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Tema II Economia do Setor Público

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Page 1: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Tema IIEconomia do Setor Puacuteblico

O impacto da poliacutetica de creacutedito do BNDES no desenvolvimento econocircmico e social dos

municiacutepios brasileiros

Economia do Setor Puacuteblico ndash 1ordm lugar

Maria Juacutelia Castro Wegelin

Mestre em Economia pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) e Analista de Financcedilas e Controle da Controladoria-Geral da Uniatildeo (CGU)

Resumo

Neste trabalho o efeito do aumento do crescimento do desembolso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) foi deter-minado pelo meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) Os resultados indicam que o PIB e o PIB per capita dos municiacutepios em que houve o aumento do crescimento do desembolso do BNDES (unidades tratadas) variaram positivamente em razatildeo desse aumento (tratamento) O Iacutendice Firjan de emprego e renda por sua vez natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nas tratadas em razatildeo do tratamento e o benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia R$029 de acreacutescimo no PIB Foi proposta uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES e o custo de oportunidade para o Tesouro Nacional (TN) em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES Foi encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Essa meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

Palavras-Chave BNDES Avaliaccedilatildeo de impacto Poliacutetica de creacutedito Propensity Score Matching Desenvolvimento econocircmico e social

Abstract

In this study Propensity Score Matching (PSM) was applied in order to measure the impact of increase in growth of Brazilian Development Bank (BNDES) disbursements The results demonstrate that in cities where there was an expansion of the BNDES disbursements (treated) there was a positive impact in the GDP and GDP per capita However the index FIRJAN of employment and income was not affected by the bankrsquos credit policy GDP and GDP per capita increased on average 04 each year more on treated cities due to increase in growth of BNDES disbursements The benefits generated for each R$100 of BNDES disbursement was on average R$029 of increase in GDP It was also proposed a measurement that compares the impact in the GDP caused by BNDES transactions and the cost for the Treasure to fund the bank transaction The total net return of R$100 of Treasure borrows to BNDES was on average -7584 The measurement can support the decision of the National Treasure to make further loans to BNDES or use their resources on alternative policies

Key Words BNDES Impact Evaluation Credit Policy Propensity Score Matching Economic and Social Development

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 9

2 LITERATURA RELACIONADA 11

21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento 11

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES 12

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES 13

3 HISTOacuteRICO DA ATUACcedilAtildeO DO BNDES 14

4 METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO DOS DADOS 21

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo 22

42 Dados e estatiacutesticas descritivas 25

43 Modelo empiacuterico 28

5 RESULTADOS 29

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo 31

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES 34

6 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 36

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Lista de figuras

Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012 16

Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012 17

Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013) 17

Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB () 18

Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil) 19

Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES 20

Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011 30

Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011 31

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES 20

Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis 27

Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES 29

Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo 31

Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB 32

Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita 33

Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda 33

Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento 35

Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio 35

Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB 35

Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN 38

Lista de siglas e abreviaturas

ATT Efeito meacutedio do tratamento nas tratadas (do inglecircs Average Treatment on Treated)

Bacen Banco Central do Brasil

BNDE Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

BNDESPar BNDES Participaccedilotildees SA

e-SIC Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo

ESTBAN Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio

FINSOCIAL Fundo de Investimento Social

Firjan Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior

MI Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

PAI Programa Amazocircnia Integrada

PCO Programa do Centro-Oeste

PDR Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional

PNC Programa Nordeste Competitivo

PNDR Poliacutetica Nacional de Dinamizaccedilatildeo Regional

PIB Produto Interno Bruto

PND Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo

PSI Programa de Sustentaccedilatildeo do Investimento

PSM Pareamento baseado em escore de propensatildeo (do inglecircs Propensity Score Matching)

RECONVERSUL Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul

R$ Real

TN Tesouro Nacional

UN United Nations

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 9

1 Introduccedilatildeo

O papel dos bancos puacuteblicos eacute amplamente discutido na literatura de desen-volvimento econocircmico Oficialmente os bancos puacuteblicos estabelecem o alcance de objetivos sociais e de desenvolvimento econocircmico como parte da sua missatildeo Apesar disso parte da literatura argumenta que a sua existecircncia pode ser preju-dicial agrave economia do paiacutes (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010) De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010)

Fundado em 1952 o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) eacute uma empresa puacutebica federal e o instrumento mais impor-tante para a execuccedilatildeo da poliacutetica de investimento do governo federal brasileiro Conforme estabelecido no Decreto nordm 4418 de 11 de outubro de 2002 que aprova o seu Estatuto Social o BNDES tem por objetivo primordial apoiar programas projetos obras e serviccedilos que se relacionem com o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes A missatildeo atual do banco definida em seu Planejamento Corpo-rativo 2009-2014 eacute promover o desenvolvimento sustentaacutevel e competitivo da economia brasileira com geraccedilatildeo de emprego e reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

O valor total dos desembolsos do BNDES cresceu de forma significativa no periacuteodo abrangido por esta pesquisa passando de R$ 48 bilhotildees em 2000 para R$ 147 bilhotildees em 2011 e chegando a R$ 190 bilhotildees em 20131 Entretanto conforme apontado por Lazzarini et al (2012) apesar do tamanho e da impor-tacircncia atribuiacuteda aos bancos de desenvolvimento natildeo haacute um entendimento claro do que esses bancos fazem na praacutetica Parte desse desconhecimento vem do fato de que a maioria dos bancos de desenvolvimento natildeo abre de forma detalhada os dados dos empreacutestimos concedidos e dos seus investimentos Por isso a maioria dos estudos sobre bancos de desenvolvimento eacute teoacuterica (AMSDEN 1989 DE AGHION 1999) ou baseado em estudos de caso qualitativos (AMSDEN 1989 2001 RODRIK 2004)

De acordo com a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) em artigo sobre o papel dos bancos de desenvolvimento medir os resultados eacute um elemento--chave para avaliar a atuaccedilatildeo dessas instituiccedilotildees Os bancos de desenvolvimento tecircm focado em medir a entrada e saiacuteda de recursos em especial os desembolsos sem adotar uma abordagem orientada em resultado que avalie o impacto da sua atuaccedilatildeo na produtividade no crescimento econocircmico e no desenvolvimento social Esse foco excessivo na taxa de desembolso tem como consequecircncia o baixo

1 Valoresatualizadospelainflaccedilatildeodoperiacuteodo

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grau de prestaccedilatildeo de contas agrave sociedade por parte dos bancos de desenvolvimento e contribui para a dificuldade de se assegurar que os recursos satildeo utilizados de forma a alcanccedilar os objetivos propostos (UNITED NATIONS 2005)

Esse estudo tem o objetivo de analisar a forma de atuaccedilatildeo do BNDES entre 2000 e 2011 e o impacto da sua poliacutetica de creacutedito no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros A anaacutelise empiacuterica consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desembolsos do BNDES nos seguintes indica-dores Produto Interno Bruto (PIB) PIB per capita e Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) dos municiacutepios brasileiros sendo aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching)

O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasileiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento O grupo de tratamento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o tratamento (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve o aumento do crescimento do desembolso do BNDES o PIB e o PIB per capita variaram positi-vamente em razatildeo desse aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES

O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 a mais nos municiacutepios tratados em funccedilatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES (trata-mento) e o benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584

Este trabalho apresenta a seguinte estrutura no capiacutetulo dois apresenta-se a literatura relacionada agraves hipoacuteteses sobre a atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento agrave avaliaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estudos recentes sobre a atuaccedilatildeo do BNDES no capiacutetulo trecircs mostra-se o histoacuterico do BNDES no capiacutetulo quatro satildeo apresen-tadas a metodologia e a descriccedilatildeo dos dados no capiacutetulo cinco satildeo demonstrados os resultados no capiacutetulo seis eacute apresentada a anaacutelise dos resultados e no capiacutetulo sete a conclusatildeo

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2 Literatura relacionada

21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento

O debate sobre o papel dos bancos puacuteblicos eacute dividido em quatro hipoacuteteses a visatildeo de desenvolvimento a visatildeo social a visatildeo poliacutetica e a visatildeo de agecircncia

De acordo com a visatildeo de desenvolvimento formulada por Gerschenkron (1962) os bancos puacuteblicos proporcionam o desenvolvimento econocircmico pois substituem a concessatildeo de creacutedito privado em ambientes com economia e instituiccedilotildees fracas Conforme apontam Francisco et al (2008) durante os anos de 1950 e 1960 econo-mistas desenvolvimentistas especialmente Gerschenkron (1962) Myrdal (1960) e Lewis (1955) defenderam a existecircncia de bancos puacuteblicos em economias onde a escassez de capital o excesso de desconfianccedila e a disseminaccedilatildeo de praacuteticas fraudu-lentas desencorajassem a concessatildeo de creacutedito de longo prazo afetando a perspectiva de crescimento econocircmico Este pensamento levou agrave criaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo nesse periacuteodo com o propoacutesito de assegurar a concessatildeo de creacutedito a setores prioritaacuterios e de promover o desenvolvimento

Segundo a visatildeo social defendida por Atkinson e Stiglitz (1980) os bancos puacuteblicos satildeo criados e mantidos para perseguir objetivos relativos ao desenvolvi-mento social Considerando que uma expansatildeo dos serviccedilos financeiros favorece o crescimento econocircmico bancos de desenvolvimento deveriam ser criados para mitigar falhas de mercado e alcanccedilar segmentos que natildeo satildeo supridos por serviccedilos financeiros Essa visatildeo indica que as falhas de mercado acontecem porque bancos privados maximizam o lucro natildeo tendo interesse em oferecer serviccedilos para indiviacuteduos de baixa renda comunidades distantes ou financiar projetos que natildeo sejam lucrativos mas que possuam externalidades positivas Ademais bancos privados tecircm menos incentivos para conceder empreacutestimos para pequenos empre-saacuterios ou para setores de alto risco como agricultura em razatildeo dos altos custos para administrar e monitorar esses empreacutestimos aleacutem das taxas altas de inadim-plecircncia (FRANCISCO et al 2008)

A visatildeo poliacutetica por sua vez afirma que existe um conflito de interesses entre a sociedade e os poliacuteticos nas instituiccedilotildees puacuteblicas (SHLEIFER VISHNY 1994 SHLEIFER 1998 LA PORTA LOPEZ-DE-SILANES SHLEIFER 2002) De acordo com essa visatildeo os bancos puacuteblicos satildeo meras ferramentas de atuaccedilatildeo dos poliacuteticos usadas para extrair ganhos de acordo com seus interesses Para Boycko Shleifer e Vishny (1996) citados por Hainz e Hakenes (2008) por exemplo os poliacuteticos utilizam bancos puacuteblicos com o intuito de maximizar a probabilidade de serem reeleitos

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A visatildeo de agecircncia por fim conforme sintetizado por Francisco et al (2008) reconhece que os bancos de desenvolvimento podem ser um meio importante para o governo alocar creacutedito de forma direcionada com o objetivo de cumprir poliacuteticas sociais (DE LA TORRE et al 2005) Entretanto tambeacutem admite que os bancos de desenvolvimento estatildeo propensos a gerar corrupccedilatildeo e maacute alocaccedilatildeo dos recursos (BANERJEE 1997) e que os custos de agecircncia dentro de burocracias governamentais representados pelo conflito de interesses entre o estado e os gerentes das instituiccedilotildees podem resultar em praacuteticas gerenciais ineficientes

De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia La Porta Lopez-de-Silanes e Shleifer (2002) comparando dados entre paiacuteses demons-traram que a propriedade puacuteblica de bancos eacute associada com um desenvolvi-mento financeiro mais lento e um crescimento mais baixo da renda per capita e da produtividade Por sua vez Adrianova Panicos e Anja (2009) afirmam que a regressatildeo proposta por esses autores sofre de vieacutes de variaacutevel omitida e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos se torna insignificante quando se adiciona alguns indicadores na regressatildeo especificada pelos autores encon-trando efeitos positivos para anos mais recentes

Koumlrner e Schneibel (2010) argumentam que as duas visotildees de La Porta Loacutepez-de-Silanes e Shleifer (2002) e Adrianova Panicos e Anja (2009) satildeo muito riacutegidas pois natildeo avaliam a heterogeneidade dos paiacuteses e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos somente estaacute associada a um baixo cresci-mento do PIB em paiacuteses com um sistema financeiro pouco desenvolvido o que natildeo acontece em paiacuteses desenvolvidos Em outro estudo empiacuterico sobre o tema Dinccedil (2005) encontrou que em paiacuteses menos desenvolvidos a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos puacuteblicos eacute significativamente maior em anos de eleiccedilatildeo do que a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos privados indicando que a concessatildeo dos empreacutestimos eacute direcionada mais por motivaccedilotildees poliacuteticas do que pelo retorno esperado dos projetos

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES

Os principais estudos empiacutericos que apresentam resultados sobre a forma de atuaccedilatildeo recente do BNDES foram realizados por Lazzarini et al (2012) e Carvalho (2013)

Lazzarini et al (2012) utilizando dados de empresas de capital aberto no periacuteodo entre 2002 e 2009 estudaram o efeito dos empreacutestimos e investimentos do BNDES no desempenho e na estrutura de investimento das firmas O uacutenico

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efeito encontrado foi a reduccedilatildeo dos gastos em financiamento quando as compa-nhias recebem empreacutestimos subsidiados do banco Mostraram tambeacutem que o BNDES natildeo empresta sistematicamente para empresas com baixo desempenho As empresas que recebem empreacutestimos subsidiados tendem a ser aquelas com bom desempenho e as que realizam doaccedilotildees para poliacuteticos que venceram as eleiccedilotildees Seus resultados portanto rejeitam a visatildeo de que os bancos de desenvolvimento satildeo usados para socorrer empresas indicando que os empreacutestimos do periacuteodo estavam transferindo subsiacutedios para grandes empresas sem nenhum aperfeiccediloa-mento do desempenho ou aumento no investimento

Carvalho (2013) usando dados de empresas brasileiras de manufatura evidencia que o controle de bancos pelo governo leva a uma influecircncia signifi-cativa sobre as decisotildees reais das firmas Ressalta ainda que empresas elegiacuteveis a receber empreacutestimos de bancos controlados pelo governo expandem as vagas de emprego perto das eleiccedilotildees em regiotildees com ampla competiccedilatildeo entre os candi-datos e as reduzem em outras regiotildees Essa anaacutelise sugere que os poliacuteticos no Brasil utilizam o controle sobre os empreacutestimos dos bancos puacuteblicos como uma forma de influenciar a decisatildeo das firmas sobre a alocaccedilatildeo dos empregos

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES

Recentemente a literatura de avaliaccedilatildeo de impacto das intervenccedilotildees tem ganhado espaccedilo no debate sobre a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas Ao entender como a intervenccedilatildeo atua na alteraccedilatildeo do contexto socioeconocircmico a avaliaccedilatildeo de impacto abre a possibilidade de reformulaccedilatildeo da intervenccedilatildeo adotada contri-buindo para o aperfeiccediloamento do seu desenho (MACHADO PARREIRAS PECcedilANHA 2011)

Entre os trabalhos que tratam da avaliaccedilatildeo de impacto de poliacuteticas relacio-nadas ao BNDES destacam-se os realizados por Pereira (2007) e Coelho e De Negri (2010) Pereira (2007) compara a evoluccedilatildeo dos postos de trabalho das empresas apoiadas pelo BNDES com a evoluccedilatildeo em empresas natildeo apoiadas de mesmo porte e conclui que o crescimento do emprego i) foi maior para as firmas apoiadas ii) foi maior quanto menor a empresa e iii) estaacute diretamente relacionado com o nuacutemero de operaccedilotildees realizadas com o BNDES

Coelho e De Negri (2010) analisam o impacto do financiamento do BNDES sobre os indicadores de desempenho da firma como as taxas de crescimento da produtividade total dos fatores da produtividade do trabalho do nuacutemero de empregados e da receita liacutequida de vendas O grupo de tratamento eacute composto por firmas industriais com mais de trinta empregados que utilizaram o financiamento

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do BNDES apenas em 2000 enquanto o grupo de controle abarca as firmas que natildeo utilizaram financiamento do BNDES entre 1995 e 2003 Os autores concluem que as linhas de financiamento do BNDES afetaram positivamente os indicadores de desempenho da firma avaliados

3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES

Inicialmente denominado Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDE) o banco foi fundado em 1952 na forma de autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio da Fazenda (MF) com o objetivo inicial de expandir os projetos de infraestrutura e criar mecanismos para promover o creacutedito de longo prazo para investimentos em energia e transporte (LAZZARINI et al 2012)

O surgimento do banco ocorre no momento em que diversos bancos de desenvolvimento eram criados no mundo Conforme indicado por Francisco et al (2008) durante as deacutecadas de 1950 1960 e 1970 essas instituiccedilotildees foram fundadas com o objetivo de servir aos segmentos menos privilegiados da populaccedilatildeo e a setores da economia que tinham uma demanda de creacutedito natildeo atendida pelo mercado operando assim sob a alegaccedilatildeo de que o aumento do acesso ao creacutedito e aos serviccedilos financeiros seria fundamental para o crescimento da economia

No periacuteodo de criaccedilatildeo do BNDE o Brasil vivenciava um processo ainda incipiente de industrializaccedilatildeo (BATISTA 2002) importantes gargalos de infraes-trutura restringiam agravequela eacutepoca o crescimento econocircmico do paiacutes em especial os setores de energia eleacutetrica e transportes Dessa maneira as primeiras missotildees do banco foram o reaparelhamento da malha ferroviaacuteria nacional e um extenso programa de eletrificaccedilatildeo

Na sequecircncia do processo de industrializaccedilatildeo jaacute sob o governo de Juscelino Kubitschek o BNDE focou sua atuaccedilatildeo na estruturaccedilatildeo do setor sideruacutergico nacional Tambeacutem participou da elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo do Plano de Metas daquele governo que tinha o objetivo de acelerar o processo de industrializaccedilatildeo do paiacutes Como destacado por Batista (2002) entre as principais metas estavam investi-mentos em geraccedilatildeo de energia eleacutetrica produccedilatildeo de petroacuteleo e carvatildeo construccedilatildeo e aprimoramento de ferrovias e rodovias ampliaccedilatildeo da siderurgia e consolidaccedilatildeo da induacutestria automobiliacutestica

Em 1964 em busca de aprimorar o atendimento agraves crescentes necessidades do processo de desenvolvimento brasileiro o BNDE criou a Agecircncia Especial de Finan-ciamento Industrial (FINAME) cujo objetivo era promover a ampliaccedilatildeo e a conso-lidaccedilatildeo da induacutestria nacional de maacutequinas e equipamentos (PAMPLONA 2011)

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O BNDE foi transformado em empresa puacuteblica federal pela Lei nordm 5662 de 21 de junho de 1971 dotado de personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio aumentando sua autonomia e flexibilidade administrativa (LUNDBERG 2011) Ainda na deacutecada de 1970 comeccedilou a investir mais direta-mente no patrimocircnio das empresas brasileiras iniciando as atividades por meio da criaccedilatildeo de trecircs novas subsidiaacuterias a Mecacircnica Brasileira SA (Embramec) a Insumos Baacutesicos SA Financiamento e Participaccedilotildees (Fibase) e a Investimentos Brasileiros SA (Ibrasa) Em 1982 essas trecircs subsidiaacuterias foram fundidas para a criaccedilatildeo da BNDES Participaccedilotildees SA (BNDESPar) A estrateacutegia era fundamentada na participaccedilatildeo minoritaacuteria com prazo estipulado de desinvestimento objeti-vando estimular o desenvolvimento do mercado de capitais (PAMPLONA 2011)

No iniacutecio da deacutecada de 1980 a crise econocircmica internacional intensificada a partir de 1979 afetou fortemente a economia brasileira que havia financiado seu processo de crescimento com base em endividamento externo a taxas flutuantes Assim com o aumento nas taxas de juros a niacutevel mundial o Brasil ampliou sobre-maneira sua dependecircncia diante do mercado financeiro internacional Mesmo antes da crise jaacute ficava claro que o seu processo de crescimento econocircmico natildeo atendia agraves expectativas de distribuiccedilatildeo equitativa das riquezas acumuladas e assim o Brasil se tornou o paiacutes com um dos mais altos niacuteveis de desigualdades sociais do mundo apesar de ter vivenciado um dos mais acelerados processos de crescimento econocircmico no periacuteodo de 1930 a 1980 (PAMPLONA 2011)

Nesse contexto o governo federal criou o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL) com o objetivo de apoiar accedilotildees sociais no paiacutes em complemento agraves fontes de recursos dos ministeacuterios ligados ao tema O BNDE foi escolhido como gestor do Fundo o que motivou a alteraccedilatildeo em 1982 do nome do banco que passou a se denominar BNDES agregando o desenvolvimento social agraves suas atribuiccedilotildees (PAMPLONA 2011)

Entretanto a falta de evidecircncia de que os bancos de desenvolvimento efeti-vamente atingiam seus objetivos sociais apoiou o argumento de que bancos natildeo eram diferentes de outros setores da economia e que as falhas de mercado seriam mais bem solucionadas com regulaccedilatildeo e subsiacutedios para projetos especiacuteficos do que com a posse direta de bancos pelo estado (FRANCISCO et al 2008) Esta linha de raciociacutenio levou a uma mudanccedila de paradigma a partir dos anos de 1980 em uma direccedilatildeo mais liberal que defendia a limitaccedilatildeo ou a eliminaccedilatildeo do governo na prestaccedilatildeo direta de serviccedilos financeiros De acordo com essa nova visatildeo o estado deveria concentrar seus esforccedilos em desenvolver um ambiente adequado para as instituiccedilotildees financeiras privadas se desenvolverem e esta abordagem motivou uma onda de privatizaccedilotildees limitaccedilotildees de atividades e liquidaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo Como resultado pelo menos 250 instituiccedilotildees finan-ceiras de desenvolvimento foram privatizadas no mundo entre 1987 e 2003

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O BNDES manteve a sua importacircncia mesmo com as privatizaccedilotildees que no Brasil tiveram iniacutecio na deacutecada de 1990 Na realidade o banco foi um partici-pante ativo nas reformas de privatizaccedilatildeo de trecircs maneiras planejando e execu-tando as privatizaccedilotildees concedendo empreacutestimos aos adquirentes e comprando partes minoritaacuterias de algumas empresas que antes eram totalmente puacuteblicas (LAZZARINI et al 2012) Nessa mesma deacutecada o banco assumiu a responsabi-lidade de coordenar o Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo (PND) tendo sido esta a sua principal atribuiccedilatildeo ao longo do periacuteodo Esse movimento por focar fundamentalmente em criteacuterios de rentabilidade financeira descaracterizou o BNDES como banco de desenvolvimento no periacuteodo (CURRALERO 1998)

Ao longo da deacutecada de 2000 o BNDES retomou o papel de banco de desen-volvimento Desde 1999 passou a ser vinculado ao Ministeacuterio do Desenvolvi-mento Induacutestria e Comeacutercio Exterior (MDIC) e aprofundou sua atuaccedilatildeo no apoio agraves exportaccedilotildees agraves micro e pequenas empresas ao desenvolvimento do mercado de capitais e agrave infraestrutura Tambeacutem passou a dar maior atenccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo e aos ativos intangiacuteveis das empresas (PAMPLONA 2011) Nessa deacutecada o Brasil vivenciou um importante ciclo de crescimento econocircmico que foi acompanhado de uma elevaccedilatildeo do creacutedito total em relaccedilatildeo ao PIB (Figura 1)

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil enosdadosdoPIBanualdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatiacutestica(IBGE)

Figura 1 ndash ToTal do creacutediTo em relaccedilatildeo ao PiB() ndash Brasil 2000-2012

No periacuteodo entre 2000 e 2008 a maior parte da expansatildeo deveu-se ao cresci-mento do creacutedito livre A partir do fim de 2008 em razatildeo da crise financeira inter-nacional houve uma retraccedilatildeo da oferta de creacutedito livre e uma ampliaccedilatildeo da oferta de creacuteditos direcionados que se compotildeem principalmente dos recursos conce-didos pelo BNDES e dos financiamentos imobiliaacuterios e rurais A partir de 2010 apesar da retomada do crescimento do creacutedito livre em da melhora no cenaacuterio internacional o creacutedito direcionado manteve a trajetoacuteria de expansatildeo atingindo 22 do PIB em 2012 (Figura 2)

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Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201440

Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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UNITED NATIONS - UN Rethinking the role of national development banks Financing for Development Office UN Department of Economic and Social Affairs New York 2005

  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 2: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

O impacto da poliacutetica de creacutedito do BNDES no desenvolvimento econocircmico e social dos

municiacutepios brasileiros

Economia do Setor Puacuteblico ndash 1ordm lugar

Maria Juacutelia Castro Wegelin

Mestre em Economia pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) e Analista de Financcedilas e Controle da Controladoria-Geral da Uniatildeo (CGU)

Resumo

Neste trabalho o efeito do aumento do crescimento do desembolso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) foi deter-minado pelo meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) Os resultados indicam que o PIB e o PIB per capita dos municiacutepios em que houve o aumento do crescimento do desembolso do BNDES (unidades tratadas) variaram positivamente em razatildeo desse aumento (tratamento) O Iacutendice Firjan de emprego e renda por sua vez natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nas tratadas em razatildeo do tratamento e o benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia R$029 de acreacutescimo no PIB Foi proposta uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES e o custo de oportunidade para o Tesouro Nacional (TN) em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES Foi encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Essa meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

Palavras-Chave BNDES Avaliaccedilatildeo de impacto Poliacutetica de creacutedito Propensity Score Matching Desenvolvimento econocircmico e social

Abstract

In this study Propensity Score Matching (PSM) was applied in order to measure the impact of increase in growth of Brazilian Development Bank (BNDES) disbursements The results demonstrate that in cities where there was an expansion of the BNDES disbursements (treated) there was a positive impact in the GDP and GDP per capita However the index FIRJAN of employment and income was not affected by the bankrsquos credit policy GDP and GDP per capita increased on average 04 each year more on treated cities due to increase in growth of BNDES disbursements The benefits generated for each R$100 of BNDES disbursement was on average R$029 of increase in GDP It was also proposed a measurement that compares the impact in the GDP caused by BNDES transactions and the cost for the Treasure to fund the bank transaction The total net return of R$100 of Treasure borrows to BNDES was on average -7584 The measurement can support the decision of the National Treasure to make further loans to BNDES or use their resources on alternative policies

Key Words BNDES Impact Evaluation Credit Policy Propensity Score Matching Economic and Social Development

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 9

2 LITERATURA RELACIONADA 11

21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento 11

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES 12

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES 13

3 HISTOacuteRICO DA ATUACcedilAtildeO DO BNDES 14

4 METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO DOS DADOS 21

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo 22

42 Dados e estatiacutesticas descritivas 25

43 Modelo empiacuterico 28

5 RESULTADOS 29

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo 31

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES 34

6 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 36

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Lista de figuras

Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012 16

Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012 17

Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013) 17

Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB () 18

Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil) 19

Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES 20

Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011 30

Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011 31

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES 20

Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis 27

Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES 29

Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo 31

Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB 32

Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita 33

Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda 33

Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento 35

Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio 35

Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB 35

Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN 38

Lista de siglas e abreviaturas

ATT Efeito meacutedio do tratamento nas tratadas (do inglecircs Average Treatment on Treated)

Bacen Banco Central do Brasil

BNDE Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

BNDESPar BNDES Participaccedilotildees SA

e-SIC Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo

ESTBAN Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio

FINSOCIAL Fundo de Investimento Social

Firjan Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior

MI Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

PAI Programa Amazocircnia Integrada

PCO Programa do Centro-Oeste

PDR Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional

PNC Programa Nordeste Competitivo

PNDR Poliacutetica Nacional de Dinamizaccedilatildeo Regional

PIB Produto Interno Bruto

PND Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo

PSI Programa de Sustentaccedilatildeo do Investimento

PSM Pareamento baseado em escore de propensatildeo (do inglecircs Propensity Score Matching)

RECONVERSUL Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul

R$ Real

TN Tesouro Nacional

UN United Nations

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 9

1 Introduccedilatildeo

O papel dos bancos puacuteblicos eacute amplamente discutido na literatura de desen-volvimento econocircmico Oficialmente os bancos puacuteblicos estabelecem o alcance de objetivos sociais e de desenvolvimento econocircmico como parte da sua missatildeo Apesar disso parte da literatura argumenta que a sua existecircncia pode ser preju-dicial agrave economia do paiacutes (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010) De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010)

Fundado em 1952 o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) eacute uma empresa puacutebica federal e o instrumento mais impor-tante para a execuccedilatildeo da poliacutetica de investimento do governo federal brasileiro Conforme estabelecido no Decreto nordm 4418 de 11 de outubro de 2002 que aprova o seu Estatuto Social o BNDES tem por objetivo primordial apoiar programas projetos obras e serviccedilos que se relacionem com o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes A missatildeo atual do banco definida em seu Planejamento Corpo-rativo 2009-2014 eacute promover o desenvolvimento sustentaacutevel e competitivo da economia brasileira com geraccedilatildeo de emprego e reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

O valor total dos desembolsos do BNDES cresceu de forma significativa no periacuteodo abrangido por esta pesquisa passando de R$ 48 bilhotildees em 2000 para R$ 147 bilhotildees em 2011 e chegando a R$ 190 bilhotildees em 20131 Entretanto conforme apontado por Lazzarini et al (2012) apesar do tamanho e da impor-tacircncia atribuiacuteda aos bancos de desenvolvimento natildeo haacute um entendimento claro do que esses bancos fazem na praacutetica Parte desse desconhecimento vem do fato de que a maioria dos bancos de desenvolvimento natildeo abre de forma detalhada os dados dos empreacutestimos concedidos e dos seus investimentos Por isso a maioria dos estudos sobre bancos de desenvolvimento eacute teoacuterica (AMSDEN 1989 DE AGHION 1999) ou baseado em estudos de caso qualitativos (AMSDEN 1989 2001 RODRIK 2004)

De acordo com a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) em artigo sobre o papel dos bancos de desenvolvimento medir os resultados eacute um elemento--chave para avaliar a atuaccedilatildeo dessas instituiccedilotildees Os bancos de desenvolvimento tecircm focado em medir a entrada e saiacuteda de recursos em especial os desembolsos sem adotar uma abordagem orientada em resultado que avalie o impacto da sua atuaccedilatildeo na produtividade no crescimento econocircmico e no desenvolvimento social Esse foco excessivo na taxa de desembolso tem como consequecircncia o baixo

1 Valoresatualizadospelainflaccedilatildeodoperiacuteodo

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201410

grau de prestaccedilatildeo de contas agrave sociedade por parte dos bancos de desenvolvimento e contribui para a dificuldade de se assegurar que os recursos satildeo utilizados de forma a alcanccedilar os objetivos propostos (UNITED NATIONS 2005)

Esse estudo tem o objetivo de analisar a forma de atuaccedilatildeo do BNDES entre 2000 e 2011 e o impacto da sua poliacutetica de creacutedito no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros A anaacutelise empiacuterica consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desembolsos do BNDES nos seguintes indica-dores Produto Interno Bruto (PIB) PIB per capita e Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) dos municiacutepios brasileiros sendo aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching)

O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasileiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento O grupo de tratamento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o tratamento (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve o aumento do crescimento do desembolso do BNDES o PIB e o PIB per capita variaram positi-vamente em razatildeo desse aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES

O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 a mais nos municiacutepios tratados em funccedilatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES (trata-mento) e o benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584

Este trabalho apresenta a seguinte estrutura no capiacutetulo dois apresenta-se a literatura relacionada agraves hipoacuteteses sobre a atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento agrave avaliaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estudos recentes sobre a atuaccedilatildeo do BNDES no capiacutetulo trecircs mostra-se o histoacuterico do BNDES no capiacutetulo quatro satildeo apresen-tadas a metodologia e a descriccedilatildeo dos dados no capiacutetulo cinco satildeo demonstrados os resultados no capiacutetulo seis eacute apresentada a anaacutelise dos resultados e no capiacutetulo sete a conclusatildeo

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2 Literatura relacionada

21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento

O debate sobre o papel dos bancos puacuteblicos eacute dividido em quatro hipoacuteteses a visatildeo de desenvolvimento a visatildeo social a visatildeo poliacutetica e a visatildeo de agecircncia

De acordo com a visatildeo de desenvolvimento formulada por Gerschenkron (1962) os bancos puacuteblicos proporcionam o desenvolvimento econocircmico pois substituem a concessatildeo de creacutedito privado em ambientes com economia e instituiccedilotildees fracas Conforme apontam Francisco et al (2008) durante os anos de 1950 e 1960 econo-mistas desenvolvimentistas especialmente Gerschenkron (1962) Myrdal (1960) e Lewis (1955) defenderam a existecircncia de bancos puacuteblicos em economias onde a escassez de capital o excesso de desconfianccedila e a disseminaccedilatildeo de praacuteticas fraudu-lentas desencorajassem a concessatildeo de creacutedito de longo prazo afetando a perspectiva de crescimento econocircmico Este pensamento levou agrave criaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo nesse periacuteodo com o propoacutesito de assegurar a concessatildeo de creacutedito a setores prioritaacuterios e de promover o desenvolvimento

Segundo a visatildeo social defendida por Atkinson e Stiglitz (1980) os bancos puacuteblicos satildeo criados e mantidos para perseguir objetivos relativos ao desenvolvi-mento social Considerando que uma expansatildeo dos serviccedilos financeiros favorece o crescimento econocircmico bancos de desenvolvimento deveriam ser criados para mitigar falhas de mercado e alcanccedilar segmentos que natildeo satildeo supridos por serviccedilos financeiros Essa visatildeo indica que as falhas de mercado acontecem porque bancos privados maximizam o lucro natildeo tendo interesse em oferecer serviccedilos para indiviacuteduos de baixa renda comunidades distantes ou financiar projetos que natildeo sejam lucrativos mas que possuam externalidades positivas Ademais bancos privados tecircm menos incentivos para conceder empreacutestimos para pequenos empre-saacuterios ou para setores de alto risco como agricultura em razatildeo dos altos custos para administrar e monitorar esses empreacutestimos aleacutem das taxas altas de inadim-plecircncia (FRANCISCO et al 2008)

A visatildeo poliacutetica por sua vez afirma que existe um conflito de interesses entre a sociedade e os poliacuteticos nas instituiccedilotildees puacuteblicas (SHLEIFER VISHNY 1994 SHLEIFER 1998 LA PORTA LOPEZ-DE-SILANES SHLEIFER 2002) De acordo com essa visatildeo os bancos puacuteblicos satildeo meras ferramentas de atuaccedilatildeo dos poliacuteticos usadas para extrair ganhos de acordo com seus interesses Para Boycko Shleifer e Vishny (1996) citados por Hainz e Hakenes (2008) por exemplo os poliacuteticos utilizam bancos puacuteblicos com o intuito de maximizar a probabilidade de serem reeleitos

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A visatildeo de agecircncia por fim conforme sintetizado por Francisco et al (2008) reconhece que os bancos de desenvolvimento podem ser um meio importante para o governo alocar creacutedito de forma direcionada com o objetivo de cumprir poliacuteticas sociais (DE LA TORRE et al 2005) Entretanto tambeacutem admite que os bancos de desenvolvimento estatildeo propensos a gerar corrupccedilatildeo e maacute alocaccedilatildeo dos recursos (BANERJEE 1997) e que os custos de agecircncia dentro de burocracias governamentais representados pelo conflito de interesses entre o estado e os gerentes das instituiccedilotildees podem resultar em praacuteticas gerenciais ineficientes

De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia La Porta Lopez-de-Silanes e Shleifer (2002) comparando dados entre paiacuteses demons-traram que a propriedade puacuteblica de bancos eacute associada com um desenvolvi-mento financeiro mais lento e um crescimento mais baixo da renda per capita e da produtividade Por sua vez Adrianova Panicos e Anja (2009) afirmam que a regressatildeo proposta por esses autores sofre de vieacutes de variaacutevel omitida e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos se torna insignificante quando se adiciona alguns indicadores na regressatildeo especificada pelos autores encon-trando efeitos positivos para anos mais recentes

Koumlrner e Schneibel (2010) argumentam que as duas visotildees de La Porta Loacutepez-de-Silanes e Shleifer (2002) e Adrianova Panicos e Anja (2009) satildeo muito riacutegidas pois natildeo avaliam a heterogeneidade dos paiacuteses e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos somente estaacute associada a um baixo cresci-mento do PIB em paiacuteses com um sistema financeiro pouco desenvolvido o que natildeo acontece em paiacuteses desenvolvidos Em outro estudo empiacuterico sobre o tema Dinccedil (2005) encontrou que em paiacuteses menos desenvolvidos a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos puacuteblicos eacute significativamente maior em anos de eleiccedilatildeo do que a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos privados indicando que a concessatildeo dos empreacutestimos eacute direcionada mais por motivaccedilotildees poliacuteticas do que pelo retorno esperado dos projetos

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES

Os principais estudos empiacutericos que apresentam resultados sobre a forma de atuaccedilatildeo recente do BNDES foram realizados por Lazzarini et al (2012) e Carvalho (2013)

Lazzarini et al (2012) utilizando dados de empresas de capital aberto no periacuteodo entre 2002 e 2009 estudaram o efeito dos empreacutestimos e investimentos do BNDES no desempenho e na estrutura de investimento das firmas O uacutenico

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efeito encontrado foi a reduccedilatildeo dos gastos em financiamento quando as compa-nhias recebem empreacutestimos subsidiados do banco Mostraram tambeacutem que o BNDES natildeo empresta sistematicamente para empresas com baixo desempenho As empresas que recebem empreacutestimos subsidiados tendem a ser aquelas com bom desempenho e as que realizam doaccedilotildees para poliacuteticos que venceram as eleiccedilotildees Seus resultados portanto rejeitam a visatildeo de que os bancos de desenvolvimento satildeo usados para socorrer empresas indicando que os empreacutestimos do periacuteodo estavam transferindo subsiacutedios para grandes empresas sem nenhum aperfeiccediloa-mento do desempenho ou aumento no investimento

Carvalho (2013) usando dados de empresas brasileiras de manufatura evidencia que o controle de bancos pelo governo leva a uma influecircncia signifi-cativa sobre as decisotildees reais das firmas Ressalta ainda que empresas elegiacuteveis a receber empreacutestimos de bancos controlados pelo governo expandem as vagas de emprego perto das eleiccedilotildees em regiotildees com ampla competiccedilatildeo entre os candi-datos e as reduzem em outras regiotildees Essa anaacutelise sugere que os poliacuteticos no Brasil utilizam o controle sobre os empreacutestimos dos bancos puacuteblicos como uma forma de influenciar a decisatildeo das firmas sobre a alocaccedilatildeo dos empregos

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES

Recentemente a literatura de avaliaccedilatildeo de impacto das intervenccedilotildees tem ganhado espaccedilo no debate sobre a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas Ao entender como a intervenccedilatildeo atua na alteraccedilatildeo do contexto socioeconocircmico a avaliaccedilatildeo de impacto abre a possibilidade de reformulaccedilatildeo da intervenccedilatildeo adotada contri-buindo para o aperfeiccediloamento do seu desenho (MACHADO PARREIRAS PECcedilANHA 2011)

Entre os trabalhos que tratam da avaliaccedilatildeo de impacto de poliacuteticas relacio-nadas ao BNDES destacam-se os realizados por Pereira (2007) e Coelho e De Negri (2010) Pereira (2007) compara a evoluccedilatildeo dos postos de trabalho das empresas apoiadas pelo BNDES com a evoluccedilatildeo em empresas natildeo apoiadas de mesmo porte e conclui que o crescimento do emprego i) foi maior para as firmas apoiadas ii) foi maior quanto menor a empresa e iii) estaacute diretamente relacionado com o nuacutemero de operaccedilotildees realizadas com o BNDES

Coelho e De Negri (2010) analisam o impacto do financiamento do BNDES sobre os indicadores de desempenho da firma como as taxas de crescimento da produtividade total dos fatores da produtividade do trabalho do nuacutemero de empregados e da receita liacutequida de vendas O grupo de tratamento eacute composto por firmas industriais com mais de trinta empregados que utilizaram o financiamento

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do BNDES apenas em 2000 enquanto o grupo de controle abarca as firmas que natildeo utilizaram financiamento do BNDES entre 1995 e 2003 Os autores concluem que as linhas de financiamento do BNDES afetaram positivamente os indicadores de desempenho da firma avaliados

3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES

Inicialmente denominado Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDE) o banco foi fundado em 1952 na forma de autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio da Fazenda (MF) com o objetivo inicial de expandir os projetos de infraestrutura e criar mecanismos para promover o creacutedito de longo prazo para investimentos em energia e transporte (LAZZARINI et al 2012)

O surgimento do banco ocorre no momento em que diversos bancos de desenvolvimento eram criados no mundo Conforme indicado por Francisco et al (2008) durante as deacutecadas de 1950 1960 e 1970 essas instituiccedilotildees foram fundadas com o objetivo de servir aos segmentos menos privilegiados da populaccedilatildeo e a setores da economia que tinham uma demanda de creacutedito natildeo atendida pelo mercado operando assim sob a alegaccedilatildeo de que o aumento do acesso ao creacutedito e aos serviccedilos financeiros seria fundamental para o crescimento da economia

No periacuteodo de criaccedilatildeo do BNDE o Brasil vivenciava um processo ainda incipiente de industrializaccedilatildeo (BATISTA 2002) importantes gargalos de infraes-trutura restringiam agravequela eacutepoca o crescimento econocircmico do paiacutes em especial os setores de energia eleacutetrica e transportes Dessa maneira as primeiras missotildees do banco foram o reaparelhamento da malha ferroviaacuteria nacional e um extenso programa de eletrificaccedilatildeo

Na sequecircncia do processo de industrializaccedilatildeo jaacute sob o governo de Juscelino Kubitschek o BNDE focou sua atuaccedilatildeo na estruturaccedilatildeo do setor sideruacutergico nacional Tambeacutem participou da elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo do Plano de Metas daquele governo que tinha o objetivo de acelerar o processo de industrializaccedilatildeo do paiacutes Como destacado por Batista (2002) entre as principais metas estavam investi-mentos em geraccedilatildeo de energia eleacutetrica produccedilatildeo de petroacuteleo e carvatildeo construccedilatildeo e aprimoramento de ferrovias e rodovias ampliaccedilatildeo da siderurgia e consolidaccedilatildeo da induacutestria automobiliacutestica

Em 1964 em busca de aprimorar o atendimento agraves crescentes necessidades do processo de desenvolvimento brasileiro o BNDE criou a Agecircncia Especial de Finan-ciamento Industrial (FINAME) cujo objetivo era promover a ampliaccedilatildeo e a conso-lidaccedilatildeo da induacutestria nacional de maacutequinas e equipamentos (PAMPLONA 2011)

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O BNDE foi transformado em empresa puacuteblica federal pela Lei nordm 5662 de 21 de junho de 1971 dotado de personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio aumentando sua autonomia e flexibilidade administrativa (LUNDBERG 2011) Ainda na deacutecada de 1970 comeccedilou a investir mais direta-mente no patrimocircnio das empresas brasileiras iniciando as atividades por meio da criaccedilatildeo de trecircs novas subsidiaacuterias a Mecacircnica Brasileira SA (Embramec) a Insumos Baacutesicos SA Financiamento e Participaccedilotildees (Fibase) e a Investimentos Brasileiros SA (Ibrasa) Em 1982 essas trecircs subsidiaacuterias foram fundidas para a criaccedilatildeo da BNDES Participaccedilotildees SA (BNDESPar) A estrateacutegia era fundamentada na participaccedilatildeo minoritaacuteria com prazo estipulado de desinvestimento objeti-vando estimular o desenvolvimento do mercado de capitais (PAMPLONA 2011)

No iniacutecio da deacutecada de 1980 a crise econocircmica internacional intensificada a partir de 1979 afetou fortemente a economia brasileira que havia financiado seu processo de crescimento com base em endividamento externo a taxas flutuantes Assim com o aumento nas taxas de juros a niacutevel mundial o Brasil ampliou sobre-maneira sua dependecircncia diante do mercado financeiro internacional Mesmo antes da crise jaacute ficava claro que o seu processo de crescimento econocircmico natildeo atendia agraves expectativas de distribuiccedilatildeo equitativa das riquezas acumuladas e assim o Brasil se tornou o paiacutes com um dos mais altos niacuteveis de desigualdades sociais do mundo apesar de ter vivenciado um dos mais acelerados processos de crescimento econocircmico no periacuteodo de 1930 a 1980 (PAMPLONA 2011)

Nesse contexto o governo federal criou o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL) com o objetivo de apoiar accedilotildees sociais no paiacutes em complemento agraves fontes de recursos dos ministeacuterios ligados ao tema O BNDE foi escolhido como gestor do Fundo o que motivou a alteraccedilatildeo em 1982 do nome do banco que passou a se denominar BNDES agregando o desenvolvimento social agraves suas atribuiccedilotildees (PAMPLONA 2011)

Entretanto a falta de evidecircncia de que os bancos de desenvolvimento efeti-vamente atingiam seus objetivos sociais apoiou o argumento de que bancos natildeo eram diferentes de outros setores da economia e que as falhas de mercado seriam mais bem solucionadas com regulaccedilatildeo e subsiacutedios para projetos especiacuteficos do que com a posse direta de bancos pelo estado (FRANCISCO et al 2008) Esta linha de raciociacutenio levou a uma mudanccedila de paradigma a partir dos anos de 1980 em uma direccedilatildeo mais liberal que defendia a limitaccedilatildeo ou a eliminaccedilatildeo do governo na prestaccedilatildeo direta de serviccedilos financeiros De acordo com essa nova visatildeo o estado deveria concentrar seus esforccedilos em desenvolver um ambiente adequado para as instituiccedilotildees financeiras privadas se desenvolverem e esta abordagem motivou uma onda de privatizaccedilotildees limitaccedilotildees de atividades e liquidaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo Como resultado pelo menos 250 instituiccedilotildees finan-ceiras de desenvolvimento foram privatizadas no mundo entre 1987 e 2003

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O BNDES manteve a sua importacircncia mesmo com as privatizaccedilotildees que no Brasil tiveram iniacutecio na deacutecada de 1990 Na realidade o banco foi um partici-pante ativo nas reformas de privatizaccedilatildeo de trecircs maneiras planejando e execu-tando as privatizaccedilotildees concedendo empreacutestimos aos adquirentes e comprando partes minoritaacuterias de algumas empresas que antes eram totalmente puacuteblicas (LAZZARINI et al 2012) Nessa mesma deacutecada o banco assumiu a responsabi-lidade de coordenar o Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo (PND) tendo sido esta a sua principal atribuiccedilatildeo ao longo do periacuteodo Esse movimento por focar fundamentalmente em criteacuterios de rentabilidade financeira descaracterizou o BNDES como banco de desenvolvimento no periacuteodo (CURRALERO 1998)

Ao longo da deacutecada de 2000 o BNDES retomou o papel de banco de desen-volvimento Desde 1999 passou a ser vinculado ao Ministeacuterio do Desenvolvi-mento Induacutestria e Comeacutercio Exterior (MDIC) e aprofundou sua atuaccedilatildeo no apoio agraves exportaccedilotildees agraves micro e pequenas empresas ao desenvolvimento do mercado de capitais e agrave infraestrutura Tambeacutem passou a dar maior atenccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo e aos ativos intangiacuteveis das empresas (PAMPLONA 2011) Nessa deacutecada o Brasil vivenciou um importante ciclo de crescimento econocircmico que foi acompanhado de uma elevaccedilatildeo do creacutedito total em relaccedilatildeo ao PIB (Figura 1)

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil enosdadosdoPIBanualdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatiacutestica(IBGE)

Figura 1 ndash ToTal do creacutediTo em relaccedilatildeo ao PiB() ndash Brasil 2000-2012

No periacuteodo entre 2000 e 2008 a maior parte da expansatildeo deveu-se ao cresci-mento do creacutedito livre A partir do fim de 2008 em razatildeo da crise financeira inter-nacional houve uma retraccedilatildeo da oferta de creacutedito livre e uma ampliaccedilatildeo da oferta de creacuteditos direcionados que se compotildeem principalmente dos recursos conce-didos pelo BNDES e dos financiamentos imobiliaacuterios e rurais A partir de 2010 apesar da retomada do crescimento do creacutedito livre em da melhora no cenaacuterio internacional o creacutedito direcionado manteve a trajetoacuteria de expansatildeo atingindo 22 do PIB em 2012 (Figura 2)

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Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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UNITED NATIONS - UN Rethinking the role of national development banks Financing for Development Office UN Department of Economic and Social Affairs New York 2005

  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 3: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Resumo

Neste trabalho o efeito do aumento do crescimento do desembolso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) foi deter-minado pelo meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) Os resultados indicam que o PIB e o PIB per capita dos municiacutepios em que houve o aumento do crescimento do desembolso do BNDES (unidades tratadas) variaram positivamente em razatildeo desse aumento (tratamento) O Iacutendice Firjan de emprego e renda por sua vez natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nas tratadas em razatildeo do tratamento e o benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia R$029 de acreacutescimo no PIB Foi proposta uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES e o custo de oportunidade para o Tesouro Nacional (TN) em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES Foi encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Essa meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

Palavras-Chave BNDES Avaliaccedilatildeo de impacto Poliacutetica de creacutedito Propensity Score Matching Desenvolvimento econocircmico e social

Abstract

In this study Propensity Score Matching (PSM) was applied in order to measure the impact of increase in growth of Brazilian Development Bank (BNDES) disbursements The results demonstrate that in cities where there was an expansion of the BNDES disbursements (treated) there was a positive impact in the GDP and GDP per capita However the index FIRJAN of employment and income was not affected by the bankrsquos credit policy GDP and GDP per capita increased on average 04 each year more on treated cities due to increase in growth of BNDES disbursements The benefits generated for each R$100 of BNDES disbursement was on average R$029 of increase in GDP It was also proposed a measurement that compares the impact in the GDP caused by BNDES transactions and the cost for the Treasure to fund the bank transaction The total net return of R$100 of Treasure borrows to BNDES was on average -7584 The measurement can support the decision of the National Treasure to make further loans to BNDES or use their resources on alternative policies

Key Words BNDES Impact Evaluation Credit Policy Propensity Score Matching Economic and Social Development

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 9

2 LITERATURA RELACIONADA 11

21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento 11

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES 12

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES 13

3 HISTOacuteRICO DA ATUACcedilAtildeO DO BNDES 14

4 METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO DOS DADOS 21

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo 22

42 Dados e estatiacutesticas descritivas 25

43 Modelo empiacuterico 28

5 RESULTADOS 29

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo 31

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES 34

6 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 36

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Lista de figuras

Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012 16

Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012 17

Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013) 17

Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB () 18

Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil) 19

Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES 20

Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011 30

Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011 31

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES 20

Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis 27

Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES 29

Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo 31

Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB 32

Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita 33

Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda 33

Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento 35

Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio 35

Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB 35

Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN 38

Lista de siglas e abreviaturas

ATT Efeito meacutedio do tratamento nas tratadas (do inglecircs Average Treatment on Treated)

Bacen Banco Central do Brasil

BNDE Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

BNDESPar BNDES Participaccedilotildees SA

e-SIC Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo

ESTBAN Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio

FINSOCIAL Fundo de Investimento Social

Firjan Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior

MI Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

PAI Programa Amazocircnia Integrada

PCO Programa do Centro-Oeste

PDR Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional

PNC Programa Nordeste Competitivo

PNDR Poliacutetica Nacional de Dinamizaccedilatildeo Regional

PIB Produto Interno Bruto

PND Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo

PSI Programa de Sustentaccedilatildeo do Investimento

PSM Pareamento baseado em escore de propensatildeo (do inglecircs Propensity Score Matching)

RECONVERSUL Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul

R$ Real

TN Tesouro Nacional

UN United Nations

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 9

1 Introduccedilatildeo

O papel dos bancos puacuteblicos eacute amplamente discutido na literatura de desen-volvimento econocircmico Oficialmente os bancos puacuteblicos estabelecem o alcance de objetivos sociais e de desenvolvimento econocircmico como parte da sua missatildeo Apesar disso parte da literatura argumenta que a sua existecircncia pode ser preju-dicial agrave economia do paiacutes (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010) De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010)

Fundado em 1952 o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) eacute uma empresa puacutebica federal e o instrumento mais impor-tante para a execuccedilatildeo da poliacutetica de investimento do governo federal brasileiro Conforme estabelecido no Decreto nordm 4418 de 11 de outubro de 2002 que aprova o seu Estatuto Social o BNDES tem por objetivo primordial apoiar programas projetos obras e serviccedilos que se relacionem com o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes A missatildeo atual do banco definida em seu Planejamento Corpo-rativo 2009-2014 eacute promover o desenvolvimento sustentaacutevel e competitivo da economia brasileira com geraccedilatildeo de emprego e reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

O valor total dos desembolsos do BNDES cresceu de forma significativa no periacuteodo abrangido por esta pesquisa passando de R$ 48 bilhotildees em 2000 para R$ 147 bilhotildees em 2011 e chegando a R$ 190 bilhotildees em 20131 Entretanto conforme apontado por Lazzarini et al (2012) apesar do tamanho e da impor-tacircncia atribuiacuteda aos bancos de desenvolvimento natildeo haacute um entendimento claro do que esses bancos fazem na praacutetica Parte desse desconhecimento vem do fato de que a maioria dos bancos de desenvolvimento natildeo abre de forma detalhada os dados dos empreacutestimos concedidos e dos seus investimentos Por isso a maioria dos estudos sobre bancos de desenvolvimento eacute teoacuterica (AMSDEN 1989 DE AGHION 1999) ou baseado em estudos de caso qualitativos (AMSDEN 1989 2001 RODRIK 2004)

De acordo com a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) em artigo sobre o papel dos bancos de desenvolvimento medir os resultados eacute um elemento--chave para avaliar a atuaccedilatildeo dessas instituiccedilotildees Os bancos de desenvolvimento tecircm focado em medir a entrada e saiacuteda de recursos em especial os desembolsos sem adotar uma abordagem orientada em resultado que avalie o impacto da sua atuaccedilatildeo na produtividade no crescimento econocircmico e no desenvolvimento social Esse foco excessivo na taxa de desembolso tem como consequecircncia o baixo

1 Valoresatualizadospelainflaccedilatildeodoperiacuteodo

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201410

grau de prestaccedilatildeo de contas agrave sociedade por parte dos bancos de desenvolvimento e contribui para a dificuldade de se assegurar que os recursos satildeo utilizados de forma a alcanccedilar os objetivos propostos (UNITED NATIONS 2005)

Esse estudo tem o objetivo de analisar a forma de atuaccedilatildeo do BNDES entre 2000 e 2011 e o impacto da sua poliacutetica de creacutedito no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros A anaacutelise empiacuterica consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desembolsos do BNDES nos seguintes indica-dores Produto Interno Bruto (PIB) PIB per capita e Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) dos municiacutepios brasileiros sendo aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching)

O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasileiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento O grupo de tratamento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o tratamento (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve o aumento do crescimento do desembolso do BNDES o PIB e o PIB per capita variaram positi-vamente em razatildeo desse aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES

O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 a mais nos municiacutepios tratados em funccedilatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES (trata-mento) e o benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584

Este trabalho apresenta a seguinte estrutura no capiacutetulo dois apresenta-se a literatura relacionada agraves hipoacuteteses sobre a atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento agrave avaliaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estudos recentes sobre a atuaccedilatildeo do BNDES no capiacutetulo trecircs mostra-se o histoacuterico do BNDES no capiacutetulo quatro satildeo apresen-tadas a metodologia e a descriccedilatildeo dos dados no capiacutetulo cinco satildeo demonstrados os resultados no capiacutetulo seis eacute apresentada a anaacutelise dos resultados e no capiacutetulo sete a conclusatildeo

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2 Literatura relacionada

21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento

O debate sobre o papel dos bancos puacuteblicos eacute dividido em quatro hipoacuteteses a visatildeo de desenvolvimento a visatildeo social a visatildeo poliacutetica e a visatildeo de agecircncia

De acordo com a visatildeo de desenvolvimento formulada por Gerschenkron (1962) os bancos puacuteblicos proporcionam o desenvolvimento econocircmico pois substituem a concessatildeo de creacutedito privado em ambientes com economia e instituiccedilotildees fracas Conforme apontam Francisco et al (2008) durante os anos de 1950 e 1960 econo-mistas desenvolvimentistas especialmente Gerschenkron (1962) Myrdal (1960) e Lewis (1955) defenderam a existecircncia de bancos puacuteblicos em economias onde a escassez de capital o excesso de desconfianccedila e a disseminaccedilatildeo de praacuteticas fraudu-lentas desencorajassem a concessatildeo de creacutedito de longo prazo afetando a perspectiva de crescimento econocircmico Este pensamento levou agrave criaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo nesse periacuteodo com o propoacutesito de assegurar a concessatildeo de creacutedito a setores prioritaacuterios e de promover o desenvolvimento

Segundo a visatildeo social defendida por Atkinson e Stiglitz (1980) os bancos puacuteblicos satildeo criados e mantidos para perseguir objetivos relativos ao desenvolvi-mento social Considerando que uma expansatildeo dos serviccedilos financeiros favorece o crescimento econocircmico bancos de desenvolvimento deveriam ser criados para mitigar falhas de mercado e alcanccedilar segmentos que natildeo satildeo supridos por serviccedilos financeiros Essa visatildeo indica que as falhas de mercado acontecem porque bancos privados maximizam o lucro natildeo tendo interesse em oferecer serviccedilos para indiviacuteduos de baixa renda comunidades distantes ou financiar projetos que natildeo sejam lucrativos mas que possuam externalidades positivas Ademais bancos privados tecircm menos incentivos para conceder empreacutestimos para pequenos empre-saacuterios ou para setores de alto risco como agricultura em razatildeo dos altos custos para administrar e monitorar esses empreacutestimos aleacutem das taxas altas de inadim-plecircncia (FRANCISCO et al 2008)

A visatildeo poliacutetica por sua vez afirma que existe um conflito de interesses entre a sociedade e os poliacuteticos nas instituiccedilotildees puacuteblicas (SHLEIFER VISHNY 1994 SHLEIFER 1998 LA PORTA LOPEZ-DE-SILANES SHLEIFER 2002) De acordo com essa visatildeo os bancos puacuteblicos satildeo meras ferramentas de atuaccedilatildeo dos poliacuteticos usadas para extrair ganhos de acordo com seus interesses Para Boycko Shleifer e Vishny (1996) citados por Hainz e Hakenes (2008) por exemplo os poliacuteticos utilizam bancos puacuteblicos com o intuito de maximizar a probabilidade de serem reeleitos

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A visatildeo de agecircncia por fim conforme sintetizado por Francisco et al (2008) reconhece que os bancos de desenvolvimento podem ser um meio importante para o governo alocar creacutedito de forma direcionada com o objetivo de cumprir poliacuteticas sociais (DE LA TORRE et al 2005) Entretanto tambeacutem admite que os bancos de desenvolvimento estatildeo propensos a gerar corrupccedilatildeo e maacute alocaccedilatildeo dos recursos (BANERJEE 1997) e que os custos de agecircncia dentro de burocracias governamentais representados pelo conflito de interesses entre o estado e os gerentes das instituiccedilotildees podem resultar em praacuteticas gerenciais ineficientes

De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia La Porta Lopez-de-Silanes e Shleifer (2002) comparando dados entre paiacuteses demons-traram que a propriedade puacuteblica de bancos eacute associada com um desenvolvi-mento financeiro mais lento e um crescimento mais baixo da renda per capita e da produtividade Por sua vez Adrianova Panicos e Anja (2009) afirmam que a regressatildeo proposta por esses autores sofre de vieacutes de variaacutevel omitida e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos se torna insignificante quando se adiciona alguns indicadores na regressatildeo especificada pelos autores encon-trando efeitos positivos para anos mais recentes

Koumlrner e Schneibel (2010) argumentam que as duas visotildees de La Porta Loacutepez-de-Silanes e Shleifer (2002) e Adrianova Panicos e Anja (2009) satildeo muito riacutegidas pois natildeo avaliam a heterogeneidade dos paiacuteses e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos somente estaacute associada a um baixo cresci-mento do PIB em paiacuteses com um sistema financeiro pouco desenvolvido o que natildeo acontece em paiacuteses desenvolvidos Em outro estudo empiacuterico sobre o tema Dinccedil (2005) encontrou que em paiacuteses menos desenvolvidos a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos puacuteblicos eacute significativamente maior em anos de eleiccedilatildeo do que a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos privados indicando que a concessatildeo dos empreacutestimos eacute direcionada mais por motivaccedilotildees poliacuteticas do que pelo retorno esperado dos projetos

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES

Os principais estudos empiacutericos que apresentam resultados sobre a forma de atuaccedilatildeo recente do BNDES foram realizados por Lazzarini et al (2012) e Carvalho (2013)

Lazzarini et al (2012) utilizando dados de empresas de capital aberto no periacuteodo entre 2002 e 2009 estudaram o efeito dos empreacutestimos e investimentos do BNDES no desempenho e na estrutura de investimento das firmas O uacutenico

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efeito encontrado foi a reduccedilatildeo dos gastos em financiamento quando as compa-nhias recebem empreacutestimos subsidiados do banco Mostraram tambeacutem que o BNDES natildeo empresta sistematicamente para empresas com baixo desempenho As empresas que recebem empreacutestimos subsidiados tendem a ser aquelas com bom desempenho e as que realizam doaccedilotildees para poliacuteticos que venceram as eleiccedilotildees Seus resultados portanto rejeitam a visatildeo de que os bancos de desenvolvimento satildeo usados para socorrer empresas indicando que os empreacutestimos do periacuteodo estavam transferindo subsiacutedios para grandes empresas sem nenhum aperfeiccediloa-mento do desempenho ou aumento no investimento

Carvalho (2013) usando dados de empresas brasileiras de manufatura evidencia que o controle de bancos pelo governo leva a uma influecircncia signifi-cativa sobre as decisotildees reais das firmas Ressalta ainda que empresas elegiacuteveis a receber empreacutestimos de bancos controlados pelo governo expandem as vagas de emprego perto das eleiccedilotildees em regiotildees com ampla competiccedilatildeo entre os candi-datos e as reduzem em outras regiotildees Essa anaacutelise sugere que os poliacuteticos no Brasil utilizam o controle sobre os empreacutestimos dos bancos puacuteblicos como uma forma de influenciar a decisatildeo das firmas sobre a alocaccedilatildeo dos empregos

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES

Recentemente a literatura de avaliaccedilatildeo de impacto das intervenccedilotildees tem ganhado espaccedilo no debate sobre a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas Ao entender como a intervenccedilatildeo atua na alteraccedilatildeo do contexto socioeconocircmico a avaliaccedilatildeo de impacto abre a possibilidade de reformulaccedilatildeo da intervenccedilatildeo adotada contri-buindo para o aperfeiccediloamento do seu desenho (MACHADO PARREIRAS PECcedilANHA 2011)

Entre os trabalhos que tratam da avaliaccedilatildeo de impacto de poliacuteticas relacio-nadas ao BNDES destacam-se os realizados por Pereira (2007) e Coelho e De Negri (2010) Pereira (2007) compara a evoluccedilatildeo dos postos de trabalho das empresas apoiadas pelo BNDES com a evoluccedilatildeo em empresas natildeo apoiadas de mesmo porte e conclui que o crescimento do emprego i) foi maior para as firmas apoiadas ii) foi maior quanto menor a empresa e iii) estaacute diretamente relacionado com o nuacutemero de operaccedilotildees realizadas com o BNDES

Coelho e De Negri (2010) analisam o impacto do financiamento do BNDES sobre os indicadores de desempenho da firma como as taxas de crescimento da produtividade total dos fatores da produtividade do trabalho do nuacutemero de empregados e da receita liacutequida de vendas O grupo de tratamento eacute composto por firmas industriais com mais de trinta empregados que utilizaram o financiamento

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do BNDES apenas em 2000 enquanto o grupo de controle abarca as firmas que natildeo utilizaram financiamento do BNDES entre 1995 e 2003 Os autores concluem que as linhas de financiamento do BNDES afetaram positivamente os indicadores de desempenho da firma avaliados

3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES

Inicialmente denominado Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDE) o banco foi fundado em 1952 na forma de autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio da Fazenda (MF) com o objetivo inicial de expandir os projetos de infraestrutura e criar mecanismos para promover o creacutedito de longo prazo para investimentos em energia e transporte (LAZZARINI et al 2012)

O surgimento do banco ocorre no momento em que diversos bancos de desenvolvimento eram criados no mundo Conforme indicado por Francisco et al (2008) durante as deacutecadas de 1950 1960 e 1970 essas instituiccedilotildees foram fundadas com o objetivo de servir aos segmentos menos privilegiados da populaccedilatildeo e a setores da economia que tinham uma demanda de creacutedito natildeo atendida pelo mercado operando assim sob a alegaccedilatildeo de que o aumento do acesso ao creacutedito e aos serviccedilos financeiros seria fundamental para o crescimento da economia

No periacuteodo de criaccedilatildeo do BNDE o Brasil vivenciava um processo ainda incipiente de industrializaccedilatildeo (BATISTA 2002) importantes gargalos de infraes-trutura restringiam agravequela eacutepoca o crescimento econocircmico do paiacutes em especial os setores de energia eleacutetrica e transportes Dessa maneira as primeiras missotildees do banco foram o reaparelhamento da malha ferroviaacuteria nacional e um extenso programa de eletrificaccedilatildeo

Na sequecircncia do processo de industrializaccedilatildeo jaacute sob o governo de Juscelino Kubitschek o BNDE focou sua atuaccedilatildeo na estruturaccedilatildeo do setor sideruacutergico nacional Tambeacutem participou da elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo do Plano de Metas daquele governo que tinha o objetivo de acelerar o processo de industrializaccedilatildeo do paiacutes Como destacado por Batista (2002) entre as principais metas estavam investi-mentos em geraccedilatildeo de energia eleacutetrica produccedilatildeo de petroacuteleo e carvatildeo construccedilatildeo e aprimoramento de ferrovias e rodovias ampliaccedilatildeo da siderurgia e consolidaccedilatildeo da induacutestria automobiliacutestica

Em 1964 em busca de aprimorar o atendimento agraves crescentes necessidades do processo de desenvolvimento brasileiro o BNDE criou a Agecircncia Especial de Finan-ciamento Industrial (FINAME) cujo objetivo era promover a ampliaccedilatildeo e a conso-lidaccedilatildeo da induacutestria nacional de maacutequinas e equipamentos (PAMPLONA 2011)

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O BNDE foi transformado em empresa puacuteblica federal pela Lei nordm 5662 de 21 de junho de 1971 dotado de personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio aumentando sua autonomia e flexibilidade administrativa (LUNDBERG 2011) Ainda na deacutecada de 1970 comeccedilou a investir mais direta-mente no patrimocircnio das empresas brasileiras iniciando as atividades por meio da criaccedilatildeo de trecircs novas subsidiaacuterias a Mecacircnica Brasileira SA (Embramec) a Insumos Baacutesicos SA Financiamento e Participaccedilotildees (Fibase) e a Investimentos Brasileiros SA (Ibrasa) Em 1982 essas trecircs subsidiaacuterias foram fundidas para a criaccedilatildeo da BNDES Participaccedilotildees SA (BNDESPar) A estrateacutegia era fundamentada na participaccedilatildeo minoritaacuteria com prazo estipulado de desinvestimento objeti-vando estimular o desenvolvimento do mercado de capitais (PAMPLONA 2011)

No iniacutecio da deacutecada de 1980 a crise econocircmica internacional intensificada a partir de 1979 afetou fortemente a economia brasileira que havia financiado seu processo de crescimento com base em endividamento externo a taxas flutuantes Assim com o aumento nas taxas de juros a niacutevel mundial o Brasil ampliou sobre-maneira sua dependecircncia diante do mercado financeiro internacional Mesmo antes da crise jaacute ficava claro que o seu processo de crescimento econocircmico natildeo atendia agraves expectativas de distribuiccedilatildeo equitativa das riquezas acumuladas e assim o Brasil se tornou o paiacutes com um dos mais altos niacuteveis de desigualdades sociais do mundo apesar de ter vivenciado um dos mais acelerados processos de crescimento econocircmico no periacuteodo de 1930 a 1980 (PAMPLONA 2011)

Nesse contexto o governo federal criou o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL) com o objetivo de apoiar accedilotildees sociais no paiacutes em complemento agraves fontes de recursos dos ministeacuterios ligados ao tema O BNDE foi escolhido como gestor do Fundo o que motivou a alteraccedilatildeo em 1982 do nome do banco que passou a se denominar BNDES agregando o desenvolvimento social agraves suas atribuiccedilotildees (PAMPLONA 2011)

Entretanto a falta de evidecircncia de que os bancos de desenvolvimento efeti-vamente atingiam seus objetivos sociais apoiou o argumento de que bancos natildeo eram diferentes de outros setores da economia e que as falhas de mercado seriam mais bem solucionadas com regulaccedilatildeo e subsiacutedios para projetos especiacuteficos do que com a posse direta de bancos pelo estado (FRANCISCO et al 2008) Esta linha de raciociacutenio levou a uma mudanccedila de paradigma a partir dos anos de 1980 em uma direccedilatildeo mais liberal que defendia a limitaccedilatildeo ou a eliminaccedilatildeo do governo na prestaccedilatildeo direta de serviccedilos financeiros De acordo com essa nova visatildeo o estado deveria concentrar seus esforccedilos em desenvolver um ambiente adequado para as instituiccedilotildees financeiras privadas se desenvolverem e esta abordagem motivou uma onda de privatizaccedilotildees limitaccedilotildees de atividades e liquidaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo Como resultado pelo menos 250 instituiccedilotildees finan-ceiras de desenvolvimento foram privatizadas no mundo entre 1987 e 2003

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O BNDES manteve a sua importacircncia mesmo com as privatizaccedilotildees que no Brasil tiveram iniacutecio na deacutecada de 1990 Na realidade o banco foi um partici-pante ativo nas reformas de privatizaccedilatildeo de trecircs maneiras planejando e execu-tando as privatizaccedilotildees concedendo empreacutestimos aos adquirentes e comprando partes minoritaacuterias de algumas empresas que antes eram totalmente puacuteblicas (LAZZARINI et al 2012) Nessa mesma deacutecada o banco assumiu a responsabi-lidade de coordenar o Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo (PND) tendo sido esta a sua principal atribuiccedilatildeo ao longo do periacuteodo Esse movimento por focar fundamentalmente em criteacuterios de rentabilidade financeira descaracterizou o BNDES como banco de desenvolvimento no periacuteodo (CURRALERO 1998)

Ao longo da deacutecada de 2000 o BNDES retomou o papel de banco de desen-volvimento Desde 1999 passou a ser vinculado ao Ministeacuterio do Desenvolvi-mento Induacutestria e Comeacutercio Exterior (MDIC) e aprofundou sua atuaccedilatildeo no apoio agraves exportaccedilotildees agraves micro e pequenas empresas ao desenvolvimento do mercado de capitais e agrave infraestrutura Tambeacutem passou a dar maior atenccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo e aos ativos intangiacuteveis das empresas (PAMPLONA 2011) Nessa deacutecada o Brasil vivenciou um importante ciclo de crescimento econocircmico que foi acompanhado de uma elevaccedilatildeo do creacutedito total em relaccedilatildeo ao PIB (Figura 1)

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil enosdadosdoPIBanualdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatiacutestica(IBGE)

Figura 1 ndash ToTal do creacutediTo em relaccedilatildeo ao PiB() ndash Brasil 2000-2012

No periacuteodo entre 2000 e 2008 a maior parte da expansatildeo deveu-se ao cresci-mento do creacutedito livre A partir do fim de 2008 em razatildeo da crise financeira inter-nacional houve uma retraccedilatildeo da oferta de creacutedito livre e uma ampliaccedilatildeo da oferta de creacuteditos direcionados que se compotildeem principalmente dos recursos conce-didos pelo BNDES e dos financiamentos imobiliaacuterios e rurais A partir de 2010 apesar da retomada do crescimento do creacutedito livre em da melhora no cenaacuterio internacional o creacutedito direcionado manteve a trajetoacuteria de expansatildeo atingindo 22 do PIB em 2012 (Figura 2)

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Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 4: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Abstract

In this study Propensity Score Matching (PSM) was applied in order to measure the impact of increase in growth of Brazilian Development Bank (BNDES) disbursements The results demonstrate that in cities where there was an expansion of the BNDES disbursements (treated) there was a positive impact in the GDP and GDP per capita However the index FIRJAN of employment and income was not affected by the bankrsquos credit policy GDP and GDP per capita increased on average 04 each year more on treated cities due to increase in growth of BNDES disbursements The benefits generated for each R$100 of BNDES disbursement was on average R$029 of increase in GDP It was also proposed a measurement that compares the impact in the GDP caused by BNDES transactions and the cost for the Treasure to fund the bank transaction The total net return of R$100 of Treasure borrows to BNDES was on average -7584 The measurement can support the decision of the National Treasure to make further loans to BNDES or use their resources on alternative policies

Key Words BNDES Impact Evaluation Credit Policy Propensity Score Matching Economic and Social Development

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 9

2 LITERATURA RELACIONADA 11

21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento 11

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES 12

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES 13

3 HISTOacuteRICO DA ATUACcedilAtildeO DO BNDES 14

4 METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO DOS DADOS 21

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo 22

42 Dados e estatiacutesticas descritivas 25

43 Modelo empiacuterico 28

5 RESULTADOS 29

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo 31

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES 34

6 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 36

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Lista de figuras

Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012 16

Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012 17

Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013) 17

Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB () 18

Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil) 19

Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES 20

Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011 30

Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011 31

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES 20

Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis 27

Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES 29

Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo 31

Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB 32

Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita 33

Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda 33

Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento 35

Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio 35

Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB 35

Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN 38

Lista de siglas e abreviaturas

ATT Efeito meacutedio do tratamento nas tratadas (do inglecircs Average Treatment on Treated)

Bacen Banco Central do Brasil

BNDE Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

BNDESPar BNDES Participaccedilotildees SA

e-SIC Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo

ESTBAN Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio

FINSOCIAL Fundo de Investimento Social

Firjan Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior

MI Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

PAI Programa Amazocircnia Integrada

PCO Programa do Centro-Oeste

PDR Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional

PNC Programa Nordeste Competitivo

PNDR Poliacutetica Nacional de Dinamizaccedilatildeo Regional

PIB Produto Interno Bruto

PND Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo

PSI Programa de Sustentaccedilatildeo do Investimento

PSM Pareamento baseado em escore de propensatildeo (do inglecircs Propensity Score Matching)

RECONVERSUL Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul

R$ Real

TN Tesouro Nacional

UN United Nations

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

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1 Introduccedilatildeo

O papel dos bancos puacuteblicos eacute amplamente discutido na literatura de desen-volvimento econocircmico Oficialmente os bancos puacuteblicos estabelecem o alcance de objetivos sociais e de desenvolvimento econocircmico como parte da sua missatildeo Apesar disso parte da literatura argumenta que a sua existecircncia pode ser preju-dicial agrave economia do paiacutes (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010) De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010)

Fundado em 1952 o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) eacute uma empresa puacutebica federal e o instrumento mais impor-tante para a execuccedilatildeo da poliacutetica de investimento do governo federal brasileiro Conforme estabelecido no Decreto nordm 4418 de 11 de outubro de 2002 que aprova o seu Estatuto Social o BNDES tem por objetivo primordial apoiar programas projetos obras e serviccedilos que se relacionem com o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes A missatildeo atual do banco definida em seu Planejamento Corpo-rativo 2009-2014 eacute promover o desenvolvimento sustentaacutevel e competitivo da economia brasileira com geraccedilatildeo de emprego e reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

O valor total dos desembolsos do BNDES cresceu de forma significativa no periacuteodo abrangido por esta pesquisa passando de R$ 48 bilhotildees em 2000 para R$ 147 bilhotildees em 2011 e chegando a R$ 190 bilhotildees em 20131 Entretanto conforme apontado por Lazzarini et al (2012) apesar do tamanho e da impor-tacircncia atribuiacuteda aos bancos de desenvolvimento natildeo haacute um entendimento claro do que esses bancos fazem na praacutetica Parte desse desconhecimento vem do fato de que a maioria dos bancos de desenvolvimento natildeo abre de forma detalhada os dados dos empreacutestimos concedidos e dos seus investimentos Por isso a maioria dos estudos sobre bancos de desenvolvimento eacute teoacuterica (AMSDEN 1989 DE AGHION 1999) ou baseado em estudos de caso qualitativos (AMSDEN 1989 2001 RODRIK 2004)

De acordo com a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) em artigo sobre o papel dos bancos de desenvolvimento medir os resultados eacute um elemento--chave para avaliar a atuaccedilatildeo dessas instituiccedilotildees Os bancos de desenvolvimento tecircm focado em medir a entrada e saiacuteda de recursos em especial os desembolsos sem adotar uma abordagem orientada em resultado que avalie o impacto da sua atuaccedilatildeo na produtividade no crescimento econocircmico e no desenvolvimento social Esse foco excessivo na taxa de desembolso tem como consequecircncia o baixo

1 Valoresatualizadospelainflaccedilatildeodoperiacuteodo

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grau de prestaccedilatildeo de contas agrave sociedade por parte dos bancos de desenvolvimento e contribui para a dificuldade de se assegurar que os recursos satildeo utilizados de forma a alcanccedilar os objetivos propostos (UNITED NATIONS 2005)

Esse estudo tem o objetivo de analisar a forma de atuaccedilatildeo do BNDES entre 2000 e 2011 e o impacto da sua poliacutetica de creacutedito no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros A anaacutelise empiacuterica consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desembolsos do BNDES nos seguintes indica-dores Produto Interno Bruto (PIB) PIB per capita e Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) dos municiacutepios brasileiros sendo aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching)

O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasileiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento O grupo de tratamento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o tratamento (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve o aumento do crescimento do desembolso do BNDES o PIB e o PIB per capita variaram positi-vamente em razatildeo desse aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES

O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 a mais nos municiacutepios tratados em funccedilatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES (trata-mento) e o benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584

Este trabalho apresenta a seguinte estrutura no capiacutetulo dois apresenta-se a literatura relacionada agraves hipoacuteteses sobre a atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento agrave avaliaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estudos recentes sobre a atuaccedilatildeo do BNDES no capiacutetulo trecircs mostra-se o histoacuterico do BNDES no capiacutetulo quatro satildeo apresen-tadas a metodologia e a descriccedilatildeo dos dados no capiacutetulo cinco satildeo demonstrados os resultados no capiacutetulo seis eacute apresentada a anaacutelise dos resultados e no capiacutetulo sete a conclusatildeo

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2 Literatura relacionada

21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento

O debate sobre o papel dos bancos puacuteblicos eacute dividido em quatro hipoacuteteses a visatildeo de desenvolvimento a visatildeo social a visatildeo poliacutetica e a visatildeo de agecircncia

De acordo com a visatildeo de desenvolvimento formulada por Gerschenkron (1962) os bancos puacuteblicos proporcionam o desenvolvimento econocircmico pois substituem a concessatildeo de creacutedito privado em ambientes com economia e instituiccedilotildees fracas Conforme apontam Francisco et al (2008) durante os anos de 1950 e 1960 econo-mistas desenvolvimentistas especialmente Gerschenkron (1962) Myrdal (1960) e Lewis (1955) defenderam a existecircncia de bancos puacuteblicos em economias onde a escassez de capital o excesso de desconfianccedila e a disseminaccedilatildeo de praacuteticas fraudu-lentas desencorajassem a concessatildeo de creacutedito de longo prazo afetando a perspectiva de crescimento econocircmico Este pensamento levou agrave criaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo nesse periacuteodo com o propoacutesito de assegurar a concessatildeo de creacutedito a setores prioritaacuterios e de promover o desenvolvimento

Segundo a visatildeo social defendida por Atkinson e Stiglitz (1980) os bancos puacuteblicos satildeo criados e mantidos para perseguir objetivos relativos ao desenvolvi-mento social Considerando que uma expansatildeo dos serviccedilos financeiros favorece o crescimento econocircmico bancos de desenvolvimento deveriam ser criados para mitigar falhas de mercado e alcanccedilar segmentos que natildeo satildeo supridos por serviccedilos financeiros Essa visatildeo indica que as falhas de mercado acontecem porque bancos privados maximizam o lucro natildeo tendo interesse em oferecer serviccedilos para indiviacuteduos de baixa renda comunidades distantes ou financiar projetos que natildeo sejam lucrativos mas que possuam externalidades positivas Ademais bancos privados tecircm menos incentivos para conceder empreacutestimos para pequenos empre-saacuterios ou para setores de alto risco como agricultura em razatildeo dos altos custos para administrar e monitorar esses empreacutestimos aleacutem das taxas altas de inadim-plecircncia (FRANCISCO et al 2008)

A visatildeo poliacutetica por sua vez afirma que existe um conflito de interesses entre a sociedade e os poliacuteticos nas instituiccedilotildees puacuteblicas (SHLEIFER VISHNY 1994 SHLEIFER 1998 LA PORTA LOPEZ-DE-SILANES SHLEIFER 2002) De acordo com essa visatildeo os bancos puacuteblicos satildeo meras ferramentas de atuaccedilatildeo dos poliacuteticos usadas para extrair ganhos de acordo com seus interesses Para Boycko Shleifer e Vishny (1996) citados por Hainz e Hakenes (2008) por exemplo os poliacuteticos utilizam bancos puacuteblicos com o intuito de maximizar a probabilidade de serem reeleitos

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A visatildeo de agecircncia por fim conforme sintetizado por Francisco et al (2008) reconhece que os bancos de desenvolvimento podem ser um meio importante para o governo alocar creacutedito de forma direcionada com o objetivo de cumprir poliacuteticas sociais (DE LA TORRE et al 2005) Entretanto tambeacutem admite que os bancos de desenvolvimento estatildeo propensos a gerar corrupccedilatildeo e maacute alocaccedilatildeo dos recursos (BANERJEE 1997) e que os custos de agecircncia dentro de burocracias governamentais representados pelo conflito de interesses entre o estado e os gerentes das instituiccedilotildees podem resultar em praacuteticas gerenciais ineficientes

De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia La Porta Lopez-de-Silanes e Shleifer (2002) comparando dados entre paiacuteses demons-traram que a propriedade puacuteblica de bancos eacute associada com um desenvolvi-mento financeiro mais lento e um crescimento mais baixo da renda per capita e da produtividade Por sua vez Adrianova Panicos e Anja (2009) afirmam que a regressatildeo proposta por esses autores sofre de vieacutes de variaacutevel omitida e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos se torna insignificante quando se adiciona alguns indicadores na regressatildeo especificada pelos autores encon-trando efeitos positivos para anos mais recentes

Koumlrner e Schneibel (2010) argumentam que as duas visotildees de La Porta Loacutepez-de-Silanes e Shleifer (2002) e Adrianova Panicos e Anja (2009) satildeo muito riacutegidas pois natildeo avaliam a heterogeneidade dos paiacuteses e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos somente estaacute associada a um baixo cresci-mento do PIB em paiacuteses com um sistema financeiro pouco desenvolvido o que natildeo acontece em paiacuteses desenvolvidos Em outro estudo empiacuterico sobre o tema Dinccedil (2005) encontrou que em paiacuteses menos desenvolvidos a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos puacuteblicos eacute significativamente maior em anos de eleiccedilatildeo do que a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos privados indicando que a concessatildeo dos empreacutestimos eacute direcionada mais por motivaccedilotildees poliacuteticas do que pelo retorno esperado dos projetos

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES

Os principais estudos empiacutericos que apresentam resultados sobre a forma de atuaccedilatildeo recente do BNDES foram realizados por Lazzarini et al (2012) e Carvalho (2013)

Lazzarini et al (2012) utilizando dados de empresas de capital aberto no periacuteodo entre 2002 e 2009 estudaram o efeito dos empreacutestimos e investimentos do BNDES no desempenho e na estrutura de investimento das firmas O uacutenico

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efeito encontrado foi a reduccedilatildeo dos gastos em financiamento quando as compa-nhias recebem empreacutestimos subsidiados do banco Mostraram tambeacutem que o BNDES natildeo empresta sistematicamente para empresas com baixo desempenho As empresas que recebem empreacutestimos subsidiados tendem a ser aquelas com bom desempenho e as que realizam doaccedilotildees para poliacuteticos que venceram as eleiccedilotildees Seus resultados portanto rejeitam a visatildeo de que os bancos de desenvolvimento satildeo usados para socorrer empresas indicando que os empreacutestimos do periacuteodo estavam transferindo subsiacutedios para grandes empresas sem nenhum aperfeiccediloa-mento do desempenho ou aumento no investimento

Carvalho (2013) usando dados de empresas brasileiras de manufatura evidencia que o controle de bancos pelo governo leva a uma influecircncia signifi-cativa sobre as decisotildees reais das firmas Ressalta ainda que empresas elegiacuteveis a receber empreacutestimos de bancos controlados pelo governo expandem as vagas de emprego perto das eleiccedilotildees em regiotildees com ampla competiccedilatildeo entre os candi-datos e as reduzem em outras regiotildees Essa anaacutelise sugere que os poliacuteticos no Brasil utilizam o controle sobre os empreacutestimos dos bancos puacuteblicos como uma forma de influenciar a decisatildeo das firmas sobre a alocaccedilatildeo dos empregos

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES

Recentemente a literatura de avaliaccedilatildeo de impacto das intervenccedilotildees tem ganhado espaccedilo no debate sobre a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas Ao entender como a intervenccedilatildeo atua na alteraccedilatildeo do contexto socioeconocircmico a avaliaccedilatildeo de impacto abre a possibilidade de reformulaccedilatildeo da intervenccedilatildeo adotada contri-buindo para o aperfeiccediloamento do seu desenho (MACHADO PARREIRAS PECcedilANHA 2011)

Entre os trabalhos que tratam da avaliaccedilatildeo de impacto de poliacuteticas relacio-nadas ao BNDES destacam-se os realizados por Pereira (2007) e Coelho e De Negri (2010) Pereira (2007) compara a evoluccedilatildeo dos postos de trabalho das empresas apoiadas pelo BNDES com a evoluccedilatildeo em empresas natildeo apoiadas de mesmo porte e conclui que o crescimento do emprego i) foi maior para as firmas apoiadas ii) foi maior quanto menor a empresa e iii) estaacute diretamente relacionado com o nuacutemero de operaccedilotildees realizadas com o BNDES

Coelho e De Negri (2010) analisam o impacto do financiamento do BNDES sobre os indicadores de desempenho da firma como as taxas de crescimento da produtividade total dos fatores da produtividade do trabalho do nuacutemero de empregados e da receita liacutequida de vendas O grupo de tratamento eacute composto por firmas industriais com mais de trinta empregados que utilizaram o financiamento

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do BNDES apenas em 2000 enquanto o grupo de controle abarca as firmas que natildeo utilizaram financiamento do BNDES entre 1995 e 2003 Os autores concluem que as linhas de financiamento do BNDES afetaram positivamente os indicadores de desempenho da firma avaliados

3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES

Inicialmente denominado Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDE) o banco foi fundado em 1952 na forma de autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio da Fazenda (MF) com o objetivo inicial de expandir os projetos de infraestrutura e criar mecanismos para promover o creacutedito de longo prazo para investimentos em energia e transporte (LAZZARINI et al 2012)

O surgimento do banco ocorre no momento em que diversos bancos de desenvolvimento eram criados no mundo Conforme indicado por Francisco et al (2008) durante as deacutecadas de 1950 1960 e 1970 essas instituiccedilotildees foram fundadas com o objetivo de servir aos segmentos menos privilegiados da populaccedilatildeo e a setores da economia que tinham uma demanda de creacutedito natildeo atendida pelo mercado operando assim sob a alegaccedilatildeo de que o aumento do acesso ao creacutedito e aos serviccedilos financeiros seria fundamental para o crescimento da economia

No periacuteodo de criaccedilatildeo do BNDE o Brasil vivenciava um processo ainda incipiente de industrializaccedilatildeo (BATISTA 2002) importantes gargalos de infraes-trutura restringiam agravequela eacutepoca o crescimento econocircmico do paiacutes em especial os setores de energia eleacutetrica e transportes Dessa maneira as primeiras missotildees do banco foram o reaparelhamento da malha ferroviaacuteria nacional e um extenso programa de eletrificaccedilatildeo

Na sequecircncia do processo de industrializaccedilatildeo jaacute sob o governo de Juscelino Kubitschek o BNDE focou sua atuaccedilatildeo na estruturaccedilatildeo do setor sideruacutergico nacional Tambeacutem participou da elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo do Plano de Metas daquele governo que tinha o objetivo de acelerar o processo de industrializaccedilatildeo do paiacutes Como destacado por Batista (2002) entre as principais metas estavam investi-mentos em geraccedilatildeo de energia eleacutetrica produccedilatildeo de petroacuteleo e carvatildeo construccedilatildeo e aprimoramento de ferrovias e rodovias ampliaccedilatildeo da siderurgia e consolidaccedilatildeo da induacutestria automobiliacutestica

Em 1964 em busca de aprimorar o atendimento agraves crescentes necessidades do processo de desenvolvimento brasileiro o BNDE criou a Agecircncia Especial de Finan-ciamento Industrial (FINAME) cujo objetivo era promover a ampliaccedilatildeo e a conso-lidaccedilatildeo da induacutestria nacional de maacutequinas e equipamentos (PAMPLONA 2011)

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O BNDE foi transformado em empresa puacuteblica federal pela Lei nordm 5662 de 21 de junho de 1971 dotado de personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio aumentando sua autonomia e flexibilidade administrativa (LUNDBERG 2011) Ainda na deacutecada de 1970 comeccedilou a investir mais direta-mente no patrimocircnio das empresas brasileiras iniciando as atividades por meio da criaccedilatildeo de trecircs novas subsidiaacuterias a Mecacircnica Brasileira SA (Embramec) a Insumos Baacutesicos SA Financiamento e Participaccedilotildees (Fibase) e a Investimentos Brasileiros SA (Ibrasa) Em 1982 essas trecircs subsidiaacuterias foram fundidas para a criaccedilatildeo da BNDES Participaccedilotildees SA (BNDESPar) A estrateacutegia era fundamentada na participaccedilatildeo minoritaacuteria com prazo estipulado de desinvestimento objeti-vando estimular o desenvolvimento do mercado de capitais (PAMPLONA 2011)

No iniacutecio da deacutecada de 1980 a crise econocircmica internacional intensificada a partir de 1979 afetou fortemente a economia brasileira que havia financiado seu processo de crescimento com base em endividamento externo a taxas flutuantes Assim com o aumento nas taxas de juros a niacutevel mundial o Brasil ampliou sobre-maneira sua dependecircncia diante do mercado financeiro internacional Mesmo antes da crise jaacute ficava claro que o seu processo de crescimento econocircmico natildeo atendia agraves expectativas de distribuiccedilatildeo equitativa das riquezas acumuladas e assim o Brasil se tornou o paiacutes com um dos mais altos niacuteveis de desigualdades sociais do mundo apesar de ter vivenciado um dos mais acelerados processos de crescimento econocircmico no periacuteodo de 1930 a 1980 (PAMPLONA 2011)

Nesse contexto o governo federal criou o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL) com o objetivo de apoiar accedilotildees sociais no paiacutes em complemento agraves fontes de recursos dos ministeacuterios ligados ao tema O BNDE foi escolhido como gestor do Fundo o que motivou a alteraccedilatildeo em 1982 do nome do banco que passou a se denominar BNDES agregando o desenvolvimento social agraves suas atribuiccedilotildees (PAMPLONA 2011)

Entretanto a falta de evidecircncia de que os bancos de desenvolvimento efeti-vamente atingiam seus objetivos sociais apoiou o argumento de que bancos natildeo eram diferentes de outros setores da economia e que as falhas de mercado seriam mais bem solucionadas com regulaccedilatildeo e subsiacutedios para projetos especiacuteficos do que com a posse direta de bancos pelo estado (FRANCISCO et al 2008) Esta linha de raciociacutenio levou a uma mudanccedila de paradigma a partir dos anos de 1980 em uma direccedilatildeo mais liberal que defendia a limitaccedilatildeo ou a eliminaccedilatildeo do governo na prestaccedilatildeo direta de serviccedilos financeiros De acordo com essa nova visatildeo o estado deveria concentrar seus esforccedilos em desenvolver um ambiente adequado para as instituiccedilotildees financeiras privadas se desenvolverem e esta abordagem motivou uma onda de privatizaccedilotildees limitaccedilotildees de atividades e liquidaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo Como resultado pelo menos 250 instituiccedilotildees finan-ceiras de desenvolvimento foram privatizadas no mundo entre 1987 e 2003

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O BNDES manteve a sua importacircncia mesmo com as privatizaccedilotildees que no Brasil tiveram iniacutecio na deacutecada de 1990 Na realidade o banco foi um partici-pante ativo nas reformas de privatizaccedilatildeo de trecircs maneiras planejando e execu-tando as privatizaccedilotildees concedendo empreacutestimos aos adquirentes e comprando partes minoritaacuterias de algumas empresas que antes eram totalmente puacuteblicas (LAZZARINI et al 2012) Nessa mesma deacutecada o banco assumiu a responsabi-lidade de coordenar o Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo (PND) tendo sido esta a sua principal atribuiccedilatildeo ao longo do periacuteodo Esse movimento por focar fundamentalmente em criteacuterios de rentabilidade financeira descaracterizou o BNDES como banco de desenvolvimento no periacuteodo (CURRALERO 1998)

Ao longo da deacutecada de 2000 o BNDES retomou o papel de banco de desen-volvimento Desde 1999 passou a ser vinculado ao Ministeacuterio do Desenvolvi-mento Induacutestria e Comeacutercio Exterior (MDIC) e aprofundou sua atuaccedilatildeo no apoio agraves exportaccedilotildees agraves micro e pequenas empresas ao desenvolvimento do mercado de capitais e agrave infraestrutura Tambeacutem passou a dar maior atenccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo e aos ativos intangiacuteveis das empresas (PAMPLONA 2011) Nessa deacutecada o Brasil vivenciou um importante ciclo de crescimento econocircmico que foi acompanhado de uma elevaccedilatildeo do creacutedito total em relaccedilatildeo ao PIB (Figura 1)

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil enosdadosdoPIBanualdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatiacutestica(IBGE)

Figura 1 ndash ToTal do creacutediTo em relaccedilatildeo ao PiB() ndash Brasil 2000-2012

No periacuteodo entre 2000 e 2008 a maior parte da expansatildeo deveu-se ao cresci-mento do creacutedito livre A partir do fim de 2008 em razatildeo da crise financeira inter-nacional houve uma retraccedilatildeo da oferta de creacutedito livre e uma ampliaccedilatildeo da oferta de creacuteditos direcionados que se compotildeem principalmente dos recursos conce-didos pelo BNDES e dos financiamentos imobiliaacuterios e rurais A partir de 2010 apesar da retomada do crescimento do creacutedito livre em da melhora no cenaacuterio internacional o creacutedito direcionado manteve a trajetoacuteria de expansatildeo atingindo 22 do PIB em 2012 (Figura 2)

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Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201432

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Tabela 21 Pro-duto Interno Bruto a preccedilos correntes impostos liacutequidos de subsiacutedios sobre produtos a preccedilos correntes e valor adicionado bruto a preccedilos correntes total e por atividade eco-nocircmica e respectivas participaccedilotildees Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrbdatabelalistablaspz=pampo=29ampi=Pampc=21gt Acesso em 28 dez 2013_______ Tabelas do Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA) Disponiacuteveis em lthttpwwwsidraibgegovbrsnipctabelaIPCAaspo=3ampi=Pgt Acesso em 20 jan de 2014

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UNITED NATIONS - UN Rethinking the role of national development banks Financing for Development Office UN Department of Economic and Social Affairs New York 2005

  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 5: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 9

2 LITERATURA RELACIONADA 11

21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento 11

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES 12

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES 13

3 HISTOacuteRICO DA ATUACcedilAtildeO DO BNDES 14

4 METODOLOGIA E DESCRICcedilAtildeO DOS DADOS 21

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo 22

42 Dados e estatiacutesticas descritivas 25

43 Modelo empiacuterico 28

5 RESULTADOS 29

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo 31

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES 34

6 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 36

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Lista de figuras

Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012 16

Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012 17

Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013) 17

Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB () 18

Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil) 19

Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES 20

Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011 30

Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011 31

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES 20

Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis 27

Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES 29

Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo 31

Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB 32

Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita 33

Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda 33

Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento 35

Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio 35

Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB 35

Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN 38

Lista de siglas e abreviaturas

ATT Efeito meacutedio do tratamento nas tratadas (do inglecircs Average Treatment on Treated)

Bacen Banco Central do Brasil

BNDE Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

BNDESPar BNDES Participaccedilotildees SA

e-SIC Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo

ESTBAN Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio

FINSOCIAL Fundo de Investimento Social

Firjan Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior

MI Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

PAI Programa Amazocircnia Integrada

PCO Programa do Centro-Oeste

PDR Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional

PNC Programa Nordeste Competitivo

PNDR Poliacutetica Nacional de Dinamizaccedilatildeo Regional

PIB Produto Interno Bruto

PND Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo

PSI Programa de Sustentaccedilatildeo do Investimento

PSM Pareamento baseado em escore de propensatildeo (do inglecircs Propensity Score Matching)

RECONVERSUL Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul

R$ Real

TN Tesouro Nacional

UN United Nations

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 9

1 Introduccedilatildeo

O papel dos bancos puacuteblicos eacute amplamente discutido na literatura de desen-volvimento econocircmico Oficialmente os bancos puacuteblicos estabelecem o alcance de objetivos sociais e de desenvolvimento econocircmico como parte da sua missatildeo Apesar disso parte da literatura argumenta que a sua existecircncia pode ser preju-dicial agrave economia do paiacutes (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010) De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010)

Fundado em 1952 o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) eacute uma empresa puacutebica federal e o instrumento mais impor-tante para a execuccedilatildeo da poliacutetica de investimento do governo federal brasileiro Conforme estabelecido no Decreto nordm 4418 de 11 de outubro de 2002 que aprova o seu Estatuto Social o BNDES tem por objetivo primordial apoiar programas projetos obras e serviccedilos que se relacionem com o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes A missatildeo atual do banco definida em seu Planejamento Corpo-rativo 2009-2014 eacute promover o desenvolvimento sustentaacutevel e competitivo da economia brasileira com geraccedilatildeo de emprego e reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

O valor total dos desembolsos do BNDES cresceu de forma significativa no periacuteodo abrangido por esta pesquisa passando de R$ 48 bilhotildees em 2000 para R$ 147 bilhotildees em 2011 e chegando a R$ 190 bilhotildees em 20131 Entretanto conforme apontado por Lazzarini et al (2012) apesar do tamanho e da impor-tacircncia atribuiacuteda aos bancos de desenvolvimento natildeo haacute um entendimento claro do que esses bancos fazem na praacutetica Parte desse desconhecimento vem do fato de que a maioria dos bancos de desenvolvimento natildeo abre de forma detalhada os dados dos empreacutestimos concedidos e dos seus investimentos Por isso a maioria dos estudos sobre bancos de desenvolvimento eacute teoacuterica (AMSDEN 1989 DE AGHION 1999) ou baseado em estudos de caso qualitativos (AMSDEN 1989 2001 RODRIK 2004)

De acordo com a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) em artigo sobre o papel dos bancos de desenvolvimento medir os resultados eacute um elemento--chave para avaliar a atuaccedilatildeo dessas instituiccedilotildees Os bancos de desenvolvimento tecircm focado em medir a entrada e saiacuteda de recursos em especial os desembolsos sem adotar uma abordagem orientada em resultado que avalie o impacto da sua atuaccedilatildeo na produtividade no crescimento econocircmico e no desenvolvimento social Esse foco excessivo na taxa de desembolso tem como consequecircncia o baixo

1 Valoresatualizadospelainflaccedilatildeodoperiacuteodo

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201410

grau de prestaccedilatildeo de contas agrave sociedade por parte dos bancos de desenvolvimento e contribui para a dificuldade de se assegurar que os recursos satildeo utilizados de forma a alcanccedilar os objetivos propostos (UNITED NATIONS 2005)

Esse estudo tem o objetivo de analisar a forma de atuaccedilatildeo do BNDES entre 2000 e 2011 e o impacto da sua poliacutetica de creacutedito no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros A anaacutelise empiacuterica consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desembolsos do BNDES nos seguintes indica-dores Produto Interno Bruto (PIB) PIB per capita e Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) dos municiacutepios brasileiros sendo aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching)

O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasileiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento O grupo de tratamento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o tratamento (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve o aumento do crescimento do desembolso do BNDES o PIB e o PIB per capita variaram positi-vamente em razatildeo desse aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES

O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 a mais nos municiacutepios tratados em funccedilatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES (trata-mento) e o benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584

Este trabalho apresenta a seguinte estrutura no capiacutetulo dois apresenta-se a literatura relacionada agraves hipoacuteteses sobre a atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento agrave avaliaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estudos recentes sobre a atuaccedilatildeo do BNDES no capiacutetulo trecircs mostra-se o histoacuterico do BNDES no capiacutetulo quatro satildeo apresen-tadas a metodologia e a descriccedilatildeo dos dados no capiacutetulo cinco satildeo demonstrados os resultados no capiacutetulo seis eacute apresentada a anaacutelise dos resultados e no capiacutetulo sete a conclusatildeo

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2 Literatura relacionada

21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento

O debate sobre o papel dos bancos puacuteblicos eacute dividido em quatro hipoacuteteses a visatildeo de desenvolvimento a visatildeo social a visatildeo poliacutetica e a visatildeo de agecircncia

De acordo com a visatildeo de desenvolvimento formulada por Gerschenkron (1962) os bancos puacuteblicos proporcionam o desenvolvimento econocircmico pois substituem a concessatildeo de creacutedito privado em ambientes com economia e instituiccedilotildees fracas Conforme apontam Francisco et al (2008) durante os anos de 1950 e 1960 econo-mistas desenvolvimentistas especialmente Gerschenkron (1962) Myrdal (1960) e Lewis (1955) defenderam a existecircncia de bancos puacuteblicos em economias onde a escassez de capital o excesso de desconfianccedila e a disseminaccedilatildeo de praacuteticas fraudu-lentas desencorajassem a concessatildeo de creacutedito de longo prazo afetando a perspectiva de crescimento econocircmico Este pensamento levou agrave criaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo nesse periacuteodo com o propoacutesito de assegurar a concessatildeo de creacutedito a setores prioritaacuterios e de promover o desenvolvimento

Segundo a visatildeo social defendida por Atkinson e Stiglitz (1980) os bancos puacuteblicos satildeo criados e mantidos para perseguir objetivos relativos ao desenvolvi-mento social Considerando que uma expansatildeo dos serviccedilos financeiros favorece o crescimento econocircmico bancos de desenvolvimento deveriam ser criados para mitigar falhas de mercado e alcanccedilar segmentos que natildeo satildeo supridos por serviccedilos financeiros Essa visatildeo indica que as falhas de mercado acontecem porque bancos privados maximizam o lucro natildeo tendo interesse em oferecer serviccedilos para indiviacuteduos de baixa renda comunidades distantes ou financiar projetos que natildeo sejam lucrativos mas que possuam externalidades positivas Ademais bancos privados tecircm menos incentivos para conceder empreacutestimos para pequenos empre-saacuterios ou para setores de alto risco como agricultura em razatildeo dos altos custos para administrar e monitorar esses empreacutestimos aleacutem das taxas altas de inadim-plecircncia (FRANCISCO et al 2008)

A visatildeo poliacutetica por sua vez afirma que existe um conflito de interesses entre a sociedade e os poliacuteticos nas instituiccedilotildees puacuteblicas (SHLEIFER VISHNY 1994 SHLEIFER 1998 LA PORTA LOPEZ-DE-SILANES SHLEIFER 2002) De acordo com essa visatildeo os bancos puacuteblicos satildeo meras ferramentas de atuaccedilatildeo dos poliacuteticos usadas para extrair ganhos de acordo com seus interesses Para Boycko Shleifer e Vishny (1996) citados por Hainz e Hakenes (2008) por exemplo os poliacuteticos utilizam bancos puacuteblicos com o intuito de maximizar a probabilidade de serem reeleitos

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A visatildeo de agecircncia por fim conforme sintetizado por Francisco et al (2008) reconhece que os bancos de desenvolvimento podem ser um meio importante para o governo alocar creacutedito de forma direcionada com o objetivo de cumprir poliacuteticas sociais (DE LA TORRE et al 2005) Entretanto tambeacutem admite que os bancos de desenvolvimento estatildeo propensos a gerar corrupccedilatildeo e maacute alocaccedilatildeo dos recursos (BANERJEE 1997) e que os custos de agecircncia dentro de burocracias governamentais representados pelo conflito de interesses entre o estado e os gerentes das instituiccedilotildees podem resultar em praacuteticas gerenciais ineficientes

De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia La Porta Lopez-de-Silanes e Shleifer (2002) comparando dados entre paiacuteses demons-traram que a propriedade puacuteblica de bancos eacute associada com um desenvolvi-mento financeiro mais lento e um crescimento mais baixo da renda per capita e da produtividade Por sua vez Adrianova Panicos e Anja (2009) afirmam que a regressatildeo proposta por esses autores sofre de vieacutes de variaacutevel omitida e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos se torna insignificante quando se adiciona alguns indicadores na regressatildeo especificada pelos autores encon-trando efeitos positivos para anos mais recentes

Koumlrner e Schneibel (2010) argumentam que as duas visotildees de La Porta Loacutepez-de-Silanes e Shleifer (2002) e Adrianova Panicos e Anja (2009) satildeo muito riacutegidas pois natildeo avaliam a heterogeneidade dos paiacuteses e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos somente estaacute associada a um baixo cresci-mento do PIB em paiacuteses com um sistema financeiro pouco desenvolvido o que natildeo acontece em paiacuteses desenvolvidos Em outro estudo empiacuterico sobre o tema Dinccedil (2005) encontrou que em paiacuteses menos desenvolvidos a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos puacuteblicos eacute significativamente maior em anos de eleiccedilatildeo do que a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos privados indicando que a concessatildeo dos empreacutestimos eacute direcionada mais por motivaccedilotildees poliacuteticas do que pelo retorno esperado dos projetos

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES

Os principais estudos empiacutericos que apresentam resultados sobre a forma de atuaccedilatildeo recente do BNDES foram realizados por Lazzarini et al (2012) e Carvalho (2013)

Lazzarini et al (2012) utilizando dados de empresas de capital aberto no periacuteodo entre 2002 e 2009 estudaram o efeito dos empreacutestimos e investimentos do BNDES no desempenho e na estrutura de investimento das firmas O uacutenico

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efeito encontrado foi a reduccedilatildeo dos gastos em financiamento quando as compa-nhias recebem empreacutestimos subsidiados do banco Mostraram tambeacutem que o BNDES natildeo empresta sistematicamente para empresas com baixo desempenho As empresas que recebem empreacutestimos subsidiados tendem a ser aquelas com bom desempenho e as que realizam doaccedilotildees para poliacuteticos que venceram as eleiccedilotildees Seus resultados portanto rejeitam a visatildeo de que os bancos de desenvolvimento satildeo usados para socorrer empresas indicando que os empreacutestimos do periacuteodo estavam transferindo subsiacutedios para grandes empresas sem nenhum aperfeiccediloa-mento do desempenho ou aumento no investimento

Carvalho (2013) usando dados de empresas brasileiras de manufatura evidencia que o controle de bancos pelo governo leva a uma influecircncia signifi-cativa sobre as decisotildees reais das firmas Ressalta ainda que empresas elegiacuteveis a receber empreacutestimos de bancos controlados pelo governo expandem as vagas de emprego perto das eleiccedilotildees em regiotildees com ampla competiccedilatildeo entre os candi-datos e as reduzem em outras regiotildees Essa anaacutelise sugere que os poliacuteticos no Brasil utilizam o controle sobre os empreacutestimos dos bancos puacuteblicos como uma forma de influenciar a decisatildeo das firmas sobre a alocaccedilatildeo dos empregos

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES

Recentemente a literatura de avaliaccedilatildeo de impacto das intervenccedilotildees tem ganhado espaccedilo no debate sobre a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas Ao entender como a intervenccedilatildeo atua na alteraccedilatildeo do contexto socioeconocircmico a avaliaccedilatildeo de impacto abre a possibilidade de reformulaccedilatildeo da intervenccedilatildeo adotada contri-buindo para o aperfeiccediloamento do seu desenho (MACHADO PARREIRAS PECcedilANHA 2011)

Entre os trabalhos que tratam da avaliaccedilatildeo de impacto de poliacuteticas relacio-nadas ao BNDES destacam-se os realizados por Pereira (2007) e Coelho e De Negri (2010) Pereira (2007) compara a evoluccedilatildeo dos postos de trabalho das empresas apoiadas pelo BNDES com a evoluccedilatildeo em empresas natildeo apoiadas de mesmo porte e conclui que o crescimento do emprego i) foi maior para as firmas apoiadas ii) foi maior quanto menor a empresa e iii) estaacute diretamente relacionado com o nuacutemero de operaccedilotildees realizadas com o BNDES

Coelho e De Negri (2010) analisam o impacto do financiamento do BNDES sobre os indicadores de desempenho da firma como as taxas de crescimento da produtividade total dos fatores da produtividade do trabalho do nuacutemero de empregados e da receita liacutequida de vendas O grupo de tratamento eacute composto por firmas industriais com mais de trinta empregados que utilizaram o financiamento

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do BNDES apenas em 2000 enquanto o grupo de controle abarca as firmas que natildeo utilizaram financiamento do BNDES entre 1995 e 2003 Os autores concluem que as linhas de financiamento do BNDES afetaram positivamente os indicadores de desempenho da firma avaliados

3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES

Inicialmente denominado Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDE) o banco foi fundado em 1952 na forma de autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio da Fazenda (MF) com o objetivo inicial de expandir os projetos de infraestrutura e criar mecanismos para promover o creacutedito de longo prazo para investimentos em energia e transporte (LAZZARINI et al 2012)

O surgimento do banco ocorre no momento em que diversos bancos de desenvolvimento eram criados no mundo Conforme indicado por Francisco et al (2008) durante as deacutecadas de 1950 1960 e 1970 essas instituiccedilotildees foram fundadas com o objetivo de servir aos segmentos menos privilegiados da populaccedilatildeo e a setores da economia que tinham uma demanda de creacutedito natildeo atendida pelo mercado operando assim sob a alegaccedilatildeo de que o aumento do acesso ao creacutedito e aos serviccedilos financeiros seria fundamental para o crescimento da economia

No periacuteodo de criaccedilatildeo do BNDE o Brasil vivenciava um processo ainda incipiente de industrializaccedilatildeo (BATISTA 2002) importantes gargalos de infraes-trutura restringiam agravequela eacutepoca o crescimento econocircmico do paiacutes em especial os setores de energia eleacutetrica e transportes Dessa maneira as primeiras missotildees do banco foram o reaparelhamento da malha ferroviaacuteria nacional e um extenso programa de eletrificaccedilatildeo

Na sequecircncia do processo de industrializaccedilatildeo jaacute sob o governo de Juscelino Kubitschek o BNDE focou sua atuaccedilatildeo na estruturaccedilatildeo do setor sideruacutergico nacional Tambeacutem participou da elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo do Plano de Metas daquele governo que tinha o objetivo de acelerar o processo de industrializaccedilatildeo do paiacutes Como destacado por Batista (2002) entre as principais metas estavam investi-mentos em geraccedilatildeo de energia eleacutetrica produccedilatildeo de petroacuteleo e carvatildeo construccedilatildeo e aprimoramento de ferrovias e rodovias ampliaccedilatildeo da siderurgia e consolidaccedilatildeo da induacutestria automobiliacutestica

Em 1964 em busca de aprimorar o atendimento agraves crescentes necessidades do processo de desenvolvimento brasileiro o BNDE criou a Agecircncia Especial de Finan-ciamento Industrial (FINAME) cujo objetivo era promover a ampliaccedilatildeo e a conso-lidaccedilatildeo da induacutestria nacional de maacutequinas e equipamentos (PAMPLONA 2011)

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O BNDE foi transformado em empresa puacuteblica federal pela Lei nordm 5662 de 21 de junho de 1971 dotado de personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio aumentando sua autonomia e flexibilidade administrativa (LUNDBERG 2011) Ainda na deacutecada de 1970 comeccedilou a investir mais direta-mente no patrimocircnio das empresas brasileiras iniciando as atividades por meio da criaccedilatildeo de trecircs novas subsidiaacuterias a Mecacircnica Brasileira SA (Embramec) a Insumos Baacutesicos SA Financiamento e Participaccedilotildees (Fibase) e a Investimentos Brasileiros SA (Ibrasa) Em 1982 essas trecircs subsidiaacuterias foram fundidas para a criaccedilatildeo da BNDES Participaccedilotildees SA (BNDESPar) A estrateacutegia era fundamentada na participaccedilatildeo minoritaacuteria com prazo estipulado de desinvestimento objeti-vando estimular o desenvolvimento do mercado de capitais (PAMPLONA 2011)

No iniacutecio da deacutecada de 1980 a crise econocircmica internacional intensificada a partir de 1979 afetou fortemente a economia brasileira que havia financiado seu processo de crescimento com base em endividamento externo a taxas flutuantes Assim com o aumento nas taxas de juros a niacutevel mundial o Brasil ampliou sobre-maneira sua dependecircncia diante do mercado financeiro internacional Mesmo antes da crise jaacute ficava claro que o seu processo de crescimento econocircmico natildeo atendia agraves expectativas de distribuiccedilatildeo equitativa das riquezas acumuladas e assim o Brasil se tornou o paiacutes com um dos mais altos niacuteveis de desigualdades sociais do mundo apesar de ter vivenciado um dos mais acelerados processos de crescimento econocircmico no periacuteodo de 1930 a 1980 (PAMPLONA 2011)

Nesse contexto o governo federal criou o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL) com o objetivo de apoiar accedilotildees sociais no paiacutes em complemento agraves fontes de recursos dos ministeacuterios ligados ao tema O BNDE foi escolhido como gestor do Fundo o que motivou a alteraccedilatildeo em 1982 do nome do banco que passou a se denominar BNDES agregando o desenvolvimento social agraves suas atribuiccedilotildees (PAMPLONA 2011)

Entretanto a falta de evidecircncia de que os bancos de desenvolvimento efeti-vamente atingiam seus objetivos sociais apoiou o argumento de que bancos natildeo eram diferentes de outros setores da economia e que as falhas de mercado seriam mais bem solucionadas com regulaccedilatildeo e subsiacutedios para projetos especiacuteficos do que com a posse direta de bancos pelo estado (FRANCISCO et al 2008) Esta linha de raciociacutenio levou a uma mudanccedila de paradigma a partir dos anos de 1980 em uma direccedilatildeo mais liberal que defendia a limitaccedilatildeo ou a eliminaccedilatildeo do governo na prestaccedilatildeo direta de serviccedilos financeiros De acordo com essa nova visatildeo o estado deveria concentrar seus esforccedilos em desenvolver um ambiente adequado para as instituiccedilotildees financeiras privadas se desenvolverem e esta abordagem motivou uma onda de privatizaccedilotildees limitaccedilotildees de atividades e liquidaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo Como resultado pelo menos 250 instituiccedilotildees finan-ceiras de desenvolvimento foram privatizadas no mundo entre 1987 e 2003

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O BNDES manteve a sua importacircncia mesmo com as privatizaccedilotildees que no Brasil tiveram iniacutecio na deacutecada de 1990 Na realidade o banco foi um partici-pante ativo nas reformas de privatizaccedilatildeo de trecircs maneiras planejando e execu-tando as privatizaccedilotildees concedendo empreacutestimos aos adquirentes e comprando partes minoritaacuterias de algumas empresas que antes eram totalmente puacuteblicas (LAZZARINI et al 2012) Nessa mesma deacutecada o banco assumiu a responsabi-lidade de coordenar o Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo (PND) tendo sido esta a sua principal atribuiccedilatildeo ao longo do periacuteodo Esse movimento por focar fundamentalmente em criteacuterios de rentabilidade financeira descaracterizou o BNDES como banco de desenvolvimento no periacuteodo (CURRALERO 1998)

Ao longo da deacutecada de 2000 o BNDES retomou o papel de banco de desen-volvimento Desde 1999 passou a ser vinculado ao Ministeacuterio do Desenvolvi-mento Induacutestria e Comeacutercio Exterior (MDIC) e aprofundou sua atuaccedilatildeo no apoio agraves exportaccedilotildees agraves micro e pequenas empresas ao desenvolvimento do mercado de capitais e agrave infraestrutura Tambeacutem passou a dar maior atenccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo e aos ativos intangiacuteveis das empresas (PAMPLONA 2011) Nessa deacutecada o Brasil vivenciou um importante ciclo de crescimento econocircmico que foi acompanhado de uma elevaccedilatildeo do creacutedito total em relaccedilatildeo ao PIB (Figura 1)

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil enosdadosdoPIBanualdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatiacutestica(IBGE)

Figura 1 ndash ToTal do creacutediTo em relaccedilatildeo ao PiB() ndash Brasil 2000-2012

No periacuteodo entre 2000 e 2008 a maior parte da expansatildeo deveu-se ao cresci-mento do creacutedito livre A partir do fim de 2008 em razatildeo da crise financeira inter-nacional houve uma retraccedilatildeo da oferta de creacutedito livre e uma ampliaccedilatildeo da oferta de creacuteditos direcionados que se compotildeem principalmente dos recursos conce-didos pelo BNDES e dos financiamentos imobiliaacuterios e rurais A partir de 2010 apesar da retomada do crescimento do creacutedito livre em da melhora no cenaacuterio internacional o creacutedito direcionado manteve a trajetoacuteria de expansatildeo atingindo 22 do PIB em 2012 (Figura 2)

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Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201438

Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 6: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Lista de figuras

Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012 16

Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012 17

Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013) 17

Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB () 18

Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil) 19

Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES 20

Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011 30

Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011 31

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES 20

Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis 27

Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES 29

Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo 31

Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB 32

Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita 33

Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda 33

Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento 35

Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio 35

Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB 35

Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN 38

Lista de siglas e abreviaturas

ATT Efeito meacutedio do tratamento nas tratadas (do inglecircs Average Treatment on Treated)

Bacen Banco Central do Brasil

BNDE Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

BNDESPar BNDES Participaccedilotildees SA

e-SIC Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo

ESTBAN Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio

FINSOCIAL Fundo de Investimento Social

Firjan Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior

MI Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

PAI Programa Amazocircnia Integrada

PCO Programa do Centro-Oeste

PDR Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional

PNC Programa Nordeste Competitivo

PNDR Poliacutetica Nacional de Dinamizaccedilatildeo Regional

PIB Produto Interno Bruto

PND Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo

PSI Programa de Sustentaccedilatildeo do Investimento

PSM Pareamento baseado em escore de propensatildeo (do inglecircs Propensity Score Matching)

RECONVERSUL Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul

R$ Real

TN Tesouro Nacional

UN United Nations

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 9

1 Introduccedilatildeo

O papel dos bancos puacuteblicos eacute amplamente discutido na literatura de desen-volvimento econocircmico Oficialmente os bancos puacuteblicos estabelecem o alcance de objetivos sociais e de desenvolvimento econocircmico como parte da sua missatildeo Apesar disso parte da literatura argumenta que a sua existecircncia pode ser preju-dicial agrave economia do paiacutes (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010) De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010)

Fundado em 1952 o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) eacute uma empresa puacutebica federal e o instrumento mais impor-tante para a execuccedilatildeo da poliacutetica de investimento do governo federal brasileiro Conforme estabelecido no Decreto nordm 4418 de 11 de outubro de 2002 que aprova o seu Estatuto Social o BNDES tem por objetivo primordial apoiar programas projetos obras e serviccedilos que se relacionem com o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes A missatildeo atual do banco definida em seu Planejamento Corpo-rativo 2009-2014 eacute promover o desenvolvimento sustentaacutevel e competitivo da economia brasileira com geraccedilatildeo de emprego e reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

O valor total dos desembolsos do BNDES cresceu de forma significativa no periacuteodo abrangido por esta pesquisa passando de R$ 48 bilhotildees em 2000 para R$ 147 bilhotildees em 2011 e chegando a R$ 190 bilhotildees em 20131 Entretanto conforme apontado por Lazzarini et al (2012) apesar do tamanho e da impor-tacircncia atribuiacuteda aos bancos de desenvolvimento natildeo haacute um entendimento claro do que esses bancos fazem na praacutetica Parte desse desconhecimento vem do fato de que a maioria dos bancos de desenvolvimento natildeo abre de forma detalhada os dados dos empreacutestimos concedidos e dos seus investimentos Por isso a maioria dos estudos sobre bancos de desenvolvimento eacute teoacuterica (AMSDEN 1989 DE AGHION 1999) ou baseado em estudos de caso qualitativos (AMSDEN 1989 2001 RODRIK 2004)

De acordo com a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) em artigo sobre o papel dos bancos de desenvolvimento medir os resultados eacute um elemento--chave para avaliar a atuaccedilatildeo dessas instituiccedilotildees Os bancos de desenvolvimento tecircm focado em medir a entrada e saiacuteda de recursos em especial os desembolsos sem adotar uma abordagem orientada em resultado que avalie o impacto da sua atuaccedilatildeo na produtividade no crescimento econocircmico e no desenvolvimento social Esse foco excessivo na taxa de desembolso tem como consequecircncia o baixo

1 Valoresatualizadospelainflaccedilatildeodoperiacuteodo

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grau de prestaccedilatildeo de contas agrave sociedade por parte dos bancos de desenvolvimento e contribui para a dificuldade de se assegurar que os recursos satildeo utilizados de forma a alcanccedilar os objetivos propostos (UNITED NATIONS 2005)

Esse estudo tem o objetivo de analisar a forma de atuaccedilatildeo do BNDES entre 2000 e 2011 e o impacto da sua poliacutetica de creacutedito no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros A anaacutelise empiacuterica consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desembolsos do BNDES nos seguintes indica-dores Produto Interno Bruto (PIB) PIB per capita e Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) dos municiacutepios brasileiros sendo aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching)

O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasileiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento O grupo de tratamento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o tratamento (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve o aumento do crescimento do desembolso do BNDES o PIB e o PIB per capita variaram positi-vamente em razatildeo desse aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES

O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 a mais nos municiacutepios tratados em funccedilatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES (trata-mento) e o benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584

Este trabalho apresenta a seguinte estrutura no capiacutetulo dois apresenta-se a literatura relacionada agraves hipoacuteteses sobre a atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento agrave avaliaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estudos recentes sobre a atuaccedilatildeo do BNDES no capiacutetulo trecircs mostra-se o histoacuterico do BNDES no capiacutetulo quatro satildeo apresen-tadas a metodologia e a descriccedilatildeo dos dados no capiacutetulo cinco satildeo demonstrados os resultados no capiacutetulo seis eacute apresentada a anaacutelise dos resultados e no capiacutetulo sete a conclusatildeo

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2 Literatura relacionada

21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento

O debate sobre o papel dos bancos puacuteblicos eacute dividido em quatro hipoacuteteses a visatildeo de desenvolvimento a visatildeo social a visatildeo poliacutetica e a visatildeo de agecircncia

De acordo com a visatildeo de desenvolvimento formulada por Gerschenkron (1962) os bancos puacuteblicos proporcionam o desenvolvimento econocircmico pois substituem a concessatildeo de creacutedito privado em ambientes com economia e instituiccedilotildees fracas Conforme apontam Francisco et al (2008) durante os anos de 1950 e 1960 econo-mistas desenvolvimentistas especialmente Gerschenkron (1962) Myrdal (1960) e Lewis (1955) defenderam a existecircncia de bancos puacuteblicos em economias onde a escassez de capital o excesso de desconfianccedila e a disseminaccedilatildeo de praacuteticas fraudu-lentas desencorajassem a concessatildeo de creacutedito de longo prazo afetando a perspectiva de crescimento econocircmico Este pensamento levou agrave criaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo nesse periacuteodo com o propoacutesito de assegurar a concessatildeo de creacutedito a setores prioritaacuterios e de promover o desenvolvimento

Segundo a visatildeo social defendida por Atkinson e Stiglitz (1980) os bancos puacuteblicos satildeo criados e mantidos para perseguir objetivos relativos ao desenvolvi-mento social Considerando que uma expansatildeo dos serviccedilos financeiros favorece o crescimento econocircmico bancos de desenvolvimento deveriam ser criados para mitigar falhas de mercado e alcanccedilar segmentos que natildeo satildeo supridos por serviccedilos financeiros Essa visatildeo indica que as falhas de mercado acontecem porque bancos privados maximizam o lucro natildeo tendo interesse em oferecer serviccedilos para indiviacuteduos de baixa renda comunidades distantes ou financiar projetos que natildeo sejam lucrativos mas que possuam externalidades positivas Ademais bancos privados tecircm menos incentivos para conceder empreacutestimos para pequenos empre-saacuterios ou para setores de alto risco como agricultura em razatildeo dos altos custos para administrar e monitorar esses empreacutestimos aleacutem das taxas altas de inadim-plecircncia (FRANCISCO et al 2008)

A visatildeo poliacutetica por sua vez afirma que existe um conflito de interesses entre a sociedade e os poliacuteticos nas instituiccedilotildees puacuteblicas (SHLEIFER VISHNY 1994 SHLEIFER 1998 LA PORTA LOPEZ-DE-SILANES SHLEIFER 2002) De acordo com essa visatildeo os bancos puacuteblicos satildeo meras ferramentas de atuaccedilatildeo dos poliacuteticos usadas para extrair ganhos de acordo com seus interesses Para Boycko Shleifer e Vishny (1996) citados por Hainz e Hakenes (2008) por exemplo os poliacuteticos utilizam bancos puacuteblicos com o intuito de maximizar a probabilidade de serem reeleitos

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A visatildeo de agecircncia por fim conforme sintetizado por Francisco et al (2008) reconhece que os bancos de desenvolvimento podem ser um meio importante para o governo alocar creacutedito de forma direcionada com o objetivo de cumprir poliacuteticas sociais (DE LA TORRE et al 2005) Entretanto tambeacutem admite que os bancos de desenvolvimento estatildeo propensos a gerar corrupccedilatildeo e maacute alocaccedilatildeo dos recursos (BANERJEE 1997) e que os custos de agecircncia dentro de burocracias governamentais representados pelo conflito de interesses entre o estado e os gerentes das instituiccedilotildees podem resultar em praacuteticas gerenciais ineficientes

De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia La Porta Lopez-de-Silanes e Shleifer (2002) comparando dados entre paiacuteses demons-traram que a propriedade puacuteblica de bancos eacute associada com um desenvolvi-mento financeiro mais lento e um crescimento mais baixo da renda per capita e da produtividade Por sua vez Adrianova Panicos e Anja (2009) afirmam que a regressatildeo proposta por esses autores sofre de vieacutes de variaacutevel omitida e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos se torna insignificante quando se adiciona alguns indicadores na regressatildeo especificada pelos autores encon-trando efeitos positivos para anos mais recentes

Koumlrner e Schneibel (2010) argumentam que as duas visotildees de La Porta Loacutepez-de-Silanes e Shleifer (2002) e Adrianova Panicos e Anja (2009) satildeo muito riacutegidas pois natildeo avaliam a heterogeneidade dos paiacuteses e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos somente estaacute associada a um baixo cresci-mento do PIB em paiacuteses com um sistema financeiro pouco desenvolvido o que natildeo acontece em paiacuteses desenvolvidos Em outro estudo empiacuterico sobre o tema Dinccedil (2005) encontrou que em paiacuteses menos desenvolvidos a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos puacuteblicos eacute significativamente maior em anos de eleiccedilatildeo do que a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos privados indicando que a concessatildeo dos empreacutestimos eacute direcionada mais por motivaccedilotildees poliacuteticas do que pelo retorno esperado dos projetos

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES

Os principais estudos empiacutericos que apresentam resultados sobre a forma de atuaccedilatildeo recente do BNDES foram realizados por Lazzarini et al (2012) e Carvalho (2013)

Lazzarini et al (2012) utilizando dados de empresas de capital aberto no periacuteodo entre 2002 e 2009 estudaram o efeito dos empreacutestimos e investimentos do BNDES no desempenho e na estrutura de investimento das firmas O uacutenico

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efeito encontrado foi a reduccedilatildeo dos gastos em financiamento quando as compa-nhias recebem empreacutestimos subsidiados do banco Mostraram tambeacutem que o BNDES natildeo empresta sistematicamente para empresas com baixo desempenho As empresas que recebem empreacutestimos subsidiados tendem a ser aquelas com bom desempenho e as que realizam doaccedilotildees para poliacuteticos que venceram as eleiccedilotildees Seus resultados portanto rejeitam a visatildeo de que os bancos de desenvolvimento satildeo usados para socorrer empresas indicando que os empreacutestimos do periacuteodo estavam transferindo subsiacutedios para grandes empresas sem nenhum aperfeiccediloa-mento do desempenho ou aumento no investimento

Carvalho (2013) usando dados de empresas brasileiras de manufatura evidencia que o controle de bancos pelo governo leva a uma influecircncia signifi-cativa sobre as decisotildees reais das firmas Ressalta ainda que empresas elegiacuteveis a receber empreacutestimos de bancos controlados pelo governo expandem as vagas de emprego perto das eleiccedilotildees em regiotildees com ampla competiccedilatildeo entre os candi-datos e as reduzem em outras regiotildees Essa anaacutelise sugere que os poliacuteticos no Brasil utilizam o controle sobre os empreacutestimos dos bancos puacuteblicos como uma forma de influenciar a decisatildeo das firmas sobre a alocaccedilatildeo dos empregos

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES

Recentemente a literatura de avaliaccedilatildeo de impacto das intervenccedilotildees tem ganhado espaccedilo no debate sobre a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas Ao entender como a intervenccedilatildeo atua na alteraccedilatildeo do contexto socioeconocircmico a avaliaccedilatildeo de impacto abre a possibilidade de reformulaccedilatildeo da intervenccedilatildeo adotada contri-buindo para o aperfeiccediloamento do seu desenho (MACHADO PARREIRAS PECcedilANHA 2011)

Entre os trabalhos que tratam da avaliaccedilatildeo de impacto de poliacuteticas relacio-nadas ao BNDES destacam-se os realizados por Pereira (2007) e Coelho e De Negri (2010) Pereira (2007) compara a evoluccedilatildeo dos postos de trabalho das empresas apoiadas pelo BNDES com a evoluccedilatildeo em empresas natildeo apoiadas de mesmo porte e conclui que o crescimento do emprego i) foi maior para as firmas apoiadas ii) foi maior quanto menor a empresa e iii) estaacute diretamente relacionado com o nuacutemero de operaccedilotildees realizadas com o BNDES

Coelho e De Negri (2010) analisam o impacto do financiamento do BNDES sobre os indicadores de desempenho da firma como as taxas de crescimento da produtividade total dos fatores da produtividade do trabalho do nuacutemero de empregados e da receita liacutequida de vendas O grupo de tratamento eacute composto por firmas industriais com mais de trinta empregados que utilizaram o financiamento

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do BNDES apenas em 2000 enquanto o grupo de controle abarca as firmas que natildeo utilizaram financiamento do BNDES entre 1995 e 2003 Os autores concluem que as linhas de financiamento do BNDES afetaram positivamente os indicadores de desempenho da firma avaliados

3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES

Inicialmente denominado Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDE) o banco foi fundado em 1952 na forma de autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio da Fazenda (MF) com o objetivo inicial de expandir os projetos de infraestrutura e criar mecanismos para promover o creacutedito de longo prazo para investimentos em energia e transporte (LAZZARINI et al 2012)

O surgimento do banco ocorre no momento em que diversos bancos de desenvolvimento eram criados no mundo Conforme indicado por Francisco et al (2008) durante as deacutecadas de 1950 1960 e 1970 essas instituiccedilotildees foram fundadas com o objetivo de servir aos segmentos menos privilegiados da populaccedilatildeo e a setores da economia que tinham uma demanda de creacutedito natildeo atendida pelo mercado operando assim sob a alegaccedilatildeo de que o aumento do acesso ao creacutedito e aos serviccedilos financeiros seria fundamental para o crescimento da economia

No periacuteodo de criaccedilatildeo do BNDE o Brasil vivenciava um processo ainda incipiente de industrializaccedilatildeo (BATISTA 2002) importantes gargalos de infraes-trutura restringiam agravequela eacutepoca o crescimento econocircmico do paiacutes em especial os setores de energia eleacutetrica e transportes Dessa maneira as primeiras missotildees do banco foram o reaparelhamento da malha ferroviaacuteria nacional e um extenso programa de eletrificaccedilatildeo

Na sequecircncia do processo de industrializaccedilatildeo jaacute sob o governo de Juscelino Kubitschek o BNDE focou sua atuaccedilatildeo na estruturaccedilatildeo do setor sideruacutergico nacional Tambeacutem participou da elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo do Plano de Metas daquele governo que tinha o objetivo de acelerar o processo de industrializaccedilatildeo do paiacutes Como destacado por Batista (2002) entre as principais metas estavam investi-mentos em geraccedilatildeo de energia eleacutetrica produccedilatildeo de petroacuteleo e carvatildeo construccedilatildeo e aprimoramento de ferrovias e rodovias ampliaccedilatildeo da siderurgia e consolidaccedilatildeo da induacutestria automobiliacutestica

Em 1964 em busca de aprimorar o atendimento agraves crescentes necessidades do processo de desenvolvimento brasileiro o BNDE criou a Agecircncia Especial de Finan-ciamento Industrial (FINAME) cujo objetivo era promover a ampliaccedilatildeo e a conso-lidaccedilatildeo da induacutestria nacional de maacutequinas e equipamentos (PAMPLONA 2011)

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O BNDE foi transformado em empresa puacuteblica federal pela Lei nordm 5662 de 21 de junho de 1971 dotado de personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio aumentando sua autonomia e flexibilidade administrativa (LUNDBERG 2011) Ainda na deacutecada de 1970 comeccedilou a investir mais direta-mente no patrimocircnio das empresas brasileiras iniciando as atividades por meio da criaccedilatildeo de trecircs novas subsidiaacuterias a Mecacircnica Brasileira SA (Embramec) a Insumos Baacutesicos SA Financiamento e Participaccedilotildees (Fibase) e a Investimentos Brasileiros SA (Ibrasa) Em 1982 essas trecircs subsidiaacuterias foram fundidas para a criaccedilatildeo da BNDES Participaccedilotildees SA (BNDESPar) A estrateacutegia era fundamentada na participaccedilatildeo minoritaacuteria com prazo estipulado de desinvestimento objeti-vando estimular o desenvolvimento do mercado de capitais (PAMPLONA 2011)

No iniacutecio da deacutecada de 1980 a crise econocircmica internacional intensificada a partir de 1979 afetou fortemente a economia brasileira que havia financiado seu processo de crescimento com base em endividamento externo a taxas flutuantes Assim com o aumento nas taxas de juros a niacutevel mundial o Brasil ampliou sobre-maneira sua dependecircncia diante do mercado financeiro internacional Mesmo antes da crise jaacute ficava claro que o seu processo de crescimento econocircmico natildeo atendia agraves expectativas de distribuiccedilatildeo equitativa das riquezas acumuladas e assim o Brasil se tornou o paiacutes com um dos mais altos niacuteveis de desigualdades sociais do mundo apesar de ter vivenciado um dos mais acelerados processos de crescimento econocircmico no periacuteodo de 1930 a 1980 (PAMPLONA 2011)

Nesse contexto o governo federal criou o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL) com o objetivo de apoiar accedilotildees sociais no paiacutes em complemento agraves fontes de recursos dos ministeacuterios ligados ao tema O BNDE foi escolhido como gestor do Fundo o que motivou a alteraccedilatildeo em 1982 do nome do banco que passou a se denominar BNDES agregando o desenvolvimento social agraves suas atribuiccedilotildees (PAMPLONA 2011)

Entretanto a falta de evidecircncia de que os bancos de desenvolvimento efeti-vamente atingiam seus objetivos sociais apoiou o argumento de que bancos natildeo eram diferentes de outros setores da economia e que as falhas de mercado seriam mais bem solucionadas com regulaccedilatildeo e subsiacutedios para projetos especiacuteficos do que com a posse direta de bancos pelo estado (FRANCISCO et al 2008) Esta linha de raciociacutenio levou a uma mudanccedila de paradigma a partir dos anos de 1980 em uma direccedilatildeo mais liberal que defendia a limitaccedilatildeo ou a eliminaccedilatildeo do governo na prestaccedilatildeo direta de serviccedilos financeiros De acordo com essa nova visatildeo o estado deveria concentrar seus esforccedilos em desenvolver um ambiente adequado para as instituiccedilotildees financeiras privadas se desenvolverem e esta abordagem motivou uma onda de privatizaccedilotildees limitaccedilotildees de atividades e liquidaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo Como resultado pelo menos 250 instituiccedilotildees finan-ceiras de desenvolvimento foram privatizadas no mundo entre 1987 e 2003

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O BNDES manteve a sua importacircncia mesmo com as privatizaccedilotildees que no Brasil tiveram iniacutecio na deacutecada de 1990 Na realidade o banco foi um partici-pante ativo nas reformas de privatizaccedilatildeo de trecircs maneiras planejando e execu-tando as privatizaccedilotildees concedendo empreacutestimos aos adquirentes e comprando partes minoritaacuterias de algumas empresas que antes eram totalmente puacuteblicas (LAZZARINI et al 2012) Nessa mesma deacutecada o banco assumiu a responsabi-lidade de coordenar o Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo (PND) tendo sido esta a sua principal atribuiccedilatildeo ao longo do periacuteodo Esse movimento por focar fundamentalmente em criteacuterios de rentabilidade financeira descaracterizou o BNDES como banco de desenvolvimento no periacuteodo (CURRALERO 1998)

Ao longo da deacutecada de 2000 o BNDES retomou o papel de banco de desen-volvimento Desde 1999 passou a ser vinculado ao Ministeacuterio do Desenvolvi-mento Induacutestria e Comeacutercio Exterior (MDIC) e aprofundou sua atuaccedilatildeo no apoio agraves exportaccedilotildees agraves micro e pequenas empresas ao desenvolvimento do mercado de capitais e agrave infraestrutura Tambeacutem passou a dar maior atenccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo e aos ativos intangiacuteveis das empresas (PAMPLONA 2011) Nessa deacutecada o Brasil vivenciou um importante ciclo de crescimento econocircmico que foi acompanhado de uma elevaccedilatildeo do creacutedito total em relaccedilatildeo ao PIB (Figura 1)

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil enosdadosdoPIBanualdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatiacutestica(IBGE)

Figura 1 ndash ToTal do creacutediTo em relaccedilatildeo ao PiB() ndash Brasil 2000-2012

No periacuteodo entre 2000 e 2008 a maior parte da expansatildeo deveu-se ao cresci-mento do creacutedito livre A partir do fim de 2008 em razatildeo da crise financeira inter-nacional houve uma retraccedilatildeo da oferta de creacutedito livre e uma ampliaccedilatildeo da oferta de creacuteditos direcionados que se compotildeem principalmente dos recursos conce-didos pelo BNDES e dos financiamentos imobiliaacuterios e rurais A partir de 2010 apesar da retomada do crescimento do creacutedito livre em da melhora no cenaacuterio internacional o creacutedito direcionado manteve a trajetoacuteria de expansatildeo atingindo 22 do PIB em 2012 (Figura 2)

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Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Tabela 21 Pro-duto Interno Bruto a preccedilos correntes impostos liacutequidos de subsiacutedios sobre produtos a preccedilos correntes e valor adicionado bruto a preccedilos correntes total e por atividade eco-nocircmica e respectivas participaccedilotildees Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrbdatabelalistablaspz=pampo=29ampi=Pampc=21gt Acesso em 28 dez 2013_______ Tabelas do Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA) Disponiacuteveis em lthttpwwwsidraibgegovbrsnipctabelaIPCAaspo=3ampi=Pgt Acesso em 20 jan de 2014

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UNITED NATIONS - UN Rethinking the role of national development banks Financing for Development Office UN Department of Economic and Social Affairs New York 2005

  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 7: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Lista de siglas e abreviaturas

ATT Efeito meacutedio do tratamento nas tratadas (do inglecircs Average Treatment on Treated)

Bacen Banco Central do Brasil

BNDE Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

BNDESPar BNDES Participaccedilotildees SA

e-SIC Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo

ESTBAN Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio

FINSOCIAL Fundo de Investimento Social

Firjan Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior

MI Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

PAI Programa Amazocircnia Integrada

PCO Programa do Centro-Oeste

PDR Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional

PNC Programa Nordeste Competitivo

PNDR Poliacutetica Nacional de Dinamizaccedilatildeo Regional

PIB Produto Interno Bruto

PND Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo

PSI Programa de Sustentaccedilatildeo do Investimento

PSM Pareamento baseado em escore de propensatildeo (do inglecircs Propensity Score Matching)

RECONVERSUL Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul

R$ Real

TN Tesouro Nacional

UN United Nations

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1 Introduccedilatildeo

O papel dos bancos puacuteblicos eacute amplamente discutido na literatura de desen-volvimento econocircmico Oficialmente os bancos puacuteblicos estabelecem o alcance de objetivos sociais e de desenvolvimento econocircmico como parte da sua missatildeo Apesar disso parte da literatura argumenta que a sua existecircncia pode ser preju-dicial agrave economia do paiacutes (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010) De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010)

Fundado em 1952 o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) eacute uma empresa puacutebica federal e o instrumento mais impor-tante para a execuccedilatildeo da poliacutetica de investimento do governo federal brasileiro Conforme estabelecido no Decreto nordm 4418 de 11 de outubro de 2002 que aprova o seu Estatuto Social o BNDES tem por objetivo primordial apoiar programas projetos obras e serviccedilos que se relacionem com o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes A missatildeo atual do banco definida em seu Planejamento Corpo-rativo 2009-2014 eacute promover o desenvolvimento sustentaacutevel e competitivo da economia brasileira com geraccedilatildeo de emprego e reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

O valor total dos desembolsos do BNDES cresceu de forma significativa no periacuteodo abrangido por esta pesquisa passando de R$ 48 bilhotildees em 2000 para R$ 147 bilhotildees em 2011 e chegando a R$ 190 bilhotildees em 20131 Entretanto conforme apontado por Lazzarini et al (2012) apesar do tamanho e da impor-tacircncia atribuiacuteda aos bancos de desenvolvimento natildeo haacute um entendimento claro do que esses bancos fazem na praacutetica Parte desse desconhecimento vem do fato de que a maioria dos bancos de desenvolvimento natildeo abre de forma detalhada os dados dos empreacutestimos concedidos e dos seus investimentos Por isso a maioria dos estudos sobre bancos de desenvolvimento eacute teoacuterica (AMSDEN 1989 DE AGHION 1999) ou baseado em estudos de caso qualitativos (AMSDEN 1989 2001 RODRIK 2004)

De acordo com a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) em artigo sobre o papel dos bancos de desenvolvimento medir os resultados eacute um elemento--chave para avaliar a atuaccedilatildeo dessas instituiccedilotildees Os bancos de desenvolvimento tecircm focado em medir a entrada e saiacuteda de recursos em especial os desembolsos sem adotar uma abordagem orientada em resultado que avalie o impacto da sua atuaccedilatildeo na produtividade no crescimento econocircmico e no desenvolvimento social Esse foco excessivo na taxa de desembolso tem como consequecircncia o baixo

1 Valoresatualizadospelainflaccedilatildeodoperiacuteodo

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grau de prestaccedilatildeo de contas agrave sociedade por parte dos bancos de desenvolvimento e contribui para a dificuldade de se assegurar que os recursos satildeo utilizados de forma a alcanccedilar os objetivos propostos (UNITED NATIONS 2005)

Esse estudo tem o objetivo de analisar a forma de atuaccedilatildeo do BNDES entre 2000 e 2011 e o impacto da sua poliacutetica de creacutedito no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros A anaacutelise empiacuterica consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desembolsos do BNDES nos seguintes indica-dores Produto Interno Bruto (PIB) PIB per capita e Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) dos municiacutepios brasileiros sendo aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching)

O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasileiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento O grupo de tratamento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o tratamento (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve o aumento do crescimento do desembolso do BNDES o PIB e o PIB per capita variaram positi-vamente em razatildeo desse aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES

O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 a mais nos municiacutepios tratados em funccedilatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES (trata-mento) e o benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584

Este trabalho apresenta a seguinte estrutura no capiacutetulo dois apresenta-se a literatura relacionada agraves hipoacuteteses sobre a atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento agrave avaliaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estudos recentes sobre a atuaccedilatildeo do BNDES no capiacutetulo trecircs mostra-se o histoacuterico do BNDES no capiacutetulo quatro satildeo apresen-tadas a metodologia e a descriccedilatildeo dos dados no capiacutetulo cinco satildeo demonstrados os resultados no capiacutetulo seis eacute apresentada a anaacutelise dos resultados e no capiacutetulo sete a conclusatildeo

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2 Literatura relacionada

21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento

O debate sobre o papel dos bancos puacuteblicos eacute dividido em quatro hipoacuteteses a visatildeo de desenvolvimento a visatildeo social a visatildeo poliacutetica e a visatildeo de agecircncia

De acordo com a visatildeo de desenvolvimento formulada por Gerschenkron (1962) os bancos puacuteblicos proporcionam o desenvolvimento econocircmico pois substituem a concessatildeo de creacutedito privado em ambientes com economia e instituiccedilotildees fracas Conforme apontam Francisco et al (2008) durante os anos de 1950 e 1960 econo-mistas desenvolvimentistas especialmente Gerschenkron (1962) Myrdal (1960) e Lewis (1955) defenderam a existecircncia de bancos puacuteblicos em economias onde a escassez de capital o excesso de desconfianccedila e a disseminaccedilatildeo de praacuteticas fraudu-lentas desencorajassem a concessatildeo de creacutedito de longo prazo afetando a perspectiva de crescimento econocircmico Este pensamento levou agrave criaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo nesse periacuteodo com o propoacutesito de assegurar a concessatildeo de creacutedito a setores prioritaacuterios e de promover o desenvolvimento

Segundo a visatildeo social defendida por Atkinson e Stiglitz (1980) os bancos puacuteblicos satildeo criados e mantidos para perseguir objetivos relativos ao desenvolvi-mento social Considerando que uma expansatildeo dos serviccedilos financeiros favorece o crescimento econocircmico bancos de desenvolvimento deveriam ser criados para mitigar falhas de mercado e alcanccedilar segmentos que natildeo satildeo supridos por serviccedilos financeiros Essa visatildeo indica que as falhas de mercado acontecem porque bancos privados maximizam o lucro natildeo tendo interesse em oferecer serviccedilos para indiviacuteduos de baixa renda comunidades distantes ou financiar projetos que natildeo sejam lucrativos mas que possuam externalidades positivas Ademais bancos privados tecircm menos incentivos para conceder empreacutestimos para pequenos empre-saacuterios ou para setores de alto risco como agricultura em razatildeo dos altos custos para administrar e monitorar esses empreacutestimos aleacutem das taxas altas de inadim-plecircncia (FRANCISCO et al 2008)

A visatildeo poliacutetica por sua vez afirma que existe um conflito de interesses entre a sociedade e os poliacuteticos nas instituiccedilotildees puacuteblicas (SHLEIFER VISHNY 1994 SHLEIFER 1998 LA PORTA LOPEZ-DE-SILANES SHLEIFER 2002) De acordo com essa visatildeo os bancos puacuteblicos satildeo meras ferramentas de atuaccedilatildeo dos poliacuteticos usadas para extrair ganhos de acordo com seus interesses Para Boycko Shleifer e Vishny (1996) citados por Hainz e Hakenes (2008) por exemplo os poliacuteticos utilizam bancos puacuteblicos com o intuito de maximizar a probabilidade de serem reeleitos

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A visatildeo de agecircncia por fim conforme sintetizado por Francisco et al (2008) reconhece que os bancos de desenvolvimento podem ser um meio importante para o governo alocar creacutedito de forma direcionada com o objetivo de cumprir poliacuteticas sociais (DE LA TORRE et al 2005) Entretanto tambeacutem admite que os bancos de desenvolvimento estatildeo propensos a gerar corrupccedilatildeo e maacute alocaccedilatildeo dos recursos (BANERJEE 1997) e que os custos de agecircncia dentro de burocracias governamentais representados pelo conflito de interesses entre o estado e os gerentes das instituiccedilotildees podem resultar em praacuteticas gerenciais ineficientes

De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia La Porta Lopez-de-Silanes e Shleifer (2002) comparando dados entre paiacuteses demons-traram que a propriedade puacuteblica de bancos eacute associada com um desenvolvi-mento financeiro mais lento e um crescimento mais baixo da renda per capita e da produtividade Por sua vez Adrianova Panicos e Anja (2009) afirmam que a regressatildeo proposta por esses autores sofre de vieacutes de variaacutevel omitida e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos se torna insignificante quando se adiciona alguns indicadores na regressatildeo especificada pelos autores encon-trando efeitos positivos para anos mais recentes

Koumlrner e Schneibel (2010) argumentam que as duas visotildees de La Porta Loacutepez-de-Silanes e Shleifer (2002) e Adrianova Panicos e Anja (2009) satildeo muito riacutegidas pois natildeo avaliam a heterogeneidade dos paiacuteses e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos somente estaacute associada a um baixo cresci-mento do PIB em paiacuteses com um sistema financeiro pouco desenvolvido o que natildeo acontece em paiacuteses desenvolvidos Em outro estudo empiacuterico sobre o tema Dinccedil (2005) encontrou que em paiacuteses menos desenvolvidos a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos puacuteblicos eacute significativamente maior em anos de eleiccedilatildeo do que a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos privados indicando que a concessatildeo dos empreacutestimos eacute direcionada mais por motivaccedilotildees poliacuteticas do que pelo retorno esperado dos projetos

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES

Os principais estudos empiacutericos que apresentam resultados sobre a forma de atuaccedilatildeo recente do BNDES foram realizados por Lazzarini et al (2012) e Carvalho (2013)

Lazzarini et al (2012) utilizando dados de empresas de capital aberto no periacuteodo entre 2002 e 2009 estudaram o efeito dos empreacutestimos e investimentos do BNDES no desempenho e na estrutura de investimento das firmas O uacutenico

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efeito encontrado foi a reduccedilatildeo dos gastos em financiamento quando as compa-nhias recebem empreacutestimos subsidiados do banco Mostraram tambeacutem que o BNDES natildeo empresta sistematicamente para empresas com baixo desempenho As empresas que recebem empreacutestimos subsidiados tendem a ser aquelas com bom desempenho e as que realizam doaccedilotildees para poliacuteticos que venceram as eleiccedilotildees Seus resultados portanto rejeitam a visatildeo de que os bancos de desenvolvimento satildeo usados para socorrer empresas indicando que os empreacutestimos do periacuteodo estavam transferindo subsiacutedios para grandes empresas sem nenhum aperfeiccediloa-mento do desempenho ou aumento no investimento

Carvalho (2013) usando dados de empresas brasileiras de manufatura evidencia que o controle de bancos pelo governo leva a uma influecircncia signifi-cativa sobre as decisotildees reais das firmas Ressalta ainda que empresas elegiacuteveis a receber empreacutestimos de bancos controlados pelo governo expandem as vagas de emprego perto das eleiccedilotildees em regiotildees com ampla competiccedilatildeo entre os candi-datos e as reduzem em outras regiotildees Essa anaacutelise sugere que os poliacuteticos no Brasil utilizam o controle sobre os empreacutestimos dos bancos puacuteblicos como uma forma de influenciar a decisatildeo das firmas sobre a alocaccedilatildeo dos empregos

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES

Recentemente a literatura de avaliaccedilatildeo de impacto das intervenccedilotildees tem ganhado espaccedilo no debate sobre a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas Ao entender como a intervenccedilatildeo atua na alteraccedilatildeo do contexto socioeconocircmico a avaliaccedilatildeo de impacto abre a possibilidade de reformulaccedilatildeo da intervenccedilatildeo adotada contri-buindo para o aperfeiccediloamento do seu desenho (MACHADO PARREIRAS PECcedilANHA 2011)

Entre os trabalhos que tratam da avaliaccedilatildeo de impacto de poliacuteticas relacio-nadas ao BNDES destacam-se os realizados por Pereira (2007) e Coelho e De Negri (2010) Pereira (2007) compara a evoluccedilatildeo dos postos de trabalho das empresas apoiadas pelo BNDES com a evoluccedilatildeo em empresas natildeo apoiadas de mesmo porte e conclui que o crescimento do emprego i) foi maior para as firmas apoiadas ii) foi maior quanto menor a empresa e iii) estaacute diretamente relacionado com o nuacutemero de operaccedilotildees realizadas com o BNDES

Coelho e De Negri (2010) analisam o impacto do financiamento do BNDES sobre os indicadores de desempenho da firma como as taxas de crescimento da produtividade total dos fatores da produtividade do trabalho do nuacutemero de empregados e da receita liacutequida de vendas O grupo de tratamento eacute composto por firmas industriais com mais de trinta empregados que utilizaram o financiamento

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do BNDES apenas em 2000 enquanto o grupo de controle abarca as firmas que natildeo utilizaram financiamento do BNDES entre 1995 e 2003 Os autores concluem que as linhas de financiamento do BNDES afetaram positivamente os indicadores de desempenho da firma avaliados

3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES

Inicialmente denominado Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDE) o banco foi fundado em 1952 na forma de autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio da Fazenda (MF) com o objetivo inicial de expandir os projetos de infraestrutura e criar mecanismos para promover o creacutedito de longo prazo para investimentos em energia e transporte (LAZZARINI et al 2012)

O surgimento do banco ocorre no momento em que diversos bancos de desenvolvimento eram criados no mundo Conforme indicado por Francisco et al (2008) durante as deacutecadas de 1950 1960 e 1970 essas instituiccedilotildees foram fundadas com o objetivo de servir aos segmentos menos privilegiados da populaccedilatildeo e a setores da economia que tinham uma demanda de creacutedito natildeo atendida pelo mercado operando assim sob a alegaccedilatildeo de que o aumento do acesso ao creacutedito e aos serviccedilos financeiros seria fundamental para o crescimento da economia

No periacuteodo de criaccedilatildeo do BNDE o Brasil vivenciava um processo ainda incipiente de industrializaccedilatildeo (BATISTA 2002) importantes gargalos de infraes-trutura restringiam agravequela eacutepoca o crescimento econocircmico do paiacutes em especial os setores de energia eleacutetrica e transportes Dessa maneira as primeiras missotildees do banco foram o reaparelhamento da malha ferroviaacuteria nacional e um extenso programa de eletrificaccedilatildeo

Na sequecircncia do processo de industrializaccedilatildeo jaacute sob o governo de Juscelino Kubitschek o BNDE focou sua atuaccedilatildeo na estruturaccedilatildeo do setor sideruacutergico nacional Tambeacutem participou da elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo do Plano de Metas daquele governo que tinha o objetivo de acelerar o processo de industrializaccedilatildeo do paiacutes Como destacado por Batista (2002) entre as principais metas estavam investi-mentos em geraccedilatildeo de energia eleacutetrica produccedilatildeo de petroacuteleo e carvatildeo construccedilatildeo e aprimoramento de ferrovias e rodovias ampliaccedilatildeo da siderurgia e consolidaccedilatildeo da induacutestria automobiliacutestica

Em 1964 em busca de aprimorar o atendimento agraves crescentes necessidades do processo de desenvolvimento brasileiro o BNDE criou a Agecircncia Especial de Finan-ciamento Industrial (FINAME) cujo objetivo era promover a ampliaccedilatildeo e a conso-lidaccedilatildeo da induacutestria nacional de maacutequinas e equipamentos (PAMPLONA 2011)

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O BNDE foi transformado em empresa puacuteblica federal pela Lei nordm 5662 de 21 de junho de 1971 dotado de personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio aumentando sua autonomia e flexibilidade administrativa (LUNDBERG 2011) Ainda na deacutecada de 1970 comeccedilou a investir mais direta-mente no patrimocircnio das empresas brasileiras iniciando as atividades por meio da criaccedilatildeo de trecircs novas subsidiaacuterias a Mecacircnica Brasileira SA (Embramec) a Insumos Baacutesicos SA Financiamento e Participaccedilotildees (Fibase) e a Investimentos Brasileiros SA (Ibrasa) Em 1982 essas trecircs subsidiaacuterias foram fundidas para a criaccedilatildeo da BNDES Participaccedilotildees SA (BNDESPar) A estrateacutegia era fundamentada na participaccedilatildeo minoritaacuteria com prazo estipulado de desinvestimento objeti-vando estimular o desenvolvimento do mercado de capitais (PAMPLONA 2011)

No iniacutecio da deacutecada de 1980 a crise econocircmica internacional intensificada a partir de 1979 afetou fortemente a economia brasileira que havia financiado seu processo de crescimento com base em endividamento externo a taxas flutuantes Assim com o aumento nas taxas de juros a niacutevel mundial o Brasil ampliou sobre-maneira sua dependecircncia diante do mercado financeiro internacional Mesmo antes da crise jaacute ficava claro que o seu processo de crescimento econocircmico natildeo atendia agraves expectativas de distribuiccedilatildeo equitativa das riquezas acumuladas e assim o Brasil se tornou o paiacutes com um dos mais altos niacuteveis de desigualdades sociais do mundo apesar de ter vivenciado um dos mais acelerados processos de crescimento econocircmico no periacuteodo de 1930 a 1980 (PAMPLONA 2011)

Nesse contexto o governo federal criou o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL) com o objetivo de apoiar accedilotildees sociais no paiacutes em complemento agraves fontes de recursos dos ministeacuterios ligados ao tema O BNDE foi escolhido como gestor do Fundo o que motivou a alteraccedilatildeo em 1982 do nome do banco que passou a se denominar BNDES agregando o desenvolvimento social agraves suas atribuiccedilotildees (PAMPLONA 2011)

Entretanto a falta de evidecircncia de que os bancos de desenvolvimento efeti-vamente atingiam seus objetivos sociais apoiou o argumento de que bancos natildeo eram diferentes de outros setores da economia e que as falhas de mercado seriam mais bem solucionadas com regulaccedilatildeo e subsiacutedios para projetos especiacuteficos do que com a posse direta de bancos pelo estado (FRANCISCO et al 2008) Esta linha de raciociacutenio levou a uma mudanccedila de paradigma a partir dos anos de 1980 em uma direccedilatildeo mais liberal que defendia a limitaccedilatildeo ou a eliminaccedilatildeo do governo na prestaccedilatildeo direta de serviccedilos financeiros De acordo com essa nova visatildeo o estado deveria concentrar seus esforccedilos em desenvolver um ambiente adequado para as instituiccedilotildees financeiras privadas se desenvolverem e esta abordagem motivou uma onda de privatizaccedilotildees limitaccedilotildees de atividades e liquidaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo Como resultado pelo menos 250 instituiccedilotildees finan-ceiras de desenvolvimento foram privatizadas no mundo entre 1987 e 2003

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O BNDES manteve a sua importacircncia mesmo com as privatizaccedilotildees que no Brasil tiveram iniacutecio na deacutecada de 1990 Na realidade o banco foi um partici-pante ativo nas reformas de privatizaccedilatildeo de trecircs maneiras planejando e execu-tando as privatizaccedilotildees concedendo empreacutestimos aos adquirentes e comprando partes minoritaacuterias de algumas empresas que antes eram totalmente puacuteblicas (LAZZARINI et al 2012) Nessa mesma deacutecada o banco assumiu a responsabi-lidade de coordenar o Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo (PND) tendo sido esta a sua principal atribuiccedilatildeo ao longo do periacuteodo Esse movimento por focar fundamentalmente em criteacuterios de rentabilidade financeira descaracterizou o BNDES como banco de desenvolvimento no periacuteodo (CURRALERO 1998)

Ao longo da deacutecada de 2000 o BNDES retomou o papel de banco de desen-volvimento Desde 1999 passou a ser vinculado ao Ministeacuterio do Desenvolvi-mento Induacutestria e Comeacutercio Exterior (MDIC) e aprofundou sua atuaccedilatildeo no apoio agraves exportaccedilotildees agraves micro e pequenas empresas ao desenvolvimento do mercado de capitais e agrave infraestrutura Tambeacutem passou a dar maior atenccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo e aos ativos intangiacuteveis das empresas (PAMPLONA 2011) Nessa deacutecada o Brasil vivenciou um importante ciclo de crescimento econocircmico que foi acompanhado de uma elevaccedilatildeo do creacutedito total em relaccedilatildeo ao PIB (Figura 1)

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil enosdadosdoPIBanualdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatiacutestica(IBGE)

Figura 1 ndash ToTal do creacutediTo em relaccedilatildeo ao PiB() ndash Brasil 2000-2012

No periacuteodo entre 2000 e 2008 a maior parte da expansatildeo deveu-se ao cresci-mento do creacutedito livre A partir do fim de 2008 em razatildeo da crise financeira inter-nacional houve uma retraccedilatildeo da oferta de creacutedito livre e uma ampliaccedilatildeo da oferta de creacuteditos direcionados que se compotildeem principalmente dos recursos conce-didos pelo BNDES e dos financiamentos imobiliaacuterios e rurais A partir de 2010 apesar da retomada do crescimento do creacutedito livre em da melhora no cenaacuterio internacional o creacutedito direcionado manteve a trajetoacuteria de expansatildeo atingindo 22 do PIB em 2012 (Figura 2)

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Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201428

43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 8: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 9

1 Introduccedilatildeo

O papel dos bancos puacuteblicos eacute amplamente discutido na literatura de desen-volvimento econocircmico Oficialmente os bancos puacuteblicos estabelecem o alcance de objetivos sociais e de desenvolvimento econocircmico como parte da sua missatildeo Apesar disso parte da literatura argumenta que a sua existecircncia pode ser preju-dicial agrave economia do paiacutes (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010) De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia (KOumlRNER SCHNEIBEL 2010)

Fundado em 1952 o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) eacute uma empresa puacutebica federal e o instrumento mais impor-tante para a execuccedilatildeo da poliacutetica de investimento do governo federal brasileiro Conforme estabelecido no Decreto nordm 4418 de 11 de outubro de 2002 que aprova o seu Estatuto Social o BNDES tem por objetivo primordial apoiar programas projetos obras e serviccedilos que se relacionem com o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes A missatildeo atual do banco definida em seu Planejamento Corpo-rativo 2009-2014 eacute promover o desenvolvimento sustentaacutevel e competitivo da economia brasileira com geraccedilatildeo de emprego e reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

O valor total dos desembolsos do BNDES cresceu de forma significativa no periacuteodo abrangido por esta pesquisa passando de R$ 48 bilhotildees em 2000 para R$ 147 bilhotildees em 2011 e chegando a R$ 190 bilhotildees em 20131 Entretanto conforme apontado por Lazzarini et al (2012) apesar do tamanho e da impor-tacircncia atribuiacuteda aos bancos de desenvolvimento natildeo haacute um entendimento claro do que esses bancos fazem na praacutetica Parte desse desconhecimento vem do fato de que a maioria dos bancos de desenvolvimento natildeo abre de forma detalhada os dados dos empreacutestimos concedidos e dos seus investimentos Por isso a maioria dos estudos sobre bancos de desenvolvimento eacute teoacuterica (AMSDEN 1989 DE AGHION 1999) ou baseado em estudos de caso qualitativos (AMSDEN 1989 2001 RODRIK 2004)

De acordo com a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) em artigo sobre o papel dos bancos de desenvolvimento medir os resultados eacute um elemento--chave para avaliar a atuaccedilatildeo dessas instituiccedilotildees Os bancos de desenvolvimento tecircm focado em medir a entrada e saiacuteda de recursos em especial os desembolsos sem adotar uma abordagem orientada em resultado que avalie o impacto da sua atuaccedilatildeo na produtividade no crescimento econocircmico e no desenvolvimento social Esse foco excessivo na taxa de desembolso tem como consequecircncia o baixo

1 Valoresatualizadospelainflaccedilatildeodoperiacuteodo

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201410

grau de prestaccedilatildeo de contas agrave sociedade por parte dos bancos de desenvolvimento e contribui para a dificuldade de se assegurar que os recursos satildeo utilizados de forma a alcanccedilar os objetivos propostos (UNITED NATIONS 2005)

Esse estudo tem o objetivo de analisar a forma de atuaccedilatildeo do BNDES entre 2000 e 2011 e o impacto da sua poliacutetica de creacutedito no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros A anaacutelise empiacuterica consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desembolsos do BNDES nos seguintes indica-dores Produto Interno Bruto (PIB) PIB per capita e Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) dos municiacutepios brasileiros sendo aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching)

O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasileiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento O grupo de tratamento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o tratamento (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve o aumento do crescimento do desembolso do BNDES o PIB e o PIB per capita variaram positi-vamente em razatildeo desse aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES

O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 a mais nos municiacutepios tratados em funccedilatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES (trata-mento) e o benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584

Este trabalho apresenta a seguinte estrutura no capiacutetulo dois apresenta-se a literatura relacionada agraves hipoacuteteses sobre a atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento agrave avaliaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estudos recentes sobre a atuaccedilatildeo do BNDES no capiacutetulo trecircs mostra-se o histoacuterico do BNDES no capiacutetulo quatro satildeo apresen-tadas a metodologia e a descriccedilatildeo dos dados no capiacutetulo cinco satildeo demonstrados os resultados no capiacutetulo seis eacute apresentada a anaacutelise dos resultados e no capiacutetulo sete a conclusatildeo

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2 Literatura relacionada

21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento

O debate sobre o papel dos bancos puacuteblicos eacute dividido em quatro hipoacuteteses a visatildeo de desenvolvimento a visatildeo social a visatildeo poliacutetica e a visatildeo de agecircncia

De acordo com a visatildeo de desenvolvimento formulada por Gerschenkron (1962) os bancos puacuteblicos proporcionam o desenvolvimento econocircmico pois substituem a concessatildeo de creacutedito privado em ambientes com economia e instituiccedilotildees fracas Conforme apontam Francisco et al (2008) durante os anos de 1950 e 1960 econo-mistas desenvolvimentistas especialmente Gerschenkron (1962) Myrdal (1960) e Lewis (1955) defenderam a existecircncia de bancos puacuteblicos em economias onde a escassez de capital o excesso de desconfianccedila e a disseminaccedilatildeo de praacuteticas fraudu-lentas desencorajassem a concessatildeo de creacutedito de longo prazo afetando a perspectiva de crescimento econocircmico Este pensamento levou agrave criaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo nesse periacuteodo com o propoacutesito de assegurar a concessatildeo de creacutedito a setores prioritaacuterios e de promover o desenvolvimento

Segundo a visatildeo social defendida por Atkinson e Stiglitz (1980) os bancos puacuteblicos satildeo criados e mantidos para perseguir objetivos relativos ao desenvolvi-mento social Considerando que uma expansatildeo dos serviccedilos financeiros favorece o crescimento econocircmico bancos de desenvolvimento deveriam ser criados para mitigar falhas de mercado e alcanccedilar segmentos que natildeo satildeo supridos por serviccedilos financeiros Essa visatildeo indica que as falhas de mercado acontecem porque bancos privados maximizam o lucro natildeo tendo interesse em oferecer serviccedilos para indiviacuteduos de baixa renda comunidades distantes ou financiar projetos que natildeo sejam lucrativos mas que possuam externalidades positivas Ademais bancos privados tecircm menos incentivos para conceder empreacutestimos para pequenos empre-saacuterios ou para setores de alto risco como agricultura em razatildeo dos altos custos para administrar e monitorar esses empreacutestimos aleacutem das taxas altas de inadim-plecircncia (FRANCISCO et al 2008)

A visatildeo poliacutetica por sua vez afirma que existe um conflito de interesses entre a sociedade e os poliacuteticos nas instituiccedilotildees puacuteblicas (SHLEIFER VISHNY 1994 SHLEIFER 1998 LA PORTA LOPEZ-DE-SILANES SHLEIFER 2002) De acordo com essa visatildeo os bancos puacuteblicos satildeo meras ferramentas de atuaccedilatildeo dos poliacuteticos usadas para extrair ganhos de acordo com seus interesses Para Boycko Shleifer e Vishny (1996) citados por Hainz e Hakenes (2008) por exemplo os poliacuteticos utilizam bancos puacuteblicos com o intuito de maximizar a probabilidade de serem reeleitos

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A visatildeo de agecircncia por fim conforme sintetizado por Francisco et al (2008) reconhece que os bancos de desenvolvimento podem ser um meio importante para o governo alocar creacutedito de forma direcionada com o objetivo de cumprir poliacuteticas sociais (DE LA TORRE et al 2005) Entretanto tambeacutem admite que os bancos de desenvolvimento estatildeo propensos a gerar corrupccedilatildeo e maacute alocaccedilatildeo dos recursos (BANERJEE 1997) e que os custos de agecircncia dentro de burocracias governamentais representados pelo conflito de interesses entre o estado e os gerentes das instituiccedilotildees podem resultar em praacuteticas gerenciais ineficientes

De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia La Porta Lopez-de-Silanes e Shleifer (2002) comparando dados entre paiacuteses demons-traram que a propriedade puacuteblica de bancos eacute associada com um desenvolvi-mento financeiro mais lento e um crescimento mais baixo da renda per capita e da produtividade Por sua vez Adrianova Panicos e Anja (2009) afirmam que a regressatildeo proposta por esses autores sofre de vieacutes de variaacutevel omitida e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos se torna insignificante quando se adiciona alguns indicadores na regressatildeo especificada pelos autores encon-trando efeitos positivos para anos mais recentes

Koumlrner e Schneibel (2010) argumentam que as duas visotildees de La Porta Loacutepez-de-Silanes e Shleifer (2002) e Adrianova Panicos e Anja (2009) satildeo muito riacutegidas pois natildeo avaliam a heterogeneidade dos paiacuteses e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos somente estaacute associada a um baixo cresci-mento do PIB em paiacuteses com um sistema financeiro pouco desenvolvido o que natildeo acontece em paiacuteses desenvolvidos Em outro estudo empiacuterico sobre o tema Dinccedil (2005) encontrou que em paiacuteses menos desenvolvidos a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos puacuteblicos eacute significativamente maior em anos de eleiccedilatildeo do que a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos privados indicando que a concessatildeo dos empreacutestimos eacute direcionada mais por motivaccedilotildees poliacuteticas do que pelo retorno esperado dos projetos

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES

Os principais estudos empiacutericos que apresentam resultados sobre a forma de atuaccedilatildeo recente do BNDES foram realizados por Lazzarini et al (2012) e Carvalho (2013)

Lazzarini et al (2012) utilizando dados de empresas de capital aberto no periacuteodo entre 2002 e 2009 estudaram o efeito dos empreacutestimos e investimentos do BNDES no desempenho e na estrutura de investimento das firmas O uacutenico

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efeito encontrado foi a reduccedilatildeo dos gastos em financiamento quando as compa-nhias recebem empreacutestimos subsidiados do banco Mostraram tambeacutem que o BNDES natildeo empresta sistematicamente para empresas com baixo desempenho As empresas que recebem empreacutestimos subsidiados tendem a ser aquelas com bom desempenho e as que realizam doaccedilotildees para poliacuteticos que venceram as eleiccedilotildees Seus resultados portanto rejeitam a visatildeo de que os bancos de desenvolvimento satildeo usados para socorrer empresas indicando que os empreacutestimos do periacuteodo estavam transferindo subsiacutedios para grandes empresas sem nenhum aperfeiccediloa-mento do desempenho ou aumento no investimento

Carvalho (2013) usando dados de empresas brasileiras de manufatura evidencia que o controle de bancos pelo governo leva a uma influecircncia signifi-cativa sobre as decisotildees reais das firmas Ressalta ainda que empresas elegiacuteveis a receber empreacutestimos de bancos controlados pelo governo expandem as vagas de emprego perto das eleiccedilotildees em regiotildees com ampla competiccedilatildeo entre os candi-datos e as reduzem em outras regiotildees Essa anaacutelise sugere que os poliacuteticos no Brasil utilizam o controle sobre os empreacutestimos dos bancos puacuteblicos como uma forma de influenciar a decisatildeo das firmas sobre a alocaccedilatildeo dos empregos

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES

Recentemente a literatura de avaliaccedilatildeo de impacto das intervenccedilotildees tem ganhado espaccedilo no debate sobre a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas Ao entender como a intervenccedilatildeo atua na alteraccedilatildeo do contexto socioeconocircmico a avaliaccedilatildeo de impacto abre a possibilidade de reformulaccedilatildeo da intervenccedilatildeo adotada contri-buindo para o aperfeiccediloamento do seu desenho (MACHADO PARREIRAS PECcedilANHA 2011)

Entre os trabalhos que tratam da avaliaccedilatildeo de impacto de poliacuteticas relacio-nadas ao BNDES destacam-se os realizados por Pereira (2007) e Coelho e De Negri (2010) Pereira (2007) compara a evoluccedilatildeo dos postos de trabalho das empresas apoiadas pelo BNDES com a evoluccedilatildeo em empresas natildeo apoiadas de mesmo porte e conclui que o crescimento do emprego i) foi maior para as firmas apoiadas ii) foi maior quanto menor a empresa e iii) estaacute diretamente relacionado com o nuacutemero de operaccedilotildees realizadas com o BNDES

Coelho e De Negri (2010) analisam o impacto do financiamento do BNDES sobre os indicadores de desempenho da firma como as taxas de crescimento da produtividade total dos fatores da produtividade do trabalho do nuacutemero de empregados e da receita liacutequida de vendas O grupo de tratamento eacute composto por firmas industriais com mais de trinta empregados que utilizaram o financiamento

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do BNDES apenas em 2000 enquanto o grupo de controle abarca as firmas que natildeo utilizaram financiamento do BNDES entre 1995 e 2003 Os autores concluem que as linhas de financiamento do BNDES afetaram positivamente os indicadores de desempenho da firma avaliados

3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES

Inicialmente denominado Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDE) o banco foi fundado em 1952 na forma de autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio da Fazenda (MF) com o objetivo inicial de expandir os projetos de infraestrutura e criar mecanismos para promover o creacutedito de longo prazo para investimentos em energia e transporte (LAZZARINI et al 2012)

O surgimento do banco ocorre no momento em que diversos bancos de desenvolvimento eram criados no mundo Conforme indicado por Francisco et al (2008) durante as deacutecadas de 1950 1960 e 1970 essas instituiccedilotildees foram fundadas com o objetivo de servir aos segmentos menos privilegiados da populaccedilatildeo e a setores da economia que tinham uma demanda de creacutedito natildeo atendida pelo mercado operando assim sob a alegaccedilatildeo de que o aumento do acesso ao creacutedito e aos serviccedilos financeiros seria fundamental para o crescimento da economia

No periacuteodo de criaccedilatildeo do BNDE o Brasil vivenciava um processo ainda incipiente de industrializaccedilatildeo (BATISTA 2002) importantes gargalos de infraes-trutura restringiam agravequela eacutepoca o crescimento econocircmico do paiacutes em especial os setores de energia eleacutetrica e transportes Dessa maneira as primeiras missotildees do banco foram o reaparelhamento da malha ferroviaacuteria nacional e um extenso programa de eletrificaccedilatildeo

Na sequecircncia do processo de industrializaccedilatildeo jaacute sob o governo de Juscelino Kubitschek o BNDE focou sua atuaccedilatildeo na estruturaccedilatildeo do setor sideruacutergico nacional Tambeacutem participou da elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo do Plano de Metas daquele governo que tinha o objetivo de acelerar o processo de industrializaccedilatildeo do paiacutes Como destacado por Batista (2002) entre as principais metas estavam investi-mentos em geraccedilatildeo de energia eleacutetrica produccedilatildeo de petroacuteleo e carvatildeo construccedilatildeo e aprimoramento de ferrovias e rodovias ampliaccedilatildeo da siderurgia e consolidaccedilatildeo da induacutestria automobiliacutestica

Em 1964 em busca de aprimorar o atendimento agraves crescentes necessidades do processo de desenvolvimento brasileiro o BNDE criou a Agecircncia Especial de Finan-ciamento Industrial (FINAME) cujo objetivo era promover a ampliaccedilatildeo e a conso-lidaccedilatildeo da induacutestria nacional de maacutequinas e equipamentos (PAMPLONA 2011)

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O BNDE foi transformado em empresa puacuteblica federal pela Lei nordm 5662 de 21 de junho de 1971 dotado de personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio aumentando sua autonomia e flexibilidade administrativa (LUNDBERG 2011) Ainda na deacutecada de 1970 comeccedilou a investir mais direta-mente no patrimocircnio das empresas brasileiras iniciando as atividades por meio da criaccedilatildeo de trecircs novas subsidiaacuterias a Mecacircnica Brasileira SA (Embramec) a Insumos Baacutesicos SA Financiamento e Participaccedilotildees (Fibase) e a Investimentos Brasileiros SA (Ibrasa) Em 1982 essas trecircs subsidiaacuterias foram fundidas para a criaccedilatildeo da BNDES Participaccedilotildees SA (BNDESPar) A estrateacutegia era fundamentada na participaccedilatildeo minoritaacuteria com prazo estipulado de desinvestimento objeti-vando estimular o desenvolvimento do mercado de capitais (PAMPLONA 2011)

No iniacutecio da deacutecada de 1980 a crise econocircmica internacional intensificada a partir de 1979 afetou fortemente a economia brasileira que havia financiado seu processo de crescimento com base em endividamento externo a taxas flutuantes Assim com o aumento nas taxas de juros a niacutevel mundial o Brasil ampliou sobre-maneira sua dependecircncia diante do mercado financeiro internacional Mesmo antes da crise jaacute ficava claro que o seu processo de crescimento econocircmico natildeo atendia agraves expectativas de distribuiccedilatildeo equitativa das riquezas acumuladas e assim o Brasil se tornou o paiacutes com um dos mais altos niacuteveis de desigualdades sociais do mundo apesar de ter vivenciado um dos mais acelerados processos de crescimento econocircmico no periacuteodo de 1930 a 1980 (PAMPLONA 2011)

Nesse contexto o governo federal criou o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL) com o objetivo de apoiar accedilotildees sociais no paiacutes em complemento agraves fontes de recursos dos ministeacuterios ligados ao tema O BNDE foi escolhido como gestor do Fundo o que motivou a alteraccedilatildeo em 1982 do nome do banco que passou a se denominar BNDES agregando o desenvolvimento social agraves suas atribuiccedilotildees (PAMPLONA 2011)

Entretanto a falta de evidecircncia de que os bancos de desenvolvimento efeti-vamente atingiam seus objetivos sociais apoiou o argumento de que bancos natildeo eram diferentes de outros setores da economia e que as falhas de mercado seriam mais bem solucionadas com regulaccedilatildeo e subsiacutedios para projetos especiacuteficos do que com a posse direta de bancos pelo estado (FRANCISCO et al 2008) Esta linha de raciociacutenio levou a uma mudanccedila de paradigma a partir dos anos de 1980 em uma direccedilatildeo mais liberal que defendia a limitaccedilatildeo ou a eliminaccedilatildeo do governo na prestaccedilatildeo direta de serviccedilos financeiros De acordo com essa nova visatildeo o estado deveria concentrar seus esforccedilos em desenvolver um ambiente adequado para as instituiccedilotildees financeiras privadas se desenvolverem e esta abordagem motivou uma onda de privatizaccedilotildees limitaccedilotildees de atividades e liquidaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo Como resultado pelo menos 250 instituiccedilotildees finan-ceiras de desenvolvimento foram privatizadas no mundo entre 1987 e 2003

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O BNDES manteve a sua importacircncia mesmo com as privatizaccedilotildees que no Brasil tiveram iniacutecio na deacutecada de 1990 Na realidade o banco foi um partici-pante ativo nas reformas de privatizaccedilatildeo de trecircs maneiras planejando e execu-tando as privatizaccedilotildees concedendo empreacutestimos aos adquirentes e comprando partes minoritaacuterias de algumas empresas que antes eram totalmente puacuteblicas (LAZZARINI et al 2012) Nessa mesma deacutecada o banco assumiu a responsabi-lidade de coordenar o Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo (PND) tendo sido esta a sua principal atribuiccedilatildeo ao longo do periacuteodo Esse movimento por focar fundamentalmente em criteacuterios de rentabilidade financeira descaracterizou o BNDES como banco de desenvolvimento no periacuteodo (CURRALERO 1998)

Ao longo da deacutecada de 2000 o BNDES retomou o papel de banco de desen-volvimento Desde 1999 passou a ser vinculado ao Ministeacuterio do Desenvolvi-mento Induacutestria e Comeacutercio Exterior (MDIC) e aprofundou sua atuaccedilatildeo no apoio agraves exportaccedilotildees agraves micro e pequenas empresas ao desenvolvimento do mercado de capitais e agrave infraestrutura Tambeacutem passou a dar maior atenccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo e aos ativos intangiacuteveis das empresas (PAMPLONA 2011) Nessa deacutecada o Brasil vivenciou um importante ciclo de crescimento econocircmico que foi acompanhado de uma elevaccedilatildeo do creacutedito total em relaccedilatildeo ao PIB (Figura 1)

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil enosdadosdoPIBanualdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatiacutestica(IBGE)

Figura 1 ndash ToTal do creacutediTo em relaccedilatildeo ao PiB() ndash Brasil 2000-2012

No periacuteodo entre 2000 e 2008 a maior parte da expansatildeo deveu-se ao cresci-mento do creacutedito livre A partir do fim de 2008 em razatildeo da crise financeira inter-nacional houve uma retraccedilatildeo da oferta de creacutedito livre e uma ampliaccedilatildeo da oferta de creacuteditos direcionados que se compotildeem principalmente dos recursos conce-didos pelo BNDES e dos financiamentos imobiliaacuterios e rurais A partir de 2010 apesar da retomada do crescimento do creacutedito livre em da melhora no cenaacuterio internacional o creacutedito direcionado manteve a trajetoacuteria de expansatildeo atingindo 22 do PIB em 2012 (Figura 2)

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Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 9: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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grau de prestaccedilatildeo de contas agrave sociedade por parte dos bancos de desenvolvimento e contribui para a dificuldade de se assegurar que os recursos satildeo utilizados de forma a alcanccedilar os objetivos propostos (UNITED NATIONS 2005)

Esse estudo tem o objetivo de analisar a forma de atuaccedilatildeo do BNDES entre 2000 e 2011 e o impacto da sua poliacutetica de creacutedito no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros A anaacutelise empiacuterica consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desembolsos do BNDES nos seguintes indica-dores Produto Interno Bruto (PIB) PIB per capita e Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) dos municiacutepios brasileiros sendo aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching)

O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasileiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento O grupo de tratamento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o tratamento (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve o aumento do crescimento do desembolso do BNDES o PIB e o PIB per capita variaram positi-vamente em razatildeo desse aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES

O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 a mais nos municiacutepios tratados em funccedilatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES (trata-mento) e o benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584

Este trabalho apresenta a seguinte estrutura no capiacutetulo dois apresenta-se a literatura relacionada agraves hipoacuteteses sobre a atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento agrave avaliaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estudos recentes sobre a atuaccedilatildeo do BNDES no capiacutetulo trecircs mostra-se o histoacuterico do BNDES no capiacutetulo quatro satildeo apresen-tadas a metodologia e a descriccedilatildeo dos dados no capiacutetulo cinco satildeo demonstrados os resultados no capiacutetulo seis eacute apresentada a anaacutelise dos resultados e no capiacutetulo sete a conclusatildeo

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2 Literatura relacionada

21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento

O debate sobre o papel dos bancos puacuteblicos eacute dividido em quatro hipoacuteteses a visatildeo de desenvolvimento a visatildeo social a visatildeo poliacutetica e a visatildeo de agecircncia

De acordo com a visatildeo de desenvolvimento formulada por Gerschenkron (1962) os bancos puacuteblicos proporcionam o desenvolvimento econocircmico pois substituem a concessatildeo de creacutedito privado em ambientes com economia e instituiccedilotildees fracas Conforme apontam Francisco et al (2008) durante os anos de 1950 e 1960 econo-mistas desenvolvimentistas especialmente Gerschenkron (1962) Myrdal (1960) e Lewis (1955) defenderam a existecircncia de bancos puacuteblicos em economias onde a escassez de capital o excesso de desconfianccedila e a disseminaccedilatildeo de praacuteticas fraudu-lentas desencorajassem a concessatildeo de creacutedito de longo prazo afetando a perspectiva de crescimento econocircmico Este pensamento levou agrave criaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo nesse periacuteodo com o propoacutesito de assegurar a concessatildeo de creacutedito a setores prioritaacuterios e de promover o desenvolvimento

Segundo a visatildeo social defendida por Atkinson e Stiglitz (1980) os bancos puacuteblicos satildeo criados e mantidos para perseguir objetivos relativos ao desenvolvi-mento social Considerando que uma expansatildeo dos serviccedilos financeiros favorece o crescimento econocircmico bancos de desenvolvimento deveriam ser criados para mitigar falhas de mercado e alcanccedilar segmentos que natildeo satildeo supridos por serviccedilos financeiros Essa visatildeo indica que as falhas de mercado acontecem porque bancos privados maximizam o lucro natildeo tendo interesse em oferecer serviccedilos para indiviacuteduos de baixa renda comunidades distantes ou financiar projetos que natildeo sejam lucrativos mas que possuam externalidades positivas Ademais bancos privados tecircm menos incentivos para conceder empreacutestimos para pequenos empre-saacuterios ou para setores de alto risco como agricultura em razatildeo dos altos custos para administrar e monitorar esses empreacutestimos aleacutem das taxas altas de inadim-plecircncia (FRANCISCO et al 2008)

A visatildeo poliacutetica por sua vez afirma que existe um conflito de interesses entre a sociedade e os poliacuteticos nas instituiccedilotildees puacuteblicas (SHLEIFER VISHNY 1994 SHLEIFER 1998 LA PORTA LOPEZ-DE-SILANES SHLEIFER 2002) De acordo com essa visatildeo os bancos puacuteblicos satildeo meras ferramentas de atuaccedilatildeo dos poliacuteticos usadas para extrair ganhos de acordo com seus interesses Para Boycko Shleifer e Vishny (1996) citados por Hainz e Hakenes (2008) por exemplo os poliacuteticos utilizam bancos puacuteblicos com o intuito de maximizar a probabilidade de serem reeleitos

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A visatildeo de agecircncia por fim conforme sintetizado por Francisco et al (2008) reconhece que os bancos de desenvolvimento podem ser um meio importante para o governo alocar creacutedito de forma direcionada com o objetivo de cumprir poliacuteticas sociais (DE LA TORRE et al 2005) Entretanto tambeacutem admite que os bancos de desenvolvimento estatildeo propensos a gerar corrupccedilatildeo e maacute alocaccedilatildeo dos recursos (BANERJEE 1997) e que os custos de agecircncia dentro de burocracias governamentais representados pelo conflito de interesses entre o estado e os gerentes das instituiccedilotildees podem resultar em praacuteticas gerenciais ineficientes

De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia La Porta Lopez-de-Silanes e Shleifer (2002) comparando dados entre paiacuteses demons-traram que a propriedade puacuteblica de bancos eacute associada com um desenvolvi-mento financeiro mais lento e um crescimento mais baixo da renda per capita e da produtividade Por sua vez Adrianova Panicos e Anja (2009) afirmam que a regressatildeo proposta por esses autores sofre de vieacutes de variaacutevel omitida e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos se torna insignificante quando se adiciona alguns indicadores na regressatildeo especificada pelos autores encon-trando efeitos positivos para anos mais recentes

Koumlrner e Schneibel (2010) argumentam que as duas visotildees de La Porta Loacutepez-de-Silanes e Shleifer (2002) e Adrianova Panicos e Anja (2009) satildeo muito riacutegidas pois natildeo avaliam a heterogeneidade dos paiacuteses e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos somente estaacute associada a um baixo cresci-mento do PIB em paiacuteses com um sistema financeiro pouco desenvolvido o que natildeo acontece em paiacuteses desenvolvidos Em outro estudo empiacuterico sobre o tema Dinccedil (2005) encontrou que em paiacuteses menos desenvolvidos a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos puacuteblicos eacute significativamente maior em anos de eleiccedilatildeo do que a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos privados indicando que a concessatildeo dos empreacutestimos eacute direcionada mais por motivaccedilotildees poliacuteticas do que pelo retorno esperado dos projetos

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES

Os principais estudos empiacutericos que apresentam resultados sobre a forma de atuaccedilatildeo recente do BNDES foram realizados por Lazzarini et al (2012) e Carvalho (2013)

Lazzarini et al (2012) utilizando dados de empresas de capital aberto no periacuteodo entre 2002 e 2009 estudaram o efeito dos empreacutestimos e investimentos do BNDES no desempenho e na estrutura de investimento das firmas O uacutenico

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efeito encontrado foi a reduccedilatildeo dos gastos em financiamento quando as compa-nhias recebem empreacutestimos subsidiados do banco Mostraram tambeacutem que o BNDES natildeo empresta sistematicamente para empresas com baixo desempenho As empresas que recebem empreacutestimos subsidiados tendem a ser aquelas com bom desempenho e as que realizam doaccedilotildees para poliacuteticos que venceram as eleiccedilotildees Seus resultados portanto rejeitam a visatildeo de que os bancos de desenvolvimento satildeo usados para socorrer empresas indicando que os empreacutestimos do periacuteodo estavam transferindo subsiacutedios para grandes empresas sem nenhum aperfeiccediloa-mento do desempenho ou aumento no investimento

Carvalho (2013) usando dados de empresas brasileiras de manufatura evidencia que o controle de bancos pelo governo leva a uma influecircncia signifi-cativa sobre as decisotildees reais das firmas Ressalta ainda que empresas elegiacuteveis a receber empreacutestimos de bancos controlados pelo governo expandem as vagas de emprego perto das eleiccedilotildees em regiotildees com ampla competiccedilatildeo entre os candi-datos e as reduzem em outras regiotildees Essa anaacutelise sugere que os poliacuteticos no Brasil utilizam o controle sobre os empreacutestimos dos bancos puacuteblicos como uma forma de influenciar a decisatildeo das firmas sobre a alocaccedilatildeo dos empregos

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES

Recentemente a literatura de avaliaccedilatildeo de impacto das intervenccedilotildees tem ganhado espaccedilo no debate sobre a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas Ao entender como a intervenccedilatildeo atua na alteraccedilatildeo do contexto socioeconocircmico a avaliaccedilatildeo de impacto abre a possibilidade de reformulaccedilatildeo da intervenccedilatildeo adotada contri-buindo para o aperfeiccediloamento do seu desenho (MACHADO PARREIRAS PECcedilANHA 2011)

Entre os trabalhos que tratam da avaliaccedilatildeo de impacto de poliacuteticas relacio-nadas ao BNDES destacam-se os realizados por Pereira (2007) e Coelho e De Negri (2010) Pereira (2007) compara a evoluccedilatildeo dos postos de trabalho das empresas apoiadas pelo BNDES com a evoluccedilatildeo em empresas natildeo apoiadas de mesmo porte e conclui que o crescimento do emprego i) foi maior para as firmas apoiadas ii) foi maior quanto menor a empresa e iii) estaacute diretamente relacionado com o nuacutemero de operaccedilotildees realizadas com o BNDES

Coelho e De Negri (2010) analisam o impacto do financiamento do BNDES sobre os indicadores de desempenho da firma como as taxas de crescimento da produtividade total dos fatores da produtividade do trabalho do nuacutemero de empregados e da receita liacutequida de vendas O grupo de tratamento eacute composto por firmas industriais com mais de trinta empregados que utilizaram o financiamento

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do BNDES apenas em 2000 enquanto o grupo de controle abarca as firmas que natildeo utilizaram financiamento do BNDES entre 1995 e 2003 Os autores concluem que as linhas de financiamento do BNDES afetaram positivamente os indicadores de desempenho da firma avaliados

3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES

Inicialmente denominado Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDE) o banco foi fundado em 1952 na forma de autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio da Fazenda (MF) com o objetivo inicial de expandir os projetos de infraestrutura e criar mecanismos para promover o creacutedito de longo prazo para investimentos em energia e transporte (LAZZARINI et al 2012)

O surgimento do banco ocorre no momento em que diversos bancos de desenvolvimento eram criados no mundo Conforme indicado por Francisco et al (2008) durante as deacutecadas de 1950 1960 e 1970 essas instituiccedilotildees foram fundadas com o objetivo de servir aos segmentos menos privilegiados da populaccedilatildeo e a setores da economia que tinham uma demanda de creacutedito natildeo atendida pelo mercado operando assim sob a alegaccedilatildeo de que o aumento do acesso ao creacutedito e aos serviccedilos financeiros seria fundamental para o crescimento da economia

No periacuteodo de criaccedilatildeo do BNDE o Brasil vivenciava um processo ainda incipiente de industrializaccedilatildeo (BATISTA 2002) importantes gargalos de infraes-trutura restringiam agravequela eacutepoca o crescimento econocircmico do paiacutes em especial os setores de energia eleacutetrica e transportes Dessa maneira as primeiras missotildees do banco foram o reaparelhamento da malha ferroviaacuteria nacional e um extenso programa de eletrificaccedilatildeo

Na sequecircncia do processo de industrializaccedilatildeo jaacute sob o governo de Juscelino Kubitschek o BNDE focou sua atuaccedilatildeo na estruturaccedilatildeo do setor sideruacutergico nacional Tambeacutem participou da elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo do Plano de Metas daquele governo que tinha o objetivo de acelerar o processo de industrializaccedilatildeo do paiacutes Como destacado por Batista (2002) entre as principais metas estavam investi-mentos em geraccedilatildeo de energia eleacutetrica produccedilatildeo de petroacuteleo e carvatildeo construccedilatildeo e aprimoramento de ferrovias e rodovias ampliaccedilatildeo da siderurgia e consolidaccedilatildeo da induacutestria automobiliacutestica

Em 1964 em busca de aprimorar o atendimento agraves crescentes necessidades do processo de desenvolvimento brasileiro o BNDE criou a Agecircncia Especial de Finan-ciamento Industrial (FINAME) cujo objetivo era promover a ampliaccedilatildeo e a conso-lidaccedilatildeo da induacutestria nacional de maacutequinas e equipamentos (PAMPLONA 2011)

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O BNDE foi transformado em empresa puacuteblica federal pela Lei nordm 5662 de 21 de junho de 1971 dotado de personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio aumentando sua autonomia e flexibilidade administrativa (LUNDBERG 2011) Ainda na deacutecada de 1970 comeccedilou a investir mais direta-mente no patrimocircnio das empresas brasileiras iniciando as atividades por meio da criaccedilatildeo de trecircs novas subsidiaacuterias a Mecacircnica Brasileira SA (Embramec) a Insumos Baacutesicos SA Financiamento e Participaccedilotildees (Fibase) e a Investimentos Brasileiros SA (Ibrasa) Em 1982 essas trecircs subsidiaacuterias foram fundidas para a criaccedilatildeo da BNDES Participaccedilotildees SA (BNDESPar) A estrateacutegia era fundamentada na participaccedilatildeo minoritaacuteria com prazo estipulado de desinvestimento objeti-vando estimular o desenvolvimento do mercado de capitais (PAMPLONA 2011)

No iniacutecio da deacutecada de 1980 a crise econocircmica internacional intensificada a partir de 1979 afetou fortemente a economia brasileira que havia financiado seu processo de crescimento com base em endividamento externo a taxas flutuantes Assim com o aumento nas taxas de juros a niacutevel mundial o Brasil ampliou sobre-maneira sua dependecircncia diante do mercado financeiro internacional Mesmo antes da crise jaacute ficava claro que o seu processo de crescimento econocircmico natildeo atendia agraves expectativas de distribuiccedilatildeo equitativa das riquezas acumuladas e assim o Brasil se tornou o paiacutes com um dos mais altos niacuteveis de desigualdades sociais do mundo apesar de ter vivenciado um dos mais acelerados processos de crescimento econocircmico no periacuteodo de 1930 a 1980 (PAMPLONA 2011)

Nesse contexto o governo federal criou o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL) com o objetivo de apoiar accedilotildees sociais no paiacutes em complemento agraves fontes de recursos dos ministeacuterios ligados ao tema O BNDE foi escolhido como gestor do Fundo o que motivou a alteraccedilatildeo em 1982 do nome do banco que passou a se denominar BNDES agregando o desenvolvimento social agraves suas atribuiccedilotildees (PAMPLONA 2011)

Entretanto a falta de evidecircncia de que os bancos de desenvolvimento efeti-vamente atingiam seus objetivos sociais apoiou o argumento de que bancos natildeo eram diferentes de outros setores da economia e que as falhas de mercado seriam mais bem solucionadas com regulaccedilatildeo e subsiacutedios para projetos especiacuteficos do que com a posse direta de bancos pelo estado (FRANCISCO et al 2008) Esta linha de raciociacutenio levou a uma mudanccedila de paradigma a partir dos anos de 1980 em uma direccedilatildeo mais liberal que defendia a limitaccedilatildeo ou a eliminaccedilatildeo do governo na prestaccedilatildeo direta de serviccedilos financeiros De acordo com essa nova visatildeo o estado deveria concentrar seus esforccedilos em desenvolver um ambiente adequado para as instituiccedilotildees financeiras privadas se desenvolverem e esta abordagem motivou uma onda de privatizaccedilotildees limitaccedilotildees de atividades e liquidaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo Como resultado pelo menos 250 instituiccedilotildees finan-ceiras de desenvolvimento foram privatizadas no mundo entre 1987 e 2003

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O BNDES manteve a sua importacircncia mesmo com as privatizaccedilotildees que no Brasil tiveram iniacutecio na deacutecada de 1990 Na realidade o banco foi um partici-pante ativo nas reformas de privatizaccedilatildeo de trecircs maneiras planejando e execu-tando as privatizaccedilotildees concedendo empreacutestimos aos adquirentes e comprando partes minoritaacuterias de algumas empresas que antes eram totalmente puacuteblicas (LAZZARINI et al 2012) Nessa mesma deacutecada o banco assumiu a responsabi-lidade de coordenar o Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo (PND) tendo sido esta a sua principal atribuiccedilatildeo ao longo do periacuteodo Esse movimento por focar fundamentalmente em criteacuterios de rentabilidade financeira descaracterizou o BNDES como banco de desenvolvimento no periacuteodo (CURRALERO 1998)

Ao longo da deacutecada de 2000 o BNDES retomou o papel de banco de desen-volvimento Desde 1999 passou a ser vinculado ao Ministeacuterio do Desenvolvi-mento Induacutestria e Comeacutercio Exterior (MDIC) e aprofundou sua atuaccedilatildeo no apoio agraves exportaccedilotildees agraves micro e pequenas empresas ao desenvolvimento do mercado de capitais e agrave infraestrutura Tambeacutem passou a dar maior atenccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo e aos ativos intangiacuteveis das empresas (PAMPLONA 2011) Nessa deacutecada o Brasil vivenciou um importante ciclo de crescimento econocircmico que foi acompanhado de uma elevaccedilatildeo do creacutedito total em relaccedilatildeo ao PIB (Figura 1)

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil enosdadosdoPIBanualdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatiacutestica(IBGE)

Figura 1 ndash ToTal do creacutediTo em relaccedilatildeo ao PiB() ndash Brasil 2000-2012

No periacuteodo entre 2000 e 2008 a maior parte da expansatildeo deveu-se ao cresci-mento do creacutedito livre A partir do fim de 2008 em razatildeo da crise financeira inter-nacional houve uma retraccedilatildeo da oferta de creacutedito livre e uma ampliaccedilatildeo da oferta de creacuteditos direcionados que se compotildeem principalmente dos recursos conce-didos pelo BNDES e dos financiamentos imobiliaacuterios e rurais A partir de 2010 apesar da retomada do crescimento do creacutedito livre em da melhora no cenaacuterio internacional o creacutedito direcionado manteve a trajetoacuteria de expansatildeo atingindo 22 do PIB em 2012 (Figura 2)

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Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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UNITED NATIONS - UN Rethinking the role of national development banks Financing for Development Office UN Department of Economic and Social Affairs New York 2005

  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 10: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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2 Literatura relacionada

21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento

O debate sobre o papel dos bancos puacuteblicos eacute dividido em quatro hipoacuteteses a visatildeo de desenvolvimento a visatildeo social a visatildeo poliacutetica e a visatildeo de agecircncia

De acordo com a visatildeo de desenvolvimento formulada por Gerschenkron (1962) os bancos puacuteblicos proporcionam o desenvolvimento econocircmico pois substituem a concessatildeo de creacutedito privado em ambientes com economia e instituiccedilotildees fracas Conforme apontam Francisco et al (2008) durante os anos de 1950 e 1960 econo-mistas desenvolvimentistas especialmente Gerschenkron (1962) Myrdal (1960) e Lewis (1955) defenderam a existecircncia de bancos puacuteblicos em economias onde a escassez de capital o excesso de desconfianccedila e a disseminaccedilatildeo de praacuteticas fraudu-lentas desencorajassem a concessatildeo de creacutedito de longo prazo afetando a perspectiva de crescimento econocircmico Este pensamento levou agrave criaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo nesse periacuteodo com o propoacutesito de assegurar a concessatildeo de creacutedito a setores prioritaacuterios e de promover o desenvolvimento

Segundo a visatildeo social defendida por Atkinson e Stiglitz (1980) os bancos puacuteblicos satildeo criados e mantidos para perseguir objetivos relativos ao desenvolvi-mento social Considerando que uma expansatildeo dos serviccedilos financeiros favorece o crescimento econocircmico bancos de desenvolvimento deveriam ser criados para mitigar falhas de mercado e alcanccedilar segmentos que natildeo satildeo supridos por serviccedilos financeiros Essa visatildeo indica que as falhas de mercado acontecem porque bancos privados maximizam o lucro natildeo tendo interesse em oferecer serviccedilos para indiviacuteduos de baixa renda comunidades distantes ou financiar projetos que natildeo sejam lucrativos mas que possuam externalidades positivas Ademais bancos privados tecircm menos incentivos para conceder empreacutestimos para pequenos empre-saacuterios ou para setores de alto risco como agricultura em razatildeo dos altos custos para administrar e monitorar esses empreacutestimos aleacutem das taxas altas de inadim-plecircncia (FRANCISCO et al 2008)

A visatildeo poliacutetica por sua vez afirma que existe um conflito de interesses entre a sociedade e os poliacuteticos nas instituiccedilotildees puacuteblicas (SHLEIFER VISHNY 1994 SHLEIFER 1998 LA PORTA LOPEZ-DE-SILANES SHLEIFER 2002) De acordo com essa visatildeo os bancos puacuteblicos satildeo meras ferramentas de atuaccedilatildeo dos poliacuteticos usadas para extrair ganhos de acordo com seus interesses Para Boycko Shleifer e Vishny (1996) citados por Hainz e Hakenes (2008) por exemplo os poliacuteticos utilizam bancos puacuteblicos com o intuito de maximizar a probabilidade de serem reeleitos

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A visatildeo de agecircncia por fim conforme sintetizado por Francisco et al (2008) reconhece que os bancos de desenvolvimento podem ser um meio importante para o governo alocar creacutedito de forma direcionada com o objetivo de cumprir poliacuteticas sociais (DE LA TORRE et al 2005) Entretanto tambeacutem admite que os bancos de desenvolvimento estatildeo propensos a gerar corrupccedilatildeo e maacute alocaccedilatildeo dos recursos (BANERJEE 1997) e que os custos de agecircncia dentro de burocracias governamentais representados pelo conflito de interesses entre o estado e os gerentes das instituiccedilotildees podem resultar em praacuteticas gerenciais ineficientes

De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia La Porta Lopez-de-Silanes e Shleifer (2002) comparando dados entre paiacuteses demons-traram que a propriedade puacuteblica de bancos eacute associada com um desenvolvi-mento financeiro mais lento e um crescimento mais baixo da renda per capita e da produtividade Por sua vez Adrianova Panicos e Anja (2009) afirmam que a regressatildeo proposta por esses autores sofre de vieacutes de variaacutevel omitida e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos se torna insignificante quando se adiciona alguns indicadores na regressatildeo especificada pelos autores encon-trando efeitos positivos para anos mais recentes

Koumlrner e Schneibel (2010) argumentam que as duas visotildees de La Porta Loacutepez-de-Silanes e Shleifer (2002) e Adrianova Panicos e Anja (2009) satildeo muito riacutegidas pois natildeo avaliam a heterogeneidade dos paiacuteses e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos somente estaacute associada a um baixo cresci-mento do PIB em paiacuteses com um sistema financeiro pouco desenvolvido o que natildeo acontece em paiacuteses desenvolvidos Em outro estudo empiacuterico sobre o tema Dinccedil (2005) encontrou que em paiacuteses menos desenvolvidos a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos puacuteblicos eacute significativamente maior em anos de eleiccedilatildeo do que a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos privados indicando que a concessatildeo dos empreacutestimos eacute direcionada mais por motivaccedilotildees poliacuteticas do que pelo retorno esperado dos projetos

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES

Os principais estudos empiacutericos que apresentam resultados sobre a forma de atuaccedilatildeo recente do BNDES foram realizados por Lazzarini et al (2012) e Carvalho (2013)

Lazzarini et al (2012) utilizando dados de empresas de capital aberto no periacuteodo entre 2002 e 2009 estudaram o efeito dos empreacutestimos e investimentos do BNDES no desempenho e na estrutura de investimento das firmas O uacutenico

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efeito encontrado foi a reduccedilatildeo dos gastos em financiamento quando as compa-nhias recebem empreacutestimos subsidiados do banco Mostraram tambeacutem que o BNDES natildeo empresta sistematicamente para empresas com baixo desempenho As empresas que recebem empreacutestimos subsidiados tendem a ser aquelas com bom desempenho e as que realizam doaccedilotildees para poliacuteticos que venceram as eleiccedilotildees Seus resultados portanto rejeitam a visatildeo de que os bancos de desenvolvimento satildeo usados para socorrer empresas indicando que os empreacutestimos do periacuteodo estavam transferindo subsiacutedios para grandes empresas sem nenhum aperfeiccediloa-mento do desempenho ou aumento no investimento

Carvalho (2013) usando dados de empresas brasileiras de manufatura evidencia que o controle de bancos pelo governo leva a uma influecircncia signifi-cativa sobre as decisotildees reais das firmas Ressalta ainda que empresas elegiacuteveis a receber empreacutestimos de bancos controlados pelo governo expandem as vagas de emprego perto das eleiccedilotildees em regiotildees com ampla competiccedilatildeo entre os candi-datos e as reduzem em outras regiotildees Essa anaacutelise sugere que os poliacuteticos no Brasil utilizam o controle sobre os empreacutestimos dos bancos puacuteblicos como uma forma de influenciar a decisatildeo das firmas sobre a alocaccedilatildeo dos empregos

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES

Recentemente a literatura de avaliaccedilatildeo de impacto das intervenccedilotildees tem ganhado espaccedilo no debate sobre a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas Ao entender como a intervenccedilatildeo atua na alteraccedilatildeo do contexto socioeconocircmico a avaliaccedilatildeo de impacto abre a possibilidade de reformulaccedilatildeo da intervenccedilatildeo adotada contri-buindo para o aperfeiccediloamento do seu desenho (MACHADO PARREIRAS PECcedilANHA 2011)

Entre os trabalhos que tratam da avaliaccedilatildeo de impacto de poliacuteticas relacio-nadas ao BNDES destacam-se os realizados por Pereira (2007) e Coelho e De Negri (2010) Pereira (2007) compara a evoluccedilatildeo dos postos de trabalho das empresas apoiadas pelo BNDES com a evoluccedilatildeo em empresas natildeo apoiadas de mesmo porte e conclui que o crescimento do emprego i) foi maior para as firmas apoiadas ii) foi maior quanto menor a empresa e iii) estaacute diretamente relacionado com o nuacutemero de operaccedilotildees realizadas com o BNDES

Coelho e De Negri (2010) analisam o impacto do financiamento do BNDES sobre os indicadores de desempenho da firma como as taxas de crescimento da produtividade total dos fatores da produtividade do trabalho do nuacutemero de empregados e da receita liacutequida de vendas O grupo de tratamento eacute composto por firmas industriais com mais de trinta empregados que utilizaram o financiamento

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do BNDES apenas em 2000 enquanto o grupo de controle abarca as firmas que natildeo utilizaram financiamento do BNDES entre 1995 e 2003 Os autores concluem que as linhas de financiamento do BNDES afetaram positivamente os indicadores de desempenho da firma avaliados

3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES

Inicialmente denominado Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDE) o banco foi fundado em 1952 na forma de autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio da Fazenda (MF) com o objetivo inicial de expandir os projetos de infraestrutura e criar mecanismos para promover o creacutedito de longo prazo para investimentos em energia e transporte (LAZZARINI et al 2012)

O surgimento do banco ocorre no momento em que diversos bancos de desenvolvimento eram criados no mundo Conforme indicado por Francisco et al (2008) durante as deacutecadas de 1950 1960 e 1970 essas instituiccedilotildees foram fundadas com o objetivo de servir aos segmentos menos privilegiados da populaccedilatildeo e a setores da economia que tinham uma demanda de creacutedito natildeo atendida pelo mercado operando assim sob a alegaccedilatildeo de que o aumento do acesso ao creacutedito e aos serviccedilos financeiros seria fundamental para o crescimento da economia

No periacuteodo de criaccedilatildeo do BNDE o Brasil vivenciava um processo ainda incipiente de industrializaccedilatildeo (BATISTA 2002) importantes gargalos de infraes-trutura restringiam agravequela eacutepoca o crescimento econocircmico do paiacutes em especial os setores de energia eleacutetrica e transportes Dessa maneira as primeiras missotildees do banco foram o reaparelhamento da malha ferroviaacuteria nacional e um extenso programa de eletrificaccedilatildeo

Na sequecircncia do processo de industrializaccedilatildeo jaacute sob o governo de Juscelino Kubitschek o BNDE focou sua atuaccedilatildeo na estruturaccedilatildeo do setor sideruacutergico nacional Tambeacutem participou da elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo do Plano de Metas daquele governo que tinha o objetivo de acelerar o processo de industrializaccedilatildeo do paiacutes Como destacado por Batista (2002) entre as principais metas estavam investi-mentos em geraccedilatildeo de energia eleacutetrica produccedilatildeo de petroacuteleo e carvatildeo construccedilatildeo e aprimoramento de ferrovias e rodovias ampliaccedilatildeo da siderurgia e consolidaccedilatildeo da induacutestria automobiliacutestica

Em 1964 em busca de aprimorar o atendimento agraves crescentes necessidades do processo de desenvolvimento brasileiro o BNDE criou a Agecircncia Especial de Finan-ciamento Industrial (FINAME) cujo objetivo era promover a ampliaccedilatildeo e a conso-lidaccedilatildeo da induacutestria nacional de maacutequinas e equipamentos (PAMPLONA 2011)

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O BNDE foi transformado em empresa puacuteblica federal pela Lei nordm 5662 de 21 de junho de 1971 dotado de personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio aumentando sua autonomia e flexibilidade administrativa (LUNDBERG 2011) Ainda na deacutecada de 1970 comeccedilou a investir mais direta-mente no patrimocircnio das empresas brasileiras iniciando as atividades por meio da criaccedilatildeo de trecircs novas subsidiaacuterias a Mecacircnica Brasileira SA (Embramec) a Insumos Baacutesicos SA Financiamento e Participaccedilotildees (Fibase) e a Investimentos Brasileiros SA (Ibrasa) Em 1982 essas trecircs subsidiaacuterias foram fundidas para a criaccedilatildeo da BNDES Participaccedilotildees SA (BNDESPar) A estrateacutegia era fundamentada na participaccedilatildeo minoritaacuteria com prazo estipulado de desinvestimento objeti-vando estimular o desenvolvimento do mercado de capitais (PAMPLONA 2011)

No iniacutecio da deacutecada de 1980 a crise econocircmica internacional intensificada a partir de 1979 afetou fortemente a economia brasileira que havia financiado seu processo de crescimento com base em endividamento externo a taxas flutuantes Assim com o aumento nas taxas de juros a niacutevel mundial o Brasil ampliou sobre-maneira sua dependecircncia diante do mercado financeiro internacional Mesmo antes da crise jaacute ficava claro que o seu processo de crescimento econocircmico natildeo atendia agraves expectativas de distribuiccedilatildeo equitativa das riquezas acumuladas e assim o Brasil se tornou o paiacutes com um dos mais altos niacuteveis de desigualdades sociais do mundo apesar de ter vivenciado um dos mais acelerados processos de crescimento econocircmico no periacuteodo de 1930 a 1980 (PAMPLONA 2011)

Nesse contexto o governo federal criou o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL) com o objetivo de apoiar accedilotildees sociais no paiacutes em complemento agraves fontes de recursos dos ministeacuterios ligados ao tema O BNDE foi escolhido como gestor do Fundo o que motivou a alteraccedilatildeo em 1982 do nome do banco que passou a se denominar BNDES agregando o desenvolvimento social agraves suas atribuiccedilotildees (PAMPLONA 2011)

Entretanto a falta de evidecircncia de que os bancos de desenvolvimento efeti-vamente atingiam seus objetivos sociais apoiou o argumento de que bancos natildeo eram diferentes de outros setores da economia e que as falhas de mercado seriam mais bem solucionadas com regulaccedilatildeo e subsiacutedios para projetos especiacuteficos do que com a posse direta de bancos pelo estado (FRANCISCO et al 2008) Esta linha de raciociacutenio levou a uma mudanccedila de paradigma a partir dos anos de 1980 em uma direccedilatildeo mais liberal que defendia a limitaccedilatildeo ou a eliminaccedilatildeo do governo na prestaccedilatildeo direta de serviccedilos financeiros De acordo com essa nova visatildeo o estado deveria concentrar seus esforccedilos em desenvolver um ambiente adequado para as instituiccedilotildees financeiras privadas se desenvolverem e esta abordagem motivou uma onda de privatizaccedilotildees limitaccedilotildees de atividades e liquidaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo Como resultado pelo menos 250 instituiccedilotildees finan-ceiras de desenvolvimento foram privatizadas no mundo entre 1987 e 2003

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O BNDES manteve a sua importacircncia mesmo com as privatizaccedilotildees que no Brasil tiveram iniacutecio na deacutecada de 1990 Na realidade o banco foi um partici-pante ativo nas reformas de privatizaccedilatildeo de trecircs maneiras planejando e execu-tando as privatizaccedilotildees concedendo empreacutestimos aos adquirentes e comprando partes minoritaacuterias de algumas empresas que antes eram totalmente puacuteblicas (LAZZARINI et al 2012) Nessa mesma deacutecada o banco assumiu a responsabi-lidade de coordenar o Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo (PND) tendo sido esta a sua principal atribuiccedilatildeo ao longo do periacuteodo Esse movimento por focar fundamentalmente em criteacuterios de rentabilidade financeira descaracterizou o BNDES como banco de desenvolvimento no periacuteodo (CURRALERO 1998)

Ao longo da deacutecada de 2000 o BNDES retomou o papel de banco de desen-volvimento Desde 1999 passou a ser vinculado ao Ministeacuterio do Desenvolvi-mento Induacutestria e Comeacutercio Exterior (MDIC) e aprofundou sua atuaccedilatildeo no apoio agraves exportaccedilotildees agraves micro e pequenas empresas ao desenvolvimento do mercado de capitais e agrave infraestrutura Tambeacutem passou a dar maior atenccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo e aos ativos intangiacuteveis das empresas (PAMPLONA 2011) Nessa deacutecada o Brasil vivenciou um importante ciclo de crescimento econocircmico que foi acompanhado de uma elevaccedilatildeo do creacutedito total em relaccedilatildeo ao PIB (Figura 1)

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil enosdadosdoPIBanualdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatiacutestica(IBGE)

Figura 1 ndash ToTal do creacutediTo em relaccedilatildeo ao PiB() ndash Brasil 2000-2012

No periacuteodo entre 2000 e 2008 a maior parte da expansatildeo deveu-se ao cresci-mento do creacutedito livre A partir do fim de 2008 em razatildeo da crise financeira inter-nacional houve uma retraccedilatildeo da oferta de creacutedito livre e uma ampliaccedilatildeo da oferta de creacuteditos direcionados que se compotildeem principalmente dos recursos conce-didos pelo BNDES e dos financiamentos imobiliaacuterios e rurais A partir de 2010 apesar da retomada do crescimento do creacutedito livre em da melhora no cenaacuterio internacional o creacutedito direcionado manteve a trajetoacuteria de expansatildeo atingindo 22 do PIB em 2012 (Figura 2)

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Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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UNITED NATIONS - UN Rethinking the role of national development banks Financing for Development Office UN Department of Economic and Social Affairs New York 2005

  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 11: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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A visatildeo de agecircncia por fim conforme sintetizado por Francisco et al (2008) reconhece que os bancos de desenvolvimento podem ser um meio importante para o governo alocar creacutedito de forma direcionada com o objetivo de cumprir poliacuteticas sociais (DE LA TORRE et al 2005) Entretanto tambeacutem admite que os bancos de desenvolvimento estatildeo propensos a gerar corrupccedilatildeo e maacute alocaccedilatildeo dos recursos (BANERJEE 1997) e que os custos de agecircncia dentro de burocracias governamentais representados pelo conflito de interesses entre o estado e os gerentes das instituiccedilotildees podem resultar em praacuteticas gerenciais ineficientes

De uma maneira geral a literatura apresenta resultados ambiacuteguos sobre o impacto da atuaccedilatildeo de bancos puacuteblicos no crescimento da economia La Porta Lopez-de-Silanes e Shleifer (2002) comparando dados entre paiacuteses demons-traram que a propriedade puacuteblica de bancos eacute associada com um desenvolvi-mento financeiro mais lento e um crescimento mais baixo da renda per capita e da produtividade Por sua vez Adrianova Panicos e Anja (2009) afirmam que a regressatildeo proposta por esses autores sofre de vieacutes de variaacutevel omitida e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos se torna insignificante quando se adiciona alguns indicadores na regressatildeo especificada pelos autores encon-trando efeitos positivos para anos mais recentes

Koumlrner e Schneibel (2010) argumentam que as duas visotildees de La Porta Loacutepez-de-Silanes e Shleifer (2002) e Adrianova Panicos e Anja (2009) satildeo muito riacutegidas pois natildeo avaliam a heterogeneidade dos paiacuteses e encontram evidecircncias de que a propriedade de bancos puacuteblicos somente estaacute associada a um baixo cresci-mento do PIB em paiacuteses com um sistema financeiro pouco desenvolvido o que natildeo acontece em paiacuteses desenvolvidos Em outro estudo empiacuterico sobre o tema Dinccedil (2005) encontrou que em paiacuteses menos desenvolvidos a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos puacuteblicos eacute significativamente maior em anos de eleiccedilatildeo do que a taxa de crescimento dos empreacutestimos de bancos privados indicando que a concessatildeo dos empreacutestimos eacute direcionada mais por motivaccedilotildees poliacuteticas do que pelo retorno esperado dos projetos

22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES

Os principais estudos empiacutericos que apresentam resultados sobre a forma de atuaccedilatildeo recente do BNDES foram realizados por Lazzarini et al (2012) e Carvalho (2013)

Lazzarini et al (2012) utilizando dados de empresas de capital aberto no periacuteodo entre 2002 e 2009 estudaram o efeito dos empreacutestimos e investimentos do BNDES no desempenho e na estrutura de investimento das firmas O uacutenico

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efeito encontrado foi a reduccedilatildeo dos gastos em financiamento quando as compa-nhias recebem empreacutestimos subsidiados do banco Mostraram tambeacutem que o BNDES natildeo empresta sistematicamente para empresas com baixo desempenho As empresas que recebem empreacutestimos subsidiados tendem a ser aquelas com bom desempenho e as que realizam doaccedilotildees para poliacuteticos que venceram as eleiccedilotildees Seus resultados portanto rejeitam a visatildeo de que os bancos de desenvolvimento satildeo usados para socorrer empresas indicando que os empreacutestimos do periacuteodo estavam transferindo subsiacutedios para grandes empresas sem nenhum aperfeiccediloa-mento do desempenho ou aumento no investimento

Carvalho (2013) usando dados de empresas brasileiras de manufatura evidencia que o controle de bancos pelo governo leva a uma influecircncia signifi-cativa sobre as decisotildees reais das firmas Ressalta ainda que empresas elegiacuteveis a receber empreacutestimos de bancos controlados pelo governo expandem as vagas de emprego perto das eleiccedilotildees em regiotildees com ampla competiccedilatildeo entre os candi-datos e as reduzem em outras regiotildees Essa anaacutelise sugere que os poliacuteticos no Brasil utilizam o controle sobre os empreacutestimos dos bancos puacuteblicos como uma forma de influenciar a decisatildeo das firmas sobre a alocaccedilatildeo dos empregos

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES

Recentemente a literatura de avaliaccedilatildeo de impacto das intervenccedilotildees tem ganhado espaccedilo no debate sobre a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas Ao entender como a intervenccedilatildeo atua na alteraccedilatildeo do contexto socioeconocircmico a avaliaccedilatildeo de impacto abre a possibilidade de reformulaccedilatildeo da intervenccedilatildeo adotada contri-buindo para o aperfeiccediloamento do seu desenho (MACHADO PARREIRAS PECcedilANHA 2011)

Entre os trabalhos que tratam da avaliaccedilatildeo de impacto de poliacuteticas relacio-nadas ao BNDES destacam-se os realizados por Pereira (2007) e Coelho e De Negri (2010) Pereira (2007) compara a evoluccedilatildeo dos postos de trabalho das empresas apoiadas pelo BNDES com a evoluccedilatildeo em empresas natildeo apoiadas de mesmo porte e conclui que o crescimento do emprego i) foi maior para as firmas apoiadas ii) foi maior quanto menor a empresa e iii) estaacute diretamente relacionado com o nuacutemero de operaccedilotildees realizadas com o BNDES

Coelho e De Negri (2010) analisam o impacto do financiamento do BNDES sobre os indicadores de desempenho da firma como as taxas de crescimento da produtividade total dos fatores da produtividade do trabalho do nuacutemero de empregados e da receita liacutequida de vendas O grupo de tratamento eacute composto por firmas industriais com mais de trinta empregados que utilizaram o financiamento

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do BNDES apenas em 2000 enquanto o grupo de controle abarca as firmas que natildeo utilizaram financiamento do BNDES entre 1995 e 2003 Os autores concluem que as linhas de financiamento do BNDES afetaram positivamente os indicadores de desempenho da firma avaliados

3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES

Inicialmente denominado Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDE) o banco foi fundado em 1952 na forma de autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio da Fazenda (MF) com o objetivo inicial de expandir os projetos de infraestrutura e criar mecanismos para promover o creacutedito de longo prazo para investimentos em energia e transporte (LAZZARINI et al 2012)

O surgimento do banco ocorre no momento em que diversos bancos de desenvolvimento eram criados no mundo Conforme indicado por Francisco et al (2008) durante as deacutecadas de 1950 1960 e 1970 essas instituiccedilotildees foram fundadas com o objetivo de servir aos segmentos menos privilegiados da populaccedilatildeo e a setores da economia que tinham uma demanda de creacutedito natildeo atendida pelo mercado operando assim sob a alegaccedilatildeo de que o aumento do acesso ao creacutedito e aos serviccedilos financeiros seria fundamental para o crescimento da economia

No periacuteodo de criaccedilatildeo do BNDE o Brasil vivenciava um processo ainda incipiente de industrializaccedilatildeo (BATISTA 2002) importantes gargalos de infraes-trutura restringiam agravequela eacutepoca o crescimento econocircmico do paiacutes em especial os setores de energia eleacutetrica e transportes Dessa maneira as primeiras missotildees do banco foram o reaparelhamento da malha ferroviaacuteria nacional e um extenso programa de eletrificaccedilatildeo

Na sequecircncia do processo de industrializaccedilatildeo jaacute sob o governo de Juscelino Kubitschek o BNDE focou sua atuaccedilatildeo na estruturaccedilatildeo do setor sideruacutergico nacional Tambeacutem participou da elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo do Plano de Metas daquele governo que tinha o objetivo de acelerar o processo de industrializaccedilatildeo do paiacutes Como destacado por Batista (2002) entre as principais metas estavam investi-mentos em geraccedilatildeo de energia eleacutetrica produccedilatildeo de petroacuteleo e carvatildeo construccedilatildeo e aprimoramento de ferrovias e rodovias ampliaccedilatildeo da siderurgia e consolidaccedilatildeo da induacutestria automobiliacutestica

Em 1964 em busca de aprimorar o atendimento agraves crescentes necessidades do processo de desenvolvimento brasileiro o BNDE criou a Agecircncia Especial de Finan-ciamento Industrial (FINAME) cujo objetivo era promover a ampliaccedilatildeo e a conso-lidaccedilatildeo da induacutestria nacional de maacutequinas e equipamentos (PAMPLONA 2011)

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O BNDE foi transformado em empresa puacuteblica federal pela Lei nordm 5662 de 21 de junho de 1971 dotado de personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio aumentando sua autonomia e flexibilidade administrativa (LUNDBERG 2011) Ainda na deacutecada de 1970 comeccedilou a investir mais direta-mente no patrimocircnio das empresas brasileiras iniciando as atividades por meio da criaccedilatildeo de trecircs novas subsidiaacuterias a Mecacircnica Brasileira SA (Embramec) a Insumos Baacutesicos SA Financiamento e Participaccedilotildees (Fibase) e a Investimentos Brasileiros SA (Ibrasa) Em 1982 essas trecircs subsidiaacuterias foram fundidas para a criaccedilatildeo da BNDES Participaccedilotildees SA (BNDESPar) A estrateacutegia era fundamentada na participaccedilatildeo minoritaacuteria com prazo estipulado de desinvestimento objeti-vando estimular o desenvolvimento do mercado de capitais (PAMPLONA 2011)

No iniacutecio da deacutecada de 1980 a crise econocircmica internacional intensificada a partir de 1979 afetou fortemente a economia brasileira que havia financiado seu processo de crescimento com base em endividamento externo a taxas flutuantes Assim com o aumento nas taxas de juros a niacutevel mundial o Brasil ampliou sobre-maneira sua dependecircncia diante do mercado financeiro internacional Mesmo antes da crise jaacute ficava claro que o seu processo de crescimento econocircmico natildeo atendia agraves expectativas de distribuiccedilatildeo equitativa das riquezas acumuladas e assim o Brasil se tornou o paiacutes com um dos mais altos niacuteveis de desigualdades sociais do mundo apesar de ter vivenciado um dos mais acelerados processos de crescimento econocircmico no periacuteodo de 1930 a 1980 (PAMPLONA 2011)

Nesse contexto o governo federal criou o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL) com o objetivo de apoiar accedilotildees sociais no paiacutes em complemento agraves fontes de recursos dos ministeacuterios ligados ao tema O BNDE foi escolhido como gestor do Fundo o que motivou a alteraccedilatildeo em 1982 do nome do banco que passou a se denominar BNDES agregando o desenvolvimento social agraves suas atribuiccedilotildees (PAMPLONA 2011)

Entretanto a falta de evidecircncia de que os bancos de desenvolvimento efeti-vamente atingiam seus objetivos sociais apoiou o argumento de que bancos natildeo eram diferentes de outros setores da economia e que as falhas de mercado seriam mais bem solucionadas com regulaccedilatildeo e subsiacutedios para projetos especiacuteficos do que com a posse direta de bancos pelo estado (FRANCISCO et al 2008) Esta linha de raciociacutenio levou a uma mudanccedila de paradigma a partir dos anos de 1980 em uma direccedilatildeo mais liberal que defendia a limitaccedilatildeo ou a eliminaccedilatildeo do governo na prestaccedilatildeo direta de serviccedilos financeiros De acordo com essa nova visatildeo o estado deveria concentrar seus esforccedilos em desenvolver um ambiente adequado para as instituiccedilotildees financeiras privadas se desenvolverem e esta abordagem motivou uma onda de privatizaccedilotildees limitaccedilotildees de atividades e liquidaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo Como resultado pelo menos 250 instituiccedilotildees finan-ceiras de desenvolvimento foram privatizadas no mundo entre 1987 e 2003

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O BNDES manteve a sua importacircncia mesmo com as privatizaccedilotildees que no Brasil tiveram iniacutecio na deacutecada de 1990 Na realidade o banco foi um partici-pante ativo nas reformas de privatizaccedilatildeo de trecircs maneiras planejando e execu-tando as privatizaccedilotildees concedendo empreacutestimos aos adquirentes e comprando partes minoritaacuterias de algumas empresas que antes eram totalmente puacuteblicas (LAZZARINI et al 2012) Nessa mesma deacutecada o banco assumiu a responsabi-lidade de coordenar o Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo (PND) tendo sido esta a sua principal atribuiccedilatildeo ao longo do periacuteodo Esse movimento por focar fundamentalmente em criteacuterios de rentabilidade financeira descaracterizou o BNDES como banco de desenvolvimento no periacuteodo (CURRALERO 1998)

Ao longo da deacutecada de 2000 o BNDES retomou o papel de banco de desen-volvimento Desde 1999 passou a ser vinculado ao Ministeacuterio do Desenvolvi-mento Induacutestria e Comeacutercio Exterior (MDIC) e aprofundou sua atuaccedilatildeo no apoio agraves exportaccedilotildees agraves micro e pequenas empresas ao desenvolvimento do mercado de capitais e agrave infraestrutura Tambeacutem passou a dar maior atenccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo e aos ativos intangiacuteveis das empresas (PAMPLONA 2011) Nessa deacutecada o Brasil vivenciou um importante ciclo de crescimento econocircmico que foi acompanhado de uma elevaccedilatildeo do creacutedito total em relaccedilatildeo ao PIB (Figura 1)

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil enosdadosdoPIBanualdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatiacutestica(IBGE)

Figura 1 ndash ToTal do creacutediTo em relaccedilatildeo ao PiB() ndash Brasil 2000-2012

No periacuteodo entre 2000 e 2008 a maior parte da expansatildeo deveu-se ao cresci-mento do creacutedito livre A partir do fim de 2008 em razatildeo da crise financeira inter-nacional houve uma retraccedilatildeo da oferta de creacutedito livre e uma ampliaccedilatildeo da oferta de creacuteditos direcionados que se compotildeem principalmente dos recursos conce-didos pelo BNDES e dos financiamentos imobiliaacuterios e rurais A partir de 2010 apesar da retomada do crescimento do creacutedito livre em da melhora no cenaacuterio internacional o creacutedito direcionado manteve a trajetoacuteria de expansatildeo atingindo 22 do PIB em 2012 (Figura 2)

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Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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UNITED NATIONS - UN Rethinking the role of national development banks Financing for Development Office UN Department of Economic and Social Affairs New York 2005

  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 12: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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efeito encontrado foi a reduccedilatildeo dos gastos em financiamento quando as compa-nhias recebem empreacutestimos subsidiados do banco Mostraram tambeacutem que o BNDES natildeo empresta sistematicamente para empresas com baixo desempenho As empresas que recebem empreacutestimos subsidiados tendem a ser aquelas com bom desempenho e as que realizam doaccedilotildees para poliacuteticos que venceram as eleiccedilotildees Seus resultados portanto rejeitam a visatildeo de que os bancos de desenvolvimento satildeo usados para socorrer empresas indicando que os empreacutestimos do periacuteodo estavam transferindo subsiacutedios para grandes empresas sem nenhum aperfeiccediloa-mento do desempenho ou aumento no investimento

Carvalho (2013) usando dados de empresas brasileiras de manufatura evidencia que o controle de bancos pelo governo leva a uma influecircncia signifi-cativa sobre as decisotildees reais das firmas Ressalta ainda que empresas elegiacuteveis a receber empreacutestimos de bancos controlados pelo governo expandem as vagas de emprego perto das eleiccedilotildees em regiotildees com ampla competiccedilatildeo entre os candi-datos e as reduzem em outras regiotildees Essa anaacutelise sugere que os poliacuteticos no Brasil utilizam o controle sobre os empreacutestimos dos bancos puacuteblicos como uma forma de influenciar a decisatildeo das firmas sobre a alocaccedilatildeo dos empregos

23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES

Recentemente a literatura de avaliaccedilatildeo de impacto das intervenccedilotildees tem ganhado espaccedilo no debate sobre a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas Ao entender como a intervenccedilatildeo atua na alteraccedilatildeo do contexto socioeconocircmico a avaliaccedilatildeo de impacto abre a possibilidade de reformulaccedilatildeo da intervenccedilatildeo adotada contri-buindo para o aperfeiccediloamento do seu desenho (MACHADO PARREIRAS PECcedilANHA 2011)

Entre os trabalhos que tratam da avaliaccedilatildeo de impacto de poliacuteticas relacio-nadas ao BNDES destacam-se os realizados por Pereira (2007) e Coelho e De Negri (2010) Pereira (2007) compara a evoluccedilatildeo dos postos de trabalho das empresas apoiadas pelo BNDES com a evoluccedilatildeo em empresas natildeo apoiadas de mesmo porte e conclui que o crescimento do emprego i) foi maior para as firmas apoiadas ii) foi maior quanto menor a empresa e iii) estaacute diretamente relacionado com o nuacutemero de operaccedilotildees realizadas com o BNDES

Coelho e De Negri (2010) analisam o impacto do financiamento do BNDES sobre os indicadores de desempenho da firma como as taxas de crescimento da produtividade total dos fatores da produtividade do trabalho do nuacutemero de empregados e da receita liacutequida de vendas O grupo de tratamento eacute composto por firmas industriais com mais de trinta empregados que utilizaram o financiamento

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do BNDES apenas em 2000 enquanto o grupo de controle abarca as firmas que natildeo utilizaram financiamento do BNDES entre 1995 e 2003 Os autores concluem que as linhas de financiamento do BNDES afetaram positivamente os indicadores de desempenho da firma avaliados

3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES

Inicialmente denominado Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDE) o banco foi fundado em 1952 na forma de autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio da Fazenda (MF) com o objetivo inicial de expandir os projetos de infraestrutura e criar mecanismos para promover o creacutedito de longo prazo para investimentos em energia e transporte (LAZZARINI et al 2012)

O surgimento do banco ocorre no momento em que diversos bancos de desenvolvimento eram criados no mundo Conforme indicado por Francisco et al (2008) durante as deacutecadas de 1950 1960 e 1970 essas instituiccedilotildees foram fundadas com o objetivo de servir aos segmentos menos privilegiados da populaccedilatildeo e a setores da economia que tinham uma demanda de creacutedito natildeo atendida pelo mercado operando assim sob a alegaccedilatildeo de que o aumento do acesso ao creacutedito e aos serviccedilos financeiros seria fundamental para o crescimento da economia

No periacuteodo de criaccedilatildeo do BNDE o Brasil vivenciava um processo ainda incipiente de industrializaccedilatildeo (BATISTA 2002) importantes gargalos de infraes-trutura restringiam agravequela eacutepoca o crescimento econocircmico do paiacutes em especial os setores de energia eleacutetrica e transportes Dessa maneira as primeiras missotildees do banco foram o reaparelhamento da malha ferroviaacuteria nacional e um extenso programa de eletrificaccedilatildeo

Na sequecircncia do processo de industrializaccedilatildeo jaacute sob o governo de Juscelino Kubitschek o BNDE focou sua atuaccedilatildeo na estruturaccedilatildeo do setor sideruacutergico nacional Tambeacutem participou da elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo do Plano de Metas daquele governo que tinha o objetivo de acelerar o processo de industrializaccedilatildeo do paiacutes Como destacado por Batista (2002) entre as principais metas estavam investi-mentos em geraccedilatildeo de energia eleacutetrica produccedilatildeo de petroacuteleo e carvatildeo construccedilatildeo e aprimoramento de ferrovias e rodovias ampliaccedilatildeo da siderurgia e consolidaccedilatildeo da induacutestria automobiliacutestica

Em 1964 em busca de aprimorar o atendimento agraves crescentes necessidades do processo de desenvolvimento brasileiro o BNDE criou a Agecircncia Especial de Finan-ciamento Industrial (FINAME) cujo objetivo era promover a ampliaccedilatildeo e a conso-lidaccedilatildeo da induacutestria nacional de maacutequinas e equipamentos (PAMPLONA 2011)

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O BNDE foi transformado em empresa puacuteblica federal pela Lei nordm 5662 de 21 de junho de 1971 dotado de personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio aumentando sua autonomia e flexibilidade administrativa (LUNDBERG 2011) Ainda na deacutecada de 1970 comeccedilou a investir mais direta-mente no patrimocircnio das empresas brasileiras iniciando as atividades por meio da criaccedilatildeo de trecircs novas subsidiaacuterias a Mecacircnica Brasileira SA (Embramec) a Insumos Baacutesicos SA Financiamento e Participaccedilotildees (Fibase) e a Investimentos Brasileiros SA (Ibrasa) Em 1982 essas trecircs subsidiaacuterias foram fundidas para a criaccedilatildeo da BNDES Participaccedilotildees SA (BNDESPar) A estrateacutegia era fundamentada na participaccedilatildeo minoritaacuteria com prazo estipulado de desinvestimento objeti-vando estimular o desenvolvimento do mercado de capitais (PAMPLONA 2011)

No iniacutecio da deacutecada de 1980 a crise econocircmica internacional intensificada a partir de 1979 afetou fortemente a economia brasileira que havia financiado seu processo de crescimento com base em endividamento externo a taxas flutuantes Assim com o aumento nas taxas de juros a niacutevel mundial o Brasil ampliou sobre-maneira sua dependecircncia diante do mercado financeiro internacional Mesmo antes da crise jaacute ficava claro que o seu processo de crescimento econocircmico natildeo atendia agraves expectativas de distribuiccedilatildeo equitativa das riquezas acumuladas e assim o Brasil se tornou o paiacutes com um dos mais altos niacuteveis de desigualdades sociais do mundo apesar de ter vivenciado um dos mais acelerados processos de crescimento econocircmico no periacuteodo de 1930 a 1980 (PAMPLONA 2011)

Nesse contexto o governo federal criou o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL) com o objetivo de apoiar accedilotildees sociais no paiacutes em complemento agraves fontes de recursos dos ministeacuterios ligados ao tema O BNDE foi escolhido como gestor do Fundo o que motivou a alteraccedilatildeo em 1982 do nome do banco que passou a se denominar BNDES agregando o desenvolvimento social agraves suas atribuiccedilotildees (PAMPLONA 2011)

Entretanto a falta de evidecircncia de que os bancos de desenvolvimento efeti-vamente atingiam seus objetivos sociais apoiou o argumento de que bancos natildeo eram diferentes de outros setores da economia e que as falhas de mercado seriam mais bem solucionadas com regulaccedilatildeo e subsiacutedios para projetos especiacuteficos do que com a posse direta de bancos pelo estado (FRANCISCO et al 2008) Esta linha de raciociacutenio levou a uma mudanccedila de paradigma a partir dos anos de 1980 em uma direccedilatildeo mais liberal que defendia a limitaccedilatildeo ou a eliminaccedilatildeo do governo na prestaccedilatildeo direta de serviccedilos financeiros De acordo com essa nova visatildeo o estado deveria concentrar seus esforccedilos em desenvolver um ambiente adequado para as instituiccedilotildees financeiras privadas se desenvolverem e esta abordagem motivou uma onda de privatizaccedilotildees limitaccedilotildees de atividades e liquidaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo Como resultado pelo menos 250 instituiccedilotildees finan-ceiras de desenvolvimento foram privatizadas no mundo entre 1987 e 2003

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O BNDES manteve a sua importacircncia mesmo com as privatizaccedilotildees que no Brasil tiveram iniacutecio na deacutecada de 1990 Na realidade o banco foi um partici-pante ativo nas reformas de privatizaccedilatildeo de trecircs maneiras planejando e execu-tando as privatizaccedilotildees concedendo empreacutestimos aos adquirentes e comprando partes minoritaacuterias de algumas empresas que antes eram totalmente puacuteblicas (LAZZARINI et al 2012) Nessa mesma deacutecada o banco assumiu a responsabi-lidade de coordenar o Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo (PND) tendo sido esta a sua principal atribuiccedilatildeo ao longo do periacuteodo Esse movimento por focar fundamentalmente em criteacuterios de rentabilidade financeira descaracterizou o BNDES como banco de desenvolvimento no periacuteodo (CURRALERO 1998)

Ao longo da deacutecada de 2000 o BNDES retomou o papel de banco de desen-volvimento Desde 1999 passou a ser vinculado ao Ministeacuterio do Desenvolvi-mento Induacutestria e Comeacutercio Exterior (MDIC) e aprofundou sua atuaccedilatildeo no apoio agraves exportaccedilotildees agraves micro e pequenas empresas ao desenvolvimento do mercado de capitais e agrave infraestrutura Tambeacutem passou a dar maior atenccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo e aos ativos intangiacuteveis das empresas (PAMPLONA 2011) Nessa deacutecada o Brasil vivenciou um importante ciclo de crescimento econocircmico que foi acompanhado de uma elevaccedilatildeo do creacutedito total em relaccedilatildeo ao PIB (Figura 1)

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil enosdadosdoPIBanualdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatiacutestica(IBGE)

Figura 1 ndash ToTal do creacutediTo em relaccedilatildeo ao PiB() ndash Brasil 2000-2012

No periacuteodo entre 2000 e 2008 a maior parte da expansatildeo deveu-se ao cresci-mento do creacutedito livre A partir do fim de 2008 em razatildeo da crise financeira inter-nacional houve uma retraccedilatildeo da oferta de creacutedito livre e uma ampliaccedilatildeo da oferta de creacuteditos direcionados que se compotildeem principalmente dos recursos conce-didos pelo BNDES e dos financiamentos imobiliaacuterios e rurais A partir de 2010 apesar da retomada do crescimento do creacutedito livre em da melhora no cenaacuterio internacional o creacutedito direcionado manteve a trajetoacuteria de expansatildeo atingindo 22 do PIB em 2012 (Figura 2)

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Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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UNITED NATIONS - UN Rethinking the role of national development banks Financing for Development Office UN Department of Economic and Social Affairs New York 2005

  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 13: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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do BNDES apenas em 2000 enquanto o grupo de controle abarca as firmas que natildeo utilizaram financiamento do BNDES entre 1995 e 2003 Os autores concluem que as linhas de financiamento do BNDES afetaram positivamente os indicadores de desempenho da firma avaliados

3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES

Inicialmente denominado Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico (BNDE) o banco foi fundado em 1952 na forma de autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio da Fazenda (MF) com o objetivo inicial de expandir os projetos de infraestrutura e criar mecanismos para promover o creacutedito de longo prazo para investimentos em energia e transporte (LAZZARINI et al 2012)

O surgimento do banco ocorre no momento em que diversos bancos de desenvolvimento eram criados no mundo Conforme indicado por Francisco et al (2008) durante as deacutecadas de 1950 1960 e 1970 essas instituiccedilotildees foram fundadas com o objetivo de servir aos segmentos menos privilegiados da populaccedilatildeo e a setores da economia que tinham uma demanda de creacutedito natildeo atendida pelo mercado operando assim sob a alegaccedilatildeo de que o aumento do acesso ao creacutedito e aos serviccedilos financeiros seria fundamental para o crescimento da economia

No periacuteodo de criaccedilatildeo do BNDE o Brasil vivenciava um processo ainda incipiente de industrializaccedilatildeo (BATISTA 2002) importantes gargalos de infraes-trutura restringiam agravequela eacutepoca o crescimento econocircmico do paiacutes em especial os setores de energia eleacutetrica e transportes Dessa maneira as primeiras missotildees do banco foram o reaparelhamento da malha ferroviaacuteria nacional e um extenso programa de eletrificaccedilatildeo

Na sequecircncia do processo de industrializaccedilatildeo jaacute sob o governo de Juscelino Kubitschek o BNDE focou sua atuaccedilatildeo na estruturaccedilatildeo do setor sideruacutergico nacional Tambeacutem participou da elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo do Plano de Metas daquele governo que tinha o objetivo de acelerar o processo de industrializaccedilatildeo do paiacutes Como destacado por Batista (2002) entre as principais metas estavam investi-mentos em geraccedilatildeo de energia eleacutetrica produccedilatildeo de petroacuteleo e carvatildeo construccedilatildeo e aprimoramento de ferrovias e rodovias ampliaccedilatildeo da siderurgia e consolidaccedilatildeo da induacutestria automobiliacutestica

Em 1964 em busca de aprimorar o atendimento agraves crescentes necessidades do processo de desenvolvimento brasileiro o BNDE criou a Agecircncia Especial de Finan-ciamento Industrial (FINAME) cujo objetivo era promover a ampliaccedilatildeo e a conso-lidaccedilatildeo da induacutestria nacional de maacutequinas e equipamentos (PAMPLONA 2011)

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O BNDE foi transformado em empresa puacuteblica federal pela Lei nordm 5662 de 21 de junho de 1971 dotado de personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio aumentando sua autonomia e flexibilidade administrativa (LUNDBERG 2011) Ainda na deacutecada de 1970 comeccedilou a investir mais direta-mente no patrimocircnio das empresas brasileiras iniciando as atividades por meio da criaccedilatildeo de trecircs novas subsidiaacuterias a Mecacircnica Brasileira SA (Embramec) a Insumos Baacutesicos SA Financiamento e Participaccedilotildees (Fibase) e a Investimentos Brasileiros SA (Ibrasa) Em 1982 essas trecircs subsidiaacuterias foram fundidas para a criaccedilatildeo da BNDES Participaccedilotildees SA (BNDESPar) A estrateacutegia era fundamentada na participaccedilatildeo minoritaacuteria com prazo estipulado de desinvestimento objeti-vando estimular o desenvolvimento do mercado de capitais (PAMPLONA 2011)

No iniacutecio da deacutecada de 1980 a crise econocircmica internacional intensificada a partir de 1979 afetou fortemente a economia brasileira que havia financiado seu processo de crescimento com base em endividamento externo a taxas flutuantes Assim com o aumento nas taxas de juros a niacutevel mundial o Brasil ampliou sobre-maneira sua dependecircncia diante do mercado financeiro internacional Mesmo antes da crise jaacute ficava claro que o seu processo de crescimento econocircmico natildeo atendia agraves expectativas de distribuiccedilatildeo equitativa das riquezas acumuladas e assim o Brasil se tornou o paiacutes com um dos mais altos niacuteveis de desigualdades sociais do mundo apesar de ter vivenciado um dos mais acelerados processos de crescimento econocircmico no periacuteodo de 1930 a 1980 (PAMPLONA 2011)

Nesse contexto o governo federal criou o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL) com o objetivo de apoiar accedilotildees sociais no paiacutes em complemento agraves fontes de recursos dos ministeacuterios ligados ao tema O BNDE foi escolhido como gestor do Fundo o que motivou a alteraccedilatildeo em 1982 do nome do banco que passou a se denominar BNDES agregando o desenvolvimento social agraves suas atribuiccedilotildees (PAMPLONA 2011)

Entretanto a falta de evidecircncia de que os bancos de desenvolvimento efeti-vamente atingiam seus objetivos sociais apoiou o argumento de que bancos natildeo eram diferentes de outros setores da economia e que as falhas de mercado seriam mais bem solucionadas com regulaccedilatildeo e subsiacutedios para projetos especiacuteficos do que com a posse direta de bancos pelo estado (FRANCISCO et al 2008) Esta linha de raciociacutenio levou a uma mudanccedila de paradigma a partir dos anos de 1980 em uma direccedilatildeo mais liberal que defendia a limitaccedilatildeo ou a eliminaccedilatildeo do governo na prestaccedilatildeo direta de serviccedilos financeiros De acordo com essa nova visatildeo o estado deveria concentrar seus esforccedilos em desenvolver um ambiente adequado para as instituiccedilotildees financeiras privadas se desenvolverem e esta abordagem motivou uma onda de privatizaccedilotildees limitaccedilotildees de atividades e liquidaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo Como resultado pelo menos 250 instituiccedilotildees finan-ceiras de desenvolvimento foram privatizadas no mundo entre 1987 e 2003

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O BNDES manteve a sua importacircncia mesmo com as privatizaccedilotildees que no Brasil tiveram iniacutecio na deacutecada de 1990 Na realidade o banco foi um partici-pante ativo nas reformas de privatizaccedilatildeo de trecircs maneiras planejando e execu-tando as privatizaccedilotildees concedendo empreacutestimos aos adquirentes e comprando partes minoritaacuterias de algumas empresas que antes eram totalmente puacuteblicas (LAZZARINI et al 2012) Nessa mesma deacutecada o banco assumiu a responsabi-lidade de coordenar o Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo (PND) tendo sido esta a sua principal atribuiccedilatildeo ao longo do periacuteodo Esse movimento por focar fundamentalmente em criteacuterios de rentabilidade financeira descaracterizou o BNDES como banco de desenvolvimento no periacuteodo (CURRALERO 1998)

Ao longo da deacutecada de 2000 o BNDES retomou o papel de banco de desen-volvimento Desde 1999 passou a ser vinculado ao Ministeacuterio do Desenvolvi-mento Induacutestria e Comeacutercio Exterior (MDIC) e aprofundou sua atuaccedilatildeo no apoio agraves exportaccedilotildees agraves micro e pequenas empresas ao desenvolvimento do mercado de capitais e agrave infraestrutura Tambeacutem passou a dar maior atenccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo e aos ativos intangiacuteveis das empresas (PAMPLONA 2011) Nessa deacutecada o Brasil vivenciou um importante ciclo de crescimento econocircmico que foi acompanhado de uma elevaccedilatildeo do creacutedito total em relaccedilatildeo ao PIB (Figura 1)

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil enosdadosdoPIBanualdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatiacutestica(IBGE)

Figura 1 ndash ToTal do creacutediTo em relaccedilatildeo ao PiB() ndash Brasil 2000-2012

No periacuteodo entre 2000 e 2008 a maior parte da expansatildeo deveu-se ao cresci-mento do creacutedito livre A partir do fim de 2008 em razatildeo da crise financeira inter-nacional houve uma retraccedilatildeo da oferta de creacutedito livre e uma ampliaccedilatildeo da oferta de creacuteditos direcionados que se compotildeem principalmente dos recursos conce-didos pelo BNDES e dos financiamentos imobiliaacuterios e rurais A partir de 2010 apesar da retomada do crescimento do creacutedito livre em da melhora no cenaacuterio internacional o creacutedito direcionado manteve a trajetoacuteria de expansatildeo atingindo 22 do PIB em 2012 (Figura 2)

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Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 14: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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O BNDE foi transformado em empresa puacuteblica federal pela Lei nordm 5662 de 21 de junho de 1971 dotado de personalidade juriacutedica de direito privado e patrimocircnio proacuteprio aumentando sua autonomia e flexibilidade administrativa (LUNDBERG 2011) Ainda na deacutecada de 1970 comeccedilou a investir mais direta-mente no patrimocircnio das empresas brasileiras iniciando as atividades por meio da criaccedilatildeo de trecircs novas subsidiaacuterias a Mecacircnica Brasileira SA (Embramec) a Insumos Baacutesicos SA Financiamento e Participaccedilotildees (Fibase) e a Investimentos Brasileiros SA (Ibrasa) Em 1982 essas trecircs subsidiaacuterias foram fundidas para a criaccedilatildeo da BNDES Participaccedilotildees SA (BNDESPar) A estrateacutegia era fundamentada na participaccedilatildeo minoritaacuteria com prazo estipulado de desinvestimento objeti-vando estimular o desenvolvimento do mercado de capitais (PAMPLONA 2011)

No iniacutecio da deacutecada de 1980 a crise econocircmica internacional intensificada a partir de 1979 afetou fortemente a economia brasileira que havia financiado seu processo de crescimento com base em endividamento externo a taxas flutuantes Assim com o aumento nas taxas de juros a niacutevel mundial o Brasil ampliou sobre-maneira sua dependecircncia diante do mercado financeiro internacional Mesmo antes da crise jaacute ficava claro que o seu processo de crescimento econocircmico natildeo atendia agraves expectativas de distribuiccedilatildeo equitativa das riquezas acumuladas e assim o Brasil se tornou o paiacutes com um dos mais altos niacuteveis de desigualdades sociais do mundo apesar de ter vivenciado um dos mais acelerados processos de crescimento econocircmico no periacuteodo de 1930 a 1980 (PAMPLONA 2011)

Nesse contexto o governo federal criou o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL) com o objetivo de apoiar accedilotildees sociais no paiacutes em complemento agraves fontes de recursos dos ministeacuterios ligados ao tema O BNDE foi escolhido como gestor do Fundo o que motivou a alteraccedilatildeo em 1982 do nome do banco que passou a se denominar BNDES agregando o desenvolvimento social agraves suas atribuiccedilotildees (PAMPLONA 2011)

Entretanto a falta de evidecircncia de que os bancos de desenvolvimento efeti-vamente atingiam seus objetivos sociais apoiou o argumento de que bancos natildeo eram diferentes de outros setores da economia e que as falhas de mercado seriam mais bem solucionadas com regulaccedilatildeo e subsiacutedios para projetos especiacuteficos do que com a posse direta de bancos pelo estado (FRANCISCO et al 2008) Esta linha de raciociacutenio levou a uma mudanccedila de paradigma a partir dos anos de 1980 em uma direccedilatildeo mais liberal que defendia a limitaccedilatildeo ou a eliminaccedilatildeo do governo na prestaccedilatildeo direta de serviccedilos financeiros De acordo com essa nova visatildeo o estado deveria concentrar seus esforccedilos em desenvolver um ambiente adequado para as instituiccedilotildees financeiras privadas se desenvolverem e esta abordagem motivou uma onda de privatizaccedilotildees limitaccedilotildees de atividades e liquidaccedilatildeo de diversos bancos de desenvolvimento no mundo Como resultado pelo menos 250 instituiccedilotildees finan-ceiras de desenvolvimento foram privatizadas no mundo entre 1987 e 2003

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O BNDES manteve a sua importacircncia mesmo com as privatizaccedilotildees que no Brasil tiveram iniacutecio na deacutecada de 1990 Na realidade o banco foi um partici-pante ativo nas reformas de privatizaccedilatildeo de trecircs maneiras planejando e execu-tando as privatizaccedilotildees concedendo empreacutestimos aos adquirentes e comprando partes minoritaacuterias de algumas empresas que antes eram totalmente puacuteblicas (LAZZARINI et al 2012) Nessa mesma deacutecada o banco assumiu a responsabi-lidade de coordenar o Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo (PND) tendo sido esta a sua principal atribuiccedilatildeo ao longo do periacuteodo Esse movimento por focar fundamentalmente em criteacuterios de rentabilidade financeira descaracterizou o BNDES como banco de desenvolvimento no periacuteodo (CURRALERO 1998)

Ao longo da deacutecada de 2000 o BNDES retomou o papel de banco de desen-volvimento Desde 1999 passou a ser vinculado ao Ministeacuterio do Desenvolvi-mento Induacutestria e Comeacutercio Exterior (MDIC) e aprofundou sua atuaccedilatildeo no apoio agraves exportaccedilotildees agraves micro e pequenas empresas ao desenvolvimento do mercado de capitais e agrave infraestrutura Tambeacutem passou a dar maior atenccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo e aos ativos intangiacuteveis das empresas (PAMPLONA 2011) Nessa deacutecada o Brasil vivenciou um importante ciclo de crescimento econocircmico que foi acompanhado de uma elevaccedilatildeo do creacutedito total em relaccedilatildeo ao PIB (Figura 1)

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil enosdadosdoPIBanualdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatiacutestica(IBGE)

Figura 1 ndash ToTal do creacutediTo em relaccedilatildeo ao PiB() ndash Brasil 2000-2012

No periacuteodo entre 2000 e 2008 a maior parte da expansatildeo deveu-se ao cresci-mento do creacutedito livre A partir do fim de 2008 em razatildeo da crise financeira inter-nacional houve uma retraccedilatildeo da oferta de creacutedito livre e uma ampliaccedilatildeo da oferta de creacuteditos direcionados que se compotildeem principalmente dos recursos conce-didos pelo BNDES e dos financiamentos imobiliaacuterios e rurais A partir de 2010 apesar da retomada do crescimento do creacutedito livre em da melhora no cenaacuterio internacional o creacutedito direcionado manteve a trajetoacuteria de expansatildeo atingindo 22 do PIB em 2012 (Figura 2)

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Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 15: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201416

O BNDES manteve a sua importacircncia mesmo com as privatizaccedilotildees que no Brasil tiveram iniacutecio na deacutecada de 1990 Na realidade o banco foi um partici-pante ativo nas reformas de privatizaccedilatildeo de trecircs maneiras planejando e execu-tando as privatizaccedilotildees concedendo empreacutestimos aos adquirentes e comprando partes minoritaacuterias de algumas empresas que antes eram totalmente puacuteblicas (LAZZARINI et al 2012) Nessa mesma deacutecada o banco assumiu a responsabi-lidade de coordenar o Programa Nacional de Desestatizaccedilatildeo (PND) tendo sido esta a sua principal atribuiccedilatildeo ao longo do periacuteodo Esse movimento por focar fundamentalmente em criteacuterios de rentabilidade financeira descaracterizou o BNDES como banco de desenvolvimento no periacuteodo (CURRALERO 1998)

Ao longo da deacutecada de 2000 o BNDES retomou o papel de banco de desen-volvimento Desde 1999 passou a ser vinculado ao Ministeacuterio do Desenvolvi-mento Induacutestria e Comeacutercio Exterior (MDIC) e aprofundou sua atuaccedilatildeo no apoio agraves exportaccedilotildees agraves micro e pequenas empresas ao desenvolvimento do mercado de capitais e agrave infraestrutura Tambeacutem passou a dar maior atenccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo e aos ativos intangiacuteveis das empresas (PAMPLONA 2011) Nessa deacutecada o Brasil vivenciou um importante ciclo de crescimento econocircmico que foi acompanhado de uma elevaccedilatildeo do creacutedito total em relaccedilatildeo ao PIB (Figura 1)

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil enosdadosdoPIBanualdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatiacutestica(IBGE)

Figura 1 ndash ToTal do creacutediTo em relaccedilatildeo ao PiB() ndash Brasil 2000-2012

No periacuteodo entre 2000 e 2008 a maior parte da expansatildeo deveu-se ao cresci-mento do creacutedito livre A partir do fim de 2008 em razatildeo da crise financeira inter-nacional houve uma retraccedilatildeo da oferta de creacutedito livre e uma ampliaccedilatildeo da oferta de creacuteditos direcionados que se compotildeem principalmente dos recursos conce-didos pelo BNDES e dos financiamentos imobiliaacuterios e rurais A partir de 2010 apesar da retomada do crescimento do creacutedito livre em da melhora no cenaacuterio internacional o creacutedito direcionado manteve a trajetoacuteria de expansatildeo atingindo 22 do PIB em 2012 (Figura 2)

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 17

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201418

Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

Referecircncias

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 16: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 17

Fonte Elaborado com base nos dados de creacutedito dos Relatoacuterios de economia bancaacuteria e creacutedito do Banco Central do Brasil dodesembolsodoBNDESconstantesdosRelatoacuteriosdeGestatildeoanuaisdoBNDESePIBanualdoIBGE

Figura 2 ndash ToTal de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PiB () ndash Brasil 2000-2012

A expansatildeo do creacutedito direcionado ocorreu em parte agrave expansatildeo dos desem-bolsos do BNDES que aumentaram de forma significativa entre 2000 e 2013 tendo atingido o recorde histoacuterico de R$190 bilhotildees em 2013 (Figura 3) Como destacado por Pamplona (2011) o cenaacuterio para o papel do BNDES na deacutecada de 2010 aponta para a continuidade de uma atuaccedilatildeo relevante no financiamento ao investimento no paiacutes tendo inclusive recebido significativos aportes de recursos do Tesouro Nacional nos uacuteltimos anos para o financiamento das suas operaccedilotildees Descontada a inflaccedilatildeo acumulada no periacuteodo os desembolsos do BNDES cresceram cerca de 400 entre 2000 e 2013

FonteBNDESIBGE

Figura 3 ndash desemBolso anual do Bndes (r$ Bilhotildees de 2013)

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 17: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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Quando comparado ao PIB o creacutedito concedido pelo BNDES tambeacutem expandiu no periacuteodo especialmente a partir de 2008 (Figura 4)

FonteBNDESIBGE

Figura 4 ndash ToTal de creacutediTo concedido Pelo BndesPiB ()

Com a retomada na deacutecada de 2000 do papel de banco de desenvolvimento o BNDES reforccedilou sua funccedilatildeo como promotor do desenvolvimento econocircmico associado agrave reduccedilatildeo das desigualdades sociais e regionais

Para o banco a percepccedilatildeo da importacircncia de se tratar a problemaacutetica social jaacute estava presente no Plano de Accedilatildeo 1978-1981 (COSTA 2003) Em 1982 o BNDES criou a Aacuterea Social (AS) e passou a operar o FINSOCIAL Os financiamentos gerenciados pela AS deveriam ser realizados em alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo popular sauacutede educaccedilatildeo e amparo ao pequeno agricultor Entretanto as iniciativas de avaliaccedilatildeo do impacto dos projetos que o BNDES apoia natildeo satildeo feitas de forma sistematizada e dada a baixa internalizaccedilatildeo no banco do conceito de impacto social o acompanhamento dos investimentos sociais natildeo possui um monitora-mento adequado de indicadores de resultado (PAMPLONA 2011)

Para a reduccedilatildeo das desigualdades regionais a primeira iniciativa de incentivo ocorreu em 1993 com a criaccedilatildeo de programas que ofereciam melhores condiccedilotildees de financiamento para empreendimentos localizados em territoacuterios priorizados Foram elaborados segundo o BNDES (2002) o Programa Nordeste Competitivo (PNC) o Programa Amazocircnia Integrada (PAI) o Programa do Centro-Oeste (PCO) e o Programa de Fomento e Reconversatildeo Produtiva da Metade Sul do Rio Grande do Sul (RECONVERSUL) Entretanto aleacutem dos incentivos serem pequenos a visatildeo macrorregional natildeo levava em consideraccedilatildeo as diferenccedilas intrarregiatildeo Ou seja os poucos projetos que se enquadraram nesses programas natildeo necessitariam de estiacutemulo para se localizarem nas regiotildees menos desenvolvidas por haver outros fatores relevantes para determinar sua localizaccedilatildeo como oferta de mateacuteria prima ou matildeo de obra Aleacutem disso na grande maioria dos casos os investimentos eram realizados na parte mais rica e dinacircmica dessas macrorregiotildees Assim tais

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

Referecircncias

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 18: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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programas natildeo configuraram impacto significante para que pudessem ser conside-rados como programas de desenvolvimento regional (PAMPLONA 2011)

Desde a sua criaccedilatildeo os desembolsos do BNDES concentraram-se no centro-sul do paiacutes com meacutedias de 50 de desembolso para a Regiatildeo Sudeste e 20 para a Regiatildeo Sul (PAMPLONA 2011) Verifica-se analisando-se o comportamento do desembolso apenas no periacuteodo entre 2000 e 2012 que o desembolso anual no iniacutecio dos anos 2000 apresentava uma tendecircncia de crescimento nas Regiotildees Sudeste e Sul estabilidade nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste e uma pequena queda na Regiatildeo Nordeste Contudo a partir de 2006 houve uma modificaccedilatildeo nessas tendecircncias com um aumento do crescimento dos desembolsos nas Regiotildees Norte e Nordeste tanto em valores absolutos quanto em percentual do valor total desem-bolsado pelo banco especialmente na Regiatildeo Nordeste (Figura 5)

FonteBNDES

Figura 5 ndash desemBolso anual do Bndes Por regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (r$ mil)

Essa mudanccedila na distribuiccedilatildeo do desembolso com um aumento do percentual para as regiotildees menos desenvolvidas ocorreu no mesmo momento da criaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) por meio da Resoluccedilatildeo nordm 12292005 com o objetivo de promover o desenvolvimento das regiotildees reduzindo as desigualdades regionais sociais e de renda substituindo os programas de desenvolvimento regional anteriores

As regiotildees incentivadas pelo PDR foram definidas com base na Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) implementada pelo Minis-teacuterio da Integraccedilatildeo Nacional (MI) Os municiacutepios foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento econocircmico utilizando duas dimensotildees a renda domiciliar per capita do censo de 2000 e o grau de dinamismo das microrregiotildees com base na taxa anual meacutedia de crescimento do PIB

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A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 19: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201420

A integraccedilatildeo dos criteacuterios de renda com os de taxa de crescimento do PIB resultou em uma tabela de classificaccedilatildeo bidimensional dos municiacutepios que foram divididos em sete categorias (Tabela 1)

TaBela 1 ndash classiFicaccedilatildeo dos municiacutePios segundo o Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Niacutevel de renda domiciliar per capita

Alta(4ordm quartil)

Meacutedia superior(3ordm quartil)

Meacutedia inferior(2ordm quartil)

Baixa(1ordm quartil)

Varia

ccedilatildeo

do P

IB

Alto(25 superiores)

Alta renda

Meacutedia renda superior dinacircmica

Meacutedia renda inferior dinacircmica

Baixa renda dinacircmica

MeacutedioMeacutedia renda

superior estagnadaMeacutedia renda inferior

estagnadaBaixa renda estagnadaBaixo

(25 inferiores)

FonteBNDES

A Figura 6 demonstra a persistecircncia em 2005 do cenaacuterio de desigualdade regional do paiacutes com as Regiotildees Norte e Nordeste com os municiacutepios de menor renda domiciliar per capita e a maior parte dos municiacutepios com economia estagnada

FonteBNDES

Figura 6 ndash TiPologia regional em 2005 de acordo com a classiFicaccedilatildeo do Programa de dinamizaccedilatildeo regional (Pdr) do Bndes

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 21

O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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UNITED NATIONS - UN Rethinking the role of national development banks Financing for Development Office UN Department of Economic and Social Affairs New York 2005

  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 20: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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O PDR entrou em vigor em 1ordm de janeiro de 2006 e incentivou o aumento dos financiamentos nas regiotildees consideradas com baixo grau de desenvolvimento econocircmico ampliando os niacuteveis maacuteximos de participaccedilatildeo do banco nos projetos de acordo com a sua localizaccedilatildeo e melhorando as condiccedilotildees de financiamento por meio da reduccedilatildeo das taxas conforme as caracteriacutesticas dos projetos apoiados

Em razatildeo do aumento do crescimento do desembolso do BNDES que se observa quando comparado o periacuteodo de 2000 a 2005 ao periacuteodo de 2006 a 2011 e da variaccedilatildeo das tendecircncias das regiotildees este trabalho utilizou o iniacutecio da vigecircncia do PDR como ponto de quebra entre os periacuteodos com o objetivo de analisar o impacto da poliacutetica de creacutedito do banco como seraacute apresentado nos capiacutetulos a seguir

4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados

A maioria das questotildees sobre avaliaccedilatildeo de impacto envolve uma mensu-raccedilatildeo da relaccedilatildeo entre causa e efeito Medir o impacto de um programa de governo em uma seacuterie de saiacutedas equivale a medir o efeito causal desse programa nessas saiacutedas Apesar das questotildees de causa e efeito serem comuns estabelecer a relaccedilatildeo causal natildeo eacute uma tarefa simples Diversos outros fatores podem afetar as variaacuteveis de saiacuteda de modo que os resultados obtidos podem natildeo estar relacionados apenas com a poliacutetica cujo efeito se deseja medir As metodologias desenvolvidas de avaliaccedilatildeo de impacto ajudam a superar o desafio de estabelecer a causalidade calculando empiricamente em que extensatildeo uma poliacutetica especiacutefica ndash e somente ela ndash contribuiu para a mudanccedila na variaacutevel de saiacuteda Os meacutetodos procuram excluir a possibilidade de outros fatores natildeo associados agrave poliacutetica explicarem o impacto observado (GERTLER et al 2011)

Em experimentos aleatoacuterios os resultados de dois grupos tratados de forma diferente podem ser diretamente comparados ao passo que em experimentos natildeo aleatoacuterios essa comparaccedilatildeo direta pode estar enviesada pois os indiviacuteduos expostos a um tratamento podem ser sistematicamente diferentes dos indiviacuteduos natildeo expostos (ROSENBAUM RUBIN 1983)

De acordo com Heckman et al (1998) o vieacutes pode ser decomposto em trecircs componentes O primeiro corresponde ao vieacutes proveniente das caracteriacutes-ticas observaacuteveis O segundo eacute proveniente das diferenccedilas na regiatildeo de suporte comum na forma da distribuiccedilatildeo dos regressores dos dois grupos O terceiro denominado vieacutes de seleccedilatildeo eacute proveniente das caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis e ocorre quando haacute variaacuteveis natildeo observaacuteveis que influenciam conjuntamente o resultado e o recebimento do tratamento condicionado agraves caracteriacutesticas das unidades

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

Referecircncias

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 21: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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Para esta pesquisa foi aplicado o meacutetodo do pareamento baseado em escore de propensatildeo (PSM do inglecircs Propensity Score Matching) que elimina os vieses provenientes das caracteriacutesticas observaacuteveis e da diferenccedila da forma da distri-buiccedilatildeo na regiatildeo de suporte comum

A anaacutelise empiacuterica abrangeu os 5560 municiacutepios existentes no Brasil em 2000 e consistiu no caacutelculo do efeito do aumento do crescimento dos desem-bolsos do BNDES nos seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice de emprego e renda calculado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) O grupo de trata-mento eacute formado pelos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES apoacutes o iniacutecio da vigecircncia do PDR (2006 a 2011) quando comparado ao crescimento do periacuteodo anterior (2000 a 2005) Os demais municiacutepios compotildeem o grupo de controle

41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

O pareamento eacute um meacutetodo amplamente utilizado na avaliaccedilatildeo de impacto e se fundamenta na ideia intuitiva de comparar as saiacutedas dos participantes de um programa (denominadas Y1) com as saiacutedas dos natildeo participantes comparaacuteveis (denominadas Y0) As diferenccedilas nas saiacutedas entre os dois grupos satildeo atribuiacutedas ao programa (HECKMAN et al 1998)

O PSM foi proposto por Rosenbaum e Rubin (1983) como uma forma de fazer com que a comparaccedilatildeo direta entre os efeitos do tratamento em dois grupos tratados de forma diferente seja mais significativa Esse meacutetodo eacute amplamente utilizado em experimentos meacutedicos e na avaliaccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas inter-vencionistas (BECKER ICHINO 2002) e consiste em duas etapas mediccedilatildeo do escore de propensatildeo e caacutelculo do efeito meacutedio do tratamento nas tratadas do inglecircs Average Treatment on Treated (ATT)

O escore de propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabilidade condicional de receber o tratamento dadas as caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento

(1)

em que D = 01 indica a exposiccedilatildeo ao tratamento (D = 1 tratadas e D = 0 natildeo tratadas) e X eacute o vetor multidimensional das caracteriacutesticas preacutevias ao tratamento Rosenbaum e Rubin (1983) mostram que se a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria dadas as caracteriacutesticas definidas por X tambeacutem seraacute aleatoacuteria para os valores da

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201428

43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 29

Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 22: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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variaacutevel unidimensional p(X) Qualquer modelo padratildeo de probabilidade pode ser utilizado para calcular o escore de propensatildeo p(X) (BECKER ICHINO 2002) como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo normal ou logiacutestica Para esse trabalho foi utilizada a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo logiacutestica

Se o escore de propensatildeo p(Xi) eacute conhecido dada uma populaccedilatildeo de unidades i o efeito meacutedio do tratamento nas tratadas pode ser estimado por

(2)

em que Y1i e Y0i satildeo as saiacutedas potenciais das duas situaccedilotildees contrafactuais do trata-mento e controle respectivamente

Como sintetizado por Becker e Ichino (2002) Rosenbaum e Rubin (1983) demonstraram que duas hipoacuteteses satildeo necessaacuterias para derivar (2) dado (1)

Hipoacutetese 1 Balanceamento das variaacuteveis preacutevias ao tratamento dado o escore de propensatildeo

(3)

Se a propriedade de balanceamento descrita na Hipoacutetese 1 eacute satisfeita entatildeo observaccedilotildees com o mesmo escore de propensatildeo devem ter a mesma distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas observaacuteveis independentemente do status do tratamento Em outras palavras para um dado escore de propensatildeo a exposiccedilatildeo ao tratamento eacute aleatoacuteria e portanto as unidades do grupo de tratamento e de controle devem ser na meacutedia idecircnticas em suas caracteriacutesticas observaacuteveis

Hipoacutetese 2 Independecircncia Condicional dado o escore de propensatildeo

(4)

A Hipoacutetese 2 afirma que se os resultados potenciais (saiacutedas) satildeo indepen-dentes da variaacutevel de tratamento condicionada a um vetor multivariado X entatildeo os resultados potenciais satildeo independentes da variaacutevel de tratamento condicionada a uma funccedilatildeo escalar deste mesmo vetor que eacute o escore de propensatildeo p(X)

Se forem vaacutelidas as hipoacuteteses apresentadas para a estimaccedilatildeo do efeito causal do tratamento em estudo eacute necessaacuterio comparar as unidades do grupo de controle e do grupo de tratamento que apresentam a mesma probabilidade de recebimento do tratamento (escore de propensatildeo) Entretanto a probabilidade de se observar

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duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 23: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201424

duas unidades com o mesmo valor de escore de propensatildeo eacute a princiacutepio zero visto que p(X) eacute uma variaacutevel contiacutenua Diversos meacutetodos foram propostos na literatura para superar este problema e os quatro mais utilizados satildeo Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo Pareamento por estratificaccedilatildeo Pareamento pelo raio e Pareamento de Kernel (BECKER ICHINO 2002)

O Pareamento pelo vizinho mais proacuteximo (do inglecircs Nearest-Neighbor Matching) consiste em procurar para cada unidade tratada a unidade de controle com o escore de propensatildeo mais proacuteximo Uma vez que cada unidade tratada eacute pareada com uma unidade de controle a diferenccedila entre a saiacuteda da unidade tratada e a saiacuteda da unidade de controle a ela pareada eacute calculada O efeito do tratamento nas tratadas (ATT) eacute obtido pela meacutedia dessas diferenccedilas

O Pareamento por estratificaccedilatildeo (do inglecircs Stratification Matching) consiste em dividir o intervalo de variaccedilatildeo do escore de propensatildeo em subintervalos de modo que em cada subintervalo unidades tratadas e unidades de controle tenham na meacutedia o mesmo escore de propensatildeo Entatildeo dentro de cada subintervalo em que unidades tratadas e de controle estatildeo presentes a diferenccedila entre a meacutedia das saiacutedas das unidades tratadas e de controle eacute computada O ATT eacute finalmente obtido pela meacutedia dos ATTs de cada bloco com pesos dados pela distribuiccedilatildeo de unidades tratadas por meio dos blocos

No meacutetodo da estratificaccedilatildeo pode haver unidades descartadas por natildeo haver unidade de controle nos seus blocos enquanto no meacutetodo do vizinho mais proacuteximo todas as unidades encontram um par Entretanto alguns desses pares satildeo muito distantes enfraquecendo os resultados obtidos pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo Com o intuito de suplantar tais dificuldades foram propostos o pareamento pelo raio (do inglecircs Radius Matching) e o pareamento de Kernel (do inglecircs Kernel Matching) (BECKER ICHINO 2002)

No Pareamento pelo raio cada unidade tratada eacute pareada apenas com as unidades de controle cujos escores de propensatildeo estejam dentro de um raio de vizinhanccedila predefinido do escore de propensatildeo da unidade tratada Se a dimensatildeo do raio de vizinhanccedila definida for muito pequena eacute possiacutevel que algumas tratadas natildeo sejam pareadas porque a vizinhanccedila natildeo conteraacute unidades de controle No entanto quanto menor o tamanho do raio melhor a qualidade do pareamento

No Pareamento de Kernel todas as tratadas satildeo pareadas com uma meacutedia ponderada de todos os controles A ponderaccedilatildeo eacute inversamente proporcional agrave distacircncia entre o escore de propensatildeo das tratadas e das unidades de controle

O estimador tiacutepico do pareamento por escore de propensatildeo tem a seguinte forma (SMITH TODD 2005)

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(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 24: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 25

(5)

em que NT eacute o nuacutemero de indiviacuteduos tratados pertencentes agrave regiatildeo de suporte comum e ω(ij) eacute o modelo de pesos utilizado para agregar o resultado potencial dos indiviacuteduos do grupo de controle e depende do escore de propensatildeo do parti-cipante i p(Xi) do escore de propensatildeo do natildeo participante j p(Xj) e do meacutetodo de pareamento utilizado

Os quatro meacutetodos situam-se em diferentes pontos do trade-off entre qualidade e quantidade de unidades pareadas e a princiacutepio nenhum deles eacute superior aos outros Assim a consideraccedilatildeo conjunta dos resultados encontrados oferece uma forma de verificar a robustez das estimativas realizadas (BECKER ICHINO 2002)

42 Dados e estatiacutesticas descritivas

Para o estudo foram utilizadas as seacuteries anuais das variaacuteveis relativas ao periacuteodo entre 2000 e 2011 Os anos entre 2000 e 2005 foram definidos como o periacuteodo anterior ao tratamento e os anos entre 2006 e 2011 como o periacuteodo posterior ao tratamento

O valor dos desembolsos anuais do BNDES por municiacutepio foi obtido em resposta agrave solicitaccedilatildeo feita no Portal e-SIC (Sistema Eletrocircnico do Serviccedilo de Informaccedilatildeo ao Cidadatildeo) Entretanto na base apresentada pelo banco em cerca de 20 do total dos desembolsos natildeo haacute informaccedilatildeo do municiacutepio a que ele se refere tendo sido desconsiderado este valor na aplicaccedilatildeo dos modelos propostos A seacuterie eacute anual e medida em Real (R$)

As variaacuteveis de saiacuteda foram os seguintes indicadores crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

Os dados do PIB e da populaccedilatildeo (para o caacutelculo do PIB per capita) dos municiacutepios foram obtidos das bases de dados disponiacuteveis no site do IBGE elabo-radas com as informaccedilotildees dos Censos de 2000 e 2010 As seacuteries satildeo anuais e os dados do PIB e do PIB per capita satildeo apresentados em R$ e R$habitante respectivamente

Os dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda foram obtidos do estudo anual do Sistema Firjan que acompanha o desenvolvimento de todos os municiacutepios brasileiros em trecircs aacutereas i) emprego e renda ii) educaccedilatildeo e iii) sauacutede O estudo eacute feito com base em estatiacutesticas puacuteblicas oficiais disponibilizadas pelos ministeacuterios

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do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201428

43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201440

Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 25: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201426

do Trabalho Educaccedilatildeo e Sauacutede O iacutendice varia entre 0 e 1 e quanto mais proacuteximo de 1 maior o desenvolvimento da localidade Para o periacuteodo abrangido por essa pesquisa a seacuterie estaacute disponiacutevel apenas para os anos 2000 e 2005 a 2011

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo no meacutetodo PSM as seguintes variaacuteveis compuseram o vetor de caracteriacutesticas multivariaacutevel ( ) niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios total de creacutedito livre em relaccedilatildeo ao PIB em 2005 classificaccedilatildeo do niacutevel da renda pelo PDR classificaccedilatildeo do dinamismo da renda pelo PDR cresci-mento anual do PIB entre 2001 e 2005 crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda de 2000 a 2005 e valor do PIB do municiacutepio em 2005

Para medir o niacutevel de infraestrutura dos municiacutepios foi utilizado como proxy o percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgotamento sanitaacuterio em 2000 de acordo com os dados constantes da Tabela PD268 das seacuteries estatiacutesticas do IBGE e nos dados dos Censos 2000

Para o total de creacutedito livre como o Banco Central do Brasil (Bacen) natildeo publica as informaccedilotildees do creacutedito livre segregadas por municiacutepio foi usado como proxy o estoque de empreacutestimos e tiacutetulos descontados ndash Verbete 161 da Estatiacutestica Bancaacuteria por municiacutepio (ESTBAN) publicada mensalmente pelo Bacen Foi calculada a variaccedilatildeo dos estoques de cada municiacutepio com os dados de dezembro de cada ano O creacutedito livre eacute medido em Real (R$)

Para a classificaccedilatildeo do niacutevel de renda foram utilizadas as informaccedilotildees constantes do site do BNDES referentes ao Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Os municiacutepios foram classificados como baixa renda meacutedia renda inferior meacutedia renda superior ou renda superior Foram criadas quatro variaacuteveis binaacuterias uma para cada um dos niacuteveis estabelecidos pelo PDR Por exemplo para a variaacutevel referente agrave baixa renda o valor 1 indica que o municiacutepio eacute classificado como de baixa renda e 0 indica que natildeo eacute classificado como de baixa renda

Para a classificaccedilatildeo do dinamismo da renda tambeacutem foram utilizadas as informaccedilotildees do PDR disponiacuteveis no site do BNDES Foi criada uma variaacutevel binaacuteria em que 1 indica que o municiacutepio possui renda dinacircmica e 0 indica que o municiacutepio possui renda estagnada Como o PDR natildeo definiu o dinamismo para os municiacutepios de alta renda considerou-se que os municiacutepios de alta renda possuiacuteam renda dinacircmica

A Tabela 2 apresenta um resumo das estatiacutesticas descritivas das variaacuteveis utilizadas

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TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 26: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 27

TaBela 2 ndash esTaTiacutesTica descriTiva das variaacuteveis

Variaacutevel DescriccedilatildeoMeacutedia

[desvio-padratildeo]Fonte

BndesTotal anual de desembolsos do BNDES no municiacutepio (R$ de 2011)

105e+07[180e+08]

BNDES

Pib PIB do municiacutepio (R$ de 2011)438e+08

[502e+09]IBGE

cresc_pib Crescimento do PIB0058

[0139]Calculado com dados do PIB

pop Populaccedilatildeo total do municiacutepio (habitantes)3289078

[1962154]IBGE

pib_percapitaPIB per capita do municiacutepio (R$ de 2011habitantes)

840673[1053571]

IBGE

cresc_pib_percapita Crescimento do PIB per capita0051

[0143]Calculado com dados do PIB per capita

emprego_rendaIacutendice Firjan de emprego e renda (valor entre 0 e 1)

040[016]

Firjan

cresc_emprego_rendaCrescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda

0005[0088]

Calculado com dados do Iacutendice Firjan de emprego e renda

infraestrutura_2000Percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 ()

081[022]

IBGE

credito_livre_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos do municiacutepio

538e+07[154e+09]

Bacen

credito_livre_pib_2005Variaccedilatildeo do estoque de empreacutestimos e financiamentos dividido pelo PIB do municiacutepio()

0031[0093]

Calculado com dados do PIB e creacutedito livre

baixa_rendaNiacutevel de renda(1=baixa renda 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_ inferiorNiacutevel de renda(1=meacutedia renda inferior 0= demais niacuteveis de renda)

024[043]

BNDES

media_renda_superiorNiacutevel de renda(1= meacutedia renda superior 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

alta_rendaNiacutevel de renda(1=alta renda 0= demais niacuteveis de renda)

026[044]

BNDES

renda_dinamicaTipo de renda(1=renda dinacircmica 0= renda estagnada)

046[05]

BNDES

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201428

43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201430

paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 31

FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201432

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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UNITED NATIONS - UN Rethinking the role of national development banks Financing for Development Office UN Department of Economic and Social Affairs New York 2005

  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 27: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201428

43 Modelo empiacuterico

Para medir o efeito do desembolso do BNDES foram definidas as seguintes variaacuteveis referentes ao tratamento2

Tabela 3 ndash Variaacuteveis referentes ao tratamento

Variaacutevel Descriccedilatildeo

dummy_periodo0 = Periacuteodo anterior ao tratamento (2000 a 2005)1 = Periacuteodo em que ocorreu o tratamento (2006 a 2011)

Tratamento

0 = Grupo de controle Municiacutepios em que natildeo houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento

Quantidade 2404 municiacutepios

1 = Grupo de tratamento Municiacutepios em que houve aumento do crescimento do desembolso do BNDES no periacuteodo do tratamento quando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamentoQuantidade 3156 municiacutepios

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o caacutelculo do escore de propensatildeo foram inseridas todas as caracte-riacutesticas consideradas adequadas para representar o vetor de multivariaacuteveis limitando-se agrave condiccedilatildeo de que a propriedade de balanceamento fosse satisfeita As caracteriacutesticas inseridas no vetor devem ser tanto relevantes para a desig-naccedilatildeo e participaccedilatildeo no tratamento levando em consideraccedilatildeo os fatores econocirc-micos sociais e poliacuteticos do programa quanto devem ser relacionadas agraves variaacuteveis de resultado cujos impactos se deseja mensurar (RAVALLION 2008)

O modelo apresentado neste trabalho utilizou as seguintes variaacuteveis para o vetor na definiccedilatildeo do escore de propensatildeo percentual dos domiciacutelios que possuiacuteam rede de coleta de esgoto em 2000 (infraestrutura_2000) valor do creacutedito livre do municiacutepio em 2005 (cred_livre_2005) niacutevel e tipo de renda do municiacutepio em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do PDR (baixa_renda media_renda_superior alta_renda e renda_dinamica) crescimento anual do PIB entre 2001 e 2005 (cresc_pib_2001 cresc_pib_2002 cresc_pib_2003 cresc_pib_2004 e cresc_pib_2005) crescimento anual do PIB per capita entre 2001 e 2005 (cresc_pib_percapita_2001 cresc_pib_percapita_2002 cresc_pib_percapita_2003 cresc_pib_percapita_2004 e cresc_pib_percapita_2005) e PIB do municiacutepio em 2005 (pib_2005)

2 Tambeacutem foi aplicado o PSM considerando como pertencentes ao grupo de tratamento os municiacutepioscujoaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESnoperiacuteododotratamentoquando comparado ao periacuteodo anterior ao tratamento foi acima damediana (amediana doaumentodocrescimentododesembolsodoBNDESfoi00999347)OsresultadosencontradosforambemproacuteximosaosencontradosparagrupodetratamentodefinidonaTabela3

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Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 28: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 29

Para medir o efeito do tratamento nas tratadas (ATT) foram usados os quatro meacutetodos apresentados na Sessatildeo 41 meacutetodo do vizinho mais proacuteximo (attnd) meacutetodo da estratificaccedilatildeo (atts) meacutetodo do raio (attr) e meacutetodo de Kernel (attk) A mediccedilatildeo foi realizada para os trecircs indicadores (crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda) e o resultado representa o efeito meacutedio anual nos indicadores do aumento do crescimento do desembolso do BNDES para o periacuteodo entre 2006 e 2011

5 Resultados

Antes de aplicar o meacutetodo proposto para a mediccedilatildeo do efeito da atuaccedilatildeo do BNDES foi analisado o comportamento do crescimento dos desembolsos do banco no periacuteodo anterior e posterior ao tratamento (Tabela 4) Os municiacutepios foram divididos em quatro grupos i) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de alta renda ou meacutedia renda superior ii) pertencente agrave Regiatildeo Sul Sudeste ou Centro-Oeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior iii) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de alta renda ou meacutedia renda superior e iv) pertencentes agrave Regiatildeo Norte ou Nordeste e de baixa renda ou meacutedia renda inferior

TaBela 4 ndash comPorTamenTo do crescimenTo do desemBolso do Bndes

Criteacuterios de incentivo PDR Quantidade de municiacutepios

Crescimento anual meacutedio do desembolso do BNDES

Variaccedilatildeo do crescimento anual

meacutedio (B-A)Regiatildeo1 Renda2 2000 a 2005 (A) 2006 a 2011 (B)

0 0 2726 057 041 -016

0 1 593 065 106 040

1 0 152 107 088 -019

1 1 2089 -058 218 276

1Variaacuteveldummy_regiao_pdr(1=municiacutepiopertenceagraveRegiatildeoNorteouagraveRegiatildeoNordeste0=municiacutepiopertenceagravesdemaisregiotildees)

2Variaacuteveldummy_renda_pdr(1=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodebaixarendaoumeacutediarendainferior0=municiacutepiofoiclassificadonoPDRcomodealtarendaouderendameacutediasuperior)FonteElaboraccedilatildeodaautoracombasenasinformaccedilotildeesapresentadaspeloBNDESpormeiodoPortale-SIC

Nota-se que houve uma mudanccedila no comportamento do crescimento dos desembolsos do BNDES a partir do tratamento que coincide com o iniacutecio da vigecircncia do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) Nos municiacutepios de alta renda ou meacutedia renda superior pertencentes agraves regiotildees mais desenvolvidas do

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201430

paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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UNITED NATIONS - UN Rethinking the role of national development banks Financing for Development Office UN Department of Economic and Social Affairs New York 2005

  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 29: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201430

paiacutes o crescimento do desembolso caiu 16 Nos municiacutepios de alta renda e meacutedia renda superior do Norte ou Nordeste o crescimento dos desembolsos caiu 19 Jaacute nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Sul Sudeste ou Centro-Oeste o crescimento dos desembolsos do BNDES aumentou 40 Por fim nos municiacutepios de baixa renda ou meacutedia renda inferior das Regiotildees Norte ou Nordeste o crescimento aumentou 276 revertendo a tendecircncia de queda apresentada no periacuteodo anterior

Apesar de o valor dos desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio ainda ser maior para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda os resultados apresentados na Tabela 4 indicam que a partir de 2006 a poliacutetica adotada pelo BNDES surtiu efeito na tentativa de reduzir esta diferenccedila e direcionar o creacutedito para as regiotildees menos desenvolvidas e municiacutepios de baixa renda e meacutedia renda inferior com o objetivo de reduzir as desigualdades

Entretanto para medir a efetividade do aumento do crescimento do desem-bolso do BNDES eacute necessaacuterio verificar o impacto desse aumento nos indicadores de desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios

As Figuras 7 e 8 apresentam o crescimento do PIB e do PIB per capita do grupo de tratamento e do grupo de controle para o periacuteodo abrangido pela pesquisa Os graacuteficos mostram que antes do tratamento o crescimento do PIB e do PIB per capita eram maiores em meacutedia nos municiacutepios pertencentes ao grupo de controle Entretanto essa diferenccedila reduziu-se no fim do periacuteodo anterior ao tratamento e se inverteu no ano do tratamento tendo o grupo de tratamento apresentado cresci-mento do PIB e do PIB per capita superiores ao apresentado pelo grupo de controle em 2006 Para os anos seguintes os indicadores apresentaram valores muito proacuteximos sendo ligeiramente superiores no grupo de tratamento no ano de 20103

Fonte IBGE

Figura 7 ndash crescimenTo do PiB () ndash Brasil 2001-2011

3 OcrescimentodoIacutendiceFirjandeempregoerendanatildeofoianalisadograficamentepoisnatildeohaacutedadossuficientesparaoperiacuteodoanterioraotratamento

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 31

FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201432

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201436

Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 30: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 31

FonteIBGE

Figura 8 ndash crescimenTo do PiB Per caPiTa () ndash Brasil 2001-2011

A Sessatildeo 51 apresenta os resultados obtidos a partir da aplicaccedilatildeo do meacutetodo de pareamento baseado em escore de propensatildeo apresentado no Capiacutetulo 4 com o objetivo de medir o impacto do tratamento nas tratadas

51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo

A primeira etapa da aplicaccedilatildeo desse meacutetodo consistiu em definir o escore de propensatildeo para cada um dos municiacutepios em 2005 O escore de propensatildeo indica a probabilidade de ter havido um aumento no crescimento dos desembolsos do BNDES em projetos situados no municiacutepio para o periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado ao periacuteodo entre 2000 e 2005 dadas as caracteriacutesticas do municiacutepio anteriores a 2006 A Tabela 5 apresenta o resultado da regressatildeo para o caacutelculo do escore de propensatildeo e os coeficientes das caracteriacutesticas selecionadas para sua definiccedilatildeo

TaBela 5 ndash resulTado da regressatildeo logiacutesTica do escore de ProPensatildeo

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

infraestrutura_2000 0002 0196 0993

cred_livre_pib 3073 0909 0001

baixa_renda 0890 0126 0

media_renda_inferior 0375 0111 0001

media_renda_superior -0086 0095 0366

renda_dinamica -0126 0074 0089

cresc_pib_2001 0182 0946 0848

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201432

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 33

TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 31: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201432

Variaacutevel Coeficiente Erro-Padratildeo Pgt|z|

cresc_pib_2002 -11910 1669 0475

cresc_pib_2003 5619 3071 0067

cresc_pib_2004 -04130 1360 0761

cresc_pib_2005 -5001 2630 0057

cresc_pib_percapita_2001 -1186 0968 022

cresc_pib_percapita_2002 0150 1661 0928

cresc_pib_percapita_2003 -7036 3067 0022

cresc_pib_percapita_2004 -1178 1352 0383

cresc_pib_percapita_2005 3410 2622 0193

pib_2005 437E-12 848E-12 0607

R2 0039

Nuacutemero de observaccedilotildees 5531

Notasignificantea10significantea5esignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

Apesar de algumas variaacuteveis natildeo serem estatisticamente significantes optou-se por mantecirc-las na estimaccedilatildeo do escore de propensatildeo por serem econo-micamente relevantes para definir as caracteriacutesticas dos municiacutepios e terem em conjunto satisfeito a hipoacutetese de balanceamento definida na Sessatildeo 41

A etapa seguinte consistiu em calcular o efeito do tratamento (ATT) nos trecircs indicadores propostos crescimento do PIB crescimento do PIB per capita e crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda As Tabelas 6 7 e 8 apresentam os resultados obtidos por meio da aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos de pareamento apresentados na Sessatildeo 41 Foram obtidos resultados proacuteximos com a aplicaccedilatildeo dos quatro meacutetodos

TaBela 6 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1

ATT Erro- padratildeo t

Cres

cim

ento

do

PIB

attnd 00720620 00692279 0003 0002 1472

attr 00720897 00672836 0005 0002 2628

attk mdash mdash 0004 0001 2954

atts mdash mdash 0004 0001 2772

1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

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TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

Referecircncias

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UNITED NATIONS - UN Rethinking the role of national development banks Financing for Development Office UN Department of Economic and Social Affairs New York 2005

  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 32: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 33

TaBela 7 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do PiB per capita

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-padratildeo t

Crescimento do PIB per

capita

attnd 00655877 00631745 0002 0002 1088

attr 00656715 00611352 0005 0002 2666

attk mdash mdash 0004 0002 2635

atts mdash mdash 0004 0002 2452

Nota 1Osvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamen-tosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraiosignificantea1FonteElaboraccedilatildeodaautora

TaBela 8 ndash imPacTo do TraTamenTo no crescimenTo do iacutendice Firjan de emPrego e renda

Indicador MeacutetodoValores meacutedios dos tratados1

Valores meacutedios dos controles1 ATT Erro-Padratildeo t

Crescimento do Iacutendice Firjan de

emprego e renda

attnd 255e-11 -790e-11 0000 0002 0000

attr 237e-11 -109e-11 0000 0001 0000

attk mdash mdash 0000 0001 0000

atts mdash mdash 0000 0001 0000

1OsvaloresanuaismeacutediosdocrescimentonosmuniciacutepiostratadosedoscontrolesnosanosposterioresaotratamentosomentesatildeocalculadosnosmeacutetodosdovizinhomaisproacuteximoedoraioFonteElaboraccedilatildeodaautora

Para o crescimento do PIB e do PIB per capita a aplicaccedilatildeo do meacutetodo do vizinho mais proacuteximo natildeo apresentou resultado estatisticamente significante a 90 de niacutevel de confianccedila enquanto a aplicaccedilatildeo dos demais meacutetodos resultou em um efeito significante a um niacutevel de confianccedila de 99

A coluna valores meacutedios dos tratados representa o crescimento meacutedio anual do indicador apoacutes o tratamento dos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES e a coluna valores meacutedios dos controles repre-senta o contrafactual para esses municiacutepios ou seja o crescimento meacutedio anual do indicador caso natildeo tivesse havido aumento do crescimento do desembolso do BNDES em projetos situados nos municiacutepios4

O crescimento meacutedio anual do PIB dos municiacutepios tratados foi de aproxi-madamente 72 O contrafactual foi de 69 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 67 para o meacutetodo do raio O valor do efeito do tratamento (ATT)

4 Essesvaloressatildeocalculadosapenasparaomeacutetododovizinhomaisproacuteximoeparaomeacutetododoraio

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201440

Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 33: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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no crescimento do PIB variou de 03 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do PIB per capita os resultados indicam que o cresci-mento meacutedio anual desse indicador nos municiacutepios tratados apoacutes o tratamento foi de 66 O contrafactual foi de 63 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo e 61 para o meacutetodo do raio O ATT no crescimento do PIB per capita variou de 02 (meacutetodo do vizinho mais proacuteximo) a 05 (meacutetodo do raio) tendo sido 04 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

Para o crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda nenhum dos meacutetodos apresentou resultados estatisticamente significantes Os valores meacutedios anuais do crescimento do iacutendice foram zero tanto para os municiacutepios tratados quanto para o contrafactual

Os resultados indicam que a poliacutetica do BNDES foi capaz de afetar o cresci-mento do PIB e do PIB per capita entretanto natildeo influenciou os iacutendices de emprego e renda dos municiacutepios

52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES

Neste item eacute proposto o seguinte iacutendice para calcular retorno da atuaccedilatildeo do BNDES no PIB

(6)

O iacutendice representa a comparaccedilatildeo entre o crescimento do PIB em R$ decor-rente do tratamento e o aumento em R$ do desembolso do BNDES no municiacutepio

Para o caacutelculo do crescimento do PIB decorrente do tratamento em R$ foi multiplicado o impacto no PIB em razatildeo do tratamento pelo valor meacutedio anual do PIB apoacutes o tratamento por municiacutepio O valor meacutedio anual do PIB apoacutes o trata-mento por municiacutepio foi encontrado dividindo-se o PIB total meacutedio das tratadas (R$21667 bilhotildees) pelo nuacutemero de municiacutepios tratados (3156) A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para cada um dos meacutetodos calculados no item 51 Foi encontrado que o PIB cresceu por municiacutepio em meacutedia R$206 milhotildees pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$343 milhotildees pelo meacutetodo do raio e R$275 milhotildees pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo por ano em razatildeo do tratamento

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TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201440

Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 34: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 35

TaBela 9 ndash crescimenTo do PiB decorrenTe do TraTamenTo

Meacutetodo ATTPIB meacutedio das tratadas apoacutes o

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)Crescimento do PIB decorrente do

tratamento por municiacutepio (R$ de 2011)

attnd 0003 68652302493 205956907

attr 0005 68652302493 343261512

attk atts 0004 68652302493 274609210

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Para encontrar o valor em R$ do aumento do desembolso nas tratadas foi calculada a diferenccedila entre o desembolso anual meacutedio antes do tratamento e o desembolso anual meacutedio depois do tratamento por municiacutepio tratado Encon-trou-se que o desembolso anual do BNDES cresceu em meacutedia R$95 milhotildees por ano por municiacutepio tratado (Tabela 10)

TaBela 10 ndash crescimenTo meacutedio anual do desemBolso do Bndes nas TraTadas Por municiacutePio

Desembolso anual meacutedio das tratadas depois do tratamento (A) 4986790000000

Desembolso anual meacutedio das tratadas antes do tratamento (B) 1989035000000

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas (R$) (C=A-B) 2997755000000

Nuacutemero de municiacutepios tratados (D) 315600

Crescimento anual meacutedio do desembolso nas tratadas por municiacutepio (R$) (CD) 949858999

FonteElaboraccedilatildeodaautora

Com isso foi calculado o retorno meacutedio anual do crescimento do desem-bolso do BNDES no PIB dos municiacutepios (Tabela 11)

TaBela 11 ndash Taxa de reTorno anual meacutedio do desemBolso do Bndes no PiB

MeacutetodoCrescimento do PIB decorrente

do tratamento (R$ de 2011)Crescimento do desembolso

(R$ de 2011)RBNDES

attnd 205956907 949858999 022

attr 343261512 949858999 036

attk atts 274609210 949858999 029

FonteElaboraccedilatildeodaautora

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201436

Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201440

Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 35: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201436

Os resultados indicam que para cada R$100 de desembolso do BNDES em projetos localizados em um municiacutepio o PIB do municiacutepio cresce entre R$022 pelo meacutetodo do vizinho mais proacuteximo R$036 pelo meacutetodo do raio e R$029 pelos meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo

6 Anaacutelise dos resultados

Os resultados apresentados no Capiacutetulo 5 indicam que apesar da concessatildeo de creacutedito pelo banco ter aumentado a riqueza do municiacutepio por meio do cresci-mento do PIB e do PIB per capita o crescimento do emprego e da renda da populaccedilatildeo natildeo foi afetado

Para analisar a relevacircncia do impacto no PIB pela atuaccedilatildeo do BNDES foi feita uma comparaccedilatildeo entre os efeitos positivos gerados pelo BNDES na economia e os custos para o Tesouro Nacional (TN) de financiamento do BNDES

Essa anaacutelise eacute ainda mais relevante para os uacuteltimos anos visto que a maior parte do crescimento dos desembolsos do BNDES tratado neste trabalho foi financiada por meio de aportes do Tesouro ao BNDES Os creacuteditos do TN junto ao BNDES passaram de R$99 bilhotildees em 2006 (R$137 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2006 e 2013) para R$3022 bilhotildees em 2011 (R$3199 bilhotildees corrigido pela inflaccedilatildeo entre 2011 e 2013) atingindo R$413 bilhotildees em 2013 (Tabela da Diacutevida Liacutequida do Setor Puacuteblico publicada pelo Banco Central)

Os creacuteditos satildeo contabilizados no passivo do banco e satildeo empreacutestimos de longo prazo a serem pagos pelo BNDES ao Tesouro Nacional Esses empreacutestimos possuem custo indexado majoritariamente agrave Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Desse modo haacute um custo para o TN de conceder esses empreacutestimos ao BNDES que corresponde agrave diferenccedila entre o custo de financiamento da Uniatildeo em mercado e a TJLP Aleacutem disso deve ser considerado o custo de oportunidade do Tesouro que eacute o benefiacutecio que ele geraria se investisse o dinheiro em outra poliacutetica ao inveacutes de emprestaacute-lo para o BNDES

O retorno total liacutequido (RTL) para o paiacutes de R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES pode ser representado por

(7)

em que BBNDES eacute o benefiacutecio total gerado pelo BNDES agrave economia BT representa benefiacutecio que teria sido gerado pelo Tesouro caso ele optasse por outra utilizaccedilatildeo

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201438

Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 36: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

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ao aporte concedido para o BNDES e DesembolsoBNDES eacute igual a R$100 Uma boa hipoacutetese de trabalho para o termo BT seria

(8)

em que o Custo do Tesouro pode ser calculado por

(9)

Apesar de o custo de financiamento do Tesouro em mercado ser um pouco superior agrave taxa referencial do Sistema Especial de Liquidaccedilatildeo e de Custoacutedia (Selic) a aproximaccedilatildeo constante da Equaccedilatildeo 9 natildeo prejudica a formulaccedilatildeo proposta nessa anaacutelise

As Equaccedilotildees 8 e 9 dizem que se o Excedente do Tesouro eacute igual a zero entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso para o BNDES teria um retorno social de no maacuteximo Selic ndash TJLP Se Excedente do tesouro gt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social maior do que Selic-TJLP E se Excedente do tesouro lt 0 entatildeo a melhor alternativa do Tesouro em relaccedilatildeo a repassar o recurso ao BNDES teria um retorno social menor do que Selic ndash TJLP

Supondo que aleacutem do retorno gerado pelo BNDES calculado na Sessatildeo 52 por meio da Equaccedilatildeo 6 o BNDES estaria gerando outras externalidades positivas para o Tesouro (mediante por exemplo o lucro liacutequido na operaccedilatildeo do banco) o benefiacutecio total gerado pelo BNDES para a economia seria dado por

(10)

em que ExcedenteBNDES representa as demais externalidades decorrentes da operaccedilatildeo do BNDES natildeo inseridas no RBNDES

Substituindo as Equaccedilotildees 8 9 e 10 em 7 obteacutem-se

(11)

Para os anos compreendidos nesse trabalho a taxa Selic meacutedia foi 1119 ao ano e a TJLP 644 ao ano resultando em um Custo do Tesouro = 475 ao ano de acordo com a Equaccedilatildeo 9

A Equaccedilatildeo 11 apresenta uma forma de o Tesouro Nacional medir se o efeito total na economia de novos aportes ao BNDES eacute positivo Para tanto deve-se comparar o excedente que o BNDES gera com outras opccedilotildees de aplicaccedilatildeo do recurso

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201438

Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 37: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201438

Considerando a hipoacutetese de que o excedente do BNDES e o excedente do Tesouro satildeo iguais tem-se que

(12)

Sob essas hipoacuteteses foi calculado o retorno total liacutequido de R$100 de desem-bolso do BNDES para cada um dos valores encontrados para o RBNDES a partir dos meacutetodos aplicados no Capiacutetulo 5 O retorno total liacutequido encontrado para R$100 que o TN toma emprestado para repassar ao BNDES foi de -8307 para o meacutetodo do vizinho mais proacuteximo -6861 para o meacutetodo do raio e -7584 para os meacutetodos de Kernel e da estratificaccedilatildeo (Tabela 12)

TaBela 12 ndash eFeiTo ToTal liacutequido da aPlicaccedilatildeo dos recursos Pelo Tn

Meacutetodo RBNDES () Selic-TJLP () RBNDES-(Selic-TJLP) () RTL ()

attnd 2168 475 1693 -8307

attr 3614 475 3139 -6861

attk atts 2891 475 2416 -7584

FonteElaboraccedilatildeodaautora

O retorno total liacutequido (RLT) medido por meio da Equaccedilatildeo 12 possui as seguintes fontes de superestimaccedilatildeo

(i) OutrossubsiacutediosqueogovernofazaostomadoresdeempreacutestimosdoBNDESquenatildeoestatildeoincluiacutedosnoCustodoTesouro(SelicndashTJLP)quesatildeovaloresqueoTesouroNacionalrepassaaoBNDESatiacutetulodeequalizaccedilatildeodaremuneraccedilatildeodeprogramasincentivadospeloGovernoFederalcomooProgramadeSustentaccedilatildeodoInvestimento(PSI)esatildeocontabilizadoscomoreceitaparaoBNDESounoativonatildeocirculantecomocreacuteditosareceberdoTesouroNacionale

(ii)DiferenccedilaentreocustodefinanciamentodoTesouroNacionalemmer-cadoeataxareferencialdoSistemaEspecialdeLiquidaccedilatildeoedeCustoacute-dia(Selic)

Aleacutem disso o caacutelculo acima possui as seguintes limitaccedilotildees que podem tanto subestimar como superestimar os resultados encontrados

(i) ParaocaacutelculodoBBNDESforamdesconsiderados20dosdesembolsosrealizadospelobancoquesereferemaosdesembolsosemquenatildeoha-viainformaccedilatildeonabasededadosfornecidapeloBNDESdomuniciacutepioemqueosprojetosestavamlocalizadose

(ii)Ahipoacuteteseadotadadeque ExcedenteTesouro = ExcedenteBNDES

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7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201440

Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

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  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
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    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 38: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 39

7 Consideraccedilotildees finais

Esse estudo contribui para o debate sobre o papel do BNDES e os efeitos da sua atuaccedilatildeo no desenvolvimento econocircmico e social dos municiacutepios brasileiros O BNDES ampliou seus desembolsos de forma significativa a partir da deacutecada de 2000 especialmente a partir de 2008 tendo desembolsado mais de R$190 bilhotildees em 2013 valor quase quatro vezes maior do que o desembolso realizado em 2000 que a valores correntes de 2013 foi de R$48 bilhotildees

Os desembolsos do BNDES tanto em valores absolutos quanto em percentual do PIB do municiacutepio sempre foram maiores para as regiotildees mais desenvolvidas e para os municiacutepios de maior renda A partir de 2006 o BNDES reformulou sua poliacutetica de creacutedito concedendo maiores incentivos para os financiamentos nas Regiotildees Norte e Nordeste e em municiacutepios de menor renda per capita Com isso a partir de 2006 os desembolsos do BNDES passaram a crescer mais nos municiacutepios pertencentes agraves regiotildees incentivadas e menos desenvolvidas apesar de o valor total desembolsado tanto em termos absolutos como em percentual do PIB ainda ser maior nas regiotildees mais desenvolvidas Essa mudanccedila indica que a atuaccedilatildeo do banco nos uacuteltimos anos alinha-se com a visatildeo social dos bancos de desenvolvimento

Entretanto medir o valor dos desembolsos em regiotildees ou setores incenti-vados natildeo eacute suficiente para avaliar a efetividade dos financiamentos concedidos Eacute necessaacuterio que seja avaliado o impacto de cada projeto de modo a ampliar a transparecircncia da atuaccedilatildeo do banco e a prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

Nessa pesquisa foi proposta uma meacutetrica utilizando o meacutetodo de parea-mento baseado em escore de propensatildeo para calcular o efeito do crescimento dos desembolsos do BNDES em trecircs indicadores PIB PIB per capita e Iacutendice Firjan de emprego e renda O estudo utilizou as seacuteries anuais dos 5560 municiacutepios brasi-leiros existentes em 2000 e abrangeu o periacuteodo entre 2000 e 2011

Os resultados indicam que nos municiacutepios em que houve aumento do crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES no periacuteodo entre 2006 e 2011 quando comparado a entre 2000 e 2005 o PIB e o PIB per capita variaram positivamente em razatildeo deste aumento Jaacute o Iacutendice Firjan de emprego e renda natildeo foi afetado pela poliacutetica de creacutedito do BNDES O PIB e o PIB per capita cresceram em meacutedia 04 ao ano a mais nos municiacutepios em que houve aumento do cresci-mento do desembolso do BNDES quando comparado aos municiacutepios em que natildeo houve o aumento O benefiacutecio gerado para cada R$100 de desembolso do BNDES foi em meacutedia de R$029 de acreacutescimo no PIB

Foi proposta ainda uma meacutetrica para comparaccedilatildeo entre os benefiacutecios gerados pelo BNDES na economia e o custo de oportunidade para o Tesouro

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 201440

Nacional em optar por financiar a operaccedilatildeo do BNDES tendo sido encontrado que o retorno total liacutequido sobre R$100 que o Tesouro toma emprestado para repassar ao BNDES foi em meacutedia -7584 Esta meacutetrica pode auxiliar na decisatildeo do TN entre realizar novos aportes ao BNDES ou utilizar os recursos em poliacuteticas alternativas

Referecircncias

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
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Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 43

PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO - PNUD Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwpnudorgbratlasrankingRanking-IDHM-Municipios-2000aspxgt Acesso em 5 jan 2014

RAVALLION Martin Evaluating anti-poverty programs In Schultz T Paul Strauss John Handbook of Development Economics Elsevier v 4 n 5 2008

RODRIK D Industrial policy for the twenty-first century CEPR Discussion Paper 2004

ROSENBAUM Paul R RUBIN Donald B The central role of the propensity score in observational studies for causal effects Biometrika 70 p 41-55 1983

SHLEIFER A State versus private ownership Journal of Economic Perspectives 12 p 133-150 1998

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SMITH J TODD P Does matching overcome LaLondersquos critique of nonexperimental estimators Journal of Econometrics 125 p 305-353 2005

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UNITED NATIONS - UN Rethinking the role of national development banks Financing for Development Office UN Department of Economic and Social Affairs New York 2005

  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
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Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 41

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BRASIL Lei no 5662 de 21 de junho de 1971 Enquadra o Banco Nacional do Desenvolvi-mento Econocircmico (BNDE) na categoria de empresa puacuteblica e daacute outras providecircncias DOU 21 jun 1971 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03LeisL5662htmgt

CARVALHO Daniel The real effects of government-owned banks evidence from an emerging market The Journal of Finance 2014

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Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 43

PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO - PNUD Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwpnudorgbratlasrankingRanking-IDHM-Municipios-2000aspxgt Acesso em 5 jan 2014

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  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 41: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

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MYRDAL G Beyond the Welfare State economic planning and its international implica-tions New Haven Connecticut Yale University Press 1960

PAMPLONA Leonardo M P BNDES e o desenvolvimentismo do seacuteculo 21 estado demo-cracia e sustentabilidade 2011

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Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 43

PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO - PNUD Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwpnudorgbratlasrankingRanking-IDHM-Municipios-2000aspxgt Acesso em 5 jan 2014

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STIGLITZ J E The role of the state in financial markets Discussion paper Proceedings of the World Bank Annual Conference on Development Economics 1993 International Bank for Reconstruction and DevelopmentWorld Bank Washington D C 1994

UNITED NATIONS - UN Rethinking the role of national development banks Financing for Development Office UN Department of Economic and Social Affairs New York 2005

  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias
Page 42: Tema II - STN€¦ · 2.2 Evidências empíricas sobre a forma de atuação do BNDES 12 2.3 Avaliação do impacto das políticas relacionadas ao BNDES 13 3 HISTÓRICO DA ATUAÇÃO

Economia do Setor Puacuteblico ndash Maria Juacutelia Castro Wegelin

Financcedilas Puacuteblicas ndash XIX Precircmio Tesouro Nacional ndash 2014 43

PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO - PNUD Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwpnudorgbratlasrankingRanking-IDHM-Municipios-2000aspxgt Acesso em 5 jan 2014

RAVALLION Martin Evaluating anti-poverty programs In Schultz T Paul Strauss John Handbook of Development Economics Elsevier v 4 n 5 2008

RODRIK D Industrial policy for the twenty-first century CEPR Discussion Paper 2004

ROSENBAUM Paul R RUBIN Donald B The central role of the propensity score in observational studies for causal effects Biometrika 70 p 41-55 1983

SHLEIFER A State versus private ownership Journal of Economic Perspectives 12 p 133-150 1998

SHLEIFER A VISHNY R Politicians and firms Quarterly Journal of Economics n 109 p 995-1025 1994

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STIGLITZ J E The role of the state in financial markets Discussion paper Proceedings of the World Bank Annual Conference on Development Economics 1993 International Bank for Reconstruction and DevelopmentWorld Bank Washington D C 1994

UNITED NATIONS - UN Rethinking the role of national development banks Financing for Development Office UN Department of Economic and Social Affairs New York 2005

  • Resumo
  • Abstract
  • Sumaacuterio
  • Lista de figuras
    • Figura 1 ndash Total do creacutedito em relaccedilatildeo ao PIB() ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 2 ndash Total de recursos livres e direcionados em relaccedilatildeo ao PIB () ndash Brasil 2000-2012
    • Figura 3 ndash Desembolso anual do BNDES (R$ bilhotildees de 2013)
    • Figura 4 ndash Total de creacutedito concedido pelo BNDESPIB ()
    • Figura 5 ndash Desembolso anual do BNDES por Regiatildeo ndash Brasil 2000-2012 (R$ mil)
    • Figura 6 ndash Tipologia regional em 2005 de acordo com a classificaccedilatildeo do Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
    • Figura 7 ndash Crescimento do PIB () ndash Brasil 2001-2011
    • Figura 8 ndash Crescimento do PIB per capita () ndash Brasil 2001-2011
      • Lista de tabelas
        • Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo dos municiacutepios segundo o Programa de Dinamizaccedilatildeo Regional (PDR) do BNDES
        • Tabela 2 ndash Estatiacutestica descritiva das variaacuteveis
        • Tabela 4 ndash Comportamento do crescimento do desembolso do BNDES
        • Tabela 5 ndash Resultado da regressatildeo logiacutestica do escore de propensatildeo
        • Tabela 6 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB
        • Tabela 7 ndash Impacto do tratamento no crescimento do PIB per capita
        • Tabela 8 ndash Impacto do tratamento no crescimento do Iacutendice Firjan de emprego e renda
        • Tabela 9 ndash Crescimento do PIB decorrente do tratamento
        • Tabela 10 ndash Crescimento meacutedio anual do desembolso do BNDES nas tratadas por municiacutepio
        • Tabela 11 ndash Taxa de retorno anual meacutedio do desembolso do BNDES no PIB
        • Tabela 12 ndash Efeito total liacutequido da aplicaccedilatildeo dos recursos pelo TN
          • Lista de siglas e abreviaturas
          • 1 Introduccedilatildeo
          • 2 Literatura relacionada
            • 21 As hipoacuteteses sobre a forma de atuaccedilatildeo dos bancos de desenvolvimento
            • 22 Evidecircncias empiacutericas sobre a forma de atuaccedilatildeo do BNDES
            • 23 Avaliaccedilatildeo do impacto das poliacuteticas relacionadas ao BNDES
              • 3 Histoacuterico da atuaccedilatildeo do BNDES
              • 4 Metodologia e descriccedilatildeo dos dados
                • 41 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                • 42 Dados e estatiacutesticas descritivas
                • 43 Modelo empiacuterico
                  • 5 Resultados
                    • 51 Pareamento baseado em escore de propensatildeo
                    • 52 Benefiacutecio gerado pelo BNDES
                      • 6 Anaacutelise dos resultados
                      • 7 Consideraccedilotildees finais
                      • Referecircncias