teatro da crueldade

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CENTRO UNIVERSITRIO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO UniverCidade

RESUMOS: O Teatro da Crueldade (Primeiro Manifesto) e O Teatro da Crueldade (Segundo Manifesto) de Antonin Artaud

Fbio Cardoso Marcelino TE 141 T Teatro e Filosofia Juan David Posada

Rio de Janeiro 07/06/2011

O Teatro da Crueldade (Primeiro Manifesto) Artaud, em seu primeiro manifesto sobre o que ele chamou de Teatro da Crueldade, diz que precisa deixar de prostituir a ideia de teatro, que s se acontece atravs de uma ligao mgica com a realidade, devolvendo ao teatro a sua linguagem, no o submetendo ao texto, encontrando a ligao entre a ao e o sentimento. O que o teatro pode utilizar da palavra a sua ao sobre a sensibilidade, tornando todos os elementos do teatro verdadeiros signos. Ele se detm no lado material dessa linguagem, na maneira que ela age sobre a sensibilidade. A linguagem faz a palavra se tornar encantatria, atravs de vibraes, de qualidades diferentes de voz, de mudanas de ritmo que destacam seu sentido e as fazem encantar nossa sensibilidade. Esse encantamento s acontece porque, ao termos contato com o teatro, colocamos nosso esprito no caminho desse encanto, pois o teatro s se realiza porque temos que completlo criativamente com o nosso entendimento. Para isso, nossa sensibilidade se coloca num estado de percepo aprofundada. Segundo Artaud, o teatro s voltar a sua essncia se der ao espectador uma iluso verdadeira, aguando nele o que ele tem de mais interior. Em outras palavras, o teatro no deve levantar apenas questionamentos externos ao homem, mas tambm questes do seu mundo interior. A linguagem do teatro deve permitir ao homem que ele retome seu lugar entre os sonhos e os acontecimentos, ou seja, entre o interno e o externo. Isso no se trata de encher o pblico de inquietaes, apenas de lhe dar chaves para uma maior compreenso. A linguagem do teatro vai se dar sempre em torno da encenao, que no o reflexo de um texto sobre o palco, mas o ponto de partida da criao. Essa linguagem aplicada a encenao far do autor e do diretor um nico criador que ser responsvel pelo espetculo. Essa nova linguagem no se trata de suprimir a palavra, apenas de dar a ela um novo valor. No s a palavra, mas os objetos, a luz, o figurino e o espao tambm ganharo novos valores e se tornaro signos. O espao ser modificado de forma que no exista mais a diviso entre palco e plateia e sim um lugar nico, restabelecendo uma comunicao direta entre o espectador e o espetculo. No haver mais cenrio, pois os signos criados pelos demais elementos cumpriro essa funo. O ator tem uma importncia extrema, pois de sua interpretao que depende o acontecimento do teatro, mas tambm deve ser um elemento passivo, pois nada da sua iniciativa pessoal poder aparecer, pois o espetculo cifrado do comeo ao fim.

E, por fim, Artaud nos diz que, sem crueldade, o teatro no possvel, pois atravs da pele que acontecer o encantamento de nossa sensibilidade. O Teatro da Crueldade (Segundo Manifesto) O encantamento trazido pelo potico do teatro , no fundo, aquilo que o espectador, consciente ou inconscientemente, procura no amor, no crime, nas drogas, na insurreio. O Teatro da Crueldade nasceu para devolver ao teatro esse encantamento buscado, e assim que se deve ver a crueldade, que ser muitas vezes sangrenta, mas que no ser uma rida pureza moral que no teme pagar pela vida o preo que deve ser pago. Para isso, o Teatro da Crueldade escolher temas correspondentes a agitao e as inquietaes do momento presente, no deixando essa funo apenas para o cinema, mas buscando fazer isso de seu prprio modo, ou seja, trazendo tona as preocupaes e paixes do homem que o teatro moderno tentou esconder. Esse novo teatro se dirigir ao homem total e no ao homem social. Alm do ponto de vista do contedo, tem-se o ponto de vista formal, que nos diz que a encenao, e no mais o texto, acabando assim com a ditadura do escritor, a responsvel por dar corpo aos temas, transportando-os para a cena e materializando-os em movimentos, gestos e expresses antes de se pensar em palavras. Assim se reencontrar o teatro sentido pelo esprito. Todas as imagens e movimentos no sero apenas para o prazer exterior, mas para satisfazer tambm o esprito. Assim, a encenao ser baseada em uma linguagem fsica que originar signos e no s em palavras. Essas palavras ganharo um poder encantatrio em sua forma e no mais por seu sentido. Essa magia se dar atravs da hipnose provocada pelos elementos da encenao sobre o esprito, pois o Teatro da Crueldade quer voltar a utilizar todos os meios mgicos de encantar a sensibilidade. Esses meios no se limitariam a um nico sentido, passeando de um para outro. O espetculo envolver o espectador por ter o palco suprimido, fazendo com que o pblico seja banhado pela luz, pelas imagens, pelos movimentos, pelos sons. Assim, por no haver lugar vazio entre o pblico e o espetculo, no haver lugar vazio no esprito e na sensibilidade do espectador, ou seja, como diz Artaud, entre a vida e o teatro no haver separao ntida.