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Luísa Portugal Teatro Kamishibai

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Luísa Portugal

Teatro Kamishibai

DOSSIER DO PROJETO INDIVIDUAL

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Teatro Kamishibai

Dossier do Projeto Individual

Escola Secundária Dr. Serafim Leite | 2016/2017

Curso Científico-Humanístico de Artes Visuais

Disciplina de Desenho A – Professora Sónia Catarino

3

Índice

CAPÍTULO I

Teatro Kamishibai, o que é?

Breve história do Teatro Kamishibai

Passado

Origem

Idade de ouro

Declínio

Função e público

Presente

Uso

Influências

Pesquisa visual

Formas de apresentação

Estrutura

CAPÍTULO II

Desenvolvimento do projeto

Materiais

…para a estrutura em madeira

…para esculpir a madeira

…para a bicicleta

…para as histórias

Cronograma

Teatro e a sua elaboração

Custos

Aprendizagens realizadas

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6

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7

7

7

8

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16

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Introdução ste dossier surgiu no âmbito da proposta de trabalho da professora Sónia

Catarino, disciplina de Desenho A, referente ao meu projeto individual.

Pretendo recriar o tradicional Teatro Kamishibai, originário do Japão, produzindo

um de raiz e, simultaneamente, dar-lhe um toque pessoal. Tenciono, também,

mostrar de que maneira era usado nas aldeias tradicionais.

Este teatro possui três elementos: a estrutura em madeira, as placas com as histórias

e a bicicleta, que serve para transporte.

Na sua construção irei trabalhar a madeira das portas, esculpindo-as. Irei ainda

ilustrar algumas histórias, bem como utilizar uma bicicleta antiga, sem uso,

recuperando-a e dando-lhe assim utilidade.

Conheci o Teatro Kamishibai em 2012, aquando a minha participação no concurso

escolar do Geopark – Arouca “Como melhorar a qualidade ambiental da minha

comunidade?”, com o projeto “O Teatro Kamishibai na formação ambiental”.

Por esta razão, e também por admirar a cultura japonesa, as suas artes e tradições,

optei por esta ideia. Além disso, quero dar a conhecer esta prática, bem como,

desenvolver e utilizar técnicas que nunca experimentei.

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CAPÍTULO I

Teatro Kamishibai, o que é?

amishibai (japonês: 紙 芝 居, "teatro de papel") é uma forma de teatro de rua

japonês, popular durante a Depressão dos anos 1930 e no período de pós-

guerra no Japão até o advento da televisão durante o século XX.

Estes teatros eram contados por kamishibaiyas (narradores de Kamishibai) que

viajavam de um lado para o outro com conjuntos de placas ilustradas que

colocavam na pequena estrutura de madeira.

Estas placas continham ilustrações das partes mais importantes da história, que

ficavam viradas para o publico. O narrador narrava a história, baseando-se no texto

escrito na parte de trás das placas. No final da leitura de cada placa, este retirava

essa mesma placa e colocava-a atrás das outras.

Exemplificando: o texto da placa número 2 esta no verso da placa número 1.

K

Texto

Ilustração

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Breve história do Teatro Kamishibai

Passado…

Origem

sta forma de contar histórias surgiu nos templos budistas do Japão, no século

VII/IX, onde os monges usavam o emakimono (rolo de pintura), para transmitir

histórias com lições de moral a uma plateia predominantemente analfabeta. Uma

combinação precoce da transmissão de uma história através de imagens e de texto.

Por meio do “Teatro de papel”, instruíam os seus discípulos e mesmo a população

dos vilarejos sobre como deveriam se comportar.

Não há registros confiáveis da evolução dessa técnica, mas sabe-se que artistas

populares copiaram a ideia e criaram variações da caixa com rodas, ou com alças

(para serem carregadas às costas), passando a apresentar-se em público, feiras, nos

feudos do Japão.

Idade de Ouro

amishibai, cartoons e comics tornaram-se substancialmente populares

durante a Grande Depressão dos anos 1930 e depois da rendição japonesa às

Forças Aliadas em agosto de 1945, no final da Segunda Guerra Mundial. Este

período é conhecido como a "Idade de Ouro" do Kamishibai no Japão. Este teatro

dá-nos uma visão de como era mentalidade das pessoas que viveram num período

da historia tao tumultuoso como este. Ao contrário do que era de esperar, em 1933,

haviam 2500 kamishibaya em Tóquio, que faziam espetáculos dez vezes por dia,

para audiências de até trinta crianças, totalizando um milhão de crianças por dia.

Estes anos de depressão foram os mais prósperos e vibrantes para o “teatro de

papel”, com 1,5 milhões de desempregados em Tóquio, este proporcionou uma

grande oportunidade de trabalho.

E

K

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Declínio

popularidade do kamishibai declinou no final da ocupação aliada e a

introdução da televisão, conhecida originalmente como denki kamishibai

("kamishibai elétrico") em 1953. Com a televisão, que trazia um maior acesso a uma

variedade de entretenimento, muitos artistas kamishibai e narradores perderam o

seu trabalho, Embora esta forma de arte japonesa tenha desaparecido em grande

parte, o seu significado e contribuições permitiram que este seja considerado a

origem do manga e do anime.

Função e público

omo já referi anteriormente, nos templos budistas, o teatro Kamishibai tinha a

função de ensinamento de lições de moral e o público era geralmente

discípulos e por vezes membros do povo.

No auge deste teatro, o público eram crianças e este tinha a função, além de

entretenimento, de ensino (do modo de se comportar, etc).

Presente…

Uso

ste teatro ainda é utilizado. Além de se usar, por vezes, para contar histórias à

camada infantil, como faziam no Japão, o mundo empresarial já o adotou.

Tomemos como exemplo a Toyota, empresa reconhecida pelo fabrico de

automóveis, que utiliza o Kamishibai para realizar auditorias.

Influências

omo já referi, o “teatro de papel” é o antecedente do manga e do anime, tao

admirados pela sociedade atual.

A

C

E

C

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Pesquisa visual

Formas de apresentação

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Estrutura

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CAPÍTULO II

Desenvolvimento do projeto

Materiais

…para a estrutura em madeira:

✓ tábuas e ripas de madeira

✓ parafusos

✓ dobradiças

✓ pega (para transporte)

✓ cordel

✓ lixa para madeira

✓ verniz

…para esculpir a madeira:

✓ formão reto

✓ goiva

✓ macetes (martelos de madeira)

…para a bicicleta:

✓ câmara de ar para os pneus

✓ lixa de ferro

✓ tintas adequadas

✓ material de limpeza

…para as histórias:

✓ papel (+/-180g)

✓ lápis de cor ou outro material

✓ fotografias

✓ cartão prensado (para colar as histórias e ilustrações)

✓ histórias imprimidas

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Bicicleta a utilizar

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Cronograma

isto que é um trabalho demorado, tive de atualizar o cronograma. Assim penso

terminar o projeto no início de junho com:

✓ Estrutura de madeira

✓ 2 historias (uma ilustrada por mim e outra com fotografia)

✓ Bicicleta recuperada e pronta a utilizar!

Devo continuar a aplicar-me já que ainda tenho muito a fazer, contudo acho que

vou conseguir cumprir o cronograma.

TAREFAS DEZEMBR0

2016 JANEIRO

2017 FEVEREIRO

2017 MARÇO

2017 ABRIL 2017

MAIO 2017

JUNHO 2017

Planificação

X

Recolha de materiais

X

X

Construção do teatro

X

X

Escolha das historias

X

X

Criação e ilustração de histórias

X

X

Restauro de uma bicicleta antiga

X

X

Finalização do projeto

X

V

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O Teatro e a sua elaboração

Ponto de situação da estrutura:

✓ Estudo da estrutura (esboços)

✓ Seleção das madeiras

Ponto de situação da história:

✓ Escolha das histórias:

✓ “Kaguya Hime” – Ilustração

✓ Flor de Luz - Fotografia

✓ Esboços

História “Kaguya Hime” – Conto Japonês

Há muito, muito tempo, existia um velhinho e uma velhinha, que viviam juntos numa casa

no meio da floresta. Eles eram muito pobres e solitários, pois não tinham filhos para criar.

O velhinho era conhecido pelo nome de Cortador de Bambus, pois, todos os dias, ele saía

cedo para cortar bambus na floresta. Os dois faziam cestas e chapéus para vender e ganhar

algum dinheiro.

Um belo dia, enquanto estava na floresta, o velhinho avistou um broto de bambu, que

brilhava, com uma luz muito intensa. Ele ficou espantado, pois, em anos e anos de trabalho,

nunca tinha visto algo como aquilo. Muito curioso, ele cortou o bambu e mal pôde acreditar

no que viu. "Uma menina, uma menina! Tão pequena e tão linda, só pode ser um presente

de Deus!".

Ele levou a pequena menina na palma de uma das suas mãos para casa. Ao ver a menina,

a velhinha também ficou muito contente e eles resolveram que o nome dela seria Kaguya

Hime (Princesa Radiante).

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A partir daquele dia, o velhinho passou a encontrar outros bambus brilhantes na floresta.

Mas, ao invés de uma menina, eles continham moedas de ouro. Assim, a vida do casal

melhorou e eles não precisavam mais produzir cestas para sobreviver. Para eles, a chegada

da sua filha linda era um milagre”.

Kaguya Hime crescia muito rápido e a cada dia parecia mais bonita. Em apenas três meses,

ela já tinha o tamanho de uma criança de oito anos. Ninguém poderia acreditar que uma

pessoa tão bonita pertencesse a este mundo.

Logo os comentários sobre a beleza da Kaguya Hime se espalharam, vinham jovens de

todos os cantos do país para conhecê-la. Todos se queriam casar com Kaguya, mas ela não

se queria casar com ninguém. "Quero ficar ao vosso lado", dizia a jovem para os seus pais.

Mas cinco jovens nobres, de posições importantes, foram mais persistentes. Eles

acamparam em frente à casa de Kaguya Hime e pediram uma oportunidade a ela.

Preocupado, o velhinho chamou Kaguya e disse: "Minha filha, eu gostaria muito de a ter

sempre por perto, mas acho justo que se case. Escolha um destes cinco rapazes que estão

acampados aqui". Assim, a linda jovem decidiu. "Eu casarei-me com aquele que me trouxer

o objeto mágico que pedirei"

Um colar feito com os olhos de um dragão, um vaso feito com pedras dos deuses, que

nunca se quebra, um manto de pele de animal forrado de ouro, um galho que faz crescer

pedras preciosas, um leque que brilha como a luz do sol e uma concha que a andorinha

põe junto com seus ovos. Estes foram os objetos que Kaguya Hime pediu.

O velhinho levou os pedidos de Kaguya aos pretendentes acampados. Ele sabia que seria

muito difícil conseguirem obter tais objetos. Qual não foi sua surpresa quando, ao final de

alguns meses, todos os pretendentes trouxeram os presentes para Kaguya. Mas, quando

eles foram obrigados a entregá-los a jovem, todos admitiram que os presentes eram falsos,

pois conseguir os verdadeiros era uma missão muito difícil. E assim, nenhum deles obteve

êxito.

Quatro primaveras se passaram desde que Kaguya fora encontrada no broto de bambu.

Mas ela ficava mais triste a cada dia. Noite após noite, Kaguya Hime olhava para a lua,

suspirando. Preocupado, o velhinho um dia perguntou: "Por que estás tão triste?". "Eu

gostaria de ficar aqui para sempre, mas logo devo retornar", disse a jovem." "Retornar, mas

para onde? O seu lugar é aqui connosco, nunca te deixaremos partir", disse o pai aflito."

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"Este não é o meu reino, eu sou uma princesa de Reino da Lua e, na próxima lua cheia, eles

vêm-me buscar".

Muito assustados com a reveladora confissão de Kaguya Hime, os velhinhos decidiram

pedir ajuda ao príncipe do reino onde viviam. O príncipe ajudou e enviou muitos guardas

para vigiarem a casa do casal. Um verdadeiro exército foi formado.

No dia seguinte, a temida noite de lua cheia chegou. A casa estava tão vigiada que parecia

impossível alguém conseguir levar Kaguya Hime. De repente, uma enorme luz surgiu no

céu, como se milhares luas estivessem presentes ao mesmo tempo.

A luz era tão intensa que ninguém conseguiu ver a carruagem que descia, guiada por um

grande cavalo alado e muitas pessoas bem vestidas. Depois de algum tempo, quando a luz

diminuiu, a carruagem já estava voando, em direção à lua. Kaguya Hime não estava

presente, ela fora junto com a comitiva.

Os velhinhos ficaram muito tristes, inconformados. Voltaram ao quarto de Kaguya e

encontraram um potinho, presente da filha querida. Ela tinha deixado um pó mágico, que

garantiria a vida eterna para os dois.

Mas, sem sua filha amada, os velhinhos não queriam viver para sempre. Eles recolheram

todos os pertences de Kaguya e levaram para o monte mais alto do Japão. Lá, queimaram

tudo, junto com o pó mágico deixado pela jovem. Uma fumacinha branca subiu ao céu

naquele dia.

A montanha era o Monte Fuji. Dizem que até hoje é possível ver a fumacinha subindo e

subindo.

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História “Flor de luz” - Biblioteca Viva - Escrita Criativa | Semente de Futuro IPSS

A “flor de luz” consiste numa flor proveniente de uma planta que existe, graças à

sua preservação por uma senhora, na minha localidade. Esta flor, depois de seca

faz a função de pavio, pudendo ser acesa e iluminar. A história desta planta esta

presente no poema.

Era uma vez uma flor

Vinda d ́arbusto simplíssimo

Cultivada com amor

P ́ra alumiar ao Santíssimo

Em tempos que já lá vão

Zulmira da Várzea devota

P’ra manter a tradição

Tinha a flor na sua horta

Os tempos foram mudando

Veio até destruição

Mas com amor e cuidado

Foi salva a plantação

I’ a flor ser aterrada

Nas obras da moradia

Do campo da D. Zulmira

Que lá do céu tudo via...

E a D. Adélia vizinha

Vendo a planta ameaçada

Para salvar a florinha

Entrou lá sem pedir nada

Ela também é devota

Mas anima a prevaricar

Diz que ranquinha roubada

Dos encantos da florinha

Muitos ouviram falar

Cá em Chave sempre a usamos

Sempre a vamos preservar

E já se distribuiu

Por tantos campos e hortas

Que se uma desaparecer

Logo se bate a outras portas

Ao Santíssimo voltou

Para nós é companhia

Não mais plástico em pavio!

À vida deu alegria...

Já os meninos preparam

A Rota da Luz em Chave

Pela Capela de São Tiago

E onde chegará, quem sabe...

Na Capela encantadora

Está o solzinho a brilhar

Garante a zeladora

Que sempre o há-de cuidar

Balota Pseudodictamus

Dizer seu nome é proeza,

Bela, frágil, singular

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É a melhor para pegar

É ela que cá em Chave

A cuida e a replanta

E a trouxe p’ra Semente

Onde a todos nos encanta

Sempre a queremos à mesa

Luminosa singeleza

De noite e também de dia

Sua luz de azeite brilha

Alimentando a Alegria

Escolhi utilizar, além do conto japonês, este poema, criado no âmbito da IPSS

“Semente de Futuro”, da minha freguesia – Chave - à qual estou muito ligada,

desde a sua fundação.

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Ponto de situação da bicicleta:

✓ Limpeza

Custos

ão existem custos relevantes associados ao projeto dado que possuo todos

os materiais necessários, sendo o material da estrutura oferta do escultor,

Michael Sweeny, que estudou belas artes na faculdade de Carmathen Wales, Reino

Unido. Este escultor vai auxiliar-me na realização deste projeto.

N

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Aprendizagens realizadas

o final deste trabalho terei um melhor conhecimento das técnicas de

escultura, ilustração, fotografia e restauro, bem como da cultura japonesa e

local.

N

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Conclusão

s dificuldades mais relevantes, sentidas até ao momento, prendem-se

essencialmente com a gestão do tempo e a interligação entre todos os

intervenientes.

Até ao momento o balanço do meu trabalho é francamente positivo.

Tem sido gratificante contactar com outras culturas, estabelecer relações com

associações locais, com artistas e aprofundar técnicas de trabalho.

Referências luisapaintings.weebly.com

Semente de Futuro IPSS: sementedefuturo.weebly.com

http://contosjaponeses.blogspot.pt

Associação de Amizade Portugal – Japão: www.aapj.pt

Wikipedia

Google imagens

Execução técnica: Centro de cópias Azeméis

Consultor: Michael Sweeny

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