tecnologias sociais como estratégia de desenvolvimento

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Tecnologias Sociais como Estratégia de Desenvolvimento Sustentável DaSilva, Ricardo Professor Universidade Católica de Brasília – UCB [email protected] Bilich, Feruccio Professor Titular Universidade de Brasília [email protected] RESUMO O objetivo desse trabalho é mostrar como as Tecnologias Sociais pode ser um instrumento valioso no desenvolvimento sustentável apoiado pelas instituições de tecnologias. As políticas públicas correspondem a um conjunto de programas estruturados nas áreas de educação, geração de trabalho e renda, cultura, saúde e meio ambiente e, têm por objetivo dar voz e direitos sociais as experiências que não teriam possibilidade de realização e ampliação em seu direcionamento. Portanto, devemos compreender a aplicação de conhecimentos científicos como vetor social transformador na construção de políticas publicas democráticas e participativas voltadas principalmente para a inclusão social. Será analisada a correlação entre a sociedade civil organizada produtiva e a interface inovadora das instituições de pesquisa para o desenvolvimento sustentável. No processo têm-se conseguido um despertar de interesse da sociedade produtiva em aplicar as tecnologias sociais para o desenvolvimento sustentável, apoiada pelas instituições de pesquisa principalmente com financiamento das instituições bancárias, nacionais e regionais como o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste Brasileiro. O objetivo para tal é promover a produção tecnológica a partir de metas estratégicas que devem integrar as políticas sociais e assegurar a articulação do papel do Estado nas instituições de pesquisas. 1. INTRODUÇÃO A dinâmica tecnológica mundial se transformou significativamente a partir dos anos 80. Desde essa década nota-se a aparição de variedades de inovações radicais e incrementais específicas em quase todos os setores de produção.

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Este arigo reporta o leitor para uma analise das possibilidades da tenologia social como prepulsor de um desenvolvimento sustentavel e promotar da equidade social. E da utilidade mister dos conhecimentso cientificos nesta logica, para a criaçao de politicas mais reais e quitativas.

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Tecnologias Sociais como Estratégia de Desenvolvimento

Sustentável

DaSilva, Ricardo Professor

Universidade Católica de Brasília – UCB [email protected]

Bilich, Feruccio Professor Titular

Universidade de Brasília [email protected]

RESUMO

O objetivo desse trabalho é mostrar como as Tecnologias Sociais pode ser um

instrumento valioso no desenvolvimento sustentável apoiado pelas instituições de

tecnologias.

As políticas públicas correspondem a um conjunto de programas estruturados nas áreas de

educação, geração de trabalho e renda, cultura, saúde e meio ambiente e, têm por objetivo

dar voz e direitos sociais as experiências que não teriam possibilidade de realização e

ampliação em seu direcionamento. Portanto, devemos compreender a aplicação de

conhecimentos científicos como vetor social transformador na construção de políticas

publicas democráticas e participativas voltadas principalmente para a inclusão social. Será

analisada a correlação entre a sociedade civil organizada produtiva e a interface inovadora

das instituições de pesquisa para o desenvolvimento sustentável. No processo têm-se

conseguido um despertar de interesse da sociedade produtiva em aplicar as tecnologias

sociais para o desenvolvimento sustentável, apoiada pelas instituições de pesquisa

principalmente com financiamento das instituições bancárias, nacionais e regionais como o

Banco do Brasil e o Banco do Nordeste Brasileiro. O objetivo para tal é promover a

produção tecnológica a partir de metas estratégicas que devem integrar as políticas sociais

e assegurar a articulação do papel do Estado nas instituições de pesquisas.

1. INTRODUÇÃO

A dinâmica tecnológica mundial se transformou significativamente a partir dos anos

80. Desde essa década nota-se a aparição de variedades de inovações radicais e

incrementais específicas em quase todos os setores de produção.

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A mudança de paradigma se caracterizou pela transformação da produção intensiva

de capital (energia e matéria prima) para tecnologias em informações e conhecimentos

(flexíveis e computadorizadas).

O modelo tecnológico liderado pela informação e comunicação (TIC) se constitui na

base de um rápido desenvolvimento tecnológico de produção e de comércio internacional,

tornando-se tecnologia dominante em todos os setores da sociedade.

Essa mudança de paradigma está afetando de forma desigual a países e setores da

economia como um todo onde são impostas novas exigências, que implicam em mudanças

tecnológicas e céleres transformações nas organizações e nas nações.

Dessa forma as tecnologias sociais originadas das Instituições de Pesquisa

Tecnológicas impulsionarão a contribuição para o desenvolvimento sustentável.

2. OBJETIVO

O objetivo desse trabalho é mostrar como as Tecnologias Sociais pode ser um

instrumento valioso no desenvolvimento sustentável apoiado pelas instituições de

tecnologias.

As políticas públicas correspondem a um conjunto de programas estruturados nas

áreas de educação, geração de trabalho e renda, cultura, saúde e meio ambiente e, têm por

objetivo dar voz e direitos sociais as experiências que não teriam possibilidade de realização

e ampliação em seu direcionamento.

Portanto, devemos compreender a aplicação de conhecimentos científicos como

vetor social transformador na construção de políticas publicas democráticas e participativas

voltadas principalmente para a inclusão social.

3. JUSTIFICATIVA

Os investimentos sociais realizados em políticas públicas têm por propósito promover

a inclusão social e a melhoria das condições de vida de comunidades participantes desses

programas.

As políticas públicas correspondem a um conjunto de programas estruturados nas

áreas de educação, geração de trabalho e renda, cultura, saúde e meio ambiente e, têm por

objetivo dar voz e direitos sociais as experiências que não teriam possibilidade de realização

e ampliação em seu direcionamento.

Assim, há necessidade de disseminar soluções geradoras de transformação social,

levando-se em consideração os impactos das Tecnologias Sociais (TSs), como um processo

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e instrumento capaz de solucionar problemas que atendam e que possam ser utilizados

como de impacto social comprovados.

Para tanto, há que se facilitar o acesso a informações que tragam soluções

inovadoras para problemas voltados à demanda de: renda, educação, alimentação,

habitação entre outros.

Neste contexto, essas informações sociais devem estar estabelecidas em redes por

associações comunitárias, universidades, centros de pesquisas e outras instituições da

sociedade.

Portanto, devemos compreender a aplicação de conhecimentos científicos como

vetor social transformador na construção de políticas publicas democráticas e participativas

voltadas principalmente para a inclusão social.

Cabe destacar que a criação e o monitoramento das TSs oportuniza o incremento

de políticas públicas voltadas para a articulação de população que se encontra fora ou

excluída do mercado de trabalho.

A orientação e gestão de políticas públicas em TSs devem atender dois requisitos

fundamentais para sua execução:

a) a superação de políticas verticais e

b) a construção de ferramentas de gestão capazes de possibilitar diversas parcerias

em diferentes planos.

Neste sentido, busca-se um desenvolvimento sustentável que se oponha ao modelo

atual de desenvolvimento que privilegia a concentração de capital e renda, aumentando a

desigualdade social.

A viabilidade das TSs favorecerá um desenvolvimento sustentável que beneficie a

grande maioria da população, promova uma distribuição de renda mais eqüitativa, viabilize a

promoção de projetos identificados com as aspirações das comunidades envolvidas e

possam ser administrados de forma responsável pela comunidade envolvida.

Esta postura se pauta em princípios da solidariedade e na criação de espaço público

como um desenvolvimento local.

“é a partir do espaço geográfico que se dá a solidariedade orgânica; tais

atividades, não importa o nível, devem sua criação e alimentação às ofertas do meio

geográfico local [...] na verdade, mudadas as condições políticas, é nesse espaço

banal que o poder público encontraria as melhores condições para sua intervenção.

Trata-se, aqui, da produção local de uma integração solidária, obtida mediante

solidariedades horizontais internas, cuja natureza é tanto econômica, social e cultural

como propriamente geográfica. A sobrevivência do conjunto, não importa que os

diversos agentes tenham interesses diferentes, depende desse exercício da

solidariedade, indispensável ao trabalho, e que gera a visibilidade do interesse

comum”. (SANTOS, 2000(a), p. 110).

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Ou seja, a viabilidade de políticas públicas de cunho voltadas as TSs, reconheceriam

a pluralidade de interesses e os conflitos presentes em desenvolvimentos locais e apontam

para novas construções de interesses comuns, viabilizando a articulação entre o poder

público e os agentes sociais e economicamente presentes na sociedade civil.

Neste sentido, a viabilidade das tecnologias sociais TSs de forma sustentável dão

novo sentido à idéia de descentralização e da localização dos serviços públicos e ressaltam

a importância da estrutura social local, conforme Milton Santos, para sustentar as iniciativas

de desenvolvimento local.

4. PRINCIPAIS REFERÊNCIAS TEÓRICAS

A viabilidade em utilizar tecnologias sociais como instrumento de desenvolvimento,

vem sendo desenvolvido em longo prazo em comunidades e no plano acadêmico.

Apesar da visão crítica sobre sua produção, dois fatores devem ser ressaltados; o

primeiro, diz respeito à escassa demanda do setor por conhecimentos gerados nas

instituições científicas e o segundo, de caráter estrutural, que corresponde à extrema

fragilidade e influências recíprocas entre o Estado, a sociedade e as comunidades

envolvidas em sua utilização.

Esta avaliação proposta por Irma Passoni, como um modelo orientador de

estratégias para o desenvolvimento em longo prazo,

“O modelo de desenvolvimento brasileiro tem operado, reiteradamente,

acreditando que as relações entre CT& I e inclusão social se dariam de maneira

automática. Mas o caminho que vai da realização de um descobrimento científico em

algum laboratório até que a sociedade se beneficie dele é longo e exige a atuação

contínua do Estado e de outros atores envolvidos na produção, aplicação,

disseminação e apropriação de conhecimentos”. (PASSONI, 2005).

As transformações advindas do desenvolvimento da ciência e da tecnologia, em

particular das tecnologias sociais têm modificado profundamente não somente o sistema

produtivo, como também a estrutura social das comunidades que a utilizam.

Para Passoni, não basta que as instituições acadêmicas gerem tecnologias sociais,

há uma necessidade preeminente dessa geração de conhecimento serem repassadas as

comunidades que as utilizem e as valorizem como fator de desenvolvimento local, aonde a

sua sustentação e legitimidade vêm de encontro com o diálogo e a participação de

aprendizagem entre os atores da sociedade: Estado, associações comunitárias, institutos de

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pesquisas, universidades, ONGs e órgãos financiadores de Ciência Tecnologia e Inovação –

C,T&I.

Deve-se buscar, portanto, um processo de acompanhamento e avaliação não

somente na elaboração de conceitos sobre Tecnologias Sociais, mas sim, analisar o

impacto da utilização dessas tecnologias para o desenvolvimento sustentável,

principalmente com o envolvimento da sociedade na ampliação da cidadania e

democratização do conhecimento.

Esse processo desempenha um papel estratégico da sociedade ligado à

competitividade e acionando a expansão da demanda interna, atuando nas etapas do ciclo

de desenvolvimento sustentável: aumentando a capacidade de produção; geração de

emprego (e renda) e distribuição do consumo. Assim, além de ampliação do impulso inicial,

tem-se a realimentação do desenvolvimento gerando um ciclo prolongado. (SINGER &

SOUZA, 2000).

Merece destaque que o uso de tecnologias sociais envolve o conceito de inovação

como referência ao conhecimento, seja ele tangível – incorporado a pessoas ou

equipamento ou tácito, cujo objetivo é aumentar a eficiência dos processos, produtos e

serviços relacionados às necessidades e as satisfação sociais. (DAGNINO & GOMES,

2000).

O desenvolvimento de tecnologias sociais contribuídos como agente relevante para a

expansão de novas oportunidades de combinação de recursos materiais e humanos. A

introdução de tecnologias sociais, por sua vez, implica a escolha entre diferentes

possibilidades tecnológicas, por parte das políticas públicas e dos produtores.

A realidade de determinadas comunidades conduz à necessidade de ser dada

prioridade as técnicas absorvedoras de mão-de-obra. Dessa forma, existirão técnicas que

maximizarão o potencial social em termos de ocupação e renda e serão as mais apropriadas

para as realidades locais em termos de desenvolvimento sustentável.

A idéia de desenvolvimento sustentável ficou em voga através do documento

intitulado Our Common Future (1987), comumente conhecido como Relatório Brundtland. O

documento principia com a idéia de geração de desenvolvimento econômico e industrial sob

a óptica sustentável. (FIORI et al. 1998).

Neste sentido, tem havido uma série de iniciativas com objetivo de operacionalizar o

conceito de desenvolvimento sustentável. Denis Kinlaw estabelece cinco elementos comuns

às diversas definições de desenvolvimento sustentável, os quais são utilizados como

balizador de políticas:

1. Igualdade: significando igualdade entre todos e que os mesmos tenham

acesso à oportunidade de melhorar seu bem-estar econômico;

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2. Administração responsável: significando que os processos produtivos sejam

desenvolvidos de forma responsável pelos produtores diretos organizados

dentro da produção;

3. Limites: significa que todos devem ter conhecimento de limites dos recursos

renováveis dentro da limitação da intervenção humana;

4. Comunidade global: significando que devemos assegurar um

desenvolvimento ambiental seguro para toda população, e;

5. Natureza sistêmica: significando que o desenvolvimento deve corresponder a

plena consciência das inter relações das atividades humanas. (KINLAW,

1997, p.82)

A idéia neste contexto tem como reconhecimento que os requisitos necessários pra a

efetivação do processo de desenvolvimento sustentável têm por finalidade o

desenvolvimento econômico lado a lado com a conservação dos recursos naturais,

primando, principalmente pela melhoria da qualidade de vida das pessoas (LASTRES, et al.

1999).

Neste contexto há uma tendência da aplicação e da potencialização necessária ao

desenvolvimento que passa a ser o humano no processo da organização sócio-espacial.

“Parece haver acordo quanto ao fato de que a vida social, tomada como um

todo se caracteriza pela incessante renovação das forças produtivas e das relações

de produção, isto é, dos modos de produção. Cada modo de produção constitui uma

etapa na produção da história e se manifesta pelo aparecimento de novos

instrumentos de trabalho e novas práticas sociais. Como produzir e produzir espaços

são sinônimos, as mudanças do novo modo de produção (ou a cada novo momento

do mesmo modo de produção) mudam a estrutura e o funcionamento do espaço”.

(SANTOS, 2000(b), p.1537).

O planejamento e as organizações sociais e o conseqüentemente estabelecimento

de parâmetros sustentáveis passam a ser executado então, de acordo com as

características ambientais, sociais e econômicas do local, num processo sistêmico que

implicam na apreciação sumária das comunidades envolvidas.

Desta maneira ao atuar num cenário comunitário, as relações podem ser conduzidas

com o mínimo conflito facilitando a atuação derivada de políticas públicas votadas para tais

fins.

Portanto, as TSs devem ser conhecidas e amplamente utilizadas pela sociedade, a

fim de produzir um novo patamar de desenvolvimento, visando a inclusão da maioria da

população amplamente alijada do processo e no acesso na produção do conhecimento.

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A finalidade de aprimorar o conhecimento e os indicadores de TSs vêm no sentido de

ressaltar o campo de “como fazer” e produzir conhecimentos, e aumentando a atuação da

sociedade civil organizada como produtora, de modo a aproximar os problemas sociais de

suas soluções.

Embora as tecnologias sociais e os processos tradicionais de produção possibilitem

que um grande volume de conhecimento esteja rapidamente disponíveis aos pesquisadores

e empresários, pesquisas têm identificado um grande hiato entre acessar e difundir

rapidamente esse conhecimento.

Esta lacuna deve-se a dois fatores: o primeiro relaciona-se ao desenvolvimento de

novos conhecimentos aplicáveis e o segundo, refere-se à utilização deste conhecimento de

modo a efetuar mudanças de forma sustentável.

Portanto, há uma necessidade de estudos para gerar pesquisas relacionadas à

codificação, ao gerenciamento e à disseminação de conhecimento, convertendo-o em

recursos e insumos para as organizações, as comunidades e para a sociedade de forma

geral.

Nesse contexto, a produção de indicadores relacionados às TSs aplicado têm a

mesma relevância (se não maior) que as tradicionais funções de indicadores de tecnologias

de ponta.

No plano econômico e político mostra-se a necessidade premente de reverter a

desintegração e fragilidade das estruturas produtivas, assim como sua desarticulação com

as forças regionais de geração de conhecimento e inovação.

Nesse sentido, há uma proposta de recomendar o avanço no entendimento dos

arranjos produtivos locais no sentido de mobilizar as capacitações nacionais e potencializá-

las, visando superar os desafios de criar e ampliar e otimizar o uso do capital social. (SEN,

2000).

Sua importância estratégica vem condicionada pelo peso do conteúdo informativo de

cada produto ou de serviço dentro da cadeia produtiva. Portanto, a TSs pode ter diversos

papéis no desenvolvimento de políticas nacionais, cuja função efetiva é agir de forma

estratégica para que esses conhecimentos possam, de modo efetivo, promover mudanças

sociais.

Portanto, a finalidade de aprimorar a avaliação e propor indicadores voltados a TSs é

por conseguinte uma reflexão crítica que eles proporcionam a sociedade, e que possam

contribuir para melhorar as práticas de intervenção de políticas públicas e para construir

novos e significativos atores de conhecimentos. Aproximando os problemas sociais e suas

soluções apresentadas por atores envolvidos na reflexão e nas soluções dos problemas da

comunidade e principalmente, preocupados com a inclusão social e ampliando a cidadania.

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5. METODOLOGIA

Será analisada a correlação entre a sociedade civil organizada produtiva e a

interface inovadora das instituições de pesquisa para o desenvolvimento sustentável.

Como reflexo, há necessidade de se agilizar a reestruturação produtiva, tendo em

vista que se exige um esforço na capacitação de introduzir e difundir inovações tecnológicas

como instrumentos centrais de estratégias competitivas nos países em desenvolvimento.

A discussão desse trabalho julga estabelecer modelos e indicadores de avaliação de

Tecnologias Sociais competitivas que promovam o desenvolvimento sustentável no Brasil.

Portanto, alguns dos principais problemas atuais enfrentados pelos países da

América Latina, e principalmente o Brasil, decorrem em parte da dificuldade de captar e

compreender a natureza da geração e gestão do conhecimento e, principalmente das

tendências dos processos de desenvolvimento, inovação e valoração dos ativos intangíveis,

apropriados por Tecnologias Sociais – TSs, bem como das políticas públicas de inclusão

social para a promoção da qualidade de vida da maioria da população de baixa renda.

Neste contexto, há necessidade de se implementar a utilização de Tecnologias

Sociais - TSs como dimensão local que promova a integração do indivíduo dentro da

sociedade e, que estas sejam vistas como um projeto nacional.

Devemos compreender as Tecnologias Sociais como um conjunto de técnicas e

procedimentos associados a formas de organização coletiva, que representam soluções

para a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. (PEDREIRA, J.S. et

al, 2004).

Portanto, torna-se necessário no inicio desse século, a identificação e o

entendimento dos atuais desafios e oportunidades que emergem justamente com a adoção

destas tecnologias (TSs) para alcançar um padrão de crescimento e de desenvolvimento de

forma sustentável.

Por definição de tecnologias sociais – TSs, podemos entender:

“Conjunto de técnicas e metodologias transformadoras, desenvolvidas e / ou

aplicadas na interação com a população e apropriada por ela, que representa

soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida”. (PEDREIRA,

J.S. et al, 2004).

Dessa forma a viabilidade de tecnologias sociais exige uma interação de políticas do

Estado, sociedade civil organizada e trabalhadores, envolvidos na forma de sua produção e

disseminação. Neste sentido as TSs devem ser compreendidas como um processo e um

produto.

Assim, as tecnologias sociais têm impacto social rápido e direto trazendo melhoria de

condições de vida as comunidades envolvidas onde são implantadas. Outro fator positivo é

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o de agente agregador de programas de pesquisa por meio de gestores, onde a

disseminação do conhecimento possibilita a ampliação simultânea de diversas tecnologias

sociais.

6. DESENVOLVIMENTO

Se por um lado às tecnologias sociais em geral são de baixo custo, sustentavelmente

adequadas impactando positivamente o ambiente, por outro enfrentam a desinformação da

maioria das comunidades e estão sujeitas as concorrências de tecnologias tradicionais e de

custo elevado.

A criação de bens e serviços por meio de tecnologias tradicionais atende demandas

não existente e principalmente não prioriza as necessidades básicas de ampla camada da

população. Desta forma, desconsidera os impactos sociais e ambientais que resultam em

maior degradação do ambiente e maior exclusão social.

Ao contrário das tecnologias tradicionais, as tecnologias sociais vêm atender os

anseios dos excluídos tendo como referência o cidadão, que se enriquece de

conhecimentos e se viabiliza profissionalmente na troca de saberes. Logo, as TSs refletem

as demandas da população de forma objetiva direcionando as políticas públicas de CT & I e

viabilizando soluções de emprego e cidadania.

A questão assim posta traz a baila o problema de democratização dos sistemas de

CT & I, cujo objetivo é romper a colocação da ciência como um privilégio do domínio da

pesquisa e do desenvolvimento – P & D acumulado junto pequeno acesso da população. Ou

seja, busca-se a ênfase às necessidades de democratização do saber e ampliar o acesso

ao conhecimento científico. (DOWBOR, 2003).

A identificação de indicadores de tecnologias sociais tem como objetivo construir

base para o estabelecimento de critérios para análise de ações sociais a partir do exame de

experiências concretas.

Neste sentido a necessidade de ampliar a discussão sobre monitoramento e

indicadores vem de encontro com o que é colocado por (LASSANCE JR., 2004) o que são

estabelecidos circuitos de relação em políticas públicas que irão nortear os procedimentos e

métodos que são: dirigentes governamentais, a burocracia, a academia e os movimentos

sociais.

“Este é o debate das políticas publicas. As tecnologias (TS) conquistaram um

grau de maturidade, credibilidade e excelência que lhes permitiu chamar a

atenção dos gestores públicos, dos pesquisadores, das organizações sociais

e dos governos”. (LASSANCE JR. et al, 2004, p.81).

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O estudo se caracteriza, portanto no sentido de demonstrar como uma contribuição

teórica tem muito a oferecer no estabelecimento de modelos cognitivos que sirvam de

parâmetros para o desenvolvimento sustentável territorial, fica presente o grau de

maturidade já alcançado por essas tecnologias e seu forte impacto em políticas sociais e

ambientais.

7. CONCLUSÃO

Os investimentos em tecnologias sociais têm impactado de forma positiva o

desenvolvimento econômico de seletos grupos da sociedade civil (principalmente os que

estiveram à margem da inclusão social). A maioria desses grupos tem habilidade de julgar o

nível de investimento em TSs balizando e orientando toda a prospecção em investimentos

de políticas públicas. (ADS, 2002).

O objetivo para tal é promover a produção tecnológica a partir de metas estratégicas

que devem integrar as políticas sociais e assegurar a articulação do papel do Estado nas

instituições do setor público e privadas.

No processo têm-se conseguido um despertar de interesse da sociedade produtiva

em aplicar as tecnologias sociais para o desenvolvimento sustentável, apoiada pelas

instituições de pesquisa principalmente com financiamento das instituições bancárias,

nacionais e regionais como o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste Brasileiro.

Esses investimentos públicos são fundamentais para viabilizar a criação da

capacidade de organizar sistemas de TSs que respondam aos interesses da sociedade. É

importante, levar em consideração que nesse contexto os investimentos nestes ativos são

resultados de interações complexas entre vários fatores e atores sociais que contribuirão de

forma ativa na assimilação e transformação do conhecimento.

Desta forma é possível adotar políticas públicas inovativas, conquistando um melhor

desempenho de produtividade em longo prazo, uma redução gradativa na defasagem da

renda e a melhoria do índice de desenvolvimento humano - IDH, a fim de superar os

desafios econômicos atuais. (ITS, 2004).

A abordagem deste trabalho de pesquisa reside, portanto em esquadrinhar o

processo de gestão de tecnologias sociais, objetivando verificar de que maneira a geração

de novos conhecimentos de TSs, influenciam na tendência de tomada de decisão por parte

dos gestores públicos.

Assim, será factível analisar se o processo de gestão das TSs apresenta condições

para gerenciamento sinérgico de recursos tecnológicos e humanos, considerando a

valorização da sociedade local.

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Essa estratégia de monitoramento além de executar as funções clássicas, permite

gerenciar as cadeias que interligam os atores sociais a nível local, regional e nacional,

concomitantemente utilizando estratégia de acompanhamento presencial.

A proposta de indicadores bem como de monitoramento das políticas de tecnologias

sociais permitirão, não somente o aprimoramento de políticas publica como pode ser

balizador de outras políticas ou programas sociais.

A realização desse trabalho justifica-se porque a despeito da crescente adesão de

organizações e profissionais em atividades de TSs há baixa disponibilidade de referenciais

empíricos e teóricos.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Escola Sindical São Paulo, Cadernos Formação, São Paulo, 2002.

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DOWBOR, L. A reprodução social: propostas para uma gestão descentralizada. Petrópolis:

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SANTOS. M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal.

3.ed. Rio de Janeiro: Record, 2000(a).

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SINGER, P.; SOUZA, A. R. (orgs.) A economia solidária no Brasil: a autogestão como

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SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.