135

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mentos da proacutepria condiccedilatildeo humana aquele pendor que impulsiona o ser humano a buscar a transcendecircncia o sagrado o ganz andere26 ndash o intei-ramente outro Pendor que ao realizar-se provoca sensaccedilatildeo prazerosa que em algumas pessoas pode chegar ao ecircxtase Isso que chamamos de experiecircncia religiosa implica portanto o sentimento de comunhatildeo pro-funda com outras pessoas com a natureza ou com a proacutepria divindade27

Outra possiacutevel definiccedilatildeo do termo ldquoreligiosidaderdquo pode ser explicada pelo

vieacutes metodoloacutegico da historiografia com o enfoque socioloacutegico da religiosidade popu-

lar como afirma Laura de Mello e Souza

() a historiografia que se voltou para o estudo da religiosidade colonial procurou explicar suas caracteriacutesticas especiacuteficas A fluidez da organiza-ccedilatildeo eclesiaacutestica teria deixado espaccedilo para a atuaccedilatildeo dos capelatildees de engenho que gravitavam em torno dos senhores descuidando do papel do Estado e enfatizando o das famiacutelias no processo de colonizaccedilatildeo Gil-berto Freyre insere na sua explicaccedilatildeo aquilo que denomina de ldquocatolicis-mo de famiacuteliardquo com o capelatildeo subordinado ao pater famiacuteliasrdquo28 A religio-sidade subordinava-se desta forma agrave forccedila aglutinadora o organizatoacuteria dos engenhos de accediluacutecar integrando o triacircngulo Casa Grande ndash Senzala ndash Capela sua especificidade maior seria o familismo explicador do acentu-ado caraacuteter afetivo e da maior intimidade com a simbologia tatildeo caracteris-ticamente nossos29

Estela Noronha elaborou um posicionamento do termo ldquoreligiosidaderdquo

dentro da contextualizaccedilatildeo poacutes-moderna que contempla este trabalho Somou ob-

servaccedilotildees de dois autores preocupados com as diversas facetas dos assuntos rela-

cionados agrave religiosidade

26O destaque em itaacutelico no texto do autor 27Pedro A RIBEIRO DE OLIVEIRA Religiosidade conceito para as ciecircncias do social ndash Uma apro-ximaccedilatildeo fenomenoloacutegica In COUTINHO Seacutergio Ricardo (Org) Religiosidades misticismo e histoacuteria no Brasil Central p135 28A autora se refere a uma citaccedilatildeo na paacutegina 37 da obra de Gilberto FREYRE Casa Grande amp Senza-la ndash Formaccedilatildeo da famiacutelia brasileira sob o regime de economia patriarcal 9ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Joseacute Olympio 1958 29Laura de Mello e SOUZA O diabo e a terra de Santa Cruz feiticcedilaria e religiosidade popular no Bra-sil p87

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() Brandatildeo30 afirma que nos tempos atuais o indiviacuteduo passou a ser o construtor de sua religiosidade e se vincula a uma instituiccedilatildeo apenas de maneira formal No entanto esta vinculaccedilatildeo formal eacute importante porque segundo Carvalho31 estar inserido num determinado grupo daacute a sensa-ccedilatildeo de pertenccedila de contemporaneidade e ao mesmo tempo de vincula-ccedilatildeo aos centros produtores de sentido sem estar repetindo ou reprodu-zindo o tradicional Jaacute o poacutes-moderno apropria-se de elementos tradicio-nais da religiatildeo e os reinterpreta a partir de uma visatildeo secular do campo religioso onde a ideacuteia de consumo ou de mercado eacute predominante 32

No entanto para Rudolf Otto a religiosidade ou a feacute do indiviacuteduo estaacute li-

gada agrave experiecircncia social do sagrado O termo ldquosagradordquo ou ldquosacrordquo vem do latim

sacrum e sacer Tem como significado tudo aquilo o sujeito o objeto o tempo o

lugar ou a coisa que permite experienciar o divino Essa experiecircncia eacute vivida emo-

cionalmente entre os sentimentos de polos opostos perceptiacuteveis como por exemplo

os sentimentos flutuantes entre medoterror e a fascinaccedilatildeo A essa percepccedilatildeo Otto

chamou de misterium tremendum33 Faz-se necessaacuterio esclarecer tambeacutem que o

Sagrado34 para este estudioso eacute uma categoria de interpretaccedilatildeo e de avaliaccedilatildeo

que como tal soacute existe sob o domiacutenio religioso e que traz em sua essecircncia algo

com um significado e abrangecircncia maior e mais amplo transcendente e de natureza

divina o que em sua obra designou de numinosum 35

Carl G Jung avaliza largamente os conceitos de Otto para descrever sua

concepccedilatildeo do que venha a ser religiatildeo Logo no iniacutecio do livro Psicologia e religiatildeo

Jung pontua

Religiatildeo eacute ndash como diz o vocabulaacuterio latino religare ndash uma acurada e consciencio-sa observaccedilatildeo daquilo que Rudolf Otto acertadamente chamou de numinosum isto eacute uma existecircncia ou um efeito dinacircmico natildeo causados por um ato arbitraacuterio

30A autora refere-se ao autor e obra Carlos Rodrigues BRANDAtildeO A crise das instituiccedilotildees tradicio-nais produtoras de sentido p 25-41 31 A autora refere-se ao autor e obra Joseacute Jorge CARVALHO O encontro de velhas e novas religi-otildees p77-82 32Estela NORONHA Tenha feacute tenha confianccedila Iemanjaacute eacute uma esperanccedila Um estudo a luz da soacutecio-antropologia e da psicologia analiacutetica de fenocircmeno ldquoIemanjismordquo entre os natildeo devotos das religiotildees afro-brasileira p188 33 Rudolf OTTO O Sagrado p22 34Ibid p185-196 35Ibid p4

37

() e eacute independente de sua vontade () O numinoso pode ser a propriedade de um objeto visiacutevel ou o influxo de uma presenccedila invisiacutevel que produzem uma modificaccedilatildeo especial na consciecircncia Tal eacute pelos menos a regra universal 36

Consideradas as palavras de Otto e Jung a ldquoreligiosidaderdquo seraacute por noacutes

entendida como uma capacidade intriacutenseca e extriacutenseca humana em transcender37

significando eou resignificando a sua proacutepria existecircncia a despeito de valores dog-

maacuteticos doutrinaacuterios ritualiacutesticos e teoloacutegicos anteriores ou convencionais

Edecircnio Valle em seu livro Psicologia e experiecircncia religiosa38 estabele-

ceu a diferenccedila e explicou a religiosidade intriacutenseca e extriacutenseca onde as caracteriacutes-

ticas da religiosidade intriacutenseca satildeo o forte compromisso pessoal universalista eacuteti-

co e de amor ao proacuteximo A religiosidade intriacutenseca tambeacutem seria altruiacutesta humani-

taacuteria e natildeo-egocecircntrica na qual a feacute possui importacircncia central aceita sem reserva e

o credo seguido inteiramente Aberta a experiecircncia religiosa intensa vecirc positivamen-

te a morte e possui sentimentos de poder e de capacidade proacuteprios O mesmo autor

entende como caracteriacutesticas da religiosidade extriacutenseca a religiatildeo de conveniecircncia

surgida em momentos de crise e necessidade Etnocecircntrica39 exclusivista fechada

grupalmente sua feacute e crenccedilas satildeo superficiais e sofrem uma seleccedilatildeo subjetiva Utili-

taacuteria sem visar outras finalidades estaacute a serviccedilo de outras necessidades pessoais e

sociais Deus eacute visto como duro e punitivo e a visatildeo da morte eacute negativa Ao contraacute-

rio da religiosidade intriacutenseca na qual o sujeito tem sentimentos de poder e de ca-

pacidade proacutepria aqui o sentimento eacute de impotecircncia e de controle externo

A feacute assim como a religiatildeo e a religiosidade tambeacutem eacute um termo de

complexo entendimento que podemos abordaacute-lo de diversas maneiras No entanto

destacamos que apesar da palavra eventualmente nos remeter a uma ideacuteia de algo

natildeo comprovaacutevel do ponto de vista cientiacutefico a Ciecircncia da Religiatildeo nos permite uma

aproximaccedilatildeo conscienciosa dentro dos rigores metodoloacutegicos quando abordamos a

questatildeo fenomenologicamente ou atraveacutes da filosofia

36 Carl G JUNG Psicologia e Religiatildeo p9 37 Elevar-se acima de algo de estar em outro plano ou lugar (neste texto) 38Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia religiosa p270 39O termo se refere agrave tendecircncia do pensamento a considerar as categorias normas e valores da proacute-pria sociedade ou cultura como paracircmetro aplicaacutevel a todas as demais

38

A noeacutetica40 oferece oportunidade de examinarmos o assunto Segundo

Adolphe Gescheacute

() eacute o ser humano de um conhecimento porque haacute tambeacutem um conteuacute-do noeacutetico da feacute o crente eacute visitado por uma Palavra (fides ex auditu)41 Aqui a linguagem eacute a linguagem da revelaccedilatildeo O crente natildeo vive uma ex-periecircncia nebulosa mas uma experiecircncia transpassada por uma luz que ilumina o seu conhecimento embora este continue sendo ao mesmo tempo um ldquodesconhecimentordquo diante daquilo que o ultrapassa42

Wolmir Therezio Amado propotildee que nos prendamos a duas perspectivas

baacutesicas para entendermos o que eacute feacute e sobre as quais formulou correspondentes

epistemologias43

() uma delas foi considerar a feacute e a religiatildeo no acircmbito estatutaacuterio da adesatildeo voluntarista e sujeitas agraves expectativas do coraccedilatildeo outra foi o de conhecer o acircmbito epistemoloacutegico da feacute nos limites da consciecircncia dialeacuteti-ca Ambas estatildeo muito presentes na realidade atual ainda que questotildees novas acerca do discernimento da feacute tenham surgido na poacutes-modernidade e no contexto do terceiro mundo44

O mesmo autor pontua

() Para a fenomenologia o esforccedilo teoacuterico consiste em compreender a feacute apenas como sentido de fenocircmeno deixado de lado aquilo que ilumina a graccedila ou que indica uma ordem superior A feacute nessa perspectiva eacute analisada na ordem das significaccedilotildees No esforccedilo empreendido pela filo-sofia o conhecimento da feacute soacute eacute possiacutevel ser interpretado agrave medida que se adentra em suas articulaccedilotildees porque ela estaacute em toda experiecircncia humana Se de um lado a feacute eacute um dom conferido de outro tal dom eacute dado como possibilidade que tem o imperativo de desabrochar para-ser

40Noeacutetica (filosofia) Estudo das leis gerais do pensamento 41O destaque em itaacutelico eacute do autor 42Adolphe GESCHEacute O ser humano p34 43Conjunto de conhecimentos que tecircm por objeto o conhecimento cientiacutefico visando a explicar os seus condicionamentos (sejam eles teacutecnicos histoacutericos ou sociais sejam loacutegicos matemaacuteticos ou linguumliacutesticos) sistematizar as suas relaccedilotildees esclarecer os seus viacutenculos e avaliar os seus resultados e aplicaccedilotildees 44Wolmir Therezio AMADO Diaacutelogos com a feacute p103

39

Assim a feacute se daacute em trecircs niacuteveis baacutesicos como puro desvelamento45 do outro ausente como confianccedilaesperanccedila ou entrega de si ao outro e como manifestaccedilatildeo externa paradigma visiacutevel No esforccedilo de-ser capta (sem se apropriar) o ser analoacutegico Mas este captar implica uma feacute meta-fiacutesica uma vez que outro soacute eacute compreendido por semelhanccedila A verifica-ccedilatildeo absoluta nunca me seraacute possiacutevel por isso haacute a praacutexis46 do risco e da confianccedila por mim assumida Alem da fenomenologia e da filosofia a feacute eacute apresentada teologicamente pela oacutetica biacuteblica47

Alguns autores se preocuparam em observar e tentar descrever as situa-

ccedilotildees ocorrentes de feacute por outras abordagens entre os seres humanos

Um deles foi James W Fowler que sobre o prisma da religiosidade teceu

as consideraccedilotildees sobre a feacute em sua obra Estaacutegios da Feacute A Psicologia do Desen-

volvimento Humano e a Busca de Sentido Nela admite a centralidade deste fenocirc-

meno na vida do ser humano e para isso interpreta-o por um vieacutes existencial Se-

gundo este autor eacute na existecircncia real que podemos vislumbrar o transcendente e

assim construir um sentido para a vida gerando consequumlecircncias positivas para o

contexto vivencial de cada um

Outro aspecto relevante neste livro eacute que a feacute eacute sempre relacional de-

pende das variaacuteveis que atingem o ser humano a todo tempo Satildeo pessoas que fa-

zem parte e partilham a feacute com os outros seres humanos A feacute desta forma estaria

presente no humano de forma universal e seria algo anterior agrave crenccedila aleacutem de ter o

poder de sustentar a vida

Fowler se preocupa com questotildees da feacute porque entende que ela eacute mais

profunda e pessoal do que a religiatildeo e eacute a maneira pela qual uma pessoa ou grupo

responde aos valores e aos poderes transcendentes conforme satildeo percebidos e

aprendidos atraveacutes das formas da tradiccedilatildeo cumulativa Essa tradiccedilatildeo por sua vez

agrega valores que se refletem na crenccedila que eacute alimentada e vivida na feacute Contudo

eacute a feacute que eacute colocada como mais rica e a mais pessoal pois leva o ser humano aleacutem

de si mesmo e isso eacute segundo o autor algo de maravilhoso pois permite viver a

vida como ela eacute

45O sentido da palavra lsquodesvelamentorsquo no texto eacute aplicaacutevel a dar a conhecer (conhecimento) ou reve-lar (revelaccedilatildeo) 46O sentido da palavra lsquopraacutexisrsquo empregado pelo autor em seu texto deve ser compreendida como Atividade praacutetica accedilatildeo exerciacutecio ou uso 47Wolmir Therezio AMADO Diaacutelogos com a feacute p104

40

Nesta obra existe tambeacutem uma anaacutelise que aborda os aspectos da feacute pe-

lo vieacutes desenvolvimento da crianccedila do adolescente e do adulto no meio familiar on-

de a confianccedila e amor vatildeo gerar os futuros trilhos da feacute naquele sujeito que viven-

ciou o contexto da famiacutelia segura A lealdade eacute apresentada como modelo e tambeacutem

eacute cobrada nas relaccedilotildees diaacuterias da pessoa que se insere na sociedade

Fowler tambeacutem estabeleceu sete estaacutegios de desenvolvimento da feacute

O primeiro estaacutegio seria o da feacute primal durante a formaccedilatildeo uterina e

tambeacutem presente nos primeiros meses apoacutes o nascimento Esta fase envolveria os

iniacutecios da confianccedila emocional O desenvolvimento posterior da feacute teria como base

este primeiro estaacutegio

O segundo estaacutegio relacionaria a vida pessoal na primeira infacircncia Seria

a Feacute intuitiva ou projetiva Neste estaacutegio a imaginaccedilatildeo articular-se-ia agrave percepccedilatildeo

dos sentimentos para criar imagens religiosas de longa duraccedilatildeo A crianccedila se torna-

ria consciente do sagrado das proibiccedilotildees e da existecircncia das normas morais

O terceiro corresponderia ao estaacutegio das operaccedilotildees concretas onde a

crianccedila aprenderia a diferenciar a fantasia do mundo real e teria tambeacutem condiccedilotildees

de perceber a perspectiva dos outros As crenccedilas e siacutembolos religiosos satildeo aceitos

de forma quase literal A este o autor denominou como o estaacutegio da feacute miacutetica

O quarto estaacutegio estaria situado na fase do iniacutecio da adolescecircncia ou pu-

berdade A confianccedila se desloca para as ideacuteias abstratas do pensamento loacutegico for-

mal e a um possiacutevel relacionamento mais pessoal com Deus As consideraccedilotildees so-

bre as experiecircncias passadas ou anteriores permitem ao indiviacuteduo externar preocu-

paccedilotildees com o futuro junto a outras pessoas e a construccedilatildeo de um mundo baseado

em valores e em pontos de vista pessoais A este estaacutegio Fowler denominou como

sendo a feacute sinteacutetica ou convencional

O quinto estaacutegio ocorreria no periacuteodo que fosse do final da adolescecircncia

agrave fase adulta Nesta fase as pessoas fariam uma reconstituiccedilatildeo e exame criacutetico dos

valores e crenccedilas inclusive recorrendo ao apoio de autoridades externas agrave famiacutelia

visando um suporte mais interno aacute sua pessoa A este estaacutegio do desenvolvimento

da feacute o autor chamou ndash a de individualizada e reflexiva

O sexto estaacutegio ocorreria nas pessoas de meia idade e aleacutem Nesta fase

da vida haveria a possibilidade da conjugaccedilatildeo de opostos como por exemplo a

compreensatildeo que um indiviacuteduo pode ser jovem e velho masculino e feminino des-

trutivo e construtivo Pode decorrer deste particular uma atenccedilatildeo e um relaciona-

41

mento mais profundo atraveacutes dos siacutembolos e do relacionamento com eles possibili-

tando uma ampliaccedilatildeo das muacuteltiplas perspectivas do mundo em sua complexidade

Este fato permitiraacute tambeacutem ao indiviacuteduo passar do estaacutegio da feacute individualizada pa-

ra aquela que chamou de conjuntiva cuja particularidade seria o entendimento de

seus valores em sua multidimensionalidade e interdependecircncia orgacircnica

Finalmente Fowler estabeleceu o seacutetimo estaacutegio que chamou de feacute uni-

versalizante Seria o estaacutegio final que envolveria o sujeito e onde estaria a experi-

ecircncia de unidade com o poder do ser e de Deus com um compromisso para a justi-

ccedila e o amor aleacutem da superaccedilatildeo da opressatildeo e da violecircncia As pessoas que che-

gassem a este estaacutegio da feacute viveriam como se o reino do amor e justiccedila estivesse

realmente presente Satildeo indiviacuteduos que estatildeo integralmente voltados contra as in-

justiccedilas e sob um taacutecito abraccedilo com a paz Natildeo haacute neste caso uma idade especiacutefi-

ca

Quanto ao fenocircmeno ldquofeacuterdquo se observado em seu significado mais amplo e

pelo lado pessoal dos indiviacuteduos ele nos leva a correlacionaacute-lo a algo em que se

acredita ou se confia No entanto se avanccedilarmos um pouco mais pela natureza praacute-

tica terminoloacutegica encontraremos pelo menos duas aplicaccedilotildees distintas na primeira

possibilidade veremos uma conceituaccedilatildeo de cunho racionalista estando ligada ao

vieacutes cientiacutefico nos cientistas e seus postulados em evidecircncias fiacutesicas ou laboratori-

ais

A segunda possibilidade aparece quando o fenomeno natildeo tem como base

essas evidecircncias Neste caso a feacute estaacute associada a experiecircncias pessoais (de

enfoque psicoacutelogico) e pode ser transmitida a outros atraveacutes de relatos histoacutericos

(cristianismo judaiacutesmo e islamismo) Neste sentido ela eacute associada ao contexto

religioso ou miacutestico

Como escreve JB Libacircnio

A feacute religiosa eacute contruiacuteda sobre a base humana Sem feacute humana natildeo haveria feacute religiosa Ela pede um salto para o aleacutem da esfera das relaccedilotildees humanas entra no campo do misteacuterio

A fenomenologia da religiatildeo constata como experiecircncia existente em todas as culturas exceto na cultura moderna a realidade numinosa a feacute

42

religiosa O termo ldquonuminosordquo ndash do latim numem - exprime a vontade e o poder divinos 48

A decisatildeo de ter feacute pode ser por vezes unilateral ou seja depende da

vontade da sensibilidade ou da percepccedilatildeo sensorial e individual ou pode ainda ser

aprendida Neste caso os cleacuterigos tecircm uma importante participaccedilatildeo no

entendimento sobre a concepccedilatildeo da ideacuteia da feacute assim como a famiacutelia pela

transmissatildeo de seus valores religiosos Outras vezes a feacute pode se manifestar

independentemente da vontade do indiviacuteduo como por exemplo um ldquoacreditarrdquo

oriundo de uma possiacutevel revelaccedilatildeo miacutestica ou divina

Essa eacute outra vertente religiosa segundo o autor

() mistura-se com traccedilos da psicologia humanista transpessoal de auto-realizaccedilatildeo Prefere-se o termo espiritualidade em vez de feacute Essa escolha jaacute indicava uma diluiccedilatildeo de seu caraacuteter Eacute uma espiritualidade global que toca a piedade e religiosidade de traccedilos matriarcais da qual a Nova Era eacute a melhor expressatildeo O acesso ao divino se faz no interior de cada pessoa e natildeo por meio das realidades objetivas que as religiotildees tradicionais oferecem dogmas sacramentos e ritos institucionalizados

Eacute uma experiecircncia de interioridade intuitiva contemplativa do ser que transcende o fazer no interior do ser Aiacute estaacute a presenccedila divina natildeo necessariamente da pessoa de Deus49

Na atualidade anotou Libacircno que

() a feacute religiosa cresce na sociedade atual por outra razatildeo A secularizaccedilatildeo que teve seu apogeu nas deacutecadas de 1960 e 1970 especialmente no meio intelectual e sob sua influecircncia provocou uma reaccedilatildeo contraacuteria Ao reduzir o papel e o poder das religiotildees sobre a sociedade e a cultura a secularizaccedilatildeo produziu uma privatizaccedilatildeo das formas religiosas As pessoas escolhem as formas religiosas que mais

48Joatildeo Batista LIBAcircNIO Feacute p20 e 22 49Ibid p29

43

respondem agrave subjetividade provocando verdadeiro surto religioso Eacute a outra face da secularizaccedilatildeo que minando as instituiccedilotildees engendrou uma busca sedenta de expressotildees religiosas50

Continuou o autor

() Trava-se entatildeo uma forte luta entre a feacute religiosa coacutesmica e a apropriaccedilatildeo capitalista da natureza No niacutevel estritamente religioso ela assume papel profeacutetico e criacutetico na sociedade Isso explica o crescimento em nosso meio do budismo da miacutestica islacircmica e de outras formas sacrais coacutesmicas como o Santo Daime e a Uniatildeo do Vegetal Haacute uma sede de feacute religiosa no meio do desgaste psico-humano provocado pela sociedade e cultura modernas A Nova Era traduz muito dessa feacute religiosa atual51

Assim sendo os enunciados acima satildeo alguns dos que melhor explicam

o fenocircmeno Concluiacutemos que pode-se ter feacute tanto numa pessoa quanto num objeto

inanimado numa ideologia num pensamento filosoacutefico num sistema qualquer num

conjunto de regras numa crenccedila numa base de propostas ou em dogmas de uma

determinada religiatildeo

1 2 Marketing uma ideacuteia e um conceito em evoluccedilatildeo

Para concebermos qualquer tipo de negoacutecio o marketing eacute a primeira fer-

ramenta existente agrave disposiccedilatildeo do mercado nestes nossos tempos

A palavra ldquomarketingrdquo assim como o vocaacutebulo ldquoreligiatildeordquo tem sido usada

de forma quase indiscriminada e em contextos cada vez mais diferentes daqueles

que a nosso ver seriam os mais corretos Assim sendo nos parece oportuno e ne-

50Joatildeo Batista LIBAcircNIO Feacute p25 e 26 51Ibid p 27

44

cessaacuterio trazermos um posicionamento mais acurado acerca de seu significado evi-

tando desta forma os pleonasmos com que os usos coloquiais por vezes nos brin-

dam

Como trabalharemos com a hipoacutetese que a presente pesquisa apontou

de que a feacute seja a alavanca motivacional de negoacutecios no varejo de produtos religio-

sos e depois de expor estudos realizados para melhor compreensatildeo da terminologia

atinente agrave religiatildeo agrave religiosidade e agrave feacute procuraremos nos situar frente agrave terminolo-

gia e conceituaccedilatildeo do marketing

Isto posto analisaremos atraveacutes de um breve relato histoacuterico a evoluccedilatildeo

conceitual que o marketing vem experimentando ao longo do tempo

Alexandre Luzzi Las Casas nos apontou

Antes de analisar o assunto detalhadamente conveacutem fazer um esclareci-mento a respeito do termo em inglecircs No Brasil por volta de 1954 marke-ting foi traduzido como mercadologia quando surgiram os primeiros movi-mentos para a implantaccedilatildeo de curso especiacutefico em estabelecimento de en-sino superior e desde entatildeo tem sido adotada essa expressatildeo

Entretanto o termo em inglecircs significa accedilatildeo no mercado como a traduccedilatildeo sugere ()

Para entendermos o significado de marketing o ideal eacute comeccedilar com a de-finiccedilatildeo claacutessica da literatura mercadoloacutegica Em 1960 a Associaccedilatildeo Ameri-cana de Marketing definiu-o como ldquoo desempenho das atividades comerci-ais que dirigem o fluxo de bens e serviccedilos do produtor ao consumidor ou usuaacuteriordquo 52

Francisco Gracioso afirmou completando as palavras de Las Casas

() Esta definiccedilatildeo como agrave daqueles economistas deixaram de lado muitos fatos da vida real Mas era inteiramente consistente com os princiacutepios eco-nocircmicos da divisatildeo do trabalho que se seguiram agrave Revoluccedilatildeo Industrial na Inglaterra No entanto apesar de arranharem em certas passagens o es-copo e a importacircncia do marketing como noacutes entendemos hoje as obras de Torrens James Mill e Ricardo concentram-se em apenas dois dos fato-

52Alexandre L LAS CASAS Marketing conceitos exerciacutecios casos p15

45

res modernamente associados ao marketing a produccedilatildeo e a distribuiccedilatildeo relegando o consumo e o consumidor a um plano totalmente secundaacuterio Muitas deacutecadas se passariam antes que se compreendesse que uma nova teacutecnica de produccedilatildeo fosse capaz de produzir determinado artigo mais raacutepi-do e economicamente teraacute apenas valor teoacuterico se natildeo for possiacutevel a ab-sorccedilatildeo do mercado para aquele tipo de produto 53

Continuando Gracioso afirmou que

() A teoria econocircmica claacutessica falhou em que o estudo do marketing mo-derno realmente tem iniacutecio o consumidor e os problemas da criaccedilatildeo da demanda Ao contraacuterio via o ajustamento entre a oferta e a procura em termos puramente de uma operaccedilatildeo automaacutetica do mecanismo de preccedilos Se a oferta de um produto subisse o preccedilo cairia e os consumidores com-prariam mais Se a oferta caiacutesse os preccedilos subiriam e os consumidores comprariam menos

Foi o economista inglecircs JMKeynes em seu famoso livro General Theory of Employment Interest and Money publicado em 1936 quem pela pri-meira vez expocircs de forma clara a falaacutecia dessa regra Keynes demonstrou que havia ainda outros fatores subjetivos mas nem por isso menos impor-tantes que influem poderosamente no acircnimo e no comportamento do con-sumidor

Impulsos e motivaccedilotildees psicoloacutegicas absolutamente pessoais satildeo alguns fatores e sobre eles muito falaremos neste livro 54

O autor assinalou ainda

() A etapa seguinte foi a percepccedilatildeo pelos produtores que a uacutenica manei-ra de minimizar este risco e garantir uma base de crescimento firme para a sua produccedilatildeo seria uma compreensatildeo mais perfeita e profunda do que re-almente interessava ao mercado Em outros termos era preciso conhecer melhor quais os verdadeiros anseios interesses e necessidades concretas e subjetivas dos consumidores aos quais se destinavam as mercadorias produzidas

53Francisco GRACIOSO Marketing O sucesso em 5 movimentos p 16 54Ibid p17

46

Pouco a pouco tomava forma o conceito baacutesico de marketing moderno produz-se aquilo que os consumidores desejam55

Gracioso finalizou sua exposiccedilatildeo conceitual afirmando ldquo() marketing eacute o

conjunto de esforccedilos realizados para criar (ou conquistar) e manter clientes satisfei-

tos e lucrativosrdquo 56

Segundo a visatildeo de Peter Drucker marketing eacute uma funccedilatildeo eminente-

mente empresarial como verificaremos a seguir

Marketing eacute a funccedilatildeo distintiva e uacutenica da empresa Uma empresa se dis-tingue de todas as outras organizaccedilotildees humanas pelo fato de oferecer ao mercado um produto ou serviccedilo Nem a igreja nem o exeacutercito nem a esco-la e nem o governo fazem isso Qualquer organizaccedilatildeo que se completa a-traveacutes do marketing de um produto ou serviccedilo eacute uma empresa Qualquer organizaccedilatildeo em que o marketing estaacute ausente ou eacute incidental natildeo eacute uma empresa e jamais deveraacute ser administrada como tal57

Continuando sua tese o autor filoacutesofo e estrategista empresarial afirmou

() O marketing eacute tatildeo baacutesico que natildeo pode ser considerado uma funccedilatildeo agrave parte (ie uma habilidade ou trabalho separado) dentro da empresa como pessoal ou produccedilatildeo Marketing requer trabalho em separado e um nuacutemero de atividades distintas Mas eacute em primeiro lugar uma dimensatildeo central de toda a empresa Eacute a empresa toda observada do ponto de vista de seu re-sultado final isto eacute do ponto de vista do consumidor Preocupaccedilatildeo e res-ponsabilidade por marketing devem portanto estar em todas as aacutereas da empresa58

55Francisco GRACIOSO Marketing O sucesso em 5 movimentos p18 56Ibid p29 57Peter F DRUCKER Administraccedilatildeo tarefas responsabilidade e praacuteticas p 67 58Ibid p69

47

Como percebemos satildeo muitas as possibilidades conceituais que nos dias

de hoje estatildeo agrave nossa disposiccedilatildeo sobre este assunto Faz-se importante notar que

por vezes alguns fatores ou caracteres se tornam comum aos teoacutericos Neste caso

vamos destacar a explicitaccedilatildeo da preocupaccedilatildeo com o cliente ou consumidor final e o

foco das relaccedilotildees entre eles tendo em vista uma possiacutevel dinacircmica comercial e a

delicada relaccedilatildeo com o necessaacuterio lucro por parte das empresas

Alguns autores prendem-se mais agraves preocupaccedilotildees estruturais de uma

empresa como Drucker observou Outros tecircm as suas arguumliccedilotildees voltadas para o

significado semacircntico da palavra ldquomarketingrdquo e seu histoacuterico-econocircmico (Las Casas

e Gracioso respectivamente)

De fato cada autor e agrave sua maneira tem suas razotildees para enfatizar as

possiacuteveis conceituaccedilotildees que o termo marketing recebe Vale acrescentar que todas

as possibilidades acima descritas como exemplos satildeo vaacutelidas e natildeo raramente

complementares entre si59

Outra observaccedilatildeo relevante eacute que o conceito e a significacircncia teacutecnica da

expressatildeo marketing tem evoluiacutedo mudado e se aprimorado com o passar do tem-

po Portanto natildeo seria prudente afirmar-se categoricamente uma ou outra possibili-

dade60

Para este trabalho e devido agrave necessidade de adotarmos uma linha de

pensamento mais pontuada e visando uma satisfatoacuteria e transparente aderecircncia ao

meacutetodo cientiacutefico vamos adotar como conceito a formulaccedilatildeo conceitual de Philip

Kotler e Gary Armstrong ldquoUm processo administrativo e social pelo qual indiviacuteduos e

grupos obtecircm o que necessitam e desejam por meio da criaccedilatildeo oferta e troca de

produtos e valor com os outrosrdquo 61

Partiremos do preacute-suposto que a conceituaccedilatildeo de Kotler e Armstrong es-

teja dentro de uma dinacircmica organizacional portanto de forma sistecircmica como pre-

59Diferentemente do termo ldquoreligiatildeordquo que provoca grandes e toacuterridas discussotildees nos meios acadecircmi-cos a palavra ldquomarketingrdquo experimenta ao longo do tempo constante evoluccedilatildeo 60A Administraccedilatildeo de empresas quando vista sob o prisma cientiacutefico se enquadra no conjunto das ciecircncias humanas e sociais aplicadas Assim sendo conceituaccedilotildees mais obliacutequas satildeo sempre peri-gosas pois essa ciecircncia natildeo raramente transcende agrave cabiacutevel exatidatildeo das ciecircncias exatas Embora as respostas e justificativas administrativas quase sempre ocorram em formas numeacutericas o adminis-trador deve ter sempre em mente a principal razatildeo de sua existecircncia que eacute o compromisso-primo com o fator humano endoacutegeno e exoacutegeno nas organizaccedilotildees Queiram essas organizaccedilotildees visem o lucro ou natildeo 61Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de marketing p03

48

coniza a administraccedilatildeo cientiacutefica Tal dinacircmica mercadoloacutegica empresarial teraacute como

foco seus clientes razatildeo maior da existecircncia da empresa comercial e institucionali-

zada O capital e seu mercado deveratildeo estar permanentemente monitorados e de-

fendidos Suas preocupaccedilotildees estrateacutegicas no entanto estaratildeo voltadas para o futu-

ro em termos de tempo demanda e lucratividade

A maneira de interpretar o marketing no presente trabalho natildeo se descui-

da desta maior amplitude do conceito moderno da aacuterea embora nossa ecircnfase esteja

primordialmente voltada agrave empresa comercial varejista e sobretudo agraves responsabi-

lidades dos executivos que administram recursos limitados agrave luz de objetivos prede-

terminados e voltados ao conviacutevio com um meio ambiente em constante transforma-

ccedilatildeo

O nuacutecleo de nossa definiccedilatildeo de marketing eacute a ideacuteia da troca ou do inter-

cacircmbio de quaisquer tipos de valores entre partes interessadas Esta troca pode en-

volver objetos tangiacuteveis (tais como bens de consumo e dinheiro) e intangiacuteveis (como

serviccedilos ou mesmo ideacuteias)

Por mais ampla que possa ser a gama de objetos transacionados no ca-

so desta dissertaccedilatildeo seratildeo considerados os de uso e aplicaccedilotildees ritualiacutesticas ou afe-

tos agrave religiosidade No entanto tipos especiais de trocas eacute que mereceratildeo ser carac-

terizados como mercadoloacutegicos Para que neste trabalho tenha importacircncia e mere-

ccedila esta abordagem essas trocas deveratildeo ter o intuito da continuidade no processo

entre as partes envolvidas ou seja ela deve ser ao mesmo tempo sistemaacutetica in-

tencional e voltada para uma expectativa de resultados previsiacuteveis intuiacutedos ou dese-

jados Esses resultados deveratildeo ser almejados por parte dos empresaacuterios e dos cli-

entes de empresas varejistas que operacionalizam suas atividades sobre o nicho da

religiosidade

49

13 O desenvolvimento e a cronologia de uma ideacuteia marketing

bull O iniacutecio

Apesar de encontrarmos suas raiacutezes ao longo da histoacuteria da humanidade

na proacutepria gecircnese do comeacutercio o marketing eacute um campo de estudo novo se

comparado com as demais aacutereas do saber O estudo do mercado surgiu da

necessidade dos empresaacuterios em administrar uma nova realidade oriunda da

Revoluccedilatildeo Industrial

A revoluccedilatildeo industrial em seus dois momentos histoacutericos iniciou grandes

mudanccedilas econocircmicas e sociais No primeiro momento62 apareceram como fases

relevantes a mecanizaccedilatildeo da induacutestria e da agricultura a aplicaccedilatildeo da forccedila motriz

industrial e o desenvolvimento do sistema fabril aleacutem de uma formidaacutevel aceleraccedilatildeo

nos meios de transportes e de comunicaccedilotildees Em uma segunda etapa podemos

enunciar vaacuterias caracteriacutesticas importantes que marcaram eacutepoca63 a substituiccedilatildeo do

ferro pelo accedilo o desenvolvimento da maquinaria automaacutetica e um alto grau de

especializaccedilatildeo do trabalho nos ambientes fabris o crescente domiacutenio da induacutestria

pela ciecircncia o desenvolvimento de novas formas de organizaccedilatildeo capitalista e a

expansatildeo da industrializaccedilatildeo ateacute a Europa Central e Oriental por exemplo Desta

maneira essas novas situaccedilotildees modificaram a relaccedilatildeo do capital com os meios de

produccedilatildeo ateacute entatildeo e anteriormente existentes Como consequumlecircncia

estabeleceram tambeacutem um reposicionamento das forccedilas produtivas com o mercado

consumidor

Neste estaacutegio da histoacuteria econocircmica mundial o marketing ainda era

inseparaacutevel da economia e da administraccedilatildeo claacutessica A gestatildeo econocircmica e

empresarial nesse instante preocupou-se com a logiacutestica a produtividade e a

maximizaccedilatildeo dos lucros Os consumidores natildeo tinham qualquer poder de barganha

com os fabricantes e produtores Os aspectos humanos do mercado eram

ignorados aleacutem da concorrecircncia ser praticamente inexistente

62Seacuteculo VXII 63Seacuteculo XIX

50

Essa eacutepoca comeccedilam a surgir os primeiros sinais de excesso de oferta Os fabricantes desenvolveram-se e produziram em seacuterie Portanto a oferta passou a superar a demanda e os produtos acumulavam-se em estoques Algumas empresas comeccedilaram a utilizar teacutecnicas de vendas bem mais agressivas e a ecircnfase na comercializaccedilatildeo das empresas dessa eacutepoca era totalmente dirigidas agraves vendas 64

Nos anos 40 os trabalhos e observaccedilotildees a respeito da aplicaccedilatildeo da

psicologia na propaganda e o de William J Reilly65 sobre as Leis de Gravitaccedilatildeo do

Varejo66 comeccedilaram a dar um enfoque cientiacutefico ao marketing Uma das questotildees

cruciais nesse momento da histoacuteria era se as teorias de mercado podiam ou natildeo se

desenvolver Algumas abordagens defendiam a tese que isso nunca seria possiacutevel

Natildeo seriam passiacuteveis de desenvolvimento a uma teoria mercadoloacutegica genuiacutena pois

a consideravam extremamente subjetiva quase uma forma de arte Tal realidade

manteve-se inalterada ateacute os instantes finais da Segunda Guerra Mundial quando

entatildeo reagindo ao crescimento da concorrecircncia mercadoacutelogos comeccedilaram a

teorizar sobre como atrair e lidar com seus consumidores em funccedilatildeo da super-

produccedilatildeo Surgiu entatildeo a cultura de vender a qualquer preccedilo

bull Deacutecada de 1950

A primeira tentativa de mudanccedila dessa visatildeo mercadoloacutegica veio em

1954 pelas matildeos de Peter Drucker ao lanccedilar seu livro A Praacutetica da Administraccedilatildeo

Natildeo se tratava de ser propriamente um livro sobre marketing mas foi o primeiro

registro escrito que cita o marketing como uma forccedila poderosa a ser considerada

pelos administradores

64Alexandre L LAS CASAS Marketing conceitos exerciacutecios casos p22 65REILLY WJ The Law of Retail Gravitation New York Knickerbocker Press 1931 66 Principais enunciados

bull - A atraccedilatildeo de fregueses varia diretamente com a populaccedilatildeo da aacuterea em que o varejo se encontra

bull - A atraccedilatildeo de fregueses varia inversamente com o quadrado da distacircncia a ser percorrida por estes

bull - Uma cidade de maior populaccedilatildeo atrai o consumo de uma localidade menor na proporccedilatildeo direta do nuacutemero de habitantes

bull - Uma cidade de maior populaccedilatildeo atrai o consumo de uma localidade menor na proporccedilatildeo inversa ao quadrado da distacircncia entre elas

51

bull Deacutecada de 1960

Sequencialmente em 1960 elaborado por Theodore Levitt professor da

Harvard Business School em artigo na revista Harvard Business Review entitulado

Miopia de Marketing67 revelou uma seacuterie de erros de percepccedilotildees mostrou a

importacircncia da satisfaccedilatildeo dos clientes e transformou para sempre o mundo dos

negoacutecios O vender a qualquer custo deu lugar agrave satisfaccedilatildeo garantida

O universo do marketing comeccedilou a expandir-se e artigos cientiacuteficos

foram escritos pesquisas feitas e dados estatisticamente relevantes traccedilados

Foram separadas as estrateacutegias eficientes dos ldquoachismosrdquo e viu-se a necessidade de

um estudo seacuterio do mercado Este conhecimento adquirido ficou espalhado difuso

muitas vezes restrito ao mundo acadecircmico Em 1967 Philip Kotler lanccedilou a primeira

ediccedilatildeo de seu livro Administraccedilatildeo de Marketing onde pocircs-se a reunir revisar

testar e consolidar as bases daquilo que ateacute hoje formam o ldquocacircnone do marketingrdquo

bull Deacutecada de 1970

Nos anos 70 destacou-se o fato de surgirem departamentos e diretorias

de marketing em todas as grandes empresas Natildeo se tratava mais de uma boa ideacuteia

mas de uma necessidade de sobrevivecircncia Eacute nesta eacutepoca que se multiplicaram os

supermercados shopping centers e franchises De fato a contribuiccedilatildeo do marketing

foi tatildeo notoacuteria no meio empresarial que passou rapidamente a ser adotada em

outros setores da atividade humana O governo organizaccedilotildees civis entidades

religiosas e partidos poliacuteticos passaram a valer-se das estrateacutegias de marketing

adaptando-as agraves suas realidades e necessidades

bull Deacutecada de 1980

67Theodore LEVITT Marketing Myopia Harvard Business Review vol 38 1960 p 45-56

52

Em 1982 o livro Em Busca da Excelecircncia68 de Tom Peters e Bob

Waterman inaugurou todo um periacuteodo de escritores sobre o marketing Num golpe

de sorte editorial produziram o livro de marketing mais vendido de todos os tempos

ao focarem completamente sua atenccedilatildeo no cliente Esse fenocircmeno editorial levou o

marketing agraves massas e portanto agraves pequenas e meacutedias empresas e a todo o tipo de

profissional Talvez por isso e tambeacutem por uma necessidade mercadoloacutegica o

marketing passou a ser uma preocupaccedilatildeo atinente agrave alta direccedilatildeo de todas as mega-

corporaccedilotildees natildeo estando mais restrita a uma diretoria ou departamento

O fecircnomeno dos gurus entretando eacute responsaacutevel pelo posterior descuido

com o rigor da investigaccedilatildeo cientiacutefica e uma tendecircncia a modismos Nesta eacutepoca

floreceram diversos autores tais como Al Ries69 que definiu o conceito de

posicionamento 70 e o markerting de guerra e guerrilha 71 e Masaaki Imai72 que

idealizou o modelo Kaizen73 Esses autores ganharam reconhecimento no mundo

dos negoacutecios e alta reputaccedilatildeo no universo empresarial por suas ideacuteias e abordagens

originais

bull Deacutecada de 1990

Assim como ocorreu em muitos outros setores o avanccedilo tecnoloacutegico dos

anos 90 teve um forte impacto no mundo do marketing O comeacutercio eletrocircnico foi

68PETERS Tom J e WATERMAN Bob Search of Excellence Lessons from Americas Best-Run Companies London Editora Haper Collins 1992 69RIES Al Marketing de Guerra Satildeo Paulo 31ordf Ediccedilatildeo Editora Makron Books 1986 70 Posicionamento eacute uma teacutecnica onde os homens e mulheres dedicados ao marketing geram ou transformam uma imagem ou identidade para um produto marca ou empresa Eacute o espaccedilo que um produto ocupa na mente do consumidor em um determinado mercado O posicionamento de um produto eacute como compradores potenciais o vecircem e eacute expressado pela relaccedilatildeo de posiccedilatildeo entre os competidores 71 Marketing de guerra e guerrilha Satildeo accedilotildees mercadoloacutegicas inspiradas no desenvolvimento taacutetico e estrateacutegico das accedilotildees militares convencionais Tecircm como principal foco de atenccedilatildeo e orientaccedilatildeo a concorrecircncia empresarial 72Imai MASAAKI Kaizen - The Key to Japans Competitive Success New York Random House Business Division 1986 73Kaizen em japonecircs kai significa mudanccedila e zen para melhor Da junccedilatildeo nasceu uma estrateacutegia minuciosa de melhorias graduais implementadas continuamente nas empresas Os japoneses credi-tam a essa estrateacutegia como um dos seus principais fundamentos o desenvolvimento industrial do Japatildeo do poacutes-guerra Este modelo de gestatildeo eacute enunciado em 1986 por Imai num livro Kaizen-The Key to Japans Competitive Success Nesse livro o autor cita uma seacuterie de inovaccedilotildees de gestatildeo ja-ponesa ateacute ali olhadas separadamente debaixo do que ele chama um leque conceitual No kaizen abrigam-se praacuteticas que vecircm desde os anos 50 como os conceitos consagrados do ldquojust in timerdquo da administraccedilatildeo da produccedilatildeo assim como os conceitos do controle da qualidade total

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uma revoluccedilatildeo na logiacutestica distribuiccedilatildeo e formas de pagamento O CRM (Customer

Relationship Management) e os serviccedilos de atendimentos ao consumidor entre

outras inovaccedilotildees tornaram possiacutevel uma gestatildeo de relacionamento com os clientes

em larga escala E como se isso natildeo fosse suficiente a Internet chegou como uma

nova via de comunicaccedilatildeo Eacute a eacutepoca do maximarketing de Stan Rapp74 do

marketing 1 to 175 da Peppers amp Rogers Group76 do aftermarketing77 de Terry G

Vavra 78 e do marketing direto79 de Bob Stone80 ou seja caracterizou-se por uma

constante busca pela personalizaccedilatildeo como medida administrativa e de poliacutetica de

aproximaccedilatildeo expansatildeo manutenccedilatildeo e retro-alimentaccedilatildeo mercadoloacutegica em geral

Outra tendecircncia do periacuteodo foi o fortalecimento do conceito de marketing

societal81 no qual tornou-se uma exigecircncia de mercado haver uma preocupaccedilatildeo

com o bem-estar da sociedade A satisfaccedilatildeo do consumidor e a opiniatildeo puacuteblica

passaram a estar diretamente ligadas agrave participaccedilatildeo das organizaccedilotildees em causas

sociais e a responsabilidade social transformou-se numa vantagem competitiva

bull Deacutecada de 2000

A virada do milecircnio assitiu agrave segmentaccedilatildeo da televisatildeo a cabo agrave

popularidade da telefonia celular e agrave democratizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo 74RAPP Stan e MARTIN Chuck Maxi-e-Marketing no Futuro da Internet Satildeo Paulo Editora Pearson Makron Books 2001 75Marketing 1 to 1 eacute uma abordagem mercadoloacutegica que consiste em tratar clientes diferentes de formas diferentes ou seja fazer uma aproximaccedilatildeo do puacuteblico-alvo voltando-se para as suas caracte-riacutesticas e necessidades individuais Tem como caracteriacutestica estabelecer modelos de comunicaccedilatildeo e negoacutecios centrados no cliente Permite buscar informaccedilotildees estrateacutegicas e assim formar uma base de dados especiacutefica e personalizada identificando-os e diferenciando-os sob os mais variados aspectos 76PEPPERS Don e ROGERS Martha CRM Series Marketing 1 to 1 2ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Makron Books 200177 Marketing de relacionamento (aftermarketing) eacute uma metodologia que se aplica ao usar o database marketing (banco de dados e de informaccedilotildees comerciais eletrocircnicas) para a retenccedilatildeo de clientes ou consumidores e obter a recompra continuada de seus produtos ou serviccedilos 78VAVRA G Terry Aftermarketing - How to Keep Customers for Life through Relationship Marketing Irwin Illinois USA Professional Publishing 1992 79Marketing direto tem como principal caracteriacutestica a redefiniccedilatildeo e percepccedilatildeo do papel do compra-dor e a conexatildeo com o vendedor Em vez de serem alvos dos esforccedilos unilaterais de marketing das empresas os clientes estatildeo se tornando participantes ativos nos ajustes da oferta e do proacuteprio pro-cesso de marketing Hoje muitas empresas permitem que os clientes desenvolvam on-line os produ-tos que desejam 80 STONE Bob Marketing Direto Satildeo Paulo Editora Studio Nobel 2004 81Marketing Societal eacute uma orientaccedilatildeo taacutetica onde uma empresa ou organizaccedilatildeo deve determinar as necessidades os desejos e interesses dos marcados-alvo e entatildeo entregar um valor superior aos clientes de maneira que o bem-estar do consumidor e da sociedade seja mantido ou melhorado

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especialmente via Internet A World Wide Web jaacute estava madura o suficiente nos

primeiros anos desta deacutecada Surgiuram uma infinidade de pesquisas e publicaccedilotildees

sobre webmarketing82 e comeacutercio eletrocircnico83 Mas mais do que isso agora o cliente

natildeo tinha apenas poder de barganha tinha tambeacutem poder de informaccedilatildeo Era de se

esperar que isso influenciasse na maneira com a qual os consumidores interagiam

com as empresas e entre si Os primeiros reflexos disso foram o nascimento do

marketing de permissatildeo84 de Seth Godin85 a conceitualizaccedilatildeo do marketing boca-a-

boca 86 por George Silverman87 e a explosatildeo do buzzmarketing 88 e do marketing

viral 89 por autores tais como Russell Goldsmith90 e Mark Hughes91

Eacute perceptiacutevel na proacutepria evoluccedilatildeo do conceito de marketing a importacircncia

cada vez maior do consumidor como o elemento chave e alvo das preocupaccedilotildees e

propoacutesitos nas accedilotildees dos homens e mulheres que se ocupavam com marketing

pois eacute o consumidor a razatildeo loacutegica de organizaccedilotildees ou empresas comerciais

82LIGOS Melinda Point click and sell Sales amp Marketing Management maio de 1999 p 51-55 83COLONGinger How to move customers online Sales amp Marketing Management marccedilo 2000 p 27 e 28 84Marketing de Permissatildeo ou e-mail marketing eacute a utilizaccedilatildeo deliberada e autorizada do e-mail como miacutedia Com ele empresas e outras organizaccedilotildees (entidades de caraacuteter puacuteblico e privado partidos poliacuteticos e organizaccedilotildees natildeo-governamentais) tecircm acesso privilegiado a um grupo seleto de pessoas com o objetivo de difundir ideacuteias vender produtos e serviccedilos etc Conta com a adesatildeo do destinataacute-rio porque ele deve autorizar o envio da mensagem e receber somente do emissor aquilo que seja do seu preacutevio interesse 85Seth Godin foi vice-presidente de Marketing Direto da Yahoo e o criador da Yoyodyne primeira empresa a criar promoccedilotildees e campanhas de mala direta on-line ajudando a moldar a companhia com base no pioneiro Marketing de Permissatildeo on-line 86Marketing boca-a-boca o marketing de boca-a-boca consiste em reunir voluntaacuterios e pedir-lhes que experimentem determinados produtos Em seguida essas pessoas satildeo enviadas para lugares diver-sos com a missatildeo de falar sobre a experiecircncia que tiveram com os produtos experimentados agraves pes-soas com quem se relacionam diariamente Quanto mais as pessoas vecircem um determinado produto utilizado em puacuteblico ou quanto mais ouvem a seu respeito por parte de pessoas conhecidas e em quem confiam maior eacute a probabilidade de que venham a compraacute-lo 87SILVERMAN George The Secrets of Word-of-Mouth Marketing How to Trigger Exponential Sales Through Runaway Word of Mouth New York AMA Publications 2001 88 Buzzmarketing eacute uma derivaccedilatildeo do marketing boca-a-boca Consiste em identificar as pessoas formadoras de opiniatildeo que atuem sobre um determinado segmento populacional ou puacuteblico-alvo (tambeacutem chamados de iacutecones referenciais) Essas pessoas passam a promover subliminarmente e pessoalmente o produto ou serviccedilo atraveacutes do uso vinculado agrave sua pessoa Dessa forma ela passa a exercer e influecircncia sobre a decisatildeo de compra desse substrato social 89Marketing Viral eacute uma forma de disseminar uma ideacuteia produto ou serviccedilo Cria-se uma mensagem com conteuacutedo que possa ser facilmente absorvido pelas pessoas que entrem em contato com ela O conteuacutedo tem que ser de faacutecil entendimento e com um interesse relevante ou seja tem que ser suficientemente apelativo para que as pessoas passem essa mensagem adiante Se assim for a ideacuteia seraacute naturalmente disseminada multiplicando-se em grande velocidade Assim se institui a metaacutefora sobre o nome desta forma de abordagem mercadoloacutegica a mensagem progride no meio social como se fora um virus 90 Russell GOLDSMITH Viral Marketing Get Your Audience to Do Your Marketing for You London Financial Times Management 2005 91HUGHES Mark BuzzMarketing Lisboa Actual Editora 2006

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Neste trabalho vamos centralizar atenccedilotildees sobre o consumidor de

produtos relacionados agrave religiosidade e tambeacutem agraves possiveis dinacircmicas do

marketing de varejo que estatildeo inseridas dentro dos conceitos de marketing acima

abordados e atuando como uma ferramenta mercadoloacutegica

14 As abordagens conjuntas do marketing com a religiosidade e vice-versa

Ao folhearmos as revistas e cataacutelogos especializados em negoacutecios e in-

vestimentos percebemos que satildeo raras as referecircncias sobre o mercado de produtos

religiosos que tenham como foco o consumidor final e as razotildees dos empreendimen-

tos comerciais voltados para a religiosidade Nas revistas livros e perioacutedicos religio-

sos o panorama natildeo eacute diferente Apenas recentemente e aos poucos eacute que timida-

mente estaacute sendo dispensada maior visibilidade a esse ramo comercial suas possiacute-

veis dinacircmicas e tambeacutem suas particularidades

A revista ldquoIstoEacuterdquo publicou uma reportagem sobre o tema enfocando a im-

portacircncia que esse segmento vem alcanccedilando O Legado dos ceacuteus O mercado de

produtos religiosos ignora a crise Cresce 30 move 800 empresas e gera receita

de R$ 3 bilhotildees 92

Da mesma forma outra revista Meu Proacuteprio Negoacutecio publicou na ediccedilatildeo

52 a seguinte manchete de capa Veja como ganhar dinheiro com souvenir religio-

so sites eventos livros e artesanato no mercado da feacute Na reportagem publicada a

revista ofereceu uma visatildeo panoracircmica do mercado de produtos afetos agrave religiosida-

de sugerindo esse nicho como uma recomendaacutevel opccedilatildeo para investimentos Es-

creveu Thiago Moreira

O mercado das crenccedilas pode abrigar empreendimentos tanto no comeacutercio como na induacutestria e nos serviccedilos Portanto esqueccedila a associaccedilatildeo lu-

92FERREIRA Rosenildo Gomes O legado dos ceacuteus httpwwwterracombristoedinheiro314negocios314_legado_ceuhtm Acesso em 18 de abril de 2005

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cropecado e aproveite a demanda de igrejas fieacuteis e grupos religiosos em geral93

No editorial da mesma revista destacou a editora

A feacute move montanhas

A mobilizaccedilatildeo do Paiacutes para receber o maior representante da igreja catoacuteli-ca Bento XVI natildeo podia deixar de ser registrada nesta ediccedilatildeo que para mim eacute especial Afinal assumo o desafio de manter e integrar o esforccedilo de tantos em consolidar a MEU PROacutePRIO NEGOacuteCIO94 como uma referecircncia para novos e ateacute experientes empreendedores

E retomando a feacute sob a oacutetica dos negoacutecios eacute claro Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) 949 dos brasileiros infor-mam seguir alguma doutrina e a catoacutelica eacute que atrai maior nuacutemero de adep-tos 1392 milhotildees seguida pela evangeacutelica com 436 milhotildees Um contin-gente que merece a atenccedilatildeo de qualquer empreendedor

O repoacuterter Thiago Moreira assumiu a tarefa de apurar experiecircncias e reunir informaccedilotildees sobre os diferentes negoacutecios onde natildeo basta ter coragem pa-ra empreender pois eacute a feacute que move montanhas e nesse caso de dinhei-ro95

De fato a revista acima trouxe em seu conteuacutedo algumas informaccedilotildees es-

tatiacutesticas opiniotildees de lojistas jaacute estabelecidos no ramo dados gerais sobre o perfil

da renda de populaccedilotildees religiosas cristatildes sugestotildees de necessidades financeiras

para montagem de lojas e possiacuteveis margens de lucro No entanto informaccedilotildees

consistentes sobre o agente central e determinante do varejo de produtos religiosos

ou seja os consumidores foram no miacutenimo insuficientes

93Thiago MOREIRA Tenha Feacute nos negoacutecios Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p 38-45 junho de 2007 94Destaque da autora 95MARINARO Mari A feacute move montanhas Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p2 junho de 2007

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Da mesma forma o jornal de negoacutecios A Gazeta Mercantil em sua ver-

satildeo on-line destacou Empresas moldam produtos e exportam para religiosos 96

Como percebemos alguns veiacuteculos de expressatildeo e miacutedia enfatizaram

que o comeacutercio relacionado com a religiatildeo estaacute adquirindo um ldquostatusrdquo importante no

universo empresarial de nosso paiacutes Todavia natildeo explicaram convenientemente o

prisma do marketing e em especial sobre a visatildeo cientiacutefica do marketing de varejo

suas causas razotildees e justificativas mercadoloacutegicas fundamentadas

A Internet estaacute aos poucos abrindo espaccedilos para novos eventos empre-

sariais no setor econocircmico dos bens e produtos ligados agrave religiatildeo Tratou-se por

exemplo da divulgaccedilatildeo de uma feira voltada para esse nicho mercadoloacutegico97 Nes-

te caso o evento anunciado eacute a Expocatoacutelica98 onde seus anunciantes disseram

que ldquoo propoacutesito de uma feira eacute encurtar o caminho que separa os polos de produ-

ccedilatildeo de seu mercado consumidorrdquo e nada mais acrescentaram sobre as razotildees fun-

dantes desse mercado O mesmo ocorreu com a Expocristatilde99

Satildeo veiculados os necessaacuterios destaques nas mateacuterias publicadas cha-

mando a atenccedilatildeo do leitor eou internauta apenas como um informe publicitaacuterio de

uma feira dirigida para empreendedores e lojistas poreacutem sem informaccedilotildees e consi-

deraccedilotildees sobre o consumidor final dos produtos e serviccedilos das empresas que des-

sas feiras possam participar

Quando procuramos na Internet informaccedilotildees sobre a religiatildeo e o comeacuter-

cio varejista de produtos religiosos usando os portais eletrocircnicos de busca tais co-

mo o Google100 Yahoo Brasil101 IG102 e UOL103 por exemplo a localizaccedilatildeo dos

websites com assuntos relacionados eacute expressiva No entanto dados que sejam

confiaacuteveis e que sinalizem detalhes de ordem teacutecnica sobre os haacutebitos de compra

96EXMAN Fernando Empresas moldam produtos e exportam para religiosos httpwwwinvestnewsnetultimasnoticiasdefaultaspid_editoria=2372ampid_noticia=474233 Acesso em 18 de abril de 2005 97Nicho mercadoloacutegico segmento restrito do mercado natildeo atendido pelas accedilotildees tradicionais de in-formaccedilotildees e de marketing e que pode oferecer novas oportunidades de negoacutecio 98Expocatoacutelica Feira de negoacutecios httpwwwexpocatolicacombrexpocatolicaindex1aspcod=62amptp=1 Acesso em 18 de abril de 2005 996ordf Expo Cristatilde httpwwwexpocristacombr Acesso em 23 de setembro de 2006 100 httpwwwgooglecombr Acesso em 07 de janeiro de 2007 101 httpbryahoocom Acesso em 07 de janeiro de 2007 102 httpbuscaigbuscacombrapp Acesso em 07 de janeiro de 2007 103 httpbuscauolcombrwwwindexhtmlref=homeuolampq=ampx=12ampy=14 Acesso em 07 de janeiro de 2007

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perfis de consumidores finais e razotildees para compra de produtos relacionados agrave reli-

giosidade satildeo nulos

O que constatamos eacute a presenccedila das lojas virtuais anunciando seus pro-

dutos religiosos como por exemplo o site abaixo de uma loja virtual e catoacutelica (Cruz

Terra Santa)104

Ilustraccedilatildeo 5

Embora a Internet seja um importante veiacuteculo de informaccedilatildeo comunica-

ccedilatildeo e miacutedia as vendas atraveacutes da rede mundial de computadores ainda natildeo satildeo

significativas frente ao comeacutercio tradicional Experimentando um constante cresci-

mento em termos de volume a participaccedilatildeo das vendas via Internet estaria repre-

sentado com uma grandeza na ordem de 2 sobre as vendas totais no varejo do

Brasil105

Eventualmente notamos alguma presenccedila do mercado religioso em pe-

quenos esforccedilos participativos na miacutedia regional e em iniciativas isoladas com caraacute-

ter meramente informativo O exemplo abaixo eacute bastante ilustrativo A revista Perdi-

104 httpwwwcruzterrasantacombrLojapadreasp Acesso em 07 de janeiro de 2007 105Tatiana RESENDE Comeacutercio eletrocircnico deve ter alta de ateacute 50 ao ano Folha On Line httpwww1folhauolcombrfolhadinheiroult91u308736shtml Acesso em 02 de julho de 2007

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zes106 com 25000 exemplares e de circulaccedilatildeo regional na cidade de satildeo Paulo traz

em seu informe publicitaacuterio ldquoDicas de presentesrdquo o seguinte apelo mercadoloacutegico

ldquoAmon-Haacute Produtos Miacutesticos ndash Distribuidor alto astralrdquo

Ilustraccedilatildeo 6

Leituras especializadas tanto com abordagens mercadoloacutegicas quanto

religiosas anotam em seu conteuacutedo a importacircncia deste estudo mas natildeo tecem de-

talhes mais especiacuteficos como enfatiza Cristiane Gade107 ldquoAs subculturas mais es-

tudadas satildeo as de grupos eacutetnicos religiosos e regionaisrdquo

A autora constata claramente a necessidade de um aprofundamento nas

questotildees relacionadas aos interesses comerciais deste segmento

Norman Shawchuck Philip Kotler Bruce Wrenn e Gustave Rath Norman

Shawchurck108 aproximam o marketing da religiatildeo analisando a aplicaccedilatildeo do com-

posto mercadoloacutegico junto a uma igreja evangeacutelica claacutessica como forma de possibili-

tar a ampliaccedilatildeo de seu nuacutemero de membros e tambeacutem o volume de diacutezimos e ofer-

tas arrecadados Poreacutem sobre os haacutebitos e necessidades de compras de produtos

relacionados agrave religiosidade e mais especificamente sobre os fieacuteis produtos pre-

ccedilos promoccedilatildeo e propaganda no varejo especializado nada indicam

106REVISTA PERDIZES Ano 5 ndash no 27 ndash Gabel Comunicaccedilotildees Redaccedilatildeo Rua Trecircs Rios 131 ndash Cj 32 ndash Satildeo Paulo SP CEP 01123-001 Fone 0xx 11 3313-8080 107Cristiane GADE Psicologia do consumidor p 136 108SHAWCHUCK Norman KOTLER Philip WRENN Bruce amp RATH Gustave Marketing for congre-gations choosing to serve people more effectively Nashville Abington Press 1992

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George Barna109 tambeacutem aproxima o marketing da religiatildeo pelo vieacutes es-

trateacutegico e administrativo das igrejas evangeacutelicas de diversas denominaccedilotildees O foco

desse autor no entanto prende-se agraves preocupaccedilotildees operacionais das igrejas en-

quanto instituiccedilotildees

Mesmo autores preocupados com o comportamento do consumidor tais

como James F Engel Roger D Blackwell e Paul W Miniard referem-se ao marke-

ting e agrave religiatildeo pelo vieacutes das mudanccedilas no comportamento dos fieacuteis mas sob a oacuteti-

ca das instituiccedilotildees e correntes de pensamento religiosos e natildeo do comeacutercio varejista

de produtos religiosos

Instituiccedilotildees religiosas judaico-cristatildes historicamente representam um pa-pel importante na moldagem dos valores das culturas ocidentais Em a-nos recentes estas instituiccedilotildees mudaram substancialmente

Alguns grupos religiosos crescem necessariamente agraves custas de outros Nos Estados Unidos os catoacutelicos cresceram dos pequeninos niacuteveis em 1776 para um quarto da populaccedilatildeo americana em grande parte devido agrave presenccedila europeacuteia do iniacutecio dos anos 1900 e agrave atual imigraccedilatildeo dos paiacuteses hispacircnicos Os batistas substituiacuteram os anglicanos (episcopais) como grupo protestante dominante Mais recentemente grupos de crescimento raacutepido como os Santos dos uacuteltimos Dias (moacutermons) tornaram-se uma grande influecircncia em muitos dos valores de seus membros Religiotildees natildeo-cristatildes ganharam influecircncia nos Estados Unidos incluindo muitas das religiotildees tradicionais orientais e o movimento Nova Era110

Percebemos a detecccedilatildeo e preocupaccedilatildeo na abordagem de autores norte-

americanos com a questatildeo da religiosidade e dos movimentos migratoacuterios da feacute reli-

giosa na populaccedilatildeo dos Estados Unidos No entanto anaacutelises mais acuradas con-

siderando a etnografia humana que compotildee a malha da populaccedilatildeo daquele paiacutes a-

inda satildeo raras pelo vieacutes do marketing Os autores natildeo se preocupam com as matri-

zes eacutetnicas que formam aquela sociedade como por exemplo a matriz indiacutegena

109 BARNA George O Marketing a Serviccedilo da Igreja Satildeo Paulo Editora Abba Press 1991 110James F ENGEL Roger D BLACKWELL e Paul W MINIARD Comportamento do consumidor p406

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Grupos que estatildeo declinando em nuacutemero atualmente incluem os mode-rados e liberais (luteranos metodistas presbiterianos episcopais e ou-tros) Os maiores ganhos em preferecircncias religiosas atualmente nos Es-tado Unidos estatildeo entre os fundamentalistas e entre aqueles sem ne-nhuma religiatildeo

Tendecircncias atuais em afiliaccedilotildees e atitudes religiosas estatildeo associadas agrave secularizaccedilatildeo de instituiccedilotildees religiosas ndash ou agrave perda da funccedilatildeo religiosa De acordo com uma tese desenvolvida por Francis Schaeffer111 a religiatildeo tornou-se compartimentada e perdeu sua capacidade de julgar valores e estruturas seculares 112

O mesmo ocorre com autores que se preocupam com a perspectiva reli-

giosa e uma possiacutevel abordagem da religiatildeo e do mercado

Carlos Rodrigues Brandatildeo aproximou os temas da religiosidade e do

marketing quando anotou em seus estudos observaccedilotildees sobre alguns dos fatores

integrantes do composto mercadoloacutegico (produto pontos de vendas e distribuiccedilatildeo)

Hoje os umbandistas produzem e fazem circular inclusive em bancas de jornaleiros uma razoaacutevel quantidade de material de propaganda e docecircn-cia jornais revistas discos e uma surpreendente variedade de livros Mas em Itapira encontrei rariacutessimos exemplares de livros entre pais e matildees de santos dos centros de umbanda e de candombleacute Natildeo vi ne-nhum deles entre os agentes autocircnomos Quase todos natildeo tinham sequer conhecimento da circulaccedilatildeo de revistas e jornais especializados Assim como alguns especialistas do catolicismo popular um ou dois deles ti-nham entre os seus guardados de feacute guias praacuteticos de orientaccedilatildeo ritual Apenas a dona do Bazar Caboclo Pena Branca possuiacutea e lia com regula-ridade livros jornais e revistas alguns dos quais agrave venda mas sem pro-cura em sua loja113

O mesmo autor se preocupou e informou o perfil sociocultural dos dirigen-

tes das organizaccedilotildees religiosas mas sobre os fieacuteis que delas participavam natildeo exa-

rou referecircncia 111Os autores referem-se ao artigo The Consumer Bill of Rights in Consumer Advisory Council First Report Government Printing Office Washington DC US 1963 112James F ENGEL Roger D BLACKWELL e Paul W MINIARD Comportamento do consumidor p 407 113Carlos Rodrigues BRANDAtildeO Os Deuses do Povo um estudo sobre a religiatildeo popular p45

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Do ponto de vista do niacutevel erudito e da sequumlecircncia de formaccedilatildeo religiosa existe entre os dirigentes de centros dos bairros de cima e os chefes de terreiros de saravaacute e curandeiros dos de baixo a mesma distacircncia que separa os presbiacuteteros-dirigentes das pequenas igrejas do Risca Faca dos pastores das assembleacuteias de Deus e dos gerentes atuais dos grupos biacute-blicos natildeo-evangeacutelicos Os agentes mediuacutenicos de serviccedilos mais popula-res satildeo analfabetos e todo o seu aprendizado derivou de contatos diretos com outros especialistas e de sua proacutepria praacutetica Neste sentido eles se aproximam tambeacutem dos agentes mais caipiras do catolicismo popular As situaccedilotildees se equivalem Meacutediuns natildeo-kardecistas dos bairros de cima nomeiam natildeo soacute os lugares onde se iniciaram na umbanda e no candom-bleacute como tambeacutem os seus mestres Joatildeozinho da Gomeia Jamil Ras-child algum pai-de-santo conhecido em Mogi-Mirim Entre os curandeiros e mestres do saravaacute fora os que lembram algum negro do passado co-mo o ldquofinado Naborrdquo114 todos indicam apenas o lugar onde aprenderam o ofiacutecio115

Franccedilois Houtart em seu livro Mercado e Religiatildeo considerou aspectos

sobre o papel das religiotildees na economia de mercado na atualidade aleacutem de ofere-

cer ponderaccedilotildees sobre o futuro das religiotildees

Reencantar o mundo pela revalorizaccedilatildeo do siacutembolo sem mexer nas rela-ccedilotildees sociais que edificam o desencanto resultaria numa gigantesca im-postura Quando o Banco Mundial cria uma seccedilatildeo de diaacutelogo com as grandes crenccedilas obedece a uma necessidade de legitimaccedilatildeo Quando Igrejas e outros grupos religiosos aceitam participar desse oacutergatildeo potildeem nos olhos natildeo a venda da justiccedila mas a venda da cegueira Sem o siacutem-bolo natildeo haacute reencanto mas sem uma nova eacutetica natildeo se podem criar as condiccedilotildees sociais e materiais do encantamento

Construir uma eacutetica poacutes-capitalista natildeo eacute uma questatildeo de poucos dias Exige um esforccedilo coletivo longo As religiotildees que sempre tiveram uma preocupaccedilatildeo eacutetica podem participar disso Eacute necessaacuteria a mediaccedilatildeo de uma anaacutelise das relaccedilotildees sociais do capitalismo real bem como levar em conta as vaacuterias experiecircncias do socialismo os seus ecircxitos e fracassos Combinar a reorganizaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais com a eacutetica pessoal e as-segurar a participaccedilatildeo democraacutetica nos processos natildeo apenas poliacuteticos mas tambeacutem econocircmicos satildeo elementos que tecircm de intervir

Assim sendo podemos concluir que nesses processos existe um papel para a religiatildeo Natildeo se trata de reivindicar um monopoacutelio mas tatildeo pouco se pode negar aos que querem fazer a aposta que pronunciem este ldquotal-vezrdquo que para eles eacute simples exaltaccedilatildeo do imaginaacuterio mas a expressatildeo

114Aspas do autor 115Carlos Rodrigues BRANDAtildeO Os Deuses do Povo um estudo sobre a religiatildeo popular p45

63

de um outro real que possa ajudaacute-los a reencantar o mundo pela revitali-zaccedilatildeo do siacutembolo e pela reconstruccedilatildeo da eacutetica116

Vladimir Joseacute de Azevedo Falcatildeo abordou a dinacircmica comercial e religio-

sa Poreacutem o foco e a preocupaccedilatildeo deste autor em sua obra foi demonstrar o Merca-

datildeo de Madureira na cidade do Rio de Janeiro pelo olhar das relaccedilotildees entre os er-

veiros e erveiras e os praticantes das religiotildees afro-brasileiras Foram duas as dire-

trizes adotadas neste estudo por este autor a primeira foi o do mercado117 e das

ervas e nos convidou a entender a loacutegica das relaccedilotildees pessoais entre os erveiros e

a representaccedilatildeo das folhas A segunda diretriz foi a dos erveiros e erveiras e a expe-

riecircncia do sagrado quando nos demonstrou a riqueza simboacutelica das religiotildees afro-

brasileiras com seus siacutembolos os misteacuterios e os segredos da natureza vivenciados

nas relaccedilotildees dessas religiotildees

A vida no Mercadatildeo de Madureira eacute para aleacutem um saber especiacutefico das religiotildees afro-brasileiras afirma um saber miacutestico experimentado resul-tante do encontro entre os deuses Os encontros com os deuses preser-vam a alegria pela vida buscando assim estrateacutegias para viver melhor no Aiyecirc ndash eacute a experiecircncia do sagrado118

Existem aproximaccedilotildees temaacuteticas que margeiam o objeto deste trabalho

mas por terem outros enfoques e preocupaccedilotildees distanciam-se do que nos propu-

semos a estudar que eacute o fenocircmeno da feacute religiosa sobre o prisma do marketing e

no varejo institucionalizado de produtos religiosos E este tipo de varejo sem liga-

ccedilotildees diretas ou viacutenculos econocircmicos com as instituiccedilotildees e organizaccedilotildees religiosas

formais aleacutem de ter como puacuteblico alvo os clientes das lojas que conceitualmente

mais se aproximam da livre concorrecircncia mercadoloacutegica

116Franccedilois HOUTART Mercado e Religiatildeo p 150 117O autor refere-se ao mercado como uma instituiccedilatildeo tradicional no contexto geral da cidade do Rio de Janeiro 118Vladimir Joseacute de Azevedo FALCAtildeO Eweacute Eweacute Ossain ndash Um estudo sobre os Erveiros e Erveiras do Mercadatildeo de Madureira Uma experiecircncia do sagrado p146

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Abordagens contemplando a religiosidade e o varejo ainda satildeo mais ra-

ras quando natildeo esparsas

Autores que se preocupam em estudar os haacutebitos e as necessidades de

compras do consumidor no mercado varejista anotam em suas criacuteticas e recomen-

daccedilotildees a importacircncia fundamental que o os nichos mercadoloacutegicos ligados aos valo-

res culturais e subculturais tecircm e satildeo merecedores de atenccedilatildeo Poreacutem natildeo se apro-

fundam em detalhes mais teacutecnicos

Os fatores culturais exercem a mais ampla e profunda influecircncia sobre o comportamento do consumidor ()

A cultura eacute a determinante mais fundamental das necessidades e compor-tamento de uma pessoa Enquanto as pessoas mais simples satildeo larga-mente governadas pelo instinto o comportamento humano eacute amplamente adquirido A crianccedila em uma sociedade aprende um conjunto de valores baacutesicos percepccedilotildees preferecircncias e comportamentos atraveacutes do proces-so de socializaccedilatildeo envolvendo a famiacutelia e outras instituiccedilotildees baacutesicas ()119

Kotler avaliou a importacircncia da questatildeo da religiosidade a ser considera-

da pelos homens e mulheres que se dedicam ao estudo e aplicaccedilatildeo do marketing

No entanto o autor coloca a questatildeo da significaccedilatildeo e resignificaccedilatildeo religiosa como

uma questatildeo de ldquotabus especiacuteficosrdquo indicando claramente um posicionamento su-

perficial sobre importantes aspectos religiosos que satildeo determinantes em possiacuteveis

estrateacutegias mercadoloacutegicas como eacute verificado no Brasil por parte da induacutestria frigo-

riacutefica e de corte ao exportar seus produtos para paiacuteses do oriente meacutedio

Cada cultura eacute formada por subculturas que fornecem identificaccedilatildeo e so-cializaccedilatildeo especiacutefica para seus membros Quatro tipos de subculturas podem ser distinguidos Grupos de nacionalidades120 como Irlandeses Poloneses Italianos e Porto-Riquenhos que satildeo encontrados dentro de

119 Philip KOTLER Administraccedilatildeo de marketing anaacutelise planejamento implementaccedilatildeo e controle p 209 120Os destaques em itaacutelico satildeo do autor

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comunidades maiores e demonstram haacutebitos eacutetnicos e inclinaccedilotildees distin-tas Grupos religiosos como os Catoacutelicos Moacutermons Presbiterianos e Judaicos representam subculturas com preferecircncias culturais e tabus es-peciacuteficos Grupos Raciais como os negros e orientais tecircm estilos culturais e atitudes diferentes Aacutereas geograacuteficas como Extremo Sul a Califoacuternia e a Nova Inglaterra que satildeo subculturas distintas com estilos de vidas ca-racteriacutesticos121

Anotou Richard Vinic

A cultura eacute a personalidade de uma sociedade Podemos tambeacutem defini-la como o conjunto de valores costumes crenccedilas e atitudes adotadas por determinada sociedade com o objetivo de regular o comportamento de seus membros

A primeira cultura aprendida eacute transmitida pela famiacutelia que filtra as nor-mas e atitudes da sociedade Segundo a psicoacuteloga Christiane Gade esse processo tem sido conceituado como socializaccedilatildeo122 Quando o indiviacuteduo apresenta uma segunda cultura o processo eacute denominado aculturaccedilatildeo

Engana-se quem imagina que o refrigerante Coca-Cola seja o liacuteder de mercado em todo o Brasil O que diraacute o leitor de um refrigerante cor-de-rosa de sabor extremamente adocicado e feito agrave base de xarope de cane-la Esse refrigerante existe e se chama Guaranaacute Jesus Sem a intenccedilatildeo de apelar aos fatores religiosos o refrigerante liacuteder de mercado no Mara-nhatildeo foi desenvolvido pelo farmacecircutico Norberto Jesus

Para o profissional de marketing eacute fundamental o conhecimento das dife-rentes culturas ao longo do territoacuterio brasileiro123

Sobre os grupos religiosos o autor considerou apenas o aspecto aflitivo

pessoal como oportunidade de negoacutecios Sabemos que as religiotildees para suas praacute-

ticas demandam grandes somas em investimentos financeiros a fim de cumprirem

suas missotildees religiosas com a montagem material de igrejas templos terreiros etc

Aplicaccedilotildees em caros veiacuteculos de comunicaccedilotildees e de miacutedia tambeacutem satildeo facilmente

constataacuteveis Os financiamentos dessas iniciativas ficam por conta dos fieacuteis e da le-

121Philip KOTLER Administraccedilatildeo de Marketing anaacutelise planejamento implementaccedilatildeo e controle p209 122Os destaques em itaacutelico satildeo do autor 123Richard VINIC Varejo e clientes p10

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gislaccedilatildeo fiscal que no Brasil privilegia essas instituiccedilotildees ou organizaccedilotildees que de-

sempenham algum papel religioso aos olhos dos poderes puacuteblicos e da populaccedilatildeo

Obedecendo a normas religiosas estes grupos satildeo importantes subcultu-ras Principalmente em momentos de instabilidade financeira o indiviacuteduo busca sustentaccedilatildeo na religiatildeo qualquer que seja a sua crenccedila

A comunidade evangeacutelica tem se mostrado um puacuteblico altamente poten-cial e influenciado para a compra de produtos com motivos religiosos124

Sobre o comportamento do consumidor no tocante agraves suas crenccedilas

John C Mowen e Michael S Minor anotaram que

As crenccedilas do consumidor125 provecircm da aprendizagem cognitiva Elas representam o conhecimento e as conclusotildees que um consumidor tem a respeito de objetos seus atributos e benefiacutecios Objetos satildeo produtos pessoas empresas e coisas a respeito das quais as pessoas apresentam opiniotildees e atitudes Atributos satildeo os aspectos ou caracteriacutesticas dos ob-jetos Por fim os benefiacutecios satildeo os resultados positivos que os objetos proporcionam ao consumidor126

Como podemos constatar existem aproximaccedilotildees centradas nos temas

religiosidade marketing e varejo mas as mesmas natildeo contemplam os assuntos de

forma simultacircnea e tatildeo pouco complementar com a profundidade necessaacuteria que

este trabalho requer

Dr David Lewis e Darren Bridges escreveram

124Richard VINIC Varejo e clientes p12 125Os destaques em negrito satildeo dos autores 126John C MOWEN e Michael S MINOR Comportamento do consumidor p141

67

A espiritualidade se tornou uma definiccedilatildeo para tudo que as pessoas sen-tem estar faltando em suas vidas no lugar do que esperam descobrir De acordo com Mick Brown autor de The Spiritual Tourist127 essa busca es-piritual eacute ldquoum sintoma de incerteza coletiva em uma eacutepoca em que as ins-tituiccedilotildees tradicionais como igreja famiacutelia e comunidade parecem estar desmoronando Um sintoma tambeacutem do crescente desencantamento com os valores do materialismo e de um desgaste da ciecircncia que desvendou todo o misteacuterio da existecircnciardquo128

Uma vez que muitos Novos Consumidores consideram as religiotildees tradi-cionais dogmaacuteticas demais e em alguns casos que natildeo oferecem uma experiecircncia espiritual ldquoautenticardquo haacute um interesse crescente em relaccedilatildeo ao que muitos teoacutelogos consideram benefiacutecio ou pseudofeacute129

Assim sendo uma pesquisa de campo abordando os aspectos do marke-

ting de varejo em especial o composto mercadoloacutegico e a religiosidade dos clientes

consumidores de produtos religiosos aparece como a melhor opccedilatildeo metodoloacutegica a

ser executada visando a comprovaccedilatildeo da hipoacutetese deste trabalho A pesquisa que

foi executada dentro dos rigores metodoloacutegicos e cientiacuteficos iraacute aproximar a merca-

dologia da religiatildeo e vice e versa podendo esta pesquisa lanccedilar as bases necessaacute-

rias para futuros trabalhos decorrentes deste esforccedilo pioneiro

O tema sobre o qual escolhemos trabalhar eacute relevante porque natildeo exis-

tem fontes referenciais disponiacuteveis para consultas e a lanccedilarem luzes sobre um e-

vento socioeconocircmico com significados valorosos quer analisados sobre o prisma

religioso ou mercadoloacutegico

15 Consideraccedilotildees iniciais sobre o cenaacuterio da pesquisa de campo

Por limitaccedilotildees metodoloacutegicas o cenaacuterio fiacutesico da pesquisa de campo es-

teve contemplando lojas de produtos religiosos das religiotildees catoacutelica protestantes

das diversas denominaccedilotildees religiotildees afro-brasileiras e novoeristas presentes na

praccedila comercial da cidade de Satildeo Paulo

127Os autores se referem agrave obra Spiritual Tourist A Personal Odyssey Through the Outer Reaches of Belief de autoria de Mick BROWN editado por Bloomsbury Pub Plc USA 1998 128Aspas dos autores 129Dr David LEWIS e Darren BRIDGER A alma do consumidor p10-11

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Quanto ao cenaacuterio religioso e por se tratar de uma caracteriacutestica cultural

de nosso povo adotamos o posicionamento teoacuterico de Ecircnio Brito porque natildeo seria

conveniente e nem apropriado considerarmos apenas ldquoumardquo cultura brasileira que

exteriorizasse as manifestaccedilotildees materiais e espirituais da nossa gente

Hoje eacute consenso que natildeo existe uma cultura brasileira capaz de englobar todas as manifestaccedilotildees materiais e espirituais do povo brasileiro e que lsquoa admissatildeo do seu caraacuteter plural eacute um passo decisivo para compreendecirc-la como um efeito de sentido resultado de um processo de muacuteltiplas intera-ccedilotildees e oposiccedilotildees no tempo e no espaccedilo () 130

Corroborando as palavras de Ecircnio Brito Darcy Ribeiro com seu depoi-

mento afirmou

Desde a Greacutecia natildeo se inventava uma deusa que se adequasse ao amor uma matildee de Deus que fale do amor E os negros do Rio inventaram Ie-manjaacute Isso eacute uma operaccedilatildeo cultural incriacutevel Mais importante que os ro-mances e os teoremas E importante para o povo E o que eacute Iemanjaacute Eacute uma ldquosantonardquo131 laacute que domina o mar E ningueacutem vai pedir a ela a cu-ra do cacircncer ou a cura da AIDS132 Vai pedir a ela que o marido natildeo bata tantoum namorado gostoso Os africanos mergulharam tatildeo profunda-mente e de modo tatildeo inventivo na construccedilatildeo do Brasil que deixaram de ser eles para sermos noacutes brasileiros133

Complementarmente aos enunciados acima e nos aproximando do cotidi-

ano metropolitano religioso da populaccedilatildeo da cidade de Satildeo Paulo que foi objeto e

campo de investigaccedilatildeo deste trabalho o prisma social e populacional que conside-

ramos foi o dos autores Antocircnio Flaacutevio de Oliveira Pierucci e Reginaldo Prandi

130Ecircnio Joseacute da Costa BRITO A cultura popular e o sagrado Interfaces do Sagrado p 102 131Aspas nossas 132 Siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida 133 Darcy RIBEIRO O Povo Brasileiro segmento Brasil Crioulo CD 01

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O Brasil jaacute eacute um paiacutes de diversidade religiosa Cerca de um quarto da po-pulaccedilatildeo adulta jaacute experimentou o sentido da adesatildeo a uma religiatildeo dife-rente daquela em que nasceu num contexto em que a religiatildeo se vai a-justando cada vez mais aacute ideacuteia da escolha da livre escolha que se faz frente a variadas necessidades de tecirc-las atendidas Para muitos a con-versatildeo religiosa eacute experimentada juntamente com a mobilidade ocupacio-nal e da integraccedilatildeo na nova sociedade quer sejam estas verdadeiras quer sejam tatildeo-somente simulacro como soacutei acontecer no domiacutenio das representaccedilotildees religiosas

Eacute variadiacutessimo o espectro das escolhas religiosas haacute de tudo e para tu-do Por exemplo o antropoacutelogo britacircnico-brasileiro Peter Fry jaacute mostrou como o pentecostalismo e umbanda podem ser vistos como duas alterna-tivas que se oferecem para diferentes tipos de pessoas o pentecostalis-mo sisudo e comportado a umbanda alegre e desinibida (Fry amp Ho-we1975) Porque como se tem demonstrado a umbanda e demais religi-otildees afro-brasileiras satildeo religiotildees de liberaccedilotildees da personalidade pois natildeo fazem parte do seu ideaacuterio nem de suas praacuteticas rituais o acobertamento e aniquilamento das paixotildees humanas e de toda a natureza por mais re-cocircnditas que sejam elas E isso eacute exatamente o contraacuterio do que pregam e exercitam as religiotildees pentecostais que satildeo grande antagonista das re-ligiotildees de origem negra nos dias de hoje a ponto de lhe declararem per-seguiccedilatildeo sem treacutegua que contamina com intransigecircncia e uso frequumlente da violecircncia fiacutesica as periferias mais pobres das grandes cidades brasilei-ras numa disputa que ldquona metade desta deacutecima deacutecada do seacuteculo o Bra-sil jaacute se acostumou a chamar sem susto de lsquoguerra santarsquo banalizando o nome desdramatizando o conflitordquo como disse Flaacutevio Pierucci (Capiacutetulo 12)134

Por ocasiatildeo de nossa participaccedilatildeo em pesquisa de campo descrita na in-

troduccedilatildeo deste trabalho tivemos a oportunidade de proceder agrave oitiva sobre as gra-

ves denuacutencias de violecircncia fiacutesica e desrespeito a valores simboacutelicos religiosos por

parte dos umbandistas e candomblecistas praticados por neopetencostais na cidade

de Praia Grande durante as comemoraccedilotildees a Iemanjaacute

No final do seacuteculo qualquer branco de classe meacutedia pode ldquofazer o santordquo 135em qualquer praccedila do Paiacutes num candombleacute ldquoautecircnticordquo onde vai ser irmatildeo-de-santo do negro subproletaacuterio Ou iniciar-se num dos ramos do amazocircnico Santo Daime em que o alucinoacutegeno legiacutetimo eacute meio e fim As igrejas pentecostais e neopentecostais oferecem-se numa multiplici-dade de denominaccedilotildees que parecem sem-fim e natildeo apenas prosperam mas diversificam-se doutrinaacuteria e ritualmente ateacute verem borradas de vez as especificidades eacuteticas e teoloacutegicas que marcaram a sua origem Natildeo houve socioacutelogo que ousasse prever para as religiotildees reformadas uma

134 Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p257 135 Aspas dos autores

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descendecircncia que pregasse as benesses do dinheiro e do consumo al-canccedilaacuteveis pela graccedila divina nos moldes da recentiacutessima teologia da prosperidade que redefine o neopetencostalismo das grandes igrejas-empreendimento para muito longe do universo ideoloacutegico protestante (Mariano 1996)136

As afirmaccedilotildees acima contextualizaram este trabalho Recentemente os

dirigentes da organizaccedilatildeo Igreja Renascer estiveram envolvidos em um escacircndalo

financeiro em que pesaram contra eles seacuterias acusaccedilotildees no Brasil e no exterior de

crime de sonegaccedilatildeo fiscal e desvio de dinheiro137

A mais bem-sucedida denominaccedilatildeo neopentecostal de longe a de maior visibilidade a brasileira e agressiva Igreja Universal do Reino de Deus existe a quinze anos e jaacute eacute um impeacuterio no Brasil e laacute fora Seus pastores satildeo empreendedores com baixa ou nula formaccedilatildeo teoloacutegica mas que de-vem demonstrar grande capacidade de atrair puacuteblico e pagar dividendos para a igreja de acordo com um know-how administrado empresarialmen-te pelos bispos a igreja jaacute estruturada como negoacutecio138

Escacircndalos envolvendo a eacutetica e a moral pelo vieacutes da sexualidade prati-

cados por cleacuterigos da Igreja Catoacutelica nos Estados Unidos tem sido uma constante

nos meios de comunicaccedilatildeo de massa Por exemplo o arcebispado de Los Angeles

aceitou em dezembro de 2006 destinar US$ 600 milhotildees para resolver amigavel-

mente as accedilotildees judiciais movidas por 45 supostas viacutetimas de padres pedoacutefilos139

O texto de Prandi a seguir ilustra a atualidade de nossas palavras acima

() Essa metamorfose pela qual vem passando rapidamente a religiatildeo nos obriga a pensar que se a religiatildeo se transforma em consumo e o fiel

136 Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica 136 p258 137Foto de Bispa Sonia cai na internet O Globo On line Para melhores informaccedilotildees acessar o site httpogloboglobocomspmat20070123287522443asp Uacuteltimo Acesso em 02 de julho de 2007 ]138 Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p258 139Clipping Eletrocircnico - Bento XVI autoriza missa em latim Departamento de Comunicaccedilatildeo PUC-Campinas Para melhores informaccedilotildees acessar o site httpwwwpuc-campinasedubrservicosdetalheaspid=28749 Uacuteltimo acesso em 08 de julho de 2007

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em consumidor numa relaccedilatildeo de mercado que a sociedade estaacute equipa-da para regulamentar como qualquer outro produto vale pensar que o proacuteprio Estado agora separado da religiatildeo e dela desinteressado como fonte transcendente de legitimidade pode envolver-se para preservar in-teresses do cidadatildeo-consumidor As palavras seguintes de Flaacutevio Pierucci traduzem bastante bem essa preocupaccedilatildeo ldquoCombinadas pois essas duas noccedilotildees baacutesicas a do cidadatildeo como consumidor individual e a do Estado como regulador neutro dos vaacuterios mercados estaraacute plenamente justifica-da a intervenccedilatildeo do Estado para a defesa do indiviacuteduo e a correccedilatildeo dos abusos praticados em nome da religiatildeo Ensaia-se desse modo nessa transmutaccedilatildeo juriacutedica por ora silenciosa do seguidor religioso num con-sumidor de bens e serviccedilos com o direito de reclamar agraves autoridades pro-teccedilatildeo contra os enganadores aproveitadores e exploradores novo refor-ccedilo de legitimidade para a vigilacircncia puacuteblica e a intervenccedilatildeo estatal O uso do modelo lsquodefesa do consumidorrsquo pode ser uma boa saiacuteda para os mais modernos opositores da opressatildeo religiosa tornarem-se os defensores poacutes-modernos das viacutetimas da mercantilizaccedilatildeo religiosa viacutetimas de praacuteti-cas religiosas abusivas ou lesivas viacutetimas da tapeaccedilatildeo e da fraude religi-osa promessas natildeo cumpridas milagres natildeo acontecidosrdquo140

Reginaldo Prandi tambeacutem abordou a questatildeo mercadoloacutegica da feacute pelo

vieacutes microeconocircmico da teoria do consumidor141 que o atual cenaacuterio religioso ofere-

ce sinalizando a questatildeo utilitarista que as religiotildees neste momento contemplam

140Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p260 e 261 141O comportamento do consumidor individual eacute o objeto baacutesico do estudo do consumidor A palavra consumidor significa nessa teoria uma unidade de consumo ou gasto portadora de certo orccedilamento A unidade ldquoconsumidorrdquo tanto pode ser um indiviacuteduo como uma famiacutelia o importante eacute que exista um soacute orccedilamento para a unidade e que seja ela que tome decisotildees de como utilizaacute-lo Segundo a hipoacutetese baacutesica da teoria tradicional do consumidor os indiviacuteduos distribuem a totalidade de suas despesas de forma racional Entende a teoria por forma racional o comportamento que visa obter o maacuteximo de satisfaccedilatildeo dentro das imitaccedilotildees de orccedilamento Quando se comporta racionalmen-te o consumidor calcula deliberadamente escolhe conscientemente e maximiza a sua satisfaccedilatildeo ou utilidade Essa maximizaccedilatildeo significa que o consumidor realiza escolhas e toma decisotildees de tal forma que lhe resultem na possibilidade usufruir da maior utilidade possiacutevel dentro das circunstacircncias de suas restriccedilotildees Como se percebe o comportamento do consumidor admitido pela teoria tradicional eacute essencialmen-te baseado no Princiacutepio Hedoniacutestico de maacutexima satisfaccedilatildeo ou prazer com o miacutenimo de esforccedilo ou sacrifiacutecio Eacute preciso considerar que o consumidor natildeo tem um perfeito conhecimento sobre a melhor forma de atender a suas necessidades Na realidade ele tem um conhecimento insuficiente dos bens que ad-quire De mais a mais sente certo desapontamento decorrente de escolhas e decisotildees que geram utilidades ou satisfaccedilotildees efetivamente usufruiacutedas menores do que por ele imaginadas ou antecipa-das Todavia a tiacutetulo de simplificaccedilatildeo a ignoracircncia a imperfeiccedilatildeo do conhecimento e das diferenccedilas entre expectativa e realizaccedilatildeo da utilidade natildeo satildeo consideradas pela teoria tradicional do comportamento do consumidor De qualquer forma mesmo levando em conta esses tipos de simplificaccedilotildees a base de anaacutelise reali-zada pela teoria eacute a proacutepria teoria da utilidade Inicialmente supotildee a existecircncia de uma medida de utilidade ou pelo menos a possibilidade da existecircncia de uma escala ordinal de referecircncia do con-

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O uso do cachimbo entorta a boca A religiatildeo natildeo precisa mais ser gratui-ta nem ser de todos Como serviccedilo que se consome ou natildeo porque natildeo eacute mais compulsoacuteria nem uacutenica obrigada a concorrer com um nuacutemero ca-da vez maior de ofertas diferentes a religiatildeo se privatiza e ao se privati-zar atende apenas uma parte da populaccedilatildeo que por sua vez se enxerga diferente das outras partes por causa de suas proacuteprias escolhas e natildeo de suas outras caracteriacutesticas sociais A religiatildeo que era geral uacutenica para toda a sociedade passa a ser de poucos Ela jaacute natildeo junta mas separa Cada uma opera diferencialmente seus mecanismos de solidariedade e constroacutei suas proacuteprias teias de sociabilidade A religiatildeo natildeo unifica mas cria espaccedilos separados que satildeo ilhas de sentidos Agora satildeo muacuteltiplos e agraves vezes irreconciliaacuteveis os sentidos que as diversas religiotildees concomi-tantes e concorrentes emprestam agrave sociedade Mesmo que cada religiatildeo pretenda converter a todos para ser uacutenica porque se pensa como uacutenica verdade cada uma para existir depende da existecircncia das demais por-que essa nova religiatildeo precisa da liberdade de adesatildeo por parte dos a-deptos e de liberdade de empreendimento por parte dos criadores de reli-giatildeo A disputa pelas almas eacute aguerrida mas a guerra santa jaacute natildeo pode acontecer nenhuma religiatildeo responde por nenhuma totalidade social um abismo foi cavado entre a religiatildeo e a naccedilatildeo A religiatildeo natildeo eacute mais para sempre e soacute dura enquanto durar a capacidade de troca que se pactua de ambos os lados do serviccedilo e do consumidor Desencantos e desen-tendimentos satildeo respondidos com mais uma nova escolha A religiatildeo nem tem mais a idade dos seacuteculos como sempre preferiu apresentar-se mas a idade do adolescente 142

Pelas palavras do autor acima consideraremos no mercado varejista de

produtos religiosos dois fenocircmenos concomitantes que se interpotildeem agrave sociedade

brasileira e que pelo prisma deste trabalho poderatildeo fomentar a compra de produtos

neste segmento

O primeiro fenocircmeno seria a competitividade entre as novas e tradicionais

religiotildees em busca de novos fieacuteis onde esbarram nas apropriaccedilotildees e recriaccedilotildees dos

aspectos maacutegicos ritualiacutesticos e miacutesticos que encantam e permeiam o imaginaacuterio

religioso brasileiro O segundo fenocircmeno dar-se-ia pela constataccedilatildeo do surgimento

na poacutes-modernidade de uma religiosidade utilitaacuteria e consumista pautada na indivi-

sumidor Aleacutem disso presume que cada consumidor deveraacute situar-se no ponto mais elevado da sua escala de preferecircncias respeitando as suas limitaccedilotildees de orccedilamento em cada periacuteodo de tempo (A utilidade em seu sentido mais amplo eacute caracterizada como a adequaccedilatildeo de um bem para satisfaccedilatildeo de uma necessidade sentida por um indiviacuteduo) conforme afirmam Giacutelson de Lima GAROacuteFALO e Luiz Carlos Pereira de CARVALHO na obra Anaacutelise microeconocircmica volume 1 p 33 -34 142Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p272

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dualidade e no sincretismo de credos como podemos notar nos textos de Pierucci e

Prandi143

Seraacute nossa intenccedilatildeo privilegiar essa populaccedilatildeo que acreditaria nos pode-

res especiais dos objetos comprados independentemente de qualquer posiciona-

mento por ela adotada

Finalmente pelas palavras dos dois autores brasileiros encontramos jus-

tificativas de caraacuteter social religioso e econocircmico aleacutem das constataccedilotildees dos estu-

diosos de marketing que explicitam a necessidade de pesquisa de campo que con-

temple os dois vieses o de mercado ou de marketing e o religioso ou da religiosida-

de Pretendemos assim comprovar a hipoacutetese deste trabalho a de que a feacute religio-

sa seja o principal agente motivacional que alavanque o mercado varejista de produ-

tos religiosos

Por isso se enganam os que imaginam que vivemos um momento de grande reflorescimento religioso que nega a secularizaccedilatildeo e leva a soci-edade de novo a entregar os pontos ao sagrado A velha religiatildeo fonte de transcendecircncia para a sociedade como um todo foi estilhaccedilada perdeu toda a utilidade A religiatildeo que tomou o seu lugar eacute uma religiatildeo para cau-sas localizadas reparos especiacuteficos A sociedade inteira natildeo pode ser neopentecostal pois os que jaacute satildeo capazes de administrar sua capacida-de de ganhar dinheiro nunca se conformariam em dividi-lo com Deus Nem pode ser do candombleacute porque nem todos haveriam de aceitar a in-terferecircncia de tantos deuses em cada coisa do dia-a-dia Tambeacutem natildeo pode ser catoacutelico carismaacutetico o catoacutelico que procura a construccedilatildeo da so-ciedade socialmente mais justa Nem haacute de conformar-se em ter apenas uma uacutenica religiatildeo os que se fartam em usufruir do que cada uma delas pode oferecer para o seu interesse compondo ele mesmo sua proacutepria bricolagem religiosa com anjos espiacuteritos guias e gnomos oraacuteculos e pi-racircmides oraccedilotildees ervas e foacutermulas da alquimia meridianos chineses preceitos orientais baralhos passes espirituais e eboacutes horoacutescopos ta-lismatildes e de toda a sorte de siacutembolos e signos religiosos ou natildeo Porque tudo se vende e tudo se compra 144

Estudiosos de marketing de varejo e dos consumidores norte-americanos

tambeacutem sinalizaram claramente a necessidade e importacircncia da pesquisa que nos

143 PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religi-atildeo sociedade e poliacutetica Satildeo Paulo editora Hucitec 1996 144Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p272 e 273

74

propusemos empreender David Lewis e Darren Bridges citando Wade Clark Roof

em Spiritual Marketplace destacaram

Haacute uma fluidez consideraacutevel Haacute uma acircnsia contiacutenua para encontrar a verdade espiritual mas agora eles tecircm uma noccedilatildeo mais clara de que al-gumas coisas que procuram lhes oferecer antes como o consumo e ma-terialismo natildeo funcionam tatildeo bem Vejo um futuro espiritual e religioso mais individualista e talvez mais diverso145

No proacuteximo capiacutetulo abordaremos com os necessaacuterios detalhes teacutecni-

cos os aspectos operacionais da pesquisa de campo empreendida para este traba-

lho

145 Wade Clark ROOF apud Dr David LEWIS e Darren BRIDGES A alma do consumidor p11

75

Capitulo II ndash Pesquisa de campo a descoberta e o comportamento dos consumidores no mercado da feacute

Eu vou botar teu nome na macumba Vou procurar uma feiticeira

Fazer uma quizumba pra te derrubar Oi iaiaacute

Vocecirc me jogou um feiticcedilo quase que eu morri Soacute eu sei o que eu sofri

Deus me perdoe mas eu vou me vingar

Eu vou botar teu retrato num prato com pimenta Quero ver se vocecirc guumlenta

A mandinga que eu vou te jogar Raspa de chifre de bode

Pedaccedilo de rabo de jumenta Tu vais botar fogo pela venta

E comigo natildeo vai mais brincar

Asa de morcego Corcova de camelo pra te derrubar

Uma cabeccedila de burro Pra quebrar o encanto do seu patuaacute

Olha tu podes ser forte Mas tens que ter sorte

Pra te salvar Toma cuidado comadre

Com a mandinga que eu vou te jogar

Composiccedilatildeo Zeca Pagodinho Dudu Nobre146

Neste capiacutetulo ponderaremos sobre a organizaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a anaacutelise

dos dados brutos auferidos em nossa pesquisa de campo A apresentaccedilatildeo destes

dados tem como principal objetivo nos munir de elementos ainda empiacutericos para as

consideraccedilotildees que desenvolveremos ao longo do trabalho

Para a organizaccedilatildeo e a execuccedilatildeo da pesquisa de campo seguiremos a

metodologia e as observaccedilotildees recomendadas por Antonio Chizzotti descrevendo

passo a passo todas as etapas cumpridas ao longo do trabalho que vatildeo desde a 146Letra da muacutesica Eu vou botar teu nome na macumba de autoria de Jesseacute Gomes da Silva Filho (Zeca Pagodinho) Faixa integrante do CD ldquoSamba pras moccedilasrdquo Ano de lanccedilamento 1995 pela gra-vadora Universal

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elaboraccedilatildeo da pesquisa piloto ateacute a aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios definitivos Natu-

ralmente dentro do campo de anaacutelise existe um nuacutemero expressivo de dados e gra-

des que poderiam ser estudados mas por se tratar de uma dissertaccedilatildeo considera-

remos os que julgarmos mais importantes ou pertinentes ao objeto de nosso estudo

21 Meacutetodo de organizaccedilatildeo e execuccedilatildeo da pesquisa de campo Antes de ser submetida a uma anaacutelise de conteuacutedo a coleta de dados

precisa ser organizada e agraves vezes testada como eacute o caso da documentaccedilatildeo inici-

almente empiacuterica deste trabalho Fatores importantes tais como a delimitaccedilatildeo de

nossa proposta de estudos os objetivos (a)s hipoacutetese(s) e o puacuteblico alvo necessari-

amente precisam estar claros Segundo Chizzotti

A redaccedilatildeo deve ser clara apresentando o tema escolhido e as justificati-vas para sua escolha a importacircncia e os limites do trabalho as hipoacuteteses formuladas e suas limitaccedilotildees a populaccedilatildeo-alvo a metodologia seguida e o modo de obter e apresentar os dados obtidos sem generalizaccedilotildees ex-cessivas ou fora do acircmbito estudado podendo indicar ainda os prolon-gamentos eventuais suscitados pela pesquisa e pelas conclusotildees obti-das147

Nesta dissertaccedilatildeo nosso objetivo eacute verificar se a feacute religiosa eacute a motiva-

ccedilatildeo existencial do mercado varejista de produtos relacionados agrave religiosidade So-

mamos aos nossos propoacutesitos a obtenccedilatildeo de um perfil do consumidor e uma anaacutelise

sobre o composto de marketing148 dos produtos aplicados aos rituais religiosos

O instrumental de nossa pesquisa passou por uma aplicaccedilatildeo piloto que

auxiliou na viabilidade e na confiabilidade final do material de pesquisa de campo

especialmente desenvolvido assim como no levantamento da questatildeo deste traba-

lho O material de pesquisa compotildee-se de um questionaacuterio que apresenta na formu-

laccedilatildeo de suas perguntas algumas suposiccedilotildees que precisavam ser verificadas acer-

ca das razotildees fundantes do mercado varejista de produtos religiosos Com os resul-

147Antonio CHIZZOTTI Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais p 48-49 148Composto de Marketing eacute o conjunto de instrumentos agrave disposiccedilatildeo do administrador para imple-mentar uma estrateacutegia de marketing Satildeo os instrumentos o produto o preccedilo o ponto-de-venda a publicidade e aleacutem da propaganda

77

tados dessa primeira aplicaccedilatildeo e uma preacute-anaacutelise do conteuacutedo foi possiacutevel delimi-

tarmos a hipoacutetese149 desta dissertaccedilatildeo com maior acuidade

Findo o levantamento dos dados a hipoacutetese deste trabalho que procura

responder qual eacute o principal motivo que justifica o mercado varejista de produtos re-

ligiosos e se esse motivo estaacute centrado sobre a feacute dos indiviacuteduos dele participantes

Como sujeitos de pesquisa foram abordados e selecionados pelos entre-

vistadores indiviacuteduos maiores de quatorze anos que tivessem saiacutedo das lojas com

compras Os indiviacuteduos em questatildeo podiam professar ou natildeo suas respectivas reli-

giotildees assim como tambeacutem serem pessoas sem religiatildeo especiacutefica

Terminada esta etapa de testes do instrumento da pesquisa piloto tendo

em vista a clientela das lojas de produtos religiosos pudemos passar para a execu-

ccedilatildeo da pesquisa de campo dentro do padratildeo cientiacutefico exigido Seguindo a mesma

orientaccedilatildeo da pesquisa piloto foi escolhido como documento150 de pesquisa final

um questionaacuterio contendo duas questotildees abertas e nove questotildees fechadas aleacutem

dos nove itens que investigam o perfil do entrevistado constituindo uma amostra

variada e representativa de produccedilatildeo para anaacutelise

211 Planificaccedilatildeo e procedimento da coleta de dados Seguindo as orientaccedilotildees do modelo cientiacutefico de pesquisa preconizado

por Antonio Chizzotti aplicamos inicialmente um questionaacuterio experimental e investi-

gativo sem o necessaacuterio rigor cientiacutefico O cenaacuterio escolhido para esta operaccedilatildeo foi a

cidade de Caraguatatuba no litoral paulista na data de nove de setembro de 2006

no horaacuterio das dezoito horas e trinta minutos ateacute as vinte e uma horas Esse proce-

dimento se chamaraacute ldquopesquisa pilotordquo

149 Laurence BARDIN em Anaacutelise de conteuacutedo p 98 comenta que ldquouma hipoacutetese eacute uma afirmaccedilatildeo provisoacuteria que nos propomos verificar (confirmar ou infirmar) recorrendo aos procedimentos de anaacuteli-se Trata-se de uma suposiccedilatildeo cuja origem eacute a intuiccedilatildeo e que permanece em suspenso enquanto natildeo for submetida agrave prova de dados seguros O objetivo eacute a finalidade geral a que nos propomos (ou que eacute fornecida por uma instacircncia exterior) o quadro teoacuterico eou pragmaacutetico na qual os resultados obti-dos seratildeo utilizadosrdquo Ainda segundo ele ldquoDe fato as hipoacuteteses nem sempre satildeo estabelecidas quando da preacute-anaacutelise Por outro lado natildeo eacute obrigatoacuterio ter-se como guia um corpus de hipoacuteteses para se proceder agrave anaacutelise Algumas anaacutelises efetuam-se lsquoagraves cegasrsquo e sem ideacuteias preacute-concebidas 150 BARDIN nos mostra que ldquodois tipos de documentos podem ser submetidos agrave anaacutelise os documen-tos naturais produzidos espontaneamente na realidade e os documentos suscitados pelas necessi-dades de estudo como eacute o caso nesta dissertaccedilatildeo das respostas a questionaacuterios de inqueacuterito tes-tes experiecircncias etcrdquo

78

Ilustraccedilatildeo 7 - Direitos Reservados

O estabelecimento comer-

cial escolhido foi a Banca

da Biacuteblia situado na praccedila

central da cidade ao lado

da igreja matriz Fizemos

nossos contatos iniciais

com o soacutecio controlador do

empreendimento comerci-

al no mecircs de fevereiro de

2006

Identificamo-nos como pesquisadores da PUCSP e discorremos a ele sobre este

trabalho em seus termos gerais

O proprietaacuterio da loja o Sr Servilho Gomes da Silva apoacutes alguns ques-

tionamentos concordou em colaborar com nossa pesquisa Combinamos nessa o-

casiatildeo que entrariacuteamos em contato novamente em uma data futura quando agen-

dariacuteamos de forma definitiva a data de nossa visita desta feita munidos de todo

nosso material da pesquisa de campo

No dia 15 de agosto de 2006 rumamos novamente para a cidade de

CaraguatatubaSP ocasiatildeo essa que em conjunto com o lojista determinamos o dia

da aplicaccedilatildeo do teste piloto conforme a conveniecircncia do comerciante

Iniciamos os trabalhos documentando fotograficamente a loja os possiacute-

veis clientes proprietaacuterio e produtos

Demos sequumlecircncia a nossos propoacutesitos entrevistando o proprietaacuterio

O questionaacuterio dirigido agrave clientela da Banca da Biacuteblia foi aplicado por

dois entrevistadores o autor desta dissertaccedilatildeo e Estela Noronha sempre apresen-

tada como pesquisadora assistente O processo de abordagem a essas pessoas foi

feito de forma direta Identificamo-nos atraveacutes de um cartatildeo de visitas especialmen-

te desenvolvido para essa finalidade

79

Vista frontal de nosso cartatildeo de identificaccedilatildeo

Verso do cartatildeo de identificaccedilatildeo

Ilustraccedilatildeo 8 - Direitos Reservados

Nesse cartatildeo consta o nome da universi-

dade cidade sede nome do departamen-

to ao qual o pesquisador estaacute vinculado

sua identidade as iniciais de sua especi-

alidade a aacuterea de interesse em que a

pesquisa estaacute relacionada telefones e

endereccedilo completo Consta tambeacutem o

endereccedilo eletrocircnico para comunicaccedilatildeo

direta via Internet No verso deste ins-

trumento de apresentaccedilatildeo colocamos o

nome do orientador cargo que ocupa na

universidade departamento e endereccedilo

da academia de ciecircncias Foram aborda-

dos dez sujeitos nesta data selecionados

aleatoriamente pelos entrevistadores

Eram possiacuteveis clientes que estavam

dentro da loja ou que dela estivessem

saindo indistintamente e que se dispuse-

ram a serem entrevistados

Sequencialmente procedemos a uma leitura ldquoflutuanterdquo151 do instrumento de campo

que foi desenvolvido Essa leitura serviu para delimitar melhor o objeto de estudo e

as hipoacuteteses bem como testar a aplicabilidade do instrumento de pesquisa e a qua-

lidade das perguntas

Sendo assim o questionaacuterio da pesquisa piloto mostrou uma ratificaccedilatildeo

e ajuste ao objeto e hipoacutetese deste trabalho

Nossa iniciativa nesta fase desta dissertaccedilatildeo foi eficaz para certificarmos

o tempo gasto para a aplicaccedilatildeo de cada questionaacuterio e ainda observar qual seria a

151BARDIN explica que ldquoleitura flutuante eacute a primeira atividade que consiste em estabelecer contato com os documentos a analisar e em conhecer o texto deixando-se invadir por impressotildees e orienta-ccedilotildees Esta fase eacute chamada de leitura ldquoflutuanterdquo por analogia com a atitude do psicanalista Pouco a pouco a leitura vai-se tornando mais precisa em funccedilatildeo de hipoacuteteses emergentes da projeccedilatildeo de teorias adaptadas sobre o material e da possiacutevel aplicaccedilatildeo de teacutecnicas utilizadas sobre materiais anaacutelogosrdquo (opcitp96)

80

melhor maneira de abordar os sujeitos da pesquisa Neste sentido algumas infor-

maccedilotildees foram importantes para a aplicaccedilatildeo final e definitiva das questotildees propostas

bull Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio elaborado para a possiacutevel clientela da

loja gastou cerca de 20 minutos

bull Deveriacuteamos evitar a abordagem do sujeito de uma entrevista antes de

sua entrada na loja

bull Deixamos claro logo na abordagem que se tratava de uma pesquisa

para Universidade de cunho cientiacutefico pois isto evitaria qualquer outro juiacutezo a res-

peito de nossa iniciativa

bull Deveriacuteamos ter a maior objetividade brevidade e discriccedilatildeo possiacuteveis

no interior da loja para natildeo alterar sua atmosfera comercial e natildeo trazermos dificul-

dades operacionais aos atos comerciais que estivessem ocorrendo

Tambeacutem desenvolvemos dois outros instrumentos a serem usados de

forma opcional durante a pesquisa de campo Trata-se do questionaacuterio de entrevista

com o lojista152 e da caderneta de anotaccedilotildees ou caderneta de campo O primeiro

instrumento aqui em destaque se destina a sondar a posiccedilatildeo pessoal do lojista con-

sideradas as variaacuteveis feacute e comeacutercio Essas variaacuteveis poderatildeo ser utilizadas ao final

de nosso trabalho dando-nos maior consistecircncia em nossas arguumliccedilotildees finalizantes

No segundo instrumento anotaremos os detalhes que possam posteriormente ser

relevantes ao bom desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo tais como a oitiva de possiacute-

veis comentaacuterios adjacentes e proferidos por vendedores observaccedilotildees de detalhes

esteacuteticos e particulares de cada loja etc

Fisicamente esse instrumento eacute constituiacutedo de um bloco de anotaccedilotildees

devidamente datado e situado com local e periacuteodo aleacutem do horaacuterio das nossas in-

vestidas dentro de nosso cenaacuterio de pesquisa

Com a finalidade de melhor documentar os nossos procedimentos e

concomitantemente agrave aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios decidimos gerar um amplo mate-

rial fotograacutefico O intuito dessa parte de nosso trabalho no campo vai aleacutem da sim-

ples ilustraccedilatildeo Iremos adotar o vieacutes foto-jornaliacutestico pois eacute a maneira que encon-

152 Um modelo do questionaacuterio completo encontra-se nos anexos

81

tramos para demonstrar por imagens os detalhes que venham a ser relevantes nes-

ta dissertaccedilatildeo

O questionaacuterio definitivo dentro dos padrotildees cientiacuteficos foi aplicado poste-

riormente na praccedila comercial de Satildeo Paulo153 durante o periacuteodo que se inicia em

onze de dezembro de 2006 e estende-se ateacute o dia vinte de abril de 2007 Nessas

datas os questionaacuterios aos clientes das lojas foram aplicados pelos mesmos entre-

vistadores da pesquisa piloto Tambeacutem nessas oportunidades nos identificaacutevamos

atraveacutes de nossos cartotildees de visitas especialmente desenvolvidos para esta finali-

dade Nosso puacuteblico-alvo constituiu-se de pessoas de ambos os sexos e maiores de

quatorze anos

Como na pesquisa preacutevia foram abordados ao acaso os indiviacuteduos que

estavam saindo do interior das lojas e que nelas tivessem comprado algum tipo de

produto fossem eles velas impressos em geral estatuetas incensos material para

os ritos maacutegicos e representativos de seu credo patuaacutes pedrarias joacuteias ou bijuteri-

as roupas ou vestimentas especiais miacutedia eletrocircnica etc

A princiacutepio nosso projeto contemplou as religiotildees reconhecidas pelo Insti-

tuto de Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Mas em funccedilatildeo do grande nuacutemero de

dados a serem levantados e a enorme demanda de tempo para execuccedilatildeo da pes-

quisa de campo voltamos o nosso foco de pesquisa para as quatro religiotildees em que

mais aparecem lojas com produtos recorrentes a elas no mercado varejista e de rua

da cidade Satildeo Paulo Satildeo as lojas de produtos para os catoacutelicos e protestantes para

os praticantes das religiotildees afro-brasileiras e para os novoeristas

Foi delimitado o miacutenimo de trinta questionaacuterios por loja perfazendo um to-

tal de quatrocentos e oitenta documentos que totalizaram nove mil e seiscentas per-

guntas e respostas Esse volume de informaccedilatildeo se tornou o ldquocorpusrdquo levantado para

anaacutelise e conclusatildeo respectiva Tambeacutem utilizamos depoimento e entrevista com um

dos lojistas154 registros fotograacuteficos e observaccedilotildees de campo

22 Os resultados macroscoacutepicos da pesquisa de campo

Afirmamos anteriormente que o questionaacuterio apresenta em sua formulaccedilatildeo

duas questotildees abertas e nove questotildees fechadas aleacutem dos nove itens que investi-

153 A listagem com os endereccedilos completos das lojas pesquisadas encontra-se tambeacutem nos anexos 154 O depoimento e entrevista com o lojista encontra-se nos anexos

82

gam o perfil do entrevistado Neste capiacutetulo demonstraremos os dados macroscoacutepi-

cos representativos com suas respectivas participaccedilotildees percentuais sobre o volu-

me total das respostas de cada uma das questotildees

221 Resultados obtidos com o perfil dos entrevistados

Graacutefico e tabela 1 ndash Sexo dos sujeitos entrevistados

Masculino12

Feminino88

Sexo Lojas AFRO Lojas NOVA ERA Loja CATOLs Lojas PROTs sum Δ

Masculino 22 11 16 9 58 1208 Feminino 98 109 104 111 422 8792

Totais 120 120 120 120 480 100

83

Graacutefico e tabela 2 ndash Qual a sua profissatildeo

2646

4083

292

2104

313 375

188

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Valores percentuais

Comerciaacuterio 2646

Dona de casa 4083

Comerciante 292

Profissional liberal 2104

Servidor puacuteblico 313

Estudante 375

Desempregado 188

84

Profissatildeo Lojas AFRO Lojas NOVA ERA Loja CATOLs Lojas PROTs sum Δ Comerciaacuterio 42 23 32 30 127 2646

Dona de casa 39 37 58 62 196 4083 Comerciante 4 4 5 1 14 292

Profissional liberal 20 43 19 19 101 2104 Servidor Puacuteblico 5 3 6 1 15 313

Estudante 6 9 0 3 18 375 Desempregado 4 1 0 4 9 188

Totais 120 120 120 120 480 10000

85

Graacutefico e tabela 3 - Qual a sua idade

1646

3104

2479

1688

833

250

000 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

Valores Percentuais Mais de 65 anos 250De 55 a 65 anos 833De 45 a 55 anos 1688De 35 a 45 anos 2479De 25 a 35 anos 3104De 18 a 25 anos 1646

86

Qual a sua

idade Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

De 18 a 25 anos 39 21 11 8 79 1646

De 25 a 35 anos 33 34 36 46 149 3104

De 35 a 45 anos 23 40 29 27 119 2479

De 45 a 55 anos 15 14 21 31 81 1688

De 55 a 65 anos 8 10 14 8 40 833

Mais de 65 anos 2 1 9 0 12 250 Totais 120 120 120 120 480 10000

87

Graacutefico e tabela 4 ndash Qual o seu estado civil

1646

7292

917

146

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Valores Percentuais

Solteiro (a) 1646Casado (a) ou comcompanheira (o)

7292

Separado (a) judicialmenteou divorciado (a)

917

Viuacutevo (a) 146

Ocorrecircncias

88

Estado civil Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Solteiro (a) 34 27 8 10 79 1646 Casado (a) ou com companheira (o) 60 72 111 107 350 7292 Separado (a) judicialmente ou divorciado (a) 20 21 1 2 44 917 Viuacutevo (a) 6 0 0 1 7 146 Totais 120 120 120 120 480 10000

89

Graacutefico e tabela 5 - Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar

2667

6083

1188

063

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Valores percentuais

Ateacute o primeiro grau 2667Ateacute o segundo grau 6083Ateacute o terceiro grau 1188Poacutes-graduado 063

Ocorrecircncias

90

Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar

LojasAFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Ateacute o primeiro grau 30 19 21 58 128 2667 Ateacute o segundo grau 81 61 93 57 292 6083 Ateacute o terceiro grau 8 38 6 5 57 1188 Poacutes-graduado 1 2 0 0 3 063 Totais 120 120 120 120 480 10000

91

Graacutefico e tabela 6 - Qual a sua faixa de renda familiar

104

958

2958

3063

1938

542

438

000 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

438

Mais de 10 salaacuteriosmiacutenimos

542

De 08 a 10 salaacuteriosmiacutenimos

1938

De 05 a 08 salaacuteriosmiacutenimos

3063

De 03 a 05 salaacuteriosmiacutenimos

2958

De 01 a 03 salaacuteriosmiacutenimos

958

Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo 104

Ocorrecircncias

92

Qual a sua faixa de renda familiar

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo 3 1 0 1 5 104 De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos 10 10 4 22 46 958 De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos 44 21 23 54 142 2958 De 05 a 08 salaacuterios miacutenimos 36 40 37 34 147 3063 De 08 a 10 salaacuterios miacutenimos 17 28 44 4 93 1938 Mais de 10 salaacuterios miacutenimos 3 13 6 4 26 542 Natildeo quis ou natildeo soube responder 7 7 6 1 21 438 Totais 120 120 120 120 480 10000

93

Graacutefico e tabela 7 - O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro

5292

1958

2396

354

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Valores percentuais

Sim 5292Natildeo 1958Nas imediaccedilotildees destebairro

2396

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

354

Ocorrecircncias

94

O Sr(a) reside ou trabalha neste bairro

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Sim 68 99 44 43 254 5292 Natildeo 12 5 47 30 94 1958 Nas imediaccedilotildees deste bairro 40 16 29 30 115 2396 Natildeo quis ou natildeo soube responder 0 0 0 17 17 354 Totais 120 120 120 120 480 10000

95

Graacutefico e tabela 8 - O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo

74

26

Sim Natildeo

O sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Sim 95 103 109 50 357 7438 Natildeo 25 17 11 70 123 2563 Totais 120 120 120 120 480 10000

96

Graacutefico e tabela 9 - Qual a sua religiatildeo de batismo

8063

917

188

333

021

021

083

000

042

333

000 2000 4000 6000 8000 10000Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

333

Natildeo eacute batizado 042Muccedilulmana 000Novoerista 083Budista 021Candomblecista 021Umbandista 333Espiacuterita kadercista 188Protestante 917Catoacutelica 8063

Ocorrecircncias

97

Qual sua religiatildeo de batismo Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Catoacutelica 98 92 119 78 387 8063 Protestante 1 4 1 38 44 917 Espiacuterita kadercista 0 5 0 4 9 188 Umbandista 16 0 0 0 16 333 Candomblecista 1 0 0 0 1 021 Budista 0 1 0 0 1 021 Novoerista 0 4 0 0 4 083 Muccedilulmana 0 0 0 0 0 000 Natildeo eacute batizado 1 1 0 0 2 042 Natildeo quis ou natildeo soube responder 3 13 0 0 16 333 Totais 120 120 120 120 480 10000

98

Graacutefico e tabela 10- Qual a sua religiatildeo praticada atualmente

3250

2563

313

1125

479

000

458

000

1813

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Valores percentuais

Catoacutelica 3250Protestante 2563Espiacuterita kardecista 313Umbandista 1125Candomblecista 479Budista 000Novoerista 458Muccedilulmana 000Natildeo quis ou natildeo souberesponder

1813

Ocorrecircncias

99

Qual a sua religiatildeo praticada atualmente

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Catoacutelica 17 38 101 0 156 3250 Protestante 0 3 0 120 123 2563 Espiacuterita kardecista 5 10 0 0 15 313 Umbandista 53 1 0 0 54 1125 Candomblecista 23 0 0 0 23 479 Budista 0 0 0 0 0 000 Novoerista 16 6 0 0 22 458 Muccedilulmana 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 6 62 19 0 87 1813 Totais 120 120 120 120 480 10000

100

Graacutefico e tabela 11 - Como o senhor (a) teve conhecimento da existecircncia desta loja

125063000021333

2188

5271

646

1208

146000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Valores percentuais

Lista telefocircnica 125Internet 063Propaganda em revistasjornais murais ou meiosimpressos

000

Pelo raacutedio ou televisatildeo 021Por parentes ou amigos defora de minha comunidadereligiosa

333

Por parentes ou amigos daminha comunidade religiosa

2188

Por indicaccedilotildees de placas ouvitrine da loja

5271

Pelo padre sacerdote ousacerdotisa pastor oupastora sheik rabino

646

Ocorrecircncias

101

Como o Sr (a) teve conhecimento da existecircncia desta loja

LojasAFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Lista telefocircnica 2 0 4 0 6 125 Internet 1 2 0 0 3 063 Propaganda em revistas jornais murais ou meios impressos 0 0 0 0 0 000 Pelo raacutedio ou televisatildeo 0 0 0 1 1 021 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 8 1 6 1 16 333 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 12 4 48 41 105 2188 Por indicaccedilotildees de placas ou a vitrine da loja 73 98 35 47 253 5271 Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor oupastora sheik rabino monge etc 20 0 1 10 31 646 Por acaso 2 15 26 15 58 1208 Natildeo quis ou natildeo soube responder 2 0 0 5 7 146 Totais 120 120 120 120 480 10000

102

Graacutefico e tabela 12 - Com que frequumlecircncia o senhor (a) compra produto(s) reli-gioso(s)

688

1313

1083

1375

2125

2500

917

000 500 1000 1500 2000 2500

Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

917

Menos de uma vez por ano 2500Uma vez por ano 2125Uma vez por semestre 1375Uma vez a cada trecircs meses 1083Uma vez a cada dois meses 1313Pelo menos uma vez pormecircs

688

Ocorrecircncias

103

Com que frequumlecircncia o Sr (a) compra produtos religiosos

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Pelo menos uma vez por mecircs 26 7 0 0 33 688 Uma vez a cada dois meses 40 23 0 0 63 1313 Uma vez a cada trecircs meses 20 32 0 0 52 1083 Uma vez por semestre 14 30 8 14 66 1375 Uma vez por ano 15 16 40 31 102 2125 Menos de uma vez por ano 5 2 50 63 120 2500 Natildeo quis ou natildeo soube responder 0 10 22 12 44 917 Totais 120 120 120 120 480 10000

104

Graacutefico e tabela 13 - Qual eacute o principal motivo que o senhor (a) comprou esses produtos

2042

563

4292

1854

313

625

313

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Valores percentuais

Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu culto religioso

2042

Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar

563

Porque a imagem desse (s) objeto ( s ) reforccedila (m) a minha feacute

4292

Porque trazem proteccedilatildeo 1854

Porque achei bonito 313

Vai servir para eu dar de presente a algueacutem

625

Natildeo quis ou natildeo soube responder

313

Ocorrecircncias

105

Qual eacute principal o motivo que o sr(a) comprou esse (s) produto (s

LojasAFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu culto religioso 16 10 33 39 98 2042 Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar 18 0 0 9 27 563 Porque a imagem desse (s) objeto(s) reforccedila (m) a minha feacute 54 59 43 50 206 4292 Porque trazem proteccedilatildeo 30 33 17 9 89 1854 Porque achei bonito 1 10 4 0 15 313 Vai servir para eu dar de presente a algueacutem 1 6 23 0 30 625 Natildeo quis ou natildeo soube responder 0 2 0 13 15 313 Totais 120 120 120 120 480 10000

106

Graacutefico e tabela 14 - Qual o tipo ou gecircnero do (s) produtos comprados

1601

485

808

176132

352

015 015059

558

250

485

852

411

690

1630

631

015

103

279

162117

059

117

Velas

Imag

ens e

m gess

o

Imag

ens i

mpress

as

Ervas d

e che

iro

Buacutezios

Guias d

e san

toTint

as

Pinceacuteis

Charut

os

Terccedilos

Sabon

etes

Incen

so

Bijuter

ia

Vestuaacute

rio

Miacutedia e

letrocircn

ica C

D ou D

VD

Miacutedia i

mpress

a

Siacutembo

los sa

grado

s ou m

iacutestico

s

Copos

taccedila

s ou s

imila

res

Armas

Pedras

Perfum

es e

aromati

zante

s

Calend

aacuterios

Patuaacutes

Baralho

s ou t

arocirc

Ocorrecircncias

Valo

res

perc

entu

ais

107

Qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s) (citaccedilotildees)

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Velas 78 15 16 0 109 1601 Imagens em gesso 8 9 16 0 33 485 Imagens impressas 11 4 40 0 55 808 Ervas de cheiro 11 1 0 0 12 176 Buacutezios 9 0 0 0 9 132 Guias de santo 24 0 0 0 24 352 Tintas 1 0 0 0 1 015 Pinceacuteis 1 0 0 0 1 015 Charutos 4 0 0 0 4 059 Terccedilos 1 0 37 0 38 558 Sabonetes 1 16 0 0 17 250 Incenso 6 27 0 0 33 485 Bijuteria 16 21 21 0 58 852 Vestuaacuterio 0 8 10 10 28 411 Miacutedia eletrocircnica CD ou DVD 0 12 14 21 47 690 Miacutedia impressa 0 8 12 91 111 1630 Siacutembolos sagrados ou miacutesticos 0 9 13 21 43 631 Copos taccedilas ou similares 0 1 0 0 1 015 Armas 0 6 1 0 7 103 Pedras 0 19 0 0 19 279 Perfumes e aromatizantes 0 11 0 0 11 162 Calendaacuterios 0 6 0 2 8 117 Patuaacutes 4 0 0 0 4 059 Baralhos ou tarocirc 0 8 0 8 117 Totais 175 181 180 145 681 10000

108

Graacutefico e tabela 15 - Faixa de desembolso na loja

2667

2833

3104

1083

250

042 000 021000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Valores percentuais

Ate 10 reais 2667De 10 a 20 reais 2833De 20 a 40 reais 3104De 40 a 80 reais 1083De 80 a 160 reais 250De 160 a 320 reais 042Mais de 320 reais 000Natildeo quis ou natildeo souberesponder

021

Ocorrecircncias

109

Faixa de desembolso na loja Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Ate 10 reais 38 17 32 41 128 2667 De 10 a 20 reais 45 31 27 33 136 2833 De 20 a 40 reais 30 34 51 34 149 3104 De 40 a 80 reais 3 28 10 11 52 1083 De 80 a 160 reais 2 9 0 1 12 250 De 160 a 320 reais 1 1 0 0 2 042 Mais de 320 reais 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 0 0 0 1 021 Totais 120 120 120 120 480 10000

110

Graacutefico e tabela 16 - Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja

9

4238

100

1

Plenamente satisfeito (a)Satisfeito (a)Razoavelmente satisfeito (a)Sofrivelmente satisfeito (a)Insatisfeito (a)Natildeo quis ou natildeo soube responder

Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Plenamente satisfeito (a) 32 4 2 3 41 854 Satisfeito (a) 49 51 22 80 202 4208 Razoavelmente satisfeito (a) 37 49 70 27 183 3813 Sofrivelmente satisfeito (a) 1 5 0 0 6 125 Insatisfeito (a) 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 11 26 10 48 1000 Totais 120 120 120 120 480 10000

111

Graacutefico e tabela 17 - O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja

Sim51

Natildeo11

Natildeo quis ou natildeo soube responder

38

O Sr(a) pretende voltar outras vezes a esta loja

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Sim 112 46 39 47 244 5083 Natildeo 4 19 22 8 53 1104 Natildeo quis ou natildeo soube responder 4 55 59 65 183 3813 Totais 120 120 120 120 480 10000

112

Graacutefico e tabela 18 - Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo

1354

2104 2104

3917

146000

375

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

Valores percentuais

Caros 1354Relativamente caros 2104Razoavelmenteequilibrados

2104

Condizentes com a minharenda

3917

Baratos 146Muito baratos 000Natildeo quis ou natildeo souberesponder

375

Ocorrecircncias

113

Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs Lojas PROTs sum Δ

Caros 14 10 37 4 65 1354 Relativamente caros 23 17 28 33 101 2104 Razoavelmente equilibrados 22 21 21 37 101 2104 Condizentes com a minha renda 59 61 32 36 188 3917 Baratos 1 1 2 3 7 146 Muito baratos 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 10 0 7 18 375 Totais 120 120 120 120 480 10000

114

Graacutefico e tabela 19 - Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

6271

708

1604

271

000

125

1021

000 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

1021

Um convite especial 125Maior conforto 000Melhor atendimento 271Novos produtos 1604Melhores condiccedilotildees depagamento

708

Melhores preccedilos 6271

Ocorrecircncias

115

Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Melhores preccedilos 89 54 80 78 301 6271 Melhores condiccedilotildees de pagamento 14 5 4 11 34 708 Novos produtos 11 49 4 13 77 1604 Melhor atendimento 4 9 0 0 13 271 Maior conforto 0 0 0 0 0 000 Um convite especial 1 3 2 0 6 125 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 0 30 18 49 1021 Totais 120 120 120 120 480 10000

Os dados que apresentamos acima satildeo macro-estatiacutesticos e nortearam

o contexto geral desta pesquisa A anaacutelise mais detalhada deste trabalho seraacute reali-

zada no proacuteximo capiacutetulo

23 - Meacutetodo de anaacutelise dos dados coletados Como jaacute expusemos optaremos em realizar a anaacutelise de conteuacutedo155 dos

dados coletados atraveacutes da pesquisa de campo seguindo os princiacutepios metodoloacutegi-

cos apontados no livro Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais de Antocircnio Chiz-

zotti Segundo esse autor

Anaacutelise de conteuacutedo eacute um meacutetodo de tratamento e anaacutelise de informa-ccedilotildees colhidas por meio de teacutecnicas de coleta de dados consubstancia-das em um documento A teacutecnica se aplica agrave anaacutelise de textos escritos ou de qualquer comunicaccedilatildeo (oral visual gestual) reduzida a um texto ou documento

O objetivo da anaacutelise de conteuacutedo eacute compreender criticamente o sentido das comunicaccedilotildees seu conteuacutedo manifesto ou latente as significaccedilotildees expliacutecitas ou ocultas

A decodificaccedilatildeo de um documento pode utilizar-se de diferentes procedi-mentos para alcanccedilar o significado profundo das comunicaccedilotildees nele ci-fradas A escolha do procedimento mais adequado depende do material a ser analisado dos objetos da pesquisa e da posiccedilatildeo ideoloacutegica e social do analisador

155Laurence BARDIN Anaacutelise de Conteuacutedo p 105-106 esclarece que ldquofazer uma anaacutelise temaacutetica consiste em descobrir os lsquonuacutecleos de sentidorsquo que compotildeem a comunicaccedilatildeo e cuja presenccedila ou fre-quumlecircncia de apariccedilatildeo pode significar algumas coisas para o objetivo analiacutetico escolhido O tema eacute ge-ralmente utilizado como unidade de registro para estudar motivaccedilotildees de opiniotildees de atitudes de valores de crenccedilas de tendecircncias etc As respostas a questotildees abertas as entrevistas (natildeo direti-vas ou mais estruturadas) individuais ou de grupo de inqueacuterito ou de psicoterapia os protocolos de testes as reuniotildees de grupos os psicodramas as comunicaccedilotildees de massa etc podem ser e satildeo frequumlentemente analisados tendo o tempo por baserdquo

116

Esses procedimentos podem privilegiar um aspecto da anaacutelise seja de-compondo um texto em unidades leacutexicas (anaacutelise lexicoloacutegica) ou classifi-cando-o segundo categorias (anaacutelise categorial) seja desvelando o senti-do de uma comunicaccedilatildeo no momento do discurso (anaacutelise de enunciaccedilatildeo) ou revelando os significados dos conceitos em meios sociais diferencia-dos (anaacutelise de conotaccedilotildees) ou seja utilizando-se de qualquer outra for-ma inovadora de decodificaccedilatildeo de comunicaccedilotildees impressas visuais ges-tuais etc apreendendo o seu conteuacutedo expliacutecito ou impliacutecito

Esta teacutecnica procura reduzir o volume amplo de informaccedilotildees contidas em uma comunicaccedilatildeo a algumas caracteriacutesticas particulares ou categorias conceituais que permitam passar dos elementos descritivos agrave interpreta-ccedilatildeo ou investigar a compreensatildeo dos atores sociais no contexto cultural em que produzem a informaccedilatildeo ou enfim verificando a influecircncia desse contexto no estilo na forma e no conteuacutedo da comunicaccedilatildeo 156

Assim sendo a anaacutelise de conteuacutedo seraacute considerada como um meacutetodo

que contempla o conjunto de teacutecnicas de anaacutelise das comunicaccedilotildees A dinacircmica do

processo analiacutetico eacute marcada por uma grande variedade de formas e eacute adaptaacutevel a

um amplo campo de aplicaccedilatildeo que satildeo as comunicaccedilotildees

Desta forma para trabalharmos com o material da pesquisa de campo

desta dissertaccedilatildeo proporemos utilizar duas teacutecnicas de anaacutelise simultaneamente

uma do tipo temaacutetica (qualitativa) e outra do tipo frenquumlecircncial (quantitativa) sendo

que para a primeira utilizaremos a anaacutelise de enunciaccedilatildeo

A anaacutelise quantitativa estaraacute centrada sobre a demonstraccedilatildeo graacutefica da

relaccedilatildeo entre as variaacuteveis classificando os dados por categorias onde vamos de-

monstrar a relaccedilatildeo entre as possiacuteveis variaacuteveis157 Na anaacutelise qualitativa seguire-

mos as orientaccedilotildees fenomenoloacutegicas que nos sugerem ldquoir aleacutem das manifestaccedilotildees

imediatas para captaacute-las e desvelar e desvelar o sentido oculto das impressotildees ime-

diatas O sujeito precisa ultrapassar as aparecircncias para alcanccedilar a essecircncia dos fe-

nocircmenosrdquo158

Chizzotti comenta

156 Antonio CHIZZOTTI Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais p98-99 157 Ibid p 69 158 Ibid p 80

117

Para muitos autores a pesquisa quantitativa natildeo deve ser oposta agrave pes-quisa qualitativa mas ambas devem sinergicamente convergir na com-plementaridade muacutetua sem confinar os processos e questotildees metodoloacute-gicos a limites que atribuam os meacutetodos quantitativos exclusivamente ao positivismo ou os meacutetodos qualitativos ao pensamento interpretativo (fe-nomenologia dialeacutetica hermenecircutica etc) Esses autores consideram que eacute necessaacuterio superar as oposiccedilotildees que subsistem nas pesquisas em ciecircncias humanas e sociais e apontam que se pode fazer uma anaacutelise qualitativa de dados estritamente quantitativos ou que o material recolhido com teacutecnicas qualitativas podem ser analisadas com meacutetodos quantitati-vos como eacute o caso da anaacutelise de conteuacutedo159

No proacuteximo capiacutetulo atraveacutes da anaacutelise dos dados obtidos na pesquisa

de campo vamos entender e explicar o que constatamos que a feacute religiosa eacute a prin-

cipal alavanca motivacional do mercado varejista de produtos religiosos

159Antonio CHIZZOTTI Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais p 34

118

Capiacutetulo III ndash O varejo de produtos religiosos razatildeo e sensibilidade

Vendas a varejo eacute atenccedilatildeo aos detalhes (retail is detail) Eacute trabalho aacuterduo Cyril Magnin comerciante americano a-conselha ldquoQuem tem mais de 40 anos tem pouco a ver com o varejordquo Um velho proveacuterbio chinecircs acrescenta ldquoQuem natildeo sorri natildeo abre lojardquo

Philiph Kotler160

Marketing eacute tatildeo baacutesico que natildeo pode ser considerado como uma funccedilatildeo isolada Eacute o negoacutecio inteiro cujo resul-tado final depende do ponto de vista do cliente

Peter Drucker161

Neste capiacutetulo iremos analisar as respostas da pesquisa de campo que

tiveram como publico alvo compradores maiores de catorze anos

Discorreremos sobre o ponto central de nosso trabalho quando formos

verificar que a motivaccedilatildeo da compra de diversos produtos religiosos pelos sujeitos

entrevistados tem as conotaccedilotildees da religiosidade poacutes-moderna e em especial a

razatildeo da feacute individual

Sobre a religiosidade poacutes-moderna Estela Noronha afirmou que

() sabiacuteamos que ambas as visotildees e discursos estavam em conformida-de com o movimento da poacutes-modernidade onde as novas formas ou ten-decircncias do ldquoserrdquo religioso satildeo sincreacuteticas e polissecircmicas marcadas pela diversidade pela pluralidade de credos pelo tracircnsito religioso e pela falta de submissatildeo hieraacuterquica agraves instituiccedilotildees religiosas Ao mesmo tempo em que tambeacutem buscam um sentido existencial individualista e subjetivo centrado no indiviacuteduo e no seu cotidiano muitas vezes utilitarista con-sumista e praacutetico162

160Philip KOTLER Marketing de A a Z p224 161Philip KOTLER Administraccedilatildeo de Marketing Anaacutelise planejamento administraccedilatildeo e controle p29 162Estela NORONHA Tenha feacute tenha confianccedila Iemanjaacute eacute uma esperanccedila Um estudo a luz da soacute-cio-antropologia e da psicologia analiacutetica do fenocircmeno ldquoIemanjismordquo entre os natildeo devotos das religi-otildees afro-brasileira p170

119

Estaremos enfocando os clientes que efetivaram compras nas lojas de

produtos para a profissatildeo da feacute catoacutelica das diversas denominaccedilotildees do credo pro-

testante-cristatildeo das religiotildees afro-brasileiras e das doutrinas com menores hetero-

doxias se considerados os vieses judaico-cristatildeos163 das religiotildees ocidentais

Objetivamos delinear um perfil desses consumidores aleacutem de examinar-

mos os resultados obtidos sob o enfoque dos dados funcionais do composto de

marketing164 tendo em vista o consumidor Salvo melhor juiacutezo satildeo estas as ferra-

mentas que a ciecircncia oferece para a implementaccedilatildeo das estrateacutegias mercadoloacutegicas

e que tenham como meta o atendimento das necessidades das pessoas que com-

potildeem o puacuteblico do mercado de produtos religiosos

Segundo Kotler

O ponto de partida para o estudo do marketing reside nas necessidades e desejos humanos A humanidade precisa de comida ar aacutegua roupa e abrigo para sobreviver Aleacutem disso as pessoas desejam recreaccedilatildeo edu-caccedilatildeo e outros serviccedilos Elas tecircm preferecircncias notaacuteveis por tipos especiacute-ficos de bens de serviccedilos baacutesicos165

Antes que passemos para as questotildees que examinam os aspectos da feacute

e da religiosidade do puacuteblico alvo e consumidor de produtos relacionados agrave religiosi-

dade e feacute eacute necessaacuterio que faccedilamos uma siacutentese dos dados macro-estatiacutesticos que

foram demonstrados no segundo capiacutetulo para que possamos embasar a anaacutelise

acerca do fator motivacional que justifica a aquisiccedilatildeo desses bens no comercio va-

rejista de produtos religiosos A pesquisa de campo tambeacutem justificaraacute o prisma ana-

liacutetico-mercadoloacutegico que pretendemos empreender

Alexandre L Las Casas afirma

163 Referimos-nos aacutes doutrinas celtas entre as quais o Druidismo a religiatildeo Wica correntes que ad-vogam o poder maacutegico atraveacutes de cristais pedras preciosas florais aromas etc Tambeacutem estatildeo con-templadas nessa linha denominativa as religiotildees orientais tais como o hinduiacutesmo hinduiacutesmo bramacirc-nico o taoiacutesmo o budismo e o movimento Hare Krishna entre outros 164 Os elementos funcionais do composto de marketing satildeo compreendidos conceitualmente atraveacutes do produto como soluccedilatildeo para o cliente do preccedilo final de venda como custo para aquisiccedilatildeo de bens ou serviccedilos da praccedila ou dos pontos de venda como uma conveniecircncia logiacutestica de abastecimento para a clientela e da promoccedilatildeo publicidade e propaganda como forma de comunicaccedilatildeo institucional e mercadoloacutegica 165 Philip KOTLER Marketing p31

120

A pesquisa eacute a aplicaccedilatildeo de teacutecnicas mais cientificas ao marketing numa tentativa de modificar sua ecircnfase de estado de artes para o da ciecircncia O espiacuterito cientiacutefico deve dominar o pesquisador Neste sentido ele deve a-fastar-se de qualquer julgamento preacutevio que tenha sobre determinado as-sunto e analisar os fatos como eles se apresentam mesmo que sejam bas-tante contraditoacuterios com alguma ideacuteia ou crenccedila dos principais responsaacute-veis pelo projeto O meacutetodo cientiacutefico eacute caracterizado tambeacutem pelo rigor e pela loacutegica e o pesquisador deve sempre visar agrave objetividade e um com-promisso com a busca da realidade166

Complementamos nossa proposiccedilatildeo pelas afirmaccedilotildees de Las Casas

A pesquisa eacute um dos mais importantes subsistemas do SIM167 A pesquisa de mercado eacute uma forma sistemaacutetica de coleta e anaacutelise de dados relati-vos a problemas ou oportunidades de marketing e pode ser realizada de forma constante (paineacuteis) ou para resolver um problema especiacutefico (ad doc) 168

31 Abordagem macroscoacutepica dos dados da pesquisa de campo O meacutetodo utilizado na presente pesquisa foi o quantitativo-descritivo cujo

objetivo eacute segundo Greenwood169 em sua obra Metodologia de La Investigacioacuten

Social especificar a distribuiccedilatildeo de um fenocircmeno determinado de uma populaccedilatildeo

sendo resultado portanto a afirmaccedilatildeo de um fato A teacutecnica de levantamento de

dados utilizada eacute do tipo survey170 uma vez que se procura a descriccedilatildeo de caracte-

riacutesticas quantitativas da populaccedilatildeo

O universo de nossa pesquisa se constitui de clientes finais de empresas

varejistas de pequeno e meacutedio porte171 localizadas na cidade de Satildeo Paulo A amos-

tragem ocorreu de forma aleatoacuteria sendo entrevistados os clientes das lojas que

expressaram o seu espiacuterito colaborativo diretamente aos entrevistadores Optamos

166 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing p89 167 O autor refere-se ao sistema de inteligecircncia de marketing que eacute uma forma organizada e planeja-da de proporcionar informaccedilotildees de maneira constante aos agentes de decisotildees nas empresas 168 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing p88 169 A obra citada eacute de autoria de Ernest Greenwood de ediccedilatildeo Argentina intitulada Metodologia de la a Investigacioacuten Social Buenos Aires Paidos 1973 170 Survey eacute o termo teacutecnico para um levantamento de informaccedilotildees ou opiniotildees por meio de um ques-tionaacuterio administrado a uma amostra (geralmente aleatoacuteria) da populaccedilatildeo estudada 171 Segundo a Instruccedilatildeo Normativa no 355 da Secretaria da Receita Federal do Minsiteacuterio da Fazen-da de 29 de agosto de 2003 considera-se microempresa (ME) pessoa juriacutedica com receita bruta igual ou inferior a R$ 12000000 e empresa de pequeno porte (EPP) pessoa juriacutedica com receita anual bruta superior a R$ 12000000 e igual ou inferior a R$ 120000000

121

pelo questionaacuterio com questotildees estruturadas e semi-estruturadas como o instrumen-

to de coleta mais adequado aos objetivos principalmente devido agrave sua natureza im-

pessoal e uniforme conforme recomendaccedilotildees do autor C Selltiz na obra Meacutetodos

de Pesquisa nas Relaccedilotildees Sociais172

O tratamento estatiacutestico dos dados foi elaborado segundo a prescriccedilatildeo

metodoloacutegica com a codificaccedilatildeo tabulaccedilatildeo e anaacutelise atraveacutes do programa SPSS -

Statistical Package for the Social Sciences for Windows versatildeo 13 Os cocircmputos

estatiacutesticos usados que seratildeo usados para anaacutelise seratildeo os do cruzamento entre as

variaacuteveis

Assim sendo a tiacutetulo de esclarecimento fizemos um resumo dos resulta-

dos que alcanccedilamos com a pesquisa de campo com o perfil dos consumidores en-

trevistados assim como para os dados mercadoloacutegicos

Perfil

bull 8792 satildeo mulheres contra 1208 que satildeo homens

bull 3104 estatildeo na faixa etaacuteria de 25 a 35 anos 2479 na de 35 a

45 anos 1688 na de 45 a 55 anos 1646 na de 18 a 25 anos

e 250 na superior a 65 anos

bull 7292 satildeo casados 1646 satildeo solteiros 917 satildeo separados ju-

dicialmente ou divorciados e 146 satildeo viuacutevos

bull 6083 possuem o segundo grau 2667 possuem o primeiro

grau 1188 possuem o terceiro grau e 063 satildeo poacutes-

graduados

bull 4083 satildeo donas de casa 2646 satildeo comerciaacuterios 2104 satildeo

profissionais liberais 375 satildeo estudantes 313 satildeo servidores

puacuteblicos 292 satildeo comerciantes e 188 satildeo desempregados

bull 7438 satildeo pessoas naturais da cidade de Satildeo Paulo contra

2563 pessoas que satildeo nascidas fora do municiacutepio de Satildeo Pau-

lo

bull 5292 dos sujeitos entrevistados trabalham ou residem no bairro

em que se localiza a loja em que efetuaram a compra 2396 nas

172 SELLTIZ C et al Meacutetodos de Pesquisa nas Relaccedilotildees Sociais Satildeo Paulo editora Herder1965

122

imediaccedilotildees da loja 1958 de outros bairros e 354 natildeo soube-

ram ou natildeo quiseram responder

bull 3063 situam-se como consumidores com renda familiar de 5 a 8

salaacuterios miacutenimos 2958 com renda familiar de 3 a 5 salaacuterios miacute-

nimos 1938 com renda familiar de 8 a 10 salaacuterios miacutenimos

958 com renda familiar de 1 a 3 salaacuterios miacutenimos 542 com

renda superior a 10 salaacuterios miacutenimos 438 natildeo souberam ou

natildeo quiseram responder e 104 detecircm ateacute 1 salaacuterio miacutenimo

bull 8063 declaram que foram batizados na religiatildeo catoacutelica 917

por denominaccedilotildees protestantes 333 o foram pela umbanda ou

natildeo souberam ou natildeo quiseram responder a essa questatildeo 188

declararam que foram batizados pelo espiritismo kardecista 083

o foram pelas religiotildees novoeristas 042 declaram que natildeo fo-

ram batizados e 021 o foram pelo candombleacute e por correntes de

pensamento budista

bull 3250 afirmaram que praticam a religiatildeo catoacutelica 2563 prati-

cam religiotildees de denominaccedilotildees protestantes 1813 natildeo soube-

ram ou natildeo quiseram responder a essa questatildeo 1125 praticam

a umbanda 458 o candombleacute e 313 o espiritismo kardecista

Notamos claramente que haacute uma tendecircncia de consumo aos bens rela-

cionados a religiosidade pelas mulheres em contra partida aos homens e em espe-

cial por mulheres que satildeo donas de casa Mais da metade dos indiviacuteduos entrevis-

tados estatildeo com idade variando entre 25 a 45 anos e em sua grande maioria satildeo

casados Uma expressatildeo representativa do conjunto de gecircneros pesquisados tem

como niacutevel de escolaridade o segundo grau Situam-se como consumidores com

renda familiar de 3 a 8 salaacuterios miacutenimos ficando os indiviacuteduos pertencentes agraves clas-

ses mais eou menos bastadas nas extremidades dos resultados estatiacutesticos Reve-

la-se nitidamente a presenccedila da classe meacutedia Foram batizados em sua maioria den-

tro dos preceitos da religiatildeo catoacutelica e satildeo praticantes das religiotildees cristatildes Escolhe-

ram comprar nos estabelecimentos comerciais pesquisados por morarem ou traba-

lharem no mesmo bairro Satildeo em sua grande maioria naturais da cidade de Satildeo

Paulo

123

Questotildees mercadoloacutegicas

bull 2500 dos sujeitos entrevistados declaram que compram produ-

tos relacionados agrave religiatildeo menos de uma vez por ano 2105 uma

vez por ano 1375 uma vez por semestre 1313 uma vez a

cada dois meses 1083 uma vez a cada trecircs meses 917 natildeo

quiseram ou natildeo souberam responder e 688 compram pelo me-

nos uma vez por mecircs

bull 4292 dos entrevistados afirmam que o principal motivo da com-

pra eacute a que a imagem do produto reforccedila a sua feacute 2042 porque

os objetos satildeo importantes no ritual ou culto religioso 1854 por-

que o produto traz proteccedilatildeo 625 porque a compra desempe-

nharaacute o papel de presente a terceiros 563 porque o principal

cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar e 313 natildeo qui-

seram ou souberam responder e porque acharam o produto boni-

to

bull 5271 dos consumidores tiveram conhecimento da existecircncia da

loja por indicaccedilotildees de placas ou vitrines 2188 por indicaccedilotildees de

parentes ou amigos da sua comunidade religiosa 646 pelo pa-

dre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pastora sheik ou rabino

333 por parente ou amigos de fora da comunidade religiosa

125 pela lista telefocircnica 063 pela Internet e 021 pelo raacutedio

ou televisatildeo

bull 3104 desembolsaram de R$ 2000 a R$ 4000 2833 de R$

1000 a R$ 2000 2667 ateacute R$ 1000 1083 de R$ 4000 a R$

8000 250 de R$ 8000 a R$ 16000 042 de R$ 16000 a R$

32000 e 021 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder

bull 3917 dos entrevistados disseram que os preccedilos praticados e-

ram condizentes com a sua renda 2104 acharam os preccedilos ra-

zoavelmente equilibrados 2104 relativamente caros 1354

caros 375 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder e 146

baratos

bull 4208 dos clientes entrevistados declaram estar satisfeitos com o

atendimento recebido na loja 3813 definiram-se razoavelmente

124

satisfeitos 1000 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder

854 acham-se plenamente satisfeitos e 125 estatildeo sofrivel-

mente satisfeitos

bull 5083 disseram que pretendem voltar outras vezes agrave loja

3813 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder e 1104 natildeo

pretendem voltar ao estabelecimento

bull 6271 dos clientes das lojas afirmaram que estariam motivados a

voltar mais vezes agrave loja se os produtos tivessem melhores preccedilos

1604 se a loja oferecesse novos produtos 1021 natildeo quise-

ram ou natildeo souberam responder 708 voltariam se tivessem en-

contrado melhores formas de pagamento e 121 havendo um

convite especial

Considerando uma abordagem macro estatiacutestica referente agraves questotildees

afetas agrave dinacircmica comercial dos sujeitos que efetivaram aquisiccedilotildees de bens nas lo-

jas pesquisadas podemos afirmar que a grande maioria efetivou compras de algum

produto pelo menos uma vez ao ano cujo motivo principal estaacute relacionado ao as-

pecto religioso e em particular com a feacute individual Na sua grande maioria a esco-

lha da loja se deu por uma questatildeo de visibilidade indicativa externa o que demons-

tra que o ponto comercial eacute de relevante importacircncia para o empreendimento de

vendas no caso deste estudo das vendas no varejo Nesta pesquisa notou-se que

os negoacutecios se concretizaram em funccedilatildeo dos estabelecimentos comerciais estarem

localizados em rotas estrateacutegicas que contemplam o caminho dos entrevistados pa-

ra suas residecircncias ou locais de trabalho A faixa de gastos com as compras esteve

em sua maioria situada entre R$ 1000 e R$ 4000 Um expressivo nuacutemero de con-

sumidores afirmou que os preccedilos praticados por essas lojas estatildeo ao alcance de seu

poder aquisitivo descaracterizando o princiacutepio da compra pelo fator econocircmico-

especulativo embora tenham sinalizado que se os produtos comercializados fossem

mais baratos voltariam com maior frequumlecircncia agraves compras O grau de satisfaccedilatildeo com

o atendimento dos vendedores eacute elevado e mais de 50 dos sujeitos abordados

pretendem retornar agraves compras na mesma loja

Para facilitar a leitura da questatildeo aberta compusemos um quadro com as

respostas obtidas A compreensatildeo macroscoacutepica dos dados alcanccedilados ajudaraacute a

efetuar uma visatildeo mais ampla e geral sobre os produtos comprados Os dados com-

pilados satildeo os seguintes

125

Tabela 20 ndash Pergunta qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s)

Produtos Frequumlecircncia ∆ Velas 109 1601 Imagens em gesso 33 485 Imagens impressas 55 808 Ervas de cheiro 12 176 Buacutezios 9 132 Guias de santo 24 352 Tintas 1 015 Pinceacuteis 1 015 Charutos 4 059 Terccedilos 38 558 Sabonetes 17 250 Incenso 33 485 Bijuteria 58 852 Vestuaacuterio 28 411 Miacutedia eletrocircnica CD ou DVD 47 690 Miacutedia impressa 111 1630 Siacutembolos sagrados ou miacutesticos 43 631 Copos taccedilas ou similares 1 015 Armas 7 103 Pedras 19 279 Perfumes e aromatizantes 11 162 Calendaacuterios 8 117 Patuaacutes 4 059 Baralhos ou tarocirc 8 117 Totais 681 10000

Embora o mix ou a variedade de produtos oferecidos agrave clientela das lojas

seja significativo os itens de compra que aparecem com maior frequumlecircncia satildeo as

miacutedias impressas (panfletos fotos imagens desenhos gravuras livros revistas

etc) numa participaccedilatildeo de 1630 As velas tambeacutem tecircm um destaque especial no

interesse do consumidor com participaccedilatildeo de 1601 sobre as vendas dos demais

produtos comprados

Foram apontados 681 produtos quando questionamos dentro de uma va-

riabilidade significativa Satildeo produtos simples de consumo e categorizaccedilatildeo popular

e que intrinsecamente dispensam o uso de materiais mais desenvolvidos (a exceccedilatildeo

neste caso estaacute centrada sobre as miacutedias digitais ou seja os CDrsquos e os DVDrsquos)

126

Produtos de aplicaccedilotildees muacuteltiplas tambeacutem satildeo frequentemente detecta-

dos nas gocircndolas das lojas

Percebemos nas lojas indiacutecios de produtos com produccedilatildeo artesanal ca-

recendo muitas vezes de melhores especificaccedilotildees constitutivas e nem sempre ade-

quados agraves normas teacutecnicas vigentes em nosso paiacutes poreacutem de qualidade comprova-

da e agradaacutevel ao gosto e preferecircncia do consumidor Satildeo os casos de chaacutes sabo-

netes aromatizantes ervas de cheiro etc

A oferta de imagens confeccionadas em diversos materiais eacute farta e evi-

dente guardada a necessaacuteria exceccedilatildeo para os produtos das lojas que se destinam a

atender o segmento das denominaccedilotildees protestantes Poreacutem a profusatildeo de cores e

alguns cuidados na exposiccedilatildeo dos produtos assim como alguns apelos mercadoloacute-

gicos com banners e displays realccedilando as caracteriacutesticas e preccedilos dos produtos

satildeo tambeacutem perceptiacuteveis

Eacute interessante notar que embora exista uma grande gama de produtos

com dupla aplicaccedilatildeo (dentro e fora dos aspetos inerentes aacute religiosidade) as carac-

teriacutesticas sagradas ou maacutegicas dos mesmos satildeo evidenciadas

A possiacutevel causa para esse fato pode estar correlacionado aos contornos

hierofacircnicos que esses produtos contecircm e por serem comercializados em estabele-

cimentos comerciais que tecircm como objetivo empresarial prover uma clientela que

necessita e deseja adquirir os complementos materiais e simboacutelicos para a profissatildeo

de suas crenccedilas ou feacute

Edecircnio Valle registra

A referecircncia das religiotildees ao sagrado apresenta uma impressionante varie-dade de concretizaccedilotildees e mediaccedilotildees Natildeo existe nenhum acontecimento natural ou vital que natildeo tenha sido ou possa ser revestido de caraacuteter sa-grado por alguma cultura Qualquer experiecircncia fato fenocircmeno ou objeto pode ser hierofacircnico isto eacute ldquorevelador do divinordquo para seres humanos em busca de transcendecircncia seja qual for essa Mas ao mesmo tempo o ldquomisteacuterio inefaacutevelrdquo essa uacuteltima dimensatildeo da feacute religiosa jamais eacute atingido Natildeo pode ser explicado apenas tangenciado As religiotildees e hierofanias o revelam e ocultam a um soacute tempo Os siacutembolos religiosos satildeo mediadores que nunca conduzem ao conhecimento pleno do ldquoTodordquo que sinalizam A maneira que as religiotildees olham para o sagrado e a ele se avizinham eacute a-travessada assim por uma ambiguumlidade intriacutenseca A suposta clareza nos enunciados doutrinais desse ponto de vista eacute totalmente ilusoacuteria173

173 Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia religiosa p17

127

Sob o ponto de vista do marketing as hierofanias assumem um aspecto

de vantagem competitiva Outros segmentos comerciais natildeo apresentam tal fenocirc-

meno sendo essa particularidade situacional um fator diferencial relevante quando

comparados pelas demais possibilidades mercadoloacutegicas de investimento financeiro

Outra particularidade relevante apontada pelas palavras de Edecircnio Valle e conside-

rado o vieacutes comercial verifica-se quando lemos que os objetos podem funcionar

simbolicamente como vetores de aproximaccedilatildeo com o transcendente e o sagrado e eacute

intriacutenseco agrave feacute de quem os consome Essa caracteriacutestica especial nesses produtos

tambeacutem se diferencia dos demais se considerado o prisma comercial endoacutegeno do

comeacutercio religioso O autor sinaliza por um conhecimento preacutevio por parte dos con-

sumidores acerca dos valores e significaccedilotildees religiosas aplicaccedilotildees especiacuteficas e

finalidades distintas que tecircm esses produtos Traduz-se dessa maneira como uma

natural economia de esforccedilos materiais e humanos com treinamento de pessoal es-

pecializado para vendas estrateacutegias de aproximaccedilatildeo do produto com o mercado

reduccedilatildeo de despesas com publicidade geral e com a propaganda O produto religio-

so oferece tambeacutem a oportunidade em se estabelecer poliacuteticas e estrateacutegias de

vendas especiacuteficas e dirigidas guardadas as devidas e necessaacuterias consideraccedilotildees eacuteticas

32 A feacute como razatildeo motivacional para compras atraveacutes do prisma estatiacutestico A principal questatildeo de nossa dissertaccedilatildeo estaacute centrada sobre as possiacute-

veis razotildees motivacionais que levam determinadas pessoas ao varejo de produtos

relacionados agrave religiosidade

Estaremos nos referindo agraves unidades compradoras e ao seu comporta-

mento quando considerarmos o processo de troca comercial tendo como objeto a

aquisiccedilatildeo de bens relacionados aos aspectos religiosos dos indiviacuteduos respeitando

as partes envolvidas no processo

John C Mowen e Michael S Minor consideram que

O comportamento do consumidor eacute definido como o estudo das unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na aquisiccedilatildeo no con-sumo e na disposiccedilatildeo de mercadorias serviccedilos e ideacuteias174

174 John C MOWEN e Michael S MINOR Comportamento do consumidor p3

128

Nossas atenccedilotildees estaratildeo voltadas para o setor varejista que comerciali-

za produtos relacionados agrave feacute Este setor da economia brasileira em especial da

cidade de Satildeo Paulo onde empreendemos a pesquisa de campo se caracteriza

dentro da definiccedilatildeo de Juracy Parente

Varejo consiste em todas as atividades que englobam o processo de venda de produtos e serviccedilos para atender a uma necessidade pessoal do con-sumidor final O varejista eacute qualquer instituiccedilatildeo cuja atividade principal con-siste no varejo isto eacute na venda de produtos e serviccedilos para o consumidor final175

O ponto central e comum entre os autores e estudiosos sobre a mercado-

logia varejista eacute perceptiacutevel quando focamos suas atenccedilotildees e preocupaccedilotildees sobre

as relaccedilotildees que satildeo estabelecidas entre a estrutura comercial e a clientela final in-

dependentemente do segmento de marketing a ser considerado como a maneira

pela qual os produtos satildeo comercializados

Kotler enuncia

O varejo inclui todas as atividades envolvidas na venda de bens e serviccedilos diretamente aos consumidores finais para uso pessoal Qualquer organiza-ccedilatildeo que utiliza esta forma de venda ndash um fabricante um atacadista ou um varejista ndash estaacute praticando o varejo Natildeo importa a maneira pela qual os bens e serviccedilos satildeo vendidos (venda pessoal correios telefone ou maacutequi-na automaacutetica) ou onde eles satildeo vendidos (loja rua ou residecircncia)176

Segundo Las Casas

Independentemente da forma com que as definiccedilotildees varejistas satildeo apre-sentadas um aspecto importante a salientar eacute que se trata de comerciali-zaccedilatildeo a consumidores finais177

175 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p22 176 Philip KOTLER Administraccedilatildeo de marketing anaacutelise planejamento implementaccedilatildeo e controle p618 177 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing de Varejo p 17

129

Partindo dos enunciados acima pretendemos sequencialmente exami-

nar com melhor acuidade como se desenvolve a decisatildeo de compra conjuntamente

com outras variaacuteveis levantadas na pesquisa de campo e na hipoacutetese deste traba-

lho

Trabalharemos pela confirmaccedilatildeo hipoteacutetica de que a feacute seja a razatildeo prin-

cipal e pessoal das compras dos clientes das lojas pesquisadas conforme o anunci-

aram os dados levantados

Nosso propoacutesito neste momento eacute tambeacutem o de promover a interseccedilatildeo

da questatildeo especiacutefica que investiga as causas das compras com as diversas faces

do consumidor final178 assim como algumas opiniotildees deles sobre tal evento comer-

cial

O sucesso de qualquer empresa depende da sintonia que consegue es-

tabelecer com seus consumidores sejam eles finais ou institucionais Para enten-

dermos qual eacute a dinacircmica comercial de um mercado se faz necessaacuterio conhecer a

composiccedilatildeo de suas partes e suas variaacuteveis ambientais

A populaccedilatildeo aparece como a principal variaacutevel demograacutefica a ser investi-

gada No caso desta dissertaccedilatildeo encontramos o seguinte quadro abaixo descrito

Tabela 21

Gecircnero Frequumlecircncia Participaccedilatildeo Masculino 58 121 Feminino 422 879 Total 480 10000

Participaram da amostra um percentual significativo de indiviacuteduos do gecirc-

nero feminino com a frequumlecircncia relativa de 879 sobre os valores totais de partici-

pantes Este eacute um dado importante porque corrobora com o que diz Parente

Mudanccedila profunda vem ocorrendo nos haacutebitos e comportamento de com-pra com o aumento do nuacutemero de mulheres no mercado de trabalho De acordo com pesquisas do IBGE de 1996 cerca de 40 da Populaccedilatildeo Eco-nomicamente Ativa era composta de mulheres179

178 Considerada a variaacutevel gecircnero 179 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p89

130

Aplicando o conceito acima podemos concluir que haacute uma explicita maio-

ria feminina disposta e aacutevida ao consumo de produtos destinados para a praacutetica reli-

giosa tambeacutem

Tabela 22 Gecircnero Masculino Feminino Total

Comerciaacuterio (a) 440 2210 2650 Dona de casa 4060 4060 Comerciante 130 170 290 Profissional Liberal180 440 1690 2130 Servidor (a) Puacuteblico (a) 080 230 310 Estudante 080 290 380

Profissatildeo

Desempregado (a) 040 150 190

Total 1210 8790 10000

Notamos que a participaccedilatildeo da dona de casa no varejo de produtos reli-

giosos eacute expressiva Na amostra populacional elas participam com 4060 dos ca-

sos Poreacutem a participaccedilatildeo da mulher trabalhadora tambeacutem foi detectada na pesqui-

sa de campo Esta categoria de indiviacuteduos quando somada jaacute representa mais 50

das opccedilotildees apresentadas para as profissotildees a esse gecircnero (22 satildeo comerciaacuterias

170 comerciantes e 1690 profissionais liberais no universo feminino da amos-

tra)

Assinala Parente sobre a importacircncia da mulher trabalhadora e a partici-

paccedilatildeo delas como consumidoras no varejo

Essa eacute uma das mudanccedilas que vecircm causando maior impacto no varejo O ingresso da mulher no mercado de trabalho ocasiona um aumento do po-der compra do domiciacutelio e modifica os haacutebitos de compra e do consumo domiciliar Independentemente da faixa de renda a participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho continuaraacute a crescer o que estimularaacute a induacutestria a lanccedilar produtos especiacuteficos para esse puacuteblico A mulher teraacute cada vez mais voz e poder nas decisotildees familiares Para a mulher que trabalha fora a busca da conveniecircncia torna-se uma das principais motivaccedilotildees de seu pro-cesso de compra181

180 Os profissionais liberais satildeo os trabalhadores autocircnomos que natildeo necessitam de uma estrutura juriacutedica para o exerciacutecio de suas profissotildees Exemplo Advogados (as) meacutedicos (as) dentistas moto-ristas de taacutexi costureiras etc 181 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p97

131

Quando questionamos a naturalidade dos gecircneros entrevistados 7440

afirmaram serem paulistanos conforme demonstra a tabela abaixo

Tabela 23

Gecircnero Masculino Feminino Total

Sim 940 6500 7440 O Sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo Natildeo 270 2290 2560 Total 1210 8790 10000

Tabela 24 Gecircnero Masculino Feminino Total

De 18 a 25 anos 310 1330 1650 De 25 a 35 anos 270 2830 3100 De 35 a 45 anos 350 2130 2480 De 45 a 55 anos 210 1480 1690 De 55 a 65 anos 060 770 830

Idade

Mais de 65 anos 250 250 Total 1210 8790 10000

Na amostra examinada as mulheres que estatildeo com idade entre 25 a 35

anos satildeo as mais recorrentes com uma participaccedilatildeo de 2830 do total dos indiviacute-

duos pesquisados que somaram 3100 para a faixa etaacuteria com maior frequumlecircncia

Para os homens a amostra apresentou um aumento na faixa etaacuteria Os indiviacuteduos

masculinos que participam com maior expressividade estatildeo na faixa de 35 a 45 a-

nos com 350 do universo total participativo A pesquisa demonstrou tambeacutem a

presenccedila da terceira idade como consumidores femininos na ordem de 250 do

total de indiviacuteduos pesquisados

Tabela 25

Renda Familiar Ateacute 01

salaacuterio miacutenimo

De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos

De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos

De 05 a 08 salaacute-

rios miacutenimos

De 08 a 10 salaacute-

rios miacutenimos

Mais de 10 salaacute-

rios miacutenimos

Natildeo quis ou natildeo soube

responder

Total

Masculino 020 100 270 480 270 040 020 1210 Gecircnero Feminino 080 850 2690 2580 1670 500 420 8790

Total 100 960 2960 3060 1940 540 440 10000

A mostra demonstrou que existe uma diferenccedila relevante da participaccedilatildeo

entre os gecircneros por classe de renda Enquanto a faixa de renda com maior signifi-

cacircncia participativa foi de 3060 para a faixa de 05 a 08 salaacuterios miacutenimos as mu-

132

lheres satildeo mais representativas para uma categoria imediatamente inferior estando

na categoria das famiacutelias com renda de ateacute 05 salaacuterios miacutenimos A participaccedilatildeo

masculina apesar de menos significativa em seus aspectos gerais da amostra para

este o quesito renda familiar influencia por estar numa faixa de maior poder aquisi-

tivo

Juracy Parente anota que

A distribuiccedilatildeo de renda eacute outra dimensatildeo econocircmica que influencia as o-portunidades de mercado para diferentes tipos de varejo em uma regiatildeo Domiciacutelios com diferentes faixas salariais acusam padrotildees de consumo muito diferenciados182

Tabela 26

Grau de escolaridade Ateacute o primeiro grau Ateacute o segundo grau Ateacute o terceiro grau Poacutes-graduado

Total

Masculino 170 810 210 020 1210 Gecircnero Feminino 2500 5270 980 040 8790

Total 2670 6080 1190 060 10000

O grau de escolaridade demonstrou que a maioria das pessoas partici-

pantes da amostra tem ateacute o segundo grau (8750) No entanto para os valores

relativos agrave participaccedilatildeo feminina com o niacutevel de escolaridade poacutes-graduada a dife-

renccedila eacute 100 superior aos indicadores masculinos com participaccedilotildees respectivas

de 020 e 040

Parente pontua sobre a educaccedilatildeo e cultura

O grau de educaccedilatildeo eacute outra dimensatildeo que influencia o comportamento de compra dos consumidores Pessoas mais bem educadas satildeo em geral mais bem informadas e mostram maior capacidade em avaliar com profun-didade as diferentes alternativas de produtos e lojas Satildeo mais exigentes quanto agrave qualidade dos produtos desenvolvem avaliaccedilotildees mais criteriosas sobre benefiacuteciocusto de diferentes alternativas e processam com mais discernimento as mensagens das propagandas Pessoas com este perfil exigem ser atendidas nas lojas por uma equipe que consiga responder de forma inteligente a suas indagaccedilotildees e necessidades Observa-se uma forte relaccedilatildeo entre o niacutevel de renda e o niacutevel de educaccedilatildeo

182 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p 100

133

Tabela 27 Gecircnero Masculino Feminino Total

Catoacutelica 980 7080 8060 Protestante 020 900 920 Espiacuterita Kardecista 040 150 190 Umbandista 060 270 330 Candomblecista 020 020 Budista 020 020 Novoerista 020 060 080 Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 060 270 330

Religiatildeo de Ba-tismo

Natildeo eacute batizado 040 040 Total 1210 8790 10000

No aspecto da religiosidade a amostra demonstrou que a maioria dos su-

jeitos entrevistados satildeo batizados na religiatildeo catoacutelica (8060) Isto significa que o

inicio da vivecircncia e da praacutetica religiosa eacute exercida pelo vieacutes do catolicismo

Tabela 28

Gecircnero Masculino Feminino Total

Catoacutelica 520 2730 3250 Protestante 150 2420 2560 Espiacuterita Kardecista 060 250 310 Umbandista 150 980 1130 Candomblecista 130 350 480 Novoerista 040 420 460

Religiatildeo Prati-cada

Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 170 1650 1810

Total 1210 8790 10000

A tabela acima demonstra a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo que pratica a reli-

giatildeo catoacutelica como sendo a mais proeminente com 3250 dos sujeitos entrevista-

dos No entanto podemos notar as mudanccedilas no eixo dinacircmico da praacutetica e na feacute

religiosa dos sujeitos e entre os gecircneros se compararmos cruzando as duas tabelas

acima

134

Tabela 29

Gecircnero Religiatildeo de Batismo Masculino Feminino Total

Catoacutelica 590 3280 3880 Protestante 160 1810 1960 Espiacuterita Kardecista 280 280 Umbandista 130 830 960 Candomblecista 130 390 520 Novoerista 050 360 410

Religiatildeo Praticada

Natildeo quis ou natildeo soube responder 160 1830 1990

Catoacutelica

Total 1210 8790 10000Religiatildeo Praticada Protestante 230 9770 10000Protestante

Total 230 9770 10000Catoacutelica 1110 1110 2220 Protestante 3330 3330 Umbandista 2220 2220 Religiatildeo

Praticada Natildeo quis ou natildeo soube responder 1110 1110 2220

Espiacuterita Kardecista

Total 2220 7780 10000Catoacutelica 630 1250 1880 Espiacuterita Kardecista 630 630 Umbandista 630 5000 5630 Novoerista 1250 1250

Religiatildeo Praticada

Natildeo quis ou natildeo soube responder 630 630

Umbandista

Total 1880 8130 10000Religiatildeo Praticada Candomblecista 10000 10000Candomblecista

Total 10000 10000Religiatildeo Praticada Novoerista 10000 10000Budista

Total 10000 10000Catoacutelica 2500 2500 Espiacuterita Kardecista 2500 2500 Religiatildeo

Praticada Novoerista 5000 5000 Novoerista

Total 2500 7500 10000Espiacuterita Kardecista 630 630 1250 Umbandista 630 3130 3750 Candomblecista 1250 1250 Religiatildeo

Praticada Natildeo quis ou natildeo soube responder 630 3130 3750

Natildeo quis ou natildeo soube responder

Total 1880 8130 10000Novoerista 5000 5000 Religiatildeo

Praticada Natildeo quis ou natildeo soube responder 5000 5000 Natildeo eacute batizado

Total 10000 10000

A pesquisa demonstra que no momento da compra as pessoas catoacutelicas

apresentam uma conduta mais pluralista com respeito a outras religiotildees Natildeo foi e-

135

xaminado o problema da dupla pertenccedila porque para a principal questatildeo deste tra-

balho as preocupaccedilotildees dos pesquisadores estavam voltadas para o momento da

compra e natildeo para as possiacuteveis consideraccedilotildees de ordem filosoacutefica ou de perfil ideo-

loacutegico-religioso

No entanto do ponto de vista fenomenoloacutegico este eacute um fato que deveria

ser testado pois estaacute intimamente ligado agraves possiacuteveis razotildees e motivos das com-

pras

O quadro acima demonstrou tambeacutem que os protestantes assim como

os candomblecistas satildeo mais conservadores agraves suas religiotildees de origens 100

dos sujeitos entrevistados disseram que foram batizados e professam suas religiotildees

de batismo enquanto que os catoacutelicos possam eventualmente migrar ou praticar

outros credos direcionando suas convicccedilotildees ou praacutetica religiosa para as denomina-

ccedilotildees protestantes em especial fato verificaacutevel pelo comportamento do gecircnero femi-

nino com uma participaccedilatildeo desse evento em 1810 dos casos constataacuteveis As

religiotildees protestantes tambeacutem absorvem uma parcela consideraacutevel dos sujeitos espiacute-

rita-kardecistas com uma possiacutevel migraccedilatildeo na ordem de 3330 com relevacircncia

para as mulheres que tiveram sua iniciaccedilatildeo religiosa apontada por esta religiatildeo Natildeo

foram verificadas migraccedilotildees das religiotildees afro-brasileiras para o protestantismo Fato

relevante embora com uma significaccedilatildeo menor em funccedilatildeo do nuacutemero de adeptos

participantes da pesquisa foi a presenccedila de uma mulher budista se declarar novoe-

rista como opccedilatildeo de credo religioso

Das pessoas que declararam natildeo serem batizadas 50 declararam-se

novoeristas com 100 de participaccedilatildeo feminina neste caso Na amostra registrou-

se um incremento na ordem de 3130 para a umbanda por aqueles que natildeo quise-

ram ou natildeo souberam responder sobre a sua religiatildeo de batismo com especial ecircn-

fase ao gecircnero feminino

Para os sujeitos batizados nas religiotildees novoeristas um evento se desta-

cou quando houve uma coincidecircncia estatiacutestica entre os gecircneros Quando questio-

nados acerca da religiatildeo professada 25 das mulheres se disseram catoacutelicas e

25 dos homens afirmaram professar o espiritismo kardecista sendo esta a maior

marca masculina para uma possiacutevel mudanccedila de credo ou convicccedilatildeo religiosa

Estes eventos comportamentais chamam a atenccedilatildeo Possiacuteveis razotildees de

ordem e foro iacutentimo natildeo podem ser desprezados No entanto devido agrave caracteriacutestica

136

e principal foco desta dissertaccedilatildeo que migra para outros setores vamos sugerir es-

tudos mais abrangentes para esta questatildeo

Sobre o prisma de marketing podemos considerar como um dos possiacute-

veis motivos para a mudanccedila no eixo da feacute neste trabalho detectada pelo que Ju-

racy Parente descreve como sendo um renascimento espiritual

Em seus estudos sobre megatendecircncias Naisbitt183 destaca o renascimen-to espiritual como uma das grandes tendecircncias da humanidade A chega-da do terceiro milecircnio desperta na humanidade o interesse sobre questotildees filosoacuteficas e existecircncias do ser humano do tipo ldquoQuem sourdquo ldquoOnde es-tourdquo ldquoDe onde vimrdquo ldquoPara onde vourdquo ldquoQual o sentido da vidardquo Na busca para obter essas respostas e no esforccedilo para descobrir as chaves para a felicidade o homem vem mergulhando em reflexotildees de ordem filo-soacutefica e espiritual Em todo o mundo e tambeacutem no Brasil muitas atividades varejistas estatildeo respondendo a essas necessidades do ser humano Nas livrarias aumenta a aacuterea dedicada a livros que tratam de assuntos religiosos filosoacuteficos eso-teacutericos miacutesticos e de auto-ajuda Alguns varejistas estatildeo se especializando na venda de produtos miacutesticos varejistas estatildeo desenvolvendo lojas de produtos religiosos (imagens quadros e livros religiosos) Muitas lojas de decoraccedilatildeo incorporam uma li-nha de produtos de caraacuteter filosoacutefico-espiritual tais como velas piracircmides incensoacuterios cristais prismas produtos do feng shui etc Academias cen-tros de estudos escolas e ateacute mesmo redes de franquias tecircm sido desen-volvidas em aacutereas tais como Yoga Tai-chi meditaccedilatildeo filosofia e treina-mento mental artes marciais No Brasil novas religiotildees como as evangeacutelicas vecircm registrando uma raacutepida expansatildeo Alguns dos praticantes dessas religiotildees adotam um estilo de vestir mais conservador especialmente diferenciado para as mulheres com saias mais longas blusas mais fechadas e cores mais soacutebrias Existe assim um atraente potencial de mercado para o desenvolvimento de vare-jistas de confecccedilotildees direcionados para atender agraves necessidades desses segmentos184

Outros fatores caracteriacutesticos da atualidade tambeacutem podem estar funcio-

nando como possiacuteveis agentes de mudanccedilas da praacutetica religiosa e na mudanccedila do

eixo da feacute O encasulamento do indiviacuteduo e da famiacutelia jaacute eacute detectado como uma ten-

183O autor se refere aacute obra Megatendecircncias de John Nasbitt editado pela editora Ciacuterculo do Livro em 1983 posteriormente essa obra foi ampliada no ano 2000 em parceria com Patriacutecia Aburdene Mega-tendecircncias eacute definida como grandes mudanccedilas sociais econocircmicas poliacuteticas e tecnoloacutegicas forma-das lentamente e uma vez instaladas elas nos influenciam por algum tempo podendo variar entre 7 e 10 anos e as vezes por um tempo maior 184Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p99 e 100

137

decircncia de mudanccedila no comportamento social e de consumo conforme explica Pa-

rente tendo como base o relatoacuterio Popcorn185

O encasulamento eacute uma das tendecircncias identificadas no relatoacuterio Popcorn Estaacute de certa forma relacionado ao renascimento espiritual Consiste no impulso para a busca da vida interior quando os valores exteriores ficam mais difiacuteceis e raros A maioria das pessoas estaacute transformando suas ca-sas em ninhos Estatildeo se tornando ldquoescravas do divatilderdquo fanaacuteticas por filmes de televisatildeo fazendo compras por cataacutelogos redecorando suas casas u-sando secretaacuterias eletrocircnicas para filtrar as chamadas Em reaccedilatildeo ao au-mento da criminalidade da AIDS e outros problemas sociais a autopreser-vaccedilatildeo tornou-se o tema dominante186

A promoccedilatildeo e propaganda religiosa empreendidas por algumas igrejas

de orientaccedilatildeo neopetencostal pelos canais de miacutedia eletrocircnica de massa em espe-

cial a televisatildeo satildeo de faacutecil constataccedilatildeo em nossos meios de comunicaccedilatildeo Hoje no

Brasil a qualquer hora do dia ou da noite eacute possiacutevel perceber os esforccedilos dirigidos

para divulgaccedilatildeo e movimentos de atraccedilatildeo a novos adeptos por algumas denomina-

ccedilotildees protestantes neopetencostais Nem sempre preparadas para o uso desse ins-

trumento de comunicaccedilatildeo e de pressatildeo sobre a opiniatildeo puacuteblica satildeo de faacuteceis cons-

tataccedilotildees os ataques aos valores eacuteticos e doutrinaacuterios preconizados pela Constituiccedilatildeo

Federal do Brasil assim como aos valores morais defendidos pelos vieses da religi-

osidade em geral inclusive as de outras orientaccedilotildees cristatildes Natildeo satildeo raras as vezes

que a apologeacutetica proferida por essas organizaccedilotildees despreza a cultura e as tradi-

ccedilotildees da religiosidade brasileira colocando-as em planos discursivos e praacuteticos infe-

riores ou propositalmente descaracterizadas por conotaccedilotildees pejorativas se exami-

nadas pela oacutetica legal e constitucional Como consequumlecircncias vemos pela televisatildeo

o aviltamento de valores culturais genuinamente nacionais ridicularizados e profa-

nados aleacutem das possiacuteveis conotaccedilotildees de cunho ideoloacutegico e sectaacuterio proposital-

mente desenvolvidos (em especial os valores pessoais e religiosos )187

185O autor refere-se a um relatoacuterio desenvolvido por Faith Popcorn intitulado O relatoacuterio Popcorn centenas de ideacuteias de novos produtos empreendimentos e de novos mercados Editado pela editora Campus Rio de Janeiro em 1994 186Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p106 187Referimos-nos ao episoacutedio com graves repercussotildees sociais levado ao ar pela Rede Record de Televisatildeo no dia 12 de outubro de 1995 Um representante intitulado bispo da Igreja Universal do Reino de Deus o Sr Seacutergio Von Helde chutou na frente das cacircmeras uma imagem de Nossa Se-nhora Aparecida a padroeira do Brasil como eacute esse iacutecone religioso reconhecido pela maioria da po-

138

Tabela 30

Gecircnero Respostas Masculino Feminino Total

O(s) objeto (s) eacute (satildeo) im-portante(s) no meu ritual ou culto 150 1900 2040 O principal cleacuterigo (a) in-dicou receitou ou man-dou comprar 080 480 560 A imagem desse (s) objeto (s) reforccedila (m) a minha feacute 540 3750 4290 Trazem proteccedilatildeo 350 1500 1850 Achei bonito 020 290 310 Vai servir para eu dar de presente para algueacutem 060 560 630

Qual o principal motivo pelo qual o Sr(a) comprou esse(s) produto (s)

Natildeo quis ou natildeo soube responder 310 310

Total 1210 8790 10000

A tabela 30 remete-nos agrave questatildeo principal deste trabalho Pela anaacutelise

dos dados obtidos na pesquisa de campo fica claro que o principal motivo apontado

pelos consumidores que os leva a comprar determinados bens ou produtos estatildeo

intimamente relacionados agrave religiosidade e agrave feacute que eles professam ou que preten-

dam professar O iacutendice para esta afirmaccedilatildeo eacute expressivo com 4290 das respos-

tas obtidas Este iacutendice eacute superior agraves demais possibilidades de respostas indepen-

dendo do gecircnero dos entrevistados e de outros quesitos

Para este questionamento os homens aparecem com 540 de partici-

paccedilatildeo relativa sobre o total da amostra e esta resposta representa 4463 das afir-

maccedilotildees em seu gecircnero As mulheres participam sobre o mesmo posicionamento

motivacional para compra com 3750 das respostas totais e com 4266 das res-

postas vaacutelidas

No entanto se observarmos as respostas manifestadas pelo prisma da

religiosidade com um olhar mais amplo e consideradas as quatro primeiras alterna-

tivas propostas o coeficiente motivacional de ambos os gecircneros sobe para 8740

destacando-se desta maneira o caraacuteter religioso para esse tipo de consumo

O gecircnero feminino eacute tambeacutem mais expliacutecito ao admitir a compra de de-

terminado bem ou objeto para finalidades ritualiacutesticas com 1900 das respostas

pulaccedilatildeo de nosso paiacutes Natildeo obstante nos dias de hoje as religiotildees afro-brasileiras satildeo sistematica-mente ridicularizadas em sua forma expressatildeo de valores morais e natildeo raramente desrespeitadas em seus princiacutepios dogmaacuteticos

139

para tal quesito contra 150 das respostas masculinas sendo estes percentuais

relativos a cada um dos gecircneros

As respostas femininas tambeacutem demonstraram um possiacutevel apelo feti-

chista simboacutelico ou maacutegico sobre os produtos comprados no sentido do valor intriacuten-

seco e utilitaacuterio que os bens adquiridos pudessem lhes trazer Na pesquisa de cam-

po aparece o quesito da proteccedilatildeo relacionado aos objetos Este argumento para as

mulheres contribuem com um iacutendice de 15 sobre as respostas totais contra 350

das respostas masculinas para o mesmo item

Nesta questatildeo os indiviacuteduos do sexo feminino tambeacutem evidenciaram

uma maior sensibilidade aos apelos de compra proferidos por possiacuteveis iacutecones refe-

renciais religiosos ou agentes formadores de opiniatildeo religiosa tais como padres

pastor ou pastoras matildees e pais de santo etc com 480 de participaccedilatildeo nas res-

postas contra 080 para as mesmas soluccedilotildees dos indiviacuteduos masculinos

Torna-se necessaacuterio destacar que aleacutem dos consumidores comprarem

determinados bens ou produtos movidos pelo intuito de expressarem sua religiosi-

dade ou sua feacute este eacute um evento recorrente no haacutebito de compra individual da a-

mostra populacional pesquisada como demonstra a tabela abaixo

Tabela 31

Gecircnero Frequumlecircncia Masculino Feminino Total

Pelo menos uma vez por mecircs 170 520 690 Uma vez a cada dois meses 170 1150 1310 Uma vez a cada a trecircs meses 190 900 1080 Uma vez por semestre 150 1230 1380 Uma vez por ano 250 1880 2130 Menos de uma vez por ano 210 2290 2500

Com que frequumlecircncia o Sr(a) compra produtos religiosos

Natildeo quis ou natildeo soube responder 080 830 920

Total 1210 8790 10000

Do total da amostra 590 efetuam compras pelo menos uma vez por

ano de objetos destinados agrave praacutetica religiosa com uma frequumlecircncia maior para o gecirc-

nero feminino cuja incidecircncia aponta para um evento de compra a cada semestre

pelo menos (1880 das respostas femininas consideradas apenas neste gecircnero)

140

Detectamos o grau de satisfaccedilatildeo particular dos indiviacuteduos pesquisados conforme a

proacutexima tabela

Tabela 32

Gecircnero Masculino Feminino Total

Plenamente satisfeito (a) 100 750 850 Satisfeito (a) 600 3600 4210 Razoavelmente satisfeito (a) 400 3420 3810 Sofrivelmente satisfeito (a) 020 100 130

Grau de satisfaccedilatildeo na loja

Natildeo quis ou natildeo soube responder 080 920 1000

Total 1210 8790 10000

Para os gecircneros masculinos e femininos o grau de satisfaccedilatildeo com a loja

escolhida para a aquisiccedilatildeo de bens aplicaacuteveis agrave sua religiosidade eacute bastante ex-

pressiva totalizando 8870 de respostas positivas do total das alternativas cabiacuteveis

para esse quesito

Conhecer o consumidor natildeo eacute tarefa faacutecil e pudemos constatar isso ao

longo de nossa pesquisa e ao elaborarmos este trabalho O consumidor eacute complexo

logo sua anaacutelise eacute complexa mas talvez por isso mesmo seja tatildeo fascinante

Muitas satildeo as possibilidades e abordagens que a ciecircncia oferece quando

o objeto de estudo eacute o consumidor Teorias complexas e complementares nos aju-

dam a entender as razotildees e as motivaccedilotildees humanas para o consumo Essas teorias

que vatildeo desde as conceituaccedilotildees behavioristas cognitivistas psicanaliacuteticas e huma-

nistas quando aplicadas sobre o prisma motivacional satildeo somadas ou complemen-

tadas pelas razotildees de vieses conceituais econocircmicos sociais e antropoloacutegicos

Para situarmos este trabalho sob o enfoque metodoloacutegico necessaacuterio a

abordagem que iremos adotamos para justificar o motivo para as pessoas irem agraves

compras de produtos religiosos eacute a cognitivista A razatildeo de nosso posicionamento

transcende apenas a oacutetica mercadoloacutegica mas esta abordagem salvo melhor juiacutezo

tambeacutem explica e contempla os eventos relacionados agrave religiosidade e agrave feacute No en-

tanto cabe-nos observar que as demais abordagens acima citadas satildeo vaacutelidas pas-

siacuteveis de adoccedilatildeo praacutetica e de criacuteticas aleacutem de serem reconhecidamente cientiacuteficas

Segundo Eliane Karsaglian A abordagem cognitiva da motivaccedilatildeo propotildee-se a levar em consideraccedilatildeo o que se ldquopassa na cabeccedilardquo do organismo que se comporta Segundo a teo-ria cognitiva natildeo haacute um estabelecimento automaacutetico de conexotildees estiacutemu-lo-resposta o indiviacuteduo antevecirc consequumlecircncias de seu comportamento por-que adquiriu e elaborou informaccedilotildees em suas experiecircncias

141

Assim escolhemos por meio da percepccedilatildeo pensamentos e raciociacutenio os valores as crenccedilas as opiniotildees e as expectativas que regularatildeo a conduta para uma meta almejada As teorias cognitivas reconhecem que o comportamento e seu resultado dependeratildeo tanto das escolhas conscientes do indiviacuteduo como dos acon-tecimentos do meio sobre os quais ele natildeo tem controle e que atuam sobre ele Essas teorias acreditam que as opccedilotildees feitas pelas pessoas entre alterna-tivas de accedilatildeo dependem do grau relativo que tecircm as forccedilas que atuam so-bre o indiviacuteduo O que o cognitivismo nega eacute que o efeito dos estiacutemulos sobre o comporta-mento seja automaacutetico (como quer o behaviorismo) Uma vez estabelecida a importacircncia das cogniccedilotildees na orientaccedilatildeo do comportamento estudou-se tambeacutem o conflito entre elas188

Beatriz Santos Sacircmara e Marco Aureacutelio Morch complementam a concei-

tuaccedilatildeo sobre a abordagem cognitiva quando enfocam a motivaccedilatildeo de compra como

o vetor de resoluccedilatildeo de problemas oriundos da tensatildeo da preacute-aquisiccedilatildeo gerada por

uma necessidade aprendida percebida ou originada da capacidade criativa dos indi-

viacuteduos

Por meio do processamento das informaccedilotildees (soluccedilatildeo de problemas) o consumidor avalia combina desconta e integra diferentes partes da infor-maccedilatildeo para alcanccedilar certas opiniotildees que possibilita a anaacutelise racional dos dados e informaccedilotildees disponiacuteveis levando agrave soluccedilatildeo de um problema Co-mo o processamento estaacute diretamente relacionado tanto com a habilidade cognitiva do consumidor quanto a complexidade da informaccedilatildeo a ser pro-cessada (que deriva da percepccedilatildeo e dos estiacutemulos gerados pelos atributos dos produtos e dos concorrentes) consumidores com maior habilidade cognitiva poderatildeo assimilar e processar mais informaccedilotildees sobre os vaacuterios atributos de um produto e sobre as diversas alternativas existentes melho-rando a qualidade da avaliaccedilatildeo na decisatildeo de compra Aleacutem disso quanto maior a familiaridade com a categoria do produto maior a habilidade cog-nitiva 189

A psicologia cognitivista tambeacutem eacute um instrumento explicativo e de pes-

quisa dos fenocircmenos que estatildeo ligados agrave religiatildeo Este eacute o enfoque que demos a

este trabalho como orientaccedilatildeo teoacuterica de fundo Justificamos a adoccedilatildeo desta linha

188Eliane KARSAKLIAN Comportamento do consumidor p28 189Beatriz Santos SAMARA e Marco Aureacutelio MORSH Comportamento do consumidor conceitos e casos p111

142

de pensamento psicoloacutegico porque entendemos que ela busca em sua essecircncia

explicar os motivos da profissatildeo e praacutetica da feacute e da religiosidade sejam elas apren-

didas ou percebidas Segundo alguns autores e especialistas esta abordagem eacute a

mais indicada porque entre outros motivos seria tambeacutem a mais abrangente Outras

forccedilas que natildeo apenas as de caraacuteter essencialmente iacutentimos e pessoais podem es-

tar inseridos dentro de uma anaacutelise no contexto psico-cognitivista Entre essas for-

ccedilas destacamos as de cunho social e as econocircmicas que se fazem presentes nesta

obra

Edecircnio Valle pontua

Na psicologia da religiatildeo estatildeo presentes todas as tendecircncias existentes na ciecircncia psicoloacutegica Vai-se de uma elementar objetivaccedilatildeo do fenocircmeno religioso agrave ldquoespiritualizaccedilatildeordquo mais radical desse fenocircmeno promiscuindo sem qualquer distinccedilatildeo o real e o irreal Haacute de tudo do behaviorismo aacute transpessoalidade do bioneuroloacutegico agraves mais difusas modalidades de ldquohumanismordquo religioso e ou ldquoateurdquo Algumas dessas orientaccedilotildees acentuam a dimensatildeo subjetiva outras a di-mensatildeo objetiva da experiecircncia e do comportamento religiosos Satildeo repro-duzidas sob o manto da linguagem psicoloacutegica todas as problematizaccedilotildees encontradas na filosofia contemporacircnea Podem ser identificadas entre ou-tras as seguintes confluecircncias teoacutericas o comportamentismo o pensa-mento existencial a fenomenologia o positivismo o cognitivismo o vita-lismo o romantismo o materialismo fisioloacutegico o diealismo o marxismo o estruturalismo a linguumliacutestica etc Como se disse em outro lugar datildeo-se tambeacutem entrecruzamentos da psico-logia com as demais ciecircncias humanas e do comportamento A psicologia cognitivista eacute vista como a via ideal para uma aproximaccedilatildeo rigorosa e abrangente Com as possibilidades abertas pela informaacutetica es-sa tendecircncia ressurgiu nos estudos sobre o conhecimento humano dei-xando para traacutes as sugestivas hipoacuteteses de J Piaget Um dos grandes no-mes da psicologia das ldquointeligecircncias muacuteltiplasrdquo H Gardner190 jaacute comeccedila a falar de uma ldquooitavardquo inteligecircncia a existencial que estaria unida agrave religio-sidade 191

190O autor se refere a uma palestra realizada em Satildeo Paulo em 1997 por H Gardner e que tratou o tema abordando a ldquointeligecircncia existencialrdquo (aspas de Edecircnio Valle) Melhores referecircncias sobre essa palestra e sobre H Gardner se encontraram na obra Inteligecircncias Muacuteltiplas Artes Meacutedicas Porto Alegre 1995 191Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia religiosa p46

143

Tabela 33 Gecircnero Loja Pergunta Masculino Feminino Total

Lista telefocircnica 080 170 250 Internet 080 080 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 250 580 830 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 170 580 750 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 1250 4750 6000 Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pas-tora etc 080 1670 1750 Por acaso 170 170

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja

Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 170 170

Afro-brasileira

Total 2000 8000 10000Lista telefocircnica 080 170 250 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 080 330 420 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 670 4000 4670 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 500 2330 2830

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja

Por acaso 080 1750 1830

Catoacutelica

Total 1420 8580 10000Internet 170 170 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 670 7580 8250

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja Por acaso 170 1420 1580

Nova Era

Total 830 9170 10000Pelo raacutedio ou televisatildeo 080 080 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 080 080 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 170 3170 3330 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 330 3670 4000 Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pas-tora etc 830 830 Por acaso 080 1170 1250

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja

Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 420 420

Protestante

Total 580 9420 10000 A pesquisa de campo demonstrou que as indicaccedilotildees externas na fachada

dos estabelecimentos foi o fator responsaacutevel pela localizaccedilatildeo espacial das lojas de

144

produtos religiosos quando essas lojas estatildeo inseridas dentro do contexto comercial

normal ou seja nas ruas da cidade Assim responderam as mulheres clientes das

lojas voltadas para as religiotildees afro-brasileiras com 4750 Nova Era com 7580

e Protestante com 3670 A exceccedilatildeo neste quesito foi o evento apontado pelos

clientes catoacutelicos em que o maior nuacutemero de respostas acusou a quarta alternativa

por parentes ou amigos de minha comunidade religiosa com uma participaccedilatildeo para

essa resposta de 4670 de onde 4000 foram respostas femininas e 670

masculinas Percebe-se nesta tabela a influecircncia sobre o consumidor a decisatildeo do

local de compra atraveacutes dos cleacuterigos protestantes e afro-brasileiros com participa-

ccedilotildees relativas sobre o total das respostas de 1670 para os consumidores das lo-

jas afro-brasileiras e 830 para as lojas de denominaccedilotildees protestantes

Pelo ponto de vista de marketing o local onde se estabelece um determi-

nado empreendimento pode ter uma significacircncia estrateacutegica notaacutevel sendo este um

dos fatores de um ecircxito comercial

Kotler e Armstrong observam que

Os varejistas sempre dizem que os trecircs fatores do sucesso do varejo satildeo localizaccedilatildeo localizaccedilatildeo e localizaccedilatildeo A localizaccedilatildeo de um varejista eacute fun-damental para a sua capacidade de atrair clientes Os custos com constru-ccedilatildeo e de arrendamento de instalaccedilotildees causam um impacto importante so-bre os lucros do varejista Assim as decisotildees de localizaccedilatildeo estatildeo entre as mais importantes que um varejista toma192

Embora sendo autores norte-americanos Philip Kotler e Gary Armstrong

anotam uma situaccedilatildeo peculiar nas cidades que verificamos parcialmente quando

elaboramos a pesquisa de campo

A maioria das lojas de hoje se agrupa para aumentar o poder de pressatildeo sobre os clientes e para lhes oferecer a conveniecircncia de comprar tudo em um soacute lugar Os bairros centrais eram a principal forma de conglomerado de varejo ateacute a deacutecada de 50 Toda cidade grande ou pequena tinha um bairro central com lojas de departamento lojas de especialidade bancos e cinema No entanto quando a populaccedilatildeo comeccedilou a se mudar para as aacute-reas suburbanas esses bairros centrais comerciais com seus problemas de traacutefego estacionamento e criminalidade passaram a perder negoacutecios

192Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de marketing p346

145

Os comerciantes ldquodo centro da cidaderdquo comeccedilaram abrir filiais em shopping centers das aacutereas suburbanas e o decliacutenio dos bairros centrais continuou Recentemente muitas cidades comeccedilaram a juntar forccedilas com os comer-ciantes para revitalizar as aacutereas comerciais dos centros das cidades cons-truindo galerias comerciais e oferecendo estacionamento subterracircneo193

Quando levantamos a localizaccedilatildeo geograacutefica das lojas que potencialmen-

te poderiam participar da amostragem da pesquisa de campo detectamos o maior

nuacutemero delas nas imediaccedilotildees da Igreja Matriz de Satildeo Paulo localizada na Praccedila da

Seacute no centro da cidade Mesmo tendo como objetivo atender ao puacuteblico catoacutelico a

materialidade referencial religiosa geograacutefica e histoacuterica pode estar sendo o motivo

da manutenccedilatildeo daquele espaccedilo na aacuterea central da cidade como um local vocacio-

nado para o varejo de produtos religiosos e reconhecido como uma aacuterea sacra na

cidade de Satildeo Paulo inclusive por outras religiotildees

No decorrer de nossa pesquisa observamos a movimentaccedilatildeo de agre-

gaccedilatildeo de fieacuteis de outras religiotildees cristatildes dentro da praccedila e na frente da igreja

Em um raio de 500 metros da catedral da Seacute encontramos aleacutem das lo-

jas que atendem agrave populaccedilatildeo catoacutelica outras com vieses comerciais protestantes

assim como aqueles empreendimentos comerciais voltados a atender as necessida-

des dos praticantes das religiotildees afro-brasileiras A exceccedilatildeo para este local foram as

lojas do tipo Nova Era Essas lojas satildeo de mais faacutecil detecccedilatildeo nos bairros e shop-

pings centers

Juracy Parente eacute a inda mais incisivo quando aborda a questatildeo da locali-

zaccedilatildeo geograacutefica das lojas

Localizaccedilatildeo consiste em uma das decisotildees mais criacuteticas para um varejista Diferente das outras variaacuteveis do composto de marketing varejista (tais como preccedilo mix de produtos promoccedilatildeo apresentaccedilatildeo atendimento e ser-viccedilos) que podem ser alteradas ao longo do tempo a localizaccedilatildeo da loja natildeo pode ser modificada194

Las Casas complementa

193Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de marketing p346 e 347 194Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p325

146

Localizaccedilatildeo eacute uma das decisotildees mais importantes da administraccedilatildeo vare-jista Neste caso de forma diferente da induacutestria o estabelecimento deve estar localizado proacuteximo aos consumidores e portanto a estrateacutegia de lo-calizaccedilatildeo deve considerar entre vaacuterios aspectos a concorrecircncia que tam-beacutem persegue os mesmos objetivos O ponto de venda na configuraccedilatildeo espacial do mercado escolhido poderaacute determinar o sucesso de muitos empreendimentos Conforme eacute sabido da literatura varejista trecircs fatores satildeo baacutesicos para uma loja localizaccedilatildeo localizaccedilatildeo e localizaccedilatildeo195

Anotamos neste momento a importacircncia da localizaccedilatildeo da igreja matriz

da cidade de Satildeo de Paulo assim como sugerimos novos estudos para o aprofun-

damento desta questatildeo que foge ao objeto deste trabalho mas que como vimos eacute

de importacircncia conceitual em se tratando de marketing Existe neste sentido grande

possibilidade de que a igreja esteja influenciando a permanecircncia de lojas varejistas

de produtos religiosos em suas imediaccedilotildees pelo importante significado que a igreja

exerce agrave populaccedilatildeo e em especial aos habitantes da cidade de Satildeo Paulo

Outro fator relevante e que merece destaque neste quesito foi a ausecircn-

cia da propaganda196 da promoccedilatildeo197 e da publicidade198 tanto pelo lado dos pro-

dutos oferecidos e a disposiccedilatildeo da clientela quanto das proacuteprias lojas enquanto

instituiccedilotildees comerciais com objetivos especiacuteficos Natildeo foi detectado qualquer esforccedilo

extra que motivasse o consumidor a conhecer o empreendimento comercial e os

produtos neles colocados agrave disposiccedilatildeo Salvo melhor juiacutezo pela configuraccedilatildeo mer-

cadoloacutegica atual o composto promocional deste segmento natildeo se enquadra dentro

da conceituaccedilatildeo recomendada tendo em vista os princiacutepios miacutenimos de marketing

O composto promocional eacute um dos elementos que o varejista utiliza natildeo soacute para atrair os consumidores para suas lojas mas tambeacutem para motivaacute-los agraves compras Como todas as outras decisotildees empresariais o esforccedilo pro-mocional precisa tambeacutem estar integrado agraves outras variaacuteveis do composto

195Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing de varejo p59 196 A propaganda eacute conceituada como uma forma de comunicaccedilatildeo indireta e impessoal transmitida por meio de miacutedia massificada As miacutedias usadas para veicular propagandas satildeo jornais revistas raacutedio televisatildeo outros impressos e Internet 197A promoccedilatildeo de vendas eacute uma ferramenta de comunicaccedilatildeo impessoal direta ou indireta envolven-do o uso de miacutedia ou natildeo Tem como caracteriacutestica oferecer um valor extra ao consumidor As formas mais usuais satildeo os precircmios programa de fidelizaccedilatildeo e de comprador frequumlente cupons displays demonstraccedilotildees de produtos e a mostras 198A publicidade eacute um tipo de comunicaccedilatildeo indireta e impessoal veiculada em alguma forma de miacutedia com informaccedilotildees (positivas ou negativas) sobre determinado produto ou varejo e natildeo eacute paga pelo empreendedor

147

varejista ou seja agraves decisotildees de ponto produto preccedilo pessoal e apresen-taccedilatildeo Como Lewison ressalta muitos consumidores natildeo teratildeo por conta proacutepria a iniciativa de compra a natildeo ser que o varejista comunique a existecircncia da loja sua localizaccedilatildeo os produtos agrave venda que preccedilos satildeo oferecidos ter-mos de venda serviccedilos e hora da abertura da loja Aleacutem disso o consumi-dor precisa ser persuadido a acreditar que certo varejista oferece uma me-lhor relaccedilatildeo custobenefiacutecio que os demais concorrentes O mix promocio-nal portanto eacute um processo de comunicaccedilatildeo entre o varejista e o consumi-dor com a finalidade natildeo soacute de ser informativo (fornecendo dados sobre a loja e os produtos oferecidos) mas tambeacutem persuasivo (influenciando as percepccedilotildees atitudes e comportamento do consumidor)199

Tabela 34

Gecircnero Loja Masculino Feminino Total

Ateacute 10 reais 1000 3250 4250 De 10 a 20 reais 330 2420 2750 De 20 a 40 reais 670 1830 2500 De 40 a 80 reais 330 330 De 80 a 160 reais 080 080

Desembolso na loja

Natildeo quis ou natildeo soube responder 080 080

Afro-brasileira

Total 2000 8000 10000 Ateacute 10 reais 500 1080 1580 De 10 a 20 reais 330 2830 3170 De 20 a 40 reais 580 3750 4330 De 40 a 80 reais 750 750 De 80 a 160 reais 080 080

Desembolso na loja

De 160 a 320 reais 080 080

Catoacutelica

Total 1420 8580 10000 Ateacute 10 reais 080 1330 1420 De 10 a 20 reais 330 2250 2580 De 20 a 40 reais 170 2670 2830 De 40 a 80 reais 080 2250 2330 De 80 a 160 reais 170 580 750

Desembolso na loja

De 160 a 320 reais 080 080

Nova Era

Total 830 9170 10000 Ateacute 10 reais 3420 3420 De 10 a 20 reais 170 2670 2830 De 20 a 40 reais 420 2330 2750 De 40 a 80 reais 920 920

Desembolso na loja

De 80 a 160 reais 080 080

Protestante

Total 580 9420 10000

O nuacutemero mais expressivo de consumidores que mais disponibilizaram

seus recursos financeiros com a compra de objetos religiosos foram os indiviacuteduos

199Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p242

148

compradores das lojas catoacutelicas representando 4330 do universo de clientes para

este tipo de loja com valores relativos de 3550 para as mulheres e 580 para a

populaccedilatildeo masculina com valores desembolsados na ordem de R$ 2000 a R$

4000 por compra Notamos que para este tipo de loja e orientaccedilatildeo religiosa os

consumidores tecircm propensatildeo a desembolsos maiores quando 08 dos indiviacuteduos

do sexo femininos afirmaram terem efetuado despesas na faixa de R$ 16000 a R$

32000

Nas lojas afro-brasileiras a faixa de maior desembolso foi de ateacute

R$1000 em ambos os gecircneros e representando 4250 das respostas obtidas A

participaccedilatildeo relativa a esse quesito foi de 1000 para o gecircnero masculino e

3250 para o gecircnero feminino A maior faixa de desembolso verificada na amostra

estaacute na faixa de R$ 8000 a R$ 16000 e por 08 da amostra populacional pesqui-

sada O gecircnero que respondeu a esse volume de recursos disponibilizados para a-

quisiccedilatildeo de bens religiosos verificou-se em 100 das mulheres

Nos empreendimentos de denominaccedilotildees protestantes a faixa de desem-

bolso foi de ateacute R$1000 para 3420 das respostas totais a esse tipo de loja e es-

se valor relativo foi obtido exclusivamente por indiviacuteduos do gecircnero feminino 08

dos sujeitos da amostra pesquisada declararam compras na faixa R$ 8000 a R$

16000 sendo esta a maior faixa de desembolso verificada durante a pesquisa para

este tipo de loja

Nas lojas Nova Era verificou-se a pulverizaccedilatildeo no volume de recursos

disponibilizados quando oferecidas as opccedilotildees de respostas pelos consumidores na

aquisiccedilatildeo de bens e objetos religiosos A faixa de desembolso com maior frequumlecircncia

se fez notar na amplitude financeira de R$ 2000 a R$ 4000 com uma participaccedilatildeo

de 2830 das respostas totais verificadas A participaccedilatildeo relativa do gecircnero femini-

no foi de 2770 e da masculina 170 para este questionamento Na pesquisa de

campo verificou-se pelas respostas obtidas que este tipo de loja eacute a que tem me-

lhor performance financeira e melhor adequaccedilatildeo do mix de produto e poliacutetica de pre-

ccedilos tendo em vista apenas as informaccedilotildees oriundas das faixas de faturamento bruto

de suas vendas

149

Tabela 35

Gecircnero Loja Masculino Feminino Total

Caros 580 580 1170 Relativamente caros 420 1500 1920 Razoavelmente equi-librados 330 3170 3500 Condizentes com a minha renda 670 2580 3250 Baratos 080 080

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas

Natildeo quis ou natildeo sou-be responder 080 080

Afro-brasileira

Total 2000 8000 10000Caros 250 2580 2830 Relativamente caros 330 2080 2420 Razoavelmente equi-librados 080 830 920 Condizentes com a minha renda 670 2670 3330

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas Natildeo quis ou natildeo sou-

be responder 080 420 500

Catoacutelica

Total 1420 8580 10000Caros 1080 1080 Relativamente caros 250 1080 1330 Razoavelmente equi-librados 250 250 Condizentes com a minha renda 580 6170 6750 Baratos 250 250

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas

Natildeo quis ou natildeo sou-be responder 330 330

Nova Era

Total 830 9170 10000Caros 080 250 330 Relativamente caros 170 2580 2750 Razoavelmente equi-librados 250 3500 3750 Condizentes com a minha renda 080 2250 2330 Baratos 250 250

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas

Natildeo quis ou natildeo sou-be responder 580 580

Protestante

Total 580 9420 10000

Considerando o preccedilo como parte conceitual do composto mercadoloacutegi-

co das lojas que comercializam produtos religiosos participantes da pesquisa os

clientes das lojas Nova Era e das lojas Catoacutelicas se manifestaram igualitaacuteriamente

afirmando que os preccedilos estavam condizentes com as suas rendas como resposta

mais significativa do ponto de vista estatiacutestico Para as lojas Nova Era as respostas

femininas foram de 6170 e os homens participaram com 58 do universo de res-

150

postas para o seu gecircnero O iacutendice total para esta afirmaccedilatildeo foi o de 6750 das

respostas possiacuteveis Tal caracteriacutestica eacute notaacutevel por sinalizar a mesma opiniatildeo em

maior nuacutemero para um mesmo quesito e entre homens e mulheres Nas lojas que

visam atender ao puacuteblico catoacutelico os iacutendices alcanccedilados foram respectivamente

2670 para o gecircnero feminino e 670 para o gecircnero masculino totalizando

3330 das respostas totais para a poliacutetica de preccedilos executada por lojas catoacutelicas

Nas lojas de produtos destinados agraves religiotildees afro-brasileiras percebe-se uma mu-

danccedila no comportamento do consumidor Enquanto que 3170 das mulheres afir-

maram que os preccedilos estatildeo equilibrados 670 das respostas masculinas escolhe-

ram afirmar que os preccedilos estatildeo condizentes com as suas rendas Vale ressaltar

que os iacutendices acima descritos satildeo as maiores marcas para o mesmo questiona-

mento No entanto o maior valor modular e indicativo (sem distinccedilatildeo do gecircnero) pa-

ra o quesito de opiniatildeo sobre a poliacutetica de preccedilos eacute de 3500 para a resposta que

sugere certo equiliacutebrio de valores no momento da compra expressada pelos consu-

midores Nas lojas de produtos para denominaccedilotildees protestantes as maiores marcas

foram alcanccediladas pela mesma opccedilatildeo de resposta quando declararam que os pre-

ccedilos praticados se achavam relativamente equilibrados A participaccedilatildeo relativa por

gecircneros foi de 250 para os homens e 3500 para as mulheres totalizando

3750 das respostas possiacuteveis A pesquisa demonstrou que as mulheres consumi-

doras de produtos catoacutelicos satildeo as que mais se manifestaram desfavoravelmente agrave

poliacutetica de preccedilos praticado pelas lojas achando caros os mesmos O iacutendice para

esta resposta foi 2830 Natildeo foi manifestada por nenhum dos entrevistados a pos-

sibilidade de preccedilos baratos

Gecircnero Tabela 36 Masculino Feminino Total

Melhores preccedilos 730 5540 6270 Melhores condiccedilotildees de paga-mento 060 650 710 Novos produtos 210 1400 1600 Melhor atendimento 270 270 Um convite especial 040 080 130

Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

Natildeo quis ou natildeo soube respon-der 170 850 1020

Total 1210 8790 10000

A tabela acima indica que uma parcela significativa das pessoas entrevis-

tadas (6270) estariam motivadas a voltar mais vezes agrave loja se os preccedilos fossem

151

melhores com participaccedilatildeo relativa nas respostas de 730 para o gecircnero masculi-

nas e 5540 para o gecircnero feminino

A variaacutevel preccedilo dentro do composto de marketing eacute a que mais rapi-

damente afeta a competitividade O volume de vendas as margens e a lucratividade

das empresas em geral e com maior significacircncia para as empresas varejistas pela

iacutentima relaccedilatildeo que esses estabelecimentos tecircm com o consumidor final satildeo as que

mais estatildeo sujeitas a atenccedilotildees quando da formaccedilatildeo de preccedilos

Esta variaacutevel tem como caracteriacutestica e sobre si toda a influecircncia dos di-

versos aspectos da Teoria Econocircmica Pelo vieacutes macroeconocircmico tanto os clientes

quanto as empresas estatildeo sujeitas aos fatores econocircmicos imponderaacuteveis e natildeo

controlaacuteveis das poliacuteticas econocircmicas puacuteblicas executadas por accedilotildees de governo

por exemplo A teoria microeconocircmica embasa cientificamente as accedilotildees do mercado

e explica as estruturas mercadoloacutegicas nele inserido Justifica pelo prisma da eco-

nomia as diversas dinacircmicas relacionais entre as duas forccedilas determinantes do

mercado onde temos por um lado a forccedila que compra e de outro a forccedila que ofere-

ccedila comercialmente algo que a primeira deseja obter A teoria do consumidor200 e

anaacutelise da procura a teoria da firma com a anaacutelise da oferta201 aleacutem das estruturas

de mercado202 satildeo os instrumentais teacutecnicos recomendados203

Kotler e Armstrong conceituam

Em sentido mais restrito preccedilo eacute a quantia que se cobra por um produto e serviccedilo Em sentido mais amplo eacute a soma de todos os valores que os con-sumidores trocam pelos benefiacutecios de obter e utilizar um produto ou servi-ccedilo Historicamente o preccedilo tem sido o principal fator a afetar a escolha do comprador Isso ainda eacute vaacutelido para as naccedilotildees e os grupos mais pobres e

200A teoria do consumidor tem como objetivo o estudo do comportamento do consumidor individual ou dos agentes econocircmicos que representam uma unidade de consumo portadores de um determi-nado orccedilamento e que distribuem as suas despesas de modo racional visando maximizar a sua satis-faccedilatildeo dentro de um determinado limite financeiro 201A teoria da firma ou tambeacutem conhecida como teoria da produccedilatildeo se caracteriza como o estudo das relaccedilotildees existentes entre a produccedilatildeo e os custos de produccedilatildeo aleacutem dos demais fatores produti-vos Os princiacutepios aplicativos da teoria da firma contribuem decisivamente como um dos componen-tes e formadores de preccedilos dos produtos finais disponibilizados ao consumo 202O estudo anaacutelise e determinaccedilatildeo da forma de accedilatildeo no mercado e com seu puacuteblico consumidor por uma empresa eacute que determina a ela qual eacute o tipo e vieacutes econocircmico em que ela estaacute inserida contex-tualmente se considerado o mercado como um todo Recebem as classificaccedilotildees de concorrecircncia perfeita concorrecircncia monopoliacutestica o oligopoacutelio ou ainda o monopoacutelio dependendo de suas caracte-riacutesticas operacionais 203 Toda a abordagem microeconocircmica pode ser conhecida pela obra de Gilson de Lima GAROacuteFALO e Luiz Carlos Pereira de CARVALHO Anaacutelise microeconocircmica volumes I e II 2ordf ediccedilatildeo editora Atlas Satildeo Paulo 1980

152

para as mercadorias geneacutericas (commodities) Contudo fatores natildeo liga-dos ao preccedilo204 tecircm se tornado mais importantes para o comportamento de escolha do comprador205

Sobre o fator preccedilo dentro da abordagem do composto de marketing

Las Casas complementa Kotler e Armstrong

Alguns autores afirmam que no varejo geralmente haacute a liberdade de admi-nistraacute-los com maior frequumlecircncia Mercadorias tecircm seus preccedilos aumentados e reduzidos conforme uma seacuterie de fatores seja para enfrentar concorrecircn-cias atender demandas ou outro qualquer De modo geral seguem as leis de mercado Da oferta e da procura Apesar disso no Brasil muitas vezes os preccedilos satildeo congelados por determinaccedilatildeo legal e os comerciantes im-pedidos de administraacute-los conforme a necessidade do mercado Para vender ao consumidor eacute importante que haja flexibilidade de preccedilos para acompanhar a variaccedilatildeo do mercado local de atuaccedilatildeo206

Muitas satildeo as possibilidades de cruzamento de dados acerca do consu-

midor de produtos relacionados agrave religiosidade e agrave sua feacute produzidas pela pesquisa

de campo que tambeacutem se adequou a uma pesquisa mercadoloacutegica

Poreacutem para um trabalho com as caracteriacutesticas e limitaccedilotildees metodoloacutegi-

cas recomendadas para uma dissertaccedilatildeo vamos encerrar esta etapa de anaacutelise de

dados

Todavia antes de passarmos para as conclusotildees se faz necessaacuterio um

alinhamento sobre os principais pontos que foram levantados no decorrer desta anaacute-

lise para que possamos clarear de uma forma mais harmocircnica a compreensatildeo dos

dados inclusive daqueles que comprovaram a hipoacutetese desta dissertaccedilatildeo e que mo-

tivaram este trabalho

204O autor se refere agraves mudanccedilas na decisatildeo de compra do consumidor verificadas quando o com-prador passa a levar em conta outros fatores que natildeo os econocircmicos na hora de efetuar suas com-pras Entre esses fatores estatildeo associados agrave origem do produto e como ele foi manufaturado (se oriundo de matildeo de obra escrava ou de origem iliacutecita) e fatores indicadores de qualidade (composto tecnoloacutegico eou ecoloacutegico) por exemplo 205 Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de Marketing p236 206 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing de Varejo p109

153

33 A Razatildeo Sobre o perfil das pessoas entrevistadas os nuacutemeros demonstraram que

no universo pesquisado pela amostra populacional a presenccedila da mulher eacute signifi-

cativamente maior que a dos homens e a presenccedila da dona de casa foi eloquumlente

No entanto a mulher trabalhadora eacute a mais importante no conjunto de seu gecircnero

para este mercado quantitativamente tendo em vista a possiacutevel independecircncia de-

las na decisatildeo de compra dos objetos representativos e de uso na praacutetica da religi-

osidade A faixa etaacuteria de maior expressividade corrobora e ratifica este aspecto

pois estatildeo na idade de maior pujanccedila e produtividade profissional dos 25 aos 45

anos Tal intervalo representou no total da amostra 4960 para o gecircnero feminino

No quesito econocircmico percebemos que as mulheres com maior partici-

paccedilatildeo na pesquisa declararam-se pertencentes agrave classe meacutedia com faixas de ren-

da variando de 3 a 8 salaacuterios miacutenimos enquanto que pela frequumlecircncia de respostas

masculinas verificou-se uma amplitude maior com variaccedilotildees de 3 a 10 salaacuterios miacute-

nimos

No grau de escolaridade entre os gecircneros o que mais se destacou no u-

niverso pesquisado foi o de formados ateacute o segundo grau Poreacutem as mulheres apa-

recem em maior nuacutemero com menor formaccedilatildeo quando 25 delas afirmaram ter ateacute

o primeiro grau

Como consumidores foi o gecircnero feminino que mais disponibilizou recur-

sos financeiros para compras nas lojas de artigos religiosos Na amostra apenas as

mulheres declararam despesas superiores a R$16000 gastos nas lojas

Do conjunto de pessoas pesquisadas a grande maioria dos indiviacuteduos eacute

da cidade de Satildeo Paulo sinalizando para o tipo de comeacutercio regional o formato das

lojas pesquisadas

Pelos nuacutemeros demonstrados e considerados os fatores que compotildeem o

composto de marketing verificamos pelas respostas da clientela situaccedilotildees peculia-

res para o segmento comercial de lojas de artigos religiosos O ponto de venda foi

reconhecido pelos consumidores e consumidoras apenas por displays ou pelas vi-

trines das lojas aleacutem de se acharem na rota do caminho para o trabalho ou residecircn-

cia A propaganda a promoccedilatildeo e a publicidade natildeo foram citadas sinalizando a ine-

xistecircncia de esforccedilos comerciais dirigidos Os produtos satildeo conhecidos pelos clien-

tes e os preccedilos satisfizeram as expectativas da maioria dos compradores e compra-

doras

154

34 A Sensibilidade Aos olhos dos homens e mulheres dedicados ao marketing o interesse

sobre as razotildees que levam determinados empreendimentos ao sucesso eacute algo

sempre a ser perscrutado com maiores cuidados e com todos os rigores da teacutecnica e

da ciecircncia

No caso deste trabalho onde a principal questatildeo estaacute centrada na verifi-

caccedilatildeo hipoteacutetica de que a feacute religiosa seja o agente motivador do mercado varejista

de produtos religiosos merece consideraccedilotildees suplementares

O resultado alcanccedilado pela pesquisa de campo indica claramente a con-

firmaccedilatildeo da hipoacutetese acima com 8740 das respostas totais apontando para a reli-

giosidade pessoal dos entrevistados Assim sendo estaacute considerado intrinsecamen-

te o fator feacute de cada um dos sujeitos pesquisados como impulsionador de pessoas

que procuram o comeacutercio religioso A questatildeo complementar sobre o que chamamos

de alavanca de marketing eacute o que precisa ser explicado aleacutem de justificar todo o

processo comercial sobre os produtos religiosos Esta justificativa eacute o que os estudi-

osos do mercado chamam de diferencial mercadoloacutegico quer tal caracteriacutestica seja

aplicada ao empreendimento quer o seja ao segmento comercial ou produto comer-

cializado caracterizando-o e distinguindo-o dos demais

No caso do varejo de produtos religiosos o ponto comum na alavanca-

gem comercial deste mercado reside nas caracteriacutesticas sacras que os produtos ad-

quirem quando aplicados agrave pratica religiosa ou aos aspectos hierofacircnicos envolvi-

dos no processo No comeacutercio varejista de produtos afetos agrave religiosidade este eacute o

ponto principal eacute a chave comercial eacute o vetor de captaccedilatildeo da atenccedilatildeo e da percep-

ccedilatildeo do consumidor sobre os bens a ele disponibilizados viabilizando as vendas Es-

ta anaacutelise vem tambeacutem coroar a aproximaccedilatildeo do marketing com a religiatildeo via mer-

cado varejista de produtos da feacute religiosa Responde assim agrave primeira questatildeo que

motivou a elaboraccedilatildeo deste trabalho quando deparamos com uma jovem que ao

sair de uma loja de produtos Nova Era contemplava em um estado de quase ecircxtase

e visivelmente maravilhada um pedaccedilo de cristal que acabara de comprar

Pelas palavras de Mircea Eliade finalizamos

Visto que era preciso que nos limitaacutessemos soacute falarmos de alguns aspec-tos da sacralidade da Natureza Tivemos que passar em silecircncio um nuacuteme-

155

ro consideraacutevel de hierofanias coacutesmicas Assim por exemplo natildeo pude-mos falar dos siacutembolos e dos cultos solares ou lunares nem da significa-ccedilatildeo religiosas das pedras nem do papel religioso dos animais etc Cada um destes grupos de hierofanias coacutesmicas revela uma estrutura particular da sacralidade da Natureza ou mais exactamente uma modalidade do sagrado expressa por intermeacutedio de um modo especiacutefico de existecircncia no Cosmos Basta por exemplo analisar os diversos valores religiosos atribu-iacutedos aacutes pedras para que se compreenda o que as pedras como hierofani-as satildeo susceptiacuteveis de mostrar aos homens relevando-lhes o poder a du-reza a permanecircncia A hierofania da pedra eacute uma ontofania por excelecircn-cia antes de tudo a pedra eacute fica sempre ela mesma natildeo muda ndash e choca o homem pelo que tem de irredutiacutevel e de absoluto e fazendo-o desven-dar-lhe por analogia a irredutibilidade e o absoluto do Ser Captado graccedilas a uma experiecircncia religiosa o modo especiacutefico da existecircncia da pedra re-vela ao homem o que eacute uma existecircncia absoluta para o aleacutem do Tempo invulneraacutevel ao devir 207

207 Mircea ELIADE O Sagrado e o profano A essecircncia das Religiotildees p163

156

Conclusatildeo Razatildeo + Sensibilidade

Religiatildeo satildeo os sentimentos atos e experiecircncias do indiviacuteduo humano que na sua solidatildeo enquanto se situa em uma relaccedilatildeo com seja o que for por ele considerado divino208

William James

Abrimos este trabalho convocando a aproximaccedilatildeo cientiacutefica entre dois

temas complexos extensos importantes atuais e apaixonantes que foram a religio-

sidade e o conceito da feacute e o marketing Foi necessaacuterio que assim procedecircssemos

porque seria fundamental entendermos a complexidade dos mesmos face agraves carac-

teriacutesticas que este trabalho poderia envolver

Muitas satildeo as opccedilotildees de estudo pesquisa e desenvolvimento teoacuterico e-

xistente que tecircm como objetivo e fundamentos o marketing aplicado agraves religiotildees de

maneira geral Poderiacuteamos nos prender aos aspectos estrateacutegicos e operacionais

das grandes correntes tradicionais do pensamento religioso como instituiccedilotildees soci-

ais organizadas ou ainda estudar as razotildees das influecircncias comportamentais sobre

o consumo das chamadas novas religiotildees Opccedilotildees natildeo faltaram nessa aproximaccedilatildeo

e vieacutes metodoloacutegico Haacute de fato um amplo campo de anaacutelise estudo e pesquisa em

se tratando dos interesses reciacuteprocos do marketing com a religiatildeo e vice-versa

Poreacutem a inspiraccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo foi encontrada na observaccedilatildeo co-

tidiana de uma das faces do comportamento que envolve a dinacircmica comercial e

pessoal daqueles e daquelas que professam algum tipo de feacute e os levam a dispen-

sar parte dos seus proventos financeiros agrave aquisiccedilatildeo de bens materiais para o exer-

ciacutecio ou a praacutetica de sua religiosidade Observamos na praacutetica no campo no cenaacuterio

das operaccedilotildees religiosas Estivemos presentes a grandes eventos de caraacuteter miacutesti-

208 William JAMES apud Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia Religiosa p258

157

co-religioso e notamos a presenccedila econocircmica e empresarial viabilizando esses a-

contecimentos A partir dessa constataccedilatildeo a curiosidade cientiacutefica e mercadoloacutegica

recaiu sobre o principal agente religioso que eacute o praticante ou as pessoas crentes e

melhor dizendo o consumidor de produtos relacionados agrave feacute Com o foco voltado

para este cenaacuterio e o encontro casual de uma jovem saindo de uma loja de produtos

religiosos com uma pedra de cristal de rocha nas matildeos a soma de tais eventos tra-

duziu-se como um apelo irresistiacutevel quando fizemos a primeira junccedilatildeo entre o marke-

ting e a feacute Concebida a ideacuteia de estudar o comportamento do consumidor religioso e

as implicaccedilotildees comerciais para a profissatildeo da feacute somou-se ainda atraente e entusi-

aacutestica a possibilidade em dispensar as nossas atenccedilotildees profissionais ao nosso povo

Ao terminarmos este trabalho entendemos a motivaccedilatildeo do consumidor

quando compra produtos relacionados agrave sua religiosidade e feacute satisfazendo e justifi-

cando a razatildeo existencial de um segmento mercadoloacutegico presente no universo

mercantil de uma cidade como Satildeo Paulo Este tipo de comeacutercio embora ausente

nas grandes miacutedias comeccedila aos poucos e timidamente a ocupar uma posiccedilatildeo de

destaque no contexto macro-comercial porque aleacutem de prover aqueles que necessi-

tam de objetos para os seus rituais afetos agrave religiosidade individual ou coletiva con-

tribuem com a geraccedilatildeo de empregos e participam da distribuiccedilatildeo da renda via arre-

cadaccedilatildeo de tributos e impostos

A pesquisa de campo elaborada e executada especialmente para esta

dissertaccedilatildeo apontou para a hipoacutetese levantada de que eacute a feacute eacute a alavanca de negoacute-

cios no varejo de produtos religiosos Ousamos chegar com maior profundidade a

esta questatildeo Ficou claro que o consumidor justifica suas compras pelo caraacuteter da

religiosidade ou feacute poreacutem os produtos procurados por eles tecircm uma caracteriacutestica

especial uma caracteriacutestica diferencial de valor intriacutenseco ou seja o aspecto hiero-

facircnico que estaacute presente e justificando verticalmente todo o processo de compra e

venda A pesquisa de campo natildeo esgotou contudo a compreensatildeo total dos haacutebi-

tos de compra e do perfil deste consumidor Teve tambeacutem o objetivo de lanccedilar as

bases para novos estudos como por exemplo o aprofundamento do entendimento

das questotildees motivacionais comportamentais comerciais e religiosas relativas aos

homens e mulheres que compotildeem o universo de clientes do varejo de produtos reli-

giosos

Este trabalho tambeacutem demonstrou a possibilidade do alinhamento cientiacute-

fico e do diaacutelogo franco entre dois aspectos complexos do interesse humano o

158

marketing e a religiatildeo Os conceitos de marketing com suas caracteriacutesticas analiacuteti-

cas e calculistas pois o enfoque aplicado eacute sempre o da loacutegica e da estrateacutegia tra-

tou de ouvir e perscrutar as razotildees inerentes agrave religiosidade e agrave feacute algo que trans-

cende a justificativa cientiacutefica em sua essecircncia e que tem conotaccedilotildees essencialmen-

te emocionais e subjetivas quando dispensa natildeo raras vezes a loacutegica Esse diaacutelo-

go e alinhamento de propoacutesitos trouxeram agrave tona aspectos humanos interessantes e

novos acerca de uma dinacircmica comercial especiacutefica Contribuiu para o esclareci-

mento de fenocircmenos comerciais afetos agrave religiosidade trazendo novas luzes a esse

processo desta feita pelo vieacutes dos negoacutecios e sob o enfoque da poacutes-modernidade

dentro da realidade que nos cerca

Potencialmente o mercado se justifica e eacute basicamente ilimitado dado o

caraacuteter humano que as manifestaccedilotildees da religiosidade guardam em si e em seus

valores miacutesticos e que necessitam muitas vezes de produtos bens e materiais apli-

caacuteveis agrave praacutetica experimental religiosa

No entanto recomendarmos investimentos nesse nicho mercadoloacutegico

carece neste momento de algumas recomendaccedilotildees especiais A necessidade de

um plano de negoacutecios em conjunto com as respostas financeiras da engenharia e-

conocircmica satildeo dois procedimentos primordiais aleacutem de necessaacuterios Satildeo de funda-

mental importacircncia para os bons negoacutecios a pesquisa e o uso conceitual das ferra-

mentas de marketing e a observaccedilatildeo e adoccedilatildeo dos princiacutepios da administraccedilatildeo cien-

tiacutefica como dinacircmica instrumental operativa a serem aplicadas agraves novas lojas ou

empreendimentos comerciais tendo como objetivo a atuaccedilatildeo no segmento do varejo

de produtos religiosos

A vantagem neste segmento comercial estaacute em se investir em uma em-

presa varejista na qual os consumidores conheccedilam os produtos de que necessitem e

saibam quando e como aplicaacute-los Esta eacute uma vantagem estrateacutegica a ser conside-

rada pois em uma primeira anaacutelise satildeo claros os sinais de menores necessidades

de investimentos financeiros no que diz respeito ao treinamento de pessoal aleacutem

de despesas com mensagens sobre o uso promoccedilatildeo e propaganda dos produtos a

serem comercializados Pela loacutegica comercial e estrateacutegica quanto menores satildeo os

custos e as despesas menores seratildeo os riscos portanto maiores e mais raacutepidas

seratildeo as oportunidades do necessaacuterio retorno do capital investido Configuramos

por esse raciociacutenio a conclusatildeo loacutegica de ser este nicho comercial um campo feacutertil

para bons e rentaacuteveis negoacutecios

159

Finalizando chamamos a atenccedilatildeo para a constataccedilatildeo de mais um ponto

em comum entre a religiosidade e o marketing Ambos tecircm em seus aspectos ins-

trumentais poderosos recursos que sensibilizam controlam e provocam mudanccedilas

nas pessoas e na sociedade principalmente naquelas que estatildeo sob influecircncia dire-

ta ou indireta de suas accedilotildees Cabe-nos ressaltar a necessidade da praacutetica eacutetica tan-

to da religiatildeo quanto ao marketing e do marketing aplicado sobre a religiosidade A

razatildeo desta colocaccedilatildeo eacute fundante tanto a religiatildeo quanto o marketing tecircm por obje-

tivo e finalidade a viabilizaccedilatildeo de pelo menos uma necessidade humana Sendo

este talvez o ponto mais importante O respeito ao ser humano aos sentimentos

sobre o quecirc e na forma com que ele entende os valores coacutesmicos e as razotildees de

sua existecircncia deveratildeo ser sempre considerados e jamais esquecidos Disse-nos

um dos proprietaacuterios de uma das lojas visitadas sobre as pessoas frequumlentadoras de

seu estabelecimento

() porque muitas pessoas satildeo atraiacutedas pela muacutesica pelo tipo de ambien-te tem pessoas quenossa agraves vezes chegam aiacute ficam num cantinho choram eu finjo que natildeo estou vendo mas choram desabafam depois saem Deixo todo mundo a vontade natildeo vou em cima da pessoa falar pre-ccedilo deixo as pessoas a vontade quem entra aqui eacute amigo da gente209

Assim sendo e conforme ficou demonstrado a feacute eacute um bom negoacutecio

209Entrevista com o SrServilho em 8 de setembro de 2006 na cidade de Caraguatatuba e na praccedila da igreja matriz A entrevista completa encontra-se nos anexos

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httpogloboglobocomspmat20070123287522443asp Acesso em 02 de julho

de 2007

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RESENDE Tatiana Comeacutercio eletrocircnico deve ter alta de ateacute 50 ao ano Folha On

Line httpwww1folhauolcombrfolhadinheiroult91u308736shtml Acesso em 02

de julho de 2007

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Anexos

Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas

Anexo 02 ndash Modelo de questionaacuterio

Anexo 03 ndash Entrevista

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Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas

Lojas de artigos para as religiotildees afro-brasileiras

bull Loja Luar

Rua Bom Pastor 2190 ndash Ipiranga

CEP 04203-002 - Satildeo Paulo - SP

Fone Fax (0xx11) 6163-6464 e 6591-3234

bull Loja Cacique Pena Branca

Alameda dos Nhambiquaras 1501 - Moema ndash

CEP 04090-013 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0XX11) 5533-1087

bull Casa de Velas Santa Rita

Praccedila da Liberdade 248 - Liberdade

CEP 01503-010ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3208-7022

bull Vida Cigana ndash Casa de umbanda e candombleacute

Praccedila Carlos Gomes 112 ndash Liberdade

CEP 015010-040 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3105-1932

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Lojas de artigos para a religiatildeo catoacutelica

bull Gladys Artigos Religiosos - Ladeira Porto Geral 106 - 6deg andar - sala 607 CEP 01022-000 - Sao Paulo ndash SP Fone (0xx11) 3312-0325 - Fax (0xx11) 3313-1442

bull Livraria Catoacutelica Nossa Senhora da Lapa

Rua Nossa Senhora da Lapa 364 - Lapa

CEP 05072-000 ndash Satildeo Paulo - SP

Fone (0xx11) 3834-6447 e (0xx11) 3645-4546

bull Inluma - Artigos Religiosos Catoacutelicos

Rua Jaguaratildeo 239 - Jabaquara

CEP 04318-040 - Satildeo Paulo ndash SP

FoneFax (0xx11) 5588-4655 5588-3159 5021-5733

bull Livraria Catedral

Rua Senador Feijoacute 46 ndash Centro

CEP 01006-000 ndash Satildeo Paulo ndash SP

FoneFax (0xx11) 3106-1136

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Lojas de artigos para as religiotildees protestantes das diversas denominaccedilotildees

bull Word Music ndash

Terminal Barra Funda do Metrocirc loja 14

CEP 01154-060 - Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3392-6660

bull Gospel Line Comeacutercio Ltda Rua Conselheiro Furtado 50 - Liberdade

CEP 01511-000 - Satildeo ndash Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3105-6897 - Fax (0xx11) 3106-2013

bull Bom Pastor Produccedilotildees Artiacutesticas e Phonograacuteficas Ltda Av Liberdade 902 ndash Liberdade

CEP 01502-001 - Satildeo Paulo ndash SP

Fone (11) 3208-5351

bull Vencedores por Cristo SC Rua Prof Dr Joseacute Marques Cruz 365 - Jardim das Acaacutecias

CEP 04707-020 - Satildeo Paulo ndash SP

Fone (11) 5183-4676 - Fax (11) 5183-5349

Lojas de artigos para as religiotildees novoeristas

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bull Viraj - Gifts to Yoyurself

Av Paulista 807 loja 46 (galeria)

CEP 01311-915 - Satildeo Paulo SP

Fone (0xx11) 3148-0846 - 3148-084 - Fax (0xx11) 3253-6983

bull Centro Holiacutestico Bruxas do Bem

Rua DrCeacutesar 522 - Santana

CEP 02013-002 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fones (0xx11) 6283-4213 - 32134433

bull Lojas Vila Zen

Loja 01 Galeria Gecircmini loja 36 - Av Paulista 807ndash Jardim Paulista

CEP 01311-915 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3251-5940

Loja 02 Shopping Metrocirc Santa Cruz ndash loja 22 - Av Domingos de Morais 2564 - Vila

Mariana

CEP 04036-100 ndash Satildeo Paulo - SP

Fone (0xx11) 3471-7933

178

Anexo 02 - Questionaacuterio dirigido aos consumidores finais ou clientes das lojas

1) Como o sr(a) teve conhecimento da existecircncia desta loja

a) Lista telefocircnica

b) Internet

c) Propaganda em revistas jornais murais ou meios impressos

d) Pelo raacutedio ou televisatildeo

e) Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa

f) Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa

g) Por indicaccedilotildees de placas ou a vitrine da loja

h) Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pastora sheik

rabino monge etc

i) Por acaso

j) Natildeo quis ou natildeo soube responder

2) Com que frequumlecircncia o sr (a) compra produtos religiosos

a) Pelo menos uma vez por mecircs

b) Uma vez a cada dois meses

c) Uma vez a cada trecircs meses

d) Uma vez por semestre

e) Uma vez por ano

f) Menos de uma vez por ano

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

179

3)Qual eacute o principal motivo pelo qual o sr(a) comprou esse (s) produto (s)

a) Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu

culto religioso

b) Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou

comprar

c) Porque a imagem desse (s) objeto(s) reforccedila (m) a minha feacute

d) Porque trazem proteccedilatildeo

e) Porque achei bonito

f) Vai servir para eu dar de presente a algueacutem

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

4) Qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s)

___________________________________________________________________

___________________________________________________________

5) Faixa de desembolso na loja

a) Ate 10 reais

b) De 10 a 20 reais

c) De 20 a 40 reais

d) De 40 a 80 reais

e) De 80 a 160 reais

f) De 160 a 320 reais

g) Mais de 320 reais

h) Natildeo quis ou natildeo soube responder

180

6) Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja

a) Plenamente satisfeito (a)

b) Satisfeito (a)

c) Razoavelmente satisfeito (a)

d) Sofrivelmente satisfeito (a)

e) Insatisfeito (a)

f) Natildeo quis ou natildeo soube responder

7) O sr(a) pretende voltar outras vezes a esta loja

a) Sim

b) Natildeo

c) Natildeo quis ou natildeo soube responder

8) Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo

a) Caros

b) Relativamente caros

c) Razoavelmente equilibrados

d) Condizentes com a minha renda

e) Baratos

f) Muito baratos

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

181

9) Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

a) Melhores preccedilos

b) Melhores condiccedilotildees de pagamento

c) Novos produtos

d) Melhor atendimento

e) Maior conforto

f) Um contato mais direto comigo

g) Um convite especial

h) Natildeo quis ou natildeo soube responder

10) Qual sua religiatildeo de batismo

a) Catoacutelica

b) Protestante

c) Espiacuterita kadercista

d) Umbandista

e) Candomblecista

f) Budista

g) Novoerista

h) Muccedilulmana

i) Natildeo eacute batizado

j) Natildeo quis ou natildeo soube responder

182

11) Qual a sua religiatildeo praticada atualmente

a) Catoacutelica

b) Protestante

c) Espiacuterita kardecista

d) Umbandista

e) Candomblecista

f) Budista

g) Novoerista

h) Muccedilulmana

i) Natildeo quis ou natildeo soube responder

12) O sr(a) reside ou trabalha neste bairro

a) Sim

b) Natildeo

c) Nas imediaccedilotildees deste bairro

d) Natildeo quis ou natildeo soube responder

13) O sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo

a) Sim

b) Natildeo

c) Natildeo quis ou natildeo soube responder

183

14) Sexo

a) Masculino

b) Feminino

15) Profissatildeo________________________________________________

16) Qual a sua idade

a) De 18 a 25 anos

b) De 25 a 35 anos

c) De 35 a 45 anos

d) De 45 a 55 anos

e) De 55 a 65 anos

f) Mais de 65 anos

17) Estado civil

a) Solteiro (a)

b) Casado (a) ou com companheira (o)

c) Separado (a) judicialmente ou divorciado (a)

d) Viuacutevo (a)

184

18) Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar

a) Ensino fundamental

b) Ensino meacutedio

c) Ensino Superior

e) Poacutes-graduado

19) Qual a sua faixa de renda familiar

a) Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo

b) De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos

c) De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos

d) De 05 a 08 salaacuterios miacutenimos

e) De 08 a 10 salaacuterios miacutenimos

f) Mais de 10 salaacuterios miacutenimos

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

185

Anexo 03 Entrevista com o Sr Servilho proprietaacuterio da Banca da Biacuteblia em CaraguatatubaSP

Entrevistador Renato

Entrevistado Sr Servilho

Local Caraguatatuba

Dia 08 Caraguatatuba praccedila central da cidade

Vou perguntar para o dono do empreendimento sr Servilho sobre as razotildees comerciais do investimento no segmento religioso

Qual foi o motivo que levou o sr investir nesse segmento mercadoloacutegico

bull O principal motivo foi especial eu recebi uma intuiccedilatildeo de Deus que eu

deveria vender biacuteblias eu jaacute vendia biacuteblias embora eu representava uma

organizaccedilatildeo adventista e natildeo poderia vender mas nas horas vagas as pessoas me

pediam biacuteblia e o numero de vendas comeccedilou a aumentar eu achava estranho os

preccedilos astronocircmicos de biacuteblias e as pessoas pagavam entatildeo eu falei que tinha que

montar alguma coisa para os meus filhos pra poder vender por um preccedilo correto e

foi aiacute que Deus me indicou e acabamos colocando

A sua feacute contribuiu de forma significativa pra tomar a decisatildeo desse investimento

bull Soacute a feacute

O que mais o sr poderia me dizer a respeito eacute uma satisfaccedilatildeo sua particular trabalhar com esse segmento

186

bull Sim hoje noacutes estamos com 15 anos de trabalho mas a satisfaccedilatildeo eacute

saber que mais de milhares de biacuteblias foram vendidas muitos lares deram

testemunho de que hoje tecircm um temor a Deus um amor a Deus mais chegado

entatildeo o objetivo primeiramente eacute evangeliacutestico e depois concilia com o ganha patildeo eacute

uma consequumlecircncia mas a causa eacute evangelista

Como que foram os primeiros movimentos da materializaccedilatildeo dessa loja do sr

bull O primeiro ano foi taxi zero na eacutepoca noacutes colocamos quase 300 tiacutetulos

de produtos evangeacutelicos mas denominacional quer dizer adventista do seacutetimo dia

e loacutegico ficou parado eu vendia soacute biacuteblia aiacute que nos fomos mudando tirando um

pouco do servindo a todo mundo e fomos com o tempo com a praacutetica servindo

a todas as denominaccedilotildees

Como que se deu a escolha desse ponto comercial

bull Isso foi Divino com certeza foi Divino porque Deus me falou ndashldquoEacute aquirdquo-

e eu achei estranho e era laacute em baixo laacute na ponta era a ex rodoviaacuteria de

Caraguatatuba e era na esquina laacute em baixo e eu pensava -ldquomas aquirdquo- mas me

apontava para a praccedila e tinha essa banca fechada natildeo tinha nada na hora natildeo

acreditei esperei mais uma semana depois voltei para o lugar e orei ndashldquomas eacute aquirdquo-

aiacute desci conversei com o vizinho e perguntei o que era ali que estava sempre

fechado e ele falou que era uma banca de jornal haacute mais de 30 anos que tinha

aberto do outro lado da avenida Perguntei de quem era e ele falou que era de uma

pessoa que era dona de quase todas as bancas da regiatildeo aiacute fui conversar com ele

e ficou com medo de eu ser um concorrente e expliquei pra ele que era um

evangelista que eu queria colocar biacuteblias e colocaria meu filho pra trabalhar que era

um adolescente na eacutepoca e ele me cedeu me vendeu e fizemos o negocio e digo

que foi Divino porque passei dois anos e montaram um shopping aonde esta o

187

Mcdonald e o dono ficou louco disse ndashldquoeu quero esse rapaz fora daqui natildeo quero

biacuteblia aqui na minha frenterdquo- e eu natildeo sabia disso chegavam as pessoas da

prefeitura e falavam ndashldquonoacutes precisamos mudar vocecircrdquo- e natildeo falava por que Ateacute que

chegou um dia que o gerente da prefeitura disse que a cabeccedila dele estava a premio

falou para eu arranjar um mutiratildeo algumas pessoas conhecidas e fizemos um

mutiratildeo e saiacute ele natildeo tinha me falado o motivo ainda Trouxemos e colocamos aqui

e aiacute ficou e mais tarde ele me falou que o dono do shopping disse ndashldquoou vocecirc ou elerdquo-

ele natildeo queria vocecirc de jeito nenhum soacute que eu digo que eacute Divino porque aqui se

tornou o calccediladatildeo o melhor ponto aqui de Caraguatatuba eacute a matildeo de Deus

dirigindo e laacute faliu um shopping todo de maacutermore faliu O ex-prefeito eacute que

conseguiu fazer um acordo porque disse que o dono bebia muito fez um acordo e

reabriu e laacute natildeo tem nada natildeo eacute um shopping soacute um Mcdonald reabriu depois de

muitos anos

Como que o sr estabelece criteacuterios para compra dos produtos a serem oferecidos

bull Oferecido eu tenho um pouco de medo porque eu natildeo gosto de

comprar uma coisa que eu natildeo tenha certeza da onde proveacutem entatildeo eu mesmo vou

buscar embora tem muitos produtos que me trazem produtos durante o ano as

pessoas foram acostumando e eu fui entendendo que a procedecircncia era boa mas

normalmente vou buscar em SP no Rio de Janeiro aonde tem novidades que as

pessoas estatildeo pedindo a gente vai e traacutes

E existe financiamento para o capital de giro do sr

bull Natildeo Antigamente eu trabalhava com cheque e meu giro de capital era

o cheque preacute-datado hoje natildeo mexo com cheque com nada compro agrave vista e

vendo agrave vista

188

E como que o sr estabelece um criteacuterio de preccedilo para esses produtos

bull Eu coloco um percentual no produto conforme o giro ter um produto de

giro raacutepido o percentual cai totalmente eu coloco pra girar o objetivo eacute girar se natildeo

eacute um produto vendaacutevel se eacute mais lento eu aumento um pouco o percentual que eacute

pra natildeo ter um desprestigio com o tempo mas normalmente eu procuro colocar um

preccedilo de giro que eacute melhor girar raacutepido e eu ter condiccedilotildees de comprar outras coisas

O sr me falou que natildeo faz financiamento de produtos entatildeo a loja faz alguma promoccedilatildeo especial visando aumentar o volume meacutedio de vendas

bull Natildeo nunca fiz isso

O sr faz propaganda da loja

bull Eu jaacute fiz alguma coisa mas natildeo vejo resultado natildeo

O sr sabe qual eacute o numero de pessoas que passam pelo interior da sua loja

bull Bastante porque muitas pessoas satildeo atraiacutedas pela musica pelo tipo

de ambiente tem pessoas quenossa agraves vezes chegam aiacute ficam num cantinho

choram eu finjo que natildeo estou vendo mas choram desabafam depois saem Deixo

todo mundo a vontade natildeo vou em cima da pessoa falar preccedilo deixo as pessoas a

vontade quem entra aqui eacute amigo da gente

Vocecirc sabe me dizer dessas pessoas que entram quantas que efetivamente compram algum tipo de produto do sr

189

bull A maioria porque a gente procura nesse tempo que a gente tem ter

coisas como ldquosouveniresrdquo coisas muito interessantes e bonitas num preccedilo muito

bom procuro trabalhar com exclusividade em muitas coisas pequenas entatildeo

sempre tem uma opccedilatildeo das pessoas darem um presente ou mesmo um marca

paacuteginas tem coisas de todos os preccedilos e todos os niacuteveis entatildeo eacute faacutecil uma pessoa

conseguir levar uma lembranccedila

Existe algum tipo de material publicitaacuterio que o sr jaacute tenha desenvolvido no seu empreendimento

bull Natildeo A uacutenica coisa que a gente faz na publicidade aqui seria uma

ordem puacuteblica nesse tempo muitas pessoas chegavam a noacutes e falavam que eu

precisava vender cartatildeo porque eacute uma utilidade publica e hoje a gente vende

cartotildees de telefone cartatildeo preacute-pagos selos do correio entatildeo sempre tem que ter

uma propaganda que o local tem esse produto isso eacute obrigado deixar sempre uma

propaganda e os proacuteprios revendedores se incumbem de fazer a merchandising

Quantos funcionaacuterios ou colaboradores diretos o sr tem aqui na loja

bull Tem a minha filha soacute meu filho vem passear no final de semana ele

Entatildeo eacute o sr

bull E minha filha

Existe algum tipo de treinamento que o sr tenha dado a ela nesse tempo

190

bull Ela trabalha comigo a 15 anos primeiro era eu minha esposa e ela

meu filho tambeacutem entatildeo criei meus filhos assim depois foram saindo e a uacutenica que

ficou foi ela e minha esposa hoje cuida do lar soacute

E o sr acha necessaacuterio cada vendedor por ex no seu caso o sr natildeo deixa de ser um vendedor de primeira linha o sr pode dizer que tambeacutem eacute um vendedor o sr que vendedor precisa ser praticante da sua religiatildeo uma vez que o sr daacute uma ecircnfase especial agrave religiatildeo que o sr pratica aqui O sr acha que ele tem que ser da sua religiatildeo pra trabalhar aqui ou natildeo

bull Quando se fala religiatildeo engloba tudo eacute religar o terraacutequeo com o

criador isso eacute uma coisa muito profunda mesmo de vez em quando a gente

mergulha nisso e coloca a realidade mas pra trabalhar com um produto desse a

pessoa precisa pelo menos ter uma feacute porque se eu sou uma pessoa que natildeo tenho

feacute vou ser um mercenaacuterio e aiacute vou entrar em choque com muitas coisas e outra

muitas pessoas de vez em quando chegam e desabafam fazem pergunta chega

num desespero no fim a gente natildeo eacute soacute vendedor mas muitas vezes a gente eacute

conselheiro mas se a gente natildeo tem um bom conselho fica esquisito

Entatildeo para esclarecer na opiniatildeo do sr eacute preciso que a feacute esteja para e passo com a necessidade das pessoas tomando cuidado para estar na linha de frente de um negocio desses a pessoa tem que acreditar mesmo

bull Sem duvida nenhuma ela tem que temer a Deus

A loja se relaciona conjuntamente com algum templo igreja com algum espaccedilo sagrado

bull Noacutes natildeo temos vinculo nenhum com [placas] noacutes sim eacute que

particularmente

191

Qual seria os 6 produtos importantes aqui O sr daacute um destaque muito grande em cima de cartotildees e Biacuteblias Daria para o sr apontar ndashldquoeu vendo bastante anelzinhos as pessoas vem procurar por causa dos meus cartotildeezinhosrdquo- Quais satildeo os produtos que o sr acha que satildeo realmente importantes pra esse segmento que o sr atua

bull Sem duvida nenhuma o CD a musica eacute o que mais vende eacute uma

coisa que no inicio foi difiacutecil eu prestava atenccedilatildeo nisso porque eu gosto de musica

claacutessica mas natildeo adianta eu colocar meu gosto porque vai ficar na prateleira entatildeo

eu comecei a desenvolver por conselhos de outras pessoas entatildeo a musica os

CDs a gente trabalha soacute com original natildeo coloca nada na pirataria para que a

pessoa tenha confianccedila do que esta levando e procuro estar atento no que eacute

sucesso nos lanccedilamentos entatildeo DVD CD Biacuteblia e principalmente hinaacuterios harpa

cristatilde soletos biacuteblicos que as pessoas compram para distribuir e uma serie de outras

coisas O marca paginas as crianccedilas levam toda hora aleacutem de uma pessoa que

estaacute passeandoaqui tem vaacuterios tipos de chaveiros e muitos produtos artesanais

nos damos muito valor ao artesanato porque desde pequeno eu sempre mexia com

artesanato aprendia a fazer o coleacutegio de primeiro ensinava isso aiacute uma pessoa que

estava na 5ordf serie na admissatildeo ela jaacute sabia fazer alguma coisa pra poder vender e

sustentar a famiacutelia hoje a gente natildeo vecirc isso aiacute entatildeo eu dou muito valor ao

artesanato o que eacute feito na matildeo entatildeo coisas que eu vejo bem bonitas artesanais

eu coloco na loja pra vender

O que o sr pensa da relaccedilatildeo dos seus clientes com seu negocio O sr acha que eles estatildeo sendo bem atendidos Eu sei que o sr esta fazendo o melhor que pode mas olhando um pouco mais de fora eu quero ler a sua visatildeo de fora como que o sr acha que seus clientes estatildeo atendidos

bull Aiacute jaacute entra numa questatildeo teoloacutegica hoje realmente eu natildeo atendo o

que deveria atender isso por ideologia estamos vivendo momentos profeacuteticos eu

creio nisso entatildeo eu deixo de vender livros denominacionais que muitos me

192

procuram porque se eu tivesse muitos livros denominacionais minha venda

aumentaria muito

O que satildeo livros denominacionais

bull Satildeo livros por ex um livro da Assembleacuteia de Deus um livro

Pentecostal de doutrinas diferentes eu procuro natildeo trabalhar com eles procuro

trabalhar com a Biacuteblia porque a Biacuteblia eacute universal agora os livros satildeo produzidos

eu posso ler a Biacuteblia e traduzir de uma maneira montar uma placa de igreja e formar

uma igreja eu estaria sendo conivente fazendo isso entatildeo me sinto um pouco

restringidomas tem muitas coisas que eu poderia colocar aiacute e natildeo coloco deixo de

vender isso eacute uma questatildeo eacutetica teoloacutegica

E quais satildeo as expectativas que vocecirc tem para os proacuteximos anos do ponto de vista empresarial

bull Eu tenho uma mentalidadeo que esta escrito laacute em cima

ldquoVem Senhor Jesusrdquo

bull ldquoVem Senhor Jesusrdquo eacute a ultima parte que estaacute escrito na Biacuteblia no

Apocalipse eram os uacuteltimos versiacuteculos quer dizer noacutes estamos vivendo momentos

que precede a vinda de Jesus e eu natildeo tenho duvida nenhuma e estou me

preparando para ldquosubirrdquo com ele entatildeo veja bem a minha perspectiva natildeo eacute para

esse mundo noacutes natildeo somos um comerciante comum como outro qualquer natildeo que

uma pessoa natildeo vaacute montar um negocio desse e natildeo vai dar certo natildeo eacute isso eacute o

meu ponto de vista eu jaacute natildeo me afirmo mais aqui eu natildeo monto meu futuro mais

aqui nesse sistema de ser humano de pecado tanto eacute que eu deixo laacute em cima laacute

atraacutes natildeo sei se vocecirc reparou um cartaz e vou mudando de vez em quando com o

193

tempo mas no momento aqui eacute a historia do planeta Nabucodonossor sonhou

explicou o sonho e entra Daniel e Deus fala

-ldquoVai laacute Daniel fala com ele porque fui Eu quem deu esse sonho pra

elerdquo-

e na historia mostra que Nabucodonossor AC600 anos foi tomado de

uma

maneira espetacular pelo [Medopersia] e depois veio o ventre que eacute a

Greacutecia tomou a [Medopersia] e depois Roma tomou e impressionante

Roma se dividiu em dez e formou a Europa e laacute esta escrito assim

ldquoComo os dedos dos peacutes satildeo barro e ferro e como barro e ferro natildeo se

unem como raccedila humana natildeo se uniraacuterdquo

O mundo vem tentando desmentir essa parte da Biacuteblia Hitler tentou

Mussolini tentou mesmo os grandes paises como os EUA vem tentando se tornar

um impeacuterio formar um soacute reino mas Biacuteblia fala que -ldquoNos dias desse rei

Estaraacute um reino que jamais passaraacuterdquo () eacute a pedra a pedra eacute Cristo

eacute Jesus com milhares e milhares de anjos entatildeo noacutes estamos vivendo hoje a

sujeira da ponta da unha da estatua inclusive a Europa acha que conseguiu fazer

esse reino natildeo com a intenccedilatildeo de desmentir a Biacuteblia mas eles sem querer estatildeo

envolvendo porque um decifre comordquoMASrdquo todas as traduccedilotildees satildeo iguais mesmo

a Biacuteblia catoacutelica ldquoMASrdquo mas o que Mas os homens vatildeo tentar tentar mas nos dias

desses reis que reis O presidente da Franccedila da Alemanha antes de dissolver

porque o objetivo dessa uniatildeo eacute chegar num momento que cai todos os reis e um soacute

manda em tudo mas nos dias desses reis antes de dissolver isso a Pedra vem o

Cristo vem entatildeo noacutes sabemos pelos acontecimentos que vemos no jornal todos os

dias estamos muito proacuteximos disso

Vocecirc tentar centralizar o futuro

bull O futuro mesmo eu natildeo planejo eu planejo o dia dia procuro natildeo fazer

muita diacutevida compro agrave vista vendo agrave vista

194

E como que o sr vecirc o cliente do sr Como que ele eacute e o que ele procura aqui com o sr

bull Eu vejo eles como amigos com uma necessidade a maioria deles eu

vejo com uma necessidade e a gente procura servir essa necessidade ou suprir

essa necessidade entatildeo natildeo vejo eles com um cifratildeo procuro atender eles bem e

no fim ele acaba levando saindo satisfeito e volta O que eu tenho prestado atenccedilatildeo

eacute nisso nesses longos tempos eacute que meus clientes voltam e isso eacute importante num

comercio e as pessoas natildeo percebem isso o importante eacute o cliente voltar outra vez

ele tem uma satisfaccedilatildeo mesmo que natildeo compra nada comprou uma coisa irrisoacuteria

mas ele volta e a partir que ele se torna um amigo ele tambeacutem passa para os

amigos os parentes aonde comprou fala que gostou da loja

Entatildeo o trabalho com o cliente eacute importante

bull Eacute importantiacutessimo

Eu quero agradecer em meu nome quero agradecer em nome do Nuacutecleo de Ciecircncias e Religiatildeo da Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo

Me comprometo a mandar as fotos da Expo para o sr

  • Tenha Feacute eacute um bom negoacutecio O marketing nas fronteiras da religiatildeo - a feacute como alavanca de negoacutecpdf
    • Tenha feacute eacute um bom negoacutecio
    • Ilustraccedilatildeo 1 - Direitos Reservados
    • O marketing nas fronteiras da religiatildeo a feacute como alavanca de negoacutecios no varejo de produtos religiosos
    • RENATO PINTO DE ALMEIDA JUacuteNIOR
    • TENHA FEacute Eacute UM BOM NEGOacuteCIO
    • O marketing nas fronteiras da religiatildeo a feacute como alavanca de negoacutecios no varejo de produtos religiosos
    • Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Banca Examinadora da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias da Religiatildeo sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Silas Guerriero
    • PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA
    • SAtildeO PAULO 2007
    • BANCA EXAMINADORA
    • __________________________________
    • __________________________________
    • __________________________________
    • Dedicatoacuteria
    • Dedico este trabalho agrave cidade de Satildeo Paulo Aos brasileiros e brasileiras paulistanos e paulistanas por adoccedilatildeo (como eu) ou que aqui nasceram e fazem desta cidade a locomotiva e um beliacutessimo motivo de orgulho para o nosso paiacutes
    • Ilustraccedilatildeo 2- Direitos Reservados
    • Se ao final deste trabalho ainda perguntarem-me O que eacute isto
    • A minha resposta viraacute pelas palavras do poeta Ari Barroso
    • Dedico tambeacutem este trabalho agrave minha famiacutelia e em especial para
    • Fado Tropical (Chico Buarque - Ruy Guerra)
    • Oh musa do meu fado Oh minha matildee gentil Te deixo consternado No primeiro abril Mas natildeo secirc tatildeo ingrata Natildeo esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal ``Sabe no fundo eu sou um sentimental Todos noacutes herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo Mesmo quando as minhas matildeos estatildeo ocupadas em torturar esganar trucidar Meu coraccedilatildeo fecha aos olhos e sinceramente chora Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas do Alentejo De quem numa bravata Arrebato um beijo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
    • ``Meu coraccedilatildeo tem um sereno jeito E as minhas matildeos o golpe duro e presto De tal maneira que depois de feito Desencontrado eu mesmo me contesto Se trago as matildeos distantes do meu peito Eacute que haacute distacircncia entre intenccedilatildeo e gesto E se o meu coraccedilatildeo nas matildeos estreito Me assombra a suacutebita impressatildeo de incesto Quando me encontro no calor da luta Ostento a aguda empunhadura agrave proa Mas o meu peito se desabotoa E se a sentenccedila se anuncia bruta Mais que depressa a matildeo cega executa Pois que senatildeo o coraccedilatildeo perdoa
    • Guitarras e sanfonas Jasmins coqueiros fontes Sardinhas mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre Traacutes-os-Montes E numa pororoca Desaacutegua no Tejo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um impeacuterio colonial
    • Com todo o meu carinho
    • Renato Pinto de Almeida Juacutenior
    • Edecircnio Valle em seu livro Psicologia e experiecircncia religiosa estabeleceu a diferenccedila e explicou a religiosidade intriacutenseca e extriacutenseca onde as caracteriacutesticas da religiosidade intriacutenseca satildeo o forte compromisso pessoal universalista eacutetico e de amor ao proacuteximo A religiosidade intriacutenseca tambeacutem seria altruiacutesta humanitaacuteria e natildeo-egocecircntrica na qual a feacute possui importacircncia central aceita sem reserva e o credo seguido inteiramente Aberta a experiecircncia religiosa intensa vecirc positivamente a morte e possui sentimentos de poder e de capacidade proacuteprios O mesmo autor entende como caracteriacutesticas da religiosidade extriacutenseca a religiatildeo de conveniecircncia surgida em momentos de crise e necessidade Etnocecircntrica exclusivista fechada grupalmente sua feacute e crenccedilas satildeo superficiais e sofrem uma seleccedilatildeo subjetiva Utilitaacuteria sem visar outras finalidades estaacute a serviccedilo de outras necessidades pessoais e sociais Deus eacute visto como duro e punitivo e a visatildeo da morte eacute negativa Ao contraacuterio da religiosidade intriacutenseca na qual o sujeito tem sentimentos de poder e de capacidade proacutepria aqui o sentimento eacute de impotecircncia e de controle externo
    • A feacute assim como a religiatildeo e a religiosidade tambeacutem eacute um termo de complexo entendimento que podemos abordaacute-lo de diversas maneiras No entanto destacamos que apesar da palavra eventualmente nos remeter a uma ideacuteia de algo natildeo comprovaacutevel do ponto de vista cientiacutefico a Ciecircncia da Religiatildeo nos permite uma aproximaccedilatildeo conscienciosa dentro dos rigores metodoloacutegicos quando abordamos a questatildeo fenomenologicamente ou atraveacutes da filosofia
    • A noeacutetica oferece oportunidade de examinarmos o assunto Segundo Adolphe Gescheacute
    • () eacute o ser humano de um conhecimento porque haacute tambeacutem um conteuacutedo noeacutetico da feacute o crente eacute visitado por uma Palavra (fides ex auditu) Aqui a linguagem eacute a linguagem da revelaccedilatildeo O crente natildeo vive uma experiecircncia nebulosa mas uma experiecircncia transpassada por uma luz que ilumina o seu conhecimento embora este continue sendo ao mesmo tempo um ldquodesconhecimentordquo diante daquilo que o ultrapassa
    • Wolmir Therezio Amado propotildee que nos prendamos a duas perspectivas baacutesicas para entendermos o que eacute feacute e sobre as quais formulou correspondentes epistemologias
    • () uma delas foi considerar a feacute e a religiatildeo no acircmbito estatutaacuterio da adesatildeo voluntarista e sujeitas agraves expectativas do coraccedilatildeo outra foi o de conhecer o acircmbito epistemoloacutegico da feacute nos limites da consciecircncia dialeacutetica Ambas estatildeo muito presentes na realidade atual ainda que questotildees novas acerca do discernimento da feacute tenham surgido na poacutes-modernidade e no contexto do terceiro mundo
    • O mesmo autor pontua
    • () Para a fenomenologia o esforccedilo teoacuterico consiste em compreender a feacute apenas como sentido de fenocircmeno deixado de lado aquilo que ilumina a graccedila ou que indica uma ordem superior A feacute nessa perspectiva eacute analisada na ordem das significaccedilotildees No esforccedilo empreendido pela filosofia o conhecimento da feacute soacute eacute possiacutevel ser interpretado agrave medida que se adentra em suas articulaccedilotildees porque ela estaacute em toda experiecircncia humana Se de um lado a feacute eacute um dom conferido de outro tal dom eacute dado como possibilidade que tem o imperativo de desabrochar para-ser Assim a feacute se daacute em trecircs niacuteveis baacutesicos como puro desvelamento do outro ausente como confianccedilaesperanccedila ou entrega de si ao outro e como manifestaccedilatildeo externa paradigma visiacutevel No esforccedilo de-ser capta (sem se apropriar) o ser analoacutegico Mas este captar implica uma feacute metafiacutesica uma vez que outro soacute eacute compreendido por semelhanccedila A verificaccedilatildeo absoluta nunca me seraacute possiacutevel por isso haacute a praacutexis do risco e da confianccedila por mim assumida
    • Alem da fenomenologia e da filosofia a feacute eacute apresentada teologicamente pela oacutetica biacuteblica
    • Alguns autores se preocuparam em observar e tentar descrever as situaccedilotildees ocorrentes de feacute por outras abordagens entre os seres humanos
    • Quanto ao fenocircmeno ldquofeacuterdquo se observado em seu significado mais amplo e pelo lado pessoal dos indiviacuteduos ele nos leva a correlacionaacute-lo a algo em que se acredita ou se confia No entanto se avanccedilarmos um pouco mais pela natureza praacutetica terminoloacutegica encontraremos pelo menos duas aplicaccedilotildees distintas na primeira possibilidade veremos uma conceituaccedilatildeo de cunho racionalista estando ligada ao vieacutes cientiacutefico nos cientistas e seus postulados em evidecircncias fiacutesicas ou laboratoriais
    • () a feacute religiosa cresce na sociedade atual por outra razatildeo A secularizaccedilatildeo que teve seu apogeu nas deacutecadas de 1960 e 1970 especialmente no meio intelectual e sob sua influecircncia provocou uma reaccedilatildeo contraacuteria Ao reduzir o papel e o poder das religiotildees sobre a sociedade e a cultura a secularizaccedilatildeo produziu uma privatizaccedilatildeo das formas religiosas As pessoas escolhem as formas religiosas que mais respondem agrave subjetividade provocando verdadeiro surto religioso Eacute a outra face da secularizaccedilatildeo que minando as instituiccedilotildees engendrou uma busca sedenta de expressotildees religiosas
    • Continuou o autor
    • () Trava-se entatildeo uma forte luta entre a feacute religiosa coacutesmica e a apropriaccedilatildeo capitalista da natureza No niacutevel estritamente religioso ela assume papel profeacutetico e criacutetico na sociedade Isso explica o crescimento em nosso meio do budismo da miacutestica islacircmica e de outras formas sacrais coacutesmicas como o Santo Daime e a Uniatildeo do Vegetal Haacute uma sede de feacute religiosa no meio do desgaste psico-humano provocado pela sociedade e cultura modernas A Nova Era traduz muito dessa feacute religiosa atual
    • Assim sendo os enunciados acima satildeo alguns dos que melhor explicam o fenocircmeno Concluiacutemos que pode-se ter feacute tanto numa pessoa quanto num objeto inanimado numa ideologia num pensamento filosoacutefico num sistema qualquer num conjunto de regras numa crenccedila numa base de propostas ou em dogmas de uma determinada religiatildeo
    • 1 2 Marketing uma ideacuteia e um conceito em evoluccedilatildeo
    • Apesar de encontrarmos suas raiacutezes ao longo da histoacuteria da humanidade na proacutepria gecircnese do comeacutercio o marketing eacute um campo de estudo novo se comparado com as demais aacutereas do saber O estudo do mercado surgiu da necessidade dos empresaacuterios em administrar uma nova realidade oriunda da Revoluccedilatildeo Industrial
    • A revoluccedilatildeo industrial em seus dois momentos histoacutericos iniciou grandes mudanccedilas econocircmicas e sociais No primeiro momento apareceram como fases relevantes a mecanizaccedilatildeo da induacutestria e da agricultura a aplicaccedilatildeo da forccedila motriz industrial e o desenvolvimento do sistema fabril aleacutem de uma formidaacutevel aceleraccedilatildeo nos meios de transportes e de comunicaccedilotildees Em uma segunda etapa podemos enunciar vaacuterias caracteriacutesticas importantes que marcaram eacutepoca a substituiccedilatildeo do ferro pelo accedilo o desenvolvimento da maquinaria automaacutetica e um alto grau de especializaccedilatildeo do trabalho nos ambientes fabris o crescente domiacutenio da induacutestria pela ciecircncia o desenvolvimento de novas formas de organizaccedilatildeo capitalista e a expansatildeo da industrializaccedilatildeo ateacute a Europa Central e Oriental por exemplo Desta maneira essas novas situaccedilotildees modificaram a relaccedilatildeo do capital com os meios de produccedilatildeo ateacute entatildeo e anteriormente existentes Como consequumlecircncia estabeleceram tambeacutem um reposicionamento das forccedilas produtivas com o mercado consumidor
    • Neste estaacutegio da histoacuteria econocircmica mundial o marketing ainda era inseparaacutevel da economia e da administraccedilatildeo claacutessica A gestatildeo econocircmica e empresarial nesse instante preocupou-se com a logiacutestica a produtividade e a maximizaccedilatildeo dos lucros Os consumidores natildeo tinham qualquer poder de barganha com os fabricantes e produtores Os aspectos humanos do mercado eram ignorados aleacutem da concorrecircncia ser praticamente inexistente
    • Essa eacutepoca comeccedilam a surgir os primeiros sinais de excesso de oferta Os fabricantes desenvolveram-se e produziram em seacuterie Portanto a oferta passou a superar a demanda e os produtos acumulavam-se em estoques Algumas empresas comeccedilaram a utilizar teacutecnicas de vendas bem mais agressivas e a ecircnfase na comercializaccedilatildeo das empresas dessa eacutepoca era totalmente dirigidas agraves vendas
    • Nos anos 40 os trabalhos e observaccedilotildees a respeito da aplicaccedilatildeo da psicologia na propaganda e o de William J Reilly sobre as Leis de Gravitaccedilatildeo do Varejo comeccedilaram a dar um enfoque cientiacutefico ao marketing Uma das questotildees cruciais nesse momento da histoacuteria era se as teorias de mercado podiam ou natildeo se desenvolver Algumas abordagens defendiam a tese que isso nunca seria possiacutevel Natildeo seriam passiacuteveis de desenvolvimento a uma teoria mercadoloacutegica genuiacutena pois a consideravam extremamente subjetiva quase uma forma de arte Tal realidade manteve-se inalterada ateacute os instantes finais da Segunda Guerra Mundial quando entatildeo reagindo ao crescimento da concorrecircncia mercadoacutelogos comeccedilaram a teorizar sobre como atrair e lidar com seus consumidores em funccedilatildeo da super-produccedilatildeo Surgiu entatildeo a cultura de vender a qualquer preccedilo
    • Deacutecada de 1950
    • A primeira tentativa de mudanccedila dessa visatildeo mercadoloacutegica veio em 1954 pelas matildeos de Peter Drucker ao lanccedilar seu livro A Praacutetica da Administraccedilatildeo Natildeo se tratava de ser propriamente um livro sobre marketing mas foi o primeiro registro escrito que cita o marketing como uma forccedila poderosa a ser considerada pelos administradores
    • Sequencialmente em 1960 elaborado por Theodore Levitt professor da Harvard Business School em artigo na revista Harvard Business Review entitulado Miopia de Marketing revelou uma seacuterie de erros de percepccedilotildees mostrou a importacircncia da satisfaccedilatildeo dos clientes e transformou para sempre o mundo dos negoacutecios O vender a qualquer custo deu lugar agrave satisfaccedilatildeo garantida
    • O universo do marketing comeccedilou a expandir-se e artigos cientiacuteficos foram escritos pesquisas feitas e dados estatisticamente relevantes traccedilados Foram separadas as estrateacutegias eficientes dos ldquoachismosrdquo e viu-se a necessidade de um estudo seacuterio do mercado Este conhecimento adquirido ficou espalhado difuso muitas vezes restrito ao mundo acadecircmico Em 1967 Philip Kotler lanccedilou a primeira ediccedilatildeo de seu livro Administraccedilatildeo de Marketing onde pocircs-se a reunir revisar testar e consolidar as bases daquilo que ateacute hoje formam o ldquocacircnone do marketingrdquo
    • Deacutecada de 1970
    • Nos anos 70 destacou-se o fato de surgirem departamentos e diretorias de marketing em todas as grandes empresas Natildeo se tratava mais de uma boa ideacuteia mas de uma necessidade de sobrevivecircncia Eacute nesta eacutepoca que se multiplicaram os supermercados shopping centers e franchises De fato a contribuiccedilatildeo do marketing foi tatildeo notoacuteria no meio empresarial que passou rapidamente a ser adotada em outros setores da atividade humana O governo organizaccedilotildees civis entidades religiosas e partidos poliacuteticos passaram a valer-se das estrateacutegias de marketing adaptando-as agraves suas realidades e necessidades
    • Em 1982 o livro Em Busca da Excelecircncia de Tom Peters e Bob Waterman inaugurou todo um periacuteodo de escritores sobre o marketing Num golpe de sorte editorial produziram o livro de marketing mais vendido de todos os tempos ao focarem completamente sua atenccedilatildeo no cliente Esse fenocircmeno editorial levou o marketing agraves massas e portanto agraves pequenas e meacutedias empresas e a todo o tipo de profissional Talvez por isso e tambeacutem por uma necessidade mercadoloacutegica o marketing passou a ser uma preocupaccedilatildeo atinente agrave alta direccedilatildeo de todas as mega-corporaccedilotildees natildeo estando mais restrita a uma diretoria ou departamento
    • O fecircnomeno dos gurus entretando eacute responsaacutevel pelo posterior descuido com o rigor da investigaccedilatildeo cientiacutefica e uma tendecircncia a modismos Nesta eacutepoca floreceram diversos autores tais como Al Ries que definiu o conceito de posicionamento e o markerting de guerra e guerrilha e Masaaki Imai que idealizou o modelo Kaizen Esses autores ganharam reconhecimento no mundo dos negoacutecios e alta reputaccedilatildeo no universo empresarial por suas ideacuteias e abordagens originais
    • Assim como ocorreu em muitos outros setores o avanccedilo tecnoloacutegico dos anos 90 teve um forte impacto no mundo do marketing O comeacutercio eletrocircnico foi uma revoluccedilatildeo na logiacutestica distribuiccedilatildeo e formas de pagamento O CRM (Customer Relationship Management) e os serviccedilos de atendimentos ao consumidor entre outras inovaccedilotildees tornaram possiacutevel uma gestatildeo de relacionamento com os clientes em larga escala E como se isso natildeo fosse suficiente a Internet chegou como uma nova via de comunicaccedilatildeo Eacute a eacutepoca do maximarketing de Stan Rapp do marketing 1 to 1 da Peppers amp Rogers Group do aftermarketing de Terry G Vavra e do marketing direto de Bob Stone ou seja caracterizou-se por uma constante busca pela personalizaccedilatildeo como medida administrativa e de poliacutetica de aproximaccedilatildeo expansatildeo manutenccedilatildeo e retro-alimentaccedilatildeo mercadoloacutegica em geral
    • Outra tendecircncia do periacuteodo foi o fortalecimento do conceito de marketing societal no qual tornou-se uma exigecircncia de mercado haver uma preocupaccedilatildeo com o bem-estar da sociedade A satisfaccedilatildeo do consumidor e a opiniatildeo puacuteblica passaram a estar diretamente ligadas agrave participaccedilatildeo das organizaccedilotildees em causas sociais e a responsabilidade social transformou-se numa vantagem competitiva
    • A virada do milecircnio assitiu agrave segmentaccedilatildeo da televisatildeo a cabo agrave popularidade da telefonia celular e agrave democratizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo especialmente via Internet A World Wide Web jaacute estava madura o suficiente nos primeiros anos desta deacutecada Surgiuram uma infinidade de pesquisas e publicaccedilotildees sobre webmarketing e comeacutercio eletrocircnico Mas mais do que isso agora o cliente natildeo tinha apenas poder de barganha tinha tambeacutem poder de informaccedilatildeo Era de se esperar que isso influenciasse na maneira com a qual os consumidores interagiam com as empresas e entre si Os primeiros reflexos disso foram o nascimento do marketing de permissatildeo de Seth Godin a conceitualizaccedilatildeo do marketing boca-a-boca por George Silverman e a explosatildeo do buzzmarketing e do marketing viral por autores tais como Russell Goldsmith e Mark Hughes
    • Eacute perceptiacutevel na proacutepria evoluccedilatildeo do conceito de marketing a importacircncia cada vez maior do consumidor como o elemento chave e alvo das preocupaccedilotildees e propoacutesitos nas accedilotildees dos homens e mulheres que se ocupavam com marketing pois eacute o consumidor a razatildeo loacutegica de organizaccedilotildees ou empresas comerciais
    • Neste trabalho vamos centralizar atenccedilotildees sobre o consumidor de produtos relacionados agrave religiosidade e tambeacutem agraves possiveis dinacircmicas do marketing de varejo que estatildeo inseridas dentro dos conceitos de marketing acima abordados e atuando como uma ferramenta mercadoloacutegica
    • 14 As abordagens conjuntas do marketing com a religiosidade e vice-versa
    • Ilustraccedilatildeo 5
    • Ilustraccedilatildeo 6
    • 15 Consideraccedilotildees iniciais sobre o cenaacuterio da pesquisa de campo
    • Por limitaccedilotildees metodoloacutegicas o cenaacuterio fiacutesico da pesquisa de campo esteve contemplando lojas de produtos religiosos das religiotildees catoacutelica protestantes das diversas denominaccedilotildees religiotildees afro-brasileiras e novoeristas presentes na praccedila comercial da cidade de Satildeo Paulo
    • Quanto ao cenaacuterio religioso e por se tratar de uma caracteriacutestica cultural de nosso povo adotamos o posicionamento teoacuterico de Ecircnio Brito porque natildeo seria conveniente e nem apropriado considerarmos apenas ldquoumardquo cultura brasileira que exteriorizasse as manifestaccedilotildees materiais e espirituais da nossa gente
    • Hoje eacute consenso que natildeo existe uma cultura brasileira capaz de englobar todas as manifestaccedilotildees materiais e espirituais do povo brasileiro e que lsquoa admissatildeo do seu caraacuteter plural eacute um passo decisivo para compreendecirc-la como um efeito de sentido resultado de um processo de muacuteltiplas interaccedilotildees e oposiccedilotildees no tempo e no espaccedilo ()
    • Corroborando as palavras de Ecircnio Brito Darcy Ribeiro com seu depoimento afirmou
    • Desde a Greacutecia natildeo se inventava uma deusa que se adequasse ao amor uma matildee de Deus que fale do amor E os negros do Rio inventaram Iemanjaacute Isso eacute uma operaccedilatildeo cultural incriacutevel Mais importante que os romances e os teoremas E importante para o povo E o que eacute Iemanjaacute Eacute uma ldquosantonardquo laacute que domina o mar E ningueacutem vai pedir a ela a cura do cacircncer ou a cura da AIDS Vai pedir a ela que o marido natildeo bata tantoum namorado gostoso Os africanos mergulharam tatildeo profundamente e de modo tatildeo inventivo na construccedilatildeo do Brasil que deixaram de ser eles para sermos noacutes brasileiros
    • Complementarmente aos enunciados acima e nos aproximando do cotidiano metropolitano religioso da populaccedilatildeo da cidade de Satildeo Paulo que foi objeto e campo de investigaccedilatildeo deste trabalho o prisma social e populacional que consideramos foi o dos autores Antocircnio Flaacutevio de Oliveira Pierucci e Reginaldo Prandi
    • O Brasil jaacute eacute um paiacutes de diversidade religiosa Cerca de um quarto da populaccedilatildeo adulta jaacute experimentou o sentido da adesatildeo a uma religiatildeo diferente daquela em que nasceu num contexto em que a religiatildeo se vai ajustando cada vez mais aacute ideacuteia da escolha da livre escolha que se faz frente a variadas necessidades de tecirc-las atendidas Para muitos a conversatildeo religiosa eacute experimentada juntamente com a mobilidade ocupacional e da integraccedilatildeo na nova sociedade quer sejam estas verdadeiras quer sejam tatildeo-somente simulacro como soacutei acontecer no domiacutenio das representaccedilotildees religiosas
    • A mais bem-sucedida denominaccedilatildeo neopentecostal de longe a de maior visibilidade a brasileira e agressiva Igreja Universal do Reino de Deus existe a quinze anos e jaacute eacute um impeacuterio no Brasil e laacute fora Seus pastores satildeo empreendedores com baixa ou nula formaccedilatildeo teoloacutegica mas que devem demonstrar grande capacidade de atrair puacuteblico e pagar dividendos para a igreja de acordo com um know-how administrado empresarialmente pelos bispos a igreja jaacute estruturada como negoacutecio
    • () Essa metamorfose pela qual vem passando rapidamente a religiatildeo nos obriga a pensar que se a religiatildeo se transforma em consumo e o fiel em consumidor numa relaccedilatildeo de mercado que a sociedade estaacute equipada para regulamentar como qualquer outro produto vale pensar que o proacuteprio Estado agora separado da religiatildeo e dela desinteressado como fonte transcendente de legitimidade pode envolver-se para preservar interesses do cidadatildeo-consumidor As palavras seguintes de Flaacutevio Pierucci traduzem bastante bem essa preocupaccedilatildeo ldquoCombinadas pois essas duas noccedilotildees baacutesicas a do cidadatildeo como consumidor individual e a do Estado como regulador neutro dos vaacuterios mercados estaraacute plenamente justificada a intervenccedilatildeo do Estado para a defesa do indiviacuteduo e a correccedilatildeo dos abusos praticados em nome da religiatildeo Ensaia-se desse modo nessa transmutaccedilatildeo juriacutedica por ora silenciosa do seguidor religioso num consumidor de bens e serviccedilos com o direito de reclamar agraves autoridades proteccedilatildeo contra os enganadores aproveitadores e exploradores novo reforccedilo de legitimidade para a vigilacircncia puacuteblica e a intervenccedilatildeo estatal O uso do modelo lsquodefesa do consumidorrsquo pode ser uma boa saiacuteda para os mais modernos opositores da opressatildeo religiosa tornarem-se os defensores poacutes-modernos das viacutetimas da mercantilizaccedilatildeo religiosa viacutetimas de praacuteticas religiosas abusivas ou lesivas viacutetimas da tapeaccedilatildeo e da fraude religiosa promessas natildeo cumpridas milagres natildeo acontecidosrdquo
    • Reginaldo Prandi tambeacutem abordou a questatildeo mercadoloacutegica da feacute pelo vieacutes microeconocircmico da teoria do consumidor que o atual cenaacuterio religioso oferece sinalizando a questatildeo utilitarista que as religiotildees neste momento contemplam
    • Pelas palavras do autor acima consideraremos no mercado varejista de produtos religiosos dois fenocircmenos concomitantes que se interpotildeem agrave sociedade brasileira e que pelo prisma deste trabalho poderatildeo fomentar a compra de produtos neste segmento
    • O primeiro fenocircmeno seria a competitividade entre as novas e tradicionais religiotildees em busca de novos fieacuteis onde esbarram nas apropriaccedilotildees e recriaccedilotildees dos aspectos maacutegicos ritualiacutesticos e miacutesticos que encantam e permeiam o imaginaacuterio religioso brasileiro O segundo fenocircmeno dar-se-ia pela constataccedilatildeo do surgimento na poacutes-modernidade de uma religiosidade utilitaacuteria e consumista pautada na individualidade e no sincretismo de credos como podemos notar nos textos de Pierucci e Prandi
    • Seraacute nossa intenccedilatildeo privilegiar essa populaccedilatildeo que acreditaria nos poderes especiais dos objetos comprados independentemente de qualquer posicionamento por ela adotada
    • Estudiosos de marketing de varejo e dos consumidores norte-americanos tambeacutem sinalizaram claramente a necessidade e importacircncia da pesquisa que nos propusemos empreender David Lewis e Darren Bridges citando Wade Clark Roof em Spiritual Marketplace destacaram
    • Haacute uma fluidez consideraacutevel Haacute uma acircnsia contiacutenua para encontrar a verdade espiritual mas agora eles tecircm uma noccedilatildeo mais clara de que algumas coisas que procuram lhes oferecer antes como o consumo e materialismo natildeo funcionam tatildeo bem Vejo um futuro espiritual e religioso mais individualista e talvez mais diverso
    • No proacuteximo capiacutetulo abordaremos com os necessaacuterios detalhes teacutecnicos os aspectos operacionais da pesquisa de campo empreendida para este trabalho
    • Capitulo II ndash Pesquisa de campo a descoberta e o comportamento dos consumidores no mercado da feacute
    • Eu vou botar teu nome na macumba Vou procurar uma feiticeira Fazer uma quizumba pra te derrubar Oi iaiaacute Vocecirc me jogou um feiticcedilo quase que eu morri Soacute eu sei o que eu sofri Deus me perdoe mas eu vou me vingar Eu vou botar teu retrato num prato com pimenta Quero ver se vocecirc guumlenta A mandinga que eu vou te jogar Raspa de chifre de bode Pedaccedilo de rabo de jumenta Tu vais botar fogo pela venta E comigo natildeo vai mais brincar Asa de morcego Corcova de camelo pra te derrubar Uma cabeccedila de burro Pra quebrar o encanto do seu patuaacute Olha tu podes ser forte Mas tens que ter sorte Pra te salvar Toma cuidado comadre Com a mandinga que eu vou te jogar
    • Composiccedilatildeo Zeca Pagodinho Dudu Nobre
    • A redaccedilatildeo deve ser clara apresentando o tema escolhido e as justificativas para sua escolha a importacircncia e os limites do trabalho as hipoacuteteses formuladas e suas limitaccedilotildees a populaccedilatildeo-alvo a metodologia seguida e o modo de obter e apresentar os dados obtidos sem generalizaccedilotildees excessivas ou fora do acircmbito estudado podendo indicar ainda os prolongamentos eventuais suscitados pela pesquisa e pelas conclusotildees obtidas
    • Ilustraccedilatildeo 7 - Direitos Reservados
    • O estabelecimento comercial escolhido foi a Banca da Biacuteblia situado na praccedila central da cidade ao lado da igreja matriz Fizemos nossos contatos iniciais com o soacutecio controlador do empreendimento comercial no mecircs de fevereiro de 2006
    • Identificamo-nos como pesquisadores da PUCSP e discorremos a ele sobre este trabalho em seus termos gerais
    • O proprietaacuterio da loja o Sr Servilho Gomes da Silva apoacutes alguns questionamentos concordou em colaborar com nossa pesquisa Combinamos nessa ocasiatildeo que entrariacuteamos em contato novamente em uma data futura quando agendariacuteamos de forma definitiva a data de nossa visita desta feita munidos de todo nosso material da pesquisa de campo
    • No dia 15 de agosto de 2006 rumamos novamente para a cidade de CaraguatatubaSP ocasiatildeo essa que em conjunto com o lojista determinamos o dia da aplicaccedilatildeo do teste piloto conforme a conveniecircncia do comerciante
    • Iniciamos os trabalhos documentando fotograficamente a loja os possiacuteveis clientes proprietaacuterio e produtos
    • Demos sequumlecircncia a nossos propoacutesitos entrevistando o proprietaacuterio
    • O questionaacuterio dirigido agrave clientela da Banca da Biacuteblia foi aplicado por dois entrevistadores o autor desta dissertaccedilatildeo e Estela Noronha sempre apresentada como pesquisadora assistente O processo de abordagem a essas pessoas foi feito de forma direta Identificamo-nos atraveacutes de um cartatildeo de visitas especialmente desenvolvido para essa finalidade
    • Vista frontal de nosso cartatildeo de identificaccedilatildeo
    • Verso do cartatildeo de identificaccedilatildeo
    • Ilustraccedilatildeo 8 - Direitos Reservados
    • Nesse cartatildeo consta o nome da universidade cidade sede nome do departamento ao qual o pesquisador estaacute vinculado sua identidade as iniciais de sua especialidade a aacuterea de interesse em que a pesquisa estaacute relacionada telefones e endereccedilo completo Consta tambeacutem o endereccedilo eletrocircnico para comunicaccedilatildeo direta via Internet No verso deste instrumento de apresentaccedilatildeo colocamos o nome do orientador cargo que ocupa na universidade departamento e endereccedilo da academia de ciecircncias Foram abordados dez sujeitos nesta data selecionados aleatoriamente pelos entrevistadores Eram possiacuteveis clientes que estavam dentro da loja ou que dela estivessem saindo indistintamente e que se dispuse-
    • ram a serem entrevistados
    • Sequencialmente procedemos a uma leitura ldquoflutuanterdquo do instrumento de campo que foi desenvolvido Essa leitura serviu para delimitar melhor o objeto de estudo e as hipoacuteteses bem como testar a aplicabilidade do instrumento de pesquisa e a qualidade das perguntas
    • Sendo assim o questionaacuterio da pesquisa piloto mostrou uma ratificaccedilatildeo e ajuste ao objeto e hipoacutetese deste trabalho
    • Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio elaborado para a possiacutevel clientela da loja gastou cerca de 20 minutos
    • Deveriacuteamos evitar a abordagem do sujeito de uma entrevista antes de sua entrada na loja
    • Deixamos claro logo na abordagem que se tratava de uma pesquisa para Universidade de cunho cientiacutefico pois isto evitaria qualquer outro juiacutezo a respeito de nossa iniciativa
    • Deveriacuteamos ter a maior objetividade brevidade e discriccedilatildeo possiacuteveis no interior da loja para natildeo alterar sua atmosfera comercial e natildeo trazermos dificuldades operacionais aos atos comerciais que estivessem ocorrendo
    • Tambeacutem desenvolvemos dois outros instrumentos a serem usados de forma opcional durante a pesquisa de campo Trata-se do questionaacuterio de entrevista com o lojista e da caderneta de anotaccedilotildees ou caderneta de campo O primeiro instrumento aqui em destaque se destina a sondar a posiccedilatildeo pessoal do lojista consideradas as variaacuteveis feacute e comeacutercio Essas variaacuteveis poderatildeo ser utilizadas ao final de nosso trabalho dando-nos maior consistecircncia em nossas arguumliccedilotildees finalizantes No segundo instrumento anotaremos os detalhes que possam posteriormente ser relevantes ao bom desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo tais como a oitiva de possiacuteveis comentaacuterios adjacentes e proferidos por vendedores observaccedilotildees de detalhes esteacuteticos e particulares de cada loja etc
    • Fisicamente esse instrumento eacute constituiacutedo de um bloco de anotaccedilotildees devidamente datado e situado com local e periacuteodo aleacutem do horaacuterio das nossas investidas dentro de nosso cenaacuterio de pesquisa
    • Com a finalidade de melhor documentar os nossos procedimentos e concomitantemente agrave aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios decidimos gerar um amplo material fotograacutefico O intuito dessa parte de nosso trabalho no campo vai aleacutem da simples ilustraccedilatildeo Iremos adotar o vieacutes foto-jornaliacutestico pois eacute a maneira que encontramos para demonstrar por imagens os detalhes que venham a ser relevantes nesta dissertaccedilatildeo
    • Graacutefico e tabela 6 - Qual a sua faixa de renda familiar
    • Graacutefico e tabela 7 - O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro
    • Graacutefico e tabela 8 - O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo
    • Graacutefico e tabela 9 - Qual a sua religiatildeo de batismo
    • Graacutefico e tabela 15 - Faixa de desembolso na loja
    • Graacutefico e tabela 16 - Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja
    • Graacutefico e tabela 17 - O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja
    • () sabiacuteamos que ambas as visotildees e discursos estavam em conformidade com o movimento da poacutes-modernidade onde as novas formas ou tendecircncias do ldquoserrdquo religioso satildeo sincreacuteticas e polissecircmicas marcadas pela diversidade pela pluralidade de credos pelo tracircnsito religioso e pela falta de submissatildeo hieraacuterquica agraves instituiccedilotildees religiosas Ao mesmo tempo em que tambeacutem buscam um sentido existencial individualista e subjetivo centrado no indiviacuteduo e no seu cotidiano muitas vezes utilitarista consumista e praacutetico
    • FONTES TORRES Oswaldo Fadigas Fundamentos da Engenharia Econocircmica 1ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Thompson Pioneira 2006
    • FOWLER James W Estaacutegios da Feacute A Psicologia do Desenvolvimento Humano e a Busca de Sentido Satildeo Leopoldo Editora Sinodal 1992
    • FREYRE Gilberto Casa Grande amp Senzala ndash Formaccedilatildeo da famiacutelia Brasileira sob o regime de economia patriarcal 9ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Editora Joseacute Olympio 1958
    • FREUD Sigmund An Autobiographical Study The Penguin Freud Library Londres Ed Penguin Books 1986
    • HUGHES Mark BuzzMarketing Lisboa Actual Editora 2006
    • LUCHETTI Bingemer Maria Clara Feacute vida e participaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Konrad Adenauer 2000
    • JAMES William Variedades da experiecircncia religiosa Um estudo sobre a natureza humana Satildeo Paulo Editora Cultrix 1995
    • PEPPERS Don e ROGERS Martha CRM Series Marketing 1 to 1 2ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Makron Books 2001
    • PETERS Tom J WATERMAN Bob Search of Excellence Lessons from Americas Best-Run Companies London Ed Haper Collins 1992
    • SUNG Jung Mo Desejo Mercado e Religiatildeo Petroacutepolis Editora Vozes 1997
    • COLON Ginger How to move customers online Sales amp Marketing Management marccedilo 2000 p 27 e 28
    • GOLDSMITH Russell Viral Marketing Get Your Audience to Do Your Marketing for You London Financial Times Management 2005
    • LIGOS Melinda Point click and sell Sales amp Marketing Management maio de 1999 p 51-55
    • SCHAEFFER Francis The Consumer Bill of Rights in Consumer Advisory Council First Report Government Printing Office Washington DC US 1963
    • MARINARO Mari A feacute move montanhas Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p2 junho de 2007
    • MOREIRA Thiago Tenha Feacute nos negoacutecios Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p 38-45 junho de 2007
    • REVISTA PERDIZES ndash Gabel Comunicaccedilotildees Redaccedilatildeo Rua Trecircs Rios 131 ndash Cj 32 ndash Satildeo Paulo SP CEP 01123-001 Fone 0xx 11 3313-8080 Ano 5 ndash no 27
    • Eu vou botar teu nome na macumba Jesseacute Gomes da Silva Filho (Zeca Pagodinho) N 5277382 CD ldquoSamba pras moccedilasrdquo Gravadora Universal 1995
    • Clipping Eletrocircnico - Bento XVI autoriza missa em latim Departamento de Comunicaccedilatildeo PUC-Campinas
    • httpwwwpuc-campinasedubrservicosdetalheaspid=28749 Acesso em 08 de julho de 2007
    • Expocatoacutelica Feira de negoacutecios httpwwwexpocatolicacombrexpocatolicaindex1aspcod=62amptp=1 Acesso em 18 de abril de 2005
    • Expo Cristatilde A maior feira de produtos e serviccedilos para cristatildeos da Ameacuterica Latina httpwwwexpocristacombr Acesso em 23 de setembro de 2006
    • FERREIRA Rosenildo Gomes O legado dos ceacuteus httpwwwterracombristoedinheiro314negocios314_legado_ceuhtm Acesso em 18 de abril de 2005
    • RESENDE Tatiana Comeacutercio eletrocircnico deve ter alta de ateacute 50 ao ano Folha On Line httpwww1folhauolcombrfolhadinheiroult91u308736shtml Acesso em 02 de julho de 2007
      • Tenha Feacute eacute um bom negoacutecio O marketing nas fronteiras da religiatildeo - a feacute como alavanca de negoacute2pdf
        • Anexos
        • Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas
        • Anexo 02 ndash Modelo de questionaacuterio
        • Anexo 03 ndash Entrevista
        • Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas
        • Lojas de artigos para as religiotildees afro-brasileiras
        • Loja Luar
        • Rua Bom Pastor 2190 ndash Ipiranga
        • CEP 04203-002 - Satildeo Paulo - SP
        • Fone Fax (0xx11) 6163-6464 e 6591-3234
        • Loja Cacique Pena Branca
        • Alameda dos Nhambiquaras 1501 - Moema ndash
        • CEP 04090-013 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0XX11) 5533-1087
        • Casa de Velas Santa Rita
        • Praccedila da Liberdade 248 - Liberdade
        • CEP 01503-010ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3208-7022
        • Vida Cigana ndash Casa de umbanda e candombleacute
        • Praccedila Carlos Gomes 112 ndash Liberdade
        • CEP 015010-040 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3105-1932
        • Lojas de artigos para a religiatildeo catoacutelica
        • Gladys Artigos Religiosos -
        • Ladeira Porto Geral 106 - 6deg andar - sala 607
        • CEP 01022-000 - Sao Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3312-0325 - Fax (0xx11) 3313-1442
        • Livraria Catoacutelica Nossa Senhora da Lapa
        • Rua Nossa Senhora da Lapa 364 - Lapa
        • CEP 05072-000 ndash Satildeo Paulo - SP
        • Fone (0xx11) 3834-6447 e (0xx11) 3645-4546
        • Inluma - Artigos Religiosos Catoacutelicos
        • Rua Jaguaratildeo 239 - Jabaquara
        • CEP 04318-040 - Satildeo Paulo ndash SP
        • FoneFax (0xx11) 5588-4655 5588-3159 5021-5733
        • Livraria Catedral
        • Rua Senador Feijoacute 46 ndash Centro
        • CEP 01006-000 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • FoneFax (0xx11) 3106-1136
        • Lojas de artigos para as religiotildees protestantes das diversas denominaccedilotildees
        • Word Music ndash
        • Terminal Barra Funda do Metrocirc loja 14
        • CEP 01154-060 - Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3392-6660
        • Gospel Line Comeacutercio Ltda
        • Rua Conselheiro Furtado 50 - Liberdade
        • CEP 01511-000 - Satildeo ndash Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3105-6897 - Fax (0xx11) 3106-2013
        • Bom Pastor Produccedilotildees Artiacutesticas e Phonograacuteficas Ltda
        • Av Liberdade 902 ndash Liberdade
        • CEP 01502-001 - Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (11) 3208-5351
        • Vencedores por Cristo SC
        • Rua Prof Dr Joseacute Marques Cruz 365 - Jardim das Acaacutecias
        • CEP 04707-020 - Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (11) 5183-4676 - Fax (11) 5183-5349
        • Lojas de artigos para as religiotildees novoeristas
        • Viraj - Gifts to Yoyurself
        • Av Paulista 807 loja 46 (galeria)
        • CEP 01311-915 - Satildeo Paulo SP
        • Fone (0xx11) 3148-0846 - 3148-084 - Fax (0xx11) 3253-6983
        • Centro Holiacutestico Bruxas do Bem
        • Rua DrCeacutesar 522 - Santana
        • CEP 02013-002 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fones (0xx11) 6283-4213 - 32134433
        • Lojas Vila Zen
        • Loja 01 Galeria Gecircmini loja 36 - Av Paulista 807ndash Jardim Paulista
        • CEP 01311-915 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3251-5940
        • Loja 02 Shopping Metrocirc Santa Cruz ndash loja 22 - Av Domingos de Morais 2564 - Vila Mariana
        • CEP 04036-100 ndash Satildeo Paulo - SP
        • Fone (0xx11) 3471-7933
        • Anexo 02 - Questionaacuterio dirigido aos consumidores finais ou clientes das lojas
        • 1) Como o sr(a) teve conhecimento da existecircncia desta loja
        • a) Lista telefocircnica
        • b) Internet
        • c) Propaganda em revistas jornais murais ou meios impressos
        • d) Pelo raacutedio ou televisatildeo
        • e) Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa
        • f) Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa
        • g) Por indicaccedilotildees de placas ou a vitrine da loja
        • h) Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pastora sheik rabino monge etc
        • i) Por acaso
        • j) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 2) Com que frequumlecircncia o sr (a) compra produtos religiosos
        • a) Pelo menos uma vez por mecircs
        • b) Uma vez a cada dois meses
        • c) Uma vez a cada trecircs meses
        • d) Uma vez por semestre
        • e) Uma vez por ano
        • f) Menos de uma vez por ano
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 3)Qual eacute o principal motivo pelo qual o sr(a) comprou esse (s) produto (s)
        • a) Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu culto religioso
        • b) Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar
        • c) Porque a imagem desse (s) objeto(s) reforccedila (m) a minha feacute
        • d) Porque trazem proteccedilatildeo
        • e) Porque achei bonito
        • f) Vai servir para eu dar de presente a algueacutem
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 4) Qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s)
        • ______________________________________________________________________________________________________________________________
        • 5) Faixa de desembolso na loja
        • a) Ate 10 reais
        • b) De 10 a 20 reais
        • c) De 20 a 40 reais
        • d) De 40 a 80 reais
        • e) De 80 a 160 reais
        • f) De 160 a 320 reais
        • g) Mais de 320 reais
        • h) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 6) Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja
        • a) Plenamente satisfeito (a)
        • b) Satisfeito (a)
        • c) Razoavelmente satisfeito (a)
        • d) Sofrivelmente satisfeito (a)
        • e) Insatisfeito (a)
        • f) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 7) O sr(a) pretende voltar outras vezes a esta loja
        • a) Sim
        • b) Natildeo
        • c) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 8) Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo
        • a) Caros
        • b) Relativamente caros
        • c) Razoavelmente equilibrados
        • d) Condizentes com a minha renda
        • e) Baratos
        • f) Muito baratos
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 9) Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja
        • a) Melhores preccedilos
        • b) Melhores condiccedilotildees de pagamento
        • c) Novos produtos
        • d) Melhor atendimento
        • e) Maior conforto
        • f) Um contato mais direto comigo
        • g) Um convite especial
        • h) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 10) Qual sua religiatildeo de batismo
        • a) Catoacutelica
        • b) Protestante
        • c) Espiacuterita kadercista
        • d) Umbandista
        • e) Candomblecista
        • f) Budista
        • g) Novoerista
        • h) Muccedilulmana
        • i) Natildeo eacute batizado
        • j) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 11) Qual a sua religiatildeo praticada atualmente
        • a) Catoacutelica
        • b) Protestante
        • c) Espiacuterita kardecista
        • d) Umbandista
        • e) Candomblecista
        • f) Budista
        • g) Novoerista
        • h) Muccedilulmana
        • i) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 12) O sr(a) reside ou trabalha neste bairro
        • a) Sim
        • b) Natildeo
        • c) Nas imediaccedilotildees deste bairro
        • d) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 13) O sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo
        • a) Sim
        • b) Natildeo
        • c) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 14) Sexo
        • a) Masculino
        • b) Feminino
        • 15) Profissatildeo________________________________________________
        • 16) Qual a sua idade
        • a) De 18 a 25 anos
        • b) De 25 a 35 anos
        • c) De 35 a 45 anos
        • d) De 45 a 55 anos
        • e) De 55 a 65 anos
        • f) Mais de 65 anos
        • 17) Estado civil
        • a) Solteiro (a)
        • b) Casado (a) ou com companheira (o)
        • c) Separado (a) judicialmente ou divorciado (a)
        • d) Viuacutevo (a)
        • 18) Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar
        • a) Ensino fundamental
        • b) Ensino meacutedio
        • c) Ensino Superior
        • e) Poacutes-graduado
        • 19) Qual a sua faixa de renda familiar
        • a) Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo
        • b) De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos
        • c) De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos
        • d) De 05 a 08 salaacuterios miacutenimos
        • e) De 08 a 10 salaacuterios miacutenimos
        • f) Mais de 10 salaacuterios miacutenimos
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • Anexo 03 Entrevista com o Sr Servilho proprietaacuterio da Banca da Biacuteblia em CaraguatatubaSP
        • Entrevistador Renato
        • Entrevistado Sr Servilho
        • Local Caraguatatuba
        • Dia 08 Caraguatatuba praccedila central da cidade
        • Vou perguntar para o dono do empreendimento sr Servilho sobre as razotildees comerciais do investimento no segmento religioso
        • Qual foi o motivo que levou o sr investir nesse segmento mercadoloacutegico
        • O principal motivo foi especial eu recebi uma intuiccedilatildeo de Deus que eu deveria vender biacuteblias eu jaacute vendia biacuteblias embora eu representava uma organizaccedilatildeo adventista e natildeo poderia vender mas nas horas vagas as pessoas me pediam biacuteblia e o numero de vendas comeccedilou a aumentar eu achava estranho os preccedilos astronocircmicos de biacuteblias e as pessoas pagavam entatildeo eu falei que tinha que montar alguma coisa para os meus filhos pra poder vender por um preccedilo correto e foi aiacute que Deus me indicou e acabamos colocando
        • A sua feacute contribuiu de forma significativa pra tomar a decisatildeo desse investimento
        • Soacute a feacute
        • O que mais o sr poderia me dizer a respeito eacute uma satisfaccedilatildeo sua particular trabalhar com esse segmento
        • Sim hoje noacutes estamos com 15 anos de trabalho mas a satisfaccedilatildeo eacute saber que mais de milhares de biacuteblias foram vendidas muitos lares deram testemunho de que hoje tecircm um temor a Deus um amor a Deus mais chegado entatildeo o objetivo primeiramente eacute evangeliacutestico e depois concilia com o ganha patildeo eacute uma consequumlecircncia mas a causa eacute evangelista
        • Como que foram os primeiros movimentos da materializaccedilatildeo dessa loja do sr
        • O primeiro ano foi taxi zero na eacutepoca noacutes colocamos quase 300 tiacutetulos de produtos evangeacutelicos mas denominacional quer dizer adventista do seacutetimo dia e loacutegico ficou parado eu vendia soacute biacuteblia aiacute que nos fomos mudando tirando um pouco do servindo a todo mundo e fomos com o tempo com a praacutetica servindo a todas as denominaccedilotildees
        • Como que se deu a escolha desse ponto comercial
        • Isso foi Divino com certeza foi Divino porque Deus me falou ndashldquoEacute aquirdquo- e eu achei estranho e era laacute em baixo laacute na ponta era a ex rodoviaacuteria de Caraguatatuba e era na esquina laacute em baixo e eu pensava -ldquomas aquirdquo- mas me apontava para a praccedila e tinha essa banca fechada natildeo tinha nada na hora natildeo acreditei esperei mais uma semana depois voltei para o lugar e orei ndashldquomas eacute aquirdquo- aiacute desci conversei com o vizinho e perguntei o que era ali que estava sempre fechado e ele falou que era uma banca de jornal haacute mais de 30 anos que tinha aberto do outro lado da avenida Perguntei de quem era e ele falou que era de uma pessoa que era dona de quase todas as bancas da regiatildeo aiacute fui conversar com ele e ficou com medo de eu ser um concorrente e expliquei pra ele que era um evangelista que eu queria colocar biacuteblias e colocaria meu filho pra trabalhar que era um adolescente na eacutepoca e ele me cedeu me vendeu e fizemos o negocio e digo que foi Divino porque passei dois anos e montaram um shopping aonde esta o Mcdonald e o dono ficou louco disse ndashldquoeu quero esse rapaz fora daqui natildeo quero biacuteblia aqui na minha frenterdquo- e eu natildeo sabia disso chegavam as pessoas da prefeitura e falavam ndashldquonoacutes precisamos mudar vocecircrdquo- e natildeo falava por que Ateacute que chegou um dia que o gerente da prefeitura disse que a cabeccedila dele estava a premio falou para eu arranjar um mutiratildeo algumas pessoas conhecidas e fizemos um mutiratildeo e saiacute ele natildeo tinha me falado o motivo ainda Trouxemos e colocamos aqui e aiacute ficou e mais tarde ele me falou que o dono do shopping disse ndashldquoou vocecirc ou elerdquo- ele natildeo queria vocecirc de jeito nenhum soacute que eu digo que eacute Divino porque aqui se tornou o calccediladatildeo o melhor ponto aqui de Caraguatatuba eacute a matildeo de Deus dirigindo e laacute faliu um shopping todo de maacutermore faliu O ex-prefeito eacute que conseguiu fazer um acordo porque disse que o dono bebia muito fez um acordo e reabriu e laacute natildeo tem nada natildeo eacute um shopping soacute um Mcdonald reabriu depois de muitos anos
        • Como que o sr estabelece criteacuterios para compra dos produtos a serem oferecidos
        • Oferecido eu tenho um pouco de medo porque eu natildeo gosto de comprar uma coisa que eu natildeo tenha certeza da onde proveacutem entatildeo eu mesmo vou buscar embora tem muitos produtos que me trazem produtos durante o ano as pessoas foram acostumando e eu fui entendendo que a procedecircncia era boa mas normalmente vou buscar em SP no Rio de Janeiro aonde tem novidades que as pessoas estatildeo pedindo a gente vai e traacutes
        • E existe financiamento para o capital de giro do sr
        • Natildeo Antigamente eu trabalhava com cheque e meu giro de capital era o cheque preacute-datado hoje natildeo mexo com cheque com nada compro agrave vista e vendo agrave vista
        • E como que o sr estabelece um criteacuterio de preccedilo para esses produtos
        • Eu coloco um percentual no produto conforme o giro ter um produto de giro raacutepido o percentual cai totalmente eu coloco pra girar o objetivo eacute girar se natildeo eacute um produto vendaacutevel se eacute mais lento eu aumento um pouco o percentual que eacute pra natildeo ter um desprestigio com o tempo mas normalmente eu procuro colocar um preccedilo de giro que eacute melhor girar raacutepido e eu ter condiccedilotildees de comprar outras coisas
        • O sr me falou que natildeo faz financiamento de produtos entatildeo a loja faz alguma promoccedilatildeo especial visando aumentar o volume meacutedio de vendas
        • Natildeo nunca fiz isso
        • O sr faz propaganda da loja
        • Eu jaacute fiz alguma coisa mas natildeo vejo resultado natildeo
        • O sr sabe qual eacute o numero de pessoas que passam pelo interior da sua loja
        • Bastante porque muitas pessoas satildeo atraiacutedas pela musica pelo tipo de ambiente tem pessoas quenossa agraves vezes chegam aiacute ficam num cantinho choram eu finjo que natildeo estou vendo mas choram desabafam depois saem Deixo todo mundo a vontade natildeo vou em cima da pessoa falar preccedilo deixo as pessoas a vontade quem entra aqui eacute amigo da gente
        • Vocecirc sabe me dizer dessas pessoas que entram quantas que efetivamente compram algum tipo de produto do sr
        • A maioria porque a gente procura nesse tempo que a gente tem ter coisas como ldquosouveniresrdquo coisas muito interessantes e bonitas num preccedilo muito bom procuro trabalhar com exclusividade em muitas coisas pequenas entatildeo sempre tem uma opccedilatildeo das pessoas darem um presente ou mesmo um marca paacuteginas tem coisas de todos os preccedilos e todos os niacuteveis entatildeo eacute faacutecil uma pessoa conseguir levar uma lembranccedila
        • Existe algum tipo de material publicitaacuterio que o sr jaacute tenha desenvolvido no seu empreendimento
        • Natildeo A uacutenica coisa que a gente faz na publicidade aqui seria uma ordem puacuteblica nesse tempo muitas pessoas chegavam a noacutes e falavam que eu precisava vender cartatildeo porque eacute uma utilidade publica e hoje a gente vende cartotildees de telefone cartatildeo preacute-pagos selos do correio entatildeo sempre tem que ter uma propaganda que o local tem esse produto isso eacute obrigado deixar sempre uma propaganda e os proacuteprios revendedores se incumbem de fazer a merchandising
        • Quantos funcionaacuterios ou colaboradores diretos o sr tem aqui na loja
        • Tem a minha filha soacute meu filho vem passear no final de semana ele
        • Entatildeo eacute o sr
        • E minha filha
        • Existe algum tipo de treinamento que o sr tenha dado a ela nesse tempo
        • Ela trabalha comigo a 15 anos primeiro era eu minha esposa e ela meu filho tambeacutem entatildeo criei meus filhos assim depois foram saindo e a uacutenica que ficou foi ela e minha esposa hoje cuida do lar soacute
        • E o sr acha necessaacuterio cada vendedor por ex no seu caso o sr natildeo deixa de ser um vendedor de primeira linha o sr pode dizer que tambeacutem eacute um vendedor o sr que vendedor precisa ser praticante da sua religiatildeo uma vez que o sr daacute uma ecircnfase especial agrave religiatildeo que o sr pratica aqui O sr acha que ele tem que ser da sua religiatildeo pra trabalhar aqui ou natildeo
        • Quando se fala religiatildeo engloba tudo eacute religar o terraacutequeo com o criador isso eacute uma coisa muito profunda mesmo de vez em quando a gente mergulha nisso e coloca a realidade mas pra trabalhar com um produto desse a pessoa precisa pelo menos ter uma feacute porque se eu sou uma pessoa que natildeo tenho feacute vou ser um mercenaacuterio e aiacute vou entrar em choque com muitas coisas e outra muitas pessoas de vez em quando chegam e desabafam fazem pergunta chega num desespero no fim a gente natildeo eacute soacute vendedor mas muitas vezes a gente eacute conselheiro mas se a gente natildeo tem um bom conselho fica esquisito
        • Entatildeo para esclarecer na opiniatildeo do sr eacute preciso que a feacute esteja para e passo com a necessidade das pessoas tomando cuidado para estar na linha de frente de um negocio desses a pessoa tem que acreditar mesmo
        • Sem duvida nenhuma ela tem que temer a Deus
        • A loja se relaciona conjuntamente com algum templo igreja com algum espaccedilo sagrado
        • Noacutes natildeo temos vinculo nenhum com [placas] noacutes sim eacute que particularmente
        • Qual seria os 6 produtos importantes aqui O sr daacute um destaque muito grande em cima de cartotildees e Biacuteblias Daria para o sr apontar ndashldquoeu vendo bastante anelzinhos as pessoas vem procurar por causa dos meus cartotildeezinhosrdquo- Quais satildeo os produtos que o sr acha que satildeo realmente importantes pra esse segmento que o sr atua
        • Sem duvida nenhuma o CD a musica eacute o que mais vende eacute uma coisa que no inicio foi difiacutecil eu prestava atenccedilatildeo nisso porque eu gosto de musica claacutessica mas natildeo adianta eu colocar meu gosto porque vai ficar na prateleira entatildeo eu comecei a desenvolver por conselhos de outras pessoas entatildeo a musica os CDs a gente trabalha soacute com original natildeo coloca nada na pirataria para que a pessoa tenha confianccedila do que esta levando e procuro estar atento no que eacute sucesso nos lanccedilamentos entatildeo DVD CD Biacuteblia e principalmente hinaacuterios harpa cristatilde soletos biacuteblicos que as pessoas compram para distribuir e uma serie de outras coisas O marca paginas as crianccedilas levam toda hora aleacutem de uma pessoa que estaacute passeandoaqui tem vaacuterios tipos de chaveiros e muitos produtos artesanais nos damos muito valor ao artesanato porque desde pequeno eu sempre mexia com artesanato aprendia a fazer o coleacutegio de primeiro ensinava isso aiacute uma pessoa que estava na 5ordf serie na admissatildeo ela jaacute sabia fazer alguma coisa pra poder vender e sustentar a famiacutelia hoje a gente natildeo vecirc isso aiacute entatildeo eu dou muito valor ao artesanato o que eacute feito na matildeo entatildeo coisas que eu vejo bem bonitas artesanais eu coloco na loja pra vender
        • O que o sr pensa da relaccedilatildeo dos seus clientes com seu negocio O sr acha que eles estatildeo sendo bem atendidos Eu sei que o sr esta fazendo o melhor que pode mas olhando um pouco mais de fora eu quero ler a sua visatildeo de fora como que o sr acha que seus clientes estatildeo atendidos
        • Aiacute jaacute entra numa questatildeo teoloacutegica hoje realmente eu natildeo atendo o que deveria atender isso por ideologia estamos vivendo momentos profeacuteticos eu creio nisso entatildeo eu deixo de vender livros denominacionais que muitos me procuram porque se eu tivesse muitos livros denominacionais minha venda aumentaria muito
        • O que satildeo livros denominacionais
        • Satildeo livros por ex um livro da Assembleacuteia de Deus um livro Pentecostal de doutrinas diferentes eu procuro natildeo trabalhar com eles procuro trabalhar com a Biacuteblia porque a Biacuteblia eacute universal agora os livros satildeo produzidos eu posso ler a Biacuteblia e traduzir de uma maneira montar uma placa de igreja e formar uma igreja eu estaria sendo conivente fazendo isso entatildeo me sinto um pouco restringidomas tem muitas coisas que eu poderia colocar aiacute e natildeo coloco deixo de vender isso eacute uma questatildeo eacutetica teoloacutegica
        • E quais satildeo as expectativas que vocecirc tem para os proacuteximos anos do ponto de vista empresarial
        • Eu tenho uma mentalidadeo que esta escrito laacute em cima
        • ldquoVem Senhor Jesusrdquo
        • ldquoVem Senhor Jesusrdquo eacute a ultima parte que estaacute escrito na Biacuteblia no Apocalipse eram os uacuteltimos versiacuteculos quer dizer noacutes estamos vivendo momentos que precede a vinda de Jesus e eu natildeo tenho duvida nenhuma e estou me preparando para ldquosubirrdquo com ele entatildeo veja bem a minha perspectiva natildeo eacute para esse mundo noacutes natildeo somos um comerciante comum como outro qualquer natildeo que uma pessoa natildeo vaacute montar um negocio desse e natildeo vai dar certo natildeo eacute isso eacute o meu ponto de vista eu jaacute natildeo me afirmo mais aqui eu natildeo monto meu futuro mais aqui nesse sistema de ser humano de pecado tanto eacute que eu deixo laacute em cima laacute atraacutes natildeo sei se vocecirc reparou um cartaz e vou mudando de vez em quando com o tempo mas no momento aqui eacute a historia do planeta Nabucodonossor sonhou explicou o sonho e entra Daniel e Deus fala
        • -ldquoVai laacute Daniel fala com ele porque fui Eu quem deu esse sonho pra elerdquo-
        • e na historia mostra que Nabucodonossor AC600 anos foi tomado de uma
        • maneira espetacular pelo [Medopersia] e depois veio o ventre que eacute a
        • Greacutecia tomou a [Medopersia] e depois Roma tomou e impressionante Roma se dividiu em dez e formou a Europa e laacute esta escrito assim
        • ldquoComo os dedos dos peacutes satildeo barro e ferro e como barro e ferro natildeo se unem como raccedila humana natildeo se uniraacuterdquo
        • O mundo vem tentando desmentir essa parte da Biacuteblia Hitler tentou Mussolini tentou mesmo os grandes paises como os EUA vem tentando se tornar um impeacuterio formar um soacute reino mas Biacuteblia fala que -ldquoNos dias desse rei
        • Estaraacute um reino que jamais passaraacuterdquo () eacute a pedra a pedra eacute Cristo eacute Jesus com milhares e milhares de anjos entatildeo noacutes estamos vivendo hoje a sujeira da ponta da unha da estatua inclusive a Europa acha que conseguiu fazer esse reino natildeo com a intenccedilatildeo de desmentir a Biacuteblia mas eles sem querer estatildeo envolvendo porque um decifre comordquoMASrdquo todas as traduccedilotildees satildeo iguais mesmo a Biacuteblia catoacutelica ldquoMASrdquo mas o que Mas os homens vatildeo tentar tentar mas nos dias desses reis que reis O presidente da Franccedila da Alemanha antes de dissolver porque o objetivo dessa uniatildeo eacute chegar num momento que cai todos os reis e um soacute manda em tudo mas nos dias desses reis antes de dissolver isso a Pedra vem o Cristo vem entatildeo noacutes sabemos pelos acontecimentos que vemos no jornal todos os dias estamos muito proacuteximos disso
        • Vocecirc tentar centralizar o futuro
        • O futuro mesmo eu natildeo planejo eu planejo o dia dia procuro natildeo fazer muita diacutevida compro agrave vista vendo agrave vista
        • E como que o sr vecirc o cliente do sr Como que ele eacute e o que ele procura aqui com o sr
        • Eu vejo eles como amigos com uma necessidade a maioria deles eu vejo com uma necessidade e a gente procura servir essa necessidade ou suprir essa necessidade entatildeo natildeo vejo eles com um cifratildeo procuro atender eles bem e no fim ele acaba levando saindo satisfeito e volta O que eu tenho prestado atenccedilatildeo eacute nisso nesses longos tempos eacute que meus clientes voltam e isso eacute importante num comercio e as pessoas natildeo percebem isso o importante eacute o cliente voltar outra vez ele tem uma satisfaccedilatildeo mesmo que natildeo compra nada comprou uma coisa irrisoacuteria mas ele volta e a partir que ele se torna um amigo ele tambeacutem passa para os amigos os parentes aonde comprou fala que gostou da loja
        • Entatildeo o trabalho com o cliente eacute importante
        • Eacute importantiacutessimo
        • Eu quero agradecer em meu nome quero agradecer em nome do Nuacutecleo de Ciecircncias e Religiatildeo da Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo
        • Me comprometo a mandar as fotos da Expo para o sr
Page 5: Tenha fé, é um bom negócio! - PUC-SP

5

Dedico tambeacutem este trabalho agrave minha famiacutelia e em especial para

Ilustraccedilatildeo 3 - Direitos Reservados

Estela minha esposa e compa-nheira que me abriu os caminhos da ciecircncia com seu exemplo e coragem

Aos meus pais Renato e Leila pelo apoio moral e material

aleacutem de suas contribuiccedilotildees profissionais

Ilustraccedilatildeo 4 - Direitos Reservados Fado Tropical (Chico Buarque - Ruy Guerra)

Oh musa do meu fado Oh minha matildee gentil Te deixo consternado No primeiro abril Mas natildeo secirc tatildeo ingrata Natildeo esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal ``Sabe no fundo eu sou um sentimental Todos noacutes herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo Mesmo quando as minhas matildeos estatildeo ocupa-das em torturar esganar trucidar Meu coraccedilatildeo fecha aos olhos e sinceramente chora Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas do Alentejo De quem numa bravata Arrebato um beijo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

``Meu coraccedilatildeo tem um sereno jeito E as minhas matildeos o golpe duro e presto De tal maneira que depois de feito Desencontrado eu mesmo me contesto Se trago as matildeos distantes do meu peito Eacute que haacute distacircncia entre intenccedilatildeo e gesto E se o meu coraccedilatildeo nas matildeos estreito Me assombra a suacutebita impressatildeo de incesto Quando me encontro no calor da luta Ostento a aguda empunhadura agrave proa Mas o meu peito se desabotoa E se a sentenccedila se anuncia bruta Mais que depressa a matildeo cega executa Pois que senatildeo o coraccedilatildeo perdoa

Guitarras e sanfonas Jasmins coqueiros fontes Sardinhas mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre Traacutes-os-Montes E numa pororoca Desaacutegua no Tejo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um impeacuterio colonial

Com todo o meu carinho

Renato Pinto de Almeida Juacutenior

6

Agradecimentos

Inicio os meus agradecimentos me dirigindo para as 480 pessoas anocirc-

nimas que responderam aos questionaacuterios Obrigado pela paciecircncia e oportunidade

em conhecer um pouco de cada um de vocecircs quando estabelecemos uma raacutepida

mas bonita relaccedilatildeo que eu jamais vou esquecer que foi de fundamental importacircncia

para a execuccedilatildeo deste trabalho

Com amizade agradeccedilo aos senhores proprietaacuterios das lojas que foram

os alvos de nossa pesquisa de campo e em especial aos Srs Sevilho (Banca da

Biacuteblia em Caraguatatuba - SP) Neacutelson (Casa de Velas Santa Rita ndash Satildeo Paulo ndash

Capital) Pedro (Lojas Vila Zen ndash Satildeo Paulo ndash Capital) e Sra Isabellla (Livraria Cate-

dral ndash Satildeo Paulo)

Para sempre serei grato aos meus mestres do Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Religiatildeo pelos ensinamentos exemplos e incentivos a

esta dissertaccedilatildeo Agrave ldquonossardquo querida Andreacuteia secretaacuteria do CRE que sempre esteve

disposta e soliacutecita a ajudar-me com os tracircmites administrativos durante o curso

Agradeccedilo aos professores doutores Ecircnio Joseacute da Costa Brito e Leonildo

Silveira Campos que junto com meu orientador compuseram a Banca de Exame de

Qualificaccedilatildeo Muito obrigado professores de todo o coraccedilatildeo pelas valiosas suges-

totildees bibliograacuteficas e as necessaacuterias instruccedilotildees e observaccedilotildees metodoloacutegicas para

este estudo Minha gratidatildeo tambeacutem se manifesta para a profa dra Iara Gustavo de

Castro que orientou toda a parte estatiacutestica desta pesquisa

Ao meu orientador professor dr Silas Guerriero o meu agradecimento

especial Estas palavras se justificam meu mestre por vocecirc ter acreditado neste

projeto aleacutem de ter me incentivado e orientado sempre e quando precisei Tenho

certeza que construiacutemos juntos algo que transcendeu aos aspectos meramente pro-

fissionais para transformarmos o nosso conviacutevio em uma forte amizade Afinal

sempre soubemos que uma possiacutevel relaccedilatildeo entre um antropoacutelogo e um administra-

dor daria certo e que desde o iniacutecio dos nossos trabalhos os anjos e santos diriam

ameacutem como de fato disseram Obrigado Silas

7

Dedico um carinho especial agraves duas pessoas que foram tambeacutem de

fundamental importacircncia na elaboraccedilatildeo deste trabalho minha esposa Estela Noro-

nha e a minha matildee professora dra Leila Filinto Pinto de Almeida

Estela minha flor te agradeccedilo especialmente Sou grato pelas suas di-

cas avaliaccedilotildees ajuda com a aplicaccedilatildeo da pesquisa de campo e principalmente pelo

exemplo com o teu trabalho de dissertaccedilatildeo Pude acompanhar o seu desempenho

medir as suas dificuldades observar os detalhes e participar ativamente dele Para

mim foi bem mais que uma honra Aprendi muito com a sua experiecircncia nos mais

variados aspectos o que me facilitou e abriu os meus caminhos cientiacuteficos quando

da concepccedilatildeo da ideacuteia e execuccedilatildeo do projeto do meu mestrado Obrigado meu an-

jo de todo o coraccedilatildeo

O meu agradecimento especial agrave minha matildee que pacientemente fez to-

da a criacutetica metodoloacutegica ajudou-me com o necessaacuterio equiliacutebrio com o conteuacutedo do

texto e foi uma companheira na elaboraccedilatildeo final do conjunto que compocircs esta obra

Sua paciecircncia e entusiasmo foi-me tambeacutem um exemplo e um alento com a nossa

ldquonoeacuteticardquo e os nossos aspectos ldquohierofacircnicosrdquo e ldquohermenecircuticosrdquo

Por fim agradeccedilo tambeacutem agrave psicoacuteloga Andreacutea Vistueacute que me ajudou a

natildeo perder o curso de um porto seguro quando uma tempestade em minha vida se

abateu e sem avisar Agora navego por aacuteguas mais calmas seguras e serenas

8

Resumo

Este trabalho tem como objetivo entender as motivaccedilotildees dos consumidores de pro-

dutos relacionados agrave religiosidade justificando desta maneira a existecircncia de um

nicho mercadoloacutegico especiacutefico e a principal alavanca operacional nesse marcado

Nele a base para as conclusotildees estaacute centralizada em uma pesquisa de campo es-

pecialmente desenvolvida relacionando a religiatildeo e o marketing aplicado sobre os

produtos da praacutetica religiosa catoacutelica protestantes das diversas denominaccedilotildees das

religiotildees afro-brasileiras e do movimento nova era

A principal descoberta eacute que a feacute religiosa eacute o fator determinante do mercado varejis-

ta de produtos religiosos agindo e interagindo com os demais fatores econocircmicos e

sociais

Palavras chave marketing religioso - mercado varejista ndash religiatildeo ndash consumo - religi-

atildeo e marketing - produtos religiosos - cultura - subcultura

9

ABSTRACT

This work has in its aim to understand the consumerslsquo motivation relationed to religi-

osity this way justifying the existence of a specific market niche and the main opera-

tional gearing in this market

In it the bases for the conclusions are centred in a specially developed field re-

search relationing religion and the marketing applied to the products belonging to the

Catholic religious practices Protestants of several titles Afro-Brazilian religions and

the New Era movement

The main discovery is that religious faith is the determining factor of the retailing

market of religious products acting and interacting with other economic and social

factors

Keywords religious marketing - retail trade - religion - marketing - expenditure - re-

ligion and marketing - religious products - culture - subculture

10

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo ndash Um olhar para a nossa gente 17

Capiacutetulo I Conceituaccedilotildees terminologia e o cenaacuterio religioso no Brasil 24

11 Consideraccedilotildees hermenecircuticas religiatildeo religiosidade e feacute 25

12 Marketing uma ideacuteia e um conceito em evoluccedilatildeo 43

13 O desenvolvimento e a cronologia de uma ideacuteia marketing 49

14 As abordagens conjuntas do marketing com a religiosidade e vice-

versa

55

15 Consideraccedilotildees iniciais sobre o cenaacuterio da pesquisa de campo 67

Capiacutetulo II Pesquisa de campo a descoberta e o comportamento dos consumidores no mercado da feacute

75

21 Meacutetodo de organizaccedilatildeo e execuccedilatildeo da pesquisa de campo 76

211 Planificaccedilatildeo e procedimento da coleta de dados 77

22 Os resultados macroscoacutepicos da pesquisa de campo 81

221 Resultados obtidos com o perfil dos entrevistados 82

23 Meacutetodo de anaacutelise dos dados coletados 115

Capiacutetulo III O varejo de produtos religiosos razatildeo e sensibilidade 118

31 Abordagem macroscoacutepica dos dados da pesquisa de campo 120

32 A feacute como razatildeo motivacional para compras atraveacutes do prisma esta-

tiacutestico

127

33 A Razatildeo 153

34 A Sensibilidade 154

Conclusatildeo Razatildeo + Sensibilidade 156

Bibliografia 160

Anexos 173

Endereccedilos das lojas da pesquisa de campo 174

11

Modelo de questionaacuterio 178

Entrevista com o Sr Servilho Proprietaacuterio da Banca da Biacuteblia em Cara-

guatatuba ndash SP

185

12

Lista de Tabelas

Capiacutetulo II

Tabela 01 Sexo dos sujeitos entrevistados 82

Tabela 02 Qual a sua profissatildeo 84

Tabela 03 Qual a sua idade 86

Tabela 04 Qual o seu estado civil 88

Tabela 05 Qual o grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar 90

Tabela 06 Qual a sua faixa de renda familiar 92

Tabela 07 O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro 94

Tabela 08 O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo 95

Tabela 09 Qual a sua religiatildeo de batismo 97

Tabela 10 Qual a sua religiatildeo praticada atualmente 99

Tabela 11 Como o senhor (a) teve conhecimento desta loja 101

Tabela 12 Com que frequumlecircncia o senhor (a) compra produtos religi-

osos

103

Tabela 13 Qual eacute o principal motivo que o senhor (a) comprou es-

ses produtos

105

Tabela 14 Qual o tipo ou gecircnero do(s) produtos(s) comprado(s) 107

Tabela 15 Faixa de desembolso na loja 109

Tabela 16 Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na

loja

110

Tabela 17 O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja 111

Tabela 18 Em sua opiniatildeo os preccedilos praticados por esta loja satildeo 113

Tabela 19 Quais os motivos que o (a) trariam mais vezes a esta

loja 115

13

Capiacutetulo III

Tabela 20 Qual o tipo o gecircnero do(s) produto(s) comprado(s) Ta-

bela descritiva e quantitativa por mensuraccedilatildeo

125

Tabela 21 Cruzamento de dados GecircneroFrequumlecircnciaparticipaccedilatildeo

percentual

129

Tabela 22 Cruzamento de dados GecircneroProfissatildeo 130

Tabela 23 Cruzamento de dados GecircneroO Sr(a) eacute natural de Satildeo

Paulo

131

Tabela 24 Cruzamento de dados GecircneroIdade 131

Tabela 25 Cruzamento de dados GecircneroRenda Familiar 132

Tabela 26 Cruzamento de dados GecircneroGrau de Escolaridade 132

Tabela 27 Cruzamento de dados GecircneroReligiatildeo de Batismo 133

Tabela 28 Cruzamento de dados GecircneroReligiatildeo Praticada 133

Tabela 29 Cruzamento de dados GecircneroReligiatildeo de Batismo Re-

ligiatildeo Praticada

134

Tabela 30 Cruzamento de dados GecircneroPrincipal motivo pelo qual

o senhor (a) comprou esse(s) produto(s)

138

Tabela 31 Cruzamento de dados GecircneroCom que frequumlecircncia o

senhor (a) compra produtos religiosos

139

Tabela 32 Cruzamento de dados GecircneroGrau de satisfaccedilatildeo na

loja

140

Tabela 33 Cruzamento de dados GecircneroTipo de lojaComo o se-

nhor (a) teve conhecimento desta loja

143

Tabela 34 Cruzamento de dados GecircneroTipo de lojaDesembolso

na loja

147

Tabela 35 Cruzamento de dados GecircneroTipo de loja Preccedilos pra-

14

ticados na loja 149

Tabela 36 Cruzamento de dados GecircneroQuais motivos o (a) trari-

am mais vezes a esta loja

150

15

Lista de Graacuteficos

Capiacutetulo II

Graacutefico 01 Sexo dos sujeitos entrevistados 82

Graacutefico 02 Qual a sua profissatildeo 83

Graacutefico 03 Qual a sua idade 85

Graacutefico 04 Qual o seu estado civil 87

Graacutefico 05 Qual o grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar 89

Graacutefico 06 Qual a sua faixa de renda familiar 91

Graacutefico 07 O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro 93

Graacutefico 08 O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo 95

Graacutefico 09 Qual a sua religiatildeo de batismo 96

Graacutefico 10 Qual a sua religiatildeo praticada atualmente 98

Graacutefico 11 Como o senhor (a) teve conhecimento desta loja 100

Graacutefico 12 Com que frequumlecircncia o senhor (a) compra produtos reli-

giosos

102

Graacutefico 13 Qual eacute o principal motivo que o senhor (a) comprou es-

ses produtos

104

Graacutefico 14 Qual o tipo ou gecircnero do(s) produtos(s) comprado(s) 106

Graacutefico 15 Faixa de desembolso na loja 108

Graacutefico 16 Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na

loja

110

Graacutefico 17 O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja 111

Graacutefico 18 Em sua opiniatildeo os preccedilos praticados por esta loja satildeo 112

Graacutefico 19 Quais os motivos que o (a) trariam mais vezes a esta

loja

114

16

Lista de Ilustraccedilotildees

As ilustraccedilotildees desta dissertaccedilatildeo onde constam os dizeres rdquodireitos reservadosrdquo satildeo

de autoria e domiacutenio de Renato Pinto de Almeida Juacutenior estando os direitos para

publicaccedilatildeo reservados bem como as fotos e apresentaccedilatildeo digital constantes no CD-

R anexo na contracapa desta dissertaccedilatildeo

Abertura

Ilustraccedilatildeo 01 Placa no interior da Banca da Biacuteblia em Caraguatatu-

ba-SP ldquoDeus eacute o dono do meu negoacuteciordquo

03

Dedicatoacuterias

Ilustraccedilatildeo 02 Homenagem aos brasileiros e agrave cidade de Satildeo Paulo 04

Ilustraccedilatildeo 03 Armas da famiacutelia Pinto 05

Ilustraccedilatildeo 04 Armas da famiacutelia Almeida 05

Capiacutetulo I

Ilustraccedilatildeo 05 Portal do website Cruz Terra Santa 58

Ilustraccedilatildeo 06 Recorte do anuacutencio publicitaacuterio na revista Perdizes da

loja AMON-HAacute ndash Produtos miacutesticos

59

Capiacutetulo II

Ilustraccedilatildeo 07 Fotografia da fachada da Banca da Biacuteblia na Praccedila

da Igreja Matriz de Caraguatatuba- SP

78

Ilustraccedilatildeo 08 Modelo de cartatildeo de visitas para identificaccedilatildeo do pes-

quisador

79

17

Introduccedilatildeo

Um olhar para nossa gente

Certo dia fazendo compras adentrei casualmente uma das mais caras

galerias de lojas situadas na Avenida Paulista em Satildeo Paulo capital Nesse conjun-

to comercial existe uma loja muito bem montada cujo objetivo eacute atender a demanda

relativa ao mercado de produtos esoteacutericos contemplando CDs do gecircnero ldquoNew A-

gerdquo cristais incensos bonecos e bonecas de bruxas e bruxos de muitos materiais

formas e cores muitos objetos simboacutelicos com claras inclinaccedilotildees orientais anjos

barrocos velas pecircndulos baralhos de tarocirc e farta literatura sobre bruxaria magia

lendas etc No interior da loja uma jovem estava com uma pedra de cristal em suas

matildeos A expressatildeo daquela mulher era de contemplaccedilatildeo e fascinaccedilatildeo ao mesmo

tempo Aproximei-me e antes que eu dissesse alguma coisa ela dirigiu-me a palavra

e disse

_ Eacute linda (Referindo-se ao pedaccedilo de uma pedra de cristal de rocha que

tinha em suas matildeos)

Concordei prontamente A seguir a jovem foi para o caixa pagou a pedra

e saiu da loja

Antes que ganhasse o anonimato na multidatildeo chamei-a e questionei as

suas razotildees para a compra que a vira fazer A compradora deu-me muitas razotildees de

foro esoteacuterico falando-me ldquosobre forccedilas coacutesmicasrdquo ldquouma outra visatildeo de mundordquo

ldquoterapia com cristaisrdquo etc Perguntei-lhe tambeacutem a respeito do preccedilo do material que

ela havia comprado Ela me respondeu imediatamente acrescentando que havia

sido ldquomuito baratordquo

Retornei para o interior da loja Dei iniacutecio a uma abordagem aos respon-

saacuteveis pelo estabelecimento em busca de algumas respostas de questotildees cujo ca-

18

raacuteter eacute mais comercial Fui informado entre outras particularidades sobre aquele

tipo de comeacutercio e que a margem liacutequida de lucro daquela mercadoria (cascalho de

cristal) naquele momento ultrapassara a casa dos 580 pontos percentuais conside-

rado como referecircncia o valor de custo para a loja

Ocorrecircncias como estas em nosso dia-a-dia natildeo satildeo frequumlentes Como

administrador e atento observador do marketing eventos deste tipo induziram-me agrave

reflexatildeo

Podemos dizer a princiacutepio que negoacutecios como estes podem sinalizar bo-

as perspectivas de investimentos porque a taxa de risco sobre o capital investido

em funccedilatildeo da lucratividade auferida eacute muito minimizada Raciocinando como um es-

trategista e considerando apenas o vieacutes financeiro de um negoacutecio uma loja de pro-

dutos religiosos eou esoteacutericos poderaacute se configurar como uma excelente opccedilatildeo de

empreendimento1 A partir desse momento minhas atenccedilotildees voltaram-se de forma

mais aguda para o segmento mercadoloacutegico que contempla os mais diferentes as-

pectos da religiosidade e dos produtos ritualisticamente usados

Somado ao evento acima participei como assistente de uma pesquisado-

ra por ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo de uma pesquisa de campo que corporificou disserta-

ccedilatildeo de mestrado a respeito da devoccedilatildeo a Iemanjaacute entre os natildeo devotos das religiotildees

afro-brasileiras Nessa ocasiatildeo estivemos em contato direto com milhares de prati-

cantes dessas religiotildees nos dias 05 06 07 de dezembro de 2003 na cidade de

1 Em qualquer organizaccedilatildeo ou empreendimento comercial e empresarial que vise lucro eacute necessaacuterio considerar os demais fatores administrativos ao se planejar ou analisar a possibilidade de um inves-timento Esses fatores conjuntamente e somados eacute que iratildeo compor e influenciar de fato a decisatildeo de se investir Os custos de capital a mobilizaccedilatildeo contrataccedilatildeo e treinamento dos recursos humanos a especializa-ccedilatildeo do mercado o tempo de retorno esperado do capital investido impostos taxas custos indiretos do processo de comercializaccedilatildeo aquisiccedilatildeo de mercadorias proacute-labores dos controladores e capitali-zaccedilatildeo em ativos fixos satildeo alguns exemplos de custos e despesas incrementais a serem necessaria-mente e cuidadosamente observados durante a concepccedilatildeo do plano de negoacutecios Sobre esses fato-res ainda haacute a necessidade de cuidados adjacentes com o capital e tambeacutem as estimativas da taxa interna de retorno da taxa de atratividade e o caacutelculo do tempo necessaacuterio ao retorno do capital mo-bilizado e a ser aplicado conforme o planejamento especiacutefico de vendas O ferramental teacutecnico para a execuccedilatildeo e obtenccedilatildeo destes dados indicadores eacute a engenharia econocircmica Assim procedendo o empreendedor tendo executado o planejamento estrateacutegico de vendas e esse planejamento tendo sido avalizado atraveacutes dos nuacutemeros resultantes da anaacutelise teacutecnica da viabilidade econocircmica (ou engenharia econocircmica) disporaacute de argumentos soacutelidos e consistentes para a sua tomada de decisatildeo Assim operando sobre os auspiacutecios de um planejamento de marketing de fato Teraacute desta maneira os seus argumentos regidos sob a oacutetica cientiacutefica da ciecircncia administrativa em seu mais elevado e recomendado grau Alguns exemplos e a teoria do processo da engenharia econocircmica poderatildeo ser encontrados e conhe-cidos detalhadamente na obra de Oswaldo Fadigas FONTES TORRES Fundamentos da Engenharia Econocircmica Satildeo Paulo editora Thompson Pioneira 2006

19

Praia Grande ndash SP e no dia 31 de dezembro do mesmo ano na cidade de Santos ndash

SP onde pude observar com maior clareza as necessidades econocircmicas que ocor-

rem para a realizaccedilatildeo de tais acontecimentos religiosos Pelo vieacutes macroeconocircmico

pude observar por exemplo a precariedade e ausecircncia de obras de responsabilida-

de dos poderes puacuteblicos para a realizaccedilatildeo de tais eventos como a falta de infra-

estrutura organizacional e urbana suporte logiacutestico ao tracircnsito de automoacuteveis e ocircni-

bus bem como os necessaacuterios aparatos de seguranccedila puacuteblica aleacutem dos problemas

com a hospedagem e alimentaccedilatildeo etc No entanto e a despeito desses obstaacuteculos

as festividades a Iemanjaacute ocorreram dentro dos propoacutesitos religiosos de seus devo-

tos e do puacuteblico em geral com sucesso Pelo vieacutes microeconocircmico constatei tam-

beacutem nessa ocasiatildeo a diversidade de produtos e materiais empregados para a praacutetica

da Umbanda e do Candombleacute Produtos esses passiacuteveis de variadas aplicaccedilotildees e

produtos de uso exclusivo dessas religiotildees com formas cores tamanhos e quanti-

dades as mais variadas Flores imagens instrumentos musicais velas perfumes

comidas bebidas roupas joacuteias e bijuterias entre outros objetos foram notados o

que sinalizou a existecircncia de uma induacutestria e um comeacutercio varejista voltado para es-

te tipo de consumidor

Apoacutes essas experiecircncias minhas atenccedilotildees expandiram-se para as ne-

cessidades materiais dos praticantes das demais religiotildees em especial para a catoacute-

lica e as protestantes das mais diversas denominaccedilotildees aleacutem das lojas que comerci-

alizam produtos relacionados agraves religiotildees novoeristas quando foi constatada de

fato a existecircncia de um nicho mercadoloacutegico especiacutefico

Estava efetuado de forma praacutetica e cotidiana o viacutenculo entre a religiatildeo e

o mercado aguccedilando minha curiosidade cientiacutefica sobre o consumidor e seus possiacute-

veis haacutebitos e motivos de compra de produtos relacionados agrave sua religiosidade justi-

ficando desta maneira a existecircncia de um segmento mercadoloacutegico ateacute entatildeo des-

conhecido e pouco frequumlente nas grandes miacutedias

Como administrador e estrategista sempre me interessou a razatildeo exis-

tencial das empresas e as suas mais diversas dinacircmicas empresariais O foco prin-

cipal de minhas observaccedilotildees estaacute sempre centrado sobre os motivos geradores dos

mais diferentes empreendimentos econocircmicos Observando o mercado varejista de

produtos religiosos constatei a inexistecircncia de um estudo detalhado que apontasse

ou ainda sugerisse uma diretriz comercial expliacutecita que estivesse motivando alavan-

20

cando ou que justificasse investimentos no setor natildeo interessando a priori sua linha

de pensamento e praacutetica religiosa

Decidiacute-me entatildeo a trabalhar o tema da religiosidade e do marketing

Dentro deste conjunto temaacutetico optei por examinar e analisar se o fenocircmeno da feacute

religiosa poderia se configurar como um dos provaacuteveis agentes motivadores e que

justificasse o mercado institucionalizado de produtos religiosos aleacutem de alavancar

possiacuteveis investimentos sem no entanto prender-me a qualquer enfoque ou corren-

te de pensamento e praacutetica religiosa

Tendo como objeto um estudo da relaccedilatildeo entre a feacute religiosa e comeacutercio

varejista algumas outras questotildees poderiam ser levantadas tais como a feacute religiosa

dos consumidores contribui para a decisatildeo de compra de determinados produtos

Quais caracteriacutesticas e significaccedilotildees guardariam tais produtos para esse tipo de cli-

entela varejista Como estariam as lojas atendendo agraves necessidades dos consumi-

dores finais nesse mercado Como seria o perfil desse consumidor tanto pelo pris-

ma religioso quanto ao prisma econocircmico Haveria algum fator diferencial no mer-

cado varejista que oferecesse melhores condiccedilotildees para investimento Seria possiacutevel

estabelecermos pontos em comum entre a religiosidade e o marketing

O objetivo deste trabalho eacute investigar e lanccedilar luzes sobre o comporta-

mento do consumidor no momento de suas compras de produtos religiosos frente

ao varejo institucionalizado para este nicho mercadoloacutegico

Neste trabalho pretendemos elaborar uma anaacutelise de marketing onde

procuraremos estabelecer tambeacutem um diaacutelogo entre o marketing e a religiatildeo na

poacutes-modernidade dentro da visatildeo de JJ Queiroz

aderindo agrave corrente que interpreta a Poacutes-Modernidade como uma fase de transiccedilatildeo e um periacuteodo inacabado da histoacuteria da humana como uma fa-se heuriacutestica na qual a humanidade estaacute em busca de algo novo enigmaacute-tico acredito que a religiatildeo e o sagrado tambeacutem se encontram numa virada de mudanccedilas um tempo que afirma ainda muitos valores tradicionais ao lado de novas posturas tudo isso num clima em que emergem muito mais paradoxos e contradiccedilotildees do que certezas2

2 Joseacute J QUEIROZ As Religiotildees e o Sagrado nas Encruzilhadas da Poacutes-modernidade p15

21

Nessa anaacutelise consideraremos as variaacuteveis decisoacuterias de compra por

parte dos consumidores tendo como propoacutesito fundante a feacute religiosa Mapearemos

a dinacircmica mercadoloacutegica desse setor e procuraremos responder suas principais

questotildees tais como frequumlecircncia de compras caracteriacutesticas operacionais do comeacuter-

cio suas abrangecircncias possiacuteveis agentes de influecircncia e o perfil do consumidor

Trabalharemos com a hipoacutetese de que a feacute religiosa dos consumidores

poderaacute ser o agente motivacional para a aquisiccedilatildeo de bens e materiais aplicaacuteveis agrave

praacutetica religiosa justificando assim a existecircncia florescente do mercado varejista de

produtos religiosos

Nossas atenccedilotildees estaratildeo voltadas para os clientes maiores de 14 anos

das lojas de produtos religiosos que atendam as necessidades materiais da religiatildeo

catoacutelica afro-brasileira protestantes das diversas denominaccedilotildees e das religiotildees no-

voeristas no momento subsequumlente ao da efetivaccedilatildeo de suas compras

O cenaacuterio de nossos trabalhos estaacute delimitado aos arredores ou imedia-

ccedilotildees dos estabelecimentos comerciais localizados na praccedila comercial de Satildeo Paulo

e que estes estabelecimentos atendam aos padrotildees da legalidade operacional e

comercial durante os anos de 2006 e 2007

Por se tratar de uma abordagem compreensiva que apoiada nos resulta-

dos obtidos em pesquisa de campo busca detectar e compreender os motivos que

determinadas pessoas alegam para justificar o consumo de produtos inerentes agrave

religiosidade justificando assim a existecircncia de um nicho mercadoloacutegico especiacutefico

adotamos o seguinte quadro teoacuterico em primeiro lugar exporemos a complexidade

e a diversidade nas formas cientiacuteficas em se abordar os temas relacionados agrave religi-

atildeo religiosidade e feacute assim como a evoluccedilatildeo aplicaccedilotildees e conceitos de marketing

Como quadro teoacuterico utilizaremos material de um conjunto de autores

que contribuem para uma percepccedilatildeo mais aprofundada acerca da temaacutetica religiosa

tais como Max Weber (A Eacutetica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo) Eacutemile Dur-

kheim (Formas elementares da vida religiosa) Pierre Bourdieu (A economia das tro-

cas simboacutelicas) Rudolf Otto (O Sagrado) Mircea Eliade (O sagrado e o profano A

essecircncia das religiotildees) Sigmund Freud (Obras Completas) Carl G Jung (Psicologia

e Religiatildeo) Ludwig Wittgenstein (Tractatus Logico-Philosophicus e Investigaccedilotildees

Filosoacuteficas) Carlos Rodrigues Brandatildeo (Os deuses do povo) Laura de Mello e Silva

(O diabo na terra de Santa Cruz feiticcedilaria e religiosidade popular no Brasil colonial)

22

Antocircnio Flaacutevio de Oliveira Pierucci e Reginaldo Prandi (A realidade social das religi-

otildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica) Darcy Ribeiro (O povo brasileiro) Joseacute

J Queiroz (As Religiotildees e o Sagrado nas Encruzilhadas da Poacutes-modernidade) e E-

decircnio Valle (Psicologia e experiecircncia religiosa) Para os temas relacionados ao mar-

keting ou agrave mercadologia teremos as contribuiccedilotildees de autores como Philip Kotler e

Gary Armstrong (Princiacutepios de marketing) Peter F Drucker (Administraccedilatildeo tarefas

responsabilidade e praacuteticas) Idalberto Chiavenato (Teoria Geral da Administraccedilatildeo)

John Nasbitt (Megatendecircncias) Alexandre Luzzi Las Casas (Marketing de varejo)

Bob Stone (Marketing Direto) Giacutelson de Lima Garoacutefalo e Luiz Carlos Pereira de Car-

valho (Anaacutelise Microeconocircmica) Juracy Parente (Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacute-

gia) James F Engel Roger D Blacwell e Paul W Minard (Comportamento do Con-

sumidor) John C Mowen e Michael S Minor (Comportamento do consumidor) e Eli-

ane Karsaklian (Comportamento do consumidor)

Respaldado pelos estudos acima citados desenvolvemos o meacutetodo de

pesquisa o plano piloto o planejamento da coleta de campo e a anaacutelise dos dados

propriamente ditos dentro dos rigores cientiacuteficos determinados por Antonio Chizzotti

que serviratildeo de diretrizes para o desenvolvimento e argumentaccedilatildeo da proposiccedilatildeo

desta dissertaccedilatildeo

O caminho metodoloacutegico que adotamos para trabalhar nosso objetivo

tambeacutem se dividiu em quadros teoacutericos e empiacutericos Para os estudos teoacutericos e bi-

bliograacuteficos foram realizadas pesquisas seleccedilatildeo bibliograacutefica anaacutelise e interpretaccedilatildeo

de textos e participaccedilatildeo em palestras pertinentes tanto agrave aacuterea da religiatildeo quanto agrave

do marketing

Para a pesquisa de campo foi coletada documentaccedilatildeo empiacuterica tal como

questionaacuterios com uma questatildeo aberta e dezoito fechadas fotos e um depoimento

de um dos proprietaacuterios das lojas pesquisadas A pesquisa de campo ocorreu duran-

te os meses de dezembro de 2006 e janeiro fevereiro marccedilo e abril de 2007 O puacute-

blico-alvo participante foi composto por pessoas de ambos os sexos maiores de 14

anos que saiacutessem das lojas e que nelas tivessem comprado algum tipo de produto

Foi delimitado o miacutenimo de 30 questionaacuterios por loja perfazendo um total

de 480 documentos3

3Na eacutepoca da aplicaccedilatildeo da pesquisa definitiva procuramos a profa Dra Iara Gustavo de CASTRO estatiacutestica e consultora da PUC-SP para as orientaccedilotildees quanto agraves delimitaccedilotildees sobre o nuacutemero de

23

Neste trabalho dividimos o assunto em trecircs capiacutetulos mais a conclusatildeo

No primeiro capiacutetulo apresentamos o embasamento cientifico que ordena

o assunto Aleacutem disto iremos expor as razotildees que nos direcionaram para empreen-

der a presente pesquisa e definindo seus termos assim como tambeacutem situando sua

conjuntura

No segundo capiacutetulo iremos nos dedicar ao relato da pesquisa de campo

realizada histoacuterico anaacutelise de dados e demais consideraccedilotildees

No terceiro capiacutetulo o enfoque central estaraacute objetivando a comprovaccedilatildeo

da hipoacutetese deste trabalho

Finalmente a conclusatildeo procuraraacute conter os elementos todos analisados

canalizando-os para os resultados obtidos

questionaacuterios a serem aplicados Diante do projeto ela sugeriu que fizeacutessemos pelo menos 30 entre-vistas por loja e que fossem consideradas 4 lojas de cada tipo ou gecircnero de religiatildeo pois esse eacute o nuacutemero miacutenimo para se obter qualquer resultado estatiacutestico significativo

24

Capiacutetulo I Conceituaccedilotildees terminologia e o cenaacuterio religio-so do Brasil

() ldquoo problema principal para uma sociologia da modernidade religiosa eacute tentar compreender con-juntamente o movimento pelo qual a modernidade continua a solapar as estruturas de plausibilidade de todo sistema religioso e aquele pelo qual ela faz surgir ao mesmo tempo novas formas de crerrdquo4

Daniegravele Hervieu-Leacuteger

O objetivo deste capiacutetulo eacute de entrarmos em contato com questotildees sobre

religiatildeo e religiosidade feacute e marketing estabelecendo nossa posiccedilatildeo frente agrave concei-

tuaccedilatildeo dos quatro termos apontados Aleacutem de nosso posicionamento levantaremos

discussatildeo sobre a aplicaccedilatildeo desta terminologia Estaremos assim procurando uma

sintonia no que se refere ao significado das palavras citadas e como elas deveratildeo

ser entendidas ao longo desta dissertaccedilatildeo Nesta fase deste trabalho tambeacutem sinali-

zaremos com os conceitos teacutecnicos e cientiacuteficos que nortearatildeo os demais capiacutetulos

integrantes deste estudo

Esta etapa se faz necessaacuteria para que tambeacutem possamos alinhar a termi-

nologia de alguns termos ao nosso objeto de estudo o possiacutevel viacutenculo entre feacute e

4 Daniegravele HERVIEU-LEacuteGER apud Marcelo Aires CAMURCcedilA A sociologia da Religiatildeo de Daniegravele Hervieu-Leacuteger entre a memoacuteria e a emoccedilatildeo In TEIXEIRA Faustino (Org) Sociologia da Religiatildeo Enfoques teoacutericos p 265

25

marketing analisado sob o prisma do consumidor no mercado varejista de produtos

religiosos

Assinalamos nesta oportunidade que os meios de comunicaccedilatildeo de mas-

sa assim como a cultura popular natildeo tecircm dado a correta precisatildeo ao uso e aplica-

ccedilatildeo dos vocaacutebulos em questatildeo aiacute o surgimento de incorreccedilotildees na abordagem dos

termos apontados nos noticiaacuterios que surgem diuturnamente

Vamos tambeacutem nos situar frente a um possiacutevel cenaacuterio religioso do Bra-

sil e por consequumlecircncia da cidade de Satildeo Paulo assim como a uma possiacutevel reali-

dade do comeacutercio varejista de produtos religiosos e de seus consumidores no mes-

mo local procurando realizar nosso trabalho dentro dos preceitos que recomendam

os ditames do meacutetodo cientiacutefico

11 Consideraccedilotildees hermenecircuticas religiatildeo religiosidade e feacute

Ao considerarmos a palavra ldquoreligiatildeordquo eacute necessaacuterio que destaquemos a

amplitude alcance e importacircncia que ela possui tendo em vista sua vasta possibili-

dade de conceituaccedilatildeo Vaacuterios autores abordaram esse assunto semelhante ou anti-

teticamente tornando quase impossiacutevel uma harmonizaccedilatildeo entre eles

Se examinarmos a questatildeo sob o prisma socioloacutegico e nos apoiarmos nas

teses de Durkheim veremos o significado conceitual de religiatildeo como ldquoalgo feno-

menoloacutegico e eminentemente socialrdquo

Segundo o autor

As representaccedilotildees religiosas satildeo representaccedilotildees coletivas que exprimem

realidades coletivas os ritos satildeo maneiras de agir que nascem no seio dos

grupos reunidos e que satildeo destinados a suscitar a manter ou refazer cer-

tos estados mentais desses grupos Mas entatildeo se as categorias satildeo de o-

rigem religiosa elas devem participar da natureza comum a todos os fatos

26

religiosos elas tambeacutem devem ser coisas sociais produtos do pensamento

coletivo5

O antropoacutelogo norte-americano Clifford James Geertz procura explicar a

religiatildeo como sendo um sistema de siacutembolos que age sobre os homens estabele-

cendo modos e motivaccedilotildees poderosos e penetrantes sobre as pessoas Este autor

defende uma formulaccedilatildeo das concepccedilotildees da religiatildeo como sendo algo revestido de

tal brilho que as formas os modos e os motivos parecem ser excepcionalmente rea-

liacutesticos em um sistema religioso desde que simboacutelico

A religiatildeo nunca eacute apenas metafiacutesica Em todos os povos as formas os ve-

iacuteculos e os objetos de culto satildeo rodeados de uma profunda seriedade mo-

ral Em todo lugar o sagrado conteacutem em si mesmo um sentido de obriga-

ccedilatildeo intriacutenseca ele natildeo apenas encoraja a devoccedilatildeo como a exige natildeo ape-

nas induz a aceitaccedilatildeo intelectual como reforccedila o compromisso emocional 6

() os significados soacute podem ser ldquoarmazenadosrdquo atraveacutes de siacutembolos uma

cruz um crescente ou uma serpente de plumas Tais siacutembolos religiosos

dramatizados em rituais e relatados em mitos parecem resumir de alguma

maneira pelo menos para aqueles que vibram com eles tudo que se co-

nhece sobre a forma que eacute o mundo a qualidade de vida emocional que

ele suporta e a maneira como deve comportar-se quem estaacute nele Dessa

forma os siacutembolos sagrados relacionam uma ontologia e uma cosmologia

com uma esteacutetica e uma moralidade seu poder peculiar proveacutem de sua su-

posta capacidade de identificar o fato com o valor no seu niacutevel mais funda-

mental de dar um sentido normativo abrangente agravequilo que de outra forma

seria apenas real 7

5E DURKHEIM As formas elementares da vida religiosa p16 6Clifford GEERTZ A Interpretaccedilatildeo das Culturas p93 7Ibid p94

27

Leonildo Silveira Campos propotildee que o termo religiatildeo possa ser explicado

por um sentimento comum

O termo ldquoreligiatildeordquo por sua vez denota aquele sentimento que une as pes-

soas verticalmente a uma esfera tida como sagrada e horizontalmente

uma com as outras ao redor de um centro cognitivo eacutetico e volitivo de

visatildeo de mundo8

Todavia tais definiccedilotildees abrangem tanto as religiotildees dos povos ditos pri-

mitivos quanto agraves formas mais complexas de organizaccedilatildeo dos vaacuterios sistemas reli-

giosos embora variem muito os conceitos sobre o conteuacutedo e a natureza da experi-

ecircncia religiosa Apesar dessa variedade e da universalidade do fenocircmeno no tempo

e no espaccedilo as religiotildees tecircm como caracteriacutestica comum o reconhecimento do sa-

grado e a dependecircncia do homem para com os poderes supramundanos A obser-

vacircncia e a experiecircncia religiosas tecircm por objetivo prestar tributos e estabelecer for-

mas de submissatildeo a esses poderes nos quais estaacute impliacutecita a ideacuteia da existecircncia de

um ser ou de seres superiores que criaram e controlam o cosmos e a vida humana

Toda religiatildeo pressupotildee algumas crenccedilas baacutesicas como a sobrevivecircncia

depois da morte mundo sobrenatural etc ao menos como fundamento dos ritos

Essas crenccedilas podem ser de tipo mitoloacutegico com relatos simboacutelicos sobre a origem

dos deuses do mundo ou do proacuteprio povo ou dogmaacutetico contemplando conceitos

transmitidos por revelaccedilatildeo da divindade que daacute origem agrave religiatildeo revelada e que satildeo

recolhidos nas escrituras sagradas em termos simboacutelicos e tambeacutem conceituais

Os conceitos fundamentais organizam-se de modo geral em um credo

ou profissatildeo de feacute as deduccedilotildees ou explicaccedilotildees de tais conceitos constituem a teolo-

gia ou ensinamento de cada religiatildeo

8Leonildo Silveira CAMPOS Teatro Templo e Mercado - organizaccedilatildeo e marketing de um empreen-dimento neopentecostal p206

28

O teoacutelogo Martin Buber 9 exemplifica quando conceitua

() se a religiatildeo eacute uma relaccedilatildeo com eventos psiacutequicos que soacute podem significar

eventos de nossa proacutepria alma tecircm-se a implicaccedilatildeo de que natildeo se trata de uma

relaccedilatildeo com Ser ou Realidade que por mais plenamente que se possa de vez

em quando descer ateacute a alma humana sempre permanece transcendente a ela

Mais precisamente natildeo eacute a relaccedilatildeo de um Eu com um Tu Mas esse tipo de re-

laccedilatildeo eacute contudo a maneira pela qual os religiosos inconfundiacuteveis de todas as

eras compreenderam sua religiatildeo ainda que ansiassem de maneira sobremodo

intensa por deixar o seu Eu ser misticamente absorvido por esse Tu 10

Percebemos que a temaacutetica religiosa enfoca assuntos relacionados sobre

a divindade suas relaccedilotildees com os homens e os problemas humanos cruciais a mor-

te a moral as relaccedilotildees humanas etc Entre as crenccedilas destaca-se em geral uma

visatildeo esperanccedilosa sobre a salvaccedilatildeo definitiva das calamidades presentes que pode

ir desde a mera ausecircncia de sofrimento ateacute a incoacutegnita do nirvana11 ou a felicidade

plena de um paraiacuteso

Max Weber por exemplo com sua obra A Eacutetica Protestante e o Espiacuterito

do Capitalismo12 nos apresenta um significado sobre a religiatildeo onde discorre histo-

10Martim BUBER Eclipse of God Studies in the Relation between Religion and Philosophy p105 e 106 11No budismo o estado de ausecircncia total de sofrimento paz e plenitude a que se chega por uma evasatildeo de si que eacute a realizaccedilatildeo da sabedoria via meditaccedilatildeo individual Frank USARSKI em sua obra em conjunto com outros autores O Budismo no Brasil Satildeo Paulo editora Lorosae 2002 explica ldquoembora instituiccedilotildees de um Budismo no Brasil natildeo estejam isoladas socialmente o seu impacto religi-oso na sociedade eacute pequeno Pelo alto grau de especificidade cultural das suas doutrinas suas praacuteti-cas e suas formas nem no Budismo japonecircs que eacute estatiacutestica e institucionalmente forte no Brasil tem conseguido atrair um nuacutemero notaacutevel de adeptos natildeo-descendentes de japoneses Isso eacute devido a trecircs fatores inter-relacionados a) a fusatildeo do Budismo com o culto de ancestrais b) a ecircnfase na devoccedilatildeo e na recitaccedilatildeo segundo moldes do Amida-Budismo c) a praacutetica de abrangecircncia familiar Tais caracteriacutesticas geralmente natildeo correspondem ao interesse dos ocidentais pelo Budismo uma vez que eles procuram um idealizado Budismo lsquopurorsquo baseado em uma praacutetica de meditaccedilatildeo individualrdquo 12WEBER Max A Eacutetica Protestante e o Espiacuterito do Capitalismo Satildeo Paulo 2ordf Ediccedilatildeo revisada Edi-tora Pioneira Thomson Learning 2003

29

ricamente o ethos 13 cognitivo-moral moderno o modelo de homens e mulheres oci-

dentais que ainda hoje conhecemos

O autor discute a visatildeo integrada do universo do cristianismo medieval

portanto religioso e a modernidade inclusive com seus aspectos econocircmicos de

forma especial Supotildee uma visatildeo descentralizada e diferenciada em compartimentos

ou subsistemas com uma loacutegica proacutepria e com uma pluralidade de valores o que

conduz a um fenocircmeno relativizador ou a uma situaccedilatildeo social de pluralismo

Essa fragmentaccedilatildeo significa nesse livro a autonomia dos trecircs acircmbitos do

saber ou esferas de valor antes inseparaacuteveis

bull a ciecircncia

bull a moralidade e

bull a arte

A independecircncia destas trecircs dimensotildees pela racionalidade e a diferencia-

ccedilatildeo das esferas axioloacutegicas14 (verdade bem e beleza) ou entatildeo o discurso cientiacutefico

praacutetico-moral e esteacutetico acarretaratildeo segundo Weber o desencanto do mundo num

processo crescente de dessacralizaccedilatildeo com graves consequumlecircncias

Outro elemento caracteriacutestico de toda religiatildeo eacute o estabelecimento mais

ou menos coercitivo de normas de conduta do indiviacuteduo ou do grupo no que se refe-

re a Deus a seus semelhantes e a si mesmo O primeiro comportamento exigido eacute a

conversatildeo ou mudanccedila para um novo modo de vida Com relaccedilatildeo a Deus desta-

cam-se as atitudes de veneraccedilatildeo obediecircncia oraccedilatildeo e em algumas religiotildees o

amor Na conduta do acircmbito da esfera humana entra em maior ou menor medida

um sistema de normas eacuteticas

A criacutetica agrave religiatildeo pela visatildeo psicanaliacutetica ilustra nossas palavras

A psicanaacutelise nos acostumou com o iacutentimo viacutenculo entre o complexo pa-terno e a crenccedila em Deus ela mostrou que um Deus pessoal natildeo eacute psi-cologicamente nada mais que um pai exaltado e traz-nos todos os dias evidecircncias de como os jovens perdem suas crenccedilas religiosas tatildeo logo a

13Aquilo que eacute caracteriacutestico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indiviacuteduos de um povo grupo ou comunidade e que marca suas realizaccedilotildees ou manifestaccedilotildees culturais 14O sentido no texto eacute de um estudo ou teoria de alguma espeacutecie de valor em particular os morais

30

autoridade do pai se desfaz Por conseguinte reconhecemos que as raiacute-zes da necessidade de religiatildeo estatildeo com complexo parental 15

Quase todas as religiotildees cristalizaram-se em instituiccedilotildees dogmaacuteticas e

culturais Essas instituiccedilotildees datildeo forma e coesatildeo aos crentes como um grupo social -

religiatildeo povo igreja comunidade e a elas somam-se outras instituiccedilotildees voluntaacuterias

de tipo assistencial ou de plena dedicaccedilatildeo religiosa que correspondem a setores

informais dentro do grupo institucionalizado

Consideraccedilotildees terminoloacutegicas mais recentes como a de Pierre Bourdieu

e Ludwig Wittgenstein elevam as possiacuteveis definiccedilotildees sobre a significacircncia complexa

que a questatildeo do termo ldquoreligiatildeordquo nos traduz Bourdieu definiu a religiatildeo contem-

plando os conceitos de Durkheim Weber e Karl Marx em uma nova concepccedilatildeo teoacute-

rica Este autor explicou a religiatildeo como uma funccedilatildeo social eminentemente poliacutetica16

dentro de uma contextualizaccedilatildeo simboacutelico-ideoloacutegica como anota Pedro A Ribeiro

de Oliveira em seu texto A teoria do trabalho religioso em Pierre Bourdieu

Seguindo Durkheim que define a religiatildeo como um conjunto de praacuteticas e representaccedilotildees revestidas de caraacuteter sagrado Bourdieu trata a religiatildeo como linguagem sistema simboacutelico de comunicaccedilatildeo e de pensamento Eacute enquanto sistema de pensamento que a religiatildeo interessa agrave sociologia uma vez que ela opera para uma dada sociedade a ordenaccedilatildeo loacutegica do seu mundo natural e social integrando-o num cosmos Ou seja para a re-ligiatildeo tudo que existe ou venha existir tem sentido porque se integra a uma ordem coacutesmica Ao enfatizar a produccedilatildeo de sentido (assumindo a contribuiccedilatildeo de M Weber) Bourdieu descarta a criacutetica iluminista da religi-atildeo (como se ela fosse um sistema explicativo equivalente agrave filosofia ou agrave ciecircncia) e aponta sua especificidade unir cada evento particular agrave ordem coacutesmica

Enquanto sistema simboacutelico a religiatildeo eacute estruturada na medida em que seus elementos internos relacionam-se entre si formando uma totalidade coerente capaz de construir a experiecircncia As categorias de sagrado e profano material espiritual eterno e temporal o que eacute do ceacuteu e o que eacute da terra funcionam como alicerces sobre os quais se constroacutei a experiecircn-cia vivida Alicerces porque sendo revestidas de caraacuteter sagrado elas natildeo podem ser postas em discussatildeo e podem assim assegurar o consen-so loacutegico e moral de qualquer sociedade (eacute a tese de Durkheim) Bourdieu

15 Sigmund FREUD An Autobiographical Study vol 14 p216 16 BOURDIEU Pierre A Economia das Trocas Simboacutelicas Satildeo Paulo Ed Perspectiva 1987

31

fala do poder de consagraccedilatildeo que ldquoabsolutiza o relativo e legitima o arbi-traacuteriordquo17 para indicar a accedilatildeo da religiatildeo sobre as instituiccedilotildees sociais Sua forccedila reside na capacidade de transfigurar as instituiccedilotildees sociais (portan-to construccedilotildees humanas culturalmente condicionadas) em instituiccedilotildees de origem sobrenatural ou inscritas na natureza das coisas O mesmo e-feito de consagraccedilatildeo pode aplicar-se a atributos de grupos ou pessoas que passam a ser considerados como frutos do desiacutegnio divino ou de uma ordem natural intocaacutevel Neste sentido a religiatildeo eacute uma forccedila estru-turante da sociedade pois aplicada agraves relaccedilotildees sociais (em si mesmas arbitrariamente construiacutedas) ela ldquoda necessidade de virtuderdquo transforma o ldquoassim eacuterdquo como ldquoassim deve serrdquo ou em ldquoassim natildeo pode serrdquo

A isso Bourdieu chama de alquimia ideoloacutegica porque ao revestir o que eacute produto humano (portanto uma criaccedilatildeo arbitraacuteria e relativa ao seu tempo) com o caraacuteter sagrado (inquestionaacutevel e perene) a religiatildeo desempenha a funccedilatildeo simboacutelica de conferir agrave ordem social um caraacuteter transcendente e inquestionaacutevel Aiacute reside a eficaacutecia simboacutelica e ao mesmo tempo sua funccedilatildeo eminentemente poliacutetica18

Wittgenstein19 por sua vez e atraveacutes do vieacutes da filosofia analiacutetica define

religiatildeo como mais uma palavra de um grupo de elementos e que pode ser alterada

de acordo com os valores intriacutensecos e reais aleacutem de pessoais e pelas semelhan-

ccedilas que lhes possam ser familiares como por exemplo a feacute divina sacrifiacutecios e re-

compensas etc Steven Engler em seu artigo publicado na revista Rever intitulado

Teoria da Religiatildeo Norte-americana alguns debates recentes observa

Ludwig Wittgenstein propocircs o conceito de semelhanccedilas familiares para marcar as semelhanccedilas que existem entre as vaacuterias aplicaccedilotildees de uma mesma palavra Ele enfatizou o uso real das pessoas e natildeo o discurso fi-losoacutefico sobre essecircncias ()Todos esses elementos podem ser decla-rados da religiatildeo em geral mas nenhum deles eacute essencial Eles definem o nosso conceito ou modelo de religiatildeo Em princiacutepio esse grupo de ele-mentos pode ser alterado e a cada nova pesquisa podemos refinar nos-sa compreensatildeo sobre a religiatildeo A partir de tal ponto de vista uma religi-atildeo eacute qualquer coisa que contenha uma certa quantidade de elementos desse grupo Uma implicaccedilatildeo dessa teoria eacute a ausecircncia de distinccedilatildeo niacuteti-da entre religiatildeo e natildeo-religiatildeo Aleacutem disso haacute uma outra questatildeo como

17 Aspas satildeo do autor 18 Pedro A RIBEIRO DE OLIVEIRA A teoria do trabalho religioso em Pierre Bourdieu In TEIXEIRA Faustino (Org) Sociologia da religiatildeo enfoques teoacutericos p178 19 WITTGENSTEIN Ludwig Tractatus Logico-Philosophicus Satildeo Paulo Edusp 1994 e Investigaccedilotildees Filosoacuteficas 2ordm Ediccedilatildeo Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 1995

32

poderiacuteamos determinar o que satildeo elementos religiosos sem saber o que significa religiatildeo20

Constatamos que a conceituaccedilatildeo teoacuterica do termo ldquoreligiatildeordquo passa pela

definiccedilatildeo e abordagem de grandes autores indo aleacutem eacute claro das possiacuteveis consi-

deraccedilotildees de cunho mais popular No entanto quando examinarmos com mais acui-

dade o que dizem os estudiosos sobre o assunto veremos que cada qual deu uma

possiacutevel contribuiccedilatildeo ao bom entendimento a essa complexa ideacuteia e sobre o termo

Eacute notoacuterio tambeacutem que cada estudioso parece colocar suas arguumliccedilotildees segundo suas

convicccedilotildees Natildeo nos cabe neste momento elaborar uma criacutetica aos diferentes e-

nunciados mas sim estabelecer uma valorizaccedilatildeo a eles afirmando que todos satildeo

importantes quando tentam elucidar o conceito e a significacircncia terminoloacutegica da

palavra ldquoreligiatildeordquo Contudo salvo melhor juiacutezo aleacutem de serem importantes referecircn-

cias teoacutericas para o nosso ponto-de-vista essas ideacuteias e enunciados satildeo por ve-

zes conflitantes

Exemplificando

() Jung nega o relato exclusivamente negativo que Freud faz da religiatildeo como neurose Na opiniatildeo de Freud como vimos tantas vezes a neurose da religiatildeo eacute gerada com base num conflito entre as partes consciente e in-consciente da mente conflito no qual os indiviacuteduos no ato do recalque re-cusam-se a admitir os impulsos infantis e edipianos que alimentam suas obsessotildees Reconhecer esses impulsos e suas associaccedilotildees passadas tor-na-se assim o primeiro passo rumo agrave derrota dessa enfermidade particular Para Jung no entanto essa avaliaccedilatildeo da religiatildeo eacute fundamentalmente er-rocircnea dado que supotildee que uma neurose tenha ou natildeo forma religiosa natildeo tem atributos positivos e que o inconsciente natildeo passa de um quarto de despejo de materiais incocircmodos advindos do passado infantil do pacien-te ndash de pensamento e impulsos tatildeo temidos que tornam necessaacuterio o recal-que Mas natildeo eacute esse o caso Longe de ser negativa a neurose tambeacutem pode ser um passo positivo no desenvolvimento psiacutequico ao desvelar no processo da regressatildeo o niacutevel mais profundo e criativo da mente inconsci-ente isto eacute o inconsciente coletivo Assim a denuacutencia freudiana da religiatildeo longe de promover a maturidade individual bloqueia-a agressivamente

20Steven ENGLER Teoria da Religiatildeo Norte-americana alguns debates recentes REVER - Revista de Estudos da Religiatildeo Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Religiatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo SP Nordm 4 de 2004 Versatildeo eletrocircnica disponiacutevel pelo endereccedilo httpwwwpucspbrreverrv4_2004p_englerpdf Uacuteltimo acesso em 27 de dezembro de 2006

33

Porque Freud preocupa-se tanto em descobrir a raiz bioloacutegica dessa neu-rose e em localizaacute-la no acircmbito das experiecircncias edipianas do inconsciente pessoal que deixa inteiramente de lado o foco mais positivo profundo e te-rapeuticamente necessaacuterio da religiatildeo que reside nas imagens coletivas primordiais e arquetiacutepicas da humanidade 21

Chiavenato observa a complexidade sobre o tema religiatildeo pelo prisma

das possiacuteveis abordagens e significaccedilotildees histoacutericas

Ao se estudar a histoacuteria da origem das religiotildees do ponto de vista soacutecio-econocircmico e poliacutetico seja qual for o meacutetodo utilizado mesmo discordando aprende-se a respeitar o misticismo e as crenccedilas caracteriacutesticas os argu-mentos teoloacutegicos e a feacute que inspirou liacutederes maacutertires e fieacuteis Ao mesmo tempo o contraponto entre o espiacuterito e a mateacuteria que tenta explicar o ho-mem diante das dificuldades de estar ser e agir no mundo e como essa complexidade foi usada para o bem e para o mal Mais bem e mal satildeo conceitos relativos agraves vezes maniqueiacutestas que mudam com os tempos e se contaminam de ideologia Aprende-se tambeacutem que natildeo existe certeza absoluta

E porque natildeo existe a certeza absoluta que infelizmente tem sido a arma dos fanaacuteticos de todos os calibres e ideologias causando males tatildeo conhe-cidos que uma ldquoconclusatildeordquo22 sobre a histoacuteria da origem das religiotildees eacute quase impossiacutevel Existem inuacutemeros fatores desde as idiossincrasias dos pesquisadores agraves particularidades de cada religiatildeo reagir a situaccedilotildees espe-ciacuteficas em diferentes momentos histoacutericos que impedem ou dificultam uma ldquoconclusatildeordquo definitiva

Reconhecer essa dificuldade natildeo significa fugir do problema o respeito ou a compreensatildeo das crenccedilas e ideacuteia alheias natildeo impede a criacutetica objetiva que procura uma anaacutelise racional dos fenocircmenos soacutecio-culturais Desse modo com um meacutetodo apoiado o quanto possiacutevel na objetividade cientiacutefica mesmo considerando a parcela de subjetividade de cada pesquisador pois ateacute o mais isento eacute passiacutevel de condicionamentos ideoloacutegicos eacute possiacutevel uma criacutetica ampla e esclarecedora sobre os fenocircmenos histoacutericos e sociais Os religiosos exigem respeito dos criacuteticos da religiatildeo Na mesma moeda os criacuteticos da religiatildeo poderiam pedir toleracircncia aos religiosos ao se defronta-rem com interpretaccedilotildees que natildeo lhes agradem

Eacute muito conhecida a afirmaccedilatildeo de Marx23 agraves vezes citada fora de seu con-texto que a luta de classes eacute o motor da histoacuteria Um acompanhamento da histoacuteria da humanidade principalmente nos uacuteltimos seacuteculos (e em muitos aspectos principalmente agora no seacuteculo XXI como demonstraram os inci-

21Michael PALMER Freud e Jung sobre a religiatildeo p 143 e 144 22 Aspas do autor 23O autor se refere a Karl MARX e a obra O Capital Criacutetica da Economia Poliacutetica Rio de Janeiro Editora Civilizaccedilatildeo Brasileira 1975

34

dentes entre os Estados Unidos e os fundamentalistas islacircmicos) revela que a imposiccedilatildeo religiosa quando natildeo eacute o seu principal combustiacutevel tam-beacutem pode ser o ldquomotor da histoacuteriardquo propriamente dito24

Assim sendo e por forccedila da necessidade de nos posicionarmos diante de

tatildeo complexo fenocircmeno humano com variadas possibilidades conceituais que o

termo metodoloacutegica e cientificamente nos oferece vamos adotar o sentido significa-

tivo de ldquoreligiosidaderdquo preconizada por Rudolf Otto ao inveacutes de ldquoreligiatildeordquo em nossa

dissertaccedilatildeo Parece-nos salvo melhor juiacutezo que o termo religiosidade eacute mais ade-

quado aos paracircmetros da presente pesquisa pois natildeo seraacute o caso de entrar no meacute-

rito das discussotildees sobre o que venha a ser religiatildeo assim como tambeacutem natildeo abor-

daremos suas significacircncias pelos vieses teoloacutegicos dogmaacuteticos doutrinaacuterios ou

filosoacuteficos pois o presente trabalho natildeo estaacute focalizando a discussatildeo ou criacutetica sobre

possiacuteveis correntes do pensamento religioso

O termo religiosidade por sua vez tambeacutem tem assim como a palavra re-

ligiatildeo uma conceituaccedilatildeo complexa e possivelmente ainda mais ampla

Por uma abordagem atraveacutes do vieacutes da fenomenologia a religiosidade eacute

definida segundo Pedro A Ribeiro de Oliveira como ldquo() um conjunto de disposi-

ccedilotildees referentes ao sagrado antes que estas sejam socialmente elaboradas e sociali-

zadasrdquo 25

Complementando suas afirmaccedilotildees o autor anota que

Tal reflexatildeo natildeo assume qualquer conotaccedilatildeo negativa quanto ao fenocircme-no a ser examinado distinguimos a religiosidade de fenocircmenos propria-mente religiosos porque estes supotildeem certa institucionalidade ou pelo menos um miacutenimo de normatividade e sociabilidade enquanto aquela ex-pressaria a experiecircncia religiosa em seu estado original

Assim entendida a religiosidade natildeo poderia ser uma categoria socioloacutegi-ca uma vez que natildeo eacute um fato social De fato para falar de religiosidade eacute melhor comeccedilar pela proacutepria fenomenologia que ecirc nela um dos ele-

24Julio Joseacute CHIAVENATO Religiatildeo da origem agrave ideologia p 349 e 350 25Pedro A RIBEIRO DE OLIVEIRA Religiosidade conceito para as ciecircncias do social ndash Uma apro-ximaccedilatildeo fenomenoloacutegica In Seacutergio Ricardo COUTINHO (Org) Religiosidades misticismo e histoacuteria no Brasil Central p135

35

mentos da proacutepria condiccedilatildeo humana aquele pendor que impulsiona o ser humano a buscar a transcendecircncia o sagrado o ganz andere26 ndash o intei-ramente outro Pendor que ao realizar-se provoca sensaccedilatildeo prazerosa que em algumas pessoas pode chegar ao ecircxtase Isso que chamamos de experiecircncia religiosa implica portanto o sentimento de comunhatildeo pro-funda com outras pessoas com a natureza ou com a proacutepria divindade27

Outra possiacutevel definiccedilatildeo do termo ldquoreligiosidaderdquo pode ser explicada pelo

vieacutes metodoloacutegico da historiografia com o enfoque socioloacutegico da religiosidade popu-

lar como afirma Laura de Mello e Souza

() a historiografia que se voltou para o estudo da religiosidade colonial procurou explicar suas caracteriacutesticas especiacuteficas A fluidez da organiza-ccedilatildeo eclesiaacutestica teria deixado espaccedilo para a atuaccedilatildeo dos capelatildees de engenho que gravitavam em torno dos senhores descuidando do papel do Estado e enfatizando o das famiacutelias no processo de colonizaccedilatildeo Gil-berto Freyre insere na sua explicaccedilatildeo aquilo que denomina de ldquocatolicis-mo de famiacuteliardquo com o capelatildeo subordinado ao pater famiacuteliasrdquo28 A religio-sidade subordinava-se desta forma agrave forccedila aglutinadora o organizatoacuteria dos engenhos de accediluacutecar integrando o triacircngulo Casa Grande ndash Senzala ndash Capela sua especificidade maior seria o familismo explicador do acentu-ado caraacuteter afetivo e da maior intimidade com a simbologia tatildeo caracteris-ticamente nossos29

Estela Noronha elaborou um posicionamento do termo ldquoreligiosidaderdquo

dentro da contextualizaccedilatildeo poacutes-moderna que contempla este trabalho Somou ob-

servaccedilotildees de dois autores preocupados com as diversas facetas dos assuntos rela-

cionados agrave religiosidade

26O destaque em itaacutelico no texto do autor 27Pedro A RIBEIRO DE OLIVEIRA Religiosidade conceito para as ciecircncias do social ndash Uma apro-ximaccedilatildeo fenomenoloacutegica In COUTINHO Seacutergio Ricardo (Org) Religiosidades misticismo e histoacuteria no Brasil Central p135 28A autora se refere a uma citaccedilatildeo na paacutegina 37 da obra de Gilberto FREYRE Casa Grande amp Senza-la ndash Formaccedilatildeo da famiacutelia brasileira sob o regime de economia patriarcal 9ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Joseacute Olympio 1958 29Laura de Mello e SOUZA O diabo e a terra de Santa Cruz feiticcedilaria e religiosidade popular no Bra-sil p87

36

() Brandatildeo30 afirma que nos tempos atuais o indiviacuteduo passou a ser o construtor de sua religiosidade e se vincula a uma instituiccedilatildeo apenas de maneira formal No entanto esta vinculaccedilatildeo formal eacute importante porque segundo Carvalho31 estar inserido num determinado grupo daacute a sensa-ccedilatildeo de pertenccedila de contemporaneidade e ao mesmo tempo de vincula-ccedilatildeo aos centros produtores de sentido sem estar repetindo ou reprodu-zindo o tradicional Jaacute o poacutes-moderno apropria-se de elementos tradicio-nais da religiatildeo e os reinterpreta a partir de uma visatildeo secular do campo religioso onde a ideacuteia de consumo ou de mercado eacute predominante 32

No entanto para Rudolf Otto a religiosidade ou a feacute do indiviacuteduo estaacute li-

gada agrave experiecircncia social do sagrado O termo ldquosagradordquo ou ldquosacrordquo vem do latim

sacrum e sacer Tem como significado tudo aquilo o sujeito o objeto o tempo o

lugar ou a coisa que permite experienciar o divino Essa experiecircncia eacute vivida emo-

cionalmente entre os sentimentos de polos opostos perceptiacuteveis como por exemplo

os sentimentos flutuantes entre medoterror e a fascinaccedilatildeo A essa percepccedilatildeo Otto

chamou de misterium tremendum33 Faz-se necessaacuterio esclarecer tambeacutem que o

Sagrado34 para este estudioso eacute uma categoria de interpretaccedilatildeo e de avaliaccedilatildeo

que como tal soacute existe sob o domiacutenio religioso e que traz em sua essecircncia algo

com um significado e abrangecircncia maior e mais amplo transcendente e de natureza

divina o que em sua obra designou de numinosum 35

Carl G Jung avaliza largamente os conceitos de Otto para descrever sua

concepccedilatildeo do que venha a ser religiatildeo Logo no iniacutecio do livro Psicologia e religiatildeo

Jung pontua

Religiatildeo eacute ndash como diz o vocabulaacuterio latino religare ndash uma acurada e consciencio-sa observaccedilatildeo daquilo que Rudolf Otto acertadamente chamou de numinosum isto eacute uma existecircncia ou um efeito dinacircmico natildeo causados por um ato arbitraacuterio

30A autora refere-se ao autor e obra Carlos Rodrigues BRANDAtildeO A crise das instituiccedilotildees tradicio-nais produtoras de sentido p 25-41 31 A autora refere-se ao autor e obra Joseacute Jorge CARVALHO O encontro de velhas e novas religi-otildees p77-82 32Estela NORONHA Tenha feacute tenha confianccedila Iemanjaacute eacute uma esperanccedila Um estudo a luz da soacutecio-antropologia e da psicologia analiacutetica de fenocircmeno ldquoIemanjismordquo entre os natildeo devotos das religiotildees afro-brasileira p188 33 Rudolf OTTO O Sagrado p22 34Ibid p185-196 35Ibid p4

37

() e eacute independente de sua vontade () O numinoso pode ser a propriedade de um objeto visiacutevel ou o influxo de uma presenccedila invisiacutevel que produzem uma modificaccedilatildeo especial na consciecircncia Tal eacute pelos menos a regra universal 36

Consideradas as palavras de Otto e Jung a ldquoreligiosidaderdquo seraacute por noacutes

entendida como uma capacidade intriacutenseca e extriacutenseca humana em transcender37

significando eou resignificando a sua proacutepria existecircncia a despeito de valores dog-

maacuteticos doutrinaacuterios ritualiacutesticos e teoloacutegicos anteriores ou convencionais

Edecircnio Valle em seu livro Psicologia e experiecircncia religiosa38 estabele-

ceu a diferenccedila e explicou a religiosidade intriacutenseca e extriacutenseca onde as caracteriacutes-

ticas da religiosidade intriacutenseca satildeo o forte compromisso pessoal universalista eacuteti-

co e de amor ao proacuteximo A religiosidade intriacutenseca tambeacutem seria altruiacutesta humani-

taacuteria e natildeo-egocecircntrica na qual a feacute possui importacircncia central aceita sem reserva e

o credo seguido inteiramente Aberta a experiecircncia religiosa intensa vecirc positivamen-

te a morte e possui sentimentos de poder e de capacidade proacuteprios O mesmo autor

entende como caracteriacutesticas da religiosidade extriacutenseca a religiatildeo de conveniecircncia

surgida em momentos de crise e necessidade Etnocecircntrica39 exclusivista fechada

grupalmente sua feacute e crenccedilas satildeo superficiais e sofrem uma seleccedilatildeo subjetiva Utili-

taacuteria sem visar outras finalidades estaacute a serviccedilo de outras necessidades pessoais e

sociais Deus eacute visto como duro e punitivo e a visatildeo da morte eacute negativa Ao contraacute-

rio da religiosidade intriacutenseca na qual o sujeito tem sentimentos de poder e de ca-

pacidade proacutepria aqui o sentimento eacute de impotecircncia e de controle externo

A feacute assim como a religiatildeo e a religiosidade tambeacutem eacute um termo de

complexo entendimento que podemos abordaacute-lo de diversas maneiras No entanto

destacamos que apesar da palavra eventualmente nos remeter a uma ideacuteia de algo

natildeo comprovaacutevel do ponto de vista cientiacutefico a Ciecircncia da Religiatildeo nos permite uma

aproximaccedilatildeo conscienciosa dentro dos rigores metodoloacutegicos quando abordamos a

questatildeo fenomenologicamente ou atraveacutes da filosofia

36 Carl G JUNG Psicologia e Religiatildeo p9 37 Elevar-se acima de algo de estar em outro plano ou lugar (neste texto) 38Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia religiosa p270 39O termo se refere agrave tendecircncia do pensamento a considerar as categorias normas e valores da proacute-pria sociedade ou cultura como paracircmetro aplicaacutevel a todas as demais

38

A noeacutetica40 oferece oportunidade de examinarmos o assunto Segundo

Adolphe Gescheacute

() eacute o ser humano de um conhecimento porque haacute tambeacutem um conteuacute-do noeacutetico da feacute o crente eacute visitado por uma Palavra (fides ex auditu)41 Aqui a linguagem eacute a linguagem da revelaccedilatildeo O crente natildeo vive uma ex-periecircncia nebulosa mas uma experiecircncia transpassada por uma luz que ilumina o seu conhecimento embora este continue sendo ao mesmo tempo um ldquodesconhecimentordquo diante daquilo que o ultrapassa42

Wolmir Therezio Amado propotildee que nos prendamos a duas perspectivas

baacutesicas para entendermos o que eacute feacute e sobre as quais formulou correspondentes

epistemologias43

() uma delas foi considerar a feacute e a religiatildeo no acircmbito estatutaacuterio da adesatildeo voluntarista e sujeitas agraves expectativas do coraccedilatildeo outra foi o de conhecer o acircmbito epistemoloacutegico da feacute nos limites da consciecircncia dialeacuteti-ca Ambas estatildeo muito presentes na realidade atual ainda que questotildees novas acerca do discernimento da feacute tenham surgido na poacutes-modernidade e no contexto do terceiro mundo44

O mesmo autor pontua

() Para a fenomenologia o esforccedilo teoacuterico consiste em compreender a feacute apenas como sentido de fenocircmeno deixado de lado aquilo que ilumina a graccedila ou que indica uma ordem superior A feacute nessa perspectiva eacute analisada na ordem das significaccedilotildees No esforccedilo empreendido pela filo-sofia o conhecimento da feacute soacute eacute possiacutevel ser interpretado agrave medida que se adentra em suas articulaccedilotildees porque ela estaacute em toda experiecircncia humana Se de um lado a feacute eacute um dom conferido de outro tal dom eacute dado como possibilidade que tem o imperativo de desabrochar para-ser

40Noeacutetica (filosofia) Estudo das leis gerais do pensamento 41O destaque em itaacutelico eacute do autor 42Adolphe GESCHEacute O ser humano p34 43Conjunto de conhecimentos que tecircm por objeto o conhecimento cientiacutefico visando a explicar os seus condicionamentos (sejam eles teacutecnicos histoacutericos ou sociais sejam loacutegicos matemaacuteticos ou linguumliacutesticos) sistematizar as suas relaccedilotildees esclarecer os seus viacutenculos e avaliar os seus resultados e aplicaccedilotildees 44Wolmir Therezio AMADO Diaacutelogos com a feacute p103

39

Assim a feacute se daacute em trecircs niacuteveis baacutesicos como puro desvelamento45 do outro ausente como confianccedilaesperanccedila ou entrega de si ao outro e como manifestaccedilatildeo externa paradigma visiacutevel No esforccedilo de-ser capta (sem se apropriar) o ser analoacutegico Mas este captar implica uma feacute meta-fiacutesica uma vez que outro soacute eacute compreendido por semelhanccedila A verifica-ccedilatildeo absoluta nunca me seraacute possiacutevel por isso haacute a praacutexis46 do risco e da confianccedila por mim assumida Alem da fenomenologia e da filosofia a feacute eacute apresentada teologicamente pela oacutetica biacuteblica47

Alguns autores se preocuparam em observar e tentar descrever as situa-

ccedilotildees ocorrentes de feacute por outras abordagens entre os seres humanos

Um deles foi James W Fowler que sobre o prisma da religiosidade teceu

as consideraccedilotildees sobre a feacute em sua obra Estaacutegios da Feacute A Psicologia do Desen-

volvimento Humano e a Busca de Sentido Nela admite a centralidade deste fenocirc-

meno na vida do ser humano e para isso interpreta-o por um vieacutes existencial Se-

gundo este autor eacute na existecircncia real que podemos vislumbrar o transcendente e

assim construir um sentido para a vida gerando consequumlecircncias positivas para o

contexto vivencial de cada um

Outro aspecto relevante neste livro eacute que a feacute eacute sempre relacional de-

pende das variaacuteveis que atingem o ser humano a todo tempo Satildeo pessoas que fa-

zem parte e partilham a feacute com os outros seres humanos A feacute desta forma estaria

presente no humano de forma universal e seria algo anterior agrave crenccedila aleacutem de ter o

poder de sustentar a vida

Fowler se preocupa com questotildees da feacute porque entende que ela eacute mais

profunda e pessoal do que a religiatildeo e eacute a maneira pela qual uma pessoa ou grupo

responde aos valores e aos poderes transcendentes conforme satildeo percebidos e

aprendidos atraveacutes das formas da tradiccedilatildeo cumulativa Essa tradiccedilatildeo por sua vez

agrega valores que se refletem na crenccedila que eacute alimentada e vivida na feacute Contudo

eacute a feacute que eacute colocada como mais rica e a mais pessoal pois leva o ser humano aleacutem

de si mesmo e isso eacute segundo o autor algo de maravilhoso pois permite viver a

vida como ela eacute

45O sentido da palavra lsquodesvelamentorsquo no texto eacute aplicaacutevel a dar a conhecer (conhecimento) ou reve-lar (revelaccedilatildeo) 46O sentido da palavra lsquopraacutexisrsquo empregado pelo autor em seu texto deve ser compreendida como Atividade praacutetica accedilatildeo exerciacutecio ou uso 47Wolmir Therezio AMADO Diaacutelogos com a feacute p104

40

Nesta obra existe tambeacutem uma anaacutelise que aborda os aspectos da feacute pe-

lo vieacutes desenvolvimento da crianccedila do adolescente e do adulto no meio familiar on-

de a confianccedila e amor vatildeo gerar os futuros trilhos da feacute naquele sujeito que viven-

ciou o contexto da famiacutelia segura A lealdade eacute apresentada como modelo e tambeacutem

eacute cobrada nas relaccedilotildees diaacuterias da pessoa que se insere na sociedade

Fowler tambeacutem estabeleceu sete estaacutegios de desenvolvimento da feacute

O primeiro estaacutegio seria o da feacute primal durante a formaccedilatildeo uterina e

tambeacutem presente nos primeiros meses apoacutes o nascimento Esta fase envolveria os

iniacutecios da confianccedila emocional O desenvolvimento posterior da feacute teria como base

este primeiro estaacutegio

O segundo estaacutegio relacionaria a vida pessoal na primeira infacircncia Seria

a Feacute intuitiva ou projetiva Neste estaacutegio a imaginaccedilatildeo articular-se-ia agrave percepccedilatildeo

dos sentimentos para criar imagens religiosas de longa duraccedilatildeo A crianccedila se torna-

ria consciente do sagrado das proibiccedilotildees e da existecircncia das normas morais

O terceiro corresponderia ao estaacutegio das operaccedilotildees concretas onde a

crianccedila aprenderia a diferenciar a fantasia do mundo real e teria tambeacutem condiccedilotildees

de perceber a perspectiva dos outros As crenccedilas e siacutembolos religiosos satildeo aceitos

de forma quase literal A este o autor denominou como o estaacutegio da feacute miacutetica

O quarto estaacutegio estaria situado na fase do iniacutecio da adolescecircncia ou pu-

berdade A confianccedila se desloca para as ideacuteias abstratas do pensamento loacutegico for-

mal e a um possiacutevel relacionamento mais pessoal com Deus As consideraccedilotildees so-

bre as experiecircncias passadas ou anteriores permitem ao indiviacuteduo externar preocu-

paccedilotildees com o futuro junto a outras pessoas e a construccedilatildeo de um mundo baseado

em valores e em pontos de vista pessoais A este estaacutegio Fowler denominou como

sendo a feacute sinteacutetica ou convencional

O quinto estaacutegio ocorreria no periacuteodo que fosse do final da adolescecircncia

agrave fase adulta Nesta fase as pessoas fariam uma reconstituiccedilatildeo e exame criacutetico dos

valores e crenccedilas inclusive recorrendo ao apoio de autoridades externas agrave famiacutelia

visando um suporte mais interno aacute sua pessoa A este estaacutegio do desenvolvimento

da feacute o autor chamou ndash a de individualizada e reflexiva

O sexto estaacutegio ocorreria nas pessoas de meia idade e aleacutem Nesta fase

da vida haveria a possibilidade da conjugaccedilatildeo de opostos como por exemplo a

compreensatildeo que um indiviacuteduo pode ser jovem e velho masculino e feminino des-

trutivo e construtivo Pode decorrer deste particular uma atenccedilatildeo e um relaciona-

41

mento mais profundo atraveacutes dos siacutembolos e do relacionamento com eles possibili-

tando uma ampliaccedilatildeo das muacuteltiplas perspectivas do mundo em sua complexidade

Este fato permitiraacute tambeacutem ao indiviacuteduo passar do estaacutegio da feacute individualizada pa-

ra aquela que chamou de conjuntiva cuja particularidade seria o entendimento de

seus valores em sua multidimensionalidade e interdependecircncia orgacircnica

Finalmente Fowler estabeleceu o seacutetimo estaacutegio que chamou de feacute uni-

versalizante Seria o estaacutegio final que envolveria o sujeito e onde estaria a experi-

ecircncia de unidade com o poder do ser e de Deus com um compromisso para a justi-

ccedila e o amor aleacutem da superaccedilatildeo da opressatildeo e da violecircncia As pessoas que che-

gassem a este estaacutegio da feacute viveriam como se o reino do amor e justiccedila estivesse

realmente presente Satildeo indiviacuteduos que estatildeo integralmente voltados contra as in-

justiccedilas e sob um taacutecito abraccedilo com a paz Natildeo haacute neste caso uma idade especiacutefi-

ca

Quanto ao fenocircmeno ldquofeacuterdquo se observado em seu significado mais amplo e

pelo lado pessoal dos indiviacuteduos ele nos leva a correlacionaacute-lo a algo em que se

acredita ou se confia No entanto se avanccedilarmos um pouco mais pela natureza praacute-

tica terminoloacutegica encontraremos pelo menos duas aplicaccedilotildees distintas na primeira

possibilidade veremos uma conceituaccedilatildeo de cunho racionalista estando ligada ao

vieacutes cientiacutefico nos cientistas e seus postulados em evidecircncias fiacutesicas ou laboratori-

ais

A segunda possibilidade aparece quando o fenomeno natildeo tem como base

essas evidecircncias Neste caso a feacute estaacute associada a experiecircncias pessoais (de

enfoque psicoacutelogico) e pode ser transmitida a outros atraveacutes de relatos histoacutericos

(cristianismo judaiacutesmo e islamismo) Neste sentido ela eacute associada ao contexto

religioso ou miacutestico

Como escreve JB Libacircnio

A feacute religiosa eacute contruiacuteda sobre a base humana Sem feacute humana natildeo haveria feacute religiosa Ela pede um salto para o aleacutem da esfera das relaccedilotildees humanas entra no campo do misteacuterio

A fenomenologia da religiatildeo constata como experiecircncia existente em todas as culturas exceto na cultura moderna a realidade numinosa a feacute

42

religiosa O termo ldquonuminosordquo ndash do latim numem - exprime a vontade e o poder divinos 48

A decisatildeo de ter feacute pode ser por vezes unilateral ou seja depende da

vontade da sensibilidade ou da percepccedilatildeo sensorial e individual ou pode ainda ser

aprendida Neste caso os cleacuterigos tecircm uma importante participaccedilatildeo no

entendimento sobre a concepccedilatildeo da ideacuteia da feacute assim como a famiacutelia pela

transmissatildeo de seus valores religiosos Outras vezes a feacute pode se manifestar

independentemente da vontade do indiviacuteduo como por exemplo um ldquoacreditarrdquo

oriundo de uma possiacutevel revelaccedilatildeo miacutestica ou divina

Essa eacute outra vertente religiosa segundo o autor

() mistura-se com traccedilos da psicologia humanista transpessoal de auto-realizaccedilatildeo Prefere-se o termo espiritualidade em vez de feacute Essa escolha jaacute indicava uma diluiccedilatildeo de seu caraacuteter Eacute uma espiritualidade global que toca a piedade e religiosidade de traccedilos matriarcais da qual a Nova Era eacute a melhor expressatildeo O acesso ao divino se faz no interior de cada pessoa e natildeo por meio das realidades objetivas que as religiotildees tradicionais oferecem dogmas sacramentos e ritos institucionalizados

Eacute uma experiecircncia de interioridade intuitiva contemplativa do ser que transcende o fazer no interior do ser Aiacute estaacute a presenccedila divina natildeo necessariamente da pessoa de Deus49

Na atualidade anotou Libacircno que

() a feacute religiosa cresce na sociedade atual por outra razatildeo A secularizaccedilatildeo que teve seu apogeu nas deacutecadas de 1960 e 1970 especialmente no meio intelectual e sob sua influecircncia provocou uma reaccedilatildeo contraacuteria Ao reduzir o papel e o poder das religiotildees sobre a sociedade e a cultura a secularizaccedilatildeo produziu uma privatizaccedilatildeo das formas religiosas As pessoas escolhem as formas religiosas que mais

48Joatildeo Batista LIBAcircNIO Feacute p20 e 22 49Ibid p29

43

respondem agrave subjetividade provocando verdadeiro surto religioso Eacute a outra face da secularizaccedilatildeo que minando as instituiccedilotildees engendrou uma busca sedenta de expressotildees religiosas50

Continuou o autor

() Trava-se entatildeo uma forte luta entre a feacute religiosa coacutesmica e a apropriaccedilatildeo capitalista da natureza No niacutevel estritamente religioso ela assume papel profeacutetico e criacutetico na sociedade Isso explica o crescimento em nosso meio do budismo da miacutestica islacircmica e de outras formas sacrais coacutesmicas como o Santo Daime e a Uniatildeo do Vegetal Haacute uma sede de feacute religiosa no meio do desgaste psico-humano provocado pela sociedade e cultura modernas A Nova Era traduz muito dessa feacute religiosa atual51

Assim sendo os enunciados acima satildeo alguns dos que melhor explicam

o fenocircmeno Concluiacutemos que pode-se ter feacute tanto numa pessoa quanto num objeto

inanimado numa ideologia num pensamento filosoacutefico num sistema qualquer num

conjunto de regras numa crenccedila numa base de propostas ou em dogmas de uma

determinada religiatildeo

1 2 Marketing uma ideacuteia e um conceito em evoluccedilatildeo

Para concebermos qualquer tipo de negoacutecio o marketing eacute a primeira fer-

ramenta existente agrave disposiccedilatildeo do mercado nestes nossos tempos

A palavra ldquomarketingrdquo assim como o vocaacutebulo ldquoreligiatildeordquo tem sido usada

de forma quase indiscriminada e em contextos cada vez mais diferentes daqueles

que a nosso ver seriam os mais corretos Assim sendo nos parece oportuno e ne-

50Joatildeo Batista LIBAcircNIO Feacute p25 e 26 51Ibid p 27

44

cessaacuterio trazermos um posicionamento mais acurado acerca de seu significado evi-

tando desta forma os pleonasmos com que os usos coloquiais por vezes nos brin-

dam

Como trabalharemos com a hipoacutetese que a presente pesquisa apontou

de que a feacute seja a alavanca motivacional de negoacutecios no varejo de produtos religio-

sos e depois de expor estudos realizados para melhor compreensatildeo da terminologia

atinente agrave religiatildeo agrave religiosidade e agrave feacute procuraremos nos situar frente agrave terminolo-

gia e conceituaccedilatildeo do marketing

Isto posto analisaremos atraveacutes de um breve relato histoacuterico a evoluccedilatildeo

conceitual que o marketing vem experimentando ao longo do tempo

Alexandre Luzzi Las Casas nos apontou

Antes de analisar o assunto detalhadamente conveacutem fazer um esclareci-mento a respeito do termo em inglecircs No Brasil por volta de 1954 marke-ting foi traduzido como mercadologia quando surgiram os primeiros movi-mentos para a implantaccedilatildeo de curso especiacutefico em estabelecimento de en-sino superior e desde entatildeo tem sido adotada essa expressatildeo

Entretanto o termo em inglecircs significa accedilatildeo no mercado como a traduccedilatildeo sugere ()

Para entendermos o significado de marketing o ideal eacute comeccedilar com a de-finiccedilatildeo claacutessica da literatura mercadoloacutegica Em 1960 a Associaccedilatildeo Ameri-cana de Marketing definiu-o como ldquoo desempenho das atividades comerci-ais que dirigem o fluxo de bens e serviccedilos do produtor ao consumidor ou usuaacuteriordquo 52

Francisco Gracioso afirmou completando as palavras de Las Casas

() Esta definiccedilatildeo como agrave daqueles economistas deixaram de lado muitos fatos da vida real Mas era inteiramente consistente com os princiacutepios eco-nocircmicos da divisatildeo do trabalho que se seguiram agrave Revoluccedilatildeo Industrial na Inglaterra No entanto apesar de arranharem em certas passagens o es-copo e a importacircncia do marketing como noacutes entendemos hoje as obras de Torrens James Mill e Ricardo concentram-se em apenas dois dos fato-

52Alexandre L LAS CASAS Marketing conceitos exerciacutecios casos p15

45

res modernamente associados ao marketing a produccedilatildeo e a distribuiccedilatildeo relegando o consumo e o consumidor a um plano totalmente secundaacuterio Muitas deacutecadas se passariam antes que se compreendesse que uma nova teacutecnica de produccedilatildeo fosse capaz de produzir determinado artigo mais raacutepi-do e economicamente teraacute apenas valor teoacuterico se natildeo for possiacutevel a ab-sorccedilatildeo do mercado para aquele tipo de produto 53

Continuando Gracioso afirmou que

() A teoria econocircmica claacutessica falhou em que o estudo do marketing mo-derno realmente tem iniacutecio o consumidor e os problemas da criaccedilatildeo da demanda Ao contraacuterio via o ajustamento entre a oferta e a procura em termos puramente de uma operaccedilatildeo automaacutetica do mecanismo de preccedilos Se a oferta de um produto subisse o preccedilo cairia e os consumidores com-prariam mais Se a oferta caiacutesse os preccedilos subiriam e os consumidores comprariam menos

Foi o economista inglecircs JMKeynes em seu famoso livro General Theory of Employment Interest and Money publicado em 1936 quem pela pri-meira vez expocircs de forma clara a falaacutecia dessa regra Keynes demonstrou que havia ainda outros fatores subjetivos mas nem por isso menos impor-tantes que influem poderosamente no acircnimo e no comportamento do con-sumidor

Impulsos e motivaccedilotildees psicoloacutegicas absolutamente pessoais satildeo alguns fatores e sobre eles muito falaremos neste livro 54

O autor assinalou ainda

() A etapa seguinte foi a percepccedilatildeo pelos produtores que a uacutenica manei-ra de minimizar este risco e garantir uma base de crescimento firme para a sua produccedilatildeo seria uma compreensatildeo mais perfeita e profunda do que re-almente interessava ao mercado Em outros termos era preciso conhecer melhor quais os verdadeiros anseios interesses e necessidades concretas e subjetivas dos consumidores aos quais se destinavam as mercadorias produzidas

53Francisco GRACIOSO Marketing O sucesso em 5 movimentos p 16 54Ibid p17

46

Pouco a pouco tomava forma o conceito baacutesico de marketing moderno produz-se aquilo que os consumidores desejam55

Gracioso finalizou sua exposiccedilatildeo conceitual afirmando ldquo() marketing eacute o

conjunto de esforccedilos realizados para criar (ou conquistar) e manter clientes satisfei-

tos e lucrativosrdquo 56

Segundo a visatildeo de Peter Drucker marketing eacute uma funccedilatildeo eminente-

mente empresarial como verificaremos a seguir

Marketing eacute a funccedilatildeo distintiva e uacutenica da empresa Uma empresa se dis-tingue de todas as outras organizaccedilotildees humanas pelo fato de oferecer ao mercado um produto ou serviccedilo Nem a igreja nem o exeacutercito nem a esco-la e nem o governo fazem isso Qualquer organizaccedilatildeo que se completa a-traveacutes do marketing de um produto ou serviccedilo eacute uma empresa Qualquer organizaccedilatildeo em que o marketing estaacute ausente ou eacute incidental natildeo eacute uma empresa e jamais deveraacute ser administrada como tal57

Continuando sua tese o autor filoacutesofo e estrategista empresarial afirmou

() O marketing eacute tatildeo baacutesico que natildeo pode ser considerado uma funccedilatildeo agrave parte (ie uma habilidade ou trabalho separado) dentro da empresa como pessoal ou produccedilatildeo Marketing requer trabalho em separado e um nuacutemero de atividades distintas Mas eacute em primeiro lugar uma dimensatildeo central de toda a empresa Eacute a empresa toda observada do ponto de vista de seu re-sultado final isto eacute do ponto de vista do consumidor Preocupaccedilatildeo e res-ponsabilidade por marketing devem portanto estar em todas as aacutereas da empresa58

55Francisco GRACIOSO Marketing O sucesso em 5 movimentos p18 56Ibid p29 57Peter F DRUCKER Administraccedilatildeo tarefas responsabilidade e praacuteticas p 67 58Ibid p69

47

Como percebemos satildeo muitas as possibilidades conceituais que nos dias

de hoje estatildeo agrave nossa disposiccedilatildeo sobre este assunto Faz-se importante notar que

por vezes alguns fatores ou caracteres se tornam comum aos teoacutericos Neste caso

vamos destacar a explicitaccedilatildeo da preocupaccedilatildeo com o cliente ou consumidor final e o

foco das relaccedilotildees entre eles tendo em vista uma possiacutevel dinacircmica comercial e a

delicada relaccedilatildeo com o necessaacuterio lucro por parte das empresas

Alguns autores prendem-se mais agraves preocupaccedilotildees estruturais de uma

empresa como Drucker observou Outros tecircm as suas arguumliccedilotildees voltadas para o

significado semacircntico da palavra ldquomarketingrdquo e seu histoacuterico-econocircmico (Las Casas

e Gracioso respectivamente)

De fato cada autor e agrave sua maneira tem suas razotildees para enfatizar as

possiacuteveis conceituaccedilotildees que o termo marketing recebe Vale acrescentar que todas

as possibilidades acima descritas como exemplos satildeo vaacutelidas e natildeo raramente

complementares entre si59

Outra observaccedilatildeo relevante eacute que o conceito e a significacircncia teacutecnica da

expressatildeo marketing tem evoluiacutedo mudado e se aprimorado com o passar do tem-

po Portanto natildeo seria prudente afirmar-se categoricamente uma ou outra possibili-

dade60

Para este trabalho e devido agrave necessidade de adotarmos uma linha de

pensamento mais pontuada e visando uma satisfatoacuteria e transparente aderecircncia ao

meacutetodo cientiacutefico vamos adotar como conceito a formulaccedilatildeo conceitual de Philip

Kotler e Gary Armstrong ldquoUm processo administrativo e social pelo qual indiviacuteduos e

grupos obtecircm o que necessitam e desejam por meio da criaccedilatildeo oferta e troca de

produtos e valor com os outrosrdquo 61

Partiremos do preacute-suposto que a conceituaccedilatildeo de Kotler e Armstrong es-

teja dentro de uma dinacircmica organizacional portanto de forma sistecircmica como pre-

59Diferentemente do termo ldquoreligiatildeordquo que provoca grandes e toacuterridas discussotildees nos meios acadecircmi-cos a palavra ldquomarketingrdquo experimenta ao longo do tempo constante evoluccedilatildeo 60A Administraccedilatildeo de empresas quando vista sob o prisma cientiacutefico se enquadra no conjunto das ciecircncias humanas e sociais aplicadas Assim sendo conceituaccedilotildees mais obliacutequas satildeo sempre peri-gosas pois essa ciecircncia natildeo raramente transcende agrave cabiacutevel exatidatildeo das ciecircncias exatas Embora as respostas e justificativas administrativas quase sempre ocorram em formas numeacutericas o adminis-trador deve ter sempre em mente a principal razatildeo de sua existecircncia que eacute o compromisso-primo com o fator humano endoacutegeno e exoacutegeno nas organizaccedilotildees Queiram essas organizaccedilotildees visem o lucro ou natildeo 61Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de marketing p03

48

coniza a administraccedilatildeo cientiacutefica Tal dinacircmica mercadoloacutegica empresarial teraacute como

foco seus clientes razatildeo maior da existecircncia da empresa comercial e institucionali-

zada O capital e seu mercado deveratildeo estar permanentemente monitorados e de-

fendidos Suas preocupaccedilotildees estrateacutegicas no entanto estaratildeo voltadas para o futu-

ro em termos de tempo demanda e lucratividade

A maneira de interpretar o marketing no presente trabalho natildeo se descui-

da desta maior amplitude do conceito moderno da aacuterea embora nossa ecircnfase esteja

primordialmente voltada agrave empresa comercial varejista e sobretudo agraves responsabi-

lidades dos executivos que administram recursos limitados agrave luz de objetivos prede-

terminados e voltados ao conviacutevio com um meio ambiente em constante transforma-

ccedilatildeo

O nuacutecleo de nossa definiccedilatildeo de marketing eacute a ideacuteia da troca ou do inter-

cacircmbio de quaisquer tipos de valores entre partes interessadas Esta troca pode en-

volver objetos tangiacuteveis (tais como bens de consumo e dinheiro) e intangiacuteveis (como

serviccedilos ou mesmo ideacuteias)

Por mais ampla que possa ser a gama de objetos transacionados no ca-

so desta dissertaccedilatildeo seratildeo considerados os de uso e aplicaccedilotildees ritualiacutesticas ou afe-

tos agrave religiosidade No entanto tipos especiais de trocas eacute que mereceratildeo ser carac-

terizados como mercadoloacutegicos Para que neste trabalho tenha importacircncia e mere-

ccedila esta abordagem essas trocas deveratildeo ter o intuito da continuidade no processo

entre as partes envolvidas ou seja ela deve ser ao mesmo tempo sistemaacutetica in-

tencional e voltada para uma expectativa de resultados previsiacuteveis intuiacutedos ou dese-

jados Esses resultados deveratildeo ser almejados por parte dos empresaacuterios e dos cli-

entes de empresas varejistas que operacionalizam suas atividades sobre o nicho da

religiosidade

49

13 O desenvolvimento e a cronologia de uma ideacuteia marketing

bull O iniacutecio

Apesar de encontrarmos suas raiacutezes ao longo da histoacuteria da humanidade

na proacutepria gecircnese do comeacutercio o marketing eacute um campo de estudo novo se

comparado com as demais aacutereas do saber O estudo do mercado surgiu da

necessidade dos empresaacuterios em administrar uma nova realidade oriunda da

Revoluccedilatildeo Industrial

A revoluccedilatildeo industrial em seus dois momentos histoacutericos iniciou grandes

mudanccedilas econocircmicas e sociais No primeiro momento62 apareceram como fases

relevantes a mecanizaccedilatildeo da induacutestria e da agricultura a aplicaccedilatildeo da forccedila motriz

industrial e o desenvolvimento do sistema fabril aleacutem de uma formidaacutevel aceleraccedilatildeo

nos meios de transportes e de comunicaccedilotildees Em uma segunda etapa podemos

enunciar vaacuterias caracteriacutesticas importantes que marcaram eacutepoca63 a substituiccedilatildeo do

ferro pelo accedilo o desenvolvimento da maquinaria automaacutetica e um alto grau de

especializaccedilatildeo do trabalho nos ambientes fabris o crescente domiacutenio da induacutestria

pela ciecircncia o desenvolvimento de novas formas de organizaccedilatildeo capitalista e a

expansatildeo da industrializaccedilatildeo ateacute a Europa Central e Oriental por exemplo Desta

maneira essas novas situaccedilotildees modificaram a relaccedilatildeo do capital com os meios de

produccedilatildeo ateacute entatildeo e anteriormente existentes Como consequumlecircncia

estabeleceram tambeacutem um reposicionamento das forccedilas produtivas com o mercado

consumidor

Neste estaacutegio da histoacuteria econocircmica mundial o marketing ainda era

inseparaacutevel da economia e da administraccedilatildeo claacutessica A gestatildeo econocircmica e

empresarial nesse instante preocupou-se com a logiacutestica a produtividade e a

maximizaccedilatildeo dos lucros Os consumidores natildeo tinham qualquer poder de barganha

com os fabricantes e produtores Os aspectos humanos do mercado eram

ignorados aleacutem da concorrecircncia ser praticamente inexistente

62Seacuteculo VXII 63Seacuteculo XIX

50

Essa eacutepoca comeccedilam a surgir os primeiros sinais de excesso de oferta Os fabricantes desenvolveram-se e produziram em seacuterie Portanto a oferta passou a superar a demanda e os produtos acumulavam-se em estoques Algumas empresas comeccedilaram a utilizar teacutecnicas de vendas bem mais agressivas e a ecircnfase na comercializaccedilatildeo das empresas dessa eacutepoca era totalmente dirigidas agraves vendas 64

Nos anos 40 os trabalhos e observaccedilotildees a respeito da aplicaccedilatildeo da

psicologia na propaganda e o de William J Reilly65 sobre as Leis de Gravitaccedilatildeo do

Varejo66 comeccedilaram a dar um enfoque cientiacutefico ao marketing Uma das questotildees

cruciais nesse momento da histoacuteria era se as teorias de mercado podiam ou natildeo se

desenvolver Algumas abordagens defendiam a tese que isso nunca seria possiacutevel

Natildeo seriam passiacuteveis de desenvolvimento a uma teoria mercadoloacutegica genuiacutena pois

a consideravam extremamente subjetiva quase uma forma de arte Tal realidade

manteve-se inalterada ateacute os instantes finais da Segunda Guerra Mundial quando

entatildeo reagindo ao crescimento da concorrecircncia mercadoacutelogos comeccedilaram a

teorizar sobre como atrair e lidar com seus consumidores em funccedilatildeo da super-

produccedilatildeo Surgiu entatildeo a cultura de vender a qualquer preccedilo

bull Deacutecada de 1950

A primeira tentativa de mudanccedila dessa visatildeo mercadoloacutegica veio em

1954 pelas matildeos de Peter Drucker ao lanccedilar seu livro A Praacutetica da Administraccedilatildeo

Natildeo se tratava de ser propriamente um livro sobre marketing mas foi o primeiro

registro escrito que cita o marketing como uma forccedila poderosa a ser considerada

pelos administradores

64Alexandre L LAS CASAS Marketing conceitos exerciacutecios casos p22 65REILLY WJ The Law of Retail Gravitation New York Knickerbocker Press 1931 66 Principais enunciados

bull - A atraccedilatildeo de fregueses varia diretamente com a populaccedilatildeo da aacuterea em que o varejo se encontra

bull - A atraccedilatildeo de fregueses varia inversamente com o quadrado da distacircncia a ser percorrida por estes

bull - Uma cidade de maior populaccedilatildeo atrai o consumo de uma localidade menor na proporccedilatildeo direta do nuacutemero de habitantes

bull - Uma cidade de maior populaccedilatildeo atrai o consumo de uma localidade menor na proporccedilatildeo inversa ao quadrado da distacircncia entre elas

51

bull Deacutecada de 1960

Sequencialmente em 1960 elaborado por Theodore Levitt professor da

Harvard Business School em artigo na revista Harvard Business Review entitulado

Miopia de Marketing67 revelou uma seacuterie de erros de percepccedilotildees mostrou a

importacircncia da satisfaccedilatildeo dos clientes e transformou para sempre o mundo dos

negoacutecios O vender a qualquer custo deu lugar agrave satisfaccedilatildeo garantida

O universo do marketing comeccedilou a expandir-se e artigos cientiacuteficos

foram escritos pesquisas feitas e dados estatisticamente relevantes traccedilados

Foram separadas as estrateacutegias eficientes dos ldquoachismosrdquo e viu-se a necessidade de

um estudo seacuterio do mercado Este conhecimento adquirido ficou espalhado difuso

muitas vezes restrito ao mundo acadecircmico Em 1967 Philip Kotler lanccedilou a primeira

ediccedilatildeo de seu livro Administraccedilatildeo de Marketing onde pocircs-se a reunir revisar

testar e consolidar as bases daquilo que ateacute hoje formam o ldquocacircnone do marketingrdquo

bull Deacutecada de 1970

Nos anos 70 destacou-se o fato de surgirem departamentos e diretorias

de marketing em todas as grandes empresas Natildeo se tratava mais de uma boa ideacuteia

mas de uma necessidade de sobrevivecircncia Eacute nesta eacutepoca que se multiplicaram os

supermercados shopping centers e franchises De fato a contribuiccedilatildeo do marketing

foi tatildeo notoacuteria no meio empresarial que passou rapidamente a ser adotada em

outros setores da atividade humana O governo organizaccedilotildees civis entidades

religiosas e partidos poliacuteticos passaram a valer-se das estrateacutegias de marketing

adaptando-as agraves suas realidades e necessidades

bull Deacutecada de 1980

67Theodore LEVITT Marketing Myopia Harvard Business Review vol 38 1960 p 45-56

52

Em 1982 o livro Em Busca da Excelecircncia68 de Tom Peters e Bob

Waterman inaugurou todo um periacuteodo de escritores sobre o marketing Num golpe

de sorte editorial produziram o livro de marketing mais vendido de todos os tempos

ao focarem completamente sua atenccedilatildeo no cliente Esse fenocircmeno editorial levou o

marketing agraves massas e portanto agraves pequenas e meacutedias empresas e a todo o tipo de

profissional Talvez por isso e tambeacutem por uma necessidade mercadoloacutegica o

marketing passou a ser uma preocupaccedilatildeo atinente agrave alta direccedilatildeo de todas as mega-

corporaccedilotildees natildeo estando mais restrita a uma diretoria ou departamento

O fecircnomeno dos gurus entretando eacute responsaacutevel pelo posterior descuido

com o rigor da investigaccedilatildeo cientiacutefica e uma tendecircncia a modismos Nesta eacutepoca

floreceram diversos autores tais como Al Ries69 que definiu o conceito de

posicionamento 70 e o markerting de guerra e guerrilha 71 e Masaaki Imai72 que

idealizou o modelo Kaizen73 Esses autores ganharam reconhecimento no mundo

dos negoacutecios e alta reputaccedilatildeo no universo empresarial por suas ideacuteias e abordagens

originais

bull Deacutecada de 1990

Assim como ocorreu em muitos outros setores o avanccedilo tecnoloacutegico dos

anos 90 teve um forte impacto no mundo do marketing O comeacutercio eletrocircnico foi

68PETERS Tom J e WATERMAN Bob Search of Excellence Lessons from Americas Best-Run Companies London Editora Haper Collins 1992 69RIES Al Marketing de Guerra Satildeo Paulo 31ordf Ediccedilatildeo Editora Makron Books 1986 70 Posicionamento eacute uma teacutecnica onde os homens e mulheres dedicados ao marketing geram ou transformam uma imagem ou identidade para um produto marca ou empresa Eacute o espaccedilo que um produto ocupa na mente do consumidor em um determinado mercado O posicionamento de um produto eacute como compradores potenciais o vecircem e eacute expressado pela relaccedilatildeo de posiccedilatildeo entre os competidores 71 Marketing de guerra e guerrilha Satildeo accedilotildees mercadoloacutegicas inspiradas no desenvolvimento taacutetico e estrateacutegico das accedilotildees militares convencionais Tecircm como principal foco de atenccedilatildeo e orientaccedilatildeo a concorrecircncia empresarial 72Imai MASAAKI Kaizen - The Key to Japans Competitive Success New York Random House Business Division 1986 73Kaizen em japonecircs kai significa mudanccedila e zen para melhor Da junccedilatildeo nasceu uma estrateacutegia minuciosa de melhorias graduais implementadas continuamente nas empresas Os japoneses credi-tam a essa estrateacutegia como um dos seus principais fundamentos o desenvolvimento industrial do Japatildeo do poacutes-guerra Este modelo de gestatildeo eacute enunciado em 1986 por Imai num livro Kaizen-The Key to Japans Competitive Success Nesse livro o autor cita uma seacuterie de inovaccedilotildees de gestatildeo ja-ponesa ateacute ali olhadas separadamente debaixo do que ele chama um leque conceitual No kaizen abrigam-se praacuteticas que vecircm desde os anos 50 como os conceitos consagrados do ldquojust in timerdquo da administraccedilatildeo da produccedilatildeo assim como os conceitos do controle da qualidade total

53

uma revoluccedilatildeo na logiacutestica distribuiccedilatildeo e formas de pagamento O CRM (Customer

Relationship Management) e os serviccedilos de atendimentos ao consumidor entre

outras inovaccedilotildees tornaram possiacutevel uma gestatildeo de relacionamento com os clientes

em larga escala E como se isso natildeo fosse suficiente a Internet chegou como uma

nova via de comunicaccedilatildeo Eacute a eacutepoca do maximarketing de Stan Rapp74 do

marketing 1 to 175 da Peppers amp Rogers Group76 do aftermarketing77 de Terry G

Vavra 78 e do marketing direto79 de Bob Stone80 ou seja caracterizou-se por uma

constante busca pela personalizaccedilatildeo como medida administrativa e de poliacutetica de

aproximaccedilatildeo expansatildeo manutenccedilatildeo e retro-alimentaccedilatildeo mercadoloacutegica em geral

Outra tendecircncia do periacuteodo foi o fortalecimento do conceito de marketing

societal81 no qual tornou-se uma exigecircncia de mercado haver uma preocupaccedilatildeo

com o bem-estar da sociedade A satisfaccedilatildeo do consumidor e a opiniatildeo puacuteblica

passaram a estar diretamente ligadas agrave participaccedilatildeo das organizaccedilotildees em causas

sociais e a responsabilidade social transformou-se numa vantagem competitiva

bull Deacutecada de 2000

A virada do milecircnio assitiu agrave segmentaccedilatildeo da televisatildeo a cabo agrave

popularidade da telefonia celular e agrave democratizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo 74RAPP Stan e MARTIN Chuck Maxi-e-Marketing no Futuro da Internet Satildeo Paulo Editora Pearson Makron Books 2001 75Marketing 1 to 1 eacute uma abordagem mercadoloacutegica que consiste em tratar clientes diferentes de formas diferentes ou seja fazer uma aproximaccedilatildeo do puacuteblico-alvo voltando-se para as suas caracte-riacutesticas e necessidades individuais Tem como caracteriacutestica estabelecer modelos de comunicaccedilatildeo e negoacutecios centrados no cliente Permite buscar informaccedilotildees estrateacutegicas e assim formar uma base de dados especiacutefica e personalizada identificando-os e diferenciando-os sob os mais variados aspectos 76PEPPERS Don e ROGERS Martha CRM Series Marketing 1 to 1 2ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Makron Books 200177 Marketing de relacionamento (aftermarketing) eacute uma metodologia que se aplica ao usar o database marketing (banco de dados e de informaccedilotildees comerciais eletrocircnicas) para a retenccedilatildeo de clientes ou consumidores e obter a recompra continuada de seus produtos ou serviccedilos 78VAVRA G Terry Aftermarketing - How to Keep Customers for Life through Relationship Marketing Irwin Illinois USA Professional Publishing 1992 79Marketing direto tem como principal caracteriacutestica a redefiniccedilatildeo e percepccedilatildeo do papel do compra-dor e a conexatildeo com o vendedor Em vez de serem alvos dos esforccedilos unilaterais de marketing das empresas os clientes estatildeo se tornando participantes ativos nos ajustes da oferta e do proacuteprio pro-cesso de marketing Hoje muitas empresas permitem que os clientes desenvolvam on-line os produ-tos que desejam 80 STONE Bob Marketing Direto Satildeo Paulo Editora Studio Nobel 2004 81Marketing Societal eacute uma orientaccedilatildeo taacutetica onde uma empresa ou organizaccedilatildeo deve determinar as necessidades os desejos e interesses dos marcados-alvo e entatildeo entregar um valor superior aos clientes de maneira que o bem-estar do consumidor e da sociedade seja mantido ou melhorado

54

especialmente via Internet A World Wide Web jaacute estava madura o suficiente nos

primeiros anos desta deacutecada Surgiuram uma infinidade de pesquisas e publicaccedilotildees

sobre webmarketing82 e comeacutercio eletrocircnico83 Mas mais do que isso agora o cliente

natildeo tinha apenas poder de barganha tinha tambeacutem poder de informaccedilatildeo Era de se

esperar que isso influenciasse na maneira com a qual os consumidores interagiam

com as empresas e entre si Os primeiros reflexos disso foram o nascimento do

marketing de permissatildeo84 de Seth Godin85 a conceitualizaccedilatildeo do marketing boca-a-

boca 86 por George Silverman87 e a explosatildeo do buzzmarketing 88 e do marketing

viral 89 por autores tais como Russell Goldsmith90 e Mark Hughes91

Eacute perceptiacutevel na proacutepria evoluccedilatildeo do conceito de marketing a importacircncia

cada vez maior do consumidor como o elemento chave e alvo das preocupaccedilotildees e

propoacutesitos nas accedilotildees dos homens e mulheres que se ocupavam com marketing

pois eacute o consumidor a razatildeo loacutegica de organizaccedilotildees ou empresas comerciais

82LIGOS Melinda Point click and sell Sales amp Marketing Management maio de 1999 p 51-55 83COLONGinger How to move customers online Sales amp Marketing Management marccedilo 2000 p 27 e 28 84Marketing de Permissatildeo ou e-mail marketing eacute a utilizaccedilatildeo deliberada e autorizada do e-mail como miacutedia Com ele empresas e outras organizaccedilotildees (entidades de caraacuteter puacuteblico e privado partidos poliacuteticos e organizaccedilotildees natildeo-governamentais) tecircm acesso privilegiado a um grupo seleto de pessoas com o objetivo de difundir ideacuteias vender produtos e serviccedilos etc Conta com a adesatildeo do destinataacute-rio porque ele deve autorizar o envio da mensagem e receber somente do emissor aquilo que seja do seu preacutevio interesse 85Seth Godin foi vice-presidente de Marketing Direto da Yahoo e o criador da Yoyodyne primeira empresa a criar promoccedilotildees e campanhas de mala direta on-line ajudando a moldar a companhia com base no pioneiro Marketing de Permissatildeo on-line 86Marketing boca-a-boca o marketing de boca-a-boca consiste em reunir voluntaacuterios e pedir-lhes que experimentem determinados produtos Em seguida essas pessoas satildeo enviadas para lugares diver-sos com a missatildeo de falar sobre a experiecircncia que tiveram com os produtos experimentados agraves pes-soas com quem se relacionam diariamente Quanto mais as pessoas vecircem um determinado produto utilizado em puacuteblico ou quanto mais ouvem a seu respeito por parte de pessoas conhecidas e em quem confiam maior eacute a probabilidade de que venham a compraacute-lo 87SILVERMAN George The Secrets of Word-of-Mouth Marketing How to Trigger Exponential Sales Through Runaway Word of Mouth New York AMA Publications 2001 88 Buzzmarketing eacute uma derivaccedilatildeo do marketing boca-a-boca Consiste em identificar as pessoas formadoras de opiniatildeo que atuem sobre um determinado segmento populacional ou puacuteblico-alvo (tambeacutem chamados de iacutecones referenciais) Essas pessoas passam a promover subliminarmente e pessoalmente o produto ou serviccedilo atraveacutes do uso vinculado agrave sua pessoa Dessa forma ela passa a exercer e influecircncia sobre a decisatildeo de compra desse substrato social 89Marketing Viral eacute uma forma de disseminar uma ideacuteia produto ou serviccedilo Cria-se uma mensagem com conteuacutedo que possa ser facilmente absorvido pelas pessoas que entrem em contato com ela O conteuacutedo tem que ser de faacutecil entendimento e com um interesse relevante ou seja tem que ser suficientemente apelativo para que as pessoas passem essa mensagem adiante Se assim for a ideacuteia seraacute naturalmente disseminada multiplicando-se em grande velocidade Assim se institui a metaacutefora sobre o nome desta forma de abordagem mercadoloacutegica a mensagem progride no meio social como se fora um virus 90 Russell GOLDSMITH Viral Marketing Get Your Audience to Do Your Marketing for You London Financial Times Management 2005 91HUGHES Mark BuzzMarketing Lisboa Actual Editora 2006

55

Neste trabalho vamos centralizar atenccedilotildees sobre o consumidor de

produtos relacionados agrave religiosidade e tambeacutem agraves possiveis dinacircmicas do

marketing de varejo que estatildeo inseridas dentro dos conceitos de marketing acima

abordados e atuando como uma ferramenta mercadoloacutegica

14 As abordagens conjuntas do marketing com a religiosidade e vice-versa

Ao folhearmos as revistas e cataacutelogos especializados em negoacutecios e in-

vestimentos percebemos que satildeo raras as referecircncias sobre o mercado de produtos

religiosos que tenham como foco o consumidor final e as razotildees dos empreendimen-

tos comerciais voltados para a religiosidade Nas revistas livros e perioacutedicos religio-

sos o panorama natildeo eacute diferente Apenas recentemente e aos poucos eacute que timida-

mente estaacute sendo dispensada maior visibilidade a esse ramo comercial suas possiacute-

veis dinacircmicas e tambeacutem suas particularidades

A revista ldquoIstoEacuterdquo publicou uma reportagem sobre o tema enfocando a im-

portacircncia que esse segmento vem alcanccedilando O Legado dos ceacuteus O mercado de

produtos religiosos ignora a crise Cresce 30 move 800 empresas e gera receita

de R$ 3 bilhotildees 92

Da mesma forma outra revista Meu Proacuteprio Negoacutecio publicou na ediccedilatildeo

52 a seguinte manchete de capa Veja como ganhar dinheiro com souvenir religio-

so sites eventos livros e artesanato no mercado da feacute Na reportagem publicada a

revista ofereceu uma visatildeo panoracircmica do mercado de produtos afetos agrave religiosida-

de sugerindo esse nicho como uma recomendaacutevel opccedilatildeo para investimentos Es-

creveu Thiago Moreira

O mercado das crenccedilas pode abrigar empreendimentos tanto no comeacutercio como na induacutestria e nos serviccedilos Portanto esqueccedila a associaccedilatildeo lu-

92FERREIRA Rosenildo Gomes O legado dos ceacuteus httpwwwterracombristoedinheiro314negocios314_legado_ceuhtm Acesso em 18 de abril de 2005

56

cropecado e aproveite a demanda de igrejas fieacuteis e grupos religiosos em geral93

No editorial da mesma revista destacou a editora

A feacute move montanhas

A mobilizaccedilatildeo do Paiacutes para receber o maior representante da igreja catoacuteli-ca Bento XVI natildeo podia deixar de ser registrada nesta ediccedilatildeo que para mim eacute especial Afinal assumo o desafio de manter e integrar o esforccedilo de tantos em consolidar a MEU PROacutePRIO NEGOacuteCIO94 como uma referecircncia para novos e ateacute experientes empreendedores

E retomando a feacute sob a oacutetica dos negoacutecios eacute claro Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) 949 dos brasileiros infor-mam seguir alguma doutrina e a catoacutelica eacute que atrai maior nuacutemero de adep-tos 1392 milhotildees seguida pela evangeacutelica com 436 milhotildees Um contin-gente que merece a atenccedilatildeo de qualquer empreendedor

O repoacuterter Thiago Moreira assumiu a tarefa de apurar experiecircncias e reunir informaccedilotildees sobre os diferentes negoacutecios onde natildeo basta ter coragem pa-ra empreender pois eacute a feacute que move montanhas e nesse caso de dinhei-ro95

De fato a revista acima trouxe em seu conteuacutedo algumas informaccedilotildees es-

tatiacutesticas opiniotildees de lojistas jaacute estabelecidos no ramo dados gerais sobre o perfil

da renda de populaccedilotildees religiosas cristatildes sugestotildees de necessidades financeiras

para montagem de lojas e possiacuteveis margens de lucro No entanto informaccedilotildees

consistentes sobre o agente central e determinante do varejo de produtos religiosos

ou seja os consumidores foram no miacutenimo insuficientes

93Thiago MOREIRA Tenha Feacute nos negoacutecios Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p 38-45 junho de 2007 94Destaque da autora 95MARINARO Mari A feacute move montanhas Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p2 junho de 2007

57

Da mesma forma o jornal de negoacutecios A Gazeta Mercantil em sua ver-

satildeo on-line destacou Empresas moldam produtos e exportam para religiosos 96

Como percebemos alguns veiacuteculos de expressatildeo e miacutedia enfatizaram

que o comeacutercio relacionado com a religiatildeo estaacute adquirindo um ldquostatusrdquo importante no

universo empresarial de nosso paiacutes Todavia natildeo explicaram convenientemente o

prisma do marketing e em especial sobre a visatildeo cientiacutefica do marketing de varejo

suas causas razotildees e justificativas mercadoloacutegicas fundamentadas

A Internet estaacute aos poucos abrindo espaccedilos para novos eventos empre-

sariais no setor econocircmico dos bens e produtos ligados agrave religiatildeo Tratou-se por

exemplo da divulgaccedilatildeo de uma feira voltada para esse nicho mercadoloacutegico97 Nes-

te caso o evento anunciado eacute a Expocatoacutelica98 onde seus anunciantes disseram

que ldquoo propoacutesito de uma feira eacute encurtar o caminho que separa os polos de produ-

ccedilatildeo de seu mercado consumidorrdquo e nada mais acrescentaram sobre as razotildees fun-

dantes desse mercado O mesmo ocorreu com a Expocristatilde99

Satildeo veiculados os necessaacuterios destaques nas mateacuterias publicadas cha-

mando a atenccedilatildeo do leitor eou internauta apenas como um informe publicitaacuterio de

uma feira dirigida para empreendedores e lojistas poreacutem sem informaccedilotildees e consi-

deraccedilotildees sobre o consumidor final dos produtos e serviccedilos das empresas que des-

sas feiras possam participar

Quando procuramos na Internet informaccedilotildees sobre a religiatildeo e o comeacuter-

cio varejista de produtos religiosos usando os portais eletrocircnicos de busca tais co-

mo o Google100 Yahoo Brasil101 IG102 e UOL103 por exemplo a localizaccedilatildeo dos

websites com assuntos relacionados eacute expressiva No entanto dados que sejam

confiaacuteveis e que sinalizem detalhes de ordem teacutecnica sobre os haacutebitos de compra

96EXMAN Fernando Empresas moldam produtos e exportam para religiosos httpwwwinvestnewsnetultimasnoticiasdefaultaspid_editoria=2372ampid_noticia=474233 Acesso em 18 de abril de 2005 97Nicho mercadoloacutegico segmento restrito do mercado natildeo atendido pelas accedilotildees tradicionais de in-formaccedilotildees e de marketing e que pode oferecer novas oportunidades de negoacutecio 98Expocatoacutelica Feira de negoacutecios httpwwwexpocatolicacombrexpocatolicaindex1aspcod=62amptp=1 Acesso em 18 de abril de 2005 996ordf Expo Cristatilde httpwwwexpocristacombr Acesso em 23 de setembro de 2006 100 httpwwwgooglecombr Acesso em 07 de janeiro de 2007 101 httpbryahoocom Acesso em 07 de janeiro de 2007 102 httpbuscaigbuscacombrapp Acesso em 07 de janeiro de 2007 103 httpbuscauolcombrwwwindexhtmlref=homeuolampq=ampx=12ampy=14 Acesso em 07 de janeiro de 2007

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perfis de consumidores finais e razotildees para compra de produtos relacionados agrave reli-

giosidade satildeo nulos

O que constatamos eacute a presenccedila das lojas virtuais anunciando seus pro-

dutos religiosos como por exemplo o site abaixo de uma loja virtual e catoacutelica (Cruz

Terra Santa)104

Ilustraccedilatildeo 5

Embora a Internet seja um importante veiacuteculo de informaccedilatildeo comunica-

ccedilatildeo e miacutedia as vendas atraveacutes da rede mundial de computadores ainda natildeo satildeo

significativas frente ao comeacutercio tradicional Experimentando um constante cresci-

mento em termos de volume a participaccedilatildeo das vendas via Internet estaria repre-

sentado com uma grandeza na ordem de 2 sobre as vendas totais no varejo do

Brasil105

Eventualmente notamos alguma presenccedila do mercado religioso em pe-

quenos esforccedilos participativos na miacutedia regional e em iniciativas isoladas com caraacute-

ter meramente informativo O exemplo abaixo eacute bastante ilustrativo A revista Perdi-

104 httpwwwcruzterrasantacombrLojapadreasp Acesso em 07 de janeiro de 2007 105Tatiana RESENDE Comeacutercio eletrocircnico deve ter alta de ateacute 50 ao ano Folha On Line httpwww1folhauolcombrfolhadinheiroult91u308736shtml Acesso em 02 de julho de 2007

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zes106 com 25000 exemplares e de circulaccedilatildeo regional na cidade de satildeo Paulo traz

em seu informe publicitaacuterio ldquoDicas de presentesrdquo o seguinte apelo mercadoloacutegico

ldquoAmon-Haacute Produtos Miacutesticos ndash Distribuidor alto astralrdquo

Ilustraccedilatildeo 6

Leituras especializadas tanto com abordagens mercadoloacutegicas quanto

religiosas anotam em seu conteuacutedo a importacircncia deste estudo mas natildeo tecem de-

talhes mais especiacuteficos como enfatiza Cristiane Gade107 ldquoAs subculturas mais es-

tudadas satildeo as de grupos eacutetnicos religiosos e regionaisrdquo

A autora constata claramente a necessidade de um aprofundamento nas

questotildees relacionadas aos interesses comerciais deste segmento

Norman Shawchuck Philip Kotler Bruce Wrenn e Gustave Rath Norman

Shawchurck108 aproximam o marketing da religiatildeo analisando a aplicaccedilatildeo do com-

posto mercadoloacutegico junto a uma igreja evangeacutelica claacutessica como forma de possibili-

tar a ampliaccedilatildeo de seu nuacutemero de membros e tambeacutem o volume de diacutezimos e ofer-

tas arrecadados Poreacutem sobre os haacutebitos e necessidades de compras de produtos

relacionados agrave religiosidade e mais especificamente sobre os fieacuteis produtos pre-

ccedilos promoccedilatildeo e propaganda no varejo especializado nada indicam

106REVISTA PERDIZES Ano 5 ndash no 27 ndash Gabel Comunicaccedilotildees Redaccedilatildeo Rua Trecircs Rios 131 ndash Cj 32 ndash Satildeo Paulo SP CEP 01123-001 Fone 0xx 11 3313-8080 107Cristiane GADE Psicologia do consumidor p 136 108SHAWCHUCK Norman KOTLER Philip WRENN Bruce amp RATH Gustave Marketing for congre-gations choosing to serve people more effectively Nashville Abington Press 1992

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George Barna109 tambeacutem aproxima o marketing da religiatildeo pelo vieacutes es-

trateacutegico e administrativo das igrejas evangeacutelicas de diversas denominaccedilotildees O foco

desse autor no entanto prende-se agraves preocupaccedilotildees operacionais das igrejas en-

quanto instituiccedilotildees

Mesmo autores preocupados com o comportamento do consumidor tais

como James F Engel Roger D Blackwell e Paul W Miniard referem-se ao marke-

ting e agrave religiatildeo pelo vieacutes das mudanccedilas no comportamento dos fieacuteis mas sob a oacuteti-

ca das instituiccedilotildees e correntes de pensamento religiosos e natildeo do comeacutercio varejista

de produtos religiosos

Instituiccedilotildees religiosas judaico-cristatildes historicamente representam um pa-pel importante na moldagem dos valores das culturas ocidentais Em a-nos recentes estas instituiccedilotildees mudaram substancialmente

Alguns grupos religiosos crescem necessariamente agraves custas de outros Nos Estados Unidos os catoacutelicos cresceram dos pequeninos niacuteveis em 1776 para um quarto da populaccedilatildeo americana em grande parte devido agrave presenccedila europeacuteia do iniacutecio dos anos 1900 e agrave atual imigraccedilatildeo dos paiacuteses hispacircnicos Os batistas substituiacuteram os anglicanos (episcopais) como grupo protestante dominante Mais recentemente grupos de crescimento raacutepido como os Santos dos uacuteltimos Dias (moacutermons) tornaram-se uma grande influecircncia em muitos dos valores de seus membros Religiotildees natildeo-cristatildes ganharam influecircncia nos Estados Unidos incluindo muitas das religiotildees tradicionais orientais e o movimento Nova Era110

Percebemos a detecccedilatildeo e preocupaccedilatildeo na abordagem de autores norte-

americanos com a questatildeo da religiosidade e dos movimentos migratoacuterios da feacute reli-

giosa na populaccedilatildeo dos Estados Unidos No entanto anaacutelises mais acuradas con-

siderando a etnografia humana que compotildee a malha da populaccedilatildeo daquele paiacutes a-

inda satildeo raras pelo vieacutes do marketing Os autores natildeo se preocupam com as matri-

zes eacutetnicas que formam aquela sociedade como por exemplo a matriz indiacutegena

109 BARNA George O Marketing a Serviccedilo da Igreja Satildeo Paulo Editora Abba Press 1991 110James F ENGEL Roger D BLACKWELL e Paul W MINIARD Comportamento do consumidor p406

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Grupos que estatildeo declinando em nuacutemero atualmente incluem os mode-rados e liberais (luteranos metodistas presbiterianos episcopais e ou-tros) Os maiores ganhos em preferecircncias religiosas atualmente nos Es-tado Unidos estatildeo entre os fundamentalistas e entre aqueles sem ne-nhuma religiatildeo

Tendecircncias atuais em afiliaccedilotildees e atitudes religiosas estatildeo associadas agrave secularizaccedilatildeo de instituiccedilotildees religiosas ndash ou agrave perda da funccedilatildeo religiosa De acordo com uma tese desenvolvida por Francis Schaeffer111 a religiatildeo tornou-se compartimentada e perdeu sua capacidade de julgar valores e estruturas seculares 112

O mesmo ocorre com autores que se preocupam com a perspectiva reli-

giosa e uma possiacutevel abordagem da religiatildeo e do mercado

Carlos Rodrigues Brandatildeo aproximou os temas da religiosidade e do

marketing quando anotou em seus estudos observaccedilotildees sobre alguns dos fatores

integrantes do composto mercadoloacutegico (produto pontos de vendas e distribuiccedilatildeo)

Hoje os umbandistas produzem e fazem circular inclusive em bancas de jornaleiros uma razoaacutevel quantidade de material de propaganda e docecircn-cia jornais revistas discos e uma surpreendente variedade de livros Mas em Itapira encontrei rariacutessimos exemplares de livros entre pais e matildees de santos dos centros de umbanda e de candombleacute Natildeo vi ne-nhum deles entre os agentes autocircnomos Quase todos natildeo tinham sequer conhecimento da circulaccedilatildeo de revistas e jornais especializados Assim como alguns especialistas do catolicismo popular um ou dois deles ti-nham entre os seus guardados de feacute guias praacuteticos de orientaccedilatildeo ritual Apenas a dona do Bazar Caboclo Pena Branca possuiacutea e lia com regula-ridade livros jornais e revistas alguns dos quais agrave venda mas sem pro-cura em sua loja113

O mesmo autor se preocupou e informou o perfil sociocultural dos dirigen-

tes das organizaccedilotildees religiosas mas sobre os fieacuteis que delas participavam natildeo exa-

rou referecircncia 111Os autores referem-se ao artigo The Consumer Bill of Rights in Consumer Advisory Council First Report Government Printing Office Washington DC US 1963 112James F ENGEL Roger D BLACKWELL e Paul W MINIARD Comportamento do consumidor p 407 113Carlos Rodrigues BRANDAtildeO Os Deuses do Povo um estudo sobre a religiatildeo popular p45

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Do ponto de vista do niacutevel erudito e da sequumlecircncia de formaccedilatildeo religiosa existe entre os dirigentes de centros dos bairros de cima e os chefes de terreiros de saravaacute e curandeiros dos de baixo a mesma distacircncia que separa os presbiacuteteros-dirigentes das pequenas igrejas do Risca Faca dos pastores das assembleacuteias de Deus e dos gerentes atuais dos grupos biacute-blicos natildeo-evangeacutelicos Os agentes mediuacutenicos de serviccedilos mais popula-res satildeo analfabetos e todo o seu aprendizado derivou de contatos diretos com outros especialistas e de sua proacutepria praacutetica Neste sentido eles se aproximam tambeacutem dos agentes mais caipiras do catolicismo popular As situaccedilotildees se equivalem Meacutediuns natildeo-kardecistas dos bairros de cima nomeiam natildeo soacute os lugares onde se iniciaram na umbanda e no candom-bleacute como tambeacutem os seus mestres Joatildeozinho da Gomeia Jamil Ras-child algum pai-de-santo conhecido em Mogi-Mirim Entre os curandeiros e mestres do saravaacute fora os que lembram algum negro do passado co-mo o ldquofinado Naborrdquo114 todos indicam apenas o lugar onde aprenderam o ofiacutecio115

Franccedilois Houtart em seu livro Mercado e Religiatildeo considerou aspectos

sobre o papel das religiotildees na economia de mercado na atualidade aleacutem de ofere-

cer ponderaccedilotildees sobre o futuro das religiotildees

Reencantar o mundo pela revalorizaccedilatildeo do siacutembolo sem mexer nas rela-ccedilotildees sociais que edificam o desencanto resultaria numa gigantesca im-postura Quando o Banco Mundial cria uma seccedilatildeo de diaacutelogo com as grandes crenccedilas obedece a uma necessidade de legitimaccedilatildeo Quando Igrejas e outros grupos religiosos aceitam participar desse oacutergatildeo potildeem nos olhos natildeo a venda da justiccedila mas a venda da cegueira Sem o siacutem-bolo natildeo haacute reencanto mas sem uma nova eacutetica natildeo se podem criar as condiccedilotildees sociais e materiais do encantamento

Construir uma eacutetica poacutes-capitalista natildeo eacute uma questatildeo de poucos dias Exige um esforccedilo coletivo longo As religiotildees que sempre tiveram uma preocupaccedilatildeo eacutetica podem participar disso Eacute necessaacuteria a mediaccedilatildeo de uma anaacutelise das relaccedilotildees sociais do capitalismo real bem como levar em conta as vaacuterias experiecircncias do socialismo os seus ecircxitos e fracassos Combinar a reorganizaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais com a eacutetica pessoal e as-segurar a participaccedilatildeo democraacutetica nos processos natildeo apenas poliacuteticos mas tambeacutem econocircmicos satildeo elementos que tecircm de intervir

Assim sendo podemos concluir que nesses processos existe um papel para a religiatildeo Natildeo se trata de reivindicar um monopoacutelio mas tatildeo pouco se pode negar aos que querem fazer a aposta que pronunciem este ldquotal-vezrdquo que para eles eacute simples exaltaccedilatildeo do imaginaacuterio mas a expressatildeo

114Aspas do autor 115Carlos Rodrigues BRANDAtildeO Os Deuses do Povo um estudo sobre a religiatildeo popular p45

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de um outro real que possa ajudaacute-los a reencantar o mundo pela revitali-zaccedilatildeo do siacutembolo e pela reconstruccedilatildeo da eacutetica116

Vladimir Joseacute de Azevedo Falcatildeo abordou a dinacircmica comercial e religio-

sa Poreacutem o foco e a preocupaccedilatildeo deste autor em sua obra foi demonstrar o Merca-

datildeo de Madureira na cidade do Rio de Janeiro pelo olhar das relaccedilotildees entre os er-

veiros e erveiras e os praticantes das religiotildees afro-brasileiras Foram duas as dire-

trizes adotadas neste estudo por este autor a primeira foi o do mercado117 e das

ervas e nos convidou a entender a loacutegica das relaccedilotildees pessoais entre os erveiros e

a representaccedilatildeo das folhas A segunda diretriz foi a dos erveiros e erveiras e a expe-

riecircncia do sagrado quando nos demonstrou a riqueza simboacutelica das religiotildees afro-

brasileiras com seus siacutembolos os misteacuterios e os segredos da natureza vivenciados

nas relaccedilotildees dessas religiotildees

A vida no Mercadatildeo de Madureira eacute para aleacutem um saber especiacutefico das religiotildees afro-brasileiras afirma um saber miacutestico experimentado resul-tante do encontro entre os deuses Os encontros com os deuses preser-vam a alegria pela vida buscando assim estrateacutegias para viver melhor no Aiyecirc ndash eacute a experiecircncia do sagrado118

Existem aproximaccedilotildees temaacuteticas que margeiam o objeto deste trabalho

mas por terem outros enfoques e preocupaccedilotildees distanciam-se do que nos propu-

semos a estudar que eacute o fenocircmeno da feacute religiosa sobre o prisma do marketing e

no varejo institucionalizado de produtos religiosos E este tipo de varejo sem liga-

ccedilotildees diretas ou viacutenculos econocircmicos com as instituiccedilotildees e organizaccedilotildees religiosas

formais aleacutem de ter como puacuteblico alvo os clientes das lojas que conceitualmente

mais se aproximam da livre concorrecircncia mercadoloacutegica

116Franccedilois HOUTART Mercado e Religiatildeo p 150 117O autor refere-se ao mercado como uma instituiccedilatildeo tradicional no contexto geral da cidade do Rio de Janeiro 118Vladimir Joseacute de Azevedo FALCAtildeO Eweacute Eweacute Ossain ndash Um estudo sobre os Erveiros e Erveiras do Mercadatildeo de Madureira Uma experiecircncia do sagrado p146

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Abordagens contemplando a religiosidade e o varejo ainda satildeo mais ra-

ras quando natildeo esparsas

Autores que se preocupam em estudar os haacutebitos e as necessidades de

compras do consumidor no mercado varejista anotam em suas criacuteticas e recomen-

daccedilotildees a importacircncia fundamental que o os nichos mercadoloacutegicos ligados aos valo-

res culturais e subculturais tecircm e satildeo merecedores de atenccedilatildeo Poreacutem natildeo se apro-

fundam em detalhes mais teacutecnicos

Os fatores culturais exercem a mais ampla e profunda influecircncia sobre o comportamento do consumidor ()

A cultura eacute a determinante mais fundamental das necessidades e compor-tamento de uma pessoa Enquanto as pessoas mais simples satildeo larga-mente governadas pelo instinto o comportamento humano eacute amplamente adquirido A crianccedila em uma sociedade aprende um conjunto de valores baacutesicos percepccedilotildees preferecircncias e comportamentos atraveacutes do proces-so de socializaccedilatildeo envolvendo a famiacutelia e outras instituiccedilotildees baacutesicas ()119

Kotler avaliou a importacircncia da questatildeo da religiosidade a ser considera-

da pelos homens e mulheres que se dedicam ao estudo e aplicaccedilatildeo do marketing

No entanto o autor coloca a questatildeo da significaccedilatildeo e resignificaccedilatildeo religiosa como

uma questatildeo de ldquotabus especiacuteficosrdquo indicando claramente um posicionamento su-

perficial sobre importantes aspectos religiosos que satildeo determinantes em possiacuteveis

estrateacutegias mercadoloacutegicas como eacute verificado no Brasil por parte da induacutestria frigo-

riacutefica e de corte ao exportar seus produtos para paiacuteses do oriente meacutedio

Cada cultura eacute formada por subculturas que fornecem identificaccedilatildeo e so-cializaccedilatildeo especiacutefica para seus membros Quatro tipos de subculturas podem ser distinguidos Grupos de nacionalidades120 como Irlandeses Poloneses Italianos e Porto-Riquenhos que satildeo encontrados dentro de

119 Philip KOTLER Administraccedilatildeo de marketing anaacutelise planejamento implementaccedilatildeo e controle p 209 120Os destaques em itaacutelico satildeo do autor

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comunidades maiores e demonstram haacutebitos eacutetnicos e inclinaccedilotildees distin-tas Grupos religiosos como os Catoacutelicos Moacutermons Presbiterianos e Judaicos representam subculturas com preferecircncias culturais e tabus es-peciacuteficos Grupos Raciais como os negros e orientais tecircm estilos culturais e atitudes diferentes Aacutereas geograacuteficas como Extremo Sul a Califoacuternia e a Nova Inglaterra que satildeo subculturas distintas com estilos de vidas ca-racteriacutesticos121

Anotou Richard Vinic

A cultura eacute a personalidade de uma sociedade Podemos tambeacutem defini-la como o conjunto de valores costumes crenccedilas e atitudes adotadas por determinada sociedade com o objetivo de regular o comportamento de seus membros

A primeira cultura aprendida eacute transmitida pela famiacutelia que filtra as nor-mas e atitudes da sociedade Segundo a psicoacuteloga Christiane Gade esse processo tem sido conceituado como socializaccedilatildeo122 Quando o indiviacuteduo apresenta uma segunda cultura o processo eacute denominado aculturaccedilatildeo

Engana-se quem imagina que o refrigerante Coca-Cola seja o liacuteder de mercado em todo o Brasil O que diraacute o leitor de um refrigerante cor-de-rosa de sabor extremamente adocicado e feito agrave base de xarope de cane-la Esse refrigerante existe e se chama Guaranaacute Jesus Sem a intenccedilatildeo de apelar aos fatores religiosos o refrigerante liacuteder de mercado no Mara-nhatildeo foi desenvolvido pelo farmacecircutico Norberto Jesus

Para o profissional de marketing eacute fundamental o conhecimento das dife-rentes culturas ao longo do territoacuterio brasileiro123

Sobre os grupos religiosos o autor considerou apenas o aspecto aflitivo

pessoal como oportunidade de negoacutecios Sabemos que as religiotildees para suas praacute-

ticas demandam grandes somas em investimentos financeiros a fim de cumprirem

suas missotildees religiosas com a montagem material de igrejas templos terreiros etc

Aplicaccedilotildees em caros veiacuteculos de comunicaccedilotildees e de miacutedia tambeacutem satildeo facilmente

constataacuteveis Os financiamentos dessas iniciativas ficam por conta dos fieacuteis e da le-

121Philip KOTLER Administraccedilatildeo de Marketing anaacutelise planejamento implementaccedilatildeo e controle p209 122Os destaques em itaacutelico satildeo do autor 123Richard VINIC Varejo e clientes p10

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gislaccedilatildeo fiscal que no Brasil privilegia essas instituiccedilotildees ou organizaccedilotildees que de-

sempenham algum papel religioso aos olhos dos poderes puacuteblicos e da populaccedilatildeo

Obedecendo a normas religiosas estes grupos satildeo importantes subcultu-ras Principalmente em momentos de instabilidade financeira o indiviacuteduo busca sustentaccedilatildeo na religiatildeo qualquer que seja a sua crenccedila

A comunidade evangeacutelica tem se mostrado um puacuteblico altamente poten-cial e influenciado para a compra de produtos com motivos religiosos124

Sobre o comportamento do consumidor no tocante agraves suas crenccedilas

John C Mowen e Michael S Minor anotaram que

As crenccedilas do consumidor125 provecircm da aprendizagem cognitiva Elas representam o conhecimento e as conclusotildees que um consumidor tem a respeito de objetos seus atributos e benefiacutecios Objetos satildeo produtos pessoas empresas e coisas a respeito das quais as pessoas apresentam opiniotildees e atitudes Atributos satildeo os aspectos ou caracteriacutesticas dos ob-jetos Por fim os benefiacutecios satildeo os resultados positivos que os objetos proporcionam ao consumidor126

Como podemos constatar existem aproximaccedilotildees centradas nos temas

religiosidade marketing e varejo mas as mesmas natildeo contemplam os assuntos de

forma simultacircnea e tatildeo pouco complementar com a profundidade necessaacuteria que

este trabalho requer

Dr David Lewis e Darren Bridges escreveram

124Richard VINIC Varejo e clientes p12 125Os destaques em negrito satildeo dos autores 126John C MOWEN e Michael S MINOR Comportamento do consumidor p141

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A espiritualidade se tornou uma definiccedilatildeo para tudo que as pessoas sen-tem estar faltando em suas vidas no lugar do que esperam descobrir De acordo com Mick Brown autor de The Spiritual Tourist127 essa busca es-piritual eacute ldquoum sintoma de incerteza coletiva em uma eacutepoca em que as ins-tituiccedilotildees tradicionais como igreja famiacutelia e comunidade parecem estar desmoronando Um sintoma tambeacutem do crescente desencantamento com os valores do materialismo e de um desgaste da ciecircncia que desvendou todo o misteacuterio da existecircnciardquo128

Uma vez que muitos Novos Consumidores consideram as religiotildees tradi-cionais dogmaacuteticas demais e em alguns casos que natildeo oferecem uma experiecircncia espiritual ldquoautenticardquo haacute um interesse crescente em relaccedilatildeo ao que muitos teoacutelogos consideram benefiacutecio ou pseudofeacute129

Assim sendo uma pesquisa de campo abordando os aspectos do marke-

ting de varejo em especial o composto mercadoloacutegico e a religiosidade dos clientes

consumidores de produtos religiosos aparece como a melhor opccedilatildeo metodoloacutegica a

ser executada visando a comprovaccedilatildeo da hipoacutetese deste trabalho A pesquisa que

foi executada dentro dos rigores metodoloacutegicos e cientiacuteficos iraacute aproximar a merca-

dologia da religiatildeo e vice e versa podendo esta pesquisa lanccedilar as bases necessaacute-

rias para futuros trabalhos decorrentes deste esforccedilo pioneiro

O tema sobre o qual escolhemos trabalhar eacute relevante porque natildeo exis-

tem fontes referenciais disponiacuteveis para consultas e a lanccedilarem luzes sobre um e-

vento socioeconocircmico com significados valorosos quer analisados sobre o prisma

religioso ou mercadoloacutegico

15 Consideraccedilotildees iniciais sobre o cenaacuterio da pesquisa de campo

Por limitaccedilotildees metodoloacutegicas o cenaacuterio fiacutesico da pesquisa de campo es-

teve contemplando lojas de produtos religiosos das religiotildees catoacutelica protestantes

das diversas denominaccedilotildees religiotildees afro-brasileiras e novoeristas presentes na

praccedila comercial da cidade de Satildeo Paulo

127Os autores se referem agrave obra Spiritual Tourist A Personal Odyssey Through the Outer Reaches of Belief de autoria de Mick BROWN editado por Bloomsbury Pub Plc USA 1998 128Aspas dos autores 129Dr David LEWIS e Darren BRIDGER A alma do consumidor p10-11

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Quanto ao cenaacuterio religioso e por se tratar de uma caracteriacutestica cultural

de nosso povo adotamos o posicionamento teoacuterico de Ecircnio Brito porque natildeo seria

conveniente e nem apropriado considerarmos apenas ldquoumardquo cultura brasileira que

exteriorizasse as manifestaccedilotildees materiais e espirituais da nossa gente

Hoje eacute consenso que natildeo existe uma cultura brasileira capaz de englobar todas as manifestaccedilotildees materiais e espirituais do povo brasileiro e que lsquoa admissatildeo do seu caraacuteter plural eacute um passo decisivo para compreendecirc-la como um efeito de sentido resultado de um processo de muacuteltiplas intera-ccedilotildees e oposiccedilotildees no tempo e no espaccedilo () 130

Corroborando as palavras de Ecircnio Brito Darcy Ribeiro com seu depoi-

mento afirmou

Desde a Greacutecia natildeo se inventava uma deusa que se adequasse ao amor uma matildee de Deus que fale do amor E os negros do Rio inventaram Ie-manjaacute Isso eacute uma operaccedilatildeo cultural incriacutevel Mais importante que os ro-mances e os teoremas E importante para o povo E o que eacute Iemanjaacute Eacute uma ldquosantonardquo131 laacute que domina o mar E ningueacutem vai pedir a ela a cu-ra do cacircncer ou a cura da AIDS132 Vai pedir a ela que o marido natildeo bata tantoum namorado gostoso Os africanos mergulharam tatildeo profunda-mente e de modo tatildeo inventivo na construccedilatildeo do Brasil que deixaram de ser eles para sermos noacutes brasileiros133

Complementarmente aos enunciados acima e nos aproximando do cotidi-

ano metropolitano religioso da populaccedilatildeo da cidade de Satildeo Paulo que foi objeto e

campo de investigaccedilatildeo deste trabalho o prisma social e populacional que conside-

ramos foi o dos autores Antocircnio Flaacutevio de Oliveira Pierucci e Reginaldo Prandi

130Ecircnio Joseacute da Costa BRITO A cultura popular e o sagrado Interfaces do Sagrado p 102 131Aspas nossas 132 Siacutendrome da imunodeficiecircncia adquirida 133 Darcy RIBEIRO O Povo Brasileiro segmento Brasil Crioulo CD 01

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O Brasil jaacute eacute um paiacutes de diversidade religiosa Cerca de um quarto da po-pulaccedilatildeo adulta jaacute experimentou o sentido da adesatildeo a uma religiatildeo dife-rente daquela em que nasceu num contexto em que a religiatildeo se vai a-justando cada vez mais aacute ideacuteia da escolha da livre escolha que se faz frente a variadas necessidades de tecirc-las atendidas Para muitos a con-versatildeo religiosa eacute experimentada juntamente com a mobilidade ocupacio-nal e da integraccedilatildeo na nova sociedade quer sejam estas verdadeiras quer sejam tatildeo-somente simulacro como soacutei acontecer no domiacutenio das representaccedilotildees religiosas

Eacute variadiacutessimo o espectro das escolhas religiosas haacute de tudo e para tu-do Por exemplo o antropoacutelogo britacircnico-brasileiro Peter Fry jaacute mostrou como o pentecostalismo e umbanda podem ser vistos como duas alterna-tivas que se oferecem para diferentes tipos de pessoas o pentecostalis-mo sisudo e comportado a umbanda alegre e desinibida (Fry amp Ho-we1975) Porque como se tem demonstrado a umbanda e demais religi-otildees afro-brasileiras satildeo religiotildees de liberaccedilotildees da personalidade pois natildeo fazem parte do seu ideaacuterio nem de suas praacuteticas rituais o acobertamento e aniquilamento das paixotildees humanas e de toda a natureza por mais re-cocircnditas que sejam elas E isso eacute exatamente o contraacuterio do que pregam e exercitam as religiotildees pentecostais que satildeo grande antagonista das re-ligiotildees de origem negra nos dias de hoje a ponto de lhe declararem per-seguiccedilatildeo sem treacutegua que contamina com intransigecircncia e uso frequumlente da violecircncia fiacutesica as periferias mais pobres das grandes cidades brasilei-ras numa disputa que ldquona metade desta deacutecima deacutecada do seacuteculo o Bra-sil jaacute se acostumou a chamar sem susto de lsquoguerra santarsquo banalizando o nome desdramatizando o conflitordquo como disse Flaacutevio Pierucci (Capiacutetulo 12)134

Por ocasiatildeo de nossa participaccedilatildeo em pesquisa de campo descrita na in-

troduccedilatildeo deste trabalho tivemos a oportunidade de proceder agrave oitiva sobre as gra-

ves denuacutencias de violecircncia fiacutesica e desrespeito a valores simboacutelicos religiosos por

parte dos umbandistas e candomblecistas praticados por neopetencostais na cidade

de Praia Grande durante as comemoraccedilotildees a Iemanjaacute

No final do seacuteculo qualquer branco de classe meacutedia pode ldquofazer o santordquo 135em qualquer praccedila do Paiacutes num candombleacute ldquoautecircnticordquo onde vai ser irmatildeo-de-santo do negro subproletaacuterio Ou iniciar-se num dos ramos do amazocircnico Santo Daime em que o alucinoacutegeno legiacutetimo eacute meio e fim As igrejas pentecostais e neopentecostais oferecem-se numa multiplici-dade de denominaccedilotildees que parecem sem-fim e natildeo apenas prosperam mas diversificam-se doutrinaacuteria e ritualmente ateacute verem borradas de vez as especificidades eacuteticas e teoloacutegicas que marcaram a sua origem Natildeo houve socioacutelogo que ousasse prever para as religiotildees reformadas uma

134 Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p257 135 Aspas dos autores

70

descendecircncia que pregasse as benesses do dinheiro e do consumo al-canccedilaacuteveis pela graccedila divina nos moldes da recentiacutessima teologia da prosperidade que redefine o neopetencostalismo das grandes igrejas-empreendimento para muito longe do universo ideoloacutegico protestante (Mariano 1996)136

As afirmaccedilotildees acima contextualizaram este trabalho Recentemente os

dirigentes da organizaccedilatildeo Igreja Renascer estiveram envolvidos em um escacircndalo

financeiro em que pesaram contra eles seacuterias acusaccedilotildees no Brasil e no exterior de

crime de sonegaccedilatildeo fiscal e desvio de dinheiro137

A mais bem-sucedida denominaccedilatildeo neopentecostal de longe a de maior visibilidade a brasileira e agressiva Igreja Universal do Reino de Deus existe a quinze anos e jaacute eacute um impeacuterio no Brasil e laacute fora Seus pastores satildeo empreendedores com baixa ou nula formaccedilatildeo teoloacutegica mas que de-vem demonstrar grande capacidade de atrair puacuteblico e pagar dividendos para a igreja de acordo com um know-how administrado empresarialmen-te pelos bispos a igreja jaacute estruturada como negoacutecio138

Escacircndalos envolvendo a eacutetica e a moral pelo vieacutes da sexualidade prati-

cados por cleacuterigos da Igreja Catoacutelica nos Estados Unidos tem sido uma constante

nos meios de comunicaccedilatildeo de massa Por exemplo o arcebispado de Los Angeles

aceitou em dezembro de 2006 destinar US$ 600 milhotildees para resolver amigavel-

mente as accedilotildees judiciais movidas por 45 supostas viacutetimas de padres pedoacutefilos139

O texto de Prandi a seguir ilustra a atualidade de nossas palavras acima

() Essa metamorfose pela qual vem passando rapidamente a religiatildeo nos obriga a pensar que se a religiatildeo se transforma em consumo e o fiel

136 Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica 136 p258 137Foto de Bispa Sonia cai na internet O Globo On line Para melhores informaccedilotildees acessar o site httpogloboglobocomspmat20070123287522443asp Uacuteltimo Acesso em 02 de julho de 2007 ]138 Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p258 139Clipping Eletrocircnico - Bento XVI autoriza missa em latim Departamento de Comunicaccedilatildeo PUC-Campinas Para melhores informaccedilotildees acessar o site httpwwwpuc-campinasedubrservicosdetalheaspid=28749 Uacuteltimo acesso em 08 de julho de 2007

71

em consumidor numa relaccedilatildeo de mercado que a sociedade estaacute equipa-da para regulamentar como qualquer outro produto vale pensar que o proacuteprio Estado agora separado da religiatildeo e dela desinteressado como fonte transcendente de legitimidade pode envolver-se para preservar in-teresses do cidadatildeo-consumidor As palavras seguintes de Flaacutevio Pierucci traduzem bastante bem essa preocupaccedilatildeo ldquoCombinadas pois essas duas noccedilotildees baacutesicas a do cidadatildeo como consumidor individual e a do Estado como regulador neutro dos vaacuterios mercados estaraacute plenamente justifica-da a intervenccedilatildeo do Estado para a defesa do indiviacuteduo e a correccedilatildeo dos abusos praticados em nome da religiatildeo Ensaia-se desse modo nessa transmutaccedilatildeo juriacutedica por ora silenciosa do seguidor religioso num con-sumidor de bens e serviccedilos com o direito de reclamar agraves autoridades pro-teccedilatildeo contra os enganadores aproveitadores e exploradores novo refor-ccedilo de legitimidade para a vigilacircncia puacuteblica e a intervenccedilatildeo estatal O uso do modelo lsquodefesa do consumidorrsquo pode ser uma boa saiacuteda para os mais modernos opositores da opressatildeo religiosa tornarem-se os defensores poacutes-modernos das viacutetimas da mercantilizaccedilatildeo religiosa viacutetimas de praacuteti-cas religiosas abusivas ou lesivas viacutetimas da tapeaccedilatildeo e da fraude religi-osa promessas natildeo cumpridas milagres natildeo acontecidosrdquo140

Reginaldo Prandi tambeacutem abordou a questatildeo mercadoloacutegica da feacute pelo

vieacutes microeconocircmico da teoria do consumidor141 que o atual cenaacuterio religioso ofere-

ce sinalizando a questatildeo utilitarista que as religiotildees neste momento contemplam

140Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p260 e 261 141O comportamento do consumidor individual eacute o objeto baacutesico do estudo do consumidor A palavra consumidor significa nessa teoria uma unidade de consumo ou gasto portadora de certo orccedilamento A unidade ldquoconsumidorrdquo tanto pode ser um indiviacuteduo como uma famiacutelia o importante eacute que exista um soacute orccedilamento para a unidade e que seja ela que tome decisotildees de como utilizaacute-lo Segundo a hipoacutetese baacutesica da teoria tradicional do consumidor os indiviacuteduos distribuem a totalidade de suas despesas de forma racional Entende a teoria por forma racional o comportamento que visa obter o maacuteximo de satisfaccedilatildeo dentro das imitaccedilotildees de orccedilamento Quando se comporta racionalmen-te o consumidor calcula deliberadamente escolhe conscientemente e maximiza a sua satisfaccedilatildeo ou utilidade Essa maximizaccedilatildeo significa que o consumidor realiza escolhas e toma decisotildees de tal forma que lhe resultem na possibilidade usufruir da maior utilidade possiacutevel dentro das circunstacircncias de suas restriccedilotildees Como se percebe o comportamento do consumidor admitido pela teoria tradicional eacute essencialmen-te baseado no Princiacutepio Hedoniacutestico de maacutexima satisfaccedilatildeo ou prazer com o miacutenimo de esforccedilo ou sacrifiacutecio Eacute preciso considerar que o consumidor natildeo tem um perfeito conhecimento sobre a melhor forma de atender a suas necessidades Na realidade ele tem um conhecimento insuficiente dos bens que ad-quire De mais a mais sente certo desapontamento decorrente de escolhas e decisotildees que geram utilidades ou satisfaccedilotildees efetivamente usufruiacutedas menores do que por ele imaginadas ou antecipa-das Todavia a tiacutetulo de simplificaccedilatildeo a ignoracircncia a imperfeiccedilatildeo do conhecimento e das diferenccedilas entre expectativa e realizaccedilatildeo da utilidade natildeo satildeo consideradas pela teoria tradicional do comportamento do consumidor De qualquer forma mesmo levando em conta esses tipos de simplificaccedilotildees a base de anaacutelise reali-zada pela teoria eacute a proacutepria teoria da utilidade Inicialmente supotildee a existecircncia de uma medida de utilidade ou pelo menos a possibilidade da existecircncia de uma escala ordinal de referecircncia do con-

72

O uso do cachimbo entorta a boca A religiatildeo natildeo precisa mais ser gratui-ta nem ser de todos Como serviccedilo que se consome ou natildeo porque natildeo eacute mais compulsoacuteria nem uacutenica obrigada a concorrer com um nuacutemero ca-da vez maior de ofertas diferentes a religiatildeo se privatiza e ao se privati-zar atende apenas uma parte da populaccedilatildeo que por sua vez se enxerga diferente das outras partes por causa de suas proacuteprias escolhas e natildeo de suas outras caracteriacutesticas sociais A religiatildeo que era geral uacutenica para toda a sociedade passa a ser de poucos Ela jaacute natildeo junta mas separa Cada uma opera diferencialmente seus mecanismos de solidariedade e constroacutei suas proacuteprias teias de sociabilidade A religiatildeo natildeo unifica mas cria espaccedilos separados que satildeo ilhas de sentidos Agora satildeo muacuteltiplos e agraves vezes irreconciliaacuteveis os sentidos que as diversas religiotildees concomi-tantes e concorrentes emprestam agrave sociedade Mesmo que cada religiatildeo pretenda converter a todos para ser uacutenica porque se pensa como uacutenica verdade cada uma para existir depende da existecircncia das demais por-que essa nova religiatildeo precisa da liberdade de adesatildeo por parte dos a-deptos e de liberdade de empreendimento por parte dos criadores de reli-giatildeo A disputa pelas almas eacute aguerrida mas a guerra santa jaacute natildeo pode acontecer nenhuma religiatildeo responde por nenhuma totalidade social um abismo foi cavado entre a religiatildeo e a naccedilatildeo A religiatildeo natildeo eacute mais para sempre e soacute dura enquanto durar a capacidade de troca que se pactua de ambos os lados do serviccedilo e do consumidor Desencantos e desen-tendimentos satildeo respondidos com mais uma nova escolha A religiatildeo nem tem mais a idade dos seacuteculos como sempre preferiu apresentar-se mas a idade do adolescente 142

Pelas palavras do autor acima consideraremos no mercado varejista de

produtos religiosos dois fenocircmenos concomitantes que se interpotildeem agrave sociedade

brasileira e que pelo prisma deste trabalho poderatildeo fomentar a compra de produtos

neste segmento

O primeiro fenocircmeno seria a competitividade entre as novas e tradicionais

religiotildees em busca de novos fieacuteis onde esbarram nas apropriaccedilotildees e recriaccedilotildees dos

aspectos maacutegicos ritualiacutesticos e miacutesticos que encantam e permeiam o imaginaacuterio

religioso brasileiro O segundo fenocircmeno dar-se-ia pela constataccedilatildeo do surgimento

na poacutes-modernidade de uma religiosidade utilitaacuteria e consumista pautada na indivi-

sumidor Aleacutem disso presume que cada consumidor deveraacute situar-se no ponto mais elevado da sua escala de preferecircncias respeitando as suas limitaccedilotildees de orccedilamento em cada periacuteodo de tempo (A utilidade em seu sentido mais amplo eacute caracterizada como a adequaccedilatildeo de um bem para satisfaccedilatildeo de uma necessidade sentida por um indiviacuteduo) conforme afirmam Giacutelson de Lima GAROacuteFALO e Luiz Carlos Pereira de CARVALHO na obra Anaacutelise microeconocircmica volume 1 p 33 -34 142Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p272

73

dualidade e no sincretismo de credos como podemos notar nos textos de Pierucci e

Prandi143

Seraacute nossa intenccedilatildeo privilegiar essa populaccedilatildeo que acreditaria nos pode-

res especiais dos objetos comprados independentemente de qualquer posiciona-

mento por ela adotada

Finalmente pelas palavras dos dois autores brasileiros encontramos jus-

tificativas de caraacuteter social religioso e econocircmico aleacutem das constataccedilotildees dos estu-

diosos de marketing que explicitam a necessidade de pesquisa de campo que con-

temple os dois vieses o de mercado ou de marketing e o religioso ou da religiosida-

de Pretendemos assim comprovar a hipoacutetese deste trabalho a de que a feacute religio-

sa seja o principal agente motivacional que alavanque o mercado varejista de produ-

tos religiosos

Por isso se enganam os que imaginam que vivemos um momento de grande reflorescimento religioso que nega a secularizaccedilatildeo e leva a soci-edade de novo a entregar os pontos ao sagrado A velha religiatildeo fonte de transcendecircncia para a sociedade como um todo foi estilhaccedilada perdeu toda a utilidade A religiatildeo que tomou o seu lugar eacute uma religiatildeo para cau-sas localizadas reparos especiacuteficos A sociedade inteira natildeo pode ser neopentecostal pois os que jaacute satildeo capazes de administrar sua capacida-de de ganhar dinheiro nunca se conformariam em dividi-lo com Deus Nem pode ser do candombleacute porque nem todos haveriam de aceitar a in-terferecircncia de tantos deuses em cada coisa do dia-a-dia Tambeacutem natildeo pode ser catoacutelico carismaacutetico o catoacutelico que procura a construccedilatildeo da so-ciedade socialmente mais justa Nem haacute de conformar-se em ter apenas uma uacutenica religiatildeo os que se fartam em usufruir do que cada uma delas pode oferecer para o seu interesse compondo ele mesmo sua proacutepria bricolagem religiosa com anjos espiacuteritos guias e gnomos oraacuteculos e pi-racircmides oraccedilotildees ervas e foacutermulas da alquimia meridianos chineses preceitos orientais baralhos passes espirituais e eboacutes horoacutescopos ta-lismatildes e de toda a sorte de siacutembolos e signos religiosos ou natildeo Porque tudo se vende e tudo se compra 144

Estudiosos de marketing de varejo e dos consumidores norte-americanos

tambeacutem sinalizaram claramente a necessidade e importacircncia da pesquisa que nos

143 PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religi-atildeo sociedade e poliacutetica Satildeo Paulo editora Hucitec 1996 144Reginaldo PRANDI Religiatildeo paga conversatildeo e serviccedilo In PIERUCCI Flaacutevio Antocircnio e PRANDI Reginaldo A realidade social das religiotildees no Brasil Religiatildeo sociedade e poliacutetica p272 e 273

74

propusemos empreender David Lewis e Darren Bridges citando Wade Clark Roof

em Spiritual Marketplace destacaram

Haacute uma fluidez consideraacutevel Haacute uma acircnsia contiacutenua para encontrar a verdade espiritual mas agora eles tecircm uma noccedilatildeo mais clara de que al-gumas coisas que procuram lhes oferecer antes como o consumo e ma-terialismo natildeo funcionam tatildeo bem Vejo um futuro espiritual e religioso mais individualista e talvez mais diverso145

No proacuteximo capiacutetulo abordaremos com os necessaacuterios detalhes teacutecni-

cos os aspectos operacionais da pesquisa de campo empreendida para este traba-

lho

145 Wade Clark ROOF apud Dr David LEWIS e Darren BRIDGES A alma do consumidor p11

75

Capitulo II ndash Pesquisa de campo a descoberta e o comportamento dos consumidores no mercado da feacute

Eu vou botar teu nome na macumba Vou procurar uma feiticeira

Fazer uma quizumba pra te derrubar Oi iaiaacute

Vocecirc me jogou um feiticcedilo quase que eu morri Soacute eu sei o que eu sofri

Deus me perdoe mas eu vou me vingar

Eu vou botar teu retrato num prato com pimenta Quero ver se vocecirc guumlenta

A mandinga que eu vou te jogar Raspa de chifre de bode

Pedaccedilo de rabo de jumenta Tu vais botar fogo pela venta

E comigo natildeo vai mais brincar

Asa de morcego Corcova de camelo pra te derrubar

Uma cabeccedila de burro Pra quebrar o encanto do seu patuaacute

Olha tu podes ser forte Mas tens que ter sorte

Pra te salvar Toma cuidado comadre

Com a mandinga que eu vou te jogar

Composiccedilatildeo Zeca Pagodinho Dudu Nobre146

Neste capiacutetulo ponderaremos sobre a organizaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a anaacutelise

dos dados brutos auferidos em nossa pesquisa de campo A apresentaccedilatildeo destes

dados tem como principal objetivo nos munir de elementos ainda empiacutericos para as

consideraccedilotildees que desenvolveremos ao longo do trabalho

Para a organizaccedilatildeo e a execuccedilatildeo da pesquisa de campo seguiremos a

metodologia e as observaccedilotildees recomendadas por Antonio Chizzotti descrevendo

passo a passo todas as etapas cumpridas ao longo do trabalho que vatildeo desde a 146Letra da muacutesica Eu vou botar teu nome na macumba de autoria de Jesseacute Gomes da Silva Filho (Zeca Pagodinho) Faixa integrante do CD ldquoSamba pras moccedilasrdquo Ano de lanccedilamento 1995 pela gra-vadora Universal

76

elaboraccedilatildeo da pesquisa piloto ateacute a aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios definitivos Natu-

ralmente dentro do campo de anaacutelise existe um nuacutemero expressivo de dados e gra-

des que poderiam ser estudados mas por se tratar de uma dissertaccedilatildeo considera-

remos os que julgarmos mais importantes ou pertinentes ao objeto de nosso estudo

21 Meacutetodo de organizaccedilatildeo e execuccedilatildeo da pesquisa de campo Antes de ser submetida a uma anaacutelise de conteuacutedo a coleta de dados

precisa ser organizada e agraves vezes testada como eacute o caso da documentaccedilatildeo inici-

almente empiacuterica deste trabalho Fatores importantes tais como a delimitaccedilatildeo de

nossa proposta de estudos os objetivos (a)s hipoacutetese(s) e o puacuteblico alvo necessari-

amente precisam estar claros Segundo Chizzotti

A redaccedilatildeo deve ser clara apresentando o tema escolhido e as justificati-vas para sua escolha a importacircncia e os limites do trabalho as hipoacuteteses formuladas e suas limitaccedilotildees a populaccedilatildeo-alvo a metodologia seguida e o modo de obter e apresentar os dados obtidos sem generalizaccedilotildees ex-cessivas ou fora do acircmbito estudado podendo indicar ainda os prolon-gamentos eventuais suscitados pela pesquisa e pelas conclusotildees obti-das147

Nesta dissertaccedilatildeo nosso objetivo eacute verificar se a feacute religiosa eacute a motiva-

ccedilatildeo existencial do mercado varejista de produtos relacionados agrave religiosidade So-

mamos aos nossos propoacutesitos a obtenccedilatildeo de um perfil do consumidor e uma anaacutelise

sobre o composto de marketing148 dos produtos aplicados aos rituais religiosos

O instrumental de nossa pesquisa passou por uma aplicaccedilatildeo piloto que

auxiliou na viabilidade e na confiabilidade final do material de pesquisa de campo

especialmente desenvolvido assim como no levantamento da questatildeo deste traba-

lho O material de pesquisa compotildee-se de um questionaacuterio que apresenta na formu-

laccedilatildeo de suas perguntas algumas suposiccedilotildees que precisavam ser verificadas acer-

ca das razotildees fundantes do mercado varejista de produtos religiosos Com os resul-

147Antonio CHIZZOTTI Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais p 48-49 148Composto de Marketing eacute o conjunto de instrumentos agrave disposiccedilatildeo do administrador para imple-mentar uma estrateacutegia de marketing Satildeo os instrumentos o produto o preccedilo o ponto-de-venda a publicidade e aleacutem da propaganda

77

tados dessa primeira aplicaccedilatildeo e uma preacute-anaacutelise do conteuacutedo foi possiacutevel delimi-

tarmos a hipoacutetese149 desta dissertaccedilatildeo com maior acuidade

Findo o levantamento dos dados a hipoacutetese deste trabalho que procura

responder qual eacute o principal motivo que justifica o mercado varejista de produtos re-

ligiosos e se esse motivo estaacute centrado sobre a feacute dos indiviacuteduos dele participantes

Como sujeitos de pesquisa foram abordados e selecionados pelos entre-

vistadores indiviacuteduos maiores de quatorze anos que tivessem saiacutedo das lojas com

compras Os indiviacuteduos em questatildeo podiam professar ou natildeo suas respectivas reli-

giotildees assim como tambeacutem serem pessoas sem religiatildeo especiacutefica

Terminada esta etapa de testes do instrumento da pesquisa piloto tendo

em vista a clientela das lojas de produtos religiosos pudemos passar para a execu-

ccedilatildeo da pesquisa de campo dentro do padratildeo cientiacutefico exigido Seguindo a mesma

orientaccedilatildeo da pesquisa piloto foi escolhido como documento150 de pesquisa final

um questionaacuterio contendo duas questotildees abertas e nove questotildees fechadas aleacutem

dos nove itens que investigam o perfil do entrevistado constituindo uma amostra

variada e representativa de produccedilatildeo para anaacutelise

211 Planificaccedilatildeo e procedimento da coleta de dados Seguindo as orientaccedilotildees do modelo cientiacutefico de pesquisa preconizado

por Antonio Chizzotti aplicamos inicialmente um questionaacuterio experimental e investi-

gativo sem o necessaacuterio rigor cientiacutefico O cenaacuterio escolhido para esta operaccedilatildeo foi a

cidade de Caraguatatuba no litoral paulista na data de nove de setembro de 2006

no horaacuterio das dezoito horas e trinta minutos ateacute as vinte e uma horas Esse proce-

dimento se chamaraacute ldquopesquisa pilotordquo

149 Laurence BARDIN em Anaacutelise de conteuacutedo p 98 comenta que ldquouma hipoacutetese eacute uma afirmaccedilatildeo provisoacuteria que nos propomos verificar (confirmar ou infirmar) recorrendo aos procedimentos de anaacuteli-se Trata-se de uma suposiccedilatildeo cuja origem eacute a intuiccedilatildeo e que permanece em suspenso enquanto natildeo for submetida agrave prova de dados seguros O objetivo eacute a finalidade geral a que nos propomos (ou que eacute fornecida por uma instacircncia exterior) o quadro teoacuterico eou pragmaacutetico na qual os resultados obti-dos seratildeo utilizadosrdquo Ainda segundo ele ldquoDe fato as hipoacuteteses nem sempre satildeo estabelecidas quando da preacute-anaacutelise Por outro lado natildeo eacute obrigatoacuterio ter-se como guia um corpus de hipoacuteteses para se proceder agrave anaacutelise Algumas anaacutelises efetuam-se lsquoagraves cegasrsquo e sem ideacuteias preacute-concebidas 150 BARDIN nos mostra que ldquodois tipos de documentos podem ser submetidos agrave anaacutelise os documen-tos naturais produzidos espontaneamente na realidade e os documentos suscitados pelas necessi-dades de estudo como eacute o caso nesta dissertaccedilatildeo das respostas a questionaacuterios de inqueacuterito tes-tes experiecircncias etcrdquo

78

Ilustraccedilatildeo 7 - Direitos Reservados

O estabelecimento comer-

cial escolhido foi a Banca

da Biacuteblia situado na praccedila

central da cidade ao lado

da igreja matriz Fizemos

nossos contatos iniciais

com o soacutecio controlador do

empreendimento comerci-

al no mecircs de fevereiro de

2006

Identificamo-nos como pesquisadores da PUCSP e discorremos a ele sobre este

trabalho em seus termos gerais

O proprietaacuterio da loja o Sr Servilho Gomes da Silva apoacutes alguns ques-

tionamentos concordou em colaborar com nossa pesquisa Combinamos nessa o-

casiatildeo que entrariacuteamos em contato novamente em uma data futura quando agen-

dariacuteamos de forma definitiva a data de nossa visita desta feita munidos de todo

nosso material da pesquisa de campo

No dia 15 de agosto de 2006 rumamos novamente para a cidade de

CaraguatatubaSP ocasiatildeo essa que em conjunto com o lojista determinamos o dia

da aplicaccedilatildeo do teste piloto conforme a conveniecircncia do comerciante

Iniciamos os trabalhos documentando fotograficamente a loja os possiacute-

veis clientes proprietaacuterio e produtos

Demos sequumlecircncia a nossos propoacutesitos entrevistando o proprietaacuterio

O questionaacuterio dirigido agrave clientela da Banca da Biacuteblia foi aplicado por

dois entrevistadores o autor desta dissertaccedilatildeo e Estela Noronha sempre apresen-

tada como pesquisadora assistente O processo de abordagem a essas pessoas foi

feito de forma direta Identificamo-nos atraveacutes de um cartatildeo de visitas especialmen-

te desenvolvido para essa finalidade

79

Vista frontal de nosso cartatildeo de identificaccedilatildeo

Verso do cartatildeo de identificaccedilatildeo

Ilustraccedilatildeo 8 - Direitos Reservados

Nesse cartatildeo consta o nome da universi-

dade cidade sede nome do departamen-

to ao qual o pesquisador estaacute vinculado

sua identidade as iniciais de sua especi-

alidade a aacuterea de interesse em que a

pesquisa estaacute relacionada telefones e

endereccedilo completo Consta tambeacutem o

endereccedilo eletrocircnico para comunicaccedilatildeo

direta via Internet No verso deste ins-

trumento de apresentaccedilatildeo colocamos o

nome do orientador cargo que ocupa na

universidade departamento e endereccedilo

da academia de ciecircncias Foram aborda-

dos dez sujeitos nesta data selecionados

aleatoriamente pelos entrevistadores

Eram possiacuteveis clientes que estavam

dentro da loja ou que dela estivessem

saindo indistintamente e que se dispuse-

ram a serem entrevistados

Sequencialmente procedemos a uma leitura ldquoflutuanterdquo151 do instrumento de campo

que foi desenvolvido Essa leitura serviu para delimitar melhor o objeto de estudo e

as hipoacuteteses bem como testar a aplicabilidade do instrumento de pesquisa e a qua-

lidade das perguntas

Sendo assim o questionaacuterio da pesquisa piloto mostrou uma ratificaccedilatildeo

e ajuste ao objeto e hipoacutetese deste trabalho

Nossa iniciativa nesta fase desta dissertaccedilatildeo foi eficaz para certificarmos

o tempo gasto para a aplicaccedilatildeo de cada questionaacuterio e ainda observar qual seria a

151BARDIN explica que ldquoleitura flutuante eacute a primeira atividade que consiste em estabelecer contato com os documentos a analisar e em conhecer o texto deixando-se invadir por impressotildees e orienta-ccedilotildees Esta fase eacute chamada de leitura ldquoflutuanterdquo por analogia com a atitude do psicanalista Pouco a pouco a leitura vai-se tornando mais precisa em funccedilatildeo de hipoacuteteses emergentes da projeccedilatildeo de teorias adaptadas sobre o material e da possiacutevel aplicaccedilatildeo de teacutecnicas utilizadas sobre materiais anaacutelogosrdquo (opcitp96)

80

melhor maneira de abordar os sujeitos da pesquisa Neste sentido algumas infor-

maccedilotildees foram importantes para a aplicaccedilatildeo final e definitiva das questotildees propostas

bull Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio elaborado para a possiacutevel clientela da

loja gastou cerca de 20 minutos

bull Deveriacuteamos evitar a abordagem do sujeito de uma entrevista antes de

sua entrada na loja

bull Deixamos claro logo na abordagem que se tratava de uma pesquisa

para Universidade de cunho cientiacutefico pois isto evitaria qualquer outro juiacutezo a res-

peito de nossa iniciativa

bull Deveriacuteamos ter a maior objetividade brevidade e discriccedilatildeo possiacuteveis

no interior da loja para natildeo alterar sua atmosfera comercial e natildeo trazermos dificul-

dades operacionais aos atos comerciais que estivessem ocorrendo

Tambeacutem desenvolvemos dois outros instrumentos a serem usados de

forma opcional durante a pesquisa de campo Trata-se do questionaacuterio de entrevista

com o lojista152 e da caderneta de anotaccedilotildees ou caderneta de campo O primeiro

instrumento aqui em destaque se destina a sondar a posiccedilatildeo pessoal do lojista con-

sideradas as variaacuteveis feacute e comeacutercio Essas variaacuteveis poderatildeo ser utilizadas ao final

de nosso trabalho dando-nos maior consistecircncia em nossas arguumliccedilotildees finalizantes

No segundo instrumento anotaremos os detalhes que possam posteriormente ser

relevantes ao bom desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo tais como a oitiva de possiacute-

veis comentaacuterios adjacentes e proferidos por vendedores observaccedilotildees de detalhes

esteacuteticos e particulares de cada loja etc

Fisicamente esse instrumento eacute constituiacutedo de um bloco de anotaccedilotildees

devidamente datado e situado com local e periacuteodo aleacutem do horaacuterio das nossas in-

vestidas dentro de nosso cenaacuterio de pesquisa

Com a finalidade de melhor documentar os nossos procedimentos e

concomitantemente agrave aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios decidimos gerar um amplo mate-

rial fotograacutefico O intuito dessa parte de nosso trabalho no campo vai aleacutem da sim-

ples ilustraccedilatildeo Iremos adotar o vieacutes foto-jornaliacutestico pois eacute a maneira que encon-

152 Um modelo do questionaacuterio completo encontra-se nos anexos

81

tramos para demonstrar por imagens os detalhes que venham a ser relevantes nes-

ta dissertaccedilatildeo

O questionaacuterio definitivo dentro dos padrotildees cientiacuteficos foi aplicado poste-

riormente na praccedila comercial de Satildeo Paulo153 durante o periacuteodo que se inicia em

onze de dezembro de 2006 e estende-se ateacute o dia vinte de abril de 2007 Nessas

datas os questionaacuterios aos clientes das lojas foram aplicados pelos mesmos entre-

vistadores da pesquisa piloto Tambeacutem nessas oportunidades nos identificaacutevamos

atraveacutes de nossos cartotildees de visitas especialmente desenvolvidos para esta finali-

dade Nosso puacuteblico-alvo constituiu-se de pessoas de ambos os sexos e maiores de

quatorze anos

Como na pesquisa preacutevia foram abordados ao acaso os indiviacuteduos que

estavam saindo do interior das lojas e que nelas tivessem comprado algum tipo de

produto fossem eles velas impressos em geral estatuetas incensos material para

os ritos maacutegicos e representativos de seu credo patuaacutes pedrarias joacuteias ou bijuteri-

as roupas ou vestimentas especiais miacutedia eletrocircnica etc

A princiacutepio nosso projeto contemplou as religiotildees reconhecidas pelo Insti-

tuto de Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Mas em funccedilatildeo do grande nuacutemero de

dados a serem levantados e a enorme demanda de tempo para execuccedilatildeo da pes-

quisa de campo voltamos o nosso foco de pesquisa para as quatro religiotildees em que

mais aparecem lojas com produtos recorrentes a elas no mercado varejista e de rua

da cidade Satildeo Paulo Satildeo as lojas de produtos para os catoacutelicos e protestantes para

os praticantes das religiotildees afro-brasileiras e para os novoeristas

Foi delimitado o miacutenimo de trinta questionaacuterios por loja perfazendo um to-

tal de quatrocentos e oitenta documentos que totalizaram nove mil e seiscentas per-

guntas e respostas Esse volume de informaccedilatildeo se tornou o ldquocorpusrdquo levantado para

anaacutelise e conclusatildeo respectiva Tambeacutem utilizamos depoimento e entrevista com um

dos lojistas154 registros fotograacuteficos e observaccedilotildees de campo

22 Os resultados macroscoacutepicos da pesquisa de campo

Afirmamos anteriormente que o questionaacuterio apresenta em sua formulaccedilatildeo

duas questotildees abertas e nove questotildees fechadas aleacutem dos nove itens que investi-

153 A listagem com os endereccedilos completos das lojas pesquisadas encontra-se tambeacutem nos anexos 154 O depoimento e entrevista com o lojista encontra-se nos anexos

82

gam o perfil do entrevistado Neste capiacutetulo demonstraremos os dados macroscoacutepi-

cos representativos com suas respectivas participaccedilotildees percentuais sobre o volu-

me total das respostas de cada uma das questotildees

221 Resultados obtidos com o perfil dos entrevistados

Graacutefico e tabela 1 ndash Sexo dos sujeitos entrevistados

Masculino12

Feminino88

Sexo Lojas AFRO Lojas NOVA ERA Loja CATOLs Lojas PROTs sum Δ

Masculino 22 11 16 9 58 1208 Feminino 98 109 104 111 422 8792

Totais 120 120 120 120 480 100

83

Graacutefico e tabela 2 ndash Qual a sua profissatildeo

2646

4083

292

2104

313 375

188

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Valores percentuais

Comerciaacuterio 2646

Dona de casa 4083

Comerciante 292

Profissional liberal 2104

Servidor puacuteblico 313

Estudante 375

Desempregado 188

84

Profissatildeo Lojas AFRO Lojas NOVA ERA Loja CATOLs Lojas PROTs sum Δ Comerciaacuterio 42 23 32 30 127 2646

Dona de casa 39 37 58 62 196 4083 Comerciante 4 4 5 1 14 292

Profissional liberal 20 43 19 19 101 2104 Servidor Puacuteblico 5 3 6 1 15 313

Estudante 6 9 0 3 18 375 Desempregado 4 1 0 4 9 188

Totais 120 120 120 120 480 10000

85

Graacutefico e tabela 3 - Qual a sua idade

1646

3104

2479

1688

833

250

000 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

Valores Percentuais Mais de 65 anos 250De 55 a 65 anos 833De 45 a 55 anos 1688De 35 a 45 anos 2479De 25 a 35 anos 3104De 18 a 25 anos 1646

86

Qual a sua

idade Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

De 18 a 25 anos 39 21 11 8 79 1646

De 25 a 35 anos 33 34 36 46 149 3104

De 35 a 45 anos 23 40 29 27 119 2479

De 45 a 55 anos 15 14 21 31 81 1688

De 55 a 65 anos 8 10 14 8 40 833

Mais de 65 anos 2 1 9 0 12 250 Totais 120 120 120 120 480 10000

87

Graacutefico e tabela 4 ndash Qual o seu estado civil

1646

7292

917

146

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Valores Percentuais

Solteiro (a) 1646Casado (a) ou comcompanheira (o)

7292

Separado (a) judicialmenteou divorciado (a)

917

Viuacutevo (a) 146

Ocorrecircncias

88

Estado civil Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Solteiro (a) 34 27 8 10 79 1646 Casado (a) ou com companheira (o) 60 72 111 107 350 7292 Separado (a) judicialmente ou divorciado (a) 20 21 1 2 44 917 Viuacutevo (a) 6 0 0 1 7 146 Totais 120 120 120 120 480 10000

89

Graacutefico e tabela 5 - Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar

2667

6083

1188

063

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Valores percentuais

Ateacute o primeiro grau 2667Ateacute o segundo grau 6083Ateacute o terceiro grau 1188Poacutes-graduado 063

Ocorrecircncias

90

Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar

LojasAFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Ateacute o primeiro grau 30 19 21 58 128 2667 Ateacute o segundo grau 81 61 93 57 292 6083 Ateacute o terceiro grau 8 38 6 5 57 1188 Poacutes-graduado 1 2 0 0 3 063 Totais 120 120 120 120 480 10000

91

Graacutefico e tabela 6 - Qual a sua faixa de renda familiar

104

958

2958

3063

1938

542

438

000 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

438

Mais de 10 salaacuteriosmiacutenimos

542

De 08 a 10 salaacuteriosmiacutenimos

1938

De 05 a 08 salaacuteriosmiacutenimos

3063

De 03 a 05 salaacuteriosmiacutenimos

2958

De 01 a 03 salaacuteriosmiacutenimos

958

Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo 104

Ocorrecircncias

92

Qual a sua faixa de renda familiar

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo 3 1 0 1 5 104 De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos 10 10 4 22 46 958 De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos 44 21 23 54 142 2958 De 05 a 08 salaacuterios miacutenimos 36 40 37 34 147 3063 De 08 a 10 salaacuterios miacutenimos 17 28 44 4 93 1938 Mais de 10 salaacuterios miacutenimos 3 13 6 4 26 542 Natildeo quis ou natildeo soube responder 7 7 6 1 21 438 Totais 120 120 120 120 480 10000

93

Graacutefico e tabela 7 - O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro

5292

1958

2396

354

000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Valores percentuais

Sim 5292Natildeo 1958Nas imediaccedilotildees destebairro

2396

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

354

Ocorrecircncias

94

O Sr(a) reside ou trabalha neste bairro

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Sim 68 99 44 43 254 5292 Natildeo 12 5 47 30 94 1958 Nas imediaccedilotildees deste bairro 40 16 29 30 115 2396 Natildeo quis ou natildeo soube responder 0 0 0 17 17 354 Totais 120 120 120 120 480 10000

95

Graacutefico e tabela 8 - O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo

74

26

Sim Natildeo

O sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Sim 95 103 109 50 357 7438 Natildeo 25 17 11 70 123 2563 Totais 120 120 120 120 480 10000

96

Graacutefico e tabela 9 - Qual a sua religiatildeo de batismo

8063

917

188

333

021

021

083

000

042

333

000 2000 4000 6000 8000 10000Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

333

Natildeo eacute batizado 042Muccedilulmana 000Novoerista 083Budista 021Candomblecista 021Umbandista 333Espiacuterita kadercista 188Protestante 917Catoacutelica 8063

Ocorrecircncias

97

Qual sua religiatildeo de batismo Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Catoacutelica 98 92 119 78 387 8063 Protestante 1 4 1 38 44 917 Espiacuterita kadercista 0 5 0 4 9 188 Umbandista 16 0 0 0 16 333 Candomblecista 1 0 0 0 1 021 Budista 0 1 0 0 1 021 Novoerista 0 4 0 0 4 083 Muccedilulmana 0 0 0 0 0 000 Natildeo eacute batizado 1 1 0 0 2 042 Natildeo quis ou natildeo soube responder 3 13 0 0 16 333 Totais 120 120 120 120 480 10000

98

Graacutefico e tabela 10- Qual a sua religiatildeo praticada atualmente

3250

2563

313

1125

479

000

458

000

1813

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Valores percentuais

Catoacutelica 3250Protestante 2563Espiacuterita kardecista 313Umbandista 1125Candomblecista 479Budista 000Novoerista 458Muccedilulmana 000Natildeo quis ou natildeo souberesponder

1813

Ocorrecircncias

99

Qual a sua religiatildeo praticada atualmente

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Catoacutelica 17 38 101 0 156 3250 Protestante 0 3 0 120 123 2563 Espiacuterita kardecista 5 10 0 0 15 313 Umbandista 53 1 0 0 54 1125 Candomblecista 23 0 0 0 23 479 Budista 0 0 0 0 0 000 Novoerista 16 6 0 0 22 458 Muccedilulmana 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 6 62 19 0 87 1813 Totais 120 120 120 120 480 10000

100

Graacutefico e tabela 11 - Como o senhor (a) teve conhecimento da existecircncia desta loja

125063000021333

2188

5271

646

1208

146000

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Valores percentuais

Lista telefocircnica 125Internet 063Propaganda em revistasjornais murais ou meiosimpressos

000

Pelo raacutedio ou televisatildeo 021Por parentes ou amigos defora de minha comunidadereligiosa

333

Por parentes ou amigos daminha comunidade religiosa

2188

Por indicaccedilotildees de placas ouvitrine da loja

5271

Pelo padre sacerdote ousacerdotisa pastor oupastora sheik rabino

646

Ocorrecircncias

101

Como o Sr (a) teve conhecimento da existecircncia desta loja

LojasAFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Lista telefocircnica 2 0 4 0 6 125 Internet 1 2 0 0 3 063 Propaganda em revistas jornais murais ou meios impressos 0 0 0 0 0 000 Pelo raacutedio ou televisatildeo 0 0 0 1 1 021 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 8 1 6 1 16 333 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 12 4 48 41 105 2188 Por indicaccedilotildees de placas ou a vitrine da loja 73 98 35 47 253 5271 Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor oupastora sheik rabino monge etc 20 0 1 10 31 646 Por acaso 2 15 26 15 58 1208 Natildeo quis ou natildeo soube responder 2 0 0 5 7 146 Totais 120 120 120 120 480 10000

102

Graacutefico e tabela 12 - Com que frequumlecircncia o senhor (a) compra produto(s) reli-gioso(s)

688

1313

1083

1375

2125

2500

917

000 500 1000 1500 2000 2500

Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

917

Menos de uma vez por ano 2500Uma vez por ano 2125Uma vez por semestre 1375Uma vez a cada trecircs meses 1083Uma vez a cada dois meses 1313Pelo menos uma vez pormecircs

688

Ocorrecircncias

103

Com que frequumlecircncia o Sr (a) compra produtos religiosos

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Pelo menos uma vez por mecircs 26 7 0 0 33 688 Uma vez a cada dois meses 40 23 0 0 63 1313 Uma vez a cada trecircs meses 20 32 0 0 52 1083 Uma vez por semestre 14 30 8 14 66 1375 Uma vez por ano 15 16 40 31 102 2125 Menos de uma vez por ano 5 2 50 63 120 2500 Natildeo quis ou natildeo soube responder 0 10 22 12 44 917 Totais 120 120 120 120 480 10000

104

Graacutefico e tabela 13 - Qual eacute o principal motivo que o senhor (a) comprou esses produtos

2042

563

4292

1854

313

625

313

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Valores percentuais

Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu culto religioso

2042

Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar

563

Porque a imagem desse (s) objeto ( s ) reforccedila (m) a minha feacute

4292

Porque trazem proteccedilatildeo 1854

Porque achei bonito 313

Vai servir para eu dar de presente a algueacutem

625

Natildeo quis ou natildeo soube responder

313

Ocorrecircncias

105

Qual eacute principal o motivo que o sr(a) comprou esse (s) produto (s

LojasAFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu culto religioso 16 10 33 39 98 2042 Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar 18 0 0 9 27 563 Porque a imagem desse (s) objeto(s) reforccedila (m) a minha feacute 54 59 43 50 206 4292 Porque trazem proteccedilatildeo 30 33 17 9 89 1854 Porque achei bonito 1 10 4 0 15 313 Vai servir para eu dar de presente a algueacutem 1 6 23 0 30 625 Natildeo quis ou natildeo soube responder 0 2 0 13 15 313 Totais 120 120 120 120 480 10000

106

Graacutefico e tabela 14 - Qual o tipo ou gecircnero do (s) produtos comprados

1601

485

808

176132

352

015 015059

558

250

485

852

411

690

1630

631

015

103

279

162117

059

117

Velas

Imag

ens e

m gess

o

Imag

ens i

mpress

as

Ervas d

e che

iro

Buacutezios

Guias d

e san

toTint

as

Pinceacuteis

Charut

os

Terccedilos

Sabon

etes

Incen

so

Bijuter

ia

Vestuaacute

rio

Miacutedia e

letrocircn

ica C

D ou D

VD

Miacutedia i

mpress

a

Siacutembo

los sa

grado

s ou m

iacutestico

s

Copos

taccedila

s ou s

imila

res

Armas

Pedras

Perfum

es e

aromati

zante

s

Calend

aacuterios

Patuaacutes

Baralho

s ou t

arocirc

Ocorrecircncias

Valo

res

perc

entu

ais

107

Qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s) (citaccedilotildees)

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Velas 78 15 16 0 109 1601 Imagens em gesso 8 9 16 0 33 485 Imagens impressas 11 4 40 0 55 808 Ervas de cheiro 11 1 0 0 12 176 Buacutezios 9 0 0 0 9 132 Guias de santo 24 0 0 0 24 352 Tintas 1 0 0 0 1 015 Pinceacuteis 1 0 0 0 1 015 Charutos 4 0 0 0 4 059 Terccedilos 1 0 37 0 38 558 Sabonetes 1 16 0 0 17 250 Incenso 6 27 0 0 33 485 Bijuteria 16 21 21 0 58 852 Vestuaacuterio 0 8 10 10 28 411 Miacutedia eletrocircnica CD ou DVD 0 12 14 21 47 690 Miacutedia impressa 0 8 12 91 111 1630 Siacutembolos sagrados ou miacutesticos 0 9 13 21 43 631 Copos taccedilas ou similares 0 1 0 0 1 015 Armas 0 6 1 0 7 103 Pedras 0 19 0 0 19 279 Perfumes e aromatizantes 0 11 0 0 11 162 Calendaacuterios 0 6 0 2 8 117 Patuaacutes 4 0 0 0 4 059 Baralhos ou tarocirc 0 8 0 8 117 Totais 175 181 180 145 681 10000

108

Graacutefico e tabela 15 - Faixa de desembolso na loja

2667

2833

3104

1083

250

042 000 021000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Valores percentuais

Ate 10 reais 2667De 10 a 20 reais 2833De 20 a 40 reais 3104De 40 a 80 reais 1083De 80 a 160 reais 250De 160 a 320 reais 042Mais de 320 reais 000Natildeo quis ou natildeo souberesponder

021

Ocorrecircncias

109

Faixa de desembolso na loja Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Ate 10 reais 38 17 32 41 128 2667 De 10 a 20 reais 45 31 27 33 136 2833 De 20 a 40 reais 30 34 51 34 149 3104 De 40 a 80 reais 3 28 10 11 52 1083 De 80 a 160 reais 2 9 0 1 12 250 De 160 a 320 reais 1 1 0 0 2 042 Mais de 320 reais 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 0 0 0 1 021 Totais 120 120 120 120 480 10000

110

Graacutefico e tabela 16 - Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja

9

4238

100

1

Plenamente satisfeito (a)Satisfeito (a)Razoavelmente satisfeito (a)Sofrivelmente satisfeito (a)Insatisfeito (a)Natildeo quis ou natildeo soube responder

Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Plenamente satisfeito (a) 32 4 2 3 41 854 Satisfeito (a) 49 51 22 80 202 4208 Razoavelmente satisfeito (a) 37 49 70 27 183 3813 Sofrivelmente satisfeito (a) 1 5 0 0 6 125 Insatisfeito (a) 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 11 26 10 48 1000 Totais 120 120 120 120 480 10000

111

Graacutefico e tabela 17 - O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja

Sim51

Natildeo11

Natildeo quis ou natildeo soube responder

38

O Sr(a) pretende voltar outras vezes a esta loja

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Sim 112 46 39 47 244 5083 Natildeo 4 19 22 8 53 1104 Natildeo quis ou natildeo soube responder 4 55 59 65 183 3813 Totais 120 120 120 120 480 10000

112

Graacutefico e tabela 18 - Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo

1354

2104 2104

3917

146000

375

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

Valores percentuais

Caros 1354Relativamente caros 2104Razoavelmenteequilibrados

2104

Condizentes com a minharenda

3917

Baratos 146Muito baratos 000Natildeo quis ou natildeo souberesponder

375

Ocorrecircncias

113

Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Loja CATOLs Lojas PROTs sum Δ

Caros 14 10 37 4 65 1354 Relativamente caros 23 17 28 33 101 2104 Razoavelmente equilibrados 22 21 21 37 101 2104 Condizentes com a minha renda 59 61 32 36 188 3917 Baratos 1 1 2 3 7 146 Muito baratos 0 0 0 0 0 000 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 10 0 7 18 375 Totais 120 120 120 120 480 10000

114

Graacutefico e tabela 19 - Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

6271

708

1604

271

000

125

1021

000 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

Valores percentuais

Ocorrecircncias

Natildeo quis ou natildeo souberesponder

1021

Um convite especial 125Maior conforto 000Melhor atendimento 271Novos produtos 1604Melhores condiccedilotildees depagamento

708

Melhores preccedilos 6271

Ocorrecircncias

115

Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

Lojas AFRO

Lojas NOVA ERA

Lojas CATOLs

Lojas PROTs sum Δ

Melhores preccedilos 89 54 80 78 301 6271 Melhores condiccedilotildees de pagamento 14 5 4 11 34 708 Novos produtos 11 49 4 13 77 1604 Melhor atendimento 4 9 0 0 13 271 Maior conforto 0 0 0 0 0 000 Um convite especial 1 3 2 0 6 125 Natildeo quis ou natildeo soube responder 1 0 30 18 49 1021 Totais 120 120 120 120 480 10000

Os dados que apresentamos acima satildeo macro-estatiacutesticos e nortearam

o contexto geral desta pesquisa A anaacutelise mais detalhada deste trabalho seraacute reali-

zada no proacuteximo capiacutetulo

23 - Meacutetodo de anaacutelise dos dados coletados Como jaacute expusemos optaremos em realizar a anaacutelise de conteuacutedo155 dos

dados coletados atraveacutes da pesquisa de campo seguindo os princiacutepios metodoloacutegi-

cos apontados no livro Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais de Antocircnio Chiz-

zotti Segundo esse autor

Anaacutelise de conteuacutedo eacute um meacutetodo de tratamento e anaacutelise de informa-ccedilotildees colhidas por meio de teacutecnicas de coleta de dados consubstancia-das em um documento A teacutecnica se aplica agrave anaacutelise de textos escritos ou de qualquer comunicaccedilatildeo (oral visual gestual) reduzida a um texto ou documento

O objetivo da anaacutelise de conteuacutedo eacute compreender criticamente o sentido das comunicaccedilotildees seu conteuacutedo manifesto ou latente as significaccedilotildees expliacutecitas ou ocultas

A decodificaccedilatildeo de um documento pode utilizar-se de diferentes procedi-mentos para alcanccedilar o significado profundo das comunicaccedilotildees nele ci-fradas A escolha do procedimento mais adequado depende do material a ser analisado dos objetos da pesquisa e da posiccedilatildeo ideoloacutegica e social do analisador

155Laurence BARDIN Anaacutelise de Conteuacutedo p 105-106 esclarece que ldquofazer uma anaacutelise temaacutetica consiste em descobrir os lsquonuacutecleos de sentidorsquo que compotildeem a comunicaccedilatildeo e cuja presenccedila ou fre-quumlecircncia de apariccedilatildeo pode significar algumas coisas para o objetivo analiacutetico escolhido O tema eacute ge-ralmente utilizado como unidade de registro para estudar motivaccedilotildees de opiniotildees de atitudes de valores de crenccedilas de tendecircncias etc As respostas a questotildees abertas as entrevistas (natildeo direti-vas ou mais estruturadas) individuais ou de grupo de inqueacuterito ou de psicoterapia os protocolos de testes as reuniotildees de grupos os psicodramas as comunicaccedilotildees de massa etc podem ser e satildeo frequumlentemente analisados tendo o tempo por baserdquo

116

Esses procedimentos podem privilegiar um aspecto da anaacutelise seja de-compondo um texto em unidades leacutexicas (anaacutelise lexicoloacutegica) ou classifi-cando-o segundo categorias (anaacutelise categorial) seja desvelando o senti-do de uma comunicaccedilatildeo no momento do discurso (anaacutelise de enunciaccedilatildeo) ou revelando os significados dos conceitos em meios sociais diferencia-dos (anaacutelise de conotaccedilotildees) ou seja utilizando-se de qualquer outra for-ma inovadora de decodificaccedilatildeo de comunicaccedilotildees impressas visuais ges-tuais etc apreendendo o seu conteuacutedo expliacutecito ou impliacutecito

Esta teacutecnica procura reduzir o volume amplo de informaccedilotildees contidas em uma comunicaccedilatildeo a algumas caracteriacutesticas particulares ou categorias conceituais que permitam passar dos elementos descritivos agrave interpreta-ccedilatildeo ou investigar a compreensatildeo dos atores sociais no contexto cultural em que produzem a informaccedilatildeo ou enfim verificando a influecircncia desse contexto no estilo na forma e no conteuacutedo da comunicaccedilatildeo 156

Assim sendo a anaacutelise de conteuacutedo seraacute considerada como um meacutetodo

que contempla o conjunto de teacutecnicas de anaacutelise das comunicaccedilotildees A dinacircmica do

processo analiacutetico eacute marcada por uma grande variedade de formas e eacute adaptaacutevel a

um amplo campo de aplicaccedilatildeo que satildeo as comunicaccedilotildees

Desta forma para trabalharmos com o material da pesquisa de campo

desta dissertaccedilatildeo proporemos utilizar duas teacutecnicas de anaacutelise simultaneamente

uma do tipo temaacutetica (qualitativa) e outra do tipo frenquumlecircncial (quantitativa) sendo

que para a primeira utilizaremos a anaacutelise de enunciaccedilatildeo

A anaacutelise quantitativa estaraacute centrada sobre a demonstraccedilatildeo graacutefica da

relaccedilatildeo entre as variaacuteveis classificando os dados por categorias onde vamos de-

monstrar a relaccedilatildeo entre as possiacuteveis variaacuteveis157 Na anaacutelise qualitativa seguire-

mos as orientaccedilotildees fenomenoloacutegicas que nos sugerem ldquoir aleacutem das manifestaccedilotildees

imediatas para captaacute-las e desvelar e desvelar o sentido oculto das impressotildees ime-

diatas O sujeito precisa ultrapassar as aparecircncias para alcanccedilar a essecircncia dos fe-

nocircmenosrdquo158

Chizzotti comenta

156 Antonio CHIZZOTTI Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais p98-99 157 Ibid p 69 158 Ibid p 80

117

Para muitos autores a pesquisa quantitativa natildeo deve ser oposta agrave pes-quisa qualitativa mas ambas devem sinergicamente convergir na com-plementaridade muacutetua sem confinar os processos e questotildees metodoloacute-gicos a limites que atribuam os meacutetodos quantitativos exclusivamente ao positivismo ou os meacutetodos qualitativos ao pensamento interpretativo (fe-nomenologia dialeacutetica hermenecircutica etc) Esses autores consideram que eacute necessaacuterio superar as oposiccedilotildees que subsistem nas pesquisas em ciecircncias humanas e sociais e apontam que se pode fazer uma anaacutelise qualitativa de dados estritamente quantitativos ou que o material recolhido com teacutecnicas qualitativas podem ser analisadas com meacutetodos quantitati-vos como eacute o caso da anaacutelise de conteuacutedo159

No proacuteximo capiacutetulo atraveacutes da anaacutelise dos dados obtidos na pesquisa

de campo vamos entender e explicar o que constatamos que a feacute religiosa eacute a prin-

cipal alavanca motivacional do mercado varejista de produtos religiosos

159Antonio CHIZZOTTI Pesquisa em Ciecircncias Humanas e Sociais p 34

118

Capiacutetulo III ndash O varejo de produtos religiosos razatildeo e sensibilidade

Vendas a varejo eacute atenccedilatildeo aos detalhes (retail is detail) Eacute trabalho aacuterduo Cyril Magnin comerciante americano a-conselha ldquoQuem tem mais de 40 anos tem pouco a ver com o varejordquo Um velho proveacuterbio chinecircs acrescenta ldquoQuem natildeo sorri natildeo abre lojardquo

Philiph Kotler160

Marketing eacute tatildeo baacutesico que natildeo pode ser considerado como uma funccedilatildeo isolada Eacute o negoacutecio inteiro cujo resul-tado final depende do ponto de vista do cliente

Peter Drucker161

Neste capiacutetulo iremos analisar as respostas da pesquisa de campo que

tiveram como publico alvo compradores maiores de catorze anos

Discorreremos sobre o ponto central de nosso trabalho quando formos

verificar que a motivaccedilatildeo da compra de diversos produtos religiosos pelos sujeitos

entrevistados tem as conotaccedilotildees da religiosidade poacutes-moderna e em especial a

razatildeo da feacute individual

Sobre a religiosidade poacutes-moderna Estela Noronha afirmou que

() sabiacuteamos que ambas as visotildees e discursos estavam em conformida-de com o movimento da poacutes-modernidade onde as novas formas ou ten-decircncias do ldquoserrdquo religioso satildeo sincreacuteticas e polissecircmicas marcadas pela diversidade pela pluralidade de credos pelo tracircnsito religioso e pela falta de submissatildeo hieraacuterquica agraves instituiccedilotildees religiosas Ao mesmo tempo em que tambeacutem buscam um sentido existencial individualista e subjetivo centrado no indiviacuteduo e no seu cotidiano muitas vezes utilitarista con-sumista e praacutetico162

160Philip KOTLER Marketing de A a Z p224 161Philip KOTLER Administraccedilatildeo de Marketing Anaacutelise planejamento administraccedilatildeo e controle p29 162Estela NORONHA Tenha feacute tenha confianccedila Iemanjaacute eacute uma esperanccedila Um estudo a luz da soacute-cio-antropologia e da psicologia analiacutetica do fenocircmeno ldquoIemanjismordquo entre os natildeo devotos das religi-otildees afro-brasileira p170

119

Estaremos enfocando os clientes que efetivaram compras nas lojas de

produtos para a profissatildeo da feacute catoacutelica das diversas denominaccedilotildees do credo pro-

testante-cristatildeo das religiotildees afro-brasileiras e das doutrinas com menores hetero-

doxias se considerados os vieses judaico-cristatildeos163 das religiotildees ocidentais

Objetivamos delinear um perfil desses consumidores aleacutem de examinar-

mos os resultados obtidos sob o enfoque dos dados funcionais do composto de

marketing164 tendo em vista o consumidor Salvo melhor juiacutezo satildeo estas as ferra-

mentas que a ciecircncia oferece para a implementaccedilatildeo das estrateacutegias mercadoloacutegicas

e que tenham como meta o atendimento das necessidades das pessoas que com-

potildeem o puacuteblico do mercado de produtos religiosos

Segundo Kotler

O ponto de partida para o estudo do marketing reside nas necessidades e desejos humanos A humanidade precisa de comida ar aacutegua roupa e abrigo para sobreviver Aleacutem disso as pessoas desejam recreaccedilatildeo edu-caccedilatildeo e outros serviccedilos Elas tecircm preferecircncias notaacuteveis por tipos especiacute-ficos de bens de serviccedilos baacutesicos165

Antes que passemos para as questotildees que examinam os aspectos da feacute

e da religiosidade do puacuteblico alvo e consumidor de produtos relacionados agrave religiosi-

dade e feacute eacute necessaacuterio que faccedilamos uma siacutentese dos dados macro-estatiacutesticos que

foram demonstrados no segundo capiacutetulo para que possamos embasar a anaacutelise

acerca do fator motivacional que justifica a aquisiccedilatildeo desses bens no comercio va-

rejista de produtos religiosos A pesquisa de campo tambeacutem justificaraacute o prisma ana-

liacutetico-mercadoloacutegico que pretendemos empreender

Alexandre L Las Casas afirma

163 Referimos-nos aacutes doutrinas celtas entre as quais o Druidismo a religiatildeo Wica correntes que ad-vogam o poder maacutegico atraveacutes de cristais pedras preciosas florais aromas etc Tambeacutem estatildeo con-templadas nessa linha denominativa as religiotildees orientais tais como o hinduiacutesmo hinduiacutesmo bramacirc-nico o taoiacutesmo o budismo e o movimento Hare Krishna entre outros 164 Os elementos funcionais do composto de marketing satildeo compreendidos conceitualmente atraveacutes do produto como soluccedilatildeo para o cliente do preccedilo final de venda como custo para aquisiccedilatildeo de bens ou serviccedilos da praccedila ou dos pontos de venda como uma conveniecircncia logiacutestica de abastecimento para a clientela e da promoccedilatildeo publicidade e propaganda como forma de comunicaccedilatildeo institucional e mercadoloacutegica 165 Philip KOTLER Marketing p31

120

A pesquisa eacute a aplicaccedilatildeo de teacutecnicas mais cientificas ao marketing numa tentativa de modificar sua ecircnfase de estado de artes para o da ciecircncia O espiacuterito cientiacutefico deve dominar o pesquisador Neste sentido ele deve a-fastar-se de qualquer julgamento preacutevio que tenha sobre determinado as-sunto e analisar os fatos como eles se apresentam mesmo que sejam bas-tante contraditoacuterios com alguma ideacuteia ou crenccedila dos principais responsaacute-veis pelo projeto O meacutetodo cientiacutefico eacute caracterizado tambeacutem pelo rigor e pela loacutegica e o pesquisador deve sempre visar agrave objetividade e um com-promisso com a busca da realidade166

Complementamos nossa proposiccedilatildeo pelas afirmaccedilotildees de Las Casas

A pesquisa eacute um dos mais importantes subsistemas do SIM167 A pesquisa de mercado eacute uma forma sistemaacutetica de coleta e anaacutelise de dados relati-vos a problemas ou oportunidades de marketing e pode ser realizada de forma constante (paineacuteis) ou para resolver um problema especiacutefico (ad doc) 168

31 Abordagem macroscoacutepica dos dados da pesquisa de campo O meacutetodo utilizado na presente pesquisa foi o quantitativo-descritivo cujo

objetivo eacute segundo Greenwood169 em sua obra Metodologia de La Investigacioacuten

Social especificar a distribuiccedilatildeo de um fenocircmeno determinado de uma populaccedilatildeo

sendo resultado portanto a afirmaccedilatildeo de um fato A teacutecnica de levantamento de

dados utilizada eacute do tipo survey170 uma vez que se procura a descriccedilatildeo de caracte-

riacutesticas quantitativas da populaccedilatildeo

O universo de nossa pesquisa se constitui de clientes finais de empresas

varejistas de pequeno e meacutedio porte171 localizadas na cidade de Satildeo Paulo A amos-

tragem ocorreu de forma aleatoacuteria sendo entrevistados os clientes das lojas que

expressaram o seu espiacuterito colaborativo diretamente aos entrevistadores Optamos

166 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing p89 167 O autor refere-se ao sistema de inteligecircncia de marketing que eacute uma forma organizada e planeja-da de proporcionar informaccedilotildees de maneira constante aos agentes de decisotildees nas empresas 168 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing p88 169 A obra citada eacute de autoria de Ernest Greenwood de ediccedilatildeo Argentina intitulada Metodologia de la a Investigacioacuten Social Buenos Aires Paidos 1973 170 Survey eacute o termo teacutecnico para um levantamento de informaccedilotildees ou opiniotildees por meio de um ques-tionaacuterio administrado a uma amostra (geralmente aleatoacuteria) da populaccedilatildeo estudada 171 Segundo a Instruccedilatildeo Normativa no 355 da Secretaria da Receita Federal do Minsiteacuterio da Fazen-da de 29 de agosto de 2003 considera-se microempresa (ME) pessoa juriacutedica com receita bruta igual ou inferior a R$ 12000000 e empresa de pequeno porte (EPP) pessoa juriacutedica com receita anual bruta superior a R$ 12000000 e igual ou inferior a R$ 120000000

121

pelo questionaacuterio com questotildees estruturadas e semi-estruturadas como o instrumen-

to de coleta mais adequado aos objetivos principalmente devido agrave sua natureza im-

pessoal e uniforme conforme recomendaccedilotildees do autor C Selltiz na obra Meacutetodos

de Pesquisa nas Relaccedilotildees Sociais172

O tratamento estatiacutestico dos dados foi elaborado segundo a prescriccedilatildeo

metodoloacutegica com a codificaccedilatildeo tabulaccedilatildeo e anaacutelise atraveacutes do programa SPSS -

Statistical Package for the Social Sciences for Windows versatildeo 13 Os cocircmputos

estatiacutesticos usados que seratildeo usados para anaacutelise seratildeo os do cruzamento entre as

variaacuteveis

Assim sendo a tiacutetulo de esclarecimento fizemos um resumo dos resulta-

dos que alcanccedilamos com a pesquisa de campo com o perfil dos consumidores en-

trevistados assim como para os dados mercadoloacutegicos

Perfil

bull 8792 satildeo mulheres contra 1208 que satildeo homens

bull 3104 estatildeo na faixa etaacuteria de 25 a 35 anos 2479 na de 35 a

45 anos 1688 na de 45 a 55 anos 1646 na de 18 a 25 anos

e 250 na superior a 65 anos

bull 7292 satildeo casados 1646 satildeo solteiros 917 satildeo separados ju-

dicialmente ou divorciados e 146 satildeo viuacutevos

bull 6083 possuem o segundo grau 2667 possuem o primeiro

grau 1188 possuem o terceiro grau e 063 satildeo poacutes-

graduados

bull 4083 satildeo donas de casa 2646 satildeo comerciaacuterios 2104 satildeo

profissionais liberais 375 satildeo estudantes 313 satildeo servidores

puacuteblicos 292 satildeo comerciantes e 188 satildeo desempregados

bull 7438 satildeo pessoas naturais da cidade de Satildeo Paulo contra

2563 pessoas que satildeo nascidas fora do municiacutepio de Satildeo Pau-

lo

bull 5292 dos sujeitos entrevistados trabalham ou residem no bairro

em que se localiza a loja em que efetuaram a compra 2396 nas

172 SELLTIZ C et al Meacutetodos de Pesquisa nas Relaccedilotildees Sociais Satildeo Paulo editora Herder1965

122

imediaccedilotildees da loja 1958 de outros bairros e 354 natildeo soube-

ram ou natildeo quiseram responder

bull 3063 situam-se como consumidores com renda familiar de 5 a 8

salaacuterios miacutenimos 2958 com renda familiar de 3 a 5 salaacuterios miacute-

nimos 1938 com renda familiar de 8 a 10 salaacuterios miacutenimos

958 com renda familiar de 1 a 3 salaacuterios miacutenimos 542 com

renda superior a 10 salaacuterios miacutenimos 438 natildeo souberam ou

natildeo quiseram responder e 104 detecircm ateacute 1 salaacuterio miacutenimo

bull 8063 declaram que foram batizados na religiatildeo catoacutelica 917

por denominaccedilotildees protestantes 333 o foram pela umbanda ou

natildeo souberam ou natildeo quiseram responder a essa questatildeo 188

declararam que foram batizados pelo espiritismo kardecista 083

o foram pelas religiotildees novoeristas 042 declaram que natildeo fo-

ram batizados e 021 o foram pelo candombleacute e por correntes de

pensamento budista

bull 3250 afirmaram que praticam a religiatildeo catoacutelica 2563 prati-

cam religiotildees de denominaccedilotildees protestantes 1813 natildeo soube-

ram ou natildeo quiseram responder a essa questatildeo 1125 praticam

a umbanda 458 o candombleacute e 313 o espiritismo kardecista

Notamos claramente que haacute uma tendecircncia de consumo aos bens rela-

cionados a religiosidade pelas mulheres em contra partida aos homens e em espe-

cial por mulheres que satildeo donas de casa Mais da metade dos indiviacuteduos entrevis-

tados estatildeo com idade variando entre 25 a 45 anos e em sua grande maioria satildeo

casados Uma expressatildeo representativa do conjunto de gecircneros pesquisados tem

como niacutevel de escolaridade o segundo grau Situam-se como consumidores com

renda familiar de 3 a 8 salaacuterios miacutenimos ficando os indiviacuteduos pertencentes agraves clas-

ses mais eou menos bastadas nas extremidades dos resultados estatiacutesticos Reve-

la-se nitidamente a presenccedila da classe meacutedia Foram batizados em sua maioria den-

tro dos preceitos da religiatildeo catoacutelica e satildeo praticantes das religiotildees cristatildes Escolhe-

ram comprar nos estabelecimentos comerciais pesquisados por morarem ou traba-

lharem no mesmo bairro Satildeo em sua grande maioria naturais da cidade de Satildeo

Paulo

123

Questotildees mercadoloacutegicas

bull 2500 dos sujeitos entrevistados declaram que compram produ-

tos relacionados agrave religiatildeo menos de uma vez por ano 2105 uma

vez por ano 1375 uma vez por semestre 1313 uma vez a

cada dois meses 1083 uma vez a cada trecircs meses 917 natildeo

quiseram ou natildeo souberam responder e 688 compram pelo me-

nos uma vez por mecircs

bull 4292 dos entrevistados afirmam que o principal motivo da com-

pra eacute a que a imagem do produto reforccedila a sua feacute 2042 porque

os objetos satildeo importantes no ritual ou culto religioso 1854 por-

que o produto traz proteccedilatildeo 625 porque a compra desempe-

nharaacute o papel de presente a terceiros 563 porque o principal

cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar e 313 natildeo qui-

seram ou souberam responder e porque acharam o produto boni-

to

bull 5271 dos consumidores tiveram conhecimento da existecircncia da

loja por indicaccedilotildees de placas ou vitrines 2188 por indicaccedilotildees de

parentes ou amigos da sua comunidade religiosa 646 pelo pa-

dre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pastora sheik ou rabino

333 por parente ou amigos de fora da comunidade religiosa

125 pela lista telefocircnica 063 pela Internet e 021 pelo raacutedio

ou televisatildeo

bull 3104 desembolsaram de R$ 2000 a R$ 4000 2833 de R$

1000 a R$ 2000 2667 ateacute R$ 1000 1083 de R$ 4000 a R$

8000 250 de R$ 8000 a R$ 16000 042 de R$ 16000 a R$

32000 e 021 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder

bull 3917 dos entrevistados disseram que os preccedilos praticados e-

ram condizentes com a sua renda 2104 acharam os preccedilos ra-

zoavelmente equilibrados 2104 relativamente caros 1354

caros 375 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder e 146

baratos

bull 4208 dos clientes entrevistados declaram estar satisfeitos com o

atendimento recebido na loja 3813 definiram-se razoavelmente

124

satisfeitos 1000 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder

854 acham-se plenamente satisfeitos e 125 estatildeo sofrivel-

mente satisfeitos

bull 5083 disseram que pretendem voltar outras vezes agrave loja

3813 natildeo quiseram ou natildeo souberam responder e 1104 natildeo

pretendem voltar ao estabelecimento

bull 6271 dos clientes das lojas afirmaram que estariam motivados a

voltar mais vezes agrave loja se os produtos tivessem melhores preccedilos

1604 se a loja oferecesse novos produtos 1021 natildeo quise-

ram ou natildeo souberam responder 708 voltariam se tivessem en-

contrado melhores formas de pagamento e 121 havendo um

convite especial

Considerando uma abordagem macro estatiacutestica referente agraves questotildees

afetas agrave dinacircmica comercial dos sujeitos que efetivaram aquisiccedilotildees de bens nas lo-

jas pesquisadas podemos afirmar que a grande maioria efetivou compras de algum

produto pelo menos uma vez ao ano cujo motivo principal estaacute relacionado ao as-

pecto religioso e em particular com a feacute individual Na sua grande maioria a esco-

lha da loja se deu por uma questatildeo de visibilidade indicativa externa o que demons-

tra que o ponto comercial eacute de relevante importacircncia para o empreendimento de

vendas no caso deste estudo das vendas no varejo Nesta pesquisa notou-se que

os negoacutecios se concretizaram em funccedilatildeo dos estabelecimentos comerciais estarem

localizados em rotas estrateacutegicas que contemplam o caminho dos entrevistados pa-

ra suas residecircncias ou locais de trabalho A faixa de gastos com as compras esteve

em sua maioria situada entre R$ 1000 e R$ 4000 Um expressivo nuacutemero de con-

sumidores afirmou que os preccedilos praticados por essas lojas estatildeo ao alcance de seu

poder aquisitivo descaracterizando o princiacutepio da compra pelo fator econocircmico-

especulativo embora tenham sinalizado que se os produtos comercializados fossem

mais baratos voltariam com maior frequumlecircncia agraves compras O grau de satisfaccedilatildeo com

o atendimento dos vendedores eacute elevado e mais de 50 dos sujeitos abordados

pretendem retornar agraves compras na mesma loja

Para facilitar a leitura da questatildeo aberta compusemos um quadro com as

respostas obtidas A compreensatildeo macroscoacutepica dos dados alcanccedilados ajudaraacute a

efetuar uma visatildeo mais ampla e geral sobre os produtos comprados Os dados com-

pilados satildeo os seguintes

125

Tabela 20 ndash Pergunta qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s)

Produtos Frequumlecircncia ∆ Velas 109 1601 Imagens em gesso 33 485 Imagens impressas 55 808 Ervas de cheiro 12 176 Buacutezios 9 132 Guias de santo 24 352 Tintas 1 015 Pinceacuteis 1 015 Charutos 4 059 Terccedilos 38 558 Sabonetes 17 250 Incenso 33 485 Bijuteria 58 852 Vestuaacuterio 28 411 Miacutedia eletrocircnica CD ou DVD 47 690 Miacutedia impressa 111 1630 Siacutembolos sagrados ou miacutesticos 43 631 Copos taccedilas ou similares 1 015 Armas 7 103 Pedras 19 279 Perfumes e aromatizantes 11 162 Calendaacuterios 8 117 Patuaacutes 4 059 Baralhos ou tarocirc 8 117 Totais 681 10000

Embora o mix ou a variedade de produtos oferecidos agrave clientela das lojas

seja significativo os itens de compra que aparecem com maior frequumlecircncia satildeo as

miacutedias impressas (panfletos fotos imagens desenhos gravuras livros revistas

etc) numa participaccedilatildeo de 1630 As velas tambeacutem tecircm um destaque especial no

interesse do consumidor com participaccedilatildeo de 1601 sobre as vendas dos demais

produtos comprados

Foram apontados 681 produtos quando questionamos dentro de uma va-

riabilidade significativa Satildeo produtos simples de consumo e categorizaccedilatildeo popular

e que intrinsecamente dispensam o uso de materiais mais desenvolvidos (a exceccedilatildeo

neste caso estaacute centrada sobre as miacutedias digitais ou seja os CDrsquos e os DVDrsquos)

126

Produtos de aplicaccedilotildees muacuteltiplas tambeacutem satildeo frequentemente detecta-

dos nas gocircndolas das lojas

Percebemos nas lojas indiacutecios de produtos com produccedilatildeo artesanal ca-

recendo muitas vezes de melhores especificaccedilotildees constitutivas e nem sempre ade-

quados agraves normas teacutecnicas vigentes em nosso paiacutes poreacutem de qualidade comprova-

da e agradaacutevel ao gosto e preferecircncia do consumidor Satildeo os casos de chaacutes sabo-

netes aromatizantes ervas de cheiro etc

A oferta de imagens confeccionadas em diversos materiais eacute farta e evi-

dente guardada a necessaacuteria exceccedilatildeo para os produtos das lojas que se destinam a

atender o segmento das denominaccedilotildees protestantes Poreacutem a profusatildeo de cores e

alguns cuidados na exposiccedilatildeo dos produtos assim como alguns apelos mercadoloacute-

gicos com banners e displays realccedilando as caracteriacutesticas e preccedilos dos produtos

satildeo tambeacutem perceptiacuteveis

Eacute interessante notar que embora exista uma grande gama de produtos

com dupla aplicaccedilatildeo (dentro e fora dos aspetos inerentes aacute religiosidade) as carac-

teriacutesticas sagradas ou maacutegicas dos mesmos satildeo evidenciadas

A possiacutevel causa para esse fato pode estar correlacionado aos contornos

hierofacircnicos que esses produtos contecircm e por serem comercializados em estabele-

cimentos comerciais que tecircm como objetivo empresarial prover uma clientela que

necessita e deseja adquirir os complementos materiais e simboacutelicos para a profissatildeo

de suas crenccedilas ou feacute

Edecircnio Valle registra

A referecircncia das religiotildees ao sagrado apresenta uma impressionante varie-dade de concretizaccedilotildees e mediaccedilotildees Natildeo existe nenhum acontecimento natural ou vital que natildeo tenha sido ou possa ser revestido de caraacuteter sa-grado por alguma cultura Qualquer experiecircncia fato fenocircmeno ou objeto pode ser hierofacircnico isto eacute ldquorevelador do divinordquo para seres humanos em busca de transcendecircncia seja qual for essa Mas ao mesmo tempo o ldquomisteacuterio inefaacutevelrdquo essa uacuteltima dimensatildeo da feacute religiosa jamais eacute atingido Natildeo pode ser explicado apenas tangenciado As religiotildees e hierofanias o revelam e ocultam a um soacute tempo Os siacutembolos religiosos satildeo mediadores que nunca conduzem ao conhecimento pleno do ldquoTodordquo que sinalizam A maneira que as religiotildees olham para o sagrado e a ele se avizinham eacute a-travessada assim por uma ambiguumlidade intriacutenseca A suposta clareza nos enunciados doutrinais desse ponto de vista eacute totalmente ilusoacuteria173

173 Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia religiosa p17

127

Sob o ponto de vista do marketing as hierofanias assumem um aspecto

de vantagem competitiva Outros segmentos comerciais natildeo apresentam tal fenocirc-

meno sendo essa particularidade situacional um fator diferencial relevante quando

comparados pelas demais possibilidades mercadoloacutegicas de investimento financeiro

Outra particularidade relevante apontada pelas palavras de Edecircnio Valle e conside-

rado o vieacutes comercial verifica-se quando lemos que os objetos podem funcionar

simbolicamente como vetores de aproximaccedilatildeo com o transcendente e o sagrado e eacute

intriacutenseco agrave feacute de quem os consome Essa caracteriacutestica especial nesses produtos

tambeacutem se diferencia dos demais se considerado o prisma comercial endoacutegeno do

comeacutercio religioso O autor sinaliza por um conhecimento preacutevio por parte dos con-

sumidores acerca dos valores e significaccedilotildees religiosas aplicaccedilotildees especiacuteficas e

finalidades distintas que tecircm esses produtos Traduz-se dessa maneira como uma

natural economia de esforccedilos materiais e humanos com treinamento de pessoal es-

pecializado para vendas estrateacutegias de aproximaccedilatildeo do produto com o mercado

reduccedilatildeo de despesas com publicidade geral e com a propaganda O produto religio-

so oferece tambeacutem a oportunidade em se estabelecer poliacuteticas e estrateacutegias de

vendas especiacuteficas e dirigidas guardadas as devidas e necessaacuterias consideraccedilotildees eacuteticas

32 A feacute como razatildeo motivacional para compras atraveacutes do prisma estatiacutestico A principal questatildeo de nossa dissertaccedilatildeo estaacute centrada sobre as possiacute-

veis razotildees motivacionais que levam determinadas pessoas ao varejo de produtos

relacionados agrave religiosidade

Estaremos nos referindo agraves unidades compradoras e ao seu comporta-

mento quando considerarmos o processo de troca comercial tendo como objeto a

aquisiccedilatildeo de bens relacionados aos aspectos religiosos dos indiviacuteduos respeitando

as partes envolvidas no processo

John C Mowen e Michael S Minor consideram que

O comportamento do consumidor eacute definido como o estudo das unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na aquisiccedilatildeo no con-sumo e na disposiccedilatildeo de mercadorias serviccedilos e ideacuteias174

174 John C MOWEN e Michael S MINOR Comportamento do consumidor p3

128

Nossas atenccedilotildees estaratildeo voltadas para o setor varejista que comerciali-

za produtos relacionados agrave feacute Este setor da economia brasileira em especial da

cidade de Satildeo Paulo onde empreendemos a pesquisa de campo se caracteriza

dentro da definiccedilatildeo de Juracy Parente

Varejo consiste em todas as atividades que englobam o processo de venda de produtos e serviccedilos para atender a uma necessidade pessoal do con-sumidor final O varejista eacute qualquer instituiccedilatildeo cuja atividade principal con-siste no varejo isto eacute na venda de produtos e serviccedilos para o consumidor final175

O ponto central e comum entre os autores e estudiosos sobre a mercado-

logia varejista eacute perceptiacutevel quando focamos suas atenccedilotildees e preocupaccedilotildees sobre

as relaccedilotildees que satildeo estabelecidas entre a estrutura comercial e a clientela final in-

dependentemente do segmento de marketing a ser considerado como a maneira

pela qual os produtos satildeo comercializados

Kotler enuncia

O varejo inclui todas as atividades envolvidas na venda de bens e serviccedilos diretamente aos consumidores finais para uso pessoal Qualquer organiza-ccedilatildeo que utiliza esta forma de venda ndash um fabricante um atacadista ou um varejista ndash estaacute praticando o varejo Natildeo importa a maneira pela qual os bens e serviccedilos satildeo vendidos (venda pessoal correios telefone ou maacutequi-na automaacutetica) ou onde eles satildeo vendidos (loja rua ou residecircncia)176

Segundo Las Casas

Independentemente da forma com que as definiccedilotildees varejistas satildeo apre-sentadas um aspecto importante a salientar eacute que se trata de comerciali-zaccedilatildeo a consumidores finais177

175 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p22 176 Philip KOTLER Administraccedilatildeo de marketing anaacutelise planejamento implementaccedilatildeo e controle p618 177 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing de Varejo p 17

129

Partindo dos enunciados acima pretendemos sequencialmente exami-

nar com melhor acuidade como se desenvolve a decisatildeo de compra conjuntamente

com outras variaacuteveis levantadas na pesquisa de campo e na hipoacutetese deste traba-

lho

Trabalharemos pela confirmaccedilatildeo hipoteacutetica de que a feacute seja a razatildeo prin-

cipal e pessoal das compras dos clientes das lojas pesquisadas conforme o anunci-

aram os dados levantados

Nosso propoacutesito neste momento eacute tambeacutem o de promover a interseccedilatildeo

da questatildeo especiacutefica que investiga as causas das compras com as diversas faces

do consumidor final178 assim como algumas opiniotildees deles sobre tal evento comer-

cial

O sucesso de qualquer empresa depende da sintonia que consegue es-

tabelecer com seus consumidores sejam eles finais ou institucionais Para enten-

dermos qual eacute a dinacircmica comercial de um mercado se faz necessaacuterio conhecer a

composiccedilatildeo de suas partes e suas variaacuteveis ambientais

A populaccedilatildeo aparece como a principal variaacutevel demograacutefica a ser investi-

gada No caso desta dissertaccedilatildeo encontramos o seguinte quadro abaixo descrito

Tabela 21

Gecircnero Frequumlecircncia Participaccedilatildeo Masculino 58 121 Feminino 422 879 Total 480 10000

Participaram da amostra um percentual significativo de indiviacuteduos do gecirc-

nero feminino com a frequumlecircncia relativa de 879 sobre os valores totais de partici-

pantes Este eacute um dado importante porque corrobora com o que diz Parente

Mudanccedila profunda vem ocorrendo nos haacutebitos e comportamento de com-pra com o aumento do nuacutemero de mulheres no mercado de trabalho De acordo com pesquisas do IBGE de 1996 cerca de 40 da Populaccedilatildeo Eco-nomicamente Ativa era composta de mulheres179

178 Considerada a variaacutevel gecircnero 179 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p89

130

Aplicando o conceito acima podemos concluir que haacute uma explicita maio-

ria feminina disposta e aacutevida ao consumo de produtos destinados para a praacutetica reli-

giosa tambeacutem

Tabela 22 Gecircnero Masculino Feminino Total

Comerciaacuterio (a) 440 2210 2650 Dona de casa 4060 4060 Comerciante 130 170 290 Profissional Liberal180 440 1690 2130 Servidor (a) Puacuteblico (a) 080 230 310 Estudante 080 290 380

Profissatildeo

Desempregado (a) 040 150 190

Total 1210 8790 10000

Notamos que a participaccedilatildeo da dona de casa no varejo de produtos reli-

giosos eacute expressiva Na amostra populacional elas participam com 4060 dos ca-

sos Poreacutem a participaccedilatildeo da mulher trabalhadora tambeacutem foi detectada na pesqui-

sa de campo Esta categoria de indiviacuteduos quando somada jaacute representa mais 50

das opccedilotildees apresentadas para as profissotildees a esse gecircnero (22 satildeo comerciaacuterias

170 comerciantes e 1690 profissionais liberais no universo feminino da amos-

tra)

Assinala Parente sobre a importacircncia da mulher trabalhadora e a partici-

paccedilatildeo delas como consumidoras no varejo

Essa eacute uma das mudanccedilas que vecircm causando maior impacto no varejo O ingresso da mulher no mercado de trabalho ocasiona um aumento do po-der compra do domiciacutelio e modifica os haacutebitos de compra e do consumo domiciliar Independentemente da faixa de renda a participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho continuaraacute a crescer o que estimularaacute a induacutestria a lanccedilar produtos especiacuteficos para esse puacuteblico A mulher teraacute cada vez mais voz e poder nas decisotildees familiares Para a mulher que trabalha fora a busca da conveniecircncia torna-se uma das principais motivaccedilotildees de seu pro-cesso de compra181

180 Os profissionais liberais satildeo os trabalhadores autocircnomos que natildeo necessitam de uma estrutura juriacutedica para o exerciacutecio de suas profissotildees Exemplo Advogados (as) meacutedicos (as) dentistas moto-ristas de taacutexi costureiras etc 181 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p97

131

Quando questionamos a naturalidade dos gecircneros entrevistados 7440

afirmaram serem paulistanos conforme demonstra a tabela abaixo

Tabela 23

Gecircnero Masculino Feminino Total

Sim 940 6500 7440 O Sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo Natildeo 270 2290 2560 Total 1210 8790 10000

Tabela 24 Gecircnero Masculino Feminino Total

De 18 a 25 anos 310 1330 1650 De 25 a 35 anos 270 2830 3100 De 35 a 45 anos 350 2130 2480 De 45 a 55 anos 210 1480 1690 De 55 a 65 anos 060 770 830

Idade

Mais de 65 anos 250 250 Total 1210 8790 10000

Na amostra examinada as mulheres que estatildeo com idade entre 25 a 35

anos satildeo as mais recorrentes com uma participaccedilatildeo de 2830 do total dos indiviacute-

duos pesquisados que somaram 3100 para a faixa etaacuteria com maior frequumlecircncia

Para os homens a amostra apresentou um aumento na faixa etaacuteria Os indiviacuteduos

masculinos que participam com maior expressividade estatildeo na faixa de 35 a 45 a-

nos com 350 do universo total participativo A pesquisa demonstrou tambeacutem a

presenccedila da terceira idade como consumidores femininos na ordem de 250 do

total de indiviacuteduos pesquisados

Tabela 25

Renda Familiar Ateacute 01

salaacuterio miacutenimo

De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos

De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos

De 05 a 08 salaacute-

rios miacutenimos

De 08 a 10 salaacute-

rios miacutenimos

Mais de 10 salaacute-

rios miacutenimos

Natildeo quis ou natildeo soube

responder

Total

Masculino 020 100 270 480 270 040 020 1210 Gecircnero Feminino 080 850 2690 2580 1670 500 420 8790

Total 100 960 2960 3060 1940 540 440 10000

A mostra demonstrou que existe uma diferenccedila relevante da participaccedilatildeo

entre os gecircneros por classe de renda Enquanto a faixa de renda com maior signifi-

cacircncia participativa foi de 3060 para a faixa de 05 a 08 salaacuterios miacutenimos as mu-

132

lheres satildeo mais representativas para uma categoria imediatamente inferior estando

na categoria das famiacutelias com renda de ateacute 05 salaacuterios miacutenimos A participaccedilatildeo

masculina apesar de menos significativa em seus aspectos gerais da amostra para

este o quesito renda familiar influencia por estar numa faixa de maior poder aquisi-

tivo

Juracy Parente anota que

A distribuiccedilatildeo de renda eacute outra dimensatildeo econocircmica que influencia as o-portunidades de mercado para diferentes tipos de varejo em uma regiatildeo Domiciacutelios com diferentes faixas salariais acusam padrotildees de consumo muito diferenciados182

Tabela 26

Grau de escolaridade Ateacute o primeiro grau Ateacute o segundo grau Ateacute o terceiro grau Poacutes-graduado

Total

Masculino 170 810 210 020 1210 Gecircnero Feminino 2500 5270 980 040 8790

Total 2670 6080 1190 060 10000

O grau de escolaridade demonstrou que a maioria das pessoas partici-

pantes da amostra tem ateacute o segundo grau (8750) No entanto para os valores

relativos agrave participaccedilatildeo feminina com o niacutevel de escolaridade poacutes-graduada a dife-

renccedila eacute 100 superior aos indicadores masculinos com participaccedilotildees respectivas

de 020 e 040

Parente pontua sobre a educaccedilatildeo e cultura

O grau de educaccedilatildeo eacute outra dimensatildeo que influencia o comportamento de compra dos consumidores Pessoas mais bem educadas satildeo em geral mais bem informadas e mostram maior capacidade em avaliar com profun-didade as diferentes alternativas de produtos e lojas Satildeo mais exigentes quanto agrave qualidade dos produtos desenvolvem avaliaccedilotildees mais criteriosas sobre benefiacuteciocusto de diferentes alternativas e processam com mais discernimento as mensagens das propagandas Pessoas com este perfil exigem ser atendidas nas lojas por uma equipe que consiga responder de forma inteligente a suas indagaccedilotildees e necessidades Observa-se uma forte relaccedilatildeo entre o niacutevel de renda e o niacutevel de educaccedilatildeo

182 Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p 100

133

Tabela 27 Gecircnero Masculino Feminino Total

Catoacutelica 980 7080 8060 Protestante 020 900 920 Espiacuterita Kardecista 040 150 190 Umbandista 060 270 330 Candomblecista 020 020 Budista 020 020 Novoerista 020 060 080 Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 060 270 330

Religiatildeo de Ba-tismo

Natildeo eacute batizado 040 040 Total 1210 8790 10000

No aspecto da religiosidade a amostra demonstrou que a maioria dos su-

jeitos entrevistados satildeo batizados na religiatildeo catoacutelica (8060) Isto significa que o

inicio da vivecircncia e da praacutetica religiosa eacute exercida pelo vieacutes do catolicismo

Tabela 28

Gecircnero Masculino Feminino Total

Catoacutelica 520 2730 3250 Protestante 150 2420 2560 Espiacuterita Kardecista 060 250 310 Umbandista 150 980 1130 Candomblecista 130 350 480 Novoerista 040 420 460

Religiatildeo Prati-cada

Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 170 1650 1810

Total 1210 8790 10000

A tabela acima demonstra a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo que pratica a reli-

giatildeo catoacutelica como sendo a mais proeminente com 3250 dos sujeitos entrevista-

dos No entanto podemos notar as mudanccedilas no eixo dinacircmico da praacutetica e na feacute

religiosa dos sujeitos e entre os gecircneros se compararmos cruzando as duas tabelas

acima

134

Tabela 29

Gecircnero Religiatildeo de Batismo Masculino Feminino Total

Catoacutelica 590 3280 3880 Protestante 160 1810 1960 Espiacuterita Kardecista 280 280 Umbandista 130 830 960 Candomblecista 130 390 520 Novoerista 050 360 410

Religiatildeo Praticada

Natildeo quis ou natildeo soube responder 160 1830 1990

Catoacutelica

Total 1210 8790 10000Religiatildeo Praticada Protestante 230 9770 10000Protestante

Total 230 9770 10000Catoacutelica 1110 1110 2220 Protestante 3330 3330 Umbandista 2220 2220 Religiatildeo

Praticada Natildeo quis ou natildeo soube responder 1110 1110 2220

Espiacuterita Kardecista

Total 2220 7780 10000Catoacutelica 630 1250 1880 Espiacuterita Kardecista 630 630 Umbandista 630 5000 5630 Novoerista 1250 1250

Religiatildeo Praticada

Natildeo quis ou natildeo soube responder 630 630

Umbandista

Total 1880 8130 10000Religiatildeo Praticada Candomblecista 10000 10000Candomblecista

Total 10000 10000Religiatildeo Praticada Novoerista 10000 10000Budista

Total 10000 10000Catoacutelica 2500 2500 Espiacuterita Kardecista 2500 2500 Religiatildeo

Praticada Novoerista 5000 5000 Novoerista

Total 2500 7500 10000Espiacuterita Kardecista 630 630 1250 Umbandista 630 3130 3750 Candomblecista 1250 1250 Religiatildeo

Praticada Natildeo quis ou natildeo soube responder 630 3130 3750

Natildeo quis ou natildeo soube responder

Total 1880 8130 10000Novoerista 5000 5000 Religiatildeo

Praticada Natildeo quis ou natildeo soube responder 5000 5000 Natildeo eacute batizado

Total 10000 10000

A pesquisa demonstra que no momento da compra as pessoas catoacutelicas

apresentam uma conduta mais pluralista com respeito a outras religiotildees Natildeo foi e-

135

xaminado o problema da dupla pertenccedila porque para a principal questatildeo deste tra-

balho as preocupaccedilotildees dos pesquisadores estavam voltadas para o momento da

compra e natildeo para as possiacuteveis consideraccedilotildees de ordem filosoacutefica ou de perfil ideo-

loacutegico-religioso

No entanto do ponto de vista fenomenoloacutegico este eacute um fato que deveria

ser testado pois estaacute intimamente ligado agraves possiacuteveis razotildees e motivos das com-

pras

O quadro acima demonstrou tambeacutem que os protestantes assim como

os candomblecistas satildeo mais conservadores agraves suas religiotildees de origens 100

dos sujeitos entrevistados disseram que foram batizados e professam suas religiotildees

de batismo enquanto que os catoacutelicos possam eventualmente migrar ou praticar

outros credos direcionando suas convicccedilotildees ou praacutetica religiosa para as denomina-

ccedilotildees protestantes em especial fato verificaacutevel pelo comportamento do gecircnero femi-

nino com uma participaccedilatildeo desse evento em 1810 dos casos constataacuteveis As

religiotildees protestantes tambeacutem absorvem uma parcela consideraacutevel dos sujeitos espiacute-

rita-kardecistas com uma possiacutevel migraccedilatildeo na ordem de 3330 com relevacircncia

para as mulheres que tiveram sua iniciaccedilatildeo religiosa apontada por esta religiatildeo Natildeo

foram verificadas migraccedilotildees das religiotildees afro-brasileiras para o protestantismo Fato

relevante embora com uma significaccedilatildeo menor em funccedilatildeo do nuacutemero de adeptos

participantes da pesquisa foi a presenccedila de uma mulher budista se declarar novoe-

rista como opccedilatildeo de credo religioso

Das pessoas que declararam natildeo serem batizadas 50 declararam-se

novoeristas com 100 de participaccedilatildeo feminina neste caso Na amostra registrou-

se um incremento na ordem de 3130 para a umbanda por aqueles que natildeo quise-

ram ou natildeo souberam responder sobre a sua religiatildeo de batismo com especial ecircn-

fase ao gecircnero feminino

Para os sujeitos batizados nas religiotildees novoeristas um evento se desta-

cou quando houve uma coincidecircncia estatiacutestica entre os gecircneros Quando questio-

nados acerca da religiatildeo professada 25 das mulheres se disseram catoacutelicas e

25 dos homens afirmaram professar o espiritismo kardecista sendo esta a maior

marca masculina para uma possiacutevel mudanccedila de credo ou convicccedilatildeo religiosa

Estes eventos comportamentais chamam a atenccedilatildeo Possiacuteveis razotildees de

ordem e foro iacutentimo natildeo podem ser desprezados No entanto devido agrave caracteriacutestica

136

e principal foco desta dissertaccedilatildeo que migra para outros setores vamos sugerir es-

tudos mais abrangentes para esta questatildeo

Sobre o prisma de marketing podemos considerar como um dos possiacute-

veis motivos para a mudanccedila no eixo da feacute neste trabalho detectada pelo que Ju-

racy Parente descreve como sendo um renascimento espiritual

Em seus estudos sobre megatendecircncias Naisbitt183 destaca o renascimen-to espiritual como uma das grandes tendecircncias da humanidade A chega-da do terceiro milecircnio desperta na humanidade o interesse sobre questotildees filosoacuteficas e existecircncias do ser humano do tipo ldquoQuem sourdquo ldquoOnde es-tourdquo ldquoDe onde vimrdquo ldquoPara onde vourdquo ldquoQual o sentido da vidardquo Na busca para obter essas respostas e no esforccedilo para descobrir as chaves para a felicidade o homem vem mergulhando em reflexotildees de ordem filo-soacutefica e espiritual Em todo o mundo e tambeacutem no Brasil muitas atividades varejistas estatildeo respondendo a essas necessidades do ser humano Nas livrarias aumenta a aacuterea dedicada a livros que tratam de assuntos religiosos filosoacuteficos eso-teacutericos miacutesticos e de auto-ajuda Alguns varejistas estatildeo se especializando na venda de produtos miacutesticos varejistas estatildeo desenvolvendo lojas de produtos religiosos (imagens quadros e livros religiosos) Muitas lojas de decoraccedilatildeo incorporam uma li-nha de produtos de caraacuteter filosoacutefico-espiritual tais como velas piracircmides incensoacuterios cristais prismas produtos do feng shui etc Academias cen-tros de estudos escolas e ateacute mesmo redes de franquias tecircm sido desen-volvidas em aacutereas tais como Yoga Tai-chi meditaccedilatildeo filosofia e treina-mento mental artes marciais No Brasil novas religiotildees como as evangeacutelicas vecircm registrando uma raacutepida expansatildeo Alguns dos praticantes dessas religiotildees adotam um estilo de vestir mais conservador especialmente diferenciado para as mulheres com saias mais longas blusas mais fechadas e cores mais soacutebrias Existe assim um atraente potencial de mercado para o desenvolvimento de vare-jistas de confecccedilotildees direcionados para atender agraves necessidades desses segmentos184

Outros fatores caracteriacutesticos da atualidade tambeacutem podem estar funcio-

nando como possiacuteveis agentes de mudanccedilas da praacutetica religiosa e na mudanccedila do

eixo da feacute O encasulamento do indiviacuteduo e da famiacutelia jaacute eacute detectado como uma ten-

183O autor se refere aacute obra Megatendecircncias de John Nasbitt editado pela editora Ciacuterculo do Livro em 1983 posteriormente essa obra foi ampliada no ano 2000 em parceria com Patriacutecia Aburdene Mega-tendecircncias eacute definida como grandes mudanccedilas sociais econocircmicas poliacuteticas e tecnoloacutegicas forma-das lentamente e uma vez instaladas elas nos influenciam por algum tempo podendo variar entre 7 e 10 anos e as vezes por um tempo maior 184Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p99 e 100

137

decircncia de mudanccedila no comportamento social e de consumo conforme explica Pa-

rente tendo como base o relatoacuterio Popcorn185

O encasulamento eacute uma das tendecircncias identificadas no relatoacuterio Popcorn Estaacute de certa forma relacionado ao renascimento espiritual Consiste no impulso para a busca da vida interior quando os valores exteriores ficam mais difiacuteceis e raros A maioria das pessoas estaacute transformando suas ca-sas em ninhos Estatildeo se tornando ldquoescravas do divatilderdquo fanaacuteticas por filmes de televisatildeo fazendo compras por cataacutelogos redecorando suas casas u-sando secretaacuterias eletrocircnicas para filtrar as chamadas Em reaccedilatildeo ao au-mento da criminalidade da AIDS e outros problemas sociais a autopreser-vaccedilatildeo tornou-se o tema dominante186

A promoccedilatildeo e propaganda religiosa empreendidas por algumas igrejas

de orientaccedilatildeo neopetencostal pelos canais de miacutedia eletrocircnica de massa em espe-

cial a televisatildeo satildeo de faacutecil constataccedilatildeo em nossos meios de comunicaccedilatildeo Hoje no

Brasil a qualquer hora do dia ou da noite eacute possiacutevel perceber os esforccedilos dirigidos

para divulgaccedilatildeo e movimentos de atraccedilatildeo a novos adeptos por algumas denomina-

ccedilotildees protestantes neopetencostais Nem sempre preparadas para o uso desse ins-

trumento de comunicaccedilatildeo e de pressatildeo sobre a opiniatildeo puacuteblica satildeo de faacuteceis cons-

tataccedilotildees os ataques aos valores eacuteticos e doutrinaacuterios preconizados pela Constituiccedilatildeo

Federal do Brasil assim como aos valores morais defendidos pelos vieses da religi-

osidade em geral inclusive as de outras orientaccedilotildees cristatildes Natildeo satildeo raras as vezes

que a apologeacutetica proferida por essas organizaccedilotildees despreza a cultura e as tradi-

ccedilotildees da religiosidade brasileira colocando-as em planos discursivos e praacuteticos infe-

riores ou propositalmente descaracterizadas por conotaccedilotildees pejorativas se exami-

nadas pela oacutetica legal e constitucional Como consequumlecircncias vemos pela televisatildeo

o aviltamento de valores culturais genuinamente nacionais ridicularizados e profa-

nados aleacutem das possiacuteveis conotaccedilotildees de cunho ideoloacutegico e sectaacuterio proposital-

mente desenvolvidos (em especial os valores pessoais e religiosos )187

185O autor refere-se a um relatoacuterio desenvolvido por Faith Popcorn intitulado O relatoacuterio Popcorn centenas de ideacuteias de novos produtos empreendimentos e de novos mercados Editado pela editora Campus Rio de Janeiro em 1994 186Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p106 187Referimos-nos ao episoacutedio com graves repercussotildees sociais levado ao ar pela Rede Record de Televisatildeo no dia 12 de outubro de 1995 Um representante intitulado bispo da Igreja Universal do Reino de Deus o Sr Seacutergio Von Helde chutou na frente das cacircmeras uma imagem de Nossa Se-nhora Aparecida a padroeira do Brasil como eacute esse iacutecone religioso reconhecido pela maioria da po-

138

Tabela 30

Gecircnero Respostas Masculino Feminino Total

O(s) objeto (s) eacute (satildeo) im-portante(s) no meu ritual ou culto 150 1900 2040 O principal cleacuterigo (a) in-dicou receitou ou man-dou comprar 080 480 560 A imagem desse (s) objeto (s) reforccedila (m) a minha feacute 540 3750 4290 Trazem proteccedilatildeo 350 1500 1850 Achei bonito 020 290 310 Vai servir para eu dar de presente para algueacutem 060 560 630

Qual o principal motivo pelo qual o Sr(a) comprou esse(s) produto (s)

Natildeo quis ou natildeo soube responder 310 310

Total 1210 8790 10000

A tabela 30 remete-nos agrave questatildeo principal deste trabalho Pela anaacutelise

dos dados obtidos na pesquisa de campo fica claro que o principal motivo apontado

pelos consumidores que os leva a comprar determinados bens ou produtos estatildeo

intimamente relacionados agrave religiosidade e agrave feacute que eles professam ou que preten-

dam professar O iacutendice para esta afirmaccedilatildeo eacute expressivo com 4290 das respos-

tas obtidas Este iacutendice eacute superior agraves demais possibilidades de respostas indepen-

dendo do gecircnero dos entrevistados e de outros quesitos

Para este questionamento os homens aparecem com 540 de partici-

paccedilatildeo relativa sobre o total da amostra e esta resposta representa 4463 das afir-

maccedilotildees em seu gecircnero As mulheres participam sobre o mesmo posicionamento

motivacional para compra com 3750 das respostas totais e com 4266 das res-

postas vaacutelidas

No entanto se observarmos as respostas manifestadas pelo prisma da

religiosidade com um olhar mais amplo e consideradas as quatro primeiras alterna-

tivas propostas o coeficiente motivacional de ambos os gecircneros sobe para 8740

destacando-se desta maneira o caraacuteter religioso para esse tipo de consumo

O gecircnero feminino eacute tambeacutem mais expliacutecito ao admitir a compra de de-

terminado bem ou objeto para finalidades ritualiacutesticas com 1900 das respostas

pulaccedilatildeo de nosso paiacutes Natildeo obstante nos dias de hoje as religiotildees afro-brasileiras satildeo sistematica-mente ridicularizadas em sua forma expressatildeo de valores morais e natildeo raramente desrespeitadas em seus princiacutepios dogmaacuteticos

139

para tal quesito contra 150 das respostas masculinas sendo estes percentuais

relativos a cada um dos gecircneros

As respostas femininas tambeacutem demonstraram um possiacutevel apelo feti-

chista simboacutelico ou maacutegico sobre os produtos comprados no sentido do valor intriacuten-

seco e utilitaacuterio que os bens adquiridos pudessem lhes trazer Na pesquisa de cam-

po aparece o quesito da proteccedilatildeo relacionado aos objetos Este argumento para as

mulheres contribuem com um iacutendice de 15 sobre as respostas totais contra 350

das respostas masculinas para o mesmo item

Nesta questatildeo os indiviacuteduos do sexo feminino tambeacutem evidenciaram

uma maior sensibilidade aos apelos de compra proferidos por possiacuteveis iacutecones refe-

renciais religiosos ou agentes formadores de opiniatildeo religiosa tais como padres

pastor ou pastoras matildees e pais de santo etc com 480 de participaccedilatildeo nas res-

postas contra 080 para as mesmas soluccedilotildees dos indiviacuteduos masculinos

Torna-se necessaacuterio destacar que aleacutem dos consumidores comprarem

determinados bens ou produtos movidos pelo intuito de expressarem sua religiosi-

dade ou sua feacute este eacute um evento recorrente no haacutebito de compra individual da a-

mostra populacional pesquisada como demonstra a tabela abaixo

Tabela 31

Gecircnero Frequumlecircncia Masculino Feminino Total

Pelo menos uma vez por mecircs 170 520 690 Uma vez a cada dois meses 170 1150 1310 Uma vez a cada a trecircs meses 190 900 1080 Uma vez por semestre 150 1230 1380 Uma vez por ano 250 1880 2130 Menos de uma vez por ano 210 2290 2500

Com que frequumlecircncia o Sr(a) compra produtos religiosos

Natildeo quis ou natildeo soube responder 080 830 920

Total 1210 8790 10000

Do total da amostra 590 efetuam compras pelo menos uma vez por

ano de objetos destinados agrave praacutetica religiosa com uma frequumlecircncia maior para o gecirc-

nero feminino cuja incidecircncia aponta para um evento de compra a cada semestre

pelo menos (1880 das respostas femininas consideradas apenas neste gecircnero)

140

Detectamos o grau de satisfaccedilatildeo particular dos indiviacuteduos pesquisados conforme a

proacutexima tabela

Tabela 32

Gecircnero Masculino Feminino Total

Plenamente satisfeito (a) 100 750 850 Satisfeito (a) 600 3600 4210 Razoavelmente satisfeito (a) 400 3420 3810 Sofrivelmente satisfeito (a) 020 100 130

Grau de satisfaccedilatildeo na loja

Natildeo quis ou natildeo soube responder 080 920 1000

Total 1210 8790 10000

Para os gecircneros masculinos e femininos o grau de satisfaccedilatildeo com a loja

escolhida para a aquisiccedilatildeo de bens aplicaacuteveis agrave sua religiosidade eacute bastante ex-

pressiva totalizando 8870 de respostas positivas do total das alternativas cabiacuteveis

para esse quesito

Conhecer o consumidor natildeo eacute tarefa faacutecil e pudemos constatar isso ao

longo de nossa pesquisa e ao elaborarmos este trabalho O consumidor eacute complexo

logo sua anaacutelise eacute complexa mas talvez por isso mesmo seja tatildeo fascinante

Muitas satildeo as possibilidades e abordagens que a ciecircncia oferece quando

o objeto de estudo eacute o consumidor Teorias complexas e complementares nos aju-

dam a entender as razotildees e as motivaccedilotildees humanas para o consumo Essas teorias

que vatildeo desde as conceituaccedilotildees behavioristas cognitivistas psicanaliacuteticas e huma-

nistas quando aplicadas sobre o prisma motivacional satildeo somadas ou complemen-

tadas pelas razotildees de vieses conceituais econocircmicos sociais e antropoloacutegicos

Para situarmos este trabalho sob o enfoque metodoloacutegico necessaacuterio a

abordagem que iremos adotamos para justificar o motivo para as pessoas irem agraves

compras de produtos religiosos eacute a cognitivista A razatildeo de nosso posicionamento

transcende apenas a oacutetica mercadoloacutegica mas esta abordagem salvo melhor juiacutezo

tambeacutem explica e contempla os eventos relacionados agrave religiosidade e agrave feacute No en-

tanto cabe-nos observar que as demais abordagens acima citadas satildeo vaacutelidas pas-

siacuteveis de adoccedilatildeo praacutetica e de criacuteticas aleacutem de serem reconhecidamente cientiacuteficas

Segundo Eliane Karsaglian A abordagem cognitiva da motivaccedilatildeo propotildee-se a levar em consideraccedilatildeo o que se ldquopassa na cabeccedilardquo do organismo que se comporta Segundo a teo-ria cognitiva natildeo haacute um estabelecimento automaacutetico de conexotildees estiacutemu-lo-resposta o indiviacuteduo antevecirc consequumlecircncias de seu comportamento por-que adquiriu e elaborou informaccedilotildees em suas experiecircncias

141

Assim escolhemos por meio da percepccedilatildeo pensamentos e raciociacutenio os valores as crenccedilas as opiniotildees e as expectativas que regularatildeo a conduta para uma meta almejada As teorias cognitivas reconhecem que o comportamento e seu resultado dependeratildeo tanto das escolhas conscientes do indiviacuteduo como dos acon-tecimentos do meio sobre os quais ele natildeo tem controle e que atuam sobre ele Essas teorias acreditam que as opccedilotildees feitas pelas pessoas entre alterna-tivas de accedilatildeo dependem do grau relativo que tecircm as forccedilas que atuam so-bre o indiviacuteduo O que o cognitivismo nega eacute que o efeito dos estiacutemulos sobre o comporta-mento seja automaacutetico (como quer o behaviorismo) Uma vez estabelecida a importacircncia das cogniccedilotildees na orientaccedilatildeo do comportamento estudou-se tambeacutem o conflito entre elas188

Beatriz Santos Sacircmara e Marco Aureacutelio Morch complementam a concei-

tuaccedilatildeo sobre a abordagem cognitiva quando enfocam a motivaccedilatildeo de compra como

o vetor de resoluccedilatildeo de problemas oriundos da tensatildeo da preacute-aquisiccedilatildeo gerada por

uma necessidade aprendida percebida ou originada da capacidade criativa dos indi-

viacuteduos

Por meio do processamento das informaccedilotildees (soluccedilatildeo de problemas) o consumidor avalia combina desconta e integra diferentes partes da infor-maccedilatildeo para alcanccedilar certas opiniotildees que possibilita a anaacutelise racional dos dados e informaccedilotildees disponiacuteveis levando agrave soluccedilatildeo de um problema Co-mo o processamento estaacute diretamente relacionado tanto com a habilidade cognitiva do consumidor quanto a complexidade da informaccedilatildeo a ser pro-cessada (que deriva da percepccedilatildeo e dos estiacutemulos gerados pelos atributos dos produtos e dos concorrentes) consumidores com maior habilidade cognitiva poderatildeo assimilar e processar mais informaccedilotildees sobre os vaacuterios atributos de um produto e sobre as diversas alternativas existentes melho-rando a qualidade da avaliaccedilatildeo na decisatildeo de compra Aleacutem disso quanto maior a familiaridade com a categoria do produto maior a habilidade cog-nitiva 189

A psicologia cognitivista tambeacutem eacute um instrumento explicativo e de pes-

quisa dos fenocircmenos que estatildeo ligados agrave religiatildeo Este eacute o enfoque que demos a

este trabalho como orientaccedilatildeo teoacuterica de fundo Justificamos a adoccedilatildeo desta linha

188Eliane KARSAKLIAN Comportamento do consumidor p28 189Beatriz Santos SAMARA e Marco Aureacutelio MORSH Comportamento do consumidor conceitos e casos p111

142

de pensamento psicoloacutegico porque entendemos que ela busca em sua essecircncia

explicar os motivos da profissatildeo e praacutetica da feacute e da religiosidade sejam elas apren-

didas ou percebidas Segundo alguns autores e especialistas esta abordagem eacute a

mais indicada porque entre outros motivos seria tambeacutem a mais abrangente Outras

forccedilas que natildeo apenas as de caraacuteter essencialmente iacutentimos e pessoais podem es-

tar inseridos dentro de uma anaacutelise no contexto psico-cognitivista Entre essas for-

ccedilas destacamos as de cunho social e as econocircmicas que se fazem presentes nesta

obra

Edecircnio Valle pontua

Na psicologia da religiatildeo estatildeo presentes todas as tendecircncias existentes na ciecircncia psicoloacutegica Vai-se de uma elementar objetivaccedilatildeo do fenocircmeno religioso agrave ldquoespiritualizaccedilatildeordquo mais radical desse fenocircmeno promiscuindo sem qualquer distinccedilatildeo o real e o irreal Haacute de tudo do behaviorismo aacute transpessoalidade do bioneuroloacutegico agraves mais difusas modalidades de ldquohumanismordquo religioso e ou ldquoateurdquo Algumas dessas orientaccedilotildees acentuam a dimensatildeo subjetiva outras a di-mensatildeo objetiva da experiecircncia e do comportamento religiosos Satildeo repro-duzidas sob o manto da linguagem psicoloacutegica todas as problematizaccedilotildees encontradas na filosofia contemporacircnea Podem ser identificadas entre ou-tras as seguintes confluecircncias teoacutericas o comportamentismo o pensa-mento existencial a fenomenologia o positivismo o cognitivismo o vita-lismo o romantismo o materialismo fisioloacutegico o diealismo o marxismo o estruturalismo a linguumliacutestica etc Como se disse em outro lugar datildeo-se tambeacutem entrecruzamentos da psico-logia com as demais ciecircncias humanas e do comportamento A psicologia cognitivista eacute vista como a via ideal para uma aproximaccedilatildeo rigorosa e abrangente Com as possibilidades abertas pela informaacutetica es-sa tendecircncia ressurgiu nos estudos sobre o conhecimento humano dei-xando para traacutes as sugestivas hipoacuteteses de J Piaget Um dos grandes no-mes da psicologia das ldquointeligecircncias muacuteltiplasrdquo H Gardner190 jaacute comeccedila a falar de uma ldquooitavardquo inteligecircncia a existencial que estaria unida agrave religio-sidade 191

190O autor se refere a uma palestra realizada em Satildeo Paulo em 1997 por H Gardner e que tratou o tema abordando a ldquointeligecircncia existencialrdquo (aspas de Edecircnio Valle) Melhores referecircncias sobre essa palestra e sobre H Gardner se encontraram na obra Inteligecircncias Muacuteltiplas Artes Meacutedicas Porto Alegre 1995 191Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia religiosa p46

143

Tabela 33 Gecircnero Loja Pergunta Masculino Feminino Total

Lista telefocircnica 080 170 250 Internet 080 080 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 250 580 830 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 170 580 750 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 1250 4750 6000 Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pas-tora etc 080 1670 1750 Por acaso 170 170

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja

Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 170 170

Afro-brasileira

Total 2000 8000 10000Lista telefocircnica 080 170 250 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 080 330 420 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 670 4000 4670 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 500 2330 2830

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja

Por acaso 080 1750 1830

Catoacutelica

Total 1420 8580 10000Internet 170 170 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 670 7580 8250

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja Por acaso 170 1420 1580

Nova Era

Total 830 9170 10000Pelo raacutedio ou televisatildeo 080 080 Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa 080 080 Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa 170 3170 3330 Por indicaccedilatildeo de placas ou a vitrine da loja 330 3670 4000 Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pas-tora etc 830 830 Por acaso 080 1170 1250

Como o Sr(a) teve conheci-

mento desta loja

Natildeo quis ou natildeo soube res-ponder 420 420

Protestante

Total 580 9420 10000 A pesquisa de campo demonstrou que as indicaccedilotildees externas na fachada

dos estabelecimentos foi o fator responsaacutevel pela localizaccedilatildeo espacial das lojas de

144

produtos religiosos quando essas lojas estatildeo inseridas dentro do contexto comercial

normal ou seja nas ruas da cidade Assim responderam as mulheres clientes das

lojas voltadas para as religiotildees afro-brasileiras com 4750 Nova Era com 7580

e Protestante com 3670 A exceccedilatildeo neste quesito foi o evento apontado pelos

clientes catoacutelicos em que o maior nuacutemero de respostas acusou a quarta alternativa

por parentes ou amigos de minha comunidade religiosa com uma participaccedilatildeo para

essa resposta de 4670 de onde 4000 foram respostas femininas e 670

masculinas Percebe-se nesta tabela a influecircncia sobre o consumidor a decisatildeo do

local de compra atraveacutes dos cleacuterigos protestantes e afro-brasileiros com participa-

ccedilotildees relativas sobre o total das respostas de 1670 para os consumidores das lo-

jas afro-brasileiras e 830 para as lojas de denominaccedilotildees protestantes

Pelo ponto de vista de marketing o local onde se estabelece um determi-

nado empreendimento pode ter uma significacircncia estrateacutegica notaacutevel sendo este um

dos fatores de um ecircxito comercial

Kotler e Armstrong observam que

Os varejistas sempre dizem que os trecircs fatores do sucesso do varejo satildeo localizaccedilatildeo localizaccedilatildeo e localizaccedilatildeo A localizaccedilatildeo de um varejista eacute fun-damental para a sua capacidade de atrair clientes Os custos com constru-ccedilatildeo e de arrendamento de instalaccedilotildees causam um impacto importante so-bre os lucros do varejista Assim as decisotildees de localizaccedilatildeo estatildeo entre as mais importantes que um varejista toma192

Embora sendo autores norte-americanos Philip Kotler e Gary Armstrong

anotam uma situaccedilatildeo peculiar nas cidades que verificamos parcialmente quando

elaboramos a pesquisa de campo

A maioria das lojas de hoje se agrupa para aumentar o poder de pressatildeo sobre os clientes e para lhes oferecer a conveniecircncia de comprar tudo em um soacute lugar Os bairros centrais eram a principal forma de conglomerado de varejo ateacute a deacutecada de 50 Toda cidade grande ou pequena tinha um bairro central com lojas de departamento lojas de especialidade bancos e cinema No entanto quando a populaccedilatildeo comeccedilou a se mudar para as aacute-reas suburbanas esses bairros centrais comerciais com seus problemas de traacutefego estacionamento e criminalidade passaram a perder negoacutecios

192Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de marketing p346

145

Os comerciantes ldquodo centro da cidaderdquo comeccedilaram abrir filiais em shopping centers das aacutereas suburbanas e o decliacutenio dos bairros centrais continuou Recentemente muitas cidades comeccedilaram a juntar forccedilas com os comer-ciantes para revitalizar as aacutereas comerciais dos centros das cidades cons-truindo galerias comerciais e oferecendo estacionamento subterracircneo193

Quando levantamos a localizaccedilatildeo geograacutefica das lojas que potencialmen-

te poderiam participar da amostragem da pesquisa de campo detectamos o maior

nuacutemero delas nas imediaccedilotildees da Igreja Matriz de Satildeo Paulo localizada na Praccedila da

Seacute no centro da cidade Mesmo tendo como objetivo atender ao puacuteblico catoacutelico a

materialidade referencial religiosa geograacutefica e histoacuterica pode estar sendo o motivo

da manutenccedilatildeo daquele espaccedilo na aacuterea central da cidade como um local vocacio-

nado para o varejo de produtos religiosos e reconhecido como uma aacuterea sacra na

cidade de Satildeo Paulo inclusive por outras religiotildees

No decorrer de nossa pesquisa observamos a movimentaccedilatildeo de agre-

gaccedilatildeo de fieacuteis de outras religiotildees cristatildes dentro da praccedila e na frente da igreja

Em um raio de 500 metros da catedral da Seacute encontramos aleacutem das lo-

jas que atendem agrave populaccedilatildeo catoacutelica outras com vieses comerciais protestantes

assim como aqueles empreendimentos comerciais voltados a atender as necessida-

des dos praticantes das religiotildees afro-brasileiras A exceccedilatildeo para este local foram as

lojas do tipo Nova Era Essas lojas satildeo de mais faacutecil detecccedilatildeo nos bairros e shop-

pings centers

Juracy Parente eacute a inda mais incisivo quando aborda a questatildeo da locali-

zaccedilatildeo geograacutefica das lojas

Localizaccedilatildeo consiste em uma das decisotildees mais criacuteticas para um varejista Diferente das outras variaacuteveis do composto de marketing varejista (tais como preccedilo mix de produtos promoccedilatildeo apresentaccedilatildeo atendimento e ser-viccedilos) que podem ser alteradas ao longo do tempo a localizaccedilatildeo da loja natildeo pode ser modificada194

Las Casas complementa

193Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de marketing p346 e 347 194Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p325

146

Localizaccedilatildeo eacute uma das decisotildees mais importantes da administraccedilatildeo vare-jista Neste caso de forma diferente da induacutestria o estabelecimento deve estar localizado proacuteximo aos consumidores e portanto a estrateacutegia de lo-calizaccedilatildeo deve considerar entre vaacuterios aspectos a concorrecircncia que tam-beacutem persegue os mesmos objetivos O ponto de venda na configuraccedilatildeo espacial do mercado escolhido poderaacute determinar o sucesso de muitos empreendimentos Conforme eacute sabido da literatura varejista trecircs fatores satildeo baacutesicos para uma loja localizaccedilatildeo localizaccedilatildeo e localizaccedilatildeo195

Anotamos neste momento a importacircncia da localizaccedilatildeo da igreja matriz

da cidade de Satildeo de Paulo assim como sugerimos novos estudos para o aprofun-

damento desta questatildeo que foge ao objeto deste trabalho mas que como vimos eacute

de importacircncia conceitual em se tratando de marketing Existe neste sentido grande

possibilidade de que a igreja esteja influenciando a permanecircncia de lojas varejistas

de produtos religiosos em suas imediaccedilotildees pelo importante significado que a igreja

exerce agrave populaccedilatildeo e em especial aos habitantes da cidade de Satildeo Paulo

Outro fator relevante e que merece destaque neste quesito foi a ausecircn-

cia da propaganda196 da promoccedilatildeo197 e da publicidade198 tanto pelo lado dos pro-

dutos oferecidos e a disposiccedilatildeo da clientela quanto das proacuteprias lojas enquanto

instituiccedilotildees comerciais com objetivos especiacuteficos Natildeo foi detectado qualquer esforccedilo

extra que motivasse o consumidor a conhecer o empreendimento comercial e os

produtos neles colocados agrave disposiccedilatildeo Salvo melhor juiacutezo pela configuraccedilatildeo mer-

cadoloacutegica atual o composto promocional deste segmento natildeo se enquadra dentro

da conceituaccedilatildeo recomendada tendo em vista os princiacutepios miacutenimos de marketing

O composto promocional eacute um dos elementos que o varejista utiliza natildeo soacute para atrair os consumidores para suas lojas mas tambeacutem para motivaacute-los agraves compras Como todas as outras decisotildees empresariais o esforccedilo pro-mocional precisa tambeacutem estar integrado agraves outras variaacuteveis do composto

195Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing de varejo p59 196 A propaganda eacute conceituada como uma forma de comunicaccedilatildeo indireta e impessoal transmitida por meio de miacutedia massificada As miacutedias usadas para veicular propagandas satildeo jornais revistas raacutedio televisatildeo outros impressos e Internet 197A promoccedilatildeo de vendas eacute uma ferramenta de comunicaccedilatildeo impessoal direta ou indireta envolven-do o uso de miacutedia ou natildeo Tem como caracteriacutestica oferecer um valor extra ao consumidor As formas mais usuais satildeo os precircmios programa de fidelizaccedilatildeo e de comprador frequumlente cupons displays demonstraccedilotildees de produtos e a mostras 198A publicidade eacute um tipo de comunicaccedilatildeo indireta e impessoal veiculada em alguma forma de miacutedia com informaccedilotildees (positivas ou negativas) sobre determinado produto ou varejo e natildeo eacute paga pelo empreendedor

147

varejista ou seja agraves decisotildees de ponto produto preccedilo pessoal e apresen-taccedilatildeo Como Lewison ressalta muitos consumidores natildeo teratildeo por conta proacutepria a iniciativa de compra a natildeo ser que o varejista comunique a existecircncia da loja sua localizaccedilatildeo os produtos agrave venda que preccedilos satildeo oferecidos ter-mos de venda serviccedilos e hora da abertura da loja Aleacutem disso o consumi-dor precisa ser persuadido a acreditar que certo varejista oferece uma me-lhor relaccedilatildeo custobenefiacutecio que os demais concorrentes O mix promocio-nal portanto eacute um processo de comunicaccedilatildeo entre o varejista e o consumi-dor com a finalidade natildeo soacute de ser informativo (fornecendo dados sobre a loja e os produtos oferecidos) mas tambeacutem persuasivo (influenciando as percepccedilotildees atitudes e comportamento do consumidor)199

Tabela 34

Gecircnero Loja Masculino Feminino Total

Ateacute 10 reais 1000 3250 4250 De 10 a 20 reais 330 2420 2750 De 20 a 40 reais 670 1830 2500 De 40 a 80 reais 330 330 De 80 a 160 reais 080 080

Desembolso na loja

Natildeo quis ou natildeo soube responder 080 080

Afro-brasileira

Total 2000 8000 10000 Ateacute 10 reais 500 1080 1580 De 10 a 20 reais 330 2830 3170 De 20 a 40 reais 580 3750 4330 De 40 a 80 reais 750 750 De 80 a 160 reais 080 080

Desembolso na loja

De 160 a 320 reais 080 080

Catoacutelica

Total 1420 8580 10000 Ateacute 10 reais 080 1330 1420 De 10 a 20 reais 330 2250 2580 De 20 a 40 reais 170 2670 2830 De 40 a 80 reais 080 2250 2330 De 80 a 160 reais 170 580 750

Desembolso na loja

De 160 a 320 reais 080 080

Nova Era

Total 830 9170 10000 Ateacute 10 reais 3420 3420 De 10 a 20 reais 170 2670 2830 De 20 a 40 reais 420 2330 2750 De 40 a 80 reais 920 920

Desembolso na loja

De 80 a 160 reais 080 080

Protestante

Total 580 9420 10000

O nuacutemero mais expressivo de consumidores que mais disponibilizaram

seus recursos financeiros com a compra de objetos religiosos foram os indiviacuteduos

199Juracy PARENTE Varejo no Brasil Gestatildeo e Estrateacutegia p242

148

compradores das lojas catoacutelicas representando 4330 do universo de clientes para

este tipo de loja com valores relativos de 3550 para as mulheres e 580 para a

populaccedilatildeo masculina com valores desembolsados na ordem de R$ 2000 a R$

4000 por compra Notamos que para este tipo de loja e orientaccedilatildeo religiosa os

consumidores tecircm propensatildeo a desembolsos maiores quando 08 dos indiviacuteduos

do sexo femininos afirmaram terem efetuado despesas na faixa de R$ 16000 a R$

32000

Nas lojas afro-brasileiras a faixa de maior desembolso foi de ateacute

R$1000 em ambos os gecircneros e representando 4250 das respostas obtidas A

participaccedilatildeo relativa a esse quesito foi de 1000 para o gecircnero masculino e

3250 para o gecircnero feminino A maior faixa de desembolso verificada na amostra

estaacute na faixa de R$ 8000 a R$ 16000 e por 08 da amostra populacional pesqui-

sada O gecircnero que respondeu a esse volume de recursos disponibilizados para a-

quisiccedilatildeo de bens religiosos verificou-se em 100 das mulheres

Nos empreendimentos de denominaccedilotildees protestantes a faixa de desem-

bolso foi de ateacute R$1000 para 3420 das respostas totais a esse tipo de loja e es-

se valor relativo foi obtido exclusivamente por indiviacuteduos do gecircnero feminino 08

dos sujeitos da amostra pesquisada declararam compras na faixa R$ 8000 a R$

16000 sendo esta a maior faixa de desembolso verificada durante a pesquisa para

este tipo de loja

Nas lojas Nova Era verificou-se a pulverizaccedilatildeo no volume de recursos

disponibilizados quando oferecidas as opccedilotildees de respostas pelos consumidores na

aquisiccedilatildeo de bens e objetos religiosos A faixa de desembolso com maior frequumlecircncia

se fez notar na amplitude financeira de R$ 2000 a R$ 4000 com uma participaccedilatildeo

de 2830 das respostas totais verificadas A participaccedilatildeo relativa do gecircnero femini-

no foi de 2770 e da masculina 170 para este questionamento Na pesquisa de

campo verificou-se pelas respostas obtidas que este tipo de loja eacute a que tem me-

lhor performance financeira e melhor adequaccedilatildeo do mix de produto e poliacutetica de pre-

ccedilos tendo em vista apenas as informaccedilotildees oriundas das faixas de faturamento bruto

de suas vendas

149

Tabela 35

Gecircnero Loja Masculino Feminino Total

Caros 580 580 1170 Relativamente caros 420 1500 1920 Razoavelmente equi-librados 330 3170 3500 Condizentes com a minha renda 670 2580 3250 Baratos 080 080

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas

Natildeo quis ou natildeo sou-be responder 080 080

Afro-brasileira

Total 2000 8000 10000Caros 250 2580 2830 Relativamente caros 330 2080 2420 Razoavelmente equi-librados 080 830 920 Condizentes com a minha renda 670 2670 3330

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas Natildeo quis ou natildeo sou-

be responder 080 420 500

Catoacutelica

Total 1420 8580 10000Caros 1080 1080 Relativamente caros 250 1080 1330 Razoavelmente equi-librados 250 250 Condizentes com a minha renda 580 6170 6750 Baratos 250 250

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas

Natildeo quis ou natildeo sou-be responder 330 330

Nova Era

Total 830 9170 10000Caros 080 250 330 Relativamente caros 170 2580 2750 Razoavelmente equi-librados 250 3500 3750 Condizentes com a minha renda 080 2250 2330 Baratos 250 250

Opiniatildeo do consumidor sobre os preccedilos pra-ticados nas lojas

Natildeo quis ou natildeo sou-be responder 580 580

Protestante

Total 580 9420 10000

Considerando o preccedilo como parte conceitual do composto mercadoloacutegi-

co das lojas que comercializam produtos religiosos participantes da pesquisa os

clientes das lojas Nova Era e das lojas Catoacutelicas se manifestaram igualitaacuteriamente

afirmando que os preccedilos estavam condizentes com as suas rendas como resposta

mais significativa do ponto de vista estatiacutestico Para as lojas Nova Era as respostas

femininas foram de 6170 e os homens participaram com 58 do universo de res-

150

postas para o seu gecircnero O iacutendice total para esta afirmaccedilatildeo foi o de 6750 das

respostas possiacuteveis Tal caracteriacutestica eacute notaacutevel por sinalizar a mesma opiniatildeo em

maior nuacutemero para um mesmo quesito e entre homens e mulheres Nas lojas que

visam atender ao puacuteblico catoacutelico os iacutendices alcanccedilados foram respectivamente

2670 para o gecircnero feminino e 670 para o gecircnero masculino totalizando

3330 das respostas totais para a poliacutetica de preccedilos executada por lojas catoacutelicas

Nas lojas de produtos destinados agraves religiotildees afro-brasileiras percebe-se uma mu-

danccedila no comportamento do consumidor Enquanto que 3170 das mulheres afir-

maram que os preccedilos estatildeo equilibrados 670 das respostas masculinas escolhe-

ram afirmar que os preccedilos estatildeo condizentes com as suas rendas Vale ressaltar

que os iacutendices acima descritos satildeo as maiores marcas para o mesmo questiona-

mento No entanto o maior valor modular e indicativo (sem distinccedilatildeo do gecircnero) pa-

ra o quesito de opiniatildeo sobre a poliacutetica de preccedilos eacute de 3500 para a resposta que

sugere certo equiliacutebrio de valores no momento da compra expressada pelos consu-

midores Nas lojas de produtos para denominaccedilotildees protestantes as maiores marcas

foram alcanccediladas pela mesma opccedilatildeo de resposta quando declararam que os pre-

ccedilos praticados se achavam relativamente equilibrados A participaccedilatildeo relativa por

gecircneros foi de 250 para os homens e 3500 para as mulheres totalizando

3750 das respostas possiacuteveis A pesquisa demonstrou que as mulheres consumi-

doras de produtos catoacutelicos satildeo as que mais se manifestaram desfavoravelmente agrave

poliacutetica de preccedilos praticado pelas lojas achando caros os mesmos O iacutendice para

esta resposta foi 2830 Natildeo foi manifestada por nenhum dos entrevistados a pos-

sibilidade de preccedilos baratos

Gecircnero Tabela 36 Masculino Feminino Total

Melhores preccedilos 730 5540 6270 Melhores condiccedilotildees de paga-mento 060 650 710 Novos produtos 210 1400 1600 Melhor atendimento 270 270 Um convite especial 040 080 130

Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

Natildeo quis ou natildeo soube respon-der 170 850 1020

Total 1210 8790 10000

A tabela acima indica que uma parcela significativa das pessoas entrevis-

tadas (6270) estariam motivadas a voltar mais vezes agrave loja se os preccedilos fossem

151

melhores com participaccedilatildeo relativa nas respostas de 730 para o gecircnero masculi-

nas e 5540 para o gecircnero feminino

A variaacutevel preccedilo dentro do composto de marketing eacute a que mais rapi-

damente afeta a competitividade O volume de vendas as margens e a lucratividade

das empresas em geral e com maior significacircncia para as empresas varejistas pela

iacutentima relaccedilatildeo que esses estabelecimentos tecircm com o consumidor final satildeo as que

mais estatildeo sujeitas a atenccedilotildees quando da formaccedilatildeo de preccedilos

Esta variaacutevel tem como caracteriacutestica e sobre si toda a influecircncia dos di-

versos aspectos da Teoria Econocircmica Pelo vieacutes macroeconocircmico tanto os clientes

quanto as empresas estatildeo sujeitas aos fatores econocircmicos imponderaacuteveis e natildeo

controlaacuteveis das poliacuteticas econocircmicas puacuteblicas executadas por accedilotildees de governo

por exemplo A teoria microeconocircmica embasa cientificamente as accedilotildees do mercado

e explica as estruturas mercadoloacutegicas nele inserido Justifica pelo prisma da eco-

nomia as diversas dinacircmicas relacionais entre as duas forccedilas determinantes do

mercado onde temos por um lado a forccedila que compra e de outro a forccedila que ofere-

ccedila comercialmente algo que a primeira deseja obter A teoria do consumidor200 e

anaacutelise da procura a teoria da firma com a anaacutelise da oferta201 aleacutem das estruturas

de mercado202 satildeo os instrumentais teacutecnicos recomendados203

Kotler e Armstrong conceituam

Em sentido mais restrito preccedilo eacute a quantia que se cobra por um produto e serviccedilo Em sentido mais amplo eacute a soma de todos os valores que os con-sumidores trocam pelos benefiacutecios de obter e utilizar um produto ou servi-ccedilo Historicamente o preccedilo tem sido o principal fator a afetar a escolha do comprador Isso ainda eacute vaacutelido para as naccedilotildees e os grupos mais pobres e

200A teoria do consumidor tem como objetivo o estudo do comportamento do consumidor individual ou dos agentes econocircmicos que representam uma unidade de consumo portadores de um determi-nado orccedilamento e que distribuem as suas despesas de modo racional visando maximizar a sua satis-faccedilatildeo dentro de um determinado limite financeiro 201A teoria da firma ou tambeacutem conhecida como teoria da produccedilatildeo se caracteriza como o estudo das relaccedilotildees existentes entre a produccedilatildeo e os custos de produccedilatildeo aleacutem dos demais fatores produti-vos Os princiacutepios aplicativos da teoria da firma contribuem decisivamente como um dos componen-tes e formadores de preccedilos dos produtos finais disponibilizados ao consumo 202O estudo anaacutelise e determinaccedilatildeo da forma de accedilatildeo no mercado e com seu puacuteblico consumidor por uma empresa eacute que determina a ela qual eacute o tipo e vieacutes econocircmico em que ela estaacute inserida contex-tualmente se considerado o mercado como um todo Recebem as classificaccedilotildees de concorrecircncia perfeita concorrecircncia monopoliacutestica o oligopoacutelio ou ainda o monopoacutelio dependendo de suas caracte-riacutesticas operacionais 203 Toda a abordagem microeconocircmica pode ser conhecida pela obra de Gilson de Lima GAROacuteFALO e Luiz Carlos Pereira de CARVALHO Anaacutelise microeconocircmica volumes I e II 2ordf ediccedilatildeo editora Atlas Satildeo Paulo 1980

152

para as mercadorias geneacutericas (commodities) Contudo fatores natildeo liga-dos ao preccedilo204 tecircm se tornado mais importantes para o comportamento de escolha do comprador205

Sobre o fator preccedilo dentro da abordagem do composto de marketing

Las Casas complementa Kotler e Armstrong

Alguns autores afirmam que no varejo geralmente haacute a liberdade de admi-nistraacute-los com maior frequumlecircncia Mercadorias tecircm seus preccedilos aumentados e reduzidos conforme uma seacuterie de fatores seja para enfrentar concorrecircn-cias atender demandas ou outro qualquer De modo geral seguem as leis de mercado Da oferta e da procura Apesar disso no Brasil muitas vezes os preccedilos satildeo congelados por determinaccedilatildeo legal e os comerciantes im-pedidos de administraacute-los conforme a necessidade do mercado Para vender ao consumidor eacute importante que haja flexibilidade de preccedilos para acompanhar a variaccedilatildeo do mercado local de atuaccedilatildeo206

Muitas satildeo as possibilidades de cruzamento de dados acerca do consu-

midor de produtos relacionados agrave religiosidade e agrave sua feacute produzidas pela pesquisa

de campo que tambeacutem se adequou a uma pesquisa mercadoloacutegica

Poreacutem para um trabalho com as caracteriacutesticas e limitaccedilotildees metodoloacutegi-

cas recomendadas para uma dissertaccedilatildeo vamos encerrar esta etapa de anaacutelise de

dados

Todavia antes de passarmos para as conclusotildees se faz necessaacuterio um

alinhamento sobre os principais pontos que foram levantados no decorrer desta anaacute-

lise para que possamos clarear de uma forma mais harmocircnica a compreensatildeo dos

dados inclusive daqueles que comprovaram a hipoacutetese desta dissertaccedilatildeo e que mo-

tivaram este trabalho

204O autor se refere agraves mudanccedilas na decisatildeo de compra do consumidor verificadas quando o com-prador passa a levar em conta outros fatores que natildeo os econocircmicos na hora de efetuar suas com-pras Entre esses fatores estatildeo associados agrave origem do produto e como ele foi manufaturado (se oriundo de matildeo de obra escrava ou de origem iliacutecita) e fatores indicadores de qualidade (composto tecnoloacutegico eou ecoloacutegico) por exemplo 205 Philip KOTLER e Gary ARMSTRONG Princiacutepios de Marketing p236 206 Alexandre Luzzi LAS CASAS Marketing de Varejo p109

153

33 A Razatildeo Sobre o perfil das pessoas entrevistadas os nuacutemeros demonstraram que

no universo pesquisado pela amostra populacional a presenccedila da mulher eacute signifi-

cativamente maior que a dos homens e a presenccedila da dona de casa foi eloquumlente

No entanto a mulher trabalhadora eacute a mais importante no conjunto de seu gecircnero

para este mercado quantitativamente tendo em vista a possiacutevel independecircncia de-

las na decisatildeo de compra dos objetos representativos e de uso na praacutetica da religi-

osidade A faixa etaacuteria de maior expressividade corrobora e ratifica este aspecto

pois estatildeo na idade de maior pujanccedila e produtividade profissional dos 25 aos 45

anos Tal intervalo representou no total da amostra 4960 para o gecircnero feminino

No quesito econocircmico percebemos que as mulheres com maior partici-

paccedilatildeo na pesquisa declararam-se pertencentes agrave classe meacutedia com faixas de ren-

da variando de 3 a 8 salaacuterios miacutenimos enquanto que pela frequumlecircncia de respostas

masculinas verificou-se uma amplitude maior com variaccedilotildees de 3 a 10 salaacuterios miacute-

nimos

No grau de escolaridade entre os gecircneros o que mais se destacou no u-

niverso pesquisado foi o de formados ateacute o segundo grau Poreacutem as mulheres apa-

recem em maior nuacutemero com menor formaccedilatildeo quando 25 delas afirmaram ter ateacute

o primeiro grau

Como consumidores foi o gecircnero feminino que mais disponibilizou recur-

sos financeiros para compras nas lojas de artigos religiosos Na amostra apenas as

mulheres declararam despesas superiores a R$16000 gastos nas lojas

Do conjunto de pessoas pesquisadas a grande maioria dos indiviacuteduos eacute

da cidade de Satildeo Paulo sinalizando para o tipo de comeacutercio regional o formato das

lojas pesquisadas

Pelos nuacutemeros demonstrados e considerados os fatores que compotildeem o

composto de marketing verificamos pelas respostas da clientela situaccedilotildees peculia-

res para o segmento comercial de lojas de artigos religiosos O ponto de venda foi

reconhecido pelos consumidores e consumidoras apenas por displays ou pelas vi-

trines das lojas aleacutem de se acharem na rota do caminho para o trabalho ou residecircn-

cia A propaganda a promoccedilatildeo e a publicidade natildeo foram citadas sinalizando a ine-

xistecircncia de esforccedilos comerciais dirigidos Os produtos satildeo conhecidos pelos clien-

tes e os preccedilos satisfizeram as expectativas da maioria dos compradores e compra-

doras

154

34 A Sensibilidade Aos olhos dos homens e mulheres dedicados ao marketing o interesse

sobre as razotildees que levam determinados empreendimentos ao sucesso eacute algo

sempre a ser perscrutado com maiores cuidados e com todos os rigores da teacutecnica e

da ciecircncia

No caso deste trabalho onde a principal questatildeo estaacute centrada na verifi-

caccedilatildeo hipoteacutetica de que a feacute religiosa seja o agente motivador do mercado varejista

de produtos religiosos merece consideraccedilotildees suplementares

O resultado alcanccedilado pela pesquisa de campo indica claramente a con-

firmaccedilatildeo da hipoacutetese acima com 8740 das respostas totais apontando para a reli-

giosidade pessoal dos entrevistados Assim sendo estaacute considerado intrinsecamen-

te o fator feacute de cada um dos sujeitos pesquisados como impulsionador de pessoas

que procuram o comeacutercio religioso A questatildeo complementar sobre o que chamamos

de alavanca de marketing eacute o que precisa ser explicado aleacutem de justificar todo o

processo comercial sobre os produtos religiosos Esta justificativa eacute o que os estudi-

osos do mercado chamam de diferencial mercadoloacutegico quer tal caracteriacutestica seja

aplicada ao empreendimento quer o seja ao segmento comercial ou produto comer-

cializado caracterizando-o e distinguindo-o dos demais

No caso do varejo de produtos religiosos o ponto comum na alavanca-

gem comercial deste mercado reside nas caracteriacutesticas sacras que os produtos ad-

quirem quando aplicados agrave pratica religiosa ou aos aspectos hierofacircnicos envolvi-

dos no processo No comeacutercio varejista de produtos afetos agrave religiosidade este eacute o

ponto principal eacute a chave comercial eacute o vetor de captaccedilatildeo da atenccedilatildeo e da percep-

ccedilatildeo do consumidor sobre os bens a ele disponibilizados viabilizando as vendas Es-

ta anaacutelise vem tambeacutem coroar a aproximaccedilatildeo do marketing com a religiatildeo via mer-

cado varejista de produtos da feacute religiosa Responde assim agrave primeira questatildeo que

motivou a elaboraccedilatildeo deste trabalho quando deparamos com uma jovem que ao

sair de uma loja de produtos Nova Era contemplava em um estado de quase ecircxtase

e visivelmente maravilhada um pedaccedilo de cristal que acabara de comprar

Pelas palavras de Mircea Eliade finalizamos

Visto que era preciso que nos limitaacutessemos soacute falarmos de alguns aspec-tos da sacralidade da Natureza Tivemos que passar em silecircncio um nuacuteme-

155

ro consideraacutevel de hierofanias coacutesmicas Assim por exemplo natildeo pude-mos falar dos siacutembolos e dos cultos solares ou lunares nem da significa-ccedilatildeo religiosas das pedras nem do papel religioso dos animais etc Cada um destes grupos de hierofanias coacutesmicas revela uma estrutura particular da sacralidade da Natureza ou mais exactamente uma modalidade do sagrado expressa por intermeacutedio de um modo especiacutefico de existecircncia no Cosmos Basta por exemplo analisar os diversos valores religiosos atribu-iacutedos aacutes pedras para que se compreenda o que as pedras como hierofani-as satildeo susceptiacuteveis de mostrar aos homens relevando-lhes o poder a du-reza a permanecircncia A hierofania da pedra eacute uma ontofania por excelecircn-cia antes de tudo a pedra eacute fica sempre ela mesma natildeo muda ndash e choca o homem pelo que tem de irredutiacutevel e de absoluto e fazendo-o desven-dar-lhe por analogia a irredutibilidade e o absoluto do Ser Captado graccedilas a uma experiecircncia religiosa o modo especiacutefico da existecircncia da pedra re-vela ao homem o que eacute uma existecircncia absoluta para o aleacutem do Tempo invulneraacutevel ao devir 207

207 Mircea ELIADE O Sagrado e o profano A essecircncia das Religiotildees p163

156

Conclusatildeo Razatildeo + Sensibilidade

Religiatildeo satildeo os sentimentos atos e experiecircncias do indiviacuteduo humano que na sua solidatildeo enquanto se situa em uma relaccedilatildeo com seja o que for por ele considerado divino208

William James

Abrimos este trabalho convocando a aproximaccedilatildeo cientiacutefica entre dois

temas complexos extensos importantes atuais e apaixonantes que foram a religio-

sidade e o conceito da feacute e o marketing Foi necessaacuterio que assim procedecircssemos

porque seria fundamental entendermos a complexidade dos mesmos face agraves carac-

teriacutesticas que este trabalho poderia envolver

Muitas satildeo as opccedilotildees de estudo pesquisa e desenvolvimento teoacuterico e-

xistente que tecircm como objetivo e fundamentos o marketing aplicado agraves religiotildees de

maneira geral Poderiacuteamos nos prender aos aspectos estrateacutegicos e operacionais

das grandes correntes tradicionais do pensamento religioso como instituiccedilotildees soci-

ais organizadas ou ainda estudar as razotildees das influecircncias comportamentais sobre

o consumo das chamadas novas religiotildees Opccedilotildees natildeo faltaram nessa aproximaccedilatildeo

e vieacutes metodoloacutegico Haacute de fato um amplo campo de anaacutelise estudo e pesquisa em

se tratando dos interesses reciacuteprocos do marketing com a religiatildeo e vice-versa

Poreacutem a inspiraccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo foi encontrada na observaccedilatildeo co-

tidiana de uma das faces do comportamento que envolve a dinacircmica comercial e

pessoal daqueles e daquelas que professam algum tipo de feacute e os levam a dispen-

sar parte dos seus proventos financeiros agrave aquisiccedilatildeo de bens materiais para o exer-

ciacutecio ou a praacutetica de sua religiosidade Observamos na praacutetica no campo no cenaacuterio

das operaccedilotildees religiosas Estivemos presentes a grandes eventos de caraacuteter miacutesti-

208 William JAMES apud Edecircnio VALLE Psicologia e experiecircncia Religiosa p258

157

co-religioso e notamos a presenccedila econocircmica e empresarial viabilizando esses a-

contecimentos A partir dessa constataccedilatildeo a curiosidade cientiacutefica e mercadoloacutegica

recaiu sobre o principal agente religioso que eacute o praticante ou as pessoas crentes e

melhor dizendo o consumidor de produtos relacionados agrave feacute Com o foco voltado

para este cenaacuterio e o encontro casual de uma jovem saindo de uma loja de produtos

religiosos com uma pedra de cristal de rocha nas matildeos a soma de tais eventos tra-

duziu-se como um apelo irresistiacutevel quando fizemos a primeira junccedilatildeo entre o marke-

ting e a feacute Concebida a ideacuteia de estudar o comportamento do consumidor religioso e

as implicaccedilotildees comerciais para a profissatildeo da feacute somou-se ainda atraente e entusi-

aacutestica a possibilidade em dispensar as nossas atenccedilotildees profissionais ao nosso povo

Ao terminarmos este trabalho entendemos a motivaccedilatildeo do consumidor

quando compra produtos relacionados agrave sua religiosidade e feacute satisfazendo e justifi-

cando a razatildeo existencial de um segmento mercadoloacutegico presente no universo

mercantil de uma cidade como Satildeo Paulo Este tipo de comeacutercio embora ausente

nas grandes miacutedias comeccedila aos poucos e timidamente a ocupar uma posiccedilatildeo de

destaque no contexto macro-comercial porque aleacutem de prover aqueles que necessi-

tam de objetos para os seus rituais afetos agrave religiosidade individual ou coletiva con-

tribuem com a geraccedilatildeo de empregos e participam da distribuiccedilatildeo da renda via arre-

cadaccedilatildeo de tributos e impostos

A pesquisa de campo elaborada e executada especialmente para esta

dissertaccedilatildeo apontou para a hipoacutetese levantada de que eacute a feacute eacute a alavanca de negoacute-

cios no varejo de produtos religiosos Ousamos chegar com maior profundidade a

esta questatildeo Ficou claro que o consumidor justifica suas compras pelo caraacuteter da

religiosidade ou feacute poreacutem os produtos procurados por eles tecircm uma caracteriacutestica

especial uma caracteriacutestica diferencial de valor intriacutenseco ou seja o aspecto hiero-

facircnico que estaacute presente e justificando verticalmente todo o processo de compra e

venda A pesquisa de campo natildeo esgotou contudo a compreensatildeo total dos haacutebi-

tos de compra e do perfil deste consumidor Teve tambeacutem o objetivo de lanccedilar as

bases para novos estudos como por exemplo o aprofundamento do entendimento

das questotildees motivacionais comportamentais comerciais e religiosas relativas aos

homens e mulheres que compotildeem o universo de clientes do varejo de produtos reli-

giosos

Este trabalho tambeacutem demonstrou a possibilidade do alinhamento cientiacute-

fico e do diaacutelogo franco entre dois aspectos complexos do interesse humano o

158

marketing e a religiatildeo Os conceitos de marketing com suas caracteriacutesticas analiacuteti-

cas e calculistas pois o enfoque aplicado eacute sempre o da loacutegica e da estrateacutegia tra-

tou de ouvir e perscrutar as razotildees inerentes agrave religiosidade e agrave feacute algo que trans-

cende a justificativa cientiacutefica em sua essecircncia e que tem conotaccedilotildees essencialmen-

te emocionais e subjetivas quando dispensa natildeo raras vezes a loacutegica Esse diaacutelo-

go e alinhamento de propoacutesitos trouxeram agrave tona aspectos humanos interessantes e

novos acerca de uma dinacircmica comercial especiacutefica Contribuiu para o esclareci-

mento de fenocircmenos comerciais afetos agrave religiosidade trazendo novas luzes a esse

processo desta feita pelo vieacutes dos negoacutecios e sob o enfoque da poacutes-modernidade

dentro da realidade que nos cerca

Potencialmente o mercado se justifica e eacute basicamente ilimitado dado o

caraacuteter humano que as manifestaccedilotildees da religiosidade guardam em si e em seus

valores miacutesticos e que necessitam muitas vezes de produtos bens e materiais apli-

caacuteveis agrave praacutetica experimental religiosa

No entanto recomendarmos investimentos nesse nicho mercadoloacutegico

carece neste momento de algumas recomendaccedilotildees especiais A necessidade de

um plano de negoacutecios em conjunto com as respostas financeiras da engenharia e-

conocircmica satildeo dois procedimentos primordiais aleacutem de necessaacuterios Satildeo de funda-

mental importacircncia para os bons negoacutecios a pesquisa e o uso conceitual das ferra-

mentas de marketing e a observaccedilatildeo e adoccedilatildeo dos princiacutepios da administraccedilatildeo cien-

tiacutefica como dinacircmica instrumental operativa a serem aplicadas agraves novas lojas ou

empreendimentos comerciais tendo como objetivo a atuaccedilatildeo no segmento do varejo

de produtos religiosos

A vantagem neste segmento comercial estaacute em se investir em uma em-

presa varejista na qual os consumidores conheccedilam os produtos de que necessitem e

saibam quando e como aplicaacute-los Esta eacute uma vantagem estrateacutegica a ser conside-

rada pois em uma primeira anaacutelise satildeo claros os sinais de menores necessidades

de investimentos financeiros no que diz respeito ao treinamento de pessoal aleacutem

de despesas com mensagens sobre o uso promoccedilatildeo e propaganda dos produtos a

serem comercializados Pela loacutegica comercial e estrateacutegica quanto menores satildeo os

custos e as despesas menores seratildeo os riscos portanto maiores e mais raacutepidas

seratildeo as oportunidades do necessaacuterio retorno do capital investido Configuramos

por esse raciociacutenio a conclusatildeo loacutegica de ser este nicho comercial um campo feacutertil

para bons e rentaacuteveis negoacutecios

159

Finalizando chamamos a atenccedilatildeo para a constataccedilatildeo de mais um ponto

em comum entre a religiosidade e o marketing Ambos tecircm em seus aspectos ins-

trumentais poderosos recursos que sensibilizam controlam e provocam mudanccedilas

nas pessoas e na sociedade principalmente naquelas que estatildeo sob influecircncia dire-

ta ou indireta de suas accedilotildees Cabe-nos ressaltar a necessidade da praacutetica eacutetica tan-

to da religiatildeo quanto ao marketing e do marketing aplicado sobre a religiosidade A

razatildeo desta colocaccedilatildeo eacute fundante tanto a religiatildeo quanto o marketing tecircm por obje-

tivo e finalidade a viabilizaccedilatildeo de pelo menos uma necessidade humana Sendo

este talvez o ponto mais importante O respeito ao ser humano aos sentimentos

sobre o quecirc e na forma com que ele entende os valores coacutesmicos e as razotildees de

sua existecircncia deveratildeo ser sempre considerados e jamais esquecidos Disse-nos

um dos proprietaacuterios de uma das lojas visitadas sobre as pessoas frequumlentadoras de

seu estabelecimento

() porque muitas pessoas satildeo atraiacutedas pela muacutesica pelo tipo de ambien-te tem pessoas quenossa agraves vezes chegam aiacute ficam num cantinho choram eu finjo que natildeo estou vendo mas choram desabafam depois saem Deixo todo mundo a vontade natildeo vou em cima da pessoa falar pre-ccedilo deixo as pessoas a vontade quem entra aqui eacute amigo da gente209

Assim sendo e conforme ficou demonstrado a feacute eacute um bom negoacutecio

209Entrevista com o SrServilho em 8 de setembro de 2006 na cidade de Caraguatatuba e na praccedila da igreja matriz A entrevista completa encontra-se nos anexos

160

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Satildeo Paulo Satildeo Paulo

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do em Ciecircncias da Religiatildeo) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo Satildeo

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lo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p 38-45 junho de 2007

Revistas

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tal 61085 ndash CEP 05001-970 - Satildeo Paulo ndash SP Ediccedilatildeo 52 Ano 5 junho de 2007

REVISTA PERDIZES ndash Gabel Comunicaccedilotildees Redaccedilatildeo Rua Trecircs Rios 131 ndash Cj

32 ndash Satildeo Paulo SP CEP 01123-001 Fone 0xx 11 3313-8080 Ano 5 ndash no 27

Outras miacutedias

DVDs

A poacutes-modernidade Seacutergio Paulo Rouanet Editora Multimiacutedia Ltda 2005 1 DVD

O Povo Brasileiro Da Obra-prima de Darcy Ribeiro Idealizaccedilatildeo e direccedilatildeo de Isa

Grinspum Ferraz Fundaccedilatildeo Darcy Ribeiro Superfilmes DVD Duplo

Wittgenstein e a virada linguumliacutestica da Filosofia Joatildeo Vergiacutelio Cuter Editora Multimiacute-

dia Ltda 2005 1 DVD

171

CDs

Ediccedilatildeo Eletrocircnica Brasileira das obras psicoloacutegicas completas de Sigmund Freud

8016 p Rio de Janeiro Imago Editora 2004

Eu vou botar teu nome na macumba Jesseacute Gomes da Silva Filho (Zeca Pagodinho)

N 5277382 CD ldquoSamba pras moccedilasrdquo Gravadora Universal 1995

Documentos e dados da Rede Internet

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Expo Cristatilde A maior feira de produtos e serviccedilos para cristatildeos da Ameacuterica Latina

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18 de abril de 2005

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173

Anexos

Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas

Anexo 02 ndash Modelo de questionaacuterio

Anexo 03 ndash Entrevista

174

Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas

Lojas de artigos para as religiotildees afro-brasileiras

bull Loja Luar

Rua Bom Pastor 2190 ndash Ipiranga

CEP 04203-002 - Satildeo Paulo - SP

Fone Fax (0xx11) 6163-6464 e 6591-3234

bull Loja Cacique Pena Branca

Alameda dos Nhambiquaras 1501 - Moema ndash

CEP 04090-013 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0XX11) 5533-1087

bull Casa de Velas Santa Rita

Praccedila da Liberdade 248 - Liberdade

CEP 01503-010ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3208-7022

bull Vida Cigana ndash Casa de umbanda e candombleacute

Praccedila Carlos Gomes 112 ndash Liberdade

CEP 015010-040 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3105-1932

175

Lojas de artigos para a religiatildeo catoacutelica

bull Gladys Artigos Religiosos - Ladeira Porto Geral 106 - 6deg andar - sala 607 CEP 01022-000 - Sao Paulo ndash SP Fone (0xx11) 3312-0325 - Fax (0xx11) 3313-1442

bull Livraria Catoacutelica Nossa Senhora da Lapa

Rua Nossa Senhora da Lapa 364 - Lapa

CEP 05072-000 ndash Satildeo Paulo - SP

Fone (0xx11) 3834-6447 e (0xx11) 3645-4546

bull Inluma - Artigos Religiosos Catoacutelicos

Rua Jaguaratildeo 239 - Jabaquara

CEP 04318-040 - Satildeo Paulo ndash SP

FoneFax (0xx11) 5588-4655 5588-3159 5021-5733

bull Livraria Catedral

Rua Senador Feijoacute 46 ndash Centro

CEP 01006-000 ndash Satildeo Paulo ndash SP

FoneFax (0xx11) 3106-1136

176

Lojas de artigos para as religiotildees protestantes das diversas denominaccedilotildees

bull Word Music ndash

Terminal Barra Funda do Metrocirc loja 14

CEP 01154-060 - Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3392-6660

bull Gospel Line Comeacutercio Ltda Rua Conselheiro Furtado 50 - Liberdade

CEP 01511-000 - Satildeo ndash Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3105-6897 - Fax (0xx11) 3106-2013

bull Bom Pastor Produccedilotildees Artiacutesticas e Phonograacuteficas Ltda Av Liberdade 902 ndash Liberdade

CEP 01502-001 - Satildeo Paulo ndash SP

Fone (11) 3208-5351

bull Vencedores por Cristo SC Rua Prof Dr Joseacute Marques Cruz 365 - Jardim das Acaacutecias

CEP 04707-020 - Satildeo Paulo ndash SP

Fone (11) 5183-4676 - Fax (11) 5183-5349

Lojas de artigos para as religiotildees novoeristas

177

bull Viraj - Gifts to Yoyurself

Av Paulista 807 loja 46 (galeria)

CEP 01311-915 - Satildeo Paulo SP

Fone (0xx11) 3148-0846 - 3148-084 - Fax (0xx11) 3253-6983

bull Centro Holiacutestico Bruxas do Bem

Rua DrCeacutesar 522 - Santana

CEP 02013-002 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fones (0xx11) 6283-4213 - 32134433

bull Lojas Vila Zen

Loja 01 Galeria Gecircmini loja 36 - Av Paulista 807ndash Jardim Paulista

CEP 01311-915 ndash Satildeo Paulo ndash SP

Fone (0xx11) 3251-5940

Loja 02 Shopping Metrocirc Santa Cruz ndash loja 22 - Av Domingos de Morais 2564 - Vila

Mariana

CEP 04036-100 ndash Satildeo Paulo - SP

Fone (0xx11) 3471-7933

178

Anexo 02 - Questionaacuterio dirigido aos consumidores finais ou clientes das lojas

1) Como o sr(a) teve conhecimento da existecircncia desta loja

a) Lista telefocircnica

b) Internet

c) Propaganda em revistas jornais murais ou meios impressos

d) Pelo raacutedio ou televisatildeo

e) Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa

f) Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa

g) Por indicaccedilotildees de placas ou a vitrine da loja

h) Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pastora sheik

rabino monge etc

i) Por acaso

j) Natildeo quis ou natildeo soube responder

2) Com que frequumlecircncia o sr (a) compra produtos religiosos

a) Pelo menos uma vez por mecircs

b) Uma vez a cada dois meses

c) Uma vez a cada trecircs meses

d) Uma vez por semestre

e) Uma vez por ano

f) Menos de uma vez por ano

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

179

3)Qual eacute o principal motivo pelo qual o sr(a) comprou esse (s) produto (s)

a) Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu

culto religioso

b) Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou

comprar

c) Porque a imagem desse (s) objeto(s) reforccedila (m) a minha feacute

d) Porque trazem proteccedilatildeo

e) Porque achei bonito

f) Vai servir para eu dar de presente a algueacutem

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

4) Qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s)

___________________________________________________________________

___________________________________________________________

5) Faixa de desembolso na loja

a) Ate 10 reais

b) De 10 a 20 reais

c) De 20 a 40 reais

d) De 40 a 80 reais

e) De 80 a 160 reais

f) De 160 a 320 reais

g) Mais de 320 reais

h) Natildeo quis ou natildeo soube responder

180

6) Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja

a) Plenamente satisfeito (a)

b) Satisfeito (a)

c) Razoavelmente satisfeito (a)

d) Sofrivelmente satisfeito (a)

e) Insatisfeito (a)

f) Natildeo quis ou natildeo soube responder

7) O sr(a) pretende voltar outras vezes a esta loja

a) Sim

b) Natildeo

c) Natildeo quis ou natildeo soube responder

8) Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo

a) Caros

b) Relativamente caros

c) Razoavelmente equilibrados

d) Condizentes com a minha renda

e) Baratos

f) Muito baratos

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

181

9) Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja

a) Melhores preccedilos

b) Melhores condiccedilotildees de pagamento

c) Novos produtos

d) Melhor atendimento

e) Maior conforto

f) Um contato mais direto comigo

g) Um convite especial

h) Natildeo quis ou natildeo soube responder

10) Qual sua religiatildeo de batismo

a) Catoacutelica

b) Protestante

c) Espiacuterita kadercista

d) Umbandista

e) Candomblecista

f) Budista

g) Novoerista

h) Muccedilulmana

i) Natildeo eacute batizado

j) Natildeo quis ou natildeo soube responder

182

11) Qual a sua religiatildeo praticada atualmente

a) Catoacutelica

b) Protestante

c) Espiacuterita kardecista

d) Umbandista

e) Candomblecista

f) Budista

g) Novoerista

h) Muccedilulmana

i) Natildeo quis ou natildeo soube responder

12) O sr(a) reside ou trabalha neste bairro

a) Sim

b) Natildeo

c) Nas imediaccedilotildees deste bairro

d) Natildeo quis ou natildeo soube responder

13) O sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo

a) Sim

b) Natildeo

c) Natildeo quis ou natildeo soube responder

183

14) Sexo

a) Masculino

b) Feminino

15) Profissatildeo________________________________________________

16) Qual a sua idade

a) De 18 a 25 anos

b) De 25 a 35 anos

c) De 35 a 45 anos

d) De 45 a 55 anos

e) De 55 a 65 anos

f) Mais de 65 anos

17) Estado civil

a) Solteiro (a)

b) Casado (a) ou com companheira (o)

c) Separado (a) judicialmente ou divorciado (a)

d) Viuacutevo (a)

184

18) Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar

a) Ensino fundamental

b) Ensino meacutedio

c) Ensino Superior

e) Poacutes-graduado

19) Qual a sua faixa de renda familiar

a) Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo

b) De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos

c) De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos

d) De 05 a 08 salaacuterios miacutenimos

e) De 08 a 10 salaacuterios miacutenimos

f) Mais de 10 salaacuterios miacutenimos

g) Natildeo quis ou natildeo soube responder

185

Anexo 03 Entrevista com o Sr Servilho proprietaacuterio da Banca da Biacuteblia em CaraguatatubaSP

Entrevistador Renato

Entrevistado Sr Servilho

Local Caraguatatuba

Dia 08 Caraguatatuba praccedila central da cidade

Vou perguntar para o dono do empreendimento sr Servilho sobre as razotildees comerciais do investimento no segmento religioso

Qual foi o motivo que levou o sr investir nesse segmento mercadoloacutegico

bull O principal motivo foi especial eu recebi uma intuiccedilatildeo de Deus que eu

deveria vender biacuteblias eu jaacute vendia biacuteblias embora eu representava uma

organizaccedilatildeo adventista e natildeo poderia vender mas nas horas vagas as pessoas me

pediam biacuteblia e o numero de vendas comeccedilou a aumentar eu achava estranho os

preccedilos astronocircmicos de biacuteblias e as pessoas pagavam entatildeo eu falei que tinha que

montar alguma coisa para os meus filhos pra poder vender por um preccedilo correto e

foi aiacute que Deus me indicou e acabamos colocando

A sua feacute contribuiu de forma significativa pra tomar a decisatildeo desse investimento

bull Soacute a feacute

O que mais o sr poderia me dizer a respeito eacute uma satisfaccedilatildeo sua particular trabalhar com esse segmento

186

bull Sim hoje noacutes estamos com 15 anos de trabalho mas a satisfaccedilatildeo eacute

saber que mais de milhares de biacuteblias foram vendidas muitos lares deram

testemunho de que hoje tecircm um temor a Deus um amor a Deus mais chegado

entatildeo o objetivo primeiramente eacute evangeliacutestico e depois concilia com o ganha patildeo eacute

uma consequumlecircncia mas a causa eacute evangelista

Como que foram os primeiros movimentos da materializaccedilatildeo dessa loja do sr

bull O primeiro ano foi taxi zero na eacutepoca noacutes colocamos quase 300 tiacutetulos

de produtos evangeacutelicos mas denominacional quer dizer adventista do seacutetimo dia

e loacutegico ficou parado eu vendia soacute biacuteblia aiacute que nos fomos mudando tirando um

pouco do servindo a todo mundo e fomos com o tempo com a praacutetica servindo

a todas as denominaccedilotildees

Como que se deu a escolha desse ponto comercial

bull Isso foi Divino com certeza foi Divino porque Deus me falou ndashldquoEacute aquirdquo-

e eu achei estranho e era laacute em baixo laacute na ponta era a ex rodoviaacuteria de

Caraguatatuba e era na esquina laacute em baixo e eu pensava -ldquomas aquirdquo- mas me

apontava para a praccedila e tinha essa banca fechada natildeo tinha nada na hora natildeo

acreditei esperei mais uma semana depois voltei para o lugar e orei ndashldquomas eacute aquirdquo-

aiacute desci conversei com o vizinho e perguntei o que era ali que estava sempre

fechado e ele falou que era uma banca de jornal haacute mais de 30 anos que tinha

aberto do outro lado da avenida Perguntei de quem era e ele falou que era de uma

pessoa que era dona de quase todas as bancas da regiatildeo aiacute fui conversar com ele

e ficou com medo de eu ser um concorrente e expliquei pra ele que era um

evangelista que eu queria colocar biacuteblias e colocaria meu filho pra trabalhar que era

um adolescente na eacutepoca e ele me cedeu me vendeu e fizemos o negocio e digo

que foi Divino porque passei dois anos e montaram um shopping aonde esta o

187

Mcdonald e o dono ficou louco disse ndashldquoeu quero esse rapaz fora daqui natildeo quero

biacuteblia aqui na minha frenterdquo- e eu natildeo sabia disso chegavam as pessoas da

prefeitura e falavam ndashldquonoacutes precisamos mudar vocecircrdquo- e natildeo falava por que Ateacute que

chegou um dia que o gerente da prefeitura disse que a cabeccedila dele estava a premio

falou para eu arranjar um mutiratildeo algumas pessoas conhecidas e fizemos um

mutiratildeo e saiacute ele natildeo tinha me falado o motivo ainda Trouxemos e colocamos aqui

e aiacute ficou e mais tarde ele me falou que o dono do shopping disse ndashldquoou vocecirc ou elerdquo-

ele natildeo queria vocecirc de jeito nenhum soacute que eu digo que eacute Divino porque aqui se

tornou o calccediladatildeo o melhor ponto aqui de Caraguatatuba eacute a matildeo de Deus

dirigindo e laacute faliu um shopping todo de maacutermore faliu O ex-prefeito eacute que

conseguiu fazer um acordo porque disse que o dono bebia muito fez um acordo e

reabriu e laacute natildeo tem nada natildeo eacute um shopping soacute um Mcdonald reabriu depois de

muitos anos

Como que o sr estabelece criteacuterios para compra dos produtos a serem oferecidos

bull Oferecido eu tenho um pouco de medo porque eu natildeo gosto de

comprar uma coisa que eu natildeo tenha certeza da onde proveacutem entatildeo eu mesmo vou

buscar embora tem muitos produtos que me trazem produtos durante o ano as

pessoas foram acostumando e eu fui entendendo que a procedecircncia era boa mas

normalmente vou buscar em SP no Rio de Janeiro aonde tem novidades que as

pessoas estatildeo pedindo a gente vai e traacutes

E existe financiamento para o capital de giro do sr

bull Natildeo Antigamente eu trabalhava com cheque e meu giro de capital era

o cheque preacute-datado hoje natildeo mexo com cheque com nada compro agrave vista e

vendo agrave vista

188

E como que o sr estabelece um criteacuterio de preccedilo para esses produtos

bull Eu coloco um percentual no produto conforme o giro ter um produto de

giro raacutepido o percentual cai totalmente eu coloco pra girar o objetivo eacute girar se natildeo

eacute um produto vendaacutevel se eacute mais lento eu aumento um pouco o percentual que eacute

pra natildeo ter um desprestigio com o tempo mas normalmente eu procuro colocar um

preccedilo de giro que eacute melhor girar raacutepido e eu ter condiccedilotildees de comprar outras coisas

O sr me falou que natildeo faz financiamento de produtos entatildeo a loja faz alguma promoccedilatildeo especial visando aumentar o volume meacutedio de vendas

bull Natildeo nunca fiz isso

O sr faz propaganda da loja

bull Eu jaacute fiz alguma coisa mas natildeo vejo resultado natildeo

O sr sabe qual eacute o numero de pessoas que passam pelo interior da sua loja

bull Bastante porque muitas pessoas satildeo atraiacutedas pela musica pelo tipo

de ambiente tem pessoas quenossa agraves vezes chegam aiacute ficam num cantinho

choram eu finjo que natildeo estou vendo mas choram desabafam depois saem Deixo

todo mundo a vontade natildeo vou em cima da pessoa falar preccedilo deixo as pessoas a

vontade quem entra aqui eacute amigo da gente

Vocecirc sabe me dizer dessas pessoas que entram quantas que efetivamente compram algum tipo de produto do sr

189

bull A maioria porque a gente procura nesse tempo que a gente tem ter

coisas como ldquosouveniresrdquo coisas muito interessantes e bonitas num preccedilo muito

bom procuro trabalhar com exclusividade em muitas coisas pequenas entatildeo

sempre tem uma opccedilatildeo das pessoas darem um presente ou mesmo um marca

paacuteginas tem coisas de todos os preccedilos e todos os niacuteveis entatildeo eacute faacutecil uma pessoa

conseguir levar uma lembranccedila

Existe algum tipo de material publicitaacuterio que o sr jaacute tenha desenvolvido no seu empreendimento

bull Natildeo A uacutenica coisa que a gente faz na publicidade aqui seria uma

ordem puacuteblica nesse tempo muitas pessoas chegavam a noacutes e falavam que eu

precisava vender cartatildeo porque eacute uma utilidade publica e hoje a gente vende

cartotildees de telefone cartatildeo preacute-pagos selos do correio entatildeo sempre tem que ter

uma propaganda que o local tem esse produto isso eacute obrigado deixar sempre uma

propaganda e os proacuteprios revendedores se incumbem de fazer a merchandising

Quantos funcionaacuterios ou colaboradores diretos o sr tem aqui na loja

bull Tem a minha filha soacute meu filho vem passear no final de semana ele

Entatildeo eacute o sr

bull E minha filha

Existe algum tipo de treinamento que o sr tenha dado a ela nesse tempo

190

bull Ela trabalha comigo a 15 anos primeiro era eu minha esposa e ela

meu filho tambeacutem entatildeo criei meus filhos assim depois foram saindo e a uacutenica que

ficou foi ela e minha esposa hoje cuida do lar soacute

E o sr acha necessaacuterio cada vendedor por ex no seu caso o sr natildeo deixa de ser um vendedor de primeira linha o sr pode dizer que tambeacutem eacute um vendedor o sr que vendedor precisa ser praticante da sua religiatildeo uma vez que o sr daacute uma ecircnfase especial agrave religiatildeo que o sr pratica aqui O sr acha que ele tem que ser da sua religiatildeo pra trabalhar aqui ou natildeo

bull Quando se fala religiatildeo engloba tudo eacute religar o terraacutequeo com o

criador isso eacute uma coisa muito profunda mesmo de vez em quando a gente

mergulha nisso e coloca a realidade mas pra trabalhar com um produto desse a

pessoa precisa pelo menos ter uma feacute porque se eu sou uma pessoa que natildeo tenho

feacute vou ser um mercenaacuterio e aiacute vou entrar em choque com muitas coisas e outra

muitas pessoas de vez em quando chegam e desabafam fazem pergunta chega

num desespero no fim a gente natildeo eacute soacute vendedor mas muitas vezes a gente eacute

conselheiro mas se a gente natildeo tem um bom conselho fica esquisito

Entatildeo para esclarecer na opiniatildeo do sr eacute preciso que a feacute esteja para e passo com a necessidade das pessoas tomando cuidado para estar na linha de frente de um negocio desses a pessoa tem que acreditar mesmo

bull Sem duvida nenhuma ela tem que temer a Deus

A loja se relaciona conjuntamente com algum templo igreja com algum espaccedilo sagrado

bull Noacutes natildeo temos vinculo nenhum com [placas] noacutes sim eacute que

particularmente

191

Qual seria os 6 produtos importantes aqui O sr daacute um destaque muito grande em cima de cartotildees e Biacuteblias Daria para o sr apontar ndashldquoeu vendo bastante anelzinhos as pessoas vem procurar por causa dos meus cartotildeezinhosrdquo- Quais satildeo os produtos que o sr acha que satildeo realmente importantes pra esse segmento que o sr atua

bull Sem duvida nenhuma o CD a musica eacute o que mais vende eacute uma

coisa que no inicio foi difiacutecil eu prestava atenccedilatildeo nisso porque eu gosto de musica

claacutessica mas natildeo adianta eu colocar meu gosto porque vai ficar na prateleira entatildeo

eu comecei a desenvolver por conselhos de outras pessoas entatildeo a musica os

CDs a gente trabalha soacute com original natildeo coloca nada na pirataria para que a

pessoa tenha confianccedila do que esta levando e procuro estar atento no que eacute

sucesso nos lanccedilamentos entatildeo DVD CD Biacuteblia e principalmente hinaacuterios harpa

cristatilde soletos biacuteblicos que as pessoas compram para distribuir e uma serie de outras

coisas O marca paginas as crianccedilas levam toda hora aleacutem de uma pessoa que

estaacute passeandoaqui tem vaacuterios tipos de chaveiros e muitos produtos artesanais

nos damos muito valor ao artesanato porque desde pequeno eu sempre mexia com

artesanato aprendia a fazer o coleacutegio de primeiro ensinava isso aiacute uma pessoa que

estava na 5ordf serie na admissatildeo ela jaacute sabia fazer alguma coisa pra poder vender e

sustentar a famiacutelia hoje a gente natildeo vecirc isso aiacute entatildeo eu dou muito valor ao

artesanato o que eacute feito na matildeo entatildeo coisas que eu vejo bem bonitas artesanais

eu coloco na loja pra vender

O que o sr pensa da relaccedilatildeo dos seus clientes com seu negocio O sr acha que eles estatildeo sendo bem atendidos Eu sei que o sr esta fazendo o melhor que pode mas olhando um pouco mais de fora eu quero ler a sua visatildeo de fora como que o sr acha que seus clientes estatildeo atendidos

bull Aiacute jaacute entra numa questatildeo teoloacutegica hoje realmente eu natildeo atendo o

que deveria atender isso por ideologia estamos vivendo momentos profeacuteticos eu

creio nisso entatildeo eu deixo de vender livros denominacionais que muitos me

192

procuram porque se eu tivesse muitos livros denominacionais minha venda

aumentaria muito

O que satildeo livros denominacionais

bull Satildeo livros por ex um livro da Assembleacuteia de Deus um livro

Pentecostal de doutrinas diferentes eu procuro natildeo trabalhar com eles procuro

trabalhar com a Biacuteblia porque a Biacuteblia eacute universal agora os livros satildeo produzidos

eu posso ler a Biacuteblia e traduzir de uma maneira montar uma placa de igreja e formar

uma igreja eu estaria sendo conivente fazendo isso entatildeo me sinto um pouco

restringidomas tem muitas coisas que eu poderia colocar aiacute e natildeo coloco deixo de

vender isso eacute uma questatildeo eacutetica teoloacutegica

E quais satildeo as expectativas que vocecirc tem para os proacuteximos anos do ponto de vista empresarial

bull Eu tenho uma mentalidadeo que esta escrito laacute em cima

ldquoVem Senhor Jesusrdquo

bull ldquoVem Senhor Jesusrdquo eacute a ultima parte que estaacute escrito na Biacuteblia no

Apocalipse eram os uacuteltimos versiacuteculos quer dizer noacutes estamos vivendo momentos

que precede a vinda de Jesus e eu natildeo tenho duvida nenhuma e estou me

preparando para ldquosubirrdquo com ele entatildeo veja bem a minha perspectiva natildeo eacute para

esse mundo noacutes natildeo somos um comerciante comum como outro qualquer natildeo que

uma pessoa natildeo vaacute montar um negocio desse e natildeo vai dar certo natildeo eacute isso eacute o

meu ponto de vista eu jaacute natildeo me afirmo mais aqui eu natildeo monto meu futuro mais

aqui nesse sistema de ser humano de pecado tanto eacute que eu deixo laacute em cima laacute

atraacutes natildeo sei se vocecirc reparou um cartaz e vou mudando de vez em quando com o

193

tempo mas no momento aqui eacute a historia do planeta Nabucodonossor sonhou

explicou o sonho e entra Daniel e Deus fala

-ldquoVai laacute Daniel fala com ele porque fui Eu quem deu esse sonho pra

elerdquo-

e na historia mostra que Nabucodonossor AC600 anos foi tomado de

uma

maneira espetacular pelo [Medopersia] e depois veio o ventre que eacute a

Greacutecia tomou a [Medopersia] e depois Roma tomou e impressionante

Roma se dividiu em dez e formou a Europa e laacute esta escrito assim

ldquoComo os dedos dos peacutes satildeo barro e ferro e como barro e ferro natildeo se

unem como raccedila humana natildeo se uniraacuterdquo

O mundo vem tentando desmentir essa parte da Biacuteblia Hitler tentou

Mussolini tentou mesmo os grandes paises como os EUA vem tentando se tornar

um impeacuterio formar um soacute reino mas Biacuteblia fala que -ldquoNos dias desse rei

Estaraacute um reino que jamais passaraacuterdquo () eacute a pedra a pedra eacute Cristo

eacute Jesus com milhares e milhares de anjos entatildeo noacutes estamos vivendo hoje a

sujeira da ponta da unha da estatua inclusive a Europa acha que conseguiu fazer

esse reino natildeo com a intenccedilatildeo de desmentir a Biacuteblia mas eles sem querer estatildeo

envolvendo porque um decifre comordquoMASrdquo todas as traduccedilotildees satildeo iguais mesmo

a Biacuteblia catoacutelica ldquoMASrdquo mas o que Mas os homens vatildeo tentar tentar mas nos dias

desses reis que reis O presidente da Franccedila da Alemanha antes de dissolver

porque o objetivo dessa uniatildeo eacute chegar num momento que cai todos os reis e um soacute

manda em tudo mas nos dias desses reis antes de dissolver isso a Pedra vem o

Cristo vem entatildeo noacutes sabemos pelos acontecimentos que vemos no jornal todos os

dias estamos muito proacuteximos disso

Vocecirc tentar centralizar o futuro

bull O futuro mesmo eu natildeo planejo eu planejo o dia dia procuro natildeo fazer

muita diacutevida compro agrave vista vendo agrave vista

194

E como que o sr vecirc o cliente do sr Como que ele eacute e o que ele procura aqui com o sr

bull Eu vejo eles como amigos com uma necessidade a maioria deles eu

vejo com uma necessidade e a gente procura servir essa necessidade ou suprir

essa necessidade entatildeo natildeo vejo eles com um cifratildeo procuro atender eles bem e

no fim ele acaba levando saindo satisfeito e volta O que eu tenho prestado atenccedilatildeo

eacute nisso nesses longos tempos eacute que meus clientes voltam e isso eacute importante num

comercio e as pessoas natildeo percebem isso o importante eacute o cliente voltar outra vez

ele tem uma satisfaccedilatildeo mesmo que natildeo compra nada comprou uma coisa irrisoacuteria

mas ele volta e a partir que ele se torna um amigo ele tambeacutem passa para os

amigos os parentes aonde comprou fala que gostou da loja

Entatildeo o trabalho com o cliente eacute importante

bull Eacute importantiacutessimo

Eu quero agradecer em meu nome quero agradecer em nome do Nuacutecleo de Ciecircncias e Religiatildeo da Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo

Me comprometo a mandar as fotos da Expo para o sr

  • Tenha Feacute eacute um bom negoacutecio O marketing nas fronteiras da religiatildeo - a feacute como alavanca de negoacutecpdf
    • Tenha feacute eacute um bom negoacutecio
    • Ilustraccedilatildeo 1 - Direitos Reservados
    • O marketing nas fronteiras da religiatildeo a feacute como alavanca de negoacutecios no varejo de produtos religiosos
    • RENATO PINTO DE ALMEIDA JUacuteNIOR
    • TENHA FEacute Eacute UM BOM NEGOacuteCIO
    • O marketing nas fronteiras da religiatildeo a feacute como alavanca de negoacutecios no varejo de produtos religiosos
    • Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Banca Examinadora da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias da Religiatildeo sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Silas Guerriero
    • PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA
    • SAtildeO PAULO 2007
    • BANCA EXAMINADORA
    • __________________________________
    • __________________________________
    • __________________________________
    • Dedicatoacuteria
    • Dedico este trabalho agrave cidade de Satildeo Paulo Aos brasileiros e brasileiras paulistanos e paulistanas por adoccedilatildeo (como eu) ou que aqui nasceram e fazem desta cidade a locomotiva e um beliacutessimo motivo de orgulho para o nosso paiacutes
    • Ilustraccedilatildeo 2- Direitos Reservados
    • Se ao final deste trabalho ainda perguntarem-me O que eacute isto
    • A minha resposta viraacute pelas palavras do poeta Ari Barroso
    • Dedico tambeacutem este trabalho agrave minha famiacutelia e em especial para
    • Fado Tropical (Chico Buarque - Ruy Guerra)
    • Oh musa do meu fado Oh minha matildee gentil Te deixo consternado No primeiro abril Mas natildeo secirc tatildeo ingrata Natildeo esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal ``Sabe no fundo eu sou um sentimental Todos noacutes herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo Mesmo quando as minhas matildeos estatildeo ocupadas em torturar esganar trucidar Meu coraccedilatildeo fecha aos olhos e sinceramente chora Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas do Alentejo De quem numa bravata Arrebato um beijo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
    • ``Meu coraccedilatildeo tem um sereno jeito E as minhas matildeos o golpe duro e presto De tal maneira que depois de feito Desencontrado eu mesmo me contesto Se trago as matildeos distantes do meu peito Eacute que haacute distacircncia entre intenccedilatildeo e gesto E se o meu coraccedilatildeo nas matildeos estreito Me assombra a suacutebita impressatildeo de incesto Quando me encontro no calor da luta Ostento a aguda empunhadura agrave proa Mas o meu peito se desabotoa E se a sentenccedila se anuncia bruta Mais que depressa a matildeo cega executa Pois que senatildeo o coraccedilatildeo perdoa
    • Guitarras e sanfonas Jasmins coqueiros fontes Sardinhas mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre Traacutes-os-Montes E numa pororoca Desaacutegua no Tejo Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um impeacuterio colonial
    • Com todo o meu carinho
    • Renato Pinto de Almeida Juacutenior
    • Edecircnio Valle em seu livro Psicologia e experiecircncia religiosa estabeleceu a diferenccedila e explicou a religiosidade intriacutenseca e extriacutenseca onde as caracteriacutesticas da religiosidade intriacutenseca satildeo o forte compromisso pessoal universalista eacutetico e de amor ao proacuteximo A religiosidade intriacutenseca tambeacutem seria altruiacutesta humanitaacuteria e natildeo-egocecircntrica na qual a feacute possui importacircncia central aceita sem reserva e o credo seguido inteiramente Aberta a experiecircncia religiosa intensa vecirc positivamente a morte e possui sentimentos de poder e de capacidade proacuteprios O mesmo autor entende como caracteriacutesticas da religiosidade extriacutenseca a religiatildeo de conveniecircncia surgida em momentos de crise e necessidade Etnocecircntrica exclusivista fechada grupalmente sua feacute e crenccedilas satildeo superficiais e sofrem uma seleccedilatildeo subjetiva Utilitaacuteria sem visar outras finalidades estaacute a serviccedilo de outras necessidades pessoais e sociais Deus eacute visto como duro e punitivo e a visatildeo da morte eacute negativa Ao contraacuterio da religiosidade intriacutenseca na qual o sujeito tem sentimentos de poder e de capacidade proacutepria aqui o sentimento eacute de impotecircncia e de controle externo
    • A feacute assim como a religiatildeo e a religiosidade tambeacutem eacute um termo de complexo entendimento que podemos abordaacute-lo de diversas maneiras No entanto destacamos que apesar da palavra eventualmente nos remeter a uma ideacuteia de algo natildeo comprovaacutevel do ponto de vista cientiacutefico a Ciecircncia da Religiatildeo nos permite uma aproximaccedilatildeo conscienciosa dentro dos rigores metodoloacutegicos quando abordamos a questatildeo fenomenologicamente ou atraveacutes da filosofia
    • A noeacutetica oferece oportunidade de examinarmos o assunto Segundo Adolphe Gescheacute
    • () eacute o ser humano de um conhecimento porque haacute tambeacutem um conteuacutedo noeacutetico da feacute o crente eacute visitado por uma Palavra (fides ex auditu) Aqui a linguagem eacute a linguagem da revelaccedilatildeo O crente natildeo vive uma experiecircncia nebulosa mas uma experiecircncia transpassada por uma luz que ilumina o seu conhecimento embora este continue sendo ao mesmo tempo um ldquodesconhecimentordquo diante daquilo que o ultrapassa
    • Wolmir Therezio Amado propotildee que nos prendamos a duas perspectivas baacutesicas para entendermos o que eacute feacute e sobre as quais formulou correspondentes epistemologias
    • () uma delas foi considerar a feacute e a religiatildeo no acircmbito estatutaacuterio da adesatildeo voluntarista e sujeitas agraves expectativas do coraccedilatildeo outra foi o de conhecer o acircmbito epistemoloacutegico da feacute nos limites da consciecircncia dialeacutetica Ambas estatildeo muito presentes na realidade atual ainda que questotildees novas acerca do discernimento da feacute tenham surgido na poacutes-modernidade e no contexto do terceiro mundo
    • O mesmo autor pontua
    • () Para a fenomenologia o esforccedilo teoacuterico consiste em compreender a feacute apenas como sentido de fenocircmeno deixado de lado aquilo que ilumina a graccedila ou que indica uma ordem superior A feacute nessa perspectiva eacute analisada na ordem das significaccedilotildees No esforccedilo empreendido pela filosofia o conhecimento da feacute soacute eacute possiacutevel ser interpretado agrave medida que se adentra em suas articulaccedilotildees porque ela estaacute em toda experiecircncia humana Se de um lado a feacute eacute um dom conferido de outro tal dom eacute dado como possibilidade que tem o imperativo de desabrochar para-ser Assim a feacute se daacute em trecircs niacuteveis baacutesicos como puro desvelamento do outro ausente como confianccedilaesperanccedila ou entrega de si ao outro e como manifestaccedilatildeo externa paradigma visiacutevel No esforccedilo de-ser capta (sem se apropriar) o ser analoacutegico Mas este captar implica uma feacute metafiacutesica uma vez que outro soacute eacute compreendido por semelhanccedila A verificaccedilatildeo absoluta nunca me seraacute possiacutevel por isso haacute a praacutexis do risco e da confianccedila por mim assumida
    • Alem da fenomenologia e da filosofia a feacute eacute apresentada teologicamente pela oacutetica biacuteblica
    • Alguns autores se preocuparam em observar e tentar descrever as situaccedilotildees ocorrentes de feacute por outras abordagens entre os seres humanos
    • Quanto ao fenocircmeno ldquofeacuterdquo se observado em seu significado mais amplo e pelo lado pessoal dos indiviacuteduos ele nos leva a correlacionaacute-lo a algo em que se acredita ou se confia No entanto se avanccedilarmos um pouco mais pela natureza praacutetica terminoloacutegica encontraremos pelo menos duas aplicaccedilotildees distintas na primeira possibilidade veremos uma conceituaccedilatildeo de cunho racionalista estando ligada ao vieacutes cientiacutefico nos cientistas e seus postulados em evidecircncias fiacutesicas ou laboratoriais
    • () a feacute religiosa cresce na sociedade atual por outra razatildeo A secularizaccedilatildeo que teve seu apogeu nas deacutecadas de 1960 e 1970 especialmente no meio intelectual e sob sua influecircncia provocou uma reaccedilatildeo contraacuteria Ao reduzir o papel e o poder das religiotildees sobre a sociedade e a cultura a secularizaccedilatildeo produziu uma privatizaccedilatildeo das formas religiosas As pessoas escolhem as formas religiosas que mais respondem agrave subjetividade provocando verdadeiro surto religioso Eacute a outra face da secularizaccedilatildeo que minando as instituiccedilotildees engendrou uma busca sedenta de expressotildees religiosas
    • Continuou o autor
    • () Trava-se entatildeo uma forte luta entre a feacute religiosa coacutesmica e a apropriaccedilatildeo capitalista da natureza No niacutevel estritamente religioso ela assume papel profeacutetico e criacutetico na sociedade Isso explica o crescimento em nosso meio do budismo da miacutestica islacircmica e de outras formas sacrais coacutesmicas como o Santo Daime e a Uniatildeo do Vegetal Haacute uma sede de feacute religiosa no meio do desgaste psico-humano provocado pela sociedade e cultura modernas A Nova Era traduz muito dessa feacute religiosa atual
    • Assim sendo os enunciados acima satildeo alguns dos que melhor explicam o fenocircmeno Concluiacutemos que pode-se ter feacute tanto numa pessoa quanto num objeto inanimado numa ideologia num pensamento filosoacutefico num sistema qualquer num conjunto de regras numa crenccedila numa base de propostas ou em dogmas de uma determinada religiatildeo
    • 1 2 Marketing uma ideacuteia e um conceito em evoluccedilatildeo
    • Apesar de encontrarmos suas raiacutezes ao longo da histoacuteria da humanidade na proacutepria gecircnese do comeacutercio o marketing eacute um campo de estudo novo se comparado com as demais aacutereas do saber O estudo do mercado surgiu da necessidade dos empresaacuterios em administrar uma nova realidade oriunda da Revoluccedilatildeo Industrial
    • A revoluccedilatildeo industrial em seus dois momentos histoacutericos iniciou grandes mudanccedilas econocircmicas e sociais No primeiro momento apareceram como fases relevantes a mecanizaccedilatildeo da induacutestria e da agricultura a aplicaccedilatildeo da forccedila motriz industrial e o desenvolvimento do sistema fabril aleacutem de uma formidaacutevel aceleraccedilatildeo nos meios de transportes e de comunicaccedilotildees Em uma segunda etapa podemos enunciar vaacuterias caracteriacutesticas importantes que marcaram eacutepoca a substituiccedilatildeo do ferro pelo accedilo o desenvolvimento da maquinaria automaacutetica e um alto grau de especializaccedilatildeo do trabalho nos ambientes fabris o crescente domiacutenio da induacutestria pela ciecircncia o desenvolvimento de novas formas de organizaccedilatildeo capitalista e a expansatildeo da industrializaccedilatildeo ateacute a Europa Central e Oriental por exemplo Desta maneira essas novas situaccedilotildees modificaram a relaccedilatildeo do capital com os meios de produccedilatildeo ateacute entatildeo e anteriormente existentes Como consequumlecircncia estabeleceram tambeacutem um reposicionamento das forccedilas produtivas com o mercado consumidor
    • Neste estaacutegio da histoacuteria econocircmica mundial o marketing ainda era inseparaacutevel da economia e da administraccedilatildeo claacutessica A gestatildeo econocircmica e empresarial nesse instante preocupou-se com a logiacutestica a produtividade e a maximizaccedilatildeo dos lucros Os consumidores natildeo tinham qualquer poder de barganha com os fabricantes e produtores Os aspectos humanos do mercado eram ignorados aleacutem da concorrecircncia ser praticamente inexistente
    • Essa eacutepoca comeccedilam a surgir os primeiros sinais de excesso de oferta Os fabricantes desenvolveram-se e produziram em seacuterie Portanto a oferta passou a superar a demanda e os produtos acumulavam-se em estoques Algumas empresas comeccedilaram a utilizar teacutecnicas de vendas bem mais agressivas e a ecircnfase na comercializaccedilatildeo das empresas dessa eacutepoca era totalmente dirigidas agraves vendas
    • Nos anos 40 os trabalhos e observaccedilotildees a respeito da aplicaccedilatildeo da psicologia na propaganda e o de William J Reilly sobre as Leis de Gravitaccedilatildeo do Varejo comeccedilaram a dar um enfoque cientiacutefico ao marketing Uma das questotildees cruciais nesse momento da histoacuteria era se as teorias de mercado podiam ou natildeo se desenvolver Algumas abordagens defendiam a tese que isso nunca seria possiacutevel Natildeo seriam passiacuteveis de desenvolvimento a uma teoria mercadoloacutegica genuiacutena pois a consideravam extremamente subjetiva quase uma forma de arte Tal realidade manteve-se inalterada ateacute os instantes finais da Segunda Guerra Mundial quando entatildeo reagindo ao crescimento da concorrecircncia mercadoacutelogos comeccedilaram a teorizar sobre como atrair e lidar com seus consumidores em funccedilatildeo da super-produccedilatildeo Surgiu entatildeo a cultura de vender a qualquer preccedilo
    • Deacutecada de 1950
    • A primeira tentativa de mudanccedila dessa visatildeo mercadoloacutegica veio em 1954 pelas matildeos de Peter Drucker ao lanccedilar seu livro A Praacutetica da Administraccedilatildeo Natildeo se tratava de ser propriamente um livro sobre marketing mas foi o primeiro registro escrito que cita o marketing como uma forccedila poderosa a ser considerada pelos administradores
    • Sequencialmente em 1960 elaborado por Theodore Levitt professor da Harvard Business School em artigo na revista Harvard Business Review entitulado Miopia de Marketing revelou uma seacuterie de erros de percepccedilotildees mostrou a importacircncia da satisfaccedilatildeo dos clientes e transformou para sempre o mundo dos negoacutecios O vender a qualquer custo deu lugar agrave satisfaccedilatildeo garantida
    • O universo do marketing comeccedilou a expandir-se e artigos cientiacuteficos foram escritos pesquisas feitas e dados estatisticamente relevantes traccedilados Foram separadas as estrateacutegias eficientes dos ldquoachismosrdquo e viu-se a necessidade de um estudo seacuterio do mercado Este conhecimento adquirido ficou espalhado difuso muitas vezes restrito ao mundo acadecircmico Em 1967 Philip Kotler lanccedilou a primeira ediccedilatildeo de seu livro Administraccedilatildeo de Marketing onde pocircs-se a reunir revisar testar e consolidar as bases daquilo que ateacute hoje formam o ldquocacircnone do marketingrdquo
    • Deacutecada de 1970
    • Nos anos 70 destacou-se o fato de surgirem departamentos e diretorias de marketing em todas as grandes empresas Natildeo se tratava mais de uma boa ideacuteia mas de uma necessidade de sobrevivecircncia Eacute nesta eacutepoca que se multiplicaram os supermercados shopping centers e franchises De fato a contribuiccedilatildeo do marketing foi tatildeo notoacuteria no meio empresarial que passou rapidamente a ser adotada em outros setores da atividade humana O governo organizaccedilotildees civis entidades religiosas e partidos poliacuteticos passaram a valer-se das estrateacutegias de marketing adaptando-as agraves suas realidades e necessidades
    • Em 1982 o livro Em Busca da Excelecircncia de Tom Peters e Bob Waterman inaugurou todo um periacuteodo de escritores sobre o marketing Num golpe de sorte editorial produziram o livro de marketing mais vendido de todos os tempos ao focarem completamente sua atenccedilatildeo no cliente Esse fenocircmeno editorial levou o marketing agraves massas e portanto agraves pequenas e meacutedias empresas e a todo o tipo de profissional Talvez por isso e tambeacutem por uma necessidade mercadoloacutegica o marketing passou a ser uma preocupaccedilatildeo atinente agrave alta direccedilatildeo de todas as mega-corporaccedilotildees natildeo estando mais restrita a uma diretoria ou departamento
    • O fecircnomeno dos gurus entretando eacute responsaacutevel pelo posterior descuido com o rigor da investigaccedilatildeo cientiacutefica e uma tendecircncia a modismos Nesta eacutepoca floreceram diversos autores tais como Al Ries que definiu o conceito de posicionamento e o markerting de guerra e guerrilha e Masaaki Imai que idealizou o modelo Kaizen Esses autores ganharam reconhecimento no mundo dos negoacutecios e alta reputaccedilatildeo no universo empresarial por suas ideacuteias e abordagens originais
    • Assim como ocorreu em muitos outros setores o avanccedilo tecnoloacutegico dos anos 90 teve um forte impacto no mundo do marketing O comeacutercio eletrocircnico foi uma revoluccedilatildeo na logiacutestica distribuiccedilatildeo e formas de pagamento O CRM (Customer Relationship Management) e os serviccedilos de atendimentos ao consumidor entre outras inovaccedilotildees tornaram possiacutevel uma gestatildeo de relacionamento com os clientes em larga escala E como se isso natildeo fosse suficiente a Internet chegou como uma nova via de comunicaccedilatildeo Eacute a eacutepoca do maximarketing de Stan Rapp do marketing 1 to 1 da Peppers amp Rogers Group do aftermarketing de Terry G Vavra e do marketing direto de Bob Stone ou seja caracterizou-se por uma constante busca pela personalizaccedilatildeo como medida administrativa e de poliacutetica de aproximaccedilatildeo expansatildeo manutenccedilatildeo e retro-alimentaccedilatildeo mercadoloacutegica em geral
    • Outra tendecircncia do periacuteodo foi o fortalecimento do conceito de marketing societal no qual tornou-se uma exigecircncia de mercado haver uma preocupaccedilatildeo com o bem-estar da sociedade A satisfaccedilatildeo do consumidor e a opiniatildeo puacuteblica passaram a estar diretamente ligadas agrave participaccedilatildeo das organizaccedilotildees em causas sociais e a responsabilidade social transformou-se numa vantagem competitiva
    • A virada do milecircnio assitiu agrave segmentaccedilatildeo da televisatildeo a cabo agrave popularidade da telefonia celular e agrave democratizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo especialmente via Internet A World Wide Web jaacute estava madura o suficiente nos primeiros anos desta deacutecada Surgiuram uma infinidade de pesquisas e publicaccedilotildees sobre webmarketing e comeacutercio eletrocircnico Mas mais do que isso agora o cliente natildeo tinha apenas poder de barganha tinha tambeacutem poder de informaccedilatildeo Era de se esperar que isso influenciasse na maneira com a qual os consumidores interagiam com as empresas e entre si Os primeiros reflexos disso foram o nascimento do marketing de permissatildeo de Seth Godin a conceitualizaccedilatildeo do marketing boca-a-boca por George Silverman e a explosatildeo do buzzmarketing e do marketing viral por autores tais como Russell Goldsmith e Mark Hughes
    • Eacute perceptiacutevel na proacutepria evoluccedilatildeo do conceito de marketing a importacircncia cada vez maior do consumidor como o elemento chave e alvo das preocupaccedilotildees e propoacutesitos nas accedilotildees dos homens e mulheres que se ocupavam com marketing pois eacute o consumidor a razatildeo loacutegica de organizaccedilotildees ou empresas comerciais
    • Neste trabalho vamos centralizar atenccedilotildees sobre o consumidor de produtos relacionados agrave religiosidade e tambeacutem agraves possiveis dinacircmicas do marketing de varejo que estatildeo inseridas dentro dos conceitos de marketing acima abordados e atuando como uma ferramenta mercadoloacutegica
    • 14 As abordagens conjuntas do marketing com a religiosidade e vice-versa
    • Ilustraccedilatildeo 5
    • Ilustraccedilatildeo 6
    • 15 Consideraccedilotildees iniciais sobre o cenaacuterio da pesquisa de campo
    • Por limitaccedilotildees metodoloacutegicas o cenaacuterio fiacutesico da pesquisa de campo esteve contemplando lojas de produtos religiosos das religiotildees catoacutelica protestantes das diversas denominaccedilotildees religiotildees afro-brasileiras e novoeristas presentes na praccedila comercial da cidade de Satildeo Paulo
    • Quanto ao cenaacuterio religioso e por se tratar de uma caracteriacutestica cultural de nosso povo adotamos o posicionamento teoacuterico de Ecircnio Brito porque natildeo seria conveniente e nem apropriado considerarmos apenas ldquoumardquo cultura brasileira que exteriorizasse as manifestaccedilotildees materiais e espirituais da nossa gente
    • Hoje eacute consenso que natildeo existe uma cultura brasileira capaz de englobar todas as manifestaccedilotildees materiais e espirituais do povo brasileiro e que lsquoa admissatildeo do seu caraacuteter plural eacute um passo decisivo para compreendecirc-la como um efeito de sentido resultado de um processo de muacuteltiplas interaccedilotildees e oposiccedilotildees no tempo e no espaccedilo ()
    • Corroborando as palavras de Ecircnio Brito Darcy Ribeiro com seu depoimento afirmou
    • Desde a Greacutecia natildeo se inventava uma deusa que se adequasse ao amor uma matildee de Deus que fale do amor E os negros do Rio inventaram Iemanjaacute Isso eacute uma operaccedilatildeo cultural incriacutevel Mais importante que os romances e os teoremas E importante para o povo E o que eacute Iemanjaacute Eacute uma ldquosantonardquo laacute que domina o mar E ningueacutem vai pedir a ela a cura do cacircncer ou a cura da AIDS Vai pedir a ela que o marido natildeo bata tantoum namorado gostoso Os africanos mergulharam tatildeo profundamente e de modo tatildeo inventivo na construccedilatildeo do Brasil que deixaram de ser eles para sermos noacutes brasileiros
    • Complementarmente aos enunciados acima e nos aproximando do cotidiano metropolitano religioso da populaccedilatildeo da cidade de Satildeo Paulo que foi objeto e campo de investigaccedilatildeo deste trabalho o prisma social e populacional que consideramos foi o dos autores Antocircnio Flaacutevio de Oliveira Pierucci e Reginaldo Prandi
    • O Brasil jaacute eacute um paiacutes de diversidade religiosa Cerca de um quarto da populaccedilatildeo adulta jaacute experimentou o sentido da adesatildeo a uma religiatildeo diferente daquela em que nasceu num contexto em que a religiatildeo se vai ajustando cada vez mais aacute ideacuteia da escolha da livre escolha que se faz frente a variadas necessidades de tecirc-las atendidas Para muitos a conversatildeo religiosa eacute experimentada juntamente com a mobilidade ocupacional e da integraccedilatildeo na nova sociedade quer sejam estas verdadeiras quer sejam tatildeo-somente simulacro como soacutei acontecer no domiacutenio das representaccedilotildees religiosas
    • A mais bem-sucedida denominaccedilatildeo neopentecostal de longe a de maior visibilidade a brasileira e agressiva Igreja Universal do Reino de Deus existe a quinze anos e jaacute eacute um impeacuterio no Brasil e laacute fora Seus pastores satildeo empreendedores com baixa ou nula formaccedilatildeo teoloacutegica mas que devem demonstrar grande capacidade de atrair puacuteblico e pagar dividendos para a igreja de acordo com um know-how administrado empresarialmente pelos bispos a igreja jaacute estruturada como negoacutecio
    • () Essa metamorfose pela qual vem passando rapidamente a religiatildeo nos obriga a pensar que se a religiatildeo se transforma em consumo e o fiel em consumidor numa relaccedilatildeo de mercado que a sociedade estaacute equipada para regulamentar como qualquer outro produto vale pensar que o proacuteprio Estado agora separado da religiatildeo e dela desinteressado como fonte transcendente de legitimidade pode envolver-se para preservar interesses do cidadatildeo-consumidor As palavras seguintes de Flaacutevio Pierucci traduzem bastante bem essa preocupaccedilatildeo ldquoCombinadas pois essas duas noccedilotildees baacutesicas a do cidadatildeo como consumidor individual e a do Estado como regulador neutro dos vaacuterios mercados estaraacute plenamente justificada a intervenccedilatildeo do Estado para a defesa do indiviacuteduo e a correccedilatildeo dos abusos praticados em nome da religiatildeo Ensaia-se desse modo nessa transmutaccedilatildeo juriacutedica por ora silenciosa do seguidor religioso num consumidor de bens e serviccedilos com o direito de reclamar agraves autoridades proteccedilatildeo contra os enganadores aproveitadores e exploradores novo reforccedilo de legitimidade para a vigilacircncia puacuteblica e a intervenccedilatildeo estatal O uso do modelo lsquodefesa do consumidorrsquo pode ser uma boa saiacuteda para os mais modernos opositores da opressatildeo religiosa tornarem-se os defensores poacutes-modernos das viacutetimas da mercantilizaccedilatildeo religiosa viacutetimas de praacuteticas religiosas abusivas ou lesivas viacutetimas da tapeaccedilatildeo e da fraude religiosa promessas natildeo cumpridas milagres natildeo acontecidosrdquo
    • Reginaldo Prandi tambeacutem abordou a questatildeo mercadoloacutegica da feacute pelo vieacutes microeconocircmico da teoria do consumidor que o atual cenaacuterio religioso oferece sinalizando a questatildeo utilitarista que as religiotildees neste momento contemplam
    • Pelas palavras do autor acima consideraremos no mercado varejista de produtos religiosos dois fenocircmenos concomitantes que se interpotildeem agrave sociedade brasileira e que pelo prisma deste trabalho poderatildeo fomentar a compra de produtos neste segmento
    • O primeiro fenocircmeno seria a competitividade entre as novas e tradicionais religiotildees em busca de novos fieacuteis onde esbarram nas apropriaccedilotildees e recriaccedilotildees dos aspectos maacutegicos ritualiacutesticos e miacutesticos que encantam e permeiam o imaginaacuterio religioso brasileiro O segundo fenocircmeno dar-se-ia pela constataccedilatildeo do surgimento na poacutes-modernidade de uma religiosidade utilitaacuteria e consumista pautada na individualidade e no sincretismo de credos como podemos notar nos textos de Pierucci e Prandi
    • Seraacute nossa intenccedilatildeo privilegiar essa populaccedilatildeo que acreditaria nos poderes especiais dos objetos comprados independentemente de qualquer posicionamento por ela adotada
    • Estudiosos de marketing de varejo e dos consumidores norte-americanos tambeacutem sinalizaram claramente a necessidade e importacircncia da pesquisa que nos propusemos empreender David Lewis e Darren Bridges citando Wade Clark Roof em Spiritual Marketplace destacaram
    • Haacute uma fluidez consideraacutevel Haacute uma acircnsia contiacutenua para encontrar a verdade espiritual mas agora eles tecircm uma noccedilatildeo mais clara de que algumas coisas que procuram lhes oferecer antes como o consumo e materialismo natildeo funcionam tatildeo bem Vejo um futuro espiritual e religioso mais individualista e talvez mais diverso
    • No proacuteximo capiacutetulo abordaremos com os necessaacuterios detalhes teacutecnicos os aspectos operacionais da pesquisa de campo empreendida para este trabalho
    • Capitulo II ndash Pesquisa de campo a descoberta e o comportamento dos consumidores no mercado da feacute
    • Eu vou botar teu nome na macumba Vou procurar uma feiticeira Fazer uma quizumba pra te derrubar Oi iaiaacute Vocecirc me jogou um feiticcedilo quase que eu morri Soacute eu sei o que eu sofri Deus me perdoe mas eu vou me vingar Eu vou botar teu retrato num prato com pimenta Quero ver se vocecirc guumlenta A mandinga que eu vou te jogar Raspa de chifre de bode Pedaccedilo de rabo de jumenta Tu vais botar fogo pela venta E comigo natildeo vai mais brincar Asa de morcego Corcova de camelo pra te derrubar Uma cabeccedila de burro Pra quebrar o encanto do seu patuaacute Olha tu podes ser forte Mas tens que ter sorte Pra te salvar Toma cuidado comadre Com a mandinga que eu vou te jogar
    • Composiccedilatildeo Zeca Pagodinho Dudu Nobre
    • A redaccedilatildeo deve ser clara apresentando o tema escolhido e as justificativas para sua escolha a importacircncia e os limites do trabalho as hipoacuteteses formuladas e suas limitaccedilotildees a populaccedilatildeo-alvo a metodologia seguida e o modo de obter e apresentar os dados obtidos sem generalizaccedilotildees excessivas ou fora do acircmbito estudado podendo indicar ainda os prolongamentos eventuais suscitados pela pesquisa e pelas conclusotildees obtidas
    • Ilustraccedilatildeo 7 - Direitos Reservados
    • O estabelecimento comercial escolhido foi a Banca da Biacuteblia situado na praccedila central da cidade ao lado da igreja matriz Fizemos nossos contatos iniciais com o soacutecio controlador do empreendimento comercial no mecircs de fevereiro de 2006
    • Identificamo-nos como pesquisadores da PUCSP e discorremos a ele sobre este trabalho em seus termos gerais
    • O proprietaacuterio da loja o Sr Servilho Gomes da Silva apoacutes alguns questionamentos concordou em colaborar com nossa pesquisa Combinamos nessa ocasiatildeo que entrariacuteamos em contato novamente em uma data futura quando agendariacuteamos de forma definitiva a data de nossa visita desta feita munidos de todo nosso material da pesquisa de campo
    • No dia 15 de agosto de 2006 rumamos novamente para a cidade de CaraguatatubaSP ocasiatildeo essa que em conjunto com o lojista determinamos o dia da aplicaccedilatildeo do teste piloto conforme a conveniecircncia do comerciante
    • Iniciamos os trabalhos documentando fotograficamente a loja os possiacuteveis clientes proprietaacuterio e produtos
    • Demos sequumlecircncia a nossos propoacutesitos entrevistando o proprietaacuterio
    • O questionaacuterio dirigido agrave clientela da Banca da Biacuteblia foi aplicado por dois entrevistadores o autor desta dissertaccedilatildeo e Estela Noronha sempre apresentada como pesquisadora assistente O processo de abordagem a essas pessoas foi feito de forma direta Identificamo-nos atraveacutes de um cartatildeo de visitas especialmente desenvolvido para essa finalidade
    • Vista frontal de nosso cartatildeo de identificaccedilatildeo
    • Verso do cartatildeo de identificaccedilatildeo
    • Ilustraccedilatildeo 8 - Direitos Reservados
    • Nesse cartatildeo consta o nome da universidade cidade sede nome do departamento ao qual o pesquisador estaacute vinculado sua identidade as iniciais de sua especialidade a aacuterea de interesse em que a pesquisa estaacute relacionada telefones e endereccedilo completo Consta tambeacutem o endereccedilo eletrocircnico para comunicaccedilatildeo direta via Internet No verso deste instrumento de apresentaccedilatildeo colocamos o nome do orientador cargo que ocupa na universidade departamento e endereccedilo da academia de ciecircncias Foram abordados dez sujeitos nesta data selecionados aleatoriamente pelos entrevistadores Eram possiacuteveis clientes que estavam dentro da loja ou que dela estivessem saindo indistintamente e que se dispuse-
    • ram a serem entrevistados
    • Sequencialmente procedemos a uma leitura ldquoflutuanterdquo do instrumento de campo que foi desenvolvido Essa leitura serviu para delimitar melhor o objeto de estudo e as hipoacuteteses bem como testar a aplicabilidade do instrumento de pesquisa e a qualidade das perguntas
    • Sendo assim o questionaacuterio da pesquisa piloto mostrou uma ratificaccedilatildeo e ajuste ao objeto e hipoacutetese deste trabalho
    • Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio elaborado para a possiacutevel clientela da loja gastou cerca de 20 minutos
    • Deveriacuteamos evitar a abordagem do sujeito de uma entrevista antes de sua entrada na loja
    • Deixamos claro logo na abordagem que se tratava de uma pesquisa para Universidade de cunho cientiacutefico pois isto evitaria qualquer outro juiacutezo a respeito de nossa iniciativa
    • Deveriacuteamos ter a maior objetividade brevidade e discriccedilatildeo possiacuteveis no interior da loja para natildeo alterar sua atmosfera comercial e natildeo trazermos dificuldades operacionais aos atos comerciais que estivessem ocorrendo
    • Tambeacutem desenvolvemos dois outros instrumentos a serem usados de forma opcional durante a pesquisa de campo Trata-se do questionaacuterio de entrevista com o lojista e da caderneta de anotaccedilotildees ou caderneta de campo O primeiro instrumento aqui em destaque se destina a sondar a posiccedilatildeo pessoal do lojista consideradas as variaacuteveis feacute e comeacutercio Essas variaacuteveis poderatildeo ser utilizadas ao final de nosso trabalho dando-nos maior consistecircncia em nossas arguumliccedilotildees finalizantes No segundo instrumento anotaremos os detalhes que possam posteriormente ser relevantes ao bom desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo tais como a oitiva de possiacuteveis comentaacuterios adjacentes e proferidos por vendedores observaccedilotildees de detalhes esteacuteticos e particulares de cada loja etc
    • Fisicamente esse instrumento eacute constituiacutedo de um bloco de anotaccedilotildees devidamente datado e situado com local e periacuteodo aleacutem do horaacuterio das nossas investidas dentro de nosso cenaacuterio de pesquisa
    • Com a finalidade de melhor documentar os nossos procedimentos e concomitantemente agrave aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios decidimos gerar um amplo material fotograacutefico O intuito dessa parte de nosso trabalho no campo vai aleacutem da simples ilustraccedilatildeo Iremos adotar o vieacutes foto-jornaliacutestico pois eacute a maneira que encontramos para demonstrar por imagens os detalhes que venham a ser relevantes nesta dissertaccedilatildeo
    • Graacutefico e tabela 6 - Qual a sua faixa de renda familiar
    • Graacutefico e tabela 7 - O senhor (a) reside ou trabalha neste bairro
    • Graacutefico e tabela 8 - O senhor (a) eacute natural de Satildeo Paulo
    • Graacutefico e tabela 9 - Qual a sua religiatildeo de batismo
    • Graacutefico e tabela 15 - Faixa de desembolso na loja
    • Graacutefico e tabela 16 - Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja
    • Graacutefico e tabela 17 - O senhor (a) pretende voltar outras vezes a esta loja
    • () sabiacuteamos que ambas as visotildees e discursos estavam em conformidade com o movimento da poacutes-modernidade onde as novas formas ou tendecircncias do ldquoserrdquo religioso satildeo sincreacuteticas e polissecircmicas marcadas pela diversidade pela pluralidade de credos pelo tracircnsito religioso e pela falta de submissatildeo hieraacuterquica agraves instituiccedilotildees religiosas Ao mesmo tempo em que tambeacutem buscam um sentido existencial individualista e subjetivo centrado no indiviacuteduo e no seu cotidiano muitas vezes utilitarista consumista e praacutetico
    • FONTES TORRES Oswaldo Fadigas Fundamentos da Engenharia Econocircmica 1ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Thompson Pioneira 2006
    • FOWLER James W Estaacutegios da Feacute A Psicologia do Desenvolvimento Humano e a Busca de Sentido Satildeo Leopoldo Editora Sinodal 1992
    • FREYRE Gilberto Casa Grande amp Senzala ndash Formaccedilatildeo da famiacutelia Brasileira sob o regime de economia patriarcal 9ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Editora Joseacute Olympio 1958
    • FREUD Sigmund An Autobiographical Study The Penguin Freud Library Londres Ed Penguin Books 1986
    • HUGHES Mark BuzzMarketing Lisboa Actual Editora 2006
    • LUCHETTI Bingemer Maria Clara Feacute vida e participaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Konrad Adenauer 2000
    • JAMES William Variedades da experiecircncia religiosa Um estudo sobre a natureza humana Satildeo Paulo Editora Cultrix 1995
    • PEPPERS Don e ROGERS Martha CRM Series Marketing 1 to 1 2ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Makron Books 2001
    • PETERS Tom J WATERMAN Bob Search of Excellence Lessons from Americas Best-Run Companies London Ed Haper Collins 1992
    • SUNG Jung Mo Desejo Mercado e Religiatildeo Petroacutepolis Editora Vozes 1997
    • COLON Ginger How to move customers online Sales amp Marketing Management marccedilo 2000 p 27 e 28
    • GOLDSMITH Russell Viral Marketing Get Your Audience to Do Your Marketing for You London Financial Times Management 2005
    • LIGOS Melinda Point click and sell Sales amp Marketing Management maio de 1999 p 51-55
    • SCHAEFFER Francis The Consumer Bill of Rights in Consumer Advisory Council First Report Government Printing Office Washington DC US 1963
    • MARINARO Mari A feacute move montanhas Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p2 junho de 2007
    • MOREIRA Thiago Tenha Feacute nos negoacutecios Revista Meu Proacuteprio Negoacutecio Satildeo Paulo ediccedilatildeo 52 Ano 5 p 38-45 junho de 2007
    • REVISTA PERDIZES ndash Gabel Comunicaccedilotildees Redaccedilatildeo Rua Trecircs Rios 131 ndash Cj 32 ndash Satildeo Paulo SP CEP 01123-001 Fone 0xx 11 3313-8080 Ano 5 ndash no 27
    • Eu vou botar teu nome na macumba Jesseacute Gomes da Silva Filho (Zeca Pagodinho) N 5277382 CD ldquoSamba pras moccedilasrdquo Gravadora Universal 1995
    • Clipping Eletrocircnico - Bento XVI autoriza missa em latim Departamento de Comunicaccedilatildeo PUC-Campinas
    • httpwwwpuc-campinasedubrservicosdetalheaspid=28749 Acesso em 08 de julho de 2007
    • Expocatoacutelica Feira de negoacutecios httpwwwexpocatolicacombrexpocatolicaindex1aspcod=62amptp=1 Acesso em 18 de abril de 2005
    • Expo Cristatilde A maior feira de produtos e serviccedilos para cristatildeos da Ameacuterica Latina httpwwwexpocristacombr Acesso em 23 de setembro de 2006
    • FERREIRA Rosenildo Gomes O legado dos ceacuteus httpwwwterracombristoedinheiro314negocios314_legado_ceuhtm Acesso em 18 de abril de 2005
    • RESENDE Tatiana Comeacutercio eletrocircnico deve ter alta de ateacute 50 ao ano Folha On Line httpwww1folhauolcombrfolhadinheiroult91u308736shtml Acesso em 02 de julho de 2007
      • Tenha Feacute eacute um bom negoacutecio O marketing nas fronteiras da religiatildeo - a feacute como alavanca de negoacute2pdf
        • Anexos
        • Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas
        • Anexo 02 ndash Modelo de questionaacuterio
        • Anexo 03 ndash Entrevista
        • Anexo 01 ndash Listagem com os endereccedilos das lojas
        • Lojas de artigos para as religiotildees afro-brasileiras
        • Loja Luar
        • Rua Bom Pastor 2190 ndash Ipiranga
        • CEP 04203-002 - Satildeo Paulo - SP
        • Fone Fax (0xx11) 6163-6464 e 6591-3234
        • Loja Cacique Pena Branca
        • Alameda dos Nhambiquaras 1501 - Moema ndash
        • CEP 04090-013 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0XX11) 5533-1087
        • Casa de Velas Santa Rita
        • Praccedila da Liberdade 248 - Liberdade
        • CEP 01503-010ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3208-7022
        • Vida Cigana ndash Casa de umbanda e candombleacute
        • Praccedila Carlos Gomes 112 ndash Liberdade
        • CEP 015010-040 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3105-1932
        • Lojas de artigos para a religiatildeo catoacutelica
        • Gladys Artigos Religiosos -
        • Ladeira Porto Geral 106 - 6deg andar - sala 607
        • CEP 01022-000 - Sao Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3312-0325 - Fax (0xx11) 3313-1442
        • Livraria Catoacutelica Nossa Senhora da Lapa
        • Rua Nossa Senhora da Lapa 364 - Lapa
        • CEP 05072-000 ndash Satildeo Paulo - SP
        • Fone (0xx11) 3834-6447 e (0xx11) 3645-4546
        • Inluma - Artigos Religiosos Catoacutelicos
        • Rua Jaguaratildeo 239 - Jabaquara
        • CEP 04318-040 - Satildeo Paulo ndash SP
        • FoneFax (0xx11) 5588-4655 5588-3159 5021-5733
        • Livraria Catedral
        • Rua Senador Feijoacute 46 ndash Centro
        • CEP 01006-000 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • FoneFax (0xx11) 3106-1136
        • Lojas de artigos para as religiotildees protestantes das diversas denominaccedilotildees
        • Word Music ndash
        • Terminal Barra Funda do Metrocirc loja 14
        • CEP 01154-060 - Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3392-6660
        • Gospel Line Comeacutercio Ltda
        • Rua Conselheiro Furtado 50 - Liberdade
        • CEP 01511-000 - Satildeo ndash Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3105-6897 - Fax (0xx11) 3106-2013
        • Bom Pastor Produccedilotildees Artiacutesticas e Phonograacuteficas Ltda
        • Av Liberdade 902 ndash Liberdade
        • CEP 01502-001 - Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (11) 3208-5351
        • Vencedores por Cristo SC
        • Rua Prof Dr Joseacute Marques Cruz 365 - Jardim das Acaacutecias
        • CEP 04707-020 - Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (11) 5183-4676 - Fax (11) 5183-5349
        • Lojas de artigos para as religiotildees novoeristas
        • Viraj - Gifts to Yoyurself
        • Av Paulista 807 loja 46 (galeria)
        • CEP 01311-915 - Satildeo Paulo SP
        • Fone (0xx11) 3148-0846 - 3148-084 - Fax (0xx11) 3253-6983
        • Centro Holiacutestico Bruxas do Bem
        • Rua DrCeacutesar 522 - Santana
        • CEP 02013-002 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fones (0xx11) 6283-4213 - 32134433
        • Lojas Vila Zen
        • Loja 01 Galeria Gecircmini loja 36 - Av Paulista 807ndash Jardim Paulista
        • CEP 01311-915 ndash Satildeo Paulo ndash SP
        • Fone (0xx11) 3251-5940
        • Loja 02 Shopping Metrocirc Santa Cruz ndash loja 22 - Av Domingos de Morais 2564 - Vila Mariana
        • CEP 04036-100 ndash Satildeo Paulo - SP
        • Fone (0xx11) 3471-7933
        • Anexo 02 - Questionaacuterio dirigido aos consumidores finais ou clientes das lojas
        • 1) Como o sr(a) teve conhecimento da existecircncia desta loja
        • a) Lista telefocircnica
        • b) Internet
        • c) Propaganda em revistas jornais murais ou meios impressos
        • d) Pelo raacutedio ou televisatildeo
        • e) Por parentes ou amigos de fora de minha comunidade religiosa
        • f) Por parentes ou amigos da minha comunidade religiosa
        • g) Por indicaccedilotildees de placas ou a vitrine da loja
        • h) Pelo padre sacerdote ou sacerdotisa pastor ou pastora sheik rabino monge etc
        • i) Por acaso
        • j) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 2) Com que frequumlecircncia o sr (a) compra produtos religiosos
        • a) Pelo menos uma vez por mecircs
        • b) Uma vez a cada dois meses
        • c) Uma vez a cada trecircs meses
        • d) Uma vez por semestre
        • e) Uma vez por ano
        • f) Menos de uma vez por ano
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 3)Qual eacute o principal motivo pelo qual o sr(a) comprou esse (s) produto (s)
        • a) Porque esses objetos satildeo importantes no meu ritual ou no meu culto religioso
        • b) Porque o principal cleacuterigo (a) indicou receitou ou mandou comprar
        • c) Porque a imagem desse (s) objeto(s) reforccedila (m) a minha feacute
        • d) Porque trazem proteccedilatildeo
        • e) Porque achei bonito
        • f) Vai servir para eu dar de presente a algueacutem
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 4) Qual o tipo ou gecircnero do (s) produto (s) comprado(s)
        • ______________________________________________________________________________________________________________________________
        • 5) Faixa de desembolso na loja
        • a) Ate 10 reais
        • b) De 10 a 20 reais
        • c) De 20 a 40 reais
        • d) De 40 a 80 reais
        • e) De 80 a 160 reais
        • f) De 160 a 320 reais
        • g) Mais de 320 reais
        • h) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 6) Qual o seu grau de satisfaccedilatildeo com o atendimento na loja
        • a) Plenamente satisfeito (a)
        • b) Satisfeito (a)
        • c) Razoavelmente satisfeito (a)
        • d) Sofrivelmente satisfeito (a)
        • e) Insatisfeito (a)
        • f) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 7) O sr(a) pretende voltar outras vezes a esta loja
        • a) Sim
        • b) Natildeo
        • c) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 8) Em sua opiniatildeo os preccedilos dos produtos praticados por esta loja satildeo
        • a) Caros
        • b) Relativamente caros
        • c) Razoavelmente equilibrados
        • d) Condizentes com a minha renda
        • e) Baratos
        • f) Muito baratos
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 9) Quais motivos o (a) trariam mais vezes a esta loja
        • a) Melhores preccedilos
        • b) Melhores condiccedilotildees de pagamento
        • c) Novos produtos
        • d) Melhor atendimento
        • e) Maior conforto
        • f) Um contato mais direto comigo
        • g) Um convite especial
        • h) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 10) Qual sua religiatildeo de batismo
        • a) Catoacutelica
        • b) Protestante
        • c) Espiacuterita kadercista
        • d) Umbandista
        • e) Candomblecista
        • f) Budista
        • g) Novoerista
        • h) Muccedilulmana
        • i) Natildeo eacute batizado
        • j) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 11) Qual a sua religiatildeo praticada atualmente
        • a) Catoacutelica
        • b) Protestante
        • c) Espiacuterita kardecista
        • d) Umbandista
        • e) Candomblecista
        • f) Budista
        • g) Novoerista
        • h) Muccedilulmana
        • i) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 12) O sr(a) reside ou trabalha neste bairro
        • a) Sim
        • b) Natildeo
        • c) Nas imediaccedilotildees deste bairro
        • d) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 13) O sr (a) eacute natural de Satildeo Paulo
        • a) Sim
        • b) Natildeo
        • c) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • 14) Sexo
        • a) Masculino
        • b) Feminino
        • 15) Profissatildeo________________________________________________
        • 16) Qual a sua idade
        • a) De 18 a 25 anos
        • b) De 25 a 35 anos
        • c) De 35 a 45 anos
        • d) De 45 a 55 anos
        • e) De 55 a 65 anos
        • f) Mais de 65 anos
        • 17) Estado civil
        • a) Solteiro (a)
        • b) Casado (a) ou com companheira (o)
        • c) Separado (a) judicialmente ou divorciado (a)
        • d) Viuacutevo (a)
        • 18) Qual o seu grau de escolaridade ou formaccedilatildeo escolar
        • a) Ensino fundamental
        • b) Ensino meacutedio
        • c) Ensino Superior
        • e) Poacutes-graduado
        • 19) Qual a sua faixa de renda familiar
        • a) Ateacute 01 salaacuterio miacutenimo
        • b) De 01 a 03 salaacuterios miacutenimos
        • c) De 03 a 05 salaacuterios miacutenimos
        • d) De 05 a 08 salaacuterios miacutenimos
        • e) De 08 a 10 salaacuterios miacutenimos
        • f) Mais de 10 salaacuterios miacutenimos
        • g) Natildeo quis ou natildeo soube responder
        • Anexo 03 Entrevista com o Sr Servilho proprietaacuterio da Banca da Biacuteblia em CaraguatatubaSP
        • Entrevistador Renato
        • Entrevistado Sr Servilho
        • Local Caraguatatuba
        • Dia 08 Caraguatatuba praccedila central da cidade
        • Vou perguntar para o dono do empreendimento sr Servilho sobre as razotildees comerciais do investimento no segmento religioso
        • Qual foi o motivo que levou o sr investir nesse segmento mercadoloacutegico
        • O principal motivo foi especial eu recebi uma intuiccedilatildeo de Deus que eu deveria vender biacuteblias eu jaacute vendia biacuteblias embora eu representava uma organizaccedilatildeo adventista e natildeo poderia vender mas nas horas vagas as pessoas me pediam biacuteblia e o numero de vendas comeccedilou a aumentar eu achava estranho os preccedilos astronocircmicos de biacuteblias e as pessoas pagavam entatildeo eu falei que tinha que montar alguma coisa para os meus filhos pra poder vender por um preccedilo correto e foi aiacute que Deus me indicou e acabamos colocando
        • A sua feacute contribuiu de forma significativa pra tomar a decisatildeo desse investimento
        • Soacute a feacute
        • O que mais o sr poderia me dizer a respeito eacute uma satisfaccedilatildeo sua particular trabalhar com esse segmento
        • Sim hoje noacutes estamos com 15 anos de trabalho mas a satisfaccedilatildeo eacute saber que mais de milhares de biacuteblias foram vendidas muitos lares deram testemunho de que hoje tecircm um temor a Deus um amor a Deus mais chegado entatildeo o objetivo primeiramente eacute evangeliacutestico e depois concilia com o ganha patildeo eacute uma consequumlecircncia mas a causa eacute evangelista
        • Como que foram os primeiros movimentos da materializaccedilatildeo dessa loja do sr
        • O primeiro ano foi taxi zero na eacutepoca noacutes colocamos quase 300 tiacutetulos de produtos evangeacutelicos mas denominacional quer dizer adventista do seacutetimo dia e loacutegico ficou parado eu vendia soacute biacuteblia aiacute que nos fomos mudando tirando um pouco do servindo a todo mundo e fomos com o tempo com a praacutetica servindo a todas as denominaccedilotildees
        • Como que se deu a escolha desse ponto comercial
        • Isso foi Divino com certeza foi Divino porque Deus me falou ndashldquoEacute aquirdquo- e eu achei estranho e era laacute em baixo laacute na ponta era a ex rodoviaacuteria de Caraguatatuba e era na esquina laacute em baixo e eu pensava -ldquomas aquirdquo- mas me apontava para a praccedila e tinha essa banca fechada natildeo tinha nada na hora natildeo acreditei esperei mais uma semana depois voltei para o lugar e orei ndashldquomas eacute aquirdquo- aiacute desci conversei com o vizinho e perguntei o que era ali que estava sempre fechado e ele falou que era uma banca de jornal haacute mais de 30 anos que tinha aberto do outro lado da avenida Perguntei de quem era e ele falou que era de uma pessoa que era dona de quase todas as bancas da regiatildeo aiacute fui conversar com ele e ficou com medo de eu ser um concorrente e expliquei pra ele que era um evangelista que eu queria colocar biacuteblias e colocaria meu filho pra trabalhar que era um adolescente na eacutepoca e ele me cedeu me vendeu e fizemos o negocio e digo que foi Divino porque passei dois anos e montaram um shopping aonde esta o Mcdonald e o dono ficou louco disse ndashldquoeu quero esse rapaz fora daqui natildeo quero biacuteblia aqui na minha frenterdquo- e eu natildeo sabia disso chegavam as pessoas da prefeitura e falavam ndashldquonoacutes precisamos mudar vocecircrdquo- e natildeo falava por que Ateacute que chegou um dia que o gerente da prefeitura disse que a cabeccedila dele estava a premio falou para eu arranjar um mutiratildeo algumas pessoas conhecidas e fizemos um mutiratildeo e saiacute ele natildeo tinha me falado o motivo ainda Trouxemos e colocamos aqui e aiacute ficou e mais tarde ele me falou que o dono do shopping disse ndashldquoou vocecirc ou elerdquo- ele natildeo queria vocecirc de jeito nenhum soacute que eu digo que eacute Divino porque aqui se tornou o calccediladatildeo o melhor ponto aqui de Caraguatatuba eacute a matildeo de Deus dirigindo e laacute faliu um shopping todo de maacutermore faliu O ex-prefeito eacute que conseguiu fazer um acordo porque disse que o dono bebia muito fez um acordo e reabriu e laacute natildeo tem nada natildeo eacute um shopping soacute um Mcdonald reabriu depois de muitos anos
        • Como que o sr estabelece criteacuterios para compra dos produtos a serem oferecidos
        • Oferecido eu tenho um pouco de medo porque eu natildeo gosto de comprar uma coisa que eu natildeo tenha certeza da onde proveacutem entatildeo eu mesmo vou buscar embora tem muitos produtos que me trazem produtos durante o ano as pessoas foram acostumando e eu fui entendendo que a procedecircncia era boa mas normalmente vou buscar em SP no Rio de Janeiro aonde tem novidades que as pessoas estatildeo pedindo a gente vai e traacutes
        • E existe financiamento para o capital de giro do sr
        • Natildeo Antigamente eu trabalhava com cheque e meu giro de capital era o cheque preacute-datado hoje natildeo mexo com cheque com nada compro agrave vista e vendo agrave vista
        • E como que o sr estabelece um criteacuterio de preccedilo para esses produtos
        • Eu coloco um percentual no produto conforme o giro ter um produto de giro raacutepido o percentual cai totalmente eu coloco pra girar o objetivo eacute girar se natildeo eacute um produto vendaacutevel se eacute mais lento eu aumento um pouco o percentual que eacute pra natildeo ter um desprestigio com o tempo mas normalmente eu procuro colocar um preccedilo de giro que eacute melhor girar raacutepido e eu ter condiccedilotildees de comprar outras coisas
        • O sr me falou que natildeo faz financiamento de produtos entatildeo a loja faz alguma promoccedilatildeo especial visando aumentar o volume meacutedio de vendas
        • Natildeo nunca fiz isso
        • O sr faz propaganda da loja
        • Eu jaacute fiz alguma coisa mas natildeo vejo resultado natildeo
        • O sr sabe qual eacute o numero de pessoas que passam pelo interior da sua loja
        • Bastante porque muitas pessoas satildeo atraiacutedas pela musica pelo tipo de ambiente tem pessoas quenossa agraves vezes chegam aiacute ficam num cantinho choram eu finjo que natildeo estou vendo mas choram desabafam depois saem Deixo todo mundo a vontade natildeo vou em cima da pessoa falar preccedilo deixo as pessoas a vontade quem entra aqui eacute amigo da gente
        • Vocecirc sabe me dizer dessas pessoas que entram quantas que efetivamente compram algum tipo de produto do sr
        • A maioria porque a gente procura nesse tempo que a gente tem ter coisas como ldquosouveniresrdquo coisas muito interessantes e bonitas num preccedilo muito bom procuro trabalhar com exclusividade em muitas coisas pequenas entatildeo sempre tem uma opccedilatildeo das pessoas darem um presente ou mesmo um marca paacuteginas tem coisas de todos os preccedilos e todos os niacuteveis entatildeo eacute faacutecil uma pessoa conseguir levar uma lembranccedila
        • Existe algum tipo de material publicitaacuterio que o sr jaacute tenha desenvolvido no seu empreendimento
        • Natildeo A uacutenica coisa que a gente faz na publicidade aqui seria uma ordem puacuteblica nesse tempo muitas pessoas chegavam a noacutes e falavam que eu precisava vender cartatildeo porque eacute uma utilidade publica e hoje a gente vende cartotildees de telefone cartatildeo preacute-pagos selos do correio entatildeo sempre tem que ter uma propaganda que o local tem esse produto isso eacute obrigado deixar sempre uma propaganda e os proacuteprios revendedores se incumbem de fazer a merchandising
        • Quantos funcionaacuterios ou colaboradores diretos o sr tem aqui na loja
        • Tem a minha filha soacute meu filho vem passear no final de semana ele
        • Entatildeo eacute o sr
        • E minha filha
        • Existe algum tipo de treinamento que o sr tenha dado a ela nesse tempo
        • Ela trabalha comigo a 15 anos primeiro era eu minha esposa e ela meu filho tambeacutem entatildeo criei meus filhos assim depois foram saindo e a uacutenica que ficou foi ela e minha esposa hoje cuida do lar soacute
        • E o sr acha necessaacuterio cada vendedor por ex no seu caso o sr natildeo deixa de ser um vendedor de primeira linha o sr pode dizer que tambeacutem eacute um vendedor o sr que vendedor precisa ser praticante da sua religiatildeo uma vez que o sr daacute uma ecircnfase especial agrave religiatildeo que o sr pratica aqui O sr acha que ele tem que ser da sua religiatildeo pra trabalhar aqui ou natildeo
        • Quando se fala religiatildeo engloba tudo eacute religar o terraacutequeo com o criador isso eacute uma coisa muito profunda mesmo de vez em quando a gente mergulha nisso e coloca a realidade mas pra trabalhar com um produto desse a pessoa precisa pelo menos ter uma feacute porque se eu sou uma pessoa que natildeo tenho feacute vou ser um mercenaacuterio e aiacute vou entrar em choque com muitas coisas e outra muitas pessoas de vez em quando chegam e desabafam fazem pergunta chega num desespero no fim a gente natildeo eacute soacute vendedor mas muitas vezes a gente eacute conselheiro mas se a gente natildeo tem um bom conselho fica esquisito
        • Entatildeo para esclarecer na opiniatildeo do sr eacute preciso que a feacute esteja para e passo com a necessidade das pessoas tomando cuidado para estar na linha de frente de um negocio desses a pessoa tem que acreditar mesmo
        • Sem duvida nenhuma ela tem que temer a Deus
        • A loja se relaciona conjuntamente com algum templo igreja com algum espaccedilo sagrado
        • Noacutes natildeo temos vinculo nenhum com [placas] noacutes sim eacute que particularmente
        • Qual seria os 6 produtos importantes aqui O sr daacute um destaque muito grande em cima de cartotildees e Biacuteblias Daria para o sr apontar ndashldquoeu vendo bastante anelzinhos as pessoas vem procurar por causa dos meus cartotildeezinhosrdquo- Quais satildeo os produtos que o sr acha que satildeo realmente importantes pra esse segmento que o sr atua
        • Sem duvida nenhuma o CD a musica eacute o que mais vende eacute uma coisa que no inicio foi difiacutecil eu prestava atenccedilatildeo nisso porque eu gosto de musica claacutessica mas natildeo adianta eu colocar meu gosto porque vai ficar na prateleira entatildeo eu comecei a desenvolver por conselhos de outras pessoas entatildeo a musica os CDs a gente trabalha soacute com original natildeo coloca nada na pirataria para que a pessoa tenha confianccedila do que esta levando e procuro estar atento no que eacute sucesso nos lanccedilamentos entatildeo DVD CD Biacuteblia e principalmente hinaacuterios harpa cristatilde soletos biacuteblicos que as pessoas compram para distribuir e uma serie de outras coisas O marca paginas as crianccedilas levam toda hora aleacutem de uma pessoa que estaacute passeandoaqui tem vaacuterios tipos de chaveiros e muitos produtos artesanais nos damos muito valor ao artesanato porque desde pequeno eu sempre mexia com artesanato aprendia a fazer o coleacutegio de primeiro ensinava isso aiacute uma pessoa que estava na 5ordf serie na admissatildeo ela jaacute sabia fazer alguma coisa pra poder vender e sustentar a famiacutelia hoje a gente natildeo vecirc isso aiacute entatildeo eu dou muito valor ao artesanato o que eacute feito na matildeo entatildeo coisas que eu vejo bem bonitas artesanais eu coloco na loja pra vender
        • O que o sr pensa da relaccedilatildeo dos seus clientes com seu negocio O sr acha que eles estatildeo sendo bem atendidos Eu sei que o sr esta fazendo o melhor que pode mas olhando um pouco mais de fora eu quero ler a sua visatildeo de fora como que o sr acha que seus clientes estatildeo atendidos
        • Aiacute jaacute entra numa questatildeo teoloacutegica hoje realmente eu natildeo atendo o que deveria atender isso por ideologia estamos vivendo momentos profeacuteticos eu creio nisso entatildeo eu deixo de vender livros denominacionais que muitos me procuram porque se eu tivesse muitos livros denominacionais minha venda aumentaria muito
        • O que satildeo livros denominacionais
        • Satildeo livros por ex um livro da Assembleacuteia de Deus um livro Pentecostal de doutrinas diferentes eu procuro natildeo trabalhar com eles procuro trabalhar com a Biacuteblia porque a Biacuteblia eacute universal agora os livros satildeo produzidos eu posso ler a Biacuteblia e traduzir de uma maneira montar uma placa de igreja e formar uma igreja eu estaria sendo conivente fazendo isso entatildeo me sinto um pouco restringidomas tem muitas coisas que eu poderia colocar aiacute e natildeo coloco deixo de vender isso eacute uma questatildeo eacutetica teoloacutegica
        • E quais satildeo as expectativas que vocecirc tem para os proacuteximos anos do ponto de vista empresarial
        • Eu tenho uma mentalidadeo que esta escrito laacute em cima
        • ldquoVem Senhor Jesusrdquo
        • ldquoVem Senhor Jesusrdquo eacute a ultima parte que estaacute escrito na Biacuteblia no Apocalipse eram os uacuteltimos versiacuteculos quer dizer noacutes estamos vivendo momentos que precede a vinda de Jesus e eu natildeo tenho duvida nenhuma e estou me preparando para ldquosubirrdquo com ele entatildeo veja bem a minha perspectiva natildeo eacute para esse mundo noacutes natildeo somos um comerciante comum como outro qualquer natildeo que uma pessoa natildeo vaacute montar um negocio desse e natildeo vai dar certo natildeo eacute isso eacute o meu ponto de vista eu jaacute natildeo me afirmo mais aqui eu natildeo monto meu futuro mais aqui nesse sistema de ser humano de pecado tanto eacute que eu deixo laacute em cima laacute atraacutes natildeo sei se vocecirc reparou um cartaz e vou mudando de vez em quando com o tempo mas no momento aqui eacute a historia do planeta Nabucodonossor sonhou explicou o sonho e entra Daniel e Deus fala
        • -ldquoVai laacute Daniel fala com ele porque fui Eu quem deu esse sonho pra elerdquo-
        • e na historia mostra que Nabucodonossor AC600 anos foi tomado de uma
        • maneira espetacular pelo [Medopersia] e depois veio o ventre que eacute a
        • Greacutecia tomou a [Medopersia] e depois Roma tomou e impressionante Roma se dividiu em dez e formou a Europa e laacute esta escrito assim
        • ldquoComo os dedos dos peacutes satildeo barro e ferro e como barro e ferro natildeo se unem como raccedila humana natildeo se uniraacuterdquo
        • O mundo vem tentando desmentir essa parte da Biacuteblia Hitler tentou Mussolini tentou mesmo os grandes paises como os EUA vem tentando se tornar um impeacuterio formar um soacute reino mas Biacuteblia fala que -ldquoNos dias desse rei
        • Estaraacute um reino que jamais passaraacuterdquo () eacute a pedra a pedra eacute Cristo eacute Jesus com milhares e milhares de anjos entatildeo noacutes estamos vivendo hoje a sujeira da ponta da unha da estatua inclusive a Europa acha que conseguiu fazer esse reino natildeo com a intenccedilatildeo de desmentir a Biacuteblia mas eles sem querer estatildeo envolvendo porque um decifre comordquoMASrdquo todas as traduccedilotildees satildeo iguais mesmo a Biacuteblia catoacutelica ldquoMASrdquo mas o que Mas os homens vatildeo tentar tentar mas nos dias desses reis que reis O presidente da Franccedila da Alemanha antes de dissolver porque o objetivo dessa uniatildeo eacute chegar num momento que cai todos os reis e um soacute manda em tudo mas nos dias desses reis antes de dissolver isso a Pedra vem o Cristo vem entatildeo noacutes sabemos pelos acontecimentos que vemos no jornal todos os dias estamos muito proacuteximos disso
        • Vocecirc tentar centralizar o futuro
        • O futuro mesmo eu natildeo planejo eu planejo o dia dia procuro natildeo fazer muita diacutevida compro agrave vista vendo agrave vista
        • E como que o sr vecirc o cliente do sr Como que ele eacute e o que ele procura aqui com o sr
        • Eu vejo eles como amigos com uma necessidade a maioria deles eu vejo com uma necessidade e a gente procura servir essa necessidade ou suprir essa necessidade entatildeo natildeo vejo eles com um cifratildeo procuro atender eles bem e no fim ele acaba levando saindo satisfeito e volta O que eu tenho prestado atenccedilatildeo eacute nisso nesses longos tempos eacute que meus clientes voltam e isso eacute importante num comercio e as pessoas natildeo percebem isso o importante eacute o cliente voltar outra vez ele tem uma satisfaccedilatildeo mesmo que natildeo compra nada comprou uma coisa irrisoacuteria mas ele volta e a partir que ele se torna um amigo ele tambeacutem passa para os amigos os parentes aonde comprou fala que gostou da loja
        • Entatildeo o trabalho com o cliente eacute importante
        • Eacute importantiacutessimo
        • Eu quero agradecer em meu nome quero agradecer em nome do Nuacutecleo de Ciecircncias e Religiatildeo da Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo
        • Me comprometo a mandar as fotos da Expo para o sr
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