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TÉCNICA DE CORREÇÃO VIDEOLAPAROSCÓPICA DA RUPTURA DIAFRAGMÁTICA INDUZIDA EXPERIMENTALMENTE EM CÃES (Canis familiaris) DIOGO BENCHIMOL DE SOUZA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ OUTUBRO – 2007

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TÉCNICA DE CORREÇÃO VIDEOLAPAROSCÓPICA DA RUPTURA

DIAFRAGMÁTICA INDUZIDA EXPERIMENTALMENTE EM CÃES

(Canis familiaris)

DIOGO BENCHIMOL DE SOUZA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

OUTUBRO – 2007

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TÉCNICA DE CORREÇÃO VIDEOLAPAROSCÓPICA DA RUPTURA

DIAFRAGMÁTICA INDUZIDA EXPERIMENTALMENTE EM CÃES

(Canis familiaris)

DIOGO BENCHIMOL DE SOUZA

Dissertação apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal.

Orientador: Prof. Edmundo Jorge Abílio

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ OUTUBRO – 2007

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TÉCNICA DE CORREÇÃO VIDEOLAPAROSCÓPICA DA RUPTURA

DIAFRAGMÁTICA INDUZIDA EXPERIMENTALMENTE EM CÃES

(Canis familiaris)

DIOGO BENCHIMOL DE SOUZA

Dissertação apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal.

Aprovada em 18 de outubro de 2007 Comissão examinadora:

__________________________________________________________

Prof. André Lacerda de Abreu Oliveira (Doutor, Cirurgia Veterinária) - UENF

__________________________________________________________ Prof. Cláudio Baptista de Carvalho (Doutor, Clínica Médica Veterinária) - UENF

__________________________________________________________ Prof. Delta Madureira Filho (Doutor, Cirurgia Videolaparoscópica) - UFRJ

__________________________________________________________ Prof. Edmundo Jorge Abílio (Doutor, Cirurgia Veterinária) - UENF

(Orientador)

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ii

"Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram nem tomam em

consideração as condições dos animais."

Abraham Lincoln.

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iii

Aos

meus pais, que me ensinaram, entre outras coisas,

a discernir o certo e o errado,

DEDICO.

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iv

AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, pela

oportunidade e suporte.

À Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de

Janeiro, pela concessão de bolsa de estudos durante o Mestrado.

Ao Hospital Veterinário da UENF, pela confiança e disponibilização do espaço

e equipamentos para o experimento.

Ao Centro de Controle de Zoonoses do município de Vitória–ES, pela doação

dos cães utilizados no experimento.

Ao prof. Edmundo Jorge Abílio, orientador desta dissertação, pela amizade,

orientação e confiança depositada.

A todos os professores e colegas que contribuíram na minha formação.

Ao prof. Delta Madureira Filho e à sua equipe, pelo apoio e incentivo ao

interesse pela laparoscopia.

Aos amigos que se dedicaram integralmente ao experimento: Carlos Magno

Anselmo Mariano, Cristine Bezerra da Costa, Paulo Sérgio Cruz de Andrade Júnior e

Gabriela Correa Coelho.

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A todos os funcionários da UENF que me apoiaram, especialmente à

enfermeira Marília Cipriano pela eterna disponibilidade.

Aos amigos e colegas do Hospital Veterinário: Amanda de Ascenção Rocha,

Márcia Cristina, Letícia Leal de Oliveira, Felipp da Silveira Ferreira, Alessandra

Castello, Luiz Antônio Eckhardt, Melissa Paes Petrucci, Anderson Nunes Teixeira,

Marcella Braga da Silva, Carla Moreira Salavessa.

Aos irmãos, tios, primos, avós e a toda família.

À Roberta Pinto, pelo companheirismo e carinho.

A todos que não foram citados, mas que contribuíram de alguma forma.

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BIOGRAFIA

DIOGO BENCHIMOL DE SOUZA, filho de Marlene Benchimol e Wanderley de

Souza, nasceu em 4 de dezembro de 1982, na cidade de São Sebastião do Rio de

Janeiro – RJ.

Em 2005, graduou-se como Médico Veterinário pela Universidade Estadual do

Norte Fluminense Darcy Ribeiro.

Foi admitido, em setembro de 2005, no Curso de Pós-Graduação em

Produção Animal, Mestrado, Sanidade Animal, da Universidade Estadual do Norte

Fluminense Darcy Ribeiro, em Campos dos Goytacazes – RJ, submetendo-se à

defesa de tese para conclusão do curso em outubro de 2007.

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CONTEÚDO

LISTA DE TABELAS...................................................................................................ix

LISTA DE FIGURAS....................................................................................................x

RESUMO.....................................................................................................................xi

ABSTRACT................................................................................................................xiii

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................01

2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................02

2.1. Anatomia do diafragma do cão.................................................................02

2.2. Ruptura diafragmática..............................................................................03

2.2.1. Local de ruptura diafragmática...................................................03

2.2.2. Órgãos deslocados.....................................................................04

2.2.3. Patogênese.................................................................................04

2.2.4. Sinais clínicos............................................................................06

2.2.5. Diagnóstico.................................................................................07

2.2.6. Tratamento cirúrgico...................................................................08

2.2.7. Prognóstico.................................................................................10

2.3. Cirurgia laparoscópica.............................................................................11

2.3.1. Conceitos e princípios.................................................................11

2.3.2. Equipamentos.............................................................................12

2.3.3. Aplicações em medicina veterinária de pequenos animais........15

2.4. Cirurgia laparoscópica nas rupturas diafragmáticas................................17

3. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................21

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3.1. Animais.....................................................................................................21

3.2. Etapas do experimento.............................................................................22

3.3. Equipamento de videolaparoscopia.........................................................23

3.4. Pré e pós-operatório.................................................................................24

3.5. Anestesia..................................................................................................25

3.6. Manejo analgésico....................................................................................25

4. RESULTADOS..................................................................................................28

4.1. Criação da ruptura diafragmática.............................................................28

4.2. Correção da ruptura diafragmática...........................................................29

4.3. Pós-operatório e avaliação de dor............................................................33

4.4. Avaliação da correção da ruptura diafragmática......................................33

5. DISCUSSÃO.....................................................................................................35

6. CONCLUSÕES.................................................................................................41

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................43

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ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Incidência de deslocamento de órgãos abdominais para o interior do

tórax, em cães e gatos com rupturas diafragmáticas

traumáticas..............................................................................................05

Tabela 2. Incidência dos sinais clínicos apresentados por 48 cães e gatos com

ruptura diafragmática...............................................................................07

Tabela 3. Órgãos deslocados e presença de efusão pleural em cães após 15 dias

de ruptura diafragmática experimental....................................................29

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Incisão inicial na junção costo-frênica do diafragma canino com a

tesoura, Hospital Veterinário, UENF, 2007.............................................27

Figura 2. Ampliação da incisão no diafragma canino com o hook aplicando energia

monopolar, Hospital Veterinário, UENF, 2007........................................27

Figura 3. Tubo de polipropileno de 7 cm esticado para medir o defeito

diafragmático canino, Hospital Veterinário, UENF, 2007........................27

Figura 4. Presença de fígado canino congesto e efusão no interior do tórax,

Hospital Veterinário, UENF, 2007...........................................................31

Figura 5. Manobra de reposicionamento do fígado utilizando instrumental

laparoscópico fechado em cão, Hospital Veterinário, UENF, 2007.........31

Figura 6. Aplicação da sutura intra-corpórea para oclusão do defeito diafragmático

em cão, Hospital Veterinário, UENF, 2007..............................................32

Figura 7. Aspecto final da oclusão do defeito diafragmático canino suturado,

Hospital Veterinário, UENF, 2007...........................................................32

Figura 8. Cicatriz diafragmática em cão após 14 dias da realização da sutura,

Hospital Veterinário, UENF, 2007...........................................................32

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RESUMO

DE SOUZA, Diogo Benchimol, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; outubro de 2007; Técnica de correção videolaparoscópica da ruptura diafragmática induzida experimentalmente em cães (Canis familiaris); Professor Orientador: Edmundo Jorge Abílio. Professor Conselheiro: André Lacerda de Abreu Oliveira.

O presente trabalho visa testar a videolaparoscopia como técnica

minimamente invasiva de correção de rupturas diafragmáticas induzidas

experimentalmente no cão. Acredita-se que a técnica proposta permita o

reposicionamento das vísceras deslocadas e a sutura intra-corpórea do diafragma

proporcionando melhor recuperação dos animais. Seis cães machos adultos foram

submetidos à criação de uma ruptura do diafragma na junção costo-frênica esquerda

por acesso laparoscópico. Após 14 dias, os órgãos deslocados foram

reposicionados e o defeito diafragmático suturado por laparoscopia. Decorridos mais

14 dias, nova laparoscopia foi realizada para avaliação do diafragma. Em três

animais, foi possível realizar a sutura intracorpórea. Um animal veio a óbito após a

primeira cirurgia devido ao deslocamento e dilatação do estômago intra-torácico. Em

dois animais, não foi possível reposicionar o fígado com segurança, já que este se

encontrava friável; um desses animais veio a óbito devido a lesões no parênquima

hepático, e no outro animal foi realizada correção por laparotomia. Um animal que

teve seu defeito corrigido por laparoscopia apresentou deiscência da sutura

diafragmática após 14 dias. Todos os animais operados por laparoscopia

demonstraram excelente recuperação pós-operatória, ao contrário dos animais

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operados por laparotomia. A correção laparoscópica da ruptura diafragmática em

cães é passível de realização quando o fígado não se encontra friável.

Palavras-chave: cão; cirurgia minimamente invasiva; laparoscopia; ruptura

diafragmática.

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ABSTRACT

DE SOUZA, Diogo Benchimol, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; October, 2007; Technique of Videolaparoscopic correction of experimentally induced diaphragmatic rupture in dogs (Canis familiaris); Advisers: Edmundo Jorge Abílio; André Lacerda de Abreu Oliveira.

The aim of this study is to test the videolaparoscopic as a minimally invasive

technique of correction of induced diaphragmatic rupture in dog. We believe that the

proposed technique permits replacement of displaced viscera and intra-corporeal

suture of the diaphragm offering better recovery of the animals. Six adult male dogs

were submitted to diaphragmatic rupture on left costo-phrenic junction by

laparoscopic access. After 14 days displaced organs were replaced and the defect

sutured by laparoscopy. Passed 14 days a new laparoscopy was done to evaluate

the diaphragm. On three animals it was possible to perform the intracorporeal suture.

One animal died after the first surgery due to stomach displacement and dilatation

inside the thorax. On two animals it was not possible to replace the liver safely since

this organ was found friable; one of these animals died due to hepatic lesions and the

other laparotomy was performed. One animal that have the defect corrected by

laparoscopy presented dehiscence of the diaphragmatic suture after 14 days. All the

animals operated by laparoscopy showed excellent postoperative recovery, on the

contrary of those operated by laparotomy. Laparoscopic correction of diaphragmatic

rupture in dogs can be performed when liver is not friable.

Key-words: diaphragmatic rupture; dog; laparoscopy; minimally invasive surgery.

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1. INTRODUÇÃO

A videolaparoscopia é a técnica minimamente invasiva de visualização da

cavidade abdominal através de um endoscópio inserido por uma pequena abertura.

Apesar de estar sendo utilizada extensivamente na medicina humana, ainda não é

um método comum em Medicina Veterinária. Desde a primeira colecistectomia

videolaparoscópica em um humano, em 1987, a cirurgia videolaparoscópica foi

amplamente divulgada e aceita em todo o mundo, porém, apesar da popularidade do

método na medicina humana, é sabido que ainda esta-se acompanhando sua

introdução na Medicina Veterinária.

Acredita-se que o desenvolvimento de novas técnicas laparoscópicas seja um

fator de impulso para esse tipo de cirurgia, já que poucas são as operações

laparoscópicas bem estabelecidas em veterinária.

A ruptura diafragmática dos cães é uma afecção comumente encontrada,

decorrente dos traumatismos contusos abdominais. Seu tratamento requer o

reposicionamento das vísceras deslocadas e a sutura do defeito diafragmático, que

atualmente é abordado por laparotomia, toracotomia ou a combinação de ambas.

O presente trabalho visa testar a videolaparoscopia como técnica

minimamente invasiva de correção de rupturas diafragmáticas, induzidas

experimentalmente em cães. Acreditamos que a técnica proposta permita o

reposicionamento das vísceras deslocadas e a sutura intra-corpórea do diafragma,

proporcionando melhor recuperação dos animais.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Anatomia do diafragma do cão

O músculo diafragma é uma separação músculo-tendínea que isola os órgãos

abdominais e torácicos, participa da ventilação e desempenha certo papel no

movimento do líquido linfático (JOHNSON, 1998). É composto por três partes

musculares (costal, esternal e lombar) e uma forte área tendínea central cuja forma é

semelhante a um Y, por onde passa a veia cava, ligeiramente à direita da linha

média (POPESKO, 1977). Por possuir o formato de um arco ou domo, com a

convexidade no sentido do tórax, a superfície torácica é fortemente convexa e

encontra-se coberta por uma fáscia e a pleura. Já a superfície abdominal é côncava

e coberta, em sua maior parte, pela fáscia transversa e peritônio (GETTY, 1986).

A porção lombar consiste dos pilares diafragmáticos direito e esquerdo, cada

um destes inserindo-se ao ligamento longitudinal ventral das vértebras lombares. Por

entre os pilares, um anel fibroso forma o hiato aórtico, pelo qual passam a artéria

aorta, a veia ázigos e o ducto torácico. O pilar direito é o maior, e sua porção medial

passa um tanto à esquerda da linha média e circunda o esôfago, formando o hiato

esofágico (CLAIR, 1986).

Os músculos costais formam um folheto uniforme, originam-se da porção

tendínea do diafragma e inserem-se nas costelas. O músculo esternal é um músculo

medial ímpar que tem continuidade a partir dos músculos costais, origina-se do

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tendão central diafragmático e insere-se na base da cartilagem xifóide e cartilagens

das 8as costelas (JOHNSON, 1998).

A irrigação é feita principalmente pelas artérias frênicas principais, tributárias

das artérias frênico-abdominais; e a inervação é provida pelos nervos frênicos,

oriundos dos ramos ventrais do quinto, sexto e sétimo nervos cervicais (JOHNSON,

1998).

2.2. Ruptura diafragmática

2.2.1. Local de ruptura diafragmática

A incidência de rupturas do lado direito ou esquerdo varia conforme os

autores consultados; em uma série de casos, as rupturas aconteceram duas vezes

mais do lado direito (WILSON e HAYES, 1986); em outra série, esta diferença foi

menor, verificando-se rupturas do lado direito em 35% dos casos contra 22% do lado

esquerdo (GARSON et al., 1980); já segundo Al-Nakeeb (1971), as rupturas do lado

esquerdo aconteceram duas vezes mais do que as do lado direito. Rupturas

bilaterais ou centrais, inclusive envolvendo o tendão central e os músculos crurais,

foram observadas em 16% dos casos em duas séries independentes (GARSON et

al., 1980; WILSON e HAYES, 1986). Em humanos, o lado esquerdo é

reconhecidamente mais envolvido em rupturas diafragmáticas por trauma contuso,

tal fato é explicado pela proteção que o fígado oferece ao lado direito, distribuindo a

força por uma superfície diafragmática maior e diminuindo a pressão sobre um ponto

(SLIM et al., 1998; THOMAN et al., 2002; POJARLIEV et al., 2003).

As rupturas foram relatadas como sendo circunferenciais, radiais ou mistas.

As rupturas circunferenciais ou costofrênicas dão-se por descolamento do diafragma

das costelas e músculos intercostais e acontecem entre 47 e 75% dos casos, sendo

o tipo mais comum (GARSON et al., 1980; WILSON e HAYES, 1986; SULLIVAN e

REID, 1990). As rupturas radiais acontecem em 25 a 31% dos casos (GARSON et

al., 1980; SULLIVAN e REID, 1990), e rupturas mistas em 21 a 24% dos casos

(GARSON et al., 1980; SULLIVAN e REID, 1990).

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2.2.2. Órgãos deslocados

Diversos órgãos abdominais podem estar deslocados para o interior da

cavidade torácica através do diafragma rompido. As incidências de deslocamento de

cada órgão variam de autor para autor e estão apresentadas na Tabela 1. O fígado é

sem dúvida o órgão mais comumente deslocado nos animais com rupturas

diafragmáticas, o que leva a importantes alterações fisiológicas como a transudação

hepática tanto para o abdomem quanto para o tórax, diminuindo a capacidade de

expansão pulmonar e agravando a dispnéia (ROUDEBUSH e BURNS, 1979). As

alças intestinais e o estômago são outros órgãos freqüentemente deslocados para o

tórax, e nestes casos, pode acontecer o encarceramento deles e o impedimento do

trânsito do bolo alimentar causando obstrução e dilatação gástrica intratorácica

(JOHNSON, 1998).

2.2.3. Patogênese

A lesão diafragmática pode ser de origem direta ou indireta. Lesões diretas

são aquelas provocadas por traumatismo perfurante toraco-abdominal e por projéteis

de arma de fogo, e, ao contrário do que acontece na espécie humana, são

raramente a causa da ruptura diafragmática nos animais domésticos.

A lesão indireta ao diafragma dá-se quando há o aumento abrupto na pressão

abdominal, levando a deslocamento cranial das vísceras e rompendo o diafragma,

sendo esta aceita como a causa mais comum das rupturas diafragmáticas no cão e

no gato (BOUDRIEAU, 1996a).

Classicamente, aceita-se que a glote deve estar aberta no momento desse

aumento de pressão para que ocorra o rápido esvaziamento dos pulmões, de modo

a levar a um gradiente de pressão entre as cavidades abdominal e torácica,

resultando numa laceração diafragmática (JOHNSON, 1998). Segundo essa teoria,

nos casos em que a glote permanece fechada durante o aumento de pressão

abdominal, ocorre um aumento mais uniforme nas pressões torácica e abdominal,

gerando sustentação para o diafragma e aplicação de maior força sobre o

parênquima pulmonar, o que produz a lesão deste, causando pneumotórax

(BOUDRIEAU, 1996b).

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Tabela 1- Incidência de deslocamento de órgãos abdominais para o interior do tórax em cães e gatos com rupturas diafragmáticas traumáticas

AL-

NA

KE

EB

, 197

1

WIL

SO

N e

t al.,

197

1

WIL

SO

N

e H

AY

ES

,

1986

SU

LLIV

AN

e

RE

ID,

1990

Fígado 85% 78% 88% 73%

Intestino delgado 71% 63% 73% 63%

Estômago 64% 46% 53% 38%

Baço 57% 28% 38% 56%

Omento - 20% 34% 46%

Pâncreas - 13% - -

Intestino grosso - 12% - 10%

Rim - 3% - -

Útero - 1% - 1%

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Outra teoria é a de que a glote estando aberta ou fechada não influencia na

formação da ruptura diafragmática, pois o aumento súbito da pressão abdominal

gera um gradiente de pressão torácica-abdominal causando a laceração

(BOUDRIEAU, 1996a).

A condição para que tal gradiente ocorra é o traumatismo abdominal contuso.

O trauma de origem automobilística é o mais freqüentemente observado como

causador, respondendo por 82% dos casos. Brigas entre cães (5%), quedas de

alturas (2%) e causas desconhecidas (11%) são outras causas relatadas como

precedentes às rupturas diafragmáticas (BOUDRIEAU e MUIR, 1987).

2.2.4. Sinais clínicos

Garson et al. (1980) mencionaram que 83% dos animais com rupturas

diafragmáticas apresentavam sinais de dispnéia. Essa e as demais incidências de

sinais clínicos estão apresentadas na Tabela 2. Diferentes graus de dispnéia,

hiperpnéia e cianose são decorrentes da diminuição do volume tidal (WILSON et al.,

1971). Animais com ruptura diafragmática crônica parecem compensar a dificuldade

respiratória e geralmente apresentam sinais como tosse intermitente, intolerância ao

exercício, vômitos, letargia, perda de peso e engasgos (WILSON et al., 1971;

MINIHAN et al., 2004).

Diminuição ou abafamento dos sons pulmonares à auscultação torácica em

um ou nos dois lados do tórax pode ser indicativo de ruptura diafragmática, quando

descartadas as possibilidades de pneumotórax, hidrotórax ou tumores (WILSON et

al., 1971; JOHNSON, 1998). A auscultação de borborigmo torácico é achado

incomum mas indicativo da presença de intestino e/ou estômago intratorácico. Em

um estudo em que 14% dos animais portadores de ruptura diafragmática

apresentaram borborigmos torácicos, 68% possuíam estômago e/ou intestinos

deslocados para o tórax (WILSON et al., 1971). À percussão torácica, a presença de

efusão pleural ou de órgãos sólidos (como o fígado) no tórax provocam

hiporessonância, enquanto a presença do estômago distendido por gás provoca

hiper-ressonância ou timpanismo (JOHNSON, 1998). Ascites e hidrotórax foram

verificados em 22% dos animais acometidos em uma série (WILSON et al., 1971).

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Tabela 2- Incidência dos sinais clínicos apresentados por 48 cães e gatos com ruptura diafragmática. (GARSON et al., 1980)

Sinal clínico Incidência

Dispnéia 83%

Anorexia 62%

Diminuição do conteúdo abdominal 43%

Mucosas hipocoradas 35%

Dor abdominal 12%

Vômitos 8%

Constipação 8%

Borborigmos 8%

2.2.5. Diagnóstico

O diagnóstico definitivo da ruptura diafragmática é feito por radiografias

torácicas ou ultra-sonografia (FOSSUM, 2002). Deve-se evitar o estresse pela

contenção mecânica e o uso de sedativos, dadas as condições respiratórias dos

pacientes, e geralmente uma posição látero-lateral é suficiente para o diagnóstico

(SULLIVAN e LEE, 1989). Os achados radiográficos mais comuns são a perda da

linha diafragmática, perda da silhueta cardíaca, colapso pulmonar, efusão pleural,

sombra hepática ou esplênica no tórax, evidências de alças intestinais ou estômago

no tórax e ascite (SULLIVAN e LEE, 1989; FOSSUM, 2002).

Diversas técnicas radiográficas contrastadas podem ser utilizadas quando há

suspeita de ruptura diafragmática não confirmada pela radiografia simples:

celiografias de contraste positivo, pneumoperitoniografias, angiografias seletivas, e

estudos contrastados do sistema digestivo alto foram descritas (FARROW, 1983;

STICKLE, 1984; SULLIVAN e LEE, 1989; FOSSUM, 2002).

Para os casos em que apenas o fígado esteja deslocado e a efusão pleural

dificultem o diagnóstico radiográfico, foi proposto o uso da ultra-sonografia torácica

com avaliação da silhueta diafragmática e da presença de órgãos abdominais no

tórax (FOSSUM, 2002).

A videolaparoscopia tem sido utilizada para o diagnóstico de rupturas

diafragmáticas não-visíveis ao exame radiográfico simples em humanos com

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sucesso, permitindo também a sua correção cirúrgica (MATZ et al., 2000). Em um

estudo realizado em cães, a videolaparoscopia foi capaz de identificar rupturas

diafragmáticas experimentais com sucesso (BECK et al., 2004a).

2.2.6. Tratamento cirúrgico

Diversas abordagens cirúrgicas podem ser utilizadas para a correção da

ruptura diafragmática nos cães e gatos (BUTLER, 1957; STOKHOF, 1986; RAISER,

1995; JOHNSON, 1998).

A laparotomia na linha mediana é o acesso preferido pela maioria dos

autores, pois permite acesso a todo o diafragma; está associada à menor dor pós-

operatória quando comparada a outras técnicas; é facilmente realizada, não

requerendo instrumentos especiais; permite a exploração dos órgãos abdominais

(que freqüentemente possuem lesões concomitantes à ruptura diafragmática);

permite a extensão para esternotomia mediana, caso se faça necessário, e pode ser

utilizada para rupturas em qualquer parte do diafragma, não necessitando de

localização pré-operatória do defeito diafragmático. As desvantagens da técnica são

a maior dificuldade de sutura do diafragma, quando comparada à toracotomia, e a

dificuldade de dissecção de aderências intratorácias (RAISER, 1995; BOUDRIEAU,

1996a; JOHNSON, 1998; FOSSUM, 2002)

A toracotomia no oitavo ou nono espaço intercostal é preferida por alguns

cirurgiões por propiciar excelente acesso ao diafragma, facilidade de redução dos

órgãos deslocados e dissecção de aderências intratorácicas, porém somente um dos

lados do diafragma é acessado, logo, para que tal técnica seja utilizada, o defeito

diafragmático deve ser identificado como unilateral. Outros aspectos negativos da

abordagem pela toracotomia intercostal são o aumento da dor pós-operatória e a

não-exploração dos órgãos abdominais (STOKHOF, 1986; RAISER, 1995;

BOUDRIEAU, 1996a; JOHNSON, 1998).

Outras técnicas que podem ser utilizadas são a esternotomia mediana

sozinha ou em combinação à laparotomia mediana; toracotomia transesternal e

laparotomia paracostal (BUTLER, 1957; STOKHOF, 1986; RAISER, 1995;

JOHNSON, 1998).

Exposto o diafragma, efusões pleurais ou peritoneais devem ser drenadas

para facilitar a visualização e a realização das manobras cirúrgicas. Todo diafragma

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deve ser inspecionado, visto que podem ocorrer rupturas múltiplas do órgão. Os

órgãos deslocados devem ser sutilmente reposicionados. Cuidado especial deve ser

tomado com o fígado e baço deslocados que podem estar friáveis. Quando o defeito

no diafragma for menor do que o necessário para a passagem dos órgãos

deslocados, deve-se aumentar ventralmente o defeito, permitindo assim o

reposicionamento dos órgãos. Aderências entre os órgãos abdominais e torácicos

devem ser cuidadosamente desfeitas para que se evite a ocorrência de

pneumotórax por perfuração pulmonar iatrogênica; quando necessária, a abordagem

abdominal deve ser estendida à esternotomia mediana. Caso não seja possível

desfazer as aderências com segurança, optar-se-á pela ressecção parcial de um dos

órgãos aderidos (RAISER, 1995; JOHNSON, 1998).

Após o reposicionamento dos órgãos, o defeito diafragmático deve ser

suturado sob visualização direta, para tal, padrões de suturas simples ou separadas,

de diferentes tipos de fios podem ser utilizados (BOUDRIEAU,1996a). Os fios

multifilamentares são preferíveis aos monofilamentares, por serem mais macios e

suas pontas causarem menos irritação aos órgãos (JOHNSON, 1998). Nos casos de

rupturas costo-frênicas (avulsão do diafragma a partir das costelas), a sutura pode

ser passada por trás de uma costela, para maior reforço (JOHNSON, 1998;

FOSSUM, 2002).

Diversos tipos de enxerto foram descritos para o fechamento de defeitos

diafragmáticos, apesar de raramente serem necessários. Flapes do músculo

transverso do abdômem (HELPHREY, 1982), músculo reto do abdômen (FARIA et

al., 2000), músculo grande dorsal (BARREIROS et al., 1996; OLIVEIRA et al., 2000),

omento maior (BRIGHT e THACKER, 1982), enxerto de pericárdio autólogo (PINTO

FILHO et al., 2003), enxerto de pericárdio bovino conservado em solução

hipersaturada de açúcar (MAZZANTI et al., 2003), enxerto de músculo diafragma

homólogo conservado em solução hipersaturada de açúcar (MAZZANTI et al., 2001),

enxerto de peritônio bovino conservado em glicerina (DALECK et al., 1988) e enxerto

de pericárdio homólogo tratado com compostos poliepoxi (MATSUMOTO et al.,

1996) são alguns dos inúmeros métodos de enxertia testados para a reconstituição

diafragmática.

O pneumotórax causado pela abertura da cavidade abdominal em

comunicação com o tórax ou pela abertura direta do tórax deve ser corrigido por

meio da insuflação dos pulmões durante o aperto da última sutura, ou drenagem do

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tórax intermitente ou contínua (RAISER, 1995; BOUDRIEAU, 1996a; JOHNSON,

1998).

2.2.7. Prognóstico

O prognóstico para os cães acometidos por uma ruptura traumática do

diafragma é reservado, já que o índice de sobrevida após o diagnóstico varia entre

53% e 90% (GARSON et al., 1980; SULLIVAN e REID, 1990).

As principais causas de óbitos pré-operatórios foram atribuídas à overdose de

anestésicos (3 animais) e dilatação de estômago intratorácico (2 animais); no

transoperatório e nas primeiras 24 horas pós-operatórias, foram atribuídas a

pneumotórax (7 animais), edema pulmonar (4 animais) e hemotórax (3 animais).

Todos os óbitos ocorridos após as primeiras 24 horas pós-operatórias decorreram de

complicações intestinais (GARSON et al., 1980).

Alguns pontos críticos foram identificados como fundamentais para um menor

índice de óbitos: avaliação das condições vitais do paciente no momento de sua

apresentação hospitalar e estabilização inicial antes da contenção para o exame

radiográfico, que deve ser feito com o mínimo de estresse possível e com suporte de

oxigenação quando necessário; oxigenação antes da indução, que deve ser feita de

maneira rápida e com a dose mínima necessária do agente indutor escolhido e

seguida de rápida entubação oro-traqueal e suporte ventilatório; manipulação

atraumática das vísceras e identificação de lesões em outros órgãos além do

diafragma; drenagem adequada do pneumotórax, não se utilizando de pressões

intrapulmonares excessivas; e terapia pós-operatória adequada, com repouso

absoluto nos primeiros dias e auscultas torácicas periódicas para rápida identificação

e tratamento de pneumotórax, edema pulmonar e hemotórax (GARSON et al., 1980;

SULLIVAN e REID, 1990; JOHNSON, 1998; FOSSUM, 2002).

O prognóstico torna-se excelente para animais que sobreviveram e passam

bem após as primeiras 24 horas pós-operatórias (FOSSUM, 2002).

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2.3. Cirurgia laparoscópica

2.3.1. Conceitos e princípios

O objetivo primário das operações terapêuticas é a restauração da estrutura e

da função do órgão e/ou sistema. Em todas as cirurgias e, especialmente, quando

se operam tecidos desvitalizados, cirurgiões devem tomar todas as medidas para

não causarem danos adicionais que possam interferir no processo de reparação

tecidual (PETTIT, 1999).

Em 1913, Halsted já destacava a importância da manipulação suave dos

tecidos (SPIRLING e DANIELS, 2002), e, em 1927, Bradshaw apontava suas

impressões sobre o manejo gentil dos tecidos: “Agora o bem-estar do paciente é a

nossa primeira consideração, não o bem-estar dos nossos bolsos ou nossa fama

como operador. No sentido de melhor conservar este bem-estar em nossos

trabalhos cirúrgicos, temos que ter em mente sempre que cada ferida é como uma

planta sensível. Ela responde ao tratamento gentil e ressente a brutalidade.”

(BRADSHAW Apud PETTIT, 1999). As diversas formas de cirurgia minimamente

invasiva nada mais são do que a aplicação mais moderna dos princípios levantados

por Halsted e Bradshaw no século passado.

A videolaparoscopia é uma técnica minimamente invasiva que permite a

visualização da cavidade abdominal a partir de um endoscópio rígido. As cirurgias

videolaparoscópicas são realizadas através de pequenas incisões por onde são

introduzidos os trocartes e, por dentro destes, os intrumentos (FREEMAN, 1999a).

Para que se possa criar um espaço entre as vísceras e a parede abdominal, é

necessário que se insufle a cavidade com um gás (mais comumente CO2), o que

causa efeitos adversos que devem ser considerados (FREEMAN, 1999a).

Em medicina humana, a vantagem fundamental da cirurgia minimamente

invasiva sobre a cirurgia “aberta” é a diminuição do trauma tecidual provocado,

resultando em menos morbidade pós-operatória, menor dor, menores períodos de

internação, retorno precoce às atividades normais, menor ocorrência de infecção,

além de melhores resultados estéticos e, em alguns casos, menor custo total do

procedimento. Tais vantagens são bem estabelecidas para alguns procedimentos

como a colecistectomia laparoscópica, que hoje é considerada padrão ouro para o

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tratamento cirúrgico das doenças da vesícula biliar em humanos. Embora ainda seja

escassa a literatura, acredita-se que muitas dessas vantagens também são

alcançadas em Medicina Veterinária (FREEMAN, 1999a).

As respostas fisiológicas provocadas pelo estresse cirúrgico dos

procedimentos abertos e laparoscópios têm sido comparadas utilizando-se diversos

métodos; e, em vários estudos, a videolaparoscopia provocou menores respostas

orgânicas aos indivíduos, de uma maneira geral (BUUNEN et al., 2004; CREMA et

al., 2005).

A colecistectomia laparoscópica em humanos provocou menor aumento e

retorno mais rápido aos valores basais de catecolaminas, cortisol e glicose que a

cirurgia convencional (SCHAUER e SIRINEK, 1995). Outros parâmetros, como os

valores de Interleucina-6, proteína C reativa, leucocitose, taxa de sedimentação

eritrocitária e mediadores de radicais livres, foram todos menores nas

colecistectomias laparoscópicas (ROUMEN et al, 1992; GAL et al., 1997;

JABERANSARI et al., 1997; SARI e SEVINC, 2004).

Após colectomias laparoscópicas, suínos responderam 20% melhor a testes

de reações de hipersensibilidade tardias, quando comparados àqueles submetidos à

colectomias abertas (BESSLER et al., 1994). Allendorf et al. (1995) mostraram que

tumores crescem mais rapidamente após laparotomias do que após laparoscopias. A

nefrectomia laparoscópica proporcionou menor aumento do fator de necrose tumoral

e concentrações peritoniais de interleucina 6, provavelmente indicando menor

interferência no sistema imune (MATSUMOTO et al., 2005; YODER e WOLF, 2005).

O retorno à motilidade gastrointestinal normal foi mais rápido após cirurgias

laparoscópicas (colecistectomia e colectomia) do que após cirurgias abertas

(SCHIPPERS et al., 1992; LUDWIG et al., 1993; HOTOKEZAKA et al., 1996;

DAVIES et al., 1997). A ocorrência de aderências abdominais e hérnias também foi

reduzida após cirurgias laparoscópicas (LUCIANO et al., 1989; WITTGROVE et al.,

1996).

2.3.2. Equipamentos

Os equipamentos utilizados em videolaparoscopia estão divididos em quatro

sistemas principais: Luz e Imagem, Insuflação, Instrumentação, e Acessórios

(irrigação e aspiração, hemostasia, gravação de imagem) (RICHTER, 2001).

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O sistema de luz e imagem é formado por uma fonte de luz, um cabo de fibra

óptica, um endoscópio rígido (telescópio ou laparoscópio), uma microcâmera e um

monitor de vídeo (RICHTER, 2001).

A fonte de luz deve ser forte o suficiente para iluminar uma grande cavidade,

como um abdômen de um animal de 60 Kg. Idealmente, uma fonte de luz Xenon de

300 Watts é utilizada, porém fontes de luz halógena de 150 Watts são adequadas

para a maioria das situações (RICHTER, 2001). Dependendo da qualidade de todo o

equipamento de luz e imagem utilizado, menores potências de luz são necessárias;

câmeras de qualidade superior requerem menor potência de luz, porém cabos de

fibra óptica com fibras quebradas necessitam de maior potência.

O cabo de fibra óptica é o responsável pela transmissão da luz desde a fonte

até o endoscópio. A luz que chega ao endoscópio é tão boa quanto for o cabo de

fibra óptica que a transmite; neste sentido, este cabo não deve possuir fibras

rompidas. Caba fibra que se rompe deixa de transmitir um ponto de luz; quando

várias fibras “vizinhas” se rompem, podem-se observar pontos negros na imagem

(FREEMAN, 1999b).

O endoscópio ou telescópio, que nessa situação pode ser chamado de

laparoscópio, celioscópio ou pelvioscópio, é formado por um conjunto de lentes em

bastões com mínima quantidade de ar entre estas e circundado por fibras ópticas.

Podem ser encontrados com diâmetros que variam de 1,7 mm até (o mais

comumente usado) 10 mm, sendo que quanto maior seu diâmetro, melhor é a

resolução da imagem gerada pelo endoscópio (FREEMAN, 1999b). Podem ainda ser

encontrados com ângulos de visão de 0, 30 ou 45 graus de inclinação.

As microcâmeras de alta qualidade “charge coupled device” (CCD) foram o

divisor de águas que determinou o advento da laparoscopia moderna, permitindo

que todos os membros da equipe cirúrgica visualizassem o campo operatório tão

bem quanto o cirurgião; tornou possível, ainda, que o cirurgião tenha as duas mãos

livres para realizar as manobras cirúrgicas, já que a câmera pôde, então, ser

operada por um assistente (BIRKETT, 2005). As câmeras mais utilizadas usam um

ou três chips para converter a imagem em um sinal eletrônico que pode ser

processado e enviado ao monitor. Câmeras de um chip geram uma imagem de 450

linhas de resolução, enquanto que câmeras de três chips geram 600 a 700 linhas de

resolução (FREEMAN, 1999b).

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O monitor utilizado deve ter a resolução compatível com a câmera utilizada

(400 linhas para câmeras de um chip e 700 linhas para câmeras de três chips) e ser

posicionado em frente ao cirurgião, em altura confortável (FREEMAN, 1999b).

Para melhor visualização, o abdômen deve ser insuflado para se criar um

espaço entre a parede abdominal e as vísceras. O dióxido de carbono (CO2) é o gás

rotineiramente utilizado, que é introduzido na cavidade abdominal através de uma

agulha de Veres ou um trocarte (JONES, 1990). A quantidade de gás fornecido é

mantida por um insuflador automático. Este insuflador regula também a velocidade

da entrada de gás e a pressão da cavidade que deve ser mantida entre 10 e 15

mmHg, a qual é ajustada previamente pelo cirurgião; caso ocorra perda de gás

durante o procedimento, o insuflador automaticamente fornecerá mais gás para que

seja mantida a pressão ajustada na cavidade (FREEMAN, 1999b).

Todos os instrumentais e o telescópio são introduzidos na cavidade por

dentro das cânulas, também chamadas de portais. Essas cânulas são parte de um

trocarte (cânula e obturador) que, após introduzido na cavidade, tem sua parte

interna (obturador) removida. O obturador usualmente possui uma ponta afiada ou

cortante que facilita a sua introdução através da musculatura e fáscias abdominais.

As cânulas para laparoscopia possuem uma válvula interna que não permite a perda

de gás quando não esta inserido nenhum instrumental, e um vedante de silicone que

impede a perda de gás ao redor de um instrumento introduzido. Além disso,

possuem válvulas laterais para entrada de gás. Trocartes reutilizáveis ou

descartáveis, de vários modelos e fabricantes, estão disponíveis no mercado

(FREEMAN, 1999b).

Os trocartes utilizados possuem vários tamanhos, sendo os mais comuns de

6 e 11 mm. Redutores podem ser utilizados quando se deseja inserir um instrumento

de 6 mm em um trocarte de 11 mm sem que haja perda do pneumoperitônio

(FREEMAN, 1999b).

Grande parte dos instrumentos utilizados em cirurgia aberta tem seu

equivalente em cirurgia laparoscópica (tesouras, pinças, porta-agulhas), porém

outros instrumentos são especialmente desenhados para este uso (Hook,

empurradores de nó). Os instrumentos possuem uma longa e fina haste (20 cm),

para que possam alcançar as partes mais profundas da cavidade, penetrando por

um pequeno orifício; uma empunhadura (que pode ser de diversos tipos) e uma

ponta que de fato caracteriza o instrumento. A maioria dos instrumentos possui

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revestimento apropriado, para que possam ser utilizados com eletrocoagulação

monopolar, e detém uma entrada para o cabo do aparelho de eletrocoagulação

(FREEMAN, 1999b).

Os acessórios mais comumente utilizados são os aparelhos auxiliares de

hemostasia através da eletricidade, ultra-som e laser. Considerando a maior

dificuldade em se controlar uma hemorragia durante uma cirurgia laparoscópica e a

perda da claridade quando existe presença de sangue na cavidade, é fundamental

que se tome cuidado redobrado com a hemostasia durante uma cirurgia

laparoscópica. Apesar da eletrocoagulação ser o método mais barato e mais

freqüentemente disponível, outros métodos como o laser e o ultra-som têm sido

crescentemente utilizados (THOMPSON e POTTER, 1999).

A aspiração e irrigação da cavidade são realizadas por meio de uma cânula

apropriada conectada a frascos de solução fisiológica elevados, e sistemas

convencionais de aspiração cirúrgica. Aparelhos específicos que aspiram e instilam

solução fisiológica sob pressão também podem ser usados (FREEMAN, 1999b).

Sistemas de gravação da imagem são freqüentemente usados e constituem

outra grande vantagem da videocirurgia, fazendo com que todo o procedimento

possa ser revisto posteriormente. Videocassetes, gravadores de DVD ou

computadores podem ser utilizados para tal.

2.3.3. Aplicações em medicina veterinária de pequenos animais

A videolaparoscopia tem sido aplicada em diversas áreas da Medicina

Veterinária de animais de companhia. Certamente, as primeiras utilizações

buscavam somente a exploração da cavidade para fins diagnósticos. A laparoscopia

exploratória tem sido utilizada por permitir a visualização de, virtualmente todos os

órgãos abdominais e o diagnóstico de diferentes afecções, propiciando menor

trauma, quando comparada à cirurgia aberta (laparotomia exploratória) (WILDT et

al., 1977; SCHOSSLER, 1998). Outro aspecto positivo a ser destacado é o

diagnóstico e monitoração de neoplasias, que auxiliam na determinação do

prognóstico e podem influir na decisão da eutanásia. A laparoscopia exploratória é

um exame minimamente invasivo, de baixo custo, que auxilia no diagnóstico e

prognóstico de diversas afecções, permitindo ainda a coleta de amostras de diversos

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órgãos para exames histopatológicos e microbiológicos (JOHNSON e TWEDT,

1977).

A obtenção de amostras para biópsias de diversos órgãos é outra aplicação

da videolaparoscopia na medicina de pequenos animais. Diversos autores relataram

as vantagens da coleta de amostras renais, hepáticas, pancreáticas e esplênicas em

cães e gatos (GRAUER et al., 1983; BUNCH et al., 1985; JONES et al., 1985; WISE

et al., 1989; HARMOINEM et al., 2002; RAWLINGS et al., 2003; VADEN, 2005;

BARNES et al., 2006).

A ovariosalpingohisterectomia (pan-histerectomia), a ovariectomia e outras

técnicas de castração laparoscópicas foram diversamente descritas e já são

realizadas rotineiramente em alguns hospitais, apresentando resultados promissores

quanto à diminuição da dor e à recuperação pós-operatória dos animais (WILDT e

LAWLER, 1985; FREEMAN e HENDRICKSON, 1999; AUSTIN et al., 2003;

DAVIDSON et al., 2004; DEVITT et al., 2005; HANCOCK et al., 2005; VAN

NIMWEGEN et al., 2005). O diagnóstico e tratamento de outras afecções obstétricas

como a piometra (MINAMI et al., 1997) e a síndrome do ovário remanescente

também têm sido realizados com sucesso em alguns hospitais veterinários.

A vasectomia laparoscópica pode ser realizada com sucesso em cães e

gatos, porém não é técnica de rotina. A videolaparoscopia tem mostrado excelentes

resultados na localização e remoção de testículos intra-abdominais em cães

(MILLER et al., 2004; LEW et al., 2005b).

Embora a herniorrafia inguinal laparoscópica tenha sido realizada em alguns

cavalos, em cães não existem casos clínicos relatados (THOMPSON e

HENDRICKSON, 1999). Talvez o baixo custo, a facilidade de execução e a rápida

recuperação pós-operatória da herniorrafia pela técnica aberta tornem o

procedimento laparoscópico pouco atrativo. A colopexia, cistopexia e vasopexias

laparoscópicas são descritos como procedimentos auxiliares à correção da hérnia

perineal e foram recomendados para cães com hérnias bilaterais, recidivantes ou

complicadas (THOMPSON e HENDRICKSON, 1999; BRISSOT et al., 2004). A

correção de rupturas de diafragma experimentais foi realizada com sucesso em

cães, aparecendo como técnica promissora para correção das hérnias

diafragmáticas traumáticas dos cães e gatos (BECK et al., 2004a).

Algumas técnicas minimamente invasivas de gastropexia foram descritas com

sucesso para a prevenção da síndrome dilatação vólvulo gástrico dos cães

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(RAWLINGS, 2002). Outro estudo clínico mostrou que a técnica de gastrotomia para

remoção de corpos estranhos em cães foi eficaz (LEW et al., 2005a). Embora

diversas técnicas de ressecção e anastomose intestinais tenham sido realizadas

experimentalmente, não foram encontrados relatos clínicos de tais procedimentos

(FREEMAN et al., 1999).

A correção laparoscópica de “shunts” porto-sistêmicos, em dois cães, foi

realizada com sucesso pela técnica de colocação de banda de celofane ao redor do

vaso aberrante (MILLER e FOWLER, 2006).

Não existem relatos de casos clínicos de esplenectomias videolaparoscópicas

em cães ou gatos, apesar desta já ter sido realizada experimentalmente com

sucesso (THIBAULT et al., 1992). Acredita-se que a cirurgia minimamente invasiva

poderá em breve ter papel importante nas cirurgias esplênicas dos animais de

companhia.

A nefrectomia laparoscópica foi realizada em um cão portador de

Dyoctophyma renale. Segundo os autores, a nefrectomia laparoscópica mostrou-se

apropriada para tal afecção (BRUN et al., 2002). A correção de ruptura de bexiga foi

realizada em um potro pela aplicação de grampos inabsorvíveis através de um

grampeador linear, porém este animal desenvolveu urólitos vesicais dez meses após

a cirurgia (EDWARDS et al., 1995). Possivelmente, o uso de sutura intracorpórea

com fios absorvíveis traga melhores resultados a longo prazo (RUDD e

HENDRICKSON, 1999). Deduz-se que animais portadores de afecções renais com

indicação para nefrectomia ou rupturas de bexiga poderão ser beneficiados pela

cirurgia videolaparoscópica.

2.4. Cirurgia laparoscópica nas rupturas diafragmáticas

O uso da laparoscopia como método diagnóstico das rupturas diafragmáticas

traumáticas é relativamente antigo; foi descrito por Adamthwaite, em 1984, antes

mesmo das primeiras colecistectomias laparoscópicas. No Brasil, em 1993 Zantut et

al. usaram a laparoscopia para diagnosticar uma ruptura diafragmática bilateral

decorrente de trauma abdominal contuso em um homem de 33 anos.

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Mas somente em 1994, houve o primeiro relato de tratamento de ruptura

diafragmática por laparoscopia. Frantzides e Carlson (1994) utilizaram a técnica para

diagnosticar e tratar uma ruptura diafragmática decorrente de trauma penetrante. No

ano seguinte, foi relatado um caso de diagnóstico e tratamento de uma ruptura do

diafragma próxima ao bordo costal (RASIAH E CROWE, 1995). Neste caso, diversas

abordagens radiográficas falharam em diagnosticar a lesão, que foi corrigida com

sutura percutânea. Ugazzi e Chiriboga (1996) utilizaram a laparoscopia para reduzir

e suturar uma ruptura diafragmática decorrente de trauma contuso torácico, em uma

menina de oito anos de idade, diagnosticada por métodos radiográficos. Estes

autores relataram as vantagens do método, que permitiu alta hospitalar com 48

horas de pós-operatório. Neste mesmo ano, Horstmann et al. (1996) relataram dois

casos diagnosticados e tratados por laparoscopia sem nenhuma complicação trans

ou pós-operatória associada à técnica laparoscópica, mas uma recuperação pós-

operatória incrivelmente rápida. Thalmann e Feigel (1997) relataram o tratamento

laparoscópico de uma ruptura diafragmática antiga (provavelmente decorrente de

acidente automobilístico há sete anos), em que havia encarceramento colônico.

Só a partir de 1997 apareceram os primeiros relatos do uso da laparoscopia

para o tratamento de uma ruptura diafragmática no Brasil (DOMENE et al., 1997;

DOMENE et al., 1998). Em 1998, foi utilizada uma tela de polipropileno para

correção de um grande defeito no diafragma de um homem de 53 anos de idade que

havia sofrido trauma torácico contuso treze meses antes (SLIM et al., 1998). Embora

Kamelgard et al. (1999) tenham usado com sucesso a toracoscopia como método

minimamente invasivo para correção de uma ruptura diafragmática com

encarceramento de órgãos, tal abordagem não tem tido a preferência dos cirurgiões.

Diversos outros artigos relatam o uso da laparoscopia para o diagnóstico e

tratamento de rupturas diafragmáticas agudas e crônicas, pequenas e grandes, em

ambos os lados do diafragma; em todos eles, destaca-se a recuperação precoce dos

pacientes (GONZALEZ-RAPADO et al., 1997; RAAKOW et al., 1999; MATZ et al.,

2000; MEYER et al., 2000; SCHNEIDER et al., 2000; SMITH et al., 2000; CUETO et

al., 2001; FRANTZIDES et al., 2003; POJARLIEV et al., 2003; ROSSETTI et al.,

2005; WADHWA et al., 2005). Em 2001, Lomanto et al. utilizaram uma abordagem

toracoscópica e laparoscópica para tratamento de uma ruptura diafragmática

traumática.

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Abordando 17 pacientes com rupturas diafragmáticas, Matthews et al. (2003)

necessitaram converter o procedimento para laparotomia em quatro pacientes; dois

deles apresentavam grandes rupturas (maiores que 10 cm) perto do hiato esofágico,

e outros dois apresentavam rupturas que envolviam o hiato esofágico.

Thoman et al. (2002) resumiram que a maioria das correções de rupturas

diafragmáticas laparoscópicas, até então, ocorria em situações emergenciais,

quando o método fora utilizado para exploração cavitária após um traumatismo

penetrante. Laparoscópios com ângulos de 30 ou 45 graus são essenciais para a

boa visualização. Pelo menos dois outros portais são necessários para a sutura, mas

não devem ser evitados portais de 6 mm adicionais para o afastamento das vísceras

e a boa exposição do defeito. Suturas interrompidas ou contínuas, com diferentes

tipos de fio têm sido utilizadas, e parece prevalecer a preferência pessoal do

cirurgião.

O pneumotórax é uma condição óbvia nas rupturas diafragmáticas, porém

seus sintomas normalmente são mínimos e podem ser diminuídos pela utilização de

baixas pressões do pneumoperitônio e instituição de pressão positiva no final da

expiração (PEEP) (THOMAN et al., 2002). O pneumotórax de tensão ocorreu em

um paciente portador de ruptura diafragmática, numa série de 24 pacientes (FABIAN

et al., 1993), e em outro paciente, em uma série de 17 portadores de rupturas

diafragmáticas (IVATURY et al., 1993). Ambos os casos foram rapidamente

diagnosticados e bem resolvidos mediante descompressão por tubo de

toracostomia.

Supõe-se que o tamponamento da lesão por órgãos próximos ou por

aderências intratorácicas impeça a passagem total ou parcial do CO2 para o tórax

em algumas hérnias (THOMAN et al., 2002). O pneumotórax a uma pressão máxima

de 10 mmHg foi recomendado para a realização de toracoscopias sob insuflação

torácica (REMEDIOS e FERGUNSON, 1996), porém, sabe-se que, em cães,

parâmetros como a saturação parcial de O2, o débito cardíaco, a pressão arterial

sistólica e diastólica e a pressão venosa central diminuem sob pressões

intratorácicas menores (DALY et al., 2002).

Outras doenças do diafragma como hérnias de Morgagni-Larrey, displasias

congênitas e paralisias iatrogênicas do nervo frênico foram tratadas por acesso

laparoscópico com sucesso (HUTTL et al., 2002).

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Em Medicina Veterinária, as técnicas minimamente invasivas não têm sido

usadas rotineiramente nas doenças do diafragma. Segundo Thompson e

Hendrickson (1999), a insuflação abdominal de animais suspeitos de lesões

diafragmáticas é contra-indicada haja vista que criaria um pneumotórax de tensão,

porém este último não parece ser um problema comum nos pacientes humanos

operados.

Malone et al. (2001) utilizaram a toracoscopia para localizar um defeito

diafragmático em um garanhão e decidir sobre qual a melhor abordagem. Em um

estudo foram utilizadas a laparoscopia (BECK et al., 2004a) e a toracoscopia (BECK

et al., 2004b) para criar e tratar lesões no diafragma de cães, com sucesso. Os

autores relataram que, pelo acesso torácico, houve necessidade de desinflufação da

cavidade para correção de alterações cardiorrespiratórias em alguns cães (BECK et

al., 2004b).

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3. MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi executado nas instalações do Hospital Veterinário da

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, em Campos dos

Goytacazes – RJ, no período entre outubro de 2006 e março de 2007.

3.1. Animais

Foram utilizados seis cães adultos hígidos, machos, doados pelo Centro de

Controle de Zoonoses do município de Vitória – ES, pesando entre 10 e 25 Kg. Os

cães foram incluídos no experimento após a verificação de condições clínicas

satisfatórias mediante exame físico e hematológico apropriados. Os animais foram

alojados em duplas, em canis ,por quinze dias prévios ao experimento, quando

foram everminados e observados quanto a alterações clínicas que poderiam

interferir no experimento.

Durante todo o experimento, foi fornecida água ad libidum e dieta composta

de ração comercial, com 23% de proteína e 84,56 Kcal/Kg/dia, dividida em duas

refeições diárias. Os animais eram alimentados individualmente.

Os animais eram soltos duas vezes ao dia, por pelo menos dez minutos. Ao

término do experimento, os animais foram doados para famílias interessadas em

criá-los.

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3.2. Etapas do experimento

O experimento foi disposto em três etapas: na primeira etapa, foi criada uma

ruptura diafragmática costofrênica esquerda por via laparoscópica. Após o preparo

anestésico e antisséptico, foi estabelecido o pneumoperitônio (12 mmHg) pela

técnica fechada utilizando-se uma agulha de Veres. Foi introduzido um trocarte de

11 mm na cicatriz umbilical para introdução do endoscópio. A cavidade foi

inspecionada quanto a alterações orgânicas que excluíssem o animal do estudo.

Após a inspeção inicial, outros dois trocartes foram introduzidos: um de 11 mm à

esquerda e cranial à cicatriz umbilical, e outro de 6 mm à direita e cranial à cicatriz

umbilical. A pressão cavitária foi então reduzida para 6 mmHg, para a incisão da

junção costofrênica do diafragma, que foi feita com auxílio de uma tesoura e “hook”

com aplicação de energia monopolar. Foi aplicada eletrocoagulação bipolar em

vasos maiores ou pontos hemorrágicos no diafragma. Introduziu-se na cavidade

(através de um redutor) um tubo de polipropileno (pedaço de scalp) de 7 cm de

comprimento. Este tubo foi esticado com duas pinças de preensão e utilizado como

marcador de tamanho para o defeito diafragmático. O pneumoperitônio foi desfeito

pela abertura de uma das válvulas dos trocarteres e parada da infusão de CO2 pelo

insuflador. As incisões na parede abdominal dos portais de 11 mm foram suturadas

com um ponto de Sultan utilizando fio de ácido poliglicólico 2-0 (Ácido poliglicólico,

Brasuture, São Sebastião da Grama, SP, Brasil) , e a pele, suturada com dois ou

três pontos simples separados utilizando fio de náilon 4-0 (Nylon, Brasuture, São

Sebastião da Grama, SP, Brasil). Para as incisões dos portais de 6 mm, foi suturada

somente a pele, com um ou dois pontos simples separados utilizando fio de náilon 4-

0. Foi realizada toracocentese no oitavo espaço intercostal direito e esquerdo para

drenagem de pneumotórax no pré-operatório imediato, utilizando um scalp adaptado

à torneira de três vias e seringa de 20 ml.

Na segunda etapa (após 14 dias), os animais foram operados por

videolaparoscopia com objetivo de identificar o defeito diafragmático e os órgãos

deslocados, reposicioná-los e suturar o defeito. Após preparo anestésico e

antisséptico, foi criado pneumoperitônio (6 mmHg) pela técnica aberta, posicionando

trocater de Hasson (11 mm) um pouco abaixo da cicatriz umbilical, de forma a evitar

a cicatriz da cirurgia anterior. Por este portal, foi introduzido o endoscópio. Outros

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dois trocartes foram introduzidos em posições imediatamente caudais às adotadas

na primeira etapa do experimento. Outro trocarte, de 6 mm, foi introduzido quando

necessário. Inspecionou-se toda a cavidade, dando especial atenção ao local do

defeito. Os órgãos deslocados, presença de efusão, reação inflamatória, aderências

e quaisquer outras anormalidades encontradas foram observadas e anotadas.

Procedeu-se à tentativa do reposicionamento das vísceras deslocadas e sutura

intracorpórea do defeito diafragmático, em padrão simples contínuo (chuleio), com

fio de poligalactina 910 2-0 (Vicryl, Ethicon, São José dos Campos, SP, Brasil). A

sutura foi avaliada, e pontos simples separados foram aplicados caso necessário. O

pneumoperitônio foi desfeito; a parede abdominal e a pele suturados de maneira

semelhante à da primeira etapa. O pneumotórax foi drenado por meio de

toracocentese.

Na terceira etapa (após 14 dias da segunda etapa) realizou-se a inspeção da

cavidade e da cicatriz diafragmática suturada, mais uma vez por meio de

videolaparoscopia. Foi estabelecido o pneumoperitônio em 12 mmHg por técnica

aberta mediante introdução de trocarter de Hasson, em posição imediatamente

caudal à adotada na cirurgia anterior. O endoscópio foi introduzido por este trocarter

e, quando necessário, outro trocarte foi introduzido para auxílio na exploração

abdominal. Depois de anotadas as observações, o pneumoperitônio foi desfeito, e a

parede abdominal e a pele suturadas da mesma maneira que a ocorrida

anteriormente.

3.3. Equipamento de vídeolaparoscopia

Foi utilizada a aparelhagem de videolaparoscopia do Hospital Veterinário da

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, constando de:

- Insuflador: Eletronic Endoflator 264305 20 – Karl Storz;

- Microcâmera: Telecam DX II 202330 20 – Karl Storz;

- Fonte de luz: Xenon Nova 201315 20 – Karl Storz;

- Monitor: tela plana de cristal líquido 15” – Ag Neovo;

- Endoscópio: telescópio rígido Hopkins II, 30o, 26003 BA – Karl Storz;

- Bisturi eletrônico: Eletrosurgical Generator SS-200ª – WEM;

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- Aspirador cirúrgico: Aspirator A-45 Plus – Olidef CZ;

- Cilindro de CO2 – capacidade de 5,2 Kg;

- Cabo de fibra óptica – Karl Storz;

- Mangueira de silicone – Karl Storz;

- Trocartes de 6 e 11 mm – Karl Storz;

- Pinça Babcock – Edlo;

- Pinça Mariland – Edlo;

- Pinça de preensão romba – Edlo;

- Pinça de preensão com dentes - Karl Storz;

- Tesoura – Edlo;

- Porta agulhas – Edlo;

- Contra porta agulhas – Edlo;

- Pinça bipolar – Edlo;

- Aplicador de clipes – Edlo;

- Hook – Edlo;

- Cânula de aspiração e irrigação - Karl Storz;

- Agulha de Veres – Karl Storz.

3.4. Pré e pós operatório

No dia que antecedeu as operações, os animais foram banhados e tiveram

sua última refeição sólida, no mínimo dez horas antes do procedimento. O consumo

hídrico foi suprimido pelo menos duas horas antes da operação. Os animais foram

transferidos de seus canis para a sala de pré-operatório, onde, após a aplicação da

medicação pré-anestésica, foi realizada epilação rotineira para laparoscopia (desde

o terço final do tórax até o púbis, estendendo-se lateralmente até a altura dos

ombros).

Após indução anestésica, os animais foram posicionados em decúbito dorsal.

A antissepsia do campo cirúrgico foi feita com a aplicação tópica de solução de

álcool-iodado e imediatamente, retirado o excesso. Administrou-se antibiótico

profilático pela via intravenosa no momento da indução anestésica (cefalotina (Keflin,

Antibióticos do Brasil, Cosmópolis, SP, Brasil) 20mg/Kg).

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Terminadas as operações, foram aplicados curativos nos locais das feridas,

com esparadrapo microporoso. Após a recuperação anestésica, os animais foram

acondicionados individualmente por pelo menos um dia e acompanhados

diariamente durante todo o experimento. Nos primeiros sete dias após as operações,

foram anotados temperatura, estado geral, comportamento, ausculta pulmonar,

presença de dispnéia, consumo alimentar e hídrico, produção de fezes e urina,

estado das feridas e qualquer outra alteração encontrada. Após sete dias de cada

cirurgia, os pontos cutâneos foram removidos.

3.5. Anestesia

Os animais foram pré-medicados com acepromazina (Acepram, Univet, São

Paulo, SP, Brasil) na dose de 0,05 mg/Kg e fentanil (Fentanil, Janssen-Cilag, São

José dos Campos, São Paulo, Brasil) 3,0 µg/kg por via intramuscular. Após a

epilação, realizou-se a venóclise na veia cefálica direita utilizando-se cateter

intravenoso de calibre 20 ou 22 G. Foram administrados 10 ml/kg da solução de

Ringer lactato nos primeiros 30 minutos (20 ml/kg/h), seguidos de manutenção de 10

ml/kg/h durante o resto do procedimento até o completo retorno anestésico. Para

indução anestésica, foi administrado propofol (Propovan, Cristália, Itapira, SP, Brasil)

por via intravenosa na dose de 3 mg/kg e atracúrio (Tracrium, GlaxoSmithKline, Rio

de Janeiro, RJ, Brasil) na dose de 0,5 mg/kg pela mesma via. Foi procedida a

intubação oro-traqueal e instituída ventilação mecânica. Os animais foram mantidos

em plano anestésico mediante administração de isofluorano (Isoforine, Cristália,

Itapira, SP, Brasil) em oxigênio 100%.

3.6. Manejo analgésico

Logo após a indução anestésica, foi administrado cetoprofeno (Profenid IV,

Sanofi-Adventis, Suzano, SP, Brasil) na dose de 1,0 mg/kg por via intravenosa. Nos

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três dias seguintes às operações, administrou-se cetoprofeno (Profenid, Sanofi-

Adventis, Suzano, SP, Brasil) por via oral na dose de 1,0 mg/kg, a cada 24 hs.

Três avaliadores (dois Médicos Veterinários e um estudante de Medicina

Veterinária do oitavo período) examinaram os animais imediatamente antes da

administração da medicação pré-anestésica, logo após a ambulação e a cada 12

horas até o terceiro dia de pós-operatório, anotando em fichas individuais os

parâmetros obtidos. Foi utilizada a escala de dor da Universidade de Melbourne, que

varia de 0 a 27 (FIRTH, A.M., HALDANE, S.L., 1999), para avaliação analgésica dos

animais.

Foi administrado tramadol (Tramal, Pfizer, Jandira, SP, Brasil), na dose de 2

mg/kg por via intramuscular, em caso de duas avaliações acima de oito ou em caso

de vocalização.

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Figura 1- Incisão inicial na junção costo-frênica do diafragma canino com tesoura, Hospital Veterinário, UENF, 2007.

Figura 2- Ampliação da incisão no diafragma canino com o “hook” aplicando energia monopolar, Hospital Veterinário, UENF, 2007.

Figura 3- Tubo de polipropileno de 7 cm esticado, para medir o defeito diafragmático canino, Hospital Veterinário, UENF, 2007.

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4. RESULTADOS

4.1. Criação da ruptura diafragmática

A utilização da tesoura contra a junção costo-frênica foi eficaz na realização

da primeira incisão, não sendo verificada hemorragia importante neste momento. O

emprego do “hook”, com energia monopolar de corte para aumentar lateralmente o

defeito até 7 cm foi técnica satisfatória, sendo observada apenas pequena

hemorragia arterial em um animal, controlada por energia bipolar.

O emprego de um pedaço de scalp de 7 cm para a medição do defeito

diafragmático criado foi considerada manobra útil e fácil.

Mesmo com a redução da pressão de insuflação cavitária para 6 mmHg,

verificou-se a passagem do CO2 da cavidade abdominal para a cavidade torácica

imediatamente após a primeira incisão no diafragma, deixando o tórax em formato

de barril. Dado ao tamanho do defeito provocado (7 cm), manobras de

tamponamento temporário do defeito com segmentos intestinais foram inúteis.

A pressão abdômino-torácica de 6 mmHg criou espaço suficiente para a

realização das manobras necessárias.

O tempo cirúrgico médio das cirurgias foi de 47,5 minutos e o tempo

anestésico médio foi de 82,6 minutos.

Durante o período pós-operatório, no animal 3, observou-se abafamento dos

ruídos pulmonares na porção ventral do hemitórax esquerdo com diminuição na

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intensidade e duração dos exercícios durante os passeios que resolveram-se em

dois dias. Porém, a partir do oitavo dia pós-operatório, o animal apresentou piora

clínica progressiva com dispnéia, acompanhada de diminuição das atividades físicas

e consumo alimentar. Por ocasião do décimo quarto dia pós-operatório (momento da

segunda cirurgia), o animal apresentava-se bastante dispnéico e cianótico.

O animal 4, após recuperação pré-operatória imediata normal, evoluiu para

óbito súbito no dia seguinte à cirurgia. A necropsia apontou presença ectópica do

estômago enormemente dilatado com presença de gás ocupando dois terços da

cavidade torácica, deslocado pelo defeito diafragmático. Notava-se deslocamento do

coração e pulmões para o hemitórax direito, com grandes áreas de atelectasia.

4.2. Correção da ruptura diafragmática

A pressão intracavitária de 6 mmHg permitiu a inspeção da cavidade

abdominal e a execução das manobras necessárias sem grandes transtornos.

Em todos os animais, o defeito diafragmático bem como outras alterações

viscerais foram facilmente visualizados, e estão resumidas na Tabela 3.

Tabela 3- Órgãos deslocados e presença de efusão pleural em cães, após 15 dias de ruptura diafragmática experimental Órgão deslocado Animal 1 Animal 2 Animal 3 Animal 5 Animal 6 %

Fígado - X* X* X - 60%

Omento - X - X - 40%

Efusão pleural - X X - - 40%

Baço - - X - - 20%

Intestino delgado - - X - - 20%

* Animais cujo fígado encontrava-se congesto e friável.

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Foram observadas ainda aderências entre o ligamento falciforme e a borda

ventral da ruptura diafragmática no animal 2; aderência entre o omento e a borda

ventral do defeito diafragmático e entre o fígado e o pericárdio no animal 3.

A maior dificuldade encontrada durante a execução do experimento deu-se

durante a reposição do fígado quando deslocado à cavidade torácica. A tração do

fígado pela aplicação de duas pinças fechadas lateralmente ao órgão foi

parcialmente efetiva na movimentação deste órgão, porém provocou rupturas na

cápsula e parênquima hepático que se encontrava friável devido à congestão.

Outros métodos empregados foram a inclinação da mesa em posição de Fowler, de

até 45o, e tração hepática pela inserção de uma gaze cranial ao fígado e presa a

pinças laterais ao órgão.

No animal 2, o uso de tais manobras resultou no reposicionamento do fígado,

porém, logo após o retorno à posição anatômica, verificaram-se hemorragias

provenientes das lesões hepáticas causadas, que determinaram o óbito do animal.

No animal 3, após tentativas infrutíferas de utilização destas manobras, optou-

se pela conversão da cirurgia para laparotomia mediana, pela qual se conseguiu

reposicionar manualmente o fígado e suturar o defeito diafragmático.

Já no animal 5, a tração do fígado com as pinças fechadas foi bastante rápida

e eficaz; com o órgão já na cavidade abdominal, foi observada aderência deste à

borda dorsal do defeito diafragmático, que foi desfeita com o uso do “hook”

aplicando energia monopolar, e dissecção romba com auxílio de uma gaze inserida

através do redutor.

Os demais órgãos deslocados nos animais foram facilmente reposicionados

pela aplicação de tração com a pinça Babcock.

A ruptura diafragmática foi suturada com sucesso pela técnica proposta nos

animais 1, 5 e 6, com um tempo médio de cinqüenta e quatro minutos, desde a

introdução até a retirada da agulha da cavidade abdominal. Após o término da

sutura simples contínua, o defeito parecia suficientemente fechado, não sendo

verificada a necessidade de pontos adicionais em nenhum dos animais.

O tempo cirúrgico médio dos animais que tiveram a ruptura diafragmática

corrigida por sutura intracorpórea foi de 106 minutos, e o tempo anestésico médio de

126 minutos.

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Figura 4- Presença de fígado canino congesto e efusão no interior do tórax, Hospital Veterinário, UENF, 2007.

Figura 5- Manobra de reposicionamento do fígado utilizando instrumental laparoscópico fechado em cão, Hospital Veterinário, UENF, 2007.

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Figura 6- Aplicação da sutura intracorpórea para oclusão do defeito diafragmático em cão, Hospital Veterinário, UENF, 2007.

Figura 7- Aspecto final da oclusão do defeito diafragmático canino suturado, Hospital Veterinário, UENF, 2007.

Figura 8- Cicatriz diafragmática em cão, após 14 dias da realização da sutura, Hospital Veterinário, UENF, 2007.

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4.3. Pós-operatório e avaliação de dor

Os três animais que sofreram correção laparoscópica mostravam-se em

excelente estado após o retorno anestésico, exercitando-se e alimentando-se em até

30 minutos após a extubação. Em todo o período de avaliação pós-operatória, os

animais demostraram excelente estado geral, com feridas em bom estado, sem

alterações nas temperaturas retais, consumo hídrico ou alimentar e produção de

fezes e urina. As avaliações de dor desses animais mantiveram-se entre 0 e 6, não

sendo necessária utilização de qualquer outra medicação analgésica além da

proposta.

O animal que sofreu correção da ruptura por cirurgia aberta mostrou-se

inapetente e apático no pós-operatório imediato, tendo retorno anestésico mais

lento. No primeiro dia de pós-operatório este animal retornou ao consumo alimentar

e hídrico normais, porém mostrava alteração do comportamento, de amigável para

desconfiado, estado geral ruim e aumento da temperatura retal (39,6 oC). Teve na

sua avaliação de dor pontuação acima de 8, aferida por dois avaliadores, sendo

então medicado com tramadol além do cetoprofeno. Foi ainda administrada dipirona

(Novalgina, Sanofi-Adventis, Suzano, SP, Brasil) (25 mg/Kg por via oral), na tentativa

de diminuição da temperatura retal. Somente a partir do terceiro dia, notou-se

melhora do estado geral, com retorno gradual ao comportamento amigável,

diminuição da dispnéia e abafamento dos sons pulmonares.

Com exceção do primeiro dia de pós-operatório, a avaliação analgésica do

animal 3 manteve-se entre 1 e 7, sendo necessária apenas uma administração de

tramadol.

4.4. Avaliação da correção da ruptura diafragmática

Nos animais 1 e 6, operados por laparoscopia, foi verificada oclusão completa

do local da ruptura diafragmática, sem qualquer formação de aderência de estruturas

no local, granulomas, áreas de grandes fibroses ou quaisquer outras alterações

macroscópicas. Os animais recuperaram-se bem, ambulando em poucos minutos

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após a cirurgia e alimentando-se após uma hora da cirurgia; não houve qualquer

complicação após esta cirurgia nestes animais.

No animal 3, que havia sido operado por laparotomia, foi verificada grande

quantidade de aderências na cavidade abdominal, que dificultou a manipulação do

endoscópio. Notou-se que o local da ruptura diafragmática encontrava-se

completamente ocluído. O lobo hepático que estava deslocado na cirurgia anterior

mostrava-se ainda aumentado de volume, porém com coloração normal. O animal

recuperou-se bem, ambulando em poucos minutos após a cirurgia e alimentando-se

dentro de uma hora após a cirurgia, não havendo qualquer complicação pós-

operatória.

A avaliação de dor dos animais 1, 3 e 6 manteve-se entre 0 e 7, não sendo

necessária utilização de qualquer outra medicação analgésica além da proposta.

Nestes animais, ao término das cirurgias, foram realizadas punções torácicas, que

demonstraram a ausência de gás no tórax, indicando que os defeitos diafragmáticos

estavam bem vedados, mesmo sob pressão de 12 mmHg.

No animal 5, logo após o início da insuflação, foi verificada a passagem de

CO2 ao interior do tórax pelo formato de barril deste. A pressão de insuflação foi

então reduzida para 6 mmHg. Durante a inspeção do local suturado na cirurgia

anterior, notou-se uma projeção de alça de intestino delgado e omento para o local

onde foi realizada a ruptura do diafragma. Foram então inseridos um trocarte de 5

mm e uma pinça de Babcock para manipulação destas vísceras. Quando tracionada

a alça intestinal, verificou-se uma abertura no diafragma de aproximadamente 4 cm.

Foi então realizada conversão para laparotomia, e o defeito suturado de maneira

convencional.

No período pós-operatório, este último animal mostrou consumo alimentar

diminuído, com melhora a partir do quarto dia, estado geral entre médio e bom,

aumento de temperatura retal no terceiro dia, que forçou o inicio da terapia

antimicrobiana com enrofloxacina (Flotril, Schering-Plough, Cotia, SP, Brasil) (2,5

mg/Kg BID SC) durante cinco dias, e dipirona (25 mg/Kg) por via oral, intercalada

com o cetoprofeno durante dois dias. No período pós-operatório imediato, o animal

apresentou vocalização contínua, sendo então administrado tramadol.

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5. DISCUSSÃO

Embora Beck et al. (2004a) e Beck et al. (2004b) não relatem problemas na

realização de uma ruptura diafragmática experimental em cães apenas com o uso de

tesoura a frio, no presente experimento optou-se pelo uso do “hook” aplicando

energia monopolar. Acredita-se que o uso de tal método seja mais demorado,

porém, mesmo aplicando a energia monopolar com o “hook” verificou-se hemorragia

arterial em um animal, que necessitou de aplicação de energia bipolar no foco

hemorrágico. Uma diferença importante entre os experimentos realizados foi o local

da ruptura diafragmática, já que neste estudo observaram-se diversos vasos

sanguíneos que se originavam da junção costo-frênica e eram incididos junto às

suas origens, enquanto que, nos estudos previamente mencionados, o diafragma foi

seccionado em uma parte mais central, evitando tais vasos.

A introdução de um pedaço de equipo previamente cortado na medida

desejada foi utilizada com sucesso por Beck et al. (2004a) para medição do defeito

diafragmático experimental, o que vem a corroborar que tal método é eficaz na

medição do defeito diafragmático.

A pressão de insuflação utilizada na vigência de ruptura diafragmática (6

mmHg) foi satisfatória com vista à criação de um espaço de trabalho para a

realização dos procedimentos. Dos autores que descreveram a correção

laparoscópica de rupturas diafragmáticas em seres humanos, apenas Slim et al.

(1998) faz menção à pressão de insuflação utilizada. Segundo este autor, baixas

pressões de insuflação devem ser utilizadas para que seja evitada a passagem de

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gás para o mediastino, tamponamento do retorno venoso com hipoxemia e aumento

da pressão de pico das vias aéreas, baseando-se nisso os autores utilizaram

pressões inferiores a 10 mmHg. Beck et al. (2004a) utilizaram pressões de 5 mmHg

e 8 mmHg para a confecção e correção de uma ruptura diafragmática experimental

em cães, e relataram que não houve alterações cardiorrespiratórias importantes sob

estas condições.

Os estudos de Marcus et al (1996) e Daly et al. (2002) levam a crer que

ocorrem alterações hemodinâmicas importantes decorrentes do pneumotórax

associado ao pneumoperitônio e que estas são mais graves do que as provocadas

pelo pneumotórax somente. A não-observação de comentários a respeito de

alterações hemodinâmicas importantes em humanos submetidos à pneumoperitônio,

na presença de ruptura diafragmática, bem como os resultados de Beck et al.

(2004a), contradizem as alterações observadas por Marcus et al. (1996) em suínos.

Futuros estudos padronizados comparando os parâmetros hemodinâmicos de

animais submetidos a pneumoperitônio, pneumotórax e pneumoperitônio associado

ao pneumotórax, sob diferentes pressões, são importantes para definir pressões de

insuflação seguras quando na presença de lesão diafragmática.

Mellies, em 1939, por ocasião da realização de pneumoperitônio, notou a

ocorrência de pneumotórax do lado direito atribuída a um defeito congênito no

diafragma (MELLIES Apud MARCUS et al., 1996). Diferentemente deste autor, neste

estudo notou-se a passagem do CO2 aos dois hemitórax pelo formato em barril

assumido pelo tórax, logo após a criação do defeito (na primeira etapa do

experimento) ou insuflação abdominal quando presente defeito diafragmático (na

segunda e terceira etapas do experimento). O formato assumido pelo tórax mostrou-

se eficaz em identificar rupturas diafragmáticas nos cães. É possivel que animais

que não possuem um mediastino capaz de separar completamente cada hemitórax

(como o cão), possam sofrer alterações hemodinâmicas mais graves.

Sobre o deslocamento de órgãos em seres humanos portadores de rupturas

diafragmáticas, Matz et al. (2000), Meyer et al. (2000), Matthews et al. (2003) e

Pojarliev et al. (2003), notaram a seguinte prevalência: 72%, estômago; 54%,

omento; 45%, cólon; 18%, baço e intestino delgado e apenas 9%, fígado e vesícula

biliar. Tais dados diferem dos apresentados em cães e gatos (AL-NAKEEB, 1971;

WILSON et al., 1971; WILSON e HAYES, 1986; SULLIVAN e REID, 1990) em que o

fígado é deslocado ao tórax em até 85% dos casos. Os dados deste trabalho e os de

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Beck et al. (2004a) apóiam a maior ocorrência de deslocamento hepático em relação

a outros órgãos em cães.

Segundo Beck et al. (2004a), não houve problemas para o reposicionamento

laparoscópico dos órgãos deslocados ao tórax em cães com rupturas

diafragmáticas, o que diferiu dos resultados aqui apresentados. O autor destacou

apenas que o fígado foi o órgão que apresentou maiores dificuldades de manuseio,

porém não foram descritas as técnicas utilizadas para o reposicionamento deste

órgão. O tempo de uma semana entre a realização da ruptura e sua correção pode

ter evitado que os autores encontrassem o fígado em estado edemaciado e friável

como encontrado neste estudo. Segundo Johnson (1998), as aderências maduras

entre os órgãos começam a se formar a partir da segunda semana, o que pode ter

contribuído para a maior dificuldade encontrada neste estudo.

Quando necessária a manipulação hepática, comumente indica-se uma

abordagem “hand-assisted” nas cirurgias laparoscopias humanas, para evitar injúrias

ao parênquima hepático provocadas pelos instrumentos laparoscópicos, podendo-se

assim realizar rapidamente a compressão manual em hemorragias e garantir a

percepção tátil do órgão (KOOBY e FONG, 2005). A falta da percepção tátil dificultou

muito a manipulação segura do fígado friável. Outro aspecto negativo é a

conformação dos instrumentos laparoscópicos, que são bastante finos, e por isso

distribuem pouco a pressão sobre o parênquima hepático e inviabilizam sua

preensão. Instrumentos com a ponta mais alargada e macia e não metálica talvez

sejam úteis para a preensão e mobilização segura dos lobos hepáticos. Outra

possibilidade seria a utilização de um instrumento que apreendesse o fígado

aplicando sucção controlada sobre sua cápsula, a fim de formar um vácuo capaz de

movimentar o órgão sem lesioná-lo. A utilização da técnica “hand-assisted” poderia

também poderia ser solução para a manipulação do fígado friável deslocado nos

cães.

A realização de sutura intracorpórea é ainda considerada uma habilidade

avançada em cirurgia minimamente invasiva, que demanda uma curva de

aprendizado longa (NGUYEN et al., 2000; MADAN et al., 2004; TAN e RAZVI, 2005).

As etapas de realização da sutura laparoscópica incluem a penetração da agulha no

tecido e a realização do nó cirúrgico. As suturas intracorpóreas podem ser realizadas

com porta-agulhas e contra porta-agulhas laparoscópicos, mas o seu uso por

laparoscopistas inexperientes e residentes têm sido limitado pela dificuldade do

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manuseio dos tecidos, controle preciso da agulha e demoradas tentativas de

realização dos nós (NGUYEN et al., 2000). A aplicação das suturas é dificultada pela

perda da sensação tátil, perda da percepção da profundidade, magnificação de

todos os movimentos e limitação dos movimentos do intrumental (ADAMS et al.,

1995). Neste estudo, verificou-se que a realização da sutura intracorpórea foi uma

etapa que consumiu bastante tempo, mas que com o decorrer do experimento, o

tempo necessário para a realização das suturas diminuiu bastante. A preensão

inicial da agulha pelo porta-agulhas numa posição adequada, a introdução da agulha

em tecido forte na porção ventral do defeito e a confecção dos nós foram os

aspectos mais dificultosos.

A utilização de aparelhos de sutura automática tem sido introduzida na

laparoscopia reduzindo o tempo para realização das suturas intracorpóreas e o

tempo cirúrgico total (ADAMS et al., 1995; NGUYEN et al., 2000). Os aparelhos de

sutura automática poderiam diminuir o tempo e a dificuldade de realização da

correção das rupturas diafragmáticas, porém a indisponibilidade destes

equipamentos no presente trabalho não impediu a realização do procedimento.

A cirurgia minimamente invasiva tem como alguns de seus preceitos a

diminuição da dor pós-operatória e a redução do uso de analgésicos. Neste sentido,

a videolaparoscopia tem sido utilizada no diagnóstico e tratamento de afecções

abdominais do homem e, mais recentemente, dos animais domésticos. Segundo

Hatch e Glasgow (2005), o menor trauma tecidual causado durante a laparoscopia

proporciona o menor uso de analgésicos narcóticos no pós-operatório, sendo estes

rapidamente substituídos por antiinflamatórios não-esteroidais. Levando-se em

consideração as alterações ventilatórias e gastrointestinais provocadas pela ruptura

diafragmática e pelo seu tratamento convencional, percebe-se que se torna

incoerente o uso de opióides que têm, segundo Myles e Power (2007), como efeitos

adversos, a depressão respiratória (que pode ser severa levando à hipóxia),

náuseas e vômitos, inibição da motilidade gastrointestinal e sedação.

Foi possível verificar que animais submetidos à criação de uma ruptura

diafragmática experimental, bem como sua correção e posterior avaliação pela

técnica laparoscópica, não necessitaram do uso de opióides. Nestes animais, ao

contrário daqueles que sofreram abordagens laparotômicas, não se observaram

índices de dor compatíveis com dor moderada ou severa ou, ainda, a presença de

vocalização. Os índices encontrados para os animais que sofreram laparoscopia,

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seja para o procedimento de criação da ruptura diafragmática, correção ou inspeção

posterior, foram inferiores aos índices verificados para cadelas que sofreram

ovariohisterectomia convencional e fizeram uso de analgésicos opióides ou

antiinflamatórios não-esteróides (Firth e Haldane, 1999). Pôde-se verificar que, de

fato, os animais após as laparoscopias mostravam rápida recuperação e estado

geral de bom a excelente, fatos que não foram observado nos animais operados por

laparotomia.

Ainda com relação ao pós-operatório dos animais operados por laparoscopia,

chamou à atenção a ausência de dispnéia nos animais portadores de ruptura

diafragmática. Com exceção do animal 3, os outros animais mostravam-se hígidos,

capazes de realizar exercícios voluntários intensos. Neste animal, é possível que a

dispnéia tenha sido decorrente não da diminuição da função do músculo

diafragmático na mecânica respiratória, mas da ocupação do espaço intratorácico

pelo fígado e por efusão causada pela congestão hepática com possível aumento da

pressão portal, o que vai ao encontro das idéias de ROUDEBUSH e BURNS (1979).

Supõe-se portanto, que a dispnéia provocada pela ruptura diafragmática nos cães,

amplamente relatada na literatura (WILSON et al., 1971; GARSON et al., 1980;

BOUDRIEAU e MUIR, 1987), seja decorrente da ocupação do espaço intratorácico e

principalmente das alterações provocadas pelo traumatismo que envolve a

patogenia das lesões diafragmáticas (fraturas de costelas, hemorragias, dor torácica,

contusões miocárdicas, etc.), e não da perda ou diminuição da função mecânica

muscular do diafragma.

Em alguns animais, notaram-se alterações nas feridas cirúrgicas (seroma,

inflamação excessiva e secreção purulenta), que foram associadas às lambeduras

das feridas pelos animais. A lambedura das feridas cirúrgicas nos cães é

freqüentemente associada à dor pós-operatória, porém alguns animais lambem

feridas cirúrgicas mesmo na ausência de dor. Nos animais deste estudo, verificou-se

que alguns lambiam a ferida, mas durante a avaliação analgésica não apresentavam

sinais de dor, mesmo por ocasião do toque da ferida.

O óbito súbito do animal 4, logo no primeiro dia pós-operatório da primeira

cirurgia, ocorreu devido à interrupção do trânsito do bolo alimentar após o estômago,

causando dilatação deste órgão pelo alimento ingerido e gás. Johnson (1998)

descreve a urgência de se operarem animais portadores de rupturas diafragmáticas

cujo conteúdo sejam alças intestinais ou estômago, sob o risco de obstrução

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gastrointestinal. Este autor destaca ainda que, no caso do estômago estar deslocado

ao tórax, existe a possibilidade da torção gástrica com dilatação no interior do tórax,

o que exatamente aconteceu com este animal. O animal número 4 tinha ainda

características compatíveis com as dos animais suscetíveis à ocorrência da

síndrome dilatação-vólvulo gástrico (LANTZ, 2006) (grande porte, alimentação

rápida e voraz, exercitava-se intensamente após as refeições), o que pode ter sido

fator predisponente para o ocorrido.

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6. CONCLUSÕES

A técnica videolaparoscópica descrita para a criação de modelo experimental

de ruptura diafragmática nos cães foi eficaz, proporcionando lesão compatível com a

verificada em pacientes clínicos, inclusive quanto ao deslocamento de vísceras.

A pressão de insuflação cavitária de 6 mmHg foi suficiente para a realização

das manobras necessárias visando à correção da ruptura diafragmática induzida nos

cães.

O reposicionamento do fígado edemaciado deslocado à cavidade torácica

com os instrumentais laparoscópicos utilizados é manobra insegura, que pode levar

a graves lesões no órgão.

O reposicionamento do omento, baço, intestino delgado e fígado em estado

normal é passível de ser realizado por videolaparoscopia. Outras manobras como a

drenagem de efusão pleural e adesiólises também são possíveis de serem

realizadas por esta técnica.

A sutura intracorpórea das rupturas diafragmáticas costo-frênicas embora

demorada, é técnica factível.

Durante o pneumoperitônio de cães portadores de perfuração do diafragma,

ocorre livre passagem de gás da cavidade abdominal para a cavidade torácica,

deixando esta última em formato de barril. Outros estudos são necessários para se

examinar a influência deste achado sobre os parâmetros cardiorrespiratórios.

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Cães que sofrem a correção videolaparoscópica da ruptura diafragmática

induzida apresentam excelente recuperação pós-operatória, baixos índices de dor e

não necessitam do uso de analgésicos opióides.

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