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Tema III Política Fiscal e a Crise Econômica Internacional

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Tema IIIPolítica Fiscal e a Crise Econômica Internacional

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As Alterações Recentes nos Impostos e seus Impactos na Arrecadação e Distribuição

Política Fiscal e a Crise Econômica Internacional – Primeiro Lugar

José Adrian Pintos-Payeras*Coautor: Sérgio Carlos de Carvalho**

* Doutor em Economia Aplicada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). Professor do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

** Doutor em Economia Aplicada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). Professor do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

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Resumo

Recentemente, o governo federal adotou políticas tributárias com o intuito de amenizar os efeitos da crise econômica internacional. Este trabalho busca cap-tar o efeito dessas medidas sobre a arrecadação e a distribuição da carga tributária sobre as famílias. Para tanto, foi adotado o modelo proposto por Pintos-Payeras (2008) com algumas mudanças: foram consideradas as elasticidades estatistica-mente significativas e a variação da demanda decorrente do aumento da renda disponível gerada pela alteração na carga tributária direta. A base de dados usada é composta pelos microdados da POF de 2002-2003 tratados com a legislação tributária. Para análise da progressividade foi usado o índice de Lerman-Yitzhaki. Como esperado, a arrecadação tributária caiu para todos os estratos de renda ana-lisados, no entanto diminuiu proporcionalmente mais para as pessoas dos estratos mais ricos. Dessa forma, o sistema tributário no Brasil ficou mais regressivo, o que foi confirmado pelo índice de progressividade.

Palavras-chave: carga tributária; política anticíclica; arrecadação; distribuição.

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Sumário

1 Introdução, 7

2 Carga trIbutárIa sobre as famílIas no brasIl: um breve hIstórICo, 8

3 estImação do sIstema quase Ideal de demanda para uma Cesta amplIada de produtos empregando dados da pof de 2002-2003, 14

3.1 Especificação do modelo AIDS, 14

3.1.1 As elasticidades no modelo AIDS, 15

3.2 Material, 16

3.3 Estimação do NL-AIDS, 23

3.4 Resultados, 24

4 Carga trIbutárIa sobre a população brasIleIra: uma análIse do ImpaCto das polítICas trIbutárIas adotadas para Combater a CrIse eConômICa InternaCIonal na dIstrIbuIção e na arreCadação, 36

4.1 Método e dados utilizados para análise dos impactos da mudança na política tributária, 36

4.2 Método e dados usados para apurar a carga tributária direta e indireta por faixa de renda, 39

4.2.1 Base de dados, 39

4.2.2 Método para encontrar a carga tributária indireta, 43

4.3 Alteração da carga tributária e impactos na arrecadação e na distribuição, 45

5 análIse da progressIvIdade, 55

5.1 O índice Lerman-Yitzhaki, 55

5.2 Resultados, 55

6 ConsIderações fInaIs, 57

referênCIas, 58

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Lista de figuras

fIgura 1. Carga trIbutárIa IndIreta, Irpf e Carga total sobre as Classes de renda em 1975, 9

fIgura 2. Carga trIbutárIa dIreta, IndIreta e total sobre renda, segundo Classes de renda para o total das áreas (em porCentagem), Conforme dados da pof de 1995-1996, 11

fIgura 3. evolução da partICIpação na arreCadação trIbutárIa total do pIs, da CofIns, da Cpmf e do Imposto de renda, 12

Lista de tabelas

tabela 1. pessoas e renda famIlIar per capita para as 13 Classes seleCIonadas para o brasIl (pof) e para as regIões do IpCa, 17

tabela 2. perCentual da população, da renda e do número de famílIas das regIões do IpCa em relação ao total do brasIl, por Classe de renda, 18

tabela 3. partICIpação da despesa Com os produtos seleCIonados na despesa total do brasIl e das regIões do IpCa e partICIpação da despesa total das regIões do IpCa nas despesas totaIs do país, por Classe de renda, 19

tabela 4. lImItes entre as Classes de renda famIlIar per capita para as regIões usadas na estImação do modelo nl-aIds, em reaIs de 15 de janeIro de 2003, 20

tabela 5. despesa per capita médIa Com os produtos seleCIonados para as 11 regIões do IpCa, por faIxa de renda, em reaIs de 15 de janeIro de 2003, 21

tabela 6. produtos seleCIonados Com base nos CrItérIos do IpCa para a estImação da matrIz de elastICIdades marshallIanas, 22

tabela 7. matrIz de elastICIdades marshallIanas para os dados da pof de 2002-2003, estImada por meIo do modelo nl-aIds, 26

tabela 8. elastICIdade-dIspêndIo e elastICIdade-renda dos produtos seleCIonados para os dados da pof de 2002-2003, estImadas por meIo do modelo nl-aIds, 28

tabela 9. matrIz de elastICIdades marshallIanas para os três grandes estratos seleCIonados, 31

tabela 10. elastICIdades-dIspêndIo para os três grandes estratos seleCIonados, 35

tabela 11. pessoas e renda famIlIar per capita para as 13 Classes seleCIonadas Com dados InCompatíveIs nas regIões do IpCa (IpCa) e sem dados InCompatíveIs (sI), 41

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tabela 12. alíquotas adotadas pelo governo após a CrIse fInanCeIra InternaCIonal, 45

tabela 13. Carga trIbutárIa dIreta nas regIões do IpCa: arreCadação, varIação da Carga e varIação da arreCadação, uma análIse entre a sItuação em vIgor até dezembro de 2008 (dIretos 2008) e a que entrou em vIgor em janeIro de 2009 (dIretos 2009), 47

tabela 14. Carga médIa dos Impostos IndIretos sobre o valor pago pelo ConsumIdor antes da alteração nas regIões do IpCa (em %), 48

tabela 15. partICIpação do grupo de despesa na renda famIlIar nas regIões do IpCa segundo as Classes seleCIonadas (em %), 49

tabela 16. partICIpação dos produtos que tIveram alíquotas alteradas nos respeCtIvos grupos nas regIões do IpCa segundo as Classes seleCIonadas (em %), 50

tabela 17. alteração de preços e varIações nas quantIdades deCorrentes das mudanças na Carga trIbutárIa Com base no modelo proposto para as regIões do IpCa, 51

tabela 18. resultado após a alteração das alíquotas dos Impostos Com base na matrIz de elastICIdades marshallIanas para as regIões do IpCa, 53

tabela 19. Carga trIbutárIa total antes e após as mudanças realIzadas pelo governo e varIação na arreCadação total para as regIões do IpCa, 54

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Política Fiscal e a Crise Econômica Internacional – José Adrian Pintos-Payeras e Sérgio Carlos de Carvalho

Finanças Públicas – XIV Prêmio Tesouro Nacional – 2009 7

1 Introdução

Recentemente, o governo brasileiro adotou medidas tributárias anticíclicas com o intuito de combater a crise financeira mundial. Há vários estudos que anali-sam como essas políticas econômicas afetam o crescimento, uns se posicionando a favor e outros contra. O que este estudo pretende é averiguar como as alterações recentes, promovidas pelo governo brasileiro para enfrentar a crise financeira inter-nacional de 2008, impactaram a distribuição da carga tributária sobre a população e como afetaram a arrecadação obtida pelo governo sobre os consumidores finais.

O sistema tributário brasileiro é regressivo, por isso a importância de saber como ficou a distribuição da carga tributária após a adoção das novas alíquotas dos impostos. A regressividade faz com que o índice de Gini aumente após a de-dução dos impostos, em outras palavras, os impostos contribuem para aumentar a concentração de renda no Brasil. Na teoria do crescimento econômico é verifica-do que países com elevada desigualdade na distribuição de renda sofrem maiores pressões sociais, e estas podem prejudicar o crescimento econômico.1

Ao alterar os impostos indiretos incidentes sobre cada mercadoria, espera-se que ocorram substituições entre alguns produtos e, com isso, a parcela de renda destinada ao consumo de cada produto pode ser alterada. A mudança dos impos-tos diretos, ao afetar a renda disponível, também provoca a mudança do padrão de consumo das famílias. Dessa forma, um dos primeiros passos para identificar o impacto da alteração dos impostos na receita do governo e na distribuição da carga tributária é estimar a matriz de elasticidades-preço e o vetor-coluna com as elasticidades-renda para os produtos considerados no sistema de demanda.

Com base nos argumentos anteriores, uma mudança de 7% na carga tributá-ria indireta não quer dizer que a arrecadação do governo irá variar em 7%. É fun-damental considerar como essa mudança afeta a demanda do produto que sofreu a variação da carga e a demanda dos produtos complementares e substitutos a ele. Raciocínio análogo pode ser feito para a variação dos impostos diretos, ou seja, a variação desses impostos afeta a demanda dos produtos e sobre estes incidem impostos indiretos. Assim, não se pode fazer uma análise linear da mudança dos impostos, isto é, uma alteração percentual da carga direta não significa, necessa-riamente, que a receita vai ser alterada na mesma proporção.

Para alcançar os objetivos propostos, é necessário efetuar os seguintes passos: averiguar o padrão de consumo e a renda da população; estimar as elasticidades-pre-

1 Estudos como o de Alesina e Perotti (1993) demonstram que uma concentração de renda alta pode gerar instabilidade política e, consequentemente, prejudicar o nível de investimento na economia. Dessa forma, um sistema regressivo para países com elevada concentração de renda, como é o caso do Brasil, pode ser prejudicial ao seu crescimento.

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Política Fiscal e a Crise Econômica Internacional – José Adrian Pintos-Payeras e Sérgio Carlos de Carvalho

Finanças Públicas – XIV Prêmio Tesouro Nacional – 20098

ço, as elasticidades-cruzadas e as elasticidades-renda; estimar a carga tributária so-bre as faixas de renda selecionadas antes da efetivação das mudanças; e, por fim, aplicar o modelo proposto por Pintos-Payeras (2008) para identificar os impactos sobre a distribuição e a arrecadação. A base de dados para obter essas informações é a Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2002-2003 do Instituto Brasileiro de Ge-ografia e Estatística (POF de 2002-2003) em conjunto com a legislação tributária da Federação, das Unidades Federativas e dos municípios (capitais de cada estado).

Enquanto Pintos-Payeras (2008) fez uma simulação arbitrária em seu tra-balho, dado que não havia ocorrido nenhuma alteração real na carga tributária, este trabalho levou em consideração as mudanças nos impostos adotadas pelo governo brasileiro desde o agravamento da crise financeira internacional de 2008. Há outras duas diferenças na aplicação do modelo: neste estudo, consideraram-se apenas as elasticidades estatisticamente significativas e também a variação per-centual da quantidade demandada, decorrente do aumento da renda disponível gerada pela alteração na carga tributária direta.

Na seção 2 foi realizado um breve levantamento das principais mudanças que ajudaram a moldar o sistema tributário regressivo verificado hoje no Bra-sil. Na seção 3 foram estimadas as elasticidades necessárias para aplicar o mo-delo proposto, para tanto é usado o modelo NL-AIDS de Deaton e Muellbauer (1980a). Na seção 4 foi usado o modelo de Pintos-Payeras (2008) para captar os impactos das alterações recentes das alíquotas dos impostos na arrecadação e na distribuição. Na seção 5 foi usado o índice de Lerman-Yitzhaki para captar se as mudanças tornaram o sistema tributário brasileiro mais regressivo.

2 Carga tributária sobre as famílias no Brasil: um breve histórico

Logo após o golpe militar de 1964, ocorreu uma reforma tributária signifi-cativa no Brasil. Com essa reforma, a carga tributária total aumentou de aproxi-madamente 16% para 19,7% no ano de 1965, chegando a beirar 26% em 1969.

Em 1962 [...] as ideias sobre o rumo da reforma já eram claras: a) garantir aumento das receitas fiscais para permitir redução dos déficits do governo; b) melhorar a eficiência do aparelho arrecadador; c) eliminar os entraves à capitalização das empresas e instituir novos e eficientes estímulos aos investimentos; d) rever a legislação referente aos tributos federais, notadamente visando à simplificação e à racionalização, e, no caso do imposto de consumo, a correção de sua incidência a fim de eliminar as superposições relativas aos elementos componentes do produto,

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transformando-o, de fato, em imposto sobre consumo, e não, como atualmente, imposto sobre a produção; e e) rever a discriminação de rendas entre as três esferas do governo [...] (VARSANO, 2003, p. 6-7).

Os objetivos da reforma eram: o crescimento industrial acelerado e o equilíbrio orçamentário. A reforma tributária realizada na década de 1960 foi considerada por inúmeros especialistas a mais ousada da história brasileira. Entretanto, em momento algum as mudanças almejaram criar um sistema que respeitasse a justiça distributiva (PINTOS-PAYERAS, 2004).2

Isso fica mais evidente ao analisar os dados de Eris et al. (1983), represen-tados na Figura 1, que mostram uma carga tributária total regressiva na década de 1970. Os impostos indiretos incidiam mais pesadamente sobre as famílias de baixa renda, ao passo que a carga direta não evoluía o suficiente para corrigir essa distorção, fazendo com que a carga tributária total, em 1975, fosse maior sobre as classes mais pobres da população. As famílias que recebiam entre um e dois salários mínimos (SM) – 25,3% da população na época – tinham quase 32% da renda comprometida com o pagamento de tributos.

1 a 2

35

30

25

20

15

10

5

02 a 5 5 a 10 10 a 15 15 a 20

31,9

24,3 23,322,4 22,3 21,9 21,8 20,9

19,817,6

20 a 30 30 a 40 40 a 50 50 a 75 75 a 100Faixas de renda (em SM)

Carg

a tr

ibut

ária

(%)

Impostos indiretos IRPF Impostos totais Percentual da população

Figura 1 Carga tributária indireta, irPF e Carga total sobre as Classes de renda em 1975Fonte: ERIS et al. (1983)

A má característica do sistema tributário atingiu níveis tão intoleráveis, no que diz respeito à equidade, que as autoridades buscaram amenizar a regressivi-dade do sistema realizando ajustes na legislação do Imposto de Renda em 1974

2 Cabe fazer a ressalva de que não levou muito tempo para que as propriedades inovadoras do sistema criado começassem a desaparecer. No início da década de 1970 já era claro que os incentivos e as concessões cedidas pelo governo prejudicavam a arrecadação. Com o intuito de expandir a arrecadação, foi criado, pela Lei Complementar n. 7, de 7 de setembro de 1970, o PIS – contribuição para o Programa de Integração Social.

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(VARSANO, 1996). No entanto, como aponta Serra (1983), permaneceram algu-mas falhas dos impostos diretos: a) no ano-base de 1979, os 26 mil cidadãos mais ricos do país receberam 384 bilhões de cruzeiros em rendimentos não sujeitos ao Imposto de Renda Pessoa Física (IR), o que correspondia a 91% de seus rendimen-tos totais; b) o IPTU contribuía, em 1978, no Brasil, com apenas 1,5% da receita tributária total,3 enquanto nos países da OCDE os impostos sobre a propriedade e o patrimônio respondiam por 8,5% da receita tributária total; e c) o IR onerava proporcionalmente mais os contribuintes assalariados. Em 1975, os salários equiva-liam a cerca de 53% do total da renda urbana brasileira, entretanto eram responsá-veis por mais de 85% do total de rendimentos brutos tributáveis declarados.

No início dos anos 1980, o governo, ciente de que deveria melhorar a si-tuação fiscal, promoveu algumas mudanças nos tributos. O objetivo era apenas expandir a arrecadação sem promover alterações substanciais na estrutura tribu-tária. Nesse sentido, o governo aumentou a carga tributária da seguinte maneira: a) corrigiu as faixas do IR em 55% (percentual que estaria abaixo da inflação); b) elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 15% para 25% nas ope-rações de câmbio para importações; e c) criou o IOF de 15% para as importações da Zona Franca de Manaus (CARNEIRO; MODIANO, 1990).

A década de 1980 ficou marcada por uma corrida por novas fontes de re-ceita e pela consequente deterioração do sistema tributário nacional. Nessa dé-cada ocorreu a criação da Contribuição para o Fundo de Investimento Social (Finsocial),4 posteriormente substituída pela Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) (VARSANO, 2003). O PIS e, posteriormente, a Cofins marcaram o retorno da cumulatividade no sistema tributário nacional, pois como são impostos que incidem sobre o consumo, tendem a onerar proporcionalmente mais as famílias de baixa renda.

Com a instalação da Nova República em março de 1985, o governo esfor-çou-se para revitalizar o federalismo. O regime militar centralizou recursos com a redução drástica da competência dos estados e dos municípios na arrecadação dos impostos. Foram adotadas medidas que buscaram o fortalecimento financeiro daquelas esferas do governo por meio de transferências do governo federal.

A reforma imposta na Constituição de 1988 ensaiou medidas com objetivos redistributivos, como, por exemplo, o tratamento igual a contribuintes que se en-contrem em situação equivalente. Apesar de ser criado um ambiente favorável, a verdade é que o sistema tributário nacional permaneceu regressivo. Enquanto o IR não aumentou sua participação, a tributação indireta cresceu substancialmente.

3 Em 2008, segundo dados da Receita Federal (2009a), o IPTU correspondeu a 1,21% da receita tributária total e a 0,43% do PIB, o que dá sinais de que a situação atual não é diferente da apresentada na década de 1970.

4 Decreto-Lei n. 1.940, de 25 de maio de 1982.

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Ao longo dos anos, o IR apresentou redução do número de faixas e das alíquotas e aumento significativo do limite de isenção. Tais mudanças, especial-mente a última, contribuíram para reduzir o efeito que o IR tem sobre os índices de desigualdade a partir de 1989. Em 1985, quando o imposto incidia sobre um número maior de faixas e tinha maior progressividade, o IR contribuía para a redução de 5,2% do índice de Gini, ao passo que em 1998 o efeito redistributivo do referido imposto foi de 4,05% (ROCHA, 2002).

As mudanças ocorridas a partir da década de 1990 fizeram com que os tri-butos indiretos passassem a ser o grupamento dominante, sendo responsáveis por 56,2% da receita tributária total em 1994 (AFONSO et al., 1998). O governo passou a ter preferência por impostos indiretos, que não precisavam ser divididos com as outras Unidades da Federação. O uso dos impostos indiretos de forma exaustiva e sem prévio estudo ajudou a moldar a característica regressiva do sis-tema tributário (Figura 2).

Ao comparar a Figura 1 com a Figura 2, percebeu-se que quase nada mudou de 1975 até 1995-1996. Aparentemente, há uma redução da regressividade entre os dois períodos. No entanto, é importante ressaltar que a diferença no processo de estimação dos dois trabalhos impede que se faça qualquer afirmação.

Figura 2 Carga tributária direta, indireta e total sobre renda, segundo Classes de renda Para o total das áreas (em PorCentagem), ConForme dados da PoF de 1995-1996

Fonte: VIANNA et al. (2000)

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Na Figura 3 é possível acompanhar a parcela do PIS, da Cofins, da CPMF5 e do IR (pessoa física e retido na fonte) na arrecadação total desde 1990.

De 1990 até 2006, a participação da Cofins cresceu 111,32%, atingindo o pico de 12,43% da arrecadação total em 2004 e sendo responsável em 2008 por 11,32% da arrecadação total. A CPMF, desde sua criação em 1997, apresentou um crescimento de 47,62%. Em 2007, último ano em que esteve em vigor, a CPMF foi responsável por 4,03% da arrecadação tributária total. Desde 2004, o PIS, a Cofins e a CPMF vêm perdendo participação. A parcela do IR na arrecadação total vem caindo desde 1999.

Figura 3 evolução da PartiCiPação na arreCadação tributária total do

Pis, da CoFins, da CPmF e do imPosto de renda

Fonte: Receita Federal

Em 31 de outubro de 2003, por meio da Medida Provisória n. 135/2003,6 o governo promoveu mudanças na Cofins que entraram em vigor desde o dia 1o de fevereiro de 2004. A base continuou sendo semelhante à anterior. A alíquota foi aumentada de 3% para 7,6%. Gross, Pupo e Salerno (2004) destacaram as alte-rações feitas na Cofins, em especial a modificação da estrutura anterior para um tributo sobre valor adicionado. Com relação às alterações feitas no PIS7 e na Co-fins, Solano et al. (2003) acreditam que as novas regras desses tributos poderiam

5 Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos de Natureza Financeira. Criada em 23 de janeiro de 1997, inicialmente com alíquota de 0,20%, vigorou até 2007, alcançando a alíquota de 0,38%. O Imposto sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (IPMF), com fator gerador semelhante ao da CPMF, começou a ser cobrado no dia 26 de agosto de 1993, sendo sua cobrança suspensa por uma liminar em setembro do mesmo ano. Voltou no dia 1o de janeiro de 1994 até o dia 31 de dezembro de 1994.

6 Convertida na Lei n. 10 833/2003.7 Lei n. 10.637/2002, a qual determinou a cobrança não cumulativa do PIS e do Pasep e elevou a alíquota para 1,65%.

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provocar uma redução no custo de produção brasileiro. No entanto, trabalhos recentes têm confirmado que o aumento da alíquota do PIS/Pasep acarretou um aumento da carga tributária total. Conforme dados da Receita Federal (2007), em 2003 o PIS/Pasep respondia por 0,9% do PIB, e em 2004, logo após a mudança, alcançou 1%. A receita obtida com esses impostos aumentou de 15,24 milhões de reais para 19,42 milhões de reais, ou seja, um aumento de 27,43%. A Cofins au-mentou sua participação de 3,42% do PIB em 2003 para 4% em 2004. A receita do governo com a Cofins cresceu 33,36% entre 2003 e 2004. Em 2008, a arrecadação com o PIS/Pasep correspondeu a 1,06% do PIB, e a da Cofins, a 4,05% do PIB.

Houve uma posição excessivamente conservadora do governo, uma vez que estudos, como o de Varsano et al. (2001), indicavam que alíquotas menores seriam capazes de manter a mesma receita. Um ponto positivo dessa falha de previsão é que, depois de superada a expectativa de arrecadação, o governo viu que era fac-tível a adoção de medidas que buscassem reduzir a carga tributária das famílias de baixa renda. Merecedora de destaque é a Lei n. 10.925/2004,8 que isenta de PIS, Pasep e Cofins alguns produtos de primeira necessidade: feijão, arroz, farinha de mandioca, ovos e hortifrutigranjeiros. Essa lei também isenta de PIS e Cofins os livros técnicos e científicos nacionais e importados.

Recentemente, a grande discussão foi a prorrogação da CPMF, não aprova-da pelo Senado. Um pouco antes da votação, Cintra (2007) afirmou, com base no estudo de Paes e Bugarin (2006), que a CPMF não era regressiva. Acontece que o estudo de Paes e Bugarin (2006) tomou como base a despesa e não a renda, e por isso foi verificada certa proporcionalidade para esse tributo. Há uma discussão sobre se a progressividade de um imposto deve ser medida com base no consumo ou na renda, mas, quando são tratadas questões distributivas, geralmente a infor-mação usada é a renda. O imposto indireto onera proporcionalmente mais aqueles que consomem uma parcela maior da renda. A única forma de diminuir os efeitos dos impostos indiretos na regressividade do sistema tributário brasileiro é isentar os produtos que representam boa parte dos gastos das famílias pobres, e isso a CPMF não fazia. Atualmente, está sendo discutida a criação de um novo imposto com as características da CPMF. A proposta é que essa “nova” CPMF tenha alí-quota de 0,1%.

Feita esta breve explanação sobre a evolução dos principais impostos que afetam as famílias brasileiras, nas próximas seções serão apresentados os modelos, a base de dados e os principais resultados desta pesquisa. A seguir são estimadas as elasticidades, que são necessárias para aplicar o modelo proposto por Pintos-Payeras (2008).

8 Lei n. 10.925, de 2004, art. 1o; Lei n. 11.196, de 2005, art. 51; e Decreto n. 5.630, de 2005.

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3 Estimação do sistema quase ideal de demanda para uma cesta ampliada de produtos

empregando dados da POF de 2002-2003

Nesta seção, foi estimado um sistema de demanda que permitiu obter as elasticidades-preço, as elasticidades-cruzadas e as elasticidades-dispêndio da de-manda de cada produto. Uma forma bastante difundida na literatura para esti-mar tais elasticidades é o método desenvolvido por Deaton e Muelbauer (1980a), denominado Almost Ideal Demand System (AIDS), ou, em português, Sistema Quase Ideal de Demanda. Esse modelo ganhou certa popularidade nas análises aplicadas de demanda, e, segundo Deaton (1997), essa abordagem aproxima-se de um modelo de demanda-padrão no qual as parcelas de gasto com os bens são funções lineares dos logaritmos dos preços dos bens e do gasto total.

No entanto, sistemas empíricos de demanda, tais como o AIDS, são de-rivados sob a hipótese de que todos os bens são transacionados, de forma que as participações no orçamento são estritamente positivas. Embora essa hipótese torne o modelo sujeito a alguns problemas, este pode ser considerado um modelo satisfatório para verificar o comportamento médio do consumidor.

Na literatura internacional, há uma vasta gama de trabalhos que usaram o AIDS. No Brasil, Garcia (1998) estimou o modelo para Porto Alegre; Asano e Fiuza (2001) e Menezes et al. (2002) estimaram o modelo com dados da POF de 1987-1988 e 1995-1996; Pintos-Payeras e Cunha-Filho (2007) aplicaram o modelo linear para os alimentos contidos na POF de 2002-2003. A variante quadrática do modelo foi empregada, para alguns alimentos, por Coelho e Aguiar (2007). Salvo pequenas alterações, este estudo reproduziu o trabalho de Pintos-Payeras (2009).

3.1 Especificação do modelo AIDS

Seja X o gasto total com os produtos considerados no sistema de demanda, isto é, , sendo qi a quantidade demandada do i-ésimo bem e pi seu res-pectivo preço. A variável dependente wi é a parcela do gasto total alocada para o i-ésimo produto, ou seja, . O modelo inclui um intercepto αi para cada produto; pj é o preço do j-ésimo bem e γij é o coeficiente do seu logaritmo. Com base em uma função custo específica, o modelo AIDS gera uma equação para a participação no gasto total de n bens por meio do seguinte sistema:

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1ln ln .

n

i i ij j ij

Xw pP

α γ β=

= + +

∑ (1)

O índice de preço P é definido, no modelo AIDS não linear (NL-AIDS), por

(2)

Deaton e Muellbauer (1980a) sugerem uma aproximação linear do modelo NL-AIDS especificamente para a equação do índice de preço com a seguinte forma:

(3)

Esse procedimento gera o modelo AIDS com aproximação linear ou, em inglês, linear approximate AIDS model (LA-AIDS). Por ser mais simples, ele é, na prática, mais utilizado em pesquisas do que o NL-AIDS. Conforme Asche e Wessells (1997), ao usar dados cross-sectional, como é o caso das pesquisas de orçamentos familiares, é necessário fazer a normalização dos preços para manter os resultados do LA-AIDS equivalentes ao NL-AIDS.9

No modelo NL-AIDS há as seguintes restrições de aditividade sobre os parâmetros do modelo:

A hipótese de homogeneidade é satisfeita se e somente se, para todo i:

A hipótese de simetria é satisfeita se γij = γji.

Salienta-se que a grande vantagem do modelo NL-AIDS é que as restrições de homogeneidade e simetria são facilmente impostas e testadas. Neste estudo é estimado o NL-AIDS e, portanto, o índice de preços é dado pela expressão (2).

3.1.1 As elasticidades no modelo AIDS

Depois de estimar a equação (1), a elasticidade-preço marshalliana para o bem i em relação ao preço j no modelo NL-AIDS pode ser obtida pela seguinte equação10

9 Chen (1998) aponta que há discrepâncias entre as elasticidades calculadas por LA-AIDS e NL-AIDS. Hahn (1994) argumenta que o LA-AIDS viola as restrições de simetria.

10 Essas elasticidades foram usadas por SAS (2006a) e as derivações podem ser vistas em Alston, Foster e Green (1994) e Green e Alston (1990; 1991).

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(4)

considerando que δij = 1 se i = j, e δij = 0 se i ≠ j.

Por sua vez, a elasticidade-dispêndio é dada por

(5)

3.2 Material

No Brasil, a melhor base de dados para estimar um sistema de demanda que englobe vários produtos é a POF de 2002-2003, porém para parte dos produtos não é possível averiguar os preços somente com as informações contidas nela. Apenas os dados da caderneta de despesa coletiva permitem chegar ao preço. Nessa cader-neta estão produtos como alimentos no domicílio, artigos de higiene e de limpeza.

O IBGE não apurou na POF e tampouco disponibiliza os preços dos pro-dutos chamados de não alimentícios, os quais são levantados para o cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A única fonte de infor-mação disponível dos preços desses produtos é uma tabela de 199911 para as regi-ões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e município de Goiânia, que é a abrangência geográfica do IPCA.

A solução, então, foi corrigir os preços contidos nessa tabela para o período em que a POF foi realizada. Os resultados dessa correção foram confrontados com preços de tarifas públicas, como passagem de ônibus urbano na época em que a POF foi realizada, ficando os valores muito próximos, quando não iguais.

Ao considerar apenas as regiões do IPCA, o número de famílias caiu para 6.594.12 Na Tabela 1 estão as características de cada classe de renda familiar sele-cionada para todos os dados da POF (indicado pela sigla POF) e para as informa-ções das regiões do IPCA (indicado pela sigla IPCA).

As famílias foram separadas em 13 classes de renda. No Brasil, quase meta-de da população dispunha de menos de 240 reais e detinha apenas 11,99% da ren-da total, conforme dados da POF de 2002-2003. Nos três últimos estratos havia

11 Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Precos_Indices_de_Precos_ao_Consumidor/Precos_Medios/Nao_Alimenticios_09_1999.zip>.

12 Na POF de 2002-2003 foram investigadas 48.568 famílias.

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apenas 4,12% das pessoas, que ficaram com 30,48% da renda total.13 Nas regiões do IPCA a situação é bastante diferente. Nota-se que nessas regiões há uma con-centração menor de pessoas nas classes mais pobres do que no Brasil como um todo. Enquanto no estrato mais pobre no Brasil havia 23,91% das pessoas, nas regiões do IPCA havia 11%. Também se verificou que nas regiões do IPCA havia uma parcela maior da população no estrato mais rico.

tabela 1 Pessoas e renda Familiar per capita Para as 13 Classes

seleCionadas Para o brasil (PoF) e Para as regiões do iPCa

Classes de renda per capita (R$)(1)

Pessoas(POF)

Renda per capita

(POF)

% de pessoas

(POF)

% da renda na

classe (POF)

Pessoas(IPCA)

Renda per capita (IPCA)

% de pessoas (IPCA)

% da renda na

classe (IPCA)

De 0 até 120 42.052.385 72,47 23,91 3,46 5.748.412 79,97 11,00 1,21

Mais de 120 até 240 42.759.450 175,58 24,32 8,53 10.645.081 180,19 20,37 5,04

Mais de 240 até 360 26.867.179 294,10 15,28 8,98 8.773.792 297,48 16,79 6,86

Mais de 360 até 480 15.904.997 413,65 9,04 7,47 5.519.319 415,04 10,56 6,02

Mais de 480 até 600 10.832.959 535,39 6,16 6,59 4.467.150 531,94 8,55 6,24

Mais de 600 até 720 7.697.563 655,46 4,38 5,73 3.219.961 655,93 6,16 5,55

Mais de 720 até 960 9.170.504 829,48 5,22 8,64 3.656.132 831,59 7,00 7,99

Mais de 960 até 1.200 5.283.372 1.072,60 3,00 6,44 2.288.221 1.075,31 4,38 6,46

Mais de 1.200 até 1.440 3.634.468 1.297,29 2,07 5,36 1.819.169 1.296,09 3,48 6,19

Mais de 1.440 até 1.920 4.409.525 1.661,01 2,51 8,32 2.130.885 1.668,61 4,08 9,34

Mais de 1.920 até 2.640 3.227.559 2.239,55 1,84 8,21 1.784.655 2.248,02 3,42 10,54

Mais de 2.640 até 3.840 1.991.438 3.130,60 1,13 7,08 1.077.699 3.167,70 2,06 8,97

Mais de 3.840 2.014.565 6.639,79 1,15 15,19 1.128.706 6.612,56 2,16 19,60

BRASIL 175.845.964 500,63 100,00 100,00 52.259.183 728,50 100,00 100,00

Fonte: elaboração própria com base nos microdados da POF de 2002-2003Nota: (1) reais de 15 de janeiro de 2003.

Na Tabela 2 é apresentado o percentual de pessoas de cada classe de renda nas regiões selecionadas em relação ao Brasil. Das 175.845.964 pessoas da po-pulação representada pela POF de 2002-2003, restaram 52.259.183, o que equi-vale a 29,7% da população brasileira. A soma da renda das regiões do IPCA era 43,25% da renda total do país, que é uma parcela considerável. Isso também reve-lou a concentração da renda nas cidades e nas regiões metropolitanas em questão.

13 Para uma análise da concentração de renda no Brasil com base na PNAD, ver Hoffmann (2007b).

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Apesar de haver apenas 13,76% das famílias brasileiras com renda familiar per capita de até 120 reais, nas regiões havia 59,1% das famílias com rendimento per capita acima de 3.840 reais, ou seja, essas regiões concentram a maior parte das famílias com maior rendimento.

tabela 2 PerCentual da PoPulação, da renda e do número de Famílias das regiões

do iPCa em relação ao total do brasil, Por Classe de renda

Classe de renda per capita (R$)(1)

Participação das 11 regiões do IPCA no total do Brasil

Pessoas Renda Famílias

Até 120 13,67 15,08 13,76

Maior que 120 até 240 24,90 25,55 23,89

Maior que 240 até 360 32,66 33,03 29,83

Maior que 240 até 480 34,70 34,82 33,46

Maior que 480 até 600 41,24 40,97 39,81

Maior que 600 até 720 41,83 41,86 40,20

Maior que 720 até 960 39,87 39,97 39,49

Maior que 960 até 1.200 43,31 43,42 44,01

Maior que 1.200 até 1.440 50,05 50,01 48,09

Maior que 1.440 até 1.920 48,33 48,55 47,95

Maior que 1.920 até 2.640 55,29 55,50 56,36

Maior que 2.640 até 3.840 54,12 54,76 54,16

Maior que 3.840 56,03 55,80 59,10

Total 29,72 43,25 31,17

Fonte: elaboração própria com base nos microdados da POF de 2002-2003Nota: (1) reais de 15 de janeiro de 2003.

Mesmo nas regiões do IPCA não foi possível manter todas as despesas com os produtos constantes na POF de 2002-2003. Teve-se de abrir mão de informações referentes a produtos não alimentícios que não constam na relação do IPCA. A Ta-bela 3 apresenta o percentual da despesa dos produtos selecionados em relação à despesa total nas regiões do IPCA e da despesa total do Brasil. A soma da despesa com os produtos usados na estimação do modelo NL-AIDS equivalia a 26,45% da despesa total das famílias no Brasil e a 65,1% da despesa das pessoas residentes nas regiões do IPCA. A despesa com os produtos usados na estimação cresceu com a renda, quando analisada em proporção à despesa nacional. O motivo para tanto é o

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mesmo visto na Tabela 2, ou seja, havia uma grande concentração de pessoas ricas nas regiões do IPCA, e estas respondiam por boa parte do consumo nacional.

tabela 3 PartiCiPação da desPesa Com os Produtos seleCionados na desPesa total do brasil e das regiões do iPCa e PartiCiPação da desPesa total das regiões do

iPCa nas desPesas totais do País, Por Classe de renda

Classe de renda per capita (R$)(1)

Gasto com produtos selecionados sobre a despesa total no BR

Gasto com produtos selecionados sobre a despesa total das

regiões do IPCA

Despesa total das regiões do IPCA em

relação ao total do BR

Até 120 8,87% 82,29% 10,78%

Maior que 120 até 240 14,23% 78,69% 18,08%

Maior que 240 até 360 19,07% 76,58% 24,90%

Maior que 240 até 480 21,36% 73,04% 29,24%

Maior que 480 até 600 25,09% 69,51% 36,10%

Maior que 600 até 720 29,59% 70,16% 42,17%

Maior que 720 até 960 26,51% 69,08% 38,38%

Maior que 960 até 1.200 36,43% 66,41% 54,86%

Maior que 1.200 até 1.440 36,51% 66,46% 54,94%

Maior que 1.440 até 1.920 38,68% 63,08% 61,32%

Maior que 1.920 até 2.640 49,28% 58,91% 83,65%

Maior que 2.640 até 3.840 45,71% 57,53% 79,45%

Maior que 3.840 44,16% 48,61% 90,84%

Total 26,45% 65,13% 40,62%

Fonte: elaboração própria com base nos microdados da POF de 2002-2003Nota: (1) reais de 15 de janeiro de 2003.

Quando tomada a despesa das famílias das regiões do IPCA como base, nota-se que foram perdidas mais observações referentes ao consumo das famílias ricas do que das famílias pobres. Isso se deve ao fato de ser considerada grande parte da despesa com alimentação. Das despesas com alimentos foram excluídas apenas as informações referentes aos agregados14 de alimentos da POF de 2002-

14 Na POF quando a família (unidade de consumo) não é capaz de resgatar os valores individuais da aquisição realizada é utilizado para esse registro um item chamado de agregado. Se a família comprou vários tipos de carnes e não se lembra das informações de cada item, mas sabe quanto pagou pelo total, o valor é registrado no agregado carne. O mesmo procedimento é feito para outros produtos, tais como produtos de limpeza e verduras. Há também um agregado geral para alimentos.

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2003, pois não é possível, nesses casos, identificar o produto nem a quantidade consumida.

A forma com que foram organizados os dados para estimação do mode-lo NL-AIDS está apresentada na Tabela 4. A primeira faixa, por exemplo, cor-responde aos 10% mais pobres da população, e o valor que aparece na coluna corresponde ao limite superior dessa população na região metropolitana (RM), ou cidade, que está na linha. Dessa forma, no caso da RM de Belém, a primeira classe engloba as pessoas com renda per capita de zero até 81,6 reais; na segunda classe estão as pessoas com renda acima de 81,6 até 113,9 reais; na última classe dessa região estão os 5% mais ricos da população, que têm renda acima de 1.190 reais. Assim, há 12 faixas de renda para cada uma das 11 regiões do IPCA.

tabela 4 limites entre as Classes de renda Familiar per capita Para as regiões usadas na

estimação do modelo nl-aids, em reais de 15 de janeiro de 2003

Área do IPCA P_10 P_20 P_30 P_40 P_50 P_60 P_70 P_80 P_85 P_90 P_95

Belém 81,6 113,9 147,0 185,2 223,4 269,5 357,2 529,6 655,3 827,7 1.190,0

Fortaleza 64,2 94,3 124,5 156,9 193,8 249,3 348,4 487,9 649,4 998,3 1.720,3

Recife 86,1 117,1 146,9 182,6 244,4 325,6 423,9 552,5 705,6 886,7 1.429,4

Salvador 86,3 131,6 192,9 231,4 290,5 371,3 515,2 741,4 884,3 1.311,3 1.774,6

Belo Horizonte 131,9 187,2 241,7 293,7 372,2 469,1 606,4 843,1 1.092,3 1.491,5 2.354,1

Rio de Janeiro 103,8 167,5 222,9 282,6 354,7 479,9 637,6 1.017,6 1.300,1 1.778,5 3.162,2

São Paulo 157,0 227,8 298,8 384,7 484,9 606,9 798,1 1.107,2 1.342,8 1.787,8 2.433,5

Curitiba 161,6 226,8 294,3 367,4 470,2 569,0 765,7 1.060,9 1.303,1 1.793,1 2.626,0

Porto Alegre 128,7 201,3 272,1 350,3 430,7 533,9 672,2 952,8 1.224,2 1.760,8 2.761,3

Goiânia 121,9 166,6 222,8 273,9 350,8 503,5 629,0 900,2 1.176,5 1.536,1 2.093,3

Brasília 489,1 921,8 1.246,3 1.723,9 2.008,1 2.496,5 3.234,8 4.339,5 5.102,8 6.027,7 9.912,9

Fonte: elaboração própria com base nos microdados da POF de 2002-2003

A justificativa desse formato diferenciado para cada região está na tentativa de garantir a existência de informações em cada estrato de renda. O problema de usar estratos fixos pode ser revelado por uma análise mais detalhada da Tabela 4. As cidades do Norte e do Nordeste têm uma característica bem diferente das cidades de outras regiões. Enquanto os 10% mais pobres da população da RM de Fortaleza apresentaram uma renda familiar per capita de até 64,2 reais, os 10% mais pobres da área urbana da cidade de Brasília possuíam renda familiar per capita de até 489,1 reais, lembrando que esse valor foi obtido apenas com dados da cidade de Brasília.

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Esses estratos foram usados para determinar a despesa familiar per capita média com cada grupo de produtos. Com o uso das médias, espera-se diminuir o problema de erro de medida das variáveis (HOFFMANN, 2007a). Ao usar as mé-dias das variáveis, também é amenizado o problema de valores nulos “falsos”, uma vez que certos produtos não aparecem nas despesas de algumas famílias devido à periodicidade da pesquisa. Na Tabela 5 é apresentada a despesa per capita média por estrato, levando em consideração os produtos contidos no cálculo do IPCA.

tabela 5 desPesa per capita média Com os Produtos seleCionados Para as 11 regiões do

iPCa, Por Faixa de renda, em reais de 15 de janeiro de 2003

Faix

a

Belé

m

Fort

alez

a

Reci

fe

Salv

ador

Belo

Ho

rizo

nte

Rio

de

Jane

iro

São

Paul

o

Curi

tiba

Port

o

Aleg

re

Goiâ

nia

Bras

ília

1 83,4 76,3 84,4 86,5 124,9 145,0 141,1 161,4 139,2 134,5 481,6

2 124,2 101,2 139,6 129,2 169,7 176,5 185,1 191,9 168,3 174,0 736,7

3 185,7 125,7 126,7 158,7 185,1 207,0 254,3 234,2 234,9 217,7 716,9

4 161,5 149,9 170,4 190,7 219,6 258,5 282,5 258,2 271,0 214,5 987,9

5 165,5 162,5 197,2 222,0 252,8 290,5 325,7 373,6 336,3 305,0 1.352,1

6 219,9 188,4 258,4 251,5 313,8 337,7 408,5 401,8 349,9 362,4 1.452,7

7 281,8 256,3 318,5 322,6 367,8 423,0 494,6 454,0 438,5 468,0 1.456,7

8 346,6 327,9 349,0 481,2 445,8 608,3 586,2 650,7 569,5 572,1 1.799,3

9 385,7 422,6 479,4 528,2 630,0 825,8 798,2 752,7 715,6 760,3 2.462,8

10 584,7 582,5 484,3 676,3 789,0 977,9 980,4 870,7 807,9 820,7 1.991,8

11 661,4 759,5 731,0 979,6 1.005,0 1.420,6 1.225,9 1.148,2 1.170,1 1.116,5 2.913,7

12 967,9 1.339,0 1.294,2 1.491,0 1.638,6 2.257,1 1.889,4 1.660,0 1.787,5 1.228,8 5.027,3

Fonte: elaboração própria com base nos microdados da POF de 2002-2003

Ao comparar a Tabela 4 com a Tabela 5, foi possível perceber que a despesa per capita média das três primeiras classes da RM de Belém ultrapassou o limite de renda superior desses estratos. O mesmo ocorreu com a RM de Fortaleza. As RMs de Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre e a cidade de Goiânia também apresentaram faixas com despesa média maior que os limites superiores. Todas as regiões apresentaram casos de despesa per capita média maior que a renda per capita média, principalmente para as classes mais pobres da população. A RM de Fortaleza foi a que apresentou o maior número de faixas com pessoas que tinham despesa maior que a renda.

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Política Fiscal e a Crise Econômica Internacional – José Adrian Pintos-Payeras e Sérgio Carlos de Carvalho

Finanças Públicas – XIV Prêmio Tesouro Nacional – 200922

As informações foram separadas por mês, havendo, dessa forma, 144 obser-vações de cada produto por RM ou cidade, totalizando 1.584 observações de um dado produto para o Brasil. Como as informações foram divididas em 27 grupos, houve um total de 42.768 observações. Os grupos de produtos selecionados e sua composição estão na Tabela 6. Estas foram as variáveis que compuseram o mode-lo estimado. É bom lembrar que os preços, bem como a despesa com alimentos, higiene pessoal e produtos de limpeza, foram obtidos por meio das informações da POF de 2002-2003. Os demais produtos seguiram as especificações do IPCA.

tabela 6 Produtos seleCionados Com base nos Critérios do iPCa Para

a estimação da matriz de elastiCidades marshallianas

Código Descrição Código Descrição

Açúc Composto por açúcar refinado e açúcar cristal MovlMobiliário e artigos do lar: móveis de sala, cozinha, quarto, roupa de cama, etc.

Arro Todos os tipos de arroz RefriRefrescos: refrigerante, água de coco, guaraná em pó, caldo de cana, etc.

Car1 Carne de boi de primeira Etíli Bebidas alcoólicas

Car2 Carne de boi de segunda RecrJogos lotéricos, cinema, teatro, show, brinquedos, produtos para animais, etc.

Peixe Engloba todos os peixes e frutos do mar Com Telefone fixo, tel. celular e tel. público (impulsos)

Prali

Ovo de galinha, macarrão, farinha de trigo, farinha de mandioca, enlatados, maionese, sal refinado, óleo de soja, alimentos preparados, outros açúcares, etc.

Habi Aluguel, condomínio, água e esgoto, entre outros

FranTodos os produtos e subprodutos da carne de frango

EletFogão, refrigerador, condicionador de ar, máquina de lavar roupas, lâmpada, etc.

Hort Legumes, verduras, frutas, tubérculos e raízes VestVestuário: calça comprida, agasalho, bermuda, camiseta, saia, fralda, calçados, etc.

Mati Matinais: todos os laticínios, café, pães e biscoitos TpúbTransporte público: ônibus urbano, intermunicipal e interestadual, táxi, metrô, avião, etc.

OcarOutras carnes: carne de suíno, ovos e carnes de outras aves e carnes exóticas

TpriTransporte privado: automóvel novo, combustível, óleo, pneu, conserto, etc.

OcerOutros cereais: feijão, aveia, cevada, milho, trigo em grão, amendoim, etc.

SaúdSaúde: plano de saúde, remédios, consulta médica e odontológica, exames laboratoriais, óculos, etc.

HigieHigiene: sabonete, produtos para cabelo, pasta de dente, desodorante, etc.

ServServiços pessoais: costureira, manicure, cabeleireiro, cartório, entre outros

LimpProdutos de limpeza: água sanitária, álcool, detergente, sabão, entre outros

EducEducação: cursos regulares, livros, jornal, revista, caderno e artigos de papelaria

Ciga Cigarro

Fonte: elaboração própria

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A estrutura de ponderação do IPCA segue as informações da POF de 2002-2003. Assim, buscou-se ponderar os preços dos grupos da mesma forma que fez o IPCA. As ponderações para cada subitem foram “dadas pela razão entre a estimativa de total de despesas anuais de consumo apropriada para o subitem e a estimativa de total de despesas anuais de consumo realizadas pelas famílias da população-objetivo de cada índice, em cada região” (IBGE, 2005, p. 31). A variável ponderadora das regiões para o cálculo do IPCA e do INPC foi a população residente urbana.

3.3 Estimação do NL-AIDS

Dado que as parcelas de dispêndio wi devem somar 1, uma das equações tem de ser excluída para que não ocorram problemas de singularidade. Pode-se eliminar qualquer uma das equações que não haverá efeitos sobre os resultados. Salienta-se que os parâmetros associados à equação da parcela de dispêndio excluída poderiam ser recuperados por meio das restrições relativas aos valores dos parâmetros.

De acordo com Buse (1994), entre 1980 e 1991 foram publicados 89 traba-lhos empíricos que estimaram o AIDS, os quais utilizaram as mais diversas for-mas para estimar o modelo. Hoje em dia esse número, certamente, é muito maior. Blanciforti e Green (1983) utilizaram procedimentos de máxima verossimilhança para estimar um modelo AIDS para gastos com alimentação nos Estados Unidos. Song et al. (1997) estimam uma série de modelos, entre os quais o AIDS, para comparar a demanda por alimentos nos Estados Unidos e na Holanda, também por máxima verossimilhança.

Alston, Foster e Green (1994) procuraram verificar a precisão das estima-tivas das elasticidades obtidas com base em modelos de demanda tipo AIDS por meio de simulações de Monte Carlo. Pashardes (1993) estimou a equação por regressões aparentemente não relacionadas (Seemingly Unrelated Regressions – SUR) porque, segundo o autor, os gastos agregados podem ser considerados exó-genos. Chalfant (1987), Hayes, Wahl e Williams (1990) e Li, Song e Witt (2006) usaram o SUR iterativo (ITSUR).

Neste trabalho, o processo de estimação seguiu o procedimento proposto em SAS (2006b). Embora se trate de um sistema de equações, não há os proble-mas de inconsistência associados à presença de variáveis endógenas no segundo membro das equações. Logo, a estimação dos parâmetros pode ser feita por SUR.

Convém ressaltar que o método SUR é também conhecido como joint gene-ralized least squares ou Zellner regression – este último porque foi desenvolvido por Zellner (1962).

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Finanças Públicas – XIV Prêmio Tesouro Nacional – 200924

Considerando que há correlação contemporânea15 entre os erros aleatórios, o SUR requer uma estimativa da matriz de covariância entre as equações, , a qual é estimada com base nos resíduos da estimação por OLS. Da matriz esti-mada, podem-se estimar os parâmetros pelo método SUR.

Como o SUR requer a estimação de uma matriz , há um aumento na varia-bilidade do estimador para amostras pequenas. A eficiência de utilizar o método SUR é obtida para grandes amostras, portanto é necessário um razoável número de observações para obter essa eficiência (BUSE, 1994).

A estimação de pode ser obtida por meio de iterações matemáticas. Esta foi a opção metodológica adotada neste trabalho, conhecida como ITSUR, e foi usada para estimar o NL-AIDS.16

3.4 Resultados

Nesta subseção é apresentada uma discussão sobre os resultados obtidos para o sistema de 27 equações. A equação excluída na estimação do sistema foi a refe-rente ao cigarro, e seus parâmetros são obtidos com base nas restrições do modelo.

Ocorreu convergência após 32 iterações para o resultado do método ITSUR. O teste Breusch-Pagan comprovou a existência de correlação contemporânea,17 justificando o uso do processo iterativo do SUR. Nesse caso, é mais eficiente es-timar todas as equações conjuntamente por ITSUR do que equação por equação por OLS.18

Os parâmetros obtidos por meio da equação (1) e aplicados à equação (4) originaram a Tabela 7, que é a matriz de elasticidades marshallianas, ou não com-pensada, da demanda para os produtos selecionados. Na diagonal principal está a elasticidade-preço da demanda para cada produto, e fora dela estão as elastici-dades-cruzadas da demanda. Todas as elasticidades-preço apresentaram nível de significância inferior a 1%. É importante ficar claro que essas elasticidades foram obtidas para os dados médios dos gastos com os produtos, ou seja, que esses va-lores são válidos apenas para o ponto médio da curva de demanda.

Dos grupos de produtos alimentícios, três apresentaram-se elásticos em relação ao preço: peixe, refrescos e bebidas alcoólicas. O grupo relacionado a

15 Caso não exista correlação contemporânea, é indiferente aplicar OLS (mínimos quadrados ordinários) em cada equação separadamente ou estimar todas as equações conjuntamente por SUR.

16 O programa utilizado para estimação do sistema de demanda foi o SAS 9.1.3.17 O teste pode ser encontrado em Greene (2000); para uma versão mais detalhada, ver Breusch e Pagan (1980). 18 Na presença de correlação contemporânea é possível obter melhor estimador linear não viesado (BLUE) quando

estimado o modelo por ITSUR do que quando usado OLS.

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Finanças Públicas – XIV Prêmio Tesouro Nacional – 2009 25

produtos matinais apresentou elasticidade-preço unitária. Os demais produtos alimentícios são inelásticos em relação aos seus preços, o que é esperado para produtos básicos. Coelho e Aguiar (2007) encontraram elasticidades com valor absoluto maior do que 1 para boa parte dos produtos alimentícios, o que não é esperado, como reconhecem os próprios autores.

Dos produtos não alimentícios, os que apresentaram elasticidade-preço com valor absoluto maior que 1 foram comunicação, transporte privado e cigarro. Não muito diferentes desses resultados estão os de Asano e Fiuza (2001). Estes autores encontraram elasticidades-preço maiores que 1 na POF de 1987-1988 apenas para transporte e serviços pessoais, e na POF de 1995-1996 apenas itens de vestuário tiveram elasticidade-preço maior que 1, em valor absoluto, e saúde apresentou elasticidade unitária. Ressalta-se que os estudos seguiram agregações distintas, e o impacto da variação dos preços sobre as decisões dos agentes econômicos hoje é bem diferente, graças à estabilidade de preços. É importante lembrar o processo inflacionário que o país vivia na época da POF de 1987-1988. Na POF de 1995-1996, a memória inflacionária ainda era muito recente, o que pode ter influencia-do o comportamento do consumidor. Usando a POF de 2002-2003, Menezes et al. (2006) encontraram elasticidades-preço maiores que a unidade para transporte, higiene e saúde e para o grupo lazer, cultura e tabaco. É importante ressaltar que o nível de agregação e a forma de estimação foram diferentes dos adotados por Menezes et al. (2006).

Fora da diagonal principal, valores positivos indicam que os produtos são substitutos e valores negativos indicam que os produtos são complementares. Dessa forma, seguindo os resultados da Tabela 7, carne bovina de primeira e outras carnes são substitutos, pois um aumento de 1% no preço da carne bovina de primeira causa um aumento de 0,132% na demanda de outras carnes. Fran-go e produtos alimentícios são complementos.19 Para as demais relações, ver a Tabela 7.

19 O nível de significância de cada elasticidade está indicado na Tabela 7.

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Finanças Públicas – XIV Prêmio Tesouro Nacional – 200926

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Finanças Públicas – XIV Prêmio Tesouro Nacional – 2009 27

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Política Fiscal e a Crise Econômica Internacional – José Adrian Pintos-Payeras e Sérgio Carlos de Carvalho

Finanças Públicas – XIV Prêmio Tesouro Nacional – 200928

Na Tabela 8 está a elasticidade-dispêndio20 para cada produto ou grupo de produtos. O processo de cálculo da elasticidade-dispêndio é muito semelhante ao processo de cálculo da elasticidade-renda, com a diferença de que usa o gasto total com a cesta de produtos selecionados em vez da renda.

tabela 8 elastiCidade-disPêndio e elastiCidade-renda dos Produtos seleCionados Para

os dados da PoF de 2002-2003, estimadas Por meio do modelo nl-aids

Produto Elasticidade-dispêndio Elasticidade-renda

Açúc 0,425 0,286

Arro 0,463 0,311

Car1 1,080 0,725

Car2 0,614 0,413

Peixe 0,776 0,521

Prali 0,799 0,536

Fran 0,568 0,381

Hort 0,999 0,671

Mati 0,721 0,484

Ocar 0,696 0,467

Ocer 0,523 0,351

Higie 1,171 0,786

Limp 0,999 0,671

Movl 1,067 0,717

Refri 1,044 0,701

Etíli 1,382 0,928

Recr 1,349 0,906

Com 1,223 0,821

Habi 0,942 0,633

Elet 0,932 0,626

Vest 0,919 0,617

Tpúb 0,690 0,463

20 Todas as elasticidades-dispêndio da Tabela 8 apresentaram nível de significância de 1%.

(continua)

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Política Fiscal e a Crise Econômica Internacional – José Adrian Pintos-Payeras e Sérgio Carlos de Carvalho

Finanças Públicas – XIV Prêmio Tesouro Nacional – 2009 29

Produto Elasticidade-dispêndio Elasticidade-renda

Tpri 1,643 1,104

Saúd 1,536 1,031

Serv 1,404 0,943

Educ 1,288 0,865

Ciga 0,630 0,423

Fonte: elaboração própria com base nos microdados da POF de 2002-2003

O transporte público apresentou elasticidade-dispêndio de 0,69, resultado esperado por ser um produto necessário. A maioria dos produtos não alimentícios tem elasticidade-dispêndio maior do que 1. A maior elasticidade-dispêndio é com transporte privado, 1,643.

Hoffmann (2007b) estimou a elasticidade-renda para a despesa com alimen-tos usando a POF de 2002-2003. De forma geral, as elasticidades-dispêndio deste estudo ficaram um pouco acima das elasticidades-renda encontradas por Hoff-mann (2007b). Por exemplo, a elasticidade-renda por arroz é nula, carne bovina de primeira é 0,588 e carne de frango é 0,211 (HOFFMANN, 2007b), enquanto a elasticidade-dispêndio do arroz é 0,463, da carne bovina de primeira é 1,080 e da carne de frango é 0,568. Para melhorar a comparação entre os dois traba-lhos e ter um valor mais próximo da elasticidade-renda com base na elasticidade-dispêndio,21 estimou-se um modelo no qual a variável dependente é o logaritmo natural do dispêndio com a cesta considerada, e a variável explicativa é o loga-ritmo natural da renda familiar. O parâmetro estimado foi 0,6715, com um erro-padrão de 0,0075 e coeficiente de determinação de 0,85. Multiplicando-se o valor da elasticidade-dispêndio pelo parâmetro obtido, chegou-se a uma aproximação da elasticidade-renda. Em alguns casos os valores ficaram muito próximos aos de Hoffmann (2007b). Para a carne bovina de primeira o resultado é 0,725 (produto de 1,08 por 0,6715), e para a carne de frango é 0,38.

Na Tabela 8 constam os valores para todos os produtos, sendo todos os produtos considerados normais, uma vez que têm elasticidade-renda maior que zero. Os alimentos são considerados necessários, dado que seu consumo cresce proporcionalmente menos que a renda (VARIAN, 1997).

No grupo de produtos não alimentícios, a menor elasticidade-renda é a do cigarro, 0,423. Como o consumo desse produto causa dependência, era esperado que variações na renda e no preço não causassem mudança substancial na demanda.

21 Há trabalhos que interpretam a elasticidade-dispêndio como a elasticidade-renda. Essa interpretação só é válida admitindo-se a hipótese da renda permanente, esta que não é verificada no Brasil (GOMES, 2004).

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Política Fiscal e a Crise Econômica Internacional – José Adrian Pintos-Payeras e Sérgio Carlos de Carvalho

Finanças Públicas – XIV Prêmio Tesouro Nacional – 200930

Blanciforti e Green (1983) e Farrelly, Pechacek e Chaloupka (2003) encontraram, para dados dos EUA, baixa elasticidade-preço e elasticidade-renda para o cigarro. Na literatura nacional, Menezes, Silveira e Azzoni (2007) encontraram para o grupo tabaco elasticidade-preço de –2,84 e elasticidade-dispêndio de 0,301 por meio de um pseudopainel para dados das POFs de 1987-1988 e 1995-1996. Menezes, Sil-veira e Azzoni (2007) não evidenciaram como foi composta a categoria Fumo em seu trabalho, pois na POF essa categoria é composta por cigarro, isqueiro, fósforo, palha para cigarro, entre outros. Se os autores citados utilizaram a classificação da POF, os resultados que obtiveram devem diferir dos resultados obtidos neste traba-lho, pois aqui foi utilizado apenas cigarro.

Buscando captar as diferenças no comportamento dos consumidores de di-ferentes classes de renda, foram separados três estratos para estimar a matriz de elasticidades marshallianas, bem como a elasticidade-dispêndio: o estrato (I) é formado pelos 50% mais pobres da população; o estrato (II), pelos 35% se-guintes; e o estrato (III), pelos 15% mais ricos da população. Por simplicidade, considerou-se que os parâmetros que deram origem às elasticidades foram os mesmos para os três estratos de renda. Na Tabela 9 estão os resultados para esses três grandes estratos. As elasticidades foram obtidas para os valores médios das variáveis do modelo em cada grande estrato.

Alguns produtos apresentaram elasticidades bem diferentes entre os estra-tos. O caso extremo foi o do açúcar. A elasticidade-preço indicada na Tabela 9 sugere que o açúcar é um bem comum para os dois primeiros estratos, 85% da população, e é positiva22 para o estrato III, os 15% mais ricos da população.

Os grupos Matinais e Habitação, por exemplo, apresentaram a mesma elas-ticidade-preço para as três faixas de renda. Foram relativamente poucos os casos em que a elasticidade-cruzada indicou que os produtos são substitutos para um es-trato e complementares para o outro, e quando isso ocorreu a elasticidade-cruzada estava muito próxima de zero.

22 Embora a elasticidade-dispêndio do açúcar tenha nível de significância de 1% para o estrato III, a elasticidade-preço do açúcar nesse estrato não é estatisticamente diferente de zero. Se o valor da elasticidade-preço fosse maior que zero e com elasticidade-dispêndio negativa, o açúcar poderia ser considerado um bem de Giffen para o estrato III.

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Política Fiscal e a Crise Econômica Internacional – José Adrian Pintos-Payeras e Sérgio Carlos de Carvalho

Finanças Públicas – XIV Prêmio Tesouro Nacional – 2009 31

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Page 32: Tema III - tesouro.fazenda.gov.br · Sumário 1 Introdução, 7 2 Carga trIbutárIa sobre as famílIas no brasIl: um breve hIstórICo, 8 3 estImação do sIstema quase Ideal de demanda

Política Fiscal e a Crise Econômica Internacional – José Adrian Pintos-Payeras e Sérgio Carlos de Carvalho

Finanças Públicas – XIV Prêmio Tesouro Nacional – 200932

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Política Fiscal e a Crise Econômica Internacional – José Adrian Pintos-Payeras e Sérgio Carlos de Carvalho

Finanças Públicas – XIV Prêmio Tesouro Nacional – 2009 33

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Page 34: Tema III - tesouro.fazenda.gov.br · Sumário 1 Introdução, 7 2 Carga trIbutárIa sobre as famílIas no brasIl: um breve hIstórICo, 8 3 estImação do sIstema quase Ideal de demanda

Política Fiscal e a Crise Econômica Internacional – José Adrian Pintos-Payeras e Sérgio Carlos de Carvalho

Finanças Públicas – XIV Prêmio Tesouro Nacional – 200934

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2-20

03

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Conforme a Tabela 10, alguns produtos são normais em um estrato e infe-riores em outro. Isso ocorreu com alguns produtos alimentícios: açúcar, arroz e outros cereais.

tabela 10 elastiCidades-disPêndio Para os três grandes estratos seleCionados

Produto Estrato I Estrato II Estrato III

Açúc 0,636 0,326 -0,623

Arro 0,664 0,343 -0,445

Car1 1,086 1,069 1,091

Car2 0,740 0,576 0,089

Peixe 0,814 0,753 0,731

Prali 0,838 0,787 0,723

Fran 0,685 0,548 0,172

Hort 0,999 0,999 0,999

Mati 0,781 0,707 0,585

Ocar 0,755 0,703 0,509

Ocer 0,680 0,447 -0,015

Higie 1,178 1,159 1,177

Limp 0,999 0,999 0,998

Movl 1,061 1,069 1,075

Refri 1,042 1,041 1,050

Etíli 1,513 1,355 1,301

Recr 1,503 1,364 1,233

Com 1,294 1,204 1,182

Habi 0,945 0,941 0,938

Elet 0,943 0,930 0,911

Vest 0,919 0,921 0,916

Tpúb 0,748 0,716 0,434

Tpri 2,775 1,609 1,349

Saúd 1,928 1,530 1,336

Serv 1,680 1,368 1,276

Educ 1,569 1,286 1,169

Ciga 0,740 0,581 0,319

Fonte: elaboração própria com base nos microdados da POF de 2002-2003

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A maior elasticidade-dispêndio é verificada no estrato I para o grupo de pro-dutos relacionados ao transporte privado, seguida da elasticidade-dispêndio com saúde para a mesma faixa. O estrato II apresentou maior elasticidade-dispêndio para o transporte privado, assim como o estrato III.

Os valores das elasticidades desta seção compõem o modelo apresentado na próxima seção.

4 Carga tributária sobre a população brasileira: uma análise do impacto das políticas

tributárias adotadas para combater a crise econômica internacional na distribuição

e na arrecadação

Nesta seção foi usado o modelo proposto por Pintos-Payeras (2008), que tem como objetivo captar os impactos das mudanças dos impostos diretos e indi-retos, tanto na arrecadação como na distribuição dos tributos entre as diferentes classes de renda. Para poder fazer a análise com base no modelo sugerido, foram necessárias as seguintes informações: a estimação da matriz de elasticidades mar-shallianas, a carga tributária por faixa de renda, o padrão de consumo da popula-ção e as novas alíquotas dos impostos. As simulações foram feitas com base nos microdados da POF de 2002-2003.

Ressalte-se que as alterações da carga tributária consideradas neste estudo foram aquelas que influenciaram diretamente o padrão de consumo das famílias.

4.1 Método e dados utilizados para análise dos impactos da mudança na política tributária

A análise para os impostos diretos é relativamente simples, pois podem ser usadas apenas as informações da POF. Obviamente, há a dificuldade decorrente da necessidade de manipular os microdados. Para comparar a situação dos impos-tos diretos verificada até 2008 com a estrutura que entrou em vigor em janeiro de 2009, foram consideradas as faixas do IR vigentes no ano de 2008 e 2009 a

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preços de janeiro de 2003, mês de referência da POF de 2002-2003. Dessa forma, no caso específico do IR, não foi considerado o valor do imposto de renda decla-rado pelas famílias na POF de 2002-2003, e sim a possível contribuição de cada contribuinte. As implicações de adotar esse procedimento são discutidas ainda nesta seção.

Para obter a arrecadação anterior e atual com impostos diretos basta encon-trar a carga direta em unidades monetárias levando em consideração as regras dos impostos diretos vigentes em cada período avaliado. Essa informação é obtida para cada estrato de renda selecionado, o que permite saber qual é a distribuição da carga tributária. O total obtido após ponderar os valores é a arrecadação.

O procedimento para a estimação do impacto da alteração da carga tributária indireta sobre a arrecadação é mais complexo. Para alcançar o objetivo proposto, admitiu-se uma curva de oferta perfeitamente elástica. Em outras palavras, isso quer dizer que os tributos serão totalmente repassados para o consumidor final. Tal pressuposto permite fazer a análise desejada e pode ser considerado razoável para a maioria dos produtos, desde que se considere um prazo suficientemente longo para os ajustes na produção. Para ter uma idéia do procedimento, suponha que sobre o preço final de um produto qualquer há uma carga tributária de 10%. Caso o governo corte em 50% os impostos indiretos incidentes sobre esse produ-to, seu preço cairá em 5%.

Com base na variação percentual do preço e na matriz de elasticidades mar-shallianas, tem-se uma estimativa de quanto será a parcela do dispêndio destinada a cada produto da matriz depois de efetuada a mudança.

Seja A a matriz de elasticidades marshallianas encontrada na segunda seção e b o vetor-coluna com as variações percentuais dos preços dos produtos, então:

(6)

em que ε1 é a elasticidade-preço do produto 1 e ε1n é a elasticidade cruzada do produto 1 com o produto n. O resultado da multiplicação A × b é um vetor-coluna c, no qual estão as variações percentuais das quantidades demandadas após a alteração da carga tributária indireta incidente sobre cada produto. Note-se que, mesmo que não sejam alterados os impostos de um determinado produto, pode ser que ocorra variação percentual em seu consumo devido ao efeito substituição.

Neste estudo foi feita uma pequena alteração no modelo de Pintos-Payeras (2008). Ao vetor-coluna c foi somada a variação percentual da quantidade deman-dada oriunda da variação percentual da renda, esta última provocada pela altera-ção dos impostos diretos. O aumento da renda disponível, causado pela variação

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da carga direta, afeta a demanda dos grupos de produtos selecionados. Para tanto, foi usada a elasticidade-renda da demanda estimada anteriormente.

A variação percentual da demanda de cada produto decorrente da variação percentual da renda, d, pode ser obtida multiplicando-se um vetor-coluna conten-do as elasticidades-renda, e, com um escalar com a variação percentual da renda, r,

(7)

em que e1 é a elasticidade-renda do produto 1 e Δ%r é a variação percentual da renda.

Somando-se o vetor-coluna c com o d, chega-se à variação final da quanti-dade demandada decorrente da variação na carga tributária direta e indireta

c + d = g (8)

Para ter uma ideia de como ocorre o processo, considere que a matriz de elasticidades marshallianas, A, é formada por apenas dois grupos de produtos: Mati e Car2. Suponha que o governo está pensando em reduzir em 3,133% a carga tributária incidente sobre o grupo Mati e deixar inalterada a carga incidente sobre Car2. A variação da carga tributária sugerida provoca uma queda de 0,4145% no preço do grupo Mati (resultado da multiplicação da carga tributária sobre Mati com a variação da carga no grupo: 0,1323x0,03133x100), e, obviamente, não haverá mudança no preço da carne de segunda. Esses valores compõem o vetor-coluna b. Assim, tem-se

Essa é a variação da demanda decorrente da mudança na carga tributária indireta. Note que mesmo que não tenha ocorrido alteração na carga tributária da carne de segunda houve variação no seu consumo – isso ocorre porque carne de segunda e os produtos do grupo Matinais são substitutos. Neste estudo, só foram levadas em consideração as elasticidades-cruzadas estatisticamente significati-vas, esta foi outra pequena alteração ao procedimento usado por Pintos-Payeras (2008). A variação da demanda em função da alteração dos impostos diretos pode ser observada pela simulação que segue

Neste exemplo, a variação percentual da quantidade demandada da carne de segunda e do grupo Matinais, decorrente da variação da carga tributária direta, é

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Admitindo-se que os dados constantes em g representam o padrão médio da população brasileira, são aplicadas as variações constantes nesse vetor sobre os dados da POF de 2002-2003, e sobre esse novo padrão de despesa é aplicada a nova carga tributária. Com os valores em unidades monetárias é possível fazer uma projeção da variação na arrecadação tributária do governo oriunda do consumo das famílias caso ocorra uma mudança na carga tributária de um ou mais produtos.

As análises para a alteração dos impostos indiretos só foram possíveis para as regiões do IPCA, pelos mesmos motivos que limitaram os dados na estimação da matriz de elasticidades marshallianas.

4.2 Método e dados usados para apurar a carga tributária direta e indireta por faixa de renda

Cada estado brasileiro possui uma legislação tributária. Isso torna neces-sário estimar a carga tributária para os estratos de renda selecionados em cada Unidade da Federação antes e depois da alteração das alíquotas dos impostos. Assim, foi possível fazer uma análise levando em consideração a heterogeneidade tributária existente no Brasil.

Este trabalho apurou as alíquotas do ICMS de cada estado, bem como os tratamentos diferenciados – tais como redução da base de cálculo e isenção – dados aos produtos constantes na POF de 2002-2003. Para o ISS, devido à im-possibilidade de levantar as alíquotas de todos os municípios do Brasil, foram escolhidas as capitais de cada Unidade da Federação. Dessa forma, chegou-se mais próximo da realidade para cada estado, tornando mais evidentes as particu-laridades do sistema tributário brasileiro. Os impostos foram separados em duas categorias: diretos e indiretos.

4.2.1 Base de dados

A base de dados para estimar a carga tributária foi composta pelo arquivo de microdados da POF de 2002-2003 e pela legislação tributária federal, dos es-tados e dos municípios. Tendo ciência da complexidade do assunto, foi necessário fazer algumas pressuposições a fim de simplificar o processo no qual o imposto é gerado.

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A carga tributária direta, aquela incidente sobre o rendimento e o patri-mônio das famílias, foi obtida com base nas informações declaradas na POF de 2002-2003. Os tributos diretos averiguados na pesquisa foram: IR, INSS, IPTU, IPVA, contribuição sindical, taxas de conselhos e associações de classe, ITR, SPU, Incra, ITBI, CPMF,23 Certificado de Cadastro de Imóvel, Emplacamento, Taxa do Detran, Exame Psicotécnico, Restituição do IR e Restituição da Previ-dência Pública.24 Com exceção das restituições, essa foi a especificação seguida pelo IBGE para os impostos diretos apurados na POF de 2002-2003.

Conforme Vianna et al. (2000), essa forma de estimar a carga tributária di-reta permite chegar mais próximo da carga efetiva. Rodrigues (1998) aplicou as alíquotas vigentes do IR e a contribuição do INSS às respectivas rendas, contudo esse método permite apenas se ter uma ideia da carga potencial, e não o que as famílias realmente pagaram aos cofres públicos.25 Obviamente, a POF de 2002-2003, como qualquer pesquisa semelhante, é passível de erros de medida.

No entanto, para fazer a análise do impacto das mudanças ocorridas no IR foi necessário adotar o procedimento usado por Rodrigues (1998). De outra for-ma não seria possível comparar a progressividade da carga direta antes e após a mudança de alíquotas do IR.

Os dados incompatíveis foram excluídos. Consideraram-se como incompa-tíveis as informações em que a carga tributária indireta ou direta era maior do que a renda familiar. Nesses casos, identificou-se grande probabilidade de ter ocorrido a subdeclaração da renda ou erros de codificação. Com isso, o número de famí-lias26 analisadas caiu de 6.594 para 6.543 nas regiões do IPCA.

Na Tabela 11 são apresentadas as características de cada classe de renda familiar selecionada antes de serem excluídos os dados incompatíveis (indicado pela sigla IPCA) e depois de serem excluídas as observações incompatíveis (in-dicado pela sigla SI – sem incompatíveis). Os seis primeiros estratos perderam observações. O estrato com as famílias mais pobres foi o que perdeu mais obser-vações, seguido do estrato com renda de 360 a 480 reais.

23 Apenas a parcela declarada pelas famílias investigadas pela POF de 2002-2003.24 Imposto de Renda (IR); contribuição à Previdência Social (INSS); Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU); Imposto

sobre Propriedade de Veículos Automotivos (IPVA); Imposto Territorial Rural (ITR); Serviço de Patrimônio da União (SPU); Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).

25 Segundo Lima (1999), 41,8% da renda tributável brasileira circula sem pagar IR.26 Ou unidades de consumo, conforme denominação do IBGE.

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tabela 11 Pessoas e renda Familiar per capita Para as 13 Classes seleCionadas Com dados

inComPatíveis nas regiões do iPCa (iPCa) e sem dados inComPatíveis (si)

Classes de renda per capita (R$)(1)

Pessoas(IPCA)

Renda per capita (IPCA)

% de pessoas (IPCA)

% da renda na classe (IPCA)

Pessoas(SI)

Renda per capita

(SI)

% de pessoas

(SI)

% da renda na

classe (SI)

De 0 até 120 5.748.412 79,97 11,00 1,21 5.400.240 81,97 10,43 1,16

Mais de 120 até 240 10.645.081 180,19 20,37 5,04 10.596.946 180,09 20,47 5,02

Mais de 240 até 360 8.773.792 297,48 16,79 6,86 8.757.369 297,44 16,92 6,85

Mais de 360 até 480 5.519.319 415,04 10,56 6,02 5.459.083 414,96 10,54 5,96

Mais de 480 até 600 4.467.150 531,94 8,55 6,24 4.460.128 531,95 8,62 6,24

Mais de 600 até 720 3.219.961 655,93 6,16 5,55 3.211.838 656,04 6,20 5,54

Mais de 720 até 960 3.656.132 831,59 7,00 7,99 3.656.132 831,59 7,06 8,00

Mais de 960 até 1.200 2.288.221 1.075,31 4,38 6,46 2.288.221 1.075,31 4,42 6,47

Mais de 1.200 até 1.440 1.819.169 1.296,09 3,48 6,19 1.819.169 1.296,09 3,51 6,20

Mais de 1.440 até 1.920 2.130.885 1.668,61 4,08 9,34 2.130.885 1.668,61 4,12 9,36

Mais de 1.920 até 2.640 1.784.655 2.248,02 3,42 10,54 1.784.655 2.248,02 3,45 10,56

Mais de 2.640 até 3.840 1.077.699 3.167,70 2,06 8,97 1.077.699 3.167,70 2,08 8,98

Mais de 3.840 1.128.706 6.612,56 2,16 19,60 1.128.706 6.612,56 2,18 19,64

Brasil 52.259.183 728,50 100,00 100,00 51.771.072 734,09 100,00 100,00

Fonte: elaboração própria com base nos microdados da POF de 2002-2003Nota: (1) reais de 15 de janeiro de 2003.

Excluindo os dados incompatíveis, nas regiões do IPCA 58,36% das pes-soas estavam nos estratos de renda até 480 reais. Por sua vez, na classe mais rica havia 2,18% das pessoas e estava concentrada 19,64% da renda.

No Brasil, há um grande número de impostos indiretos, o que fez com que nesta pesquisa fossem escolhidos apenas os seguintes: ICMS, IPI, PIS, Cofins e ISS.27 Esses cinco impostos indiretos foram responsáveis por 41,42% da arreca-dação total em 2008 e mais de 80% da arrecadação com impostos indiretos (RE-CEITA FEDERAL, 2009a)

Como se sabe, cada estado tem suas próprias normas para o ICMS. Essas informações foram obtidas nos sites das Secretarias de Fazenda Estaduais. As alí-quotas e as isenções do ICMS adotadas na estimação seguiram o Regulamento do

27 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS); e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

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ICMS (RICMS) de cada estado e do Distrito Federal. Para cada produto em cada estado aplicou-se a alíquota estipulada no RICMS. Foram consideradas as reduções de base previstas no RICMS de cada Unidade da Federação. Dos 10.436 produtos e grupos de produtos investigados pela POF de 2002-2003, houve incidência dos tributos indiretos selecionados sobre 9.712. O ICMS incide sobre 8.856.

Para tornar factível a proposta de analisar a carga em cada Unidade Federa-tiva, teve-se de adotar o pressuposto simplificador de que incide sobre o produto apenas a alíquota determinada no estado, ou seja, supôs-se que o produto é produ-zido e vendido dentro do estado. Embora seja uma limitação relevante desconsi-derar o fluxo entre os estados, essa foi a forma de identificar a carga dos impostos indiretos, conforme a legislação do RICMS de cada estado. Do contrário, teria de ser escolhido um estado como representativo dos demais e aplicar suas normas para todo o Brasil. Como as alíquotas e as isenções diferem entre os estados, uma análise desse tipo não permitiria identificar as diferenças de progressividade entre as regiões do país, o que também seria uma limitação, uma vez que o Brasil é um país de grande dimensão, com diferenças regionais significantes.

Devido à necessidade de conhecer a composição do medicamento para sa-ber se ele é isento de ICMS, e dado que a POF não apresenta o nome genérico, foi considerado que o ICMS incidiu sobre todos os medicamentos, exceto aqueles para o tratamento da Aids. Isso pode levar, nesse caso, a uma superestimação da carga tributária sobre medicamentos.

O ISS incide sobre 856 dos produtos e dos serviços levantados pela POF de 2002-2003. Como cada um dos 5.564 municípios tem sua própria regra para esse tributo, considerou-se que as alíquotas e as isenções vigentes na capital do estado são as mesmas para a Unidade Federativa como um todo.

Para simplificar a análise do PIS e da Cofins, é considerado, sempre que a legislação permitir, que os produtores dos bens e serviços optaram pelo regime de incidência não cumulativa.28 Nesses casos, as alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins são, respectivamente, de 1,65% e 7,6%. Foram considera-dos os casos especiais desses tributos na estimação, tais como as alíquotas redu-zidas a zero dos produtos hortícolas e de frutas29 e as alíquotas incidentes sobre energia elétrica em cada estado. No caso dos serviços, foi considerado o regime de incidência cumulativa desses impostos e que só houve uma etapa de produção e comercialização, o que é uma generalização bastante razoável no caso dos ser-viços adquiridos pelas famílias. Neste último regime, a alíquota do PIS/Pasep é 0,65%, e a da Cofins é 3%.

28 Para o PIS/Pasep, a incidência não cumulativa foi instituída pela Lei n. 10.637/2002, e para a Cofins, pela Lei n. 10.833/2003.

29 Previstas na Lei n. 10.865/2004, art. 28.

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As alíquotas do IPI seguiram a disposição da Tabela de Incidência do Im-posto sobre Produtos Industrializados (TIPI).

Embora as simplificações consideradas possam dar a impressão de que a carga tributária por faixa de renda foi subestimada, é importante lembrar que está sendo considerado que todos os produtos adquiridos pelas famílias foram comer-cializados regularmente, havendo projeções de que a sonegação de impostos no Brasil chega a 30% do total arrecadado (CHIARA, 2007).

4.2.2 Método para encontrar a carga tributária indireta

Neste estudo há dois tipos de impostos indiretos: aqueles para os quais a alí-quota prevista em lei coincide com a taxa efetiva, a, e aqueles para os quais a alí-quota é diferente da taxa efetiva, A. Quando a alíquota prevista em lei é aplicada sobre o valor da nota fiscal, há uma diferença entre alíquota e taxa. Dos impostos indiretos considerados, apenas no caso do IPI a alíquota coincide com a taxa, pois a alíquota é aplicada sobre o valor livre de impostos. Para os demais (ICMS, PIS, Cofins e ISS), as alíquotas não coincidem com a taxa efetiva.

Definindo d como o valor da despesa, A como a alíquota do(s) imposto(s) que incide(m) sobre d e a como a(s) alíquota(s) do(s) imposto(s) que incide(m) sobre o valor da despesa antes dos impostos, x, então esse valor é:

(9)

Para o caso dos impostos indiretos considerados, o somatório do numera-dor é formado pelas alíquotas dos seguintes impostos: ICMS, PIS, Cofins e ISS. O somatório do denominador é formado apenas pelo IPI. É importante lembrar que a incidência do ISS implica a exclusão da incidência do ICMS.

Embora esteja previsto na Lei n. 10.637/2002, art. 1o, § 3o, e na Lei n. 10.833/2003, art. 1o, § 3o, que os valores referentes ao ICMS e ao IPI podem ser deduzidos da base de cálculo para apuração do PIS e da Cofins, isso não é verifi-cado na prática, em primeiro lugar porque a lei fala que “podem” ao invés de “de-vem”, e também há uma confusão criada pelo inciso I do art. 195 da Constituição Federal sobre qual base vão incidir o PIS e a Cofins.30

O valor dos impostos indiretos considerados, em unidades monetárias, é dado por:

30 O inciso descreve que as contribuições dos empregadores para a seguridade social incidem sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro.

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t = d – x

A taxa dos impostos indiretos, r, é obtida por

(10)

O resultado dessa equação é a carga tributária indireta efetiva. Para o ICMS, o PIS, a Cofins e o ISS é verificado que r > A, e para o IPI tem-se r = a.

A carga sobre o valor da despesa, rd, é:

(11)

Essa forma é particularmente útil para as simulações feitas na subseção 4.3. Note que com uma simples manipulação algébrica é possível de obter, isto é,

O valor em unidades monetárias do ICMS, o qual incide sobre o faturamen-to, é obtido pela multiplicação do valor da despesa pela respectiva alíquota, AICMS,

(12)

A taxa efetiva do ICMS, ressaltando que o ICMS incide sobre o valor da Nota Fiscal, é obtida por:

(13)

O valor em reais do PIS e da Cofins é dado por:

(14)

A taxa efetiva conjunta do PIS e da Cofins é obtida por

(15)

O IPI é obtido multiplicando-se o valor da despesa antes dos impostos pela sua alíquota, aIPI, isto é,

(16)

Note que este é o único caso, dos impostos indiretos considerados, que r = a.

O ISS segue o mesmo procedimento do ICMS:

(17)

A taxa efetiva do ISS é dada por:

(18)

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Perceba-se que a taxa efetiva do ICMS, do PIS, da Cofins e do ISS acaba sendo maior do que a alíquota prevista pela lei.31

4.3 Alteração da carga tributária e impactos na arrecadação e na distribuição

Nesta subseção foram analisados os possíveis impactos na arrecadação tri-butária decorrentes das alterações recentes nos impostos, que tinham como obje-tivo amenizar a crise financeira internacional. O objetivo da análise foi averiguar se as mudanças feitas provocaram o aumento ou a redução da regressividade da distribuição da carga tributária no Brasil e qual foi a variação na arrecadação oriunda das famílias brasileiras.

Na Tabela 12 estão as novas alíquotas dos impostos, medida que foi adotada pelo governo brasileiro com o intuito de diminuir os efeitos da crise. É importante frisar que foram consideradas apenas as mudanças que afetaram diretamente os consumidores.

tabela 12 alíquotas adotadas Pelo governo aPós a Crise FinanCeira internaCional

Imposto Produtos Nova alíquota (%)

IPI

Forno, fogão, partes de forno e fogão, tanquinho, cimento e cimentcola, impermeabilizante, tinta, verniz, massa de fixação de vidro, banheira, lavatórios, assentos e tampas de sanitá-rios, bidê, caixa de descarga, mictório, ladrilhos, azulejos, pastilhas, cadeados, fechaduras, ferrolhos, dobradiças, torneira, válvula, chuveiro, automóveis até 1.000 cc, pães e farinhas de trigo

0,00

IPI Automóveis (utilitários) 1,00

IPI Geladeira, freezer, ferro, arame e tela de arame 5,00

IPI Automóveis acima de 1.000 cc até 2.000 cc 6,50

IPI Máquina de lavar roupa, secadora e centrífuga 10,00

IPI Automóveis acima de 2.000 cc 18,00

Cofins Pães, farinha de trigo, massa para pão e motocicleta até 150 cc 0,00

Cofins Cigarro 8,75

PIS Pães, farinha de trigo e massa para pão 0,00

PIS Cigarro 2,22

31 Para um exemplo, ver Pintos-Payeras (2008).

(continua)

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Imposto Produtos Nova alíquota (%)

IR Até R$ 1.434,00 0,00

IR Acima de R$ 1.434,00 até R$ 2.150,00 7,50

IR Acima de R$ 2.150,00 até R$ 2.866,00 15,00

IR Acima de R$ 2.866,00 até R$ 3.582,00 22,50

IR Acima de R$ 3.582,00 27,50

Fonte: elaboração própria com base na legislação tributária

Não foram consideradas neste estudo apenas as seguintes alterações: disjuntores (IPI = 10%); interruptores, comutadores, relés, corta-circuito, elimi-nadores de onda, tomadas de corrente (IPI = 5%). O motivo para tanto foi a não especificação desses produtos na POF de 2002-2003.

Para os valores das faixas do IR, foi adotada a mesma data referencial da POF de 2002-2003, ou seja, janeiro de 2003. O índice usado foi o IPCA do IBGE. O objetivo foi fazer a análise com base nos microdados da POF de 2002-2003. Para captar as mudanças recentes, a comparação foi feita entre as novas faixas, que entraram em vigor em 2009, e as que prevaleciam até dezembro de 2008, para as quais também foi adotada a data referencial da POF de 2002-2003. Como dito, essa forma não permite perceber o desembolso real com esse imposto. Ela certamente superestima a contribuição das famílias, pois supõe que todos os po-tenciais contribuintes realmente contribuem. Para se ter uma ideia, a arrecadação do IR com base nos dados da POF de 2002-2003, excluindo-se as observações incompatíveis para o Brasil, era de 1.517 milhões de reais. Ao admitir que todos os potenciais contribuintes seguem a legislação, a arrecadação do IR passa para 1.921 milhões antes da alteração das faixas do IR e para 1.742 milhões de reais após a alteração do IR. Levando em consideração apenas as regiões do IPCA, a arrecadação com impostos diretos aumenta de 2.946 milhões para 3.053 milhões de reais.

Apesar de ser chamada a atenção para esse fato, a comparação só tem sen-tido se feita entre a situação que vigorava em 2008 e a que entrou em vigor em 2009. Na Tabela 13 é possível observar que a carga direta sobre a renda média cai de 8% para 7,73%. De forma geral, percebe-se que as maiores reduções ocorre-ram do nono estrato em diante.

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tabela 13 Carga tributária direta nas regiões do iPCa: arreCadação, variação da Carga e

variação da arreCadação, uma análise entre a situação em vigor até dezembro de 2008 (diretos 2008) e a que entrou em vigor em janeiro de 2009 (diretos 2009)

Classes de renda familiar per capita(1)

Carga direta2008 (%)

Carga direta2009 (%)

Arrecadação (diretos 2008)

(R$)

Arrecadação (diretos 2009)

(R$)

Variação % da carga

direta

Variação % da arrecadação

Até 120 1,81 1,81 8.301.831 8.301.831 0,00 0,00

Maior que 120 até 240

3,61 3,61 69.124.600 69.124.600 0,00 0,00

Maior que 240 até 360

4,29 4,29 111.888.296 111.799.343 -0,003 -0,08

Maior que 360 até 480

5,57 5,54 127.552.913 126.917.270 -0,03 -0,50

Maior que 480 até 600

5,31 5,26 126.175.218 125.045.293 -0,05 -0,90

Maior que 600 até 720

5,32 5,21 112.397.279 110.100.062 -0,11 -2,04

Maior que 720 até 960

6,92 6,69 210.194.638 203.352.067 -0,23 -3,26

Maior que 960 até 1.200

6,72 6,42 165.365.183 158.051.723 -0,30 -4,42

Maior que 1.200 até 1.440

7,89 7,49 186.057.968 176.660.892 -0,40 -5,05

Maior que 1.440 até 1.920

9,18 8,72 326.399.578 310.081.461 -0,46 -5,00

Maior que 1.920 até 2.640

10,33 9,86 414.370.903 395.742.240 -0,46 -4,50

Maior que 2.640 até 3.840

10,25 9,82 349.791.426 335.281.641 -0,43 -4,15

Maior que 3.840 11,22 10,90 837.369.132 813.307.026 -0,32 -2,87

Total 8,00 7,73 3.044.988.965 2.943.765.452 -0,27 -3,32

Fonte: elaboração própria com base nos microdados da POF de 2002-2003Nota: (1) reais de 15 de janeiro de 2003.

Na última coluna da Tabela 13 está a variação na arrecadação por classe de renda. A redução do IR provocou uma queda na arrecadação com impostos diretos de 3,32%. A maior perda de arrecadação foi para o estrato com renda familiar per capita de mais de 1.200 até 1.400 reais, 5,05%. Nos dois estratos mais pobres não houve variação. Embora a população nos estratos mais ricos seja pequena, a renda detida por essas classes, bem como a carga direta relacionada a elas, representou

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uma grande parte do total. No estrato mais rico, por exemplo, está 2,18% da po-pulação nas regiões do IPCA, que respondia por 27,5% da arrecadação até 2008 e atualmente responde, considerando as novas faixas, por 27,63% da arrecadação.

Na Tabela 14 consta a carga indireta de alguns produtos selecionados antes da alteração. A análise dessa tabela em conjunto com a participação da despesa na renda das famílias permitiu perceber sobre quais produtos é necessário reduzir os impostos indiretos quando o intuito é diminuir o ônus das famílias pobres.

tabela 14 Carga média dos imPostos indiretos sobre o valor Pago Pelo Consumidor antes da alteração nas regiões do iPCa (em %)

Classe de renda per capita (R$)(1) Prali Mati Habi Elet Tpri Ciga

Até 120 16,87 13,15 7,62 34,72 20,84 84,20

Maior que 120 até 240 17,81 13,12 7,69 35,18 19,82 84,15

Maior que 240 até 360 18,31 12,24 7,33 34,59 23,29 84,18

Maior que 360 até 480 18,79 12,96 6,84 33,95 19,49 84,12

Maior que 480 até 600 19,12 12,13 6,42 32,82 16,47 84,10

Maior que 600 até 720 19,66 11,99 6,30 33,62 20,30 84,11

Maior que 720 até 960 19,91 13,46 6,02 31,48 21,59 84,13

Maior que 960 até 1.200 21,32 13,37 5,98 31,32 20,15 84,12

Maior que 1.200 até 1.440 21,39 13,93 5,15 32,20 22,28 84,14

Maior que 1.440 até 1.920 21,11 14,25 4,59 32,22 23,94 84,11

Maior que 1.920 até 2.640 21,78 14,40 3,98 29,88 23,61 84,09

Maior que 2.640 até 3.840 20,66 14,04 4,26 28,72 25,36 84,19

Maior que 3.840 21,31 14,86 3,36 28,74 24,04 84,13

Média ponderada 19,64 13,23 5,73 32,16 22,26 84,14

Fonte: elaboração própria com base nos microdados da POF de 2002-2003 em conjunto com a legislação tributáriaNota: (1) reais de 15 de janeiro de 2003.

Quando se pretende obter um sistema tributário mais progressivo, é im-portante que seja reduzida a carga sobre os produtos com grande participação na despesa total das famílias pobres, como é o caso dos alimentos e da habitação, e,

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ao mesmo tempo, aumentar a carga tributária sobre os produtos consumidos pelas famílias de maior renda.

Na Tabela 15 está a participação dos grupos de despesas que tiveram algum imposto com alíquota alterada na renda familiar. Os produtos ligados à alimenta-ção e à habitação têm grande relevância no orçamento das famílias mais pobres. Das despesas apresentadas, as famílias mais pobres só não gastaram proporcio-nalmente mais que as famílias ricas com transporte privado.

tabela 15 PartiCiPação do gruPo de desPesa na renda Familiar nas regiões

do iPCa segundo as Classes seleCionadas (em %)

Classe de renda per capita (R$)(1) Prali Mati Habi Elet TPriv Ciga

Até 120 8,86 13,13 50,06 3,66 5,90 2,05

Maior que 120 até 240 4,03 6,96 34,75 2,27 5,86 1,39

Maior que 240 até 360 3,28 5,54 28,68 1,72 4,93 0,95

Maior que 360 até 480 2,62 4,48 25,60 1,63 7,83 0,84

Maior que 480 até 600 2,25 4,02 24,29 1,55 8,78 0,73

Maior que 600 até 720 1,81 2,99 22,38 1,52 10,33 0,47

Maior que 720 até 960 1,88 2,93 20,58 1,76 8,69 0,55

Maior que 960 até 1.200 1,59 2,23 17,35 1,49 13,64 0,32

Maior que 1.200 até 1.440 1,64 2,32 16,21 1,18 9,78 0,30

Maior que 1.440 até 1.920 1,40 1,99 16,67 1,15 12,28 0,29

Maior que 1.920 até 2.640 1,17 1,75 16,66 1,08 10,08 0,29

Maior que 2.640 até 3.840 1,00 1,45 13,99 0,85 9,01 0,24

Maior que 3.840 0,71 0,93 10,09 0,62 7,29 0,12

Média ponderada 1,77 2,78 18,94 1,28 8,92 0,47

Fonte: elaboração própria com base nos microdados da POF de 2002-2003 em conjunto com a legislação tributáriaNota: (1) reais de 15 de janeiro de 2003.

Apesar da grande participação das despesas elencadas na Tabela 15 na ren-da das famílias pobres, isso não quer dizer que foram elas as mais beneficiadas, visto que nem todos os produtos do grupo tiveram variação na carga tributária.

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No grupo Prali, vide Tabela 6, foram alterados apenas o PIS e a Cofins da fa-rinha de trigo e da massa para pão. Na Tabela 16, foi possível perceber que esses produtos representavam em média para as regiões do IPCA 2,83% das despesas do grupo Prali. Para as famílias mais pobres, os gastos com farinha de trigo e massa para pão correspondem a 6,48% da despesa com o grupo Prali. Isso indica que a alteração da carga tributária incidente sobre a farinha de trigo e da massa para pão terá um pequeno impacto sobre o preço final do grupo.

tabela 16 PartiCiPação dos Produtos que tiveram alíquotas alteradas nos resPeCtivos

gruPos nas regiões do iPCa segundo as Classes seleCionadas (em %)

Classe de renda per capita (R$)(1) Prali Mati Habi Elet Tpriv

Até 120 6,48 33,68 6,19 45,77 6,02

Maior que 120 até 240 2,82 37,21 4,35 57,09 21,31

Maior que 240 até 360 3,14 31,81 4,67 53,59 13,09

Maior que 360 até 480 4,19 27,35 4,39 49,56 6,51

Maior que 480 até 600 4,25 25,46 5,28 46,28 7,05

Maior que 600 até 720 4,37 31,00 3,69 42,99 17,41

Maior que 720 até 960 2,27 23,69 3,30 45,64 13,02

Maior que 960 até 1.200 1,67 19,73 3,59 36,61 26,79

Maior que 1.200 até 1.440 1,96 19,01 3,11 34,60 21,10

Maior que 1.440 até 1.920 1,47 17,09 2,23 46,67 36,75

Maior que 1.920 até 2.640 1,14 14,40 2,95 36,08 35,35

Maior que 2.640 até 3.840 1,39 15,52 2,97 25,20 44,48

Maior que 3.840 1,27 8,16 1,39 19,61 41,37

Média ponderada 2,83 25,12 3,57 41,81 27,82

Fonte: elaboração própria com base nos microdados da POF de 2002-2003 em conjunto com a legis-lação tributáriaNota: (1) reais de 15 de janeiro de 2003.

No grupo denominado Mati, o produto que teve mudança de alíquota foi o pão, que tem uma participação relevante no grupo de despesa, 25,12% nas regiões do IPCA. No grupo Elet, foi relevante a participação dos produtos que tiveram mu-dança de alíquotas, principalmente nos estratos de renda mais pobres. No entanto,

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como visto na Tabela 15, esse grupo de despesa tem pouca relevância no orçamento das famílias. Apesar de o grupo Habi representar uma boa parcela do orçamento das famílias, os produtos que tiveram alíquotas alteradas foram aqueles com pouca participação no grupo. O grupo Ciga não consta na Tabela 16, pois é formado por um único produto, cigarro.

Considerando uma matriz de elasticidades geral e as alterações recentes da carga tributária direta e indireta, chega-se à Tabela 17. É importante destacar que, além da variação no preço, neste estudo levou-se em conta o efeito da variação da renda resultante da mudança do IR em 2009 na variação da quantidade demandada.

tabela 17 alteração de Preços e variações nas quantidades deCorrentes das mudanças na

Carga tributária Com base no modelo ProPosto Para as regiões do iPCa

Produto Variação % na carga Variação % do preço Variação % na quantidade

Açúc 0,000 0,000 0,072

Arro 0,000 0,000 -0,152

Car1 0,000 0,000 0,193

Car2 0,000 0,000 0,024

Peixe 0,000 0,000 0,004

Prali -0,235 -0,046 0,141

Fran 0,000 0,000 0,052

Hort 0,000 0,000 0,178

Mati -3,133 -0,414 0,543

Ocar 0,000 0,000 0,523

Ocer 0,000 0,000 0,345

Higie 0,000 0,000 0,179

Limp 0,000 0,000 0,156

Movl 0,000 0,000 0,156

Refri 0,000 0,000 0,290

Etíli 0,000 0,000 0,247

Recr 0,000 0,000 0,283

Com 0,000 0,000 0,272

Habi -0,259 -0,015 0,175

Elet -8,603 -2,766 2,435

(continua)

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Produto Variação % na carga Variação % do preço Variação % na quantidade

Vest 0,000 0,000 0,323

Tpúb 0,000 0,000 -0,039

Tpri -7,441 -1,656 1,974

Saúd 0,000 0,000 0,334

Serv 0,000 0,000 0,280

Educ 0,000 0,000 -0,016

Ciga 9,172 7,815 -7,897

Fonte: elaboração própria

O raciocínio por trás da Tabela 17 é que a mudança da carga tributária do pro-duto faz seu preço variar, conforme os pressupostos adotados no modelo de Pintos-Payeras (2008). Isto é, mudando os preços, as quantidades adquiridas dos produtos variam conforme as elasticidades-preço e as elasticidades-cruzadas. Além disso, a demanda de cada produto também varia conforme a mudança da renda das famílias, decorrente da alteração da carga tributária direta. Por esses motivos, verificou-se que produtos cuja carga tributária não foi alterada sofreram variação na quantidade demandada. Ressalte-se, novamente, que foram consideradas apenas as elasticida-des-cruzadas estatisticamente significativas na análise da variação da demanda.

Conforme as informações obtidas, uma das medidas adotadas pelo governo para combater a crise financeira internacional foi a redução do IPI sobre veículos. Essa medida provocou uma queda de 7,44% na carga tributária sobre o grupo Tpri, que, por sua vez, provocou a redução de 1,656% no preço desse grupo. Se for considerado que há uma matriz de elasticidades marshallianas geral para toda a sociedade (Tabela 7) e o mesmo for admitido para a elasticidade-renda (Tabela 8), a variação percentual da quantidade demandada desse bem, decorrente da variação percentual do seu preço, dos preços dos demais produtos e da renda, foi 1,974%. É importante que se perceba que nas variações das quantidades não está apenas o efeito da alteração do preço de um produto, mas o efeito conjunto das variações da renda e dos preços captado pelo vetor-coluna, conforme visto na equação .

Esses foram os principais dados para obter estimativas de qual será o im-pacto na distribuição e na arrecadação decorrente da variação na carga tributária direta e indireta. Usando essas informações e cruzando com os microdados da POF de 2002-2003 obtém-se a Tabela 18. É importante que se perceba que a carga apresentada nessa tabela se refere apenas às regiões e aos produtos considerados na estimação da matriz de elasticidades marshallianas.

Como é possível notar, as alterações feitas reduziram a arrecadação em to-dos os estratos. A maior perda de arrecadação com impostos indiretos ocorreu

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com o estrato mais rico, e a menor perda foi verificada com o estrato mais pobre. O saldo final foi uma queda de 2,23% da arrecadação. Quando tomada a despe-sa como base, a carga tributária sobre as classes mais ricas foi a que mais caiu, 0,69%. Quando usada a renda como base, a carga tributária caiu proporcional-mente mais para o estrato com renda maior que 1.440 até 1.920 reais, 0,3%. De forma geral, houve maior redução da carga indireta sobre a renda das famílias das classes mais ricas. Apesar de ter diminuído a carga tributária direta, a queda proporcionalmente maior da carga das famílias ricas fez com que aumentasse a regressividade dos impostos indiretos.

tabela 18 resultado aPós a alteração das alíquotas dos imPostos Com base na matriz de

elastiCidades marshallianas Para as regiões do iPCa

Classe de renda per capita (R$)(1)

Arrecadação depois/arrec.

antes (%)

Carga ind./despesa

antes (%)

Carga ind./despesa

depois (%)

Queda da carga ind./desp. (%)

Carga ind./renda antes

(%)

Carga ind./renda depois

(%)

Queda da carga ind./renda (%)

Até 120 99,23 14,74 14,61 -0,13 20,00 19,84 -0,15

Maior que 120 até 240

98,69 15,12 14,90 -0,21 13,84 13,66 -0,18

Maior que 240 até 360

99,06 15,16 15,00 -0,16 11,49 11,38 -0,11

Maior que 360 até 480

99,15 15,38 15,23 -0,15 10,57 10,48 -0,09

Maior que 480 até 600

99,10 14,55 14,40 -0,15 9,40 9,32 -0,08

Maior que 600 até 720

98,38 15,26 14,99 -0,27 9,37 9,22 -0,15

Maior que 720 até 960

98,64 15,67 15,44 -0,23 8,88 8,75 -0,12

Maior que 960 até 1.200

97,21 16,18 15,71 -0,47 8,49 8,25 -0,24

Maior que 1.200 até 1.440

98,13 16,09 15,76 -0,32 7,53 7,38 -0,14

Maior que 1.440 até 1.920

96,25 16,31 15,68 -0,63 7,90 7,61 -0,30

Maior que 1.920 até 2.640

96,74 15,80 15,26 -0,54 6,85 6,62 -0,22

Maior que 2.640 até 3.840

96,04 16,35 15,68 -0,67 6,17 5,92 -0,24

Maior que 3.840 95,86 16,17 15,47 -0,69 4,33 4,15 -0,18

Média ponderada 97,77 15,62 15,25 -0,37 8,05 7,87 -0,18

Fonte: elaboração própria com base nos microdados da POF de 2002-2003 em conjunto com a legislação tributáriaNota: (1) reais de 15 de janeiro de 2003.

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Na Tabela 19 é mostrado como ficou a carga tributária total no Brasil após as mudanças recentes nos impostos. As famílias mais ricas foram as que tiveram maior redução da carga tributária.

A arrecadação total caiu 2,77%, e essa variação diz respeito às mudanças constantes na Tabela 12. A maior queda foi de 4,42% para a classe com renda superior a 1.440 até 1.920 reais.

tabela 19 Carga tributária total antes e aPós as mudanças realizadas Pelo governo

e variação na arreCadação total Para as regiões do iPCa

Classe de renda per capita (R$)(1) Total antes (%) Total depois (%) Queda da carga total (%)

Variação na arrecadação total (%)

Até 120 21,81 21,65 −0,16 −0,70

Maior que 120 até 240 17,45 17,27 −0,18 −1,04

Maior que 240 até 360 15,78 15,67 −0,11 −0,71

Maior que 360 até 480 16,13 16,02 −0,11 −0,73

Maior que 480 até 600 14,71 14,58 −0,13 −0,90

Maior que 600 até 720 14,69 14,43 −0,26 −1,78

Maior que 720 até 960 15,79 15,45 −0,34 −2,19

Maior que 960 até 1.200 15,21 14,67 −0,53 −3,51

Maior que 1.200 até 1.440 15,42 14,88 −0,54 −3,50

Maior que 1.440 até 1.920 17,08 16,33 −0,75 −4,42

Maior que 1.920 até 2.640 17,17 16,49 −0,68 −4,00

Maior que 2.640 até 3.840 16,41 15,74 −0,67 −4,08

Maior que 3.840 15,55 15,04 −0,51 −3,22

Média ponderada 16,05 15,61 −0,44 −2,77

Fonte: elaboração própria com base nos microdados da POF de 2002-2003Nota: (1) reais de 15 de janeiro de 2003.

Foi realizada a análise levando em consideração as elasticidades para os três grandes estratos, no entanto os resultados divergiram muito pouco dos obtidos com base em uma matriz de elasticidades marshallianas geral.

Os resultados indicaram que o sistema tributário brasileiro se tornou mais regressivo após as medidas que o governo adotou com o intuito de combater a

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crise financeira mundial. Na próxima seção buscou-se captar com maior precisão quais os impactos distributivos da política tributária anticíclica.

5 Análise da progressividade

5.1 O índice Lerman-Yitzhaki

A análise da progressividade foi realizada com base no índice de Lerman e Yitzhaki (1995). O índice desenvolvido por esses autores toma como base o ordenamento da renda final, isto é, a renda após a incidência do imposto ou do benefício.

Sendo GZ índice de Gini da renda final32 e CZ* a razão de concentração do im-

posto, definida com base na ordenação da renda final, o índice Lerman-Yitzhaki, πLY, para esse imposto é

(19)

Valores positivos indicam que o imposto é progressivo, e valores negativos indicam que o imposto é regressivo. É usada a ordenação da renda familiar per capita para encontrar o índice de Lerman-Yitzhaki.

Para um benefício, como é o caso da restituição do imposto de renda, o ín-dice Lerman-Yitzhaki é

(20)

Nesse caso, valores positivos indicam que o benefício é progressivo, e va-lores negativos indicam que o benefício é regressivo. A diferença entre as defini-ções (19) e (20) justifica-se pelo fato de que um imposto é uma parcela negativa da renda final, e que um benefício é uma parcela positiva dessa renda. Um acrés-cimo marginal em uma parcela progressiva causa redução no valor do índice de Gini da distribuição da renda final (HOFFMANN, 2007b).

5.2 Resultados

O índice de Gini calculado com base na ordenação da renda familiar per ca-pita antes da incidência dos impostos nas regiões do IPCA é 0,5671. Quando cal-

32 Renda final é a renda familiar per capita menos o imposto per capita. Para maiores detalhes, ver Hoffmann (2007c), que denominou essa medida de progressividade de índice de Kakwani modificado, e Hoffmann (2009), que usou a denominação índice de Lerman-Yitzhaki.

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culado tomando a ordenação da renda final antes da adoção da política tributária anticíclica, o índice de Gini é 0,5979. Esses resultados indicam que os impostos no Brasil contribuem para o aumento da concentração de renda do país. Isso já era esperado, dada a regressividade do sistema tributário.

Ao analisar a situação após as alterações na carga tributária adotadas recen-temente pelo governo, o índice de Gini calculado com base na ordenação da ren-da final é 0,5989. Nota-se que a concentração de renda aumentou. Os resultados obtidos na seção 4 já davam indícios do aumento na desigualdade da distribuição de renda.

O índice Lerman-Yitzhaki para a carga tributária total, nas regiões do IPCA, antes das mudanças recentes era de −0,059. Após a mudança das alíquotas dos impostos, o índice de progressividade passou para −0,064. Deve ser lembrado que valores negativos indicam que o imposto é regressivo, ou seja, o resultado mostra que a carga tributária se tornou mais regressiva, como resultado da política tribu-tária adotada.

Para os impostos indiretos, o índice Lerman-Yitzhaki era −0,1721 antes da mudança e passou para −0,1751 depois da mudança. A regressividade do IPI teve um aumento significativo: o índice Lerman-Yitzhaki desse imposto passou de −0,1372 para −0,1702. O motivo para esse aumento foram as mudanças promo-vidas nesse imposto, que favoreceram proporcionalmente mais as famílias mais ricas. Como o IPI não tem uma participação tão grande na carga tributária indi-reta, seu impacto sobre o índice de progressividade dos impostos indiretos não foi tão relevante. O PIS e a Cofins, em conjunto, tiveram uma leve redução da regressividade, o índice de progressividade era −0,1350 antes da mudança de suas alíquotas e agora passou para −0,1345.

Apesar de o IR ter aumentado um pouco sua progressividade,33 seu índi-ce Lerman-Yitzhaki passou de 0,3227 para 0,3295, a progressividade da carga tributária direta caiu, e o índice de progressividade caiu de 0,1315 para 0,1274. A justificativa para isso é que, embora o IR tenha aumentado sua progressividade, sua participação na carga tributária direta caiu de forma significativa com a mu-dança de suas alíquotas. Dado que o IR é o imposto que mais influi na carga tri-butária direta, ao diminuir sua participação fez com que caísse a progressividade dos impostos diretos como um todo. A comprovação disso foi percebida por meio do índice de Gini. Quando calculado com base na ordenação da renda menos o IR antes da mudança, o índice de Gini era 0,5569; quando usada a ordenação da renda menos o IR em vigor, o índice de Gini passa a ser 0,5578.

33 É importante relembrar que esses resultados foram obtidos supondo que todos os potenciais contribuintes realmente contribuem, ou seja, que não há sonegação do IR. O índice de progressividade para o IR pode mudar se for levada em consideração a evasão fiscal desse imposto.

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6 Considerações finais

Os resultados deste estudo indicaram que a política tributária anticíclica adotada pelo governo brasileiro aumentou a regressividade da carga tributária. As causas para isso foram a redução da participação do IR, que é o imposto mais progressivo do sistema tributário brasileiro, e a redução proporcionalmente maior da carga tributária indireta das famílias mais ricas.

A consequência da maior regressividade foi o aumento do índice de Gini calculado com base na ordenação da renda disponível, ou seja, após a dedução dos impostos. Isso prejudica os resultados obtidos com os programas de renda mínima e pode prejudicar o crescimento econômico de longo prazo, dado o aumento das pressões sociais originadas por uma elevada desigualdade da distribuição de renda.

É evidente que a renda disponível das famílias de todos os estratos aumen-tou com a redução dos impostos, mas esse fato favoreceu proporcionalmente mais as famílias com maior renda per capita. Sabe-se que a propensão a consumir das famílias mais pobres é maior do que a das famílias mais ricas, sendo assim, uma vez que o objetivo era estimular a produção do país a fim de o PIB voltar à traje-tória de crescimento anterior, seria mais eficiente reduzir proporcionalmente mais a carga tributária das famílias pobres. Uma justificativa para favorecer as famílias mais ricas é que elas detêm boa parte da renda do país, o que se confirma quan-do analisados os dados da POF de 2002-2003. No entanto, quando comparada a despesa total, verifica-se que não há uma diferença tão gritante da participação de cada estrato. Para se ter uma ideia, usando os dados da POF de 2002-2003, os dois estratos mais pobres respondem por 15,64% da despesa total das famílias brasileiras, e os dois estratos mais ricos são responsáveis por 17,76%. Há também de se chamar a atenção para o fato de que ao beneficiar os estratos mais pobres estará sendo beneficiada uma parcela muito maior da população.

Também é preocupante o futuro da distribuição da carga tributária se for admitido que o governo mais cedo ou mais tarde vai precisar compensar a perda de receita atual. Caso a solução dos problemas fiscais acarretados pelas políticas tributárias adotadas para combater a crise venha na forma de aumento dos impos-tos indiretos, tais como PIS, Cofins e uma “nova” CPMF, é muito provável que a regressividade do sistema tributário brasileiro aumente ainda mais. Com isso, a política aparentemente anticíclica pode tornar-se pró-cíclica, ao menos para a população mais pobre, que pouco se beneficiou no período de crise e pode sofrer mais no período pós-crise.

O governo deve prestar muita atenção ao mudar as alíquotas dos impostos indiretos. Podem surgir resultados indesejados com consequências inesperadas.

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