tcc: semanário “folha de guanhães”, uma história positivista
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Este trabalho visa um estudo do Semanário “Folha de Guanhães” e sua época. Passando pela história da escrita humana e o surgimento dos meios necessários para a sua produção e reprodução, até a sua chegada ao Brasil. Conta e faz uma análise da história da cidade de Guanhães/MG e o contexto social e histórico do surgimento de seu primeiro jornal, objeto de estudo deste trabalho, e ainda relacionando as questões de positivismo com o meio no qual estava inserido. E por fim busca fomentar a necessidade de preservação de certas fontes históricas, como o referido semanário, tanto para estudiosos, como para a própria história municipal. Salientando ainda a relevância de projetos virtuais de preservação de tais fontes, que abrem um novo leque de oportunidades para estudiosos.TRANSCRIPT
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO ELVIRA DAYRELL
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA
Semanário “Folha de Guanhães”, uma história positivista.
Fabiano Júnior Domingos
Virginópolis
2011
2
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO ELVIRA DAYRELL
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA
Semanário “Folha de Guanhães”, uma história positivista.
Monografia apresentada a coordenação do Curso de Licenciatura Plena em História do Instituto Superior de Educação Elvira Dayrell como requisito parcial à obtenção do título de graduado em História por Fabiano Júnior Domingos.
Orientador: Prof. Flávio Rocha Puff
Virginópolis/MG
2011
3
Monografia defendida e aprovada, em 12 de Dezembro de 2011, pela banca
constituída por:
_________________________________________________
Presidente:
_________________________________________________
Titular:
_________________________________________________
Orientador Prof. Flávio Rocha Puff
4
Dedico este trabalho a todos aqueles que
colaboraram para que o mesmo chegasse
ao seu atual formato.
Dedico, também, a todos aqueles que
sempre querem mais da história e não se
contentam com uma verdade pronta, mas
buscam outras fontes por uma veracidade
mais objetiva.
5
Agradecimentos
Essa deveria ser a parte mais fácil, em um Trabalho de Conclusão de Curso,
mas não é. É difícil agradecer alguns e correr riscos de esquecer-me de alguém
importante, pois, este trabalho é o resultado de um longo processo de
aprendizagem. Esse processo não começou nos semestres finais do curso de
graduação ou mesmo no momento em que foi feita a matrícula. Mas sim a partir do
meu nascimento. Sou resultado de um longo processo de aprendizado, que ainda
não terminou. Somos eternos aprendizes. Pessoas me influenciaram, tive dúvidas,
eu errei, eu aprendi, eu ensinei, eu ajudei e fui ajudado. Então, eu tenho muito que
agradecer. Cada momento foi único e não se repetirá. Mas, creio que tudo teve um
princípio e por isso agradeço a Deus, em primeiro lugar, afinal Ele como criador,
criou todas as coisas, as oportunidades e circunstancias. Cabe a nós visualizar tais
momentos. Em segundo lugar, aos meus pais que sempre me apoiaram nos estudos
e me encorajaram nos momentos mais difíceis e desanimadores. Agradeço também
a todos os professores, sendo mestres ou não, que passaram na minha vida, pois
cada um presenteou-me com uma nova visão. Hoje sei que ser professor não é uma
questão de simplesmente ser, mas sim um dom que resiste às várias intempéries
que se apresentam ao longo da vida. Sobretudo agradeço a todos os colegas e
amigos que fiz na faculdade: pelos momentos de cumplicidade, pelos momentos de
descontração, pelos momentos de preocupações compartilhadas, enfim pelos
momentos em que, na falta de uma palavra amiga, a presença silenciosa já era o
bastante. Enfim, agradeço à vida pelos momentos vividos, mas sei que tenho muito
ainda que aprender. Cada dia é único e trás novas oportunidades. Nas palavras de
Augusto Cury: “Sou um eterno aprendiz que no traçado da história tenta entender
quem sou. Sou apenas um caminhante a procura de mim mesmo”.
6
“Os homens fazem sua própria história,
mas não a fazem sob circunstâncias de
sua escolha e sim sob aquelas com que
se defrontam diretamente, legadas e
transmitidas pelo passado...”
Karl Marx
“A História é feita pelo povo e escrita pelo
poder.”
Glauber Rocha
“Se quisermos progredir, não devemos
repetir a história, mas fazer uma história
nova.”
Mahatma Gandhi
7
RESUMO
Este trabalho visa um estudo do Semanário “Folha de Guanhães” e sua
época. Passando pela história da escrita humana e o surgimento dos meios
necessários para a sua produção e reprodução, até a sua chegada ao Brasil. Conta
e faz uma análise da história da cidade de Guanhães/MG e o contexto social e
histórico do surgimento de seu primeiro jornal, objeto de estudo deste trabalho, e
ainda relacionando as questões de positivismo com o meio no qual estava inserido.
E por fim busca fomentar a necessidade de preservação de certas fontes históricas,
como o referido semanário, tanto para estudiosos, como para a própria história
municipal. Salientando ainda a relevância de projetos virtuais de preservação de tais
fontes, que abrem um novo leque de oportunidades para estudiosos.
ABSTRACT
This work aims to study the weekly “Folha de Guanhães” and his time.
Passing through the history of writing and the emergence of human resources
necessary for their production and reproduction, until his arrival in Brazil. Account
and analyzes the history of the city Guanhães/MG and the social and historical
context of the emergence of his first newspaper, object of this work, and related
issues of positivism with the medium in which it was inserted. And finally seeks to
promote the need for preservation of certain historical sources, such as weekly, both
for scholars, as its own municipal history. Stressing also the importance of virtual
projects of preservation of such resources, which open a new range of opportunities
for scholars.
8
Sumário
Introdução ................................................................................................................... 9
Capítulo I – A história do jornal escrito ...................................................................... 11
1.1 – O jornal chega ao Brasil. .................................................................................. 16
Capítulo II – O semanário “Folha de Guanhães”. ...................................................... 19
2.1 – O positivismo impresso .................................................................................... 20
2.2 – História é memória ........................................................................................... 25
Considerações finais ................................................................................................. 29
Referências Bibliográficas ......................................................................................... 30
Fontes ....................................................................................................................... 31
9
Introdução
Cada vez mais, com o avanço da tecnologia, o ser humano está mais
“conectado”, “antenado” e tem maior consciência das coisas que acontecem ao seu
redor. Nos tempos atuais a informação é divulgada em tempo real, numa velocidade
nunca vista antes. Tudo resultante de uma era informatizada que está mais e mais
avançada, com computadores cada vez menores e mais rápidos.
Com um progresso tão significativo da tecnologia, pode-se pensar em certas
consequências, uma delas seria o desaparecimento do jornal escrito. Não obstante,
não se pode esquecer que a função do historiador, que sempre está em busca de
novas fontes de estudo, é fazer com que esta fonte de estudo não seja esquecida.
E, precisamente, o jornal escrito é uma dessas preciosas fontes, objeto de estudo
deste trabalho.
O jornal sempre foi uma importante fonte de informação para as pessoas. É
nesse instrumento informativo que, hoje em dia, muitos historiadores podem saber
um pouco mais sobre um determinado recorte temporal, afim dos mais variados
objetivos.
Também é importante salientar que para ser ter acesso a tais fontes, se torna
necessário que tais fontes estejam disponíveis e em bom estado de conservação.
Infelizmente muitas vezes isso não é possível. Entretanto as mesmas tecnologias
que tornam tais documentos ultrapassados ou obsoletos podem, em muitos casos
obter uma maior preservação, e até mesmo, divulgação.
Atualmente, é fato que, existem projetos e instituições que procuram
salvaguardar esta preciosa fonte de informações; tudo isso através de processos
que a tecnologia simplificou. Serve de inspiração e exemplo o Arquivo Nacional da
Torre do Tombo1 (na cidade de Lisboa, Portugal) que oferece arquivos digitalizados
de importantes coleções e acervos; ou ainda o Arquivo Público Mineiro (APM) que
oferece diversos documentos setecentistas e oitocentistas também para fins de
consulta e pesquisa aos interessados.
1 O "Projeto TT Online", desenvolvido com o apoio do Programa Operacional da Cultura, é uma iniciativa da Direção-Geral de Arquivos (DGARQ) que visa a divulgação e disponibilização, na Internet, das suas principais fontes arquivistas, decisivas para a compreensão histórica de Portugal e do Mundo. Disponível em: http://ttonline.dgarq.gov.pt/
10
O “nascimento” do jornal, em nosso país, ocorreu após a vinda da família real
portuguesa para o Brasil. Desde então o jornal passou de instrumento
governamental a ferramenta dedicada à disseminação de ideias, tanto de cunho
popular como particular, e principalmente à divulgação de notícias do país e do
mundo.
Já na cidade de Guanhães/MG, de acordo com Innocente Soares Leão2,
surgiu, em 1898, o semanário “Folha de Guanhães”.
E o presente trabalho, visa fazer uma análise do extinto semanário e sua
época através da leitura das edições em que se obteve acesso. Analisar também a
questão positivista presente no semanário e os seus motivos de enaltecer tal ideário.
Ainda pretende suscitar a importância da preservação de tal patrimônio municipal,
não só para os estudiosos como também para a construção de um pedaço da
história guanhanense.
2 LEÃO, Innocente Soares. Notas históricas sobre Guanhães. Belo Horizonte. 1967.
11
Capítulo I – A história do jornal escrito
O ser humano sempre teve por necessidade a comunicação. A história da
humanidade está repleta de exemplos como as pinturas rupestres, onde os
primeiros hominídeos deixaram sua história contada nas paredes das cavernas; ou
ainda, tábuas de barro com alfabetos arcaicos, papiros egípcios, dentre tantos
outros artefatos que ilustram o passado do ser humano. No que cito Jorge Pedro de
Souza:
Com a invenção da escrita, várias transformações ocorreram. Uma delas diz respeito aos actos administrativos, muitos dos quais começaram a ser registados. Os escribas egípcios, por exemplo, faziam registos de actos administrativos, conforme se pode observar nos achados arqueológicos (quer de registos em si, quer de imagens em que se observam escribas a registar, por exemplo, as colheitas). No entanto, uma transformação, talvez ainda maior, gerou-se na arte de transmitir informação e novidades e de preservar a memória histórica. Quando, na Mesopotâmia, a escrita substituiu a tradição oral no registo da memória dos povos, cerca de 3500 anos a. C., à pré-história converteu-se em história. 3
Em síntese, a partir do advento da escrita a história passou para um novo
patamar, foi uma revolução. O autor ainda descreve que:
Desde sempre que o homem procurou comunicar aos seus semelhantes as novidades e as histórias socialmente relevantes de que tinha conhecimento. As necessidades de sobrevivência e de transmissão de uma herança cultural não foram alheias a essa necessidade. É óbvio que aquilo que era socialmente relevante para um grupo tribal dos primórdios da humanidade não é, necessariamente, aquilo que é socialmente relevante para o homem actual. Mas a génese do jornalismo encontra-se aí. As pessoas, através dos séculos, foram aprimorando a arte de contar histórias e novidades e também a arte de transmitir fidedignamente essas histórias e essas novidades aos seus semelhantes. 4
De um modo geral, é dessa cadeia de eventos percussores que a escrita
ganhou status na sociedade. Foi a partir de tais eventos que a escrita passou a ser
considerada importante e houve a necessidade de suportes para seu pleno
desenvolvimento, como materiais para escrita (papiro, pincéis, tintas, dentre
doutros). A história revela que, com o tempo a leitura e escrita ganharam
importância e status, passando a ser controlada por uma minoria, como nobres e
escribas.
3 SOUSA, Jorge Pedro. Uma história breve do jornalismo no Ocidente. Universidade Fernando Pessoa e Centro de Investigação Media & Jornalismo. Porto: 2001. Pg. 06. 4 SOUSA, Jorge Pedro. Elementos de jornalismo impresso. Porto: Editora Obra Jurídica. 2001. Pg. 18.
12
Como é perceptível a escrita passou a se desenvolver, gerando benefícios à
humidade. O ponto alto desse progresso culmina na antiga Grécia, onde se frutificou
as primeiras ciências, como a história e a geografia, e ainda as artes e a política.
Jorge Pedro Souza fala a esse respeito:
O milénio anterior ao nascimento de Cristo foi, para os gregos, o milénio de ouro da sua civilização. A Grécia, enriquecida com o comércio, a agricultura e a pastorícia, ajudada pelo clima e por um modo de vida propiciador de vidas longas e saudáveis, gerou a filosofia, viu surgir a democracia ateniense e o primeiro sistema jurídico digno deste nome (configurador dos modernos estados de direito), cultivou a retórica, fez brotar do tronco-comum da filosofia as primeiras ciências, entre as quais a história e a geografia, e cultivou as artes (a Ilíada e a Odisseia terão sido elaboradas entre os séculos IX e VIII a. C.). A retórica, ligada à política e ao direito (vida nos tribunais), a literatura, a historiografia e os relatos geográficos e etnográficos foram, assim, alguns dos contributos dos antigos gregos para a fixação, muitos séculos depois, dos valores e formas de agir dos jornalistas, bem como para a definição dos formatos e dos conteúdos jornalísticos, ou seja, para a fixação das estruturas típicas das matérias jornalísticas e dos temas abordados pelo jornalismo. 5
Entretanto, com o passar dos séculos, guerras e revoluções, esse quadro (o
da escrita) sofre uma grande reviravolta. O autor nos fala da queda de Roma e suas
consequências:
Com a queda de Roma às mãos dos bárbaros e com a Igreja Católica a ver crescer a sua obscurantista importância, o que lhe permitiu impor a toda a Europa Ocidental regimes quase teocráticos, extinguiu-se quase por completo a luz da razão e de um humanismo precoce com que a Grécia, primeiro, e Roma, depois, tinham iluminado a humanidade. 6
A partir do citado momento era o início da Idade Média, que foi caracterizada
pela parada (quase) total nos avanços da escrita e também das ciências. Muitos
conhecem esse período da história como “Idade das Trevas” por causa dos vários
retrocessos que esse período sofreu. Afinal de contas, com a queda do império
romano foi instituída em toda a Europa uma “escuridão” – no que se refere às
ciências e tecnologias. As relações sociais foram cortadas, as discussões a respeito
do universo retrocederam, a população voltou-se para as ideias mitológicas sobre o
céu e o inferno – o ser humano tinha a terra como plana e chata, circundada por um
abismo de água.
5 SOUSA, Jorge Pedro. Uma história breve do jornalismo no Ocidente. Universidade Fernando Pessoa e Centro de Investigação Media & Jornalismo. Porto: 2001. Pg. 07. 6 SOUSA, Jorge Pedro. 2001. Pg. 43 – 44.
13
Ao longo de mil anos, a Europa entrou num processo de declínio que obscureceu quer o conhecimento racional construído durante o período da antiguidade clássica, quer as conquistas educativas, sociais, políticas e culturais dos povos da Grécia e do Império Romano.
(...) A conjuntura medieval pouco incentivou o aparecimento ou desenvolvimento de fenómenos pré-jornalísticos. A troca de informações, novidades e ideias durante a Idade Média dependeu, em grande medida, da oralidade, como nos primórdios da humanidade. Jograis, comerciantes, guerreiros e peregrinos (lembremo-nos do principal itinerário internacional europeu medieval: o Caminho de Santiago) transmitiam, oralmente, as novidades, à medida que se aventuravam de terra em terra. Os pregoeiros avisavam a população do que se passava, incluindo relatos noticiosos nos pregões (por exemplo, para avisar de que seria executada uma sentença relembravam os crimes do condenado). Ainda assim, alguns exemplos pré-jornalísticos podem ser citados: as crónicas, as cartas informativas e os relatos de viagens. 7
Mas, não obstante, uma minoria formada pela nobreza (muito rica) e pelo
clero – que possuía os monges copistas e tradutores, responsáveis pela confecção
de bíblias e/ou documentos de cunho religiosos – ainda detinham os “segredos” da
escrita e a controlavam das mais variadas formas. No período, em questão, não
existiam planos de alfabetização popular. Os estudiosos e cientistas, os poucos que
haviam, eram em sua maioria, pertencentes à igreja. Aqueles que iam contra as
ideias teocráticas da igreja eram tidos como blasfemadores e/ou considerados
“simpatizantes” do demônio, nomeados como bruxos e tinham seu fim na fogueira.
Porém com o fim da Idade Média, e princípio do Renascimento, a Europa – e
consequentemente o mundo (conhecido) – passa por uma nova era de florescimento
cultural, social e científico:
Os fenómenos renascentistas permitem compreender melhor as condições que favoreceram, entre os séculos XIV e XVI, a crescente difusão de livros e outras publicações, manuscritas e impressas, neste último caso apoiadas num invento de extraordinária importância: o sistema tipográfico de Gutenberg (desenvolvido mais ou menos entre 1444 e 1456, ano em que provavelmente foi impressa a Bíblia de quarenta e duas linhas ou de Mazarino). A cultura escrita começa, no Renascimento, a adquirir uma importância superior à cultura oral. São, assim, vários os exemplos de antepassados do jornalismo actual que coexistem durante aquele período, como as crónicas e as cartas, mas também apareceram os almanaques, importantes para a vulgarização do impresso (...). 8
7 SOUSA, Jorge Pedro. Uma história breve do jornalismo no Ocidente. Universidade Fernando Pessoa e Centro de Investigação Media & Jornalismo. Porto: 2001. Pg. 44 – 45. 8 SOUSA, Jorge Pedro. 2001. Pg. 56.
14
Infelizmente, os poderosos da época discerniam tais avanços como um
perigo, como ameaça contra seus padrões. Um bom exemplo citado pelo autor era a
“Igreja” que começava a perder seu status de “dona onisciente” da verdade:
No século XV, a Europa entrava na modernidade num ambiente tenso, provocado pelas rápidas transformações renascentistas. A Igreja, por exemplo, convocou os concílios de Constância, Pisa e Basileia para reagir contra a sua crescente perda de prestígio, influência, poder e autoridade, devido à acção de humanistas como Erasmo de Roterdão, Thomas More ou Nicolau de Cusa, cuja espiritualidade desassossegada indiciava a Reforma Protestante. A tensão que animava a Europa de Quatrocentos era reforçada pelo perigo que constituía a atitude expansionista do Império Otomano (turco), cujos valores islâmicos e teocráticos se afastavam daqueles que a Europa do Renascimento lentamente construía. Mas os europeus também não se entendiam entre si, por vezes nem sequer para enfrentar o inimigo turco comum. 9
Foi somente após movimentos como Iluminismo, Revolução Industrial e até
mesmo Revolução Francesa, que a informação começou a ser divulgada em caráter
popular, para aqueles que soubessem ler e/ou tivessem acesso a informações.
Afinal, o principal meio de divulgação de notícias, até então, da época era oral, pois
somente uma pequena parcela da população era alfabetizada.
Mas com o crescimento das cidades as notícias se tornaram cada vez mais
segmentadas. O comércio, por exemplo, ganhou folhas de divulgação com
informações exclusivas sobre economia. Elas eram fabricadas na prensa móvel,
inventada no século XV por Gutenberg, como relata Rafael Fortes:
(...) Por outro lado, espalhou-se rapidamente pela Europa, sendo adaptada e transformada segundo as características locais (...). Editoras e gráficas de diversas cidades contratavam especialistas alemães para implantar tipografias. A imprensa trouxe uma série de consequências importantes, entre elas: a) possibilidade de imprimir numerosas cópias – idênticas – de um mesmo livro; b) aumento da variedade e quantidade de títulos disponíveis; c) tornou-se comum a tradução de obras para o vernáculo, diferentemente das edições anteriores, disponíveis apenas em latim e grego; d) redução de preço dos livros. Por essas e outras razões, expande-se o público leitor. 10
Ou ainda, Jorge Pedro Sousa em sua obra:
A possibilidade de contar histórias e novidades e de as difundir para um número vasto de pessoas ganhou nova expressão com as invenções de Gutenberg, entre
9 SOUSA, Jorge Pedro. Uma história breve do jornalismo no Ocidente. Universidade Fernando Pessoa e Centro de Investigação Media & Jornalismo. Porto: 2001. Pg. 70 10 LAIGNIER, Pablo e FORTES, Rafael. Introdução á história da comunicação. Rio de Janeiro. Editora: E-papers. 2009. Pg. 30.
15
1430 e 1440. Se bem que a tipografia com caracteres móveis já existisse antes, Gutenberg inventou um processo de criação de inúmeros caracteres a partir de metal fundido. A instalação de tipografias um pouco por toda a Europa permitiu a explosão da produção de folhas volantes, de relações de acontecimentos e de gazetas, que, publicadas com carácter periódico, se podem considerar os antepassados directos dos jornais actuais. 11
Foi a partir de tais fatos que a escrita e leitura passaram a ter outro
significado. Pela primeira vez obras escritas, que muitas vezes demoravam meses e
anos para serem confeccionadas, passavam a ser produzidas e um curto espaço de
tempo e em larga escala. Livros que antes eram de difícil acesso passaram a fazer
parte, cada vez mais, do cotidiano das pessoas. O surgimento do jornal, segundo
Jorge Pedro de Souza, se deu da seguinte forma:
Os mais variados temas serviram aos editores tipógrafos de pretexto para a publicação de folhas volantes, que indiciavam, com as suas histórias, os mais diversos aspectos da vida coletiva. O jornalismo configurava-se, assim, como a atividade de contar histórias sobre a vida quotidiana. Muitas dessas histórias eram (e são) publicamente úteis, enquanto outras se destinavam (e destinam) essencialmente a satisfazer a curiosidade humana. Mesmo estas últimas notícias, porém, podem ser positivas para a vida de uma sociedade, já que as notícias, ao representarem as atitudes, comportamentos e cognições humanas e ao delimitarem o que é considerado desvio, ajudam a definir as regras de convivência e as normas que asseguram a sobrevivência e a estabilidade da sociedade. Entre os temas das publicações noticiosas ocasionais quinhentistas encontram-se naufrágios, batalhas, descobrimentos, o divórcio de Henrique VIII, acordos de paz, cerimónias públicas, episódios da vida nas cortes, casamentos, batizados, celebrações e festas, crimes e criminosos, descrições de lugares, fenómenos insólitos, maravilhas da natureza, enfim, uma enorme variedade de temas que encontraríamos, sem surpresa, em qualquer meio jornalístico dos nossos dias e que já se encontram, como vimos anteriormente, em publicações anteriores. 12
Tudo isso é resultado de um longo processo, afinal a Europa estava em pleno
processo colonial, o comércio se tornava cada vez mais intenso e competitivo. Pela
primeira vez as pessoas estavam sendo “obrigadas” a se tornarem alfabetizadas,
pois alguns ofícios exigiam uma pessoa que tivesse conhecimento das “letras”. A
própria sociedade, que estava sujeita a instabilidades e mudanças, já necessitava de
informações. Segundo Jorge Pedro de Souza:
Por isso, havia não só receptividade para as notícias, mas também matéria-prima informativa suficiente para sustentar o aparecimento dos primeiros jornais “eminentemente jornalísticos”, correntemente denominados gazetas, nome que
11 SOUSA, Jorge Pedro. Elementos de jornalismo impresso. Porto: Editora Obra Jurídica. 2001. Pg. 19. 12 SOUSA, Jorge Pedro. Uma história breve do jornalismo no Ocidente. Universidade Fernando Pessoa e Centro de Investigação Media & Jornalismo. Porto: 2001. Pg. 72.
16
deriva da moeda veneziana “gazeta”, quantia paga para se ouvirem as notícias das folhas volantes e dos primeiros jornais em actos de leitura pública. Esses primeiros jornais, ou gazetas, na sua essência, correspondem a uma evolução do conceito de “livro noticioso” para uma publicação mais frequente, muito menos volumosa, de menor custo e com notícias mais actuais. 13
O autor ainda relata:
De certa forma, no século XVIII a Europa converteu-se no centro do mundo. A França irradiava a cultura, enquanto a Inglaterra irradiava o apego às liberdades políticas. A inquietude de mentes como Locke, Spinoza, Montesquieu, Voltaire, Rousseau; o enciclopedismo de Diderot e D’Alembert; e o génio científico de personalidades como Newton, Fahrenheit ou Lavoisier, reunidos em Academias, asseguraram aos europeus do século XVIII a entrada na modernidade. 14
E cada vez, a sociedade passou a ter um contato maior com livros, jornais e
outros tipos de publicações, que se integraram e fomentavam cada vez mais os
meios de comunicação no mundo.
1.1 – O jornal chega ao Brasil.
No Brasil, o nascimento do jornal se deu com a vinda da Família Real
Portuguesa. O primeiro jornal a circular no país foi o Correio Brasiliense, editado por
Hipólito José da Costa, impresso em Londres e distribuído na colônia a partir de
1808. Já o primeiro jornal impresso em terra brasileira foi a “Gazeta do Rio de
Janeiro” impresso em 1808, era o jornal oficial do governo, e agrupava comunicados
do governo brasileiro.
Entretanto, há relatos de estudiosos que afirmam que, antes mesmos de tais
datas já circulavam alguns impressos de caráter informativos no país. É o que afirma
José Augusto Bezerra:
Estudiosos, como Laurence Hallewell, aceitam que o tipógrafo português Antonio Isidoro da Fonseca tenha sido o primeiro impressor do Brasil. Instalou uma tipografia clandestina na cidade do Rio de Janeiro, e em 7 de fevereiro de 1747, publicou um folheto de vinte e quatro páginas in quarto, com o título de Relação da
13 SOUSA, Jorge Pedro. Uma história breve do jornalismo no Ocidente. Universidade Fernando Pessoa e Centro de Investigação Media & Jornalismo. Porto: 2001. Pg. 75. 14 SOUSA, Jorge Pedro. Uma história breve do jornalismo no Ocidente. 2001. Pg. 89.
17
Entrada que Fez o Excellentíssimo e Reverendíssimo Senhor D.F. Antonio do Desterro Malheyro, Bispo do Rio de Janeiro [...] composta pelo doutor Luiz Antonio Rosado da Cunha, tido como o primeiro impresso feito em nosso País. (cf. HALLEWELL, 2005:p. 88-95). Embora tenha editado mais dois trabalhos, a tentativa terminou malograda, por quanto, em 6 de julho de 1747, o mencionado tipógrafo, por ordem régia de D. João V, teve seus bens seqüestrados e ele próprio foi deportado para Lisboa. 15
O jornalismo no Brasil é resultante de uma cadeia de eventos ocorridos, com
a nação portuguesa, durante o século XIX. Afinal de contas, Portugal estava em um
dilema. Com a decretação do Bloqueio Continental por Napoleão Bonaparte – e
Portugal não queria cortar relações com a Inglaterra e nem se indispor com a França
– a “nação” portuguesa precisava tomar uma atitude e recebia forte pressão por uma
decisão concreta. A solução encontrada, por Dom João VI, foi a mudança imediata
da corte portuguesa para o Brasil.
Essa transferência trouxe consequências, na maioria favoráveis, ao país.
Dentre elas a criação da Impressão Régia16 (hoje Imprensa Nacional) em 13 de Maio
de 1808 pelo príncipe-regente Dom João VI. Porém “o primeiro jornal brasileiro, o
“Correio Braziliense”, fundado por Hipólito da Costa, em 01/06/1808, editado em
Londres, antecipou-se à Impressão Régia, no gênero”. (BEZERRA)17
Poucos meses depois, tem-se a criação da “Gazeta do Rio de Janeiro”, em
10/09/1808, o primeiro jornal feito em terras brasileiras. Mas o “Correio Braziliense”,
de Hipólito da Costa, ainda era popular, pois era um difusor de ideias que circulavam
na Europa; enquanto que a “Gazeta do Rio de Janeiro” era composta, basicamente,
por “Relação dos Despachos da Corte”, com editais, alvarás e resoluções do
governo:
Pretendia, declaradamente, pesar na opinião pública, ou o que dela existia no tempo, ao passo que a Gazeta não tinha em alta conta essa finalidade. Como todos os órgãos, de governo joanino, na época do absolutismo, não se preocupava com isso mesmo porque não tinha que disputar a outros órgãos, de orientação antagônica, que não existiam, a preferência da leitura. O jornal de Hipólito, ao contrário, destinava-se a conquistar opiniões; essa era a sua finalidade específica. Mensalmente reunia em suas páginas o estudo das questões mais
15 BEZERRA, José Augusto. A Impressão Régia no Brasil e no Ceará. In: Revista do Instituto do Ceará. 2008. Pg. 159. Disponível em: http://www.ceara.pro.br/Instituto-site/Rev-apresentacao/RevPorAno/2008/07-Art_ImpressaoRegia.pdf 16 É comum encontrarmos, mesmo entre estudiosos, o uso da expressão Imprensa Régia em vez de Impressão Régia. Talvez a palavra imprensa seja usada tão frequentemente, na atualidade, que pareça normal utilizá-la como sinônimo de impressão.Para dirimir dúvidas, é oportuno esclarecer que o nome da primeira Editora do Brasil é Impressão Régia, o qual consta no decreto da sua criação. BEZERRA, José Augusto. In: Revista do Instituto do Ceará. 2008. Pg. 162. 17 BEZERRA, José Augusto. In: Revista do Instituto do Ceará. 2008. Pg. 161.
18
importantes que afetavam a Inglaterra, Portugal e o Brasil, questões velhas ou novas, umas já postas de há muito, outras emergindo com os acontecimentos. Em tudo o Correio Brasiliense se aproximava do tipo de periodismo que hoje conhecemos como revista doutrinária, e não jornal; em tudo a gazeta se aproximava do tipo de periodismo que hoje conhecemos como jornal – embora fosse exemplo rudimentar desse tipo. 18
Já em de 02 de março de 1821, foram permitidas que outras impressoras
funcionassem. A partir desta data houve um grande volume de novas publicações
com os mais variados temas e assuntos:
A Impressão Régia, como única impressora do Rio de Janeiro, até 2 de março de 1821, quando foram permitidas outras impressoras de particulares, publicou um imenso número de obras sobre os mais variados temas, os quais abrangeram campos como os da Matemática, Medicina, História, Poesia, Música, Teatro, Arte, Religião, Astronomia, Jornalismo, Romance, Botânica e tantos mais, numa fantástica contribuição ao nosso progresso em todos os domínios da cultura. 19
18 SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro. Mauad. 1999. Pg. 22. 19 BEZERRA, José Augusto. A Impressão Régia no Brasil e no Ceará. In: Revista do Instituto do Ceará. 2008. Pg. 168. Disponível em: http://www.ceara.pro.br/Instituto-site/Rev-apresentacao/RevPorAno/2008/07-Art_ImpressaoRegia.pdf
19
Capítulo II – O semanário “Folha de Guanhães”.
A cidade de Guanhães teve seu início como tantas outras cidades do Estado
de Minas Gerais. Seu surgimento se deve essencialmente pela procura de ouro,
metal precioso e alvo de mentes desejosas de obtê-lo, não importando onde
estivesse ou das dificuldades de sua extração. Assim que o valioso metal era
encontrado, surgia em seu entorno as lavras e minas, e posteriormente, um vilarejo,
uma vila ou povoado:
Como nos ensinam os historiadores mineiros, os nossos povoados surgiram depois de levantada uma cruz ou uma capela, localizadas, de preferência, na parte mais alta de uma colina, seguindo, então, em suas vertentes algumas casas.
Com o crescente número das vivendas, próximas umas das outras, formavam-se as ruas, para mais tarde, de simples lugarejos ou comercinhos, passar o arraial, de vila a cidade. 20
E, com o tempo, a cidade de Guanhães cresceu. Como toda a cidade que
cresce, passou a ter necessidades, visando condições para se tornar
autossuficiente. É justificável, pois, o então povoado de São Miguel e Almas, era
“terra de ouro”, e isto fez com que o povoado se desenvolvesse de forma rápida,
atraindo pessoas das mais diversas localidades.
Devido ao seu rápido desenvolvimento, a cidade passou a ser considerada,
popularmente, como cidade polo da região e importante ponto de referência, nos
mais diversos âmbitos.
Foi em fins do século XIX, mais precisamente no início de 1898, surgiu o
semanário “Folha de Guanhães”, oficialmente o primeiro jornal guanhanense. Seu
fundador foi o Sr. Getúlio Ribeiro de Carvalho (Guanhães, 01/12/1861 – 21/01/1925,
Belo Horizonte).
Para que se possa entender um jornal que data de fins do século XIX, é
mister que se entenda o período ou contexto histórico no qual está inserido. Afinal
de constas, tal documento é fruto e reflexo de sua época.
20 LEÃO, Innocente Soares. Notas históricas sobre Guanhães. Belo Horizonte. 1967. Pg. 27.
20
Analisando a obra de Innocente Soares Leão, são perceptíveis os traços de
uma construção de identidade que irá explicar o veloz surgimento da cidade e seu
rápido progresso, tudo devido à extração de ouro em tais terras. Sua obra fala muito
a respeito das lavras de ouro que foram surgindo nas terras de São Miguel e Almas,
e arredores, como, por exemplo, a Mina do Candonga, a Fazenda das Almas e a
lavra do Mexerico.
2.1 – O positivismo impresso
O ouro explica o surgimento de um povoado, que mais tarde se torna cidade,
e sua sociedade. Mais tarde devido a diversos fatores, Guanhães se torna uma
cidade de importância regional, seja pelo fato de nela se encontrar ouro, seja por
suas terras importantes para a agropecuária, ou ainda por seu comércio privilegiado.
Esses fatores se tornam importantes para uma compreensão plena e consequente
da sociedade guanhanense.
Nota-se nas páginas, do já citado, jornal certa preocupação com o
político/social. As notas estudadas se referem, em sua maioria, ao elogio às pessoas
(ilustres) da sociedade, à divulgação de notícias políticas ou ainda ao lamento
fúnebre pela perda de “ilustres guanhanenses”; tudo sempre somado ao ideário
positivistas. Tal ideário se explica pelo momento histórico em questão. A cidade
dava seus primeiros passos em busca da modernidade (o próprio semanário é um
exemplo) e a construção de uma identidade municipal.
Como escrito anteriormente, a cidade de Guanhães/MG surgiu por causa da
busca por metais preciosos, principalmente o ouro. Sua ascensão a município se
deu de forma rápida, como Innocente Soares Leão escreveu:
A história de Guanhães começa com a fundação de São Miguel e Almas, em 1821. Foi elevado a distrito em 1828 e freguesia em 14 de Julho de 1832, alcançou a categoria de município, pela Lei nº. 2.132, de 25/10/1875, com a denominação de São Miguel de Guanhães, passando a cidade em 13/09/1881. 21
21 LEÃO, Innocente Soares. Notas históricas sobre Guanhães. Belo Horizonte. 1967. P. 34.
21
Ora, uma cidade em amplo crescimento fatalmente de torna um ponto de
referência, e com a cidade de Guanhães/MG não foi diferente. Mas um município de
tal importância precisa de uma identidade histórica e os meios para a sua
construção já se faziam presentes na época. Um deles foi o Semanário “Folha de
Guanhães”, que não difere do clima nacional de positivismo e construção de uma
identidade:
A quem nos ler:
Aparece hoje á luz da publicidade a Folha de Guanhães, alistando-se como humilde soldado no esquadrão dos combatentes pelo progresso, pela liberdade e pela luz.
Modesta, timida, inexperiente, sente-se não obstante cheia d’esse ardor belico e patriotico que faz do fraco um heroe e que a inspira sempre atravez das múltiplas dificuldades e asperesas do caminho que tem adeante de si. Ensaiando seus primeiros passos, não se illude a Folha de Guanhães com ruídos e apreciações do momento, porque antevê no pôsto de combate que hoje abnegadamente toma, ouriçarem-se, em hybrido conluio, os mais pertinazes e heterogeneos elementos de resistência, á sua marcha calma e persistente pautada pelo labor ommia vincit
do imortal epico de Mantua. 22
O semanário, nas edições analisadas, mostra ainda um forte elogio aos
ilustres cidadãos, seja por causa de sua genealogia, seja por causa das obras
sociais ou ainda por serem pertencentes à alta sociedade:
No dia 10 do p. p. mez de janeiro espalhou-se n’esta cidade rapidamente a infausta neva do prematuro passamento do revm. Padre dr. Venancio Ribeiro de Aguiar Café, transmitida por lelegramma a sua distincta familia, produsindo geral e dolorosa consternação. (...) O enterro foi concorredissimo, sendo o cadaver acompanhado a pé até o cemitério por cerca de quatro a cinco mil pessoas de todas as classes sociaes d’aquella grande cidade e o caixão tirado por dez padres.
Irmandades, associações, collegios, congregações, confrarias, industriaes, fôro, municipalidade, familias, tudo se representava n’aquella ultima homenagem prestada ao virtuoso ex-vigario de juiz de Fora, cubrindo o caixão com ricas e inumerosas coroas.
(...) Foi uma verdadeira apotheose a quem em vida sacrificou-se por aquella população que tão dignamente mostrava sua gratidão.
(...) Entre as innumeras manifestações de pesar por essa perda irreparavel, varios didadãos da nossa melhor sociedade de accordo com o revm. vigario Cesario de Miranda, fiseram celebar missa de 7º dia na egreja matriz e solennes exequias
22 Semanário Folha de Guanhães. Edição nº. 01. 15/02/1898. Disponível em: http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/jornaisdocs/photo.php?lid=26330
22
comemorativas em honra do ilustre finado, a quem tributaram as mais reverentes e merecidas homenagens. 23
Nas laudas do semanário, são perceptíveis os elogios aos cidadãos que são
possuidores de algum prestígio social. Afinal de contas, são tais personagens,
descendentes em sua maioria dos fundadores da cidade. E como consequência são
eles os responsáveis pelo crescimento e avanço do município. Eram eles os donos
das melhores terras, dos estabelecimentos comerciais bem sucedidos, e ainda os
detentores da política local.
O semanário “Folha de Guanhães” foi, em sua época, um dos instrumentos
responsáveis pela difusão de ideias e reafirmação desses personagens da
municipalidade como responsáveis pela construção da sociedade guanhanense e
seu fomento. Não deixando de enaltecer os ideais positivistas da época, pois o
Brasil que havia encerrando sua monarquia e instituindo a República (15 de
Novembro de 1889), ainda estava “se acostumando” com a ideia de república.
Nas páginas analisadas não se encontram notícias que nos tempos atuais
seriam manchetes de fácil vendagem, tais como, um escândalo social ou até mesmo
os crimes bárbaros, tão em voga hoje em dia. Contudo, não é difícil encontrar uma
resposta. É possível afirmar que tais notícias não eram de interesse daqueles que
escreviam o semanário. Notícias desse feitio iriam contra o ideário positivista de
justiça e verdade, que o progresso era só benefícios e certamente se chocaria
contra a visão social já estabelecida e aceita.
Capistrano de Abreu, em sua obra, oferece uma visão da sociedade da
época:
O mineiro em geral é esbelto e magro, de peito estreito, pescoço comprido, rosto um tanto alongado, olhos negros e vivos, cabelo preto na cabeça e no peito; tem por natureza um nobre orgulho e no exterior um modo brando, afável e inteligente, é sóbrio e parece gostar de uma vida cavalheiresca, assegura Martius. Em todas estas feições assemelha-se mais ao árdego pernambucano que ao paulista pesadão... Seu vestuário nacional difere do paulista. Em geral usa jaqueta curta, de algodão ou de manchéster preto, colete branco de botões de ouro, calça de veludo ou de manchéster, longas botas de couro branco, presas acima do joelho por fivelas; um chapéu de feltro de abas largas abriga-o do sol; a espada e não raro a espingarda são com o guardachuva seus companheiros inseparáveis,
23 Semanário Folha de Guanhães. Edição nº. 01. 15/02/1898. Disponível em: http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/jornaisdocs/photo.php?lid=26330
23
desde que sai de casa. As viagens, mesmo as mais breves, são feitas em mulas. Os estribos e as rédeas são de prata e do mesmo metal o cabo do facão que enfia na bota abaixo do joelho. Nestas jornadas as mulheres são carregadas em liteiras por negros ou bestas, ou sentam-se, vestidas de longa montaria azul com chapéu redondo, em uma cadeirinha presa à mula. 24
E ainda descreve:
A educação reduzia-se a expungir a vivacidade e a espontaneidade dos pupilos. Meninos e meninas andavam nus em casa até a idade de cinco anos; nos cinco anos seguintes usavam apenas de camisas. Se porém iam à igreja ou a alguma visita, vestiam com todo o rigor da gente grande, com a diferença apenas das dimensões. Poucos aprendiam as ler. Com a raridade dos livros exercitava-se a leitura em manuscritos, o que explica a perda de tantos documentos preciosos. 25
Outro fator importante a ser considerado é o público alvo do jornal. Pois, é
fato que, apenas uma pequena parcela da população era alfabetizada, ou seja, o
jornal não poderia fazer críticas de seu público.
Em síntese, o semanário “Folha de Guanhães”, pode-se dizer, foi um
instrumento que expressava e refletia a sua época. O jornal era “fruto de seu tempo”
e como tal tinha que atender exigências e regras para ser aceito em seu meio. Afinal
ele era produzido por pessoas da (alta) sociedade e remetido a seus iguais. Não
apresentava notícias conflituosas e mostrava apenas uma perspectiva. E essa visão
era oriunda de uma sociedade política, que não aceitaria um jornal que a criticasse.
É interessante notar que as informações obtidas e assinaladas neste trabalho
foram obtidas através do sistema investigativo da pesquisa. Tornou-se necessário a
busca por edições do semanário “Folha de Guanhães”, entre o período em que ficou
ativo, ou seja, de 1898 a 1900. E que também foram analisadas as seguintes
edições:
Edição nº. 01 de 15/02/1898;
Edição nº. 03 de 27/02/1898;
Edição nº. 04 de 06/03/1898;
Edição nº. 05 de 18/03/1898; 24 ABREU, J. Capistrano de. Capítulos de história colonial: 1500 – 1800. P. 112. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2074 25 ABREU, J. Capistrano de. 1998. P. 117. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2074
24
Edição nº. 07 de 03/04/1898;
Edição nº. 08 de 15/04/1898.
Como citado acima, o referido semanário, esteve em circulação no período de
1898 a 1900:
Brevemente, Guanhães terá seu jornal. A cidade, dede há muito reclama e merece, sem dúvida alguma, um jornal como defensor dos interesses do povo. Como já esclarecemos, ela manteve, de 1898 a 1900, o semanário “Folha de Guanhães”, fundado por Getúlio Ribeiro de Carvalho. 26
Com relação às edições disponíveis para consulta, foi feita uma leitura crítica.
Em primeiro momento houve um sentimento de estranhamento, pois, na época
estudada era utilizado um vocabulário que difere do atual e, tal fato, se aplica a
grafia de várias palavras. Com uma leitura mais aprofundada das edições, também
se nota, que as notícias em maioria eram voltadas para os campos políticos e
sociais da cidade e região. As manchetes em sua maioria falavam da política, tanto
a nível municipal quanto estadual, e de cidadãos ilustres à época. Estão presentes
outras notícias, entretanto são poucas, e, quando presentes, envolvem membros
importantes da localidade. A estrutura do semanário estava disposta da seguinte
forma:
O semanário contava com um expediente, que corresponde atualmente
ao editorial;
Em seguida temos presente às notícias da municipalidade, com relação
aos assuntos políticos;
Tinha uma sessão voltada para a cultura, compostas de textos
variados;
Disponibilizava uma coluna de cartas, sempre voltadas para assuntos
políticos ou sociais em questão na época;
Temos presente, em algumas edições, uma coluna sobre agricultura,
onde se tem explicações e dicas a respeito da cultura vegetal em voga;
E ainda, no fim de algumas edições, estão presentes algumas
propagandas de estabelecimentos comerciais.
26 LEÃO, Innocente Soares. Notas históricas sobre Guanhães. Belo Horizonte. 1967. Pg.143.
25
De um modo em geral, é compreensível a estrutura do jornal e suas
manchetes. Estes fatos se explicam quando se entende que, na época em questão,
estavam ainda nos primeiros anos da república e a alfabetização era um privilégio
de poucos. Somando-se a este fato, é preciso ter em mente que somente órgãos
importantes e pessoas abastardas tinham condições de manter um assinatura de um
jornal. Ou seja, o jornal tinha que se focar em notícias que fossem do interesse de
seus assinantes.
2.2 – História é memória
Era do intuito deste trabalho fazer uma análise mais profunda das edições do
semanário “Folha de Guanhães”, porém, não foram encontradas outras edições que
pudessem enaltecer esta pesquisa e seus resultados. De certo modo é até
compreensível e, de certo modo, já esperado. Afinal de contas, a produção do
semanário era em pequena escala e direcionada para um público específico, ou
seja, muitos não tinham acesso ao semanário. Somando ainda, temos o fato de que
na época não havia o intuito de preservação documental, existentes atualmente, ou
políticas que apoiassem tais práticas. As poucas edições que chegaram aos dias
atuais são frutos de um trabalho de resgate histórico feito pelo Arquivo Público
Mineiro (APM). E no intuito de fomentar a pesquisa histórica, através de um projeto
inovador, o Sistema Integrado de Acesso do Arquivo Público Mineiro (SAI-APM),
oferece a visualização de vários documentos, de diversos períodos, na internet:
O Arquivo Público Mineiro – APM, superintendência da Secretaria Estadual de Cultura, é responsável por planejar e coordenar o recolhimento de documentos produzidos e acumulados pelo Poder Executivo de Minas Gerais, assim como de documentos privados de interesse público.
Uma vez integrados ao acervo, a instituição tem a missão de tratar e preservar esses documentos com o objetivo de colocá-los à disposição da sociedade. Nesse sentido, para facilitar e ampliar o acesso ao acervo do APM, na sua sede ou por meio da Internet, nasceu o SIA/APM, base informatizada que concentra os instrumentos de pesquisa e parte dos documentos do APM. Nela estão disponíveis para consulta: instrumentos de pesquisa, milhares de documentos, fotografias, filmes e a coleção centenária da Revista do Arquivo Público Mineiro. 27
27 Disponível em: http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/
26
É através de projetos inovadores como o do Arquivo Público Mineiro (APM),
esse que cada vez mais pessoas podem ter acesso a documentos históricos. O que
ajuda a incentivar a preservação e encontrar fatos do próprio passado, encontrando-
se assim o seu próprio patrimônio histórico. Mas, qual o conceito de patrimônio
histórico?
O patrimônio é o legado que recebemos do passado, vivemos no presente e transmitimos às futuras gerações. Nosso patrimônio cultural e natural é fonte insubstituível de vida e inspiração, nossa pedra de toque, nosso ponto de referência, nossa identidade. O que faz com que o conceito de Patrimônio Mundial seja excepcional é sua aplicação universal. 28
Neste trabalho, o patrimônio está diretamente ligado a documentos antigos,
neste caso, ao semanário “Folha de Guanhães”. Documentos antigos, para o
profissional no estudo da história, são as representações e frutos do passado,
muitas vezes não tão distante. Mas o que é um documento? De acordo com o
dicionário Aurélio, documento é:
[Do lat. documentu < lat. docere, ‘ensinar’, ‘mostrar’.]
Substantivo masculino.
1. Qualquer base de conhecimento, fixada materialmente e disposta de maneira que se possa utilizar para consulta, estudo, prova, etc.
2. Escritura destinada a comprovar um fato; declaração escrita, revestida de forma padronizada, sobre fato(s) ou acontecimento(s) de natureza jurídica.
3. Restr. Qualquer registro gráfico.
4. Ant. Recomendação; preceito. 29
Ou seja, em linhas gerais, é o documento que guarda as informações escritas
que, em muitos casos, permitem um vislumbre de uma parcela da história. E é da
preocupação em preservar tais documentos e, consequentemente, sua história que
muitos acabam se tornando um patrimônio.
28 UNESCO. O Patrimônio: legado do passado ao futuro. Disponível em: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/world-heritage/heritage-legacy-from-past-to-the-future/ 29 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0. © O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa corresponde à 3ª. edição, 1ª. impressão da Editora Positivo, revista e atualizada do Aurélio Século XXI, O Dicionário da Língua Portuguesa, contendo 435 mil verbetes, locuções e definições.©2004 by Regis Ltda.
27
Mas qual o significado de patrimônio? No senso comum, se entende por
patrimônio, algo que possui valor para uma ou mais pessoas, propriedade, riqueza e
legado. Ora, para os estudiosos do ramo de história tal definição é justa.
Em vista de promover o assunto, Le Goff escreve que:
Com a escola positivista, o documento triunfa. O seu triunfo, como bem o exprimiu Fustel de Coulanges, coincide com o do texto. A partir de então, todo o historiador que trate de historiografia ou do mister de historiador recordará que é indispensável o recurso do documento.
(...) Os fundadores da revista "Annales d'histoire économique et sociale" (1929), pioneiros de uma história nova, insistiram sobre a necessidade de ampliar a noção de documento: "A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida. 30
Esta importante citação do historiador Jacques Le Goff, vem à baila para
fomentar e tornar mister a importância do trabalho do pesquisador da história e sua
principal ferramenta de trabalho: o documento. Daí se torna imprescindível ter a
disposição tais documentos, entretanto nem sempre se tem à disposição tais
manuscritos. Afinal, seja por falta de cuidados dos responsáveis ou ainda pelas
intempéries do tempo e da própria história, tais documentos se tornam escassos ou
de difícil acesso.
É através do contato com o documento que o historiador pode exercer a sua
função, afinal de contas, o documento tem algo a revelar, e cabe ao pesquisador
expor suas descobertas. A historiadora Mary Del Priore relata que:
O ofício do historiador não se aprende lendo manuais ou livros de história, (...) O ofício se aprende em contato com documentos, e, no mais das vezes, documentos escritos. A estes o historiador acrescenta testemunhos orais, imagens fixas ou animadas. Não tenho qualquer dúvida sobre a emoção suscitada pela leitura de um velho testamento, a abertura de um processo ou a consulta a uma desgastada coleção de jornais. As folhas adormecidas depois de tanto tempo conservam os restos de muitas vidas, de paixões silenciadas, de conflitos esquecidos, de análises interrompidas, de contas obscuras. 31
Mas como resolver tais problemas? Como sanar as dificuldades de acesso a
documentos? A resposta está na modernidade. Nos dias de hoje é possível
30 LE GOFF, Jacques. História e memória / Jacques Le Goff; tradução Bernardo Leitão... [et al.] (Coleção Repertórios) -- Campinas, SP Editora da UNICAMP, 1990. P. 539 – 540. 31 DEL PRIORE, Mary. Fazer História, interrogar documentos e fundar a memória: a importância dos arquivos no cotidiano do historiador. Revista Territórios e Fronteiras [PPGHistória/UFMT], v.3, 2002. P. 15.
28
digitalizar e virtualizar documentos que antes se encontravam ou muito distantes do
pesquisador, ou em condições em que o manuseio contínuo possa degradá-lo.
Em Minas Gerais já se pode contar com este tipo de auxílio. Um bom exemplo
é o Arquivo Público Mineiro (APM), que já oferece na internet, através do Sistema
Integrado de Acesso ao Arquivo Público Mineiro (SAI/APM) obras digitalizadas que
estão à disposição de estudiosos e outros interessados:
Para preservar o valioso acervo de periódicos veiculados em Minas Gerais, durante o período de 1825 a 1900, a Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, por meio do Arquivo Público Mineiro (APM) e da Superintendência de Bibliotecas Públicas/Hemeroteca Histórica, com apoio da Fapemig e da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, desenvolveu o projeto Jornais Mineiros do Século XIX: digitalização, indexação e acesso, cujo objetivo é disponibilizar o resultado do trabalho à população, por meio do SIA/APM – Sistema Integrado de Acesso, num primeiro momento, e, posteriormente, no site da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, onde esse acervo se juntará aos dos demais jornais do século XX, até 1945. O SIA/APM é uma base informatizada que disponibiliza e facilita a pesquisa do acervo do APM, tanto na sede da instituição quanto pela internet, democratizando o acesso aos arquivos de Minas Gerais. Com o sistema, qualquer pessoa, de qualquer parte do mundo, acessa a historiografia mineira. 32
São projetos como esse que irão garantir que documentos históricos não se
percam seja pela ação do tempo, seja pelo desgaste gerado por seu manuseio ou
ainda por outros fatores alheios. Pois é sabido que a história é um processo em
contínua expansão, e vez por outra são descobertos novos documentos que possam
gerar uma nova visão historiográfica.
Mas por que proteger tais documentos? Ora são tais obras que irão revelar ao
próprio historiador uma faceta de um período distante de seu tempo, como também
os pensamentos e ações do período objeto de seu estudo. São estes documentos
que dão as pistas para a construção do passado. E o semanário “Folha de
Guanhães” é um documento que se encaixa em tal descrição. Pois como documento
representa uma época e reflete os pensamentos de uma sociedade, em um período
que estava já no fim do século XIX e iniciando o século XX.
32 Disponível em: http://www.cultura.mg.gov.br/?task=interna&sec=5&cat=18&con=1444
29
Considerações finais
Foi analisada neste trabalho a produção jornalística do semanário “Folha de
Guanhães” e como foram escritas as suas laudas, de caráter positivista com a
exaltação de membros considerados ilustres.
Em um primeiro momento foi relatado o empreendimento humano com
relação a escrita e seus primeiros passos. Onde com o surgimento da prensa móvel,
inventada no século XV por Gutenberg, que possibilitou um aumento na velocidade
e na quantidade de impressos. Logo após temos a popularização do jornal impresso,
o que se tornou uma fonte de conhecimento e propaganda. Mas a novidade do jornal
somente se tornaria possível no Brasil, mais tarde com a vinda da família real
portuguesa em 1808.
Já o segundo momento, procurou-se analisar o semanário “Folha de
Guanhães”. Nas edições encontradas, foi feita uma leitura crítica e um item que
chama a atenção é o forte positivismo em suas páginas, seguido do enaltecer de
cidadãos da sociedade. Através da pesquisa e diálogo com autores, versados no
campo do jornalismo, pode-se perceber que o jornal como ferramenta de afirmação
de uma sociedade oligárquica, característica dos primeiros anos da república (fins
do século XIX).
Esse tipo de semanário era produzido e direcionado para um público alvo. E
para que fosse mantido era essencial não fazer críticas ao seu público e nem
noticiar fatos que desestabilizassem a ordem social estabelecida.
E, por fim, tem-se um terceiro momento onde é discutida a necessidade de
preservação de documentos antigos, imprescindíveis ao estudo e formação da
história, tanto a nível municipal como em outras esferas.
30
Referências Bibliográficas
BEZERRA, José Augusto. A Impressão Régia no Brasil e no Ceará. In: Revista do Instituto do Ceará. 2008. Disponível em: http://www.ceara.pro.br/Instituto-site/Rev-apresentacao/RevPorAno/2008/07-Art_ImpressaoRegia.pdf
ABREU, J. Capistrano de. Capítulos de história colonial: 1500 – 1800. P. 112. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2074
DEL PRIORE, Mary. Fazer História, interrogar documentos e fundar a memória: a importância dos arquivos no cotidiano do historiador. Revista Territórios e Fronteiras [PPGHistória/UFMT], v.3, 2002.
LAIGNIER, Pablo e FORTES, Rafael. Introdução á história da comunicação. Rio de Janeiro. Editora: E-papers. 2009.
LE GOFF, Jacques. História e memória / Jacques Le Goff; tradução Bernardo Leitão... [et al.] (Coleção Repertórios) -- Campinas, SP Editora da UNICAMP, 1990.
LEÃO, Innocente Soares. Notas históricas sobre Guanhães. Belo Horizonte. 1967.
SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro. Mauad. 1999.
SOUSA, Jorge Pedro. Elementos de jornalismo impresso. Porto: Editora Obra Jurídica. 2001.
SOUSA, Jorge Pedro. Uma história breve do jornalismo no Ocidente. Universidade Fernando Pessoa e Centro de Investigação Media & Jornalismo. Porto: 2001.
31
Fontes
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0. © O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa corresponde à 3ª. Edição, 1ª. Impressão da Editora Positivo, revista e atualizada do Aurélio Século XXI, O Dicionário da Língua Portuguesa, contendo 435 mil verbetes, locuções e definições. ©2004 by Regis Ltda.
Projeto Torre do Tombo online. Disponível em: http://ttonline.dgarq.gov.pt/
Semanário Folha de Guanhães. Edição nº. 01. 15/02/1898. Disponível em: http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/jornaisdocs/photo.php?lid=26330
Sistema Integrado de Acesso do Arquivo Público Mineiro (SAI-APM). Disponível em: http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/
http://www.cultura.mg.gov.br/?task=interna&sec=5&cat=18&con=1444
UNESCO. O Patrimônio: legado do passado ao futuro. Disponível em: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/world-heritage/heritage-legacy-from-past-to-the-future/