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Curso PrØ-ENEM 7 Linguagens Tema A dissertação 1 Tópico de estudo Estrutura básica do texto dissertativo. Entendendo a competência Competência 1 – Demonstrar domínio da norma da língua escrita. A nota obtida nessa competência foi de 200 pontos. A candidata demonstra excelente domínio da norma padrão, não apresentando nenhum desvio gramatical leve e de convenções da escrita. Assim, o mesmo desvio não ocorre em várias partes do texto, o que revela que as exigências da norma padrão foram incorporadas aos hábitos linguísticos. Competência 2 – Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. A nota obtida nessa competência foi de 200 pontos. A candidata desenvolve muito bem o tema, explorando os seus principais aspectos. A redação contém uma argumen- tação consistente, revelando excelente domínio do tipo textual dissertativo-argumentativo. Isso significa que o texto está estruturado, por exemplo, com: uma introdução, em que a tese defendida é explicitada; argumentos que comprovam a tese, distribuídos em diferentes parágrafos; um parágrafo final com a proposta de intervenção funcionando como uma conclusão. Além disso, os argumentos defendidos não ficam restritos à reprodução das ideias contidas nos textos motivadores nem a questões do senso comum. Competência 3 – Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. A nota obtida nessa competência foi de 200 pontos. A candidata seleciona, organiza e relaciona informações, fatos, opiniões e argumentos pertinentes ao tema proposto de forma consistente, configurando autoria, em defesa de seu ponto de vista. Explicita a tese, seleciona argumentos que possam comprová-la e elabora conclusão ou proposta que mantenha coerência com a opinião defendida na redação. Percebe-se também uma visível preocupação da candidata em fazer referências a aspectos da realidade, o que leva a uma argumentação mais convincente e crítica. Competência 4 – Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumen- tação. A nota obtida nessa competência foi de 200 pontos. A candidata articula as partes do texto, sem inadequações na utilização dos recursos coesivos. É nítida a sequência de ideias, que vão sendo montadas de forma harmônica e gradual. Os conectivos são muito bem escolhidos, tanto no aspecto inter como intraparagrafal.

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Curso Pré-ENEM 7 Linguagens

Tema

A dissertação 1

Tópico de estudoEstrutura básica do texto dissertativo.

Entendendo a competênciaCompetência 1 – Demonstrar domínio da norma da língua escrita.

A nota obtida nessa competência foi de 200 pontos.A candidata demonstra excelente domínio da norma padrão, não apresentando nenhum desvio gramatical leve e de convenções da escrita. Assim, o mesmo desvio não ocorre em várias partes do texto, o que revela que as exigências da norma padrão foram incorporadas aos hábitos linguísticos.

Competência 2 – Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.

A nota obtida nessa competência foi de 200 pontos.

A candidata desenvolve muito bem o tema, explorando os seus principais aspectos. A redação contém uma argumen-tação consistente, revelando excelente domínio do tipo textual dissertativo-argumentativo. Isso signifi ca que o texto está estruturado, por exemplo, com: uma introdução, em que a tese defendida é explicitada; argumentos que comprovam a tese, distribuídos em diferentes parágrafos; um parágrafo fi nal com a proposta de intervenção funcionando como uma conclusão. Além disso, os argumentos defendidos não fi cam restritos à reprodução das ideias contidas nos textos motivadores nem a questões do senso comum.

Competência 3 – Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

A nota obtida nessa competência foi de 200 pontos.

A candidata seleciona, organiza e relaciona informações, fatos, opiniões e argumentos pertinentes ao tema proposto de forma consistente, confi gurando autoria, em defesa de seu ponto de vista. Explicita a tese, seleciona argumentos que possam comprová-la e elabora conclusão ou proposta que mantenha coerência com a opinião defendida na redação.

Percebe-se também uma visível preocupação da candidata em fazer referências a aspectos da realidade, o que leva a uma argumentação mais convincente e crítica.

Competência 4 – Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumen-tação.

A nota obtida nessa competência foi de 200 pontos.

A candidata articula as partes do texto, sem inadequações na utilização dos recursos coesivos. É nítida a sequência de ideias, que vão sendo montadas de forma harmônica e gradual. Os conectivos são muito bem escolhidos, tanto no aspecto inter como intraparagrafal.

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Competência 5 – Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

A nota obtida nessa competência foi de 200 pontos.

A candidata elabora proposta de intervenção clara e inovadora, relacionada à tese e bem articulada com a discussão

desenvolvida no texto. São explicitados os meios para realizá-la. Essa qualidade é bastante impactante no texto acima,

pois citam-se os serviços sociais, que precisam ser assegurados, o planejamento do Estado, assim como também as

campanhas governamentais. Isso demonstra a profundidade da visão cidadã da candidata e a relevância do tema

discutido.

Situações-problema e conceitos básicos

1. As informações sobre a redação do Enem

De acordo com o Edital, publicado em maio, o Inep garantiu, mais uma vez, a tipologia textual a ser cobrada no

próximo concurso:

A matriz de redação do Enem considera cinco competências cognitivas, que servem de referência para a

correção do texto elaborado pelos participantes do Exame. O texto referido é do tipo dissertativo-argumentativo e

deve ter de sete até o máximo de trinta linhas.

Nesse sentido, cabe-nos, neste primeiro momento, conhecer a estrutura mínima de avaliação textual:

a dissertação.

2. Tipo de Texto: Dissertação

Muitos estudantes apresentam um grande desconforto no que diz respeito ao modelo de texto cobrado pelo

vestibular. Tempo escasso, muitas ou poucas linhas, temas nem sempre tão compreensíveis, coletânea pobre são

alguns exemplos do tipo de preocupação que acomete os alunos. Entre as dificuldades, destaca-se a necessidade de

adequar-se a um modelo um tanto quanto técnico de texto: a dissertação.

Não há dúvidas de que esse tipo de texto apresenta uma série de características que mais parecem limites à

criatividade ou à liberdade do aluno. Porém, tal modelo não foi escolhido ao acaso. Com o crescimento da demanda

por um lugar no ensino superior e a relativamente pequena oferta de vagas nos cursos de qualidade, não é preciso

ser um gênio da lógica para compreender que a concorrência torna necessária uma avaliação comparativa justa. Ou

o mais perto da justiça que seja possível a um exame de que participam cerca de sessenta mil candidatos.

Dessa forma, os tais limites que assustam a todos nada mais são do que parâmetros de comparação. Afinal, como

seria possível colocar em uma ordem de qualidade textos tão distintos quanto um poema, uma descrição ou uma

carta administrativa? Não seria ainda mais injusto compará-los, hierarquizá-los com notas diferenciadas?

No entanto, persiste a crítica de que essa escolha das Bancas estaria privilegiando um aluno “mecanizado”, que

não pensa de forma independente ou que sabe apenas responder a estímulos óbvios. Tudo isso se torna exagero

adolescente quando olhamos as provas com atenção.

De fato, tanto a elaboração dos temas quanto a correção das provas pelas Universidades demonstram crescente

preocupação em medir o senso crítico, a inteligência estratégica, a concentração, a habilidade de articular idéias,

o uso diferencial dos dados da realidade, enfim, a capacidade de absorver a realidade em que vivemos e produzir

idéias sob a forma escrita.

Na realidade, portanto, as Bancas estão nos dizendo: é possível conciliar limite e liberdade. Trata-se, se

pensarmos bem, do grande desafio que nos é dado ao viver em sociedade. Em outros termos, precisamos entender

as regras do jogo, mas não devemos cair na chamada “receita de bolo”, quando copiamos um padrão, sem refletir

sobre ele.

Portanto, para cumprir com rigor nosso objetivo na Redação do vestibular, é necessário que conheçamos, em

primeiro lugar, quais são os tais limites. O primeiro deles é objeto desta ficha: o modelo dissertativo.

3. Características da Dissertação

O texto dissertativo é, por definição, aquele em que desenvolvemos um tema com o objetivo de esclarecer seus

aspectos principais e, eventualmente, apresentar nosso ponto de vista. Quando esse tipo de texto faz apenas um

panorama das idéias principais relativas ao tema, sem defender uma opinião específica, ele recebe a designação

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de dissertação expositiva; quando, ao contrário, o objetivo do autor é convencer os leitores de seu ponto de vista, trata-se de uma dissertação argumentativa.

Em geral, as provas de vestibular não costumam fazer menção a textos puramente expositivos. Espera-se que o candidato apresente senso crítico em sua redação e, para isso, nada melhor do que redigir uma argumentação propriamente dita. Assim, sempre que falarmos de dissertação, estaremos fazendo referência aos textos de caráter argumentativo, mesmo que essa denominação não seja explicitada.

a) Tema

Em qualquer prova de redação, há sempre um tema a ser desenvolvido. Isso se faz necessário a fim de que os textos de milhares de candidatos possam ser comparados segundo um critério comum. Por essa razão, qualquer fuga à proposta feita pela Banca é vista como falha grave, podendo, em muitos casos, levar à anulação da prova. Apesar do medo decorrente desse aspecto, é assustador o número de alunos que foge total ou parcialmente ao tema proposto, o que pode ser explicado pelas condições de tensão a que estão submetidos naquele momento. Assim, faz-se imprescindível ter toda concentração na interpretação da tarefa a ser executada.

b) Defesa de um ponto de vista

Considerando o caráter argumentativo de que falamos, não será difícil perceber que é necessário “tomar partido” em qualquer redação de vestibular. Assim como convencemos nossos pais a nos deixarem chegar tarde após uma festa, precisamos de todas as armas necessárias a levar o leitor a concordar — pelo menos em tese — com nossa opinião. Essa é uma tarefa que faz uso constante do raciocínio lógico e da organização das idéias.

Cumpre ressaltar, a esse propósito, que as Bancas não avaliam qual é o ponto de vista do candidato, uma vez que todos temos liberdade de pensamento. No entanto, como em sociedade não basta ter uma opinião, sendo preciso justificá-la e fundamentá-la, os examinadores procuram avaliar essas competências na correção das provas.

c) Linguagem Impessoal

Por se tratar de texto técnico, a dissertação deve tratar do tema proposto com uma linguagem impessoal. Além da credibilidade alcançada, obtém-se a vantagem de tornar a redação até mesmo mais consistente, ao tratar da opinião defendida como uma verdade indiscutível. É por essa razão que evitamos a 1ª pessoa do singular (“Eu”; “penso”; “na minha opinião” etc.), o que, além de tudo, seria redundante, uma vez que o texto é escrito por apenas uma pessoa e contém suas idéias.

d) Objetividade

Além da linguagem, espera-se que o redator de uma dissertação seja capaz de tratar o tema com critérios objetivos. Dito de outro modo, seria inadequado deixar-se influenciar por aspectos emocionais e religiosos, por exemplo, ao discutir um tema como a legalização do aborto. Embora existam razões respeitáveis do ponto de vista puramente irracional, eles não se combinam com o caráter exclusivamente racional da dissertação.

e) Modalidade Escrita / Padrão Culto

Ninguém precisa ter conhecimento profundo de gramática para saber que existem profundas diferenças entre uso oral do idioma e sua utilização escrita. Palavras como “aí” e “coisa”, por exemplo, só fazem sentido se houver um contexto físico que esclareça seus significados. A repetição de palavras, também, é fundamental em um diálogo, para que o assunto permaneça despertando atenção. Na escrita, entretanto, a imprecisão do vocabulário e as repetições lexicais, entre outros aspectos, constituem inadequações a serem evitadas.

Ao mesmo tempo, por se tratar de uma prova integrante da disciplina Língua Portuguesa, a redação deve ser produzida dentro dos limites da norma culta, ou seja, sem erros gramaticais. Isso não significa que precisemos ser sofisticados; um bom texto, claro e natural, pode fazer uso dessa norma e ser perfeitamente aceitável para o leitor comum.

f) Estrutura Lógica

Assim como uma conversa, um filme e um dia têm começo, meio e fim, também uma dissertação é dividida em etapas, denominadas respectivamente de introdução, desenvolvimento e conclusão. A cada uma corresponde uma função específica dentro da estratégia maior de convencer o leitor. Ao mesmo tempo, o desempenho de cada função pode ser feito de maneira original e inteligente, fugindo ao puro didatismo, conforme veremos depois.

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g) Qualidades

Um texto dissertativo que se enquadre nos parâmetros descritos até aqui não necessariamente “merece”

nota dez. Isso porque, nesse caso, o aluno estaria apenas cumprindo suas obrigações. Além dos aspectos

fundamentais, portanto, a redação “perfeita” deve apresentar coesão, clareza, coerência, concisão, profundidade,

senso crítico e criatividade. Não é pouco, sem dúvida. Por isso, não há mágica que faça um aluno redigir melhor

da noite para o dia. Apenas aos poucos, com dedicação e reflexão, será possível incorporar tantas qualidades

ao próprio texto.

4. Análise de texto dissertativo

Observe a redação abaixo e seus respectivos comentários:

Variações linguisticas

Os artistas do final do século XIX estavam presos à formalidade, à cânones que moldavam suas formas de expressão e comunicação. Por sua vez, no breve século XX, como diria Hobsbawn, os artistas entendiam as variações linguísticas existentes como um ambiente culturalmente rico, que poderia ser explorado dentro da arte, assim como as vanguardas europeias e o modernismo no Brasil. Assim, a língua e as transformações sociais caminham juntas.

É necessário perceber a importância da gramática normativa para a comunicação. Para isso, foi instituído um novo acordo ortográfico que criou uma unidade em relação à escrita para todas as comunidades que usam o português. Mas, a língua é a principal característica cultural de um povo, logo, o controle desse mecanismo é exercido por ele.

As variações da língua são necessárias para o desenvolvimento da língua, mas também da literatura como arte. Visto que algumas regiões possuem características linguísticas específicas deve-se entender suas particularidades para entender os costumes e cultura daquela região. No Brasil, por exemplo, Guimarães Rosa, representou o sertão nordestino principalmente através da linguagem especifica da região. Com tal estratégia, Guimarães conseguiu representar as relações humanas e sociais daquela região.

Dessa forma, entende-se que a transformação linguística é importância da sua comunidade. Tendo em vista que o francês, o espanhol, o italiano e o português são originados do latim, fica claro que a troca entre línguas é essencial para o desenvolvimento delas. O contato entre culturas também traz mudanças imediatas, como a criação de novos vocábulos como xampu e abajur, por exemplo. Essas mudanças favorecem a comunicação dentro da sociedade, pois a interlocução é privilegiada pelo aumento do número de palavras.

Conclui-se que se deve entender que a mudança da língua é inerente à ela como é necessária para o desenvolvimento das artes e da comunicação. Assim, é necessário que o governo invista para que o povo conheça a variedade da língua dentro de sua própria linguagem. É um absurdo que ainda exista preconceito linguístico em pleno século XXI, sendo necessário mudarmos nossas atitudes antes que seja tarde demais para as variações linguísticas.

COMENTÁRIOS SOBRE A REDAÇÃO

O tema A LÍNGUA E AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS refere-se, especificamente, à linguagem verbal e

como essa é influenciada pelas transformações sociais. No caso da análise do texto pela banca do ENEM, a proposta

deve ser problematizada e o candidato deve aderir a um posicionamento específico em relação a ela, visto que se

trata de um texto dissertativo-argumentativo.

Além disso, a banca cobra uma proposta efetiva de intervenção para a problemática, bem como não admite

infração aos direitos humanos, os quais devem ser valorizados e respeitados ao longo do texto.

Sob essa perspectiva, o redator do texto “Variações linguísticas”, em uma visão global, não foge do tema, mas

também não trabalha seu posicionamento de forma clara. Em primeiro lugar, ele deveria ter se preocupado em

construir um clímax argumentativo, o que não foi feito, uma vez que não houve a organização dos parágrafos em

relação à força argumentativa dos mesmos. Em segundo lugar, no parágrafo de introdução, o redator não expôs sua

tese de forma adequada, sem trabalhar de forma completa a sua ideia. Em terceiro lugar, não houve a preocupação

com a regularidade da paragrafação ao longo do texto, o que pode ser visto pela discrepância dos tamanhos dos

parágrafos, especialmente o primeiro de desenvolvimento. Isso acarretou uma falha argumentativa do parágrafo

em questão, visto que ficou superficial e limitado.

Quanto à argumentação, em geral, as ideias estão desorganizadas e, em alguns pontos, mal formuladas,

enfraquecendo o poder de convencimento do redator. Em alguns momentos, como no terceiro parágrafo de

desenvolvimento, a exemplificação excessiva e faltosa de explicação resultou na perda de teor argumentativo e na

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caracterização de um parágrafo expositivo. Já no segundo parágrafo de desenvolvimento, a utilização de informações

incorretas (“sertão nordestino”) fez com que o redator fosse desautorizado, uma vez que não demonstrou domínio

completo sobre o assunto tratado.

Em relação à conclusão, o momento mais falho de todo texto, não houve o cumprimento das características

típicas de uma conclusão estilo ENEM, pois a proposta de intervenção foi vaga e pouco objetiva, o que não condiz

com os critérios exigidos pela banca. Além disso, não houve a retomada da tese exposta na introdução, ocasionando

a falta de um texto-circuito.

No texto “Variações linguísticas”, embora não tenham sido encontradas marcas de oralidades, o redator não

deveria ter utilizado palavras e expressões que indicam pessoalidade (“absurdo”, por exemplo). Essa característica,

por sua vez, não deve ser encontrada nesse tipo de texto, o qual deve ser escrito de forma objetiva e sem subjetividade,

mesmo que exija uma opinião concreta do candidato. Além disso, foram observados alguns erros gramaticais

referentes à colocação pronominal, utilização de vírgulas e crases.

Itens para avaliação

5. Exercício

5.1 A proposta temática abaixo foi exigida por uma famosa banca de vestibular:

O cartum abaixo usa o recurso do humor para sugerir um tipo de relação entre o homem e os meios de

comunicação.

MILLÔR FERNANDES www2.uol.com.br

Para você, os meios de comunicação devem sofrer alguma forma de

controle, ou todo controle representa uma censura indevida?

Observe o texto argumentativo abaixo produzido por um candidato:

Monstros lutando com a informação

A imprensa de Gutenberg ajudou no processo e na fundação da imprensa contemporânea. Com a facilidade da difusão, os meios de comunicação se desenvolveram e atuaram de maneira primordial para o avanço da liberdade inicial. Essa relação entre mídia, informação e poder sempre foi controversa, em função do poder subversivo e controlador hipnotizante da primeira. A mídia é também veiculadora de informação e portadora de dados importantes para a opinião pública.

Os meios de comunicação escondem a percepção fundamental de que toda visão da realidade é uma visão da realidade. A pesquisa pode ser radical, o dado é verdadeiro e o jornalista é sério, mas, mesmo nesse mundo perfeito, o recorte torna a informação parcial. A informação pode ser tomada apenas, então, como um recorte, uma ideia comprometida.

Nesse sentido, é estranha a problemática encontrada com relação a temas tão polêmicos quanto a liberdade dos meios. Quando se exige democracia, liberdade de informação, o que se quer é pluralidade de visões. Ela não pressupõe

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que exista uma visão absoluta e a maioria chegará a ela. O sistema político vigente visa alcançar o mais próximo da justiça a partir da ligação entre visões e de interpretações do real e os meios de comunicação possibilitam essas diversas possibilidades de olhares. Quanto mais olhar, menos lugares enegrecidos em uma sociedade historicamente marcada pela injustiça baseada no discurso de poder.

Portanto, a liberdade de imprensa não deve ser questionada em nenhum sentido, já que é uma conquista. Obviamente excessos são cometidos pelos jornais. Entretanto, com a percepção de que existe uma realidade plural, a melhor forma de combater uma visão única é apresentar a diversidade. O perigoso, nesse caso, é surgir o monstro do autoritarismo que ronda. Política e internet, por exemplo, podem se ajudar reciprocamente em uma evolução que é necessária e deve ser constante, tornando qualquer controle uma afronta a um quadro que queira ser um conjunto de fragmentos libertários.

A partir da leitura crítica da redação, responda às questões:

1. Em uma dissertação argumentativa, uma das funções básicas do primeiro parágrafo, o de introdução, além de contextualizar o tema é também o de apresentar a tese – o posicionamento a respeito do tema. Na sua opinião, o candidato executou essa tarefa com perfeição? Justifique a sua resposta, tecendo um comentário crítico.

2. Observe o segundo parágrafo do texto, o primeiro de DESENVOLVIMENTO:

“Os meios de comunicação escondem a percepção fundamental de que toda visão da realidade é uma visão da realidade. A pesquisa

pode ser radical, o dado é verdadeiro e o jornalista é sério, mas, mesmo nesse mundo perfeito, o recorte torna a informação parcial.

A informação pode ser tomada apenas, então, como um recorte, uma ideia comprometida.”

É perceptível nele uma falha no que diz respeito à construção coesiva dos períodos. Não há um elo semântico bem montado. Porém, além dessa falha, pode-se apontar também algo relacionado ao argumento em si. Qual a sua avaliação da qualidade do argumento? É convincente? Construa sua resposta com a devida justificativa.

3. Na conclusão dissertativa, é comum ratificar a visão defendida ao longo do texto a fim de fechar seu teor argumentativo. No entanto, essa retomada da tese tem que ser feita de maneira ampla para que todos os argumentos sejam contemplados.

O parágrafo em análise na redação acima cumpriu com eficácia tais comandos? Justifique a sua resposta.

Anotações

Solução comentada dos itens

1. Uma falha ainda aparece no parágrafo. O redator demonstra entendimento claro do tema, mas se limita a expô-lo. A introdução deve pelo menos prenunciar a tese, sugerir uma linha de abordagem, se não quiser apresentar o posicionamento na íntegra.

2. A ideia que sustenta a tese deve ser aprofundada. No desenvolvimento em questão, o argumento baseado na parcialidade da imprensa é apenas repetido de maneira constante. Não há explicações sobre o tópico frasal. O redator poderia também aprofundar as ideias trabalhadas com alguma outra estratégia como a causa e a consequência, por exemplo. O desenvolvimento, ainda, não apresenta nenhum recurso criativo que o diferencie da média. Nenhuma estratégia de texto circuito foi pensada previamente.

3. Não. O principal problema da conclusão em questão é afirmar a tese com uma séria restrição do tema. A UERJ em 2008 propôs uma abordagem ampla na questão da informação ao usar o termo “meios de comunicação”. O redator afirmou uma tese que não abrange todo o tema e ainda não abarca os argumentos apresentados porque trata apenas da imprensa. A banca examinadora poderia considerar uma restrição parcial, que seria atenuada pelo fato de a abordagem no texto todo ter sido ampla.

4. Não houve pertinência, pois o termo “monstro do autoritarismo” não faz sentido com o restante do parágrafo e não encontra par em nenhum momento do texto.

5. O parágrafo em questão apresenta uma ideia argumentativa e ela é aprofundada com certa competência. Entretanto, o trecho apresenta alguns erros estruturais. Há, a princípio, um desequilíbrio de tamanho na relação entre esse desenvolvimento e os outros parágrafos. Provavelmente isso aconteceu porque ele foi bem aprofundado. Além disso, a coesão com o segmento anterior se dá de maneira muito explícita e com um período esvaziado de sentido. Isso torna o texto mais burocrático. Vale a pena, nesse momento, elaborar uma frase que retome parcialmente a ideia anterior, dando o

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gancho para o prosseguimento do argumento. No terceiro período, a retomada acontece de forma ambígua. O pronome pessoa “Ela” pode se referir a mais de um termo anterior. Isso provoca uma falha coesiva. A melhor maneira de resolver isso é usar um sinônimo ou repetir a própria palavra, correndo o risco de provocar “eco”. O verbo visar está sendo utilizado no sentido de “ter como objetivo”. Nesse uso, ele é um verbo transitivo indireto. Então, ocorre um erro no critério de modalidade de língua portuguesa. No penúltimo período, aparece uma repetição: “possibilitam” e “possibilidade”. Pode-se usar um sinônimo também. É visível, ainda, a falta de um recurso diferencial.

Conceitos básicos e sua operacionalização

5.2. Depois de rever conteúdos desenvolvidos nesta fi cha, analise o tema abaixo e a redação apresentada.

Proposta de redação

Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema AS POLÍTICAS PÚBLICAS E O RESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS, apresentando proposta de conscientização social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

I. Coletânea

Leia com atenção os seguintes textos.

Abu Ghraib é aqui (fragmento)

SÃO PAULO - Deu na Anistia Internacional, a respeitada organização de defesa dos direitos humanos sediada em Londres: as torturas generalizadas nas delegacias e prisões do Brasil são comparáveis às praticadas mundo afora na chamada “guerra ao terror” dos EUA, tão criticada pelo governo brasileiro. Eu acho que as torturas aqui são piores. São brasileiros torturando brasileiros na nossa também falida “guerra ao crime”, sem que nenhuma autoridade mova uma pedra para efetivamente mudar a situação, sem que a sociedade civil mostre horror diante do conhecido fato, sem que o Congresso brasileiro, como ocorre com o dos EUA, investigue a fundo o flagelo de pardos, pretos e pobres em nossas jaulas. Mesmo o massacre de 111 detentos no Carandiru, em 1992, passou impune. Ninguém até hoje cumpriu pena pelas mortes. E o coronel que comandou a operação elegeu-se deputado por São Paulo.

MALBERGIER, Sérgio. Folha de São Paulo, 27/05/2004.

As teses, atos e fatos sobre as políticas públicas para as comunidades mais pobres estão dividindo ao meio a cidade. Da mesma forma a repressão à informalidade apenas com vistas à visibilidade para a classe média. As pesquisas de opinião mostram isso a cada tema levantado. E grave: induzindo (intencionalmente) a classe média a criminalizar os pobres. Situações como essas podem produzir rupturas "culturais", quebrando a sensação unitária de pertencimento à mesma cidade. Essa identidade sempre foi a do Rio, onde a desigualdade social pouco afetou a unidade espacial nas praias, nos campos de futebol, na música, nas festas... Uma sensação de não pertencimento à mesma cidade produz uma nova identificação ideológico-religiosa, que defina nitidamente uma fronteira. Isso leva a busca de novos referentes e valores, incluindo os meios de comunicação. Já está sendo assim, entre os mais pobres em relação à audiência da TV. E, isso, sem tocar no tema violência. Nesse caso, os exemplos são os mais diversos em tantos países, da América Central à França. Há que se avaliar muito, refletir muito, os desdobramentos de tais teses, atos e fatos.

Ex-Blog do César Maia

Motivado pela declaração do prefeito Eduardo Paes de que “a remoção das favelas não pode ser tabu”, o jornal O Globo lembrou que isso já aconteceu nas cercanias da Lagoa Rodrigo de Freitas:

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Ainda repercutindo essa declaração do atual prefeito, o site desse mesmo jornal propôs, na manhã do domingo

de Páscoa, uma enquete entre seus leitores: “Você é a favor da remoção das favelas?”. Mais de três mil pessoas

responderam à pergunta. 95% delas se disseram a favor.

Instruções

• O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.

• O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.

• A redação com até 7 (sete) linhas escritas será considerada insuficiente e receberá nota zero.

• A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero. A redação

que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas

copiadas desconsiderado para efeitos de correção.

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REDAÇÃO

Políticas democráticas

As políticas públicas são, essencialmente, formas de governar os países considerando as minorias. Cria-se projetos que promovem a inserção dos indivíduos que não tem acesso as formas de cultura erudita, pois não há investimento no setor educacional brasileiro, que comparado ao sistema privado, é deficiente. Logo, esta deficiência precisa ser mudada, uma vez que o Brasil é um país de todos e há muito tempo sofre com estas deficiências.

Entretanto, quando pensamos as práticas políticas nacionais, caímos no fato que nos remete a história brasileira anterior ao processo de democratização que se fez de modo excludente e elitista, voltada as classes urbanas sempre priorizadas pelos governantes brasileiros eleitos em eleições diretas. Isto é comprovado, por exemplo, com o governo de Getúlio Vargas presidente que se suicidou por buscar o segundo mandado.

Como visto acima, os mecanismos apresentados pelo poder público muitas vezes são variadas formas de obter sucesso no âmbito citado já que os individuos caracterizam-se de acordo com as ideologias apresentadas na década de 1930. A partir desse argumento percebemos o ciclo vicioso criado entre a busca do desenvolvimento sustentável e formas de conter os problemas sociais recorrentes nas favelas das grandes cidades.

Conclui-se que há a necessidade da criação de medidas de conscientização da população que deve lutar por seus direitos nas ruas, reinvindicando suas vontades diante do governo que não intercede pela sociedade. Portanto reivindicar significa ter uma visão crítica em relação ao governo, pois vivemos numa sociedade desigual e sem moral.

COMENTÁRIOS SOBRE A REDAÇÃO

Introdução

As políticas públicas são, essencialmente, formas de governar os países considerando as minorias. Cria-se projetos que promovem a inserção dos indivíduos que não tem acesso as formas de cultura erudita, pois não há

investimento no setor educacional brasileiro, que comparado ao sistema privado, é deficiente. Logo, esta deficiência

precisa ser mudada, uma vez que o Brasil é um país de todos e há muito tempo sofre com estas deficiências.

Comentário: O ttema ppropoosto appreseenta doois asssuntoss qque eests ão diriretammente rrelaccioi naddos, poorém nna coontexttualizaação

inntroduutóriaa é prreciso aborrdá-loss de maneeira coonjuntnta evitanndod , asssim, um ddesennvolvimmentoo tanggenciial ao temaa. O

caandidato, nno preesentee paráágrafoo, inttroduzz apennas umma daas quuestõees preesentees na propoosta. NNo âmmbitoo ideológicoo há

doois prroblemmas: o primmeiroo é a rreduçção daas pololíticass públicass apennas àss minooriass e o ssegunndo é a asssociaçção deesse

mmesmoo penssameento à criaçção dee projojetos, destininadoss aa qqueuemm nãoo tem acessso “àss formmas dee cultuura eeruditta”. AAlém

diisso, aa discuussãoo restrringe--se sommentte ao BBrasil, qque não é citaddoo direttamennte naa frasee temaa.

Noo aspeecto ggrammatical,l, há ddesvioos relalacionaados à ccono cordânância verbrbal naa voz passiviva sinntéticaa: “crria-se projeetos”

emm que obserrvammos umm sujeeito noo plurral e seueu respectivo predicadado no singugular; nno treccho “aacessso as fformaas de

cultltura eeruditta ”, ppontuaamos aa ausêência dod acentntoo grave – às forormas dee cultuura eruudita --, paraa indiicar aa funçãão doo

commplemmento nomiminal. NNo últitimo peeríodoo constatammosos uumm problemama de rereferênncia disiscursiiva: “eesta ddeficiêência””

não rer tomma anaaforicacamentnte nenhnhum ppene samemento anterior, como nnaa aplicaaçção dee ““essaa deficiêiênciaa””.

Sugestão de reescritura

Destinada à coletividade, as políticas públicas são o conjunto de diretrizes, normas e ações efetuadas pelo Estado

em busca de mudanças que favorecem o desenvolvimento social. Dessa forma, a melhoria na qualidade de vida nesse

âmbito auxilia na manutenção dos direitos básicos dos seres humanos. No entanto, em países emergentes, faltam

investimentos em políticas sociais, o que privilegia o setor econômico fazendo com que não ocorram mudanças

sociológicas.

Desenvolvimento 1

Entretanto, quando pensamos as práticas políticas nacionais, remetemo-nos à história brasileira anterior ao

processo de democratização que se fez de modo excludente e elitista, voltada as classes urbanas sempre priorizadas

pelos governantes brasileiros eleitos em eleições diretas. Isto é comprovado, por exemplo, com o governo de Getúlio

Vargas presidente que se suicidou por buscar o segundo mandado.

Comentário: Ininicic almentnte,e há a uttililizização inadequ dada a dada ccononjjunção “entretanntoto”” que exprpressa, prpreedomininantemmente,

uma ded sconnsts ruçããoo de ideiaias s anteriormementnte apresentadas. Sua aplicaçãçãoo aantecipada oocasiona a uuma opoposiçãoo ddo quuee

fof i expoposto naa tese, oo qque prejujudica a credibibililidadadede do textxto.o. HáHá, ainda, a supupeerposição o dde ideiaias em uum únnicico

peerír odo ee a utilizizaça ão inanaprp opriadda a dod contexto histórico do Estado Novo ccoomo recursrso de intnteerdiscipipllinaridadade,

cujaa clarezaa se perdde e em rellaçação ao texto.

ApA resesentam-sse e os desvivios gramaatiticais: a concordâdâncnciaia nnomominin lal e crase no trechoho ““ao procecesso de ddemocraattização.o...

vovoltada((o)o) as(às)) clc asses urrbab nas” em ququee o vocábulo “voltada” deve se relelacaciionar sinttatatiicamentee com “prprocessoo””; o

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emmpprego dodo pronoomme demononststrativo “istoto”,, qquando na verdade cabbereriaia em seu lugagar r o vocábubulol anafófórir co “isssos ”; o

eqequívococo no uso o ddo parônnimimo “mandadadodo”, que no contexto tem sentido de “mmanandad to”; o ppleleonasmoo ccaracteririzado ppela

utilizaçação doss vocábululoos “eleitooss em eleições” qqueue mmarca uma rededunundâdância.

Sugestão de reescritura

Pensar o desenvolvimento econômico implica direcionar esforços que incidem, sobretudo, nas relações

globais entre as nações. De acordo com Stuart Hall, sociólogo contemporâneo, há uma linha tênue entre aspectos

econômicos em relação às transformações sociais. Segundo o autor, essas caracterizam-se pela rediscussão da

identidade cultural e aqueles a partir de uma delineação capitalista, indissociáveis na contemporaneidade.

Desenvolvimento 2 Como visto acima, os mecanismos apresentados pelo poder público muitas vezes são variadas formas de obter

sucesso no âmbito citado já que os individuos caracterizam-se de acordo com as ideologias apresentadas na década de 1930. A partir desse argumento percebemos o ciclo vicioso criado entre a busca do desenvolvimento sustentável e formas de conter os problemas sociais recorrentes nas favelas das grandes cidades.

Comentário: A construção “como visto acima” é problemática, pois não estabelece textualmente uma relação semântica clara com as ideias apresentadas anteriormente, além de se caracterizar como uma forma de pouco engajamento do texto. Os três sintagmas “variadas formas”, “âmbito citado” e “ideologias apresentadas” apresentam-se de modo vago e pouco esclarecedor no parágrafo. Além disso, a expressão “ciclo vicioso” é um clichê bastante recorrente em textos argumentativos, uma vez que constitui um vício de linguagem, resolvido a partir de sua troca pela expressão equivalente “círculo vicioso”. Ainda, a estrutura adverbial “a partir desse argumento” é vaga, pois não há um embasamento sobre o qual podemos associar essa assertiva. Por fim, com a inserção do trecho “conter os problemas sociais recorrentes nas favelas das grandes cidades” há uma visão reducionista que nos remete a restrição dos problemas aos âmbitos recortados.No que tange à estruturação, observa-se a ausência de vírgulas: anterior à oração adverbial “já que os indivíduos caracterizam-se...”, posterior à construção adverbial “a partir desse argumento”. Também no vocábulo paroxítono “individuos ” não há a marcação gráfica na sílaba tônica, a saber, “indivíduos”.

Sugestão de reescritura

Pontua-se, por outro lado, o caráter problemático da implementação e do acompanhamento das políticas públicas, não pensadas a longo prazo. Nessa medida, as propostas paliativas tornam-se mecanismos atenuantes para a resolução das dificuldades de concentração de renda entre outras adversidades sociais. Por conseguinte, uma análise acerca dos resultados obtidos por meio desses planejamentos revela-nos a ausência na manutenção das medidas apresentadas.

Conclusão

Conclui-se que há a necessidade da criação de medidas de conscientização da população que deve lutar por seus direitos nas ruas, reinvindicando suas vontades diante do governo que não intercede pela sociedade. Portanto reivindicar significa ter uma visão crítica em relação ao governo, pois vivemos numa sociedade desigual e sem moral.

Comentário: Em um primeiro momento, localiza-se a expressão “conclui-se que” que revela pouco engajamento textual e constitui um clichê recorrente em textos argumentativos. Há um tom panfletário no primeiro período do texto, especificamente no trecho “criação de medidas de conscientização da população que deve lutar por seus direitos nas ruas”.Consnstata-sse a suupep rpososição ddas estruutut ras encaabebeçaçadas pela pprerepposição dee:: “a necesessidadede da crcriaçãoo de mmeedidaas ded cononscienntizaçãoão da poopup laçãão”o . Além ddisso, há um desvio ortográficoo eem relaçãçãoo à palalavra “rreeinvinnddicanddo”, quque éé grg afadada “reieivindiccana do”.”

Sugestão de reescritura

É pertinente que se fale na mescla das necessidades econômicas e sociais, pois ambas ainda são dicotômicas, quando postas em questão nas discussões internacionais. A fim de que essas demandas sejam interpoladas, devem-se redirecionar as propostas de cunho global, com o intuito de promover o acompanhamento social, de modo a preservar um desenvolvimento aplicado.

COMENTÁRIO GERAL

Com relação à contextualização temática da redação mediana, encontram-se algumas carências ligadas à abordagem: “Isto é comprovado, por exemplo, com o governo de Getúlio Vargas presidente que se suicidou por buscar o segundo mandado.” A utilização do dado histórico como inclusão de interdisciplinaridade ao texto, além de caracterizar uma falha relacionada diretamente à compreensão do texto, devido à falta de conexão das ideias

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propostas, demonstra também a argumentação sem fundamentação, pois não apresenta um desenvolvimento ao longo do parágrafo. Equívocos como esse podem ocasionar na perda de pontos nas competências 2 e 3 do ENEM,

principalmente interdisciplinaridade e argumentação, respectivamente.Ainda sobre a abordagem argumentativa, há alguns desvios sutis relacionados à colocação de alguns termos

como, por exemplo, “como visto acima”. A seleção inadequada desses vocábulos pode comprometer sua coesão. No entanto, não observamos problemas de coerência nesse texto, visto que as ideias estabelecem relação interna. Há, ainda, a restrição temática focada somente às questões brasileiras, assunto não explicitado especificamente na frase tema. Desse modo, sua abordagem pode ser considerada limitada, assim como sua interpretação e seu entendimento sobre a proposta.

Relacionados à norma culta, há alguns desvios, não tão marcantes, mas que podem acarretar, também, perda de poucos pontos na primeira competência – norma culta – como podemos ver em “mandado” e “ciclo vicioso”. A última, além de ser considerada uma expressão de utilização clichê, comprometendo o estilo criativo de seu texto, é escrita erroneamente, a saber, “círculo vicioso”. Embora as competências mais características do ENEM sejam interdisciplinaridade e proposta de intervenção, normal culta é igualmente pontuada, visto que todas as cinco competências tem o mesmo valor de pontuação: 200 pontos.

Sobre a conclusão da redação, há a exigência especificamente da elaboração de uma proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Entretanto, não são consideradas todas as propostas que apenas apresentem um tom interventivo. É preciso elaborar uma intervenção que seja concreta e viável, principalmente, além de objetiva e que não restrinja as ideias a nenhum grupo social, econômico ou político. Propor medidas apenas às escolas, ou governantes, por exemplo, além dessa restrição, apresenta a visão limitada acerca da problematização desenvolvida ao longo do texto. Apresentar, também, uma retomada clara de sua tese, atribui à sua redação a característica de boa compreensão textual além de uma conclusão coerente com seus argumentos.

UMA POSSÍVEL REDAÇÃO EXEMPLAR

Destinada à coletividade, as políticas públicas são o conjunto de diretrizes, normas e ações efetuadas pelo Estado em busca de mudanças que favorecem o desenvolvimento social. Dessa forma, a melhoria na qualidade de vida nesse âmbito auxilia na manutenção dos direitos básicos dos seres humanos. No entanto, em países emergentes, faltam investimentos em políticas sociais, o que privilegia o setor econômico fazendo com que não ocorram mudanças sociológicas.

Pensar o desenvolvimento econômico implica direcionar esforços que incidem, sobretudo, nas relações globais entre as nações. De acordo com Stuart Hall, sociólogo contemporâneo, há uma linha tênue entre aspectos econômicos em relação às transformações sociais. Segundo o autor, essas caracterizam-se pela rediscussão da identidade cultural e aqueles a partir de uma delineação capitalista, indissociáveis na contemporaneidade.

Pontua-se, por outro lado, o caráter problemático da implementação e do acompanhamento das políticas públicas, não pensadas a longo prazo. Nessa medida, as propostas paliativas tornam-se mecanismos atenuantes para a resolução das dificuldades de concentração de renda entre outras adversidades sociais. Por conseguinte, uma análise acerca dos resultados obtidos por meio desses planejamentos revela-nos a ausência na manutenção das medidas apresentadas.

É pertinente que se fale na mescla das necessidades econômicas e sociais, pois ambas ainda são dicotômicas, quando postas em questão nas discussões internacionais. A fim de que essas demandas sejam interpoladas, devem-se redirecionar as propostas de cunho global, com o intuito de promover o acompanhamento social, de modo a preservar um desenvolvimento aplicado.