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TEMA: Educador x Educando (Parceria Educador x Pais) PROBLEMA: Como melhorar a comunicação do Educador e Educando do nível fundamental? JUSTIFICATIVA: A comunicação do Educador vem a cada momento ficando mais distante, precária, onde os professores ficam acuados, parecendo estarem num ringue e não em uma sala de aula, que poderia ser um espaço bastante gratificante para ambos os lados. Sendo um lugar de troca, de encontro, uma relação altamente prazerosa. HIPÓTESE: Existe desentendimentos, confrontos, autoritarismo, desânimo, porque não transformar, em uma relação de via dupla, educador (emissor), aluno (receptor), mas sem qualquer discriminação e críticas, onde essa parceria poderia ser reforçada com a presença dos pais, responsáveis sem deixar a “total responsabilidade” de educar nas mãos do educador, marcando assim a sua plena existência nesse papel de orientador (pais). OBJETIVO: Proporcionar uma melhor comunicação do educador e educando do nível fundamental sem autoritarismo, e sim com aprendizado com muito respeito, sabendo ouvir e ser ouvido. DELIMITAÇÃO: A dificuldade da comunicação educador e educando é a falta da presença dos pais, onde iria facilitar a relação, com o objetivo de auxiliar ambos (educador / pais), no sentido do perfeito conhecimento da criança, facilitando assim a aprendizagem.

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TEMA: Educador x Educando (Parceria Educador x Pais)

PROBLEMA: Como melhorar a comunicação do Educador e Educando do nível

fundamental?

JUSTIFICATIVA: A comunicação do Educador vem a cada momento ficando

mais distante, precária, onde os professores ficam acuados, parecendo estarem

num ringue e não em uma sala de aula, que poderia ser um espaço bastante

gratificante para ambos os lados. Sendo um lugar de troca, de encontro, uma

relação altamente prazerosa.

HIPÓTESE: Existe desentendimentos, confrontos, autoritarismo, desânimo,

porque não transformar, em uma relação de via dupla, educador (emissor),

aluno (receptor), mas sem qualquer discriminação e críticas, onde essa parceria

poderia ser reforçada com a presença dos pais, responsáveis sem deixar a

“total responsabilidade” de educar nas mãos do educador, marcando assim a

sua plena existência nesse papel de orientador (pais).

OBJETIVO: Proporcionar uma melhor comunicação do educador e educando do

nível fundamental sem autoritarismo, e sim com aprendizado com muito

respeito, sabendo ouvir e ser ouvido.

DELIMITAÇÃO: A dificuldade da comunicação educador e educando é a falta

da presença dos pais, onde iria facilitar a relação, com o objetivo de auxiliar

ambos (educador / pais), no sentido do perfeito conhecimento da criança,

facilitando assim a aprendizagem.

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE

EDUCADOR X EDUCANDO Por: MARGARETE BARBOSA DE BRITO CAVALCANTI

Orientador Prof. Marco Antonio Chaves

Co-orientadora

Profa. Cristie Campello

Rio de Janeiro, RJ, julho/2001

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE

EDUCADOR X EDUCANDO

MARGARETE BARBOSA DE BRITO CAVALCANTI

Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção

do Grau de Especialização em Psicomotricidade

Rio de Janeiro, 28 de julho de 2001

Agradeço a todos os meus

mentores que me deram

paz, harmonia e amor na

feitura desta pesquisa.

Dedico este trabalho de

pesquisa à Mestra

Cristie Campello

por sua humildade,

dedicação e afeto.

Escola é...

... é lugar onde se faz amigos;

não se trata só de prédios, sala, quadros,

programas, horários, conceitos...

Escola é sobretudo gente...

gente que trabalha, que estuda, se alegra,

se conhece, se estima.

O diretor é gente, o professor é gente,

cada funcionário é gente, cada vez melhor,

cada pai é gente. A escola será cada vez melhor,

à medida que cada um se comporte como colega,

amigo e irmão. Nada de conviver com pessoas e depois

descobrir que não tem amizade a ninguém. Importante na escola não é

só estudar, não é só trabalhar, é também

criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem,

é conviver e se “amarrar nela”.

Ora, é lógico, numa escola assim, vai ser fácil estudar

trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se e SER FELIZ...

(Paulo Freire)

SUMÁRIO

Resumo ........................................................................................ 6

Introdução .................................................................................... 7

1. Comunicação............................................................................ 10

2. Aprendizagem ......................................................................... 13

3. Relação: Emissor x Receptor....................................................... 17

4. Educador .................................................................................. 20

5. Educação .................................................................................. 22

6. Educação Psicomotora ............................................................... 24

Conclusão ..................................................................................... 28

Bibliografia .................................................................................... 30

RESUMO

A comunicação entre Educador e Educando vem a

cada momento ficando mais distante, precária, onde os professores ficam

acuados, parecendo estarem num ringue e não em uma sala de aula, do qual

poderia ser um espaço bastante gratificante para ambos os lados. Sendo um

lugar de troca, de encontro, uma relação altamente prazerosa. Existe

desentendimentos, confrontos, autoritarismo, desânimo, porque não

transformar, em uma relação de via dupla, educado (emissor), aluno (receptor),

mas sem qualquer discriminação e críticas, onde essa parceria poderia ser

reforçada com a presença dos pais, responsáveis sem deixar a “total

responsabilidade” de educar nas mãos do educador, marcando assim a sua

plena existência nesse papel de orientador (pais). Proporcionar uma melhor

comunicação do educador e educando do nível fundamental sem autoritarismo,

e sim com aprendizado com muito respeito, sabendo ouvir e ser ouvido. A

dificuldade da comunicação educador e educando é a fala da presença dos pais,

onde iria facilitar a relação, com o objetivo de auxiliar ambos (educador / pais),

no sentido do perfeito conhecimento da criança, facilitando assim a

aprendizagem.

INTRODUÇÃO

Geralmente a falta de comunicação aparece, no lar,

na escola, na rua, enfim, na rotina da vida da criança. E porque se afiguram

insolúveis, pais e educadores ou lançam mão de medidas drásticas ou se

encolhem num condenável alheamento, desistindo da luta, deixando a criança

entregue a seus caprichos, tendências ou deficiências. Tais atitudes só agravam

o problema, nada constróem, não melhoram a situação, nem beneficiam a

criança.

Na verdade, muitos não tendo realmente um

preparo, ou sequer a intuição necessária, para a missão de educar, por um

sistema que seja condizente com o respeito devido a criança, isto é, com

dignidade humana, acham que só através de castigos todas as questões

educacionais são resolvidas.

É freqüente a queixa de pais e educadores em

relação “a criança de hoje”, como elemento indisciplinado, perturbador, incapaz

de obedecer, decidida a agir pôr seu livre arbítrio, sem qualquer noção de

respeito às ordens ou determinações superiores.

O fato hoje tão comum da ausência da mãe para o

trabalho, permanecendo fora do lar e que geralmente atende às necessidades

justas da família, sem dúvida também concorrido em grande parte, para

agravar o problema.

É interessante observar que todos os pais desejariam

sinceramente ensinar os filhos a serem ótimos filhos e ótimos cidadãos

(dependendo, naturalmente, do conceito que eles dão a esses valores).

Na verdade eles precisariam primeiro aprender a

serem realmente ótimos pais, ótimas pessoas. Mas quem os ensina a

prepararem-se para cumprir digna e acertadamente a missão do homem e da

mulher em toda vastidão do universo, porque do equilíbrio da família depende o

equilíbrio e o fortalecimento de todas as nações.

Sem ter a pretensão de resolver problemas tão

profundos, mas antes fazer uma análise consciente do assunto. Em primeiro

lugar, auto-analisar-se, fazer um sincero exame de consciência, sem vaidade,

sem amor-próprio, sem egoísmo, para verificar o que neles (educadores),

precisa ser modificado, antes de modificar a criança. Em segundo lugar que

busque o auxílio de outros profissionais (psicólogo, psicomotricista,

fonoaudiólogo, pediatras), enfim todos os profissionais que poderiam juntos

cuidar das crianças em parceria com o educador, visando a saúde (física e

emocional) da criança. Em terceiro lugar, que examine os fatos, mesmo os

destituídos de importância, mas que estejam se refletindo de forma negativa no

desenvolvimento, aprendizagem infantil.

É possível observar como se age com a criança, com

a sua comunicação: afagos desnecessários, ordens aos berro, irritação

freqüente, castigos inoportunos, mentiras, injustiças, intolerância, fraquezas,

humilhações, descomposturas na frente dos outros, brigas e troca de insultos

entre pai e mãe, pessoas da família, elogios exagerados, comentários,

lamentações, censuras, são fatos e que podem ser encontrados todos os dias, a

qualquer hora, pôr qualquer pessoa.

A criança é um espectador de todos os momentos.

Mesmo quando está brincando, parecendo estar mergulhada inteiramente em

seus interesses, suas “antenas”, estão captando tudo que se passa em torno

dela e, no momento oportuno, ela o comprovará.

O exemplo é a lição mais prontamente assimilada

pela criança. Para ela a afirmativa incoerente do “faça o que eu digo, não faça

o que eu faço”, é da mais absoluta incompreensão e do mais funesto efeito

educativo.

COMUNICAÇÃO

Na década de 70 que se começou a conceder uma

importância concreta ao fato de o homem ser ao mesmo tempo o produto e o

criador de sua sociedade e sua cultura. Tomou-se em conta que ele está

rodeado pelo meio ambiente físico mas, sobretudo, pelo meio ambiente social,

composto por outras pessoas com quem ele mantém relações de

interdependência.

A primeira reação ante a descoberta do homem

social foi aplicar-lhe os modelos mecanicistas e pragmáticos emergente das

ciências físicas e naturais. Acontece, porém, que estes modelos não conceituam

adequadamente os mecanismos e processos de interação psíquica e social

propriamente humanos. Consequentemente, métodos e procedimentos de

planejamento, organização, administração, capacitação, aplicados com a melhor

boa vontade, têm produzido formas manipulatórias e desumanas de trabalhar

com as pessoas.

No caso da Educação, assim como os cárceres e

outras instituições sociais, organizadas e manejadas segundo modelos espúrios,

não respeitam as características e necessidades da vida individual e social.

Currículos alienados da realidade (na remota

escolinha rural os alunos estudam a geografia da Europa mas não como cuidar

das plantas regionais), calendários escolares defasados do ciclos e ritmos vitais,

disciplinas estanques que dividem em retalhos problemas que aparecem

integrados e globais na vida diária, carteiras escolares distribuídas em militares

fileiras pouco propícias a comunicação, estes são alguns dos resultados do

planejamento educativo baseado em conceitos anacrônicos do homem social.

E a comunicação? Será que o modo de nossa

sociedade usar sua comunicação “social” responde às necessidades das pessoas

reais? Os meios de comunicação ajudam na tomada de decisões importantes.

Oferecem oportunidades de expressão a todos os setores da população.

Fornecem ocasiões de diálogo e de encontro. Estimulam o crescimento da

consciência crítica e da capacidade de participação. Questionam os regimes

políticos e as estruturas sociais que não respondem aos anseios de liberdade,

convívio, beleza, além de não satisfazer às necessidades básicas da população.

Um melhor conhecimento da comunicação pode

contribuir para que muitas pessoas adotem uma posição mais crítica e exigente

em relação ao que deveria ser a comunicação na sua sociedade.

Além disto, a compreensão do fascinante processo

da comunicação pode induzir alguns a gozar mais das infinitas possibilidades,

gratuitas e abertas, deste dom que se tem de se comunicar uns com os outros.

A comunicação não existe por si mesma, como algo

separado da vida da sociedade. Sociedade e comunicação são uma coisa só.

Não poderia existir comunicação sem sociedade, nem sociedade sem

comunicação. A comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, do

homem social.

A comunicação serve para que as pessoas se

relacionam entre si, transformando-se mutuamente e a realidade que as rodeia.

Sem a comunicação cada pessoa seria um mundo

fechado em si mesmo. Pela comunicação as pessoas compartilham

experiências, idéias e sentimentos. Ao se relacionarem como seres

interdependentes, influenciam-se mutuamente e, juntas, modificam a realidade

onde estão inseridas.

É preciso fazer uso de todo tipo de comunicação tais

como: palavras, gestos, objetos, pular, ajoelhar, lágrimas, aplausos, olhar,

olfato, toque, música, efeitos visuais. A realidade influi sobre o comunicar e o

comunicar influi sobre a realidade. Uma das maneiras de interagir com o meio

ambiente é a comunicação através dos canais disponíveis: olhos, pele, mãos,

língua, ouvido. Entretanto, a pessoa não emite tudo o que ela contém nem

recebe tudo o que a ela vem do meio ambiente.

A comunicação também tem como função de indicar

a qualidade da participação no ato de comunicar, devido aos papéis que as

pessoas tomam e impõem aos outros, desejos, sentimentos, atitudes, juízos e

expectativas trazem ao ato de comunicar.

O tom das palavras faladas, os movimentos do

corpo, a roupa que se veste, os olhares e a maneira de estreitar a mão do

outro, tudo tem algum significado, tudo comunica. Às vezes, até mesmo o

silêncio comunica. É possível afirmar que praticamente é impossível não se

comunicar.

APRENDIZAGEM

Os motivos humanos para aprender qualquer coisa,

seja escrever, dançar, fazer um bolo ou construir um foguete, são

profundamente interiores.

Para a criança desejar aprender tais e quais

conceitos ou operações, precisa ter em si motivos profundamente humanos que

desencadeiem tais aprendizagens.

Desejar evoluir na carreira escolar ou na vida faz

parte das necessidades da criança. A busca de reconhecimento de suas

capacidades constitui um dos motivos conscientes, mas, anterior a ele existe

intrínseca ao homem a necessidade biológica e mental de evoluir.

A criança é um ser que cresce e seu crescimento é

um processo contínuo do movimento interior e de desenvolvimento de funções

fisio-psicológicas.

Independentemente de sua vontade, ela cresce e

evolui pouco a pouco, seu corpo e sua mente vão amadurecendo (maturação) e

se preparando – prontidão para novas funções.

Este motivo interior, biológico e psíquico, move o ser

humano para estágios evolutivos cada vez maiores, mais diferenciados, mais

inteligentes, mais maturos, mais complexos e mais criativos.

A aprendizagem escolar depende, basicamente dos

motivos intrínsecos: uma criança aprende melhor e mais depressa quando

sente-se querida, amada, prestigiada, está segura de si e é tratada como um

ser singular.

Ela aprende melhor e mais depressa quando suas

necessidades básicas são atendidas convenientemente, se ela não está com

fome, nem tem sono, nem está cansada, doente ou nervosa, tende obviamente

a aprender melhor.

Se a tarefa escolar atender aos seus impulsos para a

exploração e a descoberta, se o tédio e a monotonia forem banidos da escola,

se o educador, além de falar, souber ouvir e se propiciar experiências diversas,

a aprendizagem infantil será melhor, mais rápida e mais persistente.

Se a aprendizagem não for triste, nem restrita,

autoritária e/ou vulgar, o educando aprenderá. Se o educador for sensível, essa

relação com confiança, respeito e troca e, sem rispidez, nem autoridade, vai

assumir a orientação dela sem coibir seus movimentos externos ou interiores, a

aprendizagem se efetuará com sucesso.

O educador que fala e fala e fala, não terá êxito

algum junto ao educando. Se o conteúdo que lhe é ensinado tiver fins explícitos

e se caracterizar por um mínimo de vivacidade, o educando por sua vez

também será objetivo e dinâmico.

Ao educador não cabe, absolutamente, fazer tudo,

dispor tudo ou saber tudo. Há muito tempo já o educador deixou de ser o

centro do ensino, autoridade suprema.

Agora o centro da educação é o educando, e suas

motivações são, ainda que virtualmente, o que deveriam ser, na realidade de

todos os dias, os verdadeiros pilares da aprendizagem.

Para que a aprendizagem ocorra em um nível

construtivo com prazer é preciso não só haver motivos interiores, mas também

que se possam ser utilizados no processo da aprendizagem.

É através da aprendizagem que o ser humano

ajusta-se ou transforma o meio em que vive.

A aprendizagem não significa apenas experiência,

embora a qualquer tipo de aprendizagem corresponda uma conseqüência: a

mudança.

A aprendizagem sempre e, invariavelmente, supõe

mudança de comportamento e, não só isso, quanto mais passível de suscitar

mudanças e um fato ou situação, maior motivação terá o educando para

envolver-se.

Isto significa que o ensino para alcançar êxito, deve

ser necessariamente dinâmico e susceptível de comportar mudanças.

Viver é uma mutação contínua e o homem, como

agente de sua existência, é um ser em movimento e adaptação permanente às

múltiplas mudanças de seu ser, sua história e seu ambiente.

Como a vida, o crescimento e o desenvolvimento

humano em geral, o ensino também deve caracterizar-se pelo evolucionismo, a

mutabilidade e a expansão.

A aprendizagem não significa apenas experimentar

fatos e situações, embora experiência direta e ativa tenha formidável

importância, mas significa, também extrapolar “sentir” e associar experiências,

dados e situações.

RELAÇÃO: EMISSOR / RECEPTOR A criança que, freqüentemente, não atende às

recomendações ou ordens que lhe são dirigidas, finge não ouvir ou responde

mal humorada ou irritada, fazendo birra, alterando ou retardando, segundo sua

vontade, o cumprimento da ordem, com o mais absoluto desprezo pôr quem a

emite, evidentemente foi levada a incorporar essa atitude pelos hábitos de uma

comunicação mal utilizada.

Não se pode tornar uma criança simplesmente

obediente porque o adulto (educador / pais) sabe mais, manda mais, grita mais

ou tem mais força ou autoridade.

Uma criança não se torna obediente ou desobediente

num dia. O ato de obedecer constitui um processo, como esta sendo construída

essa relação, a comunicação entre pais / filhos, educador / educando. Tem

raízes que começam nos primeiros meses de vida e que se projetam pela vida

afora. A boa comunicação é necessária à vida, porque ela é parte integrante da

disciplina que rege as relações ditas humanas. A comunicação que resulta do

que se faz emitir e receber, não valendo-se da força, da autoridade, mas sim no

sentido desejável, que não é anular um direito, não é espezinhar, nem

humilhar, nem tolher a liberdade da expressão que é necessária na formação

da personalidade.

A criança é o fruto exclusivo da má comunicação e

cabe aos que com ela convivem combater as causas que predisponham à

desobediência, agressividade, que é às vezes, um ato de represália, de

vingança, outras vezes apenas, disciplina, desatenção ou simplesmente

manifestação de uma relação (educador / pais) de uma única via.

Desde os primeiros meses de vida, desde as ordens

mais simples, deve-se cultivar nos pequeninos o hábito da boa comunicação, de

atender o que lhe é solicitado ou ordenado sem vacilações ou protelações. No

começo da vida eles tem que ser levados a obedecer sem que lhe sejam dadas

muitas e quase nenhuma explicações. Muitas vezes é preciso até fazer uso de

alguns tipos de comunicação mais incisivas. (A criança pequena não poderá

compreender o perigo de morte a que estará sujeita, se trepar numa janela de

certa altura).

É preciso impedi-la, mesmo à força, se necessário.

Neste momento a comunicação de maneira clara, objetiva sem ficar repetindo a

ordem a toda a hora, sem desdizer, sem fazer concessões, que logo levam ao

hábito de uma comunicação sem respeito.

A medida que a idade aumenta, já é possível ir

conduzindo a criança a uma forma refletida em relação a comunicação, sem

admitir discussões ou imposições que permitam vacilações ou anulações da

ordem.

Então mais tarde quando a criança souber fazer uso

da comunicação adequada, pelo respeito dado e recebido que é oferecido pelo

(educador / pais), quando já tiver a compreensão para apresentar argumento

que possam ser considerados serenamente.

É preciso que se compreenda que a comunicação

para ser feita não significa gritar, ralhar, falar com mau humor ou grosseria.

Muitas vezes pode ser na brincadeira, na descontração, no toque no olhar, no

afeto, no cuidado.

É indispensável incorporar na criança a noção da

comunicação solta, afetiva que é necessária e que pode ser cumprida, sem

qualquer restrição.

Para tanto tem que despertar na criança a sensação

dos frutos da comunicação e que podem ser usado na vida inteira, em qualquer

espaço, tempo e relação.

Uma comunicação bem articulada será uma

confirmação de confiança mútua entre pais / filhos, educador / educando, mas

nunca enfraquecimento da autoridade.

EDUCADOR

Afinal, quem é esta pessoa tão odiada , temida e

criticada que tem em suas mãos a responsabilidade de transmitir os primeiros

passos de uma longa estrada?

Quem é essa pessoa, na maior parte das vezes mal

preparada para exercer função tão relevante e humilhante e degradado muitas

e muitas vezes pelas múltiplas situações escolares desumanas e insolúveis e

sempre angustiado e atormentado quando não desesperado?

Relacionar-se adequadamente e sadiamente com o

educando significa reconhecer sua individualidade, atender suas necessidades

específicas e sensibilizar-se diante de suas expectativas.

Se o educador conhecer as formas peculiares do

pensamento e das emoções do educando na fase em que está vivendo poderá

considerar com justeza as diferenças individuais. Conhecer o educando é o

mesmo que compreendê-lo e aceitá-lo exatamente como é. Se o educador

conseguir entendê-lo, perceberá que muitas das inexplicáveis coisas que o

educando faz são fáceis de entender e que muitas delas, imperdoáveis à

primeira vista, são fáceis de esquecer.

Mais importante que levar o aluno a desempenhar-se

bem nos estudos, é conduzi-lo à percepção de si mesmo, de seus valores e de

seus limites.

É imprescindível que cada educando veja a si próprio

na mais completa perspectiva possível. Este é um trabalho difícil que o

educador deve ter a coragem de empreender: a ele cabe a tarefa de auxiliar o

educando na descoberta de habilidades genuínas. A ele cabe a função de

despertar possibilidades latentes e de deflagrar processos potencialmente

existentes.

Entretanto, por insegurança ou para evitar toda

inovação pedagógica, o educador entrincheira-se, às vezes, através dos

imperativos.

O educador participativo não se deixa vencer ou

paralisar pela burocracia ou por objetivos pouco pedagógicos. Faz parte de suas

metas a criação de um campo de forças no qual a educação se processa

sobretudo pela instalação e vivência de múltiplas possibilidades de opções.

Alguns educadores tendem por uma necessidade de

práticas rotineiras e por institucionalizar para esquematizações rígidas que

simplesmente fazem como sua tarefa, e mecanizar a atividade educativa, dando

falsa impressão de tranqüilidade.

EDUCAÇÃO

Neste momento de acelerada expansão da tarefa

educativa por todo o país, tornou-se indispensável ao educador, mais que o

domínio do conteúdo, o conhecimento completo e integrado de tudo quanto

compõe um ser humano em formação. Isto significa que, antes de

conhecimentos específicos, o profissional de Ensino Fundamental deve,

necessariamente, saber das motivações humanas, intuir as necessidades vitais

do educando e conhecer com largueza as diversas fases da evolução psico-

física da criança, para enfim, ter condições de explorar suas potencialidades de

uma forma sensível e lúcida.

O mundo cresceu vertiginosamente nos últimos

anos. O uso tecnológico e científico do saber contribuiu para a ocorrência dessa

exploração em termos de universalidade de conhecimentos e aumento da

demografia mundial. Nesse processo irreversível e incontido, o saber rompeu

com os distanciamentos humanos. O que, há algum tempo atrás, era longínquo

ou remoto, até misterioso, para uma grande parte, agora é parte comum do

dia-a-dia, invade a escola, a família e se constitui parcela irremovível do

universo mágico das crianças.

Se as distâncias, no tempo e no espaço, nem sempre

ocasionaram, no passado, o binômio ação-reação, atualmente qualquer ação

humana, por mais simples e particular que seja, envolve uma resposta imediata

e de natureza social. Até mesmo a omissão constitui um envolvimento

psicológico e uma ação conseqüente, muitas vezes perigosa.

No momento atual, “o homem pode viver com uma

consciência de si sem precedentes e seu dever é fazê-lo. E se há, na sociedade,

uma pessoa virtualmente agenciadora desta consciência em termos coletivos,

esse é o educador. Consciente de si e dos outros, o educador deveria tornar-se

o mais promissor agente de mudanças socioculturais de uma país.

Para tanto, além de formação técnico-cultural

específica e do espírito de investigação e aventura que devem condicioná-lo a

atualizar-se sempre num impulso natural, permanente e renovador, o educador

precisa transcender o caráter profissional de sua relação com o educando,

tornando-a mais pessoal e mais humana. Para isso, o educador deve estar

apto a dirigir o desenvolvimento, a aprendizagem e o ajustamento

indispensáveis à formação integral do educando, não só para elevar a qualidade

de seu trabalho, mas sobretudo para, concreta e finalmente, tentar promover

uma melhor qualidade de vida humana.

EDUCAÇÃO PSICOMOTORA

Verifica-se que sempre existem crianças que não

acompanham o ritmo acadêmico de sua colegas em sala de aula. Os motivos

são diversos, e vão desde problemas mais sérios de incapacidade intelectual,

até pequenas desadaptações que, quando não cuidados, se transformam em

verdadeiros obstáculos para a aprendizagem.

Muitos educadores, preocupados com o ensino das

primeiras letras, e não sabendo como resolver as dificuldades apresentadas por

seus educandos, várias vezes o encaminham para as diversas especialidades

que o rotulam como “doentes”, incapazes ou preguiçosos. Na realidade, muitas

dessas dificuldades poderiam ser resolvidas dentro da própria sala da escola,

mas precisamente dentro de sala de aula.

Um bom desenvolvimento psicomotor proporciona ao

educando algumas das capacidades básicas a um bom desempenho escolar,

dando-lhe recursos para que se saia bem na escola, aumentando seu potencial

motor.

A educação psicomotora tem como objetivo utilizar

do movimento para atingir outras aquisições mais elaboradas, como as

intelectuais.

Propondo uma forma de reeducação das crianças

que possuem dificuldades. Esses exercícios são realizados coletivamente em

sala de aula e tem como objetivo auxiliá-las a vivenciarem melhor o seu corpo.

Outro objetivo é auxiliá-las a se conscientizarem de

seu esquema corporal e adquirir uma maior interiorização dos movimentos e

dos principais conceitos educacionais, necessários para um bom

desenvolvimento intelectual.

A educação psicomotora também pode ser aplicada

para o educador, pais, separadamente ou articulados em um trabalho de

conscientização e orientação e auto reconhecimento. Proporcionando a ambos

um melhor conhecimento da criança, facilitando assim a obra educativa.

Quando os educadores e pais se entrosam de forma

harmoniosa, a personalidade da criança tende a alcançar um crescimento

equilibrado. A cooperação dos pais, no trabalho escolar, seja para assuntos

banais ou de suma importância é de grande necessidade para a criança

reforçando assim os seus objetivos a serem alcançados.

Com a educação psicomotora o trabalho com pais e

educadores pode proporcionar um crescimento da criança, gerando afeto,

cuidado com os seus pertences, troca com o colega, amizade, onde todos

esses pontos seriam desembocados na aprendizagem que é a grande meta do

educador e dos pais.

O trabalho articulado entre pais e educador

possibilitará à melhor compreensão das deficiências e falhas da criança e de

que o esforço conjugado e bem orientado de ambos resulte num tratamento

mais humano dos problemas ou dos males que afetam a criança, com

resultados mais satisfatórios para a sua aprendizagem.

Somente a ação conjunta, articulada, bem dirigida,

com espírito de compreensão e bom senso entre todos que têm o dever de

educar, poderá melhorar o nível de aprendizagem das crianças.

Se houver essa compreensão de perfeito

entendimento e cooperação educador e pais, prestigiando-se mutuamente,

desde o primeiro contato da criança com o ambiente escolar, fracassos e

conflitos serão evitados na longa estrada que ela ainda terá a percorrer,

favorecendo-se o ajustamento desejável na família, na escola e na sociedade.

Com a educação psicomotora se tem mais recursos

(dinâmicas, jogos) para trabalhar com o educador que cobra das crianças

resultados, desempenhos, participação, caso não obtenham um resultado

esperado, o que lhes restam é rotula-los, pois se acham incapazes, chegando

ao seu limite onde se colocam numa posição da qual é a última alternativa

(encaminhamento).

A educação psicomotora dá uma infinidade de

articulações para trabalhar com educadores e pais, para que possam perceber o

movimento, o toque, olhar, a fala, o andar de seus educandos e seus filhos.

É percebido que o educador e os pais também têm

suas limitações, mas o que lhes restam é o cobrar somente dos educando ou

dos filhos, esquecendo de se olharem, se perceberem, se avaliarem até porque

o próprio desenvolvimento psicomotor, é tão precário, desconhecido, quanto de

seus educandos e filhos, ditos problemas.

Com a educação psicomotora é possível reeducar as

crianças e ou adultos (educador / pais). Onde esta parceria, só irá favorecer

duas outras relações (educador/ educando, pais /filho), para que se possam

ouvir os que essas crianças estão dizendo, mesmo que de forma diferente do

convencional.

CONCLUSÃO

Ser sensível ao educando e às situações escolares é,

das qualidades do educador, a que menos ele faz uso.

Sensibilizar-se com o educando desenvolver no

educador outras tantas qualidades nesta relação. Ele pode aproveitar e sentir

melhor os problemas e as questões levantada pelo educando, pode suscitar

outras tantas questões, ouvir as respostas e aprender com elas, lançar-se às

descobertas, encorajar outras possibilidades e respostas e, por fim, envolver-se

integralmente no processo da aprendizagem.

Ser afetuoso com o educando, identificar-se com ele,

é o início de um ensino prazeroso, significa para o educando uma ajuda efetiva

no sentido de encontrarem novas possibilidades, aproveitar oportunidades, ir

além do que ele já sabe e sente, daquilo que sempre vê e ouve, estabelecer

novas relações e associações e, talvez, expressar-se de maneiras diferente.

Se capaz de ouvir, de olhar, de perceber, de tocar,

significa o começo de um ensino humano e criativo. O educador que dá atenção

às perguntas do educando demonstra seu interesse pelos seus conteúdos,

elevando assim a capacidade de cada educando para construir a estrada

educacional.

O ato de ouvir, de olhar, de tocar, de sentir é

fundamental em qualquer relação, não só na escola, como em casa com os

pais. A importância que os pais têm na vida de uma criança, só irá fortalecer a

troca, a cumplicidade, o afeto, o reconhecimento, gerando assim uma relação

de confiança, segurança, alegria, paixão.

O ser humano não teme as dificuldades. Ele as sente

como desafios. O que o assusta é a insensibilidade e a ignorância circundantes.

A complexidade da vida na família, na escola, na

sociedade e em todo e qualquer grupo, constitui para a criança uma empreitada

que pode e deve necessariamente ser empreendida e vencida. A criança é o

sujeito de sua própria existência e nada a ofende tanto nem lhe é mais injusto

do que tratá-la como um simples membro do grupo escolar e familiar.

O afeto, a atenção, a dedicação são experiências

culminantes que tornam um processo em desenvolvimento constante e não um

processo que acontece uma vez e depois se imobiliza numa estrutura. O

respeito não consiste em algo fortuito e aleatório, e também não é sinônimo

de falta de autoridade para que se faça tudo o que bem se entenda. Respeito é

um direito humano inalienável que consiste no potencial de mudança e

crescimento, assim como na capacidade da nossa intencionalidade para, em

certa medida, guiar a direção e o montante desse crescimento”.

Quando o educador e os pais conquistarem esse

nível de humanidade pela expansão do amor, da inteligência, da força criadora

e do respeito, estarão finalmente, assumindo seu justo papel como agente de

mudanças socioculturais promissoras de uma maior qualidade para a vida de

uma criança.

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