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Outubro - 1994

Rupturas espontâneas dos tendões nos desportistas

LIDIO TOLEDO

A ruptura tendinosa é muito menos freqüente que a ruptura muscular. O coeficiente de elasticidade tendinosa é muito menor que a muscular, a estrutura mais compacta do tendão também forma maior resistência à tração muscular.

A complexidade anatômica e funcional do sistema tendinoso explica os erros de diagnóstico comuns na Traumatologia Desportiva.

Estamos com Platt e Riva, que afirmam que a ruptura dar-se-ia unicamente nos tendões que apresentassem patologia prévia. Durante nossas operações, encontramos essas alterações.

As alterações podem ser inflamatórias e degenerativas. As inflamatórias traumáticas são agudas e crônicas. As agudas são causadas por trauma súbito, com estiramento do tendão durante exercícios violentos. As crônicas são causadas por traumatismos repetidos no mesmo tendão.

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As tenossinovites crônicas podem ser: peritendinites crepitans, tenossinovites estenosantes e tenossinovites com derrame.

Quanto à patologia tendinosa, podemos encontrar: a) tendinites corporais: longa porção do bíceps e tendão de Aquiles; b) tenossinovites: De Quervain, tibial anterior, peroneiros e rara no tendão de Aquiles.

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Quanto à sintomatologia, verificamos que 2/3 têm rupturas sem sintomatologia prévia; os demais podem apresentar dor local e sensação de desconforto. A ruptura ocorre sempre num estágio tardio do processo degenerativo.

O professor russo M. Kousslik, num Congresso de Medicina Desportiva realizado em Moscou (1958), relatou as lesões por microtrauma como causa mais freqüente das rupturas tendinosas. Sabemos que é uma síndrome de hiperutilização, causada por muita repetição com pouca carga ou pouca repetição com muita carga. Existem fatores predisponentes nesta patologia, como: falta de aquecimento, fadiga, treinamento inadequado, excessos quantitativos e qualitativos, alterações dos eixos dos membros, alterações estáticas dos pés, material inadequado, etc.

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 Sempre encontramos alterações degenerativas nas rupturas tendinosas:

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A tendinite do tendão de Aquiles é freqüente e temida por todos os desportistas, causada principalmente por microrupturas das fibras do colágeno. Provoca, em 70% dos casos, dor matinal e, em 90% dos casos, encontramos alterações estáticas dos pés (60% pés cavos e 30% pés planos valgos).

Nas reparações cirúrgicas das rupturas do tendão de Aquiles, usamos sempre a transposição do perônio brevis, com excelentes resultados. Não acreditamos numa simples sutura para recuperação de um atleta, pois sempre existe degeneração nos cotos tendinosos, principalmente quando foram tratados com infiltrações de corticóide.

CONCLUSÕES A ruptura tendinosa é sempre causada por patologia prévia, principalmente por alterações degenerativas que produzem pouca ou nenhuma sintomatologia. As tendinites e processos degenerativos são causados

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por microtrauma. Nessas, é necessário tratar as causas e não somente os efeitos, caso contrário teremos sempre recidivas e passagem para forma crônica, de díficil tratamento e possibilitando ruptura espontânea.

Os graus de inflamação e de degeneração é que indicam o procedimento cirúrgico a ser empregado; por isso, utilizamos muito o tendão do perônio brevis.

REFERÊNCIAS

Anzel, S.H., Covery, K.M. & Weiner, A.D.: Disruption of muscles and tendons: an analysis of 1,014 cases. Surgery 45: 406-414, 1959. DuVries, H.: Cirurgia del pie. Editorial interamericana, 1960.

Kannus, P. & Józsa, L.: Histopathological changes preceding spontaneous ruptures of a tendon A controlled study of 891 patients J Bone Joint Surg [Am] 73: 1507-1525, 1991.

Kousslik, M.: Le rôle du chronique dans l’etiologie des ruptures de tendões chez les sportifs. XII Congresso Internacional de Medicina Desportiva, Moscou, 1958.

Maffulli, N.: Intensive training in young athlete. The orthopaedic sur-geon’s view point. Sports Med 9: 229-243, 1990.

Nevasier, R.J. & Nevasier, T.J.: Lesions of musculotendinous cuff of shoulder; diagnosis and management, Inst Course Lect 30: 239-257, 1981.

Platt, H. Modern Trends in Orthopaedics, London, Butterworth, 1958.

Rocha, J.S.: Medicina Desportiva, Edição da Federação Portuguesa de Futebol, 1972