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Técnico em Logística Larissa Martins Maia 2014 Economia Internacional

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Técnico em Logística

Larissa Martins Maia

2014

Economia Internacional

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Presidenta da República Dilma Vana Rousseff Vice-presidente da República Michel Temer Ministro da Educação José Henrique Paim Fernandes Secretário de Educação Profissional e Tecnológica Aléssio Trindade de Barros Diretor de Integração das Redes Marcelo Machado Feres Coordenação Geral de Fortalecimento Carlos Artur de Carvalho Arêas Coordenador Rede e-Tec Brasil Cleanto César Gonçalves

Governador do Estado de Pernambuco João Soares Lyra Neto

Secretário de Educação e Esportes de

Pernambuco José Ricardo Wanderley Dantas de Oliveira

Secretário Executivo de Educação Profissional

Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

Gerente Geral de Educação Profissional Luciane Alves Santos Pulça

Coordenador de Educação a Distância

George Bento Catunda

Coordenação do Curso Maria Helena Cavalcanti

Coordenação de Design Instrucional

Diogo Galvão

Revisão de Língua Portuguesa Eliane Azevedo

Diagramação

Roberta Cursino

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INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 3

1. COMPETÊNCIA 01 | CONHECER OS FUNDAMENTOS DE MACROECONOMIA

(CONCEITO DE JUROS, INFLAÇÃO, MOEDA, CÂMBIO ETC) ........................................... 8

1.1 Medidas da Atividade Econômica .................................................... 13

1.1.1 Fluxo Circular da Renda................................................................. 13

1.1.2 Renda (RN) e Produto (PN) ........................................................... 16

1.1.3 Valor Adicionado (VA) ................................................................... 17

1.1.4 O Conceito de Despesa Nacional (DN) .......................................... 19

1.1.5 Formação de Capital: Poupança (S) e Investimento (I) ................ 19

1.1.6 Outras Medidas Agregadas ........................................................... 21

1.2 O Cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) ou Renda Nacional (RN) 24

1.2.1 Os Elementos do PIB (Renda Nacional) ........................................ 28

1.3 Sistema Monetário (Moeda) ............................................................ 33

1.3.1 Considerações ........................................................................... 33

1.3.2 Características da Moeda .............................................................. 36

1.3.3 Funções da Moeda ........................................................................ 36

1.3.4 Tipos de Moeda ............................................................................. 38

1.3.5 Os Motivos da Demanda por Moeda ............................................ 38

1.3.6 Intermediários Financeiros ........................................................... 39

1.3.6.1 Intermediários Bancários ........................................................... 39

1.3.6.2 Intermediários não Bancários .................................................... 40

1.3.6.3 Banco Central ............................................................................. 40

1.3.7 Política Monetária ......................................................................... 41

1.3.7.1 Como a Política Monetária Influencia a Demanda Agregada (PIB)

................................................................................................................ 43

1.3.8 Os Agregados Monetários no Brasil .............................................. 45

Sumário

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1.3.9 Política Fiscal ................................................................................. 46

1.3.10 Política Cambial ........................................................................... 48

1.4 Inflação ............................................................................................. 50

1.4.1 Distorções Provocadas por Altas Taxas de Inflação ...................... 50

1.4.1.1 Efeito sobre a Distribuição de Renda ......................................... 50

1.4.1.2 Efeito sobre o Balanço de Pagamentos ..................................... 51

1.4.1.3 Efeito sobre o Mercado de Capitais ........................................... 51

1.4.2 Causas Clássicas de Inflação .......................................................... 52

1.5 Mercado de Trabalho ....................................................................... 58

1.5.1 Taxa Natural de Desemprego........................................................ 62

1.5.2 Tipos de Desemprego ................................................................... 63

2. COMPETÊNCIA 02 | ENTENDER A TEORIA E A PRÁTICA EM OPERAÇÕES CAMBIAIS

..................................................................................................................................... 65

2.1 Mercado Cambial ............................................................................. 67

2.1.1 A Importância da Taxa de Câmbio na Economia e os Regimes

Cambiais ................................................................................................. 68

2.2 Monopólio de Câmbio ...................................................................... 71

2.3 Mercado Cambial do Brasil .............................................................. 72

2.3.1 Composição do Mercado de Câmbio ............................................ 73

2.3.1.1 Produtos do Mercado de Câmbio .............................................. 74

2.3.1.2 Condições para a Realização das Transações ............................ 75

2.3.2 Setor Público: Principais Atores .................................................... 75

2.3.3 Agentes do Mercado de Câmbio ................................................... 76

2.3.3.1 Agentes Autorizados .................................................................. 76

2.3.3.2 Outros ......................................................................................... 77

2.4 Funcionamento ................................................................................ 77

2.4.1 Cotações ........................................................................................ 78

2.4.2 Posição .......................................................................................... 78

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2.4.3 Contrato de Câmbio ...................................................................... 79

2.4.4 Registro no Sistema Câmbio ......................................................... 83

2.4.5 Operações Destinadas a Atender Gastos Pessoais em Viagens

Internacionais ......................................................................................... 86

2.4.6 Cartões de Uso Internacional ........................................................ 87

2.4.7 Operações no Mercado de Câmbio Relativas às Exportações de

Mercadorias e de Serviços ..................................................................... 88

3. COMPETÊNCIA 03 | CONHECER E INTERPRETAR O BALANÇO DE PAGAMENTOS

(BP) ............................................................................................................................ 108

3.1 Conceito ......................................................................................... 108

3.2 Estrutura ......................................................................................... 109

3.2.1 Transações Correntes .................................................................. 112

3.2.1.1 Balança Comercial .................................................................... 112

3.2.1.2 Balança de Serviços (Serviços) ................................................. 117

3.2.1.3 Balança de Rendas (Rendas) .................................................... 118

3.2.1.4 Transferências Unilaterais Correntes....................................... 119

3.2.2 Conta Capital ............................................................................... 119

3.2.3 Conta Financeira ......................................................................... 121

3.2.4 Erros e Omissões ......................................................................... 125

3.2.5 Saldos Déficits (-) ou Superávits (+) ............................................ 125

3.3 Contabilidade Nacional .................................................................. 126

3.4 Transações Autônomas e Compensatórias .................................... 127

3.5 Solução para os Déficits ................................................................. 128

3.5.1 Solução para os Déficits Conjunturais ........................................ 128

3.5.2 Solução para os Déficits Estruturais ............................................ 128

3.6 Reservas Cambiais .......................................................................... 129

3.6.1 Nível Ideal de Reservas ............................................................... 131

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 134

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Economia Internacional

INTRODUÇÃO

Caríssimo aluno, trataremos aqui tema interessantíssimo para o

entendimento das notícias econômicas que correm o mundo a fora na

atualidade. Então vocês devem estar se perguntando de que trata a Economia

Internacional? Isso será fácil descobrir porque nossa disciplina trará a teoria e

a prática das relações entre nações. Sempre que possível traremos exemplos

práticos para um melhor entendimento.

Primeiro pensemos um pouco sobre o que vem a ser Economia. Não podemos

avançar para o assunto Economia Internacional sem falar do que trata,

propriamente, a Ciência Econômica. Você deve ouvir muito este tema em

jornais, revistas, noticiários, conversações etc. Buscando na literatura (digo,

pesquisando em livros sobre o assunto), o autor Vasconcellos (2007) define

economia como sendo a ciência social que estuda como o indivíduo e a

sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção de bens

e serviços, de modo a distribui-los entre as várias pessoas e grupos da

sociedade, com a finalidade de satisfazer às necessidades humanas.

Etimologicamente falando, a palavra economia vem do grego oikos (casa) e

nomos (norma, lei), seria "administração da casa", generalizando,

"administração da coisa pública". Na prática, é fazer com que os recursos

encontrados na natureza, a matéria prima (material em estado natural e

bruto, utilizado para o processo de fabricação de bens industriais e semi-

industriais), que não está em abundância, totalmente livre na natureza, seja

extraída e transformada em produtos; estes produtos, por sua vez, irão

atender ao mercado consumidor. São exemplos de materiais brutos o aço

(utilizado na fabricação de máquinas, equipamentos em geral), o petróleo

(combustíveis e tantos outros produtos, muitos produtos que usamos são

derivados do petróleo), a madeira (móveis, artesanato, etc.), a sílica (para a

produção do vidro), os grãos (ração, massas para macarrão, bolos, pães) etc.

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Técnico em Logística

Segundo Jayme Maia (2004), o ser humano precisa satisfazer algumas

necessidades para sobreviver, sem isso atendido ele morreria. Precisa de

alimentos, agasalho para se proteger do frio, lugar para se abrigar. Então

vemos aqui as três necessidades básicas (primárias) de um ser humano:

alimentos, vestuário e habitação. Mas à medida que evoluímos, outras

necessidades começam a surgir como: a educação, o lazer, conforto etc. E

para atender a todas essas necessidades, são precisos diversos fatores, são os

chamados Fatores de Produção ou Fatores Produtivos (Souza, 2007). São eles:

i) terra ou recursos naturais, incluindo água, minerais, madeiras, peixes, solos

para as fábricas e terra fértil para a agricultura; ii) trabalho ou recursos

humanos, são os trabalhadores qualificados e não qualificados, pessoal

administrativo, técnicos, engenheiros, gerentes e administradores; iii) capital,

isto é, conjunto de bens e serviços como máquinas, equipamentos, prédios,

ferramentas e dinheiro, necessários para a produção destes e de outros bens

e serviços; iv) capacidade empresarial, quem assume os riscos de perder seu

capital ou o capital tomado emprestado, ao empreender um negócio; e mais

recentemente a v) capacidade tecnológica. De forma mais simples, são os

fatores produtivos e as relações necessárias para que um Negócio* possa

existir. Explicando melhor, seria a terra (local para a implantação do negócio),

trabalho (são os funcionários), capital (as máquinas, o prédio para fabricação

e/ou armazenagem, equipamentos, ferramentas e dinheiro), capacidade

empresarial (alguém que queira se arriscar a investir para abrir o negócio) e

capacidade tecnológica (a tecnologia a ser utilizada nesse empreendimento).

Vimos aqui dois grandes fatos econômicos, o consumo e a produção, ou seja,

as pessoas que consomem, que compram produtos e serviços, e as pessoas

que produzem esses produtos e serviços.

Em algum momento, um determinado indivíduo produzia um só tipo de

objeto, em quantidade para atender às suas necessidades, o que

excedia/sobrava, ele trocava com outros grupos, pegava o que precisava e

entregava o que não iria mais necessitar. Em épocas pré-históricas era isso

que acontecia entre pessoas de uma mesma tribo. Com o desenvolvimento

das relações humanas, essas trocas passaram a serem feitas entre cidades,

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Economia Internacional

nações e, por fim, mundo. O ser humano percebeu que era difícil produzir

tudo o que precisava, de forma rápida e com qualidade, havia um crescente

aumento das necessidades de consumo. Surge então a divisão do trabalho,

que gerou não apenas o aumento da produtividade, mas também a melhoria

da qualidade do produto. Então era melhor confeccionar dez objetos iguais,

por exemplo, do que sete diferentes.

O estudo da Economia Internacional envolve todos os aspectos ligados a essas

atividades econômicas entre as nações; suas regras de funcionamento,

aspectos legais, trocas monetárias, fluxos de mercadorias, serviços etc. Com o

fenômeno da globalização, cada vez mais a interação e interdependência

entre as nações torna urgente o perfeito funcionamento destas relações e,

neste sentido, a solução comumente adotada, é a criação de organismos

internacionais que intercedam para equilibrar estas relações e promover o

desenvolvimento de todos os participantes, todos os envolvidos.

Jayme Maia (2004) menciona ainda que não só o comércio se tornou

internacional, mas também outros atos humanos relacionados às atividades

econômicas. Estas atividades não respeitaram mais as fronteiras nacionais,

formando assim, o conjunto de atividades que constituem a Economia

Internacional. Para ele, a Economia Internacional abrange e engloba

importação e exportação, serviços, transferências de rendas, transferências

unilaterais, movimentos de capitais. E todas essas atividades econômicas se

desenvolveram mais e melhor com o progresso dos meios de comunicação e

dos meios de transportes, transformando o mundo de hoje numa “Aldeia

Global”.

De acordo com Paul Krugman (2004), a Economia Internacional utiliza os

mesmos fundamentos de análise que outras áreas de estudo da economia.

Por exemplo: um queijo francês será distribuído para dois países, Itália e

Portugal. A sequência de eventos que leva esse queijo até esses dois países

não é diferente de se levar uma massa italiana aos restaurantes suíços, por

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Técnico em Logística

exemplo, o que muda apenas são as distâncias percorridas. Em relação ao

Comércio Internacional, o que poderá alterar essas relações entre países, será

se qualquer um desses governos resolver proteger seu produto (nacional)

impondo algum tipo de alíquota (imposto) ou limites/barreiras à importação

de um produto estrangeiro. Exemplo de uma limitação: o governo de um

desses países decide aumentar o imposto de importação de produtos e o

mesmo se torna mais caro em relação ao nacional. Então passa a ser menos

vantajoso comprar o produto importado. Percebe a manobra do governo? Ele

aumentou o imposto do produto estrangeiro que, ficando mais caro, gera a

preferência pelo produto nacional. Com isso as pessoas e empresas passam a

consumir mais o produto nacional. É uma manobra de proteção que cada país

faz para que seu produto seja mais comprado e, desta forma, os governos

conseguem dinamizar a indústria local e, por conseguinte, a economia.

Na Macroeconomia observa-se o comportamento da economia como um

todo. As variáveis-chaves estudadas representam o produto total da

economia como: a renda e o produto nacional, o nível de preços, o emprego e

o desemprego, as taxas de juros, as taxas salariais, as taxas de câmbio e os

investimentos externos (estrangeiros).

É a parte da economia voltada às políticas econômicas, como essas variáveis

macroeconômicas são afetadas pelas políticas governamentais, citadas no

parágrafo anterior, e como essa questão afeta as decisões dos investidores

estrangeiros. Você poderá conhecer alguns fundamentos e conceitos mais

gerais na prática, bem como as políticas governamentais visando fazer com

que um país cresça e se desenvolva de forma mais sustentável. Vamos tratar

essas variáveis com maior generalidade e simplicidade no decorrer de nossa

disciplina e, ao final da Competência sobre Macroeconomia, o aluno estará

apto a entender os princípios, fundamentos e mecanismos usados pelos

governos para controlar taxas de juros, câmbio, inflação, investimento,

consumo, poupança etc. (Richard Froyen, 2001).

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Economia Internacional

Cada país possui sua moeda própria, com valores diferentes, necessitando de

um local para os compradores e vendedores negociarem suas trocas. Esse

ponto de encontro é chamado de Mercado Cambial. As transações seriam

desnecessárias se todos os países adotassem uma moeda única, o que seria

muito difícil porque cada país possui características e ritmos próprios em

termos de economia. A União Europeia, bloco econômico formado por 28

países, por exemplo, enfrenta muita dificuldade pela diversidade dos

problemas econômicos. Esse bloco possui uma moeda única, o Euro. Você

poderá entender como essas trocas funcionam, quem as coordena e regula no

Mercado de Câmbio.

À medida que o Comércio Internacional começou a se desenvolver mais e

mais, os países envolvidos começaram a sentir a necessidade de registrá-lo,

de medir as transações realizadas entre si. Desta forma nasceram os primeiros

registros que hoje chamamos de Balanço de Pagamentos. Assemelha-se a um

balanço patrimonial (balanço contábil), onde são apresentados os Ativos

(bens e direitos) e Passivos (exigibilidades e obrigações) de uma empresa. O

primeiro país a inventariar (relacionar, enumerar) seu comércio internacional

foi a Inglaterra, e o primeiro registro remonta ao ano de 1355. Nessa parte de

nossa disciplina, entenderemos como se dá esse registro, sua estrutura, quem

o padronizou e regula (Jayme Maia, 2004).

Esperamos que, com essa abordagem mais simples e prática, você aluno,

possa compreender mais a fundo as relações econômicas entre países e

analisar, com mais clareza e juízo de valor, assuntos concernentes à

Macroeconomia e a alguns dos seus fundamentos e conceitos mais gerais, a

teoria e a prática das operações cambiais e interpretar um Balanço de

Pagamentos.

Saiba mais sobre a União Europeia:

http://europa.eu/in

dex_pt.htm

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Técnico em Logística

1. COMPETÊNCIA 01 | CONHECER OS FUNDAMENTOS DE

MACROECONOMIA (CONCEITO DE JUROS, INFLAÇÃO, MOEDA,

CÂMBIO ETC)

O estudo da economia internacional é dividido em dois vastos segmentos: a

análise do comércio internacional e da moeda internacional. O primeiro

segmento estuda, principalmente, as transações reais da economia

internacional, ou seja, as operações que envolvem o movimento físico de

bens e serviços ou um compromisso tangível dos recursos econômicos (a

promessa de compra e venda, a garantia de fornecimento de bens e serviços

regido por acordos mútuos).O segundo segmento acima mencionado trata

das transações financeiras, como compras estrangeiras de dólares norte-

americanos. Na verdade não há uma divisão entre os dois segmentos, porque

a maior parte do comércio internacional envolve as transações monetárias e

muitos eventos monetários que, por sua vez, geram consequências

importantes para o comércio. Então você pode perguntar, aluno, por que os

países fazem comércio e quais os benefícios disso? Bem, comércio

internacional promove um crescimento na produção mundial, permitindo a

cada país especializar-se na produção do bem no qual apresenta vantagens

comparativas. Um país tem vantagens na produção de um determinado bem,

se o custo de oportunidade da produção deste produto, em termos

comparativos a outros bens, é mais baixo que em outro país. Ou seja, o

comércio entre dois países pode beneficiar a ambos, se cada um produzir os

bens nos quais possui vantagens competitivas. Exemplos de vantagens

comparativas: o Japão não tem terras aráveis, ou seja, para plantio (é um país

muito pequeno, um arquipélago), mas produz tecnologias avançadas com o

seu capital intelectual (esta é a vantagem comparativa dele); Brasil possui

vastas terras para a produção agrícola (vantagem comparativa do Brasil);

Estados Unidos produz computadores em larga escala, etc. (Paul Krugman,

2004).

Na economia, tudo deve ser contabilizado e registrado de acordo com as

relações já existentes e as possíveis de se realizarem. Ocorre que há um termo

Competência 01

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Economia Internacional

chamado de custo de oportunidade que é representado pelo valor das

oportunidades sacrificadas (não escolhidas), é o que se pode perder deixando

de fazer algo, para fazer outra coisa. Exemplos de Custo de Oportunidade -

Custo de Oportunidade do Capital:

Um empresário investe R$ 100 mil em um negócio que tem um lucro

anual de R$ 5 mil. Se o empresário tivesse escolhido a alternativa de

fazer uma aplicação bancária poderia ganhar algo em torno de 8% ao

ano, ou seja, R$ 8 mil, esse, portanto, é o custo de oportunidade do

capital. É abrir mão de fazer algo, para fazer outra coisa também

vantajosa.

Atualmente um dos grandes problemas do comércio internacional, são os

subsídios (ajuda) que os governos fornecem aos seus produtos, visando

protegê-los no mercado. Isso acontece muito, aluno! E o que pode parecer

ajuda também pode ser muito prejudicial! Essa proteção provoca (gera) uma

vantagem econômica diante dos produtos de países que não recebem

também subsídios, que perdem em termos de competitividade nos mercados

externos. Temos como exemplo a China, os produtores chineses de tecidos e

roupas contam com 27 tipos de apoio diferentes, concedidos pelos governos

federal, provinciais e municipais. A partir dos anos 2000, a China se tornou no

principal parceiro comercial do Brasil, porém, além de comprar as

commodities brasileiras, passou a vender mais para o nosso país. Esse cenário

comercial entre China e Brasil começou a preocupar a indústria brasileira. A

invasão de produtos importados foi iniciada após o lançamento do Plano Real

em meados dos anos 1990, e intensificada nos anos 2000. A China é um país

que produz com baixos custos tributários, e com baixo nível de barreiras

comerciais em comparação ao Brasil. Com essa invasão dos produtos baratos

da China, nos anos 2000, diversas empresas nacionais fecharam a partir do

crescimento dessas importações chinesas. Não sei se era da época de você,

mas nessa época havia lojas chamadas de R$ 1,99, ou seja, qualquer produto

da loja era vendido por R$ 1,99 (um real e noventa e nove centavos de real),

Competência 01

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Técnico em Logística

todos, sem exceção, produtos chineses. A falência da indústria nacional

atingiu empresas de diferentes setores: peças, tecidos, brinquedos,

ferramentas, eletroeletrônico e até de escovas de dente (higiene pessoal). E a

falência de uma fábrica, gera perda de postos de trabalhos para técnicos e

especialistas. Para alguns economistas dessa época pode ter havido um

processo de desindustrialização.

A compra de um produto chinês, por exemplo, gera emprego na China e não

no Brasil. Mas esta escolha é determinada pelo preço do produto importado

em detrimento (comparação) ao do nacional. Os Estados Unidos também

realizam essa manobra em sua produção agrícola por meio de lei específica de

subsídios à agricultura, por exemplo, além de outros subsídios.

Ainda segundo Krugman (2004), a Macroeconomia é o ramo da teoria

econômica que trata da evolução da economia como um todo, analisando

como se determina e como se comportam os grandes agregados, isto é, renda

e produtos nacionais, investimento, poupança, e consumo agregado (parte da

renda destinada à aquisição de bens e serviços para a satisfação de

necessidades imediatas), nível geral de preços, emprego e desemprego,

estoque de moeda e taxas de juros, balanço de pagamentos e taxa de câmbio.

Enquanto a Microeconomia estuda e analisa, em profundidade, o

comportamento das unidades econômicas individuais, tais como famílias

(indivíduos) e empresas/firmas (os agentes econômicos interagindo entre si),

a fixação de preços nos mercados específicos, os efeitos de oligopólios em

mercados individuais etc., a Macroeconomia trata os mercados de forma

global. Ela (Macroeconomia) estuda, por exemplo, a oferta e a demanda por

mão de obra, com a determinação de salários e o nível de emprego, mas não

considera a qualificação, o sexo, a idade e a origem da força de trabalho (do

empregado) etc.; quando estuda o nível da taxa de juros, não leva em

consideração os vários tipos de aplicações financeiras existentes no mercado.

Essa abstração tem, de certa forma um custo, pois os pormenores (as

pequenas coisas) omitidos seriam muitas vezes importantes, se fossem

Competência 01

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Economia Internacional

também analisados. Mas a vantagem é o estabelecimento das relações entre

os grandes agregados para uma melhor compreensão de algumas interações

mais relevantes da economia.

Os agentes econômicos na economia são representados pelas famílias,

empresas, governo e resto do mundo (países estrangeiros). As famílias

compram produtos das empresas, e estas, por sua vez, ofertam seus produtos

e também compram de outras empresas; as famílias ofertam (oferecem) sua

mão de obra (seu trabalho) às empresas em troca de salários e, com essas

rendas, compram às empresas bens e serviços; os governos também

compram às empresas e também contratam mão de obra das famílias

(indivíduos), ofertam (fornecem) serviços às famílias e empresas e recebem

pagamento (renda) por essas atividades; o resto do mundo também negocia,

no mercado internacional, bens, serviços e mão de obra, dos quais também

auferem (recebem) rendas por essa movimentação. Quando a economia se

diz fechada (quase não existe na atualidade), ele não negocia com o resto do

mundo (o exterior); portanto, o agente econômico “resto do mundo”, só

existe nas economias abertas (aquelas que realizam exportações e

importações). Toda esta movimentação de rendas e de fatores produtivos é

chamada de “Fluxo Circular de Renda”. O que veremos mais à frente.

A teoria macroeconômica, propriamente dita, preocupa-se mais com as

questões conjunturais de curto prazo. São considerados questões de curto

prazo, o desemprego e a inflação, por exemplo. São consideradas questões

estruturais, problemas como desenvolvimento econômico, distribuição de

renda, globalização, progresso tecnológico, cujas análises extrapolam as

questões meramente econômicas, envolvendo também questões políticas,

históricas etc., que não são resolvidas no curto prazo (Vasconcellos, 2007).

A palavra Macroeconomia vemdo grego “μακρύ-ς/ma΄kri-s” = grande, amplo,

largo e “οικονομία /ikono΄mia” = lei ou administração do lar (Fonte:

Wikipédia).

Segundo o Manual de Professores da

USP (2011), oligopólio é uma

estrutura de mercado que hoje

prevalece no mundo ocidental

(inclusive no Brasil), na indústria e no

transporte aéreo e rodoviário, nos

setores químico e siderúrgico e

outros; caracteriza-se pela existência

de reduzido número de

produtores e vendedores

fabricando bens que são substitutos próximos entre si.

Competência 01

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Técnico em Logística

A Teoria Macroeconômica ganhou impulso a partir da década de 30, com um

economista britânico John Maynard Keynes, cujos ideais serviram de

influência para a macroeconomia moderna, tanto na teoria quanto na prática.

Ele defendeu uma política econômica de Estado intervencionista, através da

qual os governos usariam medidas fiscais e monetárias para mitigar (reduzir)

os efeitos adversos dos ciclos econômicos. Os economistas anteriores a ele

acreditavam que as economias de mercado tinham a capacidade de, sem a

interferência do governo, utilizarem de maneira eficiente todos os recursos

disponíveis, isto é, produzirem em nível de pleno emprego desses recursos.

No entanto, havia um grau de insatisfação com esses resultados que a

macroeconomia oferecia, a existência de uma tendência automática ao pleno

emprego e, consequentemente, inexistência de desemprego dos

trabalhadores. Mas as evidências empíricas mostravam pessoas buscando

emprego sem terem sucesso.

O objetivo do keynesianismo era manter o crescimento da demanda em

paridade com o aumento da capacidade produtiva da economia (a capacidade

da oferta), de forma suficiente para garantir o pleno emprego, mas sem

excesso, pois isto provocaria um aumento da inflação (muitagenteempregada

e com renda para gastar, termina por consumir mais, podendo provocar uma

pressão de aumento dos preços). Na década de 1970 o keynesianismo (Escola

Keynesiana) sofreu severas críticas por parte de uma nova doutrina

econômica: o monetarismo. Em quase todos os países industrializados o pleno

emprego e o nível de vida crescente alcançados nos 25 anos posteriores à II

Guerra Mundial foram seguidos pela inflação. Os keynesianos admitiram que

seria difícil conciliar o pleno emprego e o controle da inflação, considerando,

sobretudo, as negociações dos sindicatos com os empresários por aumentos

salariais. Por esta razão, foram tomadas medidas que evitassem o

crescimento dos salários e preços, mas a partir da década de 1960 os índices

de inflação foram acelerarados de forma alarmante.

Em linhas gerais, a situação de pleno emprego causaria inflação, pois supõe-se

que, estando todos trabalhando e ganhando seus salários, ou seja, toda a

Numa economia em pleno emprego há um equilíbrio no

mercado de trabalho, refere-se ao pleno emprego

de trabalhadores. É uma situação em

que existe emprego para todos aqueles

que queiram trabalhar e que

aceitem o salário ofertado, situação ideal de emprego, onde a quantidade

de postos de trabalho ofertados

é igual à quantidade de

trabalhadores que desejam trabalhar. Na vida real não é o que acontece, pois

há também trabalhadores que

só aceitam trabalhar por um salário mais alto

que o de equilíbrio.

Competência 01

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Economia Internacional

população em plena condição/disposição para comprar produtos e serviços;

eles vão ao mercado à procura desses bens e serviços; com a constante

demanda (procura) por bens e serviços, as empresas não teriam o tempo

necessário para ajustar a sua produção (aumentar a fabricação de bens); e

para aumentar produção, elas precisam melhorar seus euquipamentos,

aumentar o espaço físico e contratar mais mão de obra, e isso representa

aumento no custo da produção; esse aumento de custo produtivo pode ser

repassado ao preço dos produtos/serviços, provocando a tão temida inflação;

a inflação nada mais é do que o aumento generalizado dos preços.

Keynes então mostrou que contrariamente aos resultados apontados, as

economias capitalistas não tinham a capacidade de promover

automaticamente o pleno emprego. Mas não vamos aqui falar de todas as

teorias da macroeconomia, nossa proposta é tratá-la mais no âmbito

internacional, falando de forma mais atual, simples e prática (Froyen, 2001).

1.1 Medidas da Atividade Econômica

Quando se fala do conceito de Macroeconomia visamos o estudo dos

agregados econômicos, de seus comportamentos e das relações que guardam

entre si. Os agregados que têm recebido maior atenção dos estudiosos são o

produto nacional (PN), que é o valor monetário de todos os bens finais

produzidos na economia, num dado período de tempo, o nível de emprego e a

taxa de crescimento dos preços. A Macroeconomia difere da Microeconomia

no que diz respeito à pequena importância que dá às ocorrências internas

desses agregados.

1.1.1 Fluxo Circular da Renda

Podemos medir o desempenho de uma economia pelo produto nacional (PN),

consumo de energia, pelo número de empresas que pediram falências e

concordatas etc.; no entanto estes indicadores são muito utilizados como

Keynesianismo ou Escola Keynesiana é a teoria econômica

consolidada pelo economista inglês

John Mauard Keynes, que

consiste numa ornanização

político-econômica, oposta às

concepções liberais, fundamentada na

afirmação do Estado como

agente indispensável de

controle da economia, com

objetivo de conduzir a um

sistema de pleno emprego.

Competência 01

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Técnico em Logística

instrumentos auxiliares nessa medição. Há uma preferência por medir a

economia pelo produto nacional (PN), pois é considerado mais completo, uma

vez que podese contabilizar o valor total das transações realizadas com bens

finais (produto que não sofre mais nenhuma alteração). Exemplo: o tecido, os

botões e a linha, na fabricação de uma calça, vestido, saia etc., são

considerados bens intermediários, o próprio produto já acabado (a calça,

vestido e saia) é o bem final.

É importante falar brevemente o que são bens em economia. Numa definição

rápida, pode ser tudo aquilo capaz de atender a uma necessidade humana;

são ativos reais utilizados na satisfação das necessidades humanas; são

produzidos através da combinação dos fatores produtivos Terra (terras

cultiváveis, florestas, minas, terrenos e edificações); Trabalho (mãodeobra);

Capital (máquinas, equipamentos, instalações etc.); Capacidade Tecnológica

(conhecimento e habilidades); Capacidade Empresarial (disposição do

empresariado em investir). Sobre estes fatores, explicaremos melhor no

decorrer da Competência 3 (Professores da USP, 2011). Os bens podem ser

classificados conforme figura abaixo:

Figura 1.1 - Os Bens em Economia Fonte: Professores da USP, 2011. Elaboração própria.

Competência 01

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Economia Internacional

Para facilitar o entendimento, existe um modelo simplificado de economia,

sem as transações com o governo e o exterior. Nesse modelo são utilizadas

apenas as operações entre as empresas e as famílias (os indivíduos). É o que

chamamos Fluxo Circular de Renda.

As figuras 1.1 e 1.2 ilustram bem essas transações. A segunda figura tem a

representação de um mercado mais completo, com a inclusão do governo e as

transações com o exterior (resto do mundo).

Se apenas existisse o fluxo circular de renda simpes, teríamos uma economia

básica de apenas dois mercados, sendo o primeiro o mercado de bens e

serviços, onde empresas vendem produtos e as famílias (indivíduos) compram

com sua renda, observem as setas de despesas das famílias com a compra de

bens e serviços; e o segundo mercado de fatores de produção, onde as

famílias vendem sua mão de obra e recebem o pagamento em forma de

salários, conforme a Figura 1.2. Nesse mercado de fatores produtivos, as

empresas são as compradoras (adquirem a mão de obra).

Figura 1.2 - Diagrama do Fluxo Circular de Renda (economia básica) Fonte: Mankiu, 2001. Elaboração própria.

Competência 01

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Técnico em Logística

A figura acima representa o diagrama de um fluxo simplificado porque não

estão inseridas as transações com o governo (G) e a interação com os países

estrangeiros (EL). Representa também, um fluxo de uma economia fechada

(que não fazem importações e exportações). No entanto, o mais comum é a

relação das famílias, empresas e resto do mundo. O governo entra no fluxo

real, quando as famílias, empresas e os países estrangeiros pagam impostos e

tributos ao governo e este deve fornecer, em contrapartida, serviços públicos

e ou serviço terceirizado contratando empresas privadas. Note, aluno, que as

linhas brancas representam a circulação de rendas/moeda (salários, alugueis e

lucros) e as linhas azuis, o fluxo de bens e serviços (Figura 1.2).

Figura 1.3 - Fluxo Circular de Renda de uma economia aberta Fonte:https://www.google.com.br/search?q=fluxo+circular+de+renda&es_sm=122&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=6TNQU9-1H6m_sQS4uYG4Dg&ved=0CAgQ_AUoAQ&biw=1280&bih=619#facrc=_&imgdii=_&imgrc=-5AigeYbY5hdkM%253A%3BS1txyxQkd0hY_M%3Bhttp%253A%252F%252F3.bp.blogspot.com%252F-4aO0SJhxw1I%252FUEpjzMeb-uI%252FAAAAAAAAAFA%252Fru9RM5-Rrnk%252Fs640%252F2.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fmarceloleiteprof.blogspot.com%252F2012_09_01_archive.html%3B640%3B392)

1.1.2 Renda (RN) e Produto (PN)

Já dissemos que produto nacional (PN) é o valor monetário de todos os bens

finais produzidos na economia em dado período (geralmente um ano).

Chama-se renda nacional (RN) o total de pagamentos feitos aos fatores de

Competência 01

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Economia Internacional

produção que foram utilizados para a obtenção desse produto. Imaginemos

comoexemplo uma economia composta de uma única empresa X. Para

produzir, ela necessitará dos fatores trabalho, local para a sua instalação,

máquinas, equipamentos, e capital de giro. Medindo essa economia, o

resultado seria a soma de todos os gastos que nossa empresa X teve para

produzir. Entretanto, nessa economia, não está incorporado um fenômeno

fundamental do mundo real, o uso de insumos, intermediários no processo de

produção. Um processo de produção de trigo e soja, por exemplo, exige o uso

de sementes, fertilizantes, defensivos agrícolas etc. À medida que esses

insumos não sejam contabilizados nem no mercado de bens finais e nem no

mercado de fatores de produção, então não serão incluídos nos cálculos da

renda e nem do produto nacional (PN).

Resumindo: Renda Nacional (RN) é a soma dos rendimentos pagos às famílias,

que são proprietárias dos fatores de produção, pela utilização de seus serviços

produtivos.

RN = salários (w) + juros (j) + aluguéis (a) + lucros (l)

Produto Nacional (PN) é o valor de todos os bens e serviços finais produzidos

em determinado período de tempo, não se considerando os bens e serviços

intermediários (o PN pode ser medido por mês e ano).

1.1.3 Valor Adicionado (VA)

Da necessidade de se excluir essas transações intermediárias da contabilidade

do produto e renda, surge então o conceito de valor adicionado. Em termos

macroeconômicos, é o valor dos bens produzidos por uma economia, depois

de deduzidos os custos dos insumos adquiridos de terceiros (matérias-primas,

serviços, bens intermediários), utilizados na produção. As transações

intermediárias são retiradas porque no preço dos produtos finais já está

incluído o que foi utilizado na sua fabricação. Se fôssemos registrar os bens

Competência 01

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Técnico em Logística

finais mais os bens intermediários, haveria uma dupla contabilização (as

matérias-primas entrariam no cáculo do produto duas vezes).

Valor adicionadop = vendasp ou produção – custo das matérias-primas

produzidasp

Sendo: P= no período

Você deve estar se perguntando para que serve essa variável! De acordo com

o artigo da USP, entitulado “A Eficácia Informativa da Demonstração do Valor

Adicionado”, publicado na Revista Contabilidade & Finanças (2003), o valor

adicionado é uma demonstração contábil-financeira e tem sua importância

para a aplicação em estudos macroeconômicos, é uma excelente fonte de

informações sobre a geração e distribuição da renda das empresas. Tem sua

importância também como um bom instrumento de análise para a tomada de

decisão e é usado para o cálculo da renda nacional (RN) e do PIB (Produto

Interno Bruto). Apesar de o valor adicionado (VA) ser um tema que já se

encontra relativamente maduro na literatura contábil-financeira, ainda não se

despertou para a sua utilidade como fonte de informação para o processo de

análise econômica, finaceira e social das entidades; entretanto, vem

crescendo o interesse para a explicação econômica e financeira a partir das

informações contidas nessa demonstração, tanto por parte dos contadores

como dos analistas financeiros e economistas.

VALOR ADICIONADO: Consiste no cálculo do que cada ramo da atividade

adicionou ao valor do produto final, em cada etapa do processo produtivo.

VA = VBP - consumo de produtos intermediários;

Sendo VBP = valor bruto de produção

Competência 01

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Economia Internacional

1.1.4 O Conceito de Despesa Nacional (DN)

Despesa Nacional é o gasto dos agentes econômicos com o Produto Nacional.

Esse dado mostra quais são os setores compradores do produto nacional.

Apresenta o mesmo valor do produto nacional, só que medido agora pelo

lado de quem compra o produto, e não de quem vende.

Produto Nacional (PN) = Renda Nacional (RN) = Despesa Nacional (DN)

Dizemos que são iguais porque quando algum produto é fabricado, este tem

um valor, paga-se pela sua compra (o comprador) e o vendedor recebe. A

Despesa Nacional (DN) é dada pela despesa com a venda do produto final,

que são os bens de consumo. É o valor das despesas dos vários agentes na

compra de bens e serviços finais. Se adicionarmos as despesas com os bens de

capital, os gastos do setor público e as despesas líquidas do setor externo

(exportações – importações), teremos:

Despesa Nacional = Despesa de Consumo (despesas das famílias com bens de

consumo) + Despesa de bens de Capital (despesas com investimentos das

empresas) + Despesa de Governo (gastos do governo) + Despesas líquidas do

setor externo (gastos do setor externo)

1.1.5 Formação de Capital: Poupança (S) e Investimento (I)

Levemos em consideração agora, que as famílias não gastam toda sua renda

em bens de consumo (elas também poupam para o futuro), e as empresa não

produzem apenas bens de consumo, mas também bens de capital, que

elevarão a capacidade produtiva da economia. Então devemos passar a

estudar também os conceitos de três variáveis: a poupança (S), investimentos

(I) e depreciação (todos agregados).

Competência 01

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Técnico em Logística

POUPANÇA (S): É a parcela da RN não consumida no período, isto é, da renda

gerada (salários, juros, aluguéis, lucros), onde parte não é gasta em bens de

consumo, ou seja, de toda a renda que as famílias (indivíduos) não gastam

consumindo, é considerado poupança agregada (não importa o que elas farão

com esse dinheiro não gasto). Poupança é o ato de não consumir no presente

(no período analisado), deixando para consumir no futuro (depois).

Poupança agregada (S) (S de saving em inglês)

É a parcela da Renda Nacional (RN) que não é consumida no período:

S = RN – C

Onde C = consumo agregado

S = poupança agregada

RN = Renda Nacional

Investimento agregado(I)

É o gasto com bens que foram produzidos, mas não foram consumidos no

período, que aumenta a capacidade produtiva da economia para períodos

seguintes. É chamado também de Taxa de Acumulação de Capital e é

composto por investimento em bens de capital (máqinas e imóveis) e pela

variação de estoques de produtos que não são consumidos. Os bens de capital

são chamados, nas Contas Nacionais, de Formação Bruta de Capital Fixo.

Investimento (I) = Investimento em Bens de Capital + Variação de Estoques

IMPORTANTE, aluno, não confundir como Investimento, bens de capital com

“investimento em ações”, por exemplo. Quando uma empresa faz a opção de

Investir em ações, essa transação não é considerada um investimento no

Competência 01

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Economia Internacional

sentido econômico. Este investimento em ações é apenas uma transferência

financeira, não aumenta a capacidade produtiva da empresa. Mas (ATENÇÃO),

quando a empresa passa a utilizar parte desse investimento para a compra de

equipamentos, por exemplo, aí sim temos um investimento no sentido

macroeconômico (trata-se aqui da compra do equipamento e não da

transação na bolsa).

Observação: O investimento em ativos (máquinas, equipamentos, imóveis) de

segunda mão (usados), não entra no cálculo do investimento agregado

porque esses bens já foram computados no passado. IMPORTANTE, não se

pode falar de “desinvestimento” na contabilização dessa variável

macroeconômica.

INVESTIMENTO (I): É o gasto em bens que representam aumento da

capacidade produtiva da economia, isto é, da capacidade de gerar rendas

futuras; é o gasto em bens produzidos, que não foram consumidos no próprio

período e que serão utilizados para consumo futuro.

1.1.6 Outras Medidas Agregadas

Existe ainda uma série de outras medidas derivadas dos mesmos conceitos,

que já vimos e que também são muito utilizadas. Uma delas é o produto

nacional bruto (PNB). Então você pode querer me perguntar “qual é a

diferença entre o produto nacional bruto e o produto nacional líquido”?

Precisamos olhar agora a questão da depreciação. De um total de bens finais

produzidos pela economia, num determinado período, parte desses bens

refere-se a máquinas e equipamentos produzidos, e que vão incorporar-se ao

estoque de capital da economia. Só que parte desses equipamentos irá repor

a parcela de equipamentos desgatada no período anterior ao processo

produtivo. O valor dessa parcela de equipamentos e máquinas desgatada pelo

processo de produção no período anterior é chamado de depreciação. Então

Competência 01

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Técnico em Logística

devemos contabilizar o total geral de bens e serviços produzidos numa

economia, dado um período de tempo, abatendo a depreciação.

Desta forma o produto nacional bruto considera o total geral de bens e

serviços finais produzidos pela economia, menos os equipamentos e

máquinas de reposição para os já desgastados após o processo produtivo.

Então temos:

PNB = PNL + Depreciaçãoou PNL = PNB – depreciação

DEPRECIAÇÃO: É o desgaste de capital físico por um período determinado, ou

seja, é o custo dos equipamentos (capital fisico) quando é utilizado na

produção das empresas. Os bens móveis, imóveis e semoventes (bovinos,

ovinos, suínos, caprinos, equinos, etc., que constituem patrimônio), estão

sujeitos à depreciação, conforme a expectativa de vida útil de cada bem.

Exemplo simples: Uma empresa compra uma empilhadeira por R$ 50 mil. Se a

taxa de depreciação é de 10 % ao ano, qual o valor do custo de depreciação e

em quanto tempo ele deverá trocar esse equipamento? Resposta: 10% de R$

50 mil é R$ 5 mil/ano (por ano), então em 10 anos o valor contábil da

empilhadeira (deste bem) é 0 (zero).

Falemos também do produto interno, que é diferente do produto nacional.

Alguns fatores de produção utilizados no processo são de propriedade de

residentes no exterior, da mesma forma alguns residentes no país têm fatores

de produção sendo utilizados em outros países. Como levar esse fato em

consideração nas medidas de renda e de produto? A solução é abrir mais uma

conta de produto (produto interno), na qual apenas se considera o

pagamento a fatores de produção de residentes.

Então temos:

Competência 01

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Economia Internacional

PI (porduto interno) = PN + Renda líquida enviada ao exterior (é igual renda

enviada para pagamento de fatores de propriedade de não residentes menos

a renda recebida do exterior para pagamento de fatores de produção de

residentes)

Em outras palavras, o produto nacional mais a renda enviada para pagamento

de fatores de propriedade de não residentes, menos a renda recebida do

exterior para pagamento de fatores de produção de residentes, será igual ao

produto interno.

Em termos de produto bruto temos:

PIB (Produto Interno Bruto) = PNB + Renda líquida enviada ao exterior

Outra medida é o produto nacional a preços de mercado ou o produto

nacional a custos dos fatores de produção.

Nas diversas etapas de comecialização há cobrança de diversos impostos

indiretos (IPI e ICMS), tanto dos produtos intermediários como dos produtos

finais. O governo permite que a cada etapa da produção ocorram abatimentos

relativos aos impostos indiretos pagos sobre as matérias-primas utilizadas.

Por esta razão, quanto chegamos aos produtos finais, seus preços serão não

apenas o valor adicionado nos diversos estágios de produção, mas também o

total de impostos indiretos pagos e diretos não abatidos até a obtenção desse

produto. Portando, para calcular o produto nacional a preços de fatores, é

preciso incluir os impostos pagos em cada estágio do proceso produtivo.

Podemos definir o produto nacional a custos de mercado como sendo o

produto nacional a custo de fatores acrescido dos impostos indiretos.

PNpm (produto nacional a preço de mercado) = PNcf (produto nacional a custo

dos fatores) + impostos indiretos

Competência 01

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Técnico em Logística

Observação¹: PN a custo de fatores (PNcf): é o PN medido a partir dos valores

que refletem os custos de produção, o que se gasta com os fatores, a

remuneração aos fatores.

Observação²: PN a preços de mercado (PNpm): é o PN medido a partir dos

valores transacionados no mercado (ou seja, mede o preço pago pelo

consumidor final).

Uma última medida de larga utilização em economia é a da Renda Disponível

do Setor Privado. É o resultado da renda nacional, deduzidas as contribuições

compulsórias que o Setor Público faz do Setor Privado (os impostos diretos

como: o Imposto de renda de pessoas físicas, contribuições para o INSS etc) e

acrescidas de todas as transferências que o Setor Público faz para o Setor

Privado (pagamentos de aposentadorias, subsídios, etc.). Essa medida mostra

quanto o Setor Privado tem a seu dispor, para consumo e poupança, como

resultado da atividade econômica do período analisado (Equipe de

Professores da USP, 2011).

1.2 O Cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) ou Renda Nacional (RN)

Se fôssemos julgar o sucesso de uma pessoa, observaríamos em primeiro

lugar sua renda. Pessoas com uma renda mais elevada desfrutam de um

padrão de vida mais alto, possui boa moradia, melhor cuidado com a saúde,

possui carros luxuosos, férias mais opulentas e outros benefícios a mais. A

mesma lógica se aplica à economia nacional, ao julgarmos o sucesso de uma

economia, é natural observarmos a renda total gerada. Essa é a natureza

principal do Produto Interno Bruto (PIB) de uma nação, esse é um dos motivos

de estudarmos esta variável macroeconômica.

O PIB mede duas coisas simultaneamente: a renda total gerada e a despesa

total com os bens e serviços produzidos na economia. A razão pela qual o PIB

pode medir as duas variáveis ao mesmo tempo é que as duas contas são

iguais, como já foi dito antes. Para a economia como um todo, a renda deve

Competência 01

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Economia Internacional

ser igual à despesa (estamos tratando de uma igualdade). A renda ser igual à

despesa só é possivel porque sempre temos duas partes nas transações

comerciais: um comprador e um vendedor. Digamos que João é contratado

para lavar os bancos dos carros de uma residência. Esse serviço custa R$

1.000,00, então João é o vendedor do serviço e a residência é a compradora

dos serviços do João. O Diagrama do Fluxo Circular da Renda demonstra bem

essa questão porque quando a renda está saindo para pagamento de algum

fator de produção, ela ao mesmo tempo está entrando em algum lugar. Então

uma despesa em certo momento da transação corresponde a uma renda para

a outra parte.

Mostramos o significado do PIB, agora daremos uma definição:

“Produto Interno Bruto (PIB) é o valor de mercado de todos os bens e serviços

finais produzidos em um país em dado período” (Mankiw, 2001).

Parece simples definição, mas há detalhes sutis, a saber: você já deve ter

ouvido o adágio (provérbio popular com uma mensagem de teor moral) que

diz: “não se somam maçãs com laranjas”. Mas o PIB faz exatamente isso,

soma vários tipos de bens diferentes em uma única medida de valor da

atividade econômica. Medem o valor que as pessoas estão dispostas a gastar

de suas rendas através do preço do mercado. Então quando se diz “valor de

mercado de todos os bens”, na definição significa exatamente isso. Portanto

se o valor de uma maçã for o dobro do valor da laranja, a contribuição de uma

maçã para o PIB será sempre, também, o dobro da contribuição da laranja.

O PIB também iclui itens produzidos na economia e vendidos legalmente no

mercado. Ele mede o valor de mercado de todos os produtos de uma

economia: não só laranjas e maçãs, mas bananas, abacaxis, livros,

mensalidades escolares, serviços de saúde, seguros, serviços de restaurantes,

etc. O governo inclui alugueis e até imóveis próprios, estimando o valor do

aluguel dos mesmos (partem do princípio de que o proprietário, que mora e

Competência 01

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Técnico em Logística

não paga aluguel, paga esse aluguel a si próprio). Mas há alguns produtos que

são excluídos do PIB porque sua medição é extremamente difícil. São os itens

produzidos e vendidos ilicitamente, fazem parte as drogas ilegais e produtos

contrabandeados, por exemplo. Excluem-se também os itens produzidos e

consumidos nos lares, agricultura de subsistência, que não entram no

mercado de consumo. Exemplo: as frutas e verduras compradas nos

mercadinhos entram no PIB, mas as plantadas em um pomar e/ou horta

domésticas, não entram. Algumas exclusões podem levar a resultados

confusos, paradoxais porque, por exemplo, se um eletricista formalizado é

contratado por uma dona de casa, e ela o paga pelos seus serviços, esse valor

entra no cálculo do PIB, mas se a dona de casa se casa com esse profissional e

não paga mais pelos serviços dele, esse valor já não entra mais no PIB (não

está mais sendo vendido no mercado).

O PIB inclui tanto os bens tangíveis (alimentos, móveis, carros, eletrônicos,

etc.) quanto os serviços, que são intangíveis (faxinas, corte de cabelo,

consultas médicas, etc.). Quando se compra um DVD (bem tangível) de um

cantor, o valor pago entra no PIB, assim como o valor do ingresso para assistir

ao show (bem intangível) do mesmo cantor, também.

Quando a Ondunorte (fábrica de papel sediada em Recife) produz o papel

para caixas de embalagens dos fornecedores de supermercados, por exemplo,

o papel é um bem intermediário e a caixa é um bem final. O PIB só inclui os

bens finais, a razão é que a riqueza dos bens intermediários já está

incluída/registrada no valor dos bens finais. Se somássemos o valor do papel

mais o valor da caixa, haveria uma dupla contagem e levaria a um cálculo

incorreto. No entanto, quando um bem que é qualificado como intermediário,

mas for produzido para ser vendido futuramente, ou seja, se ele for

considerado estoque hoje, então o valor referente ao investimento desse

estoque entra no PIB e depois quando esse estoque é usado/vendido pela

empresa, o valor será negativo no calculo do PIB.

Competência 01

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Economia Internacional

O PIB inclui bens e serviços produzidos no presente, não inclui itens

produzidos no passado, então quando a FIAT, por exemplo, vende um carro

novo (0 km), o valor desse carro entra no PIB, mas a venda dele depois como

carro usado, não entra. Outra característica do cálculo do PIB é que mede os

valores da produção gerada dentro dos limites de um país. Então, por

exemplo, quando um cidadão italiano trabalha temporariamente no Canadá,

sua produção é parte do PIB do Canadá. Portanto, todo item produzido

internamente, é incluído no PIB dessa nação, sem considerar a nacionalidade

do produtor. O PIB mede o valor da produção em um intervalo de tempo

específico, geralmente de um ano ou de um trimestre, que vai medir o fluxo

de renda e de despesa da economia durante esses intervalos, dessa forma, é

possível perceber que a economia produz mais bens e serviços em algumas

épocas do ano do que em outras. Abaixo podemos ver uma tabela real,

atualizada, do PIB dos estados brasileiros e sua participação percentual no PIB

Nacional (quanto cada valor representa no PIB brasileiro). O PIB mais recente

foi calculado em 2011, podemos encontrar dados mais recentes, porém são

apenas estimados (baseado em aproximações).

Figura 1.4 - PIB dos estados preços de mercado e sua participação (%)

Competência 01

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Técnico em Logística

A partir dessa tabela podemos obter os valores do PIB de cada estado e o

quanto ele representa no PIB brasileiro. Por exemplo, o PIB de Pernambuco

representa 2,5% do PIB nacional. A maior participação percentual (%) é a do

estado de São Paulo, 32,6% de toda riqueza (PIB) do Brasil.

1.2.1 Os Elementos do PIB (Renda Nacional)

Para entender como a economia está usando seus recursos escassos, os

economistas em geral se interessam em estudar a composição do PIB,

segundo os vários tipos de despesas. Chamaremos o PIB de Y, e está dividido

em quatro componentes: consumo (C), investimento (I), aquisições do

governo (G) e exportações líquidas (EL).

Assim temos:

Y = C + I + G + EL Onde:EL = Exportações – Importações

Portanto: Y = C + I + G + (X – M)

Consumo (C) é a despesa das famílias com bens e serviços; investimento (I) é a

aquisição de capital, estoques e construção; aquisições do governo (G) são as

compras de bens e serviços dos governos federal, estadual e local (Ex.:

compra do submarino e dos caças Gripen NG, pela presidente Dilma

Rousseff); as exportações líquidas (EL) são iguais às compras por parte de

estrangeiros de bens produzidos internamente (exportação) menos as

compras internas. As importações (M) representam saídas de capitais (divisas)

do país, compras de bens e serviços estrangeiros, por este motivo entram no

cáculo do PIB com sinal negativo. Então teremos sempre:

Y = C + I + G + ELquanso X > M ou

Y = C + I + G – ELquando X < M

Competência 01

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29

Economia Internacional

I. O Consumo Nacional de Equilíbrio (C)

De acordo com o Manual de Economia de Professores da USP (2011),

imaginemos uma economia bem simples, na qual se consome tudo o que é

produzido (Y = C). Não existe investimento (I), neste caso não há formação de

estoque, portanto o capital produzido é indepreciável, não existe nem

governo (G) e nem comércio exterior (que são as exportações e importções).

Podemos acreditar então que o resultado dessa economia está apenas na

decisão das famílias de consumirem ou não. Portanto a renda de equilíbrio

somente será obtida se as depesas de consumo programadas, por parte das

famílias, coincidirem com o valor da produção programada pelos empresários.

Então o que determinará o consumo será a renda das famílias. De forma

genérica, a função consumo então pode ser assim escrita:

C = C(y) onde C é consumo e y é a renda das famílas. O consumo (C) está em

função da renda (y)

C = C (y renda das famílias) onde consumo (C) estará em função da renda (y)

das famílias

Ex.: Maria decide comprar um tablet e tem para gastar nessa compra apenas

R$ 2.000,00 (y).

Então:Se C = C (y) C (consumo) = C (2.000) (a renda disponível para gastar)

II. O Investimento (I)

Antes de introduzirmos a repercussão do segundo componente do PIB, o

investimento (I), vamos definir a poupança da coletividade. Como já falamos

em item anterior, a poupança nacional é a parcela da renda nacional não

gasta em bens e serviços de consumo produzidos na economia. Por força

dessa definição, da mesma forma que o consumo, a renda é o fator que,

Competência 01

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30

Técnico em Logística

isoladamente, tem maior influência na determinação do nível de poupança da

coletividade. Portanto a função poupança pode ser obtida por meio da renda

menos a função consumo:

S = y – C (as pessoas poupam a parte da renda que não usam para consumir,

por este motivo a igualdade)

Pensemos um pouco: digamos agora aluno, que o nível de renda gerado na

economia seja y, o consumo desejado C e o fluxo de renda não gasta em

consumo, ou seja, a poupança programada pela coletividade seja igual a S. Se

apenas parte da produção for consumida, isto siginifica que a diferença não

consumida será estocada. Como os empresários já possuem mesmo os custos

com essa produção, já assumiram esses custos no momento de decidir

produzir, terão perdas e para que honrem seus compromissos financeiros,

deverão, então, recorrer aos empréstimos, no valor correspondente ao

volume da poupança realizada pela coletividade, ou seja, o que a coletividade

deixa de consumir para poder poupar é exatamente o valor do estoque do

produto que deixou de ser vendido pelos empresários. Se o empresário usa

esse valor das poupanças tomado como empréstimos, podemos dizer então

que o investimento (I) realizado pelos empresários na economia é igual à

poupança (S). Se os empresários, por sua vez, desejarem reduzir o

investimento em estoque, até o nível de renda em que as pessoas irão

consumir, haverá queda da produção, e com a redução dos níveis de

produção, a renda e o emprego da economia se contraem (pág. 346 Manual

de Economia, 2011).

Com essa conclusão, podemos dizer que o nível de investimento (I) depende

da quantidade da renda poupada das famílias. A parte poupada equivale à

parcela da produção (do investimento) que deixou de ser realizado, logo:

S = I

Competência 01

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Economia Internacional

Se o nível de renda (Y) depende das varíaveis C + I + G + EL, logo, se qualquer

dessas variáveis forem alteradas, haverá mudança na renda (Y).

Claro que essa igualdade (S = I) poderia não ocorrer, basta que os investidores

desejem fazer um investimento menor, então o nível de equilíbrio estável da

renda nacional somente aconteceria quando os valores programados fossem

iguais aos realizados. Nas economias modernas a probabilidade de haver uma

coincidência de programações é bem reduzida, pois os agentes econômicos

que poupam (indivíduos) são diferentes dos que investem (empresas), mesmo

levando em consideração o fato de serem bastante expressivas as poupanças

realizadas pelas empresas na forma de lucros não distribuídos.

A título de informação, existe um coeficiente (número) associado à variação

dos investimentos que determina a magnitude de variação no nível da renda

nacional (Y). É chamado de Multiplicador de Investimentos (k) e equivale à

expressão:

Podemos verificar que, quanto maior a PMgC (propensão marginal a

consumir) ou menor a PMgS (propensão marginal a poupar), maior será o

multiplicador. Essas propensões indicam a disposição das famílias em

consumir (PMgC) ou a poupar (PMgS).

Ex.: Uma empresa resolve investir (I) $ 100.000,00 na fabricação de 10

contêiners para cargas de grande porte. O multiplicador serve para calcular o

impacto de um investimento de valor ‘X’ (neste exemplo é $ 100.000,00), em

uma economia. Considerando que os recebedores de renda adicional

possuam uma PMgC = 0,8, veremos que estes primeiros fornecedores

gastarão 80% dos $ 100.000,00 ($ 80.000,00) em bens de consumo (lâminas

Competência 01

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Técnico em Logística

de ferro, solda, etc.). Os $ 80.000,00 recebidos por outros fornecedores,

também gastarão, por sua vez, na mesma propensão, 80% dos $ 80.000,00.

Desses $ 80.000,00, 80% ($ 64.000,00) também serão gastos no mercado com

compra de materiais para a execução do trabalho e assim por diante. Então o

investimento de $ 100.000,00 gerou $ 500.000,00 nessa economia (efeito

multiplicador):

III. Os Gastos do Governo

As despesas de investimentos do governo como: construir estradas, portos,

esgotos, irrigação, parques, ruas, bibliotecas públicas, entre outros,

constituem-se no terceiro elemento da renda nacional (PIB). Acréscimos

nestes gastos governamentais possuem o mesmo efeito multiplicador dos

investimentos privados, expandindo o nível de renda nacional. Entretando os

gastos do governo (G) são, predominantemente, financiados pela arrecadação

de tributos (T). A partir de agora os indíduos da coletividade farão suas

parcelas de consumo baseados somente no montante de renda que lhes

chega às mãos, ou seja, sua renda após o pagamento dos tributos

governamentais (T). Teremos então:

C = C (y – T)

IV. A Demanda de Exportação (X) e de Importação (I)

Ao abrirmos a nossa economia para o comércio exterior, o modelo

macroeconômico de curto prazo se completa, bastando incorporarmos à

demanda agregada as despesas com a exportação (X) e a importação (M) de

bens e serviços. Não podemos esquecer que as operações de importação têm

um efeito negativo sobre a renda de um país. Essas movimentações

Competência 01

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Economia Internacional

(exportação e importação) com o resto do mundo (os países estrangeiros) são

registradas na conta de Transações Correntes / Balança Comercial do Balanço

de Pagamentos. Fenômeno contrário se verifica quando exportamos produtos

ao exterior, pois o efeito multiplicador provoca impactos muito positivos para

a economia.

1.3 Sistema Monetário (Moeda)

Fontes: http://veja4.abrilm.com.br/assets/images/2010/7/12081/dolares-saida-cortada-size-598.jpg http://toquenobrasil-uploads.s3.amazonaws.com/wp-content/uploads/2011/07/ESCAMBO_SELO_CINZA-4e2db576013b6.jpg https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQbWrKtKAqWXyvwy5PGQYlWbt1NY6BVhLCzEHw5jOvbcKAjTgAU

1.3.1 Considerações

Em uma Economia que dependia do escambo (prática ancestral de se realizar

uma troca comercial sem o envolvimento de moeda ou objeto que se passe

por esta, e sem equivalência de valor), havia muita dificuldade para alocar

(distribuir) eficientemente seus recursos escassos; diz-se então que o

comércio teria que exigir a dupla coincidência de desejos, mas à medida que o

dinheiro flui de pessoa para pessoa numa economia, ocorre a facilitação da

produção e do comércio, permitindo assim que cada pessoa se especialize

naquilo que tem mais aptidão, aumentando o padrão de vida de toda a

coletividade.

Conceito de Moeda

É o conjunto de ativos ou dinheiro de uma economia, que as pessoas usam

em geral para comprar bens e serviços de outras pessoas.

Demanda Agregada são as despesas da coletividade (das

famílias) em bens e serviços de

consumo (C), investimento (I),

despesas governamentais (G) e exportações (X).

Para obter o resultado, é

necessário subtrair o montante total das importações (M). A demanda

agregada depende da quantidade de moeda em poder

dos agentes econômicos

(famílias, empresas, governo e resto do

mundo), das despesas e

impostos a que estão sujeitos e de

outras variáveis.

Competência 01

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Técnico em Logística

Origens e Conceito de Moeda

É difícil imaginar o funcionamento de um sistema econômico sem

instrumentos monetários. Os nômades sobreviviam sob padrões muito

simples de atividade econômica. Estes grupos não haviam conhecido a moeda

e recorriam a trocas diretas de mercadorias (escambo). Satisfaziam apenas às

necessidades básicas de alimentação e proteção (através da exploração da

natureza), isso explica o nomadismo. A alimentação era a caça, a pesca, a

coleta de frutos selvagens; para a proteção utilizavam cavernas e peles de

animais selvagens, tanto para se protegerem dos animais quanto das

hostilidades do tempo e do clima; desenvolveram primitivo processo de

conservação dos produtos extraídos da natureza – acumulavam excedente

para a garantia de suprimento – e o que sobrava, faziam as trocas,

primeiramente com o próprio grupo e, depois, em grupos com os quais

passavam a manter contato.

Fontes: https://setimodia.files.wordpress.com/2012/02/homem-das-cavernas.jpg https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTN6ANPBnAR1nLpViBoqpisThjCRGfucv6oeLfQiEDt3OkGVeDY http://2.bp.blogspot.com/-Qc7JXSgk8Bs/T4s9L5zyHAI/AAAAAAAAArI/a-8MEbJZq2s/s400/HOMEM+PRIMITIVO.jpg http://2.bp.blogspot.com/_VdVhcxzW91s/TU8AcnbDVoI/AAAAAAAAAEg/jmMS_-Pzws4/s400/neander.jpg

Dada à pequena diversidade dos produtos disponíveis, era mais fácil ocorrer à

dupla coincidência de desejos e às trocas (escambo); era uma característica

típica de sociedades primitivas, sem intervenção de instrumentos monetários.

Esse relacionamento econômico primitivo ruiu com a primeira revolução

agrícola, quando alguns grupos se fixaram em determinadas áreas: os deltas

do rio Nilo, Tigre e Eufrates. Esses grupos começaram a praticar a agricultura

organizada e a domesticação de animais.

Competência 01

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35

Economia Internacional

Mas aí a vida social começou a ficar mais complexa com o surgimento de

outras atividades e a diversificação da produção. Novas funções passaram a

ser definidas com a criação de novos instrumentos de trabalho e utensílios

exigidos pelas novas formas de produção. Começou a surgir a especialização e

divisão do trabalho (ainda em estágio primitivo), e as novas funções como:

guerreiros, agricultores, pastores, artesãos, sacerdotes.

Fontes: https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQUeMZ9S7_EEh6DeLB8B12_ohb4w8nPboazsWR8nN5Fp49bMsA6 http://www.midiagospel.com.br/http://www.midiagospel.com.br/images/stories/geral/biblicos/davi/davi-e-as-ovelhas.jpg http://www2.uol.com.br/historiaviva/noticias/img/castelo_medieval_maior.jpg http://www.aascj.org.br/home/wp-content/uploads/2013/06/Escola_Medieval.jpg

O processo de divisão do trabalho provocou grandes mudanças na vida

econômica: a atividade econômica tornou-se mais complexa; o número de

bens e serviços, agora exigidos para a satisfação das necessidades, aumentou;

a dupla coincidência de desejos, agora, torna-se mais difícil e as trocas passam

a ser de fundamental importância para a sobrevivência; o escambo foi tendo

que dar lugar a um processo indireto de pagamento; a aceitação de

determinados produtos como pagamento das transações econômicas, dia a

dia foi ficando mais intensa, configurando a origem da moeda; os demais

bens, a partir daí, passam a ser medidos com relação aos produtos-padrão;

esses produtos passam de aceitação geral no ambiente social (são as

primitivas expressões monetárias).

Um produto só se converte em um

ativo monetário se os membros do

grupo o aceitarem em pagamento nas transações que se

efetivam.

Competência 01

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Técnico em Logística

1.3.2 Características da Moeda

a. Indestrutibilidade e Inalterabilidade: a moeda deve ser

suficientemente durável, no sentido de que não se destrua ou se

deteriore, à medida que os agentes econômicos a manuseiem na

intermediação de troca;

b. Homogeneidade: duas unidades monetárias distintas, de igual valor,

devem ser, rigorosamente, iguais para que a moeda possa exercer suas

funções essenciais;

c. Divisibilidade: a moeda deve possuir múltiplos e submúltiplos em

quantidade e variedade, que tanto as transações de grande porte

quanto as de pequena possam realizar-se sem dificuldades (devem

existir cédulas e moedas de diversos valores);

d. Transferibilidade: diz respeito à facilidade com que deve processar-se

sua transferência de um possuidor a outro;

Exemplo: A marca feita no gado nas fazendas, depois de certo tempo,

torna as transações com essa moeda-mercadoria complicadas, pois o

gado fica com muitas marcas (marca de cada fazenda), dificultando a

identificação do proprietário.

e. Facilidade de manuseio e transporte: o manuseio e o transporte da

moeda não podem prejudicar nem dificultar a sua utilização.

1.3.3 Funções da Moeda

a. A Moeda como meio (instrumento) de trocas: permite a superação da

economia de escambo e a passagem à economia monetária. A

descoberta e a aceitação generalizada de um instrumento de trocas

facilita o processo da produção e distribuição:

Competência 01

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Economia Internacional

I. Torna possível um maior grau de especialização e de divisão

social do trabalho;

II. Possibilita sensível redução do tempo empregado em

transações;

III. Eliminam-se os inconvenientes decorrentes da necessidade da

dupla coincidência de desejos exigida nas economias de

escambo.

b. A Moeda como unidade de conta (medida de valor): serve para

comparar o valor de diversas mercadorias; instrumento que as pessoas

usam para anunciar preços e registrar débitos:

I. Racionaliza e aumenta o número de informações econômicas

via sistema de preços;

II. Torna possível a contabilização da atividade econômica e a

administração racional das unidades de produção;

III. Permite a construção de sistemas de contabilidade social para

cálculo dos valores agregados da produção.

c. A Moeda como reserva de valor: representa um direito que seu

possuidor tem sobre as mercadorias; seu possuidor não precisa gastá-la

imediatamente, podendo guardá-la para uso posterior. A moeda é a

liquidez por excelência (ela é a própria liquidez).

As duas principais razões que levam as pessoas a preferirem moeda

como reserva de valor:

I. Sua pronta e imediata aceitação quando da decisão em

convertê-la em outros ativos, financeiros ou reais;

Competência 01

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Técnico em Logística

II. A imprevisibilidade do valor futuro de outros ativos, sobretudo

os não financeiros. Ex. Automóveis e Imóveis.

d. A Moeda como poder liberatório (função liberatória): é o poder de

saldar dívidas, de liquidar débitos. Livra seu detentor de uma situação

passiva. Há um forte vínculo entre a função liberatória da moeda e o

grau em que esta é aceita pela sociedade.

e. A Moeda como padrão de pagamentos diferidos (adiados): capacidade

de facilitar a distribuição de pagamentos ao longo do tempo (para a

concessão de crédito ou de diferentes formas de adiantamentos).

f. A Moeda como instrumento de poder: instrumento de poder político,

econômico e social. É uma função um tanto perniciosa, que não pode

ser negligenciada. Ela existe à medida que se admite a moeda como um

título de crédito.

1.3.4 Tipos de Moeda

a. Moeda-mercadoria: toma a forma de um bem com valor intrínseco.

Ex.: O ouro, o gado, etc.

Quando uma economia usa o ouro como moeda (ou usa papel-moeda

que pode ser convertido em ouro), diz-se que opera no padrão-ouro.

b. Moeda de curso forçado: moeda sem valor intrínseco, que é usado

como moeda por determinação do governo.

1.3.5 Os Motivos da Demanda por Moeda

a. Demanda para transações: como os recebimentos e pagamentos são

sincronizados, as pessoas precisam reter moeda para pagar suas

despesas.

Competência 01

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Economia Internacional

b. Demanda por precaução: refere-se àquela parte da renda das pessoas

retida para fazer frente a imprevistos.

c. Demanda para especulação: ocorre quando aquela parcela da renda

das pessoas que poderia ser aplicada em títulos fica retida pelo fato de

a taxa de juros está baixa para comprar títulos.

As notas emitidas pelo governo podem ser usadas porque é o próprio governo

quem a decreta, é o governo que determina sua utilização como meio

liberatório para todas as dívidas públicas e privadas.

1.3.6 Intermediários Financeiros

Todo empreendimento tem momentos deficitários (despesas maiores do que

as receitas) e superavitários (receitas maiores que as despesas), isso decorre

do seu ciclo de produção, sazonalidade, maturação de investimentos, etc.

Seus responsáveis podem usar apenas seus próprios recursos, no entanto seu

crescimento ficará restrito à sua capacidade de acumular e de proteger-se dos

riscos. Podem também recorrer a recursos de terceiros, como também

transferir riscos. Isso acarreta uma série de vantagens, mas demanda tempo

de pesquisa, conhecimento e custo.

O setor financeiro realiza essa atividade por meio de seus intermediários

financeiros. As operações são realizadas com uma variedade de instrumentos

financeiros. Esses intermediários financeiros são divididos em bancários (que

criam moeda) e não bancários.

1.3.6.1 Intermediários Bancários

Os intermediários bancários mais importantes no Brasil são os bancos

comerciais (Bradesco, Banco do Brasil, Itaú, Santander, Caixa Econômica

Federal, etc.) e múltiplos (Bradesco é tanto comercial como múltiplo).

Competência 01

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Técnico em Logística

1.3.6.2 Intermediários não Bancários

Diferenciam-se dos bancos porque não captam recursos por meio de

depósitos à vista. São todas as instituições financeiras com exceção dos

bancos. Os principais intermediários financeiros não bancários brasileiros são:

I. Bancos de investimentos;

II. Sociedades de crédito, financiamento e investimento (financeiras);

III. Sociedades de créditos imobiliários;

IV. Sociedades de arrendamento mercantil – firmas de leasing;

V. Sociedades corretoras e distribuidoras.

Existem ainda instituições oficiais como Banco do Brasil, o Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e bancos de desenvolvimento.

1.3.6.3 Banco Central

Fonte: https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR8skq5fj0wtz1iwI86niHLAsUXB6WIIqI5d0B9pgxkS8pbQFxW

A estrutura administrativa e jurídica dos diversos bancos centrais varia muito

entre países. No Reino Unido, o Banco Central é o Banco da Inglaterra, que

originariamente era privado. Nos Estados Unidos, encontramos o Sistema

Federal de Reserva. No Brasil,as funções do Banco Central são

desempenhadas pelo Banco Central do Brasil e pelo Conselho Monetário. Suas

funções são:

banco dos bancos, ele recebe depósitos dos bancos comerciais e

transfere fundos de um banco para outro; empresta dinheiro aos

bancos comerciais (redesconto);

Competência 01

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Economia Internacional

banco do governo, é onde grande parte dos fundos do governo é

depositado; é por meio dele que o governo vende títulos de sua própria

emissão ao público; é o agente financeiro do governo;

executor da política monetária, é responsável pelo controle da oferta

da moeda por vários instrumentos.

1.3.7 Política Monetária

Uma das principais funções do poder público no Brasil é zelar pelo bem

comum; no entanto, para realizar essa função, o governo, enquanto agente

econômico do sistema, precisa intervir sobre determinadas variáveis no

intuito de prover condições favoráveis à população. Nesse contexto, a política

econômica brasileira é formada pelas ações do governo que busca atingir

esses objetivos através de instrumentos econômicos, divididos entre as

políticas monetária, fiscal e cambial.

Os governos federal, estadual e municipal atuam em conjunto para a

consolidação das políticas econômicas adotadas no país. A política monetária

controla a quantidade de moeda em circulação no país, a política cambial

regula as operações de exportação e importação e a política fiscal determina

as fontes de arrecadação e os gastos públicos brasileiros.

Esse conjunto de medidas econômicas adotadas pelo governo visa adequar os

meios de pagamentos disponíveis às necessidades da economia do país. Você

me pergunta: “como?”. Já sabemos que é o Banco Central o executor da

política monetária, e também sabemos que ele se utiliza de vários

instrumentos tais como: controle da taxa de juros, imposição aos bancos o

sistema de reservas obrigatórias (depósitos compulsórios), limita prazos para

empréstimos, etc.

Competência 01

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Técnico em Logística

Em outras palavras, a Política Monetária age diretamente sobre o controle da

quantidade de dinheiro em circulação, esta medida visa defender o poder de

compra da moeda. Tal prática pode ser expansionista ou restritiva. Em uma

política monetária restritiva, o governo diminui a quantidade de dinheiro em

circulação, ou mantém estável, com o objetivo de desaquecer a economia e

evitar o aumento dos preços (inflação); na política monetária expansionista, a

quantidade de dinheiro em circulação é aumentada, com o objetivo de

aquecer a demanda e incentivar o consumo e, por conseguinte, o crescimento

econômico. Cabe ressaltar que a política monetária expansionista visa criar

condições para o crescimento econômico, porém não o determina

propriamente.

Vamos falar um pouco mais apenas sobre três desses instrumentos da política

monetária:

Reservas obrigatórias: os bancos comerciais guardam uma parcela dos

depósitos como reservas, a finalidade é atender o movimento de caixa

(atender as solicitações de recursos por parte dos bancos comerciais,

etc.). Em geral, os bancos centrais forçam os bancos comerciais a

guardarem reservas superiores às que seriam recomendáveis. Essa

medida retira moeda (dinheiro) da economia, à medida que os bancos

comerciais ficam com menos dinheiro para emprestar.

Operações de mercado aberto: este é outro instrumento para o

controle da oferta de moeda, operações de mercado aberto. Consiste

em operações de compra e venda por parte do Banco Central de títulos

governamentais no mercado de capitais. Qual o efeito dessas compras e

vendas sobre a oferta de moeda? A compra de títulos pelo Banco

Central aumenta os depósitos nos bancos comerciais que ficam com

mais dinheiro para emprestar, aumentando assim a circulação de

dinheiro. Quando o Banco Central compra títulos, ele está colocando

dinheiro na economia; na venda, ele está fazendo com que as pessoas e

empresas, no lugar de consumir, poupem/invistam.

Competência 01

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Economia Internacional

Política de redesconto: outra importante forma de controlar a oferta

de moeda, e a mais usada nas economias modernas, é o redesconto.

Quando o Banco Central adota uma política expansionista, oferece

empréstimos mais abundantes e a juros (taxa de redesconto) baixos.

Como banco dos bancos, o Banco Central fornece aos bancos

comerciais uma fonte acessível de empréstimos e, portanto, estes

bancos comerciais fornecem também aos seus clientes. Caso o Banco

Central queira limitar a oferta de moeda (dinheiro) na economia, ele

pode diminuir a quantidade de operações de redesconto ou elevar suas

taxas. Consequentemente, tomar emprestado se torna mais

dispendioso.

A oferta de moeda pode se dar de duas formas:

1. Pelo Banco Central, como executor da política monetária;

2. Pelos bancos comerciais, por meio dos depósitos à vista.

Esse assunto é muitíssimo rico, mas não poderemos nos aprofundar mais, o

tempo é curto e trata-se de curso técnico. O que você deve saber, aluno, é

que a equipe econômica do governo pode promover, sempre que precisar,

influência na macroeconomia, utilizando-se dessas diversas políticas e

operações, injetando ou retirando moeda no mercado.

1.3.7.1 Como a Política Monetária Influencia a Demanda Agregada (PIB)

A curva de demanda agregada mostra a quantidade de bens e serviços

demandada a cada nível de preço.

Pelo efeito riqueza – imagine o dinheiro que você guarda em sua carteira e

em sua conta bancária. O valor nominal deste dinheiro é fixo, mas seu valo

real não, pois quando os preços caem, esses reais se tornam mais valiosos

Competência 01

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Técnico em Logística

porque podem comprar mais bens e serviços. Assim, uma redução no nível de

preços faz com que os consumidores se tornem mais ricos (riqueza real*).

Pelo efeito taxa de juros – à medida que os agentes econômicos tentam

converter seu dinheiro em ativos que rendem juros (desejam poupar), o

Banco Central tende a diminuir a taxa básica de juros da economia (Selic, essa

é a taxa que regula a demanda e oferta da economia e, por conseguinte, a

inflação) para estimular o consumo. Com menor taxa há um estímulo à

tomada de empréstimos por parte de empresas e investidores que desejam

ampliar a produção, assim como famílias desejam investir em novas moradias,

etc. No entanto, não pode haver excesso de demanda para que a inflação não

receba pressão de alta, então o Banco Central volta a elevar a taxa básica de

juros para conter o consumo.

Para evitar uma continuidade no aumento dos preços (contenção da inflação),

o Banco Central atualmente defende que a política monetária “deve se

manter vigilante” e agir com a “devida tempestividade” (que acontece no

momento exato; oportuno). Foi quando o Copom (Comitê de Política

Monetária) resolveu promover novo aumento da taxa básica de juros da

economia (abril deste ano, 2014), de 10,75% para 11% ao ano (acredita-se

não ser o último aumento deste ano). (Fonte: Boletim Focus do Banco Central, abr.

2014).

O Comitê de Política Monetária (Copom) é um órgão criado pelo Banco

Central do Brasil. Foi instituído em 20 de junho de 1996, com o objetivo de

estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa de juros. A

criação do Comitê buscou proporcionar maior transparência e ritual adequado

ao processo decisório, a exemplo do que já era adotado pelo Federal Open

Market Committee (FOMC) do banco central dos Estados Unidos e pelo

Central Bank Council, do Banco Central da Alemanha. Em junho de 1998, o

Banco da Inglaterra também instituiu o seu Monetary Policy Committee

(MPC), assim como o Banco Central Europeu, desde a criação da moeda única

em janeiro de 1999. Atualmente, uma vasta gama de autoridades monetárias

* Riqueza real = poder de compra

do salário.

Competência 01

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45

Economia Internacional

em todo o mundo adota prática semelhante, facilitando o processo decisório,

a transparência e a comunicação com o público em geral. O Copom é formado

pelo presidente e os diretores do Banco Central, que se reúnem a cada 45 dias

para fixar a taxa básica de juros, a Selic.

Objetivos do Copom:

O objetivo das mudanças nos juros é manter a inflação sob controle, ou seja,

cumprir a meta de inflação para o ano. A decisão do BACEN sobre os juros é

soberana e não precisa de aprovação do presidente da República nem do

ministro da Fazenda. Já a meta de inflação é fixada pelo governo.

Destaca-se a adoção, pelo Decreto 3.088, em 21 de junho de 1999, da

sistemática de metas para a inflação como diretriz de política monetária

(sobre a inflação trataremos mais à frente). Desde então, as decisões do

Copom passaram a ter como objetivo cumprir as metas para a inflação

definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Segundo o mesmo

decreto, se as metas não forem atingidas, cabe ao presidente do Banco

Central divulgar, em Carta Aberta ao Ministro da Fazenda, os motivos do

descumprimento, bem como as providências e prazo para o retorno da taxa

de inflação aos limites estabelecidos.

1.3.8 Os Agregados Monetários no Brasil

Existem muitos ativos (depósitos a prazo, bônus do Banco Central, caderneta

de poupança, entre outros) de grande liquidez na economia, e costumam ser

chamados de quase-moedas. Apesar de esse tipo de moeda não ser aceito

normalmente em troca de bens e serviços, pode ser rapidamente convertido

em moeda.

É chamado de agregado monetário ou meios de pagamento, o total de moeda

de um país, que pode ou não incluir as quase-moedas. Cada país classifica os

Competência 01

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46

Técnico em Logística

M4 = M3 + títulos federais registrados no Selic

Quadro 1.1 Agregados Monetários (meios de pagamento)

M0 = moeda em poder do público (papel-moeda e moedas metálicas

MI = M0 + depósitos à vista nos bancos comerciais

M2 = M1 + depósitos para investimentos + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições depositárias

M3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas com títulos federais

seus agregados monetários por ondem de liquidez (refere-se à velocidade e

facilidade com a qual um ativo pode ser convertido em dinheiro). No Brasil

existem 5 agregados monetários: M0, M1, M2, M3 e M4. O Banco Central faz

muita referência a esses códigos, em seus relatórios, para informar a posição

do Brasil em relação ao estoque de moeda. Por este motivo, aluno, é bom

apenas saber do que se trata cada código. O objetivo de estudar estas

questões (termos e enunciados mais específicos), que não temos tanto

contato no nosso dia a dia, é para que, ao nos depararmos com determinados

assuntos, possamos discorrer melhor sobre eles.

Em economia, base monetária se refere ao volume de dinheiro criado pelo

Banco Central, ou seja, moeda (em papel ou metálica) e reservas bancárias

em poder das entidades financeiras ou depositadas no Banco Central.

Fonte: Professores da USP, 2011.

1.3.9 Política Fiscal

Compreende as escolhas do governo em relação ao nível geral das suas

aquisições (compras) ou dos impostos (cobrança). O governo pode aumentar

ou diminuir gastos, impostos e tributos. Assim, se a economia apresenta

tendência para a queda no nível de atividade, o governo pode estimulá-la,

diminuindo a cobrança de impostos e tributos ou elevando gastos. As medidas

de consumo do governo também podem causar um efeito multiplicador, à

medida que têm despesas comprando no mercado. Cada real gasto com

compras causa um impacto maior ou menor na economia. Quando os

governos diminuem ou aumentam impostos/tributos, também estão

promovendo expansão ou retração da atividade econômica, uma vez que está

colocando ou retirando dos agentes econômicos, poder de compra.

Competência 01

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47

Economia Internacional

Dado um nível de renda, quanto maiores os impostos e tributos, menor será a

renda disponível das famílias e, portanto, menor o consumo. Os gastos são

diretamente um elemento de demanda; dessa forma, quanto maior o gasto

público (do governo), maior a demanda por bens e serviços. É uma forma de

estimular a atividade econômica. No entanto, um grande aumento nas

aquisições do governo também pode provocar um aumento na taxa de juros,

tendendo a reprimir a demanda por bens e serviços. Ocorre da seguinte

forma: o aumento nas aquisições do governo eleva a renda dos trabalhadores

e proprietários de empresas porque injeta dinheiro na economia, eleva

também a renda de outras empresas (dado o efeito multiplicador, a cada real

investido, dependendo da propensão dos agentes financeiros, pode gerar um

impacto duas, quatro, dez ou mais vezes maior); com uma renda maior

(dinheiro disponível), as famílias planejam comprar mais bens e serviços e

também decidem ficar com uma parte líquida (moeda); como o BACEN não

altera sua oferta de moeda, ele aumenta a taxa de juros para manter em

equilíbrio a demanda e a oferta (equilíbrio da atividade econômica); como

tomar empréstimo então fica mais caro, por causa da alta de juros, a

demanda por investimento em imóveis e empresas cai; então por um lado as

aquisições do governo aumenta a demanda por bens e serviços e por outro,

expulsa investimentos.

Conclusão: o impacto inicial do aumento das aquisições do governo é

aumentar a demanda agregada, propiciando mais empregos e lucros, porém

apenas até o efeito expulsão se instalar, veremos a seguir.

Outro importante instrumento de política fiscal é o nível de tributação.

Quando o governo reduz os impostos, ele aumenta a renda disponível das

famílias. De forma análoga, um aumento de impostos deprime as despesas de

consumo das famílias. Assim como ocorre na política monetária, na política

fiscal também ocorrem dois efeitos: quando o governo corta impostos, sobra

renda para as famílias e empresas, provocando aumento de empregos e

lucros, que rebate em outras empresas e assim por diante, este é o efeito

Competência 01

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48

Técnico em Logística

multiplicador. E quando o governo aumenta os impostos, ele reduz a

capacidade de consumo das famílias e empresas.

Basicamente, a forma de articular uma política fiscal dá-se através da efetiva

arrecadação de impostos, aplicando seus recursos da forma mais racional e

eficaz possível. Isso equivale a uma interferência também no setor tributário,

modificando as despesas do setor privado. Uma maior arrecadação de

impostos irá influenciar diretamente a disponibilidade de moeda no mercado,

provocando uma redução de recursos que particulares poderão destinar ao

consumo e à poupança. Assim, quanto maior a carga de impostos e tributos

ditada pela política fiscal do governo, haverá menor renda disponível para a

população em geral, inibindo o consumo. Esta é uma das armas disponíveis

dos governos para controlarem a taxa de inflação, pois tem como objetivo

atingir a demanda.

1.3.10 Política Cambial

Fontes: http://cdn.mundodastribos.com/wp-admin/uploads/2010/07/dolar-300x245.jpg http://2.bp.blogspot.com/_fhq9vm46EZQ/Su8WO1EB4OI/AAAAAAAAAUo/d5Mx1UWoxkQ/s400/casa_de_cambio1.jpg http://blogs.diariodonordeste.com.br/andarilho/wp-content/uploads/2011/06/moeda1.jpg

Política cambial é o conjunto de ações e orientações destinadas a equilibrar o

funcionamento da economia através de alterações das taxas de câmbio e do

controle das operações cambiais. É o conjunto de ações governamentais

diretamente relacionadas ao comportamento do mercado de câmbio,

inclusive no que se refere à estabilidade relativa das taxas de câmbio e do

equilíbrio no balanço de pagamentos. O Banco Central executa a política

cambial definida pelo Conselho Monetário Nacional. Para tanto, regulamenta

o mercado de câmbio e autoriza as instituições que nele operam. Também

Competência 01

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49

Economia Internacional

compete ao Banco Central fiscalizar o referido mercado, podendo punir

dirigentes e instituições mediante multas, suspensões e outras sanções

previstas em lei. Além disso, o Banco Central pode atuar diretamente no

mercado, comprando e vendendo moeda estrangeira de forma ocasional e

limitada, com o objetivo de conter movimentos desordenados da taxa de

câmbio (Fonte: BACEN, 2014).

O regime cambial adotado no Brasil atualmente é o de câmbio flutuante. Ou

seja, quanto mais dólar tiver em circulação no Brasil (por meio de

investidores/investimentos estrangeiros, turistas/turismo de fora do país,

etc.) menor a cotação do dólar. Quando há saída de dólares, a cotação sobe.

O Banco Central muitas vezes compra muito dólar, o motivo é que, com muito

dólar circulando no Brasil e muitos investidores chegando (também trazendo

a moeda), o BC precisa comprar para não deixar haver um excesso de dólar,

pois se isso ocorre, a taxa cairá muito, ficando bem abaixo do recomendável.

Isso provoca uma supervalorização do real e prejudica as exportações de

produtos brasileiros. Também provoca aumento das importações porque o

produto estrangeiro ficará mais barato.

Sem querer ser redundante, vale dizer que a principal virtude do regime de

câmbio flutuante é sua flexibilidade. Estamos diante de um contexto

internacional atual em que se observa um alto grau de incerteza associado à

alta volatilidade de variáveis financeiras e de preços de commodities, a

flexibilidade cambial permite a absorção de choques externos que poderiam,

de outro modo, ter um forte impacto na economia doméstica.

Por exemplo, as mudanças bruscas nos preços relativos, quando não

absorvidas rapidamente pela taxa de câmbio, podem gerar pressões

inflacionárias e assim sobrecarregar a política monetária. Portanto, diante do

atual contexto internacional, a institucionalização de um regime de câmbio

com alguma taxa de referência (meta, bandas cambiais ou zona alvo) pode

gerar desequilíbrios macroeconômicos importantes. Se por um lado algum

Competência 01

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50

Técnico em Logística

grau de flexibilidade é bem-vindo, por outro, o excesso de flexibilidade pode

levar a distorções de diversas naturezas.

1.4 Inflação

Inflação pode ser conceituada como um aumento contínuo e generalizado no

nível de preços, ou seja, os movimentos inflacionários representam elevações

em todos os bens produzidos pela economia e não meramente o aumento de

um determinado preço. Para o conceito, essa elevação deve ser contínua e

não esporádica. A moeda perde o seu poder de compra, é por este motivo

que a inflação é considerada um fenômeno monetário.

Podemos de início interpretar que a inflação representa um conflito

distributivo existente na economia mal administrada, ou seja, há uma disputa

dos diversos agentes econômicos pela distribuição da renda. Dada à

diversidade de agentes econômicos existentes, o processo inflacionário pode

estar ligado a inúmeras facetas. No caso da economia brasileira um dos

conflitos mais importantes refere-se às relações entre salários e preços. Neste

caso o conflito estaria centrado numa disputa pelo produto entre

trabalhadores e empresários.

1.4.1 Distorções Provocadas por Altas Taxas de Inflação

1.4.1.1 Efeito sobre a Distribuição de Renda

A distorção mais séria provocada pela inflação diz respeito à redução relativa

do poder aquisitivo das classes que dependem de salários (rendimentos) fixos.

São os assalariados, que vão ficando com os salários cada vez mais reduzidos,

até acontecer novo reajuste anual. Os trabalhadores de baixa renda são os

que mais sofrem com a inflação, porque não têm como se defender fazendo

aplicações financeiras (eles consomem quase a totalidade do que ganham).

Competência 01

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51

Economia Internacional

1.4.1.2 Efeito sobre o Balanço de Pagamentos

Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços

internacionais, encarecem o produto nacional relativamente ao produto

estrangeiro. Esse fato estimula as importações em detrimento das

exportações. O problema, aluno, é que quando os produtos estão muito caros

no Brasil, as pessoas correm para comprar fora (importados), torna-se mais

vantajoso porque a inflação eleva o preço dos produtos locais.

1.4.1.3 Efeito sobre o Mercado de Capitais

Num processo inflacionário intenso, o valor da moeda se deteriora

rapidamente, então ocorre um desestímulo à aplicação no mercado de

capitais financeiros. No Brasil essa distorção foi bastante minimizada pelo

mecanismo da correção monetária; esses títulos passaram a ser reajustados

(ou indexados) por índices que refletiam exatamente o crescimento da

inflação.

Consideramos quatro tipos principais de inflação:

a. Inflação - É a categoria predominante de variação do valor da moeda.

Trata-se de um fenômeno universal, comum a praticamente todos os

países. Corresponde a uma alta generalizada dos preços dos bens e

serviços, expressos pelo padrão monetário corrente;

b. Desinflação – É a volta à linha de estabilidade dos preços. Os índices,

por unidade de tempo, recuam seguidamente de patamares altos para

mais baixos. Geralmente são induzidos por congelamento de preços ou

prefixações de altas;

c. Deflação – traduz-se pela queda generalizada dos preços, para níveis

inferiores aos que vinham sendo correntemente praticados. A deflação

geralmente é associada à estagnação econômica;

Competência 01

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Técnico em Logística

d. Reflação – É a volta à estabilidade da economia como um todo, após

períodos deflacionários. Recuperam-se os níveis de ociosidade, pela

expansão dos dispêndios de investimento e de consumo. Os preços

voltam para a linha de estabilidade.

Níveis de ociosidade é a diferença entre o volume efetivo de produção e o que

seria possível produzir com a capacidade instalada (máquinas, funcionários,

equipamento, matérias-primas, etc.). Deste modo, a capacidade ociosa

representa o quanto esta empresa poderia estar produzindo a mais para

atingir sua capacidade de produção. Exemplo: digamos que uma empresa de

computadores tenha a capacidade de produzir 500 mil tablets/mês, mas só

produz 250 mil (metade / 50%), isso quer dizer que essa empresa está com

uma capacidade ociosa de 50%. O que pode estar acontecendo é que não

existe demanda. Ela só irá produzir mais se, de repente, a demanda por esse

produto aumentar.

1.4.2 Causas Clássicas de Inflação

a. Inflação de demanda: refere-se ao excesso de demanda agregada em

relação à produção disponível de bens e serviços na economia. É

causada pelo crescimento dos meios de pagamento, que não é

acompanhado pelo crescimento da produção. Ocorre apenas quando a

economia está próxima do pleno-emprego, ou seja, não pode aumentar

substancialmente a oferta de bens e serviços em curto prazo.

b. Inflação de custos: tem suas causas nas condições de oferta de bens e

serviços na economia. O nível da demanda permanece o mesmo, mas

os custos de certos fatores importantes aumentam, levando à retração

da oferta e provocando um aumento dos preços de mercado.

c. Inflação inercial: é a aquela em que a inflação presente é uma função

da inflação passada. Deve-se à inércia inflacionária, que é a resistência

que os preços de uma economia oferecem às políticas de estabilização

Competência 01

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Economia Internacional

que atacam as causas primárias da inflação. Seu grande vilão é a

"indexação", o reajuste do valor das parcelas de contratos pela inflação

do período passado. Em resumo, refere-se à ideia de memória

inflacionária, onde o índice atual é a inflação passada mais a expectativa

futura.

d. Inflação estrutural: a corrente estruturalista supunha que a inflação em

países em vias de desenvolvimento é essencialmente causada por

pressões de custos, derivados de questões estruturais como a agrícola e

a de comércio internacional.

A Inflação no Brasil é medida por meio de vários índices, no entanto os mais

importantes são:

I. INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor: calculado pelo IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nas regiões

metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife,

São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além do Distrito

Federal e do município de Goiânia. Mede a variação nos preços de

produtos e serviços consumidos pelas famílias com rendas entre 1 e 8

salários mínimos. O período de coleta de preços vai do primeiro ao

último dia do mês corrente e é divulgado aproximadamente após o

período de oito dias úteis.

Gráfico 1.1 - Evolução mensal do INPC 2013 Fonte: Elaboração própria. IBGE, 2014

Competência 01

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Técnico em Logística

Meses Jan Fev Mar

INPC 5,26 5,39 5,62

IPCA 5,59 5,68 6,15

Índices (%) - 2014

Quadro 1.2 Índices de Inflação

II. IPCA - Índice de Preço ao Consumidor Amplo (ampliado): calculado

pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mede a

variação dos preços para as famílias com renda entre 1 e 40 salários

mínimos, logo este índice é caracterizado como a inflação pura. No IPCA

é verificado o aumento do nível de preços nos seguintes setores:

alimentação e bebidas, habitação, artigos de residência, vestuário,

transportes, comunicação, saúde e cuidados pessoais, despesas

pessoais, educação, etc. Abaixo está um gráfico com a evolução do IPCA

mês a mês em 2013.

Gráfico 1.2 - Evolução mensal do IPCA 2013 Fonte: Elaboração própria. IBGE, 2014

Fonte: Elaboração própria. IBGE, 2014

III. INCC - Índice Nacional do Custo da Construção Civil: calculado pela

FGV, mede a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços

atualizados pelo setor de construção civil. Este índice é calculado para

três intervalos diferentes, e compõem os demais índices calculados pela

FGV. Participa com 10% do IGP-M. Foi concebido com a finalidade de

aferir a evolução dos custos de construções habitacionais, configurou-

se como o primeiro índice oficial de custo da construção civil no país.

Foi divulgado pela primeira vez em 1950, mas sua série histórica

Competência 01

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Economia Internacional

retroage a janeiro de 1944. De início, o índice cobria apenas a cidade do

Rio de Janeiro, então capital federal e sua sigla era ICC.

Nas décadas seguintes, a atividade econômica descentralizou-se e o

IBRE passou a acompanhar os custos da construção em outras

localidades. Além disso, em vista das inovações introduzidas nos estilos,

gabaritos e técnicas de construção, o ICC teve que incorporar novos

produtos e especialidades de mão de obra.

Em fevereiro de 1985, para efeito de cálculo do IGP, o ICC deu lugar ao

INCC, índice formado a partir de preços levantados em oito capitais

estaduais. No processo de ampliação de cobertura, o INCC chegou a

pesquisar preços em 20 capitais. Atualmente a coleta é feita em 7

capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife,

Porto Alegre e Brasília (FGV, 2014).

IV. IGP-M - Índice Geral de Preços de Mercado: calculado pela FGV

(Fundação Getúlio Vargas), os preços do atacado têm maior

participação na composição do índice:

i. IPA – Índice de Preço de Atacado,participa com 60% do IGP-M

ii. IPC – Índice Geral de Preço ao Consumidor, participa com 30% do

IGP-M

iii. INCC – Índice de Preço da Construção Civil, participa com 10% do

IGP-M

iv. INPC

Em outras palavras, esse índice é formado por percentuais de outros

índices (60% do IPA + 30% do IPC + 10% do INCC).

Competência 01

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Técnico em Logística

Quadro 1.3 - Índices de Inflação (utilização) Fonte: Mankiw, 2001

Competência 01

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Economia Internacional

Segundo o boletim Focus, relatório divulgado pelo Banco Central (o mais

recente foi divulgado em 04.04.2014), a expectativa para o IPCA deste ano

prevê mais inflação e menos crescimento econômico. Esse levantamento do

Banco Central, feito com mais de 100 bancos, mostra que a previsão para o

IPCA (considerado a "inflação oficial" do país) de 2014 passou de 6,3% para

6,35%. Foi a quinta elevação consecutiva deste indicador e, com esse

aumento, o resultado se aproxima ainda mais do teto de 6,5%, vigente no

sistema de metas. Nos últimos quatro anos, a inflação tem oscilado ao redor

de 6%. Em 2010, somou 5,91%, passando para 6,50% em 2011, para 5,84% em

2012 e para 5,91% no último ano (2013).

O que é o Sistema de Metas? Segundo a Revista Econômica Contemporânea

(Rio de Janeiro, 2012)* é um padrão de conduta da política monetária que

passou a ser utilizado por vários países a partir da década de 1990. O Brasil

adotou esse modelo em 1999, após uma crise cambial. Tem como principal

característica o anúncio prévio de uma meta numérica para a inflação, este

regime passou a ser adotado por países que buscavam alcançar a estabilidade

de seus preços. É este sistema que vigora no Brasil, e é o Banco Central quem

deve calibrar os juros para atingir as metas, tendo por base o IPCA. Para 2014

e 2015, a inflação deverá ficar em 4,5%, com um intervalo de tolerância de

dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode

oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.

Para conter o avanço da inflação, o Banco Central realiza a elevação da taxa

básica da economia (Selic). Esse aumento vem avançando desde abril do ano

passado (2013) para conter pressões inflacionárias. Veja abaixoa tabela de

metas para a inflação brasileira, disponibilizada pelo Banco Central

atualmente em seu site:

*A Revista de Economia

Contemporânea (REC) destina-se à

publicação de trabalhos

científicos originais nas áreas de Teoria

Econômica, Economia Aplicada, História Econômica,

História do Pensamento Econômico,

Metodologia Econômica e em áreas afins, cujos

temas sejam relevantes para a

economia. Foi criada no segundo semestre de 1997, pelo Instituto de

Economia da Universidade

Federal do Rio de Janeiro.

Competência 01

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Técnico em Logística

Figura 1.5 - Tabela de Metas de Inflação – Banco Central Fonte: https://www.bcb.gov.br/Pec/metas/TabelaMetaseResultados.pdf

1.5 Mercado de Trabalho

Com o surgimento do sistema capitalista de produção e, consequente,

utilização do trabalho assalariado em larga escala, surge o mercado de

trabalho como uma instituição fundamental ao funcionamento da economia.

Pode-se entender esse mercado como sendo trabalhadores

vendendo/ofertando (recebendo salários) sua mão de obra e empresas

comprando/demandando (pagando) por essa mão de obra. É chamado

mercado formal de trabalho, o qual contempla as relações contratuais de

trabalho. Em contraposição, existe o chamado mercado informal de trabalho,

onde prevalecem regras de funcionamento com um mínimo de interferência

governamental. Do ponto de vista macroeconômico, esse mercado contribui

para a determinação do nível de demanda agregada, do produto e do

emprego, que tem um papel fundamental ao lado dos mercados de bens e

Competência 01

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Economia Internacional

serviços, monetário e também de títulos. Ao lado desse mercado formam-se

inúmeras variáveis a respeito do cotidiano dos trabalhadores, tais como:

salários, desemprego, rotatividade, produtividade, etc. O emprego cresce

porque se ampliam as oportunidades de trabalho, seja pelo surgimento de

novas ocupações, seja pelo aumento de novas vagas em firmas já instaladas

(Professores da USP, 2011).

O mercado de trabalho é cíclico, com períodos de expansão e de recessão no

curto prazo. Quando analisamos seu resultado, podemos avaliar se a

economia está em boa fase ou não. Portanto,outrobom determinante do

padrão de vida de uma sociedade pode ser observado através do nível de

desemprego, frequentemente encontrado em um país. Pessoas que estariam

dispostas a trabalhar, mas que não encontram emprego, não contribuem para

a produção de bens e serviços da economia, concorda?

Para entender o mercado de trabalho é necessário então, inicialmente,

classificar a população segundo a atividade econômica que cada um exerce.

A partir do total da população residente em um país, podemos definir a

chamada População em Idade Ativa – PIA, esta se divide entre:

I. População Economicamente Ativa – PEA = Força de trabalho: é o

conjunto de elementos empregados (E) e desempregados (D), num

certo momento;

II. População Ativa não Integrada ao Mercado de Trabalho:

- Capacitados para o trabalho: a. trabalhadores desalentados (dispostos

a trabalhar, mas desestimulados a buscar emprego): Ex. pessoas

dedicando-se a afazeres domésticos, estudantes, aposentados,

pensionistas, rentistas e outros; b. inativos (não buscam trabalho nem

desejam trabalhar);

- Incapacitados para o trabalho: a. inválidos física e mentalmente; b.

idosos, réus e outros.

Competência 01

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Técnico em Logística

Podemos obter dados sobre emprego e desemprego a partir da Pesquisa de

Emprego e Desemprego (PED). É um levantamento domiciliar contínuo,

realizado mensalmente, desde 1984, na Região Metropolitana de São Paulo,

em convênio entre o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e

Estudos) e a Fundação Seade. O reconhecimento da importância da PED como

instrumento de análise da realidade socioeconômica concretizou-se com

solicitações da implantação da Pesquisa em outras regiões do país, a partir de

1987. As atividades de assessoria e acompanhamento das PEDs regionais por

parte da Fundação Seade e do DIEESE têm se dado de forma contínua, em

convênio com diversas instituições. Atualmente, a PED é realizada no Distrito

Federal e nas Regiões Metropolitanas de São Paulo, Porto Alegre, Belo

Horizonte, Salvador, Recife e mais recentemente Fortaleza, constituindo o

Sistema PED. O apoio financeiro e o reconhecimento institucional da PED

como parte integrante do Sistema Público de Emprego, por parte do Fundo de

Amparo do Trabalhador (FAT) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE),

foram inestimáveis na consolidação deste novo sistema de produção

estatística.

Então se quisermos fazer uma pesquisa desse indicador, ao entrarmos no site,

vemos essas telas, onde encontraremos dados mensais, anuais, mulheres, etc.

Figura 1.6 - Página de pesquisa site Dieese Fonte: http://www.dieese.org.br/analiseped/ped.html

Competência 01

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Economia Internacional

Entrando em resultados mensais, por exemplo, temos:

Figura 1.7 - Página de pesquisa site Dieese Fonte: Dieese, 2014.

Clicando em PED - Região Metropolitana do Recife:

Figura 1.8 - Página de pesquisa site Dieese Fonte: Dieese, 2014.

Competência 01

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62

Técnico em Logística

No Brasil, é considerado desempregado todo aquele maior de 10 anos (em

outros países a idade mínima é 15 anos) que procura emprego, mas não o

encontra. As estatísticas relativas a emprego e desemprego e outras

relacionadas são de responsabilidade do IBGE – Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística, e são divulgadas no Anuário Estatístico do Brasil. O

IBGE calcula as referidas taxas nas Regiões Metropolitanas de Recife,

Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. É o

Dieese/Seade que calcula a taxa de emprego e desemprego nas principais

Regiões Metropolitanas do país.

1.5.1 Taxa Natural de Desemprego

A taxa de desemprego é definida como sendo a relação entre o número de

desempregados (D - força de trabalho que não está empregada) e a população

economicamente ativa – PEA (força de trabalho):

Taxa de desemprego (TD) = D / PEA |É a força de trabalho (D) dividida pela

população economicamente ativa (PEA)|

Outra relação importante é a taxa de participação da força de trabalho ou a

taxa de atividade, que vem a ser a relação entre a população

economicamente ativa e a população em idade ativa:

Taxa de atividade: PEA/PIA

Taxa natural de desemprego da economia refere-se ao nível de desemprego

que a economia registra normalmente, ocorre devido ao desemprego

friccional e estrutural, não sendo devida ao ciclo de negócios.

Competência 01

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63

Economia Internacional

Quadro 1.4 - População total no Mercado de Trabalho Fonte: Mankiw, 2001.

1.5.2 Tipos de Desemprego

I. O desemprego cíclico ou conjuntural refere-se às flutuações (variações)

que se verificam de ano para ano em torno da taxa natural e está

estritamente relacionado aos altos e baixos da atividade econômica no

curto prazo;

II. O desemprego friccional é aquele decorrente do tempo necessário para

que o mercado de trabalho se ajuste: resulta da mobilidade da mão de

obra; ocorre quando um ou mais indivíduos se desempregam de um

trabalho para procurar outro. Também poderá ocorrer quando se

atravessa um período de transição, de um trabalho para outro, dentro

da mesma área (exemplo: construção civil).

III. O desemprego estrutural é aquele decorrente de mudanças estruturais

em certos setores da economia que eliminam empregos, sem que haja

ao mesmo tempo a criação de novos empregos em outros setores.

Exemplo: Desemprego causado pelas novas tecnologias como a robótica e a

informática, o desemprego ocorre em função da grande mecanização das

Competência 01

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64

Técnico em Logística

indústrias, reduzindo os postos de trabalho. Existem duas causas para este

tipo de Desemprego: insuficiência da procura de bens e de serviços e

insuficiência de investimento em torno da combinação de fatores produtivos

desfavoráveis.

São esses e outros os motivos que levam os governos aimplementarem

políticas econômicas diversas, no sentido de promoverem o desenvolvimento

econômico de um país. Tentam minimizar os efeitos nocivos advindos das

políticas implementadas por países estrangeiros, que visam concorrerem no

mercado internacional. Com a globalização e o crescente desenvolvimento

dos meios de comunicação, qualquer movimentação de uma nação, interfere

na economia global. Por isso a importância de se entender, verificar e medir

as informações da economia internacional. Muitas vezes basta uma pequena

mudança em uma das variáveis macroeconômicas, para causar um efeito

devastador ou um fenômeno agregador em uma economia. Mas na verdade,

o grande objetivo de todas as nações no mundo é promover desenvolvimento

socioeconômico e, portanto, bem estar ao seu povo.

Competência 01

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65

Economia Internacional

2. COMPETÊNCIA 02 | ENTENDER A TEORIA E A PRÁTICA EM

OPERAÇÕES CAMBIAIS

Fonte:http://static.assimsefaz.com.br/images/3/71/994/400745/2/

taxa-de-ca_1355839229096.jpg

O Mercado de Câmbio é o ambiente onde se realizam as operações de câmbio

entre os agentes autorizados pelo Banco Central e seus clientes, diretamente

ou por meio de correspondentes. Câmbio, como o próprio nome diz, é a

operação de troca de moeda de um país pela moeda de outro país. Quando

vamos viajar para o exterior, precisamos de moeda estrangeira, o agente

autorizado pelo Banco Central a operar no mercado de câmbiorecebe nosso

dinheiro (real) moeda nacional, e nos entrega (vende) a moeda estrangeira.

Quando um turista estrangeiro quer converter moeda estrangeira em reais, o

agente autorizado compra a moeda estrangeira do turista, entregando-lhe os

reais correspondentes. Como já dissemos, esse mercado é regulamentado e

fiscalizado pelo Banco Central, que coordena as seguintes operações: de

compra e de venda; as operações em moeda nacional entre residentes

domiciliados com sede no país e residentes domiciliados com sede no

exterior; as operações com ouro-instrumento cambial realizadas por

intermédio das instituições autorizadas, ou direto pelo Banco Central.

O ouro-instrumento cambial é aquele constante da posição de câmbio das

instituições autorizadas a operarem no mercado de câmbio integrantes do

Sistema Financeiro Nacional. Uma vez incorporado à posição de câmbio da

instituição, o ouro somente pode ser negociado com outra instituição

integrante do sistema financeiro autorizada a operar no mercado de câmbio.

Correspondente bancário é qualquer pessoa jurídica, ou

seja, qualquer empresa que entre

suas atividades atue também como

agente intermediário entre

os bancos e instituições financeiras

autorizadas a operarem pelo Banco Central e

seus clientes finais (SEBRAE/SP)(http://www.sebraesp.com

.br/).

Competência 02

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66

Técnico em Logística

Taxa cambial: a taxa de câmbio é o valor de uma moeda estrangeira em

relação à nacional, ou seja, é o valor que uma moeda correspondente tem em

relação à outra.

Exemplo: O dólar hoje (15/04/2014) está a R$ 2,23, quer dizer que US$ 1 = R$

2,23 ou vice e versa, R$ 2,23 equivale a US$ 1. A cotação do dólar foi

pesquisada no site do Banco Central, conforme imagens abaixo.

Figura 2.1 - Site do BACEN para consulta da cotação

Competência 02

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67

Economia Internacional

Você deve estar se perguntando: quais os tipos de operações que podemos

realizar no mercado de câmbio? O Banco Central, órgão que regulamenta e

fiscaliza essas operações, responde: podem ser realizados quaisquer

pagamentos ou recebimentos em moeda estrangeira, inclusive as

transferências para fins de constituição de disponibilidades no exterior e seu

retorno ao País e aplicações no mercado financeiro. As pessoas físicas e as

pessoas jurídicas podem comprar e vender moeda estrangeira ou realizar

transferências internacionais em reais, de qualquer natureza, sem limitação

de valor, observada a legalidade da transação, tendo como base a

fundamentação econômica e as responsabilidades definidas na respectiva

documentação.

Embora do ponto de vista cambial não exista restrição para a movimentação

de recursos, os agentes do mercado e seus clientes devem observar eventuais

restrições legais ou regulamentares existentes para determinados tipos de

operação. Como exemplo, relativamente à colocação de seguros no exterior,

devem ser observadas as disposições dos órgãos e entidades responsáveis

pela regulação do segmento segurador.

2.1 Mercado Cambial

Fonte:http://economia.culturamix.com/blog/wp-

content/uploads/2010/03/mercado-de-cambio-no-brasil-3.jpg

Como cada país possui sua moeda própria, com seus respectivos valores, há a

necessidade de um ponto para a troca dessas moedas (compradores e

vendedores). Esse local é chamado de Mercado Cambial. No mercado de

câmbio são realizados três tipos de operações: a compra (entrega da moeda

nacional em troca da moeda estrangeira); a venda (entrega da moeda

Competência 02

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68

Técnico em Logística

estrangeira em troca da nacional) e a arbitragem (entrega da moeda

estrangeira por outra moeda estrangeira).

2.1.1 A Importância da Taxa de Câmbio na Economia e os Regimes Cambiais

Taxa de câmbio é o valor que uma moeda nacional possui em termos de outra

moeda nacional; é a taxa pela qual duas moedas de países diferentes podem

ser trocadas (cambiadas). Exemplo: A taxa de câmbio do real (moeda nacional

brasileira) em relação ao dólar norte-americano (moeda nacional dos EUA)

era, em junho de 2006, de aproximadamente 2.30R$/U$, ou seja, cada 1 dólar

valia 2.30 reais. Por meio das taxas de câmbio torna-se possível realizar as

transações entre os países. As taxas de câmbio são determinadas pelo

mercado cambial. Nesse mercado, existem ofertas e demandas pelas várias

moedas.

O equilíbrio entre a oferta e a demanda das diferentes moedas estabelece as

taxas de câmbio, isto é, os preços relativos entre as moedas nacionais, assim

como as quantidades de moedas nacionais transacionadas com o resto do

mundo. Como exemplo, um aumento dos investimentos norte-americanos no

Brasil significam aumento na oferta de dólares e também um aumento na

demanda de reais. Esses aumentos fazem com que a taxa de câmbio se

modifique, valorizando o real e desvalorizando o dólar (com o excesso de

dólares na economia, o preço tende a cair). Ou seja, o preço do real em

relação ao dólar deve crescer, e a quantidade de reais que se compra com um

dólar deve ser menor. Assim, define-se uma valorização da moeda nacional,

quando o poder de compra desta em relação às demais cresce, e uma

desvalorização, quando seu poder de compra cai.

Existem diferentes regimes cambiais. Entende-se por regime ou sistema

cambial o conjunto de regras, acordos e instituições por meio dos quais são

feitos os pagamentos internacionais e, portanto, pelos quais se regula e acaba

funcionando o mercado cambial. Assim, para efeito de transações

internacionais, uma moeda nacional pode ser conversível, quando é

Competência 02

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69

Economia Internacional

livremente trocada por outras moedas estrangeiras (ou antigamente por

ouro), ou inconversível, quando não tem aceitação fora de seu país, não tendo

conversibilidade garantida em outra moeda nacional (ou ouro).

De modo geral, há dois grandes tipos de regime cambial, o de taxas fixas e o

de taxas flexíveis: os regimes de taxas de câmbio fixas, no qual, como o

próprio nome sugere, a taxa de câmbio do país (ou o valor da moeda do país

em relação às outras divisas) é fixa, e o que se ajusta no mercado é apenas a

quantidade demandada e ofertada àquele valor. Na verdade, nesse regime, o

governo, geralmente por meio de seu Banco Central, intervém, de modo a

equilibrar a oferta e a demanda de divisas no nível da taxa de câmbio

estabelecida. Quando, no mercado, em relação à dada taxa de câmbio, há

excesso de oferta de divisas, o governo entra no mercado adquirindo divisas

pela taxa de câmbio fixada. Desse modo, no regime de câmbio fixo, as

oscilações nas demandas e ofertas de divisas não repercutem sobre a taxa de

câmbio, mas apenas sobre o volume de reservas internacionais do país e

também sobre a oferta de moeda primária nesse país, pois a oferta de moeda

dentro do país aumenta quando o governo compra divisas e diminui quando

há venda de divisas, as trocas por moeda nacional, colocando tal moeda em

circulação; e quando as vende, recebe em troca moeda nacional, que, assim, é

retirada de circulação.

O regime de taxas de câmbio flutuante, em que háum regime de liberdade do

mercado cambial e o governo intervém apenas como ofertante e demandante

de divisas em função de suas necessidades, do mesmo modo que o setor

privado. Dessa forma, as alterações na oferta e na demanda de divisas têm

efeito sobre a taxa de câmbio, que deverá valorizar-se ou desvalorizar-se em

função de tais alterações. Nesse regime, porém o mercado cambial não afeta

diretamente o nível de reservas de divisas possuídas pelo país.

Esse assunto (câmbio) em economia é muito debatido. Preço fundamental

para regular as transações de uma nação com o resto do mundo, o tema taxa

Competência 02

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Técnico em Logística

de câmbio é recorrente nas mesas de discussão mundo afora, sendo

discutido, criticado, negociado, etc. Para começar, há que se admitir que os

regimes cambiais dividem-se basicamente em fixos e flexíveis, e que não é

possível usufruir simultaneamente das vantagens dos dois. Entre a adoção de

uma moeda estrangeira (o extremo da rigidez) e as flutuações totalmente

desimpedidas da taxa de câmbio (o máximo da flexibilidade), existem

soluções intermediárias, como a chamada “flutuação suja”, em que há

intervenções discricionárias das autoridades econômicas. Mas, caro aluno,

mesmo considerando as variantes, há um claro conflito entre os regimes de

câmbio fundamentalmente flexíveis e aqueles basicamente administrados. A

constatação de que o câmbio flutuante é o mais indicado para o Brasil, e aí

todos ficam comentando: “o problema é que a moeda flutua”, está longe de

esgotar a discussão no país. Os defensores de um real mais desvalorizado

costumam passar por cima de todas essas considerações formais e de

fundamentos (conhecimento básico) para alegar, simplesmente, que “o

câmbio está errado”. Por este raciocínio, o governo deveria tomar quaisquer

atitudes necessárias a colocar o real no seu devido lugar, seja comprando

dólares maciçamente, ou através da queda drástica na taxa de juro, ou ainda

controlando a entrada de capitais. Dizemos controlando a taxa básica de juros

do país porque, quando o governo aumenta essa taxa, por exemplo, termina

provocando aumento de investimento estrangeiro e isso causa aumento de

divisas estrangeiras (dólar) na economia.

A taxa de câmbio é uma variável importante dentro de uma economia, pois

pode influenciar o nível de produção e de inflação dessa economia, além do

próprio comércio externo e dos movimentos de capital relacionados a esse

país, e de vários outros aspectos de sua economia. Quando os residentes de

dois países comercializam entre si, uma das partes normalmente usa o

mercado de câmbio para trocar a moeda de um país pela moeda do outro.

Nesse mercado, os ofertantes de uma moeda interagem com seus

demandantes uma taxa de câmbio - o preço de uma moeda em termos de

troca. Na prática, a moeda de cada país é negociada em diversos mercados ao

redor do mundo. As taxas cambiais são determinadas por uma conjunção de

Competência 02

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Economia Internacional

fatores intrínsecos ao país, principalmente a política econômica vigente. No

caso brasileiro, a rede bancária liderada pelo Banco do Brasil é intermediária

nas transações cambiais. Os exportadores, ao receberem moeda estrangeira

vendem-na aos Bancos; e os Bancos revendem essa moeda aos importadores

para que paguem as mercadorias compradas. E essas transações são sempre

reguladas pelo governo, que fixa os preços de compra e venda das moedas

estrangeiras (MANOLESCU, 2006).

2.2 Monopólio de Câmbio

Em alguns países, o mercado também é monopólio do governo, além de ser

controlado, funcionando da seguinte forma:

Entradas de divisas (exportações, entradas de capitais, etc.): recebe a divisa

(dinheiro) e pode fechar câmbio (promover contrato troca das moedas) em

qualquer banco autorizado. Esse banco, no entanto, repassa ao Banco Central

a moeda estrangeira recebida, ficam em poder do governo todas as divisas.

Saídas de divisas (importação, retorno de capitais, etc.): o importador e o

investidor também podem fechar câmbio para as operações permitidas pelo

governo, em qualquer banco autorizado a operar no mercado cambial desde

que solicite ao Banco Central cobertura para as divisas vendidas, ou seja, os

importadores e investidores precisam comunicar antecipadamente a

quantidade de moeda necessária para sua importação.

O Artigo 4º da Lei 4.595/64 fala sobre as atribuições ao Conselho Monetário

Nacional (CMN), que compete outorgar (conceder) ao Banco Central do Brasil

(BC) o monopólio das operações de câmbio quando ocorrer grave

desequilíbrio no Balanço de Pagamentos (BP) ou houver sérias razões para

prever a iminência de tal situação. São de competência do CMN as atribuições

de caráter normativo da legislação cambial vigente e de responsabilidade do

Competência 02

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Técnico em Logística

BC as atribuições executivas. O CMN escreve a lei cambial e o BC fiscaliza a

execução desta lei.

2.3 Mercado Cambial do Brasil

As economias de pequeno porte sofrem muito com oscilações no mercado de

câmbio, a considerar um país do tamanho do Brasil que,apesar de uma

economia em desenvolvimento, tem sido atingido diretamente pelas fortes

mudanças cambiais advindas do mercado internacional.

A relação do Brasil com o comércio exterior está protegida também pelas

legislações que tratam do direito público internacional. Atualmente, essa

relação permanece comsua estrutura legalista num estágio avançado, no que

diz respeito ao seu controle, mas ainda frágil e suscetível a crises econômicas

mundiais.

Também podemos destacar que o mundo está mais voltado pra um

gerenciamento eficaz no que tange ao controle de sua moeda nacional, dadas

as coordenadas que os organismos internacionais impõem em respeito ao

próprio controle básico e de regulação cambial.

Essa regulação entre mercados de câmbio, suprimento por capitais

estrangeiros, a valorização/desvalorização da moeda nacional, perfazem um

conjunto de normas e instituições que se referem à dinâmica das relações

internacionais no campo "econômico". Tais atributos são fiscalizados por

entidades internacionais a exemplo da Organização para Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE); do Fundo Monetário Internacional

(FMI); do Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)

e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), entes mundiais que

monitoram a transparência do comércio exterior em suas diversas operações

e formas de atuação.

Competência 02

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Economia Internacional

Podemos usar como exemplo o governo brasileiro que deve ser cobrado por

uma política cambial moderada, apesar das oscilações e incertezas do

mercado de câmbio, protegendo a nossa moeda nacional de possíveis crises

mundiais, perfazendo um conjunto de variáveis que possa oferecer melhores

condições no mercado de commodities no país.

Considerando que a produção é crescente, mas muitos dos insumos são

atrelados ao dólar americano, daí que os segmentos agrícolas sofrem com

essa volatilidade cambial, sobretudo pelos flexíveis modelos adotados pelos

países que buscam no mercado internacional uma saída para melhores

ganhos com a importação e exportação de seus produtos.

Sendo assim, à vista dessas diferenciações econômicas e de mercado, o poder

público e o setor privado, fugindo às generalizações, são forçados ao estudo

mais detalhado das condições locais de se operar uma taxa de câmbio

coerente, em busca de soluções mais corretas para a economia local.

Por fim, esse fracionamento das verbas cambiais em múltiplas e pequenas

oscilações, muitas vezes sem base em estudos e sem classificação prioritária,

resulta na dispersão dos esforços, na deficiência da fiscalização e no

desperdício e perda pelas flutuações da valoração da moeda nacional.

2.3.1 Composição do Mercado de Câmbio

Incluem-se no mercado de câmbio brasileiro as operações relativas aos

recebimentos, pagamentos e transferências do e para o exterior mediante a

utilização de cartões de uso internacional, bem como as operações referentes

às transferências financeiras postais internacionais, inclusive vales postais e

reembolsos postais internacionais.

Como já foi dito anteriormente, existe um segmento do mercado cambial

denominado mercado paralelo realizado por pessoas não autorizadas.

Competência 02

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Técnico em Logística

Curiosamente, há transações em espécie e em saques, mas é importante

destacar que é mercado ilegal o câmbio paralelo, bem como a posse de

moeda estrangeira oriunda de atividades ilícitas.

2.3.1.1 Produtos do Mercado de Câmbio

Figura: https://encrypted-

tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTJIMEGxildupLeMoussJ

vHuFfRzIIzQGc1bgHjKyXqYH0NC2Xb

- Operações de compra e venda de moeda estrangeira ou de títulos que a

represente (conversíveis e inconversíveis)

- Cartões de crédito e de débito de uso internacional

- Transferências financeiras postais internacionais

- Conta em moeda estrangeira no país

- Operações em moeda nacional entre residentes no país e residentes no

exterior

- Operações com ouro-instrumento cambial

O ouro é classificado como instrumento cambial por instituições autorizadas a

operar no mercado de câmbio integrantes do Sistema Financeiro Nacional. O

ouro-instrumento cambial é decorrente das operações:

- de compra de ouro-ativo financeiro da própria instituição;

- de compra ou de venda de ouro do Banco Central do Brasil com essa

finalidade;

- de compra ou de venda de ouro-instrumento cambial entre as

instituições autorizadas a operarem no mercado de câmbio integrantes

do Sistema Financeiro Nacional; ou

Competência 02

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Economia Internacional

- de arbitragem com outra instituição integrante do Sistema Financeiro

Nacional ou com instituição do exterior, na forma da regulamentação

cambial.

Uma vez incorporado à posição de câmbio da instituição, o ouro somente

pode ser negociado com outra instituição integrante do sistema financeiro

autorizada a operar no mercado de câmbio, com instituição externa ou com o

Banco Central do Brasil, observadas as mesmas condições estabelecidas para

a negociação de moeda estrangeira.

As disposições normativas relativas às operações com ouro-instrumento

cambial são as mesmas das operações de compra e de venda de moeda

estrangeira, inclusive no tocante à composição e aos limites de posição de

câmbio e à possibilidade de operações de arbitragem.

2.3.1.2 Condições para a Realização das Transações

- Ser uma transação legal

- Ter fundamentação econômica

- Estar amparada em documentação

2.3.2 Setor Público: Principais Atores

- CMN: Conselho Monetário Nacional

- MF: Ministério da Fazenda

- MP: Ministério do Planejamento

- BCB ou Bacen: Banco Central do Brasil

- MDIC: Ministério do Desenvolvimento, indústria e Comércio Exterior

- MRE: Ministério das Relações Exteriores

- MS: Ministério da Saúde

- SRF: Secretaria da Receita Federal

No glossário do Banco Central:

chama-se “Posição de câmbio” a

posição (saldo) que cada banco

autorizado a operar em câmbio

mantém, em moeda estrangeira, apurada após todas

as negociações efetuadas pela

instituição (exportações, importações, remessas e ingressos

financeiros). A posição de uma instituição pode

assumir os seguintes

resultados: a. nivelada: quando o total de compras é

igual ao total de vendas; b.

comprada: quando o total de compras é maior que o total

de vendas; c. vendida: quando o total de compras é menor que o total

de vendas.

Competência 02

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Técnico em Logística

2.3.3 Agentes do Mercado de Câmbio

2.3.3.1 Agentes Autorizados

I. Integrantes do Sistema Financeiros Nacional:

- Bancos: Comerciais/Múltiplos/Desenvolvimento. Exceto os bancos de

desenvolvimento, os demais bancos podem realizar todas as operações

previstas no regulamento. Os bancos de desenvolvimento só podem realizar

operações específicas autorizadas.

- Caixas Econômicas (podem realizar operações específicas autorizadas).

II. Demais integrantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN):

- Sociedades de Crédito Financiamento e Investimento

- Corretoras de câmbio ou de títulos e valores mobiliários

- Distribuidoras de títulos e valores mobiliários

Podem realizar compra e venda de moeda estrangeira:

- em cheques vinculados a transferências unilaterais

- em espécie, cheques e cheques de viagem relativos a viagens internacionais

- natureza financeira sem registro no BC de até US$ 10 mil

- câmbio simplificado de exportação e importação

- em operações interbancárias e arbitragens no país

- arbitragens externas, por meio de bancos

Arbitragem cambial: é uma operação de compra e venda de uma moeda em

duas praças financeiras diferentes, com o objetivo de obter lucro derivado da

diferença de preços que possa existir durante pequenos intervalos de tempo.

Por exemplo: se o preço das ações de uma empresa é de US$ 20 no Bovespa e

de US$ 21 nos Estados Unidos, há uma oportunidade de comprar aqui, efetuar

a conversão e vender lá no mesmo momento, embolsando a diferença. Para

Competência 02

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Economia Internacional

isso, é preciso que o papel tenha uma boa liquidez, para que o negócio se

concretize no tempo correto, o que é crucial para este tipo de operação.

2.3.3.2 Outros

- Agências de Turismo: realizam operações de compra e venda de moeda

estrangeira em espécie, cheques e cheques de viagem relativos a viagens

internacionais.

- Meios de Hospedagem de Turismo: realizam compra de residentes no

exterior de moeda estrangeira em espécie, cheques ou cheques de viagem

relativos a turismo no país.

Excetuados os meios de hospedagem de turismo, os demais agentes podem

abrir postos para realizar operações de câmbio manual. “Câmbio manual” são

as operações de compra e venda de moedas estrangeiras para entregarem

espécie: o mercado inclui nessa modalidade também as operações para

entrega em traveler’s cheques, embora conceitualmente essas sejam de

câmbio sacado. Como exemplo, pode-se citar a venda ou a compra de moeda

para aqueles que vão deixar o país ou estão retornando de suas viagens.

"Câmbio sacado" são as operações de câmbio liquidadas por débito ou crédito

nas contas em moedas estrangeiras mantidas no exterior pelos bancos

vendedores ou compradores, por meio de ordens de pagamento, cheques,

autorizações de crédito e de débito, etc. Obviamente, a grande maioria das

operações de valor expressivo são de “câmbio sacado”.

2.4 Funcionamento

Devido à existência de fusos horários diferentes, o Mercado Cambial funciona

24 horas por dia. Assim, quando um grande mercado está fechando, outro

está abrindo. Podemos citar alguns mercados com fusos horários bem

diferentes: Tóquio, Londres, Nova York e San Francisco.

Competência 02

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Técnico em Logística

2.4.1 Cotações

Quando o mercado abre, os bancos cotam as taxas de compra e de venda. No

momento que alguém vende moeda estrangeira a um banco, a taxa é de

compra (conhecida internacionalmente por bid rate). Já quando alguém

compra moeda de um banco, a taxa é a de venda (conhecida

internacionalmente por offer rate). A denominação é dada pela posição do

banco e não a do cliente. A diferença entre a taxa de venda e a de compra

equivale ao lucro do banco. Sendo um agente financeiro autorizado e

constituindo pessoa jurídica, onde necessita de lucro, faturamento oriundo da

diferença existente nessa transação de compra e venda. Essa diferença é

chamada de spread. Em um mercado livre, essas taxas variam a todo

momento. A formação de taxa, veremos mais à frente.

2.4.2 Posição

Os bancos podem ter posição comprada, vendida ou nivelada.

i. Posição comprada: durante o dia um banco comprou de vários clientes

um montante de US$ 8 milhões, mas também vendeu, nesse mesmo

momento, US$ 5 milhões. Partindo do princípio de que ele iniciou o dia

sem nenhum dólar, terminou o expediente com US$ 3 milhões em

caixa.

ii. Posição vendida: o mesmo banco, na manhã seguinte, compra US$ 6

milhões e vende US$ 12 milhões. Como ele já tinha em caixa US$ 3

milhões (saldo do dia anterior), com essa nova compra ficou com US$ 9

milhões. Vendendo US$ 12 milhões, fica com um furo de caixa de US$ 3

milhões. É o que chamamos de posição vendida.

iii. Posição nivelada: ele reabre no terceiro dia com posição vendida de

US$ 3 milhões, durante o expediente ele vende US$ 1 milhão e compra

US$ 4 milhões. Seu saldo fica zerado. É o que denominamos posição

nivelada.

Competência 02

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Economia Internacional

A posição acima é global e não por moeda. Temos a posição por moeda:

quando um banco tem uma posição comprada em euros e vendida em

dólares, esse fato não cria empecilho para honrar uma ordem de pagamento

em dólares por exemplo. O banco transforma o euro em dólares, por meio da

operação chamada de arbitragem (entrega da moeda estrangeira por outra

moeda estrangeira).

2.4.3 Contrato de Câmbio

Contrato de câmbio é o instrumento específico firmado entre o vendedor e o

comprador de moeda estrangeira, no qual são estabelecidas as características

e as condições sob as quais se realiza a operação de câmbio. Essas operações

de câmbio são formalizadas por meio de contrato (existe um modelo na

Circular nº 3.691, de 16 de dezembro de 2013) e seus dados devem ser

registrados no Sistema Câmbio. A data do registro deve corresponder ao dia

da celebração do referido contrato.

Alguns detalhes importantes relativos à assinatura dos contratos de câmbio:

I - o Banco Central somente reconhece como válida a assinatura digital dos

contratos de câmbio por meio de utilização de certificados digitais;

II - no caso de assinatura manual, esta é colocada só após a impressão do

contrato de câmbio, em pelo menos duas vias originais, destinadas ao

comprador e ao vendedor da moeda estrangeira.

Para a certificação digital (emitidos no âmbito da Infraestrutura de Chaves

Públicas – ICP Brasil), a instituição autorizada a operar no mercado de câmbio,

negociadora da moeda estrangeira, deve:

Competência 02

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Técnico em Logística

- utilizar aplicativo para a assinatura digital de acordo com padrão divulgado

pelo Departamento de Tecnologia da Informação (Deinf) do Banco Central do

Brasil;

- estar apto a tornar disponível, de forma imediata, ao Banco Central do

Brasil, pelo prazo de cinco anos, contados do término do exercício em que

ocorra a contratação ou, se houver a liquidação, o cancelamento ou a baixa, a

impressão do contrato de câmbio e dele fazer constar a expressão “contrato

de câmbio assinado digitalmente”;

- manter pelo mesmo prazo, em meio eletrônico, o arquivo original do

contrato de câmbio, das assinaturas digitais e dos respectivos certificados

digitais.

Observação: existe assinatura manual de contrato de câmbio.

Fonte: https://www.google.com.br/search?q=fluxo+circular+de+renda&es_sm=122&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=6TNQU9-1H6m_sQS4uYG4Dg&ved=0CAgQ_AUoAQ&biw=1280&bih=619#q=icp+brasil&tbm=isch&facrc=_&imgdii=_&imgrc=Tb3ofrCQ8Ybl1M%253A%3BUeYR6WQ0ntS77M%3Bhttp%253A%252F%252Fwww2.unifap.br%252Fnti%252Ffiles%252F2014%252F03%252Ficp-brasil.jpeg%3Bhttp%253A%252F%252Fwww2.unifap.br%252Fnti%252F2014%252F03%252F26%252Ficp-brasil-cotec-se-reune-em-brasilia%252F%3B230%3B226

São os seguintes os tipos de contratos de câmbio e suas aplicações:

- compra: destinado às operações de compra de moeda estrangeira realizadas

pelas instituições autorizadas a operarem no mercado de câmbio;

- venda: destinado às operações de venda de moeda estrangeira realizadas

pelas instituições autorizadas a operarem no mercado de câmbio.

Competência 02

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Economia Internacional

Observação: cláusulas ajustadas entre as partes devem ser inseridas nos

contratos de câmbio e somente devem ser informadas ao Banco Central do

Brasil quando solicitadas.

Liquidação, alteração, cancelamento ou baixa de contrato de câmbio

A liquidação (a operação propriamente dita) de contrato de câmbio ocorre

quando da entrega de ambas as moedas, nacional e estrangeira, objeto da

contratação ou de títulos que as representem.

Liquidação é o processo por meio do qual a transação é completada pela

transferência definitiva (incondicional) dos títulos do vendedor para o

comprador (entrega) e a transferência definitiva de fundos do comprador

para o vendedor (pagamento). (Relatório do Comitê de Sistemas de

Pagamento e de Liquidação (CSPL) dos bancos centrais dos países do Grupo

dos Dez. Basiléia, set. 1992).

As operações de câmbio contratadas para liquidação pronta devem ser

liquidadas em até 2 dias úteis da data da contratação, excluídos os dias não

úteis nas praças das moedas envolvidas. A operação de câmbio (compra ou

venda) para liquidação futura é a operação a ser liquidada em prazo maior

que 2 dias.

A liquidação no mesmo dia da contratação de câmbio é obrigatóriapara a

compra ou venda de moeda estrangeira em espécie, em cheques de viagem

ou para carregamento ou descarregamento de cartões pré-pagos.

As operações de câmbio abaixo indicadas podem ser contratadas para

liquidação futura, devendo a liquidação ocorrer em até:

Competência 02

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Técnico em Logística

a. 1.500 dias, no caso de operações interbancárias e de arbitragem, bem

como nas operações de natureza financeira em que o cliente seja a

Secretaria do Tesouro Nacional;

b. 360 no caso de operações de câmbio de importação e de natureza

financeira, com ou sem registro no Banco Central.

Observação: Na exportação o contrato de câmbio pode ser celebrado

para liquidação pronta ou futura, prévia ou posteriormente ao

embarque da mercadoria ou da prestação do serviço, observado o

prazo máximo de 750 dias entre a contratação e a liquidação, bem

como o seguinte:

- no caso de contratação prévia, o prazo máximo entre a contratação

de câmbio e o embarque da mercadoria ou da prestação do serviço é de

360 dias;

- o prazo máximo para liquidação do contrato de câmbio é o último dia

útil do 12º mês subsequente ao do embarque da mercadoria ou da

prestação do serviço.

O prazo mínimo para liquidação das operações de venda de moeda

estrangeira realizadas a título de doações de valor igual ou superior a

R$100.000,00 (cem mil reais) é de 1 dia útil.

As operações de câmbio interbancárias podem ser contratadas para

liquidação a termo em até 1.500 (mil e quinhentos) dias.

As operações com prazo de liquidação superior a 2 dias são conhecidas por

câmbio a termo. No jargão bancário é câmbio futuro e no mercado

internacional forward exchance. O câmbio é negociado e fechado hoje e deve

ser liquidado em “x” dias (geralmente 30, 60, 90, 180 ou 360 dias). Exemplo:

fechamento de câmbio de uma exportação a prazo, ou seja, o exportador

Existem operações à vista e a termo. À vista são operações

conhecidas por câmbio pronto,

internacionalmente chamadas de spot exchange. Devem ser liquidadas em até 2 dias úteis e

contra pagamento. Exemplo de compra à vista: entrada de capital; e venda à vista é o retorno

desse capital.

Competência 02

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Economia Internacional

fechou o câmbio hoje, mas sua liquidação ocorrerá somente no vencimento

do saque, que poderá ser em 30, 60 ou 90 dias.

IMPORTANTE ALUNO: No contrato de câmbio não são suscetíveis de

alteração o comprador, o vendedor, o valor em moeda estrangeira, o valor em

moeda nacional, o código da moeda estrangeira e a taxa de câmbio.

O cancelamento de contrato de câmbio ocorre mediante consenso das

partes e é formalizado por meio de novo contrato, no qual as partes

declaram o desfazimento da relação jurídica anterior, com a observância aos

princípios de ordem legal e regulamentar, aplicáveis.

Observação: nos casos em que não houver consenso para o cancelamento,

podem os bancos autorizados a operar em câmbio proceder à baixa do

contrato de câmbio de sua posição cambial, observadas as exigências e os

procedimentos regulamentares aplicáveis a cada tipo de operação.A baixa na

posição de câmbio representa operação contábil bancária e não implica

rescisão unilateral do contrato nem alteração da relação contratual existente

entre as partes.

2.4.4 Registro no Sistema Câmbio

As instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionarem

pelo Banco Central, autorizadas a operarem no mercado de câmbio, devem

observar grade horária de utilização do Sistema Câmbio (pelo horário de

Brasília):

I - grade padrão;

II - grade de exceção;

III - operações negociadas após o fechamento da grade.

Competência 02

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Técnico em Logística

Figura 2.2 - Consulta de posição de câmbio no site do Bacen Fonte: Bacen, 2014.

Observação: contratação de cancelamento de operação de câmbio é efetuada

mediante o consenso das partes e observância aos princípios de ordem legal e

regulamentar, aplicáveis. Sobre posição de câmbio (comprada, vendida,

nivelada), aluno, vimos no item anterior.

São registradas no Sistema Câmbio e dispensadas da formalização do contrato

de câmbio:

a. As operações de câmbio relativas a arbitragens celebradas com

instituições bancárias no exterior ou com o Banco Central do Brasil;

b. As operações de câmbio em que o próprio banco seja o comprador e o

vendedor da moeda estrangeira;

c. Os cancelamentos de saldos de contratos de câmbio cujo valor seja

igual ou inferior a US$5.000,00 (cinco mil dólares dos Estados Unidos)

ou seu equivalente em outras moedas;

d. As operações cursadas no mercado interbancário e com instituições

financeiras do exterior;

e. Operações de compra e de venda de moeda estrangeira de até

US$3.000,00 (três mil dólares dos Estados Unidos) ou do seu

equivalente em outras moedas.

As instituições autorizadas a operarem em câmbio devem manter a base de

dados de suas operações de câmbio atualizada e disponível ao Banco Central

Competência 02

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Economia Internacional

do Brasil, observado que a referida base de dados substitui, para todos os fins

e efeitos, o documento Registro Geral de Operações de Câmbio (RGO).

As agências de turismo que ainda detenham autorização para operar no

mercado de câmbio pelo Banco Central do Brasil devem registrar, a cada dia

útil, no Sisbacen, até às 12h, horário de Brasília, as informações referentes às

suas operações realizadas no dia útil anterior ou, caso não as tenham

realizado, a indicação expressa de tal inocorrência.

Fonte: https://www.google.com/search?hl=pt-BR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1280&bih=576&q=Fluxo+Circular+de+Renda+de+uma+economia+aberta&oq=Fluxo+Circular+de+Renda+de+uma+economia+aberta&gs_l=img.3...1671.1671.0.2531.1.1.0.0.0.0.216.216.2-1.1.0....0...1ac.1.41.img..1.0.0.VbTNkrJV_28#hl=pt-BR&q=c%C3%A2mbio+nas+ag%C3%AAncias+de+turismo&tbm=isch&facrc=_&imgdii=_&imgrc=myDu9BH5uO_dwM%253A%3BBgh8vchLtPgHBM%3Bhttp%253A%252F%252Fmorumbishopping.com.br%252Fportal%252Fwp-content%252Fuploads%252Fimage-store%252Fvip-turismo%252Fimage-1.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fmorumbishopping.com.br%252Fportal%252Flojas%252F%253Fl%253Dvip-turismo%3B510%3B294)

As autorizações para operar no mercado de câmbio por agências de turismo e

meios de hospedagem de turismo expiraram em 31.12.2009. Apenas as

agências que apresentaram o pedido de autorização ao Banco Central nessa

data, podem operar no mercado cambial atualmente até segunda ordem.

Você pode encontrar este assunto completo na Circular de número 003527 do

BACEN, no Capítulo II (Agentesdo Mercado), item 5 (de 3 de março de 2011).

Competência 02

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Técnico em Logística

2.4.5 Operações Destinadas a Atender Gastos Pessoais em Viagens

Internacionais

Fonte: https://www.google.com/search?hl=pt-BR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1280&bih=576&q=Fluxo+Circular+de+Renda+de+uma+economia+aberta&oq=Fluxo+Circular+de+Renda+de+uma+economia+aberta&gs_l=img.3...1671.1671.0.2531.1.1.0.0.0.0.216.216.2-1.1.0....0...1ac.1.41.img..1.0.0.VbTNkrJV_28#hl=pt-BR&q=c%C3%A2mbio+nas+ag%C3%AAncias+de+turismo&tbm=isch&facrc=_&imgdii=_&imgrc=fHQAgQQ5h4r-RM%253A%3BaB9v2zS9RxV1bM%3Bhttp%253A%252F%252Fcambio.levycam.com.br%252Fimg%252Fcambio_img.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fcambio.levycam.com.br%252Fcambio_turismo.php%3B569%3B243)

Tomando como exemplo, um estrangeiro que retorna ao seu país, quando da

saída do território nacional, é permitida a ele a aquisição da moeda

estrangeira com a moeda (real) não utilizada, não gasta. Quando os valores

são superiores a R$10.000,00 (dez mil reais), é exigida a apresentação:

I. Da declaração prestada à RFB quando do ingresso no País; ou

II. Do comprovante de venda anterior de moeda estrangeira, feita pelo

cliente, à instituição autorizada a operar no mercado de câmbio.

Aos residentes e domiciliados no exterior, transitoriamente no País, e aos

brasileiros residentes ou domiciliados no exterior é permitido o recebimento

de moeda estrangeira, em espécie ou em cheques de viagem, referentes a

ordens de pagamento a seu favor ou decorrente de utilização de cartão de

uso internacional, devendo tais operações ser realizadas sem a formalização

de contrato de câmbio.

Competência 02

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Economia Internacional

2.4.6 Cartões de Uso Internacional

Fonte: https://www.google.com/search?hl=pt-

BR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1280&bih=576&q=Fluxo+Circul

ar+de+Renda+de+uma+economia+aberta&oq=Fluxo+Circular+de+Renda+de

+uma+economia+aberta&gs_l=img.3...1671.1671.0.2531.1.1.0.0.0.0.216.21

6.2-1.1.0....0...1ac.1.41.img..1.0.0.VbTNkrJV_28#hl=pt-

BR&q=cart%C3%B5es+de+cr%C3%A9dito+internacionais&tbm=isch&facrc=_

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3A%252F%252Fwww.educacao.cc%252Fwp-

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internacional.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.educacao.cc%252Ffinanc

eira%252Ftipos-de-cartoes-de-credito-nacional-e-

internacional%252F%3B630%3B198

É permitida a utilização de cartão de uso internacional, no Brasil ou no

exterior, para saque e para aquisição de bens e serviços, bem como para

pagamento/recebimento ao/do exterior.

Com relação à utilização de cartão de uso internacional emitido no Brasil, a

administradora do cartão transmite ao Banco Central do Brasil, até o dia 10 de

cada mês, via internet ou via sistema Connect, as operações efetuadas no mês

anterior por titular de cartão, os dados relativos a saques e aquisições de bens

e serviços, indicando o CNPJ ou o CPF do titular do cartão, identificados o

proprietário do esquema de pagamento (bandeira) e o valor por beneficiário.

No caso de cartão de crédito, a fatura dos gastos deve ser emitida em reais,

discriminando o subtotal relativo aos saques e o subtotal referente às

aquisições de bens e serviços, informando ao cliente:

Competência 02

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Técnico em Logística

I. Gastos em moeda estrangeira: a moeda em que foi realizado cada

gasto, devendo a fatura ser paga pelo valor equivalente em reais do dia

do pagamento;

II. Gastos em reais: a discriminação de cada gasto, sendo proibida

indexação a qualquer moeda estrangeira.

Quanto à utilização de cartão de uso internacional emitido no exterior:

a. pode ser aceito por estabelecimento credenciado a aceitar referido

instrumento por empresa credenciadora ou proprietária do esquema

de pagamento domiciliada no Brasil;

b. também pode ser aceito por banco múltiplo com carteira comercial ou

de crédito imobiliário, banco comercial e a Caixa Econômica Federal.

A aquisição no exterior de bens e serviços por meio de empresas facilitadoras

de pagamentos internacionais é permitida somente mediante o uso de cartão

de crédito de uso internacional.

2.4.7 Operações no Mercado de Câmbio Relativas às Exportações de

Mercadorias e de Serviços

O exportador de mercadorias ou de serviços pode manter, no exterior, a

integralidade dos recursos relativos ao recebimento de suas exportações.

O ingresso, no País, dos valores de exportação pode se dar em moeda

nacional ou estrangeira, independentemente da moeda constante da

documentação que ampara a exportação, prévia ou posteriormente ao

embarque da mercadoria ou à prestação dos serviços, e os contratos de

câmbio podem ser celebrados para liquidação pronta ou futura, observada a

regulamentação em vigor.

Os contratos de câmbio de exportação são liquidados mediante a entrega da

moeda estrangeira ou do documento que a represente ao banco com o qual

Competência 02

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Economia Internacional

tenham sido celebrados. Quer dizer, as operações estarão finalizadas com

sucesso quando a moeda referente à transação efetuada está nas mãos do

exportador.

O recebimento do valor decorrente de exportação deve ocorrer:

a. mediante crédito do correspondente valor em conta no exterior

mantida em banco pelo próprio exportador;

b. a critério do exportador e do importador, mediante crédito em conta

mantida no exterior por banco autorizado a operar no mercado de

câmbio no País, na forma da regulamentação em vigor; ou

c. por meio de transferência internacional em reais, aí incluídas as ordens

de pagamento oriundas do exterior em moeda nacional, na forma da

regulamentação em vigor.

O recebimento da receita de exportação pode ocorrer em qualquer moeda,

inclusive em reais, independentemente da moeda constante da

documentação que amparou o embarque (compra do produto) ou a

prestação do serviço.

A regularização de contrato de câmbio de exportação ocorre mediante

prorrogação, liquidação, cancelamento ou baixa, observados os prazos e

demais condições estabelecidos na regulamentação.

O contrato de câmbio e o registro de transferência internacional em reais

referentes a receitas de exportação podem ser realizados por pessoa

diferente do exportador nos casos de:

I. fusão, cisão ou incorporação de empresas e em outros casos de

sucessão previstos em lei;

II. decisão judicial;

Competência 02

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Técnico em Logística

III. outras situações em que fique documentalmente comprovado que o

beneficiário dos recursos possui a prerrogativa, considerando os

aspectos de legalidade e fundamentação econômica, de ser o

recebedor das receitas de exportação.

O contrato de câmbio de exportação pode ser celebrado para liquidação

pronta ou futura, já vimos anteriormente o que é liquidação pronta e futura,

antes ou depois do embarque da mercadoria ou da prestação do serviço,

observado o prazo máximo de 750 (setecentos e cinquenta) dias entre a

contratação e a liquidação, bem como o seguinte:

a. no caso de contratação prévia, o prazo máximo entre a contratação de

câmbio e o embarque da mercadoria ou da prestação do serviço é de

360 (trezentos e sessenta) dias;

b. o prazo máximo para liquidação do contrato de câmbio é o último dia

útil do 12º mês subsequente ao do embarque da mercadoria ou da

prestação do serviço.

No caso de já ter ocorrido o embarque da mercadoria ou a prestação do

serviço, o cancelamento ou a baixa do contrato de câmbio de exportação

deve ser efetuado até o último dia útil do 12º mês subsequente ao do

embarque da mercadoria ou da prestação do serviço.

Observação: Ocorrendo o recebimento da exportação, o contrato de câmbio

baixado deve ser restabelecido e liquidado.

Bem, aluno, o Mercado de Câmbio é bastante complexo e extremamente

vasto, com muitas expressões e termos diferentes, é preciso ler sempre e com

bastante atenção. Aprendemos até o momento sua principal estrutura e

algumas particularidades do seu funcionamento. São várias as operações de

câmbio e há muito detalhe até a sua finalização com sucesso. Mas vamos

imaginar uma operação cambial, vamos aprender a perceber o que é mais

importante atentar. Tomemos como exemplo uma compra ou venda no

Competência 02

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Economia Internacional

Comércio Exterior, essa atividade como qualquer outra, deve ser muito bem

planejada. Por ser atividade de características peculiares, é correto afirmar

que tal atividade deve ser precedida de um rigorosíssimo planejamento.

Mas, devido a circunstâncias diversas, muitas empresas brasileiras, por vezes,

simplesmente "atiram-se" ao Comércio Exterior sem refletir sobre possíveis

problemas no mercado doméstico, resultantes de planos e "pacotes"

econômicos, possível retração da economia nacional, especulação (pessoas

desejam obter lucros provenientes da variabilidade ou instabilidade do

mercado), ágio. São fatos inerentes à vontade do empresário.

Muitas vezes o empresário pequeno e médio, principalmente, não é alertado

para os riscos decorrentes das operações de comércio exterior, das suas

particularidades, da sua complexidade. Não observa que comprar ou vender

no mercado externo é muito diferente de praticar comércio em território

brasileiro. Quando se compra ou se vende a outras nações, convive-se com

“distâncias” (diferenças) muitas vezes incalculáveis: geográficas, culturais,

comerciais, éticas e de costumes, regulamentares. O empresário também

pode ser surpreendido com questões de natureza política, como embargos

econômicos, moratórias e, até mesmo, por restrições de natureza religiosa.

Tudo isso deve ser observado bem antes de realizar esse tipo de operação.

A realidade, no entanto, é que, com a globalização da economia, o comércio

exterior passou a ser uma atividade necessária e indispensável para muitas

empresas. Para outras, uma questão de sobrevivência. Além do que, a

participação no mercado internacional é de fundamental importância para o

crescimento empresarial, particularmente no que tange à incorporação e ao

desenvolvimento de novas tecnologias. Produtividade e qualidade são

palavras de ordem. É imperativo ser competente, competir! E não se tornar

competente por acaso. E mais: é necessário entender o planejamento como

sendo a administração de um processo, portanto, um procedimento

dinâmico.

Ágio - Os ganhos (lucros) recebidos pelos cambistas

e/ou por banqueiros ao

trocarem moedas (nacionais por

estrangeiras). Juro acima do normal,

cobrado por empréstimos feitos em dinheiro; usura.

Competência 02

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Técnico em Logística

É de importância capital que todo empresário que se disponha a comerciar

com o exterior busque junto aos órgãos governamentais e empresas

especializadas, informações mínimas que lhe permitam conhecer as

peculiaridades do negócio comercial que pretende realizar.

I. O primeiro passo para um futuro exportador, por exemplo, é fazer uma

análise competitiva da inserção de seus produtos no mercado

internacional. Em seguida, é necessário selecionar os mercados (países)

que tenham carência do produto a ser exportado ou para os quais seu

produto apresente um diferencial competitivo em função de aspectos

tributários, econômicos, políticos, culturais, logísticos, entre outros.

Exemplo: Uma indústria brasileira produtora de petróleo e gás natural,

que pretende entrar no mercado da Noruega, deve considerar que,

além de encontrar dificuldades logísticas, devido à localização

geográfica dos países nórdicos, terá uma forte concorrência com a

Rússia vizinha, forte produtora de gás natural.

II. O segundo passo é verificar se o produto a ser exportado não tem

nenhum tipo de restrição para comercialização internacional, ou seja,

checar se a legislação brasileira e a legislação vigente no país de destino

permitem a comercialização do produto em questão.

Exemplo: De acordo com a legislação vigente nos EUA, para exportar

produtos do segmento alimentício, farmacêutico e cosmético, é

necessário que o exportador efetue um cadastro tanto do produto,

quanto da empresa, junto ao F.D.A. –Food and Drug Administration

(Administração de Comidas e Remédios - em português).

http://www.fda.gov/. FDA é um órgão do governo dos Estados Unidos,

criado em 1862, com a função de controlar os alimentos e

medicamentos, através de diversos testes e pesquisas. O objetivo do

FDA é ter o controle dos alimentos e medicamentos, que podem ser de

humanos e animais, suplementos alimentares, cosméticos,

Competência 02

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Economia Internacional

equipamentos médicos e materiais biológicos. Cada novo produto,

antes de ser lançado, tem que ser testado e aprovado pelo órgão, senão

não tem sua comercialização liberada, e caso a empresa insista, pode

ser autuada e, inclusive ter de pagar uma multa.

Essa verificação pode ser realizada junto à Secretaria de Comércio

Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e

junto à Secretaria da Receita Federal, órgão responsável pelo

gerenciamento de todas as alfândegas nacionais. As Câmaras de

Comércio Bilaterais, como por exemplo, a Câmara de Comércio e

Indústria Brasil - Alemanha ou a Câmara Americana de Comércio

fornecem informações sobre certificados e documentos exigidos para

importação em seus respectivos países.

No link (http://www.exporta.sp.gov.br/2004/pages/ccomint.asp) você

pode visualizar os contatos de todas as Câmaras Bilaterais de Comércio

sediadas no Estado de São Paulo.

Exemplos de Leis (Resoluções):

Comércio de produtos Farmacêuticos e Farmoquímicos dentro do

MERCOSUL - De acordo com a Resolução GMC nº 27/98 - Tratado de

Asunción, publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária,

somente poderão exportar e importar produtos Farmacêuticos e

Farmoquímicos dentro dos Mercados do Cone Sul, as empresas

munidas dos formulários e prazos de validade das autorizações de

exportação ou importação e do certificado de não-objeção de

entorpecentes e substâncias psicotrópicas (ANVISA)

Exemplos de Certificados que podem ser exigidos pelo importador:

Competência 02

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Técnico em Logística

a. Certificado de Fitosanidade - documento oficial emitido pelo

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através do

Serviço de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), por

exigência do importador. É um atestado que produtos de origem

vegetal ou animal estão isentos de quaisquer doenças parasitárias

ou infectológicas e foram manipulados em condições higiênicas, sob

controle de autoridades federais ([email protected]).

b. Certificado de Origem - O Certificado de Origem é o documento que

comprova a origem da mercadoria para fins de obtenção de

tratamento preferencial (conforme Acordos Comerciais

Internacionais), ou apenas para o cumprimento de exigência

estabelecida através da legislação do país importador (Certificado de

Origem Comum). De acordo com informações da Federação das

Indústrias do Estado de São Paulo, o Certificado de Origem é emitido

em 24 horas, sendo necessário, apenas, a apresentação da Fatura

Comercial.

III. O terceiro passo será analisar o mercado para avaliar a viabilidade da exportação. Uma vez identificado o mercado e não havendo restrições legais, a empresa deve efetuar uma análise com relação a preços praticados no país, diferenças cambiais, nível de demanda, sazonalidade, embalagens, exigências técnicas e sanitárias, custo de transporte, entre outras. Ou seja, aprofundar a análise realizada no primeiro passo, focando cada um dos países pré-selecionados, visando à captação de importadores.

Existem sites que fornecem informações úteis à análise da viabilidade

das transações:

- BrazilTradeNet – www.braziltradenet.gov.br;

- Aliceweb – http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br;

- Vitrine do Exportador – www.exportadoresbrasileiros.gov.br;

- Rede de Negócios – www.redenegocios.rs.gov.br.

Competência 02

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95

Economia Internacional

Outra forma de identificar importadores e estabelecer contato com

eles, é participar de feiras internacionais, rodadas de negócios e

missões comerciais. O SEBRAE/SP por exemplo (www.sebraesp.com.br)

disponibiliza um calendário de rodadas de negócios e missões

comerciais que serão organizadas pelo SEBRAE, além de oferecer um

serviço de consultoria em comércio exterior e questões jurídicas e

tributárias totalmente gratuito.

No site da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo é possível

consultar o calendário de feiras internacionais e nacionais, rodadas de

negócios e missões comerciais.

APEX – www.apexbrasil.com.br

IV. Quarto passo é efetuar o primeiro contato com o importador.

Identificado o cliente, é imprescindível que seja enviado a ele o maior

número de informações possíveis sobre o produto. Para tanto, pode-se

utilizar catálogos, lista de preços e amostras. O exportador deverá

sempre se colocar à disposição do cliente (importador) para

esclarecimentos técnicos e comerciais sobre o produto.

V. O quinto passo é efetuar o credenciamento como exportador. Para

obter plena habilitação para exportar, o interessado deverá efetuar

credenciamento no Registro de Exportadores e Importadores (R.E.I.), no

Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) e também no

Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros

(RADAR). O REI é um cadastro regido pela Secretaria da Receita Federal

para identificar os exportadores e importadores brasileiros. O

SISCOMEX é um instrumento que integra as atividades de registro,

acompanhamento e controle das operações de comércio exterior,

através de um único fluxo computadorizado de informações. O sistema

é administrado pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), pela

Competência 02

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96

Técnico em Logística

Secretaria da Receita Federal (SRF) e pelo Banco Central (BACEN),

órgãos gestores no comércio exterior. O RADAR é um sistema que visa

agilizar as informações sobre operações efetuadas por exportadores e

importadoresquando exigido por algum fiscal em um posto aduaneiro.

Como efetuar credenciamento no R.E.I./SISCOMEX/RADAR? Para

efetuar o credenciamento em ambos os sistemas/cadastros, é

necessário que a pessoa que responda pelo CNPJ da empresa

compareça à Unidade da Secretaria da Receita Federal de seu domicílio

fiscal.

Clicando no link a seguir é possível visualizar a relação de domicílios

fiscais (jurisdição) e municípios jurisdicionados no Estado de São Paulo:

http://www.receita.fazenda.gov.br

Observação: Antes de se dirigir a uma Unidade da Secretaria da Receita

Federal acesse as orientações ao contribuinte disponibilizadas no link

http://www.receita.fazenda.gov.br. Os procedimentos e modalidades

estão regidos pela Instrução Normativa SRF nº 650, de 12 de maio de

2006, http://www.receita.fazenda.gov.br.

VI. O próximo passo (6º) é analisar aspectos tributários, nacionais e

internacionais. Informações referentes à tributação para exportação

sobre qualquer produto podem ser fornecidas pela Secretaria da

Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br). As exportações

brasileiras são beneficiadas por incentivos fiscais e tributários

oferecidos pelo Governo, tais como:

a. Não-incidência de IPI e ICMS - O exportador tem imunidade de

pagamento do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) e a não-

incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

(ICMS).

Competência 02

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97

Economia Internacional

b. Manutenção de créditos fiscais de IPI e ICMS - O exportador estará

apto a realizar manutenção dos créditos fiscais de IPI e ICMS,

relativos à compra de matérias-primas, produtos intermediários,

materiais de embalagem, entre outros, que são efetivamente

utilizados no processo produtivo de bens destinados à exportação.

c. Isenção do COFINS e PIS - O exportador é isento do pagamento da

Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e da

Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS).

d. Crédito presumido do IPI - O exportador poderá receber crédito

presumido do IPI quando produzir e exportar mercadorias que

utilizem insumos nacionais, que sofreram incidência de PIS e COFINS.

e. Redução da alíquota do Imposto de Renda - Remessas de divisas

para o exterior, destinadas exclusivamente ao pagamento de

despesas relacionadas com pesquisa de mercado para produtos

brasileiros de exportação, bem como aquelas decorrentes de

participação em exposições, feiras e eventos semelhantes são

dedutíveis do Imposto de Renda. Despesas com aluguéis e

arrendamentos de estandes e locais de exposição, vinculadas à

promoção de produtos brasileiros, bem como propagandas

realizadas no âmbito desses eventos, também possuem este

benefício.

f. Drawback (Reembolso de Direitos Aduaneiros) - O exportador

poderá utilizar-se também do regime aduaneiro especial de

Drawback, que pode ser definido como um instrumento de estímulo

às exportações, permitindo às empresas brasileiras o

aperfeiçoamento e a modernização de seus produtos. Caracterizado

como incentivo, compreende a suspensão ou isenção do

recolhimento de taxas e impostos, incidentes sobre a importação de

mercadorias utilizadas na industrialização, ou acondicionamento de

produtos exportados ou a exportar.

Competência 02

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Técnico em Logística

VII. O sétimo passo: selecionar Canal de Distribuição. O exportador deve

definir um canal de distribuição. As exportações podem ser cursadas:

diretamente, indiretamente ou por intermédio de Trading Companies.

a. Exportação direta

A venda de produtos diretamente ao consumidor no exterior possibilita

a eliminação de intermediários. O contato entre exportador e

importador é direto, o exportador fatura a mercadoria em nome do

importador, providencia todos os trâmites necessários para a

exportação e recebe o pagamento diretamente do importador,

eliminando a atuação de Comerciais Exportadoras ou Trading

Companies.

b. Exportação indireta

São as exportações realizadas por meio de intermediários, conforme

segue: i. Empresa comercial exclusivamente exportadora; ii. Empresa

comercial de atividade mista (que opera tanto nas atividades de

mercado interno como da importação e exportação); iii. Cooperativas

ou consórcios de fabricantes ou exportadores; iv. Indústria cuja

atividade comercial de exportação seja desenvolvida com produtos

fabricados por terceiros.

c. Exportações por intermédio de Trading Companies

Trading Company é a empresa que compra mercadoria em um mercado

para revendê-la em outro.

VIII. Definir Vias de Embarque, Condição de Venda (INCOTERMS) e

Modalidade de Pagamento. Após a aceitação do produto por parte do

cliente (importador), é preciso negociar três pontos fundamentais para

Competência 02

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Economia Internacional

concretizar a exportação. A condição de venda (INCOTERMS), a via de

embarque e a modalidade de pagamento.

IX. Formas e Vias de Embarque: o transporte internacional pode ser

realizado pelos meios aéreo, marítimo e terrestre, ou pela combinação

dos mesmos em uma mesma remessa que denominamos

Multimodalidade. Definidas as condições de transporte com o cliente

(importador), o exportador deve providenciar, com antecedência, a

reserva de praça (local) para a carga no meio de transporte

selecionado.

Fatores a serem analisados:

Pontos de embarque e desembarque;

Urgência na entrega;

Características da carga: peso, volume, formato, dimensão,

periculosidade, cuidados especiais, refrigeração, etc.;

Possibilidade do uso dos meios de transporte, tais como

disponibilidade, frequência, adequação, exigências legais.

Multimodalidade - A opção vincula o percurso da carga a um único

documento de transporte, designado Documento ou Conhecimento de

Transporte Multimodal, independente das diferentes combinações de

meios de transportes, como por exemplo, terrestre e aéreo. A lei nº.

9.611/98, 20.02.1998, mais conhecida como Lei do OTM, disciplina a

utilização dos serviços de transporte multimodal.

Competência 02

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100

Técnico em Logística

Fonte: https://www.google.com.br/search?q=fluxo+circular+de+renda&es_sm=122&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=6TNQU9-1H6m_sQS4uYG4Dg&ved=0CAgQ_AUoAQ&biw=1280&bih=619#q=exportador&tbm=isch&facrc=_&imgdii=_&imgrc=QiTCgUuumF1SVM%253A%3BWuLqmzxnHHiRZM%3Bhttp%253A%252F%252Fcomercioexteriordescomplicado.files.wordpress.com%252F2013%252F06%252Fexportac3a7c3b5es-brasileiras.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fcomercioexteriordescomplicado.wordpress.com%252F2013%252F07%252F03%252Fbrasil-sao-paulo-foi-o-maior-exportador-do-pais-em-maio%252F%3B800%3B600

Como você já sabe, ou acredito saber, em função de outras disciplinas

já vistas, os modais (meios de transportes) podem ser: aéreo;

ferroviário; marítimo e terrestre/rodoviário.

Condição de Venda – INCOTERMS - Os INCOTERMS

(InternationalCommercialTerms - Condições Internacionais de

Comércio) definem os direitos e obrigações mínimas do vendedor

(exportador) e do comprador (importador), no que diz respeito a fretes,

seguros, movimentações em terminais, liberações em alfândegas,

pagamento de direitos aduaneiros e obtenção de documentos de um

contrato internacional de venda de mercadorias. As regras

estabelecidas internacionalmente são uniformes e imparciais, servindo

de base para negociações entre países.

Modalidades de Pagamento - as principais modalidades de pagamento

no comércio exterior são:

- Pagamento antecipado (AdvancedPayment);

- Remessa direta ou sem saque (Clean Collection);

- Cobrança documentária (Sight Draft / Term Draft);

- Carta de crédito (L/C –LetterofCredit).

Competência 02

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101

Economia Internacional

i. Pagamento Antecipado

É realizado antes do embarque da mercadoria e é caracterizado como

uma garantia contra o cancelamento do pedido. Geralmente é parcial,

ou seja, um percentual sobre o valor total da transação.

ii. Remessa Direta ou Remessa sem Saque

O exportador embarca a mercadoria e envia diretamente ao importador

todos os documentos da operação. O importador, ao receber os

documentos, promove o desembaraço da mercadoria na alfândega e

posteriormente, providencia a remessa das divisas para o pagamento

da operação.

iii. Cobrança Documentária

O exportador, após o embarque da mercadoria, emite uma Letra de

Câmbio, também denominada “saque” ou “cambial”, que será enviada

a um banco no país do importador, juntamente com os documentos de

embarque. O pagamento poderá ser à vista ou a prazo, conforme

acordado entre as partes. No caso da cobrança a prazo, o importador só

poderá retirar os documentos do banco para desembaraço da

mercadoria se aceitar (assinar, manifestando concordância) a cambial,

que lhe será apresentada para pagamento no prazo oportuno.

Observação: A Câmara de Comércio Internacional (CCI) estabeleceu

regras e usos uniformes para a cobrança documentária, chamada

Publicação nº 522, que define as responsabilidades das partes nesse

processo. A publicação é adotada pela maioria dos bancos que prestam

esse serviço.

iv. Carta de Crédito

Competência 02

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Técnico em Logística

A carta de crédito, também conhecida por “crédito documentário”, é a

modalidade de pagamento mais praticada pelos comerciantes

internacionais, porque oferece maiores garantias tanto ao exportador

quanto ao importador.

Podemos defini-la como uma ordem de pagamento condicional, emitida

por um banco, a pedido de seu cliente importador, em favor de um

exportador, que somente faz jus ao recebimento se cumprir todas as

exigências por ela estipulada. O exportador tem garantia de pagamento

de dois ou mais bancos, e o importador, a certeza de que só haverá

pagamento se suas exigências forem cumpridas.

A carta de crédito pode ser emitida para pagamento à vista ou a prazo e

por se constituir em uma garantia bancária, acarreta custos adicionais

para o importador, que paga taxas e comissões para a abertura do

crédito, além de contra-garantias exigidas pelo banco emissor.

A carta de crédito pode sofrer alterações, chamadas de “emendas”, que

somente terão validade se forem aceitas por todas as partes

intervenientes no crédito, a saber: banco emissor, banco confirmador,

tomador do crédito e beneficiário.

Observação: A Câmara de Comércio Internacional (CCI) estabeleceu

normas para a emissão e utilização de créditos documentários,

amparados pela publicação nº 500 - “Regras e Usos Uniformes para

Créditos Documentários”, aceitas internacionalmente.

X. Formalizar a negociação. Confirmado o fechamento do negócio, o

exportador deve formalizar a negociação enviando uma fatura pró-

forma. Esta fatura é um pré-contrato, semelhante a um pedido de

compra, contendo o logotipo da empresa, informações sobre o

importador e o exportador, descrição da mercadoria, peso líquido e

bruto, quantidade, preço unitário e total, condição de venda,

Competência 02

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Economia Internacional

modalidade de pagamento, meio de transporte e tipo de embalagem. A

fatura pró-forma garante as informações necessárias para a emissão da

Carta de Crédito e para o fechamento de câmbio no caso de pagamento

antecipado. Não existe nenhum padrão de pró-forma, cada exportador

pode montar o seu, desde que contenha todas as informações descritas

acima.

XI. Preparar a mercadoria para embarque. Caso não haja mercadoria em

estoque, o exportador deve agilizar a produção e informar previsão de

entrega ao cliente, para que o mesmo possa tomar as providências

necessárias quanto ao pagamento e iniciar os processos aduaneiros

cabíveis de acordo com a legislação vigente no país.

XII. Solicitar a autorização de embarque. Concluída a produção da mercadoria, o exportador deverá confirmar com o importador se o pagamento ou a abertura da L/C (LetterofCredit = carta de crédito) já foi efetuado(a) e solicitar autorização para proceder com o embarque.

XIII. Providenciar a documentação para embarque. De posse da autorização de embarque do importador, é necessário iniciar a emissão da documentação que irá amparar a mercadoria. Esta documentação é composta por:

a. Romaneio ou PackingList - Documento que indica os volumes e

respectivos conteúdos do embarque. Este documento é necessário

para o desembaraço da mercadoria, tanto na saída promovida pelo

exportador como também para orientar o importador, quando da

chegada da mercadoria no país de destino.

b. Registro de Exportação - RE - De posse do romaneio torna-se

possível o preenchimento do RE, no SISCOMEX.

c. Nota Fiscal - Preparado o RE, o passo seguinte é a emissão da Nota

Fiscal que acompanhará a mercadoria desde a saída do

estabelecimento até a efetiva liberação para o exterior.

Competência 02

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Técnico em Logística

d. Conhecimento de Embarque - Este documento é emitido pelo

agente de carga ou transportador internacional da mercadoria.

e. Certificados - Dependendo da mercadoria que se esteja embarcando

para o exterior, poderá ser exigido algum certificado que ateste a

qualidade, a origem ou certas especificações do produto. Exemplo:

Certificado de Origem, Certificado Fitosanitário, Certificado de

Registro Genealógico, Certificado de Inspeção, etc. Solicitar a

autorização de embarque. Concluída a produção da mercadoria, o

exportador deverá confirmar com o importador se o pagamento ou

a abertura da L/C já foi efetuada e solicitar autorização para

proceder com o embarque.

XIV. Embarque da mercadoria e despacho aduaneiro. Após a emissão da

documentação, deverá ser efetuado o embarque da mercadoria e

desembaraço na aduana (alfândega). O despacho de embarques aéreos

ou marítimos é efetuado por agentes aduaneiros mediante o

pagamento da taxa de capatazia. O embarque rodoviário é efetuado no

próprio estabelecimento do produtor, ou em local pré-estabelecido

pelo importador. A liberação da mercadoria para embarque é feita

mediante a verificação física e da documentação realizadas por agentes

da Receita Federal nos terminais aduaneiros. Todas as etapas do

despacho aduaneiro são feitas através do SISCOMEX, pelos

despachantes devidamente credenciados.

Informações referentes a despachos e regimes aduaneiros podem ser

obtidas junto ao SINDASP - Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de

São Paulo.

XV. Preparar a documentação pós-embarque. Embarcada a mercadoria

para o exterior, inicia-se uma nova fase, que é a preparação dos

documentos necessários para o recebimento dos recursos provenientes

da exportação junto ao banco.

Competência 02

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Economia Internacional

Documentos exigidos junto aos Bancos:

a. Fatura Comercial - Documento contendo todos os elementos

básicos da operação como: descrição da mercadoria, logotipo da

empresa, informações sobre o importador e o exportador, peso

líquido e bruto, quantidade, preço unitário e total, condição de

venda, modalidade de pagamento, meio de transporte, tipo de

embalagem.

b. Registro de Exportação (RE) - O Registro de Exportação deve

seguir com o conjunto de documentos para o banco no exterior.

c. Solicitação de Despacho (SD) - Documento emitido no SISCOMEX,

que reúne um conjunto de informações referentes ao

procedimento fiscal de liberação da mercadoria junto à

alfândega.

d. Saque ou Cambial - Também denominado de Draft, representa o

título de crédito da operação, deve ser enviado ao banco

correspondente do importador no exterior.

e. Certificado ou Apólice de Seguro - É necessária sua apresentação

nas operações conduzidas sob a modalidade Custo Seguro e Frete

(CIF). O certificado de seguro é emitido pela seguradora

contratada pelo exportador.

f. Fatura e/ou Visto Consular - É necessária quando o país de

destino da mercadoria impuser este documento. A Fatura e/ou

Visto Consular é validada em um consulado do país do

importador no Brasil.

g. Conhecimento de Embarque - Seus originais são documentos

básicos para a negociação, uma vez que o importador os utilizará

para o desembaraço da mercadoria no destino.

h. Carta de Crédito - Nas operações conduzidas sob esta condição

de pagamento, o original deste documento é imprescindível para

que o exportador possa concretizar a entrega e o recebimento de

seu valor junto ao banco.

Competência 02

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Técnico em Logística

i. Certificados - Tanto aqueles certificados porventura exigidos para

o embarque da mercadoria para o exterior como também

aqueles que atestam a origem do produto exportado.

j. Carta de Entrega - Consiste em uma carta na qual são

relacionados todos os documentos que estão sendo negociados

(entregues ao banco). A cópia desta carta, devidamente

protocolada pelo banco, representa a prova de que o exportador

cumpriu o compromisso de negociar os documentos, exigidos

pelo Banco Central do Brasil.

Obs.: Para negociação amparada pela modalidade de pagamento

antecipado, esses documentos devem ser providenciados juntamente

com os documentos de embarque.

XVI. Efetuar a Contratação de Operação de Câmbio. Para efetuar a operação

de câmbio, é necessário negociar com uma instituição financeira

autorizada ou uma corretora de câmbio o pagamento, em reais ou a

conversão da moeda estrangeira, recebida pela aquisição das

mercadorias exportadas. Esta operação é formalizada mediante um

contrato de câmbio.

Após a confirmação da transferência para o banco do exportador

deverá ser feita a liquidação do câmbio conforme as condições descritas

no contrato de câmbio. O recebimento deverá ser em reais.

Mecanismo de proteção cambial

As corretoras de mercadorias da Bolsa de Mercadorias e Futuros

(BM&F) podem oferecer um apoio importante às empresas nacionais

que se dedicam à comercialização externa de seus produtos, inclusive

para aquelas de pequeno e médio porte, que buscam ingressar no

universo do comércio exterior ou firmar uma posição competitiva nos

mercados globais. As corretoras que têm experiência e tradição na

Competência 02

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107

Economia Internacional

realização de operações de câmbio representam inestimável suporte

para o exportador, seja pelo apurado expertise que detêm no negócio

de intermediação de divisas, seja pelo aconselhamento técnico

especializado que podem prestar à empresa exportadora, orientando-a

no caminho frequentemente intrincado que conduz ao comércio

internacional de bens e serviços. As corretoras da BM&F também

podem ajudar o exportador apresentando alternativas de operações de

hedge (operações de proteção de preço realizadas nos mercados de

derivativos da Bolsa), por intermédio das quais o exportador pode

minimizar os riscos de variação cambial adversa ou de uma

flutuação,não prevista, das taxas de juros, a que ele está normalmente

exposto no seu cotidiano de negócios.

Simulador BM&F

O Simulador BM&F é um programa educativo gratuito on-line

direcionado a todos aqueles que gostariam de conhecer ou aprofundar

seus conhecimentos sobre os mecanismos de proteção cambial e de

preço da BM&F. Você mesmo, via internet, faz simulações de

negociações de minicontratos futuros de boi, café, dólar e Ibovespa e

aprende como operações de proteção com esses minicontratos podem

minimizar os riscos que afetam os ganhos do seu negócio.

Competência 02

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Técnico em Logística

3. COMPETÊNCIA 03 | CONHECER E INTERPRETAR O BALANÇO DE

PAGAMENTOS (BP)

3.1 Conceito

Atualmente adota-se a definição do FMI (Fundo Monetário Internacional,

2004):

Balanço de Pagamentos é o registro sistemático de todas as transações econômicas realizadas entre os residentes em determinado país e os residentes no resto do mundo, durante certo período, geralmente de um ano.

Um economista chamado P. T. Ellsworth fornece a seguinte definição:

“O Balanço de Pagamentos Internacionais de um país é um balancete

resumido, ou conta corrente, de todas as transações de seus residentes com

os residentes do resto do mundo". (Jayme Maia, p. 249, 2004)

Quando se fala em agentes econômicos, estão inseridas também nesse rol, as

pessoas (alguns autores chamam indivíduos) e empresas (alguns autores

chamam firmas) domiciliadas ou não no país. Dadas essas definições, pode-se

dizer que Balanço de Pagamentos (BP) é o levantamento, por critérios

contábeis, de todas as transações econômicas, reais e financeiras, realizadas

durante determinado período de tempo, entre os agentes econômicos

residentes no país e os não residentes, domiciliados ou estabelecidos em

outros países (Rossetti, 2003).

Para saber qual o papel do FMI na estrutura do BP, faz-se necessário que o

aluno leia o Texto Complementar sobre esse organismo internacional.

Ademais, o BP possui alguns termos e conceitos um pouco mais específicos,

que serão minuciosamente tratados mais à frente.

Lembrando que agentes

econômicos são todos os entes que

interagem no mercado

(famílias/firmas, empresas/, governo e resto do mundo).

Competência 03

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Economia Internacional

3.2 Estrutura

A estrutura de um BP é definida pela natureza das transações, em duas

grandes categorias (dois grupos de contas que registram os fluxos entre um

determinado país e o exterior): as Transações Correntes e os Movimentos de

Capitais. O primeiro concentra o comércio de bens e serviços e todas as

transações não financeiras, o segundo são registradas as movimentações

financeiras.

É importante saber que no Brasil, o BP é elaborado pelo Banco Central –

BACEN, que usa como base a metodologia definida no Manual do Balanço de

Pagamentos do Fundo Monetário Internacional (FMI). Como já dito, as

transações são quantificadas na forma de registros contábeis, que destacam

os direitos (créditos) e as obrigações (débitos) entre as nações (Nascimento e

Souza, 2007).

Na prática, aluno, quando uma pessoa ou empresa compra algum produto

fora do país ou exporta (vende) algum produto ou serviço, essas transações

são registradas nesse tipo de documento (no BP). Quando se remete dinheiro

para alguém que estuda fora do país, contrata um seguro estrangeiro ou um

empréstimo em um banco estrangeiro, estas e muitas outras operações são

registradas também no BP. Veremos a seguir a subdivisão dessas contas.

A tabela seguinte mostra como estão distribuídas as contas em um BP. O

resultado final das entradas e saídas foi positivo, o que representa um

superávit no BP. Nesse caso, as entradas (receitas) no país foram maiores do

que as saídas (despesas fora do país). Veremos adiante o que significa cada

conta relacionada.

Competência 03

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Técnico em Logística

Rendas de Investimentos (Juros, Lucros e Dividendos)

1.800

590

450 450

450

8.563 8.563

-813 -813

Quadro 3.1 Balanço de Pagamentos - Estrutura

-135

1. Transações Correntes -7.477

14.362

60.362

-46.000

-5.038

1.1 Balança Comercial

Exportação

Importação

1.2 Balança de Serviços

Viagens

Transportes

Seguros

Financeiros

-500

-720

-1.000

-1.020

-240

3. Conta Financeira

-600

-700

-123

-19.191

-8.191

-11.000

1.4 Transferências Unilaterais Correntes

Donativos

Manutenção de residentes no país

2. Conta CapitalTransferência de patrimônio

Investimentos em Carteira

Derivativos

Outros Investimentos

4. Erros e Omissões

5. Saldo = déficit (-) ou superávit (+)

US$ milhões

Nota: Dados fictícios/Elaboração própria

Salários e Ordenados

2.000

1.185

2.300

3.078

723

2.390

Computação e Informações

Royalties e Licenças

Aluguel de equipamentos

Serviços Governamentais

Outros Serviços

1.3 Balança de Rendas

Investimentos Diretos

A seguir temos um quadro real divulgado pelo Banco Central do Brasil do

Balanço de Pagamentos, onde o público poderá ter acesso pela internet aos

resultados mais atualizados de todas as contas e seus registros. Na tabela real

existem poucas diferenças em relação à tabela fictícia acima, uma delas está

nas Contas de Capital e Financeira, na tabela real essas contas estão

registradas conjuntamente. A tabela do BACEN (Banco Central) apresenta

uma comparação do mês de fevereiro de 2013 em relação ao mesmo período

de 2014. O último dado anual divulgado é 2013, ou seja, a defasagem é de

apenas um ano.

Competência 03

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Economia Internacional

Quadro I – Balanço de pagamentosUS$ milhõ es

D iscriminação 2013* 2014*

F ev Jan-fev A no F ev Jan-fev

Balança comercial (FOB) - 1 279 - 5 319 2 558 - 2 125 - 6 183

Exportações 15 549 31 516 242 179 15 934 31 960

Importações 16 828 36 835 239 621 18 059 38 143

Serviços - 3 132 - 6 788 - 47 523 - 3 480 - 6 839

Rendas - 2 667 - 6 511 - 39 772 - 1 954 - 6 299

Transferências unilaterais correntes (líquido) 502 692 3 364 114 286

T ransaçõ es co rrentes - 6 576 - 17 926 - 81 374 - 7 445 - 19 036

C o nta capital e f inanceira 8 023 21 215 74 614 7 627 21 563

Conta capital 52 171 1 194 49 136

Conta financeira 7 971 21 043 73 420 7 578 21 427

Investimento direto (líquido) 3 000 6 410 67 541 4 714 9 686

No exterior - 814 - 1 107 3 496 582 456

Participação no capital - 968 - 1 657 - 14 760 - 723 - 4 805

Empréstimos intercompanhias 155 550 18 256 1 305 5 261

No país 3 814 7 517 64 045 4 132 9 230

Participação no capital 2 291 4 997 41 644 3 264 6 796

Empréstimos intercompanhias 1 523 2 520 22 401 868 2 434

Investimentos em carteira 1 597 4 353 25 691 2 250 6 188

Ativos - 263 - 1 195 - 8 974 85 1 314

Ações - 50 - 79 - 1 462 101 15

Títulos de renda fixa - 213 - 1 116 - 7 512 - 17 1 299

Passivos 1 860 5 548 34 664 2 166 4 874

Ações 1 600 5 244 11 636 - 393 - 984

Títulos de renda fixa 260 304 23 028 2 559 5 858

Derivativos - 10 4 110 42 56

Ativos 22 40 382 439 457

Passivos - 31 - 36 - 271 - 396 - 402

Outros investimentos1/

3 383 10 276 - 19 922 572 5 498

Ativos - 4 049 1 325 - 39 558 - 2 227 352

Passivos 7 432 8 950 19 636 2 799 5 146

Erros e omissões 417 - 49 833 41 587

Variação de reservas ( - = aumento ) - 1 865 - 3 240 5 926 - 222 - 3 114

M emo:

R esultado glo bal do balanço 1 865 3 240 - 5 926 222 3 114

Transações correntes/PIB (%) - - 5,15 - 3,62 - - 5,45

IED/PIB (%) - 2,16 2,85 - 2,64

1/ Registra créditos comerciais, emprést imos, moeda e depósitos, e outros at ivos e passivos.

* Dados preliminares.

Fonte: Banco Central do Brasil, 2014

Acesso: https:/ /www.bcb.gov.br/?ECOIM PEXT

Quadro 3.2 Balanço de Pagamentos atual

Nota: FOB (Free on Board ): designa uma modalidade de repart ição de responsabilidades, direitos e custos entre comprador e vendedor, no

comércio de mercadorias. O termo é incluído na listagem dos Incoterm (Internat ional Commercial Terms ).

Competência 03

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112

Técnico em Logística

3.2.1 Transações Correntes

O Balanço de Pagamentos em Transações Correntes corresponde aos registros

da Balança Comercial, da Balança de Serviços (ou simplesmente Serviços),

Balança de Rendas (ou Rendas) e das Transferências Unilaterais Correntes.

Assim temos:

TC = BC + BS + BR + TUC

TC = Saldo do BP em Transações Correntes

BC = Saldo da Balança Comercial

BS = Saldo da Balança de Serviços

BR = Saldo da Balança de Rendas

TUC = Saldo de Transferências Unilaterais Correntes

3.2.1.1 Balança Comercial

Esta é a primeira conta das Transações Correntes. É o local onde são

registradas as exportações, contabilizadas como receitas (+), são as vendas

realizadas para as nações estrangeiras; e importações, compras realizadas por

pessoas e empresas fora do país, contabilizadas como despesas (-). Segundo

Rossetti (2003), a Balança Comercial é o resultado líquido das operações de

exportação (+) e importação (-) de mercadorias, é a única conta do BP onde as

movimentações são visíveis, físicas, entre as fronteiras nacionais. São elas: a

compra e venda de produtos primários, semiacabados ou de utilização final,

destinados ao consumo e à formação de capital fixo (consiste no capital físico

que não é consumido durante um ciclo de produção. São os edifícios,

máquinas e equipamentos, corresponde ao ativo fixo de uma empresa).

Esta é a conta internacional de maior expressão, que tem o maior peso no BP,

e termina por influenciar nas demais contas. Quando as importações

(despesas) são maiores que as exportações (receitas), ocorre um déficit e os

países tentam equalizar esse resultado por meio das demais contas, é quando

Competência 03

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Economia Internacional

os governos dos países tentam reverter a situação por meio da abertura para

investimentos estrangeiros ou ainda via tomada de empréstimos e

financiamentos no exterior. Entretanto, quando os governos decidem tomar

empréstimos e financiamentos de outros países, terminam se endividando

externamente (é o que chamamos hoje dívida externa brasileira).

Portanto o saldo da Balança Comercial é a diferença entre a exportação (+) e a

importação (-) de bens e serviços:

BC = Xb – Mb

Onde:

BC = Saldo da Balança Comercial

Xb = Exportação de bens

Mb = Importação de bens

É importante saber que as mercadorias são classificadas, na balança

comercial, por códigos numéricos, é dada uma nomenclatura. No Ministério

do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), podemos

encontrar uma explicação sobre essa nomenclatura:

Nomenclatura é uma "linguagem" criada pelo homem para a identificação de mercadorias no comércio internacional. Essa linguagem foi criada porque se tornou necessária a existência de um sistema que pudesse facilitar o processo de troca comercial entre as nações, independentemente de diferenças linguísticas ou culturais. Em decorrência dessa necessidade, foi elaborado um sistema para harmonizar a Designação e a Codificação de Mercadorias, conhecido como "Sistema Harmonizado", ou simplesmente SH. Com o advento do Mercosul, foi criada a Nomenclatura Comum do Mercosul - NCM, composta de 8 dígitos e baseada no Sistema Harmonizado...

Competência 03

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114

Técnico em Logística

Em outras palavras, aluno, são códigos criados para identificar com mais

rapidez e segurança os produtos que estão sendo comercializados em todo o

mundo. Sendo assim, uma importadora da Nova Zelândia operacionaliza

madeira em um contêiner, o mesmo código é usado por uma empresa

exportadora de madeira brasileira.

As mercadorias são identificadas por um conjunto de números, em ordem

crescente, de acordo com o seu grau de elaboração, ou seja, quanto maior a

complexidade do processo produtivo do produto, maior é seu número no

Sistema Harmonizado.

Dessa forma, as mercadorias estão ordenadas de forma progressiva, iniciando com animais vivos e terminando com as obras de arte, passando por matérias-primas e produtos semielaborados. Quanto maior a participação do homem na elaboração da mercadoria, mais elevado é o número do capítulo em que ela será classificada. (Fonte: MDIC, 2014) http://www.mdic.gov.br/sistemas_web/aprendex/default/index/conteudo/id/20

As figuras 3.3 e 3.4 são exemplos de tabelas de nomenclaturas (NCM):

Figura 3.3 - Visualização de tela Fonte: http://www.brasilglobalnet.gov.br/classificacaoncm/pesquisa/frmpesqncm.aspx

Competência 03

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Economia Internacional

Figura 3.4 - Visualização de tela Fonte: http://www.brasilglobalnet.gov.br/classificacaoncm/pesquisa/frmpesqncm.aspx

A figura abaixo é uma página extraída do site do MDIC, onde vemos uma

notícia recente sobre o resultado de nossa Balança Comercial, observe. No

entanto, a sugestão é que você dê uma navegada no próprio site

(www.mdic.gov.br) para conhecer. Inicia-se a pesquisa na aba ‘COMÉRCIO

EXTERIOR’ e depois no menu à esquerda “Estatísticas de comércio exterior –

DEAEX”. Lá você encontrará diversos dados das estatísticas dessa conta do BP.

Figura 3.5 - Página site do MDIC

O Ministério do Desenvolvimento,

Indústria e Comércio Exterior –

MDIC é um órgão integrante da estrutura da

administração pública federal

direta. Sua missão é formular, executar e avaliar políticas

públicas para a promoção da

competitividade, do comércio exterior, do investimento e da inovação nas empresas e do bem-estar do consumidor.

Competência 03

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116

Técnico em Logística

Total 242.179 100% Total 239.620 100%

Básicos (produtos

primários)113.023 46,7% Bens Intermediários 106.502 44,4%

Manufaturados 93.090 38,4% Bens de Capital 51.653 21,6%

Semimanufaturados 30.526 12,6% Bens de Consumo 40.963 17,1%

Petróleo e Combustíveis 40.502 16,9%

Desempenho das Exportações

Quadro 3.3 Exportações e Importações

Desempenho das Importações

Fonte: MDIC, 2014

Part %Valor (US$ milhões) Valor (US$ milhões) Part %

Figura 3.6 - Capa da Balança Comercial - MDIC Fonte: MDIC: http://www.mdic.gov.br//arquivos/dwnl_1394635352.pdf

É no site do MDIC que obtemos todas as Balanças Comerciais brasileiras. A

periodicidade das informação é: semanal, mensal, dados consolidados (ano a

ano); e de cooperativas, por países e blocos econômicos, por município,

Unidade da Federação (Estado). Podemos encontrar dados estatísticos,

empresas brasileiras importadoras e exportadoras, etc.A Figura 4, acima,

refere-se à capa da Balança Comercial Brasileira, divulgada pelo MDIC, onde

podemos verificar os dados consolidados de 2013. Ele é apresentado em três

idiomas: português, espanhol e inglês.

As mercadorias que compõem as importações e exportações do Brasil são:

Competência 03

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117

Economia Internacional

3.2.1.2 Balança de Serviços (Serviços)

Chama-se Balança de Serviços ou simplesmente Serviços, a conta das

Transações Correntes do BP que registra as receitas e despesas cambiais com

seis categorias de transações:

i. as viagens internacionais, que registra os gastos líquidos (receitas

menos despesas com as viagens) de residentes em viagens ao exterior e

dos não residentes em viagem dentro do país;

Vamos ao exemplo: João é brasileiro e deseja viajar ao Japão, levará

moeda estrangeira, quase sempre dólar; esse valor transportado será

registrado nesta conta Serviços como despesa porque João não gastará

no Brasil e sim no Japão; digamos agora que Jennifer, americana, vem

para o Brasil e gasta seus dólares aqui, essa quantia entra como receita

porque ela gastará dentro do Brasil.

ii. transportes (fretes), registro dos gastos de não residentes com a

utilização de equipamentos de bandeira nacional, para a movimentação

de pessoas e cargas, e registro dos gastos de residentes com a utilização

de equipamentos de bandeira estrangeira;

iii. além dos seguros relacionados à movimentação de pessoas e cargas (os

seguros de saúde feitos para que as pessoas viagem, seguro de

equipamentos e máquinas, de bagagens, etc.), registra também o saldo

líquido de repasses internacionais referentes aos seguros dos

residentes contratados de empresas seguradoras externas, e os seguros

de não residentes, contratados nas seguradoras estabelecidas no país;

iv. serviços governamentais, são registrados os saldos líquidos gastos com

representação diplomática ou de efetivos militares no exterior, também

as contribuições nacionais para fundos e organizações multilaterais;

Competência 03

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Técnico em Logística

v. outros serviços, registram-se os saldos líquidos de um heterogêneo

conjunto de transações, direitos autorais, telecomunicações, patentes

industriais (Rossetti, 2003).

Portanto o saldo da Balança de Serviços é a diferença entre as receitas e as

despesas decorrentes das operações de venda e compra de serviços.

BS = X – M

Onde:

BS = Saldo da Balança de Serviços

X = Receita de exportação de serviços

M = Despesa de importação de serviços

3.2.1.3 Balança de Rendas (Rendas)

São relacionadas nessa conta as seguintes rendas:

i. os salários e ordenados pagos;

ii. os lucros e dividendos de Investimentos Diretos (Investimentos

Externos Diretos – IED, são os investimentos dos estrangeiros);

iii. juros de empréstimos;

iv. juros e dividendos* de investimentos em carteira, estes últimos podem

ser: ações, fundos, títulos públicos, debentures, aplicações imobiliárias,

entre outros;

v. juros de títulos da dívida (renda fixa); e

vi. rendas de outros investimentos.

Na estrutura anterior a que usamos atualmente, as rendas de investimentos

(lucros) eram registradas na conta Serviços. Esses lucros são as remessas

feitas por empresas internacionais, com operação no país, decorrentes de

dividendos pagos a seus acionistas não residentes (Jayme Maia, 2004).

Competência 03

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119

Economia Internacional

3.2.1.4 Transferências Unilaterais Correntes

São também denominadas transferências não retribuídas, é o resultado

líquido de doações de fontes privadas, de governos ou de instituições

multilaterais, sem a contrapartida prévia ou futura. Na prática, são as

transferências onde não há retorno, ela segue unilateralmente (para uma

única direção ou para um favorecido).

São exemplos dessas transferências unilaterais:

i. os donativos;

ii. as operações das ONGs* (organizações não governamentais);

iii. auxílios a instituições beneficentes e religiosas;

iv. reparações de guerra;

v. as ajudas dos países de Primeiro Mundo aos do Terceiro Mundo;

vi. remessas internacionais entre unidades familiares (destinado à

manutenção de residentes que se encontram no exterior), um filho que

estuda fora do país, por exemplo;

vii. remessas provindas de trabalhadores temporariamente emigrados (que

estão fora do país), que tendem a enviar parte de seus ganhos no

exterior para o seu país de origem.

Estas contas não criam contrapartidas de obrigações, ou seja, o país que

recebe a quantia enviada, não precisa efetuar nenhum retorno,

diferentemente do que ocorre com a importação (-) e exportação (+).

3.2.2 Conta Capital

Conforme Jayme Maia (2004), essa conta só foi criada com essa metodologia

na quinta edição do Manual de Balanço de Pagamentos do FMI, ela não existia

na antiga estrutura. Ela registra as transferências unilaterais de patrimônio

Competência 03

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Técnico em Logística

(aquisição/alienação de bens não financeiros não produzidos, tais como

cessão de patentes e marcas).

As marcas e patentes não poderiam ser produzidas, pois são bens imateriais,

intangíveis, nelas estão impressas/inseridas atividades intelectual e de

criação. Então você pode me perguntar: professora, “por que unilateral?”.

Porque não tem que haver uma contrapartida de mesmo valor.

Rossetti (p. 887, 2003) afirma:

Os movimentos de capitais são representados por entradas e saídas de ativos financeiros de três categorias básicas: movimentos autônomos de risco, atraídos pelas oportunidades de investimentos e de reinvestimentos nos setores real e financeiro do país receptor; os financiamentos concedidos por bancos e fornecedores estrangeiros para transações correntes, preponderantemente exportações e importações; e os empréstimos de curto e de longo prazo tomados junto a organismos internacionais, agências governamentais e instituições financeiras privadas de outros países.

Rossetti (2003) ainda cita outra categoria de fluxo financeiro, que expressa as

amortizações de dívidas externas contraídas. O que quer dizer isso? Existem

países que são credores (emprestam) de outros que tomam esses

empréstimos e financiamentos, os juros a pagar são registrados na conta

Rendas e as amortizações do capital (da dívida, do principal) são registradas

nesta Conta Capital. É uma única operação com registro em contas

distintas/diferentes. Vamos pensar um pouco... Digamos que você, aluno,

contraia uma dívida. Você terá que pagar o valor da dívida mais os juros,

sendo este registrado em uma conta (Conta Renda) e a amortização em outra

conta (a Conta Capital). Lembre-se que a amortização é um processo de

extinção de uma dívida através de pagamentos periódicos, que são realizados

em função de um planejamento, de modo que cada prestação corresponde à

soma do reembolso do capital ou do pagamento dos juros do saldo devedor,

Competência 03

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Economia Internacional

podendo ser o reembolso de ambos, sendo que os juros são sempre

calculados sobre o saldo devedor (Fonte: Wikipédia).

Vejamos o exemplo de outra forma: Um empréstimo é tomado (feito), e o

tomador (devedor) pagará o valor acrescido de juros. O parcelamento da

dívida é feito dividindo-se o valor desejado (principal) pela quantidade de

parcelas a serem pagas, e cada parcela é composta de valor principal dividido

em parcelas + juros em cada parcela. Quando o tomador vai pagando as

parcelas, a dívida vai se extinguindo (diminuindo até a sua completa

quitação), é o que ocorre, as amortizações (redução) do capital emprestado

no período contratado.

3.2.3 Conta Financeira

Essa conta registra os fluxos das seguintes transações financeiras (subcontas):

i. investimentos diretos;

ii. investimentos em carteira;

iii. derivativos;

iv. outros investimentos.

Explicando com mais detalhe, temos:

i. Investimentos diretos: registra a aplicação e o retorno dos

investimentos diretos de brasileiros no exterior, de estrangeiros no

Brasil e empréstimos intercompanhias (de brasileiros para o exterior e

de estrangeiros para o Brasil). Empréstimos intercompanhias são os

créditos enviados das matrizes de empresas para as suas filiais, também

os créditos de filiais, brasileiras ou estrangeiras, às suas matrizes.

ii. Investimentos em carteira: registra a entrada e saída de divisas relativas

à negociação de títulos de crédito comumente negociados em

Competência 03

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122

Técnico em Logística

mercados secundários de papeis. Você deve estar se perguntando “O

que são esses títulos de crédito?”. Assaf Neto (2003) descreve, em seu

livro ‘Mercado Financeiro’ que, quando o governo decide retirar moeda

da economia (reduz a oferta monetária da economia – promove a

política monetária), na tentativa de controlar a demanda por bens e

serviços e, portando, conter a inflação, ele negocia seus títulos

(vendendo - é uma espécie de título de crédito), no Mercado Aberto.

Desta forma, como já vimos na Competência sobre a Macroeconomia, o

governo retira das famílias (indivíduos) e das empresas (agentes

econômicos) o poder de compra (moeda/dinheiro) de bens e serviços, à

medida que torna mais atrativo investir nesses títulos. As Ofertas

públicas (leilões) são realizadas semanalmente pelo Tesouro Nacional e

operacionalizadas pelo Banco Central. Este efetua sua venda no

mercado primário (venda primária/leilão primário), as instituições

financeiras emitem propostas de compra por meio de seus dealers

(instituições escolhidas como representantes do BACEN no mercado);

essas instituições financeiras que adquirem os títulos podem renegociá-

las no mercado secundário de papeis.

Quando ocorrem aplicações brasileiras em títulos estrangeiros, negociados no

país ou no exterior, ou quando ocorrem aplicações estrangeiras em títulos

brasileiros, negociados no país e no exterior, esses registros são feitos nesta

conta Financeira.

Observação¹: Os investimentos em ações, quando negociadas no país, são

feitos pelas Bolsas de Valores Brasileiras, as ações negociadas no exterior são

representadas pelas DR (Depositary Receipts). DRs (Depositary Receipts) são

recibos de depósitos lastreados em ações ordinárias. São títulos negociáveis

no mercado e lastreados na existência de ações de uma sociedade instalada

em outro país. Lastreado quer dizer que são títulos financeiros vinculados a

uma commodity como ouro, soja ou gado, garantindo um valor mínimo ao

papel. A ação constitui na menor parcela (fração) do capital social de uma

sociedade anônima; parcela de capital que se toma de uma sociedade, título

Mercado Aberto é o Mercado no qual o banco central de

cada país opera de modo a regular o fluxo de moeda,

comprando e vendendo seus títulos. O open

opera com grande flexibilidade e sem

limitações. As transações

geralmente são feitas por telefone

ou por meios eletrônicos.

Também conhecido por mercado

secundário, é onde são negociados

títulos públicos já emitidos (Fonte:

Wikipédia).

Competência 03

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123

Economia Internacional

que representa os direitos de um associado de comprar ou vender ações. As

ações podem ser: i) nominativas, a transferência é feita mediante assinatura

do termo; ii) à ordem, a transferência é feita por endosso; iii) ao portador, a

transferência se faz pela própria tradição do título; iv) preferencial, possui

direitos preferenciais sobre outras categorias de ações emitidas pela

sociedade. Na prática, quando um agente financeiro (pessoa ou empresa)

adquire ações de uma determinada empresa, a depender do tipo, ele está

ganhando direitos de votar as decisões da empresa e/ou receber dividendos

(ver significado de dividendos no glossário). Ações podem ser classificadas de

acordo com a natureza dos direitos e vantagens que conferem a seus

titulares. São três espécies: ordinárias, preferenciais e de fruição ou gozo. As

citadas acima, as ordinárias, apresentam como principal característica o

direito de voto, seu possuidor (acionista dono dessas ações) pode influir nas

diversas decisões da empresa (Assaf Neto, 2003).

Observação2: Não esquecer que os juros de investimentos em carteira, são

registrados na Conta Rendas (Transações Correntes), a Conta Financeira

registra apenas a aplicação e o retorno dos investimentos diretos

(investimentos em carteira).

iii. Derivativos: essa subconta registra as entradas e saídas de capitais

decorrentes de swaps, opções e futuros, registra também os prêmios

de opções. Foi incluída recentemente na metodologia do FMI para

registrar, em separado, as receitas e despesas associadas a

instrumentos financeiros cujo valor depende do valor de outros

instrumentos financeiros, e sobre o qual não há pagamento de juros

nem adiantamento ou repagamento de capital. São contratos

financeiros cujo valor deriva do preço de outros ativos ou índices, como

por exemplo, contratos de dólar futuro, opções de compra de ações e

swaps de taxa de juro. Por sua vez swaps em finanças, (em português,

"permuta") é uma operação em que há troca de posições quanto ao

risco e à rentabilidade, entre investidores. O contrato de troca pode ter

Commodity é um termo de língua

inglesa que significa,

literalmente, “mercadoria”. É

utilizado para designar bens. Seu

plural é commodities. Uma commodity é um bem fungível, ou

seja, é equivalente e trocável por outra

igual, independentement

e de quem a produz, como por

exemplo, o petróleo, a resma de papel, o leite, o cobre e os imóveis. Fungibilidade é o

atributo pertencente aos bens móveis que

podem ser substituídos por

outros da mesma espécie, qualidade

e quantidade. O dinheiro é o bem

fungível por excelência, dado que quando se empresta uma

quantia a alguém, não se está

exigindo de volta aquelas mesmas cédulas, mas sim

um valor, que pode ser pago com

quaisquer notas de Real (moeda).

(Fonte: Wikipédia)

Competência 03

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124

Técnico em Logística

como objeto moedas, commodities ou ativos financeiros. As swaps mais

comuns no mercado brasileiro são: a) swap de taxa de juros, que é a

troca da taxa de juros prefixados por juros pós-fixados, ou o inverso,

para quem quer evitar o risco de uma futura alta nos juros; b) swap

cambial, troca de taxa de variação cambial (variação do preço do dólar

americano) por taxa de juros pós-fixados.

iv. Outros investimentos: é uma conta residual que registra todos os fluxos

de capitais que não se enquadram em nenhuma das definições

anteriores. Contabiliza os fluxos de empréstimos, moedas e depósitos e

outros ativos, e outros passivos.

- Estão incluídos os empréstimos e financiamentos brasileiros (curto e

longo prazo) cedidos a beneficiários do exterior e empréstimos obtidos

no exterior por beneficiários brasileiros. Não estão incluídos aqui os

empréstimos intercompanhias, que já estão sendo contabilizados na

subconta Investimentos diretos (ver item i desta sessão).

- Moedas e Depósitos estão incluídas as disponibilidades monetárias de

não residentes no país e de residentes no exterior, como moeda em

espécie e depósitos bancários.

- Outros Ativos e Outros Passivos. De acordo com informações do Banco

Central estão contabilizados neste tópico os fluxos de participação do

Brasil no capital de organismos internacionais, depósitos de cauções de

longo prazo, depósitos de margens de garantia relacionados a

operações de derivativos, cauções judiciais realizadas por não

residentes no país com prazo superior a um ano, variação do saldo

devedor do Convênio de Crédito Recíproco (CCR), depósitos de margem

de garantia relativos às operações em bolsa de mercadorias no país.

Observação: Não esquecer que os juros de empréstimos já estão sendo

registrados na Conta Rendas das Transações Correntes.

Ativo é um termo básico utilizado para expressar o

conjunto de bens, valores, créditos,

direitos e assemelhados que

forma o patrimônio de uma pessoa,

singular ou coletiva, num determinado

momento, avaliado pelos respectivos

custos.

Competência 03

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Economia Internacional

Caro aluno, não se preocupe com esse assunto de Mercado Financeiro,

porque para entendê-lo bem, faz-se mesmo necessário se aprofundar e

estudar bastante. As informações adicionais que colocamos neste caderno,

foram apenas para que entenda melhor o conceito dos termos relativos aos

lançamentos da Conta Capital. Reforçando, é meramente informativo, mas

que você precisará entender um pouco para que possa compreender e

analisar melhor um Balanço de Pagamentos.

3.2.4 Erros e Omissões

Registram-se nesta conta as discrepâncias (divergências) entre fluxos de

entrada e saída de recursos e as variações nos estoques de reservas cambiais

do país. Um exemplo de registro nessa conta é quando um turista retorna ao

seu país de origem com moedas / divisas adquiridas no mercado interno de

câmbio (moeda nacional/local/Real). Quando eles não realizam a operação

inversa, isto é, não vendem ou não “devolvem” a nossa moeda, essa diferença

é registrada aqui nesta conta.

3.2.5 Saldos Déficits (-) ou Superávits (+)

O resultado final do Balanço de Pagamentos revela a posição do país em suas

transações externas. As situações de déficit revelam saídas de reservas

cambiais superiores às entradas, implicando quase sempre queda das

reservas cambiais do país; superávit indica o contrário, ingresso/aumento

desses ativos externos no país. Ocorrendo uma situação de superávit

persistente, por longo tempo, pode implicar numa acumulação de haveres

financeiros externos. Quando esta acumulação de reservas cambiais se

transforma em fator de expansão da base monetária (aumento de dinheiro

nas mãos dos agentes financeiros) geralmente ocorrem consequências

internas muito prejudiciais de conteúdo inflacionário. É por este motivo, como

já vimos em Macroeconomia, que os governos controlam a circulação não

apenas da oferta de moeda local (nacional) como também a oferta da moeda

Competência 03

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Técnico em Logística

1. Importação 150 1a.Redução de saldos bancários no

exterior150

2a.Aumento de saldos bancários no

exterior300 2. Exportações 300

3a. Idem 45 3. Serviços pretados 45

4. Serviços recebidos 75 4a.Redução de saldos bancários no

exterior75

5a.Aumento de saldos bancários no

exterior60 5. Donativos recebidos 60

Total 630 Total 630

Débitos Créditos

Quadro 3.4 Contabilidade do Balanço de PagamentosUS$ milhões

Nota: Dados hipotéticos

estrangeira. Já os déficits levam o país à perda de sua liquidez internacional

(não conseguem obter dinheiro para honrar suas dívidas e compromissos

internacionais), e então terão que recorrer a empréstimos compensatórios,

aumentando seu endividamento externo. Diante do exposto, qualquer

desequilíbrio para mais (superávit) ou para menos (déficit) no Balanço de

Pagamentos, pode ocasionar sérios danos à solvência (cumprir com suas

obrigações) das relações financeiras internacionais de um país (Rossetti 2003).

3.3 Contabilidade Nacional

O Balanço de Pagamentos fornece subsídios à Contabilidade Nacional que

funciona de acordo com o princípio das partidas dobradas, ou seja, para cada

débito, há um crédito de igual valor.

Vamos supor uma situação com os seguintes lançamentos:

i. Importação de US$ 150 milhões;

ii. Exportação de US$ 300 milhões;

iii. Prestação de serviços a outros países: US$ 45 milhões;

iv. Recebimento de serviços de outros países: US$ 75 milhões;

v. Recebimento de donativos de outros países: US$ 60 milhões.

Competência 03

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Economia Internacional

Análise: Para todo lançamento de crédito, há uma contrapartida de débito de

igual valor. Por exemplo, no item (1.) ocorre a Importação de um bem, então

uma empresa estrangeira que está comprando um produto brasileiro

(importando), terá que pagar pela compra (débito - redução de saldos

bancários no exterior, ou seja, a nação estrangeira paga (debita de seu saldo)

e recebe a mercadoria, o Brasil recebe o pagamento (crédito) referente ao

produto vendido. Então para toda Importação, há uma exportação de igual

valor. Uma nação paga (debita seu saldo) e outra recebe (credita); uma está

comprando e a outra vendendo (Jayme Maia, 2004).

3.4 Transações Autônomas e Compensatórias

O BP registra operações tanto autônomas quanto, eventualmente,

compensatórias. É muito simples aluno, ora se contabiliza as operações usuais

relativas à Economia Internacional (importação, exportação, serviços, rendas,

transferências unilaterais e movimento de capitais), são as Autônomas, ora as

eventuais/Compensatórias, quando os governos precisam realizar operações

especiais para saldar déficits do BP.

Os saldos das operações autônomas podem ser:

a) Nivelado: quando o total dos débitos e créditos das transações

autônomas for igual (é a situação ideal porque não afeta a oferta

monetária, a oferta de moeda, e nem as reservas cambiais).

b) Superavitário: quando o total de créditos das operações autônomas

(entradas) for maior do que o total dos débitos (saídas) dessas

operações, é simples. Esse superávit pode ser conjuntural (ligado a uma

situação momentânea), é aquele que ocorre eventualmente em

determinado período e depois não se repete. Exemplo: o aumento das

exportações para países arrasados por catástrofes naturais; e superávit

Competência 03

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128

Técnico em Logística

estrutural, aquele que se torna constante, que não decorre de fato

acidental.

c) Deficitário: quando o total de débitos das transações autônomas (saídas

de divisas) for superior ao total de créditos dessas transações (entradas

de divisas). O déficit também pode ser de natureza conjuntural ou

estrutural.

3.5 Solução para os Déficits

Jayme Maia (2004) menciona que o déficit é um sintoma e não um problema

básico, então ele seria o efeito e não a causa, é um alerta de que alguma coisa

precisa ser modificada na política econômica do país, ou seja, quando uma

economia apresenta uma recorrência de déficit, os governos necessitam agir

para reverter esse resultado.

3.5.1 Solução para os Déficits Conjunturais

Neste caso a causa desaparece espontaneamente nos próximos exercícios e

podem ser solucionados das seguintes formas:

i. O país pode pagar o déficit com suas divisas disponíveis no exterior;

ii. O país não possui saldos bancários no exterior, mas possui ouro, então

ele poderá trocar o metal por divisas ou entregar diretamente o ouro;

iii. O país não possui reservas cambiais e nem ouro, neste caso poderá

solicitar um empréstimo a um banqueiro no exterior para saldar (pagar)

o déficit (é o chamado empréstimo compensatório).

3.5.2 Solução para os Déficits Estruturais

Aqui a situação é bem diferente porque exige mudanças mais profundas

diretamente na estrutura da economia. Precisa-se de alterações também nas

questões sociais do país. Exemplo: se grande parte do déficit decorre da

Competência 03

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Economia Internacional

importação de algum produto, é necessário que se mudem hábitos para que a

dependência por ele diminua. Há a necessidade de se criar produtos e ou

serviços alternativos para que o país saia de sua dependência. Se a causa do

déficit estrutural é a inflação, o governo pode influenciar para que haja

reajuste na taxa cambial, porque a moeda local (Real) muito valorizada, vai

impactar diretamente nas exportações e no turismo, ou seja, fica mais caro

para o turista do exterior viajar para o Brasil. Enquanto o país tiver boa

quantidade de reservas cambiais ou reservas em ouro, ou tiver a confiança

para obter créditos compensatórios, será mais fácil para os governos

liquidarem os débitos do BP. Se não mais dispuser desses recursos, ele

deverá: desvalorizar a moeda nacional para gerar entrada de divisa (dólar); ou

deixar de pagar seus compromissos externos, declarando moratória

unilateral. Esta última medida pode gerar sérias consequências para o país.

Exemplo de moratória foi quando a Argentina se negou a negociar com seus

credores. “O governo argentino informou que não negociará com os 24% de

credores que recusaram sua oferta de troca da dívida pública, em moratória

desde 2001”. Esse acontecimento ficou conhecido como “Tango sem fim”

(Fonte: Folha de São Paulo, 2005).

3.6 Reservas Cambiais

Um Balanço de Pagamentos superavitário cria reservas que permitem a uma

nação enfrentar dificuldades. Da mesma forma que as famílias (indivíduos) e

as empresas necessitam de um fundo de reservas, os países precisam de um

saldo de divisas para enfrentar problemas cambiais. Os cuidados aumentaram

com o progresso dos meios de comunicação e a popularização do uso dos

computadores, pois os mercados financeiros podem sofrer mudanças

repentinas, em apenas alguns minutos pode haver saques de valores

elevadíssimos.

Divisa: Qualquer valor comercial

sobre o estrangeiro que permita a efetuação de

pagamentos na forma de

compensação. Moratória em

termos econômicos pode ser de dois

sentidos: um sentido pode estar

relacionado ao direito tributário, e o outro, ao direito

internacional público, que

consiste no ato unilateral de um Estado declarar a

suspensão do pagamento dos serviços da sua dívida externa.

Competência 03

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Técnico em Logística

As reservas, geralmente, são compostas por divisas em ouro e DES (Direitos

Especiais de Saques). Estes direitos foram idealizados em 1967, entretanto,

somente em 1969 foi formalizada a sua criação. No ano seguinte (1970) teve

início a primeira distribuição desses direitos. Nessa ocasião o dólar, que era a

moeda-chave da economia mundial, passava por uma crise de confiança

muito grande, foi nesse momento que se pensou em criar uma moeda que o

substituísse. O DES guarda muita semelhança com a ideia de Keynes, de criar

uma moeda internacional, o Bancor, que seria gerida por um organismo

internacional.

De acordo com dados do Banco Central, as reservas cambiais estão em US$

377.203 milhões, posição em 04 de abril de 2014. Temos um confortável nível,

o país nunca teve um volume tão significativo de reservas em toda a sua

história. Diferentemente da nossa vizinha Argentina, que tem visto suas

reservas minguarem mês após mês. O cenário desse país é calamitoso,

contrasta com a situação brasileira. Podemos ver claramente por que estamos

longe de uma crise cambial.

O Banco Central publica, diariamente, dados sobre as reservas cambiais

brasileiras, abaixo estão umas figuras da página que mostra esses resultados:

Figura 3.7 - Site com a consulta das reservas Fonte: https://www.bcb.gov.br/?RESERVAS

Competência 03

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Economia Internacional

Figura 3.8 - Site com a consulta das reservas Fonte: https://www.bcb.gov.br/?RESERVAS

3.6.1 Nível Ideal de Reservas

De acordo com o FMI, os países precisam ter reservas de segurança. Visa fazer

face à:

Cobrir, no mínimo, três meses de importação; ou

Pelo menos dois terços dos déficits dos pagamentos externos em conta

corrente.

Jayme Maia (2004) ainda concorda que, para o caso brasileiro, as reservas

deveriam ser maiores do que o proposto pelo FMI:

Para poder corrigir algum desequilíbrio cambial, o governo precisa

tomar algumas medidas cujo efeito nem sempre é instantâneo;

Uma parte de nossas reservas foi formada por capitais estrangeiros

aplicados, a curto prazo, que poderão retornar ao exterior a qualquer

momento.

Atualmente no site do Banco Central a composição das reservas cambiais é a

que se segue na figura seguinte:

Competência 03

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Técnico em Logística

Figura 3.9 Fonte: https://www.bcb.gov.br/pec/sdds/port/templ1p.shtm

Competência 03

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Economia Internacional

GLOSSÁRIO

1 - Sinônimos de “Negócio” é Empreendimento, empresa (privada, pública e

de economia mista), sociedade comercial.

2 - Dividendos - Uma parcela do lucro apurado por uma sociedade anônima,

distribuída aos acionistas por ocasião do encerramento do exercício social, de

acordo, no Brasil, com o § 2º do art. 202 da Lei das Sociedades Anônimas (Lei

no 6.404, de 15 de dezembro de 1976).

3 - ONG - Significa um grupo social organizado, sem fins lucrativos, constituído

formal e autonomamente, caracterizado por ações de solidariedade no campo

das políticas públicas e pelo legítimo exercício de pressões políticas em

proveito de populações excluídas das condições da cidadania.

4 - Commodity é um termo de língua inglesa que significa, literalmente,

mercadoria. É utilizado para designar bens. Seu plural é commodities. Uma

commodity é um bem fungível, ou seja, é equivalente e trocável por outra

igual independentemente de quem a produz, como por exemplo, o petróleo,

a resma de papel, o leite, o cobre e os imóveis. Fungibilidade é o atributo

pertencente aos bens móveis que podem ser substituídos por outros da

mesma espécie, qualidade e quantidade. O dinheiro é o bem fungível por

excelência, dado que quando se empresta uma quantia a alguém (por

exemplo, R$100,00), não se está exigindo de volta aquelas mesmas cédulas,

mas sim um valor, que pode ser pago com quaisquer notas de Real (moeda).

(Wikipédia).

SIGLAS

BP- Balanço de Pagamentos

MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

FMI - Fundo Monetário Internacional

BACEN – Banco Central do Brasil

DR – Depositary Receipts

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Técnico em Logística

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Comemorativa, p. 7 - 29, out./2003. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/rcf/v14nspe/v14nspea01.pdf> Acesso em: 05 abr.

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Política. 5. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2001.

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MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia: princípios de micro e macro. 2

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Disponível em:

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Acesso em 15.04.2014.

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ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. 20. ed. São Paulo: Atlas,

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SOUZA, Nali de Jesus de. Economia Básica. São Paulo: Atlas, 2007.

VANCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de. 4. ed. 3. Reimpr. São Paulo:

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Técnico em Logística

MINICURRÍCULO DA PROFESSORA PESQUISADORA CONTEUDISTA: LARISSA

MAIA

Graduação (2005) em Ciências Econômicas (laureada) pela Faculdade Boa

Viagem (FBV) em Recife; Mestre (2010) em Gestão Empresarial também pela

mesma faculdade (FBV). Trabalhou por sete anos (2005 a 2012) como

Assessora Econômica da Agência de Desenvolvimento Econômico de

Pernambuco (AD Diper), na área de Inteligência Comercial (atraindo

investimentos nacionais e estrangeiros para o Estado de Pernambuco); na

ocasião recebeu treinamento do Banco Mundial durante dois anos e meio

para essa atividade. Foi compor uma equipe de economistas para também

assessorar um Ministro de Estado de Angola/África em assuntos econômicos e

criação de um Centro de Iniciação Científica, numa das maiores Universidades

de Angola, a IMETRO (Instituto Politécnico Metropolitano de Angola);

ministraria aulas também na mesma faculdade (Disciplina de Finanças

Internacionais). De 2010 a 2012 ministrou aulas nos cursos de Direito

(Disciplina de Introdução à Economia) e Turismo com ênfase em Gastronomia

(Economia do Turismo) na FBV e Faculdade Santa Helena (FSH). Mais

recentemente (2013) trabalhou como Gestora da Unidade de Produtos e

Serviços (UPS) da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE),

onde concebia eventos de capacitação para o empresariado industrial e

estudantes.

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