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1 Tópicos laboratoriais e/ou exercícios (11. o Parte) Hélio Marcos Fernandes Viana Tema: Defeitos de superfície (continuação da introdução ao gerenciamento de pavimentos) Conteúdo da aula 1 Introdução 2 Causas dos defeitos de forma geral, e importância do diagnóstico correto dos defeitos (ou importância da descrição correta dos defeitos) 3 Terminologia (ou nomenclatura) dos defeitos 4 Indicação individual de cada defeito no pavimento e determinação de sua provável causa 5 Atividades de manutenção e reabilitação do pavimento

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Page 1: Tema: Defeitos de superfície (continuação da introdução ao ... · Deve-se atentar para as seguintes situações quando for realizar a restauração ou manutenção de pavimentos:

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Tópicos laboratoriais e/ou exercícios (11.

o Parte)

Hélio Marcos Fernandes Viana

Tema:

Defeitos de superfície (continuação da introdução ao gerenciamento de pavimentos)

Conteúdo da aula

1 Introdução

2 Causas dos defeitos de forma geral, e importância do diagnóstico correto dos defeitos

(ou importância da descrição correta dos defeitos)

3 Terminologia (ou nomenclatura) dos defeitos

4 Indicação individual de cada defeito no pavimento e determinação de sua provável

causa

5 Atividades de manutenção e reabilitação do pavimento

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1 Introdução

Segundo a norma DNIT 005-TER-2003, os defeitos de superfície são os danos (ou deteriorações) na superfície dos pavimentos asfálticos que podem ser identificados a olho nu e classificados segundo uma terminologia normatizada. OBS. Olho nu é uma expressão que indica a não utilização de lupas, ou lentes de aumento, ou a observação com equipamentos especiais. O levantamento dos defeitos de superfície tem por finalidade avaliar o estado de conservação dos pavimentos asfálticos. O levantamento dos defeitos da superfície do pavimento embasa ou dá subsídios para: a) Diagnosticar (ou descrever) a situação funcional do pavimento; e b) Definir a solução mais adequada para restaurar o pavimento. 2 Causas dos defeitos, de forma geral, e importância do diagnóstico correto dos defeitos (ou importância da descrição correta dos defeitos) 2.1 Surgimento dos defeitos no pavimento Os defeitos no pavimento podem surgir precocemente, ou mais cedo, devido: - A erros de projeto do pavimento; - A erros de execução do pavimento; - A erros na dosagem dos materiais utilizados na camada asfáltica; - A erros na seleção de materiais adequados para produzir a camada asfáltica; e - Ao tráfego de caminhões excessivamente carregados. OBS. É difícil controlar o tráfego de caminhões excessivamente carregados, pois muitas rodovias não possuem balança de fiscalização. Os defeitos no pavimento podem surgir no pavimento a médio e a longo prazo devido: - Ao tráfego de veículos sobre o pavimento; - Ao efeito das intempéries (efeito devido ao clima), tais como: chuvas, altas temperaturas, baixas temperaturas; e - À oxidação (ou envelhecimento) do cimento asfático de petróleo (CAP), que reage com o oxigênio do ar e oxida (ou envelhece). OBS. Em pavimentos de concreto de cimento Portland costuma-se utilizar juntas de dilatação térmica para combater os efeitos danosos causados pelas altas temperaturas.

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2.1.1 Erros de projeto de pavimentos Como exemplo de erros no projeto de pavimentos, os quais podem causar defeitos precoce, ou mais cedo, no pavimento pode-se citar: - Subdimensionamento das camadas do pavimento inclusive da camada asfáltica; - Mau dimensionamento do sistema de drenagem, o que possibilita a penetração de água no pavimento; - Subdimensionamento do tráfego que atuará sobre o pavimento; e - Etc. 2.1.2 Erros de execução de pavimentos Como exemplo de erros de execução de pavimentos, os quais podem causar defeitos precoce, ou mais cedo, no pavimento pode-se citar: - Compactação inadequada das camadas de solo do pavimento, o que pode causar recalques ou afundamentos da pista, ou causar ruptura da pista; - Compactação deficiente da mistura asfáltica, o que pode gerar trincas de couro de jacaré na pista; - Falha na execução da pintura de ligação entre a base e a camada asfáltica, o que facilita o despelamento ou soltura da camada asfáltica e formação de buracos na pista; e - Etc. 2.2 Importância do diagnóstico correto (ou descrição correta do defeito) do defeito no pavimento O diagnóstico (ou descrição) do defeito no pavimento deve ser correta para que a alternativa de restauração do pavimento seja a mais adequada para o problema diagnosticado (ou descrito). Para corrigir um defeito em um pavimento, deve-se conhecer as prováveis causas do surgimento do defeito; Portanto, recomenda-se uma verificação in situ (ou no campo) dos problemas ou defeitos na superfície do pavimento. Deve-se atentar para as seguintes situações quando for realizar a restauração ou manutenção de pavimentos: a) Evitar colocar camada asfáltica de restauração delgada (ou fina) de elevada rigidez (ou elevado módulo de resiliência) sobre pavimento trincado, pois as trincas tendem a se propagar (ou refletir) de baixo para cima, ou da camada antiga para a nova camada de restauração. b) Evitar colocar camada asfáltica de restauração permeável sobre camada asfáltica muito trincada, pois a água pode atravessar a nova camada de restauração e penetrar nas trincas da camada antiga; o que pode facilitar o surgimento de trincas até mesmo buracos na nova camada de restauração.

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3 Terminologia (ou nomenclatura) dos defeitos Para classificação dos defeitos do pavimento utiliza-se a norma DNIT 005-TER-2003. Os tipos de defeitos catalogados pela norma brasileira e que são considerados como o indicador da qualidade do pavimento, ou seja, os defeitos considerados no cálculo do Índice de Gravidade (ou severidade) Global (IGG) são: - Fendas (F); - Afundamentos (A); - Corrugações ou ondulações transversais (O); - Exudação (Ex); - Desgaste ou desagregação (D); - Panela ou buraco (P); e - Remendos (R). O IGG ou o Índice de Gravidade (ou severidade) Global é um indicativo da qualidade da pista; Para obter o IGG, os defeitos da pista são transformados em números, os quais resultam em um valor do IGG para um trecho de pista. A Tabela 3.1 ilustra como se determina a condição de um trecho de pista com base no IGG. Tabela 3.1 - Determinação da condição de um trecho de pista com base no IGG

(DNIT 06/2003)

OBS. Maiores detalhes para o cálculo do IGG de pavimentos consulte Bernucci et al. (2008) e as normas: DNIT 003/2003; DNIT 006/2003 e DNIT 007/2003. A seguir, descrevem-se as características dos defeitos do pavimento citados anteriormente. i) As fendas (F) As fendas são aberturas na superfície asfática. As fendas são classificadas como fissuras, quando a abertura no asfalto é perceptível a olho nu a uma distância menor que 1,5 m. As fendas são classificadas como trincas, quando a abertura no asfalto é perceptível a olho nu a uma distância superior que 1,5 m.

Conceito para o trecho

de pistaIGG

Ótimo 0 < IGG 20

Bom 20 < IGG 40

Regular 40 < IGG 80

Ruim 80 < IGG 160

Péssimo IGG > 160

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As fendas são subdivididas, quanto à gravidade em 3 (três) classes, as quais são: - Fendas classe 1, são fendas com abertura não superior a 1 mm; - Fendas classe 2, são fendas com abertura superior a 1 mm; e - Fendas classe 3, são fendas com abertura superior a 1 mm e com desagregação ou erosão junto às bordas. Quanto ao tipo, as trincas isoladas podem ser: - Trincas transversais curtas (TTC); - Trincas transversais longas (TTL); - Trincas longitudinais curtas (TLC); - Trincas longitudinais longas (TLL); - Trincas de retração (TRR); - Trincas de bloco (TB), quando as trincas tendem a apresentar uma regularidade geométrica; - Trincas de bloco com erosão (TBE), quando as trincas tendem a apresentar uma regularidade geométrica, e também apresentam erosão junto às bordas das trincas causadas pelo bombeamento; - Trincas tipo couro de jacaré (J), são trincas que tem aparência do couro do jacaré; e - Trincas tipo couro de jacaré com erosão (JE), são trincas que tem aparência do couro do jacaré e apresentam erosão junto às bordas. OBS(s). a) Bombeamento é o processo de expulsão pelas trincas de finos misturado com água da base do pavimento; O bombeamento ocorre devido à pressão do tráfego sobre a base saturada de água, e a existência de trincas no pavimento; e b) No tópico 4 desta apresentação serão mostradas fotos, que ilustram os diversos tipos de trincas descritas. ii) Os afundamentos (A) Os afundamentos é um tipo de defeito da superfície asfáltica derivado (ou oriundo) de deformações permanentes; Seja causado por deformações permanentes do revestimento asfáltico, seja causado por deformações permanentes das camadas subjacentes ou do subleito. Os afundamentos são classificados como: - Afundamento por consolidação (AC) O afundamento por consolidação ocorre por densificação, ou compactação, em diferentes regiões do material do pavimento; - Afundamento por consolidação localizado (ALC) Ocorre quando o afundamento por consolidação devido à densificação, ou compactação, do material do pavimento é menor que 6 m; - Afundamento por consolidação longitudinal nas trilhas de roda (ATC) Ocorre quando o afundamento por consolidação devido à densificação, ou compactação, do material do pavimento é maior que 6 m; - Afundamentos plásticos (AP) Os afundamentos plásticos ocorrem principalmente devido à fluência (ou fluidez) do material asfáltico; e - Afundamento plástico longitudinal de trilha de roda (ATP) Ocorre no sentido longitudinal da pista devido à fluência (ou fluidez) do material asfáltico, e ocorre formação de trilhas de rodas e levantamento do asfalto na borda da trilha de roda.

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OBS. O excesso de ligante asfáltico mistura asfáltica associado a altas temperaturas na pista facilita a fluidez (ou movimentação) da massa asfáltica. iii) As corrugações (O) As corrugações (O) são deformações transversais ao longo do eixo da pista, geralmente, têm formas de ondas com cristas e depressões. Nas corrugações a distância entre duas cristas das ondas varia da ordem de centímetros a dezenas de centímetros. As corrugações são provavelmente causadas pela aceleração e desaceleração dos veículos pesados lentos em locais de rampa. iv) As ondulações (O) As ondulações (O) são, também, deformações transversais ao longo do eixo da pista, geralmente, têm formas de ondas com cristas e depressões. As ondulações são causadas por consolidação diferencial do subleito. Nas ondulações a distância entre duas cristas das ondas varia da ordem de 1 (um) metro ou mais. v) A exudação (Ex) A exudação é um defeito caracterizado pelo surgimento de ligante asfáltico em abundância na superfície da pista, o que causa manchas escurecidas na pista. A exudação é causada pelo excesso de ligante asfáltico na massa asfáltica. v) O desgaste ou desagregação (D) Desgaste ou desagregação é o desprendimento de agregados da massa asfáltica. vi) A panela ou buraco (P) Panela ou buraco é uma cavidade no revestimento asfáltico, podendo ou não atingir as camadas subjacentes (ou inferiores) do pavimento. vii) O remendo (R) O remendo é um tipo de defeito, apesar de estar relacionado com a conservação da superfície asfáltica. O remendo caracteriza-se pelo preenchimento de panelas, ou buracos, ou de qualquer outro orifício ou depressão na pista, que é realizado com massa asfáltica.

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viii) Outros defeitos na pista Além dos defeitos apresentados, anteriormente, também são considerados defeitos na pista, os quais merecem restauração os seguintes defeitos: - Escorregamento do revestimento asfáltico; - Bombeamento de finos; - Polimento dos agregados ou exposição dos agregados graúdos; - Trincas próximo ao acostamento; - Falhas do bico do espagidor de ligante asfáltico; - Desnível acentuado entre pista e acostamento; - Etc. 4 Indicação individual de cada defeito no pavimento e determinação de sua provável causa A seguir, serão apresentadas algumas fotos de defeitos na pista e a provável causa dos defeitos. A Figura 4.1 mostra a foto de uma trinca isolada longitudinal curta (TLC) na camada asfáltica, a qual é indicada pela seta. As trincas isoladas longitudinais curtas (TLC) são causadas por: - Temperatura de dosagem da mistura asfáltica, ou temperatura de compactação da mistura asfáltica fora das especificações normativas; e/ou - Envelhecimento (ou oxidação) do ligante asfáltico.

Figura 4.1 - Trinca isolada longitudinal curta (TLC) na camada asfáltica, a qual

é indicada pela seta

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A Figura 4.2 ilustra trincas longitudinais longas (TLL) na camada asfáltica, que é um defeito no pavimento, provavelmente, causado por: - Recalques diferenciais na pista; e/ou - Falha na compactação da pista, um lado da pista foi mais compactado que o outro; e/ou - Envelhecimento (ou oxidação) do ligante asfáltico.

Figura 4.2 - Trincas longitudinais longas (TLL) na camada asfáltica A Figura 4.3 mostra trincas de reflexão (TRR) na camada asfáltica, que é um defeito causado pela propagação (ou reflexão) de trincas oriundas da camada inferior. A Figura 4.4 ilustra trincas de bloco (TB) na camada asfáltica, que é um defeito no pavimento causado pela propagação (ou reflexão) das trincas da base ou camada inferior.

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Figura 4.3 - Trincas de reflexão (TRR) na camada asfáltica

Figura 4.4 - Trincas de bloco (TB) na camada asfáltica

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A Figura 4.5 mostra as trincas tipo couro de jacaré (J) na camada asfáltica, que é um defeito, provavelmente, causado por: - Fadiga causada por repetição de carga; e/ou - Envelhecimento (ou oxidação) do ligante asfáltico e perda da flexibilidade da massa asfáltica; e/ou - Excesso de temperatura na usinagem da mistura asfáltica; e/ou - Baixo teor de ligante asfáltico na mistura asfáltica; e/ou - Etc.

Figura 4.5 - Trincas tipo couro de jacaré (J) na camada asfáltica A Figura 4.6 ilustra um conjunto de trincas longitudinais longas (TLL) na camada asfáltica, que é um defeito no pavimento causado pelo umedecimento da base por infiltração da água pelo acostamento, e também pela ação do tráfego. A Figura 4.7 mostra uma trinca de retração térmica na camada asfáltica, que é um defeito causado pela atuação de baixas temperaturas sobre a pista. Pode-se observar na parte superior da Figura 4.7, que o talude da rodovia, ainda, se encontra coberto neve.

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Figura 4.6 - Conjunto de trincas longitudinais longas (TLL) na camada asfáltica

Figura 4.7 - Trinca de retração térmica na camada asfáltica

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A Figura 4.8 ilustra um afundamento por consolidação em trilha de roda (ATC) na camada asfáltica, que é um defeito no pavimento causado pela compactação, ou aumento da densidade, das camadas subjacentes à camada asfáltica. Pode-se observar, na Figura 4.8, que, após uma chuva há concentração de água na trilha de roda formada pelo afundamento por consolidação. OBS. No afundamento por consolidação em trilha de roda, geralmente, desenvolvem-se trincas dentro da trilha de roda.

Figura 4.8 - Afundamento por consolidação em trilha de roda (ATC) na camada

asfáltica A Figura 4.9 mostra um afundamento por consolidação localizada (ALC) na camada asfáltica, que é um defeito, provavelmente, causado: - Pela baixa compactação do solo da base; e/ou - Pela infiltração de água na base, e aumento da deormabilidade (ou diminuição do módulo de resiliência) do material da base. Pode-se observar, na Figura 4.9, que na região do afundamento por consolidação a camada asfáltica apresenta trincas. A Figura 4.10 ilustra uma rodeira ou afundamento plástico nas trilhas de roda (ATP) na camada asfáltica, que é um defeito no pavimento, provavelmente, causado: - Pelo excesso de ligante asfáltico na mistura asfáltica; e/ou - Pelo excesso de finos (ou material de preenchimento) na mistura asfáltica; e/ou - Pelas altas temperaturas que causam a fluidez (ou movimentação) da massa asfáltica.

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Figura 4.9 - Afundamento por consolidação localizado (ALC) na camada

asfáltica

Figura 4.10 - Afundamento plástico nas trilhas de roda (ATP) na camada

asfáltica

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A Figura 4.11 mostra um escorregamento de massa asfáltica (E) da camada asfáltica, que é um defeito causado pelo excesso de ligante na massa asfáltica e pela ação do tráfego.

Figura 4.11 - Escorregamento de massa asfáltica (E) da camada asfáltica A Figura 4.12 ilustra um outro tipo de escorregamento da massa asfáltica, que é um defeito causado pela falta de pintura de ligação entre a base e acamada asfáltica. Figura 4.13 mostra a corrugação (O) na camada asfáltica, a qual são ondas com espaçamento pequeno entre as cristas das ondas (espaçamento de centímetros a dezenas de centímetros); Provavelmente, a corrugação (O) é um defeito no pavimento causado pela aceleração e desaceleração de veículos lentos e pesados em locais de rampa.

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Figura 4.12 - Escorregamento da massa asfáltica (E) causado pela falta de

pintura de ligação entre a base e acamada asfáltica

Figura 4.13 - Corrugação (O) na camada asfáltica, a qual são ondas com

espaçamento pequeno entre as cristas das ondas (espaçamento de centímetros a dezenas de centímetros)

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A Figura 4.14 ilustra uma exudação (Ex) na camada asfáltica, a qual é causada pelo excesso de ligante na massa asfáltica. A exudação é um defeito caracterizado pelo surgimento de ligante asfáltico em abundância na superfície da pista, o que causa manchas escurecidas na pista.

Figura 4.14 - Exudação (Ex) na camada asfáltica Figura 4.15 mostra a desagregação ou desgaste (D) dos agregados na pista, que é um defeito, provavelmente, causado: - Pela má adesividade ligante-agregado e ação do tráfego; e/ou - Pelo pouco teor de ligante na massa asfáltica. OBS. Desgaste ou desagregação é o desprendimento de agregados da massa asfáltica. A Figura 4.16 ilustra o polimento da pista ou exposição dos agregados graúdos da pista; O polimento é um defeito do pavimento causado pela má adesividade entre os agregados miúdos e o ligante asfáltico; Pois, os agregados miúdos se soltam devido à ação do tráfego.

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Figura 4.15 - Desagregação ou desgaste (D) dos agregados na pista

Figura 4.16 - Polimento da pista ou exposição dos agregados graúdos da pista

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A Figura 4.17 mostra uma panela ou buraco (P) no pavimento na fase inicial, quando ainda se concentra na camada asfáltica. A panela é um defeito no pavimento causado por: - Trincas no pavimento e ação do tráfego; e/ou - Má compactação da massa asfáltica; e/ou - Penetração de água na camada de base do pavimento; e/ou - Ausência de pintura de ligação entre a base e a massa asfáltica.

Figura 4.17 - Panela ou buraco (P) no pavimento na fase inicial, quando ainda

se concentra na camada asfáltica A Figura 4.18 mostra uma panela ou buraco (P) no pavimento em fase avançada, quando o buraco penetra na camada de base do pavimento. A panela é um defeito no pavimento causado por: - Trincas no pavimento e ação do tráfego; e/ou - Má compactação da massa asfáltica; e/ou - Penetração de água na camada de base do pavimento; e/ou - Ausência de pintura de ligação entre a base e a massa asfáltica. A Figura 4.19 ilustra um remendo (R) na camada asfáltica, o qual se distingue da pista. Apesar de ser uma atividade de conservação da pista os remendos são considerados um defeito no pavimento.

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Figura 4.18 - Uma panela ou buraco (P) no pavimento em fase avançada,

quando o buraco penetra na camada de base do pavimento

Figura 4.19 - Um remendo (R) na camada asfáltica A Figura 4.20 mostra a foto de uma pista com segregação (ou separação) de material. Observa-se, na Figura 4.20, que uma parte da pista que é brilhosa, há concentração de ligante, enquanto a outra parte da pista parece ocorrer desagregação (ou soltura) de material ou agregado.

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As prováveis causas do defeito tipo segregação (ou separação) do material da camada asfáltica são: - Excesso de ligante em alguns pontos da massa asfáltica, e falta de ligante em outros pontos da massa asfáltica; e/ou - Má usinagem da massa asfáltica; e/ou - Variações de temperatura na massa asfáltica, quando a massa asfáltica é distribuída na pista.

Figura 4.20 - Pista com segregação (ou separação) de material Figura 4.21 ilustra o bombeamento de finos na pista, ou seja, a subida de material fino da base misturado com água para pista. A causa do defeito bombeamento na pista associa-se: - A existência de trincas na pista; - A uma base saturada de água; e - Ao tráfego que aumenta a pressão da água na base e faz a água e os finos subirem para a superfície pelas trincas no pavimento. A Figura 4.22 mostra um defeito denominado falha de bico de espargidor (ou espalhador), que ocorre em camadas tipo tratamento superficial. As setas, na Figura 4.22, indicam os pontos em que ocorre a falha no bico do espargidor do ligante asfáltico, o que causa uma má aderência do agregado ao ligante asfáltico, resultando no desprendimento do agregado da massa asfáltica devido ao tráfego.

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Figura 4.21 - Bombeamento de finos na pista, ou seja, a subida de material fino

da base misturado com água para pista

Figura 4.22 - Falha de bico de espargidor (ou espalhador), que ocorre em

camadas tipo tratamento superficial

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Figura 4.23 ilustra um recalque diferencial na pista, que é um defeito no pavimento, provavelmente, causado: - Pela má compactação das camadas subjacentes do pavimento; e/ou - Pela má compactação do subleito do pavimento; e/ou - Pelo recalque por adensamento do subleito.

Figura 4.23 - Recalque diferencial na pista 5 Atividades de manutenção e reabilitação do pavimento A Tabela 5.1 mostra uma série de defeitos que ocorrem nos pavimentos de asfalto ou flexíveis, e indica algumas atividades de manutenção e reabilitação recomendadas para o pavimento. As atividades de manutenção têm por objetivo preservar ou manter o período para o qual o pavimento foi projetado, ou seja, evitar a deterioração precoce (ou antes do tempo) do pavimento. As atividades de reabilitação têm por objetivo aumentar o período para o qual o pavimento foi projetado, ou seja, aumentar a vida de projeto do pavimento.

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Tabela 5.1 - Algumas atividades de manutenção e reabilitação dos defeitos

Tipo de defeito Atividade de manutenção e reabilitação

Manutenção: Remendo do pavimento (em caso localizado);

Aplicação de lama asfáltica; ou aplicação de tratamento

superficial.

Reabilitação: Recapeamento do trecho.

Manutenção: Aplicação de selante, ou aplicação de tratamento

superficial, ou aplicação lama asfáltica, ou recapeamento fino.

Reabilitação: Recapeamento do trecho.

Manutenção: Tricas com abertura de 3 a 20 mm devem ser

limpas e receber selante.

Reabilitação: Trincas com abertura superior a 20 mm devem ser

reparadas com remendo.

Manutenção: Tricas com abertura de 3 a 20 mm devem ser

limpas e receber selante, ou receber aplicação de tratamento

superficial ou lama asfáltica.

Reabilitação: Recapeamento. Tricas maiores que 20 mm devem

receber remendo de tratamento superficial ou CAUQ de

granulometria fina.

Trincas transversais Manutenção: Utilizar selante para evitar entrada de água, que

causa enfraquecimento estrutural do pavimento.

Trincas nos bordos da pistaManutenção: Selagem da tricas com selante para evitar que a

água penetre no pavimento e cause enfraquecimento estrutural.

Manutenção: Execução de remendos.

Reabilitação: Retirada da capa asfáltica por fresagem,

nivelamento da pista e execução de nova capa asfáltica.

Manutenção: Execução de remendos (ou tapa buracos).

Reabilitação: Recapeamento da pista (ou reforço estrutural) após

a execução dos remendos.

Manutenção: Aplicação de lama asfáltica ou realização de um

tratamento superficial.

Reabilitação: Construção de uma camada fina sobre a camada

com polimento.

Manutenção: Realização de um tratamento superficial, ou

aplicação e compactação de areia quente a qual deve ser varrida

após a aplicação.

Reabilitação: Fesagem da capa asfáltica e reconstrução da capa

asfáltica com material de melhor qualidade

Exudação

Corrugação

Panelas ou buracos

Agregados polidos

Trinca por fadiga do revestimento (ou

trica couro de jacaré)

Trinca longitudinal

Trincas em bloco

Trinca por reflexão, trincas por

retração (devido a baixas

temperaturas)

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Tabela 5.1 - Algumas atividades de manutenção e reabilitação dos defeitos (Continuação)

Referências Bibliográficas A GUIDE TO THE VISUAL ASSESSMET OF PAVEMENT CONDITION -

Austroroads Publication N. AP-8/87. Sydney, Australia,1987. 76p. BERNUCCI, L. B.; MOTTA, L. M. G.; CERATTI, J. A. P.; SOARES, J. B.

Pavimentação asfáltica. Rio de Janeiro - RJ: Gráfica Imprinta, 2008. 501p. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT

005-TER: Defeitos nos pavimentos flexíveis e semi-rígidos: terminologia. Rio de Janeiro, 2003.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT

006-PRO: Avaliação objetiva da superfície de pavimentos flexíveis e semirígidos. Rio de Janeiro - RJ. 2003.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT

007-PRO: Levantamento para avaliação da condição de superfície de subtrecho homogênio de rodovias de pavimentos flexíveis e semirígidos para gerência de pavimentos e estudos de projetos. Rio de Janeiro - RJ. 2003.

FERNANDES JÚNIOR, J. L.; ODA, S.; ZERBINI, L. F. Defeitos e atividades de

manutenção e reabilitação em pavimentos asfálticos. São Carlos - SP: Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo, 1999. 101p.

MEDINA, J. Mecânica dos pavimentos. Rio de Janeiro - RJ: Universidade Federal

do Rio de Janeiro, 1997. 380p. NOGAMI, J. S.; VILLIBOR, D. F. Pavimentação de baixo custo com solos

lateríticos. São Paulo - SP: Editora Vilibor, 1995. 213p.

Tipo de defeito Atividade de manutenção e reabilitação

Manutenção: Aplicação de selante, ou aplicação de lama

asfáltica.

Reabilitação: Recapeamento com uma camada fina de asfalto

sobre a camada com o problema.

Bombeamento

Manutenção: Realização de drenagem profunda no pavimento, e

fresagem e reconstrução do trecho com problema de

bombeamento.

Manutenção: Preenchimento das depressões: Recapeamento

fino (nas fases iniciais), ou recapeamento espesso quando a

deformação for profunda.

Reabilitação: Fresagem e reconstrução da base e/ou da capa

asfáltica.

Remendo Reabilitação: Fresagem e reconstrução da capa asfáltica.

Desgaste ou desagregação

Deformação permanente

(Afundamento por Consolidação em

Trilha de Roda ATC; e Afundamento

Plástico nas Trilhas de Roda ATP)