TEMA: Educador x Educando (Parceria Educador x Pais)
PROBLEMA: Como melhorar a comunicação do Educador e Educando do nível
fundamental?
JUSTIFICATIVA: A comunicação do Educador vem a cada momento ficando
mais distante, precária, onde os professores ficam acuados, parecendo estarem
num ringue e não em uma sala de aula, que poderia ser um espaço bastante
gratificante para ambos os lados. Sendo um lugar de troca, de encontro, uma
relação altamente prazerosa.
HIPÓTESE: Existe desentendimentos, confrontos, autoritarismo, desânimo,
porque não transformar, em uma relação de via dupla, educador (emissor),
aluno (receptor), mas sem qualquer discriminação e críticas, onde essa parceria
poderia ser reforçada com a presença dos pais, responsáveis sem deixar a
“total responsabilidade” de educar nas mãos do educador, marcando assim a
sua plena existência nesse papel de orientador (pais).
OBJETIVO: Proporcionar uma melhor comunicação do educador e educando do
nível fundamental sem autoritarismo, e sim com aprendizado com muito
respeito, sabendo ouvir e ser ouvido.
DELIMITAÇÃO: A dificuldade da comunicação educador e educando é a falta
da presença dos pais, onde iria facilitar a relação, com o objetivo de auxiliar
ambos (educador / pais), no sentido do perfeito conhecimento da criança,
facilitando assim a aprendizagem.
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE
EDUCADOR X EDUCANDO Por: MARGARETE BARBOSA DE BRITO CAVALCANTI
Orientador Prof. Marco Antonio Chaves
Co-orientadora
Profa. Cristie Campello
Rio de Janeiro, RJ, julho/2001
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE
EDUCADOR X EDUCANDO
MARGARETE BARBOSA DE BRITO CAVALCANTI
Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção
do Grau de Especialização em Psicomotricidade
Rio de Janeiro, 28 de julho de 2001
Escola é...
... é lugar onde se faz amigos;
não se trata só de prédios, sala, quadros,
programas, horários, conceitos...
Escola é sobretudo gente...
gente que trabalha, que estuda, se alegra,
se conhece, se estima.
O diretor é gente, o professor é gente,
cada funcionário é gente, cada vez melhor,
cada pai é gente. A escola será cada vez melhor,
à medida que cada um se comporte como colega,
amigo e irmão. Nada de conviver com pessoas e depois
descobrir que não tem amizade a ninguém. Importante na escola não é
só estudar, não é só trabalhar, é também
criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem,
é conviver e se “amarrar nela”.
Ora, é lógico, numa escola assim, vai ser fácil estudar
trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se e SER FELIZ...
(Paulo Freire)
SUMÁRIO
Resumo ........................................................................................ 6
Introdução .................................................................................... 7
1. Comunicação............................................................................ 10
2. Aprendizagem ......................................................................... 13
3. Relação: Emissor x Receptor....................................................... 17
4. Educador .................................................................................. 20
5. Educação .................................................................................. 22
6. Educação Psicomotora ............................................................... 24
Conclusão ..................................................................................... 28
Bibliografia .................................................................................... 30
RESUMO
A comunicação entre Educador e Educando vem a
cada momento ficando mais distante, precária, onde os professores ficam
acuados, parecendo estarem num ringue e não em uma sala de aula, do qual
poderia ser um espaço bastante gratificante para ambos os lados. Sendo um
lugar de troca, de encontro, uma relação altamente prazerosa. Existe
desentendimentos, confrontos, autoritarismo, desânimo, porque não
transformar, em uma relação de via dupla, educado (emissor), aluno (receptor),
mas sem qualquer discriminação e críticas, onde essa parceria poderia ser
reforçada com a presença dos pais, responsáveis sem deixar a “total
responsabilidade” de educar nas mãos do educador, marcando assim a sua
plena existência nesse papel de orientador (pais). Proporcionar uma melhor
comunicação do educador e educando do nível fundamental sem autoritarismo,
e sim com aprendizado com muito respeito, sabendo ouvir e ser ouvido. A
dificuldade da comunicação educador e educando é a fala da presença dos pais,
onde iria facilitar a relação, com o objetivo de auxiliar ambos (educador / pais),
no sentido do perfeito conhecimento da criança, facilitando assim a
aprendizagem.
INTRODUÇÃO
Geralmente a falta de comunicação aparece, no lar,
na escola, na rua, enfim, na rotina da vida da criança. E porque se afiguram
insolúveis, pais e educadores ou lançam mão de medidas drásticas ou se
encolhem num condenável alheamento, desistindo da luta, deixando a criança
entregue a seus caprichos, tendências ou deficiências. Tais atitudes só agravam
o problema, nada constróem, não melhoram a situação, nem beneficiam a
criança.
Na verdade, muitos não tendo realmente um
preparo, ou sequer a intuição necessária, para a missão de educar, por um
sistema que seja condizente com o respeito devido a criança, isto é, com
dignidade humana, acham que só através de castigos todas as questões
educacionais são resolvidas.
É freqüente a queixa de pais e educadores em
relação “a criança de hoje”, como elemento indisciplinado, perturbador, incapaz
de obedecer, decidida a agir pôr seu livre arbítrio, sem qualquer noção de
respeito às ordens ou determinações superiores.
O fato hoje tão comum da ausência da mãe para o
trabalho, permanecendo fora do lar e que geralmente atende às necessidades
justas da família, sem dúvida também concorrido em grande parte, para
agravar o problema.
É interessante observar que todos os pais desejariam
sinceramente ensinar os filhos a serem ótimos filhos e ótimos cidadãos
(dependendo, naturalmente, do conceito que eles dão a esses valores).
Na verdade eles precisariam primeiro aprender a
serem realmente ótimos pais, ótimas pessoas. Mas quem os ensina a
prepararem-se para cumprir digna e acertadamente a missão do homem e da
mulher em toda vastidão do universo, porque do equilíbrio da família depende o
equilíbrio e o fortalecimento de todas as nações.
Sem ter a pretensão de resolver problemas tão
profundos, mas antes fazer uma análise consciente do assunto. Em primeiro
lugar, auto-analisar-se, fazer um sincero exame de consciência, sem vaidade,
sem amor-próprio, sem egoísmo, para verificar o que neles (educadores),
precisa ser modificado, antes de modificar a criança. Em segundo lugar que
busque o auxílio de outros profissionais (psicólogo, psicomotricista,
fonoaudiólogo, pediatras), enfim todos os profissionais que poderiam juntos
cuidar das crianças em parceria com o educador, visando a saúde (física e
emocional) da criança. Em terceiro lugar, que examine os fatos, mesmo os
destituídos de importância, mas que estejam se refletindo de forma negativa no
desenvolvimento, aprendizagem infantil.
É possível observar como se age com a criança, com
a sua comunicação: afagos desnecessários, ordens aos berro, irritação
freqüente, castigos inoportunos, mentiras, injustiças, intolerância, fraquezas,
humilhações, descomposturas na frente dos outros, brigas e troca de insultos
entre pai e mãe, pessoas da família, elogios exagerados, comentários,
lamentações, censuras, são fatos e que podem ser encontrados todos os dias, a
qualquer hora, pôr qualquer pessoa.
A criança é um espectador de todos os momentos.
Mesmo quando está brincando, parecendo estar mergulhada inteiramente em
seus interesses, suas “antenas”, estão captando tudo que se passa em torno
dela e, no momento oportuno, ela o comprovará.
O exemplo é a lição mais prontamente assimilada
pela criança. Para ela a afirmativa incoerente do “faça o que eu digo, não faça
o que eu faço”, é da mais absoluta incompreensão e do mais funesto efeito
educativo.
COMUNICAÇÃO
Na década de 70 que se começou a conceder uma
importância concreta ao fato de o homem ser ao mesmo tempo o produto e o
criador de sua sociedade e sua cultura. Tomou-se em conta que ele está
rodeado pelo meio ambiente físico mas, sobretudo, pelo meio ambiente social,
composto por outras pessoas com quem ele mantém relações de
interdependência.
A primeira reação ante a descoberta do homem
social foi aplicar-lhe os modelos mecanicistas e pragmáticos emergente das
ciências físicas e naturais. Acontece, porém, que estes modelos não conceituam
adequadamente os mecanismos e processos de interação psíquica e social
propriamente humanos. Consequentemente, métodos e procedimentos de
planejamento, organização, administração, capacitação, aplicados com a melhor
boa vontade, têm produzido formas manipulatórias e desumanas de trabalhar
com as pessoas.
No caso da Educação, assim como os cárceres e
outras instituições sociais, organizadas e manejadas segundo modelos espúrios,
não respeitam as características e necessidades da vida individual e social.
Currículos alienados da realidade (na remota
escolinha rural os alunos estudam a geografia da Europa mas não como cuidar
das plantas regionais), calendários escolares defasados do ciclos e ritmos vitais,
disciplinas estanques que dividem em retalhos problemas que aparecem
integrados e globais na vida diária, carteiras escolares distribuídas em militares
fileiras pouco propícias a comunicação, estes são alguns dos resultados do
planejamento educativo baseado em conceitos anacrônicos do homem social.
E a comunicação? Será que o modo de nossa
sociedade usar sua comunicação “social” responde às necessidades das pessoas
reais? Os meios de comunicação ajudam na tomada de decisões importantes.
Oferecem oportunidades de expressão a todos os setores da população.
Fornecem ocasiões de diálogo e de encontro. Estimulam o crescimento da
consciência crítica e da capacidade de participação. Questionam os regimes
políticos e as estruturas sociais que não respondem aos anseios de liberdade,
convívio, beleza, além de não satisfazer às necessidades básicas da população.
Um melhor conhecimento da comunicação pode
contribuir para que muitas pessoas adotem uma posição mais crítica e exigente
em relação ao que deveria ser a comunicação na sua sociedade.
Além disto, a compreensão do fascinante processo
da comunicação pode induzir alguns a gozar mais das infinitas possibilidades,
gratuitas e abertas, deste dom que se tem de se comunicar uns com os outros.
A comunicação não existe por si mesma, como algo
separado da vida da sociedade. Sociedade e comunicação são uma coisa só.
Não poderia existir comunicação sem sociedade, nem sociedade sem
comunicação. A comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, do
homem social.
A comunicação serve para que as pessoas se
relacionam entre si, transformando-se mutuamente e a realidade que as rodeia.
Sem a comunicação cada pessoa seria um mundo
fechado em si mesmo. Pela comunicação as pessoas compartilham
experiências, idéias e sentimentos. Ao se relacionarem como seres
interdependentes, influenciam-se mutuamente e, juntas, modificam a realidade
onde estão inseridas.
É preciso fazer uso de todo tipo de comunicação tais
como: palavras, gestos, objetos, pular, ajoelhar, lágrimas, aplausos, olhar,
olfato, toque, música, efeitos visuais. A realidade influi sobre o comunicar e o
comunicar influi sobre a realidade. Uma das maneiras de interagir com o meio
ambiente é a comunicação através dos canais disponíveis: olhos, pele, mãos,
língua, ouvido. Entretanto, a pessoa não emite tudo o que ela contém nem
recebe tudo o que a ela vem do meio ambiente.
A comunicação também tem como função de indicar
a qualidade da participação no ato de comunicar, devido aos papéis que as
pessoas tomam e impõem aos outros, desejos, sentimentos, atitudes, juízos e
expectativas trazem ao ato de comunicar.
O tom das palavras faladas, os movimentos do
corpo, a roupa que se veste, os olhares e a maneira de estreitar a mão do
outro, tudo tem algum significado, tudo comunica. Às vezes, até mesmo o
silêncio comunica. É possível afirmar que praticamente é impossível não se
comunicar.
APRENDIZAGEM
Os motivos humanos para aprender qualquer coisa,
seja escrever, dançar, fazer um bolo ou construir um foguete, são
profundamente interiores.
Para a criança desejar aprender tais e quais
conceitos ou operações, precisa ter em si motivos profundamente humanos que
desencadeiem tais aprendizagens.
Desejar evoluir na carreira escolar ou na vida faz
parte das necessidades da criança. A busca de reconhecimento de suas
capacidades constitui um dos motivos conscientes, mas, anterior a ele existe
intrínseca ao homem a necessidade biológica e mental de evoluir.
A criança é um ser que cresce e seu crescimento é
um processo contínuo do movimento interior e de desenvolvimento de funções
fisio-psicológicas.
Independentemente de sua vontade, ela cresce e
evolui pouco a pouco, seu corpo e sua mente vão amadurecendo (maturação) e
se preparando – prontidão para novas funções.
Este motivo interior, biológico e psíquico, move o ser
humano para estágios evolutivos cada vez maiores, mais diferenciados, mais
inteligentes, mais maturos, mais complexos e mais criativos.
A aprendizagem escolar depende, basicamente dos
motivos intrínsecos: uma criança aprende melhor e mais depressa quando
sente-se querida, amada, prestigiada, está segura de si e é tratada como um
ser singular.
Ela aprende melhor e mais depressa quando suas
necessidades básicas são atendidas convenientemente, se ela não está com
fome, nem tem sono, nem está cansada, doente ou nervosa, tende obviamente
a aprender melhor.
Se a tarefa escolar atender aos seus impulsos para a
exploração e a descoberta, se o tédio e a monotonia forem banidos da escola,
se o educador, além de falar, souber ouvir e se propiciar experiências diversas,
a aprendizagem infantil será melhor, mais rápida e mais persistente.
Se a aprendizagem não for triste, nem restrita,
autoritária e/ou vulgar, o educando aprenderá. Se o educador for sensível, essa
relação com confiança, respeito e troca e, sem rispidez, nem autoridade, vai
assumir a orientação dela sem coibir seus movimentos externos ou interiores, a
aprendizagem se efetuará com sucesso.
O educador que fala e fala e fala, não terá êxito
algum junto ao educando. Se o conteúdo que lhe é ensinado tiver fins explícitos
e se caracterizar por um mínimo de vivacidade, o educando por sua vez
também será objetivo e dinâmico.
Ao educador não cabe, absolutamente, fazer tudo,
dispor tudo ou saber tudo. Há muito tempo já o educador deixou de ser o
centro do ensino, autoridade suprema.
Agora o centro da educação é o educando, e suas
motivações são, ainda que virtualmente, o que deveriam ser, na realidade de
todos os dias, os verdadeiros pilares da aprendizagem.
Para que a aprendizagem ocorra em um nível
construtivo com prazer é preciso não só haver motivos interiores, mas também
que se possam ser utilizados no processo da aprendizagem.
É através da aprendizagem que o ser humano
ajusta-se ou transforma o meio em que vive.
A aprendizagem não significa apenas experiência,
embora a qualquer tipo de aprendizagem corresponda uma conseqüência: a
mudança.
A aprendizagem sempre e, invariavelmente, supõe
mudança de comportamento e, não só isso, quanto mais passível de suscitar
mudanças e um fato ou situação, maior motivação terá o educando para
envolver-se.
Isto significa que o ensino para alcançar êxito, deve
ser necessariamente dinâmico e susceptível de comportar mudanças.
Viver é uma mutação contínua e o homem, como
agente de sua existência, é um ser em movimento e adaptação permanente às
múltiplas mudanças de seu ser, sua história e seu ambiente.
Como a vida, o crescimento e o desenvolvimento
humano em geral, o ensino também deve caracterizar-se pelo evolucionismo, a
mutabilidade e a expansão.
A aprendizagem não significa apenas experimentar
fatos e situações, embora experiência direta e ativa tenha formidável
importância, mas significa, também extrapolar “sentir” e associar experiências,
dados e situações.
RELAÇÃO: EMISSOR / RECEPTOR A criança que, freqüentemente, não atende às
recomendações ou ordens que lhe são dirigidas, finge não ouvir ou responde
mal humorada ou irritada, fazendo birra, alterando ou retardando, segundo sua
vontade, o cumprimento da ordem, com o mais absoluto desprezo pôr quem a
emite, evidentemente foi levada a incorporar essa atitude pelos hábitos de uma
comunicação mal utilizada.
Não se pode tornar uma criança simplesmente
obediente porque o adulto (educador / pais) sabe mais, manda mais, grita mais
ou tem mais força ou autoridade.
Uma criança não se torna obediente ou desobediente
num dia. O ato de obedecer constitui um processo, como esta sendo construída
essa relação, a comunicação entre pais / filhos, educador / educando. Tem
raízes que começam nos primeiros meses de vida e que se projetam pela vida
afora. A boa comunicação é necessária à vida, porque ela é parte integrante da
disciplina que rege as relações ditas humanas. A comunicação que resulta do
que se faz emitir e receber, não valendo-se da força, da autoridade, mas sim no
sentido desejável, que não é anular um direito, não é espezinhar, nem
humilhar, nem tolher a liberdade da expressão que é necessária na formação
da personalidade.
A criança é o fruto exclusivo da má comunicação e
cabe aos que com ela convivem combater as causas que predisponham à
desobediência, agressividade, que é às vezes, um ato de represália, de
vingança, outras vezes apenas, disciplina, desatenção ou simplesmente
manifestação de uma relação (educador / pais) de uma única via.
Desde os primeiros meses de vida, desde as ordens
mais simples, deve-se cultivar nos pequeninos o hábito da boa comunicação, de
atender o que lhe é solicitado ou ordenado sem vacilações ou protelações. No
começo da vida eles tem que ser levados a obedecer sem que lhe sejam dadas
muitas e quase nenhuma explicações. Muitas vezes é preciso até fazer uso de
alguns tipos de comunicação mais incisivas. (A criança pequena não poderá
compreender o perigo de morte a que estará sujeita, se trepar numa janela de
certa altura).
É preciso impedi-la, mesmo à força, se necessário.
Neste momento a comunicação de maneira clara, objetiva sem ficar repetindo a
ordem a toda a hora, sem desdizer, sem fazer concessões, que logo levam ao
hábito de uma comunicação sem respeito.
A medida que a idade aumenta, já é possível ir
conduzindo a criança a uma forma refletida em relação a comunicação, sem
admitir discussões ou imposições que permitam vacilações ou anulações da
ordem.
Então mais tarde quando a criança souber fazer uso
da comunicação adequada, pelo respeito dado e recebido que é oferecido pelo
(educador / pais), quando já tiver a compreensão para apresentar argumento
que possam ser considerados serenamente.
É preciso que se compreenda que a comunicação
para ser feita não significa gritar, ralhar, falar com mau humor ou grosseria.
Muitas vezes pode ser na brincadeira, na descontração, no toque no olhar, no
afeto, no cuidado.
É indispensável incorporar na criança a noção da
comunicação solta, afetiva que é necessária e que pode ser cumprida, sem
qualquer restrição.
Para tanto tem que despertar na criança a sensação
dos frutos da comunicação e que podem ser usado na vida inteira, em qualquer
espaço, tempo e relação.
Uma comunicação bem articulada será uma
confirmação de confiança mútua entre pais / filhos, educador / educando, mas
nunca enfraquecimento da autoridade.
EDUCADOR
Afinal, quem é esta pessoa tão odiada , temida e
criticada que tem em suas mãos a responsabilidade de transmitir os primeiros
passos de uma longa estrada?
Quem é essa pessoa, na maior parte das vezes mal
preparada para exercer função tão relevante e humilhante e degradado muitas
e muitas vezes pelas múltiplas situações escolares desumanas e insolúveis e
sempre angustiado e atormentado quando não desesperado?
Relacionar-se adequadamente e sadiamente com o
educando significa reconhecer sua individualidade, atender suas necessidades
específicas e sensibilizar-se diante de suas expectativas.
Se o educador conhecer as formas peculiares do
pensamento e das emoções do educando na fase em que está vivendo poderá
considerar com justeza as diferenças individuais. Conhecer o educando é o
mesmo que compreendê-lo e aceitá-lo exatamente como é. Se o educador
conseguir entendê-lo, perceberá que muitas das inexplicáveis coisas que o
educando faz são fáceis de entender e que muitas delas, imperdoáveis à
primeira vista, são fáceis de esquecer.
Mais importante que levar o aluno a desempenhar-se
bem nos estudos, é conduzi-lo à percepção de si mesmo, de seus valores e de
seus limites.
É imprescindível que cada educando veja a si próprio
na mais completa perspectiva possível. Este é um trabalho difícil que o
educador deve ter a coragem de empreender: a ele cabe a tarefa de auxiliar o
educando na descoberta de habilidades genuínas. A ele cabe a função de
despertar possibilidades latentes e de deflagrar processos potencialmente
existentes.
Entretanto, por insegurança ou para evitar toda
inovação pedagógica, o educador entrincheira-se, às vezes, através dos
imperativos.
O educador participativo não se deixa vencer ou
paralisar pela burocracia ou por objetivos pouco pedagógicos. Faz parte de suas
metas a criação de um campo de forças no qual a educação se processa
sobretudo pela instalação e vivência de múltiplas possibilidades de opções.
Alguns educadores tendem por uma necessidade de
práticas rotineiras e por institucionalizar para esquematizações rígidas que
simplesmente fazem como sua tarefa, e mecanizar a atividade educativa, dando
falsa impressão de tranqüilidade.
EDUCAÇÃO
Neste momento de acelerada expansão da tarefa
educativa por todo o país, tornou-se indispensável ao educador, mais que o
domínio do conteúdo, o conhecimento completo e integrado de tudo quanto
compõe um ser humano em formação. Isto significa que, antes de
conhecimentos específicos, o profissional de Ensino Fundamental deve,
necessariamente, saber das motivações humanas, intuir as necessidades vitais
do educando e conhecer com largueza as diversas fases da evolução psico-
física da criança, para enfim, ter condições de explorar suas potencialidades de
uma forma sensível e lúcida.
O mundo cresceu vertiginosamente nos últimos
anos. O uso tecnológico e científico do saber contribuiu para a ocorrência dessa
exploração em termos de universalidade de conhecimentos e aumento da
demografia mundial. Nesse processo irreversível e incontido, o saber rompeu
com os distanciamentos humanos. O que, há algum tempo atrás, era longínquo
ou remoto, até misterioso, para uma grande parte, agora é parte comum do
dia-a-dia, invade a escola, a família e se constitui parcela irremovível do
universo mágico das crianças.
Se as distâncias, no tempo e no espaço, nem sempre
ocasionaram, no passado, o binômio ação-reação, atualmente qualquer ação
humana, por mais simples e particular que seja, envolve uma resposta imediata
e de natureza social. Até mesmo a omissão constitui um envolvimento
psicológico e uma ação conseqüente, muitas vezes perigosa.
No momento atual, “o homem pode viver com uma
consciência de si sem precedentes e seu dever é fazê-lo. E se há, na sociedade,
uma pessoa virtualmente agenciadora desta consciência em termos coletivos,
esse é o educador. Consciente de si e dos outros, o educador deveria tornar-se
o mais promissor agente de mudanças socioculturais de uma país.
Para tanto, além de formação técnico-cultural
específica e do espírito de investigação e aventura que devem condicioná-lo a
atualizar-se sempre num impulso natural, permanente e renovador, o educador
precisa transcender o caráter profissional de sua relação com o educando,
tornando-a mais pessoal e mais humana. Para isso, o educador deve estar
apto a dirigir o desenvolvimento, a aprendizagem e o ajustamento
indispensáveis à formação integral do educando, não só para elevar a qualidade
de seu trabalho, mas sobretudo para, concreta e finalmente, tentar promover
uma melhor qualidade de vida humana.
EDUCAÇÃO PSICOMOTORA
Verifica-se que sempre existem crianças que não
acompanham o ritmo acadêmico de sua colegas em sala de aula. Os motivos
são diversos, e vão desde problemas mais sérios de incapacidade intelectual,
até pequenas desadaptações que, quando não cuidados, se transformam em
verdadeiros obstáculos para a aprendizagem.
Muitos educadores, preocupados com o ensino das
primeiras letras, e não sabendo como resolver as dificuldades apresentadas por
seus educandos, várias vezes o encaminham para as diversas especialidades
que o rotulam como “doentes”, incapazes ou preguiçosos. Na realidade, muitas
dessas dificuldades poderiam ser resolvidas dentro da própria sala da escola,
mas precisamente dentro de sala de aula.
Um bom desenvolvimento psicomotor proporciona ao
educando algumas das capacidades básicas a um bom desempenho escolar,
dando-lhe recursos para que se saia bem na escola, aumentando seu potencial
motor.
A educação psicomotora tem como objetivo utilizar
do movimento para atingir outras aquisições mais elaboradas, como as
intelectuais.
Propondo uma forma de reeducação das crianças
que possuem dificuldades. Esses exercícios são realizados coletivamente em
sala de aula e tem como objetivo auxiliá-las a vivenciarem melhor o seu corpo.
Outro objetivo é auxiliá-las a se conscientizarem de
seu esquema corporal e adquirir uma maior interiorização dos movimentos e
dos principais conceitos educacionais, necessários para um bom
desenvolvimento intelectual.
A educação psicomotora também pode ser aplicada
para o educador, pais, separadamente ou articulados em um trabalho de
conscientização e orientação e auto reconhecimento. Proporcionando a ambos
um melhor conhecimento da criança, facilitando assim a obra educativa.
Quando os educadores e pais se entrosam de forma
harmoniosa, a personalidade da criança tende a alcançar um crescimento
equilibrado. A cooperação dos pais, no trabalho escolar, seja para assuntos
banais ou de suma importância é de grande necessidade para a criança
reforçando assim os seus objetivos a serem alcançados.
Com a educação psicomotora o trabalho com pais e
educadores pode proporcionar um crescimento da criança, gerando afeto,
cuidado com os seus pertences, troca com o colega, amizade, onde todos
esses pontos seriam desembocados na aprendizagem que é a grande meta do
educador e dos pais.
O trabalho articulado entre pais e educador
possibilitará à melhor compreensão das deficiências e falhas da criança e de
que o esforço conjugado e bem orientado de ambos resulte num tratamento
mais humano dos problemas ou dos males que afetam a criança, com
resultados mais satisfatórios para a sua aprendizagem.
Somente a ação conjunta, articulada, bem dirigida,
com espírito de compreensão e bom senso entre todos que têm o dever de
educar, poderá melhorar o nível de aprendizagem das crianças.
Se houver essa compreensão de perfeito
entendimento e cooperação educador e pais, prestigiando-se mutuamente,
desde o primeiro contato da criança com o ambiente escolar, fracassos e
conflitos serão evitados na longa estrada que ela ainda terá a percorrer,
favorecendo-se o ajustamento desejável na família, na escola e na sociedade.
Com a educação psicomotora se tem mais recursos
(dinâmicas, jogos) para trabalhar com o educador que cobra das crianças
resultados, desempenhos, participação, caso não obtenham um resultado
esperado, o que lhes restam é rotula-los, pois se acham incapazes, chegando
ao seu limite onde se colocam numa posição da qual é a última alternativa
(encaminhamento).
A educação psicomotora dá uma infinidade de
articulações para trabalhar com educadores e pais, para que possam perceber o
movimento, o toque, olhar, a fala, o andar de seus educandos e seus filhos.
É percebido que o educador e os pais também têm
suas limitações, mas o que lhes restam é o cobrar somente dos educando ou
dos filhos, esquecendo de se olharem, se perceberem, se avaliarem até porque
o próprio desenvolvimento psicomotor, é tão precário, desconhecido, quanto de
seus educandos e filhos, ditos problemas.
Com a educação psicomotora é possível reeducar as
crianças e ou adultos (educador / pais). Onde esta parceria, só irá favorecer
duas outras relações (educador/ educando, pais /filho), para que se possam
ouvir os que essas crianças estão dizendo, mesmo que de forma diferente do
convencional.
CONCLUSÃO
Ser sensível ao educando e às situações escolares é,
das qualidades do educador, a que menos ele faz uso.
Sensibilizar-se com o educando desenvolver no
educador outras tantas qualidades nesta relação. Ele pode aproveitar e sentir
melhor os problemas e as questões levantada pelo educando, pode suscitar
outras tantas questões, ouvir as respostas e aprender com elas, lançar-se às
descobertas, encorajar outras possibilidades e respostas e, por fim, envolver-se
integralmente no processo da aprendizagem.
Ser afetuoso com o educando, identificar-se com ele,
é o início de um ensino prazeroso, significa para o educando uma ajuda efetiva
no sentido de encontrarem novas possibilidades, aproveitar oportunidades, ir
além do que ele já sabe e sente, daquilo que sempre vê e ouve, estabelecer
novas relações e associações e, talvez, expressar-se de maneiras diferente.
Se capaz de ouvir, de olhar, de perceber, de tocar,
significa o começo de um ensino humano e criativo. O educador que dá atenção
às perguntas do educando demonstra seu interesse pelos seus conteúdos,
elevando assim a capacidade de cada educando para construir a estrada
educacional.
O ato de ouvir, de olhar, de tocar, de sentir é
fundamental em qualquer relação, não só na escola, como em casa com os
pais. A importância que os pais têm na vida de uma criança, só irá fortalecer a
troca, a cumplicidade, o afeto, o reconhecimento, gerando assim uma relação
de confiança, segurança, alegria, paixão.
O ser humano não teme as dificuldades. Ele as sente
como desafios. O que o assusta é a insensibilidade e a ignorância circundantes.
A complexidade da vida na família, na escola, na
sociedade e em todo e qualquer grupo, constitui para a criança uma empreitada
que pode e deve necessariamente ser empreendida e vencida. A criança é o
sujeito de sua própria existência e nada a ofende tanto nem lhe é mais injusto
do que tratá-la como um simples membro do grupo escolar e familiar.
O afeto, a atenção, a dedicação são experiências
culminantes que tornam um processo em desenvolvimento constante e não um
processo que acontece uma vez e depois se imobiliza numa estrutura. O
respeito não consiste em algo fortuito e aleatório, e também não é sinônimo
de falta de autoridade para que se faça tudo o que bem se entenda. Respeito é
um direito humano inalienável que consiste no potencial de mudança e
crescimento, assim como na capacidade da nossa intencionalidade para, em
certa medida, guiar a direção e o montante desse crescimento”.
Quando o educador e os pais conquistarem esse
nível de humanidade pela expansão do amor, da inteligência, da força criadora
e do respeito, estarão finalmente, assumindo seu justo papel como agente de
mudanças socioculturais promissoras de uma maior qualidade para a vida de
uma criança.
BIBLIOGRAFIA
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