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Setembro/Outubro/2018 Ano 41 - nº 384 Administrador Emérito Ozires Silva, fundador da Embraer, foi o 37º profissional a receber a láurea. Premiação aconteceu durante o ENCOAD Entrevista José Salibi Neto, coautor do livro “Gestão do Amanhã”, explica como as empresas devem atuar diante das constantes mudanças Disponível TECNOLOGIA, GESTÃO E MUITO CONHECIMENTO CONFIRA TUDO O QUE FOI DESTAQUE NO ENCOAD 2018

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Setembro/Outubro/2018Ano 41 - nº 384

Administrador EméritoOzires Silva, fundador da Embraer, foi o 37º profissional a receber a láurea. Premiação aconteceu durante o ENCOAD

Entrevista José Salibi Neto, coautor do livro “Gestão do Amanhã”, explica como as empresas devem atuar diante das constantes mudanças

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TECNOLOGIA, GESTÃO E MUITO CONHECIMENTO

CONFIRA TUDO O QUE FOI DESTAQUE NO ENCOAD 2018

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PARCERIAS

Profissionais e empresas registrados contam com serviços exclusivos nos postos de atendimento da sede do CRA-SP e do SAESP, e ainda têm direito a benefícios e ofertas em estabelecimentos conveniados ao Clube de Serviços. Para mais informações, acesse clubedeservicosaesp.com.br.

OS SERVIÇOS DO CRA-SP E DO SAESP FACILITAM A SUA VIDA

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AÇÃO

Adm. Roberto Carvalho CardosoPresidente do Conselho Regional deAdministração de São Paulo

O ENCOAD 2018 foi o maior de todos os tempos! Na 9ª edição tive-mos 39 palestras realizadas em nove cidades, 45 palestrantes e mais de 2 mil inscritos. O tema, Mundo Exponencial, é de todo interesse dos profissionais de Administração.

O mundo do trabalho mudou muito e vai mudar ainda mais no futuro próximo. Se no passado as famílias chegavam a identificar sua linhagem a uma profissão, como Backer (padeiro) na Alemanha, Marchand (vendedor) na França ou Smith (ferreiro) na Inglaterra, hoje as profissões que tínhamos quando começamos a trabalhar podem nem mais existir.

O que falar dos metalúrgicos com a robótica ou dos bancários com a informatização? Profissões que ocupamos no início da carreira hoje são automatizadas e realizadas por apps (aplicativos).

Discutir tecnologia nesse contexto é relativamente fácil. Mesmo com as mudanças disruptivas e crescimento exponencial podemos apontar a direção geral e dizer para onde vai o avanço. Contudo, discutir gestão nesse cenário é bem mais complexo. Como lidar com times cada vez mais heterogêneos e fisicamente separados? Como alinhar missão e visão de longo prazo ao dia a dia caótico de nossas organizações?

Para debater algumas destas questões, trouxemos, nesta edição da Revista Administrador Profissional - RAP, além da cobertura do ENCOAD, uma entrevista com José Salibi Neto, cofundador da HSM e autor do best seller “Gestão do Amanhã”.

Nessa entrevista, ele fala do papel do administrador como o líder que cria o futuro e que transforma a cultura e explica que apenas fazer um planejamento estratégico e estimular a motivação não são mais suficientes. É necessário, por exemplo, ser a pessoa que conecta as diversas tecnologias com seu negócio, com seus colaboradores e seus mercados.

Em um ambiente onde inovar é tarefa diária, aprender, rea-prender e principalmente aprender a aprender passam a ser requisitos básicos a todos profissionais de Administração. O Mundo Exponencial já é realidade e sobreviverá aquele que se adaptar.

O Profi ssional de Administração frente ao Mundo Exponencial

“Como lidar com times cada vez mais heterogêneos e fi sicamente separados? Como alinhar missão e visão de longo prazo ao dia a dia caótico de nossas organizações?”

Editorial

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twitter.com/cra_sp

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PresidenteAdm. Roberto Carvalho CardosoDiretoriaAdm. Silvio Pires de PaulaVice-presidente AdministrativoAdm. Claudia Marcia de Jesus ForteVice-presidente de Relações ExternasAdm. Luiz Carlos Marques RicardoVice-presidente de PlanejamentoAdm. Idalberto ChiavenatoVice-presidente para Assuntos Acadêmicos Adm. Paulo Gaspar Schlittler 1ª SecretárioAdm. Rogério Fernando de Góes2º SecretárioAdm. Mauro José Aita 1º TesoureiroAdm. Francisco Rafael Pescuma 2º TesoureiroAdm. Mauro KreuzConselheiro Federal Efetivo por São PauloAdm. Teresinha Covas LisboaConselheira Federal Suplente por São PauloConselheirosAdm. Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos, Adm. Ana Akemi Ikeda, Adm. João Luiz de Souza Lima, Adm. Hong Yuh Ching, Adm. Fernando de Carvalho Cardoso, Adm. José Vicente Messiano, Adm. Marcos Nogueira Cobra, Adm. Antônio Carlos Cassarro, Adm. Silvio José Moura e SilvaComissão de ComunicaçãoAdm. Silvio Pires de Paula, Adm. Luiz Carlos Marques Ricardo, Adm. Marcos Cobra, Adm. Ana Akemi Ikeda e Adm. Rogério Fernando de Góes.RedaçãoEditora: Katia Carmo ‒ MTB 84.375/SPReportagens: Katia Carmo e Milena BritoColaborou nesta edição: Maria Rita Werneck Diagramação e artePhábrica de Produções: Alecsander Coelho, Daniela Bissiguini,Ércio Ribeiro, Icaro Bockmann, Marcel Casagrande, Marcelo Macedo, Paulo Ciola e Kauê RodriguesImpressãoPlural Editora e Gráfica Ltda.Tiragem45.000 exemplaresA RAP é uma publicação bimestral do Conselho Regional de Administração de São Paulo ‒ CRA-SP (órgão que registra e fiscaliza os profissionais e empresas da área), sob a responsabilidade da Comissão de Comunicação. As reportagens não refletem, necessariamente, a opinião do CRA-SP.

Seccionais CRA-SPSeccional de BauruCoordenador Regional: Adm. Carlos Eduardo SperançaRua Rio Branco, 15-15, sala 31, Centro17015-311 - Bauru - SPTel.: (14) [email protected] de CampinasCoord. Regional: Adm. Elcio Eidi Itida Rua Maria Monteiro, 830, cj. 53, Cambuí13025-151 ‒ Campinas ‒ SPTel.: (19) [email protected] de Presidente PrudenteCoord. Regional: Adm. Manoel Barreto de SouzaAv. Cel. José Soares Marcondes, 871, sala 132, Bosque19010-080 ‒ Presidente Prudente ‒ SPTel.: (18) [email protected] de Ribeirão PretoCoordenadora Regional: Adm. Fátima Angélica R. Moura Av. Braz Oláia Acosta, 727, cj. 109 - Jardim Califórnia 14026-040 - Ribeirão Preto - SPTel.: (16) [email protected] Seccional de Santos (Baixada Santista e Vale do Ribeira)Coordenadora Regional: Adm. Renata Farias Pizarro BuschAv. Ana Costa, 296, sala 14, Campo Grande11060-000 - Santos - SPTel.: (13) [email protected] de São José do Rio Preto Coordenador Regional: Adm. Eduardo Gomes de Azevedo JuniorRua Imperial, 59, salas 1 e 2, Vila Imperial15015-610 - São José do Rio Preto - SPTel.: (17) [email protected] de São José dos Campos (Vale do Paraíba e Litoral Norte)Coordenador Regional: Adm. Dejair Dutra de SouzaRua Euclides Miragaia, 700, sala 25, Centro 12245-820 - São José dos Campos - SPTel.: (12) [email protected] de SorocabaCoordenadora Regional: Adm. Aida RodriguesAvenida Antônio Carlos Comitre, 510, sala 86, Parque Campolim18047-620 - Sorocaba - SPTel.: (15) [email protected]

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Rua Estados Unidos, 889Jd. América ‒ 01427-001 ‒ SPEstacionamento no localTel.: (11) [email protected]

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Aconteceu no CRA-SP Instituto do Pensamento Estratégico promoveu evento aberto ao público e dois novos Grupos de Excelência passaram a integrar o Centro do Conhecimento 6.

EditorialPalavra do presidente do CRA-SP, Adm.

Roberto Carvalho Cardoso 3.

Entrevista José Salibi Neto, coautor do livro “Gestão

do Amanhã” fala sobre os desafi os das organizações e dos profi ssionais nesse novo

mundo exponencial 12.

OpiniãoNo artigo deste mês, os erros e acertos durante a trajetória profi ssional 34.

Depoimentos A opinião de quem esteve presente ao ENCOAD 201830.

CRA-SP Indica Livros e vídeos para o profi ssional de

Administração 32.

EducaçãoInstituições nacionais e estrangeiras inovam em metodologias que visam formar profi ssionais prontos para atuarem frente às transformações do mercado

Administrador Emérito 2018 Ozires Silva, fundador da Embraer, foi o 37º profi ssional homenageado com a láurea, que reconhece nomes de destaque na área da gestão

Matéria de Capa A cobertura da 9ª edição do Encontro do Conhecimento em Administração ‒ ENCOAD, o maior evento do CRA-SP, que reuniu mais de mil pessoas em setembro

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16.

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Aconteceu no CRA-SP

Por Redação

De olho no futuro da Administração e na rápida evolução das organizações, o Ins-

tituto do Pensamento Estra-tégico - IPE, em seu primeiro evento aberto ao público, convidou a ex-secretária de estado de Meio Ambiente, Patricia Iglecias e a gerente de sustentabilidade do Centro de Tecnologia de Edificações - CTE, Adriana Hansen, para debater na sede do CRA-SP, no início de agosto, o tema Brasil 2050 – Gestão Ambiental.

Com base em projeções e no estudo da aplicação dos Objeti-vos do Desenvolvimento Susten-tável (ODS), da agenda 2030 da ONU, as especialistas falaram sobre o cenário da sustentabili-dade no Brasil, apontando como coadjuvantes na construção de um futuro próspero conceitos como o da economia circular e a necessária parceria entre aca-demia e os setores público e pri-vado. Segundo elas, essas ações

Um Brasil economicamente sustentável em 2050

ajudam a avançar na busca de soluções para temas como erra-dicação da pobreza, segurança alimentar e agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, redução das desigualdades, ener-gia, água e saneamento, padrões sustentáveis de produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentáveis, proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres, cres-cimento econômico inclusivo,

infraestrutura, industrialização e governança.

De acordo com Adriana, tra-balhar o conceito de economia circular é de fundamental im-portância para a Administração e para o desenvolvimento estra-tégico dos negócios. “É preciso pensar no fechamento do ciclo do consumo de matérias-pri-mas e na gestão do descarte. Até 2050, a previsão é de que tenhamos cerca de 238 milhões

Ex-secretária de estado de Meio Ambiente, Patricia Iglecias (à esquerda) e a gerente de sustentabilidade do Centro de Tecnologia de Edificações - CTE, Adriana Hansen

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Adm. Marcelo Andrade Costa, coordenador do GE em Recuperação de Empresas

Adm. José Roberto Cunha, coordenador do GE do Administrador Sênior

de pessoas no Brasil, o que repre-senta um desafio muito grande, principalmente no que se refere à capacidade de suporte a nossas demandas, necessidades e, mais do que isso, aos nossos desejos, porque não queremos somente água limpa, um lugar para mo-rar e energia. Queremos também vestir uma roupa legal, andar de carro etc. e isso, de certa forma, contribui para alavancar ainda mais a produção de resíduos só-lidos no país, que hoje já se en-contra na faixa de 71,3 toneladas por ano”, salientou.

Ainda segundo a gerente do CTE, a indústria precisa se harmo-nizar com o meio ambiente, em busca da abundância e, para isso, é necessário planejar como fazer os recursos prosperarem, sem li-mitação. “Precisamos pensar de forma mais ampla e holística, gerando oportunidades econômi-cas para os negócios, ao mesmo tempo em que beneficiamos a so-ciedade e o meio ambiente, a fim de garantir a prosperidade dos recursos, das empresas e dos ser-viços”, afirmou.

Já Patricia falou da dificuldade de o Brasil cumprir a agenda 2030 da ONU e ressaltou que a susten-

tabilidade não é só uma questão social, ambiental ou econômica, mas que todos esses setores preci-sam atuar em sinergia. “Na norma está tudo muito claro. O problema está na efetividade, no quanto colocamos isso em prática. Para funcionar, a atividade econômica deve operar de forma adequada, gerando empregos e qualidade de vida. Mas não dá para falar em qualidade de vida se as pessoas não têm emprego ou se vivenciam uma situação dramática do ponto de vista ambiental”, constatou.

Como agravantes nesse cenário, a ex-secretária de estado de Meio Ambiente elencou fatores como o enorme desperdício de alimentos, que hoje chega a 1,3 bilhão de toneladas por dia; a desigualdade na saúde, considerando que 3 em cada 10 pessoas no mundo (2,1 bilhões) não têm acesso à água tratada em casa e que 6 em cada 10 (4.5 bilhões) não possuem tra-tamento de esgoto sanitário.

Novos Grupos de Excelência

No mês de agosto, dois novos Grupos de Excelência – GEs foram lançados no CRA-SP , ampliando o número de profissio-nais que discutem os mais diver-sos temas da Administração no Conselho. No evento Longevidade Funcional: mente e corpo físico, o GE do Administrador Sênior trouxe para o debate a impor-tância de manter hábitos de vida saudáveis para poder envelhecer bem e continuar ativo.

Para o coordenador, Adm. José Roberto Cunha, o objetivo dos estu-dos do grupo é identificar os desa-fios e oportunidades, trazendo para o CRA-SP assuntos que possam beneficiar os profissionais idosos.

Já no evento As razões que le-vam as empresas à situação de crise e o papel do Administrador, o GE em Recuperação de Empresas iniciou suas atividades com uma apresentação sobre os motivos pe-los quais as organizações entram em crise e, entre outros destaques, a importância delas manterem processos de governança e com-pliance em suas gestões.

O Adm. Marcelo Andrade Costa, coordenador do GE, enfatizou que o grupo pretende ampliar a dis-cussão do tema, especialmente diante do cenário econômico pelo qual passa o Brasil, de forma a contribuir para que as empresas possam se reestabelecer.

No total, o Centro do Conheci-mento agora conta com 31 Gru-pos. Confira a relação completa em www.crasp.gov.br/centro/home. Acompanhe, também, a cober-tura desses dois eventos em youtube.com/oficialcrasp.

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Educação

Por Milena Brito

A reinvenção do aprendizado na educação executiva

Nos últimos anos, ca-racter ís t icas como Volat i l idade, Incer-teza, Complexidade

e Ambiguidade, que represen-tam o chamado mundo VUCA, têm desafiado organizações e profissionais brasileiros atu-antes nos diferentes setores da economia, a investirem no aprimoramento de suas habili-dades para lidar com os atuais desafios impostos ao mercado, em decorrência das transforma-

ções movidas pela constante e acelerada evolução tecnológica.

Para ajudar nesse novo e ir-reversível cenário, no qual em-presas nascem enquanto outras se reinventam ou, até mesmo, sucumbem à intensa influên-cia de tecnologias digitais, ins-tituições de ensino nacionais e internacionais, com foco na educação executiva, chamam a atenção por utilizarem metodo-logias que contribuem no desen-volvimento de profissionais mais

preparados para atuar de forma colaborativa, dinâmica e voltada a resultados, de olho no futuro dos negócios e conscientes de que educação na era exponen-cial é um projeto de longo prazo, sem data para acabar.

Aprendizado na prática

A sueca Hyper Island, fundada em 1996 e com campus na Fin-lândia, Holanda, Singapura, Reino

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“Sabemos que a tecnologia está acelerando o mundo, mas não podemos deixar que ela decida para onde vamos. Por isso, aplicamos uma visão humana holística sobre a utilização da tecnologia e novos conceitos de colaboração para o futuro”, esclarece Jesper Rhode

Unido e Estados Unidos, chegou ao Brasil há cerca de quatro anos - após os brasileiros alcançarem a segunda posição no grupo de profissionais em busca de conhe-cimento na sede da instituição, na Suécia - para suprir a neces-sidade de atualização do modelo de negócios de empresas afetadas pela crise e agilizar o processo de transição para a nova econo-mia. “Nossos cursos e projetos ajudam pessoas e organizações a acelerarem a sua jornada de transformação. Ensinamos ferra-mentas e auxiliamos as pessoas a navegarem nessa nova realidade. No entanto, é preciso motivação, porque só assim a mudança acon-tece”, conta Jesper Rhode, ex--CMO da Ericsson América Latina e consultor da Hyper Island Bra-sil (confira a entrevista exclusiva com Rhode no Canal A Serviço da Administração, no YouTube).

Para o consultor, que se dedica a interpretar a tecnologia na vi-são do ser humano, o foco da es-

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AÇÃO

cola de inovação digital está na capacitação de profissionais para a inovação e para a construção de uma mentalidade mais proativa e de trabalho em equipe. “A Hyper Island coloca a pessoa no centro dos trabalhos de aprendizagem. Sabemos que a tecnologia está acelerando o mundo, mas não po-demos deixar que ela decida para onde vamos. Por isso, aplicamos uma visão humana holística so-bre a utilização da tecnologia e novos conceitos de colaboração para o futuro. E, nesse cenário, o compartilhamento é extrema-mente importante, mesmo em mercados competitivos, porque é por meio dele que aceleramos experiências”, explica.

A metodologia de estudos em-pregada pelos cursos de Master Class da Hyper - que incluem te-mas como Inteligência Artificial, Blockchain, Indústria 4.0 e De-sign para experiência do usuário, com conteúdos ministrados em inglês, na cidade de São Paulo

- consiste no “aprender na prá-tica” a buscar respostas, dispen-sando a atuação de professores de formação acadêmica, provas ou regras. “A vida digital (ou em rede, como preferimos chamar) é como nadar ou andar de bici-cleta. Não temos como explicar, então o que fazemos é colocar os participantes na piscina ou na bicicleta e ajudá-los a se virarem bem naquele ambiente. Depois, dedicamos um tempo para re-fletir sobre como o aprendizado funciona no dia a dia de cada um ou dentro das empresas. Quanto mais a gente tenta, mais erra e essa é a experiência que ganha-mos”, salienta Rhode.

Educação disruptiva

Reconhecida internacional-mente pelo desenvolvimento de programas educacionais para executivos, a Saint Paul Escola de Negócios ganhou, recentemente,

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“Ao personalizar a aprendizagem, o aluno consegue entender não só a forma como ele melhor aprende, para priorizar o que de fato será melhor absorvido, como também avaliar o quanto já conhece de um assunto para focar apenas no que ainda precisa desenvolver”, explica José Cláudio Securato

o Prêmio Learning & Perfor-mance Brasil – que identifica as melhores práticas de e-learning, alta performance e transforma-ção digital de negócios – pela criação, em março de 2018, da plataforma de onlearning LIT - ferramenta de aprendizagem di-gital, que combina prática, teoria e tecnologia, de forma personali-zada e adaptativa.

Segundo José Cláudio Secu-rato, presidente da Saint Paul, a ideia da plataforma LIT surgiu após uma análise do modelo de negócios, para o planejamento de atuação da escola nos pró-ximos anos. “Revisitamos as teorias de inovação de Clayton Christensen – professor de Ad-ministração na Harvard Busi-ness School e autor do estudo em inovação dentro das grandes empresas – e encontramos na teoria da inovação disruptiva a resposta que procurávamos. As-sim, criamos o conceito de edu-cação disruptiva, na intersecção

entre os princípios da heutago-nia (em que o aluno é o gestor e programador de seu próprio processo de aprendizagem), an-dragogia (ciência de orientar adultos a aprender) e lifelong learning (aprendizado ao longo da vida)”, relembra.

Para contribuir no processo de autonomia e estimular a personalização da aprendiza-gem, a Saint Paul, por meio da tecnologia IBM Watson, criou o tutor “Paul”, ferramenta de Inteligência Artificial que per-mite à plataforma identificar o repertório do aluno e adaptar as aulas virtuais ao seu nível de conhecimento, tornando a Es-cola, de acordo com Securato, pioneira no campo de educa-ção mundial. “Ao personalizar a aprendizagem, o aluno con-segue entender não só a forma como ele melhor aprende, para priorizar o que de fato será me-lhor absorvido, como também avaliar o quanto já conhece de

um assunto para focar apenas no que ainda precisa desenvol-ver. Além disso, o estudante explora melhor os seus micros momentos, ou seja, se ele tem 10 minutos para aprender so-bre um novo tema, o Paul irá sugerir primeiro os objetos de aprendizagem que fazem mais sentido para ele, de acordo com a maneira em que melhor aprende. Assim, o aluno con-segue sentir que está, de fato, assimilando e, ao não ter que rever conceitos que já conhece, sente-se mais motivado a conti-nuar”, exemplifica.

A plataforma disponibiliza cursos nas áreas de marketing, liderança, gestão de pessoas, finanças, contabilidade e admi-nistração, entre outras, e fun-ciona por meio de assinatura, em que o estudante escolhe quantos cursos deseja fazer, por um valor único, com direito a certificados. Além disso, tam-bém é possível fazer MBA de

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O Capítulo São Paulo da Singularity University

integra o grupo da Chapters Brazil, que pretende ser um

centro de conhecimento, experiências e impacto

maneira modular, somando as trilhas de aprendizagem. “Cerca de 70% de nossos alunos têm entre 18 e 40 anos, um público familiarizado com as inovações digitais e que está acostumado a se desenvolver em ambientes dinâmicos, sendo que mais de 90% buscam atualização cons-tante. Todos os professores do LIT, assim como os da Saint Paul, atuam como consultores, docentes ou executivos e, por isso, aplicam nas aulas temas que são discutidos nas grandes empresas, sabendo quais são os gaps que precisam ser trabalha-dos nos profissionais que estão se movimentando no mercado”, completa Securato.

Disseminando conheci-mento

Sinalizando o crescente inte-resse de instalar uma filial no Bra-sil, a Singularity University (SU),

fundada em 2008 e famosa por seus cursos de tecnologia e educa-ção ministrados no Vale do Silício – região da baía de São Francisco, na Califórnia, Estados Unidos – inaugurou, no final de 2017, o Capítulo São Paulo, com o obje-tivo de trazer à cidade a discussão sobre conceitos de singularidade, novas tecnologias, crescimento exponencial e disrupção.

Representada por Conrado Schlochauer, sócio-fundador da Affero Lab e ex-aluno da SU, o Ca-pítulo São Paulo integra o grupo de Chapters Brazil formado por unidades em Campinas, Belo Ho-rizonte, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e Recife, que pre-tende ser um centro de conhe-cimento, experiências e impacto, atuando como catalisador de pes-soas que, de outra forma, não te-riam acesso ao conhecimento e visão de mundo promovidas pela instituição.

De acordo com Schlochauer,

o chapter não oferece aula, pois não é uma filial da Singularity, mas, desde que chegou à cidade, já realizou três grandes eventos e uma competição de startups de educação, chamada GIC – Global Impact Challenge, que ocorreu no primeiro semestre de 2018 para promover inovações e star-tups com o poder de impactar positivamente a vida das pessoas que vivem no Brasil. Os ganhado-res foram definidos no final do mês de julho e premiados com um programa de 10 semanas na Incubadora da SU Ventures.

Todas essas novas metodo-logias de ensino adotadas vêm ao encontro desse novo mundo exponencial, que requer uma educação também veloz e capaz de entender as inúmeras trans-formações. Basta saber como (e quando) esse ensino chegará a todos os profissionais que pre-cisam se capacitar para essa nova era.

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Conrado Schlochauer, representante do Capítulo São Paulo da Singularity University

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Entrevista

Foco na gestão: a nova administração nas organizações

que, de tão essencial nesse cenário de evolução, será tema de seu próximo livro. Confira a entrevista a seguir:

Revista Administrador Profis-sional – RAP: No livro Gestão do Amanhã, o senhor e o San-dro Magaldi abordam, de forma pioneira no Brasil, o Mundo Exponencial, que foi o tema do ENCOAD 2018, um evento pro-movido pelo CRA-SP. O que re-presenta esse assunto para você?

José Salibi Neto: Representa a atualidade do que nós conhe-

Por Katia Carmo e Maria Rita Werneck

duas décadas com os principais pensadores na área da gestão, como Peter Drucker, Michael Porter e Philip Kotler, Salibi Neto conseguiu reunir informações e experiências para ajudar profissionais e organizações a lidarem com a instabilidade do novo mundo. Nessa conversa, ele pontua quais são as ações corporativas necessárias e, também, dá dicas sobre as novas competências que deverão ser desenvolvidas por todos aqueles que desejam ter sucesso em suas carreiras. Além disso, aborda uma questão importante dentro das empresas: a cultura corporativa

ue o mundo exponencial está afetando tudo e to-dos nós já sabemos. Mas como essas mudanças impactam diretamente a gestão nos mais dife-

rentes tipos de organizações? Para explicar como esse processo é im-portante e deve ser entendido por profissionais, empresas e governo, a RAP entrevistou José Salibi Neto, cofundador da HSM Educa-ção Executiva e coautor do livro Gestão do Amanhã – Tudo o que você precisa saber sobre gestão, inovação e liderança para vencer na 4ª Revolução Industrial.

Convivendo durante mais de

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cemos da tecnologia e da admi-nistração de empresas. Eu acho que talvez sejamos os primeiros a escrever sobre a gestão expo-nencial no mundo exponencial, porque existem inúmeros livros sobre esse mundo, a tecnologia, as rupturas, mas nunca ninguém conseguiu abordar, de fato, a questão da gestão, que é a nossa especialidade. E, principalmente, o papel das pessoas dentro disso, pois se fala muito de marketing, inteligência artificial, biotecno-logia, nanotecnologia, robótica, mas cadê as pessoas? Onde nós ficamos no meio de tudo isso? Quais são as habilidades que precisamos ter para vencer nesse mundo? Estamos acompanhando esse tema e ele nos é muito fa-miliar, pois quando eu liderava o conteúdo da HSM, fizemos um evento, em 2006, chamado World Science Forum. Nele, abordamos as novas ciências que estavam vindo para o mundo da gestão, mas que pouca gente en-tendia. Isso tem muito a ver com o que a gente fala no livro, que o ser humano tem uma dificuldade muito grande de acompanhar a revolução da tecnologia, pois ela cresce num ritmo muito mais rá-pido do que a nossa capacidade de compreensão.

RAP: Diante dessa mudança, quais são os modelos de gestão da nova era tecnológica? Se tudo muda constantemente, como manter o planejamento dos ne-gócios daqui pra frente?

Salibi Neto: Quanto mais rá-pido o mundo fica, mais difícil é de compreender. Até uns 20 anos atrás, o tempo que levava

para uma empresa desaparecer era de 40 anos. Se você conse-guisse viver depois disso, seria uma empresa impressionante. Hoje são 15 anos. A palavra aqui é velocidade. O mundo era um antes do microprocessador e é outro depois dele. Toda essa velocidade muda muita coisa na maneira de as empresas se organizarem e a tecnologia cria mais possibilidades para elas. Na administração de antes, você tinha que encontrar um nicho, criar um produto para ele, ser especialista e tentar ser o me-lhor do mundo. Hoje, a organiza-ção que faz isso pode morrer. A Amazon, por exemplo, começou vendendo livros e olha o que ela se tornou hoje. As empresas que sabem utilizar a tecnologia para ter uma visão mais ampla dos negócios irão muito bem e isso não significa desfocar. Hoje existe um ambiente de negócios muito mais dinâmico, que faz com que as empresas tenham que agir um pouco mais com pla-taformas de negócios. Ou seja, unir consumidor de um lado e produtor de outro, por meio de uma plataforma digital como o Ipod, Uber, Airbnb. Onde tem ociosidade tem alguma opor-tunidade para novos negócios. É aí que aparecem players que não têm nada a ver com a indús-tria como nós conhecemos, que tendo apenas um celular e uma cabeça boa, entram no mercado sem grandes investimentos no começo. Isso altera totalmente a dinâmica da competição, que hoje é diferente da maneira que nós aprendemos na escola, pois não tínhamos esse componente antes. Os modelos de negócios que conhecemos não servem

mais, porém, infelizmente, as escolas de negócios continuam ensinando com os mesmos li-vros e mesmas teorias e, por isso, existe uma dificuldade por parte dos novos profissionais de entrarem no mercado.

RAP: Por conta dessas mudanças, quais são as novas habilidades que os líderes precisam desenvolver?

Salibi Neto: Com a veloci-dade que estamos vivendo esse mundo exponencial, o número de ciências e subciências con-tinuam crescendo muito. Dessa forma, o significado de inteli-gência artificial hoje já está so-frendo rupturas por alguém aí no mundo, algum cientista ou laboratório que virá com outra tecnologia. Só que isso acon-tece com uma velocidade tão grande que, se você não tiver capacidade de fazer a conexão das coisas, não terá sucesso. Hoje, não basta mais ser aquele presidente de empresa honesto, que sabe motivar, entusiasmar e fazer um planejamento estraté-gico, entre tantas outras quali-dades que são necessárias, mas não suficientes. Agora existem novas habilidades que foram emergidas desse mundo, como o líder interconector, por exem-plo. As competências dos ges-tores estão mudando muito, o mindset é totalmente diferente e, infelizmente, as escolas de ne-gócios não ensinam essas com-petências. Por isso, você precisa aprender lendo, estudando, an-dando e observando. Usamos bastante o exemplo do Steve Jobs, que tinha essas habilida-des de fazer ligações. É preciso

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desenvolver a capacidade de olhar uma coisa, ligá-la em ou-tra e disso nascer um produto. Também são necessárias outras habilidades que descrevemos no livro [Gestão do Amanhã], como o líder criador do futuro, o líder como transformador da cultura, entre outras.

RAP: Que análise o senhor faz das organizações brasileiras diante do mundo exponencial? Em re-lação às empresas de outros paí-ses, as nossas estão conseguindo acompanhar esse momento de transformação? Se não, quais são os riscos desse atraso?

Salibi Neto: Temos um lado extremamente vibrante com as startups, pois muitas já estão dando certo. Inclusive, é mais fá-cil começar do zero do que mudar algo já estabelecido. Existe um es-forço muito grande das empresas tradicionais, mas elas emperram justamente onde nós entramos com o nosso novo livro, que é a transformação cultural. Não adianta você ter a intenção de fazer as coisas, comprar tecno-logias, computadores, autorizar trazer cachorro nas sextas-feiras, instalar mesas de pebolim ou ping pong nos escritórios, mas não mu-dar a cultura de maneira com que as pessoas se comportem na em-presa por um novo mundo, pois aí tudo isso vai ficar em vão.

RAP: A respeito do seu novo livro que será lançado em breve [sobre transformação cultural], o que é possível adiantar? Como está a mentalidade dos gestores diante dessa ruptura?

Salibi Neto: Primeiro é preciso entender e admitir que você tem um problema cultural, o que não é fácil. Um exemplo claro disso foi o Jorge Paulo Lemann, que disse se sentir um dinos-sauro apavorado após partici-par de um evento de tecnologia nos Estados Unidos. Isso porque o modelo de negócio do grupo ImBev é voltado para a eficiên-cia, para o corte de custo, para a meritocracia ao extremo, ou seja, todo mundo competindo internamente de forma muito forte. Tudo isso que foi constru-ído faz parte da cultura de 40 anos. Só que para você compe-tir no mundo hoje é necessário ter outro tipo de mentalidade. A inovação precisa ser quase que diária, porque as tecnologias vêm e os produtos têm que se comunicar melhor com os seus consumidores. Não adianta nada você trazer equipamen-tos se continua com o mesmo mindset que teve durante déca-das. É isso que abordamos no livro, propondo algumas inicia-tivas interessantes para admitir o problema e, depois, fazer uma auditoria para saber que tipo de cultura você tem. Os docentes de Harvard, liderados pelo Prof. Boris Groysberg, fizeram um es-tudo no qual 89% das empresas pesquisadas admitiam que sua cultura é de resultados. Isso é bacana, é preciso ter resultados, mas se você também não tiver uma cultura de inovação, nada acontece. As organizações sem-pre recompensaram por resul-tados financeiros, mas hoje elas precisam começar a recompen-sar por inovações que, geral-mente, não dão retorno logo no começo. Esse novo mindset tem

que estar dentro da empresa e o CEO, inclusive, é o chefe de cultura da organização. Ele pre-cisa mudar sua postura, voltar um pouco para a escola e se atualizar para saber o que está acontecendo no mundo. O forte da cultura está lá embaixo, na ponta, ninguém vê. É aquilo que acontece quando o presidente da empresa não está na sala, a forma como os executivos se comportam.

RAP: O que as organizações que possuem uma cultura muito en-raizada, como por exemplo as empresas familiares, precisam entender para não serem derru-badas por essa transformação?

Salibi Neto: Eu considero que as empresas familiares estão muito mais expostas a esse perigo tecnológico do que alguns outros tipos de organi-zações, porque elas vêm com uma cultura de décadas, que passou do fundador para ou-tras gerações. E, no fundo, as gerações acabam dando conti-nuidade àquilo que já foi feito e não promovem uma reinven-ção total no negócio. Por isso, elas terão que ser muito mais dinâmicas, precisarão se abrir mais, contratar novos tipos de profissionais e dar mais poder para os executivos enfrentarem esse mundo em constante trans-formação. Já não basta ser um bom administrador ou uma boa administradora. Geralmente as empresas familiares, em teoria, são mais fechadas, mas elas te-rão que viver num mundo de total transparência e isso é um grande desafio.

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“O profissional precisa realmente se educar. Antes, com um mundo mais previsível, se você fosse um bom administrador, você acabava levando. Hoje, porém, o mundo é totalmente imprevisível“, ressalta José Salibi Neto

RAP: Sabemos que o processo de inovação é algo quase auto-mático nas empresas privadas, mas como as organizações pú-blicas, que geralmente possuem um caminhar mais lento, podem atuar dentro desse mesmo pen-samento de transformação?

Salibi Neto: As empresas pú-blicas não fogem muito desse mundo em que vivemos. As pes-soas podem se comportar como dinossauros ou podem tratar de ser úteis. Os governos que estão se tornando digitais estão muito mais espertos e começarão a abo-canhar mercados de países mais lentos. Vale muito da iniciativa e os novos governantes que vêm por aí precisam ter um pensamento vol-tado à tecnologia. Qualquer orga-

nização pode ser transformada. É mais difícil fazer no governo? Sim, mas é possível, tem que se mexer.

RAP: Como os profissionais da Administração podem se prepa-rar e devem se comportar frente a todas essas transformações?

Salibi Neto: Em primeiro lugar, estudando muito tecnologia. Fa-zendo cursos de programação, viajando mais para conhecer não só o Vale do Silício, mas também outras culturas e países. O profis-sional precisa realmente se edu-car. Antes, com um mundo mais previsível, se você fosse um bom administrador, você acabava le-vando. Hoje, porém, tudo é total-mente imprevisível. A Nokia, por exemplo, perdeu em oito anos o

valor de mercado de 140 bilhões de dólares. O duro desses execu-tivos tradicionais é que eles têm que pegar aquilo que aprende-ram e jogar no lixo, porque não serve mais para competir no mundo atual. E você desapegar do passado é uma coisa muito di-fícil. Então, é preciso reaprender a aprender e aprender a esque-cer. É necessário estar muito em cima da questão da tecnologia, pois você terá que saber como operar as coisas. Eu falo hoje que as escolas de administração têm que pegar 60% do conteúdo que elas têm, descartar e colo-car no lugar disso ensino sobre tecnologia, sobre o mundo e as estratégias digitais. E por aí que o planeta caminha e caminhará cada vez mais. Quem não enten-der isso vai ficar perdido.

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Matéria de Capa

O slogan do Encontro do Conhecimento em Ad-ministração – ENCOAD 2018, realizado no úl-

timo dia 27 de setembro no CRA--SP, trazia um alerta importante: é necessário estar preparado para um futuro que, na verdade, já chegou. Foi justamente com esse propósito, o de capacitar seus profissionais para as inú-meras mudanças pelas quais o planeta vem passando, que o Conselho e os seus 31 Grupos de Excelência - GEs prepararam a 9ª edição do evento, a maior já realizada até hoje.

Por Katia Carmo e Milena Brito

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AÇÃO

Estar preparado é a única saída

Foram 39 apresentações em todo o Estado, com a presença de 45 palestrantes, além da cerimô-nia de entrega do Prêmio Admi-nistrador Emérito 2018 (veja na página 27). Tudo isso em apenas um único dia, para um público final de 1.140 pessoas, que pôde ouvir, debater e trocar experiên-cias sobre a Administração no Mundo Exponencial, tema cen-tral do evento.

Crescimento

As cidades de São José dos Campos, Jundiaí, Santos, Bauru,

Sorocaba, Monte Aprazível, Ri-beirão Preto e Osvaldo Cruz tam-bém fizeram parte dessa edição do ENCOAD. Nelas, foram debati-dos, sempre sob o tema principal do evento, assuntos como Gestão de Projetos, Coaching, Inovação, Empreendedorismo, Franquias, entre outros.

Já na capital paulista, 31 pales-tras simultâneas movimentaram o dia na sede do Conselho. Para abrigar todo o público presente (662 pessoas, no total) composto por profissionais de Administra-ção, estudantes, docentes e em-preendedores foi necessária, a exemplo do ano passado, a mon-tagem do auditório Jardins, tenda com capacidade para 270 pessoas e que alocou as apresentações com maior número de inscritos.

Mensagens especiais

Além de acompanhar as pales-tras presenciais, o público que

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"O nosso Conselho vai além da sua função básica que é fiscalizar o exercício profissional e, por isso, entendemos que é nossa obrigação estar a serviço da Administração" disse o presidente do CRA-SP, Roberto Carvalho Cardoso

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AÇÃO

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esteve na abertura do evento as-sistiu, em primeira mão, a um ví-deo sobre o Mundo Exponencial preparado especialmente para o Encontro e que contou com a participação de cinco especialis-tas nacionais e internacionais. No material, Yuri van Geest, coautor do best seller “Organizações Ex-ponenciais”; Alexandre Hohagen, ex vice-presidente do Google e do Facebook na América Latina e conselheiro corporativo; Mau-rício Benvenutti, sócio da StarSe e autor do livro “Incansáveis”; Jesper Rhode, ex CMO da Erics-son América Latina e consultor da Hyper Island; e José Salibi Neto, coautor do livro “Gestão do Amanhã” e cofundador da HSM Educação Corporativa, abor-daram questões importantes e mandaram mensagens especiais para os participantes do ENCOAD (assista ao vídeo completo em youtube.com/oficialcrasp).

Abrindo as atividades do dia, o presidente do CRA-SP, Adm. Roberto Carvalho Cardoso, agra-deceu o trabalho de todos os

membros dos GEs e explicou o objetivo do Encontro. “Procura-mos apresentar aos profissionais de Administração e à sociedade o conhecimento que os Grupos ge-raram ao longo do ano. O nosso Conselho vai além da sua função básica que é fiscalizar o exercício profissional e, por isso, entende-mos que é nossa obrigação estar a serviço da Administração. Te-nham certeza que todo o evento foi preparado com muito carinho por todos os colaboradores do CRA-SP”, enfatizou Cardoso.

Nas páginas a seguir, você con-

fere a cobertura de algumas das principais apresentações reali-zadas, o perfil do Administrador Emérito deste ano, Ozires Silva, e as opiniões de quem esteve pre-sente ao ENCOAD 2018, o maior evento do Conselho voltado ao conhecimento.

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A palestra especial de abertura do ENCOAD 2018 trouxe o tom dos debates que se-riam realizados ao longo do dia. Rafael Clemente, sócio fundador da consultoria

EloGroup, mostrou como a velocidade das mudan-ças transcende a nossa compreensão. Ele iniciou a sua apresentação expondo a logomarca de algumas empresas, pedindo para que o público se sentasse quando não reconhecesse qual organização a ima-gem representava. Em pouco tempo, não havia mais ninguém em pé. Isso, no entanto, não significa que aquelas empresas são pouco importantes, muito pelo contrário. Todas elas já são consideradas em-presas unicórnios, ou seja, negócios que alcança-ram o valor de 1 bilhão de dólares no mercado, mas, ainda assim, permanecem desconhecidas de grande parte das pessoas.

Para Clemente, isso acontece porque o cresci-mento dessas empresas foi exponencial. Em pouco tempo, elas conseguiram mudar o mercado em que atuavam e transformar a realidade, o que, muitas vezes, foi negligenciado pelas grandes corpora-ções tradicionais, que agora se veem ameaçadas diante desses novos negócios.

“Uma empresa de pensamento linear levava, em média, 20 anos para alcançar o valor de mer-cado de 1 bilhão de dólares. Hoje, organizações com o mindset exponencial conseguem isso em dois ou três anos. Isso significa que se fizermos o nosso planejamento estratégico a cada cinco anos, nesse tempo um concorrente nosso pode nascer, atingir essa marca de 1 bilhão e a gente nem se dar conta disso”, explicou Clemente.

Por outro lado, para gerir esse novo modelo de negócio que cresce de forma não linear, as práticas organizacionais também precisam estar alinhadas e o palestrante ressaltou que no ̒ mundo das redes sociais, é preciso ter autonomia para negociar com o cliente, senão ficaremos para trás”.

Tecnologia e ser humano

Uma série de inovações estão por trás de todas essas mudanças. Clemente mostrou porque a in-teligência artificial, o blockchain, o big data e a realidade aumentada são destaques nessa nova era, mas fez uma ressalva. “Estamos passando por muita transformação, mas não só por conta da tecnologia. Estamos falando de tecnologias que nos habilitam fazer as coisas de forma dife-rente, de novos comportamentos do consumidor e, também, de clientes cada vez mais conectados e empoderados. Quando juntamos esses três fa-tores é que começamos a ver o nível de mudança que temos hoje.”

Um mundo em transformação

"Estamos falando de tecnologias que nos habilitam fazer as coisas

de forma diferente, de novos comportamentos do cliente e,

também, de consumidores cada vez mais conectados e empoderados",

destacou Rafael Clemente

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Não é só o cenário das empresas privadas que está mudando. As Organizações da Sociedade Civil – OSCs também têm vivido um período de transi-ção muito grande. A dificuldade na arrecadação de recursos, resultante de uma série de aconte-cimentos, em especial o novo Marco Regulatório das Organizações, abalou o desenvolvimento das atividades e impactou um setor essencial dentro da sociedade. A pesquisadora líder na FGV, Aline Gonçalves de Souza, mostrou em sua apresentação como as entidades devem se preparar para conse-guir ultrapassar essa barreira e obter parcerias com o poder público a fim de garantir sua sobrevivência.

Para mostrar o crescimento dessas entidades, Aline evidenciou dados importantes: o país possui 820 mil organizações que, em 2015, reuniam 3 milhões de pessoas com vínculos emprega-tícios, representando 3% de toda a população ocupada do Brasil. As áreas de saúde, educação e assistência social são as que mais empregam e representam quase 50% desse total.

Apesar de toda essa representatividade e impor-tância dentro da sociedade, não só pelos projetos desenvolvidos, mas também por sua responsabili-dade empregatícia e econômica, as OSCs ainda ne-

cessitam melhorar a gestão dentro das entidades. Além das parcerias com o poder público, o apoio de empresas privadas, por meio de seus negócios sociais, pode ajudar essas instituições. “Existe um mundo para a gente conhecer nesse chamado setor 2.5, que é o caminho entre empresas e organizações sem fins lucrativos”, orientou Aline.

Como gerar novos negócios no Terceiro Setor?

Isso, por sua vez, afeta diretamente as qualifi-cações profissionais que adquirimos nas facul-dades. Citando uma pesquisa de professores de Harvard, Clemente mostrou que atualmente as nossas competências depreciam 20% ao ano, ou seja, se você se formar e não se atualizar, após cinco anos já estará totalmente fora do que o mercado necessita.

Administração

Para que novos e antigos negócios consigam ul-trapassar as dificuldades das transformações, Cle-

mente mostrou as características das organizações exponenciais e falou da importância da ambição e de propósitos arrojados. “Quando você coloca para a empresa um objetivo ousado, os desafios são tão grandes que as pessoas precisam se juntar para chegar lá”, mostrou.

Para isso, é necessário, também, criar um novo tipo de aprendizado, onde seja possível errar ba-rato para testar inovações. “Se eu erro várias ve-zes, mas de forma econômica, consigo reduzir a incerteza e investir na hora certa, pois já não estou mais precisando aprender, mas sim crescer. Esse é o mindset que devemos criar”, finalizou.

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O conceito de cidadania está em constante transformação e a tecnologia deveria ser usada para melhorar a qualidade de vida das pessoas, em todos os setores. Infelizmente, ainda não é isso que vivenciamos no Brasil. Mais da metade da população brasileira não concluiu o ensino médio e ainda há 12 milhões de analfabetos no país. Foi com esse preocupante retrato da educa-ção nacional que Alessandra Gotti, presidente do Instituto Articule, iniciou sua apresentação sobre a Cidadania 4.0.

Ela mostrou que o judiciário é um importante termômetro para saber o que precisa ser me-lhorado nos serviços públicos, pois é através da judicialização que sabemos o que não está fun-cionando adequadamente. Por isso, a gestão dos dados é tão importante. Falando especificamente sobre a educação, Alessandra contou que os tribu-nais ainda não conseguem extrair informações confiáveis sobre os processos em andamentos e isso prejudica o planejamento e as ações dos governantes nessa área.

“Os assuntos das novas demandas judiciais preci-sam ser cadastrados no sistema judiciário, mas, na área da educação, não há catalogados temas sufi-cientes para isso, o que impede a extração de dados importantes, como quais são as maiores demandas e como o judiciário tem resolvido essas questões”, explicou Alessandra. Ela mostrou que ações para resolver esse impasse já estão sendo tomadas. A reformulação das tabelas na área da educação, in-clusive, já é objeto de estudo e pesquisa por parte do Grupo de Administração Legal do CRA-SP, que está trabalhando nessa adequação, com base na parceria firmada entre o Conselho e o TJSP.

Diante de um mundo em constante mudança, não há como trazer soluções prontas, mas sim apontar elementos e parâmetros que podem ajudar na cons-trução de uma solução. Essa foi a definição trazida por Stavros Panagiotis Xanthopoylos, diretor de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Educação a Distância – ABED, em sua apresen-tação sobre Inovação na Área Acadêmica.

Ele mostrou que hoje, todos, sem exceção, já passaram por algum processo de aprendizagem a distância, de forma online, embora isso nem sempre tenha acontecido de forma estruturada e que esse acesso é possível por meio dos aparelhos portáteis e, também, da internet, um ambiente no qual todos podem participar.

Nesse cenário, no entanto, um dos grandes desa-fios da área educacional, que impacta diretamente no mercado de trabalho, é conseguir unir as gera-ções e os seus processos de aprendizagem. Para Xanthopoylos, o jovem, que é um nativo digital, pre-cisa melhorar o seu foco no desenvolvimento das atividades, enquanto o profissional mais experiente deve aprender que ele também precisa ter uma vida além do trabalho.

“Isso pra mim é uma política pública que precisa ser escrita no país e é estratégico para a nação, que hoje possui 40 milhões de analfabetos funcionais. Se isso não começar agora, mais uma geração será afetada. É preciso gerar um ambiente dinâmico de gestão de aprendizagem, onde os mais experientes trazem o conhecimento e a sabedoria e os mais jovens ensinam as novas ferramentas”, explicou o professor, que também ressaltou a importância da valorização dos docentes como forma de fazer o país crescer.

A tecnologia a favor da população Inovação no ensino

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O sócio presidente da Agência Tudo, Maurício Magalhães, iniciou a sua apresentação sobre o Marketing e a Comunicação no Mundo Exponencial definindo muito bem a realidade dos profissionais de hoje. “Estamos sempre achando que o vizinho sabe mais do que nós, que estamos desatualizados e, somado a isso, ainda precisamos enfrentar uma crise econômica, de valores e modelos”. Ele fez um paralelo entre as inúmeras inovações que tivemos ao longo do tempo, como as navegações e a internet e o satélite e o Instagram, por exemplo. Ele acredita

que tudo aquilo que vem para mudar a realidade, dentro de seu tempo, é uma grande transformação e que é bobagem achar que o mundo se divide entre o antes e o depois do digital.

“A inovação é um jeito de pensar que está nas nossas cabeças, que vai gerar revoluções quase di-árias e evoluções de forma acelerada. Não é que descobrimos um novo mundo nunca antes visto, o que não estamos entendendo, na verdade, é a velo-cidade da rotação, por isso a falta de entendimento”, defendeu Magalhães.

Na área do marketing, essa velocidade acelerada possibilitou novos targets, formatações, fronteiras, mercados e negócios. Para Magalhães, quem melhor aproveitou isso no mundo foi a IBM que, dentro da sua história, produziu coisas extremamente diferen-tes, com sucesso. “Precisamos criar um plano de ação em vez de apenas ficarmos reclamando que o conceito do marketing está mudando”, orientou, complementando que os profissionais da área, hoje, devem unir métodos tradicionais e ações digitais para atingir o seu público.

Para contar como é o dia a dia dos profissionais que trabalham em empresas digitais, Rodolfo Ohl, gerente de Desenvolvimento do Mercado Brasileiro da Asana, trouxe experiências vividas por ele dentro desse segmento e as percepções que teve ao longo de sua carreira. Uma delas, inclusive, diz respeito ao nosso pensamento de que as empresas estrangeiras chegam no Brasil para massacrar as organizações nacionais o que, segundo Ohl, é muito mais história do que verdade.

A ideia de que os profissionais serão imediatamente substituídos por novas tecnologias também foi des-mistificada. “Em todas as empresas em que trabalhei o digital ainda está embrionário. A gente tem a sensação de que irá perder o emprego amanhã e é verdade que as coisas estão avançando com a convergência das tecnologias que têm se acelerado, mas ainda não é na velocidade que está sendo disseminada”, explicou.

Com isso, uma das grandes dificuldades desse mer-cado de trabalho ainda é a gestão de equipes e a co-

ordenação das atividades, pois muita gente não sabe o que precisa ser feito. Para ele, as empresas devem focar no aprimoramento de times ágeis, que precisam priorizar aquilo que é mais importante. Ohl mostrou que isso começou na área tecnológica, na criação de produtos, mas que hoje já é uma prática adotada por inúmeras organizações, nos mais diversos setores. Ao final, o palestrante mostrou que uma das grandes competências desse momento é o senso crítico, pois é por meio dele que você conseguirá identificar aquilo que é essencial ou não dentro desse cenário de tantas novidades.

O marketing no olho do furacão

Trabalho na era digital

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A tecnologia, assim como qualquer outra atividade ou processo, possui um lado bom e outro ruim e isso precisa ser administrado corretamente. O Adm. Fer-nando Yarussi, gerente de Administração de Vendas e Finanças da Siemens iniciou sua apresentação sobre os dilemas éticos na Gestão 4.0 trazendo uma reflexão sobre como podemos aproveitar as novas facilidades sem, é claro, deixar de preservar informações sigilosas e promover negócios sustentáveis.

“O big data é o grande problema dos últimos tempos. Todos querem informações, mas como conseguir esses dados?”, questionou Yarussi ao

mencionar que a responsabilidade por essa gestão adequada é da alta direção. Ele salientou que os valores das organizações não se alteram por conta do mundo ter se tornado 4.0 e que as empresas pre-cisam ser claras e transparentes com seus clientes para evitar problemas futuros.

Yarussi mostrou quatro pontos importantes de re-flexão sobre os dilemas éticos: a definição de quais informações dos clientes as empresas precisam guar-dar e de que forma devem conseguir autorização para isso; a estratégia para encontrar a “agulha” certa no palheiro digital, no caso de existir alguma investigação sobre ações antiéticas; a forma adequada de estipular normas e procedimentos para todos da organização; e a maneira correta de criar uma rede colaborativa que possa contribuir para o bom funcionamento das atividades. Tudo isso, conforme mostrou o palestrante, é importante para que as possíveis denúncias sejam investigadas de maneira isenta, buscando sempre a verdade dos fatos, pois muitas delas, inclusive, podem ser originadas por intrigas pessoais.

Acompanhar o ritmo exponencial das transforma-ções é algo que pode ser muito complicado, principal-mente porque o pensamento humano age de forma linear. Cezar Taurion, presidente do i2a2 – Instituto de Inteligência Artificial Aplicada, explicou como a IA está mudando atividades no dia a dia das pessoas, mas ressaltou que essa tecnologia não veio para substituir o ser humano, mas sim ajudá-lo em suas atividades.

“Observem de uma forma macro que vocês, admi-nistradores, têm muitas atividades que são repetitivas, como organizar planilhas, coordenar determinadas equipes e montar cronogramas. A forma de fazer é a mesma, só muda o conteúdo. Então, por que fazer algo que a máquina consegue realizar de forma muito melhor? Por que não se dedicar a uma atividade mais inteligente? O somatório entre a inteligência artificial e a humana é o que realmente ʻexponencia-lizaʼ”, defendeu Taurion.

Diante desse cenário, algumas profissões deixarão de existir, da mesma forma que outras atividades sur-girão. Por isso, a academia precisa estar preparada

para formar esses novos profissionais e esse processo não está acontecendo na velocidade adequada. Tau-rion fez uma crítica ao sistema de ensino, que ainda educa a todos da mesma forma e lembrou que, se a tecnologia irá ocupar o lugar na execução das tarefas robotizadas, os seres humanos deverão possuir uma educação de melhor qualidade para conseguirem atuar nas atividades mais sofisticadas. “Nós estamos formando futuros desempregados, porque produzir planilhas e fazer previsões são coisas que a máquina poderá fazer”, alertou.

A tecnologia e a ética

O mundo da inteligência artifi cial

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Abrir o próprio negócio em meio a tantas mu-danças pode parecer um pouco assustador. Porém, algumas facilidades do atual momento podem aju-dar a desmistificar esse processo empreendedor, que vem crescendo a cada ano, seja pela própria vocação pessoal ou, até mesmo, pela necessidade. O Adm. Jefferson Freitas de Oliveira, sócio-diretor da Pavarini Consultores Associados, trouxe para o ENCOAD algumas definições da atualidade e projeções para um futuro imediato, mencionando que a economia colaborativa, que é uma grande tendência atual, está impactando diretamente na criação de novos negócios.

“A inovação é a capacidade de identificar as oportunidades e colocá-las no mercado”, definiu Oliveira, que também traçou um panorama das na-ções que mais inovam no mundo. Nesse contexto, ele explicou que o Brasil, infelizmente, ainda se vê de uma forma muito positiva, mas que essa não é uma percepção compartilhada pelos outros países com a relação a nós. Em comparação aos Estados Unidos, Singapura e Israel, por exemplo, o Brasil ainda está muito atrás.

“O nosso mercado está pronto para ser traba-lhado, mas precisamos de um pouco de estabilidade para dar tempo de as coisas acontecerem, porque o brasileiro consegue transpor as barreiras de forma criativa. Essa dificuldade econômica, porém, faz com que as taxas de sobrevivência das empresas durante os primeiros dois anos ainda sejam muito baixas em relação a outros países, particularmente os Estados Unidos, onde 70% das organizações con-seguem sobreviver”, mostrou Oliveira.

Trabalhando desde 2011 em prol de incorporar padrões de eficiência, controle e monitoramento aos serviços públicos municipais, o vereador José Police Neto falou sobre a maratona Hack in Sampa, reali-zada nos anos de 2017 e 2018, na Câmara Munici-pal de São Paulo, com o objetivo de unir tecnologia e transparência de dados para criar ferramentas objetivas e inovadoras de combate aos principais problemas do país.

De acordo com Police Neto, não há na admi-nistração pública nenhum ambiente que invista em inovação, enquanto no setor privado muito dinheiro é aplicado visando à evolução dos ne-gócios. “Se não temos eficiência e não usamos a inovação tecnológica, que tem sido a solução para muitos dos problemas privados, passamos a ser os últimos na fila, com uma administração muito atrasada”, destaca.

O hackathon do serviço público é uma reali-zação da Cidade Vida, incubadora de projetos sociais, e já resultou na implantação das plata-formas “Extrato Público” – para fiscalizar os gastos de parlamentares - e “No Faro” – para controle e denúncia de desvios do poder público. Na úl-tima edição, cerca de 15 equipes de hackers se reuniram para, durante um período de 24 horas, buscar soluções que facilitassem a apresentação e compreensão do grande volume de informações municipais disponibilizadas nos portais de trans-parência da Prefeitura e da Câmara Municipal de São Paulo. “Eu costumo dizer que o nosso objetivo com os hackatons não é criar uma startup que em seis meses ou um ano valha 1 bilhão de dólares, mas conseguir criar tecnologias que nos ajudem a economizar 1 bilhão”, comemorou.

Empreender em meio às transformações

A tecnologia contra a corrupção

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Com o objetivo de discutir a participação de admi-nistradores no presente e futuro das organizações exponenciais, os sócios da Deloitte, Ronaldo Perez Fragoso (responsável pela área de governança, ris-cos e compliance) e Roberta Yoshida (consultoria em gestão de capital humano), apresentaram dados da pesquisa Tendências Globais de Capital Humano 2018 - A ascensão da empresa social, apontando áreas nas quais as organizações devem focar para aprimorar a gestão, o desenvolvimento e o alinha-mento de pessoas no trabalho, tendo como base, por exemplo, a crescente disponibilização tecnológica.

De acordo com Fragoso, apenas um terço das empresas globais está preparada para a atual revo-lução, assim como apenas 15% dos executivos estão dispostos a enfrentar a transformação digital. “Essa é uma janela de oportunidades para todos, basta ter curiosidade e buscar preparação para trafegar nesse novo cenário. A necessidade de qualificação e adaptação é mandatória. Temos que transformar isso em vantagem para nós, profissionais, e para a empresa”, alertou.

Além da questão tecnológica, que conecta as em-presas a clientes e fornecedores, Roberta afirmou que as organizações devem colocar o ser humano no centro das transformações. “A empresa social consegue aliar o objetivo de receita e lucratividade ao respeito às necessidades dos seus stakeholders. Ela escuta, investe e administra as mudanças que dão forma ao mundo de hoje, com a responsabili-dade de ser uma organização cidadã. As empresas de sucesso, do nosso ponto de vista, serão as so-ciais, no sentido de conhecer e tratar muito bem o seu ecossistema”, finalizou.

Cultura organizacional orientada para a mudança

Firme na opinião de que para os administradores construírem ou transformarem o mundo com mais propriedade é necessário ética, a pesquisadora e consultora empresarial, Maria Cecília Coutinho, lembrou que estamos passando por nossa quarta revolução industrial e que, portanto, o termo “dis-rupção” não deve assustar, mas sim motivar profis-sionais a, mais um vez, entender que é necessário desaprender, abrir-se para novas práticas para, então, reinventar-se.

Com uma apresentação focada no papel do RH, Maria Cecília disse que o mercado dispõe de espaço para todos, visto que, embora os jovens possuam o pensamento mais ágil e flexível a mudanças, os mais velhos estão correndo atrás ou buscando rea-prender. “Daqui para frente, quando você estiver vivenciando uma entrevista de emprego, pense: ʻo que eu posso fazer de inovador para essa em-presa? No que eu posso colaborar, que não seja no básico?ʼ. Porque por mais que a tecnologia faça a diferença, quem está por trás dela ainda é o ser humano”, tranquilizou.

Segundo ela, se não olharmos para o futuro, ou-tros profissionais entrarão no mercado e quem fará a diferença será aquele que conseguir se movimen-tar melhor nesse cenário, tornando-se protagonista. Já no que se refere à atuação das empresas, Maria Cecília apontou a necessidade de desenvolvimento de habilidades, como pensamento fora da caixa, atuação digital e abertura aos riscos, entre outras, em busca da construção de uma civilização do bem, com impacto de abrangência mundial, por meio do uso da tecnologia.

O segredo do sucesso é fazer diferente

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Fernando Luzio, fundador e CEO América Latina da Luzio Strategy Group, abordou os desafios apre-sentados às empresas “estabelecidas” para mobilizar seu crescimento e adaptação aos novos planos de ne-gócios, em um cenário que exige maior flexibilidade e agilidade estratégica das organizações.

De acordo com Luzio, as faculdades de adminis-tração, no passado, formavam profissionais para acertarem o modelo de negócios de primeira e se dedicarem, até o fim, em sua manutenção. Porém, para ele, esse comportamento, frente a chegada das startups, que possuem alta escala de agilidade quando o assunto é pivotagem (mudança no plano de negócios após um período de testes de uma estra-tégia que não gerou resultados), pode fazer grandes empresas desaparecerem. “As startups nascem ágeis e nós, empresas estabelecidas, temos que lidar com o desafio de corresponder rapidamente. No mundo de incertezas em que vivemos, muitas corpora-ções desapareceram porque faltou capacidade de absorção”, alertou.

Ainda segundo o especialista, para se manterem no mundo exponencial, as organizações devem con-centrar a maior parte do seu tempo e dinheiro na expansão do seu negócio central. “Se as empresas continuarem fazendo mais do mesmo, é possível que o movimento de disruptura dos emergentes faça com que seus pontos máximos de extração de valor se transformem em inflexão. Portanto, ao mesmo tempo em que se planeja o que fazer no negócio central, é preciso começar a incubar novos motores gerado-res de receitas, novas plataformas, que deverão ser acionadas quando a capacidade do negócio alcançar o seu ponto máximo”, decretou.

Visão estratégica no mundo exponencial

O diretor de Soluções Cognitivas da IBM, Gui-lherme Novaes, falou sobre como a tecnologia está influenciando e mudando as nossas vidas. De acordo com o especialista, a aceleração digital promoveu mais inovação nos últimos cinco anos do que em toda a história da humanidade, mas não é preciso se preocupar. “Não é uma competição de quem é o melhor: homem ou máquina. É uma parceria. Nós contribuímos com o senso comum, ética, imaginação, empatia, sonhos, enquanto a máquina processa quantidades inimagináveis de linguagem natural, localiza conhecimento, iden-tifica padrões e nos traz uma série de insights

que, sozinhos, não seríamos incapazes de com-preender. A máquina vai trabalhar e o homem vai pensar”, explicou.

Segundo o especialista, até 2020, 80% das compras digitais serão realizadas sem interação humana, por meio do autosserviço ou de um assistente cognitivo. “Quarenta e três por cento dos jovens entre 18 e 20 anos já realizam boa parte de seus pagamentos digi-tais através de aplicativos. Ou as empresas se adaptam a isso ou estarão fora do mercado”, sintetizou.

Novaes afirmou, ainda, que os sistemas de inteli-gência artificial são inofensivos e que cognição é a “exponencialização” da capacidade humana. “O ho-mem supervisiona o aprendizado da máquina e isso gerou muita polêmica nos últimos anos, porque não se sabia como o algoritmo raciocinava e dava respostas. Hoje, no entanto, a IBM abriu a caixa preta e permitiu que se enxergasse exatamente o que o algoritmo faz, de forma que sejamos mais assertivos no treinamento da máquina, tornando-a capaz de entender, raciocinar e aprender para interagir conosco”, concluiu.

A relação entre homem e máquina

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Com o discurso de que sem singularidade humana não há singularidade tecnológica, a futurista Jaque-line Weigel afirmou que, no mundo exponencial, a tecnologia é apenas um instrumento que nos força a mudar rapidamente, mas que a característica que real-mente fará a diferença nesse cenário será a aplicação de uma visão otimista, aliada à ética e à sustentabili-dade. “A sociedade anseia por empresas com propó-sito, que causem impacto social e não visem somente o lucro. Portanto, se você ainda passa o dia inteiro cuidando das metas da empresa, cuidado!”, alertou.

De acordo com Jaqueline, o mundo está passando por um processo de transformação global, onde 3,8

bilhões de pessoas estão conectas à rede e que, em 2025, o planeta estará 100% interligado, apresen-tando características como “abundância, liberdade e bilhões de oportunidades”. Para alcançar esse re-sultado, porém, a futurista afirmou que será preciso se dedicar ao aprendizado. “Tem muita gente que ainda não está compreendendo a mudança ou está resistindo e investindo no passado. Mas será por meio da tecnologia que consertaremos o nosso mundo”, destacou.

Para finalizar, Jaqueline fez um apelo. “Como fu-turista, peço que se comece a olhar para o macro-ambiente, para enxergar ameaças, oportunidades e tomar decisões estratégicas para você e para o seu negócio, no presente. Futurismo não é achismo. Para falar sobre o futuro é preciso ter dados, utili-zar métodos e se aprofundar em estudos. Abordar o futuro afirmando que o robô vai tomar o seu emprego, que o mundo vai acabar e que todas as empresas construídas até hoje vão quebrar, não é futurismo, é terrorismo.”

Em um cenário altamente influenciado pelo uso massivo de novas tecnologias e caracterizado pelas preferências de consumo dos chamados millennials – a geração da internet – uma pergunta que não quer calar é: qual o reflexo dessa transformação na admi-nistração esportiva?

Para Claudinei Santos, especialista em gestão dos negócios do esporte, é necessário implantar um novo modelo de operação e de gestão, que contemple a mudança de comportamento individual e de grupos de atletas, torcedores, espectadores, técnicos, gestores e patrocinadores, sem esquecer que esse modelo pode variar dependendo dos recursos disponíveis. “Quando se tem recursos em abundância e a organização não sabe utilizar, ela se desorganiza, por isso, é preciso aprender a gerenciar não somente a escassez, mas também o excesso”, afirmou.

O especialista ainda fez uma provocação ao pú-blico presente questionando como conciliar e inte-grar as funções do esporte (lazer, entretenimento, educação, saúde, inclusão e socialização) ao conceito

de organizações exponenciais. Apesar de acreditar não haver respostas, ele apontou como desafios para as organizações que desejam alcançar a “exponen-cialidade”: a redefinição de sua missão, em busca de um propósito; a melhor compreensão de seus clien-tes; o ganho de agilidade e flexibilidade; a liberdade de experimentação; a automatização de processos; a obtenção de financiamento coletivo; e a melhor uti-lização de dados, informações e tecnologias digitais. “Você tem duas opções: assistir da arquibancada ou entrar no jogo”, finalizou.

Um futuro para se construir

O esporte na era exponencial

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Administrador Emérito

No início de 1969, quando Ozires Silva teve a oportunidade de falar sobre a proposta

de fabricação de aviões no Brasil para o então presidente Artur da Costa e Silva, o país e o mundo passavam por grandes transfor-mações. No cenário nacional, movimentos culturais expoentes tentavam ultrapassar a censura do governo brasileiro. Mundial-mente, Neil Armstrong estava prestes a se tornar o primeiro homem a pisar na Lua.

Em diferentes aspectos e em todos os cantos do planeta, as coisas mudavam bastante para se adaptar às novas realidades, mas, ainda assim, aconteciam em uma velocidade característica daqueles tempos. Para Ozires Silva, no entanto, as consequên-cias decorrentes da sua ousadia, determinação e vontade de ino-var naquele ano foram exponen-ciais. Após o primeiro contato feito de forma totalmente inusi-tada - Costa e Silva precisou des-viar o seu voo de Guaratinguetá para São José dos Campos, onde Ozires era a maior autoridade do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) – a ideia de criação de uma empresa brasileira de aviação to-mou forma e, em agosto de 1969, ela já tinha nome: Embraer.

Ozires Silva, além de idealizar

a criação da empresa, também a presidiu por 17 anos, retornando em outro momento difícil e im-portante para a sua história, o período de privatização, entre 1991 e 1995. Sempre à frente do seu tempo, ele previu e ima-ginou coisas muito antes do que outras pessoas. Acreditou e in-vestiu em projetos incertos, mas que se revelaram tendências dos novos tempos.

Foi por essa determinação e capacidade de administrar

grandes processos frente às di-ficuldades e transformações que o CRA-SP, por meio de sua Co-missão Especial (que neste ano incluiu representantes da Escola de Administração de Empresas de São Paulo - FGV/EAESP, da Associação Nacional de Executi-vos de Finanças, Administração e Contabilidade – ANEFAC, da Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM, da Facul-dade de Tecnologia do Estado de São Paulo – FATEC, da Fundação

Ozires Silva, sempre à frente do seu tempoPor Katia Carmo

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Administrador Emérito

Nacional da Qualidade – FNQ e do Instituto Brasileiro de Go-vernança Corporativa – IBGC) o escolheu como Administrador Emérito 2018. A láurea, que já premiou nomes como Antônio Ermírio de Moraes, Luiza Helena Trajano e Jorge Paulo Lemann, chegou este ano a sua 37ª edição e encerrou o 9º ENCOAD.

A trajetória de Ozires

Nascido em 08 de janeiro de 1931, Ozires, desde pequeno, já se interessava pela aviação. Foi no Aeroclube da cidade paulista de Bauru, onde nasceu, que ele ini-ciou suas atividades na área. Aos 13 anos, já pilotava sozinho pla-nadores que eram muito avan-çados para a época e, já nesse período, não se conformava com o fato de não haver nenhum avião de fabricação nacional.

Após se formar com a patente de oficial aviador e piloto militar em 1951, Ozires foi para Belém do Pará, onde ficou por cinco

anos pilotando aviões Catalina (modelo anfíbio com capacidade para 5 tripulantes, destinado a missões de patrulha marítima). Em 1958, prestou exames para ingressar no Instituto Tecnoló-gico de Aeronáutica – ITA, em São José dos Campos, onde se graduou Engenheiro Aeronáu-tico em 1962. A formação e paixão por aviões continuou em desenvolvimento no Instituto de Tecnologia da Califórnia, onde conseguiu completar a pós-gra-duação na área em apenas um ano, metade do tempo estimado para o curso. Essa pressa em retornar para o Brasil tinha um motivo: concluir o projeto de construção de um avião total-mente nacional, propósito que foi realizado após o seu empe-nho e determinação para a cria-ção da Embraer.

Suas atividades na área da ges-tão, porém, também se expandi-ram para outros setores. Ozires presidiu a Petrobras de 1986 a 1989, foi ministro de Infraestru-

tura de 1990 a 1991 e presi-dente da Varig de 2000 a 2003. Por todas essas importantes ações no cenário brasileiro, re-cebeu inúmeras condecorações nacionais e, também, internacio-nais. Atualmente, ele é Reitor do Centro Universitário São Judas Tadeu – campus Unimonte e articulista em várias revistas e jornais especializados.

Premiação

A láurea de Administrador Emé-rito 2018, entregue pelo CRA-SP a Ozires no final da 9ª edição do ENCOAD, foi um momento de muita emoção para todos. Diante de um auditório lotado, o funda-dor da Embraer recebeu do Adm. Alberto Emmanuel Whitaker, in-tegrante da Comissão que esco-lheu o nome a ser homenageado, o pergaminho que materializa o prêmio. Pelo presidente do CRA--SP, Adm. Roberto Carvalho Car-doso, Ozires foi presenteado com uma escultura representando a confiança, atitude, auto estima e determinação que conduziram seus passos durante toda a sua vida. Em seu discurso de agrade-cimento, ele lembrou a importân-cia da boa gestão das empresas públicas e defendeu as mudanças que devem ser feitas para que o país possa crescer.

“A Administração brasileira tem que dar um salto quantita-tivo, para que tenhamos gover-nos e empresas eficientes, que possam ajudar os cidadãos de bem a produzirem, fazendo com que o Brasil tenha uma presença muito mais significativa também internacionalmente. As atribui-ções às quais eu tive a honra de pertencer, tenham certeza, só

O Adm. Alberto Whitaker entrega a Ozires o pergaminho que representa o prêmio Administrador Emérito 2018

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Confi ra a cobertura completa do Prêmio Administrador Emérito 2018 e a entrevista exclusiva concedida por Ozires Silva para o Canal A Serviço da Administração. Acesse youtube.com/ofi cialcrasp

Veja a galeria de Eméritos em www.crasp.gov.br

aconteceram por conta do capri-cho muito grande com relação à Administração e à ética. Foi por isso que essas empresas pude-ram funcionar e trazer resulta-dos”, relembrou Ozires.

Ele também recordou o início da Embraer e as ações promovidas na época para impulsionar os ne-gócios, que trouxeram bons frutos para a organização e para o país. “A empresa estatal pôde cres-cer graças a uma administração cuidadosa, que usou o dinheiro público com a mais completa responsabilidade. Todas as ativi-dades desenvolvidas na Embraer só aconteceram porque houve confiança entre a empresa e as

autoridades. Pudemos, também, trabalhar em um ambiente de respeito, onde um executava e o outro fiscalizava”, contou.

Preocupado com o futuro do Brasil, Ozires deixou um recado para todos os brasileiros: ter cuidado com as decisões a se-rem tomadas nas eleições deste ano. Ele espera, nesse momento delicado, que os brasileiros res-peitem o país e façam algo pelo governo. Ao final de seu dis-curso, o Administrador Emérito de 2018 agradeceu, mais uma vez, pelo recebimento do prê-mio, lembrando a importância dele para a sociedade. “Desejo que o Brasil dê o salto necessá-

rio para as mudanças e possa ser um país diferente, no bom sentido. Muito obrigado ao CRA--SP e a todos que indicaram o meu nome. Espero que essa tra-dição de trazer aqui pessoas que possam apresentar exemplos de sucesso na Administração con-tinue, pois é necessário dizer o quanto é importante esse atri-buto na vida do país. Por meio dele, podemos olhar para frente com confiança, garantindo que nossos filhos e descendentes te-nham bons empregos e possam, efetivamente, contribuir para a construção desse Brasil grande com o qual nós sempre sonha-mos”, finalizou.

Ozires recebe, do presidente do CRA-SP, a escultura que simboliza a determinação e a confiança presentes em sua carreira

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Depoimentos

Com vocês, os participantes...Profissionais, estudantes e docentes de todo o Estado estiveram presentes no ENCOAD 2018. Confira o que eles acharam da 9ª edição do evento.

Ana Caroline Gomes Machado

“É uma oportunidade muito grande estar aqui conhecendo o ENCOAD. Acho importante participar das palestras, pois elas agregam muito em nosso curso e fazem a gente conhecer na prática um pouco mais dos assuntos que já aprendemos na teoria da faculdade.”

“Gosto muito da Administração e os temas apresentados

muito bacana. Queria ter conseguido vir o dia todo, mas não pude.

aqui hoje estão aderentes à minha área de atuação. Acabei de sair,

De qualquer forma, já valeu muito a pena.”

por exemplo, da palestra de Trabalho na Área Digital e hoje eu trabalho na educação a distância. A apresentação me abriu a mente,

consegui várias dicas de como continuar e algumas sugestões de melhoria. Participar do ENCOAD está sendo uma experiência

Joice Carla da Silva “O evento está sendo de grande importância para nós estudantes, pois podemos ver como aquilo que estudamos em sala é aplicado no mercado de trabalho. Conseguimos saber mais sobre a rotina dos profissionais e agregamos muito do conhecimento prático.”

Adm. Bruno Chagas Simão, que esteve pela primeira vez em um ENCOAD

Thaína Brisa Santos de Carvalho

“Estou achando muito legal estar aqui. A gente percebe que ganha muito conhecimento.”

Vanessa Macedo Camargo

“Achei muito interessante o evento, pois trata de temas importantes da Administração nos dias atuais.”

Ana Caroline, Thaína, Joice e Vanessa, estudantes do 3º ano de Administração da UFSCar - campus Lagoa do Sino, que estiveram pela primeira vez em uma edição do ENCOAD

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“Estou achando o evento muito interessante. Os temas são bem atuais e eu não conhecia os Grupos de Excelência do CRA-SP. Achei as palestras muito boas, com bons profissionais.”

“Participar do ENCOAD, para mim, é fundamental

e não tem mais como viver sem. É viciante.”

para a profissão, pois por meio dele conseguimos trazer inovação e visão futurística para nossos clientes. Esse diferencial é muito importante no mercado. Essa é a terceira edição que participo

“O ENCOAD é muito importante porque atualiza o conhecimento das pessoas. Os palestrantes são de

excelência e acabamos de assistir, por exemplo, a uma apresentação de um professor docente da PUC e da USP. As informações aqui repassadas podem servir de norte para os próximos negócios.”

“Já estive em vários eventos do CRA-SP, mas este é o primeiro ENCOAD que

palestras e áreas diferentes para melhorar a visão geral desse

participo. Estou aqui desde de manhã e o Encontro superou

mundo . É tudo isso que vou levar para os alunos na faculdade.”

as minhas expectativas. Hoje, ouvimos muito sobre eventos que falam especificamente desse mundo exponencial, 4.0,

mas eu achei genial a forma como o Conselho conseguiu trazer diversas perspectivas e, também, o cuidado ao selecionar

Adm. Roland Antoine Eid, que participou pela segunda vez de uma edição do ENCOAD

Adm. Rafael Barreiro Takei, coordenador dos cursos de Gestão e Comunicação da FUNVIC de Pindamonhangaba

Adm. Isis Costa, moradora da cidade de Sorocaba e que veio até a sede do Conselho para mais uma edição do ENCOAD

Adm. Rogério Garcia

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ABUNDÂNCIAO futuro é melhor do quevocê imaginaAutores: Peter H. Diamandis e Steven KotlerNúmero de páginas: 424HSM Editora

A obra documenta como o pro-gresso nas áreas de inteligên-cia artifi cial, robótica, manufatu-

ra digital, nanomateriais, biologia sintética e mui-tas outras tecnologias de crescimento exponen-cial permitirão que tenhamos, nas próximas duas décadas, ganhos maiores que os experimentados nos dois últimos séculos. Os autores apresentam inovações e empreendedores que têm dado pas-sos largos em áreas específi cas e ainda mostram como quatro forças emergentes - tecnologias ex-ponenciais, inovadores que seguem a fi losofi a fa-ça-você-mesmo, tecnofi lantropos e o bilhão as-cendente - conspiram para resolver os maiores problemas da humanidade.

O inventor e futurista Ray Kurzweil examina o próxi-mo passo no processo evo-

lutivo da união entre homem e máquina, no qual os conhecimentos e habilidades embutidos em nossos cérebros serão com-binados com a velocidade e capacidade de compartilhamento de nossas criações, tor-nando nossa inteligência trilhões de vezes mais poderosa e favorecendo o alvorecer de uma nova civilização, que nos permitirá transcender limitações biológicas e ampliar nossa criatividade.

THE SINGULARITY IS NEARWhen humans transcend biologyObra sem tradução para o portuguêsAutor: Ray KurzweilNúmero de páginas: 652Penguin Books

Livros

KAI-FU LEE: COMO A IA PODE SALVAR NOSSA HUMANIDADE

A inteligência artifi -cial está massivamen-

te transformando o nosso mundo, mas há uma coisa que não pode fazer: amar. Numa pales-tra visionária, o cientista da computação Kai-Fu Lee detalha como os EUA e a China estão impul-sionando uma profunda revolução na aprendi-zagem e compartilha um modelo de como os humanos podem prosperar na era da IA, apro-veitando a compaixão e a criatividade. "IA é se-rendipidade", diz Lee. "Ela está aqui para nos libertar dos trabalhos roti-neiros e para nos lembrar o que nos torna humanos."Assista em https://goo.gl/xD9FQK

Vídeos

A plataforma TED Talks reúne pequenos vídeos que trazem assuntos interessan-tes das mais diversas áreas e conta com a participação de pessoas renomadas. Confi ra alguns conteúdos inspiradores para os profi ssionais de Administração:

ERIK BRYNJOLFSSON: A CHAVE DO CRESCIMENTO? CORRA COM AS MÁQUINAS

Enquanto as máquinas as-sumem postos de trabalho,

muitos se veem sem emprego ou com aumentos sala-riais adiados indefi nidamente. Seria esse o fi m do cres-cimento? Não, segundo Erik Brynjolfsson, diretor da MIT Center for Digital Business, em Cambridge, e pesquisador associado no National Bureau of Economic Research. Pa-ra ele, trata-se apenas das dores crescentes de uma eco-nomia reorganizada radicalmente. Nesse vídeo, ele mos-tra o porquê de grandes inovações estarem à nossa frente e reforça que, se pensarmos nos computadores como nossos colegas de trabalho, tudo fi cará mais simples.Assista em https://goo.gl/JZWcDq

CRA-SP Indica

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youtube.com/oficialcrasp

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Colaborações para esta seção podem ser enviadas para o e-mail [email protected] Os textos devem conter no máximo 3 mil caracteres (com espaços), nome completo do autor, foto em alta resolução e o registro no CRA-SP.

→ Este artigo refl ete, exclusivamente, a opinião de seu autor. O CRA-SP não se responsabiliza pelas ideias nele contidas.

Adm. Leandro Dupré CardosoCRA-SP: 135991

Uma citação comumente mal atribuída a Albert Einstein já diz tudo: se julgarmos um peixe pela

sua capacidade de subir em ár-vores ele sempre será conside-rado um estúpido. Cada espécie desenvolve aquelas habilidades mais apropriadas para sobrevi-ver de acordo com o seu habitat. Com as pessoas, esse modelo não é muito diferente quando se está diante do mercado de trabalho.

Assim como na selva, somente os mais adaptados resistem ao longo do tempo. Construir uma carreira profissional exige identi-ficar as próprias competências e conciliá-las àquelas imprescindí-veis para o meio ao nosso redor, a fim de aperfeiçoá-las de modo contínuo e inovador.

Isso torna a fase de percep-ção de necessidades ainda mais relevante diante de um cenário externo extremamente volátil: afinal, o que é importante hoje continuará sendo essencial amanhã? E se eu fizer a esco-lha errada? Uma má decisão de carreira vai só me fazer gastar tempo e dinheiro com algo que não valia a pena para mim!

Perante alguma entrada sem saída ao longo do caminho da carreira, podemos culpar as pla-cas que nos sinalizaram o falso trajeto. Ou podemos compreen-der que as suas presenças não estavam destinadas a nos atra-palhar, mas sim a nos ensinar a distinguir as estradas trafegáveis das demais.

Ao encontrarmos um tesouro

Trilhando o destinodesconhecido enriquecemos de qualquer forma. Se as suas joias são verdadeiras, ganhamos com o valor do seu conteúdo. E, caso sejam falsas, ainda obtemos a certeza e o conhecimento de de-talhes técnicos que comprovem a sua falta de autenticidade. Achar o não-tesouro nos fornece valio-sos subsídios e orientações ex-tras para a descoberta do tesouro verdadeiro.

Não podemos nos enganar: uma hora ou outra o erro vai acontecer. Quem toma decisões está fadado a isso. Em vez de la-mentos e desesperos, vale muito mais notar que o erro é ideal para o aprendizado. Nenhum trajeto é unicamente dotado de estradas retas e bem asfaltadas. Com suas várias ruelas e curvas perigosas, o erro é simplesmente uma parte integrante do caminho.

Por isso, mais importante do que saber escolher a rota correta é desenvolver a capacidade de esterçar. Aprender a reconhecer os obstáculos e estar pronto para desviar das batidas com relativa segurança. Adquirir a maleabili-dade necessária para trocar de alternativas com rapidez, uma vez que se torna muito mais cus-

toso mudar de ideia quando já se está em uma rota de colisão evidente.

O essencial é sempre atingir um ponto de equilíbrio, uma relação de sustentabilidade do indivíduo com o ambiente que o rodeia. Você precisa se satis-fazer com o que faz na medida em que o mercado também se beneficia do valor agregado que você oferece. Quando uma das duas pontas começa a se desgas-tar é porque deve ter chegado o momento de repensar e esterçar para, então, seguir firme e con-fiante à frente. Mas só enquanto não aparecerem novas (e desafia-doras) entradas sem saída.

Opinião

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