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Parasitologia TENÍASE - PARTE 2

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Parasitologia

TENÍASE - PARTE 2

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• INTRODUÇÃO

O Complexo Teníase / Cisticercose é constituído por duas entidades mórbidas distintas, causadas pelas mesmas espécies de cestódeos, porém em fases dife-rentes do seu ciclo de vida. A Teníase é conhecida popularmente como “solitá-ria”, enquanto que a Cisticercose é conhecida como “lombriga na cabeça”. Nes-te resumo, conheceremos melhor a Teníase. Sua classificação científica se defi-ne por: Reino – Animalia; Filo – Platyhelmintes; Classe – Cestoda; Ordem – Cyclophyllidea; Família – Taeniidae; Gênero – Taenia; Espécie – Taenia sp.

• EPIDEMIOLOGIA

Trata-se de uma verminose cosmopolita, ou seja, pode ser encontrada em pra-ticamente qualquer lugar do mundo. Possui alta prevalência (10%) nos países em desenvolvimento, onde existem condições socioeconômicas desfavoráveis, saneamento básico precário e vigilância sanitária falha. O conjunto teníase / cisticercose representa um grande problema de saúde pública.

No Brasil, as espécies de Tênias são uns dos parasitas mais comuns, sendo en-contradas em cerca de 5% dos bovinos e suínos inspecionados. Sendo a sua prevalência variável dependendo da região e época investigadas. São mais co-muns ou mais notificadas, nas regiões Sul e Sudeste. A provável baixa preva-lência em algumas regiões pode ser explicada ou pela falta de notificação ou porque os tratamentos são realizados nos grandes centros, como Rio de Janei-ro, São Paulo, Curitiba, Brasília, o que dificulta a investigação da procedência do local da infecção.

• QUADRO CLÍNICO

O período de transmissibilidade da doença pode ser de Meses (considerando a viabilidade dos ovos / proglotes liberados no ambiente externo) a Anos (consi-derando o tempo em que um indivíduo sem tratamento libera as proglotes / ovos no ambiente e o tempo de sobrevivência do verme adulto no organismo do hospedeiro). O período de incubação é de 3 a 4 meses.

Na maioria das vezes, o parasito permanece na luz intestinal sem causar sinto-mas ou apenas poucos sintomas, sendo o parasitismo considerado “benigno”. Normalmente, desconfia-se da infestação quando o indivíduo procura o serviço

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médico por ter percebido a eliminação espontânea das proglotes do verme, jun-tamente com as fezes ou nas roupas íntimas.

Proglote de tênia eliminada espontaneamente.

Quando ocorrem sintomas, estão mais relacionados ao trato gastrointestinal, sendo muito comuns em outras parasitoses intestinais. Tais como: dor ou des-conforto abdominal, náuseas e vômitos, debilidade, anorexia, perda de peso, flatulências, diarreia ou constipação. Em algumas crianças, pode haver atraso no desenvolvimento e crescimento.

Excepcionalmente, com há crescimento exagerado do cestódeo, pode ocorrer invasão e obstrução de outras regiões. Nessas situações, podemos ter acome-tidos: o apêndice, colédoco e ducto pancreático.

• DIAGNÓSTICO

O diagnóstico será realizado com base nos aspectos clínico-epidemiológicos, imunológicos e, dependendo do caso, com exames de imagem.

Como a maioria dos casos de teníase é oligossintomático ou assintomático, a suspeita ocorrerá comumente pela própria observação do paciente ou dos seus responsáveis (crianças), de proglotes sendo eliminadas juntamente com as fe-zes ou nas roupas íntimas.

Podem ser realizados exames laboratoriais para confirmação, como: tamisação fecal e fita gomada.

1. Tamisação fecal: amostra de fezes é peneirada com o objetivo de encontrar proglotes para posterior separação dos ovos e análise pela microscopia óptica;

2. Fita gomada ou Método de Graham ou Swab perianal: utilizando uma fita

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gomada com a sua parte adesiva evertida sobre uma lâmina ou swab ou palito, pressiona-se o conjunto nas pregas anais do paciente e, inverte-se a parte ade-siva colando-a numa lâmina para posterior observação na microscopia óptica. É a mesma técnica utilizada para pesquisa de ovos de Enterobius vermiculares.

• TRATAMENTO

O tratamento da teníase se baseia na utilização de antiparasitários.

Como 1ª opção: Praziquantel, 5 a 10 mg/kg, dose única juntamente com a re-feição – objetivo de eliminar o verme adulto, com eficácia de mais de 95% no tratamento.

Como 2ª opção: Niclosamida, 500 mg, dose única de 2 g para adultos e maio-res de 8 anos e dose única de 1 g para crianças de 2 a 8 anos.

Outras opções, porém, com menor eficácia (50 a 70%): Albendazol, 400 mg, dose única por dia, por 3 dias; Mebendazol, 200 mg, a cada 12 horas, por 3 di-as, após as refeições.

O tratamento será considerado bem sucedido quando após 1 a 3 meses do seu início, não for encontrado ovo de tênia nas fezes.

• VIGILÂNCIA E PROFILAXIA

A vigilância epidemiológica deve ser realizada visando manter constante arti-culação e trocas de informações entre a Vigilância Sanitária dos Setores de Sa-úde e as Secretarias de Agricultura, para adoção de medidas sanitárias preven-tivas. Embora os casos de teníase são sejam de notificação compulsória, devem ser informados aos Serviços de Saúde para mapeamento das áreas acometidas e implementação das medidas de controle e prevenção.

Um caso confirmado de teníase é aquele onde o indivíduo elimina proglotes de tênia.

As medidas de controle são em torno do portador (identificação, tratamento e bloqueio dos focos de transmissão) e das condições de transmissão (educação em saúde com orientações sobre a doença e sua forma de transmissão e pre-venção, gerando mobilização comunitária, saneamento domiciliar e ambiental nos focos da doença; vigilância sanitária sobre os bovinos e suínos, bem como

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na qualidade das suas carnes. Reduzindo assim, ao menor nível possível, a co-mercialização ou o consumo da carne contaminada pelos cisticercos; Orienta-ção dos produtores sobre as medidas de aproveitamento da carcaça desses animais, reduzindo suas perdas financeiras e fornecendo segurança ao consu-midor; Estímulo ao consumo de somente de carne bem cozida).