tecnologias de apoio para a comunicação[2]

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Tecnologias de apoio para a comunicação Horácio Pires Gonçalves Ferreira Saraiva

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Page 1: Tecnologias de apoio para a comunicação[2]

Tecnologias de apoio para a comunicação

Horácio Pires Gonçalves Ferreira Saraiva

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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Índice

Capítulo 3: Tecnologias de apoio para a comunicação………………………….5

Tecnologias de apoio tradicionais……………………………………………….5

Alta tecnologia…………………………………………………………………..7

Fala artificial……………………………………………………………..9

Tecnologias de apoio baseadas nos sistemas de telecomunicações……………..10

Modo de apontar…………………………………………………………………10

Teclados………………………………………………………………………….10

Comutadores……………………………………………………………………..11

Escolher uma tecnologia de apoio para a comunicação…………………………11

Mobilidade………………………………………………………………11

Selecção directa e varrimento……………………………………………12

Alcance e precisão……………………………………………….12

Velocidade……………………………………………………….12

Movimentos repetidos…………………………………………....12

Força de activação………………………………………………..12

Tecnologias de apoio manuais e electrónicas……………………………13

Fala artificial……………………………………………………..13

Preço……………………………………………………………..13

Algumas características da comunicação assistida………………………………13

Articulação………………………………………………………………14

Tempo………………………………………………………...................14

O papel do interlocutor…………………………………………………..14

Anexos…………………………………………………………………………..15

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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“SE PERDESSE TODAS MINHAS CAPACIDADES, TODAS ELAS MENOS UMA, ESCOLHERIA FICAR COM A CAPACIDADE DE COMUNICAR, POR QUE COM

ELA DEPRESSA RECUPERARIA TUDO O RESTO… “

Daniel Webster

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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Capítulo 3: Tecnologias de apoio para a comunicação

As tecnologias de apoio para a comunicação são um conjunto de equipamentos e

dispositivos que ajudam as pessoas a expressar-se, a comunicar.

O uso destas tecnologias tem vindo a crescer ao longo do tempo, em todos os países.

Existem tecnologias desde as mais simples até as mais sofisticadas. As mais simples são

luzes e ponteiros e as mais sofisticadas baseiam-se em computadores utilizando monitores e fala

artificial.

Estas tecnologias são de extrema importância para pessoas que tenham alguma deficiência

motora ou mesmo para pessoas que tenham dificuldades de fala, autismo ou mesmo distúrbios

mentais.

As tecnologias de apoio devem ser portáteis e leves para facilitar a sua utilização, já que

existem algumas que são pesadas ou grandes demais, outras dependem da corrente eléctrica

externa ou de recarregamentos frequentes.

Os sistemas mais pesados são utilizados por pessoas que usam cadeiras de rodas, enquanto

que os outros indivíduos optam por ajudas para a comunicação mais práticas (tabelas ou livros

de comunicação, entre outros).

Tecnologias de Apoio Tradicionais

Estas são, em geral, tabelas ou tabuleiros com letras, palavras, signos gráficos ou

fotografias.

As tecnologias de apoio para a comunicação podem ser utilizadas através de dois

processos: A selecção directa ou o sistema de selecção de opções por varrimento. Este sistema

pode ser por varrimento automático ou varrimento dirigido.

Na selecção directa, o utilizador aponta o símbolo desejado. Pode ser realizada pelo toque

do símbolo com um dedo ou um apontador.

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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O varrimento automático consiste no recurso a dispositivos (luzes ou ponteiros) que

percorram automaticamente entre as opções existentes para que o utilizador seleccione a opção

quando desejar, através de um comutador (dispositivo que auxilia a escolha).

O varrimento dirigido, envolve que o utilizador utilize dois ou mais comutadores, onde

aqui um deles faz com que a luz ou o ponteiro se desloque através das opções e o outro seja

utilizado para escolher a opção seleccionada.

O varrimento automático ou dirigido pode ser simples ou combinado. No simples, as

opções da tabela são percorridas uma a uma, enquanto que no combinado o percurso da luz ou

do ponteiro é organizado por um conjunto de opções.

O vocabulário simples pode ser muito demorado quando o sistema tem muito vocabulário.

Porém é utilizado em crianças ou em indivíduos com deficiência mental de início e depois com

o tempo progride-se para o varrimento combinado.

Existe também o varrimento dependente e independente.

No varrimento independente, o próprio utilizador orienta e faz para a luz ou o ponteiro sem

necessitar de ajuda.

No varrimento dependente, é necessária ajuda de outra pessoa, onde esta aponta para cada

opção e o utilizador através de um sinal, gesto, olhar, informa a pessoa que essa é a opção

escolhida.

Tanto a selecção directa como os varrimentos dirigidos ou automáticos exigem diferentes

aptidões da parte do utilizador, assim vai depender destas aptidões a escolha da tecnologia de

apoio a utilizar.

As tecnologias de apoio para a comunicação tradicionais (tabelas manuais) são simples de

utilizar sendo muito utilizadas e importantes. No entanto existem algumas dificuldades inerentes

a estas tecnologias, pois a sua utilização pode induzir a erros por parte do interlocutor que pode

não perceber ou entender mal o que o utilizador quer expressar.

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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Alta tecnologia

As tecnologias de apoio à comunicação são actualmente suportadas por software e

hardware associado a computadores. O uso destes programas em computadores pessoais tornou-

se mais comum com a propagação e normalização da utilização de computadores portáteis de

fácil acesso à população em geral.

A adição de programas de apoio à comunicação, nomeadamente programas de signos

gráficos vai permitir a indivíduos com deficiência na aprendizagem, mas com algumas

competências para a escrita, uma aprendizagem mais didática, sendo, no entanto, necessária

uma adaptação destes programas ás necessidades e competências do individuo.

É na adaptação às necessidades e capacidades do indivíduo que muitas das vezes estas

tecnologias falham, mais especificamente em crianças com deficiência neuromotora grave.

Muitas vezes devido à sua complexidade e lentidão estas tecnologias facilmente são

negligenciadas pelos pais, embora sejam deveras benéficas para a criança.

Os computadores têm outras duas importantes funções para além do apoio à comunicação:

1. O controlo ambiental

2. A utilização para fins educacionais e para fazer jogos.

Na primeira opção a criança pode, através do computador, controlar o ambiente que a

rodeia, fechar ou abrir portas e janelas, controlar o ar condicionado, a televisão, o rádio, dando-

lhe uma maior autonomia.

Já a segunda opção para além de permitir à criança uma maior autonomia, possibilita ao

adulto uma ponte de conexão com a criança, oferecer ainda um exercício de capacidades da

criança que poderão vir a ser úteis mais tarde em diferentes situações de comunicação, e na

aquisição funcional da linguagem.

Uma circunstância em que estes jogos podem não trazer vantagens, deve-se à utilização da

fala artificial.

Embora a fala artificial torne estes jogos mais didáticos e divertidos, o facto de utilizar

frases standarizadas e repetidas sem significado funcional pode levar a criança a manter uma

comunicação passiva e repetitiva, não evoluindo neste campo.

Outra desvantagem da utilização de computadores é o facto de que quando utilizados para

comunicar não se poderem realizar outras tarefas e vice-versa. Sendo a comunicação uma parte

crucial dos jogos e actividades que tenham como objectivo o desenvolvimento da comunicação,

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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o impedimento de a usar torna necessária existência de uma tecnologia de apoio para a

comunicação especializada, sendo estas no entanto mais restritas em funções e léxico que o

computador.

As novas tecnologias permitem uma menor captura de atenção por parte do interlocutor o

que permite uma comunicação mais eficaz entre o interlocutor e o ouvinte, capacitando ainda o

ouvinte para o comportamento não verbal do interlocutor.

As tecnologias baseadas na escrita ortográfica utilizam dois métodos muito importantes

para a situação acima referida:

1. A abrevitura

2. A predição

A abreviatura funciona exactamente como o nome indica. O utilizador escreve apenas

algumas letras da palavra e um conjunto de palavras ou expressões que possam ser abreviadas

com aquelas letras aparecem no ecrã (ex: p.ex. – por exemplo)

A predição significa que o computador vai dando sugestões, que o utilizador pode aceitar

ou rejeitar, sobre a palavra que se está a escrever ou sobre a palavra seguinte, tendo por base as

palavras e expressões mais utilizadas pelo utilizador(ex: c – caminhar; co – contar; com –

computador), poupando assim tempo e esforço.

A predição de palavras também é um método de aprendizagem importante em crianças

com dificuldades na aprendizagem da escrita e indivíduos que não falam mas que apresentam

boa compreensão da linguagem.

Segundo o autor:

“as formas mais avançadas de predição de palavras – actualmente em fase experimental –

incluem não só a sugestão de palavras baseadas nas primeiras letras, mas também funções

pragmáticas e uma selecção de palavras de acordo com o contexto da escrita e o estado de

espírito do utilizador (Alm e Newell, 1996)”

Outro sistema de código para frases têm-se vindo a impor na área da tecnologia para a

comunicação a “compactação semântica” também conhecida por Minspeak.

Este sistema de codificação de palavras e frases utiliza uma voz digitalizada, que através da

activação de opções em diferentes sequências transmite frases, ou expressões diferentes.

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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Ou seja, quando se seleciona as palavras PORTA+FECHADA a máquina diz-nos a frase “a

porta está fechada”, mas se alterarmos a ordem e introduzirmos FECHADA+PORTA a máquina

já nos diz “fecha a porta”.

As diferentes sequências e combinações vão dar origem a frases e expressões contendo as

mesmas palavras, mas com ordens e significados diferentes.

Um dos aspectos positivos desta tecnologia é que como as sequências são determinas

previamente pelo utilizador é mais fácil para ele recordá-las do que signos gráficos criados por

outros, embora também exista um sistema vulgar de signos gráficos para o Minspeak, o

Minsymbols. Embora este sistema seja largamente utilizado nos EUA, Reino Unido e na

Austrália, como se baseia na língua inglesa o seu uso em outros países tem sido restringido.

Fala artificial

A fala artificial é dos progressos mais importantes das tecnologias de apoio. Existem dois

tipos de fala artificial: a fala sintetizada e a fala digitalizada.

A fala sintetizada consiste na transformação da palavra escrita para a fala através de vários

processos. Como estes processos são diferentes de país para país, cada um tem que ter o seu

sistema.

A fala sintetizada apresenta uma série de características que fazem com que esta seja

utilizada por indivíduos com boas competências linguísticas. É mais difícil de entender que a

fala natural, mas é apenas no inicio.

A fala digitalizada é uma fala gravada por uma pessoa que é armazenada num computador

ou noutro equipamento informático. Muitas das tecnologias de apoio para a comunicação se

baseiam neste tipo de fala, já que as vantagens são muitas. As únicas desvantagens são o

vocabulário limitado e a entoação que a frase pode perder.

Socialmente a utilização desta fala é muito positiva pois torna a comunicação “normal”.

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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Tecnologias de Apoio Baseadas nos Sistemas de Telecomunicações

A comunicação à distância é cada vez mais frequente e importante para a sociedade.

Apareceram novas tecnologias (telefone, internet, etc…) e as pessoas tiveram melhor acesso a

estas. Uma pessoa com problemas pode utilizar estas tecnologias, o que traz inúmeras

vantagens.

Porém as pessoas com maiores dificuldades continuam a ser as que tem menos acesso a

estas tecnologias. Quanto maiores forem as possibilidades de as pessoas utilizarem a

telecomunicação, melhor vai ser a comunicação providenciando a oportunidade de manter uma

vida social activa e ampla.

Ao criar e organizar estas tecnologias é necessário ter em atenção as necessidades das

pessoas que a vão utilizar.

Modo de Apontar

Os modos de apontar não se baseiam única e exclusivamente por apontar. Existem outras

técnicas tais como o pé, um ponteiro luminoso ou o olhar. Estas formas de indicar são

consideradas como uma forma de comunicação assistida, podendo também ser consideradas

comunicação simbólica se o objecto nomeado representar uma categoria maior.

O olhar é escolhido por último recurso pois é o mais complicado de entender. Quando

usado é necessário que o parceiro da comunicação esteja posicionado de forma a seguir os

movimentos dos olhos e o respectivo foco para onde se dirige.

Teclados

Existem hoje em dia muitas facilidades a nível de teclados para pessoas com pouca

amplitude de movimentos. Podemos encontrar teclados de conceitos, com apenas algumas teclas

com mais do que uma função ou com figuras na tecla.

Podem ainda ser programados para serem sensíveis ao tempo de pressão, para o caso de o

utilizador pressionar várias teclas ao mesmo tempo por problemas de coordenação. Mas

recentemente surgiram os ecrãs tácteis, o que facilita muitíssimo a utilização do computador

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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Comutadores

Há no mercado, hoje em dia um espólio variado de comutadores que facilitam

imensamente a utilização do computador a pessoas com dificuldades motoras.

Podem ser utilizados entre dois a oito comutadores, e estes podem ser activados com os

braços, as pernas, os pés, os olhos. Podem funcionar com inspiração, sopro, mais ou menos

pressão, ou ainda como um joystick.

A utilização de comutadores para os olhos só feita em última opção, uma vez que exige ou

a utilização de óculos que emitem raios infravermelhos fracos para os olhos, ou o uso de

sensores dos estímulos eléctricos dos músculos oculares.

A escolha do melhor comutador para o utilizador é crucial no bom funcionamento do

mesmo. A maioria dos utilizadores tem melhor adaptação aos comutadores de cabeça, mas

tenta-se sempre optar em primeiro pelas mãos ou pelos pés uma vez que o uso prolongado da

cabeça pode levar a tensão muscular e tonturas.

Escolher uma tecnologia de apoio para a comunicação

Tendo em conta que o objectivo principal das tecnologias de apoio para a comunicação é o

auxílio aos indivíduos com dificuldades nessa área, o ponto de partida para a escolha da

tecnologia mais eficaz e adequada é sem dúvida a avaliação de necessidades. A partir desta

avaliação, normalmente, elabora-se uma lista através da qual, e por exclusão de partes, se

escolhe a(s) tecnologia(s) mais adequadas.

A necessidade de comunicação oral deve ser separada da necessidade de escrever e ser

avaliada de modo a perceber as capacidades de escrita do indivíduo.

Mobilidade

A escolha da tecnologia depende não só das necessidades e capacidades do indivíduo, mas

também do meio onde ele se insere. Assim a mobilidade é sempre importante na escolha da

tecnologia, para permitir ao indivíduo utilizá-la em qualquer parte do seu quotidiano.

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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Selecção directa e varrimento

A selecção directa é mais rápida e fácil desde que os indivíduos tenham capacidades

suficientes. A diferença entre varrimento e selecção directa diminui à medida que o uso de

comutadores aumenta, assim, quanto mais comutadores mais semelhança há entre varrimento e

selecção directa.

Alcance e precisão

A selecção directa implica uma capacidade de movimentos direccionados por parte do

indivíduo, à excepção de apontar com o olhar. Limitações musculares ou de amplitude de

movimentos podem ser corrigidos com comutadores ou teclados reduzidos.

Para além de movimentos direccionados, também, pressupõe precisão de movimentos,

que quando é pouca pode ser corrigida com signos maiores e com escolhas mais rigorosas de

comutadores ou joystick’s.

Velocidade

A velocidade das comunicações com tecnologias é sempre mais reduzida que a velocidade

da comunicação normal. O varrimento é quase sempre o método mais lento, mas em alguns

casos a selecção directa pode ser ainda mais lenta.

É sempre tendo em conta a velocidade do indivíduo que se programa a velocidade e o tipo

de varrimento.

Movimentos repetidos

Alguns indivíduos têm uma certa dificuldade em fazer movimentos rápidos e repetidos ou

em parar um movimento de pressão depois de o iniciar, nestes casos o varrimento automático

pode ser mais funcional. Outra opção é programar o sistema para responder à pressão por atraso,

ou seja, reage à primeira pressão e depois só responde à segunda depois de algum tempo.

Força de activação

Para as tecnologias que usam teclados e comutadores e teclados uma das considerações a

ter aquando da avaliação deve ser a força de activação. A força de activação é a força necessária

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à activação das diferentes tecnologias. Varia de tecnologia para tecnologia mas principalmente

de indivíduo para indivíduo.

Tecnologias de apoio manuais e electrónicas

A fim do utilizador poder comunicar livremente, pode-se recorrer a tecnologias de apoio

electrónicas ou manual. É importante encontrar uma tecnologia que sirva mais adequadamente o

utilizador. Devem, contudo saber utilizar as duas no caso por exemplo de falha de energia.

Fala artificial

A nível da fala artificial, esta pode ser utilizada na fala das crianças, a fim de as ajudar no

início do desenvolvimento da fala a articular sons por repetição com teclados de figuras. Nas

crianças com problemas de deficiência mental severa o uso da fala artificial associada a figuras

é muito importante para o desenvolvimento da fala da criança. Para os invisuais pode auxiliar

como meio de proporcionar pontos de referência.

Preço

Infelizmente as mais recentes tecnologias de apoio são ainda muito caras, sendo que muitas

não compensam o preço que custam pelo bem que fazem. Normalmente as mais difíceis de

transportar são mais baratas do que as portáteis, embora não se discuta a importância que tem

para um utilizador que realmente necessite delas.

Algumas características da comunicação assistida

É necessário saber as características da comunicação assistida para se poder ser um bom

interlocutor e um bom professor da utilização de tecnologias da comunicação assistida.

Algumas das características deste tipo de comunicação é o facto de ser bastante mais lenta

que a normal, exige que os interlocutores tentem evitar os efeitos negativos e o parceiro da

conversa tem mais funções para além de processar a mensagem recebida e transmitir a sua

mensagem .

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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Articulação

Usualmente não se pensa na articulação das palavras durante uma conversa pois este é um

processo automático.

Na comunicação assistida a articulação deixa de ser automática pois quem a usa tem de

fazer um grande esforço mental para realizar um movimento necessário à comunicação. No caso

de alguém com dificuldades motoras, a comunicação pode tornar-se difícil, leva a uma

incompreensão pelo parceiro, a cortes no diálogo e ainda desvia atenção do que se está a dizer.

Tempo

Um diálogo entre um sujeito que utiliza a comunicação natural e outro que usa a

comunicação assistida leva muito mais tempo que um diálogo normal, sendo esta a principal

diferença entre estes dois tipos de comunicação. Este facto deve-se à lentidão da formação de

mensagens pelas tecnologias de apoio á comunicação.

A qualidade e a rapidez da comunicação de crianças que utilizam tecnologias de apoio á

comunicação é afectada em comparação a crianças que não as utilizam.

O papel do interlocutor

Os interlocutores estão em pé de igualdade numa conversa normal, mas num diálogo onde o

outro usa a comunicação assistida o sujeito para reduzir o tempo tenta adivinhar a mensagem.

Esta tentativa pode encurtar o tempo ou alongar o tempo e limitar a capacidade do interlocutor

de expressar a mensagem.

O interlocutor pode ter dois papéis: o de auxiliar de movimentos e o de formulador de

mensagens. É necessário ter cuidado pois geralmente o interlocutor assume os dois

“personagens” da conversa e não presta atenção à mensagem, que estão a tentar passar-lhe. Os

problemas aqui referidos não são culpa da pessoa portadora de deficiência ou do interlocutor

mas sim da mensagem.

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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Anexos

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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12 de Novembro de 2008 Tecnologias de Apoio ou “Assistive Technology- AT” *

O desenvolvimento de novas abordagens e de novos sistemas tecnológicos, baseados numa investigação científica aprofundada, tem permitido que qualquer pessoa independentemente da causa e da gravidade da sua patologia, possa encontrar um sistema alternativo e aumentativo de comunicação adequado à sua incapacidade. * A aplicação de tecnologias emergentes na área das Tecnologias de Apoio (AT) está a originar a criação de novos dispositivos que podem contribuir para a melhoria significativa da qualidade de vida de pessoas com deficiência e pessoas idosas. * No caso das tecnologias de apoio à comunicação estas são sem dúvida uma componente essencial do sistema aumentativo de comunicação. Permitem aos seus utilizadores, por exemplo, a transmissão de uma mensagem seleccionada ao seu interlocutor. As tecnologias de apoio são parte integrante do sistema de comunicação. São dispositivos que não devem ser utilizados isoladamente, mas sim como uma técnica de utilização do sistema de comunicação. As Tecnologias de Apoio devem ser adaptadas às capacidades específicas de cada um dos seus utilizadores, podendo proporcionar oportunidades de sucesso no caso de utilizadores incapazes de obterem experiências de qualidade pelos seus meios naturais. * Os sistemas de Acesso ao Computador incluem sistemas informáticos integrados de que fazem parte uma gama de periféricos, programas especiais e sistemas de emulação de teclados e do rato, para o acesso alternativo ao software standartizado existente no mercado. Estes periféricos e respectivo software permitem a utilização do computador por pessoas com disfunção motora grave. Desta forma qualquer pessoa independentemente da sua incapacidade poderá escrever, desenhar, comunicar, jogar ou até mesmo ter acesso à procura de informação e de consulta através de sistemas de navegação na internet e comunicação à distância. * in Folheto Informativo da UTAAC - CRPCCG Publicada por Mãe Sisa em 11:13 Etiquetas: CAA, Comunicação

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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Ajudas Técnicas à Comunicação para Pessoas com Paralisia Cerebral Manuel Gradim de Oliveira Gericota 2.3 Principais sistemas de CAA Os sistemas de CAA podem ser divididos em dois grandes grupos: os sistemas sem ajuda; e os sistemas com ajuda. Os sistemas sem ajuda são aqueles que, como deriva da definição de ajuda apresentada anteriormente, não requerem o uso de qualquer objecto ou dispositivo físico. Os movimentos da cara, da cabeça, das mãos, dos braços e doutras partes do corpo são os únicos mecanismos físicos para a transmissão das mensagens. Incluem-se neste grupo os gestos de uso comum e os sistemas de sinais manuais usados pelos surdos. São exemplos de gestos de uso comum a afirmação e a negação com movimentos da cabeça, bem como todos os outros usados de forma mais ou menos inconsciente que enfatizam a comunicação oral [CSR94]. Os denominados sistemas com ajuda requerem algum tipo de assistência externa, instrumentos ou ajudas técnicas para que possa ter lugar a comunicação. Por exemplo, pode necessitar-se de papel e lápis, livros ou quadros de comunicação, máquina de escrever, computador pessoal e outras ajudas técnicas de complexidade diversa, especialmente desenhadas segundo as necessidades especiais do utilizador. Estes sistemas cobrem um amplo repertório quanto ao tipo de elementos de representação, que podem ir dos mui iconográficos aos totalmente abstractos, e quanto à complexidade das suas regras formais e combinatórias. Os sistemas mais simples são compostos por um conjunto de objectos, miniaturas, fotografias ou desenhos fotográficos, que o indivíduo assinala ou indica de alguma forma, com fins comunicativos. Os mais complexos utilizam, como elementos de representação, as palavras ou frases impressas do alfabeto gráfico tradicional ou codificado através de sistemas como o Braille e o Morse. Entre estes extremos existem diversos sistemas baseados em símbolos pictográficos, ideográficos (que mantêm uma relação conceptual com aquilo que representam) e arbitrários, que representam conceitos ou palavras. Muita da magia destes sistemas recai precisamente no vasto conjunto de símbolos e sinais, que não os empregues na fala, e que podem ser usados para enviar mensagens. Especialmente para os indivíduos que não são capazes de escrever e/ou ler, a possibilidade alternativa de representar mensagens e conceitos é central para a comunicação [BM92, Pap94]. É o reconhecimento dessa importância que está por detrás de todo o esforço dedicado ao estudo e desenvolvimento de sistemas de símbolos que sejam fáceis de usar e entender. Várias definições são usadas para descrever e classificar as várias formas de representação simbólica. Basicamente, e segundo [LB92], um símbolo é uma representação de um referente, isto é, algo que alude a qualquer outra coisa. É importante enfatizar que um símbolo está profundamente ligado às raízes culturais de uma sociedade. Um mesmo símbolo pode aludir a dois referentes diferentes em duas sociedades com bases culturais distintas.

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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Nalguns casos, a relação entre o símbolo e o seu referente, quando este é conhecido, é facilmente perceptível. O símbolo é altamente translúcido. O termo iconicidade refere-se ao grau de relação visual entre um símbolo e o seu referente. Num dos extremos desta iconicidade encontram-se os símbolos transparentes, os quais são similares aos seus referentes, e como tal facilmente adivinháveis na ausência deste. Geralmente um símbolo transparente descreve a forma ou a função do referente. Os símbolos transparentes são frequentemente classificados como altamente translúcidos. No outro extremo estão os símbolos opacos, cuja relação visual com o seu referente não é óbvia e pode ser bastante arbitrária. Por exemplo, uma fotografia de um copo é bastante transparente, mas a palavra escrita "copo" é opaca. Os símbolos podem ser divididos em dois grupos segundo a sua tangibilidade. Símbolos tangíveis são aqueles que se podem discriminar com base nas sensações tácteis que transmitem, como por exemplo, forma, textura e consistência. Segundo esta divisão, símbolos bi-dimensionais (símbolos gráficos) são não-tangíveis. Os símbolos tangíveis são tipicamente usados com indivíduos com problemas sensoriais (visuais e/ou auditivos) ou com deficiências intelectuais graves, mas podem igualmente ser apropriados para outras populações. Objectos reais ou miniaturas de objectos idênticos, similares ou associados aos seus referentes, são exemplos de símbolos tangíveis. Os símbolos bi-dimensionais incluem fotografias ou desenhos, e podem ser usados para representar vários conceitos. Existe actualmente uma multiplicidade de diferentes conjuntos de símbolos. Originalmente desenvolvidos com o objectivo de servirem como uma verdadeira linguagem internacional, os símbolos Bliss consistem em desenhos a traço negro sobre fundo branco. Este sistema tem como base um conjunto de cerca de 2250 símbolos representando aproximadamente 4000 palavras. Os símbolos são formados a partir do arranjo em várias formas de cerca de 50 símbolos básicos. Os símbolos Bliss incluem símbolos pictográficos, no sentido em que representam palavras ou ideias visualmente associáveis ao referente (transparentes), ideográficos, representando conceitos abstractos através de formas associadas com o referente, e abstractos, cuja relação com o referente não é perceptível mas apenas convencional. A figura 2.2 ilustra alguns desses símbolos.

Figura 2.2 : Exemplos de símbolos Bliss. Devido à simplicidade da sua estrutura, o sistema tem ganho bastante popularidade em muitos países, tendo vindo a ser usado com sucesso junto de pessoas com paralisia cerebral [BF93, SKR+94]. Muitos sistemas, embora efectivos noutros casos, apresentavam limitações para este grupo particular de pessoas. Por exemplo, o uso de quadros com o alfabeto, conforme se ilustra na figura 2.3, pressupõem capacidade para ler e escrever, e tornam a comunicação extremamente lenta. O parceiro de comunicação tenta aperceber-se, uma a uma, sucessivamente, das letras para onde o utilizador "aponta" com o olhar, indo assim construindo as palavras.

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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Figura 2.3 : Exemplo dum quadro com alfabeto. Os símbolos Bliss permitem, devido aos seus conceitos relacionados, quer pictográficos, quer ideográficos, ultrapassar as restrições impostas à informação transmissível pela utilização dos quadros de imagens. Os conceitos abstractos podem ser simbolizados duma maneira sistemática e lógica, ultrapassando as limitações de imagens concretas referenciadas. Cada símbolo, quando exposto num quadro, pode ser acompanhado pela palavra apropriada, permitindo a sua fácil compreensão por estranhos ao sistema. Os princípios e estratégias de combinação dos símbolos permitem a expressão de pensamentos não presentes no quadro de comunicação. Os símbolos são conceptualmente baseados e construídos usando regras consistentes e sistemáticas. Aliás, como visto anteriormente, a manutenção da consistência ao longo da aprendizagem é um dos aspectos importantes a ter em conta na concepção de sistemas de CAA. Para além dos símbolos Bliss, encontramos outros sistemas como os SPC (Símbolos Pictográficos de Comunicação) ilustrados na figura 2.4, símbolos Rebus, Picsyms e símbolos PIC (Pictogram Ideogram Communication).

Figura 2.4 : Exemplos de símbolos SPC. Os símbolos SPC consistem em desenhos a traço negro que representam substantivos, verbos e adjectivos. O fundo sobre o qual o símbolo é desenhado pode ser branco ou de outra cor. É normal o emprego de cores comuns aos vários géneros (substantivos, verbos e adjectivos). Os Picsyms consistem em cerca de 1800 símbolos igualmente a traço negro e sobre fundo branco, indexados alfabeticamente. Existem ainda instruções para a criação de símbolos adicionais, a partir de uma grelha de seis linhas por oito colunas. A figura 2.5 ilustra a criação de dois símbolos Picsyms.

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Tecnologias de apoio para a comunicação

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Figura 2.5 : Exemplo de criação de símbolos Picsyms. Os sistemas diferem entre si quanto à transparência e translucidez dos símbolos, tendo em conta a população que visam atingir. Estudos indicam que os símbolos SPC e Picsyms são mais transparentes que os símbolos Bliss para indivíduos adultos com deficiências intelectuais. Em geral os símbolos SPC são mais facilmente apreendidos que os símbolos Bliss e Picsyms. Os símbolos SPC têm sido usados com sucesso em casos de pessoas com deficiências intelectuais, paralisia cerebral e autismo, entre outras [BM92]. Muitas vezes confundidos com os Picsyms, os símbolos PIC consistem num conjunto de 400 símbolos em preto e branco concebidos para reduzir dificuldades de discriminação entre figura e fundo. A figura 2.6 ilustra alguns desses símbolos.

Figura 2.6 : Exemplos de símbolos PIC. Todos estes sistemas de símbolos organizam-se tradicionalmente em carteiras, livros ou quadros de comunicação. As carteiras são facilmente transportáveis mas não permitem que um grande número de símbolos seja mostrado simultaneamente. Os livros possibilitam o armazenamento de um grande número de símbolos, vantajoso para utilizadores com um vocabulário extenso. Permitem igualmente o arranjo dos símbolos

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segundo a sua frequência de utilização, categoria semântica, ou qualquer outro formato lógico. No entanto, tanto as carteiras como os livros exigem o mínimo de capacidade motora que permita a sua manipulação. Os quadros de comunicação são habitualmente superfícies planas aonde é afixada uma matriz de símbolos bi-dimensionais. O tamanho dos quadros é determinado quer pelas necessidades de comunicação do utilizador, quer pelas suas limitações físicas. O uso da ortografia tradicional é desejável se ambos, utilizador e parceiro de comunicação, são capazes de ler. Quadros consistindo em palavras frequentemente usadas, letras do alfabeto e números, permitem ao utilizador criar um número ilimitado de mensagens. A associação entre os símbolos e a ortografia tradicional é bastante útil quando o parceiro de comunicação não conhece o conjunto de símbolos usados. Um indivíduo que comunique através do uso de símbolos gráficos deve indicar de uma qualquer forma, ao parceiro de comunicação, qual o símbolo que quer seleccionar. Indivíduos com capacidades motoras relativamente boas, podem simplesmente apontar para os vários símbolos. No entanto, para utilizadores com incapacidades motoras acentuadas, este método de selecção não é o mais adequado, sendo necessário o recurso a técnicas alternativas, as quais implicam a participação activa do parceiro de comunicação na selecção dos símbolos. A selecção directa, na qual o utilizador aponta o símbolo desejado, pode ser realizada pelo toque do símbolo com um dedo ou um apontador. Utilizadores com pouco ou nenhum movimento voluntário dos membros, mas um bom controlo dos movimentos da cabeça, podem usar apontadores adaptados a capacetes ou cintos ajustáveis. A figura 2.7 ilustra um apontador luminoso montado num cinto ajustável. A técnica de selecção descrita para o quadro alfabético ilustrado na figura 2.3, é igualmente uma técnica de selecção directa.

Figura 2.7 : Apontador luminoso para cabeça com cinto ajustável. A selecção directa de símbolos, com ou sem o uso de apontadores ou outros dispositivos, é quase sempre o método mais rápido de selecção. Se o utilizador possui um controlo adequado dos movimentos voluntários, este será provavelmente o método de selecção a escolher. Caso contrário, será necessário recorrer a outros métodos de selecção, quer em exclusividade, quer como possível complemento da selecção directa. Um dos métodos alternativos é o da selecção por varrimento. Na técnica de varrimento, são oferecidas sucessivamente ao utilizador, normalmente por parte do parceiro de comunicação, um conjunto de possíveis alternativas de escolha. O utilizador indicará,

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por meio de um gesto, sinal, ou de qualquer outra forma, ao parceiro de comunicação, a escolha do símbolo desejado quando este lhe for mostrado. O uso exclusivo de varrimento manual resulta numa forte dependência em relação aos parceiros de comunicação para iniciar e manter a interacção, uma vez que o utilizador não pode comunicar a menos que lhe sejam fornecidas as possíveis alternativas de escolha. Para especificação de uma determinada mensagem é por vezes necessário que o utilizador seleccione sucessivamente mais do que um símbolo. Esta técnica é referida como codificação. Algumas estratégias de codificação de mensagens incluem o uso de números, letras ou ícones. A codificação tem como objectivo o aumento da fluência da comunicação, principalmente no caso das mensagens mais frequentemente usadas. Um caso de codificação numérica, em que o utilizador selecciona primeiramente o algarismo das dezenas e posteriormente o das unidades, correspondendo o número a uma determinada mensagem, é descrito em [FTR+94]. Outra técnica de codificação que tem tido bastante sucesso é o da codificação iconográfica, normalmente referida como compactação semântica ou Minspeak1 . Símbolos pictográficos, denominados ícones, representando objectos e acções habitualmente presentes no dia-a-dia do utilizador, são seleccionados em diferentes combinações, resultando em alterações do seu significado. Por exemplo, uma laranja pode ser combinada com um ponto de interrogação para significar "Quando é que comemos?", ou combinada com um copo para significar "sumo de laranja". Isto permite a representação de uma vasta quantidade de vocabulário num único quadro, eliminando a necessidade de vários quadros e resultando numa comunicação mais fluente [Tat93]. Todas as ajudas descritas implicam uma grande participação do parceiro de comunicação na conversação, nomeadamente a sua constante atenção, por forma a ver qual o símbolo seleccionado e a tentar perceber qual o sentido da mensagem. Se o parceiro está distraído, dificilmente o utilizador conseguirá despertar-lhe a atenção. Se um sistema de CAA deve proporcionar um meio de comunicação para pessoas com distúrbios da fala, o ideal seria que o sistema falasse. Como veremos no próximo capítulo, a introdução da electrónica e da informática nos sistemas de CAA veio tornar esse sonho realidade. 3.1 Técnicas de selecção O varrimento manual pode ser bastante útil como técnica de iniciação ao uso de um dispositivo com varrimento electrónico. O uso exclusivo de varrimento manual implica uma extrema dependência do utilizador em relação ao seu parceiro de comunicação para iniciar e manter a interacção, uma vez que o utilizador não pode comunicar a menos que o parceiro lhe ofereça certas escolhas. Para além do mais, o varrimento manual é uma maneira relativamente lenta de seleccionar símbolos. Num dispositivo com varrimento electrónico, a superfície do quadro de comunicação contém uma matriz de pequenas lâmpadas (uma para cada símbolo). As lâmpadas iluminam-se automaticamente, uma a uma, sucessivamente, ao longo do quadro, com um intervalo de tempo definido. O ponto iluminado é usualmente designado por cursor. Quando o cursor ilumina o símbolo desejado, o utilizador pressiona um botão, parando o seu deslocamento.

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A técnica mais simples é a do varrimento linear, em que o cursor se move, símbolo a símbolo, da esquerda para a direita, sucessivamente ao longo das várias linhas. Esta técnica tem a vantagem de ser bastante previsível e de requerer apenas um único movimento para activar e desactivar o cursor. É todavia bastante lenta, o que pode ser uma vantagem para alguns utilizadores, mas é uma desvantagem para outros. Se o utilizador tiver dificuldades motoras, um varrimento linear, combinado com um deslocamento lento do cursor, permite-lhe planear atempadamente o movimento requerido para actuação do botão e sua consequente paragem. No entanto, se o utilizador falha a escolha, terá de esperar que o cursor dê uma volta completa ao quadro, o que pode ser bastante moroso. Um utilizador capaz de seguir um cursor com movimento rápido, e que possua uma rápida resposta motora, poderá usar esta técnica eficientemente. Em utilizadores com uma resposta motora razoável, mas com dificuldades cognitivas profundas que os impossibilitem de antever a evolução da posição do cursor e a escolha que pretendem fazer, recorre-se a dispositivos em que o movimento do cursor não é automático, necessitando os utilizadores de pressionar o botão cada vez que pretendam que este avance para o símbolo seguinte. Outro tipo de varrimento bastante usado é o varrimento linha-coluna. Neste caso, são iluminadas sucessivamente, de cima para baixo, as linhas do quadro. O accionamento do botão implica que o cursor passe a deslocar-se, coluna a coluna, ao longo da linha seleccionada. Quando o símbolo desejado é iluminado, o utilizador pressiona de novo o botão para assinalar a sua escolha. Tipos diferentes de varrimento podem ser usados consoante as capacidades do utilizador. Todavia, há que ter em conta que se o varrimento linha-coluna aumenta a eficiência dos sistemas com selecção por varrimento, implica igualmente um maior número de movimentos por parte do utilizador, uma vez que para uma escolha é necessário mais que um accionamento do botão, e uma maior capacidade cognitiva que lhe permita encadear uma sequência directa de respostas. Por exemplo, no caso do varrimento linha-coluna, o utilizador tem de ser capaz de visualmente localizar a linha na qual se encontra o símbolo desejado, assinalando que é essa que deve passar a ser varrida linearmente. Posteriormente o utilizador deverá localizá-lo dentro dessa linha e accionar o botão por forma a parar o cursor nesse símbolo. A vantagem das técnicas electrónicas de varrimento é a de permitir, a utilizadores com incapacidades motoras significativas, uma selecção mais eficiente dos símbolos. O seu uso implica, no entanto, que o utilizador seja capaz de realizar pelo menos um movimento motor com um mínimo de confiança e repetibilidade. Uma vez identificado um comportamento motor apropriado, é necessário seleccionar o melhor tipo de botão para a sua captação. Os mais comuns são os botões de pressão. Estes podem ser actuados por qualquer parte do corpo e ter sensibilidade variável. A figura 3.1 ilustra o uso de um botão de pressão accionável com um movimento lateral da cabeça.

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Figura 3.1.: Exemplo de um botão de pressão accionável com um movimento lateral da cabeça. Uma alternativa, no caso de não ser possível a identificação dum movimento motor que permita a actuação dum botão de pressão, é o uso de botões activáveis por pressão de ar. O utilizador segura entre os lábios a ponta de um tubo flexível e activa o botão soprando ar para o interior do tubo. Embora o uso de varrimento electrónico permita uma maior liberdade do utilizador na escolha do símbolo desejado, a compreensão da mensagem continua a estar dependente da atenção e interesse do parceiro de comunicação. A introdução de sistemas com saída de voz veio trazer à CAA um enorme potencial permitindo que a comunicação se processe em moldes mais naturais. 3.2 Ajudas técnicas com saída de voz As ajudas técnicas à comunicação com saída de voz baseiam-se quer em fala sintetizada, quer em fala digitalizada. A fala sintetizada é produzida por um dispositivo que converte informação matemática pré-programada acerca dos parâmetros do tracto vocal, numa reprodução audível da voz humana [Edw91, Cor91]. A fala sintetizada é normalmente usada nos chamados conversores texto-voz, nos quais o utilizador constrói expressões a partir de uma entrada de texto (por exemplo, um teclado com acesso directo ou por varrimento) [Sag90]. A entrada é analisada e convertida por forma a simular informação fonética por um conjunto de algoritmos matemáticos pré-programados. A fala sintetizada difere da fala natural quanto à quantidade limitada de informação redundante que possui, como por exemplo a entoação, e que não raras vezes permite ao ouvinte discernir o seu significado mesmo que a inteligibilidade seja baixa [CHA+95]. Consequentemente, muitas aplicações com fala sintetizada são significativamente menos inteligíveis que a fala natural [LOT93]. Uma das tentativas para ultrapassar os problemas apresentados pela fala sintetizada, mantendo a possibilidade de reproduzir um vocabulário ilimitado, é o da concatenação fonética. Neste caso são guardados no sistema digitalizações dos fonemas constituintes da linguagem, os quais, quando sequenciados apropriadamente, podem gerar uma qualquer palavra. Um problema que surge é o da ligação entre os fonemas por forma a que as transições entre eles soem o mais natural possível. Outro ponto a ter em conta é que a quantidade e tipo de fonemas difere de idioma para idioma, e que, dentro de cada um, existem palavras que fogem às regras de pronúncia desse idioma.

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No caso da fala digitalizada, a fala humana é amostrada e quantificada em conversores analógico-digitais, sendo a informação guardada em memória. Para a sua reprodução é realizada a operação inversa. Uma vez que a saída produzida resulta do processamento da fala humana, esta é aproximadamente tão inteligível como a fala natural. Para além do mais, a prosódia natural e outras características da voz do falante (como por ex. idade, sexo, entoação) são mantidas. Um senão desta técnica é a grande quantidade de memória requerida, limitando por tal o vocabulário ou frases que podem ser guardadas. As técnicas de codificação actuais, e que veremos na próxima secção, tendem a atenuar este problema. Temos pois que quanto maior as unidades (fonemas, palavras ou frases), maior a naturalidade alcançada na reprodução, mas menor o grau de flexibilidade. Por exemplo, se todas as frases forem guardadas, então a pronúncia das palavras que as compõem estará correcta, mantendo-se igualmente a prosódia da frase. No entanto, estaremos confinados a expressões muito específicas. Por exemplo, a frase "Quero uma chávena de café", pode ser guardada e reproduzida exactamente, mas o utilizador sentir-se-à frustrado se realmente preferir chá. Se em vez de usarmos a frase como unidade, usarmos unidades mais pequenas, palavras ou fonemas, aumentamos a flexibilidade mas diminuímos a naturalidade aquando da sua reprodução. Assumindo que cada uma das palavras da frase referida anteriormente foi guardada individualmente, mais a palavra "chá", o utilizador pode agora escolher entre chá e café. Todavia, haverá uma perda geral de qualidade, pois a frase que resulta da junção das palavras não tem em conta a prosódia natural da fala.

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