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ESALQ - USP
Produção Vegetal
março - 2011
Prof. Dr. José Laércio Favarin
Tecnologia da produção de cacau
Classificação botânica
Sistemática e origem
Era classificado como da Família Esterculiaceae e, atualmente, Malvaceae -
Theobroma cacao L. - “manjar dos Deuses”
Há mais de 20 espécies de cacaueiro: Theobroma glaucum, T. angustifolium,
T. bicolor, T. grandiflorum…
Origem na América tropical e equatorial, encontrado em sub-bosque com
diferentes níveis de luminosidade e até mesmo a pleno sol
O vento é muito prejudicial em razão do tamanho da folha, um indicativo
de que a muda e a planta adulta devem ser protegidas
Classificação botânica
Sistemática e origem
A principal região cacaueira no Brasil é a Bahia, responsável por 95%da produção de cacau, em sub bosque na Mata Atlântica
Cacaueiro ocorre desde 20º LN até 22º LS, em regiões com temperaturamédia anual entre 22º a 30º C e mínima de 16º C
A planta é sensível a temperatura e a falta de água, que pode serevitado pela presença de pulvino na base do pecíolo
Nas regiões aptas ao cacaueiro a precipitação varia entre 1.300 a 2.000mm anuais
Cacauicultura
Estados e países produtores
70% produção de cacau ocorre na Bahia
e o restante nos Estados do Pará, Rondônia,
Espírito Santo, Amazonas e Mato Grosso
Maiores produtores mundiais são Costa
do Marfim com 1,4 milhões toneladas em 1,7
milhões hectares, seguida por Gana 690 mil
toneladas para a mesma área
Cacau depende muito da mão-de-obra –o que prejudica produtores brasileiros
comparativamente a outros países
Cacauicultura
Evolução da produção brasileira
Na década de 1970 o Brasil foi um dos grandes produtores, com mais de400 mil toneladas e atualmente é da ordem de 200 mil toneladas
Do total da produção brasileira, 134 mil toneladas é produzida na Bahia,em 540.000 ha, com produtividade 16,5@ ha
-1 para um potencial 160@ ha-1:
(1º) densidade de plantas (500/700 para 1.200 pltas.ha-1 - 3x3 m; e (2º) doença
vassoura- de-bruxa
35
6
32
1
32
0
34
1
33
1
29
7
25
7
27
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1
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17
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0
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6
20
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19
9
20
5
20
8
20
6
90 95 00 0705 09
Produção cacau – mil tIBGE (2005) e AGRIANUAL (2010)
Cacauicultura
Capacidade instalada de moagem
O parque moageiro da Bahia foi instalado quando o país produzia 400 mil
toneladas por ano
Com a produção baiana da ordem 100 mil toneladas, obriga a importação
de amêndoas
Vantagem é a manutenção de empregos e renda com a exportação de
produtos processados e a desvantagem é a pressão sobre os preços
pagos a amêndoa produzida no Brasil
Capacidade de moagem cacau – mil t
90 91 9392 99 01
100
200
0094 95 96 97 98
Hartman (2005)
Cacauicultura
Rentabilidade
A receita do cacauicultor diminuiu muito nos últimos anos em razão dos
preços baixos, do elevado custo de produção – pressionado pela mão-de-
obra e a baixa produtividade, devido a vassoura de bruxa
Nos últimos anos o preço tem se recuperado e chegou a pagar R$ 98,00
a arroba em 2009 e R$ 76,00 em 2010 – o que melhorou a rentabilidade, que
só não é superior devido à baixa produtividade
CNA (2006) e AGRIANUAL (2010)
628,001.000,001.628,002007/08
10,00800,00810,002005/06
310,00690,001.000,002004/05
500,00630,001.100,002003/04
R$ ha-1RendaCustoReceita
Safra
730,00510,001.240,002002/03
22,7
2
34,7
4
79,7
2
83,2
0
64,6
4
53,3
3
47,8
4
57,8
2
72,6
7
88,1
3
R$/@
0603 0900
Propagação do cacaueiro
O cacaueiro é uma planta alógama, com 95% de fecundação cruzada, feita
por insetos, apesar da falta de atrativo da flor - aroma
As flores são visitadas por insetos do gênero Forcypomia em busca de
outros insetos para se alimentar da cariolinfa
As larvas da Forcypomia vivem sob a serrapilheira, enquanto os adultos
visitam as flores até às 9:00 h e a tarde depois das 15:00 h – controle insetos
2n = 20 cromossomos
Propagação cacaueiro
A almofada floral nas axilas foliares (caule e ramos plagiotrópicos), possuiinúmeras gemas que dão flores, cuidado na colheita frutos – não arrancar
a almofada floral
Na fase reprodutiva há flores e frutos em diferentes estádios – é comum opeco fisiológico, ou seja, a queda de 60% de frutos com 10 a 12 cm
Almofada floral
Condução da lavoura
Cacaueiro por ser de sub-bosque protege a Mata Atlântica, onde se
cultiva com 50% da radiação luminosa – razão da preservação ambiental
Rentabilidade é maior sob a mata, pois reduz custos com a adubação, o
controle de doenças e de plantas daninhas – além da proteção aos ventos
Vassoura de bruxa
A vassoura de bruxa (Crinipelis perniciosa) é uma doença endêmica da
Amazônia, difícil propagação – os esporos são úmidos e pesados
Vassoura induz a vegetação da almofada floral e a podridão seca do fruto
Moniliose (Monilia roreri) ocorre na América Central e representa grande
risco pela facilidade de propagação de esporos – leve, semelhante a pó seco
Colheita do cacau
A colheita é manual, com instrumento para cortar o pedúnculo do fruto, os
quais são carregados e amontoados para a uniformização da maturação
Colheita do cacau
O fruto é do tipo baga (10 x 32 cm); pode ser liso ou enrugado; amelonado
ou fusiforme; verde/violeta (imaturo) e amarelo/alaranjado (maduro)
No fruto tem 5 a 6 lojas com 6 a 10 óvulos por loja, o que garante de 30 a
60 sementes por fruto
A massa da amêndoa comercial é ao redor de 1,5 g x 30 amêndoas porfruto, equivale a “45 g por fruto”
A produtividade média de 16 @ por hectare, ou seja, 240 kg ha-1 em
700 plantas por hectare (240.000 g ha-1/700 plantas ha-1/45 g fruto-1) equivale“7,6 frutos por planta” – isto explica a baixíssima produtividade
Colheita do cacau
Fermentação e cura
A processo de fermentação demora, em média, 5 dias e ocorre externamente
nas sementes
Pela fermentação elimina-se a mucilagem e provoca a morte do embrião,assim deixa de ser semente e denomina-se amêndoa – sem capacidade de
germinar
A cura consiste de um conjunto de reações químicas, as quais ocorrem
na amêndoa durante fermentação - precursoras do aroma e sabor chocolate
Secagem
A secagem, em geral, são feitas em barcaças e demora, em média, 10 dias,
mas pode ser realizada também em secadores – processo mais rápido
A massa de amêndoas deve secar em temperatura máxima de 50º C, a qual é
suficiente para reduzir o excesso água, ou seja, de 50% para 8% de umidade
Processamento do cacau
Torrefação ► Tritura e moer ►
manteiga cacau ►
massa
torta de cacau
cacau pó
◄ prensa
Moinho ►
Etapas do processo
Produtos
A amêndoa de cacau possui, em média, 55% de ácidos graxos e 1,5 a
3,0% de teobromina – estimulante responsável pela sensação de prazer
Maior proporção de ácidos graxos saturados deixa a manteiga sólida na
temperatura ambiente – como nos frutos da época, colhidos no inverno
Manteiga de cacau e torta torrada são usadas na indústria chocolateira
para produzir ovomaltine, nescau, barras de chocolate...
ESALQ - USP
Produção Vegetal
março - 2011
Obrigado e Sucesso !
Prof. Dr. José Laércio [email protected]
Departamento de Produção Vegetal
Piracicaba, SP
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Produção Vegetal
março - 2011
Prof. Dr. José Laércio Favarin
Tecnologia da produção de fumo
Sistemática e origem
Planta de fumo pertence a família Solanaceae, cujo representante comercial
é a espécie Nicotiana tabacum L.
Há mais de 60 espécies (N. rustica, petunoides...), entretanto somente aNicotiana tabacum tem interesse, pois é a única que sintetiza nicotina
Originária do México e dos Andes bolivianos, é uma planta sensível ao
vento, granizo e temperaturas abaixo de 18º C e acima de 28 ºC
L - 40º S
Equador
L – 40º N
N
CH3
Alcalóide: nicotina
Fumicultura
Sistema integrado de produção por contrato entre empresa e fumicultor
ocorre desde 1918 – baseada na agricultura familiar e parceiros
Mais de 25% das famílias não possuem terra e trabalham em regime de
parceria, uma forma de se integrarem ao meio rural
96% da produção de fumo está localizada no sul Brasil, em que por volta de
50% da produção ocorre em Santa Cruz do Sul – muito regionalizada
Distribuição fundiária
No contrato são definidas área (ha), densidade de plantas, preço base...
Assistência técnica é prestada pelos técnicos das Indústrias ou demais
instituições ligadas aos fumicultores
É uma cultura que viabiliza a pequena propriedade, pois a rentabilidade
é, em geral, superior a R$ 1.500,00 por hectare
Fumicultura
Importância econômica e social
Há por volta de 190 mil pequenos produtores de fumo, distribuídos em
370 mil hectares, com área média de 16 hectares por fumicultor
O setor fumageiro tem grande importância social, pois envolve mais de
2,5 milhões de pessoas, o que reduz o desemprego nas regiões produtoras
Fumicultura
Importância social
Fumicultura
Fonte: Cepa/UFRGS/Afubra
Diversificação
Fumicultura
Diversificação e renda
Com as vendas parciais de 40% da produção animal/vegetal, as famílias
produtoras obtém uma receita adicional de R$ 970 milhões, além do tabaco
A renda do tabaco corresponde 64% do valor produzido na propriedade
As novidades tecnológicas utilizadas no tabaco são também aplicadas na
diversificação e no planejamento da pequena propriedade rural
A principal fonte de renda dos produtores vem do tabaco, enquanto as
demais culturas ou atividades são desenvolvidas, basicamente, com vistas
a subsistência
A comercialização de eventuais excedentes (40% total) garantem uma
receita adicional equivalente a 22% daquela que é obtida com o tabaco
Formação de mudas
Sementes são minúsculas, por isso quando peletizadas facilitam o plantio
em bandejas - 1,0 grama contém 5 mil sementes
A semeadura em estufas pode ser feita mais cedo (junho e julho), pois não
há risco de danos causados nas noites frias
A germinação em estufa ocorre, em média, entre 7 a 10 dias estando aptas
para o transplante em 60 dias – setembro/outubro
No sistema float a irrigação e a nutrição da muda ocorre por capilaridade,
com menos risco de doenças
Transplante das muda se faz com 10 a 15 cm de altura - processo manual e
de alto custo
Transplante, capação e crescimento
Transplante: 45 a 60 DAS – pouco crescimento nos primeiros 30 dias
30/50 DAT ocorre grande acúmulo MS – grande exigência de C e N
Máximo acúmulo de MS ocorre entre 70 a 90 DAT (capação/início colheita)
Produção de MS na colheita – média de 2.000 a 2.500 kg ha-1 de folhas
Espaçamento - 1,10/1,25 x 0,4/0,5 m: 16 a 22 mil plantas ha-1
Capação – 90 dat
máximo acúmulo MS aos 70/90 dat
baixo acúmulo MS - 30 dat
grande acúmulo de MS de 30 a 50 dat
Capação consiste na retirada do órgão reprodutivo (inflorescência), a qual
é feita ao redor de 70/90 dias após o transplante
Primeiro colhem as folhas do baixeiro, por volta de 10 dias após capação
A planta de fumo produz 20 a 23 folhas, que depois de seca equivalem, em
média, 80 a 110 gramas por planta
Capação e colheita
Maturidade se dá por volta de 70/90 (coincide com a capação) – a média
do ciclo é de 150 dias
A maturidade pode ser identificada pela coloração verde claro das folhas
nas primeiras horas da manhã – em geral faz-se apenas uma colheita
As folhas são presas em estacas e levadas para secar em barracão ou
secador – em função do tipo de fumo
Colheita e secagem
Fumo de galpão – Burley/comum
Fumo
Brasil produz 3/4 tipos de fumos: amarelinho ?, virgínia, burley e comum
Virgínia/amarelinho: 280 mil hectares, são fumos claros, com secagem
em estufas, com uso de lenha e produtividade entre 2.000 a 2.500 kg ha-1
Burley/comum: 90 mil hectares, são fumos escuros, com secagem em
galpões e produtividade inferiores a 2.000 kg ha-1
Produção total dos 3/4 tipos de fumos: 600 a 700 mil toneladas por ano
T – Ponteiras: ± 5 folhas
B – Meeiras: ± 7/8 folhas
C – Semimeeiras: ± 6/7 folhas
X – Baixeiras: ± 5 folhas
Tipos
Fumicultura
Produtividade
O Brasil, na região Sul, produz por volta de 700 mil toneladas de folhas
de fumo, com uma produtividade média de 2.000 kg ha-1
Lidera a exportação de folhas, equivalente 76% produção nacional ou 530
mil toneladas de folhas
As exportações de produtos provenientes da planta de fumo garantem ao
Brasil uma receita cambial da ordem US$ 3 bilhões anuais
Fumicultura
Receitas cambiais – US$
Fonte: Secex
Fumicultura
Custo de produção
Virgínia - 2009/10
Fonte: CEPA / UFRGS
Fumo & saúde
Nicotina é um alcalóide sintetizado
nas raízes, que se acumula nas folhas
em 2 a 4% (concentração)
Esta substância estimula produção
dopamina/cérebro – responsável pela
“sensação de prazer”, “bem estar”…
Alcatrão é uma substância formada
pela combustão/queima de resíduos
vegetais, como das folhas de fumo
Na condução da lavoura o produtor
pode sofrer a “doença da folha verde”
bebedeira ou porre do fumo, devido a
penetração da nicotina pela pele
Riscos
Fumo e saúde
Efeito nicotina
Efeito sol
Importância
Econômica, social e ambiental
Pulmão não fumante
Pulmão de fumante
Fumo & saúde
ESALQ - USP
Produção Vegetal
março - 2011
Obrigado e Sucesso !
Prof. Dr. José Laércio [email protected]
Departamento de Produção Vegetal
Piracicaba, SP